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Bromatologia
CEREAIS E LEGUMINOSAS
Profa Viviane Lansky
Universidade Federal de Pernambuco Curso: Nutrição (2013.2)
Disciplina: Bioquímica dos Alimentos
CEREAIS
CENTEIO CEVADA SORGO
TRIGO MILHO ARROZ AVEIA
• Plantas herbáceas da família das Gramináceas (Poaceae), cujos grãos dão em espigas.
CEREAIS
•Pseudocereais:
TRITICALE QUINOA AMARANTO
ESTRUTURA
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
Umidade Carboidratos Proteínas Lipídeos Fibras
11-13% 58-72% 8-13% 2-5% 2-11%
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
Cereal Umidade Carboidratos Proteínas Lipídeos Fibras
Arroz 11 65 8 2 9
Aveia 13 58 10 5 10
Centeio 11 71 12 2 2
Cevada 14 63 12 2 6
Milho 11 72 10 4 2
Trigo 11 69 13 2 3 Valores expressos em %
A composição varia com tipo e espécie, condições climáticas e geográficas, grau de beneficiamento etc.
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
CARBOIDRATOS
•Amido: 60-70% da massa do grão, na forma de grânulos;
• Fibra solúvel: substâncias pécticas, β-glicanas e arabinoxilanas
• Fibra insolúvel: celulose
•Açúcares livres: mono e oligossacarídeos
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
PROTEÍNAS
•Albuminas e globulinas (solúveis)
•Prolaminas e glutelinas (insolúveis)
•Enzimas hidrolíticas: amilases, β-glicanases (cevada), proteases, lipases (milho e aveia), fitases
•Enzimas oxidativas: lipoxigenases, PPO, peroxidase e catalase.
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
CEREAIS PROTEÍNA
Trigo Gliadina e glutenina
Arroz Glutelina
Milho Zeína
Cevada Hordeína e glutenina
Aveia Globulina e avenina
Centeio Secalina
• Os cereais não apresentam todos os aa essenciais.
• Compensar misturando com leguminosas na
proporção 3:1 ou combinar com proteína animal (ex:
arroz doce).
QUALIDADE PROTEICA DOS CEREAIS Resulta da composição em aa e digestibilidade
Lisina → aa limitante mais comum
Treonina, isoleucina e triptofano → pequenas qntes
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
LIPÍDEOS
• Livres: TG, fosfo e glicolipídeos
• Ligados ao amido
•Presos ao amido
•AGI mais comum: linoleico (exceção: arroz e aveia – oleico)
•AGS mais comum: palmítico
•Tocoferóis e carotenoides
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
VITAMINAS E MINERAIS
• Fontes importantes de Vit E, B1, B2 e B3.
• Ampla variedade de minerais, esp. Ca, Mg e Zn, porém com baixa digestibilidade.
• A legislação brasileira determina adição de 4,2mg% de Fe e 150mcg% de B9 às farinhas de milho e trigo desde 2002.
DIGESTIBILIDADE DOS CEREAIS
• As farinhas têm digestibilidade maior que os grãos integrais;
• A absorção dos nutrientes será mais fácil e completa se o cereal estiver bem cozido.
BENEFICIAMENTO
•Objetivo: obter um produto com características mais agradáveis para o consumo e com maior tempo de conservação
•Retira-se a casca e o gérmen
•Há perda de valor nutritivo – ptn, lip, vit B e minerais.
PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS CEREAIS
Proteínas Carboidratos
Características organolépticas e estruturais das preparações a base de
cereais
PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS CEREAIS
Proteínas (gliadina e glutenina)
Formação do glúten
Rede tridimensional, viscoelástica, insolúvel em água e aderente Formada a partir da hidratação e aplicação de energia mecânica
Gliadina – consistência e viscosidade da massa Glutenina – extensibilidade da massa
• Trigo: único que tem as frações de ptns adequadas a formação do glúten;
• Centeio e triticale desenvolvem características semelhantes, mas as massas são fracas.
Proteínas do glúten reagem com lipídeos e carboidratos
Massas com mais ingredientes produzem pães sensorialmente mais atrativos e de maior vida útil
Preparações que necessitam de crescimento – o glúten forma finas membranas que retêm bolhas de gás produzidas pelos fermentos.
Ação do calor – desnaturação do glúten – formação de crosta que limita os orifícios produzidos pelo gás – crocância aos produtos.
Importância do glúten
PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS CEREAIS
Carboidratos (amido)
Gelatinização, Retrogradação e Dextrinização
• Amido: na forma de grânulos cristalinos, insolúvel em água, sem sabor, encontrado no endosperma dos cereais;
• Proporção de amilose e amilopectina do amido: determina a funcionalidade do cereal.
AMILOSE AMILOPECTINA
Solubilidade variável em água Insolúvel
Mais viscosa Menos viscosa
Cadeias retas e lineares Cadeias ramificadas
Forma helicoidal Forma não helicoidal
Facilita formação de géis Não contribui para formação de géis
Retrograda Estável
• Dilatação dos grânulos de amido quando submetidos a água aquecida, com aumento de volume e formação de massa translúcida.
• Ocorrência: mingaus, papas, molhos, arroz cozido. Usado como espessante em industrializados.
GELATINIZAÇÃO
• Decorrente da recristalização e insolubilização irreversível do amido durante o resfriamento do gel. Ocorre redução de volume, aumento da firmeza do gel e sinérese. É um tipo de amido resistente.
• Ocorrência: endurecimento de pães e bolos, separação de fase nos molhos, pudins e manjares.
RETROGRADAÇÃO
• Hidrólise do amido quando aquecido a T>150°C em calor seco, por ação de ácido ou enzimas forma dextrinas – torna-se dourado, mais solúvel, ligeiramente doce e reduz capacidade de engrossar. Facilita a digestão.
• Ocorrência: crosta do pão, farinha de mandioca torrada, pudim de laranja (acrescentar mais amido).
DEXTRINIZAÇÃO
PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS CEREAIS
INGREDIENTES AÇÃO
Açúcar ↓ velocidade de gelatinização Torna o gel mais transparente ↑ tendência a retrogradação e ↑ sinérese
Sal ↓ velocidade de gelatinização Inibe a retrogradação
Ácido Queda da viscosidade do gel
Gordura Reduz a hidratação dos grânulos Dificulta a retrogradação
Ingredientes que interferem nas propriedades do amido:
CARACTERÍSTICAS E UTILIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS CEREAIS
TRIGO
• Um dos cereais mais consumidos em todo o mundo.
• Pertence a família Poaceae, gênero Triticum.
• A farinha é o produto de trigo de uso mais generalizado.
• O processo de obtenção visa separar o endosperma do gérmen e do farelo através da moagem dos grãos.
Classificação do trigo Teor de
proteína(%) Aplicação
Triticum durum 13 a 15 Massas
Triticum vulgares (forte ou duro)
12 a 13 Pães
Triticum compactum (mole ou fraco)
7,5 a 10 Biscoitos, bolos, pães tipo árabe
Qualidade tecnológica da farinha: ligada a capacidade de formar massa – presença de ptns formadoras do glúten – gliadina e gutenina.
• Ingrediente de bolos, biscoitos, pães integrais;
• Adicionados a alimentos assados ou bebidas.
• Cereais matinais, barras de cereais, pães, biscoitos, bolos
• Rações para animais.
Derivados do trigo e formas de consumo
• Confere crocância
• Usada em panificação; • A presença da casca enfraquece a
formação do glúten.
Derivados do trigo e formas de consumo
• Farinhas extraídas da parte intermediária entre casca e gérmen e possuem grande qnte de glúten – ideais para pães e massas.
• Engrossar caldos ou pudins.
• Quibes assados e crus, tabule; • Deve ser previamente hidratado.
Derivados do trigo e formas de consumo
ARROZ
•Cultivado praticamente em todo o mundo, constitui alimento básico.
•Pertence a família Poaceae, gênero Oryza.
•Estrutura do grão:
• Classificação de acordo com o grau de beneficiamento:
1. Arroz polido (sem a película e o gérmen)
2. Arroz parboilizado (processamento hidrotérmico)
3. Arroz integral (sem a casca, apenas com a película)
4. Arroz instantâneo (cocção úmida e rápida e secagem)
1 2 3 4
• Outros tipos:
1. Arroz selvagem: alto conteúdo de nutrientes
2. Arroz arbóreo: cremoso, ideal para risotos
3. Arroz aromático: base para pratos apimentados
4. Arroz japonês ou sassanishiki: preparo de sushis, sashimi, saquê, missô e shoyo
1 2 3 4
• Características de cocção do arroz polido de acordo com o tamanho e formato dos grãos:
Médio:
• Não empapa tanto
• Preparações salgadas e doces
• Preparo de risotos
Curto e redondo:
• Empapa quando cozido (↓ amilose)
• Requer pouca água e desintegra fácil
• Arroz-doce e culinária oriental
Longo:
• Grãos bem soltos quando cozidos (↑ amilose)
• Preparações salgadas
• Arroz branco comum
MILHO
•Pertence a família Poaceae, gênero Zea.
•Estrutura do grão:
• Consumido in natura ou na forma de produtos industrializados – importante fonte energética.
• A partir da moagem do milho obtém-se:
• Farinha (fubá, flocos, canjiquinha, xerém)
• Gérmen
• Óleo
• Amido
• Glucose ou xarope
AVEIA
• A espécie mais cultivada é a Avena sativa.
• Apresenta maior grão de cereal.
• Estrutura do grão:
• Fonte de fibras solúveis: absorve e mantém moléculas de água no interior – produto mais macio, viscoso e úmido.
• Maior teor de lípidios dentre os cereais: maior tendência a rancidez – menor vida útil.
PRODUTO APLICAÇÃO
Flocos inteiros
Granola, cereais em barra, panificação, bebidas a base de leite
Flocos médios e flocos finos (instantâneos)
Mingaus e sopas
Farinha Panificação, confeitaria, pastelaria doce e mingaus
Farelo Principal fonte de fibra solúvel Mingaus, pães, bolos e bolachas
Produtos derivados da aveia
OUTROS CEREAIS
CEVADA (Hordeum sativum e Hordeum vulgare)
• Principal aplicação é na obtenção do malte, utilizado na produção de bebidas alcoólicas (cerveja e uísque) e em panificação e cereais matinais.
CENTEIO (Secale cereale)
• Segundo cereal de importância quanto a fabricação de pão. Utilizado na ração animal.
PRODUTOS DERIVADOS
"Regulamento técnico para produtos de cereais, amidos, farinhas e farelos” RDC 263 DE 22/09/2005
MASSAS ALIMENTÍCIAS PÃES BISCOITOS OU BOLACHAS
CEREAIS PROCESSADOS FARINHAS AMIDOS FARELOS
MASSAS
Produtos obtidos da farinha de trigo e/ou derivados de trigo durum e/ou derivados de outros cereais,
leguminosas, raízes e ou tubérculos, resultantes do processo de empasto e amassamento mecânico, sem
fermentação
"Regulamento técnico para produtos de cereais, amidos, farinhas e farelos” RDC 263 DE 22/09/2005
Podem ser secas, frescas, pré-cozidas, instantâneas ou prontas para o consumo, em
diferentes formatos e recheios
MASSAS
• Espaguete • Parafuso ou fusilli • Penne • Cabelo de anjo • Talharim • Lasanha • Fettuccine • Rigatone • Canelone • Farfale • Linguine
OUTROS DERIVADOS
Bolos Tortas
(massa leve, úmida, pastelão, dura, quebradiça, arenosa, podre, folhada)
Pizza Panqueca
LEGUMINOSAS • Plantas da família Leguminosae cujos grãos dão em
vagem.
Amendoim
LEGUMINOSAS
•Únicas no reino vegetal ricas em ptns e pobres em amido.
•Os frutos são chamados legumes ou vagens. O fruto seco pode ou não se abrir quando maduro. No interior, encontram-se as sementes.
• Importantes na alimentação humana: feijão, soja, amendoim, grão-de-bico, ervilha, lentilha.
ESTRUTURA
• Tegumento ou casca (2-5%)
• Embrião (cotilédones, eixo embrionário, hilo)
As sementes maduras apresentam duas partes:
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
Leguminosa Proteínas Carboidratos Lipídeos Fibras Minerais
Feijão 26,1 61,4 1,8 6,6 4,1
Soja 40,0 29,0 20,0 5,0 6,0
Grão de bico 20,6 65,2 7,0 3,8 3,4
Ervilha 28,8 60,0 1,6 6,7 2,9
Lentilha 29,6 61,7 3,1 3,2 2,4 Valores expressos em % em base seca
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
CARBOIDRATOS
•Amido: 35-45% da massa do grão (menos digeríveis)
•Açúcares solúveis: mono e oligossacarídeos
•Polissacarídeos estruturais: celulose, hemicelulose e pectina
• Conhecidos como oligossacarídeos da família da rafinose (RFO)→ rafinose, estaquiose, verbascose e outros.
• Têm atv prebiótica.
• Podem provocar fermentação excessiva acarretando em flatulência e desconforto abdominal.
Oligossacarídeos das leguminosas: galactosídeos
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
PROTEÍNAS
•Predominantemente globulinas: legumina e vicilina
•Enzimas e outras proteínas biologicamente ativas (inibidores enzimáticos, lectinas)
•Digestibilidade diminuída
• As leguminosas são relativamente pobres em aa
sulfurados (metionina e cistina) e em triptofano.
• Contém lisina em qnte superior aos cereais
• Compensar misturando com cereais na proporção 1:3
ou consumir com proteína animal.
QUALIDADE PROTEICA DAS LEGUMINOSAS Resulta da composição em aa e digestibilidade
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
LIPÍDEOS
•Variável – no amendoim é a principal fonte energética
•Há predominância de AG de ↑PM e insaturados
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
VITAMINAS E MINERAIS
•Vitaminas do complexo B e vitamina E (oleaginosas)
•Particularmente ricas em potássio, fósforo e ferro não-heme.
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
OUTROS COMPOSTOS
• Fatores antinutricionais
Constituinte Ação Eliminação
Inibidores de hidrolases (tripsina
e α-amilase)
↓ digestibilidade de ptn e amido
Tratamento térmico; Pode ocorrer atv
residual após tratamento térmico
Lectinas Hemólise e
hemorragia GI
Tratamento térmico; Calor seco é pouco
efetivo
Alergênicos Provocam reações
alérgicas Tratamento térmico
Lipoxigenases Destruição de vit A,
odor de ranço Tratamento térmico
• Fatores antinutricionais proteicos:
Constituinte Ação Eliminação
Ácido fítico, fitina e/ou fitatos
Quela minerais Ca, Zn, Fe, Mn, Mg
Hidrólise enzimática ou molho prolongado (16h) em T~50°C
Alcaloides Sabor amargo e
toxicidade Tratamento térmico e
molho
Taninos ↓ digestibilidade de ptn e amido; adstringência
Descorticação das sementes e cozimento
Saponinas Lise das céls GI,
hemólise, ↓ absorção de nutrientes
Tratamento térmico
Agentes bocígenos
Bloqueia a captação do iodo
Tratamento térmico; Remoção da película
(amendoim)
• Fatores antinutricionais não proteicos:
Outros: flavonoides e ligninas
DIGESTIBILIDADE
Afetam a digestibilidade:
• Parede celular, que pode atuar como uma barreira física (cozimento e a mastigação do grão não são suficientes para rompê-la)
• Amido e proteínas não têm digestibilidade alta devido as características químicas e a presença de fatores antinutricionais.
FORMAS DE CONSUMO
• Consumidas ainda verdes: ervilha e vagem;
• Consumidas na forma germinada: broto de feijão;
• A maioria é consumida na forma seca.