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E-1 - 16 de março de 2013 ARQUIVO

Caderno Especial 2640

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Caderno Especial 2640

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Page 1: Caderno Especial 2640

E-1 - 16 de março de 2013

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QU

IVO

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CARTA ANÔNIMA

Minha querida cidade, moldada com pla-

nos e planaltos.

Atraiu e encantou os primeiros povoa-

dores, que ficaram deslumbrados pelas

riquezas de café. E foi a base econômica

do desenvolvimento da nossa cidade.

Faz divisa com Minas Gerais, aonde her-

damos vários costumes, entre elas as

congadas e folia de reis...

Mineiras eram as reuniões, regadas a

leite e café, queijo, bolachas de nata,

doces secos... E também a interjeição

“uai” que faz parte até hoje do nosso

cotidiano.

Nossa cidade recebeu de braços aber-

tos os primeiros desbravadores e imigran-

tes que vieram tentar a vida, e fazer a

nossa história.

Um povo religioso que não mediu es-

forços para as construções de nossas igre-

jas, fazendo quermesses e doações.

Foi graças a estes esforços que pode-

mos dizer que temos o maior orgulho de

nossa cidade, e que manteve suas tradi-

ções e culturas.

A nossa catedral com seus vitrais lin-

dos, e sua arquitetura exuberante que

nos deixa encantados.

A gruta “Nossa Senhora de Lourdes”,

que teve a sua inauguração no dia 18 de

maio de 1918... Que lugar abençoado e

quantos milagres foram realizados naquele

lugar.

E o nosso Recanto Euclidiano, lá pode-

mos reviver a história do nosso escritor e

engenheiro, que enquanto trabalhava na

construção da ponte deu continuidade ao

seu livro mundialmente conhecido, “Os

Sertões”.

Nossa cidade deixou saudade até para

o escritor, que em um trecho de uma de

suas cartas a Francisco Escobar escre-

veu “Que saudades do meu escritório de

zinco e sarrafos da margem do Rio Par-

do! Creio que se persistir nesta agitação

estéril não produzirei mais nada de dura-

douro”.

Não foi só uma ponte que Euclides da

Cunha nos deixou, foi toda uma história

Cidade abençoada entre planos e planaltos

cultural importantíssima para o nosso de-

senvolvimento.

Fomos também presenteados com um

rio, que nasce numa grota, na Serra do

Cervo em Ipuiúna a 70 quilômetros de

Poços de Caldas, banhando 12 cidades

mineiras e 38 paulistas. Um rio que dá

vida, irriga plantações, sacia a sede da

nossa população, e que atrai pescadores

às suas margens. Um rio que corre e

passa levando o suor dos trabalhadores,

odores das matas, e que no passado foi

usado por lavadeiras, que enquanto can-

tavam, batiam suas roupas nas pedras...

Falar da nossa ilha São Pedro é um or-

gulho para nós, rio-pardenses, com seus

cantos e encantos. Um lugar privilegiado

com uma natureza bela e farta... Uma

dádiva de Deus...

Contemplo o Cristo Redentor que é con-

siderado um dos pontos turísticos mais

bonitos de nossa cidade.

Sempre de braços abertos, acolhendo

o nosso povo, e todos que nos visitam...

A vista panorâmica é de tirar o fôlego.

Na capelinha se pode orar e pedir bên-

çãos.

Nas tardes de domingo, se pode apro-

veitar o sossego da Praça VX, ouvindo a

bandinha no Coreto, apreciar a figueira

centenária, as estátuas de mármore que

vieram da Itália, para embelezar o nosso

jardim.

A praça recebe um grande público, em

grandes eventos, principalmente na Se-

mana Euclidiana e no carnaval.

O Mercado Municipal, que hoje não tem

mais as bancas de verduras, a conversa

animada dos vendedores, as dezenas de

carrocinhas de produtores de sítios e fa-

zendas que de madrugada enchiam a

praça.

Hoje o prédio abriga uma instituição cul-

tural, com diversas apresentações tea-

trais e musicais.

Temos também os museus e a bibliote-

ca, que se destacam por ter um grande

centro de estudo para jovens, e que es-

tão guardados e preservados... Graças ao

ótimo trabalho dos nossos historiadores.

A Nestlé, que teve sua inauguração em

2 de janeiro de 1974, a maior em área

O antigo Mercado Municipalhoje é Mercado Cultural

O Mercado Municipal recebia dezenas devendedores de frutas e verduras

construída no Brasil, e teve uma grande

participação no desenvolvimento do nos-

so município.

Para recepcionar os visitantes, conta-

mos com excelentes hotéis e pousadas.

Apesar do progresso, São José do Rio

Pardo não perdeu suas características

originais, revelando sempre uma forte

identidade cultural.

Estas são as razões que fazem da nos-

sa cidade incomparável.

Parabéns, São José do Rio Pardo, pelos

seus 148 anos!

(Carta anônima à redação de Gazeta)

O rio Pardo percorre 12 cidades mineiras e 38 paulistas

ARQUIVO REPORTAGEM

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16 de março de 2013 - E-3

Uma cidade, seus mitos e fatosPAULO HERCULANO

Cada dia que passa, mais me conven-ço que São José é única. Não, não espe-rem de mim mais um texto ufanista so-bre nossas virtudes provincianas, nossopeculiar passado ou nosso potencial defuturo.

Digo que somos únicos porque sabe-mos como poucos transformar virtudesem defeitos. Outra nossa especialidade:reverenciar o passado num tom ufanista,mas sem que nos detenhamos sobre elecom o devido senso crítico.

Penso mesmo que um dos problemasmais sérios e urgentes que temos a re-solver é a carência de ideias inovadoras.Precisamos de intérpretes de nós mes-mos, de alguém que entenda nossa iden-tidade coletiva e com ela construa umacidade à altura de nosso potencial.

Não me perguntem capítulo, versículoe nem evangelista, mas sei que em al-gum lugar da Bíblia há uma parábola so-bre qualquer coisa como “separar o joiodo trigo”, ou algo que o valha. (Parênte-ses para um comentário: Cristo era umsenhor contador de histórias, com o per-dão do trocadilho de mau gosto! Capazde atrair a atenção de multidões ávidaspara ouvi-lo e Ele, numa sagaz compre-ensão da importância da palavra huma-na, falava de jeito simples, para pessoassimples.)

Então, penso mesmo que precisamosde semeadores. De alguém que separede nós os mitos e os fatos, aquilo queverdadeiramente “É” daquilo que nós gos-taríamos que fosse, mas não é.

O que sobraria de nós se nos tirassemas coisas que consideramos importantesna cidade? A propósito, o que é verdadei-ramente importante na cidade? Nossapraça? Nossa raiz caipira? A curiosidadehistórica de sermos berço de um livro? Ocenográfico Episódio Republicano, que peloque sei está, sozinho, se transformandoem joio e deixando o status de trigo?

Sobrou pouca coisa, é verdade. Talveznossas memórias pessoais. Afinal, é aquique vivemos, constituímos famílias e pos-sivelmente ficaremos até o fim de nos-sos dias, que não tardam para uns e quecustam a chegar para outros.

Precisamos de um processo de depura-ção, praticamente uma coletiva terapiapsicológica. Sairmos dessa crise de identi-dade em que nos metemos, em que nãosabemos direito o que queremos, faze-mos as coisas duas ou mais vezes, einsistimos em erros passados.

Bom, parece que tenho pouca coisapositiva para escrever sobre nossa cida-de. Mas minha visão caótica tem lá suarazão de ser e se justifica pelo fato deque todos sentimos verdadeira paixão poresse quinhão de terra a que chamamosde nossa.

Por isso, nossa necessidade pre-mente de separar o que é mito doque é fato. Julgar os fatos, essesmesmos fatos que se repetem e serevezam nas páginas dos jornais, coma equidistância necessária, deixandode lado essa paixão por cada centí-metro quadrado da cidade.

É possível construir um passado so-bre mitos – mas o futuro se constróisobre fatos. Então, precisamos come-çar a deixar os mitos de lado, reve-renciá-los com a honra que merecem– mas acima de tudo dar lugar aosfatos. E os fatos são os seguintes:não dá mais para esperar. São Josétem pressa para que as coisas acon-teçam – e já está mais do que nahora de não deixarmos que os mitosatrapalhem, que os fatos aconteçamcomo devem acontecer.

Vou ficando por aqui esse ano. Que to-dos possamos comemorar o aniversáriode nossa cidade. Que sejamos protago-nistas de fatos, e não deixemos que osmitos sejam maiores que nossos sonhos.

([email protected])

REPORTAGEM

REPORTAGEM

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É possível que os índios Caiapós e Catu-ás tenham coabitado em nossa região,não em grande número pela escassez decaça, segundo um relato ao governador(1765), feito pelo capitão Inácio da SilvaCosta, primeiro comandante do Desco-berto do Rio Pardo.

João Batista Blandim contou a um re-pórter a sua história, para o Álbum Rio-pardense:

Esta entrevista se deu em 1917. O en-trevistado tinha, então, 84 anos.

Nasceu em São João Del Rei. Já casa-do, atraído pela fama da boa terra deSão José do Rio Pardo, aqui chegou em1866, com 34 anos, onde já estavammuitos dos seus amigos, vindos de Mi-nas Gerais, donos de terras.

No seu relato, recordou-se de casasesparsas, cobertas de sapé, no meio domato. Morou numa delas, onde, temposdepois, ergueu-se o palacete de AntônioRibeiro Nogueira (Nhô Ribeiro), hoje, subs-tituído por um prédio de morada e casascomerciais, na esquina da Praça XV denovembro com a rua Marechal Floriano.

Também li, que em dezembro de 1868,a pedido de Antônio Marçal Nogueira deBarros, a Câmara Capitular de São Pauloconcedeu licença para se benzer, na for-ma do Ritual Romano, depois de cerca-do, o cemitério do bairro de São José doRio Pardo, Distrito da Freguesia do Espíri-to Santo do Rio do Peixe.

Relendo a crônica do velho Blandim ecópias do livro de tombo da igreja da Fre-guesia do Espírito Santo do Rio do Peixe(hoje, Divinolândia), perguntava-me:

- Onde começa a história da minha ci-dade?

Documentos antigos foram encontradose divulgados, os arquivos remexidos, ve-lhas crônicas relidas...

O velho jornalista Paschoal Artese, nasua Resenha de 1965, batalhava para queo centenário de São José do Rio Pardo

De 4 de abril de 1865 aos dias atuais,Textos do livro “São José do Rio Pardo: história que muitos fi

fosse comemorado naquele ano, depoisde transcrever a ata da primeira reuniãode um grupo de fazendeiros, registradaem 4 de abril de 1865 no Livro de Reuni-ões dos Fundadores da Capela de SãoJosé, encontrado na fazenda Tubaca.Artese não foi ouvido.

A historiadora Amélia Franzolin Trevisan,num dos seus artigos de Gazeta do RioPardo, afirmava que “as origens de nos-sa cidade remontam ao início do séculoXIX, quando por volta de 1815, o ses-meiro português, Capitão Alexandre Luísde Mello, e seu clã, vindos de Minas Ge-rais, instalaram-se nas terras do vale doRio Pardo entre os afluentes: rios Farturae do Peixe”.

Depois do Capitão Melo, muitos agricul-tores vieram de outras províncias, princi-palmente da de Minas Gerais, atraídospela fertilidade do nosso solo.

Entre muitos, aqui se fixaram: AnaniasJoaquim Machado, Antônio Marçal Noguei-ra de Barros (eleito a 10/09/1864 verea-dor à primeira Câmara Municipal de Ca-conde, com 345 votos), Cândido de FariaMoraes, Cândido de Miranda Noronha,Francisco e Custódio de Assis Nogueira,Francisco das Chagas e João Damasce-no Negrão, Francisco Barbosa Sandoval,Gabriel José Nogueira, João Honório deAraújo, João José de Souza, José Teodo-ro Nogueira de Barros, Luciano e RaimundoEstelino Ribeiro da Silva, Luís Antônio No-gueira de Noronha, Tomás de Andrade,Venerando Ribeiro da Silva, Vicente Dias.

Quando em 1858 o bispo de São Paulo,D. Antônio Joaquim de Melo, esteve naparóquia de Monte Santo, em Minas, oCapitão Francisco de Assis Nogueira o pro-curou, obtendo licença para mandar ce-lebrar ofícios divinos na capela de sua fa-zenda Pião do Rio Pardo, sendo “possívelque a primeira missa da região tenha sidocelebrada no mês seguinte, isto é, emsetembro de 1858.”

No império (forma de governo desteperíodo relatado), a Igreja estava intima-mente ligada ao Estado. A Capela, paraa população, além de representar a as-sistência religiosa ao lugarejo, era a es-perança de autonomia política, que advi-ria com a Freguesia.

O livro encontrado na Fazenda Tubacadocumenta a fundação da Capela de SãoJosé do Rio Pardo, em 4 de abril de 1865,quando alguns fazendeiros se reuniram,traçando os planos para edificar a cape-la, primeira etapa para a criação da futu-ra Freguesia.

Eis trechos da ata daquela primeira reu-nião, com ortografia atualizada:

Trechos da Ata daFundação da Capela“Futura Freguesia deSão José do Rio Pardo

4 de abril de 1865GLORIA IN EXCELSIS DEO!!!

Cópia do 1º Passo que os devotos doGlorioso São José deram.

- Os habitantes que circundam esta fu-tura Freguesia concorrerão para se darprincípio a esta nova obra de Deus comuma quantia que chegue para compra de

2 sinos, todos os pertences para Missa,todo material para fazer-se uma CapelaMor, de cinqüenta palmos de comprido evinte e seis de largo, com sacristia deambos os lados, em com um alpendreem forma de rancho em lugar onde háde ser o corpo da Igreja (....) e para oandamento desta obra se fará votaçãopara um Diretor das obras o qual ficaráencarregado a todo expediente da mes-ma, para três Procuradores os quais te-rão todo cuidado e zelo em fazer arreca-dações do dinheiro (....): um procuradoralém do Rio Pardo, um segundo além doRio Fartura, um terceiro aquém desta edo Rio Pardo (....) Passando-se a fazer avotação já mencionada saíram com amaioria de votos os cidadãos seguintes:Antônio Marçal Nogueira de Barros parao cargo de Diretor; suplente do mesmoJosé Teodoro de Noronha; para procura-dor Francisco de Assis Nogueira e parasuplente do mesmo Raimundo EstelinoRibeiro da Silva, segundo procurador Lu-ciano Ribeiro da Silva, terceiro João Da-masceno Negrão, quarto Ananias JoaquimMachado dando-se por findo assina-se di-ante desta cada um lançará sua cota.NOVA FREGUESIA DE SÃO JOSÉ DO RIOPARDO, 4 de abril de 1865.(....)”

Palacete de Antônio Ribeiro Nogpor um prédio de morada e

Coronel Antônio Marçal Nogueira de Barros, de barbas brancas, com a família

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, uma história feita com muitas mãosfizeram”, do professor e historiador Rodolpho José Del Guerra

Era preciso um patrimônio para a Cape-la. “O primeiro alqueire já fora doado porJoão José de Souza, em 6 de fevereirode 1865, com título passado na Fazendada Laje. As outras doações foram deCândido Faria Moraes, três alqueires, comtítulo passado na Fazenda da Cachoeirada Boa Vista, em 17 de junho; AntônioMarçal Nogueira de Barros, três alquei-res, com título passado na Fazenda Be-cerábia; José Teodoro Nogueira de Noro-nha, quatro alqueires, com título passadoem São José do Rio Pardo e Cândido deMiranda Noronha, um alqueire, com títulopassado em São José do Rio Pardo. Ostrês últimos títulos foram passados em19 de junho de 1865.”

As prendas doadas pelos moradores dobairro de São José, para a construção,foram leiloadas sob a grande figueira,perto da futura Capela (hoje árvore-mo-numento, na Praça XV de Novembro).

No início de 1872, com o término daCapela, o procurador de São José do RioPardo, Antônio Marçal Nogueira de Bar-ros, solicitou a bênção da mesma, ao Bis-po de São Paulo: (....) a fim de que aípossa celebrar-se missa no dia 19 demarço, não por ser dia daquele santo,como ainda por atender à urgente ne-cessidade de ministrar sacramentos aosmoradores, quinhentos mais ou me-nos.(....)”

O pedido não foi atendido por não esta-rem concluídos os Registros do Patrimô-nio da Capela.

O processo foi refeito rapidamente eenviado à Câmara Episcopal de São Pau-lo. Mais uma vez foi rejeitado, por estarincompleto.

Finalmente em 30 de maio de 1873, oVigário Capitular do Bispado de São Pauloassinou documento autorizando bênçãoe celebração da missa e dos demais ofíci-os divinos na Capela de São José do RioPardo, filial da Matriz do Espírito Santo doRio do Peixe.

A primeira missa só foi celebrada em19/03/1874.

E o bairro de São José do Rio Pardo,subordinado à Vila de Caconde, passoupelos estágios: 1º) Capela com patrimô-nio, 2º) Capela Curada, em 30/10/1875,que se desligou da Matriz do Espírito San-to do Rio do Peixe, quando foi nomeadoum capelão (cura) para os ofícios religio-sos.

Os primeiros sacerdotes foram: PadreJoão da Fonseca de Melo (1876-1878),Padre Gaudêncio Ferreira Pinto (1879-1880) e D.Antonio Sanches de Lemos,vigário de Caconde, que substituía os cu-ras nas suas ausências.

A Capela Curada de São José foi eleva-da à categoria de Freguesia em 14 deabril de 1880, pela Lei nº 70, da Assem-bléia Provincial. São José do Rio Pardo,desanexou-se da Vila de Caconde, pas-sando à de Casa Branca, constituindo-seem Paróquia, confirmada pelo Bispo deSão Paulo, em 1º de fevereiro de 1881.

A primeira missa paroquial foi oficiadapelo Padre Antônio Sanches de Lemos.

Em maio de 1881, tomou posse o vigá-rio Padre José Cantan Lisa, seguido pelospadres: Antônio de Freitas Novaes, Joa-quim Thomaz Ancassuerd e, encerrandoo século, o Padre José Thomaz Ancassu-erd.

O próximo passo dos rio-pardenses se-ria a autonomia municipal: elevar a Fre-guesia a Vila. Por este objetivo lutavamtodos. Em São Paulo, o Dr.Antônio Cândi-do Rodrigues não media esforços.

Pela Lei nº 49, de 20 de março de 1885,a Freguesia foi elevada à categoria deVila, vinte anos depois daquela primeirareunião dos fundadores. Mas outra leideterminava que sem o edifício da Casa

de Câmara e Cadeia, construído às ex-pensas dos respectivos povos, a Vila nãopoderia ser instalada.

Os rio-pardenses se mobilizaram, con-seguindo dezessete conto de réis(17:000$000), construindo rapidamenteo belo edifício numa esquina na PraçaMatriz. No ano seguinte, aos 8 de maiode 1886, a Vila foi instalada. Diante dopresidente da Câmara de Casa Branca,os sete primeiros vereadores eleitos danova Vila juraram bem desempenharsuas funções e sustentar a felicidade pú-blica.

Primeiros Vereadores da recém-instala-da Vila: Capitão Antônio Corrêa de Sou-za, Coronel Antônio Marçal Nogueira deBarros, Alfrres Joaquim Gonçalves dosSantos, José Ezequiel de Souza, Luís Car-los de Melo, Capitão Saturnino FrauzinoBarbosa e Capitão Vicente Alves de Ara-újo Dias. Por maioria de votos foram elei-tos o Presidente e o Vice-Presidente danova Câmara, respectivamente, AntônioMarçal Nogueira de Barros e JoaquimGonçalves dos Santos.

Antes da Capela, já existia um quadrorural formado. Senhores, os aristocratasrurais, os coronéis, donos da vila sócio-político-enconômica da Vila, conviviam comos escravos.

Com o movimento abolicionista e a de-cadência da mão-de-obra escrava, no-vos personagens aqui aportaram, trazen-do um novo calor de vida à cidade: osimigrantes, que trabalharam racionalmen-te nos cafezais, ampliando, também, oquadro urbano.

Os imigrantes desenvolveram a cidade,com um novo comércio; pequenas fábri-cas; oficinas de fundo de quintal; casasbancárias, de câmbio e descontos; res-taurantes, pousadas...

Movimentaram a vida cultural com suassociedades, festas, escolas, concertos esessões literárias, imprensa, manifesta-ções políticas...

Aqui residiram o português Nascimen-to; o francês-professor Charles Noguè-res, depois conhecido como Carlos No-gueira, o suíço Braghetta; muitos austría-cos, japoneses e milhares de italianos.

Graças ao café, a base da economiabrasileira, nossa vida urbana já estavaformada. Em São José, o café florescia,excelente, apreciado, procurado, precisan-do de fácil escoamento. Foi quando umgrupo de arrojados agricultores, lideradospor José da Costa Machado e Souza, criouo Ramal Férreo do Rio Pardo, inauguradoem 1887, com a chegada do primeirotrem, e, no ano seguinte, transferido àCompanhia Mogiana.

E a vida municipal corria tranquila. Con-viviam conservadores e liberais com re-publicanos. Estes agitavam uma novaforma de governo: a República.

E chegou 1889, o ano da Proclamaçãoda República.

Um acontecimento político, ocorrido em11 de agosto, três meses antes da Pro-clamação, ressoou, projetando nacional-mente a Vila de São José do Rio Pardo.

O episódio teve seu prelúdio em junho,quando membros da Sociedade ItalianaXX de Setembro, infiltrada de republica-nos, depois de uma festa de assenta-mento da pedra fundamental de suasede, saíram às ruas, cantando a Mar-selhesa, defrontando-se com monarqui-tas. Houve agressão, confusão e enviode tropas.

Dois meses passados, depois de apa-rente paz, a contenda recomeçou. Nanoite de 10 de agosto, o Hotel Brasil, dorepublicano Ananias Barbosa, foi atacadopela polícia, depois de uma reunião e ho-menagens ao pregador republicano e lí-der, Francisco Glicério. Na manhã seguin-te, 11 de agosto de 1889, os republica-

nos prenderam o sub-delegado de polí-cia, José Honório de Araújo, e o chefeliberal, Saturnino Barbosa. Apoderarm-sedo edifício da Casa da Câmara e Cadeia,que representava a força e a lei, haste-ando, a bandeira revolucionária de JúlioRibeiro, proclamando a República, sob osom da proibida Marselhesa.

O sobrado de Honório Luís Dias (hoje,demolido) transformou-se em fortaleza esede do governo municipal.

No dia seguinte, à tarde, a tropa che-gada de São Paulo retomou a cidade dosrepublicanos.

Três meses depois, 15 de novembro,uma nova forma de governo se implan-tava no Brasil: a república.

Pela atuação incomum e única dos rio-pardenses no movimento republicano, oDecreto 179, de 29 de maio de 1891,elevou a Vila de São José do Rio Pardo àcategoria de Cidade, com a denomina-ção de Cidade Livre do Rio Pardo, quevigorou por apenas oito dias, pois os rio-pardenses, embora engrandecidos e or-gulhosos, preferiram a denominação pri-meira e original. O Decreto 207, de 6 dejunho, retificou o anterior, passando a Ci-dade a denominar-se, novamente, SãoJosé do Rio Pardo.

A comarca de nossa Cidade se instalouem 8 de dezembro de 1892, pela Lei nº

80, separando-se da de Casa Branca,tendo vida jurídica autônoma. O Dr.EliseuGuilherme Christiano foi o primeiro Juiz deDireito da nova Comarca.

“E a Casa da Câmara, abrigando os trêspoderes, aos poucos tornou-se pequenapara o pujante município. Em suas de-pendências achavam-se instalados: aCâmara, a Intendência, o Fórum, a Cole-toria, o corpo de guardas e duas celaspara presos”.

A reforma pleiteada da Casa da Câma-ra e Cadeia, não se realizou. A Câmaraencontrou a solução para preservá-la.Adquiriu, em 1901, o terreno ao lado doseu, doando-o ao Estado para a constru-ção do Fórum. Com o decidido apoio doDr.Antônio Cândido Rodrigues, então Se-cretário da Agricultura, o edifício do Fó-rum e Cadeia foi inaugurado em 1902,desafogando a Casa da Câmara.

Em 1968, os poderes constituídos: Le-gislativo, Executivo e Judiciário transferi-ram-se da Praça Capitão Vicente Dias paraedifícios próprios, construídos na Praça dosTrês Poderes.

E a antiga Casa da Câmara e Cadeia,que abrigou tantos lances históricos deSão José do Rio Pardo, resiste. Hoje, estápreservada pelo Município, pela Lei 1.067,de 3 de outubro de 1979, que a declarade interesse histórico e cultural.

ogueira, hoje, substituído e casas comerciais

A Casa da Câmara e Cadeia, inauguradaquando se instalou a Vila, em 08/05/1886

A primeira estação ferroviária deSão José do Rio Pardo

Grande figueira, naPraça XV de Novembro

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FOTOS: “SÃO JOSÉ DO RIO PARDO: HISTÓRIA QUE MUITOS FIZERAM”

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(Continuação)

Com certeza, naquele baile, nos de hojee de antigamente, nesta e em outras ci-dades, aconteceram e ainda acontecemhistórias iguais a essa. Para ela, foi dife-rente, um momento especial, e prometiregistrá-lo.

Confidenciou-me, muitos anos depois,que, nos momentos de reflexão, com-preendera que aquelas palavras, emborasinceras, gentis e amorosas, prenuncia-vam insegurança, desejo de posse e do-minação, sintomas perigosos de amoregoísta. Ela nada perguntou e nada exi-giu. Com a ingenuidade própria da idade,sentimentalmente fragilizada, desprovidade alertas psicológicos, comportou-se,amorosamente, como ele esperava ecomo seu coração mandava: “faço o quevocê deseja porque o seu desejo é omeu”.

As aulas recomeçaram e ele passou aesperá-la no final de toda manhã, enca-rapitado, com seus companheiros, numaromântica grade de ferro, que cercavaum antigo jardim. Esperava-a sempresorrindo e perguntava: “bom dia, meuanjo, você pensou em mim?”. Encabula-da, ela baixava a cabeça e fingia que nãoouvia. Sentia falta quando ele não vinha.O pedido de namoro acabou acontecen-do, como sempre, num encontro quemarcaram numa sessão de cinema. Eladisse que não podia. Tinha receio do pai,muito severo, e do irmão mais velho, queera uma fera. E, foi ali, naquele “escuri-nho”, namorando escondido, que troca-ram o primeiro beijo. Com gosto de ba-tom Tangee, na tonalidade pink queen.

Ele insistia no namoro à luz do dia. Elaera medrosa e não cedia. Medo do quê,de quem, por quê? Então, ele mudou detática. Visitou o pai da mocinha e conse-guiu da autoridade paterna a permissãoque tanto queria. Argumentou sobre suas

boas intenções e que pensava em casa-mento. Profecia naquele tempo funcio-nava: “O primeiro foi seu pai, o segundo,seu irmão, o terceiro foi aquele que amocinha deu a mão”...

Qual Cinderela mal despertada com obeijo do príncipe encantado, ela não per-cebia que, enquanto a corrente da guar-da paternal se afrouxava, ela entrava,docilmente, pela porta de uma gaiola dou-rada, que às suas costas se fechava.Um noivo amoroso, atencioso, insistia emcobri-la de presentes e de cortejá-la comoa um anjo.

Apaixonado pela suave e meiga joven-zinha, ele desejava ardentemente pos-suí-la, projetando-a como a mulher ideal,perfeita, obediente, silenciosa, com quesempre sonhara: um verdadeiro anjo fei-to mulher. Ficou preso a essa imagem,por toda a vida. Não se esforçou paraenxergar, compreender, compartilhar acriatura interior. Não procurou alcançar oque era autêntico e original naquela mu-lher, forte, determinada, mais feminina emaleável como mulher, muito superioràquela jovenzinha dócil que ele tanto ad-mirava. A “outra” o incomodava. Pertur-bava-o. Intimidava-o. Preferiu ignorá-la.

O tempo demonstrou que eram “per-sonas” diferentes. Desapegado de bensmateriais, era um hedonista. Solidário ecooperativo, seria um companheiro idealpara as arriscadas aventuras dos Argo-nautas. Alegre e participativo, faria boafigura nas festas de Dioniso. Dedicado adisputas e competições esportivas, figu-raria nos pódios dos “olimpiônicos coroa-dos”, nos jogos do templo de Zeus. Setivessem vivido na mítica época de Ho-mero. Mas era um aquariano, regido porUrano, vivendo desgarrado na puritanasociedade burguesa, da segunda meta-de do século XX. Ela era devota de De-méter. Preferia os debates do templo deAtena. Acompanhava as pegadas de Clio.

Completavam-se. Ela era racional e eleemocional. Para os filhos, ela era a maisresponsável, e ele, o mais querido.

Ela era a filha mais velha e pela primeiravez a família se envolvia com um casa-mento. Os preparativos para o enxovalcomeçaram de imediato. A família nãoqueria fazer feio, pois a mãe do noivotinha fama de exigente. Foram muitoslençóis, muito brancos, ricamente borda-dos. Toalhas de mesa de todos os tama-nhos e feitios, algumas de banquete (quenunca foram usadas). Foram muitos,muitos bordados e crochês, feitos a mão,ponto por ponto, anos a fio, por mãosfemininas abençoadas.

Eram peças preciosas, verdadeirasobras de arte, produzidas por mulheresprestimosas, que sobreviviam desse tra-balho, nunca devidamente valorizado.Peças que tiveram um alto custo e sacri-ficaram os recursos da família. A maioria,no entanto, ficou guardada sem uso,numa enorme mala de madeira, por mui-tos anos.

Sou um desses bordados encomenda-dos e acompanho-a por todos essesanos: uma toalha de mesa muito gran-de, vivamente bordada com motivos deNatal. Para ela, sou um ícone. Simbolizotodos os bordados que foram feitos parao seu enxoval.

Nessa toalha, havia sinos bordados. Si-nos de formatos e tamanhos variados.Havia muitos sinos bimbalhando e aler-tando nos quatro cantos dessa toalha.Os sons dos sinos bordados confundiam-se com os sons dos sinos, que badala-vam na torre da igreja matriz da cidade.Ora alegres e estridentes. Ora graves emelancólicos. Pensativos, desconfiados,esperançosos, badalando, badalando,atordoando, confundindo, tumultuando...

Lentamente, bordados afloravam entreagulhas, linhas e suas mãos delicadas. Aprincípio, mãos inseguras; depois, maisexperientes; com o tempo, mãos dolori-das, que não demonstravam cansaço.Resoluta, encarou esse desafio e concluiuseus bordados, que lhe serviram de aler-ta: precisava manter-se atenta, enxer-gar sempre à frente, fazer escolhas sen-satas, assumir riscos moderados, porque,de repente, podia ocorrer o inesperado.Foram reflexões e trabalhos decisivos, quefizeram desaparecer sua aparência dejovem frágil e boazinha.

Casaram-se. Como costumam dizer, vi-veram felizes por muitos, muitos anos.Não para sempre, como nos contos defada. Brancos lençóis de linho, bordadoscom tanto esmero, os envolveram emnoites de amor e carinho. Macias e sua-ves camisolas, costuradas a mão, comcambraias, cetins, rendas e delicados bor-dados, enredaram-se na intimidade dosseus corpos, dos seus desejos e guarda-ram lembranças (censuradas). Duroumuito essa paixão? Perguntarão os curio-sos. Provavelmente, o tempo que dura-ram os bordados.

Casada, envolveu-se profundamentenos ritmos da vida, aspirando por quatrovezes “o cheiro acre do ferro no sanguefresco do parto”. Viveu intensamente osciclos da sexualidade, do amor, do nasci-mento e criação dos filhos, da família, dasamizades, da profissão, das perdas, dasolidão. Com os filhos reunidos, gosta derememorar quadros de sua vida, os ale-gres e os tristes. Justifica-os dizendo fizdo meu jeito, lembrando o ídolo do seutempo, Frank Sinatra interpretando “MayWay”.

Como esposa e mãe, nunca deixou deatiçar o fogo da cozinha e o da alma.Amassou pães e decepções. Promoveufaxinas físicas e psíquicas. Lavou roupas,finas e grosseiras. Removeu manchas dostecidos (e da vida), até que os bordados(e as ilusões) se desmancharam. Apren-deu a separar as coisas, a descartar oque não presta, a preservar o que temvalor. Como mulher doméstica, aprendeua administrar, a organizar, a tomar deci-sões, a renovar a casa, continuamente.Compreendeu um dia que também elaprecisava se renovar, repensar o que eraessencial para sua vida. Aquele ciclo es-tava superado.

Conquistou espaço e tempo para colo-

car em prática suas preferências, seusplanos e projetos pessoais. Permitiu-seum mergulho transformador, com ferra-mentas, metas e objetivos totalmentenovos: volta aos estudos, desafios pro-fissionais, projetos arrojados, estudosespecializados, muito papel, tinta, com-putador, impressora. Livros. Muitos livros.Leituras e releituras do mundo. Transfor-mou-se. Recuperou energias. Desvendousua autêntica personalidade, sua “natu-reza ancestral”. Ardeu de paixão, nova-mente. Pelo saber, pelas ideias, pelos co-nhecimentos, pelas palavras. Mudou ocomportamento exterior da sua perso-nalidade, sem afrouxar o comando do seucaráter. Superou obstáculos, resistências,dificuldades, discriminações, preconceitos,familiares e profissionais. Alcançou o quedesejava. “Born Free”!

Quando se casaram, transformaçõesimpressionantes aconteciam no mundo.Fizeram parte de uma geração que nãoconheceu incertezas, privações e guer-ras como seus antepassados. Tiveramoportunidades de estudo e de trabalho,nunca antes imaginadas. Mas tiveram quese adaptar a realidades bem diferentes.Viveram experiências de dois mundos: omundo romântico, edênico, artesanal,estagnado, próprio da economia rural eda sociedade patriarcal, já em declínio, eo mundo industrializado, urbanizado, fer-vilhante de novidades, organizador de umanova sociedade.

Eles nasceram no tempo das carroças,do trem “Maria fumaça”. Hoje, deslocam-se em aviões a jato, comunicam-se pelaInternet, por redes mundiais de compu-tadores. Viveram na juventude o roman-tismo, os devaneios e as esperanças dos“anos dourados”. Seus filhos cresceramna época “hippie”, nos “tempos da bri-lhantina”, defendendo ideais libertários,ideologias confusas, sofrendo efeitos daditadura. Seus netos fazem parte domundo globalizado, comprometido com aecologia e com causas nobres. Estão ex-postos aos perigos da violência e das dro-gas.

As mulheres cozinhavam no fogão a le-nha, davam à luz pencas de filhos, vivi-am sob o jugo dos maridos. Hoje, domi-nam seus corpos, graças à invenção da“pílula”, libertaram-se da escravidão dacozinha, graças aos eletrodomésticos eaos produtos eletrônicos. Esposas e mãesdirigem empresas corporativas. Tribunaissuperiores. Ocupam poderes máximos daRepública. Mulheres são maioria nas uni-versidades e invadem o mercado de tra-balho. Necessitam de praticidade. Rou-pas, tecidos, bordados, atitudes, antiqua-dos e obsoletos, foram descartados.

No último Natal, até notei algo dife-rente no ar. Não havia gritos e cho-ros de crianças. Nada de comida der-ramada na mesa. Nenhuma louçaquebrada. Nem mães ralhando comos filhos. Nem cachorros latindo. Nãohavia presentes. Ninguém tirava fo-tografia. Nada do alarido dos filhos eseus amigos. Nem a mãe esbaforidaarrumando pratos, assados, frutas,flores e doces sobre a mesa. Nãohavia música, gente cantando, nemexageros de comida. Ninguém estou-rando champanhe e brindando com abebida. Não havia castanhas assa-das, frutas e vinhos importados, queo pai tanto gostava e que, quandovivo, não deixava faltar.

Só eu, um filho, um peru solitário e maisalgumas coisinhas...

Ah, claro! Cobrindo a mesa, a mesmatoalha bordada com motivos de Natal. Jávelha, com o tecido bem puído.

Chega bem tarde uma das minhas ne-tas e diz: “Está faltando uma coisa”. Oquê? Perguntei. Para mim faltam tantas!“Uma música para encerrar sua história,minha avó!”. Eu pensei bastante e sugeri“Autumn Leaves”. “Nada disso. Essa émuito triste! Você adora o Queen e o Fre-ddy Mercury, bota logo “We Are the Cham-pions”, que é mais vibrante, emocionan-te e combina mais com vocês”. Vocês,quem? Perguntei. “Ora, você e meu avô.”

Nem pensei, obedeci...Então, percebi, surpreendentemente,

que eu havia recuperado a minha voz!

Memórias, músicas e bordados

Page 7: Caderno Especial 2640

E-7 - 16 de março de 2013

CÁRMEN CECÍLIA TROVATTO MASCHIETTO

Devo avisar que não venho contar nadaextraordinário. Nem fazer revelações sur-preendentes. Venho celebrar lembranças.Apenas registrar memórias. Resgatar oque para mim é memorável. Momentoscom que me identifico e que são lem-branças de um grupo e de uma época.

Evoquei histórias e memórias subjetivas,que selecionei e interpretei do meu pontode vista, muitas vezes até de forma dis-torcida. Tenho como motivação libertaremoções do passado, antes que o velhoCronos as devore com os filhos.

Para me assessorar nessa viagem, in-voquei a proteção de Mnemosine, a me-mória amada por Zeus, e ela enviou-meas filhas como companheiras. Inspirei-menessas cantoras divinas, que me ajuda-ram a narrar com dignidade e a revelarcom responsabilidade, o que para mim éindestrutível.

Ao som de “Memory” e sob efeitos debálsamos, incensos e cores, as Musasinebriaram meus sentidos, sussurraramnos meus ouvidos, impregnaram minhaalma e, lentamente, deixaram sua con-tribuição neste relato. Providenciaram li-vros, ideias, artigos, canções, músicas,poesias. Remexeram as gavetas do meuquarto, os retratos amarelados, o baúde bordados. Provocaram lágrimas e gar-galhadas ao relembrar os momentos feli-zes e os difíceis da minha vida. Revira-ram pedras e cinzas do passado (até ondefoi permitido) e recuperaram lembrançasperdidas ou escondidas.

Persuadiram-me, enfim, a me soltar, areconciliar-me com o passado, a libertá-lode uma vez, completamente. Aconselha-ram-me a revisitar momentos e lugaresque vivi, porque voltando tudo fica maisclaro. Assim, o passado poderá ser orga-nizado, analisado, compreendido.

Pressenti que se tratava de rara opor-tunidade para acabar de vez com a con-fusão, a inquietude e as dúvidas que fi-caram pelo caminho. Finalmente, conven-ceram-me a começar como toda histó-

Memórias, músicas e bordados

ria. Pelo começo. Era uma vez uma época, não muito

distante...Naquele tempo, princípios rígidos regu-

lavam a vida das pessoas. A adolescên-cia – breve momento entre a infância,nem sempre vivida plenamente, e a pre-coce maturidade - terminava abruptamen-te aos dezoito anos. Era difícil a vida dasfamílias. Os filhos tinham que amadure-cer rapidamente. Famílias numerosas, paisseveros, limitadas oportunidades de tra-balho, futuro imprevisível, controles soci-ais implacáveis, sutis formas de discrimi-nação. O contexto, social e familiar, pres-sionava os jovens, ainda muito cedo, aassumirem responsabilidades de adultos.

Raramente havia possibilidade de umamulher desenvolver a sua individualidade.Fiscalizadas, submissas, desde meninas,viviam como seres disfarçados. Dentrodelas, entretanto, brilhava a luz da suapersonalidade, iluminando-as, deixandorastros por onde passavam.

Aos quinze anos, engessada culturalmen-te, começava um novo ciclo na vida deuma dessas meninas. Seu mundo era

pequeno. Uma cidade do interior. Movi-mentava-se entre a casa, a escola, a pra-ça, a igreja, o cinema, o clube social.Nunca desacompanhada. Sonhava coma felicidade, talvez ultrapassar os murosda cidade, conquistar coisas que a vidaainda não lhe proporcionara, sem muitanoção do que realmente desejava. Acom-panho-a, desde esse tempo. Hoje, com-preendo que, naquele momento, entreinsuspeitadas pressões, preponderavamnos seus sonhos e no seu corpo que de-sabrochava impulsos e tensões própriosda idade.

O ideal de menina-moça já estava mu-dando, mas apenas as muito corajosasdesafiavam o destino que lhes fora re-servado. Curiosa, acossada pelas novi-dades vindas de fora, imaginava que umdia viveria as maravilhas existentes dooutro lado do muro. Porém, como todasas outras, “amarradas pelo tornozelo”,teria que se contentar com “ aquilo quefor será... o que será, será”...

Analisando de longe, avalio que foi umajovem privilegiada, embora não percebes-se. Era saudável, bem humorada, intro-vertida e tranquila, um pouco tímida earredia, semblante enigmático. Era o queos outros enxergavam. No seu interior,entretanto, fervia curiosidade, percepçãoaguçada, perspicácia, força, resistência,criatividade, devotamento, qualidades pró-prias do “ser” mulher. Nasceu numa fa-mília bem constituída, com valores e prin-cípios morais bem estruturados. Estudose ambientes sociais adequados não lhefaltaram, proporcionados com sacrifício emuita responsabilidade pelos pais, quecontavam com modestos recursos e nu-merosa prole para sustentar.

Preparando-se para um bom desempe-nho como mulher, a personagem destahistória seguiu cega e religiosamente omodelo cultural do seu tempo. Assimmoldada e direcionada, não demorou aperceber que à sua volta existia um jogode sedução entre moças e rapazes. En-tre amigas, comentavam o comportamen-to dos meninos da sua idade: tímidos edesajeitados, inseguros, pouco arrojados,que mal conseguiam disfarçar a ansieda-de, controlar os sentimentos, o palpitardo coração e a tremura das mãos, mo-lhadas pela emoção de segurar, pela pri-meira vez, a mão quente e macia de umamenina, que já tinha ares de mulher.

Observando, conversando, instintiva-

mente, as meninas nessa idade já pres-sentiam a força do espírito e a sabedoriapróprias da mulher. Pressentiam que ti-nham algo a ensinar e que eles queriamaprender. Inconscientemente, totalmen-te desprotegidas, adentravam no novociclo da vida: o dos “relacionamentos com-partilhados”. Enquanto a menina morria,nascia uma mulher...

Ao lado das irmãs e das amigas, ela foiamadurecendo, entre os deveres da casae os da escola, entre as missas de domin-go e as voltas e voltas no ajardinado dapraça, entre enlevos provocados por fil-mes românticos, suspirando pelos inatingí-veis astros e estrelas do cinema. Com ascolegas de classe, aguardava com ansie-dade pelo primeiro baile, na formatura docurso ginasial. Foram noites de insônia, diasde preparação e desassossego, até a che-gada daquele momento mágico. O acon-tecimento mais esperado pelos jovens,naquela faixa de idade. Pela primeira vez,vestindo trajes de gala, todos imaginavamtestar encantos, provocar desejos, de-monstrar intenções até então dissimula-das, na intimidade de corpos enlaçados,volteando pelo salão de baile.

Para ela, foi uma noite inesquecível, deintensidade rara, um dos momentos fortesda sua vida. Foi ali, naquele ambiente desonho, que, pela primeira vez, os olhos dosdois se encontraram. Ele dançava com ou-tra. Era forte, simpático, elegante num ter-no preto de bom talhe. Mais velho, nãofazia parte do seu grupo. Era um atleta daescola, bem conhecido. Ela usava um ves-tido longo, de organza cor de rosa, bemjuvenil, próprio para sua idade.

No intervalo de uma dança, alguém apegou pelo braço e perguntou baixinho:dança comigo? Era “ele”. Ela gelou, per-deu a fala, as pernas bambearam, o co-ração disparou, ficou sem forças pararesponder. Ele tomou-a pela mão. Eladeixou-se levar. Dançaram. A orquestratocava “Too Young”. Ela flutuava. Nãosentia os pés no chão. Jamais experimen-tara tamanha sensação de calor e tantosarrepios, como ao tocar aquele corpo tãovigoroso e sentir no seu rosto o roçardaquela barba perfumada. Dançaram emsilêncio. Apenas corpos em sintonia. Atéque ele se afastou, fitou-a e perguntou:“Quem é você, menina linda, que maisparece um anjo? Qual é o seu nome?Aonde se esconde que só agora a co-nheci?”.

Aquelas palavras tiveram o efeito doestrondear de um “big bang”. Estoura-ram na sua cabeça. Explodiram no seucoração. Bem ao longe, os dois mal con-seguiam ouvir a orquestra tocando “Icould have danced all night”. Anestesia-dos, profundamente enamorados, dan-çaram até a última música daquele ines-quecível baile: “Tonight”.

A partir daquele momento, ele passoua chamá-la de “meu anjo”. Moravammuito próximos, em ruas paralelas, masnunca tinham se encontrado. Naquelanoite em que se conheceram estavamiluminados pelos fluídos mágicos do amor.Apaixonaram-se. Terminada a dança, elefez um pedido inesperado: “Promete quenão vai dançar com mais ninguém? Vocêainda será minha namorada e vou mecasar com você”. Inebriada pelas sensa-ções da dança, atordoada com a prema-tura declaração e inesperado pedido, nempensou. Obedeceu. (Continua)

Casal no Recanto Euclidiano: retrato de uma época em quea mulher ainda aprendia a desafiar seu destino

FOTOS: “SÃO JOSÉ DO RIO PARDO: HISTÓRIA QUE MUITOS FIZERAM”

Page 8: Caderno Especial 2640

E-8 - 16 de março de 2013

MÁRCIO JOSÉ LAURIA

Para muitas pessoas, ávidas de viagense de conhecimento de novas terras, soaestranho que alguém se tenha dado bemna restrita área desta cidade, quando, sequisesse, poderia haver partido em bus-ca de maiores oportunidades de trabalhoe de ascensão profissional. Conforta-mesaber que não estou só nesta espécie decontentamento em percorrer caminhosconhecidos, em achar sempre novidadesna mesma paisagem e nos pequenos in-cidentes do cotidiano, em considerar comobens indisponíveis valores mais fáceis deaqui se realizarem, como a amizade, asolidariedade, a paz interior.

***

Dizem que os rio-pardenses não são lámuito bons acolhedores. Não concordo porinteiro com isso, mas entendo. É que, fun-dada por mineiros de Baependi e situadaa menos de cinquenta quilômetros da divi-sa estadual, esta nossa cidade deve ter,mesmo, certa desconfiança de pessoasespalhafatosas, exibicionistas, muito senho-ras de si. E sabemos, não por ouvir dizer,que um pouco de mineirice não faz mal aninguém. A essas particularidades todasacresça-se o espírito em geral fechado doimigrante italiano e se terá a justificativade sermos como somos.

***

Não posso escrever nas proximidadesdo dia 19 de março sem me lembrar commuita afeição da figura ímpar da Prof.ªAmélia Trevisan, a rio-pardense honorá-

Guia de turistas

ria que tratou os pequenos problemas dacidade com a mais adequada visão histó-rico-científica.

Acostumada à leitura criteriosa de mi-lhares de documentos com que lidou noArquivo Histórico do Estado de São Pau-lo, Amélia Trevisan veio a São José doRio Pardo prestar serviços junto à CasaEuclidiana e desde logo se enfronhou naHistória local e forneceu os elementosnecessários à correta observação doseventos históricos.

Ficou sabendo, por exemplo, que a 19de março de 1970 a cidade havia come-morado, tardiamente e com a melhor dasintenções, o seu centenário de fundação.Como conciliar isso com a ata que dava 4de abril de 1865 como o marco inicial desua existência? Forneceu-me os argu-mentos que tornaram possível a aprova-ção de meu projeto de lei, na Câmara

Municipal, que concentrou em torno dodia 19 de março as comemorações defundação da cidade, reconhecendo ex-pressamente a validade histórica da atade 4 de abril de 1865. Perguntei-lhe en-tão o que poderia ter ocorrido a 19 demarço de 1870. - Nada, documentada-mente nada – resumiu ela.

***

Às vezes, sem clara percepção do es-trago que fazem, pessoas que juramamar a cidade acabam aceitando a tristeideia de que o bom, mesmo, é viver meioisolado do mundo, sem mexer em nada,repetindo à exaustão gestos e símbolosque se desgastaram à passagem dosanos. Tudo precisa evoluir e acompanharos novos tempos que, queiramos ou não,chegaram e só vão para a frente, inexo-ráveis.

***

A praça principal da pequena cidade mi-neira de Camanducaia se chama “Sena-dor Francisco Escobar”. Tendo conhecidoo então prefeito de lá, perguntei-lhe –mais para conferir do que para aprender– quem tinha sido o tal senador. Ele pen-sou um pouco e me confessou:

- Sabe que eu não sei?Para não o colocar em situação

constrangedora, também fiz de con-ta que nada sabia a respeito do dile-to amigo de Euclides da Cunha, aquiem nossa cidade.

***

Isso de as pessoas saberem algo dahistória local não só evita esse tipo devexame, como também rende bons fru-tos.

Um dia destes eu caminhava, comode costume, pelo Recanto Euclidiano,pela área de lazer. Um grupo de visi-tantes via com interesse a cabana, omausoléu, aquelas inscrições todas.Uma delas se aproximou de mim eme pediu informações a respeito deEuclides da Cunha Filho, colocado aliao lado do pai. Dei-lhe a notícia maissucinta possível. Outras perguntas vi-eram e eu respondi com a máximabrevidade.

Agradecendo-me a atenção, aquele in-teressado visitante quis ser gentil e medisse que eu bem podia ser o guia deturistas naquele local. Só me coube res-ponder que, infelizmente, na minha idadeeu não já podia pleitear ser funcionáriopúblico municipal.

O Recanto Euclidiano é um dos pontos turísticos mais procurados

REPORTAGEM

Page 9: Caderno Especial 2640

1ª RODADA DOS VETERANOS

Grêmio Nestlé, Mogiana e Vila Gomes vencemTeve inicio sábado, dia 9,

mais uma edição do Cam-peonato Regional de Fute-bol Veteranos 35 anos,este ano organizado peloDepartamento de Esportese Cultura (DEC). A abertu-ra oficial aconteceu no es-tádio do Grêmio Nestlé,onde houve a execução doHino Nacional e depois opresidente da autarquia,José Carlos Zanetti, deu opontapé inicial na partida.

“Foi com muito esforçoe dedicação a realizaçãodeste e outros campeona-tos que estão por vir. Aproposta do prefeito JoãoSanturbano está sendocolocada em prática, queé de dar total apoio ao es-porte rio-pardense”, disseZanetti.

Na oportunidade três jo-gos foram realizados naprimeira rodada. No está-dio do Grêmio Municipal, o

No próximo domingo,dia 24, terá inicio o Cam-peonato Domingão de Fu-tebol, promovido pelo De-partamento de Esportese Cultura (DEC). A com-petição será disputadapor oito (8) equipes, divi-didas em dois grupos. Osjogos na rodada de aber-tura serão realizados nosestádios do Botafogo eAssociação Atlética Rio-pardense.

No estádio da AAR vãojogar:

08h15 - Coffee the Mor-ning x AAR;

DOMINGÃO

Competição começa no dia 2410h00 - Ponte Preta x

Escritório São Lucas.No estádio do Botafogo

ocorrerá a abertura oficial,com execução do HinoNacional. Depois disso opresidente do DEC, JoséCarlos Zanetti, dará o pon-tapé inicial da competição.

Após o cerimonial vão jo-gar:

08h15 - Chaveiro Melo xPadaria São Francisco/Be-bidas Potí;

10h00 - Botafogo x Car-los e Edgard.

Este ano os jogos semi-finais e finais serão realiza-

dos com partidas de idae volta. Em caso de vitó-ria para cada equipe, semimportar o saldo de gols,a decisão irá para os pê-naltis.

As equipes disputarão ocertame sem custos, sen-do tudo será custeadopelo DEC através da Pre-feitura Municipal.

Grupo A - AAR, Coffeethe Morning, Ponte Pretae Escritório São Lucas.

Grupo B - ChaveiroMelo, Padaria São Fran-cisco/Bebidas Potí, Carlose Edgard e Botafogo FC

time do Vila Gomes (Gra-ma) derrotou o Paraná(Grama) por 4 a 1, golsde João Carlos (3) e Valdirpara o Vila Gomes e Nan-do para o Paraná.

No estádio do GrêmioNestlé o time da casa ven-ceu a AA Divinolandensepor 2 a 0, gols de Feijão e

Celso Ferreira. Em Guaxu-pé (MG), o time do Mogia-na venceu a AA Ponte Pre-ta por 2 a 1, gols de ZéEduardo e Zé Roberto parao Mogiana e Lila para aPonte Preta.

Neste sábado, 16, maistrês jogos serão realizadosa partir das 15h15.

15h15 - AA Ponte Preta x Paraná ( Vale Redentor)

15h15 - Cruzeirinho x Grêmio Nestlé (em São João)

15h15 - AA Divinolandense x EC Mogiana (em Divinolândia)

Misto do Botafogo, campeão do ano passado, tenta chegar a quarta final consecutiva Gremio Nestlé venceu a Divinolandense por 2 a 0

Vila Gomes goleou o Paraná por 4 a1

16 de março de 2013 - D-1

Page 10: Caderno Especial 2640

Na semana passada a

Associação Regional de

Basquetebol de Iracemá-

polis divulgou os adversári-

os da equipe AAR/DEC/Rio

Pardo/ABS, nas categorias

sub-12, sub-14 e sub-17.

Na oportunidade as equi-

pes também conheceram

a forma de disputa do

Campeonato Regional, pre-

visto para começar em

abril.

Na categoria sub-12, a

primeira fase será disputa-

da em formato de festival,

ou seja, cada equipe joga-

rá duas partidas em uma

sede. O primeiro festival

será realizado em São José

do Rio Pardo no próximo

dia 7 de abril, o segundo

em Santa Cruz das Palmei-

ras e o terceiro em Moco-

ca.

Após essas fases será

feita a divisão dos campe-

onatos em séries Ouro e

Prata.

Na categoria sub-14, a

competição será disputada

por 10 equipes e todas jo-

garão em turno único.

Após essa fase os quatro

primeiros formarão a série

Ouro e os demais times a

série Prata.

Na categoria sub-14 es-

tão confirmadas as seguin-

tes equipes: Associação

Esportiva Mocoquense,

BASQUETE

Definidos os adversários da equipe rio-pardense

Teve início na última quar-ta-feira, dia 13, a CopaCOC de Futsal, promovidapelo Departamento deEducação Física e Esportesda Escola DGG/COC. O lan-çamento oficial da tradicio-nal competição foi feito noúltimo dia 1º de março, nasdependências da própria

COPA COC DE FUTSAL

Competição começou no CT da escola

Clube de Campo de Piraci-

caba, CCR Cristóvão Co-

lombo/Piracicaba, Nosso

Clube de Limeira, Jundiaí

Clube, Liberal Americana,

Prefeitura do Munícipio de

Itatiba, AABI/Itapira, Pre-

feitura Municipal de Itupe-

va e AAR/DEC/Rio Pardo/

ABS.

Na categoria sub-17 o

campeonato será disputa-

do por 16 equipes, dividi-

das em 2 grupos: A e B.

As equipes jogarão em tur-

no e returno, classificando-

se os quatro primeiros de

cada grupo para a fase

seguinte. Na segunda fase

acontece o cruzamento

olímpico em melhor de três

jogos.

Grupo A: Clube de Re-

gatas e Natação Campi-

nas, Clube de Campo de

Piracicaba, CCR Cristóvão

Colombo/Piracicaba, Clube

Atlético Atibaia, Jundiaí Clu-

be, Prefeitura Municipal de

Valinhos, Prefeitura Munici-

pal de Itupeva e SESI Amo-

reiras/Campinas.

Grupo B: Associação

Esportiva Mocoquense,

Sociedade Hípica de Cam-

pinas, Uniararas/SME, Libe-

ral Americana, Prefeitura

do Município de Itatiba,

AABI/Itapira, Prefeitura

Municipal de Paulínia e

AAR/DEC/Rio Pardo/ABS.

escola, durante o “recreio”do Ensino Fundamental eMédio.

O lançamento foi marca-do pelo torneio de habilida-des entre estudantes, como aluno Gustavo Afonso,do 9º ano, sagrando-secampeão. Essa será a 12ªedição da Copa COC de

Futsal, que acon-tecerá nas cate-gorias sub-13 esub-18.

A competiçãovai prosseguir napróxima quarta equinta-feira, commais quatro jo-gos.

PRIMEIRA RODADA:Quarta-feira (13)

Sub-18: Time Nine x RTFCQuinta-feira (14)

Sub-13: Ponte Preta x SantosSub-13: Corinthians x PalmeirasSub-18: All Chitas x Nine Team

PRÓXIMOS JOGOS:Quarta-feira (20)

17h20h – Time Nine x Nine Team (sub-18)Quinta-feira (21)

15h40: São Paulo x Ponte Preta (sub-13)16h00: Santos x Palmeiras (sub-13)16h30: All Chitas x RTFC (sub-18) Gustavo Afonso demostrou

toda sua habilidade com a bola

D-2 - 16 de março de 2013

Page 11: Caderno Especial 2640

A equipe de futsal femi-nina do DEC/São José in-tensificou treinamentospara as competições des-te ano.

Neste sábado, 16, as rio-pardenses disputam umamistoso às 14 horas con-tra o EC Vila Rica (Campi-nas), na casa do adversá-rio, em comemoração àreinauguração da Praça deEsportes e Lazer do BairroVila Rica, naquela cidade,na categoria sub-14. E nes-te domingo, 17, terá inicioo Campeonato Regional deFutsal Feminino 2013, or-ganizado pela Liga Riopar-dense de Futsal. A equipeadulta do DEC/São José fazsua estreia diante do DE-REL/Aguaí, em jogo previs-to para iniciar às 10h30, noGinásio Municipal de Espor-

Teve inicio na noite de quin-ta-feira, dia 14, mais umaedição da Taça TVD de Fut-sal Adulto Masculino, orga-nizada pela Liga Rio-parden-se de Futsal. A rodada deabertura foi realizada no Gi-násio Municipal de Esportes“Tartarugão”, com os se-guintes resultados:

Arceburgo 1 x 1 SantaCruz das Palmeiras; Gua-xupé 3 x 2 Pirassununga;DEC/São José 0 x 2 São

tes “Mário Dário” (Russão),em Mococa.

As equipes de futsal fe-minina do DEC estão sen-do treinadas pelo assisten-te técnico Alexandre Luvi-

FUTSAL FEMININO

DEC/São José faz amistoso em Campinassaro, uma vez que o téc-nico Marco Moreira aindaestá afastado para se re-cuperar de uma cirurgia notornozelo, devendo retorarem abril.

Equipe do DEC/São José em treinamentono Ginásio do Tartaruguinha

FUTSAL MASCULINO

Taça TVD começou com três jogosSebastião da Grama.

O campeonato será dis-putado por equipes da re-gião que utilizam da com-petição como preparaçãopara a Taça EPTV de Fut-sal. As equipes participan-tes são as seguintes: DEC/São José, Guaxupé, SantaCruz das Palmeiras, Leme,São Sebastião da Grama,Arceburgo, Pirassununga eCasa Branca.

A segunda rodada será

realizada terça-feira, dia 19,no Ginásio Municipal de Es-portes “Juca Mendes”, emSanta Cruz das Palmeiras.

Próximos jogos:Santa Cruz das Palmei-

ras20h15 – Leme x Casa

Branca20h45 – DEC/São José x

Pirassununga21h15 – Santa Cruz das

Palmeiras x Guaxupé

Basquete - A equipe sub-17 masculina da AAR/DEC/RPFC/ABS fará sua estreiano Campeonato Regional de Iracemápolis na sexta-feira, dia 22, a partir das 19ho-ras, no ginásio do Rio Pardo FC. O adversário será a equipe da AEM/Mococa.

Para os técnicos Hebinho e Bruno, será “uma pedreira logo na estreia”, uma vezque a qualidade do adversário é de alto nível e está bem mais entrosado que otime rio-pardense. “Em se tratando de estreia a ansiedade pode ser um fator queajudará a nossa equipe”, disse Hebinho de Souza.

Nesta semana, a Associação Regional de Basquetebol de Iracemápolis divulgou atabela completa da primeira fase e os festivais da equipe sub-2. O festival vaicomeçar no dia 7 de abril, em São José do Rio Pardo.

No dia 27 de abril o festival será realizado em Santa Cruz das Palmeiras e no dia19 de maio, em Mococa.

Jiu-Jitsu – No último dia 9 de março o sen-sei Ricardo Magela foi convidado a participarde um Seminário de Jiu-Jitsu na Academia Pes-soa, em São Paulo. O evento teve a presençado tetracampeão mundial de Jiu-Jitsu e atletaprofissional de MMA-UFC, Sergio Moraes.

“Foi de grande importância ter participadodeste seminário, aprendi muito, o Serginho éuma pessoa com uma técnica formidável eexcelente atleta”, disse Ricardo Magela, infor-mando que é faixa preta de Judô e Jiu-Jitsu.

O sensei rio-pardense ministra aula de Judôe Jiu-Jitsu no DEC no Ginásio Municipal de Es-portes “Tartarugão” e em Mococa na Acade-mia FJ. “Sempre estou aprendendo, após che-gar à faixa preta percebi que tenho que estu-dar mais e mais porque sempre há novidades,nunca paramos e quem pensa que sabe tudo está enganado. A dica é estudar eestudar, nunca parar no tempo”, finalizou Magela.

Badminton - A convite dos professores Fábio Perri e João Duva, o professor deBadminton ‘Skerda’, da cidade de Mococa, esteve em São José do Rio Pardo naúltima sexta-feira, dia 8, para uma troca de experiências. Além de tirar dúvidas naparte teórica e prática dos alunos do Rio Pardo FC, os atletas puderam ver de pertoo trabalho de um profissional que foi um dos pioneiros na implantação deste espor-te na região. “Aproveitamos para trocar idéia sobre a implantação deste esporte noColégio Santa Inês eaté mesmo uma re-alização de um tor-neio em São José doRio Pardo”, disseFábio Perri.

Este trabalho jávem sendo realiza-do pelo professorJoão Duva no clubealvinegro e os inte-ressados deverãoprocurar por ele nasede do clube. Apro-veitando o encontro,Skerda fez o convi-te ao professor eaos seus alunos doRio Pardo FC para aparticipação do Tor-neio Escolar de Ba-dminton, a ser reali-zado nos próximosdias em Mococa.

DOIS TOQUES

João Duva, Skerda e Fábio Perri no Rio Pardo FC

Ricardo Magela com o campeãomundial Serginho Moraes

16 de março de 2013 - D-3

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A Escolinha do Flamen-go/Rondinelli, em parceriacom a Escolinha ADEIF(Mococa), enfrentou a Es-colinha Oficial do SantosF.C., mas a que é sediadaem São José dos Campos.Os jogos foram realizadosno último sábado, dia 9, noestádio do Mocoquinha FC,com presença de um bompúblico.

“Devido ao mau tempofoi necessária a paralisaçãodos jogos por alguns mi-nutos”, disse Fábio Perri,professor da Escolinha Fla-mengo/Rondinelli, infor-mando que foram realiza-dos quatro jogos, sendodois contra a equipe doSantos e dois contra a equi-pe ADEIF/Mococa.

Na categoria sub-17, aEscolinha Flamengo/Rondi-nelli enfrentou o time deMococa, que foi compostapor atletas sub-18 do Ra-dium FC (Mococa). Os rio-

D-4 - 16 de março de 2013

pardenses perderam por 3a 0.

Na categoria 97/98, aEscolinha Flamengo/Rondi-nelli venceu a Escolinha Ofi-cial do Santos por 5 a 0.Na categoria 99/00, a Es-colinha Flamengo/Rondinelliempatou em 0 a 0 com aEscolinha Oficial do Santose na categoria 01/02, a Es-colinha Flamengo/Rondinelliperdeu para a EscolinhaADFI (João /Mococa) por4 a 1.

“Foram bons jogos e jádeixamos um amistosoagendado para a EscolinhaFlamengo/Rondinelli visitaras dependências da Escoli-nha do Santos, em SãoJosé dos Campos, para omês de abril”, finalizou Fá-bio Perri, agradecendo aostreinadores João Duva (Es-colinha Flamengo/Rondine-lli), Thiago (Santos) e João(Mococa) pelo auxílio na re-alização dos jogos.

A diretoria da Ponte Pre-ta, através do seu presi-dente Celso Apolinário, in-formou no último domingo,dia 10, que a “macaca”pretende participar de to-dos os campeonatos nes-ta temporada 2013, emeventos organizados pelaLiga Riopardense de Fute-bol e DEC. As primeirascompetições que a Ponteparticipará são os Campe-onatos de Veteranos 35anos e Domingão.

“Outra competição quepretendemos participar é aTaça São José de Futebol1ª Divisão, estamos torcen-do para que este ano tudodê certo e a competiçãoseja realizada”, disse Celsi-nho, informando que aequipe tem uma base pron-ta, desde que representoua cidade no Inter Ligas2012.

“Estamos trabalhandocom atletas mais novos erevelando jogadores paraos futuros campeonatos”,finalizou Celsinho.

Sobre a reforma do es-tádio ‘José Sérgio Apoliná-rio’, o presidente da “ma-caca” adiantou que já en-trou em contato com asautoridades responsáveispara que sejam reforma-dos os vestiários, estacio-namento, bar e alambra-do do estádio.

No último domingo a Pon-te Preta enfrentou a equi-pe do Vila Carvalho, deMococa, nas duas catego-rias. Entre aspirantes, aPonte Preta venceu o ad-versário por 8 a 1, gols deLukinha (2), Diol (2), Cleiti-nho, Betinho, Edgard eBebê para a Ponte e Alex

AMISTOSO

Escolinha Flamengo/Rondinelli

enfrentou a Escolinha do Santos

FUTEBOL

Ponte quer disputar todos os

campeonatos nesta temporadapara o Vila Carvalho. Noduelo entre titulares a Pon-te Preta venceu o adver-sário por 4 a 2, gols deCoelho (2), Japão e Briti-nho para a Ponte e Christi-an (2) para o Vila Carva-lho.

Aspirante Ponte Pre-ta - Bebê, Paulinho Silva,

Fabinho, Josué, Betinho,Evandro, Edgard, Gian,Lukinha, Juninho e Diol.Técnicos André e Antonio.

Titular - Marcelo, Silas,Leivinha, Fábio, Azeitona,David (Coelho), Fuminho,Du Cabeça, Fabiano (Bri-to), Josué e Japão. Técni-co Teta.

Titulares da Ponte aproveitaram as oportunidades de gol

Aspirante da Ponte Preta goleou o time mocoquense