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Título : APRESENTAÇÃO: Construindo a proficiência leitora Conteúdo : ATENÇÃO, CARO ALUNO: PARA A PROVA BIMESTRAL - NPI, VOCÊ DEVE ESTUDAR OS SEGUINTES CONTEÚDOS: Texto e contexto: conhecimento linguístico, conhecimento enciclopédico (conhecimento de mundo) e conhecimento interacional. Intertextualidade. As informações implícitas (pressuposto e subentendido). As condições de produção do texto: sujeito (autor/leitor), o contexto (imediato/histórico) e o sentido (interação/interpretação). Caro aluno Na disciplina de Comunicação & Expressão - CE -, você terá a oportunidade de ampliar seu universo cultural e expressivo, trabalhando e analisando textos orais e escritos sobre os mais variados assuntos, bem como de produzir textos diversos na linguagem oral e escrita. Esperamos que com empenho e dedicação você seja capaz de, ao término do curso: a) ampliar os conhecimentos e vivências de comunicação e de novas leituras do mundo, por meio da relação texto/contexto; b) propiciar a compreensão e valorização das linguagens utilizadas nas sociedades atuais e de seu papel na produção de conhecimento; c) vivenciar processos específicos da linguagem e produção textual: ouvir e falar; ler e escrever – como veículos de integração social; d) desenvolver recursos para utilizar a língua, por meio de textos orais e escritos, não apenas como veículo de comunicação, mas como ação e interação social.

Comunicação e Expressão

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Page 1: Comunicação e Expressão

Título : APRESENTAÇÃO: Construindo a proficiência leitora

Conteúdo : 

ATENÇÃO, CARO ALUNO: 

PARA A PROVA BIMESTRAL - NPI, VOCÊ DEVE ESTUDAR OS SEGUINTES CONTEÚDOS:Texto e contexto: conhecimento linguístico, conhecimento enciclopédico  (conhecimento de mundo) e conhecimento interacional.  Intertextualidade.As informações implícitas (pressuposto e subentendido).As condições de produção do texto: sujeito (autor/leitor), o contexto (imediato/histórico) e o sentido (interação/interpretação).

Caro aluno 

     Na disciplina de Comunicação & Expressão  - CE -, você terá a oportunidade de ampliar seu universo cultural e expressivo, trabalhando e analisando textos orais e escritos sobre os mais variados assuntos, bem como de produzir textos diversos na linguagem oral e escrita.  

Esperamos que com empenho e dedicação você seja capaz de, ao término do curso:

a)     ampliar os conhecimentos e vivências de comunicação e de novas leituras do mundo, por meio da relação texto/contexto;

b)     propiciar a compreensão e valorização das linguagens utilizadas nas sociedades atuais e de seu papel na produção de conhecimento;

c)      vivenciar processos específicos da linguagem e produção textual: ouvir e falar; ler e escrever – como veículos de integração social;

d)     desenvolver recursos para utilizar a língua, por meio de textos orais e escritos,  não apenas como veículo de comunicação, mas como ação e interação social.

 Nosso conteúdo abordará os seguintes itens: Primeiro bimestre: 1)     Texto e contexto: conhecimento linguístico, conhecimento enciclopédico ou conhecimento de mundo e conhecimento interacional.

2)     Texto e contexto, contextualização na escrita.

3)     Intertextualidade.

4)     As informações implícitas (pressuposto e subentendido).

5)     As condições de produção do texto: sujeito (autor/leitor), o contexto (imediato/histórico) e o sentido (interação/interpretação).

6)     Alteração no sentido das palavras: a metáfora e a metonímia;

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 Segundo bimestre: 7)     Os procedimentos argumentativos em um texto

8)     O artigo de opinião e o texto crítico (resenha), enquanto gêneros discursivos.

 

1. Concepções de língua e linguagem  

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, “não há linguagem no vazio, seu grande objetivo é a interação, a comunicação com um outro, dentro de um espaço social”.

A linguagem, em suas diversas manifestações, é fundamental para todo e qualquer ser. No início da humanidade, o homem necessitava expressar sensações e estabelecer as mais variadas relações. Uma dessas formas de expressão acontecia, assim como ainda acontece, por meio da linguagem.

Mas a linguagem não é única, alheia à realidade e ao mundo. Ela é influenciada pelos meios social e cultural e esses, por sua vez, também são influenciados por ela. Isso porque o homem é o principal agente que participa desse processo, criando recursos que auxiliam ou aperfeiçoam a produção da linguagem, com o objetivo de melhorar a comunicação, cujo maior recurso é a palavra. 

 

O termo linguagem deve ser entendido como a faculdade mental que distingue os humanos de outras espécies animais e possibilita nossos modos específicos de pensamento, conhecimento e interação com os semelhantes. É a capacidade específica à espécie humana de se comunicar por meio de um sistema de signos (ou língua).

Para Saussure, o pai da Linguística, a linguagem é composta de duas partes: a Língua, essencialmente social porque é convencionada por determinada comunidade linguística; e a Fala, que é individual, ou seja, é veículo de transmissão da Língua, usada pelos falantes por meio da fonação e da articulação vocal. Saussure, no Curso de Linguística Geral, define e diferencia a língua da fala afirmando que:  a língua é o produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social, para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos. Trata-se de um tesouro depositado pela prática da fala em todos os indivíduos pertencentes à mesma comunidade, um sistema gramatical que existe virtualmente em cada cérebro ou, mais exatamente, nos cérebros dum conjunto de indivíduos, pois a língua não está completa em nenhum, e só na massa ela existe.

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Em resumo, podemos dizer que:

 

Linguagem: é uma faculdade mental que possibilita a interação entre os seres humanos.

Língua: é um tipo de código formado por palavras e leis combinatórias por meio do qual as pessoas se comunicam e interagem entre si.

Fala: é a atividade linguística concreta. Inclui todas as variações que o falante pode acrescentar às inúmeras estruturações linguísticas já formuladas e aceitas socialmente. Representa sempre um ato individual.

Os usuários de uma língua exercitam sua capacidade de organizar e transmitir ideias, informações, opiniões em situações de interação comunicativa, utilizando o texto. Tradicionalmente, entende-se por texto um conjunto de enunciados inter-relacionados formando um todo significativo, que depende da coerência conceitual, da coesão sequencial entre seus constituintes e da adequação às circunstâncias e condições de uso da língua.

O conceito de texto, sob o ponto de vista das modernas teorias linguísticas, pode ser entendido de maneira mais abrangente. Ao ampliar essa noção, duas esferas devem ser consideradas: a primeira mantém-se numa perspectiva ainda estritamente linguística; a segunda se estende para outras linguagens além da verbal. Daí podermos falar de texto verbal, texto visual, texto verbal e visual, texto musical, texto cinematográfico, texto pictórico, entre outros.

Assim, podemos dizer que o ser humano dispõe de diferentes linguagens para se comunicar e interagir com o mundo e com as pessoas. No entanto, parece que a palavra tem sido o meio preferido para objetivar seu pensamento, interagir com o outro e se fazer compreender. É por essa razão que, na próxima aula, focalizaremos o texto escrito e o texto oral.

Título : 5. As condições de produção do texto

Conteúdo :

 Neste conteúdo, você estudará sobre as condições de produção de um texto. Nenhum texto é produzido no vazio. Leia o exemplo a seguir para entender as várias interferências que devemos observar quando lemos ou escrevemos algo, pois elas nos orientam tanto na tarefa de ler, quanto na de escrever. Cada texto, ao ser escrito, deve atender a essas  condições para que seus objetivos sejam alcançados.

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As condições de produção do texto

Você já parou para pensar que em cada situação da vida cotidiana produzimos, quase que intuitivamente, textos diferentes para atender a diferentes finalidades?

 

Podemos, por exemplo, escrever uma carta a um jornal se quisermos expressar nossa indignação ou admiração em relação a uma matéria que tenhamos lido. Para divulgar um serviço que prestamos, podemos escrever um anúncio para uma revista, um folheto de propaganda para ser distribuído em diversos lugares. Se desejarmos uma vaga de emprego, devemos escrever um currículo para informar nossa experiência profissional e nossa formação. Se fizermos uma pesquisa e quisermos divulgar os resultados dela, por exemplo, podemos escrever um artigo acadêmico-científico para uma revista especializada. Quando queremos saber notícias de uma pessoa querida que está distante, podemos escrever uma carta ou um e-mail.

Isso significa que em várias circunstâncias da vida escrevemos textos para diferentes interlocutores, com distintas finalidades, organizados nos mais diversos gêneros, para circularem em espaços sociais vários.

Por isso, a cada circunstância correspondem:

a) finalidades diferentes: manifestar nossa forma de pensar a respeito de determinada matéria lida; divulgar determinados serviços buscando seduzir possíveis clientes; convencer a respeito de determinadas interpretações de dados; obter notícias sobre um ente querido; informar sobre sua qualificação profissional;

b) interlocutores diversos: leitores de um determinado veículo da mídia impressa (jornal, revista); transeuntes de determinados locais (vias de circulação, rodoviária etc.); colegas de trabalho, leitores de determinada revista acadêmico-científica ou de determinado tipo de livro; um parente próximo ou um amigo; um possível contratante;

c) lugares de circulação determinados: mídia impressa; academia; família ou círculo de amizades; determinada empresa (esfera profissional); vias públicas de grande circulação de veículos e pessoas;

d) gêneros discursivos específicos: carta de leitores; anúncio; folheto de propaganda; outdoor; artigo acadêmico-científico; carta pessoal; currículo. Quer dizer: escrever um texto é uma atividade que nunca é a mesma nas diferentes circunstâncias em que ocorre, porque cada escrita se caracteriza por diferentes condições que determinam a produção dos discursos. Essas condições referem-se aos elementos apresentados acima. Mas não apenas a eles. Um

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aspecto a ser considerado ainda é o lugar social do qual se escreve. Todos nós desempenhamos diferentes papéis na vida: o pai/mãe, de filho/filha, de irmão/irmã, de associado de determinado clube, de consumidor de determinado produto, de cidadão brasileiro, o relativo à profissão que exercemos (professores, médicos, dentistas, vereadores, escritores, revisores, feirantes, digitadores, diretores de escola, atores etc), entre outros. Cada um desses papéis estabelece entre nós e aqueles com quem nos relacionamos determinados vínculos, que implicam responsabilidades assumidas, pontos de vista a partir dos quais os acontecimentos são analisados, recomendações são feitas, atitudes são tomadas.  Ainda que esses papéis se articulem todo o tempo, uma vez que são todos constitutivos do sujeito e que, dessa forma, influenciam-se mutuamente, quando assumimos a palavra para dizer alguma coisa a alguém, um desses papéis predomina, em função das demais características do contexto de produção (sobretudo do lugar de circulação do discurso e do interlocutor presumido). Ser um escritor/leitor proficiente, portanto, significa saber lidar com todas as características do contexto de produção dos textos, de maneira a orientar a produção do seu discurso pelos parâmetros por elas estabelecido. Contexto é a situação histórico-social de um texto, envolvendo não somente as instituições humanas, como ainda outros textos que sejam produzidos em volta e que com ele se relacionem. Pode-se dizer que o contexto é a moldura de um texto. O contexto envolve elementos tanto da realidade do autor quanto do leitor — e a análise desses elementos ajuda a produzir sentidos possíveis. Isso significa que todo discurso é uma construção social, não individual, e que só pode ser analisado considerando seu contexto histórico-social, suas condições de produção; significa ainda que o discurso reflete uma visão de mundo determinada, necessariamente, vinculada à do(s) seu(s) autor(es) e à sociedade em que vive(m).

Para encerrar esta aula, reflita sobre o que Graciliano Ramos fala sobre o ato de escrever: "Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar.Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer." 

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Graciliano Ramos, em entrevista concedida em 1948

Título : 6. As condições de produção do texto

Conteúdo :

Neste conteúdo, você estudará um pouco sobre a leitura. Para tanto, leia o texto que se segue e realize os exercícios propostos. Você descobrirá que LER vai muito além do processo de 'decodificação'. Há estratégias e procedimentos que propiciam uma leitura proficiente.

        A leitura tem sido chamada de atividade cognitiva por excelência pelo fato de envolver todos os nossos processos mentais. A compreensão de um texto (seja ele escrito ou falado) exige o envolvimento da atenção, da percepção, da memória e do pensamento. Esses processos mentais realizam, durante a leitura, operações necessárias para a compreensão da linguagem, tais como o raciocínio dedutivo (próprio da inferência, da leitura das entrelinhas) e o raciocínio indutivo (necessário para a predição baseada no conhecimento de mundo, de outros textos, do autor, das condições sociais em que se vive).

    O texto escrito é um objeto diferente do texto falado, e, em vez de o aluno olhar as partes relevantes desse objeto, a fim de perceber suas funções, ele foi acostumado a olhar os seus aspectos superficiais. Sendo assim, dizemos que o aluno não lê ou não gosta de ler, pois não compreende o texto, apenas o decifra, e o compreende parcialmente, sem costurar os fragmentos. A leitura se torna mais difícil quanto menos se lê, portanto cabe a todos os professores, e não só ao de Língua Portuguesa, a responsabilidade do ensino da leitura. Mostrar ao aluno que a leitura não é um campo minado, mas uma mina de ouro.

O PROCESSO DE LEITURA: algumas estratégias

     Uma abordagem de leitura deve levar o aluno ao prazer da descoberta, a fim de ter efeito nos seguintes aspectos: 1) percepção de elementos linguísticos significativos, com funções importantes no texto; 2) ativação do conhecimento anterior; 3) elaboração e verificação de hipóteses que permitam ao leitor perceber outros elementos, mais complexos. Todas essas etapas envolvem a adivinhação e a descoberta do sentido que o escritor tentou deixar no seu texto, elemento importante para o leitor chegar à construção do seu sentido do texto.    Vale lembrar que o leitor proficiente é capaz de utilizar os três itens acima e que esse conhecimento é socialmente adquirido, portanto quem nunca participou da prática social da leitura de notícias e reportagens em revistas semanais de informação, não partilhará desse conhecimento. Ou seja, um aluno que não dispõe de revistas e jornais na sua casa, e cuja única experiência com a leitura é a do livro didático, não integrará os diversos elementos num todo significativo de forma espontânea. Precisa ser orientado para fazê-lo. 

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    A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilitam controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante das dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas.

In: Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos de ensino fundamental: língua portuguesa / Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC / SEF, 1998. p. 69-70.

 

 Algumas ideias INCORRETAS sobre leitura: 

LEITURA é um ato passivo.  LEITURA é um processo palavra por palavra. Um texto deve ser lido somente uma vez. Voltar no texto para esclarecer uma dúvida não é uma forma apropriada de LEITURA. O objetivo de toda LEITURA é entender tudo e lembrar de todas as palavras num texto. LER não é só difícil como é chato também. Toda LEITURA deve começar do canto esquerdo e seguir na ordem em que o texto foi escrito. A função mais importante de um texto é informar. Nem todo leitor consegue LER textos autênticos (livros, revistas, jornais etc.). Durante uma LEITURA, o importante é o que o texto traz até você e não o que você leva para o texto. Sem o conhecimento de todas as palavras de um texto não há LEITURA.

 

 

 

 

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Usar a leitura de forma competente significa, também, compreender que ler é tanto uma experiência individual e única, quanto uma experiência interpessoal e dialógica.

É individual porque significa um processo pessoal e particular de processamento dos sentidos do texto. Mas, também é interpessoal porque os sentidos não se encontram no texto, exclusivamente, ou no leitor, exclusivamente; ao contrário, os sentidos situam-se entre texto e leitor.

 Esse conhecimento, tal como hoje compreendemos, refere-se a um grau ou tipo de letramento que inclui tanto o saber decifrar o escrito, quanto o ler/escrever com proficiência de leitor/escritor competente, quer dizer, saber utilizar estratégias e procedimentos que conferem maior fluência e eficácia ao processo de produção e atribuição de sentidos aos textos com os quais se interage. Dessa forma, a leitura é um processo complexo que envolve o controle planejado e deliberado de atividades que levam à compreensão. Entre essas atividades, destacam-se:

 

definir o objetivo de uma determinada leitura ("Vou ler este texto para ver como se monta este brinquedo", "Só quero ver a data da morte de Napoleão". "Vou correr os olhos pelo sumário para ter uma ideia geral do livro");

 

ativar o conhecimento prévio que temos sobre todos os aspectos envolvidos na leitura para selecionar as informações que possam criar o contexto de produção de leitura, garantindo, assim, sua fluência. Refere-se a conhecimento sobre o assunto, sobre o gênero, sobre o portador onde foi publicado o texto (jornal, revista, livro, folder, panfleto, folheto etc.); sobre o autor do texto, sobre a época em que foi publicado, ou seja, sobre as condições de produção do texto a ser lido;

 

antecipar informações que podem estar contidas no texto a ser lido;

 

realizar inferências, quer dizer, lermos para além do que está nas palavras do texto, lermos o que as palavras nos sugerem;

 

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conferir as inferências e antecipações realizadas ao longo do processamento do texto, de forma a podermos validá-las ou não;

 

localizar informações presentes no texto; identificar os segmentos mais e menos importantes de um texto ("Aqui o autor está apenas dando mais um detalhe". "Esta definição é importante");

 

distribuir a atenção de modo a se concentrar mais nos segmentos mais importantes ("Isto aqui é novo para mim e preciso ler com mais cuidado". "Isto eu já conheço muito bem e posso ir apenas passando os olhos"). A importância de um segmento pode variar não só de um leitor para outro, mas até de uma leitura para outra;

 

sintetizar as informações dos trechos do texto;

 

estabelecer relações entre os diferentes segmentos do texto;

 

avaliar a qualidade da compreensão que está sendo obtida da leitura ("Estou entendendo perfeitamente o que o autor está tentando dizer". "Este trecho não está muito claro para mim");

 

determinar se os objetivos de uma determinada leitura estão sendo alcançados ("Estou lendo este capítulo para ter uma ideia geral do que é fenomenologia, mas ainda não consegui ter uma noção clara do assunto");

 

tomar as medidas corretivas quando falhas na compreensão são detectadas ("Vou ter que consultar o dicionário para entender esta palavra, já que o contexto não me bastou". "Parece que vou ter de ler aquele outro artigo para poder entender este");

 

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corrigir o rumo da leitura nos momentos de distração, divagações ou interrupções ("Estou tão distraído que passei os olhos por este parágrafo sem prestar atenção no que estava lendo; vou ter de relê-lo");

 

estabelecer relações entre tudo o que o texto nos diz e o que outros textos já nos disseram, e o que sabemos da vida, do mundo e das pessoas.

A leitura. Almeida Júnior,1892. 

Título : 3. Intertextualidade

Conteúdo :

Neste conteúdo, vamos tratar da Intertextualidade - um importante fator de textualidade, pois nenhum texto nasce do 'nada', mas sempre retoma um outro. Veja como e porque isso acontece lendo os orientações a seguir e também consultando a bibliografia indicada: 

1) Intertextualidade  

 Observe os textos a seguir:

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    Veja que os textos são semelhantes. Como o de Gonçalves Dias é anterior aos demais, o que ocorre é que estes fazem alusão àquele. Eles citam e/ou retomam aquele. Assim, um escritor, ao fazer uso da palavra, muitas vezes, recorre a textos alheios específicos para fundamentar sua fala, discordar da fala alheia, citar um conceito, aludir a um conhecimento coletivo ou ilustrar o que pretender dizer etc. Dessa maneira, estabelece-se um diálogo entre dois ou mais textos. A esse diálogo entre os textos dá-se o nome de intertextualidade.   Um texto cita outro com, basicamente, duas finalidades distintas:

a)      para reafirmar alguns dos sentidos do texto citado;

b)      para inverter, contestar e deformar alguns dos sentidos do texto citado; para polemizar com ele.

A percepção das relações intertextuais, das referências de um texto a outro, depende do repertório do leitor, do seu acervo de conhecimentos literários e de outras manifestações culturais. Daí a importância da leitura. Quanto mais se lê, mais se amplia a competência para apreender o diálogo que os textos travam

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entre si por meio de referências, citações e alusões. Diz-se que todo texto remete a outros textos no passado e aponta para outros no futuro. Quanto mais elementos reconhecemos em um texto, mais fácil será a leitura e mais enriquecida será a nossa interpretação, ou seja, a intertextualidade é um fenômeno cumulativo: quanto mais se lê, mais se detectam vestígios de outros textos naquele que se está lendo. Reconhecer o GÊNERO a que pertence o texto lido é uma das chaves para a melhor interpretação do contexto.

A presença de vestígios de outros assuntos dá sustentação à tese de que intertextualidade constitutiva do texto é eminentemente interdisciplinar (o mesmo texto pode ser utilizado em diversas matérias com enfoques específicos a cada uma delas). O conjunto de relações com outros textos do mesmo gênero e com outros temas transforma o texto num objeto tão aberto quantas sejam as relações que o leitor venha a perceber. 

Exemplos de intertextualidade: 

José

Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?

A festa acabou,a luz apagou,o povo sumiu,a noite esfriou,e agora, José?e agora, Você?Você que é sem nome,que zomba dos outros,Você que faz versos,que ama, proptesta?e agora, José? Está sem mulher,está sem discurso,está sem carinho,já não pode beber,já não pode fumar,cuspir já não pode,a noite esfriou,o dia não veio,o bonde não veio,o riso não veio,

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não veio a utopiae tudo acaboue tudo fugiue tudo mofou,e agora, José? E agora, José?sua doce palavra,seu instante de febre,sua gula e jejum,sua biblioteca,sua lavra de ouro,seu terno de vidro,sua incoerência,seu ódio, - e agora? Com a chave na mão quer abrir a porta,não existe porta;quer morrer no mar,mas o mar secou;quer ir para Minas,Minas não há mais.José, e agora? Se você gritasse,se você gemesse,se você tocasse,a valsa vienense,se você dormisse,se você cansasse,se você morresse....Mas você não morre,você é duro, José! Sozinho no escuroqual bicho-do-mato,sem teogonia,sem parede nuapara se encostar,sem cavalo pretoque fuja do galope,você marcha, José!José, para onde?

Carlos Drummond de Andrade. In Poesias. José Olympio, 1942.

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E agora, José?

A festa acabou? Já não há mais PT? Não, José, de tudo isso fica uma grande lição: não é a direita que inviabiliza a esquerda. Esta tem sido vítima de sua própria incoerência, inclusive quando se elege por um programa de mudanças e adota uma política econômica de ajuste fiscal que trava o desenvolvimento, restringindo investimentos públicos e privados.

A esquerda deu um tiro no pé na União Soviética, esfacelada sem que a Casa Branca lhe atirasse um único míssil. Faliu por conta da nomenklatura, das mordomias abusivas das autoridades, da arrogância do partido único, da corrupção. Assim foi na Nicarágua, onde líderes sandinistas se locupletaram com imóveis expropriados pela revolução e enriqueceram como por milagre.

Agora, José, é a nossa confiança no PT que se vê abalada. O que há de verdade e de mentira em tudo isso? Por que o partido não abre sua contabilidade na internet? Se houve mesmo "mensalões" e malas de dinheiro, como ficam os pobres militantes e simpatizantes que, em todas as campanhas eleitorais, contribuíram, com sacrifício, do próprio bolso? Findas as investigações, o PT precisará vir a público e, de cabeça erguida, demonstrar que tudo não passou de "denuncismo", de "golpismo", de armação (ia escrever "dos inimigos") dos aliados... ou, de cabeça baixa, em atitude humilde, reconhecer que houve, sim, malversação, improbidade, tráfico de influência e corrupção.

O mais grave, José, é o desencanto que toda essa "tsulama" provoca na opinião pública, sobretudo na dos mais jovens.

Quando admitimos que "todos os partidos são farinha do mesmo saco", fazemos o jogo dos corruptos, pois quem tem nojo de política é governado por quem não tem. Se todos se enojarem, será o fim da democracia e da esperança de que, no futuro, venha a predominar a política regida por fortes parâmetros éticos. Portanto o desafio, hoje, não é só promover reformas estruturais no país. É reformar a própria política, de modo a vedar os buracos pelos quais a corrupção e o nepotismo se infiltram.

Temo que por muitas cabeças passe a idéia de, nas próximas eleições, em 2006, anular o voto ou votar em branco. Seria um desastre. O voto é uma arma pacífica. Deve ser usado com acuidade e sabedoria.

Em todo esse processo é preciso destacar os políticos que primam pela ética, pela coerência de princípios e pela visão de um novo Brasil, sem alarmantes

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desigualdades sociais. Antonio Callado, em sua última entrevista, a esta Folha, disse que perdera "todas as batalhas".

Também experimentei, José, muitas perdas: a morte do Che, a derrota da guerrilha urbana contra a ditadura militar, a queda do Muro de Berlim e, agora, essa fratura no corpo do partido que ajudei a construir como simpatizante e que se gabava de primar pela ética na política. No entanto quantas vitórias! Sobre a França e os EUA no Vietnã; sobre os EUA e a ditadura de Batista em Cuba; a de Martin Luther King contra o racismo americano; a de Nelson Mandela contra o apartheid na África do Sul.

No Brasil, a extensa rede de movimentos populares, as CEBs, a CUT, o MST, a CPT, a CMP, a CMS; os movimentos de direitos humanos, mulheres, negros, indígenas; as ONGs, as empresas cônscias da responsabilidade social. E, sobretudo, a eleição de Lula à Presidência da República.

Não se pode jogar no lixo da história todo esse patrimônio social e político. Sem confundir pessoas com instituições, maracutaias com projetos estratégicos, é hora de começar de novo, renovar a esperança e, sobretudo, não permitir que tudo fique como dantes.

Aprendamos com Gandhi a fazer hoje, a partir de nossas práticas pessoais e sociais, o mundo novo que sonhamos legar às gerações futuras. Deixemos ressoar no coração as palavras de Mario Quintana: "Se as coisas são inatingíveis... ora!/ Não é motivo para não querê-las.../ Que tristes os caminhos, se não fora/ A mágica presença das estrelas!".

Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, 60, frade dominicano, escritor e assessor de movimentos sociais, é autor de "Treze Contos Diabólicos e Um Angélico" (Planeta), entre outros livros. Foi assessor especial da Presidência da República (2003-2004).

Título : 4-a - Informações implícitas: Pressupostos

Conteúdo :

Neste conteúdo, você estudará sobre as informações implícitas em um texto, especialmente sobre os pressupostos.Para aprofundar seus conhecimentos consulte: 

As informações implícitas (pressuposto)

  Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a verificação de que ele pode dizer coisas que parece não estar dizendo. Além das informações explicitamente enunciadas, existem aquelas outras que ficam subentendidas ou pressupostas.

Observe o quadrinho apresentado no término desse tópico:

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1. Qual é a informação óbvia contida no primeiro quadrinho?

O marido parar de beber. O verbo “parou” (explícito no enunciado de Helga) marca a informação implícita de que ele bebia antes. 

2. O que se pode concluir a respeito do marido da Irma a partir da leitura do segundo quadrinho?

Conclui-se que ele (o marido) parou de beber porque morreu. Informação implícita marcada na palavra “enterro”.

Podemos dizer que nesse texto há informações explícitas e implícitas. Logo, para realizar uma leitura eficiente, o leitor deve captar tanto os dados explícitos quanto os implícitos. Estes últimos são os pressupostos e os subentendidos.  Pressupostos

Os pressupostos são aquelas ideias não expressas de modo explícito, mas que o leitor pode perceber a partir de certas palavras ou expressões contidas no enunciado. Da leitura do quadrinho, podemos depreender que a informação explícita pode ser questionada, pois a amiga da Helga poderia concordar ou não com ela. Entretanto, o pressuposto de que o marido da Irma “bebia antes” é verdadeiro, pois está marcado no verbo “parou”.

Logo, tem-se que o pressuposto necessita ser verdadeiro ou pelo menos admitido como tal, porque é a partir dele que se constroem as informações explícitas. Se o pressuposto é falso, a informação explícita não tem cabimento. 

Pressuposto: circunstância ou fato considerado como antecedente necessário de outro. É um dado posto como indiscutível para o falante ou ouvinte, não é para ser contestado.   

  Os pressupostos são marcados, nos enunciados, por meio de vários indicadores linguísticos, dentre eles podemos citar como exemplo:

 

        Certos advérbios como, por exemplo, ainda, já, agora. Exemplo: Os

resultados da pesquisa ainda não chegaram. (Pressupõe-se que os

resultados já deveriam ter chegado ou que os resultados vão chegar mais

tarde)

        Verbos que indicam mudança ou permanência de estado, como ficar,

começar a, passar a, deixar de, continuar, permanecer, tornar-se etc.

Exemplo: Maria continua triste. (Pressupõe-se que Maria estava triste

antes do momento da enunciação).

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certos conectores circunstanciais, especialmente quando a oração por eles

introduzida vem anteposta. Ex.: desde que, antes que, depois que, visto

que etc.

Exemplo: Desde que Ricardo casou, não cumprimenta mais as amigas.

(Pressupõe-se que Ricardo cumprimentava as amigas antes de se casar).

  

Título : 4-b - Informações implícitas: Subentendidos

Conteúdo :

 

Neste conteúdo, você estudará sobre outro tipo de informação implícita, os subentendidos.Para aprofundar seus estudos consulte a bibliografia indicada a seguir:

FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2006. (Lição 20)

______. Para entender o texto: leitura e redação. 17 ed. São Paulo: Ática, 2008. (Lição 27)

As informações implícitas (subentendidos)

 

Leia o quadrinho a seguir:

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  Disponível em: <http://hq.cosmo.com.br/textos/quadrindex/qhagar.shtm>. Acesso em: 23 ago. 2008.  1. O que se pode concluir da fala de Helga no primeiro quadrinho?

 Um homem para ser “grande” precisa do apoio da mulher.

2. O que se subentende do diálogo das duas personagens no último quadrinho?

Hagar não é um grande homem.

Subentendidos são as insinuações escondidas por trás de uma afirmação. O subentendido difere do pressuposto num aspecto importante: ele é de responsabilidade do ouvinte, pois o falante, ao subentender, esconde-se por trás do sentido literal das palavras e pode dizer que não estava

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querendo dizer o que o ouvinte depreendeu. Logo, o subentendido, muitas vezes, serve para o falante se proteger diante de uma informação que quer transmitir para o ouvinte sem se comprometer com ela.

 

 

•         Implícito: é algo que está envolvido naquele contexto, mas não é revelado, é deixado subentendido, é apenas sugerido.

•         Quando lidamos com uma informação que não foi dita, mas tudo que é dito nos leva a identificá-la, estamos diante de algo implícito.

•         A compreensão de implícitos é essencial para se garantir um bom nível de leitura.

 

 

 Portanto,

 

•         Há textos em que nem tudo o que importa para a interpretação está registrado.

•         O que não foi escrito deve ser levado em consideração para que se possa verdadeiramente interpretar um texto.

 

 

Título : 7-a: A argumentação

Conteúdo :

 

ARGUMENTAÇÃO

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 O “jogo” argumentativo é dinâmico, instável, Não existindo o argumento “correto” e sim o

argumento “predominante”. Sequer existe o argumento “incorreto”, mas apenas uma

fundamentação deficiente.

Mas o que é argumentar?

Argumentar é oferecer razões para sustentar um ponto de vista, teste, ou conclusão. Argumentar é diferente de discutir, na medida em que a argumentação visa a convencer o adversário e não eliminá-lo. O objetivo de todo o discurso argumentativo é modificar o comportamento do auditório, ou seja, provocar uma atitude ou crenças novas ou alterar atitudes ou crenças existentes.

O processo argumentativo consiste essencialmente em duas atividades: persuasão e

refutação.

Persuadir é propor um ponto de vista ou posição e argumentar a favor dela, propondo razões que

se julgam pertinentes.

Refutar é atacar os argumentos do opositor. Consiste em apresentar contra-argumentos.

As ideias/valores do produtor do texto são materializadas. Neste momento, sob o prisma de argumentos (opiniões fundamentadas), isto é, diante de um tema polêmico (aquele que pressupõe uma discussão, em que há sempre a possibilidade de mais de uma posição sobre o ponto em debate), apresenta-se uma tese (tomada de posição diante do tema), que, apoiada na escolha e ordenação desses argumentos, convencerá o público-alvo.

Logo, diz-se que argumentar 

... é a arte de convencer e persuadir. Convencer é saber gerenciar informação, é falar à razão do outro, demonstrando, provando. (...) Persuadir é saber gerenciar relação, é falar à emoção do outro. (...) Mas em que convencer se diferencia de persuadir? Convencer é construir algo no campo das ideias. Quando convencemos alguém, esse alguém passa a pensar como nós. Persuadir é construir no terreno das emoções, é sensibilizar o outro para agir. (ABREU, 2004. p. 25).Para saber mais sobre argumentação e persuasão consulte: