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Bem Viver 9

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Estar em equilibrio consigo e com o mundo é a principal busca do ser humano, isso chama-se "qualidade de vida" e esse é o tema da Revista Bem Viver. Trazer para dentro de sua casa, de forma leve, assuntos que ajudem você a melhorar sua qualidade de vida. Boa leitura

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A revista BEM VIVER é umapublicação quadrimestral daConstrutora Pereira Alvim.Av. João Fiusa, 2777Tel. 16 3515 5151Ribeirão [email protected]

Coordenação: Ana Maria MachadoAgência: N.Case Comunicação

Coordenação Editorial:swTH Scuzinet Comunicação & WebEditor/Jornalista Responsável:Godi Júnior - MTB: 43.852/SPEditor Assistente: Thell de Castro

Projeto Gráfico e EditoraçãoEletrônica: Rita Corrêa

Produção Fotográfica: Rita Corrêa

Fotógrafo Responsável: Paulo Marx

Ilustrações: Renato Andrade

Impressão e Fotolito: Gráfica SãoFrancisco

Tiragem: 8.000 exemplares

Agradecimento: Fist Agency Modelse Gato Magrela Calçados Infantis CONVIVER CURIOSIDADES DE ESOPOHOBBYBEM ESTAR

CACHAÇA

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ARARAQUARA

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RIBEIRÂO PRETONEGÓCIOS E EVENTOS

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BOSSA NOVA

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SOS BIODIVERSIDADE

96OU ADULTO?

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CRIANÇA

MORAR NO PARAÍSO

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TOSCANA

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foto da capa: ©iStockphoto.com/BirdImages

104PAIS E FILHOS

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DÁ GOSTO FOLHEAR UMA REVISTA COLORIDA,

DIFERENCIADA, COM UM PROJETO GRÁFICO REALMENTE

INOVADOR. O CONTEÚDO É VARIADO E DEMONSTRA O

CUIDADO DA COORDENADORA NA ESCOLHA DOS

TEMAS, DOS TEXTOS E DAS FOTOGRAFIAS. A “BEM

VIVER” É MAIS UM PROJETO DO PORTE DE TANTOS

OUTROS DA PEREIRA ALVIM, MAS NÃO TRANSPARECE O

OBJETIVO DE APENAS CONQUISTAR O CONSUMIDOR, E

SIM O DE TORNAR NOSSA VIDA MAIS BONITA.

PARABÉNS A TODOS DA EQUIPE DA REVISTA E A

EMPRESA QUE DÁ SUPORTE PARA A SUA PUBLICAÇÃO.

Luiz A.S. Hentz - professor universitário e advogado, e resideem Ribeirão Preto desde 1987.

Capa 8ª ed. / abril. 2010

envie seu comentário ou sugestão:[email protected]

Ana Machado - coordenadora

PRESTO BASTANTE ATENÇÃO NOS VEÍCULOS DE

COMUNICAÇÃO DE MÍDIA IMPRESSA EXISTENTES

EM RIBEIRÃO PRETO, EM ESPECIAL REVISTAS, E FIQUEI

SURPRESA AO CONHECER A REVISTA BEM VIVER QUE SE

PARECE COM AS REVISTAS NACIONAIS.

PERCEBE-SE O BOM GOSTO DA EMPRESA DO COMEÇO

AO FIM. PARABÉNS A TODA EQUIPE DA REVISTA E A

CONSTRUTORA PELA INICIATIVA DE DAR BOAS NOTÍCIAS.

Amanda Santos, 21 anos, estudante de Propaganda e Market-ing da Faculdade Unip.

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A revista Bem Viver chega em sua nonaedição trazendo discussões polêmicas erelevantes. Qual caminho tomar quando arelação entre pais e filhos torna-seconflituosa? Por que esse convívio, em queo amor é a base, passa por turbulências quemagoam os dois lados? Talvez seja precisocoragem de ambas as partes para se colocarno lugar do outro e sentir como palavras eatitudes incorporam às vezes formas bélicas,prejudicando o entendimento.

Respeitar o outro em sua intimidade étão importante quanto respeitar o ambienteem que vivemos. Por isso, vocêacompanha também uma reportagemsobre a relação entre o Homem e anatureza. A qualidade de vida é possívelmesmo nesse mundo tão agitado. Bastaaprendermos com a mãe-terra a tratar comcarinho o verde que brota de suasentranhas e os animais que nela andam.

São as escolhas de cada um. Tudo estáem nossas mãos. Decisões que nem sempresão fáceis de tomar, mas que mostram quetemos as rédeas das nossas vidas nas mãos.Façamos, então, uso delas da melhormaneira possível!

Boa leitura! Sem dúvida, uma boa escolha.

José Roberto Pereira Alvim

Diretor da Construtora Pereira Alvim

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A bebida genuinamente brasileira está em alta nomundo e conta com ilustres consumidores

CACHAÇA,a cara do Brasil

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RReconhecida, valorizada e até mesmo festejada por umpúblico seleto e sofisticado, esta é a cachaça tipicamentebrasileira. Popularmente apelidada como “água quepassarinho não bebe”, a bebida que possui mais de 150sinônimos, segundo o dicionário Aurélio, passa a fazer parteda mesa de todos os tipos de consumidores. Depois de sereleita a mais popular do Brasil, a cachaça é destaque emelegantes restaurantes e bares, dando um toque especial apratos de conceituados chefs de cozinha.

Envelhecida, Premium, Extra Premium, independentedo tipo, a “marvada”, famosa por seu elevado teor alcoólico,obtida por destilação de frutos, cereais, raízes, sementes,tubérculos e etc., está em alta no momento. Aqui ou noexterior, ela possui consumidores fiéis, movimentando porano 1 bilhão de reais e mais de 1 bilhão de litros. ParisHilton e a atriz Jennifer Aniston não cansam de declararsua paixão pela caipirinha.

Apesar de ser um dos destilados mais pedidos nos baresnorte-americanos, principalmente pelos apreciadores detequila, uma barreira ainda bloqueia uma difusão maior dacachaça por lá: é que nos EUA o produto ainda não éreconhecido pelos órgãos responsáveis pela classificaçãode bebidas e alimentos. Dessa forma, ela é vendida comoBrazilian Rum, apesar de o rum ser feito a partir dafermentação de um caldo de cana “cozido’’ e ser produzidonas ilhas do Caribe, enquanto a cachaça é exclusivamentebrasileira e feita com cana “crua’’, prensada e fermentada.

“Estamos, também, reivindicando a denominação deorigem e a elaboração da regulamentação para o produtono exterior”, afirma Leandro Lara, diretor da feira BrasilCachaça. “Essa situação, em breve, vai mudar. Osgovernos do Brasil e Estados Unidos estão acertando umacordo para que a gente passe a reconhecer, muito embreve, os bourbons e os tennessee whiskys, como o JackDaniels, enquanto eles, em retribuição, passarão areconhecer a cachaça como destilado brasileiro”, explica.

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Origem da cachaça

Para entender a história da cachaça é necessáriovoltar ao início do século XV, quando osportugueses conheceram a cana de açúcar durantesuas viagens à Ásia e não tardaram em levaralgumas mudas para a ilha da Madeira para, maisadiante, levar a cana para novas terras descobertasno Ocidente.

Em pouco tempo, a cana de açúcar se tornouum dos negócios mais lucrativos em terrasamericanas para os países europeus, dada acrescente demanda por este produto no VelhoMundo para usos gastronômicos. Porém, o “ReiAçúcar” exigia cada vez mais terras e sacrifícioshumanos. Milhares de hectares de matas foramdestruídos, e como a mão de obra indígena nãoera suficiente para assegurar a produção, milharesde africanos acabaram embarcados rumo àAmérica para serem escravos nos canaviais. Graçasao suor e ao sangue destes trabalhadores negros, anobreza europeia podia levar uma vida que, alémde confortável, era cada vez mais doce.

Nos engenhos onde se obtinha o açúcar, o caldoda cana era depurado em uma enorme caldeira emfogo brando. A espuma formada pelos resíduos daplanta era usada como alimento para os animais.Era a cachaça.

Só a partir do século XVI, a cachaça, da mesmaforma que se fazia com os restos da fermentaçãodo suco da uva, começou a ser destilada com aajuda de um alambique. Seu primeiro nome foiaguardente de cana e ela era dada aos escravosjunto com a primeira refeição do dia para quepudessem suportar melhor o trabalho nos canaviais.

Com o passar do tempo, o processo para aobtenção desta aguardente foi melhorando, assimcomo sua qualidade. Seu consumo cresceu demaneira tão rápida que a Coroa Portuguesa viuperigar a venda de sua aguardente nacional, a“bagaceira”, para as colônias. Em 1635, a metrópoleacabou proibindo a venda de cachaça no Estadoda Bahia e, quatro anos depois, tentou proibir suafabricação. No entanto, a cachaça já tinha se tor-nado a bebida preferida da enorme colôniaamericana.

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Típica do Brasil (e do mundo)

As bebidas possuem, em geral, um ciclo de consumo no mundo.A cada dez anos, uma bebida se destaca no mercado e vira líder emtodos os países. O atual ciclo é o da cachaça que tem o Brasil comoseu país de origem. Segundo o professor de agronomia da UFPR,Agenor Maccari Jr., que possui várias pesquisas sobre a cachaça,este momento ocorre em função do mercado e da economia atual.Explica-se o alto consumo da bebida no exterior também por estar oBrasil em destaque internacional. “O Brasil é carnaval, futebol e cachaça.Faz parte da identidade cultural do país”, afirma o professor.

No mercado interno, vários são os motivos pelos quais osbrasileiros consomem o produto. O frequentador do Festival daCachaça e apreciador da bebida Nestor Romko afirma que seu in-teresse está estritamente relacionado à culinária. “Gosto de pratoscom cachaça, como o linguado, por exemplo”.

Caipirinhas ganham novacara com mistura de frutas

Exóticas e refrescantes, a nossatradicional caipirinha está ganhando novasversões graças à variedade de frutas quecombinam perfeitamente com os destiladosusados. Alguns bares e restaurantes estãousando algumas combinações, todas bemgostosas. Confira a receita que o pessoal daFlairs Bartenders preparou especialmentepara os leitores da revista Bem Viver:

Caipirinha de limão,maracujá e pimenta rosa

Ingredientes:

50 ml de cachaça

1 maracujá

¼ de limão

20 grãos de pimenta rosa

Modo de preparo:

Colocar as frutas e 2 colheres de açúcar nacoqueteleira, macerar tudo, depois colocar6 pedras de gelo e a cachaça.

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Cachaça na cozinha

Uma das características da cachaça é realçar o sabor dos pratos. Vista seu chapéu de mestre-cucae experimente essas receitas que a Bem Viver traz para você.

A Casa do Fogo tem como proposta a gastronomia flambada. Em suas receitas, as estrelas são ascachaças artesanais de Paraty, os frutos do mar da região, ervas e frutas frescas. Este prato contacom a textura delicada da lula, com o doce do mamão papaia e o frescor da hortelã, em uma misturade sabores especial.

Casa do Fogo - Bistrô de flambados

www.casadofogo.com.br

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Chef Caju - Bistrô Casa do Fogo (Centro Históricode Paraty)

Lula Papaia

Ingredientes:

1 colher de sopa de azeite

180g de lula limpa, inteira ou em cubos,dependendo do tamanho

¼ de mamão papaia em cubos

10g de julienne de pimentão vermelho

10g de julienne de cebola roxa

6g de aipo (só o talo finamente cortado)

30ml de caldo de peixe caseiro

Hortelã fresca, sal, pimenta do reino ecurry a gosto

50ml de cachaça artesanal para flambar

Modo de preparo:

Colocar a lula em uma panela bemfechada, com sal e pimenta, em fogobaixo, por aproximadamente 10 minutos.Em outra caçarola já quente, colocar oazeite, os legumes e a lula, em seguidaflambar com a cachaça. Temperar comsal, pimenta, curry e caldo de peixe.Acrescentar a hortelã e o papaia. Servirimediatamente acompanhado de arrozbranco ou arbóreo.

Rendimento: 1 porção

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turismo de negóciosRIBEIRÃO:

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AA cidade de Ribeirão Preto é considerada um dos principais polos de turismo de negócios eeventos do País, tanto que foi escolhida como destino-referência em turismo de negócios e eventospelo Ministério do turismo desde 2009. Prova disso é a quantidade de eventos que existem como aAgrishow, o Carnabeirão, a Stock Car, a Feira do Livro, o João Rock, o Ribeirão Rodeo Music,congressos técnicos, entre outros que geram empregos diretos e indiretos.

Atualmente, o turismo é considerado um dos segmentos que mais crescem no setor. Os governosapoiam e promovem eventos como parte de suas estratégias para o desenvolvimento econômico,social e marketing do destino. A perspectiva do setor é de que, nos próximos anos, aumentesignificativamente o número de eventos comerciais, educacionais, esportivos, comemoraçõeshistóricas, feiras, congressos etc.

A concorrência para sediar esses eventos é cada vez mais acirrada, o que exige planejamento epreparação das cidades e dos organizadores. De acordo com a International Congress & ConventionAssociation (ICCA), maior entidade mundial do setor de eventos, o Brasil ocupa a 8ª posição entre ospaíses que mais sediam eventos internacionais.

Pesquisas realizadas pela Embratur confirmam que o turista de negócios e eventos gasta mais doque o turista convencional, proporcionando maior impacto econômico local.

Cresce o número de visitantes em Ribeirão Pretopara participar de shows, feiras e eventos

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S T O C K C A R

Considerada a principal categoria do automobilismo nacional, a StockCar estará em Ribeirão Preto pelo menos pelos próximos quatro anos,pois o contrato foi fechado até 2014. O evento movimentou númerossignificativos na economia local, não só pelos turistas que vieram paraa prova, mas também pelos serviços que foram contratados na cidadepela empresa organizadora.

O presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares deRibeirão Preto, Carlos Frederico Marques, conta que o final de semanaprolongado, seguido pela quinta etapa de Stock Car, realizada em Ribeirão,movimentou o comércio em geral. “O movimento foi muito bom, comcerca de 30% de aumento nas ocupações dos hotéis e um grande aumentono movimento dos bares e restaurantes”.

Esses eventos que movimentam o comércio são reconhecidos pelopresidente da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto(ACIRP), José Carlos Carvalho, como iniciativas bem-vindas à cidade.“Notamos um movimento bem maior, muitas pessoas de fora vierampara a corrida e aproveitaram o feriado. Isso significa maior movimentopara o comércio, pois são mais consumidores na cidade”, disse.

Uma pesquisa realizada durante a Stock Car pela Secretaria deTurismo de Ribeirão Preto, apoiada pela ACIRP e pelo Conselho Mu-nicipal de Turismo, mostrou que 39% dos participantes no evento vieramde outras cidades do Brasil (5% de margem de erro), com um gastomédio de R$ 456 por pessoa, movimentando milhões na economialocal. Destes turistas, 48% declararam ter efetuado compras nocomércio de Ribeirão Preto. O público total do evento ficou acima de42 mil pessoas. Para quase 95% do público de Ribeirão Preto e 97%dos visitantes que assistiram ao evento, a prova da Stock Car atendeuou superou as expectativas.

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CARNABEIRÃO

Segundo Renato Chaebub, mais conhecido como Tim, um dosorganizadores do Carnabeirão, ao longo dos seus 14 anos de existênciao evento se tornou muito importante para o desenvolvimento da cidade,movimentando, aproximadamente, R$ 10 milhões em um final desemana, gerando milhares de empregos diretos e indiretos. “OCarnabeirão é uma das maiores micaretas do Brasil, que divulga RibeirãoPreto para todo o País. Com as maiores e melhores bandas de axé doBrasil, o evento, desde 2009, faz parte do Calendário Turístico do Estadode São Paulo. Além disso, fomenta o turismo e a economia,movimentando vários setores”, explica.

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AGRISHOWOutro evento internacionalmente conhecido e que

é realizado em Ribeirão há anos é a Agrishow,organizada pela Abimaq (Associação Brasileira daIndústria de Máquinas e Equipamentos). Durante asemana de feira, são geradas entre 12 mil e 15 milvagas temporárias e 60% delas contratadas emRibeirão. São 730 empresas de 45 países que expõemprodutos agrícolas. Mais de 150 mil pessoas visitam olocal durante o período.

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FEIRA DO LIVROA Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto é uma

das quatro mais importantes do Brasil e uma dasmaiores a céu aberto do mundo. O evento conta comuma programação artística e cultural variada e gratuita,em um espaço total de 16 mil m². Em sua última edição,a Feira recebeu um público de 408 mil pessoas de 100municípios da região e de outras localidades do Estadoe do País. Foram mais de 600 eventos gratuitosabrangendo literatura e diferentes manifestaçõesartísticas. A Feira do Livro é considerada, atualmente,um grande evento cultural e econômico do país.

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A Construtora Pereira Alvim está construindo um Centro de Convenções eEventos na Avenida Maurílio Biagi. Segundo o gerente de marketing daconstrutora, Júlio Di Madeo, o objetivo é oferecer um espaço de qualidade ecom estrutura para atender grandes eventos que ainda não acontecem na cidade.

“Queremos promover grandes feiras de móveis, casamentos, moda,tecnologia, informática, carros, motos, áreas de saúde, decoração, paisagismo,franquias, entre outras”, explica.

O Centro de Convenções e Eventos será um dos maiores do interior paulista,com 45.000 m² de terreno, 26.000 m² de área construída e 1.000 vagas deestacionamento. De acordo com o gerente de marketing, o espaço deve estarpronto até o início de 2011. “Quem se interessar em trazer grandes eventospara Ribeirão, pode nos procurar no escritório da Pereira Alvim, que já estamosdando início à organização da nossa agenda anual”, finaliza Madeo.

RIBEIRÃO GANHA EM 2011 O MAIOR CENTRODE CONVENÇÕES E EVENTOS DA REGIÃO

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HOTÉIS EM ALTA

Quem também agradece aquantidade de eventos realizados emRibeirão é a rede hoteleira. São maisde 50 hotéis e pousadas na cidade.Segundo o gerente geral do AraucáriaPlaza, Geraldo José Santos, os eventosaumentam em 40% a lotação do flat.

“Normalmente, o Araucária Plazapreenche 60% de seu espaço, porém,em épocas de feiras, como, porexemplo, a Agrishow, alugamos todosos apartamentos. Nosso hotel oferecevários diferenciais. Às segundas equartas, das 19 às 22 horas, temos umshow de violão com músicas da MPB.Já às terças, quintas, sextas e sábadostemos uma pianista, no mesmohorário, e aos domingos, durante ocafé da manhã. O Araucária já tem seteanos, mas mantém a aparência demenos de um ano. Somos muitocuidadosos com a sua manutenção”,explica o gerente.

O Garden Hotel, inaugurado emoutubro de 2009 e localizado naAvenida Maurílio Biagi, 2.727, em frenteao futuro Centro de Convenções eEventos, já é um grande sucesso emhospedagem. Possui uma ocupaçãomédia de 60% e, em épocas de feiras,chega aos 100%. “Para quem estivervindo participar de um desses eventosem Ribeirão Preto, é necessário que façaa reserva de hospedagem com bastanteantecedência, ou então não encontraráum bom hotel para ficar”, aconselha agerente do hotel, Rose Kutlesa. “Nós,do Garden Hotel, nos colocamossempre no lugar do hóspede, temosprazer em servir e o trabalho de nossaequipe é minucioso”, acrescenta.

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Reserve mais tempo para apreciar as belezasda natureza

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OO relógio não para. O ponteiro insiste emcompletar rapidamente sua corrida nossessentas segundos e passar o bastão para opróximo minuto que fará também umamaratona. O dia voa na cidade agitada,embalado ao som de buzinas, freadas, gritos,alto-falantes móveis que vendem um produto,dois produtos, três produtos... A confusão narua é imensa e mistura-se ao toque do telefonena sala do escritório, ao barulho dasmáquinas, do teclado de quem digita a cempor hora. Ufa! Como aguentar tanto estresse!

Cientistas holandeses concluíram quemorar perto de áreas verdes melhora a saúdedas pessoas. Acesso ao ar puro e maisoportunidades de relaxamento podemdiminuir a incidência de doenças comoansiedade e depressão.

O ritmo no campo parece mesmo seroutro. O dia rende mais, o sol demora a seesconder, o descanso aumenta. Sobra tempopara apreciar as belezas naturais, dar atençãoà família, andar de bicicleta com o filho,prosear com os amigos. O campo convidapara uma vida sem pressa.

O jornalista Chico Ferreira fez sua escolhapela paz. Ele reserva metade do terreno desua casa à área verde. “É delicioso pegar umafruta direto da árvore plantada no seu jardim.Toda sexta-feira fazemos uma pequenafogueira no local e toda a família se reúne emvolta”, diz. Ele ainda afirma que morar pertoda natureza é uma forma de compensar acorreria diária. “Se você tiver queobrigatoriamente passar por um pedaço demato, um gramado, ou até mesmo umpequeno jardim para entrar pela porta dafrente da sua casa, o seu ritmo desaceleranaturalmente e boa parte do estresse evaporano caminho”, completa.

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Fazenda Santa Maria

Um grande exemplo de local com aconchego e qualidade de vida pode ser encontrado no novoempreendimento da Construtora Pereira Alvim, a Fazenda Santa Maria. O lugar resgata os valores deantigamente com as facilidades e seguranças de hoje.

O projeto valoriza as características originais da fazenda, fundada em 1965, que teve como princi-pal atividade o cultivo do café. A área verde foi uma das principais preocupações do projeto. Jáforam plantadas 20 mil árvores no local, com previsão de se plantarem mais 40 mil mudas, realizandoum trabalho de reflorestamento e responsabilidade socioambiental.

A Fazenda Santa Maria, localizada na Rodovia Anhanguera, no km 298, entre as cidades de Ribeirãoe Cravinhos, alia a natureza a uma área comercial diferenciada. Esse centro comercial dentro dafazenda inclui um armazém típico do interior de antigamente, proporcionando uma viagem no túneldo tempo. Alamedas ladeadas por flamboyants centenários, lagos tranquilos, deliciosos recantos,ciclovias e a Capela Sagrado Coração de Maria compõem a paisagem do residencial. Apesar doaspecto rústico, o empreendimento oferece uma completa infraestrutura e todos os benefícios dacontemporaneidade. Faça uma visita no local e descubra esse verdadeiro paraíso.

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ROLANDO BOLDRIN

O artista, apresentador, cantor, compositor, Rolando Boldrin, nasceu em São Joaquim da Barra,interior de São Paulo, em 1936. Começou sua carreira ainda menino cantando ao lado do seu irmãona cidade de Guaíra. Com 16 anos mudou-se sozinho para a capital paulista. Fez de tudo um pouco,foi sapateiro, garçom, frentista de posto de gasolina, mas seu desejo era cantar, tocar violão e “deitarprosa”. Em 1958, apareceu nas Emissoras Associadas, depois de ter tentado as Rádios São Paulo eRecord. Assinou o primeiro contrato como radioator. Fez radionovelas e televisão.

Entre os principais trabalhos em novelas estão “Direito de Nascer”; “Alma Cigana”; “O Bem Amado”– primeira versão televisiva, sob a autoria de Dias Gomes e direção de Benjamim Catan; “A Viagem”; “OProfeta”; “Roda de Fogo”, entre outras. Mostrou-se um ótimo ator, tanto que foi convidado pela TVRecord, onde apareceu em “Algemas de Ouro” ; “As Pupilas do Senhor Reitor; “Os Deuses Estão Mortos”.

Quando a TV TUPI foi fechada, Rolandro Boldrin foi para a TV Bandeirantes, no ano de 1979. Ali fez:“Cara a Cara”; “Pé de Vento”, “Cavalo Amarelo”; “Os Imigrantes”, porém, foi por essa época que Boldringanhou nome nacional, sendo contratado pela Rede Globo, onde lançou um programa em que fazia oque mais ama e sabe: tocar violão, cantar e “contar causos”. O nome era “Som Brasil” – Inesquecívelprograma, que foi a abertura para outros similares. Boldrin depois lançou na TV Bandeirantes: o “EmpórioBrasileiro” e no SBT, mais tarde, o “Empório Brasil”. Dono de uma musicalidade ímpar e uma enormesimpatia, Boldrin já lançou inúmeros discos. Atualmente, apresenta o programa “Sr. Brasil”, na TV Cultura.

O que é Bem viver?

A primeira coisa fundamental que vem na minha cabeça é você ter humor, é ele que faz você viver bem.Primeiro você tem que ser otimista para viver bem, se for pessimista não vai conseguir. Toda pessoaimplicante não é feliz. Quando a pessoa fala que esse país não vai pra frente, esse cara não é feliz. Eu souum cara bem humorado, primeira coisa pra mim é rir e rir é o prazer da vida. Sempre entro no palcomuito alegre, pois sei que isso transmite coisa boa. Pra mim, bem viver é ser bem humorado e otimista.

Como foi ser homenageado pela Escola de Samba Pérola Negra em 2010?

Foi incrível e algo muito marcante pra mim. Nunca tinha participado de carnaval de rua para ter umaideia. De repente, estou eu lá sendo o homenageado em pleno sambódromo. Eles conseguiram resumirtoda a minha vida e carreira. Tinha um carro só de São Joaquim da Barra, com fotografias minhas e domeu irmão cantando quando éramos crianças. Foi emocionante, todos os blocos e alas retratavambem minha vida. E o tema escolhido por eles foi: “Vamos tirar o Brasil da Gaveta”, que é justamente umslogan que criei e registrei como meu. Toda a história foi pesquisada em cima do meu livro, que contaa minha história. Lembro que no dia que o carnavalesco foi levar as fotografias do desfile, cada páginafoi uma choradeira. Foi aí que comecei a perceber o quanto já fiz ao longo desta carreira.

Defina Rolando Boldrin.

Acho que já fiz um pouco de tudo na vida. Quando as pessoas me perguntam: você é ator? Respondoque sou. Você é cantor? Sou; Compositor? Sou. Portanto, se fosse para me definir eu falaria que souum artista, pois faço um pouco de tudo, componho, canto, interpreto e toco.

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Exatamente no centro do Estado de São Paulo, Araraquara situa-se numa importante rota, traçada hámais de dois séculos, entre o litoral paulista e o Centro-Oeste brasileiro. Pelos Campos de Aracoara,“morada do sol” ou “onde mora a luz do dia”, na língua indígena dos Guayanás, muitos apenas passaram;outros tantos, porém, apaixonados, sonhadores, ficaram. Hoje somam mais de 200.000, e fazem deAraraquara uma das cinco melhores cidades brasileiras para se viver.

Sempre acolhedora, abriga de simples trabalhadores da terra a estudantes e grandes investidores,cada um com seus sonhos, mas todos compartilhando e construindo juntos o futuro, fazendo da cidadehoje um centro em constante expansão, sem perder a qualidade de vida. Cutrale, Lupo, Nigro, FEMSA(Heineken) são exemplos do potencial de Araraquara. E Unesp, Uniara, Unip, além da futura Universidadede Música e Artes (com projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer) são também nomes de peso queapontam as perspectivas e as apostas para as gerações futuras.

Araraquara abriga também três shopping centers, além de ser terra natal de empreendimentos desucesso, como Droga Raia, e de cidadãos ilustres como Ignácio de Loyola Brandão, Fernanda Venturini,José Celso Martinez Correa e Ruth Cardoso.

Cidade de 193 anos e em pleno desenvolvimento, atrai também grandes investimentos imobiliários,e empresas da construção civil, como a Arenco, em parceria com a Pereira Alvim, têm sido responsáveispor grandes empreendimentos, inovando e oferecendo oportunidades únicas a todos que desejammorar bem ou trabalhar num ambiente de qualidade superior. Todos esses fatores, conjugados a umclima ameno, têm criado uma infraestrutura moderna e se tornado também um atrativo a todos osque buscam um lugar que alie ótimas oportunidades de crescimento à qualidade de vida que todosbuscam cada vez mais.

A apenas 84 quilômetros de Ribeirão Preto, Araraquara tem localização estratégica e constitui hoje umimportante centro de investimentos no interior, além de excelente opção para os que desejam viver bem.Mãe de histórias de grande sucesso, acolhedora, auspiciosa, vizinha a quem se quer bem. Filha dos antigosCampos de Aracoara, hoje uma mãe, também (na)morada, do sol e de todos aqueles que apostaram eapostam a cada dia em seus sonhos de sucesso, buscando no interior - como seus pioneiros há quase doisséculos -, um espaço para construir a sua própria história.

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Alongar os músculos e posicionar melhoras vértebras ajudam a prevenir dores nascostas, tensão muscular, problemascirculatórios e enrijecimento nas articulações

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OO corpo humano é constituído por 2/3 de músculos estáticos (músculos capazes de lutar contra agravidade para nos manter na posição bípede) que são sobrecarregados e evoluem facilmente paraa rigidez e o encurtamento. Com a correria e o estresse da vida moderna, já é difícil para uma pessoaportadora de uma coluna vertebral quase normal evitar dores na cervical, dorsal e lombar. O queserá, então, do indivíduo corcunda ou com hiperlordose lombar?

Segundo Philippe Souchard, criador do método RPG (Reeducação Postural Global), as dores nacoluna vertebral são o “mal do século” e levam as pessoas aos médicos e fisioterapeutas RPGistas. Assessões são estritamente individuais e com duração de uma hora.

Segundo a fisioterapeuta especialista em RPG Denise Fernandes Cotrim de Almeida, é precisofazer uma avaliação no paciente e sessões semanais. “Trabalhamos em globalidade, sempreenxergando o paciente como um todo, não em partes. O método baseia-se em posturas de estiramento

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Alongamento é essencial

O alongamento é importante paraprevenir encurtamento muscular, que levaà dor, diminuição de amplitude demovimento e rigidez articular. Além derealizar relaxamento físico e mental com aliberação das endorfinas, alongar evitariscos de lesões musculares e restaura aamplitude dos movimentos, aumentandoa circulação sanguínea.

As pessoas devem se a longar,independente do sexo ou idade e mesmose não praticarem esportes. O ideal é quese faça o alongamento diariamente. “Ob-serve um cão deitado, antes de começara andar, ele alonga as patas e a coluna,como se estivesse se espreguiçando, sóentão ele começa a se movimentar. Tudoé fe i to por inst into”, destaca afisioterapeuta.

O ato de espreguiçar, além de prazeroso,faz os músculos dos membros superiorese inferiores se alongarem trazendobenefício à circulação sanguínea,diminuindo as dores provocadas por ficarmuito tempo em uma mesma posição, alémde despertar a mente.

de cadeias musculares encurtadas. O objetivoé recolocar o corpo no centro de gravidadeou mesmo fugir de uma dor. Todas asposturas são acompanhadas de um trabalhorespiratório”, explica Denise.

O que chama a atenção das pessoas é amá postura, tanto em pé quanto sentado,que leva à procura pela RPG. Em pé, a pessoatende a ficar apoiada em apenas uma perna,entortando a bacia, erguendo o ombro,inclinando a cabeça. O indivíduo que passamuito tempo sentado, seja ao computadorou dirigindo, tende a sentar apoiado no finalda coluna, projetando a cabeça para frente,causando enorme desequilíbrio na postura.

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Dicas de exercícios que podem ser feitos antes decomeçar a trabalhar ou durante algum intervalo do trabalho:

• Mexer os dedos, abrindo-os efechando-os;

• Com os cotovelos esticados,braços para frente, dobrar o punhopara cima e para baixo, com a ajudada mão oposta;

• Dobrar o cotovelo, colocando amão atrás da cabeça (pescoço) e coma mão oposta empurrar o cotovelopara baixo;

• Inclinar a cabeça lateralmente,como se fosse encostar a orelha noombro, sem erguer os ombros;

• Inclinar a cabeça para frente,encostando o queixo no tórax, semcurvar as costas;

• Girar o tronco para um lado edepois para outro;

• Elevar as duas mãos entrelaçadase fazer “força” como se quisessechegar ao teto;

• Em pé, dobrar o tronco parafrente apoiando as mãos em umamesa, escrivaninha, deixando a partede trás da perna e coxa bem retas;

• Cruzar as mãos atrás da cabeça eempurrar os cotovelos para trás,abrindo o peito.

Esses exercícios devem ser realizados diariamente, de três a cinco repetições cada um. Quandotrabalhar um braço ou mão, não se esqueça do outro lado e fique em cada posição de alongamentode 20 a 30 segundos. “É muito importante o tempo em que se fica na posição, pois muitas pessoasfazem alongamento muito rápido, dando ‘soquinhos’, e isso não resolve nada”, ressalta a fisioterapeuta.

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são graciosos e coordenados. Instintivamente,eles se alongam para manter os músculostonificados, as articulações flexíveis. Observecomo ele sente o alongamento, testa a tensão,relaxa, algumas vezes boceja, concentra-se noalongamento.

Fazer essa “ginástica do gato” levará poucotempo, sem atrapalhar o seu trabalho. Aocontrário, você se sentirá muito melhor ao longodo dia, ao fim do dia e ao chegar em casa.

Você estará aumentando sua produtividadee sua qualidade de vida. Você sentirá os efeitosjá na primeira semana.

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Pilates: união entre corpo e mente

A união entre o corpo e a mente contribui para o desenvolvimento de músculos fortes, alongadose flexíveis. Essa é a técnica do Pilates, método desenvolvido por Joseph Hubertus Pilates, um alemãoque quando criança teve doenças como asma, raquitismo e febre reumática.

O método Pilates tem seis princípios que são extremamente importantes para a eficiência da técnica:concentração, controle, centro de força (powerhouse), movimento fluido, precisão e respiração.Para a professora de Pilates e pós-graduada em fisiologia do exercício Aline Guedes, é possívelaumentar a consciência corporal através da contração do músculo que está sendo trabalhado du-rante o exercício, aumentando a eficiência do mesmo.

“Não temos restrição para idade e sexo, qualquer pessoa pode praticar o método desde que feitauma avaliação médica para o profissional conhecer o histórico familiar do aluno. As aulas são elaboradasde acordo com as necessidades do aluno, com atenção especial se ele possuir desvios posturais”,explica Aline.

Conforme Joseph Pilates, respiramos errado e, por isso, acabamos utilizando somente uma fraçãoda capacidade pulmonar. Pensando assim, a respiração torna-se o fator primordial do exercício,sendo o início do movimento a organização do tronco pelo recrutamento dos músculos estabilizadoresprofundos da coluna na sustentação pélvica e favorecendo o relaxamento dos músculos inspiratóriose cervicais.

“A respiração sincronizada com a ação muscular resulta em ganho na ventilação pulmonar, melhorandoa oxigenação tecidual e, consequentemente, a capacidade pulmonar. A sensação no final da aula é debem-estar, relaxamento e um incrível alinhamento de vértebras e articulações”, diz a professora.

Alongue-se:

• No trabalho, para aliviar a tensão nervosa;

• Enquanto o computador está processando alguma coisa, mesmo que somente por 5-10 segundos;

• Sempre que se sentir rígido, dolorido ou cansado;

• Antes ou depois de fazer uma caminhada;

• Pela manhã, logo após acordar e à noite, antes de dormir;

• Quando precisar de mais energia;

• Sempre que quiser se concentrar e dar o melhor de si.

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SAUDADEchega de

AA música “Garota de Ipanema”, de Tom Jobim e Viníciusde Moraes, tem cerca de 170 gravações. É uma das cançõesbrasileiras mais tocadas no mundo, sucesso absoluto da BossaNova, ritmo com origem aqui no Brasil e do qual poucosconhecem a história. Em 1949, no Rio de Janeiro, maisespecificamente no porão de 140 m² na rua Dr. Moura Brito,74, jovens músicos, fãs do cantor tupiniquim Dick Farney e deFrank Sinatra, reuniam-se para fazer tocar. Eles seautodenominavam integrantes do “Sinatra-Farney Fan Club”,eram apaixonados pelo jazz americano, e seriam os futurosícones da música brasileira: Johnny Alf, Paulo Moura, NoraNey, Doris Monteiro e João Donato.

Muita inspiração surgiu dali. Até o próprio Dick Farney integrou-se, mais tarde, ao círculo social da sua patota de admiradores noinício da década de 1950 e, anos depois, na década de 1960, elemesmo veio a gravar canções de Bossa Nova.

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Uma batida diferente do violãode João Gilberto

Após tirar algumas composições da gaveta,Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraesresolveram lançar um disco cuja interpretaçãomusical ficou por conta da cantora ElizethCardoso. O tal disco chamaria “Canção do amordemais”, foi lançado em 1958 e fez pouco (paranão dizer nenhum) sucesso.

Mas o “fiat lux” da Bossa Nova não foram ascanções propriamente ditas da dupla Tom eVinícius. Foi João Gilberto. Seu jeito de tocarviolão, que até então era motivo de admiraçãoapenas nos círculos fechados da turma dosmúsicos cariocas, tornou-se público.

No livro “Chega de Saudade”, praticamenteum compêndio da Bossa Nova, escrito pelojornalista Ruy Castro, fica clara a importância deJoão e do disco de Elizeth Cardoso. “Canção doamor demais” é o disco que inaugurou a BossaNova, com João Gilberto acompanhando acantora em duas faixas (“Chega de saudade” e“Outra vez”), fazendo, pela primeira vez no violão,o que seria chamado de “batida da Bossa Nova”.

Das garrafadas ao Carnegie Hall

A Rua Duvivier, em Copacabana, é umatravessa sem saída que Sérgio Porto (conhecidopelo pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta) batizoude Beco das Garrafadas. O nome foi rapidamentesimplificado para Beco das Garrafas, e se referiaao hábito dos moradores dos seus edifíciosjogarem garrafas vazias nos frequentadores dasboates lá embaixo.

Nessas boates, vários artistas da Bossa Nova seapresentavam, inclusive o jovem Antônio CarlosJobim tocando piano. No começo da década de1960, o estilo musical já era um sucesso na boemiafluminense. A gravadora norte-americana Audio-Fi-delity logo percebeu o potencial desses artistas etratou de organizar um show de Bossa Nova nafamosa casa de shows Carnegie Hall, em Nova Iorque

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A triagem dos participantes foi feita por Mário Dias Costa, chefe da Divisão Cultural do Itamaraty,que, por sinal, morava próximo ao Beco das Garrafas e era um ávido apreciador do estilo musicalbrasileiro. Mário era daqueles que tinha estreitas relações com os executivos das gravadoras musicaisda época. Não era qualquer um.

A tal triagem foi necessária, pois meses antes, quando fora anunciada a épica apresentação noCarnegie Hall, os jornais em peso fizeram aquele conhecido fuzuê que só o brasileiro sabe fazer. Dali emdiante, estava instaurada a baderna da Bossa Nova. Não existia um só cantor no Beco das Garrafas quenão fosse profissional no assunto. Estava, então, em perigo o nosso mais precioso cartão postal daépoca. Não era pouca coisa.

Eis então que, na manhã de 21 de novembro de 1962, a Bossa Nova em peso, exceto Tom Jobim,desembarcou na “Big Apple” para se apresentar naquela mesma noite (Jobim só apareceria em cimada hora para dar o ar da graça). Estavam lá Luiz Bonfá, Oscar Castro Neves, Agostinho dos Santos,Carlinhos Lyra, Sexteto Sérgio Mendes, Roberto Menescal, Chico Feitosa, Normando Santos, MiltonBanana, Sérgio Ricardo, Antônio Carlos Jobim e João Gilberto.

Era a consolidação da Bossa Nova, que fincou para sempre sua marca na história.

Dez canções essenciais para entender a Bossa Nova:

• Chega de Saudade (João Gilberto)

• Garota de Ipanema (Tom Jobim/Vinícius de Moraes/Norman Gimbel)

• Ho ba lá lá (João Gilberto)

• Se todos fossem iguais a você (Vinícius de Moraes)

• Bim bom (João Gilberto)

• Samba de uma nota só (Tom Jobim/Newton Mendonça)

• Águas de Março (Tom Jobim)

• Wave (Tom Jobim)

• Desafinado (Tom Jobim)

• Samba de uma nota só (João Gilberto)

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Como você definiria para o público leigo o que é a “Bossa Nova”?

Bossa Nova é uma maneira especial de tocar o nosso samba; é fazê-lo com uma estética própria,particular e que passa pelos princípios de sutileza e contenção, Bossa Nova é suave, ao mesmotempo tem o calor e o suingue do samba sem o volume sonoro de costume. Imaginem uma roda desamba com surdo, tamborim, agogô, ganzá, pandeiro e toda aquela alegria sonora. A bossa novapropõe um som mais contido... piano (em linguagem musical o piano é pouco intenso, o oposto detocar forte), porém, sem perder o molho, a rítmica; é também extremamente sofisticada e expressivadevido à sua elaboração melódico-harmônica, de onde mais vem a contribuição de Tom Jobim.

Como está a Bossa Nova no Brasil atualmente?

No Brasil há uma intensa atividade criativa e o que é mais interessante é que o compositor popularbrasileiro além de criativo arrisca muito, daí apareceram tendências e tentativas de várias formas,como a mistura de elementos sonoros eletrônicos e dançantes. Isso é para dar um ar mais “atual”,“jovial” o que muitas vezes leva a resultados que pouco acrescentam e ainda perdem em expressãopor conta da mecanização eletrônica da proposta. Por outro lado, há correntes surgidas da BossaNova que evoluem muito e viajam o mundo, como o samba jazz, estilo nascido aí nesse berço“bossanovístico” que ganha dia a dia cada vez mais músicos excepcionais e novos, que renovam orepertório, tendências e valores individuais desse estilo.

Quem mais te influenciou dentro da Bossa Nova?

Certamente foi o Tom Jobim, nosso maior compositor popular. Sua música é de uma clareza rara euma profundidade única; quando resolve fazer a letra também, é o melhor letrista de sua obra, o Tomconseguiu como nenhum outro aliar conhecimento, sofisticação, simplicidade e inspiração. Atributossó encontrados juntos assim na obra de gênios!

Bossa Nova atualO legado da Bossa Nova no Brasil está em boas mãos. Nomes como Paulo Jobim, Leila Pinheiro, Bebel

Gilberto e Roberta Sá dão o ar da graça no plantel atual. Além deles, temos outras feras no cenário daBossa Nova atual. Uma delas é Mário Feres, músico radicado em Ribeirão Preto.

Nascido em Marília (SP), em 1967, Mário teve sua primeira atuação profissional em 1979. Desde 1982,já ganha seu pão com a música. É instrumentista de piano e violão, compositor, arranjador e produtormusical de formação autodidata. Hoje em dia é um dos grandes nomes da Bossa Nova brasileira e, nãoraramente, faz participações nas obras musicais de Paulo Jobim (filho mais velho de Tom).

...Como no dia em que, olhando com ar perdido pela janela, comentou comuma delas:“Olha o vento descabelando as árvores...”“Mas árvores não têm cabelo, João”, ela cometeu o erro de dizer.“E há pessoas que não têm poesia”, ele fulminou, cortante.

Conversa entre João Gilberto e uma enfermeira em uma clínica psiquiátrica, quando o pai de João oenviara pensando que seu filho havia enlouquecido ao mostrar o que viria a ser a Bossa Nova. (livro“Chega de Saudade”, de Ruy Castro)

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O cultivo desta planta é objeto de meditaçãoe aprimoramento interior na cultura oriental

Você já deve ter assistido ao filme “Karatê Kid”, do diretor John G. Avildsen, estrelado por RalphMachhio e Pat Morita. Provavelmente, lembra-se que o mestre das artes marciais, o Sr. Miyagi, temalgumas árvores pequenas das quais cuida com todo o carinho e cuidado. Essas pequenas árvoressão chamadas de bonsai, que significa “plantado em uma bandeja”. Bonsai são árvores, arbustos outrepadeiras lenhosas em miniatura cultivadas em vasos por meio de técnicas específicas de uma arteque procura manter no pequeno exemplar as mesmas características que a árvore ‘livre’ na naturezapossui, até mesmo flores e frutos. Mais do que “pequenas árvores japonesas”, como é popularmenteconhecido por aqui, o bonsai proporciona uma interação entre o homem e a natureza em umacombinação de arte e horticultura.

Não há documentos oficiais que comprovem a real história do bonsai, mas a versão citada porFábio Antakly Noronha em seu livro “Cultivando Bonsai no Brasil” é de que o cultivo de árvores emminiatura surgiu na China antes do século XIII, quando os chineses já tinham grande interesse porpedras decorativas e por manter árvores naturalmente miniaturizadas em vasos. Naquela época, oJapão sofreu grande influência da China ‘importando’ o gosto pelo cultivo de árvores em miniatura.

Os cultivadores se preocupavam apenas em localizar árvores naturalmente miniaturizadas jáexistentes na natureza e mantê-las em potes. Esses exemplares eram de grande valor e apenas osnobres os possuíam. No final do século XVI, iniciou-se a prática de trabalhar a forma e os aspectosdas árvores e também a miniaturização de um exemplar não miniaturizado. Passou-se da coleta deespécie para o artesanato propriamente dito, tendo o bonsai adquirido suas características atuais noperíodo da Renascença.

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Tipos e tamanhos

Os bonsais possuem diversos tamanhos. São chamadosanões quando não ultrapassam 15 cm e pequenos quandopossuem de 15 cm até 38 cm. Há também os médios, comaltura entre 38 cm e 76 cm, e os grandes ou gigantes,entre 76 cm e 1,20 m. Existem exemplares menores que 5cm e outros maiores que 1,20 m, que também sãoconsiderados bonsais.

No Brasil, provavelmente o bonsai veio com a imigração japonesa, a partir de 1909.

Para Helenir Candido, bonsaista há 23 anos, não há segredos para se cultivar um bonsai. Noentanto, deve-se atentar a quatro fatores necessários para se cultivar um bonsai forte. “O sol da

manhã é importante, assim como aguar bem a árvore todos os dias. Deve-se também adubaruma vez por mês e a cada dois anos podar 30% das raízes e trocar a terra”, afirma Helenir.

De acordo com Marcelo Henriques Martins, professor de português e literatura eque cultiva bonsai desde o início dos anos 1990, a recompensa com esse cultivo

é de se sentir artista. “É a alegria de conceber uma obra e realizá-la. Aliás,bonsai pra mim é arte. Claro que tenho cuidados com as plantas

enquanto plantas, mas cada uma delas eu vejo comouma peça artística. São esculturas vivas. E eu

sou o autor disso, mas um autor queprojeta o sentido de beleza da sua artepara natureza, e não pra si. A beleza dobonsai é a beleza da árvore em si”,explica.

Bonsai como terapia

Um praticante da arte do bonsaidesenvolve muito a paciência, controlamelhor o estresse diário e aprende a

relaxar. Na cultura budista, o cultivo está amplamenteassociado aos exercícios de meditação, proporcionando aconstante evolução da harmonia do “ser”.

Para Guilherme Ventura, que utiliza a prática comorelaxamento, essa arte gera uma ótima sensação. “Sinto-me útil e tenho a minha autoestima elevada. O bonsai écomo uma terapia ocupacional pra mim. Lidar com essaplanta é, acima de tudo, uma terapia em que o entrosamentocom a natureza é essencial”, garante.

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DICAS PARA CUIDAR DE UM BONSAI

Poda

Mantenha a forma inicial de seu bonsai, removendoos ramos e brotos que crescerão muito. De maneirageral, sempre que o ramo atingir dez pares de folhas,reduza a dois ou quatro pares, conforme o desenho

Rega e umidade

A rega é fundamental para a saúde do bonsai. Osintervalos entre elas determinam a umidade no torrão dobonsai. É a observação e a atenção que vão determinar ointervalo entre as regras. De maneira geral, o horário idealpara regar suas plantas é pela manhã bem cedinho ou nofinal do dia, com água em quantidade suficiente para vazarpelo orifício de drenagem do vaso. Caso coloque prato oubandeja, nunca deixe a água acumular no fundo do vaso,evitando o apodrecimento das raízes. Não considere borrifosou pulverização como rega, a pulverização é benéfica paraas folhagens, porém, não dispensa a rega.

Em locais em que a água tem muito cloro convém deixarum recipiente aberto para a água descansar por um oudois dias antes de utilizá-la para regar suas plantas. Casohaja um ressecamento acidental, deve-se então mergulharo vaso até cobrir toda a terra por no máximo 10 minutos.Viagens com mais de dois dias serão fatais. Retire-os do sole deixe alguém de sua confiança responsável pelas regas.

A escolha do local

O lugar ideal para a colocação dos vasos é uma varandaou uma janela onde seu bonsai pegue sol pela manhã. Eviteambientes com ar condicionado e colocá-lo sobreeletrodomésticos. Os brotos e as folhas tentam buscar a luzdo sol o que pode provocar desequilíbrio na forma da copado bonsai, portanto, é preciso girar o vaso a cada dois outrês meses, sem mudá-lo de lugar, pois a planta não gostade ficar de um lado para outro.

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desejado. A poda da copa é muito importante para a saúde do bonsai. É necessário criarespaços negativos por entre os ramos e galhos para que o sol penetre dentro da árvore. Seseu bonsai estiver com arames, verifique se o mesmo não está cortando a casca de algumgalho. Se for necessário remova-o com alicate de cortar fios. Não tente desenrolar o fio, poispode partir o galho.

Importante: Algumas plantas perdem sua folhagem no outono, não se desespere, é uma horapara trabalhá-lo.

Manutenção

O bonsai é uma árvore que, por viver num vaso onde há pouco espaço para suas raízes,necessita de adubos e fertilizantes. No período da primavera até o final do verão, as plantasestão absorvendo nutrientes. Portanto nesta época, num intervalo de 15 ou 20 dias, deve-seaplicar um adubo líquido. Coloque também algum tipo de adubo sólido de lenta decomposição,com pouco nitrogênio. Esteja atento a pragas e doenças, fazendo uma manutenção preventivaa cada 30 dias. Ocorrendo alguma anormalidade, utilize inseticidas de planta. Separe seu bon-sai de outras plantas.

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AA região de Toscana, na Itália, já foi cenário de vários filmes e atualmente também mostra suapaisagem em “Passione”, a novela das nove da Rede Globo. Formada pelas províncias de Florença,Siena, Pisa, Lucca, Arezzo, Grosseto, Livorno, Massa-Carrara, Pistoia, e Prato, a Toscana proporcionaao turista momentos inesquecíveis.

“É uma deliciosa experiência percorrer a Toscana pelas estradinhas que cortam olivais, vinhedos ebosques de ciprestes, atravessar vales e colinas, desfrutar de bucólicas paisagens que inspiraramtantos artistas e surpreender-se com uma sucessão de minúsculos vilarejos de ar ainda medieval.Hoje, provavelmente, não há outro lugar no mundo com tal concentração de obras de arte medievaise renascentistas – pinturas, esculturas e impressionantes preciosidades arquitetônicas”, afirma CamilaGarnier, agente de turismo.

De acordo com Luisa Perez, que mora em Milão e tem um dos blogs mais ricos em informação deturismo, o “Arquivo de Viagens”, San Gimignano, em Siena, é o lugar mais belo e apaixonante daItália. “Meu coração bateu mais forte por San Gimignano. Que vista maravilhosa! Foi como se estivesseviajado no tempo”, destaca a blogueira.

A região de Siena também é lembrada pelo sócio-diretor do grupo Virazóm, Rogério Mott Mari,que ainda inclui a capital Florença como um dos seus locais preferidos. “Florença e Siena impressionampela riqueza de seus museus com obras de artistas famosos como Da Vinci, Botticeli e Donatello.Nessas províncias, cada pequena cidade ou burgo, como chamam por lá, apresenta uma característicaprópria e cativante, como as 14 torres medievais de San Gimignano ou os palácios de Montepulciano.Em Siena, qualquer passeio leva à Piazza Del Campo e acho imperdível a subida à Torre Del Mangia,a segunda mais alta da Itália”, diz Mari.

Giusepe Contri, professor de italiano, nascido em Florença e morador da cidade por 42 anos, destacaa paisagem do local. “A Toscana é a região mais completa da Itália, pois tem montanhas lindas paraesquiar no inverno, mares e praias para o verão, bosques, planícies e muitas colinas, onde estão asmelhores plantações de oliveira para a produção de azeite, considerado o melhor do mundo”, diz.

Além de azeite, a região produz também vários dos melhores vinhos tintos do mundo e foi berçode grandes artistas. São da província de Florença, o grande poeta e escritor Dante Alighieri, conhecidocomo o pai da língua italiana por escrever a obra “ A Divina Comédia” na língua mãe em época quesó os escritos em latim eram valorizados, e o gênio Leonardo da Vinci. Já Michelangelo é da provínciade Arezzo, enquanto Puccini, autor de Tosca, La Bohème, Madame Butterfly e tantas outras óperasencenadas no mundo inteiro, é de Lucca. “Sessenta por cento do patrimônio artístico e cultural daItália se encontram em Toscana”, diz Contri.

Outro ponto marcante da região são as ilhas do Arquipélago Toscano. A principal delas é a Ilha deElba, conhecida por abrigar Napoleão Bonaparte no exílio.

Para quem pensa em viajar e conhecer essa maravilha que é Toscana é bom ficar atento à dica climáticada agente de viagem Camila Garnier. “Na Toscana, quando é frio, é muito frio, e quando é calor, é muitocalor, e não podemos deixar de levar uma camiseta do Brasil, porque eles gostam muito dos brasileiros”.

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CONHEÇA ALGUMAS PROVÍNCIAS:

Florença

Um dos símbolos da cidade é a cúpula do Duomo, construída em 1464 e projetada pelo até entãodesconhecido Brunelleschi, que ficou famoso por essa obra, apesar de ter sido ridicularizado pelosconsagrados arquitetos da época. Foi a maior estrutura construída sem andaimes e é parte integranteda quarta maior igreja da Europa, a igreja de Santa Maria Del Fiori.

Florença é considerada capital mundial da cultura, berço do Renascimento.

Curiosidade: O interior da cúpula de Duomo é todo decorado com afrescos, representandoo Juízo Final.

SienaEm Siena, os principais pontos turísticos amontoam-se num labirinto de ruas e alamedas

estreitas ao redor da Piazza del Campo, que tem forma de leque, uma das maiores praçasmedievais da Europa.

Curiosidade: A rivalidade entre as paróquias são relembradas no Palio, quando os moradoresdemonstram lealdade à paróquia onde nasceram. Ao andar pelas ruas, pode-ser ver o símbolo doanimal de cada paróquia em bandeiras, placas e relevos.

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San Gimignano

Conhecida principalmente pela suaarquitetura medieval e pelas torres que,na época, simbolizavam o poder e ariqueza das famílias e que ainda hojeencantam milhares de turistas.

San Gimignano é uma verdadeiraatração para os turistas aproveitarem esentirem o clima e o ar medieval.

Quem vai a San Gimignano não podedeixar de subir nas torres, tomar a famosavernaccia (vinho típico desta província) epassar na Gelateria di Piazza, premiada porfazer o melhor sorvete da italiano.

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Pisa

Nesta província, o grande destaque é aTorre, cujo nome é o mesmo do lugar: Torrede Pisa. Ela fica na Praça do Campo dosMilagres, onde foi construído um complexoreligioso: o conjunto da catedral da cidade.

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BIODIVERSIDADE

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O surgimento de novas espécies e arecuperação da biodiversidade podem levarmilhões de anos

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AAo longo de bilhões de anos de evolução, a vidaespalhou-se pela Terra e se diversificou, resultando nasmais variadas formas de seres vivos. Durante esses anos,as relações entre as espécies foram se estabelecendo eatingindo um equilíbrio dinâmico que permite acoexistência de vários organismos que atualmentehabitam nosso planeta. Ao longo das eras, várias espéciesnovas surgiram e outras tantas desapareceram. Estima-se que somente entre 2 a 4% de todas as espécies quesurgiram vivem atualmente.

Os motivos variam caso a caso, tais como mudançade clima, esgotamento de recursos, surgimento de no-vas espécies mais fortes que ocupam o mesmo habitat ecatástrofes naturais. A ciência detectou nos registrosgeológicos muitos episódios de aumento de taxa deextinção ao longo dos anos de história da evolução dosseres vivos. Alguns deles são marcantes por altas taxasde extinção e são chamados de extinção em massa.

De acordo com o biólogo Nino Amazonas,coordenador do Programa de Conservação em ÁreasPrivadas – Associação Mico-Leão-Dourado, a ciênciatem registros de três extinções em massa, com odesaparecimento de grandes números de espécies. “Amais conhecida dessas extinções data do final doperíodo Cretáceo, que se acredita ter sido causada pelaqueda de um asteroide que abriu uma enorme craterana atual América Central, e resultou na extinção dosdinossauros, há aproximadamente 65 milhões deanos”, explica o especialista.

Atualmente, a biodiversidade sofre uma crise global ea principal ameaça às demais espécies é chamada Homosapiens. Isso mesmo: a espécie humana. A maneira comoa população humana ocupa e altera a superfície da Terratem causado enormes perdas de biodiversidade. Asprincipais ameaças resultantes da ação humana sãodecorrentes da diminuição e degradação de habitatsnaturais, da introdução de espécies exóticas, dasuperexploração do meio e também das mudançasclimáticas. Desmatamentos, expansão das fronteirasagrícolas, crescimento desordenado das cidades, e asdiversas formas de poluição são exemplos claros de comoos seres humanos têm transformado ambientes naturaisequilibrados e biodiversos em ambientes alterados,desequilibrados e pouco diversos.

Dentre algumas definições possíveis, podemosconsiderar uma espécie extinta quando não maisencontrarmos vivo um indivíduo pertencente a ela. Se

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www.mma.gov.br/portalbio

http://www.iucn.org/

Sites interessantes:

houver indivíduos da espécie apenas em zoológicos, mas não em seus habitats naturais, considera-se a espécie como extinta na natureza. A IUCN (sigla em inglês para União Internacional pelaConservação da Natureza) divulga regularmente a Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas de todo omundo. No Brasil, o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, uma publicação doMinistério do Meio Ambiente, é uma boa fonte de consulta que traz uma lista com várias informaçõessobre cada espécie. Embora essa importante publicação liste os animais ameaçados de extinção, nãodevemos esquecer todos os outros grupos de seres vivos, como plantas, fungos e bactérias quetambém são ameaçados de extinção.

Temos exemplos bem conhecidos de animais ameaçados de extinção no Brasil, como o Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), as tartarugas marinhas, o Peixe-boi-marinho (Trichechusmanatus), o Muriqui (Brachyteles sp.), a Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), a Preguiça-de-coleira(Bradypus torquatus), o Guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul ululata), a Tartaruga-de-couro(Dermochelys coriacea), entre outros.

Os esforços para conservação dessas espécies, por meio da atuação de organizações como aAssociação Mico-Leão-Dourado, o Projeto Tamar e o Projeto Peixe-boi-marinho, entre outrasimportantes instituições, foram e ainda são de extrema importância para assegurar a existência dessasespécies, beneficiando, paralelamente, várias outras através da conservação do habitat natural decada uma delas.

Proteger a biodiversidade é manter o bem-estar do ser humano. “Além do simples direito à vida eda importância óbvia de um ambiente diverso para o equilíbrio da vida na Terra, outras razões maisdiretamente relacionadas ao bem-estar dos seres humanos fazem da redução da perda dabiodiversidade um tema urgente e de extrema importância. Ambientes naturais preservados nosprestam vários serviços de valor inestimável, a exemplo da regulação do clima e do ciclo hidrológico,asseguram a estabilização dos solos, a ciclagem de elementos químicos, etc. Na riqueza dos incontáveiscompostos químicos presentes nos diferentes organismos vivos pode residir a cura para váriasdoenças”, explica o biólogo Nino Amazonas.

Segundo o especialista, na diversidade genética das espécies podem estar genes necessários paraimportantes avanços tecnológicos. “Enfim, são inúmeras as razões para querermos um planetaequilibrado e biodiverso. Cada espécie tem uma bela e longa história de evolução, adaptação, e lutapela sobrevivência para estar aqui, convivendo conosco hoje. Precisamos aprender a respeitar eadmirar isso. É papel das grandes organizações internacionais, de cada país, Estado, cidade, mastambém de cada ser humano lutar pela biodiversidade, faça sua parte”, ressalta.

A história mostra que o tempo necessário para o surgimento de novas espécies e a recuperaçãoda biodiversidade após um episódio de extinção em massa é da ordem de 5 a 20 milhões de anos. Naescala humana de tempo, cada extinção significa uma diminuição definitiva e eterna da biodiversidade,uma perda no valor inerente da biosfera, independente do interesse ou convicção de indivíduos.

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AArtigos acadêmicos cada vez mais se dedicam à relação pais e filhos, analisando a reestruturaçãodos laços familiares dentro do mundo globalizado em que um torvelinho de mudanças atinge asvidas pessoais. A época atual exige uma relação mais participativa de pai e de mãe na vida do filho,diminuindo a distância entre aquele que manda de quem obedece. São tempos modernos em que aindividualidade do filho deve ser respeitada. Como dito em um poema de Gibran Khalil Gibran:“Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de nós,mas não de vós e, embora vivam conosco, não vos pertencem”. É com base nessa premissa que ospais tentam hoje aproximar-se do filho mais como amigos que como mantenedores.

A psicóloga e mestre em educação Cássia Cristina da Silva Almeida Nunes afirma que o crescimentodessa relação acontece quando pais e filhos estão abertos para o aprendizado. “Não existe espaçopara senhores do absoluto ou donos da verdade”. Ela acrescenta que os pais devem estar atentos àsmudanças naturais do filho. “É preciso entender que os filhos passam por ciclos. A cada etapa, elenecessita de habilidades específicas dos pais. Cada fase tem uma beleza e necessidades próprias”.

Essas necessidades são definidas em três etapas. Na infância, o filho tende a copiar tudo o que ospais fazem e tomam as atitudes deles como exemplos de vida. Na segunda etapa, que se dá naadolescência, acontece a confrontação, a busca pela própria identidade, pela autoafirmação comoser humano, e, muitas vezes, o adolescente se rebela contra os pais. A psicóloga Caroline Zago Rosafaz um alerta aos pais. “Boa parte da revolta dos adolescentes deve-se à contradição na forma de agirdos adultos. Muitos pais querem dar a impressão de liberdade absoluta para o filho, porém, quandoesse vai reivindicá-la, esses mesmos pais o tolhem. Daí vem a revolta”, explica.

A terceira etapa manifesta-se por volta dos 30 anos de idade, quando volta a existir um equilíbriona relação. “Nesse ciclo, o indivíduo percebe que a felicidade depende dele mesmo e de suacapacidade de compreender a vida. Então ele se volta para seus pais, pois, nessa fase, muitos já têmfilhos e percebem a necessidade de uma boa convivência familiar”, diz a psicóloga Cássia Cristina.

A confiança nessa relação é a chave para o entendimento. Para tanto, os pais devem mostrar aos filhosque não são infalíveis, que se magoam, que se frustram, e, que apesar de não serem super-heróis, podemsim ajudar os filhos em seus medos e suas ansiedades. Portanto, deve ser o diálogo a base dessa relação.

Pais e fi lhos passam por ciclossemelhantes, porém, em momentosdiferentes, vivendo uma relação delicada

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De geração em geração

Pai de três filhos (o mais velho com 38 anos, o do meio com 36, e o caçula com 32), o engenheiroquímico, professor universitário e presidente da Sociedade de Defesa Regional do Meio Ambiente(Soderma), Paulo Finotti, acredita que além do amor aos filhos, existem responsabilidades. “Temos decompreendê-los à medida que crescem e ensiná-los a viver, a participar da sociedade. Ser pai não ésimplesmente soltar os filhos no mundo”, diz Finotti.

O filho mais novo de Finotti é o único que ainda mora com o pai. “Nunca tivemos problema, pelocontrário, vivemos em perfeita harmonia. Há uma espécie de cumplicidade que vai desde a troca deinformações até a convivência de algumas horas diárias”, comenta o engenheiro.

Finotti afirma que não havia essa cumplicidade entre ele e seus pais. “Quando era jovem, o aprendizadoera sempre do mais velho para o mais novo. Hoje há uma grande troca de informações entre a geraçãode nossos filhos e netos. Uns ensinam via conhecimento adquirido, vivido, outros ensinam ‘la nave va’”.

Leonardo Pontes, 33 anos, tem um escritório de advocacia com o pai Roberto Seixas Pontes. Eleacredita que a relação entre pais e filhos deve ser baseada na amizade. “ Não concordo com o textodo Millôr Fernandes o qual diz que ‘ pais e filhos não foram feitos para ser amigos. Foram feitos paraser pais e filhos’. Sou mais o texto de Mário Quintana que afirma: ‘a amizade é um amor que nuncamorre’. Amor que nunca morre é o existente entre pais e filhos, que foram, sim, feitos para seramigos, eterna e incondicionalmente amigos”, conclui Pontes.

Ajuda aos pais

O Lar Padre Euclides cuida de 100idosos. Sem condições psicológicas oufinanceiras, essas pessoas foramdeixadas pelos familiares e precisam dededicação diária.

Desde 1919, o Lar Padre Euclides temoferecido moradia, alimentação,atendimento médico e odontológico,medicamentos, recreação, laborterapiae, acima de tudo, carinho e atenção. Ainstituição não visa lucros e se mantémde doações as quais, ultimamente, nãotêm sido suficientes. Colabore comqualquer quantia:

Banco BradescoAgência: 0444-8Conta Corrente: 071978-1Titular: Lar Padre Euclides.

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Existem várias músicas que abordam a relação entrepais e filhos. Confira trechos de três sucessos:

“Pai” - Fábio Jr.

Pai!Pode ser que daqui a algum tempoHaja tempo prá gente ser maisMuito mais que dois grandes amigosPai e filho talvez...

Pai!Pode ser que daí você sintaQualquer coisa entreEsses vinte ou trintaLongos anos em busca de paz...

“Como Nossos Pais” - Belchior

Minha dor é perceberQue apesar de termosFeito tudo, tudo,Tudo o que fizemosNós ainda somosOs mesmos e vivemosAinda somosOs mesmos e vivemosAinda somosOs mesmos e vivemosComo os nossos pais...

“Pais e Filhos” - Renato Russo

“Você culpa seus pais por tudoIsso é absurdoSão crianças como vocêO que você vai serQuando você crescer?”

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AAdolescer, pela própria origem da palavra, é o estado do que está em crescimento, que inicia seuflorescimento, mas ainda não se desenvolveu com todo seu vigor. Mas implica também, por definição,o que pode cair enfermo, adoecer. Pode parecer uma contradição, porém essas definições representammuito bem a ideia de que todo processo de crescimento e desenvolvimento tem seus pontos de “viragem”,seus momentos de vulnerabilidade. Assim é com o adolescente em sua faixa cronológica. Assim tambémencontramos as fragilidades ao nascimento, na vida adulta, e em outras etapas do desenvolvimento.

O adolescente encontra-se num estado de forte turbulência por ser essa uma passagem que se dáintensamente e em planos múltiplos: o corpo modifica-se de maneira quase abrupta; as relaçõessociais, até então protegidas pelo meio familiar, ampliam-se e se estendem por um universodesconhecido, que muitas vezes requer dele experiências difíceis de serem metabolizadas; as exigênciascognitivas também se transformam, e podem parecer muito maiores do que seriam porque essamente encontra-se naturalmente muito ocupada por intensidades emocionais difíceis de suportar.

Em meio a esse caos que assola normalmente o adolescente em vários aspectos de seu desenvolvimento,sua mente encontra-se ocupada (na maior parte das vezes sem que ele o saiba), em digerir experiênciasemocionais anteriores, do período de sua infância, que permaneceram sem compreensão ou semsignificação. É preciso muita energia psíquica para que o adolescente dê conta dessas árduas tarefas,que se apresentam todas ao mesmo tempo, sem aviso prévio, e somente com algumas poucas vantagens.

Ele tem que empreender a difícil tarefa de se “separar” de sua família, no sentido psíquico, eacreditar que isso é importante, sem lesar suas origens. Esse é um tratado que em geral ocorre semacordos de ambas as partes. Os pais estão empenhados em fazer cumprir valores e regras, enquantoele é impelido a escolher “um nome”, uma identidade própria. E nem sempre a que ele escolhecorresponde àquela que seus pais e familiares lhe ofereceram e esperam que ele cumpra.

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Seu mundo mental nesse momento ocupa-se em realizar os lutos pelas perdas do corpo infantil,que agora se transforma num projeto de corpo adulto, sem ainda ter sua configuração. Estão ocupadoscom o necessário luto pelos pais fantasiados como perfeitos, ideais, que eles sentiam ter na infância.Não veem mais os pais herois, que sabem tudo, que “têm a força”, mas começam a descobrir suasfraquezas, seus enganos e incertezas. Os pais, por outro lado, resistem bravamente a essa mudançade perspectiva, porque todos somos originalmente imbuídos do desejo de sermos os ideais.

Tudo isso os angustia tanto, que se torna insuportável, e eles, os adolescentes, com muita frequênciase protegem inconscientemente dessas turbulências gerando outras turbulências, externas, como osembates com os pais ou outras figuras de autoridade, testes de limites (poder, destrutividade, autonomiaenganosa, liberalidade) que em algumas situações podem levar a desfechos catastróficos. Outrosdesenvolvem um estado depressivo, ou outras formas mais graves de manifestação emocional deque algo está em excesso em seu mundo mental.

Nossa cultura atual, embora tenha trazido muitas evoluções que nos privilegiam e também aos nossosadolescentes, não colabora com eles em muitos aspectos. As ofertas de informação suplantam muito ascondições para digeri-las, e ao mesmo tempo criam exigências que, se não forem cumpridas, excluem oadolescente de seus grupos sociais. Criamos indivíduos “obesos de informação e famintos de sentido”,porque nem mesmo nós, adultos, conseguimos digerir o universo de bombardeios informativos a quesomos expostos. O tempo que se disponibiliza em recolher dados é muitas vezes maior do que aqueleque se despende para refletir sobre o que de fato eles significam, sejam esses notícias ou conhecimentossobre alguma área do saber. Isso diminui também o tempo de que podemos dispor para aquelas conversasque se diz “pra jogar fora”, mas que podem ser tão proveitosas para se conhecer melhor o que pensa umgrupo e a família sobre questões cotidianas. São ocasiões importantes para se aperceber como estãoconvivendo essas pessoas, para se poder transmitir e trocar experiências e valores.

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Nossa sociedade vem refletindo uma cultura narcísica, com preocupação voltada para interessesindividualistas, pouco acolhedora do nosso universo emocional. A valorização do outro se dá poraspectos concretos, em geral aspectos materiais, ligados à obtenção de prazer imediato. Ou seja, nãoexiste um outro como tal, mas “etiquetas” que se colam para categorizar e discriminar, como se elasindicassem afinidades e valores permanentes. Nesse universo pretendemos que nossos adolescentesdesenvolvam suas identidades!

Penso que nossa maneira de viver o mundo atualmente necessita de muita reflexão. Não se tratade acreditar que antigamente tudo era mais certo e melhor, incluindo a educação dos filhos. Mas semdúvida estamos sendo compelidos a essa reflexão pelas nossas crianças e adolescentes de hoje, quevêm nos declarando através de suas exuberantes e frequentes manifestações de abalo emocionalque algo precisa ser revisto.

E não é necessário seguir tão longe para nos apercebermos das incoerências, de que algoanda esquisito, por exemplo, quando tantas leis são necessárias para proteger crianças, idosos,natureza, e assim por diante. Não deveríamos proteger por amor? É certo que desde que se temnotícia de mundo as leis são necessárias para nos proteger de nós mesmos, de nossos impulsosmais primitivos. Mas onde está então esse ser aculturado, evoluído que pensamos ser? Faltamuito, a meu ver para nos considerarmos evoluídos, detentores de algum saber inolvidável.Penso que muitas vezes não conseguimos nos colocar no lugar de nossos adolescentes, e olharcom esse interessante olhar indignado, crítico, ou assustado para as contradições da nossa culturaporque não podemos rememorar as nossas indignações. Porque o custo desse olhar indignado éalto, desacomoda e poderia gerar em nós um renascer de muitas questões com as quais nãosuportamos mais lidar, ou acreditamos ter lidado por tempo suficiente, mas com pouco resultado.Poder olhar, escutar um adolescente como quem se olha em outro tempo, tentando de fatorecordar o que sentíamos nós adultos nessa fase pode contribuir muito para melhor compreendê-lo. Não tomar uma confortável distância e considerar que “no meu tempo não era assim”, podeser um primeiro passo em direção a uma ajuda efetiva para nos apercebermos da sobrecargaque o nosso mundo atual gera para esses adolescentes: excesso de estimulação cognitiva, poucadisponibilidade de companhia que lhe sirva realmente de referência e limites, sobrecarga pelasexigências de desenvolver determinadas habilidades. E, além de tudo, realizar todos esses requisitossem sofrimento mental, outra exigência muito frequente!

Entristecer-se, sofrer por indignação, por amor, ou por descobertas incômodas, porque sepercebe um ser no mundo separado física e psiquicamente, não é denegrimento ou patologia,mas uma forma natural de entrar em contato com a sua essência, de integrar-se, e poder daícriar. Ao contrário disso, exigir bem estar, felicidade e alegrias constantes é a tônica do culto àsmanias, presente em manifestações patológicas tão conhecidas nossas nos dias de hoje:compulsões, drogas, ausência de limites.

Penso, então, que para podermos refletir sobre nossos adolescentes precisamos compreendê-loscomo um ser em processo de crescimento, que eles não podem ser hoje o que eles estão se preparandopara ser num futuro próximo. O futuro deles como adultos maduros não pode ser o presente, hoje.E vejo como fundamental que nós, adultos hoje, possamos acreditar que o nosso passado adolescentepode ter sido diferente na forma de nossas manifestações, mas com as invariantes angústias de quemcresce, se transforma, floresce, e teme o tão almejado e desconhecido mundo adulto.

Maria Lucimar Fortes Paiva é Psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto, Filiada àInternational Psychoanalitical Association (IPA), Docente de Psicologia Clínica (Psicanalítica) do Departamentode Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto-USP.

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O segredo das mãosNada mais sensual que as mãos, pensou. Talvez, na verdade, os dedos. Extremidades do corpo

que guardam na característica alongada a procura pelo outro. Lembrou-se da cena de um filme deépoca em que os personagens de um romance proibido, explodindo-se em desejos, encontram-sedentro de uma carruagem, e não suportando mais tanta paixão, arrancam das mãos a luva que lhestirava a maciez da pele e como dois amantes que se amam pela primeira vez, tocam-se nos dedos. Enaquele instante eles se reconhecem a si mesmos, entendem a dimensão daquele amor e a necessidadedeste sentimento à vida deles.

Será possível tamanho romantismo no cotidiano que tira os sonhos? Olhou para as própriasmãos. Eram magras, pequenas e algumas manchas já revelavam a idade de quem viveu osuficiente para saber o que é o amor, de quemperdeu o que lhe era caro por bobagens que oegoísmo e a vaidade impõem.

Fechou-as por alguns segundos e sentiu o frio daspontas dos dedos. Temperatura de solidão, geleira daalma. Esfregou uma mão contra a outra e procurounaquele atrito um pouco de calor.

Era quase madrugada e refletia sobre estaimportância das mãos deitada na cama, a mesma quejá fora testemunha de beijos, abraços, tapas, tiros,decepção, e que com fidelidade mantinha serventiasem tocar no passado, um tempo em que a dona queali estava ainda não sabia do segredo que estesmembros do corpo aprisionam.

Outros escudeiros no quarto também lhegarantiam solidariedade. O teto continuava a olhá-lacom a mesma compreensão de antes, a ouvir caladoe paciente todas as confissões que lhe eramconfiadas. As paredes sempre prontas para o apoionecessário, o tapete a postos para esquentar-lhe os pés, o criado-mudo a segurar suas lembrançasimortalizadas em imagens colocadas em dois pequenos porta-retratos. O lugar era-lhe seguro,propício a reflexões como esta sobre as mãos.

Pôs-se a deslizar pelo corpo aqueles dedos femininos como se não fossem seus, a buscar a calmaencontrada apenas no carinho. Mas veio-lhe a dor de estar sozinha. Dedos são para se entrelaçarcom outros diferentes.

Levantou-se aturdida e sabia que era preciso tomar atitudes. Pegou o telefone. Sentiu o contatocom o mundo exterior através do aparelho. Apertou oito números preciosos. Esperou a voz conhecidado outro lado atendê-la. Pediu, então, a volta, o abrigo dos braços, implorou chances, prometeumudanças. Contou-lhe sobre a descoberta das mãos, da necessidade que tinha das dele, daimpossibilidade de viver com os dedos gelados. E nessa enxurrada de pedidos demorou a perceberque a voz não saía, e que do outro lado, esse alguém não lhe ouvia.

Então, sufocada, uniu as mãos em uma prece e rogou para que a Mão Divina a acolhesse. Eassim, com os dedos entrelaçados, adormeceu em suas lágrimas, com a esperança de no dia seguintenão acordar com as mãos vazias.

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Deus não criou o mal!- Senhor, o mal existe?O professor respondeu:- Claro que sim! Lógico que existe. Deus criou tudo, logo, Deus fez o mal. O mal existe, então Deus é mau.Com um sorriso no rosto, o estudante Albert Einstein, no início do século XX respondeu:-O mal não existe, senhor, pelo menos não existe por si mesmo. O mal é simplesmente a ausência

do bem, o mal é uma definição que o homem criou para descrever a ausência de Deus. Deus nãocriou o mal. Não é como a fé ou como o amor, que existem como existem o calor e a luz. O mal é oresultado da humanidade não ter Deus presente em seus corações. É como acontece com o frioquando não há calor, ou a escuridão quando não há luz.

Aprendi muito com Einstein. Deus não joga dados com o universo. A coincidência é a formaescolhida por Ele para permanecer anônimo. Procurei ser uma pessoa de valor, em vez de ser umapessoa de sucesso. Em meus momentos de crise, vi que só a imaginação é mais importante que oconhecimento e que a pessoa esclarecida resolve um problema e o sábio o evita.

Sempre podemos lutar pelo que amamos e sempre há tempo para recomeçar a cada momento,renovando. Não há como reciclar o tempo. Acredite, não posso mais sentar à beira do caminho eesperar que a vida passe para eu embarcar. A derradeira estação vai chegar a qualquer momento etenho de estar vivo, nela, para desembarcar em paz.

Iniciei um novo projeto de viver. Onde queria chegar? Olhei para o alto, sonhei, desejei o melhor,ansiei o bem e o bom, pois o cosmo traz o que desejamos!

Pensando pequeno, o pequeno virá. Se pensamos firmemente o melhor, o positivo e lutamos poralcançá-lo, o melhor virá!

Sofri muito neste período? Foi aprendizagem. Chorei muito? Foi limpeza da alma. Se amaldiçoei?Foi para saber perdoar. Ódio é a ausência total do amor!

Senti solidão em alguns momentos porque fechei a porta. Pensei que tudoestava perdido. Foi simplesmente o início da melhora. Olhei ao redor e vi

muita gente esperando meu sorriso para aproximarem-se mais de mim!Cheguei ao dia da grande limpeza mental. Tirei tudo que me

prendia ao passado e que machucava. A impureza se foi, limpei ocoração, preparei-me para a nova vida, para o novo amor, já queestava só. Apaixonado, sou capaz de amar por ser suamanifestação! Determinei caminhos que não preveem volta.

Gosto muito do provérbio bíblico: “O mal não é o que entra, maso que sai da boca do homem”. Na sua doutrina, a Física Quântica,confere às palavras o poder de ratificar ou transformar a realidadecomo partículas de energia construindo o comportamento humano.

O amor é lei da vida. Sem amor, a inteligência nos faz perversos;a justiça, insensíveis e vingativos; a diplomacia, hipócritas e o êxito,arrogantes. A riqueza sem amor nos faz avaros, a beleza nos fazridículos e a autoridade, tiranos. Trabalho sem amor nos fazescravos, a oração nos faz calculistas e a simplicidade nos deprecia.A lei sem amor nos escraviza, a política nos faz egoístas. A fé semamor nos torna fanáticos.

A vida sem amor... Bem, sem amor a vida não tem sentido...

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A história dos irmãosJoão e Mário

João é um importante empresário. Mora em um apartamento de cobertura, na zona nobre dacidade. Enquanto isso, em bairro mais pobre de outra capital, vive Mário.

Num belo dia, João deu um longo beijo em sua amada e fez em silêncio a sua oração matinal deagradecimento a Deus pela sua vida, seu trabalho e suas realizações.

Após tomar café com a esposa e os filhos, João levou-os ao colégio e se dirigiu a uma de suasempresas. Chegando lá, cumprimentou com um sorriso os funcionários, inclusive Dona Tereza, a faxineira.

Tinha ele inúmeros contratos para assinar, decisões a tomar, reuniões com vários departamentosda empresa, contatos com fornecedores e clientes, mas a primeira coisa que disse para sua secretáriafoi: “calma, vamos fazer uma coisa de cada vez, sem estresse”.

Ao chegar a hora do almoço, ele foi para casa curtir a família. À tarde, tomou conhecimento queo faturamento do mês superou os objetivos e mandou anunciar que todos os funcionários teriamgratificações salariais no mês seguinte.

Apesar da sua calma, ou talvez, por causa dela, conseguiu resolver tudo que estava agendado paraaquele dia. Como já era sexta-feira, João foi ao supermercado, voltou para casa, saiu com a família parajantar e depois foi dar uma palestra para estudantes, sobre motivação para vencer na vida.

Enquanto isso, em bairro mais pobre de outra capital, vive Mário. Como fazia em todas as sextas-feiras,Mário foi para o bar jogar sinuca e beber com amigos. Já chegou lá nervoso, pois estava desempregado.

Um amigo seu tinha lhe oferecido uma vaga em sua oficina como auxiliar de mecânico, mas elerecusou, alegando não gostar deste tipo de trabalho.

Mário não tem filhos e está também sem uma companheira, pois sua terceira mulher partiu diasantes, dizendo que estava cansada de ser espancada e de viver com um inútil.

Ele estava morando de favor, num quarto imundo no porão de uma casa. Naquele dia, Máriobebeu mais algumas, jogou, bebeu, jogou e bebeu até o dono do bar pedir para ele ir embora. Elepediu para pendurar a sua conta, mas seu crédito havia acabado, então armou uma tremenda confusãoe o dono do bar o colocou para fora.

Sentado na calçada, Mário chorava pensando no que havia se tornado sua vida, quando seu únicoamigo, o mecânico, apareceu, e, após levá-lo para casa e curar um pouco o porre, ele perguntou a Mário:“Diga-me, por favor, o que fez com que você chegasse até o fundo do poço desta maneira?”.

Mário então desabafou: “A minha familia. Meu pai foi um péssimo exemplo. Ele bebia, batia emminha mãe, não parava em emprego nenhum. Tínhamos uma vida miserável. Quando minhamãe morreu doente, por falta de condições, eu saí de casa, revoltado com a vida e com o mundo.Tinha um irmão gêmeo, chamado João, que também saiu de casa no mesmo dia, mas foi para umrumo diferente, nunca mais o vi. Deve estar vivendo desta mesma forma”.

Enquanto isso, na outra capital, João terminava sua palestra para estudantes. Jáestava se despedindo quando um aluno ergueu o braço e lhe fez a seguinte pergunta:“Diga-me, por favor, o que fez com que o senhor chegasse até onde está hoje, umgrande empresário e um grande ser humano?”.

João emocionado, respondeu: “A minha família. Meu pai foi um péssimo exemplo.Ele bebia, batia em minha mãe, não parava em emprego nenhum. Tínhamos uma vidamiserável. Quando minha mãe morreu, por falta de condições, eu saí de casa, decididoque não seria aquela vida que queria para mim e minha futura família. Tinha um irmãogêmeo, chamado Mário, que também saiu de casa no mesmo dia, mas foi para umrumo diferente, nunca mais o vi. Deve estar vivendo desta mesma forma”.

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Uma velha e sempre providencial história...Um estava na esquina, encostado à parede. Encolhido e quieto, sem nada para ser notado. Era

um comum. O Outro andava pela calçada. Vinha em paz. Com uma moeda na mão, buscava alguémque a merecesse: sua boa ação daquele dia. Com ela, Outro sabia que qualquer Um, poderia teralimento, teto, boa saúde, crescer, tornar-se letrado, enfim... usufruir do melhor das coisas. QuandoOutro viu Um, parou radiante e estendeu-lhe a moeda. Perfeito! Completava sua benemerência.Entronizava-se nos benefícios dos céus.

Um agradeceu a generosidade, mas não estendeu a mão para a moeda. Não aceitava a oferenda.“Não?!” O Outro estranhou: “um miserável não aceitar!?” Talvez ruídos na comunicação... e insistiu naoferta. Um disse que se o Outro quisesse dar-lhe alguma coisa, que lhe desse ouvidos por sete minutos:“apenas sete! só sete!” Desse, e Um estaria recompensado. Teria recebido o donativo.“Está bem!” O outro concordava. “Mas... porque sete?”.

Com paciência secular, principiou falando dos sete pecados capitaise falou muito sobre eles. Bastante mesmo! Depois disse das seteidades do homem, dos sete planos da evolução, das sete virtudeshumanas. “O sete – enfatizava – traz a ideia de totalidade, do completo!”.

Argumentando acerca do sete na história, astronomia, teosofia,esoterismo, filosofia, física, e outros conhecimentos, Um passeavapor todas as ciências, crendices e sabedoria popular, tirando o véu donúmero da perfeição. Assim, as sete rondas planetárias e as sete raças-raiz foram sendo vislumbradas, da mesma forma que os seteelementais, as sete divindades que regem a natureza. O significadodo sete ia sendo disseminado ao vento. Estacionados em pé, ali nacalçada, Um e Outro permaneceram dias e dias numa interminávelinterlocução. Um delírio, navegando entre o céu e o centro da terra,com gostoso gosto de mel. Depois de quase terem penetrado no insondável, Um perguntou ao Outro:“tenho agora os sete minutos de sua atenção?” O Outro disse sim apenas com o brilho dos olhos.

Então Um falou: “para ser grande, sê inteiro. Nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põequanto és no mínimo que fazes. Assim como em cada lago, a lua toda brilha, porque alta vive.” Dito isso,arrematou: “menor que meu sonho, não posso ser”, um micro poema de seu amigo poeta.

Cravados sete minutos, sem necessidade de conferir o relógio, Um não abriu mais a boca, porquenada mais precisava ser dito. Acenou grato pelo tempo concedido, e assim foi se despedindo doOutro. Atravessou a rua, procurou o melhor jeito de ficar exposto ao sol e ali ficou.

Ainda com coisas intrincadas mexendo por dentro, o Outro que tentava compreender melhoraquele encontro, viu que não demorou nada para Outra pessoa – agora com duas moedas, uma emcada mão – surgisse e se dirigisse ao Um. A Outra aproximou-se de Um, e a história se repetiria.

O Outro, repentinamente sobressaltado, abandonou o caminho que deveria ir em frente e deumeia volta. Correu o mais rápido que pôde para chegar em casa. Agia como alguém que não poderiaperder mais tempo. Vasculhou por todos os cantos até encontrar o “empoeirado” Fernando Pessoa.E logo que pegou o poeta, mergulhou no próprio. Não demorou muito gritou agoniado, como emum transe: “EU! DEVORANDO POESIA!?”

Pensou que estivesse doente, delirando. Mas não estava não. É que Um tinha engravidado Outro.Pressentindo isso, voltou aos poemas.

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“Menor que meu sonho,não posso ser”(Lindolf Bell)

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Tinha consulta marcada e cheguei no horárioprevisto. O doutor Otto Rino me atendeu, todo sorrisos.Sentei-me confortavelmente à sua frente e ele inicioua anamnese, as perguntinhas básicas:

- O que o traz aqui, senhor?- Zuzô, doutor! – E baixei os olhos.Eu poderia ter falado acufeno, tinnitus, a terminologia

técnica, mas soltei a tímida frase, explicando o que erazuzô. Ele sorriu e disparou, usando o meu neologismo:

- É zuzô de grilo, de geladeira estragada, de apito?Me conte tudo, não esconda nada! Lembra chiado,escapamento de panela de pressão, barulho de chuva?É recidivo, ou intermitente? – Ele parecia ter mais zuzôque eu, já que metralhava perguntas, sem me ouvir.

- Re-ci-di-vo?... in-ter-mi-ten-te! – O que fazer agora se eu estava sem o Aurélio por perto?- Vem de vez em quando ou é direto e reto?- Não, não, doutor! – eu agradecia a tradução instantânea. – Olha, lembra sirene de viatura policial em

dia de perseguição a ladrão de banco! – finalmente eu consegui explicar o zuzô, o zumbido na zoreia!- Fantástico!- O senhor acha? – eu fiquei com cara de Ó!- E é intermitente? – ele largou a caneta, me olhando por cima dos óculos em taça.- Intermitente, eu confirmei, me lembrando que o barulho é direto e reto, sem direito a folga,

feriados ou férias prolongadas.- Fantástico! – ele abandonou as anotações, levantou-se e, abrindo os braços, me chamou pro abraço.- Só falta ligar o giroscópio, doutor! – sorri, sem jeito, mas sem escapar do abraço.- Seja bem-vindo ao clube! – ele me abraçou forte, emocionado!Eu, sem entender nada, quis continuar a falar, a dar vazão à minha queixa de zuzô, mas ele, ainda

emocionado, me segredou:- E o seu é o melhor dos zuzôs, sem dúvida nenhuma!- Melhor dos zuzôs, doutor? – eu finalmente conseguia me desvencilhar do abraço, voltando a me

sentar, ou seja, despencar na cadeira.- Zuzô com som de grilo é café pequeno; de geladeira estragada, todos os dias me aparece

alguém aqui com esta queixa boba. Agora, de viatura policial e com intermitência, é fantástico!- Tem cura, doutor? – eu tentava me safar da perseguição policial, com direito a giroscópio ligado,

isto é, do barulho na zoreia.- Mas pra que cura? Eu mesmo já treinei mais de dezenas de zuzôs, e o melhor que consegui foi

um mísero e tímido sonzinho de ambulância. Mas de viatura policial? Jamais! Isso é fantástico!Confesso que pensei sair de lá com receituário, direto para a farmácia, mas, me dando tapinhas nas

costas – ainda bem que não foi na zoreia, ele me elevou a sócio do clube. Saí de lá com carteirinha de zuzistae, como é ano de eleições, saí com direito a me candidatar nas próximas eleições a presidente do clube.

Fico aqui imaginando quando o bilau começar a cair em queda livre, ficando inapetente, semvontadinhas, e eu ter que me valer da ajuda de um urologista. Se ele me disser “seja bem-vindo aoclube”, eu juro: meto a mão na fuça dele, ah, meto!

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A lebre e a tartarugaA lebre vivia a se gabar de que era o mais veloz de todos os

animais. Até o dia em que encontrou a tartaruga.– Eu tenho certeza de que, se apostarmos uma corrida, serei

a vencedora – desafiou a tartaruga.A lebre caiu na gargalhada.– Uma corrida? Eu e você? Essa é boa!– Por acaso você está com medo de perder? – perguntou a

tartaruga.– É mais fácil um leão cacarejar do que eu perder uma corrida

para você – respondeu a lebre.No dia seguinte a raposa foi escolhida para ser a juíza da prova.

Bastou dar o sinal da largada para a lebre disparar na frente a todavelocidade. A tartaruga não se abalou e continuou na disputa. A lebre

estava tão certa da vitória que resolveu tirar uma soneca.“Se aquela molenga passar na minha frente, é só correr um pouco

que eu a ultrapasso” – pensou.A lebre dormiu tanto que não percebeu quando a tartaruga, em sua marcha

vagarosa e constante, passou. Quando acordou, continuou a correr comares de vencedora. Mas, para sua surpresa, a tartaruga, que não descansara

um só minuto, cruzou a linha de chegada em primeiro lugar.Desse dia em diante, a lebre tornou-se o alvo das chacotas da floresta.

Quando dizia que era o animal mais veloz, todos lembravam-na deuma certa tartaruga...

Moral: Quem segue devagar e comconstância sempre chega na frente.

curio

sida

des

de e

sopo

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