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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA, CONSERVAÇÃO E BIOLOGIA EVOLUTIVA HEIDI LUZ BONIFÁCIO MANAUS-AM 2011 CITOGENÉTICA CLÁSSICA E MOLECULAR DO BOTO-VERMELHO Inia geoffrensis (Blainville, 1817)

CITOGENÉTICA CLÁSSICA E MOLECULAR DO …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2103/5/Dissertação_Heidi Luz... · (coloração convencional, ... Natália, Jaque Zocca, Carol, Alessandro,

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA, CONSERVAÇÃO E BIOLOGIA

EVOLUTIVA

HEIDI LUZ BONIFÁCIO

MANAUS-AM

2011

CITOGENÉTICA CLÁSSICA E MOLECULAR DO BOTO-VERMELHO

Inia geoffrensis (Blainville, 1817)

HEIDI LUZ BONIFÁCIO

ORIENTADORA: Dra. Eliana Feldberg

COORIENTADORA: Dra. Vera Maria Ferreira da Silva

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Genética, Conservação e Biologia

Evolutiva como parte dos requisitos para obtenção do

título de Mestre em Genética, Conservação e Biologia

Evolutiva.

MANAUS-AM

2011

CITOGENÉTICA CLÁSSICA E MOLECULAR DO BOTO-VERMELHO

Inia geoffrensis (Blainville, 1817)

FICHA CATALOGRÁFICA

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B715 Bonifácio, Heidi Luz Citogenética clássica e molecular do boto-vermelho Inia geoffrensis (Blainville, 1817) / Bonifácio Heidi Luz. --- Manaus : [s.n.], 2011. xvii, 57 f. : il. color.

Dissertação (mestrado) -- INPA, Manaus, 2011 Orientador : Eliana Feldberg Co-orientador : Vera Maria Ferreira da Silva Área de concentração : Genética, Conservação e Biologia Evolutiva

1. Boto (mamífero aquático). 2. Citogenética molecular. 3. FISH (técnica). 4. Golfinho da Amazônia. 5. Cariótipo. I. Título. CDD 19. ed. 599.530415

Sinopse

Uma ampla caracterização cromossômica foi realizada em uma das espécies de golfinhos da

Amazônia: o boto-vermelho Inia geoffrensis, por meio de análises de citogenética clássica

(coloração convencional, detecção da heterocromatina, das regiões organizadoras do nucléolo e

bandeamento G) e citogenética molecular (hibridização fluorescente in situ com sondas de

DNAr 5S, DNAr 18S, sequência telomérica e retrotransposon LINE-L1). A heterocromatina no

cariótipo do boto-vermelho localiza-se na região terminal e intersticial, com a presença de

polimorfismo e a RON é simples. Homeologias cromossômicas foram estabelecidas entre o

boto-vermelho e o golfinho Tursiops truncatus e pela primeira vez as sequências do

retrotransposon L1 e do DNAr 5S foram mapeadas no genoma de cetáceos.

Palavras-chave: Golfinho da Amazônia, cariótipo, bandeamentos cromossômicos,

polimorfismo banda C, FISH, DNAr, retrotransposon LINE-L1

Dedico aos meus pais e à minha avó que sempre me apoiaram durante toda minha vida acadêmica e me fizeram persistir na busca pelos meus sonhos.

iv

“Nada é fixo para aquele que alternadamente pensa e sonha...”

Gaston Bachelard

v

A realização deste projeto foi possível devido:

Ao Programa de Pós-Graduação em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva do INPA.

Ao Laboratório de Genética Animal do INPA, Coordenação de Pesquisas em Biologia

Aquática (CPBA), onde grande parte da atividade laboratorial foi realizada, com o

financiamento do Projeto Caracterização Genética (cromossomos, proteínas e DNA) de

vertebrados amazônicos (INPA/MCT - PRJ 12.01) e Projeto Centro de Estudos de

Adaptações da Biota Aquática da Amazônia - ADAPTA (INCT ADAPTA, FAPEAM/CNPq

Proc. Nº 573976/2008-2)

Ao Laboratório de Mamíferos Aquáticos do INPA em conjunto com a AMPA, pelo apoio à

realização das coletas e a participação em eventos científicos, com o financiamento da

Petrobras por meio do Programa Petrobras Ambiental (PRJ 12.86) e Projetos de Pesquisas

Institucionais (INPA/PPI PRJ 12.16).

Ao Projeto Boto através de cooperação entre o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

INPA/MCT e a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá – MSDR- OS/MCT.

À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão

da bolsa durante a realização deste trabalho.

vi

Agradecimentos

Agradeço a Deus pelo dom da vida e pela oportunidade de aprendizado.

À minha família pelas orações, pelo amor incondicional, pelo apoio e torcida durante

toda a minha jornada acadêmica.

À minha mãezinha, Rosilene pelo exemplo de fortaleza e por não me deixar desistir dos

meus sonhos.

Ao meu paizinho, Paulo por toda dedicação e por me dar ânimo e força para suportar a

saudade e a distância.

Ao meu irmão Gúbio, por ser forte quando necessário e por segurar a barra enquanto

estive longe.

À minha vó Joana pelo seu carinho e apoio desde sempre.

À grande equipe do Laboratório de Genética Animal-INPA: Eliana, Jorge, Carlos,

Claudia, Leandra, Leila, Valentim, Cacá, Eduardo, Natália, Thatiana, Brenda, Érica, Denise,

Paola, Heidy Alana, Eliane, Masseo e Tássia agradeço pelo chá de casa nova, pelas festinhas,

pela convivência pacífica no laboratório e por toda ajuda.

Ao Carlos Schneider por pacientemente me orientar em toda parte de citogenética

molecular, por fazer questões pertinentes e me ajudar a solucionar vários perrengues durante

este trabalho.

À Claudia Gross pelos sábios conselhos e por sempre estar disposta a ajudar e sanar

dúvidas.

À Leandra Terencio por toda ajuda, dicas e sugestões no sequenciamento do 5S do boto.

Polacos a ajuda de vocês foi imprescindível para execução deste trabalho.

Ao Dr. Jorge Porto pelos conselhos, dicas e por prontamente assinar vários documentos

na ausência das minhas orientadoras.

À Érica e ao Cacá pelas dicas e sugestões e todos os nossos colóquios sobre a banda G.

Meu agradecimento muito especial à minha orientadora Dra. Eliana Feldberg, por me

acolher de braços abertos com seu jeito maternal, por entender mesmo a contra gosto minha

opção por mamíferos, por salvar meu Natal em Manaus, por pacientemente e rapidamente ler

e discutir todos meus documentos do mestrado. Por acreditar e apoiar todas as minhas idéias

mirabolantes e pelo carinho, conselhos, questionamentos e ensinamentos.

vii

À Natália Carvalho, por ser minha guia em Manaus e companheira de horas e horas no

laboratório, de visitas ao centro da cidade, de idas ao supermercado e de entrega de currículos.

Obrigada pela sua amizade e apoio nesta trajetória.

À Thatiana de Lira minha caloura conterrânea, sua presença e da D. Joana me fez sentir

mais perto de casa. Obrigada pela amizade, pela comidinha de mãe, pelas horas de divagações

sobre a vida na porta de casa, pela companhia certa para o cinema e por prontamente me

ajudar inúmeras vezes.

À Jaqueliny Zocca por toda sua amizade, conselhos e apoio durante estes dois anos. Por

pacientemente me escutar nas minhas horas de estresse e de empolgação! Pelo abrigo em sua

casa, pelas nossas horas de debates sobre evolução. Por ser companheira de almoços, festas e

passeios e por me arrastar pra academia.

À minha companheira de casa: Eurizângela obrigada pela paciência nos meus

momentos de estresse e por toda ajuda. Os amigos são a família que podemos escolher.

Meninas vocês tornaram minha vida aqui mais feliz.

À equipe do Laboratório de Mamíferos Aquáticos do INPA. Em especial a todos

envolvidos na Captura de Botos de 2009 e também na coleta e transporte de material de outras

localidades: Vera, Tony, Nívia, Diogo, Deise, Glória, Virginia, Waleska, Rodrigo, Nicole,

Nildon, Louzinha e a todos os pescadores Soldado, seu João Pena, seu Ney por todos seus

ensinamentos sobre a arte de capturar botos.

À Nívia, Diogo, Deise por toda ajuda no processamento do material em Mamirauá,

mesmo achando esta parte de pipetar muita chata! Valeu pela ajuda.

À minha coorientadora Dra. Vera da Silva, por toda orientação e apoio durante a coleta

em Mamirauá e em outras localidades. Pela oportunidade de trabalho e aprendizado sobre este

animal fantástico, boto-vermelho, por todos os ensinamentos, conselhos e constante

questionamento.

Aos meus orientadores da graduação Dr. Ricardo Gunski e Dra. Anália del Valle, por

todos os ensinamentos e conselhos e por me instigarem o gosto pela vida cientifica.

Às minhas amigas desde sempre: Paula Cristina, Aline, Liana e Geanny, obrigada pelos

conselhos, pelas horas ao telefone e no Messenger pelas festinhas quando ia para casa e por

escutarem anos a fio sobre o meu mestrado.

À minha turma de mestrado, Natália, Jaque Zocca, Carol, Alessandro, Diana, Luciana,

Jaque Fortuna, Tatiana Bacry, Ramon e Gilson pelos debates científicos ou não durante as

viii

disciplinas e festinhas, e em especial aos que toparam a empreitada do curso de verão da

Genética.

Ao coordenador do PPG-GCBev Dr. Jorge Porto, e às secretárias GCBev, Alessandra,

Elci e Tamara, obrigada pela ajuda e pela resolução rápida de toda a parte burocrática durante

o mestrado e pelo apoio ao Curso de Verão.

A todos que tornaram este trabalho possível e me apoiaram durante esta jornada meu

muito obrigada.

ix

Resumo

O golfinho da Amazônia ou boto-vermelho (Iniidae, Inia geoffrensis) é um golfinho fluvial

endêmico das bacias Amazônica e do Orinoco. Para compreender a organização genômica

desta espécie e gerar marcadores para investigar as relações evolutivas deste golfinho em

relação a outros cetáceos, foram realizadas análises de citogenética clássica e molecular

(hibridização fluorescente in situ com sondas de DNAr 5S, DNAr 18S, sequência telomérica e

retrotransposon LINE-L1). Foram analisados 24 espécimes (11♀ e 13♂) que apresentaram

2n=44 cromossomos (12m+14sm+6st+10t+XX/XY) e NF= 72. A região organizadora do

nucléolo está localizada em único sítio, no par 21t. A heterocromatina distribuiu-se

terminalmente nos pares metacêntricos, submetacêntricos e subtelocêntricos e na região

pericentromérica dos telocêntricos. Blocos intersticiais foram observados em alguns pares

submetacêntricos e subtelocêntricos, com a presença de polimorfismo no par 9sm.

Homeologias cromossômicas foram estabelecidas através do padrão de banda G entre o boto-

vermelho e o golfinho-nariz-de-garrafa-comum Tursiops truncatus. Sequências teloméricas

intersticiais não foram observadas. Localização do retrotransposon L1 não foi aleatória no

cariótipo do boto-vermelho. Nos autossomos o L1 esteve preferencialmente localizado em

regiões de banda G positiva e o maior acúmulo desta sequência esteve no cromossomo X. O

DNAr 5S e L1 estão colocalizados na região centromérica do par 5m. Além disso, é possível

que o retrotransposon L1 esteja envolvido no polimorfismo de banda C encontrado para

quatro indivíduos da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Amazonas-Brasil.

Embora a estrutura cariotípica seja considerada conservada em cetáceos, características

cariotípicas do boto-vermelho mostram que variações existem em relação à fórmula

cariotípica, distribuição da heterocromatina e do organizador nucleolar comparativamente a

outras espécies de cetáceos.

x

Abstract

Amazon river dolphin or boto or (Iniidae, Inia geoffrensis) is a fluvial dolphin endemic to the

Amazon and Orinoco basins. In order to understand the genomic organization of this species

and to produce markers to investigate the evolutional relationship of this dolphin with others

cetaceans, classical and molecular cytogenetic (fluorescence in situ hybridization with probes

for 5S rDNA, 18S rDNA and telomeric sequence retrotransposon LINE-L1) studies were

carried out. Twenty four specimens were analyzed (11♀ e 13♂) which presented 2n=44

chromosomes (12m+14sm+6st+10t) e FN= 76. The nucleolar organizer region was situated at

single site on pair 21t. The heterochromatin was terminally distributed on metacentric,

submetacentric and subtelocentric pairs and on the pericentromeric region of telocentric.

Interstitial blocks were observed in some submetacentric pairs and subtelocentric as well,

with presence of polymorphism on pair 9sm. Chromosomal homeologies has been settled

throughout the G-band pattern between the boto and Atlantic bottlenose dolphin Tursiops

truncatus. Interstitial telomeric sequences were not observed. Location of retrotransposon L1

was not random on the boto karyotype. At the autosomes L1 had been preferably situated on

G-positive-band regions, and the largest accumulation of this sequence was on chromosome

X. The 5S rDNA and L1 are colocalized in the centromeric region of pair 5m. Beyond this, it

is possible that the L1 retrotransposon could be involved on band C polymorphism found in

four dolphins at Mamiraua Sustainable Development Reserve in Amazonas-Brazil. Although

karyotype structure is being considered as conserved in cetaceans, karyotype characteristics of

the boto indicate that variations may exist in relation to karyotype formula, heterochromatin

distribution and nucleolar organizer compared to other cetacean species.

xi

Sumário1. Introdução..........................................................................................................................................1

1.1 Considerações sobre o boto-vermelho.........................................................................................1

1.2 Estudos Citogenéticos em Cetáceos.............................................................................................4

1.3 Objetivos.....................................................................................................................................12

2. Material e métodos..........................................................................................................................13

2.1 Material e área de estudo...........................................................................................................13

2.2.1 Coleta do Material...................................................................................................................14

2.2.2 Obtenção dos cromossomos mitóticos....................................................................................15

2.2.3 Detecção das regiões de heterocromatina constitutiva: Banda C (CBG) .................................16

2.2.4 Bandeamento G (GTG).............................................................................................................16

2.2.5 Detecção das regiões organizadoras do nucléolo (Ag-RON)....................................................17

2.2.6 Extração de DNA......................................................................................................................17

2.2.7 Obtenção das sondas via PCR (Polymerase Chain Reaction)...................................................18

2.2.8 Marcação das sondas...............................................................................................................19

2.2.9 Hibridização in situ fluorescente (FISH) ..................................................................................20

2.2.10 Análise cromossômica...........................................................................................................21

2.2.11 Caracterização da sondas de DNAr 5S ..................................................................................22

2.2.11.1 Construção de vetores plasmidiais recombinantes contendo fragmentos de DNAr 5S obtidos por PCR ...............................................................................................................................22

2.2.11.2 Transformação ...................................................................................................................22

2.2.11.3 Sequenciamento das sondas de DNA .................................................................................23

3. Resultados........................................................................................................................................25

4. Discussão..........................................................................................................................................34

4.1- O boto-vermelho dentro da carioevolução dos cetáceos..........................................................34

4.2 Padrão de Distribuição das Sequências de DNA repetitivo ........................................................36

5. Conclusões........................................................................................................................................42

7. Referências Bibliográficas.................................................................................................................44

xii

Lista de Figuras

Figura 1. Árvore filogenética da ordem Cetacea com base em caracteres moleculares

proposta por McGowen et al. 2009.............................................................................................2

Figura 2. Mapa da distribuição do gênero Inia (da Silva et al. 2008)........................................3

Figura 3. Exemplar de Inia geoffrensis capturado na Reserva de Desenvolvimento

Sustentável Mamirauá. Foto: Diogo Souza...............................................................................13

Figura 4. Mapa geográfico em cinza a distribuição do gênero Inia e em destaque os locais de

coleta de Inia geoffrensis: a) Rio Branco AC, b) Reserva de Desenvolvimento Sustentável

Mamirauá AM e c) Aruanã. Mapa adaptado de da Silva et al. 2008.......................................14

Figura 5. Obtenção de amostra de sangue da nadadeira caudal do boto-vermelho. Foto: Heidi

Luz............................................................................................................................................15

Figura 6. a) Cariótipo de um macho Inia geoffrensis após coloração com Giemsa; b)

cromossomos sexuais de uma fêmea; c) cariótipo de uma fêmea após o bandeamento C d)

cromossomos sexuais de um macho; e) par 9sm evidenciando além da marcação terminal, um

bloco de heterocromatina intersticial em um dos homólogos. Barra igual a 10

µm.............................................................................................................................................27

Figura 7. a) Localização física cromossômica do DNAr 18S em Inia geoffrensis no par 21t;

b) par nucleolar após a impregnação com nitrato de prata; c) heteromorfismo do sitio da

RON; d,g) par nucleolar associado; e) par nucleolar após coloração convencional mostrando

ausência da constrição secundária; f) par nucleolar evidenciando a constrição secundária; h)

Em destaque a localização física cromossômica do DNAr 5S no par 5m. Barra igual

10µm.........................................................................................................................................28

Figura 8. a) Padrão de bandeamento G de Inia geoffrensis seguido pelo ideograma da banda

G e bandeamento sequencial G/C. b) Cariótipo de um macho evidenciando o padrão de

distribuição do LINE 1(L1). c) Em destaque o cromossomo X, em banda G, banda C

sequencial e a distribuição do LINE (L1). Note que no braço curto existe maior acúmulo desta

xiii

sequência na região de heterocromatina, na região centromérica e no braço longo na região de

banda G positiva. Barra igual 10µm........................................................................................31

Figura 9. Cromossomos homeólogos entre o cariótipo de Inia geoffrensis e Tursiops

truncatus. Os números cromossômicos são apresentados abaixo de cada cromossomo. *

Cromossomos de I. geoffrensis. ** Cromossomos de T. truncatus (CRES, 2006). Barra igual

10µm.........................................................................................................................................32

Figura 10. Comparação do padrão de banda G do cromossomo X entre cinco espécies de

cetáceos. Eg Eubalaena glacialis baleia-franca-do-norte (Pause et al. 2006) ; Bb

Balaenoptera borealis baleia-sei (Nash 2006); Ig Inia geoffrensis boto-vermelho (presente

trabalho); Pp Phocoena phocoena boto-do-porto (Árnason 1980); Tt Tursiops truncatus

golfinho-nariz-garrafa-comum (CRES 2006). Note no braço curto do cromossomo X do boto-

vermelho a ocorrência de uma inversão paracêntrica. Barra igual 10µm.................................32

Figura 11. Cariótipo de um macho do Inia geoffrensis evidenciando a distribuição da

sequência telomérica. Barra igual 10µm...................................................................................33

xiv

Lista de Tabelas

Tabela 1. Formas cromossômicas descritas para as espécies da ordem Cetacea, subordem

Odontoceti compiladas da literatura (2n= número diploide; m=metacêntrico;

sm=submetacêntrico; st=subtelocêntrico; t=telocêntrico; P=puntiforme; XY=cromossomos

sexuais; p=braço curto; q=braço longo RON= Região organizadora do nucléolo (número do

par cromossômico, tipo cromossômico e braço);(*) Fórmulas cromossômicas diferentes para

uma mesma espécie; (-) Informações não determinadas nos trabalhos; (**) Nome atualizado

conforme World Cetacea Database http://www.marinespecies.org e Rice

1998.............................................................................................................................................6

Tabela 2. Formas cromossômicas descritas para as espécies da ordem Cetacea, subordem

Mysticeti compiladas da literatura (2n= número diploide; m=metacêntrico;

sm=submetacêntrico; st=subtelocêntrico; t=telocêntrico; P=puntiforme; XY=cromossomos

sexuais; p=braço curto; q=braço longo; RON=Região organizadora do nucléolo (número do

par cromossômico, tipo cromossômico e braço);(*) Fórmulas cromossômicas diferentes para

uma mesma espécie; (-) Informações não determinadas nos

trabalhos......................................................................................................................................9

Tabela 3. Média do comprimento total e da razão de braços dos cromossomos do boto-

vermelho, Inia geoffrensis, baseado na medida de três células em metáfase de 10 indivíduos.

Morfologia cromossômica relacionada a razão entre os braços (p/q) de acordo com Levan et

al. 1964. (-) Medidas não aplicadas ao cromossomo Y, considerado

puntiforme.................................................................................................................................25

Tabela 4. Alinhamento das sequências de DNAr 5S de mamíferos que apresentaram alta

similaridade com a sequência do boto-vermelho. Fonte: GenBank

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/)................................................................................................29

xv

Lista de Abreviações e Termos

µL Microlitros2n Número diploide Ag-RON Região organizadora de nucléolo argenteofílicaágua mili-Q Água ultra pura (deionizada e dessalinizada)AMPA Associação de Amigos do Peixe-boiBanda C Técnica de detecção da heterocromatina constitutivaBanda G Técnica de diferenciação das bandas eucromáticasBLAST Ferramenta de busca e alinhamento de sequências (basic local

alignment research tool)DNA Ácido desoxirribonucléicoDNAr DNA ribossomaldNTP DesoxirribonucleotídeoEDTA Ácido etilenodiaminotetracéticoFISH Hibridização fluorescente in situFITC Fluoresceina isotiocianato (fluorescein isothiocyanate)GenBank Banco de sequências públicas de DNAHCl Ácido ClorídricoHoméologo Mesmos cromossomos presentes em espécies distintasFISH heteróloga hibridização utilizando sonda de uma espécie em cromossomos

de outra espécieFISH homóloga hibridização utilizando sondas da própria espécieIPTG Isopropil-β-D-1-tiogalactopiranosídeo

(Isopropyl β-D-1-thiogalactopyranoside)KCl Cloreto de potássioLINE Elemento nucleolar intercalado longom Cromossomo metacêntricoMgCl2 Cloreto de magnésiomL MililitroNaCl Cloreto de sódioNCBI National Centre for Biotechnology InformationNF Número fundamental Nick translation Deslocamento de CorteNTS Espaçador não transcritopb Pares de basesPBD Tampão fosfato dextrano (phosphate-buffered dextran)PBS Tampão de bloqueioPCR Reação em cadeia da polimerase (polymerase chain reaction)Primer Oligonculeotídeos iniciadoresRDSM Reserva de Desenvolvimento Sustentável MamirauáRNAse Enzima que degrada o Ácido Ribonucléicorpm Rotações por minutoRPMI-1640 Meio de cultura completo para linfócitosSDS Dodecil sulfato de sódioSintenia Quando ocorre a presença física dos mesmos genes em um dado

cromossomo ou parte dele

xvi

SINE Elemento nucleolar intercalado curtosm Cromossomo submetacêntricoSSC Solução salina de citrato padrãost Cromossomo subtelocêntricoStop Buffer Tampão de paradat Cromossomo telocêntricoTaq Enzima termoestável derivada da bactéria Thermus aquaticusX-Gal 5 bromo-4-cloro-3-indolyl-β-D-galactoside

xvii

1. Introdução

1.1 Considerações sobre o boto-vermelho

O boto-vermelho é um golfinho fluvial endêmico das bacias Amazônica e do Orinoco e

pertence à família Iniidae, subordem Odontoceti (Best e Silva 1993) (Figura 1). Alguns

autores reconhecem a existência de uma única espécie, Inia geoffrensis com três subespécies

I .g. humboldtiana (distribuída na bacia do rio Orinoco), I. g. geoffrensis (rio Amazonas) e I.

g. boliviensis (na bacia dos rios Beni-Mamoré) (Trebbau e van Bree 1974; Pilleri e Gihr 1977;

Best e da Silva 1993; Rice 1998) (Figura 2). Entretanto, estudos morfométricos do crânio e de

sequências de DNA mitocondrial vêm legitimando a existência de duas espécies I. geoffrensis

(drenagem do rio Amazonas e Orinoco, exceto acima das cachoeiras do rio Madeira) e I.

boliviensis (acima das cachoeiras do rio Madeira e rio Beni-Mamoré) (da Silva 1994;

Hamilton et al. 2001; Banguera-Hinestroza et al. 2002).

Os ancestrais de Inia possivelmente adentraram na bacia Amazônica através do oceano

Pacífico durante o Mioceno. Neste período a drenagem da bacia do rio Amazonas corria em

direção ao Pacífico. Com o soerguimento dos Andes ocorreu a inversão do sentido da

drenagem do Amazonas e a ruptura de um grande sistema fluvial, resultando no isolamento de

três populações de Inia, que hoje são limitadas em sua distribuição por cachoeiras, corredeiras

e rios muito pequenos ou superficiais (Grabert 1984; Best e da Silva 1993; Fordyce e Barnes

1994; Lundberg et al. 1998; Hamilton et al. 2001).

Ao contrário da maioria dos cetáceos que vivem em ambientes oceânicos com pouca

variação entre uma estação e outra, o boto-vermelho ocorre em um ambiente aquático

dinâmico, com mudanças drásticas em relação ao nível da água ao longo do ano. Durante a

estação seca, quando o nível das águas está mais baixo, podem ficar restritos a lagos grandes e

profundos ou aos canais dos rios. Quando o nível da água dos rios sobe, eles se dispersam nos

igapós e nas planícies alagadas (várzea). O boto-vermelho possui o rostro longo e as

nadadeiras peitorais grandes. Além disso, as vértebras cervicais não são fusionadas, o que

proporciona uma grande flexibilidade do pescoço e do corpo. Somadas, estas adaptações

morfológicas tornam o boto-vermelho apto a perseguir e capturar presas entre os galhos e

raízes da floresta alagada (Best e da Silva 1993; da Silva 1994; Martin e da Silva 2004a).

1

2

Mysticeti

Odontoceti

Figura 1. Árvore filogenética da ordem Cetacea com base em caracteres moleculares proposta por

McGowen et al. 2009.

Figura 2. Mapa da distribuição do gênero Inia (da Silva et al. 2008).

Para esta espécie de golfinho de rio o período gestacional estimado é de 10 a 11

meses, e as fêmeas dão a luz a um único filhote. É possível que o intervalo entre os

nascimentos seja de três anos, com as fêmeas sexualmente maduras por volta dos sete anos de

idade (da Silva et al. 2008).

A degradação dos ecossistemas aquáticos coloca os golfinhos de rio entre os mais

ameaçados de todos os cetáceos (Hamilton et al. 2001). Atualmente, o boto-vermelho está

classificado como espécie “insuficientemente conhecida” de acordo com a “Lista Vermelha

de Espécies Ameaçadas” da União Internacional para a Conservação dos Recursos Naturais

(IUCN 2010), pois os dados sobre sua distribuição e abundância são incipientes e limitados a

algumas localidades. No Brasil o status do boto-vermelho é considerado “Vulnerável” pelo

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA 2001),

devido a inúmeras ameaças impostas à espécie como: a alteração do hábitat pelo represamento

dos rios para construção de barragens com fins hidrelétricos e pelo desflorestamento e pela

contaminação ambiental com inseticidas organoclorados utilizados na agricultura e com

mercúrio usado para amalgamar o ouro (Best e da Silva 1989; Rosas e Lehti 1996; Lailson-

Brito et al. 2008; Torres et al. 2009; da Silva 2009; da Silva e Martin 2010).

Os pescadores comerciais e de subsistência têm se tornado menos tolerantes com o

boto-vermelho, aumentando os conflitos que ocorrem quando estes retiram os peixes das

3

redes de pesca ou devido aos danos que causam nas mesmas. Mortes acidentais também

podem acontecer quando o boto-vermelho fica preso nas redes de espera (da Silva e Best

1996; Loch et al. 2009). Além disso, uma implacável mortandade de espécimes de boto-

vermelho tem acontecido, para o uso desta espécie como isca para a captura de um peixe

conhecido como piracatinga ou mota (Calophysus macropterus). Estima-se que em 2005, na

Amazônia Central aproximadamente 1600 botos foram mortos e usados como isca (da Silva e

Martin 2007; da Silva et al. 2008).

O boto-vermelho e o tucuxi (Sotalia fluviatilis) são duas espécies simpátricas (Best e da

Silva 1993), com grande importância no ecossistema amazônico, pois assim como outros

predadores, contribuem para a manutenção da saúde e equilíbrio das populações de peixes, já

que os indivíduos mais fracos ou doentes são presas fáceis, imediatamente comidas. Os

golfinhos da Amazônia também têm papel relevante na fertilização dos lagos de várzea, pois

possuem um metabolismo alto e ingerem grandes quantidades de presas, e como estão em

constante movimento suas fezes auxiliam na fertilização desses lagos (da Silva et al. 2008).

1.2 Estudos Citogenéticos em Cetáceos

Em mamíferos, a análise do complemento cromossômico é utilizada na resolução de

problemas taxonômicos (Machado et al. 2005), na detecção de espécies crípticas (Silva et al.

2006) no manejo e na conservação de espécies silvestres (Vianna et al. 2006; Rubes et al.

2008). Em cetáceos, também é empregada na sexagem de animais com hermafroditismo

(Tarpley et al. 1995), no estudo da viabilidade de espermatozóides criopreservados (Watanabe

et al. 2007) e na avaliação de danos causados ao material genético por poluentes no ambiente

aquático (Wise et al 2008).

Para as cinco espécies de mamíferos aquáticos, encontradas na Amazônia brasileira,

dados sobre a constituição cromossômica ainda são incipientes. Caracterizações iniciais já

foram realizadas para o peixe-boi amazônico Trichechus inunguis (Assis et al. 1988), para

ariranha Pteronura brasiliensis (Franco-de-Sá et al. 2007) e para lontra Lontra longicaudis

(Freitas et al. 1975). Entre os golfinhos somente o número diploide do boto-vermelho foi

determinado (Kulu et al. 1971). Já para o tucuxi Sotalia fluviatilis nenhuma informação

acerca de seus cromossomos ainda é conhecida.

Atualmente, existem 86 espécies de cetáceos descritas para a ordem Cetartiodactyla

(Perrin et al. 2009; Di Beneditto et al. 2010), e estudos citogenéticos realizados em 37

espécies (Tabelas 1 e 2) indicam que a macroestrutura cromossômica pode ser considerada

4

conservada (Árnason 1972; 1974). Embora, variações em relação ao número diploide, às

fórmulas cariotípicas, à distribuição das regiões organizadoras do nucléolo (Tabelas 1 e 2) e

ao padrão de heterocromatina constitutiva já foram observadas (Árnason 1974; Duffield et al.

1978).

Para golfinhos e baleias o número diploide varia entre 42 e 44 cromossomos, com

sistema de determinação sexual simples XX/XY (Makino 1948; Árnason 1969). A

heterocromatina constitutiva está geralmente localizada na posição terminal ou/e intersticial

dos cromossomos, mas não exclusivamente, podendo apresentar blocos pequenos

evidenciados na região centromérica ou pericentromérica (Árnason 1974; Árnason et al.

1978). Em misticetos, como exemplo na baleia-cinza Eschrichtius robustus (Árnason 1981b)

e na baleia-sei Balaenoptera borealis (Árnason 1974) os blocos de heterocromatina

centromérica ocorrem principalmente nos cromossomos metacêntricos e submetacêntricos.

5

Tabela 1. Formas cromossômicas descritas para as espécies da ordem Cetacea, subordem Odontoceti compiladas da literatura (2n= número diploide;

m=metacêntrico; sm=submetacêntrico; st=subtelocêntrico; t=telocêntrico; P=puntiforme; XY=cromossomos sexuais; p=braço curto; q=braço longo RON= Região

organizadora do nucléolo (número do par cromossômico, tipo cromossômico e braço);(*) Fórmulas cromossômicas diferentes para uma mesma espécie; (-)

Informações não determinadas nos trabalhos; (**) Nome atualizado conforme World Cetacea Database http://www.marinespecies.org e Rice 1998.

Família Espécie 2n Fórmula cariotípica X Y Banda G Banda C RON ReferênciaDelphinidae Stenella longirostris 44 12m+16sm+4st+10t sm P - X 3tp,5tp Stock 1981

Stenella attenuata**44 12m+18sm+4st+8t

12m+16sm+4st+10t*

sm

m

P

P

X X 3tp,5tp Árnason 1974; Árnason 1980; *Stock 1981

Stenella clymene 44 12m+18sm+4st+8t m t X X 9smp Árnason 1980Steno bredanensis 44 - - - - - - Kulu 1972Delphinus delphis 44 14m+16sm+4st+8t m t - - - Árnason 1974

Tursiops truncatus

44 12m+18sm+4st+8t sm t X X 9smp,

3tp

Walen e Madin 1965; Duffield et al. 1967;

Prasad et al. 1970; Árnason 1974; Bielec et

al. 1997; CRES 2006Lagenorhynchus

albirostris

44 12m+18sm+4st+8t m - X X 9smp Árnason 1980; Árnason 1981a

Lagenorhynchus

obliquidens

44 8m+14sm+10st+10t sm t - - - Duffield et al. 1967

Orcinus orca44 12m+18sm+4st+8t

20m+12sm+10st*

sm t X X 9smp,

4 tp

Carr et al. 1966; Horrall et al. 1968, Kulu et

al. 1971*; Kulu 1972; Árnason et al. 1980 Globicephala

macrorhynchus

44 12m+16sm+6st+8t sm - X - Walen e Madin 1965; Árnason 1974

6

Tabela 1 Continuação.

Família Espécie 2n Fórmula cariotípica X Y Banda G Banda C RON ReferênciaDelphinidae Globicephala melas** 44 12m+16sm+6st+8t m P X X - Andersen e Friedrich 1988; Kulemzina

et al. 2009Lissodelphis borealis 44 - sm - - Hsu e Benirschke 1977Feresa attenuata 44 - - - - - - Duffield et al. 1991

Pseudorca crassidens 44 - - - - - - Duffield et al. 1991Phocoenidae Phocoenoides dalli 44 12m+10sm+10st+10t sm m - - - Makino 1948; Kulu et al. 1971;Kulu

1972 Phocoena phocoena 44 12m+14sm+8st+8t m P X X 7smp Árnason 1974; 1980Neophocaena phocaenoides 44 - - - - - - Peng e Chen 1985

Monodontidae Monodon monoceros 44 16m+12sm+8st+6t sm m - - - Andrews et al. 1973Delphinapterus leucas 44 12m+18sm+4st+8t m - X X 9smp Hsu e Benirschke 1977; Jarrell e

Árnason 1981Physeteridae Physeter macrocephalus 42 20m+18sm+2st m m X X 2mp Árnason e Benirschke 1973; Árnason

1981a;bKogiidae Kogia breviceps 42 18m+16sm+6st m m - - Árnason e Benirschke 1973; Árnason

1974Ziphiidae Mesoplodon carlhubbsi 42 28m+6st+6t sm - X X - Hsu e Benirschke 1977, Árnason et al.

1977Ziphius cavirostris 42 - - - Benirschke e Kumamoto 1978Mesoplodon europaeus 42 28m+6st+6t st - X X 14mp,

2stq

Árnason et al. 1977; Árnason 1981a

7

Tabela 1 Continuação.

Família Espécie 2n Fórmula cariotípica X Y Banda G Banda C RON ReferênciaLipotidae Lipotes vexillifer 44 14m+16sm+4st+8t sm t - Minrong et al. 1986

Iniidae Inia geoffrensis 44 12m+10sm+10st+10t

12m+16sm+6st+10t*

sm

m

t

P X X

-

5tp*

Kulu et al. 1971; * Presente trabalho

Pontoporiidae Pontoporia blainvillei 44 14m+18sm+10t m - X X - Heinzelmann et al. 2008

8

Tabela 2. Formas cromossômicas descritas para as espécies da ordem Cetacea, subordem Mysticeti compiladas da literatura (2n= número diploide; m=metacêntrico;

sm=submetacêntrico; st=subtelocêntrico; t=telocêntrico; P=puntiforme; XY=cromossomos sexuais; p=braço curto; q=braço longo; RON=Região organizadora do

nucléolo (número do par cromossômico, tipo cromossômico e braço);(*) Fórmulas cromossômicas diferentes para uma mesma espécie; (-) Informações não

determinadas nos trabalhos.

Família Espécie 2n Fórmula cariotípica X Y Banda G Banda C RON ReferênciaEschrichtiidae Eschrichtius gibbosus 44 18m+10sm+6st+8t m - - - - Árnason 1974

Eschrichtius robustus 44 18m+10sm+6st+8t m - X X 5smp Árnason 1981a, bBalaenopteridae Balaenoptera acutorostrata 44 18m+10sm+6st+8t m st X X 5smp Árnason 1974; Árnason et al.

1977; Árnason 2006Balaenoptera borealis 44 14m+14sm+6st+8t m m X X - Kasuya 1966; Árnason 1970;

Árnason 1974; Árnason 2006 Balaenoptera physalus 44 14m+14sm+6st+8t

16m+12sm+6st+8t*

st

st

m

m

X X 6smp Árnason 1969*; 1974; 1981a

Balaenoptera musculus 44 14m+14sm+6st +8t sm m X X - Árnason et al. 1985; Árnason

e Widegren 1989Megaptera novaeangliae 44 14m+14sm+6st+8t sm- t- - X - Duffield et al. 1991; Árnason

2006Neobalaenidae Caperea marginata 44 - - - - - - Árnason 2006 Balaenidae Balaena mysticetus 42 18m+ 10sm+ 6st+6t m m X - 7m Jarrel 1979

Eubalaena glacialis 42 12m + 22sm + 6st sm t X - - Pause et al. 2006

9

Recentemente, análises mais acuradas empregando técnicas de citogenética molecular

para mapeamento físico dos genes, têm sido aplicadas a cetáceos, permitindo comparações

cariotípicas com espécies distantemente relacionadas do ponto de vista filogenético (Bielec et

al. 1998a; Kulemzina et al. 2009). Estas análises permitem detectar homeologias

cromossômicas, identificar grupos sintênicos, localizar genes específicos e identificar

polimorfismos e/ou variabilidade não detectados por ferramentas da citogenética clássica.

Além disso, ampliam o conhecimento sobre a evolução cromossômica (Yonenaga-Yassuda,

2004; Martins et al. 2010).

No cariótipo do golfinho-nariz-de-garrafa-comum Tursiops truncatus já foi observado

que 36 segmentos sintênicos são conservados entre humanos e golfinhos. Também foram

mapeados vários genes como o do DNA ribossomal 28S, gene da β-glucocerebrosidase

relacionado à doença de Gaucher, gene da interleucina-8 proteína ligada ao processo

inflamatório e o gene do cristalino CRYBA1 associado à formação de catarata em humanos

(Bielec et al. 1997; Bielec et al. 1998a; 1998b; 1998c; Bielec et al. 2000).

Um amplo estudo do genoma de cinco espécies da ordem Cetartiodactyla, a qual inclui

os cetáceos e os artiodátilos, foi realizado por meio da construção de mapas cromossômicos.

Estes mapas obtidos por pintura cromossômica utilizaram sondas de cromossomos humanos e

de dromedários, com posterior hibridização in situ heteróloga em metáfases do hipopótamo

(Hippopotamus amphibius), do ocapi (Okapia johnstoni), do cervo-almiscarado-siberiano

(Moschus moschiferus) e da baleia-piloto-de-peitorais-longas (Globicephala melas). Com a

comparação destes mapas cromossômicos foi possível reconstruir o caminho evolutivo e

determinar as taxas de rearranjos cromossômicos ocorridos na evolução dos cetartiodátilos. O

cariótipo da baleia foi considerado o mais conservado entre os cetartiodátilos analisados,

mostrando que a taxa de evolução cromossômica em cetáceos é extremamente lenta

(Kulemzima et al. 2009).

Além disso, o emprego da citogenética molecular, utilizando sequências de DNA

repetitivo, tem possibilitado uma melhor compreensão sobre os processos evolutivos que

estão associados aos rearranjos cromossômicos e às alterações de sequências específicas do

genoma (Martins et al. 2010). Os elementos repetitivos formam uma grande fração do

genoma dos mamíferos (Acosta et al. 2008). Algumas destas sequências são organizadas em

tandem, como as famílias multigênicas, o DNA satélite e a sequência telomérica, enquanto

outras se encontram dispersas ao longo do genoma como os elementos transponíveis

(Charlesworth et al. 1994).

10

Existem duas famílias multigênicas de DNA ribossomal, DNAr 45S e DNAr 5S cujos

genes apresentam taxa de repetição moderada. O DNAr 45S correspondente à região

organizadora do nucléolo, codifica os RNAr 18S, 5,8S, 28S e dentre estes o RNAr 18S

compõe a subunidade menor dos ribossomos. O DNAr 5S é formado por múltiplas cópias

altamente conservadas de uma sequência de 120 pares de bases, separadas por um espaçador

não transcrito. Este gene não está relacionado à formação do nucléolo, situando-se em um

ambiente cromossômico distinto. O RNAr 5S é processado fora do nucléolo e posteriormente

se junta ao RNAr 5,8S e 28S para a formação da subunidade maior do ribossomo (Long e

Dawid 1980; Martins et al. 2010). A caracterização quanto à identidade nucleotídica e o

mapeamento dos genes de DNAr têm sido utilizados em estudos evolutivos de mamíferos

(Zijlstra et al. 1997; Mäkinen et al. 1997; Christensen et al. 1998; Tanaka et al. 2000;

Pienkowska et al. 2002).

Outra classe de DNA repetitivo inclui as sequências teloméricas, formadas por unidades

de repetições de TTAGGG, predominantemente encontradas nas extremidades dos braços

cromossômicos para protegê-las e manter a estabilidade cromossômica (McEachern et al.

2000; Blackburn 2005; Castiglia et al. 2006). A localização destas sequências em regiões

intersticiais pode evidenciar a ocorrência de rearranjos cromossômicos como translocação

e/ou fusão em tandem (Castiglia et al. 2006).

Os elementos transponíveis são uma importante classe de sequências repetitivas, devido

a sua habilidade de transpor de uma região cromossômica para outra, inserindo-se em novos

sítios, próximos, ou até mesmo dentro de sequências gênicas, promovendo rearranjos

cromossômicos, mutações, alteração da estrutura e função de genes, mudanças na regulação

gênica e aumento do tamanho do genoma. Desta forma, contribuem para originar diversidade

alélica e para a criação de novos genes (Biémont e Vieira 2006; Feschotte e Pritham 2007;

O’Donnel e Burns 2010). Considera-se que a invasão dos elementos móveis e sua

subsequente ação de amplificação seja o principal fator morfogenético que está assegurando a

adaptação das populações de diferentes organismos às mudanças ambientais e em alguns

casos, causando rápida especiação (Evgen’ev 2007).

Em mamíferos, a família do retroelemento LINE1 compõe grande porção do genoma de

humanos (16,9%), camundongos (18,9%) e do marsupial Monodelphis domesticus (20%)

(Gentles et al. 2007) e tem um papel fundamental no remodelamento do genoma (Lee et al.

2010). Diversas funções são atribuídas ao LINE, entre elas prover a maquinaria enzimática

para a retrotransposição de elementos não autônomos da família SINE e formação de

11

pseudogenes processados, além de modular a expressão gênica fornecendo sinais regulatórios

da transcrição (Esnalt et al. 2000; Nigumann et al. 2002; Lee et al. 2010). Além disso, o papel

do LINE na inativação do cromossomo X tem sido investigado (Lyon 2005). Entretanto

poucos estudos que enfoquem o mapeamento físico cromossômico deste retroelemento vêm

sendo realizados em mamíferos.

Inúmeras espécies têm sido estudadas com ferramentas citogenômicas, entretanto para o

boto-vermelho as análises genéticas ainda são incipientes. Marcadores moleculares foram

desenvolvidos para estudos da estrutura populacional e relações de parentesco (Gravena et al.

2009), entretanto estudos citogenéticos determinaram apenas seu número diploide (Kulu et al.

1971).

Desta forma, uma caracterização cariotípica do boto-vermelho, por meio de marcadores

de citogenética clássica e molecular, com o mapeamento físico cromossômico de sequências

repetitivas de DNA, pode propiciar uma melhor visão da sua organização genômica e gerar

marcadores úteis para investigar as relações evolutivas deste golfinho em relação a outros

cetáceos, além de inferir sobre a evolução cromossômica deste grupo.

1.3 Objetivos

• Caracterizar o cariótipo do boto-vermelho (Inia geoffrensis) através de técnicas de

citogenética clássica e molecular.

• Verificar se existe polimorfismo cromossômico na população do boto-vermelho na

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, AM-Brasil.

• Situar o boto-vermelho dentro da carioevolução dos cetáceos.

12

2. Material e métodos

2.1 Material e área de estudo

Foram estudados citogeneticamente 24 espécimes (11 fêmeas e 13 machos) de Inia

geoffrensis (Figura 3), dos quais amostras de tecido epitelial e sangue foram retiradas

Figura 3. Exemplar de Inia geoffrensis capturado na Reserva de Desenvolvimento

Sustentável Mamirauá. Foto: Diogo Souza

No âmbito do Projeto-Boto, Sub-Projeto: “Marcação e Monitoramento de botos, Inia

geoffrensis e Sotalia fluviatilis” foram capturados 21 animais em novembro de 2009, na

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RDSM), situada próxima à confluência

dos rios Japurá e Solimões (3º20’S, 64º54’W), cerca de 500 km a oeste da cidade de Manaus

AM. A captura foi realizada com autorização do IBAMA (licença nº 13462-3), emitida em

21/10/2009.

Ainda, amostras de tecido e sangue de dois indivíduos capturados no Lago dos Cavalos,

rio Vermelho (14º 93’S, 51º09’ W) próximo a Aruanã (GO) e de um indivíduo no Igarapé

Caipora, rio Acre (10º 09' S, 67º 54' W) próximo à Rio Branco (AC) foram gentilmente

cedidas pelo Laboratório de Mamíferos Aquáticos do INPA (Figura 4).

13

2.2 Métodos

2.2.1 Coleta do Material

Os animais foram capturados com uso de redes de malha 120-150 mm, colocadas

durante a madrugada na entrada dos canais da Reserva de Desenvolvimento Sustentável

Mamirauá, durante o mês de novembro, período em que o nível do rio está baixo e os canais

estreitos. Ao se avistar um grupo de golfinhos nadando em direção à rede, uma segunda rede

foi colocada por trás do grupo cruzando o canal para prevenir o seu escape. Posteriormente, a

área foi subdividida com outras redes para a retirada dos animais individualmente. Os animais

foram conduzidos um a um para a margem do rio, retirados da água em uma maca e levados

até o flutuante, selecionando apenas um animal por vez, com exceção de mãe com filhote que

foram mantidos sempre juntos. Durante o tempo em que cada animal esteve fora d’água

14

Figura 4. Mapa geográfico, mostrando a distribuição do gênero Inia em cinza e em destaque

os locais de coleta de Inia geoffrensis: a) Rio Branco, AC, b) Reserva de Desenvolvimento

Sustentável Mamirauá, AM e c) Aruanã, GO. Mapa adaptado de da Silva et al. 2008.

monitorou-se a frequência respiratória e a pele e os olhos foram molhados constantemente

para prevenir a dessecação ou superaquecimento (da Silva e Martin 2000).

Cada animal foi pesado e medido. Amostra de sangue foi retirada da veia caudal que

drena a parte ventral do pedúnculo caudal, utilizando scalps 19G e acondicionada em tubo

vacutainer heparinizado (Figura 5). O tecido epitelial foi retirado da nadadeira dorsal e

armazenado em tubos de 1,5 mL com álcool etílico 100%.

Figura 5. Obtenção de amostra de sangue da nadadeira

caudal do boto-vermelho. Foto: Heidi Luz

2.2.2 Obtenção dos cromossomos mitóticos

As amostras de sangue coletadas dos animais da RDSM foram semeadas em meio

completo para cariótipo no mesmo dia de coleta, no flutuante base do Projeto Boto. Já, as

amostras de Rio Branco (AC) e Aruanã (GO) foram acondicionadas e transportadas em isopor

com gelo e processadas até trinta horas após a coleta no Laboratório de Genética Animal do

INPA em Manaus (AM).

Para obtenção das preparações cromossômicas foi realizada a cultura de linfócitos de

sangue periférico (Moorhead et al. 1960). Foi adicionado ao frasco de meio de cultura

completo para cariótipo (RPMI) 0,5 mL de sangue total, misturando-se delicadamente. Em

seguida a cultura foi colocada no banho-maria a 37 ºC por 72 horas. Ao completar 71 horas,

foi acrescentado à cultura 0,3 mL de colchicina a 0,0125%. O frasco foi agitado levemente e

recolocado no banho-maria. Finalizado o período de 60 minutos, o frasco foi retirado do

banho-maria e a suspensão foi homogeneizada e transferida para um tubo falcon, o qual foi

15

centrifugado a 800 rpm por oito minutos. Posteriormente, o sobrenadante foi descartado e foi

acrescentado 7 mL de solução hipotônica de KCl, 0,075 M, que foi colocado na estufa a 37 ºC

por 25 min. Após este período foi centrifugado a 800 rpm por 8 minutos e o sobrenadante foi

descartado. Realizou-se uma fixação e três lavagens com fixador Carnoy (metanol: ácido

acético - 3:1). A suspensão celular foi armazenada em tubo de 1,5 mL e acondicionada em

frezzer (-10 ºC).

Citogenética Clássica

2.2.3 Detecção das regiões de heterocromatina constitutiva: Banda C (CBG)

Para a caracterização do padrão de heterocromatina constitutiva utilizou-se a técnica de

banda C descrita por Sumner (1972). As lâminas contendo a preparação cromossômica foram

tratadas durante 2 minutos com HCl 0,2N a 45 ºC, lavadas em água destilada à temperatura

ambiente e secas ao ar. Em seguida foram incubadas em solução de hidróxido de bário a 5%,

filtrada e recém preparada a 45 ºC, por 1 minuto e 40 segundos. A ação do hidróxido de bário

foi interrompida imergindo-se rapidamente a lâmina em solução de HCl 0,2N à temperatura

ambiente, sendo posteriormente lavada em água destilada. Após secas, as lâminas foram

incubadas em solução 2xSSC (cloreto de sódio 0,3M e citrato trisódico 0,03M, pH 6,8), em

estufa a 60 ºC, por um período de 15 minutos, lavadas em água destilada e secas ao ar.

Posteriormente, as lâminas foram coradas com Giemsa 5% em tampão fosfato 0,06M e pH

6,8 por 4 minutos, lavadas em água corrente e secas ao ar.

2.2.4 Bandeamento G (GTG)

Para obtenção do padrão de bandas G foi utilizada a técnica de Seabright (1971), com

modificações. As lâminas contendo a suspensão celular foram envelhecidas por 4 dias em

estufa a 37 ºC e tratadas por 1 hora em solução de 2XSSC a 60 °C (cloreto de sódio 0,3M e

citrato trissódico 0,06M e pH 6,8), lavadas em água destilada e deixadas secar ao ar. Em

seguida, estas foram imersas em uma solução de tripsina a 37 °C (0,024g de tripsina em 40

mL de tampão fosfato pH 6,8) por 17segundos. A ação da solução de tripsina foi interrompida

em uma solução gelada de tampão fosfato. As lâminas foram lavadas em água destilada, secas

ao ar e coradas com solução de Giemsa, diluída a 5% em tampão fosfato pH 6,8 por 4 minutos

e depois lavadas em água destilada e secas ao ar.

16

Após a realização do bandeamento G, as lâminas com as melhores metáfases foram

fotografadas e posteriormente colocadas em uma cubeta contendo álcool 100% por 20

minutos para retirada do óleo de imersão e do corante. Em seguida foram lavadas em água

destilada e secas ao ar. Após este procedimento, utilizou-se o protocolo de detecção da

heterocromatina constitutiva para realização do bandeamento C sequencial, conforme descrito

anteriormente.

2.2.5 Detecção das regiões organizadoras do nucléolo (Ag-RON)

Para a caracterização da região organizadora de nucléolo utilizou-se a técnica descrita

por Howell e Black (1980), que consistiu em pingar sobre a lâmina contendo a preparação

cromossômica, 1 gota de uma solução coloidal obtida com 0,25 g de gelatina comercial sem

sabor dissolvida em 12,5 mL de água destilada e acrescida de 0,125 mL de ácido fórmico. Em

seguida, foram adicionadas sobre a solução coloidal 2 gotas de solução aquosa de AgNO3

(nitrato de prata) a 50%. A lâmina foi coberta com lamínula, colocada em câmara úmida e

levada à estufa a 60 ºC por 3 minutos e 40 segundos. Após a lâmina adquirir uma coloração

marrom, esta foi lavada em água destilada e seca ao ar.

Citogenética Molecular

2.2.6 Extração de DNA

O DNA total do boto-vermelho foi extraído de fragmentos de tecido epitelial da

nadadeira dorsal, utilizando o kit comercial QIAmp DNA (QIAGEN) conforme especificações

do fabricante.

Além disso, também foi extraído o DNA total do marsupial Caluromys philander a

partir de fragmentos de tecido muscular, com o intuito de se obter sondas para realização de

hibridização in situ fluorescente (FISH) heteróloga, utilizada no mapeamento físico

cromossômico dos genes ribossomais. A extração foi realizada conforme o protocolo descrito

por Sambrook e Russell (2001) com algumas modificações. Para tanto, adicionou-se a um

tubo de 1,5 mL 0,02 g do tecido muscular e 500μL de tampão de lise (8 mL de Tris-HCl 1M

pH 8,0, 1 mL NaCl 0,3 M, 2 mL EDTA 0,5M e 20 mL de SDS 10% e água para completar

100 mL) de Estoup et al. (1993) e com acréscimo de uréia 4M segundo Asahida et al. (1996).

Em seguida foi acrescentado 15 μL de proteinase K (10 mg/mL) e as amostras foram

17

incubadas a 60 ºC por aproximadamente 1 hora com agitação. Posteriormente as amostras

foram incubadas 37 ºC acrescentando-se 15 μL de RNAse (10 mg/mL).

Após a digestão total do tecido foram feitas lavagens sucessivas com fenol-clorofórmio

(1:1) e clorofórmio. O DNA foi separado das proteínas por precipitação salina com

centrifugação a 14000 rpm e o sobrenadante foi precipitado com 600 μL de isopropanol 100%

gelado também com o auxílio de centrifugação. Ao final, o DNA precipitado foi lavado com 1

mL de etanol 70% com centrifugação a 14000 rpm e hidratado com aproximadamente 100 μL

de água milli-Q, dependendo do tamanho do pellet formado.

Para possibilitar a análise da quantidade e integridade do material, o DNA extraído foi

quantificado por comparação com marcador Lambda DNA (Invitrogen), em eletroforese

padrão com tampão Tris-Borato (EDTA 1X e corrida a 70 V por 40 minutos) em gel de

agarose 0,8% e corado com 3 μL GelRed Acid Gel Stain (Biotium 1:500) e utilizando 3 μL de

DNA. A visualização dos géis e análise do DNA foi feita no fotodocumentador Easy Doc 100

(BioAgency) com transluminador de luz ultravioleta (260 nM).

2.2.7 Obtenção das sondas via PCR (Polymerase Chain Reaction)

As sondas do DNAr 5S e 18S, e do elemento transponível LINE L1 foram obtidas a

partir da amplificação por Reação em Cadeia da Polimerase (PCR - Saiki et al. 1988) em um

volume total de 15 μL [1 μL de DNA genômico( ~100 ng); 1,5 μL Tampão 10X; 0,15 de Taq

DNA Polimerase (5 U/uL) ; 3,0 μL de dNTP (1 mM); 0,6 μL de cada primer (5 pmol) e 8,15

μL água mili-Q)]. Para as reações de amplificação das sequências teloméricas, a mesma

concentração dos reagentes foi mantida, porém sem a presença de DNA molde, devido à

característica de auto anelamento de dupla fita dos primers. As reações foram processadas em

termociclador (Applied Biosystems, Vereti) e os primers utilizados para a amplificação destas

sequências alvos, bem como os perfis dos ciclos de amplificação foram os seguintes:

DNAr 5SPrimer: A 5’-TACGCCCGATCTCGTCCGATC-3’ e B (5’-

CAGGCTGGTATGGCCGTAAGC-3’ (Komiya e Takemura 1979). Ciclos de amplificação: 1

minuto a 94 ºC (desnaturação), 30 ciclos de 1 minuto a 94 ºC, 1 minuto de 57 ºC (anelamento

dos primers) e 1 minuto de 72 ºC (extensão); 5 minutos a 72 ºC (extensão final).

18

DNAr 18SPrimer: IpF 5’-CCGCTTTGGTGACTCTTGAT-3’ e IpR 5’-

CCGAGGACCTCACTAAACCA 3’ (Gross et al. 2010). Ciclo de amplificação: 1 minuto a

95 ºC (desnaturação); 35 ciclos de 1 minuto a 94 ºC, 1 minuto a 56 ºC (anelamento dos

primers) e 1 minuto e 30 segundos a 72 ºC (extensão); 3 minutos a 72 ºC (extensão final).

Sequência Telomérica

Primer: F (5’ TTAGGG-3’)5 e R (5’ CCCTAA-3’)5 (Ijdo et al. 1991). Ciclos de amplificação:

10 ciclos de 1 minuto a 94 ºC (desnaturação), 30 segundos a 55 ºC (anelamento dos primers),

1 minuto a 72 ºC (extensão); 30 ciclos de 1 minuto a 94 ºC (desnaturação), 30 segundos a 60

ºC (anelamento dos primers), 1 minuto e 30 segundos a 72 ºC (extensão); de 5 minutos 72 ºC

(extensão final).

LINE L1Primer: L1-F 5’ CCATGCTCATSGATTGG- 3’ e L1-R 5’ ATTCTRTTCCATTGGTCTA-3’,

(Waters et al. 2004; Rebuzzini et al. 2009). Ciclos de amplificação: 2 minutos a 94 ºC

(desnaturação), 30 ciclos de 1 minuto a 94 ºC (desnaturação); 1 minuto a 51 ºC (anelamento

dos primers), 1 minuto e 30 segundos a 72 ºC (extensão); 5 minutos a 72 ºC (extensão final).

Depois de amplificados, os produtos da PCR foram verificados e quantificados por

comparação com o marcador Low Mass DNA Ladder (Invitrogen) em eletroforese em gel de

agarose 1,0%, corado com GelRed Acid Gel Stain (Biotium 1:500). A visualização e

documentação dos géis de agarose foram realizadas no fotodocumentador Easy Doc 100

(BioAgency). Os produtos de PCR foram utilizados como sondas para mapeamento desta

sequências nos cromossomos do boto-vermelho.

2.2.8 Marcação das sondas

As sondas foram marcadas pelo método Nick translation utilizando o Kit BioNickTM

Labeling System (Invitrogen). Para a preparação do mix adicionou-se, em um tubo de 1,5 mL

no gelo, os seguintes componentes: 1µL de DNA (200 µg/µL); 1µL de dNTP mix; 1µL de

enzima; e 6 µL de água. Este tubo foi centrifugado brevemente e incubado por 45 minutos a

16 ºC. A reação foi interrompida com a adição de 1µL de Stop Buffer. Para verificar se o

DNA foi clivado realizou-se uma eletroforese em gel de agarose 1,0% e o gel foi visualizado

no fotodocumentador Easy Doc 100 (BioAgency).

19

2.2.9 Hibridização in situ fluorescente (FISH)

A hibridização in situ fluorescente homóloga e heteróloga foram realizadas em

condições de alta estringência (77 %) conforme a técnica descrita por Pinkel et al. (1986),

com alguns ajustes.

Tratamento das lâminas

As lâminas foram lavadas por 5 minutos em tampão PBS 1X [7,58 g de cloreto de sódio

1,36 M; 0,993g de fosfato de sódio dibásico (Na2HPO4); 0,414g de fosfato de sódio

monobásico (NaH2PO4); completando para um volume de 1000 mL com água destilada] com

agitação e desidratadas em série alcoólica gelada 70%, 85% e 100% durante 5 minutos cada.

Em seguida cada lâmina foi tratada com 90μl da solução de RNAse (5 μL de RNase 10

mg/mL e 975 μL de 2XSSC – cloreto de sódio 0,3M e citrato trisódico 0,03M; pH 6,8) por 1

hora em câmara úmida a 37 ºC, depois lavadas três vezes em 2xSSC e uma vez em PBS 1X

por 5 minutos cada, fixadas por 10 minutos em solução de formaldeído (10 mL de PBS 10x, 5

mL de MgCl2 e 1 mL de formaldeído, completar com água destilada para o volume final de

100 mL). Posteriormente cada lâmina foi lavada novamente em PBS 1X por 5 minutos com

agitação e desidratadas em série alcoólica gelada (70%, 85% e 100%) por 5 minutos. Após

este processo as lâminas foram secas ao ar.

Desnaturação

O DNA cromossômico foi desnaturado em solução de formamida 70% (70 mL de

formamida e 30 mL de 2xSSC) a 72 ºC por 5 minutos, em seguida as lâminas foram

desidratadas em série alcoólica gelada e secas ao ar. Simultaneamente à desidratação em série

alcoólica, a solução de hibridização (6 μL de sonda, 15 μL de formamida, 6 μL de sulfato de

dextrano 50% e 3 μL de 20xSSC) foi desnaturada a 99 ºC por 10 minutos e logo em seguida

colocada no gelo.

Hibridização

Sobre cada lamínula foi colocado 30 μL da solução de hibridização e a lâmina foi

invertida sobre a lamínula. As lâminas, com o material voltado para baixo, foram mantidas

em câmara úmida (2xSSC) a 37 ºC por cerca de 16 horas.

20

LavagensApós a remoção das lamínulas, as lâminas foram colocadas em 2xSSC pH 7,0 a 72 ºC

por 5 minutos, em banho-maria sem agitação e em seguida foram transferidas para o tampão

de bloqueio 1xPBD (20 mL de 20xSSC, 1 mL de TritonX 100 e 1 g de leite em pó desnatado

diluído em água destilada completando para o volume final de 100 mL) à temperatura

ambiente.

DetecçãoSobre cada lamínula foi adicionado 30 μL de avidina-FITC 0,07% em tampão C (0,1 M

de bicarbonato de sódio, pH 8,5 e 0,15 M de NaCl). As lâminas foram invertidas sobre as

lamínulas e colocadas por 30 minutos, em câmara úmida a 37 ºC, e depois lavadas em tampão

a 45 oC, por 5 minutos, por 3 vezes com agitação. Após a lavagem, foi colocado sobre cada

lamínula 20 μL de anti-avidina biotina-conjugada 2,5% (1 μL de anti-avidina estoque em 19

μL de tampão de bloqueio). As lâminas foram invertidas sobre as lamínulas, deixadas em

câmara úmida com 2xSSC a 37 ºC por 10 minutos e lavadas em tampão de bloqueio por 3

vezes (5 minutos cada) com agitação. Novamente foi adicionado sobre cada lamínula a

solução de detecção (30 μL de avidina-FITC 0,07% em tampão C) e a lâmina foi invertida

sobre a lamínula. As lâminas, com o material voltado para baixo, foram mantidas em câmara

úmida 37 ºC por 10 minutos. Em seguida as lamínulas foram retiradas e as lâminas lavadas

em tampão de bloqueio por 3x (5 minutos cada) com agitação.

Montagem das lâminas

A cada lâmina foi adicionado 20 μL de antifading (VectaShield Vector) com 0,7 μL de

solução de iodeto de propídio, na proporção de 50 μL/mL.

2.2.10 Análise cromossômica

As lâminas, contendo as preparações cromossômicas, submetidas às técnicas de

citogenética clássica foram analisadas em microscópio óptico com objetiva de imersão. Já, as

lâminas utilizadas para a FISH foram analisadas em microscópio de fluorescência Olympus

BX51. As imagens foram capturadas através do software Image-PRO MC 6.3.

As melhores metáfases foram editadas no programa Adobe Photoshop CS4. A média do

comprimento total dos cromossomos e da razão entre os braços cromossômicos (q/p) foram

calculadas, com auxílio do programa livre Image J analisando-se três células em metáfase de

dez indivíduos. O cariótipo foi montado pareando os cromossomos com base na razão entre

21

os braços cromossômicos e na posição do centrômero (Levan et al. 1964). Os cromossomos

foram separados em quatro categorias: metacêntrico, submetacêntrico, subtelocêntrico e

telocêntrico, seguindo a metodologia utilizada na maioria das publicações com cetáceos

(Árnason 1974). Para o par portador da região organizadora do nucléolo, a constrição

secundária e os satélites não foram incluídos na medida da relação de braços cromossômicos

(p/q) (Gray et al. 2002).

O idiograma da banda G foi construído com o auxílio do programa Adobe Photoshop

CS4, levando em consideração a intensidade e o tamanho de cada banda.

2.2.11 Caracterização da sondas de DNAr 5S

As sequências de DNAr 5S, utilizadas como sondas para a hibridização homóloga,

foram caracterizadas quanto à sua identidade nucleotídica para confirmar se as sequências

mapeadas correspondiam ao gene de DNAr 5S.

2.2.11.1 Construção de vetores plasmidiais recombinantes contendo fragmentos de DNAr 5S

obtidos por PCR

A construção de vetores plasmidiais recombinantes contendo fragmentos de DNAr 5S

(produtos de PCR) foi realizada para a caracterização destes segmentos de DNA, utilizando o

kit de ligação pGEM-T Easy Vector System I (Promega). Para a ligação dos fragmentos de

interesse ao plasmídeo pGEM-T para cada amostra adicionou-se em um tubo de 1,5 mL: 5 μL

de Tampão, 1 μL de plasmídeo, 3 μL de produto de amplificação e 1 μL de T4 DNA ligase,

sendo esta solução incubada a 4 ºC por 12 horas.

2.2.11.2 Transformação

As células de Escherichia coli DH5α (Promega) foram utilizadas para a transformação e

obtenção dos fragmentos de DNA recombinante. As células competentes foram retiradas do

freezer -70 ºC e colocadas em recipiente com gelo mantido no fluxo laminar para descongelar.

Em um tubo de 1,5 ml com 25 μL de bactérias competentes foram adicionados 5 μL de

plasmídios recombinantes, seguido de leve agitação. A mistura foi deixada no gelo por 30

minutos. Transcorrido este tempo, a amostra de transformação foi colocada em banho-maria a

42 ºC por um minuto, em seguida voltou ao gelo por dois minutos o que possibilitou o choque

térmico e permitiu que os poros da membrana se abrissem mais e internalizassem o DNA

plasmidial.

22

Posteriormente foram adicionados e misturados com muito cuidado 950 μL de meio

líquido LB (peptona 1%; cloreto de sódio 0,17M; extrato de levedura 0,5%, pH 7,5), sendo a

mistura incubada em um agitador (shaker) 225 rpm a 37 ºC por uma hora para que as

bactérias começassem a recuperar a parede celular. Faltando 15 minutos para acabar a

incubação, as placas com meio LB sólido (peptona 1%; cloreto de sódio 0,17M; extrato de

levedura 0,5%, ágar 1,5%, pH 7,5) contendo 50 μL de amplicilina foram retiradas da

geladeira e foram adicionados 35 μL de X-Gal e 35 μL de IPTG , deixando-as semi-abertas.

Ao término da incubação os tubos foram centrifugados por 10 minutos a 10.000 rpm e o

sobrenadante foi descartado por inversão. O meio de cultura líquido (200 μL) restante no tubo

foi utilizado para cuidadosamente ressuspender as bactérias recombinantes que em seguida

foram adicionadas à placa e espalhadas com alça de vidro esterilizada.

Após secas, as placas foram incubadas de maneira invertida em estufa a 37 ºC, cerca de

12 horas para o crescimento das colônias. Cada colônia recombinante (coloração branca) foi

retirada com uma ponteira e colocada em uma solução de PCR padrão (14 μL de água, 5 μL

de dNTP (1 mM), 1 μL de cada primer (5 pmol), 2,5 μL de tampão (10X), 0,19 μL de Taq (5

U/uL), utilizando os primers universais T7F 5’-TAATACGACTCACTATAGGGCGA; SP6R

5’-ATTTAGGTGACACTATAGAATAC -3’, com os seguintes ciclos de amplificação: 3

segundos a 95 ºC (desnaturação), 35 ciclos de 3 segundos a 95 ºC (desnaturação), 1 minuto a

50 ºC (anelamento dos primers), e 2 minutos a 72 ºC (extensão); 5 minutos a. 72 ºC (extensão

final). Depois de amplificado, os produtos da PCR foram verificados e quantificados por

comparação com o marcador Low Mass DNA Ladder (Invitrogen) em eletroforese em gel de

agarose 1,0%, corado com GelRed Acid Gel Stain (Biotium 1:500). A visualização e

documentação dos géis de agarose foram realizadas no fotodocumentador Easy Doc 100

(BioAgency).

Em seguida os produtos de PCR clonados foram purificados utilizando o kit GFX (GE

Healthcare) seguindo protocolo do fabricante, verificados e quantificados por comparação

com o marcador Low Mass DNA Ladder em eletroforese em gel de agarose 1,0%.

2.2.11.3 Sequenciamento das sondas de DNA

Para verificar se o fragmento amplificado por PCR correspondia às regiões de interesse,

o sequenciamento do DNAr 5S foi realizado pelo método de Sanger et al. (1977), com

terminadores marcados com fluorescência. Para a realização das reações de sequenciamento

foi utilizado o kit DYEnamic ET Terminator Cycle Sequencing (GE Healthcare), no qual cada

23

dideoxinucleotídeo (terminador) é marcado com fluoresceína (responsável pela ativação do

segundo elemento) e um dos quatro tipos de rodamina, cuja fluorescência é captada pelo

sequenciador automático de DNA. As reações de sequenciamento foram realizadas em placas

de 96 poços, utilizando-se entre 150 e 300 ng do produto de PCR purificado; 5 pmol de cada

primer em reações separadas; 4 μL do premix (kit) e água mili-Q para completar o volume de

10 μL. As reações de sequenciamento foram feitas no termociclador Applied Biosystems,

Vereti , com o perfil padrão de 30 ciclos (desnaturação a 95 ºC por 20 segundos, anelamento a

50 ºC por 15 segundos e extensão a 72 ºC por 1 minuto e 30 segundos). Os primers utilizados

no sequenciamento foram os mesmos utilizados para o PCR. Depois da reação de

sequenciamento, os fragmentos foram submetidos a um tratamento de precipitação para a

eliminação dos produtos não incorporados durante a reação. Neste processo adicionou-se à

placa 1 μL de acetato de amônia 7,5M (GE Healthcare) e 25 μL de etanol 100% (gelado).

Após 15 minutos em temperatura ambiente, a placa foi centrifugada por 45 minutos a 4000

rpm a 25 ºC. Em seguida foi adicionado à placa 100 μL de etanol 70% recém-preparado e esta

foi centrifugada por 15 minutos a 4000 rpm e colocada para secar protegida da luz por 15

minutos. Posteriormente foi acrescentado 10 μL de formamida (GE Healthcare).

Após a precipitação foi realizada a leitura automática dos fragmentos no sequenciador

automático de DNA MegaBACE 1000 (GE Healthcare), nas condições de injeção e corrida

recomendadas pelo fabricante. As amostras sequenciadas foram salvas (formato abd) e

transferidas do sequenciador para o computador. As sequências geradas foram comparadas

com sequências depositadas no banco de dados público na Internet, GenBank

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov), utilizando o programa BLASTN. Este procedimento foi

realizado para determinar se o fragmento sequenciado realmente correspondia ao gene de

interesse. Depois de conferidas, todas as sequências foram alinhadas utilizando-se o programa

de alinhamento múltiplo Clustal W (Thompson et al. 1994), incluso no BioEdit v. 5.0.6 (Hall

1999). Após o alinhamento automático, as sequências foram conferidas e editadas

manualmente no mesmo programa.

24

3. Resultados

Para os vinte e quatro espécimes (11♀ e 13♂) de Inia geoffrensis analisados, o número

diploide encontrado foi igual a 44 cromossomos com NF=72 e fórmula cariotípica

12m+14sm+6st+10t+XX/XY (Tabela 3).

O cariótipo possui 16 pares bi-braquiais e cinco pares telocêntricos. O primeiro par

subtelocêntrico é o maior autossomo do complemento, o cromossomo sexual X é o maior

metacêntrico e o Y é puntiforme (Figura 6a, 6b).

25

Grupos Número do par

Cromossômico

Média do Comprimento Total

Média da Razão de braços p/q

Metacêntrico 1 3,87 1,252 3,54 1,313 3,63 1,244 3,56 1,255 3,41 1,236 3,01 1,17

Submetacêntrico 7 7,00 2,078 6,28 2,309 5,21 2,0310 4,69 2,1711 4,32 1,9612 3,96 2,1313 3,74 2,09

Subtelocêntrico 14 7,45 3,4915 6,96 3,9016 5,50 3,42

Telocêntrico 17 4,70 11,2318 3,77 12,9519 3,37 11,3020 3,10 10,5221 1,60 9,75

Cromossomo X 4,35 1,36Sexual Y - -

Tabela 3 Média do comprimento total e da razão de braços dos cromossomos de Inia

geoffrensis, baseada na medida de dez metáfases. (-) medida não aplicada ao cromossomo Y,

considerado puntiforme.

Quanto ao padrão de banda C, marcações tênues na região terminal dos braços curtos

foram visualizadas nos pares metacêntricos (exceto no par 2m e 3m). Nos cromossomos

submetacêntricos (pares 7 a 12) e em todos subtelocêntricos foram observadas marcações

terminais conspícuas nos braços curtos. No par 13 esta marcação não foi evidenciada em

todas as metáfases. Já, nos telocêntricos a heterocromatina constitutiva foi visualizada na

região pericentromérica. Os pares 7sm, 8sm e 14st possuem uma marcação proximal no braço

longo (Figura 6c, 6d) Indivíduos de diferentes localidades apresentaram o mesmo padrão de

banda C, com exceção de quatro indivíduos da RDSM, que apresentaram uma variação

interindividual, com uma marcação intersticial em um dos homólogos do par 9sm (Figura 6e).

A região organizadora do nucléolo localizou-se nos braços curtos do menor par

telocêntrico (21t), com a presença de heteromorfismo em relação ao tamanho do sítio (Figura

7b, 7c). A hibridização in situ fluorescente heteróloga corroborou o padrão obtido pela

impregnação com nitrato de prata, confirmando a existência de um único locus deste gene

para I. geoffrensis tanto em machos como em fêmeas (Figura 7a). A RON foi observada em

associação em várias metáfases (Figura 7d, 7g). Além disso, a constrição secundária do par

nucleolar nem sempre foi visualizada em coloração convencional (Figura 7e), só sendo

possível observá-la em metáfases com cromossomos mais distendidos (Figura 7f). O par

nucleolar não mostrou nenhuma marcação para a banda C.

A amplificação do DNAr 5S do boto-vermelho resultou em um fragmento com

aproximadamente 1100 pb, que quando hibridizado revelou resultado similar à hibridização

heteróloga (sondas de Caluromys philander), ambas realizadas em condições de alta

estringência (77%). O DNAr 5S foi detectado em um único par, localizando-se na região

centromérica do quinto par metacêntrico (5m) e na maioria das metáfases analisadas um dos

homólogos foi mais intensamente marcado (Figura 7h). O fragmento de DNAr 5S

amplificado do boto-vermelho foi clonado e sequenciado e a sequência resultante corresponde

ao NTS (espaçador não transcrito) com 620 pb e uma sequência gênica do DNAr 5S com 120

pb. Os clones sequenciados apresentaram 93% de homologia com outras sequências do gene

5S de mamíferos depositadas no GenBank como: Cavia porcellus, Mus musculus e Bos

taurus (Tabela 4).

26

27

Figura 6. a) Cariótipo de um macho Inia geoffrensis após coloração com Giemsa; b)

cromossomos sexuais de uma fêmea; c) cariótipo de uma fêmea após o bandeamento C d)

cromossomos sexuais de um macho; e) par 9sm evidenciando além da marcação terminal, um

bloco de heterocromatina intersticial em um dos homólogos. Barra igual a 10 µm

.

28

Figura 7. a) Localização física cromossômica do DNAr 18S em Inia geoffrensis no par

21t; b) par nucleolar após a impregnação com nitrato de prata; c) heteromorfismo do

sitio da RON; d,g) par nucleolar associado; e) par nucleolar após coloração

convencional mostrando ausência da constrição secundária; f) par nucleolar

evidenciando a constrição secundária; h) Em destaque a localização física

cromossômica do DNAr 5S no par 5m. Barra igual 10µm.

Tabela 4. Alinhamento das sequências de DNAr 5S de mamíferos que apresentaram alta similaridade com a sequência de Inia geoffrensis.

Fonte: GenBank (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/)

29

Espécie Sequência

+1 +65

Registro GenBank

Inia geoffrensis GCT TACGGGCATAACACCCTGAATACGCCCGATCTCGTCCGATCTCGGAAGCTAAGCAGGGTCGG -

Cavia porcellus TACGGCCATACCACCCTGAACGCGCCCGATCTCGTCTGATCTCGGAAGCTAAGCAGGGTCGG (033366.1)

Mus musculus TACGGCCATACCACCCTGAACGCGCCCGATCTCGTCTGATCTCGGAAGCTAAGCAGGGTCGG (030686.1)Bos taurus TACGGCCATACCACCCTGAACGCGCCCGATCTCGTCTGATCTCGGAAGCTAAGCAGGGTCGG (X57170.1)

Espécie Sequência

+66 +120

Referência

Inia geoffrensis GCCTGGTTAGTACTTGGATGGGAGACCGCCTGGGAATACCAGGTGCTGTAAGCTT Presente trabalhoCavia porcellus GCCTGGTTAGTACTTGGATGGGAGACCGCCTGGGAATACCGGGTGCTGTAGGCTT Frederiksen e Andersen 2003Mus musculus GCCTGGTTAGTACTTGGATGGGAGACCGCCTGGGAATACCGGGTGCTGTAGGCTT Leah et al. 1990.Bos taurus GCCTGGTTAGTACTTGGATGGGAGACCGCCTGGGAATACCGGGTGCTGTAGGCTT Szymanski et al. 1992

O bandeamento G e a construção do idiograma permitiram o correto pareamento dos

cromossomos homólogos e a identificação do cromossomo sexual X, que possui quatro

bandas conspícuas. O cromossomo Y apresentou uma pequena banda, fracamente corada, em

uma extremidade. Na região centromérica dos pares metacêntricos 2, 3 e 6 foram observadas

marcações positivas para banda G, como também na região pericentromérica do par nucleolar,

entretanto no sítio da RON a banda G mostrou-se negativa. O bandeamento sequencial

(Banda G e Banda C) mostrou um padrão de distribuição da heterocromatina constitutiva

semelhante ao observado em metáfases em que foi realizado somente o bandeamento C,

considerando somente as marcações mais escuras. O cromossomo X apresentou uma

marcação relacionada à banda C intersticial no braço curto, não observada em metáfases

tratadas somente com o bandeamento C. Foi observado também que a heterocromatina na

maioria dos pares cromossômicos está localizada nas regiões de banda G negativas com

exceção dos pares 5m e 16sm (Figura 8a). Além disso, baseado na comparação do padrão de

banda G observou-se quatro pares homeólogos entre o cariótipo do boto-vermelho e do

Tursiops truncatus (Figura 9), e a ocorrência de uma inversão paracentromérica no braço

curto do cromossomo X do boto-vermelho (Figura 10).

A amplificação com os primers para L1 resultou em um fragmento de

aproximadamente 500 pb. A distribuição do LINE1 (L1) ao longo dos cromossomos é

dispersa, mas não é aleatória. Nos cromossomos metacêntricos está na região do centrômero e

também na região proximal do braço longo. Na região centromérica do par 5m o LINE está

colocalizado com o DNAr 5S. Nos maiores cromossomos submetacêntricos subtelocêntricos e

também nos telocêntricos, regiões com sinal de hibridização mais evidente foram observadas

em toda extensão do braço longo intimamente relacionada às regiões de banda G positiva. O

cromossomo X mostrou o maior acúmulo desta sequência, tanto nas regiões proximais dos

braços curtos e longos quanto na região centromérica. No cromossomo Y e no par nucleolar

as marcações foram tênues ou quase ausentes (Figura 8b).

A hibridização em situ fluorescente com a sonda telomérica mostrou a distribuição

esperada das sequências teloméricas, localizadas nas extremidades de todos os cromossomos.

A intensidade do sinal variou em relação aos homólogos e nenhum sitio intersticial foi

detectado (Figura 11).

30

31

Figura 8. a) Padrão de bandeamento G de Inia geoffrensis seguido pelo

ideograma da banda G e bandeamento sequencial G/C. b) Cariótipo de um

macho evidenciando o padrão de distribuição do LINE 1(L1). c) Em destaque o

cromossomo X, em banda G, banda C sequencial e a distribuição do LINE (L1).

Note que no braço curto existe maior acúmulo desta sequência na região de

heterocromatina, na região centromérica e no braço longo na região de banda G

positiva. Barra igual 10µm.

32

Figura 9. Cromossomos homeólogos entre o cariótipo de Inia geoffrensis e Tursiops

truncatus. Os números cromossômicos são apresentados abaixo de cada cromossomo. *

Cromossomos de I. geoffrensis . ** Cromossomos de T. truncatus (CRES 2006). Barra igual

10µm.

Figura 10. Comparação do padrão de banda G do cromossomo X entre cinco espécies de

cetáceos. Eg Eubalaena glacialis baleia-franca-do-norte (Pause et al. 2006) ; Bb Balaenoptera

borealis baleia-sei (Nash 2006); Ig Inia geoffrensis boto-vermelho (presente trabalho); Pp

Phocoena phocoena boto-do-porto (Árnason 1980); Tt Tursiops truncatus golfinho-nariz-

garrafa-comum (CRES 2006). Note no braço curto do cromossomo X do boto-vermelho a

ocorrência de uma inversão paracêntrica. Barra igual 10µm.

33

Figura 11. Cariótipo de um macho do Inia geoffrensis evidenciando a distribuição da

sequência telomérica. Barra igual 10µm.

4. Discussão

4.1- O boto-vermelho dentro da carioevolução dos cetáceos

Quase todas as espécies de golfinho de rio já foram estudadas citogeneticamente, com

exceção do tucuxi Sotalia fluviatilis e do golfinho-do-rio-Ganges Platanista gangetica. Os

golfinhos fluviais como o boto-vermelho Inia geoffrensis, baiji Lipotes vexillifer e toninha

Pontoporia blainvillei compartilham o número diploide de 44 cromossomos, que também é o

padrão predominante para outros cetáceos. Além disso, entre os odontocetos estes golfinhos

são as espécies basais com 2n=44 (Tabelas 1 e 2).

Algumas hipóteses têm sido levantadas sobre o cariótipo ancestral dos cetáceos, entre

estas Jarrel (1979) e Duffield et al. (1991) sugerem que os cariótipos da baleia-da-

Groenlândia Balaena mysticetus e do cachalote-pigmeu Kogia breviceps foram originados a

partir de um cariótipo ancestral com 44 cromossomos, com a fusão de um par telocêntrico

reduzindo o número diploide para 42 cromossomos (Rice 1998). Entretanto, ao se sobrepor os

números diploides descritos para cetáceos na proposta filogenética mais recente (McGowen et

al. 2009) é possível observar que 2n=42 está restrito às espécies das famílias basais, por

exemplo nos misticetos a família Balaenidae (Pause et al. 2006; Jarrel 1979) e entre os

odontocetos, as famílias Physeteridae (Árnason 1981b), Kogiidae (Árnason e Benirschke

1973) e Ziphidae (Hsu e Benirschke 1977; Árnason et al. 1977; Benirschke e Kumamoto

1978).

A hipótese mais parcimoniosa descrita por Heinzelmann et al. (2008), sugere que o

cariótipo ancestral para os cetáceos possuía 42 cromossomos, e que em dois momentos

rearranjos cromossômicos ocorreram independentemente na evolução das duas subordens e

levaram ao aumento do número diploide para 44 cromossomos. Este número diploide é

compartilhado pela linhagem das famílias derivadas nos misticetos: Neobalaenidae e

Balaenopteridae + Eschrichtiidae e nos odontocetos: Lipotidae, Pontoporidae, Iniidae,

Monodontidae, Phocoenidae e Delphinidae (Tabelas 1 e 2).

A comparação das fórmulas cariotípicas mostra a presença de mais pares bibraquiais

(m-sm) em cetáceos com 2n=42, como observado no cachalote Physeter macrocephalus com

19 pares m-sm e nenhum par telocêntrico, em relação ao cariótipo do boto-vermelho com

2n=44, que possui 13 pares m-sm e cinco pares telocêntricos. O que corrobora a hipótese de

que a partir de um cariótipo ancestral com 42 cromossomos, rearranjos cromossômicos do

34

tipo fissão levaram ao aumento do número diploide com mais cromossomos com um braço,

nas espécies com 2n=44 (Heinzelmann et al. 2008).

Kulu et al. (1971) descreveram para o boto-vermelho um cariótipo com 44

cromossomos com 12m+10sm+10st+10t+XY. No presente estudo o número diploide foi

corroborado, entretanto a fórmula cariotípica encontrada foi 12m+14sm+6st+10t+XY, pois

dois pares considerados subtelocêntricos pela autora apresentaram a razão de braços

condizentes a cromossomos submetacêntricos (Tabela 3). Além disso, o cromossomo X que é

enriquecido por sequências de L1 é o maior metacêntrico (Figura 8b) e não submetacêntrico

como proposto anteriormente. Tais divergências podem estar associadas às diferenças do

padrão de condensação em algumas metáfases, como também à realização de medições dos

braços cromossômicos, que fornece maior acurácia na determinação dos tipos

cromossômicos.

A baixa taxa de rearranjos cromossômicos observada em cetáceos é determinada por

características próprias do grupo: como tempo de geração longo com maturidade sexual tardia

e nascimento de somente um filhote por gestação, que somados à alta vagilidade tornam rara a

possibilidade de indivíduos com rearranjos cariotípicos idênticos se encontrarem para serem

fundadores de uma subpopulação com um novo cariótipo (Árnason 1972; Burt et al. 1999;

Fordyce 2009; Kulemzina et al. 2009).

Tais características também são observadas na população do boto-vermelho na

Amazônia Central. Estudos realizados por Martin e da Silva (2004b) demonstraram um sítio

de fidelidade, com aproximadamente 270 animais considerados visitantes e 130 residentes, no

sistema de lagos do Setor Mamirauá. Observaram também que há ocorrência de movimento

desses animais ao longo dos rios, e nenhuma sugestão de isolamento entre indivíduos

residentes de sistemas de lagos diferentes. Desta forma, existe um potencial considerável para

a ocorrência de fluxo gênico entre as áreas, o que pode contribuir para a manutenção da

estabilidade cariotípica nesta espécie.

A diferença observada quanto ao número fundamental e à fórmula cariotípica entre o

boto-vermelho e a toninha, espécies de golfinhos de rio mais intimamente relacionadas do

ponto de vista filogenético e morfológico (Cassens et al. 2000; Hamilton et al. 2001;

McGowen et al. 2009), pode ser resultado de diferentes critérios de medida e organização dos

cromossomos já que para a toninha a existência de cromossomos subtelocêntricos não foi

considerada. Em relação à distribuição da heterocromatina, as duas espécies se diferenciam

35

porque a toninha apresenta alguns pares submetacêntricos com braços longos totalmente

heterocromáticos (Heinzelmann et al. 2008).

Além disso, homeologia cromossômica estabelecida com base no padrão de banda G,

entre quatro pares cromossômicos do boto-vermelho e do golfinho-nariz-de-garrafa-comum

(Figura 9) mostra que pelo menos alguns pares cromossômicos se mantiveram conservados

entre a linhagem que originou uma das espécies de golfinhos fluviais mais antiga I.

geoffrensis e uma das espécies de golfinhos marinhos mais recente da família Delphinidae

Tursiops truncatus (Bielec et al. 1997; Cassens et al. 2000; McGowen et al. 2009). Ambas as

espécies compartilham 2n=44, mas diferenciam-se quanto à fórmula cariotípica, quanto ao par

organizador nucleolar e pela distribuição da heterocromatina na região centromérica (Árnason

1974; Bielec et al. 1997).

Ainda, ao se comparar o padrão de banda G do cromossomo X do boto-vermelho com

os da baleia-franca-do-norte Eubalaena glacialis (Pause et al. 2006), da baleia-sei

Balaenoptera borealis (Nash 2006), do boto-do-porto Phocoena phocoena (Árnason 1980),

do golfinho-nariz-garrafa-comum Tursiops truncatus (CRES 2006) é possível observar que o

o padrão de bandas do X é conservado entre estas espécies de cetáceos, entretanto fica

evidente que no braço curto do cromossomo X do boto-vermelho ocorreu uma inversão

paracêntrica (Figura 10).

4.2 Padrão de Distribuição das Sequências de DNA repetitivo

A heterocromatina é uma estrutura dinâmica que pode permanecer condensada durante

todo o ciclo celular, abrigando sequências de DNA repetitivo, como DNA satélite e elementos

transponíveis ou até mesmo genes, distribuindo-se na região centromérica, telomérica ou

intersticial dos cromossomos (Dilon 2004; Grewal e Jia 2007).

No boto-vermelho, blocos conspícuos de heterocromatina foram evidenciados na região

terminal dos braços curtos de quase todos os pares do complemento. Além disso, os maiores

pares apresentaram blocos heterocromáticos na região intersticial dos braços longos (Figura

6c), como observado no golfinho-pintado-pantropical Stenella attenuata e golfinho-de-

clymene Stenella clymene (Árnason 1980; 2006). No par sexual do boto-vermelho, a

heterocromatina só foi visualizada após o bandeamento sequencial G/C com uma marcação

intersticial no braço longo do cromossomo X e o cromossomo Y não apresentou marcações de

heterocromatina.

36

A heterocromatina centromérica tem um papel fundamental na segregação

cromossômica (Bernard e Allshire 2002), entretanto esta nem sempre é observada em

odontocetos. Por exemplo, a heterocromatina centromérica está ausente no cariótipo do boto-

vermelho (Figura 6c) e do golfinho-pintado-pantropical (Árnason 2006).

Nestas espécies, a região centromérica deve abrigar outras sequências de DNA não

reveladas pelo bandeamento C, por exemplo nos pares 2m, 3m, 5m e 6m do cariótipo do boto-

vermelho a presença do retrotransposon LINE L1 foi evidenciada (Figura 8b). Ainda em

odontocetos, outras espécies como o golfinho-de-bico-branco Lagenorhynchus albirostris

apresentam marcações de heterocromatina centroméricas tênues (Árnason 1980) e somente a

baleia-bicuda-de-Gervais Mesoplodon europaeus apresenta blocos conspícuos de banda C

centromérica (Árnason et al. 1977).

Nas espécies de misticetos das famílias Balaenopteridae e Balaenidae duas sequências

de DNA satélite foram localizadas na heterocromatina: DNA satélite altamente repetitivo rico

em GC, com metade do comprimento desta repetição formada pela sequência TTAGGG,

preferencialmente localizada na região terminal e o DNA satélite, moderadamente repetitivo

rico em AT, limitado aos centrômeros (Árnason et al. 1978; Widegren et al. 1985; Árnason e

Widegren 1989; Adegoke et al. 1993). A ausência destas sequências de DNA satélite em

odontocetos resulta em marcações de banda C menos conspícuas (Árnason 2006) e revela a

presença de diferentes tipos de DNA satélite no genoma dos cetáceos.

Os elementos transponíveis não estão distribuídos aleatoriamente no genoma dos

mamíferos. Por exemplo, as sequências de L1 são mais abundantes nos cromossomos sexuais

(Graham e Boissinot 2005; Acosta et al. 2008) como observado no cromossomo X do boto-

vermelho: com marcações conspícuas na região centromérica, na região de heterocromatina

do braço curto e na região positiva para banda G no braço longo (Figura 8b, 8c). Em alguns

mamíferos o retrotransposon L1 está distribuído somente nas regiões de eucromatina do

cromossomo X, como observado no cariótipo do elefante africano Loxodonta africana, do

peixe-boi marinho Trichechus manatus, do musaranho-elefante Elephantulus edwardii e do

tamanduá-mirim Tamandua tetradactyla (Waters et al. 2004). Já em espécies como o roedor

Microtus agrestis este elemento está acumulado nas regiões de heterocromatina (Acosta et al.

2008).

Em mamíferos, o gene Xist atua na nucleação heterocromática durante a inativação de

um dos cromossomos sexuais em fêmeas, para promover o silenciamento gênico e garantir

dosagem gênica do par sexual quando comparado com os machos. Contudo algumas regiões

37

gênicas são propensas a escapar desta inativação e o L1, induzido pelo Xist facilita a

inativação destes genes por meio da heterocromatinização facultativa ou associação com RNA

de interferência. (Lyon 2000; Graham e Boissinot 2005; Chow et al. 2010).

Nos autossomos do boto-vermelho o L1 está preferencialmente localizado em regiões

eucromáticas, especificamente em regiões de banda G positivas, caracterizadas como ricas em

AT, com replicação tardia, baixo nível de quebras cromossômicas e pobres de genes (Graham

e Boissinot 2005). Esse padrão também é observado nos cromossomos do rato doméstico Mus

musculus domesticus (Boyle et al. 1990, Rebuzzini et al. 2009), do musaranho-elefante

Elephatulus edwardii (Waters et al. 2004) e do morcego Carollia brevicauda (Parish et al.

2002).

Entre os indivíduos estudados neste trabalho, todos apresentaram as mesmas

características cromossômicas, com exceção de quatro espécimes da RSDM que apresentaram

polimorfismo em relação à heterocromatina constitutiva, com um bloco heterocromático

intersticial em heterozigose no par 9sm (Figura 6e). O tamanho e a distribuição dos blocos de

heterocromatina são características instáveis no genoma dos cetáceos onde heteromorfismos

intraespecíficos são bem acentuados, principalmente em relação à heterocromatina intersticial

(Árnason 1974; Árnason 1980; Árnason et al. 1980; 1985). Uma das consequências da

presença de blocos heteromórficos de banda C seria a redução da recombinação meiótica nas

proximidades dessa região, já que diferentes quantidades de DNA altamente repetitivo dos

blocos heteromórficos podem colocar a eucromatina adjacente fora do pareamento

cromossômico durante a meiose (Árnason et al. 1978).

Diversos mecanismos podem contribuir para o surgimento dos polimorfismos de banda

C: heterocromatização das regiões eucromáticas, adição de heterocromatina, emparelhamento

não-homólogo na meiose, resultando em permuta desigual e ação de elementos transponíveis

(Kasahara 2009). Interessantemente, a relação entre o L1 e as sequências de DNA satélite

presentes na heterocromatina já foi estabelecida em cetáceos. Acredita-se que um fragmento

rearranjado de L1 tenha originado o DNA satélite “comum” nos cetáceos que apresenta 63%

de similaridade com este retrotransposon. Este tipo de sequência repetitiva constitui 15% de

todo o genoma dos cetáceos e localiza-se no cariótipo de espécies de odontocetos e misticetos

na heterocromatina intersticial (Widegren et al. 1985; Kapitonov et al. 1998).

Possivelmente para o boto, o L1 tenha contribuído para o polimorfismo observado no

par 9sm já que esta sequência também está localizada intersticialmente neste par (Figura 6b).

Este retroelemento pode ocasionar a permuta desigual entre as repetições de DNA satélite,

38

presentes nas regiões heterocromáticas. Consequentemente, o crossing-over desigual mediado

pelo L1 pode levar à ocorrência de rearranjos cromossômicos deletérios ou ainda ao

remodelamento do genoma de uma determinada espécie (Fitch et al. 1991; Segal et al. 1999;

Graham e Boissinot 2005).

Neste trabalho, a família multigênica de DNA ribossomal 5S foi caracterizada pela

primeira vez no genoma dos cetáceos, sendo que no cariótipo do boto-vermelho foi mapeada

em apenas um locus no par 5m, na posição centromérica (Figura 5i). Diversos estudos estão

sendo realizados para compreender a dinâmica evolutiva desta sequência no genoma dos

vertebrados (Martins e Wasko 2004). Em mamíferos, o DNAr 5S pode estar situado em um

único par cromossômico (Mäkinen et al. 1997; Puerma et al 2008), como observado nos

roedores do gênero Apodemus (Matsubara et al. 2004; Gornung et al 2009) e em cães

(Mäkinen et al. 1997; Pienkowska et al. 2002) ou até em nove pares como detectado no

morcego Rhinolophus hipposideros (Puerma et al. 2008).

Na região centromérica do par 5m estão colocalizados o DNAr 5S e sequências de L1

(Figura 7h e 8b). Em alguns organismos a relação entre estas duas sequências de DNA

repetitivo já foi estabelecida. Muitos pseudogenes de DNAr 5S foram gerados pelo processo

de retrotransposição utilizando as proteínas codificadas pelo L1 (Matsutani 2005). Em peixes,

morcegos e roedores foi descoberto que o DNAr 5S originou famílias de SINEs, um

retrotransposon, com sequências curtas não autônomas (Kapitonov e Jurka 2003; Gogolevsky

et al. 2008 e 2009), que necessitam da maquinaria enzimática do retrotransposon LINE para a

sua transposição no genoma (Kajikama e Okada 2002). Contudo para o boto-vermelho, o

retroelemento L1 parece não influenciar o DNAr 5S pois o número de sítios permanece

constante no cariótipo.

O gene ribossomal 5S do boto-vermelho apresentou 93% de similaridade com outras

espécies de mamíferos, entretanto a sequência do NTS não possui homologia com outras

sequências depositadas no GenBank. Segundo Suzuki et al. (1994), a sequência do espaçador

não transcrito do DNAr 5S não é conservada e varia em relação ao tamanho e composição

nucleotídica entre espécies e Martins e Wasko (2004) sugerem que esta região tem uma

evolução rápida.

Em cetáceos, o conhecimento sobre a organização das regiões organizadoras do

nucléolo ainda é incipiente. No boto-vermelho o sítio de DNAr 18S foi mapeado tanto pela

impregnação com nitrato de prata, quanto pela hibridização in situ fluorescente heteróloga

localizando esta sequência em apenas um par, o 21t, em posição terminal dos braços curtos

39

(Figura 7a,7b). A utilização das duas metodologias se fez necessário, pois o nitrato de prata

impregna apenas as proteínas nucleolares associadas ao RNAr anteriormente transcrito,

revelando apenas as regiões organizadoras do nucléolo que estiveram ativas na última

intérfase (Goodpasture e Bloom 1975; Roussel et al. 1996; Raska et al. 2004), enquanto a

FISH mapeia estes genes no genoma, independente de seu estado de expressão. Em cetáceos

até o momento, apenas o cariótipo do golfinho-nariz-de-garrafa-comum (Tursiops truncatus)

tinha sido mapeado utilizando sondas heterólogas para localizar o DNAr 28S, revelando que

estes genes estão situados em dois pares cromossômicos distintos (Bielec et al. 1997).

A RON localizada somente em um par cromossômico é um caráter ancestral em

mamíferos (Hsu et al. 1975), compartilhado também por várias espécies de odontocetos,

como o boto-vermelho, o golfinho-de-Clymene Stenella clymene, o golfinho-de-bico-branco

Lagenorhynchus albirostris, o boto-do-porto Phocoena phocoena, a beluga Delphinapterus

leucas, o cachalote Physeter macrocephalus e o cachalote-pigmeu Kogia breviceps (Árnason

1980; Árnason 1981a). Entretanto, nos odontocetos rearranjos cromossômicos modificaram o

par nucleolar tanto na baleia-bicuda-de-Gervais Mesoplodon europaeus da família Ziphiidae,

cujo organizador nucleolar está situado em dois pares cromossômicos, como em Delphinidae

na qual se encontram espécies com RON simples e outras com RON múltiplas como a orca

Orcinus orca (Árnason 1981a) e o golfinho-nariz-de-garrafa-comum Tursiops truncatus

(Bielec et al. 1997).

A associação do par nucleolar pelos braços curtos como observada no boto-vermelho

(Figura 7d, 7g) também foi visualizada em espécies das duas subordens de cetáceos (Árnason

1974; Árnason et al. 1978; Bielec et al. 1997). Em 70-80% das metáfases do golfinho-nariz-

de-garrafa-comum, o par nucleolar estava em associação (Duffield et al. 1978), que segundo

Árnason (1981a) ocorre devido a participação destes cromossomos na formação do nucléolo.

A morfologia variável do par nucleolar pode ser devido a um fenômeno epigenético

denominado anfiplastia, que é a habilidade dos cromossomos nucleolares metafásicos

apresentarem-se sob diferentes formas relacionadas à atividade das RONs e determinar a

presença ou não da constrição secundária (Pikaard 2000). Este fenômeno já foi descrito em

plantas como no girassol Helianthus annuus (Schrader et al. 1997), em animais como no

cetáceo Monodon monoceros (Adrews et al. 1973), em peixes como Symphysodon spp (Gross

2009) e no marsupial Caluromys philander (Souza et al. 2009).

A formação da constrição secundária ocorre devido à permanência dos fatores de

transcrição da RNA Polimerase I associados aos genes ativos de RNAr, proporcionando uma

40

estrutura de cromatina diferenciada que resiste à condensação. Os fatores de transcrição

permanecem ligados à RON durante a metáfase, quando a constrição secundária está aparente

e estão ausentes nas RONs inativas, que consequentemente não formam constrição secundária

e não são evidenciadas pela impregnação com nitrato de prata (Sullivan et al. 2001; McStay

2006; Preuss e Pikaard 2007; McStay e Grummt 2008).

O heteromorfismo de tamanho da RON evidenciado por nitrato de prata no par

nucleolar do boto-vermelho pode estar refletindo apenas diferenças na atividade transcricional

do organizador nucleolar, já que após a hibridização in situ fluorescente com a sonda de

DNAr 18S, nenhuma diferença quanto ao tamanho entre os sítios foi observada (Figura 7a, 7b

e 7c). Esta variação na atividade gênica pode revelar necessidades diferentes de RNAr em

algumas células (Zurita et al. 1999), ou que algumas sequências de DNAr estavam silenciadas

anteriormente na intérfase. Alguns estudos têm sugerido que apenas uma fração dos genes de

DNAr é ativa, por exemplo no milho a maioria dos genes de DNAr estão inativos e

densamente compactados em heterocromatina (Pikaard 2000). Desta forma, a associação do

DNAr com a heterocromatina, impediria a recombinação homóloga entre as sequências de

DNAr, contribuindo para manutenção da estrutura nucleolar e estabilidade do DNAr (Carmo-

Fonseca 2000; Sulivan et al. 2001; McStay e Grummt 2008). No cariótipo da maioria dos

cetáceos como o golfinho-de-bico-branco o sítio da RON é totalmente heterocromático

(Árnason 1980; 1981a), entretanto no boto-vermelho o par nucleolar não apresenta blocos de

heterocromatina, o que poderia facilitar a ocorrência de rearranjos cromossômicos neste par

(Figura 6a e 7b).

O presente trabalho foi uma inovação no estudo de mamíferos aquáticos amazônicos,

visto que diferentes marcadores cromossômicos foram utilizados para a descrição cariotípica

do boto-vermelho. O mapeamento de diferentes tipos de DNA repetitivo na população de

boto-vermelho encontrada na RDSM servirá de parâmetros para determinar se existem

populações cariotipicamente diferenciadas ao longo da distribuição desta espécie, com

inferências para o manejo e conservação da mesma. Ainda estudos posteriores poderão revelar

possíveis alterações no genoma desta espécie, em decorrência de modificações no ambiente.

Além disso, a caracterização cromossômica realizada é o passo inicial para a construção de

mapas genéticos do boto-vermelho.

41

5. Conclusões

Com base nos resultados obtidos no presente estudo pode-se concluir que:

• As características cromossômicas do boto-vermelho são similares entre os indivíduos

cariotipados, exceto em relação à distribuição da heterocromatina.

• A localização da heterocromatina no cariótipo do boto-vermelho em relação a outros

cetáceos é um marcador espécie-específico.

• O boto-vermelho compartilha o caráter plesiomórfico com outros cetáceos em relação à

localização da região organizadora do nucléolo em único par cromossômico.

• No cariótipo do boto-vermelho a localização do L1 não é aleatória e é possível que este

retrotransposon esteja envolvido no polimorfismo de banda C, encontrado para quatro

indivíduos da RDSM.

• No cariótipo do boto-vermelho o retrotransposon L1 está colocalizado com DNAr 5S no

par 5m.

• Homeologias cromossômicas observadas pelo bandeamento G entre o boto-vermelho e

Tursiops truncatus revelam que associações sintênicas devem ter sido mantidas durante a

evolução dos golfinhos fluviais e marinhos.

• No cromossomo X do boto-vermelho foi verificada uma inversão paracêntrica no braço

curto.

• Embora a estrutura cariotípica seja considerada conservada em cetáceos, características

cariotípicas do boto-vermelho mostram que variações existem em relação à fórmula

cariotípica, distribuição da heterocromatina e do organizador nucleolar quando comparado

a outras espécies de cetáceos.

42

6. Perspectivas

• Contribuir com mais informações para a resolução da incerteza taxonômica ainda

presente no gênero Inia caracterizando cariotipicamente Inia boliviensis.

• Determinar o papel das sequências de DNA repetitivo na carioevolução dos golfinhos

da Amazônia.

• Determinar se o retroelemento L1 está sendo expresso no genoma do boto-vermelho.

• Determinar quais danos, os poluentes encontrados no ambiente aquático podem causar

no material genético dos golfinhos da Amazônia.

• Ampliar o conhecimento sobre o genoma do boto-vermelho determinando as

associações sintênicas existentes entre o genoma humano e do boto-vermelho.

43

7. Referências Bibliográficas

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