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1 CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS PARA AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br AULA UM Olá, Pessoal! E então, animados para o início do curso? Espero que sim, ainda mais com a proximidade da autorização para a realização do concurso. Dando início ao curso de Finanças Públicas destinado à preparação para a prova de Auditor-Fiscal da Receita Federal, informo a vocês que serão abordados os seguintes itens do conteúdo programático: 1. O financiamento dos gastos públicos – tributação e equidade. Para não tornar a aula tão extensa, optei em transferir para a aula dois o seguinte item do conteúdo programático: Os princípios teóricos de tributação. Parte dos pontos a serem estudados nesta aula um já foi apresentado na aula demonstrativa. De todo modo, levando-se em consideração, por experiência própria, que muitos alunos (as) acabam não estudando a referida aula, julgue muito importante novamente a sua aboragem. Não menos importante, ressalto a vocês que inerente ao item do conteúdo programático denominado “financiamento dos gastos públicos” existe uma série de pressupostos relativos à intervenção do Estado no processo econômico. Sendo assim, optei por fazer uma abordagem nos pormenores, não deixando escapar qualquer item suscetível de cobrança em prova. Lembro a vocês que estou à disposição de vocês para todas as dúvidas porventura surgidas ao longo do curso. Contem comigo nessa empreitada! Um grande abraço, Mariotti

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Financas Aula 01

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    Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br

    AULA UM

    Ol, Pessoal!

    E ento, animados para o incio do curso? Espero que sim, ainda mais

    com a proximidade da autorizao para a realizao do concurso.

    Dando incio ao curso de Finanas Pblicas destinado preparao para a

    prova de Auditor-Fiscal da Receita Federal, informo a vocs que sero

    abordados os seguintes itens do contedo programtico:

    1. O financiamento dos gastos pblicos tributao e equidade.

    Para no tornar a aula to extensa, optei em transferir para a aula dois o

    seguinte item do contedo programtico: Os princpios tericos de tributao.

    Parte dos pontos a serem estudados nesta aula um j foi apresentado na

    aula demonstrativa. De todo modo, levando-se em considerao, por

    experincia prpria, que muitos alunos (as) acabam no estudando a referida

    aula, julgue muito importante novamente a sua aboragem. No menos

    importante, ressalto a vocs que inerente ao item do contedo programtico

    denominado financiamento dos gastos pblicos existe uma srie de

    pressupostos relativos interveno do Estado no processo econmico. Sendo

    assim, optei por fazer uma abordagem nos pormenores, no deixando escapar

    qualquer item suscetvel de cobrana em prova.

    Lembro a vocs que estou disposio de vocs para todas as dvidas

    porventura surgidas ao longo do curso.

    Contem comigo nessa empreitada!

    Um grande abrao, Mariotti

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    1. Objetivos, metas, abrangncia e definio das Finanas Pblicas

    O setor pblico, comumente conhecido como governo, possui grande

    participao nas sociedades atuais. Sua existncia decorrente da

    necessidade de regulao da atividade econmica, em que de um lado

    encontram-se empresas produzindo bens e servios e, do outro lado, as

    famlias, responsvel pelo consumo destes bens e servios.

    A participao do governo nas inter-relaes entre os agentes

    privados pressupe a necessidade de financiamento das atividades por este

    realizadas. O estudo desta mesma atividade denominado na literatura

    econmica de Economia do Setor Pblico, tambm chamada de Finanas

    Pblicas. O conceito microeconmico das Finanas Pblicas relaciona-se s

    polticas especficas (ou pontuais) realizadas pelo governo, a exemplo da

    imposio de um tributo em um determinado setor da atividade econmica.

    No conceito macroeconmico, o termo finanas pblicas associa-se ao

    estudo dos diversos impactos que as polticas econmicas individualizadas

    (polticas microeconmicas) geram sobre a sociedade.

    Grande estudioso da atividade interventiva governamental, Musgrave1

    destaca que Finanas Pblicas a terminologia que tem sido tradicionalmente

    aplicada ao conjunto de problemas da poltica econmica que envolvem o uso

    de medidas de tributao e de dispndios pblicos.

    A definio acima baseia-se no fato de que a necessidade da atuao

    econmica do poder pblico prende-se na constatao de que a simples

    existncia do sistema de mercado (consumidores versus produtores) no

    consegue cumprir adequadamente algumas tarefas e funes que visam o

    bem-estar da populao. A maneira pela qual o Estado intervm no processo

    1 MUSGRAVE, R. A. Teoria das Finanas Pblicas. So Paulo. Atlas, 1974.

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    econmico dependente da srie de instrumentos que este dispe, inclusive

    em termos do financiamento de suas atividades.

    Sendo assim, podemos dizer que o estudo das Finanas Pblicas abrange

    a emisso de moeda e ttulos pblicos, a captao de recursos pelo Estado, sua

    gesto e seu gasto, para atender s necessidades da coletividade e do prprio

    Estado. Na captao dos recursos so estudadas as diversas formas de

    receitas, obtidas em decorrncia do patrimnio do Estado, do seu

    endividamento ou por fora do seu poder tributrio. Uma vez captados os

    recursos impe-se a sua administrao at o efetivo dispndio.

    As fontes geradoras de receitas so a tributao, classificada como

    receita derivada do poder coercitivo do Estado e o endividamento pblico,

    representado pela emisso e resgate de ttulos da dvida pblica.

    A capacidade do Estado de tomar emprstimos est substancialmente

    determinada pelo potencial de recursos compulsrios que, ano a ano, ele tem

    condies de mobilizar da sociedade. Deste ponto, ressalta-se o porqu da

    tributao constituir um dos principais condicionantes do endividamento

    pblico.

    2. Funes Governamentais - Viso clssica das funes do Estado;

    evoluo das funes do Governo.

    As Funes do Estado e sua interveno na economia derivam de duas

    correntes de pensamento econmico. A viso clssica, advinda do sculo

    XIX, defendia o que se poderia chamar de Estado mnimo, ou seja, a atividade

    estatal deveria ser voltada apenas para as funes tpicas do Estado, em que a

    atividade privada no seria permitida ou mesmo no pudesse auto-equilibrar a

    relao existente entre oferta e demanda. A presena do Estado seria

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    representada apenas pelo controle da Segurana Nacional do pas, a

    Segurana Pblica, bem como pelos servios de natureza social no atendidos

    pelo setor privado.

    Segundo a viso clssica, o Estado delimitaria a sua atuao aos

    chamados bens pblicos e semipblicos, que seriam os bens em que o

    consumo por parte de um indivduo no limitaria o consumo pelos demais

    indivduos. Um bom exemplo de bem pblico2 a Segurana Nacional, onde

    o servio disponibilizado a todos habitantes de determinado pas sem

    qualquer distino.

    Da mesma forma, podemos nos ater anlise do servio de Educao

    Universitria Pblica. Tratando-se de um bem semipblico ou tambm

    chamado de bem meritrio, de forma que, mesmo sendo restrito s

    pessoas capacitadas em processos seletivos, est disponvel a todos que

    nela desejarem entrar.

    De volta anlise sobre as funes do Governo, podemos dizer que com

    o grande crescimento da atividade privada j no sculo XIX, geradora de

    lucros, passaram a existir na Economia questionamentos referentes

    distribuio da riqueza nas mos de uma pequena fatia da sociedade. Tratava-

    se do chamado pensamento marxista, fundamentado na idia de que o

    Estado deveria atuar diretamente na redistribuio igualitria da renda entre a

    populao.

    Este pensamento teve grande eco em pases como a Frana, que

    passaram a conviver com o chamado Socialismo democrtico.

    2 Os conceitos referentes s bens pblicos, semipblicos e privados sero tratados de forma pormenorizada nos tpico

    seguintes da aula.

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    No obstante, no incio do sculo XX, mais especificamente com a

    chamada Grande Depresso, que foi o perodo em que a economia norte-

    americana passou por um grande perodo de recesso econmica, com grande

    aumento do desemprego e queda na produo de bens e servios, uma nova

    defesa na dimenso da atuao do Estado passa a existir.

    Com o nvel de oferta agregada representada pela oferta de bens e

    servios pelas empresas - muito superior ao da demanda agregada consumo

    realizado pelas famlias -, John Maynard Keynes, influente economista ingls,

    realizou a proposio, posteriormente chamada de viso keynesiana, de que

    o Estado deveria intervir na economia de forma a estimular a demanda

    agregada. Esta interveno se daria pelo que hoje chamamos de Poltica Fiscal,

    na qual o Estado, antes apenas regulador e oferecedor de bens pblicos,

    deveria aumentar os seus gastos, comprando o excedente de produo, como

    forma de minimizar e, se possvel, contribuir para a gerao de emprego e

    renda.

    A viso de Keynes propugnava que o Governo deveria intervir de

    forma a evitar o aparecimento de crises sistmicas, atuando diretamente

    na demanda agregada atravs da realizao de investimentos e no controle

    inflacionrio diante de excessos de procura por bens e servios pelos

    consumidores.

    Adendo: Com a Primeira Grande Guerra, os americanos ficaram responsveis

    em prover de bens e servios as arrasadas economias europias. Esta proviso

    de recursos fazia com que toda a produo industrial tivesse destino, fosse

    pelo consumo interno do pas, fosse pelo consumo externo. Na medida em que

    as economias se reerguiam, diminua-se a necessidade por bens importados, o

    que culminou no excesso de oferta pelas empresas americanas. Este excesso

    levou a queda no preo das aes das empresas na bolsa de valores, ficando

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    assim conhecido o chamado crash da bolsa, e o grande aumento do nvel de

    desemprego acompanhado de uma recesso profunda no pas.

    Vejamos duas questes sobre este tema:

    (AFC/STN ESAF/2008) Sobre a Escola Clssica (Liberalismo)

    correto afirmar:

    a) trata-se de um sistema econmico baseado na livre-empresa, mas com

    acentuada participao do Estado na promoo de benefcios sociais, com o

    objetivo de proporcionar padres de vida mnimos, desenvolver a produo de

    bens e servios sociais, controlar o ciclo econmico e ajustar o total da

    produo, considerando os custos e as rendas sociais.

    b) admite, por princpio, que a ao do Estado deve restringir-se ao mnimo

    indispensvel, como a defesa militar, a manuteno da ordem, a distribuio

    da justia e pouco mais, pois a iniciativa privada faz melhor uso dos recursos

    pblicos.

    c) deu-se a partir das dcadas de 1980 e 1990, a reboque da crise fiscal, do

    incio do processo de globalizao da economia e da ineficincia do Estado na

    produo de bens e servios.

    d) de carter nacionalista e intervencionista, preconiza para o Estado uma

    poltica econmica e financeira fundada na maior posse de dinheiro e metais

    preciosos, acreditando que nisso reside a base da prosperidade.

    e) corresponde fundamentalmente s diretrizes estatais aplicadas nos pases

    desenvolvidos por governos social-democratas. Nos Estados Unidos, certos

    aspectos de seu desenvolvimento ocorreram, particularmente, no perodo de

    vigncia do New Deal.

    Comentrios:

    a) A Escola clssica no se tratava de um sistema econmico, mas sim de um

    pensamento econmico, que de fato defendia a chamada livre-empresa,

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    realizando negcios com consumidores de forma a gerar o equilbrio de

    mercado. Adiciona-se que a Escola Clssica defendia a existncia de um Estado

    mnimo, sem interveno direta no ciclo econmico e no controle da produo.

    Resposta incorreta

    b) Trata-se da prpria definio do pensamento econmico que defende a

    participao do Estado no processo econmico, restringindo-se esta ao mnimo

    indispensvel.

    Resposta correta

    c) No se trata de uma viso econmica recente, mas advinda ainda do sculo

    XIX.

    Resposta incorreta

    d) No mesmo sentido, no se trata de uma poltica de carter nacionalista, e

    to quanto intervencionista.

    Resposta incorreta

    e) Est diretamente associado ao pensamento Keynesiano de interveno do

    Estado no processo econmico. O New Deal consistiu na srie de programas

    implementados nos EUA no incio da dcada de 1930, objetivando promover a

    recuperao e a reforma da economia americana assolada pela grande

    depresso.

    Resposta incorreta

    Gabarito: letra b.

    (AFC\STN ESAF/2005) Baseada na viso clssica das funes do

    Estado na economia, identifique a opo que foi defendida por J.M.

    Keynes.

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    a) As funes do Estado na economia deveriam ser limitadas defesa nacional,

    justia, servios pblicos e manuteno da soberania.

    b) As despesas realizadas pelo Governo no teriam nenhum resultado prtico

    no desenvolvimento econmico.

    c) A participao do Governo na economia deveria ser maior, assumindo a

    responsabilidade por atividades de interesse geral, uma vez que o setor

    privado no estaria interessado em prover estradas, escolas, hospitais e outros

    servios pblicos.

    d) A economia sem a presena do governo seria vtima de suas prprias crises,

    cabendo ao Estado tomar determinadas decises sobre o controle da moeda,

    do crdito e do nvel de investimento.

    e) A atuao do Governo se faria nos mercados onde no houvesse livre

    concorrncia e sua funo seria a de organiz-la e defend-la, para o

    funcionamento

    do mercado e para seu equilbrio.

    Comentrios:

    a) A afirmao de que o Estado deve limitar a sua atuao na economia

    apenas defesa nacional, justia, servios pblicos e manuteno da

    soberania, vai de encontro viso clssica de interveno do governo na

    economia. Trata-se do chamado Estado mnimo, em que o governo deve

    pautar sua atuao apenas atravs do oferecimento de bens pblicos e

    semipblicos.

    Opo incorreta

    b) As despesas (gastos) do governo so um dos instrumentos propostos por

    Keynes para efetivao do estmulo demanda agregada e assim minimizar a

    ocorrncia de crises sistmicas.

    Opo incorreta

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    c) Segundo a viso keynesiana de interveno do Estado na economia, esta

    deve ser mais ampla, no se limitando somente aos bens no oferecidos pelo

    setor privado, tais como estradas, escolas e hospitais. No obstante, esta

    participao no deve pautar-se de forma irrestrita, mas sim atravs da

    interveno via estmulos na demanda agregada, especialmente atravs do

    aumento dos gastos governamentais.

    Opo incorreta

    d) A assertiva d representa a prpria necessidade de interveno do governo

    na economia segundo a viso keynesiana. O controle da moeda e do crdito

    excessivo na economia, com o objetivo de conter piques inflacionrios, bem

    como a expanso dos investimentos pblicos, geradores de estmulos na

    demanda agregada, visa evitar que a economia seja refm das crises no

    controlveis pela simples interao entre compradores e vendedores.

    Opo correta

    e) Esta opo de resposta , num primeiro momento, a mais capciosa, e que

    pode induzir o concursando ao erro. verdadeira a interpretao de que o

    governo deve intervir nos mercados de forma a regul-los, promovendo assim

    a maior competio possvel entre os ofertantes de bens e servios. Destaca-

    se, entretanto, que no possvel o estabelecimento pelo governo de padres

    iguais nos diferentes mercados, j que no em todos estes que a iniciativa

    privada teria interesse em desenvolver suas atividades. Um bom exemplo seria

    a chamada explorao de petrleo em guas profundas, em que o custo para

    tal atividade altssimo, impedindo a entrada de novos concorrentes. Este

    caso o que chamaramos de monoplio natural, derivados das chamadas

    falhas de mercado, ponto a ser estudado na sequncia desta aula.

    Opo incorreta

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    Gabarito: letra d.

    Destaca-se que a participao do Estado na Economia ampliou-se

    consideravelmente a partir do sculo XIX, ocasionado especialmente pela II

    Revoluo Industrial e pelas Guerras ocorridas ao longo do sculo XX.

    O Estado que antes se voltava apenas ao atendimento das demandas que

    no encontravam oferta na atividade privada (viso clssica), tais como

    defesa, justia, sade, passa agora a ser importante ator do processo

    Econmico (viso keynesiana), estimulando e contraindo a demanda

    agregada conforme as necessidades de estmulo ao processo econmico. A

    evoluo da atuao estatal ao longo do sculo XX permitiu o estabelecimento

    de funes bsicas a que os governos, responsveis pela adoo de polticas

    econmicas e sociais, deveriam direcionar suas atividades, buscando atuar

    diretamente no intuito de minimizar os impactos negativos gerados pelo que a

    literatura define por falhas de mercado.

    3. Funes Governamentais

    O governo necessita realizar atividades de cunho intervencionista nas

    relaes existentes na sociedade. Essa atuao devida existncia do que

    denominamos de Falhas de Mercado, situao na qual a simples interao

    entre consumidores e produtores no leva a melhor alocao possvel dos

    recursos econmicos. A base de interveno do Estado no processo econmico

    associada s funes bsicas que este deve exercer, assim denominadas de

    funo alocativa, distributiva e funo estabilizadora.

    O oramento pblico constitui pea chave no processo de interveno

    governamental. atravs deste que o governo atinge as suas funes. Richard

    Musgrave props uma classificao das funes econmicas do Estado, as

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    quais se tornaram clssicas no gnero. Intituladas como funes fiscais, o

    autor as intitula como sendo as prprias funes do oramento. So elas:

    1. Promover ajustamentos na alocao de recursos (tambm conhecida

    como funo alocativa);

    2. Promover ajustamentos na distribuio de renda (tambm conhecida

    funo distributiva);

    3. Manter a estabilidade econmica (tambm conhecida funo

    estabilizadora)

    A base de interveno do Estado no processo econmico associada s

    funes bsicas que este deve exercer. Vejamos cada uma delas a partir dos

    prximos itens.

    3.1 Funo Alocativa

    A funo alocativa aquela que atribui ao Estado a responsabilidade

    pela alocao dos recursos existentes na economia quando, pela livre iniciativa

    de mercado, isto no ocorrer. Um bom exemplo desta funo representado

    pela iniciativa do Estado em realizar obras que traro grandes benefcios

    populao. Um caso polmico, mas revestido da funo bsica de alocao dos

    recursos pelo Estado a transposio do Rio So Francisco, que mesmo

    podendo trazer custos ambientais e sociais negativos para parte da populao

    do Serto Nordestino, resultar em um significativo aumento do bem-estar da

    prpria populao, levando gua, sade e riqueza a uma regio bastante

    castigada pela seca.

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    3.2 Funo Distributiva

    A funo (re) distributiva representada de fato pela melhoria na

    chamada distribuio da renda gerada na economia. Polticas de tributao

    progressiva da renda com a consequente adoo por parte do governo de

    programas como o Bolsa Famlia representam claramente uma poltica

    distributiva do governo, retirando, a princpio, daqueles que ganham mais e

    repassando queles que ganham menos.

    A funo distributiva governamental implementada no pas por meio de

    polticas pblicas que visam conceder benefcios s famlias de menor poder

    aquisitivo. Dentre estes benefcios incluem-se realizao de transferncias de

    recursos pblicos, a exemplo do Programa Bolsa Famlia. O Programa foi criado

    para apoiar as famlias mais pobres e garantir a elas o direito alimentao e

    o acesso educao e sade. O Programa foi criado para apoiar as famlias

    mais pobres e garantir a elas o direito alimentao e o acesso educao e

    sade. Este visa a incluso social dessa faixa da populao brasileira, por meio

    da transferncia de renda e da garantia de acesso a servios essenciais. Em

    todo o Brasil, mais de 11 milhes de famlias so atendidas pelo Bolsa Famlia.

    A populao alvo do programa constituda por famlias em situao de

    pobreza ou extrema pobreza. As famlias extremamente pobres so aquelas

    que tm renda per capita de at R$ 70,00 por ms. As famlias pobres so

    aquelas que tm a renda per capita entre R$ 70,01 a R$ 140,00 por ms, e

    que tenham em sua composio gestantes, nutrizes, crianas ou

    adolescentes entre 0 e 17 anos.

    Ainda pode ser considerada uma poltica adotada pelo governo no

    atendimento funo distributiva a imposio de tributao incidente sobre

    a renda e a propriedade. Tributando mais aqueles que ganham mais, o

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    governo busca a arrecadao de recursos visando distribuir estes mesmos

    recursos para, entre outras formas, poder realizar transferncias

    populao de mais baixa renda.

    No menos importante, a atua poltica de concesso de subsdio

    compra da casa prpria, por meio do Programa Minha Casa Minha Vida,

    constitui mais um dos instrumentos governamentais de atendimento sua

    funo distributiva. A concesso do benefcio no valor de at R$ 17 mil

    tende a permitir o acesso da classe menos favorecida moradia, gerando,

    de outra forma, a melhoria do padro de vida desta faixa da populao.

    3.3 Funo Estabilizadora

    A funo estabilizadora est diretamente associada s polticas fiscal e

    monetria realizadas pelo governo. A poltica fiscal implementada tanto por

    meio do aumento dos gastos do governo como pela reduo dos tributos. A

    diferena encontra-se apenas em qual a varivel impactada diretamente. No

    caso do aumento dos gastos, a varivel estimulada inicialmente a prprio

    gasto ( DA = Y = C + I + G + X M). Sua disseminao se d pelos diferentes

    ramos da economia. O ciclo baseado no gasto inicialmente realizado em

    determinado setor (ex: Construo Civil) gerando emprego e renda. Como

    resultado da renda e do emprego gerado neste setor, os trabalhadores

    aumentam a sua demanda nos demais setores da economia, gerando novos

    impactos em termos de crescimento da renda. No caso da reduo dos

    tributos, o resultado se d nas variveis consumo dos trabalhadores e no

    investimento das empresas ( DA = Y = C + I + G + X M). Com maior renda

    disponvel os trabalhadores aumentam o seu consumo, estimulando as

    empresas a investirem mais, gerando impactos sobre a oferta de bens e

    servios (oferta agregada). Esse ciclo se multiplica gerando impactos

    novamente sobre toda a economia.

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    Adicionalmente poltica fiscal, a poltica monetria realizada pelo Banco

    Central visa controlar o excesso de moeda na economia, fazendo que a

    circulao desta seja suficiente para dar lastro s transaes de bens e

    servios no mercado real. O resultado desta poltica a busca pela

    manuteno do nvel constante dos preos e o estimulo gerao de renda e

    emprego via estmulo ao crdito.

    Digno de destaque so as diferenas existentes entre as polticas fiscal e

    monetria e seus impactos diretos sobre a economia. A poltica fiscal tem o

    carter de ter seu objetivo direcionado, atingindo inicialmente o setor no qual

    o governo deseja estimular. Ocorre, no entanto, que toda esta poltica deve ser

    pautada na estruturao do oramento anual, necessitando de tempo e

    aprovao por parte do poder legislativo. De forma contrria, ao apontarmos

    as vantagens da poltica monetria, podemos verificar que sua eficcia

    imediata, uma vez que as decises da autoridade monetria quanto ao

    controle da liquidez so tomadas diariamente. De forma contrria, as

    desvantagens se encontram no fato de que a poltica monetria tem carter

    nacional, no atingindo um setor econmico especfico, nos moldes da poltica

    fiscal.

    Vejamos ento uma questo sobre este tema:

    (Economista/MAPA Fundao Dom Cintra/2010) A ao do governo

    atravs da poltica fiscal abrange trs funes bsicas. Uma dessas

    funes pode ser empregada quando o governo deseja obter uma taxa

    apropriada de crescimento econmico. Trata-se da funo:

    A) estabilizadora;

    B) alocativa;

    C) redistributiva;

    D) desenvolvimentista;

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    E) anti-inflacionria.

    Comentrios:

    Conforme verificado neste item 3.3, a poltica fiscal constitui um dos

    instrumentos utilizados pelo governo para o atingimento da sua funo

    estabilizadora da economia.

    Gabarito: letra a.

    3.4 Adendo: A funo reguladora

    Com a o processo de desestatizao implementado pelo Estado

    brasileiro no fim dos anos 70 e intensificado a partir dos anos 90, surgiu a

    necessidade de que este mesmo Estado passasse a controlar as atividades

    em que antes atuava diretamente, constituindo para isso uma srie de

    Agncias Reguladoras que passaram a ter como misso a regulao dos

    servios pblicos concedidos iniciativa privada, nos moldes dos regimes

    de concesso de rodovias, portos, distribuio de energia eltrica e

    telefonia.

    Vejamos agora a resoluo de uma questo cobrada no concurso realizado

    para o cargo de Analista de Planejamento e Oramento de So Paulo.

    (APO/SEFAZ-SP ESAF/2009) A atuao do governo na economia tem

    como objetivo eliminar as distores alocativas e distributivas e de

    promover a melhoria do padro de vida da coletividade. Tal atuao

    pode se dar das seguintes formas, exceto:

    a) complemento da iniciativa privada.

    b) compra de bens e servios do setor pblico.

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    c) atuao sobre a formao de preos.

    d) fornecimento de bens e de servios pblicos.

    e) compra de bens e servios do setor privado.

    Comentrios:

    Essa questo a princpio parece ser pouco objetiva em termos das respostas

    disponveis, uma vez que algumas assertivas visam mais confundir o candidato

    do que ajud-lo a resolver a questo proposta. Vejamos a anlise de cada uma

    das assertivas:

    a) O complemento da iniciativa privada pode estar ligado, por exemplo,

    participao do governo no processo de melhoria no processo produtivo

    implementado por determinada empresa. Ex: A implantao de um plo

    produtivo, em regio pouco explorada economicamente, imputa ao Estado a

    necessidade de complementar, em termos de infra-estrutura, a atividade

    privada. A construo de uma rodovia/ferrovia para escoamento da produo

    pode ser considerada como um atendimento por parte do governo dentro da

    sua funo alocativa.

    Opo correta

    b) A compra de bens e servios do setor pblico no gera resultados em

    termos de estmulo atividade econmica uma vez que a prpria ao do

    gasto fica restrita atividade estatal. Uma segunda questo o fato de que a

    participao do Estado no processo econmico visa estimular a maior interao

    entre consumidores e produtores, o que, a princpio, no ocorreria na situao

    em anlise.

    Opo Incorreta gabarito

    c) O processo de atuao sobre a formao de preos est diretamente ligado

    a mais nova funo governamental, qual seja a funo reguladora. Nesta

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    assertiva o termo formao de preos parece no estar associado subida

    ou queda de preos devido ao problema inflacionrio, mas sim a formao de

    preos a partir das chamadas estruturas de mercado, tais como o monoplio, o

    oligoplio e outras. Adicionalmente, esta interveno pode ainda estar

    relacionada participao das chamadas agncias reguladoras na formao

    dos preos que remuneraro a atividade exploratria concedida iniciativa

    privada.

    Opo correta

    d) O fornecimento de bens e servios pblicos pode ser entendido como o

    oferecimento pelo Estado daquelas atividades associadas a prpria existncia

    de uma sociedade organizada, tais como justia, educao, servio policial e

    foras armadas.

    Opo correta

    e) A compra de bens e servios do setor privado a prpria caracterizao de

    uma poltica fiscal expansionista, na qual o Estado se utiliza dos recursos

    captados da sociedade por meio de tributos para realizar o aumento de gastos

    pblicos, o que tende a estimular a demanda agregada, gerando impactos

    positivos sobre a renda e o emprego.

    Opo correta

    4. Bens pblicos, semi-pblicos, privados e outros Falhas de Mercado

    Pode-se interpretar como falha tudo aquilo que acontece de modo

    ineficiente. No mesmo sentido, podemos interpretar mercado como sendo o

    local onde indivduos e empresas transacionam bens e servios com o objetivo

    de atingir, respectivamente, o maior bem-estar possvel, derivado da sua

    renda de trabalhador, e a maximizao do lucro, obtido pela produo e venda

    dos mesmos bens e servios.

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    Temos a seguinte definio dada pela Organizao para Cooperao

    Econmica e Desenvolvimento (OCDE) para as Falhas de Mercado:

    "Pode ser definida como a incapacidade de o mercado levar o processo econmico a uma situao social tima. Um aspecto importante disto que se deixa de incluir, nos custos e nos preos, os efeitos externos (externalidades) ou a reduo dos lucros de outros agentes que no aqueles diretamente envolvidos nas transaes de mercado e atividades afins. Com relao aos bens e servios ambientais, podem-se destacar as externalidades referentes poluio, explorao dos recursos e degradao de ecossistemas. Assim, as falhas de mercado impedem o mercado de alocar os recursos no mais alto interesse da sociedade" (OECD, 1994).

    As Falhas de Mercado so representadas por toda alocao ineficiente

    de recursos econmicos, derivada das transaes ocorridas entre os

    componentes da sociedade. As Falhas de Mercado so identificadas tanto pela

    produo em excesso quanto pela falta de produo de bens e servios

    ofertados sociedade.

    Assim sendo, como o Estado deveria intervir na economia de forma a

    evitar distores prejudiciais a consumidores e produtores? A chamada teoria

    do bem-estar econmico, conhecida como welfare economics, afirma que os

    mercados perfeitamente competitivos, sem interferncia governamental,

    promovem a alocao eficiente de recursos entre os agentes econmicos, de

    tal maneira que impossvel melhorar a situao de um indivduo sem piorar a

    de outro. Trata-se do conceito chamado timo de Pareto.

    A grande questo, no entanto, que a definio da situao de timo de

    Pareto dificilmente alcanada, devido existncia das Falhas de Mercado.

    De forma ampliada as dispostas no edital, estas so divididas em:

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    a) Poder de Mercado;

    b) Bens Pblicos;

    c) Externalidades;

    d) Assimetria de Informaes;

    e) Monoplios Naturais;

    f) Mercados Incompletos;

    g) Desemprego e Inflao;

    h) Riscos Pesados.

    4.1 Poder de Mercado

    O poder de mercado pode ser interpretado com a posio dominante

    exercida por uma empresa ou grupo destas em um determinado mercado, seja

    ele de bens ou de servios.

    De forma a sermos mais claro em termos do significado de poder de

    mercado, podemos citar a posio exercida pela Microsoft no que se refere

    produo e venda de softwares (sistema operacional, aplicativos) utilizados em

    computadores. A concentrao nas mos de uma nica empresa tende a

    diminuir a capacidade de barganha dos consumidores, impactando diretamente

    no bem-estar da sociedade.

    O poder exercido por uma nica empresa no , por si s, a

    caracterizao de poder de mercado em termos de prejuzos sociedade.

    Torna-se necessrio considerar o mercado em que determinada empresa ou

    grupo de empresas atua, e assim estabelecer a forma de atuao, em termos

    de regulao, a que as empresas estaro obrigadas a seguir.

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    A definio do poder de mercado pode ser retirada a partir da definio

    dada pelo departamento de justia americano, fazendo assim uma relao com

    o caso Microsoft:

    Um mercado definido como um produto ou um grupo de produtos e uma rea geogrfica na qual ele produzido ou vendido, tal que uma hipottica firma maximizadora de lucros, no sujeita a regulao de preos, que seja o nico produtor ou vendedor, presente ou futuro, daqueles produtos naquela rea, poderia provavelmente impor pelo menos um pequeno mas significativo e no transitrio aumento no preo, supondo que as condies de venda de todos os outros produtos se mantm constantes. Um mercado relevante um grupo de produtos e uma rea geogrfica que no excedem o necessrio para satisfazer tal teste.

    A definio acima envolve o possvel efeito anticompetitivo, expresso em

    termos de poder de mercado sobre os preos, derivados de operaes que

    acarretem aumento de concentrao econmica, ou de condutas praticadas por

    empresas presumidamente detentoras de tal poder, em mercados que so

    economicamente significativos.

    A interveno governamental deve buscar inibir a formao de estruturas

    de mercado que eliminem o poder de barganha da populao consumidora.

    Ressalta-se que no se trata de inibir a gerao de lucros por estas atividades

    produtivas, at porque se assim fosse, no haveria estmulos por estas

    empresas em oferecer bens e servios. A regulao interposta pelo governo,

    com vistas correo desta falha de mercado, deve objetivar a gerao de

    lucros considerada normal para a atividade produtiva, de forma que o Estado

    exera o seu papel de gerador de bem-estar econmico a toda a sociedade, via

    o atendimento de suas funes alocativa, distributiva e estabilizadora.

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    4.2 Bens Pblicos

    Os bens pblicos so aqueles normalmente oferecidos pelo governo,

    tendo a caracterizao de que o seu consumo por um indivduo ou por um

    grupo de indivduos no prejudica o consumo pelos demais indivduos.

    Destaca-se que mesmo que alguns se beneficiem mais do que outros, todos

    podem desfrutar do bem.

    De outra forma, pode-se afirmar que os bens pblicos so aqueles em

    que o seu consumo indivisvel ou mesmo no rival, dado que no existe

    rivalidade quanto a quem consumir mais de um ou outro bem.

    So exemplos de bens pblicos tangveis (que podem ser tocados), as

    praas e as ruas. Como bens pblicos intangveis, temos a segurana pblica,

    a justia e a defesa nacional.

    Uma questo importante sobre os bens pblicos que o seu consumo

    no pode estar passivo de excluso princpio da no-excluso -, de tal forma

    que, por exemplo, quando colocado disposio da populao de um

    determinado bairro o policiamento extensivo, todos sero beneficiados pela

    deciso governamental.

    A existncia do princpio da no-excluso no consumo dos bens pblicos

    que leva a existncia das Falhas de Mercado. Isto ocorre pelo fato de que

    como o governo no consegue mensurar o quantum do bem pblico est

    sendo consumindo por cada indivduo, ele no conseguir repartir o nus

    imposto sociedade na forma da tributao, que justamente a fonte de

    recursos para o oferecimento de bens pblicos. Com este conceito possvel

    afirmar que o custo marginal de proviso de bens pblicos igual a zero, j

    que o custo por si s j dado.

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    Devido ainda ao princpio da no-excluso, passam a existir na economia

    os chamados free riders ou tambm chamados de caronas, que se

    beneficiam dos bens pblicos sem pagar nada por isso, alegando que no

    precisam do bem oferecido ou simplesmente por no pagarem a tributao

    imposta aos mesmos.

    Box de Exemplo:

    Imaginemos que a construo e a manuteno das estradas sejam pagas por

    meio de contribuies voluntrias pelos motoristas. Muito embora todo

    motorista possa desejar estradas em timo estado de conservao, sua

    contribuio individual tem pouco efeito para tal fim. Dessa maneira, qual

    seria ento o seu incentivo para realizar contribuies com esse fim? O

    benefcio acaba sendo muito baixo perto do custo da contribuio. Est a o

    porqu de o governo atuar, muitas vezes, no financiamento da construo e

    manuteno das estradas, gerando, por conseqncia, o problema do

    carona por conta dos usurios motoristas. Se todos os motoristas passassem

    a pensar desta forma, inexistiriam estradas.

    A melhor forma encontrada, nestes casos, simplesmente permitir a

    utilizao das estradas mediante o pagamento de pedgios, o que nivelaria a

    contribuio tanto aos j contribuintes quanto aos no contribuintes

    caronas.

    De acordo com o exemplo destacado acima, pode-se afirmar que, para

    que o mercado possa funcionar adequadamente, um dos quesitos ser a

    validade do princpio da excluso, podendo o consumo ser mensurado para

    cada um dos consumidores.

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    4.3 Adendo: O Bem Privado (No caracterizado como uma Falha de

    Mercado)

    Considerando as informaes descritas acima, podemos conceituar o

    chamado bem privado, que seria aquele cujo consumo no pode ser

    compartilhado simultaneamente por quaisquer dois ou mais usurios, em

    funo dos direitos de propriedade bem demarcados. De outra forma, passa

    a ser vlido o princpio da excluso.

    Um bom exemplo de um bem privado seria a contratao de uma

    empresa de vigilncia privada que atenderia a determinado condomnio de

    moradores. Considerando que a segurana deve atender somente um crculo

    restrito de moradores, caso ocorra assaltos na redondeza do condomnio, mas

    sem impactos para este, de nada se poder cobrar da empresa de vigilncia.

    aquele velho ditado, s desfruta quem paga!

    4.4 Bens Semi-Pblicos ou Meritrios

    Os chamados bens semi-pblicos so aqueles bens que possuem

    associados a si o princpio da excluso.

    Nas palavras de Viceconti e Neves (2007, pg. 412) encontramos outra

    definio para os bens semi-pblicos:

    So os bens que, embora possam ser explorados economicamente pelo

    setor privado, devem ou podem ser produzidos pelo governo para evitar que a

    populao de baixa renda seja excluda de seu consumo, por no poder pagar

    o preo correspondente: o caso de educao e sade.

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    Os bens semi-pblicos so tambm chamados de meritrios pelo fato

    de serem disponibilizados (oferecido) s pessoas que adquirem mrito para tal.

    Um bom exemplo a Universidade Pblica. Somente aqueles que possuem o

    mrito de passar no vestibular que tero a si concedidos o mrito de cursar

    gratuitamente o ensino superior.

    Importante considerar, conforme vemos no dia-a-dia que o ensino

    superior tambm oferecido pela iniciativa privada, sendo, no entanto,

    passvel de cobrana, ficando assim garantido o princpio da excluso.

    Outrossim, o objetivo lgico do governo o de garantir o direito ao ensino

    pblico gratuito populao, exigindo, em contrapartida, o mrito de passar

    no vestibular.

    Box Adicional3:

    As definies de bens pblicos e semi-pblicos so variveis em

    decorrncia dos usos dos bens e do mercado no qual este ofertado.

    Bens Pblicos:

    Em decorrncia da impossibilidade de excluso, que implica que os

    indivduos no podem ser privados dos benefcios do bem ou servio,

    mesmo se no tiverem contribudo para o seu financiamento, geram

    algumas concluses.

    Um exemplo de bem que apresenta essa caracterstica um espetculo

    3 Frao de artigo de Maria da Conceio Sampaio de Souza com alteraes).

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    pirotcnico, que pode ser visto pelas pessoas de quintais, jardins e praas

    pblicas. Isto dificulta a proviso privada desse tipo de evento porque a

    impossibilidade de excluso impede que sejam cobrados ingressos para

    financiar os custos, incluindo-se a os lucros do organizador. Afinal, porque

    pagaramos por esse show, se podemos v-lo gratuitamente?

    Portanto, nenhum empresrio privado se interessaria pela sua produo e,

    ento, apesar da forte demanda, o espetculo poderia no ser produzido.

    A impossibilidade de excluso, ao inviabilizar o uso do sistema de preo

    para racionar o consumo, reduz os incentivos para o pagamento

    voluntrio dos bens pblicos. Essa relutncia em contribuir,

    voluntariamente, para financiar esses bens conhecida como o problema

    do carona (free rider).

    A no rivalidade no consumo outra caracterstica do bem pblico. Isto

    implica que uma vez que o bem est disponvel, o custo marginal de

    prov-lo, para um indivduo adicional, nulo. Considere, por exemplo, o

    caso do espetculo pirotcnico. O custo do espetculo, uma vez

    determinado, no alterado pelo fato de um grupo adicional de turistas

    decidir v-lo. Ademais, essa deciso dos turistas em nada reduz o

    usufruto do evento pelos habitantes locais. Portanto, o custo marginal de

    proviso do espetculo para esses espectadores adicionais zero. Isso

    representa um franco contraste com os bens privados, que se

    caracterizam por nveis elevados de rivalidade no consumo. De fato,

    quando ocupamos um lugar, por exemplo, no cinema ou no teatro, este

    lugar deixa de estar disponvel para outras pessoas.

    Bens Semi-Pblicos

    A definio de bem pblico, anteriormente discutida, no absoluta, mas

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    varia com as condies de uso, de mercado e com o estado da tecnologia.

    Esse servio, quando usado nos domiclios privados, um bem

    eminentemente privado: caso a conta de energia no seja paga, o servio

    suspenso e, portanto, os usurios so excludos do seu consumo. Por

    outro lado, trata-se de um bem cujo consumo rival. Quando eu consumo

    uma determinada quantidade de quilowatts, ela j no mais est

    disponvel para os demais consumidores.

    Por outro lado, quando essa energia usada para iluminar os locais

    pblicos, ela torna-se um bem pblico puro. Isto porque impossvel

    excluir algum do benefcio da iluminao pblica, alm de desnecessrio;

    o custo de prover esse servio para passantes adicionais zero.

    Outro exemplo menos extremo o caso das estradas de rodagem. Assim,

    o uso de uma estrada vicinal, semideserta, pode ser no rival na medida

    em que, nela, o trfego muito inferior a sua capacidade e, portanto, o

    custo marginal de utilizao por um veculo adicional muito baixo. Por

    outro lado, embora seja possvel excluir os veculos de seu uso por meio

    da introduo de um pedgio, provavelmente os custos de instalao e de

    manuteno desse pedgio sero superiores arrecadao e, por

    conseguinte, no valer a pena introduzi-lo. Porm, quando a estrada ,

    por exemplo, a Via Dutra, que liga So Paulo ao Rio de Janeiro, alm do

    custo de excluso ser compensatrio, a rivalidade no consumo se

    expressa por meio do congestionamento. Nesse caso, essa rodovia pode

    ser vista como um bem privado.

    Podemos, assim, pensar que grande parte dos bens satisfaz, apenas

    parcialmente, as condies de impossibilidade de excluso e no-

    rivalidade no consumo. Os bens que atendem parcial ou totalmente a pelo

    menos uma dessas caractersticas so chamados de bens pblicos

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    impuros ou bens quase-pblicos.

    Os servios de sade pblica so bens semi-pblicos, tais como vacina

    contra doenas infecto-contagiosas, que beneficiam no somente as

    pessoas vacinadas, mas a populao como um todo, j que previnem o

    surgimento de epidemias. Adiciona-se o custo marginal da vacinao

    positivo e a excluso de no pagantes possvel. Porm, no possvel

    excluir dos benefcios aliados reduo das epidemias (nem cobrar por

    tais benefcios) aqueles que no se vacinaram. Isso torna esses servios

    bens pblicos impuros e por essa razo, muitos governos mantm

    programas gratuitos de vacinao para encorajar, e at mesmo obrigar, a

    imunizao macia da populao.

    Um relevante aspecto inerente aos bens pblicos refere-se relao

    existente entre o custo marginal de sua produo pelo governo e o benefcio

    marginal decorrente do oferecimento, pelo poder pblico, sociedade.

    A produo de um bem pblico, a exemplo de uma praa, possui um

    custo nico, ou seja, independentemente da quantidade produzida, ou mesmo

    da quantidade consumida pela sociedade, o preo o mesmo. A verificao

    quanto produo ideal de um bem pblico est associada ao ponto em que o

    custo de produo social iguala-se ao benefcio social que este mesmo bem

    fornece sociedade. Por ser difcil a precificao de um bem pblico, o

    atingimento do ponto ideal bem mais terico do que prtico.

    4.5 Externalidades

    As externalidades representam a forma como as aes de determinado

    indivduo ou empresa impactam os demais indivduos. A existncia de

    externalidades implica que os chamados custos e benefcios privados

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    ocorridos em funo da ao da iniciativa privada sejam diferentes dos

    custos e benefcios sociais destas mesmas aes.

    O que estamos dizendo que os preos negociados entre consumidores

    e produtores refletem apenas a negociao privada, sendo necessria a

    presena do Estado imputando, por exemplo, a tributao ou subsdios fiscais

    como forma de corrigir as externalidades ocorridas.

    As externalidades se subdividem em positivas e negativas. Um bom

    exemplo de externalidade positiva, e que nos dias de hoje to importante,

    seria o caso da realizao de uma limpeza geral da casa por parte de um

    indivduo que visasse eliminao de possveis focos de reproduo dos

    mosquitos transmissores da dengue. Nesta situao, o benefcio privado ser

    superior ao custo privado, da mesma forma que o conseqente benefcio social

    ser muito maior do que o custo social de adoo da medida.

    De forma contrria, as externalidades negativas so representadas

    por determinadas aes que de forma direta ou indireta prejudicam os demais

    indivduos participantes da sociedade. Um caso clssico de externalidade

    negativa representado pelo despejo por parte de empresas, de produtos

    poluentes nos rios. Esta ao tende a tornar o custo social superior ao custo

    privado, especialmente pelo fato de que as comunidades ribeirinhas s

    margens do rio sero diretamente atingidas.

    A existncia destas falhas justifica a atuao do governo que deve coibir

    a externalidade negativa atravs da aplicao de uma tributao

    desestimuladora da poluio, da mesma forma que deve oferecer subsdios s

    atividades geradoras de externalidades positivas.

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    A atribuio de direitos de propriedade decorrentes dos benefcios de

    um bem ou servio permite que os seus proprietrios tenham direito ao

    benefcio da prpria propriedade, sendo ento incentivados a utilizarem-na

    ponderadamente. Um timo exemplo de direito de propriedade relaciona-se,

    por exemplo, com o direito de que possui as pessoas (ou uma comunidade) de

    processar uma indstria que est poluindo o rio, solicitando a esta, por meio

    da ao judicial, a assuno dos custos de despoluio do rio.

    A inexistncia de direitos de propriedade resulta no que a literatura

    denomina de tragdia ou problema dos comuns. Um bom exemplo refere-

    se ao que ocorre na Amaznia. Terras comuns so reas sem proprietrios nas

    quais serralheiros destroem a mata nativa sem qualquer preocupao. Muito

    destes no entendem que a economia das reas no presente, por meio do

    manejo adequado dos recursos produtivos, pode ser positiva no futuro, com a

    ampliao da oferta de madeira de corte, haja vista que este pensa que caso

    no seja ele o responsvel pelo corte de rvores da rea, outros o foram,

    auferindo resultados financeiros imediatos.

    4.6 Assimetria de Informaes

    As informaes assimtricas representam um grande problema ao bom

    funcionamento do mercado. Exemplos claros de assimetria esto presentes em

    todos os ramos de negcios que envolvem consumidores e produtores. Um

    bom exemplo aquele referente aos componentes de determinados alimentos

    industrializados. A omisso ou o excesso de informaes que so na verdade

    inverdicas, tornam o consumidor passivo s manipulaes das empresas. O

    resultado natural a perda de bem-estar do consumidor.

    Outra atividade econmica onde a existncia de informaes

    assimtricas perversa o mercado financeiro. O mascaramento dos balanos

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    de empresas que possuem aes negociadas em bolsas tende a provocar a

    incorreta precificao destas, lesando assim os investidores em valores

    mobilirios.

    A regulamentao imposta por leis - e regulao governamental

    tribunais, secretarias e conselhos - devem inibir esta prtica ilegal, procurando

    tornar o mercado o mais perfeito possvel.

    Outro exemplo de informao assimtrica est relacionado ao mercado de

    seguros em geral, inclusive aquele relacionado aos planos de sade que, por

    sua natureza, no deixam de ser um seguro feito por cada participante do

    plano. Intrnsecos assimetria de informaes existem os problemas

    denominados de risco moral (moral-hazard) e de seleo adversa.

    Imagine uma pessoa que acaba de fazer um plano de sade.

    Naturalmente, bem possvel que ela tenha menos incentivo para cuidar da

    sua sade do que antes. A esse tipo de comportamento que se atribui o

    conceito de risco moral, que tende a existir na medida em que o possuidor do

    seguro se sente mais protegido contra os riscos da doena que podem

    culminar em perdas financeiras.

    Diferentemente do risco moral, a seleo adversa est relacionada

    ao fato que apenas as pessoas com a sade debilitada optem em contratar

    fazer um plano de sade.

    O mercado de planos de sade no pas regulado pela Agncia

    Nacional de Sade Suplementar, a quem cabe estabelecer as diretrizes que

    regem a relao contratual entre o plano e o segurado.

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    4.7 Monoplios Naturais

    Partimos do princpio de que os mercados competitivos so os mercados

    que melhor representam as inter-relaes entre consumidores e produtores

    com o objetivo de atingir o maior nvel de bem estar econmico e social. Estes

    mercados seriam aqueles menos propcios a existncia de falhas de mercado,

    pela prpria noo de atomizao, ou seja, nem os consumidores nem to

    quanto as empresas, possuem poder de barganha para impor custos adicionais

    aos demais participantes.

    Os mercados competitivos so caracterizados por apresentarem baixos

    custos entrada de novas empresas, de tal maneira que nenhuma empresa

    tenha condies de manipular os preos dos bens e servios oferecidos.

    De forma contrria, existem na economia os chamados monoplios

    naturais, que seriam mercados em que apenas uma nica empresa produzindo

    geraria custos mais baixos para a formao dos preos de venda do que vrias

    empresas produzindo.

    O que ocorre na verdade, que no caso dos monoplios naturais os

    custos de entrada no mercado so altssimos, de forma que o custo por

    unidade de produo, o chamado custo mdio, diminui medida que aumenta

    a escala de produo da empresa.

    Setores de produo de gs, energia e telefonia so bons exemplos

    desta estrutura de mercado.

    No que concerne s falhas de mercado, a existncia de monoplios

    naturais leva o governo a adotar medidas no intuito de evitar abusos na

    formao dos preos de vendas. Segundo Giambiagi e Alm (2000, pg. 26), o

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    governo pode exercer apenas a regulao dos monoplios naturais, evitando

    assim uma perda ainda maior de bem-estar da sociedade. Ainda segundo os

    autores, o governo pode responsabilizar-se diretamente pela produo do bem

    ou servio caracterizado como sendo monoplio natural.

    A responsabilidade do Estado pela produo deriva-se muitas vezes no

    s pela questo de evitar abusos na formao de preos de produtos, mas

    tambm por estas atividades produtivas serem estratgicas para o pas.

    Destaca-se, conforme podemos ver nos dias de hoje, que o Estado tem

    adotado a linha do enxugamento das suas atividades atpicas, de tal maneira

    que os controles dos monoplios naturais tm sido repassados iniciativa

    privada, passando o mesmo Estado a limitar a sua atuao atravs da

    regulao dos setores (Eltrico, Telecomunicaes e etc.).

    4.8 Mercados Incompletos

    Um mercado completo definido com sendo o mercado onde o custo de

    produo inferior aos preos que consumidores esto dispostos a pagar. De

    outra forma, trata-se do mercado onde existe a possibilidade de ganhos por

    parte dos produtores.

    O mercado incompleto caracterizado como sendo o mercado em que

    mesmo que os custos de produo estejam abaixo dos preos que

    consumidores esto dispostos a pagar, os bens ou servios no so ofertados.

    A falha de mercado representada pelos mercados incompletos

    existente principalmente em pases em desenvolvimento, onde o sistema

    financeiro no suficientemente desenvolvido, em termos de riscos, para

    financiar no longo prazo as atividades produtivas. Perceba que para todo

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    investimento deve existir um prazo mnimo de carncia para que o produtor

    possa gerar caixa e honrar seus compromissos. Caso o sistema financeiro no

    aceite a tomada de risco da carncia dos investimentos, ser inexistente o

    oferecimento de fundos para as empresas produzirem.

    No Brasil a interveno governamental nos mercados incompletos feita

    pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social - BNDES, que

    realiza a concesso de crdito de longo prazo objetivando o financiamento das

    atividades produtivas.

    4.9 Desemprego e Inflao

    O funcionamento dos mercados atravs das inter-relaes entre

    consumidores e produtores insuficiente para que sejam evitados os

    problemas de inflao, caracterizado pelo aumento geral e contnuo dos

    preos, e o desemprego, definido como a parte da populao economicamente

    ativa que se encontra desempregada involuntariamente.

    As presses de demanda realizadas pelos consumidores tende a

    suplantar a oferta de bens e servios, ocasionando assim elevao dos preos.

    Polticas de controle do crdito ou de aumento das taxas de juros so bons

    instrumentos de interveno governamental para corrigir a falha de mercado

    chamada inflao.

    O desemprego existente em toda a economia, ocorrendo pelo fato de

    que o mercado no capaz de gerar vagas suficientes para todos aqueles que

    entram no mercado de trabalho a cada dia. No entanto, destaca-se que o

    governo pode minimizar tais problemas, realizando atividades interventivas

    que visem colocao de novos trabalhadores no mercado de trabalho.

    Programas como o primeiro emprego do governo federal, que trazem em

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    contrapartida benefcios s empresas, especialmente em termos de carga

    tributria, so aes voltadas minimizao dos problemas da falha de

    mercado chamada desemprego.

    4.10 Riscos Pesados

    Sabe-se que o setor privado tem como objetivo a gerao de lucro. No

    obstante, determinadas atividades, mesmo potencialmente geradoras de lucro

    futuro, no so efetivadas. O problema em si muito parecido com o ocorrido

    nos mercados imperfeitos, mas com uma conotao diferenciada.

    A existncia de riscos nos negcios associada ao grande custo

    envolvido no projeto, de tal maneira que mesmo podendo obter benefcios

    futuros, esta no se arriscar. A partir do exemplo de Viceconti e Neves (2007,

    pg. 413), podemos melhor ilustrar o problema. Segundo os autores, um bom

    exemplo seria o caso da produo de energia eltrica a partir da energia

    atmica. O custo total de pesquisa ser enorme, vrios anos sero necessrios

    antes mesmo de o projeto ser oferecido em nvel econmico e, mesmo que a

    empresa se dispusesse a correr o risco, teria dificuldade em colher os

    benefcios, por possivelmente no obter o monoplio de uma patente, e assim

    recuperar o investimento feito.

    Alm do fato do risco econmico pesado com a realizao do

    investimento, as empresas no pas tem sempre a preocupao com a chamada

    insegurana jurdica dos contratos, especialmente no que se refere a quebra

    de patentes. A interveno governamental no sentido de quebra de direitos s

    dever existir caso os benefcios sociais gerados com a ao sejam superiores

    aos custos ocorridos com a medida.

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    De forma complementar a anlise, destacamos que as aes tomadas

    pelo governo, de forma a contornar esta falha de mercado, seriam aquelas

    relacionadas aos programas de Parcerias Pblico Privadas PPPs e ao

    Programa de Acelerao do Crescimento PAC, que representam as propostas

    de parcerias em investimentos feitos pelo governo federal, especialmente

    atravs de suas empresas estatais, de forma a mitigar os pesados riscos

    associados aos projetos de grande vulto financeiro.

    Pelo todo exposto, verifica-se que, para que o Estado possa realizar a

    interveno necessria correo das falhas de mercado, deve criar

    mecanismos que possibilitem o financiamento de suas atividades,

    especialmente atravs da imposio do seu Poder de Imprio. Atravs da

    tributao incidente sobre a renda auferida pela sociedade, o Estado realiza a

    necessria interveno no processo econmico.

    A partir da aula dois passaremos s abordagens referentes aos tributos

    impostos pelo governo sociedade para financiamento de suas atividades.

    Vamos agora resoluo de algumas questes cobradas em provas

    anteriores.

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    Questes Propostas:

    1 (Auditor-Fiscal/Sec. Finanas FCC/2007) Atualmente o Estado

    intervm em quase todas as atividades humanas em razo das

    necessidades pblicas. Dentre outras atribuies, incumbe ao Estado

    regular a atividade econmica, prestar servios pblicos, explorar a

    atividade econmica e exercer poder de poltica. Nesse contexto,

    possvel afirmar que as finanas pblicas

    (A) tm papel secundrio na interveno do Estado na economia, diante da

    poltica liberal vigente.

    (B) as finanas pblicas podem tornar-se poderoso instrumento de atuao

    estatal no domnio econmico,visando a um oramento equilibrado e conteno

    de gastos pblicos.

    (C) pertencem ao universo normativo, regulando a interveno estatal no

    domnio econmico, compondo a poltica financeira estatal e consubstanciada

    nas leis oramentrias.

    (D) caracterizam-se por ser uma disciplina jurdica que tem como objeto de

    seu estudo toda a atividade do Estado no tocante forma de realizao da

    receita e da despesa.

    (E) dizem respeito ao universo do ser, do plano real e dispensam uma

    realidade normativa, ficando adstritas apenas ao campo econmico,

    desvinculado de interveno estatal.

    2 - (AUDITOR/TCE-AL FCC/2008) Analise as assertivas abaixo.

    I. A implementao de programas como o Bolsa Famlia visa promover

    melhor distribuio de renda.

    II. A funo estabilizadora ou anticclica das polticas governamentais

    pode ser cumprida por meio da adoo de medidas tais como a

    concesso do seguro desemprego.

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    III. A reduo da alquota do IPI incidente sobre perfis de ferro ou ao

    no ligado de 5% para 0%, conforme Decreto no 6.024/07, um

    instrumento vlido para que o governo cumpra a funo alocativa da

    poltica econmica.

    IV. A adoo de medidas como as que integram o Programa de

    Acelerao do Crescimento no contribui para que o governo cumpra

    nenhuma das funes da poltica econmica, a saber: alocativa,

    redistributiva e/ou estabilizadora.

    Esto corretas:

    a) I, II e III, apenas.

    b) I, II e IV, apenas.

    c) I, III e IV, apenas.

    d) II, III e IV, apenas.

    e) I, II, III e IV.

    3 (ECONOMISTA/FUNASA FUND. DOM CINTRA/2010) De acordo

    com a teoria de finanas pblicas, constituem exemplos de

    circunstncias denominadas na literatura econmica como falhas de

    mercado:

    A) dficits pblicos e tributaes

    B) dvidas internas e bens pblicos

    C) monoplios naturais e externalidades

    D) mercados incompletos e impostos indiretos

    E) riscos de informao e mercados atomizados

    4 (ECONOMISTA/FUNASA FUND. DOM CINTRA/2010) Os bens

    pblicos distinguem-se dos demais fundamentalmente pela

    indivisibilidade do consumo. De acordo com a teoria de finanas

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    pblicas, o dever do governo de determinar o tipo e a quantidade de

    bens pblicos a serem ofertados est associado seguinte funo:

    A) equitativa

    B) alocativa

    C) tributativa

    D) distributiva

    E) estabilizadora

    5 (APO/MPOG ESAF/2008) O sistema de mercado no leva a uma

    justa distribuio da renda, sendo necessrio que o Estado exera essa

    funo:

    a) alocativa

    b) estabilizadora

    c) distributiva

    d) planejadora

    e) de crescimento econmico

    6 - (AFC/STN ESAF/2008) A aplicao das diversas polticas

    econmicas a fim de promover o emprego, o desenvolvimento e a

    estabilidade, diante da incapacidade do mercado em assegurar o

    atingimento de tais objetivos, compreende a seguinte funo do

    Governo:

    a) Funo Estabilizadora.

    b) Funo Distributiva.

    c) Funo Monetria.

    d) Funo Desenvolvimentista.

    e) Funo Alocativa.

    7 - (AFC/STN ESAF/2008) Sob determinadas condies, os

    mercados privados no asseguram uma alocao eficiente de

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    recursos. Em particular, na presena de externalidades e de bens

    pblicos, os preos de mercado no refletem, de forma adequada, o

    problema da escolha em condies de escassez que permeia a

    questo econmica, abrindo espao para a interveno do governo

    na economia, de forma a restaurar as condies de eficincia no

    sentido de Pareto. Nesse contexto, incorreto afirmar:

    a) externalidades ocorrem quando o consumo e/ou a produo de um

    determinado bem afetam os consumidores e/ou produtores, em outros

    mercados, e esses impactos no so considerados no preo de mercado do

    bem em questo.

    b) consumidores podem causar externalidades sobre produtores e vice-

    versa.

    c) a correo de externalidades, pelo governo, pode ser feita mediante

    tributao corretiva, no caso de externalidades positivas, ou aplicao de

    subsdios, no caso de externalidades negativas.

    d) um exemplo de bem pblico puro o sistema de defesa nacional, cujo

    consumo se caracteriza por ser no-excludente e no-rival.

    e) falhas de mercado so fenmenos que impedem que a economia alcance

    o estado de bem-estar social, por meio do livre mercado, sem interferncia

    do governo.

    8 - (AFC/CGU ESAF/2004) A necessidade de atuao econmica do

    setor pblico prende-se constatao de que o sistema de preos no

    consegue cumprir adequadamente algumas tarefas ou funes. Assim,

    correto afirmar que

    a) a funo distributiva do governo est associada ao fornecimento de bens e

    servios no oferecidos eficientemente pelo sistema de mercado.

    b) a funo alocativa do governo est relacionada com a interveno do Estado

    na economia para alterar o comportamento dos nveis de preos e emprego.

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    c) o governo funciona como agente redistribuidor de renda atravs da

    tributao, retirando recursos dos segmentos mais ricos da sociedade e

    transferindo-os para os segmentos menos favorecidos.

    d) a funo estabilizadora do governo est relacionada ao fato de que o

    sistema de preos no leva a uma justa distribuio de renda.

    e) a distribuio pessoal de renda pode ser implementada por meio de uma

    estrutura tarifria regressiva.

    9 - (AFC/STN ESAF/2005) Devido a falhas de mercado e tendo em

    vista a necessidade de aumentar o bem-estar da sociedade, o setor

    pblico intervm na economia. Identifique a opo correta inerente

    funo alocativa.

    a) O setor pblico oferece bens e servios pblicos, ou interfere na oferta do

    setor privado, por meio da poltica fiscal.

    b) O setor pblico age na redistribuio da renda e da riqueza entre as classes

    sociais.

    c) Adotando polticas monetrias e fiscais, o governo procura aumentar o nvel

    de emprego e reduzir a taxa de inflao.

    d) Adotando polticas monetrias e fiscais, o governo procura manter a

    estabilidade da moeda.

    e) O governo estabelece impostos progressivos, com o fim de gastar mais em

    reas mais pobres e investir em reas que beneficiem as pessoas carentes,

    como a educao e sade.

    10 (Analista em Gesto Adm./Sec. Estado de Pernambuco FGV-

    RIO/2008) A respeito das funes do governo, correto afirmar que:

    a) a funo alocativa est associada s chamadas falhas de mercado e se

    justifica quando o resultado distributivo do mecanismo de mercado no for

    considerado socialmente desejado.

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    b)quando o governo decide destinar parte de recursos pblicos para os setores

    de sade e educao, est exercendo sua funo estabilizadora.

    c) a atividade de compra e venda de ttulos pelo governo em mercados

    primrios e secundrios est associada sua funo reguladora.

    d) as trs funes tradicionais associadas ao governo na literatura das finanas

    pblicas so as funes alocativa, estabilizadora e reguladora.

    e) a funo estabilizadora diz respeito manuteno da estabilidade

    econmica e justifica-se para atenuar o impacto de crises.

    11 - (AFC/STN ESAF/2005) No que diz respeito aos bens pblicos,

    semipblicos e privados, indique a nica opo incorreta.

    a) Bens pblicos so os bens que o mecanismo de preos no consegue

    orientar os investimentos a fim de efetuar sua produo.

    b) Bens pblicos tm a caracterstica de serem usados por todos,

    indistintamente, no importando o nvel de renda ou condio social.

    c) Bens semipblicos satisfazem ao princpio da excluso, mas so produzidos

    pelo Estado.

    d) O servio meteorolgico um exemplo de bem de consumo no rival.

    e) Servios de sade e saneamento so bens pblicos, uma vez que seus

    custos podem implicar preos muito altos para que as pessoas pobres possam

    ter acesso aos mesmos.

    12 - (AFC/CGU ESAF/2004) Com base na Teoria das Finanas

    Pblicas, assinale a nica opo falsa.

    a) Um bem pblico puro caracterizado por ter seu consumo no rival e

    no excludente.

    b) Bens privados so aqueles cujo consumo tanto rival quanto excludente e

    so providos eficientemente em mercados competitivos.

    c) A excluso permite que o produtor do bem privado possa ser pago sempre

    que um consumidor fizer uso do mesmo.

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    d) Um exemplo de bem pblico puro segurana nacional.

    e) H rivalidade no consumo de um bem se o consumo desse bem por parte de

    uma pessoa aumenta a disponibilidade do mesmo para as outras.

    13 - (AFC/CGU ESAF/2006) No mundo real, mercados perfeitamente

    competitivos so raros, existindo falhas de mercado que justificam a

    interveno do governo. Identifique a opo falsa.

    a) So exemplos de falhas de mercado a existncia de bens pblicos e de

    externalidades.

    b) Os bens pblicos puros possuem as caractersticas de no-rivalidade e de

    impossibilidade de excluso de seu consumo.

    c) O sistema de preos reflete apenas os custos e os benefcios privados,

    sendo necessria a presena do governo para incorporar as externalidades ao

    custo privado, mediante, por exemplo, a tributao ou incentivo fiscal.

    d) Diz-se que uma externalidade tem lugar quando a atividade econmica dos

    indivduos, na produo, consumo ou troca, no afeta e no interfere com o

    interesse dos outros indivduos.

    e) H externalidades positivas que podem demandar a interveno do governo

    para que no haja uma suboferta.

    14 - (AFC/STN ESAF/2008) Assim entendida como a atuao do

    governo no que diz respeito arrecadao de impostos e aos gastos

    pblicos, a poltica fiscal possui como objetivos, exceto:

    a) prestao de servios pblicos (atendimento de necessidades da

    comunidade).

    b) redistribuio de renda (bem-estar social).

    c) estabilizao econmica, que corresponde ao controle da demanda agregada

    (C+I+G+X-Z) no curto prazo.

    d) promoo do desenvolvimento econmico, que corresponde ao estmulo da

    oferta agregada.

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    e) controle da moeda nacional em relao a outras moedas.

    15 (APO/MPOG ESAF/2008) A poltica fiscal pode ser dividida em

    duas grandes partes: a poltica tributria e a poltica de gastos

    pblicos. No que se refere poltica fiscal, assinale a nica opo

    incorreta.

    a) Quando o governo aumenta os gastos pblicos,diz-se que a poltica fiscal

    expansionista.

    b) Os gastos do governo podem ser divididos em dois grandes grupos:

    despesas correntes e as de capital.

    c) A poltica fiscal ser expansionista ou contracionista dependendo do que o

    governo est pretendendo atingir com a poltica de gastos.

    d) O governo tambm pode atuar sobre o sistema tributrio de forma a alterar

    as despesas do setor privado (entre bens, entre consumo e investimento, por

    exemplo) e a incentivar determinados segmentos produtivos.

    e) As despesas correntes do governo referem-se s despesas que o governo

    efetua para manter e aumentar a capacidade de produo de bens e servios

    no pas (construo de escolas e de hospitais, por exemplo).

    16 - (ECONOMISTA/BNDES CESGRANRIO/2008)Uma das razes

    importantes para a presena do estado na economia a existncia de

    externalidades negativas e positivas. A esse respeito, pode-se afirmar que

    (A) a poluio das guas pelas indstrias uma externalidade negativa e

    deveria ser totalmente proibida.

    (B) a soluo eficiente para resolver o problema do rudo excessivo nos

    aeroportos mudar a localizao dos mesmos para longe das reas

    residenciais.

    (C) as externalidades s ocorrem quando as pessoas produzem ou consomem

    bens pblicos.

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    (D) o consumidor de certo bem, cuja produo implicou em poluio

    ambiental, no deveria pagar pela poluio; o produtor que deveria.

    (E) quando uma pessoa no se vacina contra uma doena infecciosa est

    impondo aos demais uma externalidade negativa.

    17 (ECONOMISTA/ELETROBRS CESGRANRIO/2010) Uma das

    diferenas dos bens privados, em relao aos bens pblicos, que

    so

    a) produzidos por empresas privadas.

    b) produzidos para um grupo privado e especfico de consumidores.

    c) rivais, isto , quando uma pessoa consome o bem impede que outra o

    faa.

    d) geradores de benefcios privados, apenas.

    e) superiores, isto , o custo de excluir uma pessoa de seu consumo

    baixo.

    18 (ECONOMISTA/PETROBRS CESGRANRIO/2010) Analise as

    possveis caractersticas de um certo bem.

    I - O pblico em geral tem acesso a ele.

    II - O custo de excluir pessoas de us-lo muito elevado.

    III - Ele produzido por uma empresa do setor pblico.

    IV - Uma pessoa pode consumi-lo sem que isto impea outra pessoa

    de faz-lo tambm.

    V - Traz benefcios para o pblico em geral.

    Para ser considerado um bem pblico, deve atender APENAS s

    caractersticas

    a) I e II.

    b) I e V.

    c) II e III.

    d) II e IV.

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    e) III e V.

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    Gabarito Comentado:

    1 (Auditor-Fiscal/Sec. Finanas FCC/2007) Atualmente o Estado

    intervm em quase todas as atividades humanas em razo das

    necessidades pblicas. Dentre outras atribuies, incumbe ao Estado

    regular a atividade econmica, prestar servios pblicos, explorar a

    atividade econmica e exercer poder de poltica. Nesse contexto,

    possvel afirmar que as finanas pblicas

    (A) tm papel secundrio na interveno do Estado na economia, diante da

    poltica liberal vigente.

    (B) as finanas pblicas podem tornar-se poderoso instrumento de atuao

    estatal no domnio econmico,visando a um oramento equilibrado e conteno

    de gastos pblicos.

    (C) pertencem ao universo normativo, regulando a interveno estatal no

    domnio econmico, compondo a poltica financeira estatal e consubstanciada

    nas leis oramentrias.

    (D) caracterizam-se por ser uma disciplina jurdica que tem como objeto de

    seu estudo toda a atividade do Estado no tocante forma de realizao da

    receita e da despesa.

    (E) dizem respeito ao universo do ser, do plano real e dispensam uma

    realidade normativa, ficando adstritas apenas ao campo econmico,

    desvinculado de interveno estatal.

    Comentrios:

    Apontamos primeiramente uma questo cobrada na prova para Auditor-Fiscal

    de 2007 para demonstrar a vocs que muito embora esta primeira parte da

    matria no seja to complexa ou mesmo enfadonha, se a banca quiser

    complicar um pouco, assim far com certeza. Vejamos a anlise de cada uma

    das assertivas:

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    (A) tm papel secundrio na interveno do Estado na economia, diante da

    poltica liberal vigente.

    As finanas pblicas no possuem papel secundrio, mas sim primrio.

    Muito embora prevalecesse a viso liberal de interveno estatal no

    processo econmico at o incio do sculo XX, a crise iniciada pela

    quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, demonstrou que a simples

    interao entre as foras de mercado, oferta e demanda, no

    possibilitaria economia o atingimento do equilbrio necessrio nas

    relaes existentes entre os componentes privados da sociedade

    (consumidores e empresas). Por meio da interveno governamental

    proposta por Keynes, no que se constituiu na revoluo Keynesiana, o

    governo passou a ter papel fundamental na regulao da atividade

    econmica, intervindo no sentido de diminuir a volatilidade existente

    especialmente nos perodos de exceo de expanso ou de crise.

    ASSERTIVA INCORRETA

    (B) as finanas pblicas podem tornar-se poderoso instrumento de atuao

    estatal no domnio econmico, visando a um oramento equilibrado e

    conteno de gastos pblicos.

    De fato este um dos papis fundamentais da cincia Finanas

    Pblicas. Um oramento equilibrado pressupe a proposio de gastos

    baseados em receitas efetivas, de tal forma que o governo no

    prescinda da necessidade da contratao de dvida pblica para

    financiamento de sua atividade interventiva no processo econmico.

    Para a consecuo de um oramento equilibrado, o prprio governo

    deve avaliar e implementar suas aes, por meio de gastos pblicos,

    sujeito sempre a restrio de ingressos suficientes para atendimento

    s suas aes. O melhor exemplo disso consubstanciado na prpria

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    Lei de Responsabilidade Fiscal LRF, marco na conduo das Finanas

    Pblicas em nosso pas.

    ASSERTIVA CORRETA

    (C) pertencem ao universo normativo, regulando a interveno estatal no

    domnio econmico, compondo a poltica financeira estatal e consubstanciada

    nas leis oramentrias.

    Essa assertiva de fato pode confundir a cabea do candidato, pois

    tnue a diferena com o disposto na assertiva b. O erro da letra c

    simplesmente porque as Finanas Pblicas em si no pertencem ao

    universo jurdico, como o caso do chamado Direito Financeiro, o qual

    rege e disciplina as regras referentes s receitas e despesas pblicas.

    Adicionalmente, cabe destacar que as leis oramentrias (Plano

    PluriAnual, Lei de Diretrizes Oramentrias LDO e Lei Oramentria

    Anual LOA) constituem ferramentas presentes no estudo e

    consecuo do oramento pblico, o qual reflete a interveno estatal

    no domnio econmico.

    ASSERTIVA INCORRETA

    (D) caracterizam-se por ser uma disciplina jurdica que tem como objeto de

    seu estudo toda a atividade do Estado no tocante forma de realizao da

    receita e da despesa.

    Conforme apontado na assertiva anterior, a formalizao da receita e

    da despesa disciplinada pelo chamado Direito Financeiro, e no pelas

    finanas pblicas.

    ASSERTIVA INCORRETA

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    (E) dizem respeito ao universo do ser, do plano real e dispensam uma

    realidade normativa, ficando adstritas apenas ao campo econmico,

    desvinculado de interveno estatal.

    Por toda narrativa realizada nas demais assertivas desta questo, bem

    como na parte terico da aula, fica claro que as Finanas Pblicas

    desvinculam a interveno estatal.

    ASSERTIVA INCORRETA

    Gabarito: letra b.

    2 - (AUDITOR/TCE-AL FCC/2008) Analise as assertivas abaixo.

    I. A implementao de programas como o Bolsa Famlia visa promover

    melhor distribuio de renda.

    II. A funo estabilizadora ou anticclica das polticas governamentais

    pode ser cumprida por meio da adoo de medidas tais como a

    concesso do seguro desemprego.

    III. A reduo da alquota do IPI incidente sobre perfis de ferro ou ao

    no ligado de 5% para 0%, conforme Decreto no 6.024/07, um

    instrumento vlido para que o governo cumpra a funo alocativa da

    poltica econmica.

    IV. A adoo de medidas como as que integram o Programa de

    Acelerao do Crescimento no contribui para que o governo cumpra

    nenhuma das funes da poltica econmica, a saber: alocativa,

    redistributiva e/ou estabilizadora.

    Esto corretas:

    a) I, II e III, apenas.

    b) I, II e IV, apenas.

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    c) I, III e IV, apenas.

    d) II, III e IV, apenas.

    e) I, II, III e IV