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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical AVALIAÇÃO DE METODOLOGIAS DE ANÁLISE ESTATÍSTICA E GEOESTATÍSTICA PARA ESTUDAR O PROGRESSO ESPACIAL DE Colletotrichum truncatum EM SEMENTES DE SOJA RAFAEL NOETZOLD C U I A B Á MT/2011

AVALIAÇÃO DE METODOLOGIAS DE ANÁLISE ESTATÍSTICA E ...§ões-Teses... · análise geoestatística, constatou-se por meio dos mapas de distribuição de C. truncatum, padrão espacial

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

AVALIAÇÃO DE METODOLOGIAS DE ANÁLISE

ESTATÍSTICA E GEOESTATÍSTICA PARA ESTUDAR O

PROGRESSO ESPACIAL DE Colletotrichum truncatum EM

SEMENTES DE SOJA

RAFAEL NOETZOLD

C U I A B Á – MT/2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

AVALIAÇÃO DE METODOLOGIAS DE ANÁLISE

ESTATÍSTICA E GEOESTATÍSTICA PARA ESTUDAR O

PROGRESSO ESPACIAL DE Colletotrichum truncatum EM

SEMENTES DE SOJA

RAFAEL NOETZOLD

Engenheiro Agrônomo

Orientador: Prof°. Pós-Doc. MARCELO DE CARVALHO ALVES

Dissertação apresentada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do título de Mestre em Agricultura Tropical.

C U I A B Á – MT/2011

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FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)

Bibliotecária: Patrícia Jaeger / CRB1-1736.

N772a Noetzold, Rafael

Avaliação de metodologias de análise estatística e geoestatística para estudar o

progresso espacial de Colletotrichum truncatum em sementes de soja/ Rafael

Noetzold - - Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, 2011.

94f.:il.

Dissertação apresentada a Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso como parte dos requisitos para obtenção ao Título de Mestre em Agricultura Tropical.

Orientador: Prof.º Dr.-Doc. Marcelo de Carvalho Alves.

1. Sementes de Soja. 2. Colletotrichum truncatum. 3. Semivariograma. 4.

Krigagem. 5. Fungo. 6. Inoculação I. Título. II. Noetzold, Rafael. III. UFMT.

CDU: 631.53.027

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

Título: AVALIAÇÃO DE METODOLOGIAS DE ANÁLISE

ESTATÍSTICA E GEOESTATÍSTICA PARA ESTUDAR O

PROGRESSO ESPACIAL DE Colletotrichum truncatum EM

SEMENTES DE SOJA

Autor: RAFAEL NOETZOLD

Orientador: Prof°. Dr°. MARCELO DE CARVALHO ALVES

Aprovada em 16 de Fevereiro de 2011.

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DECICATÓRIA

A DEUS, por me sustentar a cada dia, e ter me dado a oportunidade de

concluir o mestrado em Agricultura Tropical.

Aos meus pais, Anna B. Noetzold e Leone da S. Noetzold e meus irmãos

Marcio Noetzold e Ariel Noetzold pela educação, apoio, carinho, incentivo

durante o decorrer de meus estudos.

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AGRADECIMENTOS

A coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior

(Capes), por me conceder a bolsa de mestrado durante dois anos.

Aos funcionários da Universidade Federal de Mato Grosso – Faculdade

de Agronomia e Medicina Veterinária (Famev), por colaborarem na minha

formação de mestre.

Ao professor doutor, Marcelo de Carvalho Alves pela orientação, por me

ajudar, por me ensinar a pesquisar.

Ao professor doutor, Daniel Cassetari Neto pelo apoio e contribuição na

realização desta pesquisa. Agradeço também ao professor doutor Marcio

Willian Roque, pela amizade e apoio no decorrer do mestrado.

A todos os amigos da Famev, especialmente a turma de mestrado 2009,

pelo companheirismo, paciência, atenção, compreensão durante estes dois

anos.

Ao Centro Universitário de Várzea Grande (Univag) por ter cedido a área

experimental, especialmente à professora mestre, Andréia Quixabeira Machado

e funcionários da área experimental pelo auxílio na condução da pesquisa.

A toda equipe do Laboratório de Sensoriamento Remoto e

Geoinformação (Sergeo), pela ajuda na elaboração e condução da pesquisa.

A Syngenta, em especial ao mestrando, Volmir Cella, pelo incentivo a

pesquisa e pela doação de fungicida e inseticida.

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SUMÁRIO

Página

AVALIAÇÃO DE METODOLOGIAS DE ANÁLISE ESTATÍSTICA E

GEOESTATÍSTICA PARA ESTUDAR O PROGRESSO ESPACIAL DE

Colletotrichum truncatum EM SEMENTES DE SOJA .................................... 6

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 10

1.1 Importância da Semente .................................................................. 11

1.2 Arranjo Espacial de Doenças de Plantas ......................................... 14

1.3 Aplicação da Geoestatística ............................................................ 16

1.4 Referências Bibliográficas ............................................................... 18

2. ANÁLISE ESPACIAL DO ARRANJO DE Colletotrichum truncatum EM

SEMENTES E PLANTAS DE SOJA ............................................................ 23

2.1 Introdução ........................................................................................... 25

2.2 Material e Métodos ............................................................................. 26

2.2.1 Análise de dados .......................................................................... 34

2.3 Resultados e Discussão ..................................................................... 37

2.4 Conclusão ........................................................................................... 57

2.5 Referências Bibliográficas .................................................................. 57

3. ANÁLISE GEOESTATÍSTICA APLICADA À VARIABILIDADE ESPACIAL

DE Colletotrichum truncatum EM SEMENTES DE SOJA ............................ 62

3.1 Introdução ........................................................................................... 64

3.2 Material e Métodos ............................................................................. 65

3.2.1 Análise de dados .......................................................................... 71

3.3 Resultados e Discussão ..................................................................... 74

3.4 Conclusão ........................................................................................... 90

3.5 Referências Bibliográficas .................................................................. 90

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 94

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AVALIAÇÃO DE METODOLOGIAS DE ANÁLISE ESTATÍSTICA E

GEOESTATÍSTICA PARA ESTUDAR O PROGRESSO ESPACIAL DE

Colletotrichum truncatum EM SEMENTES DE SOJA

RESUMO – Com o aumento da área cultivada de soja, há necessidade de

estudar a dinâmica de patógenos como o Colletotrichum truncatum, agente

etiológico da antracnose, pois a ocorrência dessa doença pode reduzir a

produtividade, causando, sob condições favoráveis, perda total da produção.

No sentido de colaborar para o sucesso da sojicultura, a geoestatística

fornece metodologias de análise para descrever a variação espacial de C.

truncatum. Assim, objetivou-se avaliar a distribuição espacial de níveis de C.

truncatum transmitido por sementes de soja por meio de técnicas estatísticas

e geoestatísticas. O experimento foi constituído de 3 parcelas de 9,90 x

10,00 m, onde sementes inoculadas com o fungo foram semeadas na região

central das parcelas, correspondendo aos níveis 0,8, 1,6 e 2,4% de

sementes inoculadas. Uma grade amostral com 112 pontos foi demarcada

em cada parcela para avaliar a incidência do patógeno nos folíolos e nas

sementes. O índice de dispersão, função K de Ripley e mapas de

distribuição de incidência foram utilizados para determinar o padrão espacial

dos folíolos de soja com base nos dados de incidência do patógeno pelo

método da câmara úmida. Após a análise sanitária das sementes pelo

método de incubação em papel de filtro com restrição hídrica, utilizou-se a

análise estatística de sequências ordinárias, índice de dispersão, função K

de Ripley e mapas de distribuição do fungo para avaliar o padrão espacial de

C. truncatum nas sementes. Modelos e métodos de semivariogramas foram

avaliados para descrever a estrutura e magnitude de dependência espacial

da incidência de C. truncatum nas sementes. A krigagem ordinária foi

utilizada para gerar mapas de variabilidade espacial do patógeno nas

sementes. O padrão espacial da transmissibilidade de C. truncatum para as

sementes foi agregado para a parcela com 0,8% de sementes inoculadas na

análise „doublet‟, e padrão aleatório para as parcelas com 1,6 % e 2,4% de

sementes de soja inoculadas com C. truncatum, para as análises „run‟ e

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„doublet‟, respectivamente. Pelas análises do índice de dispersão o padrão

espacial predominante foi o aleatório. Pelos resultados obtidos pela função K

de Ripley, o padrão espacial predominante da incidência de C. truncatum

nos folíolos e sementes foi agregado para as parcelas com 0,8, 1,6 % e

2,4% de sementes de soja inoculadas com este patógeno. Com relação a

análise geoestatística, constatou-se por meio dos mapas de distribuição de

C. truncatum, padrão espacial agregado aleatório na primeira avaliação de

incidência dos folíolos de soja para os inóculos testados. Por meio da

validação cruzada, foi possível determinar a melhor aplicação de

semivariogramas esféricos isotrópicos para caracterizar a estrutura de

dependência espacial do fungo nas parcelas. Com o método da máxima

verossimilhança restrita foi obtido o melhor ajuste de modelos de

semivariogramas. Constatou-se alcance crescente da incidência do fungo

nas sementes com o aumento da porcentagem de sementes inoculadas nas

parcelas, fato também constatado nos mapas krigados. Foi possível

determinar que houve transmissão do fungo de sementes infectadas para

plantas e de plantas infectadas para semente, ao longo do ciclo de produção

da soja.

Palavras-chave: Semivariograma, krigagem, padrão espacial, fungo,

inoculação.

___________________

* Comitê de Orientação: Marcelo de Carvalho Alves – UFMT (Orientador); Daniel Cassetari

Neto – UFMT (Co-orientador); Marcio Willian Roque – UFMT (Co-orientador)

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EVALUATION OF STATISTICAL AND GEOSTATISTICS ANALYSIS

METHODS TO STUDY SPACE PROGRESS OF Colletotrichum truncatum

IN SOYBEAN SEEDS

ABSTRACT – Due to the increase in soybean acreage, it‟s necessary to

study the dynamics of pathogens such as Colletotrichum truncatum, causal

agent of anthracnose, since the occurrence of this disease can reduce

productivity and cause under favorable conditions to it total loss of

production. In order to contribute with the success of the soybean crop,

geostatistics provides analysis methodologies to describe the spatial

variation of C. truncatum. Thus, the aim was to evaluate the spatial

distribution of levels of C. truncatum transmitted by soybean seeds through

statistical and geostatistical techniques. The experiment consisted of three

plots of 9.90 x 10.00 m, where seeds inoculated with the fungus were sown

in the central portions, corresponding to levels 0.8, 1.6 and 2.4% of

inoculated seeds. A sampling grid with 112 points was demarcated in each

plot to assess the incidence of infection in leaves and seeds. The dispersion

index Ripley's K function and incidence distribution maps were used to

determine the spatial pattern of soybean leaflets based on the incidence data

of pathogens by the method of wet chamber. After the seed health analysis

by the method of incubation on filter paper with water restriction, it was used

the statistical analysis of ordinary sequences, dispersion index, Ripley's K

function and distribution maps of the fungus to evaluate the spatial pattern of

C. truncatum in the seeds. Semivariogram models and methods were

evaluated to describe the structure and magnitude of spatial dependence of

incidence of C. truncatum in the seeds. The ordinary kriging was used to

create maps of spatial variability of the pathogen on the seeds. The spatial

pattern of transmissibility of C. truncatum to seeds was aggregated for the

parcel with 0.8% of inoculated seeds in the 'doublet' analysis and random

pattern to the plots with 1.6% and 2.4% of soybean inoculated with C.

truncatum, for 'run' and 'doublet' analysis respectively. According to the

dispersion index analysis, the predominant spatial pattern was the random

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one. From the results obtained by Ripley's K function, the prevalent spatial

pattern in the incidence of C. truncatum in the leaflets and seeds was

aggregated to the plots with 0.8, 1.6% and 2.4% of soybean seeds inoculated

with this pathogen. With regard to the geostatistical analysis, the distribution

maps of C. truncatum showed the occurrence of random aggregated spatial

pattern at the first evaluation of the incidence of soybean leaflets to the

inocula tested. Through cross-validation it was possible to determine the best

application of isotropic spherical semivariograms to characterize the spatial

dependence structure of the fungus in the plots. With the restricted maximum

likelihood method we obtained the best fitting semivariogram models. It was

found that the pathogen incidence got higher on seeds as there was an

increase in the percentage of seeds inoculated on the plots, which was also

seen on the kriged maps. It was found that there was transmission of the

fungus from infected seeds to plants and from infected plants to seed

throughout the cycle of soybean production.

Keywords: Semivariogram, kriging, cross validation, spatial pattern.

____________________

* Advising Committe: Marcelo de Carvalho Alves – UFMT (Adviser); Daniel Cassetari Neto –

UFMT (Co-adviser); Marcio Willian Roque – UFMT (Co-adviser)

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1. INTRODUÇÃO

A aquisição de sementes sadias é considerada uma etapa primordial

na cadeia produtiva da soja e de acordo com IMEA (2010) representou

7,24% do custo de produção de soja transgênica ha-1 na região de Campo

Verde - MT na safra 2010/2011. A semente é considerada um dos principais

veículos para introdução de doenças em novas áreas e o aumento do

inóculo em áreas já infestadas, com o passar dos anos, pode determinar

danos econômicos em detrimento ao aumento de patógenos.

Entre os agentes patogênicos que podem estar associado às

sementes de plantas, destacam-se os fungos como o maior grupo

(Machado, 1988). Na cultura da soja o fungo Colletotrichum truncatum

(Schw.) é o agente causal da antracnose, considerada uma das principais

doenças na região do cerrado brasileiro (Yorinori, 1997; Embrapa, 2003;

Almeida et al., 2005; Embrapa, 2010). A visualização e a identificação dos

sintomas e sinais desse patógeno nem sempre é possível por inspeção

visual, sendo necessário efetuar análises laboratoriais como a câmara úmida

e o teste de sanidade de sementes.

Nos últimos anos, as condições ambientais como temperatura e

umidade relativa do ar elevadas, associada ao aumento da monocultura da

soja, foram fatores fundamentais para a ocorrência da antracnose no

cerrado, acarretando redução na produtividade em determinadas áreas de

cultivo, onde a doença não foi manejada corretamente.

Atualmente não existe disponível no mercado, cultivares de soja com

resistência completa a antracnose para a região dos cerrados. Os cultivares

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comercializados são suscetíveis ou moderadamente tolerantes a antracnose,

por este motivo, pesquisas com cultivares comerciais são necessárias a fim

de se conhecer a distribuição espacial e o progresso da doença durante o

ciclo da cultura da soja.

Conforme pesquisas de Campbell e Madden (1990) e Alves et al.,

(2006), existe forte estrutura de dependência espacial entre plantas durante

o progresso de doenças, em função da origem e da disseminação do

inóculo, principalmente quando existem reboleiras. Portanto, cada valor

carrega consigo forte interferência dos valores de sua vizinhança, de

maneira a ilustrar a continuidade espacial (Isaaks e Srivastava, 1989).

A geoestatística tem sido empregada para analisar a distribuição

espacial de epidemias de doenças de plantas, principalmente em parcelas

experimentais, ou em grandes áreas de lavouras (Chellemi et al. 1988; Stein

et al. 1994). Pesquisas feitas estudando a distribuição espacial de fungos

(Jaime-Garcia et al., 2001; Wu et al., 2001, Luo et al. 2001; Musoli et al.

2008) apresentam várias publicações, porém para doenças consideradas

epidêmicas para regiões de clima tropical, como o caso da antracnose da

soja, seu agente etiológico e sua transmissibilidade semente-semente ainda

não apresentam informações específicas.

O presente trabalho, considerou a hipótese que a antracnose da soja

apresenta padrão espacial agregado, ou seja, a sua distribuição ocorre em

reboleiras e que a quantidade de inóculo pode determinar variação espacial

no padrão de transmissibilidade do patógeno da semente para a semente.

Dessa forma, objetivou-se caracterizar a dinâmica e a estrutura de

variabilidade espacial de níveis de C. truncatum e avaliar a

transmissibilidade do patógeno da semente para semente de soja nas

condições de campo.

1.1 Importância da Semente

A agricultura moderna demanda que as sementes apresentam

características genéticas, com qualidade física, fisiológica e sanitária.

Todavia, a semente é um meio de levar ao agricultor todo o potencial de um

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cultivar (Peske et al., 2004). As sementes contaminadas com fungos

fitopatogênicos são fontes de inóculo para o desenvolvimento da doença no

campo, desde que ocorra a interação entre hospedeiro suscetível, patógeno

agressivo e ambiente favorável.

A semente é uma das vias de introdução, disseminação e transmissão

da antracnose da soja na lavoura. Essa doença causa aumento do custo de

produção e ou redução de produtividade. Conforme Talamini et al. (2002), as

sementes são consideradas eficientes meios de disseminação de

fitopatógenos e, dentre esses, destacam-se as espécies pertencentes ao

gênero Colletotrichum.

A transmissão do patógeno é influenciada pela quantidade e

localização do inóculo nas sementes (Tanaka e Machado,1985 e Barba et

al., 2002). Conforme Machado (1988), a presença de Colletotrichum nas

sementes pode estar no interior das mesmas, seja nas camadas externas,

ou no embrião.

Para reduzir a disseminação de patógenos via sementes, o melhor

método é o uso de sementes livres de contaminações ou dentro de padrões

de tolerância estabelecidos para a cultura. Dessa maneira, do ponto de vista

sanitário, a semente ideal seria aquela livre de qualquer microorganismo

indesejável. Entretanto, isso nem sempre é possível, uma vez que a

qualidade sanitária das sementes é altamente influenciada pelas condições

climáticas sob as quais foram produzidas e armazenadas (Goulart, 1997).

Com a presença de C. truncatum em lavouras de soja, a transmissão

semente-planta e ou semente-semente é influenciada principalmente pelas

condições ambientais. Yorinori (1997) verificou que em anos chuvosos, a

antracnose pode causar perda total da produção, com alta redução do

número de vagens.

A antracnose ocorre em todas as fases de desenvolvimento da cultura

da soja, desde a fase de plântula até a fase inicial de formação das vagens,

constituindo-se em um dos mais importantes problemas da cultura nos

Cerrados (Yorinori, 1997).

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A antracnose pode causar morte de plântulas, necrose dos pecíolos e

manchas nas folhas, hastes e vagens. Quando o inóculo é oriundo de restos

de cultura e sementes infectadas, pode causar necrose nos cotilédones, que

pode se estender para o hipocótilo, causando tombamento de pré e pós

emergência. O fungo infecta ramos laterais, pecíolos e vagens em qualquer

estádio de formação, podendo causar queda total das vagens ou

deterioração das sementes em colheita retardada. As vagens infectadas nos

estádios R3-R4 adquirem coloração castalho-escura a negra e ficam

retorcidas. Em períodos de alta umidade, as partes infectadas ficam

recobertas por pontuações negras, as quais são as frutificações do fungo. As

sementes apresentam manchas deprimidas, de coloração castanho-escuras

(Almeida et al., 2005).

Quando não se conhece o progresso de uma doença em uma

determinada região, as pesquisas são realizadas basicamente de duas

maneiras: efetuando-se o monitoramento periódico em lavouras onde o

patógeno em estudo está presente, ou por meio da inoculação do patógeno

em sementes, as quais são semeadas em condições de campo, e o

monitoramento é realizado até o final do ciclo.

Várias pesquisas foram feitas com o objetivo de conhecer o melhor

método para a infecção das sementes de soja. Entre elas, Machado et al.

(2001) relataram que para fungos muito agressivos como o C. dematium var.

truncata, 48 horas de exposição das sementes ao inóculo é suficiente para

obter quase 100% de infecção. Galli et al. (2005) verificaram que o tempo de

incubação de 40 horas para o mesmo patógeno é suficiente para obtenção

da totalidade das sementes infectadas.

Contudo, existe a carência de estudos realizados com a finalidade de

avaliar o progresso espaço-temporal de C. truncatum em condições de

campo. A caracterização do padrão espacial da doença e do patógeno pode

gerar informações essenciais na elaboração de estratégias de manejo de

doenças de plantas.

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1.2 Arranjo Espacial de Doenças de Plantas

O padrão espacial de doença é definido como arranjo ou

posicionamento das plantas doentes, umas em relação às outras (Gilligan,

1983). Os patógenos de plantas possuem distintos agentes de dispersão

como o vento, a água, vetores, material propagativo contaminado, animais

domésticos e silvestres, o homem com calçados, ferramentas, máquinas e

implementos agrícolas. Conforme Gilligan (1982), o padrão espacial de uma

doença depende não só da forma de dispersão do patógeno, como também

da arquitetura das plantas hospedeiras e do arranjo destas no campo.

Basicamente a distribuição espacial de uma doença no campo pode

apresentar três tipos de padrões: regular, casualizado (aleatório) e agregado

(agrupado) (Bergamin Filho et al. 2002).

O padrão espacial aleatório relaciona-se geralmente aos patógenos

dispersados pelo vento, podendo atingir longas distâncias em curto período

de tempo, enquanto patógenos veiculados por respingos de chuva

dispersam-se lentamente ao redor dos focos primários. No entanto, em

condições naturais, a maioria dos patógenos e doenças possuem mais de

um mecanismo de dispersão (Bergamin Filho et al., 2002).

O arranjo espacial de plantas doentes pode mudar ao longo da

epidemia. Considerando-se epidemias como o aumento da intensidade de

doenças em tempo e espaço, é importante associar a dinâmica espacial aos

estudos temporais, bem como enfatizar o arranjo espacial ao planejar

ensaios de campo (Maffia e Mizubuti, 2005).

Segundo Madden et al. (1982), várias técnicas têm sido utilizadas

para analisar e caracterizar o arranjo espacial de plantas doentes. A análise

de „ordinary runs‟, se baseia no uso de dados binários de incidência da

doença (ausência/presença), e é o método preferido por epidemiologistas

para estudar a presença ou não de agregação de indivíduos doentes dentro

e entre linhas em uma população de plantas (Medeiros, 2010). A análise

„doublet‟ também é utilizada para analisar o padrão espacial e emprega

também dados binários de incidência de doença.

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Amaral Mello (2007), estudando o fitoplasma associado ao

enfezamento do repolho e utilizando seqüências ordinárias, concluiu que o

padrão espacial da doença foi agregado.

A análise de sequências ordinárias permite a constatação de

agrupamento dentro de linhas de plantio ou em sentido perpendicular a elas.

Assim, é possível relacionar (indiretamente) o padrão espacial encontrado à

práticas de manejo adotadas nos locais estudados por meio de técnicas

estatísticas (Laranjeira, 2002).

O índice de dispersão (D) é outro método aplicado em estudos

epidemiológicos para indicar o padrão espacial. Quando D<1 o padrão é

regular, quando D=1 o padrão é aleatório e quando D>1 o padrão é

considerado agregado (Upton e Flingleton, 1985). Conforme Bergamin Filho

et al. (2002), o teste do Chi-quadrado, pode ser utilizado para confirmar

objetivamente essas indicações e, este índice é válido para dados de

contagem (exemplo: número de lesões por planta ou o número de insetos

por planta).

Na análise por sub-região é definida uma área a partir de determinado

número de linhas e números de plantas na área amostral denominado de

quadrat. A análise por quadrats é utilizada para definir o padrão espacial da

doença ou do patógeno. De acordo com Krainski e Ribeiro Junior (2006),

esta análise pode ser implementada com o índice de dispersão binomial,

índice de dispersão Poisson e o modelo beta-binomial. Os mesmos autores

afirmam que quando as dimensões da matriz de dados não for múltipla das

dimensões do quadrat, os dados excedentes são desconsiderados da

análise. Se faltar alguma planta para completar um quadrat dentro da área

amostral, este também é desconsiderado da análise.

Para Madden e Hughes (1995) os índices de dispersão de modo

geral, baseados nas premissas da distribuição de Poisson, não devem ser

usados para dados de incidência (especialmente para incidências > 20%),

sendo que para esse tipo de dado (binário), a melhor aproximação de uma

condição de aleatoriedade é dada pela distribuição binomial.

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Apesar do índice D ser muito utilizado, este índice de dispersão tem

como limitação não levar em consideração a posição relativa de cada

medida (Nicot et al., 1984).

Além destes métodos, a análise de padrões pontuais também está

sendo empregada para investigar o padrão espacial de doenças de plantas.

A metodologia consiste em analisar dados disponíveis em um determinado

espaço e por meio de métodos e modelagem, procura verificar se os eventos

observados apresentam comportamento sistemático, como por exemplo,

agregação, regularidade ou aleatoriedade (Spósito, 2003).

A função K de Ripley e a distância mínima são exemplos em análises

de padrões pontuais, sendo considerado por Ripley (1981), um bom

indicador de estruturas espaciais. Ela é uma análise de distribuição espacial

de dados pontuais de segunda ordem com ampla utilização em ecologia

(Haase, 1995). A distância mínima é definida como a distância entre uma

planta doente e a planta doente mais próxima, de acordo com Krainski et al.

(2011), é aceitável assumir que quanto menor a média das distâncias

mínima das plantas doentes, dada uma incidência, mais agregado é o

padrão espacial.

Nesse sentido pesquisas realizadas por Spósito et al. (2007),

estudaram o padrão espacial da mancha preta dos citrus por meio do índice

de dispersão, função K de Ripley e distância mínima média, e os resultados

das três análises indicaram padrão agregado entre as plantas doentes,

independentemente da incidência da doença.

1.3 Aplicação da Geoestatística

O conhecimento e o emprego da ferramenta geoestatística está sendo

utilizado em áreas do setor agrícola, entre elas destacam-se a elaboração de

mapas de produtividade, mapeamento de atributos físicos e químicos de

solos e mais recentemente no mapeamento de pragas e doenças de plantas.

A teoria fundamental da geoestatística é a esperança de que, na

média, as amostras próximas no tempo e no espaço sejam mais similares

entre si do que as que estiverem distantes (Issaks e Srivastava, 1989).

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17

As técnicas geoestatísticas podem ser usadas para descrever e

modelizar padrões espaciais (variografia), para predizer valores em locais

não amostrados (krigagem), para obter a incerteza associada a um valor

estimado em locais não amostrados (variância de krigagem) e para otimizar

malhas de amostragem (Andriotti, 2003).

A escolha de um modelo teórico do semivariograma é um dos

aspectos mais importantes das aplicações das variáveis regionalizadas e

pode ser uma das maiores fontes de ambigüidade e polêmicas nessas

aplicações (Vieira, 2000). Entre os diversos modelos de semivariogramas os

mais utilizados são o esférico, o exponencial e o gaussiano.

Para escolher o melhor modelo e método de ajuste do

semivariograma, critérios de validação são empregados. De acordo com

Faraco et al. (2008), são utilizados: Informação de Akaike, de Filliben, de

validação cruzada e o máximo valor do logaritmo da função verossimilhança.

De acordo com Cressie (1993), validação cruzada tem sido um meio

popular de avaliar a estimativa estatística e previsão desde os artigos de

Stone (1974) e Geisser (1975). A idéia básica é a de eliminar alguns dos

dados e utilizar os dados restantes para a predição das observações que foi

excluída. Então, o erro de previsão pode ser inferido a partir dos valores

preditos menos os obsevados. A repetição da técnica para os dados permite

analisar o erro do sistema.

Conforme Cressie (1993), na comparação de estimadores, a exclusão

de observações para melhorar a inferência de um parâmetro estimado foi

chamado jackkninfing por Tukey (1958). Jackknifing foi proposto por

Quenouille (1949), para reduzir o viés no estimador original. Envolve uma

exclusão sistemática de cada dado (ou, mais geralmente, os subconjuntos

dos dados) (Cressie, 1993).

Conforme Isaaks e Srivastava (1989), a validação cruzada é a técnica

de avaliação de erros de estimativa que permite comparar valores preditos

com os amostrados.

A comparação entre modelos de semivariogramas e métodos de

ajuste pode ser efetuada através do erro médio e erro reduzido, fornecendo

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18

dados precisos e acurados, em função da importância do resultado dos

coeficientes de qualidade, consequentemente contribui para a escolha do

modelo e método que melhor represente a variável em estudo.

Salienta-se que a validação cruzada é um método de seleção do

modelo de semivariograma, que permite escolher o modelo matemático que

melhor descreve a dependência espacial dos pontos amostrais da variável

em estudo, em função da distância. Para Hernández e Emeri (2009), a idéia

da validação cruzada consiste em validar a aptidão do modelo ajustado de

semivariograma associado à incerteza do atributo não amostrado.

1.4 Referências Bibliográficas

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23

2. ANÁLISE ESPACIAL DO ARRANJO DE Colletotrichum truncatum EM

SEMENTES E PLANTAS DE SOJA

RESUMO - O conhecimento do padrão espacial de patógenos de plantas é

uma informação fundamental para o manejo de doenças transmitidas por

sementes na cultura da soja. Objetivou-se avaliar o padrão espacial de

Colletotrichum truncatum em sementes e plantas de soja. O experimento foi

conduzido na área experimental do UNIVAG, constituído por 3 parcelas de

9,90 x 10,00 m, espaçadas 0,45 m entre linhas. A fonte de inóculo foi

semeada na região central das parcelas. Efetuou-se avaliações de

incidência do patógeno em folíolos de soja. Após a colheita e a secagem,

efetuou-se a análise sanitária das sementes pelo método „blotter test‟,

correspondente a 112 pontos demarcados em cada parcela. O padrão

espacial do patógeno foi obtido pela transmissibilidade semente-semente do

patógeno, nas linhas perpendicu- lares a linha de semeadura por meio das

análises de seqüências ordinárias ‘run‟ e „doublet‟. O índice de dispersão,

função K de Ripley e mapas de distribuição de incidência foram utilizados

para determinar o padrão espacial dos folíolos e sementes de soja. O padrão

espacial da transmissibilidade de C. truncatum para as sementes foi

agregado para a parcela com 0,8% de sementes inoculadas na análise

„doublet‟, e padrão aleatório para as parcelas com 1,6 % e 2,4% de

sementes de soja inoculadas com C. truncatum, tanto para análise „run‟

como „doublet‟. A distância mínima média de uma planta para outra planta

com a presença do patógeno diminuiu com o passar do tempo e com o

aumento do inóculo. Pelas análises do índice de dispersão e função K de

Ripley o padrão espacial predominante foi o aleatório e agregado

respectivamente. Constatou-se por meio dos mapas de distribuição de C.

truncatum, padrão espacial agregado aleatório na primeira avaliação de

incidência dos folíolos de soja para os inóculos testados.

Palavras-chave: Fonte de inóculo, seqüências ordinárias, função K de

Ripley, padrão agregado.

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2. SPATIAL ARRANGEMENT ANALYSIS OF Colletotrichum truncatum

IN SOYBEAN PLANTS AND SEEDS

ABSTRACT - The knowledge of the spatial pattern of plant pathogens is

fundamental information for the management of seed-borne diseases in

soybean. The objective was to evaluate the spatial pattern of Colletotrichum

truncatum in soybean plants and seeds. The experiment was conducted at

the UNIVAG‟s experimental area, consisting of three plots of 9.90 x 10.00 m,

with 0.45 m distance between rows. The source of inoculum was sown in the

central portions of the plots. It was conducted assessments of incidence of

the pathogen in soybean leaflets. After harvesting and drying, it was

conducted the seed health analysis by 'blotter test' method corresponding to

112 points demarcated on each plot. The spatial pattern of the pathogen was

obtained from seed to seed transmissibility of the pathogen in perpendicular

lines to the sowing line through the ordinary sequence analysis 'run' and

'doublet'. The dispersion index, Ripley's K function and distribution maps of

incidence were used to determine the spatial distribution of leaflets and

soybean seeds. The spatial pattern of transmissibility of C. truncatum for

seeds was aggegated to the parcel with 0.8% of inoculated seeds in the

'doublet' analysis and random pattern to the plots with 1.6% and 2.4% of

soybean seeds inoculated with C. truncatum for both 'run' and 'doublet'

analysis. The minimum average distance from one plant to another plant with

the presence of the pathogen decreased over time and with the increase of

the inoculum. According to the analysis of the dispersion index and Ripley's

K function, the predominant spatial patterns were the random and

aggregated ones respectively. The distribution maps of C. truncatum showed

the occurrence of random aggregated spatial pattern at the first evaluation of

the incidence of soybean leaflets to the inocula tested.

Keywords: Source of inoculum, ordinary runs, Ripley‟s K function,

aggregated pattern.

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2.1 Introdução

O padrão espacial de uma doença é definido como arranjo ou

posicionamento das plantas doentes, umas em relação às outras (Gilligan,

1983), e é dividido basicamente em regular, aleatório ou casualizado e

agregado ou agrupado. Conhecer o padrão espacial do patógeno pode gerar

informações essenciais na elaboração de estratégias de manejo integrado

de doenças.

O conhecimento das características de uma epidemia possibilita uma

visão ampla da estrutura e do processo do patossistema, ademais,

informações podem ser extraídas nas análises espaço-temporal dos dados,

possibilitando entender a forma de como ocorre a dispersão do patógeno no

campo, o que resulta, em padrões espaciais de doença (Campbell e

Madden, 1990).

Para obtenção de informações a respeito da distribuição espacial de

fitopatógenos em culturas agrícolas, fatores como localização do inóculo

inicial na lavoura, relevo do terreno, direção do vento, temperatura do ar,

umidade relativa do ar e duração do molhamento foliar, são importantes.

Na cultura da soja, a presença do agente etiológico Colletotrichum

truncatum não resulta necessariamente em antracnose, pois o patógeno

pode permanecer latente se as condições ambientais não forem favoráveis.

A semente infectada com C. truncatum é considerada como um dos

principais meios de introdução e ou aumento de ocorrência da antracnose

em lavouras de soja.

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Existem vários métodos para descrever o padrão espacial de

doenças, com o intuito de estudar a dinâmica de distribuição e localização

de plantas doentes em lavouras. Entre esses métodos, destacando-se os

testes „run‟ e „doublet‟ (Bergamin Filho et al. 2004; Ferreira et al., 2009),

índice de dispersão (D) e função K de Ripley ( Spósito et al., 2007). Esses

testes também podem ser também utilizados para detectar o padrão espacial

de fitopatógenos.

Conforme ressaltou Hughes et al., (1997), a principal razão para se

estudar padrões espaciais de doenças no campo é expressar o processo de

dispersão do patógeno, a fim de se conhecer as características da

distribuição do patógeno na lavoura, e com isso, estabelecer estratégias

para controlar a doença.

O presente trabalho teve por objetivo avaliar o padrão espacial de

Colletotrichum truncatum em sementes e plantas de soja em parcelas

experimentais.

2.2 Material e Métodos

O experimento foi conduzido durante o período de agosto de 2009 à

abril de 2010, na área experimental limitada pelas coordenadas 8270210 S e

596532 W e altitude de 180m, localizada no Centro Universitário de Várzea

Grande – UNIVAG na cidade de Várzea Grande – MT. A pesquisa em

campo foi constituída por 3 parcelas de 9,9x10m cada.

O isolado de C. truncatum foi obtido de sementes de soja

submetidas à análise de rotina („blotter test‟) no Laboratório de Fitopatologia

do UNIVAG, da safra 2009/2010. O inóculo do patógeno foi multiplicado em

meio de cultura BDA (200 g de batata, 20 g de dextrose e 20 g de Agar). O

cultivo foi realizado em placa de Petri de 9 cm de diâmetro, por 7 dias a

temperatura de 20 (± 2°C) em regime alternado de 12 h luz / 12 h escuro.

Após esse período, 130 sementes de soja do cultivar TMG 131 RR,

suscetível ao fungo C truncatum e livres de patógenos foram distribuídas na

placa de Petri contendo a colônia fúngica em crescimento ativo sobre o BDA,

disposta em uma única camada ocupando toda a superfície da mesma, por

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27

um período de 48 h. As sementes foram retiradas da placa e colocadas para

secar sobre papel toalha em temperatura ambiente, por 2 horas (h).

O cultivar TMG 131 RR foi escolhido em função das seguintes

vantagens: facilidade do manejo das plantas daninhas, resistência aos

nematóides de galhas das raças 1 e 3, menor tempo de permanência no

campo favorecendo menor pressão da ferrugem asiática e por ser cultivado

no estado de Mato Grosso desde a região sul (baixa altitude) até a região do

médio norte (Fundação Mato Grosso, 2010).

Em agosto de 2009 foram coletados amostras de solo na área

experimental a fim de determinar a textura e características químicas do solo

(Tabela 1).

Tabela 1. Análise química e textural do solo da área experimental.

pH P K Ca Mg Areia Silte Argila

Água CaCl2 Mg dm-3 Cmolc dm-3 % 6,8 6,0 27,7 44 1,3 0,7 85,7 4,0 10,3

Zn Cu Fe Mn B S

mg dm-3 0,7 1,0 194 40,3 0,22 6,4

Já em setembro de 2009 foram semeadas 4 linhas de milho híbrido

AG 7088 ao redor das 3 parcelas , distanciadas a 2 m das mesmas em todas

as direções (norte, sul, leste, oeste) com espaçamento entre linhas de 0,50

m e população de 60000 plantas ha-1 (Figura 1). A adubação foi de acordo

com os níveis de nutrientes no solo (Tabela 1) juntamente com a

recomendação de Alves et al. (1999), sendo aplicado 20 kg de N, 100 kg

P2O5 e 80 kg K2O. Os demais tratos culturais estão descritos na tabela 2.

O preparo convencional do solo foi realizado duas vezes com grade

aradora e uma vez com grade niveladora. Após a abertura manual dos

sulcos com auxílio de enxada, o adubo foi distribuído ao lado e abaixo das

sementes, conforme recomendação da Embrapa Soja (2008) (Tabela 2), em

seguida houve a incorporação do adubo, e as sementes foram distribuídas

em profundidade de 2 a 3 cm.

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Figura 1. Croqui da área experimental. Parcelas com 0,8% (A), 1,6% (B) e

2,4% (C) de sementes inoculadas com C. truncatum.

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Tabela 2. Tratos culturais com as respectivas datas e doses referente as culturas do milho e soja.

Atividade Quantidade Data

Amostragem de solo 01 15/08/2009 Semeadura do milho AG 7088 - 02/09/2009 Adubação de base do milho

20 kg de N (uréia), 100 kg de P2O5 (SS 20%) e 80 kg

de K20 (KCl 60%)

02/09/2009

Emergência do milho - 07/09/2009 Adubação de cobertura 30 kg de N (uréia) 22/09/2009 Adubação de cobertura 20 kg de N (uréia), 20 kg de

K20 (KCl 60%) 24/10/2009

Semeadura da soja - 21/10/2009 Adubação de base da soja

80 kg de P2O5 (SS 20%) 27 kg de K2O (KCl 60%), B 1,5 kg (ac. Bórico 17%), Zn 6 kg (sulfato de Zn 21%), Cu 0,5

kg (sulfato de Cu 25%)

21/10/2009

* Tiametoxan (350 gL-1); fipronil (250 gL-1); carbendazim (150 gL-1) + thiran (350 gL-1); fluquinconazol (167 gL-1)

300 mL; 150 mL 200 mL;

300 mL dose para cada 100 kg de sementes

20/01/2009

Aplicação de lambda− cialotrina (50 gL-1) (soja)

150 mLha-1 31/10/2009

Aplicação de glifosato (480 gL-1) (soja)

2Lha-1 06/11/2009

Aplicação de lambda− cialotrina (50 gL-1) (milho e soja)

150 mLha-1 07/11/2009

Desbaste da soja - 19/11/2009 Aplicação de glifosato (480 gL-1) (soja)

2Lha-1 25/11/2009

Aplicação de lambda− cialotrina (50 gL-1) (milho e soja)

150 mLha-1 25/11/2009

Adubação de cobertura 53 kg de K2O (KCl 60%) 01/12/2009 Aplicação de tiametoxam (141 gL-1) (soja)

150 mL ha-1 23/12/2009

* Tratamento de sementes.

As sementes de soja foram semeadas nas 3 parcelas, ambas

distanciadas a 2 m das linhas de milho, cada uma contendo 20 linhas de 10

m de comprimento espaçadas de 0,45 m, sendo consideradas úteis as 16

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30

linhas centrais. Foram semeadas 16,5 à 20 sementes de soja por metro

linear no sentido norte-sul. Em cada parcela experimental foram semeadas

quantidades diferentes de sementes inoculadas com C. truncatum, para

obtenção de níveis iniciais de incidência do patógeno de 0,8%, 1,6% e 2,4%.

Assim 20 sementes foram semeadas em 1 linha da parcela com 0,8% de

incidência, 40 sementes foram distribuídas em 2 linhas da parcela com 1,6%

de incidência e 60 sementes foram semeadas em 3 linhas da parcela com

2,4% de incidência. Todas as sementes foram distribuídas no centro de cada

parcela, onde cada linha correspondeu a 1 metro (m) linear (Figura 1).

As sementes não inoculadas com o patógeno foram tratadas com

fungicidas e inseticidas recomendados pelo MAPA (Tabela 2) e

posteriormente foi aplicado Bradyrhizobium elkanni na dosagem de 600

g250-1 kg de sementes (Biomax Premium, 7,2 x 109), 6 mL de água kg-1 de

semente na concentração de 10% de açúcar, em seguidas as sementes

foram secas na sombra em temperatura ambiente, por 1 h.

O desbaste das plantas foi realizado aos 23 dias após a emergência

da soja, deixando aproximadamente 15 plantas por m linear. Esse desbaste

não foi efetuado nas linhas contendo as sementes inoculadas com o

patógeno.

As pragas e plantas indesejáveis foram controladas com produtos

fitossanitários registrados no MAPA, ao longo do ciclo das culturas de milho

e soja (Tabela 2). Na ausência de precipitação pluvial e havendo a

necessidade de umidade no solo foi realizada irrigação por aspersão com

pivô central, no início da manhã ou ao final da tarde.

Utilizando-se GPS Topcon Hiper Lite configurado em datum WGS

84, zona UTM 21 Sul, modo RTK, foi demarcada em cada parcela uma

grade com 112 pontos amostrais (Figura 2), sendo cada ponto representado

por duas plantas, uma para avaliação da incidência da antracnose no campo

e a outra para a coleta de folíolos para avaliar a incidência do patógeno em

laboratório.

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31

Figura 2. Malhas amostrais da área experimental. Parcelas com 0,8% (A),

1,6% (B) e 2,4% (C) de sementes inoculadas com C. truncatum.

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32

Foram coletados semanalmente 112 folíolos do baixeiro das plantas

dos respectivos pontos demarcados (Tabela 3), os quais foram

armazenados em sacos plásticos, identificados e encaminhados ao

laboratório de fitopatologia da UFMT. No laboratório os folíolos foram

analisados pelo método de câmara úmida. Primeiramente, os folíolos foram

submetidos a desinfestação superficial com a lavagem em água corrente,

em seguida preparou-se as placas de Petri esterilizadas colocando 2 folhas

de papel filtro nas mesmas e umedecendo-as com água destilada para a

acomodação de cada folíolo de soja na placa previamente identificada. As

placas foram incubadas em regime alternado de 12 h luz / 12 h escuro com

temperatura de 22ºC (± 2ºC). E as leituras da presença ou ausência de C.

truncatum foram realizadas aos 7, 14 e 21 dias após a incubação, com

auxílio de microscópio estereoscópio.

Tabela 3. Datas de coletas de folíolos de soja para incubação por meio do

método da câmara úmida.

Atividade Data

1ª Coleta de folíolos da parcela com 2,4% de C. truncatum 23/12/2009 1ª Coleta de folíolos da parcela com 1,6% de C. truncatum 07/01/2010 1ª Coleta de folíolos da parcela com 0,8% de C. truncatum 14/01/2010 2ª Coleta de folíolos da parcela com 2,4% de C. truncatum 22/01/2010 2ª Coleta de folíolos da parcela com 1,6% de C. truncatum 29/01/2010 2ª Coleta de folíolos da parcela com 0,8% de C. truncatum 05/02/2010 3ª Coleta de folíolos da parcela com 2,4% de C. truncatum 12/02/2010 3ª Coleta de folíolos da parcela com 1,6% de C. truncatum 18/02/2010

No campo realizou-se o monitoramento semanal da incidência da

antracnose nos pontos amostrais. Os primeiros sintomas da antracnose

foram visualizados apenas nos cotilédones das plântulas da região do

inóculo (linhas centrais de cada parcela), por meio de manchas deprimidas

com os bordos salientes, de coloração castanho-escuras e queda dos

cotilédones.

Após a visualização de sintomas dessa doença em pontos amostrais

fora da região do inóculo foram efetuadas 7 avaliações de incidência nas

plantas referentes aos 336 (112 em cada parcela) pontos demarcados

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33

(Tabela 4). Contabilizando o número de folhas sadias e doentes de cada

ponto amostral.

Tabela 4. Datas de avaliações de incidência da antracnose no campo com

suas respectivas datas.

Atividade Data

1ª Avaliação de incidência 29/12/2009 2ª Avaliação de incidência 05/01/2010 3ª Avaliação de incidência 12/01/2010 4ª Avaliação de incidência 19/01/2010 5ª Avaliação de incidência 26/01/2010 6ª Avaliação de incidência 02/02/2010 7ª Avaliação de incidência 16/02/2010

Ao final do ciclo da soja realizou-se a colheita em cada ponto

amostral e em seguida efetuou-se a debulha manual. Após a secagem das

sementes à sombra, elas foram homogeneizadas e submetidas ao teste de

sanidade „blotter test‟ com restrição hídrica considerando a metodologia de

Brasil (2009), no Laboratório de Fitopatologia da UFMT.

Na análise sanidade, foram semeadas 25 sementes por placa com

substrato umedecido com manitol a – 0,6 MPa e ágar a 0,2%, para cada

ponto amostral. As placas de Petri com as sementes permaneceram na sala

de crescimento com temperatura de 22ºC (± 2ºC), e fotoperíodo de 12 h luz

e 12 h escuro. A leitura de incidência de C. truncatum nas sementes foi

realizada aos 4 e 7 dias após a incubação, com auxílio de microscópio

estereoscópio e quando necessário utilizou-se o microscópio óptico, sendo

retiradas as sementes com a presença do patógeno na primeira leitura.

Durante o ciclo da soja foi realizado o monitoramento dos seguintes

elementos meteorológicos: temperatura do ar (°C), umidade relativa (%),

radiação solar (w m-2), duração do molhamento foliar (h), intensidade do

molhamento foliar (kpa), precipitação (mm) e direção do vento, por meio de

sensores instalados em uma estação meteorológica automática (Watch Dog

2000 Series Weather Stations, USA). Essa estação foi instalada entre a

parcela com 1,6% e 2,4% de sementes inoculadas com C. truncatum e, os

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34

dados foram armazenados a cada 30 minutos. Três sensores de

molhamento foliar foram fixados no tripé da estação a 0,3 m do solo com

inclinação de 45° (um em cada pé), os demais sensores foram instalados à 2

m de altura.

2.2.1 Análise de dados

Com os dados da câmara úmida das folhas efetuou-se o cálculo da

área abaixo da curva do progresso da incidência (AACPI), conforme

Campbell e Madden (1990).

1

11 )(

2

n

i

iiii tt

yyAACPI

Em que iy é proporção da doença na i-ésima observação; it é tempo em dias

na i-ésima observação e n é número total de avaliações.

De posse dos dados meteorológicos efetuou-se a média diária de

cada variável climática dos respectivos 48 valores de cada dia, exceto para a

radiação solar global a qual a média foi obtida com 24 valores de w.m-2,

entre às 6:00 até as 18:00 h.

O padrão espacial da transmissibilidade de níveis de C. truncatum

em sementes de soja foi analisado com os resultados obtidos nos pontos

amostrais por meio das análises de sequências „doublet‟ (Bergamin Filho et

al., 2004) e „run‟ (Campbell e Madden, 1990), utilizando dados binários

referente ao teste de sanidade das sementes.

Na análise „run‟ foram atribuídas na direção perpendicular da linha

de semeadura, para as sequências de sementes sadias o valor zero (0) e

para as sementes infectadas e contaminadas com C. truncatum o valor um

(1). Com estas informações, contabilizou-se o número de „runs‟ observado,

em seguida foi calculado o número esperado de „runs‟ E(R)=1+2m(N-m)/N e

o seu desvio padrão s(R)=2m(N-m)[2m(N-m)–N]/[N2(N-1)]¹/². Em que: R:

número de „runs‟; m: número de plantas doentes; N: número de plantas

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35

avaliadas na linha. Efetuou-se um teste de normalidade pela equação:

ZR=[R+0,5-E(R)]/s(R).

Foi considerado padrão espacial agregado quando o número

observado de ‟runs‟ apresentou valores menores que o esperado. Para ZR

classificou-se como agregação, quando o seu valor foi < -1,64 (P=0,05)

(Gibbons, 1976).

Na análise de „doublet‟ foram caracterizadas na direção

perpendicular das linhas de semeadura a seqüência de sementes sadias (0)

e sementes associadas (1), com estas informações, contabilizou-se o

número de „doublets‟ observado, posteriormente foi calculado o número

esperado de „doublets‟ E(D)=m(m-1)/N e sua variância σ2(D)=[m(m-1)[N(N-

1)+(2N(m-2)+N(m-2)(m-3)-(N-1)m(m-1)]/N2(N-1)]. Em que: D: número de

„doublet‟; m: número de plantas doentes; N: número de plantas na linha. Foi

determinado também o s(D) desvio-padrão. Calculou-se um teste de

normalidade pela equação: ZD=[D+0,5-E(D)]/s(D).

Considerou-se padrão espacial agregado quando o valor observado

apresentou valores maiores que o esperado e o valor de ZD > 1,64 (P=0,05).

A distribuição espacial padrão do C. truncatum nos folíolos e

sementes de soja nas parcelas amostrais foi avaliada pela análise do índice

de dispersão binomial (D) (Madden e Hughes, 1995), pela função K de

Ripley para análise espacial pontual padrão (Ripley, 1981), e o teste de

Monte Carlo para determinar a distância média mínima entre plantas com o

patógeno. As áreas avaliadas foram divididas em quadrats de 2x2, 2x3, 2x4,

2x7, 3x 2, 3x3, 3x 4, 3x7, 4x2, 4x3, 4x 4, 4x7 plantas para as análises do

índice de dispersão (D). A incidência de C. truncatum nos folíolos e

sementes de soja foi estimada por: P = ΣXi/nN, onde Xi é o número de

plantas com incidência de C. truncatum em folíolo ou sementes de soja no i-

ésimo quadrat, n é o número de plantas por quadrat e N é o número total de

quadrats (Madden e Hughes, 1995). A partir destes dados, calculou-se a

variância binomial (Vbin) foi determinada por Vbin = p(1-p)/n e a variância

observada (Vobs) foi calculada por (Hughes et al., 1996)

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36

)1²(/)²(1

NnnpxVi

N

iobs . O índice D foi obtido pela equação D = Vobs/

Vbin (Gottwald et al., 1996). Para cada avaliação o valor de D foi aplicado o

teste do x² (chi-quadrado) a 5% de significância. Valores de D iguais a 1

indicam padrão distribuição aleatória e quando os valores de D

significativamente maiores que 1 indicam distribuição agregada (Madden e

Hughes, 1995).

A análise por quadrats foi implementada com o índice de dispersão

binomial, pois a distribuição de Poisson deve ser aplicada somente para

dados binários com a freqüência de doença menor que 20% (Bergamin Filho

et al., 2007).

A análise de padrões pontuais foi efetuada pela função K (h) de

Ripley, esta análise adota estratégia diferente para evitar a escolha subjetiva

dos tamanhos dos quadrats e verifica a densidade de plantas doentes em

cada parcela, considerando a variância de todas as distâncias radiais (h)

possíveis a partir de todas as plantas sintomáticas. A função K de Ripley foi

calculada pela fórmula K (h) = E -1, em que é a densidade dos eventos ou

o número médio de plantas com folíolos ou sementes com incidência de C.

truncatum por unidade de área, e E é o número de plantas com folíolos ou

sementes com incidência de C. truncatum dentro de uma unidade de área

definida pelo a distância h, a partir de uma planta doente escolhida

aleatoriamente. A função K (h) foi estimada por Ripley (1981), Spóstio et al.,

(2007):

n

EjEiIhK

n

i

n

j h1 1

1 ),()( para i # j e h > 0 (1)

Em que Ih é o indicador da função e n é o número de eventos. Ih é 1 se estiver dentro Ej a distância h do Ei, se não está dentro Ej a distância h do Ei, então Ih é 0.

Quando ocorre independência, o pradrão é aleatório no espaço e K

(h) = πh2. Para padrão agregado espera-se que K πh2>(h); e para padrão

regular, K πh2<(h).

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37

A normalização da função K de Ripley (L (h)) facilita a interpretação

gráfica (expressão 2), uma vez que o gráfico da função é uma linha

horizontal sob aleatoriedade espacial; valores positivos indicam atração

espacial (agregação) e os valores negativos indicam repulsão ou

regularidade (Kenkel, 1998, Spósito et al., 2007).

L(h) = h

h

hK

²

)(

(2)

As simulações dos envelopes obtidos por Monte Carlo foram

construídas para funções K ou L a fim de testar a hipótese de aleatoriedade

espacial. Sendo plotado os valores de L no eixo das ordenadas e os valores

da distância no eixo das abcissas. Conforme Kenkel (1998), os valores

situados dentro do envelope representam as regiões em que a hipótese de

aleatoriedade espacial não está descartada.

A função K de Ripley foi calculada com distância de 3,35 m,

representando aproximadamente a metade da menor distância de cada

parcela amostral. Kenkel (1998) afirma que quando o gráfico gerado pela

função K de Ripley for uma linha horizontal sob aleatoriedade espacial e

apresentar valores positivos, indicou-se agregação, a presença de valores

negativos indicam repulsão ou regularidade (Kenkel, 1988).

As análises de quadrats counts, distância mínima média, função K

de Ripley e os mapas de distribuição da incidência de C. truncatum em

folíolos e nas sementes de soja foram realizadas no software R. Sendo que

os dados foram avaliados com adaptação do método na análise da função K

de Ripley e seu respectivo envelope utilizando o pacote “splancs” do

software R (Rowlingson e Diggle, 1993).

2.3 Resultados e Discussão

No decorrer do desenvolvimento da cultura da soja verificou-se a

influência do patógeno sobre o hospedeiro, pois ocorreu menor

desenvolvimento vegetativo nas plantas provenientes de sementes

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inoculadas por C. truncatum, quando comparado com as demais plantas

(Figura 3 A e B). Goulart (2007) e Cassetari Neto e Machado (2009),

observaram que plântulas originadas de sementes infectadas apresentam

necrose dos cotilédones, que pode se estender para o hipocótilo, causando

tombamento ou o estabelecimento de plantas pouco vigorosas.

A antracnose influenciou também em distúrbios fisiológicos visíveis

nas plantas, principalmente, no final do ciclo, em função da indução das

plantas à retenção foliar, hastes e vagens verdes, as quais apresentaram

maturação desuniforme entre as plantas e nas próprias plantas, além de

contribuir para redução e ou não enchimento no número de vagens (Figura 3

C, D, E e F).

Figura 3. Desenvolvimento vegetativo das plantas de soja provenientes de

sementes inoculadas com C. truncatum (A) e plantas próximas a fonte no inóculo (B) aos 45 dias após a semeadura. Distúrbios fisiológicos causados por C. truncatum (C, D, E e F) aos 134 dias após a semeadura.

As condições do tempo foram favoráveis, principalmente em função

da distribuição de chuvas durante o ciclo da soja (Figura 4), contribuindo

com o processo de colonização e disseminação do patógeno e

consequentemente, com a manifestação da doença, apresentando aumento

crescente da antracnose ao longo do tempo.

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39

Observou-se que a média diária da irradiação solar global oscilou,

apresentando valor mínimo de 124,96, máximo de 712,13 e média de 472,75

w m-2 entre as avaliações de incidência da antracnose no campo, período

compreendido dos 69 aos 118 dias após a semeadura da soja (Figura 4 D).

Este resultado contribuiu para a dispersão do C. truncatum, pois conforme

Vale et al. (2004), a irradiação solar interferiu diretamente na fotossíntese do

hospedeiro, na evapotranspiração e na sobrevivência do patógeno.

Com relação a média diária da duração e intensidade do

molhamento foliar, os valores medidos foram de 8 horas e vinte minutos e

7,26 kpa, respectivamente, durante o ciclo da cultura da soja (Figura 4 E e 4

F).

As condições climáticas favoreceram a infecção, colonização e

disseminação da antracnose, principalmente a partir da visualização dos

sintomas, pois o hospedeiro e o patógeno possivelmente foram influenciados

pelo microclima favorável. Conforme Almeida et al. (2005), a maior

intensidade da antracnose nos cerrados pode ser atribuída à elevada

precipitação e às altas temperaturas.

Durante o ciclo da soja, a média diária da temperatura do ar foi de

28,39°C variando de 24,19°C a 31,82°C (Figura 4 A), a média diária da

umidade relativa do ar foi 76,11%, com média diária mínima de 59,22% e

média diária máxima de 96,66% (Figura 4 B). A precipitação associada com

a irrigação durante esse período foi 1563,10 mm (Figura 4 C).

De acordo com Vale et al. (2004), a germinação de esporos e a

infecção pela maioria dos fungos dependem da combinação da temperatura

e duração da umidade relativa do ar próxima à saturação, ou da duração do

molhamento foliar. Por outro lado, o crescimento da lesão é dependente

principalmente da temperatura.

Estudos realizados por Hamawaki et al. (2002), afirmam que as

variedades de soja cultivadas em temperaturas, com média anual acima de

30 ºC, e chuvas no período da maturação à colheita, foram predispostas a

infecções por C. dematium var. truncata.

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40

Tem

epar

tua

Méd

ia D

iári

a (°

C)

15

20

25

30

35

40

Nov/09 Dez/09 Jan/10 Fev/10 Mar/10

Ch

uva

+ i

rrig

ação

(m

m)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Nov/09 Dez/09 Jan/10 Fev/10 Mar/10

Rad

iaçã

o S

ola

r M

édia

diá

ria

(W/m

²)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

Nov/09 Dez/09 Jan/10 Fev/10 Mar/10

Inte

nsi

dad

e M

olh

amen

to F

oli

ar D

iári

o (

Kpa)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Nov/09 Dez/09 Jan/10 Fev/10 Mar/10

Intensidade Molhamento Foliar (kpa)

Dura

ção M

olh

amen

to F

oli

ar (

h)

0

5

10

15

20

25

30

Nov/09 Dez/09 Jan/10 Fev/10 Mar/10

Figura 4. Médias diárias de temperatura do ar (A), umidade relativa do ar

(B), somatória do acumulado da precipitação mais irrigação diária (C), radiação solar global (D), intensidade (E) e duração do molhamento foliar (F), de outubro de 2009 a março de 2010.

Observou-se que as sementes inoculadas com o fungo,

apresentaram seus primeiros sintomas nos cotilédones, porém após a queda

dos mesmos, o patógeno permaneceu em estágio de latência (planta) e

saprofítico (solo). Sendo que os sintomas da doença foram observados

novamente de maneira visual a partir do final do florescimento tanto nos

pontos de inóculo quanto em alguns pontos amostrais das parcelas. De

E

D

A B

F

C

E

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41

acordo com Yorinori et al. (2010), à medida que a planta se desenvolve, o

fungo associa-se às células da epiderme, mantendo-se em estado latente

sem causar danos aparente e, dependendo do cultivar, das condições

climáticas e dos níveis de fertilidade do solo, a doença pode se manifestar

com maior ou menor severidade.

A parcela contendo 1,6% de sementes inoculadas com C. truncatum

apresentou nas avaliações realizadas, exceto na primeira e última avaliação,

maior média de incidência de antracnose no campo quando comparado aos

demais níveis de inóculo (Figura 5), porém apresentou menor média da

transmissibilidade semente-semente (Tabela 5). Isso ocorreu,

provavelmente, em função da maior queda de folhas e ou dos folíolos das

plantas provenientes da parcela contendo 2,4% de sementes inoculadas

com C. truncatum, pois nas avaliações de incidência em campo foram

contabilizadas apenas as folhas completas.

Figura 5. Valores médios da incidência da antracnose no campo, em

parcelas semeadas com 0,8, 1,6 e 2,4% de sementes inoculadas com C. truncatum.

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Observou-se nos níveis 0,8 e 1,6% de sementes inoculadas, valores

próximos entre os dados binários, entretanto o nível 2,4% de sementes

inoculadas apresentou menor valor no coeficiente de variação (Tabela 5),

pois apenas nas sementes de 10 (8,93%) dos 112 pontos amostrais não

foram detectadas a presença de C. truncatum (Figura 6 L).

Tabela 5. Estatística descritiva dos dados binários referente a transmissibilidade de C. truncatum para sementes de soja em parcelas semeadas com 0,8, 1,6 e 2,4% de sementes inoculadas com C. truncatum.

Índices Estatísticos

Total de sementes inoculadas com C. truncatum

0,8% 1,6% 2,4%

Média 0,85 0,76 0,91 Desvio padrão 0,36 0,43 0,28 Variância 0,13 0,18 0,08 CV% 42,49 56,65 31,45

Com relação a incidência do patógeno nos folíolos, as parcelas

amostrais apresentaram incidência crescente de C. truncatum nos folíolos de

soja, principalmente em função da porcentagem do inóculo inicial e da época

de coleta dos folíolos. Na parcela com 0,8% de sementes de soja inoculadas

com o patógeno, as incidências foram 49,11% e 57,14% (Figura 6 A e B). Na

parcela com 1,6% de sementes inoculadas com o fungo, as incidências

foram 22,32%, 54,46% e 73,21% (Figura 6 C, D e E). E na parcela com 2,4%

de sementes inoculadas com C. truncatum, as incidências foram 17,86%,

47,32% e 49,11% (Figura 6 F, G e H).

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43

Figura 6. Mapas de distribuição da incidência de C. truncatum em folíolos,

em cada planta avaliada das parcelas com 0,8% (A, B), 1,6% (C, D, E) e 2,4% (F, G, H) de sementes inoculadas, com suas respectivas datas de coletas. Incidência do patógeno nas sementes para os inóculos 0,8, 1,6 e 2,4% respectivamente (I, J, L).

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44

Com o acompanhamento semanal da incidência de C. truncatum nos

folíolos de soja, observou-se nos resultados obtidos na câmara úmida dos

folíolos provenientes das 3 parcelas semeadas com 0,8, 1,6 e 2,4% de

sementes inoculadas com C. truncatum, incidência e AACPI crescente no

decorrer do tempo (Tabelas 6 e 7). Talamini (2003) estudando níveis de C.

lindemuthianum em sementes inoculadas por meio da restrição hídrica,

observou aumento na AACPI e na AACPS da doença com o aumento na

porcentagem de sementes com o patógeno, refletindo tendência de maior

intensidade da doença em função do inóculo inicial na semente.

Tabela 6. Progresso da incidência da câmara úmida de folhas de soja provenientes de parcelas semeadas com 0,8, 1,6 e 2,4% de sementes inoculadas com C. truncatum.

Sementes ino-culadas (%)

Coleta de folhas

Incidência (%)

0,8

3ª 14/01/2010 6ª 05/02/2010

I Avaliação (7 dias)

II Avaliação (14 dias)

III Avaliação (21 dias)

49,11 75,00 90,18 57,14 95,54 98,21

1,6

2ª 07/01/2010 5ª 29/01/2010 8ª 18/02/2010

22,32 59,82 66,96 54,46 84,82 95,54 73,21 96,43 96,43

2,4

1ª 23/12/2009 4ª 22/01/2010 7ª 12/02/2010

17,86 44,64 66,96 44,64 86,61 91,96 49,11 93,75 96,43

Araújo et al. (1994), também observaram correlação positiva e

significativa entre a severidade da antracnose em plantas inoculadas no

estádio de formação das vagens e a incidência de C. lindemuthianum nas

sementes.

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45

Tabela 7. Valores da área abaixo da curva do progresso da incidência

(AACPI) do patógeno para parcelas semeadas com 0,8%, 1,6% e 2,4% de sementes inoculadas com C. truncatum.

Data final da avaliação

Porcentagem de sementes com C. truncatum

0,8% 1,6% 2,4%

AACPI

13/01/2010 - - 609,38 28/01/2010 - 731,25 - 04/02/2010 1012,50 - - 12/02/2010 - - 1084,38 19/02/2010 - 1118,75 - 26/02/2010 1212,50 - - 05/03/2010 - - 1165,63 11/03/2010 - 1268,75 -

Com relação às análises de seqüências ordinárias ‘runs‟, foi

detectada 85,71, 100 e 100% nas linhas de semeadura para as parcelas

com 0,8, 1,6 e 2,4% de sementes inoculadas, respectivamente,

caracterizando padrão espacial aleatório de C. truncatum nas sementes de

soja (Tabela 8). Os inóculos testados não apresentaram valores

significativos de ZR (P=0,05), demonstrando a existência de aleatoriedade de

C. truncatum nas sementes de soja. Conforme Andrade e Michereff (2000),

„ordinary runs‟ é uma análise unidimensional e apenas examina a estrutura

dos dados dentro e entre linhas.

Pelas análises de seqüências ordinárias „doublet‟, o padrão aleatório

na direção perpendicular das linhas de semeadura representou 57,14%,

85,71% e 71,43% respectivamente para as parcelas com 0,8%, 1,6% e 2,4%

de sementes inoculadas. Na média de todas as linhas de cada parcela

constatou-se padrão agregado apenas para o inóculo 0,8% (Tabela 9).

Observou-se que o arranjo espacial do patógeno pela análise „run‟,

forneceu informações semelhantes às da análise de „doublet‟, exceto para a

parcela com 0,8% de sementes inoculadas.

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Tabela 8. Análise de arranjo espacial da transmissibilidade em parcelas com 0,8, 1,6 e 2,4% de sementes de soja inoculadas com C. truncatum, analisado por seqüências ordinárias „runs‟.

Sementes inoculadas com 0,8 % Teste ‘run’ P=0,05

Linha N m R E(R) σ2(R) s(R) ZR Decisão

1 16 15 2 2,88 0,11 0,33 -1,13 casual. 2 16 11 7 7,88 2,69 1,64 -0,23 casual.

3 16 12 2 7 2 1,41 -3,18 agreg.

4 16 16 1 1 0 0,00 0,00 casual.

5 16 15 3 2,88 0,11 0,33 1,89 casual.

6 16 13 5 5,88 1,26 1,12 -0,33 casual.

7 16 13 7 5,88 1,26 1,12 1,45 casual.

Total 112 95 *3,86 *4,77 7,43 5,96 *-0,22 casual.

Sementes inoculadas com 1,6 %

Linha N m R E(R) σ2(R) s(R) ZR Decisão

1 16 13 6 5,88 1,26 1,12 0,56 casual. 2 16 9 9 8,88 3,61 1,90 0,33 casual.

3 16 14 5 4,50 0,58 0,76 1,31 casual.

4 16 16 1 1 0,00 0,00 0,00 casual.

5 16 15 3 2,88 0,11 0,33 1,89 casual.

6 16 9 7 8,88 3,61 1,90 -0,72 casual.

7 16 9 6 8,88 3,61 1,90 -1,25 casual.

Total 112 85 *5,29 *5,84 12,78 7,92 *0,30 casual.

Sementes inoculadas com 2,4 %

Linha N m R E(R) σ2(R) s(R) ZR Decisão

1 16 16 1 1 0,00 0,00 0,00 casual.

2 16 15 3 2,88 0,11 0,33 1,89 casual.

3 16 16 5 1 0,00 0,00 0,00 casual.

4 16 16 1 1 0,00 0,00 0,00 casual.

5 16 14 3 4,5 0,58 0,76 -1,31 casual.

6 16 13 7 5,88 1,26 1,12 1,45 casual.

7 16 12 6 7 2,00 1,41 -0,35 casual.

Total 112 102 *3,71 *3,32 3,95 3,63 *0,24 casual.

*Valores médios; N: nº plantas; m: plantas doentes; R: „runs‟; E(R): „runs‟ esperados; σ2: variância; s: desvio-padrão; casual.: casualizado; agreg.: agregado.

Outros estudos aplicando esses testes como o de Ferreira et al.

(2009), verificaram para a mancha manteigosa em cafeeiro arranjo espacial

aleatório em 100% das linhas de plantio pelas análises de seqüências

ordinárias „runs‟ e predominância do arranjo espacial aleatório, em 62,5%

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das linhas de plantio, com relação às análises de seqüências ordinárias

„doublet‟, sendo este padrão mais representativo para esclarecer a dispersão

espacial da doença.

Tabela 9. Análise de arranjo espacial da transmissibilidade em parcelas com 0,8, 1,6 e 2,4% de sementes de soja inoculadas com C. truncatum, analisado por seqüências ordinárias „doublet‟.

Sementes inoculadas com 0,8% Teste de ‘doublet’ P=0,05

Linha N m D E(D) σ2(D) s(D) ZD Decisão

1 16 15 14 13,13 0,11 0,33 4,16 agreg. 2 16 11 8 6,88 0,86 0,93 1,75 agreg. 3 16 12 11 8,25 0,69 0,83 3,92 agreg. 4 16 16 15 15 0,00 0,00 0,00 casual. 5 16 15 13 13,13 0,11 0,33 1,13 casual. 6 16 13 10 9,75 0,49 0,70 1,07 casual. 7 16 13 9 9,75 0,49 0,69 -0,36 casual.

Total 112 95 *11,43 *10,84 2,74 3,81 *1,67 agreg.

Sementes inoculadas com 1,6 %

Linha N m D E(D) σ2(D) s(D) ZD Decisão

1 16 13 10 9,75 0,49 0,70 1,07 casual. 2 16 9 5 4,50 1,05 1,03 0,98 casual. 3 16 14 11 11,38 0,28 0,53 0,23 casual. 4 16 16 15 15,00 0,00 0,00 0,00 casual. 5 16 15 13 13,13 0,11 0,33 1,13 casual. 6 16 9 5 4,50 1,05 1,03 0,98 casual. 7 16 9 6 4,50 1,05 1,03 1,95 agreg.

Total 112 85 *9,29 *8,96 4,03 4,64 *0,91 casual.

Sementes inoculadas com 2,4%

Linha N m D E(D) σ2(D) s(D) ZD Decisão

1 16 16 15 15 0,00 0,00 0,00 casual. 2 16 15 13 13,13 0,11 0,33 1,13 casual. 3 16 16 15 15 0,00 0,00 0,00 casual. 4 16 16 15 15 0,00 0,00 0,00 casual. 5 16 14 12 11,38 0,28 0,53 2,11 agreg. 6 16 13 11 9,75 0,49 0,70 2,51 agreg. 7 16 12 8 8,25 0,69 0,83 0,30 casual.

Total 16 102 *12,71 *12,50 1,57 2,39 *0,86 casual.

*Valores médios; N: nº plantas; m: plantas doentes; D: „doublet‟; E(D): „doublet‟ esperados; σ2: variância; s: desvio-padrão; casual.: casualizado; agreg.: agregado.

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Em análise de seqüências ordinárias para descrição do arranjo

espacial do vira-cabeça do fumo (Groundnut ringspot virus, GRSV), Silva et

al. (2001), observaram também a predominância do arranjo aleatório de

plantas doentes e baixo porcentual de agregação nas linhas de plantios.

Estes autores concluíram que os arranjos espaciais de plantas doentes são

influenciados pela interação de vários fatores, incluindo o ambiente e,

possíveis vetores.

Embora as descrições estatísticas não propiciem, por si próprias,

uma explanação dos mecanismos responsáveis pelos arranjos espaciais

(Campbell e Madden, 1990), arranjos agregados de plantas doentes indicam

que houve disseminação planta a planta ou que o inóculo estava

espacialmente agregado (Campbell et al., 1984).

Quanto à disseminação, arranjos agregados são mais

caracteristicamente associados com fontes de inóculo próximas, ou mesmo,

dentro de populações do hospedeiro (Burdon, 1987).

Notou-se visualmente de forma semelhante nas análises „run‟ e

„doublet‟, que o padrão espacial da transmissibilidade semente para semente

de C. truncatum não ficou definido com clareza, este resultado é explicado

pelas condições climáticas favoráveis durante o ciclo da soja juntamente

com a agressividade do patógeno, favorecendo ao agrupamento

praticamente contínuo da incidência de C. truncatum, especialmente na

parcela com 2,4% de sementes inoculadas (Figura 6 I, J e L).

Os resultados obtidos pelas análises „run‟ e „doublet‟, neste caso não

foram suficientes para determinar o padrão espacial do C. truncatum nas

sementes de soja, pois ambos os métodos apresentam a limitação por

considerarem apenas os dados binários, além de não levar em consideração

a localização espacial de cada ponto amostral avaliado. Porém existem

outros métodos para obter o padrão espacial, como análise espacial utilizada

por Jaime-Garcia et al. (2001), Alves et al. (2006), Leal et al. (2010) que

representaram o padrão espacial, e a dependência espacial da doença de

planta em estudo.

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Ressalta-se que a presença de C. truncatum no hospedeiro não

resultou necessariamente em antracnose, pois o patógeno pode permanecer

latente e se as condições ambientais não forem favoráveis, não há processo

de penetração e colonização do hospedeiro e consequentemente

manifestação da doença. Klingelfuss e Yorinori (2001) verificaram nas

avaliações da infecção latente, em laboratório, pela análise dos tecidos das

folhas e hastes de soja, a ocorrência de C. truncatum e Cercospora kikuchii,

mesmo não havendo sintomas no campo.

A presença do patógeno nos folíolos de soja nos pontos amostrais,

foi considerada como planta doente, onde observou-se que a distância

mínima média de uma planta para outra planta ambas doentes, diminuiu

com o passar do tempo e com o aumento do inóculo. Nas parcelas com

1,6% e 2,4% de sementes inoculadas com C. truncatum na primeira

avaliação de incidência, observou-se que a distância mínima média foi de

1,02 e 1,05 m e na terceira avaliação, foi de 0,50 e 0,63 m, confirmando o

aumento da distribuição da doença no intervalo de 42 e 51 dias (Figura 7 B e

7 C).

Para a distância mínima média das sementes com a incidência do

patógeno nos pontos amostrais, observou-se diferença menor que 0,02 m

entre a parcela com 0,8 e 2,4% de sementes inoculadas com C. truncatum

(Figura 7 D). Essas informações contribuem para o entendimento do

progresso da antracnose, pois o patógeno presente nas folhas aumentou

rapidamente, especialmente no intervalo entre a primeira e segunda

avaliação da coleta de folíolos, para as parcelas de soja semeadas com

0,8%, 1,6% e 2,4% de sementes inoculadas com C. truncatum, observou-se

também na última avaliação de incidência do patógeno 98,21%, 96,43% e

96,43% respectivamente nas parcelas contendo 0,8%, 1,6% e 2,4% de

sementes inoculadas com o fungo (Tabela 6). Consequentemente todas as

plantas avaliadas no campo apresentaram sintomas da antracnose a partir

de 76, 83 e 97 dias após a semeadura, para as parcelas com 1,6%, 2,4% e

0,8% de sementes inoculadas respectivamente.

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Figura 7. Distância mínima média de plantas de soja com folíolos com

incidência de C. truncatum. Parcela com 0,8% (A), parcela com 1,6% (B), parcela com 2,4% de sementes de soja inoculadas com o patógeno (C) e, distância mínima média dos pontos amostrais com a presença de C. truncatum nas sementes colhidas nos inóculos avaliados 0,8%, 1,6% e 2,4% (D), respectivamente.

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Pelos dados obtidos pelo índice de dispersão binomial (D),

observou-se predominantemente padrão espacial aleatório de C. truncatum

nos folíolos. Em 47,73% dos quadrats testados para os três níveis de inóculo

avaliados, representaram valor de D maior que 1, porém não foram

significativos ao nível de 5%. Exceto na primeira avaliação, para os quadrats

3x2 e 4x2, para a parcela contendo 0,8% e, na terceira avaliação, para o

quadrat 4x7 na parcela 1,6% de sementes inoculadas com o patógeno,

observou-se padrão espacial agregado, e padrão espacial regular nos

quadrats 3x3 e 4x4 ambos na terceira avaliação dos folíolos da parcela com

2,4% de sementes inoculadas com C. truncatum. Já para as sementes,

ocorreu padrão espacial agregado apenas no quadtat 4x7 da parcela com

0,8% (Tabelas 10, 11 e 12).

Pesquisas realizadas por Ferreira et al. (2009), observaram que o

índice de dispersão não foi satisfatório para a descrição do padrão espacial

da mancha manteigosa. Laranjeira et al. (2004), estudaram o arranjo

espacial das plantas com a clorose variegada dos citros e, com aplicação do

índice D, não foi observado um padrão com explicação biológica em um dos

talhões avaliados, esses autores relataram que não ocorreu tendência clara

para a elucidação do padrão espacial da doença na maioria das avaliações

e, que os resultados variaram em função do tamanho do quadrat.

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Tabela 10. Incidência e padrão espacial de C. truncatum em folíolos e sementes de soja em combinações de quadrat com diferentes tamanhos para a parcela com 0,8% de sementes de soja inoculadas com C. truncatum.

Câmara úmida folha Semente 21/01/10 12/02/10

Quadrata N° qua- dratsb

P D P D P D

2x2 24 50,00 1,04 ns 59,38 1,07 ns 84,38 1,12 ns 2x3 16 50,00 0,98 ns 59,38 0,73 ns 84,38 1,09 ns 2x4 8 43,75 0,73 ns 64,06 0,99 ns 84,38 1,02 ns 2x7 8 49,11 0,77 ns 57,14 1,50 ns 84,82 1,50 ns 3x2 15 52,22 1,80 * 60,00 1,17 ns 85,56 1,52 ns 3x3 10 52,22 1,59 ns 60,00 0,95 ns 85,56 1,01 ns 3x4 5 45,00 1,28 ns 63,33 1,54 ns 86,67 0,58 ns 3x7 5 50,48 2,15 ns 58,09 1,70 ns 85,71 2,14 ns 4x2 12 50,00 1,82* 59,38 1,33 ns 84,38 1,57 ns 4x3 8 50,00 1,71 ns 59,38 0,64 ns 84,38 1,52 ns 4x4 4 43,75 1,35 ns 64,06 1,15 ns 84,38 1,42 ns 4x7 4 49,17 1,56 ns 57,14 1,07 ns 84,82 2,84*

a Tamanho do quadrat (número de linhas de semeadura x número de plantas na linha),b Quantidade de quadrats construída dentro da área, ns = padrão aleatório e * = padrão agregado.

Tabela 11. Incidência e padrão espacial de C. truncatum em folíolos e sementes de soja em combinações de quadrat com diferentes tamanhos para a parcela com 1,6% de sementes de soja inoculadas com C. truncatum.

Câmara úmida dos folíolos Sementes 14/01/10 05/02/10 25/02/10

Qua-drata

N°qua-dratsb

P D P D P D P D

2x2 24 23,96 0,89 ns 51,04 0,91 ns 72,92 0,98 ns 79,17 1,14 ns 2x3 16 23,96 0,48 ns 51,04 0,84 ns 72,92 0,89 ns 79,17 0,74 ns 2x4 8 26,56 0,63 ns 53,13 0,83 ns 70,31 1,02 ns 81,25 0,47 ns 2x7 8 22,32 0,52 ns 54,46 0,98 ns 73,21 1,22 ns 75,89 1,22 ns 3x2 15 23,33 0,91 ns 52,22 1,13 ns 74,44 0,99 ns 80,00 0,77 ns 3x3 10 23,33 0,75 ns 52,22 0,40 ns 74,44 0,92 ns 80,00 0,43 ns 3x4 5 25,00 0,67 ns 55,00 1,28 ns 73,33 1,36 ns 83,33 0,30 ns 3x7 5 21,91 0,64 ns 55,24 0,83 ns 75,24 1,59 ns 77,14 0,73 ns 4x2 12 23,96 1,06 ns 51,04 1,13 ns 72,92 1,48 ns 79,17 1,15 ns 4x3 8 23,96 0,71 ns 51,04 0,99 ns 72,92 1,42 ns 79,17 0,72 ns 4x4 4 26,56 0,72 ns 53,13 0,92 ns 70,31 1,87 ns 81,25 0,27 ns 4x7 4 22,32 0,88 ns 54,46 1,86 ns 73,21 2,73* 75,89 0,35 ns

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a Tamanho do quadrat (número de linhas de semeadura x número de plantas na linha),b Quantidade de quadrats construída dentro da área, ns = padrão aleatório e * = padrão agregado.

Tabela 12. Incidência e padrão espacial de C. truncatum em folíolos e sementes de soja em combinações de quadrat com diferentes tamanhos para a parcela com 2,4% de sementes de soja inoculadas com C. truncatum.

Câmara úmida dos folíolos Sementes 30/12/09 29/01/10 19/02/10

Qua-drata

N°qua- dratsb

P D P D P D P D

2x2 24 19,79 0,96 ns 45,83 0,76 ns 48,96 0,99 ns 93,75 1,21 ns 2x3 16 19,79 1,43 ns 45,83 0,76 ns 48,96 0,66 ns 93,75 1,09 ns 2x4 8 20,31 0,87 ns 48,44 1,92 ns 48,74 0,78 ns 98,44 1,02 ns 2x7 8 17,86 1,53 ns 47,32 1,39 ns 49,11 1,34 ns 91,07 1,19 ns 3x2 15 21,11 0,78 ns 46,67 0,59 ns 51,11 0,81 ns 94,44 1,66 ns 3x3 10 21,11 1,25 ns 46,67 0,48 ns 51,11 0,22 R 94,44 1,53 ns 3x4 5 21,67 0,64 ns 51,67 0,90 ns 50,00 0,50 ns 98,33 1,07 ns 3x7 5 19,05 1,08 ns 48,57 1,28 ns 51,43 0,71 ns 91,43 0,73 ns 4x2 12 19,79 1,07 ns 45,83 0,76 ns 48,96 1,04 ns 93,75 0,97 ns 4x3 8 19,79 1,64 ns 45,83 0,96 ns 48,96 0,82 ns 93,75 0,71 ns 4x4 4 20,31 1,13 ns 48,44 2,06 ns 48,44 0,06 R 98,44 1,02 ns 4x7 4 17,86 1,95 ns 47,32 1,37 ns 49,11 2,23 ns 91,07 0,44 ns

a Tamanho do quadrat (número de linhas de semeadura x número de plantas na linha),b Quantidade de quadrats construída dentro da área, ns = padrão aleatório, * = padrão agregado e R = padrão regular.

A caracterização do padrão espacial da doença e do patógeno pode

gerar informações essências na elaboração de estratégias de manejo das

doenças de plantas. Conforme Bergamin Filho et al. (2002), a maioria dos

patógenos e doenças possuem mais de um mecanismo de dispersão, esta

característica aliada aos dados da incidência do patógeno a cada 1,30 m na

linha de semeadura pode explicar o comportamento do C. truncatum, a qual

apresentou distribuição agrupada aleatória na primeira avaliação dos

folíolos, pois houve formação de reboleiras casualizadas, com o passar do

tempo ocorreu aumento do progresso da incidência, e consequentemente a

distribuição do patógeno presente nas sementes ocorreu em mais de 83

pontos dos 112 pontos analisados em todos os inóculos avaliados,

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apresentado padrão espacial aleatório, predominante para os testes „run‟,

„doublet‟ e índice D.

Por meio dos mapas de distribuição do C. truncatum nas sementes,

observou-se 84,82%, 75,89% e 91,07% de incidência do patógeno para as

parcelas 0,8%, 1,6% e 2,4% de sementes inoculadas respectivamente, com

ocorrência praticamente continua nas proximidades das fontes de inóculo

(Figura 6 I, J e L), comprovando que a disseminação do patógeno ocorreu

principalmente à curtas distâncias.

Com o acompanhamento semanal da incidência de C. truncatum nos

folíolos das folhas de soja, observou-se com os resultados obtidos na

câmara úmida das 3 parcelas semeadas com 0,8, 1,6 e 2,4% de sementes

inoculadas com o patógeno, incidência crescente no decorrer do tempo.

Pelas informações geradas pelas estimativas k (h) e dos envelopes

de confiança para a presença de C. truncatum nos folíolos ou nas sementes

de soja, ocorreu padrão espacial diferenciado, quando comparado com os

demais métodos testados. A vantagem da função K de Ripley quando o

padrão for agregado, em relação aos métodos „run‟, „doublet‟, índice D,

utilizados para detectar o padrão espacial, é que esta função apresentou a

distância inicial a partir de 1,5 m com ocorrência de agrupamento na primeira

avaliação de folíolos da parcela com 2,4% de sementes inoculadas com C.

truncatum. A função K de Ripley emprega a variância dos dados em distintos

raios a partir de cada planta com a presença de C. truncatum seja em folíolo

ou sementes de soja.

Com bases nas informações obtidas pela função K de Ripley e pelo

envelope de Monte Carlo (onde as linhas pontilhadas do envelope de

confiança representam 95% de aleatoriedade espacial), observou-se padrão

espacial agregado significativo para todas as épocas de avaliação dos

folíolos de soja e das sementes colhidas, exceto para a primeira avaliação

de incidência de folíolos da parcela com 1,6% de sementes inoculadas com

C. truncatum (Figura 8).

De forma semelhante Spósito et al. (2007) estudando o padrão

espacial da mancha preta dos citros em pomares comerciais, verificou que

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55

apenas os resultados obtidos usando a função K de Ripley indicaram padrão

espacial agregado para todos os pomares e épocas avaliadas. Pesquisas

feitas por Liu et al. (2007), também utilizaram simulação de Monte Carlo para

caracterizar os padrões de mortalidade espaço-temporal de doença em

florestas e obtiveram agregação das árvores doentes.

A função K de Ripley além de analisar o padrão espacial das

doenças de plantas, tem sido aplicada também para detectar o padrão

espacial de espécies de plantas em florestas. Kelly e Meentemeyer (2002)

estudaram a dinâmica espaço-temporal da doença causada por

Phytophthora ramorum em espécie florestal, e utilizaram além de técnicas de

sensoriamento remoto e sistema de informação geográfica, a função K de

Ripley para ajudar a quantificar a dimensão e extensão da aglomeração

espacial da doença. Silva et al. (2008), analisaram a estrutura horizontal

espacial da espécie Eremanthus erythropapus (Candeia), por meio da

função K de Ripley, observaram que as plantas adultas apresentaram um

padrão agregado passando para o aleatório.

A partir da fonte inicial de inóculo pré estabelecida, foi possível notar

melhor aplicação da função K de Ripley para obtenção do padrão espacial

agregado de C. truncatum nos folíolos e sementes, pois neste método foi

possível informar a distância a ser estudada. Assim a função gerou

informações dos dados referentes ao raio dessa distância, e obteve como

resultado, à distância a partir da qual ocorreu agregação, além das

vantagens já citadas. Consequentemente essas informações contribuíram

para corroborar que a disseminação de C. truncatum no campo ocorreu a

curtas distâncias, sendo favorecida pela água proveniente de chuva,

irrigação ou orvalho, e direção predominante do vento.

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Figura 8. Ajuste da função K de Ripley ( ) de plantas de soja com folíolo

com C. truncatum. Parcela com 0,8% (A, B), parcela com 1,6%, (C, D, E) e, parcela com 2,4% de sementes de soja inoculadas com C. truncatum F, G, H. Incidência do patógeno nas sementes respectivamente para os inóculos avaliados (I, J, L). Valores acima do envelope de confiança (---) representam agregação.

Dos quatro métodos testados, três apontaram predominantemente

padrão espacial aleatório, a função K de Ripley foi o mais representativo

para esclarecer a dispersão espacial da antracnose da soja, juntamente com

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a visualização dos mapas de distribuição do patógeno, observou-se padrão

espacial agregado aleatório de C. truncatum nos folíolos analisados na

primeira avaliação principalmente para as parcelas inoculadas com 1,6 e

2,4% de sementes com C. truncatum (Figura 6 C e F), sendo que em todas

as avaliações a presença do patógeno foi constatada na região da fonte do

inóculo. Notou-se também que com o passar do tempo as plantas vizinhas

foram contaminadas pelo fungo, comprovando a agressividade do patógeno

em estudo.

2.4 Conclusão

O padrão espacial da transmissibilidade de C. truncatum para as

sementes foi agregado para a parcela com 0,8% de sementes inoculadas na

análise „doublet‟, e padrão aleatório para as parcelas com 1,6 % e 2,4% de

sementes de soja inoculadas com C. truncatum, tanto para análise „run‟

como „doublet‟.

A distância mínima média de uma planta doente para outra planta

doente diminuiu com o passar do tempo e com o aumento do inóculo.

Pelas análises do índice de dispersão, o padrão espacial da

antracnose foi predominante aleatório.

Pelos resultados obtidos pela função K de Ripley, o padrão espacial

predominante da incidência de C. truncatum nos folíolos e sementes foi

agregado para as parcelas com 0,8, 1,6 % e 2,4% de sementes de soja

inoculadas com este patógeno.

Constatou-se por meio dos mapas de distribuição de C. truncatum,

padrão espacial agregado aleatório na primeira avaliação de incidência dos

folíolos de soja para os inóculos testados.

2.5 Referências Bibliográficas

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3. ANÁLISE GEOESTATÍSTICA APLICADA À VARIABILIDADE

ESPACIAL DE Colletotrichum truncatum EM SEMENTES DE SOJA

RESUMO - Objetivou-se com este trabalho identificar o melhor modelo

geoestatístico para caracterizar a variabilidade espacial da transmissibilidade

de sementes de soja inoculadas com C. truncatum. O experimento foi

conduzido em condições de campo na safra 2009/10, em 3 parcelas de 9,9 x

10m, com sementes inoculadas com C. truncatum. O inóculo correspondeu a

0,8, 1,6 e 2,4% do total semeado. Foram demarcadas com GPS 3 malhas

amostrais com 112 pontos distanciados a 1,3 m na linha em cada parcela.

Após a colheita e a secagem, efetuou-se a análise sanitária das sementes

pelo método blotter test, referente aos 336 pontos demarcados. De posse

dos dados, 5 modelos de semivariogramas foram ajustados utilizando os

métodos mínimos quadrados ordinários (OLS), mínimos quadrados

ponderados (WLS), máxima verrosimilhança (ML) e máxima verrosimilhança

restrita (REML). A validação cruzada foi empregada para escolha final do

modelo e método do semivariograma. Os mapas de krigagem ilustraram a

transmissibilidade da semente para a semente. Verificou-se estrutura de

dependência espacial da transmissibilidade de C. truncatum via semente. O

melhor modelo de semivariograma foi o esférico e o melhor ajuste foi obtido

pelo método da máxima verossimilhança restrita. Houve alcance de 0,95,

4,03 e 7,05 m para as parcelas com 0,8, 1,6 e 2,4% de sementes inoculadas

respectivamente. O incremento médio diário da dependência espacial foi de

0,65, 2,76 e 4,83 cm para as parcelas 0,8%, 1,6% e 2,4% de sementes

inoculadas, respectivamente.

Palavras - chave: Variação espacial, semivariograma esférico, máxima

verossimilhança restrita.

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63

3. GEOSTATISTICAL ANALYSIS APPLIED TO THE SPATIAL

VARIABILITY OF Colletotrichum truncatum IN SOYBEAN SEEDS

ABSTRACT – The aim of this work was to identify the best geostatistical

model to characterize the variability in the transmissibility of soybean

inoculated with C. truncatum. The experiment was conducted under field

conditions in 2009/10 in three plots of 9.9 x 10m with seeds inoculated with

C. truncatum. The inoculum corresponded to 0.8, 1.6 and 2.4% of total sown.

GPS was used to demarcate 3 sampling grids with 112 points spaced 1.3 m

on the line in each plot. After harvesting and drying, it was conducted the

seed health analysis by the blotter test method, referring to the 336 marked

points. By having the data, five models of semivariograms were adjusted

using ordinary least squares (OLS), weighted least squares (WLS), maximum

likelihood (ML) and restricted maximum likelihood (REML) methods. Cross-

validation was used to make the final choice of the semivariogram model and

method. The kriging maps illustrated the transmissibility from seed to seed.

There was spatial dependence structure of the transmissibility of C.

truncatum by seed. The best semivariogram model is the spherical one and

the best fitting was obtained by restricted maximum likelihood. There was a

range of 0.95, 4.03 and 7.05 m for plots measuring 0.8, 1.6 and 2.4% of

inoculated seeds respectively. The average daily increment of spatial

dependence was 0.65, 2.76 and 4.83 cm for plots 0.8%, 1.6% and 2.4% of

inoculated seeds respectively.

Key words: Spatial varation, spherical semivariogram, restricted maximum

likelihood.

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64

3.1 Introdução

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja (Embrapa,

2010), e o estado de Mato Grosso é o maior produtor nacional de soja

(Conab, 2010). Para que a produtividade estabilize ou aumente, é

necessário utilizar dentre outros fatores, sementes sadias com qualidade

fitossanitária satisfatória, pois a semente se constitui em insumo básico para

o sucesso da agricultura. Conforme Talamini et al. (2002), as sementes são

consideradas eficientes meios de disseminação de fitopatógenos e, dentre

esses, destacam-se as espécies pertencentes ao gênero Colletotrichum.

Alves et al. (2006), verificaram aplicação satisfatória da

geoestatística no estudo do progresso espacial e temporal da antracnose do

feijoeiro, tendo em vista ao caráter agregado do inóculo e da doença no

agroecossistema detectado por métodos estatísticos clássicos (Pinto, 2001;

Talamini et al., 2002).

Conforme Vieira (2000) a geoestatística tem por objetivo caracterizar

a variabilidade espacial dos atributos do solo e das plantas e fazer

estimativa, utilizando o princípio da variabilidade espacial, a fim de se

identificar inter relações destes atributos no espaço e no tempo, além de

permitir estudar padrões de amostragem adequada.

No caso da soja, o conhecimento da variabilidade espacial de C.

truncatum encontrado nos campos de produção de sementes, constitui-se

fator fundamental no progresso da antracnose.

Se o inóculo primário, transportado via-semente encontrar ambiente

favorável e o hospedeiro for suscetível, pode-se estabelecer focos iniciais de

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infecção. Posteriormente, poderá ocorrer o progresso da doença no espaço

e no tempo, a partir da fonte de inóculo secundário, produzido nas lesões

das plantas infectadas (Campbell e Madden, 1990; Tanaka e Menten, 1992).

Após a queda dos cotilédones e prostamento de pecíolos com sintomas da

antracnose em soja, forma-se o inóculo policíclico. Dependendo das

condições climáticas pode haver o progresso da epidemia na lavoura,

ocorrendo assim, a transmissão semente-planta e da planta-semente.

Objetivou-se nesta pesquisa, caracterizar a estrutura de variação

espacial da variabilidade espacial da transmissibilidade de sementes de soja

inoculadas com C. truncatum e determinar o melhor modelo e método de

semivariograma que represente a transmissibilidade de C. truncatum

semente-semente.

3.2 Material e Métodos

O experimento foi conduzido durante o período de agosto de 2009 à

abril de 2010, na área experimental limitada pelas coordenadas 8270210 S e

596532 W e altitude de 180m, localizada no Centro Universitário de Várzea

Grande – UNIVAG na cidade de Várzea Grande – MT. A pesquisa em

campo foi constituída por 3 parcelas de 9,9x10m cada.

O isolado de C. truncatum foi obtido de sementes de soja

submetidas à análise de rotina („blotter test‟) no Laboratório de Fitopatologia

do UNIVAG, da safra 2009/2010. O inóculo do patógeno foi multiplicado em

meio de cultura BDA (200 g de batata, 20 g de dextrose e 20 g de Agar). O

cultivo foi realizado em placa de Petri de 9 cm de diâmetro, por 7 dias a

temperatura de 20 ± (2°C) em regime alternado de 12 h luz / 12 h escuro.

Após esse período, 130 sementes de soja do cultivar TMG 131 RR,

suscetível ao fungo C truncatum e livres de patógenos foram distribuídas na

placa de Petri contendo a colônia fúngica em crescimento ativo sobre o BDA,

disposta em uma única camada ocupando toda a superfície da mesma, por

um período de 48 h. As sementes foram retiradas da placa e colocadas para

secar sobre papel toalha em temperatura ambiente, por 2 h.

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O cultivar TMG 131 RR foi escolhido em função das seguintes

vantagens: facilidade do manejo das plantas daninhas, resistência aos

nematóides de galhas das raças 1 e 3, menor tempo de permanência no

campo favorecendo menor pressão da ferrugem asiática e por ser cultivado

no estado de Mato Grosso desde a região sul (baixa altitude) até a região do

médio norte (Fundação Mato Grosso, 2010).

Em agosto de 2009 foram coletados amostras de solo na área

experimental a fim de determinar a textura e características químicas do solo

(Tabela 1).

Tabela 1. Análise química e textural do solo da área experimental.

pH P K Ca Mg Areia Silte Argila

Água CaCl2 Mg dm-3 Cmolc dm-3 % 6,8 6,0 27,7 44 1,3 0,7 85,7 4,0 10,3

Zn Cu Fe Mn B S

mg dm-3 0,7 1,0 194 40,3 0,22 6,4

Já em setembro de 2009 foram semeadas 4 linhas de milho híbrido

AG 7088 ao redor das 3 parcelas , distanciadas a 2 m das mesmas em todos

as direções (norte, sul, leste, oeste) com espaçamento entre linhas de 0,50

m e população de 60000 plantas ha-1 (Figura 1) . A adubação foi de acordo

com os níveis de nutrientes no solo (Tabela 1) juntamente com a

recomendação de Alves et al. (1999), sendo aplicado 20 kg de N, 100 kg

P2O5 e 80 kg K2O. Os demais tratos culturais estão descritos na tabela 2.

O preparo convencional do solo foi realizado duas vezes com grade

aradora e uma vez com grade niveladora. Após a abertura manual dos

sulcos com auxílio de enxada, o adubo foi distribuído ao lado e abaixo das

sementes, conforme recomendação da Embrapa Soja (2008) (Tabela 2).

Após a incorporação do adubo, as sementes foram distribuídas em

profundidade de 2 a 3 cm.

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67

Figura 1. Croqui da área experimental. Parcelas com 0,8% (A), 1,6% (B) e

2,4% (C) de sementes inoculadas com C. truncatum.

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68

Tabela 2. Tratos culturais com as respectivas datas e doses referente as culturas do milho e soja.

Atividade Quantidade Data

Amostragem de solo 01 15/08/2009 Semeadura do milho AG 7088 - 02/09/2009 Adubação de base do milho

20 kg de N (uréia), 100 kg de P2O5 (SS 20%) e 80 kg

de K20 (KCl 60%)

02/09/2009

Emergência do milho - 07/09/2009 Adubação de cobertura 30 kg de N (uréia) 22/09/2009 Adubação de cobertura 20 kg de N (uréia), 20 kg de

K20 (KCl 60%) 24/10/2009

Semeadura da soja - 21/10/2009 Adubação de base da soja

80 kg de P2O5 (SS 20%) 27 kg de K2O (KCl 60%), B 1,5 kg (ac. Bórico 17%), Zn 6 kg (sulfato de Zn 21%), Cu 0,5

kg (sulfato de Cu 25%)

21/10/2009

* Tiametoxan (350 gL-1); fipronil (250 gL-1); carbendazim (150 gL-1) + thiran (350 gL-1); fluquinconazol (167 gL-1)

300 mL; 150 mL 200 mL;

300 mL dose para cada 100 kg de sementes

20/01/2009

Aplicação de lambda− cialotrina (50 gL-1) (soja)

150 mLha-1 31/10/2009

Aplicação de glifosato (480 gL-1) (soja)

2Lha-1 06/11/2009

Aplicação de lambda− cialotrina (50 gL-1) (milho e soja)

150 mLha-1 07/11/2009

Desbaste da soja - 19/11/2009 Aplicação de glifosato (480 gL-1) (soja)

2Lha-1 25/11/2009

Aplicação de lambda− cialotrina (50 gL-1) (milho e soja)

150 mLha-1 25/11/2009

Adubação de cobertura 53 kg de K2O (KCl 60%) 01/12/2009 Aplicação de tiametoxam (141 gL-1) (soja)

150 mL ha-1 23/12/2009

* Tratamento de sementes.

As sementes de soja foram semeadas nas 3 parcelas, ambas

distanciadas a 2 m das linhas de milho, cada uma contendo 20 linhas de 10

m de comprimento espaçadas de 0,45 m, sendo consideradas úteis as 16

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69

linhas centrais. Foram semeadas 16,5 à 20 sementes de soja por metro

linear no sentido norte-sul. Em cada parcela experimental foram semeadas

quantidades diferentes de sementes inoculadas com C. truncatum, para

obtenção de níveis iniciais de incidência do patógeno de 0,8%, 1,6% e 2,4%.

Assim 20 sementes foram semeadas em 1 linha da parcela com 0,8% de

incidência, 40 sementes foram distribuídas em 2 linhas da parcela com 1,6%

de incidência e 60 sementes foram semeadas em 3 linhas da parcela com

2,4% de incidência. Todas as sementes foram distribuídas no centro de cada

parcela, onde cada linha correspondeu a 1 metro (m) linear (Figura 1).

As sementes não inoculadas com o patógeno foram tratadas com

fungicidas e inseticidas recomendados pelo MAPA (Tabela 2) e

posteriormente foi aplicado Bradyrhizobium elkanni na dosagem de 600

g250-1 kg de sementes (Biomax Premium, 7,2 x 109), 6 mL de água kg-1 de

semente na concentração de 10% de açúcar, em seguidas as sementes

foram secas à sombra em temperatura ambiente, por 1 h.

O desbaste das plantas foi realizado aos 23 dias após a emergência

da soja, deixando aproximadamente 15 plantas por m linear. Esse desbaste

não foi efetuado nas linhas contendo as sementes inoculadas com o

patógeno.

As pragas e plantas indesejáveis foram controladas com produtos

fitossanitários registrados no MAPA, ao longo do ciclo das culturas de milho

e soja (Tabela 2). Na ausência de precipitação pluvial e havendo a

necessidade de umidade no solo foi realizada irrigação por aspersão com

pivô central, no início da manhã ou ao final da tarde.

Utilizando-se GPS Topcon Hiper Lite configurado em datum WGS

84, zona UTM 21 Sul, modo RTK, foi demarcada em cada parcela uma

grade com 112 pontos amostrais (Figura 2), sendo cada ponto representado

por duas plantas, uma para avaliação da incidência da antracnose no campo

e a outra para a coleta de folíolos para avaliar a incidência do patógeno em

laboratório.

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70

Figura 2. Malhas amostrais da área experimental. Parcelas com 0,8% (A),

1,6% (B) e 2,4% (C) de sementes inoculadas com C. truncatum.

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71

Ao final do ciclo da soja realizou-se a colheita em cada ponto

amostral e em seguida efetuou-se a debulha manual. Após a secagem das

sementes à sombra, elas foram homogeneizadas e submetidas ao teste de

sanidade „blotter test‟ com restrição hídrica considerando a metodologia de

Brasil (2009), no Laboratório de Fitopatologia da UFMT.

Na análise sanidade, foram semeadas 25 sementes por placa com

substrato umedecido com manitol a – 0,6 MPa e ágar a 0,2%, para cada

ponto amostral. As placas de Petri com as sementes permaneceram na sala

de crescimento com temperatura de 22ºC (± 2ºC), e fotoperíodo de 12 h luz

e 12 h escuro. A leitura de incidência de C. truncatum nas sementes foi

realizada aos 4 e 7 dias após a incubação, com auxílio de microscópio

estereoscópio e quando necessário utilizou-se o microscópio óptico, sendo

retiradas as sementes com a presença do patógeno na primeira leitura.

Em seguida, os dados foram tabulados, e com a soma das leituras,

foram transformados em porcentagem.

3.2.1 Análise de dados

Na estatística descritiva não espacial, foi calculado os valores da

curtose, assimetria, máximo, mínimo, média, desvio padrão e coeficiente de

variação. Na estatística descritiva espacial, efetuou-se a análise de quantis.

A partir da análise exploratória dos dados, a geoestatística foi

utilizada para estudar a variabilidade espacial de C. truncatum, bem como

para escolher o modelo de semivariograma e método de ajuste que

descreveu melhor a variabilidade dos dados.

A dependência espacial da transmissibilidade da antracnose nas

sementes foi analisada por meio de ajustes de semivariogramas, com base

na pressuposição de estacionariedade da hipótese intrínseca. O

semivariograma experimental foi estimado de acordo com o estimador

robusto, descrito pela equação 1, conforme Diggle e Ribeiro Junior (2007).

γ(h) = 42/1 ])}()({

1

1[ ii xzhxz

i

Nh

Nh/ 0,914 +

Nh

988,0 (1)

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72

Em que γ(h) corresponde a semivariância estimada e N(h) aos números de

pares de valores das observações )()( ii xzhxz separados pela distância

h. A transformação da raiz quadrada das diferenças é apresentada como tendo momentos parecidos com aqueles da distribuição normal e o denominador da equação utilizada para correção de tendências nos dados.

Os modelos teóricos esféricos, exponenciais, gaussianos, gneiting e

matern de semivariogramas isotrópicos utilizados foram definidos de acordo

com Diggle e Ribeiro Junior (2007), como apresentado nas equações de 2 a

6.

● Modelo Esférico:

γ (h) = {1 – 1,5 a

a

h

a

h)(5,0 } se h < a (2)

0, caso contrário

● Modelo Exponencial:

γ (h) = exp (-h / a) (3)

● Modelo Gaussiano:

γ (h) = exp {- (h2/a2)} (4)

● Modelo Gneiting:

C (h) = (1 + 8sh + 25 (sh)2 + 32 (sh)3) (1 - sh)8 1[0,1] (sh)

Em que, s = 0,301187465825 (5)

● Modelo Matern:

γ (h) = )()()(2

11 a

hK

a

h

kk

k

k (6)

k = 1

Em que a é o alcance e h, a distância.

Verificou-se o grau de dependência espacial (GDE) da

transmissibilidade do C. truncatum pela relação (c0/c0+c) x 100,

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73

classificando-se como forte, com valor até 25, moderada de 25 a 75 e fraca

acima de 75 (Cambardella et al., 1994).

Após o cálculo das semivariâncias, foram ajustados aos

semivariogramas experimentais, os modelos testados pelo método dos

mínimos quadrados ordinários (OLS), conforme Diggle e Ribeiro Junior

(2007).

Posteriormente, os semivariogramas foram ajustados aos dados

pelo método dos mínimos quadrados ponderados (WLS), máxima

verossimilhança (ML) e máxima verossimilhança restrita (REML), de acordo

com Diggle e Ribeiro Junior (2007).

Em seguida, foi realizada a interpolação por krigagem para mapear a

transmissibilidade de níveis de C. truncatum em sementes de soja.

O valor médio de z em um ponto ^

z xi foi estimado de acordo com

Burrough e McDonnell (1998), conforme a equação 7.

)(.)(^

iii xzxxz (7)

Em que, )(^

ixz é o valor estimado da transmissibilidade do fungo para as

sementes no ponto, ix é o vetor de pesos determinado pelo ajuste do

semivariograma, e, )( ixz é o valor da variável representada por vizinhos de

um ponto z .

O método da validação cruzada foi empregado para escolha do

modelo de semivariograma teórico (Cressie, 1993; Goovaerts, 1997). Em

seguida efetuou-se a comparação entre os modelos, em cada método de

ajuste, por meio dos coeficientes de qualidade do erro médio (ME) (Equação

8) e quadrado médio do desvio padrão (MSDR) (Equação 9).

ME = )}()({1 ^

1 i

N

i i xzxzN

(8)

MSDR = )(

)}()({12

2^

1i

iiN

i x

xzxz

N (9)

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74

Em que )( ixz é o valor observado no ponto )( ix ; )(^

ixz é o valor estimado pela

krigagem para o ponto )( ix e σ )( ix é a variância da krigagem.

Para o modelo do variograma ser considerado satisfatório, o valor do

MSDR deve ser próximo ou igual a 1 (Webster e Oliver, 2007a, b), e o valor

de EM próximo ou igual a 0 (Faraco et al., 2008).

Na análise exploratória não espacial, foi calculado a média, valor

máximo, valor mínimo, coeficiente de variação (CV%), curtose e desvio

padrão. Efetuou-se também, a análise de quantis e as demais análises

geoestatísticas no „software‟ R com os pacotes geoR, geoRglm e splancs

(Diggle e Ribeiro Junior, 2007).

Para testar a significância de dependência espacial dos dados,

utilizou-se a técnica de envelope proposta por Diggle e Ribeiro Junior (2007),

que consiste num recurso de simulação baseado em um teste gerado por

simulação de Monte Carlo, de forma que, com base na hipótese de ausência

de correlação espacial, a simulação delimita uma região onde os pontos do

semivariograma posicionam-se dentro ou fora do envelope. Conforme

Guedes et al. (2008), a ocorrência de pelo menos 1 ponto do

semivariograma fora dos limites de variação do envelope, indicou que os

dados apresentaram dependência espacial.

3.3 Resultados e Discussão

O método de inoculação do fungo nas sementes foi eficiente, pois a

maioria das sementes germinaram e apresentaram os primeiros sintomas

nos cotilédones com manchas deprimidas de coloração castanho-escuras

(Figura 3). Após a queda dos cotilédones, as plantas não apresentaram

sintomas ou sinais da doença e do patógeno respectivamente até o final do

florescimento, período em que observou-se sintomas em folhas, hastes de

soja e com o desenvolvimento das plantas os sintomas foram observados

também nas vagens, consequentemente o fungo infectou as demais plantas

com o passar do tempo.

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75

Figura 3. Sintomas característicos da antracnose oriundo das sementes

inoculadas com C. truncatum.

Com base na análise exploratória não espacial dos dados, observou-

se que quanto maior o inóculo primário, menor foram os valores de

assimetria e coeficiente de variação (Tabela 3). O elevado valor do

coeficiente de variação entre 64 e 91%, foi justificado pelos diferentes

valores encontrados nos pontos amostrais, em que os maiores valores

encontraram-se praticamente ao redor das linhas onde foram semeadas 40

e 60 sementes de soja inoculadas com C. truncatum, correspondendo

respectivamente a 1,6 e 2,4% do total de sementes semeadas, conforme

ilustrado nos mapas de quantis (Figura 4), sendo que os dados da parcela

com maior inóculo apresentaram maior média, valor máximo e desvio

padrão. A parcela onde foram semeadas 20 sementes inoculadas com C.

truncatum (0,8% do total de sementes), apresentou valores de

transmissibilidade acima de 28% na extremidade norte da parcela (Figura 4),

por esta razão, apresentou o maior coeficiente de variação (Tabela 3). Leal

et al. (2010) avaliando a distribuição espacial e a expansão da

Huanglongbing (greening) em citrus com metodologia geoestatística,

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76

também observou elevados valores de coeficiente de variação entre 85,95 a

313,05% em 36 talhões avaliados.

Tabela 3. Estatística descritiva referente a transmissibilidade em parcelas com 0,8, 1,6 e 2,4% de sementes de soja inoculadas com C. truncatum.

Índices Estatísticos

Sementes inoculadas

0,8% 1,6% 2,4%

Curtose 0,50 0,69 - 0,89 Assimetria 1,05 0,85 0,16 Mínimo 0,00 0,00 0,00 Média 17,29 11,68 35,12 Máximo 64,00 44,00 92,00 Desvio padrão 15,73 9,90 22,75 CV% 91,00 84,79 64,78

A estatística clássica não permitiu quantificar a estrutura e

magnitude de dependência espacial entre as amostras em estudo. Portanto,

utilizou-se a geoestatística para avaliar a variabilidade espacial do fungo nas

parcelas.

Com os mapas de quantis, verificou-se que a distribuição da

transmissibilidade semente-semente dos níveis do patógeno em estudo, teve

resultado semelhante especialmente para as parcelas contendo 1,6 e 2,4%

de sementes inoculadas, em que os maiores valores foram encontrados na

região das linhas com sementes inoculadas e nas suas proximidades (Figura

4).

A B

F E D

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77

Figura 4. Mapas de quantis da transmissibilidade semente-semente de C. truncatum nas parcelas com 0,8% (A), 1,6% (B) e 2,4% (C) de sementes inoculadas.

A

B

C

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78

A figura 5, ilustra o semivariograma experimental omnidirecional

para cada porcentagem de sementes inoculadas com C. truncatum, com os

respectivos envelopes. Com base na simulação de Monte Carlo, observou-

se que pelo menos um ponto da semivariância esteve fora dos limites de

variações do envelope, indicando que os dados apresentaram dependência

espacial. Contudo, constatou-se também que o maior número de pontos fora

do envelope sob condições da parcela com 2,4% de sementes inoculadas

com C. truncatum (Figura 5).

O grau de dependência espacial foi classificado como moderado a

forte, para todos os modelos e métodos testados, sendo 56,67% dos valores

classificados como moderado e 43,33% como forte estrutura de

dependência espacial. Observou-se que todos os modelos avaliados

ajustado ao método ML apresentaram os maiores valores de dependência

espacial da transmissibilidade de C. truncatum semente-semente (Tabela 4).

Verificou-se que os menores valores do efeito pepita foram

encontrados nos modelos gneiting e gaussiano ajustado ao método OLS

para a parcela com 0,8%, modelos esférico e exponencial ajustado ao

método OLS e WLS para a parcela com 1,6% e, modelos esférico e

exponencial ajustados ao método WLS para a parcela com 2,4% de

sementes de soja inoculadas com o patógeno. Não ocorreu nenhum efeito

pepita puro para os modelos e métodos de ajuste testados (Tabela 4).

Conforme Valeriano e Santos (2002), dados com efeito pepita grande (em

relação ao patamar atingido) indicam pequena dependência espacial e

requerem maior cuidado para sua espacialização e conseqüente

mapeamento.

A dependência espacial da transmissibilidade de C. truncatum para

as sementes, foi constatada por meio de variografia. Outro ponto observado

foi que os semivariogramas gneitings, esféricos, exponenciais, gaussianos e

materns ajustados ao método OLS e modelos exponenciais e materns

ajustados ao método WLS apresentaram alcance com valor crescente, com

o aumento do inóculo, comprovando a agressividade do patógeno. Para os

semivariogramas esféricos, observou-se alcances variando de 1,36 a 8,83 m

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79

respectivamente para as parcelas 0,8 e 2,4% de sementes inoculadas

(Tabela 4), indicando a distância de dependência espacial da

transmissibilidade do patógeno para as sementes.

O mesmo comportamento foi obtido para os modelos exponenciais e

esféricos ajustados ao método REML, onde observou-se alcance de 0,95 a

7,05 m, para os semivariogramas esféricos. Sendo que a partir da

semivariância estabilizada do respectivo alcance, não houve mais

dependência espacial (Tabela 4). Já para os semivariogramas exponenciais,

obteve-se alcance crescente quando se utilizou o REML (Tabela 4), ou seja,

quanto maior a fonte de inóculo primário, maior foi a dependência espacial

da transmissibilidade da semente para a semente.

Com esses resultados, percebeu-se o progresso e a agressividade

do patógeno se propagar no espaço e no tempo. Alves et al. (2006),

observaram alcance prático de até 3,15 m aos 61 dias após a semeadura,

para a severidade da antracnose do feijoeiro em parcelas com inóculo de

0,5%, além de apresentar forte grau de dependência espacial.

A superioridade do ML e REML em relação ao OLS e WLS, é em

função da estimativa dos parâmetros do banco de dados originais e não

apenas aos pontos do variograma experimental, ou seja, os

semivariogramas foram ajustados aos dados originais e não aos pontos do

semivariograma. Conforme Mello et al. (2005), ao se aplicar o método da

máxima verossimilhança para um mesmo conjunto de dados, serão sempre

obtidos os mesmos parâmetros, eliminando assim, as fontes de

subjetividade. O mesmo autor afirma também, que na condição de

normalidade, este método proporcionará o melhor conjunto de parâmetros

para um dado conjunto de dados. De acordo com Silva (2006), o estimador

de máxima verossimilhança possui propriedades tais como: ser

assintoticamente não tendencioso, conferir estimativa de variância mínima,

ser consistente e invariante.

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Figura 5. Envelope de Monte Carlo aplicado aos semivariogramas

experimentais omnidirecionais, nas parcelas contendo 0,8% (A), 1,6% (B) e 2,4% (C) de sementes inoculadas com C. truncatum.

A

B

C

Sem

ivari

ância

Distância (m)

Distância (m)

Distância (m)

Sem

ivari

ância

S

em

ivari

ância

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Tabela 4. Parâmetros e coeficiente de semivariogramas e métodos ajustados, referente a transmissibilidade em parcelas com 0,8, 1,6 e 2,4% de sementes de soja inoculadas com C. truncatum.

Sementes inoculadas

(%)

Modelo Método Efeito pepita (C0)

Patamar (C0+C)

Alcance (a) (m)

Alcance prático

GDE

0,8 gneiting OLS 0,00 175,93 0,23 0,38 0,00 0,8 esférico OLS 65,53 180,88 1,36 1,36 36,23 0,8 exponencial OLS 85,32 194,83 1,22 3,66 43,79 0,8 gaussiano OLS 0,00 175,97 0,23 0,39 0,00 0,8 matern OLS 98,05 191,68 0,78 3,13 51,15 0,8 gneiting WLS 133,87 196,19 2,38 4,06 68,24 0,8 esférico WLS 119,76 195,13 4,62 4,62 61,38 0,8 exponencial WLS 106,78 208,53 2,23 6,67 51,21 0,8 gaussiano WLS 134,01 196,70 2,41 4,18 68,13 0,8 matern WLS 121,84 203,91 1,44 5,77 59,75 0,8 gneiting ML 196,30 324,10 7,13 12,17 60,57 0,8 esférico ML 182,70 281,04 11,28 11,28 65,01 0,8 exponencial ML 178,70 286,00 5,63 16,87 62,48 0,8 gaussiano ML 196,50 327,50 7,33 12,69 60,00 0,8 matern ML 189,20 302,20 4,11 16,43 62,61 0,8 gneiting REML 196,20 738,80 12,61 21,52 26,56 0,8 esférico REML 74,21 248,41 0,95 0,95 29,87 0,8 exponencial REML 71,84 251,84 0,66 1,96 28,53 0,8 gaussiano REML 142,23 296,75 6,52 11,29 47,93 0,8 matern REML 192,20 6066,20 51,89 207,50 3,17 1,6 gneiting OLS 21,90 130,59 2,32 3,96 16,77

1,6 esférico OLS 0,00 126,34 4,41 4,41 0,00

1,6 exponencial OLS 0,00 201,60 4,01 12,02 0,00

1,6 gaussiano OLS 22,22 131,86 2,37 4,09 16,85

1,6 matern OLS 10,67 156,27 1,69 6,74 6,83

1,6 gneiting WLS 18,16 129,37 2,22 3,78 14,04

1,6 esférico WLS 0,00 125,69 4,29 4,29 0,00

1,6 exponencial WLS 0,00 191,46 3,67 10,98 0,00

1,6 gaussiano WLS 18,66 130,60 2,26 3,91 14,29

1,6 matern WLS 3,71 150,50 1,50 6,00 2,47

1,6 gneiting ML 36,08 104,23 2,02 3,45 34,62

1,6 esférico ML 17,84 110,89 4,00 4,00 16,09

1,6 exponencial ML 7,69 98,09 1,35 4,03 7,84

1,6 gaussiano ML 36,49 103,81 2,05 3,55 35,15

1,6 matern ML 20,72 97,52 0,91 3,64 21,25

1,6 gneiting REML 36,20 113,40 2,12 3,61 31,92

1,6 esférico REML 17,12 115,25 4,03 4,03 14,85

1,6 exponencial REML 9,38 109,88 1,64 4,92 8,54

1,6 gaussiano REML 36,70 114,52 2,18 3,77 32,05

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Sementes inoculadas

(%)

Modelo Método Efeito pepita (C0)

Patamar (C0+C)

Alcance (a) (m)

Alcance prático

GDE

1,6 matern REML 21,83 106,36 1,03 4,11 20,52

2,4 gneiting OLS 207,38 753,90 3,95 6,75 27,51 2,4 esférico OLS 148,61 767,22 8,83 8,83 19,37 2,4 exponencial OLS 113,64 932,24 5,34 15,99 12,19 2,4 gaussiano OLS 207,07 819,64 3,99 6,90 25,26 2,4 matern OLS 169,04 836,68 2,75 10,98 20,20 2,4 gneiting WLS 193,46 726,60 3,57 6,10 26,63 2,4 esférico WLS 86,76 717,13 6,98 6,98 12,10 2,4 exponencial WLS 41,82 871,22 4,07 12,18 4,80 2,4 gaussiano WLS 194,10 730,41 3,62 6,26 26,57 2,4 matern WLS 128,46 806,05 2,35 9,41 15,94 2,4 gneiting ML 231,10 492,00 2,78 4,74 46,97 2,4 esférico ML 204,60 459,40 5,85 5,85 44,54 2,4 exponencial ML 198,80 546,10 4,30 12,87 36,40 2,4 gaussiano ML 231,00 492,93 2,80 4,84 46,86 2,4 matern ML 220,50 543,60 2,37 9,47 40,56 2,4 gneiting REML 231,90 532,70 2,91 4,97 43,53 2,4 esférico REML 204,20 517,10 7,05 7,05 39,49 2,4 exponencial REML 202,40 967,90 10,62 31,83 20,91 2,4 gaussiano REML 231,00 533,30 2,93 5,08 43,32 2,4 matern REML 222,50 694,90 3,11 12,44 32,02

GDE = grau de dependência espacial

De acordo com Maestre (2008), o método de ajuste de modelos de

semivariogramas por OLS tem se mostrado insensível ao ajuste, mas esse

método é de implementação mais fácil.

Os valores do efeito pepita e do grau de dependência não foram

suficientes para representar o melhor modelo e método de ajuste testado,

porém, a validação cruzada permitiu por meio dos coeficientes de qualidade

a escolha da melhor combinação para a representação variográfica dos

dados. Os melhores coeficientes de qualidade, foram observados nos

métodos ML e REML (Tabela 5), porém, no ML, houve vários alcances que

apresentaram distâncias maiores que a área experimental (Tabela 4).

Comparando os modelos e métodos de ajuste de semivariogramas,

ficou evidente que o modelo isotrópico esférico ajustado ao método REML

apresentou para as parcelas com 0,8, 1,6 e 2,4% de sementes inoculadas

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83

avaliadas, os melhores coeficientes de qualidade, sendo utilizado para a

representação variográfica e para a confecção dos mapas de krigagem

(Tabela 5 e Figuras 6 e 7). Notou-se outras combinações de ajuste entre

modelo e método com coeficientes de qualidades iguais ou muito próximos

dos encontrados no modelo e método escolhido, porém, na maioria destes

casos o valor correspondente do alcance ultrapassou a distância real das

parcelas experimentais (Tabelas 4 e 5). Alves et al. (2011), caracterizaram a

estrutura espacial de pragas do cafeeiro e, obtiveram também melhor

aplicação do semivariograma esférico ajustado pelo método REML.

Tabela 5. Validação cruzada da krigagem e métodos ajustados, referente a transmissibilidade em parcelas com 0,8, 1,6 e 2,4% de sementes de soja inoculadas com C. truncatum.

Sementes inocula- das (%)

Modelo Método ME MSDR

0,8 gneiting OLS 0,01 1,39 0,8 esférico OLS 0,05 1,53 0,8 exponencial OLS 0,01 1,49 0,8 gaussiano OLS 0,01 1,39 0,8 matern OLS 0,01 1,52 0,8 gneiting WLS 0,00 1,41 0,8 esférico WLS 0,00 1,41 0,8 exponencial WLS 0,01 1,44 0,8 gaussiano WLS 0,00 1,41 0,8 matern WLS 0,00 1,42 0,8 gneiting ML 0,00 1,00 0,8 esférico ML 0,00 1,01 0,8 exponencial ML 0,00 1,01 0,8 gaussiano ML - 0,01 1,00 0,8 matern ML 0,00 1,01 0,8 gneiting REML 0,00 1,00 0,8 esférico REML 0,05 1,02 0,8 exponencial REML 0,03 1,10 0,8 gaussiano REML 0,01 1,37 0,8 matern REML 0,00 1,00 1,6 gneiting OLS - 0,01 1,55 1,6 esférico OLS 0,02 1,90 1,6 exponencial OLS 0,02 1,67 1,6 gaussiano OLS 0,00 1,56 1,6 matern OLS 0,01 1,72 1,6 gneiting WLS - 0,01 1,83

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Sementes inocula- das (%)

Modelo Método ME MSDR

1,6 esférico WLS 0,02 1,86 1,6 exponencial WLS 0,02 1,61 1,6 gaussiano WLS - 0,01 1,83 1,6 matern WLS 0,04 2,69 1,6 gneiting ML - 0,01 0,98 1,6 esférico ML - 0,01 0,98 1,6 exponencial ML - 0,01 0,98 1,6 gaussiano ML - 0,01 0,98 1,6 matern ML - 0,01 0,98 1,6 gneiting REML - 0,01 0,98 1,6 esférico REML 0,00 0,98 1,6 exponencial REML 0,00 0,98 1,6 gaussiano REML - 0,01 0,98 1,6 matern REML 0,00 0,98 2,4 gneiting OLS - 0,02 1,14 2,4 esférico OLS - 0,03 1,19 2,4 exponencial OLS - 0,05 1,33 2,4 gaussiano OLS - 0,05 2,44 2,4 matern OLS - 0,03 0,99 2,4 gneiting WLS - 0,03 1,19 2,4 esférico WLS - 0,04 1,66 2,4 exponencial WLS - 0,06 2,11 2,4 gaussiano WLS - 0,03 1,19 2,4 matern WLS - 0,04 1,54 2,4 gneiting ML - 0,04 0,99 2,4 esférico ML - 0,04 0,99 2,4 exponencial ML - 0,04 0,99 2,4 gaussiano ML - 0,04 0,99 2,4 matern ML - 0,03 0,99 2,4 gneiting REML - 0,04 0,99 2,4 esférico REML - 0,03 0,99 2,4 exponencial REML - 0,04 0,99 2,4 gaussiano REML - 0,04 0,99 2,4 matern REML - 0,04 1,22

ME = erro médio MSDR = quadrado médio do desvio padrão

Charest et al. (2002), estudando a distribuição espacial de Ventura

inaequalis e Dinardo-Miranda e Fracasso (2009) pesquisando a distribuição

espacial de nematóides, observaram melhor aplicação do semivariograma

esférico para caracterizar a variabilidade espacial dos dados. Dinardo-

Miranda et al. (2007), usaram análises geoestatistícas e, estimaram a

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85

dependência espacial de mahanarva finbriolata somente após o início da

segunda geração desta praga, sendo observado também, melhor aplicação

do semivariograma esférico. Outros pesquisadores (Trangmar et al., 1985;

Cambardella et al., 1994; Paz et al., 1996; Salviano, 1996), também

relataram que o semivariograma esférico, foi o mais adaptado para

descrever a melhor representação de atributos de solo e de planta.

O alcance encontrado para o modelo e método escolhido foi de 0,95,

4,03 e 7,05 m, para as parcelas com 0,8, 1,6 e 2,4% de sementes

inoculadas (Tabela 4). Na prática, isso caracterizou aumento de

dependência espacial de 0,65, 2,76 e 4,83 cm da incidência do patógeno

nas sementes respectivamente a cada dia, pois o ciclo da cultivar TMG 131

RR foi de146 dias.

A transmissibilidade de C. truncatum na parcela com 0,8% de

sementes inoculadas, apresentou maior ocorrência no centro da parcela e

no lado nordeste. A justificativa provável de a transmissibilidade estar

também localizada na região nordeste, pode ser explicada pela maior

população de plantas nesta área, aliado ao sentido da direção do sistema de

irrigação por pivô central, podendo ter causado injúrias as plantas, tornando-

as predispostas à ocorrência da doença e, consequentemente, maior

transmissibilidade para as sementes. Observou-se que na parcela com 0,8%

de sementes inoculadas, ou seja, menor quantidade de inóculo, houve

aumento na distância entre os focos secundários com maior porcentagem de

transmissibilidade para a semente (Figura 7 A). Essa capacidade de

dispersar pode ser uma característica da sobrevivência do C. truncatum.

Este fato caracterizou o patossitema C. truncatum versus soja, como

descrito por Talamini (2003), uma vez que a antracnose é policíclica.

Resultados semelhantes foram encontrados por Alves et al. (2006),

avaliando a severidade da antracnose em plantas de feijoeiro, constataram

por meio de mapas de krigagem, mecanismo de dispersão da doença com

formação de focos secundários além do foco primário.

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86

Figura 6. Modelo de semivariograma esférico ajustado pelo método REML, para as sementes com 0,8% (A); 1,6% (B) e, 2,4%. (C), sementes de soja inoculadas com C. truncatum.

Distância (m)

Sem

ivari

ância

A

B

C

Distância (m)

Distância (m)

Sem

ivari

ância

S

em

ivari

ância

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Araújo et al. (2006) estudaram a relação entre porcentagens de

sementes de algodoeiro infectadas com C. gossypii var. cephalosporioides e

o progresso da ramulose no campo e, por meio de análise estatística, com o

teste de Tukey, concluíram que a transmissão do patógeno planta-semente

foi maior com aumento do inóculo inicial nas sementes.

A parcela com 1,6% de sementes inoculadas teve maior

transmissibilidade agrupada no centro da parcela e poucos pontos

espalhados aleatoriamente nas proximidades do foco primário (Figura 7 B).

A parcela com 2,4% de sementes inoculadas apresentou maior

transmissibilidade na região central da parcela, espalhando-se mais para o

sentido sudeste, até a bordadura (Figura 7 C). Observou-se por meio dos

mapas de krigagem, que quanto maior foi o inóculo primário, a distribuição

da transmissibilidade semente para semente ocorreu com maior incidência

próxima à fonte do inóculo, representando padrão agregado (Figura 7).

Resultado semelhante foi encontrado por Alves et al. (2006), ao

caracterizar o progresso espaço-temporal da severidade da antracnose do

feijoeiro e da ramulose do algodoeiro e, observaram padrão espacial

agregado dessas epidemias. Musoli et al. (2008), estudaram por meio de

técnicas geoestatísticas a estrutura espaço-temporal da murcha do café

causada por Fusarium xylarioides em Coffea canephora e, observaram

progresso temporal lento e padrão espacial agregado dessa doença.

Almeida et al. (2011), ao estudar a dependência espacial de Phytophthora

nicotianae, por meio do modelo de semivariograma isotrópico esférico

ajustado aos dados, detectaram ausência de correlação espacial do

patógeno entre as amostras avaliadas, sendo caracterizada com alto índice

de infestação do fungo em toda área amostrada, uma vez que a área

experimental foi inoculada em anos anteriores com o mesmo fungo para

realização de outros trabalhos, revelando assim, que a área apresentava

uma distribuição agregada do patógeno.

Ressaltou-se que a direção predominante do vento durante o ciclo

da cultura foi norte. É interessante destacar também, o fato que a partir de

76, 83 e 97 dias após a semeadura, todas as plantas demarcadas

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apresentavam sintomas da antracnose, para as parcelas com 1,6, 2,4 e

0,8% de sementes inoculadas, respectivamente.

Araújo e Chitarra (2005) observaram em Mato Grosso, aumento na

severidade da ramulose com o aumento dos níveis de incidência de C.

gossypii var. cephalosporioides nas sementes. A partir de 1% de incidência

do patógeno nas sementes, a doença na planta foi mais severa.

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Figura 7. Mapas de krigagem gerados a partir de modelo esférico ajustado

pelo método REML para as parcelas com 0,8% (A), 1,6% (B) e 2,4% (C), de sementes inoculadas com C. truncatum.

C

B

A

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90

3.4 Conclusão

O melhor modelo de semivariograma foi o esférico, ajustado pelo

método da máxima verossimilhança restrita.

Os valores de alcance foram de 0,95, 4,03 e 7,05 m para as parcelas

com 0,8%, 1,6% e 2,4% de sementes inoculadas com C. truncatum

respectivamente.

Quanto maior o inóculo primário, maior foi a transmissibilidade de

semente para semente próximo à fonte de inóculo.

3.5 Referências Bibliográficas

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Page 96: AVALIAÇÃO DE METODOLOGIAS DE ANÁLISE ESTATÍSTICA E ...§ões-Teses... · análise geoestatística, constatou-se por meio dos mapas de distribuição de C. truncatum, padrão espacial

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o avanço da tecnologia muitos dos métodos clássicos de

análises de dados estão sendo substituídos por técnicas geoestatísticas.

As informações obtidas nesta pesquisa, podem ser utilizadas em

estudos futuros, com intuito de enriquecimento no banco de dados em

sistema de previsão e aviso da antracnose da soja, mapas de probabilidades

do progresso espaço-temporal da antracnose e da transmissibilidade do C.

truncatum semente – semente.

Nas condições do presente trabalho, as parcelas com 0,8%, 1,6% e

2,4% de sementes inoculadas com C. truncatum foram caracterizadas com

alcance de 0,95, 4,03 e 7,05 m respectivamente, representando o raio de

influência atribuída a cada ponto amostral. Isso, ilustra a necessidade do

estabelecimento de legislação com padrão de tolerância de C. truncatum em

sementes de soja com base em pesquisas científicas.

Para estudos futuros em lavouras comerciais localizadas em

distintas regiões produtoras de soja, recomenda-se utilizar malhas amostrais

com diferentes distâncias, além do monitoramento das variáveis climáticas

(temperatura do ar, umidade relativa do ar, precipitação, duração do

molhamento foliar, radiação solar e direção do vento).