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1 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
ANÁLISE FINANCEIRA DA COSIP
PARTE INTEGRANTE DO DIAGNÓSTICO TÉCNICO DA REDE DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA
2 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
ÍNDICE
Glossário ............................................................................................................................................................................................ 3
1 Sumário Executivo ............................................................................................................................................................... 4
1.1 Objetivo deste trabalho ............................................................................................................................................ 4
1.2 Sobre Teresina ............................................................................................................................................................. 4
1.3 Sobre a arrecadação COSIP ..................................................................................................................................... 4
1.4 Sobre o consumo de energia elétrica .................................................................................................................. 4
2 Situação de Teresina ........................................................................................................................................................... 5
2.1 Recursos Disponíveis ................................................................................................................................................ 5
2.2 Consumo de Iluminação Pública ........................................................................................................................... 8
2.3 Tarifa de Iluminação Pública .................................................................................................................................. 8
3 Análise Arrecadação COSIP ........................................................................................................................................... 12
3.1 Modelos de arrecadação ....................................................................................................................................... 12
3.2 Arrecadação COSIP .................................................................................................................................................. 13
3.3 Estimativa normalizada de arrecadação de COSIP .................................................................................... 15
3.3.1 COSIP Conservadora ..................................................................................................................................... 15
3.4 Segmentação da arrecadação da COSIP .......................................................................................................... 17
3.5 Contraprestação vs. Receita Líquida do município .................................................................................... 18
4 Perspectivas Consumo Energia Elétrica ................................................................................................................... 19
5 Análises dos Recursos e Gastos de Iluminação Pública em Teresina ........................................................... 25
5.1 Histórico de recursos e gastos ............................................................................................................................ 25
5.2 Análise do contrato vigente com Citéluz ........................................................................................................ 25
5.3 Taxa de Administração CEPISA .......................................................................................................................... 26
6 Conclusões e Observações ............................................................................................................................................. 27
3 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
GLOSSÁRIO
ANEEL: Agencia Nacional de Energia Elétrica.
Base EE: Total dos valores de consumo de energia elétrica sujeito à arrecadação COSIP.
BT: Bandeira Tarifária.
CEPISA: Companhia Energética do Piauí – Eletrobrás Distribuição Piauí.
Conta de energia: Valor total pago pelo consumidor em sua conta de energia elétrica. Neste valor
estão inclusos o seu próprio consumo individual de energia acrescido de um valor fixo ou percentual
relativo à COSIP de forma a compensar o Município pelo investimento e manutenção da rede de IP.
COSIP: Contribuição para o Custeio dos Serviços de Iluminação Pública.
Distribuidora: Distribuidora local de energia elétrica. Para o caso de Teresina refere-se à CEPISA.
EE: Energia Elétrica.
ELETROBRÁS: Centrais Elétricas Brasileiras S.A. Empresa estatal controladora da CEPISA e
gerenciadora de alguns programas energéticos do Governa Federal.
Fatura ILP: Fatura de Iluminação Pública.
IP: Iluminação Pública.
Município: Poder municipal, responsável pelos investimentos e manutenção da rede de Iluminação
Pública.
Receita líquida do município: A receita corrente líquida é somatório das receitas tributárias, de
contribuições, patrimoniais, agropecuárias, industriais, de serviços, transferências correntes e outras
receitas correntes do ente da Federação, deduzidos alguns itens exaustivamente explicitados pela
própria LRF, não cabendo interpretações que extrapolem os dispositivos legais.
Revisão Tarifária: Revisão periódica das tarifas de energia elétrica cobrada dos consumidores,
autorizada pela ANEEL.
PIB: Produto Interno Bruto.
Pontos de IP: Quantidade de pontos de iluminação publica existente na rede de IP.
Prefeitura: Prefeitura Municipal de Teresina.
PPP: Parceria Público Privada.
Taxa SELIC: Taxas de juros básica definida pelo Banco Central do Brasil.
4 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
1 SUMÁRIO EXECUTIVO
1.1 Objetivo deste trabalho
Este relatório é parte integrante do Diagnóstico Técnico da Rede de Iluminação Pública. O trabalho
tem como objetivo suportar a estruturação da PPP de Iluminação Pública de Teresina no que se refere
à análise financeira da COSIP; fundamental para que a estruturação das suas garantias seja robusta o
suficiente para atrair Potenciais Licitantes e – ao mesmo tempo – permita otimizar a amplitude dos
investimentos pretendidos.
Este documento não é vinculante. Desta forma, eventuais interessados em participar da licitação
podem adotar premissas diferentes das descritas nesse documento, sempre em consonância com as
exigências estabelecidas no Edital de Licitação. Adicionalmente, esse estudo não tem qualquer valor
para questionamento por parte dos licitantes, nem terá qualquer valor para construções de pleitos e
solicitações de reequilíbrio econômico-financeiro.
1.2 Sobre Teresina
▪ Teresina tem uma arrecadação COSIP moderada. Existem cidades, tais como Fortaleza e
Maceió, que cobram valores relativos bem superiores; todavia, como Teresina é uma cidade
com baixa concentração de edificações e de baixo PIB, há poucos recursos por ponto de luz
quando comparados com outras capitais.
▪ Do lado dos custos, a tarifa é alta e a escala é baixa. A equação é desfavorável em comparação
com grandes capitais.
▪ Neste contexto, entendemos que Teresina necessita de um modelo customizado para seu perfil.
1.3 Sobre a arrecadação COSIP
▪ Teresina, assim como outras cidades, aumentou recentemente a alíquota COSIP. Atualmente,
esta alíquota corresponde a 12% da conta de energia, líquida de tributos.
▪ A base recorrente de arrecadação bruta 2018 é estimada em aproximadamente R$ 59 milhões.
▪ Há grande variação mensal na arrecadação, com efeitos de sazonalidade e bandeiras tarifárias.
▪ A arrecadação advém principalmente de residências de alta renda, seguida de residências de
baixa-média renda e comerciais de médio e grande porte.
1.4 Sobre o consumo de energia elétrica
▪ O consumo de energia elétrica, e, consequentemente, a arrecadação da COSIP, tiveram
crescimento robusto em anos recentes, apesar da retração verificada no PIB.
▪ De forma geral, há grande correlação entre consumo de energia elétrica e PIB. Estudos indicam
uma elasticidade maior do que uma unidade. Para uma cidade como Teresina, é plausível
esperar um crescimento do consumo ainda superior ao PIB.
▪ Adicionalmente, o consumo de energia elétrica apresenta grande sazonalidade, boa parte
explicada pela correlação com a temperatura ao longo do ano.
5 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
2 SITUAÇÃO DE TERESINA
2.1 Recursos Disponíveis
Incialmente analisamos as variáveis de população, PIB e número de pontos de iluminação pública.
É possível dividir essas três variáveis em três grupos. (i) O primeiro grupo é formado por São Paulo/SP
e Rio de Janeiro/RJ que são as maiores cidades do país; (ii) o segundo inclui as capitais de médio porte
e (iii) o terceiro, no qual Teresina está inserida, é composto por capitais de menor porte, conforme
pode ser verificado nos gráficos abaixo (incluímos também Jaboatão dos Guararapes, que tem porte
similar à Teresina).
Gráfico 1
Fonte: IBGE, Promon Intelligens
Pontos Iluminação PúblicaPopulação PIB
Milhares de habitantes, 2016 R$ milhões, 2014 Milhares
628.065
299.850
56.624
56.729
87.657
67.573
78.892
50.688
46.095
28.706
26.326
18.302
19.076
23.902
17.762
13.217
14.894
20.526
12.610
8.902
12.038
6.499
2.938
2.610
2.513
2.094
1.894
1.626
1.449
1.446
1.083
1.022
878
864
847
691
642
585
503
465
São Paulo
Rio de Janeiro
Salvador
Fortaleza
Belo Horizonte
Manaus
Curitiba
Recife
Goiânia
Belém
São Luís
Maceió
Natal
Campo Grande
Teresina
Jaboatão dos Guararapes
Aracaju
Cuiabá
Porto Velho
Macapá
650
315
250
130
151
146
157
130
119
123
104
99
92
132
93
84
81
60
73
72
População, PIB e Pontos de IP
6 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
Gráfico 2
Analisando essas variáveis em conjunto é possível concluir que Teresina é uma cidade esparsa e de
baixo PIB per capita. Dessa forma, há poucos recursos por ponto de iluminação pública quando
comparado com as outras capitais.
Municípios que possuem verticalização acentuada e têm mais riqueza econômico-financeira possuem
uma base de consumo de energia elétrica maior, porém tem menos pontos de iluminação pública per
capita. Dessa forma a base da COSIP é maior e cresce mais do que o consumo de iluminação pública.
Por outro lado, cidades com relação PIB por pontos de IP precisam ter uma COSIP relativamente
maior. Há cidades, como Fortaleza e Maceió, que têm uma “alíquota efetiva” de COSIP muito maior que
Teresina.
Fonte: IBGE, Promon Intelligens
Densidade IP vs PIB PIB municipal / Pontos IP
966
950
581
504
463
438
390
388
344
254
234
226
206
191
185
184
181
172
157
124
São Paulo
Rio de Janeiro
Belo Horizonte
Curitiba
Manaus
Fortaleza
Recife
Goiânia
Cuiabá
São Luís
Belém
Salvador
Natal
Teresina
Aracaju
Maceió
Campo Grande
Porto Velho
Jaboatão dos Guararapes
Macapá
R$ mil / ponto
PIB municipal per capita
Po
nto
s a
cad
a m
il h
abit
ante
s
São PauloRio de Janeiro
Belo Horizonte
Curitiba
Manaus
Fortaleza
SalvadorRecife
GoiâniaBelém
São Luís
Campo Grande
CuiabáNatal
Maceió
Teresina
Aracaju
Jaboatão dos Guararapes
Porto Velho
Macapá
40
60
80
100
120
140
160
15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 40.000 45.000 50.000 55.000
Teresina está no segmento de baixa verticalização e baixo PIB
Densidade Iluminação Pública
7 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
Gráfico 3
Portanto, podemos constatar que – do lado das receitas – Teresina possui um volume baixo de
recursos COSIP para a dimensão de seu parque de iluminação pública.
Gráfico 4
Fonte: IBGE, Dados Energéticos/SP, PORTALGEO/RJ, BDE Pernambuco, IMB/SEGPLAN-GO, SEPLANDE/AL
Arrecadação COSIP / PIBArrecadação COSIP / Consumo Total Energia Elétrica
R$ mil / MWh %
0,39%
0,34%
0,30%
0,22%
0,16%
0,16%
0,09%
0,09%São Paulo
Rio de Janeiro
Recife
Goiânia
Teresina
Jab. Dos Guar.
Fortaleza
Maceió 57
53
46
40
28
23
17
22
COSIP Relativa
425
0
200
400
600
800
1.000
1.200
1.400
1.600
Fonte: Finbra e Promon Intelligens
COSIP por ponto de IPR$ mil / ponto, 2016
8 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
2.2 Consumo de Iluminação Pública
Como mencionado anteriormente, a verticalização municipal tende a reduzir o consumo de iluminação
pública per capita, dado que um único ponto de iluminação pública irá atender mais pessoas. A baixa
verticalização de Teresina se traduz num consumo maior de energia para iluminação pública per
capita com tendência crescente, isto pode ser visto no gráfico e na tabela seguinte.
Gráfico 5
2.3 Tarifa de Iluminação Pública
Além de possuir alto consumo de iluminação pública per capita, Teresina também tem uma das mais
caras tarifas de iluminação entre as capitais do Brasil, como pode ser visto no gráfico abaixo.
Nota: Para os municípios que não possuem dados para 2016, Rio de Janeiro e Fortaleza, foram utilizados do ano anterior, no caso 2015.
Fonte: IBGE, Dados Energéticos/SP, PORTALGEO/RJ, BDE Pernambuco, IMB/SEGPLAN-GO, SEPLANDE/AL
42 43
54
65 6569 69
86
Recife São Paulo Maceió Jaboatão dosGuararapes
Fortaleza Teresina Rio de Janeiro Goiânia
CAGR -4,7% -2,7% 1,0% 1,7% n.a. 0,4% -1,1% -0,6%
1,4 0,8 3,0 3,4 3,0 3,3 1,5 2,7
(2007-2016)
(MWh/R$ MM)Consumo IP / PIB
Consumo IP per capitakWh per capita, 2016
9 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
Gráfico 6
É importante notar que a tarifa de IP vigente em novembro de 2017 em Teresina foi reajustada
recentemente e teve um aumento de 21,9% em relação à tarifa do último ciclo tarifário, ou seja, a tarifa
passou de R$ 0,250 / kWh para R$ 0,305 / kWh.
Gráfico 7
0,2160,230 0,231
0,242 0,2420,254 0,257 0,261 0,264 0,264 0,267 0,271 0,272 0,272 0,274
0,290 0,298 0,305 0,3090,329 0,334
Fonte: ANEEL
Tarifa IP (B4a) sem impostosR$ / kWh, vigente em Nov/17
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
Sem efeito de bandeiratarifária
Com efeito de bandeiratarifária
Fonte: ANEEL e CEPISA
Tarifa de Iluminação Pública (B4a) histórica de TeresinaR$ / kWh
10 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
O reajuste tarifário em Teresina não foi apenas para a tarifa de iluminação pública. No ano de 2017
estava programado o procedimento de Revisão Tarifária; porém, com o processo de licitação da
distribuidora de energia elétrica do Piauí esse procedimento foi revogado. A ANEEL abriu Audiência
Pública 032/2017 para obter subsídios para definição de parâmetros regulatórios a serem utilizados
nos processos de reajustes tarifários até a próxima revisão tarifária.
Após diversos estudos e opiniões de participantes do mercado, a ANEEL definiu que em 2017 seria
adotado um reajuste tarifário utilizando parâmetros flexibilizados; de forma a equilibrar a
distribuidora em processo de licitação. A partir da Nota Técnica 248/2017, a variação média das
tarifas cobradas pela CEPISA deveria ser de 37,07%, dos quais 8,31% seria advindo do impacto da
flexibilização dos parâmetros regulatórios. No entanto, a ANEEL realizou novo estudo o intuito de
garantir a modicidade tarifária e evitar grandes variações tarifárias.
Como resultado, a Resolução Homologatória 2.305/2017 estabeleceu o reajuste médio das tarifas de
aplicação da CEPISA em 27,63%, valido de 28 de setembro de 2017 até 27 de setembro de 2018. A
tarifa base para cálculo da COSIP, consumidores residenciais e comerciais/industriais, teve variação de
26,8%.
Gráfico 8
O impacto da flexibilização dos parâmetros regulatórios, que era de 8,31%, foi diferido e será
adicionado no próximo processo de reajuste tarifário corrigido pela Taxa Selic. Nota-se que esse valor
de reajuste será reduzido após 5 anos do início do novo contrato de concessão da Cepisa.
É importante analisar a relação entre a tarifa base da COSIP e a tarifa de iluminação pública para
entender se essa relação se mantem constate ao longo do tempo ou se existe alguma diferença,
provavelmente ocasionada em períodos de reajuste e/ou revisão tarifária. O gráfico abaixo ilustra a
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
Reajuste TarifárioReajuste tarifáriode 2017
Desconto e novatarifa relacionadoa Angra III
Parcela do ReajusteTarifário de 2017 diferidapara o RT de 2018
26,8%
8,3%
ProjetadoHistórico
Fonte: ANEEL e CEPISA
Tarifa de Energia Elétrica p/ Consumidores Base da COSIPR$ / kWh
11 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
relação entre as duas tarifas, sendo que o primeiro período analisado, janeiro de 2016, é a base igual à
unidade.
Gráfico 9
Houve um descolamento entre a tarifa base da COSIP e a tarifa de IP no período em que houve o
desconto e a nova tarifa relacionados à Angra III. Durante esse período, abril de 2017 até setembro de
2017, o desconto dado à tarifa base da COSIP foi maior do que o desconto dado à tarifa de Iluminação
Pública, o que fez com que a relação ficasse abaixo da unidade.
No entanto, esse efeito foi corrigido no último reajuste tarifário, ocorrido em 2017 e vigente em
outubro de 2017. No caso do próximo reajuste tarifário, que irá ocorrer em 2018, não há motivos para
esperar que essa relação se descole da unidade novamente, visto que a parcela diferida para o reajuste
mencionado tem como objetivo equilibrar as contas da distribuidora a ser licitada e deve impactar
todas as tarifas.
Por fim, destaca-se que em 26/07/2018 ocorreu o leilão de privatização da Cepisa, que foi arrematada
pela Equatorial Energia. Parte do lance do leilão envolvia um desconto sobre a flexibilização tarifária.
Nota de atualização: houve um reajuste recente em Dez/2018, autorizado pela ANEEL, de 12,64% médio
na tarifa da CEPISA, em substituição ao reajuste previsto para Out/2018 de 8,3%, que não ocorreu.
Fonte: ANEEL e CEPISA
Reajuste TarifárioReajuste tarifáriode 2017
Desconto e novatarifa relacionadoa Angra III
0,93
0,94
0,95
0,96
0,97
0,98
0,99
1,00
1,01
Relação entre tarifa base COSIP e tarifa de IP (B4a)Unidade, jan/16 = 1
12 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
3 ANÁLISE ARRECADAÇÃO COSIP
3.1 Modelos de arrecadação
Há diferentes formas de arrecadação da COSIP no Brasil. Existem modelos no qual arrecadação parte
através de uma alíquota percentual da conta de energia elétrica e modelos no qual é cobrada uma
tarifa única, não importando o valor da conta de energia elétrica do consumidor. A tabela abaixo
apresenta os vários modelos.
Modelos de arrecadação da COSIP
Tabela 1
Teresina utiliza do modelo de alíquota percentual universal para todas as classes de consumo e está
relativamente “sozinha” utilizando este modelo, não foram encontrados outros municípios, dentre
aqueles aqui analisados, que apresentem este formato. A tabela a seguir apresenta alguns exemplos de
quais modelos são utilizados por alguns municípios.
Alíquota percentual Tarifa única
Universal
Diferenciação por classe de consumo
Progressiva por consumo de energia elétrica e diferenciada por classe de
consumo
Alíquota percentual para cálculo da COSIP universal para todas as classes de consumo
n.a.
Alíquota percentual para cálculo da COSIP única para cada classe de consumo
Tarifa COSIP única, independente do consumo, para cada classe de consumo
Alíquota percentual progressiva para cálculo da COSIP, seguindo tabela específica para cada
classe de consumo
Tarifa COSIP progressiva, seguindo tabela específica para cada classe de consumo
13 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
Modelos de arrecadação da COSIP
Tabela 2
3.2 Arrecadação COSIP
É possível observar um movimento comum entre algumas capitais brasileiras. Em 2015 e 2016, várias
capitais aumentaram a COSIP, possivelmente para viabilizar uma PPP de Iluminação Pública, dado que
algumas dessas cidades já começaram o processo da PPP e outras sinalizaram que pretendem fazer a
PPP.
COSIP e Status PPP Iluminação Pública
Tabela 3
Alíquota percentual Tarifa única
Universal
Diferenciação por classe de consumo
Progressiva por consumo de energia elétrica e diferenciada por classe de
consumo
Teresina/PI* n.a.
João Pessoa/PBCamaçari/BA
Belo Horizonte/MG
São Paulo/SPRio de Janeiro/RJ*
Porto Velho/ROCampo Grande/MS
Cuiabá/MT
Maceió/ALJaboatão dos Guararapes/PE
Palmas/TOSão Luís/MA
Belém/PAAracaju/SECuritiba/PR
Fortaleza/CEManaus/AM
Cidade
COSIP (R$ ano / R$ 2013, 2013=100%)
Status PPP IP
2013 2014 2015 2016
Teresina 100% 100% 137% 152% Em estruturação
São Paulo 100% 100% 113% 193% Licitação andamento – Jun/17
Rio de Janeiro 100% 112% 118% 124% Em estruturação – Mai/17
Belo Horizonte 100% 116% 160% 170% Finalizada – Mai/17
Fortaleza 100% 116% 161% 174%Em fase de estudos / sinalização positiva da
prefeitura – Out/17
Salvador 100% 105% 136% 149% Consulta pública encerrada – Set/17
Goiânia 100% 69% 77% 115% Sinalização positiva da prefeitura – Jun/17
Campo Grande 100% 109% 0% 163% n.a.
Maceió 100% 168% 286% 315% Licitação em andamento – Set/17
14 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
Teresina foi uma das cidades que elevou a COSIP e está estruturando a sua PPP de Iluminação Pública.
Em 2016, Teresina alterou a alíquota da COSIP por meio da Lei Complementar nº 4.974/2016, sendo
que a nova alíquota começou a ser válida em 2017.
A LC 4.974/2016 definiu a alíquota da COSIP em 12% para todas as classes de consumo. A base de
cálculo da COSIP é o valor mensal do consumo de energia elétrica, constate na Conta de Energia
Elétrica do contribuinte, sendo deduzidas as parcelas relativas a outros tributos. Além disso, a mesma
LC definiu que consumidores na faixa de 0 a 30 kWh/mês em todas as classes de consumo são isentos
de pagamento da COSIP e os contribuintes residentes em vias que não possuam iluminação pública
também estão isentos.
As principais mudanças da LC 4.974/2016 em relação à antiga legislação, a LC 3.391/2004, foram em
relação à alíquota e a base de cálculo. A alíquota teve um acréscimo de dois pontos percentuais – de
10% para 12%. Os valores de consumo que excediam 2.000 kWh/mês das classes residencial e rural e
que excediam 5.000 kWh/mês das demais classes eram excluídos da base de cálculo da COSIP e agora
não são mais. Além disso, houve a inclusão na isenção dos contribuintes residentes em vias que não
possuam iluminação pública.
O gráfico 10 nos mostra a dinâmica de arrecadação da COSIP. É possível observar que a COSIP tem
grande variação mensal, o que possivelmente advém do consumo de energia elétrica e da sua
sazonalidade. Nota-se também que as bandeiras tarifárias, de certa forma, também impactam a COSIP.
Por exemplo: em um período de bandeira tarifária vermelha a tarifa de energia elétrica tem o seu
maior acréscimo por unidade consumida de todas as bandeiras. Dessa forma, a conta de energia
elétrica do contribuinte fica mais cara caso o seu consumo não seja reduzido e, por conseguinte, a
arrecadação da COSIP é maior.
Gráfico 10
Milhões de reais Bandeira tarifária CAGR mensal noperíodo: 1,0%
Mudança da alíquota daCOSIP de 10% para 12%
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0COSIP com o efeito debandeira tarifária
COSIP estimada semo efeito de bandeiratarifária
Fonte: Prefeitura de Teresina – COSIP Eletrobrás PI
Dinâmica da COSIPR$ milhões, data-base = ago/17
15 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
3.3 Estimativa normalizada de arrecadação de COSIP
3.3.1 COSIP CONSERVADORA
Para estimar a base atual de arrecadação de COSIP (data-base 2018), observamos vários elementos.
Primeiramente, analisamos o histórico de arrecadação da COSIP a fim de entender a dinâmica da
arrecadação. Adicionalmente, fizemos análises adicionais sobre a sazonalidade do consumo de energia
elétrica que, em última instância, impacta a dinâmica de arrecadação dentro do ano corrido. Além
disso, buscamos entender a elasticidade preço do consumo de energia elétrica em Teresina a partir da
variação do consumo de energia elétrica e da variação da tarifa de energia elétrica. Levamos em
consideração também o efeito das bandeiras tarifárias na arrecadação de COSIP histórica.
Consideramos o reajuste da Tarifa da CEPISA1 de 26,8% em Outubro de 2017. Por fim, examinamos os
efeitos da mudança da taxa de COSIP, alterada pela Lei Complementar 4.974/2016, e os efeitos das
isenções e teto sobre consumo de energia elétrica na arrecadação de COSIP. Com isto, chegamos a um
patamar de arrecadação de COSIP estimado em R$ 59 milhões em 2018 (bruta).
Tabela 4
Gráfico 11
1 Foi analisado o histórico de reajustes de 2013-2017, Audiência Pública ANEEL 032/2017, Nota Técnica ANEEL 351/2017, Nota Técnica 248/2017 e a Resolução Homologatória ANEEL nº2.305/2017.
Arrecadação Bruta COSIP 2016 39,4 R$ milhões
(-) Efeito Bandeira Tarifária -0,7 R$ milhões
Arrecadação Bruta sem Bandeira Tarifária 2016 38,7 R$ milhões
(+) Aumento tarifa 10% para 12% 20% Aumento
(+) Reajuste Tarifário Out/2017 26,8% Aumento
Arrecadação Bruta 2018 59 R$ milhões
(-) Taxa Arrecadação CEPISA 3,0% Taxa cobrança
Arrecadação Líq. 2018 57 R$ milhões
16 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
O gráfico anterior mostra o histórico de arrecadação até out/18, e a projeção nov e dez/18.
É importante notar que esta estimativa não considera três efeitos: a) a variação do consumo de
eletricidade entre 2016 e 2018, utilizamos a arrecadação de 2016 como base inicial para os cálculos;
b) o aumento de 8,3% na tarifa de energia previsto para Out/2018 dado que este aumento é
temporário, válido apenas pelos próximos cinco anos; c) o novo teto de isenção é um pouco maior que
o teto que vigorava em 2016.
Não consideramos o item (a) porque não temos como prever a variação do consumo de 2016 a 2018.
Os fundamentos do consumo de energia elétrica, em particular residencial (maior contribuinte da
COSIP), são complexos, de forma que não podemos fazer uma simples extrapolação do passado. Em
relação ao item (b), o aumento é temporário e por esta natureza é incompatível com a intenção desta
estimativa, que é de determinar o nível de COSIP capaz de sustentar uma concessão de vinte anos. Em
relação ao item (c), não há granularidade suficiente na base de dados para fazer uma estimativa
precisa e uma análise macro mostra que o impacto é baixo.
Para efeito de estimação, trabalhamos sem efeito de bandeiras tarifárias na arrecadação de COSIP visto
que não há como prever quando, em que nível e se ocorrerão.
Complementarmente à estimativa descrita acima na Tabela 4, podemos projetar a arrecadação bruta
da COSIP através da anualização do valor arrecadado entre fevereiro e outubro de 2018, que foi de R$
45,5 milhões, ajustando por bandeiras tarifárias e sazionalidade, resultando em uma arrecadação
anual estimada também de R$ 58 milhões, o que corrobora com a análise anterior.
É importante notar que a estimativa de arrecadação base de R$ 59 milhões / ano base 2018 faz ajustes
para excluir os efeitos das bandeiras tarifárias e efeitos transitórios de arrecadação entre nov/17 e
jan/18 e não considera o reajuste de 12,6% na tarifa autorizado pela ANEEL para dez/18 (ambos
reduzem a estimativa) nem considera aumento do consumo na cidade. Desta forma representa uma
estimativa com viés conservador.
A arrecadação bruta, sem ajustes, dos últimos 12 meses (nov/17-out/18) de COSIP foi de R$ 64,9
milhões, incluindo efeitos da bandeira tarifária. O gráfico a seguir mostra a arrecadação bruta
histórica, sem ajustes.
Gráfico 12
17 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
3.4 Segmentação da arrecadação da COSIP
A maior parte da arrecadação da COSIP advém da classe de consumo residencial, representando
aproximadamente 72% do consumo de energia elétrica em 2016. Destes, 20% é composto por
residências de baixa-média renda e os restantes 52% por residências de média-alta renda. Uma
possível explicação do consumo da faixa de média-alta renda residencial ser grande contribuinte para
arrecadação da COSIP são as altas temperaturas de Teresina e o uso de ar condicionado e outros
equipamentos eletrônicos desta faixa de consumidores.
Consumo de energia elétrica por faixas de consumo
Tabela 5
Consumo de energia elétrica por faixas de consumo detalhado
Tabela 6
A segunda classe de consumo mais importante para a arrecadação da COSIP é a classe comercial,
representando 24% do consumo total de energia elétrica em 2016. Deste percentual, 14% advêm da
faixa de consumo de comerciais de médio e grande porte. Por fim, a classe industrial e rural
representam 2% cada do consumo total de energia de 2016.
101-200 201-500 501-1.100 1.101-2.000 2.001-5.000 5.001-10.000 10.000+31-100
Residencial
Comercial
Industrial
Rural
Consumo Energia Elétrica
% do consumo total, média de 2016Faixa de Consumo (kWh/mês)
Média-Alta renda residencial52%
Comerciais médio e grande porte14%
Rural2%
Industrial2%
Comerciais pequeno porte10%
Baixa-Média renda res.20%
101-200 201-500 501-1.100 1.101-2.000 2.001-5.000 5.001-10.000 10.000+31-100
14,9% 26,1% 15,9% 5,3% 2,7% 1,2% 1,0%5,1%Residencial
0,7% 2,4% 3,1% 2,9% 5,1% 3,4% 5,9%0,4%Comercial
0,0% 0,1% 0,2% 0,2% 0,4% 0,3% 0,6%0,0%Industrial
0,1% 0,2% 0,2% 0,2% 0,3% 0,2% 0,7%0,1%Rural
Consumo de Energia Elétrica
% do consumo total, média de 2016Faixa de Consumo (kWh/mês)
18 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
Consumo de energia elétrica por faixas de consumo pela COSIP
Tabela 7
3.5 Contraprestação vs. Receita Líquida do município
Também avaliamos diversos cenários de valor de contraprestação e o quanto cada valor representa
sobre a Receita Líquida do município. O valor da Receita Líquida de Teresina é de R$ 2.216 milhões
acumulado em 12 meses na data base de setembro de 2017. Os valores de contraprestação
compatíveis com a COSIP atual sempre ficam abaixo de 5,0% da Receita Líquida de Teresina, conforme
observado na tabela abaixo.
Cenários de contraprestação
Tabela 8
101-200 201-500 501-1.100 1.101-2.000 2.001-5.000 5.001-10.000 10.000+31-100
5.893 10.323 6.294 2.078 1.078 465 3902.022Residencial
278 949 1.218 1.142 2.019 1.359 2.347177Comercial
9 31 61 67 156 131 25110Industrial
26 68 94 79 100 73 29122Rural
Arrecadação COSIP
R$ mil, 2016Faixa de Consumo (kWh/mês)
% da Receita Corrente Líquida de Teresina
20
30
0,9%
1,4%
40 1,8%
50 2,3%
60 2,7%
Contraprestação(R$ milhões)
19 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
4 PERSPECTIVAS CONSUMO ENERGIA ELÉTRICA O consumo de energia elétrica em Teresina, e, consequentemente, a arrecadação da COSIP, tiveram
crescimento robusto, apesar da retração do PIB. Nem a retração econômica do país nem as bandeiras
tarifárias frearam o crescimento do consumo de energia elétrica em Teresina nos últimos anos. Além
disso, o gasto de energia de Iluminação Pública, ou seja, a Fatura de Iluminação Pública, de Teresina
registrou crescimento muito menor do que a arrecadação da COSIP, o que representa uma dinâmica
favorável ao resultado de arrecadação e fatura de Iluminação Pública.
Gráfico 13
-1,7%
0,3%0,6%
3,1%
5,0%
População Teresina Gasto Energia IPTeresina
Consumo de E.E.Teresina
Arrecadação LíquidaCOSIP*
Teresina
PIB Brasil*
• em moeda real
Fonte: IBGE e Finbra
Crescimento COSIP vs. Outras variáveis em Teresina% a.a. 2013-2016
20 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
Gráfico 14
O consumo de energia elétrica registrou crescimento médio anual de 3,1% entre 2013 e 2016. Este
crescimento vem primariamente da classe de consumo residencial que obteve crescimento médio
anual de 4,6% no mesmo período. Por outro lado, as classes de consumo comercial e industrial
apresentam retração no consumo de energia elétrica entre os anos de 2013 e 2016, conforme
observado no gráfico acima.
A partir da variação do consumo residencial de energia elétrica e a da variação da tarifa residencial de
energia elétrica podemos observar a correlação entre a tarifa residencial e o consumo de energia
elétrica desta classe. No período analisado, de 2013 a 2016, não foi observado queda de consumo em
função de aumento de tarifa conforme esperado. Conforme pode ser visto no gráfico abaixo.
A tarifa residencial média entre Jan/15 e Dez/16 foi 37% maior que a tarifa entre Jan/13 e Ago/14.
Entre estes mesmos períodos, o consumo cresceu 14,0%. Mesmo se ajustarmos por sazonalidade e
crescimento médio do consumo, que é aproximadamente 5,0% ao ano, o efeito foi praticamente nulo.
Desta forma, não observamos qualquer elasticidade entre consumo e tarifa, dentro das grandezas
observadas.
0
20.000
40.000
60.000
80.000
0
5.000
10.000
jan-13 abr-13 jul-13 out-13 jan-14 abr-14 jul-14 out-14 jan-15 abr-15 jul-15 out-15 jan-16 abr-16 jul-16 out-16
ResidencialCAGR: 4,6%
ComercialCAGR: -0,4%
IluminaçãoPúblicaCAGR: 0,6%
RuralCAGR: 1,3%
IndustrialCAGR: - 4,0%
CAGR* Total da basede consumo: 3,1%
* CAGR período 2013-2016
Fonte: Prefeitura de Teresina – Planilha de Faturamento Energia 2013-2016
Dinâmica do consumo de energia elétrica por classes de consumokWh / mês
21 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
Gráfico 15
Analisando o gráfico do consumo de energia elétrica é possível perceber que o mesmo possui certa
sazonalidade durante o ano que deve ser investigada com maior profundidade. Ao normalizar os
valores anuais, constata-se que realmente existe grande sazonalidade nos dados do consumo. Uma das
possíveis explicações para este fenômeno é a temperatura ao longo do ano no município. Os gráficos
abaixo mostram que os meses que possuem consumo de energia elétrica acima da média são os
últimos meses do ano que coincidem com os meses mais quentes no ano.
Fonte: Prefeitura de Teresina e CEPISA
Elasticidade Tarifa Residencial vs. Consumo
-4%
-3%
-2%
-1%
0%
1%
2%
3%
-20% -15% -10% -5% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
Var
iaçã
o C
on
sum
o r
esid
enci
al
Variação tarifa residencial
Correlação Tarifa vs. Consumo
22 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
Gráfico 16
Existe um fenômeno presente na literatura sobre o consumo de energia elétrica que é a relação
positiva entre o consumo de energia elétrica per capita e o PIB per capita de um país. Países mais ricos
apresentam um consumo de energia elétrica maior do que o consumo de energia elétrica de países
mais pobres. Por esta relação, à medida que um país se desenvolve mais e acumula riquezas, aumenta-
se também a sua demanda por energia; além disto a energia também é um fator produtivo importante.
Consumo EE mês
Tem
per
atu
ra m
édia
mês
(n
orm
. p/
1,0
0)
Mês do ano
Co
nsu
mo
E.E
.
Consumo de Energia Elétrica Teresina por mês
2013-2016, valores normalizados para 1,00 representar a média de cada ano
Fonte: Prefeitura de Teresina – Planilha de Faturamento de Energia 2013-2016
Séries de cada ano
Média
Correlação Consumo E.E. vs Temperatura Teresina
R2 = 0,82
Sazonalidade do consumo de energia elétrica
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 0,94
0,96
0,98
1,00
1,02
1,04
1,06
1,08
1,10
1,12
0,90 0,95 1,00 1,05 1,10 1,15
23 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
Gráfico 17
Essa relação se mantém presente no aspecto micro quando analisamos municípios brasileiros ao invés
de analisar diferentes países. Assim sendo, o consumo de energia elétrica tem forte relação positiva
com o PIB municipal, conforme observado no gráfico abaixo.
Gráfico 18
Consumo de energia elétrica per capitakWh/habitantes
Argentina
Austrália
Brasil
Canada
ChileChina
Dinamarca
França
Alemanha
India
Itália
Japão
Coréia do Sul
México
Holanda
Portugal
Rússia
África do Sul
Espanha
Suécia
Turquia
Reino Unido
EUA
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
16.000
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000
PIB per capitaPPP em USD 2010
Fonte: IEA – Key World Energy Statistics 2017
Consumo de energia e PIB no mundo
São Paulo
Rio de Janeiro
Fortaleza
Recife
Goiânia
Maceió
Teresina
Jaboatão dos Guararapes
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000
Consumo EE per capita
kWh / hab.
PIB per capita
R$ mil / hab.Nota: PIB per capita de 2014, Consumo EE per capita 2016
Fonte: IBGE e Finbra
Consumo de energia e PIB no Brasil
24 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
Em linhas gerais, o consumo de energia elétrica no Brasil tem crescido a taxas maiores do que o PIB do
país. Isso implica numa elasticidade renda da demanda de energia acima de unidade durante diversos
períodos históricos e até 2016. Em estudo2 realizado pela EPE – Empresa de Pesquisa Energética – no
início de 2017, a instituição faz projeções para o crescimento da demanda de energia e compara com
as projeções do crescimento do PIB e ainda para o futuro a elasticidade renda deve continuar acima de
unidade.
Gráfico 19
2 Nota Técnica DEA 001/17 – Estudos da Demanda – Projeção da demanda de energia elétrica para os próximos 10 anos (2017-2026) – Empresa de Pesquisa Energética (EPE) – Janeiro de 2017
Projetado
8,6
1,6
2,5 2,2 2,0
2,92,5
12,0
5,9
4,33,5 3,5
3,9 3,7
1970-1980 1980-1990 1990-2000 2000-2016 2016-2021 2021-2026 2016-2026
Crescimento PIB
Crescimento Consumo eletricidade
Elasticidade renda no período
1,39 3,75 1,73 1,58 1,77 1,34 1,51
Fonte e projeções: EPE – Projeções da Demanda de Energia Elétrica 2017-2026
Histórico
Crescimento da demanda de energia elétrica e PIBTaxa média de crescimento, % a.a.
25 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
5 ANÁLISES DOS RECURSOS E GASTOS DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA EM
TERESINA
5.1 Histórico de recursos e gastos
Os principais custos de Iluminação Pública de Teresina são os custos de manutenção, obras e cadastro.
Adicionalmente, existe a fatura de Iluminação Pública que é relacionada ao consumo e à Tarifa de
Iluminação Pública do município. Por fim, há ainda a taxa de administração da CEPISA que é cobrada
como um percentual da própria COSIP, neste caso a taxa é de 3%.
Resultado de arrecadação e custeio de Iluminação Pública de Teresina
Tabela 9
É importante notar que as informações sobre os custos de manutenção, obras e cadastro foram
disponibilizadas a partir de abril de 2014, portanto para o 2014 os custos representam uma parcela do
que efetivamente ocorreu.
5.2 Análise do contrato vigente com Citéluz
Em 24 de abril de 2014, a empresa Citéluz foi contratada, através do Contrato nº 018/2014, pela
Prefeitura de Teresina para realização de serviços de Iluminação Pública. A seguir encontram-se as
principais informações e adições/reajustes feitos ao contrato. O contrato tinha prazo de duração inicial
de 34 meses e seu prazo de execução era de 30 meses. No entanto, o Termo Aditivo 003 de 14 de
outubro de 2016 prorrogou os prazos de execução e vigência do contrato por mais 29 meses, findando
igualmente os prazos em 29 de março de 2019, em razão de necessidade de prestação dos serviços e
por não ter novo processo licitatório em curso.
Adicionalmente, o contrato estabelecia o valor por meio de Empreitada por Preço Global e seu valor
era de R$ 28.992.161,86 inicialmente. Em 26 de abril de 2016, o Termo Aditivo 002 acrescentou a
quantia de R$ 7.246.420,14 ao valor do contrato (equivalente a 24,99%), levando ao novo valor de R$
36.238.582,00. Esse acréscimo considera a necessidade de atendimento aos novos padrões que passou
a ser exigida pela CEPISA. O Termo Aditivo 004, de 28 de junho de 2017, readequou os valores das
Unidades de Pontos de Luz de 60.000 para 85.166 e alterou o valor de cada Unidade de Ponto de Luz
para R$ 7,13 para refletir o resultado dos trabalhos de Geocadastramento da Rede de IP de Teresina e
o acréscimo aos valores totais.
Valores nominais em milhões de reais 2014 2015 2016 2017(+) Arrecadação COSIP 25,9 35,7 39,5 49,6
(-) Taxa de administração Eletrobrás -0,8 -1,1 -1,2 -1,5
(=) Arrecadação Líquida 25,1 34.6 38,3 48,1
(-) Fatura de Iluminação Pública -15,6 -22,9 -20,6 -22,8
(-) Total de Custos (1) -10,9 -13,3 -14,0 -17,7(-) Custo de Manutenção -3,7 -6,5 -7,0 -7,5(-) Custo de Obras -7,2 -6,8 -5,7 -10,2(-) Custo de Cadastro -1,3 -0,04
(=) Resultado do Período -1,4 -1,6 3,7 7,6
26 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
O Termo Aditivo 001, de 04 de dezembro de 2015, incluiu no contrato o serviço de decoração natalina
e estabeleceu o valor para tal serviço como R$ 286.591,09. Por fim, em 23 de agosto de 2017, o Termo
Aditivo 005 alterou a quantidade de lâmpada de LED a serem utilizadas no contrato e reduziu os
valores das mesmas aos preços praticados no mercado. No entanto essas alterações não alteraram o
valor total do contrato.
Planilha orçamentária - Parque de Iluminação Pública
Item Valor (R$ mil)
Garantia do funcionamento do sistema de Iluminação Pública3 16.919
Serviços e Materiais para ampliação, Reforma e Melhoria do Sistema de Iluminação Pública4 15.123
Serviços e Materiais para Serviços Eventuais e Sinistros do sistema de Iluminação Pública 2.127
Geocadastramento dos pontos de Iluminação do sistema de IP 1.283
Materiais extras para serviços de Ampliação, Reforms, Melhorias, Serviços eventuais e sinistros dos sistemas de IP 336
Serviços referentes á iluminação Natalina 287
Serviços extras para serviços de Ampliação, Reforms, Melhorias, Serviços eventuais e sinistros dos sistemas de IP 158
Total 36.233 Tabela 10
5.3 Taxa de Administração CEPISA
A taxa de administração da distribuidora de energia elétrica CEPISA é cobrada para o serviço de
arrecadação da COSIP executado pela CEPISA. Esta taxa é cobrada para cada conta de energia elétrica,
ou seja, para cada fatura de cada unidade consumidora. A taxa de administração da CEPISA sobre a
COSIP é de 3% sobre o valor bruto de arrecadação da COSIP.
3 Preço unitário por ponto de Iluminação em torno de R$8,00. 4 Atividades de instalação e retiradas de equipamentos e materiais, com objetivo de reformar e melhoria do sistema de IP. Materiais diversos.
27 Relatório de Diagnóstico da Rede de Iluminação Pública
6 CONCLUSÕES E OBSERVAÇÕES
▪ Teresina não possui a escala que outras grandes capitais têm. Isto pode refletir em menor
eficiência operacional e negocial em relação a capitais maiores. Sendo uma cidade esparsa,
pouco verticalizada e de baixa renda, há menos recursos para mais pontos de iluminação. Além
disto, após recente reajuste, a tarifa de iluminação pública é uma das mais caras do país.
▪ Assim, a equação é desfavorável em comparação com outras cidades. Portanto, para ser viável,
entendemos que a PPP de Iluminação Pública de Teresina deve ser customizada de forma a
atender suas particularidades. Exemplos de PPPs de outras cidades no Brasil podem subsidiar
o processo de estruturação; entretanto, não deverão ser utilizadas como modelo a ser adotado.
▪ Há uma disponibilidade atual de arrecadação da COSIP da ordem R$ 59 milhões por ano, bruta,
base 2018. Este valor aumenta na presença de bandeiras tarifárias. A disponibilidade para
servir contraprestações deve ser considerada com alguma margem sobre o total de recursos
existentes.
▪ A COSIP já está automaticamente indexada ao custo de energia, um dos principais itens de
custo na Iluminação Pública. Há, contudo, potencial descasamento entre a inflação de energia
elétrica e a inflação geral (contraprestação potencialmente indexada à inflação geral). O
“reajuste” da COSIP segue regras de revisão tarifária das distribuidoras e depende de decisões
da ANEEL.
▪ Há uma perspectiva do aumento do consumo de energia elétrica e da arrecadação da COSIP
crescerem de forma significativa, a taxas superiores ao PIB. Este crescimento vem ocorrendo
em Teresina e no Brasil como um todo. O crescimento econômico auxilia a Iluminação Pública
em duas frentes: (i) os recursos aumentam (e tipicamente aumentam mais do que o PIB, visto
que a elasticidade renda é maior que unidade) e (ii) o aumento da verticalização, que pode vir
com o crescimento, reduz a relação ponto per capita.
Contudo, esta dinâmica deve ser considerada com cautela, na medida em que a relação:
consumo de energia elétrica vs. PIB é complexa. Fundamentalmente, devemos verificar: a) de
onde vem o crescimento (baixa renda residencial, alta renda residencial, indústria); b) se há
perspectivas de tecnologias de eficiência energética nas residências (principal fonte de
arrecadação da COSIP de Teresina) – uma delas tem relação direta com o projeto: o aumento
da eficiência e redução do custo de LEDs também é aplicável para as residências, e a mudança
já está acontecendo. Novas tecnologias com maior eficiência energética para ar-condicionados
também podem reduzir o consumo; e c) se há perspectivas de aumento na intensidade de uso
de eletroeletrônicos nas residências – durante toda a industrialização e história recente, isto
foi uma tendência. Há potenciais novas tecnologias que podem gerar um salto neste aspecto,
como, por exemplo, o carro elétrico.
▪ A arrecadação depende de muitos fatores fora do controle da Prefeitura, tais como: (i) ciclo de
revisão tarifária ANEEL; (ii) bandeiras tarifárias, (iii) dinâmica do consumo, (iv) clima, etc.. A
Prefeitura pode ajustar a alíquota para responder a grandes mudanças, mas este não é um
instrumento que pode ser usado com frequência.
▪ Novidades como Geração Distribuída, Eficiência Energética residencial, compra no mercado
livre, entre outras, podem mudar o perfil da conta de energia. A Prefeitura deve se preparar
para algumas mudanças no cenário de arrecadação, de forma a manter a receita para o serviço
de iluminação pública.