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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioespacial e Regional - PPDSR Departamento de História e Geografia II COLÓQUIO INTERNACIONAL SOBRE DESENVOLVIMENTO LOCAL E SUSTENTABILIDADE: NOVAS ABORDAGENS VELHOS DILEMAS São Luís, 19 de outubro de 2011 José Arnaldo dos Santos Ribeiro Junior Bartolomeu Rodrigues Mendonça DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE EM QUESTÃO: ANÁLISE DO DESEMPENHO DA VALE NO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2011

Apresentação ii colóquio

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioespacial e Regional - PPDSR

Departamento de História e Geografia

II COLÓQUIO INTERNACIONAL SOBRE DESENVOLVIMENTO LOCAL E

SUSTENTABILIDADE: NOVAS ABORDAGENS VELHOS DILEMAS

São Luís, 19 de outubro de 2011

José Arnaldo dos Santos Ribeiro Junior

Bartolomeu Rodrigues Mendonça

DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE EM QUESTÃO: ANÁLISE

DO DESEMPENHO DA VALE NO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2011

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1 APRESENTAÇÃO

• Projetos de Desenvolvimento e Conflitos Socioambientais no Maranhão;

• Estratégias discursivas e práticas produtivas da Vale;

• Conceitos orientadores: sustentabilidade, desenvolvimento (SACHS,

2000), conflito ambiental (ACSELRAD, 2004) e discurso (FOUCAULT,

2009a; 2009b);

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2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS: desenvolvimento e sustentabilidade: uma

articulação conflituosa na Vale

•Desenvolvimento Industrial do Brasil a partir de 1930;

•Setor de Mineração, destaque para Companhia Vale do Rio Doce;

•Quem é a Vale? grupo empresarial composto de 27 empresas; atuação em mais de 30

países; desenvolve atividades de prospecção e pesquisa mineral, mineração, operações

industriais e logística;

•Objetivos do presente trabalho é texto é analisar o discurso de desenvolvimento contido no

documento “Um desempenho robusto/ Desempenho da Vale no 1T11”, que está acessível no site

www.vale.com. Basicamente, o documento a ser analisado é uma demonstração contábil da Vale.

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A VALE NO MUNDO

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3 Procedimentos Metodológicos

•Revisão bibliográfica enfocando temas como modernidade, desenvolvimento,

sustentabilidade, desenvolvimento sustentável, responsabilidade social, conflitos

ambientais, política ambiental e discurso;

•Levantamento dos conflitos socioambientais;

•Acompanhamento e registro do noticiário sobre conflitos socioambientais

veiculado na imprensa nacional e local

•Realização de entrevistas dirigidas junto a atores sociais;

•Realização de pesquisa na página eletrônica da empresa, bem como de agentes

sociais interlocutores da pesquisa;

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4 ANÁLISE DO DISCURSO OFICIAL DO DESEMPENHO DA VALE

O retorno ao acionista da Vale: R$ 1,670 bilhão

Retorno total ao acionista em 2010. Fonte: www.vale.com

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• Doze supergraneleiros – VALEMAX;

• Características: 362 metros de comprimento e 65 metros de largura ;

• Primeiro carregamento: 24 de maio de 2011.Foram carregadas 391 mil toneladas de minério

de ferro;

• Origem: Píer I do Terminal Portuário de Ponta da Madeira (TPPM)

• Destino: porto de Dalian, na China

Comparação dos navios antigos com o Valemax. Fonte: www.vale.com

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ESTRUTURAÇÃO DO COMPLEXO MINA-FERROVIA-PORTO: IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS

Província mineral de Carajás (Pará), a Estrada de Ferro Carajás (corta os estados do Pará e

Maranhão) e o Terminal Portuário Ponta da Madeira, localizado na capital São Luís-MA.

Navios de grande porte, como os VALEMAX, sinalizam novas minas, como a de Salobo no Pará

(cobre). Duplicação da Estrada de Ferro Carajás (EFC);

Impactos sócio-ambientais oriundos da estruturação do complexo: atropelamentos, regularização

fundiária, desrespeito a indígenas e quilombolas, insegurança alimentar , extinção de espécies,

perda de biodiversidade, poluição atmosférica e das águas

Participação em Consórcios de Energia: Belo Monte(PA) e UH Estreito (MA-TO)

Nas palavras da Vale: O racional para a aquisição é a redução da crescente disparidade entre a

nossa capacidade de geração de energia e o nosso consumo no Brasil, minimizando a nossa

exposição aos riscos do aumento do preço da energia e da escassez de oferta. O retorno esperado

para a Vale a partir do investimento em Belo Monte é superior ao nosso custo de capital.

Portanto, esse investimento é consistente com a nossa estratégia de crescimento e contribuirá para

a geração de valor aos acionistas da Vale (VALE, 2011, p.15).

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A despeito de tudo isso...

•Lucro recorde de R$ 11, 291 bilhões no primeiro trimestre de 2011, batendo o recorde

anterior do terceiro trimestre de 2010 que foi de R$10, 554 bilhões.

•China: importação de minério de ferro no 1T2011: 177,3 milhões de toneladas métricas

•Recuperação da queda dos preços de minério de ferro;

Alta dos preços de ferro. Fonte: www.vale.com

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Receita de vendas de minério de ferro: no primeiro trimestre de 2011 a receita

atingiu as cifras de R$ 11, 907 bilhões: este valor é 78,8% superior ao primeiro

trimestre de 2010.

Receita de vendas de pelotas: atingiu R$ 3,878 bilhões, 9,2% abaixo do último

trimestre (4T10), mas 119,5% acima do 1T10;

Investimento em níquel: projeto Onça Puma; capacidade nominal de 53.000

toneladas métricas por ano ; investimento total de US$ 2,841 bilhões; preço da

tonelada métrica : US$ 25.000.

Estimativas da vale em potássio: insumo agrícola muito utilizado nas culturas de

milho e cana-de-açúcar; crescimento das importações de 15% em relação a

2010; é uma área estratégica para o crescimento da Vale;

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Projetos de fertilizantes da Vale. Fonte: Zagallo, 2011

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Receita operacional da Vale atingiu as cifras de R$ 23, 573 bilhões, o maior valor de

um primeiro trimestre.

As vendas de minério de ferro, pelotas, minério de manganês, ferro ligas, carvão

metalúrgico e térmico representaram 69,5% desse valor.

Em termos continentais, a Ásia representou 49,1% da receita total. Já quando o país

torna-se o critério de análise a China foi responsável por 29,5% da receita.

Geração de caixa da Vale: 15, 517 bilhões de reais.

investimentos em crescimento orgânico : US$ 2,743 bilhões

Gastos com aquisições: US$ 221 milhões, concentrados em energia (US$ 173,5

milhões) e fertilizantes (US$ 48 milhões)

Receitas totais de fertilizantes: 1,312 bilhão

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Investimento em cobre: Salobo (PA) e Metorex (empresa com minas em Zâmbia e Congo)

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O lucro e o prejuízo das receitas de logística

As receitas operacionais desse setor

alcançaram as cifras de R$ 588 milhões e R$

131 milhões, para ferrovias e portos

respectivamente.

Acidentes com mortes ou lesões graves nas

ferrovias da Vale em 2009: apontaram como

“lucro” 109 vítimas, distribuídas da seguinte

forma: Carajás respondeu por 12 vítimas; a

Estrada de Ferro Vitória-Minas vitimou 11

pessoas; A Ferrovia Centro Atlântica fez 32

pessoas de vítima; por fim, a coligada MRS

atentou contra a vida de 59 indivíduos

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CONSIDERAÇÕES FINAIS: o “nascimento póstumo” de um ideologia decadente

Existência concreta de conflitos ambientais

Impactos sócio-ambientais nos grupos sociais atingidos: camponeses, indígenas,

quilombolas

Esvaziamento político do conceito de sustentabilidade

O desempenho da Vale e os recursos naturais

Qual modelo de desenvolvimento que queremos?

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• ACSELRAD, Henri As práticas espaciais e o campo dos conflitos ambientais. In ACSELRAD,

Henri (Org.). Conflitos ambientais no Brasil. Rio de Janeiro: Relume Dumará: Fundação

Heinrich Böll, 2004. pp.13-35

• FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Trad. Luiz Felipe Baeta NEVES. 7ªed. Rio de

Janeiro: Forense Universitária, 2009a.

• FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso. Trad. Laura Fraga de Almeida SAMPAIO. 19ªed.

São Paulo: Edições Loyola, 2009b

• RIBEIRO JUNIOR, José Arnaldo dos Santos. O discurso de responsabilidade socioambiental

empregado pela Vale no período pós-privatização (1997-2010) em São Luís - MA. Monografia

(graduação) - Universidade Federal do Maranhão, Curso de Geografia, 2011.132p.

• SACHS, Wolfgang (editor). Dicionário do desenvolvimento: guia para o conhecimento como

poder. Trad. Vera Lúcia M. JOSCELYNE, Susana de GYALOKAY e Jaime A. CLASEN.

Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

• ZAGALLO, J. G. C. Compreendendo a Vale. Apresentação no Segundo Encontro Internacional

dos Atingidos pela Vale. Sarzedo, Minas Gerais, 2011.

REFERÊNCIAS