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WEB NOVELA Capítulo 56 Terra do Sol (Últimas Semanas) Novela de Rynaldo Nascimento Escrita por Rynaldo Nascimento e Felipe Alves Direção Adriano Melo Amora Mautner Leonardo Nogueira Direção Geral Cláudio Boeckel Núcleo Dennis Carvalho Personagens deste capítulo ALAN ANDRÉIA ARIELE BATISTA CELESTE CLARISSA CLÉO CONCEIÇÃO CRISTAL DANILO DEMÉTRIO DIOGO DÉBORA HANA HARU HEITORZINHO ISABELA JAZIEL JOSUÉ JOSÉ JOÃO KATASHI LAURA LEONARDO LETÍCIA LUCAS LUCIANO MARÍLIA MATEUS MIGUEL NÉIA OSCAR PANTERA PERLA RAFAEL ROBERTA ROBSON TALITA TECO TOSHI VERINHA XANDE YOKO Participação Especial: BANDIDO/CAPANGA

Capítulo 56 (2)

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WEB NOVELA Capítulo 56

Terra do Sol(Últimas Semanas)

Novela deRynaldo Nascimento

Escrita porRynaldo Nascimento e Felipe Alves

DireçãoAdriano Melo

Amora MautnerLeonardo Nogueira

Direção GeralCláudio Boeckel

NúcleoDennis Carvalho

Personagens deste capítulo

ALANANDRÉIAARIELE

BATISTACELESTECLARISSA

CLÉOCONCEIÇÃO

CRISTALDANILO

DEMÉTRIO

DIOGODÉBORA

HANAHARU

HEITORZINHOISABELAJAZIELJOSUÉJOSÉJOÃO

KATASHI

LAURALEONARDO

LETÍCIALUCAS

LUCIANOMARÍLIAMATEUSMIGUEL

NÉIAOSCAR

PANTERA

PERLARAFAEL

ROBERTAROBSONTALITATECOTOSHI

VERINHAXANDEYOKO

Participação Especial:BANDIDO/CAPANGA

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TERRA DO SOL CAPÍTULO 56 PAG.: 1

CENA 01. CASA DE DÉBORA. JARDIM. EXTERIOR. DIA.

Continuação do capítulo anterior. Ariele, ainda sorrindo, responde a Yoko:

Ariele — Vagabunda não. Olha o respeito.

Yoko — Que outro nome daria a uma mulher desfrutável como você?

Débora — Vamos parando com a baixaria em minha casa. Casos de família é no SBT. Não aqui.

Miguel — Então as duas estão mancomunadas. Duas mulheres que não valem nada.

Débora — Você está na minha propriedade. Eu não admito ser ofendida. Me respeite.

Miguel — Me respeita você e para de me enganar que já estou sabendo que o meu filho está sofrendo em suas mãos. Cadê o Mateus, Débora?

Débora — Não sei de onde você tirou tanta loucura. Ah, já sei! Voltou a usar drogas, só pode! O Mateus, meu filho, pra deixar claro, está viajando com o coleguinha e a mãe desse coleguinha dele.

Yoko — Que coleguinha? Porque/

Débora — (por cima) Não se mete que o filho não é teu.

Yoko — Nós já estamos sabendo dos maus tratos que ele vem sofrendo.

Débora — Quem falou essa mentira? Quem está espalhando essa mentira estapafúrdia por ai?

Miguel — (TOM) Não interessa. Eu quero ver meu filho agora!

Débora fica apreensiva.

Débora — Tudo bem. Eu vou provar a você que estou dizendo a verdade.

Miguel — Vamos até o quarto dele. Quero averiguar o quarto.

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Yoko — Antes, me responda: o que ela faz aqui?

Ariele — Não lhe devo explicações, Yoko.

Débora — Não deve mesmo. Mas como ela é curiosa, eu vou falar! Ariele é minha secretária, trabalha para mim. Uma ótima profissional, por sinal. Ao contrário de você que não serve pra nada naquela escola medíocre.

Yoko — Pois na sua gestão ela poderia enveredar por esse caminho, mas graças a Deus e ao bom senso da Celeste a escola saiu das mãos de uma ladra e passou para as minhas, uma pessoa com compromissos educacionais relevantes.

Débora engole a humilhação.

Débora — (para Yoko) Você fica aí.

Débora segue. Miguel junto.

Ariele — Agora estamos só nós duas, irmãzinha!

Yoko — Não me chama de irmãzinha, sua cobra debochada.

Ariele — (cínica) Aí, Yoko. Você não era assim.

Yoko — Agora ficou tudo claro. Você e a Débora estão juntas. Aliás, você deve ter recebido dinheiro das mãos dela pra fazer o que fez. Pra tentar me separar do Miguel.

Ariele — Eu não preciso de dinheiro para fazer o inevitável. O Miguel se sentiu atraído por mim. Ele viu que o que nos difere é o poder sexual.

Yoko — Você quis dizer, o seu poder de ser puta. Não foi?

Ariele — Pode ser. E digo mais: ele gostou! Só não transamos na cama de vocês porque você, sua idiota, resolveu aparecer e acabar com tudo. Mas estávamos bem excitados. A ponto de explodir de prazer.

Yoko — Se tá tentando me tirar do sério, não vai conseguir.

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Ariele — Só apenas constatando que o Miguel gosta de mulher quente. Mas de onde você veio, meu amor, o frio impera. Até nesse seu jeitinho ridículo. (ri, irônica) Como pode. Tão parecida comigo e ser assim, gelada, ridícula, sem nenhum atrativo.

Yoko — Pra você ver que o que nos difere é a capacidade de inteligência e de caráter, qualidades que me pertencem, e que por ironia de Deus, sei lá, caiu em você todas as péssimas qualidades do mundo, qualidades de mulher vulgar, que mendiga sexo a troco de desprezo.

Ariele se enfurece.

CENA 02. CASA DE DÉBORA. QUARTO DE MATEUS. INTERIOR. DIA.

Débora abre a porta e Miguel adentra, preocupado.

Miguel — Mateus! Meu filho!

Não há nenhum vestígio de Mateus.

Miguel — Onde está o Mateus?

Débora — Eu já falei que aqui ele não está. Ele viajou, Miguel.

Miguel — Você está mentindo, Débora. Eu vou chamar a polícia.

Fecha em Débora.

CENA 03. ESCOLA. PÁTIO. EXTERIOR. DIA.

Danilo com Letícia, que chora, arrasada com o termino do namoro.

Letícia — Até agora eu não consegui compreender porque você está fazendo isso comigo?

Danilo — Pelo simples motivo de sua falsidade. Você me beijava, me tocava, enquanto desconfiava de mim, Letícia.

Letícia — Eu nunca desconfiei de você.

Danilo — (por cima) Desconfiou sim. Eu já estou sabendo que a culpada daquilo tudo que aconteceu comigo, no dia

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da luta, foi você. Foi você quem partiu com essa desconfiança e começou a falar por aí, aposto que com suas amiguinhas, e daí essa história foi tomando proporções.

Letícia — (por cima) Não.../

Danilo — Não adianta negar! Você ameaçou o José diversas vezes.

Letícia — Aquele sim que te fez perder a noção da realidade.

Danilo — Perder a noção em que sentido?

Letícia — Eu sei que vocês são próximos.

Danilo — E o que isso tem a ver?

Letícia — Pra cima de mim, Danilo?

Danilo — Tá vendo quem é você? Me esquece, garota. Finge que nunca tivemos nada. Me esquece!

Danilo levanta.

Letícia — (chora) Não vai, Danilo! Danilo!

Danilo sai sem olhar para trás. Letícia chora.

CENA 04. CASA DE DÉBORA. QUARTO DE MATEUS. INTERIOR. DIA.

Débora e Miguel.

Débora — Polícia? Você está doido? Pra quê polícia se eu já te disse mil vezes que o Mateus está viajando, Miguel?

Miguel — Mas eu fiquei sabendo que.../

Débora — Quem falou? Me diz. Quem inventou essa história?

Miguel — Ninguém.

Débora — Você disse que ficou sabendo.

Miguel — Não vou contar. Mas minha vontade é de chamar a polícia e esclarecer esse caso. Nunca mais eu vi meu

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filho. Eu tenho direito de vê-lo de quinze em quinze dias.

Débora — Eu sei disso. Faz assim, quando ele chegar eu o levo em seu apartamento. E o Mateus vai te dizer onde estava.

Miguel — E quando ele chega?

Débora — A previsão é pra hoje. Fica tranqüilo, Miguel. Eu sei cuidar do meu filho. Mateus é um bem preciso pra mim, mesmo que você não acredite. Hoje, assim que ele chegar, eu o levo em seu apartamento.

Fecha em Miguel.

CENA 05. CASA DE DÉBORA. JARDIM. EXTERIOR. DIA.

Ariele e Yoko.

Yoko — Não vou perder mais tempo contigo.

Yoko vai em direção a outro ponto.

Ariele — Eu já estou ciente do casamento. Tá pensando que vai ser feliz?

Yoko pára e volta.

Yoko — Eu sou feliz! Serei mais ainda depois de casada.

Ariele ri, irônica.

Ariele — Isso é o que você pensa. (pausa) Nunca será feliz, querida. A felicidade não nasceu pra você. Nasceu pros espertos.

Yoko — O que você quer dizer com isso?

Ariele — Ué, Deus não te agraciou com inteligência? Pensa um pouquinho... Você vai entender.

Ariele vai saindo. Yoko puxa ela com força.

Yoko — (raiva) O que você está armando?

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Ariele — (mais raiva ainda) Me solta. Eu só tenho uma coisa a dizer: Você não será a mulher dele. Não será!

As duas se encaram por um tempo e Ariele vai para os fundos da casa. Yoko fica ali, pensativa.

CENA 06. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA.

Tomada do Rio. Último take na casa de Batista.

CENA 07. CASA DE BATISTA. SALA. INTERIOR. DIA.

Celeste vem da cozinha e pára, com olhar fixo para a adega. Reluta. Acaba se dirigindo aos uísques. Ela põe gelo num copo e se serve. Levanta o copo e observa o gelo rodar dentro do uísque. Sente o aroma e fecha os olhos, gostando.

CENA 08. CASA DE BATISTA. CORREDOR 2º ANDAR. INTERIOR. DIA.

Isabela sai do quarto onde ela está hospedada. Passa pela porta do quarto de Celeste e Batista e bate.

Isabela — Celeste? Você está aí?

Não há resposta e Isabela segue para a sala.

CENA 09. CASA DE BATISTA. SALA. INTERIOR. DIA.

Celeste leva o copo à boca e bebe todo o uísque. Isabela vem descendo a escada e vê Celeste bebendo. Reação de Isabela.

Isabela — Celeste!

Celeste vira-se, assustada, para Isabela.

Celeste — Você está aí.

Isabela vai em direção a Celeste e toma o copo e a garrafa.

Isabela — Desde quando você voltou a beber?

Celeste — Eu não consigo parar.

Isabela — Mas, antes de eu ir presa, você tinha deixado esse vício há anos. Porque voltou, Celeste?

Celeste — Eu preciso contar a verdade! Eu preciso desabafar! Eu não posso mais esconder isso de ninguém!

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Isabela — Fala, Celeste! Tá me deixando assustada.

Celeste começa a chorar.

Celeste — Eu estive lá...

Isabela — Lá onde?

Celeste — No local do crime! Eu omiti, Isabela. Não contei pra polícia, pra ninguém! Eu vi o Alan morto!

Em Isabela.

1º INTERVALO COMERCIAL

CENA 10. CASA DE BATISTA. SALA. INTERIOR. DIA.

Isabela e Celeste sentadas.

Isabela — Você omitiu por quê?

Celeste — Não sei. Fiquei com medo.

Isabela — Você sabia que se contasse a verdade, que esteve lá, que viu o corpo do Alan, eu poderia até não ter sido presa, acusada da morte?

Celeste — Eu não pensei em nada. Me perdoa, Isabela.

Isabela — Você matou o Alan?

Celeste — Não. Eu não matei.

Isabela — Então, o que foi fazer lá?

Celeste — Dias antes do assassinato, o Alan me contou que sabia que a Débora desviava dinheiro da escola.

Isabela — Eu me lembro... Ele esteve na escola, ameaçou a Débora.

Inserir flashback: Cena 21 do cap.40.

ISABELA ENTRA NA SALA.

ISABELA — Alan! Solta a Débora.

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E ELA FAZ COM QUE ALAN SOLTE DÉBORA. DÉBORA ARREMESSA ALGO EM ALAN, QUE SE PROTEGE.

ISABELA — O que está acontecendo aqui?

DÉBORA — Vai embora agora, Alan.

ALAN — Só vou embora quando você me garantir a grana.

MIGUEL PÁRA DE FRENTE A PORTA DA SALA.

DÉBORA — Eu não vou garantir grana nenhuma.

ALAN — Então serei obrigado a contar a Celeste que você desvia dinheiro da escola. Você vai presa por roubou. Quero só ver a sua pose quando chegar na cadeia.

DÉBORA — Eu te mato, Alan! Eu acabo com a sua vida.

Volta ao tempo presente: Celeste continua.

Celeste — Eu fui até lá para tentar esclarecer a verdade com ele. O Miguel me contou da confusão na escola e eu fui tirar essa história a limpo, antes de acusar a Débora... E foi aí que...

Fusão para:

CENA 11. NOITE DO CRIME/ CASA DE ALAN. SALA/QUARTO DE ALAN - FLASHBACK A SER GRAVADO. INTERIOR. NOITE.

Celeste entra na casa. A porta estava aberta.

Celeste — Alan? Alan?

Ela segue para o quarto de Alan. Quando abre a porta se deparada com ele morto. NÃO MOSTRAMOS O CORPO, só a reação dela.

Celeste — (OFF) E foi aí que eu o vi daquela maneira... Morto! Foi um choque pra mim. Eu não consegui me controlar...

CENA 12. CASA DE BATISTA. SALA. INTERIOR. DIA.

Isabela e Celeste. A fala de Celeste continua, sem interrupção.

Celeste — E parei no primeiro bar. Bebi, bebi... Fiquei bêbada! Eu precisava esquecer aquela cena.

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Isabela — Meu Deus! Quando eu sai da cadeia fiquei sabendo que uma mulher fez ameaças, pelo celular do Alan, que está em domínio da Paloma, aquela vagabunda que saia com o Batista.

Celeste — Sim.

Isabela — Como eu te disse: ela foi ao encontro e aconteceu tudo aquilo. E segundo informações, é uma mulher.

Celeste — Se é uma mulher, só pode ser a Débora!

Isabela — Depois disso tudo, não há dúvidas!

Em Isabela.

CENA 13. ESCOLA. PÁTIO. EXTERIOR. DIA.

Letícia enxuga as lágrimas. Pantera se aproxima.

Pantera — Estava chorando, delicinha?

Letícia — Estava.

Pantera — O que aconteceu contigo?

Ele senta ao lado de Letícia.

Letícia — Terminei com o Danilo.

Pantera — Poxa! Já tava mais do que na hora. O cara não te merecia. Você é uma mina boa, dedicada. Ainda mais depois dos boatos que rolaram aí com o nome dele.

Letícia — Foram esses boatos que fizeram a gente terminar.

Pantera — (dá carinho) Fica assim não. Faz assim, a gente sai hoje à noite, troca um papo legal.../

Letícia — Não, Pantera!

Pantera — Você vai gostar. Vou te levar pra se divertir. Sem pretensões nenhuma. Amizade mesmo. Não gosto de te ver triste. Garota bonita tem que viver sempre sorrindo.

Letícia abraça Pantera. No cinismo dele.

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CENA 14. CLÍNICA DE ESTÉTICA. SALA DE ACUNPUTURA. INTERIOR. DIA.

Néia, guiada por Talita, se intriga com as agulhas.

Néia — Isso não dói não?

Talita — (ri) Não dói não, Néia. Faz bem.

Néia — Deus é mais de colocar uma coisa dessa em minha cara.

Toshi e Laura se aproximam.

Toshi — Gostando daqui, Néia?

Néia — Tô adorando, mas to é com medo dessas mulheres aí com essas agulhas enfiadas no corpo todo.

Laura — É acupuntura.

Toshi — Néia, nós precisamos falar com você a respeito do julgamento do Jeremias.

Néia — Já saiu à data?

Toshi — Saiu sim.

Laura — Eu sei que você não tem nada a ver com o que aconteceu, mas você era mulher dele. Achamos que deveria saber que a data se aproxima.

Néia — O que eu quero mesmo é que ele pague pelo crime que cometeu!

Toshi — Nós também queremos isso!

Talita — E vão conseguir, com fé em Deus! Porque ainda há justiça nesse país!

Neles confiantes.

CENA 15. ESCOLA. BANHEIRO MASCULINO. INTERIOR. DIA.

Abre em Danilo chorando e lavando o rosto. Katashi entra.

Katashi — Eu vi que você passou batido no pátio. O que está acontecendo, meu amigo?

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Danilo olha para Katashi e continua a chorar, mas não diz nada.

Katashi — Cara, seja o que for, eu sou teu amigo! Estou aqui para ajudar.

Danilo — Eu preciso desabafar. Não agüento mais esconder isso de ninguém, velho.

Katashi — Vamos pra um lugar mais reservado.

Danilo concorda.

CENA 16. ESCOLA. BIBLIOTECA. INTERIOR. DIA.

Danilo e Katashi. Pouco movimento, ou nenhum, na biblioteca.

Katashi — Você ultimamente tem sido rechaçado pelos colegas por conta do mal entendido que acabou acontecendo no dia da luta. É por isso que choras?

Danilo — Também.

Katashi — Se quiser desabafar...

Danilo — Eu preciso. (pausa) Na realidade, vou ser bem sincero! Eu terminei o meu namoro com a Letícia.

Katashi — Terminou? Por quê?

Danilo — Porque eu descobri que foi ela quem estava contando por aí que tinha dúvidas quanto a minha sexualidade.

Katashi — Mesmo?

Danilo — Sim. E isso me deixou revoltado. Como eu to com uma pessoa e ela chega ao ponto de duvidar de mim?!

Katashi — Mas ela tem pelo menos algum pingo de razão ao duvidar de você?

Danilo se cala.

Katashi — Porque, acredito eu, que ela não ia duvidar assim do nada.

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Danilo — Letícia nunca gostou da minha amizade com o José. Ela é possessiva. Achava que eu deveria ser só dela.

Katashi pára, faz cara que não entende.

Katashi — Então... Você não era só dela!

Danilo abaixa a cabeça e levanta em seguida, já dizendo:

Danilo — Eu sempre tive algumas duvidas a respeito do que seguir na vida, até que o jiu-jítsu apareceu como possibilidade. Foi aí que eu me dediquei a vera e hoje sou o que sou por conta dele. Mas, sabe, parece que tem algo que me angustia, que me incomoda. Me faz pensar que eu preciso de mais alguma coisa pra me completar.

Katashi — Deve ser fase de dúvidas. Somos adolescentes.

Danilo — Pode ser. Mas o que pesa nisso tudo é que... Eu... Eu já sei o que é essa angustia.

Katashi — O quê?

Danilo — É o desejo pelo igual e pelo diferente!

Katashi — Seja mais claro!

Danilo — Eu sou bissexual, Katashi! Sinto desejo tanto por homens como por mulheres.

Katashi — Tudo bem, amigo. Eu entendo perfeitamente.

Danilo — Poxa, cara! Não comenta isso com ninguém, senão a galera vai ficar me enchendo o saco.

Katashi — Nunca. Pode deixar! Você é meu irmãozão! Essa história vai morrer com a gente, mas eu te aconselho, velho: não fica nessa duvida a vida toda não. Seja quem você é de verdade! Você vai ver o quanto viver se tornará mais interessante.

Danilo — Você tem razão! (decidido) Eu vou me assumir!

Em Danilo.

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CENA 17. RIO DE JANEIRO. GERAIS. EXTERIOR. NOITE.

Anoitece. Tomada lenta do Rio, mostrando o anoitecer na orla. Pessoas indo para casa depois de um dia exaustivo de trabalho. Takes de diversos pontos. Música em alta pontuando a seqüência de passagem temporal.

CENA 18. AP. DE MIGUEL E LEONARDO. SALA. INTERIOR. NOITE.

Miguel e Yoko abraçados.

Yoko — A Ariele me disse coisas horríveis. Ela é uma doente.

Miguel — Não leve a sério o que pessoas loucas falam.

Yoko — Mas ela falou de um jeito. (arrepio) Me arrepiei toda. Será que ela está aprontando alguma coisa?

Miguel — Trabalhando para a Débora, como ela afirmou, não duvido. Mas nada mais nos atingirá, amor.

Se beijar. Batidas na porta.

Miguel — Quem será uma hora dessas?

Miguel levanta e abre a porta. E lá está Débora e Mateus ao lado.

Detalhe: Mateus veste uma blusa longa, que esconda seus braços e calça jeans.

Miguel surpreso ao ver o filho.

Débora — Eu não disse que traria o Mateus assim que ele chegasse de viagem? Aí está.

Miguel sorri para o menino que o abraça.

2º INTERVALO COMERCIAL

CENA 19. CASA DE OSCAR. COZINHA. INTERIOR. NOITE.

Abre na mesa repleta de guloseimas. Heitorzinho e Oscar.

Heitorzinho — Não precisava tanto, pai!

Oscar — É tudo pra você, filhão. Aqui você vai ter uma vida de príncipe, como antes.

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Heitorzinho — fazia tempo que eu não comia esse tipo de coisa.

Heitorzinho logo ataca a comida.

Oscar — Eu sei que lá onde você vivia com a Andréia a comida era pouca, mas aqui nada vai faltar. E pode apostar, tua mãe ainda volta pra cá.

Heitorzinho — Cê acha mesmo, papai?

Oscar — Ô! É questão de tempo...

CENA 20. RESTAURANTE DE JAZIEL. INTERIOR. NOITE.

Andréia e Verinha.

Andréia — Nunca, mãe. Eu não vou para o Oscar nunca mais. Agora meu coração tá apertado por causa da ida do Heitor.

Verinha vê Cléo do lado de fora com Jaziel.

Verinha — Olha quem tá lá com o Jaziel.

Andréia — Quem?

E Andréia vê. Fecha a cara.

CENA 21. FRENTE DO RESTAURANTE DE JAZIEL. EXTERIOR. NOITE.

Cléo e Jaziel.

Cléo — Eu estou profundamente arrependida, seu Jaziel. De coração mesmo. O senhor me conhece há muito tempo, trabalhei anos aqui...

Jaziel — Eu sei, Cléo e entendo todo seu desespero, mas...

Cléo — Errei, é claro! Mas sempre fiz o meu serviço corretamente.

Jaziel — Tudo bem. Eu sei o quanto é difícil a vida nesse país. E você precisa pagar a estadia na pensão. Tudo bem, eu te aceito! Com uma condição!

Cléo — (feliz) Qual condição?

Jaziel — Não faça nada para prejudicar a mim nem a Andréia!

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Cléo — Pode ficar despreocupado. A partir de hoje eu vou ajudar o senhor.

Jaziel — Me ajudar?

Cléo — Sim. A reconquistar a Andréia.

Em Jaziel.

CENA 22. PRAÇA DOS JARDINS DE TÓQUIO. EXTERIOR. NOITE.

Haru caminha com Yoko.

Yoko — Deixei o Miguel curtir o filho um pouco. A Débora está lá com ele.

Haru — Mas você me disse que a Ariele está trabalhando para a ex-mulher do Miguel?

Yoko — Isso mesmo. Chegamos de surpresa lá e quem nos surpreendeu foi ela, com a cara mais cínica do mundo.

Haru — O que essa menina tem na cabeça?

Yoko — Raiva, mãe. Muito ressentimento. A Ariele provou que me odeia e que fará de tudo para me destruir.

Haru — Você está com medo?

Yoko — Não sei se é medo, mas eu fiquei um pouco apreensiva com as palavras dela!

Haru — Não dê importância. É inveja! Nós tentamos reaproximá-la da gente, mas o que podemos fazer se ela não contribuiu e ainda por cima tentou trapacear a própria irmã?

Yoko — É verdade!

Haru — E você está decidida a se casar com o Miguel?

Yoko — A princípio só no civil. Depois ele disse que quer o religioso, mas não sei se estou a fim.

Haru — Faça a vontade do seu amor, filha!

Yoko sorri.

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CENA 23. AP. DE MIGUEL E LEONARDO. SALA. INTERIOR. NOITE.

Miguel, Débora e Mateus. Pai faz carinho no filho.

Miguel — Eu estava sentindo tanto a sua falta, filho.

Mateus — (seco) Eu também, pai.

Débora — Contra pro seu pai onde você estava, filho. Contra pra ele o quanto se divertiu naquela viagem maravilhosa com seu amiguinho.

Miguel — Fui em sua casa e não te encontrei.

Mateus encara Débora que sorri, com um rosto ameaçador. Mateus olha para Miguel.

Mateus — Eu estava num sítio com um amigo e a mãe dele.

Miguel — Ah. (desconfia) estou te achando tão estranho.

Débora — É que o coitado acabou de chegar de viagem, Miguel! Viemos logo aqui, porque eu prometi, não foi? Estou trazendo o Mateus aqui pra provar a você que, o que inventaram de mim, é tudo mentira. Nosso filho está ótimo.

Miguel — (Para Mateus) Está tudo bem mesmo, filho?

Mateus cala por um tempo. Débora o cutuca sem Miguel perceber e o garoto fala:

Mateus — Está tudo bem sim, papai!

Mateus engole o choro, esfrega os olhos.

Débora — (dengosa, fingida) Meu bebê tá com soninho. Tenho que levá-lo.

Débora pega Mateus.

Miguel — Mas já?

Débora — Daqui a quinze dias você verá o seu filho, como manda a lei. Só o trouxe hoje pra você engolir as palavras horríveis que me disse.

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Miguel — Mas.../

Débora — (por cima) Por favor, abra a porta! Precisamos ir!

Miguel abre a porta. Débora e Mateus vão saindo. O garoto pára, encara o pai, com um olhar triste. Solta a mão da mãe e corre para um abraço, bem apertado.

Mateus — Eu te amo, papai!

Miguel — Eu também te amo, meu filho! Muito, muito, muito! Papai não esquece de você um só minuto. A minha ausência não é proposital, você sabe disso.

Mateus — A culpa da sua ausência é toda minha.

Mateus chora. Miguel enxuga as lágrimas. Débora, impaciente, revira os olhos.

Mateus — Eu te amo, tá?

Miguel beija o filho na testa e o abraça mais uma vez.

Débora — Agora vamos. Já está tarde.

Mateus vai com Débora. Miguel fecha a porta e sorri, pensativo.

Miguel — Meu moleque...

Nele.

CENA 24. CARRO DE DÉBORA. INTERIOR. NOITE.

Mateus e Débora no carro.

Débora — Bom garoto... Depois da ceninha de hoje você merece um alivio.

Mateus vira o rosto para a janela do carro. CÂM fecha na expressão de sua tristeza.

CENA 25. FAZENDA DE MANUEL. EXTERIOR. NOITE.

Tomada noturna. Um homem se aproxima da entrada da fazenda. Bate palma. É o capanga que ajudou Haru a acabar com a vida de Manuel.

Capanga — Ô de casa!

CENA 26. FAZENDA DE MANUEL. VARANDA. EXTERIOR. NOITE.

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Hana e Josué namorando. Ouve as palmas.

Josué — Uai! Gente essa hora da noite?

Hana — Será que é algum ladrão?

Josué — Se for, nós bota pra correr agora mesmo!

Josué e Hana vão até a entrada da fazenda.

CENA 27. FAZENDA DE MANUEL. PORTEIRA. EXTERIOR. NOITE.

Hana e Josué chegam até o capanga.

Josué — Pois não, meu amigo!

CAPANGA — Boa noite! Eu queria falar com a dona Haru.

Hana — Com a Haru? Desde quando cê conhece a Haru?

CAPANGA — Ela sabe muito bem quem sou eu. Diga que é o capanga que trabalhou aqui tempos atrás... O que ajudou ela.

Hana — Capanga que ajudou a Haru? Ajudou em quê?

CAPANGA — Aí a senhora tá querendo saber demais. Vai chamar ou não vai?

Hana — A Haru está no Rio de Janeiro.

CAPANGA — E quando volta?

Hana — Provavelmente, após o casamento da filha.

CAPANGA — Então avisa a ela que to na área. Ela vai se lembrar de mim.

Capanga retira o chapéu, em reverência. E vai embora.

Josué — Que cara mais estranho.

Hana — Mais estranha ainda é essa relação dele com a Haru. Viu o jeito que ele falou? (pausa) Pra mim aí tem coisa. Haru de santa não tem é nada. (pausa) Ah, meu amorzinho, eu vou descobrir isso logo, logo. E se for

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alguma coisa forte, como as coisas que ela fazia antigamente, a tenho na palma da mão mais uma vez!

No sorriso de Hana.

CENA 28. APART. DE JOÃO E MARÍLIA. SALA. INTERIOR. NOITE.

João, Marília, Xande e Danilo. Todos sentados.

Marília — Filho, até agora não entendi, o porquê dessa reunião repentina. Faz tempo que isso não acontece.

Danilo — É que eu preciso contar algo para vocês.

João — Conta logo que estou atolado de papéis da fazenda pra analisar.

Danilo — Acho que não será surpresa, pois andam desconfiados. Vou ser direto, curto e grosso, porque já cansei de ficar guardando isso comigo e hoje decidi ser quem eu sou de verdade! Mãe, pai, irmão... Eu sou bissexual!

Reação de João e Marília.

3º INTERVALO COMERCIAL

CENA 29. APART. DE JOÃO E MARÍLIA. SALA. INTERIOR. NOITE.

Continuação da cena anterior. João parte pra cima de Danilo com socos.

João — Você não é isso! Eu não criei filho pra ser isso!

Danilo grita.

Xande — Solta ele, pai!

João empurra Xande também, que cai longe. Marília chora.

Danilo imobiliza o pai.

Danilo — O senhor não vai me agredir. Nunca mais. Tá me ouvindo? Não vai me bater, porque eu não vou deixar.

Danilo empurra João.

João — Você vai arrumar tuas coisas agora...

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Marília — Não.

João — Vai sair da minha casa. Eu não aceito um filho doente. Não aceito um filho que sente desejo por homens e mulheres. Você é um nojento, um ser humano desprezível. Gente como você merece morrer. Eu tenho nojo de você, Danilo! Nojo!

Danilo encara o pai com ódio.

Danilo — Eu vou sair sim. Mas vou sair sem esse piano que eu carregava nas costas. Eu que tenho nojo desse tipo de pai que você é.

Xande e Marília choram.

Corte descontinuo: Danilo com uma mochila.

Marília — Não vai, filho!

Danilo — Vou sim, mãe!

João — E outra: não diz por aí não o seu sobrenome. Eu terei vergonha em assumir que você... Que você um dia foi meu filho.

Danilo encara o pai e vai embora. No choro de Marília. FADE OUT/

CENA 30. FAVELA. GERAIS. EXTERIOR. NOITE.

FADE IN. Abre numa tomada do alto da favela.

CENA 31. VIELAS DA FAVELA. EXTERIOR. NOITE.

Danilo sobe os becos aos prantos. Pessoal olha pra ele e percebe que ele não é da comunidade.

Danilo entra num beco escuro e é surpreendido por bandidos.

Bandido — Pensa que vai aonde mesmo, playboy?

Em Danilo.

CENA 32. RESTAURANTE DO HOTEL FAZENDA. INTERIOR. NOITE.

Clarissa e Leonardo jantam.

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TERRA DO SOL CAPÍTULO 56 PAG.: 21

Clarissa — Graças a Deus hoje é o nosso último dia nesse lugar.

Leonardo — Eu também já não agüento mais isso aqui.

CENA 33. QUARTO DE ROBERTA E ROBSON NO HOTEL FAZENDA. IN TERIOR. NOITE.

Roberta vela o sono de Robson. Tempo. Ela sai do quarto, sem fazer barulho.

CENA 34. QUARTO DE CLARISSA E LEONARDO NO HOTEL FAZENDA. INTERIOR. NOITE.

Roberta entra no quarto e vasculha, a procura de alguma coisa. Até que ela acha o que tanto procurava na cesta do lixo: uma camisinha com esperma de Leonardo.

Roberta — O passaporte para a minha felicidade!

Roberta alisa a barriga. Fecha nela.

CENA 35. CASA DE NÉIA. SALA. INTERIOR. NOITE.

José e Néia com Danilo, que bebe água.

José — Você é maluco. Deveria ter me avisado que estava vindo pra cá.

Danilo — Eu saí tão alucinado de casa que não pensei em nada.

Néia — Deve estar sendo difícil pra você, garoto.

Danilo — Meu pai me disse coisas horríveis e me expulsou.

José — Não fica assim. (Para Néia) Néia, tu pode ajudar o Danilo por esses dias? É que em minha casa não dá pra ele ficar.

Danilo — Eu não quero atrapalhar.

Néia — Não atrapalha coisa nenhuma, Danilo. Eu sei que cê é colega do meu sobrinho Juca. Vai ser muito bem vindo em minha casa. Agora não repara que ela é de pobre.

Danilo — Eu não ligo pra isso.

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TERRA DO SOL CAPÍTULO 56 PAG.: 22

José — E antes que o povo comente, eu preciso dizer que eu e o Danilo.../

Néia — (por cima, rindo) Não precisa dizer nada, José! Eu entendi tudo já.

José sorri para Néia e beija a cabeça de Danilo, que ainda está abalado com o que aconteceu.

CENA 36. CASA DE DEMÉTRIO. SALA. INTERIOR. NOITE.

Talita põe o rosto na janela. Demétrio na sala.

Talita — Tão chegando!

Lucas entra com Cristal. Demétrio que estava ansioso, ao ver Cristal, acaba de frustrando. Close na reação de Demétrio.

Cristal — Boa noite!

Talita — Boa noite!

Lucas — Vô, essa é a Cristal, a minha namorada.

Demétrio — Mas... Eu pensei que... Eu pensei que a Cristal fosse.../

Talita se intromete ao ver que Demétrio vai falar besteira.

Talita — Seja bem vinda, Cristal!

Cristal — Obrigada! Sua casa é muito linda, Lucas!

Lucas ajuda Cristal a se sentar. Demétrio vai para a cozinha.

CENA 37. CASA DE DEMÉTRIO. COZINHA. INTERIOR. NOITE.

Demétrio e Talita. Abre nele, reagindo forte:

Demétrio — Uma negra, Talita! Ela é negra e além de tudo, uma negra manca! Você viu aquilo? O meu neto está apaixonado por aquela coisa.

Talita — Mais respeito com ela, tio!

Demétrio — Eu não posso permitir que o Lucas namore essa menina.

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Talita — O senhor não vai acabar com a felicidade do garoto por conta de seu preconceito.

Demétrio — É inacreditável que o Lucas, com tanta sabedoria, não soube escolher.

Talita — Eu tenho vergonha de você. A Clarissa que tá certa. O senhor não é nada daquilo que imaginamos. É hipócrita, falso, preconceituoso. (pausa) Eu não vou deixar você destratar essa garota. Ela é linda.

Demétrio — (irônico) Linda... Uma negrinha aleijada.

Talita olha com repulsa para Demétrio.

Talita — É melhor o senhor nem participar desse jantar. Se o Lucas sonhar com suas palavras ele vai ficar triste... Assim como a Clarissa está depois de tudo que descobriu sobre você.

Talita sai e deixa Demétrio pensativo.

CENA 38. CASA DE DÉBORA. QUARTO DE MATEUS. INTERIOR. NOITE.

Débora entra puxando Mateus. Joga o garoto na cama.

Mateus — Eu não agüento mais ficar preso nesse quarto, mãe. Me tira daqui, por favor?!

Débora — Sem lamentações, Mateus! Você vai ficar aqui sim, trancado, feito um bicho!

Mateus — A senhora é mentirosa! Eu vou contar tudo para o meu pai!

Mateus ameaça fugir. Débora dá gargalhada e cata ele pela camisa. Aproxima-se do ouvido dele e diz:

Débora — (sorri) Lembro do Alan? Não lembra? Quer que o seu pai tenha o mesmo destino do seu primo Alan? É só você abrir a boca... Encomendo a morte no mesmo estilo. O que me diz?

Mateus engole seco. Débora fecha a expressão do rosto e empurra o garoto. Ajeita o cabelo, olhando-se no espelho do quarto.

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Débora — Agora vou repousar, Tenho uma semana longa... Sabe pra quê? Pra finalizar o plano que vai tirar a Yoko do caminho do seu paizinho.

Em Débora, que sai do quarto.

Fusão para:

CENA 39. RIO DE JANEIRO. GERAIS. EXTERIOR. DIA.

A PRIMEIRA IMAGEM É A DO CRISTO REDENTOR E O CÉU AZUL E LIMPO.

INSERIR LEGENDA: SEMANAS DEPOIS.

PLANOS GERAIS DO RIO DE JANEIRO. ATENÇÃO SONOPLASTIA: HOLD ON – MICHAL BUBLÉ. CLIPE BELÍSSIMO DO RIO DE JANEIRO.

CENA 40. CASA DE BATISTA. JARDIM. EXTERIOR. DIA.

MÚSICA DA CENA ANTERIOR INVADE ESSA. JARDIM TODO ENFEITADO PARA O CASAMENTO DE MIGUEL E YOKO. ENTRE OS QUE ESTÃO ALI PARA PRESTIGIAR: CLARISSA, LEONARDO, ROBERTA, ROBSON, JAZIEL, ANDRÉIA, VERINHA, HANA, JOSUÉ, BATISTA, CELESTE, ISABELA, MARÍLIA, JOÃO, CONCEIÇÃO, PERLA, HEITORZINHO, KATASHI, TECO, RAFAEL, CLÉO, TOSHI, LAURA.

O NOIVO ESTÁ SUPER ANSIOSO. BATISTA AJEITA A GRAVATA DE MIGUEL.

Miguel — Ela tá demorando, pai!

Batista — É normal noiva se atrasar.

CÂM VAI PARA CONCEIÇÃO E OS DA PENSÃO.

Perla — Eu amo casamento. Espero um dia me casar.

Rafael — Isso se o seu namoradinho não cair fora antes.

Perla — É inveja, Rafael?

Teco — A noiva não tá demorando?

Conceição — Gente, parece que vocês não conhecem casamento! É charme a noiva se atrasar...

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TERRA DO SOL CAPÍTULO 56 PAG.: 25

Robson — Mas o atraso tá demais!

TALITA, DEMÉTRIO, LUCAS, PANTERA E LUCIANO CHEGAM.

ISABELA E LUCIANO TROCAM OLHARES. ELE SE APROXIMA DELA.

Luciano — Você está linda!

Isabela — Obrigada!

Luciano — E o bebê?

Isabela — Está bem. Com licença, tenho que ajudar a Celeste!

CÂM VAI PARA CELESTE E MIGUEL.

Miguel — E o motorista, já ligou?

Celeste — Fica calmo, filho.

Isabela — A noiva não vai te abandonar no altar, Miguel.

Elas riem e ele fica tenso.

CENA 41. SPA. QUARTO. INTERIOR. DIA.

Yoko se olhando no espelho. Haru com ela. As duas admiram o vestido de noiva.

Haru — Lindo vestido, filha!

DETALHE: Vestido longo, branco, com detalhes japoneses. A maquiagem dela marca a mesma maquiagem de mulheres japonesas. Mas tudo simples.

Haru — Eu vou lá fora pedir que o motorista fique preparado para trazer o carro até aqui.

Yoko faz que sim. Haru sai. Tempo. Yoko se olhando.

Yoko — É o dia mais feliz da minha vida! Vou me casar com o homem que amo!

Até que Ariele surge por trás. Com a mesma maquiagem, o mesmo arranjo na cabeça, o mesmo corte de cabelo, mas com um roupão.

Ariele — (palmas) Linda! Maravilhosa!

Yoko se assusta ao ver Ariele.

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Yoko — Ariele?

Ariele — Uma pena que a dona da sua felicidade sou eu!

E Ariele acerta um golpe na cabeça de Yoko. Yoko cai desacordada. Diogo entra rapidamente.

Ariele tira a roupa de noiva de Yoko e veste. Diogo põe Yoko no colo.

Ariele — Leva ela daqui! Agora! O resto você já sabe.

Diogo — Sim, a Débora está me esperando.

Diogo leva Yoko. Ariele sobe no pedestal e se olha no espelho. Sorridente.

Ariele — Uma nova Yoko acaba de nascer! E serei a mulher mais feliz do mundo, ao seu lado Miguel!

Em Ariele.

FIM DO CAPÍTULO 56