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1 Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998) Por Robert Stavins Preparado por Alexandre N. Almeida (Esalq/USP)

Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

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Page 1: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

1

Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

Por Robert Stavins

Preparado por Alexandre N. Almeida (Esalq/USP)

Page 2: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

1)Mito do Mercado Universal

2)Mito das Soluções de Mercado

3)Mito dos Preços de Mercado

2

Como os Economistas Veem o Meio Ambiente

Page 3: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

1) Mito do Mercado Universal

O Mercado resolve todos os problemas?

Engajados em comércio,

ninguém precisa dizer ao

produtores o que vender e

nem aos consumidores o que

comprar

A mão invisível segundo economista Adam Smith (1723-

1790)

Mercados privados são eficientes (=Max Bem Estar

Social e sem peso morto) se certas condições são satisfeitas3

Page 4: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

1) Mito do Mercado Universal

Quais condições?

1. Sem monopólio ou oligopólio,

2. Sem externalidades,

3. Não existem bens públicos,

4. Sem informação assimétrica,

5. Sem custos de transação,

6. Sem recursos comuns.

Acredita-se que estas condições são muito

restritivas (falhas de Mercado), e para muitos

economistas, sem muito lugar no mundo real4

Page 5: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

1) Mito do Mercado Universal

Resultado eficiente (com várias dimensões)

quando:1. Não tem falhas de mercado, do contrário, não

temos o máximo do ET (e sim peso morto)

2. A economia opera na fronteira de

possibilidade de produção (melhor que pode

fazer com a tecnologia disponível)

3. Quando chegamos num nível ótimo de

poluição, pesca, corte de madeira, extração

de minério etc. (resultado que é bom para

todos os agente envolvidos) 5

Page 6: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

Monopólio

6

Page 7: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

Externalidades

• Chamamos de externalidades negativas

quando os agentes poluidores (i.e., todos nós)

não pagam o total da fatura que impõe ao meio

ambiente, e os prejudicados pela

contaminação (i.e., todos nós) geralmente não

contam com um mecanismo viável para

negociar com os agentes poluidores e obrigá-

los a corrigir seus erros.

• Externalidades negativas geram ineficiência

(peso morto) e o bem-estar não é maximizado

7

Page 8: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

8

Externalidade

• Externalidade negativa:

– Proporciona aos outros (terceiros) um prejuízo

sem compensação

– Você não consegue dormir porque seus

vizinhos são barulhentos ou você está

chateado porque não foi convidado

– Existe diferença?

Page 9: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

9

Externalidade

• Externalidade negativa:

Poluição do Ar, Derramamento de Óleo,

Barulhos de Aeroportos, Fumante Passivo,

Pessoas falando no cinema, na classe,

Um prédio alto construído ao lado de um Resort

Usina de cana-de-açúcar polui ambiente com queimadas da palha da cana ou despejo da vinhaça em rios

Poluição dos rios em geral (afeta todos os seres vivos)

Page 10: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

10

Externalidade

• Externalidade Positiva:

Cultivo de abelha próximo a um laranjal aumenta

a produtividade

Reforma do apartamento do vizinho valoriza meu

imóvel também

Restauração de prédios históricos aumenta o

turismo

Uso de máscaras contra a pandemia

Vacinação melhora saúde e produtividade do/da

trabalhador/trabalhadora e poupa internações e

tratamentos

Page 11: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

Externalidades

• As externalidades negativas também incentivam a permanência no setor de um número excessivo(ineficiente) de empresas, criando excesso de produção (e mais poluição) no longo prazo.

11

Page 12: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

Externalidades

• O problema é que ações dos agentes privados impõem custos para sociedade

• Internalizar uma externalidade envolve alterar incentivos tal que pessoas/firmas levem em conta os efeitos externos (externalidades) em suas ações

• Falaremos deles na segunda parte do curso

12

Page 13: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

13

Externalidade

$5

4

3

2

1

1 2 3 4 5 6 7 8 9O

D

O = CMg

Quantidade

Preço da Gasolina

Peq. Equilíbrio

Q* mercado

Page 14: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

14

Externalidade

• Sem externalidade espera-se:

1. Produzir o máximo possível dado o nível de

recursos disponíveis

2. Maximizar o bem-estar social (Soma do

Excedente do Produtor + Excedente do

Consumidor)

3. Ótimo de Pareto (bom para ambas partes)

Page 15: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

15

Externalidade

$5

4

3

2

1 2 3 4 5 6 7 8 9O

D

O = CMg

Quantidade

Preço da Gasolina

EC

EP

Equilíbrio

Q* mercado

Page 16: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

16

Externalidade

$5

4

3

2

1 2 3 4 5 6 7 8 9O

D

O = CMg

Quantidade

Preço da Gasolina

EC

EP

ALVO: MAXIMIZAR O BEM ESTAR SOCIAL

= MAX EC + EP

Qual é a condição de

Eficiência?Lucro= RT - CT

Lucro = PeqxQ – CxQ

BL=B(Q)-C(Q)

CDO : B’(Q)-C’(Q)=0

B’(Q*)=C’(Q*)

Bem-Estar é maximizado no

ponto Q* (=nossa quantidade

consumida=eficiente=bom para

ambas as partes)

Equilíbrio

Q* mercado

Page 17: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

17

Externalidade

• No entanto:

1. Alguém (ou você mesmo) está sendo penalizado por

esta poluição gerada

2. Ela impõe um custo para toda sociedade (nós)

3. Portanto, para 1 unidade (a mais) produzida e

consumida existe um custo marginal social da poluição

resultado da externalidade negativa (vamos chamar de

CMgExt ou Dano Ambiental)

4. Como maximizar o bem-estar social (Soma do

Excedente do Produtor + Excedente do Consumidor)

então?

Page 18: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

18

Externalidade

$5

4

3

2

1 2 3 4 5 6 7 8 9O

D

Qual é a condição de

Eficiência?BL=B(Q)-C(Q)-D(Q)

CDO : B’(Q)-C’(Q)-D’(Q)=0

B’(Q*)=C’(Q*)+ExtBem-Estar não é maximizado no

ponto Qs

O nível de produção ótimo é menor do que

a quantidade de equilíbrio.

O = CMg

CMgS = CMg + CMgExt (=Damage)

Quantidade

Preço da Gasolina

EC

EP

PM

PM

Custo de

poluição

Equilíbrio

Ótimo

Q* mercadoQ ótimo

É interessante diminuir este curto

Page 19: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

19

Externalidade

•Considere uma economia com dois agentes

econômicos

–X: Fábrica de Aço (acima do rio) se

estabeleceu depois de hotel logo

– Agente poluidor

–Y: Hotel Resort (abaixo do rio) se estabeleceu

antes da indústria logo

–Vítima

Page 20: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

20

Externalidade

Qual é a condição de eficiência se o planejador

de políticas públicas (Ex: Cetesb) que

maximizar o bem-estar social?

Em outras palavras, ela quer saber qual deve ser

o nível de abatimento ótimo (=nível social de

poluição) da indústria para compensar os danos

que a indústria causa ao hotel e à sociedade.

Uma análise gráfica é suficiente mas vamos ver a

origem dela.

Page 21: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

21

Externalidade

ayx

aeDyCYPaxCXPππMax yxyx

,,

))(()(),(

Técnicas de valoraçãoambiental

Lucro da Indústria Lucro do HotelD () é uma

representação algébrica que

ilustra o prejuízo para o Hotel e

para sociedade

Usando um pouco do Cálculo Diferencial conseguimos obter o nível ótimo de x*, y* e a*.

x* e y* nos mostram as quantidades que maximizam o lucro da indústria e do hotel sem externalidades

Nosso interesse é a*= nível de abatimento ótimo que será imposto à indústria pela Cetesb

Page 22: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

22

Externalidade

))((

0))((

0

0),(

,,

))(()(),(

aeDC

aeDCa

CPy

axCPx

ayx

aeDyCYPaxCXPππMax

aa

aa

yy

xx

yxyx

x* = quantidade ótimade aço

y* = quantidade ótima de turistas recebidos pelo hotel

Lucro da Indústria Lucro do Hotel Prejuízo pro Hotel e para sociedade

a* = nível de abatimento ótimoEx: Empresa deve abater

50% de CO2 das 50 Ton que ela produz por mês

Page 23: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

23

Externalidade

))((

0))((

aeDC

aeDCa

aa

aa

Ca é o custo marginal do abatimento

-Da(e(a)) é o beneficio marginal do abatimento(Valor do Dano)

Page 24: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

24

Externalidade

$

a100%a*Abatimento

Ex: Ton de

CO2

Cma= Custo Marginal de Abatimento

1 ton abatida↑=> ↑ $ CMa

Page 25: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

25

Externalidade

$

a100%a*

Indústria 1

Abatimento

Ex: Ton de

CO2

CMa1

CMa3

CMa2 Indústria 2

Indústria 3

Page 26: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

26

Externalidade

$

a100%a*

Indústria 1

Abatimento

Ex: Ton de

CO2

CMa1

CMa3

CMa2 Indústria 2

Indústria 3

Tecnologia

Page 27: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

27

Externalidade

CMa

BMa

$

a100%a*

$

Abatimento

Ex: Ton de

CO2

$

Cma= Custo Marginal de Abatimento

1 ton abatida↑=> ↑ $

Bma= Benefício Marginal de Abatimento

1 tonelada abatida↑=> ↓$ (Dano)

Note: O Dano (BMa) só diminui porque você está abatendo a poluição (mas ela tem um custo = CMa)

Page 28: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

28

Externalidade

Oferta=CMa

Demanda

=BMa

$

Abatimento

Ex: Ton de

CO2

100%a*

Condição de Eficiência

$

Controle da Poluição

Controle da Poluição

EC

EP

Cma= Custo Marginal de Abatimentoa↑=> ↑ $

Bma= Benefício Marginal de Abatimento

a↑=> ↓$ (Dano)

Page 29: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

29

Externalidade

Oferta=CMa

Demanda

=BMa

$

Abatimento

Ex: Ton de

CO2

100%a*

Condição de Eficiência

Controle da Poluição

BTa1

CTa

Cma= Custo Marginal de Abatimento

1 ton abatida↑=> ↑ $

Bma= Benefício Marginal de Abatimento

1 tonelada abatida↑=> ↓$ (Dano)

BTa2

Ganho Total pra Sociedade: BTa1 +BTa2 -CTa

Page 30: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

30

Externalidade

Oferta=CMa

Demanda

=BMa

$

100%a*

Condição de Eficiência

$

Controle da Poluição

EC

EP

Poluição abatidaPoluição ainda abatida (Por que?)Fica mais caro abater do que o dano que que está sendo causado (Cma > Bma)

$

Abatimento

Ex: Ton de

CO2

a**

$

Page 31: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

31

Externalidade

Oferta=CMa

Demanda

=BMa

$

100%a*

Condição de Eficiência

$

Controle da Poluição

EC

EP

Condição de Eficiência = ótimo de Pareto

Embora seja uma situação que acaba ficando bom para ambas as partes,

vítimas acabam não sendo compensadas pela poluição que já sofreram (precisa de uma compensação) –

Condição de equidade não é satisfeita (porque é difícil

de ser implementada)

Abatimento

Ex: Ton de

CO2

Page 32: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

32

Externalidade

Oferta=CMa

Demanda

=BMa

$

100%a*

Condição de Eficiência

$

Controle da Poluição

EC

EP

Poluição abatida

Abatimento

Ex: Ton de

CO2

$

Melhor que podemos fazer é ficar em a*

A Cetesb (Planejador) baseado no valor do Dano (valoração ambiental) vai

dizer à indústria quanto de CO2 deve ser abatido.

Page 33: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

Externalidade

https://www.rhodia.com.br/pt/imprensa/press_releases/projeto-angela-10-anos.html

Page 34: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

34

Externalidade

(EPA, 2014)

Page 35: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

35

Externalidade

(EPA, 2014)

Page 36: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

36

Externalidade

https://slideplayer.fr/slide/10566487/

Page 37: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

37

Externalidade

http://www.cgedd.developpement-durable.gouv.fr/IMG/pdf/008378-01_rapport-final_cle0aca84.pdf

Page 38: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

38

Externalidade

https://www.citepa.org/fr/2019_02_a1/

Page 39: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

39

Externalidade

http://www.cgedd.developpement-durable.gouv.fr/IMG/pdf/008378-01_rapport-final_cle0aca84.pdf

Page 40: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

40

Recursos Comuns

•Recursos Comuns

– Quando direitos de propriedades são mal

definidos, os mercados falham em alocar

recursos eficientemente.

– Recursos ambientais que é tecnicamente

impossível ou muito caro negar ou limitar seu

acesso

– Tragédia dos Comuns (Hardin, 1968)

– Ex. Oceanos, Florestas

Page 41: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

A Tragédia dos Comuns

Hardin (Science, 1968)

• Quando uma pessoa utiliza um recurso

comum, ela pode diminuir o benefício da

outra. Isto é conhecido como a Tragédia

dos Comuns.

41

Portanto, os recursos

comuns tendem a ser

utilizados

excessivamente.

No final, não sobra nada

Page 42: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

42

https://brasil.mongabay.com/

Page 43: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

43

Page 44: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

44

Ocupação da Amazônia

https://www.youtube.com/watch?v=vWx1iOoWkOA

Page 45: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

45

Mapa dos Furacões

https://www.youtube.com/watch?v=b9Tko_q_QGM

Page 46: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

A Tragédia dos Comuns

• O governo pode impor um imposto,

regular o uso dos recursos comuns ou

transformar um recurso comum num

bem privado.

46

Page 47: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

47

Recursos Comuns

PSM

Yield= (taxa de crescimento das espécies)Estoque de peixes X aumenta a taxas crescentes até PSM e depois o estoque X aumenta mas a taxas decrescentes

Estoque X

Dimensões biológicas: Sem pescaria

Page 48: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

48

Recursos Comuns

RT=Peq x Y(Qpescada (X))

EstoqueEaEoE*

PSM

Yield= (taxa)

Receita total da pescariaRT = P.QRT = Peq x Qpescada(X)

Eb

Page 49: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

49

Recursos Comuns

RT=Peq x Y(E,X)

CT=CE

EsforçoEaEoE*

PSM

Y (taxa)= f(E,X) 1. Vários pescadores... 2. Custo Total da

pescaria = CT = CE3. Mais pescadores o

esforço aumenta4. Pesca não acompanha

a velocidade de reprodução

Dimensões Econômicas: Custo com pescaria depende do estoque disponível e do Esforço =(pessoas, barcos, diesel, equipamentos, etc.)

Eb

Page 50: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

50

Recursos Comuns

RT=PeqY(E,X)

CT=CE

EsforçoEaEoE*

PSM

Y (taxa)= f(E,X)

Lucro = Benefício Social Líquido= RT-CT= ???

Eb

Page 51: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

51

Recursos Comuns

RT=PeqY(E)

CT=CE

EsforçoEaEoE*

PSM

Em “Ea”

Se um pescador ignora a

ação do outro.

Espécie em extinção

Incentivo p/ capturar

ainda mais, menor

estoque e maior esforço,

resultado, maior o custo.

RT=CT

Cadê o lucro??

Y (taxa)= f(E,X)

Eb

Page 52: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

52

Recursos Comuns

RT=PY(E)

CT=CE

EsforçoEaEoE*

PSM

“Eo” pode ser vista

como eficiente do

ponto de vista

ambiental mas não

economicamente.

Por que?

Resposta:

BSL=Lucro não é

máximo

Y (taxa)= f(E,X)

BSL2=RT-CT

Eb

Page 53: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

53

Recursos Comuns

RT=PY(E)

CT=CE

EsforçoEaEoE*

PSM

BSL1=RT-CT

Logo, E* atende os

critérios ambientais (mas

não completamente) e

econômicos.

Em E* a pescaria é

eficiente porque atende

simultaneamente o lucro

máximo desejado pelo

pescador respeitando a

velocidade de reprodução

da espécie.

Estoque é relativamente

baixo mas cresce a taxas

crescentes.

Y (taxa)= f(E,X)

BSL2=RT-CT

Eb

Page 54: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

Recursos Comuns

54

R$ 45 - traduzido R$ 45 - Traduzido

Page 55: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

55

Informação Assimétrica

• Informação Assimétrica

– Falha de mercado que ocorre quando

alguem não tem informação completa sobre

as “ações ou tipo” de outro alguém em uma

transação

– Mercados são incompletos e recursos

(humanos, máquinas, naturais) são alocados

ineficientemente

– Dois tipos:

1. Risco moral (Ações)

2. Seleção Adversa (Tipo)

Page 56: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

56

Informação Assimétrica

1) Risco Moral– O regulador não consegue monitorar todas

as ações do agente “poluidor” desde que é ele

somente o responsável por todos os custos de

abatimento (Ex: Controle de Poluição,

Derramento de Óleo)

– Logo, firma não tem qualquer incentivo para

reduzir seu controle de poluição abaixo do

nível estabelecido pelo regulador

– Poucos recursos são alocados para correção da

falha (Ex: Nível de Abatimento Ótimo, Prêmio dos

Seguros, Ganância dos Investidores,)

Page 57: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

57

Informação Assimétrica

Page 58: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

58

Informação Assimétrica

2) Seleção Adversa

– Existe quando uma pessoa não consegue

identificar o tipo ou caráter da outra

– Produtos “Eco-Label”

– Mercado dos Limões (Arkelof, Economista)

• Carros usados, mas com boa qualidade

– Solução

• Certificação

• Monitoramento

Page 59: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

59

Custos de Transação

Existem quando custos que vão além do preço

de um produto.

Por exemplo, custo de tempo e dinheiro para se

obter informações sobre produtos como no

exemplo do mercado de carros usados citado

acima.

Custo de se confeccionar contratos com

informações limitadas, monitorar o

cumprimento destes contratos e resolver

disputas que possam decorrer da quebra de

contratos.

Page 60: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

60

Bem Público

• Bem Público

– Se caracteriza pelo fato que sua provisão é

não-rival e não-excludente.

– Não rivalidade = a quantidade consumida

por uma pessoa não reduz a quantidade

consumida por outra

– Nao excludente = é quase impossível excluir

alguém de consumir o bem

–Ex: Iluminação, Ar, Defesa Nacional,

Controle de Enchentes, Novas Ideias

Page 61: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

Bem Público

CMa Brasil= CMa China

WTP ($)

Ação de Mitigação para

Abatimento da Poluição (Gases,

CO2)

D1+D2

D2 (Brasil)

D1 (China)

1 Bi

2 Bi

3 Bi

1 BiCO2 2 BiCO2 3 Bi

Climate Shocks (2015), pg. 39-40,41. 46"if everyone does a little, we’ll achieve only a little.”

Page 62: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

62

Bem Público

free-rider = comportamento individual que consiste em tirar proveito de um esforço coletivo sem participar de tal esforço; se muitas pessoas agem como carona, o bem público nunca pode ser fornecido.

Os mercados costumam ter dificuldade em produzir bens públicos porque os caronas tentam usar o bem público sem pagar por isso.

https://www.khanacademy.org/economics-finance-domain/microeconomics/market-failure-and-the-role-of-government/externalities-topic/a/the-role-of-government-in-paying-for-public-goods

Page 63: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

63

Bem Público

O problema do free rider pode ser superado através de medidas que garantam aos usuários de um bem público pagar por isso.

Tais medidas incluem ações governamentais, pressões sociais e cobrança de pagamentos - em situações específicas em que os mercados descobriram uma maneira de fazê-lo.

https://www.khanacademy.org/economics-finance-domain/microeconomics/market-failure-and-the-role-of-government/externalities-topic/a/the-role-of-government-in-paying-for-public-goods

Page 64: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

1) Conclusão: Mito do Mercado

Universal Com falhas, o mercado sozinho não resolve

todos os problemas, e principalmente quando as

atividades econômicas estão DIRETAMENTE

relacionadas com o meio ambiente

(externalidades) e uso dos recursos naturais

(recursos comuns)

Portanto, governos precisam intervir e corrigir

essas falhas de mercado que estão associadas ao

meio ambiente.

Ex: O controle de emissões de poluentes,

limitando o acesso a recursos comuns 64

Page 65: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

2) Mito das Soluções de Mercado

65

Page 66: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

2) Mito das Soluções de Mercado

Economistas pensam que uma solução de

mercado pode resolver um problema de mercado

Ilusão que a mão invisível sempre funciona

Um política pública que cria um mercado para

resolver um outro mercado

Ex. O controle da poluição pode impor grande

investimentos no custo de produção. Assim, cria-se

um mercado com os direitos de poluição, direito de

pescar, cortar a floresta

66

Page 67: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

2) Mito das Soluções de MercadoEx: Mercados do Direito de Poluir

1) Considere 2 Empresas Poluidoras

2) Na cidade de São Paulo, a Cetesb estabelece

um nível ótimo de poluição para a saúde

humana de 20 tons de CO2

3) O Governo define que 1 Permit (1 R$) = 1

Ton de CO2 emitido

4) Cada empresa recebe 10 Permits, pode

então emitir 10 tons somente.

67

Page 68: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

2) Mito das Soluções de MercadoEx: Mercados do Direito de Poluir

68

10 ton = 10P 10 ton = 10P

Empresa 1 Empresa 2

5) Considere, a empresa 2 inova e acaba

produzindo mais e poluindo menos (8 T) ao

invés de 10 T, assim ela terá um saldo de 2

Permits no qual ela pode vender

Page 69: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

2) Mito das Soluções de MercadoEx: Mercados do Direito de Poluir

69

12 ton = 12P 8 ton = 8P

6) Empresa 1 não inova mas quer produzir

mais tamém, então ela pode comprar 2

Permits da empresa 1 e emitir 12 toneladas

aumentando sua produção e poluição

Empresa 1 Empresa 2

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2) Mito das Soluções de MercadoEx: Mercados do Direito de Poluir

7) Note que saldo final é 12P + 8P (20P=20T)

8) Todos ganham, a empresa 1 que não inovou,

aumentou sua produção

9) E a empresa 2? Ao inovar não teve que

aumentar seus custos????

10) Sim, mas ela será compensada porque estará

recebendo o dinheiro dos Permits vendidos a

empresa 1.

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2) Mito das Soluções de Mercado

Licenças de emissões negociáveis

Seria ótimo se funcionasse bem

Sonho dos economistas e modelo mais

recomendados entre os países.

O problema é que só funciona se as condições

da mão invisível funcionar

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2) Mito das Soluções de Mercado

Ex 1: Muitos compradores e vendedores, não

poder ter conluio (oligopólio) entre as

empresas, etc. gerando peso morto

Ex 2: O nível de poluição da maioria dos

poluentes são de difícil monitoração (custos de

transação altos).

72

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3) Mito dos Preços de Mercado

73

Page 74: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

3) Mito dos Preços de Mercado

Quando soluções de não mercado são

consideradas (Ex: valoração ambiental),

economistas ainda usam os preços para analisar

as políticas.

Preços revelam quanto a sociedade dá valor a

um bem ou serviço (Ex: Pagar mais caro por uma

casa onde tenha um ar mais limpo)

Qual o valor da Biodiversidade Amazônica?

74

Page 75: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

3) Mito dos Preços de Mercado

75

Costanza et al. 1997 (Nature)

Page 76: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

76

Costanza et al. 1997 (Nature)

Global map of the value of ecosystem services Costanza et al.: Information includes all the estimates we could identify from the literature (from over 100

studies), their valuation methods, location and stated value.

Page 77: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

3) Mito dos Preços de Mercado

O problema é que esses valores (disposição a

pagar pela sociedade) podem não refletir de fato

o “real” valor

O valor econômico dos prejuízos a saúde

humana devido a poluição é maior que a soma

dos custos com tratamento de saúde e a baixa

produtividade do trabalhador

Qual o valor de uma vida Humana???77

Page 78: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

78

Estudos Econômicos, 2020: DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0101-41615022rac

Page 79: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

3) Mito dos Preços de Mercado

Na valoração econômica economistas usam

preços para checar como os membros da

sociedade valorizam os recursos ambientais

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Page 80: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

3) Mito dos Preços de Mercado

Mais será que as pessoas atribuem valores

corretos? Então, tem-se o problema de usar os

preços

Métodos da Preferência Revelada versus

Declarada

Ex: A Amazônia não é limitada somente para a

exploração dos seus recursos naturais, é

possível também atribuir um valor de não-uso

(preservação e futuras gerações)80

Page 81: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

3) Mito dos Preços de Mercado

81

Especialistas de outras áreas (filósofos,

sociólogos advogados, cientistas

políticos etc.) têm visões sobre o

mercado.

Umas das críticas é não levar em conta

os problemas éticos

Abre para uma discussão importante

Page 82: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

3) Mito dos Preços de Mercado

Monetizar tudo que vê pela frente

É necessário??? É moralmente ético???

Ex: Mercados p/:

Direitos de poluir, direito de vender o

lugar na fila, direito de ter filhos, direito de

vender um rim, direito de morrer

É justo interferir na liberdade

individual???

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R$ 27 na Saraiva

Page 84: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

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R$ 38 na Saraiva

https://www.youtube.com/watch?v=kBdfcR-8hEY

Page 85: Como os Economistas Veem o Meio Ambiente (Nature, 1998)

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Conclusão Para resumir, economistas não necessariamente

acreditam que o mercado é capaz de resolver tudo.

Se existem falhas, precisam ser corrigidas.

Para as falhas de mercado relacionadas ao meio

ambiente (externalidades e recursos comuns),

politicas do tipo laissez-faire (mão invisível) não

resulta em eficiência social, mas ineficiência

Contudo, em alguns casos, usar soluções de

mercado podem ser mais custo-efetivo e eficiente

(Ex: direitos de poluir têm funcionado melhor do

que regulação para SO2 nos EUA)

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Love to SUVs

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Love to SUVs

Exemplo 2:

Switching from

SUVs to fuel-

efficient passenger

cars in the U.S.

alone would nearly

offset the emissions

generated in

providing

electricity to 1.6

billion more people

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Love to SUVs

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Arquitetura da escolha

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NudgingMais informadas???

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Love to SUVs

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Referências Chimeli, A. B. Economia, Meio Ambiente e Políticas Públicas: Uma

Breve Introdução Conceitual, TD Nereus 08-2011, São Paulo, 2011

(http://www.usp.br/nereus)

EPA, Guidelines for preparing economic analysis, 2014. (https://www.epa.gov/environmental-economics/guidelines-preparing-economic-analyses)

Fullerton, D.; Stavins, R. How Economists See The Environment.

Economics of The Environment. Nature 395, 1998, 433-434.

https://scholar.harvard.edu/stavins/publications/how-economists-see-environment

Notas de aulas do Professor

Tirole, J. Economia do Bem Comum, Ed Zahar, 2020.