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Poder, Cultura e Relações de Gênero Este foi o tema da 2ª Oficina de Gênero para cerca de trinta lideranças (mulheres e homens) de diversas entidades sociais do Vale do Jequitinhonha. Os temas discutidos foram: Gênero e patriarcado; Gênero e cultura; Gênero e feminino; Gênero e feminismo; Gênero e classe social; Gênero e raça/etnia; Gênero e migrações feminização da migração. Durante a oficina destacou-se que o feminismo, ou o movimento de consciência crítica das mulheres atua na perspectiva dos Direitos Humanos iguais para todas as pessoas independentemente do seu sexo, etnia, condição social e cultural. Com base nessa orientação são pensadas as relações entre mulheres e homens caracterizadas por aspectos políticos, sociais, culturais. Em geral, o feminismo pensa essas relações numa perspectiva de mudanças estruturais e não apenas no nível doméstico (quem lava a louça hoje, quem limpa o banheiro amanhã?). Pensa o feminino e o masculino como mulheres e homens concretos empoderados e empoderadores. No que se refere à feminização da migração, observou-se que o crescimento da migração feminina ocorre em um contexto histórico de conquista de direitos pelas mulheres, visibilidade política e social, inserção no mercado de trabalho, empoderamento das mulheres, por um lado, e, por outro, dentro do mesmo contexto social, a permanência da violência física e simbólica contra a mulher, o esgarçamento de laços familiares, a desvalorização da força de trabalho feminina em relação à masculina, o tráfico de seres humanos especialmente do sexo feminino. Foi construído um varal de experiências a partir das seguintes questões: Na realidade cotidiana da nossa família, do nosso trabalho, como percebemos as diferenças, hierarquias e disputas entre homens e mulheres? Ano: 03 Edição: 18 Março de 2011 Apresentação Caros amigos e amigas, neste SPM INFORMA, encontrarão notícias referentes a Encontros e Oficinas sobre relações de gênero, Assembleia Popular, Grito dos Excluídos, Caminhada do Migrante, Retiro e Sustentabilidade no Planeta Terra, Igreja Profética e Missionária, Migração de trabalhadores para o corte de cana, Comunidades Quilombolas, Articulação entre Igrejas de Origem e de Destino dos migrantes temporários, Imigrantes haitianos na Região Norte, Imigrantes africanos, Greves de trabalhadores nos canteiros das grandes obras, Romaria dos trabalhadores, Missa de 7º dia do falecimento do Pe. José Comblin, cuja dedicação aos pobres e à Igreja foi sem limites. No “Espaço da Arte”, encontrarão um belo poema de Gonzaga Medeiros poeta do Vale do Jequitinhonha-MG. Boa leitura!

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Poder, Cultura e Relações de Gênero Este foi o tema da 2ª Oficina de Gênero para cerca de trinta lideranças (mulheres e homens) de diversas entidades sociais do Vale do Jequitinhonha. Os temas discutidos foram: Gênero e patriarcado; Gênero e cultura; Gênero e feminino; Gênero e feminismo; Gênero e classe social; Gênero e raça/etnia; Gênero e migrações – feminização da migração. Durante a oficina destacou-se que o feminismo, ou o movimento de consciência crítica das mulheres atua na perspectiva dos Direitos Humanos iguais para todas as pessoas independentemente do seu sexo, etnia, condição social e cultural. Com base nessa orientação são pensadas as relações entre mulheres e homens caracterizadas por aspectos políticos, sociais, culturais. Em geral, o feminismo pensa essas relações numa perspectiva de mudanças estruturais e não apenas no nível doméstico (quem lava a louça hoje, quem limpa o banheiro amanhã?). Pensa o feminino e o masculino como mulheres e homens concretos empoderados e empoderadores. No que se refere à feminização da migração, observou-se que o crescimento da migração feminina ocorre em um contexto histórico de conquista de direitos pelas mulheres, visibilidade política e social, inserção no mercado de trabalho, empoderamento das mulheres, por um lado, e, por outro, dentro do mesmo contexto social, a permanência da violência física e simbólica contra a mulher, o esgarçamento de laços familiares, a desvalorização da força de trabalho feminina em relação à masculina, o tráfico de seres humanos – especialmente do sexo feminino. Foi construído um varal de experiências a partir das seguintes questões:

Na realidade cotidiana da nossa família, do nosso trabalho, como percebemos as diferenças, hierarquias e disputas entre homens e mulheres?

Ano: 03 Edição: 18 Março de 2011

Apresentação Caros amigos e amigas, neste SPM INFORMA, encontrarão notícias referentes a Encontros e Oficinas sobre relações de gênero, Assembleia Popular, Grito dos Excluídos, Caminhada do Migrante, Retiro e Sustentabilidade no Planeta Terra, Igreja Profética e Missionária, Migração de trabalhadores para o corte de cana, Comunidades Quilombolas, Articulação entre Igrejas de Origem e de Destino dos migrantes temporários, Imigrantes haitianos na Região Norte, Imigrantes africanos, Greves de trabalhadores nos canteiros das grandes obras, Romaria dos trabalhadores, Missa de 7º dia do falecimento do Pe. José Comblin, cuja dedicação aos pobres e à Igreja foi sem limites. No “Espaço da Arte”, encontrarão um belo poema de Gonzaga Medeiros – poeta do Vale do Jequitinhonha-MG. Boa leitura!

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Em relação à organização social e à divisão sexual do trabalho, como são representadas as mulheres e os homens no mundo rural, no mundo urbano?

Quais são as percepções simbólicas e práticas das mulheres e homens sobre o feminismo e o machismo?

Políticas públicas, créditos de financiamento, habitação, produção, Pronaf, qual a real participação das mulheres?

Que ações concretas de empoderamento das mulheres e dos homens podemos destacar para alcançar equilíbrio nas relações de gênero?

O objetivo foi aprofundar o conhecimento e a experiência prática das relações de gênero entre as próprias lideranças em suas entidades, e, auxiliá-las nos seus trabalhos de base em comunidades rurais e urbanas. A Oficina foi organizada pelo GT de Mulheres do Vale do Jequitinhonha com assessoria da Pastoral dos Migrantes. Aconteceu na Diocese de Araçuaí-MG, nos dias 30 e 31 de Março de 2011. Mulheres Trabalhadoras – Vida e Direitos Este foi o tema de uma palestra realizada em 28 de março de 2011, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida – Ipatinga-MG. Foi abordado o tema da mulher no mercado de trabalho e a sua evolução, com o passar dos anos. O objetivo foi levar informação e formação aos interessados, principalmente as mulheres sobre as conquistas até hoje obtidas pela mulher no mercado de trabalho. Foram apontados os direitos que a Lei garante a mulher, no universo do mundo do trabalho e a evolução da Legislação desde 1827 até os dias de hoje. Esclarecido que este processo ainda não acabou e que muitas conquistas ainda precisam acontecer para que a igualdade no mercado de trabalho, no que diz respeito ao gênero, aconteça verdadeiramente. A palestra foi promovida pela Pastoral dos Migrantes em parceria com a Pastoral da Saúde e apoio de membros de Conferências Vicentinas.

Jairo Moura Costa Pastoral do Migrante – Ipatinga-MG

Assembleia Popular Aconteceu em São Paulo, nos dias 30 e 31 de março, a Plenária Nacional da Assembléia Popular. Começamos com uma análise da conjuntura em âmbito nacional e internacional, sendo que as revoltas do mundo árabe e a questão da Líbia dominaram os debates. O mundo árabe está vivendo um momento de intensas mobilizações, “revoltas” que estão repercutindo no mundo todo. Ao contrário do que alguns pensavam, tanto aqui quanto lá existem vontades e lutas por liberdade, direitos, justiça e democracia. No caso da Líbia, o imperialismo está exercendo a sua força como sempre fez. O império quer, com isso, brecar a revolução árabe, reprimir e mostrar que há limites para mobilizações populares. Internamente vivemos um tempo de euforia devido a tudo que representa crescimento, são as grandes obras do PAC e tudo que envolve obras e preparativos para a Copa e Olimpíadas. Mas nem tudo são flores e as

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reações que começaram a partir dos trabalhadores dos canteiros de obras da hidrelétrica de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, mostram o lado perverso da super exploração e desrespeito à dignidade dos trabalhadores/as. O reajuste do salário mínimo, votação da Ficha Limpa, corte do orçamento e aumento do Bolsa Família implicam em mais desafios na discussão do Projeto Popular para o Brasil. Como urgência, aparece a questão do enraizamento da Assembléia Popular, a formação e a construção de uma agenda comum de desafios práticos. Na noite do dia 30 houve o lançamento do caderno “Projeto Popular para o Brasil na construção do Brasil que queremos”, que será um subsídio importante para discussões da AP e na construção do projeto popular. A próxima Plenária foi sugerida para a segunda quinzena de outubro.

Secretaria Nacional do SPM São Paulo-SP

Saberes e Fazeres – Assembleia Popular - Vale do Jequitinhonha-MG Este foi o tema da Assembleia Popular que contou com a participação de cerca de 100 pessoas representantes de 16 entidades, entre elas, a Pastoral dos Migrantes. Foi apresentado e discutido o que cada entidade sabe fazer, como faz e aonde quer chegar. A partir das especificidades e orientações das entidades participantes, destacaram-se cinco temáticas.

1- Educação - as entidades representativas dos estudantes destacaram a necessidade das escolas e universidades implementar ou fortalecer em suas grades de disciplinas a educação popular e educação profissionalizante.

2- Questão Agrária – os movimentos sociais rurais apontaram para as lutas pela produção de alimentos saudáveis acessíveis a todos e a concorrência implementada pela expansão dos monocultivos de cana, soja e eucalipto destinados a produtos para exportação.

3- Trabalho Pastoral – as pastorais destacaram sua ação nas diversas regiões e comunidades com o objetivo de viabilizar a dignidade da condição humana das pessoas, motivá-las e mobilizá-las para a organização sociocultural de suas comunidades.

4- Assessorias – as ONGs enfatizaram a necessidade permanente de formação e capacitação de lideranças

5- Cultura – as entidades apontaram a necessidade de fortalecimento das culturas locais e regionais articuladas ao universo cultural nacional.

A partir desses destaques afirmou-se um horizonte ético de atuação e projeto popular que refuta qualquer tipo de exploração da condição humana, refuta qualquer tipo de dominação e tem como princípio a plena liberdade de pensamento, de ação, de conhecimento tendo em vista a construção de um Projeto Popular para o Brasil. A Assembleia Popular foi realizada nos dias 26 e 27 de Março – 2011, em Araçuaí, Vale do Jequitinhonha-MG.

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17º Grito dos/as Excluídos/as - Brasil Na reunião da Coordenação Nacional do Grito, em fevereiro, foi definido o lema para a 17ª edição do Grito, em setembro. Levando-se em conta as lutas por direitos sociais, a simbologia do 7 de setembro e inspirados pela temática da Campanha da Fraternidade de 2011, o lema para o Grito em 2011 ficou assim definido: “Pela vida grita a terra... Por direitos, todos nós”. Um passo importante no processo de animação e construção do Grito foi a realização do 13º Encontro Nacional de Articuladores/as do Grito, que aconteceu nos dias 01 a 03 de abril em São Paulo. Estiveram presentes trinta e cinco pessoas de dezesseis estados, sendo um momento de convivência, celebração, estudo e de encaminhamentos. Tivemos uma presença jovem bastante significativa e animadora, no encontro, e comprometida com a construção do próximo Grito dos/as Excluídos/as.

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Pastorais Sociais e Organismos/CNBB No mês de março, representantes das Pastorais Sociais, Organismos, Setor Mobilidade Humana e a Comissão 8 da CNBB estiveram reunidos, no Mosteiro São Bento, em Brasília. O encontro teve como objetivos socializar as práticas e discutir os desafios e perspectivas das Pastorais, Organismos e para a Comissão 8 no próximo período. Os participantes fizeram uma reflexão sobre como o tema e lema da Campanha da Fraternidade estão influindo nas nossas ações; debateram estratégias para o fortalecimento do Fundo Nacional da Solidariedade – FNS; como está o processo de criação de um departamento de captação de recursos para a sustentabilidade das Pastorais e Organismos, além de tomar conhecimento da proposta para a 5ª Semana Social Brasileira – V SSB.

As palavras de Dom Pedro Stringhini avaliaram como positivo o período. Percebemos, nos últimos anos, que a comissão conseguiu manter vivas a chama e a força das Pastorais Sociais, elaborar subsídios e pautar a sociedade para temáticas de interesse da nação. Afirmou, também que acredita ser este o caminho a seguir como forma de contribuir na sociedade como um todo.

Quanto ao tema da Campanha da Fraternidade, entendemos que alguns desafios que se apresentam são: manter esta discussão após o período da Quaresma, a partir da temática aprofundar a discussão sobre o modelo de crescimento e rever os padrões de produção e consumo.

Sobre o FNS, entendemos que é fundamental a criação de conselhos diocesanos para animar e divulgar a Campanha de Solidariedade, dar transparência da aplicação de recursos e divulgação dos resultados, para isso é importante que Pastorais e Organismos estejam disponíveis. Entendemos ainda que é importante a criação de um departamento para mobilização de recursos e sustentabilidade para as pastorais sociais e organismos, uma vez que estamos com dificuldades. A idéia é que esse departamento esteja ligado à CNBB.

Para o processo da V SSB, a proposta é de que aconteça no período de agosto de 2011 a novembro de 2012, tendo como objetivo suscitar a participação da sociedade no processo de democratização do Estado Brasileiro.

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Fórum de Pastorais Sociais do Regional Sul I – CNBB

No dia 23 de março, aconteceu a primeira reunião anual do Fórum de Pastorais Sociais, Organismos e Movimentos do Regional Sul I. Teve como pauta uma rápida memória do Fórum socializar as discussões do encontro nacional de pastorais sociais; pensar o tema do seminário de julho e uma equipe para preparação. Destacou-se que depois de 2004, quando foi organizado o seminário de lançamento da IV SSB, temos conseguido manter vivo o Fórum de Pastorais e realizar anualmente um seminário regional. O próximo seminário será nos dias 01 a 03 de julho, na Casa de Encontros Santa Fé, e terá como tema “Mudanças climáticas e justiça social”. Para ajudar na articulação e animação do Fórum haverá plantão um dia por semana na sede regional.

Secretaria Nacional do SPM São Paulo-SP

Caminhada dos Migrantes – Vitória-ES Aconteceu no dia 27 de março a I caminhada dos Migrantes da Arquidiocese de Vitória-ES. A caminhada foi realizada até o Convento da Penha/ Vila Velha – ES, um santuário fundado por Frei Pedro Palácio em 1558. Como preparação à essa caminhada, foram realizadas visitas aos 19 alojamentos de migrantes na área de abrangência das Paróquias São José Operário em Carapina, Nossa Senhora da Penha em Novo Horizonte; São Pedro em Jacaraípe no município de Serra/ES, e Paróquia Sagrada Família em Nova Rosa da Penha – Cariacica/ES. Durante as visitas houve celebrações, bate-papos, confraternizações. Os migrantes visitados são oriundos do Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Minas Gerais e Bahia. Formam um grupo de 345 pessoas. Os migrantes ficaram admirados com a arquitetura do Convento e o clima de paz e fé que o mesmo transmite aqueles que vão aos pés de Nossa Senhora da Penha pedir a sua intercessão junto ao Filho Jesus. Houve Celebração Eucarística, partilhas fraternais, alegria, fé, esperança... Finalizaram esse momento de espiritualidade mariana com um delicioso lanche comunitário.

Ir. Deonilda Vígolo, mscs – Coord. Pastoral do Migrante Arquidiocese de Vitória-ES

Retiro – sustentabilidade no planeta No dia 27 de fevereiro aconteceu o retiro da pastoral do Migrante da Arquidiocese de Vitória. Foi trabalhado o tema da Campanha da Fraternidade 2011, “Fraternidade e a Vida no Planeta” e o lema: “A criação geme em dores de parto”. Destacou-se que esse é o momento propicio, que a Igreja nos convida a

refletir sobre a vida no Planeta, pois somos extensão dele, e precisamos dele para viver. Portanto, é um apelo à conversão, a mudança de vida. Se quisermos ter mais qualidade de vida, precisamos cuidar melhor da vida humana e da vida do nosso Planeta. Ressaltou-se a importância de um trabalho intenso de conscientização nas comunidades sobre a necessidade de

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separar o lixo, limpeza de quintais para evitar a procriação da dengue, e não jogar papel, plástico, pilhas em qualquer lugar. Esse trabalho deve ser permanente e não só durante a CF. Essas atitudes ajudam-nos e ao nosso planeta a ter vida em abundância. Fizemos uma dinâmica com argila e foi entregue a cada participante um pedaço do barro, dizendo que Deus, ao nos modelar, criou o ser humano para ser feliz, livre e cheio de amor. No entanto, o pecado entrou no homem nos fazendo viver presos ao barulho do mundo, as guerras e violência, que nos fazem viver sem confiança em Deus e nos outros homens. Os participantes foram interpelados por Deus a iniciar o processo de conversão. Muitos ressaltaram que isso é um trabalho continuo de desprendimento das coisas do mundo para nos apegarmos as coisas de Deus.

Ir. Deonilda Vígolo, msc – Coord.Pastoral do Migrante Arquidiocese de Vitória /ES

Igreja discípula, profética e missionária Esse foi o tema da 21ªAssembleia Diocesana – Diocese de Ji-Paraná-RO, realizada nos dias 04, 05 e 06 de Março. O objetivo foi trabalhar as Diretrizes Diocesanas fundamentadas na “opção preferencial pelos pobres, através da promoção da dignidade da pessoa, renovando a comunidade, participando na construção de uma sociedade justa e solidária”. Fez-se essa revisão a partir de estudos nas paróquias da Diocese para traçar rumos atualizados de evangelização para os próximos anos. Como marco referencial da assembléia, tivemos uma análise eclesial levando-nos a uma percepção mais profunda das características da Igreja que temos hoje e que tipo de agentes nós somos nessa Igreja. Queremos confirmar nossa opção por uma igreja profética, libertadora e missionária, pois a missão é a alma da Igreja. Uma igreja que valoriza a pessoa, a comunidade e a sociedade, os três eixos que norteiam as DGAE - Diretrizes Gerais de Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, e foram esses mesmos elementos que a Assembléia defendeu para as linhas de ação da Igreja de Ji-Paraná. Convém também destacar o aumento da população em toda a Diocese e no Estado de Rondônia. É Patente o aumento da violência, dos acidentes de trânsitos, do desemprego, do desrespeito aos valores humanos, as novas configurações de famílias, e também os novos fluxos migratórios provocados pela construção das usinas de Santo Antonio, Jirau e das usinas da Cana e álcool existentes na região de Rolim de Moura, São Felipe e Santa Luzia. Destaca-se também o crescente êxodo rural, principalmente da juventude em busca de melhores condições de vida, trabalho, estudos. A história desta Diocese assemelha-se com a própria história da cidade de Ji-Paraná, marcada pela migração dos nordestinos, expulsos pela seca, o grande fluxo migratório dos anos 1980/1990, o êxodo rural instalado destes últimos anos e a saída de nosso povo para outros países procurando “melhoria de vida”. Uns se vão, outros já retornam. Nesse vai e vem, defendemos sempre a vida, pois ela deve prevalecer sempre. Ir. Carolina de França/ SPM

Pela Equipe de Ji-paraná

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Trabalhadores Migram para o Corte de Cana

No dia 04 de Abril-2011, três mil trabalhadores migraram do município de Araçuaí, Vale do Jequitinhonha-MG, para a região de Piracicaba-SP. Foram cortar

cana-de-açúcar em usinas do grupo COSAN. Duas semanas antes, os trabalhadores foram submetidos a exames de sangue e preencheram fichas cadastrais no Centro Público de Promoção do Trabalho – Regional Araçuaí. O exame é para detectar doença de chagas ou outras maleitas que impedem o ritmo intenso de trabalho. Os trabalhadores que apresentam a doença não são contratados. Contudo, mesmo aqueles que não a manifestam só são contratados em regime de experiência, isto é, por três meses. Depois desse período, se eles atingem a meta de produtividade mínima exigida pelas usinas (cortar 12 toneladas de cana/dia), são mantidos no emprego. Quem não atinge a meta é demitido.

Os trabalhadores selecionados assinam o contrato, recebem uma refeição e embarcam em ônibus da empresa Gontijo. Isto representa uma conquista dos trabalhadores e as entidades que os apóiam em suas lutas por melhores condições de trabalho, transporte e alojamento. Até pouco tempo, eles saíam sem contratos formais, embarcavam em ônibus de empresas clandestinas sem saber ao certo o seu destino. Essas conquistas, porém, não significam que tudo está perfeito no processo de contratação e migração. Embora os migrantes já saiam com suas carteiras de trabalho assinadas e em ônibus adequados, a pré-seleção ainda é feita por “gatos” que percorrem as comunidades rurais aliciando trabalhadores. Ou seja, a contratação direta pelas usinas, prevista no Protocolo de Intenções firmado entre o Governo e as usinas, não eliminou a figura do “gato”. Outros trabalhadores migram por conta própria. Além disso, muitas famílias sofrem com a separação de seus entes queridos. Próximos aos ônibus se aglutinam mulheres, crianças e homens com olhares tristes, baixos, embotados, perdidos no horizonte. Mais um ano, mais uma safra, mais sofrimento no trabalho duro no eito dos canaviais e moradias insalubres. Paradoxal e necessariamente, os trabalhadores sonham em poder ficar na sua terra, plantar, colher, trabalhar, brincar com seus filhos, vê-los crescer, gozar da companhia de suas esposas em habitações melhores... Alimentar esse sonho parece ser a sua condição de partida. O tempo vai passando, e, mesmo com o acelerado processo de mecanização do plantio e colheita da cana, os trabalhadores continuam migrando, diversificando suas rotas migratórias. Como eles, o sonho de permanecer em sua terra também vai se espichando, migrando para mais longe. Como reverter essa situação?

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Quilombolas – migrações, cultura e defesa de territórios No período de 21 a 28 de Março-2011 foram realizadas seis oficinas sobre “Identidade Quilombola e Territórios” em cinco comunidades rurais (Córrego Narciso, Itira, Cuba, Jenipapo, Ponte do Gravatá) dos municípios de Araçuaí, Chapada do Norte e Itinga. A sexta oficina foi realizada na Diocese de Araçuaí-MG. Todas essas comunidades são fortemente marcadas pela migração de milhares de trabalhadores para o corte de cana, serviços domésticos, construção civil, etc. Em todas as comunidades foi muito rica a participação das pessoas (mulheres, homens, jovens, crianças). Interagiram com perguntas, ideias, danças, rezas, músicas, causos, comidas, brincadeiras, instrumentos de trabalho, produtos da roça, artesanatos, etc. Elementos estes que, juntos foram constituindo um mosaico de símbolos que compõem o território étnico quilombola. Durante as oficinas, as comunidades quilombolas apresentam suas trajetórias históricas através de „causos‟, histórias, depoimentos, músicas, danças, comidas, espiritualidade, etc e apresentam ideias, questões a serem discutidas em novas oficinas, que possam contribuir para o fortalecimento de sua organização sociocultural e o acesso a seus direitos. Seguem, abaixo, sínteses das oficinas em cada comunidade destacando como elas entendem o quilombo e também apresentando ideias e questões para as próximas oficinas. Ponte do Gravatá Trata-se uma comunidade situada a 10Km da área urbana de Araçuaí. Seus moradores vivem da agricultura e do comércio do excedente da produção nas feiras semanais do município. A Oficina contou com a participação de 38 pessoas (mulheres, homens, jovens). Pergunta: o que acha que é ser quilombola? O jeito de trabalhar dos escravos. Quilombo, lugar que os negros moravam. Porque vivo nessa comunidade, somos descendentes de quilombolas. Gostamos. Temos histórias de geração em geração - elas estão escondidas. Questões e ideias apresentadas pela comunidade para a segunda oficina: Trabalhar questões como: juventude, mulheres, crianças, atividades de

geração de renda, ser quilombola, terra, trabalho, festa, religiosidade, saúde, associações.

como organizar trabalho de geração de renda, artesanato, produção agrícola? melhoramento da qualidade da água (acesso `a água potável) trabalhar a

questão ambiental, água do rio, água poluída, sem tratamento, recebe os lixos da cidade

abordar a questão do trabalho e geração de renda na comunidade abordar a questão do acesso a água potável direitos das comunidades quilombolas educação na comunidade quilombola a partir de sua identidade étnica promover um encontro sobre quilombolas na escola da região da comunidade.

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Itira Trata-se de uma comunidade situada no Delta do Rio Jequitinhonha com o Rio Araçuaí. A maior parte de sua população vive da agricultura e trabalhos na área urbana. Dessa comunidade originaram outras duas comunidades quilombolas, os Baú, e, o Arraial dos Crioulos, ambas situadas na área urbana do município. Seus moradores gostam de contar a história de seus avós do período da escravidão. 29 pessoas (todas mulheres) participaram da oficina. Pergunta: o que acha que é ser quilombola? Ter uma história forte de luta contra a escravidão. O quilombola é porque tem umas músicas da gente mesmo, umas histórias que vem do tempo dos nossos avôs e que era dos negros que fugiram da escravidão. É porque a gente é forte. Tem uma cultura da gente, o pilão, as danças, minha avó sabia fazer umas comidas que só ela sabia. Ela também sabia falar numa língua que era só a dos negros. É o quilombola. Toda uma riqueza na música, na festa, na religião, na dança, na lavoura.

Questões e ideias apresentadas pela comunidade para a segunda oficina: Trabalhar a questão de

como organizar uma associação quilombola.

Como criar espaços para levar a história de nossa comunidade na escola. Lá as crianças não aprendem nossa história.

Organizar um encontro de mostra de cultura da comunidade. Como organizar um grupo de mulheres da comunidade. Mobilizar os homens para participar mais ativamente das atividades da

comunidade. Cuba Essa comunidade situa-se no município de Chapada de Norte. Seus moradores vivem do trabalho agrícola, de trabalho assalariado na área urbana e da migração para as fazendas de café e para os canaviais. A Oficina contou com a participação de 34 participantes (mulheres, homens, jovens e crianças). A maioria era composta de jovens músicos com

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tambores, pandeiros, triângulo, violões tocando e cantando músicas compostas por eles mesmos. Pergunta: O que é ser quilombola? Ser negro renovando as coisas antigas. Quilombola vem das nossas origens, dos nossos avôs escravos. Ser quilombola é resgatar a história, reconhecer a gente como comunidade quilombola. Questões e ideias apresentadas pela comunidade para a segunda oficina:

Trabalhar a questão de como organizar uma associação quilombola.

Ampliar a próxima oficina com a participação das pessoas mais velhas da comunidade e também dos mais novos.

Trabalhar sobre a questão cultural, enriquecer os instrumentos dos jovens

Mobilizar a comunidade para conseguir instrumentos e roupas para o grupo de mulheres e de jovens.

Formar um grupo de mulheres para trabalhar com artesanato

Discutir a questão dos documentos da terra Discutir a questão do acesso à água

potável Córrego Narciso Essa comunidade situa-se a 20 Km de Araçuaí. Cerca de 40 pessoas (mulheres, homens, jovens) participaram da oficina. Esta foi iniciada dentro da celebração do culto trazendo a realidade local que está ligada com o tema da CF 2011, tendo como ponto principal a questão da água. Em seguida foram apresentadas imagens do cotidiano dos participantes. Os participantes identificaram que as primeiras fotos foram feitas em época de muita seca no ano passado. No meio da seca uma grande resistência: horticulturas, lagoa para abastecer água, criação de galinhas, porcos e gado.

Pergunta: Que é ser quilombola? Quilombo é uma espécie de assentamento. Como se formavam os quilombos? Ainda existem pessoas em trabalho escravo? E tem também o questionamento sobre o racismo. Hoje pessoas trabalham sem receber, ou ganha alguma coisa que não paga o trabalho, trabalho forçado em vários lugares, como SP, MG, RG, MT, GO. O caso da migração temporária para o agronegócio. Também foi abordada a luta pela terra e a história da comunidade.

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Ideias e questões para a próxima oficina Visitas às famílias em suas casas, Apresentação de batuques e danças das comunidades, Almoço comunitário; Tema titulação de terras, documentação; Oficina sobre como confeccionar um livro com a história da comunidade Organização da associação.

Jenipapo

Essa comunidade situa-se no município de Itinga. 33 pessoas (mulheres, homens, jovens) participaram da oficina, durante a qual se discutiu a identidade quilombola a partir das realidades das famílias. Seu trabalho na terra, sua religiosidade, sua organização social com grupos de mulheres, sindicato, grupos de jovens, música, dança, folias, migrações, estratégias de captação de água potável, educação, etc.

Pergunta: Que é ser quilombola? Quilombo é o lugar onde os negros lutavam pela liberdade. Viviam independente dos fazendeiros grandões. É o lugar onde os negros produziam, festejavam, rezava. É assim, uma cultura de resistência. Ideias e questões para a próxima oficina Trabalhar a questão do acesso à água

potável Falar sobre manejo sustentável de recursos

naturais Falar sobre associação quilombola Mobilizar e fortalecer grupos de mulheres Mobilizar e fortalecer grupos de jovens.

Segue, abaixo, síntese dos principais temas abordados durante as oficinas. Formação dos quilombos Não há uma data precisa. Sua origem está relacionada à instituição legalizada do regime de trabalho escravo. É muito comum ouvir falar que muitos negros reagiam ao regime de trabalho escravo e procuravam um local para onde pudessem fugir e viver longe da dominação de fazendeiros e autoridades. O quilombo, nessa perspectiva, remete à idéia de fuga, isolamento. Contudo, muito mais do que a fuga, estava incorporada à formação dos

quilombos o objetivo de se alcançar autonomia e organização da produção. Assim, muitos quilombos também foram formados por negros alforriados, abandonados que ocuparam terras abandonadas ou registradas em nomes de santos; terras que receberam como

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herança, ou que receberam como forma de pagamento, etc.. As negras e negros aquilombados passaram a organizar a produção simbólica, cultural e material da vida nessas terras, se interagindo com outros povos e comunidades, assimilando e transmitindo novos costumes e hábitos culturais numa relação de interculturalidade. Com isso, foram transformando e transmitindo o seu patrimônio histórico e cultural de geração a geração até os dias atuais etc. Direitos à Posse do território em comunidades quilombolas

As comunidades quilombolas passam a ter o direito de posse legal dos seus territórios a partir do artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988. Mais recentemente (11/2003) os decretos 4.883, 4.884, 4.887 passaram a estabelecer novas normas para regularização das terras quilombolas. Ao INCRA compete a titulação das terras. Todavia, a grande maioria das comunidades tem enormes

dificuldades de ter acesso ao documento de posse legal de suas terras. Em todo o Brasil, milhares de comunidades quilombolas tem se mobilizado em lutas por reconhecimento de sua identidade e garantias de seus direitos. Muitas delas conseguiram o seu reconhecimento. No entanto, seu acesso aos direitos ainda é muito precário, pois envolve diretamente a luta pela terra, água, produção autônoma de alimentos e inalienabilidade de seus territórios. Outro fato preocupante é que muitas comunidades tem sido reconhecidas como quilombolas, mas as pessoas que vivem nelas não sabem desse reconhecimento, ou o que significa ser quilombola em termos de direitos. Além disso, a maioria de seus membros (mulheres e homens) vivem em constantes migrações em busca de melhores condições de vida. O agravante é que as migrações tem dificultado a organização social e o fortalecimento das comunidades na luta e defesa de seus direitos. As Oficinas são realizadas pela Pastoral dos Migrantes – Araçuaí, através de um projeto financiado pela CESE.

Pastoral dos Migrantes equipe Jequitinhonha-MG

III Encontro entre Igrejas de Origem e de Destino dos Migrantes Temporários O Encontro começou com um momento de mística e memória dos Encontros anteriores. Fez-se uma análise de conjuntura destacando o forte processo de mecanização da produção e colheita de cana-de-açúcar e a grande possibilidade de demissão da maioria dos trabalhadores. Foram apresentadas estatísticas sobre o perfil social e profissional trabalhadores e suas possibilidades de inserção em outros setores do mercado de trabalho, ou atuação em atividades alternativas nas suas

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regiões de origem. Devido a seu baixo índice de escolaridade, foi avaliado que os trabalhadores necessitam não somente de trabalho, mas de qualificação profissional e formação para se manterem no exigente mercado de trabalho, ou para desempenhar com eficiência atividades de geração de renda nas suas regiões de origem. Foi apresentada uma pesquisa sobre Juventude migrante, expansão do agronegócio, novas rotas migratórias, os desafios e perspectivas. A pesquisa foi realizada com jovens migrantes de vários municípios da Paraíba e de Pernambuco. Apontou-se que os jovens tem migrado para regiões onde a mecanização ainda não é tão intensa, ou ainda para centros urbanos onde se empregam na construção civil e em serviços domésticos. Os recursos obtidos pelos jovens durante a migração são empregados na melhoria dos seus meios de transporte, habitação, terrenos, vestuário, aquisição de bovinos. Fez-se também uma abordagem sobre o trabalho escravo no Brasil, destacando sua forte incidência nos setores do agronegócio, e, os desafios das entidades comprometidas com a dignidade humana em exigir do Estado garantias de trabalho digno aos trabalhadores e seus direitos. Houve ainda uma reflexão sobre migração e interculturalidade apontado que no terreno da cultura há uns segredos, astúcias, que devem ser percebidas. Quando a pessoa migra, ele tende a cristalizar a cultura. Ex: a pessoa vem da Paraíba nos anos 1970. O que ele traz na lembrança dele? O São João da Paraíba, porque está ligado a terra, aos costumes dele. Então, ele pede à Igreja que possibilite a ele aquela festa de São João da Paraíba. Ele cristaliza isso. Mas, quando ele retorna a Paraíba, ele vê que muitas coisas foram mudadas. O são João da Paraíba mudou se dinamizou. E, o migrante está lá de volta com os valores cristalizados sem compreender o que aconteceu. Mas, o migrante com a sua cultura de origem cristalizada também incorpora valores da cultura da região de destino. Por fim, foram elencados vários desafios a serem perseguidos pelas Igrejas de Origem e de Destino da Migração com o objetivo de fortalecer as ações nas regiões de origem viabilizando alternativas para os trabalhadores e suas famílias.

Houve momento de trabalhos em grupos e uma

interação muito rica de todas as

pessoas participantes. O III Encontro foi realizado nos dias 11, 12 e 13 de

Março e contou com a participação de 40 pessoas (mulheres, homens, jovens) todas agentes de pastoral vindas de diversos Estados, como Paraíba, Minas Gerais, Paraná, Piauí, São Paulo, Pernambuco, Bahia, Mato Grosso. Haitianos em Rondônia São 100 pessoas, sendo nove mulheres, uma criança de nove anos, e, noventa homens. A maioria fala o castelhano, o que facilita a nossa comunicação. O grupo veio do Acre. Lá, a igreja, através da Cáritas, fez muito por eles. No Acre não estavam conseguindo trabalho remunerado. Á procura de trabalho, decidiram buscar alternativas em Rondônia.

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Depois que a mídia tornou pública a situação desses imigrantes haitianos, algumas comunidades manifestaram várias intenções e ações de solidariedade em seu auxílio. Contudo, ao mesmo tempo, há uma forte perseguição institucional que aprofunda o drama vivido por estes imigrantes. A Vigilância Sanitária tem monitorado 24 horas por dia as habitações desses imigrantes, quando, na verdade, olhamos ao redor de nossa cidade principalmente nos bairros de periferias tão abandonados, e o poder público não atua para garantir o mínimo de condições sanitárias adequadas para a população. Além disso, as polícias militar e civil vem sistematicamente colhendo digitais e investigando a vida de cada um deles com o argumento de que, “eles podem ser perigosos.” Situação indignante para essas pessoas. Esses imigrantes e a Pastoral se empenham numa luta muito forte para conseguir a documentação que lhes viabilize o acesso a direitos e dignidade humana. Eles já têm a documentação e são livres para irem e virem. Em Rondônia, a Igreja, através da Pastoral e da rede de refugiados, procura apoiá-los de diversas formas, como na elaboração de currículos para inserção no mercado de trabalho. São elaboradas relações com os nomes e as profissões das pessoas. As listas são levadas às indústrias e empresas. Eles precisam do emprego e enviar recursos para suas esposas pagar despesas básicas, como aluguel, água, energia. Às vezes, eles são ajudados pela Pastoral e por outras pessoas. O que conseguem, enviam para suas famílias no Haiti. Outras vezes não conseguem ajuda. Nesses casos ficam as perguntas: como as famílias estão conseguindo sobreviver? E a dignidade humana dessas pessoas? Outra preocupação constante é que, por necessitarem de apoio, ajuda, eles encontram pessoas querendo lhes oferecer empregos. Mas, não se sabe ao certo que tipo de emprego e formas de contratos. Serão contratos justos e dentro da lei trabalhista do país? Além disso, apesar do grande esforço que fazem, eles não dominam a língua portuguesa, o que dificulta bastante sua inserção e interatividade social como pessoas dignas e de direitos.

Ir. Maria Ozânia

Brasil na rota dos imigrantes africanos Muito se tem publicado no Brasil que este entrou na rota dos imigrantes africanos. O Brasil – país cuja gênese da população está na “mistura de raças”, dentro das quais se destacou, desde os primórdios da sua história, a raça negra dos escravos oriundos de África – agora é visto como o país que acolhe muitos africanos que fogem da guerra e da fome e vão em busca de melhores oportunidades de estudo e de trabalho. Hoje, 65% dos refugiados no Brasil são africanos e já existe até um programa de distribuição de alimentos no Rio de Janeiro que beneficia refugiados e imigrantes angolanos e congoleses. Trata-se de um programa do Governo Federal que compra produtos ( frutas, verduras e peixes) de pequenos produtores para doar às comunidades necessitadas. Por isso, apesar do continente europeu ainda ser o principal destino dos africanos, o Brasil também começa a estar na rota de quem quer deixar África. Hoje, é possível encontrar nos “morros” do Rio muitas comunidades africanas. Conta a história que foi no final dos anos 70 que chegaram ao Brasil os primeiros imigrantes do Congo. Nos últimos dez anos esta imigração tem-se intensificado. Muitos congoleses saíram das áreas nobres no seu país, têm formação universitária e ainda assim têm dificuldade em conseguirem trabalho no Brasil. ( Será que estamos diante de um “ racismo não declarado”?). Por isso, estes imigrantes vêem-se obrigados a viver nos chamados “bairros populares” e, apesar das dificuldades encontradas em seu país de origem, alguns já pensam em regressar. Mas o estudo ainda é um dos principais motivos que leva muitos africanos, sobretudo caboverdianos, ao Brasil. Até o atual primeiro-ministro daquele país, José Maria Neves, licenciou-se pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo.

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Atraídos por programas de intercâmbio em universidades públicas e privadas, cinco mil cabo-verdianos vivem no Brasil. Destes, dois mil são estudantes universitários e a maioria deve regressar ao seu país de origem quando concluir os estudos. Ainda assim, há sempre quem opte por ficar, pois, mesmo que exista um “racismo não declarado”, neste momento há muitas oportunidades de trabalho em terras brasileiras. Fronteira de Guajará-Mirim/Brasil e Guayaramerin – Bolívia A construção de hidrelétricas tem atraído trabalhadores indocumentados que, cada vez mais, procuram documentar-se. A diocese de Guajará-Mirim, através da Pastoral dos Migrantes, tem feito um trabalho de encaminhamentos para a documentação, orientação e defesa da dignidade dos migrantes e imigrantes. Tem sido realizadas visitas aos trabalhadores nos seguintes municípios: Extrema-AC, Nova Mamoré, Distrito do Iata, Surpresa, Costa Marques e outros. A equipe faz formação através de grupos de reflexão, visita às famílias carentes. Em 2010, dois encontros foram feitos: um, na Igreja Nossa Senhora Aparecida, para a preparação da Semana do Migrante, com Pe. Alejandro e o coral da Igreja Imaculada Conceição da Bolívia, e outro, no Centro de Treinamento São José, no Centro, com participação da equipe de Porto Velho-RO. Outro trabalho acontece com a Associação Nova Vida, dos catadores do lixão, formado por um grande grupo de bolivianos, a maior parte já documentada. As maiores dificuldades encontradas foram: falta de representação consular, falta de conhecimento das leis pelos funcionários de alguns setores de atendimento, principalmente saúde. O acordo de residência do MERCOSUL tem resultado em documentação para imigrantes. Em 2010, a Pastoral atendeu 356 pessoas entre homens, mulheres e crianças. Como desafio geral constatamos um certo medo nos migrantes em lutar pelos direitos Pe. William e Lola Araujo – Guajará-Mirim/RO

Revolta dos trabalhadores em Jirau – RO Trabalhadores da Usina de Jirau que residem em Porto Velho disseram nesta sexta-feira (18-03) à reportagem do TUDORONDONIA que a revolta no canteiro de obras da Camargo Corrêa e a explosão de violência no local são consequências de uma série de conflitos e abusos por parte da empresa contra os operários. A briga entre trabalhadores e motoristas de uma empresa terceirizada foi apenas o estopim para a revolta, que era latente e ganhou intensidade com o corte de hora extra, adicional noturno, entre outras vantagens suprimidas do contra-cheque dos operários. “Eu gosto de trabalhar na Camargo, mas ultimamente a situação tem ficado insustentável, com encarregados praticando assédio moral direto em cima da gente”, diz uma trabalhadora que mora em Porto Velho e foi chamada para prestar assistência na capital aos operários que saíram de Jirau após o quebra-quebra das instalações e incêndio de mais de 50 ônibus. "Saí de lá corrida com medo da violência. Andei dez quilômetros até arrumar uma carona. No meio do caminho, só via gente que se achava “o tal” (encarregados) tirando a farda e jogando no meio do mato com medo de identificação por parte dos “foguinhos” - o pessoal que ateou fogo em tudo", acrescenta a trabalhadora. Segundo ela, o pânico era generalizado e todo mundo gritava: "Tira a farda que eles

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querem pegar os encarregados!” Por via das dúvidas, eu, mesmo não sendo chefe de nada, joguei a farda no mato e meti sebo nas canelas (correu)". Além das questões trabalhistas e do assédio moral, a comida (péssima, na avaliação dos operários) é outro foco de discórdia. “A gente é proibido de trazer um vidro de pimenta para tentar mascarar o sabor da comida que, suspeita-se, sofre adição de salitre. A aparência é ruim e o sabor, pior ainda”, conta o operário Luiz, que, “por necessidade”, pretende continuar trabalhando na Camargo Corrêa. "O cardápio aqui é variado: sola de sapato (bife), boi ralado (carne moida), cobrão (peixe, tipo bagre, carregado no colorau), bife de 'zoião' (ovo), tudo preparado com “capricho” pra ficar bem ruim mesmo. E o pior é que a gente paga por isso e não tem outra alternativa, pois estamos a vários quilômetros da cidade mais próxima", acrescenta. “É bom que as pessoas saibam que, embora o clima de revolta fosse geral, apenas alguns 'peões' rodados participaram do quebra-quebra e dos incêndios. São pessoas aliciadas pela Camargo Corrêa em outros estados, com promessas de vantagens e mais vantagens. Brincar com peão é coisa perigosa. Essa gente é sem eira nem beira e não tem nada a perder, e deu no que deu. Todo mundo falava que isso ia acontecer. Inclusive tinha gente lá que sabia da intenção de tocar fogo em tudo, pois me contaram que já haviam feito isso em outras obras de outros estados”. Relatou um encarregado. Perguntado sobre a ação do Sindicato da Construção Civil para levar estas queixas à gerência da Camargo, o encarregado emendou: "É tudo um bando de pelego, vendido pra construtora. Esse povo perdeu a moral aqui, e se aparecesse no local na hora da revolta, teríamos sindicalistas enforcados e grelhados na brasa". Todos pediram para não ter o nome citado na reportagem temendo algum tipo de represália por parte da empresa. Há relato de casos de violência física por parte de funcionários da Camargo Corrêa contra operários, que relataram os fatos aos ministérios públicos Federal, Estadual e do Trabalho, que ouviram também queixas contra “os preços exorbitantes dos produtos no canteiro de obras”. Os trabalhadores também reclamam do descumprimento de contrato trabalhistas em relação à folga a que têm direito a cada quatro meses de trabalho. Numa reunião nesta sexta-feira com os ministérios públicos do Trabalho, Federal e Estadual, as reclamações contra a Camargo Corrêa mostraram que, diferente do que diz a empresa, as relações trabalhistas no canteiro de obras nunca foram normais. Durante a reunião, trabalhadores e dirigentes sindicais relataram que havia crescente clima de insatisfação dos trabalhadores de Jirau com a empresa Camargo Corrêa por causa dos critérios de divisão da Participação nos Lucros (PL) realizada no final do ano, existência de violência física sofrida pelos empregados, atribuída aos funcionários da Camargo Corrêa; ocorrência de vencimento de “baixadas” (folgas de campo concedidas aos trabalhadores pela empresa a cada quatro meses de trabalho) e prática de preços exorbitantes dos produtos oferecidos aos trabalhadores pela empresa Camargo Corrêa. Segundo eles, a insatisfação contribuiu para a crise que se instaurou na usina na terça-feira, dia 15 de março. A agressão de um trabalhador por três motoristas de ônibus foi o estopim para o início dos acontecimentos. Os trabalhadores solicitaram que as medidas trabalhistas que forem adotadas contemplem todas as empresas, inclusive as terceirizadas. O consórcio Energia Sustentável do Brasil, responsável pelas construção da

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hidrelétrica de Jirau, informou que as obras continuarão paralisadas, diferente do que havia anunciado anteriormente quando divulgou que os trabalhos em Jirau reiniciariam nesta segunda-feira.

TUDORONDONIA – 19-03-2011

Jirau – Rebelião foi resposta à brutal pressão para acelerar a obra A exploração intensa para antecipar o final de sua construção fez a panela de pressão explodir. Com a antecipação da obra, as empresas ganhariam dois prêmios:

1) Diminuição total nos gastos finais da usina referentes aos custos da força de trabalho. Por exemplo: a Camargo Correa anunciou que a media salarial dos operários em Jirau é R$ 2.100,00, como são 20.000 operários (grosso modo) isso significa que antecipando em um mês o termino da usina, eles iriam poupar R$ 42 milhões (se contar os 70% a mais de custos trabalhistas, este valor poderia chegar aos R$ 70 milhões por mês. Mas a previsão de Jirau era antecipar a obra em 13 meses, ou seja, redução de gasto com operários em torno de R$ 550 milhões (ou 900 milhões se contar os custos trabalhistas).

2) Com a antecipação do final da construção da obra eles também ganham o direito de vender esta energia no mercado livre, hoje algo em torno de R$ 130,00/MWh . Por exemplo: Jirau, a própria empresa esta anunciando que vai gerar 2.000 MWmedios. Ou seja, - A Cada HORA de antecipação da construção da usina, os 20 mil operários vão gerar para empresa um presente de R$ 260.000,00 (fruto da venda dos 2.000 MWmedios X R$ 130,00/MW). Por DIA, representa um faturamento de R$ 6,2 milhões (Ou seja, cada dia de antecipação da obra, a empresa faturaria em torno de R$ 312,00/dia/operário). A cada MÊS de antecipação, seria gerado 1.440.000 MW/mês - significa que iriam receber por esta energia gerada antecipadamente algo em torno de R$ 190 milhões/mês. Nos 13 meses que a obra seria antecipada (previsão da própria empresa), significa um faturamento com a venda desta energia de R$ 2,45 bilhões. Somente após isso, então que a empresa passaria a entregar a energia conforme estabelecido no contrato de concessão da ANEEL.

VEJAMOS: comparando estes R$ 2,45 bi com os 20 mil operários, quer dizer que o esforço forçado que a empresa impôs aos trabalhadores ao longo da construção da usina, nestes 13 meses, a empresas receberia pela venda da energia o equivale a R$ 120 mil/operário.

CONCLUINDO 1. A VANTAGEM DAS EMPRESAS: Ao todo significaria mais de R$ 3 bilhões de reais - sendo R$ 2,45 bilhões com a venda da energia gerada e mais R$ 900 milhões de reais que a empresa deixou de gastar. A Usina de Jirau tinha previsão de ser construída em 4 anos e meio. Mas ela iniciou suas obras com 6 meses de atraso (fruto das brigas judiciais entre as construtoras). Significa que restou 4 anos (48 meses) para construir a usina. Em 48 meses eles antecipariam o fim da construção em 13 meses, ou seja, anteciparam o tempo de construção em 25% do tempo. Isso quer dizer que, grosso modo, os operários tiveram que trabalhar num rítmo 25% acima do normal (previsão de maio de 2008).

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2. O PREMIO AOS TRABALHADORES: neste período de 4 anos de construção da usina

a) nos primeiros 3 anos de trabalho, eles recebem o premio de ter que trabalhar num rítmo 25% mais rápido, e em péssimas condições de salários e de trabalho, desde transporte até o uso de equipamentos de segurança no trabalho. b) no último ano de construção da usina, quando esta grande obra estiver plenamente pronta, como premio por este enorme esforço de gerar R$ 3 bilhões a mais do previsto, todos os cerca de 20 mil operários serão demitidos, enquanto as empresas (SUEZ e Camargo Correa e um grande número de políticos) farão a festa.

Gilberto Ocelio Muniz Movimento dos Atingidos Por Barragens – MAB

Romaria dos Trabalhadores Com a presença de lideranças da Pastoral Operária de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais e o Serviço Pastoral dos Migrantes, 15 pessoas se reuniram em São Paulo para encaminhar a 24ª Romaria dos Trabalhadores em Aparecida-SP. As atividades durante a Romaria foram confirmadas: será realizada uma mística no Porto Itaguaçu, o tríduo para encontros de base, a caminhada e a celebração. A caminhada trará denúncias a anúncios. As denúncias falarão da saúde, dos desabamentos e inundações, do agro-negócio, etc. Em Aparecida, surgiu uma comunidade a partir da Tenda dos Mártires que irá participar de um momento da caminhada com um teatro de jovens. Este grupo hoje se assumiu como Pastoral Operária. Alguns bispos serão convidados: Dom Orani, do Rio de Janeiro e Dom Demétrio, de Jales. Na reunião tirou-se o lema da 24ª. Romaria: “Mãe, proteger a vida é cuidar da natureza”. A reunião foi realizada em 19 de Março de 2011, na sede da PO Nacional, São Paulo/SP. Depoimentos marcaram Missa do 7º Dia do padre José Comblin

A missa em memória do Pe. Comblin aconteceu no dia 2 de abril, na paróquia Santo Domingos, no bairro de Perdizes, em São Paulo a Missa do 7º Dia do padre José Comblin. A celebração foi presidida por Dom Angélico Sândalo Bernardino, Bispo emérito de Blumenau (SC), e concelebrada pelos bispos eméritos Dom Antônio Gaspar e Dom Fernando Penteado, e por religiosos e padres da Arquidiocese de São Paulo. Muitos depoimentos emocionantes, como os de

Ana Flora, Maria Emília, Frei Carlos Mesters, Pe. Beozzo, lembraram a trajetória de vida do Pe. Comblin. Crítico da ditadura militar, Comblin se destacou pelo seu compromisso com a caminhada da Igreja Latino-americana, assessorando pastorais, comunidades, na formação do clero, nas aulas de teologia, na presença junto aos mais pobres, enfim na luta por justiça. Aos 88 anos, fiel servidor da Igreja, não silenciava quando tinha que exercer o profetismo no interior dela própria. A esse respeito citamos seu recente livro “A profecia na Igreja” (Paulus). São inúmeras e consistentes as obras por ele escritas, lembrando os grandes doutores da Igreja, como Santo Tomás de Aquino e Santo Agostinho".

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Traço de união

Há que se tramar uma nova junta, há que se juntar os homens

e as mulheres numa tropa só;

há que se apertar os laços, há que se laçar os homens

e as mulheres sem usar o nó.

É preciso traçar o abraço, é preciso crescer o traço

sem mais demora; carece juntar as pontas, carece tramar a união

logo agora.

Antes que se vá o sol, que se disperse a tropa

e se apague o traço, que se destroce a junta

e se desfaça o laço, cedo, sem fazer alarde,

antes que tarde há que se dar o abraço.

Gonzaga Medeiros

Espaço da Arte