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256 CASA ESTÚDIO DIEGO RIVERA E FRIDA KAHLO. México, ca. 1930. Arq. Juan O’Gorman Redesenho digital das plantas.

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CASA ESTÚDIO DIEGO RIVERA E FRIDA KAHLO. México, ca. 1930. Arq. Juan O’GormanRedesenho digital das plantas.

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Redesenho digital das plantas.

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_Do redesenho à leitura das casas estúdio Diego Rivera e Frida Kahlo

to, além de colunas e vigas de concreto armado com vedações em tijolos, observa-se a utilização de laje do tipo nervurada, com blocos de barro como peças de preenchimento. Também aqui o arquiteto mexica-no manteve plenamente expostas as estruturas, bem como as instalações elétricas e hidráulicas, somente as paredes receberam reboque e pintura, revelando enorme ousadia em relação ao arquiteto suíço-francês. Uma das características marcantes que distinguem um e outro projeto pode observar-se na geometria interna resultante da cobertura shed do estúdio de Diego. No de Ozenfant, Le Corbusier optou por ocultá-la com um painel translúcido.

Com entradas separadas e unidas por uma ponte, a casa vermelha correspondia a Diego (Las Palmas, 79) e a azul a Frida (Av. Altavista). Novamente, O’Gorman faz uso da cor e da cerca de cactos, o que brinda ao projeto um caráter regionalista. Aos fundos, o conjunto se completa com um estúdio fotográfico, na parte nor-deste do terreno. Desprendidas das laterais, ambas as casas possuem quatro fachadas, à diferença da casa es-túdio para o pintor Ozenfant, concebido em 1922 por Le Corbusier, que possui duas faces cegas.

Juan O’Gorman incrementou o sistema estrutural misto que havia adotado anteriormente. Neste proje-

227 228 Casa Diego Rivera e Frida Kahlo. Juan O’Gorman. Desenhos de perspectivas. Grafite sobre papel. Acervo: Museo Nacional de Arquitectura – INBA, México.

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Sobre a estrutura destas casas, esclarece GUZMÁN UR-BIOLA19:

El proyecto contemplaba cimientos corridos de piedra para los muros [paredes] y, en forma de zapatas aisladas de concreto armado para las co-lumnas, una estructura libre también de concre-to armado con trabes que ligarían los elementos verticales a las losas [lajes]. […]La estructura quedaría librada en la planta baja dejando los pilotes desnudos, tal y como lo acon-sejaban sus recientes lecturas de Le Corbusier. Las losas [lajes] serían nervadas, aligeradas [ali-viadas] por medio de casetones [blocos] de barro recocido, y encuadradas por trabes invertidas. Un entrepiso resuelto así era caro para su época, ya que debía trabajarse manualmente. Durante la remodelación de 1985, en las calas [sulcos] de al-gunos muros (sobretodo en los curvos) también se encontró viruta de madera con cemento como relleno, recurso que el arquitecto seguramente contempló emplear, pues su preocupación fue hacer su construcción lo más ligera [leve] posible. Algunos muros interiores están hechos con table-ros modulares de viruta de madera impregnada con cemento, logrando con esto que sean tam-bién ligeros y aislantes. Adelante […], por ahora bástanos saber que se proyectó colar la escalera helicoidal íntegramente con concreto armado y empotrarla a la estructura del primer o segundo niveles para darle rigidez, trabajando unitaria-mente. Asimismo, el puente que uniría las casas de Rivera y Kahlo sería construido con el mismo material. Éste fue demolido en 1948. El que vemos actualmente se hizo en 1985 y tiene como base dos vigas metálicas apoyadas libremente sobre los muros de ambas construcciones. [GUZMÁN URBIOLA, 2007: 43]

19 GUZMÁN URBIOLA, Xavier. Juan O’Gorman. Sus primeras casas funcionales. 1ª ed. México: Conaculta-INBA, 2007.

229 230 Casa Diego Rivera e Frida Kahlo. Fotógrafo: Arturo Osorno, 1997. Acervo: Museo Nacional de Arquitectura – INBA, México.

231 232 Casa Diego Rivera e Frida Kahlo. Juan O’Gorman. Desenhos de perspectivas. Grafite sobre papel. Acervo: Museo Nacional de Arquitectura – INBA, México.

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O estúdio para o pintor Diego Rivera foi erigido em três níveis e encontra-se totalmente suspenso sobre pilotis. Mais uma diferença com a de Ozenfant, que se apóia no solo. Somente um ano antes de O’Gorman, Le Cor-busier construiria a Ville Savoye (1928), estruturando-a sobre pilotis. Mas essa residência não é a que inspirou o projeto do arquiteto mexicano.

O acesso principal ao estúdio de Diego se dá pela rua Las Palmas, descendo alguns degraus construídos a partir da própria calçada, vencendo o desnível existen-te em relação à rua, explicado anteriormente. Os níveis superiores da casa são atingidos por uma escada heli-coidal externa de concreto, desta vez com guarda-cor-po, à semelhança da casa do pintor francês. A diferença é que esta sobe dois níveis, enquanto a de Ozenfant apenas um. Na experiência do estúdio Cecil O’Gorman, vimos que o arquiteto não contemplou a construção de um guarda-corpo.

A área de projeção no térreo é livre, existe apenas um pequeno compartimento, usado à época como quarto de empregado. Tomando como base a planta de conjun-to, estima-se que o módulo estrutural da casa de Diego seja de 4 x 3 metros, o que resulta uma área de projeção no térreo de 96 metros quadrados. Somados aos 200 m² construídos internamente, chega-se 296 m² cobertos.

234 Casa Diego Rivera e Frida Kahlo. Fotógrafo: Arturo Osorno, 1997. Acervo: Museo Nacional de Arquitectura – INBA, México.

235 Casa Diego Rivera e Frida Kahlo. Fotógrafo: Guillermo Kahlo, 1932. Acervo: Museo Nacional de Arquitectura – INBA, México.

233 Casa Diego Rivera e Frida Kahlo. Fotógrafo: Guillermo Kahlo, 1932. Acervo: Museo Nacional de Arquitectura – INBA, México.

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236 237 LE CORBUSIER, Casa estúdio do pintor Ozenfant (1922-4), exterior e interior. A: ZEVI, Espacios de la Arquitectura Moderna, p. 147.

239 Casa estúdio do pintor Ozenfant. Paris, 1922. Le

Corbusier. In BOESIGER, 1971: 30.

238 Casa estúdio do pintor Ozenfant. Paris, 1922. Le

Corbusier. In BOESIGER, 1971: 31.

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A escada helicoidal conduz, no primeiro nível superior, ao hall de entrada do andar que foi pensado para abri-gar uma galeria de exposição e venda de obras. Existe nesse ponto uma escada interna que leva aos demais pisos, além de uma porta que dá passagem ao escritó-rio e ao ateliê, servidos por um banho.

O segundo nível é o mais amplo, sendo que dois terços da área possuem pé direito duplo (como o estúdio de Ozenfant). Era o espaço de trabalho de Rivera. O’Gorman introduz nesse ambiente uma janela oblíqua, orientada ao Norte (melhor posicionado em relação à experiên-cia anterior), projetando-se além da laje – Le Corbusier ainda não projetava volumes desviados nem utilizava vidros na totalidade dos vãos, sem anteparos.

Um detalhe significativo diz respeito aos pára-sóis que O’Gorman desenhou para as janelas dos sheds, de as-besto20, material que empregou também nas portas de ambas casas.

20 silicato do gênero anfibólio, fibroso, inalterável ao fogo, cuja variedade mais pura é o amianto; us. como isolante térmico, acústico e elétrico, em cimento-amianto, roupas antifogo etc.

240 Casa Diego Rivera e Frida Kahlo. Juan O’Gorman. Desenho de escada helicoidal. Acervo: Museo Nacional de Arquitectura – INBA, México.

241 Casa Diego Rivera e Frida Kahlo.

Fotógrafo: Arturo Osorno, 1997. Acervo: Museo Nacional de Arquitectura – INBA, México.

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O terceiro nível superior, que corresponde ao mezani-no, abrigava um despacho e um terceiro dormitório, para hóspedes. Existe uma passagem externa em for-ma de ¼ de circunferência com parapeito em concre-to – acompanhando a linguagem da escada helicoidal, que leva para o terraço (sobre a laje do bloco sobre-saliente do andar inferior), por onde se chega à ponte que conduz ao à casa de Frida.

Os terraços e ponte são revestidos de tijolos de barro e os limites protegidos por um guarda-corpo realiza-do com tubos de ferro. Observam-se as caixas d’água, apoiadas sobre uma estrutura triangular de pilares e vigas de concreto plenamente expostas sobre a cober-tura (assim como no atelier de Diego e Cecil).

243 Casa Diego Rivera e Frida Kahlo. Fotógrafo: Arturo Osorno, 1997. Acervo: Museo Nacional de Arquitectura – INBA, México.

242 Casa Diego Rivera e Frida Kahlo. Fotógrafo: Arturo Osorno, 1997. Acervo: Museo Nacional de Arquitectura – INBA, México.

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Na fachada posterior da casa de Frida (face norte), há uma escada externa, incrustada na parede, que leva ao interior do estúdio, no segundo nível superior. Neste patamar, encontrava-se a área íntima da pintora, seu ateliê, um dormitório e banheiro. Na área do estúdio, de piso a teto e de ponto a ponto entre colunas, sem ante-paros, as janelas podem ser pregadas completamente.

O nível abaixo (primeiro superior) abrigava a sala de es-tar, o comedor e a cozinha, que atendia ambas as casas. A parte curva da escada se projeta para fora das lajes, resultando externamente no elemento cilíndrico em concreto que se pode apreciar nas imagens. A circula-ção vertical, contínua e em leque, desemboca no térreo.

Uma rampa vence o desnível com a Av. Altavista e ser-ve de acesso secundário ao conjunto. Embora a largura

244 Casa Diego Rivera e Frida Kahlo. Vista do estúdio. Fotógrafo: Arturo Osorno, 1997. Acervo: Museo Nacional de Arquitectura – INBA, México.

245 Casa Diego Rivera e Frida Kahlo. Fotógrafo: Arturo Osorno, 1997. Acervo: Museo Nacional de Arquitectura – INBA, México.

247 Casa Diego Rivera e Frida Kahlo. Vista face norte. Acesso externo ao estúdio da pintora. Fotógrafo: Arturo Osorno, 1997. Acervo: Museo Nacional de Arquitectura – INBA, México.

246 Lo que el agua me dió. México 1938. Frida Kahlo. Óleo sobre lenço, 91 x 70,5 cm. Coleção Daniel Tilipachi, Paris.

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21 Tanto o é que, anos mais tarde, após a morte de Rivera, uma das filhas de Diego realizou uma série de reformas – especialmente no térreo da casa que fora do pai, aproveitando-o como garagem. Essas modificações foram todas desfeitas à época do restauro, retomando a construção o seu aspecto original, qual seja, sua configuração à época da inauguração.

desta sugira sua utilização como entrada de garagem, um dos pilares da casa impedia a passagem de qual-quer automóvel21.

O espaço de projeção no térreo é praticamente livre, apenas ¼ da área foi fechada para abrigar as depen-dências de empregada e o acesso à escada que leva aos níveis superiores. O módulo estrutural deste ateliê é menor, de 3 x 3 metros, o que resulta uma área de projeção no térreo de 36 m². São 108 m² de área útil, praticamente um terço da de Diego.

248 Casa Diego Rivera e Frida Kahlo. Estar e comedor. Fotógrafo: Arturo Osorno, 1997. Acervo: Museo Nacional de Arquitectura – INBA, México.

249 Casa Diego Rivera e Frida Kahlo. Vista do comedor. Fotógrafo: Guillermo Kahlo, 1932. Acervo: Museo Nacional de Arquitectura – INBA, México.

250 Casa Diego Rivera e Frida Kahlo. Acesso pela Av. Altavista. Fotógrafo: Guillermo Kahlo, 1932. Acervo: Museo Nacional de Arquitectura – INBA, México.

251 Casa Diego Rivera e Frida Kahlo. Juan O’Gorman.

Detalhes de estrutura do estúdio da pintora. Acervo: Museo Nacional de Arquitectura – INBA, México.