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UNIVERSIDADE DE FRANCA DOUTORADO EM PROMOÇÃO DE SAÚDE CLAUDIOMIR DA SILVA SANTOS ÁGUAS DO RIO MUZAMBINHO: ASSOCIAÇÃO ENTRE CONTAMINAÇÃO BACTERIOLÓGICA, FATORES CLIMÁTICOS E INCIDÊNCIA DE DIARREIAS FRANCA 2018

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UNIVERSIDADE DE FRANCA

DOUTORADO EM PROMOÇÃO DE SAÚDE

CLAUDIOMIR DA SILVA SANTOS

ÁGUAS DO RIO MUZAMBINHO: ASSOCIAÇÃO ENTRE CONTAMINAÇÃO

BACTERIOLÓGICA, FATORES CLIMÁTICOS E INCIDÊNCIA DE DIARREIAS

FRANCA

2018

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Claudiomir da Silva Santos

ÁGUAS DO RIO MUZAMBINHO: ASSOCIAÇÃO ENTRE CONTAMINAÇÃO

BACTERIOLÓGICA, FATORES CLIMÁTICOS E INCIDÊNCIA DE DIARREIAS

Tese apresentada à Universidade de

Franca, como requisito parcial para a

obtenção do título de Doutor em Promoção

de Saúde.

Orientador: Prof.º Dr. Carlos Henrique

Gomes Martins.

Co-Orientadora: Prof.ª Dra. Regina Helena

Pires.

Franca

2018

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Dedicatória

Dedico este trabalho primeiramente a Deus pela oportunidade da vida e pela

possibilidade do crescimento profissional por meio da Educação.

Á nossa Senhora de Aparecida, Mãe poderosa e presente sempre nas

dificuldades e nos obstáculos quotidianos

Aos meus pais e meu irmão que sempre me incentivaram e me mostraram que

estudar e aperfeiçoar-se seriam as maneiras mais dignas de estruturação e de alcance

de sonhos que até então pareciam inatingíveis.

Em especial a minha mãe in memoriam Vicentina Terra dos Santos, que mesmo

não estando neste plano, com certeza está muito contente e feliz, afinal sempre me

incentivou a estudar e buscar o melhor caminho da vida, sempre com muito trabalho

e dignidade.

A todos os meus professores, desde os primeiros passos, que foram

extremamente significativos, pois fizeram de si um importante caminho que conduziu-

me a ser docente e estar conquistando mais uma importante etapa da minha vida.

Não tenho palavras para agradecer por tantas graças recebidas em uma única

existência.

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AGRADECIMENTOS

Foram tantos personagens importantes nesta trajetória, afinal foram anos de

estudo e de dedicação. Dias e dias saindo de Muzambinho rumo a Franca com sol e

com chuva, com alegria ou apreensão, com certezas ou dúvidas, com tempo ou com

o horário apertado, mas sempre firmes. Agradeço imensamente ao amigo e

companheiro de viagens Fabricio Santos Rita, pelo apoio e pela jornada de cursos em

busca de capacitação constante.

Ao Orientador, coordenador do Curso e amigo, Professor Doutor Carlos

Henrique Gomes Martins, pelas orientações de maneira bem pontual e objetivas que

muito ajudaram no decorrer deste trabalho e claro pela atenção, dedicação e sempre

muito presente, isto fez a diferença.

A minha Coorientadora Professora Doutora Regina Pires, grande profissional,

humana, amiga e exemplo de postura.

Ao IFSULDEMINAS – campus Muzambinho, meu local de trabalho tão querido,

que permitiu por meio de seu programa de flexibilização de horários a oportunidade

de poder realizar esta qualificação sem afastar-me das atividades docentes.

A Todos os docentes do Programa de Pós Graduação em Promoção da Saúde,

na qual passaram muitos ensinamentos e além de tudo me fizeram tornar um

professional a cada dia mais humanístico, meu muito obrigado!

Agradeço a todas as pessoas que grandiosamente me ajudaram simplesmente

por estarem no meu caminho e que contribuíram para alcançar este tão sonhado

objetivo.

Meu muito obrigado!

Page 7: CLAUDIOMIR DA SILVA SANTOS - repositorio.udf.edu.br

“Que tenhamos sabedoria em discernir entre o certo e o errado, o que de fato nos

faz feliz e o que só ocupa espaço. Que não nos falte tolerância nem respeito, que

saibamos reconhecer o limite e a permissão para ir além dos obstáculos. Que

sejamos honestos com nosso coração, alicerce de nossos sonhos e equilíbrio exato

para os vendavais da vida. Que as esperanças se renovem em cada amanhecer,

fortalecendo a nossa fé e a nossa disposição em desbravar o mundo. Que o medo

não nos detenha e a arrogância não nos alcance.”

#MarcelyPieroniGastaldi

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RESUMO

Uma parcela significativa das doenças diarreicas está diretamente relacionada com a

falta de saneamento ambiental. Embora os governos, por meio da promoção da

saúde, venham atuando na mitigação deste problema, o fornecimento contínuo de

água de boa qualidade para consumo humano e a busca por melhorias sanitárias

ainda é um desafio visto as condições socioeconômicas de muitas regiões. O

conhecimento acerca das condições de qualidade de água que abastecem as cidades

menores e os grandes centros urbanos e das doenças que se relacionam com este

determinante devem ser monitoradas no intuito de promover a busca por soluções a

curto e longo prazo. Neste sentido, o presente trabalho objetivou verificar a relação

bacteriológica da água do rio Muzambinho, associado com índice de doenças

diarreicas e fatores climáticos. Desta forma foi realizado o plano de amostragem dos

dados quantitativos desta pesquisa, abrangendo coleta de água do rio Muzambinho,

no período de setembro de 2016 a agosto de 2017, correspondendo as estações

climáticas do ano, levando em consideração a sazonalidade e condições climáticas.

Foram coletadas ainda dados da incidência de diarreia no período avaliado, bem como

valores de temperatura e pluviometria da região estudada. Foram realizadas análises

da presença de E. coli, coliformes totais, bactérias heterotróficas, bem como avaliação

dos níveis de oxigênio dissolvido nas águas do rio Muzambinho. Os resultados

demonstram que para o período avaliado a associação entre as variáveis climáticas e

bacteriológica apresentam de fraca a moderada relação com a prevalência de diarreia,

com valores de r= 0,42 para temperatura e de r=0,2 para chuva, enquanto que para

níveis de bactérias heterotróficas, OD, E.coli e coliformes totais os valores

encontrados foram de r=-0,04, r=-0,14, r=-0,01 e r=0,006, respectivamente. No

entanto, ao empregar a análise específica para diarreia, observou-se forte influência

da temperatura e precipitação pluviométrica no número de casos notificados. Como

conclusão, este trabalho mostrou que a qualidade de água do rio Muzambinho está

fora dos padrões estabelecidos e que as variáveis climáticas são fatores determinante

no índice de diarreias na região no período estudado. Estes resultados possibilitam o

delineamento de novas estratégias de conservação deste rio e de combate ao

surgimento de novos casos de diarreias na população do ambiente estudado.

Palavras-chave: Incidência de diarreia. Qualidade da água. Variáveis climáticas

Page 9: CLAUDIOMIR DA SILVA SANTOS - repositorio.udf.edu.br

ABSTRACT

A significant portion of diarrheal diseases is directly related to lack of environmental

sanitation. Although governments have been working to mitigate this problem through

health promotion, continued provision of good quality water for human consumption

and the search for health improvements remain a challenge for many regions given

their socioeconomic conditions. Knowledge about the quality of the water supplied to

smaller cities and large urban centers and the diseases related to poor water quality

should be monitored, so that solutions in the short- and long-term can be proposed.

The present work aimed to verify the bacteriological relationship between water from

the Muzambinho river and the incidence of diarrheal diseases. The quantitative data

sampling plan for this research included collecting water samples from the

Muzambinho river from September 2016 to August 2017, which spanned all the

climatic seasons of the year and took seasonality and climatic conditions into account.

Data on the incidence of diarrhea along the evaluated period as well as on the

temperature and rainfall indexes in the studied region were also collected. The

presence of E. coli, total coliforms, and heterotrophic bacteria as well as dissolved

oxygen levels were analyzed in the waters of the Muzambinho river. The climatic and

bacteriological variables were weakly to moderately associated with the prevalence of

diarrhea (r = 0.42 for temperature, r = 0.2 for rainfall, r = -0.04 for heterotrophic chains,

r = -0.14 for dissolved oxygen, r = -0.01 for E. coli, and r = 0.006 for choliforms.

However, specific analysis for diarrhea showed strong influence of temperature and

rainfall on the number of reported cases. Therefore, the water quality of the

Muzambinho river is outside the established standards, and climatic variables

determine the presence of diarrhea in the region along the studied period. These

results point to the need to design new conservation strategies for this river and to

combat the emergence of new cases of diarrhea in the population of the studied

environment.

Keywords: Incidence of diarrhea. Water quality. Climatic variables.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização da cidade de Muzambimho. .................................................. 41

Figura 2 - Pontos de amostragem do Rio Muzambinho ............................................ 44

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Variação sazonal dos coliformes totais dos 4 locais no rio Muzambinho –

MG de Setembro de 2016 a Agosto de 2017 ............................................................ 49

Gráfico 2 - Variação sazonal da E.coli dos 4 locais no rio Muzambinho – MG de

Setembro de 2016 a Agosto de 2017 ........................................................................ 50

Gráfico 3 - Variação sazonal dos valores de bactérias heterotróficas dos 4 locais

amostrados no rio Muzambinho – MG de Setembro de 2016 a Agosto de 2017 ...... 50

Gráfico 4 - Variação sazonal nos valores de oxigênio dissolvido no rio Muzambinho –

MG de Setembro de 2016 a Agosto de 2017 ............................................................ 51

Gráfico 5 - Influência do aumento da temperatura do ar e da precipitação pluviométrica

no índice de diarreia em Muzambinho - MG ............................................................. 57

Gráfico 6 - Influência do aumento da temperatura do ar e da precipitação pluviométrica

na contagem de Bactérias heterotróficas do rio Muzambinho - MG .......................... 57

Gráfico 7 - Influência do aumento da temperatura do ar e da precipitação pluviométrica

na concentração de Oxigênio Dissolvido do rio Muzambinho – MG ......................... 58

Gráfico 8 - Influência do aumento da temperatura do ar e da precipitação pluviométrica

nos índices de E-coli do rio Muzambinho .................................................................. 58

Gráfico 9 - Influência do aumento da temperatura do ar e da precipitação pluviométrica

nos índices de coliformes totais no rio Muzambinho – MG ....................................... 59

Gráfico 10 - Valores reais e estimados de diarreia em Muzambinho – MG de Setembro

de 2016 a Agosto de 2017 ........................................................................................ 61

Gráfico 11 - Performance entre os valores reais e estimados diarreia em Muzambinho

– MG de Setembro de 2016 a Agosto de 2017 ......................................................... 61

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Qualidade da água para diversas utilizações .......................................... 29

Quadro 2 - Principais doenças relacionadas à agua e suas características ............. 33

Quadro 3 - Principais doenças relacionadas a água no Brasil .................................. 34

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição da água em nosso planeta ................................................... 24

Tabela 2 - Dados médios de temperatura do ar e chuva em Muzambinho (MG) ...... 52

Tabela 3 - Dados do número de diarreias ocorridos em Muzambinho (MG) ............. 53

Tabela 4 - Dados médios do número de bactérias heterotróficas (UFC/mL) ocorridas

em Muzambinho (MG) ............................................................................................... 54

Tabela 5 - Dados médios da concentração de oxigênio dissolvido (mg/L) ocorridas em

Muzambinho (MG) ..................................................................................................... 55

Tabela 6 - Níveis de correlação pelo coeficiente de Pearson (r) entre as variáveis e a

temperatura e chuva em Muzambinho (MG) ............................................................. 56

Tabela 7 – Teste F dos níveis de correlação de Pearson (r) entre as variáveis e a

temperatura - chuva em Muzambinho (MG) entre o período de setembro de 2016 a

agosto de 2017 .......................................................................................................... 56

Tabela 8 - Análise de variância da Regressão Linear Múltipla utilizando como variável

dependente o índice de diarreia e como variáveis independentes os fatores climáticos

em Muzambinho - MG.. ............................................................................................. 59

Tabela 9 - Desempenho do ajuste da regressão utilizando como variável dependente

a o índice de diarreia e como variável independente as variáveis climáticas. ........... 60

Tabela 10 - Coeficientes estimados no modelo das variáveis variáveis climáticas em

função do índice de diarreia e como variável independente as variáveis climáticas . 60

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LISTA DE ABREVIATURAS

CGDANT Coordenação Geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IFSULMINAS Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de

Minas

IGAM Instituto Mineiro de Gestão de Águas

IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change

MS Ministério da Saúde

OD Oxigênio Dissolvido

OMS Organização Mundial da Saúde

OPAS Organização Pan-Americana da Saúde

PCA Plate Count Agar

PBMC Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas

PNPS Política Nacional de Promoção da Saúde

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

SAAEUNAI Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Unaí

SVS Secretária de Vigilância da Saúde

SUS Sistema Único de Saúde

UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

WHO World Health Organization

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 19

2.1 Promoção da Saúde ............................................................................................ 19

2.1.1 Promoção da saúde no Brasil .......................................................................... 22

2.2 Água como recurso hídrico .................................................................................. 24

2.2.1 Qualidade da água ........................................................................................... 26

2.2.2.1 Padrões de qualidade da água ...................................................................... 28

2.3 Água e Saúde ...................................................................................................... 31

2.4 Atributos climáticos e saúde humana .................................................................. 35

2.5 Doenças diarreicas decorrentes de água contaminada .................................... 36

3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 38

4 OBJETIVOS ........................................................................................................... 40

4.1 Objetivo geral ...................................................................................................... 40

4.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 40

5 METODOLOGIA ..................................................................................................... 41

5.1 Caracterização da área de estudo ...................................................................... 41

5.1.1 Localização do município de Muzambinho ....................................................... 41

5.1.2 Hidrografia ........................................................................................................ 42

5.1.3 Clima ................................................................................................................ 42

5.1.4 Dados demográficos ........................................................................................ 42

5.2 Rio Muzambinho ................................................................................................. 43

5.3 Metodologias de análise ...................................................................................... 43

5.3.1 Coleta de dados e plano de amostragem ......................................................... 43

5.3.2 Análises ............................................................................................................ 44

5.3.2.1 Determinação da presença/ausência de coliformes totais e E.coli ................ 45

5.3.2.2 Contagem de bactérias heterotróficas ........................................................... 45

5.3.2.3 Oxigênio dissolvido – OD .............................................................................. 46

5.3.2.4 Dados de diarreia no Município de Muzambinho (Minas Gerais) .................. 46

5.3.2.5 Dados climáticos (temperatura e pluviometria) em Muzambinho (Minas Gerais)

.................................................................................................................................. 46

5.3.3 Análises estatísticas ......................................................................................... 47

Page 16: CLAUDIOMIR DA SILVA SANTOS - repositorio.udf.edu.br

5.3.3.1 Correlação de ocorrência da doença diarreica aguda com a qualidade da água

e condições climáticas .............................................................................................. 47

5.3.3.2. Análise da normalidade dos dados .............................................................. 47

5.3.3.3 Análise de regressão linear múltipla .............................................................. 47

6 RESULTADOS ....................................................................................................... 49

6.1 Parâmetros Bacteriológicos ................................................................................. 49

6.2 Características da área de estudo ....................................................................... 51

6.3 Análise geral dos dados ...................................................................................... 55

6.4 Análise específica para diarreia ........................................................................ 59

7 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 62

8 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 71

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 73

ANEXO.......................................................................................................................84

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16

1 INTRODUÇÃO

Por meio da adoção de medidas de promoção da saúde é possível alcançar

juntamente com a comunidade e as esferas governamentais o emponderamento da

população para que estas sejam capazes de tomarem decisões acertadas sobre a

própria saúde (BRASIL, 2002a).

A saúde no Brasil, e a busca pelo seu melhoramento, assim como em outros

países, evoluiu mediante aos novos desafios decorrentes das mudanças no estilo de

vida e avanço tecnológicos. No Brasil, o estabelecimento de uma Política Nacional

de Promoção da Saúde (PNPS), foi aprovada em 2006, por meio da Portaria MS/GM

nº 687, de 30 de março e apresentava como principal objetivo melhorar a qualidade

de vida da população e reduzir os riscos relacionados a fatores determinantes à sua

saúde; este documento apontava responsabilidades, diretrizes, estratégias e planos

de ação específicos que deveriam ser cumpridos na busca pela promoção da saúde

no país (BRASIL, 2006a).

Diante das mudanças no cenário nacional, e também internacional, a PNPS

de 2006 foi revisada em 2014, trazendo objetivos reformulados, temas transversais e

prioritários, eixos operacionais, e a descrição da responsabilidade das esferas

governamentais. Por meio do aprimoramento e atualização desta política tornou-se

possível tratar de assuntos mais urgentes e atuais, os quais são determinantes na

busca pela melhoria na qualidade e saúde da população brasileira (BRASIL, 2014a).

As diretrizes da promoção da saúde mostram que para alcançar graus

elevados de saúde e bem-estar, torna-se necessário vencer as barreiras impostas

pela falta de saneamento básico tais como fornecimento de água potável,

gerenciamento correto de resíduos sólidos, esgotamento sanitário, entre outros

requisitos que quando combinados tornam-se eficazes em melhorar a qualidade de

vida da população.

A criação de ambientes favoráveis à saúde se traduz como sendo o

reconhecimento das relações existentes entre os vários fatores determinantes do

processo saúde-doença na sociedade e as ações no sentido da criação,

monitoramento e manutenção de ambientes ecoergonomicamente estáveis (BUSS,

2000).

A Declaração de Sundsvall, fruto da “III Conferência Internacional sobre

Promoção da Saúde”, realizada na cidade de Sundsvall – Suécia, no período de 9-15

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17

de junho de 1991, sob o tema “Ambientes Favoráveis à Saúde”, Esta conferência

sublinha quatro aspectos para um ambiente favorável e promotor de saúde: a

dimensão social, que inclui a maneira pela qual normas, costumes e processos sociais

afetam a saúde; a dimensão política, que requer dos governos a garantia da

participação democrática nos processos de decisão e a descentralização dos recursos

e das responsabilidades; a dimensão econômica, que requer o reescalonamento dos

recursos para setores sociais, incluindo a saúde e o desenvolvimento sustentável e

maior participação e conhecimento das mulheres em todos os setores, inclusive o

político e o econômico (BRASIL, 2002).

Embora seja de conhecimento de todos que a água é um recurso

indispensável para a sobrevivência humana, nos últimos anos tem-se observada uma

crescente preocupação acerca da sua escassez e qualidade, isto porque, as ações

antrópicas têm influenciado diretamente na sua disponibilidade e adequação para

consumo humano.

O fornecimento de água para uma demanda cada dia maior, esbarra em

problemas ambientais decorrentes do atual padrão desenvolvimento insustentável,

que promove principalmente nos países mais ricos uma demanda excessiva dos

recursos naturais, promovendo o esgotamento e desequilíbrio destes recursos em

decorrência das necessidades básicas de consumo, enquanto que nos países mais

pobres nem mesmo as exigências mínimas de moradia, alimentação, educação e

saúde são atendidas. Em ambos os casos, há uma forte pressão sobre o meio

ambiente que compromete a qualidade dos recursos, e promove a sua poluição. Como

exemplo, as consequências da poluição da água causam prejuízos à saúde humana

de tal forma, que segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de

80% o total de mortes em países em desenvolvimento estão relacionados a doenças

de veiculação hídrica, que em decorrências da falta ou ineficácia dos programas de

saneamento ambiental tornam pior a situação (UNESCO, 2015).

O acesso a água de má qualidade torna-se um problema de saúde pública,

fazendo necessário a busca por uma gestão eficaz dos recursos hídricos dos rios e

fontes de abastecimento de água. Este correto gerenciamento poderá ser alcançado

por intermédio da análise da situação atual e constante monitoramento com vistas a

tomada de ações que possam mitigar os problemas de poluição e eliminar os riscos

do surgimento de doenças relacionadas com a água. Neste sentido este estudo

investigou a qualidade bacteriológica do rio Muzambinho (devido ao elevado índice de

Page 19: CLAUDIOMIR DA SILVA SANTOS - repositorio.udf.edu.br

18

degradação ambiental) e sua associação com a incidência de diarreias. Além desta

análise este trabalho relacionou fatores climáticos, índice de diarreia e contaminação

da água, permitindo assim um monitoramento da área.

Para a realização deste estudo foi empregado a técnica de coleta de dados,

seguido de análises laboratoriais e interpretação dos dados no intuito de realizar uma

correlação entre os índices de diarreia e as características do ambiente em estudo.

Espera-se desta forma, contribuir com dados concretos acerca da realidade da água

do rio Muzambinho para futuramente auxiliar na tomada de decisões de políticas

públicas, que possam favorecer a saúde da população que vive no entorno daquele

ambiente. A adoção de práticas de promoção da saúde pode ajudar neste processo

por meio da adoção de medidas que conscientizem a população acerca da

necessidade da preservação dos recursos naturais, possíveis efeitos da

contaminação das águas e emponderamento para atuar frente as dificuldades

encontradas.

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19

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Promoção da Saúde

Promoção da saúde é um campo conceitual e de práticas. Considera o

sistema de capacitação das comunidades para que estas estejam aptas a agirem

sobre os determinantes da própria saúde (BRASIL, 2002a).

Como ferramenta na busca de melhor qualidade de vida, a promoção da

saúde apresenta característica multisetorial, e foi alcançada por intermédio de uma

série de conferências internacionais, realizadas no intuito de estreitar laços entre os

países e modificar ações que estejam em contrapartida ao direito de acesso a saúde

por todos os cidadãos do mundo (TEIXEIRA, 2006).

A Conferência Internacional sobre cuidados primários de saúde foi o marco

inicial para a constante evolução da promoção da saúde, e a sua declaração chamada

Alma-Ata, realizada na República do Cazaquistão em 1978, deixa claro a necessidade

de uma parceria entre governo, demais entidades não-governamentais e toda a

população na busca por soluções urgentes para a melhoria da saúde global (BRASIL,

2002a).

Motivados pela declaração da Alma-Ata, aconteceu a I Conferência

Internacional sobre Promoção da Saúde, em Ottawa no Canadá (1986). Esta

conferência deu origem a Carta de Ottawa, na qual ficou esclarecido que a promoção

da saúde só seria alcançada mediante a implantação de políticas públicas saudáveis,

a criação de ambientes favoráveis, o fortalecimento de ações comunitárias, o

desenvolvimento de habilidades pessoais e a reorientação dos serviços de saúde. Por

meio destes pilares, esta Carta demonstra que saúde deve ser vista como um recurso

para a vida, e que para o alcance deste patamar é necessário o provimento da paz,

educação, moradia, alimentação, renda, ecossistema estável, justiça social e

equidade entre os povos (WHO, 1986).

A Carta de Adelaide (1988), escrita em decorrência da II Conferência

Internacional sobre Promoção da Saúde reforça as estratégias que devem ser

adotadas para a sua promoção e enfatiza que apesar de dependentes uma das outras,

somente por meio de uma nova implantação de políticas públicas saudáveis o objetivo

principal conseguiria ser alcançado. O papel do governo, tanto local, regional e

nacional, como atuante e mediador na busca pela promoção da saúde é bastante

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20

evidenciado nesta conferência, uma vez que assegurando o bem-estar e o acesso a

saúde dos seus cidadãos, torna-se possível a melhoria no âmbito econômico, já que

uma população saudável produzirá mais e renderá maiores receitas para as nações.

Na Carta de Adelaide, foi ainda registrado áreas de atuação imediata com foco na

saúde da mulher, nutrição saudável, redução do uso do tabaco e álcool e a criação de

ambientes favoráveis a saúde (WHO, 1988).

Através da Declaração de Sundsval (1991) a III Conferência Internacional de

Promoção da Saúde destaca que a saúde é alcançada mediante a criação de

ambientes favoráveis, e que todos devem promover esta ação, contribuindo na busca

pela justiça social e preocupando-se com os problemas mundiais como as guerras, a

pobreza e a privação de ambientes saudáveis.

Esta Carta exorta que todos os setores da sociedade devem trabalhar para o

alcance desta meta e aponta alguns aspectos que devem ser levados em

consideração na construção de um ambiente favorável e promotor de saúde. Estes

aspectos são: social (como costumes e culturas podem afetar a saúde), político

(compromisso com os direitos humanos e a garantia de acesso aos recursos a toda a

população), econômico (investimento na saúde e desenvolvimento sustentável) e de

reconhecimento da mulher (para o desenvolvimento de uma infraestrutura apta a

criação de ambientes favoráveis à saúde) (WHO, 1991).

A Carta de Jacarta (1997), elaborada mediante a IV Conferência Internacional

de Promoção da Saúde tem como tema principal a Promoção da Saúde no século

XXI, e demonstra preocupação de como as mudanças neste novo século (maiores

taxas de urbanização, maior expectativa de vida e prevalência de doenças crônicas,

maior sedentarismo, resistência a antibióticos, aumento no número de usuários de

drogas, da violência civil e doméstica) podem afetar negativamente a saúde da

população.

Esta Carta expõe um reflexo em torno da progressão da promoção da saúde

ao longo dos anos e inclui pela primeira vez, o setor privado como atuante na busca

por melhores condições para a sociedade em que se insere. Preocupado com os pré-

requisitos para a saúde (paz, abrigo, instrução, segurança social, relações sociais,

alimento, renda, direito de voz das mulheres, um ecossistema estável, uso sustentável

dos recursos, justiça social, respeito aos direitos humanos e equidade) este

documento estabelece prioridades para promoção no século XXI: responsabilidade

social para com a saúde; aumento dos investimentos para fomentar a saúde;

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21

consolidação e expansão de parcerias em prol da saúde; aumento da capacidade

comunitária, direito de voz ao indivíduo e infraestrutura para a promoção da saúde

(WHO, 1997).

Na V Conferência Internacional de Promoção da Saúde, a Carta do México

(2000) reafirma que a saúde é um fator positivo para o desenvolvimento do bem-estar

da população e consequentemente para o desenvolvimento social e econômico dos

países. Reconhece ainda, que a promoção da saúde é de responsabilidade

governamental e que deve ser compartilhada em outros setores da sociedade. A Carta

enfatiza que ao longo dos anos houve melhorias significativas de acesso à saúde,

porém muitos problemas (reemergentes e novos) ainda prejudicam a população e

devem ser sanados. Este documento constata a crescente necessidade de

fortalecimento sobre os determinantes sociais, econômicos e políticos, e que esse

fortalecimento deve surgir principalmente a partir de políticas e programas públicos

que visem diminuir as diferenças sociais, uma vez que já é reconhecida que as

estratégias da promoção de saúde são eficazes. Na Carta do México são descritas

algumas ações que quando praticadas auxiliam na busca por melhores condições de

vida e provimento da saúde para todas as nações (ORGANIZAÇÃO PAN-

AMERICANA DA SAÚDE, 2000).

A Carta de Bangkok (2005), elaborada na VI Conferência Mundial de

Promoção da Saúde, destaca os novos desafios e compromissos que devem ser

tomados levando em consideração o acentuado processo de globalização da época.

Além de reforçar aspectos abordados nas Cartas anteriores aponta uma nova direção

da promoção da saúde, por meio do cumprimento de quatro aspectos:

desenvolvimento da agenda global, responsabilidade de todos os governos, meta

principal da comunidade e da sociedade civil e a necessidade para boa administração

prática (WHO, 2005).

A VII Conferência Mundial da Promoção à Saúde (2009), por meio da Carta

de Nairobi que colocou em pauta as reflexões enfatizadas ao longo das outras

declarações. Mediante a aumento da prevalência de doenças não transmissíveis e de

desordens mentais e da ainda extensa desigualdade econômica entre os países, este

documento propõe como estratégias centrais para eficácia da promoção da saúde a

equidade entre os povos, maior subsídio para a população e maior conhecimento

sobre aspectos determinantes da saúde e maior empoderamento no aspecto social,

psicológico e político (WHO, 2009).

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22

Por meio da VIII Conferência Mundial de Promoção da Saúde (2013) a Carta

de Helsinque discute a saúde como prioridade em todos os governos, volta a

questionar o investimento dos países nesta área tão importante e reafirma que o

emponderamento da população promove o desenvolvimento sustentável e propicia

diversos benefícios para os países, tornando-se assim um investimento a longo prazo

(WHO, 2013).

A mais recente Carta, nomeada de Xangai, documento formal da IX

Conferência Mundial de Promoção da Saúde que aconteceu em 2016, destaca como

principais pontos a necessidade de aumentar o nível de conhecimento da população

para que esta seja apta a adotar estilos de vida saudável. O documento firmado no

encontro prevê ainda políticas aplicadas na conscientização da população, na taxação

especial de produtos prejudiciais ao organismo e no investimento e gestão dos

ambientes urbanos (WHO, 2016).

2.1.1 Promoção da saúde no Brasil

Traçando um paralelo com a evolução a promoção da saúde no Brasil, a sua

legislação no país aconteceu em correlata a I Conferência Internacional sobre

Promoção da saúde de 1986. Na busca por expandir e melhorar a atenção básica o

país adota em 1992, programas e políticas estruturas para atender as diretrizes

propostas. A institucionalização no Ministério da Saúde (MS) ocorre somente entre

1998 e 1999, com o projeto “Promoção da Saúde, um novo modelo de atenção”, e a

proposta inicial era a efetivação de um debate no país e difusão das diretrizes

propostas nas Cartas já publicadas (BUSS, CARVALHO, 2009; MALTA et al., 2016).

Já em 2002, o Ministério da Saúde elaborou o documento intitulado “Política

Nacional de Promoção da Saúde” e em 2005, a partir de uma decisão da Coordenação

Geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (CGDANT), da Secretaria de

Vigilância em Saúde (SVS), foi estabelecido uma área técnica responsável por

construir essa PNPS a partir do documento elaborado anteriormente, com o objetivo

de colocar em prática ações da Promoção da Saúde no âmbito das três esferas de

governo (BUSS, CARVALHO, 2009; MALTA et al., 2016). Em 2006, o MS em parceria

com outros órgãos ligados direta ou indiretamente a saúde, preocupado com a

melhoria da qualidade de vida da população, reconheceu a importância de direcionar

ações voltadas para os agravantes da saúde, como por exemplo, as desigualdades

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23

sociais e aprovaram a PNPS (MALTA et al., 2016) com o objetivo principal de

“promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados

aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho,

habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais”

(BRASIL, 2006a, p.17). Neste documento foram traçados diretrizes e estratégias que

ao serem colocadas em práticas permitem alcançar os objetivos da promoção da

saúde. Este documento descreve ainda as responsabilidades de cada esfera

governamental (federal, estadual e municipal) e propõe ações específicas que devem

ser tomadas (BRASIL, 2006a).

Em 2014, em decorrência das mudanças do sistema único de saúde e do

cenário das políticas sociais, optou-se por promover uma revisão do texto da PNPS,

formulando temas de caráter mais urgentes para a realidade da época. Essa nova

revisão apontou a necessidade de engajamento de outras esferas da sociedade visto

que o setor sanitário sozinho não seria capaz de atuar em todos os determinantes e

condicionantes da saúde. É possível observar que desde sua concepção a PNPS

preocupa-se com a abrangência do conceito promoção da saúde, buscando

concretizar não só ações diretamente ligadas a saúde, mas também indiretas, que

atuam como determinantes na saúde do indivíduo, como a garantia de acesso a

melhores condições de vida. Desta forma, em 2014 novos objetivos, princípios,

valores, diretrizes, temas transversais, estratégias operacionais, responsabilidades e

temas prioritários foram atualizados para atuar em concordância com os novos

acontecimentos da época (BRASIL, 2014b).

No país, assim como acontece no cenário mundial, a promoção da saúde foi

e deve ser um conceito em crescente evolução, uma vez que novos e re-emergentes

desafios surgem e precisam ser controlados afim de assegurar a qualidade de vida da

população. É possível observar que o enfoque ambiental está diretamente ligado a

preservação da saúde e melhores condições de vida para a sociedade. A preservação

dos ecossistemas e dos recursos naturais é assunto primordial que deve ser discutido

e encorajado nas comunidades.

Grande parte dos problemas de saúde que afetam a população mundial está

relacionada com a falta de saneamento ambiental. É objetivo da promoção da saúde

vencer esta barreira, também atender aos requisitos como o fornecimento contínuo

de água de boa qualidade para consumo humano; coleta e descarte correto de

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24

resíduos sólidos, drenagem, esgotamento sanitário; melhorias sanitárias domiciliares

e melhorias habitacionais (BRASIL, 2014b).

O não atendimento a estes requisitos principais expõe a população a uma

série de doenças ligadas a vetores e micro-organismos que afetam a saúde humana.

No Brasil, por exemplo, doenças como diarreia, dengue, febre tifoide, entre outras são

decorrentes da falta de saneamento de muitas regiões do país (BRASIL, 2002b).

Dados da OMS apontam que a água de má qualidade é a causa de grande parte das

doenças que acometem os países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil

(RIBEIRO, ROOKE, 2010).

2.2 Água como recurso hídrico

A água é um recurso natural indispensável para a sobrevivência de todas as

espécies. Grande parte da superfície da Terra é coberta por água, na forma de

oceanos, rios, lagos, arroios, sangas e calotas polares, sendo que, a maioria da água

que cobre o planeta é constituído basicamente de água salgada dos mares, que

corresponde a 97% e é imprópria para consumo humano (TUNDISI, 2015), as demais

distribuições da água no planeta estão registradas no Tabela 1.

Tabela 1 - Distribuição da água no planeta Terra

Reservatórios Volume (Km3) Percentual

Oceanos 1.320.305.000 97,24

Geleiras e calotas polares

29.155.000 2,14

Águas subterrâneas 8.330.000 0,61

Lagos 124.950 0,009

Mares 104.125 0,008

Umidade do solo 66.640 0,005

Atmosfera 12.911 0,001

Rios 1.250 0,0001

Total 1.250 100 Fonte: Tundisi, 2015

Por meio do ciclo hidrológico, a água presente nos oceanos, rios e camadas

superficiais evaporam em decorrência da incidência dos raios solares, o vapor

produzido forma então as nuvens, que em condições favoráveis condensam-se e

precipitam-se em forma de chuva, retornando à superfície terrestre. No entanto, nem

todo o volume que volta à Terra por meio das chuvas pode ser aproveitado pelo

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25

homem, pois cerca de dois terços retornam rapidamente aos oceanos, e outra

pequena parte escorre pela superfície até os cursos de água armazenando-se nos

aquíferos subterrâneos que alimenta os rios e lagos (PONTES et al., 2016).

A água está presente em todos as atividades diárias do ser humano e a

utilização deste recurso é amplamente acompanhado pelo governo de todos os

países, visto que o correto gerenciamento é o único agente capaz de permitir o seu

uso sem comprometimento. Em todo o mundo, 63% das retiradas de água são

destinadas as atividades relacionais com irrigação, enquanto que 21% tem como

destino uso industrial, 7,5% uso doméstico e urbano enquanto que outros usos,

(animais de criação) representam cerca de 9,5 % (PINTO-COELHO, HAVENS, 2016).

No Brasil a demanda segue o mesmo padrão, tendo a irrigação como maior

responsável pela retirada de água, representando 55% do total de 2.275,07 m³/s,

seguido pelo abastecimento humano urbano 22%, industrial 15%, animal 6% e

humano rural 2%. A vazão efetivamente consumida em 2015 foi de 1.209,64 m³/s

(BRASIL, 2016).

A aparente escassez de água nos dias atuais decorre da poluição dos

mananciais, das alterações climáticas que alteram o regime de escoamento superficial

e de realimentação de aquíferos subterrâneos, do intenso crescimento populacional e

da consequente demanda econômica em que vivemos (MEDEIROS FILHO, 2009,

PINTO COELHO, HAVENS, 2016). A ação do homem na natureza é responsável pela

crescente poluição dos recursos hídricos disponíveis, que ao voltarem aos corpos de

armazenamento, estão poluídos em decorrência do lançamento de esgotos

domésticos, efluentes industriais, substâncias tóxicas utilizadas na agricultura, lixos

carreados das áreas urbanas, entre outros.

Ao retornarem aos corpos hídricos, as águas servidas normalmente têm

características distintas das que tinham antes da derivação. Em geral, estão poluídas

por sólidos em suspensão, matéria orgânica, graxas, óleos, nutrientes, metais

pesados e outras impurezas. As três maiores fontes de poluição da água são os

esgotos domésticos urbanos, os efluentes industriais e as águas de escoamento

superficial, que carreiam lixo das áreas urbanas e defensivos e fertilizantes das zonas

agrícolas para os corpos hídricos (TELLES, 2013, GALLI, ABE, 2010; BRASIL,

2005a).

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26

2.2.1 Qualidade da água

No final do século XIX e início do século XX a compreensão acerca da baixa

qualidade da água associada ao aparecimento de um maior número de doenças

tornou esse assunto questão de saúde pública (TELLES, 2013).

As doenças transmitidas pela água decorrem tanto de sua qualidade quanto

de sua regularidade de fornecimento, visto que a falta deste recurso em diversas

comunidades são fatores que levam à falta de higiene; ao acondicionamento de água

em utensílios impróprios que tornam-se criadouros para o surgimento de vetores e a

busca por novas fontes de abastecimento impróprias à saúde humana, que em

conjunto levam ao consumo de água de má qualidade, e deixa esta população

susceptível ao contato e ingestão de micro-organismos nocivos de origem entérica,

animal ou humana (CAVALCANTE, 2014).

A partir do século XX e ao longo dos anos, com os avanços científicos, as

técnicas para controle de qualidade da água foram sendo desenvolvidas, e os valores

máximos dos componentes que poderiam alterar as propriedades organolépticas e

sensoriais da água, além de causar recusa da água e danificar equipamentos

hidráulicos foram estabelecidos de acordo com estudos toxicológicos, químicos e

físico-químicos. Os valores estabelecidos para a qualidade da água são

acompanhados pela OMS a partir de estudos toxicológicos publicados em todo

mundo, em especial nos EUA, Canadá e União Europeia (TELLES, 2013).

No Brasil, a questão da qualidade da água foi inicialmente discutida na década

de 1970, com o Decreto Federal nº 79.367 de 09/03/1977, que estabelecia como

competência do Ministério da Saúde a definição do padrão de potabilidade da água

para consumo humano. Em 1977 a primeira a portaria bsb nº 56/1977 reportava as

diretrizes e o padrão de potabilidade esperados ((BRASIL, 1977). Na ocasião foi citado

como padrão de qualidade o atendimento aos valores máximos desejáveis e/ou aos

valores máximos permitidos dos parâmetros químicos, físicos e organolépticos, além

dos aspectos microbiológicos. O conceito de potabilidade estava então relacionado

ao atendimento dos padrões previamente estabelecidos e a Secretária de Saúde dos

Estados eram responsabilizados por toda a fiscalização e controle (BRASIL, 2007a;

SANTOS e SILVA,2010).

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27

Esta portaria passou pela primeira revisão em 1990, dando origem a de nº 36

GM/90 que trazia como principais inovações as definições de controle e vigilância da

qualidade e também do serviço e sistema de abastecimento de água; a inclusão e

revisão de parâmetros microbiológicos e químicos; a exigência de relatórios que

atestasse a qualidade da água e a substituição do valor máximo desejável para valor

máximo permitido (BRASIL, 1990)

Diante criação do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água

para Consumo Humano em 1986, com a estruturação do SUS em 1988, e com a nova

Constituição Federal de 1988 que descreveu a saúde como um direito de todo cidadão

e um dever do Estado, a revisão da portaria nº 36 GM/90 aconteceu em 2000 e foi

fruto do entendimento que a legislação deve proteger a saúde humana. A nova

portaria registrada sob nº 1.469/2000 dentre outras atualizações, classificou os tipos

de sistemas de água (coletivo ou de solução de alternativa de abastecimento de água),

incluiu novos parâmetros microbiológicos, responsabilizou órgãos da saúde como

encarregados de realizar fiscalização e no que diz respeito as empresas de

abastecimento (públicas ou privadas), nomeou-as com a responsabilidade de atuar

no controle da qualidade da água (FREITAS e FREITAS, 2005).

Esta portaria foi reeditada em março de 2004 registrando-se como nº

518/2004, com alterações referentes à transferência de competências para a então

instituída Secretária de Vigilância da Saúde, com definições mais claras dos papéis

dos órgãos envolvidos e com a inserção de avaliação das cianobactérias entre outros

parâmetros a serem avaliados (BRASIL,2004; LIBÂNIO, 2010).

A mais recente revisão desta portaria deu origem a nº 2.914/2011 que

reformulou algumas definições, atualizou alguns artigos e estabeleceu prazos para

adequações deixando claro as responsabilidades de cada órgão ligado a saúde e

vigilância sanitária (BRASIL, 2011). Os padrões de potabilidade da água descritos

nesta portaria incluem o parâmetro microbiológico, o qual descreve que a água deve

ser livre de Escherichia coli e/ou coliformes totais, apresentando ausências em

amostras de 100 mL (BRASIL, 2011). Os coliformes totais compreendem um grupo

de cerca de 20 espécies de bactérias, presentes tanto na via entérica de humanos e

outros animais homeotérmicos, como também não entéricas. Na água que sofreu

desinfecção, os coliformes totais devem estar ausentes (SILVA et al., 2017).

Os parâmetros físico-químicos da água incluem análise de turbidez pós-

filtração ou pré-desinfecção, padrão de potabilidade para substâncias químicas que

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28

representam risco à saúde, dentre as quais incluem substâncias orgânicas,

inorgânicas, agrotóxicos, desinfetantes e produtos secundários da desinfecção, além

de análise de cianotoxinas, radioatividade e padrão organolépticos de potabilidade

(BRASIL, 2011).

Espera-se com o atendimento dos parâmetros instituídos na legislação

distribuir água isenta de contaminantes e substâncias prejudiciais ao organismo

humano e animal, entretanto, a incidência de doenças relacionadas a má qualidade

da água ainda é expressiva e demonstra que o país ainda tem um longo caminho a

percorrer (ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DA SAÚDE, 2009).

2.2.2.1 Padrões de qualidade da água

Segundo SAAEUNAI (2012) a água encontrada na natureza não é potável a

e precisa passar por um rigoroso controle de qualidade para se tornar potável e para

livrar-se de uma série de substâncias decorrentes das atividades humanas ou não,

que alteram suas propriedades.

Os padrões de qualidade da água são definidos de acordo com a sua utilidade,

e estabelecidos por entidades públicas, a fim de garantir a segurança do seu uso

(SILVA et al., 2011).

O Quadro 1 aponta as diversas utilizações da água e a qualidade requerida

de acordo com a especificidade de cada uso.

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29

Quadro 1 - Qualidade da água requerida para diversas utilizações

Uso geral Uso específico Qualidade requerida

Abastecimento

doméstico de

água

Consumo

humano, higiene

pessoal e usos

domésticos

Isentas de substâncias químicas

prejudiciais à saúde, adequada para

serviços domésticos, baixa agressividade

e dureza, esteticamente agradável (com

baixa turbidez, cor, sabor e odor), ausência

de macro e micro-organismos

Abastecimento

industrial

A água não entra

em contato com

produto

Baixa agressividade e dureza

A água entra em

contato com o

produto

Variável com o produto

A água é

incorporada ao

produto

Isenta de substâncias químicas e organismos

patógenos, esteticamente agradável

Irrigação

Hortaliças,

produtos ingeridos

crus ou com casca

Isenta de substâncias químicas e organismos

prejudiciais à saúde, salinidade não excessiva

Demais culturas Isenta de substâncias químicas prejudiciais ao

as plantações, salinidade não excessiva

Dessedentação

de animais *

Isenta de substâncias químicas e organismos

prejudiciais à saúde dos animais

Preservação da

fauna e flora *

Variável com requisitos ambientais da fauna e

flora que se deseja preservar

Recreação e lazer

Contato primário

(direto com o meio

líquido)

Isenta de substâncias químicas e organismos

prejudiciais à saúde, baixos teores de sólidos

em suspensão, óleos e graxas

Contato

secundário (não

direto com meio

líquido)

Aparência agradável

Fonte: Pinto-Coelho, Havens, 2016

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30

A legislação brasileira, por meio da resolução do CONAMA nº 20 de 18 de

junho de 1986 elencou as diferentes classes de águas (doces, salobras e salinas), e

com base nas suas utilizações apontou os níveis de qualidade exigidas afim de tornar

compatível seus usos e também diminuir gastos advindos da poluição por meio de

constantes ações preventivas de avaliação.

A atualização da Resolução de nº 357 de 17 março de 2005 com a

complementação e alteração pela Resolução 430 de 13 de maio de 2011, descreveu

os parâmetros que cada classe de água deve atender, bem como estabelece as

condições dos padrões de lançamentos de efluentes (BRASIL, 2005b, BRASIL,

2011b).

Para fins de abastecimento humano, as águas doces deverão passar por

avaliações de acordo com sua classificação, sendo alguns desses parâmetros

avaliados o efeito tóxico crônico aos organismos; a presença de materiais flutuantes,

de óleos e graxas, substâncias que deixem gosto ou odor, corantes provenientes de

ação antrópicas, resíduos sólidos objetáveis, demanda bioquímica de oxigênio,

oxigênio dissolvido (OD), turbidez, cor, pH adequado, clorofila, densidade de

cianobactérias, clorofila e coliformes termotolerantes (bactérias caracterizadas pela

presença da enzima ß-galactosidade e pela capacidade de fermentar a lactose com

produção de gás em 24 horas à temperatura de 44-45°, sendo a Escherichia coli mais

conhecida, que torna-se ótimo indicativo da possível presença de patógenos entéricos

em esgotos, efluentes, águas naturais e solo (BRASIL, 2011a; BRASIL, 2000).

Destaca-se que nem todas as classes deverão passar pelas mesmas

avaliações, visto que se leva em consideração os tratamentos posteriores que devem

ser empregados para torná-la adequada para seus diversos fins. As águas doces são

classificadas em i) classe especial: destinadas a abastecimento humano, com

desinfecção, preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas e a

preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção

integral ii) classe 1: aguas que podem ser destinadas a abastecimento humano após

tratamento simplificado, proteção das comunidades aquáticas, a recreação de contato

primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, irrigação de hortaliças de

frutas, proteção das comunidades aquáticas em Terras indígenas; iii) classe 2:

abastecimento para consumo humano, após tratamento convenciona, proteção das

comunidades aquáticas, recreação de contato primário, tais como natação, esqui

aquático e mergulho, irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins,

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campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direta e a

aquicultura e a atividade de pesca, iv) abastecimento para consumo humano, após

tratamento convencional alavancado, a irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e

forrageiras, a pesca amadora, a recreação de contato secundário, a dessedentarão

de animais; v)destinadas a navegação e harmonia paisagista (BRASIL, 2005c).

2.3 Água e Saúde

Desde as civilizações mais antigas, o homem reconhece a água um elemento

da natureza indispensável para sua sobrevivência (DETONI, DONDONI, PADILHA,

2008). A manutenção deste recurso natural inerente à espécie humana tem sido falho

ao longo dos anos (ANDRÉ, MACEDO, ESTENDER, 2010), diante das ações

antrópicas decorrentes do crescimento demográfico, industrial e consequentemente

econômico (VIANA, COSTA, 2015).

O entendimento da importância da água e do perigo iminente da sua escassez

no mundo foi perfeitamente transcrito na declaração Ministerial de Haia sobre a

Segurança Hídrica no século XXI:

Água é vital para a vida e a saúde do povo e ecossistemas e um requisito básico para o desenvolvimento dos países, entretanto em todo o mundo, mulheres, homens e crianças não têm acesso seguro e adequado à água para atender suas mais básicas necessidades. Recursos hídricos e os ecossistemas conexos que os fornecem e mantêm, estão sob ameaça de poluição, usos não sustentáveis, mudança de uso da terra, mudanças climáticas e muitas outras forças. A ligação entre essas ameaças e a pobreza é clara, por isto o pobre é o primeiro e mais duramente afetado. Isto leva a uma simples conclusão: negócios como praticados não é uma opção. Há, certamente, uma enorme diversidade de necessidades e situações pelo mundo, mas todos nós temos um objetivo comum: prover a segurança da água no século XXI. Isto quer dizer assegurar que sejam protegidos e melhorados a água doce, costeira e os ecossistemas conexos; fomentados o desenvolvimento sustentável e a estabilidade política, que cada pessoa tenha acesso seguro água suficiente a um custo aceitável para levar uma vida saudável e produtiva e que o vulnerável seja protegido dos riscos relativos aos perigos (DECLARAÇÃO DE HAIA apud VIANA, COSTA, 2015).

O atendimento da demanda cada vez mais crescente, depende do equilíbrio

e manutenção dos ecossistemas, que tem sido comprometido pelo desenvolvimento

insustentável exemplificado pela falta de tratamento adequado do efluentes

domésticos e industriais que retornam as fontes de água (UNESCO, 2015).

Projeções alarmantes demonstraram que se forem mantidos os níveis de

consumo e os danos ambientais atuais, em 2025 cerca de 55 bilhões de pessoas, o

que representará dois terços de toda população mundial (66%), poderão ter

dificuldade de acesso à água potável; em 2050 essa porcentagem aumentaria para

75% (SILVA et al., 2016).

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32

O crescente comprometimento da qualidade das fontes de água é

responsável todos os anos por 50% das doenças transmitidas por veiculação hídrica

em latino-americanos, 27% destes não tem acesso facilitado a água e dos que têm,

13% utilizam água imprópria. No que diz respeito ao mundo todo, as informações

apontaram que mais de 80% da água utilizada não é coletada ou tratada (UNESCO,

2012).

Nota-se que além da preocupação acerca da escassez da água por ter ligação

direta com a sobrevivência no planeta, este recurso relaciona-se com a saúde humana

também sob outras formas, pois quando de má qualidade pode atuar como veículo de

agentes microbianos e/ou tóxicos que causam distúrbios sérios, como gastroenterites

decorrentes de contaminação fecal, toxinas naturais (biológicas derivadas das

cianobactérias, arsênio, etc.) e toxinas de origem antrópica (contaminantes químicos).

A água relaciona-se ainda com a saúde humana por atuar como reservatório de

vetores de doença tais como mosquitos que transmitem dengue, malária e

hospedeiros intermediários (caramujos) que albergam o verme causador da

esquistossomose (Schistosoma mansoni) e também pelos impactos físicos diretos ou

indiretos (inundações, danos a produção, infraestrutura, etc.) (CONFALONIERI,

HELLER, AZEVEDO, 2010).

O Quadro 2 apresenta as principais doenças relacionadas com a água, bem

como as formas de transmissão e prevenção. Nota-se por este quadro que muitas

dessas doenças descritas poderiam ser evitadas se toda a população tivesse acesso

a água de boa qualidade, e se todos fossem conscientizados da importância da

preservação dos recursos hídricos.

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33

Quadro 2 - Principais doenças relacionadas a água e suas características

Doenças Características

Transmitidas

pela via feco-

oral (alimentos

e água

contaminados

por fezes)

Formas de transmissão

Organismo patogênico (agente causador de

doença) é ingerido

Principais doenças

Diarreias e disenterias como a cólera e a

giardíase; febre tifoide e paratifoide;

leptospirose, amebíase; hepatite infecciosa e

Ascaridíase (lombriga)

Formas de prevenção

Proteger e tratar as águas de abastecimento e

evitar uso de fontes contaminadas; fornecer

água em quantidade adequada e promover a

higiene pessoal, doméstica e dos alimentos

Controladas

pela limpeza da

pele com a água

(associadas ao

abastecimento

insuficiente da

água)

Formas de transmissão

Falta de água e higiene pessoal insuficiente

criam condições favoráveis para sua

disseminação

Principais doenças Infecções na pele e nos olhos, como tracoma e

o tifo relacionados com piolhos, e a escabiose

Formas de prevenção Fornecer água em quantidades adequadas e

promover a higiene pessoal e doméstica

Associadas a

água (uma parte

do ciclo de vida

do agente

infeccioso

ocorre em um

animal

aquático)

Formas de transmissão O patógeno penetra pela pele ou é ingerido

Principais doenças Esquistossomose

Formas de prevenção

Evitar contato com água infectadas; proteger

mananciais; adotar medidas adequadas para

disposição de esgoto e combater o hospedeiro

intermediário

Transmitidas

por vetores que

se relacionam

com a água

Formas de transmissão Propagadas por inseto que nascem na água ou

pica próximo delas

Principais doenças Malária, febre amarela, dengue, filariose

(elefantíase)

Formas de prevenção

Combater os insetos transmissores; eliminar

condições que possam favorecer criadouros;

evitar contato com criadouros e utilizar meios de

proteção individual

Fonte: Prado, Sato, 2017; Brasil, 2006b

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34

No Quadro 3, por sua vez, é apresentado as principais doenças relacionadas

a água no Brasil e exemplifica com dados de ocorrência destas doenças, que a falta

de acesso a água de boa qualidade é um risco iminente a toda população brasileira.

Quadro 3 - Principais doenças relacionadas a água no Brasil

Doenças

transmissíveis por

vetores

Malária - praticamente restrita a Amazônia, com cerca de 298

mil casos em 2015. Dengue - encontrada principalmente nas

grandes cidades, com cerca de 576.758 mil casos em 2012.

Esquistossomose

Causada pela contaminação fecal das águas, está presente

principalmente na região Nordeste e em partes da região

Sudeste, com cerca de 8 milhões de portadores no país. No

Nordeste, em 2004, 43.759 novos, com incidência de 87,8

casos/100 mil habitantes.

Leptospirose

Presente principalmente em regiões do país onde ocorre

ocupações do solo urbano com deficiência na drenagem, e más

condições sanitárias, o que leva a proliferação de roedores.

Entre os anos de 1996 e 2005, 33.174 casos foram registrados

no Brasil e a maior epidemia no país ocorreu no Rio de Janeiro,

com 1.790 caso e 49 mortes. Em 2010 o número de registros

foi de 3.811.

Intoxicação por cianotoxinas

No país, pode estar relacionada com a intoxicação de 2.000

pessoas e com a morte de 88 delas, que apresentaram grave

gastrenterite pelo consumo de água do reservatório entre

março e abril de 1988. Entretanto, entre os casos confirmados

está o de Pernambuco onde 60 pacientes faleceram em

decorrência da realização de hemodiálise em um hospital no

qual as análises constataram a presença de cianotoxinas no

seu sistema de purificação de água e nas amostras de sangue

e fígado coletados dos pacientes.

Diarreias

Ainda é umas das principais causas de óbitos infantis no pais e

os dados brasileiros apontam que em 2008, 6,1% da população

(969 mil pessoas) afastaram-se de suas atividades por quadros

diarreicos e em 2011, 756 menores de 5 anos foram a óbito em

decorrência desta afeção.

Fonte Elaborado pelo autor com bases nas informações obtidas de Confalieri, Heller, Azevedo, 2010;

Instituto Trata Brasil, 2014 e Datasus, 2011, 2012, 2015.

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35

2.4 Atributos climáticos e saúde humana

Nos últimos anos, em praticamente todas as regiões da Terra, têm sido

observadas mudanças climáticas naturais que, juntamente com os efeitos das ações

antrópicas na natureza, tem provocado eventos desastrosos, como enxurradas,

enchentes e inundações. Segundo dados do Quinto Relatório do Painel

Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, 2014), caso nada seja feito para

diminuir o crescente lançamento de gases de efeito estufa, a temperatura do planeta

poderá aumentar em até 4,8 ºC, ainda neste século. Segundo dados deste mesmo

instituto, estima-se que para cada um grau aumentado na temperatura global, cerca

de 7% da população sofrerá com a redução de 20% ao acesso a recursos hídricos

renováveis.

No Brasil, a região Nordeste é a que apresenta maior risco de alterações

expressivas pelo processo de mudança climática global, podendo passar por

aridização e consequente desertificação (MARENGO, TOMASELLA, NOBRE, 2010).

Outro impacto direto das mudanças climática são as ondas de calor que

afetam diretamente a fisiologia humana que levam à morte, os quais mais atingidos

são idosos e crianças abaixo de 5 anos que apresentam mecanismos corporais

termorreguladores mais frágeis (PBMC, 2016). As tempestades e ciclones

extratropicais também são exemplos de impactos negativos que as alterações

climáticas podem trazer à saúde humana, gerando perdas e traumas físicos (IPCC,

2014).

Exemplos destes impactos das mudanças climáticas na saúde e na vida das

pessoas no Brasil tem sido observado ao longo dos anos, com as crescentes

inundações e desabamentos que atingiram mais de 18 milhões de pessoas e

ocasionaram 7.842 mortes no período de 1900 e 2012 (PBMC, 2014).

As previsões apontam como outra consequência dos efeitos climáticos o

aumento do nível do mar, o qual promoverá uma possível contaminação salina das

águas doces presentes em regiões litorâneas, reduzindo ainda mais a disponibilidade

deste recurso. O aumento da temperatura da água (efeito do aquecimento global)

também poderá interferir na qualidade da água uma vez que poderá provocar a

diluição dos contaminantes ali presentes e aumentar a atividade microbiológica

interferindo, portanto, no teor de oxigênio dissolvido presente (IPCC, 2014).

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36

Como visto, estes acidentes ambientais causados pelas mudanças climáticas

levam também a impactos indiretos à saúde humana, uma vez que favorecem o

aparecimento de doenças infecciosas e promovem alterações no ciclo de vetores que

transmitem estas doenças (WHO, 2014). No Brasil as alterações no ciclo hidrológico

ocasionadas pelo processo da mudança climática global levam ao aparecimento de

doenças tais como dengue, malária, febre amarela, hepatites virais, leishmaniose,

leptospirose, infecção respiratória aguda em crianças menores de 5 anos, acidentes

com animais peçonhentos e diarreias (BUENO, 2016).

Em outras regiões do mundo este padrão de alterações climáticas e incidência

de doenças também são encontrados. O trabalho de Bhandari et al. (2012) confirmou

com um conjunto de dados de 10 anos que existe uma relação significativa entre

ocorrência de casos de diarreia e temperatura e precipitação pluviométrica.

No mesmo sentido, um estudo Botswana (África) com dados coletados de

1974 a 2003 mostrou que principalmente nas estações secas e nas estações úmidas

(com picos em março e outubro, respectivamente) estão relacionados com aumento

da incidência de diarreia neste país (ALEXANDER et al., 2013)

2.5 Doenças diarreicas decorrentes de água contaminada

Como anteriormente discutido, as alterações no ciclo hidrológico decorrente

do processo de mudança climática global aumentam o aparecimento de doenças de

veiculação hídrica. Os dados apontam que cerca 10% de todas as doenças no mundo

são decorrentes da má qualidade de água e de deficiências no saneamento básico

(CONFALIERI, HELLER, AZEVEDO, 2010).

A diarreia é das principais doenças de veiculação hídrica da atualidade, e

constitui um quadro fisiopatológico caracterizado por um aumento do volume, fluxo ou

a frequência das evacuações (SMELTZER; BARE, 2006).

Dentre as diarreias decorrentes de vírus, a causado pelo rotavírus é a mais

comum e acomete principalmente crianças e jovens. Já as de origem bacterianas mais

comum são ocasionadas por Escherichia coli e espécies de Salmonella, Shigella,

Campylobacter e Yersinia, enquanto que as parasitárias são decorrentes das espécies

de Giardia e Cryptosporidium e a Entamoeba histolytica (SMELTZER; BARE, 2006).

No Brasil, 33 milhões de casos de diarreia foram notificados entre 2000 e

2011, sendo a maioria dos acometidos crianças menores de 1 ano (BRASIL, 2012).

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37

Esta doença também se manifesta de maneira bem evidente em crianças menores de

5 anos, causando 1,5 milhão de mortes em todo o mundo, destas as quais 850

aconteceram no nosso país só em 2010 (BRASIL, 2012; WHO, 2009b). No Brasil,

foram registrados 33 milhões de casos de diarreia entre os anos de 2000 e 2011,

sendo a maioria em menores de 1 ano de idade (MENEGUESSI et al., 2015).

As crianças são susceptíveis a estas doenças principalmente pela imaturidade

do organismo infantil bem como pela exposição aos enteropatógenos, que se tornam

agravados por eventuais condições precárias nutricionais destas crianças (WHO,

2009b, BENÍCIO e MONTEIRO, 2000).

Por estar intimamente relacionada a falta de saneamento básico, 94% dos

casos de diarreia são passíveis de prevenção, entretanto no mundo todo, ocorrem

cerca de 4 bilhões de episódios anuais desta doença (WHO, 2006). Estas informações

mostram a necessidade de garantia de acesso a água potável e boas práticas de

higiene para controle das doenças diarreicas. As entidades governamentais deveriam,

portanto, assumir suas responsabilidades e estabelecer metas de redução de diarreia

respaldados, por exemplo, por estudos que monitorem as condições de saúde de toda

a população. Desta forma, os investimentos em saúde e o financiamento de ações

sustentáveis terão retorno mais expressivos melhorando os índices de qualidade de

vida no país, uma vez que, estes estudos demostram não só a necessidade de

melhorias nas redes de abastecimento, mas também apontam o verdadeiro problema,

que estão inseridos no contexto de falta de saneamento básico e condições

adequadas de qualidade de vida para grande parte da população.

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38

3 JUSTIFICATIVA

A água é um recurso de extrema importância para a sobrevivência humana,

entretanto a degradação da sua qualidade, provocada principalmente por ações

antrópicas, tem sido objeto de preocupação crescente em todo o mundo,

especialmente quando se trata de fontes de abastecimento humano.

A crescente urbanização desordenada é uma das principais causas do

comprometimento das fontes e reservatórios aquáticos, pois esta ocorre na ausência

de condições adequadas de moradia e infraestrutura, o que contribui para a crescente

degradação ambiental (RUFINO et al., 2016).

Não obstante a isso, o comprometimento da qualidade da água intensifica os

problemas de ordem pública, pois resulta no surgimento de inúmeras doenças de

veiculação hídrica. O surgimento de grande parte destas doenças ocorre em

decorrência da contaminação das águas por excretas humanas ou de animais, que

resultam no contato direto do homem com micro-organismos patogênicos, de origem

viral, bacteriana, protozoária ou helmíntica, sendo a E. coli um dos mais comumente

encontrados.

Por meio do saneamento básico é possível promover ações que

implementadas em conjunto com a população fornecem subsídios para prevenir o

aparecimento destas doenças, protegendo a população e o meio em que se inserem,

no entanto, apesar dos esforços estabelecidos em conjunto com ações de promoção

da saúde, a cada ano cerca de três milhões de pessoas ainda morrem em decorrência

de doenças de veiculação hídrica, sendo estas ainda responsáveis pela morte de uma

criança a cada 14 segundos (OPAS, 2014).

Fica evidente que a ausência do saneamento ambiental e ações antrópicas

trazem prejuízos sérios a saúde e sobrevivência humana, assim sendo é preciso

promover ações para motivar a gestão integrada dos recursos hídricos, tornando-se

necessário incentivar o monitoramento dos cursos de água e mananciais com vistas

a promover a saúde e reduzir o risco de doenças de veiculação hídrica no Brasil e em

todo o mundo.

Neste sentido, este trabalho é relevante porque pretende avaliar a qualidade

bacteriológica de água do rio Muzambinho/ MG. É também objeto deste estudo

estabelecer uma relação entre fatores climáticos (temperatura e pluviometria) e sua

relação com a incidência de diarreia neste Município.

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39

Vale ressaltar que o rio Muzambinho, localizado no município de Muzambinho,

Sul do estado de Minas Gerais, apresentou em 2013, a jusante da cidade, na estação

de monitoramento (BG089) do Instituto de Gestão das Águas de Minas Gerais níveis

elevados de E. coli com violação de 15.900% acima dos parâmetros máximos aceitos

(IGAM, 2013). Assim sendo verifica-se ser de suma importância a atenção das

autoridades sanitárias para com os sistemas públicos de abastecimento de água,

destino de dejetos, tratamento de esgoto, coleta e disposição de resíduos sólidos

gerados, a instalação de um sistema de vigilância ambiental da qualidade da água

destinada ao consumo humano e de medidas de promoção da saúde sob a

responsabilidade dos três níveis de governo, e a definição técnica de indicadores de

monitoramentos dinâmico é fundamental como parte integrante da vigilância

ambiental em saúde como postura preventiva e de promoção da saúde desta região.

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40

4 OBJETIVOS

4.1 Objetivo geral

Verificar a relação bacteriológica da água, associado com índice de doenças

diarreicas e fatores climáticos, como forma de ampliar o campo de ações em

promoção da saúde.

4.2 Objetivos específicos

Analisar os parâmetros bacteriológicos: Coliformes Totais, E. coli, Bactérias

Heterotróficas nas águas do rio e da rede doméstica de Muzambinho - MG.

Avaliar o nível de Oxigênio Dissolvido nas águas do rio e da rede doméstica de

Muzambinho - MG;

Estabelecer relação entre os resultados das amostras com a localização

geográfica, casos de diarreias e fatores climáticos.

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41

5 METODOLOGIA

5.1 Caracterização da área de estudo

5.1.1 Localização do município de Muzambinho

Muzambinho é um município brasileiro situado no estado de Minas Gerais

(Figura 1).

Figura 1 - Localização da cidade de Muzambinho.

Fonte: próprio autor

Localiza-se no Sudoeste de Minas Gerais, a 21º22’33” de latitude Sul e

46º31’33” de longitude Oeste. As cidades limítrofes são: Juruaia, Monte Belo, Cabo

Verde, Caconde, Tapiratiba e Guaxupé (Figura 2), e faz parte da microrregião de São

Sebastião do Paraíso (MAGALHÃES, 2009).

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42

5.1.2 Hidrografia

Em relação aos recursos hídricos da área, o município faz parte da área de

abrangência da Bacia Hidrográfica do Rio Grande – (CBH), pertencendo a unidade de

gerenciamento de Recursos Hídricos 3 – (UGRHI 3), localizado na região Sul-

sudoeste do Estado de Minas Gerais. A Unidade de Gestão GD3 consiste em uma

sub-bacia do Rio Grande, abrangendo praticamente todo o reservatório da Usina

Hidroelétrica de Furnas (MINAS GERAIS, 2013). Desta forma, a hidrografia desta

unidade de gestão é composta pelo reservatório, abastecido por rios de maior porte,

como o Rio Grande, Rio Sapucaí, Rio do Jacaré e Rio Verde. Dentre os rios de menor

porte cita-se o Rio Muzambinho, nosso objeto de estudo. A área de drenagem da GD3

é de 21.691, 25km2 e compõem esta região 48 municípios, somando uma população

total aproximada 1.000.000 de habitantes.

5.1.3 Clima

O clima predominante na área de estudo, segundo a classificação de

THORNTHWAITE (1948) o clima é úmido com pequena deficiência hídrica –

Mesotérmico - B4rB’2a, caracterizadas por temperaturas amenas com poucas

variações, entre 18 a 19ºC, (APARECIDO,2014). A pluviometria é concentrada no

verão e período seco no inverno, com precipitação média anual entre 1590 a 1560

mm (MINAS GERAIS, 2013).

5.1.4 Dados demográficos

Segundo o último censo realizado, a população deste município em 2010 era

de 20.430 habitantes (IBGE, 2011), e a população estimada para 2017 é de 21.026

habitantes (IBGE, 2017). Em 2010, este município apresentou IDH de 0,74 (PNUD,

2013) e a taxa de mortalidade infantil na cidade é de 13,1 para cada 1000 nascidos

vivos. As internações em decorrência de doenças diarreicas são de 2,6 para cada

1000 habitantes (DATASUS, 2014). Cerca de 83,2% dos domicílios apresentam

apenas a coleta de esgoto e 47,3% dos domicílios urbanos apresentam vias públicas

com urbanização adequada (presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio)

(IBGE, 2017).

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Em relação as comunidades rurais, cerca de 30 comunidades apenas duas

são urbanizadas: a comunidade de Bela Vista da Aparecida e a de Moçambo. Bela

Vista da Aparecida tem cerca de 200 habitantes e Moçambo cerca de 400 moradores

e não possui acesso a água potável e rede de esgoto (MAGALHÃES, 2009).

5.2 Rio Muzambinho

O rio Muzambinho, alvo do presente estudo, vem apresentado principalmente

no trecho mais urbanizado, sinais de constante poluição por meio de despejo de

esgoto não tratado, resíduos de construção civil e inexistência de área de preservação

permanentes às margens do rio (EVARISTO et al., 2016)

O índice de qualidade de suas aguas em 2017 foi classificado como ruim, por

influência das variáveis de coliformes termotolerantes, fosforo total, turbidez, oxigênio

dissolvido(OD) e pela Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) (IGAM, 2017). Neste

sentido é de suma importância para a saúde pública as análises que serão realizadas

neste trabalho.

5.3 Metodologias de análise

5.3.1 Coleta de dados e plano de amostragem

Na primeira etapa deste estudo foi realizado o planejamento metodológico

após várias visitas ao local escolhido para o estudo, tendo como finalidade avaliar a

condição da párea, busca do delineamento metodológico e da elaboração dos

instrumentos necessários para coleta de dados.

Na segunda etapa foi realizado o plano de amostragem dos dados

quantitativos desta pesquisa, abrangendo coleta de água do Rio Muzambinho, no

período de setembro de 2016 a agosto de 2017, correspondendo a todas as estações

climáticas do ano, levando em consideração a sazonalidade e condições climáticas.

Os quatros pontos de amostragem foram definidos como sendo: ponto 1 a

jusante do perímetro urbano nas coordenadas : 21º 20º 47’.75 S e 46º 31º 05’ 87 O,

numa elevação de 947m acima do nível do mar; ponto 2 curso totalmente urbano nas

coordenadas 21º 21º 23’ 23 S e 46º 31’ 39’ 48 O, numa elevação de 969m acima do

nível do mar , ponto 3 a montante da área urbana nas coordenadas 21º 22’ 14” 02 S

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44

e 46º 32’ 10’ 24 O, numa elevação de 977m acima do nível do mar, ponto 4 em

residência nas coordenadas 21º 22’ 00 60 S e 46º 31’ 00 66 O, numa elevação de

1015m acima do nível do mar, conforme ilustrado na Figura 3:

Figura 2 - Pontos de amostragem do Rio Muzambinho

5.3.2 Análises

As análises bacteriológicas foram realizadas no Laboratório de Pesquisa em

Microbiologia Aplicada (LaPeMa) da Universidade de Franca - UNIFRAN.

No Brasil as metodologias de análise da qualidade de água são norteadas

pela Portaria nº 2914 de 12 de dezembro de 2011 do Ministério da Saúde que dispõe

sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para

consumo humano e seu padrão de potabilidade. Segundo essa norma, toda água

destinada ao consumo humano deverá obedecer ao padrão de potabilidade e está

sujeita a vigilância da qualidade da água, sendo ausência de E. coli e no máximo 500

UFC/mL de bactérias heterotróficas (TELLES, 2013).

Para as coletas foram utilizados frascos de 250ml, previamente esterilizados

com álcool 70%, as coletas foram realizadas sempre no período da manhã para que

pudessem ser levadas para as análises no mesmo dia, num período de até quatro

horas numa temperatura de 4ºC, evitando assim possíveis contaminações. Para a

coleta da água na residência foi adicionado ao frasco tiossulfato de sódio a uma

concentração de 18 mg/L, para inibição do cloro (BRASIL, 2013). As coletas foram

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45

todas feitas em triplicatas, totalizando 144 amostras. Os períodos de coletas

estabeleceram as diferentes estações climáticas do ano, afim de que não houvesse

interferências nos resultados.

5.3.2.1 Determinação da presença/ausência de coliformes totais e E.coli

A pesquisa de coliformes totais e E. coli na amostra de água coletada foi

realizando utilizando-se a técnica de substratos cromogênicos, utilizando o kit

Colilert®. Este método baseia-se nas atividades enzimáticas específicas dos

coliformes (ß galactosidade) e E. coli (ß glucoronidase). Os nutrientes presentes no

meio de cultura funcionam como substrato, que quando hidrolisados pelas enzimas

específicas dos coliformes e/ou E. coli, provocam uma mudança de cor no meio, que

podem então ser interpretados quando a presença ou não destes micro-organismos

(BRASIL,2013).

Inicialmente foi adicionado o conteúdo do substrato cromogênico em 100mL

de amostra de água e a solução foi colocada em estufa a 37°C por 24h. Após esse

período foram realizadas as leituras visuais e coloração amarelada nos tubos indicou

positividade para coliformes totais. Os frascos positivos foram então expostos à luz

ultravioleta de (360nm) para a verificação de fluorescência que indica positividade

para E.coli (RICE et al., 2012).

5.3.2.2 Contagem de bactérias heterotróficas

Para contagem de bactérias heterotróficas foi utilizado a técnica de cultivo em

profundidade, seguindo as orientações da American Public Health Association

(GROTT et al., 2016; RICE et al., 2012).

Inicialmente foi distribuído com ajuda de uma pipeta estéril, 1 mL da amostra

de água em placas de Petri. Em seguida foram adicionados cerca de 15 mL do meio

Plate Count Agar (PCA) fundido (estéril), e as placas foram homogeneizadas e, após

resfriadas, incubadas em posição invertida, por 48h a 37ºC. O resultado foi expresso

em Unidades Formadoras de Colônias/mL (UFC/mL).

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46

5.3.2.3 Oxigênio dissolvido – OD

Para os dados de Oxigênio Dissolvido – OD, utilizou-se o método direto pelo

Oxímetro Portátil Modelo MO - 900® da Marca Instrutherm, no qual faz as medições

utilizando-se uma membrana permeável ao oxigênio sobre um sensor

potenciométrico, o oxigênio que atravessa a membrana encontra o sensor sob tensão

polarizante, e reage no cátodo fazendo fluir uma corrente elétrica que é a medida num

galvanomêtro. A força que faz com que o oxigênio se difunda por meio da membrana

é proporcional à pressão absoluta do oxigênio fora da membrana (do lado do ambiente

em estudo) uma vez que do outro lado (no sensor) a pressão do oxigênio pode ser

considerada nula já que o consumo de oxigênio é muito rápido. A corrente gerada no

sensor pode ser medida, no galvanômetro, diretamente em termos de concentração

de oxigênio, o resultado foi expresso em miligramas por litro (mg/L).

5.3.2.4 Dados de diarreia no Município de Muzambinho (Minas Gerais)

Os dados mensais de diarreia foram fornecidos pela Secretaria Municipal de

Vigilância em Saúde do Município de Muzambinho – MG, no período de setembro de

2016 a agosto de 2017, disponibilizados mensalmente.

5.3.2.5 Dados climáticos (temperatura e pluviometria) em Muzambinho (Minas

Gerais)

Os dados de temperatura e pluviometria foram extraídos da estação digital do

IFSULDEMINAS – Campus Muzambinho na Estação Meteorológica: “Davis Vantage

Pro 2” localizado na Latitude: 21o 20’ 47’’ S e Longitude: 46o 32’ 04’’ W, a uma altitude

média de 1033 metros acima do nível do mar (APARECIDO, 2017).

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47

5.3.3 Análises estatísticas

5.3.3.1 Correlação de ocorrência da doença diarreica aguda com a qualidade

da água e condições climáticas

Empregou-se a análise de correlação linear de Pearson (r) (Equação 1) para

avaliar a relação entre a ocorrência de diarreia e as variáveis levantadas neste estudo

(temperatura, chuva, e condições bacteriológicas).

(1)

Em que yi é a i-ésima observação da variável y, �̅� é a média da variável y, xi

é a i-ésima observação da variável x e �̅� é a média da variável x. O coeficiente de

correlação de Pearson avalia grau da correlação linear entre duas variáveis

quantitativas, sendo que quanto mais próximo a 1 seja o valor encontrado maior é o

grau de dependência estatística linear entre as variáveis (MORIASI et al., 2007).

5.3.3.2. Análise da normalidade dos dados

A normalidade dos dados avaliada por meio do teste de Komogorov-Smirnov,

foi empregado no intuito de verificar se a distribuição de probabilidade associada ao

conjunto de dados pode ser aproximada pela distribuição normal. Foram considerados

significância de 5% (p < 0,05).

5.3.3.3 Análise de regressão linear múltipla

A análise de regressão linear múltipla (Equação 2) foi empregada para

analisar a influência das variáveis explicativas na ocorrência de diarreia em

Muzambinho (Minas Gerais).

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Y = 𝐶𝐿 + 𝑎 × 𝑋1 + 𝑏 × 𝑋2 + 𝑐 × 𝑋3 + 𝑑 × 𝑋4 + 𝜀, (2)

Em que, Y é o índice de diarreia; a, b, c, e d, são os parâmetros do modelo,

X1, X2, X3, e X4, são as variáveis selecionadas, CL é o coeficiente linear (termo

constante) e ε o erro aleatório.

Todas as análises, assim como as equações foram geradas em rotina de

Visual Basic for Applications (VBA) no software MS-Excel® 2016.

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49

6 RESULTADOS

6.1 Parâmetros bacteriológicos

Em relação a presença de coliformes totais, é possível observar que os quatro

locais avaliados apresentaram média semelhante, sendo somente no local 4 houve

valores abaixo da média no início das avaliações conforme apresentando na Gráfico

1 , estando em desconformidade com a portaria 2914/2011, que estabelece que o

número de bactérias E. coli em amostras de 100 mL de água deve ser zero, caso seja

constatada a presença de uma única célula de E. coli na amostra, considera-se a água

imprópria para consumo.

Gráfico 1 - Variação sazonal dos coliformes totais dos 4 locais no rio Muzambinho – MG de Setembro de 2016 a Agosto de 2017

O perfil da presença de E. coli, demonstrado no Gráfico 2, apresenta média

semelhante nos 4 locais avaliados, sendo somente no local 4 houve valores abaixo

da média, no período de setembro a novembro e também em fevereiro.

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Gráfico 2 - Variação sazonal da E.coli dos 4 locais no rio Muzambinho – MG de Setembro de 2016 a Agosto de 2017

No Gráfico 3 está representado a variação sazonal da presença de bactérias

heterotróficas avaliados no período de setembro de 2016 a agosto de 2017, nos quatro

pontos de amostragem, além da média das avaliações. Nota-se pela Gráfico 1 que há

variação deste parâmetro entres os meses analisados e também entre os locais de

coleta, tendo um aumento mais pronunciado no mês de fevereiro no 2º local de

amostragem.

Gráfico 3 - Variação sazonal dos valores de bactérias heterotróficas dos 4 locais amostrados no rio Muzambinho – MG de Setembro de 2016 a Agosto de 2017

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51

O Gráfico 4 representa a variação sazonal dos valores de oxigênio dissolvido

avaliados no período de setembro de 2016 a agosto de 2017, nos quatro pontos de

amostragem, além da média das avaliações conforme Tabela 2. Nota-se pela Gráfico

4 que há pequena variação dos valores deste parâmetro, mantendo-se próximo da

média, entres os meses nos locais 1, 2 e 3. No local 4, houve uma redução dos valores

em quase a totalidade das avaliações, por se tratar de residência.

Gráfico 4 - Variação sazonal nos valores de oxigênio dissolvido no rio Muzambinho – MG de Setembro de 2016 a Agosto de 2017

6.2 Características da área de estudo

Os dados climáticos de temperatura e chuvas médias registradas em

Muzambinho – MG, estão descritos na Tabela 2, na qual pode-se destacar que nos

últimos 12 meses, as temperaturas médias tiveram o pico de máxima no mês de

janeiro de 2017 com 22ºC, e a temperatura média mínima de 14,3ºC em junho. Já

para os valores de chuva obteve-se valor mínimo em julho de 2017 com apenas

1,4mm, e o valor máximo no mês de Janeiro de 2017 com 2224 mm.

Observa-se que durante o inverno e o outono a chuva, período em que as

temperaturas estão mais amenas os níveis de chuva são menores. Ao contrário do

que ocorre no verão.

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Tabela 2 - Dados médios de temperatura do ar e chuva em Muzambinho (MG) de Setembro de 2016 a Agosto de 2017

Ano Mês Temperatura

( ºC ) Chuva (mm)

2016 Setembro 20,6 1,6

2016 Outubro 21,2 143,2

2016 Novembro 21,3 202,4

2016 Dezembro 21,6 118

2017 Janeiro 22,0 224

2017 Fevereiro 21,9 100,3

2017 Março 21,2 157,6

2017 Abril 20,0 42,6

2017 Maio 17,8 115

2017 Junho 16,3 35,8

2017 Julho 14,9 1,4

2017 Agosto 17,7 15,4

Desvio Padrão 2,41 77,12

MÁXIMO 22,00 224,00 MÍNIMO 14,90 1,40 MÉDIA 19,71 96,44 CV (%) 12% 80%

Os resultados apontam que nos casos de diarreia ocorridos no Município de

Muzambinho no período de estudo, os meses com o maior número de notificações

ocorridos no ano de 2016 foram: novembro com 271 casos, dezembro com 190,

seguidos dos meses de outubro com 135 e setembro 116 casos, conforme Tabela 3.

Ao avaliar o ano de 2017 pode-se observar que os meses com maior número de

registros são os de abril com 353 casos, seguidos de fevereiro com 189 e março com

178, e o com menor número de casos foi o de junho com total de 60 casos, conforme

Tabela 3.

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Tabela 3 - Dados do número de diarreias ocorridos em Muzambinho (MG) de Setembro de 2016 a Agosto de 2017

Ano Mês Casos de Diarreia

2016 Setembro 116

2016 Outubro 135

2016 Novembro 271

2016 Dezembro 190

2017 Janeiro 154

2017 Fevereiro 189

2017 Março 178

2017 Abril 353

2017 Maio 174

2017 Junho 60

2017 Julho 101

2017 Agosto 171

Desvio Padrão 77,20

MÁXIMO 353,00 MÍNIMO 60,00 MÉDIA 174,33 CV (%) 44%

Observando os casos dos dados médios do número de bactérias

heterotróficas presentes nas amostras dos pontos de coleta no Município de

Muzambinho, durante o período estudado, é possível observar que os meses com o

maior número de bactérias heterotróficas em todos os pontos de coleta no ano de

2016 foi dezembro, com valores de 89334 UFC/mL para o ponto 113334 UFC/mL para

o ponto 2, 120667 UFC/mL para ponto 3 e 48000 UFC/mL para o ponto 4.

Em relação ao ano de 2017 os meses que apresentam os maiores números

de bactérias heterotróficas foram fevereiro com 101.334 UFC/mL no ponto 01, janeiro

com 193.334 UFC/mL no ponto 02, abril com 123.334 UFC/mL no ponto 03 e abril

com 24.954 UFC/mL no ponto 04.

Todos os valores obtidos de bactérias heterotróficas, em todos os meses

analisados, nos quatro pontos de coletas estão registrados a seguir na Tabela 4.

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Tabela 4 - Dados médios do número de bactérias heterotróficas (UFC/mL) ocorridas o rio Muzambinho (MG) de Setembro de 2016 a Agosto de 2017

Mês /ano Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4

Set/16 84667 62334 64667 0

Out/16 52000 43334 47334 0

Nov/16 53334 86000 73334 6667

Dez/16 89334 113334 120667 48000

Jan/17 30334 193334 101667 18367

Fev/17 101334 93667 94667 5067

Mar/17 3267 6134 27667 24

Abr/17 96334 141667 123334 24954

Mai/17 50000 142000 71000 4200

Jun/17 76000 110667 87667 834

Jul/17 81667 59667 81667 6334

Ago/17 4867 6267 9700 24867

Desvio Padrão 33802,9 56344,3 34534,5 14751,4

MÁXIMO 101334,0 193334,0 123334,0 48000,0 MÍNIMO 3267,0 6134,0 9700,0 0,0 MÉDIA 60261,5 88200,4 75280,9 11609,5 CV (%) 56% 64% 46% 127%

Na descrição dos casos dos dados médios de concentração de oxigênio

dissolvido nas amostras nos pontos de coleta no Município de Muzambinho no período

de estudo é possível observar que os meses com os maiores valores no ano de 2016

foram novembro com valores de 5,60 mg/L no ponto 01, outubro 5,54 mg/L no ponto

02, dezembro 6,14 mg/L no ponto 03 e setembro 5,4 mg/L no ponto 04.

Em relação ao ano de 2017 os meses que apresentaram as maiores

concentrações de oxigênio dissolvido foram agosto com 5,54 mg/L no ponto 01,

janeiro no ponto 02 e 03, com valores de 5,14 mg/L e 6,10 mg/L respectivamente, e

abril no ponto 04 com mg/L.

Todos os valores obtidos de oxigênio dissolvido, em todos os meses

analisados, nos quatro pontos de coletas estão registrados a seguir na Tabela 5.

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Tabela 5 - Dados médios da concentração de oxigênio dissolvido (mg/L) ocorridas no rio Muzambinho (MG) de Setembro de 2016 a Agosto de 2017

Mês /ano Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4

Set/16 5,54 3,74 3,87 5,4

Out/16 4,8 5,54 4,24 0,0

Nov/16 5,6 3,67 4,3 1,97

Dez/16 4,94 5,4 6,14 2,1

Jan/17 4,17 5,14 6,1 2,1

Fev/17 4,0 3,87 3,6 1,97

Mar/17 5,1 4,53 4,7 2,03

Abr/17 4,07 3,44 3,3 3,84

Mai/17 4,27 3,97 3,73 3,54

Jun/17 3,67 3,27 4,2 3,03

Jul/17 4,47 4,37 3,77 3,37

Ago/17 5,54 4,64 4,37 3,03

Desvio Padrão 0,7 0,8 0,9 1,3

MÁXIMO 5,6 5,5 6,1 5,4 MÍNIMO 3,7 3,3 3,3 0,0 MÉDIA 4,7 4,3 4,4 2,7 CV (%) 14% 18% 21% 49%

Para os parâmetros bacteriológicos coliformes totais e E. Coli em todos os 04

pontos de coletas, e em todos os meses estudados, foram aferidos a presença destes

agentes bacteriológicos.

6.3 Análise geral dos dados

As variáveis climáticas avaliadas apresentaram relações distintas com os

índices de diarreia e bacteriologia do Sul de Minas Gerais (Tabela 6). A temperatura

do ar demonstrou relação direta com o índice de diarreia e oxigênio dissolvido (valores

positivos) e inversa com os demais índices bacteriológicos. Com o aumento da

temperatura do ar há um aumento de 0,42% do índice de diarreia e 0,14% dos valores

de oxigênio dissolvido, e redução dos coliformes totais (-0,33) e E-coli (-0,45). Vale a

pena ressaltar que, os níveis de correlação de bactérias heterotróficas e oxigênio

dissolvido foram baixas, uma vez que diversos autores relatam que um índice de

correlação menor que 0,30 é fraco.

Em relação à precipitação pluviométrica, observou-se que os índices foram

todos menores que 0,30, demonstrando que a chuva apresentou baixa influência na

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variação desses índices. Dentre todas as variáveis analisadas, a diarreia foi a variável

que sofreu maior influência da chuva, entretanto, a relação observada também é

considerada fraca.

Tabela 6 - Níveis de correlação pelo coeficiente de Pearson (r) entre as variáveis e a temperatura e chuva em Muzambinho (MG) de Setembro de 2016 a Agosto de 2017

Os valor-p da correlação entre as variáveis e a temperatura e chuva no Sul de

Minas Gerais podem ser observados na Tabela 7. De maneira geral, os valores-p

foram todos menores que 0,05, exceto entre a E.Coli e os coliformes totais. Isso

implica que as correlações existentes entre essas variáveis foram significativas ao

nível de 5% pelo teste-t.

Tabela 7 - Teste F dos níveis de correlação de Pearson (r) entre as variáveis e a temperatura - chuva em Muzambinho (MG) entre o período de setembro de 2016 a agosto de 2017.

Variável Temp. Chuva Diarreia B.H. O. D. C. T. E.coli

Temperatura 0,5 0,00115434 3,03655E-07 4,84575E-09 7,31202E-17 1,21201E-18 1,19392E-18

Chuva 0,5 0,010986704 4,9576E-09 0,000208126 0,000148586 0,00014836

Diarreia 0,5 5,07312E-09 6,54167E-08 4,88894E-08 4,88254E-08

B.H. 0,5 4,82328E-09 4,8189E-09 4,81888E-09

O.D. 0,5 1,37745E-17 1,28045E-17

Coliformes Totais 0,5 0,384082464

E.Coli 0,5

Temp. = temperatura, B.H. = bactérias heterotróficas, O.D.= oxigênio dissolvido, C.T.=

coliformes totais.

As análises do Gráfico 5, são para conhecer a tendência da variação das

variáveis em função do aumento da temperatura e da chuva. Notou-se que com o

aumento da temperatura e da chuva, em média há uma elevação da diarreia, como

pode ser observado pelo comportamento crescente da linha de tendência.

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Gráfico 5 - Influência do aumento da temperatura do ar e da precipitação pluviométrica no índice de diarreia em Muzambinho - MG

O Gráfico 6 demonstra a influência da temperatura do ar e da precipitação

pluviométrica na presença de bactérias heterotróficas. É possível observar que para

o período estudado, houve pouca influência positiva da temperatura na contagem de

Bactérias Heterotróficas, enquanto que a precipitação pluviométrica parece não

exercer influência sobre esta variável.

Gráfico 6 - Influência do aumento da temperatura do ar e da precipitação pluviométrica na contagem de Bactérias heterotróficas do rio Muzambinho - MG

A temperatura do ar e a precipitação pluviométrica, no período analisado,

parecem não influenciar os valores de oxigênio dissolvido, uma vez que a linha de

tendência se demonstra estável, sem variação, conforme ilustra o Gráfico 7. Esse

resultado é confirmado também na Tabela 6, na qual as correlações foram menores

de 0,30.

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Gráfico 7 - Influência do aumento da temperatura do ar e da precipitação pluviométrica na concentração de Oxigênio Dissolvido do rio Muzambinho – MG

No que diz respeito a presença de E. coli (Gráfico 8), os dados encontrados

sugerem que a temperatura influência de forma negativa sua ocorrência, ou seja,

quanto maior a temperatura menor é a presença destas bactérias no rio Muzambinho.

Em relação ao aumento da precipitação pluviométrica, praticamente não houve

variação da E.coli.

Gráfico 8 - Influência do aumento da temperatura do ar e da precipitação pluviométrica nos índices de E-coli do rio Muzambinho - MG

A temperatura assim como a precipitação pluviométrica parecem não exercer

influência sob índice de coliformes totais no rio Muzambinho (Gráfico 9).

Os coliformes totais demonstraram uma redução em função do aumento da

temperatura do ar e pouca variação, sendo quase nula, em função da variação da

precipitação pluviométrica.

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Gráfico 9 - Influência do aumento da temperatura do ar e da precipitação pluviométrica nos índices de coliformes totais no rio Muzambinho – MG

6.4 Análise específica para diarreia

O modelo ajustado para estimar os índices de diarreia em função dos dados

de temperatura e chuva foi estatisticamente significativo a 1% (teste F), o que indica

que o conjunto de variáveis explicativas tem forte influência estatística sobre a variável

explicada, no caso o índice de diarreia (Tabela 8).

Tabela 8 - Análise de variância da Regressão Linear Múltipla utilizando como variável dependente o índice de diarreia e como variáveis independentes os fatores climáticos em Muzambinho - MG

GL SQ MQ F

F de

significação

Regressão 2 11837,618 5918,809 4,018135 0,0101104

Resíduo 4 5892,0958 1473,024

Total 6 17729,714

GL = grau de liberdade, SQ = soma dos quadrados e QM = quadrado médio.

O modelo calibrado para estimar índice de diarreia e como variável

independente, as variáveis climáticas em Muzambinho – MG, foi acurado,

demostrando eficiência em representar a realidade, uma vez que demonstrou um

coeficiente de determinação de 0,65%, que pode ser observado na Tabela 9.

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Tabela 9 - Desempenho do ajuste da regressão utilizando como variável dependente a o índice de diarreia e como variável independente as variáveis climáticas.

A variável climática que demonstrou o maior peso na estimação da diarreia

em Muzambinho – MG, foi à temperatura do ar, demonstrando um coeficiente de

21,60. Por sua vez, a precipitação pluviométrica, evidenciou as menores relações com

o índice de diarreia, confirmou um valor de 0,51. Esses resultados podem ser

observados na Equação 1 e Tabela 10.

DIA = - 342,74 + 21,60 x TEMP + 0,51 x CHUVA (1)

Em que: DIA = diarreia, TEMP = temperatura do ar (ºC)

Tabela 10 - Coeficientes estimados no modelo das variáveis climáticas em função do índice de diarreia e como variável independente as variáveis climáticas

Coeficientes

Erro

padrão Stat t Valor-P

Interseção -342,74 851,96 -0,40 0,071

Temperatura 21,60 40,79 0,53 0,062

Chuva 0,51 0,27 1,91 0,013

A temperatura variou pouco, só 12%, desta forma, apesar do efeito de 21,60,

ela não pesou. Além disso, chuva e temperatura estão correlacionados conforme p

valor < 0,05;

Estatística de regressão

R múltiplo 0,82

R-Quadrado 0,65

R-quadrado ajustado 0,50

Erro padrão 38,38

Observações 7,0

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61

O Gráfico 10 demonstra os valores reais, observados em campo, e os valores

previstos em função da regressão ajustada em função dos dados climáticos.

Nitidamente, observa-se que os valores previstos acompanham a variação real da

diarreia, comprovando que o ajuste da regressão representa a realidade.

Gráfico 10 - Valores reais e estimados de diarreia em Muzambinho – MG de Setembro de 2016 a Agosto de 2017

O Gráfico 11 demonstra o desempenho do ajuste, entre os valores reais e

estimados pelo modelo, em que é observada uma equiparação entre os valores. O

coeficiente de determinação da performance foi de 0,88%.

Gráfico 11 - Performance entre os valores reais e estimados diarreia em Muzambinho – MG de Setembro de 2016 a Agosto de 2017

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62

7 DISCUSSÃO

O presente trabalho insere-se em um contexto atual e importante do ponto de

vista ambiental e de saúde pública. A partir dos objetivos propostos é possível inferir

que os problemas encontrados no microambiente estudado, refletem a falta de

planejamento e cuidado para assuntos interligados com qualidade de vida da

população, como a preservação dos recursos naturais e sua relação com a saúde

humana.

A crise ambiental atual é amplamente discutida desde a década de 70, e

decorre de uma crescente degradação do meio ambiente, como consequência da

intensa atividade industrial, crescimento populacional, padrão de consumo e evidente

cultura do desperdício (LANNES, SOARES 2014; PINTO, ZACARIAS, 2010). Diante

da conscientização desta situação, várias ações foram estruturadas e colocadas em

prática na busca pelo enfrentamento dos problemas decorrentes da degradação do

meio ambiente, visto que esta coloca em risco a própria existência da espécie humana

(QUINTANA, HACON, 2011).

As organizações competentes, como as Organizações das Nações Unidas,

têm insistentemente trabalhado conscientizando e pressionando para que os países

se comprometam a desenvolverem suas atividades de maneira sustentável, tecendo

e colocando em prática leis que atuem em concordância com os protocolos

diplomáticos que visam diminuir a degradação ambiental e promover um

desenvolvimento coerente com a mitigação dos problemas ambientais atualmente

enfrentados (PINTO, ZACARIAS, 2010).

Neste sentido, o Brasil por meio da Lei nº 11.445 de novembro 2007

estabeleceu diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal

de saneamento básico. Além de trazer definições acerca do tema, esta lei estabelece

quatros áreas (abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana

e drenagem de manejo das águas pluviais urbanas) como pilares norteadores que

devem ser englobados no saneamento básico e que servem como eixos fundamentais

para o desenvolvimento de atividades que colocam em prática as diretrizes

estabelecidas, preocupando-se com a saúde humana e a preservação dos recursos

ambientais (BRASIL, 2007b).

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Embora assegurado nos princípios fundamentais da Lei nº 11.445/2007,

observa-se que para área de estudo (rio Muzambinho), a realidade difere do contexto

abordado nesta lei, uma vez que os indicadores bacteriológicos se mostraram

divergentes com as resoluções e portarias que visam estabelecer limites seguros

destas variáveis. Os valores de oxigênio dissolvido avaliados no período de setembro

de 2016 a agosto de 2017 encontram-se em desacordo aos padrões estabelecidos

pela Resolução CONAMA 357/05 para águas doces de Classe 2 no qual se enquadra

o Rio Muzambinho. Da mesma forma, a presença de coliformes totais, e E. coli em

todas as amostras (inclusive na água tratada), demonstra desacordo com a Portaria

2914/2011 do Ministério da Saúde, que estabelece padrões de potabilidade para as

águas no Brasil, estando relacionados a descarga de esgotos domésticos.

Em relação a variação sazonal de bactérias heterotróficas nos quatro pontos

de amostragem, no período de setembro de 2016 a agosto de 2017, observou-se que

o local 2 apresentou maiores índices de bactérias heterotróficas, possivelmente

porque este ponto de amostragem refere-se a uma área urbana, a qual recebe grande

quantidade de esgotamento sanitário. Nos Locais 1 e 3, devidos as precárias

condições de destinação final do esgoto doméstico e dos resíduos sólidos urbanos e

rural observados na região estudada, os resíduos são lançados sobre ou abaixo da

superfície do solo de várias maneiras e acabam sendo despejados no rio contribuindo

para o aumento na deposição de matéria orgânica no local e consequentemente no

número destes organismos patogênicos.

O local 4 apresentou os menores índices neste parâmetro avaliado, assim

como nos níveis de oxigênio dissolvido. Para os demais parâmetros (coliformes totais

e E. coli) avaliados este local também apresentou valores abaixo da média em alguns

meses avaliados. Este ponto de amostragem, está localizado em uma área de

residências, a água foi coletada da rede, e passou por tratamentos pela

concessionária que presta serviço e que deveria estar em condições de potabilidade

para consumo humano. No entanto, apesar de se ter obtidos valores menores, ainda

assim estão em desacordo com a legislação pois deveriam estar isentos destes

contaminantes. Este resultado demonstra a fragilidade no sistema de tratamento de

água da região, e pode ser atribuído às condições precárias das tubulações antigas e

a possíveis infiltrações da rede de esgoto na rede de distribuição.

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Os resultados foram dos padrões estabelecidos são explicados por

inexistência de saneamento ambiental rural em Muzambinho e assim como os

resultados deste trabalho apontam, em várias regiões do país é evidente que a falta

de cumprimento da legislação acerca do saneamento básico é fator principal na

contaminação dos recursos hídricos. Um exemplo é o estudo realizado por Vasco et

al. (2011), o qual avaliou a qualidade de água na sub-bacia do rio Poxim, em Sergipe,

por meio de análise temporal e espacial. Como resultado este trabalho demonstrou

que alguns parâmetros bacteriológicos analisados estavam em desacordo conforme

a Resolução CONAMA n° 357/2005 e que o processo de urbanização contribuiu para

a má qualidade da água analisada.

A Lagoa dos Patos (entre São Gonçalo e Colônia Z3), localizada no município

de Pelotas, no Rio Grande do Sul, também foi alvo de estudo da qualidade da água.

Umas das conclusões deste trabalho foi que o lançamento direto de esgotos

domésticos ainda era prática comum em alguns pontos desta lagoa, e que em todos

os oitos pontos de coleta, foram encontradas concentrações altas de nitrogênio,

fósforo e coliformes termotolerantes (ALMEIDA, 2013).

O rio Dourado, localizado em Mato Grosso do Sul, abastece cerca de 75% da

população da cidade de Dourados, além de ser também utilizado para irrigação,

dessedentação de animais e na indústria (DE PAULA et al., 2013). Uma avaliação

microbiológica e físico-química da qualidade de água deste rio, em diferentes períodos

de 2010, demonstrou que o fluxo superficial agrícola e poluição urbana são em grande

parte responsáveis pela contaminação da água por bactérias fecais, e pelo alto nível

de coliformes termotolerantes, acima do recomendado pelo CONAMA na Resolução

n° 357/2005 (DE PAULA et al., 2013).

O trabalho de Scapin, Rossi e Oro (2012) avaliou a qualidade da água

consumida em determinada população de Santa Catarina. Após a coleta e análise de

298 amostras de águas na região, no período de 2007 a 2010, os autores concluíram

que 191 amostras de água estavam em desacordo com os parâmetros

microbiológicos considerados próprios para consumo humano. Por se tratar de uma

região agrícola acredita-se que a falta de mananciais protegidos e o despejo incorreto

de dejetos possam influenciar a qualidade da água consumida naquela região.

As evidências científicas acima comprovam como a falta de saneamento

ambiental influência na poluição e deterioração da qualidade da água nos rios que

abastecem as cidades. Os dados levantados pelo Instituto Trata Brasil (2014),

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confirmam esta realidade brasileira, e apontam que aproximadamente 35 milhões de

pessoas no país não tinham acesso a água e esgoto tratados em 2013. A

problemática da falta de saneamento básico no Brasil, está intimamente relacionada

com a saúde precária em várias regiões do país. A forte ligação entre a saúde

populacional e a garantia de acesso a condições básicas de saneamento nos

municípios brasileiros foi comprovada no trabalho de Libânio et al. (2005).

No presente trabalho, os números levantados das notificações de diarreias no

período de setembro de 2016 a agosto de 2017 mostra que número de casos em 2016

foram de 271 em novembro, 190 em dezembro, 135 em outubro e 116 em setembro.

Traçando uma relação com os níveis de bactérias heterotróficas 4 diferentes pontos

de coleta é possível observar que estes meses também apresentam níveis elevados

destes parâmetros, em todos os pontos de coleta. Em relação a OD observa-se em

todos os pontos de coleta níveis abaixo do estabelecido como mínimo (5 mg/L).

Para o ano de 2017 os maiores índices de diarreia foram encontrados nos

meses de abril (353 casos), fevereiro (189), março (178 casos) e maio (174 casos),

que são, em alguns locais de coleta, os meses que também apresentaram maiores

níveis de OD e bactérias heterotróficas. Em conjunto estes resultados fornecem

indícios de que há deposição de matéria orgânica no rio Muzambinho, o que poderia

ter contribuído para os índices de diarreia observados.

A associação entre as variáveis climáticas, bacteriológicas e de casos de

diarreias coletadas, no período analisado, foram avaliadas por meio do teste de

correlação de Pearson, sendo possível observar que a temperatura do ar exerce

relação positiva moderada com o índice de diarreia (r=0,42) e fraca com o nível de

oxigênio dissolvido (r= 0,14). Entre a temperatura e os demais índices bacteriológicos

foram encontrados fracas relações inversas (r= -0,02) para bactérias heterotróficas,

r= -0,33 para coliformes totais), exceto para presença de E. coli que a relação inversa

encontrada foi moderada (r=-0,44). Entre chuva e temperatura foi encontrada forte

relação (r= 0,66). O índice de chuva apresentou relação inversa fraca com os níveis

de OD (-0,03), coliformes totais (r=-0,15) e E. coli (r=-0,15), e relações fracas positivas

para diarreia (r=0,2) e inexistente para bactérias heterotróficas (r=0,00). As bactérias

heterotróficas apresentam relação inversa fraca com os níveis de OD (-0,3), positiva

fraca para os níveis de E. coli (r=0,2), e moderada com coliformes totais (0,46). Os

níveis de OD encontrados apresentaram relação inversa fraca com a presença de

coliformes totais (r= -0,06) e fraca positiva com a presença de E.coli (r=0,13), enquanto

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66

que os casos de diarreias apresentaram relações inversas fracas com os níveis de

bactérias heterotróficas (r=-0,04), níveis de OD (r=-0,14) e de E.coli (r=-0,01) e para

a presença de coliformes totais a relação foi praticamente inexistente (r=0,00).

Embora no presente trabalho, não tenham sido encontradas pelo teste de

Pearson relações fortes entre os índices de diarreias e questões relacionadas a

qualidade da água nos pontos de coleta do rio Muzambinho e na área residencial, no

período analisado, a diarreia é uma das principais doenças ligadas a falta de

saneamento básico segundo Buhler (2013).

No Brasil, as infecções gastrintestinais, que levam ao quadro de diarreia foram

responsáveis por mais de 340 mil internações em 2013 e as estimativas apontam que

se toda a população tivesse acesso garantido a coleta de esgoto a redução do número

de internações, seria de aproximadamente 74,6 mil e a economia na área de saúde

pública seria elevada, já que cada internação em decorrência desta doença, custa

para o Sistema Único de Saúde aproximadamente R$355,71 (INSTITUTO TRATA

BRASIL, 2014).

A relação entre o acesso a água de má qualidade e a incidência de diarreia

foi comprovada no trabalho de Mendes et al. (2016). Este trabalho demonstrou que

após implantação em 2010 da estação de tratamento de efluentes em Montes Claros,

a qualidade da água bem como os índices de internações e mortalidade em

decorrência da diarreia, foram melhorados, quando comparados a dados de 2007 a

2009, período este em que menos de 2% dos esgotos eram tratados, e esta ação

resultou em uma redução de custo de internações por diarreia que era R$ 78.928 em

2010 para R$ 35.049 em 2013.

Ainda no ano de 2013, foi registrado um surto de diarreia no Nordeste

brasileiro, em que mais de 100 mil pessoas foram afetadas, sendo os estados mais

atingidos Alagoas e Pernambuco. Foram identificados como principais influenciadores

deste surto o acondicionamento incorreto de água, pelo uso de cacimbas, poços,

caminhões-pipa e reservatórios domésticos, além de fatores já amplamente discutidos

para a região como a falta de estrutura do abastecimento de água, as condições de

seca, bem como a frágil organização do setor de saúde para a alta demanda (RUFINO

et al., 2016).

Em um estudo epidemiológico realizado em comparativo de duas cidades da

Bahia, no período de 90 dias, verificou-se que as crianças com idade inferior a 5 anos

que consumiam água da chuva captadas pelo telhado e armazenadas em cisternas

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(cidade de Várzea da Roça) apresentaram maior incidência de diarreia em

comparação as crianças que tinham acesso a água da rede pública de abastecimento

(cidade Baixa Grande) (ARAÚJO JÚNIOR, 2016).

A importância do saneamento básico para a redução nos índices de diarreia

também foi confirmada no trabalho de Imada et al. (2016), no qual após a realização

de um estudo transversal, no município de Jordão (Acre), em 2005 e 2012, com, 466

e 826 crianças menores de cinco anos, respectivamente, foi constatado por meio do

modelo de regressão multivariada que existe relação entre a queda na incidência de

diarreia e as melhorias estruturais realizadas na cidade tais como maior utilização de

água de rede pública, construção de moradias, introdução tardia ao leite de vaca e

maior acesso a área de saúde. Como observado neste estudo de Imada et al. (2016)

a qualidade da água não é o único fator determinante na incidência de doenças

diarreicas, o trabalho de Araújo et al. (2008) demonstrou que a amamentação até os

seis meses de idade, foi fator determinante na incidência de diarreia, uma vez que

vários estudos já comprovaram a importância imunológica do leite materno na

prevenção de diarreias.

A revisão de Carneiro et al. (2012) realizada no período de 2000 a 2010

apontou que melhorias na qualidade de vida, como aumento do poder aquisitivo, maior

cobertura de saneamento básico, vacinação e amamentação foram intervenções

importantes na prevenção de diarreias.

Além das variáveis já citadas, os fatores ambientais tais como precipitação e

temperatura também são influenciadores significativos na incidência de diarreia. No

presente trabalho os meses que apresentaram maiores índices de diarreia, no período

avaliados, foram os meses de fevereiro, março, abril e maio. Em alguns destes meses

(fevereiro e março) foram registradas temperaturas mais elevadas e maiores índices

de chuva (março).

Foram analisados também neste trabalho a tendência da variação das

variáveis (diarreia, bactérias heterotróficas, nível de OD, E. coli e coliformes totais) em

função do aumento da temperatura e da chuva. Como resultado foi possível observar

que durante o período analisado, a temperatura e a chuva influenciam de forma

positiva o número de casos de diarreias notificados no município de Muzambinho, e

de forma negativa na presença de coliformes totais. A temperatura exerce influência

positiva nos níveis de bactérias heterotróficas encontradas nas amostras do rio

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Muzambinho, enquanto a chuva parece não exercer nenhuma relação neste índice.

Ambas as variáveis parecem não exercer influência nos níveis de OD e E. coli.

Na análise específica para avaliação da diarreia utilizando o modelo ajustado,

é possível verificar que as variáveis explicativas (temperatura e precipitação

pluviométrica) exercem forte influência sobre a variável explicada, com coeficiente de

determinação de 0,65%. O que permite determinar que foi possível explicar até 65%

da variação dos índices de diarreias.

A variável climática que demonstrou o maior peso na estimação da diarreia

em Muzambinho (MG) foi a temperatura do ar, demonstrando um coeficiente de

21,60%. Por sua vez, a precipitação pluviométrica, evidenciou as menores relações

com o índice de diarreia, apresentado um valor de 0,51%. Resultado este, que

corrobora com o encontrado por meio da análise de correlação de Pearson, onde a

temperatura do ar demonstra ter influência ao contrário da precipitação pluviométrica.

Este resultado mostra que individualmente há associação entre diarreia x chuva, e

diarreia x temperatura, no entanto, quando avaliadas juntas essa associação não é

confirmada.

De fato, temperaturas mais elevadas podem ter favorecido a proliferação de

bactérias causadoras de doenças diarreicas, enquanto que o aumento nos níveis de

chuva pode levar a inundações e consequente contato da população com água

contaminada. Estes fatores podem explicar a associação entre estas variáveis

estudadas e os registros de diarreia no período analisado.

A influência de fatores climáticos na incidência de diarreia também foi uma

das variáveis avaliadas em Boa Vista (Roraima), nos anos de 2011 a 2013. Para os

anos de 2011 e 2013, o aumento da precipitação pluviométrica mostrou-se

relacionado com o aumento dos casos de diarreia, provavelmente em decorrência da

contaminação ambiental pelo lixo e fossas sépticas que transbordam em períodos

chuvosos (AGUIAR, 2016).

Em outro estudo dos 37 municípios analisados do estado de Santa Catarina,

observou-se que a maior incidência de diarreia ocorreu entre outubro a março, e

mostrou forte correlação entre a frequência de casos e a temperatura registrada

(BUSATO et al., 2013). Os fatores climáticos também influenciaram taxas de

internações por doenças diarreicas infecciosas na população do município de Rio

Branco/AC, como demonstrado por DUARTE et al., (2017). Neste trabalho foram

avaliadas a incidência destas doenças com dados pluviométricos, nível do rio,

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umidade e temperatura, para o período de 2000 e 2013. Como conclusão os autores

reconhecem que existe uma relação positiva entre as internações por diarreia e o nível

do Rio Acre, de forma que a cada um metro de aumento no nível do rio resulta em

aumento de 7% nas taxas de internações em decorrência da doença analisada.

Em outros países a preocupação com as variações sociais e ambientais e sua

correlação com a incidência de diarreia na população também é alvo de estudo. Por

meio de um levantamento de dados mensais de diarreia, no período de 1974 a 2003,

observou-se na Botswana (África) que a incidência desta doença apresenta um

padrão cíclico bimodal com maiores registros em março e outubro, ou seja, na estação

úmida e seca, respectivamente. As variáveis climáticas (precipitação, temperatura

mínima e pressão de vapor) predisseram diarreia sazonal com atraso de um mês nas

variáveis. Ao analisar outras variáveis a incidência de diarreia foi maior na estação

seca, com um aumento de 20% em relação à média anual (ALEXANDER et al., 2013).

Um estudo transversal realizado em Jacarta (Indonésia) com 274 crianças

entre 12 e 59 meses demonstrou que fatores de saneamento básico, tais como esgoto

tratado e condições econômicas estão associadas a maior prevalência de diarreia

(AUGUSTINA et al., 2013).

Em dois distritos de favelas de Addis Abeba (Etiópia) foi realizado um estudo

longitudinal em 2014, com 697 crianças na faixa etária de 0 a 50 meses. Após

aplicação de um questionário estruturado e observações na coleta de coleta de dados

foi empregado análise de regressão logística multivariada para identificar associações

entre questões de saneamento e higiene com a prevalência de diarreia. Como

resultado observou-se que o compartilhamento das instalações de saneamento entre

seis ou mais famílias, proximidade de instalações de saneamento dentro de 15 metros

de casas, proximidade de fezes e moscas, ausência de coleta de lixo apresentam

relação significativa com a frequência de diarreia observada nestas regiões (ADANE

et al., 2017).

Na Etiópia, na região de Farta Wereda, foi realizado em 2014 um estudo

transversal com 1007 mães com crianças de até 5 anos. Após aplicação de um

questionário foi realizado análise de regressão logística bivariada para ver a

associação entre variáveis dependentes e independentes e análise de regressão

logística multivariada para determinar fatores determinantes independentes de

diarreia. Os resultados apontaram que as precárias condições de higiene da mãe no

preparo da alimentação bem como a dificuldade de acesso a água potável e a

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ausência de vacinação contra o rotavírus foram fatores determinantes ao surgimento

de diarreia na região estudada (GEDAMU, KUMIE, HAFTU, 2017).

De modo geral, os dados aqui discutidos apontam que os níveis de qualidade

da água do rio Muzambinho e também e as variações climáticas podem exercer

influência na frequência de casos de diarreias, como observados em alguns meses

específicos deste estudo e também na análise de tendência. No entanto, é necessário

levar em consideração outros parâmetros dos níveis de saúde da população que

podem afetar no número de casos de diarreias notificados, bem a ocorrências de

subnotificações.

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8 CONCLUSÃO

Conclui-se que o Rio Muzambinho encontra-se com parâmetros

bacteriológicos, e alguns físico-químicos divergentes dos padrões estabelecidos pelas

resoluções e portarias que estabelecem limites seguros para qualidade das águas. Os

valores de oxigênio dissolvido encontrados no período estudado não estão de acordo

com os descritos pela Resolução CONAMA 357/05 para águas doces de Classe 2. Os

padrões de potabilidade para as águas no Brasil, estabelecidos pela Portaria

2914/2011 do Ministério da Saúde também não estão sendo obedecidos em relação

a presença de coliformes totais, e E. coli em todas as amostras (inclusive na água

tratada) coletadas durante o estudo.

A presença de bactérias heterotróficas, coliformes totais, E. coli e níveis de

OD fora dos padrões estabelecidos mostram a realidade obtida pela inexistência de

saneamento ambiental rural na área de estudo.

No que diz respeito a avaliação das associações entre fatores climáticos e a

prevalência de diarreia na região de estudo, conclui-se que a temperatura do ar

apresenta moderada relação com o registro desta doença, enquanto que a

precipitação pluviométrica demonstrou fraca relação.

Entre demais variáveis (dados bacteriológicos e variáveis climáticos) houve

fraca correlação, entretanto, na análise específica para diarreia utilizando modelo

ajustado, as variáveis explicativas temperatura e precipitação pluviométrica

exerceram forte influência sobre o registro de diarreia para a região estudada. Sendo

que a temperatura do ar demonstrou o maior peso na estimação da diarreia em

Muzambinho.

Este trabalho explorou pela primeira vez a qualidade da água do Rio

Muzambinho associado ao índice de doenças diarreicas e fatores climáticos. A

confirmada degradação ambiental do rio estudado mostra a crescente necessidade

de adoção de metodologias que visem mitigar os problemas encontrados neste

ambiente. Embora um estudo a longo prazo seja o mais indicado para assegurar a

intrínseca relação entre a qualidade da água do rio e os casos notificados de diarreia

em Muzambinho, por meio dos resultados aqui mostrados torna-se possível delinear

práticas de promoção da saúde no intuito de combater à poluição deste rio e ao

aparecimento de doenças diarreicas, protegendo a população e o ambiente estudado.

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Estas práticas poderiam visar não só a melhoria estrutural despoluição do rio

e do abastecimento de água, mas também a educação ambiental e sanitária das

comunidades que vivem em seu entorno, para que estas possam conhecer as causas

e problemas associados à contaminação, tornando-se aptas a adotarem medidas de

prevenção que promovam melhor qualidade de vida.

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