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1 ATENÇÃO A POPULAÇÕES INDÍGENAS EM HOSPITAIS AMIGO DO ÍNDIO EM RONDÔNIA ATEN ATEN Ç Ç ÃO A POPULA ÃO A POPULA Ç Ç ÕES ÕES IND IND Í Í GENAS EM HOSPITAIS AMIGO GENAS EM HOSPITAIS AMIGO DO DO Í Í NDIO EM RONDÔNIA NDIO EM RONDÔNIA AUTORES: Lucia Rejane Gomes da Silva, Daniel Moreira Leite, Ana Lúcia Escobar, Ari Miguel Teixeira Ott

ATENATENÇÃO A POPULAÇÕES ATENÇÃO A POPULAÇÕES …epi2008.com.br/apresentacoes/CC_23_09_manha_PDF/Lucia Rejane.… · população indígena, tendo em vista sua especificidade

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    ATENÇÃO A POPULAÇÕES

    INDÍGENAS EM HOSPITAIS AMIGO

    DO ÍNDIO EM RONDÔNIA

    ATENATENÇÇÃO A POPULAÃO A POPULAÇÇÕESÕES

    INDINDÍÍGENAS EM HOSPITAIS AMIGOGENAS EM HOSPITAIS AMIGO

    DO DO ÍÍNDIO EM RONDÔNIANDIO EM RONDÔNIA

    AUTORES: Lucia Rejane Gomes da Silva, Daniel Moreira Leite, Ana Lúcia Escobar, Ari Miguel Teixeira Ott

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    Introdução

    Em julho de 2005, o Ministério da Saúde estabeleceu critérios de internação hospitalar àpopulação indígena, tendo em vista sua especificidade étnico-cultural e vulnerabilidade, criando o certificado Hospital Amigo do Índio (BRASIL, 2006) – Portarias GM/MS nº 1.062/2005 e 645/2006

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    CRITÉRIOS PARA CERTIFICAÇÃO

    • Garantia de valorização das práticas tradicionais de saúde

    • Direito a acompanhante e intérprete• Dieta especial• Informação aos usuários

    • Critérios especiais de acesso e acolhimento

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    Objetivo Geral

    Conhecer a capacidade dos serviços hospitalares de referência do SUS de Rondônia para:

    • Atender às demandas de saúde oriundas do segmento populacional particular indígena

    • Receber o Selo Hospital Amigo do Índio e o correspondente incentivo financeiro

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    Objetivos Específicos

    • Identificar as competências e características da estrutura física e organizacional dos serviços de atenção de média e alta complexidade existentes em Porto Velho, Rondônia, para a atenção à saúde indígena

    • Analisar o nível de informação e de aceitação dos dirigentes das instituições pesquisadas a respeito do Selo Hospital Amigo do Índio

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    Coleta de dados

    • Observação da estrutura física e organizacional dos 3 hospitais de referência do SUS de Rondônia

    • Entrevistas com dirigentes: DSEI, CASAI, Conselho Distrital de Saúde Indígena e hospitais

    • Análise dos dados frente à literatura atual que trata da atenção à saúde indígena

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    Complexidade dos atendimentos hospitalares

    • Seguindo os critérios estabelecidos pelo SUS, os hospitais de referência de Rondônia estão muito longe de prestar uma atenção de alta complexidade, tanto aos índios quanto aos não índios

    • Oferecem o mínimo de serviços e ações dos dois níveis de atendimento

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    Complexidade dos atendimentos hospitalares

    • Todos os 3 hospitais de referência estão inseridos na média complexidade

    • Muitos dos itens de atenção que deveriam ser abrangidos pela alta complexidade são realizados através de mecanismo denominado “Tratamento Fora de Domicílio”(TFD)

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    Conhecimento da Certificação

    • Os dirigentes da CASAI e dos 3 hospitais públicos desconheciam a existência dessa certificação e dos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde para internação dos indígenas

    • Apenas os representantes do Conselho Distrital e do DSEI souberam informar

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    Preferência para a internação, o tratamento e na alta hospitalar

    dos indígenas

    • Apenas um dirigente admitiu haver uma prioridade formal nestas situações

    • Os demais dirigentes informaram haver um “cuidado especial”, devido a uma sensibilização dos gestores dos hospitais públicos de Rondônia com a questão da diversidade étnica dos índios

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    Direito de ter o parente como acompanhante

    • Apenas um dirigente de hospital afirmou que o direito de ter o parente como acompanhante é sempre garantido, independente da idade

    • Os demais entrevistados responderam que este direito só é permitido aos pacientes menores de idade e idosos (como para a população geral)

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    Presença de intérprete na internação

    • É vista por todos os dirigentes como uma forma de ajuda ao serviço assistencial

    • Apenas um dirigente (PS) relatou não garantir este direito ou oferecer condições para acomodação de intérprete ou acompanhante

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    Acomodações para permanência de acompanhantes

    • Todos os três hospitais oferecem condições mínimas, principalmente em relação a repouso e higiene

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    Instalação de “leitos”alternativos

    • Todos os dirigentes foram unânimes em responder que as instituições não oferecem este diferencial no atendimento

    • Em um hospital há o uso de redes, apesar de ter como restrição serem para o descanso diurno e não para pernoite

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    Oferecimento de dieta especial

    • Os dirigentes informaram que a dieta érealizada conforme as restrições da patologia

    • Há falta de preocupação neste sentido por parte dos hospitais públicos

    • A CASAI é o único local que garante este direito, segundo os representantes do Conselho Distrital e do DSEI Porto Velho

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    Acompanhamento por terapeutas tradicionais

    • Não houve respostas com restrição ao cumprimento deste direito pelos dirigentes

    • Mas relataram que nunca houve procura deste tipo de acompanhamento por parte dos indígenas

    • O conselheiro do Conselho Distrital informou que os índios estão perdendo este costume

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    Participação em instâncias de controle social

    • Os dirigentes dos hospitais pesquisados não participam das instâncias de controle social da saúde (Conselhos municipais, estaduais e distritais de saúde)

    • Apenas a CASAI tem participação nestas instâncias de controle social, como representante no Conselho Distrital de Saúde Indígena de Porto Velho

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    Processo diferenciado no acesso e acolhimento

    • Todos os dirigentes informaram que este acolhimento é feito apenas pelos profissionais da CASAI

    • Os hospitais não possuem e não utilizam mecanismos especiais para receber, atender e integrar os pacientes indígenas durante a internação hospitalar nas unidades de referência do SUS-RO

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    • Inexistem nos hospitais, ou em outras estruturas do SUS de Rondônia, mecanismos de educação permanente em saúde indígena ou etnografia indígena

    • Não há programação ou provisão para tal, apesar dos dirigentes reconhecerem sua importância

    Educação dos profissionais

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    IAPI

    • Incentivo de Atenção Ambulatorial, Hospitalar e de Apoio Diagnóstico à População Indígena

    • O pagamento deste “incentivo financeiro” aos hospitais, desde 1999, para implantação de estratégias de acolhimento, humanização e responsabilização, não foi capaz de fazer estes parâmetros se realizarem

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    Conclusão

    • Os hospitais de referência do SUS de Rondônia ainda não têm as condições estabelecidas para receber e cuidar da saúde dos indígenas de forma digna

    • Não há sensibilidade organizacional suficiente para a garantia deste direito, como não há para a população em geral

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    ______. Decreto nº 3.156, de 27 de agosto de 1999. Dispõe sobre as condições da assistência à saúde dos povos indígenas. Disponível em: www.funasa.gov.br/saudeindigena. Acesso em 22 abr. 2006b.

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    ______. Portaria ministerial nº 645/GM/MS, de 27 de março de 2006. Institui o certificado Hospital Amigo do Índio, a ser oferecido aos estabelecimentos de saúde que fazem parte do Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível em: www.funasa.gov.br/saudeindigena. Acesso em 22 abr. 2006d.

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    ______. Portaria n° 698, de 30 de março de 2006. Define que o custeio das ações de saúde é de responsabilidade das três esferas de gestão do SUS, observado o disposto na Constituição Federal e na Lei Orgânica do SUS. D.O.U. ed. n. 64. 3 abr. 2006f.

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