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Mateus 25.6 da Meia-Noite www.chamada.com.br ABRIL DE 2006 • Ano 37 • Nº 4 • R$ 3,50

Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 4

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• Certeza Que Consola • Um Milênio Literal - Como Ensinam as Escrituras (Parte 3) • Vencendo a Paralisia Espiritual • O falar de Deus em nosso tempo • O filme “Nárnia” • Sacrifício de crianças

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Page 1: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 4

Mateus 25.6da Meia-Noite www.chamada.com.br ABRIL DE 2006 • Ano 37 • Nº 4 • R$ 3,50

Page 3: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 4

Índice4

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15

20

Prezados Amigos

Certeza Que Consola

8Um Milênio Literal - Como

Ensinam as Escrituras (Parte 3)

12Vencendo a ParalisiaEspiritual

Do Nosso Campo Visual• O falar de Deus em nosso tempo - 15

• O filme “Nárnia” - 17

• Sacrifício de crianças - 19

Aconselhamento Bíblico• Morte na eternidade?

Publicação mensal

Administração e Impressão:Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai90830-000 • Porto Alegre/RS • BrasilFone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385E-mail: [email protected]

Endereço Postal:Caixa Postal, 168890001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil

Preços (em R$):Assinatura anual ................................... 31,50

- semestral ............................ 19,00Exemplar Avulso ..................................... 3,50 Exterior - Assin. anual (Via Aérea) US$ 28.00

Fundador: Dr. Wim Malgo (1922-1992)

Conselho Diretor: Dieter Steiger, Ingo Haake, Markus Steiger, Reinoldo Federolf

Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake

Diagramação & Arte: Émerson Hoffmann

INPI nº 040614Registro nº 50 do Cartório Especial

Edições InternacionaisA revista “Chamada da Meia-Noite” é pu-blicada também em espanhol, inglês, ale-mão, italiano, holandês, francês, coreano,húngaro e cingalês.

As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores.

“Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí ao seu encontro” (Mt 25.6).

A “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite”é uma missão sem fins lucrativos, com o obje-tivo de anunciar a Bíblia inteira como infalívele eterna Palavra de Deus escrita, inspiradapelo Espírito Santo, sendo o guia seguro paraa fé e conduta do cristão. A finalidade da“Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” é:

1. chamar pessoas a Cristo em todos os lugares;

2. proclamar a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo;

3. preparar cristãos para Sua segunda vinda;4. manter a fé e advertir a respeito de falsas

doutrinas

Todas as atividades da “Obra MissionáriaChamada da Meia-Noite” são mantidas atra-vés de ofertas voluntárias dos que desejamter parte neste ministério.

Chamada da Meia-Noite

www.Chamada.com.br

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4 Chamada da Meia-Noite, abril de 2006

Será que hoje conseguimos imaginar a cena eavaliar o que significou para o povo de Israel,diante do Sinai, quando o sumo sacerdote Arão noDia da Expiação entrou, pela primeira vez, nolugar mais santo do Tabernáculo levando o san-gue de um bode para reconciliar com Deus o povopecador, que esperava no átrio? Mil e quinhentosanos depois a cena se repetiu pela última vez, em70 d.C., antes que os romanos destruíssem omagnífico Templo em Jerusalém. Porém 40 anosantes havia sucedido algo completamente novo,que modificava completamente o modo de seaproximar a Deus: “Eis que o véu do santuário serasgou em duas partes de alto a baixo...” (Mt27.51). Como foi que rasgou a cortina, o véu dosantuário, que separava o Santo dos Santos doresto do Templo? Ela rasgou de cima para baixo,demonstrando claramente que Deus o fizera, nãoo homem, significando que se abria um novo evivo caminho para a presença de Deus.

Por mil e quinhentos anos o sumo sacerdote,segundo a ordem do seu turno, uma vez por ano,no Dia da Expiação, passava pela cortina e entra-va no Santo dos Santos para aspergir sobre oschifres do altar o sangue do animal sacrificado:“mas, no segundo [tabernáculo], o sumo sacer-dote, ele sozinho, uma vez por ano, não semsangue, que oferece por si e pelos pecados deignorância do povo” (Hb 9.7). O Senhor Jesus,da casa de Davi, da tribo de Judá, não podia fazeressa ministração, uma vez que não era da linha-gem sacerdotal pois não descendia da tribo deLevi. É por isso que a Escritura explica que Eleera “da ordem de Melquisedeque” e, como rei-sacerdote, entrou em um santuário, não feito pormãos humanas, para reconciliar com Deus ahumanidade toda! “Porque Cristo não entrou emsantuário feito por mãos, figura do verdadeiro,porém no mesmo céu, para comparecer, agora,por nós, diante de Deus” (Hb 9.24).

Neste mês toda a cristandade comemora essegrandioso e revolucionário acontecimento lá nacruz, quando o Senhor Jesus entregou voluntaria-mente Sua vida. Ao morrer, Ele pagou o preçointegral do pecado e a cabeça da serpente foi pisa-da (foi executado o juízo sobre o príncipe destemundo); a ressurreição de Jesus provou que amorte estava derrotada. Assim, de uma vez portodas, foi consumada plenamente a reconciliaçãoentre Deus e os homens pecadores! “QuandoCristo veio como sumo sacerdote dos benefíciosagora presentes, ele adentrou o maior e mais per-

feito tabernáculo, não feitopelo homem, isto é, não per-tencente a esta criação. Nãopor meio do sangue de bodes e novilhos, maspelo seu próprio sangue, ele entrou no Santo dosSantos, de uma vez por todas, e obteve eternaredenção” (Hb 9.11-12, NVI). Atentemos para adupla negação: a eterna salvação não ocorreu emum templo feito por mãos humanas (no Temploem Jerusalém), pois o santuário celestial não fazparte desta criação, e a reconciliação não foi atra-vés do sangue de animais sacrificados. O Cordeirode Deus derramou Seu próprio sangue!

Quem experimenta a Páscoa em seu coração,ou seja, quem se reconcilia com Deus, pode edeve se alegrar com sua eterna salvação. Não écomo um seguro por tempo limitado, como o quefazemos para proteger nossa casa, nosso carro ounossa saúde, que expira depois de um ano ouquando morremos. A salvação é eterna, pois é efi-caz já nesta vida e se estende além de nossamorte! Que uma alegria renovada pelo grande pre-sente da Páscoa encha nosso coração, juntamentecom uma profunda gratidão pelo presente da segu-rança e da certeza de salvação: “nós que já corre-mos para o refúgio, a fim de lançar mão da espe-rança proposta; a qual temos por âncora da alma,segura e firme e que penetra além do véu, ondeJesus, como precursor, entrou por nós...” (Hb6.18-20). Nesta época de festa deveríamos falardessa maravilhosa realidade sem nos calar!

Uma abençoada Páscoa junto do Senhor res-surreto e glorificado que está voltando!

Dieter Steiger

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Esta mensagem lembra muito aspalavras do salmista: “Ainda que aminha carne e o meu coração desfale-çam, Deus é a fortaleza do meu cora-ção e a minha herança para sempre”(Sl 73.26). Quando João Batista rece-beu no cárcere a confirmação de queJesus Cristo era realmente o Messiasaguardado, teve condições de esperarsua execução sem se desesperar, como coração consolado.

Em Mateus 11.2-3 lemos:“Quando João ouviu, no cárcere, fa-lar das obras de Cristo, mandou porseus discípulos perguntar-lhe: És tuaquele que estava para vir ou havemosde esperar outro?”

João Batista, cuja vida apontavapara a vinda do Salvador, e, comomensageiro do Messias, tinha a in-cumbência de preparar o povo deIsrael para receber o Ungido, esta-

va preso num cárcere. Nessa afli-ção, enviou dois de seus discípulosa Jesus com a pergunta: “És tuaquele que estava para vir ou have-mos de esperar outro?” De repente, ocoração de João começou a ser as-saltado por dúvidas: esse Jesus erade fato o Messias ou eles deveriamesperar outro? Por que ele come-çou a duvidar?

Quando ainda batizava no Jor-dão e Jesus veio ter com ele, Joãotestemunhou com toda a clareza ecom certeza inabalável: “Eis o Cor-deiro de Deus, que tira o pecado domundo!” (Jo 1.29b). “...eu, de fato,vi e tenho testificado que ele (Jesus) éo filho de Deus” (v.34). Dois versí-culos adiante está escrito: “e, vendoJesus passar, disse: Eis o Cordeiro deDeus!” (v.36). João não apenas criaem Jesus mas estava plenamente

convicto de que esse Jesus era oMessias, o Filho de Deus, o Cor-deiro de Deus – sem duvidar e semvacilar!

ESPERANÇAS NÃO-CUMPRIDAS...

...vêm acompanhadas de dúvi-das. O que João Batista esperava deJesus? Ele, os discípulos e todo opovo de Israel esperavam o Messiaschegando com poder e glória, liber-tando Israel do jugo dos romanos eestabelecendo o prometido reinomessiânico. Mas essa expectativanão estava se concretizando naque-les dias. Ao invés de experimentartriunfo, alegria e regozijo, João Ba-tista foi preso, jogado no cárcere,subjugado e humilhado. Por isso,em sua aflição e em suas dúvidas

5Chamada da Meia-Noite, abril de 2006

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cruéis, João enviou dois de seus dis-cípulos a Jesus para perguntar seEle era o Messias prometido.

Seja como for, João dirigiu suasperguntas à pessoa certa. Ele sabiaque somente Jesus poderia forneceruma resposta confiável às dúvidasque assaltavam seu coração, dandonova perspectiva à sua situação na-da satisfatória.

UMA RESPOSTAMARAVILHOSA E

MIRACULOSAQuando os dois discípulos, por

ordem de João Batista, pergunta-ram se Jesus era o Messias prometi-do ou se deveriam esperar outro,Ele lhes respondeu: “Ide e anunciaia João o que estais ouvindo e vendo:os cegos vêem, os coxos andam, os le-prosos são purificados, os surdos ou-vem, os mortos são ressuscitados, e aospobres está sendo pregado o evangelho.E bem-aventurado é aquele que nãoachar em mim motivo de tropeço” (Mt11.4-6).

Essa era uma resposta que es-clarecia e elucidava o assunto.Mas por que ela foi tão minuciosae tão bem explicada? Será que Je-sus não poderia ter respondidocom palavras mais breves e maissimples? Por que Ele não dissesimplesmente aos enviados: “Di-gam a João: sim, eu sou o Mes-sias!” Se Jesus tivesse respondidodessa forma, certamente João teriaficado satisfeito naquele momen-to. Mas depois de alguns dias,com a continuidade de sua afliçãopessoal, as mesmas dúvidas volta-riam a assaltar sua mente: “Seráque Jesus mentiu para mim? Porque continuo na prisão? O que es-tá acontecendo? Precisamos espe-rar por alguém ainda maior queJesus?” Dúvidas, perguntas, ques-tionamentos e mais dúvidas, assimcomo as encontramos com fre-

qüência em muitos casos tratadosno aconselhamento bíblico. E,muitas vezes, o resultado dessasdúvidas e questionamentos é a re-volta contra Jesus! Não foi poracaso que Ele acrescentou à Suaresposta: “E bem-aventurado éaquele que não achar em mim motivode tropeço”.

Jesus respondeu de maneira bemdiferente do que nós respondería-mos e do que esperaríamos dEle.Sua resposta consistiu menos depalavras do que de obras. Ele man-dou os discípulos olhar e ver o queestava acontecendo. Jesus tambémrelacionou o que disse às declara-ções do profeta Isaías. Este haviaprofetizado que o Servo do Senhor,o Messias, iria pregar boas-novas ecurar os quebrantados, sarar os ce-gos e os surdos e proclamar liberta-ção aos cativos (Is 42.6-7,18; Is61.1-2). Os dois discípulos de Joãoviram todas essas coisas acontecen-do diante de seus olhos. Mencio-nando tudo isso, Jesus deixou claropara João que Ele representava tu-do o que havia sido profetizadoacerca do Messias.

CERTEZA ECONFIANÇA ATRAVÉSDO CUMPRIMENTO

DA PROFECIABÍBLICA

A resposta de Jesus não foi umadeclaração apenas de lábios, não foium simples sim ou não. Sua respos-ta estava embasada em fatos incon-testáveis, fatos que permitiam a ve-rificação de Sua reivindicação deser o Messias. Essa resposta repre-sentava mais do que milhares derespostas afirmativas:“Sim! Eu souo Messias!” Agora João tinha certe-za absoluta de que esse Jesus erarealmente o Filho do Deus vivo eque ele não precisava esperar pormais ninguém!

Antes de ser preso, ele tinha cla-reza sobre o fato de Jesus ser o Cor-deiro de Deus que levaria o pecadodo mundo. Mas quando viu que Je-sus não libertava os judeus do jugoromano, e quando ele mesmo foilançado no cárcere e esperava porsua execução, começou a duvidarda identidade de Jesus. Através daresposta dEle, trazida por seus dis-cípulos, foi reconduzido à sua cer-teza inicial de que Jesus, e nenhumoutro, era o Messias.

Mesmo que suas expectativasnão tivessem se concretizado,mesmo que sua situação pessoalnão tivesse mudado e até piorado,João não se irou contra Deus nemse revoltou contra o Senhor. Eleestava na prisão e não sabia o quelhe traria o dia de amanhã. Sua in-certeza em relação ao futuro conti-

6 Chamada da Meia-Noite, abril de 2006

Quando viu que Jesus não libertava os judeus do ju-go romano, e quando foi lançado no cárcere e espe-rava por sua execução, João Batista começou a duvi-dar da identidade de Jesus.

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nuava a mesma, mas apesar dissoele tinha condições de continuarcalmo e tranqüilo. Como isso foipossível? Mesmo que a aflição fos-se a mesma, a legítima Palavra deDeus vinda da boca de Jesus lheconcedeu força e consolo, espe-rança e certeza! Agora ele podiaviver na convicção de que Jesusera o Messias e que a Palavra deDeus se cumpre – sempre! Diantedessa convicção nascida na fé, to-dos os outros assuntos perderamsua importância, e João conseguiucolocar todas as questões pessoaisem segundo plano. Prisão ou palá-cio, riqueza ou pobreza, agoraapenas uma coisa contava: somen-te Jesus!

Quais são as nossas expectati-vas? Qual a nossa esperança? Oque nós aguardamos? Talvez vocêesteja decepcionado porque o Ar-rebatamento ainda não aconteceu.Você fica irado com Jesus porquecontinua desempregado? O quepesa em seu coração? Quais osseus questionamentos? Quais assuas dúvidas? O que deixa vocêinsatisfeito? Jesus diz que “bem-aventurado é aquele que não acharem mim motivo de tropeço”. Certa-

mente nós tam-bém temos mui-tas razões paraestarmos satis-feitos, tranqüi-los e consola-dos, para ser-mos gratos.Paulo escreveupalavras cheiasde consolo aoscristãos em Fili-pos enquantoestava na pri-são, não a partirde um palácioem Roma. Essaspalavras até ho-je trazem con-

forto e alento renovado também anós, que seguimos o Cordeiro – acada um de nós pessoalmente, in-dependentemente das condiçõesem que vivemos e do que esteja-mos passando: “Alegrai-vos sem-pre no Senhor; outra vez digo: ale-grai-vos. Seja a vossa moderação co-nhecida de todos os homens. Perto

está o Senhor. Não andeis ansiososde coisa alguma; em tudo, porém, se-jam conhecidas, diante de Deus, asvossas petições, pela oração e pela sú-plica, com ações de graças. E a pazde Deus, que excede todo o entendi-mento, guardará o vosso coração e avossa mente em Cristo Jesus” (Fp4.4-7).

Deveríamos confortar e estimu-lar uns aos outros continuamentecom essas afirmações, assim comoJoão se alegrou sobremaneira comas palavras que Jesus mandou dizer-lhe! Jesus é o Filho de Deus, Elecuida de nós, a Palavra se cumpre eCristo voltará como prometeu (Jo14.2-3; veja 1 Ts 4.16-18). Até queestejamos para sempre na glóriacom Ele, pratiquemos o que estáescrito em Filipenses 4.6: “Nãoandeis ansiosos de coisa algu-ma; em tudo, porém, sejam conheci-das, diante de Deus, as vossas peti-ções...” Então “a paz de Deus, queexcede todo o entendimento” guardaránossos corações e nossas mentes“em Cristo Jesus” (v. 7).

7Chamada da Meia-Noite, abril de 2006

O que pesa em seu coração? Quais os seus questionamentos? Quais as suas dúvi-das? O que deixa você insatisfeito?

“Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições”.

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Em duas edições anteriores jáescrevemos sobre a importância eas características da interpretaçãoliteral do Milênio. A esta altura, vo-cê já sabe que existem três pontosde vista principais acerca do reinomilenar de Cristo e, particularmen-te, em relação à Sua Segunda Vin-da: (1) Nós, pré-milenistas, obvia-mente acreditamos que a profeciaafirma que Cristo voltará visivel-mente, em poder e grande glória, eestabelecerá Seu reino. (2) Os ami-lenistas estão divididos quanto àvinda de Cristo. Alguns dizem queEle já veio e que já estamos vivendono reino milenar (que, na melhordas hipóteses, é um grande desa-pontamento e, na pior, uma grandefraude). Muitos preteristas defen-dem essa posição. (3) A posiçãopós-milenista praticamente morreudepois que duas guerras mundiaisprovaram que o mundo não está fi-cando melhor. Porém, curiosamen-te, esse ensino está sendo retomado

por razões que nenhum intérpreteliteral da Bíblia consegue entender.Os defensores do pós-milenismoquerem nos convencer de que omundo está se convertendo e que aIgreja inaugurará o reino pouco an-tes da volta de Cristo. Ora, com oshumanistas seculares controlando osistema educacional, os meios decomunicação, o Judiciário e o Exe-cutivo, e os pervertidos morais con-trolando a indústria do entreteni-mento (com base na afirmação deJesus: “Pelos seus frutos os conhece-reis”), é óbvio que o mundo não es-tá ficando “cada vez melhor”; mui-to pelo contrário.

Não, o mundo de hoje não é umlugar melhor do que era há cin-qüenta anos atrás, o Cristo Rei ain-da não veio, e este mundo não éSeu reino milenar. O Milênio seráum período abençoado que, assimcremos, virá no futuro e, para mui-tos de nós, esse futuro não está lon-ge. Portanto, neste artigo eu gosta-

ria de familiarizar o leitor com maisduas características literais desseperíodo de mil anos que, assim es-peramos, logo estará batendo àsportas.

No mínimo, a interpretação lite-ral do futuro reino de Cristo tornaimpossível ver o mundo de hoje co-mo o tempo do cumprimento davolta de Jesus à terra.

1. A sede do governo e astransformações

geológicasA sede do governo será em Jeru-

salém. Essa cidade será pisada pelosgentios “até que os tempos dos gentiosse completem” (Lc 21.24). Depoisserá reconstruída. Uma descriçãodetalhada da região e da cidade res-taurada encontra-se em Ezequiel48.1-35. A “doação real” de terrasfeita por Deus a Abraão e seus des-cendentes estendia-se desde o riodo Egito até o grande rio, o rio Eu-

8 Chamada da Meia-Noite, abril de 2006

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frates (Gn 15.18). Ezequiel fixa afronteira setentrional em Hamate,situada cerca de 160 quilômetros aonorte de Damasco (Ez 48.1), e afronteira meridional em Cades, si-tuada cerca de 160 quilômetros aosul de Jerusalém (Ez 48.28). A pro-messa de doação de terras porDeus, feita na aliança abraâmica,não era condicional e jamais foi re-vogada. Sua extensão é oito vezesmaior que a área originalmenteocupada pelas doze tribos de Israel.Ela deve ser dividida em doze fai-xas horizontais paralelas, começan-do em Hamate, ao norte. Cada fai-xa será ocupada por uma das dozetribos restauradas, sendo a primeirafaixa para Dã, depois Aser, depoisNaftali, Manassés, Efraim, Rúbene Judá. No centro dessa última estálocalizada a cidade de Jerusalém.Isso nos ajuda a mapear toda a “re-gião sagrada”, ou “santa oferta”,com a “nova cidade” situada nomesmo local da antiga, porém ocu-pando uma área muito maior. Elaserá um quadrado com cerca de12.000 metros de lado, além dossubúrbios – 700 metros de cada la-do – que, se forem contados comoárea urbana, perfazem um quadra-do de quase 13.500 metros de la-

do. A cidade teráuma muralha àvolta, com trêsportas de cada la-do, assim como anova Jerusalém(Ez 48.15-18,30-35), totalizandodoze portas quereceberão os no-mes dos doze fi-lhos de Jacó.

O “templo” ou“santuário” nãoserá reconstruídona “nova cidade”,mas no “meio” da“região sagrada”

(Ez 48.10,20-21). Isso leva sua lo-calização para Siló ou suas proximi-dades, onde o Tabernáculo ficouinstalado depois que os filhos de Is-rael conquistaram a terra, ali per-manecendo até o término da cons-trução do Templo de Salomão. Um“caminho” ligará o “santuário” à“nova cidade” (Is 35.8). Será umamagnífica avenida com quase vinte

quilômetros de extensão, ladeadapor árvores frondosas.

O “novo templo” ou “santuário”ocupará uma área com quinhentascanas de lado, ou cerca de duzentose cinqüenta metros (Ez 42.15-20).O antigo templo não chegava a doisquilômetros de perímetro. O profe-ta Zacarias revela que “naquele dia,também sucederá que correrão de Jeru-salém águas vivas, metade delas parao mar oriental [mar Morto], e a outrametade, até ao mar ocidental [Medi-terrâneo]; no verão e no inverno, su-cederá isto” (Zc 14.8).

Mas essas águas vivas não brota-rão de Jerusalém. A fonte de água vi-va da qual elas fluirão estará localiza-da debaixo do santuário. Ezequielnos conta a visão que teve do novotemplo ou santuário. Ele viu que aságuas saíam de debaixo do limiar daporta do templo, passavam pelo altardas ofertas queimadas e corriam pa-ra o Oriente, até se tornarem um rioprofundo onde se podia nadar.

“Então, me disse: Estas águas saempara a região oriental, e descem à cam-

9Chamada da Meia-Noite, abril de 2006

A posição pós-milenista praticamente morreu depois que duas guerras mun-diais provaram que o mundo não está ficando melhor.

A promessa de doação de terras por Deus, feita na aliança abraâmica, não era condicional e jamais foi revoga-da. Sua extensão é oito vezes maior que a área originalmente ocupada pelas doze tribos de Israel.

Fonte: “O Glorioso Retorno”

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pina [passando por Jerusalém], e en-tram no mar Morto, cujas águas fica-rão saudáveis [perderão o excesso desal]. Toda criatura vivente que vive emenxames viverá por onde quer que passeeste rio, e haverá muitíssimo peixe, e,aonde chegarem estas águas, tornarãosaudáveis as do mar [mar Morto], etudo viverá por onde quer que passe esterio. Junto a ele se acharão pescadores;desde En-Gedi até En-Eglaim [no lito-ral oriental] haverá lugar para se es-tenderem redes; o seu peixe, segundo assuas espécies, será como o peixe do marGrande [Mediterrâneo], em multidãoexcessiva. Mas os seus charcos e os seuspântanos não serão feitos saudáveis; se-rão deixados para o sal. Junto ao rio,às ribanceiras, de um e deoutro lado, nascerá toda sor-te de árvore que dá fruto pa-ra se comer; não fenecerá asua folha, nem faltará o seufruto; nos seus meses, produ-zirá novos frutos, porque assuas águas saem do santuá-rio; o seu fruto servirá de ali-mento, e a sua folha, de re-médio” (Ez 47.8-12).Compare com Apocalipse22.1-2.

O tamanho da nova ci-dade, a localização do no-vo santuário e a depres-são do mar Morto, queatualmente se encontra395 metros abaixo do ní-vel do mar Mediterrâneo,exigem grandes transfor-mações da geografia física do terri-tório de Israel. Mas como irãoocorrer essas transformações?

Quando Cristo voltar, Ele desce-rá sobre o Monte das Oliveiras, nomesmo lugar onde ocorreu Sua as-censão aos céus (At 1.9-12). O pro-feta Zacarias descreve o que aconte-cerá então:

“Naquele dia, estarão os seus pés[de Cristo] sobre o monte das Olivei-ras, que está defronte de Jerusalém pa-

ra o oriente; o monte das Oliveiras se-rá fendido pelo meio, para o oriente epara o ocidente, e haverá um valemuito grande; metade do monte seapartará para o norte, e a outra meta-de, para o sul. Toda a terra se tornarácomo a planície de Geba a Rimom, aosul de Jerusalém; esta será exalta-da e habitada no seu lugar [...].Habitarão nela, e já não haverá mal-dição, e Jerusalém habitará segura”(Zc 14.4,10-11).

Essas grandes transformaçõesgeológicas provavelmente serãoprovocadas por terremotos ou al-gum tipo de atividade vulcânica.

“Porque eis que o Senhor sai doseu lugar, e desce, e anda sobre os al-

tos da terra. Os montes debaixo delese derretem, e os vales se fendem; sãocomo a cera diante do fogo, como aságuas que se precipitam num abismo”(Mq 1.3-4).

As grandes alterações físicas nar-radas na profecia nivelarão a super-fície na região e prepararão o terre-no para a construção da nova cida-de. O mar Morto será levantado, demodo que suas águas poderão es-coar para o mar Vermelho e o Me-

diterrâneo. Ezequiel nos diz que onome de Jerusalém, a partir daque-le dia, será Yahweh Shammah, o SE-NHOR Está Ali (Ez 48.35).1

2. O Templo Messiânicorestaurado no MilênioComo vimos, o santuário, ou

templo, estará localizado no centroda “santa oferta”. Ezequiel 40-44.31 fornece uma descrição com-pleta do templo e seus átrios. Ne-nhum edifício como o que Ezequieldescreve tão detalhadamente foi ja-mais construído, portanto, a profe-cia não pode estar se referindo nemao templo de Zorobabel nem ao de

Herodes. Visto que nãohaverá nenhum templona Nova Jerusalém, essapassagem bíblica deveser uma descrição dotemplo que existirá naterra durante o Milênio.Também está claro queela não se refere à novaterra, pois o local onde osantuário está situado élimitado pelo mar, e aságuas que fluem delecorrem para o mar –mas na nova terra o marjá não existe (Ap 21.1).Essa conclusão é refor-çada pelo fato do profetamencionar o deserto, orio Jordão, o mar Medi-terrâneo e outras locali-

dades que não existirão na nova ter-ra, após sua renovação pelo fogo.

O sacerdócio araônico será res-tabelecido e os filhos de Zadoqueoficiarão e oferecerão sacrifícios (Ez44.15-31). Entretanto, muitos mó-veis e utensílios característicos doantigo templo não se encontrarãono novo: a Arca da Aliança, o potede maná, a vara de Arão, as Tábuasda Lei, os querubins, o propiciató-rio, o candelabro de ouro, os pães

10 Chamada da Meia-Noite, abril de 2006

“Estas águas saem para a região oriental, e descem à campina, e entram no marMorto, cujas águas ficarão saudáveis”. Foto: Mar Morto.

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da proposição, o altar do incenso, ovéu, o Santo dos Santos (onde só osumo sacerdote podia entrar) e nemmesmo um sumo sacerdote paraoferecer expiação pelo pecado oufazer intercessão pelo povo, a me-nos que uma obscura passagem emZacarias 6.12-13 signifique queCristo (o RENOVO, Jeremias 23.5-6)será um “Rei-Sacerdote” que de-sempenhará as funções de SumoSacerdote juntamente com Seus de-veres reais.

A classe dos levitas, embora ain-da preste serviço no templo, seráafastada dos deveres sacerdotais porcausa de seus pecados do passado(Ez 44.10-14). Será realizado umsacrifício matutino diário, mas nãohaverá sacrifício ao anoitecer (Ez46.13-15). As ofertas serão: os Ho-locaustos, os Manjares, as Liba-ções, a Oferta pelo Pecado, os Sa-crifícios Pacíficos (Ez 45.17) e asOfertas pela Culpa (Ez 42.13).Duas festas deverão ser celebradas:a Páscoa, mas sem a oferta do cor-deiro pascal, pois Jesus já cumpriucabalmente essa função (Ez 45.21-24), e a Festa dos Tabernáculos(Zc 14.16-19). Essa última festadeverá ser celebrada por todas asnações, sob pena de sofrerem o cas-tigo da seca ou de alguma praga.

A Festa de Pentecostes será ex-tinta, porque já terá se cumpridotodo o seu propósito. O Dia dePentecostes registrado em Atos 2.1-4 foi apenas um cumprimento par-cial da profecia de Joel 2.28-32,pois, naquele dia, não se viram pro-dígios no céu e na terra como san-gue, fogo e colunas de fumaça, osol tornando-se em trevas e a luaem sangue. Mas todas essas coisasacontecerão “antes que venha ogrande e terrível Dia do Senhor” (Jl2.31).

A conversão da nação judaicaserá selada com um grande derra-mamento do Espírito Santo. Não

está claro se esse evento será uni-versal ou ocorrerá apenas sobre Is-rael. A profecia de Joel foi dada ori-ginalmente a Israel, e seu cumpri-mento parcial no Dia dePentecostes parece ter se limitadoaos judeus. O Senhor, entretanto,será conhecido universalmente, e“naquele dia, sucederá que pegarãodez homens, de todas as línguas dasnações, pegarão, sim, na orla da vestede um judeu e lhe dirão: Iremos con-vosco, porque temos ouvido que Deusestá convosco” (Zc 8.23). Durante oMilênio haverá uma religião univer-sal (Ml 1.11). A Shekinah, a nuvemda glória de Deus que se retirou dotemplo na época do cativeiro babi-lônico (Ez 10.18-20; Ez 11.22-23),voltará a encher o novo templo (Ez43.1-5).2

Uma das perguntas que os críti-cos da visão pré-milenista fazemfreqüentemente é: se osacrifício de Jesus foi defi-nitivo, qual é a razão daexistência do templo? Aresposta a essa pergunta éque, embora não sejamais necessário oferecersacrifício pelo pecado,pois Jesus triunfou sobreele na cruz, o sistema sa-crificial no templo fun-cionará como um memo-rial da obra redentora deCristo. Lembre-se de queo sacrifício sempre foi aforma de Deus cobrir opecado do homem, desdeAdão até o Milênio. Du-rante esse período utópi-co, os cristãos e as pes-soas que estiverem viven-do em seus corposnaturais precisarão serlembrados do sacrifíciode nosso Senhor em seufavor e do misericordiosoplano de Deus, que sem-pre esteve acessível – até

mesmo àqueles que, como Caim,rejeitaram a salvação de Deus.

Durante o Milênio, o sacrifício notemplo terá a mesma função que aCeia do Senhor tem para a Igreja ho-je. Nós não participamos do pão e docálice para sermos salvos, mas o faze-mos “em memória” de Jesus e doque Ele fez por nós. A Ceia é ummemorial clássico. Somos salvos ebatizados apenas uma vez, mas deve-mos participar da Ceia regularmentepara nos lembrar de nossa tão grandesalvação e dAquele que a tornou pos-sível. O templo representará o mes-mo para os judeus na era do reino.(Pre-Trib Perspectives) [continua]

Notas:

1. Clarence Larkin, Dispensational Truth (Phi-ladelphia: Clarence Larkin Publishing,1919), pp. 93-94.

2. Larkin, p.94.

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Duas festas deverão ser celebradas: a Páscoa, mas sem a ofertado cordeiro pascal, pois Jesus já cumpriu cabalmente essa função(Ez 45.21-24), e a Festa dos Tabernáculos (Zc 14.16-19). Foto:mesa preparada para Páscoa Judaica.

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T odo mundo enfrenta algum ti-po de luta na vida. Mesmoquando procuramos seguir o

Senhor, surgem problemas e doresde cabeça. Grandes e profundosvales de tristeza e dor nos trazemdesânimo e medo. Oramos e bus-camos a orientação e a ajuda doSenhor, sem percebermos que, namaioria das vezes, não consegui-mos enxergar todo o quadro queestá adiante de nós. Nós vemos avida a partir de uma perspectivahumana limitada – e, portanto,distorcida – enquanto o Senhor vêas coisas de um ponto de vista to-talmente diferente. Conseqüente-mente, nossa visão é deturpada.Essa situação leva, muitas vezes, auma espécie de mal-estar espiritual– uma paralisia espiritual – que po-de nos impedir de servir nossoDeus de modo eficaz.

Procure ver além dasaparências

Em Juízes 6.11, Gideão, o ho-mem que Deus escolheu para livrarIsrael de seus problemas, “estavamalhando o trigo no lagar, para o pôra salvo dos midianitas”. Israel estavanovamente debaixo de opressão,

desta vez por parte da terra de Mi-diã, localizada a leste da Penínsulado Sinai.

Os midianitas eram descenden-tes de Midiã, o quarto filho deAbraão. Sua mãe era Quetura (Gn25.1-5). De acordo com o Dr.Henry M. Morris, “dos seis filhosde Quetura (todos eles nascidos,provavelmente, no início do perío-do de trinta e cinco anos em queAbraão viveu com ela), Midiã é oúnico cujos descendentes, os midia-nitas, são bem identificados. Os ou-tros provavelmente se misturaramcom os vários descendentes de Is-mael, Ló e Esaú, formando osatuais povos árabes. Abraão enviou-os ‘para a terra oriental’ (Gn 25.6)com presentes para iniciarem suaspróprias tribos, e isso corresponde-ria à Arábia”.1

Midiã também é a região geo-gráfica onde Moisés morou quandofugiu do Egito, em Êxodo 2.15-22.Foi lá que ele se casou com Zíporae cuidou dos rebanhos de seu so-gro, Jetro.

Os israelitas encontraram-secom os midianitas quando vagavampelo deserto. Eles se enfrentaram eIsrael quase os destruiu completa-mente (Nm 31.1-20). Existia inimi-

zade entre essas nações. Agora amaré tinha mudado, e Israel estavadebaixo da opressão de Midiã.

“Então, veio o Anjo do SENHOR, eassentou-se debaixo do carvalho [...] elhe disse: O SENHOR é contigo, homemvalente” (Jz 6.11-12).

A resposta de Gideão foi rápidae afiada: “Ai, senhor meu! Se o SE-NHOR é conosco, por que nos sobreveiotudo isto? E que é feito de todas as suasmaravilhas que nossos pais nos conta-ram [...]? Porém, agora, o SENHOR

nos desamparou e nos entregou nasmãos dos midianitas” (v. 13).

Do ponto de vista de Gideão, oSenhor tinha falhado com Seu po-vo. Que outra razão poderia haverpara [os israelitas] estarem debaixoda opressão de Midiã? Que outraexplicação poderia haver para o fatode Gideão ter que malhar o trigonaquele lugar tão vergonhoso e pre-cisar esconder o cereal de seusopressores? Obviamente, pensavaele, o Senhor nos abandonou. ParaGideão, o Senhor estava em faltapara com Seu povo.

Nesse aspecto, ele era bem pare-cido conosco. Quando enfrentamoságuas profundas e situações horrí-veis, muitas vezes culpamos a Deus,achando que, de alguma forma, Ele

12 Chamada da Meia-Noite, abril de 2006

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nos deixou na mão ou não cumpriuSua promessa de jamais nos aban-donar. Ficaríamos surpresos com arapidez com que mudaríamos deidéia se pudéssemos ver as circuns-tâncias em que nos encontramos,sob o ponto de vista de Deus.

Um pouco antes, ainda em Juí-zes 6, o Senhor revelou por que Is-rael sofria tanto e por que os midia-nitas pilhavam suas colheitas: “Fi-zeram os filhos de Israel o que era mauperante o SENHOR; por isso, o SENHOR

os entregou nas mãos dos midianitaspor sete anos” (v. 1). Deus não tinhafalhado com Seu povo; este é quetinha pecado e se afastado dEle, eestava sofrendo as conseqüências.Gideão tinha interpretado mal a suasituação. Embora às vezes possa pa-recer que o Senhor nos abando-nou, a realidade é muito dife-rente. Às vezes, sofremospor causa do pecado. Ou-tras vezes, Deus usa ascircunstâncias para nosproteger ou nos dar umtestemunho para quepossamos glorificá-lo.Não importa qual seja asituação, precisamosolhar além das aparências enos lembrar de que Deusnunca abandona os que sãoSeus; e Ele nunca é injusto.

Reavalie seusrecursos

O Anjo do Senhor, que éuma aparição pré-encarnada do Se-nhor Jesus, identificou Gideão co-mo um “homem valente” (v. 12).Será que um homem destemido ecorajoso malharia sua colheita numvale, ao invés de no topo de umamontanha, como tradicionalmentese fazia?

O ato de malhar ou cirandar ocereal numa peneira serve para se-parar o grão da palha, as cascas

inúteis que envolvem a sementepropriamente dita. No alto de umamontanha, o vento sopra as cascaspara longe, enquanto os grãos caemno chão. O platô elevado do Montedo Templo, por exemplo, era origi-nalmente a eira de Ornã, o jebuseu– o local onde ele cirandava o trigo(1 Cr 21.18).

Gideão, esse “homem valente”,estava se escondendo porque aindanão tinha percebido com quem es-tava falando. “Então, se virou o SE-NHOR para ele e disse: Vai nessa tuaforça e livra Israel da mão dos midia-nitas; porventura, não te enviei eu?”(Jz 6.14).

O Senhor disse ao Seu servo es-colhido para ir e liderar Israel na lu-ta contra o seu inimigo. Ele tam-bém lhe deu a chave para cumpriressa tarefa: “Porventura, não te en-viei eu?” O próprio Senhor tinhacomissionado Gideão. Se somos fi-lhos de Deus pela fé, Ele tambémnos comissionou e ordenou que fi-zéssemos certas coisas. O Senhormuitas vezes escolhe um servo relu-

tante como Gideão. Do mesmomodo que Moisés havia feito antesdele, Gideão tentou rejeitar a orien-tação de Deus para sua vida.

Quantas vezes temos um com-portamento semelhante! Por exem-plo, sabemos que há alguma neces-sidade específica na nossa igreja lo-cal, mas nos sentimos inadequadospara a tarefa. Precisamos reavaliarnossos recursos e nos lembrar deque Deus nos deu dons espirituaispara o Seu serviço.

A resposta de Gideão foi clara:“Ai, Senhor meu! Com que livrarei Is-rael? Eis que a minha família é a maispobre em Manassés, e eu, o menor nacasa de meu pai” (v. 15). Ele estavadizendo: “Não sou digno dessa ta-refa. Não sou famoso, e sou insig-

nificante demais para fazer oque Tu estás pedindo”.

É interessante obser-var que Gideão usou apalavra Adonai quandofalou com o Anjo doSenhor. Adonai é umdos nomes de Deusencontrados nas Escri-

turas hebraicas. Podeser traduzida como

“amo”. Se o Senhor é onosso “Amo”, então Ele

tem todo o direito de exigirobediência absoluta a todasas Suas ordens. E Seus ser-vos podem esperar que Eleforneça toda a assistência ne-cessária para que a tarefa sejarealizada.

O apóstolo Paulo entendeu bemesse conceito, que exprimiu, sob ainspiração do Espírito Santo, numdos mais poderosos versículos doNovo Testamento: “Tudo posso na-quele que me fortalece” (Fp 4.13). Aobra de Deus é feita através do po-der de Deus. Nós não contamoscom nossos próprios recursos; con-tamos com os recursos dEle. Essepoder estava à disposição de Gi-

13Chamada da Meia-Noite, abril de 2006

O ato de malhar ou cirandar o cereal numa peneira serve para sepa-rar o grão da palha, as cascas inúteis que envolvem a semente pro-priamente dita.

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deão. O visitante angelical assegu-rou-lhe: “Já que eu estou contigo, fe-rirás os midianitas” (v. 16).

Confie em DeusApesar dessas garantias, Gideão

ainda estava inseguro. Parece queele duvidou dAquele que estava depé na sua frente, e não confiou in-teiramente nEle. Talvez ele não es-tivesse percebendo que era o Deusdos céus e da terra que o estava co-missionando e prometendo-lhe a vi-tória.

Então, Gideão pediu um sinalao Anjo do Senhor: “Se, agora,achei mercê diante dos teus olhos, dá-me um sinal de que és tu, SENHOR,que me falas” (v. 17). Ele pediu aseu visitante que esperasse en-quanto ele preparava um sacrifícioe o colocava diante dEle (v. 18).Isso deve ter levado tempo, já queele tinha que matar o cabrito, ti-rar-lhe o couro, cozinhá-lo e assaros pães asmos. Quando sua ofertaestava pronta, “trouxe-lho até de-baixo do carvalho e lho apresentou”(v. 19).

“Estendeu o Anjo do SENHOR aponta do cajado que trazia na mão etocou a carne e os bolos asmos; então,subiu fogo da penha e consumiu a car-ne e os bolos; e o Anjo do SENHOR de-sapareceu de sua presença” (v. 21).

Foi então que Gideão finalmen-te percebeu que tinha estado nasanta presença do Senhor: “Ai demim, SENHOR Deus! Pois vi o Anjo doSENHOR face a face” (v. 22). Ele de-ve ter achado que ia morrer, porqueo Senhor lhe garantiu: “Paz sejacontigo! Não temas! Não morrerás!”(v. 23). O servo respondeu a seuAmo construindo um altar, quechamou de “O SENHOR É Paz[Yahweh Shalom]” (v. 24).

Assim como Gideão, nós muitasvezes não confiamos no chamadode Deus para nossa vida. Porém,

Provérbios nos ensina: “Confia noSENHOR de todo o teu coração e não teestribes no teu próprio entendimento.Reconhece-o em todos os teus cami-nhos, e ele endireitará as tuas veredas”(Pv 3.5-6). O Novo Testamentotambém nos exorta a confiar no Se-nhor quando Ele nos chamar para o

Seu serviço: “Fiel é o que vos chama,o qual também o fará” (1 Ts 5.24).Se o Senhor tem uma missão paravocê, então pode confiar que Elelhe dará tudo o que for necessáriopara possibilitar-lhe seguir Suas ins-truções.

O Senhor foi fiel a Gideão, que,mais uma vez, questionou SeuAmo pedindo-lhe um outro sinal,dessa vez utilizando porções de lã.Gideão colocou um pedaço de lãno chão do lagar e disse a Deus:“Se hás de livrar a Israel por meu in-termédio, como disseste”, faz comque, pela manhã, a lã esteja molha-

da e o chão seco. “E assim sucedeu”(vv. 36-38).

Então, ele pediu o contrário:chão molhado e lã seca. “E Deus as-sim o fez naquela noite” (v. 40). Gi-deão finalmente estava pronto paraatacar os midianitas.

Porém, o Senhor queria deixarbem claro que a vitória pertenciasomente a Ele. Então, reduziu otamanho do exército de Israel de32.000 para 300 homens. Primei-ro, Ele mandou de volta para casaos medrosos (Jz 7.3); depois, dis-pensou mais homens, baseando-seno modo como bebiam água namargem.

Assim, Gideão e seu inacreditá-vel bando de 300 homens aniqui-laram guerreiros que “cobriam ovale como gafanhotos em multidão; eeram os seus camelos em multidãoinumerável como a areia que há napraia do mar” (v. 12). E Gideão li-bertou Israel, como Deus tinhaprometido.

O Senhor que auxiliou Gideão eseus homens há mais de 3.000 anosé o mesmo que hoje sustenta, pro-tege, defende e capacita Seus ser-vos. Ele não mudou, nem jamaismudará: “Porque eu, o SENHOR, nãomudo” (Ml 3.6); “Jesus Cristo, on-tem e hoje, é o mesmo e o será parasempre” (Hb 13.8).

Precisamos nos lembrar de que aperspectiva de Deus é a perspectivacerta. E a melhor maneira de ven-cer a paralisia espiritual é manternossos olhos firmemente fixos nEle,e correr a carreira que está diantede nós, “olhando firmemente para oAutor e Consumador da fé, Jesus”(Hb 12.2). (Israel My Glory)

Thomas C. Simcox é diretor de The Friends of Israelpara os Estados do Nordeste dos EUA.

Nota:1. Dr. Henry M. Morris, citado em: Paul S. Taylor,

“Midian”. Disponível em: www.christianans-wers.net/dictionary/midian.html.

14 Chamada da Meia-Noite, abril de 2006

“Confia no Senhor de todo o teu coração e não teestribes no teu próprio entendimento. Reconhece-oem todos os teus caminhos, e ele endireitará astuas veredas” (Pv 3.5,6).

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Deus fala, em primeiro lugar, atra-vés da Sua Palavra. Conforme oSalmo 19, também o Universo é umfalar de Deus. As estrelas e inúmerasgaláxias proclamam a existência doCriador e revelam que não surgirampor acaso. Mas o Senhor se manifestatambém através dos acontecimentos ede catástrofes e é interessante obser-var sua relação com Israel.

Uma conferência oficial sobreo tema geral “Um Mundo SemSionismo” foi a plataforma a par-tir da qual o presidente iranianoproclamou: “Israel deve ser apa-gado do mapa!” No mesmo dia –quarta-feira, 26 de outubro de2005 – os judeus comemoravam“Simchat Torah” (“Alegria daLei”, a festa da Torá). Na sexta-feira seguinte, centenas de milha-res de muçulmanos realizarammanifestações contra o Estadojudeu e pela “libertação deJerusalém”. E, exatamente nomesmo dia, Israel comemorou o“Dia de Jerusalém”.

Esse confronto mostra clara-mente o ódio e a ânsia de atacardo inimigo contra a Palavra deDeus e contra Jerusalém. Mas jus-tamente as duas festas – a “Alegriada Lei” e o “Dia de Jerusalém” –proclamam a vitória de Deus. APalavra de Deus prevalecerá e secumprirá: Jerusalém será o localda volta de Jesus, o Messias, e asede do Seu governo futuro. Não éde admirar, portanto, que o inimi-go tenha tanto ódio contra asEscrituras e contra Jerusalém. Será

que, inconscien-temente, o presi-dente iranianopercebeu isso aoacentuar em seudiscurso: “Oreconhecimentodo Estado judeusignifica aceitara derrota domundo islâmicoe a desistência dele ”(Die Welt).No final, qualquer inimizade fra-cassará diante da Palavra de Deus.

Houve uma vez na história umrei da Pérsia que reagiu de modocompletamente diferente que oatual presidente persa (iraniano):o rei Artaxerxes. Ele mandoudizer ao escriba Esdras:“Artaxerxes, rei dos reis, aosacerdote Esdras, escriba daLei do Deus do céu: Paz per-feita! Por mim se decreta que,no meu reino, todo aquele dopovo de Israel e dos seussacerdotes e levitas que quiserir contigo a Jerusalém, vá.Porquanto és mandado daparte do rei e dos seus seteconselheiros para fazeresinquirição a respeito de Judá ede Jerusalém, segundo a Leido teu Deus, a qual está na tuamão; e para levares a prata e oouro que o rei e os seus conse-lheiros, espontaneamente, ofe-receram ao Deus de Israel,cuja habitação está emJerusalém, bem assim a pratae o ouro que achares em toda a

província da Babilônia, comas ofertas voluntárias do povoe dos sacerdotes, oferecidas,espontaneamente, para a casade seu Deus, a qual está emJerusalém” (Esdras 7.12-16).Artaxerxes chamou as Escriturasde “Lei do teu Deus” e Jerusalémde “habitação do Deus de Israel”.Quanto a atual Pérsia (o Irã) afas-tou-se dessa afirmação de um deseus grandes reis!

Tendo em vista a inimizade domundo árabe, o salmista já orouem seu tempo: “Ó Deus, não tecales; não te emudeças, nemfiques inativo, ó Deus! Os teusinimigos se alvoroçam, e osque te odeiam levantam acabeça. Tramam astutamentecontra o teu povo e conspiramcontra os teus protegidos.Dizem: Vinde, risquemo-los deentre as nações; e não hajamais memória do nome deIsrael” (Salmo 83.1-4). Nos ver-sículos seguintes são citadas deznações unidas no ódio contra Deuse Seu povo. Trata-se de países queatualmente são todos islâmicos.

15Chamada da Meia-Noite, abril de 2006

O falar de Deus emnosso tempo

O presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad: “Israel deve serapagado do mapa!”

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Entretanto, mesmo que acomunidade internacional fiqueparcialmente calada diante desseódio e que até mesmo o cristianis-mo esteja se distanciando deIsrael – o Senhor não se cala. Elediz através do profeta Isaías: “Poramor de Sião, me nãocalarei e, por amor deJerusalém, não me aquie-tarei, até que saia a suajustiça como um resplen-dor, e a sua salvação,como uma tocha acesa. Asnações verão a tua justiça,e todos os reis, a tua gló-ria; e serás chamada porum nome novo, que aboca do SENHOR designa-rá” (Isaías 62.1-2). Pelocontexto fica claro que setrata da volta do Messias.Deus não se calará por amorde Jerusalém até que oMessias retorne para lá,fazendo resplandecer a Suajustiça, trazendo a Israel Suasalvação e Sua glória, e todasas nações O reconhecerem.Isso significa que o Senhornão se calará por amor aJerusalém mesmo durante aera da Igreja, até que oMessias tenha voltado.

E então nos perguntamos:como o Senhor fala porJerusalém em nossa época?Naturalmente, Ele nos fala emprimeiro lugar pela Sua Palavra.Ao mesmo tempo, Ele se mani-festa através da Criação, pois oSalmo 19 mostra que o Universoé um falar de Deus, que anunciao Criador. Além disso, o Senhorfala também através de catástro-fes naturais a um mundo que sefecha cada vez mais diante daSua Palavra. Lemos, por exem-plo: “Vem o nosso Deus e nãoguarda silêncio; perante ele

arde um fogo devorador, aoseu redor esbraveja grandetormenta” (Salmos 50.3). Nolivro do profeta Isaías, essa afir-mação é complementada: “Eis onome do SENHOR vem delonge, ardendo na sua ira, no

meio de espessas nuvens; osseus lábios estão cheios deindignação, e a sua língua écomo fogo devorador. A suarespiração é como a torrenteque transborda e chega até aopescoço, para peneirar asnações com peneira de des-truição; um freio de fazererrar estará nos queixos dospovos... O SENHOR fará ouvira sua voz majestosa e fará vero golpe do seu braço, que

desce com indignação de ira,no meio de chamas devorado-ras, de chuvas torrenciais, detempestades e de pedra desaraiva” (Isaías 30.27-28,30).Sem dúvida, essas palavras noslembram as destruidoras inunda-

ções, tsunamis, furacões eincêndios que têm ocorridoem diversos lugares domundo!

Palavras semelhantes sãousadas pelo profetaSofonias ao escrever sobreo vindouro Dia do Senhor:“Está perto o grande Diado SENHOR; está perto emuito se apressa.Atenção! O Dia doSENHOR é amargo, e neleclama até o homempoderoso. Aquele dia édia de indignação, dia deangústia e dia de alvoro-ço e desolação, dia deescuridade e negrume,dia de nuvens e densastrevas, dia de trombeta ede rebate contra as cida-des fortes e contra astorres altas. Trareiangústia sobre os ho-mens, e eles andarão co-mo cegos, porque peca-ram contra o SENHOR; eo sangue deles se derra-mará como pó, e a sua

carne será atirada como es-terco” (Sofonias 1.14-17).

Tudo isso fica ainda mais exci-tante quando lembramos que asforças da natureza se levantamnum tempo em que as nações seesforçam para tirar Jerusalém deIsrael. Após a desocupação daFaixa de Gaza, a secretária deEstado americana deu a entenderque Jerusalém seria a próximaetapa. A respeito, deveríamosconsiderar as afirmações do profe-

16 Chamada da Meia-Noite, abril de 2006

Do Nosso Campo Visual

Israel comemora o “Dia de Jerusalém”.

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17Chamada da Meia-Noite, abril de 2006

Do Nosso Campo Visual

ta Zacarias, enviado por Deus àsnações com uma mensagem espe-cial: “Pois assim diz o SENHOR

dos Exércitos: Para obter ele aglória, enviou-me às naçõesque vos despojaram; porqueaquele que tocar em vós tocana menina do seu olho”(Zacarias 2.8).

Deus não se cala por amor deJerusalém e nós cristãos tambémnão deveríamos fazê-lo, pois Isaíasdiz: “Sobre os teus muros, óJerusalém, pus guardas, quetodo o dia e toda a noitejamais se calarão; vós, os quefareis lembrado o SENHOR, não

descanseis, nem deis a ele des-canso até que restabeleçaJerusalém e a ponha por objetode louvor na terra. Jurou oSENHOR pela sua mão direita epelo seu braço poderoso:Nunca mais darei o teu cerealpor sustento aos teus inimigos,nem os estrangeiros beberão oteu vinho, fruto de tuas fadi-gas” (Isaías 62.6-8).

Leia mensalmente nossa revistaNotícias de Israel para acompanharos acontecimentos no OrienteMédio e para compreendermelhor seu significado bíblico.(Norbert Lieth)

O filme “Nárnia” e a série de livrosde C.S. Lewis têm sido apresentadoscomo possíveis “fortalecedores da fé”para os jovens.

Informa-se que um grandenúmero de pessoas teria chegadoà fé em Jesus através dos livros deClive Staples Lewis (1893-1963),o autor da série “Crônicas deNárnia”. Quando jovem, o erudi-to e intelectual Lewis era ateuconvicto. Em 1929, porém, elecomeçou a mudar lentamentesuas posições e passou a se inte-ressar por Deus. Uma grandecontribuição para isso foi dadapelo conhecido escritor J.R.R.Tolkien, autor do livro “OSenhor dos Anéis”. Este tentouconvencer Lewis de que Deus,em Cristo, realmente morreu pornós. Conta-se que mais tarde,enquanto ia de ônibus para ozoológico, Lewis começou a crerque Jesus Cristo é o Filho deDeus. O próprio Lewis teria senegado a apresentar suas obras

como alegoria cristã. Certa vez,ele escreveu: “É preciso obedecera Deus em virtude do que Ele éem si mesmo”. Justamente isso,porém, não foi feito ao se filmar“Nárnia”. Ao público é apresen-tado um mundo de fábulas,

extraídas da fantasia, e que nadatêm a ver com a Bíblia. Damesma forma, poderíamos mon-tar uma estrutura cristã sobre cer-tas lendas ou histórias infantis.Não que seja proibido usar exem-plos e histórias apontando deforma clara, bíblica e cristocêntri-ca para o Evangelho, mas apre-sentar a obra de Lewis como“evangélica” não está correto.

O filme “Nárnia”

No filme “Nárnia”, um leão chamado Aslan representa Jesus Cristo: ele morre emsacrifício, volta a viver e traz paz ao mundo como rei.

Recomendamos:

• Jerusalém – No Centro doFuracão

• A Verdade Sobre Jerusalém naProfecia Bíblica

• Herança Explosiva – Haverá Pazna Terra Santa?

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18 Chamada da Meia-Noite, abril de 2006

Do Nosso Campo Visual

A Palavra de Deus nos adverteclaramente a não darmos lugar àsfábulas. Por exemplo, o apóstoloPaulo escreve com referência aostempos finais: “Pois haverátempo em que não suportarãoa sã doutrina; pelo contrário,cercar-se-ão de mestressegundo as suas próprias cobi-ças, como que sentindo cocei-ra nos ouvidos; e se recusarãoa dar ouvidos à verdade,entregando-se às fábulas” (2Timóteo 4.3-4).

Quando lembramos quantapublicidade da série “Nárnia” temsido feita no mundo cristão, che-gamos à conclusão de que pode-ríamos nos encontrar justamentena época de que a Bíblia já falouhá muito tempo atrás.

Por que o maravilhosoEvangelho de Jesus Cristo, que oEspírito Santo nos transmite atra-vés da Bíblia, não satisfaz mais amuitos? Por que alguns achamque é necessário adaptá-lo paraoferecer fábulas inventadas pelohomem à nossa sociedade?

Aqueles que crêem que taislivros ou filmes “fortalecem a fé”dos jovens, provavelmente perde-ram a fé no poder do Evangelho:“Porque a palavra de Deus é

viva, e eficaz, e mais cortantedo que qualquer espada dedois gumes, e penetra até aoponto de dividir alma e espíri-to, juntas e medulas, e é aptapara discernir os pensamentose propósitos do coração. E nãohá criatura que não seja mani-festa na sua presença; pelocontrário, todas as coisas estãodescobertas e patentes aosolhos daquele a quem temosde prestar contas” (Hebreus4.12-13).

O apóstolo Pedro não sebaseou em fábulas, mas na reali-dade espiritual, escrevendo aosseus leitores: “Porque não vosdemos a conhecer o poder e avinda de nosso Senhor JesusCristo seguindo fábulas enge-nhosamente inventadas, masnós mesmos fomos testemu-nhas oculares da sua majesta-de” (2 Pedro 1.16).

O filme “Nárnia” trata de ummisterioso armário, através do qualos espectadores são levados a umoutro mundo de feitiçaria, lendas emitos da Idade Média. Nele, umleão chamado Aslan representaJesus Cristo: ele morre em sacrifí-cio, volta a viver e traz paz ao

mundo como rei. Hápersonagens huma-nos, mas também uni-córnios, minotauros,ciclopes, monstros eoutros seres das tre-vas. Ao invés de tentartransmitir a mensa-gem bíblica com taisrecursos, a Bíblia nosexorta a fazer exata-mente o contrário: “Enão sejais cúmplicesnas obras infrutífe-ras das trevas;antes, porém,r e p r o v a i - a s ”(Efésios 5.11).

No site do jornal inglês TheDaily Telegraph, o filme “Nárnia”foi comparado à “‘Paixão deCristo’ para crianças”. O artigotambém dizia que conhecidoslíderes cristãos têm afirmado que“Nárnia” anuncia a Boa-Nova deJesus Cristo e que se trata de umbom meio para levar o Evangelhoàs pessoas que não são receptivaspara outras formas de pregação.

O que será que tais crentesacham do versículo que diz: “Se,na verdade, vindo alguém,prega outro Jesus que nãotemos pregado, ou se aceitaisespírito diferente que não ten-des recebido, ou evangelhodiferente que não tendes abra-çado, a esse, de boa mente, otolerais” (2 Coríntios 11.4)? Arespeito, pensemos também nassérias palavras dirigidas aos gála-tas: “Assim, como já dissemos,e agora repito, se alguém vosprega evangelho que vá alémdaquele que recebestes, sejaanátema. Porventura, procuroeu, agora, o favor dos homensou o de Deus? Ou procuroagradar a homens? Se agra-dasse ainda a homens, nãoseria servo de Cristo” (Gálatas1.8-9).

Através do filme “Nárnia” éanunciado, utilizando meioshumanos e seguindo os princí-pios do mundo, um evangelhoque não é verdadeiro. Não deve-mos deixar-nos prender por taismétodos, pois lemos: “Cuidadoque ninguém vos venha aenredar com sua filosofia evãs sutilezas, conforme a tra-dição dos homens, conformeos rudimentos do mundo enão segundo Cristo” (Colos-senses 2.8).

À medida que a Disney ofereceaos evangélicos o filme “Nárnia”como sendo cristão e ao restante

No filme há personagens humanos, mas também uni-córnios, minotauros, ciclopes, monstros e outros seresdas trevas.

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Sacrifíciode crianças

No estado indiano de Orissacontinuam sendo praticados sacri-fícios infantis:

A polícia diz que na vila deChotkei, no distrito de Angul, no esta-do de Orissa (Índia), são sacrificadasao menos três crianças por ano àdeusa Kalapat. “A população tribal daregião acredita que a maior oferendaà deusa Durga é o sacrifício de crian-ças”, afirmou Arung Sarangi.

Incidentes envolvendo o sacrifício decrianças foram revelados com a mortede Dandua Behera na vila de Chotkei.Ele morreu enquanto estava sob a cus-tódia da polícia, depois de ter sidopreso sob a acusação de ter matado omenino Raju, filho de Dhaneswar Sahu,da vila de Kutulusinga.

Supostamente, o menino foi sacrifi-cado à deusa, informaram as autori-

dades policiais, acrescentando que eletinha desaparecido há vários dias.“Durante o interrogatório, Danduaconfessou que pelo menos três crian-ças são sacrificadas a cada ano paraapaziguar a deusa na vila deChotkei”, conforme Sarangi.

Dandua contou que os habitantesdo povoado recolheram o sangue domenino para oferecê-lo à deusa. Eletinha prometido sacrificar um serhumano para que seu irmão se recu-perasse de uma enfermi-dade. Dandua teria dito àpolícia: “A deusa pediu-me que sacrificasse umacriança do sexo masculi-no”. (Times of India)

Notícias como essasão extremamentechocantes. Se algoassim acontecesse nomundo ocidental,seriam ouvidos muitosprotestos. Ao mesmotempo, porém, acostu-mamo-nos com o

sacrifício dos bebês que ainda nãonasceram: milhões deles são abor-tados e “sacrificados” ao deus daconveniência e do materialismo.

As palavras de 1 Coríntios10.20 aplicam-se aos dois casos:“Antes, digo que as coisas queeles sacrificam, é a demôniosque as sacrificam e não aDeus; e eu não quero que vostorneis associados aos demô-nios”. (Arno Froese)

19Chamada da Meia-Noite, abril de 2006

Do Nosso Campo Visual

do público como uma película defantasia clássica, ela conseguearrecadar muito dinheiro. Com talestratégia, o “homicida desde oprincípio” (João 8.44) conse-guiu mais uma vez levar os cris-tãos verdadeiros, que têm funda-mento bíblico e na realidade deve-riam protestar contra o filme, aaté fazer propaganda dele.Enquanto isso, mesmo pessoas domundo perceberam o engôdo,pois uma conhecida revista alemãafirmou: “A fantasia do filme‘Nárnia’: a Disney quer enganaros cristãos!” (Der Spiegel Online).

Ainda que uma boa históriacontenha verdades da vida real,não se trata do próprioEvangelho. É claro que muitas

coisas da vida podem ter aplica-ção evangelística. Por exemplo,foi o que Paulo fez em Atenasquando anunciou Jesus Cristoreferindo-se ao “altar ao deus des-conhecido” (veja Atos 17.22ss.).O Senhor Jesus também pregou averdade de Deus através de pará-bolas e ilustrações da natureza,etc. Do mesmo modo, os profetase apóstolos falaram muitas vezesusando imagens para transmitir oensino de Deus. Evangelistasabençoados usam acontecimen-tos, objetos e histórias do dia-a-dia para proclamar a mensagemda salvação. Certamente isso nãoé reprovável, mas não devemosesquecer que Jesus é o próprioDeus e a Palavra (o Verbo) de

Deus que se fez carne (veja João1.14), Seus profetas e apóstolosforam inspirados pelo EspíritoSanto e, assim, transmitiram dire-tamente a Palavra de Deus.Portanto, a evangelização devebasear-se nas Escrituras e terCristo como centro. Apresentarum mundo de fantasia misteriosocomo “evangelho” é mais do queequivocado, pois assim as pessoassão mais afastadas da verdade enão conduzidas a ela. A Palavrade Deus, por outro lado, fala porsi mesma e nela reside o poder dasalvação: “E, assim, a fé vempela pregação, e a pregação,pela palavra de Cristo”(Romanos 10.17). (NorbertLieth)

A deusa Durga.

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20 Chamada da Meia-Noite, abril de 2006

Pergunta: “Em Isaías 65.20 está escrito: “Não

haverá mais nela criança para viver poucos dias,

nem velho que não cumpra os seus; porque mor-

rer aos cem anos é morrer ainda jovem, e quem

pecar só aos cem anos será amaldiçoado”. O que

quer dizer isso? Sempre achei que depois da morte

vinha a eternidade. Mas parece que a morte conti-

nuará existindo...”

Resposta: Isaías 65.20 fala da situaçãodurante o Milênio, ou seja, do tempo emque Jesus Cristo vai governar este mundo.Quando Ele, o Filho de Deus, voltar àterra e estabelecer Seu reino em Israel, asituação das pessoas vivas na ocasiãomudará completamente. O domínio doAnticristo será rompido e o reino de paz deJesus Cristo será estabelecido. O irromperda era messiânica criará uma nova terra,onde não haverá mais mortalidade infantil,onde a expectativa de vida das pessoas serámuito maior que a de hoje e onde o lobo eo cordeiro pastarão juntos. Acima de tudo,porém, o Senhor se alegrará comJerusalém e com Seu povo Israel (veja Is65.18). Exultação e regozijo dominarãosobre a terra.

Entretanto, por mais belo que o Milêniovenha a ser, ele terá, como diz seu nome,uma duração limitada, e de forma algumarepresentará a plena glória da eternidade.Isso é demonstrado com clareza pelo Salmo2. Por essa razão, muitos comentaristas bíbli-cos salientam que as palavras introdutóriasem Isaías 65.17 referem-se aos novos céus eà nova terra mencionados em Apocalipse 21e 22, mas Isaías 65.20 trata do Milênio.

Quando li sua pergunta, lembrei-me doque Wim Malgo, fundador da Chamada daMeia-Noite, dizia sobre o caráter da profe-cia: “Os profetas eram porta-vozes de Deus(veja Hb 1.1). Como Ele é o Deus Eterno,os profetas anunciavam verdades eternas.Ou seja, não podemos limitar suas profeciasa um determinado espaço de tempo. Porisso, é importante dar a maior atenção àqui-lo que os profetas dizem sobre o futuro. Àsvezes suas palavras, ou melhor, a Palavra deDeus, abrange espaços de tempo muito dis-tantes um do outro. Não raramente os pro-fetas descrevem dois eventos diferentesusando as mesmas definições ou a mesmaimagem caracterizando a ambos. Ou entãopassam, quase desapercebidamente, de um

tema da profecia a outro. Outras vezes repe-tem e expandem profecias dadas por Deusem ocasiões anteriores, fornecem indicaçõesde um cumprimento mais abrangente ouacrescentam detalhes a previsões feitas nopassado”.

Em outra ocasião, Wim Malgo compa-rou a visão de um profeta com a de um alpi-nista: ele consegue ver a silhueta de montes ecadeias de montanhas, mas os vales entreelas ficam encobertos. – Parece-me que essaimagem do alpinista se aplica com muitapropriedade ao que Isaías fala sobre os novoscéus e a nova terra. Pois somente quando oMilênio tiver chegado ao final e Satanás tiversido lançado no lago de fogo, a glória eternadespontará, quando serão criados céus eterra completamente novos. E aí uma grandevoz proclamará do trono de Deus: “Então,

ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o

tabernáculo de Deus com os homens. Deus habi-

tará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus

mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos

toda lágrima, e a morte já não existirá, já não

haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as pri-

meiras coisas já passaram” (Ap 21 3-4).

(Elsbeth Vetsch)

Nosso Ponto de VistaVemos os "Picos das Montanhas" e os"Vales" da encosta e podemos separar aprimeira e a segunda profecias vindouras.

Nascimento de Jesus (Belém)Nm 24.17; Is 7.14; Mq 5.2

Vale do AntigoTestamentoO ponto de vista dosprofetas

Vale da "Igreja"Os profetas nãoviram isto.

O Vale da "EraPerfeita"

O que osprofetas viram

Calvário Is 53.1-12

GlóriaHb 9.24

AnticristoDn 7.19-27

O Sol da JustiçaMl 4.1-6

O ReinoDn 7.13-14; Is 2.1-3;Mq 4. 1-2; Ag 2. 5-9

Destruição da Terrapelo Fogo2 Pe 3. 7-13

A Cidade SantaAp 21. 2

Os Novos Céus e aNova TerraIs 65.17; 66.22;Ap 21.1

Fonte: Bíblia de Estudo Profética

Apareceu

Aparece

Aparecerá

SacerdoteHb 4.14

Morte na eternidade?