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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIEcircNCIAS EXATAS E DA TERRA
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIA E
ENGENHARIA DE MATERIAIS - PPGCEM
Anaacutelise e avaliaccedilatildeo dos elementos de penetraccedilatildeo no
solo de equipamentos rodoviaacuterios apoacutes revestimento
GUSTAVO PORTELA DE DEUS
Dissertaccedilatildeo apresentada ao programa de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Ciecircncia e Engenharia de Materiais
do Centro de Ciecircncias Exatas e da Terra da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
como requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre
em Ciecircncia e Engenharia de Materiais
Orientador Prof Dr Clodomiro Alves Juacutenior
Natal-RN
Agosto de 2008
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DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho aos meus pais Joatildeo de Deus e Maria das Graccedilas
que tanto nos incentivaram para galgarmos tatildeo elevado passo agrave minha esposa
Janaiacutena aos meus filhos Victoria e Joatildeo Gustavo que tanto contribuiacuteram de
forma direta e indireta estimulando e dando forccedilas quando estas se fizeram
necessaacuterias
Desejo ainda compartilhar os eventuais meacuteritos do trabalho com meus
irmatildeos pelos esforccedilos despendidos por todos quando por mim foram solicitados
AGRADECIMENTOS
Ao Prof Dr Clodomiro Alves Juacutenior pela sua valiosa orientaccedilatildeo apoio e confianccedila em
mim depositados durante a realizaccedilatildeo deste trabalho de pesquisa
Ao Prof Dr Ayrton de Saacute Brandim pelo estiacutemulo dedicaccedilatildeo e apoio que sempre forneceu
quando solicitado durante o desenvolvimento deste trabalho
Aos professores do Departamento de Engenharia de Materiais da UFRN pelo apoio e
colaboraccedilatildeo durante a fase de estudos interdisciplinares
Agrave Paulo Roberto Rebelo Lages pela fundamental ajuda no desenvolvimento deste
trabalho
Aos colegas mestrandos em Engenharia de Materiais por terem compartilhado conosco os
obstaacuteculos e gloacuterias durante o periacuteodo de desenvolvimento do Mestrado
Agrave Ogramac ndash Induacutestria e Comeacutercio Ltda pela valiosa colaboraccedilatildeo nos revestimentos das
amostras pelo processo de aspersatildeo teacutermica
A Engincom Induacutestria e Comeacutercio Ltda pela valiosa colaboraccedilatildeo nos revestimentos das
amostras pelo processo de soldagem
Aos colegas do CEFET-PI pelo apoio e disponibilidade
Ao Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Piauiacute ndash CEFET-PI por nos fornecer esta
possibilidade de desenvolver este trabalho de pesquisa cientiacutefica especialmente na pessoa
do Sr Diretor Geral Francisco das Chagas Santana que natildeo mediu esforccedilos para nos
atender nesta contenda
RESUMO
O objetivo principal do trabalho eacute analisar a resistecircncia ao desgaste abrasivo agrave baixa
tensatildeo dos elementos que compotildeem os oacutergatildeos de maacutequinas rodoviaacuterias que estatildeo expostos
diretamente ao contato com abrasivos Estas anaacutelises foram efetuadas apoacutes estes elementos
serem revestidos superficialmente pelo processo de soldagem com eletrodo revestido (SAER)
manual e pelo processo de revestimento por aspersatildeo teacutermica tipo LVOF Como tambeacutem visa
apresentar sugestotildees para um melhor aproveitamento e rendimento destes elementos quais
sejam diminuindo custos e evitando paralisaccedilotildees nas frentes de serviccedilo Os corpos-de-prova
foram confeccionados a partir de um substrato de accedilo carbono ABNT 1045 temperado
seguindo as mesmas especificaccedilotildees e composiccedilotildees dos metais constituintes das ligas e foi
seguida a norma que regulamenta as dimensotildees destas amostras e de acordo com a grandeza
correspondente Os resultados foram avaliados por meio de ensaios de dureza resistecircncia ao
desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo e pela perda de volume associando a microestrutura dos
revestimentos analisados
Palavras-chave Desgaste abrasivo soldagem de revestimento e aspersatildeo teacutermica
ABSTRACT
The main objective is to analyze the abrasive wear resistance to the low stress of the
elements that make up the organs of road machinery that are exposed directly to contact with
abrasives These samples were analyzed after these elements are coated superficially by the
process of welding electrode coated with (SAER) and the manual process of coating type
LVOF thermal spraying As well is to provide suggestions for a better recovery and return of
these elements which are reducing costs and avoiding downtime in the fronts of service The
samples were made from a substrate of carbon ABNT 1045 tempered steel following the
same specifications and composition of metals and alloys of constituents was followed the
standard governing the dimensions of these samples and in accordance with the corresponding
size The results were evaluated by testing the hardness abrasion resistance to wear by the low
stress and the loss of volume involving the microstructure of coatings analyzed
Keywords Wear abrasive welding hardfacing and thermal spraying
SUMAacuteRIO
1 ndash Introduccedilatildeo 14
2 ndash Revisatildeo Bibliograacutefica 19
21 ndash Tipos de Desgaste21
22 ndash Desgaste por Abrasatildeo21
23 ndash Tipos de Processos Abrasivos22
24 ndash Tipos de Abrasatildeo24
241 ndash Goivagem24
242 ndash Abrasatildeo por Alta Pressatildeo25
243 ndash Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Pressatildeo26
2431 ndash Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo27
2432 ndash Consideraccedilotildees Sobre os Abrasivos29
2433 ndash Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo29
24331 ndash Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo31
25 ndash Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste Abrasivo32
251 ndash Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo34
252 ndash Carga Aplicada35
253 ndash Influecircncia da Dureza38
254 ndash Influecircncia da Temperatura39
26 ndash Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste40
27 ndash Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste44
28 ndash Revestimentos Superficiais45
281 ndash Aspersatildeo Teacutermica46
2811 ndash Processos50
28111 ndash Processos por Combustatildeo50
281111 ndash Arames e Varetas51
281112 ndash Poacute51
28112 ndash Detonaccedilatildeo54
28113 ndash Processos Eleacutetricos55
281131 ndash Arco Eleacutetrico55
281132 ndash Arco Plasma Natildeo-Transferido56
281133 ndash Arco Plasma Transferido58
2812 ndash Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie58
2813 ndash Limpeza e Manuseio59
28131 ndash Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes59
2814 ndash Criaccedilatildeo de Rugosidade60
282 ndash Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste60
2821 ndash Recobrimento Duro61
2822 ndash Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro61
2823 ndash Seleccedilatildeo do Material para o Recobrimento Duro64
2824 ndash Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento64
29 ndash Tipos de Revestimento65
291 ndash Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro65
292 ndash Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies66
3 ndash Materiais e Meacutetodos69
31 ndash Fluxograma de Desenvolvimento Experimental69
32 ndash Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no solo de Equipamentos
Rodoviaacuterios70
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos72
3211 ndash Revestimento Duro por Processo de Soldagem72
3212 ndash Revestimento Superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF74
3213 ndash HVOF (High Velocity Oxigen Fuel) helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip74
3214 ndash LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray-Poacute helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip76
3215 ndash LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray-Arame helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip76
322 ndash Materiais77
3221 ndash Material de Referecircncia77
3222 ndash Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo77
3223 ndash Consumiacuteveis Utilizados78
3224 ndash Areia79
323 ndash Equipamentos79
3231 ndash Equipamento de Soldagem79
3232 ndash Sistema de Peneiramento da Areia79
3233 ndash Abrasocircmetro80
3234 ndash Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos de Prova82
3235 ndash Durocircmetro82
3236 ndash Microscopia Oacutetica83
33 ndash Sequumlecircncia Experimental83
34 ndash Meacutetodos84
341 ndash Planejamento Experimental84
3411 ndash Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo agrave Baixa Tensatildeo ASTM G65-9184
3412 ndash Microscopia Oacutetica85
3413 ndash Ensaio de Dureza85
4 ndash Resultados e Discussotildees 87
41 ndash Introduccedilatildeo87
411 ndash Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho87
42 ndash Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM G65-91
Procedimento A89
43 ndash Resistecircncia ao Desgaste90
44 ndash Dureza93
45 ndash Microdureza 95
46 ndash Anaacutelise Microestrutural96
461 ndash Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente96
462 ndash Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem 98
463 ndash Resultados 103
5 ndash Conclusotildees105
Referecircncias 107
LISTA DE FIGURAS
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e dentes desgastados 20
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e cantos desgastados 20
Figura 23 ndash Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste 22
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos23
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos24
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste35
Figura 27 ndash Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo37
Figura 28 ndash Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste39
Figura 29 ndash Efeito da temperatura no desgaste abrasivo40
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato46
Figura 211 ndash Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido48
Figura 212 ndash Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas49
Figura 213 ndash Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo50
Figura 214 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama50
Figura 215 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama53
Figura 216 ndash Esquemaacutetica de tocha de detonaccedilatildeo55
Figura 217 ndash Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico56
Figura 218 ndash Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma57
Figura 31 ndash Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira70
Figura 32 ndash Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira71
Figura 33 ndash Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo80
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha81
Figura 35 ndash Durocircmetro83
Figura 41 ndash Imagens de corpos de prova desgastados no ensaio de abrasatildeo91
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos de prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo93
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados94
Figura 44 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M95
Figura 45 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P95
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 50X96
Figura 47 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 100X97
Figura 48 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente possam ser os
carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X97
Figura 49 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X100
Figura 410 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 500X101
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C102
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica49
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor51
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro66
Tabela 24 ndash Guia para seleccedilatildeo de ligas para recobrimento duro71
Tabela 25 ndash Vantagens e desvantagens dos processos para revestimentos de superfiacutecies75
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com o
accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro94
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste95
Tabela 43 ndash Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo97
LISTA DE ABREVIATURAS E SIacuteMBOLOS
Capiacutetulo 1
Introduccedilatildeo
Introduccedilatildeo 14
Gustavo Portela de Deus
1 ndash INTRODUCcedilAtildeO
O elevado desgaste de material dos elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios eacute provocado essencialmente pelo tipo de terreno mineral presente resistecircncia
litoloacutegica e em funccedilatildeo das intempeacuteries do tempo principalmente da umidade e da
temperatura
O rendimento apresentado por esses elementos e a vida uacutetil oferecida estatildeo
relacionados agrave composiccedilatildeo da liga constituinte do material dos processos de tratamento
teacutermico a que foram submetidos como tambeacutem de operaccedilotildees efetuadas devida ou
indevidamente pelo operador do equipamento rodoviaacuterio
Os elementos fundidos laminados e forjados que compotildeem o conjunto de
componentes de penetraccedilatildeo no solo sofrem de forma direta a influecircncia do desgaste abrasivo
Desgaste este que participa em determinadas situaccedilotildees com ateacute 85 (oitenta e cinco por
cento) do custo de manutenccedilatildeo dos equipamentos rodoviaacuterios na forma rotineira (BATISTA
NASCIMENTO et al 1999) Estes elementos em funccedilatildeo de serem solicitados de forma
intensa ou intermitente satildeo consumidos ao longo do tempo Fazendo agraves vezes paradas
bruscas e inesperadas nas frentes de trabalho ocasionando portanto elevaccedilatildeo nos custos de
produccedilatildeo
O desgaste em componentes vitais de maacutequinas e equipamentos rodoviaacuterios ocorre de
vaacuterias formas diferentes como por deslizamento por rolamento por abrasatildeo por erosatildeo por
impacto por corrosatildeo e por choque teacutermico Jaacute se tratando de elementos de penetraccedilatildeo no
solo a perda de massa desses elementos eacute provocada quase que exclusivamente pelo desgaste
abrasivo a baixa tensatildeo que eacute provocado pelo proacuteprio material ou carga a que o equipamento
Introduccedilatildeo 15
Gustavo Portela de Deus
seraacute solicitado pelo contato com esse material e pelo movimento relativo entre as partes
envolvidas no sistema Uma maneira de identificaccedilatildeo do desgaste abrasivo agrave baixa tensatildeo eacute
pela observaccedilatildeo da superfiacutecie a ser analisada se a mesma apresenta corte riscamento ou
penetraccedilatildeo de material (GREGOLIN1990)
Com o intuito de elevar a vida uacutetil das ferramentas de penetraccedilatildeo e corte nos solos e
substratos rochosos as grandes empresas fabricantes e montadoras de equipamentos
rodoviaacuterios ou de terraplenagem vecircm aprimorando e desenvolvendo bem como exigindo de
seus fornecedores ferramentas com caracteriacutesticas fiacutesicas e mecacircnicas mais resistentes ao
desgaste abrasivo e ainda desenvolvendo peccedilas e ferramentas de faacutecil substituiccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo e jaacute projetadas para receber recobrimentos de manutenccedilatildeo tais como
Bordas soldaacuteveis de meia seta ndash que tecircm como finalidade
proteger a estrutura da caccedilamba por meio do acreacutescimo de material de desgaste
agrave borda da base
Reforccedilos de canto soldaacuteveis ndash utilizados para proteger o canto
externo inferior de todos os tipos de caccedilambas
Bloco de desgaste de ldquoFerro Brancordquo ndash uma liga de alto teor de
cromo denominada ldquoFerro Brancordquo eacute caldeada a uma chapa de reforccedilo de accedilo
doce que por sua vez pode ser soldada (solda tampatildeo) com um eletrodo de
vareta a uma caccedilamba armaccedilatildeo de lacircmina ou a qualquer parte onde instalaccedilatildeo
raacutepida de baixo custo e proteccedilatildeo contra abrasatildeo satildeo requeridos
Outras soluccedilotildees desenvolvidas e aplicadas como alternativa agrave proteccedilatildeo contra o
desgaste satildeo
Introduccedilatildeo 16
Gustavo Portela de Deus
Sistema de chapa de desgaste fixada mecanicamente em que
fornece um meio faacutecil de instalaccedilatildeo e remoccedilatildeo evitando assim longas
paradas para manutenccedilatildeo
Barras de desgaste para lacircminas
As barras de desgaste fornecem proteccedilatildeo adicional para a lacircmina em aplicaccedilotildees
altamente abrasivas onde se constata uma vida uacutetil mais curta do revestimento As barras de
desgaste de lacircminas satildeo projetadas para serem soldadas sobre o revestimento normal
(superfiacutecie de desgaste) da lacircmina
Considerando-se ainda que por meio dos processos de fabricaccedilatildeo convencionais e na
composiccedilatildeo de ligas praticamente jaacute foi esgotada a possibilidade de desenvolvimento de
materiais mais resistentes ao desgaste abrasivo a soluccedilatildeo que se busca atualmente eacute o
desenvolvimento de teacutecnicas de endurecimento ou revestimento superficial que tornem esses
elementos mais resistentes ao desgaste abrasivo tais como soldagem cladding
eletrodeposiccedilatildeo Deposiccedilatildeo Fiacutesica de Vapor ndash DFV (PVD) ( BARREIRA LIMA et al 2001)
Deposiccedilatildeo Quiacutemica de Vapor ndash DQV (CVD) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem
se desenvolvido ultimamente ( LIMA SOUZA et al 2001)
A busca de informaccedilotildees contidas neste estudo visa avaliar e pesquisar por meio de
anaacutelise de diferentes ensaios tecnoloacutegicos o melhoramento dos materiais quanto a sua
resistecircncia ao desgaste abrasivo quando os mesmos estatildeo em contato direto com o solo com a
finalidade de obter materiais mais resistentes ao ataque destes elementos abrasivos aleacutem de
contribuir com o desenvolvimento de produtos de qualidade superior agraves dos produtos
oferecidos atualmente pelo mercado
Foi analisada a viabilidade econocircmica com a introduccedilatildeo de novas teacutecnicas de
revestimento como LVOF e revestimento por soldagem Tambeacutem foram utilizados como
Introduccedilatildeo 17
Gustavo Portela de Deus
elementos de estudo dentes de caccedilambas suportes elos segmentados de esteiras e unhas de
80escarificadores de maacutequinas rodoviaacuterias
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo que foram utilizados como referecircncia na inspeccedilatildeo
e estudo durante o desenvolvimento deste projeto satildeo utilizados de forma intensa e ou
intermitente em maacutequinas rodoviaacuterias do tipo moto- niveladoras tratores de esteiras tratores
escavo-carregadores de pneus retroescavadeiras e escavadeiras hidraacuteulicas de esteiras
Capiacutetulo 2
Revisatildeo Bibliograacutefica
Revisatildeo Bibliograacutefica 19
Gustavo Portela de Deus
2 - Revisatildeo Bibliograacutefica
Tribologia eacute definida como a ciecircncia e tecnologia da interaccedilatildeo entre superfiacutecies em
movimento relativo e das praacuteticas relacionadas A palavra eacute derivada das palavras gregas
TRIBOS que significa atrito e LOGOS que significa estudo de forma que uma traduccedilatildeo
literal significa estudo do atrito ou a ciecircncia que estuda o atrito (STOETERAU 2001)
A tribologia envolve a investigaccedilatildeo cientiacutefica de todos os tipos de fricccedilatildeo
lubrificaccedilatildeo e desgaste e tambeacutem as aplicaccedilotildees teacutecnicas do conhecimento triboloacutegico
(STOETERAU2001) Especificamente em estudo o desgaste eacute a perda progressiva de
mateacuteria da superfiacutecie de um corpo soacutelido devido ao contato e movimento relativo com um
outro corpo soacutelido liacutequido ou gasoso (STOETERAU PASCOALI 2001)
O desgaste de componentes e equipamentos industriais rodoviaacuterios e de outros
tipos de atividades produtivas representa um grande fator de depreciaccedilatildeo de capital de
equipamento e fonte de despesas com manutenccedilatildeo e reposiccedilatildeo de componentes mecacircnicos
As Figuras de 21 a 24 mostram componentes de estruturas de maacutequinas de terraplenagem
desgastadas pelos efeitos da abrasatildeo no processo triboloacutegico
Sobre os custos de produccedilatildeo estes se tornam mais elevados em decorrecircncia da
reposiccedilatildeo das peccedilas desgastadas ou deterioradas e da matildeo-de-obra para substituiccedilatildeo aleacutem
do tempo parado dos equipamentos que deixam de produzir Muitas vezes exige ainda o
superdimensionamento de componentes influindo ou limitando na produccedilatildeo dos
equipamentos ou ainda provocando a paralisaccedilatildeo destes Estes fatores influem
significativamente na elevaccedilatildeo dos custos e no rendimento de produccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 20
Gustavo Portela de Deus
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircmina e dentes desgastados
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircminas e cantos desgastados
ldquoDe acordo com Hawk et al (1999) o desgaste eacute um dos maiores problemas que
aparecem em escavaccedilotildees nas movimentaccedilotildees de terras mineraccedilotildees e processamentos de
minerais nas induacutestrias ocorrendo em uma grande variedade de equipamentos como nas
lacircminas de remover terra dos tratores que fazem por exemplo a terraplenagem em
britadeiras dentes escavadores lacircminas de escoamento etc O desgaste de peccedilas os custos
com o reparo e com a substituiccedilatildeo destas peccedilas significam elevadiacutessimos gastos para as
empresasrdquo
Revisatildeo Bibliograacutefica 21
Gustavo Portela de Deus
21 Tipos de Desgaste
Os principais tipos de desgaste observados nos componentes mecacircnicos satildeo por
(GREGOLIN RIBEIRO et al 1990)
Abrasatildeo ndash ocasionado por partiacuteculas abrasivas (duras) sob tensatildeo
deslocando-se sobre a superfiacutecie
Erosatildeo ndash devido ao choque contra a superfiacutecie de partiacuteculas soacutelidas ou gotas
liacutequidas presentes em correntes de fluidos
Cavitaccedilatildeo ndash associado agrave formaccedilatildeo e implosatildeo de bolhas gasosas em
correntes de fluidos na interface liacutequidondashmetal devido agrave variaccedilatildeo suacutebita de pressatildeo
ao longo do percurso
Adesatildeo ou fricccedilatildeo ndash resultante da fabricaccedilatildeo metalndashmetal quando
superfiacutecies aacutesperas deslizam entre si
Corrosatildeo ndash quando envolve a ocorrecircncia de reaccedilotildees quiacutemicas superficiais no
material aleacutem das accedilotildees mecacircnicas de desgaste
Impacto ndash ocasionado por choques ou cargas aplicadas verticalmente sobre a
superfiacutecie
22 Desgaste por Abrasatildeo
Desgaste por abrasatildeo ou desgaste abrasivo eacute a retirada de material causada pela
presenccedila de partiacuteculas duras As partiacuteculas duras podem estar aprisionadas na interface
entre as duas superfiacutecies em movimento relativo ou serem as protuberacircncias que fazem
parte da rugosidade de uma das superfiacutecies Acompanhada de forte pressatildeo ocasionada por
deslocamento ou por amassamento a retirada do metal Tais abrasivos podem ser
Revisatildeo Bibliograacutefica 22
Gustavo Portela de Deus
representados por vegetais ou minerais (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
A Figura 25 apresenta os percentuais de contribuiccedilatildeo do desgaste abrasivo em
relaccedilatildeo aos demais tipos de desgastes Neste pode-se observar que o desgaste abrasivo eacute o
de maior representatividade nas estruturas mecacircnicas de maacutequinas e equipamentos
chegando a contribuir de forma geneacuterica com 50 em relaccedilatildeo aos demais desgastes
revelando a importacircncia de tal desgaste
Figura 23 - Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste
23 Tipos de Processos Abrasivos
Abrasatildeo a dois corpos
De acordo com Souza (2002) quando uma ou mais partiacuteculas de elevada dureza
satildeo atritadas contra uma superfiacutecie sulcando-a ou escavando-a devido agrave forccedila normal
aplicada tem-se o desgaste abrasivo de dois corpos
importacircncia do desgaste abrasivo
diversos
14
quiacutemico
5
fretting
8
erosatildeo
8
adesivo
15
abrasivo
50
Revisatildeo Bibliograacutefica 23
Gustavo Portela de Deus
Abrasatildeo a trecircs corpos
Quando estas partiacuteculas satildeo aprisionadas entre duas superfiacutecies que deslizam entre
si pode ocorrer o chamado desgaste abrasivo de trecircs corpos As Figuras 26 e 27 mostram
as representaccedilotildees de formas de desgaste abrasivo a dois corpos e a trecircs corpos
respectivamente
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos
Revisatildeo Bibliograacutefica 24
Gustavo Portela de Deus
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos
Em relaccedilatildeo ao desgaste abrasivo eacute interessante ressaltar que embora a partiacutecula
abrasiva seja mais dura que a superfiacutecie a ser desgastada esta natildeo eacute uma condiccedilatildeo para se
classificar o desgaste como abrasivo (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr)
24 Tipos de Abrasatildeo
241 Goivagem
Eacute o desgaste provocado por partiacuteculas grandes e grosseiras principalmente dotadas
de regiotildees pontiagudas cortantes com dureza maior do que a parte metaacutelica que estaacute sendo
desgastada Pode acontecer quando haacute um contato entre as partes com pressotildees mais ou
menos violentas e repetitivas
Revisatildeo Bibliograacutefica 25
Gustavo Portela de Deus
Um exemplo tiacutepico de abrasatildeo por goivagem eacute representado em dentes de caccedilambas
de maacutequinas que operam em serviccedilos de terraplenagem onde ocorre deslocamento de
cargas como pedra e areia Esses materiais abrasivos em geral de grandes dimensotildees e
dotados de regiotildees pontiagudas sob condiccedilotildees de altas tensotildees e envolvendo impacto satildeo
fatores que propiciam a penetraccedilatildeo mais profunda do abrasivo na superfiacutecie provocando
desgastes com a formaccedilatildeo de sulcos profundos Os accedilos austeniacuteticos ao manganecircs satildeo em
geral as ligas preferidas para combater este tipo de desgaste (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
242 Abrasatildeo por Alta Pressatildeo
Eacute o desgaste que ocorre entre partiacuteculas abrasivas e o metal ocasionando o
esmagamento do abrasivo ou natildeo A prensagem da partiacutecula contra o metal pode ser
exercida por pressotildees fortes ou meacutedias que provocam a formaccedilatildeo de superfiacutecies de
pequenos fragmentos
As partiacuteculas abrasivas podem ser classificadas quanto agraves suas dimensotildees e satildeo
consideradas meacutedias quando inferiores a 5 cm ou pequenas quando menores do que 1cm
As partiacuteculas meacutedias podem exercer a accedilatildeo abrasiva superficial arrancando fragmentos do
metal enquanto as partiacuteculas pequenas por sua vez provocam o desgaste
A constituiccedilatildeo do metal influi na forma ou resposta do desgaste provocado Se for
duacutectil teraacute uma abrasatildeo que tira cavacos se eacute fraacutegil ou se torne fraacutegil haveraacute um
deslocamento superficial de pequenos fragmentos Eacute normal que ocasionalmente poderatildeo
ocorrer as duas modalidades ao mesmo tempo Exemplos das partes sujeitas ao desgaste
por abrasatildeo satildeo caccedilambas de escavaccedilatildeo ou carga lacircminas de motoniveladoras e arados
raspadores
Revisatildeo Bibliograacutefica 26
Gustavo Portela de Deus
Eacute o tipo de desgaste onde o material abrasivo eacute fragmentado durante o contato
abrasivo com a superfiacutecie desgastada As tensotildees envolvidas satildeo portanto superiores agrave
tensatildeo de fragmentaccedilatildeo do abrasivo promovendo ainda maior penetraccedilatildeo do abrasivo na
superfiacutecie maior deformaccedilatildeo plaacutestica das fases duacutecteis e fratura das fases fraacutegeis presentes
no material Tipicamente esta forma de abrasatildeo ocorre em equipamentos de moagem de
mineacuterios que envolvem partiacuteculas de pequeno tamanho em mancais contaminados com
areia etc Para prevenir este tipo de abrasatildeo normalmente empregam-se materiais do tipo
ferros fundidos ou accedilo ndash ligas que possuem maior tenacidade (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
243 - Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Tensatildeo
Tipo de abrasatildeo na qual a superfiacutecie penetrante eacute riscada pelo material abrasivo em
decorrecircncia de sua dureza e resistecircncia oferecida e do proacuteprio stress do metal constituinte
dos componentes dos equipamentos em decorrecircncia de seu uso que ao penetrar na
superfiacutecie promove a remoccedilatildeo de material As tensotildees impostas sobre as partiacuteculas
abrasivas satildeo inferiores agrave tensatildeo necessaacuteria para a fragmentaccedilatildeo destas principalmente
tratando-se de aacutereas de domiacutenio do embasamento cristalino ou com predominacircncia de
rochas iacutegneas eou metamoacuterficas que no Nordeste apresentam pouco desenvolvimento do
solo
Tais condiccedilotildees imprimem nas ferramentas de penetraccedilatildeo esforccedilos mais abrasivos
em decorrecircncia de essas rochas se apresentarem pouco alteradas e com elevado grau de
resistecircncia em relaccedilatildeo a outros tipos de solo encontrados em outros ambientes geoloacutegicos
Tal como a abrasatildeo agrave baixa pressatildeo que ocorre na superfiacutecie dos componentes de
equipamentos que direta ou indiretamente manuseiam terras areias cascalhos piccedilarras
rochas ou mineacuterios tais como maacutequinas agriacutecolas equipamentos de escavaccedilatildeo e transporte
Revisatildeo Bibliograacutefica 27
Gustavo Portela de Deus
utilizados na induacutestria da construccedilatildeo civil principalmente das atividades ligadas agrave
construccedilatildeo recuperaccedilatildeo e pavimentaccedilatildeo de estradas e dos setores de mineraccedilatildeo
sideruacutergicas etc Com a finalidade de prevenir a ocorrecircncia destes tipos de desgastes
empregam-se normalmente ferros fundidos com alto teor de carbono (martensiacuteticos ou
austeniacuteticos) agraves vezes contendo outros elementos de liga aleacutem de ligas de cobalto ndash
tungstecircnio ndash carbono
2431 - Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo
Normalmente eacute sabido que partiacuteculas de grande tamanho provocam desgaste por
abrasatildeo acompanhado de impacto isto leva a ter-se um desgaste acentuado que na
verdade foi muito mais por impacto que por abrasatildeo
Partiacuteculas meacutedias dependendo da dureza e do formato satildeo menos agressivas
poreacutem partiacuteculas finas satildeo mais abrasivas ocasionando abrasatildeo muito incidente Como
exemplo pode-se citar o cimento talco xistos e outros que satildeo compostos de partiacuteculas
finas e altamente abrasivas Eacute claro que a dureza destas partiacuteculas tambeacutem eacute significativa
A forma dos materiais abrasivos varia desde arredondados ateacute acircngulos vivos
Os minerais mais duros possuem formaccedilotildees agudas enquanto que em
contraposiccedilatildeo os mais duacutecteis apresentam formaccedilotildees arredondadas Quanto mais agudas
forem as arestas maior seraacute a accedilatildeo abrasiva No caso de impactos ou pressotildees fortes as
formas agudas podem penetrar no metal provocando um desgaste por ldquogoivagemrdquo ou
fratura da peccedila A dureza de uma liga metaacutelica eacute de grande importacircncia na resistecircncia
oposta a uma accedilatildeo abrasiva As maiores durezas correspondem a resistecircncias maiores
Os abrasivos menos duros teratildeo accedilatildeo menos violenta Com referecircncia agraves ligas
metaacutelicas satildeo encontradas com facilidade tabelas de dureza das vaacuterias alternativas e
Revisatildeo Bibliograacutefica 28
Gustavo Portela de Deus
tambeacutem as diversas escalas de durezas com referecircncia aos abrasivos quando eacute possiacutevel
conjugar proteccedilotildees atraveacutes de adiccedilotildees de peliacuteculas metaacutelicas com finalidade de melhor
proteger a peccedila em accedilatildeo de trabalho
Quando eacute possiacutevel unir uma maior dureza com uma granulaccedilatildeo adequada seratildeo
atingidos os mais elevados iacutendices de resistecircncia agrave abrasatildeo Para proteger as peccedilas dos
equipamentos contra a abrasatildeo eacute importante preparar a superfiacutecie do metal procurando
deixaacute-la a mais lisa possiacutevel sem protuberacircncias ou rugosidades pois a abrasatildeo eacute iniciada
preferencialmente nestas regiotildees Ligas constituiacutedas de alto teor de carbeto de tungstecircnio e
de cromo aleacutem da elevada dureza apresentam depoacutesitos lisos e brilhantes compatiacuteveis
com estas caracteriacutesticas mencionadas Eacute natural que quanto maior a velocidade e a
frequumlecircncia do contato da partiacutecula com o metal maior seraacute a accedilatildeo abrasiva e
consequumlentemente o desgaste das peccedilas Os tamanhos dos gratildeos tambeacutem satildeo importantes
pois quanto menor forem mais a superfiacutecie seraacute desgastada (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
Baseado nas consideraccedilotildees acima os principais fatores que afetam o desgaste por
abrasatildeo satildeo as caracteriacutesticas dos abrasivos associados aos fatores externos que atuam
sobre a superfiacutecie do componente Assim podem-se listar os seguintes fatores
a) Tamanho da partiacutecula (grossa fina ou meacutedia)
b) Formato da partiacutecula (angulares ou redondas)
c) Dureza da partiacutecula
d) Dureza do metal base
e) Acabamento do metal base
f) Velocidade e frequumlecircncia do contato entre a partiacutecula abrasiva e o metal base
g) Tamanho de gratildeo da estrutura do metal base
Revisatildeo Bibliograacutefica 29
Gustavo Portela de Deus
h) Acircngulo de incidecircncia da partiacutecula do metal base
i) Stress do metal constituinte das peccedilas de equipamentos pelo uso
2432 - Consideraccedilotildees sobre os Abrasivos
As rochas satildeo constituiacutedas por um agregado de minerais cujos constituintes mais
comuns satildeo os minerais de quartzo feldspato mica e outros ricos em silicatos de alumiacutenio
e magneacutesio muitos dos quais de elevada dureza Ex granitos areia basalto folhelhos
xistos filitos gnaises etc
Os carbonatos satildeo os principais constituintes dos calcaacuterios e margas e
normalmente compotildeem parte dos pacotes sedimentares das formaccedilotildees geoloacutegicas das
bacias sedimentares e satildeo considerados produtos macios Entretanto comumente estes
pacotes encontram-se alternados com outros de arenitos siltitos e folhelhos
Os mineacuterios satildeo compostos de oacutexidos carbonetos e sulfetos Os oacutexidos satildeo
geralmente duros (bauxita hematita) enquanto que os sulfetos satildeo geralmente macios
(galena ou sulfetos de chumbo) As rochas combustiacuteveis (hulha turfa) e os fosfatos contecircm
proporccedilotildees mais ou menos elevadas de siacutelica e alumina
Para amenizar os gastos com o desgaste abrasivo partiu-se para o desenvolvimento
de materiais com maiores resistecircncias ao desgaste Assim vaacuterias pesquisas nesta aacuterea
triboloacutegica comeccedilaram a ser desenvolvidas em cima dos diversos tipos de materiais
existentes (FUSSEacute et al)
2433 Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ser classificado como de dois ou trecircs corpos Na abrasatildeo
de dois corpos as partiacuteculas abrasivas satildeo movidas livremente sobre a superfiacutecie do
Revisatildeo Bibliograacutefica 30
Gustavo Portela de Deus
material como areia em uma calha No desgaste abrasivo de trecircs corpos as partiacuteculas
abrasivas agem como elementos de interface entre o corpo soacutelido e o contra-corpo O
desgaste quando envolve trecircs corpos eacute cerca de duas a trecircs vezes menor do que quando
envolve dois corpos Pois no caso de trecircs corpos devido agrave variaccedilatildeo no acircngulo de ataque
apenas uma pequena porccedilatildeo das partiacuteculas causa desgaste (GAHR 1987)
De acordo com Briscoe amp Adams (1987) o crucial para todos os mecanismos de
desgaste abrasivo ou outros eacute conhecer o caminho ou seja a direccedilatildeo na qual o material se
deforma sob a aspereza penetrante ou a partiacutecula dura que entra em contato com o material
Com o intuito de predizer se uma deformaccedilatildeo eacute elaacutestica ou plaacutestica Fusse et al
apud Halliday (1995) apud Briscoe amp Adams (1995) mostrou que o maacuteximo acircngulo de
uma aspereza a qual se torna plaacutestica eacute dado por
tan θlim = K(HE)(1-ν2)
Onde
ldquoHrdquo eacute o entalherecorte da dureza
ldquoErdquo eacute o moacutedulo de Young
ldquoνrdquo eacute o coeficiente de Poisson
K=08 para a plasticidade parcial ou 2 para a plasticidade cheiainteira
Revisatildeo Bibliograacutefica 31
Gustavo Portela de Deus
24331 Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ocorrer em baixo ou alto niacutevel dependendo da razatildeo
entre a dureza da partiacutecula e da superfiacutecie O desgaste abrasivo estaacute relacionado a alguns
mecanismos dentre eles os principais satildeo
Microcorte ndash Deformaccedilatildeo plaacutestica sem perda de mateacuteria gerando um sulco
com consequumlente formaccedilatildeo de acuacutemulos frontais e laterais da mateacuteria
movimentada
Microssulcamento ndash Formaccedilatildeo de micro-cavacos sem deformaccedilatildeo plaacutestica
lateral
Microlascamento ndash Formaccedilatildeo de detritos devido agrave formaccedilatildeo e interaccedilatildeo de
fissuras Este tipo de mecanismo acontece quando as tensotildees impostas
superam as tensotildees criacuteticas para a formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas sendo
restrita aos materiais fraacutegeis
Satildeo diversas as nomenclaturas utilizadas para estes mecanismos de desgaste na literatura
podem ser encontradas denominaccedilotildees tais como microusinagem riscagem descamaccedilatildeo
microtrincamento microfadiga que satildeo tentativas de aproximar melhor o significado dos
mecanismos que estatildeo sendo observados nos experimentos (GAHR 1987)
Microssulcamento e microcorte satildeo mecanismos dominantes em materiais mais
duacutecteis A ocorrecircncia de um deles vai depender do acircngulo de ataque das partiacuteculas
abrasivas O microcorte ocorre a partir de um acircngulo de ataque criacutetico Este acircngulo de
ataque criacutetico eacute funccedilatildeo do material que estaacute sendo desgastado e das condiccedilotildees de teste A
transiccedilatildeo do mecanismo de microssulcamento para microcorte depende tambeacutem do
coeficiente de atrito Normalmente o mecanismo passa do microssulcamento para
Revisatildeo Bibliograacutefica 32
Gustavo Portela de Deus
microcorte com o aumento da dureza do material que estaacute sendo desgastado Aumentos
ainda maiores de dureza resultam na passagem de microcorte para microtrincamento
(GAHR 1987)
O microtrincamento pode ocorrer quando satildeo impostas grandes tensotildees sobre as
partiacuteculas abrasivas particularmente em superfiacutecies de materiais fraacutegeis Neste caso
grande quantidade de detrito eacute retirada da superfiacutecie devido agrave formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de
trinca
Partiacuteculas de menor ou igual dureza que a superfiacutecie tambeacutem podem desgastaacute-la O
ataque das partiacuteculas macias pode resultar em deformaccedilatildeo elaacutestica e plaacutestica fadiga de
superfiacutecie e a superfiacutecie ficar severamente danificada (GAHR 1987)
25 - Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste
Abrasivo
Segundo Mondal et al (1998) a taxa de desgaste abrasivo e os mecanismos de
desgaste podem ser influenciados por vaacuterios fatores como o tamanho do gratildeo abrasivo a
carga aplicada a dureza dos materiais utilizados e a tenacidade da fratura
Ainda de acordo com Souza (2002) uma grande variedade de paracircmetros influencia
os mecanismos de desgaste no geral sendo que os principais satildeo
Paracircmetros de Material
Composiccedilatildeo
Tamanho do gratildeo
Moacutedulo de elasticidade
Condutividade teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 33
Gustavo Portela de Deus
Dureza etc
Paracircmetros de Projetos
Forma
Carregamento
Tipo de movimento
Aspereza
Vibraccedilatildeo
Nuacutemero de ciclos etc
Paracircmetros de Meio Ambiente
Temperatura
Contaminaccedilatildeo
Umidade
Atmosfera etc
Paracircmetros de Lubrificaccedilatildeo
Tipo de lubrificante
Estabilidade de lubrificante
Tipo de fluido
Lubrificaccedilatildeo etc
Presenccedila ou Ausecircncia de Desgaste Interno
Segundo Catai et al de acordo com pesquisadores relatados nos trabalhos de
Mondal et al (1998) embora se diga que a taxa de desgaste depende do tamanho do gratildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 34
Gustavo Portela de Deus
abrasivo existe um valor criacutetico de tamanho de gratildeo abrasivo acima do qual a taxa de
desgaste se torna independente do tamanho do gratildeo Tambeacutem se ressalta que as diferenccedilas
nas durezas entre os dois corpos atritantes influenciam diretamente este tamanho criacutetico do
gratildeo abrasivo
251 - Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo
De acordo com Deuis (1996) o tamanho do gratildeo abrasivo tem uma influecircncia
direta nos mecanismos associados ao desgaste que pode ser caracterizado pela relaccedilatildeo wr
onde ldquowrdquo eacute a espessura da ranhura e ldquorrdquo o raio esfeacuterico do topo da partiacutecula (gratildeo)
Dependendo desta relaccedilatildeo a partiacutecula de gratildeo abrasivo iraacute deformar plasticamente ou
cortar a superfiacutecie Como as partiacuteculas desgastadas tornam-se cegas ou o tamanho da
partiacutecula diminui o mecanismo de desgaste exibe uma transiccedilatildeo do corte para o desgaste
de laminaccedilatildeo
Para ambos os tipos de desgaste abrasivo (dois ou trecircs corpos) um tamanho criacutetico
da partiacutecula abrasiva pode ser observado O desgaste volumeacutetrico aumenta com o aumento
do tamanho do gratildeo abrasivo para esta dimensatildeo criacutetica Nesta dimensatildeo criacutetica tem-se a
maacutexima accedilatildeo abrasiva em termos do tamanho do desgaste produzido
Sobre este valor criacutetico a taxa de desgaste eacute amplamente independente do tamanho
do gratildeo abrasivo A forte diferenccedila entre a dureza das partiacuteculas abrasivas e do material a
ser desgastado influencia esta dimensatildeo criacutetica do gratildeo (DEUIS et al 1996)
Para Deuis et al (1996) a extensatildeo da regiatildeo tensionada plasticamente abaixo da
superfiacutecie depende do tamanho do gratildeo abrasivo e da carga aplicada A profundidade
global da deformaccedilatildeo plaacutestica foi relatada linearmente para a aplicaccedilatildeo de carga e
dimensotildees de gratildeos
Revisatildeo Bibliograacutefica 35
Gustavo Portela de Deus
Salienta-se que no desgaste abrasivo de trecircs corpos a taxa de desgaste eacute menor que
no desgaste abrasivo de dois corpos Ainda segundo o tamanho do gratildeo Al Rubaie et al
(1999) afirmam que a eficiecircncia na remoccedilatildeo do material depende da carga de contato
elaacutestico a qual varia com o tamanho do gratildeo sendo que no caso dos materiais contendo
partiacuteculas reforccediladas a taxa de desgaste eacute influenciada pelo tamanho das partiacuteculas de
reforccedilo A Figura 28 demonstra o quanto o tamanho do gratildeo abrasivo eacute representativo no
desgaste
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste
252 - Carga Aplicada
A carga a ser aplicada sobre os corpos em atrito durante o processo de desgaste
abrasivo tambeacutem eacute um dos fatores que influenciam fortemente as taxas de desgaste no
material
Mondal et al (1998) propotildeem uma foacutermula para quantificar a importacircncia da carga
aplicada no corpo de prova em relaccedilatildeo ao tamanho do gratildeo abrasivo em um desgaste
abrasivo de dois corpos Suas foacutermulas permitem obter as taxas de desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 36
Gustavo Portela de Deus
teoacuterico nos processos de abrasatildeo Foram desenvolvidas foacutermulas por meio de regressotildees
lineares tanto para ligas como para materiais compostos
Segundo este mesmo autor o efeito da carga na taxa de desgaste obtida tanto para
os materiais compostos como para as ligas eacute bem mais severo que o efeito do tamanho dos
gratildeos abrasivos Sendo que em relaccedilatildeo aos materiais por estes testados (ligas e
compoacutesitos) o efeito da carga e do tamanho do abrasivo na taxa de desgaste eacute
relativamente maior no caso dos materiais compostos que nas ligas Poreacutem existem
algumas combinaccedilotildees de tamanhos de gratildeos com quantidade de cargas aplicadas que
podem fazer com que a taxa de desgaste abrasivo seja maior nas ligas que nos materiais
compostos
Ainda de acordo com Mondal et al (1998) a variaccedilatildeo da carga aplicada tem muito
mais influecircncia na taxa de desgaste do material que a variaccedilatildeo do tamanho do gratildeo do
abrasivo do disco A taxa de desgaste na liga eacute muito maior que a taxa de desgaste obtida
para os compostos pois os mesmos possuem maior dureza devido ao oacutexido de alumiacutenio
que foi adicionado na matriz inicial que era uma liga de alumiacutenio
Gant amp Gee (2001) tambeacutem realizaram estudos sobre a influecircncia da variaccedilatildeo da
carga aplicada sobre o corpo-de-prova num desgaste abrasivo de 3 corpos para corpos-de-
prova de ligas Cobalto-Carbeto de Tungstecircnio de elevada dureza e accedilos ultra-raacutepidos
Analisando-se comparativamente os resultados estes concluiacuteram que quanto maior era a
carga aplicada no processo ou seja a carga que foi aplicada forccedilando o corpo-de-prova
contra o disco maiores foram os desgastes volumeacutetricos dos corpos-de-prova Desta
forma ficou evidente que quanto maior for a carga aplicada no processo maiores seratildeo os
desgastes obtidos tanto para as peccedilas (corpos-de-prova) como para as ferramentas (discos
revestidos com carbeto de siliacutecio)
Revisatildeo Bibliograacutefica 37
Gustavo Portela de Deus
Em relaccedilatildeo ao efeito da variaccedilatildeo da carga eou do tamanho do gratildeo abrasivo eacute
importante destacar ainda que um aumento geral na taxa de desgaste eacute observado com o
aumento da carga para um tamanho particular de gratildeo isto eacute devido ao aumento geral da
remoccedilatildeo de material com a carga Quando a carga aplicada eacute menor gratildeos mais grosseiros
entram em contato diretamente com o corpo-de-prova resultando em elevados desgastes
Para gratildeos mais finos sob baixas cargas haacute somente um riscamento pois os menores
gratildeos abrasivos estatildeo em contato elaacutestico com a superfiacutecie de teste e entatildeo suportam a
carga aplicada sem contribuir para a remoccedilatildeo de material (DEGUPTA et al 2001)
Numa anaacutelise geral tem-se que abrasivos com menores gratildeos abrasivos resultam em
elevadas abrasotildees e maiores gratildeos abrasivos resultam em maiores microcortes No
ldquomicrocuttingrdquo maiores quantidades de materiais satildeo perdidas Em altas distacircncias
percorridas a taxa de desgaste aumenta devido ao aparecimento de microfraturas
(DEGUPTA et al 2001)
Figura 27 - Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 38
Gustavo Portela de Deus
253 - Influecircncia da Dureza
Deuis et al (1996) enfatizaram o papel das partiacuteculas da segunda fase provendo
aacutereas localizadas com altas tensotildees de concentraccedilatildeo que influenciaram o fluxo de tensatildeo e
a taxa de desgaste A maior resistecircncia ao desgaste foi obtida em microestruturas finas
com partiacuteculas semi-coerentes dispersas A influecircncia dos carbetos na resistecircncia ao
desgaste depende de sua dureza em relaccedilatildeo agrave dureza da matriz Para materiais
caracterizados de carbetos dispersos em uma matriz macia uma diminuiccedilatildeo no caminho
livre meacutedio pela reduccedilatildeo do tamanho do carbeto resulta em melhores resistecircncias ao
desgaste Uma reduccedilatildeo no tamanho do gratildeo aumenta a dureza e tambeacutem conduz ao
aumento da resistecircncia ao desgaste
Hutchings (1992) descobriu que a dureza do gratildeo abrasivo era 1 2 vez maior que a
da superfiacutecie desgastada Entatildeo o abrasivo meacutedio riscaria a superfiacutecie Deuis et al (1996)
tambeacutem comentaram que a dureza do material determina a profundidade da indentaccedilatildeo das
partiacuteculas abrasivas influenciando na profundidade relativa penetrada onde se esta for
maior que a profundidade de indentaccedilatildeo criacutetica para fratura a taxa de desgaste eacute alta A
Figura 210 mostra o quanto agrave dureza do material abrasivo eacute significativo na anaacutelise do
desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 39
Gustavo Portela de Deus
Figura 28 - Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste
Ainda em relaccedilatildeo agrave influecircncia da dureza no desgaste abrasivo Hawk et al (1999)
fizeram experimentos que comprovaram que haacute uma correlaccedilatildeo direta entre a dureza dos
materiais e o desgaste abrasivo Em suas pesquisas este provou claramente a influecircncia da
dureza do material na perda volumeacutetrica do corpo de prova mostrando que quanto maior a
dureza do material utilizado menor o desgaste abrasivo do corpo de prova em atrito
254 - Influecircncia da Temperatura
Segundo Wu et al (1997) outro fator que afeta diretamente o processo de desgaste
abrasivo de 2 ou 3 corpos eacute a temperatura De acordo com Catai et al por meio da anaacutelise
dos resultados Wu et al verificaram que o desgaste abrasivo ou seja o volume desgastado
do pino eacute maior quando o mesmo acontece na presenccedila de maiores temperaturas pois a
de Siliacutecio
Revisatildeo Bibliograacutefica 40
Gustavo Portela de Deus
elevaccedilatildeo da temperatura facilita o desencadear do mesmo atraveacutes por exemplo da
reduccedilatildeo da dureza dos materiais envolvidos Ressalta-se que nestes ensaios o tempo de
ensaio era sempre constante A Figura 211 mostra o quando o efeito da temperatura incide
sobre o processo de desgaste abrasivo
Figura 29 - Efeito da temperatura no desgaste abrasivo
26 - Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste
Moacutedulo de elasticidade ndash a resistecircncia ao desgaste de metais puros aumenta
diretamente com o moacutedulo de elasticidade Para os accedilos perliacuteticos martensiacuteticos ou
revenidos essa relaccedilatildeo natildeo eacute vaacutelida porque o tratamento teacutermico natildeo afeta o
moacutedulo de elasticidade
Dureza ndash o desgaste de metais puros eacute diretamente proporcional agrave sua
dureza Nas ligas a proporcionalidade eacute vaacutelida ateacute determinado valor da dureza do
Revisatildeo Bibliograacutefica 41
Gustavo Portela de Deus
material a partir do qual a resistecircncia ao desgaste cresce com menor intensidade
podendo ateacute mesmo vir a diminuir apoacutes certo valor
Dureza superficial ndash na superfiacutecie desgastada existe um grau de
encruamento e consequentemente um aumento da dureza no local A resistecircncia agrave
abrasatildeo pode ser considerada como proporcional a essa dureza chamada de dureza
maacutexima
Propriedades de escoamento ndash anaacutelises de tensatildeodeformaccedilatildeo mostraram
que para metais puros tambeacutem vale a relaccedilatildeo
= A ع
Onde
= tensatildeo de escoamento
A = constante
deformaccedilatildeo verdadeira = ع
= coeficiente de encruamento
Estudos mostram que a resistecircncia agrave abrasatildeo eacute proporcional agrave dureza e varia
exponencialmente com a tenacidade De acordo com Batista e Nascimento
(wwwspectrucombr) como o desgaste eacute um fenocircmeno essencialmente superficial
envolvendo a remoccedilatildeo mecacircnica indesejaacutevel de material de superfiacutecies
ldquoAs soluccedilotildees encontradas atraveacutes de solda de
revestimento aspersatildeo teacutermica tipo Hight Velocity Oxi Fuel -
HVOF nitretaccedilatildeo e de outras teacutecnicas originalmente utilizadas
Revisatildeo Bibliograacutefica 42
Gustavo Portela de Deus
tecircm se mostrado altamente valiosas tanto para prevenir como
para minimizar e reparar as diferentes estruturas danificadas
pelos mais diversos tipos de desgaste Em inuacutemeras situaccedilotildees
peccedilas e componentes podem ser fabricados com materiais
convencionais dentro das especificaccedilotildees normais do projeto
Posteriormente pode-se aplicar sobre a superfiacutecie camadas ou
cordotildees de solda com consumiacuteveis adequados deposiccedilatildeo de ligas
metaacutelicas de composiccedilatildeo e constituiccedilatildeo ideal ao favorecimento de
superfiacutecies endurecidas e resistentes a este desgaste A resistecircncia
ao desgaste eacute considerada como parte de um sistema triboloacutegico
sendo muitos os paracircmetros que acabam por influir na taxa de
desgaste incluindo as caracteriacutesticas de projetos condiccedilotildees de
operaccedilatildeo tipo de abrasivo e propriedades do material Nas
propriedades dos materiais as caracteriacutesticas microestruturais
tecircm particular importacircncia tanto nas propriedades mecacircnicas
quanto nas taxas de desgaste Disponibilizado no site
wwwspectrucombr consultado em 23 de abril de 2007rdquo
BATISTA e NASCIMENTO apud Murray (wwwspectrucombr) destacou o
seguinte sobre desgaste abrasivo
ldquoA resistecircncia ao desgaste de accedilos tratados termicamente
para vaacuterios niacuteveis de dureza e tambeacutem de alguns metais puros
Para metais puros a resistecircncia ao desgaste aumenta linearmente
com a dureza Nos materiais ferrosos esta relaccedilatildeo (resistecircncia ao
Revisatildeo Bibliograacutefica 43
Gustavo Portela de Deus
desgaste versus dureza) natildeo eacute simples O aumento no teor de
carbono faz a resistecircncia ao desgaste aumentar Para os accedilos com
a mesma porcentagem de carbono a resistecircncia ao desgaste de
accedilo ligado eacute maior que de um accedilo sem liga mas este aumento eacute
pequeno quando comparado com outro em que aumentou a
porcentagem de carbono A resistecircncia ao desgaste geralmente
aumenta conforme a microestrutura eacute mudada de ferrita para
perlita desta para bainita e finalmente para martensita isto
desde que seja acompanhada de aumento de dureza Entretanto
para um mesmo valor de dureza a estrutura bainiacutetica tem maior
resistecircncia ao desgaste que a martensiacutetica A microestrutura tem
maior influecircncia no desgaste que a dureza da matriz Tem sido
mostrado que a presenccedila de austenita retida tem melhorado a
resistecircncia ao desgaste da martensita revenida A austenita
fornece uma melhor ancoragem aos carbetos ocasionando um
baixo arrancamento do carbeto da matriz austeniacutetica Os carbetos
parecem ser particularmente importantes na resistecircncia agrave
abrasatildeo principalmente em materiais como os accedilos e ferros
fundidos brancos ligados ao cromo A influecircncia desses estaacute
relacionada com sua dureza tamanho e distribuiccedilatildeo Carbetos
duros e finamente dispersos aumentam a resistecircncia ao desgaste
enquanto que os grosseiros diminuem Estruturas deformadas por
trabalho a frio natildeo alteram a resistecircncia ao desgaste enquanto
que o aumento da dureza pelo refinamento dos gratildeos agiria
favoravelmente Existem ainda muitos outros fatores que
Revisatildeo Bibliograacutefica 44
Gustavo Portela de Deus
influenciam a taxa de desgaste como o tamanho da partiacutecula
abrasiva e o coeficiente de atrito Estes trabalhos tecircm
demonstrado que o estudo dos fenocircmenos de desgaste eacute bastante
complexo Na especificaccedilatildeo e normalizaccedilatildeo de ligas para resistir
ao desgaste as maiores dificuldades residem na inexistecircncia de
ensaios padronizados para discriminar os niacuteveis de aceitaccedilatildeo ou
rejeiccedilatildeo conforme as aplicaccedilotildees particulares Estas dificuldades
estatildeo associadas principalmente agrave natureza complexa do
fenocircmeno do desgaste Este aleacutem de envolver a deformaccedilatildeo e
corte superficial por partiacuteculas abrasivas ou o atrito entre
superfiacutecies metaacutelicas muitas vezes ocorre devido a vaacuterios
mecanismos concomitantes de desgaste da superfiacutecie os quais
tambeacutem podem estar associados a outros fenocircmenos de
degradaccedilatildeo tais como impacto corrosatildeo fluecircncia ou fadigardquo
27 - Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr) o teor de carbono
aumenta a resistecircncia ao desgaste dos accedilos perliacuteticos com o aumento do endurecimento Os
carbetos aumentam a resistecircncia ao desgaste com o aumento na quantidade distribuiccedilatildeo
uniforme e forma adequada Natildeo satildeo adequados poreacutem quando existe o choque associado
ao desgaste por abrasatildeo
A martensita natildeo-revenida ou revenida abaixo de 230degC eacute a fase que melhor resiste
ao desgaste na temperatura ambiente Se o revenido for acima de 350degC a perlita apresenta
Revisatildeo Bibliograacutefica 45
Gustavo Portela de Deus
um resultado melhor para a mesma dureza (50 HB) A fase bainiacutetica da mesma dureza e
composiccedilatildeo quiacutemica resiste melhor ao desgaste que uma estrutura martensiacutetica nas nesmas
condiccedilotildees
A perlita aumenta a resistecircncia agrave abrasatildeo com o aumento das colocircnias de perlita e
com a fraccedilatildeo volumeacutetrica de cementita Para a mesma dureza a perlita lamelar resiste
melhor que a esferoidizada A resistecircncia ao desgaste da ferrita aumenta com o aumento
dos carbetos dispersos na matriz Um accedilo austeniacutetico com a mesma fraccedilatildeo de carbetos que
um ferriacutetico resiste melhor ao desgaste
28 - Revestimentos Superficiais
De acordo com Lima et al (2001) uma das mais eficientes e econocircmicas formas
de se adequar peccedilas e componentes de equipamentos industriais a uma aplicaccedilatildeo
especiacutefica tem sido haacute longo tempo a aplicaccedilatildeo de revestimentos Estes vecircm ganhando
evidecircncia ano apoacutes ano em aplicaccedilotildees contra desgaste corrosotildees dentre outras formas
de consumo de massa
Ainda de acordo com Lima et al (2001) apud Tucker et al o uso de
revestimentos duros para melhorar a resistecircncia ao desgaste de componentes mecacircnicos
tecircm sido comum haacute vaacuterias deacutecadas com variadas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo que incluem
soldagem cladding eletrodeposiccedilatildeo PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica de vapor) CVD (deposiccedilatildeo
quiacutemica de vapor) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem se desenvolvido nos
uacuteltimos tempos apresentando-se como alternativa viaacutevel em relaccedilatildeo aos demais
processos comumente utilizados
Revisatildeo Bibliograacutefica 46
Gustavo Portela de Deus
281 - Aspersatildeo Teacutermica
A aspersatildeo teacutermica consiste de um grupo de processos nos quais partiacuteculas
finamente divididas de materiais para revestimentos metaacutelicos ou natildeo- metaacutelicos satildeo
depositadas sobre um substrato devidamente preparado na condiccedilatildeo fundida ou semindash
fundida para formar uma camada superficial como mostra a Figura 212
O calor necessaacuterio para a operaccedilatildeo eacute gerado na tocha de aspersatildeo e pode vir da
queima de um gaacutes combustiacutevel ou da geraccedilatildeo de um arco eleacutetrico As partiacuteculas aquecidas
satildeo aceleradas por um gaacutes comprimido confinadas num feixe e dirigidas ao substrato Ao
se chocarem as partiacuteculas se achatam e formam finas lentes que se conformam e aderem
agraves irregularidades superficiais e entre si Com a continuidade do processo as partiacuteculas se
resfriam formando um revestimento com estrutura lamelar (MARQUES
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Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato
As variaccedilotildees baacutesicas nos processos de aspersatildeo teacutermica se referem ao material a ser
aplicado ao meacutetodo de aquecimento e ao meacutetodo de aceleraccedilatildeo das partiacuteculas em direccedilatildeo
ao substrato Os materiais podem ser fornecidos na forma de vareta arame cordatildeo (tubo
Revisatildeo Bibliograacutefica 47
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de plaacutestico contiacutenuo) e poacute Metais oacutexidos compostos intermetaacutelicos cermets plaacutesticos
orgacircnicos e alguns vidros podem ser depositados por uma ou mais variaccedilotildees de processos
(MARQUES wwwinfosoldacombr)
Os processos de aspersatildeo teacutermica podem ser classificados em dois grupos
baacutesicos dependendo da fonte de calor usada como mostrado na Tabela 21
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica
Combustatildeo Eleacutetrico
Chama Plasma
Detonaccedilatildeo Arco
O sucesso no uso de revestimentos aspergidos termicamente depende basicamente
de sua aplicaccedilatildeo cuidadosa segundo procedimentos bem estabelecidos Qualquer desvio
destes procedimentos leva em geral a resultados natildeo confiaacuteveis Os revestimentos
termicamente aspergidos apresentam trecircs aspectos baacutesicos o substrato a adesatildeo do
revestimento e a estrutura deste (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Os substratos sobre os quais os revestimentos termicamente aspergidos podem ser
aplicados incluem metais oacutexidos ceracircmicos vidros a maioria dos plaacutesticos e madeira
sendo que algumas teacutecnicas especiais podem ser necessaacuterias Nem todos os materiais para
aspersatildeo podem ser aplicados a qualquer tipo de substrato Uma preparaccedilatildeo adequada deste
eacute necessaacuteria antes da aspersatildeo propriamente dita independente do processo a ser usado
Essa preparaccedilatildeo eacute essencialmente a mesma para cada processo a ser usado e consiste de
duas etapas baacutesicas limpeza da superfiacutecie para eliminar contaminantes e obtenccedilatildeo de
rugosidades para aumentar a aacuterea superficial efetiva e melhorar a adesatildeo (MARQUES
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A ligaccedilatildeo ou adesatildeo entre revestimento e substrato pode ser mecacircnica quiacutemica eou
metaluacutergica e eacute influenciada por diversos fatores tais como material do revestimento
condiccedilatildeo do substrato rugosidade limpeza e temperatura da superfiacutecie a ser revestida
antes e durante o processo e velocidade de impacto das partiacuteculas (MARQUES
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A estrutura e a quiacutemica do depoacutesito aspergido em ar eacute diferente do material no
estado original Estas diferenccedilas satildeo devidas agrave natureza progressiva do revestimento agrave
reaccedilatildeo com gases durante o processo e a atmosfera em contato com o material enquanto
liacutequido Por exemplo quando ar ou oxigecircnio satildeo usados oacutexidos podem ser formados e se
incorporarem ao revestimento Revestimentos metaacutelicos tendem a ser porosos e fraacutegeis
com uma dureza diferente do material original A estrutura de revestimentos na condiccedilatildeo
como aspergidos eacute similar quanto agrave natureza lamelar mas pode exibir diferentes
caracteriacutesticas em funccedilatildeo do processo dos paracircmetros da teacutecnica e do material usado
como mostra a Figura 213 A densidade do depoacutesito varia com a temperatura da fonte de
calor usada e com a velocidade das partiacuteculas no impacto como mostra a Tabela 22 e a
Figura 214 (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 211 - Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido
Revisatildeo Bibliograacutefica 49
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A aplicaccedilatildeo final determina as propriedades necessaacuterias para o revestimento e o
tipo de combustiacutevel e equipamentos necessaacuterios Revestimentos termicamente aspergidos
tecircm sido usados intensamente na fabricaccedilatildeo de componentes nas induacutestrias automotiva de
petroacuteleo eleacutetrica eletrocircnica geraccedilatildeo de energia e particularmente na aeroespacial Em
manutenccedilatildeo milhotildees de doacutelares tecircm sido economizados com o uso da aspersatildeo teacutermica
Tal teacutecnica tem sido usada tanto em oficina como no campo no revestimento de estruturas
e partes de equipamentos com economia de tempo e de recursos (MARQUES
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Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor
Fonte Temperatura degC
Propano + oxigecircnio 2640
Gaacutes natural + oxigecircnio 2735
Hidrogecircnio + oxigecircnio 2690
Acetileno + oxigecircnio 3100
Arco eleacutetrico 2200 ndash 8300
Figura 212 Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas
Revisatildeo Bibliograacutefica 50
Gustavo Portela de Deus
2811 - Processos
28111 - Processos por Combustatildeo
Este grupo de processos utiliza o calor gerado pela queima de um gaacutes combustiacutevel
Qualquer substacircncia que se funda e natildeo sublime a temperaturas inferiores a 2760ordmC pode
ser aspergida por este processo como mostram as Figuras 215 e 216 Os materiais
aplicados podem ser metais e ligas na forma de arame cordatildeo ou poacute e ceracircmicos na forma
de vareta cordatildeo ou poacute (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 213 - Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo
Figura 214 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 51
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281111 - Arames e Varetas
O equipamento usado para aplicaccedilatildeo de arames e varetas eacute similar como mostrado
na figura A seccedilatildeo transversal tiacutepica de uma tocha de aspersatildeo com estes processos eacute
mostrada na Figura 216
O material a ser aspergido eacute inserido por roletes alimentadores na parte posterior da
tocha Estes podem ser tracionados por um motor eleacutetrico ou pneumaacutetico ou por uma
turbina a ar O material eacute alimentado por meio de um bocal onde eacute fundido por uma chama
de gaacutes combustiacutevel concecircntrica a este
Os gases combustiacuteveis usados juntamente com o oxigecircnio foram mostrados na
Tabela 22 O acetileno eacute o mais largamente usado por sua maior temperatura de chama
Entretanto em certos casos temperaturas mais baixas satildeo usadas com vantagens
econocircmicas A chama eacute usada apenas para fundir o material Para se obter aspersatildeo um
jato de gaacutes em geral ar comprimido eacute usado para pulverizar o material e acelerar as
partiacuteculas em direccedilatildeo ao substrato Em aplicaccedilotildees especiais um gaacutes inerte pode ser usado
Os roletes de alimentaccedilatildeo devem ser escolhidos e apropriados agrave forma do material a ser
alimentado isto eacute se arame vareta ou cordatildeo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281112 - Poacute
Tochas para aspersatildeo agrave chama com poacute satildeo mais leves e mais compactas que tochas
para outros processos como mostra a Figura 217 Devido agraves menores temperaturas e
velocidades alcanccediladas pelas partiacuteculas os revestimentos obtidos tecircm em geral menor
resistecircncia adesiva ao substrato menor resistecircncia coesiva entre as lamelas e maior
porosidade quando comparados com os depositados por outros processos de aspersatildeo
teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 52
Gustavo Portela de Deus
O material a ser aspergido pode ser um metal puro uma liga metaacutelica um
compoacutesito um carboneto um ceracircmico um cermet ou combinaccedilatildeo destes O processo eacute
geralmente usado para aplicaccedilatildeo de ligas metaacutelicas autofluxadas que devem ser fundidas
apoacutes a aspersatildeo Estes materiais contecircm boro e siliacutecio que servem como agentes fluxantes e
minimizam a oxidaccedilatildeo Sua fusatildeo eou ligaccedilatildeo metaluacutergica a um substrato metaacutelico eacute(satildeo)
obtida(s) aquecendo-se o revestimento ateacute sua temperatura de fusatildeo que em geral eacute
inferior a 1040degC e pode ser feita com o uso de qualquer fonte de calor como uma chama
uma bobina de induccedilatildeo ou um forno Um arco eleacutetrico tambeacutem pode ser usado mas com
certo cuidado para evitar ou minimizar a fusatildeo do substrato
O poacute para aspersatildeo eacute armazenado num recipiente que pode ser parte integrante da
tocha ou ser acoplado a ela Uma pequena quantidade de gaacutes eacute desviada para arrastar o poacute
ateacute o jato da mistura oxigecircniocombustiacutevel em chama quando eacute fundido e acelerado em
relaccedilatildeo ao substrato Um corte transversal de uma tocha tiacutepica para aspersatildeo de poacute por
chama eacute mostrado na Figura 217
Variaccedilotildees do processo de aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama incluem gaacutes comprimido
para alimentaccedilatildeo do poacute na chama jatos adicionais de ar comprimido para acelerar as
partiacuteculas fundidas alimentador de poacute remoto com arraste do poacute para a tocha por um tubo
pressurizado com gaacutes inerte e dispositivos para aceleraccedilatildeo a alta velocidade agrave pressatildeo
atmosfeacuterica Esses refinamentos tendem a aumentar a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute e agraves
vezes a velocidade das partiacuteculas fundidas que aumentam a resistecircncia adesiva e a
densidade do revestimento aspergido
Revestimentos fundidos poacutes-aspersatildeo satildeo densos e relativamente isentos de
porosidade A composiccedilatildeo da liga pode levar a revestimentos com niacuteveis de dureza
Rockwell C superiores a 50 A espessura destes revestimentos eacute limitada agravequelas faixas
Revisatildeo Bibliograacutefica 53
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que podem ser aquecidas ateacute a temperatura de fusatildeo sem descamaccedilatildeo O uso de ligas
autofluxantes eacute limitado a aplicaccedilotildees em que os efeitos da fusatildeo e distorccedilatildeo podem ser
tolerados Revestimentos mais espessos de metais dissimilares podem ser aplicados em
passes muacuteltiplos A superfiacutecie que vai receber o segundo revestimento deve ser limpa de
todos os resiacuteduos de oacutexido apoacutes cada etapa de fusatildeo
Em todos os processos de aspersatildeo teacutermica a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute afeta a
estrutura e a eficiecircncia de deposiccedilatildeo do revestimento Se o material natildeo eacute aquecido
adequadamente a eficiecircncia de deposiccedilatildeo cai rapidamente e o revestimento conteraacute
partiacuteculas natildeo fundidas retidas Se a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute for muito baixa uma certa
quantidade de poacute pode se volatizar resultando em deterioraccedilatildeo do revestimento e elevaccedilatildeo
dos custos Os alimentadores de poacute satildeo compostos por um recipiente e um sistema de
mediccedilatildeo que regula a taxa de alimentaccedilatildeo de material no dispositivo transportador por gaacutes
(MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 215 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute a chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 54
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28112 - Detonaccedilatildeo
A tocha de detonaccedilatildeo eacute diferente de outros equipamentos de aspersatildeo por
combustatildeo Ela utiliza a energia de explosotildees de uma mistura oxigecircnio-acetileno em vez
de uma chama estacionaacuteria para impulsionar o poacute ateacute a superfiacutecie do substrato O depoacutesito
resultante eacute extremamente duro denso fortemente ligado ao substrato
Uma tocha de detonaccedilatildeo mostrada na Figura 218 consiste basicamente de um
tubo comprido no qual eacute introduzida uma mistura de gaacutes combustiacutevel oxigecircnio e poacute
Quando eacute feita a igniccedilatildeo da mistura uma onda de choque controlada aquece e acelera as
partiacuteculas de poacute cuja velocidade de saiacuteda eacute de 760 ms aproximadamente Apoacutes cada
injeccedilatildeo de mistura uma certa quantidade de nitrogecircnio eacute introduzida no tubo para purga
deste Ocorrem vaacuterias detonaccedilotildees por segundo gerando um ruiacutedo da ordem de 150 dB
sendo muitas vezes utilizadas instalaccedilotildees especiais com isolamento acuacutestico para estas
operaccedilotildees
Dentro do tubo temperaturas superiores a 3300degC satildeo atingidas enquanto a
temperatura do substrato deve ser mantida abaixo dos 150degC usando-se dispositivos de
resfriamento se for o caso
A espessura dos revestimentos geralmente situa-se entre 005 e 05mm A
operaccedilatildeo eacute normalmente mecanizada e agraves vezes remotamente controlada Excelente
acabamento pode ser obtido devido agrave baixa porosidade do revestimento (MARQUES
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Revisatildeo Bibliograacutefica 55
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Figura 216 - Esquemaacutetica de Tocha de detonaccedilatildeo
28113 - Processos Eleacutetricos
281131 - Arco Eleacutetrico
No processo de aspersatildeo a arco eleacutetrico dois arames eletrodos consumiacuteveis satildeo
alimentados de forma a se encontrar em um ponto agrave frente de um jato de gaacutes que serve
para atomizaccedilatildeo Uma diferenccedila de potencial de 18 a 40V eacute estabelecida entre os arames
produzindo um arco eleacutetrico que funde a ponta destes O jato de gaacutes atomizante (em geral
ar comprimido) destaca o material fundido produzindo um jato de gotiacuteculas fundidas que eacute
dirigido ao substrato A Figura 219 mostra um desenho esquemaacutetico de uma tocha para
aspersatildeo a arco
O equipamento baacutesico para este processo consiste de uma fonte de corrente
contiacutenua do tipo tensatildeo constante alimentadores de arame do tipo velocidade constante
tocha de aspersatildeo e um sistema de fornecimento de gaacutes comprimido controlaacutevel Os
arames utilizados satildeo em geral de grande diacircmetro da ordem de 5mm Este processo
experimentou um avanccedilo recente com o desenvolvimento de arames tubulares de
enchimento metaacutelico
Revisatildeo Bibliograacutefica 56
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Figura 217 - Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico
A temperatura do arco eacute consideravelmente maior que o ponto de fusatildeo do material
aspergido de modo que algum superaquecimento e volatizaccedilatildeo podem ocorrer
particularmente na aplicaccedilatildeo de zinco e alumiacutenio A alta temperatura das partiacuteculas pode
produzir zonas de reaccedilatildeo quiacutemica ou difusatildeo ou ambas apoacutes o impacto com o substrato
Estas interaccedilotildees satildeo similares a pequenas soldas a ponto e conferem excelente resistecircncia
de adesatildeo e coesatildeo ao revestimento Este processo apresenta taxas de deposiccedilatildeo mais altas
que outros processos de aspersatildeo Os fatores que influenciam esta taxa satildeo a corrente e a
velocidade de alimentaccedilatildeo de arame que dependem do equipamento usado
O comprimento do arco e o tamanho das gotiacuteculas tendem a aumentar com a
elevaccedilatildeo da diferenccedila de potencial entre os arames Esta deve ser mantida em valores
miacutenimos compatiacuteveis com a estabilidade do arco para se obter revestimentos densos e de
melhor acabamento (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281132 - Arco Plasma natildeo Transferido
O desenvolvimento de turbinas e motores de foguetes tem exigido bom
desempenho de materiais de engenharia em condiccedilotildees cada vez mais severas Para
Revisatildeo Bibliograacutefica 57
Gustavo Portela de Deus
satisfazer estas exigecircncias oacutexidos e carbonetos tecircm sido considerados devendo ser
aplicados por processos de aspersatildeo teacutermica de alta temperatura O processo plasma tem
atendido esta necessidade e levou ao desenvolvimento de uma nova famiacutelia de materiais e
teacutecnicas de aplicaccedilatildeo para uma ampla faixa de aplicaccedilotildees industriais
Na aspersatildeo a plasma Figura 220 o material eacute aplicado a partir de um poacute
Aplicaccedilatildeo a partir de arames tem sido desenvolvida mais recentemente Neste processo
um gaacutes ou mistura de gases passa atraveacutes de um arco eleacutetrico estabelecido entre um caacutetodo
de tungstecircnio e um acircnodo de cobre dotado de um orifiacutecio alinhados coaxialmente Em sua
passagem o gaacutes eacute aquecido gerando o plasma
Figura 218 - Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma
O poacute eacute alimentado no plasma fundido e acelerado em direccedilatildeo ao substrato por um
jato de alta velocidade A energia temperatura e velocidade do jato de plasma satildeo
controladas pelo tipo de bocal constritor intensidade da corrente eleacutetrica composiccedilatildeo e
vazatildeo do gaacutes de plasma Em geral nitrogecircnio ou argocircnio satildeo usados como gaacutes de plasma
podendo conter adiccedilotildees de hidrogecircnio ou heacutelio para aumentar sua potecircncia e velocidade
Revisatildeo Bibliograacutefica 58
Gustavo Portela de Deus
O equipamento baacutesico para a aspersatildeo a plasma mostrado na figura 220 consiste
de uma fonte de corrente contiacutenua constante alimentador de poacute fonte de gaacutes e um sistema
de controle que permite ajustar os paracircmetros de operaccedilatildeo (corrente vazotildees de gaacutes fluxo
de aacutegua para refrigeraccedilatildeo) e faz a sincronia de todo o sistema
281133 - Arco Plasma Transferido
Neste caso o processo eacute uma combinaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica e soldagem O
substrato deve ser condutor e faz parte do circuito do arco eleacutetrico que gera o plasma O
material aspergido se mistura com o material da poccedila de fusatildeo formada no substrato isto eacute
ocorre diluiccedilatildeo O equipamento usado eacute similar ao necessaacuterio para o plasma natildeo
transferido com exceccedilatildeo da tocha
A ligaccedilatildeo do revestimento ao substrato eacute essencialmente metaluacutergica e as
espessuras utilizadas satildeo em geral maiores que em outros processos de aspersatildeo teacutermica
O depoacutesito eacute denso uniforme e com bom acabamento A operaccedilatildeo eacute geralmente
mecanizada e com boa reprodutibilidade Entretanto a combinaccedilatildeo de substratos e
materiais aplicaacuteveis eacute mais limitada
2812 Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie
A preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute a etapa mais criacutetica da operaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica
A qualidade da adesatildeo do revestimento estaacute diretamente relacionada com a limpeza e a
rugosidade da superfiacutecie do substrato A obediecircncia rigorosa a procedimentos
padronizados de preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute necessaacuteria para garantir o sucesso da aplicaccedilatildeo
de revestimentos por aspersatildeo teacutermica O tipo de material do revestimento e do substrato
satildeo os fatores principais na determinaccedilatildeo do processo e qualidade da preparaccedilatildeo necessaacuteria
da superfiacutecie para se obter adesatildeo suficiente a uma dada aplicaccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 59
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Em partes sujeitas a fortes tensotildees mecacircnicas uma inspeccedilatildeo preacutevia agrave operaccedilatildeo de
revestimento eacute necessaacuteria para a detecccedilatildeo de falhas no metal base que eacute feita
normalmente por meio de ensaios natildeo-destrutivos Falhas estruturais no metal base
induziratildeo falhas similares no revestimento Trincas no substrato natildeo podem ser reparadas
por aspersatildeo teacutermica e revestimentos depositados por esta teacutecnica natildeo adicionam
resistecircncia mecacircnica ao substrato (MARQUES wwwinfosoldacombr )
2813 - Limpeza e Manuseio
O primeiro passo na preparaccedilatildeo de um substrato para aspersatildeo teacutermica eacute a retirada
de todos os contaminantes superficiais tais como poeira oacuteleo graxa e pintura O calor do
processo de aspersatildeo natildeo remove contaminaccedilatildeo e esta inibe a adesatildeo do revestimento
Depois que todos os contaminantes forem eliminados a limpeza deve ser mantida ateacute que
o ciclo de revestimento se complete As peccedilas devem ser protegidas de partiacuteculas
transportadas pelo ar e marcas de dedos bem como ser manuseadas com ferramentas e
material limpo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
28131 - Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes
Desengraxe com vapor
Jateamento uacutemido
Decapagem aacutecida
Aquecimento ao forno
Limpeza ultrassocircnica
Jateamento seco
Escovamento
Revisatildeo Bibliograacutefica 60
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2814 - Criaccedilatildeo de Rugosidade
Apoacutes a limpeza vaacuterios meacutetodos satildeo usados para produzir uma superfiacutecie mais
adequada para a aderecircncia do revestimento Os principais satildeo jateamento abrasivo
macroenrugamento e aplicaccedilatildeo de revestimento de ligaccedilatildeo Combinaccedilotildees destes meacutetodos
satildeo tambeacutem empregados incluindo jateamento abrasivo com subsequumlente aplicaccedilatildeo de um
revestimento de ligaccedilatildeo e usinagem seguida de jateamento abrasivo
A obtenccedilatildeo de uma rugosidade adequada eacute tatildeo importante quanto a limpeza
Durante a aspersatildeo as partiacuteculas fundidas ou semi-fundidas formam bolachas quando se
chocam com a superfiacutecie do substrato Estas agrave medida que se resfriam e se contraem
precisam aderir a uma superfiacutecie que favoreccedila o ancoramento mecacircnico
A geraccedilatildeo de uma superfiacutecie rugosa eacute usada para aumentar a aderecircncia e a coesatildeo
entre as partiacuteculas do revestimento por geraccedilatildeo de tensotildees superficiais de contraccedilatildeo
intertravamento de camadas aumento da aacuterea de interaccedilatildeo e descontaminaccedilatildeo da
superfiacutecie
O grau de enrugamento necessaacuterio para produzir um revestimento resistente e
adequado depende do material aplicado do processo e das condiccedilotildees de serviccedilo da peccedila
final (MARQUES wwwinfosoldacombr )
282 - Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste
A principal caracteriacutestica deste tipo de revestimento que satildeo aplicados para resistir
ao desgaste eacute a sua elevada dureza
Revisatildeo Bibliograacutefica 61
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2821 - Recobrimento Duro
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr ) recobrimento duro eacute
o nome dado ao processo que consiste em produzir por soldagem uma camada dura e
resistente ao desgaste na superfiacutecie da peccedila sujeita ao desgaste
2822 - Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro
De acordo com Batista amp Nascimento apud o Metals Handbook
(wwwspectrucombr ) os materiais para recobrimento duro satildeo classificados em cinco
grandes grupos em funccedilatildeo do teor total de elementos de liga Em geral a resistecircncia ao
desgaste e o custo crescem com o nuacutemero do grupo A escolha de uma liga especiacutefica
dependeraacute da aplicaccedilatildeo e do tipo de soldagem utilizado como mostra a Tabela 23
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro
Teor total de elementos de liga Elementos de liga principais
Materiais ferrosos de baixa liga
1A 2 a 6
1B 6 a 12
Cr Mo Mn
Cr Mo Mn
Materiais ferrosos de alta liga
2A 12 a 15
2B 12 a 25
2C 12 a 25
2D 30 a 37
3A 25 a 50
3B 25 a 50
3C 25 a 50
Cr Mo
Mo Cr
Mn Ni
Mn Cr Ni
Cr Ni Mo
Cr Mo
Co Cr
Revisatildeo Bibliograacutefica 62
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Ligas agrave base de niacutequel e agrave base de cobalto
4A 50 a 100
4B 50 a 100
4C 50 a 100
Co Cr W
Ni Cr Mo
Cr Ni Mo
Carbetos
5 75 a 96
WC ou WC em combinaccedilatildeo com
outros carbonetos como TiC e TaC sempre
em uma matriz metaacutelica
As ligas do grupo 1A satildeo accedilos de baixo teor de liga quase sempre tendo cromo
com principal elemento de liga O teor total dos elementos de liga incluindo o carbono
fica entre 2 e 6 Estas ligas de teor satildeo empregadas frequumlentemente como uma camada
de base para um recobrimento duro com ligas de teor de liga mais elevado
As ligas ferrosas do subgrupo 1B satildeo semelhantes agraves do grupo 1A poreacutem com
maior teor de elementos de liga ( 6 a 12 ) e com teor de carbono ateacute 2 ou mais
Muitos accedilos - ferramenta e alguns ligados fazem parte deste grupo
Os materiais do grupo 1 apresentam maior tenacidade entre as ligas de
recobrimento duro excetuando-se os accedilos-manganecircs austeniacuteticos Possuem tambeacutem
melhor resistecircncia ao desgaste que os accedilos de baixo e meacutedio carbono que satildeo ligas
usualmente recobertas pelo grupo 1 O custo eacute mais barato que as outras ligas de
recobrimento duro e muito empregados nos casos em que se necessita da usinabilidade e de
apenas um aumento moderado da resistecircncia ao desgaste
Revisatildeo Bibliograacutefica 63
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As ligas do subgrupo 2A satildeo ligas em que o principal elemento de liga eacute o cromo
com teor total de elemento de liga entre 12 e 25 Algumas delas tecircm certo teor de
molibdecircnio Este grupo inclui ainda alguns natildeo-ferros fundidos de meacutedio teor em liga O
molibdecircnio eacute o principal elemento de liga em quase todos os materiais do grupo 2B que
contam tambeacutem com teores relativamente altos de cromo
O subgrupo 2C eacute constituiacutedo pelos accedilos-manganecircs austeniacuteticos Manganecircs eacute o
principal elemento de liga estando tambeacutem presente o niacutequel para maior estabilizaccedilatildeo da
austenita
As ligas dos subgrupos 2A e 2B satildeo mais resistentes ao desgaste menos tenazes e
mais caras que os materiais do grupo 1 Jaacute os subgrupos 2C e 2D satildeo muito tenazes poreacutem
apresentam limitada resistecircncia ao desgaste que pode aumentar muito com o encruamento
As ligas do subgrupo 2D possuem um teor total de elementos de liga entre 30 e 37
variando o carbono entre 010 e 1
Os materiais do grupo 3 apresentam 25 a 50 de elementos de liga Satildeo ligas
com alto cromo vaacuterias delas com niacutequel eou molibdecircnio Os teores de carbono variam
entre 175 a 5 Este grupo eacute caracterizado pela presenccedila maciccedila de carbonetos
hipereuteacuteticos que conferem agraves ligas uma alta resistecircncia ao desgaste e uma razoaacutevel
resistecircncia agrave corrosatildeo e ao calor Satildeo ligas mais caras que as dos grupos 1 e 2
O grupo 4 compreende as ligas agrave base de cobalto e agrave base de niacutequel com teor total
de elementos natildeo-ferrosos entre 50 e 99 As ligas agrave base de cobalto do subgrupo 4ordf
satildeo consideradas como os mais versaacuteteis materiais de recobrimento duro Resistem ao
calor agrave abrasatildeo agrave corrosatildeo ao impacto agrave descamaccedilatildeo agrave oxidaccedilatildeo ao choque teacutermico agrave
erosatildeo e ao desgaste metal- metal
Revisatildeo Bibliograacutefica 64
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Algumas destas ligas mantecircm uma dureza elevada ateacute 825ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo
ateacute temperaturas da ordem de 1100ordmC As ligas agrave base de niacutequel subgrupo 4B satildeo
especialmente indicadas para peccedilas sujeitas ao mesmo tempo agrave corrosatildeo e ao desgaste Satildeo
superiores a outros materiais de recobrimento duro em aplicaccedilotildees nas quais o desgaste eacute
causado pelo contato metal-metal como no caso dos mancais Mantecircm durezas elevadas
ateacute cerca de 650ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo ateacute temperaturas da ordem de 875ordmC
Os materiais do grupo 5 consistem de gracircnulos duros de carbonetos distribuiacutedos em
uma matriz metaacutelica Satildeo muito indicados para aplicaccedilotildees de abrasatildeo intensa e de corte
Inicialmente se empregam apenas os carbonetos de tungstecircnio Mais recentemente outros
carbonetos principalmente titacircnio tacircntalo e cromo passaram a ser usados com bons
resultados Como matriz metaacutelica vaacuterios materiais tecircm sido utilizados tais como ferro accedilo
carbono Ligas agrave base de niacutequel agrave base de cobalto e bronze Os materiais do grupo 5
possuem a maacutexima resistecircncia agrave abrasatildeo em peccedilas sujeitas a impactos pequenos ou
moderados
2823 - Seleccedilatildeo do Material para Recobrimento Duro
A primeira medida eacute caracterizar bem as condiccedilotildees de serviccedilo nas quais deveraacute
trabalhar o equipamento que seraacute revestido com o recobrimento duro Em seguida deve-se
analisar com cuidado as interaccedilotildees dos materiais candidatos e do metal base bem como o
processo de soldagem a ser utilizado no recobrimento
2824 - Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento
Analisar as condiccedilotildees de serviccedilo para determinar os tipos de resistecircncia ao
desgaste e resistecircncia ao ambiente seleccedilatildeo de alguns materiais candidatos
Revisatildeo Bibliograacutefica 65
Gustavo Portela de Deus
Anaacutelise de compatibilidade entre as ligas e o metal base considerando
possiacuteveis tensotildees teacutermicas e eventuais trincas
Testar componentes recobertos com os materiais candidatos
Selecionar a melhor liga considerando o custo e a duraccedilatildeo do recobrimento
Selecionar o processo de recobrimento duro considerando a taxa de
deposiccedilatildeo o grau de diluiccedilatildeo (o metal base dilui a liga de recobrimento durante a
soldagem) eficiecircncia de deposiccedilatildeo e custo total O custo total inclui o preccedilo dos
eletrodos e o processamento
29 - Tipos de Revestimento
Os tipos de revestimento mais aplicados em soldagem podem ser classificados em
endurecimento superficial
resistentes agrave corrosatildeo
resistentes ao desgaste eou impacto
para recuperaccedilatildeo ou reparos de manutenccedilatildeo
291 - Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Tabela ndash 24 Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Condiccedilotildees de serviccedilo Materiais para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal altas
tensotildees de contato
Stellite 1 ligas Tribaloy
Escorregamento metal ndash metal baixas
tensotildees de contato
Accedilos de baixa liga para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal
combinado com corrosatildeo e oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto ou agrave base de
niacutequel dependendo da agressividade do
Revisatildeo Bibliograacutefica 66
Gustavo Portela de Deus
ambiente
Abrasatildeo sob baixa tensatildeo erosatildeo por
colisatildeo de partiacuteculas de pequeno acircngulo
Ferros fundidos de alta liga
Abrasatildeo severa sob baixa tensatildeo
retenccedilatildeo do gume
Materiais com altos teores de carbonetos
Erosatildeo por cavitaccedilatildeo e por colisatildeo
Choques mecacircnicos intensos combinados
com corrosatildeo ou oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto
Stellite 21 Stellite6
Abrasatildeo por sulcamento Accedilos ndash manganecircs austeniacuteticos
Descamaccedilatildeo
Stellite 21 Stellite 6 Tribaloy T-400
Tribaloy T-800
Estabilidade teacutermica eou resistecircncia agrave
fluecircncia a altas temperaturas
Ligas agrave base de cobalto ligas de niacutequel
com carbonetos
292 - Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies
A Tabela 25 apresenta as principais vantagens e desvantagens dos principais
processos de deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Tabela 25 - As principais vantagens e desvantagens dos principais processos de
deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Revisatildeo Bibliograacutefica 67
Gustavo Portela de Deus
Processo Vantagens Desvantagens
Galvanizaccedilatildeo iocircnica
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo baixa
temperatura de processamento
deposiccedilatildeo em furos e ranhuras
Seleccedilatildeo restrita de materiais de
revestimento revestimentos relativamente
macios riscos ambientais precisatildeo limitada
para repeticcedilatildeo na superfiacutecie
PACVD (Plasma
Assisted Chemical
Vapour Deposition)
Temperaturas de processo muito
abaixo das do CVD temperaturas
baixas revestimentos precisos
Adequado apenas para furos e ranhuras
PVD (Physical
Vapour Deposition)
Ecologicamente seguro permite
grande variedade de
revestimentos temperatura de
revestimentos mais baixa do que a
de tratamento teacutermico final da
maioria dos accedilos espessura
reduzida reproduziacutevel com
precisatildeo resistecircncia elevada ao
desgaste baixo coeficiente de
atrito
Revestimento de furos e ranhuras ndash alcanccedila
profundidade igual ao diacircmetro ou largura
da abertura resistente agrave corrosatildeo em
determinadas condiccedilotildees apenas
revestimento uniforme depende de as peccedilas
girarem durante o processamento
Difusatildeo
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo boa
reprodutibilidade
Revestimentos relativamente macios
seleccedilatildeo restrita de material de base tempo
de processamento longo riscos ambientais
necessidade de poacutes-tratamento
CVD (Chemical
Vapour Deposition)
Elevada resistecircncia ao desgaste
produccedilatildeo econocircmica de
Temperaturas de processamento elevadas
impossibilidade de revestir vaacuterios metais
Revisatildeo Bibliograacutefica 68
Gustavo Portela de Deus
revestimentos espessos adequado
para furos e ranhuras
arredondamento de bordos riscos
ambientais
Capiacutetulo 3
Materiais e Meacutetodos
Materiais e Meacutetodos 70
Guatavo Portela de Deus
3 - Materiais e Meacutetodos
31 ndash Fluxograma do Desenvolvimento Experimental
Teacutecnicas de deposiccedilatildeo dos revestimentos duros
Soldagem dos corpos-de-
prova Aspersatildeo teacutecnica
EnsaiosAnaacutelises
Prop mecacircnicas Caract microestrutural
Ensaio de
desgaste
Ensaio de DurezaMicro
Microscopia oacutetica
Discussatildeo Anaacutelises
Dissertaccedilatildeo de Mestrado
Materiais e Meacutetodos 71
Gustavo Portela de Deus
32 - Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no Solo de
Equipamentos Rodoviaacuterios
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios objeto deste
estudo foram selecionados dentre os que foram considerados como um dos mais
representativos na avaliaccedilatildeo referentes aos custos de manutenccedilatildeo e de consideraacutevel atraso
nos cronogramas de trabalho nas frentes de trabalho de conservaccedilatildeo e construccedilatildeo
rodoviaacuteria
Os elementos escolhidos para os estudos comparativos e para a anaacutelise de desgaste
na forma de desgaste abrasivo a dois corpos foram as unhas da caccedilamba da paacute carregadeira
de rodas articuladas utilizadas em serviccedilos leves e pesados de escavaccedilatildeo e carregamento
de agregados na forma principalmente de solos lateriacuteticos
Figura 3 1 Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira
Materiais e Meacutetodos 72
Gustavo Portela de Deus
Figura 32 Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira
Dentre os equipamentos rodoviaacuterios utilizados para construccedilatildeo e conservaccedilatildeo de
rodovias alguns apresentam ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de uso contiacutenuo e outras
somente quando a atividade se torna necessaacuteria como pontas de escarificadores de solos
Existem ainda outros elementos de maacutequinas que apresentam desgaste elevado em funccedilatildeo
dos mesmos manterem um contato direto com o solo como os elementos que compotildeem o
conjunto do material rodante de tratores de esteiras de escavadeiras hidraacuteulicas e de paacutes
carregadeiras tracionadas por esteiras desgaste este que por acontecer entre elementos que
estatildeo em movimento relativo entre si eacute considerado como desgaste abrasivo a trecircs corpos
Alguns fabricantes com a finalidade de prolongar a vida uacutetil desses elementos passaram a
utilizar esteiras vedadas e lubrificadas para evitar o contato direto dos elementos em
movimento relativo
O primeiro passo no desenvolvimento do projeto de avaliaccedilatildeo comparativa e na
anaacutelise de rendimento dos dois processos de revestimento superficial e do material
Materiais e Meacutetodos 73
Gustavo Portela de Deus
comercialmente encontrado e utilizado foi a confecccedilatildeo dos corpos de prova seguindo as
especificaccedilotildees da norma que regulamenta estudos triboloacutegicos ou seja a ASTM G65-91
Os materiais de base apoacutes ser analisados quanto agrave perda de massa no periacuteodo de
2900 horas foram cortados nas dimensotildees especificadas pela norma ASTM G65-91 para
ser submetidos aos ensaios de dureza pelo meacutedodo Rockwell C e resistecircncia agrave abrasatildeo por
meio do ensaio pela roda de borracha O mesmo procedimento foi executado aos corpos de
prova revestidos por soldagem de endurecimento superficial bem como pelo processo de
aspersatildeo teacutermica pelo meacutetodo LVOF Apoacutes o corte esses corpos-de-prova foram
submetidos a algumas operaccedilotildees de usinagem com a finalidade de adquirir suas formas
planas e retiradas de escoacuterias provenientes do processo de soldagem
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos
3211 - Revestimento Duro pelo Processo de Soldagem
Uma das teacutecnicas utilizadas no desenvolvimento do trabalho e que se tornou fator
de anaacutelise e comparaccedilatildeo de resultados de maior e menor desempenho foi o revestimento
duro pelo processo de soldagem em que foi utilizado a soldagem de revestimento com
eletrodo revestido
O processo de revestir superfiacutecies pelo processo de soldagem pode ser aplicado em
peccedilas novas bem como na recuperaccedilatildeo de peccedilas desgastadas pelo uso Eacute um processo de
aplicaccedilatildeo simples necessitando apenas das varetas das ligas de recobrimento e de uma
chama oxiacetilecircnica ou de um arco eleacutetrico O processo tem a vantagem de poder ser
aplicado a aacutereas localizadas da peccedila que sejam mais sujeitas ao desgaste (BATISTA
NASCIMENTO wwwspectrucombr )
Materiais e Meacutetodos 74
Gustavo Portela de Deus
As varetas dos materiais de recobrimento satildeo fornecidas em dois tipos revestidas
para soldagem a arco e natildeo revestidas para soldagem oxiacetilecircnica A soldagem
oxiacetilecircnica produz depoacutesitos mais uniformes e que podem ser mais bem posicionadas na
peccedila com velocidades de aquecimento e resfriamento relativamente baixas Por outro lado
a soldagem a arco eacute um processo menos caro mais raacutepido e se presta melhor agrave utilizaccedilatildeo
de equipamentos automaacuteticos Os depoacutesitos obtidos com arco eleacutetrico em geral satildeo mais
grosseiros e apresentam maior tendecircncia agrave formaccedilatildeo de poros Haacute tambeacutem maior
probabilidade de formaccedilatildeo de trincas em funccedilatildeo dos gradientes de temperatura criados
para altas velocidades de aquecimento e de resfriamento (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
O material de recobrimento eacute fundido durante a soldagem e se espalha sobre o
metal base ligando-se com este e formando uma nova superfiacutecie com uma camada que
varia entre 15 mm a 60 mm Apenas uma camada superficial da peccedila atinge a temperatura
de fusatildeo o que evita uma contaminaccedilatildeo muito acentuada do recobrimento do metal base
que diminuiria as propriedades de resistecircncia ao desgaste da camada depositada
O recobrimento duro pode ser aplicado agrave maioria dos metais natildeo ferrosos Por outro
lado com algumas exceccedilotildees natildeo se recomenda o recobrimento de ligas natildeo ferrosas com o
ponto de fusatildeo inferior a 1100ordmC Os accedilos ndash carbonos podem ser recobertos com relativa
facilidade em especial se o teor de carbono for inferior a 035 A soldagem se torna mais
difiacutecil agrave medida que o teor de carbono aumenta sendo que os accedilos de alto carbono e os
accedilos ligados devem sofrer um preacute ndash aquecimento e apoacutes recobrimento devem ser recozidos
Os accedilos inoxidaacuteveis os ferros fundidos e os accedilos raacutepidos tambeacutem podem ser recobertos
utilizando ndash se teacutecnicas adequadas de soldagem O cobre bronze e ligas como o latatildeo
Materiais e Meacutetodos 75
Gustavo Portela de Deus
apresentam maiores dificuldades de soldagem em funccedilatildeo de seus pontos de fusatildeo serem
baixos e sua alta condutividade (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr )
O recobrimento duro eacute muito usado nas aplicaccedilotildees em uma lubrificaccedilatildeo regular
contra abrasatildeo seja impossiacutevel ou inviaacutevel como em ferramentas de perfuraccedilatildeo de poccedilos
de petroacuteleo equipamentos para a agricultura e para terraplenagem ferramentas para
mineraccedilatildeo e equipamentos para a induacutestria petroquiacutemica O processo tambeacutem eacute usado para
ampliar a duraccedilatildeo de peccedilas que recebem lubrificaccedilatildeo tais como matrizes de conformaccedilatildeo
mecacircnica e aacutereas localizadas de oacutergatildeos de maacutequinas extremamente sujeitas a desgaste
Superfiacutecies com recobrimento duro satildeo em geral mais resistentes ao desgaste ao calor e agrave
corrosatildeo do que superfiacutecies cementadas ou temperadas por chama
Aleacutem disso aacutereas de difiacutecil acesso em componentes grandes praticamente
impossiacuteveis de ser submetidas a um processo de tratamento teacutermico podem receber um
recobrimento duro A teacutecnica pode tambeacutem ser empregada para a recuperaccedilatildeo de
equipamentos pesados sem a necessidade de desmontaacute-los (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
3212 ndash Revestimento superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF
Foi tambeacutem aplicada a teacutecnica de revestimento por aspersatildeo teacutermica
especificamente pelo meacutetodo de LVOF de acordo como eacute relatado a seguir o
desenvolvimento do processo
3213 - HVOF (High Velocity Oxigen Fuel)
Dentre os processos de aspersatildeo teacutermica utilizados para aplicar revestimentos
resistentes ao desgaste o processo de aspersatildeo oxicombustiacutevel de alta velocidade
Materiais e Meacutetodos 76
Gustavo Portela de Deus
conhecido como HVOF (Higt velocity oxi fuel) tem sido um dos mais utilizados
principalmente na aplicaccedilatildeo de carbonetos O processo eacute baseado em um sistema de
combustatildeo interna de alta pressatildeo similar a um motor de foguete em miniatura
Combustiacutevel e oxigecircnio satildeo misturados para produzir um jato de gaacutes supersocircnico acima de
2000 ms e 2800degC ( Lima et al apud Thorpe et al 1998) Os combustiacuteveis usados
incluem querosene hidrogecircnio propileno propano acetileno metil-acetileno propadieno
e gaacutes natural O material em forma de poacute eacute introduzido na chama quente dentro do cano de
saiacuteda da pistola Os revestimentos produzidos apresentam maior dureza adesatildeo ao
substrato durabilidade e maior possibilidade de espessura do que os revestimentos
produzidos por outros processos de aspersatildeo teacutermica Uma vantagem inerente do processo
HVOF eacute sua habilidade de aspergir partiacuteculas semi-fundidas a altas velocidades (em torno
de 900 ms) resultando em um revestimento bastante denso com alta adesatildeo ao substrato e
baixo conteuacutedo de oacutexidos Carbonetos superaquecidos podem se decompor e formar fases
menos beneacuteficas ao revestimento O processo HVOF eacute bastante efetivo ao acelerar bastante
as partiacuteculas sem excesso de aquecimento (LIMACAMARGO 2001)
Carbonetos de vaacuterios tipos satildeo especialmente adequados para aplicaccedilatildeo por HVOF
pois natildeo requerem significante fusatildeo para se depositar e formar uma superfiacutecie efetiva
contra desgaste Composiccedilotildees tiacutepicas estatildeo entre 8 a 30 de conteuacutedo da liga matriz que
serve primariamente como ligante para as partiacuteculas de carboneto (Lima et al apud Thorp
et al 2000) Uma das ligas mais usadas para aplicaccedilotildees de desgaste tem sido a liga WC-
Co (Lima et al apud Korpiola amp Vuoristo 1996) agraves vezes ligada a outros elementos como
Ni e Cr no intuito de oferecer melhores caracteriacutesticas de resistecircncia agrave corrosatildeo e desgaste
combinado (Lima et al apud Berger et al 2001)
Materiais e Meacutetodos 77
Gustavo Portela de Deus
3214 - LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray - Poacute
O processo LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) poacute consiste em injetar o material a
ser depositado em forma de poacute na chama derivada da queima de oxigecircnio e acetileno
(3100ordmC) sendo o material aquecido e projetado contra o substrato previamente preparado
Em algumas variaccedilotildees do processo um jato de ar comprimido auxilia a acelerar e
atomizar o poacute Pode-se efetuar a fusatildeo da camada apoacutes aplicaccedilatildeo do revestimento
aumentando assim a aderecircncia e resistecircncia do material aplicado
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
- Ligas Base de Niacutequel como Incinel Monel NiCrBSi e outras
- Oacutexido de Cromo
- Alumina e Alumina ndash Titacircnio e Dioacutexido de Titacircnio
- Oacutexido de Zirconia
- Ligas Base de Cobalto ndash Stellite
3215 - LVOF ( Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray ndash Arame
O processo de aspersatildeo LVOF Arame utiliza como fonte de calor para fusatildeo do
arame a chama gerada pela queima de oxigecircnio e acetileno
A atomizaccedilatildeo e aceleraccedilatildeo do material fundido satildeo realizadas por um jato de ar
comprimido que cerca a chama do oxigecircnio e acetileno
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
Materiais e Meacutetodos 78
Gustavo Portela de Deus
- Accedilo carbono como ligas 1020 1045 1080 e outros
- Accedilo inox como ligas AISI 302 304 316 e AISI 410420 etc
- Ligas de Niacutequel
- Alumiacutenio
- Zinco
- Estanho
322 - Materiais
3221 - Material de Referecircncia
O material que foi utilizado como referecircncia na anaacutelise comparativa dos processos
de revestimento foi retirado de amostras de unhas de caccedilambas de paacutes carregadeiras de
rodas na sua forma original ou seja fornecida pelo fabricante do equipamento rodoviaacuterio e
seguindo os padrotildees determinados pela norma ASTM G65-91 Por se tratar de materiais
originais ou seja fornecido pelo fabricante da maacutequina foi constatado por meio de
avaliaccedilotildees primaacuterias como mais resistentes ao desgaste abrasivo e comprovado atraveacutes do
nuacutemero de horas em que os elementos foram submetidos em operaccedilotildees de escavamento e
carregamento
3222 - Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo
O material de base utilizado na confecccedilatildeo dos corpos de prova para anaacutelise de
resistecircncia ao desgaste abrasivo pelos processos por soldagem e por aspersatildeo teacutermica foi o
accedilo ABNT 1015 com as seguintes dimensotildees 75 mm de comprimento 24 mm de largura
Materiais e Meacutetodos 79
Gustavo Portela de Deus
e 4mm de espessura nas amostras por soldagem e 48 mm de comprimento 24 de largura e
4mm de espessura nas amostras aspergidas Tais dimensotildees se fizeram necessaacuterias para
atender agrave norma como tambeacutem para permitir um encaixe perfeito ao suporte do
abrasocircmetro nos ensaios de perda de massa
3223 - Consumiacuteveis Utilizados
Os consumiacuteveis utilizados para revestir os corpos de prova nos processos de
revestimento superficial por soldagem foram os eletrodos para abrasatildeo severa erosatildeo e
cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo Bohler Thyssen Welding tipo UTP 713 desenvolvimento especial
com as seguintes concentraccedilotildees C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09
com dureza de 65HRC
Os revestimentos por soldagem executados nos corpos-de-prova foram feitos na
empresa Engincom Comeacutercio e Induacutestria LTDA situada no Distrito Industrial de
Teresina-PI
Jaacute os corpos de prova revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica por LVOF
utilizaram como consumiacutevel nas amostras tipo P uma mistura composta de 170 de Cr
40 de Fe 40 de Si 35 de B 10 de C e Ni balanceado As amostras tipo M foram
revestidas utilizando como consumiacutevel a mesma mistura utilizada no revestimento das
amostras tipo P com a adiccedilatildeo de 10 de carboneto de tungstecircnio com base cobalto (81
de tungstecircnio + 12 de cobalto + 5 de carbono + 2 de ferro)
Foram utilizados dois tipos de consumiacuteveis nas amostras revestidas por aspersatildeo
teacutermica com a finalidade de se avaliar tambeacutem o comportamento dos revestimentos
quanto a resistecircncia ao desgaste abrasivo utilizando-se os ensaios de resistecircncia ao desgaste
Materiais e Meacutetodos 80
Gustavo Portela de Deus
e de dureza nos dois tipos de consumiacuteveis Levando-se em consideraccedilatildeo principalmente o
custo do revestimento
Os corpos-de-prova que foram revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica tipo
LVOF foram executados na empresa Ogramac Nordeste situada no Distrito Industrial de
Suape em Ipojuca-PE
3224 - Areia
A areia utilizada no ensaio de abrasatildeo para constataccedilatildeo da perda de massa foi a
areia quartzosa industrial com granulometria de 40 a 60 mesh fornecida pela empresa
Sand SL Comeacutercio de Mineacuterio LTDA de Satildeo Carlos-SP Esta areia foi submetida a um
sistema de peneiramento de modo a adequar a sua granulometria agraves dimensotildees
especificadas pela norma ASTM G65-91 que estabelece um percentual de 5 de maacutexima
retenccedilatildeo na peneira de 50 mesh e de 90 de miacutenimo na peneira de 60 mesh
323 - Equipamentos
3231 - Equipamento de Soldagem
Foi utilizado um transformador de solda de fabricaccedilatildeo bambozzi modelo TDC 460
E com as seguintes caracteriacutesticas teacutecnicas Corrente maacutexima de solda de 430 A trifaacutesico
com tensatildeo de alimentaccedilatildeo de 380V potecircncia nominal de 208 kVA frequumlecircncia de
5060Hz caracteriacutesticas de soldagem DC e dimensotildees (AxLxC) de 480x555x665
3232 - Sistema de Peneiramento da Areia
A maacutequina utilizada para peneirar a areia no ensaio de abrasatildeo por roda de
borracha foi desenvolvida e construiacuteda no Departamento de Engenharia de Materiais da
Materiais e Meacutetodos 81
Gustavo Portela de Deus
Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar Eacute constituiacuteda de duas peneiras superpostas
com malhas de 50 e 70 meshs segundo a AFS fixadas em uma estrutura de accedilo que sofre
movimento vibratoacuterio promovido por um motor de frac14 de HP em cujo eixo estaacute afixada
uma peccedila assimeacutetrica para provocar um efeito excecircntrico na rotaccedilatildeo e consequumlente
vibraccedilatildeo como mostra a Figura 33
Figura 33 - Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo
3233 Abrasocircmetro
O abrasocircmetro utilizado no ensaio de abrasatildeo por perda de massa tambeacutem foi
desenvolvido e construiacutedo nos laboratoacuterios do Departamento de Engenharia de Materiais
da Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar segundo a norma ASTM G65-91 Esta
norma determina que seja feita uma calibraccedilatildeo do abrasocircmetro de modo que o mesmo
possa ser utilizado de forma confiaacutevel assegurando as mesmas condiccedilotildees e
reprodutividade dos ensaios de perda de volume
Materiais e Meacutetodos 82
Gustavo Portela de Deus
O anel de borracha eacute constituiacutedo de clorobutil com diacircmetro externo inicial de
2286 mm e espessura de 127 mm com dureza variando entre 59 e 60 shore A A
excentricidade do anel natildeo deve exceder a toleracircncia de 005 mm Com este diacircmetro
especificado e para um nuacutemero total de 6000 rotaccedilotildees o comprimento linear de realizaccedilatildeo
do ensaio eacute de 4309 m Agrave medida que a roda se desgasta deve-se ajustar a perda de
volume (PV) como prevecirc a norma O fluxo de areia recomendado eacute de 300 gmin a 400
gmin que deveraacute escoar pelo bocal de alimentaccedilatildeo de forma regular e contiacutenua como
mostra a Figura 34
Faz parte da constituiccedilatildeo do abrasocircmetro um contador digital do nuacutemero de voltas
efetuadas pela roda de borracha ateacute o limite estabelecido de 6000 rotaccedilotildees em que o
mesmo deveraacute provocar o desligamento automaacutetico Possui ainda um sistema de alarme
com paracircmetros de limites de rotaccedilotildees por min de miacutenimo 190rpm e de maacuteximo 210 rpm
e tendo como rotaccedilatildeo referecircncia 200 rpm (BRANDIM 1998)
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha
Materiais e Meacutetodos 83
Gustavo Portela de Deus
3234 - Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos-de-Prova
Os corpos-de-prova revestidos pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
foram retificados e cortados em uma retificadora plana longitudinal de fabricaccedilatildeo Mello
SA Maacutequinas e Equipamentos modelo RPT 2 maacutequina nordm 192 ano 1983 nos laboratoacuterios
de usinagem do CEFET ndash PI com refrigeraccedilatildeo na aacuterea de corte atraveacutes de fluido especial
emulsionaacutevel em aacutegua e tendo como ferramenta de corte um disco abrasivo de alta rotaccedilatildeo
(6000 rpm) e elevada dureza da ordem de 70 HRC fornecido pela empresa Arotec
modelo AA 5
Anteriormente ao corte das amostras nas dimensotildees especificadas pela norma
ASTM G65-91 os corpos de prova passaram por um processo de retificaccedilatildeo com o
objetivo de reparar possiacuteveis deformaccedilotildees e melhorar o acabamento das amostras
As medidas de massa dos corpos de prova para determinaccedilatildeo da massa antes e
depois do ensaio de abrasatildeo por roda de borracha foram efetuadas em uma balanccedila de
precisatildeo analiacutetica marca Marte modelo AS 2000C com capacidade de pesagem maacutexima
de 2000g e miacutenima de 05g erro de 01g e sensibilidade de 001g
3235 - Durocircmetro
As medidas de dureza foram efetuadas em um durocircmetro marca Sussen Wolpert
tipo Testor HT1 maacutequina Nordm 333 ano 1971 em escala Rockwell C com carga de 150 kgf
como mostra a Figura 35 pertencente ao laboratoacuterio do DEMa da Universidade Federal de
Satildeo Carlos (UFSCar)
Materiais e Meacutetodos 84
Gustavo Portela de Deus
Figura 35 - Durocircmetro
3236 - Microscopia Oacutetica
As anaacutelises e imagens de microscopia oacutetica foram realizadas no microscoacutepio oacutetico
de marca NIKKON EPIPHOT ndash DX com conversor de sinais da Hitach modelo com
aumento maacuteximo de 1000 vezes Para obtenccedilatildeo das fotos das microestruturas utilizou-se
um analisador de imagens
33 - Sequumlecircncia Experimental
Apoacutes os procedimentos convencionais de preparaccedilatildeo das amostras nas trecircs
condiccedilotildees que seratildeo avaliadas ou seja soldadas revestidas superficialmente por aspersatildeo
teacutermica e na condiccedilatildeo normal ou comercialmente encontradas estas amostras ou corpos-
de-prova passaram agrave fase experimental
Materiais e Meacutetodos 85
Gustavo Portela de Deus
Os experimentos tiveram como finalidade inicial avaliar o desempenho quanto agrave
resistecircncia agrave abrasatildeo dos corpos-de-prova quando submetidos aos processos de
revestimento superficial pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Tais experimentos se basearam principalmente em anaacutelises microscoacutepicas por meio
de microscopia oacutetica resistecircncia agrave abrasatildeo pelo ensaio da roda de borracha e pela anaacutelise
do niacutevel de dureza adquirida atraveacutes do durocircmetro
Depois de computados os resultados obtidos nos ensaios tecnoloacutegicos nas trecircs
avaliaccedilotildees diferentes microscopia dureza e resistecircncia agrave abrasatildeo partiu-se para a anaacutelise
matemaacutetica atraveacutes das meacutedias em funccedilatildeo de resultados diferentes obtidos nos ensaios em
pontos diferentes das amostras
34 ndash Meacutetodos
341 - Planejamento Experimental
3411 - Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo a Baixa Tensatildeo ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram preparados e ensaiados segundo os procedimentos da
norma ASTM G65-91 (1991) no abrasocircmetro similar ao apresentado na figura A forccedila
exercida pelo corpo de prova sobre a roda foi de 130 N A rotaccedilatildeo da roda de borracha foi
mantida em mais ou menos 200 rpm com variaccedilotildees para mais e para menos de 10 rpm
quando em movimento e sob pressatildeo de ensaio Empregou-se para a contagem do nuacutemero
de giros da roda de borracha um sensor indutivo O nuacutemero total de rotaccedilotildees da roda para
interrupccedilatildeo automaacutetica do ensaio foi preacute-fixado em 6000 rotaccedilotildees Para a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha quando se fez necessaacuterio utilizou-se uma lixa de
granulometria 320 mantendo-se o braccedilo da alavanca do equipamento livre de qualquer
Materiais e Meacutetodos 86
Gustavo Portela de Deus
carga para evitar qualquer pressatildeo sobre a roda e proporcionar uma folga suficiente para a
introduccedilatildeo da lixa entre a roda e a amostra O fluxo de areia foi mantido dentro dos limites
da norma ASTM G65-91 (1991) tendo variado entre 350 e 360 gramasminuto
Os ensaios foram realizados com a roda de borracha girando no mesmo sentido da
direccedilatildeo de soldagem empregado Apoacutes o ensaio de cada lote realizou-se a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha As perdas de massa e de volume conforme a norma ASTM
G65-91 (1991) quando satildeo determinadas em uma roda de borracha com diacircmetro externo
diferente de 2286 mm devem ser corrigidas linearmente pela relaccedilatildeo perda de volume
(PV) x 2286 mmdiacircmetro da roda no final do ensaio tendo sido empregada quando
necessaacuterio esta correccedilatildeo (BRANDIM 1998)
3412 Microscopia Oacutetica
As amostras revestidas por aspersatildeo teacutermica LVOF dos tipos P e M e soldadas
foram analisadas no microscoacutepio oacutetico com aproximaccedilatildeo de 50X 100X 200X e 500X
3413 Ensaio de Dureza
Para a determinaccedilatildeo da dureza foi utilizado o meacutetodo Rockwell C com carga de
150 kgf Antes de efetuar as medidas foi realizada a afericcedilatildeo do aparelho ou durocircmetro
por meio da utilizaccedilatildeo de corpos-de-prova de dureza padronizada Cada corpo-de-prova foi
submetido a no miacutenimo trecircs medidas de dureza em pontos diferentes da superfiacutecie
Capiacutetulo 4
Resultados e Discussatildeo
Resultados e Discussatildeo 88
Gustavo Portela de Deus
4 - Resultados e Discussatildeo
41 - Introduccedilatildeo
Por meio dos ensaios jaacute efetuados e comentados no capiacutetulo anterior e utilizando-
se a metodologia descrita inicialmente seratildeo representados os resultados de afericcedilatildeo e
qualificaccedilatildeo do abrasocircmetro realizados segundo a norma ASTM G65-91(1991)
Procedimento A resistecircncia ao desgaste resultados dos ensaios de dureza e anaacutelises
quiacutemicas de microscopia oacutetica e terminando com as discussotildees que se fizeram relevantes
dos resultados obtidos
411 - Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho
Foram levantados dados estatiacutesticos do rendimento apresentado pelos elementos de
penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios no que concerne agrave vida uacutetil
proporcionada pelos diversos produtos apresentados no mercado bem como a qualidade
destes materiais no que diz respeito a constituiccedilatildeo da liga tratamentos teacutermicos efetuados
e revestimento superficial em peccedilas novas ou recuperadas na forma de endurecimento com
a finalidade de elevar a resistecircncia ao desgaste
No levantamento de dados e de informaccedilotildees foram considerados os rendimentos
obtidos pelas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios quando
utilizadas na sua forma original ou seja de acordo com a forma comercial fornecida por
parte dos fabricantes Foi considerada a vida uacutetil atingida com a ferramenta quando
utilizada na sua forma comercial bem como quando aplicado seu revestimento especiacutefico
Resultados e Discussatildeo 89
Gustavo Portela de Deus
Foram confeccionados corpos de prova seguindo a norma especiacutefica para
revestimentos duros ou seja ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram revestidos por soldagem de revestimento utilizando
eletrodos com as seguintes caracteriacutesticas eletrodo baacutesico que apresenta depoacutesitos de
carbonetos complexos de Cr Mo Nb W e V indicado para revestimentos duros contra
abrasatildeo severa erosatildeo e cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo BOHLER THYSSEN WELDING Tipo
UTP 713 desenvolvimento especial com concentraccedilatildeo de elementos na seguinte
composiccedilatildeo C - 4 Cr - 235 Mo ndash 65 Nb ndash 60 W ndash 08 e V ndash 09 com uma
dureza esperada de 65HRc
Foram tambeacutem revestidos pelo processo de revestimento superficial por aspersatildeo
teacutermica do tipo LVOF
Durante o desenvolvimento do projeto foram determinadas as perdas de massa
bem como de espessura dos elementos objeto do estudo antes e depois de revestidos pelos
processos de recobrimento por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Os corpos-de-prova foram ensaiados para anaacutelise de resistecircncia ao desgaste
abrasivo por meio do abrasocircmetro de roda de borracha que foi construiacutedo pelos alunos
mestrandos em engenharia de materiais da Universidade Federal de Satildeo Carlos UFSCar na
aacuterea especiacutefica triboloacutegica seguindo as recomendaccedilotildees da norma ASTM G65-91
Foram executados estudos comparativos de rendimento e viabilidade econocircmica
quando comparadas estas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios
utilizadas na sua forma comercial bem como quando revestidas pelos processos de
endurecimento superficial por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 90
Gustavo Portela de Deus
42 - Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM
G65-91 Procedimento A
De acordo com esta norma o abrasocircmetro deveraacute antes da realizaccedilatildeo dos ensaios
de desgaste ser aferido Para tanto utilizou-se um accedilo ABNT 1015 para a determinaccedilatildeo do
coeficiente de variaccedilatildeo dos resultados obtidos com o ensaio de desgaste visando agrave
verificaccedilatildeo da dispersatildeo dos valores e da reprodutibilidade do equipamento A conversatildeo eacute
feita pela seguinte equaccedilatildeo
1000sup3)(
)(sup3)( x
cmg
gPMmmPV
Onde PV (mmsup3) = Perda de volume PM (g) = Perda de Massa e = (gmmsup3)
densidade do material
Segundo o apecircndice A da norma ASTM G65-91 o desvio padratildeo S a ser calculado
eacute obtido com o auxiacutelio da tabela 41 da referida norma para a obtenccedilatildeo do valor de d2 que
eacute dependente do nuacutemero de corpos-de-prova utilizados no ensaio de desgaste por abrasatildeo
Entatildeo a partir do desvio padratildeo da diferenccedila entre a maior perda de volume e a menor
perda de volume calcula-se o coeficiente de variaccedilatildeo (V) Tem-se entatildeo
Como o valor obtido neste processo de afericcedilatildeo foi inferior ao limite de 7
estabelecido pela norma ASTM G65-91(1991) fica assegurada a confiabilidade dos
resultados obtidos com o abrasocircmetro Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave
baixa tensatildeo realizada com accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilatildeo do
abrasocircmetro
Resultados e Discussatildeo 91
Gustavo Portela de Deus
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com
o accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro
Corpos-de-prova
Massa (g)
PV (cm3) M
i
M
f
Δ
M
01
1
128910
1
125017
0
3893
4
95924
02
1
129257
1
125721
0
3536
4
50446
03
1
077076
1
073516
0
3560
4
53503
04
1
093156
1
089095
0
4061
5
17325
05
1
077034
1
073005
0
4029
5
13248
Total
4
9
Onde Mi = Massa do corpo de prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo de prova depois do ensaio
ΔM = Diferenccedila de massa antes e apoacutes o ensaio
PV = Perda de volume
43 - Resistecircncia ao Desgaste
Resultados e Discussatildeo 92
Gustavo Portela de Deus
A anaacutelise da resistecircncia ao desgaste eacute feita pela comparaccedilatildeo com um material de
referecircncia Neste estudo foi utilizado o proacuteprio material constituinte das unhas da caccedilamba
de uma paacute carregadeira articulada de rodas Para a visualizaccedilatildeo geral dos materiais
envolvidos neste trabalho eacute apresentada na figura 41 uma comparaccedilatildeo da perda de
volume no qual os valores satildeo as meacutedias de todos os ensaios realizados
Na primeira imagem eacute representada a amostra que foi revestida pelo processo de
soldagem em que fica demonstrada a menor perda de massa em funccedilatildeo do consumiacutevel
utilizado no processo que possuiacutea uma grande concentraccedilatildeo de elementos de liga que
propiciam elevada resistecircncia ao desgaste
Na segunda imagem temos a representaccedilatildeo de uma amostra revestida pelo processo
de aspersatildeo teacutermica por LVOF em que tambeacutem fica demonstrada uma elevada resistecircncia
ao desgaste abrasivo embora de menor intensidade que na soldagem que admitimos ter
ocorrido em funccedilatildeo do procedimento utilizado no ensaio ldquoprocedimento Ardquo natildeo ser
recomendado a tal amostra por se tratar de revestimento de espessura pequena da ordem
de 05mm o que eacute considerada pequena para tal ensaio Quando o revestimento eacute de
pequena espessura o procedimento recomendado pela norma G65-91 eacute o ldquoprocedimento
Crdquo em que se utiliza uma menor carga como tambeacutem um nuacutemero menor de revoluccedilotildees
Na terceira imagem temos a representaccedilatildeo da amostra de referecircncia ou seja
retirada da proacutepria unha da caccedilamba da paacute carregadeira de rodas em que fica demonstrada
uma boa resistecircncia agrave abrasatildeo em funccedilatildeo da mesma ter sido constituiacuteda de accedilo carbono
1045 temperado que apresenta uma boa resistecircncia ao desgaste
Resultados e Discussatildeo 93
Gustavo Portela de Deus
Figura 41 - Imagens de corpos-de-prova desgastados no ensaio por abrasatildeo
Os dados coletados para a anaacutelise do desgaste abrasivo por meio do abrasocircmetro
estatildeo quantificados e apresentados na Tabela 42 com as perdas de massa correspondentes
a cada uma das amostras analisadas Na Figura 42 mostra o graacutefico da perda de massa
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste
Amostra Mi (g) Mf (g)
PM
(g)
PV
(mmsup3)
PVCorrigido
(mmsup3)
Metal
de
base
A1 9136 9044 092
45 45
A2 9050 8962 088
A3 10022 9914 108
Valor meacutedio 096
Aspersatildeo
teacutermica
A1 9219 9211 008
20 20
A2 9006 8997 009
A3 9107 9097 010
Valor meacutedio 009
Revestimentos
soldados
A1 18651 18638 013
12 12
A2 15647 15640 007
Resultados e Discussatildeo 94
Gustavo Portela de Deus
A3 14422 14414 008
Valor meacutedio 009
Onde Mi = Massa do corpo-de-prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo-de-prova depois do ensaio
PM = Perda de massa do corpo-de-prova apoacutes o ensaio
0
10
20
30
40
50
60
PV (mmsup3)
Accedilo ABNT
1015
Accedilo ABNT
1045
temperado
Aspersatildeo
teacutermica
Amostra
soldada em
laboratoacuterio
Corpos-de-prova
Perda de Volume Meacutedio (mmsup3)
Perda de Volume (mmsup3) Perda de Volume Corregido (mmsup3)
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos-de-prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo
44 - Dureza
Nos resultados dos valores meacutedios de dureza apresentados na Tabela 43 e na
Figura 43 natildeo se nota grandes dispersotildees dos resultados para os corpos-de-prova quando
se analisa entre os mesmos materiais e nem quando se compara os revestimentos obtidos
por teacutecnicas diferentes no caso por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 95
Gustavo Portela de Deus
Alguns valores de dureza apresentaram discrepacircncia em relaccedilatildeo aos
valores meacutedios que foram atribuiacutedos serem decorrentes do ponto em que o
indentador foi posicionado
O corpo-de-prova utilizado como referecircncia apresentou um bom
resultado de dureza visto que a sua microestrutura eacute constituiacuteda de
martensita
Tabela 43 - Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo
Amostra
HRc
(150kg)
Valor meacutedio
final Dureza
HRc
Metal de base
P1 46
45 P2 48
P3 43
Aspersatildeo
teacutermica
P1 53
54 P2 52
P3 56
Revestimentos
soldados
P1 52
53 P2 48
P3 59
Resultados e Discussatildeo 96
Gustavo Portela de Deus
40
42
44
46
48
50
52
54
Dureza (HRc -
150kg)
Metal de base Aspersatildeo
teacutermica
Soldados
Amostras revestidas
Dureza Meacutedia Final
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados
45 - Microdureza
Amostra M
0
200
400
600
800
1000
1200
30 90 180 330 450 600 750
Distacircncia (Mm)
Dur
eza
(200
gf)
Figura 44 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M
Resultados e Discussatildeo 97
Gustavo Portela de Deus
Amostra P
0
200
400
600
800
1000
1200
30 160 310 460 610 670 730
Distacircncia (microm)
Dure
za H
V (2
00g
f)
Figura 45 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P
46 - Anaacutelise Microestrutural
A anaacutelise microestrutural foi realizada para todos os corpos-de-prova estudados
nesse trabalho utilizando a teacutecnica de Microscopia oacutetica
461- Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente
Os corpos-de-prova aspergidos termicamente apresentaram as microestruturas
conforme mostram as Figuras 46 47 e 48 Nessas pode-se observar uma quantidade
significativa de poros de tamanhos variados principalmente na interface entre a camada
aspergida e o substrato em destaque na Figura 46 A formaccedilatildeo desses poros eacute decorrente
da reaccedilatildeo com gases durante o processo de aspersatildeo e a atmosfera em contato com o
material enquanto liacutequido
Resultados e Discussatildeo 98
Gustavo Portela de Deus
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 50X
Figura 47 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 100X
Interface substratocamada
Linha de poros
Resultados e Discussatildeo 99
Gustavo Portela de Deus
Figura 48 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente
possam ser os carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X
462 Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem
Os corpos-de-prova soldados apresentaram microestrutura euteacutetica com intensa
quantidade de carbetos de cromo complexos do tipo M7C3 conforme mostram as Figuras
49 e 410 Isto se deve principalmente pela composiccedilatildeo quiacutemica do eletrodo utilizado
onde apresentou C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09 com dureza de
65HRC
Estes elementos quando participam da constituiccedilatildeo da liga adicionam e melhoram
algumas propriedades mecacircnicas dos materiais tais como
a) Carbono (C) ndash Na composiccedilatildeo de accedilos modernos destinados agrave cutelaria
quer sejam aqueles classificados como carbono ou os ditos inoxidaacuteveis
dificilmente poderaacute existir menos do que 06 de Carbono pois este eacute o
Resultados e Discussatildeo 100
Gustavo Portela de Deus
principal elemento que apoacutes a adequada tecircmpera concederaacute dureza agrave
peccedila
b) Cromo (Cr) ndash O cromo estimula a formaccedilatildeo de carbonetos aumentando a
resistecircncia ao desgaste bem como a temperabilidade aos accedilos reduz a
velocidade criacutetica de resfriamento de modo que a tecircmpera de accedilos com
teores elevados de cromo seja feita preferencialmente ao oacuteleo ou ao ar A
adiccedilatildeo de cromo torna mais fina a granulaccedilatildeo dos accedilos aumentando
desse modo a sua resistecircncia
c) Molibdecircnio (Mo) ndash Influencia favoravelmente a dureza a resistecircncia a
quente a fluecircncia e a temperatura de crescimento de gratildeo de austenita
aleacutem de melhorar a penetraccedilatildeo da tecircmpera nos accedilos Eacute largamente
empregado no accedilos de construccedilatildeo mecacircnica para beneficiamento pois
forma partiacuteculas resistentes a abrasatildeo e evita a fragilidade de
revenimento O molibdecircnio natildeo eacute empregado sozinho pois apresenta
uma tendecircncia de diminuir a tenacidade dos accedilos
d) Nioacutebio (Nb) ndash Tem alta afinidade por carbono e nitrogecircnio formando
carbonetos e carbonitretos Melhora a soldabilidade a tenacidade e a
comformabilidade o que levou a ciecircncia moderna a busca de
alternativas que aumentassem a resistecircncia mecacircnica do accedilo sem alterar
as outras propriedades desejaacuteveis
e) Tungstecircnio (W) ndash Forma carbonetos muito duros tendo como
consequumlecircncia influecircncia nas propriedades com aumento da dureza
aumento da resistecircncia agrave traccedilatildeo resistecircncia agrave corrosatildeo e a erosatildeo
f) Vanaacutedio (V) ndash Eleva a temperatura de crescimento do gratildeo da austenita
promovendo o refino do gratildeo Eacute excelente desoxidante A adiccedilatildeo de
Resultados e Discussatildeo 101
Gustavo Portela de Deus
vanaacutedio confere aos accedilos uma insensibilidade ao super-aquecimento
melhorando suas caracteriacutesticas de forjamento e usinagem O emprego de
teores elevados de vanaacutedio deve ser acompanhado por um aumento do
teor de carbono devido agrave formaccedilatildeo de carbonetos
g) Siliacutecio (Si) ndash Auxilia na desoxidaccedilatildeo auxilia na grafitizaccedilatildeo aumenta a
fluidez como influecircncia na estrutura Aumenta a resistecircncia agrave oxidaccedilatildeo
com temperaturas elevadas melhoria da temperabilidade e da resistecircncia
a traccedilatildeo influenciando nas propriedades
h) Boro (B) ndash Os accedilos ao boro compreedem uma famiacutelia com propriedades
especiais devendo ser tratados como uma classe agrave parte O boro quando
adicionado em pequenas quantidades melhora a temperabilidade do accedilo
diminui a tendecircncia a triancas de tecircmpera distorccedilotildees durante o
tratamento teacutermico e melhora as propriedades de conformaccedilatildeo mecacircnica
Os accedilos ao boro natildeo satildeo empregados soacute onde se exijam especificaccedilotildees
severas de temperabilidade mas tambeacutem onde se necessite de
caracteriacutesticas uniformes de tratamento teacutermico de usinabilidade
soldagem e conformaccedilatildeo O percentual de boro adicionado aos accedilos pode
variar desde 00005 quando se deseja obter efeitos de temperabilidade
a ateacute 00015 quando se obtecircm a melhor combinaccedilatildeo de resistecircncia e
tenacidade nos accedilos
i) Niacutequel (Ni) ndash Refina o gratildeo diminui a velocidade de transformaccedilatildeo na
estrutura do accedilo Influecia nas propriedades com o aumento da
resistecircncia a traccedilatildeo e com a alta ductilidade
Resultados e Discussatildeo 102
Gustavo Portela de Deus
Figura 49 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X
Resultados e Discussatildeo 103
Gustavo Portela de Deus
Figura 410 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do
tipo M7C3 Ataque colorido 500X
Os corpos de prova estudados e que foram revestidos pelo processo de soldagem de
revestimento foram incluiacutedos no diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C apresentado na Figura
411 Observou-se que todas as amostras estatildeo enquadradas na regiatildeo hipereuteacutetica
Resultados e Discussatildeo 104
Gustavo Portela de Deus
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C
As amostras das Figuras 49 e 410 apresentam uma microestrutura com euteacutetico e
perfis alongados de tonalidade clara representando os carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 e ainda pontos claros representativos dos elementos constituintes da liga de
composiccedilatildeo do eletrodo bem como os carbonetos de cromo que natildeo se desenvolveram
Os perfis representativos dos carbonetos de complexos de cromo M7C3 de forma
alongada conferem ao revestimento uma dureza elevada que favorece a uma maior
resistecircncia ao desgaste abrasivo poreacutem da mesma forma que elevam esta resistecircncia ao
desgaste favorece tambeacutem o aparecimento de trincas que podem acelerar o processo
abrasivo em funccedilatildeo de permitir a penetraccedilatildeo do gratildeo abrasivo entre as frestas dessas
trincas
Resultados e Discussatildeo 105
Gustavo Portela de Deus
463 Resultados
Apresentar uma anaacutelise comparativa de rendimento entre as ferramentas de
penetraccedilatildeo no solo para equipamentos rodoviaacuterios encontrados no mercado consumidor e
destas mesmas ferramentas revestidas superficialmente pelos processos de endurecimento
superficial por soldagem com a utilizaccedilatildeo de eletrodos revestidos e pela teacutecnica de
revestimento LVOF
Nas anaacutelises econocircmicas efetuadas se constatou que o custo para se revestir as
unhas das caccedilambas da paacute carregadeira utilizando como base a peccedila original isto eacute antes
da mesma ser colocada em operaccedilatildeo eacute compatiacutevel com o custo benefiacutecio de se substituir a
mesma unha apoacutes o seu desgaste natural Baseado no preposto e considerando o tempo
desperdiccedilado para a substituiccedilatildeo do elemento consideramos economicamente viaacutevel se
revestir unhas de caccedilamba na condiccedilatildeo nova adquirida no mercado
Capiacutetulo 5
Conclusotildees e Sugestotildees
Conclusotildees 107
Gustavo Portela de Deus
5 ndash Conclusotildees
ndash Os materiais revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica apresentaram uma
superfiacutecie mais uniforme e de melhor aparecircncia
ndash Como determinadas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios natildeo requerem uma usinagem posterior para acabamento como retificaccedilatildeo os
processos por aspersatildeo em determinadas situaccedilotildees satildeo industrialmente mais eficientes
que os processos por soldagem
ndash A perda de volume constatada nos dois processos envolvidos na anaacutelise no
quesito correspondente agrave resistecircncia ao desgaste por aspersatildeo e por soldagem natildeo se
tornou fator determinante na opccedilatildeo de escolha do processo mais eficiente em funccedilatildeo do
procedimento utilizado no ensaio de desgaste por abrasatildeo
- As amostras revestidas pelo processo de soldagem com eletrodo revestido
apresentaram trincas em diversos pontos da estrutura em funccedilatildeo do aparecimento dos
elementos de segunda fase
ndash Ainda natildeo se recomenda revestir ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de
equipamentos rodoviaacuterios que estatildeo sujeitos a grandes impactos pelo processo de aspersatildeo
teacutermica em funccedilatildeo dos revestimentos por aspersatildeo natildeo resistirem ao impacto que tambeacutem
vem a ser uma caracteriacutestica dos dentes de caccedilamba de paacutes carregadeiras que sofrem
desgaste por goivagem
Referecircncias
Referecircncias 109
Gustavo Portela de Deus
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YUHARA D A Aplicaccedilatildeo de revestimento PVD em ferramentas de corte BRASIMET
httpwwwbrasimetcombr
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DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho aos meus pais Joatildeo de Deus e Maria das Graccedilas
que tanto nos incentivaram para galgarmos tatildeo elevado passo agrave minha esposa
Janaiacutena aos meus filhos Victoria e Joatildeo Gustavo que tanto contribuiacuteram de
forma direta e indireta estimulando e dando forccedilas quando estas se fizeram
necessaacuterias
Desejo ainda compartilhar os eventuais meacuteritos do trabalho com meus
irmatildeos pelos esforccedilos despendidos por todos quando por mim foram solicitados
AGRADECIMENTOS
Ao Prof Dr Clodomiro Alves Juacutenior pela sua valiosa orientaccedilatildeo apoio e confianccedila em
mim depositados durante a realizaccedilatildeo deste trabalho de pesquisa
Ao Prof Dr Ayrton de Saacute Brandim pelo estiacutemulo dedicaccedilatildeo e apoio que sempre forneceu
quando solicitado durante o desenvolvimento deste trabalho
Aos professores do Departamento de Engenharia de Materiais da UFRN pelo apoio e
colaboraccedilatildeo durante a fase de estudos interdisciplinares
Agrave Paulo Roberto Rebelo Lages pela fundamental ajuda no desenvolvimento deste
trabalho
Aos colegas mestrandos em Engenharia de Materiais por terem compartilhado conosco os
obstaacuteculos e gloacuterias durante o periacuteodo de desenvolvimento do Mestrado
Agrave Ogramac ndash Induacutestria e Comeacutercio Ltda pela valiosa colaboraccedilatildeo nos revestimentos das
amostras pelo processo de aspersatildeo teacutermica
A Engincom Induacutestria e Comeacutercio Ltda pela valiosa colaboraccedilatildeo nos revestimentos das
amostras pelo processo de soldagem
Aos colegas do CEFET-PI pelo apoio e disponibilidade
Ao Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Piauiacute ndash CEFET-PI por nos fornecer esta
possibilidade de desenvolver este trabalho de pesquisa cientiacutefica especialmente na pessoa
do Sr Diretor Geral Francisco das Chagas Santana que natildeo mediu esforccedilos para nos
atender nesta contenda
RESUMO
O objetivo principal do trabalho eacute analisar a resistecircncia ao desgaste abrasivo agrave baixa
tensatildeo dos elementos que compotildeem os oacutergatildeos de maacutequinas rodoviaacuterias que estatildeo expostos
diretamente ao contato com abrasivos Estas anaacutelises foram efetuadas apoacutes estes elementos
serem revestidos superficialmente pelo processo de soldagem com eletrodo revestido (SAER)
manual e pelo processo de revestimento por aspersatildeo teacutermica tipo LVOF Como tambeacutem visa
apresentar sugestotildees para um melhor aproveitamento e rendimento destes elementos quais
sejam diminuindo custos e evitando paralisaccedilotildees nas frentes de serviccedilo Os corpos-de-prova
foram confeccionados a partir de um substrato de accedilo carbono ABNT 1045 temperado
seguindo as mesmas especificaccedilotildees e composiccedilotildees dos metais constituintes das ligas e foi
seguida a norma que regulamenta as dimensotildees destas amostras e de acordo com a grandeza
correspondente Os resultados foram avaliados por meio de ensaios de dureza resistecircncia ao
desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo e pela perda de volume associando a microestrutura dos
revestimentos analisados
Palavras-chave Desgaste abrasivo soldagem de revestimento e aspersatildeo teacutermica
ABSTRACT
The main objective is to analyze the abrasive wear resistance to the low stress of the
elements that make up the organs of road machinery that are exposed directly to contact with
abrasives These samples were analyzed after these elements are coated superficially by the
process of welding electrode coated with (SAER) and the manual process of coating type
LVOF thermal spraying As well is to provide suggestions for a better recovery and return of
these elements which are reducing costs and avoiding downtime in the fronts of service The
samples were made from a substrate of carbon ABNT 1045 tempered steel following the
same specifications and composition of metals and alloys of constituents was followed the
standard governing the dimensions of these samples and in accordance with the corresponding
size The results were evaluated by testing the hardness abrasion resistance to wear by the low
stress and the loss of volume involving the microstructure of coatings analyzed
Keywords Wear abrasive welding hardfacing and thermal spraying
SUMAacuteRIO
1 ndash Introduccedilatildeo 14
2 ndash Revisatildeo Bibliograacutefica 19
21 ndash Tipos de Desgaste21
22 ndash Desgaste por Abrasatildeo21
23 ndash Tipos de Processos Abrasivos22
24 ndash Tipos de Abrasatildeo24
241 ndash Goivagem24
242 ndash Abrasatildeo por Alta Pressatildeo25
243 ndash Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Pressatildeo26
2431 ndash Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo27
2432 ndash Consideraccedilotildees Sobre os Abrasivos29
2433 ndash Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo29
24331 ndash Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo31
25 ndash Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste Abrasivo32
251 ndash Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo34
252 ndash Carga Aplicada35
253 ndash Influecircncia da Dureza38
254 ndash Influecircncia da Temperatura39
26 ndash Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste40
27 ndash Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste44
28 ndash Revestimentos Superficiais45
281 ndash Aspersatildeo Teacutermica46
2811 ndash Processos50
28111 ndash Processos por Combustatildeo50
281111 ndash Arames e Varetas51
281112 ndash Poacute51
28112 ndash Detonaccedilatildeo54
28113 ndash Processos Eleacutetricos55
281131 ndash Arco Eleacutetrico55
281132 ndash Arco Plasma Natildeo-Transferido56
281133 ndash Arco Plasma Transferido58
2812 ndash Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie58
2813 ndash Limpeza e Manuseio59
28131 ndash Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes59
2814 ndash Criaccedilatildeo de Rugosidade60
282 ndash Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste60
2821 ndash Recobrimento Duro61
2822 ndash Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro61
2823 ndash Seleccedilatildeo do Material para o Recobrimento Duro64
2824 ndash Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento64
29 ndash Tipos de Revestimento65
291 ndash Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro65
292 ndash Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies66
3 ndash Materiais e Meacutetodos69
31 ndash Fluxograma de Desenvolvimento Experimental69
32 ndash Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no solo de Equipamentos
Rodoviaacuterios70
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos72
3211 ndash Revestimento Duro por Processo de Soldagem72
3212 ndash Revestimento Superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF74
3213 ndash HVOF (High Velocity Oxigen Fuel) helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip74
3214 ndash LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray-Poacute helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip76
3215 ndash LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray-Arame helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip76
322 ndash Materiais77
3221 ndash Material de Referecircncia77
3222 ndash Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo77
3223 ndash Consumiacuteveis Utilizados78
3224 ndash Areia79
323 ndash Equipamentos79
3231 ndash Equipamento de Soldagem79
3232 ndash Sistema de Peneiramento da Areia79
3233 ndash Abrasocircmetro80
3234 ndash Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos de Prova82
3235 ndash Durocircmetro82
3236 ndash Microscopia Oacutetica83
33 ndash Sequumlecircncia Experimental83
34 ndash Meacutetodos84
341 ndash Planejamento Experimental84
3411 ndash Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo agrave Baixa Tensatildeo ASTM G65-9184
3412 ndash Microscopia Oacutetica85
3413 ndash Ensaio de Dureza85
4 ndash Resultados e Discussotildees 87
41 ndash Introduccedilatildeo87
411 ndash Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho87
42 ndash Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM G65-91
Procedimento A89
43 ndash Resistecircncia ao Desgaste90
44 ndash Dureza93
45 ndash Microdureza 95
46 ndash Anaacutelise Microestrutural96
461 ndash Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente96
462 ndash Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem 98
463 ndash Resultados 103
5 ndash Conclusotildees105
Referecircncias 107
LISTA DE FIGURAS
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e dentes desgastados 20
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e cantos desgastados 20
Figura 23 ndash Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste 22
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos23
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos24
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste35
Figura 27 ndash Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo37
Figura 28 ndash Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste39
Figura 29 ndash Efeito da temperatura no desgaste abrasivo40
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato46
Figura 211 ndash Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido48
Figura 212 ndash Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas49
Figura 213 ndash Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo50
Figura 214 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama50
Figura 215 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama53
Figura 216 ndash Esquemaacutetica de tocha de detonaccedilatildeo55
Figura 217 ndash Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico56
Figura 218 ndash Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma57
Figura 31 ndash Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira70
Figura 32 ndash Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira71
Figura 33 ndash Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo80
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha81
Figura 35 ndash Durocircmetro83
Figura 41 ndash Imagens de corpos de prova desgastados no ensaio de abrasatildeo91
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos de prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo93
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados94
Figura 44 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M95
Figura 45 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P95
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 50X96
Figura 47 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 100X97
Figura 48 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente possam ser os
carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X97
Figura 49 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X100
Figura 410 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 500X101
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C102
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica49
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor51
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro66
Tabela 24 ndash Guia para seleccedilatildeo de ligas para recobrimento duro71
Tabela 25 ndash Vantagens e desvantagens dos processos para revestimentos de superfiacutecies75
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com o
accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro94
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste95
Tabela 43 ndash Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo97
LISTA DE ABREVIATURAS E SIacuteMBOLOS
Capiacutetulo 1
Introduccedilatildeo
Introduccedilatildeo 14
Gustavo Portela de Deus
1 ndash INTRODUCcedilAtildeO
O elevado desgaste de material dos elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios eacute provocado essencialmente pelo tipo de terreno mineral presente resistecircncia
litoloacutegica e em funccedilatildeo das intempeacuteries do tempo principalmente da umidade e da
temperatura
O rendimento apresentado por esses elementos e a vida uacutetil oferecida estatildeo
relacionados agrave composiccedilatildeo da liga constituinte do material dos processos de tratamento
teacutermico a que foram submetidos como tambeacutem de operaccedilotildees efetuadas devida ou
indevidamente pelo operador do equipamento rodoviaacuterio
Os elementos fundidos laminados e forjados que compotildeem o conjunto de
componentes de penetraccedilatildeo no solo sofrem de forma direta a influecircncia do desgaste abrasivo
Desgaste este que participa em determinadas situaccedilotildees com ateacute 85 (oitenta e cinco por
cento) do custo de manutenccedilatildeo dos equipamentos rodoviaacuterios na forma rotineira (BATISTA
NASCIMENTO et al 1999) Estes elementos em funccedilatildeo de serem solicitados de forma
intensa ou intermitente satildeo consumidos ao longo do tempo Fazendo agraves vezes paradas
bruscas e inesperadas nas frentes de trabalho ocasionando portanto elevaccedilatildeo nos custos de
produccedilatildeo
O desgaste em componentes vitais de maacutequinas e equipamentos rodoviaacuterios ocorre de
vaacuterias formas diferentes como por deslizamento por rolamento por abrasatildeo por erosatildeo por
impacto por corrosatildeo e por choque teacutermico Jaacute se tratando de elementos de penetraccedilatildeo no
solo a perda de massa desses elementos eacute provocada quase que exclusivamente pelo desgaste
abrasivo a baixa tensatildeo que eacute provocado pelo proacuteprio material ou carga a que o equipamento
Introduccedilatildeo 15
Gustavo Portela de Deus
seraacute solicitado pelo contato com esse material e pelo movimento relativo entre as partes
envolvidas no sistema Uma maneira de identificaccedilatildeo do desgaste abrasivo agrave baixa tensatildeo eacute
pela observaccedilatildeo da superfiacutecie a ser analisada se a mesma apresenta corte riscamento ou
penetraccedilatildeo de material (GREGOLIN1990)
Com o intuito de elevar a vida uacutetil das ferramentas de penetraccedilatildeo e corte nos solos e
substratos rochosos as grandes empresas fabricantes e montadoras de equipamentos
rodoviaacuterios ou de terraplenagem vecircm aprimorando e desenvolvendo bem como exigindo de
seus fornecedores ferramentas com caracteriacutesticas fiacutesicas e mecacircnicas mais resistentes ao
desgaste abrasivo e ainda desenvolvendo peccedilas e ferramentas de faacutecil substituiccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo e jaacute projetadas para receber recobrimentos de manutenccedilatildeo tais como
Bordas soldaacuteveis de meia seta ndash que tecircm como finalidade
proteger a estrutura da caccedilamba por meio do acreacutescimo de material de desgaste
agrave borda da base
Reforccedilos de canto soldaacuteveis ndash utilizados para proteger o canto
externo inferior de todos os tipos de caccedilambas
Bloco de desgaste de ldquoFerro Brancordquo ndash uma liga de alto teor de
cromo denominada ldquoFerro Brancordquo eacute caldeada a uma chapa de reforccedilo de accedilo
doce que por sua vez pode ser soldada (solda tampatildeo) com um eletrodo de
vareta a uma caccedilamba armaccedilatildeo de lacircmina ou a qualquer parte onde instalaccedilatildeo
raacutepida de baixo custo e proteccedilatildeo contra abrasatildeo satildeo requeridos
Outras soluccedilotildees desenvolvidas e aplicadas como alternativa agrave proteccedilatildeo contra o
desgaste satildeo
Introduccedilatildeo 16
Gustavo Portela de Deus
Sistema de chapa de desgaste fixada mecanicamente em que
fornece um meio faacutecil de instalaccedilatildeo e remoccedilatildeo evitando assim longas
paradas para manutenccedilatildeo
Barras de desgaste para lacircminas
As barras de desgaste fornecem proteccedilatildeo adicional para a lacircmina em aplicaccedilotildees
altamente abrasivas onde se constata uma vida uacutetil mais curta do revestimento As barras de
desgaste de lacircminas satildeo projetadas para serem soldadas sobre o revestimento normal
(superfiacutecie de desgaste) da lacircmina
Considerando-se ainda que por meio dos processos de fabricaccedilatildeo convencionais e na
composiccedilatildeo de ligas praticamente jaacute foi esgotada a possibilidade de desenvolvimento de
materiais mais resistentes ao desgaste abrasivo a soluccedilatildeo que se busca atualmente eacute o
desenvolvimento de teacutecnicas de endurecimento ou revestimento superficial que tornem esses
elementos mais resistentes ao desgaste abrasivo tais como soldagem cladding
eletrodeposiccedilatildeo Deposiccedilatildeo Fiacutesica de Vapor ndash DFV (PVD) ( BARREIRA LIMA et al 2001)
Deposiccedilatildeo Quiacutemica de Vapor ndash DQV (CVD) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem
se desenvolvido ultimamente ( LIMA SOUZA et al 2001)
A busca de informaccedilotildees contidas neste estudo visa avaliar e pesquisar por meio de
anaacutelise de diferentes ensaios tecnoloacutegicos o melhoramento dos materiais quanto a sua
resistecircncia ao desgaste abrasivo quando os mesmos estatildeo em contato direto com o solo com a
finalidade de obter materiais mais resistentes ao ataque destes elementos abrasivos aleacutem de
contribuir com o desenvolvimento de produtos de qualidade superior agraves dos produtos
oferecidos atualmente pelo mercado
Foi analisada a viabilidade econocircmica com a introduccedilatildeo de novas teacutecnicas de
revestimento como LVOF e revestimento por soldagem Tambeacutem foram utilizados como
Introduccedilatildeo 17
Gustavo Portela de Deus
elementos de estudo dentes de caccedilambas suportes elos segmentados de esteiras e unhas de
80escarificadores de maacutequinas rodoviaacuterias
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo que foram utilizados como referecircncia na inspeccedilatildeo
e estudo durante o desenvolvimento deste projeto satildeo utilizados de forma intensa e ou
intermitente em maacutequinas rodoviaacuterias do tipo moto- niveladoras tratores de esteiras tratores
escavo-carregadores de pneus retroescavadeiras e escavadeiras hidraacuteulicas de esteiras
Capiacutetulo 2
Revisatildeo Bibliograacutefica
Revisatildeo Bibliograacutefica 19
Gustavo Portela de Deus
2 - Revisatildeo Bibliograacutefica
Tribologia eacute definida como a ciecircncia e tecnologia da interaccedilatildeo entre superfiacutecies em
movimento relativo e das praacuteticas relacionadas A palavra eacute derivada das palavras gregas
TRIBOS que significa atrito e LOGOS que significa estudo de forma que uma traduccedilatildeo
literal significa estudo do atrito ou a ciecircncia que estuda o atrito (STOETERAU 2001)
A tribologia envolve a investigaccedilatildeo cientiacutefica de todos os tipos de fricccedilatildeo
lubrificaccedilatildeo e desgaste e tambeacutem as aplicaccedilotildees teacutecnicas do conhecimento triboloacutegico
(STOETERAU2001) Especificamente em estudo o desgaste eacute a perda progressiva de
mateacuteria da superfiacutecie de um corpo soacutelido devido ao contato e movimento relativo com um
outro corpo soacutelido liacutequido ou gasoso (STOETERAU PASCOALI 2001)
O desgaste de componentes e equipamentos industriais rodoviaacuterios e de outros
tipos de atividades produtivas representa um grande fator de depreciaccedilatildeo de capital de
equipamento e fonte de despesas com manutenccedilatildeo e reposiccedilatildeo de componentes mecacircnicos
As Figuras de 21 a 24 mostram componentes de estruturas de maacutequinas de terraplenagem
desgastadas pelos efeitos da abrasatildeo no processo triboloacutegico
Sobre os custos de produccedilatildeo estes se tornam mais elevados em decorrecircncia da
reposiccedilatildeo das peccedilas desgastadas ou deterioradas e da matildeo-de-obra para substituiccedilatildeo aleacutem
do tempo parado dos equipamentos que deixam de produzir Muitas vezes exige ainda o
superdimensionamento de componentes influindo ou limitando na produccedilatildeo dos
equipamentos ou ainda provocando a paralisaccedilatildeo destes Estes fatores influem
significativamente na elevaccedilatildeo dos custos e no rendimento de produccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 20
Gustavo Portela de Deus
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircmina e dentes desgastados
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircminas e cantos desgastados
ldquoDe acordo com Hawk et al (1999) o desgaste eacute um dos maiores problemas que
aparecem em escavaccedilotildees nas movimentaccedilotildees de terras mineraccedilotildees e processamentos de
minerais nas induacutestrias ocorrendo em uma grande variedade de equipamentos como nas
lacircminas de remover terra dos tratores que fazem por exemplo a terraplenagem em
britadeiras dentes escavadores lacircminas de escoamento etc O desgaste de peccedilas os custos
com o reparo e com a substituiccedilatildeo destas peccedilas significam elevadiacutessimos gastos para as
empresasrdquo
Revisatildeo Bibliograacutefica 21
Gustavo Portela de Deus
21 Tipos de Desgaste
Os principais tipos de desgaste observados nos componentes mecacircnicos satildeo por
(GREGOLIN RIBEIRO et al 1990)
Abrasatildeo ndash ocasionado por partiacuteculas abrasivas (duras) sob tensatildeo
deslocando-se sobre a superfiacutecie
Erosatildeo ndash devido ao choque contra a superfiacutecie de partiacuteculas soacutelidas ou gotas
liacutequidas presentes em correntes de fluidos
Cavitaccedilatildeo ndash associado agrave formaccedilatildeo e implosatildeo de bolhas gasosas em
correntes de fluidos na interface liacutequidondashmetal devido agrave variaccedilatildeo suacutebita de pressatildeo
ao longo do percurso
Adesatildeo ou fricccedilatildeo ndash resultante da fabricaccedilatildeo metalndashmetal quando
superfiacutecies aacutesperas deslizam entre si
Corrosatildeo ndash quando envolve a ocorrecircncia de reaccedilotildees quiacutemicas superficiais no
material aleacutem das accedilotildees mecacircnicas de desgaste
Impacto ndash ocasionado por choques ou cargas aplicadas verticalmente sobre a
superfiacutecie
22 Desgaste por Abrasatildeo
Desgaste por abrasatildeo ou desgaste abrasivo eacute a retirada de material causada pela
presenccedila de partiacuteculas duras As partiacuteculas duras podem estar aprisionadas na interface
entre as duas superfiacutecies em movimento relativo ou serem as protuberacircncias que fazem
parte da rugosidade de uma das superfiacutecies Acompanhada de forte pressatildeo ocasionada por
deslocamento ou por amassamento a retirada do metal Tais abrasivos podem ser
Revisatildeo Bibliograacutefica 22
Gustavo Portela de Deus
representados por vegetais ou minerais (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
A Figura 25 apresenta os percentuais de contribuiccedilatildeo do desgaste abrasivo em
relaccedilatildeo aos demais tipos de desgastes Neste pode-se observar que o desgaste abrasivo eacute o
de maior representatividade nas estruturas mecacircnicas de maacutequinas e equipamentos
chegando a contribuir de forma geneacuterica com 50 em relaccedilatildeo aos demais desgastes
revelando a importacircncia de tal desgaste
Figura 23 - Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste
23 Tipos de Processos Abrasivos
Abrasatildeo a dois corpos
De acordo com Souza (2002) quando uma ou mais partiacuteculas de elevada dureza
satildeo atritadas contra uma superfiacutecie sulcando-a ou escavando-a devido agrave forccedila normal
aplicada tem-se o desgaste abrasivo de dois corpos
importacircncia do desgaste abrasivo
diversos
14
quiacutemico
5
fretting
8
erosatildeo
8
adesivo
15
abrasivo
50
Revisatildeo Bibliograacutefica 23
Gustavo Portela de Deus
Abrasatildeo a trecircs corpos
Quando estas partiacuteculas satildeo aprisionadas entre duas superfiacutecies que deslizam entre
si pode ocorrer o chamado desgaste abrasivo de trecircs corpos As Figuras 26 e 27 mostram
as representaccedilotildees de formas de desgaste abrasivo a dois corpos e a trecircs corpos
respectivamente
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos
Revisatildeo Bibliograacutefica 24
Gustavo Portela de Deus
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos
Em relaccedilatildeo ao desgaste abrasivo eacute interessante ressaltar que embora a partiacutecula
abrasiva seja mais dura que a superfiacutecie a ser desgastada esta natildeo eacute uma condiccedilatildeo para se
classificar o desgaste como abrasivo (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr)
24 Tipos de Abrasatildeo
241 Goivagem
Eacute o desgaste provocado por partiacuteculas grandes e grosseiras principalmente dotadas
de regiotildees pontiagudas cortantes com dureza maior do que a parte metaacutelica que estaacute sendo
desgastada Pode acontecer quando haacute um contato entre as partes com pressotildees mais ou
menos violentas e repetitivas
Revisatildeo Bibliograacutefica 25
Gustavo Portela de Deus
Um exemplo tiacutepico de abrasatildeo por goivagem eacute representado em dentes de caccedilambas
de maacutequinas que operam em serviccedilos de terraplenagem onde ocorre deslocamento de
cargas como pedra e areia Esses materiais abrasivos em geral de grandes dimensotildees e
dotados de regiotildees pontiagudas sob condiccedilotildees de altas tensotildees e envolvendo impacto satildeo
fatores que propiciam a penetraccedilatildeo mais profunda do abrasivo na superfiacutecie provocando
desgastes com a formaccedilatildeo de sulcos profundos Os accedilos austeniacuteticos ao manganecircs satildeo em
geral as ligas preferidas para combater este tipo de desgaste (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
242 Abrasatildeo por Alta Pressatildeo
Eacute o desgaste que ocorre entre partiacuteculas abrasivas e o metal ocasionando o
esmagamento do abrasivo ou natildeo A prensagem da partiacutecula contra o metal pode ser
exercida por pressotildees fortes ou meacutedias que provocam a formaccedilatildeo de superfiacutecies de
pequenos fragmentos
As partiacuteculas abrasivas podem ser classificadas quanto agraves suas dimensotildees e satildeo
consideradas meacutedias quando inferiores a 5 cm ou pequenas quando menores do que 1cm
As partiacuteculas meacutedias podem exercer a accedilatildeo abrasiva superficial arrancando fragmentos do
metal enquanto as partiacuteculas pequenas por sua vez provocam o desgaste
A constituiccedilatildeo do metal influi na forma ou resposta do desgaste provocado Se for
duacutectil teraacute uma abrasatildeo que tira cavacos se eacute fraacutegil ou se torne fraacutegil haveraacute um
deslocamento superficial de pequenos fragmentos Eacute normal que ocasionalmente poderatildeo
ocorrer as duas modalidades ao mesmo tempo Exemplos das partes sujeitas ao desgaste
por abrasatildeo satildeo caccedilambas de escavaccedilatildeo ou carga lacircminas de motoniveladoras e arados
raspadores
Revisatildeo Bibliograacutefica 26
Gustavo Portela de Deus
Eacute o tipo de desgaste onde o material abrasivo eacute fragmentado durante o contato
abrasivo com a superfiacutecie desgastada As tensotildees envolvidas satildeo portanto superiores agrave
tensatildeo de fragmentaccedilatildeo do abrasivo promovendo ainda maior penetraccedilatildeo do abrasivo na
superfiacutecie maior deformaccedilatildeo plaacutestica das fases duacutecteis e fratura das fases fraacutegeis presentes
no material Tipicamente esta forma de abrasatildeo ocorre em equipamentos de moagem de
mineacuterios que envolvem partiacuteculas de pequeno tamanho em mancais contaminados com
areia etc Para prevenir este tipo de abrasatildeo normalmente empregam-se materiais do tipo
ferros fundidos ou accedilo ndash ligas que possuem maior tenacidade (BATISTA NASCIMENTO
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243 - Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Tensatildeo
Tipo de abrasatildeo na qual a superfiacutecie penetrante eacute riscada pelo material abrasivo em
decorrecircncia de sua dureza e resistecircncia oferecida e do proacuteprio stress do metal constituinte
dos componentes dos equipamentos em decorrecircncia de seu uso que ao penetrar na
superfiacutecie promove a remoccedilatildeo de material As tensotildees impostas sobre as partiacuteculas
abrasivas satildeo inferiores agrave tensatildeo necessaacuteria para a fragmentaccedilatildeo destas principalmente
tratando-se de aacutereas de domiacutenio do embasamento cristalino ou com predominacircncia de
rochas iacutegneas eou metamoacuterficas que no Nordeste apresentam pouco desenvolvimento do
solo
Tais condiccedilotildees imprimem nas ferramentas de penetraccedilatildeo esforccedilos mais abrasivos
em decorrecircncia de essas rochas se apresentarem pouco alteradas e com elevado grau de
resistecircncia em relaccedilatildeo a outros tipos de solo encontrados em outros ambientes geoloacutegicos
Tal como a abrasatildeo agrave baixa pressatildeo que ocorre na superfiacutecie dos componentes de
equipamentos que direta ou indiretamente manuseiam terras areias cascalhos piccedilarras
rochas ou mineacuterios tais como maacutequinas agriacutecolas equipamentos de escavaccedilatildeo e transporte
Revisatildeo Bibliograacutefica 27
Gustavo Portela de Deus
utilizados na induacutestria da construccedilatildeo civil principalmente das atividades ligadas agrave
construccedilatildeo recuperaccedilatildeo e pavimentaccedilatildeo de estradas e dos setores de mineraccedilatildeo
sideruacutergicas etc Com a finalidade de prevenir a ocorrecircncia destes tipos de desgastes
empregam-se normalmente ferros fundidos com alto teor de carbono (martensiacuteticos ou
austeniacuteticos) agraves vezes contendo outros elementos de liga aleacutem de ligas de cobalto ndash
tungstecircnio ndash carbono
2431 - Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo
Normalmente eacute sabido que partiacuteculas de grande tamanho provocam desgaste por
abrasatildeo acompanhado de impacto isto leva a ter-se um desgaste acentuado que na
verdade foi muito mais por impacto que por abrasatildeo
Partiacuteculas meacutedias dependendo da dureza e do formato satildeo menos agressivas
poreacutem partiacuteculas finas satildeo mais abrasivas ocasionando abrasatildeo muito incidente Como
exemplo pode-se citar o cimento talco xistos e outros que satildeo compostos de partiacuteculas
finas e altamente abrasivas Eacute claro que a dureza destas partiacuteculas tambeacutem eacute significativa
A forma dos materiais abrasivos varia desde arredondados ateacute acircngulos vivos
Os minerais mais duros possuem formaccedilotildees agudas enquanto que em
contraposiccedilatildeo os mais duacutecteis apresentam formaccedilotildees arredondadas Quanto mais agudas
forem as arestas maior seraacute a accedilatildeo abrasiva No caso de impactos ou pressotildees fortes as
formas agudas podem penetrar no metal provocando um desgaste por ldquogoivagemrdquo ou
fratura da peccedila A dureza de uma liga metaacutelica eacute de grande importacircncia na resistecircncia
oposta a uma accedilatildeo abrasiva As maiores durezas correspondem a resistecircncias maiores
Os abrasivos menos duros teratildeo accedilatildeo menos violenta Com referecircncia agraves ligas
metaacutelicas satildeo encontradas com facilidade tabelas de dureza das vaacuterias alternativas e
Revisatildeo Bibliograacutefica 28
Gustavo Portela de Deus
tambeacutem as diversas escalas de durezas com referecircncia aos abrasivos quando eacute possiacutevel
conjugar proteccedilotildees atraveacutes de adiccedilotildees de peliacuteculas metaacutelicas com finalidade de melhor
proteger a peccedila em accedilatildeo de trabalho
Quando eacute possiacutevel unir uma maior dureza com uma granulaccedilatildeo adequada seratildeo
atingidos os mais elevados iacutendices de resistecircncia agrave abrasatildeo Para proteger as peccedilas dos
equipamentos contra a abrasatildeo eacute importante preparar a superfiacutecie do metal procurando
deixaacute-la a mais lisa possiacutevel sem protuberacircncias ou rugosidades pois a abrasatildeo eacute iniciada
preferencialmente nestas regiotildees Ligas constituiacutedas de alto teor de carbeto de tungstecircnio e
de cromo aleacutem da elevada dureza apresentam depoacutesitos lisos e brilhantes compatiacuteveis
com estas caracteriacutesticas mencionadas Eacute natural que quanto maior a velocidade e a
frequumlecircncia do contato da partiacutecula com o metal maior seraacute a accedilatildeo abrasiva e
consequumlentemente o desgaste das peccedilas Os tamanhos dos gratildeos tambeacutem satildeo importantes
pois quanto menor forem mais a superfiacutecie seraacute desgastada (BATISTANASCIMENTO
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Baseado nas consideraccedilotildees acima os principais fatores que afetam o desgaste por
abrasatildeo satildeo as caracteriacutesticas dos abrasivos associados aos fatores externos que atuam
sobre a superfiacutecie do componente Assim podem-se listar os seguintes fatores
a) Tamanho da partiacutecula (grossa fina ou meacutedia)
b) Formato da partiacutecula (angulares ou redondas)
c) Dureza da partiacutecula
d) Dureza do metal base
e) Acabamento do metal base
f) Velocidade e frequumlecircncia do contato entre a partiacutecula abrasiva e o metal base
g) Tamanho de gratildeo da estrutura do metal base
Revisatildeo Bibliograacutefica 29
Gustavo Portela de Deus
h) Acircngulo de incidecircncia da partiacutecula do metal base
i) Stress do metal constituinte das peccedilas de equipamentos pelo uso
2432 - Consideraccedilotildees sobre os Abrasivos
As rochas satildeo constituiacutedas por um agregado de minerais cujos constituintes mais
comuns satildeo os minerais de quartzo feldspato mica e outros ricos em silicatos de alumiacutenio
e magneacutesio muitos dos quais de elevada dureza Ex granitos areia basalto folhelhos
xistos filitos gnaises etc
Os carbonatos satildeo os principais constituintes dos calcaacuterios e margas e
normalmente compotildeem parte dos pacotes sedimentares das formaccedilotildees geoloacutegicas das
bacias sedimentares e satildeo considerados produtos macios Entretanto comumente estes
pacotes encontram-se alternados com outros de arenitos siltitos e folhelhos
Os mineacuterios satildeo compostos de oacutexidos carbonetos e sulfetos Os oacutexidos satildeo
geralmente duros (bauxita hematita) enquanto que os sulfetos satildeo geralmente macios
(galena ou sulfetos de chumbo) As rochas combustiacuteveis (hulha turfa) e os fosfatos contecircm
proporccedilotildees mais ou menos elevadas de siacutelica e alumina
Para amenizar os gastos com o desgaste abrasivo partiu-se para o desenvolvimento
de materiais com maiores resistecircncias ao desgaste Assim vaacuterias pesquisas nesta aacuterea
triboloacutegica comeccedilaram a ser desenvolvidas em cima dos diversos tipos de materiais
existentes (FUSSEacute et al)
2433 Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ser classificado como de dois ou trecircs corpos Na abrasatildeo
de dois corpos as partiacuteculas abrasivas satildeo movidas livremente sobre a superfiacutecie do
Revisatildeo Bibliograacutefica 30
Gustavo Portela de Deus
material como areia em uma calha No desgaste abrasivo de trecircs corpos as partiacuteculas
abrasivas agem como elementos de interface entre o corpo soacutelido e o contra-corpo O
desgaste quando envolve trecircs corpos eacute cerca de duas a trecircs vezes menor do que quando
envolve dois corpos Pois no caso de trecircs corpos devido agrave variaccedilatildeo no acircngulo de ataque
apenas uma pequena porccedilatildeo das partiacuteculas causa desgaste (GAHR 1987)
De acordo com Briscoe amp Adams (1987) o crucial para todos os mecanismos de
desgaste abrasivo ou outros eacute conhecer o caminho ou seja a direccedilatildeo na qual o material se
deforma sob a aspereza penetrante ou a partiacutecula dura que entra em contato com o material
Com o intuito de predizer se uma deformaccedilatildeo eacute elaacutestica ou plaacutestica Fusse et al
apud Halliday (1995) apud Briscoe amp Adams (1995) mostrou que o maacuteximo acircngulo de
uma aspereza a qual se torna plaacutestica eacute dado por
tan θlim = K(HE)(1-ν2)
Onde
ldquoHrdquo eacute o entalherecorte da dureza
ldquoErdquo eacute o moacutedulo de Young
ldquoνrdquo eacute o coeficiente de Poisson
K=08 para a plasticidade parcial ou 2 para a plasticidade cheiainteira
Revisatildeo Bibliograacutefica 31
Gustavo Portela de Deus
24331 Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ocorrer em baixo ou alto niacutevel dependendo da razatildeo
entre a dureza da partiacutecula e da superfiacutecie O desgaste abrasivo estaacute relacionado a alguns
mecanismos dentre eles os principais satildeo
Microcorte ndash Deformaccedilatildeo plaacutestica sem perda de mateacuteria gerando um sulco
com consequumlente formaccedilatildeo de acuacutemulos frontais e laterais da mateacuteria
movimentada
Microssulcamento ndash Formaccedilatildeo de micro-cavacos sem deformaccedilatildeo plaacutestica
lateral
Microlascamento ndash Formaccedilatildeo de detritos devido agrave formaccedilatildeo e interaccedilatildeo de
fissuras Este tipo de mecanismo acontece quando as tensotildees impostas
superam as tensotildees criacuteticas para a formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas sendo
restrita aos materiais fraacutegeis
Satildeo diversas as nomenclaturas utilizadas para estes mecanismos de desgaste na literatura
podem ser encontradas denominaccedilotildees tais como microusinagem riscagem descamaccedilatildeo
microtrincamento microfadiga que satildeo tentativas de aproximar melhor o significado dos
mecanismos que estatildeo sendo observados nos experimentos (GAHR 1987)
Microssulcamento e microcorte satildeo mecanismos dominantes em materiais mais
duacutecteis A ocorrecircncia de um deles vai depender do acircngulo de ataque das partiacuteculas
abrasivas O microcorte ocorre a partir de um acircngulo de ataque criacutetico Este acircngulo de
ataque criacutetico eacute funccedilatildeo do material que estaacute sendo desgastado e das condiccedilotildees de teste A
transiccedilatildeo do mecanismo de microssulcamento para microcorte depende tambeacutem do
coeficiente de atrito Normalmente o mecanismo passa do microssulcamento para
Revisatildeo Bibliograacutefica 32
Gustavo Portela de Deus
microcorte com o aumento da dureza do material que estaacute sendo desgastado Aumentos
ainda maiores de dureza resultam na passagem de microcorte para microtrincamento
(GAHR 1987)
O microtrincamento pode ocorrer quando satildeo impostas grandes tensotildees sobre as
partiacuteculas abrasivas particularmente em superfiacutecies de materiais fraacutegeis Neste caso
grande quantidade de detrito eacute retirada da superfiacutecie devido agrave formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de
trinca
Partiacuteculas de menor ou igual dureza que a superfiacutecie tambeacutem podem desgastaacute-la O
ataque das partiacuteculas macias pode resultar em deformaccedilatildeo elaacutestica e plaacutestica fadiga de
superfiacutecie e a superfiacutecie ficar severamente danificada (GAHR 1987)
25 - Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste
Abrasivo
Segundo Mondal et al (1998) a taxa de desgaste abrasivo e os mecanismos de
desgaste podem ser influenciados por vaacuterios fatores como o tamanho do gratildeo abrasivo a
carga aplicada a dureza dos materiais utilizados e a tenacidade da fratura
Ainda de acordo com Souza (2002) uma grande variedade de paracircmetros influencia
os mecanismos de desgaste no geral sendo que os principais satildeo
Paracircmetros de Material
Composiccedilatildeo
Tamanho do gratildeo
Moacutedulo de elasticidade
Condutividade teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 33
Gustavo Portela de Deus
Dureza etc
Paracircmetros de Projetos
Forma
Carregamento
Tipo de movimento
Aspereza
Vibraccedilatildeo
Nuacutemero de ciclos etc
Paracircmetros de Meio Ambiente
Temperatura
Contaminaccedilatildeo
Umidade
Atmosfera etc
Paracircmetros de Lubrificaccedilatildeo
Tipo de lubrificante
Estabilidade de lubrificante
Tipo de fluido
Lubrificaccedilatildeo etc
Presenccedila ou Ausecircncia de Desgaste Interno
Segundo Catai et al de acordo com pesquisadores relatados nos trabalhos de
Mondal et al (1998) embora se diga que a taxa de desgaste depende do tamanho do gratildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 34
Gustavo Portela de Deus
abrasivo existe um valor criacutetico de tamanho de gratildeo abrasivo acima do qual a taxa de
desgaste se torna independente do tamanho do gratildeo Tambeacutem se ressalta que as diferenccedilas
nas durezas entre os dois corpos atritantes influenciam diretamente este tamanho criacutetico do
gratildeo abrasivo
251 - Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo
De acordo com Deuis (1996) o tamanho do gratildeo abrasivo tem uma influecircncia
direta nos mecanismos associados ao desgaste que pode ser caracterizado pela relaccedilatildeo wr
onde ldquowrdquo eacute a espessura da ranhura e ldquorrdquo o raio esfeacuterico do topo da partiacutecula (gratildeo)
Dependendo desta relaccedilatildeo a partiacutecula de gratildeo abrasivo iraacute deformar plasticamente ou
cortar a superfiacutecie Como as partiacuteculas desgastadas tornam-se cegas ou o tamanho da
partiacutecula diminui o mecanismo de desgaste exibe uma transiccedilatildeo do corte para o desgaste
de laminaccedilatildeo
Para ambos os tipos de desgaste abrasivo (dois ou trecircs corpos) um tamanho criacutetico
da partiacutecula abrasiva pode ser observado O desgaste volumeacutetrico aumenta com o aumento
do tamanho do gratildeo abrasivo para esta dimensatildeo criacutetica Nesta dimensatildeo criacutetica tem-se a
maacutexima accedilatildeo abrasiva em termos do tamanho do desgaste produzido
Sobre este valor criacutetico a taxa de desgaste eacute amplamente independente do tamanho
do gratildeo abrasivo A forte diferenccedila entre a dureza das partiacuteculas abrasivas e do material a
ser desgastado influencia esta dimensatildeo criacutetica do gratildeo (DEUIS et al 1996)
Para Deuis et al (1996) a extensatildeo da regiatildeo tensionada plasticamente abaixo da
superfiacutecie depende do tamanho do gratildeo abrasivo e da carga aplicada A profundidade
global da deformaccedilatildeo plaacutestica foi relatada linearmente para a aplicaccedilatildeo de carga e
dimensotildees de gratildeos
Revisatildeo Bibliograacutefica 35
Gustavo Portela de Deus
Salienta-se que no desgaste abrasivo de trecircs corpos a taxa de desgaste eacute menor que
no desgaste abrasivo de dois corpos Ainda segundo o tamanho do gratildeo Al Rubaie et al
(1999) afirmam que a eficiecircncia na remoccedilatildeo do material depende da carga de contato
elaacutestico a qual varia com o tamanho do gratildeo sendo que no caso dos materiais contendo
partiacuteculas reforccediladas a taxa de desgaste eacute influenciada pelo tamanho das partiacuteculas de
reforccedilo A Figura 28 demonstra o quanto o tamanho do gratildeo abrasivo eacute representativo no
desgaste
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste
252 - Carga Aplicada
A carga a ser aplicada sobre os corpos em atrito durante o processo de desgaste
abrasivo tambeacutem eacute um dos fatores que influenciam fortemente as taxas de desgaste no
material
Mondal et al (1998) propotildeem uma foacutermula para quantificar a importacircncia da carga
aplicada no corpo de prova em relaccedilatildeo ao tamanho do gratildeo abrasivo em um desgaste
abrasivo de dois corpos Suas foacutermulas permitem obter as taxas de desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 36
Gustavo Portela de Deus
teoacuterico nos processos de abrasatildeo Foram desenvolvidas foacutermulas por meio de regressotildees
lineares tanto para ligas como para materiais compostos
Segundo este mesmo autor o efeito da carga na taxa de desgaste obtida tanto para
os materiais compostos como para as ligas eacute bem mais severo que o efeito do tamanho dos
gratildeos abrasivos Sendo que em relaccedilatildeo aos materiais por estes testados (ligas e
compoacutesitos) o efeito da carga e do tamanho do abrasivo na taxa de desgaste eacute
relativamente maior no caso dos materiais compostos que nas ligas Poreacutem existem
algumas combinaccedilotildees de tamanhos de gratildeos com quantidade de cargas aplicadas que
podem fazer com que a taxa de desgaste abrasivo seja maior nas ligas que nos materiais
compostos
Ainda de acordo com Mondal et al (1998) a variaccedilatildeo da carga aplicada tem muito
mais influecircncia na taxa de desgaste do material que a variaccedilatildeo do tamanho do gratildeo do
abrasivo do disco A taxa de desgaste na liga eacute muito maior que a taxa de desgaste obtida
para os compostos pois os mesmos possuem maior dureza devido ao oacutexido de alumiacutenio
que foi adicionado na matriz inicial que era uma liga de alumiacutenio
Gant amp Gee (2001) tambeacutem realizaram estudos sobre a influecircncia da variaccedilatildeo da
carga aplicada sobre o corpo-de-prova num desgaste abrasivo de 3 corpos para corpos-de-
prova de ligas Cobalto-Carbeto de Tungstecircnio de elevada dureza e accedilos ultra-raacutepidos
Analisando-se comparativamente os resultados estes concluiacuteram que quanto maior era a
carga aplicada no processo ou seja a carga que foi aplicada forccedilando o corpo-de-prova
contra o disco maiores foram os desgastes volumeacutetricos dos corpos-de-prova Desta
forma ficou evidente que quanto maior for a carga aplicada no processo maiores seratildeo os
desgastes obtidos tanto para as peccedilas (corpos-de-prova) como para as ferramentas (discos
revestidos com carbeto de siliacutecio)
Revisatildeo Bibliograacutefica 37
Gustavo Portela de Deus
Em relaccedilatildeo ao efeito da variaccedilatildeo da carga eou do tamanho do gratildeo abrasivo eacute
importante destacar ainda que um aumento geral na taxa de desgaste eacute observado com o
aumento da carga para um tamanho particular de gratildeo isto eacute devido ao aumento geral da
remoccedilatildeo de material com a carga Quando a carga aplicada eacute menor gratildeos mais grosseiros
entram em contato diretamente com o corpo-de-prova resultando em elevados desgastes
Para gratildeos mais finos sob baixas cargas haacute somente um riscamento pois os menores
gratildeos abrasivos estatildeo em contato elaacutestico com a superfiacutecie de teste e entatildeo suportam a
carga aplicada sem contribuir para a remoccedilatildeo de material (DEGUPTA et al 2001)
Numa anaacutelise geral tem-se que abrasivos com menores gratildeos abrasivos resultam em
elevadas abrasotildees e maiores gratildeos abrasivos resultam em maiores microcortes No
ldquomicrocuttingrdquo maiores quantidades de materiais satildeo perdidas Em altas distacircncias
percorridas a taxa de desgaste aumenta devido ao aparecimento de microfraturas
(DEGUPTA et al 2001)
Figura 27 - Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 38
Gustavo Portela de Deus
253 - Influecircncia da Dureza
Deuis et al (1996) enfatizaram o papel das partiacuteculas da segunda fase provendo
aacutereas localizadas com altas tensotildees de concentraccedilatildeo que influenciaram o fluxo de tensatildeo e
a taxa de desgaste A maior resistecircncia ao desgaste foi obtida em microestruturas finas
com partiacuteculas semi-coerentes dispersas A influecircncia dos carbetos na resistecircncia ao
desgaste depende de sua dureza em relaccedilatildeo agrave dureza da matriz Para materiais
caracterizados de carbetos dispersos em uma matriz macia uma diminuiccedilatildeo no caminho
livre meacutedio pela reduccedilatildeo do tamanho do carbeto resulta em melhores resistecircncias ao
desgaste Uma reduccedilatildeo no tamanho do gratildeo aumenta a dureza e tambeacutem conduz ao
aumento da resistecircncia ao desgaste
Hutchings (1992) descobriu que a dureza do gratildeo abrasivo era 1 2 vez maior que a
da superfiacutecie desgastada Entatildeo o abrasivo meacutedio riscaria a superfiacutecie Deuis et al (1996)
tambeacutem comentaram que a dureza do material determina a profundidade da indentaccedilatildeo das
partiacuteculas abrasivas influenciando na profundidade relativa penetrada onde se esta for
maior que a profundidade de indentaccedilatildeo criacutetica para fratura a taxa de desgaste eacute alta A
Figura 210 mostra o quanto agrave dureza do material abrasivo eacute significativo na anaacutelise do
desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 39
Gustavo Portela de Deus
Figura 28 - Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste
Ainda em relaccedilatildeo agrave influecircncia da dureza no desgaste abrasivo Hawk et al (1999)
fizeram experimentos que comprovaram que haacute uma correlaccedilatildeo direta entre a dureza dos
materiais e o desgaste abrasivo Em suas pesquisas este provou claramente a influecircncia da
dureza do material na perda volumeacutetrica do corpo de prova mostrando que quanto maior a
dureza do material utilizado menor o desgaste abrasivo do corpo de prova em atrito
254 - Influecircncia da Temperatura
Segundo Wu et al (1997) outro fator que afeta diretamente o processo de desgaste
abrasivo de 2 ou 3 corpos eacute a temperatura De acordo com Catai et al por meio da anaacutelise
dos resultados Wu et al verificaram que o desgaste abrasivo ou seja o volume desgastado
do pino eacute maior quando o mesmo acontece na presenccedila de maiores temperaturas pois a
de Siliacutecio
Revisatildeo Bibliograacutefica 40
Gustavo Portela de Deus
elevaccedilatildeo da temperatura facilita o desencadear do mesmo atraveacutes por exemplo da
reduccedilatildeo da dureza dos materiais envolvidos Ressalta-se que nestes ensaios o tempo de
ensaio era sempre constante A Figura 211 mostra o quando o efeito da temperatura incide
sobre o processo de desgaste abrasivo
Figura 29 - Efeito da temperatura no desgaste abrasivo
26 - Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste
Moacutedulo de elasticidade ndash a resistecircncia ao desgaste de metais puros aumenta
diretamente com o moacutedulo de elasticidade Para os accedilos perliacuteticos martensiacuteticos ou
revenidos essa relaccedilatildeo natildeo eacute vaacutelida porque o tratamento teacutermico natildeo afeta o
moacutedulo de elasticidade
Dureza ndash o desgaste de metais puros eacute diretamente proporcional agrave sua
dureza Nas ligas a proporcionalidade eacute vaacutelida ateacute determinado valor da dureza do
Revisatildeo Bibliograacutefica 41
Gustavo Portela de Deus
material a partir do qual a resistecircncia ao desgaste cresce com menor intensidade
podendo ateacute mesmo vir a diminuir apoacutes certo valor
Dureza superficial ndash na superfiacutecie desgastada existe um grau de
encruamento e consequentemente um aumento da dureza no local A resistecircncia agrave
abrasatildeo pode ser considerada como proporcional a essa dureza chamada de dureza
maacutexima
Propriedades de escoamento ndash anaacutelises de tensatildeodeformaccedilatildeo mostraram
que para metais puros tambeacutem vale a relaccedilatildeo
= A ع
Onde
= tensatildeo de escoamento
A = constante
deformaccedilatildeo verdadeira = ع
= coeficiente de encruamento
Estudos mostram que a resistecircncia agrave abrasatildeo eacute proporcional agrave dureza e varia
exponencialmente com a tenacidade De acordo com Batista e Nascimento
(wwwspectrucombr) como o desgaste eacute um fenocircmeno essencialmente superficial
envolvendo a remoccedilatildeo mecacircnica indesejaacutevel de material de superfiacutecies
ldquoAs soluccedilotildees encontradas atraveacutes de solda de
revestimento aspersatildeo teacutermica tipo Hight Velocity Oxi Fuel -
HVOF nitretaccedilatildeo e de outras teacutecnicas originalmente utilizadas
Revisatildeo Bibliograacutefica 42
Gustavo Portela de Deus
tecircm se mostrado altamente valiosas tanto para prevenir como
para minimizar e reparar as diferentes estruturas danificadas
pelos mais diversos tipos de desgaste Em inuacutemeras situaccedilotildees
peccedilas e componentes podem ser fabricados com materiais
convencionais dentro das especificaccedilotildees normais do projeto
Posteriormente pode-se aplicar sobre a superfiacutecie camadas ou
cordotildees de solda com consumiacuteveis adequados deposiccedilatildeo de ligas
metaacutelicas de composiccedilatildeo e constituiccedilatildeo ideal ao favorecimento de
superfiacutecies endurecidas e resistentes a este desgaste A resistecircncia
ao desgaste eacute considerada como parte de um sistema triboloacutegico
sendo muitos os paracircmetros que acabam por influir na taxa de
desgaste incluindo as caracteriacutesticas de projetos condiccedilotildees de
operaccedilatildeo tipo de abrasivo e propriedades do material Nas
propriedades dos materiais as caracteriacutesticas microestruturais
tecircm particular importacircncia tanto nas propriedades mecacircnicas
quanto nas taxas de desgaste Disponibilizado no site
wwwspectrucombr consultado em 23 de abril de 2007rdquo
BATISTA e NASCIMENTO apud Murray (wwwspectrucombr) destacou o
seguinte sobre desgaste abrasivo
ldquoA resistecircncia ao desgaste de accedilos tratados termicamente
para vaacuterios niacuteveis de dureza e tambeacutem de alguns metais puros
Para metais puros a resistecircncia ao desgaste aumenta linearmente
com a dureza Nos materiais ferrosos esta relaccedilatildeo (resistecircncia ao
Revisatildeo Bibliograacutefica 43
Gustavo Portela de Deus
desgaste versus dureza) natildeo eacute simples O aumento no teor de
carbono faz a resistecircncia ao desgaste aumentar Para os accedilos com
a mesma porcentagem de carbono a resistecircncia ao desgaste de
accedilo ligado eacute maior que de um accedilo sem liga mas este aumento eacute
pequeno quando comparado com outro em que aumentou a
porcentagem de carbono A resistecircncia ao desgaste geralmente
aumenta conforme a microestrutura eacute mudada de ferrita para
perlita desta para bainita e finalmente para martensita isto
desde que seja acompanhada de aumento de dureza Entretanto
para um mesmo valor de dureza a estrutura bainiacutetica tem maior
resistecircncia ao desgaste que a martensiacutetica A microestrutura tem
maior influecircncia no desgaste que a dureza da matriz Tem sido
mostrado que a presenccedila de austenita retida tem melhorado a
resistecircncia ao desgaste da martensita revenida A austenita
fornece uma melhor ancoragem aos carbetos ocasionando um
baixo arrancamento do carbeto da matriz austeniacutetica Os carbetos
parecem ser particularmente importantes na resistecircncia agrave
abrasatildeo principalmente em materiais como os accedilos e ferros
fundidos brancos ligados ao cromo A influecircncia desses estaacute
relacionada com sua dureza tamanho e distribuiccedilatildeo Carbetos
duros e finamente dispersos aumentam a resistecircncia ao desgaste
enquanto que os grosseiros diminuem Estruturas deformadas por
trabalho a frio natildeo alteram a resistecircncia ao desgaste enquanto
que o aumento da dureza pelo refinamento dos gratildeos agiria
favoravelmente Existem ainda muitos outros fatores que
Revisatildeo Bibliograacutefica 44
Gustavo Portela de Deus
influenciam a taxa de desgaste como o tamanho da partiacutecula
abrasiva e o coeficiente de atrito Estes trabalhos tecircm
demonstrado que o estudo dos fenocircmenos de desgaste eacute bastante
complexo Na especificaccedilatildeo e normalizaccedilatildeo de ligas para resistir
ao desgaste as maiores dificuldades residem na inexistecircncia de
ensaios padronizados para discriminar os niacuteveis de aceitaccedilatildeo ou
rejeiccedilatildeo conforme as aplicaccedilotildees particulares Estas dificuldades
estatildeo associadas principalmente agrave natureza complexa do
fenocircmeno do desgaste Este aleacutem de envolver a deformaccedilatildeo e
corte superficial por partiacuteculas abrasivas ou o atrito entre
superfiacutecies metaacutelicas muitas vezes ocorre devido a vaacuterios
mecanismos concomitantes de desgaste da superfiacutecie os quais
tambeacutem podem estar associados a outros fenocircmenos de
degradaccedilatildeo tais como impacto corrosatildeo fluecircncia ou fadigardquo
27 - Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr) o teor de carbono
aumenta a resistecircncia ao desgaste dos accedilos perliacuteticos com o aumento do endurecimento Os
carbetos aumentam a resistecircncia ao desgaste com o aumento na quantidade distribuiccedilatildeo
uniforme e forma adequada Natildeo satildeo adequados poreacutem quando existe o choque associado
ao desgaste por abrasatildeo
A martensita natildeo-revenida ou revenida abaixo de 230degC eacute a fase que melhor resiste
ao desgaste na temperatura ambiente Se o revenido for acima de 350degC a perlita apresenta
Revisatildeo Bibliograacutefica 45
Gustavo Portela de Deus
um resultado melhor para a mesma dureza (50 HB) A fase bainiacutetica da mesma dureza e
composiccedilatildeo quiacutemica resiste melhor ao desgaste que uma estrutura martensiacutetica nas nesmas
condiccedilotildees
A perlita aumenta a resistecircncia agrave abrasatildeo com o aumento das colocircnias de perlita e
com a fraccedilatildeo volumeacutetrica de cementita Para a mesma dureza a perlita lamelar resiste
melhor que a esferoidizada A resistecircncia ao desgaste da ferrita aumenta com o aumento
dos carbetos dispersos na matriz Um accedilo austeniacutetico com a mesma fraccedilatildeo de carbetos que
um ferriacutetico resiste melhor ao desgaste
28 - Revestimentos Superficiais
De acordo com Lima et al (2001) uma das mais eficientes e econocircmicas formas
de se adequar peccedilas e componentes de equipamentos industriais a uma aplicaccedilatildeo
especiacutefica tem sido haacute longo tempo a aplicaccedilatildeo de revestimentos Estes vecircm ganhando
evidecircncia ano apoacutes ano em aplicaccedilotildees contra desgaste corrosotildees dentre outras formas
de consumo de massa
Ainda de acordo com Lima et al (2001) apud Tucker et al o uso de
revestimentos duros para melhorar a resistecircncia ao desgaste de componentes mecacircnicos
tecircm sido comum haacute vaacuterias deacutecadas com variadas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo que incluem
soldagem cladding eletrodeposiccedilatildeo PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica de vapor) CVD (deposiccedilatildeo
quiacutemica de vapor) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem se desenvolvido nos
uacuteltimos tempos apresentando-se como alternativa viaacutevel em relaccedilatildeo aos demais
processos comumente utilizados
Revisatildeo Bibliograacutefica 46
Gustavo Portela de Deus
281 - Aspersatildeo Teacutermica
A aspersatildeo teacutermica consiste de um grupo de processos nos quais partiacuteculas
finamente divididas de materiais para revestimentos metaacutelicos ou natildeo- metaacutelicos satildeo
depositadas sobre um substrato devidamente preparado na condiccedilatildeo fundida ou semindash
fundida para formar uma camada superficial como mostra a Figura 212
O calor necessaacuterio para a operaccedilatildeo eacute gerado na tocha de aspersatildeo e pode vir da
queima de um gaacutes combustiacutevel ou da geraccedilatildeo de um arco eleacutetrico As partiacuteculas aquecidas
satildeo aceleradas por um gaacutes comprimido confinadas num feixe e dirigidas ao substrato Ao
se chocarem as partiacuteculas se achatam e formam finas lentes que se conformam e aderem
agraves irregularidades superficiais e entre si Com a continuidade do processo as partiacuteculas se
resfriam formando um revestimento com estrutura lamelar (MARQUES
wwwinfosoldacombr)
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato
As variaccedilotildees baacutesicas nos processos de aspersatildeo teacutermica se referem ao material a ser
aplicado ao meacutetodo de aquecimento e ao meacutetodo de aceleraccedilatildeo das partiacuteculas em direccedilatildeo
ao substrato Os materiais podem ser fornecidos na forma de vareta arame cordatildeo (tubo
Revisatildeo Bibliograacutefica 47
Gustavo Portela de Deus
de plaacutestico contiacutenuo) e poacute Metais oacutexidos compostos intermetaacutelicos cermets plaacutesticos
orgacircnicos e alguns vidros podem ser depositados por uma ou mais variaccedilotildees de processos
(MARQUES wwwinfosoldacombr)
Os processos de aspersatildeo teacutermica podem ser classificados em dois grupos
baacutesicos dependendo da fonte de calor usada como mostrado na Tabela 21
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica
Combustatildeo Eleacutetrico
Chama Plasma
Detonaccedilatildeo Arco
O sucesso no uso de revestimentos aspergidos termicamente depende basicamente
de sua aplicaccedilatildeo cuidadosa segundo procedimentos bem estabelecidos Qualquer desvio
destes procedimentos leva em geral a resultados natildeo confiaacuteveis Os revestimentos
termicamente aspergidos apresentam trecircs aspectos baacutesicos o substrato a adesatildeo do
revestimento e a estrutura deste (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Os substratos sobre os quais os revestimentos termicamente aspergidos podem ser
aplicados incluem metais oacutexidos ceracircmicos vidros a maioria dos plaacutesticos e madeira
sendo que algumas teacutecnicas especiais podem ser necessaacuterias Nem todos os materiais para
aspersatildeo podem ser aplicados a qualquer tipo de substrato Uma preparaccedilatildeo adequada deste
eacute necessaacuteria antes da aspersatildeo propriamente dita independente do processo a ser usado
Essa preparaccedilatildeo eacute essencialmente a mesma para cada processo a ser usado e consiste de
duas etapas baacutesicas limpeza da superfiacutecie para eliminar contaminantes e obtenccedilatildeo de
rugosidades para aumentar a aacuterea superficial efetiva e melhorar a adesatildeo (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
Revisatildeo Bibliograacutefica 48
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A ligaccedilatildeo ou adesatildeo entre revestimento e substrato pode ser mecacircnica quiacutemica eou
metaluacutergica e eacute influenciada por diversos fatores tais como material do revestimento
condiccedilatildeo do substrato rugosidade limpeza e temperatura da superfiacutecie a ser revestida
antes e durante o processo e velocidade de impacto das partiacuteculas (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
A estrutura e a quiacutemica do depoacutesito aspergido em ar eacute diferente do material no
estado original Estas diferenccedilas satildeo devidas agrave natureza progressiva do revestimento agrave
reaccedilatildeo com gases durante o processo e a atmosfera em contato com o material enquanto
liacutequido Por exemplo quando ar ou oxigecircnio satildeo usados oacutexidos podem ser formados e se
incorporarem ao revestimento Revestimentos metaacutelicos tendem a ser porosos e fraacutegeis
com uma dureza diferente do material original A estrutura de revestimentos na condiccedilatildeo
como aspergidos eacute similar quanto agrave natureza lamelar mas pode exibir diferentes
caracteriacutesticas em funccedilatildeo do processo dos paracircmetros da teacutecnica e do material usado
como mostra a Figura 213 A densidade do depoacutesito varia com a temperatura da fonte de
calor usada e com a velocidade das partiacuteculas no impacto como mostra a Tabela 22 e a
Figura 214 (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 211 - Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido
Revisatildeo Bibliograacutefica 49
Gustavo Portela de Deus
A aplicaccedilatildeo final determina as propriedades necessaacuterias para o revestimento e o
tipo de combustiacutevel e equipamentos necessaacuterios Revestimentos termicamente aspergidos
tecircm sido usados intensamente na fabricaccedilatildeo de componentes nas induacutestrias automotiva de
petroacuteleo eleacutetrica eletrocircnica geraccedilatildeo de energia e particularmente na aeroespacial Em
manutenccedilatildeo milhotildees de doacutelares tecircm sido economizados com o uso da aspersatildeo teacutermica
Tal teacutecnica tem sido usada tanto em oficina como no campo no revestimento de estruturas
e partes de equipamentos com economia de tempo e de recursos (MARQUES
wwwinfosoldacobr )
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor
Fonte Temperatura degC
Propano + oxigecircnio 2640
Gaacutes natural + oxigecircnio 2735
Hidrogecircnio + oxigecircnio 2690
Acetileno + oxigecircnio 3100
Arco eleacutetrico 2200 ndash 8300
Figura 212 Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas
Revisatildeo Bibliograacutefica 50
Gustavo Portela de Deus
2811 - Processos
28111 - Processos por Combustatildeo
Este grupo de processos utiliza o calor gerado pela queima de um gaacutes combustiacutevel
Qualquer substacircncia que se funda e natildeo sublime a temperaturas inferiores a 2760ordmC pode
ser aspergida por este processo como mostram as Figuras 215 e 216 Os materiais
aplicados podem ser metais e ligas na forma de arame cordatildeo ou poacute e ceracircmicos na forma
de vareta cordatildeo ou poacute (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 213 - Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo
Figura 214 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 51
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281111 - Arames e Varetas
O equipamento usado para aplicaccedilatildeo de arames e varetas eacute similar como mostrado
na figura A seccedilatildeo transversal tiacutepica de uma tocha de aspersatildeo com estes processos eacute
mostrada na Figura 216
O material a ser aspergido eacute inserido por roletes alimentadores na parte posterior da
tocha Estes podem ser tracionados por um motor eleacutetrico ou pneumaacutetico ou por uma
turbina a ar O material eacute alimentado por meio de um bocal onde eacute fundido por uma chama
de gaacutes combustiacutevel concecircntrica a este
Os gases combustiacuteveis usados juntamente com o oxigecircnio foram mostrados na
Tabela 22 O acetileno eacute o mais largamente usado por sua maior temperatura de chama
Entretanto em certos casos temperaturas mais baixas satildeo usadas com vantagens
econocircmicas A chama eacute usada apenas para fundir o material Para se obter aspersatildeo um
jato de gaacutes em geral ar comprimido eacute usado para pulverizar o material e acelerar as
partiacuteculas em direccedilatildeo ao substrato Em aplicaccedilotildees especiais um gaacutes inerte pode ser usado
Os roletes de alimentaccedilatildeo devem ser escolhidos e apropriados agrave forma do material a ser
alimentado isto eacute se arame vareta ou cordatildeo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281112 - Poacute
Tochas para aspersatildeo agrave chama com poacute satildeo mais leves e mais compactas que tochas
para outros processos como mostra a Figura 217 Devido agraves menores temperaturas e
velocidades alcanccediladas pelas partiacuteculas os revestimentos obtidos tecircm em geral menor
resistecircncia adesiva ao substrato menor resistecircncia coesiva entre as lamelas e maior
porosidade quando comparados com os depositados por outros processos de aspersatildeo
teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 52
Gustavo Portela de Deus
O material a ser aspergido pode ser um metal puro uma liga metaacutelica um
compoacutesito um carboneto um ceracircmico um cermet ou combinaccedilatildeo destes O processo eacute
geralmente usado para aplicaccedilatildeo de ligas metaacutelicas autofluxadas que devem ser fundidas
apoacutes a aspersatildeo Estes materiais contecircm boro e siliacutecio que servem como agentes fluxantes e
minimizam a oxidaccedilatildeo Sua fusatildeo eou ligaccedilatildeo metaluacutergica a um substrato metaacutelico eacute(satildeo)
obtida(s) aquecendo-se o revestimento ateacute sua temperatura de fusatildeo que em geral eacute
inferior a 1040degC e pode ser feita com o uso de qualquer fonte de calor como uma chama
uma bobina de induccedilatildeo ou um forno Um arco eleacutetrico tambeacutem pode ser usado mas com
certo cuidado para evitar ou minimizar a fusatildeo do substrato
O poacute para aspersatildeo eacute armazenado num recipiente que pode ser parte integrante da
tocha ou ser acoplado a ela Uma pequena quantidade de gaacutes eacute desviada para arrastar o poacute
ateacute o jato da mistura oxigecircniocombustiacutevel em chama quando eacute fundido e acelerado em
relaccedilatildeo ao substrato Um corte transversal de uma tocha tiacutepica para aspersatildeo de poacute por
chama eacute mostrado na Figura 217
Variaccedilotildees do processo de aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama incluem gaacutes comprimido
para alimentaccedilatildeo do poacute na chama jatos adicionais de ar comprimido para acelerar as
partiacuteculas fundidas alimentador de poacute remoto com arraste do poacute para a tocha por um tubo
pressurizado com gaacutes inerte e dispositivos para aceleraccedilatildeo a alta velocidade agrave pressatildeo
atmosfeacuterica Esses refinamentos tendem a aumentar a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute e agraves
vezes a velocidade das partiacuteculas fundidas que aumentam a resistecircncia adesiva e a
densidade do revestimento aspergido
Revestimentos fundidos poacutes-aspersatildeo satildeo densos e relativamente isentos de
porosidade A composiccedilatildeo da liga pode levar a revestimentos com niacuteveis de dureza
Rockwell C superiores a 50 A espessura destes revestimentos eacute limitada agravequelas faixas
Revisatildeo Bibliograacutefica 53
Gustavo Portela de Deus
que podem ser aquecidas ateacute a temperatura de fusatildeo sem descamaccedilatildeo O uso de ligas
autofluxantes eacute limitado a aplicaccedilotildees em que os efeitos da fusatildeo e distorccedilatildeo podem ser
tolerados Revestimentos mais espessos de metais dissimilares podem ser aplicados em
passes muacuteltiplos A superfiacutecie que vai receber o segundo revestimento deve ser limpa de
todos os resiacuteduos de oacutexido apoacutes cada etapa de fusatildeo
Em todos os processos de aspersatildeo teacutermica a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute afeta a
estrutura e a eficiecircncia de deposiccedilatildeo do revestimento Se o material natildeo eacute aquecido
adequadamente a eficiecircncia de deposiccedilatildeo cai rapidamente e o revestimento conteraacute
partiacuteculas natildeo fundidas retidas Se a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute for muito baixa uma certa
quantidade de poacute pode se volatizar resultando em deterioraccedilatildeo do revestimento e elevaccedilatildeo
dos custos Os alimentadores de poacute satildeo compostos por um recipiente e um sistema de
mediccedilatildeo que regula a taxa de alimentaccedilatildeo de material no dispositivo transportador por gaacutes
(MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 215 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute a chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 54
Gustavo Portela de Deus
28112 - Detonaccedilatildeo
A tocha de detonaccedilatildeo eacute diferente de outros equipamentos de aspersatildeo por
combustatildeo Ela utiliza a energia de explosotildees de uma mistura oxigecircnio-acetileno em vez
de uma chama estacionaacuteria para impulsionar o poacute ateacute a superfiacutecie do substrato O depoacutesito
resultante eacute extremamente duro denso fortemente ligado ao substrato
Uma tocha de detonaccedilatildeo mostrada na Figura 218 consiste basicamente de um
tubo comprido no qual eacute introduzida uma mistura de gaacutes combustiacutevel oxigecircnio e poacute
Quando eacute feita a igniccedilatildeo da mistura uma onda de choque controlada aquece e acelera as
partiacuteculas de poacute cuja velocidade de saiacuteda eacute de 760 ms aproximadamente Apoacutes cada
injeccedilatildeo de mistura uma certa quantidade de nitrogecircnio eacute introduzida no tubo para purga
deste Ocorrem vaacuterias detonaccedilotildees por segundo gerando um ruiacutedo da ordem de 150 dB
sendo muitas vezes utilizadas instalaccedilotildees especiais com isolamento acuacutestico para estas
operaccedilotildees
Dentro do tubo temperaturas superiores a 3300degC satildeo atingidas enquanto a
temperatura do substrato deve ser mantida abaixo dos 150degC usando-se dispositivos de
resfriamento se for o caso
A espessura dos revestimentos geralmente situa-se entre 005 e 05mm A
operaccedilatildeo eacute normalmente mecanizada e agraves vezes remotamente controlada Excelente
acabamento pode ser obtido devido agrave baixa porosidade do revestimento (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
Revisatildeo Bibliograacutefica 55
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Figura 216 - Esquemaacutetica de Tocha de detonaccedilatildeo
28113 - Processos Eleacutetricos
281131 - Arco Eleacutetrico
No processo de aspersatildeo a arco eleacutetrico dois arames eletrodos consumiacuteveis satildeo
alimentados de forma a se encontrar em um ponto agrave frente de um jato de gaacutes que serve
para atomizaccedilatildeo Uma diferenccedila de potencial de 18 a 40V eacute estabelecida entre os arames
produzindo um arco eleacutetrico que funde a ponta destes O jato de gaacutes atomizante (em geral
ar comprimido) destaca o material fundido produzindo um jato de gotiacuteculas fundidas que eacute
dirigido ao substrato A Figura 219 mostra um desenho esquemaacutetico de uma tocha para
aspersatildeo a arco
O equipamento baacutesico para este processo consiste de uma fonte de corrente
contiacutenua do tipo tensatildeo constante alimentadores de arame do tipo velocidade constante
tocha de aspersatildeo e um sistema de fornecimento de gaacutes comprimido controlaacutevel Os
arames utilizados satildeo em geral de grande diacircmetro da ordem de 5mm Este processo
experimentou um avanccedilo recente com o desenvolvimento de arames tubulares de
enchimento metaacutelico
Revisatildeo Bibliograacutefica 56
Gustavo Portela de Deus
Figura 217 - Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico
A temperatura do arco eacute consideravelmente maior que o ponto de fusatildeo do material
aspergido de modo que algum superaquecimento e volatizaccedilatildeo podem ocorrer
particularmente na aplicaccedilatildeo de zinco e alumiacutenio A alta temperatura das partiacuteculas pode
produzir zonas de reaccedilatildeo quiacutemica ou difusatildeo ou ambas apoacutes o impacto com o substrato
Estas interaccedilotildees satildeo similares a pequenas soldas a ponto e conferem excelente resistecircncia
de adesatildeo e coesatildeo ao revestimento Este processo apresenta taxas de deposiccedilatildeo mais altas
que outros processos de aspersatildeo Os fatores que influenciam esta taxa satildeo a corrente e a
velocidade de alimentaccedilatildeo de arame que dependem do equipamento usado
O comprimento do arco e o tamanho das gotiacuteculas tendem a aumentar com a
elevaccedilatildeo da diferenccedila de potencial entre os arames Esta deve ser mantida em valores
miacutenimos compatiacuteveis com a estabilidade do arco para se obter revestimentos densos e de
melhor acabamento (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281132 - Arco Plasma natildeo Transferido
O desenvolvimento de turbinas e motores de foguetes tem exigido bom
desempenho de materiais de engenharia em condiccedilotildees cada vez mais severas Para
Revisatildeo Bibliograacutefica 57
Gustavo Portela de Deus
satisfazer estas exigecircncias oacutexidos e carbonetos tecircm sido considerados devendo ser
aplicados por processos de aspersatildeo teacutermica de alta temperatura O processo plasma tem
atendido esta necessidade e levou ao desenvolvimento de uma nova famiacutelia de materiais e
teacutecnicas de aplicaccedilatildeo para uma ampla faixa de aplicaccedilotildees industriais
Na aspersatildeo a plasma Figura 220 o material eacute aplicado a partir de um poacute
Aplicaccedilatildeo a partir de arames tem sido desenvolvida mais recentemente Neste processo
um gaacutes ou mistura de gases passa atraveacutes de um arco eleacutetrico estabelecido entre um caacutetodo
de tungstecircnio e um acircnodo de cobre dotado de um orifiacutecio alinhados coaxialmente Em sua
passagem o gaacutes eacute aquecido gerando o plasma
Figura 218 - Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma
O poacute eacute alimentado no plasma fundido e acelerado em direccedilatildeo ao substrato por um
jato de alta velocidade A energia temperatura e velocidade do jato de plasma satildeo
controladas pelo tipo de bocal constritor intensidade da corrente eleacutetrica composiccedilatildeo e
vazatildeo do gaacutes de plasma Em geral nitrogecircnio ou argocircnio satildeo usados como gaacutes de plasma
podendo conter adiccedilotildees de hidrogecircnio ou heacutelio para aumentar sua potecircncia e velocidade
Revisatildeo Bibliograacutefica 58
Gustavo Portela de Deus
O equipamento baacutesico para a aspersatildeo a plasma mostrado na figura 220 consiste
de uma fonte de corrente contiacutenua constante alimentador de poacute fonte de gaacutes e um sistema
de controle que permite ajustar os paracircmetros de operaccedilatildeo (corrente vazotildees de gaacutes fluxo
de aacutegua para refrigeraccedilatildeo) e faz a sincronia de todo o sistema
281133 - Arco Plasma Transferido
Neste caso o processo eacute uma combinaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica e soldagem O
substrato deve ser condutor e faz parte do circuito do arco eleacutetrico que gera o plasma O
material aspergido se mistura com o material da poccedila de fusatildeo formada no substrato isto eacute
ocorre diluiccedilatildeo O equipamento usado eacute similar ao necessaacuterio para o plasma natildeo
transferido com exceccedilatildeo da tocha
A ligaccedilatildeo do revestimento ao substrato eacute essencialmente metaluacutergica e as
espessuras utilizadas satildeo em geral maiores que em outros processos de aspersatildeo teacutermica
O depoacutesito eacute denso uniforme e com bom acabamento A operaccedilatildeo eacute geralmente
mecanizada e com boa reprodutibilidade Entretanto a combinaccedilatildeo de substratos e
materiais aplicaacuteveis eacute mais limitada
2812 Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie
A preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute a etapa mais criacutetica da operaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica
A qualidade da adesatildeo do revestimento estaacute diretamente relacionada com a limpeza e a
rugosidade da superfiacutecie do substrato A obediecircncia rigorosa a procedimentos
padronizados de preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute necessaacuteria para garantir o sucesso da aplicaccedilatildeo
de revestimentos por aspersatildeo teacutermica O tipo de material do revestimento e do substrato
satildeo os fatores principais na determinaccedilatildeo do processo e qualidade da preparaccedilatildeo necessaacuteria
da superfiacutecie para se obter adesatildeo suficiente a uma dada aplicaccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 59
Gustavo Portela de Deus
Em partes sujeitas a fortes tensotildees mecacircnicas uma inspeccedilatildeo preacutevia agrave operaccedilatildeo de
revestimento eacute necessaacuteria para a detecccedilatildeo de falhas no metal base que eacute feita
normalmente por meio de ensaios natildeo-destrutivos Falhas estruturais no metal base
induziratildeo falhas similares no revestimento Trincas no substrato natildeo podem ser reparadas
por aspersatildeo teacutermica e revestimentos depositados por esta teacutecnica natildeo adicionam
resistecircncia mecacircnica ao substrato (MARQUES wwwinfosoldacombr )
2813 - Limpeza e Manuseio
O primeiro passo na preparaccedilatildeo de um substrato para aspersatildeo teacutermica eacute a retirada
de todos os contaminantes superficiais tais como poeira oacuteleo graxa e pintura O calor do
processo de aspersatildeo natildeo remove contaminaccedilatildeo e esta inibe a adesatildeo do revestimento
Depois que todos os contaminantes forem eliminados a limpeza deve ser mantida ateacute que
o ciclo de revestimento se complete As peccedilas devem ser protegidas de partiacuteculas
transportadas pelo ar e marcas de dedos bem como ser manuseadas com ferramentas e
material limpo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
28131 - Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes
Desengraxe com vapor
Jateamento uacutemido
Decapagem aacutecida
Aquecimento ao forno
Limpeza ultrassocircnica
Jateamento seco
Escovamento
Revisatildeo Bibliograacutefica 60
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2814 - Criaccedilatildeo de Rugosidade
Apoacutes a limpeza vaacuterios meacutetodos satildeo usados para produzir uma superfiacutecie mais
adequada para a aderecircncia do revestimento Os principais satildeo jateamento abrasivo
macroenrugamento e aplicaccedilatildeo de revestimento de ligaccedilatildeo Combinaccedilotildees destes meacutetodos
satildeo tambeacutem empregados incluindo jateamento abrasivo com subsequumlente aplicaccedilatildeo de um
revestimento de ligaccedilatildeo e usinagem seguida de jateamento abrasivo
A obtenccedilatildeo de uma rugosidade adequada eacute tatildeo importante quanto a limpeza
Durante a aspersatildeo as partiacuteculas fundidas ou semi-fundidas formam bolachas quando se
chocam com a superfiacutecie do substrato Estas agrave medida que se resfriam e se contraem
precisam aderir a uma superfiacutecie que favoreccedila o ancoramento mecacircnico
A geraccedilatildeo de uma superfiacutecie rugosa eacute usada para aumentar a aderecircncia e a coesatildeo
entre as partiacuteculas do revestimento por geraccedilatildeo de tensotildees superficiais de contraccedilatildeo
intertravamento de camadas aumento da aacuterea de interaccedilatildeo e descontaminaccedilatildeo da
superfiacutecie
O grau de enrugamento necessaacuterio para produzir um revestimento resistente e
adequado depende do material aplicado do processo e das condiccedilotildees de serviccedilo da peccedila
final (MARQUES wwwinfosoldacombr )
282 - Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste
A principal caracteriacutestica deste tipo de revestimento que satildeo aplicados para resistir
ao desgaste eacute a sua elevada dureza
Revisatildeo Bibliograacutefica 61
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2821 - Recobrimento Duro
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr ) recobrimento duro eacute
o nome dado ao processo que consiste em produzir por soldagem uma camada dura e
resistente ao desgaste na superfiacutecie da peccedila sujeita ao desgaste
2822 - Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro
De acordo com Batista amp Nascimento apud o Metals Handbook
(wwwspectrucombr ) os materiais para recobrimento duro satildeo classificados em cinco
grandes grupos em funccedilatildeo do teor total de elementos de liga Em geral a resistecircncia ao
desgaste e o custo crescem com o nuacutemero do grupo A escolha de uma liga especiacutefica
dependeraacute da aplicaccedilatildeo e do tipo de soldagem utilizado como mostra a Tabela 23
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro
Teor total de elementos de liga Elementos de liga principais
Materiais ferrosos de baixa liga
1A 2 a 6
1B 6 a 12
Cr Mo Mn
Cr Mo Mn
Materiais ferrosos de alta liga
2A 12 a 15
2B 12 a 25
2C 12 a 25
2D 30 a 37
3A 25 a 50
3B 25 a 50
3C 25 a 50
Cr Mo
Mo Cr
Mn Ni
Mn Cr Ni
Cr Ni Mo
Cr Mo
Co Cr
Revisatildeo Bibliograacutefica 62
Gustavo Portela de Deus
Ligas agrave base de niacutequel e agrave base de cobalto
4A 50 a 100
4B 50 a 100
4C 50 a 100
Co Cr W
Ni Cr Mo
Cr Ni Mo
Carbetos
5 75 a 96
WC ou WC em combinaccedilatildeo com
outros carbonetos como TiC e TaC sempre
em uma matriz metaacutelica
As ligas do grupo 1A satildeo accedilos de baixo teor de liga quase sempre tendo cromo
com principal elemento de liga O teor total dos elementos de liga incluindo o carbono
fica entre 2 e 6 Estas ligas de teor satildeo empregadas frequumlentemente como uma camada
de base para um recobrimento duro com ligas de teor de liga mais elevado
As ligas ferrosas do subgrupo 1B satildeo semelhantes agraves do grupo 1A poreacutem com
maior teor de elementos de liga ( 6 a 12 ) e com teor de carbono ateacute 2 ou mais
Muitos accedilos - ferramenta e alguns ligados fazem parte deste grupo
Os materiais do grupo 1 apresentam maior tenacidade entre as ligas de
recobrimento duro excetuando-se os accedilos-manganecircs austeniacuteticos Possuem tambeacutem
melhor resistecircncia ao desgaste que os accedilos de baixo e meacutedio carbono que satildeo ligas
usualmente recobertas pelo grupo 1 O custo eacute mais barato que as outras ligas de
recobrimento duro e muito empregados nos casos em que se necessita da usinabilidade e de
apenas um aumento moderado da resistecircncia ao desgaste
Revisatildeo Bibliograacutefica 63
Gustavo Portela de Deus
As ligas do subgrupo 2A satildeo ligas em que o principal elemento de liga eacute o cromo
com teor total de elemento de liga entre 12 e 25 Algumas delas tecircm certo teor de
molibdecircnio Este grupo inclui ainda alguns natildeo-ferros fundidos de meacutedio teor em liga O
molibdecircnio eacute o principal elemento de liga em quase todos os materiais do grupo 2B que
contam tambeacutem com teores relativamente altos de cromo
O subgrupo 2C eacute constituiacutedo pelos accedilos-manganecircs austeniacuteticos Manganecircs eacute o
principal elemento de liga estando tambeacutem presente o niacutequel para maior estabilizaccedilatildeo da
austenita
As ligas dos subgrupos 2A e 2B satildeo mais resistentes ao desgaste menos tenazes e
mais caras que os materiais do grupo 1 Jaacute os subgrupos 2C e 2D satildeo muito tenazes poreacutem
apresentam limitada resistecircncia ao desgaste que pode aumentar muito com o encruamento
As ligas do subgrupo 2D possuem um teor total de elementos de liga entre 30 e 37
variando o carbono entre 010 e 1
Os materiais do grupo 3 apresentam 25 a 50 de elementos de liga Satildeo ligas
com alto cromo vaacuterias delas com niacutequel eou molibdecircnio Os teores de carbono variam
entre 175 a 5 Este grupo eacute caracterizado pela presenccedila maciccedila de carbonetos
hipereuteacuteticos que conferem agraves ligas uma alta resistecircncia ao desgaste e uma razoaacutevel
resistecircncia agrave corrosatildeo e ao calor Satildeo ligas mais caras que as dos grupos 1 e 2
O grupo 4 compreende as ligas agrave base de cobalto e agrave base de niacutequel com teor total
de elementos natildeo-ferrosos entre 50 e 99 As ligas agrave base de cobalto do subgrupo 4ordf
satildeo consideradas como os mais versaacuteteis materiais de recobrimento duro Resistem ao
calor agrave abrasatildeo agrave corrosatildeo ao impacto agrave descamaccedilatildeo agrave oxidaccedilatildeo ao choque teacutermico agrave
erosatildeo e ao desgaste metal- metal
Revisatildeo Bibliograacutefica 64
Gustavo Portela de Deus
Algumas destas ligas mantecircm uma dureza elevada ateacute 825ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo
ateacute temperaturas da ordem de 1100ordmC As ligas agrave base de niacutequel subgrupo 4B satildeo
especialmente indicadas para peccedilas sujeitas ao mesmo tempo agrave corrosatildeo e ao desgaste Satildeo
superiores a outros materiais de recobrimento duro em aplicaccedilotildees nas quais o desgaste eacute
causado pelo contato metal-metal como no caso dos mancais Mantecircm durezas elevadas
ateacute cerca de 650ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo ateacute temperaturas da ordem de 875ordmC
Os materiais do grupo 5 consistem de gracircnulos duros de carbonetos distribuiacutedos em
uma matriz metaacutelica Satildeo muito indicados para aplicaccedilotildees de abrasatildeo intensa e de corte
Inicialmente se empregam apenas os carbonetos de tungstecircnio Mais recentemente outros
carbonetos principalmente titacircnio tacircntalo e cromo passaram a ser usados com bons
resultados Como matriz metaacutelica vaacuterios materiais tecircm sido utilizados tais como ferro accedilo
carbono Ligas agrave base de niacutequel agrave base de cobalto e bronze Os materiais do grupo 5
possuem a maacutexima resistecircncia agrave abrasatildeo em peccedilas sujeitas a impactos pequenos ou
moderados
2823 - Seleccedilatildeo do Material para Recobrimento Duro
A primeira medida eacute caracterizar bem as condiccedilotildees de serviccedilo nas quais deveraacute
trabalhar o equipamento que seraacute revestido com o recobrimento duro Em seguida deve-se
analisar com cuidado as interaccedilotildees dos materiais candidatos e do metal base bem como o
processo de soldagem a ser utilizado no recobrimento
2824 - Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento
Analisar as condiccedilotildees de serviccedilo para determinar os tipos de resistecircncia ao
desgaste e resistecircncia ao ambiente seleccedilatildeo de alguns materiais candidatos
Revisatildeo Bibliograacutefica 65
Gustavo Portela de Deus
Anaacutelise de compatibilidade entre as ligas e o metal base considerando
possiacuteveis tensotildees teacutermicas e eventuais trincas
Testar componentes recobertos com os materiais candidatos
Selecionar a melhor liga considerando o custo e a duraccedilatildeo do recobrimento
Selecionar o processo de recobrimento duro considerando a taxa de
deposiccedilatildeo o grau de diluiccedilatildeo (o metal base dilui a liga de recobrimento durante a
soldagem) eficiecircncia de deposiccedilatildeo e custo total O custo total inclui o preccedilo dos
eletrodos e o processamento
29 - Tipos de Revestimento
Os tipos de revestimento mais aplicados em soldagem podem ser classificados em
endurecimento superficial
resistentes agrave corrosatildeo
resistentes ao desgaste eou impacto
para recuperaccedilatildeo ou reparos de manutenccedilatildeo
291 - Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Tabela ndash 24 Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Condiccedilotildees de serviccedilo Materiais para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal altas
tensotildees de contato
Stellite 1 ligas Tribaloy
Escorregamento metal ndash metal baixas
tensotildees de contato
Accedilos de baixa liga para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal
combinado com corrosatildeo e oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto ou agrave base de
niacutequel dependendo da agressividade do
Revisatildeo Bibliograacutefica 66
Gustavo Portela de Deus
ambiente
Abrasatildeo sob baixa tensatildeo erosatildeo por
colisatildeo de partiacuteculas de pequeno acircngulo
Ferros fundidos de alta liga
Abrasatildeo severa sob baixa tensatildeo
retenccedilatildeo do gume
Materiais com altos teores de carbonetos
Erosatildeo por cavitaccedilatildeo e por colisatildeo
Choques mecacircnicos intensos combinados
com corrosatildeo ou oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto
Stellite 21 Stellite6
Abrasatildeo por sulcamento Accedilos ndash manganecircs austeniacuteticos
Descamaccedilatildeo
Stellite 21 Stellite 6 Tribaloy T-400
Tribaloy T-800
Estabilidade teacutermica eou resistecircncia agrave
fluecircncia a altas temperaturas
Ligas agrave base de cobalto ligas de niacutequel
com carbonetos
292 - Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies
A Tabela 25 apresenta as principais vantagens e desvantagens dos principais
processos de deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Tabela 25 - As principais vantagens e desvantagens dos principais processos de
deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Revisatildeo Bibliograacutefica 67
Gustavo Portela de Deus
Processo Vantagens Desvantagens
Galvanizaccedilatildeo iocircnica
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo baixa
temperatura de processamento
deposiccedilatildeo em furos e ranhuras
Seleccedilatildeo restrita de materiais de
revestimento revestimentos relativamente
macios riscos ambientais precisatildeo limitada
para repeticcedilatildeo na superfiacutecie
PACVD (Plasma
Assisted Chemical
Vapour Deposition)
Temperaturas de processo muito
abaixo das do CVD temperaturas
baixas revestimentos precisos
Adequado apenas para furos e ranhuras
PVD (Physical
Vapour Deposition)
Ecologicamente seguro permite
grande variedade de
revestimentos temperatura de
revestimentos mais baixa do que a
de tratamento teacutermico final da
maioria dos accedilos espessura
reduzida reproduziacutevel com
precisatildeo resistecircncia elevada ao
desgaste baixo coeficiente de
atrito
Revestimento de furos e ranhuras ndash alcanccedila
profundidade igual ao diacircmetro ou largura
da abertura resistente agrave corrosatildeo em
determinadas condiccedilotildees apenas
revestimento uniforme depende de as peccedilas
girarem durante o processamento
Difusatildeo
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo boa
reprodutibilidade
Revestimentos relativamente macios
seleccedilatildeo restrita de material de base tempo
de processamento longo riscos ambientais
necessidade de poacutes-tratamento
CVD (Chemical
Vapour Deposition)
Elevada resistecircncia ao desgaste
produccedilatildeo econocircmica de
Temperaturas de processamento elevadas
impossibilidade de revestir vaacuterios metais
Revisatildeo Bibliograacutefica 68
Gustavo Portela de Deus
revestimentos espessos adequado
para furos e ranhuras
arredondamento de bordos riscos
ambientais
Capiacutetulo 3
Materiais e Meacutetodos
Materiais e Meacutetodos 70
Guatavo Portela de Deus
3 - Materiais e Meacutetodos
31 ndash Fluxograma do Desenvolvimento Experimental
Teacutecnicas de deposiccedilatildeo dos revestimentos duros
Soldagem dos corpos-de-
prova Aspersatildeo teacutecnica
EnsaiosAnaacutelises
Prop mecacircnicas Caract microestrutural
Ensaio de
desgaste
Ensaio de DurezaMicro
Microscopia oacutetica
Discussatildeo Anaacutelises
Dissertaccedilatildeo de Mestrado
Materiais e Meacutetodos 71
Gustavo Portela de Deus
32 - Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no Solo de
Equipamentos Rodoviaacuterios
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios objeto deste
estudo foram selecionados dentre os que foram considerados como um dos mais
representativos na avaliaccedilatildeo referentes aos custos de manutenccedilatildeo e de consideraacutevel atraso
nos cronogramas de trabalho nas frentes de trabalho de conservaccedilatildeo e construccedilatildeo
rodoviaacuteria
Os elementos escolhidos para os estudos comparativos e para a anaacutelise de desgaste
na forma de desgaste abrasivo a dois corpos foram as unhas da caccedilamba da paacute carregadeira
de rodas articuladas utilizadas em serviccedilos leves e pesados de escavaccedilatildeo e carregamento
de agregados na forma principalmente de solos lateriacuteticos
Figura 3 1 Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira
Materiais e Meacutetodos 72
Gustavo Portela de Deus
Figura 32 Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira
Dentre os equipamentos rodoviaacuterios utilizados para construccedilatildeo e conservaccedilatildeo de
rodovias alguns apresentam ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de uso contiacutenuo e outras
somente quando a atividade se torna necessaacuteria como pontas de escarificadores de solos
Existem ainda outros elementos de maacutequinas que apresentam desgaste elevado em funccedilatildeo
dos mesmos manterem um contato direto com o solo como os elementos que compotildeem o
conjunto do material rodante de tratores de esteiras de escavadeiras hidraacuteulicas e de paacutes
carregadeiras tracionadas por esteiras desgaste este que por acontecer entre elementos que
estatildeo em movimento relativo entre si eacute considerado como desgaste abrasivo a trecircs corpos
Alguns fabricantes com a finalidade de prolongar a vida uacutetil desses elementos passaram a
utilizar esteiras vedadas e lubrificadas para evitar o contato direto dos elementos em
movimento relativo
O primeiro passo no desenvolvimento do projeto de avaliaccedilatildeo comparativa e na
anaacutelise de rendimento dos dois processos de revestimento superficial e do material
Materiais e Meacutetodos 73
Gustavo Portela de Deus
comercialmente encontrado e utilizado foi a confecccedilatildeo dos corpos de prova seguindo as
especificaccedilotildees da norma que regulamenta estudos triboloacutegicos ou seja a ASTM G65-91
Os materiais de base apoacutes ser analisados quanto agrave perda de massa no periacuteodo de
2900 horas foram cortados nas dimensotildees especificadas pela norma ASTM G65-91 para
ser submetidos aos ensaios de dureza pelo meacutedodo Rockwell C e resistecircncia agrave abrasatildeo por
meio do ensaio pela roda de borracha O mesmo procedimento foi executado aos corpos de
prova revestidos por soldagem de endurecimento superficial bem como pelo processo de
aspersatildeo teacutermica pelo meacutetodo LVOF Apoacutes o corte esses corpos-de-prova foram
submetidos a algumas operaccedilotildees de usinagem com a finalidade de adquirir suas formas
planas e retiradas de escoacuterias provenientes do processo de soldagem
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos
3211 - Revestimento Duro pelo Processo de Soldagem
Uma das teacutecnicas utilizadas no desenvolvimento do trabalho e que se tornou fator
de anaacutelise e comparaccedilatildeo de resultados de maior e menor desempenho foi o revestimento
duro pelo processo de soldagem em que foi utilizado a soldagem de revestimento com
eletrodo revestido
O processo de revestir superfiacutecies pelo processo de soldagem pode ser aplicado em
peccedilas novas bem como na recuperaccedilatildeo de peccedilas desgastadas pelo uso Eacute um processo de
aplicaccedilatildeo simples necessitando apenas das varetas das ligas de recobrimento e de uma
chama oxiacetilecircnica ou de um arco eleacutetrico O processo tem a vantagem de poder ser
aplicado a aacutereas localizadas da peccedila que sejam mais sujeitas ao desgaste (BATISTA
NASCIMENTO wwwspectrucombr )
Materiais e Meacutetodos 74
Gustavo Portela de Deus
As varetas dos materiais de recobrimento satildeo fornecidas em dois tipos revestidas
para soldagem a arco e natildeo revestidas para soldagem oxiacetilecircnica A soldagem
oxiacetilecircnica produz depoacutesitos mais uniformes e que podem ser mais bem posicionadas na
peccedila com velocidades de aquecimento e resfriamento relativamente baixas Por outro lado
a soldagem a arco eacute um processo menos caro mais raacutepido e se presta melhor agrave utilizaccedilatildeo
de equipamentos automaacuteticos Os depoacutesitos obtidos com arco eleacutetrico em geral satildeo mais
grosseiros e apresentam maior tendecircncia agrave formaccedilatildeo de poros Haacute tambeacutem maior
probabilidade de formaccedilatildeo de trincas em funccedilatildeo dos gradientes de temperatura criados
para altas velocidades de aquecimento e de resfriamento (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
O material de recobrimento eacute fundido durante a soldagem e se espalha sobre o
metal base ligando-se com este e formando uma nova superfiacutecie com uma camada que
varia entre 15 mm a 60 mm Apenas uma camada superficial da peccedila atinge a temperatura
de fusatildeo o que evita uma contaminaccedilatildeo muito acentuada do recobrimento do metal base
que diminuiria as propriedades de resistecircncia ao desgaste da camada depositada
O recobrimento duro pode ser aplicado agrave maioria dos metais natildeo ferrosos Por outro
lado com algumas exceccedilotildees natildeo se recomenda o recobrimento de ligas natildeo ferrosas com o
ponto de fusatildeo inferior a 1100ordmC Os accedilos ndash carbonos podem ser recobertos com relativa
facilidade em especial se o teor de carbono for inferior a 035 A soldagem se torna mais
difiacutecil agrave medida que o teor de carbono aumenta sendo que os accedilos de alto carbono e os
accedilos ligados devem sofrer um preacute ndash aquecimento e apoacutes recobrimento devem ser recozidos
Os accedilos inoxidaacuteveis os ferros fundidos e os accedilos raacutepidos tambeacutem podem ser recobertos
utilizando ndash se teacutecnicas adequadas de soldagem O cobre bronze e ligas como o latatildeo
Materiais e Meacutetodos 75
Gustavo Portela de Deus
apresentam maiores dificuldades de soldagem em funccedilatildeo de seus pontos de fusatildeo serem
baixos e sua alta condutividade (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr )
O recobrimento duro eacute muito usado nas aplicaccedilotildees em uma lubrificaccedilatildeo regular
contra abrasatildeo seja impossiacutevel ou inviaacutevel como em ferramentas de perfuraccedilatildeo de poccedilos
de petroacuteleo equipamentos para a agricultura e para terraplenagem ferramentas para
mineraccedilatildeo e equipamentos para a induacutestria petroquiacutemica O processo tambeacutem eacute usado para
ampliar a duraccedilatildeo de peccedilas que recebem lubrificaccedilatildeo tais como matrizes de conformaccedilatildeo
mecacircnica e aacutereas localizadas de oacutergatildeos de maacutequinas extremamente sujeitas a desgaste
Superfiacutecies com recobrimento duro satildeo em geral mais resistentes ao desgaste ao calor e agrave
corrosatildeo do que superfiacutecies cementadas ou temperadas por chama
Aleacutem disso aacutereas de difiacutecil acesso em componentes grandes praticamente
impossiacuteveis de ser submetidas a um processo de tratamento teacutermico podem receber um
recobrimento duro A teacutecnica pode tambeacutem ser empregada para a recuperaccedilatildeo de
equipamentos pesados sem a necessidade de desmontaacute-los (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
3212 ndash Revestimento superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF
Foi tambeacutem aplicada a teacutecnica de revestimento por aspersatildeo teacutermica
especificamente pelo meacutetodo de LVOF de acordo como eacute relatado a seguir o
desenvolvimento do processo
3213 - HVOF (High Velocity Oxigen Fuel)
Dentre os processos de aspersatildeo teacutermica utilizados para aplicar revestimentos
resistentes ao desgaste o processo de aspersatildeo oxicombustiacutevel de alta velocidade
Materiais e Meacutetodos 76
Gustavo Portela de Deus
conhecido como HVOF (Higt velocity oxi fuel) tem sido um dos mais utilizados
principalmente na aplicaccedilatildeo de carbonetos O processo eacute baseado em um sistema de
combustatildeo interna de alta pressatildeo similar a um motor de foguete em miniatura
Combustiacutevel e oxigecircnio satildeo misturados para produzir um jato de gaacutes supersocircnico acima de
2000 ms e 2800degC ( Lima et al apud Thorpe et al 1998) Os combustiacuteveis usados
incluem querosene hidrogecircnio propileno propano acetileno metil-acetileno propadieno
e gaacutes natural O material em forma de poacute eacute introduzido na chama quente dentro do cano de
saiacuteda da pistola Os revestimentos produzidos apresentam maior dureza adesatildeo ao
substrato durabilidade e maior possibilidade de espessura do que os revestimentos
produzidos por outros processos de aspersatildeo teacutermica Uma vantagem inerente do processo
HVOF eacute sua habilidade de aspergir partiacuteculas semi-fundidas a altas velocidades (em torno
de 900 ms) resultando em um revestimento bastante denso com alta adesatildeo ao substrato e
baixo conteuacutedo de oacutexidos Carbonetos superaquecidos podem se decompor e formar fases
menos beneacuteficas ao revestimento O processo HVOF eacute bastante efetivo ao acelerar bastante
as partiacuteculas sem excesso de aquecimento (LIMACAMARGO 2001)
Carbonetos de vaacuterios tipos satildeo especialmente adequados para aplicaccedilatildeo por HVOF
pois natildeo requerem significante fusatildeo para se depositar e formar uma superfiacutecie efetiva
contra desgaste Composiccedilotildees tiacutepicas estatildeo entre 8 a 30 de conteuacutedo da liga matriz que
serve primariamente como ligante para as partiacuteculas de carboneto (Lima et al apud Thorp
et al 2000) Uma das ligas mais usadas para aplicaccedilotildees de desgaste tem sido a liga WC-
Co (Lima et al apud Korpiola amp Vuoristo 1996) agraves vezes ligada a outros elementos como
Ni e Cr no intuito de oferecer melhores caracteriacutesticas de resistecircncia agrave corrosatildeo e desgaste
combinado (Lima et al apud Berger et al 2001)
Materiais e Meacutetodos 77
Gustavo Portela de Deus
3214 - LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray - Poacute
O processo LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) poacute consiste em injetar o material a
ser depositado em forma de poacute na chama derivada da queima de oxigecircnio e acetileno
(3100ordmC) sendo o material aquecido e projetado contra o substrato previamente preparado
Em algumas variaccedilotildees do processo um jato de ar comprimido auxilia a acelerar e
atomizar o poacute Pode-se efetuar a fusatildeo da camada apoacutes aplicaccedilatildeo do revestimento
aumentando assim a aderecircncia e resistecircncia do material aplicado
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
- Ligas Base de Niacutequel como Incinel Monel NiCrBSi e outras
- Oacutexido de Cromo
- Alumina e Alumina ndash Titacircnio e Dioacutexido de Titacircnio
- Oacutexido de Zirconia
- Ligas Base de Cobalto ndash Stellite
3215 - LVOF ( Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray ndash Arame
O processo de aspersatildeo LVOF Arame utiliza como fonte de calor para fusatildeo do
arame a chama gerada pela queima de oxigecircnio e acetileno
A atomizaccedilatildeo e aceleraccedilatildeo do material fundido satildeo realizadas por um jato de ar
comprimido que cerca a chama do oxigecircnio e acetileno
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
Materiais e Meacutetodos 78
Gustavo Portela de Deus
- Accedilo carbono como ligas 1020 1045 1080 e outros
- Accedilo inox como ligas AISI 302 304 316 e AISI 410420 etc
- Ligas de Niacutequel
- Alumiacutenio
- Zinco
- Estanho
322 - Materiais
3221 - Material de Referecircncia
O material que foi utilizado como referecircncia na anaacutelise comparativa dos processos
de revestimento foi retirado de amostras de unhas de caccedilambas de paacutes carregadeiras de
rodas na sua forma original ou seja fornecida pelo fabricante do equipamento rodoviaacuterio e
seguindo os padrotildees determinados pela norma ASTM G65-91 Por se tratar de materiais
originais ou seja fornecido pelo fabricante da maacutequina foi constatado por meio de
avaliaccedilotildees primaacuterias como mais resistentes ao desgaste abrasivo e comprovado atraveacutes do
nuacutemero de horas em que os elementos foram submetidos em operaccedilotildees de escavamento e
carregamento
3222 - Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo
O material de base utilizado na confecccedilatildeo dos corpos de prova para anaacutelise de
resistecircncia ao desgaste abrasivo pelos processos por soldagem e por aspersatildeo teacutermica foi o
accedilo ABNT 1015 com as seguintes dimensotildees 75 mm de comprimento 24 mm de largura
Materiais e Meacutetodos 79
Gustavo Portela de Deus
e 4mm de espessura nas amostras por soldagem e 48 mm de comprimento 24 de largura e
4mm de espessura nas amostras aspergidas Tais dimensotildees se fizeram necessaacuterias para
atender agrave norma como tambeacutem para permitir um encaixe perfeito ao suporte do
abrasocircmetro nos ensaios de perda de massa
3223 - Consumiacuteveis Utilizados
Os consumiacuteveis utilizados para revestir os corpos de prova nos processos de
revestimento superficial por soldagem foram os eletrodos para abrasatildeo severa erosatildeo e
cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo Bohler Thyssen Welding tipo UTP 713 desenvolvimento especial
com as seguintes concentraccedilotildees C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09
com dureza de 65HRC
Os revestimentos por soldagem executados nos corpos-de-prova foram feitos na
empresa Engincom Comeacutercio e Induacutestria LTDA situada no Distrito Industrial de
Teresina-PI
Jaacute os corpos de prova revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica por LVOF
utilizaram como consumiacutevel nas amostras tipo P uma mistura composta de 170 de Cr
40 de Fe 40 de Si 35 de B 10 de C e Ni balanceado As amostras tipo M foram
revestidas utilizando como consumiacutevel a mesma mistura utilizada no revestimento das
amostras tipo P com a adiccedilatildeo de 10 de carboneto de tungstecircnio com base cobalto (81
de tungstecircnio + 12 de cobalto + 5 de carbono + 2 de ferro)
Foram utilizados dois tipos de consumiacuteveis nas amostras revestidas por aspersatildeo
teacutermica com a finalidade de se avaliar tambeacutem o comportamento dos revestimentos
quanto a resistecircncia ao desgaste abrasivo utilizando-se os ensaios de resistecircncia ao desgaste
Materiais e Meacutetodos 80
Gustavo Portela de Deus
e de dureza nos dois tipos de consumiacuteveis Levando-se em consideraccedilatildeo principalmente o
custo do revestimento
Os corpos-de-prova que foram revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica tipo
LVOF foram executados na empresa Ogramac Nordeste situada no Distrito Industrial de
Suape em Ipojuca-PE
3224 - Areia
A areia utilizada no ensaio de abrasatildeo para constataccedilatildeo da perda de massa foi a
areia quartzosa industrial com granulometria de 40 a 60 mesh fornecida pela empresa
Sand SL Comeacutercio de Mineacuterio LTDA de Satildeo Carlos-SP Esta areia foi submetida a um
sistema de peneiramento de modo a adequar a sua granulometria agraves dimensotildees
especificadas pela norma ASTM G65-91 que estabelece um percentual de 5 de maacutexima
retenccedilatildeo na peneira de 50 mesh e de 90 de miacutenimo na peneira de 60 mesh
323 - Equipamentos
3231 - Equipamento de Soldagem
Foi utilizado um transformador de solda de fabricaccedilatildeo bambozzi modelo TDC 460
E com as seguintes caracteriacutesticas teacutecnicas Corrente maacutexima de solda de 430 A trifaacutesico
com tensatildeo de alimentaccedilatildeo de 380V potecircncia nominal de 208 kVA frequumlecircncia de
5060Hz caracteriacutesticas de soldagem DC e dimensotildees (AxLxC) de 480x555x665
3232 - Sistema de Peneiramento da Areia
A maacutequina utilizada para peneirar a areia no ensaio de abrasatildeo por roda de
borracha foi desenvolvida e construiacuteda no Departamento de Engenharia de Materiais da
Materiais e Meacutetodos 81
Gustavo Portela de Deus
Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar Eacute constituiacuteda de duas peneiras superpostas
com malhas de 50 e 70 meshs segundo a AFS fixadas em uma estrutura de accedilo que sofre
movimento vibratoacuterio promovido por um motor de frac14 de HP em cujo eixo estaacute afixada
uma peccedila assimeacutetrica para provocar um efeito excecircntrico na rotaccedilatildeo e consequumlente
vibraccedilatildeo como mostra a Figura 33
Figura 33 - Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo
3233 Abrasocircmetro
O abrasocircmetro utilizado no ensaio de abrasatildeo por perda de massa tambeacutem foi
desenvolvido e construiacutedo nos laboratoacuterios do Departamento de Engenharia de Materiais
da Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar segundo a norma ASTM G65-91 Esta
norma determina que seja feita uma calibraccedilatildeo do abrasocircmetro de modo que o mesmo
possa ser utilizado de forma confiaacutevel assegurando as mesmas condiccedilotildees e
reprodutividade dos ensaios de perda de volume
Materiais e Meacutetodos 82
Gustavo Portela de Deus
O anel de borracha eacute constituiacutedo de clorobutil com diacircmetro externo inicial de
2286 mm e espessura de 127 mm com dureza variando entre 59 e 60 shore A A
excentricidade do anel natildeo deve exceder a toleracircncia de 005 mm Com este diacircmetro
especificado e para um nuacutemero total de 6000 rotaccedilotildees o comprimento linear de realizaccedilatildeo
do ensaio eacute de 4309 m Agrave medida que a roda se desgasta deve-se ajustar a perda de
volume (PV) como prevecirc a norma O fluxo de areia recomendado eacute de 300 gmin a 400
gmin que deveraacute escoar pelo bocal de alimentaccedilatildeo de forma regular e contiacutenua como
mostra a Figura 34
Faz parte da constituiccedilatildeo do abrasocircmetro um contador digital do nuacutemero de voltas
efetuadas pela roda de borracha ateacute o limite estabelecido de 6000 rotaccedilotildees em que o
mesmo deveraacute provocar o desligamento automaacutetico Possui ainda um sistema de alarme
com paracircmetros de limites de rotaccedilotildees por min de miacutenimo 190rpm e de maacuteximo 210 rpm
e tendo como rotaccedilatildeo referecircncia 200 rpm (BRANDIM 1998)
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha
Materiais e Meacutetodos 83
Gustavo Portela de Deus
3234 - Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos-de-Prova
Os corpos-de-prova revestidos pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
foram retificados e cortados em uma retificadora plana longitudinal de fabricaccedilatildeo Mello
SA Maacutequinas e Equipamentos modelo RPT 2 maacutequina nordm 192 ano 1983 nos laboratoacuterios
de usinagem do CEFET ndash PI com refrigeraccedilatildeo na aacuterea de corte atraveacutes de fluido especial
emulsionaacutevel em aacutegua e tendo como ferramenta de corte um disco abrasivo de alta rotaccedilatildeo
(6000 rpm) e elevada dureza da ordem de 70 HRC fornecido pela empresa Arotec
modelo AA 5
Anteriormente ao corte das amostras nas dimensotildees especificadas pela norma
ASTM G65-91 os corpos de prova passaram por um processo de retificaccedilatildeo com o
objetivo de reparar possiacuteveis deformaccedilotildees e melhorar o acabamento das amostras
As medidas de massa dos corpos de prova para determinaccedilatildeo da massa antes e
depois do ensaio de abrasatildeo por roda de borracha foram efetuadas em uma balanccedila de
precisatildeo analiacutetica marca Marte modelo AS 2000C com capacidade de pesagem maacutexima
de 2000g e miacutenima de 05g erro de 01g e sensibilidade de 001g
3235 - Durocircmetro
As medidas de dureza foram efetuadas em um durocircmetro marca Sussen Wolpert
tipo Testor HT1 maacutequina Nordm 333 ano 1971 em escala Rockwell C com carga de 150 kgf
como mostra a Figura 35 pertencente ao laboratoacuterio do DEMa da Universidade Federal de
Satildeo Carlos (UFSCar)
Materiais e Meacutetodos 84
Gustavo Portela de Deus
Figura 35 - Durocircmetro
3236 - Microscopia Oacutetica
As anaacutelises e imagens de microscopia oacutetica foram realizadas no microscoacutepio oacutetico
de marca NIKKON EPIPHOT ndash DX com conversor de sinais da Hitach modelo com
aumento maacuteximo de 1000 vezes Para obtenccedilatildeo das fotos das microestruturas utilizou-se
um analisador de imagens
33 - Sequumlecircncia Experimental
Apoacutes os procedimentos convencionais de preparaccedilatildeo das amostras nas trecircs
condiccedilotildees que seratildeo avaliadas ou seja soldadas revestidas superficialmente por aspersatildeo
teacutermica e na condiccedilatildeo normal ou comercialmente encontradas estas amostras ou corpos-
de-prova passaram agrave fase experimental
Materiais e Meacutetodos 85
Gustavo Portela de Deus
Os experimentos tiveram como finalidade inicial avaliar o desempenho quanto agrave
resistecircncia agrave abrasatildeo dos corpos-de-prova quando submetidos aos processos de
revestimento superficial pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Tais experimentos se basearam principalmente em anaacutelises microscoacutepicas por meio
de microscopia oacutetica resistecircncia agrave abrasatildeo pelo ensaio da roda de borracha e pela anaacutelise
do niacutevel de dureza adquirida atraveacutes do durocircmetro
Depois de computados os resultados obtidos nos ensaios tecnoloacutegicos nas trecircs
avaliaccedilotildees diferentes microscopia dureza e resistecircncia agrave abrasatildeo partiu-se para a anaacutelise
matemaacutetica atraveacutes das meacutedias em funccedilatildeo de resultados diferentes obtidos nos ensaios em
pontos diferentes das amostras
34 ndash Meacutetodos
341 - Planejamento Experimental
3411 - Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo a Baixa Tensatildeo ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram preparados e ensaiados segundo os procedimentos da
norma ASTM G65-91 (1991) no abrasocircmetro similar ao apresentado na figura A forccedila
exercida pelo corpo de prova sobre a roda foi de 130 N A rotaccedilatildeo da roda de borracha foi
mantida em mais ou menos 200 rpm com variaccedilotildees para mais e para menos de 10 rpm
quando em movimento e sob pressatildeo de ensaio Empregou-se para a contagem do nuacutemero
de giros da roda de borracha um sensor indutivo O nuacutemero total de rotaccedilotildees da roda para
interrupccedilatildeo automaacutetica do ensaio foi preacute-fixado em 6000 rotaccedilotildees Para a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha quando se fez necessaacuterio utilizou-se uma lixa de
granulometria 320 mantendo-se o braccedilo da alavanca do equipamento livre de qualquer
Materiais e Meacutetodos 86
Gustavo Portela de Deus
carga para evitar qualquer pressatildeo sobre a roda e proporcionar uma folga suficiente para a
introduccedilatildeo da lixa entre a roda e a amostra O fluxo de areia foi mantido dentro dos limites
da norma ASTM G65-91 (1991) tendo variado entre 350 e 360 gramasminuto
Os ensaios foram realizados com a roda de borracha girando no mesmo sentido da
direccedilatildeo de soldagem empregado Apoacutes o ensaio de cada lote realizou-se a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha As perdas de massa e de volume conforme a norma ASTM
G65-91 (1991) quando satildeo determinadas em uma roda de borracha com diacircmetro externo
diferente de 2286 mm devem ser corrigidas linearmente pela relaccedilatildeo perda de volume
(PV) x 2286 mmdiacircmetro da roda no final do ensaio tendo sido empregada quando
necessaacuterio esta correccedilatildeo (BRANDIM 1998)
3412 Microscopia Oacutetica
As amostras revestidas por aspersatildeo teacutermica LVOF dos tipos P e M e soldadas
foram analisadas no microscoacutepio oacutetico com aproximaccedilatildeo de 50X 100X 200X e 500X
3413 Ensaio de Dureza
Para a determinaccedilatildeo da dureza foi utilizado o meacutetodo Rockwell C com carga de
150 kgf Antes de efetuar as medidas foi realizada a afericcedilatildeo do aparelho ou durocircmetro
por meio da utilizaccedilatildeo de corpos-de-prova de dureza padronizada Cada corpo-de-prova foi
submetido a no miacutenimo trecircs medidas de dureza em pontos diferentes da superfiacutecie
Capiacutetulo 4
Resultados e Discussatildeo
Resultados e Discussatildeo 88
Gustavo Portela de Deus
4 - Resultados e Discussatildeo
41 - Introduccedilatildeo
Por meio dos ensaios jaacute efetuados e comentados no capiacutetulo anterior e utilizando-
se a metodologia descrita inicialmente seratildeo representados os resultados de afericcedilatildeo e
qualificaccedilatildeo do abrasocircmetro realizados segundo a norma ASTM G65-91(1991)
Procedimento A resistecircncia ao desgaste resultados dos ensaios de dureza e anaacutelises
quiacutemicas de microscopia oacutetica e terminando com as discussotildees que se fizeram relevantes
dos resultados obtidos
411 - Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho
Foram levantados dados estatiacutesticos do rendimento apresentado pelos elementos de
penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios no que concerne agrave vida uacutetil
proporcionada pelos diversos produtos apresentados no mercado bem como a qualidade
destes materiais no que diz respeito a constituiccedilatildeo da liga tratamentos teacutermicos efetuados
e revestimento superficial em peccedilas novas ou recuperadas na forma de endurecimento com
a finalidade de elevar a resistecircncia ao desgaste
No levantamento de dados e de informaccedilotildees foram considerados os rendimentos
obtidos pelas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios quando
utilizadas na sua forma original ou seja de acordo com a forma comercial fornecida por
parte dos fabricantes Foi considerada a vida uacutetil atingida com a ferramenta quando
utilizada na sua forma comercial bem como quando aplicado seu revestimento especiacutefico
Resultados e Discussatildeo 89
Gustavo Portela de Deus
Foram confeccionados corpos de prova seguindo a norma especiacutefica para
revestimentos duros ou seja ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram revestidos por soldagem de revestimento utilizando
eletrodos com as seguintes caracteriacutesticas eletrodo baacutesico que apresenta depoacutesitos de
carbonetos complexos de Cr Mo Nb W e V indicado para revestimentos duros contra
abrasatildeo severa erosatildeo e cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo BOHLER THYSSEN WELDING Tipo
UTP 713 desenvolvimento especial com concentraccedilatildeo de elementos na seguinte
composiccedilatildeo C - 4 Cr - 235 Mo ndash 65 Nb ndash 60 W ndash 08 e V ndash 09 com uma
dureza esperada de 65HRc
Foram tambeacutem revestidos pelo processo de revestimento superficial por aspersatildeo
teacutermica do tipo LVOF
Durante o desenvolvimento do projeto foram determinadas as perdas de massa
bem como de espessura dos elementos objeto do estudo antes e depois de revestidos pelos
processos de recobrimento por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Os corpos-de-prova foram ensaiados para anaacutelise de resistecircncia ao desgaste
abrasivo por meio do abrasocircmetro de roda de borracha que foi construiacutedo pelos alunos
mestrandos em engenharia de materiais da Universidade Federal de Satildeo Carlos UFSCar na
aacuterea especiacutefica triboloacutegica seguindo as recomendaccedilotildees da norma ASTM G65-91
Foram executados estudos comparativos de rendimento e viabilidade econocircmica
quando comparadas estas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios
utilizadas na sua forma comercial bem como quando revestidas pelos processos de
endurecimento superficial por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 90
Gustavo Portela de Deus
42 - Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM
G65-91 Procedimento A
De acordo com esta norma o abrasocircmetro deveraacute antes da realizaccedilatildeo dos ensaios
de desgaste ser aferido Para tanto utilizou-se um accedilo ABNT 1015 para a determinaccedilatildeo do
coeficiente de variaccedilatildeo dos resultados obtidos com o ensaio de desgaste visando agrave
verificaccedilatildeo da dispersatildeo dos valores e da reprodutibilidade do equipamento A conversatildeo eacute
feita pela seguinte equaccedilatildeo
1000sup3)(
)(sup3)( x
cmg
gPMmmPV
Onde PV (mmsup3) = Perda de volume PM (g) = Perda de Massa e = (gmmsup3)
densidade do material
Segundo o apecircndice A da norma ASTM G65-91 o desvio padratildeo S a ser calculado
eacute obtido com o auxiacutelio da tabela 41 da referida norma para a obtenccedilatildeo do valor de d2 que
eacute dependente do nuacutemero de corpos-de-prova utilizados no ensaio de desgaste por abrasatildeo
Entatildeo a partir do desvio padratildeo da diferenccedila entre a maior perda de volume e a menor
perda de volume calcula-se o coeficiente de variaccedilatildeo (V) Tem-se entatildeo
Como o valor obtido neste processo de afericcedilatildeo foi inferior ao limite de 7
estabelecido pela norma ASTM G65-91(1991) fica assegurada a confiabilidade dos
resultados obtidos com o abrasocircmetro Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave
baixa tensatildeo realizada com accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilatildeo do
abrasocircmetro
Resultados e Discussatildeo 91
Gustavo Portela de Deus
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com
o accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro
Corpos-de-prova
Massa (g)
PV (cm3) M
i
M
f
Δ
M
01
1
128910
1
125017
0
3893
4
95924
02
1
129257
1
125721
0
3536
4
50446
03
1
077076
1
073516
0
3560
4
53503
04
1
093156
1
089095
0
4061
5
17325
05
1
077034
1
073005
0
4029
5
13248
Total
4
9
Onde Mi = Massa do corpo de prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo de prova depois do ensaio
ΔM = Diferenccedila de massa antes e apoacutes o ensaio
PV = Perda de volume
43 - Resistecircncia ao Desgaste
Resultados e Discussatildeo 92
Gustavo Portela de Deus
A anaacutelise da resistecircncia ao desgaste eacute feita pela comparaccedilatildeo com um material de
referecircncia Neste estudo foi utilizado o proacuteprio material constituinte das unhas da caccedilamba
de uma paacute carregadeira articulada de rodas Para a visualizaccedilatildeo geral dos materiais
envolvidos neste trabalho eacute apresentada na figura 41 uma comparaccedilatildeo da perda de
volume no qual os valores satildeo as meacutedias de todos os ensaios realizados
Na primeira imagem eacute representada a amostra que foi revestida pelo processo de
soldagem em que fica demonstrada a menor perda de massa em funccedilatildeo do consumiacutevel
utilizado no processo que possuiacutea uma grande concentraccedilatildeo de elementos de liga que
propiciam elevada resistecircncia ao desgaste
Na segunda imagem temos a representaccedilatildeo de uma amostra revestida pelo processo
de aspersatildeo teacutermica por LVOF em que tambeacutem fica demonstrada uma elevada resistecircncia
ao desgaste abrasivo embora de menor intensidade que na soldagem que admitimos ter
ocorrido em funccedilatildeo do procedimento utilizado no ensaio ldquoprocedimento Ardquo natildeo ser
recomendado a tal amostra por se tratar de revestimento de espessura pequena da ordem
de 05mm o que eacute considerada pequena para tal ensaio Quando o revestimento eacute de
pequena espessura o procedimento recomendado pela norma G65-91 eacute o ldquoprocedimento
Crdquo em que se utiliza uma menor carga como tambeacutem um nuacutemero menor de revoluccedilotildees
Na terceira imagem temos a representaccedilatildeo da amostra de referecircncia ou seja
retirada da proacutepria unha da caccedilamba da paacute carregadeira de rodas em que fica demonstrada
uma boa resistecircncia agrave abrasatildeo em funccedilatildeo da mesma ter sido constituiacuteda de accedilo carbono
1045 temperado que apresenta uma boa resistecircncia ao desgaste
Resultados e Discussatildeo 93
Gustavo Portela de Deus
Figura 41 - Imagens de corpos-de-prova desgastados no ensaio por abrasatildeo
Os dados coletados para a anaacutelise do desgaste abrasivo por meio do abrasocircmetro
estatildeo quantificados e apresentados na Tabela 42 com as perdas de massa correspondentes
a cada uma das amostras analisadas Na Figura 42 mostra o graacutefico da perda de massa
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste
Amostra Mi (g) Mf (g)
PM
(g)
PV
(mmsup3)
PVCorrigido
(mmsup3)
Metal
de
base
A1 9136 9044 092
45 45
A2 9050 8962 088
A3 10022 9914 108
Valor meacutedio 096
Aspersatildeo
teacutermica
A1 9219 9211 008
20 20
A2 9006 8997 009
A3 9107 9097 010
Valor meacutedio 009
Revestimentos
soldados
A1 18651 18638 013
12 12
A2 15647 15640 007
Resultados e Discussatildeo 94
Gustavo Portela de Deus
A3 14422 14414 008
Valor meacutedio 009
Onde Mi = Massa do corpo-de-prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo-de-prova depois do ensaio
PM = Perda de massa do corpo-de-prova apoacutes o ensaio
0
10
20
30
40
50
60
PV (mmsup3)
Accedilo ABNT
1015
Accedilo ABNT
1045
temperado
Aspersatildeo
teacutermica
Amostra
soldada em
laboratoacuterio
Corpos-de-prova
Perda de Volume Meacutedio (mmsup3)
Perda de Volume (mmsup3) Perda de Volume Corregido (mmsup3)
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos-de-prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo
44 - Dureza
Nos resultados dos valores meacutedios de dureza apresentados na Tabela 43 e na
Figura 43 natildeo se nota grandes dispersotildees dos resultados para os corpos-de-prova quando
se analisa entre os mesmos materiais e nem quando se compara os revestimentos obtidos
por teacutecnicas diferentes no caso por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 95
Gustavo Portela de Deus
Alguns valores de dureza apresentaram discrepacircncia em relaccedilatildeo aos
valores meacutedios que foram atribuiacutedos serem decorrentes do ponto em que o
indentador foi posicionado
O corpo-de-prova utilizado como referecircncia apresentou um bom
resultado de dureza visto que a sua microestrutura eacute constituiacuteda de
martensita
Tabela 43 - Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo
Amostra
HRc
(150kg)
Valor meacutedio
final Dureza
HRc
Metal de base
P1 46
45 P2 48
P3 43
Aspersatildeo
teacutermica
P1 53
54 P2 52
P3 56
Revestimentos
soldados
P1 52
53 P2 48
P3 59
Resultados e Discussatildeo 96
Gustavo Portela de Deus
40
42
44
46
48
50
52
54
Dureza (HRc -
150kg)
Metal de base Aspersatildeo
teacutermica
Soldados
Amostras revestidas
Dureza Meacutedia Final
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados
45 - Microdureza
Amostra M
0
200
400
600
800
1000
1200
30 90 180 330 450 600 750
Distacircncia (Mm)
Dur
eza
(200
gf)
Figura 44 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M
Resultados e Discussatildeo 97
Gustavo Portela de Deus
Amostra P
0
200
400
600
800
1000
1200
30 160 310 460 610 670 730
Distacircncia (microm)
Dure
za H
V (2
00g
f)
Figura 45 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P
46 - Anaacutelise Microestrutural
A anaacutelise microestrutural foi realizada para todos os corpos-de-prova estudados
nesse trabalho utilizando a teacutecnica de Microscopia oacutetica
461- Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente
Os corpos-de-prova aspergidos termicamente apresentaram as microestruturas
conforme mostram as Figuras 46 47 e 48 Nessas pode-se observar uma quantidade
significativa de poros de tamanhos variados principalmente na interface entre a camada
aspergida e o substrato em destaque na Figura 46 A formaccedilatildeo desses poros eacute decorrente
da reaccedilatildeo com gases durante o processo de aspersatildeo e a atmosfera em contato com o
material enquanto liacutequido
Resultados e Discussatildeo 98
Gustavo Portela de Deus
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 50X
Figura 47 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 100X
Interface substratocamada
Linha de poros
Resultados e Discussatildeo 99
Gustavo Portela de Deus
Figura 48 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente
possam ser os carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X
462 Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem
Os corpos-de-prova soldados apresentaram microestrutura euteacutetica com intensa
quantidade de carbetos de cromo complexos do tipo M7C3 conforme mostram as Figuras
49 e 410 Isto se deve principalmente pela composiccedilatildeo quiacutemica do eletrodo utilizado
onde apresentou C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09 com dureza de
65HRC
Estes elementos quando participam da constituiccedilatildeo da liga adicionam e melhoram
algumas propriedades mecacircnicas dos materiais tais como
a) Carbono (C) ndash Na composiccedilatildeo de accedilos modernos destinados agrave cutelaria
quer sejam aqueles classificados como carbono ou os ditos inoxidaacuteveis
dificilmente poderaacute existir menos do que 06 de Carbono pois este eacute o
Resultados e Discussatildeo 100
Gustavo Portela de Deus
principal elemento que apoacutes a adequada tecircmpera concederaacute dureza agrave
peccedila
b) Cromo (Cr) ndash O cromo estimula a formaccedilatildeo de carbonetos aumentando a
resistecircncia ao desgaste bem como a temperabilidade aos accedilos reduz a
velocidade criacutetica de resfriamento de modo que a tecircmpera de accedilos com
teores elevados de cromo seja feita preferencialmente ao oacuteleo ou ao ar A
adiccedilatildeo de cromo torna mais fina a granulaccedilatildeo dos accedilos aumentando
desse modo a sua resistecircncia
c) Molibdecircnio (Mo) ndash Influencia favoravelmente a dureza a resistecircncia a
quente a fluecircncia e a temperatura de crescimento de gratildeo de austenita
aleacutem de melhorar a penetraccedilatildeo da tecircmpera nos accedilos Eacute largamente
empregado no accedilos de construccedilatildeo mecacircnica para beneficiamento pois
forma partiacuteculas resistentes a abrasatildeo e evita a fragilidade de
revenimento O molibdecircnio natildeo eacute empregado sozinho pois apresenta
uma tendecircncia de diminuir a tenacidade dos accedilos
d) Nioacutebio (Nb) ndash Tem alta afinidade por carbono e nitrogecircnio formando
carbonetos e carbonitretos Melhora a soldabilidade a tenacidade e a
comformabilidade o que levou a ciecircncia moderna a busca de
alternativas que aumentassem a resistecircncia mecacircnica do accedilo sem alterar
as outras propriedades desejaacuteveis
e) Tungstecircnio (W) ndash Forma carbonetos muito duros tendo como
consequumlecircncia influecircncia nas propriedades com aumento da dureza
aumento da resistecircncia agrave traccedilatildeo resistecircncia agrave corrosatildeo e a erosatildeo
f) Vanaacutedio (V) ndash Eleva a temperatura de crescimento do gratildeo da austenita
promovendo o refino do gratildeo Eacute excelente desoxidante A adiccedilatildeo de
Resultados e Discussatildeo 101
Gustavo Portela de Deus
vanaacutedio confere aos accedilos uma insensibilidade ao super-aquecimento
melhorando suas caracteriacutesticas de forjamento e usinagem O emprego de
teores elevados de vanaacutedio deve ser acompanhado por um aumento do
teor de carbono devido agrave formaccedilatildeo de carbonetos
g) Siliacutecio (Si) ndash Auxilia na desoxidaccedilatildeo auxilia na grafitizaccedilatildeo aumenta a
fluidez como influecircncia na estrutura Aumenta a resistecircncia agrave oxidaccedilatildeo
com temperaturas elevadas melhoria da temperabilidade e da resistecircncia
a traccedilatildeo influenciando nas propriedades
h) Boro (B) ndash Os accedilos ao boro compreedem uma famiacutelia com propriedades
especiais devendo ser tratados como uma classe agrave parte O boro quando
adicionado em pequenas quantidades melhora a temperabilidade do accedilo
diminui a tendecircncia a triancas de tecircmpera distorccedilotildees durante o
tratamento teacutermico e melhora as propriedades de conformaccedilatildeo mecacircnica
Os accedilos ao boro natildeo satildeo empregados soacute onde se exijam especificaccedilotildees
severas de temperabilidade mas tambeacutem onde se necessite de
caracteriacutesticas uniformes de tratamento teacutermico de usinabilidade
soldagem e conformaccedilatildeo O percentual de boro adicionado aos accedilos pode
variar desde 00005 quando se deseja obter efeitos de temperabilidade
a ateacute 00015 quando se obtecircm a melhor combinaccedilatildeo de resistecircncia e
tenacidade nos accedilos
i) Niacutequel (Ni) ndash Refina o gratildeo diminui a velocidade de transformaccedilatildeo na
estrutura do accedilo Influecia nas propriedades com o aumento da
resistecircncia a traccedilatildeo e com a alta ductilidade
Resultados e Discussatildeo 102
Gustavo Portela de Deus
Figura 49 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X
Resultados e Discussatildeo 103
Gustavo Portela de Deus
Figura 410 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do
tipo M7C3 Ataque colorido 500X
Os corpos de prova estudados e que foram revestidos pelo processo de soldagem de
revestimento foram incluiacutedos no diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C apresentado na Figura
411 Observou-se que todas as amostras estatildeo enquadradas na regiatildeo hipereuteacutetica
Resultados e Discussatildeo 104
Gustavo Portela de Deus
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C
As amostras das Figuras 49 e 410 apresentam uma microestrutura com euteacutetico e
perfis alongados de tonalidade clara representando os carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 e ainda pontos claros representativos dos elementos constituintes da liga de
composiccedilatildeo do eletrodo bem como os carbonetos de cromo que natildeo se desenvolveram
Os perfis representativos dos carbonetos de complexos de cromo M7C3 de forma
alongada conferem ao revestimento uma dureza elevada que favorece a uma maior
resistecircncia ao desgaste abrasivo poreacutem da mesma forma que elevam esta resistecircncia ao
desgaste favorece tambeacutem o aparecimento de trincas que podem acelerar o processo
abrasivo em funccedilatildeo de permitir a penetraccedilatildeo do gratildeo abrasivo entre as frestas dessas
trincas
Resultados e Discussatildeo 105
Gustavo Portela de Deus
463 Resultados
Apresentar uma anaacutelise comparativa de rendimento entre as ferramentas de
penetraccedilatildeo no solo para equipamentos rodoviaacuterios encontrados no mercado consumidor e
destas mesmas ferramentas revestidas superficialmente pelos processos de endurecimento
superficial por soldagem com a utilizaccedilatildeo de eletrodos revestidos e pela teacutecnica de
revestimento LVOF
Nas anaacutelises econocircmicas efetuadas se constatou que o custo para se revestir as
unhas das caccedilambas da paacute carregadeira utilizando como base a peccedila original isto eacute antes
da mesma ser colocada em operaccedilatildeo eacute compatiacutevel com o custo benefiacutecio de se substituir a
mesma unha apoacutes o seu desgaste natural Baseado no preposto e considerando o tempo
desperdiccedilado para a substituiccedilatildeo do elemento consideramos economicamente viaacutevel se
revestir unhas de caccedilamba na condiccedilatildeo nova adquirida no mercado
Capiacutetulo 5
Conclusotildees e Sugestotildees
Conclusotildees 107
Gustavo Portela de Deus
5 ndash Conclusotildees
ndash Os materiais revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica apresentaram uma
superfiacutecie mais uniforme e de melhor aparecircncia
ndash Como determinadas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios natildeo requerem uma usinagem posterior para acabamento como retificaccedilatildeo os
processos por aspersatildeo em determinadas situaccedilotildees satildeo industrialmente mais eficientes
que os processos por soldagem
ndash A perda de volume constatada nos dois processos envolvidos na anaacutelise no
quesito correspondente agrave resistecircncia ao desgaste por aspersatildeo e por soldagem natildeo se
tornou fator determinante na opccedilatildeo de escolha do processo mais eficiente em funccedilatildeo do
procedimento utilizado no ensaio de desgaste por abrasatildeo
- As amostras revestidas pelo processo de soldagem com eletrodo revestido
apresentaram trincas em diversos pontos da estrutura em funccedilatildeo do aparecimento dos
elementos de segunda fase
ndash Ainda natildeo se recomenda revestir ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de
equipamentos rodoviaacuterios que estatildeo sujeitos a grandes impactos pelo processo de aspersatildeo
teacutermica em funccedilatildeo dos revestimentos por aspersatildeo natildeo resistirem ao impacto que tambeacutem
vem a ser uma caracteriacutestica dos dentes de caccedilamba de paacutes carregadeiras que sofrem
desgaste por goivagem
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DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho aos meus pais Joatildeo de Deus e Maria das Graccedilas
que tanto nos incentivaram para galgarmos tatildeo elevado passo agrave minha esposa
Janaiacutena aos meus filhos Victoria e Joatildeo Gustavo que tanto contribuiacuteram de
forma direta e indireta estimulando e dando forccedilas quando estas se fizeram
necessaacuterias
Desejo ainda compartilhar os eventuais meacuteritos do trabalho com meus
irmatildeos pelos esforccedilos despendidos por todos quando por mim foram solicitados
AGRADECIMENTOS
Ao Prof Dr Clodomiro Alves Juacutenior pela sua valiosa orientaccedilatildeo apoio e confianccedila em
mim depositados durante a realizaccedilatildeo deste trabalho de pesquisa
Ao Prof Dr Ayrton de Saacute Brandim pelo estiacutemulo dedicaccedilatildeo e apoio que sempre forneceu
quando solicitado durante o desenvolvimento deste trabalho
Aos professores do Departamento de Engenharia de Materiais da UFRN pelo apoio e
colaboraccedilatildeo durante a fase de estudos interdisciplinares
Agrave Paulo Roberto Rebelo Lages pela fundamental ajuda no desenvolvimento deste
trabalho
Aos colegas mestrandos em Engenharia de Materiais por terem compartilhado conosco os
obstaacuteculos e gloacuterias durante o periacuteodo de desenvolvimento do Mestrado
Agrave Ogramac ndash Induacutestria e Comeacutercio Ltda pela valiosa colaboraccedilatildeo nos revestimentos das
amostras pelo processo de aspersatildeo teacutermica
A Engincom Induacutestria e Comeacutercio Ltda pela valiosa colaboraccedilatildeo nos revestimentos das
amostras pelo processo de soldagem
Aos colegas do CEFET-PI pelo apoio e disponibilidade
Ao Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Piauiacute ndash CEFET-PI por nos fornecer esta
possibilidade de desenvolver este trabalho de pesquisa cientiacutefica especialmente na pessoa
do Sr Diretor Geral Francisco das Chagas Santana que natildeo mediu esforccedilos para nos
atender nesta contenda
RESUMO
O objetivo principal do trabalho eacute analisar a resistecircncia ao desgaste abrasivo agrave baixa
tensatildeo dos elementos que compotildeem os oacutergatildeos de maacutequinas rodoviaacuterias que estatildeo expostos
diretamente ao contato com abrasivos Estas anaacutelises foram efetuadas apoacutes estes elementos
serem revestidos superficialmente pelo processo de soldagem com eletrodo revestido (SAER)
manual e pelo processo de revestimento por aspersatildeo teacutermica tipo LVOF Como tambeacutem visa
apresentar sugestotildees para um melhor aproveitamento e rendimento destes elementos quais
sejam diminuindo custos e evitando paralisaccedilotildees nas frentes de serviccedilo Os corpos-de-prova
foram confeccionados a partir de um substrato de accedilo carbono ABNT 1045 temperado
seguindo as mesmas especificaccedilotildees e composiccedilotildees dos metais constituintes das ligas e foi
seguida a norma que regulamenta as dimensotildees destas amostras e de acordo com a grandeza
correspondente Os resultados foram avaliados por meio de ensaios de dureza resistecircncia ao
desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo e pela perda de volume associando a microestrutura dos
revestimentos analisados
Palavras-chave Desgaste abrasivo soldagem de revestimento e aspersatildeo teacutermica
ABSTRACT
The main objective is to analyze the abrasive wear resistance to the low stress of the
elements that make up the organs of road machinery that are exposed directly to contact with
abrasives These samples were analyzed after these elements are coated superficially by the
process of welding electrode coated with (SAER) and the manual process of coating type
LVOF thermal spraying As well is to provide suggestions for a better recovery and return of
these elements which are reducing costs and avoiding downtime in the fronts of service The
samples were made from a substrate of carbon ABNT 1045 tempered steel following the
same specifications and composition of metals and alloys of constituents was followed the
standard governing the dimensions of these samples and in accordance with the corresponding
size The results were evaluated by testing the hardness abrasion resistance to wear by the low
stress and the loss of volume involving the microstructure of coatings analyzed
Keywords Wear abrasive welding hardfacing and thermal spraying
SUMAacuteRIO
1 ndash Introduccedilatildeo 14
2 ndash Revisatildeo Bibliograacutefica 19
21 ndash Tipos de Desgaste21
22 ndash Desgaste por Abrasatildeo21
23 ndash Tipos de Processos Abrasivos22
24 ndash Tipos de Abrasatildeo24
241 ndash Goivagem24
242 ndash Abrasatildeo por Alta Pressatildeo25
243 ndash Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Pressatildeo26
2431 ndash Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo27
2432 ndash Consideraccedilotildees Sobre os Abrasivos29
2433 ndash Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo29
24331 ndash Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo31
25 ndash Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste Abrasivo32
251 ndash Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo34
252 ndash Carga Aplicada35
253 ndash Influecircncia da Dureza38
254 ndash Influecircncia da Temperatura39
26 ndash Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste40
27 ndash Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste44
28 ndash Revestimentos Superficiais45
281 ndash Aspersatildeo Teacutermica46
2811 ndash Processos50
28111 ndash Processos por Combustatildeo50
281111 ndash Arames e Varetas51
281112 ndash Poacute51
28112 ndash Detonaccedilatildeo54
28113 ndash Processos Eleacutetricos55
281131 ndash Arco Eleacutetrico55
281132 ndash Arco Plasma Natildeo-Transferido56
281133 ndash Arco Plasma Transferido58
2812 ndash Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie58
2813 ndash Limpeza e Manuseio59
28131 ndash Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes59
2814 ndash Criaccedilatildeo de Rugosidade60
282 ndash Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste60
2821 ndash Recobrimento Duro61
2822 ndash Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro61
2823 ndash Seleccedilatildeo do Material para o Recobrimento Duro64
2824 ndash Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento64
29 ndash Tipos de Revestimento65
291 ndash Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro65
292 ndash Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies66
3 ndash Materiais e Meacutetodos69
31 ndash Fluxograma de Desenvolvimento Experimental69
32 ndash Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no solo de Equipamentos
Rodoviaacuterios70
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos72
3211 ndash Revestimento Duro por Processo de Soldagem72
3212 ndash Revestimento Superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF74
3213 ndash HVOF (High Velocity Oxigen Fuel) helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip74
3214 ndash LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray-Poacute helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip76
3215 ndash LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray-Arame helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip76
322 ndash Materiais77
3221 ndash Material de Referecircncia77
3222 ndash Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo77
3223 ndash Consumiacuteveis Utilizados78
3224 ndash Areia79
323 ndash Equipamentos79
3231 ndash Equipamento de Soldagem79
3232 ndash Sistema de Peneiramento da Areia79
3233 ndash Abrasocircmetro80
3234 ndash Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos de Prova82
3235 ndash Durocircmetro82
3236 ndash Microscopia Oacutetica83
33 ndash Sequumlecircncia Experimental83
34 ndash Meacutetodos84
341 ndash Planejamento Experimental84
3411 ndash Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo agrave Baixa Tensatildeo ASTM G65-9184
3412 ndash Microscopia Oacutetica85
3413 ndash Ensaio de Dureza85
4 ndash Resultados e Discussotildees 87
41 ndash Introduccedilatildeo87
411 ndash Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho87
42 ndash Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM G65-91
Procedimento A89
43 ndash Resistecircncia ao Desgaste90
44 ndash Dureza93
45 ndash Microdureza 95
46 ndash Anaacutelise Microestrutural96
461 ndash Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente96
462 ndash Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem 98
463 ndash Resultados 103
5 ndash Conclusotildees105
Referecircncias 107
LISTA DE FIGURAS
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e dentes desgastados 20
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e cantos desgastados 20
Figura 23 ndash Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste 22
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos23
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos24
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste35
Figura 27 ndash Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo37
Figura 28 ndash Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste39
Figura 29 ndash Efeito da temperatura no desgaste abrasivo40
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato46
Figura 211 ndash Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido48
Figura 212 ndash Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas49
Figura 213 ndash Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo50
Figura 214 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama50
Figura 215 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama53
Figura 216 ndash Esquemaacutetica de tocha de detonaccedilatildeo55
Figura 217 ndash Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico56
Figura 218 ndash Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma57
Figura 31 ndash Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira70
Figura 32 ndash Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira71
Figura 33 ndash Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo80
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha81
Figura 35 ndash Durocircmetro83
Figura 41 ndash Imagens de corpos de prova desgastados no ensaio de abrasatildeo91
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos de prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo93
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados94
Figura 44 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M95
Figura 45 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P95
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 50X96
Figura 47 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 100X97
Figura 48 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente possam ser os
carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X97
Figura 49 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X100
Figura 410 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 500X101
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C102
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica49
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor51
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro66
Tabela 24 ndash Guia para seleccedilatildeo de ligas para recobrimento duro71
Tabela 25 ndash Vantagens e desvantagens dos processos para revestimentos de superfiacutecies75
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com o
accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro94
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste95
Tabela 43 ndash Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo97
LISTA DE ABREVIATURAS E SIacuteMBOLOS
Capiacutetulo 1
Introduccedilatildeo
Introduccedilatildeo 14
Gustavo Portela de Deus
1 ndash INTRODUCcedilAtildeO
O elevado desgaste de material dos elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios eacute provocado essencialmente pelo tipo de terreno mineral presente resistecircncia
litoloacutegica e em funccedilatildeo das intempeacuteries do tempo principalmente da umidade e da
temperatura
O rendimento apresentado por esses elementos e a vida uacutetil oferecida estatildeo
relacionados agrave composiccedilatildeo da liga constituinte do material dos processos de tratamento
teacutermico a que foram submetidos como tambeacutem de operaccedilotildees efetuadas devida ou
indevidamente pelo operador do equipamento rodoviaacuterio
Os elementos fundidos laminados e forjados que compotildeem o conjunto de
componentes de penetraccedilatildeo no solo sofrem de forma direta a influecircncia do desgaste abrasivo
Desgaste este que participa em determinadas situaccedilotildees com ateacute 85 (oitenta e cinco por
cento) do custo de manutenccedilatildeo dos equipamentos rodoviaacuterios na forma rotineira (BATISTA
NASCIMENTO et al 1999) Estes elementos em funccedilatildeo de serem solicitados de forma
intensa ou intermitente satildeo consumidos ao longo do tempo Fazendo agraves vezes paradas
bruscas e inesperadas nas frentes de trabalho ocasionando portanto elevaccedilatildeo nos custos de
produccedilatildeo
O desgaste em componentes vitais de maacutequinas e equipamentos rodoviaacuterios ocorre de
vaacuterias formas diferentes como por deslizamento por rolamento por abrasatildeo por erosatildeo por
impacto por corrosatildeo e por choque teacutermico Jaacute se tratando de elementos de penetraccedilatildeo no
solo a perda de massa desses elementos eacute provocada quase que exclusivamente pelo desgaste
abrasivo a baixa tensatildeo que eacute provocado pelo proacuteprio material ou carga a que o equipamento
Introduccedilatildeo 15
Gustavo Portela de Deus
seraacute solicitado pelo contato com esse material e pelo movimento relativo entre as partes
envolvidas no sistema Uma maneira de identificaccedilatildeo do desgaste abrasivo agrave baixa tensatildeo eacute
pela observaccedilatildeo da superfiacutecie a ser analisada se a mesma apresenta corte riscamento ou
penetraccedilatildeo de material (GREGOLIN1990)
Com o intuito de elevar a vida uacutetil das ferramentas de penetraccedilatildeo e corte nos solos e
substratos rochosos as grandes empresas fabricantes e montadoras de equipamentos
rodoviaacuterios ou de terraplenagem vecircm aprimorando e desenvolvendo bem como exigindo de
seus fornecedores ferramentas com caracteriacutesticas fiacutesicas e mecacircnicas mais resistentes ao
desgaste abrasivo e ainda desenvolvendo peccedilas e ferramentas de faacutecil substituiccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo e jaacute projetadas para receber recobrimentos de manutenccedilatildeo tais como
Bordas soldaacuteveis de meia seta ndash que tecircm como finalidade
proteger a estrutura da caccedilamba por meio do acreacutescimo de material de desgaste
agrave borda da base
Reforccedilos de canto soldaacuteveis ndash utilizados para proteger o canto
externo inferior de todos os tipos de caccedilambas
Bloco de desgaste de ldquoFerro Brancordquo ndash uma liga de alto teor de
cromo denominada ldquoFerro Brancordquo eacute caldeada a uma chapa de reforccedilo de accedilo
doce que por sua vez pode ser soldada (solda tampatildeo) com um eletrodo de
vareta a uma caccedilamba armaccedilatildeo de lacircmina ou a qualquer parte onde instalaccedilatildeo
raacutepida de baixo custo e proteccedilatildeo contra abrasatildeo satildeo requeridos
Outras soluccedilotildees desenvolvidas e aplicadas como alternativa agrave proteccedilatildeo contra o
desgaste satildeo
Introduccedilatildeo 16
Gustavo Portela de Deus
Sistema de chapa de desgaste fixada mecanicamente em que
fornece um meio faacutecil de instalaccedilatildeo e remoccedilatildeo evitando assim longas
paradas para manutenccedilatildeo
Barras de desgaste para lacircminas
As barras de desgaste fornecem proteccedilatildeo adicional para a lacircmina em aplicaccedilotildees
altamente abrasivas onde se constata uma vida uacutetil mais curta do revestimento As barras de
desgaste de lacircminas satildeo projetadas para serem soldadas sobre o revestimento normal
(superfiacutecie de desgaste) da lacircmina
Considerando-se ainda que por meio dos processos de fabricaccedilatildeo convencionais e na
composiccedilatildeo de ligas praticamente jaacute foi esgotada a possibilidade de desenvolvimento de
materiais mais resistentes ao desgaste abrasivo a soluccedilatildeo que se busca atualmente eacute o
desenvolvimento de teacutecnicas de endurecimento ou revestimento superficial que tornem esses
elementos mais resistentes ao desgaste abrasivo tais como soldagem cladding
eletrodeposiccedilatildeo Deposiccedilatildeo Fiacutesica de Vapor ndash DFV (PVD) ( BARREIRA LIMA et al 2001)
Deposiccedilatildeo Quiacutemica de Vapor ndash DQV (CVD) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem
se desenvolvido ultimamente ( LIMA SOUZA et al 2001)
A busca de informaccedilotildees contidas neste estudo visa avaliar e pesquisar por meio de
anaacutelise de diferentes ensaios tecnoloacutegicos o melhoramento dos materiais quanto a sua
resistecircncia ao desgaste abrasivo quando os mesmos estatildeo em contato direto com o solo com a
finalidade de obter materiais mais resistentes ao ataque destes elementos abrasivos aleacutem de
contribuir com o desenvolvimento de produtos de qualidade superior agraves dos produtos
oferecidos atualmente pelo mercado
Foi analisada a viabilidade econocircmica com a introduccedilatildeo de novas teacutecnicas de
revestimento como LVOF e revestimento por soldagem Tambeacutem foram utilizados como
Introduccedilatildeo 17
Gustavo Portela de Deus
elementos de estudo dentes de caccedilambas suportes elos segmentados de esteiras e unhas de
80escarificadores de maacutequinas rodoviaacuterias
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo que foram utilizados como referecircncia na inspeccedilatildeo
e estudo durante o desenvolvimento deste projeto satildeo utilizados de forma intensa e ou
intermitente em maacutequinas rodoviaacuterias do tipo moto- niveladoras tratores de esteiras tratores
escavo-carregadores de pneus retroescavadeiras e escavadeiras hidraacuteulicas de esteiras
Capiacutetulo 2
Revisatildeo Bibliograacutefica
Revisatildeo Bibliograacutefica 19
Gustavo Portela de Deus
2 - Revisatildeo Bibliograacutefica
Tribologia eacute definida como a ciecircncia e tecnologia da interaccedilatildeo entre superfiacutecies em
movimento relativo e das praacuteticas relacionadas A palavra eacute derivada das palavras gregas
TRIBOS que significa atrito e LOGOS que significa estudo de forma que uma traduccedilatildeo
literal significa estudo do atrito ou a ciecircncia que estuda o atrito (STOETERAU 2001)
A tribologia envolve a investigaccedilatildeo cientiacutefica de todos os tipos de fricccedilatildeo
lubrificaccedilatildeo e desgaste e tambeacutem as aplicaccedilotildees teacutecnicas do conhecimento triboloacutegico
(STOETERAU2001) Especificamente em estudo o desgaste eacute a perda progressiva de
mateacuteria da superfiacutecie de um corpo soacutelido devido ao contato e movimento relativo com um
outro corpo soacutelido liacutequido ou gasoso (STOETERAU PASCOALI 2001)
O desgaste de componentes e equipamentos industriais rodoviaacuterios e de outros
tipos de atividades produtivas representa um grande fator de depreciaccedilatildeo de capital de
equipamento e fonte de despesas com manutenccedilatildeo e reposiccedilatildeo de componentes mecacircnicos
As Figuras de 21 a 24 mostram componentes de estruturas de maacutequinas de terraplenagem
desgastadas pelos efeitos da abrasatildeo no processo triboloacutegico
Sobre os custos de produccedilatildeo estes se tornam mais elevados em decorrecircncia da
reposiccedilatildeo das peccedilas desgastadas ou deterioradas e da matildeo-de-obra para substituiccedilatildeo aleacutem
do tempo parado dos equipamentos que deixam de produzir Muitas vezes exige ainda o
superdimensionamento de componentes influindo ou limitando na produccedilatildeo dos
equipamentos ou ainda provocando a paralisaccedilatildeo destes Estes fatores influem
significativamente na elevaccedilatildeo dos custos e no rendimento de produccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 20
Gustavo Portela de Deus
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircmina e dentes desgastados
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircminas e cantos desgastados
ldquoDe acordo com Hawk et al (1999) o desgaste eacute um dos maiores problemas que
aparecem em escavaccedilotildees nas movimentaccedilotildees de terras mineraccedilotildees e processamentos de
minerais nas induacutestrias ocorrendo em uma grande variedade de equipamentos como nas
lacircminas de remover terra dos tratores que fazem por exemplo a terraplenagem em
britadeiras dentes escavadores lacircminas de escoamento etc O desgaste de peccedilas os custos
com o reparo e com a substituiccedilatildeo destas peccedilas significam elevadiacutessimos gastos para as
empresasrdquo
Revisatildeo Bibliograacutefica 21
Gustavo Portela de Deus
21 Tipos de Desgaste
Os principais tipos de desgaste observados nos componentes mecacircnicos satildeo por
(GREGOLIN RIBEIRO et al 1990)
Abrasatildeo ndash ocasionado por partiacuteculas abrasivas (duras) sob tensatildeo
deslocando-se sobre a superfiacutecie
Erosatildeo ndash devido ao choque contra a superfiacutecie de partiacuteculas soacutelidas ou gotas
liacutequidas presentes em correntes de fluidos
Cavitaccedilatildeo ndash associado agrave formaccedilatildeo e implosatildeo de bolhas gasosas em
correntes de fluidos na interface liacutequidondashmetal devido agrave variaccedilatildeo suacutebita de pressatildeo
ao longo do percurso
Adesatildeo ou fricccedilatildeo ndash resultante da fabricaccedilatildeo metalndashmetal quando
superfiacutecies aacutesperas deslizam entre si
Corrosatildeo ndash quando envolve a ocorrecircncia de reaccedilotildees quiacutemicas superficiais no
material aleacutem das accedilotildees mecacircnicas de desgaste
Impacto ndash ocasionado por choques ou cargas aplicadas verticalmente sobre a
superfiacutecie
22 Desgaste por Abrasatildeo
Desgaste por abrasatildeo ou desgaste abrasivo eacute a retirada de material causada pela
presenccedila de partiacuteculas duras As partiacuteculas duras podem estar aprisionadas na interface
entre as duas superfiacutecies em movimento relativo ou serem as protuberacircncias que fazem
parte da rugosidade de uma das superfiacutecies Acompanhada de forte pressatildeo ocasionada por
deslocamento ou por amassamento a retirada do metal Tais abrasivos podem ser
Revisatildeo Bibliograacutefica 22
Gustavo Portela de Deus
representados por vegetais ou minerais (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
A Figura 25 apresenta os percentuais de contribuiccedilatildeo do desgaste abrasivo em
relaccedilatildeo aos demais tipos de desgastes Neste pode-se observar que o desgaste abrasivo eacute o
de maior representatividade nas estruturas mecacircnicas de maacutequinas e equipamentos
chegando a contribuir de forma geneacuterica com 50 em relaccedilatildeo aos demais desgastes
revelando a importacircncia de tal desgaste
Figura 23 - Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste
23 Tipos de Processos Abrasivos
Abrasatildeo a dois corpos
De acordo com Souza (2002) quando uma ou mais partiacuteculas de elevada dureza
satildeo atritadas contra uma superfiacutecie sulcando-a ou escavando-a devido agrave forccedila normal
aplicada tem-se o desgaste abrasivo de dois corpos
importacircncia do desgaste abrasivo
diversos
14
quiacutemico
5
fretting
8
erosatildeo
8
adesivo
15
abrasivo
50
Revisatildeo Bibliograacutefica 23
Gustavo Portela de Deus
Abrasatildeo a trecircs corpos
Quando estas partiacuteculas satildeo aprisionadas entre duas superfiacutecies que deslizam entre
si pode ocorrer o chamado desgaste abrasivo de trecircs corpos As Figuras 26 e 27 mostram
as representaccedilotildees de formas de desgaste abrasivo a dois corpos e a trecircs corpos
respectivamente
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos
Revisatildeo Bibliograacutefica 24
Gustavo Portela de Deus
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos
Em relaccedilatildeo ao desgaste abrasivo eacute interessante ressaltar que embora a partiacutecula
abrasiva seja mais dura que a superfiacutecie a ser desgastada esta natildeo eacute uma condiccedilatildeo para se
classificar o desgaste como abrasivo (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr)
24 Tipos de Abrasatildeo
241 Goivagem
Eacute o desgaste provocado por partiacuteculas grandes e grosseiras principalmente dotadas
de regiotildees pontiagudas cortantes com dureza maior do que a parte metaacutelica que estaacute sendo
desgastada Pode acontecer quando haacute um contato entre as partes com pressotildees mais ou
menos violentas e repetitivas
Revisatildeo Bibliograacutefica 25
Gustavo Portela de Deus
Um exemplo tiacutepico de abrasatildeo por goivagem eacute representado em dentes de caccedilambas
de maacutequinas que operam em serviccedilos de terraplenagem onde ocorre deslocamento de
cargas como pedra e areia Esses materiais abrasivos em geral de grandes dimensotildees e
dotados de regiotildees pontiagudas sob condiccedilotildees de altas tensotildees e envolvendo impacto satildeo
fatores que propiciam a penetraccedilatildeo mais profunda do abrasivo na superfiacutecie provocando
desgastes com a formaccedilatildeo de sulcos profundos Os accedilos austeniacuteticos ao manganecircs satildeo em
geral as ligas preferidas para combater este tipo de desgaste (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
242 Abrasatildeo por Alta Pressatildeo
Eacute o desgaste que ocorre entre partiacuteculas abrasivas e o metal ocasionando o
esmagamento do abrasivo ou natildeo A prensagem da partiacutecula contra o metal pode ser
exercida por pressotildees fortes ou meacutedias que provocam a formaccedilatildeo de superfiacutecies de
pequenos fragmentos
As partiacuteculas abrasivas podem ser classificadas quanto agraves suas dimensotildees e satildeo
consideradas meacutedias quando inferiores a 5 cm ou pequenas quando menores do que 1cm
As partiacuteculas meacutedias podem exercer a accedilatildeo abrasiva superficial arrancando fragmentos do
metal enquanto as partiacuteculas pequenas por sua vez provocam o desgaste
A constituiccedilatildeo do metal influi na forma ou resposta do desgaste provocado Se for
duacutectil teraacute uma abrasatildeo que tira cavacos se eacute fraacutegil ou se torne fraacutegil haveraacute um
deslocamento superficial de pequenos fragmentos Eacute normal que ocasionalmente poderatildeo
ocorrer as duas modalidades ao mesmo tempo Exemplos das partes sujeitas ao desgaste
por abrasatildeo satildeo caccedilambas de escavaccedilatildeo ou carga lacircminas de motoniveladoras e arados
raspadores
Revisatildeo Bibliograacutefica 26
Gustavo Portela de Deus
Eacute o tipo de desgaste onde o material abrasivo eacute fragmentado durante o contato
abrasivo com a superfiacutecie desgastada As tensotildees envolvidas satildeo portanto superiores agrave
tensatildeo de fragmentaccedilatildeo do abrasivo promovendo ainda maior penetraccedilatildeo do abrasivo na
superfiacutecie maior deformaccedilatildeo plaacutestica das fases duacutecteis e fratura das fases fraacutegeis presentes
no material Tipicamente esta forma de abrasatildeo ocorre em equipamentos de moagem de
mineacuterios que envolvem partiacuteculas de pequeno tamanho em mancais contaminados com
areia etc Para prevenir este tipo de abrasatildeo normalmente empregam-se materiais do tipo
ferros fundidos ou accedilo ndash ligas que possuem maior tenacidade (BATISTA NASCIMENTO
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243 - Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Tensatildeo
Tipo de abrasatildeo na qual a superfiacutecie penetrante eacute riscada pelo material abrasivo em
decorrecircncia de sua dureza e resistecircncia oferecida e do proacuteprio stress do metal constituinte
dos componentes dos equipamentos em decorrecircncia de seu uso que ao penetrar na
superfiacutecie promove a remoccedilatildeo de material As tensotildees impostas sobre as partiacuteculas
abrasivas satildeo inferiores agrave tensatildeo necessaacuteria para a fragmentaccedilatildeo destas principalmente
tratando-se de aacutereas de domiacutenio do embasamento cristalino ou com predominacircncia de
rochas iacutegneas eou metamoacuterficas que no Nordeste apresentam pouco desenvolvimento do
solo
Tais condiccedilotildees imprimem nas ferramentas de penetraccedilatildeo esforccedilos mais abrasivos
em decorrecircncia de essas rochas se apresentarem pouco alteradas e com elevado grau de
resistecircncia em relaccedilatildeo a outros tipos de solo encontrados em outros ambientes geoloacutegicos
Tal como a abrasatildeo agrave baixa pressatildeo que ocorre na superfiacutecie dos componentes de
equipamentos que direta ou indiretamente manuseiam terras areias cascalhos piccedilarras
rochas ou mineacuterios tais como maacutequinas agriacutecolas equipamentos de escavaccedilatildeo e transporte
Revisatildeo Bibliograacutefica 27
Gustavo Portela de Deus
utilizados na induacutestria da construccedilatildeo civil principalmente das atividades ligadas agrave
construccedilatildeo recuperaccedilatildeo e pavimentaccedilatildeo de estradas e dos setores de mineraccedilatildeo
sideruacutergicas etc Com a finalidade de prevenir a ocorrecircncia destes tipos de desgastes
empregam-se normalmente ferros fundidos com alto teor de carbono (martensiacuteticos ou
austeniacuteticos) agraves vezes contendo outros elementos de liga aleacutem de ligas de cobalto ndash
tungstecircnio ndash carbono
2431 - Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo
Normalmente eacute sabido que partiacuteculas de grande tamanho provocam desgaste por
abrasatildeo acompanhado de impacto isto leva a ter-se um desgaste acentuado que na
verdade foi muito mais por impacto que por abrasatildeo
Partiacuteculas meacutedias dependendo da dureza e do formato satildeo menos agressivas
poreacutem partiacuteculas finas satildeo mais abrasivas ocasionando abrasatildeo muito incidente Como
exemplo pode-se citar o cimento talco xistos e outros que satildeo compostos de partiacuteculas
finas e altamente abrasivas Eacute claro que a dureza destas partiacuteculas tambeacutem eacute significativa
A forma dos materiais abrasivos varia desde arredondados ateacute acircngulos vivos
Os minerais mais duros possuem formaccedilotildees agudas enquanto que em
contraposiccedilatildeo os mais duacutecteis apresentam formaccedilotildees arredondadas Quanto mais agudas
forem as arestas maior seraacute a accedilatildeo abrasiva No caso de impactos ou pressotildees fortes as
formas agudas podem penetrar no metal provocando um desgaste por ldquogoivagemrdquo ou
fratura da peccedila A dureza de uma liga metaacutelica eacute de grande importacircncia na resistecircncia
oposta a uma accedilatildeo abrasiva As maiores durezas correspondem a resistecircncias maiores
Os abrasivos menos duros teratildeo accedilatildeo menos violenta Com referecircncia agraves ligas
metaacutelicas satildeo encontradas com facilidade tabelas de dureza das vaacuterias alternativas e
Revisatildeo Bibliograacutefica 28
Gustavo Portela de Deus
tambeacutem as diversas escalas de durezas com referecircncia aos abrasivos quando eacute possiacutevel
conjugar proteccedilotildees atraveacutes de adiccedilotildees de peliacuteculas metaacutelicas com finalidade de melhor
proteger a peccedila em accedilatildeo de trabalho
Quando eacute possiacutevel unir uma maior dureza com uma granulaccedilatildeo adequada seratildeo
atingidos os mais elevados iacutendices de resistecircncia agrave abrasatildeo Para proteger as peccedilas dos
equipamentos contra a abrasatildeo eacute importante preparar a superfiacutecie do metal procurando
deixaacute-la a mais lisa possiacutevel sem protuberacircncias ou rugosidades pois a abrasatildeo eacute iniciada
preferencialmente nestas regiotildees Ligas constituiacutedas de alto teor de carbeto de tungstecircnio e
de cromo aleacutem da elevada dureza apresentam depoacutesitos lisos e brilhantes compatiacuteveis
com estas caracteriacutesticas mencionadas Eacute natural que quanto maior a velocidade e a
frequumlecircncia do contato da partiacutecula com o metal maior seraacute a accedilatildeo abrasiva e
consequumlentemente o desgaste das peccedilas Os tamanhos dos gratildeos tambeacutem satildeo importantes
pois quanto menor forem mais a superfiacutecie seraacute desgastada (BATISTANASCIMENTO
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Baseado nas consideraccedilotildees acima os principais fatores que afetam o desgaste por
abrasatildeo satildeo as caracteriacutesticas dos abrasivos associados aos fatores externos que atuam
sobre a superfiacutecie do componente Assim podem-se listar os seguintes fatores
a) Tamanho da partiacutecula (grossa fina ou meacutedia)
b) Formato da partiacutecula (angulares ou redondas)
c) Dureza da partiacutecula
d) Dureza do metal base
e) Acabamento do metal base
f) Velocidade e frequumlecircncia do contato entre a partiacutecula abrasiva e o metal base
g) Tamanho de gratildeo da estrutura do metal base
Revisatildeo Bibliograacutefica 29
Gustavo Portela de Deus
h) Acircngulo de incidecircncia da partiacutecula do metal base
i) Stress do metal constituinte das peccedilas de equipamentos pelo uso
2432 - Consideraccedilotildees sobre os Abrasivos
As rochas satildeo constituiacutedas por um agregado de minerais cujos constituintes mais
comuns satildeo os minerais de quartzo feldspato mica e outros ricos em silicatos de alumiacutenio
e magneacutesio muitos dos quais de elevada dureza Ex granitos areia basalto folhelhos
xistos filitos gnaises etc
Os carbonatos satildeo os principais constituintes dos calcaacuterios e margas e
normalmente compotildeem parte dos pacotes sedimentares das formaccedilotildees geoloacutegicas das
bacias sedimentares e satildeo considerados produtos macios Entretanto comumente estes
pacotes encontram-se alternados com outros de arenitos siltitos e folhelhos
Os mineacuterios satildeo compostos de oacutexidos carbonetos e sulfetos Os oacutexidos satildeo
geralmente duros (bauxita hematita) enquanto que os sulfetos satildeo geralmente macios
(galena ou sulfetos de chumbo) As rochas combustiacuteveis (hulha turfa) e os fosfatos contecircm
proporccedilotildees mais ou menos elevadas de siacutelica e alumina
Para amenizar os gastos com o desgaste abrasivo partiu-se para o desenvolvimento
de materiais com maiores resistecircncias ao desgaste Assim vaacuterias pesquisas nesta aacuterea
triboloacutegica comeccedilaram a ser desenvolvidas em cima dos diversos tipos de materiais
existentes (FUSSEacute et al)
2433 Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ser classificado como de dois ou trecircs corpos Na abrasatildeo
de dois corpos as partiacuteculas abrasivas satildeo movidas livremente sobre a superfiacutecie do
Revisatildeo Bibliograacutefica 30
Gustavo Portela de Deus
material como areia em uma calha No desgaste abrasivo de trecircs corpos as partiacuteculas
abrasivas agem como elementos de interface entre o corpo soacutelido e o contra-corpo O
desgaste quando envolve trecircs corpos eacute cerca de duas a trecircs vezes menor do que quando
envolve dois corpos Pois no caso de trecircs corpos devido agrave variaccedilatildeo no acircngulo de ataque
apenas uma pequena porccedilatildeo das partiacuteculas causa desgaste (GAHR 1987)
De acordo com Briscoe amp Adams (1987) o crucial para todos os mecanismos de
desgaste abrasivo ou outros eacute conhecer o caminho ou seja a direccedilatildeo na qual o material se
deforma sob a aspereza penetrante ou a partiacutecula dura que entra em contato com o material
Com o intuito de predizer se uma deformaccedilatildeo eacute elaacutestica ou plaacutestica Fusse et al
apud Halliday (1995) apud Briscoe amp Adams (1995) mostrou que o maacuteximo acircngulo de
uma aspereza a qual se torna plaacutestica eacute dado por
tan θlim = K(HE)(1-ν2)
Onde
ldquoHrdquo eacute o entalherecorte da dureza
ldquoErdquo eacute o moacutedulo de Young
ldquoνrdquo eacute o coeficiente de Poisson
K=08 para a plasticidade parcial ou 2 para a plasticidade cheiainteira
Revisatildeo Bibliograacutefica 31
Gustavo Portela de Deus
24331 Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ocorrer em baixo ou alto niacutevel dependendo da razatildeo
entre a dureza da partiacutecula e da superfiacutecie O desgaste abrasivo estaacute relacionado a alguns
mecanismos dentre eles os principais satildeo
Microcorte ndash Deformaccedilatildeo plaacutestica sem perda de mateacuteria gerando um sulco
com consequumlente formaccedilatildeo de acuacutemulos frontais e laterais da mateacuteria
movimentada
Microssulcamento ndash Formaccedilatildeo de micro-cavacos sem deformaccedilatildeo plaacutestica
lateral
Microlascamento ndash Formaccedilatildeo de detritos devido agrave formaccedilatildeo e interaccedilatildeo de
fissuras Este tipo de mecanismo acontece quando as tensotildees impostas
superam as tensotildees criacuteticas para a formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas sendo
restrita aos materiais fraacutegeis
Satildeo diversas as nomenclaturas utilizadas para estes mecanismos de desgaste na literatura
podem ser encontradas denominaccedilotildees tais como microusinagem riscagem descamaccedilatildeo
microtrincamento microfadiga que satildeo tentativas de aproximar melhor o significado dos
mecanismos que estatildeo sendo observados nos experimentos (GAHR 1987)
Microssulcamento e microcorte satildeo mecanismos dominantes em materiais mais
duacutecteis A ocorrecircncia de um deles vai depender do acircngulo de ataque das partiacuteculas
abrasivas O microcorte ocorre a partir de um acircngulo de ataque criacutetico Este acircngulo de
ataque criacutetico eacute funccedilatildeo do material que estaacute sendo desgastado e das condiccedilotildees de teste A
transiccedilatildeo do mecanismo de microssulcamento para microcorte depende tambeacutem do
coeficiente de atrito Normalmente o mecanismo passa do microssulcamento para
Revisatildeo Bibliograacutefica 32
Gustavo Portela de Deus
microcorte com o aumento da dureza do material que estaacute sendo desgastado Aumentos
ainda maiores de dureza resultam na passagem de microcorte para microtrincamento
(GAHR 1987)
O microtrincamento pode ocorrer quando satildeo impostas grandes tensotildees sobre as
partiacuteculas abrasivas particularmente em superfiacutecies de materiais fraacutegeis Neste caso
grande quantidade de detrito eacute retirada da superfiacutecie devido agrave formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de
trinca
Partiacuteculas de menor ou igual dureza que a superfiacutecie tambeacutem podem desgastaacute-la O
ataque das partiacuteculas macias pode resultar em deformaccedilatildeo elaacutestica e plaacutestica fadiga de
superfiacutecie e a superfiacutecie ficar severamente danificada (GAHR 1987)
25 - Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste
Abrasivo
Segundo Mondal et al (1998) a taxa de desgaste abrasivo e os mecanismos de
desgaste podem ser influenciados por vaacuterios fatores como o tamanho do gratildeo abrasivo a
carga aplicada a dureza dos materiais utilizados e a tenacidade da fratura
Ainda de acordo com Souza (2002) uma grande variedade de paracircmetros influencia
os mecanismos de desgaste no geral sendo que os principais satildeo
Paracircmetros de Material
Composiccedilatildeo
Tamanho do gratildeo
Moacutedulo de elasticidade
Condutividade teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 33
Gustavo Portela de Deus
Dureza etc
Paracircmetros de Projetos
Forma
Carregamento
Tipo de movimento
Aspereza
Vibraccedilatildeo
Nuacutemero de ciclos etc
Paracircmetros de Meio Ambiente
Temperatura
Contaminaccedilatildeo
Umidade
Atmosfera etc
Paracircmetros de Lubrificaccedilatildeo
Tipo de lubrificante
Estabilidade de lubrificante
Tipo de fluido
Lubrificaccedilatildeo etc
Presenccedila ou Ausecircncia de Desgaste Interno
Segundo Catai et al de acordo com pesquisadores relatados nos trabalhos de
Mondal et al (1998) embora se diga que a taxa de desgaste depende do tamanho do gratildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 34
Gustavo Portela de Deus
abrasivo existe um valor criacutetico de tamanho de gratildeo abrasivo acima do qual a taxa de
desgaste se torna independente do tamanho do gratildeo Tambeacutem se ressalta que as diferenccedilas
nas durezas entre os dois corpos atritantes influenciam diretamente este tamanho criacutetico do
gratildeo abrasivo
251 - Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo
De acordo com Deuis (1996) o tamanho do gratildeo abrasivo tem uma influecircncia
direta nos mecanismos associados ao desgaste que pode ser caracterizado pela relaccedilatildeo wr
onde ldquowrdquo eacute a espessura da ranhura e ldquorrdquo o raio esfeacuterico do topo da partiacutecula (gratildeo)
Dependendo desta relaccedilatildeo a partiacutecula de gratildeo abrasivo iraacute deformar plasticamente ou
cortar a superfiacutecie Como as partiacuteculas desgastadas tornam-se cegas ou o tamanho da
partiacutecula diminui o mecanismo de desgaste exibe uma transiccedilatildeo do corte para o desgaste
de laminaccedilatildeo
Para ambos os tipos de desgaste abrasivo (dois ou trecircs corpos) um tamanho criacutetico
da partiacutecula abrasiva pode ser observado O desgaste volumeacutetrico aumenta com o aumento
do tamanho do gratildeo abrasivo para esta dimensatildeo criacutetica Nesta dimensatildeo criacutetica tem-se a
maacutexima accedilatildeo abrasiva em termos do tamanho do desgaste produzido
Sobre este valor criacutetico a taxa de desgaste eacute amplamente independente do tamanho
do gratildeo abrasivo A forte diferenccedila entre a dureza das partiacuteculas abrasivas e do material a
ser desgastado influencia esta dimensatildeo criacutetica do gratildeo (DEUIS et al 1996)
Para Deuis et al (1996) a extensatildeo da regiatildeo tensionada plasticamente abaixo da
superfiacutecie depende do tamanho do gratildeo abrasivo e da carga aplicada A profundidade
global da deformaccedilatildeo plaacutestica foi relatada linearmente para a aplicaccedilatildeo de carga e
dimensotildees de gratildeos
Revisatildeo Bibliograacutefica 35
Gustavo Portela de Deus
Salienta-se que no desgaste abrasivo de trecircs corpos a taxa de desgaste eacute menor que
no desgaste abrasivo de dois corpos Ainda segundo o tamanho do gratildeo Al Rubaie et al
(1999) afirmam que a eficiecircncia na remoccedilatildeo do material depende da carga de contato
elaacutestico a qual varia com o tamanho do gratildeo sendo que no caso dos materiais contendo
partiacuteculas reforccediladas a taxa de desgaste eacute influenciada pelo tamanho das partiacuteculas de
reforccedilo A Figura 28 demonstra o quanto o tamanho do gratildeo abrasivo eacute representativo no
desgaste
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste
252 - Carga Aplicada
A carga a ser aplicada sobre os corpos em atrito durante o processo de desgaste
abrasivo tambeacutem eacute um dos fatores que influenciam fortemente as taxas de desgaste no
material
Mondal et al (1998) propotildeem uma foacutermula para quantificar a importacircncia da carga
aplicada no corpo de prova em relaccedilatildeo ao tamanho do gratildeo abrasivo em um desgaste
abrasivo de dois corpos Suas foacutermulas permitem obter as taxas de desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 36
Gustavo Portela de Deus
teoacuterico nos processos de abrasatildeo Foram desenvolvidas foacutermulas por meio de regressotildees
lineares tanto para ligas como para materiais compostos
Segundo este mesmo autor o efeito da carga na taxa de desgaste obtida tanto para
os materiais compostos como para as ligas eacute bem mais severo que o efeito do tamanho dos
gratildeos abrasivos Sendo que em relaccedilatildeo aos materiais por estes testados (ligas e
compoacutesitos) o efeito da carga e do tamanho do abrasivo na taxa de desgaste eacute
relativamente maior no caso dos materiais compostos que nas ligas Poreacutem existem
algumas combinaccedilotildees de tamanhos de gratildeos com quantidade de cargas aplicadas que
podem fazer com que a taxa de desgaste abrasivo seja maior nas ligas que nos materiais
compostos
Ainda de acordo com Mondal et al (1998) a variaccedilatildeo da carga aplicada tem muito
mais influecircncia na taxa de desgaste do material que a variaccedilatildeo do tamanho do gratildeo do
abrasivo do disco A taxa de desgaste na liga eacute muito maior que a taxa de desgaste obtida
para os compostos pois os mesmos possuem maior dureza devido ao oacutexido de alumiacutenio
que foi adicionado na matriz inicial que era uma liga de alumiacutenio
Gant amp Gee (2001) tambeacutem realizaram estudos sobre a influecircncia da variaccedilatildeo da
carga aplicada sobre o corpo-de-prova num desgaste abrasivo de 3 corpos para corpos-de-
prova de ligas Cobalto-Carbeto de Tungstecircnio de elevada dureza e accedilos ultra-raacutepidos
Analisando-se comparativamente os resultados estes concluiacuteram que quanto maior era a
carga aplicada no processo ou seja a carga que foi aplicada forccedilando o corpo-de-prova
contra o disco maiores foram os desgastes volumeacutetricos dos corpos-de-prova Desta
forma ficou evidente que quanto maior for a carga aplicada no processo maiores seratildeo os
desgastes obtidos tanto para as peccedilas (corpos-de-prova) como para as ferramentas (discos
revestidos com carbeto de siliacutecio)
Revisatildeo Bibliograacutefica 37
Gustavo Portela de Deus
Em relaccedilatildeo ao efeito da variaccedilatildeo da carga eou do tamanho do gratildeo abrasivo eacute
importante destacar ainda que um aumento geral na taxa de desgaste eacute observado com o
aumento da carga para um tamanho particular de gratildeo isto eacute devido ao aumento geral da
remoccedilatildeo de material com a carga Quando a carga aplicada eacute menor gratildeos mais grosseiros
entram em contato diretamente com o corpo-de-prova resultando em elevados desgastes
Para gratildeos mais finos sob baixas cargas haacute somente um riscamento pois os menores
gratildeos abrasivos estatildeo em contato elaacutestico com a superfiacutecie de teste e entatildeo suportam a
carga aplicada sem contribuir para a remoccedilatildeo de material (DEGUPTA et al 2001)
Numa anaacutelise geral tem-se que abrasivos com menores gratildeos abrasivos resultam em
elevadas abrasotildees e maiores gratildeos abrasivos resultam em maiores microcortes No
ldquomicrocuttingrdquo maiores quantidades de materiais satildeo perdidas Em altas distacircncias
percorridas a taxa de desgaste aumenta devido ao aparecimento de microfraturas
(DEGUPTA et al 2001)
Figura 27 - Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 38
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253 - Influecircncia da Dureza
Deuis et al (1996) enfatizaram o papel das partiacuteculas da segunda fase provendo
aacutereas localizadas com altas tensotildees de concentraccedilatildeo que influenciaram o fluxo de tensatildeo e
a taxa de desgaste A maior resistecircncia ao desgaste foi obtida em microestruturas finas
com partiacuteculas semi-coerentes dispersas A influecircncia dos carbetos na resistecircncia ao
desgaste depende de sua dureza em relaccedilatildeo agrave dureza da matriz Para materiais
caracterizados de carbetos dispersos em uma matriz macia uma diminuiccedilatildeo no caminho
livre meacutedio pela reduccedilatildeo do tamanho do carbeto resulta em melhores resistecircncias ao
desgaste Uma reduccedilatildeo no tamanho do gratildeo aumenta a dureza e tambeacutem conduz ao
aumento da resistecircncia ao desgaste
Hutchings (1992) descobriu que a dureza do gratildeo abrasivo era 1 2 vez maior que a
da superfiacutecie desgastada Entatildeo o abrasivo meacutedio riscaria a superfiacutecie Deuis et al (1996)
tambeacutem comentaram que a dureza do material determina a profundidade da indentaccedilatildeo das
partiacuteculas abrasivas influenciando na profundidade relativa penetrada onde se esta for
maior que a profundidade de indentaccedilatildeo criacutetica para fratura a taxa de desgaste eacute alta A
Figura 210 mostra o quanto agrave dureza do material abrasivo eacute significativo na anaacutelise do
desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 39
Gustavo Portela de Deus
Figura 28 - Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste
Ainda em relaccedilatildeo agrave influecircncia da dureza no desgaste abrasivo Hawk et al (1999)
fizeram experimentos que comprovaram que haacute uma correlaccedilatildeo direta entre a dureza dos
materiais e o desgaste abrasivo Em suas pesquisas este provou claramente a influecircncia da
dureza do material na perda volumeacutetrica do corpo de prova mostrando que quanto maior a
dureza do material utilizado menor o desgaste abrasivo do corpo de prova em atrito
254 - Influecircncia da Temperatura
Segundo Wu et al (1997) outro fator que afeta diretamente o processo de desgaste
abrasivo de 2 ou 3 corpos eacute a temperatura De acordo com Catai et al por meio da anaacutelise
dos resultados Wu et al verificaram que o desgaste abrasivo ou seja o volume desgastado
do pino eacute maior quando o mesmo acontece na presenccedila de maiores temperaturas pois a
de Siliacutecio
Revisatildeo Bibliograacutefica 40
Gustavo Portela de Deus
elevaccedilatildeo da temperatura facilita o desencadear do mesmo atraveacutes por exemplo da
reduccedilatildeo da dureza dos materiais envolvidos Ressalta-se que nestes ensaios o tempo de
ensaio era sempre constante A Figura 211 mostra o quando o efeito da temperatura incide
sobre o processo de desgaste abrasivo
Figura 29 - Efeito da temperatura no desgaste abrasivo
26 - Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste
Moacutedulo de elasticidade ndash a resistecircncia ao desgaste de metais puros aumenta
diretamente com o moacutedulo de elasticidade Para os accedilos perliacuteticos martensiacuteticos ou
revenidos essa relaccedilatildeo natildeo eacute vaacutelida porque o tratamento teacutermico natildeo afeta o
moacutedulo de elasticidade
Dureza ndash o desgaste de metais puros eacute diretamente proporcional agrave sua
dureza Nas ligas a proporcionalidade eacute vaacutelida ateacute determinado valor da dureza do
Revisatildeo Bibliograacutefica 41
Gustavo Portela de Deus
material a partir do qual a resistecircncia ao desgaste cresce com menor intensidade
podendo ateacute mesmo vir a diminuir apoacutes certo valor
Dureza superficial ndash na superfiacutecie desgastada existe um grau de
encruamento e consequentemente um aumento da dureza no local A resistecircncia agrave
abrasatildeo pode ser considerada como proporcional a essa dureza chamada de dureza
maacutexima
Propriedades de escoamento ndash anaacutelises de tensatildeodeformaccedilatildeo mostraram
que para metais puros tambeacutem vale a relaccedilatildeo
= A ع
Onde
= tensatildeo de escoamento
A = constante
deformaccedilatildeo verdadeira = ع
= coeficiente de encruamento
Estudos mostram que a resistecircncia agrave abrasatildeo eacute proporcional agrave dureza e varia
exponencialmente com a tenacidade De acordo com Batista e Nascimento
(wwwspectrucombr) como o desgaste eacute um fenocircmeno essencialmente superficial
envolvendo a remoccedilatildeo mecacircnica indesejaacutevel de material de superfiacutecies
ldquoAs soluccedilotildees encontradas atraveacutes de solda de
revestimento aspersatildeo teacutermica tipo Hight Velocity Oxi Fuel -
HVOF nitretaccedilatildeo e de outras teacutecnicas originalmente utilizadas
Revisatildeo Bibliograacutefica 42
Gustavo Portela de Deus
tecircm se mostrado altamente valiosas tanto para prevenir como
para minimizar e reparar as diferentes estruturas danificadas
pelos mais diversos tipos de desgaste Em inuacutemeras situaccedilotildees
peccedilas e componentes podem ser fabricados com materiais
convencionais dentro das especificaccedilotildees normais do projeto
Posteriormente pode-se aplicar sobre a superfiacutecie camadas ou
cordotildees de solda com consumiacuteveis adequados deposiccedilatildeo de ligas
metaacutelicas de composiccedilatildeo e constituiccedilatildeo ideal ao favorecimento de
superfiacutecies endurecidas e resistentes a este desgaste A resistecircncia
ao desgaste eacute considerada como parte de um sistema triboloacutegico
sendo muitos os paracircmetros que acabam por influir na taxa de
desgaste incluindo as caracteriacutesticas de projetos condiccedilotildees de
operaccedilatildeo tipo de abrasivo e propriedades do material Nas
propriedades dos materiais as caracteriacutesticas microestruturais
tecircm particular importacircncia tanto nas propriedades mecacircnicas
quanto nas taxas de desgaste Disponibilizado no site
wwwspectrucombr consultado em 23 de abril de 2007rdquo
BATISTA e NASCIMENTO apud Murray (wwwspectrucombr) destacou o
seguinte sobre desgaste abrasivo
ldquoA resistecircncia ao desgaste de accedilos tratados termicamente
para vaacuterios niacuteveis de dureza e tambeacutem de alguns metais puros
Para metais puros a resistecircncia ao desgaste aumenta linearmente
com a dureza Nos materiais ferrosos esta relaccedilatildeo (resistecircncia ao
Revisatildeo Bibliograacutefica 43
Gustavo Portela de Deus
desgaste versus dureza) natildeo eacute simples O aumento no teor de
carbono faz a resistecircncia ao desgaste aumentar Para os accedilos com
a mesma porcentagem de carbono a resistecircncia ao desgaste de
accedilo ligado eacute maior que de um accedilo sem liga mas este aumento eacute
pequeno quando comparado com outro em que aumentou a
porcentagem de carbono A resistecircncia ao desgaste geralmente
aumenta conforme a microestrutura eacute mudada de ferrita para
perlita desta para bainita e finalmente para martensita isto
desde que seja acompanhada de aumento de dureza Entretanto
para um mesmo valor de dureza a estrutura bainiacutetica tem maior
resistecircncia ao desgaste que a martensiacutetica A microestrutura tem
maior influecircncia no desgaste que a dureza da matriz Tem sido
mostrado que a presenccedila de austenita retida tem melhorado a
resistecircncia ao desgaste da martensita revenida A austenita
fornece uma melhor ancoragem aos carbetos ocasionando um
baixo arrancamento do carbeto da matriz austeniacutetica Os carbetos
parecem ser particularmente importantes na resistecircncia agrave
abrasatildeo principalmente em materiais como os accedilos e ferros
fundidos brancos ligados ao cromo A influecircncia desses estaacute
relacionada com sua dureza tamanho e distribuiccedilatildeo Carbetos
duros e finamente dispersos aumentam a resistecircncia ao desgaste
enquanto que os grosseiros diminuem Estruturas deformadas por
trabalho a frio natildeo alteram a resistecircncia ao desgaste enquanto
que o aumento da dureza pelo refinamento dos gratildeos agiria
favoravelmente Existem ainda muitos outros fatores que
Revisatildeo Bibliograacutefica 44
Gustavo Portela de Deus
influenciam a taxa de desgaste como o tamanho da partiacutecula
abrasiva e o coeficiente de atrito Estes trabalhos tecircm
demonstrado que o estudo dos fenocircmenos de desgaste eacute bastante
complexo Na especificaccedilatildeo e normalizaccedilatildeo de ligas para resistir
ao desgaste as maiores dificuldades residem na inexistecircncia de
ensaios padronizados para discriminar os niacuteveis de aceitaccedilatildeo ou
rejeiccedilatildeo conforme as aplicaccedilotildees particulares Estas dificuldades
estatildeo associadas principalmente agrave natureza complexa do
fenocircmeno do desgaste Este aleacutem de envolver a deformaccedilatildeo e
corte superficial por partiacuteculas abrasivas ou o atrito entre
superfiacutecies metaacutelicas muitas vezes ocorre devido a vaacuterios
mecanismos concomitantes de desgaste da superfiacutecie os quais
tambeacutem podem estar associados a outros fenocircmenos de
degradaccedilatildeo tais como impacto corrosatildeo fluecircncia ou fadigardquo
27 - Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr) o teor de carbono
aumenta a resistecircncia ao desgaste dos accedilos perliacuteticos com o aumento do endurecimento Os
carbetos aumentam a resistecircncia ao desgaste com o aumento na quantidade distribuiccedilatildeo
uniforme e forma adequada Natildeo satildeo adequados poreacutem quando existe o choque associado
ao desgaste por abrasatildeo
A martensita natildeo-revenida ou revenida abaixo de 230degC eacute a fase que melhor resiste
ao desgaste na temperatura ambiente Se o revenido for acima de 350degC a perlita apresenta
Revisatildeo Bibliograacutefica 45
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um resultado melhor para a mesma dureza (50 HB) A fase bainiacutetica da mesma dureza e
composiccedilatildeo quiacutemica resiste melhor ao desgaste que uma estrutura martensiacutetica nas nesmas
condiccedilotildees
A perlita aumenta a resistecircncia agrave abrasatildeo com o aumento das colocircnias de perlita e
com a fraccedilatildeo volumeacutetrica de cementita Para a mesma dureza a perlita lamelar resiste
melhor que a esferoidizada A resistecircncia ao desgaste da ferrita aumenta com o aumento
dos carbetos dispersos na matriz Um accedilo austeniacutetico com a mesma fraccedilatildeo de carbetos que
um ferriacutetico resiste melhor ao desgaste
28 - Revestimentos Superficiais
De acordo com Lima et al (2001) uma das mais eficientes e econocircmicas formas
de se adequar peccedilas e componentes de equipamentos industriais a uma aplicaccedilatildeo
especiacutefica tem sido haacute longo tempo a aplicaccedilatildeo de revestimentos Estes vecircm ganhando
evidecircncia ano apoacutes ano em aplicaccedilotildees contra desgaste corrosotildees dentre outras formas
de consumo de massa
Ainda de acordo com Lima et al (2001) apud Tucker et al o uso de
revestimentos duros para melhorar a resistecircncia ao desgaste de componentes mecacircnicos
tecircm sido comum haacute vaacuterias deacutecadas com variadas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo que incluem
soldagem cladding eletrodeposiccedilatildeo PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica de vapor) CVD (deposiccedilatildeo
quiacutemica de vapor) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem se desenvolvido nos
uacuteltimos tempos apresentando-se como alternativa viaacutevel em relaccedilatildeo aos demais
processos comumente utilizados
Revisatildeo Bibliograacutefica 46
Gustavo Portela de Deus
281 - Aspersatildeo Teacutermica
A aspersatildeo teacutermica consiste de um grupo de processos nos quais partiacuteculas
finamente divididas de materiais para revestimentos metaacutelicos ou natildeo- metaacutelicos satildeo
depositadas sobre um substrato devidamente preparado na condiccedilatildeo fundida ou semindash
fundida para formar uma camada superficial como mostra a Figura 212
O calor necessaacuterio para a operaccedilatildeo eacute gerado na tocha de aspersatildeo e pode vir da
queima de um gaacutes combustiacutevel ou da geraccedilatildeo de um arco eleacutetrico As partiacuteculas aquecidas
satildeo aceleradas por um gaacutes comprimido confinadas num feixe e dirigidas ao substrato Ao
se chocarem as partiacuteculas se achatam e formam finas lentes que se conformam e aderem
agraves irregularidades superficiais e entre si Com a continuidade do processo as partiacuteculas se
resfriam formando um revestimento com estrutura lamelar (MARQUES
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Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato
As variaccedilotildees baacutesicas nos processos de aspersatildeo teacutermica se referem ao material a ser
aplicado ao meacutetodo de aquecimento e ao meacutetodo de aceleraccedilatildeo das partiacuteculas em direccedilatildeo
ao substrato Os materiais podem ser fornecidos na forma de vareta arame cordatildeo (tubo
Revisatildeo Bibliograacutefica 47
Gustavo Portela de Deus
de plaacutestico contiacutenuo) e poacute Metais oacutexidos compostos intermetaacutelicos cermets plaacutesticos
orgacircnicos e alguns vidros podem ser depositados por uma ou mais variaccedilotildees de processos
(MARQUES wwwinfosoldacombr)
Os processos de aspersatildeo teacutermica podem ser classificados em dois grupos
baacutesicos dependendo da fonte de calor usada como mostrado na Tabela 21
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica
Combustatildeo Eleacutetrico
Chama Plasma
Detonaccedilatildeo Arco
O sucesso no uso de revestimentos aspergidos termicamente depende basicamente
de sua aplicaccedilatildeo cuidadosa segundo procedimentos bem estabelecidos Qualquer desvio
destes procedimentos leva em geral a resultados natildeo confiaacuteveis Os revestimentos
termicamente aspergidos apresentam trecircs aspectos baacutesicos o substrato a adesatildeo do
revestimento e a estrutura deste (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Os substratos sobre os quais os revestimentos termicamente aspergidos podem ser
aplicados incluem metais oacutexidos ceracircmicos vidros a maioria dos plaacutesticos e madeira
sendo que algumas teacutecnicas especiais podem ser necessaacuterias Nem todos os materiais para
aspersatildeo podem ser aplicados a qualquer tipo de substrato Uma preparaccedilatildeo adequada deste
eacute necessaacuteria antes da aspersatildeo propriamente dita independente do processo a ser usado
Essa preparaccedilatildeo eacute essencialmente a mesma para cada processo a ser usado e consiste de
duas etapas baacutesicas limpeza da superfiacutecie para eliminar contaminantes e obtenccedilatildeo de
rugosidades para aumentar a aacuterea superficial efetiva e melhorar a adesatildeo (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
Revisatildeo Bibliograacutefica 48
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A ligaccedilatildeo ou adesatildeo entre revestimento e substrato pode ser mecacircnica quiacutemica eou
metaluacutergica e eacute influenciada por diversos fatores tais como material do revestimento
condiccedilatildeo do substrato rugosidade limpeza e temperatura da superfiacutecie a ser revestida
antes e durante o processo e velocidade de impacto das partiacuteculas (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
A estrutura e a quiacutemica do depoacutesito aspergido em ar eacute diferente do material no
estado original Estas diferenccedilas satildeo devidas agrave natureza progressiva do revestimento agrave
reaccedilatildeo com gases durante o processo e a atmosfera em contato com o material enquanto
liacutequido Por exemplo quando ar ou oxigecircnio satildeo usados oacutexidos podem ser formados e se
incorporarem ao revestimento Revestimentos metaacutelicos tendem a ser porosos e fraacutegeis
com uma dureza diferente do material original A estrutura de revestimentos na condiccedilatildeo
como aspergidos eacute similar quanto agrave natureza lamelar mas pode exibir diferentes
caracteriacutesticas em funccedilatildeo do processo dos paracircmetros da teacutecnica e do material usado
como mostra a Figura 213 A densidade do depoacutesito varia com a temperatura da fonte de
calor usada e com a velocidade das partiacuteculas no impacto como mostra a Tabela 22 e a
Figura 214 (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 211 - Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido
Revisatildeo Bibliograacutefica 49
Gustavo Portela de Deus
A aplicaccedilatildeo final determina as propriedades necessaacuterias para o revestimento e o
tipo de combustiacutevel e equipamentos necessaacuterios Revestimentos termicamente aspergidos
tecircm sido usados intensamente na fabricaccedilatildeo de componentes nas induacutestrias automotiva de
petroacuteleo eleacutetrica eletrocircnica geraccedilatildeo de energia e particularmente na aeroespacial Em
manutenccedilatildeo milhotildees de doacutelares tecircm sido economizados com o uso da aspersatildeo teacutermica
Tal teacutecnica tem sido usada tanto em oficina como no campo no revestimento de estruturas
e partes de equipamentos com economia de tempo e de recursos (MARQUES
wwwinfosoldacobr )
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor
Fonte Temperatura degC
Propano + oxigecircnio 2640
Gaacutes natural + oxigecircnio 2735
Hidrogecircnio + oxigecircnio 2690
Acetileno + oxigecircnio 3100
Arco eleacutetrico 2200 ndash 8300
Figura 212 Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas
Revisatildeo Bibliograacutefica 50
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2811 - Processos
28111 - Processos por Combustatildeo
Este grupo de processos utiliza o calor gerado pela queima de um gaacutes combustiacutevel
Qualquer substacircncia que se funda e natildeo sublime a temperaturas inferiores a 2760ordmC pode
ser aspergida por este processo como mostram as Figuras 215 e 216 Os materiais
aplicados podem ser metais e ligas na forma de arame cordatildeo ou poacute e ceracircmicos na forma
de vareta cordatildeo ou poacute (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 213 - Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo
Figura 214 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 51
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281111 - Arames e Varetas
O equipamento usado para aplicaccedilatildeo de arames e varetas eacute similar como mostrado
na figura A seccedilatildeo transversal tiacutepica de uma tocha de aspersatildeo com estes processos eacute
mostrada na Figura 216
O material a ser aspergido eacute inserido por roletes alimentadores na parte posterior da
tocha Estes podem ser tracionados por um motor eleacutetrico ou pneumaacutetico ou por uma
turbina a ar O material eacute alimentado por meio de um bocal onde eacute fundido por uma chama
de gaacutes combustiacutevel concecircntrica a este
Os gases combustiacuteveis usados juntamente com o oxigecircnio foram mostrados na
Tabela 22 O acetileno eacute o mais largamente usado por sua maior temperatura de chama
Entretanto em certos casos temperaturas mais baixas satildeo usadas com vantagens
econocircmicas A chama eacute usada apenas para fundir o material Para se obter aspersatildeo um
jato de gaacutes em geral ar comprimido eacute usado para pulverizar o material e acelerar as
partiacuteculas em direccedilatildeo ao substrato Em aplicaccedilotildees especiais um gaacutes inerte pode ser usado
Os roletes de alimentaccedilatildeo devem ser escolhidos e apropriados agrave forma do material a ser
alimentado isto eacute se arame vareta ou cordatildeo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281112 - Poacute
Tochas para aspersatildeo agrave chama com poacute satildeo mais leves e mais compactas que tochas
para outros processos como mostra a Figura 217 Devido agraves menores temperaturas e
velocidades alcanccediladas pelas partiacuteculas os revestimentos obtidos tecircm em geral menor
resistecircncia adesiva ao substrato menor resistecircncia coesiva entre as lamelas e maior
porosidade quando comparados com os depositados por outros processos de aspersatildeo
teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 52
Gustavo Portela de Deus
O material a ser aspergido pode ser um metal puro uma liga metaacutelica um
compoacutesito um carboneto um ceracircmico um cermet ou combinaccedilatildeo destes O processo eacute
geralmente usado para aplicaccedilatildeo de ligas metaacutelicas autofluxadas que devem ser fundidas
apoacutes a aspersatildeo Estes materiais contecircm boro e siliacutecio que servem como agentes fluxantes e
minimizam a oxidaccedilatildeo Sua fusatildeo eou ligaccedilatildeo metaluacutergica a um substrato metaacutelico eacute(satildeo)
obtida(s) aquecendo-se o revestimento ateacute sua temperatura de fusatildeo que em geral eacute
inferior a 1040degC e pode ser feita com o uso de qualquer fonte de calor como uma chama
uma bobina de induccedilatildeo ou um forno Um arco eleacutetrico tambeacutem pode ser usado mas com
certo cuidado para evitar ou minimizar a fusatildeo do substrato
O poacute para aspersatildeo eacute armazenado num recipiente que pode ser parte integrante da
tocha ou ser acoplado a ela Uma pequena quantidade de gaacutes eacute desviada para arrastar o poacute
ateacute o jato da mistura oxigecircniocombustiacutevel em chama quando eacute fundido e acelerado em
relaccedilatildeo ao substrato Um corte transversal de uma tocha tiacutepica para aspersatildeo de poacute por
chama eacute mostrado na Figura 217
Variaccedilotildees do processo de aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama incluem gaacutes comprimido
para alimentaccedilatildeo do poacute na chama jatos adicionais de ar comprimido para acelerar as
partiacuteculas fundidas alimentador de poacute remoto com arraste do poacute para a tocha por um tubo
pressurizado com gaacutes inerte e dispositivos para aceleraccedilatildeo a alta velocidade agrave pressatildeo
atmosfeacuterica Esses refinamentos tendem a aumentar a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute e agraves
vezes a velocidade das partiacuteculas fundidas que aumentam a resistecircncia adesiva e a
densidade do revestimento aspergido
Revestimentos fundidos poacutes-aspersatildeo satildeo densos e relativamente isentos de
porosidade A composiccedilatildeo da liga pode levar a revestimentos com niacuteveis de dureza
Rockwell C superiores a 50 A espessura destes revestimentos eacute limitada agravequelas faixas
Revisatildeo Bibliograacutefica 53
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que podem ser aquecidas ateacute a temperatura de fusatildeo sem descamaccedilatildeo O uso de ligas
autofluxantes eacute limitado a aplicaccedilotildees em que os efeitos da fusatildeo e distorccedilatildeo podem ser
tolerados Revestimentos mais espessos de metais dissimilares podem ser aplicados em
passes muacuteltiplos A superfiacutecie que vai receber o segundo revestimento deve ser limpa de
todos os resiacuteduos de oacutexido apoacutes cada etapa de fusatildeo
Em todos os processos de aspersatildeo teacutermica a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute afeta a
estrutura e a eficiecircncia de deposiccedilatildeo do revestimento Se o material natildeo eacute aquecido
adequadamente a eficiecircncia de deposiccedilatildeo cai rapidamente e o revestimento conteraacute
partiacuteculas natildeo fundidas retidas Se a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute for muito baixa uma certa
quantidade de poacute pode se volatizar resultando em deterioraccedilatildeo do revestimento e elevaccedilatildeo
dos custos Os alimentadores de poacute satildeo compostos por um recipiente e um sistema de
mediccedilatildeo que regula a taxa de alimentaccedilatildeo de material no dispositivo transportador por gaacutes
(MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 215 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute a chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 54
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28112 - Detonaccedilatildeo
A tocha de detonaccedilatildeo eacute diferente de outros equipamentos de aspersatildeo por
combustatildeo Ela utiliza a energia de explosotildees de uma mistura oxigecircnio-acetileno em vez
de uma chama estacionaacuteria para impulsionar o poacute ateacute a superfiacutecie do substrato O depoacutesito
resultante eacute extremamente duro denso fortemente ligado ao substrato
Uma tocha de detonaccedilatildeo mostrada na Figura 218 consiste basicamente de um
tubo comprido no qual eacute introduzida uma mistura de gaacutes combustiacutevel oxigecircnio e poacute
Quando eacute feita a igniccedilatildeo da mistura uma onda de choque controlada aquece e acelera as
partiacuteculas de poacute cuja velocidade de saiacuteda eacute de 760 ms aproximadamente Apoacutes cada
injeccedilatildeo de mistura uma certa quantidade de nitrogecircnio eacute introduzida no tubo para purga
deste Ocorrem vaacuterias detonaccedilotildees por segundo gerando um ruiacutedo da ordem de 150 dB
sendo muitas vezes utilizadas instalaccedilotildees especiais com isolamento acuacutestico para estas
operaccedilotildees
Dentro do tubo temperaturas superiores a 3300degC satildeo atingidas enquanto a
temperatura do substrato deve ser mantida abaixo dos 150degC usando-se dispositivos de
resfriamento se for o caso
A espessura dos revestimentos geralmente situa-se entre 005 e 05mm A
operaccedilatildeo eacute normalmente mecanizada e agraves vezes remotamente controlada Excelente
acabamento pode ser obtido devido agrave baixa porosidade do revestimento (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
Revisatildeo Bibliograacutefica 55
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Figura 216 - Esquemaacutetica de Tocha de detonaccedilatildeo
28113 - Processos Eleacutetricos
281131 - Arco Eleacutetrico
No processo de aspersatildeo a arco eleacutetrico dois arames eletrodos consumiacuteveis satildeo
alimentados de forma a se encontrar em um ponto agrave frente de um jato de gaacutes que serve
para atomizaccedilatildeo Uma diferenccedila de potencial de 18 a 40V eacute estabelecida entre os arames
produzindo um arco eleacutetrico que funde a ponta destes O jato de gaacutes atomizante (em geral
ar comprimido) destaca o material fundido produzindo um jato de gotiacuteculas fundidas que eacute
dirigido ao substrato A Figura 219 mostra um desenho esquemaacutetico de uma tocha para
aspersatildeo a arco
O equipamento baacutesico para este processo consiste de uma fonte de corrente
contiacutenua do tipo tensatildeo constante alimentadores de arame do tipo velocidade constante
tocha de aspersatildeo e um sistema de fornecimento de gaacutes comprimido controlaacutevel Os
arames utilizados satildeo em geral de grande diacircmetro da ordem de 5mm Este processo
experimentou um avanccedilo recente com o desenvolvimento de arames tubulares de
enchimento metaacutelico
Revisatildeo Bibliograacutefica 56
Gustavo Portela de Deus
Figura 217 - Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico
A temperatura do arco eacute consideravelmente maior que o ponto de fusatildeo do material
aspergido de modo que algum superaquecimento e volatizaccedilatildeo podem ocorrer
particularmente na aplicaccedilatildeo de zinco e alumiacutenio A alta temperatura das partiacuteculas pode
produzir zonas de reaccedilatildeo quiacutemica ou difusatildeo ou ambas apoacutes o impacto com o substrato
Estas interaccedilotildees satildeo similares a pequenas soldas a ponto e conferem excelente resistecircncia
de adesatildeo e coesatildeo ao revestimento Este processo apresenta taxas de deposiccedilatildeo mais altas
que outros processos de aspersatildeo Os fatores que influenciam esta taxa satildeo a corrente e a
velocidade de alimentaccedilatildeo de arame que dependem do equipamento usado
O comprimento do arco e o tamanho das gotiacuteculas tendem a aumentar com a
elevaccedilatildeo da diferenccedila de potencial entre os arames Esta deve ser mantida em valores
miacutenimos compatiacuteveis com a estabilidade do arco para se obter revestimentos densos e de
melhor acabamento (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281132 - Arco Plasma natildeo Transferido
O desenvolvimento de turbinas e motores de foguetes tem exigido bom
desempenho de materiais de engenharia em condiccedilotildees cada vez mais severas Para
Revisatildeo Bibliograacutefica 57
Gustavo Portela de Deus
satisfazer estas exigecircncias oacutexidos e carbonetos tecircm sido considerados devendo ser
aplicados por processos de aspersatildeo teacutermica de alta temperatura O processo plasma tem
atendido esta necessidade e levou ao desenvolvimento de uma nova famiacutelia de materiais e
teacutecnicas de aplicaccedilatildeo para uma ampla faixa de aplicaccedilotildees industriais
Na aspersatildeo a plasma Figura 220 o material eacute aplicado a partir de um poacute
Aplicaccedilatildeo a partir de arames tem sido desenvolvida mais recentemente Neste processo
um gaacutes ou mistura de gases passa atraveacutes de um arco eleacutetrico estabelecido entre um caacutetodo
de tungstecircnio e um acircnodo de cobre dotado de um orifiacutecio alinhados coaxialmente Em sua
passagem o gaacutes eacute aquecido gerando o plasma
Figura 218 - Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma
O poacute eacute alimentado no plasma fundido e acelerado em direccedilatildeo ao substrato por um
jato de alta velocidade A energia temperatura e velocidade do jato de plasma satildeo
controladas pelo tipo de bocal constritor intensidade da corrente eleacutetrica composiccedilatildeo e
vazatildeo do gaacutes de plasma Em geral nitrogecircnio ou argocircnio satildeo usados como gaacutes de plasma
podendo conter adiccedilotildees de hidrogecircnio ou heacutelio para aumentar sua potecircncia e velocidade
Revisatildeo Bibliograacutefica 58
Gustavo Portela de Deus
O equipamento baacutesico para a aspersatildeo a plasma mostrado na figura 220 consiste
de uma fonte de corrente contiacutenua constante alimentador de poacute fonte de gaacutes e um sistema
de controle que permite ajustar os paracircmetros de operaccedilatildeo (corrente vazotildees de gaacutes fluxo
de aacutegua para refrigeraccedilatildeo) e faz a sincronia de todo o sistema
281133 - Arco Plasma Transferido
Neste caso o processo eacute uma combinaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica e soldagem O
substrato deve ser condutor e faz parte do circuito do arco eleacutetrico que gera o plasma O
material aspergido se mistura com o material da poccedila de fusatildeo formada no substrato isto eacute
ocorre diluiccedilatildeo O equipamento usado eacute similar ao necessaacuterio para o plasma natildeo
transferido com exceccedilatildeo da tocha
A ligaccedilatildeo do revestimento ao substrato eacute essencialmente metaluacutergica e as
espessuras utilizadas satildeo em geral maiores que em outros processos de aspersatildeo teacutermica
O depoacutesito eacute denso uniforme e com bom acabamento A operaccedilatildeo eacute geralmente
mecanizada e com boa reprodutibilidade Entretanto a combinaccedilatildeo de substratos e
materiais aplicaacuteveis eacute mais limitada
2812 Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie
A preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute a etapa mais criacutetica da operaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica
A qualidade da adesatildeo do revestimento estaacute diretamente relacionada com a limpeza e a
rugosidade da superfiacutecie do substrato A obediecircncia rigorosa a procedimentos
padronizados de preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute necessaacuteria para garantir o sucesso da aplicaccedilatildeo
de revestimentos por aspersatildeo teacutermica O tipo de material do revestimento e do substrato
satildeo os fatores principais na determinaccedilatildeo do processo e qualidade da preparaccedilatildeo necessaacuteria
da superfiacutecie para se obter adesatildeo suficiente a uma dada aplicaccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 59
Gustavo Portela de Deus
Em partes sujeitas a fortes tensotildees mecacircnicas uma inspeccedilatildeo preacutevia agrave operaccedilatildeo de
revestimento eacute necessaacuteria para a detecccedilatildeo de falhas no metal base que eacute feita
normalmente por meio de ensaios natildeo-destrutivos Falhas estruturais no metal base
induziratildeo falhas similares no revestimento Trincas no substrato natildeo podem ser reparadas
por aspersatildeo teacutermica e revestimentos depositados por esta teacutecnica natildeo adicionam
resistecircncia mecacircnica ao substrato (MARQUES wwwinfosoldacombr )
2813 - Limpeza e Manuseio
O primeiro passo na preparaccedilatildeo de um substrato para aspersatildeo teacutermica eacute a retirada
de todos os contaminantes superficiais tais como poeira oacuteleo graxa e pintura O calor do
processo de aspersatildeo natildeo remove contaminaccedilatildeo e esta inibe a adesatildeo do revestimento
Depois que todos os contaminantes forem eliminados a limpeza deve ser mantida ateacute que
o ciclo de revestimento se complete As peccedilas devem ser protegidas de partiacuteculas
transportadas pelo ar e marcas de dedos bem como ser manuseadas com ferramentas e
material limpo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
28131 - Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes
Desengraxe com vapor
Jateamento uacutemido
Decapagem aacutecida
Aquecimento ao forno
Limpeza ultrassocircnica
Jateamento seco
Escovamento
Revisatildeo Bibliograacutefica 60
Gustavo Portela de Deus
2814 - Criaccedilatildeo de Rugosidade
Apoacutes a limpeza vaacuterios meacutetodos satildeo usados para produzir uma superfiacutecie mais
adequada para a aderecircncia do revestimento Os principais satildeo jateamento abrasivo
macroenrugamento e aplicaccedilatildeo de revestimento de ligaccedilatildeo Combinaccedilotildees destes meacutetodos
satildeo tambeacutem empregados incluindo jateamento abrasivo com subsequumlente aplicaccedilatildeo de um
revestimento de ligaccedilatildeo e usinagem seguida de jateamento abrasivo
A obtenccedilatildeo de uma rugosidade adequada eacute tatildeo importante quanto a limpeza
Durante a aspersatildeo as partiacuteculas fundidas ou semi-fundidas formam bolachas quando se
chocam com a superfiacutecie do substrato Estas agrave medida que se resfriam e se contraem
precisam aderir a uma superfiacutecie que favoreccedila o ancoramento mecacircnico
A geraccedilatildeo de uma superfiacutecie rugosa eacute usada para aumentar a aderecircncia e a coesatildeo
entre as partiacuteculas do revestimento por geraccedilatildeo de tensotildees superficiais de contraccedilatildeo
intertravamento de camadas aumento da aacuterea de interaccedilatildeo e descontaminaccedilatildeo da
superfiacutecie
O grau de enrugamento necessaacuterio para produzir um revestimento resistente e
adequado depende do material aplicado do processo e das condiccedilotildees de serviccedilo da peccedila
final (MARQUES wwwinfosoldacombr )
282 - Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste
A principal caracteriacutestica deste tipo de revestimento que satildeo aplicados para resistir
ao desgaste eacute a sua elevada dureza
Revisatildeo Bibliograacutefica 61
Gustavo Portela de Deus
2821 - Recobrimento Duro
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr ) recobrimento duro eacute
o nome dado ao processo que consiste em produzir por soldagem uma camada dura e
resistente ao desgaste na superfiacutecie da peccedila sujeita ao desgaste
2822 - Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro
De acordo com Batista amp Nascimento apud o Metals Handbook
(wwwspectrucombr ) os materiais para recobrimento duro satildeo classificados em cinco
grandes grupos em funccedilatildeo do teor total de elementos de liga Em geral a resistecircncia ao
desgaste e o custo crescem com o nuacutemero do grupo A escolha de uma liga especiacutefica
dependeraacute da aplicaccedilatildeo e do tipo de soldagem utilizado como mostra a Tabela 23
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro
Teor total de elementos de liga Elementos de liga principais
Materiais ferrosos de baixa liga
1A 2 a 6
1B 6 a 12
Cr Mo Mn
Cr Mo Mn
Materiais ferrosos de alta liga
2A 12 a 15
2B 12 a 25
2C 12 a 25
2D 30 a 37
3A 25 a 50
3B 25 a 50
3C 25 a 50
Cr Mo
Mo Cr
Mn Ni
Mn Cr Ni
Cr Ni Mo
Cr Mo
Co Cr
Revisatildeo Bibliograacutefica 62
Gustavo Portela de Deus
Ligas agrave base de niacutequel e agrave base de cobalto
4A 50 a 100
4B 50 a 100
4C 50 a 100
Co Cr W
Ni Cr Mo
Cr Ni Mo
Carbetos
5 75 a 96
WC ou WC em combinaccedilatildeo com
outros carbonetos como TiC e TaC sempre
em uma matriz metaacutelica
As ligas do grupo 1A satildeo accedilos de baixo teor de liga quase sempre tendo cromo
com principal elemento de liga O teor total dos elementos de liga incluindo o carbono
fica entre 2 e 6 Estas ligas de teor satildeo empregadas frequumlentemente como uma camada
de base para um recobrimento duro com ligas de teor de liga mais elevado
As ligas ferrosas do subgrupo 1B satildeo semelhantes agraves do grupo 1A poreacutem com
maior teor de elementos de liga ( 6 a 12 ) e com teor de carbono ateacute 2 ou mais
Muitos accedilos - ferramenta e alguns ligados fazem parte deste grupo
Os materiais do grupo 1 apresentam maior tenacidade entre as ligas de
recobrimento duro excetuando-se os accedilos-manganecircs austeniacuteticos Possuem tambeacutem
melhor resistecircncia ao desgaste que os accedilos de baixo e meacutedio carbono que satildeo ligas
usualmente recobertas pelo grupo 1 O custo eacute mais barato que as outras ligas de
recobrimento duro e muito empregados nos casos em que se necessita da usinabilidade e de
apenas um aumento moderado da resistecircncia ao desgaste
Revisatildeo Bibliograacutefica 63
Gustavo Portela de Deus
As ligas do subgrupo 2A satildeo ligas em que o principal elemento de liga eacute o cromo
com teor total de elemento de liga entre 12 e 25 Algumas delas tecircm certo teor de
molibdecircnio Este grupo inclui ainda alguns natildeo-ferros fundidos de meacutedio teor em liga O
molibdecircnio eacute o principal elemento de liga em quase todos os materiais do grupo 2B que
contam tambeacutem com teores relativamente altos de cromo
O subgrupo 2C eacute constituiacutedo pelos accedilos-manganecircs austeniacuteticos Manganecircs eacute o
principal elemento de liga estando tambeacutem presente o niacutequel para maior estabilizaccedilatildeo da
austenita
As ligas dos subgrupos 2A e 2B satildeo mais resistentes ao desgaste menos tenazes e
mais caras que os materiais do grupo 1 Jaacute os subgrupos 2C e 2D satildeo muito tenazes poreacutem
apresentam limitada resistecircncia ao desgaste que pode aumentar muito com o encruamento
As ligas do subgrupo 2D possuem um teor total de elementos de liga entre 30 e 37
variando o carbono entre 010 e 1
Os materiais do grupo 3 apresentam 25 a 50 de elementos de liga Satildeo ligas
com alto cromo vaacuterias delas com niacutequel eou molibdecircnio Os teores de carbono variam
entre 175 a 5 Este grupo eacute caracterizado pela presenccedila maciccedila de carbonetos
hipereuteacuteticos que conferem agraves ligas uma alta resistecircncia ao desgaste e uma razoaacutevel
resistecircncia agrave corrosatildeo e ao calor Satildeo ligas mais caras que as dos grupos 1 e 2
O grupo 4 compreende as ligas agrave base de cobalto e agrave base de niacutequel com teor total
de elementos natildeo-ferrosos entre 50 e 99 As ligas agrave base de cobalto do subgrupo 4ordf
satildeo consideradas como os mais versaacuteteis materiais de recobrimento duro Resistem ao
calor agrave abrasatildeo agrave corrosatildeo ao impacto agrave descamaccedilatildeo agrave oxidaccedilatildeo ao choque teacutermico agrave
erosatildeo e ao desgaste metal- metal
Revisatildeo Bibliograacutefica 64
Gustavo Portela de Deus
Algumas destas ligas mantecircm uma dureza elevada ateacute 825ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo
ateacute temperaturas da ordem de 1100ordmC As ligas agrave base de niacutequel subgrupo 4B satildeo
especialmente indicadas para peccedilas sujeitas ao mesmo tempo agrave corrosatildeo e ao desgaste Satildeo
superiores a outros materiais de recobrimento duro em aplicaccedilotildees nas quais o desgaste eacute
causado pelo contato metal-metal como no caso dos mancais Mantecircm durezas elevadas
ateacute cerca de 650ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo ateacute temperaturas da ordem de 875ordmC
Os materiais do grupo 5 consistem de gracircnulos duros de carbonetos distribuiacutedos em
uma matriz metaacutelica Satildeo muito indicados para aplicaccedilotildees de abrasatildeo intensa e de corte
Inicialmente se empregam apenas os carbonetos de tungstecircnio Mais recentemente outros
carbonetos principalmente titacircnio tacircntalo e cromo passaram a ser usados com bons
resultados Como matriz metaacutelica vaacuterios materiais tecircm sido utilizados tais como ferro accedilo
carbono Ligas agrave base de niacutequel agrave base de cobalto e bronze Os materiais do grupo 5
possuem a maacutexima resistecircncia agrave abrasatildeo em peccedilas sujeitas a impactos pequenos ou
moderados
2823 - Seleccedilatildeo do Material para Recobrimento Duro
A primeira medida eacute caracterizar bem as condiccedilotildees de serviccedilo nas quais deveraacute
trabalhar o equipamento que seraacute revestido com o recobrimento duro Em seguida deve-se
analisar com cuidado as interaccedilotildees dos materiais candidatos e do metal base bem como o
processo de soldagem a ser utilizado no recobrimento
2824 - Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento
Analisar as condiccedilotildees de serviccedilo para determinar os tipos de resistecircncia ao
desgaste e resistecircncia ao ambiente seleccedilatildeo de alguns materiais candidatos
Revisatildeo Bibliograacutefica 65
Gustavo Portela de Deus
Anaacutelise de compatibilidade entre as ligas e o metal base considerando
possiacuteveis tensotildees teacutermicas e eventuais trincas
Testar componentes recobertos com os materiais candidatos
Selecionar a melhor liga considerando o custo e a duraccedilatildeo do recobrimento
Selecionar o processo de recobrimento duro considerando a taxa de
deposiccedilatildeo o grau de diluiccedilatildeo (o metal base dilui a liga de recobrimento durante a
soldagem) eficiecircncia de deposiccedilatildeo e custo total O custo total inclui o preccedilo dos
eletrodos e o processamento
29 - Tipos de Revestimento
Os tipos de revestimento mais aplicados em soldagem podem ser classificados em
endurecimento superficial
resistentes agrave corrosatildeo
resistentes ao desgaste eou impacto
para recuperaccedilatildeo ou reparos de manutenccedilatildeo
291 - Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Tabela ndash 24 Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Condiccedilotildees de serviccedilo Materiais para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal altas
tensotildees de contato
Stellite 1 ligas Tribaloy
Escorregamento metal ndash metal baixas
tensotildees de contato
Accedilos de baixa liga para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal
combinado com corrosatildeo e oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto ou agrave base de
niacutequel dependendo da agressividade do
Revisatildeo Bibliograacutefica 66
Gustavo Portela de Deus
ambiente
Abrasatildeo sob baixa tensatildeo erosatildeo por
colisatildeo de partiacuteculas de pequeno acircngulo
Ferros fundidos de alta liga
Abrasatildeo severa sob baixa tensatildeo
retenccedilatildeo do gume
Materiais com altos teores de carbonetos
Erosatildeo por cavitaccedilatildeo e por colisatildeo
Choques mecacircnicos intensos combinados
com corrosatildeo ou oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto
Stellite 21 Stellite6
Abrasatildeo por sulcamento Accedilos ndash manganecircs austeniacuteticos
Descamaccedilatildeo
Stellite 21 Stellite 6 Tribaloy T-400
Tribaloy T-800
Estabilidade teacutermica eou resistecircncia agrave
fluecircncia a altas temperaturas
Ligas agrave base de cobalto ligas de niacutequel
com carbonetos
292 - Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies
A Tabela 25 apresenta as principais vantagens e desvantagens dos principais
processos de deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Tabela 25 - As principais vantagens e desvantagens dos principais processos de
deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Revisatildeo Bibliograacutefica 67
Gustavo Portela de Deus
Processo Vantagens Desvantagens
Galvanizaccedilatildeo iocircnica
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo baixa
temperatura de processamento
deposiccedilatildeo em furos e ranhuras
Seleccedilatildeo restrita de materiais de
revestimento revestimentos relativamente
macios riscos ambientais precisatildeo limitada
para repeticcedilatildeo na superfiacutecie
PACVD (Plasma
Assisted Chemical
Vapour Deposition)
Temperaturas de processo muito
abaixo das do CVD temperaturas
baixas revestimentos precisos
Adequado apenas para furos e ranhuras
PVD (Physical
Vapour Deposition)
Ecologicamente seguro permite
grande variedade de
revestimentos temperatura de
revestimentos mais baixa do que a
de tratamento teacutermico final da
maioria dos accedilos espessura
reduzida reproduziacutevel com
precisatildeo resistecircncia elevada ao
desgaste baixo coeficiente de
atrito
Revestimento de furos e ranhuras ndash alcanccedila
profundidade igual ao diacircmetro ou largura
da abertura resistente agrave corrosatildeo em
determinadas condiccedilotildees apenas
revestimento uniforme depende de as peccedilas
girarem durante o processamento
Difusatildeo
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo boa
reprodutibilidade
Revestimentos relativamente macios
seleccedilatildeo restrita de material de base tempo
de processamento longo riscos ambientais
necessidade de poacutes-tratamento
CVD (Chemical
Vapour Deposition)
Elevada resistecircncia ao desgaste
produccedilatildeo econocircmica de
Temperaturas de processamento elevadas
impossibilidade de revestir vaacuterios metais
Revisatildeo Bibliograacutefica 68
Gustavo Portela de Deus
revestimentos espessos adequado
para furos e ranhuras
arredondamento de bordos riscos
ambientais
Capiacutetulo 3
Materiais e Meacutetodos
Materiais e Meacutetodos 70
Guatavo Portela de Deus
3 - Materiais e Meacutetodos
31 ndash Fluxograma do Desenvolvimento Experimental
Teacutecnicas de deposiccedilatildeo dos revestimentos duros
Soldagem dos corpos-de-
prova Aspersatildeo teacutecnica
EnsaiosAnaacutelises
Prop mecacircnicas Caract microestrutural
Ensaio de
desgaste
Ensaio de DurezaMicro
Microscopia oacutetica
Discussatildeo Anaacutelises
Dissertaccedilatildeo de Mestrado
Materiais e Meacutetodos 71
Gustavo Portela de Deus
32 - Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no Solo de
Equipamentos Rodoviaacuterios
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios objeto deste
estudo foram selecionados dentre os que foram considerados como um dos mais
representativos na avaliaccedilatildeo referentes aos custos de manutenccedilatildeo e de consideraacutevel atraso
nos cronogramas de trabalho nas frentes de trabalho de conservaccedilatildeo e construccedilatildeo
rodoviaacuteria
Os elementos escolhidos para os estudos comparativos e para a anaacutelise de desgaste
na forma de desgaste abrasivo a dois corpos foram as unhas da caccedilamba da paacute carregadeira
de rodas articuladas utilizadas em serviccedilos leves e pesados de escavaccedilatildeo e carregamento
de agregados na forma principalmente de solos lateriacuteticos
Figura 3 1 Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira
Materiais e Meacutetodos 72
Gustavo Portela de Deus
Figura 32 Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira
Dentre os equipamentos rodoviaacuterios utilizados para construccedilatildeo e conservaccedilatildeo de
rodovias alguns apresentam ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de uso contiacutenuo e outras
somente quando a atividade se torna necessaacuteria como pontas de escarificadores de solos
Existem ainda outros elementos de maacutequinas que apresentam desgaste elevado em funccedilatildeo
dos mesmos manterem um contato direto com o solo como os elementos que compotildeem o
conjunto do material rodante de tratores de esteiras de escavadeiras hidraacuteulicas e de paacutes
carregadeiras tracionadas por esteiras desgaste este que por acontecer entre elementos que
estatildeo em movimento relativo entre si eacute considerado como desgaste abrasivo a trecircs corpos
Alguns fabricantes com a finalidade de prolongar a vida uacutetil desses elementos passaram a
utilizar esteiras vedadas e lubrificadas para evitar o contato direto dos elementos em
movimento relativo
O primeiro passo no desenvolvimento do projeto de avaliaccedilatildeo comparativa e na
anaacutelise de rendimento dos dois processos de revestimento superficial e do material
Materiais e Meacutetodos 73
Gustavo Portela de Deus
comercialmente encontrado e utilizado foi a confecccedilatildeo dos corpos de prova seguindo as
especificaccedilotildees da norma que regulamenta estudos triboloacutegicos ou seja a ASTM G65-91
Os materiais de base apoacutes ser analisados quanto agrave perda de massa no periacuteodo de
2900 horas foram cortados nas dimensotildees especificadas pela norma ASTM G65-91 para
ser submetidos aos ensaios de dureza pelo meacutedodo Rockwell C e resistecircncia agrave abrasatildeo por
meio do ensaio pela roda de borracha O mesmo procedimento foi executado aos corpos de
prova revestidos por soldagem de endurecimento superficial bem como pelo processo de
aspersatildeo teacutermica pelo meacutetodo LVOF Apoacutes o corte esses corpos-de-prova foram
submetidos a algumas operaccedilotildees de usinagem com a finalidade de adquirir suas formas
planas e retiradas de escoacuterias provenientes do processo de soldagem
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos
3211 - Revestimento Duro pelo Processo de Soldagem
Uma das teacutecnicas utilizadas no desenvolvimento do trabalho e que se tornou fator
de anaacutelise e comparaccedilatildeo de resultados de maior e menor desempenho foi o revestimento
duro pelo processo de soldagem em que foi utilizado a soldagem de revestimento com
eletrodo revestido
O processo de revestir superfiacutecies pelo processo de soldagem pode ser aplicado em
peccedilas novas bem como na recuperaccedilatildeo de peccedilas desgastadas pelo uso Eacute um processo de
aplicaccedilatildeo simples necessitando apenas das varetas das ligas de recobrimento e de uma
chama oxiacetilecircnica ou de um arco eleacutetrico O processo tem a vantagem de poder ser
aplicado a aacutereas localizadas da peccedila que sejam mais sujeitas ao desgaste (BATISTA
NASCIMENTO wwwspectrucombr )
Materiais e Meacutetodos 74
Gustavo Portela de Deus
As varetas dos materiais de recobrimento satildeo fornecidas em dois tipos revestidas
para soldagem a arco e natildeo revestidas para soldagem oxiacetilecircnica A soldagem
oxiacetilecircnica produz depoacutesitos mais uniformes e que podem ser mais bem posicionadas na
peccedila com velocidades de aquecimento e resfriamento relativamente baixas Por outro lado
a soldagem a arco eacute um processo menos caro mais raacutepido e se presta melhor agrave utilizaccedilatildeo
de equipamentos automaacuteticos Os depoacutesitos obtidos com arco eleacutetrico em geral satildeo mais
grosseiros e apresentam maior tendecircncia agrave formaccedilatildeo de poros Haacute tambeacutem maior
probabilidade de formaccedilatildeo de trincas em funccedilatildeo dos gradientes de temperatura criados
para altas velocidades de aquecimento e de resfriamento (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
O material de recobrimento eacute fundido durante a soldagem e se espalha sobre o
metal base ligando-se com este e formando uma nova superfiacutecie com uma camada que
varia entre 15 mm a 60 mm Apenas uma camada superficial da peccedila atinge a temperatura
de fusatildeo o que evita uma contaminaccedilatildeo muito acentuada do recobrimento do metal base
que diminuiria as propriedades de resistecircncia ao desgaste da camada depositada
O recobrimento duro pode ser aplicado agrave maioria dos metais natildeo ferrosos Por outro
lado com algumas exceccedilotildees natildeo se recomenda o recobrimento de ligas natildeo ferrosas com o
ponto de fusatildeo inferior a 1100ordmC Os accedilos ndash carbonos podem ser recobertos com relativa
facilidade em especial se o teor de carbono for inferior a 035 A soldagem se torna mais
difiacutecil agrave medida que o teor de carbono aumenta sendo que os accedilos de alto carbono e os
accedilos ligados devem sofrer um preacute ndash aquecimento e apoacutes recobrimento devem ser recozidos
Os accedilos inoxidaacuteveis os ferros fundidos e os accedilos raacutepidos tambeacutem podem ser recobertos
utilizando ndash se teacutecnicas adequadas de soldagem O cobre bronze e ligas como o latatildeo
Materiais e Meacutetodos 75
Gustavo Portela de Deus
apresentam maiores dificuldades de soldagem em funccedilatildeo de seus pontos de fusatildeo serem
baixos e sua alta condutividade (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr )
O recobrimento duro eacute muito usado nas aplicaccedilotildees em uma lubrificaccedilatildeo regular
contra abrasatildeo seja impossiacutevel ou inviaacutevel como em ferramentas de perfuraccedilatildeo de poccedilos
de petroacuteleo equipamentos para a agricultura e para terraplenagem ferramentas para
mineraccedilatildeo e equipamentos para a induacutestria petroquiacutemica O processo tambeacutem eacute usado para
ampliar a duraccedilatildeo de peccedilas que recebem lubrificaccedilatildeo tais como matrizes de conformaccedilatildeo
mecacircnica e aacutereas localizadas de oacutergatildeos de maacutequinas extremamente sujeitas a desgaste
Superfiacutecies com recobrimento duro satildeo em geral mais resistentes ao desgaste ao calor e agrave
corrosatildeo do que superfiacutecies cementadas ou temperadas por chama
Aleacutem disso aacutereas de difiacutecil acesso em componentes grandes praticamente
impossiacuteveis de ser submetidas a um processo de tratamento teacutermico podem receber um
recobrimento duro A teacutecnica pode tambeacutem ser empregada para a recuperaccedilatildeo de
equipamentos pesados sem a necessidade de desmontaacute-los (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
3212 ndash Revestimento superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF
Foi tambeacutem aplicada a teacutecnica de revestimento por aspersatildeo teacutermica
especificamente pelo meacutetodo de LVOF de acordo como eacute relatado a seguir o
desenvolvimento do processo
3213 - HVOF (High Velocity Oxigen Fuel)
Dentre os processos de aspersatildeo teacutermica utilizados para aplicar revestimentos
resistentes ao desgaste o processo de aspersatildeo oxicombustiacutevel de alta velocidade
Materiais e Meacutetodos 76
Gustavo Portela de Deus
conhecido como HVOF (Higt velocity oxi fuel) tem sido um dos mais utilizados
principalmente na aplicaccedilatildeo de carbonetos O processo eacute baseado em um sistema de
combustatildeo interna de alta pressatildeo similar a um motor de foguete em miniatura
Combustiacutevel e oxigecircnio satildeo misturados para produzir um jato de gaacutes supersocircnico acima de
2000 ms e 2800degC ( Lima et al apud Thorpe et al 1998) Os combustiacuteveis usados
incluem querosene hidrogecircnio propileno propano acetileno metil-acetileno propadieno
e gaacutes natural O material em forma de poacute eacute introduzido na chama quente dentro do cano de
saiacuteda da pistola Os revestimentos produzidos apresentam maior dureza adesatildeo ao
substrato durabilidade e maior possibilidade de espessura do que os revestimentos
produzidos por outros processos de aspersatildeo teacutermica Uma vantagem inerente do processo
HVOF eacute sua habilidade de aspergir partiacuteculas semi-fundidas a altas velocidades (em torno
de 900 ms) resultando em um revestimento bastante denso com alta adesatildeo ao substrato e
baixo conteuacutedo de oacutexidos Carbonetos superaquecidos podem se decompor e formar fases
menos beneacuteficas ao revestimento O processo HVOF eacute bastante efetivo ao acelerar bastante
as partiacuteculas sem excesso de aquecimento (LIMACAMARGO 2001)
Carbonetos de vaacuterios tipos satildeo especialmente adequados para aplicaccedilatildeo por HVOF
pois natildeo requerem significante fusatildeo para se depositar e formar uma superfiacutecie efetiva
contra desgaste Composiccedilotildees tiacutepicas estatildeo entre 8 a 30 de conteuacutedo da liga matriz que
serve primariamente como ligante para as partiacuteculas de carboneto (Lima et al apud Thorp
et al 2000) Uma das ligas mais usadas para aplicaccedilotildees de desgaste tem sido a liga WC-
Co (Lima et al apud Korpiola amp Vuoristo 1996) agraves vezes ligada a outros elementos como
Ni e Cr no intuito de oferecer melhores caracteriacutesticas de resistecircncia agrave corrosatildeo e desgaste
combinado (Lima et al apud Berger et al 2001)
Materiais e Meacutetodos 77
Gustavo Portela de Deus
3214 - LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray - Poacute
O processo LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) poacute consiste em injetar o material a
ser depositado em forma de poacute na chama derivada da queima de oxigecircnio e acetileno
(3100ordmC) sendo o material aquecido e projetado contra o substrato previamente preparado
Em algumas variaccedilotildees do processo um jato de ar comprimido auxilia a acelerar e
atomizar o poacute Pode-se efetuar a fusatildeo da camada apoacutes aplicaccedilatildeo do revestimento
aumentando assim a aderecircncia e resistecircncia do material aplicado
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
- Ligas Base de Niacutequel como Incinel Monel NiCrBSi e outras
- Oacutexido de Cromo
- Alumina e Alumina ndash Titacircnio e Dioacutexido de Titacircnio
- Oacutexido de Zirconia
- Ligas Base de Cobalto ndash Stellite
3215 - LVOF ( Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray ndash Arame
O processo de aspersatildeo LVOF Arame utiliza como fonte de calor para fusatildeo do
arame a chama gerada pela queima de oxigecircnio e acetileno
A atomizaccedilatildeo e aceleraccedilatildeo do material fundido satildeo realizadas por um jato de ar
comprimido que cerca a chama do oxigecircnio e acetileno
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
Materiais e Meacutetodos 78
Gustavo Portela de Deus
- Accedilo carbono como ligas 1020 1045 1080 e outros
- Accedilo inox como ligas AISI 302 304 316 e AISI 410420 etc
- Ligas de Niacutequel
- Alumiacutenio
- Zinco
- Estanho
322 - Materiais
3221 - Material de Referecircncia
O material que foi utilizado como referecircncia na anaacutelise comparativa dos processos
de revestimento foi retirado de amostras de unhas de caccedilambas de paacutes carregadeiras de
rodas na sua forma original ou seja fornecida pelo fabricante do equipamento rodoviaacuterio e
seguindo os padrotildees determinados pela norma ASTM G65-91 Por se tratar de materiais
originais ou seja fornecido pelo fabricante da maacutequina foi constatado por meio de
avaliaccedilotildees primaacuterias como mais resistentes ao desgaste abrasivo e comprovado atraveacutes do
nuacutemero de horas em que os elementos foram submetidos em operaccedilotildees de escavamento e
carregamento
3222 - Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo
O material de base utilizado na confecccedilatildeo dos corpos de prova para anaacutelise de
resistecircncia ao desgaste abrasivo pelos processos por soldagem e por aspersatildeo teacutermica foi o
accedilo ABNT 1015 com as seguintes dimensotildees 75 mm de comprimento 24 mm de largura
Materiais e Meacutetodos 79
Gustavo Portela de Deus
e 4mm de espessura nas amostras por soldagem e 48 mm de comprimento 24 de largura e
4mm de espessura nas amostras aspergidas Tais dimensotildees se fizeram necessaacuterias para
atender agrave norma como tambeacutem para permitir um encaixe perfeito ao suporte do
abrasocircmetro nos ensaios de perda de massa
3223 - Consumiacuteveis Utilizados
Os consumiacuteveis utilizados para revestir os corpos de prova nos processos de
revestimento superficial por soldagem foram os eletrodos para abrasatildeo severa erosatildeo e
cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo Bohler Thyssen Welding tipo UTP 713 desenvolvimento especial
com as seguintes concentraccedilotildees C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09
com dureza de 65HRC
Os revestimentos por soldagem executados nos corpos-de-prova foram feitos na
empresa Engincom Comeacutercio e Induacutestria LTDA situada no Distrito Industrial de
Teresina-PI
Jaacute os corpos de prova revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica por LVOF
utilizaram como consumiacutevel nas amostras tipo P uma mistura composta de 170 de Cr
40 de Fe 40 de Si 35 de B 10 de C e Ni balanceado As amostras tipo M foram
revestidas utilizando como consumiacutevel a mesma mistura utilizada no revestimento das
amostras tipo P com a adiccedilatildeo de 10 de carboneto de tungstecircnio com base cobalto (81
de tungstecircnio + 12 de cobalto + 5 de carbono + 2 de ferro)
Foram utilizados dois tipos de consumiacuteveis nas amostras revestidas por aspersatildeo
teacutermica com a finalidade de se avaliar tambeacutem o comportamento dos revestimentos
quanto a resistecircncia ao desgaste abrasivo utilizando-se os ensaios de resistecircncia ao desgaste
Materiais e Meacutetodos 80
Gustavo Portela de Deus
e de dureza nos dois tipos de consumiacuteveis Levando-se em consideraccedilatildeo principalmente o
custo do revestimento
Os corpos-de-prova que foram revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica tipo
LVOF foram executados na empresa Ogramac Nordeste situada no Distrito Industrial de
Suape em Ipojuca-PE
3224 - Areia
A areia utilizada no ensaio de abrasatildeo para constataccedilatildeo da perda de massa foi a
areia quartzosa industrial com granulometria de 40 a 60 mesh fornecida pela empresa
Sand SL Comeacutercio de Mineacuterio LTDA de Satildeo Carlos-SP Esta areia foi submetida a um
sistema de peneiramento de modo a adequar a sua granulometria agraves dimensotildees
especificadas pela norma ASTM G65-91 que estabelece um percentual de 5 de maacutexima
retenccedilatildeo na peneira de 50 mesh e de 90 de miacutenimo na peneira de 60 mesh
323 - Equipamentos
3231 - Equipamento de Soldagem
Foi utilizado um transformador de solda de fabricaccedilatildeo bambozzi modelo TDC 460
E com as seguintes caracteriacutesticas teacutecnicas Corrente maacutexima de solda de 430 A trifaacutesico
com tensatildeo de alimentaccedilatildeo de 380V potecircncia nominal de 208 kVA frequumlecircncia de
5060Hz caracteriacutesticas de soldagem DC e dimensotildees (AxLxC) de 480x555x665
3232 - Sistema de Peneiramento da Areia
A maacutequina utilizada para peneirar a areia no ensaio de abrasatildeo por roda de
borracha foi desenvolvida e construiacuteda no Departamento de Engenharia de Materiais da
Materiais e Meacutetodos 81
Gustavo Portela de Deus
Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar Eacute constituiacuteda de duas peneiras superpostas
com malhas de 50 e 70 meshs segundo a AFS fixadas em uma estrutura de accedilo que sofre
movimento vibratoacuterio promovido por um motor de frac14 de HP em cujo eixo estaacute afixada
uma peccedila assimeacutetrica para provocar um efeito excecircntrico na rotaccedilatildeo e consequumlente
vibraccedilatildeo como mostra a Figura 33
Figura 33 - Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo
3233 Abrasocircmetro
O abrasocircmetro utilizado no ensaio de abrasatildeo por perda de massa tambeacutem foi
desenvolvido e construiacutedo nos laboratoacuterios do Departamento de Engenharia de Materiais
da Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar segundo a norma ASTM G65-91 Esta
norma determina que seja feita uma calibraccedilatildeo do abrasocircmetro de modo que o mesmo
possa ser utilizado de forma confiaacutevel assegurando as mesmas condiccedilotildees e
reprodutividade dos ensaios de perda de volume
Materiais e Meacutetodos 82
Gustavo Portela de Deus
O anel de borracha eacute constituiacutedo de clorobutil com diacircmetro externo inicial de
2286 mm e espessura de 127 mm com dureza variando entre 59 e 60 shore A A
excentricidade do anel natildeo deve exceder a toleracircncia de 005 mm Com este diacircmetro
especificado e para um nuacutemero total de 6000 rotaccedilotildees o comprimento linear de realizaccedilatildeo
do ensaio eacute de 4309 m Agrave medida que a roda se desgasta deve-se ajustar a perda de
volume (PV) como prevecirc a norma O fluxo de areia recomendado eacute de 300 gmin a 400
gmin que deveraacute escoar pelo bocal de alimentaccedilatildeo de forma regular e contiacutenua como
mostra a Figura 34
Faz parte da constituiccedilatildeo do abrasocircmetro um contador digital do nuacutemero de voltas
efetuadas pela roda de borracha ateacute o limite estabelecido de 6000 rotaccedilotildees em que o
mesmo deveraacute provocar o desligamento automaacutetico Possui ainda um sistema de alarme
com paracircmetros de limites de rotaccedilotildees por min de miacutenimo 190rpm e de maacuteximo 210 rpm
e tendo como rotaccedilatildeo referecircncia 200 rpm (BRANDIM 1998)
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha
Materiais e Meacutetodos 83
Gustavo Portela de Deus
3234 - Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos-de-Prova
Os corpos-de-prova revestidos pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
foram retificados e cortados em uma retificadora plana longitudinal de fabricaccedilatildeo Mello
SA Maacutequinas e Equipamentos modelo RPT 2 maacutequina nordm 192 ano 1983 nos laboratoacuterios
de usinagem do CEFET ndash PI com refrigeraccedilatildeo na aacuterea de corte atraveacutes de fluido especial
emulsionaacutevel em aacutegua e tendo como ferramenta de corte um disco abrasivo de alta rotaccedilatildeo
(6000 rpm) e elevada dureza da ordem de 70 HRC fornecido pela empresa Arotec
modelo AA 5
Anteriormente ao corte das amostras nas dimensotildees especificadas pela norma
ASTM G65-91 os corpos de prova passaram por um processo de retificaccedilatildeo com o
objetivo de reparar possiacuteveis deformaccedilotildees e melhorar o acabamento das amostras
As medidas de massa dos corpos de prova para determinaccedilatildeo da massa antes e
depois do ensaio de abrasatildeo por roda de borracha foram efetuadas em uma balanccedila de
precisatildeo analiacutetica marca Marte modelo AS 2000C com capacidade de pesagem maacutexima
de 2000g e miacutenima de 05g erro de 01g e sensibilidade de 001g
3235 - Durocircmetro
As medidas de dureza foram efetuadas em um durocircmetro marca Sussen Wolpert
tipo Testor HT1 maacutequina Nordm 333 ano 1971 em escala Rockwell C com carga de 150 kgf
como mostra a Figura 35 pertencente ao laboratoacuterio do DEMa da Universidade Federal de
Satildeo Carlos (UFSCar)
Materiais e Meacutetodos 84
Gustavo Portela de Deus
Figura 35 - Durocircmetro
3236 - Microscopia Oacutetica
As anaacutelises e imagens de microscopia oacutetica foram realizadas no microscoacutepio oacutetico
de marca NIKKON EPIPHOT ndash DX com conversor de sinais da Hitach modelo com
aumento maacuteximo de 1000 vezes Para obtenccedilatildeo das fotos das microestruturas utilizou-se
um analisador de imagens
33 - Sequumlecircncia Experimental
Apoacutes os procedimentos convencionais de preparaccedilatildeo das amostras nas trecircs
condiccedilotildees que seratildeo avaliadas ou seja soldadas revestidas superficialmente por aspersatildeo
teacutermica e na condiccedilatildeo normal ou comercialmente encontradas estas amostras ou corpos-
de-prova passaram agrave fase experimental
Materiais e Meacutetodos 85
Gustavo Portela de Deus
Os experimentos tiveram como finalidade inicial avaliar o desempenho quanto agrave
resistecircncia agrave abrasatildeo dos corpos-de-prova quando submetidos aos processos de
revestimento superficial pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Tais experimentos se basearam principalmente em anaacutelises microscoacutepicas por meio
de microscopia oacutetica resistecircncia agrave abrasatildeo pelo ensaio da roda de borracha e pela anaacutelise
do niacutevel de dureza adquirida atraveacutes do durocircmetro
Depois de computados os resultados obtidos nos ensaios tecnoloacutegicos nas trecircs
avaliaccedilotildees diferentes microscopia dureza e resistecircncia agrave abrasatildeo partiu-se para a anaacutelise
matemaacutetica atraveacutes das meacutedias em funccedilatildeo de resultados diferentes obtidos nos ensaios em
pontos diferentes das amostras
34 ndash Meacutetodos
341 - Planejamento Experimental
3411 - Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo a Baixa Tensatildeo ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram preparados e ensaiados segundo os procedimentos da
norma ASTM G65-91 (1991) no abrasocircmetro similar ao apresentado na figura A forccedila
exercida pelo corpo de prova sobre a roda foi de 130 N A rotaccedilatildeo da roda de borracha foi
mantida em mais ou menos 200 rpm com variaccedilotildees para mais e para menos de 10 rpm
quando em movimento e sob pressatildeo de ensaio Empregou-se para a contagem do nuacutemero
de giros da roda de borracha um sensor indutivo O nuacutemero total de rotaccedilotildees da roda para
interrupccedilatildeo automaacutetica do ensaio foi preacute-fixado em 6000 rotaccedilotildees Para a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha quando se fez necessaacuterio utilizou-se uma lixa de
granulometria 320 mantendo-se o braccedilo da alavanca do equipamento livre de qualquer
Materiais e Meacutetodos 86
Gustavo Portela de Deus
carga para evitar qualquer pressatildeo sobre a roda e proporcionar uma folga suficiente para a
introduccedilatildeo da lixa entre a roda e a amostra O fluxo de areia foi mantido dentro dos limites
da norma ASTM G65-91 (1991) tendo variado entre 350 e 360 gramasminuto
Os ensaios foram realizados com a roda de borracha girando no mesmo sentido da
direccedilatildeo de soldagem empregado Apoacutes o ensaio de cada lote realizou-se a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha As perdas de massa e de volume conforme a norma ASTM
G65-91 (1991) quando satildeo determinadas em uma roda de borracha com diacircmetro externo
diferente de 2286 mm devem ser corrigidas linearmente pela relaccedilatildeo perda de volume
(PV) x 2286 mmdiacircmetro da roda no final do ensaio tendo sido empregada quando
necessaacuterio esta correccedilatildeo (BRANDIM 1998)
3412 Microscopia Oacutetica
As amostras revestidas por aspersatildeo teacutermica LVOF dos tipos P e M e soldadas
foram analisadas no microscoacutepio oacutetico com aproximaccedilatildeo de 50X 100X 200X e 500X
3413 Ensaio de Dureza
Para a determinaccedilatildeo da dureza foi utilizado o meacutetodo Rockwell C com carga de
150 kgf Antes de efetuar as medidas foi realizada a afericcedilatildeo do aparelho ou durocircmetro
por meio da utilizaccedilatildeo de corpos-de-prova de dureza padronizada Cada corpo-de-prova foi
submetido a no miacutenimo trecircs medidas de dureza em pontos diferentes da superfiacutecie
Capiacutetulo 4
Resultados e Discussatildeo
Resultados e Discussatildeo 88
Gustavo Portela de Deus
4 - Resultados e Discussatildeo
41 - Introduccedilatildeo
Por meio dos ensaios jaacute efetuados e comentados no capiacutetulo anterior e utilizando-
se a metodologia descrita inicialmente seratildeo representados os resultados de afericcedilatildeo e
qualificaccedilatildeo do abrasocircmetro realizados segundo a norma ASTM G65-91(1991)
Procedimento A resistecircncia ao desgaste resultados dos ensaios de dureza e anaacutelises
quiacutemicas de microscopia oacutetica e terminando com as discussotildees que se fizeram relevantes
dos resultados obtidos
411 - Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho
Foram levantados dados estatiacutesticos do rendimento apresentado pelos elementos de
penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios no que concerne agrave vida uacutetil
proporcionada pelos diversos produtos apresentados no mercado bem como a qualidade
destes materiais no que diz respeito a constituiccedilatildeo da liga tratamentos teacutermicos efetuados
e revestimento superficial em peccedilas novas ou recuperadas na forma de endurecimento com
a finalidade de elevar a resistecircncia ao desgaste
No levantamento de dados e de informaccedilotildees foram considerados os rendimentos
obtidos pelas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios quando
utilizadas na sua forma original ou seja de acordo com a forma comercial fornecida por
parte dos fabricantes Foi considerada a vida uacutetil atingida com a ferramenta quando
utilizada na sua forma comercial bem como quando aplicado seu revestimento especiacutefico
Resultados e Discussatildeo 89
Gustavo Portela de Deus
Foram confeccionados corpos de prova seguindo a norma especiacutefica para
revestimentos duros ou seja ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram revestidos por soldagem de revestimento utilizando
eletrodos com as seguintes caracteriacutesticas eletrodo baacutesico que apresenta depoacutesitos de
carbonetos complexos de Cr Mo Nb W e V indicado para revestimentos duros contra
abrasatildeo severa erosatildeo e cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo BOHLER THYSSEN WELDING Tipo
UTP 713 desenvolvimento especial com concentraccedilatildeo de elementos na seguinte
composiccedilatildeo C - 4 Cr - 235 Mo ndash 65 Nb ndash 60 W ndash 08 e V ndash 09 com uma
dureza esperada de 65HRc
Foram tambeacutem revestidos pelo processo de revestimento superficial por aspersatildeo
teacutermica do tipo LVOF
Durante o desenvolvimento do projeto foram determinadas as perdas de massa
bem como de espessura dos elementos objeto do estudo antes e depois de revestidos pelos
processos de recobrimento por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Os corpos-de-prova foram ensaiados para anaacutelise de resistecircncia ao desgaste
abrasivo por meio do abrasocircmetro de roda de borracha que foi construiacutedo pelos alunos
mestrandos em engenharia de materiais da Universidade Federal de Satildeo Carlos UFSCar na
aacuterea especiacutefica triboloacutegica seguindo as recomendaccedilotildees da norma ASTM G65-91
Foram executados estudos comparativos de rendimento e viabilidade econocircmica
quando comparadas estas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios
utilizadas na sua forma comercial bem como quando revestidas pelos processos de
endurecimento superficial por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 90
Gustavo Portela de Deus
42 - Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM
G65-91 Procedimento A
De acordo com esta norma o abrasocircmetro deveraacute antes da realizaccedilatildeo dos ensaios
de desgaste ser aferido Para tanto utilizou-se um accedilo ABNT 1015 para a determinaccedilatildeo do
coeficiente de variaccedilatildeo dos resultados obtidos com o ensaio de desgaste visando agrave
verificaccedilatildeo da dispersatildeo dos valores e da reprodutibilidade do equipamento A conversatildeo eacute
feita pela seguinte equaccedilatildeo
1000sup3)(
)(sup3)( x
cmg
gPMmmPV
Onde PV (mmsup3) = Perda de volume PM (g) = Perda de Massa e = (gmmsup3)
densidade do material
Segundo o apecircndice A da norma ASTM G65-91 o desvio padratildeo S a ser calculado
eacute obtido com o auxiacutelio da tabela 41 da referida norma para a obtenccedilatildeo do valor de d2 que
eacute dependente do nuacutemero de corpos-de-prova utilizados no ensaio de desgaste por abrasatildeo
Entatildeo a partir do desvio padratildeo da diferenccedila entre a maior perda de volume e a menor
perda de volume calcula-se o coeficiente de variaccedilatildeo (V) Tem-se entatildeo
Como o valor obtido neste processo de afericcedilatildeo foi inferior ao limite de 7
estabelecido pela norma ASTM G65-91(1991) fica assegurada a confiabilidade dos
resultados obtidos com o abrasocircmetro Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave
baixa tensatildeo realizada com accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilatildeo do
abrasocircmetro
Resultados e Discussatildeo 91
Gustavo Portela de Deus
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com
o accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro
Corpos-de-prova
Massa (g)
PV (cm3) M
i
M
f
Δ
M
01
1
128910
1
125017
0
3893
4
95924
02
1
129257
1
125721
0
3536
4
50446
03
1
077076
1
073516
0
3560
4
53503
04
1
093156
1
089095
0
4061
5
17325
05
1
077034
1
073005
0
4029
5
13248
Total
4
9
Onde Mi = Massa do corpo de prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo de prova depois do ensaio
ΔM = Diferenccedila de massa antes e apoacutes o ensaio
PV = Perda de volume
43 - Resistecircncia ao Desgaste
Resultados e Discussatildeo 92
Gustavo Portela de Deus
A anaacutelise da resistecircncia ao desgaste eacute feita pela comparaccedilatildeo com um material de
referecircncia Neste estudo foi utilizado o proacuteprio material constituinte das unhas da caccedilamba
de uma paacute carregadeira articulada de rodas Para a visualizaccedilatildeo geral dos materiais
envolvidos neste trabalho eacute apresentada na figura 41 uma comparaccedilatildeo da perda de
volume no qual os valores satildeo as meacutedias de todos os ensaios realizados
Na primeira imagem eacute representada a amostra que foi revestida pelo processo de
soldagem em que fica demonstrada a menor perda de massa em funccedilatildeo do consumiacutevel
utilizado no processo que possuiacutea uma grande concentraccedilatildeo de elementos de liga que
propiciam elevada resistecircncia ao desgaste
Na segunda imagem temos a representaccedilatildeo de uma amostra revestida pelo processo
de aspersatildeo teacutermica por LVOF em que tambeacutem fica demonstrada uma elevada resistecircncia
ao desgaste abrasivo embora de menor intensidade que na soldagem que admitimos ter
ocorrido em funccedilatildeo do procedimento utilizado no ensaio ldquoprocedimento Ardquo natildeo ser
recomendado a tal amostra por se tratar de revestimento de espessura pequena da ordem
de 05mm o que eacute considerada pequena para tal ensaio Quando o revestimento eacute de
pequena espessura o procedimento recomendado pela norma G65-91 eacute o ldquoprocedimento
Crdquo em que se utiliza uma menor carga como tambeacutem um nuacutemero menor de revoluccedilotildees
Na terceira imagem temos a representaccedilatildeo da amostra de referecircncia ou seja
retirada da proacutepria unha da caccedilamba da paacute carregadeira de rodas em que fica demonstrada
uma boa resistecircncia agrave abrasatildeo em funccedilatildeo da mesma ter sido constituiacuteda de accedilo carbono
1045 temperado que apresenta uma boa resistecircncia ao desgaste
Resultados e Discussatildeo 93
Gustavo Portela de Deus
Figura 41 - Imagens de corpos-de-prova desgastados no ensaio por abrasatildeo
Os dados coletados para a anaacutelise do desgaste abrasivo por meio do abrasocircmetro
estatildeo quantificados e apresentados na Tabela 42 com as perdas de massa correspondentes
a cada uma das amostras analisadas Na Figura 42 mostra o graacutefico da perda de massa
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste
Amostra Mi (g) Mf (g)
PM
(g)
PV
(mmsup3)
PVCorrigido
(mmsup3)
Metal
de
base
A1 9136 9044 092
45 45
A2 9050 8962 088
A3 10022 9914 108
Valor meacutedio 096
Aspersatildeo
teacutermica
A1 9219 9211 008
20 20
A2 9006 8997 009
A3 9107 9097 010
Valor meacutedio 009
Revestimentos
soldados
A1 18651 18638 013
12 12
A2 15647 15640 007
Resultados e Discussatildeo 94
Gustavo Portela de Deus
A3 14422 14414 008
Valor meacutedio 009
Onde Mi = Massa do corpo-de-prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo-de-prova depois do ensaio
PM = Perda de massa do corpo-de-prova apoacutes o ensaio
0
10
20
30
40
50
60
PV (mmsup3)
Accedilo ABNT
1015
Accedilo ABNT
1045
temperado
Aspersatildeo
teacutermica
Amostra
soldada em
laboratoacuterio
Corpos-de-prova
Perda de Volume Meacutedio (mmsup3)
Perda de Volume (mmsup3) Perda de Volume Corregido (mmsup3)
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos-de-prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo
44 - Dureza
Nos resultados dos valores meacutedios de dureza apresentados na Tabela 43 e na
Figura 43 natildeo se nota grandes dispersotildees dos resultados para os corpos-de-prova quando
se analisa entre os mesmos materiais e nem quando se compara os revestimentos obtidos
por teacutecnicas diferentes no caso por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 95
Gustavo Portela de Deus
Alguns valores de dureza apresentaram discrepacircncia em relaccedilatildeo aos
valores meacutedios que foram atribuiacutedos serem decorrentes do ponto em que o
indentador foi posicionado
O corpo-de-prova utilizado como referecircncia apresentou um bom
resultado de dureza visto que a sua microestrutura eacute constituiacuteda de
martensita
Tabela 43 - Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo
Amostra
HRc
(150kg)
Valor meacutedio
final Dureza
HRc
Metal de base
P1 46
45 P2 48
P3 43
Aspersatildeo
teacutermica
P1 53
54 P2 52
P3 56
Revestimentos
soldados
P1 52
53 P2 48
P3 59
Resultados e Discussatildeo 96
Gustavo Portela de Deus
40
42
44
46
48
50
52
54
Dureza (HRc -
150kg)
Metal de base Aspersatildeo
teacutermica
Soldados
Amostras revestidas
Dureza Meacutedia Final
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados
45 - Microdureza
Amostra M
0
200
400
600
800
1000
1200
30 90 180 330 450 600 750
Distacircncia (Mm)
Dur
eza
(200
gf)
Figura 44 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M
Resultados e Discussatildeo 97
Gustavo Portela de Deus
Amostra P
0
200
400
600
800
1000
1200
30 160 310 460 610 670 730
Distacircncia (microm)
Dure
za H
V (2
00g
f)
Figura 45 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P
46 - Anaacutelise Microestrutural
A anaacutelise microestrutural foi realizada para todos os corpos-de-prova estudados
nesse trabalho utilizando a teacutecnica de Microscopia oacutetica
461- Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente
Os corpos-de-prova aspergidos termicamente apresentaram as microestruturas
conforme mostram as Figuras 46 47 e 48 Nessas pode-se observar uma quantidade
significativa de poros de tamanhos variados principalmente na interface entre a camada
aspergida e o substrato em destaque na Figura 46 A formaccedilatildeo desses poros eacute decorrente
da reaccedilatildeo com gases durante o processo de aspersatildeo e a atmosfera em contato com o
material enquanto liacutequido
Resultados e Discussatildeo 98
Gustavo Portela de Deus
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 50X
Figura 47 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 100X
Interface substratocamada
Linha de poros
Resultados e Discussatildeo 99
Gustavo Portela de Deus
Figura 48 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente
possam ser os carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X
462 Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem
Os corpos-de-prova soldados apresentaram microestrutura euteacutetica com intensa
quantidade de carbetos de cromo complexos do tipo M7C3 conforme mostram as Figuras
49 e 410 Isto se deve principalmente pela composiccedilatildeo quiacutemica do eletrodo utilizado
onde apresentou C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09 com dureza de
65HRC
Estes elementos quando participam da constituiccedilatildeo da liga adicionam e melhoram
algumas propriedades mecacircnicas dos materiais tais como
a) Carbono (C) ndash Na composiccedilatildeo de accedilos modernos destinados agrave cutelaria
quer sejam aqueles classificados como carbono ou os ditos inoxidaacuteveis
dificilmente poderaacute existir menos do que 06 de Carbono pois este eacute o
Resultados e Discussatildeo 100
Gustavo Portela de Deus
principal elemento que apoacutes a adequada tecircmpera concederaacute dureza agrave
peccedila
b) Cromo (Cr) ndash O cromo estimula a formaccedilatildeo de carbonetos aumentando a
resistecircncia ao desgaste bem como a temperabilidade aos accedilos reduz a
velocidade criacutetica de resfriamento de modo que a tecircmpera de accedilos com
teores elevados de cromo seja feita preferencialmente ao oacuteleo ou ao ar A
adiccedilatildeo de cromo torna mais fina a granulaccedilatildeo dos accedilos aumentando
desse modo a sua resistecircncia
c) Molibdecircnio (Mo) ndash Influencia favoravelmente a dureza a resistecircncia a
quente a fluecircncia e a temperatura de crescimento de gratildeo de austenita
aleacutem de melhorar a penetraccedilatildeo da tecircmpera nos accedilos Eacute largamente
empregado no accedilos de construccedilatildeo mecacircnica para beneficiamento pois
forma partiacuteculas resistentes a abrasatildeo e evita a fragilidade de
revenimento O molibdecircnio natildeo eacute empregado sozinho pois apresenta
uma tendecircncia de diminuir a tenacidade dos accedilos
d) Nioacutebio (Nb) ndash Tem alta afinidade por carbono e nitrogecircnio formando
carbonetos e carbonitretos Melhora a soldabilidade a tenacidade e a
comformabilidade o que levou a ciecircncia moderna a busca de
alternativas que aumentassem a resistecircncia mecacircnica do accedilo sem alterar
as outras propriedades desejaacuteveis
e) Tungstecircnio (W) ndash Forma carbonetos muito duros tendo como
consequumlecircncia influecircncia nas propriedades com aumento da dureza
aumento da resistecircncia agrave traccedilatildeo resistecircncia agrave corrosatildeo e a erosatildeo
f) Vanaacutedio (V) ndash Eleva a temperatura de crescimento do gratildeo da austenita
promovendo o refino do gratildeo Eacute excelente desoxidante A adiccedilatildeo de
Resultados e Discussatildeo 101
Gustavo Portela de Deus
vanaacutedio confere aos accedilos uma insensibilidade ao super-aquecimento
melhorando suas caracteriacutesticas de forjamento e usinagem O emprego de
teores elevados de vanaacutedio deve ser acompanhado por um aumento do
teor de carbono devido agrave formaccedilatildeo de carbonetos
g) Siliacutecio (Si) ndash Auxilia na desoxidaccedilatildeo auxilia na grafitizaccedilatildeo aumenta a
fluidez como influecircncia na estrutura Aumenta a resistecircncia agrave oxidaccedilatildeo
com temperaturas elevadas melhoria da temperabilidade e da resistecircncia
a traccedilatildeo influenciando nas propriedades
h) Boro (B) ndash Os accedilos ao boro compreedem uma famiacutelia com propriedades
especiais devendo ser tratados como uma classe agrave parte O boro quando
adicionado em pequenas quantidades melhora a temperabilidade do accedilo
diminui a tendecircncia a triancas de tecircmpera distorccedilotildees durante o
tratamento teacutermico e melhora as propriedades de conformaccedilatildeo mecacircnica
Os accedilos ao boro natildeo satildeo empregados soacute onde se exijam especificaccedilotildees
severas de temperabilidade mas tambeacutem onde se necessite de
caracteriacutesticas uniformes de tratamento teacutermico de usinabilidade
soldagem e conformaccedilatildeo O percentual de boro adicionado aos accedilos pode
variar desde 00005 quando se deseja obter efeitos de temperabilidade
a ateacute 00015 quando se obtecircm a melhor combinaccedilatildeo de resistecircncia e
tenacidade nos accedilos
i) Niacutequel (Ni) ndash Refina o gratildeo diminui a velocidade de transformaccedilatildeo na
estrutura do accedilo Influecia nas propriedades com o aumento da
resistecircncia a traccedilatildeo e com a alta ductilidade
Resultados e Discussatildeo 102
Gustavo Portela de Deus
Figura 49 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X
Resultados e Discussatildeo 103
Gustavo Portela de Deus
Figura 410 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do
tipo M7C3 Ataque colorido 500X
Os corpos de prova estudados e que foram revestidos pelo processo de soldagem de
revestimento foram incluiacutedos no diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C apresentado na Figura
411 Observou-se que todas as amostras estatildeo enquadradas na regiatildeo hipereuteacutetica
Resultados e Discussatildeo 104
Gustavo Portela de Deus
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C
As amostras das Figuras 49 e 410 apresentam uma microestrutura com euteacutetico e
perfis alongados de tonalidade clara representando os carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 e ainda pontos claros representativos dos elementos constituintes da liga de
composiccedilatildeo do eletrodo bem como os carbonetos de cromo que natildeo se desenvolveram
Os perfis representativos dos carbonetos de complexos de cromo M7C3 de forma
alongada conferem ao revestimento uma dureza elevada que favorece a uma maior
resistecircncia ao desgaste abrasivo poreacutem da mesma forma que elevam esta resistecircncia ao
desgaste favorece tambeacutem o aparecimento de trincas que podem acelerar o processo
abrasivo em funccedilatildeo de permitir a penetraccedilatildeo do gratildeo abrasivo entre as frestas dessas
trincas
Resultados e Discussatildeo 105
Gustavo Portela de Deus
463 Resultados
Apresentar uma anaacutelise comparativa de rendimento entre as ferramentas de
penetraccedilatildeo no solo para equipamentos rodoviaacuterios encontrados no mercado consumidor e
destas mesmas ferramentas revestidas superficialmente pelos processos de endurecimento
superficial por soldagem com a utilizaccedilatildeo de eletrodos revestidos e pela teacutecnica de
revestimento LVOF
Nas anaacutelises econocircmicas efetuadas se constatou que o custo para se revestir as
unhas das caccedilambas da paacute carregadeira utilizando como base a peccedila original isto eacute antes
da mesma ser colocada em operaccedilatildeo eacute compatiacutevel com o custo benefiacutecio de se substituir a
mesma unha apoacutes o seu desgaste natural Baseado no preposto e considerando o tempo
desperdiccedilado para a substituiccedilatildeo do elemento consideramos economicamente viaacutevel se
revestir unhas de caccedilamba na condiccedilatildeo nova adquirida no mercado
Capiacutetulo 5
Conclusotildees e Sugestotildees
Conclusotildees 107
Gustavo Portela de Deus
5 ndash Conclusotildees
ndash Os materiais revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica apresentaram uma
superfiacutecie mais uniforme e de melhor aparecircncia
ndash Como determinadas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios natildeo requerem uma usinagem posterior para acabamento como retificaccedilatildeo os
processos por aspersatildeo em determinadas situaccedilotildees satildeo industrialmente mais eficientes
que os processos por soldagem
ndash A perda de volume constatada nos dois processos envolvidos na anaacutelise no
quesito correspondente agrave resistecircncia ao desgaste por aspersatildeo e por soldagem natildeo se
tornou fator determinante na opccedilatildeo de escolha do processo mais eficiente em funccedilatildeo do
procedimento utilizado no ensaio de desgaste por abrasatildeo
- As amostras revestidas pelo processo de soldagem com eletrodo revestido
apresentaram trincas em diversos pontos da estrutura em funccedilatildeo do aparecimento dos
elementos de segunda fase
ndash Ainda natildeo se recomenda revestir ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de
equipamentos rodoviaacuterios que estatildeo sujeitos a grandes impactos pelo processo de aspersatildeo
teacutermica em funccedilatildeo dos revestimentos por aspersatildeo natildeo resistirem ao impacto que tambeacutem
vem a ser uma caracteriacutestica dos dentes de caccedilamba de paacutes carregadeiras que sofrem
desgaste por goivagem
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Gustavo Portela de Deus
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AGRADECIMENTOS
Ao Prof Dr Clodomiro Alves Juacutenior pela sua valiosa orientaccedilatildeo apoio e confianccedila em
mim depositados durante a realizaccedilatildeo deste trabalho de pesquisa
Ao Prof Dr Ayrton de Saacute Brandim pelo estiacutemulo dedicaccedilatildeo e apoio que sempre forneceu
quando solicitado durante o desenvolvimento deste trabalho
Aos professores do Departamento de Engenharia de Materiais da UFRN pelo apoio e
colaboraccedilatildeo durante a fase de estudos interdisciplinares
Agrave Paulo Roberto Rebelo Lages pela fundamental ajuda no desenvolvimento deste
trabalho
Aos colegas mestrandos em Engenharia de Materiais por terem compartilhado conosco os
obstaacuteculos e gloacuterias durante o periacuteodo de desenvolvimento do Mestrado
Agrave Ogramac ndash Induacutestria e Comeacutercio Ltda pela valiosa colaboraccedilatildeo nos revestimentos das
amostras pelo processo de aspersatildeo teacutermica
A Engincom Induacutestria e Comeacutercio Ltda pela valiosa colaboraccedilatildeo nos revestimentos das
amostras pelo processo de soldagem
Aos colegas do CEFET-PI pelo apoio e disponibilidade
Ao Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Piauiacute ndash CEFET-PI por nos fornecer esta
possibilidade de desenvolver este trabalho de pesquisa cientiacutefica especialmente na pessoa
do Sr Diretor Geral Francisco das Chagas Santana que natildeo mediu esforccedilos para nos
atender nesta contenda
RESUMO
O objetivo principal do trabalho eacute analisar a resistecircncia ao desgaste abrasivo agrave baixa
tensatildeo dos elementos que compotildeem os oacutergatildeos de maacutequinas rodoviaacuterias que estatildeo expostos
diretamente ao contato com abrasivos Estas anaacutelises foram efetuadas apoacutes estes elementos
serem revestidos superficialmente pelo processo de soldagem com eletrodo revestido (SAER)
manual e pelo processo de revestimento por aspersatildeo teacutermica tipo LVOF Como tambeacutem visa
apresentar sugestotildees para um melhor aproveitamento e rendimento destes elementos quais
sejam diminuindo custos e evitando paralisaccedilotildees nas frentes de serviccedilo Os corpos-de-prova
foram confeccionados a partir de um substrato de accedilo carbono ABNT 1045 temperado
seguindo as mesmas especificaccedilotildees e composiccedilotildees dos metais constituintes das ligas e foi
seguida a norma que regulamenta as dimensotildees destas amostras e de acordo com a grandeza
correspondente Os resultados foram avaliados por meio de ensaios de dureza resistecircncia ao
desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo e pela perda de volume associando a microestrutura dos
revestimentos analisados
Palavras-chave Desgaste abrasivo soldagem de revestimento e aspersatildeo teacutermica
ABSTRACT
The main objective is to analyze the abrasive wear resistance to the low stress of the
elements that make up the organs of road machinery that are exposed directly to contact with
abrasives These samples were analyzed after these elements are coated superficially by the
process of welding electrode coated with (SAER) and the manual process of coating type
LVOF thermal spraying As well is to provide suggestions for a better recovery and return of
these elements which are reducing costs and avoiding downtime in the fronts of service The
samples were made from a substrate of carbon ABNT 1045 tempered steel following the
same specifications and composition of metals and alloys of constituents was followed the
standard governing the dimensions of these samples and in accordance with the corresponding
size The results were evaluated by testing the hardness abrasion resistance to wear by the low
stress and the loss of volume involving the microstructure of coatings analyzed
Keywords Wear abrasive welding hardfacing and thermal spraying
SUMAacuteRIO
1 ndash Introduccedilatildeo 14
2 ndash Revisatildeo Bibliograacutefica 19
21 ndash Tipos de Desgaste21
22 ndash Desgaste por Abrasatildeo21
23 ndash Tipos de Processos Abrasivos22
24 ndash Tipos de Abrasatildeo24
241 ndash Goivagem24
242 ndash Abrasatildeo por Alta Pressatildeo25
243 ndash Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Pressatildeo26
2431 ndash Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo27
2432 ndash Consideraccedilotildees Sobre os Abrasivos29
2433 ndash Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo29
24331 ndash Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo31
25 ndash Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste Abrasivo32
251 ndash Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo34
252 ndash Carga Aplicada35
253 ndash Influecircncia da Dureza38
254 ndash Influecircncia da Temperatura39
26 ndash Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste40
27 ndash Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste44
28 ndash Revestimentos Superficiais45
281 ndash Aspersatildeo Teacutermica46
2811 ndash Processos50
28111 ndash Processos por Combustatildeo50
281111 ndash Arames e Varetas51
281112 ndash Poacute51
28112 ndash Detonaccedilatildeo54
28113 ndash Processos Eleacutetricos55
281131 ndash Arco Eleacutetrico55
281132 ndash Arco Plasma Natildeo-Transferido56
281133 ndash Arco Plasma Transferido58
2812 ndash Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie58
2813 ndash Limpeza e Manuseio59
28131 ndash Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes59
2814 ndash Criaccedilatildeo de Rugosidade60
282 ndash Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste60
2821 ndash Recobrimento Duro61
2822 ndash Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro61
2823 ndash Seleccedilatildeo do Material para o Recobrimento Duro64
2824 ndash Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento64
29 ndash Tipos de Revestimento65
291 ndash Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro65
292 ndash Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies66
3 ndash Materiais e Meacutetodos69
31 ndash Fluxograma de Desenvolvimento Experimental69
32 ndash Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no solo de Equipamentos
Rodoviaacuterios70
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos72
3211 ndash Revestimento Duro por Processo de Soldagem72
3212 ndash Revestimento Superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF74
3213 ndash HVOF (High Velocity Oxigen Fuel) helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip74
3214 ndash LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray-Poacute helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip76
3215 ndash LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray-Arame helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip76
322 ndash Materiais77
3221 ndash Material de Referecircncia77
3222 ndash Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo77
3223 ndash Consumiacuteveis Utilizados78
3224 ndash Areia79
323 ndash Equipamentos79
3231 ndash Equipamento de Soldagem79
3232 ndash Sistema de Peneiramento da Areia79
3233 ndash Abrasocircmetro80
3234 ndash Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos de Prova82
3235 ndash Durocircmetro82
3236 ndash Microscopia Oacutetica83
33 ndash Sequumlecircncia Experimental83
34 ndash Meacutetodos84
341 ndash Planejamento Experimental84
3411 ndash Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo agrave Baixa Tensatildeo ASTM G65-9184
3412 ndash Microscopia Oacutetica85
3413 ndash Ensaio de Dureza85
4 ndash Resultados e Discussotildees 87
41 ndash Introduccedilatildeo87
411 ndash Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho87
42 ndash Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM G65-91
Procedimento A89
43 ndash Resistecircncia ao Desgaste90
44 ndash Dureza93
45 ndash Microdureza 95
46 ndash Anaacutelise Microestrutural96
461 ndash Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente96
462 ndash Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem 98
463 ndash Resultados 103
5 ndash Conclusotildees105
Referecircncias 107
LISTA DE FIGURAS
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e dentes desgastados 20
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e cantos desgastados 20
Figura 23 ndash Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste 22
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos23
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos24
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste35
Figura 27 ndash Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo37
Figura 28 ndash Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste39
Figura 29 ndash Efeito da temperatura no desgaste abrasivo40
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato46
Figura 211 ndash Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido48
Figura 212 ndash Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas49
Figura 213 ndash Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo50
Figura 214 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama50
Figura 215 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama53
Figura 216 ndash Esquemaacutetica de tocha de detonaccedilatildeo55
Figura 217 ndash Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico56
Figura 218 ndash Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma57
Figura 31 ndash Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira70
Figura 32 ndash Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira71
Figura 33 ndash Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo80
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha81
Figura 35 ndash Durocircmetro83
Figura 41 ndash Imagens de corpos de prova desgastados no ensaio de abrasatildeo91
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos de prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo93
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados94
Figura 44 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M95
Figura 45 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P95
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 50X96
Figura 47 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 100X97
Figura 48 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente possam ser os
carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X97
Figura 49 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X100
Figura 410 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 500X101
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C102
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica49
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor51
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro66
Tabela 24 ndash Guia para seleccedilatildeo de ligas para recobrimento duro71
Tabela 25 ndash Vantagens e desvantagens dos processos para revestimentos de superfiacutecies75
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com o
accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro94
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste95
Tabela 43 ndash Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo97
LISTA DE ABREVIATURAS E SIacuteMBOLOS
Capiacutetulo 1
Introduccedilatildeo
Introduccedilatildeo 14
Gustavo Portela de Deus
1 ndash INTRODUCcedilAtildeO
O elevado desgaste de material dos elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios eacute provocado essencialmente pelo tipo de terreno mineral presente resistecircncia
litoloacutegica e em funccedilatildeo das intempeacuteries do tempo principalmente da umidade e da
temperatura
O rendimento apresentado por esses elementos e a vida uacutetil oferecida estatildeo
relacionados agrave composiccedilatildeo da liga constituinte do material dos processos de tratamento
teacutermico a que foram submetidos como tambeacutem de operaccedilotildees efetuadas devida ou
indevidamente pelo operador do equipamento rodoviaacuterio
Os elementos fundidos laminados e forjados que compotildeem o conjunto de
componentes de penetraccedilatildeo no solo sofrem de forma direta a influecircncia do desgaste abrasivo
Desgaste este que participa em determinadas situaccedilotildees com ateacute 85 (oitenta e cinco por
cento) do custo de manutenccedilatildeo dos equipamentos rodoviaacuterios na forma rotineira (BATISTA
NASCIMENTO et al 1999) Estes elementos em funccedilatildeo de serem solicitados de forma
intensa ou intermitente satildeo consumidos ao longo do tempo Fazendo agraves vezes paradas
bruscas e inesperadas nas frentes de trabalho ocasionando portanto elevaccedilatildeo nos custos de
produccedilatildeo
O desgaste em componentes vitais de maacutequinas e equipamentos rodoviaacuterios ocorre de
vaacuterias formas diferentes como por deslizamento por rolamento por abrasatildeo por erosatildeo por
impacto por corrosatildeo e por choque teacutermico Jaacute se tratando de elementos de penetraccedilatildeo no
solo a perda de massa desses elementos eacute provocada quase que exclusivamente pelo desgaste
abrasivo a baixa tensatildeo que eacute provocado pelo proacuteprio material ou carga a que o equipamento
Introduccedilatildeo 15
Gustavo Portela de Deus
seraacute solicitado pelo contato com esse material e pelo movimento relativo entre as partes
envolvidas no sistema Uma maneira de identificaccedilatildeo do desgaste abrasivo agrave baixa tensatildeo eacute
pela observaccedilatildeo da superfiacutecie a ser analisada se a mesma apresenta corte riscamento ou
penetraccedilatildeo de material (GREGOLIN1990)
Com o intuito de elevar a vida uacutetil das ferramentas de penetraccedilatildeo e corte nos solos e
substratos rochosos as grandes empresas fabricantes e montadoras de equipamentos
rodoviaacuterios ou de terraplenagem vecircm aprimorando e desenvolvendo bem como exigindo de
seus fornecedores ferramentas com caracteriacutesticas fiacutesicas e mecacircnicas mais resistentes ao
desgaste abrasivo e ainda desenvolvendo peccedilas e ferramentas de faacutecil substituiccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo e jaacute projetadas para receber recobrimentos de manutenccedilatildeo tais como
Bordas soldaacuteveis de meia seta ndash que tecircm como finalidade
proteger a estrutura da caccedilamba por meio do acreacutescimo de material de desgaste
agrave borda da base
Reforccedilos de canto soldaacuteveis ndash utilizados para proteger o canto
externo inferior de todos os tipos de caccedilambas
Bloco de desgaste de ldquoFerro Brancordquo ndash uma liga de alto teor de
cromo denominada ldquoFerro Brancordquo eacute caldeada a uma chapa de reforccedilo de accedilo
doce que por sua vez pode ser soldada (solda tampatildeo) com um eletrodo de
vareta a uma caccedilamba armaccedilatildeo de lacircmina ou a qualquer parte onde instalaccedilatildeo
raacutepida de baixo custo e proteccedilatildeo contra abrasatildeo satildeo requeridos
Outras soluccedilotildees desenvolvidas e aplicadas como alternativa agrave proteccedilatildeo contra o
desgaste satildeo
Introduccedilatildeo 16
Gustavo Portela de Deus
Sistema de chapa de desgaste fixada mecanicamente em que
fornece um meio faacutecil de instalaccedilatildeo e remoccedilatildeo evitando assim longas
paradas para manutenccedilatildeo
Barras de desgaste para lacircminas
As barras de desgaste fornecem proteccedilatildeo adicional para a lacircmina em aplicaccedilotildees
altamente abrasivas onde se constata uma vida uacutetil mais curta do revestimento As barras de
desgaste de lacircminas satildeo projetadas para serem soldadas sobre o revestimento normal
(superfiacutecie de desgaste) da lacircmina
Considerando-se ainda que por meio dos processos de fabricaccedilatildeo convencionais e na
composiccedilatildeo de ligas praticamente jaacute foi esgotada a possibilidade de desenvolvimento de
materiais mais resistentes ao desgaste abrasivo a soluccedilatildeo que se busca atualmente eacute o
desenvolvimento de teacutecnicas de endurecimento ou revestimento superficial que tornem esses
elementos mais resistentes ao desgaste abrasivo tais como soldagem cladding
eletrodeposiccedilatildeo Deposiccedilatildeo Fiacutesica de Vapor ndash DFV (PVD) ( BARREIRA LIMA et al 2001)
Deposiccedilatildeo Quiacutemica de Vapor ndash DQV (CVD) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem
se desenvolvido ultimamente ( LIMA SOUZA et al 2001)
A busca de informaccedilotildees contidas neste estudo visa avaliar e pesquisar por meio de
anaacutelise de diferentes ensaios tecnoloacutegicos o melhoramento dos materiais quanto a sua
resistecircncia ao desgaste abrasivo quando os mesmos estatildeo em contato direto com o solo com a
finalidade de obter materiais mais resistentes ao ataque destes elementos abrasivos aleacutem de
contribuir com o desenvolvimento de produtos de qualidade superior agraves dos produtos
oferecidos atualmente pelo mercado
Foi analisada a viabilidade econocircmica com a introduccedilatildeo de novas teacutecnicas de
revestimento como LVOF e revestimento por soldagem Tambeacutem foram utilizados como
Introduccedilatildeo 17
Gustavo Portela de Deus
elementos de estudo dentes de caccedilambas suportes elos segmentados de esteiras e unhas de
80escarificadores de maacutequinas rodoviaacuterias
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo que foram utilizados como referecircncia na inspeccedilatildeo
e estudo durante o desenvolvimento deste projeto satildeo utilizados de forma intensa e ou
intermitente em maacutequinas rodoviaacuterias do tipo moto- niveladoras tratores de esteiras tratores
escavo-carregadores de pneus retroescavadeiras e escavadeiras hidraacuteulicas de esteiras
Capiacutetulo 2
Revisatildeo Bibliograacutefica
Revisatildeo Bibliograacutefica 19
Gustavo Portela de Deus
2 - Revisatildeo Bibliograacutefica
Tribologia eacute definida como a ciecircncia e tecnologia da interaccedilatildeo entre superfiacutecies em
movimento relativo e das praacuteticas relacionadas A palavra eacute derivada das palavras gregas
TRIBOS que significa atrito e LOGOS que significa estudo de forma que uma traduccedilatildeo
literal significa estudo do atrito ou a ciecircncia que estuda o atrito (STOETERAU 2001)
A tribologia envolve a investigaccedilatildeo cientiacutefica de todos os tipos de fricccedilatildeo
lubrificaccedilatildeo e desgaste e tambeacutem as aplicaccedilotildees teacutecnicas do conhecimento triboloacutegico
(STOETERAU2001) Especificamente em estudo o desgaste eacute a perda progressiva de
mateacuteria da superfiacutecie de um corpo soacutelido devido ao contato e movimento relativo com um
outro corpo soacutelido liacutequido ou gasoso (STOETERAU PASCOALI 2001)
O desgaste de componentes e equipamentos industriais rodoviaacuterios e de outros
tipos de atividades produtivas representa um grande fator de depreciaccedilatildeo de capital de
equipamento e fonte de despesas com manutenccedilatildeo e reposiccedilatildeo de componentes mecacircnicos
As Figuras de 21 a 24 mostram componentes de estruturas de maacutequinas de terraplenagem
desgastadas pelos efeitos da abrasatildeo no processo triboloacutegico
Sobre os custos de produccedilatildeo estes se tornam mais elevados em decorrecircncia da
reposiccedilatildeo das peccedilas desgastadas ou deterioradas e da matildeo-de-obra para substituiccedilatildeo aleacutem
do tempo parado dos equipamentos que deixam de produzir Muitas vezes exige ainda o
superdimensionamento de componentes influindo ou limitando na produccedilatildeo dos
equipamentos ou ainda provocando a paralisaccedilatildeo destes Estes fatores influem
significativamente na elevaccedilatildeo dos custos e no rendimento de produccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 20
Gustavo Portela de Deus
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircmina e dentes desgastados
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircminas e cantos desgastados
ldquoDe acordo com Hawk et al (1999) o desgaste eacute um dos maiores problemas que
aparecem em escavaccedilotildees nas movimentaccedilotildees de terras mineraccedilotildees e processamentos de
minerais nas induacutestrias ocorrendo em uma grande variedade de equipamentos como nas
lacircminas de remover terra dos tratores que fazem por exemplo a terraplenagem em
britadeiras dentes escavadores lacircminas de escoamento etc O desgaste de peccedilas os custos
com o reparo e com a substituiccedilatildeo destas peccedilas significam elevadiacutessimos gastos para as
empresasrdquo
Revisatildeo Bibliograacutefica 21
Gustavo Portela de Deus
21 Tipos de Desgaste
Os principais tipos de desgaste observados nos componentes mecacircnicos satildeo por
(GREGOLIN RIBEIRO et al 1990)
Abrasatildeo ndash ocasionado por partiacuteculas abrasivas (duras) sob tensatildeo
deslocando-se sobre a superfiacutecie
Erosatildeo ndash devido ao choque contra a superfiacutecie de partiacuteculas soacutelidas ou gotas
liacutequidas presentes em correntes de fluidos
Cavitaccedilatildeo ndash associado agrave formaccedilatildeo e implosatildeo de bolhas gasosas em
correntes de fluidos na interface liacutequidondashmetal devido agrave variaccedilatildeo suacutebita de pressatildeo
ao longo do percurso
Adesatildeo ou fricccedilatildeo ndash resultante da fabricaccedilatildeo metalndashmetal quando
superfiacutecies aacutesperas deslizam entre si
Corrosatildeo ndash quando envolve a ocorrecircncia de reaccedilotildees quiacutemicas superficiais no
material aleacutem das accedilotildees mecacircnicas de desgaste
Impacto ndash ocasionado por choques ou cargas aplicadas verticalmente sobre a
superfiacutecie
22 Desgaste por Abrasatildeo
Desgaste por abrasatildeo ou desgaste abrasivo eacute a retirada de material causada pela
presenccedila de partiacuteculas duras As partiacuteculas duras podem estar aprisionadas na interface
entre as duas superfiacutecies em movimento relativo ou serem as protuberacircncias que fazem
parte da rugosidade de uma das superfiacutecies Acompanhada de forte pressatildeo ocasionada por
deslocamento ou por amassamento a retirada do metal Tais abrasivos podem ser
Revisatildeo Bibliograacutefica 22
Gustavo Portela de Deus
representados por vegetais ou minerais (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
A Figura 25 apresenta os percentuais de contribuiccedilatildeo do desgaste abrasivo em
relaccedilatildeo aos demais tipos de desgastes Neste pode-se observar que o desgaste abrasivo eacute o
de maior representatividade nas estruturas mecacircnicas de maacutequinas e equipamentos
chegando a contribuir de forma geneacuterica com 50 em relaccedilatildeo aos demais desgastes
revelando a importacircncia de tal desgaste
Figura 23 - Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste
23 Tipos de Processos Abrasivos
Abrasatildeo a dois corpos
De acordo com Souza (2002) quando uma ou mais partiacuteculas de elevada dureza
satildeo atritadas contra uma superfiacutecie sulcando-a ou escavando-a devido agrave forccedila normal
aplicada tem-se o desgaste abrasivo de dois corpos
importacircncia do desgaste abrasivo
diversos
14
quiacutemico
5
fretting
8
erosatildeo
8
adesivo
15
abrasivo
50
Revisatildeo Bibliograacutefica 23
Gustavo Portela de Deus
Abrasatildeo a trecircs corpos
Quando estas partiacuteculas satildeo aprisionadas entre duas superfiacutecies que deslizam entre
si pode ocorrer o chamado desgaste abrasivo de trecircs corpos As Figuras 26 e 27 mostram
as representaccedilotildees de formas de desgaste abrasivo a dois corpos e a trecircs corpos
respectivamente
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos
Revisatildeo Bibliograacutefica 24
Gustavo Portela de Deus
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos
Em relaccedilatildeo ao desgaste abrasivo eacute interessante ressaltar que embora a partiacutecula
abrasiva seja mais dura que a superfiacutecie a ser desgastada esta natildeo eacute uma condiccedilatildeo para se
classificar o desgaste como abrasivo (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr)
24 Tipos de Abrasatildeo
241 Goivagem
Eacute o desgaste provocado por partiacuteculas grandes e grosseiras principalmente dotadas
de regiotildees pontiagudas cortantes com dureza maior do que a parte metaacutelica que estaacute sendo
desgastada Pode acontecer quando haacute um contato entre as partes com pressotildees mais ou
menos violentas e repetitivas
Revisatildeo Bibliograacutefica 25
Gustavo Portela de Deus
Um exemplo tiacutepico de abrasatildeo por goivagem eacute representado em dentes de caccedilambas
de maacutequinas que operam em serviccedilos de terraplenagem onde ocorre deslocamento de
cargas como pedra e areia Esses materiais abrasivos em geral de grandes dimensotildees e
dotados de regiotildees pontiagudas sob condiccedilotildees de altas tensotildees e envolvendo impacto satildeo
fatores que propiciam a penetraccedilatildeo mais profunda do abrasivo na superfiacutecie provocando
desgastes com a formaccedilatildeo de sulcos profundos Os accedilos austeniacuteticos ao manganecircs satildeo em
geral as ligas preferidas para combater este tipo de desgaste (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
242 Abrasatildeo por Alta Pressatildeo
Eacute o desgaste que ocorre entre partiacuteculas abrasivas e o metal ocasionando o
esmagamento do abrasivo ou natildeo A prensagem da partiacutecula contra o metal pode ser
exercida por pressotildees fortes ou meacutedias que provocam a formaccedilatildeo de superfiacutecies de
pequenos fragmentos
As partiacuteculas abrasivas podem ser classificadas quanto agraves suas dimensotildees e satildeo
consideradas meacutedias quando inferiores a 5 cm ou pequenas quando menores do que 1cm
As partiacuteculas meacutedias podem exercer a accedilatildeo abrasiva superficial arrancando fragmentos do
metal enquanto as partiacuteculas pequenas por sua vez provocam o desgaste
A constituiccedilatildeo do metal influi na forma ou resposta do desgaste provocado Se for
duacutectil teraacute uma abrasatildeo que tira cavacos se eacute fraacutegil ou se torne fraacutegil haveraacute um
deslocamento superficial de pequenos fragmentos Eacute normal que ocasionalmente poderatildeo
ocorrer as duas modalidades ao mesmo tempo Exemplos das partes sujeitas ao desgaste
por abrasatildeo satildeo caccedilambas de escavaccedilatildeo ou carga lacircminas de motoniveladoras e arados
raspadores
Revisatildeo Bibliograacutefica 26
Gustavo Portela de Deus
Eacute o tipo de desgaste onde o material abrasivo eacute fragmentado durante o contato
abrasivo com a superfiacutecie desgastada As tensotildees envolvidas satildeo portanto superiores agrave
tensatildeo de fragmentaccedilatildeo do abrasivo promovendo ainda maior penetraccedilatildeo do abrasivo na
superfiacutecie maior deformaccedilatildeo plaacutestica das fases duacutecteis e fratura das fases fraacutegeis presentes
no material Tipicamente esta forma de abrasatildeo ocorre em equipamentos de moagem de
mineacuterios que envolvem partiacuteculas de pequeno tamanho em mancais contaminados com
areia etc Para prevenir este tipo de abrasatildeo normalmente empregam-se materiais do tipo
ferros fundidos ou accedilo ndash ligas que possuem maior tenacidade (BATISTA NASCIMENTO
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243 - Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Tensatildeo
Tipo de abrasatildeo na qual a superfiacutecie penetrante eacute riscada pelo material abrasivo em
decorrecircncia de sua dureza e resistecircncia oferecida e do proacuteprio stress do metal constituinte
dos componentes dos equipamentos em decorrecircncia de seu uso que ao penetrar na
superfiacutecie promove a remoccedilatildeo de material As tensotildees impostas sobre as partiacuteculas
abrasivas satildeo inferiores agrave tensatildeo necessaacuteria para a fragmentaccedilatildeo destas principalmente
tratando-se de aacutereas de domiacutenio do embasamento cristalino ou com predominacircncia de
rochas iacutegneas eou metamoacuterficas que no Nordeste apresentam pouco desenvolvimento do
solo
Tais condiccedilotildees imprimem nas ferramentas de penetraccedilatildeo esforccedilos mais abrasivos
em decorrecircncia de essas rochas se apresentarem pouco alteradas e com elevado grau de
resistecircncia em relaccedilatildeo a outros tipos de solo encontrados em outros ambientes geoloacutegicos
Tal como a abrasatildeo agrave baixa pressatildeo que ocorre na superfiacutecie dos componentes de
equipamentos que direta ou indiretamente manuseiam terras areias cascalhos piccedilarras
rochas ou mineacuterios tais como maacutequinas agriacutecolas equipamentos de escavaccedilatildeo e transporte
Revisatildeo Bibliograacutefica 27
Gustavo Portela de Deus
utilizados na induacutestria da construccedilatildeo civil principalmente das atividades ligadas agrave
construccedilatildeo recuperaccedilatildeo e pavimentaccedilatildeo de estradas e dos setores de mineraccedilatildeo
sideruacutergicas etc Com a finalidade de prevenir a ocorrecircncia destes tipos de desgastes
empregam-se normalmente ferros fundidos com alto teor de carbono (martensiacuteticos ou
austeniacuteticos) agraves vezes contendo outros elementos de liga aleacutem de ligas de cobalto ndash
tungstecircnio ndash carbono
2431 - Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo
Normalmente eacute sabido que partiacuteculas de grande tamanho provocam desgaste por
abrasatildeo acompanhado de impacto isto leva a ter-se um desgaste acentuado que na
verdade foi muito mais por impacto que por abrasatildeo
Partiacuteculas meacutedias dependendo da dureza e do formato satildeo menos agressivas
poreacutem partiacuteculas finas satildeo mais abrasivas ocasionando abrasatildeo muito incidente Como
exemplo pode-se citar o cimento talco xistos e outros que satildeo compostos de partiacuteculas
finas e altamente abrasivas Eacute claro que a dureza destas partiacuteculas tambeacutem eacute significativa
A forma dos materiais abrasivos varia desde arredondados ateacute acircngulos vivos
Os minerais mais duros possuem formaccedilotildees agudas enquanto que em
contraposiccedilatildeo os mais duacutecteis apresentam formaccedilotildees arredondadas Quanto mais agudas
forem as arestas maior seraacute a accedilatildeo abrasiva No caso de impactos ou pressotildees fortes as
formas agudas podem penetrar no metal provocando um desgaste por ldquogoivagemrdquo ou
fratura da peccedila A dureza de uma liga metaacutelica eacute de grande importacircncia na resistecircncia
oposta a uma accedilatildeo abrasiva As maiores durezas correspondem a resistecircncias maiores
Os abrasivos menos duros teratildeo accedilatildeo menos violenta Com referecircncia agraves ligas
metaacutelicas satildeo encontradas com facilidade tabelas de dureza das vaacuterias alternativas e
Revisatildeo Bibliograacutefica 28
Gustavo Portela de Deus
tambeacutem as diversas escalas de durezas com referecircncia aos abrasivos quando eacute possiacutevel
conjugar proteccedilotildees atraveacutes de adiccedilotildees de peliacuteculas metaacutelicas com finalidade de melhor
proteger a peccedila em accedilatildeo de trabalho
Quando eacute possiacutevel unir uma maior dureza com uma granulaccedilatildeo adequada seratildeo
atingidos os mais elevados iacutendices de resistecircncia agrave abrasatildeo Para proteger as peccedilas dos
equipamentos contra a abrasatildeo eacute importante preparar a superfiacutecie do metal procurando
deixaacute-la a mais lisa possiacutevel sem protuberacircncias ou rugosidades pois a abrasatildeo eacute iniciada
preferencialmente nestas regiotildees Ligas constituiacutedas de alto teor de carbeto de tungstecircnio e
de cromo aleacutem da elevada dureza apresentam depoacutesitos lisos e brilhantes compatiacuteveis
com estas caracteriacutesticas mencionadas Eacute natural que quanto maior a velocidade e a
frequumlecircncia do contato da partiacutecula com o metal maior seraacute a accedilatildeo abrasiva e
consequumlentemente o desgaste das peccedilas Os tamanhos dos gratildeos tambeacutem satildeo importantes
pois quanto menor forem mais a superfiacutecie seraacute desgastada (BATISTANASCIMENTO
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Baseado nas consideraccedilotildees acima os principais fatores que afetam o desgaste por
abrasatildeo satildeo as caracteriacutesticas dos abrasivos associados aos fatores externos que atuam
sobre a superfiacutecie do componente Assim podem-se listar os seguintes fatores
a) Tamanho da partiacutecula (grossa fina ou meacutedia)
b) Formato da partiacutecula (angulares ou redondas)
c) Dureza da partiacutecula
d) Dureza do metal base
e) Acabamento do metal base
f) Velocidade e frequumlecircncia do contato entre a partiacutecula abrasiva e o metal base
g) Tamanho de gratildeo da estrutura do metal base
Revisatildeo Bibliograacutefica 29
Gustavo Portela de Deus
h) Acircngulo de incidecircncia da partiacutecula do metal base
i) Stress do metal constituinte das peccedilas de equipamentos pelo uso
2432 - Consideraccedilotildees sobre os Abrasivos
As rochas satildeo constituiacutedas por um agregado de minerais cujos constituintes mais
comuns satildeo os minerais de quartzo feldspato mica e outros ricos em silicatos de alumiacutenio
e magneacutesio muitos dos quais de elevada dureza Ex granitos areia basalto folhelhos
xistos filitos gnaises etc
Os carbonatos satildeo os principais constituintes dos calcaacuterios e margas e
normalmente compotildeem parte dos pacotes sedimentares das formaccedilotildees geoloacutegicas das
bacias sedimentares e satildeo considerados produtos macios Entretanto comumente estes
pacotes encontram-se alternados com outros de arenitos siltitos e folhelhos
Os mineacuterios satildeo compostos de oacutexidos carbonetos e sulfetos Os oacutexidos satildeo
geralmente duros (bauxita hematita) enquanto que os sulfetos satildeo geralmente macios
(galena ou sulfetos de chumbo) As rochas combustiacuteveis (hulha turfa) e os fosfatos contecircm
proporccedilotildees mais ou menos elevadas de siacutelica e alumina
Para amenizar os gastos com o desgaste abrasivo partiu-se para o desenvolvimento
de materiais com maiores resistecircncias ao desgaste Assim vaacuterias pesquisas nesta aacuterea
triboloacutegica comeccedilaram a ser desenvolvidas em cima dos diversos tipos de materiais
existentes (FUSSEacute et al)
2433 Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ser classificado como de dois ou trecircs corpos Na abrasatildeo
de dois corpos as partiacuteculas abrasivas satildeo movidas livremente sobre a superfiacutecie do
Revisatildeo Bibliograacutefica 30
Gustavo Portela de Deus
material como areia em uma calha No desgaste abrasivo de trecircs corpos as partiacuteculas
abrasivas agem como elementos de interface entre o corpo soacutelido e o contra-corpo O
desgaste quando envolve trecircs corpos eacute cerca de duas a trecircs vezes menor do que quando
envolve dois corpos Pois no caso de trecircs corpos devido agrave variaccedilatildeo no acircngulo de ataque
apenas uma pequena porccedilatildeo das partiacuteculas causa desgaste (GAHR 1987)
De acordo com Briscoe amp Adams (1987) o crucial para todos os mecanismos de
desgaste abrasivo ou outros eacute conhecer o caminho ou seja a direccedilatildeo na qual o material se
deforma sob a aspereza penetrante ou a partiacutecula dura que entra em contato com o material
Com o intuito de predizer se uma deformaccedilatildeo eacute elaacutestica ou plaacutestica Fusse et al
apud Halliday (1995) apud Briscoe amp Adams (1995) mostrou que o maacuteximo acircngulo de
uma aspereza a qual se torna plaacutestica eacute dado por
tan θlim = K(HE)(1-ν2)
Onde
ldquoHrdquo eacute o entalherecorte da dureza
ldquoErdquo eacute o moacutedulo de Young
ldquoνrdquo eacute o coeficiente de Poisson
K=08 para a plasticidade parcial ou 2 para a plasticidade cheiainteira
Revisatildeo Bibliograacutefica 31
Gustavo Portela de Deus
24331 Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ocorrer em baixo ou alto niacutevel dependendo da razatildeo
entre a dureza da partiacutecula e da superfiacutecie O desgaste abrasivo estaacute relacionado a alguns
mecanismos dentre eles os principais satildeo
Microcorte ndash Deformaccedilatildeo plaacutestica sem perda de mateacuteria gerando um sulco
com consequumlente formaccedilatildeo de acuacutemulos frontais e laterais da mateacuteria
movimentada
Microssulcamento ndash Formaccedilatildeo de micro-cavacos sem deformaccedilatildeo plaacutestica
lateral
Microlascamento ndash Formaccedilatildeo de detritos devido agrave formaccedilatildeo e interaccedilatildeo de
fissuras Este tipo de mecanismo acontece quando as tensotildees impostas
superam as tensotildees criacuteticas para a formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas sendo
restrita aos materiais fraacutegeis
Satildeo diversas as nomenclaturas utilizadas para estes mecanismos de desgaste na literatura
podem ser encontradas denominaccedilotildees tais como microusinagem riscagem descamaccedilatildeo
microtrincamento microfadiga que satildeo tentativas de aproximar melhor o significado dos
mecanismos que estatildeo sendo observados nos experimentos (GAHR 1987)
Microssulcamento e microcorte satildeo mecanismos dominantes em materiais mais
duacutecteis A ocorrecircncia de um deles vai depender do acircngulo de ataque das partiacuteculas
abrasivas O microcorte ocorre a partir de um acircngulo de ataque criacutetico Este acircngulo de
ataque criacutetico eacute funccedilatildeo do material que estaacute sendo desgastado e das condiccedilotildees de teste A
transiccedilatildeo do mecanismo de microssulcamento para microcorte depende tambeacutem do
coeficiente de atrito Normalmente o mecanismo passa do microssulcamento para
Revisatildeo Bibliograacutefica 32
Gustavo Portela de Deus
microcorte com o aumento da dureza do material que estaacute sendo desgastado Aumentos
ainda maiores de dureza resultam na passagem de microcorte para microtrincamento
(GAHR 1987)
O microtrincamento pode ocorrer quando satildeo impostas grandes tensotildees sobre as
partiacuteculas abrasivas particularmente em superfiacutecies de materiais fraacutegeis Neste caso
grande quantidade de detrito eacute retirada da superfiacutecie devido agrave formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de
trinca
Partiacuteculas de menor ou igual dureza que a superfiacutecie tambeacutem podem desgastaacute-la O
ataque das partiacuteculas macias pode resultar em deformaccedilatildeo elaacutestica e plaacutestica fadiga de
superfiacutecie e a superfiacutecie ficar severamente danificada (GAHR 1987)
25 - Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste
Abrasivo
Segundo Mondal et al (1998) a taxa de desgaste abrasivo e os mecanismos de
desgaste podem ser influenciados por vaacuterios fatores como o tamanho do gratildeo abrasivo a
carga aplicada a dureza dos materiais utilizados e a tenacidade da fratura
Ainda de acordo com Souza (2002) uma grande variedade de paracircmetros influencia
os mecanismos de desgaste no geral sendo que os principais satildeo
Paracircmetros de Material
Composiccedilatildeo
Tamanho do gratildeo
Moacutedulo de elasticidade
Condutividade teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 33
Gustavo Portela de Deus
Dureza etc
Paracircmetros de Projetos
Forma
Carregamento
Tipo de movimento
Aspereza
Vibraccedilatildeo
Nuacutemero de ciclos etc
Paracircmetros de Meio Ambiente
Temperatura
Contaminaccedilatildeo
Umidade
Atmosfera etc
Paracircmetros de Lubrificaccedilatildeo
Tipo de lubrificante
Estabilidade de lubrificante
Tipo de fluido
Lubrificaccedilatildeo etc
Presenccedila ou Ausecircncia de Desgaste Interno
Segundo Catai et al de acordo com pesquisadores relatados nos trabalhos de
Mondal et al (1998) embora se diga que a taxa de desgaste depende do tamanho do gratildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 34
Gustavo Portela de Deus
abrasivo existe um valor criacutetico de tamanho de gratildeo abrasivo acima do qual a taxa de
desgaste se torna independente do tamanho do gratildeo Tambeacutem se ressalta que as diferenccedilas
nas durezas entre os dois corpos atritantes influenciam diretamente este tamanho criacutetico do
gratildeo abrasivo
251 - Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo
De acordo com Deuis (1996) o tamanho do gratildeo abrasivo tem uma influecircncia
direta nos mecanismos associados ao desgaste que pode ser caracterizado pela relaccedilatildeo wr
onde ldquowrdquo eacute a espessura da ranhura e ldquorrdquo o raio esfeacuterico do topo da partiacutecula (gratildeo)
Dependendo desta relaccedilatildeo a partiacutecula de gratildeo abrasivo iraacute deformar plasticamente ou
cortar a superfiacutecie Como as partiacuteculas desgastadas tornam-se cegas ou o tamanho da
partiacutecula diminui o mecanismo de desgaste exibe uma transiccedilatildeo do corte para o desgaste
de laminaccedilatildeo
Para ambos os tipos de desgaste abrasivo (dois ou trecircs corpos) um tamanho criacutetico
da partiacutecula abrasiva pode ser observado O desgaste volumeacutetrico aumenta com o aumento
do tamanho do gratildeo abrasivo para esta dimensatildeo criacutetica Nesta dimensatildeo criacutetica tem-se a
maacutexima accedilatildeo abrasiva em termos do tamanho do desgaste produzido
Sobre este valor criacutetico a taxa de desgaste eacute amplamente independente do tamanho
do gratildeo abrasivo A forte diferenccedila entre a dureza das partiacuteculas abrasivas e do material a
ser desgastado influencia esta dimensatildeo criacutetica do gratildeo (DEUIS et al 1996)
Para Deuis et al (1996) a extensatildeo da regiatildeo tensionada plasticamente abaixo da
superfiacutecie depende do tamanho do gratildeo abrasivo e da carga aplicada A profundidade
global da deformaccedilatildeo plaacutestica foi relatada linearmente para a aplicaccedilatildeo de carga e
dimensotildees de gratildeos
Revisatildeo Bibliograacutefica 35
Gustavo Portela de Deus
Salienta-se que no desgaste abrasivo de trecircs corpos a taxa de desgaste eacute menor que
no desgaste abrasivo de dois corpos Ainda segundo o tamanho do gratildeo Al Rubaie et al
(1999) afirmam que a eficiecircncia na remoccedilatildeo do material depende da carga de contato
elaacutestico a qual varia com o tamanho do gratildeo sendo que no caso dos materiais contendo
partiacuteculas reforccediladas a taxa de desgaste eacute influenciada pelo tamanho das partiacuteculas de
reforccedilo A Figura 28 demonstra o quanto o tamanho do gratildeo abrasivo eacute representativo no
desgaste
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste
252 - Carga Aplicada
A carga a ser aplicada sobre os corpos em atrito durante o processo de desgaste
abrasivo tambeacutem eacute um dos fatores que influenciam fortemente as taxas de desgaste no
material
Mondal et al (1998) propotildeem uma foacutermula para quantificar a importacircncia da carga
aplicada no corpo de prova em relaccedilatildeo ao tamanho do gratildeo abrasivo em um desgaste
abrasivo de dois corpos Suas foacutermulas permitem obter as taxas de desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 36
Gustavo Portela de Deus
teoacuterico nos processos de abrasatildeo Foram desenvolvidas foacutermulas por meio de regressotildees
lineares tanto para ligas como para materiais compostos
Segundo este mesmo autor o efeito da carga na taxa de desgaste obtida tanto para
os materiais compostos como para as ligas eacute bem mais severo que o efeito do tamanho dos
gratildeos abrasivos Sendo que em relaccedilatildeo aos materiais por estes testados (ligas e
compoacutesitos) o efeito da carga e do tamanho do abrasivo na taxa de desgaste eacute
relativamente maior no caso dos materiais compostos que nas ligas Poreacutem existem
algumas combinaccedilotildees de tamanhos de gratildeos com quantidade de cargas aplicadas que
podem fazer com que a taxa de desgaste abrasivo seja maior nas ligas que nos materiais
compostos
Ainda de acordo com Mondal et al (1998) a variaccedilatildeo da carga aplicada tem muito
mais influecircncia na taxa de desgaste do material que a variaccedilatildeo do tamanho do gratildeo do
abrasivo do disco A taxa de desgaste na liga eacute muito maior que a taxa de desgaste obtida
para os compostos pois os mesmos possuem maior dureza devido ao oacutexido de alumiacutenio
que foi adicionado na matriz inicial que era uma liga de alumiacutenio
Gant amp Gee (2001) tambeacutem realizaram estudos sobre a influecircncia da variaccedilatildeo da
carga aplicada sobre o corpo-de-prova num desgaste abrasivo de 3 corpos para corpos-de-
prova de ligas Cobalto-Carbeto de Tungstecircnio de elevada dureza e accedilos ultra-raacutepidos
Analisando-se comparativamente os resultados estes concluiacuteram que quanto maior era a
carga aplicada no processo ou seja a carga que foi aplicada forccedilando o corpo-de-prova
contra o disco maiores foram os desgastes volumeacutetricos dos corpos-de-prova Desta
forma ficou evidente que quanto maior for a carga aplicada no processo maiores seratildeo os
desgastes obtidos tanto para as peccedilas (corpos-de-prova) como para as ferramentas (discos
revestidos com carbeto de siliacutecio)
Revisatildeo Bibliograacutefica 37
Gustavo Portela de Deus
Em relaccedilatildeo ao efeito da variaccedilatildeo da carga eou do tamanho do gratildeo abrasivo eacute
importante destacar ainda que um aumento geral na taxa de desgaste eacute observado com o
aumento da carga para um tamanho particular de gratildeo isto eacute devido ao aumento geral da
remoccedilatildeo de material com a carga Quando a carga aplicada eacute menor gratildeos mais grosseiros
entram em contato diretamente com o corpo-de-prova resultando em elevados desgastes
Para gratildeos mais finos sob baixas cargas haacute somente um riscamento pois os menores
gratildeos abrasivos estatildeo em contato elaacutestico com a superfiacutecie de teste e entatildeo suportam a
carga aplicada sem contribuir para a remoccedilatildeo de material (DEGUPTA et al 2001)
Numa anaacutelise geral tem-se que abrasivos com menores gratildeos abrasivos resultam em
elevadas abrasotildees e maiores gratildeos abrasivos resultam em maiores microcortes No
ldquomicrocuttingrdquo maiores quantidades de materiais satildeo perdidas Em altas distacircncias
percorridas a taxa de desgaste aumenta devido ao aparecimento de microfraturas
(DEGUPTA et al 2001)
Figura 27 - Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 38
Gustavo Portela de Deus
253 - Influecircncia da Dureza
Deuis et al (1996) enfatizaram o papel das partiacuteculas da segunda fase provendo
aacutereas localizadas com altas tensotildees de concentraccedilatildeo que influenciaram o fluxo de tensatildeo e
a taxa de desgaste A maior resistecircncia ao desgaste foi obtida em microestruturas finas
com partiacuteculas semi-coerentes dispersas A influecircncia dos carbetos na resistecircncia ao
desgaste depende de sua dureza em relaccedilatildeo agrave dureza da matriz Para materiais
caracterizados de carbetos dispersos em uma matriz macia uma diminuiccedilatildeo no caminho
livre meacutedio pela reduccedilatildeo do tamanho do carbeto resulta em melhores resistecircncias ao
desgaste Uma reduccedilatildeo no tamanho do gratildeo aumenta a dureza e tambeacutem conduz ao
aumento da resistecircncia ao desgaste
Hutchings (1992) descobriu que a dureza do gratildeo abrasivo era 1 2 vez maior que a
da superfiacutecie desgastada Entatildeo o abrasivo meacutedio riscaria a superfiacutecie Deuis et al (1996)
tambeacutem comentaram que a dureza do material determina a profundidade da indentaccedilatildeo das
partiacuteculas abrasivas influenciando na profundidade relativa penetrada onde se esta for
maior que a profundidade de indentaccedilatildeo criacutetica para fratura a taxa de desgaste eacute alta A
Figura 210 mostra o quanto agrave dureza do material abrasivo eacute significativo na anaacutelise do
desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 39
Gustavo Portela de Deus
Figura 28 - Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste
Ainda em relaccedilatildeo agrave influecircncia da dureza no desgaste abrasivo Hawk et al (1999)
fizeram experimentos que comprovaram que haacute uma correlaccedilatildeo direta entre a dureza dos
materiais e o desgaste abrasivo Em suas pesquisas este provou claramente a influecircncia da
dureza do material na perda volumeacutetrica do corpo de prova mostrando que quanto maior a
dureza do material utilizado menor o desgaste abrasivo do corpo de prova em atrito
254 - Influecircncia da Temperatura
Segundo Wu et al (1997) outro fator que afeta diretamente o processo de desgaste
abrasivo de 2 ou 3 corpos eacute a temperatura De acordo com Catai et al por meio da anaacutelise
dos resultados Wu et al verificaram que o desgaste abrasivo ou seja o volume desgastado
do pino eacute maior quando o mesmo acontece na presenccedila de maiores temperaturas pois a
de Siliacutecio
Revisatildeo Bibliograacutefica 40
Gustavo Portela de Deus
elevaccedilatildeo da temperatura facilita o desencadear do mesmo atraveacutes por exemplo da
reduccedilatildeo da dureza dos materiais envolvidos Ressalta-se que nestes ensaios o tempo de
ensaio era sempre constante A Figura 211 mostra o quando o efeito da temperatura incide
sobre o processo de desgaste abrasivo
Figura 29 - Efeito da temperatura no desgaste abrasivo
26 - Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste
Moacutedulo de elasticidade ndash a resistecircncia ao desgaste de metais puros aumenta
diretamente com o moacutedulo de elasticidade Para os accedilos perliacuteticos martensiacuteticos ou
revenidos essa relaccedilatildeo natildeo eacute vaacutelida porque o tratamento teacutermico natildeo afeta o
moacutedulo de elasticidade
Dureza ndash o desgaste de metais puros eacute diretamente proporcional agrave sua
dureza Nas ligas a proporcionalidade eacute vaacutelida ateacute determinado valor da dureza do
Revisatildeo Bibliograacutefica 41
Gustavo Portela de Deus
material a partir do qual a resistecircncia ao desgaste cresce com menor intensidade
podendo ateacute mesmo vir a diminuir apoacutes certo valor
Dureza superficial ndash na superfiacutecie desgastada existe um grau de
encruamento e consequentemente um aumento da dureza no local A resistecircncia agrave
abrasatildeo pode ser considerada como proporcional a essa dureza chamada de dureza
maacutexima
Propriedades de escoamento ndash anaacutelises de tensatildeodeformaccedilatildeo mostraram
que para metais puros tambeacutem vale a relaccedilatildeo
= A ع
Onde
= tensatildeo de escoamento
A = constante
deformaccedilatildeo verdadeira = ع
= coeficiente de encruamento
Estudos mostram que a resistecircncia agrave abrasatildeo eacute proporcional agrave dureza e varia
exponencialmente com a tenacidade De acordo com Batista e Nascimento
(wwwspectrucombr) como o desgaste eacute um fenocircmeno essencialmente superficial
envolvendo a remoccedilatildeo mecacircnica indesejaacutevel de material de superfiacutecies
ldquoAs soluccedilotildees encontradas atraveacutes de solda de
revestimento aspersatildeo teacutermica tipo Hight Velocity Oxi Fuel -
HVOF nitretaccedilatildeo e de outras teacutecnicas originalmente utilizadas
Revisatildeo Bibliograacutefica 42
Gustavo Portela de Deus
tecircm se mostrado altamente valiosas tanto para prevenir como
para minimizar e reparar as diferentes estruturas danificadas
pelos mais diversos tipos de desgaste Em inuacutemeras situaccedilotildees
peccedilas e componentes podem ser fabricados com materiais
convencionais dentro das especificaccedilotildees normais do projeto
Posteriormente pode-se aplicar sobre a superfiacutecie camadas ou
cordotildees de solda com consumiacuteveis adequados deposiccedilatildeo de ligas
metaacutelicas de composiccedilatildeo e constituiccedilatildeo ideal ao favorecimento de
superfiacutecies endurecidas e resistentes a este desgaste A resistecircncia
ao desgaste eacute considerada como parte de um sistema triboloacutegico
sendo muitos os paracircmetros que acabam por influir na taxa de
desgaste incluindo as caracteriacutesticas de projetos condiccedilotildees de
operaccedilatildeo tipo de abrasivo e propriedades do material Nas
propriedades dos materiais as caracteriacutesticas microestruturais
tecircm particular importacircncia tanto nas propriedades mecacircnicas
quanto nas taxas de desgaste Disponibilizado no site
wwwspectrucombr consultado em 23 de abril de 2007rdquo
BATISTA e NASCIMENTO apud Murray (wwwspectrucombr) destacou o
seguinte sobre desgaste abrasivo
ldquoA resistecircncia ao desgaste de accedilos tratados termicamente
para vaacuterios niacuteveis de dureza e tambeacutem de alguns metais puros
Para metais puros a resistecircncia ao desgaste aumenta linearmente
com a dureza Nos materiais ferrosos esta relaccedilatildeo (resistecircncia ao
Revisatildeo Bibliograacutefica 43
Gustavo Portela de Deus
desgaste versus dureza) natildeo eacute simples O aumento no teor de
carbono faz a resistecircncia ao desgaste aumentar Para os accedilos com
a mesma porcentagem de carbono a resistecircncia ao desgaste de
accedilo ligado eacute maior que de um accedilo sem liga mas este aumento eacute
pequeno quando comparado com outro em que aumentou a
porcentagem de carbono A resistecircncia ao desgaste geralmente
aumenta conforme a microestrutura eacute mudada de ferrita para
perlita desta para bainita e finalmente para martensita isto
desde que seja acompanhada de aumento de dureza Entretanto
para um mesmo valor de dureza a estrutura bainiacutetica tem maior
resistecircncia ao desgaste que a martensiacutetica A microestrutura tem
maior influecircncia no desgaste que a dureza da matriz Tem sido
mostrado que a presenccedila de austenita retida tem melhorado a
resistecircncia ao desgaste da martensita revenida A austenita
fornece uma melhor ancoragem aos carbetos ocasionando um
baixo arrancamento do carbeto da matriz austeniacutetica Os carbetos
parecem ser particularmente importantes na resistecircncia agrave
abrasatildeo principalmente em materiais como os accedilos e ferros
fundidos brancos ligados ao cromo A influecircncia desses estaacute
relacionada com sua dureza tamanho e distribuiccedilatildeo Carbetos
duros e finamente dispersos aumentam a resistecircncia ao desgaste
enquanto que os grosseiros diminuem Estruturas deformadas por
trabalho a frio natildeo alteram a resistecircncia ao desgaste enquanto
que o aumento da dureza pelo refinamento dos gratildeos agiria
favoravelmente Existem ainda muitos outros fatores que
Revisatildeo Bibliograacutefica 44
Gustavo Portela de Deus
influenciam a taxa de desgaste como o tamanho da partiacutecula
abrasiva e o coeficiente de atrito Estes trabalhos tecircm
demonstrado que o estudo dos fenocircmenos de desgaste eacute bastante
complexo Na especificaccedilatildeo e normalizaccedilatildeo de ligas para resistir
ao desgaste as maiores dificuldades residem na inexistecircncia de
ensaios padronizados para discriminar os niacuteveis de aceitaccedilatildeo ou
rejeiccedilatildeo conforme as aplicaccedilotildees particulares Estas dificuldades
estatildeo associadas principalmente agrave natureza complexa do
fenocircmeno do desgaste Este aleacutem de envolver a deformaccedilatildeo e
corte superficial por partiacuteculas abrasivas ou o atrito entre
superfiacutecies metaacutelicas muitas vezes ocorre devido a vaacuterios
mecanismos concomitantes de desgaste da superfiacutecie os quais
tambeacutem podem estar associados a outros fenocircmenos de
degradaccedilatildeo tais como impacto corrosatildeo fluecircncia ou fadigardquo
27 - Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr) o teor de carbono
aumenta a resistecircncia ao desgaste dos accedilos perliacuteticos com o aumento do endurecimento Os
carbetos aumentam a resistecircncia ao desgaste com o aumento na quantidade distribuiccedilatildeo
uniforme e forma adequada Natildeo satildeo adequados poreacutem quando existe o choque associado
ao desgaste por abrasatildeo
A martensita natildeo-revenida ou revenida abaixo de 230degC eacute a fase que melhor resiste
ao desgaste na temperatura ambiente Se o revenido for acima de 350degC a perlita apresenta
Revisatildeo Bibliograacutefica 45
Gustavo Portela de Deus
um resultado melhor para a mesma dureza (50 HB) A fase bainiacutetica da mesma dureza e
composiccedilatildeo quiacutemica resiste melhor ao desgaste que uma estrutura martensiacutetica nas nesmas
condiccedilotildees
A perlita aumenta a resistecircncia agrave abrasatildeo com o aumento das colocircnias de perlita e
com a fraccedilatildeo volumeacutetrica de cementita Para a mesma dureza a perlita lamelar resiste
melhor que a esferoidizada A resistecircncia ao desgaste da ferrita aumenta com o aumento
dos carbetos dispersos na matriz Um accedilo austeniacutetico com a mesma fraccedilatildeo de carbetos que
um ferriacutetico resiste melhor ao desgaste
28 - Revestimentos Superficiais
De acordo com Lima et al (2001) uma das mais eficientes e econocircmicas formas
de se adequar peccedilas e componentes de equipamentos industriais a uma aplicaccedilatildeo
especiacutefica tem sido haacute longo tempo a aplicaccedilatildeo de revestimentos Estes vecircm ganhando
evidecircncia ano apoacutes ano em aplicaccedilotildees contra desgaste corrosotildees dentre outras formas
de consumo de massa
Ainda de acordo com Lima et al (2001) apud Tucker et al o uso de
revestimentos duros para melhorar a resistecircncia ao desgaste de componentes mecacircnicos
tecircm sido comum haacute vaacuterias deacutecadas com variadas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo que incluem
soldagem cladding eletrodeposiccedilatildeo PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica de vapor) CVD (deposiccedilatildeo
quiacutemica de vapor) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem se desenvolvido nos
uacuteltimos tempos apresentando-se como alternativa viaacutevel em relaccedilatildeo aos demais
processos comumente utilizados
Revisatildeo Bibliograacutefica 46
Gustavo Portela de Deus
281 - Aspersatildeo Teacutermica
A aspersatildeo teacutermica consiste de um grupo de processos nos quais partiacuteculas
finamente divididas de materiais para revestimentos metaacutelicos ou natildeo- metaacutelicos satildeo
depositadas sobre um substrato devidamente preparado na condiccedilatildeo fundida ou semindash
fundida para formar uma camada superficial como mostra a Figura 212
O calor necessaacuterio para a operaccedilatildeo eacute gerado na tocha de aspersatildeo e pode vir da
queima de um gaacutes combustiacutevel ou da geraccedilatildeo de um arco eleacutetrico As partiacuteculas aquecidas
satildeo aceleradas por um gaacutes comprimido confinadas num feixe e dirigidas ao substrato Ao
se chocarem as partiacuteculas se achatam e formam finas lentes que se conformam e aderem
agraves irregularidades superficiais e entre si Com a continuidade do processo as partiacuteculas se
resfriam formando um revestimento com estrutura lamelar (MARQUES
wwwinfosoldacombr)
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato
As variaccedilotildees baacutesicas nos processos de aspersatildeo teacutermica se referem ao material a ser
aplicado ao meacutetodo de aquecimento e ao meacutetodo de aceleraccedilatildeo das partiacuteculas em direccedilatildeo
ao substrato Os materiais podem ser fornecidos na forma de vareta arame cordatildeo (tubo
Revisatildeo Bibliograacutefica 47
Gustavo Portela de Deus
de plaacutestico contiacutenuo) e poacute Metais oacutexidos compostos intermetaacutelicos cermets plaacutesticos
orgacircnicos e alguns vidros podem ser depositados por uma ou mais variaccedilotildees de processos
(MARQUES wwwinfosoldacombr)
Os processos de aspersatildeo teacutermica podem ser classificados em dois grupos
baacutesicos dependendo da fonte de calor usada como mostrado na Tabela 21
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica
Combustatildeo Eleacutetrico
Chama Plasma
Detonaccedilatildeo Arco
O sucesso no uso de revestimentos aspergidos termicamente depende basicamente
de sua aplicaccedilatildeo cuidadosa segundo procedimentos bem estabelecidos Qualquer desvio
destes procedimentos leva em geral a resultados natildeo confiaacuteveis Os revestimentos
termicamente aspergidos apresentam trecircs aspectos baacutesicos o substrato a adesatildeo do
revestimento e a estrutura deste (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Os substratos sobre os quais os revestimentos termicamente aspergidos podem ser
aplicados incluem metais oacutexidos ceracircmicos vidros a maioria dos plaacutesticos e madeira
sendo que algumas teacutecnicas especiais podem ser necessaacuterias Nem todos os materiais para
aspersatildeo podem ser aplicados a qualquer tipo de substrato Uma preparaccedilatildeo adequada deste
eacute necessaacuteria antes da aspersatildeo propriamente dita independente do processo a ser usado
Essa preparaccedilatildeo eacute essencialmente a mesma para cada processo a ser usado e consiste de
duas etapas baacutesicas limpeza da superfiacutecie para eliminar contaminantes e obtenccedilatildeo de
rugosidades para aumentar a aacuterea superficial efetiva e melhorar a adesatildeo (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
Revisatildeo Bibliograacutefica 48
Gustavo Portela de Deus
A ligaccedilatildeo ou adesatildeo entre revestimento e substrato pode ser mecacircnica quiacutemica eou
metaluacutergica e eacute influenciada por diversos fatores tais como material do revestimento
condiccedilatildeo do substrato rugosidade limpeza e temperatura da superfiacutecie a ser revestida
antes e durante o processo e velocidade de impacto das partiacuteculas (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
A estrutura e a quiacutemica do depoacutesito aspergido em ar eacute diferente do material no
estado original Estas diferenccedilas satildeo devidas agrave natureza progressiva do revestimento agrave
reaccedilatildeo com gases durante o processo e a atmosfera em contato com o material enquanto
liacutequido Por exemplo quando ar ou oxigecircnio satildeo usados oacutexidos podem ser formados e se
incorporarem ao revestimento Revestimentos metaacutelicos tendem a ser porosos e fraacutegeis
com uma dureza diferente do material original A estrutura de revestimentos na condiccedilatildeo
como aspergidos eacute similar quanto agrave natureza lamelar mas pode exibir diferentes
caracteriacutesticas em funccedilatildeo do processo dos paracircmetros da teacutecnica e do material usado
como mostra a Figura 213 A densidade do depoacutesito varia com a temperatura da fonte de
calor usada e com a velocidade das partiacuteculas no impacto como mostra a Tabela 22 e a
Figura 214 (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 211 - Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido
Revisatildeo Bibliograacutefica 49
Gustavo Portela de Deus
A aplicaccedilatildeo final determina as propriedades necessaacuterias para o revestimento e o
tipo de combustiacutevel e equipamentos necessaacuterios Revestimentos termicamente aspergidos
tecircm sido usados intensamente na fabricaccedilatildeo de componentes nas induacutestrias automotiva de
petroacuteleo eleacutetrica eletrocircnica geraccedilatildeo de energia e particularmente na aeroespacial Em
manutenccedilatildeo milhotildees de doacutelares tecircm sido economizados com o uso da aspersatildeo teacutermica
Tal teacutecnica tem sido usada tanto em oficina como no campo no revestimento de estruturas
e partes de equipamentos com economia de tempo e de recursos (MARQUES
wwwinfosoldacobr )
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor
Fonte Temperatura degC
Propano + oxigecircnio 2640
Gaacutes natural + oxigecircnio 2735
Hidrogecircnio + oxigecircnio 2690
Acetileno + oxigecircnio 3100
Arco eleacutetrico 2200 ndash 8300
Figura 212 Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas
Revisatildeo Bibliograacutefica 50
Gustavo Portela de Deus
2811 - Processos
28111 - Processos por Combustatildeo
Este grupo de processos utiliza o calor gerado pela queima de um gaacutes combustiacutevel
Qualquer substacircncia que se funda e natildeo sublime a temperaturas inferiores a 2760ordmC pode
ser aspergida por este processo como mostram as Figuras 215 e 216 Os materiais
aplicados podem ser metais e ligas na forma de arame cordatildeo ou poacute e ceracircmicos na forma
de vareta cordatildeo ou poacute (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 213 - Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo
Figura 214 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 51
Gustavo Portela de Deus
281111 - Arames e Varetas
O equipamento usado para aplicaccedilatildeo de arames e varetas eacute similar como mostrado
na figura A seccedilatildeo transversal tiacutepica de uma tocha de aspersatildeo com estes processos eacute
mostrada na Figura 216
O material a ser aspergido eacute inserido por roletes alimentadores na parte posterior da
tocha Estes podem ser tracionados por um motor eleacutetrico ou pneumaacutetico ou por uma
turbina a ar O material eacute alimentado por meio de um bocal onde eacute fundido por uma chama
de gaacutes combustiacutevel concecircntrica a este
Os gases combustiacuteveis usados juntamente com o oxigecircnio foram mostrados na
Tabela 22 O acetileno eacute o mais largamente usado por sua maior temperatura de chama
Entretanto em certos casos temperaturas mais baixas satildeo usadas com vantagens
econocircmicas A chama eacute usada apenas para fundir o material Para se obter aspersatildeo um
jato de gaacutes em geral ar comprimido eacute usado para pulverizar o material e acelerar as
partiacuteculas em direccedilatildeo ao substrato Em aplicaccedilotildees especiais um gaacutes inerte pode ser usado
Os roletes de alimentaccedilatildeo devem ser escolhidos e apropriados agrave forma do material a ser
alimentado isto eacute se arame vareta ou cordatildeo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281112 - Poacute
Tochas para aspersatildeo agrave chama com poacute satildeo mais leves e mais compactas que tochas
para outros processos como mostra a Figura 217 Devido agraves menores temperaturas e
velocidades alcanccediladas pelas partiacuteculas os revestimentos obtidos tecircm em geral menor
resistecircncia adesiva ao substrato menor resistecircncia coesiva entre as lamelas e maior
porosidade quando comparados com os depositados por outros processos de aspersatildeo
teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 52
Gustavo Portela de Deus
O material a ser aspergido pode ser um metal puro uma liga metaacutelica um
compoacutesito um carboneto um ceracircmico um cermet ou combinaccedilatildeo destes O processo eacute
geralmente usado para aplicaccedilatildeo de ligas metaacutelicas autofluxadas que devem ser fundidas
apoacutes a aspersatildeo Estes materiais contecircm boro e siliacutecio que servem como agentes fluxantes e
minimizam a oxidaccedilatildeo Sua fusatildeo eou ligaccedilatildeo metaluacutergica a um substrato metaacutelico eacute(satildeo)
obtida(s) aquecendo-se o revestimento ateacute sua temperatura de fusatildeo que em geral eacute
inferior a 1040degC e pode ser feita com o uso de qualquer fonte de calor como uma chama
uma bobina de induccedilatildeo ou um forno Um arco eleacutetrico tambeacutem pode ser usado mas com
certo cuidado para evitar ou minimizar a fusatildeo do substrato
O poacute para aspersatildeo eacute armazenado num recipiente que pode ser parte integrante da
tocha ou ser acoplado a ela Uma pequena quantidade de gaacutes eacute desviada para arrastar o poacute
ateacute o jato da mistura oxigecircniocombustiacutevel em chama quando eacute fundido e acelerado em
relaccedilatildeo ao substrato Um corte transversal de uma tocha tiacutepica para aspersatildeo de poacute por
chama eacute mostrado na Figura 217
Variaccedilotildees do processo de aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama incluem gaacutes comprimido
para alimentaccedilatildeo do poacute na chama jatos adicionais de ar comprimido para acelerar as
partiacuteculas fundidas alimentador de poacute remoto com arraste do poacute para a tocha por um tubo
pressurizado com gaacutes inerte e dispositivos para aceleraccedilatildeo a alta velocidade agrave pressatildeo
atmosfeacuterica Esses refinamentos tendem a aumentar a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute e agraves
vezes a velocidade das partiacuteculas fundidas que aumentam a resistecircncia adesiva e a
densidade do revestimento aspergido
Revestimentos fundidos poacutes-aspersatildeo satildeo densos e relativamente isentos de
porosidade A composiccedilatildeo da liga pode levar a revestimentos com niacuteveis de dureza
Rockwell C superiores a 50 A espessura destes revestimentos eacute limitada agravequelas faixas
Revisatildeo Bibliograacutefica 53
Gustavo Portela de Deus
que podem ser aquecidas ateacute a temperatura de fusatildeo sem descamaccedilatildeo O uso de ligas
autofluxantes eacute limitado a aplicaccedilotildees em que os efeitos da fusatildeo e distorccedilatildeo podem ser
tolerados Revestimentos mais espessos de metais dissimilares podem ser aplicados em
passes muacuteltiplos A superfiacutecie que vai receber o segundo revestimento deve ser limpa de
todos os resiacuteduos de oacutexido apoacutes cada etapa de fusatildeo
Em todos os processos de aspersatildeo teacutermica a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute afeta a
estrutura e a eficiecircncia de deposiccedilatildeo do revestimento Se o material natildeo eacute aquecido
adequadamente a eficiecircncia de deposiccedilatildeo cai rapidamente e o revestimento conteraacute
partiacuteculas natildeo fundidas retidas Se a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute for muito baixa uma certa
quantidade de poacute pode se volatizar resultando em deterioraccedilatildeo do revestimento e elevaccedilatildeo
dos custos Os alimentadores de poacute satildeo compostos por um recipiente e um sistema de
mediccedilatildeo que regula a taxa de alimentaccedilatildeo de material no dispositivo transportador por gaacutes
(MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 215 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute a chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 54
Gustavo Portela de Deus
28112 - Detonaccedilatildeo
A tocha de detonaccedilatildeo eacute diferente de outros equipamentos de aspersatildeo por
combustatildeo Ela utiliza a energia de explosotildees de uma mistura oxigecircnio-acetileno em vez
de uma chama estacionaacuteria para impulsionar o poacute ateacute a superfiacutecie do substrato O depoacutesito
resultante eacute extremamente duro denso fortemente ligado ao substrato
Uma tocha de detonaccedilatildeo mostrada na Figura 218 consiste basicamente de um
tubo comprido no qual eacute introduzida uma mistura de gaacutes combustiacutevel oxigecircnio e poacute
Quando eacute feita a igniccedilatildeo da mistura uma onda de choque controlada aquece e acelera as
partiacuteculas de poacute cuja velocidade de saiacuteda eacute de 760 ms aproximadamente Apoacutes cada
injeccedilatildeo de mistura uma certa quantidade de nitrogecircnio eacute introduzida no tubo para purga
deste Ocorrem vaacuterias detonaccedilotildees por segundo gerando um ruiacutedo da ordem de 150 dB
sendo muitas vezes utilizadas instalaccedilotildees especiais com isolamento acuacutestico para estas
operaccedilotildees
Dentro do tubo temperaturas superiores a 3300degC satildeo atingidas enquanto a
temperatura do substrato deve ser mantida abaixo dos 150degC usando-se dispositivos de
resfriamento se for o caso
A espessura dos revestimentos geralmente situa-se entre 005 e 05mm A
operaccedilatildeo eacute normalmente mecanizada e agraves vezes remotamente controlada Excelente
acabamento pode ser obtido devido agrave baixa porosidade do revestimento (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
Revisatildeo Bibliograacutefica 55
Gustavo Portela de Deus
Figura 216 - Esquemaacutetica de Tocha de detonaccedilatildeo
28113 - Processos Eleacutetricos
281131 - Arco Eleacutetrico
No processo de aspersatildeo a arco eleacutetrico dois arames eletrodos consumiacuteveis satildeo
alimentados de forma a se encontrar em um ponto agrave frente de um jato de gaacutes que serve
para atomizaccedilatildeo Uma diferenccedila de potencial de 18 a 40V eacute estabelecida entre os arames
produzindo um arco eleacutetrico que funde a ponta destes O jato de gaacutes atomizante (em geral
ar comprimido) destaca o material fundido produzindo um jato de gotiacuteculas fundidas que eacute
dirigido ao substrato A Figura 219 mostra um desenho esquemaacutetico de uma tocha para
aspersatildeo a arco
O equipamento baacutesico para este processo consiste de uma fonte de corrente
contiacutenua do tipo tensatildeo constante alimentadores de arame do tipo velocidade constante
tocha de aspersatildeo e um sistema de fornecimento de gaacutes comprimido controlaacutevel Os
arames utilizados satildeo em geral de grande diacircmetro da ordem de 5mm Este processo
experimentou um avanccedilo recente com o desenvolvimento de arames tubulares de
enchimento metaacutelico
Revisatildeo Bibliograacutefica 56
Gustavo Portela de Deus
Figura 217 - Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico
A temperatura do arco eacute consideravelmente maior que o ponto de fusatildeo do material
aspergido de modo que algum superaquecimento e volatizaccedilatildeo podem ocorrer
particularmente na aplicaccedilatildeo de zinco e alumiacutenio A alta temperatura das partiacuteculas pode
produzir zonas de reaccedilatildeo quiacutemica ou difusatildeo ou ambas apoacutes o impacto com o substrato
Estas interaccedilotildees satildeo similares a pequenas soldas a ponto e conferem excelente resistecircncia
de adesatildeo e coesatildeo ao revestimento Este processo apresenta taxas de deposiccedilatildeo mais altas
que outros processos de aspersatildeo Os fatores que influenciam esta taxa satildeo a corrente e a
velocidade de alimentaccedilatildeo de arame que dependem do equipamento usado
O comprimento do arco e o tamanho das gotiacuteculas tendem a aumentar com a
elevaccedilatildeo da diferenccedila de potencial entre os arames Esta deve ser mantida em valores
miacutenimos compatiacuteveis com a estabilidade do arco para se obter revestimentos densos e de
melhor acabamento (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281132 - Arco Plasma natildeo Transferido
O desenvolvimento de turbinas e motores de foguetes tem exigido bom
desempenho de materiais de engenharia em condiccedilotildees cada vez mais severas Para
Revisatildeo Bibliograacutefica 57
Gustavo Portela de Deus
satisfazer estas exigecircncias oacutexidos e carbonetos tecircm sido considerados devendo ser
aplicados por processos de aspersatildeo teacutermica de alta temperatura O processo plasma tem
atendido esta necessidade e levou ao desenvolvimento de uma nova famiacutelia de materiais e
teacutecnicas de aplicaccedilatildeo para uma ampla faixa de aplicaccedilotildees industriais
Na aspersatildeo a plasma Figura 220 o material eacute aplicado a partir de um poacute
Aplicaccedilatildeo a partir de arames tem sido desenvolvida mais recentemente Neste processo
um gaacutes ou mistura de gases passa atraveacutes de um arco eleacutetrico estabelecido entre um caacutetodo
de tungstecircnio e um acircnodo de cobre dotado de um orifiacutecio alinhados coaxialmente Em sua
passagem o gaacutes eacute aquecido gerando o plasma
Figura 218 - Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma
O poacute eacute alimentado no plasma fundido e acelerado em direccedilatildeo ao substrato por um
jato de alta velocidade A energia temperatura e velocidade do jato de plasma satildeo
controladas pelo tipo de bocal constritor intensidade da corrente eleacutetrica composiccedilatildeo e
vazatildeo do gaacutes de plasma Em geral nitrogecircnio ou argocircnio satildeo usados como gaacutes de plasma
podendo conter adiccedilotildees de hidrogecircnio ou heacutelio para aumentar sua potecircncia e velocidade
Revisatildeo Bibliograacutefica 58
Gustavo Portela de Deus
O equipamento baacutesico para a aspersatildeo a plasma mostrado na figura 220 consiste
de uma fonte de corrente contiacutenua constante alimentador de poacute fonte de gaacutes e um sistema
de controle que permite ajustar os paracircmetros de operaccedilatildeo (corrente vazotildees de gaacutes fluxo
de aacutegua para refrigeraccedilatildeo) e faz a sincronia de todo o sistema
281133 - Arco Plasma Transferido
Neste caso o processo eacute uma combinaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica e soldagem O
substrato deve ser condutor e faz parte do circuito do arco eleacutetrico que gera o plasma O
material aspergido se mistura com o material da poccedila de fusatildeo formada no substrato isto eacute
ocorre diluiccedilatildeo O equipamento usado eacute similar ao necessaacuterio para o plasma natildeo
transferido com exceccedilatildeo da tocha
A ligaccedilatildeo do revestimento ao substrato eacute essencialmente metaluacutergica e as
espessuras utilizadas satildeo em geral maiores que em outros processos de aspersatildeo teacutermica
O depoacutesito eacute denso uniforme e com bom acabamento A operaccedilatildeo eacute geralmente
mecanizada e com boa reprodutibilidade Entretanto a combinaccedilatildeo de substratos e
materiais aplicaacuteveis eacute mais limitada
2812 Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie
A preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute a etapa mais criacutetica da operaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica
A qualidade da adesatildeo do revestimento estaacute diretamente relacionada com a limpeza e a
rugosidade da superfiacutecie do substrato A obediecircncia rigorosa a procedimentos
padronizados de preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute necessaacuteria para garantir o sucesso da aplicaccedilatildeo
de revestimentos por aspersatildeo teacutermica O tipo de material do revestimento e do substrato
satildeo os fatores principais na determinaccedilatildeo do processo e qualidade da preparaccedilatildeo necessaacuteria
da superfiacutecie para se obter adesatildeo suficiente a uma dada aplicaccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 59
Gustavo Portela de Deus
Em partes sujeitas a fortes tensotildees mecacircnicas uma inspeccedilatildeo preacutevia agrave operaccedilatildeo de
revestimento eacute necessaacuteria para a detecccedilatildeo de falhas no metal base que eacute feita
normalmente por meio de ensaios natildeo-destrutivos Falhas estruturais no metal base
induziratildeo falhas similares no revestimento Trincas no substrato natildeo podem ser reparadas
por aspersatildeo teacutermica e revestimentos depositados por esta teacutecnica natildeo adicionam
resistecircncia mecacircnica ao substrato (MARQUES wwwinfosoldacombr )
2813 - Limpeza e Manuseio
O primeiro passo na preparaccedilatildeo de um substrato para aspersatildeo teacutermica eacute a retirada
de todos os contaminantes superficiais tais como poeira oacuteleo graxa e pintura O calor do
processo de aspersatildeo natildeo remove contaminaccedilatildeo e esta inibe a adesatildeo do revestimento
Depois que todos os contaminantes forem eliminados a limpeza deve ser mantida ateacute que
o ciclo de revestimento se complete As peccedilas devem ser protegidas de partiacuteculas
transportadas pelo ar e marcas de dedos bem como ser manuseadas com ferramentas e
material limpo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
28131 - Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes
Desengraxe com vapor
Jateamento uacutemido
Decapagem aacutecida
Aquecimento ao forno
Limpeza ultrassocircnica
Jateamento seco
Escovamento
Revisatildeo Bibliograacutefica 60
Gustavo Portela de Deus
2814 - Criaccedilatildeo de Rugosidade
Apoacutes a limpeza vaacuterios meacutetodos satildeo usados para produzir uma superfiacutecie mais
adequada para a aderecircncia do revestimento Os principais satildeo jateamento abrasivo
macroenrugamento e aplicaccedilatildeo de revestimento de ligaccedilatildeo Combinaccedilotildees destes meacutetodos
satildeo tambeacutem empregados incluindo jateamento abrasivo com subsequumlente aplicaccedilatildeo de um
revestimento de ligaccedilatildeo e usinagem seguida de jateamento abrasivo
A obtenccedilatildeo de uma rugosidade adequada eacute tatildeo importante quanto a limpeza
Durante a aspersatildeo as partiacuteculas fundidas ou semi-fundidas formam bolachas quando se
chocam com a superfiacutecie do substrato Estas agrave medida que se resfriam e se contraem
precisam aderir a uma superfiacutecie que favoreccedila o ancoramento mecacircnico
A geraccedilatildeo de uma superfiacutecie rugosa eacute usada para aumentar a aderecircncia e a coesatildeo
entre as partiacuteculas do revestimento por geraccedilatildeo de tensotildees superficiais de contraccedilatildeo
intertravamento de camadas aumento da aacuterea de interaccedilatildeo e descontaminaccedilatildeo da
superfiacutecie
O grau de enrugamento necessaacuterio para produzir um revestimento resistente e
adequado depende do material aplicado do processo e das condiccedilotildees de serviccedilo da peccedila
final (MARQUES wwwinfosoldacombr )
282 - Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste
A principal caracteriacutestica deste tipo de revestimento que satildeo aplicados para resistir
ao desgaste eacute a sua elevada dureza
Revisatildeo Bibliograacutefica 61
Gustavo Portela de Deus
2821 - Recobrimento Duro
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr ) recobrimento duro eacute
o nome dado ao processo que consiste em produzir por soldagem uma camada dura e
resistente ao desgaste na superfiacutecie da peccedila sujeita ao desgaste
2822 - Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro
De acordo com Batista amp Nascimento apud o Metals Handbook
(wwwspectrucombr ) os materiais para recobrimento duro satildeo classificados em cinco
grandes grupos em funccedilatildeo do teor total de elementos de liga Em geral a resistecircncia ao
desgaste e o custo crescem com o nuacutemero do grupo A escolha de uma liga especiacutefica
dependeraacute da aplicaccedilatildeo e do tipo de soldagem utilizado como mostra a Tabela 23
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro
Teor total de elementos de liga Elementos de liga principais
Materiais ferrosos de baixa liga
1A 2 a 6
1B 6 a 12
Cr Mo Mn
Cr Mo Mn
Materiais ferrosos de alta liga
2A 12 a 15
2B 12 a 25
2C 12 a 25
2D 30 a 37
3A 25 a 50
3B 25 a 50
3C 25 a 50
Cr Mo
Mo Cr
Mn Ni
Mn Cr Ni
Cr Ni Mo
Cr Mo
Co Cr
Revisatildeo Bibliograacutefica 62
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Ligas agrave base de niacutequel e agrave base de cobalto
4A 50 a 100
4B 50 a 100
4C 50 a 100
Co Cr W
Ni Cr Mo
Cr Ni Mo
Carbetos
5 75 a 96
WC ou WC em combinaccedilatildeo com
outros carbonetos como TiC e TaC sempre
em uma matriz metaacutelica
As ligas do grupo 1A satildeo accedilos de baixo teor de liga quase sempre tendo cromo
com principal elemento de liga O teor total dos elementos de liga incluindo o carbono
fica entre 2 e 6 Estas ligas de teor satildeo empregadas frequumlentemente como uma camada
de base para um recobrimento duro com ligas de teor de liga mais elevado
As ligas ferrosas do subgrupo 1B satildeo semelhantes agraves do grupo 1A poreacutem com
maior teor de elementos de liga ( 6 a 12 ) e com teor de carbono ateacute 2 ou mais
Muitos accedilos - ferramenta e alguns ligados fazem parte deste grupo
Os materiais do grupo 1 apresentam maior tenacidade entre as ligas de
recobrimento duro excetuando-se os accedilos-manganecircs austeniacuteticos Possuem tambeacutem
melhor resistecircncia ao desgaste que os accedilos de baixo e meacutedio carbono que satildeo ligas
usualmente recobertas pelo grupo 1 O custo eacute mais barato que as outras ligas de
recobrimento duro e muito empregados nos casos em que se necessita da usinabilidade e de
apenas um aumento moderado da resistecircncia ao desgaste
Revisatildeo Bibliograacutefica 63
Gustavo Portela de Deus
As ligas do subgrupo 2A satildeo ligas em que o principal elemento de liga eacute o cromo
com teor total de elemento de liga entre 12 e 25 Algumas delas tecircm certo teor de
molibdecircnio Este grupo inclui ainda alguns natildeo-ferros fundidos de meacutedio teor em liga O
molibdecircnio eacute o principal elemento de liga em quase todos os materiais do grupo 2B que
contam tambeacutem com teores relativamente altos de cromo
O subgrupo 2C eacute constituiacutedo pelos accedilos-manganecircs austeniacuteticos Manganecircs eacute o
principal elemento de liga estando tambeacutem presente o niacutequel para maior estabilizaccedilatildeo da
austenita
As ligas dos subgrupos 2A e 2B satildeo mais resistentes ao desgaste menos tenazes e
mais caras que os materiais do grupo 1 Jaacute os subgrupos 2C e 2D satildeo muito tenazes poreacutem
apresentam limitada resistecircncia ao desgaste que pode aumentar muito com o encruamento
As ligas do subgrupo 2D possuem um teor total de elementos de liga entre 30 e 37
variando o carbono entre 010 e 1
Os materiais do grupo 3 apresentam 25 a 50 de elementos de liga Satildeo ligas
com alto cromo vaacuterias delas com niacutequel eou molibdecircnio Os teores de carbono variam
entre 175 a 5 Este grupo eacute caracterizado pela presenccedila maciccedila de carbonetos
hipereuteacuteticos que conferem agraves ligas uma alta resistecircncia ao desgaste e uma razoaacutevel
resistecircncia agrave corrosatildeo e ao calor Satildeo ligas mais caras que as dos grupos 1 e 2
O grupo 4 compreende as ligas agrave base de cobalto e agrave base de niacutequel com teor total
de elementos natildeo-ferrosos entre 50 e 99 As ligas agrave base de cobalto do subgrupo 4ordf
satildeo consideradas como os mais versaacuteteis materiais de recobrimento duro Resistem ao
calor agrave abrasatildeo agrave corrosatildeo ao impacto agrave descamaccedilatildeo agrave oxidaccedilatildeo ao choque teacutermico agrave
erosatildeo e ao desgaste metal- metal
Revisatildeo Bibliograacutefica 64
Gustavo Portela de Deus
Algumas destas ligas mantecircm uma dureza elevada ateacute 825ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo
ateacute temperaturas da ordem de 1100ordmC As ligas agrave base de niacutequel subgrupo 4B satildeo
especialmente indicadas para peccedilas sujeitas ao mesmo tempo agrave corrosatildeo e ao desgaste Satildeo
superiores a outros materiais de recobrimento duro em aplicaccedilotildees nas quais o desgaste eacute
causado pelo contato metal-metal como no caso dos mancais Mantecircm durezas elevadas
ateacute cerca de 650ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo ateacute temperaturas da ordem de 875ordmC
Os materiais do grupo 5 consistem de gracircnulos duros de carbonetos distribuiacutedos em
uma matriz metaacutelica Satildeo muito indicados para aplicaccedilotildees de abrasatildeo intensa e de corte
Inicialmente se empregam apenas os carbonetos de tungstecircnio Mais recentemente outros
carbonetos principalmente titacircnio tacircntalo e cromo passaram a ser usados com bons
resultados Como matriz metaacutelica vaacuterios materiais tecircm sido utilizados tais como ferro accedilo
carbono Ligas agrave base de niacutequel agrave base de cobalto e bronze Os materiais do grupo 5
possuem a maacutexima resistecircncia agrave abrasatildeo em peccedilas sujeitas a impactos pequenos ou
moderados
2823 - Seleccedilatildeo do Material para Recobrimento Duro
A primeira medida eacute caracterizar bem as condiccedilotildees de serviccedilo nas quais deveraacute
trabalhar o equipamento que seraacute revestido com o recobrimento duro Em seguida deve-se
analisar com cuidado as interaccedilotildees dos materiais candidatos e do metal base bem como o
processo de soldagem a ser utilizado no recobrimento
2824 - Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento
Analisar as condiccedilotildees de serviccedilo para determinar os tipos de resistecircncia ao
desgaste e resistecircncia ao ambiente seleccedilatildeo de alguns materiais candidatos
Revisatildeo Bibliograacutefica 65
Gustavo Portela de Deus
Anaacutelise de compatibilidade entre as ligas e o metal base considerando
possiacuteveis tensotildees teacutermicas e eventuais trincas
Testar componentes recobertos com os materiais candidatos
Selecionar a melhor liga considerando o custo e a duraccedilatildeo do recobrimento
Selecionar o processo de recobrimento duro considerando a taxa de
deposiccedilatildeo o grau de diluiccedilatildeo (o metal base dilui a liga de recobrimento durante a
soldagem) eficiecircncia de deposiccedilatildeo e custo total O custo total inclui o preccedilo dos
eletrodos e o processamento
29 - Tipos de Revestimento
Os tipos de revestimento mais aplicados em soldagem podem ser classificados em
endurecimento superficial
resistentes agrave corrosatildeo
resistentes ao desgaste eou impacto
para recuperaccedilatildeo ou reparos de manutenccedilatildeo
291 - Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Tabela ndash 24 Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Condiccedilotildees de serviccedilo Materiais para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal altas
tensotildees de contato
Stellite 1 ligas Tribaloy
Escorregamento metal ndash metal baixas
tensotildees de contato
Accedilos de baixa liga para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal
combinado com corrosatildeo e oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto ou agrave base de
niacutequel dependendo da agressividade do
Revisatildeo Bibliograacutefica 66
Gustavo Portela de Deus
ambiente
Abrasatildeo sob baixa tensatildeo erosatildeo por
colisatildeo de partiacuteculas de pequeno acircngulo
Ferros fundidos de alta liga
Abrasatildeo severa sob baixa tensatildeo
retenccedilatildeo do gume
Materiais com altos teores de carbonetos
Erosatildeo por cavitaccedilatildeo e por colisatildeo
Choques mecacircnicos intensos combinados
com corrosatildeo ou oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto
Stellite 21 Stellite6
Abrasatildeo por sulcamento Accedilos ndash manganecircs austeniacuteticos
Descamaccedilatildeo
Stellite 21 Stellite 6 Tribaloy T-400
Tribaloy T-800
Estabilidade teacutermica eou resistecircncia agrave
fluecircncia a altas temperaturas
Ligas agrave base de cobalto ligas de niacutequel
com carbonetos
292 - Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies
A Tabela 25 apresenta as principais vantagens e desvantagens dos principais
processos de deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Tabela 25 - As principais vantagens e desvantagens dos principais processos de
deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Revisatildeo Bibliograacutefica 67
Gustavo Portela de Deus
Processo Vantagens Desvantagens
Galvanizaccedilatildeo iocircnica
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo baixa
temperatura de processamento
deposiccedilatildeo em furos e ranhuras
Seleccedilatildeo restrita de materiais de
revestimento revestimentos relativamente
macios riscos ambientais precisatildeo limitada
para repeticcedilatildeo na superfiacutecie
PACVD (Plasma
Assisted Chemical
Vapour Deposition)
Temperaturas de processo muito
abaixo das do CVD temperaturas
baixas revestimentos precisos
Adequado apenas para furos e ranhuras
PVD (Physical
Vapour Deposition)
Ecologicamente seguro permite
grande variedade de
revestimentos temperatura de
revestimentos mais baixa do que a
de tratamento teacutermico final da
maioria dos accedilos espessura
reduzida reproduziacutevel com
precisatildeo resistecircncia elevada ao
desgaste baixo coeficiente de
atrito
Revestimento de furos e ranhuras ndash alcanccedila
profundidade igual ao diacircmetro ou largura
da abertura resistente agrave corrosatildeo em
determinadas condiccedilotildees apenas
revestimento uniforme depende de as peccedilas
girarem durante o processamento
Difusatildeo
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo boa
reprodutibilidade
Revestimentos relativamente macios
seleccedilatildeo restrita de material de base tempo
de processamento longo riscos ambientais
necessidade de poacutes-tratamento
CVD (Chemical
Vapour Deposition)
Elevada resistecircncia ao desgaste
produccedilatildeo econocircmica de
Temperaturas de processamento elevadas
impossibilidade de revestir vaacuterios metais
Revisatildeo Bibliograacutefica 68
Gustavo Portela de Deus
revestimentos espessos adequado
para furos e ranhuras
arredondamento de bordos riscos
ambientais
Capiacutetulo 3
Materiais e Meacutetodos
Materiais e Meacutetodos 70
Guatavo Portela de Deus
3 - Materiais e Meacutetodos
31 ndash Fluxograma do Desenvolvimento Experimental
Teacutecnicas de deposiccedilatildeo dos revestimentos duros
Soldagem dos corpos-de-
prova Aspersatildeo teacutecnica
EnsaiosAnaacutelises
Prop mecacircnicas Caract microestrutural
Ensaio de
desgaste
Ensaio de DurezaMicro
Microscopia oacutetica
Discussatildeo Anaacutelises
Dissertaccedilatildeo de Mestrado
Materiais e Meacutetodos 71
Gustavo Portela de Deus
32 - Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no Solo de
Equipamentos Rodoviaacuterios
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios objeto deste
estudo foram selecionados dentre os que foram considerados como um dos mais
representativos na avaliaccedilatildeo referentes aos custos de manutenccedilatildeo e de consideraacutevel atraso
nos cronogramas de trabalho nas frentes de trabalho de conservaccedilatildeo e construccedilatildeo
rodoviaacuteria
Os elementos escolhidos para os estudos comparativos e para a anaacutelise de desgaste
na forma de desgaste abrasivo a dois corpos foram as unhas da caccedilamba da paacute carregadeira
de rodas articuladas utilizadas em serviccedilos leves e pesados de escavaccedilatildeo e carregamento
de agregados na forma principalmente de solos lateriacuteticos
Figura 3 1 Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira
Materiais e Meacutetodos 72
Gustavo Portela de Deus
Figura 32 Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira
Dentre os equipamentos rodoviaacuterios utilizados para construccedilatildeo e conservaccedilatildeo de
rodovias alguns apresentam ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de uso contiacutenuo e outras
somente quando a atividade se torna necessaacuteria como pontas de escarificadores de solos
Existem ainda outros elementos de maacutequinas que apresentam desgaste elevado em funccedilatildeo
dos mesmos manterem um contato direto com o solo como os elementos que compotildeem o
conjunto do material rodante de tratores de esteiras de escavadeiras hidraacuteulicas e de paacutes
carregadeiras tracionadas por esteiras desgaste este que por acontecer entre elementos que
estatildeo em movimento relativo entre si eacute considerado como desgaste abrasivo a trecircs corpos
Alguns fabricantes com a finalidade de prolongar a vida uacutetil desses elementos passaram a
utilizar esteiras vedadas e lubrificadas para evitar o contato direto dos elementos em
movimento relativo
O primeiro passo no desenvolvimento do projeto de avaliaccedilatildeo comparativa e na
anaacutelise de rendimento dos dois processos de revestimento superficial e do material
Materiais e Meacutetodos 73
Gustavo Portela de Deus
comercialmente encontrado e utilizado foi a confecccedilatildeo dos corpos de prova seguindo as
especificaccedilotildees da norma que regulamenta estudos triboloacutegicos ou seja a ASTM G65-91
Os materiais de base apoacutes ser analisados quanto agrave perda de massa no periacuteodo de
2900 horas foram cortados nas dimensotildees especificadas pela norma ASTM G65-91 para
ser submetidos aos ensaios de dureza pelo meacutedodo Rockwell C e resistecircncia agrave abrasatildeo por
meio do ensaio pela roda de borracha O mesmo procedimento foi executado aos corpos de
prova revestidos por soldagem de endurecimento superficial bem como pelo processo de
aspersatildeo teacutermica pelo meacutetodo LVOF Apoacutes o corte esses corpos-de-prova foram
submetidos a algumas operaccedilotildees de usinagem com a finalidade de adquirir suas formas
planas e retiradas de escoacuterias provenientes do processo de soldagem
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos
3211 - Revestimento Duro pelo Processo de Soldagem
Uma das teacutecnicas utilizadas no desenvolvimento do trabalho e que se tornou fator
de anaacutelise e comparaccedilatildeo de resultados de maior e menor desempenho foi o revestimento
duro pelo processo de soldagem em que foi utilizado a soldagem de revestimento com
eletrodo revestido
O processo de revestir superfiacutecies pelo processo de soldagem pode ser aplicado em
peccedilas novas bem como na recuperaccedilatildeo de peccedilas desgastadas pelo uso Eacute um processo de
aplicaccedilatildeo simples necessitando apenas das varetas das ligas de recobrimento e de uma
chama oxiacetilecircnica ou de um arco eleacutetrico O processo tem a vantagem de poder ser
aplicado a aacutereas localizadas da peccedila que sejam mais sujeitas ao desgaste (BATISTA
NASCIMENTO wwwspectrucombr )
Materiais e Meacutetodos 74
Gustavo Portela de Deus
As varetas dos materiais de recobrimento satildeo fornecidas em dois tipos revestidas
para soldagem a arco e natildeo revestidas para soldagem oxiacetilecircnica A soldagem
oxiacetilecircnica produz depoacutesitos mais uniformes e que podem ser mais bem posicionadas na
peccedila com velocidades de aquecimento e resfriamento relativamente baixas Por outro lado
a soldagem a arco eacute um processo menos caro mais raacutepido e se presta melhor agrave utilizaccedilatildeo
de equipamentos automaacuteticos Os depoacutesitos obtidos com arco eleacutetrico em geral satildeo mais
grosseiros e apresentam maior tendecircncia agrave formaccedilatildeo de poros Haacute tambeacutem maior
probabilidade de formaccedilatildeo de trincas em funccedilatildeo dos gradientes de temperatura criados
para altas velocidades de aquecimento e de resfriamento (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
O material de recobrimento eacute fundido durante a soldagem e se espalha sobre o
metal base ligando-se com este e formando uma nova superfiacutecie com uma camada que
varia entre 15 mm a 60 mm Apenas uma camada superficial da peccedila atinge a temperatura
de fusatildeo o que evita uma contaminaccedilatildeo muito acentuada do recobrimento do metal base
que diminuiria as propriedades de resistecircncia ao desgaste da camada depositada
O recobrimento duro pode ser aplicado agrave maioria dos metais natildeo ferrosos Por outro
lado com algumas exceccedilotildees natildeo se recomenda o recobrimento de ligas natildeo ferrosas com o
ponto de fusatildeo inferior a 1100ordmC Os accedilos ndash carbonos podem ser recobertos com relativa
facilidade em especial se o teor de carbono for inferior a 035 A soldagem se torna mais
difiacutecil agrave medida que o teor de carbono aumenta sendo que os accedilos de alto carbono e os
accedilos ligados devem sofrer um preacute ndash aquecimento e apoacutes recobrimento devem ser recozidos
Os accedilos inoxidaacuteveis os ferros fundidos e os accedilos raacutepidos tambeacutem podem ser recobertos
utilizando ndash se teacutecnicas adequadas de soldagem O cobre bronze e ligas como o latatildeo
Materiais e Meacutetodos 75
Gustavo Portela de Deus
apresentam maiores dificuldades de soldagem em funccedilatildeo de seus pontos de fusatildeo serem
baixos e sua alta condutividade (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr )
O recobrimento duro eacute muito usado nas aplicaccedilotildees em uma lubrificaccedilatildeo regular
contra abrasatildeo seja impossiacutevel ou inviaacutevel como em ferramentas de perfuraccedilatildeo de poccedilos
de petroacuteleo equipamentos para a agricultura e para terraplenagem ferramentas para
mineraccedilatildeo e equipamentos para a induacutestria petroquiacutemica O processo tambeacutem eacute usado para
ampliar a duraccedilatildeo de peccedilas que recebem lubrificaccedilatildeo tais como matrizes de conformaccedilatildeo
mecacircnica e aacutereas localizadas de oacutergatildeos de maacutequinas extremamente sujeitas a desgaste
Superfiacutecies com recobrimento duro satildeo em geral mais resistentes ao desgaste ao calor e agrave
corrosatildeo do que superfiacutecies cementadas ou temperadas por chama
Aleacutem disso aacutereas de difiacutecil acesso em componentes grandes praticamente
impossiacuteveis de ser submetidas a um processo de tratamento teacutermico podem receber um
recobrimento duro A teacutecnica pode tambeacutem ser empregada para a recuperaccedilatildeo de
equipamentos pesados sem a necessidade de desmontaacute-los (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
3212 ndash Revestimento superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF
Foi tambeacutem aplicada a teacutecnica de revestimento por aspersatildeo teacutermica
especificamente pelo meacutetodo de LVOF de acordo como eacute relatado a seguir o
desenvolvimento do processo
3213 - HVOF (High Velocity Oxigen Fuel)
Dentre os processos de aspersatildeo teacutermica utilizados para aplicar revestimentos
resistentes ao desgaste o processo de aspersatildeo oxicombustiacutevel de alta velocidade
Materiais e Meacutetodos 76
Gustavo Portela de Deus
conhecido como HVOF (Higt velocity oxi fuel) tem sido um dos mais utilizados
principalmente na aplicaccedilatildeo de carbonetos O processo eacute baseado em um sistema de
combustatildeo interna de alta pressatildeo similar a um motor de foguete em miniatura
Combustiacutevel e oxigecircnio satildeo misturados para produzir um jato de gaacutes supersocircnico acima de
2000 ms e 2800degC ( Lima et al apud Thorpe et al 1998) Os combustiacuteveis usados
incluem querosene hidrogecircnio propileno propano acetileno metil-acetileno propadieno
e gaacutes natural O material em forma de poacute eacute introduzido na chama quente dentro do cano de
saiacuteda da pistola Os revestimentos produzidos apresentam maior dureza adesatildeo ao
substrato durabilidade e maior possibilidade de espessura do que os revestimentos
produzidos por outros processos de aspersatildeo teacutermica Uma vantagem inerente do processo
HVOF eacute sua habilidade de aspergir partiacuteculas semi-fundidas a altas velocidades (em torno
de 900 ms) resultando em um revestimento bastante denso com alta adesatildeo ao substrato e
baixo conteuacutedo de oacutexidos Carbonetos superaquecidos podem se decompor e formar fases
menos beneacuteficas ao revestimento O processo HVOF eacute bastante efetivo ao acelerar bastante
as partiacuteculas sem excesso de aquecimento (LIMACAMARGO 2001)
Carbonetos de vaacuterios tipos satildeo especialmente adequados para aplicaccedilatildeo por HVOF
pois natildeo requerem significante fusatildeo para se depositar e formar uma superfiacutecie efetiva
contra desgaste Composiccedilotildees tiacutepicas estatildeo entre 8 a 30 de conteuacutedo da liga matriz que
serve primariamente como ligante para as partiacuteculas de carboneto (Lima et al apud Thorp
et al 2000) Uma das ligas mais usadas para aplicaccedilotildees de desgaste tem sido a liga WC-
Co (Lima et al apud Korpiola amp Vuoristo 1996) agraves vezes ligada a outros elementos como
Ni e Cr no intuito de oferecer melhores caracteriacutesticas de resistecircncia agrave corrosatildeo e desgaste
combinado (Lima et al apud Berger et al 2001)
Materiais e Meacutetodos 77
Gustavo Portela de Deus
3214 - LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray - Poacute
O processo LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) poacute consiste em injetar o material a
ser depositado em forma de poacute na chama derivada da queima de oxigecircnio e acetileno
(3100ordmC) sendo o material aquecido e projetado contra o substrato previamente preparado
Em algumas variaccedilotildees do processo um jato de ar comprimido auxilia a acelerar e
atomizar o poacute Pode-se efetuar a fusatildeo da camada apoacutes aplicaccedilatildeo do revestimento
aumentando assim a aderecircncia e resistecircncia do material aplicado
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
- Ligas Base de Niacutequel como Incinel Monel NiCrBSi e outras
- Oacutexido de Cromo
- Alumina e Alumina ndash Titacircnio e Dioacutexido de Titacircnio
- Oacutexido de Zirconia
- Ligas Base de Cobalto ndash Stellite
3215 - LVOF ( Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray ndash Arame
O processo de aspersatildeo LVOF Arame utiliza como fonte de calor para fusatildeo do
arame a chama gerada pela queima de oxigecircnio e acetileno
A atomizaccedilatildeo e aceleraccedilatildeo do material fundido satildeo realizadas por um jato de ar
comprimido que cerca a chama do oxigecircnio e acetileno
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
Materiais e Meacutetodos 78
Gustavo Portela de Deus
- Accedilo carbono como ligas 1020 1045 1080 e outros
- Accedilo inox como ligas AISI 302 304 316 e AISI 410420 etc
- Ligas de Niacutequel
- Alumiacutenio
- Zinco
- Estanho
322 - Materiais
3221 - Material de Referecircncia
O material que foi utilizado como referecircncia na anaacutelise comparativa dos processos
de revestimento foi retirado de amostras de unhas de caccedilambas de paacutes carregadeiras de
rodas na sua forma original ou seja fornecida pelo fabricante do equipamento rodoviaacuterio e
seguindo os padrotildees determinados pela norma ASTM G65-91 Por se tratar de materiais
originais ou seja fornecido pelo fabricante da maacutequina foi constatado por meio de
avaliaccedilotildees primaacuterias como mais resistentes ao desgaste abrasivo e comprovado atraveacutes do
nuacutemero de horas em que os elementos foram submetidos em operaccedilotildees de escavamento e
carregamento
3222 - Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo
O material de base utilizado na confecccedilatildeo dos corpos de prova para anaacutelise de
resistecircncia ao desgaste abrasivo pelos processos por soldagem e por aspersatildeo teacutermica foi o
accedilo ABNT 1015 com as seguintes dimensotildees 75 mm de comprimento 24 mm de largura
Materiais e Meacutetodos 79
Gustavo Portela de Deus
e 4mm de espessura nas amostras por soldagem e 48 mm de comprimento 24 de largura e
4mm de espessura nas amostras aspergidas Tais dimensotildees se fizeram necessaacuterias para
atender agrave norma como tambeacutem para permitir um encaixe perfeito ao suporte do
abrasocircmetro nos ensaios de perda de massa
3223 - Consumiacuteveis Utilizados
Os consumiacuteveis utilizados para revestir os corpos de prova nos processos de
revestimento superficial por soldagem foram os eletrodos para abrasatildeo severa erosatildeo e
cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo Bohler Thyssen Welding tipo UTP 713 desenvolvimento especial
com as seguintes concentraccedilotildees C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09
com dureza de 65HRC
Os revestimentos por soldagem executados nos corpos-de-prova foram feitos na
empresa Engincom Comeacutercio e Induacutestria LTDA situada no Distrito Industrial de
Teresina-PI
Jaacute os corpos de prova revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica por LVOF
utilizaram como consumiacutevel nas amostras tipo P uma mistura composta de 170 de Cr
40 de Fe 40 de Si 35 de B 10 de C e Ni balanceado As amostras tipo M foram
revestidas utilizando como consumiacutevel a mesma mistura utilizada no revestimento das
amostras tipo P com a adiccedilatildeo de 10 de carboneto de tungstecircnio com base cobalto (81
de tungstecircnio + 12 de cobalto + 5 de carbono + 2 de ferro)
Foram utilizados dois tipos de consumiacuteveis nas amostras revestidas por aspersatildeo
teacutermica com a finalidade de se avaliar tambeacutem o comportamento dos revestimentos
quanto a resistecircncia ao desgaste abrasivo utilizando-se os ensaios de resistecircncia ao desgaste
Materiais e Meacutetodos 80
Gustavo Portela de Deus
e de dureza nos dois tipos de consumiacuteveis Levando-se em consideraccedilatildeo principalmente o
custo do revestimento
Os corpos-de-prova que foram revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica tipo
LVOF foram executados na empresa Ogramac Nordeste situada no Distrito Industrial de
Suape em Ipojuca-PE
3224 - Areia
A areia utilizada no ensaio de abrasatildeo para constataccedilatildeo da perda de massa foi a
areia quartzosa industrial com granulometria de 40 a 60 mesh fornecida pela empresa
Sand SL Comeacutercio de Mineacuterio LTDA de Satildeo Carlos-SP Esta areia foi submetida a um
sistema de peneiramento de modo a adequar a sua granulometria agraves dimensotildees
especificadas pela norma ASTM G65-91 que estabelece um percentual de 5 de maacutexima
retenccedilatildeo na peneira de 50 mesh e de 90 de miacutenimo na peneira de 60 mesh
323 - Equipamentos
3231 - Equipamento de Soldagem
Foi utilizado um transformador de solda de fabricaccedilatildeo bambozzi modelo TDC 460
E com as seguintes caracteriacutesticas teacutecnicas Corrente maacutexima de solda de 430 A trifaacutesico
com tensatildeo de alimentaccedilatildeo de 380V potecircncia nominal de 208 kVA frequumlecircncia de
5060Hz caracteriacutesticas de soldagem DC e dimensotildees (AxLxC) de 480x555x665
3232 - Sistema de Peneiramento da Areia
A maacutequina utilizada para peneirar a areia no ensaio de abrasatildeo por roda de
borracha foi desenvolvida e construiacuteda no Departamento de Engenharia de Materiais da
Materiais e Meacutetodos 81
Gustavo Portela de Deus
Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar Eacute constituiacuteda de duas peneiras superpostas
com malhas de 50 e 70 meshs segundo a AFS fixadas em uma estrutura de accedilo que sofre
movimento vibratoacuterio promovido por um motor de frac14 de HP em cujo eixo estaacute afixada
uma peccedila assimeacutetrica para provocar um efeito excecircntrico na rotaccedilatildeo e consequumlente
vibraccedilatildeo como mostra a Figura 33
Figura 33 - Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo
3233 Abrasocircmetro
O abrasocircmetro utilizado no ensaio de abrasatildeo por perda de massa tambeacutem foi
desenvolvido e construiacutedo nos laboratoacuterios do Departamento de Engenharia de Materiais
da Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar segundo a norma ASTM G65-91 Esta
norma determina que seja feita uma calibraccedilatildeo do abrasocircmetro de modo que o mesmo
possa ser utilizado de forma confiaacutevel assegurando as mesmas condiccedilotildees e
reprodutividade dos ensaios de perda de volume
Materiais e Meacutetodos 82
Gustavo Portela de Deus
O anel de borracha eacute constituiacutedo de clorobutil com diacircmetro externo inicial de
2286 mm e espessura de 127 mm com dureza variando entre 59 e 60 shore A A
excentricidade do anel natildeo deve exceder a toleracircncia de 005 mm Com este diacircmetro
especificado e para um nuacutemero total de 6000 rotaccedilotildees o comprimento linear de realizaccedilatildeo
do ensaio eacute de 4309 m Agrave medida que a roda se desgasta deve-se ajustar a perda de
volume (PV) como prevecirc a norma O fluxo de areia recomendado eacute de 300 gmin a 400
gmin que deveraacute escoar pelo bocal de alimentaccedilatildeo de forma regular e contiacutenua como
mostra a Figura 34
Faz parte da constituiccedilatildeo do abrasocircmetro um contador digital do nuacutemero de voltas
efetuadas pela roda de borracha ateacute o limite estabelecido de 6000 rotaccedilotildees em que o
mesmo deveraacute provocar o desligamento automaacutetico Possui ainda um sistema de alarme
com paracircmetros de limites de rotaccedilotildees por min de miacutenimo 190rpm e de maacuteximo 210 rpm
e tendo como rotaccedilatildeo referecircncia 200 rpm (BRANDIM 1998)
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha
Materiais e Meacutetodos 83
Gustavo Portela de Deus
3234 - Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos-de-Prova
Os corpos-de-prova revestidos pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
foram retificados e cortados em uma retificadora plana longitudinal de fabricaccedilatildeo Mello
SA Maacutequinas e Equipamentos modelo RPT 2 maacutequina nordm 192 ano 1983 nos laboratoacuterios
de usinagem do CEFET ndash PI com refrigeraccedilatildeo na aacuterea de corte atraveacutes de fluido especial
emulsionaacutevel em aacutegua e tendo como ferramenta de corte um disco abrasivo de alta rotaccedilatildeo
(6000 rpm) e elevada dureza da ordem de 70 HRC fornecido pela empresa Arotec
modelo AA 5
Anteriormente ao corte das amostras nas dimensotildees especificadas pela norma
ASTM G65-91 os corpos de prova passaram por um processo de retificaccedilatildeo com o
objetivo de reparar possiacuteveis deformaccedilotildees e melhorar o acabamento das amostras
As medidas de massa dos corpos de prova para determinaccedilatildeo da massa antes e
depois do ensaio de abrasatildeo por roda de borracha foram efetuadas em uma balanccedila de
precisatildeo analiacutetica marca Marte modelo AS 2000C com capacidade de pesagem maacutexima
de 2000g e miacutenima de 05g erro de 01g e sensibilidade de 001g
3235 - Durocircmetro
As medidas de dureza foram efetuadas em um durocircmetro marca Sussen Wolpert
tipo Testor HT1 maacutequina Nordm 333 ano 1971 em escala Rockwell C com carga de 150 kgf
como mostra a Figura 35 pertencente ao laboratoacuterio do DEMa da Universidade Federal de
Satildeo Carlos (UFSCar)
Materiais e Meacutetodos 84
Gustavo Portela de Deus
Figura 35 - Durocircmetro
3236 - Microscopia Oacutetica
As anaacutelises e imagens de microscopia oacutetica foram realizadas no microscoacutepio oacutetico
de marca NIKKON EPIPHOT ndash DX com conversor de sinais da Hitach modelo com
aumento maacuteximo de 1000 vezes Para obtenccedilatildeo das fotos das microestruturas utilizou-se
um analisador de imagens
33 - Sequumlecircncia Experimental
Apoacutes os procedimentos convencionais de preparaccedilatildeo das amostras nas trecircs
condiccedilotildees que seratildeo avaliadas ou seja soldadas revestidas superficialmente por aspersatildeo
teacutermica e na condiccedilatildeo normal ou comercialmente encontradas estas amostras ou corpos-
de-prova passaram agrave fase experimental
Materiais e Meacutetodos 85
Gustavo Portela de Deus
Os experimentos tiveram como finalidade inicial avaliar o desempenho quanto agrave
resistecircncia agrave abrasatildeo dos corpos-de-prova quando submetidos aos processos de
revestimento superficial pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Tais experimentos se basearam principalmente em anaacutelises microscoacutepicas por meio
de microscopia oacutetica resistecircncia agrave abrasatildeo pelo ensaio da roda de borracha e pela anaacutelise
do niacutevel de dureza adquirida atraveacutes do durocircmetro
Depois de computados os resultados obtidos nos ensaios tecnoloacutegicos nas trecircs
avaliaccedilotildees diferentes microscopia dureza e resistecircncia agrave abrasatildeo partiu-se para a anaacutelise
matemaacutetica atraveacutes das meacutedias em funccedilatildeo de resultados diferentes obtidos nos ensaios em
pontos diferentes das amostras
34 ndash Meacutetodos
341 - Planejamento Experimental
3411 - Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo a Baixa Tensatildeo ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram preparados e ensaiados segundo os procedimentos da
norma ASTM G65-91 (1991) no abrasocircmetro similar ao apresentado na figura A forccedila
exercida pelo corpo de prova sobre a roda foi de 130 N A rotaccedilatildeo da roda de borracha foi
mantida em mais ou menos 200 rpm com variaccedilotildees para mais e para menos de 10 rpm
quando em movimento e sob pressatildeo de ensaio Empregou-se para a contagem do nuacutemero
de giros da roda de borracha um sensor indutivo O nuacutemero total de rotaccedilotildees da roda para
interrupccedilatildeo automaacutetica do ensaio foi preacute-fixado em 6000 rotaccedilotildees Para a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha quando se fez necessaacuterio utilizou-se uma lixa de
granulometria 320 mantendo-se o braccedilo da alavanca do equipamento livre de qualquer
Materiais e Meacutetodos 86
Gustavo Portela de Deus
carga para evitar qualquer pressatildeo sobre a roda e proporcionar uma folga suficiente para a
introduccedilatildeo da lixa entre a roda e a amostra O fluxo de areia foi mantido dentro dos limites
da norma ASTM G65-91 (1991) tendo variado entre 350 e 360 gramasminuto
Os ensaios foram realizados com a roda de borracha girando no mesmo sentido da
direccedilatildeo de soldagem empregado Apoacutes o ensaio de cada lote realizou-se a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha As perdas de massa e de volume conforme a norma ASTM
G65-91 (1991) quando satildeo determinadas em uma roda de borracha com diacircmetro externo
diferente de 2286 mm devem ser corrigidas linearmente pela relaccedilatildeo perda de volume
(PV) x 2286 mmdiacircmetro da roda no final do ensaio tendo sido empregada quando
necessaacuterio esta correccedilatildeo (BRANDIM 1998)
3412 Microscopia Oacutetica
As amostras revestidas por aspersatildeo teacutermica LVOF dos tipos P e M e soldadas
foram analisadas no microscoacutepio oacutetico com aproximaccedilatildeo de 50X 100X 200X e 500X
3413 Ensaio de Dureza
Para a determinaccedilatildeo da dureza foi utilizado o meacutetodo Rockwell C com carga de
150 kgf Antes de efetuar as medidas foi realizada a afericcedilatildeo do aparelho ou durocircmetro
por meio da utilizaccedilatildeo de corpos-de-prova de dureza padronizada Cada corpo-de-prova foi
submetido a no miacutenimo trecircs medidas de dureza em pontos diferentes da superfiacutecie
Capiacutetulo 4
Resultados e Discussatildeo
Resultados e Discussatildeo 88
Gustavo Portela de Deus
4 - Resultados e Discussatildeo
41 - Introduccedilatildeo
Por meio dos ensaios jaacute efetuados e comentados no capiacutetulo anterior e utilizando-
se a metodologia descrita inicialmente seratildeo representados os resultados de afericcedilatildeo e
qualificaccedilatildeo do abrasocircmetro realizados segundo a norma ASTM G65-91(1991)
Procedimento A resistecircncia ao desgaste resultados dos ensaios de dureza e anaacutelises
quiacutemicas de microscopia oacutetica e terminando com as discussotildees que se fizeram relevantes
dos resultados obtidos
411 - Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho
Foram levantados dados estatiacutesticos do rendimento apresentado pelos elementos de
penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios no que concerne agrave vida uacutetil
proporcionada pelos diversos produtos apresentados no mercado bem como a qualidade
destes materiais no que diz respeito a constituiccedilatildeo da liga tratamentos teacutermicos efetuados
e revestimento superficial em peccedilas novas ou recuperadas na forma de endurecimento com
a finalidade de elevar a resistecircncia ao desgaste
No levantamento de dados e de informaccedilotildees foram considerados os rendimentos
obtidos pelas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios quando
utilizadas na sua forma original ou seja de acordo com a forma comercial fornecida por
parte dos fabricantes Foi considerada a vida uacutetil atingida com a ferramenta quando
utilizada na sua forma comercial bem como quando aplicado seu revestimento especiacutefico
Resultados e Discussatildeo 89
Gustavo Portela de Deus
Foram confeccionados corpos de prova seguindo a norma especiacutefica para
revestimentos duros ou seja ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram revestidos por soldagem de revestimento utilizando
eletrodos com as seguintes caracteriacutesticas eletrodo baacutesico que apresenta depoacutesitos de
carbonetos complexos de Cr Mo Nb W e V indicado para revestimentos duros contra
abrasatildeo severa erosatildeo e cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo BOHLER THYSSEN WELDING Tipo
UTP 713 desenvolvimento especial com concentraccedilatildeo de elementos na seguinte
composiccedilatildeo C - 4 Cr - 235 Mo ndash 65 Nb ndash 60 W ndash 08 e V ndash 09 com uma
dureza esperada de 65HRc
Foram tambeacutem revestidos pelo processo de revestimento superficial por aspersatildeo
teacutermica do tipo LVOF
Durante o desenvolvimento do projeto foram determinadas as perdas de massa
bem como de espessura dos elementos objeto do estudo antes e depois de revestidos pelos
processos de recobrimento por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Os corpos-de-prova foram ensaiados para anaacutelise de resistecircncia ao desgaste
abrasivo por meio do abrasocircmetro de roda de borracha que foi construiacutedo pelos alunos
mestrandos em engenharia de materiais da Universidade Federal de Satildeo Carlos UFSCar na
aacuterea especiacutefica triboloacutegica seguindo as recomendaccedilotildees da norma ASTM G65-91
Foram executados estudos comparativos de rendimento e viabilidade econocircmica
quando comparadas estas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios
utilizadas na sua forma comercial bem como quando revestidas pelos processos de
endurecimento superficial por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 90
Gustavo Portela de Deus
42 - Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM
G65-91 Procedimento A
De acordo com esta norma o abrasocircmetro deveraacute antes da realizaccedilatildeo dos ensaios
de desgaste ser aferido Para tanto utilizou-se um accedilo ABNT 1015 para a determinaccedilatildeo do
coeficiente de variaccedilatildeo dos resultados obtidos com o ensaio de desgaste visando agrave
verificaccedilatildeo da dispersatildeo dos valores e da reprodutibilidade do equipamento A conversatildeo eacute
feita pela seguinte equaccedilatildeo
1000sup3)(
)(sup3)( x
cmg
gPMmmPV
Onde PV (mmsup3) = Perda de volume PM (g) = Perda de Massa e = (gmmsup3)
densidade do material
Segundo o apecircndice A da norma ASTM G65-91 o desvio padratildeo S a ser calculado
eacute obtido com o auxiacutelio da tabela 41 da referida norma para a obtenccedilatildeo do valor de d2 que
eacute dependente do nuacutemero de corpos-de-prova utilizados no ensaio de desgaste por abrasatildeo
Entatildeo a partir do desvio padratildeo da diferenccedila entre a maior perda de volume e a menor
perda de volume calcula-se o coeficiente de variaccedilatildeo (V) Tem-se entatildeo
Como o valor obtido neste processo de afericcedilatildeo foi inferior ao limite de 7
estabelecido pela norma ASTM G65-91(1991) fica assegurada a confiabilidade dos
resultados obtidos com o abrasocircmetro Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave
baixa tensatildeo realizada com accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilatildeo do
abrasocircmetro
Resultados e Discussatildeo 91
Gustavo Portela de Deus
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com
o accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro
Corpos-de-prova
Massa (g)
PV (cm3) M
i
M
f
Δ
M
01
1
128910
1
125017
0
3893
4
95924
02
1
129257
1
125721
0
3536
4
50446
03
1
077076
1
073516
0
3560
4
53503
04
1
093156
1
089095
0
4061
5
17325
05
1
077034
1
073005
0
4029
5
13248
Total
4
9
Onde Mi = Massa do corpo de prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo de prova depois do ensaio
ΔM = Diferenccedila de massa antes e apoacutes o ensaio
PV = Perda de volume
43 - Resistecircncia ao Desgaste
Resultados e Discussatildeo 92
Gustavo Portela de Deus
A anaacutelise da resistecircncia ao desgaste eacute feita pela comparaccedilatildeo com um material de
referecircncia Neste estudo foi utilizado o proacuteprio material constituinte das unhas da caccedilamba
de uma paacute carregadeira articulada de rodas Para a visualizaccedilatildeo geral dos materiais
envolvidos neste trabalho eacute apresentada na figura 41 uma comparaccedilatildeo da perda de
volume no qual os valores satildeo as meacutedias de todos os ensaios realizados
Na primeira imagem eacute representada a amostra que foi revestida pelo processo de
soldagem em que fica demonstrada a menor perda de massa em funccedilatildeo do consumiacutevel
utilizado no processo que possuiacutea uma grande concentraccedilatildeo de elementos de liga que
propiciam elevada resistecircncia ao desgaste
Na segunda imagem temos a representaccedilatildeo de uma amostra revestida pelo processo
de aspersatildeo teacutermica por LVOF em que tambeacutem fica demonstrada uma elevada resistecircncia
ao desgaste abrasivo embora de menor intensidade que na soldagem que admitimos ter
ocorrido em funccedilatildeo do procedimento utilizado no ensaio ldquoprocedimento Ardquo natildeo ser
recomendado a tal amostra por se tratar de revestimento de espessura pequena da ordem
de 05mm o que eacute considerada pequena para tal ensaio Quando o revestimento eacute de
pequena espessura o procedimento recomendado pela norma G65-91 eacute o ldquoprocedimento
Crdquo em que se utiliza uma menor carga como tambeacutem um nuacutemero menor de revoluccedilotildees
Na terceira imagem temos a representaccedilatildeo da amostra de referecircncia ou seja
retirada da proacutepria unha da caccedilamba da paacute carregadeira de rodas em que fica demonstrada
uma boa resistecircncia agrave abrasatildeo em funccedilatildeo da mesma ter sido constituiacuteda de accedilo carbono
1045 temperado que apresenta uma boa resistecircncia ao desgaste
Resultados e Discussatildeo 93
Gustavo Portela de Deus
Figura 41 - Imagens de corpos-de-prova desgastados no ensaio por abrasatildeo
Os dados coletados para a anaacutelise do desgaste abrasivo por meio do abrasocircmetro
estatildeo quantificados e apresentados na Tabela 42 com as perdas de massa correspondentes
a cada uma das amostras analisadas Na Figura 42 mostra o graacutefico da perda de massa
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste
Amostra Mi (g) Mf (g)
PM
(g)
PV
(mmsup3)
PVCorrigido
(mmsup3)
Metal
de
base
A1 9136 9044 092
45 45
A2 9050 8962 088
A3 10022 9914 108
Valor meacutedio 096
Aspersatildeo
teacutermica
A1 9219 9211 008
20 20
A2 9006 8997 009
A3 9107 9097 010
Valor meacutedio 009
Revestimentos
soldados
A1 18651 18638 013
12 12
A2 15647 15640 007
Resultados e Discussatildeo 94
Gustavo Portela de Deus
A3 14422 14414 008
Valor meacutedio 009
Onde Mi = Massa do corpo-de-prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo-de-prova depois do ensaio
PM = Perda de massa do corpo-de-prova apoacutes o ensaio
0
10
20
30
40
50
60
PV (mmsup3)
Accedilo ABNT
1015
Accedilo ABNT
1045
temperado
Aspersatildeo
teacutermica
Amostra
soldada em
laboratoacuterio
Corpos-de-prova
Perda de Volume Meacutedio (mmsup3)
Perda de Volume (mmsup3) Perda de Volume Corregido (mmsup3)
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos-de-prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo
44 - Dureza
Nos resultados dos valores meacutedios de dureza apresentados na Tabela 43 e na
Figura 43 natildeo se nota grandes dispersotildees dos resultados para os corpos-de-prova quando
se analisa entre os mesmos materiais e nem quando se compara os revestimentos obtidos
por teacutecnicas diferentes no caso por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 95
Gustavo Portela de Deus
Alguns valores de dureza apresentaram discrepacircncia em relaccedilatildeo aos
valores meacutedios que foram atribuiacutedos serem decorrentes do ponto em que o
indentador foi posicionado
O corpo-de-prova utilizado como referecircncia apresentou um bom
resultado de dureza visto que a sua microestrutura eacute constituiacuteda de
martensita
Tabela 43 - Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo
Amostra
HRc
(150kg)
Valor meacutedio
final Dureza
HRc
Metal de base
P1 46
45 P2 48
P3 43
Aspersatildeo
teacutermica
P1 53
54 P2 52
P3 56
Revestimentos
soldados
P1 52
53 P2 48
P3 59
Resultados e Discussatildeo 96
Gustavo Portela de Deus
40
42
44
46
48
50
52
54
Dureza (HRc -
150kg)
Metal de base Aspersatildeo
teacutermica
Soldados
Amostras revestidas
Dureza Meacutedia Final
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados
45 - Microdureza
Amostra M
0
200
400
600
800
1000
1200
30 90 180 330 450 600 750
Distacircncia (Mm)
Dur
eza
(200
gf)
Figura 44 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M
Resultados e Discussatildeo 97
Gustavo Portela de Deus
Amostra P
0
200
400
600
800
1000
1200
30 160 310 460 610 670 730
Distacircncia (microm)
Dure
za H
V (2
00g
f)
Figura 45 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P
46 - Anaacutelise Microestrutural
A anaacutelise microestrutural foi realizada para todos os corpos-de-prova estudados
nesse trabalho utilizando a teacutecnica de Microscopia oacutetica
461- Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente
Os corpos-de-prova aspergidos termicamente apresentaram as microestruturas
conforme mostram as Figuras 46 47 e 48 Nessas pode-se observar uma quantidade
significativa de poros de tamanhos variados principalmente na interface entre a camada
aspergida e o substrato em destaque na Figura 46 A formaccedilatildeo desses poros eacute decorrente
da reaccedilatildeo com gases durante o processo de aspersatildeo e a atmosfera em contato com o
material enquanto liacutequido
Resultados e Discussatildeo 98
Gustavo Portela de Deus
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 50X
Figura 47 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 100X
Interface substratocamada
Linha de poros
Resultados e Discussatildeo 99
Gustavo Portela de Deus
Figura 48 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente
possam ser os carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X
462 Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem
Os corpos-de-prova soldados apresentaram microestrutura euteacutetica com intensa
quantidade de carbetos de cromo complexos do tipo M7C3 conforme mostram as Figuras
49 e 410 Isto se deve principalmente pela composiccedilatildeo quiacutemica do eletrodo utilizado
onde apresentou C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09 com dureza de
65HRC
Estes elementos quando participam da constituiccedilatildeo da liga adicionam e melhoram
algumas propriedades mecacircnicas dos materiais tais como
a) Carbono (C) ndash Na composiccedilatildeo de accedilos modernos destinados agrave cutelaria
quer sejam aqueles classificados como carbono ou os ditos inoxidaacuteveis
dificilmente poderaacute existir menos do que 06 de Carbono pois este eacute o
Resultados e Discussatildeo 100
Gustavo Portela de Deus
principal elemento que apoacutes a adequada tecircmpera concederaacute dureza agrave
peccedila
b) Cromo (Cr) ndash O cromo estimula a formaccedilatildeo de carbonetos aumentando a
resistecircncia ao desgaste bem como a temperabilidade aos accedilos reduz a
velocidade criacutetica de resfriamento de modo que a tecircmpera de accedilos com
teores elevados de cromo seja feita preferencialmente ao oacuteleo ou ao ar A
adiccedilatildeo de cromo torna mais fina a granulaccedilatildeo dos accedilos aumentando
desse modo a sua resistecircncia
c) Molibdecircnio (Mo) ndash Influencia favoravelmente a dureza a resistecircncia a
quente a fluecircncia e a temperatura de crescimento de gratildeo de austenita
aleacutem de melhorar a penetraccedilatildeo da tecircmpera nos accedilos Eacute largamente
empregado no accedilos de construccedilatildeo mecacircnica para beneficiamento pois
forma partiacuteculas resistentes a abrasatildeo e evita a fragilidade de
revenimento O molibdecircnio natildeo eacute empregado sozinho pois apresenta
uma tendecircncia de diminuir a tenacidade dos accedilos
d) Nioacutebio (Nb) ndash Tem alta afinidade por carbono e nitrogecircnio formando
carbonetos e carbonitretos Melhora a soldabilidade a tenacidade e a
comformabilidade o que levou a ciecircncia moderna a busca de
alternativas que aumentassem a resistecircncia mecacircnica do accedilo sem alterar
as outras propriedades desejaacuteveis
e) Tungstecircnio (W) ndash Forma carbonetos muito duros tendo como
consequumlecircncia influecircncia nas propriedades com aumento da dureza
aumento da resistecircncia agrave traccedilatildeo resistecircncia agrave corrosatildeo e a erosatildeo
f) Vanaacutedio (V) ndash Eleva a temperatura de crescimento do gratildeo da austenita
promovendo o refino do gratildeo Eacute excelente desoxidante A adiccedilatildeo de
Resultados e Discussatildeo 101
Gustavo Portela de Deus
vanaacutedio confere aos accedilos uma insensibilidade ao super-aquecimento
melhorando suas caracteriacutesticas de forjamento e usinagem O emprego de
teores elevados de vanaacutedio deve ser acompanhado por um aumento do
teor de carbono devido agrave formaccedilatildeo de carbonetos
g) Siliacutecio (Si) ndash Auxilia na desoxidaccedilatildeo auxilia na grafitizaccedilatildeo aumenta a
fluidez como influecircncia na estrutura Aumenta a resistecircncia agrave oxidaccedilatildeo
com temperaturas elevadas melhoria da temperabilidade e da resistecircncia
a traccedilatildeo influenciando nas propriedades
h) Boro (B) ndash Os accedilos ao boro compreedem uma famiacutelia com propriedades
especiais devendo ser tratados como uma classe agrave parte O boro quando
adicionado em pequenas quantidades melhora a temperabilidade do accedilo
diminui a tendecircncia a triancas de tecircmpera distorccedilotildees durante o
tratamento teacutermico e melhora as propriedades de conformaccedilatildeo mecacircnica
Os accedilos ao boro natildeo satildeo empregados soacute onde se exijam especificaccedilotildees
severas de temperabilidade mas tambeacutem onde se necessite de
caracteriacutesticas uniformes de tratamento teacutermico de usinabilidade
soldagem e conformaccedilatildeo O percentual de boro adicionado aos accedilos pode
variar desde 00005 quando se deseja obter efeitos de temperabilidade
a ateacute 00015 quando se obtecircm a melhor combinaccedilatildeo de resistecircncia e
tenacidade nos accedilos
i) Niacutequel (Ni) ndash Refina o gratildeo diminui a velocidade de transformaccedilatildeo na
estrutura do accedilo Influecia nas propriedades com o aumento da
resistecircncia a traccedilatildeo e com a alta ductilidade
Resultados e Discussatildeo 102
Gustavo Portela de Deus
Figura 49 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X
Resultados e Discussatildeo 103
Gustavo Portela de Deus
Figura 410 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do
tipo M7C3 Ataque colorido 500X
Os corpos de prova estudados e que foram revestidos pelo processo de soldagem de
revestimento foram incluiacutedos no diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C apresentado na Figura
411 Observou-se que todas as amostras estatildeo enquadradas na regiatildeo hipereuteacutetica
Resultados e Discussatildeo 104
Gustavo Portela de Deus
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C
As amostras das Figuras 49 e 410 apresentam uma microestrutura com euteacutetico e
perfis alongados de tonalidade clara representando os carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 e ainda pontos claros representativos dos elementos constituintes da liga de
composiccedilatildeo do eletrodo bem como os carbonetos de cromo que natildeo se desenvolveram
Os perfis representativos dos carbonetos de complexos de cromo M7C3 de forma
alongada conferem ao revestimento uma dureza elevada que favorece a uma maior
resistecircncia ao desgaste abrasivo poreacutem da mesma forma que elevam esta resistecircncia ao
desgaste favorece tambeacutem o aparecimento de trincas que podem acelerar o processo
abrasivo em funccedilatildeo de permitir a penetraccedilatildeo do gratildeo abrasivo entre as frestas dessas
trincas
Resultados e Discussatildeo 105
Gustavo Portela de Deus
463 Resultados
Apresentar uma anaacutelise comparativa de rendimento entre as ferramentas de
penetraccedilatildeo no solo para equipamentos rodoviaacuterios encontrados no mercado consumidor e
destas mesmas ferramentas revestidas superficialmente pelos processos de endurecimento
superficial por soldagem com a utilizaccedilatildeo de eletrodos revestidos e pela teacutecnica de
revestimento LVOF
Nas anaacutelises econocircmicas efetuadas se constatou que o custo para se revestir as
unhas das caccedilambas da paacute carregadeira utilizando como base a peccedila original isto eacute antes
da mesma ser colocada em operaccedilatildeo eacute compatiacutevel com o custo benefiacutecio de se substituir a
mesma unha apoacutes o seu desgaste natural Baseado no preposto e considerando o tempo
desperdiccedilado para a substituiccedilatildeo do elemento consideramos economicamente viaacutevel se
revestir unhas de caccedilamba na condiccedilatildeo nova adquirida no mercado
Capiacutetulo 5
Conclusotildees e Sugestotildees
Conclusotildees 107
Gustavo Portela de Deus
5 ndash Conclusotildees
ndash Os materiais revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica apresentaram uma
superfiacutecie mais uniforme e de melhor aparecircncia
ndash Como determinadas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios natildeo requerem uma usinagem posterior para acabamento como retificaccedilatildeo os
processos por aspersatildeo em determinadas situaccedilotildees satildeo industrialmente mais eficientes
que os processos por soldagem
ndash A perda de volume constatada nos dois processos envolvidos na anaacutelise no
quesito correspondente agrave resistecircncia ao desgaste por aspersatildeo e por soldagem natildeo se
tornou fator determinante na opccedilatildeo de escolha do processo mais eficiente em funccedilatildeo do
procedimento utilizado no ensaio de desgaste por abrasatildeo
- As amostras revestidas pelo processo de soldagem com eletrodo revestido
apresentaram trincas em diversos pontos da estrutura em funccedilatildeo do aparecimento dos
elementos de segunda fase
ndash Ainda natildeo se recomenda revestir ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de
equipamentos rodoviaacuterios que estatildeo sujeitos a grandes impactos pelo processo de aspersatildeo
teacutermica em funccedilatildeo dos revestimentos por aspersatildeo natildeo resistirem ao impacto que tambeacutem
vem a ser uma caracteriacutestica dos dentes de caccedilamba de paacutes carregadeiras que sofrem
desgaste por goivagem
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RESUMO
O objetivo principal do trabalho eacute analisar a resistecircncia ao desgaste abrasivo agrave baixa
tensatildeo dos elementos que compotildeem os oacutergatildeos de maacutequinas rodoviaacuterias que estatildeo expostos
diretamente ao contato com abrasivos Estas anaacutelises foram efetuadas apoacutes estes elementos
serem revestidos superficialmente pelo processo de soldagem com eletrodo revestido (SAER)
manual e pelo processo de revestimento por aspersatildeo teacutermica tipo LVOF Como tambeacutem visa
apresentar sugestotildees para um melhor aproveitamento e rendimento destes elementos quais
sejam diminuindo custos e evitando paralisaccedilotildees nas frentes de serviccedilo Os corpos-de-prova
foram confeccionados a partir de um substrato de accedilo carbono ABNT 1045 temperado
seguindo as mesmas especificaccedilotildees e composiccedilotildees dos metais constituintes das ligas e foi
seguida a norma que regulamenta as dimensotildees destas amostras e de acordo com a grandeza
correspondente Os resultados foram avaliados por meio de ensaios de dureza resistecircncia ao
desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo e pela perda de volume associando a microestrutura dos
revestimentos analisados
Palavras-chave Desgaste abrasivo soldagem de revestimento e aspersatildeo teacutermica
ABSTRACT
The main objective is to analyze the abrasive wear resistance to the low stress of the
elements that make up the organs of road machinery that are exposed directly to contact with
abrasives These samples were analyzed after these elements are coated superficially by the
process of welding electrode coated with (SAER) and the manual process of coating type
LVOF thermal spraying As well is to provide suggestions for a better recovery and return of
these elements which are reducing costs and avoiding downtime in the fronts of service The
samples were made from a substrate of carbon ABNT 1045 tempered steel following the
same specifications and composition of metals and alloys of constituents was followed the
standard governing the dimensions of these samples and in accordance with the corresponding
size The results were evaluated by testing the hardness abrasion resistance to wear by the low
stress and the loss of volume involving the microstructure of coatings analyzed
Keywords Wear abrasive welding hardfacing and thermal spraying
SUMAacuteRIO
1 ndash Introduccedilatildeo 14
2 ndash Revisatildeo Bibliograacutefica 19
21 ndash Tipos de Desgaste21
22 ndash Desgaste por Abrasatildeo21
23 ndash Tipos de Processos Abrasivos22
24 ndash Tipos de Abrasatildeo24
241 ndash Goivagem24
242 ndash Abrasatildeo por Alta Pressatildeo25
243 ndash Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Pressatildeo26
2431 ndash Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo27
2432 ndash Consideraccedilotildees Sobre os Abrasivos29
2433 ndash Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo29
24331 ndash Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo31
25 ndash Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste Abrasivo32
251 ndash Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo34
252 ndash Carga Aplicada35
253 ndash Influecircncia da Dureza38
254 ndash Influecircncia da Temperatura39
26 ndash Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste40
27 ndash Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste44
28 ndash Revestimentos Superficiais45
281 ndash Aspersatildeo Teacutermica46
2811 ndash Processos50
28111 ndash Processos por Combustatildeo50
281111 ndash Arames e Varetas51
281112 ndash Poacute51
28112 ndash Detonaccedilatildeo54
28113 ndash Processos Eleacutetricos55
281131 ndash Arco Eleacutetrico55
281132 ndash Arco Plasma Natildeo-Transferido56
281133 ndash Arco Plasma Transferido58
2812 ndash Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie58
2813 ndash Limpeza e Manuseio59
28131 ndash Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes59
2814 ndash Criaccedilatildeo de Rugosidade60
282 ndash Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste60
2821 ndash Recobrimento Duro61
2822 ndash Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro61
2823 ndash Seleccedilatildeo do Material para o Recobrimento Duro64
2824 ndash Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento64
29 ndash Tipos de Revestimento65
291 ndash Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro65
292 ndash Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies66
3 ndash Materiais e Meacutetodos69
31 ndash Fluxograma de Desenvolvimento Experimental69
32 ndash Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no solo de Equipamentos
Rodoviaacuterios70
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos72
3211 ndash Revestimento Duro por Processo de Soldagem72
3212 ndash Revestimento Superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF74
3213 ndash HVOF (High Velocity Oxigen Fuel) helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip74
3214 ndash LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray-Poacute helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip76
3215 ndash LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray-Arame helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip76
322 ndash Materiais77
3221 ndash Material de Referecircncia77
3222 ndash Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo77
3223 ndash Consumiacuteveis Utilizados78
3224 ndash Areia79
323 ndash Equipamentos79
3231 ndash Equipamento de Soldagem79
3232 ndash Sistema de Peneiramento da Areia79
3233 ndash Abrasocircmetro80
3234 ndash Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos de Prova82
3235 ndash Durocircmetro82
3236 ndash Microscopia Oacutetica83
33 ndash Sequumlecircncia Experimental83
34 ndash Meacutetodos84
341 ndash Planejamento Experimental84
3411 ndash Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo agrave Baixa Tensatildeo ASTM G65-9184
3412 ndash Microscopia Oacutetica85
3413 ndash Ensaio de Dureza85
4 ndash Resultados e Discussotildees 87
41 ndash Introduccedilatildeo87
411 ndash Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho87
42 ndash Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM G65-91
Procedimento A89
43 ndash Resistecircncia ao Desgaste90
44 ndash Dureza93
45 ndash Microdureza 95
46 ndash Anaacutelise Microestrutural96
461 ndash Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente96
462 ndash Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem 98
463 ndash Resultados 103
5 ndash Conclusotildees105
Referecircncias 107
LISTA DE FIGURAS
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e dentes desgastados 20
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e cantos desgastados 20
Figura 23 ndash Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste 22
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos23
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos24
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste35
Figura 27 ndash Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo37
Figura 28 ndash Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste39
Figura 29 ndash Efeito da temperatura no desgaste abrasivo40
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato46
Figura 211 ndash Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido48
Figura 212 ndash Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas49
Figura 213 ndash Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo50
Figura 214 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama50
Figura 215 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama53
Figura 216 ndash Esquemaacutetica de tocha de detonaccedilatildeo55
Figura 217 ndash Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico56
Figura 218 ndash Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma57
Figura 31 ndash Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira70
Figura 32 ndash Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira71
Figura 33 ndash Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo80
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha81
Figura 35 ndash Durocircmetro83
Figura 41 ndash Imagens de corpos de prova desgastados no ensaio de abrasatildeo91
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos de prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo93
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados94
Figura 44 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M95
Figura 45 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P95
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 50X96
Figura 47 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 100X97
Figura 48 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente possam ser os
carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X97
Figura 49 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X100
Figura 410 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 500X101
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C102
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica49
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor51
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro66
Tabela 24 ndash Guia para seleccedilatildeo de ligas para recobrimento duro71
Tabela 25 ndash Vantagens e desvantagens dos processos para revestimentos de superfiacutecies75
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com o
accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro94
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste95
Tabela 43 ndash Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo97
LISTA DE ABREVIATURAS E SIacuteMBOLOS
Capiacutetulo 1
Introduccedilatildeo
Introduccedilatildeo 14
Gustavo Portela de Deus
1 ndash INTRODUCcedilAtildeO
O elevado desgaste de material dos elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios eacute provocado essencialmente pelo tipo de terreno mineral presente resistecircncia
litoloacutegica e em funccedilatildeo das intempeacuteries do tempo principalmente da umidade e da
temperatura
O rendimento apresentado por esses elementos e a vida uacutetil oferecida estatildeo
relacionados agrave composiccedilatildeo da liga constituinte do material dos processos de tratamento
teacutermico a que foram submetidos como tambeacutem de operaccedilotildees efetuadas devida ou
indevidamente pelo operador do equipamento rodoviaacuterio
Os elementos fundidos laminados e forjados que compotildeem o conjunto de
componentes de penetraccedilatildeo no solo sofrem de forma direta a influecircncia do desgaste abrasivo
Desgaste este que participa em determinadas situaccedilotildees com ateacute 85 (oitenta e cinco por
cento) do custo de manutenccedilatildeo dos equipamentos rodoviaacuterios na forma rotineira (BATISTA
NASCIMENTO et al 1999) Estes elementos em funccedilatildeo de serem solicitados de forma
intensa ou intermitente satildeo consumidos ao longo do tempo Fazendo agraves vezes paradas
bruscas e inesperadas nas frentes de trabalho ocasionando portanto elevaccedilatildeo nos custos de
produccedilatildeo
O desgaste em componentes vitais de maacutequinas e equipamentos rodoviaacuterios ocorre de
vaacuterias formas diferentes como por deslizamento por rolamento por abrasatildeo por erosatildeo por
impacto por corrosatildeo e por choque teacutermico Jaacute se tratando de elementos de penetraccedilatildeo no
solo a perda de massa desses elementos eacute provocada quase que exclusivamente pelo desgaste
abrasivo a baixa tensatildeo que eacute provocado pelo proacuteprio material ou carga a que o equipamento
Introduccedilatildeo 15
Gustavo Portela de Deus
seraacute solicitado pelo contato com esse material e pelo movimento relativo entre as partes
envolvidas no sistema Uma maneira de identificaccedilatildeo do desgaste abrasivo agrave baixa tensatildeo eacute
pela observaccedilatildeo da superfiacutecie a ser analisada se a mesma apresenta corte riscamento ou
penetraccedilatildeo de material (GREGOLIN1990)
Com o intuito de elevar a vida uacutetil das ferramentas de penetraccedilatildeo e corte nos solos e
substratos rochosos as grandes empresas fabricantes e montadoras de equipamentos
rodoviaacuterios ou de terraplenagem vecircm aprimorando e desenvolvendo bem como exigindo de
seus fornecedores ferramentas com caracteriacutesticas fiacutesicas e mecacircnicas mais resistentes ao
desgaste abrasivo e ainda desenvolvendo peccedilas e ferramentas de faacutecil substituiccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo e jaacute projetadas para receber recobrimentos de manutenccedilatildeo tais como
Bordas soldaacuteveis de meia seta ndash que tecircm como finalidade
proteger a estrutura da caccedilamba por meio do acreacutescimo de material de desgaste
agrave borda da base
Reforccedilos de canto soldaacuteveis ndash utilizados para proteger o canto
externo inferior de todos os tipos de caccedilambas
Bloco de desgaste de ldquoFerro Brancordquo ndash uma liga de alto teor de
cromo denominada ldquoFerro Brancordquo eacute caldeada a uma chapa de reforccedilo de accedilo
doce que por sua vez pode ser soldada (solda tampatildeo) com um eletrodo de
vareta a uma caccedilamba armaccedilatildeo de lacircmina ou a qualquer parte onde instalaccedilatildeo
raacutepida de baixo custo e proteccedilatildeo contra abrasatildeo satildeo requeridos
Outras soluccedilotildees desenvolvidas e aplicadas como alternativa agrave proteccedilatildeo contra o
desgaste satildeo
Introduccedilatildeo 16
Gustavo Portela de Deus
Sistema de chapa de desgaste fixada mecanicamente em que
fornece um meio faacutecil de instalaccedilatildeo e remoccedilatildeo evitando assim longas
paradas para manutenccedilatildeo
Barras de desgaste para lacircminas
As barras de desgaste fornecem proteccedilatildeo adicional para a lacircmina em aplicaccedilotildees
altamente abrasivas onde se constata uma vida uacutetil mais curta do revestimento As barras de
desgaste de lacircminas satildeo projetadas para serem soldadas sobre o revestimento normal
(superfiacutecie de desgaste) da lacircmina
Considerando-se ainda que por meio dos processos de fabricaccedilatildeo convencionais e na
composiccedilatildeo de ligas praticamente jaacute foi esgotada a possibilidade de desenvolvimento de
materiais mais resistentes ao desgaste abrasivo a soluccedilatildeo que se busca atualmente eacute o
desenvolvimento de teacutecnicas de endurecimento ou revestimento superficial que tornem esses
elementos mais resistentes ao desgaste abrasivo tais como soldagem cladding
eletrodeposiccedilatildeo Deposiccedilatildeo Fiacutesica de Vapor ndash DFV (PVD) ( BARREIRA LIMA et al 2001)
Deposiccedilatildeo Quiacutemica de Vapor ndash DQV (CVD) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem
se desenvolvido ultimamente ( LIMA SOUZA et al 2001)
A busca de informaccedilotildees contidas neste estudo visa avaliar e pesquisar por meio de
anaacutelise de diferentes ensaios tecnoloacutegicos o melhoramento dos materiais quanto a sua
resistecircncia ao desgaste abrasivo quando os mesmos estatildeo em contato direto com o solo com a
finalidade de obter materiais mais resistentes ao ataque destes elementos abrasivos aleacutem de
contribuir com o desenvolvimento de produtos de qualidade superior agraves dos produtos
oferecidos atualmente pelo mercado
Foi analisada a viabilidade econocircmica com a introduccedilatildeo de novas teacutecnicas de
revestimento como LVOF e revestimento por soldagem Tambeacutem foram utilizados como
Introduccedilatildeo 17
Gustavo Portela de Deus
elementos de estudo dentes de caccedilambas suportes elos segmentados de esteiras e unhas de
80escarificadores de maacutequinas rodoviaacuterias
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo que foram utilizados como referecircncia na inspeccedilatildeo
e estudo durante o desenvolvimento deste projeto satildeo utilizados de forma intensa e ou
intermitente em maacutequinas rodoviaacuterias do tipo moto- niveladoras tratores de esteiras tratores
escavo-carregadores de pneus retroescavadeiras e escavadeiras hidraacuteulicas de esteiras
Capiacutetulo 2
Revisatildeo Bibliograacutefica
Revisatildeo Bibliograacutefica 19
Gustavo Portela de Deus
2 - Revisatildeo Bibliograacutefica
Tribologia eacute definida como a ciecircncia e tecnologia da interaccedilatildeo entre superfiacutecies em
movimento relativo e das praacuteticas relacionadas A palavra eacute derivada das palavras gregas
TRIBOS que significa atrito e LOGOS que significa estudo de forma que uma traduccedilatildeo
literal significa estudo do atrito ou a ciecircncia que estuda o atrito (STOETERAU 2001)
A tribologia envolve a investigaccedilatildeo cientiacutefica de todos os tipos de fricccedilatildeo
lubrificaccedilatildeo e desgaste e tambeacutem as aplicaccedilotildees teacutecnicas do conhecimento triboloacutegico
(STOETERAU2001) Especificamente em estudo o desgaste eacute a perda progressiva de
mateacuteria da superfiacutecie de um corpo soacutelido devido ao contato e movimento relativo com um
outro corpo soacutelido liacutequido ou gasoso (STOETERAU PASCOALI 2001)
O desgaste de componentes e equipamentos industriais rodoviaacuterios e de outros
tipos de atividades produtivas representa um grande fator de depreciaccedilatildeo de capital de
equipamento e fonte de despesas com manutenccedilatildeo e reposiccedilatildeo de componentes mecacircnicos
As Figuras de 21 a 24 mostram componentes de estruturas de maacutequinas de terraplenagem
desgastadas pelos efeitos da abrasatildeo no processo triboloacutegico
Sobre os custos de produccedilatildeo estes se tornam mais elevados em decorrecircncia da
reposiccedilatildeo das peccedilas desgastadas ou deterioradas e da matildeo-de-obra para substituiccedilatildeo aleacutem
do tempo parado dos equipamentos que deixam de produzir Muitas vezes exige ainda o
superdimensionamento de componentes influindo ou limitando na produccedilatildeo dos
equipamentos ou ainda provocando a paralisaccedilatildeo destes Estes fatores influem
significativamente na elevaccedilatildeo dos custos e no rendimento de produccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 20
Gustavo Portela de Deus
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircmina e dentes desgastados
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircminas e cantos desgastados
ldquoDe acordo com Hawk et al (1999) o desgaste eacute um dos maiores problemas que
aparecem em escavaccedilotildees nas movimentaccedilotildees de terras mineraccedilotildees e processamentos de
minerais nas induacutestrias ocorrendo em uma grande variedade de equipamentos como nas
lacircminas de remover terra dos tratores que fazem por exemplo a terraplenagem em
britadeiras dentes escavadores lacircminas de escoamento etc O desgaste de peccedilas os custos
com o reparo e com a substituiccedilatildeo destas peccedilas significam elevadiacutessimos gastos para as
empresasrdquo
Revisatildeo Bibliograacutefica 21
Gustavo Portela de Deus
21 Tipos de Desgaste
Os principais tipos de desgaste observados nos componentes mecacircnicos satildeo por
(GREGOLIN RIBEIRO et al 1990)
Abrasatildeo ndash ocasionado por partiacuteculas abrasivas (duras) sob tensatildeo
deslocando-se sobre a superfiacutecie
Erosatildeo ndash devido ao choque contra a superfiacutecie de partiacuteculas soacutelidas ou gotas
liacutequidas presentes em correntes de fluidos
Cavitaccedilatildeo ndash associado agrave formaccedilatildeo e implosatildeo de bolhas gasosas em
correntes de fluidos na interface liacutequidondashmetal devido agrave variaccedilatildeo suacutebita de pressatildeo
ao longo do percurso
Adesatildeo ou fricccedilatildeo ndash resultante da fabricaccedilatildeo metalndashmetal quando
superfiacutecies aacutesperas deslizam entre si
Corrosatildeo ndash quando envolve a ocorrecircncia de reaccedilotildees quiacutemicas superficiais no
material aleacutem das accedilotildees mecacircnicas de desgaste
Impacto ndash ocasionado por choques ou cargas aplicadas verticalmente sobre a
superfiacutecie
22 Desgaste por Abrasatildeo
Desgaste por abrasatildeo ou desgaste abrasivo eacute a retirada de material causada pela
presenccedila de partiacuteculas duras As partiacuteculas duras podem estar aprisionadas na interface
entre as duas superfiacutecies em movimento relativo ou serem as protuberacircncias que fazem
parte da rugosidade de uma das superfiacutecies Acompanhada de forte pressatildeo ocasionada por
deslocamento ou por amassamento a retirada do metal Tais abrasivos podem ser
Revisatildeo Bibliograacutefica 22
Gustavo Portela de Deus
representados por vegetais ou minerais (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
A Figura 25 apresenta os percentuais de contribuiccedilatildeo do desgaste abrasivo em
relaccedilatildeo aos demais tipos de desgastes Neste pode-se observar que o desgaste abrasivo eacute o
de maior representatividade nas estruturas mecacircnicas de maacutequinas e equipamentos
chegando a contribuir de forma geneacuterica com 50 em relaccedilatildeo aos demais desgastes
revelando a importacircncia de tal desgaste
Figura 23 - Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste
23 Tipos de Processos Abrasivos
Abrasatildeo a dois corpos
De acordo com Souza (2002) quando uma ou mais partiacuteculas de elevada dureza
satildeo atritadas contra uma superfiacutecie sulcando-a ou escavando-a devido agrave forccedila normal
aplicada tem-se o desgaste abrasivo de dois corpos
importacircncia do desgaste abrasivo
diversos
14
quiacutemico
5
fretting
8
erosatildeo
8
adesivo
15
abrasivo
50
Revisatildeo Bibliograacutefica 23
Gustavo Portela de Deus
Abrasatildeo a trecircs corpos
Quando estas partiacuteculas satildeo aprisionadas entre duas superfiacutecies que deslizam entre
si pode ocorrer o chamado desgaste abrasivo de trecircs corpos As Figuras 26 e 27 mostram
as representaccedilotildees de formas de desgaste abrasivo a dois corpos e a trecircs corpos
respectivamente
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos
Revisatildeo Bibliograacutefica 24
Gustavo Portela de Deus
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos
Em relaccedilatildeo ao desgaste abrasivo eacute interessante ressaltar que embora a partiacutecula
abrasiva seja mais dura que a superfiacutecie a ser desgastada esta natildeo eacute uma condiccedilatildeo para se
classificar o desgaste como abrasivo (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr)
24 Tipos de Abrasatildeo
241 Goivagem
Eacute o desgaste provocado por partiacuteculas grandes e grosseiras principalmente dotadas
de regiotildees pontiagudas cortantes com dureza maior do que a parte metaacutelica que estaacute sendo
desgastada Pode acontecer quando haacute um contato entre as partes com pressotildees mais ou
menos violentas e repetitivas
Revisatildeo Bibliograacutefica 25
Gustavo Portela de Deus
Um exemplo tiacutepico de abrasatildeo por goivagem eacute representado em dentes de caccedilambas
de maacutequinas que operam em serviccedilos de terraplenagem onde ocorre deslocamento de
cargas como pedra e areia Esses materiais abrasivos em geral de grandes dimensotildees e
dotados de regiotildees pontiagudas sob condiccedilotildees de altas tensotildees e envolvendo impacto satildeo
fatores que propiciam a penetraccedilatildeo mais profunda do abrasivo na superfiacutecie provocando
desgastes com a formaccedilatildeo de sulcos profundos Os accedilos austeniacuteticos ao manganecircs satildeo em
geral as ligas preferidas para combater este tipo de desgaste (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
242 Abrasatildeo por Alta Pressatildeo
Eacute o desgaste que ocorre entre partiacuteculas abrasivas e o metal ocasionando o
esmagamento do abrasivo ou natildeo A prensagem da partiacutecula contra o metal pode ser
exercida por pressotildees fortes ou meacutedias que provocam a formaccedilatildeo de superfiacutecies de
pequenos fragmentos
As partiacuteculas abrasivas podem ser classificadas quanto agraves suas dimensotildees e satildeo
consideradas meacutedias quando inferiores a 5 cm ou pequenas quando menores do que 1cm
As partiacuteculas meacutedias podem exercer a accedilatildeo abrasiva superficial arrancando fragmentos do
metal enquanto as partiacuteculas pequenas por sua vez provocam o desgaste
A constituiccedilatildeo do metal influi na forma ou resposta do desgaste provocado Se for
duacutectil teraacute uma abrasatildeo que tira cavacos se eacute fraacutegil ou se torne fraacutegil haveraacute um
deslocamento superficial de pequenos fragmentos Eacute normal que ocasionalmente poderatildeo
ocorrer as duas modalidades ao mesmo tempo Exemplos das partes sujeitas ao desgaste
por abrasatildeo satildeo caccedilambas de escavaccedilatildeo ou carga lacircminas de motoniveladoras e arados
raspadores
Revisatildeo Bibliograacutefica 26
Gustavo Portela de Deus
Eacute o tipo de desgaste onde o material abrasivo eacute fragmentado durante o contato
abrasivo com a superfiacutecie desgastada As tensotildees envolvidas satildeo portanto superiores agrave
tensatildeo de fragmentaccedilatildeo do abrasivo promovendo ainda maior penetraccedilatildeo do abrasivo na
superfiacutecie maior deformaccedilatildeo plaacutestica das fases duacutecteis e fratura das fases fraacutegeis presentes
no material Tipicamente esta forma de abrasatildeo ocorre em equipamentos de moagem de
mineacuterios que envolvem partiacuteculas de pequeno tamanho em mancais contaminados com
areia etc Para prevenir este tipo de abrasatildeo normalmente empregam-se materiais do tipo
ferros fundidos ou accedilo ndash ligas que possuem maior tenacidade (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
243 - Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Tensatildeo
Tipo de abrasatildeo na qual a superfiacutecie penetrante eacute riscada pelo material abrasivo em
decorrecircncia de sua dureza e resistecircncia oferecida e do proacuteprio stress do metal constituinte
dos componentes dos equipamentos em decorrecircncia de seu uso que ao penetrar na
superfiacutecie promove a remoccedilatildeo de material As tensotildees impostas sobre as partiacuteculas
abrasivas satildeo inferiores agrave tensatildeo necessaacuteria para a fragmentaccedilatildeo destas principalmente
tratando-se de aacutereas de domiacutenio do embasamento cristalino ou com predominacircncia de
rochas iacutegneas eou metamoacuterficas que no Nordeste apresentam pouco desenvolvimento do
solo
Tais condiccedilotildees imprimem nas ferramentas de penetraccedilatildeo esforccedilos mais abrasivos
em decorrecircncia de essas rochas se apresentarem pouco alteradas e com elevado grau de
resistecircncia em relaccedilatildeo a outros tipos de solo encontrados em outros ambientes geoloacutegicos
Tal como a abrasatildeo agrave baixa pressatildeo que ocorre na superfiacutecie dos componentes de
equipamentos que direta ou indiretamente manuseiam terras areias cascalhos piccedilarras
rochas ou mineacuterios tais como maacutequinas agriacutecolas equipamentos de escavaccedilatildeo e transporte
Revisatildeo Bibliograacutefica 27
Gustavo Portela de Deus
utilizados na induacutestria da construccedilatildeo civil principalmente das atividades ligadas agrave
construccedilatildeo recuperaccedilatildeo e pavimentaccedilatildeo de estradas e dos setores de mineraccedilatildeo
sideruacutergicas etc Com a finalidade de prevenir a ocorrecircncia destes tipos de desgastes
empregam-se normalmente ferros fundidos com alto teor de carbono (martensiacuteticos ou
austeniacuteticos) agraves vezes contendo outros elementos de liga aleacutem de ligas de cobalto ndash
tungstecircnio ndash carbono
2431 - Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo
Normalmente eacute sabido que partiacuteculas de grande tamanho provocam desgaste por
abrasatildeo acompanhado de impacto isto leva a ter-se um desgaste acentuado que na
verdade foi muito mais por impacto que por abrasatildeo
Partiacuteculas meacutedias dependendo da dureza e do formato satildeo menos agressivas
poreacutem partiacuteculas finas satildeo mais abrasivas ocasionando abrasatildeo muito incidente Como
exemplo pode-se citar o cimento talco xistos e outros que satildeo compostos de partiacuteculas
finas e altamente abrasivas Eacute claro que a dureza destas partiacuteculas tambeacutem eacute significativa
A forma dos materiais abrasivos varia desde arredondados ateacute acircngulos vivos
Os minerais mais duros possuem formaccedilotildees agudas enquanto que em
contraposiccedilatildeo os mais duacutecteis apresentam formaccedilotildees arredondadas Quanto mais agudas
forem as arestas maior seraacute a accedilatildeo abrasiva No caso de impactos ou pressotildees fortes as
formas agudas podem penetrar no metal provocando um desgaste por ldquogoivagemrdquo ou
fratura da peccedila A dureza de uma liga metaacutelica eacute de grande importacircncia na resistecircncia
oposta a uma accedilatildeo abrasiva As maiores durezas correspondem a resistecircncias maiores
Os abrasivos menos duros teratildeo accedilatildeo menos violenta Com referecircncia agraves ligas
metaacutelicas satildeo encontradas com facilidade tabelas de dureza das vaacuterias alternativas e
Revisatildeo Bibliograacutefica 28
Gustavo Portela de Deus
tambeacutem as diversas escalas de durezas com referecircncia aos abrasivos quando eacute possiacutevel
conjugar proteccedilotildees atraveacutes de adiccedilotildees de peliacuteculas metaacutelicas com finalidade de melhor
proteger a peccedila em accedilatildeo de trabalho
Quando eacute possiacutevel unir uma maior dureza com uma granulaccedilatildeo adequada seratildeo
atingidos os mais elevados iacutendices de resistecircncia agrave abrasatildeo Para proteger as peccedilas dos
equipamentos contra a abrasatildeo eacute importante preparar a superfiacutecie do metal procurando
deixaacute-la a mais lisa possiacutevel sem protuberacircncias ou rugosidades pois a abrasatildeo eacute iniciada
preferencialmente nestas regiotildees Ligas constituiacutedas de alto teor de carbeto de tungstecircnio e
de cromo aleacutem da elevada dureza apresentam depoacutesitos lisos e brilhantes compatiacuteveis
com estas caracteriacutesticas mencionadas Eacute natural que quanto maior a velocidade e a
frequumlecircncia do contato da partiacutecula com o metal maior seraacute a accedilatildeo abrasiva e
consequumlentemente o desgaste das peccedilas Os tamanhos dos gratildeos tambeacutem satildeo importantes
pois quanto menor forem mais a superfiacutecie seraacute desgastada (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
Baseado nas consideraccedilotildees acima os principais fatores que afetam o desgaste por
abrasatildeo satildeo as caracteriacutesticas dos abrasivos associados aos fatores externos que atuam
sobre a superfiacutecie do componente Assim podem-se listar os seguintes fatores
a) Tamanho da partiacutecula (grossa fina ou meacutedia)
b) Formato da partiacutecula (angulares ou redondas)
c) Dureza da partiacutecula
d) Dureza do metal base
e) Acabamento do metal base
f) Velocidade e frequumlecircncia do contato entre a partiacutecula abrasiva e o metal base
g) Tamanho de gratildeo da estrutura do metal base
Revisatildeo Bibliograacutefica 29
Gustavo Portela de Deus
h) Acircngulo de incidecircncia da partiacutecula do metal base
i) Stress do metal constituinte das peccedilas de equipamentos pelo uso
2432 - Consideraccedilotildees sobre os Abrasivos
As rochas satildeo constituiacutedas por um agregado de minerais cujos constituintes mais
comuns satildeo os minerais de quartzo feldspato mica e outros ricos em silicatos de alumiacutenio
e magneacutesio muitos dos quais de elevada dureza Ex granitos areia basalto folhelhos
xistos filitos gnaises etc
Os carbonatos satildeo os principais constituintes dos calcaacuterios e margas e
normalmente compotildeem parte dos pacotes sedimentares das formaccedilotildees geoloacutegicas das
bacias sedimentares e satildeo considerados produtos macios Entretanto comumente estes
pacotes encontram-se alternados com outros de arenitos siltitos e folhelhos
Os mineacuterios satildeo compostos de oacutexidos carbonetos e sulfetos Os oacutexidos satildeo
geralmente duros (bauxita hematita) enquanto que os sulfetos satildeo geralmente macios
(galena ou sulfetos de chumbo) As rochas combustiacuteveis (hulha turfa) e os fosfatos contecircm
proporccedilotildees mais ou menos elevadas de siacutelica e alumina
Para amenizar os gastos com o desgaste abrasivo partiu-se para o desenvolvimento
de materiais com maiores resistecircncias ao desgaste Assim vaacuterias pesquisas nesta aacuterea
triboloacutegica comeccedilaram a ser desenvolvidas em cima dos diversos tipos de materiais
existentes (FUSSEacute et al)
2433 Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ser classificado como de dois ou trecircs corpos Na abrasatildeo
de dois corpos as partiacuteculas abrasivas satildeo movidas livremente sobre a superfiacutecie do
Revisatildeo Bibliograacutefica 30
Gustavo Portela de Deus
material como areia em uma calha No desgaste abrasivo de trecircs corpos as partiacuteculas
abrasivas agem como elementos de interface entre o corpo soacutelido e o contra-corpo O
desgaste quando envolve trecircs corpos eacute cerca de duas a trecircs vezes menor do que quando
envolve dois corpos Pois no caso de trecircs corpos devido agrave variaccedilatildeo no acircngulo de ataque
apenas uma pequena porccedilatildeo das partiacuteculas causa desgaste (GAHR 1987)
De acordo com Briscoe amp Adams (1987) o crucial para todos os mecanismos de
desgaste abrasivo ou outros eacute conhecer o caminho ou seja a direccedilatildeo na qual o material se
deforma sob a aspereza penetrante ou a partiacutecula dura que entra em contato com o material
Com o intuito de predizer se uma deformaccedilatildeo eacute elaacutestica ou plaacutestica Fusse et al
apud Halliday (1995) apud Briscoe amp Adams (1995) mostrou que o maacuteximo acircngulo de
uma aspereza a qual se torna plaacutestica eacute dado por
tan θlim = K(HE)(1-ν2)
Onde
ldquoHrdquo eacute o entalherecorte da dureza
ldquoErdquo eacute o moacutedulo de Young
ldquoνrdquo eacute o coeficiente de Poisson
K=08 para a plasticidade parcial ou 2 para a plasticidade cheiainteira
Revisatildeo Bibliograacutefica 31
Gustavo Portela de Deus
24331 Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ocorrer em baixo ou alto niacutevel dependendo da razatildeo
entre a dureza da partiacutecula e da superfiacutecie O desgaste abrasivo estaacute relacionado a alguns
mecanismos dentre eles os principais satildeo
Microcorte ndash Deformaccedilatildeo plaacutestica sem perda de mateacuteria gerando um sulco
com consequumlente formaccedilatildeo de acuacutemulos frontais e laterais da mateacuteria
movimentada
Microssulcamento ndash Formaccedilatildeo de micro-cavacos sem deformaccedilatildeo plaacutestica
lateral
Microlascamento ndash Formaccedilatildeo de detritos devido agrave formaccedilatildeo e interaccedilatildeo de
fissuras Este tipo de mecanismo acontece quando as tensotildees impostas
superam as tensotildees criacuteticas para a formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas sendo
restrita aos materiais fraacutegeis
Satildeo diversas as nomenclaturas utilizadas para estes mecanismos de desgaste na literatura
podem ser encontradas denominaccedilotildees tais como microusinagem riscagem descamaccedilatildeo
microtrincamento microfadiga que satildeo tentativas de aproximar melhor o significado dos
mecanismos que estatildeo sendo observados nos experimentos (GAHR 1987)
Microssulcamento e microcorte satildeo mecanismos dominantes em materiais mais
duacutecteis A ocorrecircncia de um deles vai depender do acircngulo de ataque das partiacuteculas
abrasivas O microcorte ocorre a partir de um acircngulo de ataque criacutetico Este acircngulo de
ataque criacutetico eacute funccedilatildeo do material que estaacute sendo desgastado e das condiccedilotildees de teste A
transiccedilatildeo do mecanismo de microssulcamento para microcorte depende tambeacutem do
coeficiente de atrito Normalmente o mecanismo passa do microssulcamento para
Revisatildeo Bibliograacutefica 32
Gustavo Portela de Deus
microcorte com o aumento da dureza do material que estaacute sendo desgastado Aumentos
ainda maiores de dureza resultam na passagem de microcorte para microtrincamento
(GAHR 1987)
O microtrincamento pode ocorrer quando satildeo impostas grandes tensotildees sobre as
partiacuteculas abrasivas particularmente em superfiacutecies de materiais fraacutegeis Neste caso
grande quantidade de detrito eacute retirada da superfiacutecie devido agrave formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de
trinca
Partiacuteculas de menor ou igual dureza que a superfiacutecie tambeacutem podem desgastaacute-la O
ataque das partiacuteculas macias pode resultar em deformaccedilatildeo elaacutestica e plaacutestica fadiga de
superfiacutecie e a superfiacutecie ficar severamente danificada (GAHR 1987)
25 - Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste
Abrasivo
Segundo Mondal et al (1998) a taxa de desgaste abrasivo e os mecanismos de
desgaste podem ser influenciados por vaacuterios fatores como o tamanho do gratildeo abrasivo a
carga aplicada a dureza dos materiais utilizados e a tenacidade da fratura
Ainda de acordo com Souza (2002) uma grande variedade de paracircmetros influencia
os mecanismos de desgaste no geral sendo que os principais satildeo
Paracircmetros de Material
Composiccedilatildeo
Tamanho do gratildeo
Moacutedulo de elasticidade
Condutividade teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 33
Gustavo Portela de Deus
Dureza etc
Paracircmetros de Projetos
Forma
Carregamento
Tipo de movimento
Aspereza
Vibraccedilatildeo
Nuacutemero de ciclos etc
Paracircmetros de Meio Ambiente
Temperatura
Contaminaccedilatildeo
Umidade
Atmosfera etc
Paracircmetros de Lubrificaccedilatildeo
Tipo de lubrificante
Estabilidade de lubrificante
Tipo de fluido
Lubrificaccedilatildeo etc
Presenccedila ou Ausecircncia de Desgaste Interno
Segundo Catai et al de acordo com pesquisadores relatados nos trabalhos de
Mondal et al (1998) embora se diga que a taxa de desgaste depende do tamanho do gratildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 34
Gustavo Portela de Deus
abrasivo existe um valor criacutetico de tamanho de gratildeo abrasivo acima do qual a taxa de
desgaste se torna independente do tamanho do gratildeo Tambeacutem se ressalta que as diferenccedilas
nas durezas entre os dois corpos atritantes influenciam diretamente este tamanho criacutetico do
gratildeo abrasivo
251 - Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo
De acordo com Deuis (1996) o tamanho do gratildeo abrasivo tem uma influecircncia
direta nos mecanismos associados ao desgaste que pode ser caracterizado pela relaccedilatildeo wr
onde ldquowrdquo eacute a espessura da ranhura e ldquorrdquo o raio esfeacuterico do topo da partiacutecula (gratildeo)
Dependendo desta relaccedilatildeo a partiacutecula de gratildeo abrasivo iraacute deformar plasticamente ou
cortar a superfiacutecie Como as partiacuteculas desgastadas tornam-se cegas ou o tamanho da
partiacutecula diminui o mecanismo de desgaste exibe uma transiccedilatildeo do corte para o desgaste
de laminaccedilatildeo
Para ambos os tipos de desgaste abrasivo (dois ou trecircs corpos) um tamanho criacutetico
da partiacutecula abrasiva pode ser observado O desgaste volumeacutetrico aumenta com o aumento
do tamanho do gratildeo abrasivo para esta dimensatildeo criacutetica Nesta dimensatildeo criacutetica tem-se a
maacutexima accedilatildeo abrasiva em termos do tamanho do desgaste produzido
Sobre este valor criacutetico a taxa de desgaste eacute amplamente independente do tamanho
do gratildeo abrasivo A forte diferenccedila entre a dureza das partiacuteculas abrasivas e do material a
ser desgastado influencia esta dimensatildeo criacutetica do gratildeo (DEUIS et al 1996)
Para Deuis et al (1996) a extensatildeo da regiatildeo tensionada plasticamente abaixo da
superfiacutecie depende do tamanho do gratildeo abrasivo e da carga aplicada A profundidade
global da deformaccedilatildeo plaacutestica foi relatada linearmente para a aplicaccedilatildeo de carga e
dimensotildees de gratildeos
Revisatildeo Bibliograacutefica 35
Gustavo Portela de Deus
Salienta-se que no desgaste abrasivo de trecircs corpos a taxa de desgaste eacute menor que
no desgaste abrasivo de dois corpos Ainda segundo o tamanho do gratildeo Al Rubaie et al
(1999) afirmam que a eficiecircncia na remoccedilatildeo do material depende da carga de contato
elaacutestico a qual varia com o tamanho do gratildeo sendo que no caso dos materiais contendo
partiacuteculas reforccediladas a taxa de desgaste eacute influenciada pelo tamanho das partiacuteculas de
reforccedilo A Figura 28 demonstra o quanto o tamanho do gratildeo abrasivo eacute representativo no
desgaste
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste
252 - Carga Aplicada
A carga a ser aplicada sobre os corpos em atrito durante o processo de desgaste
abrasivo tambeacutem eacute um dos fatores que influenciam fortemente as taxas de desgaste no
material
Mondal et al (1998) propotildeem uma foacutermula para quantificar a importacircncia da carga
aplicada no corpo de prova em relaccedilatildeo ao tamanho do gratildeo abrasivo em um desgaste
abrasivo de dois corpos Suas foacutermulas permitem obter as taxas de desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 36
Gustavo Portela de Deus
teoacuterico nos processos de abrasatildeo Foram desenvolvidas foacutermulas por meio de regressotildees
lineares tanto para ligas como para materiais compostos
Segundo este mesmo autor o efeito da carga na taxa de desgaste obtida tanto para
os materiais compostos como para as ligas eacute bem mais severo que o efeito do tamanho dos
gratildeos abrasivos Sendo que em relaccedilatildeo aos materiais por estes testados (ligas e
compoacutesitos) o efeito da carga e do tamanho do abrasivo na taxa de desgaste eacute
relativamente maior no caso dos materiais compostos que nas ligas Poreacutem existem
algumas combinaccedilotildees de tamanhos de gratildeos com quantidade de cargas aplicadas que
podem fazer com que a taxa de desgaste abrasivo seja maior nas ligas que nos materiais
compostos
Ainda de acordo com Mondal et al (1998) a variaccedilatildeo da carga aplicada tem muito
mais influecircncia na taxa de desgaste do material que a variaccedilatildeo do tamanho do gratildeo do
abrasivo do disco A taxa de desgaste na liga eacute muito maior que a taxa de desgaste obtida
para os compostos pois os mesmos possuem maior dureza devido ao oacutexido de alumiacutenio
que foi adicionado na matriz inicial que era uma liga de alumiacutenio
Gant amp Gee (2001) tambeacutem realizaram estudos sobre a influecircncia da variaccedilatildeo da
carga aplicada sobre o corpo-de-prova num desgaste abrasivo de 3 corpos para corpos-de-
prova de ligas Cobalto-Carbeto de Tungstecircnio de elevada dureza e accedilos ultra-raacutepidos
Analisando-se comparativamente os resultados estes concluiacuteram que quanto maior era a
carga aplicada no processo ou seja a carga que foi aplicada forccedilando o corpo-de-prova
contra o disco maiores foram os desgastes volumeacutetricos dos corpos-de-prova Desta
forma ficou evidente que quanto maior for a carga aplicada no processo maiores seratildeo os
desgastes obtidos tanto para as peccedilas (corpos-de-prova) como para as ferramentas (discos
revestidos com carbeto de siliacutecio)
Revisatildeo Bibliograacutefica 37
Gustavo Portela de Deus
Em relaccedilatildeo ao efeito da variaccedilatildeo da carga eou do tamanho do gratildeo abrasivo eacute
importante destacar ainda que um aumento geral na taxa de desgaste eacute observado com o
aumento da carga para um tamanho particular de gratildeo isto eacute devido ao aumento geral da
remoccedilatildeo de material com a carga Quando a carga aplicada eacute menor gratildeos mais grosseiros
entram em contato diretamente com o corpo-de-prova resultando em elevados desgastes
Para gratildeos mais finos sob baixas cargas haacute somente um riscamento pois os menores
gratildeos abrasivos estatildeo em contato elaacutestico com a superfiacutecie de teste e entatildeo suportam a
carga aplicada sem contribuir para a remoccedilatildeo de material (DEGUPTA et al 2001)
Numa anaacutelise geral tem-se que abrasivos com menores gratildeos abrasivos resultam em
elevadas abrasotildees e maiores gratildeos abrasivos resultam em maiores microcortes No
ldquomicrocuttingrdquo maiores quantidades de materiais satildeo perdidas Em altas distacircncias
percorridas a taxa de desgaste aumenta devido ao aparecimento de microfraturas
(DEGUPTA et al 2001)
Figura 27 - Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 38
Gustavo Portela de Deus
253 - Influecircncia da Dureza
Deuis et al (1996) enfatizaram o papel das partiacuteculas da segunda fase provendo
aacutereas localizadas com altas tensotildees de concentraccedilatildeo que influenciaram o fluxo de tensatildeo e
a taxa de desgaste A maior resistecircncia ao desgaste foi obtida em microestruturas finas
com partiacuteculas semi-coerentes dispersas A influecircncia dos carbetos na resistecircncia ao
desgaste depende de sua dureza em relaccedilatildeo agrave dureza da matriz Para materiais
caracterizados de carbetos dispersos em uma matriz macia uma diminuiccedilatildeo no caminho
livre meacutedio pela reduccedilatildeo do tamanho do carbeto resulta em melhores resistecircncias ao
desgaste Uma reduccedilatildeo no tamanho do gratildeo aumenta a dureza e tambeacutem conduz ao
aumento da resistecircncia ao desgaste
Hutchings (1992) descobriu que a dureza do gratildeo abrasivo era 1 2 vez maior que a
da superfiacutecie desgastada Entatildeo o abrasivo meacutedio riscaria a superfiacutecie Deuis et al (1996)
tambeacutem comentaram que a dureza do material determina a profundidade da indentaccedilatildeo das
partiacuteculas abrasivas influenciando na profundidade relativa penetrada onde se esta for
maior que a profundidade de indentaccedilatildeo criacutetica para fratura a taxa de desgaste eacute alta A
Figura 210 mostra o quanto agrave dureza do material abrasivo eacute significativo na anaacutelise do
desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 39
Gustavo Portela de Deus
Figura 28 - Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste
Ainda em relaccedilatildeo agrave influecircncia da dureza no desgaste abrasivo Hawk et al (1999)
fizeram experimentos que comprovaram que haacute uma correlaccedilatildeo direta entre a dureza dos
materiais e o desgaste abrasivo Em suas pesquisas este provou claramente a influecircncia da
dureza do material na perda volumeacutetrica do corpo de prova mostrando que quanto maior a
dureza do material utilizado menor o desgaste abrasivo do corpo de prova em atrito
254 - Influecircncia da Temperatura
Segundo Wu et al (1997) outro fator que afeta diretamente o processo de desgaste
abrasivo de 2 ou 3 corpos eacute a temperatura De acordo com Catai et al por meio da anaacutelise
dos resultados Wu et al verificaram que o desgaste abrasivo ou seja o volume desgastado
do pino eacute maior quando o mesmo acontece na presenccedila de maiores temperaturas pois a
de Siliacutecio
Revisatildeo Bibliograacutefica 40
Gustavo Portela de Deus
elevaccedilatildeo da temperatura facilita o desencadear do mesmo atraveacutes por exemplo da
reduccedilatildeo da dureza dos materiais envolvidos Ressalta-se que nestes ensaios o tempo de
ensaio era sempre constante A Figura 211 mostra o quando o efeito da temperatura incide
sobre o processo de desgaste abrasivo
Figura 29 - Efeito da temperatura no desgaste abrasivo
26 - Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste
Moacutedulo de elasticidade ndash a resistecircncia ao desgaste de metais puros aumenta
diretamente com o moacutedulo de elasticidade Para os accedilos perliacuteticos martensiacuteticos ou
revenidos essa relaccedilatildeo natildeo eacute vaacutelida porque o tratamento teacutermico natildeo afeta o
moacutedulo de elasticidade
Dureza ndash o desgaste de metais puros eacute diretamente proporcional agrave sua
dureza Nas ligas a proporcionalidade eacute vaacutelida ateacute determinado valor da dureza do
Revisatildeo Bibliograacutefica 41
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material a partir do qual a resistecircncia ao desgaste cresce com menor intensidade
podendo ateacute mesmo vir a diminuir apoacutes certo valor
Dureza superficial ndash na superfiacutecie desgastada existe um grau de
encruamento e consequentemente um aumento da dureza no local A resistecircncia agrave
abrasatildeo pode ser considerada como proporcional a essa dureza chamada de dureza
maacutexima
Propriedades de escoamento ndash anaacutelises de tensatildeodeformaccedilatildeo mostraram
que para metais puros tambeacutem vale a relaccedilatildeo
= A ع
Onde
= tensatildeo de escoamento
A = constante
deformaccedilatildeo verdadeira = ع
= coeficiente de encruamento
Estudos mostram que a resistecircncia agrave abrasatildeo eacute proporcional agrave dureza e varia
exponencialmente com a tenacidade De acordo com Batista e Nascimento
(wwwspectrucombr) como o desgaste eacute um fenocircmeno essencialmente superficial
envolvendo a remoccedilatildeo mecacircnica indesejaacutevel de material de superfiacutecies
ldquoAs soluccedilotildees encontradas atraveacutes de solda de
revestimento aspersatildeo teacutermica tipo Hight Velocity Oxi Fuel -
HVOF nitretaccedilatildeo e de outras teacutecnicas originalmente utilizadas
Revisatildeo Bibliograacutefica 42
Gustavo Portela de Deus
tecircm se mostrado altamente valiosas tanto para prevenir como
para minimizar e reparar as diferentes estruturas danificadas
pelos mais diversos tipos de desgaste Em inuacutemeras situaccedilotildees
peccedilas e componentes podem ser fabricados com materiais
convencionais dentro das especificaccedilotildees normais do projeto
Posteriormente pode-se aplicar sobre a superfiacutecie camadas ou
cordotildees de solda com consumiacuteveis adequados deposiccedilatildeo de ligas
metaacutelicas de composiccedilatildeo e constituiccedilatildeo ideal ao favorecimento de
superfiacutecies endurecidas e resistentes a este desgaste A resistecircncia
ao desgaste eacute considerada como parte de um sistema triboloacutegico
sendo muitos os paracircmetros que acabam por influir na taxa de
desgaste incluindo as caracteriacutesticas de projetos condiccedilotildees de
operaccedilatildeo tipo de abrasivo e propriedades do material Nas
propriedades dos materiais as caracteriacutesticas microestruturais
tecircm particular importacircncia tanto nas propriedades mecacircnicas
quanto nas taxas de desgaste Disponibilizado no site
wwwspectrucombr consultado em 23 de abril de 2007rdquo
BATISTA e NASCIMENTO apud Murray (wwwspectrucombr) destacou o
seguinte sobre desgaste abrasivo
ldquoA resistecircncia ao desgaste de accedilos tratados termicamente
para vaacuterios niacuteveis de dureza e tambeacutem de alguns metais puros
Para metais puros a resistecircncia ao desgaste aumenta linearmente
com a dureza Nos materiais ferrosos esta relaccedilatildeo (resistecircncia ao
Revisatildeo Bibliograacutefica 43
Gustavo Portela de Deus
desgaste versus dureza) natildeo eacute simples O aumento no teor de
carbono faz a resistecircncia ao desgaste aumentar Para os accedilos com
a mesma porcentagem de carbono a resistecircncia ao desgaste de
accedilo ligado eacute maior que de um accedilo sem liga mas este aumento eacute
pequeno quando comparado com outro em que aumentou a
porcentagem de carbono A resistecircncia ao desgaste geralmente
aumenta conforme a microestrutura eacute mudada de ferrita para
perlita desta para bainita e finalmente para martensita isto
desde que seja acompanhada de aumento de dureza Entretanto
para um mesmo valor de dureza a estrutura bainiacutetica tem maior
resistecircncia ao desgaste que a martensiacutetica A microestrutura tem
maior influecircncia no desgaste que a dureza da matriz Tem sido
mostrado que a presenccedila de austenita retida tem melhorado a
resistecircncia ao desgaste da martensita revenida A austenita
fornece uma melhor ancoragem aos carbetos ocasionando um
baixo arrancamento do carbeto da matriz austeniacutetica Os carbetos
parecem ser particularmente importantes na resistecircncia agrave
abrasatildeo principalmente em materiais como os accedilos e ferros
fundidos brancos ligados ao cromo A influecircncia desses estaacute
relacionada com sua dureza tamanho e distribuiccedilatildeo Carbetos
duros e finamente dispersos aumentam a resistecircncia ao desgaste
enquanto que os grosseiros diminuem Estruturas deformadas por
trabalho a frio natildeo alteram a resistecircncia ao desgaste enquanto
que o aumento da dureza pelo refinamento dos gratildeos agiria
favoravelmente Existem ainda muitos outros fatores que
Revisatildeo Bibliograacutefica 44
Gustavo Portela de Deus
influenciam a taxa de desgaste como o tamanho da partiacutecula
abrasiva e o coeficiente de atrito Estes trabalhos tecircm
demonstrado que o estudo dos fenocircmenos de desgaste eacute bastante
complexo Na especificaccedilatildeo e normalizaccedilatildeo de ligas para resistir
ao desgaste as maiores dificuldades residem na inexistecircncia de
ensaios padronizados para discriminar os niacuteveis de aceitaccedilatildeo ou
rejeiccedilatildeo conforme as aplicaccedilotildees particulares Estas dificuldades
estatildeo associadas principalmente agrave natureza complexa do
fenocircmeno do desgaste Este aleacutem de envolver a deformaccedilatildeo e
corte superficial por partiacuteculas abrasivas ou o atrito entre
superfiacutecies metaacutelicas muitas vezes ocorre devido a vaacuterios
mecanismos concomitantes de desgaste da superfiacutecie os quais
tambeacutem podem estar associados a outros fenocircmenos de
degradaccedilatildeo tais como impacto corrosatildeo fluecircncia ou fadigardquo
27 - Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr) o teor de carbono
aumenta a resistecircncia ao desgaste dos accedilos perliacuteticos com o aumento do endurecimento Os
carbetos aumentam a resistecircncia ao desgaste com o aumento na quantidade distribuiccedilatildeo
uniforme e forma adequada Natildeo satildeo adequados poreacutem quando existe o choque associado
ao desgaste por abrasatildeo
A martensita natildeo-revenida ou revenida abaixo de 230degC eacute a fase que melhor resiste
ao desgaste na temperatura ambiente Se o revenido for acima de 350degC a perlita apresenta
Revisatildeo Bibliograacutefica 45
Gustavo Portela de Deus
um resultado melhor para a mesma dureza (50 HB) A fase bainiacutetica da mesma dureza e
composiccedilatildeo quiacutemica resiste melhor ao desgaste que uma estrutura martensiacutetica nas nesmas
condiccedilotildees
A perlita aumenta a resistecircncia agrave abrasatildeo com o aumento das colocircnias de perlita e
com a fraccedilatildeo volumeacutetrica de cementita Para a mesma dureza a perlita lamelar resiste
melhor que a esferoidizada A resistecircncia ao desgaste da ferrita aumenta com o aumento
dos carbetos dispersos na matriz Um accedilo austeniacutetico com a mesma fraccedilatildeo de carbetos que
um ferriacutetico resiste melhor ao desgaste
28 - Revestimentos Superficiais
De acordo com Lima et al (2001) uma das mais eficientes e econocircmicas formas
de se adequar peccedilas e componentes de equipamentos industriais a uma aplicaccedilatildeo
especiacutefica tem sido haacute longo tempo a aplicaccedilatildeo de revestimentos Estes vecircm ganhando
evidecircncia ano apoacutes ano em aplicaccedilotildees contra desgaste corrosotildees dentre outras formas
de consumo de massa
Ainda de acordo com Lima et al (2001) apud Tucker et al o uso de
revestimentos duros para melhorar a resistecircncia ao desgaste de componentes mecacircnicos
tecircm sido comum haacute vaacuterias deacutecadas com variadas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo que incluem
soldagem cladding eletrodeposiccedilatildeo PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica de vapor) CVD (deposiccedilatildeo
quiacutemica de vapor) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem se desenvolvido nos
uacuteltimos tempos apresentando-se como alternativa viaacutevel em relaccedilatildeo aos demais
processos comumente utilizados
Revisatildeo Bibliograacutefica 46
Gustavo Portela de Deus
281 - Aspersatildeo Teacutermica
A aspersatildeo teacutermica consiste de um grupo de processos nos quais partiacuteculas
finamente divididas de materiais para revestimentos metaacutelicos ou natildeo- metaacutelicos satildeo
depositadas sobre um substrato devidamente preparado na condiccedilatildeo fundida ou semindash
fundida para formar uma camada superficial como mostra a Figura 212
O calor necessaacuterio para a operaccedilatildeo eacute gerado na tocha de aspersatildeo e pode vir da
queima de um gaacutes combustiacutevel ou da geraccedilatildeo de um arco eleacutetrico As partiacuteculas aquecidas
satildeo aceleradas por um gaacutes comprimido confinadas num feixe e dirigidas ao substrato Ao
se chocarem as partiacuteculas se achatam e formam finas lentes que se conformam e aderem
agraves irregularidades superficiais e entre si Com a continuidade do processo as partiacuteculas se
resfriam formando um revestimento com estrutura lamelar (MARQUES
wwwinfosoldacombr)
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato
As variaccedilotildees baacutesicas nos processos de aspersatildeo teacutermica se referem ao material a ser
aplicado ao meacutetodo de aquecimento e ao meacutetodo de aceleraccedilatildeo das partiacuteculas em direccedilatildeo
ao substrato Os materiais podem ser fornecidos na forma de vareta arame cordatildeo (tubo
Revisatildeo Bibliograacutefica 47
Gustavo Portela de Deus
de plaacutestico contiacutenuo) e poacute Metais oacutexidos compostos intermetaacutelicos cermets plaacutesticos
orgacircnicos e alguns vidros podem ser depositados por uma ou mais variaccedilotildees de processos
(MARQUES wwwinfosoldacombr)
Os processos de aspersatildeo teacutermica podem ser classificados em dois grupos
baacutesicos dependendo da fonte de calor usada como mostrado na Tabela 21
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica
Combustatildeo Eleacutetrico
Chama Plasma
Detonaccedilatildeo Arco
O sucesso no uso de revestimentos aspergidos termicamente depende basicamente
de sua aplicaccedilatildeo cuidadosa segundo procedimentos bem estabelecidos Qualquer desvio
destes procedimentos leva em geral a resultados natildeo confiaacuteveis Os revestimentos
termicamente aspergidos apresentam trecircs aspectos baacutesicos o substrato a adesatildeo do
revestimento e a estrutura deste (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Os substratos sobre os quais os revestimentos termicamente aspergidos podem ser
aplicados incluem metais oacutexidos ceracircmicos vidros a maioria dos plaacutesticos e madeira
sendo que algumas teacutecnicas especiais podem ser necessaacuterias Nem todos os materiais para
aspersatildeo podem ser aplicados a qualquer tipo de substrato Uma preparaccedilatildeo adequada deste
eacute necessaacuteria antes da aspersatildeo propriamente dita independente do processo a ser usado
Essa preparaccedilatildeo eacute essencialmente a mesma para cada processo a ser usado e consiste de
duas etapas baacutesicas limpeza da superfiacutecie para eliminar contaminantes e obtenccedilatildeo de
rugosidades para aumentar a aacuterea superficial efetiva e melhorar a adesatildeo (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
Revisatildeo Bibliograacutefica 48
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A ligaccedilatildeo ou adesatildeo entre revestimento e substrato pode ser mecacircnica quiacutemica eou
metaluacutergica e eacute influenciada por diversos fatores tais como material do revestimento
condiccedilatildeo do substrato rugosidade limpeza e temperatura da superfiacutecie a ser revestida
antes e durante o processo e velocidade de impacto das partiacuteculas (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
A estrutura e a quiacutemica do depoacutesito aspergido em ar eacute diferente do material no
estado original Estas diferenccedilas satildeo devidas agrave natureza progressiva do revestimento agrave
reaccedilatildeo com gases durante o processo e a atmosfera em contato com o material enquanto
liacutequido Por exemplo quando ar ou oxigecircnio satildeo usados oacutexidos podem ser formados e se
incorporarem ao revestimento Revestimentos metaacutelicos tendem a ser porosos e fraacutegeis
com uma dureza diferente do material original A estrutura de revestimentos na condiccedilatildeo
como aspergidos eacute similar quanto agrave natureza lamelar mas pode exibir diferentes
caracteriacutesticas em funccedilatildeo do processo dos paracircmetros da teacutecnica e do material usado
como mostra a Figura 213 A densidade do depoacutesito varia com a temperatura da fonte de
calor usada e com a velocidade das partiacuteculas no impacto como mostra a Tabela 22 e a
Figura 214 (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 211 - Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido
Revisatildeo Bibliograacutefica 49
Gustavo Portela de Deus
A aplicaccedilatildeo final determina as propriedades necessaacuterias para o revestimento e o
tipo de combustiacutevel e equipamentos necessaacuterios Revestimentos termicamente aspergidos
tecircm sido usados intensamente na fabricaccedilatildeo de componentes nas induacutestrias automotiva de
petroacuteleo eleacutetrica eletrocircnica geraccedilatildeo de energia e particularmente na aeroespacial Em
manutenccedilatildeo milhotildees de doacutelares tecircm sido economizados com o uso da aspersatildeo teacutermica
Tal teacutecnica tem sido usada tanto em oficina como no campo no revestimento de estruturas
e partes de equipamentos com economia de tempo e de recursos (MARQUES
wwwinfosoldacobr )
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor
Fonte Temperatura degC
Propano + oxigecircnio 2640
Gaacutes natural + oxigecircnio 2735
Hidrogecircnio + oxigecircnio 2690
Acetileno + oxigecircnio 3100
Arco eleacutetrico 2200 ndash 8300
Figura 212 Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas
Revisatildeo Bibliograacutefica 50
Gustavo Portela de Deus
2811 - Processos
28111 - Processos por Combustatildeo
Este grupo de processos utiliza o calor gerado pela queima de um gaacutes combustiacutevel
Qualquer substacircncia que se funda e natildeo sublime a temperaturas inferiores a 2760ordmC pode
ser aspergida por este processo como mostram as Figuras 215 e 216 Os materiais
aplicados podem ser metais e ligas na forma de arame cordatildeo ou poacute e ceracircmicos na forma
de vareta cordatildeo ou poacute (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 213 - Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo
Figura 214 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 51
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281111 - Arames e Varetas
O equipamento usado para aplicaccedilatildeo de arames e varetas eacute similar como mostrado
na figura A seccedilatildeo transversal tiacutepica de uma tocha de aspersatildeo com estes processos eacute
mostrada na Figura 216
O material a ser aspergido eacute inserido por roletes alimentadores na parte posterior da
tocha Estes podem ser tracionados por um motor eleacutetrico ou pneumaacutetico ou por uma
turbina a ar O material eacute alimentado por meio de um bocal onde eacute fundido por uma chama
de gaacutes combustiacutevel concecircntrica a este
Os gases combustiacuteveis usados juntamente com o oxigecircnio foram mostrados na
Tabela 22 O acetileno eacute o mais largamente usado por sua maior temperatura de chama
Entretanto em certos casos temperaturas mais baixas satildeo usadas com vantagens
econocircmicas A chama eacute usada apenas para fundir o material Para se obter aspersatildeo um
jato de gaacutes em geral ar comprimido eacute usado para pulverizar o material e acelerar as
partiacuteculas em direccedilatildeo ao substrato Em aplicaccedilotildees especiais um gaacutes inerte pode ser usado
Os roletes de alimentaccedilatildeo devem ser escolhidos e apropriados agrave forma do material a ser
alimentado isto eacute se arame vareta ou cordatildeo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281112 - Poacute
Tochas para aspersatildeo agrave chama com poacute satildeo mais leves e mais compactas que tochas
para outros processos como mostra a Figura 217 Devido agraves menores temperaturas e
velocidades alcanccediladas pelas partiacuteculas os revestimentos obtidos tecircm em geral menor
resistecircncia adesiva ao substrato menor resistecircncia coesiva entre as lamelas e maior
porosidade quando comparados com os depositados por outros processos de aspersatildeo
teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 52
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O material a ser aspergido pode ser um metal puro uma liga metaacutelica um
compoacutesito um carboneto um ceracircmico um cermet ou combinaccedilatildeo destes O processo eacute
geralmente usado para aplicaccedilatildeo de ligas metaacutelicas autofluxadas que devem ser fundidas
apoacutes a aspersatildeo Estes materiais contecircm boro e siliacutecio que servem como agentes fluxantes e
minimizam a oxidaccedilatildeo Sua fusatildeo eou ligaccedilatildeo metaluacutergica a um substrato metaacutelico eacute(satildeo)
obtida(s) aquecendo-se o revestimento ateacute sua temperatura de fusatildeo que em geral eacute
inferior a 1040degC e pode ser feita com o uso de qualquer fonte de calor como uma chama
uma bobina de induccedilatildeo ou um forno Um arco eleacutetrico tambeacutem pode ser usado mas com
certo cuidado para evitar ou minimizar a fusatildeo do substrato
O poacute para aspersatildeo eacute armazenado num recipiente que pode ser parte integrante da
tocha ou ser acoplado a ela Uma pequena quantidade de gaacutes eacute desviada para arrastar o poacute
ateacute o jato da mistura oxigecircniocombustiacutevel em chama quando eacute fundido e acelerado em
relaccedilatildeo ao substrato Um corte transversal de uma tocha tiacutepica para aspersatildeo de poacute por
chama eacute mostrado na Figura 217
Variaccedilotildees do processo de aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama incluem gaacutes comprimido
para alimentaccedilatildeo do poacute na chama jatos adicionais de ar comprimido para acelerar as
partiacuteculas fundidas alimentador de poacute remoto com arraste do poacute para a tocha por um tubo
pressurizado com gaacutes inerte e dispositivos para aceleraccedilatildeo a alta velocidade agrave pressatildeo
atmosfeacuterica Esses refinamentos tendem a aumentar a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute e agraves
vezes a velocidade das partiacuteculas fundidas que aumentam a resistecircncia adesiva e a
densidade do revestimento aspergido
Revestimentos fundidos poacutes-aspersatildeo satildeo densos e relativamente isentos de
porosidade A composiccedilatildeo da liga pode levar a revestimentos com niacuteveis de dureza
Rockwell C superiores a 50 A espessura destes revestimentos eacute limitada agravequelas faixas
Revisatildeo Bibliograacutefica 53
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que podem ser aquecidas ateacute a temperatura de fusatildeo sem descamaccedilatildeo O uso de ligas
autofluxantes eacute limitado a aplicaccedilotildees em que os efeitos da fusatildeo e distorccedilatildeo podem ser
tolerados Revestimentos mais espessos de metais dissimilares podem ser aplicados em
passes muacuteltiplos A superfiacutecie que vai receber o segundo revestimento deve ser limpa de
todos os resiacuteduos de oacutexido apoacutes cada etapa de fusatildeo
Em todos os processos de aspersatildeo teacutermica a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute afeta a
estrutura e a eficiecircncia de deposiccedilatildeo do revestimento Se o material natildeo eacute aquecido
adequadamente a eficiecircncia de deposiccedilatildeo cai rapidamente e o revestimento conteraacute
partiacuteculas natildeo fundidas retidas Se a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute for muito baixa uma certa
quantidade de poacute pode se volatizar resultando em deterioraccedilatildeo do revestimento e elevaccedilatildeo
dos custos Os alimentadores de poacute satildeo compostos por um recipiente e um sistema de
mediccedilatildeo que regula a taxa de alimentaccedilatildeo de material no dispositivo transportador por gaacutes
(MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 215 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute a chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 54
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28112 - Detonaccedilatildeo
A tocha de detonaccedilatildeo eacute diferente de outros equipamentos de aspersatildeo por
combustatildeo Ela utiliza a energia de explosotildees de uma mistura oxigecircnio-acetileno em vez
de uma chama estacionaacuteria para impulsionar o poacute ateacute a superfiacutecie do substrato O depoacutesito
resultante eacute extremamente duro denso fortemente ligado ao substrato
Uma tocha de detonaccedilatildeo mostrada na Figura 218 consiste basicamente de um
tubo comprido no qual eacute introduzida uma mistura de gaacutes combustiacutevel oxigecircnio e poacute
Quando eacute feita a igniccedilatildeo da mistura uma onda de choque controlada aquece e acelera as
partiacuteculas de poacute cuja velocidade de saiacuteda eacute de 760 ms aproximadamente Apoacutes cada
injeccedilatildeo de mistura uma certa quantidade de nitrogecircnio eacute introduzida no tubo para purga
deste Ocorrem vaacuterias detonaccedilotildees por segundo gerando um ruiacutedo da ordem de 150 dB
sendo muitas vezes utilizadas instalaccedilotildees especiais com isolamento acuacutestico para estas
operaccedilotildees
Dentro do tubo temperaturas superiores a 3300degC satildeo atingidas enquanto a
temperatura do substrato deve ser mantida abaixo dos 150degC usando-se dispositivos de
resfriamento se for o caso
A espessura dos revestimentos geralmente situa-se entre 005 e 05mm A
operaccedilatildeo eacute normalmente mecanizada e agraves vezes remotamente controlada Excelente
acabamento pode ser obtido devido agrave baixa porosidade do revestimento (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
Revisatildeo Bibliograacutefica 55
Gustavo Portela de Deus
Figura 216 - Esquemaacutetica de Tocha de detonaccedilatildeo
28113 - Processos Eleacutetricos
281131 - Arco Eleacutetrico
No processo de aspersatildeo a arco eleacutetrico dois arames eletrodos consumiacuteveis satildeo
alimentados de forma a se encontrar em um ponto agrave frente de um jato de gaacutes que serve
para atomizaccedilatildeo Uma diferenccedila de potencial de 18 a 40V eacute estabelecida entre os arames
produzindo um arco eleacutetrico que funde a ponta destes O jato de gaacutes atomizante (em geral
ar comprimido) destaca o material fundido produzindo um jato de gotiacuteculas fundidas que eacute
dirigido ao substrato A Figura 219 mostra um desenho esquemaacutetico de uma tocha para
aspersatildeo a arco
O equipamento baacutesico para este processo consiste de uma fonte de corrente
contiacutenua do tipo tensatildeo constante alimentadores de arame do tipo velocidade constante
tocha de aspersatildeo e um sistema de fornecimento de gaacutes comprimido controlaacutevel Os
arames utilizados satildeo em geral de grande diacircmetro da ordem de 5mm Este processo
experimentou um avanccedilo recente com o desenvolvimento de arames tubulares de
enchimento metaacutelico
Revisatildeo Bibliograacutefica 56
Gustavo Portela de Deus
Figura 217 - Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico
A temperatura do arco eacute consideravelmente maior que o ponto de fusatildeo do material
aspergido de modo que algum superaquecimento e volatizaccedilatildeo podem ocorrer
particularmente na aplicaccedilatildeo de zinco e alumiacutenio A alta temperatura das partiacuteculas pode
produzir zonas de reaccedilatildeo quiacutemica ou difusatildeo ou ambas apoacutes o impacto com o substrato
Estas interaccedilotildees satildeo similares a pequenas soldas a ponto e conferem excelente resistecircncia
de adesatildeo e coesatildeo ao revestimento Este processo apresenta taxas de deposiccedilatildeo mais altas
que outros processos de aspersatildeo Os fatores que influenciam esta taxa satildeo a corrente e a
velocidade de alimentaccedilatildeo de arame que dependem do equipamento usado
O comprimento do arco e o tamanho das gotiacuteculas tendem a aumentar com a
elevaccedilatildeo da diferenccedila de potencial entre os arames Esta deve ser mantida em valores
miacutenimos compatiacuteveis com a estabilidade do arco para se obter revestimentos densos e de
melhor acabamento (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281132 - Arco Plasma natildeo Transferido
O desenvolvimento de turbinas e motores de foguetes tem exigido bom
desempenho de materiais de engenharia em condiccedilotildees cada vez mais severas Para
Revisatildeo Bibliograacutefica 57
Gustavo Portela de Deus
satisfazer estas exigecircncias oacutexidos e carbonetos tecircm sido considerados devendo ser
aplicados por processos de aspersatildeo teacutermica de alta temperatura O processo plasma tem
atendido esta necessidade e levou ao desenvolvimento de uma nova famiacutelia de materiais e
teacutecnicas de aplicaccedilatildeo para uma ampla faixa de aplicaccedilotildees industriais
Na aspersatildeo a plasma Figura 220 o material eacute aplicado a partir de um poacute
Aplicaccedilatildeo a partir de arames tem sido desenvolvida mais recentemente Neste processo
um gaacutes ou mistura de gases passa atraveacutes de um arco eleacutetrico estabelecido entre um caacutetodo
de tungstecircnio e um acircnodo de cobre dotado de um orifiacutecio alinhados coaxialmente Em sua
passagem o gaacutes eacute aquecido gerando o plasma
Figura 218 - Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma
O poacute eacute alimentado no plasma fundido e acelerado em direccedilatildeo ao substrato por um
jato de alta velocidade A energia temperatura e velocidade do jato de plasma satildeo
controladas pelo tipo de bocal constritor intensidade da corrente eleacutetrica composiccedilatildeo e
vazatildeo do gaacutes de plasma Em geral nitrogecircnio ou argocircnio satildeo usados como gaacutes de plasma
podendo conter adiccedilotildees de hidrogecircnio ou heacutelio para aumentar sua potecircncia e velocidade
Revisatildeo Bibliograacutefica 58
Gustavo Portela de Deus
O equipamento baacutesico para a aspersatildeo a plasma mostrado na figura 220 consiste
de uma fonte de corrente contiacutenua constante alimentador de poacute fonte de gaacutes e um sistema
de controle que permite ajustar os paracircmetros de operaccedilatildeo (corrente vazotildees de gaacutes fluxo
de aacutegua para refrigeraccedilatildeo) e faz a sincronia de todo o sistema
281133 - Arco Plasma Transferido
Neste caso o processo eacute uma combinaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica e soldagem O
substrato deve ser condutor e faz parte do circuito do arco eleacutetrico que gera o plasma O
material aspergido se mistura com o material da poccedila de fusatildeo formada no substrato isto eacute
ocorre diluiccedilatildeo O equipamento usado eacute similar ao necessaacuterio para o plasma natildeo
transferido com exceccedilatildeo da tocha
A ligaccedilatildeo do revestimento ao substrato eacute essencialmente metaluacutergica e as
espessuras utilizadas satildeo em geral maiores que em outros processos de aspersatildeo teacutermica
O depoacutesito eacute denso uniforme e com bom acabamento A operaccedilatildeo eacute geralmente
mecanizada e com boa reprodutibilidade Entretanto a combinaccedilatildeo de substratos e
materiais aplicaacuteveis eacute mais limitada
2812 Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie
A preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute a etapa mais criacutetica da operaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica
A qualidade da adesatildeo do revestimento estaacute diretamente relacionada com a limpeza e a
rugosidade da superfiacutecie do substrato A obediecircncia rigorosa a procedimentos
padronizados de preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute necessaacuteria para garantir o sucesso da aplicaccedilatildeo
de revestimentos por aspersatildeo teacutermica O tipo de material do revestimento e do substrato
satildeo os fatores principais na determinaccedilatildeo do processo e qualidade da preparaccedilatildeo necessaacuteria
da superfiacutecie para se obter adesatildeo suficiente a uma dada aplicaccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 59
Gustavo Portela de Deus
Em partes sujeitas a fortes tensotildees mecacircnicas uma inspeccedilatildeo preacutevia agrave operaccedilatildeo de
revestimento eacute necessaacuteria para a detecccedilatildeo de falhas no metal base que eacute feita
normalmente por meio de ensaios natildeo-destrutivos Falhas estruturais no metal base
induziratildeo falhas similares no revestimento Trincas no substrato natildeo podem ser reparadas
por aspersatildeo teacutermica e revestimentos depositados por esta teacutecnica natildeo adicionam
resistecircncia mecacircnica ao substrato (MARQUES wwwinfosoldacombr )
2813 - Limpeza e Manuseio
O primeiro passo na preparaccedilatildeo de um substrato para aspersatildeo teacutermica eacute a retirada
de todos os contaminantes superficiais tais como poeira oacuteleo graxa e pintura O calor do
processo de aspersatildeo natildeo remove contaminaccedilatildeo e esta inibe a adesatildeo do revestimento
Depois que todos os contaminantes forem eliminados a limpeza deve ser mantida ateacute que
o ciclo de revestimento se complete As peccedilas devem ser protegidas de partiacuteculas
transportadas pelo ar e marcas de dedos bem como ser manuseadas com ferramentas e
material limpo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
28131 - Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes
Desengraxe com vapor
Jateamento uacutemido
Decapagem aacutecida
Aquecimento ao forno
Limpeza ultrassocircnica
Jateamento seco
Escovamento
Revisatildeo Bibliograacutefica 60
Gustavo Portela de Deus
2814 - Criaccedilatildeo de Rugosidade
Apoacutes a limpeza vaacuterios meacutetodos satildeo usados para produzir uma superfiacutecie mais
adequada para a aderecircncia do revestimento Os principais satildeo jateamento abrasivo
macroenrugamento e aplicaccedilatildeo de revestimento de ligaccedilatildeo Combinaccedilotildees destes meacutetodos
satildeo tambeacutem empregados incluindo jateamento abrasivo com subsequumlente aplicaccedilatildeo de um
revestimento de ligaccedilatildeo e usinagem seguida de jateamento abrasivo
A obtenccedilatildeo de uma rugosidade adequada eacute tatildeo importante quanto a limpeza
Durante a aspersatildeo as partiacuteculas fundidas ou semi-fundidas formam bolachas quando se
chocam com a superfiacutecie do substrato Estas agrave medida que se resfriam e se contraem
precisam aderir a uma superfiacutecie que favoreccedila o ancoramento mecacircnico
A geraccedilatildeo de uma superfiacutecie rugosa eacute usada para aumentar a aderecircncia e a coesatildeo
entre as partiacuteculas do revestimento por geraccedilatildeo de tensotildees superficiais de contraccedilatildeo
intertravamento de camadas aumento da aacuterea de interaccedilatildeo e descontaminaccedilatildeo da
superfiacutecie
O grau de enrugamento necessaacuterio para produzir um revestimento resistente e
adequado depende do material aplicado do processo e das condiccedilotildees de serviccedilo da peccedila
final (MARQUES wwwinfosoldacombr )
282 - Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste
A principal caracteriacutestica deste tipo de revestimento que satildeo aplicados para resistir
ao desgaste eacute a sua elevada dureza
Revisatildeo Bibliograacutefica 61
Gustavo Portela de Deus
2821 - Recobrimento Duro
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr ) recobrimento duro eacute
o nome dado ao processo que consiste em produzir por soldagem uma camada dura e
resistente ao desgaste na superfiacutecie da peccedila sujeita ao desgaste
2822 - Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro
De acordo com Batista amp Nascimento apud o Metals Handbook
(wwwspectrucombr ) os materiais para recobrimento duro satildeo classificados em cinco
grandes grupos em funccedilatildeo do teor total de elementos de liga Em geral a resistecircncia ao
desgaste e o custo crescem com o nuacutemero do grupo A escolha de uma liga especiacutefica
dependeraacute da aplicaccedilatildeo e do tipo de soldagem utilizado como mostra a Tabela 23
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro
Teor total de elementos de liga Elementos de liga principais
Materiais ferrosos de baixa liga
1A 2 a 6
1B 6 a 12
Cr Mo Mn
Cr Mo Mn
Materiais ferrosos de alta liga
2A 12 a 15
2B 12 a 25
2C 12 a 25
2D 30 a 37
3A 25 a 50
3B 25 a 50
3C 25 a 50
Cr Mo
Mo Cr
Mn Ni
Mn Cr Ni
Cr Ni Mo
Cr Mo
Co Cr
Revisatildeo Bibliograacutefica 62
Gustavo Portela de Deus
Ligas agrave base de niacutequel e agrave base de cobalto
4A 50 a 100
4B 50 a 100
4C 50 a 100
Co Cr W
Ni Cr Mo
Cr Ni Mo
Carbetos
5 75 a 96
WC ou WC em combinaccedilatildeo com
outros carbonetos como TiC e TaC sempre
em uma matriz metaacutelica
As ligas do grupo 1A satildeo accedilos de baixo teor de liga quase sempre tendo cromo
com principal elemento de liga O teor total dos elementos de liga incluindo o carbono
fica entre 2 e 6 Estas ligas de teor satildeo empregadas frequumlentemente como uma camada
de base para um recobrimento duro com ligas de teor de liga mais elevado
As ligas ferrosas do subgrupo 1B satildeo semelhantes agraves do grupo 1A poreacutem com
maior teor de elementos de liga ( 6 a 12 ) e com teor de carbono ateacute 2 ou mais
Muitos accedilos - ferramenta e alguns ligados fazem parte deste grupo
Os materiais do grupo 1 apresentam maior tenacidade entre as ligas de
recobrimento duro excetuando-se os accedilos-manganecircs austeniacuteticos Possuem tambeacutem
melhor resistecircncia ao desgaste que os accedilos de baixo e meacutedio carbono que satildeo ligas
usualmente recobertas pelo grupo 1 O custo eacute mais barato que as outras ligas de
recobrimento duro e muito empregados nos casos em que se necessita da usinabilidade e de
apenas um aumento moderado da resistecircncia ao desgaste
Revisatildeo Bibliograacutefica 63
Gustavo Portela de Deus
As ligas do subgrupo 2A satildeo ligas em que o principal elemento de liga eacute o cromo
com teor total de elemento de liga entre 12 e 25 Algumas delas tecircm certo teor de
molibdecircnio Este grupo inclui ainda alguns natildeo-ferros fundidos de meacutedio teor em liga O
molibdecircnio eacute o principal elemento de liga em quase todos os materiais do grupo 2B que
contam tambeacutem com teores relativamente altos de cromo
O subgrupo 2C eacute constituiacutedo pelos accedilos-manganecircs austeniacuteticos Manganecircs eacute o
principal elemento de liga estando tambeacutem presente o niacutequel para maior estabilizaccedilatildeo da
austenita
As ligas dos subgrupos 2A e 2B satildeo mais resistentes ao desgaste menos tenazes e
mais caras que os materiais do grupo 1 Jaacute os subgrupos 2C e 2D satildeo muito tenazes poreacutem
apresentam limitada resistecircncia ao desgaste que pode aumentar muito com o encruamento
As ligas do subgrupo 2D possuem um teor total de elementos de liga entre 30 e 37
variando o carbono entre 010 e 1
Os materiais do grupo 3 apresentam 25 a 50 de elementos de liga Satildeo ligas
com alto cromo vaacuterias delas com niacutequel eou molibdecircnio Os teores de carbono variam
entre 175 a 5 Este grupo eacute caracterizado pela presenccedila maciccedila de carbonetos
hipereuteacuteticos que conferem agraves ligas uma alta resistecircncia ao desgaste e uma razoaacutevel
resistecircncia agrave corrosatildeo e ao calor Satildeo ligas mais caras que as dos grupos 1 e 2
O grupo 4 compreende as ligas agrave base de cobalto e agrave base de niacutequel com teor total
de elementos natildeo-ferrosos entre 50 e 99 As ligas agrave base de cobalto do subgrupo 4ordf
satildeo consideradas como os mais versaacuteteis materiais de recobrimento duro Resistem ao
calor agrave abrasatildeo agrave corrosatildeo ao impacto agrave descamaccedilatildeo agrave oxidaccedilatildeo ao choque teacutermico agrave
erosatildeo e ao desgaste metal- metal
Revisatildeo Bibliograacutefica 64
Gustavo Portela de Deus
Algumas destas ligas mantecircm uma dureza elevada ateacute 825ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo
ateacute temperaturas da ordem de 1100ordmC As ligas agrave base de niacutequel subgrupo 4B satildeo
especialmente indicadas para peccedilas sujeitas ao mesmo tempo agrave corrosatildeo e ao desgaste Satildeo
superiores a outros materiais de recobrimento duro em aplicaccedilotildees nas quais o desgaste eacute
causado pelo contato metal-metal como no caso dos mancais Mantecircm durezas elevadas
ateacute cerca de 650ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo ateacute temperaturas da ordem de 875ordmC
Os materiais do grupo 5 consistem de gracircnulos duros de carbonetos distribuiacutedos em
uma matriz metaacutelica Satildeo muito indicados para aplicaccedilotildees de abrasatildeo intensa e de corte
Inicialmente se empregam apenas os carbonetos de tungstecircnio Mais recentemente outros
carbonetos principalmente titacircnio tacircntalo e cromo passaram a ser usados com bons
resultados Como matriz metaacutelica vaacuterios materiais tecircm sido utilizados tais como ferro accedilo
carbono Ligas agrave base de niacutequel agrave base de cobalto e bronze Os materiais do grupo 5
possuem a maacutexima resistecircncia agrave abrasatildeo em peccedilas sujeitas a impactos pequenos ou
moderados
2823 - Seleccedilatildeo do Material para Recobrimento Duro
A primeira medida eacute caracterizar bem as condiccedilotildees de serviccedilo nas quais deveraacute
trabalhar o equipamento que seraacute revestido com o recobrimento duro Em seguida deve-se
analisar com cuidado as interaccedilotildees dos materiais candidatos e do metal base bem como o
processo de soldagem a ser utilizado no recobrimento
2824 - Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento
Analisar as condiccedilotildees de serviccedilo para determinar os tipos de resistecircncia ao
desgaste e resistecircncia ao ambiente seleccedilatildeo de alguns materiais candidatos
Revisatildeo Bibliograacutefica 65
Gustavo Portela de Deus
Anaacutelise de compatibilidade entre as ligas e o metal base considerando
possiacuteveis tensotildees teacutermicas e eventuais trincas
Testar componentes recobertos com os materiais candidatos
Selecionar a melhor liga considerando o custo e a duraccedilatildeo do recobrimento
Selecionar o processo de recobrimento duro considerando a taxa de
deposiccedilatildeo o grau de diluiccedilatildeo (o metal base dilui a liga de recobrimento durante a
soldagem) eficiecircncia de deposiccedilatildeo e custo total O custo total inclui o preccedilo dos
eletrodos e o processamento
29 - Tipos de Revestimento
Os tipos de revestimento mais aplicados em soldagem podem ser classificados em
endurecimento superficial
resistentes agrave corrosatildeo
resistentes ao desgaste eou impacto
para recuperaccedilatildeo ou reparos de manutenccedilatildeo
291 - Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Tabela ndash 24 Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Condiccedilotildees de serviccedilo Materiais para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal altas
tensotildees de contato
Stellite 1 ligas Tribaloy
Escorregamento metal ndash metal baixas
tensotildees de contato
Accedilos de baixa liga para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal
combinado com corrosatildeo e oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto ou agrave base de
niacutequel dependendo da agressividade do
Revisatildeo Bibliograacutefica 66
Gustavo Portela de Deus
ambiente
Abrasatildeo sob baixa tensatildeo erosatildeo por
colisatildeo de partiacuteculas de pequeno acircngulo
Ferros fundidos de alta liga
Abrasatildeo severa sob baixa tensatildeo
retenccedilatildeo do gume
Materiais com altos teores de carbonetos
Erosatildeo por cavitaccedilatildeo e por colisatildeo
Choques mecacircnicos intensos combinados
com corrosatildeo ou oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto
Stellite 21 Stellite6
Abrasatildeo por sulcamento Accedilos ndash manganecircs austeniacuteticos
Descamaccedilatildeo
Stellite 21 Stellite 6 Tribaloy T-400
Tribaloy T-800
Estabilidade teacutermica eou resistecircncia agrave
fluecircncia a altas temperaturas
Ligas agrave base de cobalto ligas de niacutequel
com carbonetos
292 - Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies
A Tabela 25 apresenta as principais vantagens e desvantagens dos principais
processos de deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Tabela 25 - As principais vantagens e desvantagens dos principais processos de
deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Revisatildeo Bibliograacutefica 67
Gustavo Portela de Deus
Processo Vantagens Desvantagens
Galvanizaccedilatildeo iocircnica
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo baixa
temperatura de processamento
deposiccedilatildeo em furos e ranhuras
Seleccedilatildeo restrita de materiais de
revestimento revestimentos relativamente
macios riscos ambientais precisatildeo limitada
para repeticcedilatildeo na superfiacutecie
PACVD (Plasma
Assisted Chemical
Vapour Deposition)
Temperaturas de processo muito
abaixo das do CVD temperaturas
baixas revestimentos precisos
Adequado apenas para furos e ranhuras
PVD (Physical
Vapour Deposition)
Ecologicamente seguro permite
grande variedade de
revestimentos temperatura de
revestimentos mais baixa do que a
de tratamento teacutermico final da
maioria dos accedilos espessura
reduzida reproduziacutevel com
precisatildeo resistecircncia elevada ao
desgaste baixo coeficiente de
atrito
Revestimento de furos e ranhuras ndash alcanccedila
profundidade igual ao diacircmetro ou largura
da abertura resistente agrave corrosatildeo em
determinadas condiccedilotildees apenas
revestimento uniforme depende de as peccedilas
girarem durante o processamento
Difusatildeo
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo boa
reprodutibilidade
Revestimentos relativamente macios
seleccedilatildeo restrita de material de base tempo
de processamento longo riscos ambientais
necessidade de poacutes-tratamento
CVD (Chemical
Vapour Deposition)
Elevada resistecircncia ao desgaste
produccedilatildeo econocircmica de
Temperaturas de processamento elevadas
impossibilidade de revestir vaacuterios metais
Revisatildeo Bibliograacutefica 68
Gustavo Portela de Deus
revestimentos espessos adequado
para furos e ranhuras
arredondamento de bordos riscos
ambientais
Capiacutetulo 3
Materiais e Meacutetodos
Materiais e Meacutetodos 70
Guatavo Portela de Deus
3 - Materiais e Meacutetodos
31 ndash Fluxograma do Desenvolvimento Experimental
Teacutecnicas de deposiccedilatildeo dos revestimentos duros
Soldagem dos corpos-de-
prova Aspersatildeo teacutecnica
EnsaiosAnaacutelises
Prop mecacircnicas Caract microestrutural
Ensaio de
desgaste
Ensaio de DurezaMicro
Microscopia oacutetica
Discussatildeo Anaacutelises
Dissertaccedilatildeo de Mestrado
Materiais e Meacutetodos 71
Gustavo Portela de Deus
32 - Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no Solo de
Equipamentos Rodoviaacuterios
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios objeto deste
estudo foram selecionados dentre os que foram considerados como um dos mais
representativos na avaliaccedilatildeo referentes aos custos de manutenccedilatildeo e de consideraacutevel atraso
nos cronogramas de trabalho nas frentes de trabalho de conservaccedilatildeo e construccedilatildeo
rodoviaacuteria
Os elementos escolhidos para os estudos comparativos e para a anaacutelise de desgaste
na forma de desgaste abrasivo a dois corpos foram as unhas da caccedilamba da paacute carregadeira
de rodas articuladas utilizadas em serviccedilos leves e pesados de escavaccedilatildeo e carregamento
de agregados na forma principalmente de solos lateriacuteticos
Figura 3 1 Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira
Materiais e Meacutetodos 72
Gustavo Portela de Deus
Figura 32 Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira
Dentre os equipamentos rodoviaacuterios utilizados para construccedilatildeo e conservaccedilatildeo de
rodovias alguns apresentam ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de uso contiacutenuo e outras
somente quando a atividade se torna necessaacuteria como pontas de escarificadores de solos
Existem ainda outros elementos de maacutequinas que apresentam desgaste elevado em funccedilatildeo
dos mesmos manterem um contato direto com o solo como os elementos que compotildeem o
conjunto do material rodante de tratores de esteiras de escavadeiras hidraacuteulicas e de paacutes
carregadeiras tracionadas por esteiras desgaste este que por acontecer entre elementos que
estatildeo em movimento relativo entre si eacute considerado como desgaste abrasivo a trecircs corpos
Alguns fabricantes com a finalidade de prolongar a vida uacutetil desses elementos passaram a
utilizar esteiras vedadas e lubrificadas para evitar o contato direto dos elementos em
movimento relativo
O primeiro passo no desenvolvimento do projeto de avaliaccedilatildeo comparativa e na
anaacutelise de rendimento dos dois processos de revestimento superficial e do material
Materiais e Meacutetodos 73
Gustavo Portela de Deus
comercialmente encontrado e utilizado foi a confecccedilatildeo dos corpos de prova seguindo as
especificaccedilotildees da norma que regulamenta estudos triboloacutegicos ou seja a ASTM G65-91
Os materiais de base apoacutes ser analisados quanto agrave perda de massa no periacuteodo de
2900 horas foram cortados nas dimensotildees especificadas pela norma ASTM G65-91 para
ser submetidos aos ensaios de dureza pelo meacutedodo Rockwell C e resistecircncia agrave abrasatildeo por
meio do ensaio pela roda de borracha O mesmo procedimento foi executado aos corpos de
prova revestidos por soldagem de endurecimento superficial bem como pelo processo de
aspersatildeo teacutermica pelo meacutetodo LVOF Apoacutes o corte esses corpos-de-prova foram
submetidos a algumas operaccedilotildees de usinagem com a finalidade de adquirir suas formas
planas e retiradas de escoacuterias provenientes do processo de soldagem
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos
3211 - Revestimento Duro pelo Processo de Soldagem
Uma das teacutecnicas utilizadas no desenvolvimento do trabalho e que se tornou fator
de anaacutelise e comparaccedilatildeo de resultados de maior e menor desempenho foi o revestimento
duro pelo processo de soldagem em que foi utilizado a soldagem de revestimento com
eletrodo revestido
O processo de revestir superfiacutecies pelo processo de soldagem pode ser aplicado em
peccedilas novas bem como na recuperaccedilatildeo de peccedilas desgastadas pelo uso Eacute um processo de
aplicaccedilatildeo simples necessitando apenas das varetas das ligas de recobrimento e de uma
chama oxiacetilecircnica ou de um arco eleacutetrico O processo tem a vantagem de poder ser
aplicado a aacutereas localizadas da peccedila que sejam mais sujeitas ao desgaste (BATISTA
NASCIMENTO wwwspectrucombr )
Materiais e Meacutetodos 74
Gustavo Portela de Deus
As varetas dos materiais de recobrimento satildeo fornecidas em dois tipos revestidas
para soldagem a arco e natildeo revestidas para soldagem oxiacetilecircnica A soldagem
oxiacetilecircnica produz depoacutesitos mais uniformes e que podem ser mais bem posicionadas na
peccedila com velocidades de aquecimento e resfriamento relativamente baixas Por outro lado
a soldagem a arco eacute um processo menos caro mais raacutepido e se presta melhor agrave utilizaccedilatildeo
de equipamentos automaacuteticos Os depoacutesitos obtidos com arco eleacutetrico em geral satildeo mais
grosseiros e apresentam maior tendecircncia agrave formaccedilatildeo de poros Haacute tambeacutem maior
probabilidade de formaccedilatildeo de trincas em funccedilatildeo dos gradientes de temperatura criados
para altas velocidades de aquecimento e de resfriamento (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
O material de recobrimento eacute fundido durante a soldagem e se espalha sobre o
metal base ligando-se com este e formando uma nova superfiacutecie com uma camada que
varia entre 15 mm a 60 mm Apenas uma camada superficial da peccedila atinge a temperatura
de fusatildeo o que evita uma contaminaccedilatildeo muito acentuada do recobrimento do metal base
que diminuiria as propriedades de resistecircncia ao desgaste da camada depositada
O recobrimento duro pode ser aplicado agrave maioria dos metais natildeo ferrosos Por outro
lado com algumas exceccedilotildees natildeo se recomenda o recobrimento de ligas natildeo ferrosas com o
ponto de fusatildeo inferior a 1100ordmC Os accedilos ndash carbonos podem ser recobertos com relativa
facilidade em especial se o teor de carbono for inferior a 035 A soldagem se torna mais
difiacutecil agrave medida que o teor de carbono aumenta sendo que os accedilos de alto carbono e os
accedilos ligados devem sofrer um preacute ndash aquecimento e apoacutes recobrimento devem ser recozidos
Os accedilos inoxidaacuteveis os ferros fundidos e os accedilos raacutepidos tambeacutem podem ser recobertos
utilizando ndash se teacutecnicas adequadas de soldagem O cobre bronze e ligas como o latatildeo
Materiais e Meacutetodos 75
Gustavo Portela de Deus
apresentam maiores dificuldades de soldagem em funccedilatildeo de seus pontos de fusatildeo serem
baixos e sua alta condutividade (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr )
O recobrimento duro eacute muito usado nas aplicaccedilotildees em uma lubrificaccedilatildeo regular
contra abrasatildeo seja impossiacutevel ou inviaacutevel como em ferramentas de perfuraccedilatildeo de poccedilos
de petroacuteleo equipamentos para a agricultura e para terraplenagem ferramentas para
mineraccedilatildeo e equipamentos para a induacutestria petroquiacutemica O processo tambeacutem eacute usado para
ampliar a duraccedilatildeo de peccedilas que recebem lubrificaccedilatildeo tais como matrizes de conformaccedilatildeo
mecacircnica e aacutereas localizadas de oacutergatildeos de maacutequinas extremamente sujeitas a desgaste
Superfiacutecies com recobrimento duro satildeo em geral mais resistentes ao desgaste ao calor e agrave
corrosatildeo do que superfiacutecies cementadas ou temperadas por chama
Aleacutem disso aacutereas de difiacutecil acesso em componentes grandes praticamente
impossiacuteveis de ser submetidas a um processo de tratamento teacutermico podem receber um
recobrimento duro A teacutecnica pode tambeacutem ser empregada para a recuperaccedilatildeo de
equipamentos pesados sem a necessidade de desmontaacute-los (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
3212 ndash Revestimento superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF
Foi tambeacutem aplicada a teacutecnica de revestimento por aspersatildeo teacutermica
especificamente pelo meacutetodo de LVOF de acordo como eacute relatado a seguir o
desenvolvimento do processo
3213 - HVOF (High Velocity Oxigen Fuel)
Dentre os processos de aspersatildeo teacutermica utilizados para aplicar revestimentos
resistentes ao desgaste o processo de aspersatildeo oxicombustiacutevel de alta velocidade
Materiais e Meacutetodos 76
Gustavo Portela de Deus
conhecido como HVOF (Higt velocity oxi fuel) tem sido um dos mais utilizados
principalmente na aplicaccedilatildeo de carbonetos O processo eacute baseado em um sistema de
combustatildeo interna de alta pressatildeo similar a um motor de foguete em miniatura
Combustiacutevel e oxigecircnio satildeo misturados para produzir um jato de gaacutes supersocircnico acima de
2000 ms e 2800degC ( Lima et al apud Thorpe et al 1998) Os combustiacuteveis usados
incluem querosene hidrogecircnio propileno propano acetileno metil-acetileno propadieno
e gaacutes natural O material em forma de poacute eacute introduzido na chama quente dentro do cano de
saiacuteda da pistola Os revestimentos produzidos apresentam maior dureza adesatildeo ao
substrato durabilidade e maior possibilidade de espessura do que os revestimentos
produzidos por outros processos de aspersatildeo teacutermica Uma vantagem inerente do processo
HVOF eacute sua habilidade de aspergir partiacuteculas semi-fundidas a altas velocidades (em torno
de 900 ms) resultando em um revestimento bastante denso com alta adesatildeo ao substrato e
baixo conteuacutedo de oacutexidos Carbonetos superaquecidos podem se decompor e formar fases
menos beneacuteficas ao revestimento O processo HVOF eacute bastante efetivo ao acelerar bastante
as partiacuteculas sem excesso de aquecimento (LIMACAMARGO 2001)
Carbonetos de vaacuterios tipos satildeo especialmente adequados para aplicaccedilatildeo por HVOF
pois natildeo requerem significante fusatildeo para se depositar e formar uma superfiacutecie efetiva
contra desgaste Composiccedilotildees tiacutepicas estatildeo entre 8 a 30 de conteuacutedo da liga matriz que
serve primariamente como ligante para as partiacuteculas de carboneto (Lima et al apud Thorp
et al 2000) Uma das ligas mais usadas para aplicaccedilotildees de desgaste tem sido a liga WC-
Co (Lima et al apud Korpiola amp Vuoristo 1996) agraves vezes ligada a outros elementos como
Ni e Cr no intuito de oferecer melhores caracteriacutesticas de resistecircncia agrave corrosatildeo e desgaste
combinado (Lima et al apud Berger et al 2001)
Materiais e Meacutetodos 77
Gustavo Portela de Deus
3214 - LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray - Poacute
O processo LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) poacute consiste em injetar o material a
ser depositado em forma de poacute na chama derivada da queima de oxigecircnio e acetileno
(3100ordmC) sendo o material aquecido e projetado contra o substrato previamente preparado
Em algumas variaccedilotildees do processo um jato de ar comprimido auxilia a acelerar e
atomizar o poacute Pode-se efetuar a fusatildeo da camada apoacutes aplicaccedilatildeo do revestimento
aumentando assim a aderecircncia e resistecircncia do material aplicado
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
- Ligas Base de Niacutequel como Incinel Monel NiCrBSi e outras
- Oacutexido de Cromo
- Alumina e Alumina ndash Titacircnio e Dioacutexido de Titacircnio
- Oacutexido de Zirconia
- Ligas Base de Cobalto ndash Stellite
3215 - LVOF ( Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray ndash Arame
O processo de aspersatildeo LVOF Arame utiliza como fonte de calor para fusatildeo do
arame a chama gerada pela queima de oxigecircnio e acetileno
A atomizaccedilatildeo e aceleraccedilatildeo do material fundido satildeo realizadas por um jato de ar
comprimido que cerca a chama do oxigecircnio e acetileno
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
Materiais e Meacutetodos 78
Gustavo Portela de Deus
- Accedilo carbono como ligas 1020 1045 1080 e outros
- Accedilo inox como ligas AISI 302 304 316 e AISI 410420 etc
- Ligas de Niacutequel
- Alumiacutenio
- Zinco
- Estanho
322 - Materiais
3221 - Material de Referecircncia
O material que foi utilizado como referecircncia na anaacutelise comparativa dos processos
de revestimento foi retirado de amostras de unhas de caccedilambas de paacutes carregadeiras de
rodas na sua forma original ou seja fornecida pelo fabricante do equipamento rodoviaacuterio e
seguindo os padrotildees determinados pela norma ASTM G65-91 Por se tratar de materiais
originais ou seja fornecido pelo fabricante da maacutequina foi constatado por meio de
avaliaccedilotildees primaacuterias como mais resistentes ao desgaste abrasivo e comprovado atraveacutes do
nuacutemero de horas em que os elementos foram submetidos em operaccedilotildees de escavamento e
carregamento
3222 - Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo
O material de base utilizado na confecccedilatildeo dos corpos de prova para anaacutelise de
resistecircncia ao desgaste abrasivo pelos processos por soldagem e por aspersatildeo teacutermica foi o
accedilo ABNT 1015 com as seguintes dimensotildees 75 mm de comprimento 24 mm de largura
Materiais e Meacutetodos 79
Gustavo Portela de Deus
e 4mm de espessura nas amostras por soldagem e 48 mm de comprimento 24 de largura e
4mm de espessura nas amostras aspergidas Tais dimensotildees se fizeram necessaacuterias para
atender agrave norma como tambeacutem para permitir um encaixe perfeito ao suporte do
abrasocircmetro nos ensaios de perda de massa
3223 - Consumiacuteveis Utilizados
Os consumiacuteveis utilizados para revestir os corpos de prova nos processos de
revestimento superficial por soldagem foram os eletrodos para abrasatildeo severa erosatildeo e
cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo Bohler Thyssen Welding tipo UTP 713 desenvolvimento especial
com as seguintes concentraccedilotildees C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09
com dureza de 65HRC
Os revestimentos por soldagem executados nos corpos-de-prova foram feitos na
empresa Engincom Comeacutercio e Induacutestria LTDA situada no Distrito Industrial de
Teresina-PI
Jaacute os corpos de prova revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica por LVOF
utilizaram como consumiacutevel nas amostras tipo P uma mistura composta de 170 de Cr
40 de Fe 40 de Si 35 de B 10 de C e Ni balanceado As amostras tipo M foram
revestidas utilizando como consumiacutevel a mesma mistura utilizada no revestimento das
amostras tipo P com a adiccedilatildeo de 10 de carboneto de tungstecircnio com base cobalto (81
de tungstecircnio + 12 de cobalto + 5 de carbono + 2 de ferro)
Foram utilizados dois tipos de consumiacuteveis nas amostras revestidas por aspersatildeo
teacutermica com a finalidade de se avaliar tambeacutem o comportamento dos revestimentos
quanto a resistecircncia ao desgaste abrasivo utilizando-se os ensaios de resistecircncia ao desgaste
Materiais e Meacutetodos 80
Gustavo Portela de Deus
e de dureza nos dois tipos de consumiacuteveis Levando-se em consideraccedilatildeo principalmente o
custo do revestimento
Os corpos-de-prova que foram revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica tipo
LVOF foram executados na empresa Ogramac Nordeste situada no Distrito Industrial de
Suape em Ipojuca-PE
3224 - Areia
A areia utilizada no ensaio de abrasatildeo para constataccedilatildeo da perda de massa foi a
areia quartzosa industrial com granulometria de 40 a 60 mesh fornecida pela empresa
Sand SL Comeacutercio de Mineacuterio LTDA de Satildeo Carlos-SP Esta areia foi submetida a um
sistema de peneiramento de modo a adequar a sua granulometria agraves dimensotildees
especificadas pela norma ASTM G65-91 que estabelece um percentual de 5 de maacutexima
retenccedilatildeo na peneira de 50 mesh e de 90 de miacutenimo na peneira de 60 mesh
323 - Equipamentos
3231 - Equipamento de Soldagem
Foi utilizado um transformador de solda de fabricaccedilatildeo bambozzi modelo TDC 460
E com as seguintes caracteriacutesticas teacutecnicas Corrente maacutexima de solda de 430 A trifaacutesico
com tensatildeo de alimentaccedilatildeo de 380V potecircncia nominal de 208 kVA frequumlecircncia de
5060Hz caracteriacutesticas de soldagem DC e dimensotildees (AxLxC) de 480x555x665
3232 - Sistema de Peneiramento da Areia
A maacutequina utilizada para peneirar a areia no ensaio de abrasatildeo por roda de
borracha foi desenvolvida e construiacuteda no Departamento de Engenharia de Materiais da
Materiais e Meacutetodos 81
Gustavo Portela de Deus
Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar Eacute constituiacuteda de duas peneiras superpostas
com malhas de 50 e 70 meshs segundo a AFS fixadas em uma estrutura de accedilo que sofre
movimento vibratoacuterio promovido por um motor de frac14 de HP em cujo eixo estaacute afixada
uma peccedila assimeacutetrica para provocar um efeito excecircntrico na rotaccedilatildeo e consequumlente
vibraccedilatildeo como mostra a Figura 33
Figura 33 - Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo
3233 Abrasocircmetro
O abrasocircmetro utilizado no ensaio de abrasatildeo por perda de massa tambeacutem foi
desenvolvido e construiacutedo nos laboratoacuterios do Departamento de Engenharia de Materiais
da Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar segundo a norma ASTM G65-91 Esta
norma determina que seja feita uma calibraccedilatildeo do abrasocircmetro de modo que o mesmo
possa ser utilizado de forma confiaacutevel assegurando as mesmas condiccedilotildees e
reprodutividade dos ensaios de perda de volume
Materiais e Meacutetodos 82
Gustavo Portela de Deus
O anel de borracha eacute constituiacutedo de clorobutil com diacircmetro externo inicial de
2286 mm e espessura de 127 mm com dureza variando entre 59 e 60 shore A A
excentricidade do anel natildeo deve exceder a toleracircncia de 005 mm Com este diacircmetro
especificado e para um nuacutemero total de 6000 rotaccedilotildees o comprimento linear de realizaccedilatildeo
do ensaio eacute de 4309 m Agrave medida que a roda se desgasta deve-se ajustar a perda de
volume (PV) como prevecirc a norma O fluxo de areia recomendado eacute de 300 gmin a 400
gmin que deveraacute escoar pelo bocal de alimentaccedilatildeo de forma regular e contiacutenua como
mostra a Figura 34
Faz parte da constituiccedilatildeo do abrasocircmetro um contador digital do nuacutemero de voltas
efetuadas pela roda de borracha ateacute o limite estabelecido de 6000 rotaccedilotildees em que o
mesmo deveraacute provocar o desligamento automaacutetico Possui ainda um sistema de alarme
com paracircmetros de limites de rotaccedilotildees por min de miacutenimo 190rpm e de maacuteximo 210 rpm
e tendo como rotaccedilatildeo referecircncia 200 rpm (BRANDIM 1998)
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha
Materiais e Meacutetodos 83
Gustavo Portela de Deus
3234 - Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos-de-Prova
Os corpos-de-prova revestidos pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
foram retificados e cortados em uma retificadora plana longitudinal de fabricaccedilatildeo Mello
SA Maacutequinas e Equipamentos modelo RPT 2 maacutequina nordm 192 ano 1983 nos laboratoacuterios
de usinagem do CEFET ndash PI com refrigeraccedilatildeo na aacuterea de corte atraveacutes de fluido especial
emulsionaacutevel em aacutegua e tendo como ferramenta de corte um disco abrasivo de alta rotaccedilatildeo
(6000 rpm) e elevada dureza da ordem de 70 HRC fornecido pela empresa Arotec
modelo AA 5
Anteriormente ao corte das amostras nas dimensotildees especificadas pela norma
ASTM G65-91 os corpos de prova passaram por um processo de retificaccedilatildeo com o
objetivo de reparar possiacuteveis deformaccedilotildees e melhorar o acabamento das amostras
As medidas de massa dos corpos de prova para determinaccedilatildeo da massa antes e
depois do ensaio de abrasatildeo por roda de borracha foram efetuadas em uma balanccedila de
precisatildeo analiacutetica marca Marte modelo AS 2000C com capacidade de pesagem maacutexima
de 2000g e miacutenima de 05g erro de 01g e sensibilidade de 001g
3235 - Durocircmetro
As medidas de dureza foram efetuadas em um durocircmetro marca Sussen Wolpert
tipo Testor HT1 maacutequina Nordm 333 ano 1971 em escala Rockwell C com carga de 150 kgf
como mostra a Figura 35 pertencente ao laboratoacuterio do DEMa da Universidade Federal de
Satildeo Carlos (UFSCar)
Materiais e Meacutetodos 84
Gustavo Portela de Deus
Figura 35 - Durocircmetro
3236 - Microscopia Oacutetica
As anaacutelises e imagens de microscopia oacutetica foram realizadas no microscoacutepio oacutetico
de marca NIKKON EPIPHOT ndash DX com conversor de sinais da Hitach modelo com
aumento maacuteximo de 1000 vezes Para obtenccedilatildeo das fotos das microestruturas utilizou-se
um analisador de imagens
33 - Sequumlecircncia Experimental
Apoacutes os procedimentos convencionais de preparaccedilatildeo das amostras nas trecircs
condiccedilotildees que seratildeo avaliadas ou seja soldadas revestidas superficialmente por aspersatildeo
teacutermica e na condiccedilatildeo normal ou comercialmente encontradas estas amostras ou corpos-
de-prova passaram agrave fase experimental
Materiais e Meacutetodos 85
Gustavo Portela de Deus
Os experimentos tiveram como finalidade inicial avaliar o desempenho quanto agrave
resistecircncia agrave abrasatildeo dos corpos-de-prova quando submetidos aos processos de
revestimento superficial pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Tais experimentos se basearam principalmente em anaacutelises microscoacutepicas por meio
de microscopia oacutetica resistecircncia agrave abrasatildeo pelo ensaio da roda de borracha e pela anaacutelise
do niacutevel de dureza adquirida atraveacutes do durocircmetro
Depois de computados os resultados obtidos nos ensaios tecnoloacutegicos nas trecircs
avaliaccedilotildees diferentes microscopia dureza e resistecircncia agrave abrasatildeo partiu-se para a anaacutelise
matemaacutetica atraveacutes das meacutedias em funccedilatildeo de resultados diferentes obtidos nos ensaios em
pontos diferentes das amostras
34 ndash Meacutetodos
341 - Planejamento Experimental
3411 - Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo a Baixa Tensatildeo ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram preparados e ensaiados segundo os procedimentos da
norma ASTM G65-91 (1991) no abrasocircmetro similar ao apresentado na figura A forccedila
exercida pelo corpo de prova sobre a roda foi de 130 N A rotaccedilatildeo da roda de borracha foi
mantida em mais ou menos 200 rpm com variaccedilotildees para mais e para menos de 10 rpm
quando em movimento e sob pressatildeo de ensaio Empregou-se para a contagem do nuacutemero
de giros da roda de borracha um sensor indutivo O nuacutemero total de rotaccedilotildees da roda para
interrupccedilatildeo automaacutetica do ensaio foi preacute-fixado em 6000 rotaccedilotildees Para a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha quando se fez necessaacuterio utilizou-se uma lixa de
granulometria 320 mantendo-se o braccedilo da alavanca do equipamento livre de qualquer
Materiais e Meacutetodos 86
Gustavo Portela de Deus
carga para evitar qualquer pressatildeo sobre a roda e proporcionar uma folga suficiente para a
introduccedilatildeo da lixa entre a roda e a amostra O fluxo de areia foi mantido dentro dos limites
da norma ASTM G65-91 (1991) tendo variado entre 350 e 360 gramasminuto
Os ensaios foram realizados com a roda de borracha girando no mesmo sentido da
direccedilatildeo de soldagem empregado Apoacutes o ensaio de cada lote realizou-se a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha As perdas de massa e de volume conforme a norma ASTM
G65-91 (1991) quando satildeo determinadas em uma roda de borracha com diacircmetro externo
diferente de 2286 mm devem ser corrigidas linearmente pela relaccedilatildeo perda de volume
(PV) x 2286 mmdiacircmetro da roda no final do ensaio tendo sido empregada quando
necessaacuterio esta correccedilatildeo (BRANDIM 1998)
3412 Microscopia Oacutetica
As amostras revestidas por aspersatildeo teacutermica LVOF dos tipos P e M e soldadas
foram analisadas no microscoacutepio oacutetico com aproximaccedilatildeo de 50X 100X 200X e 500X
3413 Ensaio de Dureza
Para a determinaccedilatildeo da dureza foi utilizado o meacutetodo Rockwell C com carga de
150 kgf Antes de efetuar as medidas foi realizada a afericcedilatildeo do aparelho ou durocircmetro
por meio da utilizaccedilatildeo de corpos-de-prova de dureza padronizada Cada corpo-de-prova foi
submetido a no miacutenimo trecircs medidas de dureza em pontos diferentes da superfiacutecie
Capiacutetulo 4
Resultados e Discussatildeo
Resultados e Discussatildeo 88
Gustavo Portela de Deus
4 - Resultados e Discussatildeo
41 - Introduccedilatildeo
Por meio dos ensaios jaacute efetuados e comentados no capiacutetulo anterior e utilizando-
se a metodologia descrita inicialmente seratildeo representados os resultados de afericcedilatildeo e
qualificaccedilatildeo do abrasocircmetro realizados segundo a norma ASTM G65-91(1991)
Procedimento A resistecircncia ao desgaste resultados dos ensaios de dureza e anaacutelises
quiacutemicas de microscopia oacutetica e terminando com as discussotildees que se fizeram relevantes
dos resultados obtidos
411 - Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho
Foram levantados dados estatiacutesticos do rendimento apresentado pelos elementos de
penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios no que concerne agrave vida uacutetil
proporcionada pelos diversos produtos apresentados no mercado bem como a qualidade
destes materiais no que diz respeito a constituiccedilatildeo da liga tratamentos teacutermicos efetuados
e revestimento superficial em peccedilas novas ou recuperadas na forma de endurecimento com
a finalidade de elevar a resistecircncia ao desgaste
No levantamento de dados e de informaccedilotildees foram considerados os rendimentos
obtidos pelas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios quando
utilizadas na sua forma original ou seja de acordo com a forma comercial fornecida por
parte dos fabricantes Foi considerada a vida uacutetil atingida com a ferramenta quando
utilizada na sua forma comercial bem como quando aplicado seu revestimento especiacutefico
Resultados e Discussatildeo 89
Gustavo Portela de Deus
Foram confeccionados corpos de prova seguindo a norma especiacutefica para
revestimentos duros ou seja ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram revestidos por soldagem de revestimento utilizando
eletrodos com as seguintes caracteriacutesticas eletrodo baacutesico que apresenta depoacutesitos de
carbonetos complexos de Cr Mo Nb W e V indicado para revestimentos duros contra
abrasatildeo severa erosatildeo e cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo BOHLER THYSSEN WELDING Tipo
UTP 713 desenvolvimento especial com concentraccedilatildeo de elementos na seguinte
composiccedilatildeo C - 4 Cr - 235 Mo ndash 65 Nb ndash 60 W ndash 08 e V ndash 09 com uma
dureza esperada de 65HRc
Foram tambeacutem revestidos pelo processo de revestimento superficial por aspersatildeo
teacutermica do tipo LVOF
Durante o desenvolvimento do projeto foram determinadas as perdas de massa
bem como de espessura dos elementos objeto do estudo antes e depois de revestidos pelos
processos de recobrimento por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Os corpos-de-prova foram ensaiados para anaacutelise de resistecircncia ao desgaste
abrasivo por meio do abrasocircmetro de roda de borracha que foi construiacutedo pelos alunos
mestrandos em engenharia de materiais da Universidade Federal de Satildeo Carlos UFSCar na
aacuterea especiacutefica triboloacutegica seguindo as recomendaccedilotildees da norma ASTM G65-91
Foram executados estudos comparativos de rendimento e viabilidade econocircmica
quando comparadas estas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios
utilizadas na sua forma comercial bem como quando revestidas pelos processos de
endurecimento superficial por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 90
Gustavo Portela de Deus
42 - Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM
G65-91 Procedimento A
De acordo com esta norma o abrasocircmetro deveraacute antes da realizaccedilatildeo dos ensaios
de desgaste ser aferido Para tanto utilizou-se um accedilo ABNT 1015 para a determinaccedilatildeo do
coeficiente de variaccedilatildeo dos resultados obtidos com o ensaio de desgaste visando agrave
verificaccedilatildeo da dispersatildeo dos valores e da reprodutibilidade do equipamento A conversatildeo eacute
feita pela seguinte equaccedilatildeo
1000sup3)(
)(sup3)( x
cmg
gPMmmPV
Onde PV (mmsup3) = Perda de volume PM (g) = Perda de Massa e = (gmmsup3)
densidade do material
Segundo o apecircndice A da norma ASTM G65-91 o desvio padratildeo S a ser calculado
eacute obtido com o auxiacutelio da tabela 41 da referida norma para a obtenccedilatildeo do valor de d2 que
eacute dependente do nuacutemero de corpos-de-prova utilizados no ensaio de desgaste por abrasatildeo
Entatildeo a partir do desvio padratildeo da diferenccedila entre a maior perda de volume e a menor
perda de volume calcula-se o coeficiente de variaccedilatildeo (V) Tem-se entatildeo
Como o valor obtido neste processo de afericcedilatildeo foi inferior ao limite de 7
estabelecido pela norma ASTM G65-91(1991) fica assegurada a confiabilidade dos
resultados obtidos com o abrasocircmetro Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave
baixa tensatildeo realizada com accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilatildeo do
abrasocircmetro
Resultados e Discussatildeo 91
Gustavo Portela de Deus
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com
o accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro
Corpos-de-prova
Massa (g)
PV (cm3) M
i
M
f
Δ
M
01
1
128910
1
125017
0
3893
4
95924
02
1
129257
1
125721
0
3536
4
50446
03
1
077076
1
073516
0
3560
4
53503
04
1
093156
1
089095
0
4061
5
17325
05
1
077034
1
073005
0
4029
5
13248
Total
4
9
Onde Mi = Massa do corpo de prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo de prova depois do ensaio
ΔM = Diferenccedila de massa antes e apoacutes o ensaio
PV = Perda de volume
43 - Resistecircncia ao Desgaste
Resultados e Discussatildeo 92
Gustavo Portela de Deus
A anaacutelise da resistecircncia ao desgaste eacute feita pela comparaccedilatildeo com um material de
referecircncia Neste estudo foi utilizado o proacuteprio material constituinte das unhas da caccedilamba
de uma paacute carregadeira articulada de rodas Para a visualizaccedilatildeo geral dos materiais
envolvidos neste trabalho eacute apresentada na figura 41 uma comparaccedilatildeo da perda de
volume no qual os valores satildeo as meacutedias de todos os ensaios realizados
Na primeira imagem eacute representada a amostra que foi revestida pelo processo de
soldagem em que fica demonstrada a menor perda de massa em funccedilatildeo do consumiacutevel
utilizado no processo que possuiacutea uma grande concentraccedilatildeo de elementos de liga que
propiciam elevada resistecircncia ao desgaste
Na segunda imagem temos a representaccedilatildeo de uma amostra revestida pelo processo
de aspersatildeo teacutermica por LVOF em que tambeacutem fica demonstrada uma elevada resistecircncia
ao desgaste abrasivo embora de menor intensidade que na soldagem que admitimos ter
ocorrido em funccedilatildeo do procedimento utilizado no ensaio ldquoprocedimento Ardquo natildeo ser
recomendado a tal amostra por se tratar de revestimento de espessura pequena da ordem
de 05mm o que eacute considerada pequena para tal ensaio Quando o revestimento eacute de
pequena espessura o procedimento recomendado pela norma G65-91 eacute o ldquoprocedimento
Crdquo em que se utiliza uma menor carga como tambeacutem um nuacutemero menor de revoluccedilotildees
Na terceira imagem temos a representaccedilatildeo da amostra de referecircncia ou seja
retirada da proacutepria unha da caccedilamba da paacute carregadeira de rodas em que fica demonstrada
uma boa resistecircncia agrave abrasatildeo em funccedilatildeo da mesma ter sido constituiacuteda de accedilo carbono
1045 temperado que apresenta uma boa resistecircncia ao desgaste
Resultados e Discussatildeo 93
Gustavo Portela de Deus
Figura 41 - Imagens de corpos-de-prova desgastados no ensaio por abrasatildeo
Os dados coletados para a anaacutelise do desgaste abrasivo por meio do abrasocircmetro
estatildeo quantificados e apresentados na Tabela 42 com as perdas de massa correspondentes
a cada uma das amostras analisadas Na Figura 42 mostra o graacutefico da perda de massa
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste
Amostra Mi (g) Mf (g)
PM
(g)
PV
(mmsup3)
PVCorrigido
(mmsup3)
Metal
de
base
A1 9136 9044 092
45 45
A2 9050 8962 088
A3 10022 9914 108
Valor meacutedio 096
Aspersatildeo
teacutermica
A1 9219 9211 008
20 20
A2 9006 8997 009
A3 9107 9097 010
Valor meacutedio 009
Revestimentos
soldados
A1 18651 18638 013
12 12
A2 15647 15640 007
Resultados e Discussatildeo 94
Gustavo Portela de Deus
A3 14422 14414 008
Valor meacutedio 009
Onde Mi = Massa do corpo-de-prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo-de-prova depois do ensaio
PM = Perda de massa do corpo-de-prova apoacutes o ensaio
0
10
20
30
40
50
60
PV (mmsup3)
Accedilo ABNT
1015
Accedilo ABNT
1045
temperado
Aspersatildeo
teacutermica
Amostra
soldada em
laboratoacuterio
Corpos-de-prova
Perda de Volume Meacutedio (mmsup3)
Perda de Volume (mmsup3) Perda de Volume Corregido (mmsup3)
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos-de-prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo
44 - Dureza
Nos resultados dos valores meacutedios de dureza apresentados na Tabela 43 e na
Figura 43 natildeo se nota grandes dispersotildees dos resultados para os corpos-de-prova quando
se analisa entre os mesmos materiais e nem quando se compara os revestimentos obtidos
por teacutecnicas diferentes no caso por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 95
Gustavo Portela de Deus
Alguns valores de dureza apresentaram discrepacircncia em relaccedilatildeo aos
valores meacutedios que foram atribuiacutedos serem decorrentes do ponto em que o
indentador foi posicionado
O corpo-de-prova utilizado como referecircncia apresentou um bom
resultado de dureza visto que a sua microestrutura eacute constituiacuteda de
martensita
Tabela 43 - Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo
Amostra
HRc
(150kg)
Valor meacutedio
final Dureza
HRc
Metal de base
P1 46
45 P2 48
P3 43
Aspersatildeo
teacutermica
P1 53
54 P2 52
P3 56
Revestimentos
soldados
P1 52
53 P2 48
P3 59
Resultados e Discussatildeo 96
Gustavo Portela de Deus
40
42
44
46
48
50
52
54
Dureza (HRc -
150kg)
Metal de base Aspersatildeo
teacutermica
Soldados
Amostras revestidas
Dureza Meacutedia Final
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados
45 - Microdureza
Amostra M
0
200
400
600
800
1000
1200
30 90 180 330 450 600 750
Distacircncia (Mm)
Dur
eza
(200
gf)
Figura 44 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M
Resultados e Discussatildeo 97
Gustavo Portela de Deus
Amostra P
0
200
400
600
800
1000
1200
30 160 310 460 610 670 730
Distacircncia (microm)
Dure
za H
V (2
00g
f)
Figura 45 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P
46 - Anaacutelise Microestrutural
A anaacutelise microestrutural foi realizada para todos os corpos-de-prova estudados
nesse trabalho utilizando a teacutecnica de Microscopia oacutetica
461- Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente
Os corpos-de-prova aspergidos termicamente apresentaram as microestruturas
conforme mostram as Figuras 46 47 e 48 Nessas pode-se observar uma quantidade
significativa de poros de tamanhos variados principalmente na interface entre a camada
aspergida e o substrato em destaque na Figura 46 A formaccedilatildeo desses poros eacute decorrente
da reaccedilatildeo com gases durante o processo de aspersatildeo e a atmosfera em contato com o
material enquanto liacutequido
Resultados e Discussatildeo 98
Gustavo Portela de Deus
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 50X
Figura 47 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 100X
Interface substratocamada
Linha de poros
Resultados e Discussatildeo 99
Gustavo Portela de Deus
Figura 48 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente
possam ser os carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X
462 Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem
Os corpos-de-prova soldados apresentaram microestrutura euteacutetica com intensa
quantidade de carbetos de cromo complexos do tipo M7C3 conforme mostram as Figuras
49 e 410 Isto se deve principalmente pela composiccedilatildeo quiacutemica do eletrodo utilizado
onde apresentou C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09 com dureza de
65HRC
Estes elementos quando participam da constituiccedilatildeo da liga adicionam e melhoram
algumas propriedades mecacircnicas dos materiais tais como
a) Carbono (C) ndash Na composiccedilatildeo de accedilos modernos destinados agrave cutelaria
quer sejam aqueles classificados como carbono ou os ditos inoxidaacuteveis
dificilmente poderaacute existir menos do que 06 de Carbono pois este eacute o
Resultados e Discussatildeo 100
Gustavo Portela de Deus
principal elemento que apoacutes a adequada tecircmpera concederaacute dureza agrave
peccedila
b) Cromo (Cr) ndash O cromo estimula a formaccedilatildeo de carbonetos aumentando a
resistecircncia ao desgaste bem como a temperabilidade aos accedilos reduz a
velocidade criacutetica de resfriamento de modo que a tecircmpera de accedilos com
teores elevados de cromo seja feita preferencialmente ao oacuteleo ou ao ar A
adiccedilatildeo de cromo torna mais fina a granulaccedilatildeo dos accedilos aumentando
desse modo a sua resistecircncia
c) Molibdecircnio (Mo) ndash Influencia favoravelmente a dureza a resistecircncia a
quente a fluecircncia e a temperatura de crescimento de gratildeo de austenita
aleacutem de melhorar a penetraccedilatildeo da tecircmpera nos accedilos Eacute largamente
empregado no accedilos de construccedilatildeo mecacircnica para beneficiamento pois
forma partiacuteculas resistentes a abrasatildeo e evita a fragilidade de
revenimento O molibdecircnio natildeo eacute empregado sozinho pois apresenta
uma tendecircncia de diminuir a tenacidade dos accedilos
d) Nioacutebio (Nb) ndash Tem alta afinidade por carbono e nitrogecircnio formando
carbonetos e carbonitretos Melhora a soldabilidade a tenacidade e a
comformabilidade o que levou a ciecircncia moderna a busca de
alternativas que aumentassem a resistecircncia mecacircnica do accedilo sem alterar
as outras propriedades desejaacuteveis
e) Tungstecircnio (W) ndash Forma carbonetos muito duros tendo como
consequumlecircncia influecircncia nas propriedades com aumento da dureza
aumento da resistecircncia agrave traccedilatildeo resistecircncia agrave corrosatildeo e a erosatildeo
f) Vanaacutedio (V) ndash Eleva a temperatura de crescimento do gratildeo da austenita
promovendo o refino do gratildeo Eacute excelente desoxidante A adiccedilatildeo de
Resultados e Discussatildeo 101
Gustavo Portela de Deus
vanaacutedio confere aos accedilos uma insensibilidade ao super-aquecimento
melhorando suas caracteriacutesticas de forjamento e usinagem O emprego de
teores elevados de vanaacutedio deve ser acompanhado por um aumento do
teor de carbono devido agrave formaccedilatildeo de carbonetos
g) Siliacutecio (Si) ndash Auxilia na desoxidaccedilatildeo auxilia na grafitizaccedilatildeo aumenta a
fluidez como influecircncia na estrutura Aumenta a resistecircncia agrave oxidaccedilatildeo
com temperaturas elevadas melhoria da temperabilidade e da resistecircncia
a traccedilatildeo influenciando nas propriedades
h) Boro (B) ndash Os accedilos ao boro compreedem uma famiacutelia com propriedades
especiais devendo ser tratados como uma classe agrave parte O boro quando
adicionado em pequenas quantidades melhora a temperabilidade do accedilo
diminui a tendecircncia a triancas de tecircmpera distorccedilotildees durante o
tratamento teacutermico e melhora as propriedades de conformaccedilatildeo mecacircnica
Os accedilos ao boro natildeo satildeo empregados soacute onde se exijam especificaccedilotildees
severas de temperabilidade mas tambeacutem onde se necessite de
caracteriacutesticas uniformes de tratamento teacutermico de usinabilidade
soldagem e conformaccedilatildeo O percentual de boro adicionado aos accedilos pode
variar desde 00005 quando se deseja obter efeitos de temperabilidade
a ateacute 00015 quando se obtecircm a melhor combinaccedilatildeo de resistecircncia e
tenacidade nos accedilos
i) Niacutequel (Ni) ndash Refina o gratildeo diminui a velocidade de transformaccedilatildeo na
estrutura do accedilo Influecia nas propriedades com o aumento da
resistecircncia a traccedilatildeo e com a alta ductilidade
Resultados e Discussatildeo 102
Gustavo Portela de Deus
Figura 49 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X
Resultados e Discussatildeo 103
Gustavo Portela de Deus
Figura 410 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do
tipo M7C3 Ataque colorido 500X
Os corpos de prova estudados e que foram revestidos pelo processo de soldagem de
revestimento foram incluiacutedos no diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C apresentado na Figura
411 Observou-se que todas as amostras estatildeo enquadradas na regiatildeo hipereuteacutetica
Resultados e Discussatildeo 104
Gustavo Portela de Deus
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C
As amostras das Figuras 49 e 410 apresentam uma microestrutura com euteacutetico e
perfis alongados de tonalidade clara representando os carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 e ainda pontos claros representativos dos elementos constituintes da liga de
composiccedilatildeo do eletrodo bem como os carbonetos de cromo que natildeo se desenvolveram
Os perfis representativos dos carbonetos de complexos de cromo M7C3 de forma
alongada conferem ao revestimento uma dureza elevada que favorece a uma maior
resistecircncia ao desgaste abrasivo poreacutem da mesma forma que elevam esta resistecircncia ao
desgaste favorece tambeacutem o aparecimento de trincas que podem acelerar o processo
abrasivo em funccedilatildeo de permitir a penetraccedilatildeo do gratildeo abrasivo entre as frestas dessas
trincas
Resultados e Discussatildeo 105
Gustavo Portela de Deus
463 Resultados
Apresentar uma anaacutelise comparativa de rendimento entre as ferramentas de
penetraccedilatildeo no solo para equipamentos rodoviaacuterios encontrados no mercado consumidor e
destas mesmas ferramentas revestidas superficialmente pelos processos de endurecimento
superficial por soldagem com a utilizaccedilatildeo de eletrodos revestidos e pela teacutecnica de
revestimento LVOF
Nas anaacutelises econocircmicas efetuadas se constatou que o custo para se revestir as
unhas das caccedilambas da paacute carregadeira utilizando como base a peccedila original isto eacute antes
da mesma ser colocada em operaccedilatildeo eacute compatiacutevel com o custo benefiacutecio de se substituir a
mesma unha apoacutes o seu desgaste natural Baseado no preposto e considerando o tempo
desperdiccedilado para a substituiccedilatildeo do elemento consideramos economicamente viaacutevel se
revestir unhas de caccedilamba na condiccedilatildeo nova adquirida no mercado
Capiacutetulo 5
Conclusotildees e Sugestotildees
Conclusotildees 107
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5 ndash Conclusotildees
ndash Os materiais revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica apresentaram uma
superfiacutecie mais uniforme e de melhor aparecircncia
ndash Como determinadas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios natildeo requerem uma usinagem posterior para acabamento como retificaccedilatildeo os
processos por aspersatildeo em determinadas situaccedilotildees satildeo industrialmente mais eficientes
que os processos por soldagem
ndash A perda de volume constatada nos dois processos envolvidos na anaacutelise no
quesito correspondente agrave resistecircncia ao desgaste por aspersatildeo e por soldagem natildeo se
tornou fator determinante na opccedilatildeo de escolha do processo mais eficiente em funccedilatildeo do
procedimento utilizado no ensaio de desgaste por abrasatildeo
- As amostras revestidas pelo processo de soldagem com eletrodo revestido
apresentaram trincas em diversos pontos da estrutura em funccedilatildeo do aparecimento dos
elementos de segunda fase
ndash Ainda natildeo se recomenda revestir ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de
equipamentos rodoviaacuterios que estatildeo sujeitos a grandes impactos pelo processo de aspersatildeo
teacutermica em funccedilatildeo dos revestimentos por aspersatildeo natildeo resistirem ao impacto que tambeacutem
vem a ser uma caracteriacutestica dos dentes de caccedilamba de paacutes carregadeiras que sofrem
desgaste por goivagem
Referecircncias
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Gustavo Portela de Deus
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Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo
ABSTRACT
The main objective is to analyze the abrasive wear resistance to the low stress of the
elements that make up the organs of road machinery that are exposed directly to contact with
abrasives These samples were analyzed after these elements are coated superficially by the
process of welding electrode coated with (SAER) and the manual process of coating type
LVOF thermal spraying As well is to provide suggestions for a better recovery and return of
these elements which are reducing costs and avoiding downtime in the fronts of service The
samples were made from a substrate of carbon ABNT 1045 tempered steel following the
same specifications and composition of metals and alloys of constituents was followed the
standard governing the dimensions of these samples and in accordance with the corresponding
size The results were evaluated by testing the hardness abrasion resistance to wear by the low
stress and the loss of volume involving the microstructure of coatings analyzed
Keywords Wear abrasive welding hardfacing and thermal spraying
SUMAacuteRIO
1 ndash Introduccedilatildeo 14
2 ndash Revisatildeo Bibliograacutefica 19
21 ndash Tipos de Desgaste21
22 ndash Desgaste por Abrasatildeo21
23 ndash Tipos de Processos Abrasivos22
24 ndash Tipos de Abrasatildeo24
241 ndash Goivagem24
242 ndash Abrasatildeo por Alta Pressatildeo25
243 ndash Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Pressatildeo26
2431 ndash Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo27
2432 ndash Consideraccedilotildees Sobre os Abrasivos29
2433 ndash Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo29
24331 ndash Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo31
25 ndash Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste Abrasivo32
251 ndash Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo34
252 ndash Carga Aplicada35
253 ndash Influecircncia da Dureza38
254 ndash Influecircncia da Temperatura39
26 ndash Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste40
27 ndash Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste44
28 ndash Revestimentos Superficiais45
281 ndash Aspersatildeo Teacutermica46
2811 ndash Processos50
28111 ndash Processos por Combustatildeo50
281111 ndash Arames e Varetas51
281112 ndash Poacute51
28112 ndash Detonaccedilatildeo54
28113 ndash Processos Eleacutetricos55
281131 ndash Arco Eleacutetrico55
281132 ndash Arco Plasma Natildeo-Transferido56
281133 ndash Arco Plasma Transferido58
2812 ndash Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie58
2813 ndash Limpeza e Manuseio59
28131 ndash Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes59
2814 ndash Criaccedilatildeo de Rugosidade60
282 ndash Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste60
2821 ndash Recobrimento Duro61
2822 ndash Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro61
2823 ndash Seleccedilatildeo do Material para o Recobrimento Duro64
2824 ndash Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento64
29 ndash Tipos de Revestimento65
291 ndash Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro65
292 ndash Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies66
3 ndash Materiais e Meacutetodos69
31 ndash Fluxograma de Desenvolvimento Experimental69
32 ndash Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no solo de Equipamentos
Rodoviaacuterios70
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos72
3211 ndash Revestimento Duro por Processo de Soldagem72
3212 ndash Revestimento Superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF74
3213 ndash HVOF (High Velocity Oxigen Fuel) helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip74
3214 ndash LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray-Poacute helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip76
3215 ndash LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray-Arame helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip76
322 ndash Materiais77
3221 ndash Material de Referecircncia77
3222 ndash Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo77
3223 ndash Consumiacuteveis Utilizados78
3224 ndash Areia79
323 ndash Equipamentos79
3231 ndash Equipamento de Soldagem79
3232 ndash Sistema de Peneiramento da Areia79
3233 ndash Abrasocircmetro80
3234 ndash Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos de Prova82
3235 ndash Durocircmetro82
3236 ndash Microscopia Oacutetica83
33 ndash Sequumlecircncia Experimental83
34 ndash Meacutetodos84
341 ndash Planejamento Experimental84
3411 ndash Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo agrave Baixa Tensatildeo ASTM G65-9184
3412 ndash Microscopia Oacutetica85
3413 ndash Ensaio de Dureza85
4 ndash Resultados e Discussotildees 87
41 ndash Introduccedilatildeo87
411 ndash Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho87
42 ndash Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM G65-91
Procedimento A89
43 ndash Resistecircncia ao Desgaste90
44 ndash Dureza93
45 ndash Microdureza 95
46 ndash Anaacutelise Microestrutural96
461 ndash Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente96
462 ndash Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem 98
463 ndash Resultados 103
5 ndash Conclusotildees105
Referecircncias 107
LISTA DE FIGURAS
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e dentes desgastados 20
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e cantos desgastados 20
Figura 23 ndash Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste 22
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos23
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos24
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste35
Figura 27 ndash Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo37
Figura 28 ndash Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste39
Figura 29 ndash Efeito da temperatura no desgaste abrasivo40
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato46
Figura 211 ndash Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido48
Figura 212 ndash Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas49
Figura 213 ndash Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo50
Figura 214 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama50
Figura 215 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama53
Figura 216 ndash Esquemaacutetica de tocha de detonaccedilatildeo55
Figura 217 ndash Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico56
Figura 218 ndash Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma57
Figura 31 ndash Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira70
Figura 32 ndash Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira71
Figura 33 ndash Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo80
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha81
Figura 35 ndash Durocircmetro83
Figura 41 ndash Imagens de corpos de prova desgastados no ensaio de abrasatildeo91
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos de prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo93
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados94
Figura 44 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M95
Figura 45 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P95
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 50X96
Figura 47 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 100X97
Figura 48 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente possam ser os
carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X97
Figura 49 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X100
Figura 410 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 500X101
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C102
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica49
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor51
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro66
Tabela 24 ndash Guia para seleccedilatildeo de ligas para recobrimento duro71
Tabela 25 ndash Vantagens e desvantagens dos processos para revestimentos de superfiacutecies75
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com o
accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro94
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste95
Tabela 43 ndash Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo97
LISTA DE ABREVIATURAS E SIacuteMBOLOS
Capiacutetulo 1
Introduccedilatildeo
Introduccedilatildeo 14
Gustavo Portela de Deus
1 ndash INTRODUCcedilAtildeO
O elevado desgaste de material dos elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios eacute provocado essencialmente pelo tipo de terreno mineral presente resistecircncia
litoloacutegica e em funccedilatildeo das intempeacuteries do tempo principalmente da umidade e da
temperatura
O rendimento apresentado por esses elementos e a vida uacutetil oferecida estatildeo
relacionados agrave composiccedilatildeo da liga constituinte do material dos processos de tratamento
teacutermico a que foram submetidos como tambeacutem de operaccedilotildees efetuadas devida ou
indevidamente pelo operador do equipamento rodoviaacuterio
Os elementos fundidos laminados e forjados que compotildeem o conjunto de
componentes de penetraccedilatildeo no solo sofrem de forma direta a influecircncia do desgaste abrasivo
Desgaste este que participa em determinadas situaccedilotildees com ateacute 85 (oitenta e cinco por
cento) do custo de manutenccedilatildeo dos equipamentos rodoviaacuterios na forma rotineira (BATISTA
NASCIMENTO et al 1999) Estes elementos em funccedilatildeo de serem solicitados de forma
intensa ou intermitente satildeo consumidos ao longo do tempo Fazendo agraves vezes paradas
bruscas e inesperadas nas frentes de trabalho ocasionando portanto elevaccedilatildeo nos custos de
produccedilatildeo
O desgaste em componentes vitais de maacutequinas e equipamentos rodoviaacuterios ocorre de
vaacuterias formas diferentes como por deslizamento por rolamento por abrasatildeo por erosatildeo por
impacto por corrosatildeo e por choque teacutermico Jaacute se tratando de elementos de penetraccedilatildeo no
solo a perda de massa desses elementos eacute provocada quase que exclusivamente pelo desgaste
abrasivo a baixa tensatildeo que eacute provocado pelo proacuteprio material ou carga a que o equipamento
Introduccedilatildeo 15
Gustavo Portela de Deus
seraacute solicitado pelo contato com esse material e pelo movimento relativo entre as partes
envolvidas no sistema Uma maneira de identificaccedilatildeo do desgaste abrasivo agrave baixa tensatildeo eacute
pela observaccedilatildeo da superfiacutecie a ser analisada se a mesma apresenta corte riscamento ou
penetraccedilatildeo de material (GREGOLIN1990)
Com o intuito de elevar a vida uacutetil das ferramentas de penetraccedilatildeo e corte nos solos e
substratos rochosos as grandes empresas fabricantes e montadoras de equipamentos
rodoviaacuterios ou de terraplenagem vecircm aprimorando e desenvolvendo bem como exigindo de
seus fornecedores ferramentas com caracteriacutesticas fiacutesicas e mecacircnicas mais resistentes ao
desgaste abrasivo e ainda desenvolvendo peccedilas e ferramentas de faacutecil substituiccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo e jaacute projetadas para receber recobrimentos de manutenccedilatildeo tais como
Bordas soldaacuteveis de meia seta ndash que tecircm como finalidade
proteger a estrutura da caccedilamba por meio do acreacutescimo de material de desgaste
agrave borda da base
Reforccedilos de canto soldaacuteveis ndash utilizados para proteger o canto
externo inferior de todos os tipos de caccedilambas
Bloco de desgaste de ldquoFerro Brancordquo ndash uma liga de alto teor de
cromo denominada ldquoFerro Brancordquo eacute caldeada a uma chapa de reforccedilo de accedilo
doce que por sua vez pode ser soldada (solda tampatildeo) com um eletrodo de
vareta a uma caccedilamba armaccedilatildeo de lacircmina ou a qualquer parte onde instalaccedilatildeo
raacutepida de baixo custo e proteccedilatildeo contra abrasatildeo satildeo requeridos
Outras soluccedilotildees desenvolvidas e aplicadas como alternativa agrave proteccedilatildeo contra o
desgaste satildeo
Introduccedilatildeo 16
Gustavo Portela de Deus
Sistema de chapa de desgaste fixada mecanicamente em que
fornece um meio faacutecil de instalaccedilatildeo e remoccedilatildeo evitando assim longas
paradas para manutenccedilatildeo
Barras de desgaste para lacircminas
As barras de desgaste fornecem proteccedilatildeo adicional para a lacircmina em aplicaccedilotildees
altamente abrasivas onde se constata uma vida uacutetil mais curta do revestimento As barras de
desgaste de lacircminas satildeo projetadas para serem soldadas sobre o revestimento normal
(superfiacutecie de desgaste) da lacircmina
Considerando-se ainda que por meio dos processos de fabricaccedilatildeo convencionais e na
composiccedilatildeo de ligas praticamente jaacute foi esgotada a possibilidade de desenvolvimento de
materiais mais resistentes ao desgaste abrasivo a soluccedilatildeo que se busca atualmente eacute o
desenvolvimento de teacutecnicas de endurecimento ou revestimento superficial que tornem esses
elementos mais resistentes ao desgaste abrasivo tais como soldagem cladding
eletrodeposiccedilatildeo Deposiccedilatildeo Fiacutesica de Vapor ndash DFV (PVD) ( BARREIRA LIMA et al 2001)
Deposiccedilatildeo Quiacutemica de Vapor ndash DQV (CVD) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem
se desenvolvido ultimamente ( LIMA SOUZA et al 2001)
A busca de informaccedilotildees contidas neste estudo visa avaliar e pesquisar por meio de
anaacutelise de diferentes ensaios tecnoloacutegicos o melhoramento dos materiais quanto a sua
resistecircncia ao desgaste abrasivo quando os mesmos estatildeo em contato direto com o solo com a
finalidade de obter materiais mais resistentes ao ataque destes elementos abrasivos aleacutem de
contribuir com o desenvolvimento de produtos de qualidade superior agraves dos produtos
oferecidos atualmente pelo mercado
Foi analisada a viabilidade econocircmica com a introduccedilatildeo de novas teacutecnicas de
revestimento como LVOF e revestimento por soldagem Tambeacutem foram utilizados como
Introduccedilatildeo 17
Gustavo Portela de Deus
elementos de estudo dentes de caccedilambas suportes elos segmentados de esteiras e unhas de
80escarificadores de maacutequinas rodoviaacuterias
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo que foram utilizados como referecircncia na inspeccedilatildeo
e estudo durante o desenvolvimento deste projeto satildeo utilizados de forma intensa e ou
intermitente em maacutequinas rodoviaacuterias do tipo moto- niveladoras tratores de esteiras tratores
escavo-carregadores de pneus retroescavadeiras e escavadeiras hidraacuteulicas de esteiras
Capiacutetulo 2
Revisatildeo Bibliograacutefica
Revisatildeo Bibliograacutefica 19
Gustavo Portela de Deus
2 - Revisatildeo Bibliograacutefica
Tribologia eacute definida como a ciecircncia e tecnologia da interaccedilatildeo entre superfiacutecies em
movimento relativo e das praacuteticas relacionadas A palavra eacute derivada das palavras gregas
TRIBOS que significa atrito e LOGOS que significa estudo de forma que uma traduccedilatildeo
literal significa estudo do atrito ou a ciecircncia que estuda o atrito (STOETERAU 2001)
A tribologia envolve a investigaccedilatildeo cientiacutefica de todos os tipos de fricccedilatildeo
lubrificaccedilatildeo e desgaste e tambeacutem as aplicaccedilotildees teacutecnicas do conhecimento triboloacutegico
(STOETERAU2001) Especificamente em estudo o desgaste eacute a perda progressiva de
mateacuteria da superfiacutecie de um corpo soacutelido devido ao contato e movimento relativo com um
outro corpo soacutelido liacutequido ou gasoso (STOETERAU PASCOALI 2001)
O desgaste de componentes e equipamentos industriais rodoviaacuterios e de outros
tipos de atividades produtivas representa um grande fator de depreciaccedilatildeo de capital de
equipamento e fonte de despesas com manutenccedilatildeo e reposiccedilatildeo de componentes mecacircnicos
As Figuras de 21 a 24 mostram componentes de estruturas de maacutequinas de terraplenagem
desgastadas pelos efeitos da abrasatildeo no processo triboloacutegico
Sobre os custos de produccedilatildeo estes se tornam mais elevados em decorrecircncia da
reposiccedilatildeo das peccedilas desgastadas ou deterioradas e da matildeo-de-obra para substituiccedilatildeo aleacutem
do tempo parado dos equipamentos que deixam de produzir Muitas vezes exige ainda o
superdimensionamento de componentes influindo ou limitando na produccedilatildeo dos
equipamentos ou ainda provocando a paralisaccedilatildeo destes Estes fatores influem
significativamente na elevaccedilatildeo dos custos e no rendimento de produccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 20
Gustavo Portela de Deus
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircmina e dentes desgastados
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircminas e cantos desgastados
ldquoDe acordo com Hawk et al (1999) o desgaste eacute um dos maiores problemas que
aparecem em escavaccedilotildees nas movimentaccedilotildees de terras mineraccedilotildees e processamentos de
minerais nas induacutestrias ocorrendo em uma grande variedade de equipamentos como nas
lacircminas de remover terra dos tratores que fazem por exemplo a terraplenagem em
britadeiras dentes escavadores lacircminas de escoamento etc O desgaste de peccedilas os custos
com o reparo e com a substituiccedilatildeo destas peccedilas significam elevadiacutessimos gastos para as
empresasrdquo
Revisatildeo Bibliograacutefica 21
Gustavo Portela de Deus
21 Tipos de Desgaste
Os principais tipos de desgaste observados nos componentes mecacircnicos satildeo por
(GREGOLIN RIBEIRO et al 1990)
Abrasatildeo ndash ocasionado por partiacuteculas abrasivas (duras) sob tensatildeo
deslocando-se sobre a superfiacutecie
Erosatildeo ndash devido ao choque contra a superfiacutecie de partiacuteculas soacutelidas ou gotas
liacutequidas presentes em correntes de fluidos
Cavitaccedilatildeo ndash associado agrave formaccedilatildeo e implosatildeo de bolhas gasosas em
correntes de fluidos na interface liacutequidondashmetal devido agrave variaccedilatildeo suacutebita de pressatildeo
ao longo do percurso
Adesatildeo ou fricccedilatildeo ndash resultante da fabricaccedilatildeo metalndashmetal quando
superfiacutecies aacutesperas deslizam entre si
Corrosatildeo ndash quando envolve a ocorrecircncia de reaccedilotildees quiacutemicas superficiais no
material aleacutem das accedilotildees mecacircnicas de desgaste
Impacto ndash ocasionado por choques ou cargas aplicadas verticalmente sobre a
superfiacutecie
22 Desgaste por Abrasatildeo
Desgaste por abrasatildeo ou desgaste abrasivo eacute a retirada de material causada pela
presenccedila de partiacuteculas duras As partiacuteculas duras podem estar aprisionadas na interface
entre as duas superfiacutecies em movimento relativo ou serem as protuberacircncias que fazem
parte da rugosidade de uma das superfiacutecies Acompanhada de forte pressatildeo ocasionada por
deslocamento ou por amassamento a retirada do metal Tais abrasivos podem ser
Revisatildeo Bibliograacutefica 22
Gustavo Portela de Deus
representados por vegetais ou minerais (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
A Figura 25 apresenta os percentuais de contribuiccedilatildeo do desgaste abrasivo em
relaccedilatildeo aos demais tipos de desgastes Neste pode-se observar que o desgaste abrasivo eacute o
de maior representatividade nas estruturas mecacircnicas de maacutequinas e equipamentos
chegando a contribuir de forma geneacuterica com 50 em relaccedilatildeo aos demais desgastes
revelando a importacircncia de tal desgaste
Figura 23 - Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste
23 Tipos de Processos Abrasivos
Abrasatildeo a dois corpos
De acordo com Souza (2002) quando uma ou mais partiacuteculas de elevada dureza
satildeo atritadas contra uma superfiacutecie sulcando-a ou escavando-a devido agrave forccedila normal
aplicada tem-se o desgaste abrasivo de dois corpos
importacircncia do desgaste abrasivo
diversos
14
quiacutemico
5
fretting
8
erosatildeo
8
adesivo
15
abrasivo
50
Revisatildeo Bibliograacutefica 23
Gustavo Portela de Deus
Abrasatildeo a trecircs corpos
Quando estas partiacuteculas satildeo aprisionadas entre duas superfiacutecies que deslizam entre
si pode ocorrer o chamado desgaste abrasivo de trecircs corpos As Figuras 26 e 27 mostram
as representaccedilotildees de formas de desgaste abrasivo a dois corpos e a trecircs corpos
respectivamente
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos
Revisatildeo Bibliograacutefica 24
Gustavo Portela de Deus
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos
Em relaccedilatildeo ao desgaste abrasivo eacute interessante ressaltar que embora a partiacutecula
abrasiva seja mais dura que a superfiacutecie a ser desgastada esta natildeo eacute uma condiccedilatildeo para se
classificar o desgaste como abrasivo (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr)
24 Tipos de Abrasatildeo
241 Goivagem
Eacute o desgaste provocado por partiacuteculas grandes e grosseiras principalmente dotadas
de regiotildees pontiagudas cortantes com dureza maior do que a parte metaacutelica que estaacute sendo
desgastada Pode acontecer quando haacute um contato entre as partes com pressotildees mais ou
menos violentas e repetitivas
Revisatildeo Bibliograacutefica 25
Gustavo Portela de Deus
Um exemplo tiacutepico de abrasatildeo por goivagem eacute representado em dentes de caccedilambas
de maacutequinas que operam em serviccedilos de terraplenagem onde ocorre deslocamento de
cargas como pedra e areia Esses materiais abrasivos em geral de grandes dimensotildees e
dotados de regiotildees pontiagudas sob condiccedilotildees de altas tensotildees e envolvendo impacto satildeo
fatores que propiciam a penetraccedilatildeo mais profunda do abrasivo na superfiacutecie provocando
desgastes com a formaccedilatildeo de sulcos profundos Os accedilos austeniacuteticos ao manganecircs satildeo em
geral as ligas preferidas para combater este tipo de desgaste (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
242 Abrasatildeo por Alta Pressatildeo
Eacute o desgaste que ocorre entre partiacuteculas abrasivas e o metal ocasionando o
esmagamento do abrasivo ou natildeo A prensagem da partiacutecula contra o metal pode ser
exercida por pressotildees fortes ou meacutedias que provocam a formaccedilatildeo de superfiacutecies de
pequenos fragmentos
As partiacuteculas abrasivas podem ser classificadas quanto agraves suas dimensotildees e satildeo
consideradas meacutedias quando inferiores a 5 cm ou pequenas quando menores do que 1cm
As partiacuteculas meacutedias podem exercer a accedilatildeo abrasiva superficial arrancando fragmentos do
metal enquanto as partiacuteculas pequenas por sua vez provocam o desgaste
A constituiccedilatildeo do metal influi na forma ou resposta do desgaste provocado Se for
duacutectil teraacute uma abrasatildeo que tira cavacos se eacute fraacutegil ou se torne fraacutegil haveraacute um
deslocamento superficial de pequenos fragmentos Eacute normal que ocasionalmente poderatildeo
ocorrer as duas modalidades ao mesmo tempo Exemplos das partes sujeitas ao desgaste
por abrasatildeo satildeo caccedilambas de escavaccedilatildeo ou carga lacircminas de motoniveladoras e arados
raspadores
Revisatildeo Bibliograacutefica 26
Gustavo Portela de Deus
Eacute o tipo de desgaste onde o material abrasivo eacute fragmentado durante o contato
abrasivo com a superfiacutecie desgastada As tensotildees envolvidas satildeo portanto superiores agrave
tensatildeo de fragmentaccedilatildeo do abrasivo promovendo ainda maior penetraccedilatildeo do abrasivo na
superfiacutecie maior deformaccedilatildeo plaacutestica das fases duacutecteis e fratura das fases fraacutegeis presentes
no material Tipicamente esta forma de abrasatildeo ocorre em equipamentos de moagem de
mineacuterios que envolvem partiacuteculas de pequeno tamanho em mancais contaminados com
areia etc Para prevenir este tipo de abrasatildeo normalmente empregam-se materiais do tipo
ferros fundidos ou accedilo ndash ligas que possuem maior tenacidade (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
243 - Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Tensatildeo
Tipo de abrasatildeo na qual a superfiacutecie penetrante eacute riscada pelo material abrasivo em
decorrecircncia de sua dureza e resistecircncia oferecida e do proacuteprio stress do metal constituinte
dos componentes dos equipamentos em decorrecircncia de seu uso que ao penetrar na
superfiacutecie promove a remoccedilatildeo de material As tensotildees impostas sobre as partiacuteculas
abrasivas satildeo inferiores agrave tensatildeo necessaacuteria para a fragmentaccedilatildeo destas principalmente
tratando-se de aacutereas de domiacutenio do embasamento cristalino ou com predominacircncia de
rochas iacutegneas eou metamoacuterficas que no Nordeste apresentam pouco desenvolvimento do
solo
Tais condiccedilotildees imprimem nas ferramentas de penetraccedilatildeo esforccedilos mais abrasivos
em decorrecircncia de essas rochas se apresentarem pouco alteradas e com elevado grau de
resistecircncia em relaccedilatildeo a outros tipos de solo encontrados em outros ambientes geoloacutegicos
Tal como a abrasatildeo agrave baixa pressatildeo que ocorre na superfiacutecie dos componentes de
equipamentos que direta ou indiretamente manuseiam terras areias cascalhos piccedilarras
rochas ou mineacuterios tais como maacutequinas agriacutecolas equipamentos de escavaccedilatildeo e transporte
Revisatildeo Bibliograacutefica 27
Gustavo Portela de Deus
utilizados na induacutestria da construccedilatildeo civil principalmente das atividades ligadas agrave
construccedilatildeo recuperaccedilatildeo e pavimentaccedilatildeo de estradas e dos setores de mineraccedilatildeo
sideruacutergicas etc Com a finalidade de prevenir a ocorrecircncia destes tipos de desgastes
empregam-se normalmente ferros fundidos com alto teor de carbono (martensiacuteticos ou
austeniacuteticos) agraves vezes contendo outros elementos de liga aleacutem de ligas de cobalto ndash
tungstecircnio ndash carbono
2431 - Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo
Normalmente eacute sabido que partiacuteculas de grande tamanho provocam desgaste por
abrasatildeo acompanhado de impacto isto leva a ter-se um desgaste acentuado que na
verdade foi muito mais por impacto que por abrasatildeo
Partiacuteculas meacutedias dependendo da dureza e do formato satildeo menos agressivas
poreacutem partiacuteculas finas satildeo mais abrasivas ocasionando abrasatildeo muito incidente Como
exemplo pode-se citar o cimento talco xistos e outros que satildeo compostos de partiacuteculas
finas e altamente abrasivas Eacute claro que a dureza destas partiacuteculas tambeacutem eacute significativa
A forma dos materiais abrasivos varia desde arredondados ateacute acircngulos vivos
Os minerais mais duros possuem formaccedilotildees agudas enquanto que em
contraposiccedilatildeo os mais duacutecteis apresentam formaccedilotildees arredondadas Quanto mais agudas
forem as arestas maior seraacute a accedilatildeo abrasiva No caso de impactos ou pressotildees fortes as
formas agudas podem penetrar no metal provocando um desgaste por ldquogoivagemrdquo ou
fratura da peccedila A dureza de uma liga metaacutelica eacute de grande importacircncia na resistecircncia
oposta a uma accedilatildeo abrasiva As maiores durezas correspondem a resistecircncias maiores
Os abrasivos menos duros teratildeo accedilatildeo menos violenta Com referecircncia agraves ligas
metaacutelicas satildeo encontradas com facilidade tabelas de dureza das vaacuterias alternativas e
Revisatildeo Bibliograacutefica 28
Gustavo Portela de Deus
tambeacutem as diversas escalas de durezas com referecircncia aos abrasivos quando eacute possiacutevel
conjugar proteccedilotildees atraveacutes de adiccedilotildees de peliacuteculas metaacutelicas com finalidade de melhor
proteger a peccedila em accedilatildeo de trabalho
Quando eacute possiacutevel unir uma maior dureza com uma granulaccedilatildeo adequada seratildeo
atingidos os mais elevados iacutendices de resistecircncia agrave abrasatildeo Para proteger as peccedilas dos
equipamentos contra a abrasatildeo eacute importante preparar a superfiacutecie do metal procurando
deixaacute-la a mais lisa possiacutevel sem protuberacircncias ou rugosidades pois a abrasatildeo eacute iniciada
preferencialmente nestas regiotildees Ligas constituiacutedas de alto teor de carbeto de tungstecircnio e
de cromo aleacutem da elevada dureza apresentam depoacutesitos lisos e brilhantes compatiacuteveis
com estas caracteriacutesticas mencionadas Eacute natural que quanto maior a velocidade e a
frequumlecircncia do contato da partiacutecula com o metal maior seraacute a accedilatildeo abrasiva e
consequumlentemente o desgaste das peccedilas Os tamanhos dos gratildeos tambeacutem satildeo importantes
pois quanto menor forem mais a superfiacutecie seraacute desgastada (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
Baseado nas consideraccedilotildees acima os principais fatores que afetam o desgaste por
abrasatildeo satildeo as caracteriacutesticas dos abrasivos associados aos fatores externos que atuam
sobre a superfiacutecie do componente Assim podem-se listar os seguintes fatores
a) Tamanho da partiacutecula (grossa fina ou meacutedia)
b) Formato da partiacutecula (angulares ou redondas)
c) Dureza da partiacutecula
d) Dureza do metal base
e) Acabamento do metal base
f) Velocidade e frequumlecircncia do contato entre a partiacutecula abrasiva e o metal base
g) Tamanho de gratildeo da estrutura do metal base
Revisatildeo Bibliograacutefica 29
Gustavo Portela de Deus
h) Acircngulo de incidecircncia da partiacutecula do metal base
i) Stress do metal constituinte das peccedilas de equipamentos pelo uso
2432 - Consideraccedilotildees sobre os Abrasivos
As rochas satildeo constituiacutedas por um agregado de minerais cujos constituintes mais
comuns satildeo os minerais de quartzo feldspato mica e outros ricos em silicatos de alumiacutenio
e magneacutesio muitos dos quais de elevada dureza Ex granitos areia basalto folhelhos
xistos filitos gnaises etc
Os carbonatos satildeo os principais constituintes dos calcaacuterios e margas e
normalmente compotildeem parte dos pacotes sedimentares das formaccedilotildees geoloacutegicas das
bacias sedimentares e satildeo considerados produtos macios Entretanto comumente estes
pacotes encontram-se alternados com outros de arenitos siltitos e folhelhos
Os mineacuterios satildeo compostos de oacutexidos carbonetos e sulfetos Os oacutexidos satildeo
geralmente duros (bauxita hematita) enquanto que os sulfetos satildeo geralmente macios
(galena ou sulfetos de chumbo) As rochas combustiacuteveis (hulha turfa) e os fosfatos contecircm
proporccedilotildees mais ou menos elevadas de siacutelica e alumina
Para amenizar os gastos com o desgaste abrasivo partiu-se para o desenvolvimento
de materiais com maiores resistecircncias ao desgaste Assim vaacuterias pesquisas nesta aacuterea
triboloacutegica comeccedilaram a ser desenvolvidas em cima dos diversos tipos de materiais
existentes (FUSSEacute et al)
2433 Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ser classificado como de dois ou trecircs corpos Na abrasatildeo
de dois corpos as partiacuteculas abrasivas satildeo movidas livremente sobre a superfiacutecie do
Revisatildeo Bibliograacutefica 30
Gustavo Portela de Deus
material como areia em uma calha No desgaste abrasivo de trecircs corpos as partiacuteculas
abrasivas agem como elementos de interface entre o corpo soacutelido e o contra-corpo O
desgaste quando envolve trecircs corpos eacute cerca de duas a trecircs vezes menor do que quando
envolve dois corpos Pois no caso de trecircs corpos devido agrave variaccedilatildeo no acircngulo de ataque
apenas uma pequena porccedilatildeo das partiacuteculas causa desgaste (GAHR 1987)
De acordo com Briscoe amp Adams (1987) o crucial para todos os mecanismos de
desgaste abrasivo ou outros eacute conhecer o caminho ou seja a direccedilatildeo na qual o material se
deforma sob a aspereza penetrante ou a partiacutecula dura que entra em contato com o material
Com o intuito de predizer se uma deformaccedilatildeo eacute elaacutestica ou plaacutestica Fusse et al
apud Halliday (1995) apud Briscoe amp Adams (1995) mostrou que o maacuteximo acircngulo de
uma aspereza a qual se torna plaacutestica eacute dado por
tan θlim = K(HE)(1-ν2)
Onde
ldquoHrdquo eacute o entalherecorte da dureza
ldquoErdquo eacute o moacutedulo de Young
ldquoνrdquo eacute o coeficiente de Poisson
K=08 para a plasticidade parcial ou 2 para a plasticidade cheiainteira
Revisatildeo Bibliograacutefica 31
Gustavo Portela de Deus
24331 Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ocorrer em baixo ou alto niacutevel dependendo da razatildeo
entre a dureza da partiacutecula e da superfiacutecie O desgaste abrasivo estaacute relacionado a alguns
mecanismos dentre eles os principais satildeo
Microcorte ndash Deformaccedilatildeo plaacutestica sem perda de mateacuteria gerando um sulco
com consequumlente formaccedilatildeo de acuacutemulos frontais e laterais da mateacuteria
movimentada
Microssulcamento ndash Formaccedilatildeo de micro-cavacos sem deformaccedilatildeo plaacutestica
lateral
Microlascamento ndash Formaccedilatildeo de detritos devido agrave formaccedilatildeo e interaccedilatildeo de
fissuras Este tipo de mecanismo acontece quando as tensotildees impostas
superam as tensotildees criacuteticas para a formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas sendo
restrita aos materiais fraacutegeis
Satildeo diversas as nomenclaturas utilizadas para estes mecanismos de desgaste na literatura
podem ser encontradas denominaccedilotildees tais como microusinagem riscagem descamaccedilatildeo
microtrincamento microfadiga que satildeo tentativas de aproximar melhor o significado dos
mecanismos que estatildeo sendo observados nos experimentos (GAHR 1987)
Microssulcamento e microcorte satildeo mecanismos dominantes em materiais mais
duacutecteis A ocorrecircncia de um deles vai depender do acircngulo de ataque das partiacuteculas
abrasivas O microcorte ocorre a partir de um acircngulo de ataque criacutetico Este acircngulo de
ataque criacutetico eacute funccedilatildeo do material que estaacute sendo desgastado e das condiccedilotildees de teste A
transiccedilatildeo do mecanismo de microssulcamento para microcorte depende tambeacutem do
coeficiente de atrito Normalmente o mecanismo passa do microssulcamento para
Revisatildeo Bibliograacutefica 32
Gustavo Portela de Deus
microcorte com o aumento da dureza do material que estaacute sendo desgastado Aumentos
ainda maiores de dureza resultam na passagem de microcorte para microtrincamento
(GAHR 1987)
O microtrincamento pode ocorrer quando satildeo impostas grandes tensotildees sobre as
partiacuteculas abrasivas particularmente em superfiacutecies de materiais fraacutegeis Neste caso
grande quantidade de detrito eacute retirada da superfiacutecie devido agrave formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de
trinca
Partiacuteculas de menor ou igual dureza que a superfiacutecie tambeacutem podem desgastaacute-la O
ataque das partiacuteculas macias pode resultar em deformaccedilatildeo elaacutestica e plaacutestica fadiga de
superfiacutecie e a superfiacutecie ficar severamente danificada (GAHR 1987)
25 - Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste
Abrasivo
Segundo Mondal et al (1998) a taxa de desgaste abrasivo e os mecanismos de
desgaste podem ser influenciados por vaacuterios fatores como o tamanho do gratildeo abrasivo a
carga aplicada a dureza dos materiais utilizados e a tenacidade da fratura
Ainda de acordo com Souza (2002) uma grande variedade de paracircmetros influencia
os mecanismos de desgaste no geral sendo que os principais satildeo
Paracircmetros de Material
Composiccedilatildeo
Tamanho do gratildeo
Moacutedulo de elasticidade
Condutividade teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 33
Gustavo Portela de Deus
Dureza etc
Paracircmetros de Projetos
Forma
Carregamento
Tipo de movimento
Aspereza
Vibraccedilatildeo
Nuacutemero de ciclos etc
Paracircmetros de Meio Ambiente
Temperatura
Contaminaccedilatildeo
Umidade
Atmosfera etc
Paracircmetros de Lubrificaccedilatildeo
Tipo de lubrificante
Estabilidade de lubrificante
Tipo de fluido
Lubrificaccedilatildeo etc
Presenccedila ou Ausecircncia de Desgaste Interno
Segundo Catai et al de acordo com pesquisadores relatados nos trabalhos de
Mondal et al (1998) embora se diga que a taxa de desgaste depende do tamanho do gratildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 34
Gustavo Portela de Deus
abrasivo existe um valor criacutetico de tamanho de gratildeo abrasivo acima do qual a taxa de
desgaste se torna independente do tamanho do gratildeo Tambeacutem se ressalta que as diferenccedilas
nas durezas entre os dois corpos atritantes influenciam diretamente este tamanho criacutetico do
gratildeo abrasivo
251 - Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo
De acordo com Deuis (1996) o tamanho do gratildeo abrasivo tem uma influecircncia
direta nos mecanismos associados ao desgaste que pode ser caracterizado pela relaccedilatildeo wr
onde ldquowrdquo eacute a espessura da ranhura e ldquorrdquo o raio esfeacuterico do topo da partiacutecula (gratildeo)
Dependendo desta relaccedilatildeo a partiacutecula de gratildeo abrasivo iraacute deformar plasticamente ou
cortar a superfiacutecie Como as partiacuteculas desgastadas tornam-se cegas ou o tamanho da
partiacutecula diminui o mecanismo de desgaste exibe uma transiccedilatildeo do corte para o desgaste
de laminaccedilatildeo
Para ambos os tipos de desgaste abrasivo (dois ou trecircs corpos) um tamanho criacutetico
da partiacutecula abrasiva pode ser observado O desgaste volumeacutetrico aumenta com o aumento
do tamanho do gratildeo abrasivo para esta dimensatildeo criacutetica Nesta dimensatildeo criacutetica tem-se a
maacutexima accedilatildeo abrasiva em termos do tamanho do desgaste produzido
Sobre este valor criacutetico a taxa de desgaste eacute amplamente independente do tamanho
do gratildeo abrasivo A forte diferenccedila entre a dureza das partiacuteculas abrasivas e do material a
ser desgastado influencia esta dimensatildeo criacutetica do gratildeo (DEUIS et al 1996)
Para Deuis et al (1996) a extensatildeo da regiatildeo tensionada plasticamente abaixo da
superfiacutecie depende do tamanho do gratildeo abrasivo e da carga aplicada A profundidade
global da deformaccedilatildeo plaacutestica foi relatada linearmente para a aplicaccedilatildeo de carga e
dimensotildees de gratildeos
Revisatildeo Bibliograacutefica 35
Gustavo Portela de Deus
Salienta-se que no desgaste abrasivo de trecircs corpos a taxa de desgaste eacute menor que
no desgaste abrasivo de dois corpos Ainda segundo o tamanho do gratildeo Al Rubaie et al
(1999) afirmam que a eficiecircncia na remoccedilatildeo do material depende da carga de contato
elaacutestico a qual varia com o tamanho do gratildeo sendo que no caso dos materiais contendo
partiacuteculas reforccediladas a taxa de desgaste eacute influenciada pelo tamanho das partiacuteculas de
reforccedilo A Figura 28 demonstra o quanto o tamanho do gratildeo abrasivo eacute representativo no
desgaste
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste
252 - Carga Aplicada
A carga a ser aplicada sobre os corpos em atrito durante o processo de desgaste
abrasivo tambeacutem eacute um dos fatores que influenciam fortemente as taxas de desgaste no
material
Mondal et al (1998) propotildeem uma foacutermula para quantificar a importacircncia da carga
aplicada no corpo de prova em relaccedilatildeo ao tamanho do gratildeo abrasivo em um desgaste
abrasivo de dois corpos Suas foacutermulas permitem obter as taxas de desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 36
Gustavo Portela de Deus
teoacuterico nos processos de abrasatildeo Foram desenvolvidas foacutermulas por meio de regressotildees
lineares tanto para ligas como para materiais compostos
Segundo este mesmo autor o efeito da carga na taxa de desgaste obtida tanto para
os materiais compostos como para as ligas eacute bem mais severo que o efeito do tamanho dos
gratildeos abrasivos Sendo que em relaccedilatildeo aos materiais por estes testados (ligas e
compoacutesitos) o efeito da carga e do tamanho do abrasivo na taxa de desgaste eacute
relativamente maior no caso dos materiais compostos que nas ligas Poreacutem existem
algumas combinaccedilotildees de tamanhos de gratildeos com quantidade de cargas aplicadas que
podem fazer com que a taxa de desgaste abrasivo seja maior nas ligas que nos materiais
compostos
Ainda de acordo com Mondal et al (1998) a variaccedilatildeo da carga aplicada tem muito
mais influecircncia na taxa de desgaste do material que a variaccedilatildeo do tamanho do gratildeo do
abrasivo do disco A taxa de desgaste na liga eacute muito maior que a taxa de desgaste obtida
para os compostos pois os mesmos possuem maior dureza devido ao oacutexido de alumiacutenio
que foi adicionado na matriz inicial que era uma liga de alumiacutenio
Gant amp Gee (2001) tambeacutem realizaram estudos sobre a influecircncia da variaccedilatildeo da
carga aplicada sobre o corpo-de-prova num desgaste abrasivo de 3 corpos para corpos-de-
prova de ligas Cobalto-Carbeto de Tungstecircnio de elevada dureza e accedilos ultra-raacutepidos
Analisando-se comparativamente os resultados estes concluiacuteram que quanto maior era a
carga aplicada no processo ou seja a carga que foi aplicada forccedilando o corpo-de-prova
contra o disco maiores foram os desgastes volumeacutetricos dos corpos-de-prova Desta
forma ficou evidente que quanto maior for a carga aplicada no processo maiores seratildeo os
desgastes obtidos tanto para as peccedilas (corpos-de-prova) como para as ferramentas (discos
revestidos com carbeto de siliacutecio)
Revisatildeo Bibliograacutefica 37
Gustavo Portela de Deus
Em relaccedilatildeo ao efeito da variaccedilatildeo da carga eou do tamanho do gratildeo abrasivo eacute
importante destacar ainda que um aumento geral na taxa de desgaste eacute observado com o
aumento da carga para um tamanho particular de gratildeo isto eacute devido ao aumento geral da
remoccedilatildeo de material com a carga Quando a carga aplicada eacute menor gratildeos mais grosseiros
entram em contato diretamente com o corpo-de-prova resultando em elevados desgastes
Para gratildeos mais finos sob baixas cargas haacute somente um riscamento pois os menores
gratildeos abrasivos estatildeo em contato elaacutestico com a superfiacutecie de teste e entatildeo suportam a
carga aplicada sem contribuir para a remoccedilatildeo de material (DEGUPTA et al 2001)
Numa anaacutelise geral tem-se que abrasivos com menores gratildeos abrasivos resultam em
elevadas abrasotildees e maiores gratildeos abrasivos resultam em maiores microcortes No
ldquomicrocuttingrdquo maiores quantidades de materiais satildeo perdidas Em altas distacircncias
percorridas a taxa de desgaste aumenta devido ao aparecimento de microfraturas
(DEGUPTA et al 2001)
Figura 27 - Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 38
Gustavo Portela de Deus
253 - Influecircncia da Dureza
Deuis et al (1996) enfatizaram o papel das partiacuteculas da segunda fase provendo
aacutereas localizadas com altas tensotildees de concentraccedilatildeo que influenciaram o fluxo de tensatildeo e
a taxa de desgaste A maior resistecircncia ao desgaste foi obtida em microestruturas finas
com partiacuteculas semi-coerentes dispersas A influecircncia dos carbetos na resistecircncia ao
desgaste depende de sua dureza em relaccedilatildeo agrave dureza da matriz Para materiais
caracterizados de carbetos dispersos em uma matriz macia uma diminuiccedilatildeo no caminho
livre meacutedio pela reduccedilatildeo do tamanho do carbeto resulta em melhores resistecircncias ao
desgaste Uma reduccedilatildeo no tamanho do gratildeo aumenta a dureza e tambeacutem conduz ao
aumento da resistecircncia ao desgaste
Hutchings (1992) descobriu que a dureza do gratildeo abrasivo era 1 2 vez maior que a
da superfiacutecie desgastada Entatildeo o abrasivo meacutedio riscaria a superfiacutecie Deuis et al (1996)
tambeacutem comentaram que a dureza do material determina a profundidade da indentaccedilatildeo das
partiacuteculas abrasivas influenciando na profundidade relativa penetrada onde se esta for
maior que a profundidade de indentaccedilatildeo criacutetica para fratura a taxa de desgaste eacute alta A
Figura 210 mostra o quanto agrave dureza do material abrasivo eacute significativo na anaacutelise do
desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 39
Gustavo Portela de Deus
Figura 28 - Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste
Ainda em relaccedilatildeo agrave influecircncia da dureza no desgaste abrasivo Hawk et al (1999)
fizeram experimentos que comprovaram que haacute uma correlaccedilatildeo direta entre a dureza dos
materiais e o desgaste abrasivo Em suas pesquisas este provou claramente a influecircncia da
dureza do material na perda volumeacutetrica do corpo de prova mostrando que quanto maior a
dureza do material utilizado menor o desgaste abrasivo do corpo de prova em atrito
254 - Influecircncia da Temperatura
Segundo Wu et al (1997) outro fator que afeta diretamente o processo de desgaste
abrasivo de 2 ou 3 corpos eacute a temperatura De acordo com Catai et al por meio da anaacutelise
dos resultados Wu et al verificaram que o desgaste abrasivo ou seja o volume desgastado
do pino eacute maior quando o mesmo acontece na presenccedila de maiores temperaturas pois a
de Siliacutecio
Revisatildeo Bibliograacutefica 40
Gustavo Portela de Deus
elevaccedilatildeo da temperatura facilita o desencadear do mesmo atraveacutes por exemplo da
reduccedilatildeo da dureza dos materiais envolvidos Ressalta-se que nestes ensaios o tempo de
ensaio era sempre constante A Figura 211 mostra o quando o efeito da temperatura incide
sobre o processo de desgaste abrasivo
Figura 29 - Efeito da temperatura no desgaste abrasivo
26 - Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste
Moacutedulo de elasticidade ndash a resistecircncia ao desgaste de metais puros aumenta
diretamente com o moacutedulo de elasticidade Para os accedilos perliacuteticos martensiacuteticos ou
revenidos essa relaccedilatildeo natildeo eacute vaacutelida porque o tratamento teacutermico natildeo afeta o
moacutedulo de elasticidade
Dureza ndash o desgaste de metais puros eacute diretamente proporcional agrave sua
dureza Nas ligas a proporcionalidade eacute vaacutelida ateacute determinado valor da dureza do
Revisatildeo Bibliograacutefica 41
Gustavo Portela de Deus
material a partir do qual a resistecircncia ao desgaste cresce com menor intensidade
podendo ateacute mesmo vir a diminuir apoacutes certo valor
Dureza superficial ndash na superfiacutecie desgastada existe um grau de
encruamento e consequentemente um aumento da dureza no local A resistecircncia agrave
abrasatildeo pode ser considerada como proporcional a essa dureza chamada de dureza
maacutexima
Propriedades de escoamento ndash anaacutelises de tensatildeodeformaccedilatildeo mostraram
que para metais puros tambeacutem vale a relaccedilatildeo
= A ع
Onde
= tensatildeo de escoamento
A = constante
deformaccedilatildeo verdadeira = ع
= coeficiente de encruamento
Estudos mostram que a resistecircncia agrave abrasatildeo eacute proporcional agrave dureza e varia
exponencialmente com a tenacidade De acordo com Batista e Nascimento
(wwwspectrucombr) como o desgaste eacute um fenocircmeno essencialmente superficial
envolvendo a remoccedilatildeo mecacircnica indesejaacutevel de material de superfiacutecies
ldquoAs soluccedilotildees encontradas atraveacutes de solda de
revestimento aspersatildeo teacutermica tipo Hight Velocity Oxi Fuel -
HVOF nitretaccedilatildeo e de outras teacutecnicas originalmente utilizadas
Revisatildeo Bibliograacutefica 42
Gustavo Portela de Deus
tecircm se mostrado altamente valiosas tanto para prevenir como
para minimizar e reparar as diferentes estruturas danificadas
pelos mais diversos tipos de desgaste Em inuacutemeras situaccedilotildees
peccedilas e componentes podem ser fabricados com materiais
convencionais dentro das especificaccedilotildees normais do projeto
Posteriormente pode-se aplicar sobre a superfiacutecie camadas ou
cordotildees de solda com consumiacuteveis adequados deposiccedilatildeo de ligas
metaacutelicas de composiccedilatildeo e constituiccedilatildeo ideal ao favorecimento de
superfiacutecies endurecidas e resistentes a este desgaste A resistecircncia
ao desgaste eacute considerada como parte de um sistema triboloacutegico
sendo muitos os paracircmetros que acabam por influir na taxa de
desgaste incluindo as caracteriacutesticas de projetos condiccedilotildees de
operaccedilatildeo tipo de abrasivo e propriedades do material Nas
propriedades dos materiais as caracteriacutesticas microestruturais
tecircm particular importacircncia tanto nas propriedades mecacircnicas
quanto nas taxas de desgaste Disponibilizado no site
wwwspectrucombr consultado em 23 de abril de 2007rdquo
BATISTA e NASCIMENTO apud Murray (wwwspectrucombr) destacou o
seguinte sobre desgaste abrasivo
ldquoA resistecircncia ao desgaste de accedilos tratados termicamente
para vaacuterios niacuteveis de dureza e tambeacutem de alguns metais puros
Para metais puros a resistecircncia ao desgaste aumenta linearmente
com a dureza Nos materiais ferrosos esta relaccedilatildeo (resistecircncia ao
Revisatildeo Bibliograacutefica 43
Gustavo Portela de Deus
desgaste versus dureza) natildeo eacute simples O aumento no teor de
carbono faz a resistecircncia ao desgaste aumentar Para os accedilos com
a mesma porcentagem de carbono a resistecircncia ao desgaste de
accedilo ligado eacute maior que de um accedilo sem liga mas este aumento eacute
pequeno quando comparado com outro em que aumentou a
porcentagem de carbono A resistecircncia ao desgaste geralmente
aumenta conforme a microestrutura eacute mudada de ferrita para
perlita desta para bainita e finalmente para martensita isto
desde que seja acompanhada de aumento de dureza Entretanto
para um mesmo valor de dureza a estrutura bainiacutetica tem maior
resistecircncia ao desgaste que a martensiacutetica A microestrutura tem
maior influecircncia no desgaste que a dureza da matriz Tem sido
mostrado que a presenccedila de austenita retida tem melhorado a
resistecircncia ao desgaste da martensita revenida A austenita
fornece uma melhor ancoragem aos carbetos ocasionando um
baixo arrancamento do carbeto da matriz austeniacutetica Os carbetos
parecem ser particularmente importantes na resistecircncia agrave
abrasatildeo principalmente em materiais como os accedilos e ferros
fundidos brancos ligados ao cromo A influecircncia desses estaacute
relacionada com sua dureza tamanho e distribuiccedilatildeo Carbetos
duros e finamente dispersos aumentam a resistecircncia ao desgaste
enquanto que os grosseiros diminuem Estruturas deformadas por
trabalho a frio natildeo alteram a resistecircncia ao desgaste enquanto
que o aumento da dureza pelo refinamento dos gratildeos agiria
favoravelmente Existem ainda muitos outros fatores que
Revisatildeo Bibliograacutefica 44
Gustavo Portela de Deus
influenciam a taxa de desgaste como o tamanho da partiacutecula
abrasiva e o coeficiente de atrito Estes trabalhos tecircm
demonstrado que o estudo dos fenocircmenos de desgaste eacute bastante
complexo Na especificaccedilatildeo e normalizaccedilatildeo de ligas para resistir
ao desgaste as maiores dificuldades residem na inexistecircncia de
ensaios padronizados para discriminar os niacuteveis de aceitaccedilatildeo ou
rejeiccedilatildeo conforme as aplicaccedilotildees particulares Estas dificuldades
estatildeo associadas principalmente agrave natureza complexa do
fenocircmeno do desgaste Este aleacutem de envolver a deformaccedilatildeo e
corte superficial por partiacuteculas abrasivas ou o atrito entre
superfiacutecies metaacutelicas muitas vezes ocorre devido a vaacuterios
mecanismos concomitantes de desgaste da superfiacutecie os quais
tambeacutem podem estar associados a outros fenocircmenos de
degradaccedilatildeo tais como impacto corrosatildeo fluecircncia ou fadigardquo
27 - Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr) o teor de carbono
aumenta a resistecircncia ao desgaste dos accedilos perliacuteticos com o aumento do endurecimento Os
carbetos aumentam a resistecircncia ao desgaste com o aumento na quantidade distribuiccedilatildeo
uniforme e forma adequada Natildeo satildeo adequados poreacutem quando existe o choque associado
ao desgaste por abrasatildeo
A martensita natildeo-revenida ou revenida abaixo de 230degC eacute a fase que melhor resiste
ao desgaste na temperatura ambiente Se o revenido for acima de 350degC a perlita apresenta
Revisatildeo Bibliograacutefica 45
Gustavo Portela de Deus
um resultado melhor para a mesma dureza (50 HB) A fase bainiacutetica da mesma dureza e
composiccedilatildeo quiacutemica resiste melhor ao desgaste que uma estrutura martensiacutetica nas nesmas
condiccedilotildees
A perlita aumenta a resistecircncia agrave abrasatildeo com o aumento das colocircnias de perlita e
com a fraccedilatildeo volumeacutetrica de cementita Para a mesma dureza a perlita lamelar resiste
melhor que a esferoidizada A resistecircncia ao desgaste da ferrita aumenta com o aumento
dos carbetos dispersos na matriz Um accedilo austeniacutetico com a mesma fraccedilatildeo de carbetos que
um ferriacutetico resiste melhor ao desgaste
28 - Revestimentos Superficiais
De acordo com Lima et al (2001) uma das mais eficientes e econocircmicas formas
de se adequar peccedilas e componentes de equipamentos industriais a uma aplicaccedilatildeo
especiacutefica tem sido haacute longo tempo a aplicaccedilatildeo de revestimentos Estes vecircm ganhando
evidecircncia ano apoacutes ano em aplicaccedilotildees contra desgaste corrosotildees dentre outras formas
de consumo de massa
Ainda de acordo com Lima et al (2001) apud Tucker et al o uso de
revestimentos duros para melhorar a resistecircncia ao desgaste de componentes mecacircnicos
tecircm sido comum haacute vaacuterias deacutecadas com variadas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo que incluem
soldagem cladding eletrodeposiccedilatildeo PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica de vapor) CVD (deposiccedilatildeo
quiacutemica de vapor) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem se desenvolvido nos
uacuteltimos tempos apresentando-se como alternativa viaacutevel em relaccedilatildeo aos demais
processos comumente utilizados
Revisatildeo Bibliograacutefica 46
Gustavo Portela de Deus
281 - Aspersatildeo Teacutermica
A aspersatildeo teacutermica consiste de um grupo de processos nos quais partiacuteculas
finamente divididas de materiais para revestimentos metaacutelicos ou natildeo- metaacutelicos satildeo
depositadas sobre um substrato devidamente preparado na condiccedilatildeo fundida ou semindash
fundida para formar uma camada superficial como mostra a Figura 212
O calor necessaacuterio para a operaccedilatildeo eacute gerado na tocha de aspersatildeo e pode vir da
queima de um gaacutes combustiacutevel ou da geraccedilatildeo de um arco eleacutetrico As partiacuteculas aquecidas
satildeo aceleradas por um gaacutes comprimido confinadas num feixe e dirigidas ao substrato Ao
se chocarem as partiacuteculas se achatam e formam finas lentes que se conformam e aderem
agraves irregularidades superficiais e entre si Com a continuidade do processo as partiacuteculas se
resfriam formando um revestimento com estrutura lamelar (MARQUES
wwwinfosoldacombr)
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato
As variaccedilotildees baacutesicas nos processos de aspersatildeo teacutermica se referem ao material a ser
aplicado ao meacutetodo de aquecimento e ao meacutetodo de aceleraccedilatildeo das partiacuteculas em direccedilatildeo
ao substrato Os materiais podem ser fornecidos na forma de vareta arame cordatildeo (tubo
Revisatildeo Bibliograacutefica 47
Gustavo Portela de Deus
de plaacutestico contiacutenuo) e poacute Metais oacutexidos compostos intermetaacutelicos cermets plaacutesticos
orgacircnicos e alguns vidros podem ser depositados por uma ou mais variaccedilotildees de processos
(MARQUES wwwinfosoldacombr)
Os processos de aspersatildeo teacutermica podem ser classificados em dois grupos
baacutesicos dependendo da fonte de calor usada como mostrado na Tabela 21
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica
Combustatildeo Eleacutetrico
Chama Plasma
Detonaccedilatildeo Arco
O sucesso no uso de revestimentos aspergidos termicamente depende basicamente
de sua aplicaccedilatildeo cuidadosa segundo procedimentos bem estabelecidos Qualquer desvio
destes procedimentos leva em geral a resultados natildeo confiaacuteveis Os revestimentos
termicamente aspergidos apresentam trecircs aspectos baacutesicos o substrato a adesatildeo do
revestimento e a estrutura deste (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Os substratos sobre os quais os revestimentos termicamente aspergidos podem ser
aplicados incluem metais oacutexidos ceracircmicos vidros a maioria dos plaacutesticos e madeira
sendo que algumas teacutecnicas especiais podem ser necessaacuterias Nem todos os materiais para
aspersatildeo podem ser aplicados a qualquer tipo de substrato Uma preparaccedilatildeo adequada deste
eacute necessaacuteria antes da aspersatildeo propriamente dita independente do processo a ser usado
Essa preparaccedilatildeo eacute essencialmente a mesma para cada processo a ser usado e consiste de
duas etapas baacutesicas limpeza da superfiacutecie para eliminar contaminantes e obtenccedilatildeo de
rugosidades para aumentar a aacuterea superficial efetiva e melhorar a adesatildeo (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
Revisatildeo Bibliograacutefica 48
Gustavo Portela de Deus
A ligaccedilatildeo ou adesatildeo entre revestimento e substrato pode ser mecacircnica quiacutemica eou
metaluacutergica e eacute influenciada por diversos fatores tais como material do revestimento
condiccedilatildeo do substrato rugosidade limpeza e temperatura da superfiacutecie a ser revestida
antes e durante o processo e velocidade de impacto das partiacuteculas (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
A estrutura e a quiacutemica do depoacutesito aspergido em ar eacute diferente do material no
estado original Estas diferenccedilas satildeo devidas agrave natureza progressiva do revestimento agrave
reaccedilatildeo com gases durante o processo e a atmosfera em contato com o material enquanto
liacutequido Por exemplo quando ar ou oxigecircnio satildeo usados oacutexidos podem ser formados e se
incorporarem ao revestimento Revestimentos metaacutelicos tendem a ser porosos e fraacutegeis
com uma dureza diferente do material original A estrutura de revestimentos na condiccedilatildeo
como aspergidos eacute similar quanto agrave natureza lamelar mas pode exibir diferentes
caracteriacutesticas em funccedilatildeo do processo dos paracircmetros da teacutecnica e do material usado
como mostra a Figura 213 A densidade do depoacutesito varia com a temperatura da fonte de
calor usada e com a velocidade das partiacuteculas no impacto como mostra a Tabela 22 e a
Figura 214 (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 211 - Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido
Revisatildeo Bibliograacutefica 49
Gustavo Portela de Deus
A aplicaccedilatildeo final determina as propriedades necessaacuterias para o revestimento e o
tipo de combustiacutevel e equipamentos necessaacuterios Revestimentos termicamente aspergidos
tecircm sido usados intensamente na fabricaccedilatildeo de componentes nas induacutestrias automotiva de
petroacuteleo eleacutetrica eletrocircnica geraccedilatildeo de energia e particularmente na aeroespacial Em
manutenccedilatildeo milhotildees de doacutelares tecircm sido economizados com o uso da aspersatildeo teacutermica
Tal teacutecnica tem sido usada tanto em oficina como no campo no revestimento de estruturas
e partes de equipamentos com economia de tempo e de recursos (MARQUES
wwwinfosoldacobr )
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor
Fonte Temperatura degC
Propano + oxigecircnio 2640
Gaacutes natural + oxigecircnio 2735
Hidrogecircnio + oxigecircnio 2690
Acetileno + oxigecircnio 3100
Arco eleacutetrico 2200 ndash 8300
Figura 212 Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas
Revisatildeo Bibliograacutefica 50
Gustavo Portela de Deus
2811 - Processos
28111 - Processos por Combustatildeo
Este grupo de processos utiliza o calor gerado pela queima de um gaacutes combustiacutevel
Qualquer substacircncia que se funda e natildeo sublime a temperaturas inferiores a 2760ordmC pode
ser aspergida por este processo como mostram as Figuras 215 e 216 Os materiais
aplicados podem ser metais e ligas na forma de arame cordatildeo ou poacute e ceracircmicos na forma
de vareta cordatildeo ou poacute (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 213 - Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo
Figura 214 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 51
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281111 - Arames e Varetas
O equipamento usado para aplicaccedilatildeo de arames e varetas eacute similar como mostrado
na figura A seccedilatildeo transversal tiacutepica de uma tocha de aspersatildeo com estes processos eacute
mostrada na Figura 216
O material a ser aspergido eacute inserido por roletes alimentadores na parte posterior da
tocha Estes podem ser tracionados por um motor eleacutetrico ou pneumaacutetico ou por uma
turbina a ar O material eacute alimentado por meio de um bocal onde eacute fundido por uma chama
de gaacutes combustiacutevel concecircntrica a este
Os gases combustiacuteveis usados juntamente com o oxigecircnio foram mostrados na
Tabela 22 O acetileno eacute o mais largamente usado por sua maior temperatura de chama
Entretanto em certos casos temperaturas mais baixas satildeo usadas com vantagens
econocircmicas A chama eacute usada apenas para fundir o material Para se obter aspersatildeo um
jato de gaacutes em geral ar comprimido eacute usado para pulverizar o material e acelerar as
partiacuteculas em direccedilatildeo ao substrato Em aplicaccedilotildees especiais um gaacutes inerte pode ser usado
Os roletes de alimentaccedilatildeo devem ser escolhidos e apropriados agrave forma do material a ser
alimentado isto eacute se arame vareta ou cordatildeo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281112 - Poacute
Tochas para aspersatildeo agrave chama com poacute satildeo mais leves e mais compactas que tochas
para outros processos como mostra a Figura 217 Devido agraves menores temperaturas e
velocidades alcanccediladas pelas partiacuteculas os revestimentos obtidos tecircm em geral menor
resistecircncia adesiva ao substrato menor resistecircncia coesiva entre as lamelas e maior
porosidade quando comparados com os depositados por outros processos de aspersatildeo
teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 52
Gustavo Portela de Deus
O material a ser aspergido pode ser um metal puro uma liga metaacutelica um
compoacutesito um carboneto um ceracircmico um cermet ou combinaccedilatildeo destes O processo eacute
geralmente usado para aplicaccedilatildeo de ligas metaacutelicas autofluxadas que devem ser fundidas
apoacutes a aspersatildeo Estes materiais contecircm boro e siliacutecio que servem como agentes fluxantes e
minimizam a oxidaccedilatildeo Sua fusatildeo eou ligaccedilatildeo metaluacutergica a um substrato metaacutelico eacute(satildeo)
obtida(s) aquecendo-se o revestimento ateacute sua temperatura de fusatildeo que em geral eacute
inferior a 1040degC e pode ser feita com o uso de qualquer fonte de calor como uma chama
uma bobina de induccedilatildeo ou um forno Um arco eleacutetrico tambeacutem pode ser usado mas com
certo cuidado para evitar ou minimizar a fusatildeo do substrato
O poacute para aspersatildeo eacute armazenado num recipiente que pode ser parte integrante da
tocha ou ser acoplado a ela Uma pequena quantidade de gaacutes eacute desviada para arrastar o poacute
ateacute o jato da mistura oxigecircniocombustiacutevel em chama quando eacute fundido e acelerado em
relaccedilatildeo ao substrato Um corte transversal de uma tocha tiacutepica para aspersatildeo de poacute por
chama eacute mostrado na Figura 217
Variaccedilotildees do processo de aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama incluem gaacutes comprimido
para alimentaccedilatildeo do poacute na chama jatos adicionais de ar comprimido para acelerar as
partiacuteculas fundidas alimentador de poacute remoto com arraste do poacute para a tocha por um tubo
pressurizado com gaacutes inerte e dispositivos para aceleraccedilatildeo a alta velocidade agrave pressatildeo
atmosfeacuterica Esses refinamentos tendem a aumentar a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute e agraves
vezes a velocidade das partiacuteculas fundidas que aumentam a resistecircncia adesiva e a
densidade do revestimento aspergido
Revestimentos fundidos poacutes-aspersatildeo satildeo densos e relativamente isentos de
porosidade A composiccedilatildeo da liga pode levar a revestimentos com niacuteveis de dureza
Rockwell C superiores a 50 A espessura destes revestimentos eacute limitada agravequelas faixas
Revisatildeo Bibliograacutefica 53
Gustavo Portela de Deus
que podem ser aquecidas ateacute a temperatura de fusatildeo sem descamaccedilatildeo O uso de ligas
autofluxantes eacute limitado a aplicaccedilotildees em que os efeitos da fusatildeo e distorccedilatildeo podem ser
tolerados Revestimentos mais espessos de metais dissimilares podem ser aplicados em
passes muacuteltiplos A superfiacutecie que vai receber o segundo revestimento deve ser limpa de
todos os resiacuteduos de oacutexido apoacutes cada etapa de fusatildeo
Em todos os processos de aspersatildeo teacutermica a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute afeta a
estrutura e a eficiecircncia de deposiccedilatildeo do revestimento Se o material natildeo eacute aquecido
adequadamente a eficiecircncia de deposiccedilatildeo cai rapidamente e o revestimento conteraacute
partiacuteculas natildeo fundidas retidas Se a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute for muito baixa uma certa
quantidade de poacute pode se volatizar resultando em deterioraccedilatildeo do revestimento e elevaccedilatildeo
dos custos Os alimentadores de poacute satildeo compostos por um recipiente e um sistema de
mediccedilatildeo que regula a taxa de alimentaccedilatildeo de material no dispositivo transportador por gaacutes
(MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 215 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute a chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 54
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28112 - Detonaccedilatildeo
A tocha de detonaccedilatildeo eacute diferente de outros equipamentos de aspersatildeo por
combustatildeo Ela utiliza a energia de explosotildees de uma mistura oxigecircnio-acetileno em vez
de uma chama estacionaacuteria para impulsionar o poacute ateacute a superfiacutecie do substrato O depoacutesito
resultante eacute extremamente duro denso fortemente ligado ao substrato
Uma tocha de detonaccedilatildeo mostrada na Figura 218 consiste basicamente de um
tubo comprido no qual eacute introduzida uma mistura de gaacutes combustiacutevel oxigecircnio e poacute
Quando eacute feita a igniccedilatildeo da mistura uma onda de choque controlada aquece e acelera as
partiacuteculas de poacute cuja velocidade de saiacuteda eacute de 760 ms aproximadamente Apoacutes cada
injeccedilatildeo de mistura uma certa quantidade de nitrogecircnio eacute introduzida no tubo para purga
deste Ocorrem vaacuterias detonaccedilotildees por segundo gerando um ruiacutedo da ordem de 150 dB
sendo muitas vezes utilizadas instalaccedilotildees especiais com isolamento acuacutestico para estas
operaccedilotildees
Dentro do tubo temperaturas superiores a 3300degC satildeo atingidas enquanto a
temperatura do substrato deve ser mantida abaixo dos 150degC usando-se dispositivos de
resfriamento se for o caso
A espessura dos revestimentos geralmente situa-se entre 005 e 05mm A
operaccedilatildeo eacute normalmente mecanizada e agraves vezes remotamente controlada Excelente
acabamento pode ser obtido devido agrave baixa porosidade do revestimento (MARQUES
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Revisatildeo Bibliograacutefica 55
Gustavo Portela de Deus
Figura 216 - Esquemaacutetica de Tocha de detonaccedilatildeo
28113 - Processos Eleacutetricos
281131 - Arco Eleacutetrico
No processo de aspersatildeo a arco eleacutetrico dois arames eletrodos consumiacuteveis satildeo
alimentados de forma a se encontrar em um ponto agrave frente de um jato de gaacutes que serve
para atomizaccedilatildeo Uma diferenccedila de potencial de 18 a 40V eacute estabelecida entre os arames
produzindo um arco eleacutetrico que funde a ponta destes O jato de gaacutes atomizante (em geral
ar comprimido) destaca o material fundido produzindo um jato de gotiacuteculas fundidas que eacute
dirigido ao substrato A Figura 219 mostra um desenho esquemaacutetico de uma tocha para
aspersatildeo a arco
O equipamento baacutesico para este processo consiste de uma fonte de corrente
contiacutenua do tipo tensatildeo constante alimentadores de arame do tipo velocidade constante
tocha de aspersatildeo e um sistema de fornecimento de gaacutes comprimido controlaacutevel Os
arames utilizados satildeo em geral de grande diacircmetro da ordem de 5mm Este processo
experimentou um avanccedilo recente com o desenvolvimento de arames tubulares de
enchimento metaacutelico
Revisatildeo Bibliograacutefica 56
Gustavo Portela de Deus
Figura 217 - Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico
A temperatura do arco eacute consideravelmente maior que o ponto de fusatildeo do material
aspergido de modo que algum superaquecimento e volatizaccedilatildeo podem ocorrer
particularmente na aplicaccedilatildeo de zinco e alumiacutenio A alta temperatura das partiacuteculas pode
produzir zonas de reaccedilatildeo quiacutemica ou difusatildeo ou ambas apoacutes o impacto com o substrato
Estas interaccedilotildees satildeo similares a pequenas soldas a ponto e conferem excelente resistecircncia
de adesatildeo e coesatildeo ao revestimento Este processo apresenta taxas de deposiccedilatildeo mais altas
que outros processos de aspersatildeo Os fatores que influenciam esta taxa satildeo a corrente e a
velocidade de alimentaccedilatildeo de arame que dependem do equipamento usado
O comprimento do arco e o tamanho das gotiacuteculas tendem a aumentar com a
elevaccedilatildeo da diferenccedila de potencial entre os arames Esta deve ser mantida em valores
miacutenimos compatiacuteveis com a estabilidade do arco para se obter revestimentos densos e de
melhor acabamento (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281132 - Arco Plasma natildeo Transferido
O desenvolvimento de turbinas e motores de foguetes tem exigido bom
desempenho de materiais de engenharia em condiccedilotildees cada vez mais severas Para
Revisatildeo Bibliograacutefica 57
Gustavo Portela de Deus
satisfazer estas exigecircncias oacutexidos e carbonetos tecircm sido considerados devendo ser
aplicados por processos de aspersatildeo teacutermica de alta temperatura O processo plasma tem
atendido esta necessidade e levou ao desenvolvimento de uma nova famiacutelia de materiais e
teacutecnicas de aplicaccedilatildeo para uma ampla faixa de aplicaccedilotildees industriais
Na aspersatildeo a plasma Figura 220 o material eacute aplicado a partir de um poacute
Aplicaccedilatildeo a partir de arames tem sido desenvolvida mais recentemente Neste processo
um gaacutes ou mistura de gases passa atraveacutes de um arco eleacutetrico estabelecido entre um caacutetodo
de tungstecircnio e um acircnodo de cobre dotado de um orifiacutecio alinhados coaxialmente Em sua
passagem o gaacutes eacute aquecido gerando o plasma
Figura 218 - Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma
O poacute eacute alimentado no plasma fundido e acelerado em direccedilatildeo ao substrato por um
jato de alta velocidade A energia temperatura e velocidade do jato de plasma satildeo
controladas pelo tipo de bocal constritor intensidade da corrente eleacutetrica composiccedilatildeo e
vazatildeo do gaacutes de plasma Em geral nitrogecircnio ou argocircnio satildeo usados como gaacutes de plasma
podendo conter adiccedilotildees de hidrogecircnio ou heacutelio para aumentar sua potecircncia e velocidade
Revisatildeo Bibliograacutefica 58
Gustavo Portela de Deus
O equipamento baacutesico para a aspersatildeo a plasma mostrado na figura 220 consiste
de uma fonte de corrente contiacutenua constante alimentador de poacute fonte de gaacutes e um sistema
de controle que permite ajustar os paracircmetros de operaccedilatildeo (corrente vazotildees de gaacutes fluxo
de aacutegua para refrigeraccedilatildeo) e faz a sincronia de todo o sistema
281133 - Arco Plasma Transferido
Neste caso o processo eacute uma combinaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica e soldagem O
substrato deve ser condutor e faz parte do circuito do arco eleacutetrico que gera o plasma O
material aspergido se mistura com o material da poccedila de fusatildeo formada no substrato isto eacute
ocorre diluiccedilatildeo O equipamento usado eacute similar ao necessaacuterio para o plasma natildeo
transferido com exceccedilatildeo da tocha
A ligaccedilatildeo do revestimento ao substrato eacute essencialmente metaluacutergica e as
espessuras utilizadas satildeo em geral maiores que em outros processos de aspersatildeo teacutermica
O depoacutesito eacute denso uniforme e com bom acabamento A operaccedilatildeo eacute geralmente
mecanizada e com boa reprodutibilidade Entretanto a combinaccedilatildeo de substratos e
materiais aplicaacuteveis eacute mais limitada
2812 Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie
A preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute a etapa mais criacutetica da operaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica
A qualidade da adesatildeo do revestimento estaacute diretamente relacionada com a limpeza e a
rugosidade da superfiacutecie do substrato A obediecircncia rigorosa a procedimentos
padronizados de preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute necessaacuteria para garantir o sucesso da aplicaccedilatildeo
de revestimentos por aspersatildeo teacutermica O tipo de material do revestimento e do substrato
satildeo os fatores principais na determinaccedilatildeo do processo e qualidade da preparaccedilatildeo necessaacuteria
da superfiacutecie para se obter adesatildeo suficiente a uma dada aplicaccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 59
Gustavo Portela de Deus
Em partes sujeitas a fortes tensotildees mecacircnicas uma inspeccedilatildeo preacutevia agrave operaccedilatildeo de
revestimento eacute necessaacuteria para a detecccedilatildeo de falhas no metal base que eacute feita
normalmente por meio de ensaios natildeo-destrutivos Falhas estruturais no metal base
induziratildeo falhas similares no revestimento Trincas no substrato natildeo podem ser reparadas
por aspersatildeo teacutermica e revestimentos depositados por esta teacutecnica natildeo adicionam
resistecircncia mecacircnica ao substrato (MARQUES wwwinfosoldacombr )
2813 - Limpeza e Manuseio
O primeiro passo na preparaccedilatildeo de um substrato para aspersatildeo teacutermica eacute a retirada
de todos os contaminantes superficiais tais como poeira oacuteleo graxa e pintura O calor do
processo de aspersatildeo natildeo remove contaminaccedilatildeo e esta inibe a adesatildeo do revestimento
Depois que todos os contaminantes forem eliminados a limpeza deve ser mantida ateacute que
o ciclo de revestimento se complete As peccedilas devem ser protegidas de partiacuteculas
transportadas pelo ar e marcas de dedos bem como ser manuseadas com ferramentas e
material limpo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
28131 - Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes
Desengraxe com vapor
Jateamento uacutemido
Decapagem aacutecida
Aquecimento ao forno
Limpeza ultrassocircnica
Jateamento seco
Escovamento
Revisatildeo Bibliograacutefica 60
Gustavo Portela de Deus
2814 - Criaccedilatildeo de Rugosidade
Apoacutes a limpeza vaacuterios meacutetodos satildeo usados para produzir uma superfiacutecie mais
adequada para a aderecircncia do revestimento Os principais satildeo jateamento abrasivo
macroenrugamento e aplicaccedilatildeo de revestimento de ligaccedilatildeo Combinaccedilotildees destes meacutetodos
satildeo tambeacutem empregados incluindo jateamento abrasivo com subsequumlente aplicaccedilatildeo de um
revestimento de ligaccedilatildeo e usinagem seguida de jateamento abrasivo
A obtenccedilatildeo de uma rugosidade adequada eacute tatildeo importante quanto a limpeza
Durante a aspersatildeo as partiacuteculas fundidas ou semi-fundidas formam bolachas quando se
chocam com a superfiacutecie do substrato Estas agrave medida que se resfriam e se contraem
precisam aderir a uma superfiacutecie que favoreccedila o ancoramento mecacircnico
A geraccedilatildeo de uma superfiacutecie rugosa eacute usada para aumentar a aderecircncia e a coesatildeo
entre as partiacuteculas do revestimento por geraccedilatildeo de tensotildees superficiais de contraccedilatildeo
intertravamento de camadas aumento da aacuterea de interaccedilatildeo e descontaminaccedilatildeo da
superfiacutecie
O grau de enrugamento necessaacuterio para produzir um revestimento resistente e
adequado depende do material aplicado do processo e das condiccedilotildees de serviccedilo da peccedila
final (MARQUES wwwinfosoldacombr )
282 - Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste
A principal caracteriacutestica deste tipo de revestimento que satildeo aplicados para resistir
ao desgaste eacute a sua elevada dureza
Revisatildeo Bibliograacutefica 61
Gustavo Portela de Deus
2821 - Recobrimento Duro
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr ) recobrimento duro eacute
o nome dado ao processo que consiste em produzir por soldagem uma camada dura e
resistente ao desgaste na superfiacutecie da peccedila sujeita ao desgaste
2822 - Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro
De acordo com Batista amp Nascimento apud o Metals Handbook
(wwwspectrucombr ) os materiais para recobrimento duro satildeo classificados em cinco
grandes grupos em funccedilatildeo do teor total de elementos de liga Em geral a resistecircncia ao
desgaste e o custo crescem com o nuacutemero do grupo A escolha de uma liga especiacutefica
dependeraacute da aplicaccedilatildeo e do tipo de soldagem utilizado como mostra a Tabela 23
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro
Teor total de elementos de liga Elementos de liga principais
Materiais ferrosos de baixa liga
1A 2 a 6
1B 6 a 12
Cr Mo Mn
Cr Mo Mn
Materiais ferrosos de alta liga
2A 12 a 15
2B 12 a 25
2C 12 a 25
2D 30 a 37
3A 25 a 50
3B 25 a 50
3C 25 a 50
Cr Mo
Mo Cr
Mn Ni
Mn Cr Ni
Cr Ni Mo
Cr Mo
Co Cr
Revisatildeo Bibliograacutefica 62
Gustavo Portela de Deus
Ligas agrave base de niacutequel e agrave base de cobalto
4A 50 a 100
4B 50 a 100
4C 50 a 100
Co Cr W
Ni Cr Mo
Cr Ni Mo
Carbetos
5 75 a 96
WC ou WC em combinaccedilatildeo com
outros carbonetos como TiC e TaC sempre
em uma matriz metaacutelica
As ligas do grupo 1A satildeo accedilos de baixo teor de liga quase sempre tendo cromo
com principal elemento de liga O teor total dos elementos de liga incluindo o carbono
fica entre 2 e 6 Estas ligas de teor satildeo empregadas frequumlentemente como uma camada
de base para um recobrimento duro com ligas de teor de liga mais elevado
As ligas ferrosas do subgrupo 1B satildeo semelhantes agraves do grupo 1A poreacutem com
maior teor de elementos de liga ( 6 a 12 ) e com teor de carbono ateacute 2 ou mais
Muitos accedilos - ferramenta e alguns ligados fazem parte deste grupo
Os materiais do grupo 1 apresentam maior tenacidade entre as ligas de
recobrimento duro excetuando-se os accedilos-manganecircs austeniacuteticos Possuem tambeacutem
melhor resistecircncia ao desgaste que os accedilos de baixo e meacutedio carbono que satildeo ligas
usualmente recobertas pelo grupo 1 O custo eacute mais barato que as outras ligas de
recobrimento duro e muito empregados nos casos em que se necessita da usinabilidade e de
apenas um aumento moderado da resistecircncia ao desgaste
Revisatildeo Bibliograacutefica 63
Gustavo Portela de Deus
As ligas do subgrupo 2A satildeo ligas em que o principal elemento de liga eacute o cromo
com teor total de elemento de liga entre 12 e 25 Algumas delas tecircm certo teor de
molibdecircnio Este grupo inclui ainda alguns natildeo-ferros fundidos de meacutedio teor em liga O
molibdecircnio eacute o principal elemento de liga em quase todos os materiais do grupo 2B que
contam tambeacutem com teores relativamente altos de cromo
O subgrupo 2C eacute constituiacutedo pelos accedilos-manganecircs austeniacuteticos Manganecircs eacute o
principal elemento de liga estando tambeacutem presente o niacutequel para maior estabilizaccedilatildeo da
austenita
As ligas dos subgrupos 2A e 2B satildeo mais resistentes ao desgaste menos tenazes e
mais caras que os materiais do grupo 1 Jaacute os subgrupos 2C e 2D satildeo muito tenazes poreacutem
apresentam limitada resistecircncia ao desgaste que pode aumentar muito com o encruamento
As ligas do subgrupo 2D possuem um teor total de elementos de liga entre 30 e 37
variando o carbono entre 010 e 1
Os materiais do grupo 3 apresentam 25 a 50 de elementos de liga Satildeo ligas
com alto cromo vaacuterias delas com niacutequel eou molibdecircnio Os teores de carbono variam
entre 175 a 5 Este grupo eacute caracterizado pela presenccedila maciccedila de carbonetos
hipereuteacuteticos que conferem agraves ligas uma alta resistecircncia ao desgaste e uma razoaacutevel
resistecircncia agrave corrosatildeo e ao calor Satildeo ligas mais caras que as dos grupos 1 e 2
O grupo 4 compreende as ligas agrave base de cobalto e agrave base de niacutequel com teor total
de elementos natildeo-ferrosos entre 50 e 99 As ligas agrave base de cobalto do subgrupo 4ordf
satildeo consideradas como os mais versaacuteteis materiais de recobrimento duro Resistem ao
calor agrave abrasatildeo agrave corrosatildeo ao impacto agrave descamaccedilatildeo agrave oxidaccedilatildeo ao choque teacutermico agrave
erosatildeo e ao desgaste metal- metal
Revisatildeo Bibliograacutefica 64
Gustavo Portela de Deus
Algumas destas ligas mantecircm uma dureza elevada ateacute 825ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo
ateacute temperaturas da ordem de 1100ordmC As ligas agrave base de niacutequel subgrupo 4B satildeo
especialmente indicadas para peccedilas sujeitas ao mesmo tempo agrave corrosatildeo e ao desgaste Satildeo
superiores a outros materiais de recobrimento duro em aplicaccedilotildees nas quais o desgaste eacute
causado pelo contato metal-metal como no caso dos mancais Mantecircm durezas elevadas
ateacute cerca de 650ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo ateacute temperaturas da ordem de 875ordmC
Os materiais do grupo 5 consistem de gracircnulos duros de carbonetos distribuiacutedos em
uma matriz metaacutelica Satildeo muito indicados para aplicaccedilotildees de abrasatildeo intensa e de corte
Inicialmente se empregam apenas os carbonetos de tungstecircnio Mais recentemente outros
carbonetos principalmente titacircnio tacircntalo e cromo passaram a ser usados com bons
resultados Como matriz metaacutelica vaacuterios materiais tecircm sido utilizados tais como ferro accedilo
carbono Ligas agrave base de niacutequel agrave base de cobalto e bronze Os materiais do grupo 5
possuem a maacutexima resistecircncia agrave abrasatildeo em peccedilas sujeitas a impactos pequenos ou
moderados
2823 - Seleccedilatildeo do Material para Recobrimento Duro
A primeira medida eacute caracterizar bem as condiccedilotildees de serviccedilo nas quais deveraacute
trabalhar o equipamento que seraacute revestido com o recobrimento duro Em seguida deve-se
analisar com cuidado as interaccedilotildees dos materiais candidatos e do metal base bem como o
processo de soldagem a ser utilizado no recobrimento
2824 - Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento
Analisar as condiccedilotildees de serviccedilo para determinar os tipos de resistecircncia ao
desgaste e resistecircncia ao ambiente seleccedilatildeo de alguns materiais candidatos
Revisatildeo Bibliograacutefica 65
Gustavo Portela de Deus
Anaacutelise de compatibilidade entre as ligas e o metal base considerando
possiacuteveis tensotildees teacutermicas e eventuais trincas
Testar componentes recobertos com os materiais candidatos
Selecionar a melhor liga considerando o custo e a duraccedilatildeo do recobrimento
Selecionar o processo de recobrimento duro considerando a taxa de
deposiccedilatildeo o grau de diluiccedilatildeo (o metal base dilui a liga de recobrimento durante a
soldagem) eficiecircncia de deposiccedilatildeo e custo total O custo total inclui o preccedilo dos
eletrodos e o processamento
29 - Tipos de Revestimento
Os tipos de revestimento mais aplicados em soldagem podem ser classificados em
endurecimento superficial
resistentes agrave corrosatildeo
resistentes ao desgaste eou impacto
para recuperaccedilatildeo ou reparos de manutenccedilatildeo
291 - Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Tabela ndash 24 Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Condiccedilotildees de serviccedilo Materiais para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal altas
tensotildees de contato
Stellite 1 ligas Tribaloy
Escorregamento metal ndash metal baixas
tensotildees de contato
Accedilos de baixa liga para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal
combinado com corrosatildeo e oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto ou agrave base de
niacutequel dependendo da agressividade do
Revisatildeo Bibliograacutefica 66
Gustavo Portela de Deus
ambiente
Abrasatildeo sob baixa tensatildeo erosatildeo por
colisatildeo de partiacuteculas de pequeno acircngulo
Ferros fundidos de alta liga
Abrasatildeo severa sob baixa tensatildeo
retenccedilatildeo do gume
Materiais com altos teores de carbonetos
Erosatildeo por cavitaccedilatildeo e por colisatildeo
Choques mecacircnicos intensos combinados
com corrosatildeo ou oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto
Stellite 21 Stellite6
Abrasatildeo por sulcamento Accedilos ndash manganecircs austeniacuteticos
Descamaccedilatildeo
Stellite 21 Stellite 6 Tribaloy T-400
Tribaloy T-800
Estabilidade teacutermica eou resistecircncia agrave
fluecircncia a altas temperaturas
Ligas agrave base de cobalto ligas de niacutequel
com carbonetos
292 - Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies
A Tabela 25 apresenta as principais vantagens e desvantagens dos principais
processos de deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Tabela 25 - As principais vantagens e desvantagens dos principais processos de
deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Revisatildeo Bibliograacutefica 67
Gustavo Portela de Deus
Processo Vantagens Desvantagens
Galvanizaccedilatildeo iocircnica
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo baixa
temperatura de processamento
deposiccedilatildeo em furos e ranhuras
Seleccedilatildeo restrita de materiais de
revestimento revestimentos relativamente
macios riscos ambientais precisatildeo limitada
para repeticcedilatildeo na superfiacutecie
PACVD (Plasma
Assisted Chemical
Vapour Deposition)
Temperaturas de processo muito
abaixo das do CVD temperaturas
baixas revestimentos precisos
Adequado apenas para furos e ranhuras
PVD (Physical
Vapour Deposition)
Ecologicamente seguro permite
grande variedade de
revestimentos temperatura de
revestimentos mais baixa do que a
de tratamento teacutermico final da
maioria dos accedilos espessura
reduzida reproduziacutevel com
precisatildeo resistecircncia elevada ao
desgaste baixo coeficiente de
atrito
Revestimento de furos e ranhuras ndash alcanccedila
profundidade igual ao diacircmetro ou largura
da abertura resistente agrave corrosatildeo em
determinadas condiccedilotildees apenas
revestimento uniforme depende de as peccedilas
girarem durante o processamento
Difusatildeo
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo boa
reprodutibilidade
Revestimentos relativamente macios
seleccedilatildeo restrita de material de base tempo
de processamento longo riscos ambientais
necessidade de poacutes-tratamento
CVD (Chemical
Vapour Deposition)
Elevada resistecircncia ao desgaste
produccedilatildeo econocircmica de
Temperaturas de processamento elevadas
impossibilidade de revestir vaacuterios metais
Revisatildeo Bibliograacutefica 68
Gustavo Portela de Deus
revestimentos espessos adequado
para furos e ranhuras
arredondamento de bordos riscos
ambientais
Capiacutetulo 3
Materiais e Meacutetodos
Materiais e Meacutetodos 70
Guatavo Portela de Deus
3 - Materiais e Meacutetodos
31 ndash Fluxograma do Desenvolvimento Experimental
Teacutecnicas de deposiccedilatildeo dos revestimentos duros
Soldagem dos corpos-de-
prova Aspersatildeo teacutecnica
EnsaiosAnaacutelises
Prop mecacircnicas Caract microestrutural
Ensaio de
desgaste
Ensaio de DurezaMicro
Microscopia oacutetica
Discussatildeo Anaacutelises
Dissertaccedilatildeo de Mestrado
Materiais e Meacutetodos 71
Gustavo Portela de Deus
32 - Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no Solo de
Equipamentos Rodoviaacuterios
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios objeto deste
estudo foram selecionados dentre os que foram considerados como um dos mais
representativos na avaliaccedilatildeo referentes aos custos de manutenccedilatildeo e de consideraacutevel atraso
nos cronogramas de trabalho nas frentes de trabalho de conservaccedilatildeo e construccedilatildeo
rodoviaacuteria
Os elementos escolhidos para os estudos comparativos e para a anaacutelise de desgaste
na forma de desgaste abrasivo a dois corpos foram as unhas da caccedilamba da paacute carregadeira
de rodas articuladas utilizadas em serviccedilos leves e pesados de escavaccedilatildeo e carregamento
de agregados na forma principalmente de solos lateriacuteticos
Figura 3 1 Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira
Materiais e Meacutetodos 72
Gustavo Portela de Deus
Figura 32 Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira
Dentre os equipamentos rodoviaacuterios utilizados para construccedilatildeo e conservaccedilatildeo de
rodovias alguns apresentam ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de uso contiacutenuo e outras
somente quando a atividade se torna necessaacuteria como pontas de escarificadores de solos
Existem ainda outros elementos de maacutequinas que apresentam desgaste elevado em funccedilatildeo
dos mesmos manterem um contato direto com o solo como os elementos que compotildeem o
conjunto do material rodante de tratores de esteiras de escavadeiras hidraacuteulicas e de paacutes
carregadeiras tracionadas por esteiras desgaste este que por acontecer entre elementos que
estatildeo em movimento relativo entre si eacute considerado como desgaste abrasivo a trecircs corpos
Alguns fabricantes com a finalidade de prolongar a vida uacutetil desses elementos passaram a
utilizar esteiras vedadas e lubrificadas para evitar o contato direto dos elementos em
movimento relativo
O primeiro passo no desenvolvimento do projeto de avaliaccedilatildeo comparativa e na
anaacutelise de rendimento dos dois processos de revestimento superficial e do material
Materiais e Meacutetodos 73
Gustavo Portela de Deus
comercialmente encontrado e utilizado foi a confecccedilatildeo dos corpos de prova seguindo as
especificaccedilotildees da norma que regulamenta estudos triboloacutegicos ou seja a ASTM G65-91
Os materiais de base apoacutes ser analisados quanto agrave perda de massa no periacuteodo de
2900 horas foram cortados nas dimensotildees especificadas pela norma ASTM G65-91 para
ser submetidos aos ensaios de dureza pelo meacutedodo Rockwell C e resistecircncia agrave abrasatildeo por
meio do ensaio pela roda de borracha O mesmo procedimento foi executado aos corpos de
prova revestidos por soldagem de endurecimento superficial bem como pelo processo de
aspersatildeo teacutermica pelo meacutetodo LVOF Apoacutes o corte esses corpos-de-prova foram
submetidos a algumas operaccedilotildees de usinagem com a finalidade de adquirir suas formas
planas e retiradas de escoacuterias provenientes do processo de soldagem
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos
3211 - Revestimento Duro pelo Processo de Soldagem
Uma das teacutecnicas utilizadas no desenvolvimento do trabalho e que se tornou fator
de anaacutelise e comparaccedilatildeo de resultados de maior e menor desempenho foi o revestimento
duro pelo processo de soldagem em que foi utilizado a soldagem de revestimento com
eletrodo revestido
O processo de revestir superfiacutecies pelo processo de soldagem pode ser aplicado em
peccedilas novas bem como na recuperaccedilatildeo de peccedilas desgastadas pelo uso Eacute um processo de
aplicaccedilatildeo simples necessitando apenas das varetas das ligas de recobrimento e de uma
chama oxiacetilecircnica ou de um arco eleacutetrico O processo tem a vantagem de poder ser
aplicado a aacutereas localizadas da peccedila que sejam mais sujeitas ao desgaste (BATISTA
NASCIMENTO wwwspectrucombr )
Materiais e Meacutetodos 74
Gustavo Portela de Deus
As varetas dos materiais de recobrimento satildeo fornecidas em dois tipos revestidas
para soldagem a arco e natildeo revestidas para soldagem oxiacetilecircnica A soldagem
oxiacetilecircnica produz depoacutesitos mais uniformes e que podem ser mais bem posicionadas na
peccedila com velocidades de aquecimento e resfriamento relativamente baixas Por outro lado
a soldagem a arco eacute um processo menos caro mais raacutepido e se presta melhor agrave utilizaccedilatildeo
de equipamentos automaacuteticos Os depoacutesitos obtidos com arco eleacutetrico em geral satildeo mais
grosseiros e apresentam maior tendecircncia agrave formaccedilatildeo de poros Haacute tambeacutem maior
probabilidade de formaccedilatildeo de trincas em funccedilatildeo dos gradientes de temperatura criados
para altas velocidades de aquecimento e de resfriamento (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
O material de recobrimento eacute fundido durante a soldagem e se espalha sobre o
metal base ligando-se com este e formando uma nova superfiacutecie com uma camada que
varia entre 15 mm a 60 mm Apenas uma camada superficial da peccedila atinge a temperatura
de fusatildeo o que evita uma contaminaccedilatildeo muito acentuada do recobrimento do metal base
que diminuiria as propriedades de resistecircncia ao desgaste da camada depositada
O recobrimento duro pode ser aplicado agrave maioria dos metais natildeo ferrosos Por outro
lado com algumas exceccedilotildees natildeo se recomenda o recobrimento de ligas natildeo ferrosas com o
ponto de fusatildeo inferior a 1100ordmC Os accedilos ndash carbonos podem ser recobertos com relativa
facilidade em especial se o teor de carbono for inferior a 035 A soldagem se torna mais
difiacutecil agrave medida que o teor de carbono aumenta sendo que os accedilos de alto carbono e os
accedilos ligados devem sofrer um preacute ndash aquecimento e apoacutes recobrimento devem ser recozidos
Os accedilos inoxidaacuteveis os ferros fundidos e os accedilos raacutepidos tambeacutem podem ser recobertos
utilizando ndash se teacutecnicas adequadas de soldagem O cobre bronze e ligas como o latatildeo
Materiais e Meacutetodos 75
Gustavo Portela de Deus
apresentam maiores dificuldades de soldagem em funccedilatildeo de seus pontos de fusatildeo serem
baixos e sua alta condutividade (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr )
O recobrimento duro eacute muito usado nas aplicaccedilotildees em uma lubrificaccedilatildeo regular
contra abrasatildeo seja impossiacutevel ou inviaacutevel como em ferramentas de perfuraccedilatildeo de poccedilos
de petroacuteleo equipamentos para a agricultura e para terraplenagem ferramentas para
mineraccedilatildeo e equipamentos para a induacutestria petroquiacutemica O processo tambeacutem eacute usado para
ampliar a duraccedilatildeo de peccedilas que recebem lubrificaccedilatildeo tais como matrizes de conformaccedilatildeo
mecacircnica e aacutereas localizadas de oacutergatildeos de maacutequinas extremamente sujeitas a desgaste
Superfiacutecies com recobrimento duro satildeo em geral mais resistentes ao desgaste ao calor e agrave
corrosatildeo do que superfiacutecies cementadas ou temperadas por chama
Aleacutem disso aacutereas de difiacutecil acesso em componentes grandes praticamente
impossiacuteveis de ser submetidas a um processo de tratamento teacutermico podem receber um
recobrimento duro A teacutecnica pode tambeacutem ser empregada para a recuperaccedilatildeo de
equipamentos pesados sem a necessidade de desmontaacute-los (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
3212 ndash Revestimento superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF
Foi tambeacutem aplicada a teacutecnica de revestimento por aspersatildeo teacutermica
especificamente pelo meacutetodo de LVOF de acordo como eacute relatado a seguir o
desenvolvimento do processo
3213 - HVOF (High Velocity Oxigen Fuel)
Dentre os processos de aspersatildeo teacutermica utilizados para aplicar revestimentos
resistentes ao desgaste o processo de aspersatildeo oxicombustiacutevel de alta velocidade
Materiais e Meacutetodos 76
Gustavo Portela de Deus
conhecido como HVOF (Higt velocity oxi fuel) tem sido um dos mais utilizados
principalmente na aplicaccedilatildeo de carbonetos O processo eacute baseado em um sistema de
combustatildeo interna de alta pressatildeo similar a um motor de foguete em miniatura
Combustiacutevel e oxigecircnio satildeo misturados para produzir um jato de gaacutes supersocircnico acima de
2000 ms e 2800degC ( Lima et al apud Thorpe et al 1998) Os combustiacuteveis usados
incluem querosene hidrogecircnio propileno propano acetileno metil-acetileno propadieno
e gaacutes natural O material em forma de poacute eacute introduzido na chama quente dentro do cano de
saiacuteda da pistola Os revestimentos produzidos apresentam maior dureza adesatildeo ao
substrato durabilidade e maior possibilidade de espessura do que os revestimentos
produzidos por outros processos de aspersatildeo teacutermica Uma vantagem inerente do processo
HVOF eacute sua habilidade de aspergir partiacuteculas semi-fundidas a altas velocidades (em torno
de 900 ms) resultando em um revestimento bastante denso com alta adesatildeo ao substrato e
baixo conteuacutedo de oacutexidos Carbonetos superaquecidos podem se decompor e formar fases
menos beneacuteficas ao revestimento O processo HVOF eacute bastante efetivo ao acelerar bastante
as partiacuteculas sem excesso de aquecimento (LIMACAMARGO 2001)
Carbonetos de vaacuterios tipos satildeo especialmente adequados para aplicaccedilatildeo por HVOF
pois natildeo requerem significante fusatildeo para se depositar e formar uma superfiacutecie efetiva
contra desgaste Composiccedilotildees tiacutepicas estatildeo entre 8 a 30 de conteuacutedo da liga matriz que
serve primariamente como ligante para as partiacuteculas de carboneto (Lima et al apud Thorp
et al 2000) Uma das ligas mais usadas para aplicaccedilotildees de desgaste tem sido a liga WC-
Co (Lima et al apud Korpiola amp Vuoristo 1996) agraves vezes ligada a outros elementos como
Ni e Cr no intuito de oferecer melhores caracteriacutesticas de resistecircncia agrave corrosatildeo e desgaste
combinado (Lima et al apud Berger et al 2001)
Materiais e Meacutetodos 77
Gustavo Portela de Deus
3214 - LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray - Poacute
O processo LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) poacute consiste em injetar o material a
ser depositado em forma de poacute na chama derivada da queima de oxigecircnio e acetileno
(3100ordmC) sendo o material aquecido e projetado contra o substrato previamente preparado
Em algumas variaccedilotildees do processo um jato de ar comprimido auxilia a acelerar e
atomizar o poacute Pode-se efetuar a fusatildeo da camada apoacutes aplicaccedilatildeo do revestimento
aumentando assim a aderecircncia e resistecircncia do material aplicado
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
- Ligas Base de Niacutequel como Incinel Monel NiCrBSi e outras
- Oacutexido de Cromo
- Alumina e Alumina ndash Titacircnio e Dioacutexido de Titacircnio
- Oacutexido de Zirconia
- Ligas Base de Cobalto ndash Stellite
3215 - LVOF ( Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray ndash Arame
O processo de aspersatildeo LVOF Arame utiliza como fonte de calor para fusatildeo do
arame a chama gerada pela queima de oxigecircnio e acetileno
A atomizaccedilatildeo e aceleraccedilatildeo do material fundido satildeo realizadas por um jato de ar
comprimido que cerca a chama do oxigecircnio e acetileno
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
Materiais e Meacutetodos 78
Gustavo Portela de Deus
- Accedilo carbono como ligas 1020 1045 1080 e outros
- Accedilo inox como ligas AISI 302 304 316 e AISI 410420 etc
- Ligas de Niacutequel
- Alumiacutenio
- Zinco
- Estanho
322 - Materiais
3221 - Material de Referecircncia
O material que foi utilizado como referecircncia na anaacutelise comparativa dos processos
de revestimento foi retirado de amostras de unhas de caccedilambas de paacutes carregadeiras de
rodas na sua forma original ou seja fornecida pelo fabricante do equipamento rodoviaacuterio e
seguindo os padrotildees determinados pela norma ASTM G65-91 Por se tratar de materiais
originais ou seja fornecido pelo fabricante da maacutequina foi constatado por meio de
avaliaccedilotildees primaacuterias como mais resistentes ao desgaste abrasivo e comprovado atraveacutes do
nuacutemero de horas em que os elementos foram submetidos em operaccedilotildees de escavamento e
carregamento
3222 - Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo
O material de base utilizado na confecccedilatildeo dos corpos de prova para anaacutelise de
resistecircncia ao desgaste abrasivo pelos processos por soldagem e por aspersatildeo teacutermica foi o
accedilo ABNT 1015 com as seguintes dimensotildees 75 mm de comprimento 24 mm de largura
Materiais e Meacutetodos 79
Gustavo Portela de Deus
e 4mm de espessura nas amostras por soldagem e 48 mm de comprimento 24 de largura e
4mm de espessura nas amostras aspergidas Tais dimensotildees se fizeram necessaacuterias para
atender agrave norma como tambeacutem para permitir um encaixe perfeito ao suporte do
abrasocircmetro nos ensaios de perda de massa
3223 - Consumiacuteveis Utilizados
Os consumiacuteveis utilizados para revestir os corpos de prova nos processos de
revestimento superficial por soldagem foram os eletrodos para abrasatildeo severa erosatildeo e
cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo Bohler Thyssen Welding tipo UTP 713 desenvolvimento especial
com as seguintes concentraccedilotildees C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09
com dureza de 65HRC
Os revestimentos por soldagem executados nos corpos-de-prova foram feitos na
empresa Engincom Comeacutercio e Induacutestria LTDA situada no Distrito Industrial de
Teresina-PI
Jaacute os corpos de prova revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica por LVOF
utilizaram como consumiacutevel nas amostras tipo P uma mistura composta de 170 de Cr
40 de Fe 40 de Si 35 de B 10 de C e Ni balanceado As amostras tipo M foram
revestidas utilizando como consumiacutevel a mesma mistura utilizada no revestimento das
amostras tipo P com a adiccedilatildeo de 10 de carboneto de tungstecircnio com base cobalto (81
de tungstecircnio + 12 de cobalto + 5 de carbono + 2 de ferro)
Foram utilizados dois tipos de consumiacuteveis nas amostras revestidas por aspersatildeo
teacutermica com a finalidade de se avaliar tambeacutem o comportamento dos revestimentos
quanto a resistecircncia ao desgaste abrasivo utilizando-se os ensaios de resistecircncia ao desgaste
Materiais e Meacutetodos 80
Gustavo Portela de Deus
e de dureza nos dois tipos de consumiacuteveis Levando-se em consideraccedilatildeo principalmente o
custo do revestimento
Os corpos-de-prova que foram revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica tipo
LVOF foram executados na empresa Ogramac Nordeste situada no Distrito Industrial de
Suape em Ipojuca-PE
3224 - Areia
A areia utilizada no ensaio de abrasatildeo para constataccedilatildeo da perda de massa foi a
areia quartzosa industrial com granulometria de 40 a 60 mesh fornecida pela empresa
Sand SL Comeacutercio de Mineacuterio LTDA de Satildeo Carlos-SP Esta areia foi submetida a um
sistema de peneiramento de modo a adequar a sua granulometria agraves dimensotildees
especificadas pela norma ASTM G65-91 que estabelece um percentual de 5 de maacutexima
retenccedilatildeo na peneira de 50 mesh e de 90 de miacutenimo na peneira de 60 mesh
323 - Equipamentos
3231 - Equipamento de Soldagem
Foi utilizado um transformador de solda de fabricaccedilatildeo bambozzi modelo TDC 460
E com as seguintes caracteriacutesticas teacutecnicas Corrente maacutexima de solda de 430 A trifaacutesico
com tensatildeo de alimentaccedilatildeo de 380V potecircncia nominal de 208 kVA frequumlecircncia de
5060Hz caracteriacutesticas de soldagem DC e dimensotildees (AxLxC) de 480x555x665
3232 - Sistema de Peneiramento da Areia
A maacutequina utilizada para peneirar a areia no ensaio de abrasatildeo por roda de
borracha foi desenvolvida e construiacuteda no Departamento de Engenharia de Materiais da
Materiais e Meacutetodos 81
Gustavo Portela de Deus
Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar Eacute constituiacuteda de duas peneiras superpostas
com malhas de 50 e 70 meshs segundo a AFS fixadas em uma estrutura de accedilo que sofre
movimento vibratoacuterio promovido por um motor de frac14 de HP em cujo eixo estaacute afixada
uma peccedila assimeacutetrica para provocar um efeito excecircntrico na rotaccedilatildeo e consequumlente
vibraccedilatildeo como mostra a Figura 33
Figura 33 - Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo
3233 Abrasocircmetro
O abrasocircmetro utilizado no ensaio de abrasatildeo por perda de massa tambeacutem foi
desenvolvido e construiacutedo nos laboratoacuterios do Departamento de Engenharia de Materiais
da Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar segundo a norma ASTM G65-91 Esta
norma determina que seja feita uma calibraccedilatildeo do abrasocircmetro de modo que o mesmo
possa ser utilizado de forma confiaacutevel assegurando as mesmas condiccedilotildees e
reprodutividade dos ensaios de perda de volume
Materiais e Meacutetodos 82
Gustavo Portela de Deus
O anel de borracha eacute constituiacutedo de clorobutil com diacircmetro externo inicial de
2286 mm e espessura de 127 mm com dureza variando entre 59 e 60 shore A A
excentricidade do anel natildeo deve exceder a toleracircncia de 005 mm Com este diacircmetro
especificado e para um nuacutemero total de 6000 rotaccedilotildees o comprimento linear de realizaccedilatildeo
do ensaio eacute de 4309 m Agrave medida que a roda se desgasta deve-se ajustar a perda de
volume (PV) como prevecirc a norma O fluxo de areia recomendado eacute de 300 gmin a 400
gmin que deveraacute escoar pelo bocal de alimentaccedilatildeo de forma regular e contiacutenua como
mostra a Figura 34
Faz parte da constituiccedilatildeo do abrasocircmetro um contador digital do nuacutemero de voltas
efetuadas pela roda de borracha ateacute o limite estabelecido de 6000 rotaccedilotildees em que o
mesmo deveraacute provocar o desligamento automaacutetico Possui ainda um sistema de alarme
com paracircmetros de limites de rotaccedilotildees por min de miacutenimo 190rpm e de maacuteximo 210 rpm
e tendo como rotaccedilatildeo referecircncia 200 rpm (BRANDIM 1998)
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha
Materiais e Meacutetodos 83
Gustavo Portela de Deus
3234 - Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos-de-Prova
Os corpos-de-prova revestidos pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
foram retificados e cortados em uma retificadora plana longitudinal de fabricaccedilatildeo Mello
SA Maacutequinas e Equipamentos modelo RPT 2 maacutequina nordm 192 ano 1983 nos laboratoacuterios
de usinagem do CEFET ndash PI com refrigeraccedilatildeo na aacuterea de corte atraveacutes de fluido especial
emulsionaacutevel em aacutegua e tendo como ferramenta de corte um disco abrasivo de alta rotaccedilatildeo
(6000 rpm) e elevada dureza da ordem de 70 HRC fornecido pela empresa Arotec
modelo AA 5
Anteriormente ao corte das amostras nas dimensotildees especificadas pela norma
ASTM G65-91 os corpos de prova passaram por um processo de retificaccedilatildeo com o
objetivo de reparar possiacuteveis deformaccedilotildees e melhorar o acabamento das amostras
As medidas de massa dos corpos de prova para determinaccedilatildeo da massa antes e
depois do ensaio de abrasatildeo por roda de borracha foram efetuadas em uma balanccedila de
precisatildeo analiacutetica marca Marte modelo AS 2000C com capacidade de pesagem maacutexima
de 2000g e miacutenima de 05g erro de 01g e sensibilidade de 001g
3235 - Durocircmetro
As medidas de dureza foram efetuadas em um durocircmetro marca Sussen Wolpert
tipo Testor HT1 maacutequina Nordm 333 ano 1971 em escala Rockwell C com carga de 150 kgf
como mostra a Figura 35 pertencente ao laboratoacuterio do DEMa da Universidade Federal de
Satildeo Carlos (UFSCar)
Materiais e Meacutetodos 84
Gustavo Portela de Deus
Figura 35 - Durocircmetro
3236 - Microscopia Oacutetica
As anaacutelises e imagens de microscopia oacutetica foram realizadas no microscoacutepio oacutetico
de marca NIKKON EPIPHOT ndash DX com conversor de sinais da Hitach modelo com
aumento maacuteximo de 1000 vezes Para obtenccedilatildeo das fotos das microestruturas utilizou-se
um analisador de imagens
33 - Sequumlecircncia Experimental
Apoacutes os procedimentos convencionais de preparaccedilatildeo das amostras nas trecircs
condiccedilotildees que seratildeo avaliadas ou seja soldadas revestidas superficialmente por aspersatildeo
teacutermica e na condiccedilatildeo normal ou comercialmente encontradas estas amostras ou corpos-
de-prova passaram agrave fase experimental
Materiais e Meacutetodos 85
Gustavo Portela de Deus
Os experimentos tiveram como finalidade inicial avaliar o desempenho quanto agrave
resistecircncia agrave abrasatildeo dos corpos-de-prova quando submetidos aos processos de
revestimento superficial pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Tais experimentos se basearam principalmente em anaacutelises microscoacutepicas por meio
de microscopia oacutetica resistecircncia agrave abrasatildeo pelo ensaio da roda de borracha e pela anaacutelise
do niacutevel de dureza adquirida atraveacutes do durocircmetro
Depois de computados os resultados obtidos nos ensaios tecnoloacutegicos nas trecircs
avaliaccedilotildees diferentes microscopia dureza e resistecircncia agrave abrasatildeo partiu-se para a anaacutelise
matemaacutetica atraveacutes das meacutedias em funccedilatildeo de resultados diferentes obtidos nos ensaios em
pontos diferentes das amostras
34 ndash Meacutetodos
341 - Planejamento Experimental
3411 - Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo a Baixa Tensatildeo ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram preparados e ensaiados segundo os procedimentos da
norma ASTM G65-91 (1991) no abrasocircmetro similar ao apresentado na figura A forccedila
exercida pelo corpo de prova sobre a roda foi de 130 N A rotaccedilatildeo da roda de borracha foi
mantida em mais ou menos 200 rpm com variaccedilotildees para mais e para menos de 10 rpm
quando em movimento e sob pressatildeo de ensaio Empregou-se para a contagem do nuacutemero
de giros da roda de borracha um sensor indutivo O nuacutemero total de rotaccedilotildees da roda para
interrupccedilatildeo automaacutetica do ensaio foi preacute-fixado em 6000 rotaccedilotildees Para a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha quando se fez necessaacuterio utilizou-se uma lixa de
granulometria 320 mantendo-se o braccedilo da alavanca do equipamento livre de qualquer
Materiais e Meacutetodos 86
Gustavo Portela de Deus
carga para evitar qualquer pressatildeo sobre a roda e proporcionar uma folga suficiente para a
introduccedilatildeo da lixa entre a roda e a amostra O fluxo de areia foi mantido dentro dos limites
da norma ASTM G65-91 (1991) tendo variado entre 350 e 360 gramasminuto
Os ensaios foram realizados com a roda de borracha girando no mesmo sentido da
direccedilatildeo de soldagem empregado Apoacutes o ensaio de cada lote realizou-se a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha As perdas de massa e de volume conforme a norma ASTM
G65-91 (1991) quando satildeo determinadas em uma roda de borracha com diacircmetro externo
diferente de 2286 mm devem ser corrigidas linearmente pela relaccedilatildeo perda de volume
(PV) x 2286 mmdiacircmetro da roda no final do ensaio tendo sido empregada quando
necessaacuterio esta correccedilatildeo (BRANDIM 1998)
3412 Microscopia Oacutetica
As amostras revestidas por aspersatildeo teacutermica LVOF dos tipos P e M e soldadas
foram analisadas no microscoacutepio oacutetico com aproximaccedilatildeo de 50X 100X 200X e 500X
3413 Ensaio de Dureza
Para a determinaccedilatildeo da dureza foi utilizado o meacutetodo Rockwell C com carga de
150 kgf Antes de efetuar as medidas foi realizada a afericcedilatildeo do aparelho ou durocircmetro
por meio da utilizaccedilatildeo de corpos-de-prova de dureza padronizada Cada corpo-de-prova foi
submetido a no miacutenimo trecircs medidas de dureza em pontos diferentes da superfiacutecie
Capiacutetulo 4
Resultados e Discussatildeo
Resultados e Discussatildeo 88
Gustavo Portela de Deus
4 - Resultados e Discussatildeo
41 - Introduccedilatildeo
Por meio dos ensaios jaacute efetuados e comentados no capiacutetulo anterior e utilizando-
se a metodologia descrita inicialmente seratildeo representados os resultados de afericcedilatildeo e
qualificaccedilatildeo do abrasocircmetro realizados segundo a norma ASTM G65-91(1991)
Procedimento A resistecircncia ao desgaste resultados dos ensaios de dureza e anaacutelises
quiacutemicas de microscopia oacutetica e terminando com as discussotildees que se fizeram relevantes
dos resultados obtidos
411 - Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho
Foram levantados dados estatiacutesticos do rendimento apresentado pelos elementos de
penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios no que concerne agrave vida uacutetil
proporcionada pelos diversos produtos apresentados no mercado bem como a qualidade
destes materiais no que diz respeito a constituiccedilatildeo da liga tratamentos teacutermicos efetuados
e revestimento superficial em peccedilas novas ou recuperadas na forma de endurecimento com
a finalidade de elevar a resistecircncia ao desgaste
No levantamento de dados e de informaccedilotildees foram considerados os rendimentos
obtidos pelas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios quando
utilizadas na sua forma original ou seja de acordo com a forma comercial fornecida por
parte dos fabricantes Foi considerada a vida uacutetil atingida com a ferramenta quando
utilizada na sua forma comercial bem como quando aplicado seu revestimento especiacutefico
Resultados e Discussatildeo 89
Gustavo Portela de Deus
Foram confeccionados corpos de prova seguindo a norma especiacutefica para
revestimentos duros ou seja ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram revestidos por soldagem de revestimento utilizando
eletrodos com as seguintes caracteriacutesticas eletrodo baacutesico que apresenta depoacutesitos de
carbonetos complexos de Cr Mo Nb W e V indicado para revestimentos duros contra
abrasatildeo severa erosatildeo e cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo BOHLER THYSSEN WELDING Tipo
UTP 713 desenvolvimento especial com concentraccedilatildeo de elementos na seguinte
composiccedilatildeo C - 4 Cr - 235 Mo ndash 65 Nb ndash 60 W ndash 08 e V ndash 09 com uma
dureza esperada de 65HRc
Foram tambeacutem revestidos pelo processo de revestimento superficial por aspersatildeo
teacutermica do tipo LVOF
Durante o desenvolvimento do projeto foram determinadas as perdas de massa
bem como de espessura dos elementos objeto do estudo antes e depois de revestidos pelos
processos de recobrimento por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Os corpos-de-prova foram ensaiados para anaacutelise de resistecircncia ao desgaste
abrasivo por meio do abrasocircmetro de roda de borracha que foi construiacutedo pelos alunos
mestrandos em engenharia de materiais da Universidade Federal de Satildeo Carlos UFSCar na
aacuterea especiacutefica triboloacutegica seguindo as recomendaccedilotildees da norma ASTM G65-91
Foram executados estudos comparativos de rendimento e viabilidade econocircmica
quando comparadas estas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios
utilizadas na sua forma comercial bem como quando revestidas pelos processos de
endurecimento superficial por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 90
Gustavo Portela de Deus
42 - Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM
G65-91 Procedimento A
De acordo com esta norma o abrasocircmetro deveraacute antes da realizaccedilatildeo dos ensaios
de desgaste ser aferido Para tanto utilizou-se um accedilo ABNT 1015 para a determinaccedilatildeo do
coeficiente de variaccedilatildeo dos resultados obtidos com o ensaio de desgaste visando agrave
verificaccedilatildeo da dispersatildeo dos valores e da reprodutibilidade do equipamento A conversatildeo eacute
feita pela seguinte equaccedilatildeo
1000sup3)(
)(sup3)( x
cmg
gPMmmPV
Onde PV (mmsup3) = Perda de volume PM (g) = Perda de Massa e = (gmmsup3)
densidade do material
Segundo o apecircndice A da norma ASTM G65-91 o desvio padratildeo S a ser calculado
eacute obtido com o auxiacutelio da tabela 41 da referida norma para a obtenccedilatildeo do valor de d2 que
eacute dependente do nuacutemero de corpos-de-prova utilizados no ensaio de desgaste por abrasatildeo
Entatildeo a partir do desvio padratildeo da diferenccedila entre a maior perda de volume e a menor
perda de volume calcula-se o coeficiente de variaccedilatildeo (V) Tem-se entatildeo
Como o valor obtido neste processo de afericcedilatildeo foi inferior ao limite de 7
estabelecido pela norma ASTM G65-91(1991) fica assegurada a confiabilidade dos
resultados obtidos com o abrasocircmetro Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave
baixa tensatildeo realizada com accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilatildeo do
abrasocircmetro
Resultados e Discussatildeo 91
Gustavo Portela de Deus
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com
o accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro
Corpos-de-prova
Massa (g)
PV (cm3) M
i
M
f
Δ
M
01
1
128910
1
125017
0
3893
4
95924
02
1
129257
1
125721
0
3536
4
50446
03
1
077076
1
073516
0
3560
4
53503
04
1
093156
1
089095
0
4061
5
17325
05
1
077034
1
073005
0
4029
5
13248
Total
4
9
Onde Mi = Massa do corpo de prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo de prova depois do ensaio
ΔM = Diferenccedila de massa antes e apoacutes o ensaio
PV = Perda de volume
43 - Resistecircncia ao Desgaste
Resultados e Discussatildeo 92
Gustavo Portela de Deus
A anaacutelise da resistecircncia ao desgaste eacute feita pela comparaccedilatildeo com um material de
referecircncia Neste estudo foi utilizado o proacuteprio material constituinte das unhas da caccedilamba
de uma paacute carregadeira articulada de rodas Para a visualizaccedilatildeo geral dos materiais
envolvidos neste trabalho eacute apresentada na figura 41 uma comparaccedilatildeo da perda de
volume no qual os valores satildeo as meacutedias de todos os ensaios realizados
Na primeira imagem eacute representada a amostra que foi revestida pelo processo de
soldagem em que fica demonstrada a menor perda de massa em funccedilatildeo do consumiacutevel
utilizado no processo que possuiacutea uma grande concentraccedilatildeo de elementos de liga que
propiciam elevada resistecircncia ao desgaste
Na segunda imagem temos a representaccedilatildeo de uma amostra revestida pelo processo
de aspersatildeo teacutermica por LVOF em que tambeacutem fica demonstrada uma elevada resistecircncia
ao desgaste abrasivo embora de menor intensidade que na soldagem que admitimos ter
ocorrido em funccedilatildeo do procedimento utilizado no ensaio ldquoprocedimento Ardquo natildeo ser
recomendado a tal amostra por se tratar de revestimento de espessura pequena da ordem
de 05mm o que eacute considerada pequena para tal ensaio Quando o revestimento eacute de
pequena espessura o procedimento recomendado pela norma G65-91 eacute o ldquoprocedimento
Crdquo em que se utiliza uma menor carga como tambeacutem um nuacutemero menor de revoluccedilotildees
Na terceira imagem temos a representaccedilatildeo da amostra de referecircncia ou seja
retirada da proacutepria unha da caccedilamba da paacute carregadeira de rodas em que fica demonstrada
uma boa resistecircncia agrave abrasatildeo em funccedilatildeo da mesma ter sido constituiacuteda de accedilo carbono
1045 temperado que apresenta uma boa resistecircncia ao desgaste
Resultados e Discussatildeo 93
Gustavo Portela de Deus
Figura 41 - Imagens de corpos-de-prova desgastados no ensaio por abrasatildeo
Os dados coletados para a anaacutelise do desgaste abrasivo por meio do abrasocircmetro
estatildeo quantificados e apresentados na Tabela 42 com as perdas de massa correspondentes
a cada uma das amostras analisadas Na Figura 42 mostra o graacutefico da perda de massa
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste
Amostra Mi (g) Mf (g)
PM
(g)
PV
(mmsup3)
PVCorrigido
(mmsup3)
Metal
de
base
A1 9136 9044 092
45 45
A2 9050 8962 088
A3 10022 9914 108
Valor meacutedio 096
Aspersatildeo
teacutermica
A1 9219 9211 008
20 20
A2 9006 8997 009
A3 9107 9097 010
Valor meacutedio 009
Revestimentos
soldados
A1 18651 18638 013
12 12
A2 15647 15640 007
Resultados e Discussatildeo 94
Gustavo Portela de Deus
A3 14422 14414 008
Valor meacutedio 009
Onde Mi = Massa do corpo-de-prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo-de-prova depois do ensaio
PM = Perda de massa do corpo-de-prova apoacutes o ensaio
0
10
20
30
40
50
60
PV (mmsup3)
Accedilo ABNT
1015
Accedilo ABNT
1045
temperado
Aspersatildeo
teacutermica
Amostra
soldada em
laboratoacuterio
Corpos-de-prova
Perda de Volume Meacutedio (mmsup3)
Perda de Volume (mmsup3) Perda de Volume Corregido (mmsup3)
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos-de-prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo
44 - Dureza
Nos resultados dos valores meacutedios de dureza apresentados na Tabela 43 e na
Figura 43 natildeo se nota grandes dispersotildees dos resultados para os corpos-de-prova quando
se analisa entre os mesmos materiais e nem quando se compara os revestimentos obtidos
por teacutecnicas diferentes no caso por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 95
Gustavo Portela de Deus
Alguns valores de dureza apresentaram discrepacircncia em relaccedilatildeo aos
valores meacutedios que foram atribuiacutedos serem decorrentes do ponto em que o
indentador foi posicionado
O corpo-de-prova utilizado como referecircncia apresentou um bom
resultado de dureza visto que a sua microestrutura eacute constituiacuteda de
martensita
Tabela 43 - Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo
Amostra
HRc
(150kg)
Valor meacutedio
final Dureza
HRc
Metal de base
P1 46
45 P2 48
P3 43
Aspersatildeo
teacutermica
P1 53
54 P2 52
P3 56
Revestimentos
soldados
P1 52
53 P2 48
P3 59
Resultados e Discussatildeo 96
Gustavo Portela de Deus
40
42
44
46
48
50
52
54
Dureza (HRc -
150kg)
Metal de base Aspersatildeo
teacutermica
Soldados
Amostras revestidas
Dureza Meacutedia Final
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados
45 - Microdureza
Amostra M
0
200
400
600
800
1000
1200
30 90 180 330 450 600 750
Distacircncia (Mm)
Dur
eza
(200
gf)
Figura 44 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M
Resultados e Discussatildeo 97
Gustavo Portela de Deus
Amostra P
0
200
400
600
800
1000
1200
30 160 310 460 610 670 730
Distacircncia (microm)
Dure
za H
V (2
00g
f)
Figura 45 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P
46 - Anaacutelise Microestrutural
A anaacutelise microestrutural foi realizada para todos os corpos-de-prova estudados
nesse trabalho utilizando a teacutecnica de Microscopia oacutetica
461- Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente
Os corpos-de-prova aspergidos termicamente apresentaram as microestruturas
conforme mostram as Figuras 46 47 e 48 Nessas pode-se observar uma quantidade
significativa de poros de tamanhos variados principalmente na interface entre a camada
aspergida e o substrato em destaque na Figura 46 A formaccedilatildeo desses poros eacute decorrente
da reaccedilatildeo com gases durante o processo de aspersatildeo e a atmosfera em contato com o
material enquanto liacutequido
Resultados e Discussatildeo 98
Gustavo Portela de Deus
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 50X
Figura 47 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 100X
Interface substratocamada
Linha de poros
Resultados e Discussatildeo 99
Gustavo Portela de Deus
Figura 48 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente
possam ser os carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X
462 Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem
Os corpos-de-prova soldados apresentaram microestrutura euteacutetica com intensa
quantidade de carbetos de cromo complexos do tipo M7C3 conforme mostram as Figuras
49 e 410 Isto se deve principalmente pela composiccedilatildeo quiacutemica do eletrodo utilizado
onde apresentou C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09 com dureza de
65HRC
Estes elementos quando participam da constituiccedilatildeo da liga adicionam e melhoram
algumas propriedades mecacircnicas dos materiais tais como
a) Carbono (C) ndash Na composiccedilatildeo de accedilos modernos destinados agrave cutelaria
quer sejam aqueles classificados como carbono ou os ditos inoxidaacuteveis
dificilmente poderaacute existir menos do que 06 de Carbono pois este eacute o
Resultados e Discussatildeo 100
Gustavo Portela de Deus
principal elemento que apoacutes a adequada tecircmpera concederaacute dureza agrave
peccedila
b) Cromo (Cr) ndash O cromo estimula a formaccedilatildeo de carbonetos aumentando a
resistecircncia ao desgaste bem como a temperabilidade aos accedilos reduz a
velocidade criacutetica de resfriamento de modo que a tecircmpera de accedilos com
teores elevados de cromo seja feita preferencialmente ao oacuteleo ou ao ar A
adiccedilatildeo de cromo torna mais fina a granulaccedilatildeo dos accedilos aumentando
desse modo a sua resistecircncia
c) Molibdecircnio (Mo) ndash Influencia favoravelmente a dureza a resistecircncia a
quente a fluecircncia e a temperatura de crescimento de gratildeo de austenita
aleacutem de melhorar a penetraccedilatildeo da tecircmpera nos accedilos Eacute largamente
empregado no accedilos de construccedilatildeo mecacircnica para beneficiamento pois
forma partiacuteculas resistentes a abrasatildeo e evita a fragilidade de
revenimento O molibdecircnio natildeo eacute empregado sozinho pois apresenta
uma tendecircncia de diminuir a tenacidade dos accedilos
d) Nioacutebio (Nb) ndash Tem alta afinidade por carbono e nitrogecircnio formando
carbonetos e carbonitretos Melhora a soldabilidade a tenacidade e a
comformabilidade o que levou a ciecircncia moderna a busca de
alternativas que aumentassem a resistecircncia mecacircnica do accedilo sem alterar
as outras propriedades desejaacuteveis
e) Tungstecircnio (W) ndash Forma carbonetos muito duros tendo como
consequumlecircncia influecircncia nas propriedades com aumento da dureza
aumento da resistecircncia agrave traccedilatildeo resistecircncia agrave corrosatildeo e a erosatildeo
f) Vanaacutedio (V) ndash Eleva a temperatura de crescimento do gratildeo da austenita
promovendo o refino do gratildeo Eacute excelente desoxidante A adiccedilatildeo de
Resultados e Discussatildeo 101
Gustavo Portela de Deus
vanaacutedio confere aos accedilos uma insensibilidade ao super-aquecimento
melhorando suas caracteriacutesticas de forjamento e usinagem O emprego de
teores elevados de vanaacutedio deve ser acompanhado por um aumento do
teor de carbono devido agrave formaccedilatildeo de carbonetos
g) Siliacutecio (Si) ndash Auxilia na desoxidaccedilatildeo auxilia na grafitizaccedilatildeo aumenta a
fluidez como influecircncia na estrutura Aumenta a resistecircncia agrave oxidaccedilatildeo
com temperaturas elevadas melhoria da temperabilidade e da resistecircncia
a traccedilatildeo influenciando nas propriedades
h) Boro (B) ndash Os accedilos ao boro compreedem uma famiacutelia com propriedades
especiais devendo ser tratados como uma classe agrave parte O boro quando
adicionado em pequenas quantidades melhora a temperabilidade do accedilo
diminui a tendecircncia a triancas de tecircmpera distorccedilotildees durante o
tratamento teacutermico e melhora as propriedades de conformaccedilatildeo mecacircnica
Os accedilos ao boro natildeo satildeo empregados soacute onde se exijam especificaccedilotildees
severas de temperabilidade mas tambeacutem onde se necessite de
caracteriacutesticas uniformes de tratamento teacutermico de usinabilidade
soldagem e conformaccedilatildeo O percentual de boro adicionado aos accedilos pode
variar desde 00005 quando se deseja obter efeitos de temperabilidade
a ateacute 00015 quando se obtecircm a melhor combinaccedilatildeo de resistecircncia e
tenacidade nos accedilos
i) Niacutequel (Ni) ndash Refina o gratildeo diminui a velocidade de transformaccedilatildeo na
estrutura do accedilo Influecia nas propriedades com o aumento da
resistecircncia a traccedilatildeo e com a alta ductilidade
Resultados e Discussatildeo 102
Gustavo Portela de Deus
Figura 49 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X
Resultados e Discussatildeo 103
Gustavo Portela de Deus
Figura 410 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do
tipo M7C3 Ataque colorido 500X
Os corpos de prova estudados e que foram revestidos pelo processo de soldagem de
revestimento foram incluiacutedos no diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C apresentado na Figura
411 Observou-se que todas as amostras estatildeo enquadradas na regiatildeo hipereuteacutetica
Resultados e Discussatildeo 104
Gustavo Portela de Deus
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C
As amostras das Figuras 49 e 410 apresentam uma microestrutura com euteacutetico e
perfis alongados de tonalidade clara representando os carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 e ainda pontos claros representativos dos elementos constituintes da liga de
composiccedilatildeo do eletrodo bem como os carbonetos de cromo que natildeo se desenvolveram
Os perfis representativos dos carbonetos de complexos de cromo M7C3 de forma
alongada conferem ao revestimento uma dureza elevada que favorece a uma maior
resistecircncia ao desgaste abrasivo poreacutem da mesma forma que elevam esta resistecircncia ao
desgaste favorece tambeacutem o aparecimento de trincas que podem acelerar o processo
abrasivo em funccedilatildeo de permitir a penetraccedilatildeo do gratildeo abrasivo entre as frestas dessas
trincas
Resultados e Discussatildeo 105
Gustavo Portela de Deus
463 Resultados
Apresentar uma anaacutelise comparativa de rendimento entre as ferramentas de
penetraccedilatildeo no solo para equipamentos rodoviaacuterios encontrados no mercado consumidor e
destas mesmas ferramentas revestidas superficialmente pelos processos de endurecimento
superficial por soldagem com a utilizaccedilatildeo de eletrodos revestidos e pela teacutecnica de
revestimento LVOF
Nas anaacutelises econocircmicas efetuadas se constatou que o custo para se revestir as
unhas das caccedilambas da paacute carregadeira utilizando como base a peccedila original isto eacute antes
da mesma ser colocada em operaccedilatildeo eacute compatiacutevel com o custo benefiacutecio de se substituir a
mesma unha apoacutes o seu desgaste natural Baseado no preposto e considerando o tempo
desperdiccedilado para a substituiccedilatildeo do elemento consideramos economicamente viaacutevel se
revestir unhas de caccedilamba na condiccedilatildeo nova adquirida no mercado
Capiacutetulo 5
Conclusotildees e Sugestotildees
Conclusotildees 107
Gustavo Portela de Deus
5 ndash Conclusotildees
ndash Os materiais revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica apresentaram uma
superfiacutecie mais uniforme e de melhor aparecircncia
ndash Como determinadas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios natildeo requerem uma usinagem posterior para acabamento como retificaccedilatildeo os
processos por aspersatildeo em determinadas situaccedilotildees satildeo industrialmente mais eficientes
que os processos por soldagem
ndash A perda de volume constatada nos dois processos envolvidos na anaacutelise no
quesito correspondente agrave resistecircncia ao desgaste por aspersatildeo e por soldagem natildeo se
tornou fator determinante na opccedilatildeo de escolha do processo mais eficiente em funccedilatildeo do
procedimento utilizado no ensaio de desgaste por abrasatildeo
- As amostras revestidas pelo processo de soldagem com eletrodo revestido
apresentaram trincas em diversos pontos da estrutura em funccedilatildeo do aparecimento dos
elementos de segunda fase
ndash Ainda natildeo se recomenda revestir ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de
equipamentos rodoviaacuterios que estatildeo sujeitos a grandes impactos pelo processo de aspersatildeo
teacutermica em funccedilatildeo dos revestimentos por aspersatildeo natildeo resistirem ao impacto que tambeacutem
vem a ser uma caracteriacutestica dos dentes de caccedilamba de paacutes carregadeiras que sofrem
desgaste por goivagem
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Gustavo Portela de Deus
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SUMAacuteRIO
1 ndash Introduccedilatildeo 14
2 ndash Revisatildeo Bibliograacutefica 19
21 ndash Tipos de Desgaste21
22 ndash Desgaste por Abrasatildeo21
23 ndash Tipos de Processos Abrasivos22
24 ndash Tipos de Abrasatildeo24
241 ndash Goivagem24
242 ndash Abrasatildeo por Alta Pressatildeo25
243 ndash Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Pressatildeo26
2431 ndash Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo27
2432 ndash Consideraccedilotildees Sobre os Abrasivos29
2433 ndash Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo29
24331 ndash Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo31
25 ndash Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste Abrasivo32
251 ndash Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo34
252 ndash Carga Aplicada35
253 ndash Influecircncia da Dureza38
254 ndash Influecircncia da Temperatura39
26 ndash Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste40
27 ndash Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste44
28 ndash Revestimentos Superficiais45
281 ndash Aspersatildeo Teacutermica46
2811 ndash Processos50
28111 ndash Processos por Combustatildeo50
281111 ndash Arames e Varetas51
281112 ndash Poacute51
28112 ndash Detonaccedilatildeo54
28113 ndash Processos Eleacutetricos55
281131 ndash Arco Eleacutetrico55
281132 ndash Arco Plasma Natildeo-Transferido56
281133 ndash Arco Plasma Transferido58
2812 ndash Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie58
2813 ndash Limpeza e Manuseio59
28131 ndash Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes59
2814 ndash Criaccedilatildeo de Rugosidade60
282 ndash Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste60
2821 ndash Recobrimento Duro61
2822 ndash Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro61
2823 ndash Seleccedilatildeo do Material para o Recobrimento Duro64
2824 ndash Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento64
29 ndash Tipos de Revestimento65
291 ndash Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro65
292 ndash Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies66
3 ndash Materiais e Meacutetodos69
31 ndash Fluxograma de Desenvolvimento Experimental69
32 ndash Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no solo de Equipamentos
Rodoviaacuterios70
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos72
3211 ndash Revestimento Duro por Processo de Soldagem72
3212 ndash Revestimento Superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF74
3213 ndash HVOF (High Velocity Oxigen Fuel) helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip74
3214 ndash LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray-Poacute helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip76
3215 ndash LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray-Arame helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip76
322 ndash Materiais77
3221 ndash Material de Referecircncia77
3222 ndash Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo77
3223 ndash Consumiacuteveis Utilizados78
3224 ndash Areia79
323 ndash Equipamentos79
3231 ndash Equipamento de Soldagem79
3232 ndash Sistema de Peneiramento da Areia79
3233 ndash Abrasocircmetro80
3234 ndash Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos de Prova82
3235 ndash Durocircmetro82
3236 ndash Microscopia Oacutetica83
33 ndash Sequumlecircncia Experimental83
34 ndash Meacutetodos84
341 ndash Planejamento Experimental84
3411 ndash Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo agrave Baixa Tensatildeo ASTM G65-9184
3412 ndash Microscopia Oacutetica85
3413 ndash Ensaio de Dureza85
4 ndash Resultados e Discussotildees 87
41 ndash Introduccedilatildeo87
411 ndash Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho87
42 ndash Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM G65-91
Procedimento A89
43 ndash Resistecircncia ao Desgaste90
44 ndash Dureza93
45 ndash Microdureza 95
46 ndash Anaacutelise Microestrutural96
461 ndash Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente96
462 ndash Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem 98
463 ndash Resultados 103
5 ndash Conclusotildees105
Referecircncias 107
LISTA DE FIGURAS
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e dentes desgastados 20
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e cantos desgastados 20
Figura 23 ndash Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste 22
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos23
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos24
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste35
Figura 27 ndash Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo37
Figura 28 ndash Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste39
Figura 29 ndash Efeito da temperatura no desgaste abrasivo40
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato46
Figura 211 ndash Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido48
Figura 212 ndash Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas49
Figura 213 ndash Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo50
Figura 214 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama50
Figura 215 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama53
Figura 216 ndash Esquemaacutetica de tocha de detonaccedilatildeo55
Figura 217 ndash Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico56
Figura 218 ndash Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma57
Figura 31 ndash Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira70
Figura 32 ndash Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira71
Figura 33 ndash Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo80
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha81
Figura 35 ndash Durocircmetro83
Figura 41 ndash Imagens de corpos de prova desgastados no ensaio de abrasatildeo91
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos de prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo93
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados94
Figura 44 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M95
Figura 45 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P95
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 50X96
Figura 47 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 100X97
Figura 48 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente possam ser os
carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X97
Figura 49 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X100
Figura 410 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 500X101
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C102
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica49
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor51
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro66
Tabela 24 ndash Guia para seleccedilatildeo de ligas para recobrimento duro71
Tabela 25 ndash Vantagens e desvantagens dos processos para revestimentos de superfiacutecies75
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com o
accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro94
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste95
Tabela 43 ndash Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo97
LISTA DE ABREVIATURAS E SIacuteMBOLOS
Capiacutetulo 1
Introduccedilatildeo
Introduccedilatildeo 14
Gustavo Portela de Deus
1 ndash INTRODUCcedilAtildeO
O elevado desgaste de material dos elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios eacute provocado essencialmente pelo tipo de terreno mineral presente resistecircncia
litoloacutegica e em funccedilatildeo das intempeacuteries do tempo principalmente da umidade e da
temperatura
O rendimento apresentado por esses elementos e a vida uacutetil oferecida estatildeo
relacionados agrave composiccedilatildeo da liga constituinte do material dos processos de tratamento
teacutermico a que foram submetidos como tambeacutem de operaccedilotildees efetuadas devida ou
indevidamente pelo operador do equipamento rodoviaacuterio
Os elementos fundidos laminados e forjados que compotildeem o conjunto de
componentes de penetraccedilatildeo no solo sofrem de forma direta a influecircncia do desgaste abrasivo
Desgaste este que participa em determinadas situaccedilotildees com ateacute 85 (oitenta e cinco por
cento) do custo de manutenccedilatildeo dos equipamentos rodoviaacuterios na forma rotineira (BATISTA
NASCIMENTO et al 1999) Estes elementos em funccedilatildeo de serem solicitados de forma
intensa ou intermitente satildeo consumidos ao longo do tempo Fazendo agraves vezes paradas
bruscas e inesperadas nas frentes de trabalho ocasionando portanto elevaccedilatildeo nos custos de
produccedilatildeo
O desgaste em componentes vitais de maacutequinas e equipamentos rodoviaacuterios ocorre de
vaacuterias formas diferentes como por deslizamento por rolamento por abrasatildeo por erosatildeo por
impacto por corrosatildeo e por choque teacutermico Jaacute se tratando de elementos de penetraccedilatildeo no
solo a perda de massa desses elementos eacute provocada quase que exclusivamente pelo desgaste
abrasivo a baixa tensatildeo que eacute provocado pelo proacuteprio material ou carga a que o equipamento
Introduccedilatildeo 15
Gustavo Portela de Deus
seraacute solicitado pelo contato com esse material e pelo movimento relativo entre as partes
envolvidas no sistema Uma maneira de identificaccedilatildeo do desgaste abrasivo agrave baixa tensatildeo eacute
pela observaccedilatildeo da superfiacutecie a ser analisada se a mesma apresenta corte riscamento ou
penetraccedilatildeo de material (GREGOLIN1990)
Com o intuito de elevar a vida uacutetil das ferramentas de penetraccedilatildeo e corte nos solos e
substratos rochosos as grandes empresas fabricantes e montadoras de equipamentos
rodoviaacuterios ou de terraplenagem vecircm aprimorando e desenvolvendo bem como exigindo de
seus fornecedores ferramentas com caracteriacutesticas fiacutesicas e mecacircnicas mais resistentes ao
desgaste abrasivo e ainda desenvolvendo peccedilas e ferramentas de faacutecil substituiccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo e jaacute projetadas para receber recobrimentos de manutenccedilatildeo tais como
Bordas soldaacuteveis de meia seta ndash que tecircm como finalidade
proteger a estrutura da caccedilamba por meio do acreacutescimo de material de desgaste
agrave borda da base
Reforccedilos de canto soldaacuteveis ndash utilizados para proteger o canto
externo inferior de todos os tipos de caccedilambas
Bloco de desgaste de ldquoFerro Brancordquo ndash uma liga de alto teor de
cromo denominada ldquoFerro Brancordquo eacute caldeada a uma chapa de reforccedilo de accedilo
doce que por sua vez pode ser soldada (solda tampatildeo) com um eletrodo de
vareta a uma caccedilamba armaccedilatildeo de lacircmina ou a qualquer parte onde instalaccedilatildeo
raacutepida de baixo custo e proteccedilatildeo contra abrasatildeo satildeo requeridos
Outras soluccedilotildees desenvolvidas e aplicadas como alternativa agrave proteccedilatildeo contra o
desgaste satildeo
Introduccedilatildeo 16
Gustavo Portela de Deus
Sistema de chapa de desgaste fixada mecanicamente em que
fornece um meio faacutecil de instalaccedilatildeo e remoccedilatildeo evitando assim longas
paradas para manutenccedilatildeo
Barras de desgaste para lacircminas
As barras de desgaste fornecem proteccedilatildeo adicional para a lacircmina em aplicaccedilotildees
altamente abrasivas onde se constata uma vida uacutetil mais curta do revestimento As barras de
desgaste de lacircminas satildeo projetadas para serem soldadas sobre o revestimento normal
(superfiacutecie de desgaste) da lacircmina
Considerando-se ainda que por meio dos processos de fabricaccedilatildeo convencionais e na
composiccedilatildeo de ligas praticamente jaacute foi esgotada a possibilidade de desenvolvimento de
materiais mais resistentes ao desgaste abrasivo a soluccedilatildeo que se busca atualmente eacute o
desenvolvimento de teacutecnicas de endurecimento ou revestimento superficial que tornem esses
elementos mais resistentes ao desgaste abrasivo tais como soldagem cladding
eletrodeposiccedilatildeo Deposiccedilatildeo Fiacutesica de Vapor ndash DFV (PVD) ( BARREIRA LIMA et al 2001)
Deposiccedilatildeo Quiacutemica de Vapor ndash DQV (CVD) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem
se desenvolvido ultimamente ( LIMA SOUZA et al 2001)
A busca de informaccedilotildees contidas neste estudo visa avaliar e pesquisar por meio de
anaacutelise de diferentes ensaios tecnoloacutegicos o melhoramento dos materiais quanto a sua
resistecircncia ao desgaste abrasivo quando os mesmos estatildeo em contato direto com o solo com a
finalidade de obter materiais mais resistentes ao ataque destes elementos abrasivos aleacutem de
contribuir com o desenvolvimento de produtos de qualidade superior agraves dos produtos
oferecidos atualmente pelo mercado
Foi analisada a viabilidade econocircmica com a introduccedilatildeo de novas teacutecnicas de
revestimento como LVOF e revestimento por soldagem Tambeacutem foram utilizados como
Introduccedilatildeo 17
Gustavo Portela de Deus
elementos de estudo dentes de caccedilambas suportes elos segmentados de esteiras e unhas de
80escarificadores de maacutequinas rodoviaacuterias
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo que foram utilizados como referecircncia na inspeccedilatildeo
e estudo durante o desenvolvimento deste projeto satildeo utilizados de forma intensa e ou
intermitente em maacutequinas rodoviaacuterias do tipo moto- niveladoras tratores de esteiras tratores
escavo-carregadores de pneus retroescavadeiras e escavadeiras hidraacuteulicas de esteiras
Capiacutetulo 2
Revisatildeo Bibliograacutefica
Revisatildeo Bibliograacutefica 19
Gustavo Portela de Deus
2 - Revisatildeo Bibliograacutefica
Tribologia eacute definida como a ciecircncia e tecnologia da interaccedilatildeo entre superfiacutecies em
movimento relativo e das praacuteticas relacionadas A palavra eacute derivada das palavras gregas
TRIBOS que significa atrito e LOGOS que significa estudo de forma que uma traduccedilatildeo
literal significa estudo do atrito ou a ciecircncia que estuda o atrito (STOETERAU 2001)
A tribologia envolve a investigaccedilatildeo cientiacutefica de todos os tipos de fricccedilatildeo
lubrificaccedilatildeo e desgaste e tambeacutem as aplicaccedilotildees teacutecnicas do conhecimento triboloacutegico
(STOETERAU2001) Especificamente em estudo o desgaste eacute a perda progressiva de
mateacuteria da superfiacutecie de um corpo soacutelido devido ao contato e movimento relativo com um
outro corpo soacutelido liacutequido ou gasoso (STOETERAU PASCOALI 2001)
O desgaste de componentes e equipamentos industriais rodoviaacuterios e de outros
tipos de atividades produtivas representa um grande fator de depreciaccedilatildeo de capital de
equipamento e fonte de despesas com manutenccedilatildeo e reposiccedilatildeo de componentes mecacircnicos
As Figuras de 21 a 24 mostram componentes de estruturas de maacutequinas de terraplenagem
desgastadas pelos efeitos da abrasatildeo no processo triboloacutegico
Sobre os custos de produccedilatildeo estes se tornam mais elevados em decorrecircncia da
reposiccedilatildeo das peccedilas desgastadas ou deterioradas e da matildeo-de-obra para substituiccedilatildeo aleacutem
do tempo parado dos equipamentos que deixam de produzir Muitas vezes exige ainda o
superdimensionamento de componentes influindo ou limitando na produccedilatildeo dos
equipamentos ou ainda provocando a paralisaccedilatildeo destes Estes fatores influem
significativamente na elevaccedilatildeo dos custos e no rendimento de produccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 20
Gustavo Portela de Deus
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircmina e dentes desgastados
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircminas e cantos desgastados
ldquoDe acordo com Hawk et al (1999) o desgaste eacute um dos maiores problemas que
aparecem em escavaccedilotildees nas movimentaccedilotildees de terras mineraccedilotildees e processamentos de
minerais nas induacutestrias ocorrendo em uma grande variedade de equipamentos como nas
lacircminas de remover terra dos tratores que fazem por exemplo a terraplenagem em
britadeiras dentes escavadores lacircminas de escoamento etc O desgaste de peccedilas os custos
com o reparo e com a substituiccedilatildeo destas peccedilas significam elevadiacutessimos gastos para as
empresasrdquo
Revisatildeo Bibliograacutefica 21
Gustavo Portela de Deus
21 Tipos de Desgaste
Os principais tipos de desgaste observados nos componentes mecacircnicos satildeo por
(GREGOLIN RIBEIRO et al 1990)
Abrasatildeo ndash ocasionado por partiacuteculas abrasivas (duras) sob tensatildeo
deslocando-se sobre a superfiacutecie
Erosatildeo ndash devido ao choque contra a superfiacutecie de partiacuteculas soacutelidas ou gotas
liacutequidas presentes em correntes de fluidos
Cavitaccedilatildeo ndash associado agrave formaccedilatildeo e implosatildeo de bolhas gasosas em
correntes de fluidos na interface liacutequidondashmetal devido agrave variaccedilatildeo suacutebita de pressatildeo
ao longo do percurso
Adesatildeo ou fricccedilatildeo ndash resultante da fabricaccedilatildeo metalndashmetal quando
superfiacutecies aacutesperas deslizam entre si
Corrosatildeo ndash quando envolve a ocorrecircncia de reaccedilotildees quiacutemicas superficiais no
material aleacutem das accedilotildees mecacircnicas de desgaste
Impacto ndash ocasionado por choques ou cargas aplicadas verticalmente sobre a
superfiacutecie
22 Desgaste por Abrasatildeo
Desgaste por abrasatildeo ou desgaste abrasivo eacute a retirada de material causada pela
presenccedila de partiacuteculas duras As partiacuteculas duras podem estar aprisionadas na interface
entre as duas superfiacutecies em movimento relativo ou serem as protuberacircncias que fazem
parte da rugosidade de uma das superfiacutecies Acompanhada de forte pressatildeo ocasionada por
deslocamento ou por amassamento a retirada do metal Tais abrasivos podem ser
Revisatildeo Bibliograacutefica 22
Gustavo Portela de Deus
representados por vegetais ou minerais (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
A Figura 25 apresenta os percentuais de contribuiccedilatildeo do desgaste abrasivo em
relaccedilatildeo aos demais tipos de desgastes Neste pode-se observar que o desgaste abrasivo eacute o
de maior representatividade nas estruturas mecacircnicas de maacutequinas e equipamentos
chegando a contribuir de forma geneacuterica com 50 em relaccedilatildeo aos demais desgastes
revelando a importacircncia de tal desgaste
Figura 23 - Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste
23 Tipos de Processos Abrasivos
Abrasatildeo a dois corpos
De acordo com Souza (2002) quando uma ou mais partiacuteculas de elevada dureza
satildeo atritadas contra uma superfiacutecie sulcando-a ou escavando-a devido agrave forccedila normal
aplicada tem-se o desgaste abrasivo de dois corpos
importacircncia do desgaste abrasivo
diversos
14
quiacutemico
5
fretting
8
erosatildeo
8
adesivo
15
abrasivo
50
Revisatildeo Bibliograacutefica 23
Gustavo Portela de Deus
Abrasatildeo a trecircs corpos
Quando estas partiacuteculas satildeo aprisionadas entre duas superfiacutecies que deslizam entre
si pode ocorrer o chamado desgaste abrasivo de trecircs corpos As Figuras 26 e 27 mostram
as representaccedilotildees de formas de desgaste abrasivo a dois corpos e a trecircs corpos
respectivamente
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos
Revisatildeo Bibliograacutefica 24
Gustavo Portela de Deus
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos
Em relaccedilatildeo ao desgaste abrasivo eacute interessante ressaltar que embora a partiacutecula
abrasiva seja mais dura que a superfiacutecie a ser desgastada esta natildeo eacute uma condiccedilatildeo para se
classificar o desgaste como abrasivo (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr)
24 Tipos de Abrasatildeo
241 Goivagem
Eacute o desgaste provocado por partiacuteculas grandes e grosseiras principalmente dotadas
de regiotildees pontiagudas cortantes com dureza maior do que a parte metaacutelica que estaacute sendo
desgastada Pode acontecer quando haacute um contato entre as partes com pressotildees mais ou
menos violentas e repetitivas
Revisatildeo Bibliograacutefica 25
Gustavo Portela de Deus
Um exemplo tiacutepico de abrasatildeo por goivagem eacute representado em dentes de caccedilambas
de maacutequinas que operam em serviccedilos de terraplenagem onde ocorre deslocamento de
cargas como pedra e areia Esses materiais abrasivos em geral de grandes dimensotildees e
dotados de regiotildees pontiagudas sob condiccedilotildees de altas tensotildees e envolvendo impacto satildeo
fatores que propiciam a penetraccedilatildeo mais profunda do abrasivo na superfiacutecie provocando
desgastes com a formaccedilatildeo de sulcos profundos Os accedilos austeniacuteticos ao manganecircs satildeo em
geral as ligas preferidas para combater este tipo de desgaste (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
242 Abrasatildeo por Alta Pressatildeo
Eacute o desgaste que ocorre entre partiacuteculas abrasivas e o metal ocasionando o
esmagamento do abrasivo ou natildeo A prensagem da partiacutecula contra o metal pode ser
exercida por pressotildees fortes ou meacutedias que provocam a formaccedilatildeo de superfiacutecies de
pequenos fragmentos
As partiacuteculas abrasivas podem ser classificadas quanto agraves suas dimensotildees e satildeo
consideradas meacutedias quando inferiores a 5 cm ou pequenas quando menores do que 1cm
As partiacuteculas meacutedias podem exercer a accedilatildeo abrasiva superficial arrancando fragmentos do
metal enquanto as partiacuteculas pequenas por sua vez provocam o desgaste
A constituiccedilatildeo do metal influi na forma ou resposta do desgaste provocado Se for
duacutectil teraacute uma abrasatildeo que tira cavacos se eacute fraacutegil ou se torne fraacutegil haveraacute um
deslocamento superficial de pequenos fragmentos Eacute normal que ocasionalmente poderatildeo
ocorrer as duas modalidades ao mesmo tempo Exemplos das partes sujeitas ao desgaste
por abrasatildeo satildeo caccedilambas de escavaccedilatildeo ou carga lacircminas de motoniveladoras e arados
raspadores
Revisatildeo Bibliograacutefica 26
Gustavo Portela de Deus
Eacute o tipo de desgaste onde o material abrasivo eacute fragmentado durante o contato
abrasivo com a superfiacutecie desgastada As tensotildees envolvidas satildeo portanto superiores agrave
tensatildeo de fragmentaccedilatildeo do abrasivo promovendo ainda maior penetraccedilatildeo do abrasivo na
superfiacutecie maior deformaccedilatildeo plaacutestica das fases duacutecteis e fratura das fases fraacutegeis presentes
no material Tipicamente esta forma de abrasatildeo ocorre em equipamentos de moagem de
mineacuterios que envolvem partiacuteculas de pequeno tamanho em mancais contaminados com
areia etc Para prevenir este tipo de abrasatildeo normalmente empregam-se materiais do tipo
ferros fundidos ou accedilo ndash ligas que possuem maior tenacidade (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
243 - Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Tensatildeo
Tipo de abrasatildeo na qual a superfiacutecie penetrante eacute riscada pelo material abrasivo em
decorrecircncia de sua dureza e resistecircncia oferecida e do proacuteprio stress do metal constituinte
dos componentes dos equipamentos em decorrecircncia de seu uso que ao penetrar na
superfiacutecie promove a remoccedilatildeo de material As tensotildees impostas sobre as partiacuteculas
abrasivas satildeo inferiores agrave tensatildeo necessaacuteria para a fragmentaccedilatildeo destas principalmente
tratando-se de aacutereas de domiacutenio do embasamento cristalino ou com predominacircncia de
rochas iacutegneas eou metamoacuterficas que no Nordeste apresentam pouco desenvolvimento do
solo
Tais condiccedilotildees imprimem nas ferramentas de penetraccedilatildeo esforccedilos mais abrasivos
em decorrecircncia de essas rochas se apresentarem pouco alteradas e com elevado grau de
resistecircncia em relaccedilatildeo a outros tipos de solo encontrados em outros ambientes geoloacutegicos
Tal como a abrasatildeo agrave baixa pressatildeo que ocorre na superfiacutecie dos componentes de
equipamentos que direta ou indiretamente manuseiam terras areias cascalhos piccedilarras
rochas ou mineacuterios tais como maacutequinas agriacutecolas equipamentos de escavaccedilatildeo e transporte
Revisatildeo Bibliograacutefica 27
Gustavo Portela de Deus
utilizados na induacutestria da construccedilatildeo civil principalmente das atividades ligadas agrave
construccedilatildeo recuperaccedilatildeo e pavimentaccedilatildeo de estradas e dos setores de mineraccedilatildeo
sideruacutergicas etc Com a finalidade de prevenir a ocorrecircncia destes tipos de desgastes
empregam-se normalmente ferros fundidos com alto teor de carbono (martensiacuteticos ou
austeniacuteticos) agraves vezes contendo outros elementos de liga aleacutem de ligas de cobalto ndash
tungstecircnio ndash carbono
2431 - Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo
Normalmente eacute sabido que partiacuteculas de grande tamanho provocam desgaste por
abrasatildeo acompanhado de impacto isto leva a ter-se um desgaste acentuado que na
verdade foi muito mais por impacto que por abrasatildeo
Partiacuteculas meacutedias dependendo da dureza e do formato satildeo menos agressivas
poreacutem partiacuteculas finas satildeo mais abrasivas ocasionando abrasatildeo muito incidente Como
exemplo pode-se citar o cimento talco xistos e outros que satildeo compostos de partiacuteculas
finas e altamente abrasivas Eacute claro que a dureza destas partiacuteculas tambeacutem eacute significativa
A forma dos materiais abrasivos varia desde arredondados ateacute acircngulos vivos
Os minerais mais duros possuem formaccedilotildees agudas enquanto que em
contraposiccedilatildeo os mais duacutecteis apresentam formaccedilotildees arredondadas Quanto mais agudas
forem as arestas maior seraacute a accedilatildeo abrasiva No caso de impactos ou pressotildees fortes as
formas agudas podem penetrar no metal provocando um desgaste por ldquogoivagemrdquo ou
fratura da peccedila A dureza de uma liga metaacutelica eacute de grande importacircncia na resistecircncia
oposta a uma accedilatildeo abrasiva As maiores durezas correspondem a resistecircncias maiores
Os abrasivos menos duros teratildeo accedilatildeo menos violenta Com referecircncia agraves ligas
metaacutelicas satildeo encontradas com facilidade tabelas de dureza das vaacuterias alternativas e
Revisatildeo Bibliograacutefica 28
Gustavo Portela de Deus
tambeacutem as diversas escalas de durezas com referecircncia aos abrasivos quando eacute possiacutevel
conjugar proteccedilotildees atraveacutes de adiccedilotildees de peliacuteculas metaacutelicas com finalidade de melhor
proteger a peccedila em accedilatildeo de trabalho
Quando eacute possiacutevel unir uma maior dureza com uma granulaccedilatildeo adequada seratildeo
atingidos os mais elevados iacutendices de resistecircncia agrave abrasatildeo Para proteger as peccedilas dos
equipamentos contra a abrasatildeo eacute importante preparar a superfiacutecie do metal procurando
deixaacute-la a mais lisa possiacutevel sem protuberacircncias ou rugosidades pois a abrasatildeo eacute iniciada
preferencialmente nestas regiotildees Ligas constituiacutedas de alto teor de carbeto de tungstecircnio e
de cromo aleacutem da elevada dureza apresentam depoacutesitos lisos e brilhantes compatiacuteveis
com estas caracteriacutesticas mencionadas Eacute natural que quanto maior a velocidade e a
frequumlecircncia do contato da partiacutecula com o metal maior seraacute a accedilatildeo abrasiva e
consequumlentemente o desgaste das peccedilas Os tamanhos dos gratildeos tambeacutem satildeo importantes
pois quanto menor forem mais a superfiacutecie seraacute desgastada (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
Baseado nas consideraccedilotildees acima os principais fatores que afetam o desgaste por
abrasatildeo satildeo as caracteriacutesticas dos abrasivos associados aos fatores externos que atuam
sobre a superfiacutecie do componente Assim podem-se listar os seguintes fatores
a) Tamanho da partiacutecula (grossa fina ou meacutedia)
b) Formato da partiacutecula (angulares ou redondas)
c) Dureza da partiacutecula
d) Dureza do metal base
e) Acabamento do metal base
f) Velocidade e frequumlecircncia do contato entre a partiacutecula abrasiva e o metal base
g) Tamanho de gratildeo da estrutura do metal base
Revisatildeo Bibliograacutefica 29
Gustavo Portela de Deus
h) Acircngulo de incidecircncia da partiacutecula do metal base
i) Stress do metal constituinte das peccedilas de equipamentos pelo uso
2432 - Consideraccedilotildees sobre os Abrasivos
As rochas satildeo constituiacutedas por um agregado de minerais cujos constituintes mais
comuns satildeo os minerais de quartzo feldspato mica e outros ricos em silicatos de alumiacutenio
e magneacutesio muitos dos quais de elevada dureza Ex granitos areia basalto folhelhos
xistos filitos gnaises etc
Os carbonatos satildeo os principais constituintes dos calcaacuterios e margas e
normalmente compotildeem parte dos pacotes sedimentares das formaccedilotildees geoloacutegicas das
bacias sedimentares e satildeo considerados produtos macios Entretanto comumente estes
pacotes encontram-se alternados com outros de arenitos siltitos e folhelhos
Os mineacuterios satildeo compostos de oacutexidos carbonetos e sulfetos Os oacutexidos satildeo
geralmente duros (bauxita hematita) enquanto que os sulfetos satildeo geralmente macios
(galena ou sulfetos de chumbo) As rochas combustiacuteveis (hulha turfa) e os fosfatos contecircm
proporccedilotildees mais ou menos elevadas de siacutelica e alumina
Para amenizar os gastos com o desgaste abrasivo partiu-se para o desenvolvimento
de materiais com maiores resistecircncias ao desgaste Assim vaacuterias pesquisas nesta aacuterea
triboloacutegica comeccedilaram a ser desenvolvidas em cima dos diversos tipos de materiais
existentes (FUSSEacute et al)
2433 Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ser classificado como de dois ou trecircs corpos Na abrasatildeo
de dois corpos as partiacuteculas abrasivas satildeo movidas livremente sobre a superfiacutecie do
Revisatildeo Bibliograacutefica 30
Gustavo Portela de Deus
material como areia em uma calha No desgaste abrasivo de trecircs corpos as partiacuteculas
abrasivas agem como elementos de interface entre o corpo soacutelido e o contra-corpo O
desgaste quando envolve trecircs corpos eacute cerca de duas a trecircs vezes menor do que quando
envolve dois corpos Pois no caso de trecircs corpos devido agrave variaccedilatildeo no acircngulo de ataque
apenas uma pequena porccedilatildeo das partiacuteculas causa desgaste (GAHR 1987)
De acordo com Briscoe amp Adams (1987) o crucial para todos os mecanismos de
desgaste abrasivo ou outros eacute conhecer o caminho ou seja a direccedilatildeo na qual o material se
deforma sob a aspereza penetrante ou a partiacutecula dura que entra em contato com o material
Com o intuito de predizer se uma deformaccedilatildeo eacute elaacutestica ou plaacutestica Fusse et al
apud Halliday (1995) apud Briscoe amp Adams (1995) mostrou que o maacuteximo acircngulo de
uma aspereza a qual se torna plaacutestica eacute dado por
tan θlim = K(HE)(1-ν2)
Onde
ldquoHrdquo eacute o entalherecorte da dureza
ldquoErdquo eacute o moacutedulo de Young
ldquoνrdquo eacute o coeficiente de Poisson
K=08 para a plasticidade parcial ou 2 para a plasticidade cheiainteira
Revisatildeo Bibliograacutefica 31
Gustavo Portela de Deus
24331 Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ocorrer em baixo ou alto niacutevel dependendo da razatildeo
entre a dureza da partiacutecula e da superfiacutecie O desgaste abrasivo estaacute relacionado a alguns
mecanismos dentre eles os principais satildeo
Microcorte ndash Deformaccedilatildeo plaacutestica sem perda de mateacuteria gerando um sulco
com consequumlente formaccedilatildeo de acuacutemulos frontais e laterais da mateacuteria
movimentada
Microssulcamento ndash Formaccedilatildeo de micro-cavacos sem deformaccedilatildeo plaacutestica
lateral
Microlascamento ndash Formaccedilatildeo de detritos devido agrave formaccedilatildeo e interaccedilatildeo de
fissuras Este tipo de mecanismo acontece quando as tensotildees impostas
superam as tensotildees criacuteticas para a formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas sendo
restrita aos materiais fraacutegeis
Satildeo diversas as nomenclaturas utilizadas para estes mecanismos de desgaste na literatura
podem ser encontradas denominaccedilotildees tais como microusinagem riscagem descamaccedilatildeo
microtrincamento microfadiga que satildeo tentativas de aproximar melhor o significado dos
mecanismos que estatildeo sendo observados nos experimentos (GAHR 1987)
Microssulcamento e microcorte satildeo mecanismos dominantes em materiais mais
duacutecteis A ocorrecircncia de um deles vai depender do acircngulo de ataque das partiacuteculas
abrasivas O microcorte ocorre a partir de um acircngulo de ataque criacutetico Este acircngulo de
ataque criacutetico eacute funccedilatildeo do material que estaacute sendo desgastado e das condiccedilotildees de teste A
transiccedilatildeo do mecanismo de microssulcamento para microcorte depende tambeacutem do
coeficiente de atrito Normalmente o mecanismo passa do microssulcamento para
Revisatildeo Bibliograacutefica 32
Gustavo Portela de Deus
microcorte com o aumento da dureza do material que estaacute sendo desgastado Aumentos
ainda maiores de dureza resultam na passagem de microcorte para microtrincamento
(GAHR 1987)
O microtrincamento pode ocorrer quando satildeo impostas grandes tensotildees sobre as
partiacuteculas abrasivas particularmente em superfiacutecies de materiais fraacutegeis Neste caso
grande quantidade de detrito eacute retirada da superfiacutecie devido agrave formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de
trinca
Partiacuteculas de menor ou igual dureza que a superfiacutecie tambeacutem podem desgastaacute-la O
ataque das partiacuteculas macias pode resultar em deformaccedilatildeo elaacutestica e plaacutestica fadiga de
superfiacutecie e a superfiacutecie ficar severamente danificada (GAHR 1987)
25 - Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste
Abrasivo
Segundo Mondal et al (1998) a taxa de desgaste abrasivo e os mecanismos de
desgaste podem ser influenciados por vaacuterios fatores como o tamanho do gratildeo abrasivo a
carga aplicada a dureza dos materiais utilizados e a tenacidade da fratura
Ainda de acordo com Souza (2002) uma grande variedade de paracircmetros influencia
os mecanismos de desgaste no geral sendo que os principais satildeo
Paracircmetros de Material
Composiccedilatildeo
Tamanho do gratildeo
Moacutedulo de elasticidade
Condutividade teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 33
Gustavo Portela de Deus
Dureza etc
Paracircmetros de Projetos
Forma
Carregamento
Tipo de movimento
Aspereza
Vibraccedilatildeo
Nuacutemero de ciclos etc
Paracircmetros de Meio Ambiente
Temperatura
Contaminaccedilatildeo
Umidade
Atmosfera etc
Paracircmetros de Lubrificaccedilatildeo
Tipo de lubrificante
Estabilidade de lubrificante
Tipo de fluido
Lubrificaccedilatildeo etc
Presenccedila ou Ausecircncia de Desgaste Interno
Segundo Catai et al de acordo com pesquisadores relatados nos trabalhos de
Mondal et al (1998) embora se diga que a taxa de desgaste depende do tamanho do gratildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 34
Gustavo Portela de Deus
abrasivo existe um valor criacutetico de tamanho de gratildeo abrasivo acima do qual a taxa de
desgaste se torna independente do tamanho do gratildeo Tambeacutem se ressalta que as diferenccedilas
nas durezas entre os dois corpos atritantes influenciam diretamente este tamanho criacutetico do
gratildeo abrasivo
251 - Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo
De acordo com Deuis (1996) o tamanho do gratildeo abrasivo tem uma influecircncia
direta nos mecanismos associados ao desgaste que pode ser caracterizado pela relaccedilatildeo wr
onde ldquowrdquo eacute a espessura da ranhura e ldquorrdquo o raio esfeacuterico do topo da partiacutecula (gratildeo)
Dependendo desta relaccedilatildeo a partiacutecula de gratildeo abrasivo iraacute deformar plasticamente ou
cortar a superfiacutecie Como as partiacuteculas desgastadas tornam-se cegas ou o tamanho da
partiacutecula diminui o mecanismo de desgaste exibe uma transiccedilatildeo do corte para o desgaste
de laminaccedilatildeo
Para ambos os tipos de desgaste abrasivo (dois ou trecircs corpos) um tamanho criacutetico
da partiacutecula abrasiva pode ser observado O desgaste volumeacutetrico aumenta com o aumento
do tamanho do gratildeo abrasivo para esta dimensatildeo criacutetica Nesta dimensatildeo criacutetica tem-se a
maacutexima accedilatildeo abrasiva em termos do tamanho do desgaste produzido
Sobre este valor criacutetico a taxa de desgaste eacute amplamente independente do tamanho
do gratildeo abrasivo A forte diferenccedila entre a dureza das partiacuteculas abrasivas e do material a
ser desgastado influencia esta dimensatildeo criacutetica do gratildeo (DEUIS et al 1996)
Para Deuis et al (1996) a extensatildeo da regiatildeo tensionada plasticamente abaixo da
superfiacutecie depende do tamanho do gratildeo abrasivo e da carga aplicada A profundidade
global da deformaccedilatildeo plaacutestica foi relatada linearmente para a aplicaccedilatildeo de carga e
dimensotildees de gratildeos
Revisatildeo Bibliograacutefica 35
Gustavo Portela de Deus
Salienta-se que no desgaste abrasivo de trecircs corpos a taxa de desgaste eacute menor que
no desgaste abrasivo de dois corpos Ainda segundo o tamanho do gratildeo Al Rubaie et al
(1999) afirmam que a eficiecircncia na remoccedilatildeo do material depende da carga de contato
elaacutestico a qual varia com o tamanho do gratildeo sendo que no caso dos materiais contendo
partiacuteculas reforccediladas a taxa de desgaste eacute influenciada pelo tamanho das partiacuteculas de
reforccedilo A Figura 28 demonstra o quanto o tamanho do gratildeo abrasivo eacute representativo no
desgaste
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste
252 - Carga Aplicada
A carga a ser aplicada sobre os corpos em atrito durante o processo de desgaste
abrasivo tambeacutem eacute um dos fatores que influenciam fortemente as taxas de desgaste no
material
Mondal et al (1998) propotildeem uma foacutermula para quantificar a importacircncia da carga
aplicada no corpo de prova em relaccedilatildeo ao tamanho do gratildeo abrasivo em um desgaste
abrasivo de dois corpos Suas foacutermulas permitem obter as taxas de desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 36
Gustavo Portela de Deus
teoacuterico nos processos de abrasatildeo Foram desenvolvidas foacutermulas por meio de regressotildees
lineares tanto para ligas como para materiais compostos
Segundo este mesmo autor o efeito da carga na taxa de desgaste obtida tanto para
os materiais compostos como para as ligas eacute bem mais severo que o efeito do tamanho dos
gratildeos abrasivos Sendo que em relaccedilatildeo aos materiais por estes testados (ligas e
compoacutesitos) o efeito da carga e do tamanho do abrasivo na taxa de desgaste eacute
relativamente maior no caso dos materiais compostos que nas ligas Poreacutem existem
algumas combinaccedilotildees de tamanhos de gratildeos com quantidade de cargas aplicadas que
podem fazer com que a taxa de desgaste abrasivo seja maior nas ligas que nos materiais
compostos
Ainda de acordo com Mondal et al (1998) a variaccedilatildeo da carga aplicada tem muito
mais influecircncia na taxa de desgaste do material que a variaccedilatildeo do tamanho do gratildeo do
abrasivo do disco A taxa de desgaste na liga eacute muito maior que a taxa de desgaste obtida
para os compostos pois os mesmos possuem maior dureza devido ao oacutexido de alumiacutenio
que foi adicionado na matriz inicial que era uma liga de alumiacutenio
Gant amp Gee (2001) tambeacutem realizaram estudos sobre a influecircncia da variaccedilatildeo da
carga aplicada sobre o corpo-de-prova num desgaste abrasivo de 3 corpos para corpos-de-
prova de ligas Cobalto-Carbeto de Tungstecircnio de elevada dureza e accedilos ultra-raacutepidos
Analisando-se comparativamente os resultados estes concluiacuteram que quanto maior era a
carga aplicada no processo ou seja a carga que foi aplicada forccedilando o corpo-de-prova
contra o disco maiores foram os desgastes volumeacutetricos dos corpos-de-prova Desta
forma ficou evidente que quanto maior for a carga aplicada no processo maiores seratildeo os
desgastes obtidos tanto para as peccedilas (corpos-de-prova) como para as ferramentas (discos
revestidos com carbeto de siliacutecio)
Revisatildeo Bibliograacutefica 37
Gustavo Portela de Deus
Em relaccedilatildeo ao efeito da variaccedilatildeo da carga eou do tamanho do gratildeo abrasivo eacute
importante destacar ainda que um aumento geral na taxa de desgaste eacute observado com o
aumento da carga para um tamanho particular de gratildeo isto eacute devido ao aumento geral da
remoccedilatildeo de material com a carga Quando a carga aplicada eacute menor gratildeos mais grosseiros
entram em contato diretamente com o corpo-de-prova resultando em elevados desgastes
Para gratildeos mais finos sob baixas cargas haacute somente um riscamento pois os menores
gratildeos abrasivos estatildeo em contato elaacutestico com a superfiacutecie de teste e entatildeo suportam a
carga aplicada sem contribuir para a remoccedilatildeo de material (DEGUPTA et al 2001)
Numa anaacutelise geral tem-se que abrasivos com menores gratildeos abrasivos resultam em
elevadas abrasotildees e maiores gratildeos abrasivos resultam em maiores microcortes No
ldquomicrocuttingrdquo maiores quantidades de materiais satildeo perdidas Em altas distacircncias
percorridas a taxa de desgaste aumenta devido ao aparecimento de microfraturas
(DEGUPTA et al 2001)
Figura 27 - Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 38
Gustavo Portela de Deus
253 - Influecircncia da Dureza
Deuis et al (1996) enfatizaram o papel das partiacuteculas da segunda fase provendo
aacutereas localizadas com altas tensotildees de concentraccedilatildeo que influenciaram o fluxo de tensatildeo e
a taxa de desgaste A maior resistecircncia ao desgaste foi obtida em microestruturas finas
com partiacuteculas semi-coerentes dispersas A influecircncia dos carbetos na resistecircncia ao
desgaste depende de sua dureza em relaccedilatildeo agrave dureza da matriz Para materiais
caracterizados de carbetos dispersos em uma matriz macia uma diminuiccedilatildeo no caminho
livre meacutedio pela reduccedilatildeo do tamanho do carbeto resulta em melhores resistecircncias ao
desgaste Uma reduccedilatildeo no tamanho do gratildeo aumenta a dureza e tambeacutem conduz ao
aumento da resistecircncia ao desgaste
Hutchings (1992) descobriu que a dureza do gratildeo abrasivo era 1 2 vez maior que a
da superfiacutecie desgastada Entatildeo o abrasivo meacutedio riscaria a superfiacutecie Deuis et al (1996)
tambeacutem comentaram que a dureza do material determina a profundidade da indentaccedilatildeo das
partiacuteculas abrasivas influenciando na profundidade relativa penetrada onde se esta for
maior que a profundidade de indentaccedilatildeo criacutetica para fratura a taxa de desgaste eacute alta A
Figura 210 mostra o quanto agrave dureza do material abrasivo eacute significativo na anaacutelise do
desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 39
Gustavo Portela de Deus
Figura 28 - Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste
Ainda em relaccedilatildeo agrave influecircncia da dureza no desgaste abrasivo Hawk et al (1999)
fizeram experimentos que comprovaram que haacute uma correlaccedilatildeo direta entre a dureza dos
materiais e o desgaste abrasivo Em suas pesquisas este provou claramente a influecircncia da
dureza do material na perda volumeacutetrica do corpo de prova mostrando que quanto maior a
dureza do material utilizado menor o desgaste abrasivo do corpo de prova em atrito
254 - Influecircncia da Temperatura
Segundo Wu et al (1997) outro fator que afeta diretamente o processo de desgaste
abrasivo de 2 ou 3 corpos eacute a temperatura De acordo com Catai et al por meio da anaacutelise
dos resultados Wu et al verificaram que o desgaste abrasivo ou seja o volume desgastado
do pino eacute maior quando o mesmo acontece na presenccedila de maiores temperaturas pois a
de Siliacutecio
Revisatildeo Bibliograacutefica 40
Gustavo Portela de Deus
elevaccedilatildeo da temperatura facilita o desencadear do mesmo atraveacutes por exemplo da
reduccedilatildeo da dureza dos materiais envolvidos Ressalta-se que nestes ensaios o tempo de
ensaio era sempre constante A Figura 211 mostra o quando o efeito da temperatura incide
sobre o processo de desgaste abrasivo
Figura 29 - Efeito da temperatura no desgaste abrasivo
26 - Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste
Moacutedulo de elasticidade ndash a resistecircncia ao desgaste de metais puros aumenta
diretamente com o moacutedulo de elasticidade Para os accedilos perliacuteticos martensiacuteticos ou
revenidos essa relaccedilatildeo natildeo eacute vaacutelida porque o tratamento teacutermico natildeo afeta o
moacutedulo de elasticidade
Dureza ndash o desgaste de metais puros eacute diretamente proporcional agrave sua
dureza Nas ligas a proporcionalidade eacute vaacutelida ateacute determinado valor da dureza do
Revisatildeo Bibliograacutefica 41
Gustavo Portela de Deus
material a partir do qual a resistecircncia ao desgaste cresce com menor intensidade
podendo ateacute mesmo vir a diminuir apoacutes certo valor
Dureza superficial ndash na superfiacutecie desgastada existe um grau de
encruamento e consequentemente um aumento da dureza no local A resistecircncia agrave
abrasatildeo pode ser considerada como proporcional a essa dureza chamada de dureza
maacutexima
Propriedades de escoamento ndash anaacutelises de tensatildeodeformaccedilatildeo mostraram
que para metais puros tambeacutem vale a relaccedilatildeo
= A ع
Onde
= tensatildeo de escoamento
A = constante
deformaccedilatildeo verdadeira = ع
= coeficiente de encruamento
Estudos mostram que a resistecircncia agrave abrasatildeo eacute proporcional agrave dureza e varia
exponencialmente com a tenacidade De acordo com Batista e Nascimento
(wwwspectrucombr) como o desgaste eacute um fenocircmeno essencialmente superficial
envolvendo a remoccedilatildeo mecacircnica indesejaacutevel de material de superfiacutecies
ldquoAs soluccedilotildees encontradas atraveacutes de solda de
revestimento aspersatildeo teacutermica tipo Hight Velocity Oxi Fuel -
HVOF nitretaccedilatildeo e de outras teacutecnicas originalmente utilizadas
Revisatildeo Bibliograacutefica 42
Gustavo Portela de Deus
tecircm se mostrado altamente valiosas tanto para prevenir como
para minimizar e reparar as diferentes estruturas danificadas
pelos mais diversos tipos de desgaste Em inuacutemeras situaccedilotildees
peccedilas e componentes podem ser fabricados com materiais
convencionais dentro das especificaccedilotildees normais do projeto
Posteriormente pode-se aplicar sobre a superfiacutecie camadas ou
cordotildees de solda com consumiacuteveis adequados deposiccedilatildeo de ligas
metaacutelicas de composiccedilatildeo e constituiccedilatildeo ideal ao favorecimento de
superfiacutecies endurecidas e resistentes a este desgaste A resistecircncia
ao desgaste eacute considerada como parte de um sistema triboloacutegico
sendo muitos os paracircmetros que acabam por influir na taxa de
desgaste incluindo as caracteriacutesticas de projetos condiccedilotildees de
operaccedilatildeo tipo de abrasivo e propriedades do material Nas
propriedades dos materiais as caracteriacutesticas microestruturais
tecircm particular importacircncia tanto nas propriedades mecacircnicas
quanto nas taxas de desgaste Disponibilizado no site
wwwspectrucombr consultado em 23 de abril de 2007rdquo
BATISTA e NASCIMENTO apud Murray (wwwspectrucombr) destacou o
seguinte sobre desgaste abrasivo
ldquoA resistecircncia ao desgaste de accedilos tratados termicamente
para vaacuterios niacuteveis de dureza e tambeacutem de alguns metais puros
Para metais puros a resistecircncia ao desgaste aumenta linearmente
com a dureza Nos materiais ferrosos esta relaccedilatildeo (resistecircncia ao
Revisatildeo Bibliograacutefica 43
Gustavo Portela de Deus
desgaste versus dureza) natildeo eacute simples O aumento no teor de
carbono faz a resistecircncia ao desgaste aumentar Para os accedilos com
a mesma porcentagem de carbono a resistecircncia ao desgaste de
accedilo ligado eacute maior que de um accedilo sem liga mas este aumento eacute
pequeno quando comparado com outro em que aumentou a
porcentagem de carbono A resistecircncia ao desgaste geralmente
aumenta conforme a microestrutura eacute mudada de ferrita para
perlita desta para bainita e finalmente para martensita isto
desde que seja acompanhada de aumento de dureza Entretanto
para um mesmo valor de dureza a estrutura bainiacutetica tem maior
resistecircncia ao desgaste que a martensiacutetica A microestrutura tem
maior influecircncia no desgaste que a dureza da matriz Tem sido
mostrado que a presenccedila de austenita retida tem melhorado a
resistecircncia ao desgaste da martensita revenida A austenita
fornece uma melhor ancoragem aos carbetos ocasionando um
baixo arrancamento do carbeto da matriz austeniacutetica Os carbetos
parecem ser particularmente importantes na resistecircncia agrave
abrasatildeo principalmente em materiais como os accedilos e ferros
fundidos brancos ligados ao cromo A influecircncia desses estaacute
relacionada com sua dureza tamanho e distribuiccedilatildeo Carbetos
duros e finamente dispersos aumentam a resistecircncia ao desgaste
enquanto que os grosseiros diminuem Estruturas deformadas por
trabalho a frio natildeo alteram a resistecircncia ao desgaste enquanto
que o aumento da dureza pelo refinamento dos gratildeos agiria
favoravelmente Existem ainda muitos outros fatores que
Revisatildeo Bibliograacutefica 44
Gustavo Portela de Deus
influenciam a taxa de desgaste como o tamanho da partiacutecula
abrasiva e o coeficiente de atrito Estes trabalhos tecircm
demonstrado que o estudo dos fenocircmenos de desgaste eacute bastante
complexo Na especificaccedilatildeo e normalizaccedilatildeo de ligas para resistir
ao desgaste as maiores dificuldades residem na inexistecircncia de
ensaios padronizados para discriminar os niacuteveis de aceitaccedilatildeo ou
rejeiccedilatildeo conforme as aplicaccedilotildees particulares Estas dificuldades
estatildeo associadas principalmente agrave natureza complexa do
fenocircmeno do desgaste Este aleacutem de envolver a deformaccedilatildeo e
corte superficial por partiacuteculas abrasivas ou o atrito entre
superfiacutecies metaacutelicas muitas vezes ocorre devido a vaacuterios
mecanismos concomitantes de desgaste da superfiacutecie os quais
tambeacutem podem estar associados a outros fenocircmenos de
degradaccedilatildeo tais como impacto corrosatildeo fluecircncia ou fadigardquo
27 - Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr) o teor de carbono
aumenta a resistecircncia ao desgaste dos accedilos perliacuteticos com o aumento do endurecimento Os
carbetos aumentam a resistecircncia ao desgaste com o aumento na quantidade distribuiccedilatildeo
uniforme e forma adequada Natildeo satildeo adequados poreacutem quando existe o choque associado
ao desgaste por abrasatildeo
A martensita natildeo-revenida ou revenida abaixo de 230degC eacute a fase que melhor resiste
ao desgaste na temperatura ambiente Se o revenido for acima de 350degC a perlita apresenta
Revisatildeo Bibliograacutefica 45
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um resultado melhor para a mesma dureza (50 HB) A fase bainiacutetica da mesma dureza e
composiccedilatildeo quiacutemica resiste melhor ao desgaste que uma estrutura martensiacutetica nas nesmas
condiccedilotildees
A perlita aumenta a resistecircncia agrave abrasatildeo com o aumento das colocircnias de perlita e
com a fraccedilatildeo volumeacutetrica de cementita Para a mesma dureza a perlita lamelar resiste
melhor que a esferoidizada A resistecircncia ao desgaste da ferrita aumenta com o aumento
dos carbetos dispersos na matriz Um accedilo austeniacutetico com a mesma fraccedilatildeo de carbetos que
um ferriacutetico resiste melhor ao desgaste
28 - Revestimentos Superficiais
De acordo com Lima et al (2001) uma das mais eficientes e econocircmicas formas
de se adequar peccedilas e componentes de equipamentos industriais a uma aplicaccedilatildeo
especiacutefica tem sido haacute longo tempo a aplicaccedilatildeo de revestimentos Estes vecircm ganhando
evidecircncia ano apoacutes ano em aplicaccedilotildees contra desgaste corrosotildees dentre outras formas
de consumo de massa
Ainda de acordo com Lima et al (2001) apud Tucker et al o uso de
revestimentos duros para melhorar a resistecircncia ao desgaste de componentes mecacircnicos
tecircm sido comum haacute vaacuterias deacutecadas com variadas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo que incluem
soldagem cladding eletrodeposiccedilatildeo PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica de vapor) CVD (deposiccedilatildeo
quiacutemica de vapor) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem se desenvolvido nos
uacuteltimos tempos apresentando-se como alternativa viaacutevel em relaccedilatildeo aos demais
processos comumente utilizados
Revisatildeo Bibliograacutefica 46
Gustavo Portela de Deus
281 - Aspersatildeo Teacutermica
A aspersatildeo teacutermica consiste de um grupo de processos nos quais partiacuteculas
finamente divididas de materiais para revestimentos metaacutelicos ou natildeo- metaacutelicos satildeo
depositadas sobre um substrato devidamente preparado na condiccedilatildeo fundida ou semindash
fundida para formar uma camada superficial como mostra a Figura 212
O calor necessaacuterio para a operaccedilatildeo eacute gerado na tocha de aspersatildeo e pode vir da
queima de um gaacutes combustiacutevel ou da geraccedilatildeo de um arco eleacutetrico As partiacuteculas aquecidas
satildeo aceleradas por um gaacutes comprimido confinadas num feixe e dirigidas ao substrato Ao
se chocarem as partiacuteculas se achatam e formam finas lentes que se conformam e aderem
agraves irregularidades superficiais e entre si Com a continuidade do processo as partiacuteculas se
resfriam formando um revestimento com estrutura lamelar (MARQUES
wwwinfosoldacombr)
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato
As variaccedilotildees baacutesicas nos processos de aspersatildeo teacutermica se referem ao material a ser
aplicado ao meacutetodo de aquecimento e ao meacutetodo de aceleraccedilatildeo das partiacuteculas em direccedilatildeo
ao substrato Os materiais podem ser fornecidos na forma de vareta arame cordatildeo (tubo
Revisatildeo Bibliograacutefica 47
Gustavo Portela de Deus
de plaacutestico contiacutenuo) e poacute Metais oacutexidos compostos intermetaacutelicos cermets plaacutesticos
orgacircnicos e alguns vidros podem ser depositados por uma ou mais variaccedilotildees de processos
(MARQUES wwwinfosoldacombr)
Os processos de aspersatildeo teacutermica podem ser classificados em dois grupos
baacutesicos dependendo da fonte de calor usada como mostrado na Tabela 21
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica
Combustatildeo Eleacutetrico
Chama Plasma
Detonaccedilatildeo Arco
O sucesso no uso de revestimentos aspergidos termicamente depende basicamente
de sua aplicaccedilatildeo cuidadosa segundo procedimentos bem estabelecidos Qualquer desvio
destes procedimentos leva em geral a resultados natildeo confiaacuteveis Os revestimentos
termicamente aspergidos apresentam trecircs aspectos baacutesicos o substrato a adesatildeo do
revestimento e a estrutura deste (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Os substratos sobre os quais os revestimentos termicamente aspergidos podem ser
aplicados incluem metais oacutexidos ceracircmicos vidros a maioria dos plaacutesticos e madeira
sendo que algumas teacutecnicas especiais podem ser necessaacuterias Nem todos os materiais para
aspersatildeo podem ser aplicados a qualquer tipo de substrato Uma preparaccedilatildeo adequada deste
eacute necessaacuteria antes da aspersatildeo propriamente dita independente do processo a ser usado
Essa preparaccedilatildeo eacute essencialmente a mesma para cada processo a ser usado e consiste de
duas etapas baacutesicas limpeza da superfiacutecie para eliminar contaminantes e obtenccedilatildeo de
rugosidades para aumentar a aacuterea superficial efetiva e melhorar a adesatildeo (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
Revisatildeo Bibliograacutefica 48
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A ligaccedilatildeo ou adesatildeo entre revestimento e substrato pode ser mecacircnica quiacutemica eou
metaluacutergica e eacute influenciada por diversos fatores tais como material do revestimento
condiccedilatildeo do substrato rugosidade limpeza e temperatura da superfiacutecie a ser revestida
antes e durante o processo e velocidade de impacto das partiacuteculas (MARQUES
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A estrutura e a quiacutemica do depoacutesito aspergido em ar eacute diferente do material no
estado original Estas diferenccedilas satildeo devidas agrave natureza progressiva do revestimento agrave
reaccedilatildeo com gases durante o processo e a atmosfera em contato com o material enquanto
liacutequido Por exemplo quando ar ou oxigecircnio satildeo usados oacutexidos podem ser formados e se
incorporarem ao revestimento Revestimentos metaacutelicos tendem a ser porosos e fraacutegeis
com uma dureza diferente do material original A estrutura de revestimentos na condiccedilatildeo
como aspergidos eacute similar quanto agrave natureza lamelar mas pode exibir diferentes
caracteriacutesticas em funccedilatildeo do processo dos paracircmetros da teacutecnica e do material usado
como mostra a Figura 213 A densidade do depoacutesito varia com a temperatura da fonte de
calor usada e com a velocidade das partiacuteculas no impacto como mostra a Tabela 22 e a
Figura 214 (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 211 - Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido
Revisatildeo Bibliograacutefica 49
Gustavo Portela de Deus
A aplicaccedilatildeo final determina as propriedades necessaacuterias para o revestimento e o
tipo de combustiacutevel e equipamentos necessaacuterios Revestimentos termicamente aspergidos
tecircm sido usados intensamente na fabricaccedilatildeo de componentes nas induacutestrias automotiva de
petroacuteleo eleacutetrica eletrocircnica geraccedilatildeo de energia e particularmente na aeroespacial Em
manutenccedilatildeo milhotildees de doacutelares tecircm sido economizados com o uso da aspersatildeo teacutermica
Tal teacutecnica tem sido usada tanto em oficina como no campo no revestimento de estruturas
e partes de equipamentos com economia de tempo e de recursos (MARQUES
wwwinfosoldacobr )
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor
Fonte Temperatura degC
Propano + oxigecircnio 2640
Gaacutes natural + oxigecircnio 2735
Hidrogecircnio + oxigecircnio 2690
Acetileno + oxigecircnio 3100
Arco eleacutetrico 2200 ndash 8300
Figura 212 Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas
Revisatildeo Bibliograacutefica 50
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2811 - Processos
28111 - Processos por Combustatildeo
Este grupo de processos utiliza o calor gerado pela queima de um gaacutes combustiacutevel
Qualquer substacircncia que se funda e natildeo sublime a temperaturas inferiores a 2760ordmC pode
ser aspergida por este processo como mostram as Figuras 215 e 216 Os materiais
aplicados podem ser metais e ligas na forma de arame cordatildeo ou poacute e ceracircmicos na forma
de vareta cordatildeo ou poacute (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 213 - Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo
Figura 214 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 51
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281111 - Arames e Varetas
O equipamento usado para aplicaccedilatildeo de arames e varetas eacute similar como mostrado
na figura A seccedilatildeo transversal tiacutepica de uma tocha de aspersatildeo com estes processos eacute
mostrada na Figura 216
O material a ser aspergido eacute inserido por roletes alimentadores na parte posterior da
tocha Estes podem ser tracionados por um motor eleacutetrico ou pneumaacutetico ou por uma
turbina a ar O material eacute alimentado por meio de um bocal onde eacute fundido por uma chama
de gaacutes combustiacutevel concecircntrica a este
Os gases combustiacuteveis usados juntamente com o oxigecircnio foram mostrados na
Tabela 22 O acetileno eacute o mais largamente usado por sua maior temperatura de chama
Entretanto em certos casos temperaturas mais baixas satildeo usadas com vantagens
econocircmicas A chama eacute usada apenas para fundir o material Para se obter aspersatildeo um
jato de gaacutes em geral ar comprimido eacute usado para pulverizar o material e acelerar as
partiacuteculas em direccedilatildeo ao substrato Em aplicaccedilotildees especiais um gaacutes inerte pode ser usado
Os roletes de alimentaccedilatildeo devem ser escolhidos e apropriados agrave forma do material a ser
alimentado isto eacute se arame vareta ou cordatildeo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281112 - Poacute
Tochas para aspersatildeo agrave chama com poacute satildeo mais leves e mais compactas que tochas
para outros processos como mostra a Figura 217 Devido agraves menores temperaturas e
velocidades alcanccediladas pelas partiacuteculas os revestimentos obtidos tecircm em geral menor
resistecircncia adesiva ao substrato menor resistecircncia coesiva entre as lamelas e maior
porosidade quando comparados com os depositados por outros processos de aspersatildeo
teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 52
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O material a ser aspergido pode ser um metal puro uma liga metaacutelica um
compoacutesito um carboneto um ceracircmico um cermet ou combinaccedilatildeo destes O processo eacute
geralmente usado para aplicaccedilatildeo de ligas metaacutelicas autofluxadas que devem ser fundidas
apoacutes a aspersatildeo Estes materiais contecircm boro e siliacutecio que servem como agentes fluxantes e
minimizam a oxidaccedilatildeo Sua fusatildeo eou ligaccedilatildeo metaluacutergica a um substrato metaacutelico eacute(satildeo)
obtida(s) aquecendo-se o revestimento ateacute sua temperatura de fusatildeo que em geral eacute
inferior a 1040degC e pode ser feita com o uso de qualquer fonte de calor como uma chama
uma bobina de induccedilatildeo ou um forno Um arco eleacutetrico tambeacutem pode ser usado mas com
certo cuidado para evitar ou minimizar a fusatildeo do substrato
O poacute para aspersatildeo eacute armazenado num recipiente que pode ser parte integrante da
tocha ou ser acoplado a ela Uma pequena quantidade de gaacutes eacute desviada para arrastar o poacute
ateacute o jato da mistura oxigecircniocombustiacutevel em chama quando eacute fundido e acelerado em
relaccedilatildeo ao substrato Um corte transversal de uma tocha tiacutepica para aspersatildeo de poacute por
chama eacute mostrado na Figura 217
Variaccedilotildees do processo de aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama incluem gaacutes comprimido
para alimentaccedilatildeo do poacute na chama jatos adicionais de ar comprimido para acelerar as
partiacuteculas fundidas alimentador de poacute remoto com arraste do poacute para a tocha por um tubo
pressurizado com gaacutes inerte e dispositivos para aceleraccedilatildeo a alta velocidade agrave pressatildeo
atmosfeacuterica Esses refinamentos tendem a aumentar a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute e agraves
vezes a velocidade das partiacuteculas fundidas que aumentam a resistecircncia adesiva e a
densidade do revestimento aspergido
Revestimentos fundidos poacutes-aspersatildeo satildeo densos e relativamente isentos de
porosidade A composiccedilatildeo da liga pode levar a revestimentos com niacuteveis de dureza
Rockwell C superiores a 50 A espessura destes revestimentos eacute limitada agravequelas faixas
Revisatildeo Bibliograacutefica 53
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que podem ser aquecidas ateacute a temperatura de fusatildeo sem descamaccedilatildeo O uso de ligas
autofluxantes eacute limitado a aplicaccedilotildees em que os efeitos da fusatildeo e distorccedilatildeo podem ser
tolerados Revestimentos mais espessos de metais dissimilares podem ser aplicados em
passes muacuteltiplos A superfiacutecie que vai receber o segundo revestimento deve ser limpa de
todos os resiacuteduos de oacutexido apoacutes cada etapa de fusatildeo
Em todos os processos de aspersatildeo teacutermica a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute afeta a
estrutura e a eficiecircncia de deposiccedilatildeo do revestimento Se o material natildeo eacute aquecido
adequadamente a eficiecircncia de deposiccedilatildeo cai rapidamente e o revestimento conteraacute
partiacuteculas natildeo fundidas retidas Se a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute for muito baixa uma certa
quantidade de poacute pode se volatizar resultando em deterioraccedilatildeo do revestimento e elevaccedilatildeo
dos custos Os alimentadores de poacute satildeo compostos por um recipiente e um sistema de
mediccedilatildeo que regula a taxa de alimentaccedilatildeo de material no dispositivo transportador por gaacutes
(MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 215 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute a chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 54
Gustavo Portela de Deus
28112 - Detonaccedilatildeo
A tocha de detonaccedilatildeo eacute diferente de outros equipamentos de aspersatildeo por
combustatildeo Ela utiliza a energia de explosotildees de uma mistura oxigecircnio-acetileno em vez
de uma chama estacionaacuteria para impulsionar o poacute ateacute a superfiacutecie do substrato O depoacutesito
resultante eacute extremamente duro denso fortemente ligado ao substrato
Uma tocha de detonaccedilatildeo mostrada na Figura 218 consiste basicamente de um
tubo comprido no qual eacute introduzida uma mistura de gaacutes combustiacutevel oxigecircnio e poacute
Quando eacute feita a igniccedilatildeo da mistura uma onda de choque controlada aquece e acelera as
partiacuteculas de poacute cuja velocidade de saiacuteda eacute de 760 ms aproximadamente Apoacutes cada
injeccedilatildeo de mistura uma certa quantidade de nitrogecircnio eacute introduzida no tubo para purga
deste Ocorrem vaacuterias detonaccedilotildees por segundo gerando um ruiacutedo da ordem de 150 dB
sendo muitas vezes utilizadas instalaccedilotildees especiais com isolamento acuacutestico para estas
operaccedilotildees
Dentro do tubo temperaturas superiores a 3300degC satildeo atingidas enquanto a
temperatura do substrato deve ser mantida abaixo dos 150degC usando-se dispositivos de
resfriamento se for o caso
A espessura dos revestimentos geralmente situa-se entre 005 e 05mm A
operaccedilatildeo eacute normalmente mecanizada e agraves vezes remotamente controlada Excelente
acabamento pode ser obtido devido agrave baixa porosidade do revestimento (MARQUES
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Revisatildeo Bibliograacutefica 55
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Figura 216 - Esquemaacutetica de Tocha de detonaccedilatildeo
28113 - Processos Eleacutetricos
281131 - Arco Eleacutetrico
No processo de aspersatildeo a arco eleacutetrico dois arames eletrodos consumiacuteveis satildeo
alimentados de forma a se encontrar em um ponto agrave frente de um jato de gaacutes que serve
para atomizaccedilatildeo Uma diferenccedila de potencial de 18 a 40V eacute estabelecida entre os arames
produzindo um arco eleacutetrico que funde a ponta destes O jato de gaacutes atomizante (em geral
ar comprimido) destaca o material fundido produzindo um jato de gotiacuteculas fundidas que eacute
dirigido ao substrato A Figura 219 mostra um desenho esquemaacutetico de uma tocha para
aspersatildeo a arco
O equipamento baacutesico para este processo consiste de uma fonte de corrente
contiacutenua do tipo tensatildeo constante alimentadores de arame do tipo velocidade constante
tocha de aspersatildeo e um sistema de fornecimento de gaacutes comprimido controlaacutevel Os
arames utilizados satildeo em geral de grande diacircmetro da ordem de 5mm Este processo
experimentou um avanccedilo recente com o desenvolvimento de arames tubulares de
enchimento metaacutelico
Revisatildeo Bibliograacutefica 56
Gustavo Portela de Deus
Figura 217 - Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico
A temperatura do arco eacute consideravelmente maior que o ponto de fusatildeo do material
aspergido de modo que algum superaquecimento e volatizaccedilatildeo podem ocorrer
particularmente na aplicaccedilatildeo de zinco e alumiacutenio A alta temperatura das partiacuteculas pode
produzir zonas de reaccedilatildeo quiacutemica ou difusatildeo ou ambas apoacutes o impacto com o substrato
Estas interaccedilotildees satildeo similares a pequenas soldas a ponto e conferem excelente resistecircncia
de adesatildeo e coesatildeo ao revestimento Este processo apresenta taxas de deposiccedilatildeo mais altas
que outros processos de aspersatildeo Os fatores que influenciam esta taxa satildeo a corrente e a
velocidade de alimentaccedilatildeo de arame que dependem do equipamento usado
O comprimento do arco e o tamanho das gotiacuteculas tendem a aumentar com a
elevaccedilatildeo da diferenccedila de potencial entre os arames Esta deve ser mantida em valores
miacutenimos compatiacuteveis com a estabilidade do arco para se obter revestimentos densos e de
melhor acabamento (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281132 - Arco Plasma natildeo Transferido
O desenvolvimento de turbinas e motores de foguetes tem exigido bom
desempenho de materiais de engenharia em condiccedilotildees cada vez mais severas Para
Revisatildeo Bibliograacutefica 57
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satisfazer estas exigecircncias oacutexidos e carbonetos tecircm sido considerados devendo ser
aplicados por processos de aspersatildeo teacutermica de alta temperatura O processo plasma tem
atendido esta necessidade e levou ao desenvolvimento de uma nova famiacutelia de materiais e
teacutecnicas de aplicaccedilatildeo para uma ampla faixa de aplicaccedilotildees industriais
Na aspersatildeo a plasma Figura 220 o material eacute aplicado a partir de um poacute
Aplicaccedilatildeo a partir de arames tem sido desenvolvida mais recentemente Neste processo
um gaacutes ou mistura de gases passa atraveacutes de um arco eleacutetrico estabelecido entre um caacutetodo
de tungstecircnio e um acircnodo de cobre dotado de um orifiacutecio alinhados coaxialmente Em sua
passagem o gaacutes eacute aquecido gerando o plasma
Figura 218 - Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma
O poacute eacute alimentado no plasma fundido e acelerado em direccedilatildeo ao substrato por um
jato de alta velocidade A energia temperatura e velocidade do jato de plasma satildeo
controladas pelo tipo de bocal constritor intensidade da corrente eleacutetrica composiccedilatildeo e
vazatildeo do gaacutes de plasma Em geral nitrogecircnio ou argocircnio satildeo usados como gaacutes de plasma
podendo conter adiccedilotildees de hidrogecircnio ou heacutelio para aumentar sua potecircncia e velocidade
Revisatildeo Bibliograacutefica 58
Gustavo Portela de Deus
O equipamento baacutesico para a aspersatildeo a plasma mostrado na figura 220 consiste
de uma fonte de corrente contiacutenua constante alimentador de poacute fonte de gaacutes e um sistema
de controle que permite ajustar os paracircmetros de operaccedilatildeo (corrente vazotildees de gaacutes fluxo
de aacutegua para refrigeraccedilatildeo) e faz a sincronia de todo o sistema
281133 - Arco Plasma Transferido
Neste caso o processo eacute uma combinaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica e soldagem O
substrato deve ser condutor e faz parte do circuito do arco eleacutetrico que gera o plasma O
material aspergido se mistura com o material da poccedila de fusatildeo formada no substrato isto eacute
ocorre diluiccedilatildeo O equipamento usado eacute similar ao necessaacuterio para o plasma natildeo
transferido com exceccedilatildeo da tocha
A ligaccedilatildeo do revestimento ao substrato eacute essencialmente metaluacutergica e as
espessuras utilizadas satildeo em geral maiores que em outros processos de aspersatildeo teacutermica
O depoacutesito eacute denso uniforme e com bom acabamento A operaccedilatildeo eacute geralmente
mecanizada e com boa reprodutibilidade Entretanto a combinaccedilatildeo de substratos e
materiais aplicaacuteveis eacute mais limitada
2812 Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie
A preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute a etapa mais criacutetica da operaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica
A qualidade da adesatildeo do revestimento estaacute diretamente relacionada com a limpeza e a
rugosidade da superfiacutecie do substrato A obediecircncia rigorosa a procedimentos
padronizados de preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute necessaacuteria para garantir o sucesso da aplicaccedilatildeo
de revestimentos por aspersatildeo teacutermica O tipo de material do revestimento e do substrato
satildeo os fatores principais na determinaccedilatildeo do processo e qualidade da preparaccedilatildeo necessaacuteria
da superfiacutecie para se obter adesatildeo suficiente a uma dada aplicaccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 59
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Em partes sujeitas a fortes tensotildees mecacircnicas uma inspeccedilatildeo preacutevia agrave operaccedilatildeo de
revestimento eacute necessaacuteria para a detecccedilatildeo de falhas no metal base que eacute feita
normalmente por meio de ensaios natildeo-destrutivos Falhas estruturais no metal base
induziratildeo falhas similares no revestimento Trincas no substrato natildeo podem ser reparadas
por aspersatildeo teacutermica e revestimentos depositados por esta teacutecnica natildeo adicionam
resistecircncia mecacircnica ao substrato (MARQUES wwwinfosoldacombr )
2813 - Limpeza e Manuseio
O primeiro passo na preparaccedilatildeo de um substrato para aspersatildeo teacutermica eacute a retirada
de todos os contaminantes superficiais tais como poeira oacuteleo graxa e pintura O calor do
processo de aspersatildeo natildeo remove contaminaccedilatildeo e esta inibe a adesatildeo do revestimento
Depois que todos os contaminantes forem eliminados a limpeza deve ser mantida ateacute que
o ciclo de revestimento se complete As peccedilas devem ser protegidas de partiacuteculas
transportadas pelo ar e marcas de dedos bem como ser manuseadas com ferramentas e
material limpo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
28131 - Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes
Desengraxe com vapor
Jateamento uacutemido
Decapagem aacutecida
Aquecimento ao forno
Limpeza ultrassocircnica
Jateamento seco
Escovamento
Revisatildeo Bibliograacutefica 60
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2814 - Criaccedilatildeo de Rugosidade
Apoacutes a limpeza vaacuterios meacutetodos satildeo usados para produzir uma superfiacutecie mais
adequada para a aderecircncia do revestimento Os principais satildeo jateamento abrasivo
macroenrugamento e aplicaccedilatildeo de revestimento de ligaccedilatildeo Combinaccedilotildees destes meacutetodos
satildeo tambeacutem empregados incluindo jateamento abrasivo com subsequumlente aplicaccedilatildeo de um
revestimento de ligaccedilatildeo e usinagem seguida de jateamento abrasivo
A obtenccedilatildeo de uma rugosidade adequada eacute tatildeo importante quanto a limpeza
Durante a aspersatildeo as partiacuteculas fundidas ou semi-fundidas formam bolachas quando se
chocam com a superfiacutecie do substrato Estas agrave medida que se resfriam e se contraem
precisam aderir a uma superfiacutecie que favoreccedila o ancoramento mecacircnico
A geraccedilatildeo de uma superfiacutecie rugosa eacute usada para aumentar a aderecircncia e a coesatildeo
entre as partiacuteculas do revestimento por geraccedilatildeo de tensotildees superficiais de contraccedilatildeo
intertravamento de camadas aumento da aacuterea de interaccedilatildeo e descontaminaccedilatildeo da
superfiacutecie
O grau de enrugamento necessaacuterio para produzir um revestimento resistente e
adequado depende do material aplicado do processo e das condiccedilotildees de serviccedilo da peccedila
final (MARQUES wwwinfosoldacombr )
282 - Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste
A principal caracteriacutestica deste tipo de revestimento que satildeo aplicados para resistir
ao desgaste eacute a sua elevada dureza
Revisatildeo Bibliograacutefica 61
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2821 - Recobrimento Duro
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr ) recobrimento duro eacute
o nome dado ao processo que consiste em produzir por soldagem uma camada dura e
resistente ao desgaste na superfiacutecie da peccedila sujeita ao desgaste
2822 - Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro
De acordo com Batista amp Nascimento apud o Metals Handbook
(wwwspectrucombr ) os materiais para recobrimento duro satildeo classificados em cinco
grandes grupos em funccedilatildeo do teor total de elementos de liga Em geral a resistecircncia ao
desgaste e o custo crescem com o nuacutemero do grupo A escolha de uma liga especiacutefica
dependeraacute da aplicaccedilatildeo e do tipo de soldagem utilizado como mostra a Tabela 23
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro
Teor total de elementos de liga Elementos de liga principais
Materiais ferrosos de baixa liga
1A 2 a 6
1B 6 a 12
Cr Mo Mn
Cr Mo Mn
Materiais ferrosos de alta liga
2A 12 a 15
2B 12 a 25
2C 12 a 25
2D 30 a 37
3A 25 a 50
3B 25 a 50
3C 25 a 50
Cr Mo
Mo Cr
Mn Ni
Mn Cr Ni
Cr Ni Mo
Cr Mo
Co Cr
Revisatildeo Bibliograacutefica 62
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Ligas agrave base de niacutequel e agrave base de cobalto
4A 50 a 100
4B 50 a 100
4C 50 a 100
Co Cr W
Ni Cr Mo
Cr Ni Mo
Carbetos
5 75 a 96
WC ou WC em combinaccedilatildeo com
outros carbonetos como TiC e TaC sempre
em uma matriz metaacutelica
As ligas do grupo 1A satildeo accedilos de baixo teor de liga quase sempre tendo cromo
com principal elemento de liga O teor total dos elementos de liga incluindo o carbono
fica entre 2 e 6 Estas ligas de teor satildeo empregadas frequumlentemente como uma camada
de base para um recobrimento duro com ligas de teor de liga mais elevado
As ligas ferrosas do subgrupo 1B satildeo semelhantes agraves do grupo 1A poreacutem com
maior teor de elementos de liga ( 6 a 12 ) e com teor de carbono ateacute 2 ou mais
Muitos accedilos - ferramenta e alguns ligados fazem parte deste grupo
Os materiais do grupo 1 apresentam maior tenacidade entre as ligas de
recobrimento duro excetuando-se os accedilos-manganecircs austeniacuteticos Possuem tambeacutem
melhor resistecircncia ao desgaste que os accedilos de baixo e meacutedio carbono que satildeo ligas
usualmente recobertas pelo grupo 1 O custo eacute mais barato que as outras ligas de
recobrimento duro e muito empregados nos casos em que se necessita da usinabilidade e de
apenas um aumento moderado da resistecircncia ao desgaste
Revisatildeo Bibliograacutefica 63
Gustavo Portela de Deus
As ligas do subgrupo 2A satildeo ligas em que o principal elemento de liga eacute o cromo
com teor total de elemento de liga entre 12 e 25 Algumas delas tecircm certo teor de
molibdecircnio Este grupo inclui ainda alguns natildeo-ferros fundidos de meacutedio teor em liga O
molibdecircnio eacute o principal elemento de liga em quase todos os materiais do grupo 2B que
contam tambeacutem com teores relativamente altos de cromo
O subgrupo 2C eacute constituiacutedo pelos accedilos-manganecircs austeniacuteticos Manganecircs eacute o
principal elemento de liga estando tambeacutem presente o niacutequel para maior estabilizaccedilatildeo da
austenita
As ligas dos subgrupos 2A e 2B satildeo mais resistentes ao desgaste menos tenazes e
mais caras que os materiais do grupo 1 Jaacute os subgrupos 2C e 2D satildeo muito tenazes poreacutem
apresentam limitada resistecircncia ao desgaste que pode aumentar muito com o encruamento
As ligas do subgrupo 2D possuem um teor total de elementos de liga entre 30 e 37
variando o carbono entre 010 e 1
Os materiais do grupo 3 apresentam 25 a 50 de elementos de liga Satildeo ligas
com alto cromo vaacuterias delas com niacutequel eou molibdecircnio Os teores de carbono variam
entre 175 a 5 Este grupo eacute caracterizado pela presenccedila maciccedila de carbonetos
hipereuteacuteticos que conferem agraves ligas uma alta resistecircncia ao desgaste e uma razoaacutevel
resistecircncia agrave corrosatildeo e ao calor Satildeo ligas mais caras que as dos grupos 1 e 2
O grupo 4 compreende as ligas agrave base de cobalto e agrave base de niacutequel com teor total
de elementos natildeo-ferrosos entre 50 e 99 As ligas agrave base de cobalto do subgrupo 4ordf
satildeo consideradas como os mais versaacuteteis materiais de recobrimento duro Resistem ao
calor agrave abrasatildeo agrave corrosatildeo ao impacto agrave descamaccedilatildeo agrave oxidaccedilatildeo ao choque teacutermico agrave
erosatildeo e ao desgaste metal- metal
Revisatildeo Bibliograacutefica 64
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Algumas destas ligas mantecircm uma dureza elevada ateacute 825ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo
ateacute temperaturas da ordem de 1100ordmC As ligas agrave base de niacutequel subgrupo 4B satildeo
especialmente indicadas para peccedilas sujeitas ao mesmo tempo agrave corrosatildeo e ao desgaste Satildeo
superiores a outros materiais de recobrimento duro em aplicaccedilotildees nas quais o desgaste eacute
causado pelo contato metal-metal como no caso dos mancais Mantecircm durezas elevadas
ateacute cerca de 650ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo ateacute temperaturas da ordem de 875ordmC
Os materiais do grupo 5 consistem de gracircnulos duros de carbonetos distribuiacutedos em
uma matriz metaacutelica Satildeo muito indicados para aplicaccedilotildees de abrasatildeo intensa e de corte
Inicialmente se empregam apenas os carbonetos de tungstecircnio Mais recentemente outros
carbonetos principalmente titacircnio tacircntalo e cromo passaram a ser usados com bons
resultados Como matriz metaacutelica vaacuterios materiais tecircm sido utilizados tais como ferro accedilo
carbono Ligas agrave base de niacutequel agrave base de cobalto e bronze Os materiais do grupo 5
possuem a maacutexima resistecircncia agrave abrasatildeo em peccedilas sujeitas a impactos pequenos ou
moderados
2823 - Seleccedilatildeo do Material para Recobrimento Duro
A primeira medida eacute caracterizar bem as condiccedilotildees de serviccedilo nas quais deveraacute
trabalhar o equipamento que seraacute revestido com o recobrimento duro Em seguida deve-se
analisar com cuidado as interaccedilotildees dos materiais candidatos e do metal base bem como o
processo de soldagem a ser utilizado no recobrimento
2824 - Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento
Analisar as condiccedilotildees de serviccedilo para determinar os tipos de resistecircncia ao
desgaste e resistecircncia ao ambiente seleccedilatildeo de alguns materiais candidatos
Revisatildeo Bibliograacutefica 65
Gustavo Portela de Deus
Anaacutelise de compatibilidade entre as ligas e o metal base considerando
possiacuteveis tensotildees teacutermicas e eventuais trincas
Testar componentes recobertos com os materiais candidatos
Selecionar a melhor liga considerando o custo e a duraccedilatildeo do recobrimento
Selecionar o processo de recobrimento duro considerando a taxa de
deposiccedilatildeo o grau de diluiccedilatildeo (o metal base dilui a liga de recobrimento durante a
soldagem) eficiecircncia de deposiccedilatildeo e custo total O custo total inclui o preccedilo dos
eletrodos e o processamento
29 - Tipos de Revestimento
Os tipos de revestimento mais aplicados em soldagem podem ser classificados em
endurecimento superficial
resistentes agrave corrosatildeo
resistentes ao desgaste eou impacto
para recuperaccedilatildeo ou reparos de manutenccedilatildeo
291 - Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Tabela ndash 24 Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Condiccedilotildees de serviccedilo Materiais para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal altas
tensotildees de contato
Stellite 1 ligas Tribaloy
Escorregamento metal ndash metal baixas
tensotildees de contato
Accedilos de baixa liga para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal
combinado com corrosatildeo e oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto ou agrave base de
niacutequel dependendo da agressividade do
Revisatildeo Bibliograacutefica 66
Gustavo Portela de Deus
ambiente
Abrasatildeo sob baixa tensatildeo erosatildeo por
colisatildeo de partiacuteculas de pequeno acircngulo
Ferros fundidos de alta liga
Abrasatildeo severa sob baixa tensatildeo
retenccedilatildeo do gume
Materiais com altos teores de carbonetos
Erosatildeo por cavitaccedilatildeo e por colisatildeo
Choques mecacircnicos intensos combinados
com corrosatildeo ou oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto
Stellite 21 Stellite6
Abrasatildeo por sulcamento Accedilos ndash manganecircs austeniacuteticos
Descamaccedilatildeo
Stellite 21 Stellite 6 Tribaloy T-400
Tribaloy T-800
Estabilidade teacutermica eou resistecircncia agrave
fluecircncia a altas temperaturas
Ligas agrave base de cobalto ligas de niacutequel
com carbonetos
292 - Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies
A Tabela 25 apresenta as principais vantagens e desvantagens dos principais
processos de deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Tabela 25 - As principais vantagens e desvantagens dos principais processos de
deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Revisatildeo Bibliograacutefica 67
Gustavo Portela de Deus
Processo Vantagens Desvantagens
Galvanizaccedilatildeo iocircnica
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo baixa
temperatura de processamento
deposiccedilatildeo em furos e ranhuras
Seleccedilatildeo restrita de materiais de
revestimento revestimentos relativamente
macios riscos ambientais precisatildeo limitada
para repeticcedilatildeo na superfiacutecie
PACVD (Plasma
Assisted Chemical
Vapour Deposition)
Temperaturas de processo muito
abaixo das do CVD temperaturas
baixas revestimentos precisos
Adequado apenas para furos e ranhuras
PVD (Physical
Vapour Deposition)
Ecologicamente seguro permite
grande variedade de
revestimentos temperatura de
revestimentos mais baixa do que a
de tratamento teacutermico final da
maioria dos accedilos espessura
reduzida reproduziacutevel com
precisatildeo resistecircncia elevada ao
desgaste baixo coeficiente de
atrito
Revestimento de furos e ranhuras ndash alcanccedila
profundidade igual ao diacircmetro ou largura
da abertura resistente agrave corrosatildeo em
determinadas condiccedilotildees apenas
revestimento uniforme depende de as peccedilas
girarem durante o processamento
Difusatildeo
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo boa
reprodutibilidade
Revestimentos relativamente macios
seleccedilatildeo restrita de material de base tempo
de processamento longo riscos ambientais
necessidade de poacutes-tratamento
CVD (Chemical
Vapour Deposition)
Elevada resistecircncia ao desgaste
produccedilatildeo econocircmica de
Temperaturas de processamento elevadas
impossibilidade de revestir vaacuterios metais
Revisatildeo Bibliograacutefica 68
Gustavo Portela de Deus
revestimentos espessos adequado
para furos e ranhuras
arredondamento de bordos riscos
ambientais
Capiacutetulo 3
Materiais e Meacutetodos
Materiais e Meacutetodos 70
Guatavo Portela de Deus
3 - Materiais e Meacutetodos
31 ndash Fluxograma do Desenvolvimento Experimental
Teacutecnicas de deposiccedilatildeo dos revestimentos duros
Soldagem dos corpos-de-
prova Aspersatildeo teacutecnica
EnsaiosAnaacutelises
Prop mecacircnicas Caract microestrutural
Ensaio de
desgaste
Ensaio de DurezaMicro
Microscopia oacutetica
Discussatildeo Anaacutelises
Dissertaccedilatildeo de Mestrado
Materiais e Meacutetodos 71
Gustavo Portela de Deus
32 - Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no Solo de
Equipamentos Rodoviaacuterios
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios objeto deste
estudo foram selecionados dentre os que foram considerados como um dos mais
representativos na avaliaccedilatildeo referentes aos custos de manutenccedilatildeo e de consideraacutevel atraso
nos cronogramas de trabalho nas frentes de trabalho de conservaccedilatildeo e construccedilatildeo
rodoviaacuteria
Os elementos escolhidos para os estudos comparativos e para a anaacutelise de desgaste
na forma de desgaste abrasivo a dois corpos foram as unhas da caccedilamba da paacute carregadeira
de rodas articuladas utilizadas em serviccedilos leves e pesados de escavaccedilatildeo e carregamento
de agregados na forma principalmente de solos lateriacuteticos
Figura 3 1 Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira
Materiais e Meacutetodos 72
Gustavo Portela de Deus
Figura 32 Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira
Dentre os equipamentos rodoviaacuterios utilizados para construccedilatildeo e conservaccedilatildeo de
rodovias alguns apresentam ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de uso contiacutenuo e outras
somente quando a atividade se torna necessaacuteria como pontas de escarificadores de solos
Existem ainda outros elementos de maacutequinas que apresentam desgaste elevado em funccedilatildeo
dos mesmos manterem um contato direto com o solo como os elementos que compotildeem o
conjunto do material rodante de tratores de esteiras de escavadeiras hidraacuteulicas e de paacutes
carregadeiras tracionadas por esteiras desgaste este que por acontecer entre elementos que
estatildeo em movimento relativo entre si eacute considerado como desgaste abrasivo a trecircs corpos
Alguns fabricantes com a finalidade de prolongar a vida uacutetil desses elementos passaram a
utilizar esteiras vedadas e lubrificadas para evitar o contato direto dos elementos em
movimento relativo
O primeiro passo no desenvolvimento do projeto de avaliaccedilatildeo comparativa e na
anaacutelise de rendimento dos dois processos de revestimento superficial e do material
Materiais e Meacutetodos 73
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comercialmente encontrado e utilizado foi a confecccedilatildeo dos corpos de prova seguindo as
especificaccedilotildees da norma que regulamenta estudos triboloacutegicos ou seja a ASTM G65-91
Os materiais de base apoacutes ser analisados quanto agrave perda de massa no periacuteodo de
2900 horas foram cortados nas dimensotildees especificadas pela norma ASTM G65-91 para
ser submetidos aos ensaios de dureza pelo meacutedodo Rockwell C e resistecircncia agrave abrasatildeo por
meio do ensaio pela roda de borracha O mesmo procedimento foi executado aos corpos de
prova revestidos por soldagem de endurecimento superficial bem como pelo processo de
aspersatildeo teacutermica pelo meacutetodo LVOF Apoacutes o corte esses corpos-de-prova foram
submetidos a algumas operaccedilotildees de usinagem com a finalidade de adquirir suas formas
planas e retiradas de escoacuterias provenientes do processo de soldagem
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos
3211 - Revestimento Duro pelo Processo de Soldagem
Uma das teacutecnicas utilizadas no desenvolvimento do trabalho e que se tornou fator
de anaacutelise e comparaccedilatildeo de resultados de maior e menor desempenho foi o revestimento
duro pelo processo de soldagem em que foi utilizado a soldagem de revestimento com
eletrodo revestido
O processo de revestir superfiacutecies pelo processo de soldagem pode ser aplicado em
peccedilas novas bem como na recuperaccedilatildeo de peccedilas desgastadas pelo uso Eacute um processo de
aplicaccedilatildeo simples necessitando apenas das varetas das ligas de recobrimento e de uma
chama oxiacetilecircnica ou de um arco eleacutetrico O processo tem a vantagem de poder ser
aplicado a aacutereas localizadas da peccedila que sejam mais sujeitas ao desgaste (BATISTA
NASCIMENTO wwwspectrucombr )
Materiais e Meacutetodos 74
Gustavo Portela de Deus
As varetas dos materiais de recobrimento satildeo fornecidas em dois tipos revestidas
para soldagem a arco e natildeo revestidas para soldagem oxiacetilecircnica A soldagem
oxiacetilecircnica produz depoacutesitos mais uniformes e que podem ser mais bem posicionadas na
peccedila com velocidades de aquecimento e resfriamento relativamente baixas Por outro lado
a soldagem a arco eacute um processo menos caro mais raacutepido e se presta melhor agrave utilizaccedilatildeo
de equipamentos automaacuteticos Os depoacutesitos obtidos com arco eleacutetrico em geral satildeo mais
grosseiros e apresentam maior tendecircncia agrave formaccedilatildeo de poros Haacute tambeacutem maior
probabilidade de formaccedilatildeo de trincas em funccedilatildeo dos gradientes de temperatura criados
para altas velocidades de aquecimento e de resfriamento (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
O material de recobrimento eacute fundido durante a soldagem e se espalha sobre o
metal base ligando-se com este e formando uma nova superfiacutecie com uma camada que
varia entre 15 mm a 60 mm Apenas uma camada superficial da peccedila atinge a temperatura
de fusatildeo o que evita uma contaminaccedilatildeo muito acentuada do recobrimento do metal base
que diminuiria as propriedades de resistecircncia ao desgaste da camada depositada
O recobrimento duro pode ser aplicado agrave maioria dos metais natildeo ferrosos Por outro
lado com algumas exceccedilotildees natildeo se recomenda o recobrimento de ligas natildeo ferrosas com o
ponto de fusatildeo inferior a 1100ordmC Os accedilos ndash carbonos podem ser recobertos com relativa
facilidade em especial se o teor de carbono for inferior a 035 A soldagem se torna mais
difiacutecil agrave medida que o teor de carbono aumenta sendo que os accedilos de alto carbono e os
accedilos ligados devem sofrer um preacute ndash aquecimento e apoacutes recobrimento devem ser recozidos
Os accedilos inoxidaacuteveis os ferros fundidos e os accedilos raacutepidos tambeacutem podem ser recobertos
utilizando ndash se teacutecnicas adequadas de soldagem O cobre bronze e ligas como o latatildeo
Materiais e Meacutetodos 75
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apresentam maiores dificuldades de soldagem em funccedilatildeo de seus pontos de fusatildeo serem
baixos e sua alta condutividade (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr )
O recobrimento duro eacute muito usado nas aplicaccedilotildees em uma lubrificaccedilatildeo regular
contra abrasatildeo seja impossiacutevel ou inviaacutevel como em ferramentas de perfuraccedilatildeo de poccedilos
de petroacuteleo equipamentos para a agricultura e para terraplenagem ferramentas para
mineraccedilatildeo e equipamentos para a induacutestria petroquiacutemica O processo tambeacutem eacute usado para
ampliar a duraccedilatildeo de peccedilas que recebem lubrificaccedilatildeo tais como matrizes de conformaccedilatildeo
mecacircnica e aacutereas localizadas de oacutergatildeos de maacutequinas extremamente sujeitas a desgaste
Superfiacutecies com recobrimento duro satildeo em geral mais resistentes ao desgaste ao calor e agrave
corrosatildeo do que superfiacutecies cementadas ou temperadas por chama
Aleacutem disso aacutereas de difiacutecil acesso em componentes grandes praticamente
impossiacuteveis de ser submetidas a um processo de tratamento teacutermico podem receber um
recobrimento duro A teacutecnica pode tambeacutem ser empregada para a recuperaccedilatildeo de
equipamentos pesados sem a necessidade de desmontaacute-los (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
3212 ndash Revestimento superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF
Foi tambeacutem aplicada a teacutecnica de revestimento por aspersatildeo teacutermica
especificamente pelo meacutetodo de LVOF de acordo como eacute relatado a seguir o
desenvolvimento do processo
3213 - HVOF (High Velocity Oxigen Fuel)
Dentre os processos de aspersatildeo teacutermica utilizados para aplicar revestimentos
resistentes ao desgaste o processo de aspersatildeo oxicombustiacutevel de alta velocidade
Materiais e Meacutetodos 76
Gustavo Portela de Deus
conhecido como HVOF (Higt velocity oxi fuel) tem sido um dos mais utilizados
principalmente na aplicaccedilatildeo de carbonetos O processo eacute baseado em um sistema de
combustatildeo interna de alta pressatildeo similar a um motor de foguete em miniatura
Combustiacutevel e oxigecircnio satildeo misturados para produzir um jato de gaacutes supersocircnico acima de
2000 ms e 2800degC ( Lima et al apud Thorpe et al 1998) Os combustiacuteveis usados
incluem querosene hidrogecircnio propileno propano acetileno metil-acetileno propadieno
e gaacutes natural O material em forma de poacute eacute introduzido na chama quente dentro do cano de
saiacuteda da pistola Os revestimentos produzidos apresentam maior dureza adesatildeo ao
substrato durabilidade e maior possibilidade de espessura do que os revestimentos
produzidos por outros processos de aspersatildeo teacutermica Uma vantagem inerente do processo
HVOF eacute sua habilidade de aspergir partiacuteculas semi-fundidas a altas velocidades (em torno
de 900 ms) resultando em um revestimento bastante denso com alta adesatildeo ao substrato e
baixo conteuacutedo de oacutexidos Carbonetos superaquecidos podem se decompor e formar fases
menos beneacuteficas ao revestimento O processo HVOF eacute bastante efetivo ao acelerar bastante
as partiacuteculas sem excesso de aquecimento (LIMACAMARGO 2001)
Carbonetos de vaacuterios tipos satildeo especialmente adequados para aplicaccedilatildeo por HVOF
pois natildeo requerem significante fusatildeo para se depositar e formar uma superfiacutecie efetiva
contra desgaste Composiccedilotildees tiacutepicas estatildeo entre 8 a 30 de conteuacutedo da liga matriz que
serve primariamente como ligante para as partiacuteculas de carboneto (Lima et al apud Thorp
et al 2000) Uma das ligas mais usadas para aplicaccedilotildees de desgaste tem sido a liga WC-
Co (Lima et al apud Korpiola amp Vuoristo 1996) agraves vezes ligada a outros elementos como
Ni e Cr no intuito de oferecer melhores caracteriacutesticas de resistecircncia agrave corrosatildeo e desgaste
combinado (Lima et al apud Berger et al 2001)
Materiais e Meacutetodos 77
Gustavo Portela de Deus
3214 - LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray - Poacute
O processo LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) poacute consiste em injetar o material a
ser depositado em forma de poacute na chama derivada da queima de oxigecircnio e acetileno
(3100ordmC) sendo o material aquecido e projetado contra o substrato previamente preparado
Em algumas variaccedilotildees do processo um jato de ar comprimido auxilia a acelerar e
atomizar o poacute Pode-se efetuar a fusatildeo da camada apoacutes aplicaccedilatildeo do revestimento
aumentando assim a aderecircncia e resistecircncia do material aplicado
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
- Ligas Base de Niacutequel como Incinel Monel NiCrBSi e outras
- Oacutexido de Cromo
- Alumina e Alumina ndash Titacircnio e Dioacutexido de Titacircnio
- Oacutexido de Zirconia
- Ligas Base de Cobalto ndash Stellite
3215 - LVOF ( Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray ndash Arame
O processo de aspersatildeo LVOF Arame utiliza como fonte de calor para fusatildeo do
arame a chama gerada pela queima de oxigecircnio e acetileno
A atomizaccedilatildeo e aceleraccedilatildeo do material fundido satildeo realizadas por um jato de ar
comprimido que cerca a chama do oxigecircnio e acetileno
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
Materiais e Meacutetodos 78
Gustavo Portela de Deus
- Accedilo carbono como ligas 1020 1045 1080 e outros
- Accedilo inox como ligas AISI 302 304 316 e AISI 410420 etc
- Ligas de Niacutequel
- Alumiacutenio
- Zinco
- Estanho
322 - Materiais
3221 - Material de Referecircncia
O material que foi utilizado como referecircncia na anaacutelise comparativa dos processos
de revestimento foi retirado de amostras de unhas de caccedilambas de paacutes carregadeiras de
rodas na sua forma original ou seja fornecida pelo fabricante do equipamento rodoviaacuterio e
seguindo os padrotildees determinados pela norma ASTM G65-91 Por se tratar de materiais
originais ou seja fornecido pelo fabricante da maacutequina foi constatado por meio de
avaliaccedilotildees primaacuterias como mais resistentes ao desgaste abrasivo e comprovado atraveacutes do
nuacutemero de horas em que os elementos foram submetidos em operaccedilotildees de escavamento e
carregamento
3222 - Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo
O material de base utilizado na confecccedilatildeo dos corpos de prova para anaacutelise de
resistecircncia ao desgaste abrasivo pelos processos por soldagem e por aspersatildeo teacutermica foi o
accedilo ABNT 1015 com as seguintes dimensotildees 75 mm de comprimento 24 mm de largura
Materiais e Meacutetodos 79
Gustavo Portela de Deus
e 4mm de espessura nas amostras por soldagem e 48 mm de comprimento 24 de largura e
4mm de espessura nas amostras aspergidas Tais dimensotildees se fizeram necessaacuterias para
atender agrave norma como tambeacutem para permitir um encaixe perfeito ao suporte do
abrasocircmetro nos ensaios de perda de massa
3223 - Consumiacuteveis Utilizados
Os consumiacuteveis utilizados para revestir os corpos de prova nos processos de
revestimento superficial por soldagem foram os eletrodos para abrasatildeo severa erosatildeo e
cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo Bohler Thyssen Welding tipo UTP 713 desenvolvimento especial
com as seguintes concentraccedilotildees C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09
com dureza de 65HRC
Os revestimentos por soldagem executados nos corpos-de-prova foram feitos na
empresa Engincom Comeacutercio e Induacutestria LTDA situada no Distrito Industrial de
Teresina-PI
Jaacute os corpos de prova revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica por LVOF
utilizaram como consumiacutevel nas amostras tipo P uma mistura composta de 170 de Cr
40 de Fe 40 de Si 35 de B 10 de C e Ni balanceado As amostras tipo M foram
revestidas utilizando como consumiacutevel a mesma mistura utilizada no revestimento das
amostras tipo P com a adiccedilatildeo de 10 de carboneto de tungstecircnio com base cobalto (81
de tungstecircnio + 12 de cobalto + 5 de carbono + 2 de ferro)
Foram utilizados dois tipos de consumiacuteveis nas amostras revestidas por aspersatildeo
teacutermica com a finalidade de se avaliar tambeacutem o comportamento dos revestimentos
quanto a resistecircncia ao desgaste abrasivo utilizando-se os ensaios de resistecircncia ao desgaste
Materiais e Meacutetodos 80
Gustavo Portela de Deus
e de dureza nos dois tipos de consumiacuteveis Levando-se em consideraccedilatildeo principalmente o
custo do revestimento
Os corpos-de-prova que foram revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica tipo
LVOF foram executados na empresa Ogramac Nordeste situada no Distrito Industrial de
Suape em Ipojuca-PE
3224 - Areia
A areia utilizada no ensaio de abrasatildeo para constataccedilatildeo da perda de massa foi a
areia quartzosa industrial com granulometria de 40 a 60 mesh fornecida pela empresa
Sand SL Comeacutercio de Mineacuterio LTDA de Satildeo Carlos-SP Esta areia foi submetida a um
sistema de peneiramento de modo a adequar a sua granulometria agraves dimensotildees
especificadas pela norma ASTM G65-91 que estabelece um percentual de 5 de maacutexima
retenccedilatildeo na peneira de 50 mesh e de 90 de miacutenimo na peneira de 60 mesh
323 - Equipamentos
3231 - Equipamento de Soldagem
Foi utilizado um transformador de solda de fabricaccedilatildeo bambozzi modelo TDC 460
E com as seguintes caracteriacutesticas teacutecnicas Corrente maacutexima de solda de 430 A trifaacutesico
com tensatildeo de alimentaccedilatildeo de 380V potecircncia nominal de 208 kVA frequumlecircncia de
5060Hz caracteriacutesticas de soldagem DC e dimensotildees (AxLxC) de 480x555x665
3232 - Sistema de Peneiramento da Areia
A maacutequina utilizada para peneirar a areia no ensaio de abrasatildeo por roda de
borracha foi desenvolvida e construiacuteda no Departamento de Engenharia de Materiais da
Materiais e Meacutetodos 81
Gustavo Portela de Deus
Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar Eacute constituiacuteda de duas peneiras superpostas
com malhas de 50 e 70 meshs segundo a AFS fixadas em uma estrutura de accedilo que sofre
movimento vibratoacuterio promovido por um motor de frac14 de HP em cujo eixo estaacute afixada
uma peccedila assimeacutetrica para provocar um efeito excecircntrico na rotaccedilatildeo e consequumlente
vibraccedilatildeo como mostra a Figura 33
Figura 33 - Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo
3233 Abrasocircmetro
O abrasocircmetro utilizado no ensaio de abrasatildeo por perda de massa tambeacutem foi
desenvolvido e construiacutedo nos laboratoacuterios do Departamento de Engenharia de Materiais
da Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar segundo a norma ASTM G65-91 Esta
norma determina que seja feita uma calibraccedilatildeo do abrasocircmetro de modo que o mesmo
possa ser utilizado de forma confiaacutevel assegurando as mesmas condiccedilotildees e
reprodutividade dos ensaios de perda de volume
Materiais e Meacutetodos 82
Gustavo Portela de Deus
O anel de borracha eacute constituiacutedo de clorobutil com diacircmetro externo inicial de
2286 mm e espessura de 127 mm com dureza variando entre 59 e 60 shore A A
excentricidade do anel natildeo deve exceder a toleracircncia de 005 mm Com este diacircmetro
especificado e para um nuacutemero total de 6000 rotaccedilotildees o comprimento linear de realizaccedilatildeo
do ensaio eacute de 4309 m Agrave medida que a roda se desgasta deve-se ajustar a perda de
volume (PV) como prevecirc a norma O fluxo de areia recomendado eacute de 300 gmin a 400
gmin que deveraacute escoar pelo bocal de alimentaccedilatildeo de forma regular e contiacutenua como
mostra a Figura 34
Faz parte da constituiccedilatildeo do abrasocircmetro um contador digital do nuacutemero de voltas
efetuadas pela roda de borracha ateacute o limite estabelecido de 6000 rotaccedilotildees em que o
mesmo deveraacute provocar o desligamento automaacutetico Possui ainda um sistema de alarme
com paracircmetros de limites de rotaccedilotildees por min de miacutenimo 190rpm e de maacuteximo 210 rpm
e tendo como rotaccedilatildeo referecircncia 200 rpm (BRANDIM 1998)
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha
Materiais e Meacutetodos 83
Gustavo Portela de Deus
3234 - Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos-de-Prova
Os corpos-de-prova revestidos pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
foram retificados e cortados em uma retificadora plana longitudinal de fabricaccedilatildeo Mello
SA Maacutequinas e Equipamentos modelo RPT 2 maacutequina nordm 192 ano 1983 nos laboratoacuterios
de usinagem do CEFET ndash PI com refrigeraccedilatildeo na aacuterea de corte atraveacutes de fluido especial
emulsionaacutevel em aacutegua e tendo como ferramenta de corte um disco abrasivo de alta rotaccedilatildeo
(6000 rpm) e elevada dureza da ordem de 70 HRC fornecido pela empresa Arotec
modelo AA 5
Anteriormente ao corte das amostras nas dimensotildees especificadas pela norma
ASTM G65-91 os corpos de prova passaram por um processo de retificaccedilatildeo com o
objetivo de reparar possiacuteveis deformaccedilotildees e melhorar o acabamento das amostras
As medidas de massa dos corpos de prova para determinaccedilatildeo da massa antes e
depois do ensaio de abrasatildeo por roda de borracha foram efetuadas em uma balanccedila de
precisatildeo analiacutetica marca Marte modelo AS 2000C com capacidade de pesagem maacutexima
de 2000g e miacutenima de 05g erro de 01g e sensibilidade de 001g
3235 - Durocircmetro
As medidas de dureza foram efetuadas em um durocircmetro marca Sussen Wolpert
tipo Testor HT1 maacutequina Nordm 333 ano 1971 em escala Rockwell C com carga de 150 kgf
como mostra a Figura 35 pertencente ao laboratoacuterio do DEMa da Universidade Federal de
Satildeo Carlos (UFSCar)
Materiais e Meacutetodos 84
Gustavo Portela de Deus
Figura 35 - Durocircmetro
3236 - Microscopia Oacutetica
As anaacutelises e imagens de microscopia oacutetica foram realizadas no microscoacutepio oacutetico
de marca NIKKON EPIPHOT ndash DX com conversor de sinais da Hitach modelo com
aumento maacuteximo de 1000 vezes Para obtenccedilatildeo das fotos das microestruturas utilizou-se
um analisador de imagens
33 - Sequumlecircncia Experimental
Apoacutes os procedimentos convencionais de preparaccedilatildeo das amostras nas trecircs
condiccedilotildees que seratildeo avaliadas ou seja soldadas revestidas superficialmente por aspersatildeo
teacutermica e na condiccedilatildeo normal ou comercialmente encontradas estas amostras ou corpos-
de-prova passaram agrave fase experimental
Materiais e Meacutetodos 85
Gustavo Portela de Deus
Os experimentos tiveram como finalidade inicial avaliar o desempenho quanto agrave
resistecircncia agrave abrasatildeo dos corpos-de-prova quando submetidos aos processos de
revestimento superficial pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Tais experimentos se basearam principalmente em anaacutelises microscoacutepicas por meio
de microscopia oacutetica resistecircncia agrave abrasatildeo pelo ensaio da roda de borracha e pela anaacutelise
do niacutevel de dureza adquirida atraveacutes do durocircmetro
Depois de computados os resultados obtidos nos ensaios tecnoloacutegicos nas trecircs
avaliaccedilotildees diferentes microscopia dureza e resistecircncia agrave abrasatildeo partiu-se para a anaacutelise
matemaacutetica atraveacutes das meacutedias em funccedilatildeo de resultados diferentes obtidos nos ensaios em
pontos diferentes das amostras
34 ndash Meacutetodos
341 - Planejamento Experimental
3411 - Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo a Baixa Tensatildeo ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram preparados e ensaiados segundo os procedimentos da
norma ASTM G65-91 (1991) no abrasocircmetro similar ao apresentado na figura A forccedila
exercida pelo corpo de prova sobre a roda foi de 130 N A rotaccedilatildeo da roda de borracha foi
mantida em mais ou menos 200 rpm com variaccedilotildees para mais e para menos de 10 rpm
quando em movimento e sob pressatildeo de ensaio Empregou-se para a contagem do nuacutemero
de giros da roda de borracha um sensor indutivo O nuacutemero total de rotaccedilotildees da roda para
interrupccedilatildeo automaacutetica do ensaio foi preacute-fixado em 6000 rotaccedilotildees Para a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha quando se fez necessaacuterio utilizou-se uma lixa de
granulometria 320 mantendo-se o braccedilo da alavanca do equipamento livre de qualquer
Materiais e Meacutetodos 86
Gustavo Portela de Deus
carga para evitar qualquer pressatildeo sobre a roda e proporcionar uma folga suficiente para a
introduccedilatildeo da lixa entre a roda e a amostra O fluxo de areia foi mantido dentro dos limites
da norma ASTM G65-91 (1991) tendo variado entre 350 e 360 gramasminuto
Os ensaios foram realizados com a roda de borracha girando no mesmo sentido da
direccedilatildeo de soldagem empregado Apoacutes o ensaio de cada lote realizou-se a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha As perdas de massa e de volume conforme a norma ASTM
G65-91 (1991) quando satildeo determinadas em uma roda de borracha com diacircmetro externo
diferente de 2286 mm devem ser corrigidas linearmente pela relaccedilatildeo perda de volume
(PV) x 2286 mmdiacircmetro da roda no final do ensaio tendo sido empregada quando
necessaacuterio esta correccedilatildeo (BRANDIM 1998)
3412 Microscopia Oacutetica
As amostras revestidas por aspersatildeo teacutermica LVOF dos tipos P e M e soldadas
foram analisadas no microscoacutepio oacutetico com aproximaccedilatildeo de 50X 100X 200X e 500X
3413 Ensaio de Dureza
Para a determinaccedilatildeo da dureza foi utilizado o meacutetodo Rockwell C com carga de
150 kgf Antes de efetuar as medidas foi realizada a afericcedilatildeo do aparelho ou durocircmetro
por meio da utilizaccedilatildeo de corpos-de-prova de dureza padronizada Cada corpo-de-prova foi
submetido a no miacutenimo trecircs medidas de dureza em pontos diferentes da superfiacutecie
Capiacutetulo 4
Resultados e Discussatildeo
Resultados e Discussatildeo 88
Gustavo Portela de Deus
4 - Resultados e Discussatildeo
41 - Introduccedilatildeo
Por meio dos ensaios jaacute efetuados e comentados no capiacutetulo anterior e utilizando-
se a metodologia descrita inicialmente seratildeo representados os resultados de afericcedilatildeo e
qualificaccedilatildeo do abrasocircmetro realizados segundo a norma ASTM G65-91(1991)
Procedimento A resistecircncia ao desgaste resultados dos ensaios de dureza e anaacutelises
quiacutemicas de microscopia oacutetica e terminando com as discussotildees que se fizeram relevantes
dos resultados obtidos
411 - Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho
Foram levantados dados estatiacutesticos do rendimento apresentado pelos elementos de
penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios no que concerne agrave vida uacutetil
proporcionada pelos diversos produtos apresentados no mercado bem como a qualidade
destes materiais no que diz respeito a constituiccedilatildeo da liga tratamentos teacutermicos efetuados
e revestimento superficial em peccedilas novas ou recuperadas na forma de endurecimento com
a finalidade de elevar a resistecircncia ao desgaste
No levantamento de dados e de informaccedilotildees foram considerados os rendimentos
obtidos pelas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios quando
utilizadas na sua forma original ou seja de acordo com a forma comercial fornecida por
parte dos fabricantes Foi considerada a vida uacutetil atingida com a ferramenta quando
utilizada na sua forma comercial bem como quando aplicado seu revestimento especiacutefico
Resultados e Discussatildeo 89
Gustavo Portela de Deus
Foram confeccionados corpos de prova seguindo a norma especiacutefica para
revestimentos duros ou seja ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram revestidos por soldagem de revestimento utilizando
eletrodos com as seguintes caracteriacutesticas eletrodo baacutesico que apresenta depoacutesitos de
carbonetos complexos de Cr Mo Nb W e V indicado para revestimentos duros contra
abrasatildeo severa erosatildeo e cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo BOHLER THYSSEN WELDING Tipo
UTP 713 desenvolvimento especial com concentraccedilatildeo de elementos na seguinte
composiccedilatildeo C - 4 Cr - 235 Mo ndash 65 Nb ndash 60 W ndash 08 e V ndash 09 com uma
dureza esperada de 65HRc
Foram tambeacutem revestidos pelo processo de revestimento superficial por aspersatildeo
teacutermica do tipo LVOF
Durante o desenvolvimento do projeto foram determinadas as perdas de massa
bem como de espessura dos elementos objeto do estudo antes e depois de revestidos pelos
processos de recobrimento por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Os corpos-de-prova foram ensaiados para anaacutelise de resistecircncia ao desgaste
abrasivo por meio do abrasocircmetro de roda de borracha que foi construiacutedo pelos alunos
mestrandos em engenharia de materiais da Universidade Federal de Satildeo Carlos UFSCar na
aacuterea especiacutefica triboloacutegica seguindo as recomendaccedilotildees da norma ASTM G65-91
Foram executados estudos comparativos de rendimento e viabilidade econocircmica
quando comparadas estas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios
utilizadas na sua forma comercial bem como quando revestidas pelos processos de
endurecimento superficial por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 90
Gustavo Portela de Deus
42 - Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM
G65-91 Procedimento A
De acordo com esta norma o abrasocircmetro deveraacute antes da realizaccedilatildeo dos ensaios
de desgaste ser aferido Para tanto utilizou-se um accedilo ABNT 1015 para a determinaccedilatildeo do
coeficiente de variaccedilatildeo dos resultados obtidos com o ensaio de desgaste visando agrave
verificaccedilatildeo da dispersatildeo dos valores e da reprodutibilidade do equipamento A conversatildeo eacute
feita pela seguinte equaccedilatildeo
1000sup3)(
)(sup3)( x
cmg
gPMmmPV
Onde PV (mmsup3) = Perda de volume PM (g) = Perda de Massa e = (gmmsup3)
densidade do material
Segundo o apecircndice A da norma ASTM G65-91 o desvio padratildeo S a ser calculado
eacute obtido com o auxiacutelio da tabela 41 da referida norma para a obtenccedilatildeo do valor de d2 que
eacute dependente do nuacutemero de corpos-de-prova utilizados no ensaio de desgaste por abrasatildeo
Entatildeo a partir do desvio padratildeo da diferenccedila entre a maior perda de volume e a menor
perda de volume calcula-se o coeficiente de variaccedilatildeo (V) Tem-se entatildeo
Como o valor obtido neste processo de afericcedilatildeo foi inferior ao limite de 7
estabelecido pela norma ASTM G65-91(1991) fica assegurada a confiabilidade dos
resultados obtidos com o abrasocircmetro Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave
baixa tensatildeo realizada com accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilatildeo do
abrasocircmetro
Resultados e Discussatildeo 91
Gustavo Portela de Deus
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com
o accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro
Corpos-de-prova
Massa (g)
PV (cm3) M
i
M
f
Δ
M
01
1
128910
1
125017
0
3893
4
95924
02
1
129257
1
125721
0
3536
4
50446
03
1
077076
1
073516
0
3560
4
53503
04
1
093156
1
089095
0
4061
5
17325
05
1
077034
1
073005
0
4029
5
13248
Total
4
9
Onde Mi = Massa do corpo de prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo de prova depois do ensaio
ΔM = Diferenccedila de massa antes e apoacutes o ensaio
PV = Perda de volume
43 - Resistecircncia ao Desgaste
Resultados e Discussatildeo 92
Gustavo Portela de Deus
A anaacutelise da resistecircncia ao desgaste eacute feita pela comparaccedilatildeo com um material de
referecircncia Neste estudo foi utilizado o proacuteprio material constituinte das unhas da caccedilamba
de uma paacute carregadeira articulada de rodas Para a visualizaccedilatildeo geral dos materiais
envolvidos neste trabalho eacute apresentada na figura 41 uma comparaccedilatildeo da perda de
volume no qual os valores satildeo as meacutedias de todos os ensaios realizados
Na primeira imagem eacute representada a amostra que foi revestida pelo processo de
soldagem em que fica demonstrada a menor perda de massa em funccedilatildeo do consumiacutevel
utilizado no processo que possuiacutea uma grande concentraccedilatildeo de elementos de liga que
propiciam elevada resistecircncia ao desgaste
Na segunda imagem temos a representaccedilatildeo de uma amostra revestida pelo processo
de aspersatildeo teacutermica por LVOF em que tambeacutem fica demonstrada uma elevada resistecircncia
ao desgaste abrasivo embora de menor intensidade que na soldagem que admitimos ter
ocorrido em funccedilatildeo do procedimento utilizado no ensaio ldquoprocedimento Ardquo natildeo ser
recomendado a tal amostra por se tratar de revestimento de espessura pequena da ordem
de 05mm o que eacute considerada pequena para tal ensaio Quando o revestimento eacute de
pequena espessura o procedimento recomendado pela norma G65-91 eacute o ldquoprocedimento
Crdquo em que se utiliza uma menor carga como tambeacutem um nuacutemero menor de revoluccedilotildees
Na terceira imagem temos a representaccedilatildeo da amostra de referecircncia ou seja
retirada da proacutepria unha da caccedilamba da paacute carregadeira de rodas em que fica demonstrada
uma boa resistecircncia agrave abrasatildeo em funccedilatildeo da mesma ter sido constituiacuteda de accedilo carbono
1045 temperado que apresenta uma boa resistecircncia ao desgaste
Resultados e Discussatildeo 93
Gustavo Portela de Deus
Figura 41 - Imagens de corpos-de-prova desgastados no ensaio por abrasatildeo
Os dados coletados para a anaacutelise do desgaste abrasivo por meio do abrasocircmetro
estatildeo quantificados e apresentados na Tabela 42 com as perdas de massa correspondentes
a cada uma das amostras analisadas Na Figura 42 mostra o graacutefico da perda de massa
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste
Amostra Mi (g) Mf (g)
PM
(g)
PV
(mmsup3)
PVCorrigido
(mmsup3)
Metal
de
base
A1 9136 9044 092
45 45
A2 9050 8962 088
A3 10022 9914 108
Valor meacutedio 096
Aspersatildeo
teacutermica
A1 9219 9211 008
20 20
A2 9006 8997 009
A3 9107 9097 010
Valor meacutedio 009
Revestimentos
soldados
A1 18651 18638 013
12 12
A2 15647 15640 007
Resultados e Discussatildeo 94
Gustavo Portela de Deus
A3 14422 14414 008
Valor meacutedio 009
Onde Mi = Massa do corpo-de-prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo-de-prova depois do ensaio
PM = Perda de massa do corpo-de-prova apoacutes o ensaio
0
10
20
30
40
50
60
PV (mmsup3)
Accedilo ABNT
1015
Accedilo ABNT
1045
temperado
Aspersatildeo
teacutermica
Amostra
soldada em
laboratoacuterio
Corpos-de-prova
Perda de Volume Meacutedio (mmsup3)
Perda de Volume (mmsup3) Perda de Volume Corregido (mmsup3)
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos-de-prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo
44 - Dureza
Nos resultados dos valores meacutedios de dureza apresentados na Tabela 43 e na
Figura 43 natildeo se nota grandes dispersotildees dos resultados para os corpos-de-prova quando
se analisa entre os mesmos materiais e nem quando se compara os revestimentos obtidos
por teacutecnicas diferentes no caso por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 95
Gustavo Portela de Deus
Alguns valores de dureza apresentaram discrepacircncia em relaccedilatildeo aos
valores meacutedios que foram atribuiacutedos serem decorrentes do ponto em que o
indentador foi posicionado
O corpo-de-prova utilizado como referecircncia apresentou um bom
resultado de dureza visto que a sua microestrutura eacute constituiacuteda de
martensita
Tabela 43 - Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo
Amostra
HRc
(150kg)
Valor meacutedio
final Dureza
HRc
Metal de base
P1 46
45 P2 48
P3 43
Aspersatildeo
teacutermica
P1 53
54 P2 52
P3 56
Revestimentos
soldados
P1 52
53 P2 48
P3 59
Resultados e Discussatildeo 96
Gustavo Portela de Deus
40
42
44
46
48
50
52
54
Dureza (HRc -
150kg)
Metal de base Aspersatildeo
teacutermica
Soldados
Amostras revestidas
Dureza Meacutedia Final
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados
45 - Microdureza
Amostra M
0
200
400
600
800
1000
1200
30 90 180 330 450 600 750
Distacircncia (Mm)
Dur
eza
(200
gf)
Figura 44 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M
Resultados e Discussatildeo 97
Gustavo Portela de Deus
Amostra P
0
200
400
600
800
1000
1200
30 160 310 460 610 670 730
Distacircncia (microm)
Dure
za H
V (2
00g
f)
Figura 45 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P
46 - Anaacutelise Microestrutural
A anaacutelise microestrutural foi realizada para todos os corpos-de-prova estudados
nesse trabalho utilizando a teacutecnica de Microscopia oacutetica
461- Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente
Os corpos-de-prova aspergidos termicamente apresentaram as microestruturas
conforme mostram as Figuras 46 47 e 48 Nessas pode-se observar uma quantidade
significativa de poros de tamanhos variados principalmente na interface entre a camada
aspergida e o substrato em destaque na Figura 46 A formaccedilatildeo desses poros eacute decorrente
da reaccedilatildeo com gases durante o processo de aspersatildeo e a atmosfera em contato com o
material enquanto liacutequido
Resultados e Discussatildeo 98
Gustavo Portela de Deus
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 50X
Figura 47 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 100X
Interface substratocamada
Linha de poros
Resultados e Discussatildeo 99
Gustavo Portela de Deus
Figura 48 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente
possam ser os carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X
462 Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem
Os corpos-de-prova soldados apresentaram microestrutura euteacutetica com intensa
quantidade de carbetos de cromo complexos do tipo M7C3 conforme mostram as Figuras
49 e 410 Isto se deve principalmente pela composiccedilatildeo quiacutemica do eletrodo utilizado
onde apresentou C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09 com dureza de
65HRC
Estes elementos quando participam da constituiccedilatildeo da liga adicionam e melhoram
algumas propriedades mecacircnicas dos materiais tais como
a) Carbono (C) ndash Na composiccedilatildeo de accedilos modernos destinados agrave cutelaria
quer sejam aqueles classificados como carbono ou os ditos inoxidaacuteveis
dificilmente poderaacute existir menos do que 06 de Carbono pois este eacute o
Resultados e Discussatildeo 100
Gustavo Portela de Deus
principal elemento que apoacutes a adequada tecircmpera concederaacute dureza agrave
peccedila
b) Cromo (Cr) ndash O cromo estimula a formaccedilatildeo de carbonetos aumentando a
resistecircncia ao desgaste bem como a temperabilidade aos accedilos reduz a
velocidade criacutetica de resfriamento de modo que a tecircmpera de accedilos com
teores elevados de cromo seja feita preferencialmente ao oacuteleo ou ao ar A
adiccedilatildeo de cromo torna mais fina a granulaccedilatildeo dos accedilos aumentando
desse modo a sua resistecircncia
c) Molibdecircnio (Mo) ndash Influencia favoravelmente a dureza a resistecircncia a
quente a fluecircncia e a temperatura de crescimento de gratildeo de austenita
aleacutem de melhorar a penetraccedilatildeo da tecircmpera nos accedilos Eacute largamente
empregado no accedilos de construccedilatildeo mecacircnica para beneficiamento pois
forma partiacuteculas resistentes a abrasatildeo e evita a fragilidade de
revenimento O molibdecircnio natildeo eacute empregado sozinho pois apresenta
uma tendecircncia de diminuir a tenacidade dos accedilos
d) Nioacutebio (Nb) ndash Tem alta afinidade por carbono e nitrogecircnio formando
carbonetos e carbonitretos Melhora a soldabilidade a tenacidade e a
comformabilidade o que levou a ciecircncia moderna a busca de
alternativas que aumentassem a resistecircncia mecacircnica do accedilo sem alterar
as outras propriedades desejaacuteveis
e) Tungstecircnio (W) ndash Forma carbonetos muito duros tendo como
consequumlecircncia influecircncia nas propriedades com aumento da dureza
aumento da resistecircncia agrave traccedilatildeo resistecircncia agrave corrosatildeo e a erosatildeo
f) Vanaacutedio (V) ndash Eleva a temperatura de crescimento do gratildeo da austenita
promovendo o refino do gratildeo Eacute excelente desoxidante A adiccedilatildeo de
Resultados e Discussatildeo 101
Gustavo Portela de Deus
vanaacutedio confere aos accedilos uma insensibilidade ao super-aquecimento
melhorando suas caracteriacutesticas de forjamento e usinagem O emprego de
teores elevados de vanaacutedio deve ser acompanhado por um aumento do
teor de carbono devido agrave formaccedilatildeo de carbonetos
g) Siliacutecio (Si) ndash Auxilia na desoxidaccedilatildeo auxilia na grafitizaccedilatildeo aumenta a
fluidez como influecircncia na estrutura Aumenta a resistecircncia agrave oxidaccedilatildeo
com temperaturas elevadas melhoria da temperabilidade e da resistecircncia
a traccedilatildeo influenciando nas propriedades
h) Boro (B) ndash Os accedilos ao boro compreedem uma famiacutelia com propriedades
especiais devendo ser tratados como uma classe agrave parte O boro quando
adicionado em pequenas quantidades melhora a temperabilidade do accedilo
diminui a tendecircncia a triancas de tecircmpera distorccedilotildees durante o
tratamento teacutermico e melhora as propriedades de conformaccedilatildeo mecacircnica
Os accedilos ao boro natildeo satildeo empregados soacute onde se exijam especificaccedilotildees
severas de temperabilidade mas tambeacutem onde se necessite de
caracteriacutesticas uniformes de tratamento teacutermico de usinabilidade
soldagem e conformaccedilatildeo O percentual de boro adicionado aos accedilos pode
variar desde 00005 quando se deseja obter efeitos de temperabilidade
a ateacute 00015 quando se obtecircm a melhor combinaccedilatildeo de resistecircncia e
tenacidade nos accedilos
i) Niacutequel (Ni) ndash Refina o gratildeo diminui a velocidade de transformaccedilatildeo na
estrutura do accedilo Influecia nas propriedades com o aumento da
resistecircncia a traccedilatildeo e com a alta ductilidade
Resultados e Discussatildeo 102
Gustavo Portela de Deus
Figura 49 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X
Resultados e Discussatildeo 103
Gustavo Portela de Deus
Figura 410 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do
tipo M7C3 Ataque colorido 500X
Os corpos de prova estudados e que foram revestidos pelo processo de soldagem de
revestimento foram incluiacutedos no diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C apresentado na Figura
411 Observou-se que todas as amostras estatildeo enquadradas na regiatildeo hipereuteacutetica
Resultados e Discussatildeo 104
Gustavo Portela de Deus
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C
As amostras das Figuras 49 e 410 apresentam uma microestrutura com euteacutetico e
perfis alongados de tonalidade clara representando os carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 e ainda pontos claros representativos dos elementos constituintes da liga de
composiccedilatildeo do eletrodo bem como os carbonetos de cromo que natildeo se desenvolveram
Os perfis representativos dos carbonetos de complexos de cromo M7C3 de forma
alongada conferem ao revestimento uma dureza elevada que favorece a uma maior
resistecircncia ao desgaste abrasivo poreacutem da mesma forma que elevam esta resistecircncia ao
desgaste favorece tambeacutem o aparecimento de trincas que podem acelerar o processo
abrasivo em funccedilatildeo de permitir a penetraccedilatildeo do gratildeo abrasivo entre as frestas dessas
trincas
Resultados e Discussatildeo 105
Gustavo Portela de Deus
463 Resultados
Apresentar uma anaacutelise comparativa de rendimento entre as ferramentas de
penetraccedilatildeo no solo para equipamentos rodoviaacuterios encontrados no mercado consumidor e
destas mesmas ferramentas revestidas superficialmente pelos processos de endurecimento
superficial por soldagem com a utilizaccedilatildeo de eletrodos revestidos e pela teacutecnica de
revestimento LVOF
Nas anaacutelises econocircmicas efetuadas se constatou que o custo para se revestir as
unhas das caccedilambas da paacute carregadeira utilizando como base a peccedila original isto eacute antes
da mesma ser colocada em operaccedilatildeo eacute compatiacutevel com o custo benefiacutecio de se substituir a
mesma unha apoacutes o seu desgaste natural Baseado no preposto e considerando o tempo
desperdiccedilado para a substituiccedilatildeo do elemento consideramos economicamente viaacutevel se
revestir unhas de caccedilamba na condiccedilatildeo nova adquirida no mercado
Capiacutetulo 5
Conclusotildees e Sugestotildees
Conclusotildees 107
Gustavo Portela de Deus
5 ndash Conclusotildees
ndash Os materiais revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica apresentaram uma
superfiacutecie mais uniforme e de melhor aparecircncia
ndash Como determinadas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios natildeo requerem uma usinagem posterior para acabamento como retificaccedilatildeo os
processos por aspersatildeo em determinadas situaccedilotildees satildeo industrialmente mais eficientes
que os processos por soldagem
ndash A perda de volume constatada nos dois processos envolvidos na anaacutelise no
quesito correspondente agrave resistecircncia ao desgaste por aspersatildeo e por soldagem natildeo se
tornou fator determinante na opccedilatildeo de escolha do processo mais eficiente em funccedilatildeo do
procedimento utilizado no ensaio de desgaste por abrasatildeo
- As amostras revestidas pelo processo de soldagem com eletrodo revestido
apresentaram trincas em diversos pontos da estrutura em funccedilatildeo do aparecimento dos
elementos de segunda fase
ndash Ainda natildeo se recomenda revestir ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de
equipamentos rodoviaacuterios que estatildeo sujeitos a grandes impactos pelo processo de aspersatildeo
teacutermica em funccedilatildeo dos revestimentos por aspersatildeo natildeo resistirem ao impacto que tambeacutem
vem a ser uma caracteriacutestica dos dentes de caccedilamba de paacutes carregadeiras que sofrem
desgaste por goivagem
Referecircncias
Referecircncias 109
Gustavo Portela de Deus
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281 ndash Aspersatildeo Teacutermica46
2811 ndash Processos50
28111 ndash Processos por Combustatildeo50
281111 ndash Arames e Varetas51
281112 ndash Poacute51
28112 ndash Detonaccedilatildeo54
28113 ndash Processos Eleacutetricos55
281131 ndash Arco Eleacutetrico55
281132 ndash Arco Plasma Natildeo-Transferido56
281133 ndash Arco Plasma Transferido58
2812 ndash Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie58
2813 ndash Limpeza e Manuseio59
28131 ndash Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes59
2814 ndash Criaccedilatildeo de Rugosidade60
282 ndash Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste60
2821 ndash Recobrimento Duro61
2822 ndash Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro61
2823 ndash Seleccedilatildeo do Material para o Recobrimento Duro64
2824 ndash Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento64
29 ndash Tipos de Revestimento65
291 ndash Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro65
292 ndash Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies66
3 ndash Materiais e Meacutetodos69
31 ndash Fluxograma de Desenvolvimento Experimental69
32 ndash Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no solo de Equipamentos
Rodoviaacuterios70
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos72
3211 ndash Revestimento Duro por Processo de Soldagem72
3212 ndash Revestimento Superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF74
3213 ndash HVOF (High Velocity Oxigen Fuel) helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip74
3214 ndash LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray-Poacute helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip76
3215 ndash LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray-Arame helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip76
322 ndash Materiais77
3221 ndash Material de Referecircncia77
3222 ndash Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo77
3223 ndash Consumiacuteveis Utilizados78
3224 ndash Areia79
323 ndash Equipamentos79
3231 ndash Equipamento de Soldagem79
3232 ndash Sistema de Peneiramento da Areia79
3233 ndash Abrasocircmetro80
3234 ndash Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos de Prova82
3235 ndash Durocircmetro82
3236 ndash Microscopia Oacutetica83
33 ndash Sequumlecircncia Experimental83
34 ndash Meacutetodos84
341 ndash Planejamento Experimental84
3411 ndash Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo agrave Baixa Tensatildeo ASTM G65-9184
3412 ndash Microscopia Oacutetica85
3413 ndash Ensaio de Dureza85
4 ndash Resultados e Discussotildees 87
41 ndash Introduccedilatildeo87
411 ndash Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho87
42 ndash Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM G65-91
Procedimento A89
43 ndash Resistecircncia ao Desgaste90
44 ndash Dureza93
45 ndash Microdureza 95
46 ndash Anaacutelise Microestrutural96
461 ndash Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente96
462 ndash Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem 98
463 ndash Resultados 103
5 ndash Conclusotildees105
Referecircncias 107
LISTA DE FIGURAS
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e dentes desgastados 20
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e cantos desgastados 20
Figura 23 ndash Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste 22
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos23
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos24
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste35
Figura 27 ndash Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo37
Figura 28 ndash Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste39
Figura 29 ndash Efeito da temperatura no desgaste abrasivo40
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato46
Figura 211 ndash Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido48
Figura 212 ndash Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas49
Figura 213 ndash Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo50
Figura 214 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama50
Figura 215 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama53
Figura 216 ndash Esquemaacutetica de tocha de detonaccedilatildeo55
Figura 217 ndash Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico56
Figura 218 ndash Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma57
Figura 31 ndash Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira70
Figura 32 ndash Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira71
Figura 33 ndash Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo80
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha81
Figura 35 ndash Durocircmetro83
Figura 41 ndash Imagens de corpos de prova desgastados no ensaio de abrasatildeo91
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos de prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo93
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados94
Figura 44 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M95
Figura 45 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P95
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 50X96
Figura 47 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 100X97
Figura 48 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente possam ser os
carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X97
Figura 49 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X100
Figura 410 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 500X101
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C102
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica49
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor51
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro66
Tabela 24 ndash Guia para seleccedilatildeo de ligas para recobrimento duro71
Tabela 25 ndash Vantagens e desvantagens dos processos para revestimentos de superfiacutecies75
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com o
accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro94
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste95
Tabela 43 ndash Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo97
LISTA DE ABREVIATURAS E SIacuteMBOLOS
Capiacutetulo 1
Introduccedilatildeo
Introduccedilatildeo 14
Gustavo Portela de Deus
1 ndash INTRODUCcedilAtildeO
O elevado desgaste de material dos elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios eacute provocado essencialmente pelo tipo de terreno mineral presente resistecircncia
litoloacutegica e em funccedilatildeo das intempeacuteries do tempo principalmente da umidade e da
temperatura
O rendimento apresentado por esses elementos e a vida uacutetil oferecida estatildeo
relacionados agrave composiccedilatildeo da liga constituinte do material dos processos de tratamento
teacutermico a que foram submetidos como tambeacutem de operaccedilotildees efetuadas devida ou
indevidamente pelo operador do equipamento rodoviaacuterio
Os elementos fundidos laminados e forjados que compotildeem o conjunto de
componentes de penetraccedilatildeo no solo sofrem de forma direta a influecircncia do desgaste abrasivo
Desgaste este que participa em determinadas situaccedilotildees com ateacute 85 (oitenta e cinco por
cento) do custo de manutenccedilatildeo dos equipamentos rodoviaacuterios na forma rotineira (BATISTA
NASCIMENTO et al 1999) Estes elementos em funccedilatildeo de serem solicitados de forma
intensa ou intermitente satildeo consumidos ao longo do tempo Fazendo agraves vezes paradas
bruscas e inesperadas nas frentes de trabalho ocasionando portanto elevaccedilatildeo nos custos de
produccedilatildeo
O desgaste em componentes vitais de maacutequinas e equipamentos rodoviaacuterios ocorre de
vaacuterias formas diferentes como por deslizamento por rolamento por abrasatildeo por erosatildeo por
impacto por corrosatildeo e por choque teacutermico Jaacute se tratando de elementos de penetraccedilatildeo no
solo a perda de massa desses elementos eacute provocada quase que exclusivamente pelo desgaste
abrasivo a baixa tensatildeo que eacute provocado pelo proacuteprio material ou carga a que o equipamento
Introduccedilatildeo 15
Gustavo Portela de Deus
seraacute solicitado pelo contato com esse material e pelo movimento relativo entre as partes
envolvidas no sistema Uma maneira de identificaccedilatildeo do desgaste abrasivo agrave baixa tensatildeo eacute
pela observaccedilatildeo da superfiacutecie a ser analisada se a mesma apresenta corte riscamento ou
penetraccedilatildeo de material (GREGOLIN1990)
Com o intuito de elevar a vida uacutetil das ferramentas de penetraccedilatildeo e corte nos solos e
substratos rochosos as grandes empresas fabricantes e montadoras de equipamentos
rodoviaacuterios ou de terraplenagem vecircm aprimorando e desenvolvendo bem como exigindo de
seus fornecedores ferramentas com caracteriacutesticas fiacutesicas e mecacircnicas mais resistentes ao
desgaste abrasivo e ainda desenvolvendo peccedilas e ferramentas de faacutecil substituiccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo e jaacute projetadas para receber recobrimentos de manutenccedilatildeo tais como
Bordas soldaacuteveis de meia seta ndash que tecircm como finalidade
proteger a estrutura da caccedilamba por meio do acreacutescimo de material de desgaste
agrave borda da base
Reforccedilos de canto soldaacuteveis ndash utilizados para proteger o canto
externo inferior de todos os tipos de caccedilambas
Bloco de desgaste de ldquoFerro Brancordquo ndash uma liga de alto teor de
cromo denominada ldquoFerro Brancordquo eacute caldeada a uma chapa de reforccedilo de accedilo
doce que por sua vez pode ser soldada (solda tampatildeo) com um eletrodo de
vareta a uma caccedilamba armaccedilatildeo de lacircmina ou a qualquer parte onde instalaccedilatildeo
raacutepida de baixo custo e proteccedilatildeo contra abrasatildeo satildeo requeridos
Outras soluccedilotildees desenvolvidas e aplicadas como alternativa agrave proteccedilatildeo contra o
desgaste satildeo
Introduccedilatildeo 16
Gustavo Portela de Deus
Sistema de chapa de desgaste fixada mecanicamente em que
fornece um meio faacutecil de instalaccedilatildeo e remoccedilatildeo evitando assim longas
paradas para manutenccedilatildeo
Barras de desgaste para lacircminas
As barras de desgaste fornecem proteccedilatildeo adicional para a lacircmina em aplicaccedilotildees
altamente abrasivas onde se constata uma vida uacutetil mais curta do revestimento As barras de
desgaste de lacircminas satildeo projetadas para serem soldadas sobre o revestimento normal
(superfiacutecie de desgaste) da lacircmina
Considerando-se ainda que por meio dos processos de fabricaccedilatildeo convencionais e na
composiccedilatildeo de ligas praticamente jaacute foi esgotada a possibilidade de desenvolvimento de
materiais mais resistentes ao desgaste abrasivo a soluccedilatildeo que se busca atualmente eacute o
desenvolvimento de teacutecnicas de endurecimento ou revestimento superficial que tornem esses
elementos mais resistentes ao desgaste abrasivo tais como soldagem cladding
eletrodeposiccedilatildeo Deposiccedilatildeo Fiacutesica de Vapor ndash DFV (PVD) ( BARREIRA LIMA et al 2001)
Deposiccedilatildeo Quiacutemica de Vapor ndash DQV (CVD) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem
se desenvolvido ultimamente ( LIMA SOUZA et al 2001)
A busca de informaccedilotildees contidas neste estudo visa avaliar e pesquisar por meio de
anaacutelise de diferentes ensaios tecnoloacutegicos o melhoramento dos materiais quanto a sua
resistecircncia ao desgaste abrasivo quando os mesmos estatildeo em contato direto com o solo com a
finalidade de obter materiais mais resistentes ao ataque destes elementos abrasivos aleacutem de
contribuir com o desenvolvimento de produtos de qualidade superior agraves dos produtos
oferecidos atualmente pelo mercado
Foi analisada a viabilidade econocircmica com a introduccedilatildeo de novas teacutecnicas de
revestimento como LVOF e revestimento por soldagem Tambeacutem foram utilizados como
Introduccedilatildeo 17
Gustavo Portela de Deus
elementos de estudo dentes de caccedilambas suportes elos segmentados de esteiras e unhas de
80escarificadores de maacutequinas rodoviaacuterias
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo que foram utilizados como referecircncia na inspeccedilatildeo
e estudo durante o desenvolvimento deste projeto satildeo utilizados de forma intensa e ou
intermitente em maacutequinas rodoviaacuterias do tipo moto- niveladoras tratores de esteiras tratores
escavo-carregadores de pneus retroescavadeiras e escavadeiras hidraacuteulicas de esteiras
Capiacutetulo 2
Revisatildeo Bibliograacutefica
Revisatildeo Bibliograacutefica 19
Gustavo Portela de Deus
2 - Revisatildeo Bibliograacutefica
Tribologia eacute definida como a ciecircncia e tecnologia da interaccedilatildeo entre superfiacutecies em
movimento relativo e das praacuteticas relacionadas A palavra eacute derivada das palavras gregas
TRIBOS que significa atrito e LOGOS que significa estudo de forma que uma traduccedilatildeo
literal significa estudo do atrito ou a ciecircncia que estuda o atrito (STOETERAU 2001)
A tribologia envolve a investigaccedilatildeo cientiacutefica de todos os tipos de fricccedilatildeo
lubrificaccedilatildeo e desgaste e tambeacutem as aplicaccedilotildees teacutecnicas do conhecimento triboloacutegico
(STOETERAU2001) Especificamente em estudo o desgaste eacute a perda progressiva de
mateacuteria da superfiacutecie de um corpo soacutelido devido ao contato e movimento relativo com um
outro corpo soacutelido liacutequido ou gasoso (STOETERAU PASCOALI 2001)
O desgaste de componentes e equipamentos industriais rodoviaacuterios e de outros
tipos de atividades produtivas representa um grande fator de depreciaccedilatildeo de capital de
equipamento e fonte de despesas com manutenccedilatildeo e reposiccedilatildeo de componentes mecacircnicos
As Figuras de 21 a 24 mostram componentes de estruturas de maacutequinas de terraplenagem
desgastadas pelos efeitos da abrasatildeo no processo triboloacutegico
Sobre os custos de produccedilatildeo estes se tornam mais elevados em decorrecircncia da
reposiccedilatildeo das peccedilas desgastadas ou deterioradas e da matildeo-de-obra para substituiccedilatildeo aleacutem
do tempo parado dos equipamentos que deixam de produzir Muitas vezes exige ainda o
superdimensionamento de componentes influindo ou limitando na produccedilatildeo dos
equipamentos ou ainda provocando a paralisaccedilatildeo destes Estes fatores influem
significativamente na elevaccedilatildeo dos custos e no rendimento de produccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 20
Gustavo Portela de Deus
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircmina e dentes desgastados
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircminas e cantos desgastados
ldquoDe acordo com Hawk et al (1999) o desgaste eacute um dos maiores problemas que
aparecem em escavaccedilotildees nas movimentaccedilotildees de terras mineraccedilotildees e processamentos de
minerais nas induacutestrias ocorrendo em uma grande variedade de equipamentos como nas
lacircminas de remover terra dos tratores que fazem por exemplo a terraplenagem em
britadeiras dentes escavadores lacircminas de escoamento etc O desgaste de peccedilas os custos
com o reparo e com a substituiccedilatildeo destas peccedilas significam elevadiacutessimos gastos para as
empresasrdquo
Revisatildeo Bibliograacutefica 21
Gustavo Portela de Deus
21 Tipos de Desgaste
Os principais tipos de desgaste observados nos componentes mecacircnicos satildeo por
(GREGOLIN RIBEIRO et al 1990)
Abrasatildeo ndash ocasionado por partiacuteculas abrasivas (duras) sob tensatildeo
deslocando-se sobre a superfiacutecie
Erosatildeo ndash devido ao choque contra a superfiacutecie de partiacuteculas soacutelidas ou gotas
liacutequidas presentes em correntes de fluidos
Cavitaccedilatildeo ndash associado agrave formaccedilatildeo e implosatildeo de bolhas gasosas em
correntes de fluidos na interface liacutequidondashmetal devido agrave variaccedilatildeo suacutebita de pressatildeo
ao longo do percurso
Adesatildeo ou fricccedilatildeo ndash resultante da fabricaccedilatildeo metalndashmetal quando
superfiacutecies aacutesperas deslizam entre si
Corrosatildeo ndash quando envolve a ocorrecircncia de reaccedilotildees quiacutemicas superficiais no
material aleacutem das accedilotildees mecacircnicas de desgaste
Impacto ndash ocasionado por choques ou cargas aplicadas verticalmente sobre a
superfiacutecie
22 Desgaste por Abrasatildeo
Desgaste por abrasatildeo ou desgaste abrasivo eacute a retirada de material causada pela
presenccedila de partiacuteculas duras As partiacuteculas duras podem estar aprisionadas na interface
entre as duas superfiacutecies em movimento relativo ou serem as protuberacircncias que fazem
parte da rugosidade de uma das superfiacutecies Acompanhada de forte pressatildeo ocasionada por
deslocamento ou por amassamento a retirada do metal Tais abrasivos podem ser
Revisatildeo Bibliograacutefica 22
Gustavo Portela de Deus
representados por vegetais ou minerais (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
A Figura 25 apresenta os percentuais de contribuiccedilatildeo do desgaste abrasivo em
relaccedilatildeo aos demais tipos de desgastes Neste pode-se observar que o desgaste abrasivo eacute o
de maior representatividade nas estruturas mecacircnicas de maacutequinas e equipamentos
chegando a contribuir de forma geneacuterica com 50 em relaccedilatildeo aos demais desgastes
revelando a importacircncia de tal desgaste
Figura 23 - Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste
23 Tipos de Processos Abrasivos
Abrasatildeo a dois corpos
De acordo com Souza (2002) quando uma ou mais partiacuteculas de elevada dureza
satildeo atritadas contra uma superfiacutecie sulcando-a ou escavando-a devido agrave forccedila normal
aplicada tem-se o desgaste abrasivo de dois corpos
importacircncia do desgaste abrasivo
diversos
14
quiacutemico
5
fretting
8
erosatildeo
8
adesivo
15
abrasivo
50
Revisatildeo Bibliograacutefica 23
Gustavo Portela de Deus
Abrasatildeo a trecircs corpos
Quando estas partiacuteculas satildeo aprisionadas entre duas superfiacutecies que deslizam entre
si pode ocorrer o chamado desgaste abrasivo de trecircs corpos As Figuras 26 e 27 mostram
as representaccedilotildees de formas de desgaste abrasivo a dois corpos e a trecircs corpos
respectivamente
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos
Revisatildeo Bibliograacutefica 24
Gustavo Portela de Deus
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos
Em relaccedilatildeo ao desgaste abrasivo eacute interessante ressaltar que embora a partiacutecula
abrasiva seja mais dura que a superfiacutecie a ser desgastada esta natildeo eacute uma condiccedilatildeo para se
classificar o desgaste como abrasivo (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr)
24 Tipos de Abrasatildeo
241 Goivagem
Eacute o desgaste provocado por partiacuteculas grandes e grosseiras principalmente dotadas
de regiotildees pontiagudas cortantes com dureza maior do que a parte metaacutelica que estaacute sendo
desgastada Pode acontecer quando haacute um contato entre as partes com pressotildees mais ou
menos violentas e repetitivas
Revisatildeo Bibliograacutefica 25
Gustavo Portela de Deus
Um exemplo tiacutepico de abrasatildeo por goivagem eacute representado em dentes de caccedilambas
de maacutequinas que operam em serviccedilos de terraplenagem onde ocorre deslocamento de
cargas como pedra e areia Esses materiais abrasivos em geral de grandes dimensotildees e
dotados de regiotildees pontiagudas sob condiccedilotildees de altas tensotildees e envolvendo impacto satildeo
fatores que propiciam a penetraccedilatildeo mais profunda do abrasivo na superfiacutecie provocando
desgastes com a formaccedilatildeo de sulcos profundos Os accedilos austeniacuteticos ao manganecircs satildeo em
geral as ligas preferidas para combater este tipo de desgaste (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
242 Abrasatildeo por Alta Pressatildeo
Eacute o desgaste que ocorre entre partiacuteculas abrasivas e o metal ocasionando o
esmagamento do abrasivo ou natildeo A prensagem da partiacutecula contra o metal pode ser
exercida por pressotildees fortes ou meacutedias que provocam a formaccedilatildeo de superfiacutecies de
pequenos fragmentos
As partiacuteculas abrasivas podem ser classificadas quanto agraves suas dimensotildees e satildeo
consideradas meacutedias quando inferiores a 5 cm ou pequenas quando menores do que 1cm
As partiacuteculas meacutedias podem exercer a accedilatildeo abrasiva superficial arrancando fragmentos do
metal enquanto as partiacuteculas pequenas por sua vez provocam o desgaste
A constituiccedilatildeo do metal influi na forma ou resposta do desgaste provocado Se for
duacutectil teraacute uma abrasatildeo que tira cavacos se eacute fraacutegil ou se torne fraacutegil haveraacute um
deslocamento superficial de pequenos fragmentos Eacute normal que ocasionalmente poderatildeo
ocorrer as duas modalidades ao mesmo tempo Exemplos das partes sujeitas ao desgaste
por abrasatildeo satildeo caccedilambas de escavaccedilatildeo ou carga lacircminas de motoniveladoras e arados
raspadores
Revisatildeo Bibliograacutefica 26
Gustavo Portela de Deus
Eacute o tipo de desgaste onde o material abrasivo eacute fragmentado durante o contato
abrasivo com a superfiacutecie desgastada As tensotildees envolvidas satildeo portanto superiores agrave
tensatildeo de fragmentaccedilatildeo do abrasivo promovendo ainda maior penetraccedilatildeo do abrasivo na
superfiacutecie maior deformaccedilatildeo plaacutestica das fases duacutecteis e fratura das fases fraacutegeis presentes
no material Tipicamente esta forma de abrasatildeo ocorre em equipamentos de moagem de
mineacuterios que envolvem partiacuteculas de pequeno tamanho em mancais contaminados com
areia etc Para prevenir este tipo de abrasatildeo normalmente empregam-se materiais do tipo
ferros fundidos ou accedilo ndash ligas que possuem maior tenacidade (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
243 - Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Tensatildeo
Tipo de abrasatildeo na qual a superfiacutecie penetrante eacute riscada pelo material abrasivo em
decorrecircncia de sua dureza e resistecircncia oferecida e do proacuteprio stress do metal constituinte
dos componentes dos equipamentos em decorrecircncia de seu uso que ao penetrar na
superfiacutecie promove a remoccedilatildeo de material As tensotildees impostas sobre as partiacuteculas
abrasivas satildeo inferiores agrave tensatildeo necessaacuteria para a fragmentaccedilatildeo destas principalmente
tratando-se de aacutereas de domiacutenio do embasamento cristalino ou com predominacircncia de
rochas iacutegneas eou metamoacuterficas que no Nordeste apresentam pouco desenvolvimento do
solo
Tais condiccedilotildees imprimem nas ferramentas de penetraccedilatildeo esforccedilos mais abrasivos
em decorrecircncia de essas rochas se apresentarem pouco alteradas e com elevado grau de
resistecircncia em relaccedilatildeo a outros tipos de solo encontrados em outros ambientes geoloacutegicos
Tal como a abrasatildeo agrave baixa pressatildeo que ocorre na superfiacutecie dos componentes de
equipamentos que direta ou indiretamente manuseiam terras areias cascalhos piccedilarras
rochas ou mineacuterios tais como maacutequinas agriacutecolas equipamentos de escavaccedilatildeo e transporte
Revisatildeo Bibliograacutefica 27
Gustavo Portela de Deus
utilizados na induacutestria da construccedilatildeo civil principalmente das atividades ligadas agrave
construccedilatildeo recuperaccedilatildeo e pavimentaccedilatildeo de estradas e dos setores de mineraccedilatildeo
sideruacutergicas etc Com a finalidade de prevenir a ocorrecircncia destes tipos de desgastes
empregam-se normalmente ferros fundidos com alto teor de carbono (martensiacuteticos ou
austeniacuteticos) agraves vezes contendo outros elementos de liga aleacutem de ligas de cobalto ndash
tungstecircnio ndash carbono
2431 - Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo
Normalmente eacute sabido que partiacuteculas de grande tamanho provocam desgaste por
abrasatildeo acompanhado de impacto isto leva a ter-se um desgaste acentuado que na
verdade foi muito mais por impacto que por abrasatildeo
Partiacuteculas meacutedias dependendo da dureza e do formato satildeo menos agressivas
poreacutem partiacuteculas finas satildeo mais abrasivas ocasionando abrasatildeo muito incidente Como
exemplo pode-se citar o cimento talco xistos e outros que satildeo compostos de partiacuteculas
finas e altamente abrasivas Eacute claro que a dureza destas partiacuteculas tambeacutem eacute significativa
A forma dos materiais abrasivos varia desde arredondados ateacute acircngulos vivos
Os minerais mais duros possuem formaccedilotildees agudas enquanto que em
contraposiccedilatildeo os mais duacutecteis apresentam formaccedilotildees arredondadas Quanto mais agudas
forem as arestas maior seraacute a accedilatildeo abrasiva No caso de impactos ou pressotildees fortes as
formas agudas podem penetrar no metal provocando um desgaste por ldquogoivagemrdquo ou
fratura da peccedila A dureza de uma liga metaacutelica eacute de grande importacircncia na resistecircncia
oposta a uma accedilatildeo abrasiva As maiores durezas correspondem a resistecircncias maiores
Os abrasivos menos duros teratildeo accedilatildeo menos violenta Com referecircncia agraves ligas
metaacutelicas satildeo encontradas com facilidade tabelas de dureza das vaacuterias alternativas e
Revisatildeo Bibliograacutefica 28
Gustavo Portela de Deus
tambeacutem as diversas escalas de durezas com referecircncia aos abrasivos quando eacute possiacutevel
conjugar proteccedilotildees atraveacutes de adiccedilotildees de peliacuteculas metaacutelicas com finalidade de melhor
proteger a peccedila em accedilatildeo de trabalho
Quando eacute possiacutevel unir uma maior dureza com uma granulaccedilatildeo adequada seratildeo
atingidos os mais elevados iacutendices de resistecircncia agrave abrasatildeo Para proteger as peccedilas dos
equipamentos contra a abrasatildeo eacute importante preparar a superfiacutecie do metal procurando
deixaacute-la a mais lisa possiacutevel sem protuberacircncias ou rugosidades pois a abrasatildeo eacute iniciada
preferencialmente nestas regiotildees Ligas constituiacutedas de alto teor de carbeto de tungstecircnio e
de cromo aleacutem da elevada dureza apresentam depoacutesitos lisos e brilhantes compatiacuteveis
com estas caracteriacutesticas mencionadas Eacute natural que quanto maior a velocidade e a
frequumlecircncia do contato da partiacutecula com o metal maior seraacute a accedilatildeo abrasiva e
consequumlentemente o desgaste das peccedilas Os tamanhos dos gratildeos tambeacutem satildeo importantes
pois quanto menor forem mais a superfiacutecie seraacute desgastada (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
Baseado nas consideraccedilotildees acima os principais fatores que afetam o desgaste por
abrasatildeo satildeo as caracteriacutesticas dos abrasivos associados aos fatores externos que atuam
sobre a superfiacutecie do componente Assim podem-se listar os seguintes fatores
a) Tamanho da partiacutecula (grossa fina ou meacutedia)
b) Formato da partiacutecula (angulares ou redondas)
c) Dureza da partiacutecula
d) Dureza do metal base
e) Acabamento do metal base
f) Velocidade e frequumlecircncia do contato entre a partiacutecula abrasiva e o metal base
g) Tamanho de gratildeo da estrutura do metal base
Revisatildeo Bibliograacutefica 29
Gustavo Portela de Deus
h) Acircngulo de incidecircncia da partiacutecula do metal base
i) Stress do metal constituinte das peccedilas de equipamentos pelo uso
2432 - Consideraccedilotildees sobre os Abrasivos
As rochas satildeo constituiacutedas por um agregado de minerais cujos constituintes mais
comuns satildeo os minerais de quartzo feldspato mica e outros ricos em silicatos de alumiacutenio
e magneacutesio muitos dos quais de elevada dureza Ex granitos areia basalto folhelhos
xistos filitos gnaises etc
Os carbonatos satildeo os principais constituintes dos calcaacuterios e margas e
normalmente compotildeem parte dos pacotes sedimentares das formaccedilotildees geoloacutegicas das
bacias sedimentares e satildeo considerados produtos macios Entretanto comumente estes
pacotes encontram-se alternados com outros de arenitos siltitos e folhelhos
Os mineacuterios satildeo compostos de oacutexidos carbonetos e sulfetos Os oacutexidos satildeo
geralmente duros (bauxita hematita) enquanto que os sulfetos satildeo geralmente macios
(galena ou sulfetos de chumbo) As rochas combustiacuteveis (hulha turfa) e os fosfatos contecircm
proporccedilotildees mais ou menos elevadas de siacutelica e alumina
Para amenizar os gastos com o desgaste abrasivo partiu-se para o desenvolvimento
de materiais com maiores resistecircncias ao desgaste Assim vaacuterias pesquisas nesta aacuterea
triboloacutegica comeccedilaram a ser desenvolvidas em cima dos diversos tipos de materiais
existentes (FUSSEacute et al)
2433 Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ser classificado como de dois ou trecircs corpos Na abrasatildeo
de dois corpos as partiacuteculas abrasivas satildeo movidas livremente sobre a superfiacutecie do
Revisatildeo Bibliograacutefica 30
Gustavo Portela de Deus
material como areia em uma calha No desgaste abrasivo de trecircs corpos as partiacuteculas
abrasivas agem como elementos de interface entre o corpo soacutelido e o contra-corpo O
desgaste quando envolve trecircs corpos eacute cerca de duas a trecircs vezes menor do que quando
envolve dois corpos Pois no caso de trecircs corpos devido agrave variaccedilatildeo no acircngulo de ataque
apenas uma pequena porccedilatildeo das partiacuteculas causa desgaste (GAHR 1987)
De acordo com Briscoe amp Adams (1987) o crucial para todos os mecanismos de
desgaste abrasivo ou outros eacute conhecer o caminho ou seja a direccedilatildeo na qual o material se
deforma sob a aspereza penetrante ou a partiacutecula dura que entra em contato com o material
Com o intuito de predizer se uma deformaccedilatildeo eacute elaacutestica ou plaacutestica Fusse et al
apud Halliday (1995) apud Briscoe amp Adams (1995) mostrou que o maacuteximo acircngulo de
uma aspereza a qual se torna plaacutestica eacute dado por
tan θlim = K(HE)(1-ν2)
Onde
ldquoHrdquo eacute o entalherecorte da dureza
ldquoErdquo eacute o moacutedulo de Young
ldquoνrdquo eacute o coeficiente de Poisson
K=08 para a plasticidade parcial ou 2 para a plasticidade cheiainteira
Revisatildeo Bibliograacutefica 31
Gustavo Portela de Deus
24331 Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ocorrer em baixo ou alto niacutevel dependendo da razatildeo
entre a dureza da partiacutecula e da superfiacutecie O desgaste abrasivo estaacute relacionado a alguns
mecanismos dentre eles os principais satildeo
Microcorte ndash Deformaccedilatildeo plaacutestica sem perda de mateacuteria gerando um sulco
com consequumlente formaccedilatildeo de acuacutemulos frontais e laterais da mateacuteria
movimentada
Microssulcamento ndash Formaccedilatildeo de micro-cavacos sem deformaccedilatildeo plaacutestica
lateral
Microlascamento ndash Formaccedilatildeo de detritos devido agrave formaccedilatildeo e interaccedilatildeo de
fissuras Este tipo de mecanismo acontece quando as tensotildees impostas
superam as tensotildees criacuteticas para a formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas sendo
restrita aos materiais fraacutegeis
Satildeo diversas as nomenclaturas utilizadas para estes mecanismos de desgaste na literatura
podem ser encontradas denominaccedilotildees tais como microusinagem riscagem descamaccedilatildeo
microtrincamento microfadiga que satildeo tentativas de aproximar melhor o significado dos
mecanismos que estatildeo sendo observados nos experimentos (GAHR 1987)
Microssulcamento e microcorte satildeo mecanismos dominantes em materiais mais
duacutecteis A ocorrecircncia de um deles vai depender do acircngulo de ataque das partiacuteculas
abrasivas O microcorte ocorre a partir de um acircngulo de ataque criacutetico Este acircngulo de
ataque criacutetico eacute funccedilatildeo do material que estaacute sendo desgastado e das condiccedilotildees de teste A
transiccedilatildeo do mecanismo de microssulcamento para microcorte depende tambeacutem do
coeficiente de atrito Normalmente o mecanismo passa do microssulcamento para
Revisatildeo Bibliograacutefica 32
Gustavo Portela de Deus
microcorte com o aumento da dureza do material que estaacute sendo desgastado Aumentos
ainda maiores de dureza resultam na passagem de microcorte para microtrincamento
(GAHR 1987)
O microtrincamento pode ocorrer quando satildeo impostas grandes tensotildees sobre as
partiacuteculas abrasivas particularmente em superfiacutecies de materiais fraacutegeis Neste caso
grande quantidade de detrito eacute retirada da superfiacutecie devido agrave formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de
trinca
Partiacuteculas de menor ou igual dureza que a superfiacutecie tambeacutem podem desgastaacute-la O
ataque das partiacuteculas macias pode resultar em deformaccedilatildeo elaacutestica e plaacutestica fadiga de
superfiacutecie e a superfiacutecie ficar severamente danificada (GAHR 1987)
25 - Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste
Abrasivo
Segundo Mondal et al (1998) a taxa de desgaste abrasivo e os mecanismos de
desgaste podem ser influenciados por vaacuterios fatores como o tamanho do gratildeo abrasivo a
carga aplicada a dureza dos materiais utilizados e a tenacidade da fratura
Ainda de acordo com Souza (2002) uma grande variedade de paracircmetros influencia
os mecanismos de desgaste no geral sendo que os principais satildeo
Paracircmetros de Material
Composiccedilatildeo
Tamanho do gratildeo
Moacutedulo de elasticidade
Condutividade teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 33
Gustavo Portela de Deus
Dureza etc
Paracircmetros de Projetos
Forma
Carregamento
Tipo de movimento
Aspereza
Vibraccedilatildeo
Nuacutemero de ciclos etc
Paracircmetros de Meio Ambiente
Temperatura
Contaminaccedilatildeo
Umidade
Atmosfera etc
Paracircmetros de Lubrificaccedilatildeo
Tipo de lubrificante
Estabilidade de lubrificante
Tipo de fluido
Lubrificaccedilatildeo etc
Presenccedila ou Ausecircncia de Desgaste Interno
Segundo Catai et al de acordo com pesquisadores relatados nos trabalhos de
Mondal et al (1998) embora se diga que a taxa de desgaste depende do tamanho do gratildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 34
Gustavo Portela de Deus
abrasivo existe um valor criacutetico de tamanho de gratildeo abrasivo acima do qual a taxa de
desgaste se torna independente do tamanho do gratildeo Tambeacutem se ressalta que as diferenccedilas
nas durezas entre os dois corpos atritantes influenciam diretamente este tamanho criacutetico do
gratildeo abrasivo
251 - Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo
De acordo com Deuis (1996) o tamanho do gratildeo abrasivo tem uma influecircncia
direta nos mecanismos associados ao desgaste que pode ser caracterizado pela relaccedilatildeo wr
onde ldquowrdquo eacute a espessura da ranhura e ldquorrdquo o raio esfeacuterico do topo da partiacutecula (gratildeo)
Dependendo desta relaccedilatildeo a partiacutecula de gratildeo abrasivo iraacute deformar plasticamente ou
cortar a superfiacutecie Como as partiacuteculas desgastadas tornam-se cegas ou o tamanho da
partiacutecula diminui o mecanismo de desgaste exibe uma transiccedilatildeo do corte para o desgaste
de laminaccedilatildeo
Para ambos os tipos de desgaste abrasivo (dois ou trecircs corpos) um tamanho criacutetico
da partiacutecula abrasiva pode ser observado O desgaste volumeacutetrico aumenta com o aumento
do tamanho do gratildeo abrasivo para esta dimensatildeo criacutetica Nesta dimensatildeo criacutetica tem-se a
maacutexima accedilatildeo abrasiva em termos do tamanho do desgaste produzido
Sobre este valor criacutetico a taxa de desgaste eacute amplamente independente do tamanho
do gratildeo abrasivo A forte diferenccedila entre a dureza das partiacuteculas abrasivas e do material a
ser desgastado influencia esta dimensatildeo criacutetica do gratildeo (DEUIS et al 1996)
Para Deuis et al (1996) a extensatildeo da regiatildeo tensionada plasticamente abaixo da
superfiacutecie depende do tamanho do gratildeo abrasivo e da carga aplicada A profundidade
global da deformaccedilatildeo plaacutestica foi relatada linearmente para a aplicaccedilatildeo de carga e
dimensotildees de gratildeos
Revisatildeo Bibliograacutefica 35
Gustavo Portela de Deus
Salienta-se que no desgaste abrasivo de trecircs corpos a taxa de desgaste eacute menor que
no desgaste abrasivo de dois corpos Ainda segundo o tamanho do gratildeo Al Rubaie et al
(1999) afirmam que a eficiecircncia na remoccedilatildeo do material depende da carga de contato
elaacutestico a qual varia com o tamanho do gratildeo sendo que no caso dos materiais contendo
partiacuteculas reforccediladas a taxa de desgaste eacute influenciada pelo tamanho das partiacuteculas de
reforccedilo A Figura 28 demonstra o quanto o tamanho do gratildeo abrasivo eacute representativo no
desgaste
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste
252 - Carga Aplicada
A carga a ser aplicada sobre os corpos em atrito durante o processo de desgaste
abrasivo tambeacutem eacute um dos fatores que influenciam fortemente as taxas de desgaste no
material
Mondal et al (1998) propotildeem uma foacutermula para quantificar a importacircncia da carga
aplicada no corpo de prova em relaccedilatildeo ao tamanho do gratildeo abrasivo em um desgaste
abrasivo de dois corpos Suas foacutermulas permitem obter as taxas de desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 36
Gustavo Portela de Deus
teoacuterico nos processos de abrasatildeo Foram desenvolvidas foacutermulas por meio de regressotildees
lineares tanto para ligas como para materiais compostos
Segundo este mesmo autor o efeito da carga na taxa de desgaste obtida tanto para
os materiais compostos como para as ligas eacute bem mais severo que o efeito do tamanho dos
gratildeos abrasivos Sendo que em relaccedilatildeo aos materiais por estes testados (ligas e
compoacutesitos) o efeito da carga e do tamanho do abrasivo na taxa de desgaste eacute
relativamente maior no caso dos materiais compostos que nas ligas Poreacutem existem
algumas combinaccedilotildees de tamanhos de gratildeos com quantidade de cargas aplicadas que
podem fazer com que a taxa de desgaste abrasivo seja maior nas ligas que nos materiais
compostos
Ainda de acordo com Mondal et al (1998) a variaccedilatildeo da carga aplicada tem muito
mais influecircncia na taxa de desgaste do material que a variaccedilatildeo do tamanho do gratildeo do
abrasivo do disco A taxa de desgaste na liga eacute muito maior que a taxa de desgaste obtida
para os compostos pois os mesmos possuem maior dureza devido ao oacutexido de alumiacutenio
que foi adicionado na matriz inicial que era uma liga de alumiacutenio
Gant amp Gee (2001) tambeacutem realizaram estudos sobre a influecircncia da variaccedilatildeo da
carga aplicada sobre o corpo-de-prova num desgaste abrasivo de 3 corpos para corpos-de-
prova de ligas Cobalto-Carbeto de Tungstecircnio de elevada dureza e accedilos ultra-raacutepidos
Analisando-se comparativamente os resultados estes concluiacuteram que quanto maior era a
carga aplicada no processo ou seja a carga que foi aplicada forccedilando o corpo-de-prova
contra o disco maiores foram os desgastes volumeacutetricos dos corpos-de-prova Desta
forma ficou evidente que quanto maior for a carga aplicada no processo maiores seratildeo os
desgastes obtidos tanto para as peccedilas (corpos-de-prova) como para as ferramentas (discos
revestidos com carbeto de siliacutecio)
Revisatildeo Bibliograacutefica 37
Gustavo Portela de Deus
Em relaccedilatildeo ao efeito da variaccedilatildeo da carga eou do tamanho do gratildeo abrasivo eacute
importante destacar ainda que um aumento geral na taxa de desgaste eacute observado com o
aumento da carga para um tamanho particular de gratildeo isto eacute devido ao aumento geral da
remoccedilatildeo de material com a carga Quando a carga aplicada eacute menor gratildeos mais grosseiros
entram em contato diretamente com o corpo-de-prova resultando em elevados desgastes
Para gratildeos mais finos sob baixas cargas haacute somente um riscamento pois os menores
gratildeos abrasivos estatildeo em contato elaacutestico com a superfiacutecie de teste e entatildeo suportam a
carga aplicada sem contribuir para a remoccedilatildeo de material (DEGUPTA et al 2001)
Numa anaacutelise geral tem-se que abrasivos com menores gratildeos abrasivos resultam em
elevadas abrasotildees e maiores gratildeos abrasivos resultam em maiores microcortes No
ldquomicrocuttingrdquo maiores quantidades de materiais satildeo perdidas Em altas distacircncias
percorridas a taxa de desgaste aumenta devido ao aparecimento de microfraturas
(DEGUPTA et al 2001)
Figura 27 - Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 38
Gustavo Portela de Deus
253 - Influecircncia da Dureza
Deuis et al (1996) enfatizaram o papel das partiacuteculas da segunda fase provendo
aacutereas localizadas com altas tensotildees de concentraccedilatildeo que influenciaram o fluxo de tensatildeo e
a taxa de desgaste A maior resistecircncia ao desgaste foi obtida em microestruturas finas
com partiacuteculas semi-coerentes dispersas A influecircncia dos carbetos na resistecircncia ao
desgaste depende de sua dureza em relaccedilatildeo agrave dureza da matriz Para materiais
caracterizados de carbetos dispersos em uma matriz macia uma diminuiccedilatildeo no caminho
livre meacutedio pela reduccedilatildeo do tamanho do carbeto resulta em melhores resistecircncias ao
desgaste Uma reduccedilatildeo no tamanho do gratildeo aumenta a dureza e tambeacutem conduz ao
aumento da resistecircncia ao desgaste
Hutchings (1992) descobriu que a dureza do gratildeo abrasivo era 1 2 vez maior que a
da superfiacutecie desgastada Entatildeo o abrasivo meacutedio riscaria a superfiacutecie Deuis et al (1996)
tambeacutem comentaram que a dureza do material determina a profundidade da indentaccedilatildeo das
partiacuteculas abrasivas influenciando na profundidade relativa penetrada onde se esta for
maior que a profundidade de indentaccedilatildeo criacutetica para fratura a taxa de desgaste eacute alta A
Figura 210 mostra o quanto agrave dureza do material abrasivo eacute significativo na anaacutelise do
desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 39
Gustavo Portela de Deus
Figura 28 - Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste
Ainda em relaccedilatildeo agrave influecircncia da dureza no desgaste abrasivo Hawk et al (1999)
fizeram experimentos que comprovaram que haacute uma correlaccedilatildeo direta entre a dureza dos
materiais e o desgaste abrasivo Em suas pesquisas este provou claramente a influecircncia da
dureza do material na perda volumeacutetrica do corpo de prova mostrando que quanto maior a
dureza do material utilizado menor o desgaste abrasivo do corpo de prova em atrito
254 - Influecircncia da Temperatura
Segundo Wu et al (1997) outro fator que afeta diretamente o processo de desgaste
abrasivo de 2 ou 3 corpos eacute a temperatura De acordo com Catai et al por meio da anaacutelise
dos resultados Wu et al verificaram que o desgaste abrasivo ou seja o volume desgastado
do pino eacute maior quando o mesmo acontece na presenccedila de maiores temperaturas pois a
de Siliacutecio
Revisatildeo Bibliograacutefica 40
Gustavo Portela de Deus
elevaccedilatildeo da temperatura facilita o desencadear do mesmo atraveacutes por exemplo da
reduccedilatildeo da dureza dos materiais envolvidos Ressalta-se que nestes ensaios o tempo de
ensaio era sempre constante A Figura 211 mostra o quando o efeito da temperatura incide
sobre o processo de desgaste abrasivo
Figura 29 - Efeito da temperatura no desgaste abrasivo
26 - Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste
Moacutedulo de elasticidade ndash a resistecircncia ao desgaste de metais puros aumenta
diretamente com o moacutedulo de elasticidade Para os accedilos perliacuteticos martensiacuteticos ou
revenidos essa relaccedilatildeo natildeo eacute vaacutelida porque o tratamento teacutermico natildeo afeta o
moacutedulo de elasticidade
Dureza ndash o desgaste de metais puros eacute diretamente proporcional agrave sua
dureza Nas ligas a proporcionalidade eacute vaacutelida ateacute determinado valor da dureza do
Revisatildeo Bibliograacutefica 41
Gustavo Portela de Deus
material a partir do qual a resistecircncia ao desgaste cresce com menor intensidade
podendo ateacute mesmo vir a diminuir apoacutes certo valor
Dureza superficial ndash na superfiacutecie desgastada existe um grau de
encruamento e consequentemente um aumento da dureza no local A resistecircncia agrave
abrasatildeo pode ser considerada como proporcional a essa dureza chamada de dureza
maacutexima
Propriedades de escoamento ndash anaacutelises de tensatildeodeformaccedilatildeo mostraram
que para metais puros tambeacutem vale a relaccedilatildeo
= A ع
Onde
= tensatildeo de escoamento
A = constante
deformaccedilatildeo verdadeira = ع
= coeficiente de encruamento
Estudos mostram que a resistecircncia agrave abrasatildeo eacute proporcional agrave dureza e varia
exponencialmente com a tenacidade De acordo com Batista e Nascimento
(wwwspectrucombr) como o desgaste eacute um fenocircmeno essencialmente superficial
envolvendo a remoccedilatildeo mecacircnica indesejaacutevel de material de superfiacutecies
ldquoAs soluccedilotildees encontradas atraveacutes de solda de
revestimento aspersatildeo teacutermica tipo Hight Velocity Oxi Fuel -
HVOF nitretaccedilatildeo e de outras teacutecnicas originalmente utilizadas
Revisatildeo Bibliograacutefica 42
Gustavo Portela de Deus
tecircm se mostrado altamente valiosas tanto para prevenir como
para minimizar e reparar as diferentes estruturas danificadas
pelos mais diversos tipos de desgaste Em inuacutemeras situaccedilotildees
peccedilas e componentes podem ser fabricados com materiais
convencionais dentro das especificaccedilotildees normais do projeto
Posteriormente pode-se aplicar sobre a superfiacutecie camadas ou
cordotildees de solda com consumiacuteveis adequados deposiccedilatildeo de ligas
metaacutelicas de composiccedilatildeo e constituiccedilatildeo ideal ao favorecimento de
superfiacutecies endurecidas e resistentes a este desgaste A resistecircncia
ao desgaste eacute considerada como parte de um sistema triboloacutegico
sendo muitos os paracircmetros que acabam por influir na taxa de
desgaste incluindo as caracteriacutesticas de projetos condiccedilotildees de
operaccedilatildeo tipo de abrasivo e propriedades do material Nas
propriedades dos materiais as caracteriacutesticas microestruturais
tecircm particular importacircncia tanto nas propriedades mecacircnicas
quanto nas taxas de desgaste Disponibilizado no site
wwwspectrucombr consultado em 23 de abril de 2007rdquo
BATISTA e NASCIMENTO apud Murray (wwwspectrucombr) destacou o
seguinte sobre desgaste abrasivo
ldquoA resistecircncia ao desgaste de accedilos tratados termicamente
para vaacuterios niacuteveis de dureza e tambeacutem de alguns metais puros
Para metais puros a resistecircncia ao desgaste aumenta linearmente
com a dureza Nos materiais ferrosos esta relaccedilatildeo (resistecircncia ao
Revisatildeo Bibliograacutefica 43
Gustavo Portela de Deus
desgaste versus dureza) natildeo eacute simples O aumento no teor de
carbono faz a resistecircncia ao desgaste aumentar Para os accedilos com
a mesma porcentagem de carbono a resistecircncia ao desgaste de
accedilo ligado eacute maior que de um accedilo sem liga mas este aumento eacute
pequeno quando comparado com outro em que aumentou a
porcentagem de carbono A resistecircncia ao desgaste geralmente
aumenta conforme a microestrutura eacute mudada de ferrita para
perlita desta para bainita e finalmente para martensita isto
desde que seja acompanhada de aumento de dureza Entretanto
para um mesmo valor de dureza a estrutura bainiacutetica tem maior
resistecircncia ao desgaste que a martensiacutetica A microestrutura tem
maior influecircncia no desgaste que a dureza da matriz Tem sido
mostrado que a presenccedila de austenita retida tem melhorado a
resistecircncia ao desgaste da martensita revenida A austenita
fornece uma melhor ancoragem aos carbetos ocasionando um
baixo arrancamento do carbeto da matriz austeniacutetica Os carbetos
parecem ser particularmente importantes na resistecircncia agrave
abrasatildeo principalmente em materiais como os accedilos e ferros
fundidos brancos ligados ao cromo A influecircncia desses estaacute
relacionada com sua dureza tamanho e distribuiccedilatildeo Carbetos
duros e finamente dispersos aumentam a resistecircncia ao desgaste
enquanto que os grosseiros diminuem Estruturas deformadas por
trabalho a frio natildeo alteram a resistecircncia ao desgaste enquanto
que o aumento da dureza pelo refinamento dos gratildeos agiria
favoravelmente Existem ainda muitos outros fatores que
Revisatildeo Bibliograacutefica 44
Gustavo Portela de Deus
influenciam a taxa de desgaste como o tamanho da partiacutecula
abrasiva e o coeficiente de atrito Estes trabalhos tecircm
demonstrado que o estudo dos fenocircmenos de desgaste eacute bastante
complexo Na especificaccedilatildeo e normalizaccedilatildeo de ligas para resistir
ao desgaste as maiores dificuldades residem na inexistecircncia de
ensaios padronizados para discriminar os niacuteveis de aceitaccedilatildeo ou
rejeiccedilatildeo conforme as aplicaccedilotildees particulares Estas dificuldades
estatildeo associadas principalmente agrave natureza complexa do
fenocircmeno do desgaste Este aleacutem de envolver a deformaccedilatildeo e
corte superficial por partiacuteculas abrasivas ou o atrito entre
superfiacutecies metaacutelicas muitas vezes ocorre devido a vaacuterios
mecanismos concomitantes de desgaste da superfiacutecie os quais
tambeacutem podem estar associados a outros fenocircmenos de
degradaccedilatildeo tais como impacto corrosatildeo fluecircncia ou fadigardquo
27 - Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr) o teor de carbono
aumenta a resistecircncia ao desgaste dos accedilos perliacuteticos com o aumento do endurecimento Os
carbetos aumentam a resistecircncia ao desgaste com o aumento na quantidade distribuiccedilatildeo
uniforme e forma adequada Natildeo satildeo adequados poreacutem quando existe o choque associado
ao desgaste por abrasatildeo
A martensita natildeo-revenida ou revenida abaixo de 230degC eacute a fase que melhor resiste
ao desgaste na temperatura ambiente Se o revenido for acima de 350degC a perlita apresenta
Revisatildeo Bibliograacutefica 45
Gustavo Portela de Deus
um resultado melhor para a mesma dureza (50 HB) A fase bainiacutetica da mesma dureza e
composiccedilatildeo quiacutemica resiste melhor ao desgaste que uma estrutura martensiacutetica nas nesmas
condiccedilotildees
A perlita aumenta a resistecircncia agrave abrasatildeo com o aumento das colocircnias de perlita e
com a fraccedilatildeo volumeacutetrica de cementita Para a mesma dureza a perlita lamelar resiste
melhor que a esferoidizada A resistecircncia ao desgaste da ferrita aumenta com o aumento
dos carbetos dispersos na matriz Um accedilo austeniacutetico com a mesma fraccedilatildeo de carbetos que
um ferriacutetico resiste melhor ao desgaste
28 - Revestimentos Superficiais
De acordo com Lima et al (2001) uma das mais eficientes e econocircmicas formas
de se adequar peccedilas e componentes de equipamentos industriais a uma aplicaccedilatildeo
especiacutefica tem sido haacute longo tempo a aplicaccedilatildeo de revestimentos Estes vecircm ganhando
evidecircncia ano apoacutes ano em aplicaccedilotildees contra desgaste corrosotildees dentre outras formas
de consumo de massa
Ainda de acordo com Lima et al (2001) apud Tucker et al o uso de
revestimentos duros para melhorar a resistecircncia ao desgaste de componentes mecacircnicos
tecircm sido comum haacute vaacuterias deacutecadas com variadas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo que incluem
soldagem cladding eletrodeposiccedilatildeo PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica de vapor) CVD (deposiccedilatildeo
quiacutemica de vapor) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem se desenvolvido nos
uacuteltimos tempos apresentando-se como alternativa viaacutevel em relaccedilatildeo aos demais
processos comumente utilizados
Revisatildeo Bibliograacutefica 46
Gustavo Portela de Deus
281 - Aspersatildeo Teacutermica
A aspersatildeo teacutermica consiste de um grupo de processos nos quais partiacuteculas
finamente divididas de materiais para revestimentos metaacutelicos ou natildeo- metaacutelicos satildeo
depositadas sobre um substrato devidamente preparado na condiccedilatildeo fundida ou semindash
fundida para formar uma camada superficial como mostra a Figura 212
O calor necessaacuterio para a operaccedilatildeo eacute gerado na tocha de aspersatildeo e pode vir da
queima de um gaacutes combustiacutevel ou da geraccedilatildeo de um arco eleacutetrico As partiacuteculas aquecidas
satildeo aceleradas por um gaacutes comprimido confinadas num feixe e dirigidas ao substrato Ao
se chocarem as partiacuteculas se achatam e formam finas lentes que se conformam e aderem
agraves irregularidades superficiais e entre si Com a continuidade do processo as partiacuteculas se
resfriam formando um revestimento com estrutura lamelar (MARQUES
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Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato
As variaccedilotildees baacutesicas nos processos de aspersatildeo teacutermica se referem ao material a ser
aplicado ao meacutetodo de aquecimento e ao meacutetodo de aceleraccedilatildeo das partiacuteculas em direccedilatildeo
ao substrato Os materiais podem ser fornecidos na forma de vareta arame cordatildeo (tubo
Revisatildeo Bibliograacutefica 47
Gustavo Portela de Deus
de plaacutestico contiacutenuo) e poacute Metais oacutexidos compostos intermetaacutelicos cermets plaacutesticos
orgacircnicos e alguns vidros podem ser depositados por uma ou mais variaccedilotildees de processos
(MARQUES wwwinfosoldacombr)
Os processos de aspersatildeo teacutermica podem ser classificados em dois grupos
baacutesicos dependendo da fonte de calor usada como mostrado na Tabela 21
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica
Combustatildeo Eleacutetrico
Chama Plasma
Detonaccedilatildeo Arco
O sucesso no uso de revestimentos aspergidos termicamente depende basicamente
de sua aplicaccedilatildeo cuidadosa segundo procedimentos bem estabelecidos Qualquer desvio
destes procedimentos leva em geral a resultados natildeo confiaacuteveis Os revestimentos
termicamente aspergidos apresentam trecircs aspectos baacutesicos o substrato a adesatildeo do
revestimento e a estrutura deste (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Os substratos sobre os quais os revestimentos termicamente aspergidos podem ser
aplicados incluem metais oacutexidos ceracircmicos vidros a maioria dos plaacutesticos e madeira
sendo que algumas teacutecnicas especiais podem ser necessaacuterias Nem todos os materiais para
aspersatildeo podem ser aplicados a qualquer tipo de substrato Uma preparaccedilatildeo adequada deste
eacute necessaacuteria antes da aspersatildeo propriamente dita independente do processo a ser usado
Essa preparaccedilatildeo eacute essencialmente a mesma para cada processo a ser usado e consiste de
duas etapas baacutesicas limpeza da superfiacutecie para eliminar contaminantes e obtenccedilatildeo de
rugosidades para aumentar a aacuterea superficial efetiva e melhorar a adesatildeo (MARQUES
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Revisatildeo Bibliograacutefica 48
Gustavo Portela de Deus
A ligaccedilatildeo ou adesatildeo entre revestimento e substrato pode ser mecacircnica quiacutemica eou
metaluacutergica e eacute influenciada por diversos fatores tais como material do revestimento
condiccedilatildeo do substrato rugosidade limpeza e temperatura da superfiacutecie a ser revestida
antes e durante o processo e velocidade de impacto das partiacuteculas (MARQUES
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A estrutura e a quiacutemica do depoacutesito aspergido em ar eacute diferente do material no
estado original Estas diferenccedilas satildeo devidas agrave natureza progressiva do revestimento agrave
reaccedilatildeo com gases durante o processo e a atmosfera em contato com o material enquanto
liacutequido Por exemplo quando ar ou oxigecircnio satildeo usados oacutexidos podem ser formados e se
incorporarem ao revestimento Revestimentos metaacutelicos tendem a ser porosos e fraacutegeis
com uma dureza diferente do material original A estrutura de revestimentos na condiccedilatildeo
como aspergidos eacute similar quanto agrave natureza lamelar mas pode exibir diferentes
caracteriacutesticas em funccedilatildeo do processo dos paracircmetros da teacutecnica e do material usado
como mostra a Figura 213 A densidade do depoacutesito varia com a temperatura da fonte de
calor usada e com a velocidade das partiacuteculas no impacto como mostra a Tabela 22 e a
Figura 214 (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 211 - Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido
Revisatildeo Bibliograacutefica 49
Gustavo Portela de Deus
A aplicaccedilatildeo final determina as propriedades necessaacuterias para o revestimento e o
tipo de combustiacutevel e equipamentos necessaacuterios Revestimentos termicamente aspergidos
tecircm sido usados intensamente na fabricaccedilatildeo de componentes nas induacutestrias automotiva de
petroacuteleo eleacutetrica eletrocircnica geraccedilatildeo de energia e particularmente na aeroespacial Em
manutenccedilatildeo milhotildees de doacutelares tecircm sido economizados com o uso da aspersatildeo teacutermica
Tal teacutecnica tem sido usada tanto em oficina como no campo no revestimento de estruturas
e partes de equipamentos com economia de tempo e de recursos (MARQUES
wwwinfosoldacobr )
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor
Fonte Temperatura degC
Propano + oxigecircnio 2640
Gaacutes natural + oxigecircnio 2735
Hidrogecircnio + oxigecircnio 2690
Acetileno + oxigecircnio 3100
Arco eleacutetrico 2200 ndash 8300
Figura 212 Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas
Revisatildeo Bibliograacutefica 50
Gustavo Portela de Deus
2811 - Processos
28111 - Processos por Combustatildeo
Este grupo de processos utiliza o calor gerado pela queima de um gaacutes combustiacutevel
Qualquer substacircncia que se funda e natildeo sublime a temperaturas inferiores a 2760ordmC pode
ser aspergida por este processo como mostram as Figuras 215 e 216 Os materiais
aplicados podem ser metais e ligas na forma de arame cordatildeo ou poacute e ceracircmicos na forma
de vareta cordatildeo ou poacute (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 213 - Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo
Figura 214 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 51
Gustavo Portela de Deus
281111 - Arames e Varetas
O equipamento usado para aplicaccedilatildeo de arames e varetas eacute similar como mostrado
na figura A seccedilatildeo transversal tiacutepica de uma tocha de aspersatildeo com estes processos eacute
mostrada na Figura 216
O material a ser aspergido eacute inserido por roletes alimentadores na parte posterior da
tocha Estes podem ser tracionados por um motor eleacutetrico ou pneumaacutetico ou por uma
turbina a ar O material eacute alimentado por meio de um bocal onde eacute fundido por uma chama
de gaacutes combustiacutevel concecircntrica a este
Os gases combustiacuteveis usados juntamente com o oxigecircnio foram mostrados na
Tabela 22 O acetileno eacute o mais largamente usado por sua maior temperatura de chama
Entretanto em certos casos temperaturas mais baixas satildeo usadas com vantagens
econocircmicas A chama eacute usada apenas para fundir o material Para se obter aspersatildeo um
jato de gaacutes em geral ar comprimido eacute usado para pulverizar o material e acelerar as
partiacuteculas em direccedilatildeo ao substrato Em aplicaccedilotildees especiais um gaacutes inerte pode ser usado
Os roletes de alimentaccedilatildeo devem ser escolhidos e apropriados agrave forma do material a ser
alimentado isto eacute se arame vareta ou cordatildeo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281112 - Poacute
Tochas para aspersatildeo agrave chama com poacute satildeo mais leves e mais compactas que tochas
para outros processos como mostra a Figura 217 Devido agraves menores temperaturas e
velocidades alcanccediladas pelas partiacuteculas os revestimentos obtidos tecircm em geral menor
resistecircncia adesiva ao substrato menor resistecircncia coesiva entre as lamelas e maior
porosidade quando comparados com os depositados por outros processos de aspersatildeo
teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 52
Gustavo Portela de Deus
O material a ser aspergido pode ser um metal puro uma liga metaacutelica um
compoacutesito um carboneto um ceracircmico um cermet ou combinaccedilatildeo destes O processo eacute
geralmente usado para aplicaccedilatildeo de ligas metaacutelicas autofluxadas que devem ser fundidas
apoacutes a aspersatildeo Estes materiais contecircm boro e siliacutecio que servem como agentes fluxantes e
minimizam a oxidaccedilatildeo Sua fusatildeo eou ligaccedilatildeo metaluacutergica a um substrato metaacutelico eacute(satildeo)
obtida(s) aquecendo-se o revestimento ateacute sua temperatura de fusatildeo que em geral eacute
inferior a 1040degC e pode ser feita com o uso de qualquer fonte de calor como uma chama
uma bobina de induccedilatildeo ou um forno Um arco eleacutetrico tambeacutem pode ser usado mas com
certo cuidado para evitar ou minimizar a fusatildeo do substrato
O poacute para aspersatildeo eacute armazenado num recipiente que pode ser parte integrante da
tocha ou ser acoplado a ela Uma pequena quantidade de gaacutes eacute desviada para arrastar o poacute
ateacute o jato da mistura oxigecircniocombustiacutevel em chama quando eacute fundido e acelerado em
relaccedilatildeo ao substrato Um corte transversal de uma tocha tiacutepica para aspersatildeo de poacute por
chama eacute mostrado na Figura 217
Variaccedilotildees do processo de aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama incluem gaacutes comprimido
para alimentaccedilatildeo do poacute na chama jatos adicionais de ar comprimido para acelerar as
partiacuteculas fundidas alimentador de poacute remoto com arraste do poacute para a tocha por um tubo
pressurizado com gaacutes inerte e dispositivos para aceleraccedilatildeo a alta velocidade agrave pressatildeo
atmosfeacuterica Esses refinamentos tendem a aumentar a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute e agraves
vezes a velocidade das partiacuteculas fundidas que aumentam a resistecircncia adesiva e a
densidade do revestimento aspergido
Revestimentos fundidos poacutes-aspersatildeo satildeo densos e relativamente isentos de
porosidade A composiccedilatildeo da liga pode levar a revestimentos com niacuteveis de dureza
Rockwell C superiores a 50 A espessura destes revestimentos eacute limitada agravequelas faixas
Revisatildeo Bibliograacutefica 53
Gustavo Portela de Deus
que podem ser aquecidas ateacute a temperatura de fusatildeo sem descamaccedilatildeo O uso de ligas
autofluxantes eacute limitado a aplicaccedilotildees em que os efeitos da fusatildeo e distorccedilatildeo podem ser
tolerados Revestimentos mais espessos de metais dissimilares podem ser aplicados em
passes muacuteltiplos A superfiacutecie que vai receber o segundo revestimento deve ser limpa de
todos os resiacuteduos de oacutexido apoacutes cada etapa de fusatildeo
Em todos os processos de aspersatildeo teacutermica a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute afeta a
estrutura e a eficiecircncia de deposiccedilatildeo do revestimento Se o material natildeo eacute aquecido
adequadamente a eficiecircncia de deposiccedilatildeo cai rapidamente e o revestimento conteraacute
partiacuteculas natildeo fundidas retidas Se a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute for muito baixa uma certa
quantidade de poacute pode se volatizar resultando em deterioraccedilatildeo do revestimento e elevaccedilatildeo
dos custos Os alimentadores de poacute satildeo compostos por um recipiente e um sistema de
mediccedilatildeo que regula a taxa de alimentaccedilatildeo de material no dispositivo transportador por gaacutes
(MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 215 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute a chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 54
Gustavo Portela de Deus
28112 - Detonaccedilatildeo
A tocha de detonaccedilatildeo eacute diferente de outros equipamentos de aspersatildeo por
combustatildeo Ela utiliza a energia de explosotildees de uma mistura oxigecircnio-acetileno em vez
de uma chama estacionaacuteria para impulsionar o poacute ateacute a superfiacutecie do substrato O depoacutesito
resultante eacute extremamente duro denso fortemente ligado ao substrato
Uma tocha de detonaccedilatildeo mostrada na Figura 218 consiste basicamente de um
tubo comprido no qual eacute introduzida uma mistura de gaacutes combustiacutevel oxigecircnio e poacute
Quando eacute feita a igniccedilatildeo da mistura uma onda de choque controlada aquece e acelera as
partiacuteculas de poacute cuja velocidade de saiacuteda eacute de 760 ms aproximadamente Apoacutes cada
injeccedilatildeo de mistura uma certa quantidade de nitrogecircnio eacute introduzida no tubo para purga
deste Ocorrem vaacuterias detonaccedilotildees por segundo gerando um ruiacutedo da ordem de 150 dB
sendo muitas vezes utilizadas instalaccedilotildees especiais com isolamento acuacutestico para estas
operaccedilotildees
Dentro do tubo temperaturas superiores a 3300degC satildeo atingidas enquanto a
temperatura do substrato deve ser mantida abaixo dos 150degC usando-se dispositivos de
resfriamento se for o caso
A espessura dos revestimentos geralmente situa-se entre 005 e 05mm A
operaccedilatildeo eacute normalmente mecanizada e agraves vezes remotamente controlada Excelente
acabamento pode ser obtido devido agrave baixa porosidade do revestimento (MARQUES
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Revisatildeo Bibliograacutefica 55
Gustavo Portela de Deus
Figura 216 - Esquemaacutetica de Tocha de detonaccedilatildeo
28113 - Processos Eleacutetricos
281131 - Arco Eleacutetrico
No processo de aspersatildeo a arco eleacutetrico dois arames eletrodos consumiacuteveis satildeo
alimentados de forma a se encontrar em um ponto agrave frente de um jato de gaacutes que serve
para atomizaccedilatildeo Uma diferenccedila de potencial de 18 a 40V eacute estabelecida entre os arames
produzindo um arco eleacutetrico que funde a ponta destes O jato de gaacutes atomizante (em geral
ar comprimido) destaca o material fundido produzindo um jato de gotiacuteculas fundidas que eacute
dirigido ao substrato A Figura 219 mostra um desenho esquemaacutetico de uma tocha para
aspersatildeo a arco
O equipamento baacutesico para este processo consiste de uma fonte de corrente
contiacutenua do tipo tensatildeo constante alimentadores de arame do tipo velocidade constante
tocha de aspersatildeo e um sistema de fornecimento de gaacutes comprimido controlaacutevel Os
arames utilizados satildeo em geral de grande diacircmetro da ordem de 5mm Este processo
experimentou um avanccedilo recente com o desenvolvimento de arames tubulares de
enchimento metaacutelico
Revisatildeo Bibliograacutefica 56
Gustavo Portela de Deus
Figura 217 - Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico
A temperatura do arco eacute consideravelmente maior que o ponto de fusatildeo do material
aspergido de modo que algum superaquecimento e volatizaccedilatildeo podem ocorrer
particularmente na aplicaccedilatildeo de zinco e alumiacutenio A alta temperatura das partiacuteculas pode
produzir zonas de reaccedilatildeo quiacutemica ou difusatildeo ou ambas apoacutes o impacto com o substrato
Estas interaccedilotildees satildeo similares a pequenas soldas a ponto e conferem excelente resistecircncia
de adesatildeo e coesatildeo ao revestimento Este processo apresenta taxas de deposiccedilatildeo mais altas
que outros processos de aspersatildeo Os fatores que influenciam esta taxa satildeo a corrente e a
velocidade de alimentaccedilatildeo de arame que dependem do equipamento usado
O comprimento do arco e o tamanho das gotiacuteculas tendem a aumentar com a
elevaccedilatildeo da diferenccedila de potencial entre os arames Esta deve ser mantida em valores
miacutenimos compatiacuteveis com a estabilidade do arco para se obter revestimentos densos e de
melhor acabamento (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281132 - Arco Plasma natildeo Transferido
O desenvolvimento de turbinas e motores de foguetes tem exigido bom
desempenho de materiais de engenharia em condiccedilotildees cada vez mais severas Para
Revisatildeo Bibliograacutefica 57
Gustavo Portela de Deus
satisfazer estas exigecircncias oacutexidos e carbonetos tecircm sido considerados devendo ser
aplicados por processos de aspersatildeo teacutermica de alta temperatura O processo plasma tem
atendido esta necessidade e levou ao desenvolvimento de uma nova famiacutelia de materiais e
teacutecnicas de aplicaccedilatildeo para uma ampla faixa de aplicaccedilotildees industriais
Na aspersatildeo a plasma Figura 220 o material eacute aplicado a partir de um poacute
Aplicaccedilatildeo a partir de arames tem sido desenvolvida mais recentemente Neste processo
um gaacutes ou mistura de gases passa atraveacutes de um arco eleacutetrico estabelecido entre um caacutetodo
de tungstecircnio e um acircnodo de cobre dotado de um orifiacutecio alinhados coaxialmente Em sua
passagem o gaacutes eacute aquecido gerando o plasma
Figura 218 - Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma
O poacute eacute alimentado no plasma fundido e acelerado em direccedilatildeo ao substrato por um
jato de alta velocidade A energia temperatura e velocidade do jato de plasma satildeo
controladas pelo tipo de bocal constritor intensidade da corrente eleacutetrica composiccedilatildeo e
vazatildeo do gaacutes de plasma Em geral nitrogecircnio ou argocircnio satildeo usados como gaacutes de plasma
podendo conter adiccedilotildees de hidrogecircnio ou heacutelio para aumentar sua potecircncia e velocidade
Revisatildeo Bibliograacutefica 58
Gustavo Portela de Deus
O equipamento baacutesico para a aspersatildeo a plasma mostrado na figura 220 consiste
de uma fonte de corrente contiacutenua constante alimentador de poacute fonte de gaacutes e um sistema
de controle que permite ajustar os paracircmetros de operaccedilatildeo (corrente vazotildees de gaacutes fluxo
de aacutegua para refrigeraccedilatildeo) e faz a sincronia de todo o sistema
281133 - Arco Plasma Transferido
Neste caso o processo eacute uma combinaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica e soldagem O
substrato deve ser condutor e faz parte do circuito do arco eleacutetrico que gera o plasma O
material aspergido se mistura com o material da poccedila de fusatildeo formada no substrato isto eacute
ocorre diluiccedilatildeo O equipamento usado eacute similar ao necessaacuterio para o plasma natildeo
transferido com exceccedilatildeo da tocha
A ligaccedilatildeo do revestimento ao substrato eacute essencialmente metaluacutergica e as
espessuras utilizadas satildeo em geral maiores que em outros processos de aspersatildeo teacutermica
O depoacutesito eacute denso uniforme e com bom acabamento A operaccedilatildeo eacute geralmente
mecanizada e com boa reprodutibilidade Entretanto a combinaccedilatildeo de substratos e
materiais aplicaacuteveis eacute mais limitada
2812 Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie
A preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute a etapa mais criacutetica da operaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica
A qualidade da adesatildeo do revestimento estaacute diretamente relacionada com a limpeza e a
rugosidade da superfiacutecie do substrato A obediecircncia rigorosa a procedimentos
padronizados de preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute necessaacuteria para garantir o sucesso da aplicaccedilatildeo
de revestimentos por aspersatildeo teacutermica O tipo de material do revestimento e do substrato
satildeo os fatores principais na determinaccedilatildeo do processo e qualidade da preparaccedilatildeo necessaacuteria
da superfiacutecie para se obter adesatildeo suficiente a uma dada aplicaccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 59
Gustavo Portela de Deus
Em partes sujeitas a fortes tensotildees mecacircnicas uma inspeccedilatildeo preacutevia agrave operaccedilatildeo de
revestimento eacute necessaacuteria para a detecccedilatildeo de falhas no metal base que eacute feita
normalmente por meio de ensaios natildeo-destrutivos Falhas estruturais no metal base
induziratildeo falhas similares no revestimento Trincas no substrato natildeo podem ser reparadas
por aspersatildeo teacutermica e revestimentos depositados por esta teacutecnica natildeo adicionam
resistecircncia mecacircnica ao substrato (MARQUES wwwinfosoldacombr )
2813 - Limpeza e Manuseio
O primeiro passo na preparaccedilatildeo de um substrato para aspersatildeo teacutermica eacute a retirada
de todos os contaminantes superficiais tais como poeira oacuteleo graxa e pintura O calor do
processo de aspersatildeo natildeo remove contaminaccedilatildeo e esta inibe a adesatildeo do revestimento
Depois que todos os contaminantes forem eliminados a limpeza deve ser mantida ateacute que
o ciclo de revestimento se complete As peccedilas devem ser protegidas de partiacuteculas
transportadas pelo ar e marcas de dedos bem como ser manuseadas com ferramentas e
material limpo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
28131 - Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes
Desengraxe com vapor
Jateamento uacutemido
Decapagem aacutecida
Aquecimento ao forno
Limpeza ultrassocircnica
Jateamento seco
Escovamento
Revisatildeo Bibliograacutefica 60
Gustavo Portela de Deus
2814 - Criaccedilatildeo de Rugosidade
Apoacutes a limpeza vaacuterios meacutetodos satildeo usados para produzir uma superfiacutecie mais
adequada para a aderecircncia do revestimento Os principais satildeo jateamento abrasivo
macroenrugamento e aplicaccedilatildeo de revestimento de ligaccedilatildeo Combinaccedilotildees destes meacutetodos
satildeo tambeacutem empregados incluindo jateamento abrasivo com subsequumlente aplicaccedilatildeo de um
revestimento de ligaccedilatildeo e usinagem seguida de jateamento abrasivo
A obtenccedilatildeo de uma rugosidade adequada eacute tatildeo importante quanto a limpeza
Durante a aspersatildeo as partiacuteculas fundidas ou semi-fundidas formam bolachas quando se
chocam com a superfiacutecie do substrato Estas agrave medida que se resfriam e se contraem
precisam aderir a uma superfiacutecie que favoreccedila o ancoramento mecacircnico
A geraccedilatildeo de uma superfiacutecie rugosa eacute usada para aumentar a aderecircncia e a coesatildeo
entre as partiacuteculas do revestimento por geraccedilatildeo de tensotildees superficiais de contraccedilatildeo
intertravamento de camadas aumento da aacuterea de interaccedilatildeo e descontaminaccedilatildeo da
superfiacutecie
O grau de enrugamento necessaacuterio para produzir um revestimento resistente e
adequado depende do material aplicado do processo e das condiccedilotildees de serviccedilo da peccedila
final (MARQUES wwwinfosoldacombr )
282 - Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste
A principal caracteriacutestica deste tipo de revestimento que satildeo aplicados para resistir
ao desgaste eacute a sua elevada dureza
Revisatildeo Bibliograacutefica 61
Gustavo Portela de Deus
2821 - Recobrimento Duro
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr ) recobrimento duro eacute
o nome dado ao processo que consiste em produzir por soldagem uma camada dura e
resistente ao desgaste na superfiacutecie da peccedila sujeita ao desgaste
2822 - Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro
De acordo com Batista amp Nascimento apud o Metals Handbook
(wwwspectrucombr ) os materiais para recobrimento duro satildeo classificados em cinco
grandes grupos em funccedilatildeo do teor total de elementos de liga Em geral a resistecircncia ao
desgaste e o custo crescem com o nuacutemero do grupo A escolha de uma liga especiacutefica
dependeraacute da aplicaccedilatildeo e do tipo de soldagem utilizado como mostra a Tabela 23
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro
Teor total de elementos de liga Elementos de liga principais
Materiais ferrosos de baixa liga
1A 2 a 6
1B 6 a 12
Cr Mo Mn
Cr Mo Mn
Materiais ferrosos de alta liga
2A 12 a 15
2B 12 a 25
2C 12 a 25
2D 30 a 37
3A 25 a 50
3B 25 a 50
3C 25 a 50
Cr Mo
Mo Cr
Mn Ni
Mn Cr Ni
Cr Ni Mo
Cr Mo
Co Cr
Revisatildeo Bibliograacutefica 62
Gustavo Portela de Deus
Ligas agrave base de niacutequel e agrave base de cobalto
4A 50 a 100
4B 50 a 100
4C 50 a 100
Co Cr W
Ni Cr Mo
Cr Ni Mo
Carbetos
5 75 a 96
WC ou WC em combinaccedilatildeo com
outros carbonetos como TiC e TaC sempre
em uma matriz metaacutelica
As ligas do grupo 1A satildeo accedilos de baixo teor de liga quase sempre tendo cromo
com principal elemento de liga O teor total dos elementos de liga incluindo o carbono
fica entre 2 e 6 Estas ligas de teor satildeo empregadas frequumlentemente como uma camada
de base para um recobrimento duro com ligas de teor de liga mais elevado
As ligas ferrosas do subgrupo 1B satildeo semelhantes agraves do grupo 1A poreacutem com
maior teor de elementos de liga ( 6 a 12 ) e com teor de carbono ateacute 2 ou mais
Muitos accedilos - ferramenta e alguns ligados fazem parte deste grupo
Os materiais do grupo 1 apresentam maior tenacidade entre as ligas de
recobrimento duro excetuando-se os accedilos-manganecircs austeniacuteticos Possuem tambeacutem
melhor resistecircncia ao desgaste que os accedilos de baixo e meacutedio carbono que satildeo ligas
usualmente recobertas pelo grupo 1 O custo eacute mais barato que as outras ligas de
recobrimento duro e muito empregados nos casos em que se necessita da usinabilidade e de
apenas um aumento moderado da resistecircncia ao desgaste
Revisatildeo Bibliograacutefica 63
Gustavo Portela de Deus
As ligas do subgrupo 2A satildeo ligas em que o principal elemento de liga eacute o cromo
com teor total de elemento de liga entre 12 e 25 Algumas delas tecircm certo teor de
molibdecircnio Este grupo inclui ainda alguns natildeo-ferros fundidos de meacutedio teor em liga O
molibdecircnio eacute o principal elemento de liga em quase todos os materiais do grupo 2B que
contam tambeacutem com teores relativamente altos de cromo
O subgrupo 2C eacute constituiacutedo pelos accedilos-manganecircs austeniacuteticos Manganecircs eacute o
principal elemento de liga estando tambeacutem presente o niacutequel para maior estabilizaccedilatildeo da
austenita
As ligas dos subgrupos 2A e 2B satildeo mais resistentes ao desgaste menos tenazes e
mais caras que os materiais do grupo 1 Jaacute os subgrupos 2C e 2D satildeo muito tenazes poreacutem
apresentam limitada resistecircncia ao desgaste que pode aumentar muito com o encruamento
As ligas do subgrupo 2D possuem um teor total de elementos de liga entre 30 e 37
variando o carbono entre 010 e 1
Os materiais do grupo 3 apresentam 25 a 50 de elementos de liga Satildeo ligas
com alto cromo vaacuterias delas com niacutequel eou molibdecircnio Os teores de carbono variam
entre 175 a 5 Este grupo eacute caracterizado pela presenccedila maciccedila de carbonetos
hipereuteacuteticos que conferem agraves ligas uma alta resistecircncia ao desgaste e uma razoaacutevel
resistecircncia agrave corrosatildeo e ao calor Satildeo ligas mais caras que as dos grupos 1 e 2
O grupo 4 compreende as ligas agrave base de cobalto e agrave base de niacutequel com teor total
de elementos natildeo-ferrosos entre 50 e 99 As ligas agrave base de cobalto do subgrupo 4ordf
satildeo consideradas como os mais versaacuteteis materiais de recobrimento duro Resistem ao
calor agrave abrasatildeo agrave corrosatildeo ao impacto agrave descamaccedilatildeo agrave oxidaccedilatildeo ao choque teacutermico agrave
erosatildeo e ao desgaste metal- metal
Revisatildeo Bibliograacutefica 64
Gustavo Portela de Deus
Algumas destas ligas mantecircm uma dureza elevada ateacute 825ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo
ateacute temperaturas da ordem de 1100ordmC As ligas agrave base de niacutequel subgrupo 4B satildeo
especialmente indicadas para peccedilas sujeitas ao mesmo tempo agrave corrosatildeo e ao desgaste Satildeo
superiores a outros materiais de recobrimento duro em aplicaccedilotildees nas quais o desgaste eacute
causado pelo contato metal-metal como no caso dos mancais Mantecircm durezas elevadas
ateacute cerca de 650ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo ateacute temperaturas da ordem de 875ordmC
Os materiais do grupo 5 consistem de gracircnulos duros de carbonetos distribuiacutedos em
uma matriz metaacutelica Satildeo muito indicados para aplicaccedilotildees de abrasatildeo intensa e de corte
Inicialmente se empregam apenas os carbonetos de tungstecircnio Mais recentemente outros
carbonetos principalmente titacircnio tacircntalo e cromo passaram a ser usados com bons
resultados Como matriz metaacutelica vaacuterios materiais tecircm sido utilizados tais como ferro accedilo
carbono Ligas agrave base de niacutequel agrave base de cobalto e bronze Os materiais do grupo 5
possuem a maacutexima resistecircncia agrave abrasatildeo em peccedilas sujeitas a impactos pequenos ou
moderados
2823 - Seleccedilatildeo do Material para Recobrimento Duro
A primeira medida eacute caracterizar bem as condiccedilotildees de serviccedilo nas quais deveraacute
trabalhar o equipamento que seraacute revestido com o recobrimento duro Em seguida deve-se
analisar com cuidado as interaccedilotildees dos materiais candidatos e do metal base bem como o
processo de soldagem a ser utilizado no recobrimento
2824 - Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento
Analisar as condiccedilotildees de serviccedilo para determinar os tipos de resistecircncia ao
desgaste e resistecircncia ao ambiente seleccedilatildeo de alguns materiais candidatos
Revisatildeo Bibliograacutefica 65
Gustavo Portela de Deus
Anaacutelise de compatibilidade entre as ligas e o metal base considerando
possiacuteveis tensotildees teacutermicas e eventuais trincas
Testar componentes recobertos com os materiais candidatos
Selecionar a melhor liga considerando o custo e a duraccedilatildeo do recobrimento
Selecionar o processo de recobrimento duro considerando a taxa de
deposiccedilatildeo o grau de diluiccedilatildeo (o metal base dilui a liga de recobrimento durante a
soldagem) eficiecircncia de deposiccedilatildeo e custo total O custo total inclui o preccedilo dos
eletrodos e o processamento
29 - Tipos de Revestimento
Os tipos de revestimento mais aplicados em soldagem podem ser classificados em
endurecimento superficial
resistentes agrave corrosatildeo
resistentes ao desgaste eou impacto
para recuperaccedilatildeo ou reparos de manutenccedilatildeo
291 - Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Tabela ndash 24 Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Condiccedilotildees de serviccedilo Materiais para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal altas
tensotildees de contato
Stellite 1 ligas Tribaloy
Escorregamento metal ndash metal baixas
tensotildees de contato
Accedilos de baixa liga para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal
combinado com corrosatildeo e oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto ou agrave base de
niacutequel dependendo da agressividade do
Revisatildeo Bibliograacutefica 66
Gustavo Portela de Deus
ambiente
Abrasatildeo sob baixa tensatildeo erosatildeo por
colisatildeo de partiacuteculas de pequeno acircngulo
Ferros fundidos de alta liga
Abrasatildeo severa sob baixa tensatildeo
retenccedilatildeo do gume
Materiais com altos teores de carbonetos
Erosatildeo por cavitaccedilatildeo e por colisatildeo
Choques mecacircnicos intensos combinados
com corrosatildeo ou oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto
Stellite 21 Stellite6
Abrasatildeo por sulcamento Accedilos ndash manganecircs austeniacuteticos
Descamaccedilatildeo
Stellite 21 Stellite 6 Tribaloy T-400
Tribaloy T-800
Estabilidade teacutermica eou resistecircncia agrave
fluecircncia a altas temperaturas
Ligas agrave base de cobalto ligas de niacutequel
com carbonetos
292 - Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies
A Tabela 25 apresenta as principais vantagens e desvantagens dos principais
processos de deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Tabela 25 - As principais vantagens e desvantagens dos principais processos de
deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Revisatildeo Bibliograacutefica 67
Gustavo Portela de Deus
Processo Vantagens Desvantagens
Galvanizaccedilatildeo iocircnica
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo baixa
temperatura de processamento
deposiccedilatildeo em furos e ranhuras
Seleccedilatildeo restrita de materiais de
revestimento revestimentos relativamente
macios riscos ambientais precisatildeo limitada
para repeticcedilatildeo na superfiacutecie
PACVD (Plasma
Assisted Chemical
Vapour Deposition)
Temperaturas de processo muito
abaixo das do CVD temperaturas
baixas revestimentos precisos
Adequado apenas para furos e ranhuras
PVD (Physical
Vapour Deposition)
Ecologicamente seguro permite
grande variedade de
revestimentos temperatura de
revestimentos mais baixa do que a
de tratamento teacutermico final da
maioria dos accedilos espessura
reduzida reproduziacutevel com
precisatildeo resistecircncia elevada ao
desgaste baixo coeficiente de
atrito
Revestimento de furos e ranhuras ndash alcanccedila
profundidade igual ao diacircmetro ou largura
da abertura resistente agrave corrosatildeo em
determinadas condiccedilotildees apenas
revestimento uniforme depende de as peccedilas
girarem durante o processamento
Difusatildeo
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo boa
reprodutibilidade
Revestimentos relativamente macios
seleccedilatildeo restrita de material de base tempo
de processamento longo riscos ambientais
necessidade de poacutes-tratamento
CVD (Chemical
Vapour Deposition)
Elevada resistecircncia ao desgaste
produccedilatildeo econocircmica de
Temperaturas de processamento elevadas
impossibilidade de revestir vaacuterios metais
Revisatildeo Bibliograacutefica 68
Gustavo Portela de Deus
revestimentos espessos adequado
para furos e ranhuras
arredondamento de bordos riscos
ambientais
Capiacutetulo 3
Materiais e Meacutetodos
Materiais e Meacutetodos 70
Guatavo Portela de Deus
3 - Materiais e Meacutetodos
31 ndash Fluxograma do Desenvolvimento Experimental
Teacutecnicas de deposiccedilatildeo dos revestimentos duros
Soldagem dos corpos-de-
prova Aspersatildeo teacutecnica
EnsaiosAnaacutelises
Prop mecacircnicas Caract microestrutural
Ensaio de
desgaste
Ensaio de DurezaMicro
Microscopia oacutetica
Discussatildeo Anaacutelises
Dissertaccedilatildeo de Mestrado
Materiais e Meacutetodos 71
Gustavo Portela de Deus
32 - Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no Solo de
Equipamentos Rodoviaacuterios
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios objeto deste
estudo foram selecionados dentre os que foram considerados como um dos mais
representativos na avaliaccedilatildeo referentes aos custos de manutenccedilatildeo e de consideraacutevel atraso
nos cronogramas de trabalho nas frentes de trabalho de conservaccedilatildeo e construccedilatildeo
rodoviaacuteria
Os elementos escolhidos para os estudos comparativos e para a anaacutelise de desgaste
na forma de desgaste abrasivo a dois corpos foram as unhas da caccedilamba da paacute carregadeira
de rodas articuladas utilizadas em serviccedilos leves e pesados de escavaccedilatildeo e carregamento
de agregados na forma principalmente de solos lateriacuteticos
Figura 3 1 Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira
Materiais e Meacutetodos 72
Gustavo Portela de Deus
Figura 32 Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira
Dentre os equipamentos rodoviaacuterios utilizados para construccedilatildeo e conservaccedilatildeo de
rodovias alguns apresentam ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de uso contiacutenuo e outras
somente quando a atividade se torna necessaacuteria como pontas de escarificadores de solos
Existem ainda outros elementos de maacutequinas que apresentam desgaste elevado em funccedilatildeo
dos mesmos manterem um contato direto com o solo como os elementos que compotildeem o
conjunto do material rodante de tratores de esteiras de escavadeiras hidraacuteulicas e de paacutes
carregadeiras tracionadas por esteiras desgaste este que por acontecer entre elementos que
estatildeo em movimento relativo entre si eacute considerado como desgaste abrasivo a trecircs corpos
Alguns fabricantes com a finalidade de prolongar a vida uacutetil desses elementos passaram a
utilizar esteiras vedadas e lubrificadas para evitar o contato direto dos elementos em
movimento relativo
O primeiro passo no desenvolvimento do projeto de avaliaccedilatildeo comparativa e na
anaacutelise de rendimento dos dois processos de revestimento superficial e do material
Materiais e Meacutetodos 73
Gustavo Portela de Deus
comercialmente encontrado e utilizado foi a confecccedilatildeo dos corpos de prova seguindo as
especificaccedilotildees da norma que regulamenta estudos triboloacutegicos ou seja a ASTM G65-91
Os materiais de base apoacutes ser analisados quanto agrave perda de massa no periacuteodo de
2900 horas foram cortados nas dimensotildees especificadas pela norma ASTM G65-91 para
ser submetidos aos ensaios de dureza pelo meacutedodo Rockwell C e resistecircncia agrave abrasatildeo por
meio do ensaio pela roda de borracha O mesmo procedimento foi executado aos corpos de
prova revestidos por soldagem de endurecimento superficial bem como pelo processo de
aspersatildeo teacutermica pelo meacutetodo LVOF Apoacutes o corte esses corpos-de-prova foram
submetidos a algumas operaccedilotildees de usinagem com a finalidade de adquirir suas formas
planas e retiradas de escoacuterias provenientes do processo de soldagem
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos
3211 - Revestimento Duro pelo Processo de Soldagem
Uma das teacutecnicas utilizadas no desenvolvimento do trabalho e que se tornou fator
de anaacutelise e comparaccedilatildeo de resultados de maior e menor desempenho foi o revestimento
duro pelo processo de soldagem em que foi utilizado a soldagem de revestimento com
eletrodo revestido
O processo de revestir superfiacutecies pelo processo de soldagem pode ser aplicado em
peccedilas novas bem como na recuperaccedilatildeo de peccedilas desgastadas pelo uso Eacute um processo de
aplicaccedilatildeo simples necessitando apenas das varetas das ligas de recobrimento e de uma
chama oxiacetilecircnica ou de um arco eleacutetrico O processo tem a vantagem de poder ser
aplicado a aacutereas localizadas da peccedila que sejam mais sujeitas ao desgaste (BATISTA
NASCIMENTO wwwspectrucombr )
Materiais e Meacutetodos 74
Gustavo Portela de Deus
As varetas dos materiais de recobrimento satildeo fornecidas em dois tipos revestidas
para soldagem a arco e natildeo revestidas para soldagem oxiacetilecircnica A soldagem
oxiacetilecircnica produz depoacutesitos mais uniformes e que podem ser mais bem posicionadas na
peccedila com velocidades de aquecimento e resfriamento relativamente baixas Por outro lado
a soldagem a arco eacute um processo menos caro mais raacutepido e se presta melhor agrave utilizaccedilatildeo
de equipamentos automaacuteticos Os depoacutesitos obtidos com arco eleacutetrico em geral satildeo mais
grosseiros e apresentam maior tendecircncia agrave formaccedilatildeo de poros Haacute tambeacutem maior
probabilidade de formaccedilatildeo de trincas em funccedilatildeo dos gradientes de temperatura criados
para altas velocidades de aquecimento e de resfriamento (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
O material de recobrimento eacute fundido durante a soldagem e se espalha sobre o
metal base ligando-se com este e formando uma nova superfiacutecie com uma camada que
varia entre 15 mm a 60 mm Apenas uma camada superficial da peccedila atinge a temperatura
de fusatildeo o que evita uma contaminaccedilatildeo muito acentuada do recobrimento do metal base
que diminuiria as propriedades de resistecircncia ao desgaste da camada depositada
O recobrimento duro pode ser aplicado agrave maioria dos metais natildeo ferrosos Por outro
lado com algumas exceccedilotildees natildeo se recomenda o recobrimento de ligas natildeo ferrosas com o
ponto de fusatildeo inferior a 1100ordmC Os accedilos ndash carbonos podem ser recobertos com relativa
facilidade em especial se o teor de carbono for inferior a 035 A soldagem se torna mais
difiacutecil agrave medida que o teor de carbono aumenta sendo que os accedilos de alto carbono e os
accedilos ligados devem sofrer um preacute ndash aquecimento e apoacutes recobrimento devem ser recozidos
Os accedilos inoxidaacuteveis os ferros fundidos e os accedilos raacutepidos tambeacutem podem ser recobertos
utilizando ndash se teacutecnicas adequadas de soldagem O cobre bronze e ligas como o latatildeo
Materiais e Meacutetodos 75
Gustavo Portela de Deus
apresentam maiores dificuldades de soldagem em funccedilatildeo de seus pontos de fusatildeo serem
baixos e sua alta condutividade (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr )
O recobrimento duro eacute muito usado nas aplicaccedilotildees em uma lubrificaccedilatildeo regular
contra abrasatildeo seja impossiacutevel ou inviaacutevel como em ferramentas de perfuraccedilatildeo de poccedilos
de petroacuteleo equipamentos para a agricultura e para terraplenagem ferramentas para
mineraccedilatildeo e equipamentos para a induacutestria petroquiacutemica O processo tambeacutem eacute usado para
ampliar a duraccedilatildeo de peccedilas que recebem lubrificaccedilatildeo tais como matrizes de conformaccedilatildeo
mecacircnica e aacutereas localizadas de oacutergatildeos de maacutequinas extremamente sujeitas a desgaste
Superfiacutecies com recobrimento duro satildeo em geral mais resistentes ao desgaste ao calor e agrave
corrosatildeo do que superfiacutecies cementadas ou temperadas por chama
Aleacutem disso aacutereas de difiacutecil acesso em componentes grandes praticamente
impossiacuteveis de ser submetidas a um processo de tratamento teacutermico podem receber um
recobrimento duro A teacutecnica pode tambeacutem ser empregada para a recuperaccedilatildeo de
equipamentos pesados sem a necessidade de desmontaacute-los (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
3212 ndash Revestimento superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF
Foi tambeacutem aplicada a teacutecnica de revestimento por aspersatildeo teacutermica
especificamente pelo meacutetodo de LVOF de acordo como eacute relatado a seguir o
desenvolvimento do processo
3213 - HVOF (High Velocity Oxigen Fuel)
Dentre os processos de aspersatildeo teacutermica utilizados para aplicar revestimentos
resistentes ao desgaste o processo de aspersatildeo oxicombustiacutevel de alta velocidade
Materiais e Meacutetodos 76
Gustavo Portela de Deus
conhecido como HVOF (Higt velocity oxi fuel) tem sido um dos mais utilizados
principalmente na aplicaccedilatildeo de carbonetos O processo eacute baseado em um sistema de
combustatildeo interna de alta pressatildeo similar a um motor de foguete em miniatura
Combustiacutevel e oxigecircnio satildeo misturados para produzir um jato de gaacutes supersocircnico acima de
2000 ms e 2800degC ( Lima et al apud Thorpe et al 1998) Os combustiacuteveis usados
incluem querosene hidrogecircnio propileno propano acetileno metil-acetileno propadieno
e gaacutes natural O material em forma de poacute eacute introduzido na chama quente dentro do cano de
saiacuteda da pistola Os revestimentos produzidos apresentam maior dureza adesatildeo ao
substrato durabilidade e maior possibilidade de espessura do que os revestimentos
produzidos por outros processos de aspersatildeo teacutermica Uma vantagem inerente do processo
HVOF eacute sua habilidade de aspergir partiacuteculas semi-fundidas a altas velocidades (em torno
de 900 ms) resultando em um revestimento bastante denso com alta adesatildeo ao substrato e
baixo conteuacutedo de oacutexidos Carbonetos superaquecidos podem se decompor e formar fases
menos beneacuteficas ao revestimento O processo HVOF eacute bastante efetivo ao acelerar bastante
as partiacuteculas sem excesso de aquecimento (LIMACAMARGO 2001)
Carbonetos de vaacuterios tipos satildeo especialmente adequados para aplicaccedilatildeo por HVOF
pois natildeo requerem significante fusatildeo para se depositar e formar uma superfiacutecie efetiva
contra desgaste Composiccedilotildees tiacutepicas estatildeo entre 8 a 30 de conteuacutedo da liga matriz que
serve primariamente como ligante para as partiacuteculas de carboneto (Lima et al apud Thorp
et al 2000) Uma das ligas mais usadas para aplicaccedilotildees de desgaste tem sido a liga WC-
Co (Lima et al apud Korpiola amp Vuoristo 1996) agraves vezes ligada a outros elementos como
Ni e Cr no intuito de oferecer melhores caracteriacutesticas de resistecircncia agrave corrosatildeo e desgaste
combinado (Lima et al apud Berger et al 2001)
Materiais e Meacutetodos 77
Gustavo Portela de Deus
3214 - LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray - Poacute
O processo LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) poacute consiste em injetar o material a
ser depositado em forma de poacute na chama derivada da queima de oxigecircnio e acetileno
(3100ordmC) sendo o material aquecido e projetado contra o substrato previamente preparado
Em algumas variaccedilotildees do processo um jato de ar comprimido auxilia a acelerar e
atomizar o poacute Pode-se efetuar a fusatildeo da camada apoacutes aplicaccedilatildeo do revestimento
aumentando assim a aderecircncia e resistecircncia do material aplicado
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
- Ligas Base de Niacutequel como Incinel Monel NiCrBSi e outras
- Oacutexido de Cromo
- Alumina e Alumina ndash Titacircnio e Dioacutexido de Titacircnio
- Oacutexido de Zirconia
- Ligas Base de Cobalto ndash Stellite
3215 - LVOF ( Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray ndash Arame
O processo de aspersatildeo LVOF Arame utiliza como fonte de calor para fusatildeo do
arame a chama gerada pela queima de oxigecircnio e acetileno
A atomizaccedilatildeo e aceleraccedilatildeo do material fundido satildeo realizadas por um jato de ar
comprimido que cerca a chama do oxigecircnio e acetileno
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
Materiais e Meacutetodos 78
Gustavo Portela de Deus
- Accedilo carbono como ligas 1020 1045 1080 e outros
- Accedilo inox como ligas AISI 302 304 316 e AISI 410420 etc
- Ligas de Niacutequel
- Alumiacutenio
- Zinco
- Estanho
322 - Materiais
3221 - Material de Referecircncia
O material que foi utilizado como referecircncia na anaacutelise comparativa dos processos
de revestimento foi retirado de amostras de unhas de caccedilambas de paacutes carregadeiras de
rodas na sua forma original ou seja fornecida pelo fabricante do equipamento rodoviaacuterio e
seguindo os padrotildees determinados pela norma ASTM G65-91 Por se tratar de materiais
originais ou seja fornecido pelo fabricante da maacutequina foi constatado por meio de
avaliaccedilotildees primaacuterias como mais resistentes ao desgaste abrasivo e comprovado atraveacutes do
nuacutemero de horas em que os elementos foram submetidos em operaccedilotildees de escavamento e
carregamento
3222 - Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo
O material de base utilizado na confecccedilatildeo dos corpos de prova para anaacutelise de
resistecircncia ao desgaste abrasivo pelos processos por soldagem e por aspersatildeo teacutermica foi o
accedilo ABNT 1015 com as seguintes dimensotildees 75 mm de comprimento 24 mm de largura
Materiais e Meacutetodos 79
Gustavo Portela de Deus
e 4mm de espessura nas amostras por soldagem e 48 mm de comprimento 24 de largura e
4mm de espessura nas amostras aspergidas Tais dimensotildees se fizeram necessaacuterias para
atender agrave norma como tambeacutem para permitir um encaixe perfeito ao suporte do
abrasocircmetro nos ensaios de perda de massa
3223 - Consumiacuteveis Utilizados
Os consumiacuteveis utilizados para revestir os corpos de prova nos processos de
revestimento superficial por soldagem foram os eletrodos para abrasatildeo severa erosatildeo e
cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo Bohler Thyssen Welding tipo UTP 713 desenvolvimento especial
com as seguintes concentraccedilotildees C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09
com dureza de 65HRC
Os revestimentos por soldagem executados nos corpos-de-prova foram feitos na
empresa Engincom Comeacutercio e Induacutestria LTDA situada no Distrito Industrial de
Teresina-PI
Jaacute os corpos de prova revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica por LVOF
utilizaram como consumiacutevel nas amostras tipo P uma mistura composta de 170 de Cr
40 de Fe 40 de Si 35 de B 10 de C e Ni balanceado As amostras tipo M foram
revestidas utilizando como consumiacutevel a mesma mistura utilizada no revestimento das
amostras tipo P com a adiccedilatildeo de 10 de carboneto de tungstecircnio com base cobalto (81
de tungstecircnio + 12 de cobalto + 5 de carbono + 2 de ferro)
Foram utilizados dois tipos de consumiacuteveis nas amostras revestidas por aspersatildeo
teacutermica com a finalidade de se avaliar tambeacutem o comportamento dos revestimentos
quanto a resistecircncia ao desgaste abrasivo utilizando-se os ensaios de resistecircncia ao desgaste
Materiais e Meacutetodos 80
Gustavo Portela de Deus
e de dureza nos dois tipos de consumiacuteveis Levando-se em consideraccedilatildeo principalmente o
custo do revestimento
Os corpos-de-prova que foram revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica tipo
LVOF foram executados na empresa Ogramac Nordeste situada no Distrito Industrial de
Suape em Ipojuca-PE
3224 - Areia
A areia utilizada no ensaio de abrasatildeo para constataccedilatildeo da perda de massa foi a
areia quartzosa industrial com granulometria de 40 a 60 mesh fornecida pela empresa
Sand SL Comeacutercio de Mineacuterio LTDA de Satildeo Carlos-SP Esta areia foi submetida a um
sistema de peneiramento de modo a adequar a sua granulometria agraves dimensotildees
especificadas pela norma ASTM G65-91 que estabelece um percentual de 5 de maacutexima
retenccedilatildeo na peneira de 50 mesh e de 90 de miacutenimo na peneira de 60 mesh
323 - Equipamentos
3231 - Equipamento de Soldagem
Foi utilizado um transformador de solda de fabricaccedilatildeo bambozzi modelo TDC 460
E com as seguintes caracteriacutesticas teacutecnicas Corrente maacutexima de solda de 430 A trifaacutesico
com tensatildeo de alimentaccedilatildeo de 380V potecircncia nominal de 208 kVA frequumlecircncia de
5060Hz caracteriacutesticas de soldagem DC e dimensotildees (AxLxC) de 480x555x665
3232 - Sistema de Peneiramento da Areia
A maacutequina utilizada para peneirar a areia no ensaio de abrasatildeo por roda de
borracha foi desenvolvida e construiacuteda no Departamento de Engenharia de Materiais da
Materiais e Meacutetodos 81
Gustavo Portela de Deus
Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar Eacute constituiacuteda de duas peneiras superpostas
com malhas de 50 e 70 meshs segundo a AFS fixadas em uma estrutura de accedilo que sofre
movimento vibratoacuterio promovido por um motor de frac14 de HP em cujo eixo estaacute afixada
uma peccedila assimeacutetrica para provocar um efeito excecircntrico na rotaccedilatildeo e consequumlente
vibraccedilatildeo como mostra a Figura 33
Figura 33 - Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo
3233 Abrasocircmetro
O abrasocircmetro utilizado no ensaio de abrasatildeo por perda de massa tambeacutem foi
desenvolvido e construiacutedo nos laboratoacuterios do Departamento de Engenharia de Materiais
da Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar segundo a norma ASTM G65-91 Esta
norma determina que seja feita uma calibraccedilatildeo do abrasocircmetro de modo que o mesmo
possa ser utilizado de forma confiaacutevel assegurando as mesmas condiccedilotildees e
reprodutividade dos ensaios de perda de volume
Materiais e Meacutetodos 82
Gustavo Portela de Deus
O anel de borracha eacute constituiacutedo de clorobutil com diacircmetro externo inicial de
2286 mm e espessura de 127 mm com dureza variando entre 59 e 60 shore A A
excentricidade do anel natildeo deve exceder a toleracircncia de 005 mm Com este diacircmetro
especificado e para um nuacutemero total de 6000 rotaccedilotildees o comprimento linear de realizaccedilatildeo
do ensaio eacute de 4309 m Agrave medida que a roda se desgasta deve-se ajustar a perda de
volume (PV) como prevecirc a norma O fluxo de areia recomendado eacute de 300 gmin a 400
gmin que deveraacute escoar pelo bocal de alimentaccedilatildeo de forma regular e contiacutenua como
mostra a Figura 34
Faz parte da constituiccedilatildeo do abrasocircmetro um contador digital do nuacutemero de voltas
efetuadas pela roda de borracha ateacute o limite estabelecido de 6000 rotaccedilotildees em que o
mesmo deveraacute provocar o desligamento automaacutetico Possui ainda um sistema de alarme
com paracircmetros de limites de rotaccedilotildees por min de miacutenimo 190rpm e de maacuteximo 210 rpm
e tendo como rotaccedilatildeo referecircncia 200 rpm (BRANDIM 1998)
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha
Materiais e Meacutetodos 83
Gustavo Portela de Deus
3234 - Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos-de-Prova
Os corpos-de-prova revestidos pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
foram retificados e cortados em uma retificadora plana longitudinal de fabricaccedilatildeo Mello
SA Maacutequinas e Equipamentos modelo RPT 2 maacutequina nordm 192 ano 1983 nos laboratoacuterios
de usinagem do CEFET ndash PI com refrigeraccedilatildeo na aacuterea de corte atraveacutes de fluido especial
emulsionaacutevel em aacutegua e tendo como ferramenta de corte um disco abrasivo de alta rotaccedilatildeo
(6000 rpm) e elevada dureza da ordem de 70 HRC fornecido pela empresa Arotec
modelo AA 5
Anteriormente ao corte das amostras nas dimensotildees especificadas pela norma
ASTM G65-91 os corpos de prova passaram por um processo de retificaccedilatildeo com o
objetivo de reparar possiacuteveis deformaccedilotildees e melhorar o acabamento das amostras
As medidas de massa dos corpos de prova para determinaccedilatildeo da massa antes e
depois do ensaio de abrasatildeo por roda de borracha foram efetuadas em uma balanccedila de
precisatildeo analiacutetica marca Marte modelo AS 2000C com capacidade de pesagem maacutexima
de 2000g e miacutenima de 05g erro de 01g e sensibilidade de 001g
3235 - Durocircmetro
As medidas de dureza foram efetuadas em um durocircmetro marca Sussen Wolpert
tipo Testor HT1 maacutequina Nordm 333 ano 1971 em escala Rockwell C com carga de 150 kgf
como mostra a Figura 35 pertencente ao laboratoacuterio do DEMa da Universidade Federal de
Satildeo Carlos (UFSCar)
Materiais e Meacutetodos 84
Gustavo Portela de Deus
Figura 35 - Durocircmetro
3236 - Microscopia Oacutetica
As anaacutelises e imagens de microscopia oacutetica foram realizadas no microscoacutepio oacutetico
de marca NIKKON EPIPHOT ndash DX com conversor de sinais da Hitach modelo com
aumento maacuteximo de 1000 vezes Para obtenccedilatildeo das fotos das microestruturas utilizou-se
um analisador de imagens
33 - Sequumlecircncia Experimental
Apoacutes os procedimentos convencionais de preparaccedilatildeo das amostras nas trecircs
condiccedilotildees que seratildeo avaliadas ou seja soldadas revestidas superficialmente por aspersatildeo
teacutermica e na condiccedilatildeo normal ou comercialmente encontradas estas amostras ou corpos-
de-prova passaram agrave fase experimental
Materiais e Meacutetodos 85
Gustavo Portela de Deus
Os experimentos tiveram como finalidade inicial avaliar o desempenho quanto agrave
resistecircncia agrave abrasatildeo dos corpos-de-prova quando submetidos aos processos de
revestimento superficial pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Tais experimentos se basearam principalmente em anaacutelises microscoacutepicas por meio
de microscopia oacutetica resistecircncia agrave abrasatildeo pelo ensaio da roda de borracha e pela anaacutelise
do niacutevel de dureza adquirida atraveacutes do durocircmetro
Depois de computados os resultados obtidos nos ensaios tecnoloacutegicos nas trecircs
avaliaccedilotildees diferentes microscopia dureza e resistecircncia agrave abrasatildeo partiu-se para a anaacutelise
matemaacutetica atraveacutes das meacutedias em funccedilatildeo de resultados diferentes obtidos nos ensaios em
pontos diferentes das amostras
34 ndash Meacutetodos
341 - Planejamento Experimental
3411 - Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo a Baixa Tensatildeo ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram preparados e ensaiados segundo os procedimentos da
norma ASTM G65-91 (1991) no abrasocircmetro similar ao apresentado na figura A forccedila
exercida pelo corpo de prova sobre a roda foi de 130 N A rotaccedilatildeo da roda de borracha foi
mantida em mais ou menos 200 rpm com variaccedilotildees para mais e para menos de 10 rpm
quando em movimento e sob pressatildeo de ensaio Empregou-se para a contagem do nuacutemero
de giros da roda de borracha um sensor indutivo O nuacutemero total de rotaccedilotildees da roda para
interrupccedilatildeo automaacutetica do ensaio foi preacute-fixado em 6000 rotaccedilotildees Para a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha quando se fez necessaacuterio utilizou-se uma lixa de
granulometria 320 mantendo-se o braccedilo da alavanca do equipamento livre de qualquer
Materiais e Meacutetodos 86
Gustavo Portela de Deus
carga para evitar qualquer pressatildeo sobre a roda e proporcionar uma folga suficiente para a
introduccedilatildeo da lixa entre a roda e a amostra O fluxo de areia foi mantido dentro dos limites
da norma ASTM G65-91 (1991) tendo variado entre 350 e 360 gramasminuto
Os ensaios foram realizados com a roda de borracha girando no mesmo sentido da
direccedilatildeo de soldagem empregado Apoacutes o ensaio de cada lote realizou-se a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha As perdas de massa e de volume conforme a norma ASTM
G65-91 (1991) quando satildeo determinadas em uma roda de borracha com diacircmetro externo
diferente de 2286 mm devem ser corrigidas linearmente pela relaccedilatildeo perda de volume
(PV) x 2286 mmdiacircmetro da roda no final do ensaio tendo sido empregada quando
necessaacuterio esta correccedilatildeo (BRANDIM 1998)
3412 Microscopia Oacutetica
As amostras revestidas por aspersatildeo teacutermica LVOF dos tipos P e M e soldadas
foram analisadas no microscoacutepio oacutetico com aproximaccedilatildeo de 50X 100X 200X e 500X
3413 Ensaio de Dureza
Para a determinaccedilatildeo da dureza foi utilizado o meacutetodo Rockwell C com carga de
150 kgf Antes de efetuar as medidas foi realizada a afericcedilatildeo do aparelho ou durocircmetro
por meio da utilizaccedilatildeo de corpos-de-prova de dureza padronizada Cada corpo-de-prova foi
submetido a no miacutenimo trecircs medidas de dureza em pontos diferentes da superfiacutecie
Capiacutetulo 4
Resultados e Discussatildeo
Resultados e Discussatildeo 88
Gustavo Portela de Deus
4 - Resultados e Discussatildeo
41 - Introduccedilatildeo
Por meio dos ensaios jaacute efetuados e comentados no capiacutetulo anterior e utilizando-
se a metodologia descrita inicialmente seratildeo representados os resultados de afericcedilatildeo e
qualificaccedilatildeo do abrasocircmetro realizados segundo a norma ASTM G65-91(1991)
Procedimento A resistecircncia ao desgaste resultados dos ensaios de dureza e anaacutelises
quiacutemicas de microscopia oacutetica e terminando com as discussotildees que se fizeram relevantes
dos resultados obtidos
411 - Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho
Foram levantados dados estatiacutesticos do rendimento apresentado pelos elementos de
penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios no que concerne agrave vida uacutetil
proporcionada pelos diversos produtos apresentados no mercado bem como a qualidade
destes materiais no que diz respeito a constituiccedilatildeo da liga tratamentos teacutermicos efetuados
e revestimento superficial em peccedilas novas ou recuperadas na forma de endurecimento com
a finalidade de elevar a resistecircncia ao desgaste
No levantamento de dados e de informaccedilotildees foram considerados os rendimentos
obtidos pelas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios quando
utilizadas na sua forma original ou seja de acordo com a forma comercial fornecida por
parte dos fabricantes Foi considerada a vida uacutetil atingida com a ferramenta quando
utilizada na sua forma comercial bem como quando aplicado seu revestimento especiacutefico
Resultados e Discussatildeo 89
Gustavo Portela de Deus
Foram confeccionados corpos de prova seguindo a norma especiacutefica para
revestimentos duros ou seja ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram revestidos por soldagem de revestimento utilizando
eletrodos com as seguintes caracteriacutesticas eletrodo baacutesico que apresenta depoacutesitos de
carbonetos complexos de Cr Mo Nb W e V indicado para revestimentos duros contra
abrasatildeo severa erosatildeo e cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo BOHLER THYSSEN WELDING Tipo
UTP 713 desenvolvimento especial com concentraccedilatildeo de elementos na seguinte
composiccedilatildeo C - 4 Cr - 235 Mo ndash 65 Nb ndash 60 W ndash 08 e V ndash 09 com uma
dureza esperada de 65HRc
Foram tambeacutem revestidos pelo processo de revestimento superficial por aspersatildeo
teacutermica do tipo LVOF
Durante o desenvolvimento do projeto foram determinadas as perdas de massa
bem como de espessura dos elementos objeto do estudo antes e depois de revestidos pelos
processos de recobrimento por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Os corpos-de-prova foram ensaiados para anaacutelise de resistecircncia ao desgaste
abrasivo por meio do abrasocircmetro de roda de borracha que foi construiacutedo pelos alunos
mestrandos em engenharia de materiais da Universidade Federal de Satildeo Carlos UFSCar na
aacuterea especiacutefica triboloacutegica seguindo as recomendaccedilotildees da norma ASTM G65-91
Foram executados estudos comparativos de rendimento e viabilidade econocircmica
quando comparadas estas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios
utilizadas na sua forma comercial bem como quando revestidas pelos processos de
endurecimento superficial por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 90
Gustavo Portela de Deus
42 - Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM
G65-91 Procedimento A
De acordo com esta norma o abrasocircmetro deveraacute antes da realizaccedilatildeo dos ensaios
de desgaste ser aferido Para tanto utilizou-se um accedilo ABNT 1015 para a determinaccedilatildeo do
coeficiente de variaccedilatildeo dos resultados obtidos com o ensaio de desgaste visando agrave
verificaccedilatildeo da dispersatildeo dos valores e da reprodutibilidade do equipamento A conversatildeo eacute
feita pela seguinte equaccedilatildeo
1000sup3)(
)(sup3)( x
cmg
gPMmmPV
Onde PV (mmsup3) = Perda de volume PM (g) = Perda de Massa e = (gmmsup3)
densidade do material
Segundo o apecircndice A da norma ASTM G65-91 o desvio padratildeo S a ser calculado
eacute obtido com o auxiacutelio da tabela 41 da referida norma para a obtenccedilatildeo do valor de d2 que
eacute dependente do nuacutemero de corpos-de-prova utilizados no ensaio de desgaste por abrasatildeo
Entatildeo a partir do desvio padratildeo da diferenccedila entre a maior perda de volume e a menor
perda de volume calcula-se o coeficiente de variaccedilatildeo (V) Tem-se entatildeo
Como o valor obtido neste processo de afericcedilatildeo foi inferior ao limite de 7
estabelecido pela norma ASTM G65-91(1991) fica assegurada a confiabilidade dos
resultados obtidos com o abrasocircmetro Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave
baixa tensatildeo realizada com accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilatildeo do
abrasocircmetro
Resultados e Discussatildeo 91
Gustavo Portela de Deus
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com
o accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro
Corpos-de-prova
Massa (g)
PV (cm3) M
i
M
f
Δ
M
01
1
128910
1
125017
0
3893
4
95924
02
1
129257
1
125721
0
3536
4
50446
03
1
077076
1
073516
0
3560
4
53503
04
1
093156
1
089095
0
4061
5
17325
05
1
077034
1
073005
0
4029
5
13248
Total
4
9
Onde Mi = Massa do corpo de prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo de prova depois do ensaio
ΔM = Diferenccedila de massa antes e apoacutes o ensaio
PV = Perda de volume
43 - Resistecircncia ao Desgaste
Resultados e Discussatildeo 92
Gustavo Portela de Deus
A anaacutelise da resistecircncia ao desgaste eacute feita pela comparaccedilatildeo com um material de
referecircncia Neste estudo foi utilizado o proacuteprio material constituinte das unhas da caccedilamba
de uma paacute carregadeira articulada de rodas Para a visualizaccedilatildeo geral dos materiais
envolvidos neste trabalho eacute apresentada na figura 41 uma comparaccedilatildeo da perda de
volume no qual os valores satildeo as meacutedias de todos os ensaios realizados
Na primeira imagem eacute representada a amostra que foi revestida pelo processo de
soldagem em que fica demonstrada a menor perda de massa em funccedilatildeo do consumiacutevel
utilizado no processo que possuiacutea uma grande concentraccedilatildeo de elementos de liga que
propiciam elevada resistecircncia ao desgaste
Na segunda imagem temos a representaccedilatildeo de uma amostra revestida pelo processo
de aspersatildeo teacutermica por LVOF em que tambeacutem fica demonstrada uma elevada resistecircncia
ao desgaste abrasivo embora de menor intensidade que na soldagem que admitimos ter
ocorrido em funccedilatildeo do procedimento utilizado no ensaio ldquoprocedimento Ardquo natildeo ser
recomendado a tal amostra por se tratar de revestimento de espessura pequena da ordem
de 05mm o que eacute considerada pequena para tal ensaio Quando o revestimento eacute de
pequena espessura o procedimento recomendado pela norma G65-91 eacute o ldquoprocedimento
Crdquo em que se utiliza uma menor carga como tambeacutem um nuacutemero menor de revoluccedilotildees
Na terceira imagem temos a representaccedilatildeo da amostra de referecircncia ou seja
retirada da proacutepria unha da caccedilamba da paacute carregadeira de rodas em que fica demonstrada
uma boa resistecircncia agrave abrasatildeo em funccedilatildeo da mesma ter sido constituiacuteda de accedilo carbono
1045 temperado que apresenta uma boa resistecircncia ao desgaste
Resultados e Discussatildeo 93
Gustavo Portela de Deus
Figura 41 - Imagens de corpos-de-prova desgastados no ensaio por abrasatildeo
Os dados coletados para a anaacutelise do desgaste abrasivo por meio do abrasocircmetro
estatildeo quantificados e apresentados na Tabela 42 com as perdas de massa correspondentes
a cada uma das amostras analisadas Na Figura 42 mostra o graacutefico da perda de massa
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste
Amostra Mi (g) Mf (g)
PM
(g)
PV
(mmsup3)
PVCorrigido
(mmsup3)
Metal
de
base
A1 9136 9044 092
45 45
A2 9050 8962 088
A3 10022 9914 108
Valor meacutedio 096
Aspersatildeo
teacutermica
A1 9219 9211 008
20 20
A2 9006 8997 009
A3 9107 9097 010
Valor meacutedio 009
Revestimentos
soldados
A1 18651 18638 013
12 12
A2 15647 15640 007
Resultados e Discussatildeo 94
Gustavo Portela de Deus
A3 14422 14414 008
Valor meacutedio 009
Onde Mi = Massa do corpo-de-prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo-de-prova depois do ensaio
PM = Perda de massa do corpo-de-prova apoacutes o ensaio
0
10
20
30
40
50
60
PV (mmsup3)
Accedilo ABNT
1015
Accedilo ABNT
1045
temperado
Aspersatildeo
teacutermica
Amostra
soldada em
laboratoacuterio
Corpos-de-prova
Perda de Volume Meacutedio (mmsup3)
Perda de Volume (mmsup3) Perda de Volume Corregido (mmsup3)
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos-de-prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo
44 - Dureza
Nos resultados dos valores meacutedios de dureza apresentados na Tabela 43 e na
Figura 43 natildeo se nota grandes dispersotildees dos resultados para os corpos-de-prova quando
se analisa entre os mesmos materiais e nem quando se compara os revestimentos obtidos
por teacutecnicas diferentes no caso por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 95
Gustavo Portela de Deus
Alguns valores de dureza apresentaram discrepacircncia em relaccedilatildeo aos
valores meacutedios que foram atribuiacutedos serem decorrentes do ponto em que o
indentador foi posicionado
O corpo-de-prova utilizado como referecircncia apresentou um bom
resultado de dureza visto que a sua microestrutura eacute constituiacuteda de
martensita
Tabela 43 - Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo
Amostra
HRc
(150kg)
Valor meacutedio
final Dureza
HRc
Metal de base
P1 46
45 P2 48
P3 43
Aspersatildeo
teacutermica
P1 53
54 P2 52
P3 56
Revestimentos
soldados
P1 52
53 P2 48
P3 59
Resultados e Discussatildeo 96
Gustavo Portela de Deus
40
42
44
46
48
50
52
54
Dureza (HRc -
150kg)
Metal de base Aspersatildeo
teacutermica
Soldados
Amostras revestidas
Dureza Meacutedia Final
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados
45 - Microdureza
Amostra M
0
200
400
600
800
1000
1200
30 90 180 330 450 600 750
Distacircncia (Mm)
Dur
eza
(200
gf)
Figura 44 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M
Resultados e Discussatildeo 97
Gustavo Portela de Deus
Amostra P
0
200
400
600
800
1000
1200
30 160 310 460 610 670 730
Distacircncia (microm)
Dure
za H
V (2
00g
f)
Figura 45 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P
46 - Anaacutelise Microestrutural
A anaacutelise microestrutural foi realizada para todos os corpos-de-prova estudados
nesse trabalho utilizando a teacutecnica de Microscopia oacutetica
461- Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente
Os corpos-de-prova aspergidos termicamente apresentaram as microestruturas
conforme mostram as Figuras 46 47 e 48 Nessas pode-se observar uma quantidade
significativa de poros de tamanhos variados principalmente na interface entre a camada
aspergida e o substrato em destaque na Figura 46 A formaccedilatildeo desses poros eacute decorrente
da reaccedilatildeo com gases durante o processo de aspersatildeo e a atmosfera em contato com o
material enquanto liacutequido
Resultados e Discussatildeo 98
Gustavo Portela de Deus
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 50X
Figura 47 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 100X
Interface substratocamada
Linha de poros
Resultados e Discussatildeo 99
Gustavo Portela de Deus
Figura 48 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente
possam ser os carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X
462 Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem
Os corpos-de-prova soldados apresentaram microestrutura euteacutetica com intensa
quantidade de carbetos de cromo complexos do tipo M7C3 conforme mostram as Figuras
49 e 410 Isto se deve principalmente pela composiccedilatildeo quiacutemica do eletrodo utilizado
onde apresentou C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09 com dureza de
65HRC
Estes elementos quando participam da constituiccedilatildeo da liga adicionam e melhoram
algumas propriedades mecacircnicas dos materiais tais como
a) Carbono (C) ndash Na composiccedilatildeo de accedilos modernos destinados agrave cutelaria
quer sejam aqueles classificados como carbono ou os ditos inoxidaacuteveis
dificilmente poderaacute existir menos do que 06 de Carbono pois este eacute o
Resultados e Discussatildeo 100
Gustavo Portela de Deus
principal elemento que apoacutes a adequada tecircmpera concederaacute dureza agrave
peccedila
b) Cromo (Cr) ndash O cromo estimula a formaccedilatildeo de carbonetos aumentando a
resistecircncia ao desgaste bem como a temperabilidade aos accedilos reduz a
velocidade criacutetica de resfriamento de modo que a tecircmpera de accedilos com
teores elevados de cromo seja feita preferencialmente ao oacuteleo ou ao ar A
adiccedilatildeo de cromo torna mais fina a granulaccedilatildeo dos accedilos aumentando
desse modo a sua resistecircncia
c) Molibdecircnio (Mo) ndash Influencia favoravelmente a dureza a resistecircncia a
quente a fluecircncia e a temperatura de crescimento de gratildeo de austenita
aleacutem de melhorar a penetraccedilatildeo da tecircmpera nos accedilos Eacute largamente
empregado no accedilos de construccedilatildeo mecacircnica para beneficiamento pois
forma partiacuteculas resistentes a abrasatildeo e evita a fragilidade de
revenimento O molibdecircnio natildeo eacute empregado sozinho pois apresenta
uma tendecircncia de diminuir a tenacidade dos accedilos
d) Nioacutebio (Nb) ndash Tem alta afinidade por carbono e nitrogecircnio formando
carbonetos e carbonitretos Melhora a soldabilidade a tenacidade e a
comformabilidade o que levou a ciecircncia moderna a busca de
alternativas que aumentassem a resistecircncia mecacircnica do accedilo sem alterar
as outras propriedades desejaacuteveis
e) Tungstecircnio (W) ndash Forma carbonetos muito duros tendo como
consequumlecircncia influecircncia nas propriedades com aumento da dureza
aumento da resistecircncia agrave traccedilatildeo resistecircncia agrave corrosatildeo e a erosatildeo
f) Vanaacutedio (V) ndash Eleva a temperatura de crescimento do gratildeo da austenita
promovendo o refino do gratildeo Eacute excelente desoxidante A adiccedilatildeo de
Resultados e Discussatildeo 101
Gustavo Portela de Deus
vanaacutedio confere aos accedilos uma insensibilidade ao super-aquecimento
melhorando suas caracteriacutesticas de forjamento e usinagem O emprego de
teores elevados de vanaacutedio deve ser acompanhado por um aumento do
teor de carbono devido agrave formaccedilatildeo de carbonetos
g) Siliacutecio (Si) ndash Auxilia na desoxidaccedilatildeo auxilia na grafitizaccedilatildeo aumenta a
fluidez como influecircncia na estrutura Aumenta a resistecircncia agrave oxidaccedilatildeo
com temperaturas elevadas melhoria da temperabilidade e da resistecircncia
a traccedilatildeo influenciando nas propriedades
h) Boro (B) ndash Os accedilos ao boro compreedem uma famiacutelia com propriedades
especiais devendo ser tratados como uma classe agrave parte O boro quando
adicionado em pequenas quantidades melhora a temperabilidade do accedilo
diminui a tendecircncia a triancas de tecircmpera distorccedilotildees durante o
tratamento teacutermico e melhora as propriedades de conformaccedilatildeo mecacircnica
Os accedilos ao boro natildeo satildeo empregados soacute onde se exijam especificaccedilotildees
severas de temperabilidade mas tambeacutem onde se necessite de
caracteriacutesticas uniformes de tratamento teacutermico de usinabilidade
soldagem e conformaccedilatildeo O percentual de boro adicionado aos accedilos pode
variar desde 00005 quando se deseja obter efeitos de temperabilidade
a ateacute 00015 quando se obtecircm a melhor combinaccedilatildeo de resistecircncia e
tenacidade nos accedilos
i) Niacutequel (Ni) ndash Refina o gratildeo diminui a velocidade de transformaccedilatildeo na
estrutura do accedilo Influecia nas propriedades com o aumento da
resistecircncia a traccedilatildeo e com a alta ductilidade
Resultados e Discussatildeo 102
Gustavo Portela de Deus
Figura 49 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X
Resultados e Discussatildeo 103
Gustavo Portela de Deus
Figura 410 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do
tipo M7C3 Ataque colorido 500X
Os corpos de prova estudados e que foram revestidos pelo processo de soldagem de
revestimento foram incluiacutedos no diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C apresentado na Figura
411 Observou-se que todas as amostras estatildeo enquadradas na regiatildeo hipereuteacutetica
Resultados e Discussatildeo 104
Gustavo Portela de Deus
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C
As amostras das Figuras 49 e 410 apresentam uma microestrutura com euteacutetico e
perfis alongados de tonalidade clara representando os carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 e ainda pontos claros representativos dos elementos constituintes da liga de
composiccedilatildeo do eletrodo bem como os carbonetos de cromo que natildeo se desenvolveram
Os perfis representativos dos carbonetos de complexos de cromo M7C3 de forma
alongada conferem ao revestimento uma dureza elevada que favorece a uma maior
resistecircncia ao desgaste abrasivo poreacutem da mesma forma que elevam esta resistecircncia ao
desgaste favorece tambeacutem o aparecimento de trincas que podem acelerar o processo
abrasivo em funccedilatildeo de permitir a penetraccedilatildeo do gratildeo abrasivo entre as frestas dessas
trincas
Resultados e Discussatildeo 105
Gustavo Portela de Deus
463 Resultados
Apresentar uma anaacutelise comparativa de rendimento entre as ferramentas de
penetraccedilatildeo no solo para equipamentos rodoviaacuterios encontrados no mercado consumidor e
destas mesmas ferramentas revestidas superficialmente pelos processos de endurecimento
superficial por soldagem com a utilizaccedilatildeo de eletrodos revestidos e pela teacutecnica de
revestimento LVOF
Nas anaacutelises econocircmicas efetuadas se constatou que o custo para se revestir as
unhas das caccedilambas da paacute carregadeira utilizando como base a peccedila original isto eacute antes
da mesma ser colocada em operaccedilatildeo eacute compatiacutevel com o custo benefiacutecio de se substituir a
mesma unha apoacutes o seu desgaste natural Baseado no preposto e considerando o tempo
desperdiccedilado para a substituiccedilatildeo do elemento consideramos economicamente viaacutevel se
revestir unhas de caccedilamba na condiccedilatildeo nova adquirida no mercado
Capiacutetulo 5
Conclusotildees e Sugestotildees
Conclusotildees 107
Gustavo Portela de Deus
5 ndash Conclusotildees
ndash Os materiais revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica apresentaram uma
superfiacutecie mais uniforme e de melhor aparecircncia
ndash Como determinadas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios natildeo requerem uma usinagem posterior para acabamento como retificaccedilatildeo os
processos por aspersatildeo em determinadas situaccedilotildees satildeo industrialmente mais eficientes
que os processos por soldagem
ndash A perda de volume constatada nos dois processos envolvidos na anaacutelise no
quesito correspondente agrave resistecircncia ao desgaste por aspersatildeo e por soldagem natildeo se
tornou fator determinante na opccedilatildeo de escolha do processo mais eficiente em funccedilatildeo do
procedimento utilizado no ensaio de desgaste por abrasatildeo
- As amostras revestidas pelo processo de soldagem com eletrodo revestido
apresentaram trincas em diversos pontos da estrutura em funccedilatildeo do aparecimento dos
elementos de segunda fase
ndash Ainda natildeo se recomenda revestir ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de
equipamentos rodoviaacuterios que estatildeo sujeitos a grandes impactos pelo processo de aspersatildeo
teacutermica em funccedilatildeo dos revestimentos por aspersatildeo natildeo resistirem ao impacto que tambeacutem
vem a ser uma caracteriacutestica dos dentes de caccedilamba de paacutes carregadeiras que sofrem
desgaste por goivagem
Referecircncias
Referecircncias 109
Gustavo Portela de Deus
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32 ndash Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no solo de Equipamentos
Rodoviaacuterios70
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos72
3211 ndash Revestimento Duro por Processo de Soldagem72
3212 ndash Revestimento Superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF74
3213 ndash HVOF (High Velocity Oxigen Fuel) helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip74
3214 ndash LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray-Poacute helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip76
3215 ndash LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray-Arame helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip76
322 ndash Materiais77
3221 ndash Material de Referecircncia77
3222 ndash Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo77
3223 ndash Consumiacuteveis Utilizados78
3224 ndash Areia79
323 ndash Equipamentos79
3231 ndash Equipamento de Soldagem79
3232 ndash Sistema de Peneiramento da Areia79
3233 ndash Abrasocircmetro80
3234 ndash Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos de Prova82
3235 ndash Durocircmetro82
3236 ndash Microscopia Oacutetica83
33 ndash Sequumlecircncia Experimental83
34 ndash Meacutetodos84
341 ndash Planejamento Experimental84
3411 ndash Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo agrave Baixa Tensatildeo ASTM G65-9184
3412 ndash Microscopia Oacutetica85
3413 ndash Ensaio de Dureza85
4 ndash Resultados e Discussotildees 87
41 ndash Introduccedilatildeo87
411 ndash Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho87
42 ndash Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM G65-91
Procedimento A89
43 ndash Resistecircncia ao Desgaste90
44 ndash Dureza93
45 ndash Microdureza 95
46 ndash Anaacutelise Microestrutural96
461 ndash Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente96
462 ndash Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem 98
463 ndash Resultados 103
5 ndash Conclusotildees105
Referecircncias 107
LISTA DE FIGURAS
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e dentes desgastados 20
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e cantos desgastados 20
Figura 23 ndash Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste 22
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos23
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos24
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste35
Figura 27 ndash Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo37
Figura 28 ndash Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste39
Figura 29 ndash Efeito da temperatura no desgaste abrasivo40
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato46
Figura 211 ndash Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido48
Figura 212 ndash Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas49
Figura 213 ndash Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo50
Figura 214 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama50
Figura 215 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama53
Figura 216 ndash Esquemaacutetica de tocha de detonaccedilatildeo55
Figura 217 ndash Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico56
Figura 218 ndash Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma57
Figura 31 ndash Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira70
Figura 32 ndash Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira71
Figura 33 ndash Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo80
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha81
Figura 35 ndash Durocircmetro83
Figura 41 ndash Imagens de corpos de prova desgastados no ensaio de abrasatildeo91
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos de prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo93
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados94
Figura 44 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M95
Figura 45 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P95
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 50X96
Figura 47 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 100X97
Figura 48 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente possam ser os
carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X97
Figura 49 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X100
Figura 410 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 500X101
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C102
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica49
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor51
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro66
Tabela 24 ndash Guia para seleccedilatildeo de ligas para recobrimento duro71
Tabela 25 ndash Vantagens e desvantagens dos processos para revestimentos de superfiacutecies75
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com o
accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro94
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste95
Tabela 43 ndash Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo97
LISTA DE ABREVIATURAS E SIacuteMBOLOS
Capiacutetulo 1
Introduccedilatildeo
Introduccedilatildeo 14
Gustavo Portela de Deus
1 ndash INTRODUCcedilAtildeO
O elevado desgaste de material dos elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios eacute provocado essencialmente pelo tipo de terreno mineral presente resistecircncia
litoloacutegica e em funccedilatildeo das intempeacuteries do tempo principalmente da umidade e da
temperatura
O rendimento apresentado por esses elementos e a vida uacutetil oferecida estatildeo
relacionados agrave composiccedilatildeo da liga constituinte do material dos processos de tratamento
teacutermico a que foram submetidos como tambeacutem de operaccedilotildees efetuadas devida ou
indevidamente pelo operador do equipamento rodoviaacuterio
Os elementos fundidos laminados e forjados que compotildeem o conjunto de
componentes de penetraccedilatildeo no solo sofrem de forma direta a influecircncia do desgaste abrasivo
Desgaste este que participa em determinadas situaccedilotildees com ateacute 85 (oitenta e cinco por
cento) do custo de manutenccedilatildeo dos equipamentos rodoviaacuterios na forma rotineira (BATISTA
NASCIMENTO et al 1999) Estes elementos em funccedilatildeo de serem solicitados de forma
intensa ou intermitente satildeo consumidos ao longo do tempo Fazendo agraves vezes paradas
bruscas e inesperadas nas frentes de trabalho ocasionando portanto elevaccedilatildeo nos custos de
produccedilatildeo
O desgaste em componentes vitais de maacutequinas e equipamentos rodoviaacuterios ocorre de
vaacuterias formas diferentes como por deslizamento por rolamento por abrasatildeo por erosatildeo por
impacto por corrosatildeo e por choque teacutermico Jaacute se tratando de elementos de penetraccedilatildeo no
solo a perda de massa desses elementos eacute provocada quase que exclusivamente pelo desgaste
abrasivo a baixa tensatildeo que eacute provocado pelo proacuteprio material ou carga a que o equipamento
Introduccedilatildeo 15
Gustavo Portela de Deus
seraacute solicitado pelo contato com esse material e pelo movimento relativo entre as partes
envolvidas no sistema Uma maneira de identificaccedilatildeo do desgaste abrasivo agrave baixa tensatildeo eacute
pela observaccedilatildeo da superfiacutecie a ser analisada se a mesma apresenta corte riscamento ou
penetraccedilatildeo de material (GREGOLIN1990)
Com o intuito de elevar a vida uacutetil das ferramentas de penetraccedilatildeo e corte nos solos e
substratos rochosos as grandes empresas fabricantes e montadoras de equipamentos
rodoviaacuterios ou de terraplenagem vecircm aprimorando e desenvolvendo bem como exigindo de
seus fornecedores ferramentas com caracteriacutesticas fiacutesicas e mecacircnicas mais resistentes ao
desgaste abrasivo e ainda desenvolvendo peccedilas e ferramentas de faacutecil substituiccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo e jaacute projetadas para receber recobrimentos de manutenccedilatildeo tais como
Bordas soldaacuteveis de meia seta ndash que tecircm como finalidade
proteger a estrutura da caccedilamba por meio do acreacutescimo de material de desgaste
agrave borda da base
Reforccedilos de canto soldaacuteveis ndash utilizados para proteger o canto
externo inferior de todos os tipos de caccedilambas
Bloco de desgaste de ldquoFerro Brancordquo ndash uma liga de alto teor de
cromo denominada ldquoFerro Brancordquo eacute caldeada a uma chapa de reforccedilo de accedilo
doce que por sua vez pode ser soldada (solda tampatildeo) com um eletrodo de
vareta a uma caccedilamba armaccedilatildeo de lacircmina ou a qualquer parte onde instalaccedilatildeo
raacutepida de baixo custo e proteccedilatildeo contra abrasatildeo satildeo requeridos
Outras soluccedilotildees desenvolvidas e aplicadas como alternativa agrave proteccedilatildeo contra o
desgaste satildeo
Introduccedilatildeo 16
Gustavo Portela de Deus
Sistema de chapa de desgaste fixada mecanicamente em que
fornece um meio faacutecil de instalaccedilatildeo e remoccedilatildeo evitando assim longas
paradas para manutenccedilatildeo
Barras de desgaste para lacircminas
As barras de desgaste fornecem proteccedilatildeo adicional para a lacircmina em aplicaccedilotildees
altamente abrasivas onde se constata uma vida uacutetil mais curta do revestimento As barras de
desgaste de lacircminas satildeo projetadas para serem soldadas sobre o revestimento normal
(superfiacutecie de desgaste) da lacircmina
Considerando-se ainda que por meio dos processos de fabricaccedilatildeo convencionais e na
composiccedilatildeo de ligas praticamente jaacute foi esgotada a possibilidade de desenvolvimento de
materiais mais resistentes ao desgaste abrasivo a soluccedilatildeo que se busca atualmente eacute o
desenvolvimento de teacutecnicas de endurecimento ou revestimento superficial que tornem esses
elementos mais resistentes ao desgaste abrasivo tais como soldagem cladding
eletrodeposiccedilatildeo Deposiccedilatildeo Fiacutesica de Vapor ndash DFV (PVD) ( BARREIRA LIMA et al 2001)
Deposiccedilatildeo Quiacutemica de Vapor ndash DQV (CVD) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem
se desenvolvido ultimamente ( LIMA SOUZA et al 2001)
A busca de informaccedilotildees contidas neste estudo visa avaliar e pesquisar por meio de
anaacutelise de diferentes ensaios tecnoloacutegicos o melhoramento dos materiais quanto a sua
resistecircncia ao desgaste abrasivo quando os mesmos estatildeo em contato direto com o solo com a
finalidade de obter materiais mais resistentes ao ataque destes elementos abrasivos aleacutem de
contribuir com o desenvolvimento de produtos de qualidade superior agraves dos produtos
oferecidos atualmente pelo mercado
Foi analisada a viabilidade econocircmica com a introduccedilatildeo de novas teacutecnicas de
revestimento como LVOF e revestimento por soldagem Tambeacutem foram utilizados como
Introduccedilatildeo 17
Gustavo Portela de Deus
elementos de estudo dentes de caccedilambas suportes elos segmentados de esteiras e unhas de
80escarificadores de maacutequinas rodoviaacuterias
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo que foram utilizados como referecircncia na inspeccedilatildeo
e estudo durante o desenvolvimento deste projeto satildeo utilizados de forma intensa e ou
intermitente em maacutequinas rodoviaacuterias do tipo moto- niveladoras tratores de esteiras tratores
escavo-carregadores de pneus retroescavadeiras e escavadeiras hidraacuteulicas de esteiras
Capiacutetulo 2
Revisatildeo Bibliograacutefica
Revisatildeo Bibliograacutefica 19
Gustavo Portela de Deus
2 - Revisatildeo Bibliograacutefica
Tribologia eacute definida como a ciecircncia e tecnologia da interaccedilatildeo entre superfiacutecies em
movimento relativo e das praacuteticas relacionadas A palavra eacute derivada das palavras gregas
TRIBOS que significa atrito e LOGOS que significa estudo de forma que uma traduccedilatildeo
literal significa estudo do atrito ou a ciecircncia que estuda o atrito (STOETERAU 2001)
A tribologia envolve a investigaccedilatildeo cientiacutefica de todos os tipos de fricccedilatildeo
lubrificaccedilatildeo e desgaste e tambeacutem as aplicaccedilotildees teacutecnicas do conhecimento triboloacutegico
(STOETERAU2001) Especificamente em estudo o desgaste eacute a perda progressiva de
mateacuteria da superfiacutecie de um corpo soacutelido devido ao contato e movimento relativo com um
outro corpo soacutelido liacutequido ou gasoso (STOETERAU PASCOALI 2001)
O desgaste de componentes e equipamentos industriais rodoviaacuterios e de outros
tipos de atividades produtivas representa um grande fator de depreciaccedilatildeo de capital de
equipamento e fonte de despesas com manutenccedilatildeo e reposiccedilatildeo de componentes mecacircnicos
As Figuras de 21 a 24 mostram componentes de estruturas de maacutequinas de terraplenagem
desgastadas pelos efeitos da abrasatildeo no processo triboloacutegico
Sobre os custos de produccedilatildeo estes se tornam mais elevados em decorrecircncia da
reposiccedilatildeo das peccedilas desgastadas ou deterioradas e da matildeo-de-obra para substituiccedilatildeo aleacutem
do tempo parado dos equipamentos que deixam de produzir Muitas vezes exige ainda o
superdimensionamento de componentes influindo ou limitando na produccedilatildeo dos
equipamentos ou ainda provocando a paralisaccedilatildeo destes Estes fatores influem
significativamente na elevaccedilatildeo dos custos e no rendimento de produccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 20
Gustavo Portela de Deus
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircmina e dentes desgastados
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircminas e cantos desgastados
ldquoDe acordo com Hawk et al (1999) o desgaste eacute um dos maiores problemas que
aparecem em escavaccedilotildees nas movimentaccedilotildees de terras mineraccedilotildees e processamentos de
minerais nas induacutestrias ocorrendo em uma grande variedade de equipamentos como nas
lacircminas de remover terra dos tratores que fazem por exemplo a terraplenagem em
britadeiras dentes escavadores lacircminas de escoamento etc O desgaste de peccedilas os custos
com o reparo e com a substituiccedilatildeo destas peccedilas significam elevadiacutessimos gastos para as
empresasrdquo
Revisatildeo Bibliograacutefica 21
Gustavo Portela de Deus
21 Tipos de Desgaste
Os principais tipos de desgaste observados nos componentes mecacircnicos satildeo por
(GREGOLIN RIBEIRO et al 1990)
Abrasatildeo ndash ocasionado por partiacuteculas abrasivas (duras) sob tensatildeo
deslocando-se sobre a superfiacutecie
Erosatildeo ndash devido ao choque contra a superfiacutecie de partiacuteculas soacutelidas ou gotas
liacutequidas presentes em correntes de fluidos
Cavitaccedilatildeo ndash associado agrave formaccedilatildeo e implosatildeo de bolhas gasosas em
correntes de fluidos na interface liacutequidondashmetal devido agrave variaccedilatildeo suacutebita de pressatildeo
ao longo do percurso
Adesatildeo ou fricccedilatildeo ndash resultante da fabricaccedilatildeo metalndashmetal quando
superfiacutecies aacutesperas deslizam entre si
Corrosatildeo ndash quando envolve a ocorrecircncia de reaccedilotildees quiacutemicas superficiais no
material aleacutem das accedilotildees mecacircnicas de desgaste
Impacto ndash ocasionado por choques ou cargas aplicadas verticalmente sobre a
superfiacutecie
22 Desgaste por Abrasatildeo
Desgaste por abrasatildeo ou desgaste abrasivo eacute a retirada de material causada pela
presenccedila de partiacuteculas duras As partiacuteculas duras podem estar aprisionadas na interface
entre as duas superfiacutecies em movimento relativo ou serem as protuberacircncias que fazem
parte da rugosidade de uma das superfiacutecies Acompanhada de forte pressatildeo ocasionada por
deslocamento ou por amassamento a retirada do metal Tais abrasivos podem ser
Revisatildeo Bibliograacutefica 22
Gustavo Portela de Deus
representados por vegetais ou minerais (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
A Figura 25 apresenta os percentuais de contribuiccedilatildeo do desgaste abrasivo em
relaccedilatildeo aos demais tipos de desgastes Neste pode-se observar que o desgaste abrasivo eacute o
de maior representatividade nas estruturas mecacircnicas de maacutequinas e equipamentos
chegando a contribuir de forma geneacuterica com 50 em relaccedilatildeo aos demais desgastes
revelando a importacircncia de tal desgaste
Figura 23 - Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste
23 Tipos de Processos Abrasivos
Abrasatildeo a dois corpos
De acordo com Souza (2002) quando uma ou mais partiacuteculas de elevada dureza
satildeo atritadas contra uma superfiacutecie sulcando-a ou escavando-a devido agrave forccedila normal
aplicada tem-se o desgaste abrasivo de dois corpos
importacircncia do desgaste abrasivo
diversos
14
quiacutemico
5
fretting
8
erosatildeo
8
adesivo
15
abrasivo
50
Revisatildeo Bibliograacutefica 23
Gustavo Portela de Deus
Abrasatildeo a trecircs corpos
Quando estas partiacuteculas satildeo aprisionadas entre duas superfiacutecies que deslizam entre
si pode ocorrer o chamado desgaste abrasivo de trecircs corpos As Figuras 26 e 27 mostram
as representaccedilotildees de formas de desgaste abrasivo a dois corpos e a trecircs corpos
respectivamente
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos
Revisatildeo Bibliograacutefica 24
Gustavo Portela de Deus
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos
Em relaccedilatildeo ao desgaste abrasivo eacute interessante ressaltar que embora a partiacutecula
abrasiva seja mais dura que a superfiacutecie a ser desgastada esta natildeo eacute uma condiccedilatildeo para se
classificar o desgaste como abrasivo (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr)
24 Tipos de Abrasatildeo
241 Goivagem
Eacute o desgaste provocado por partiacuteculas grandes e grosseiras principalmente dotadas
de regiotildees pontiagudas cortantes com dureza maior do que a parte metaacutelica que estaacute sendo
desgastada Pode acontecer quando haacute um contato entre as partes com pressotildees mais ou
menos violentas e repetitivas
Revisatildeo Bibliograacutefica 25
Gustavo Portela de Deus
Um exemplo tiacutepico de abrasatildeo por goivagem eacute representado em dentes de caccedilambas
de maacutequinas que operam em serviccedilos de terraplenagem onde ocorre deslocamento de
cargas como pedra e areia Esses materiais abrasivos em geral de grandes dimensotildees e
dotados de regiotildees pontiagudas sob condiccedilotildees de altas tensotildees e envolvendo impacto satildeo
fatores que propiciam a penetraccedilatildeo mais profunda do abrasivo na superfiacutecie provocando
desgastes com a formaccedilatildeo de sulcos profundos Os accedilos austeniacuteticos ao manganecircs satildeo em
geral as ligas preferidas para combater este tipo de desgaste (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
242 Abrasatildeo por Alta Pressatildeo
Eacute o desgaste que ocorre entre partiacuteculas abrasivas e o metal ocasionando o
esmagamento do abrasivo ou natildeo A prensagem da partiacutecula contra o metal pode ser
exercida por pressotildees fortes ou meacutedias que provocam a formaccedilatildeo de superfiacutecies de
pequenos fragmentos
As partiacuteculas abrasivas podem ser classificadas quanto agraves suas dimensotildees e satildeo
consideradas meacutedias quando inferiores a 5 cm ou pequenas quando menores do que 1cm
As partiacuteculas meacutedias podem exercer a accedilatildeo abrasiva superficial arrancando fragmentos do
metal enquanto as partiacuteculas pequenas por sua vez provocam o desgaste
A constituiccedilatildeo do metal influi na forma ou resposta do desgaste provocado Se for
duacutectil teraacute uma abrasatildeo que tira cavacos se eacute fraacutegil ou se torne fraacutegil haveraacute um
deslocamento superficial de pequenos fragmentos Eacute normal que ocasionalmente poderatildeo
ocorrer as duas modalidades ao mesmo tempo Exemplos das partes sujeitas ao desgaste
por abrasatildeo satildeo caccedilambas de escavaccedilatildeo ou carga lacircminas de motoniveladoras e arados
raspadores
Revisatildeo Bibliograacutefica 26
Gustavo Portela de Deus
Eacute o tipo de desgaste onde o material abrasivo eacute fragmentado durante o contato
abrasivo com a superfiacutecie desgastada As tensotildees envolvidas satildeo portanto superiores agrave
tensatildeo de fragmentaccedilatildeo do abrasivo promovendo ainda maior penetraccedilatildeo do abrasivo na
superfiacutecie maior deformaccedilatildeo plaacutestica das fases duacutecteis e fratura das fases fraacutegeis presentes
no material Tipicamente esta forma de abrasatildeo ocorre em equipamentos de moagem de
mineacuterios que envolvem partiacuteculas de pequeno tamanho em mancais contaminados com
areia etc Para prevenir este tipo de abrasatildeo normalmente empregam-se materiais do tipo
ferros fundidos ou accedilo ndash ligas que possuem maior tenacidade (BATISTA NASCIMENTO
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243 - Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Tensatildeo
Tipo de abrasatildeo na qual a superfiacutecie penetrante eacute riscada pelo material abrasivo em
decorrecircncia de sua dureza e resistecircncia oferecida e do proacuteprio stress do metal constituinte
dos componentes dos equipamentos em decorrecircncia de seu uso que ao penetrar na
superfiacutecie promove a remoccedilatildeo de material As tensotildees impostas sobre as partiacuteculas
abrasivas satildeo inferiores agrave tensatildeo necessaacuteria para a fragmentaccedilatildeo destas principalmente
tratando-se de aacutereas de domiacutenio do embasamento cristalino ou com predominacircncia de
rochas iacutegneas eou metamoacuterficas que no Nordeste apresentam pouco desenvolvimento do
solo
Tais condiccedilotildees imprimem nas ferramentas de penetraccedilatildeo esforccedilos mais abrasivos
em decorrecircncia de essas rochas se apresentarem pouco alteradas e com elevado grau de
resistecircncia em relaccedilatildeo a outros tipos de solo encontrados em outros ambientes geoloacutegicos
Tal como a abrasatildeo agrave baixa pressatildeo que ocorre na superfiacutecie dos componentes de
equipamentos que direta ou indiretamente manuseiam terras areias cascalhos piccedilarras
rochas ou mineacuterios tais como maacutequinas agriacutecolas equipamentos de escavaccedilatildeo e transporte
Revisatildeo Bibliograacutefica 27
Gustavo Portela de Deus
utilizados na induacutestria da construccedilatildeo civil principalmente das atividades ligadas agrave
construccedilatildeo recuperaccedilatildeo e pavimentaccedilatildeo de estradas e dos setores de mineraccedilatildeo
sideruacutergicas etc Com a finalidade de prevenir a ocorrecircncia destes tipos de desgastes
empregam-se normalmente ferros fundidos com alto teor de carbono (martensiacuteticos ou
austeniacuteticos) agraves vezes contendo outros elementos de liga aleacutem de ligas de cobalto ndash
tungstecircnio ndash carbono
2431 - Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo
Normalmente eacute sabido que partiacuteculas de grande tamanho provocam desgaste por
abrasatildeo acompanhado de impacto isto leva a ter-se um desgaste acentuado que na
verdade foi muito mais por impacto que por abrasatildeo
Partiacuteculas meacutedias dependendo da dureza e do formato satildeo menos agressivas
poreacutem partiacuteculas finas satildeo mais abrasivas ocasionando abrasatildeo muito incidente Como
exemplo pode-se citar o cimento talco xistos e outros que satildeo compostos de partiacuteculas
finas e altamente abrasivas Eacute claro que a dureza destas partiacuteculas tambeacutem eacute significativa
A forma dos materiais abrasivos varia desde arredondados ateacute acircngulos vivos
Os minerais mais duros possuem formaccedilotildees agudas enquanto que em
contraposiccedilatildeo os mais duacutecteis apresentam formaccedilotildees arredondadas Quanto mais agudas
forem as arestas maior seraacute a accedilatildeo abrasiva No caso de impactos ou pressotildees fortes as
formas agudas podem penetrar no metal provocando um desgaste por ldquogoivagemrdquo ou
fratura da peccedila A dureza de uma liga metaacutelica eacute de grande importacircncia na resistecircncia
oposta a uma accedilatildeo abrasiva As maiores durezas correspondem a resistecircncias maiores
Os abrasivos menos duros teratildeo accedilatildeo menos violenta Com referecircncia agraves ligas
metaacutelicas satildeo encontradas com facilidade tabelas de dureza das vaacuterias alternativas e
Revisatildeo Bibliograacutefica 28
Gustavo Portela de Deus
tambeacutem as diversas escalas de durezas com referecircncia aos abrasivos quando eacute possiacutevel
conjugar proteccedilotildees atraveacutes de adiccedilotildees de peliacuteculas metaacutelicas com finalidade de melhor
proteger a peccedila em accedilatildeo de trabalho
Quando eacute possiacutevel unir uma maior dureza com uma granulaccedilatildeo adequada seratildeo
atingidos os mais elevados iacutendices de resistecircncia agrave abrasatildeo Para proteger as peccedilas dos
equipamentos contra a abrasatildeo eacute importante preparar a superfiacutecie do metal procurando
deixaacute-la a mais lisa possiacutevel sem protuberacircncias ou rugosidades pois a abrasatildeo eacute iniciada
preferencialmente nestas regiotildees Ligas constituiacutedas de alto teor de carbeto de tungstecircnio e
de cromo aleacutem da elevada dureza apresentam depoacutesitos lisos e brilhantes compatiacuteveis
com estas caracteriacutesticas mencionadas Eacute natural que quanto maior a velocidade e a
frequumlecircncia do contato da partiacutecula com o metal maior seraacute a accedilatildeo abrasiva e
consequumlentemente o desgaste das peccedilas Os tamanhos dos gratildeos tambeacutem satildeo importantes
pois quanto menor forem mais a superfiacutecie seraacute desgastada (BATISTANASCIMENTO
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Baseado nas consideraccedilotildees acima os principais fatores que afetam o desgaste por
abrasatildeo satildeo as caracteriacutesticas dos abrasivos associados aos fatores externos que atuam
sobre a superfiacutecie do componente Assim podem-se listar os seguintes fatores
a) Tamanho da partiacutecula (grossa fina ou meacutedia)
b) Formato da partiacutecula (angulares ou redondas)
c) Dureza da partiacutecula
d) Dureza do metal base
e) Acabamento do metal base
f) Velocidade e frequumlecircncia do contato entre a partiacutecula abrasiva e o metal base
g) Tamanho de gratildeo da estrutura do metal base
Revisatildeo Bibliograacutefica 29
Gustavo Portela de Deus
h) Acircngulo de incidecircncia da partiacutecula do metal base
i) Stress do metal constituinte das peccedilas de equipamentos pelo uso
2432 - Consideraccedilotildees sobre os Abrasivos
As rochas satildeo constituiacutedas por um agregado de minerais cujos constituintes mais
comuns satildeo os minerais de quartzo feldspato mica e outros ricos em silicatos de alumiacutenio
e magneacutesio muitos dos quais de elevada dureza Ex granitos areia basalto folhelhos
xistos filitos gnaises etc
Os carbonatos satildeo os principais constituintes dos calcaacuterios e margas e
normalmente compotildeem parte dos pacotes sedimentares das formaccedilotildees geoloacutegicas das
bacias sedimentares e satildeo considerados produtos macios Entretanto comumente estes
pacotes encontram-se alternados com outros de arenitos siltitos e folhelhos
Os mineacuterios satildeo compostos de oacutexidos carbonetos e sulfetos Os oacutexidos satildeo
geralmente duros (bauxita hematita) enquanto que os sulfetos satildeo geralmente macios
(galena ou sulfetos de chumbo) As rochas combustiacuteveis (hulha turfa) e os fosfatos contecircm
proporccedilotildees mais ou menos elevadas de siacutelica e alumina
Para amenizar os gastos com o desgaste abrasivo partiu-se para o desenvolvimento
de materiais com maiores resistecircncias ao desgaste Assim vaacuterias pesquisas nesta aacuterea
triboloacutegica comeccedilaram a ser desenvolvidas em cima dos diversos tipos de materiais
existentes (FUSSEacute et al)
2433 Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ser classificado como de dois ou trecircs corpos Na abrasatildeo
de dois corpos as partiacuteculas abrasivas satildeo movidas livremente sobre a superfiacutecie do
Revisatildeo Bibliograacutefica 30
Gustavo Portela de Deus
material como areia em uma calha No desgaste abrasivo de trecircs corpos as partiacuteculas
abrasivas agem como elementos de interface entre o corpo soacutelido e o contra-corpo O
desgaste quando envolve trecircs corpos eacute cerca de duas a trecircs vezes menor do que quando
envolve dois corpos Pois no caso de trecircs corpos devido agrave variaccedilatildeo no acircngulo de ataque
apenas uma pequena porccedilatildeo das partiacuteculas causa desgaste (GAHR 1987)
De acordo com Briscoe amp Adams (1987) o crucial para todos os mecanismos de
desgaste abrasivo ou outros eacute conhecer o caminho ou seja a direccedilatildeo na qual o material se
deforma sob a aspereza penetrante ou a partiacutecula dura que entra em contato com o material
Com o intuito de predizer se uma deformaccedilatildeo eacute elaacutestica ou plaacutestica Fusse et al
apud Halliday (1995) apud Briscoe amp Adams (1995) mostrou que o maacuteximo acircngulo de
uma aspereza a qual se torna plaacutestica eacute dado por
tan θlim = K(HE)(1-ν2)
Onde
ldquoHrdquo eacute o entalherecorte da dureza
ldquoErdquo eacute o moacutedulo de Young
ldquoνrdquo eacute o coeficiente de Poisson
K=08 para a plasticidade parcial ou 2 para a plasticidade cheiainteira
Revisatildeo Bibliograacutefica 31
Gustavo Portela de Deus
24331 Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ocorrer em baixo ou alto niacutevel dependendo da razatildeo
entre a dureza da partiacutecula e da superfiacutecie O desgaste abrasivo estaacute relacionado a alguns
mecanismos dentre eles os principais satildeo
Microcorte ndash Deformaccedilatildeo plaacutestica sem perda de mateacuteria gerando um sulco
com consequumlente formaccedilatildeo de acuacutemulos frontais e laterais da mateacuteria
movimentada
Microssulcamento ndash Formaccedilatildeo de micro-cavacos sem deformaccedilatildeo plaacutestica
lateral
Microlascamento ndash Formaccedilatildeo de detritos devido agrave formaccedilatildeo e interaccedilatildeo de
fissuras Este tipo de mecanismo acontece quando as tensotildees impostas
superam as tensotildees criacuteticas para a formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas sendo
restrita aos materiais fraacutegeis
Satildeo diversas as nomenclaturas utilizadas para estes mecanismos de desgaste na literatura
podem ser encontradas denominaccedilotildees tais como microusinagem riscagem descamaccedilatildeo
microtrincamento microfadiga que satildeo tentativas de aproximar melhor o significado dos
mecanismos que estatildeo sendo observados nos experimentos (GAHR 1987)
Microssulcamento e microcorte satildeo mecanismos dominantes em materiais mais
duacutecteis A ocorrecircncia de um deles vai depender do acircngulo de ataque das partiacuteculas
abrasivas O microcorte ocorre a partir de um acircngulo de ataque criacutetico Este acircngulo de
ataque criacutetico eacute funccedilatildeo do material que estaacute sendo desgastado e das condiccedilotildees de teste A
transiccedilatildeo do mecanismo de microssulcamento para microcorte depende tambeacutem do
coeficiente de atrito Normalmente o mecanismo passa do microssulcamento para
Revisatildeo Bibliograacutefica 32
Gustavo Portela de Deus
microcorte com o aumento da dureza do material que estaacute sendo desgastado Aumentos
ainda maiores de dureza resultam na passagem de microcorte para microtrincamento
(GAHR 1987)
O microtrincamento pode ocorrer quando satildeo impostas grandes tensotildees sobre as
partiacuteculas abrasivas particularmente em superfiacutecies de materiais fraacutegeis Neste caso
grande quantidade de detrito eacute retirada da superfiacutecie devido agrave formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de
trinca
Partiacuteculas de menor ou igual dureza que a superfiacutecie tambeacutem podem desgastaacute-la O
ataque das partiacuteculas macias pode resultar em deformaccedilatildeo elaacutestica e plaacutestica fadiga de
superfiacutecie e a superfiacutecie ficar severamente danificada (GAHR 1987)
25 - Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste
Abrasivo
Segundo Mondal et al (1998) a taxa de desgaste abrasivo e os mecanismos de
desgaste podem ser influenciados por vaacuterios fatores como o tamanho do gratildeo abrasivo a
carga aplicada a dureza dos materiais utilizados e a tenacidade da fratura
Ainda de acordo com Souza (2002) uma grande variedade de paracircmetros influencia
os mecanismos de desgaste no geral sendo que os principais satildeo
Paracircmetros de Material
Composiccedilatildeo
Tamanho do gratildeo
Moacutedulo de elasticidade
Condutividade teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 33
Gustavo Portela de Deus
Dureza etc
Paracircmetros de Projetos
Forma
Carregamento
Tipo de movimento
Aspereza
Vibraccedilatildeo
Nuacutemero de ciclos etc
Paracircmetros de Meio Ambiente
Temperatura
Contaminaccedilatildeo
Umidade
Atmosfera etc
Paracircmetros de Lubrificaccedilatildeo
Tipo de lubrificante
Estabilidade de lubrificante
Tipo de fluido
Lubrificaccedilatildeo etc
Presenccedila ou Ausecircncia de Desgaste Interno
Segundo Catai et al de acordo com pesquisadores relatados nos trabalhos de
Mondal et al (1998) embora se diga que a taxa de desgaste depende do tamanho do gratildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 34
Gustavo Portela de Deus
abrasivo existe um valor criacutetico de tamanho de gratildeo abrasivo acima do qual a taxa de
desgaste se torna independente do tamanho do gratildeo Tambeacutem se ressalta que as diferenccedilas
nas durezas entre os dois corpos atritantes influenciam diretamente este tamanho criacutetico do
gratildeo abrasivo
251 - Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo
De acordo com Deuis (1996) o tamanho do gratildeo abrasivo tem uma influecircncia
direta nos mecanismos associados ao desgaste que pode ser caracterizado pela relaccedilatildeo wr
onde ldquowrdquo eacute a espessura da ranhura e ldquorrdquo o raio esfeacuterico do topo da partiacutecula (gratildeo)
Dependendo desta relaccedilatildeo a partiacutecula de gratildeo abrasivo iraacute deformar plasticamente ou
cortar a superfiacutecie Como as partiacuteculas desgastadas tornam-se cegas ou o tamanho da
partiacutecula diminui o mecanismo de desgaste exibe uma transiccedilatildeo do corte para o desgaste
de laminaccedilatildeo
Para ambos os tipos de desgaste abrasivo (dois ou trecircs corpos) um tamanho criacutetico
da partiacutecula abrasiva pode ser observado O desgaste volumeacutetrico aumenta com o aumento
do tamanho do gratildeo abrasivo para esta dimensatildeo criacutetica Nesta dimensatildeo criacutetica tem-se a
maacutexima accedilatildeo abrasiva em termos do tamanho do desgaste produzido
Sobre este valor criacutetico a taxa de desgaste eacute amplamente independente do tamanho
do gratildeo abrasivo A forte diferenccedila entre a dureza das partiacuteculas abrasivas e do material a
ser desgastado influencia esta dimensatildeo criacutetica do gratildeo (DEUIS et al 1996)
Para Deuis et al (1996) a extensatildeo da regiatildeo tensionada plasticamente abaixo da
superfiacutecie depende do tamanho do gratildeo abrasivo e da carga aplicada A profundidade
global da deformaccedilatildeo plaacutestica foi relatada linearmente para a aplicaccedilatildeo de carga e
dimensotildees de gratildeos
Revisatildeo Bibliograacutefica 35
Gustavo Portela de Deus
Salienta-se que no desgaste abrasivo de trecircs corpos a taxa de desgaste eacute menor que
no desgaste abrasivo de dois corpos Ainda segundo o tamanho do gratildeo Al Rubaie et al
(1999) afirmam que a eficiecircncia na remoccedilatildeo do material depende da carga de contato
elaacutestico a qual varia com o tamanho do gratildeo sendo que no caso dos materiais contendo
partiacuteculas reforccediladas a taxa de desgaste eacute influenciada pelo tamanho das partiacuteculas de
reforccedilo A Figura 28 demonstra o quanto o tamanho do gratildeo abrasivo eacute representativo no
desgaste
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste
252 - Carga Aplicada
A carga a ser aplicada sobre os corpos em atrito durante o processo de desgaste
abrasivo tambeacutem eacute um dos fatores que influenciam fortemente as taxas de desgaste no
material
Mondal et al (1998) propotildeem uma foacutermula para quantificar a importacircncia da carga
aplicada no corpo de prova em relaccedilatildeo ao tamanho do gratildeo abrasivo em um desgaste
abrasivo de dois corpos Suas foacutermulas permitem obter as taxas de desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 36
Gustavo Portela de Deus
teoacuterico nos processos de abrasatildeo Foram desenvolvidas foacutermulas por meio de regressotildees
lineares tanto para ligas como para materiais compostos
Segundo este mesmo autor o efeito da carga na taxa de desgaste obtida tanto para
os materiais compostos como para as ligas eacute bem mais severo que o efeito do tamanho dos
gratildeos abrasivos Sendo que em relaccedilatildeo aos materiais por estes testados (ligas e
compoacutesitos) o efeito da carga e do tamanho do abrasivo na taxa de desgaste eacute
relativamente maior no caso dos materiais compostos que nas ligas Poreacutem existem
algumas combinaccedilotildees de tamanhos de gratildeos com quantidade de cargas aplicadas que
podem fazer com que a taxa de desgaste abrasivo seja maior nas ligas que nos materiais
compostos
Ainda de acordo com Mondal et al (1998) a variaccedilatildeo da carga aplicada tem muito
mais influecircncia na taxa de desgaste do material que a variaccedilatildeo do tamanho do gratildeo do
abrasivo do disco A taxa de desgaste na liga eacute muito maior que a taxa de desgaste obtida
para os compostos pois os mesmos possuem maior dureza devido ao oacutexido de alumiacutenio
que foi adicionado na matriz inicial que era uma liga de alumiacutenio
Gant amp Gee (2001) tambeacutem realizaram estudos sobre a influecircncia da variaccedilatildeo da
carga aplicada sobre o corpo-de-prova num desgaste abrasivo de 3 corpos para corpos-de-
prova de ligas Cobalto-Carbeto de Tungstecircnio de elevada dureza e accedilos ultra-raacutepidos
Analisando-se comparativamente os resultados estes concluiacuteram que quanto maior era a
carga aplicada no processo ou seja a carga que foi aplicada forccedilando o corpo-de-prova
contra o disco maiores foram os desgastes volumeacutetricos dos corpos-de-prova Desta
forma ficou evidente que quanto maior for a carga aplicada no processo maiores seratildeo os
desgastes obtidos tanto para as peccedilas (corpos-de-prova) como para as ferramentas (discos
revestidos com carbeto de siliacutecio)
Revisatildeo Bibliograacutefica 37
Gustavo Portela de Deus
Em relaccedilatildeo ao efeito da variaccedilatildeo da carga eou do tamanho do gratildeo abrasivo eacute
importante destacar ainda que um aumento geral na taxa de desgaste eacute observado com o
aumento da carga para um tamanho particular de gratildeo isto eacute devido ao aumento geral da
remoccedilatildeo de material com a carga Quando a carga aplicada eacute menor gratildeos mais grosseiros
entram em contato diretamente com o corpo-de-prova resultando em elevados desgastes
Para gratildeos mais finos sob baixas cargas haacute somente um riscamento pois os menores
gratildeos abrasivos estatildeo em contato elaacutestico com a superfiacutecie de teste e entatildeo suportam a
carga aplicada sem contribuir para a remoccedilatildeo de material (DEGUPTA et al 2001)
Numa anaacutelise geral tem-se que abrasivos com menores gratildeos abrasivos resultam em
elevadas abrasotildees e maiores gratildeos abrasivos resultam em maiores microcortes No
ldquomicrocuttingrdquo maiores quantidades de materiais satildeo perdidas Em altas distacircncias
percorridas a taxa de desgaste aumenta devido ao aparecimento de microfraturas
(DEGUPTA et al 2001)
Figura 27 - Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 38
Gustavo Portela de Deus
253 - Influecircncia da Dureza
Deuis et al (1996) enfatizaram o papel das partiacuteculas da segunda fase provendo
aacutereas localizadas com altas tensotildees de concentraccedilatildeo que influenciaram o fluxo de tensatildeo e
a taxa de desgaste A maior resistecircncia ao desgaste foi obtida em microestruturas finas
com partiacuteculas semi-coerentes dispersas A influecircncia dos carbetos na resistecircncia ao
desgaste depende de sua dureza em relaccedilatildeo agrave dureza da matriz Para materiais
caracterizados de carbetos dispersos em uma matriz macia uma diminuiccedilatildeo no caminho
livre meacutedio pela reduccedilatildeo do tamanho do carbeto resulta em melhores resistecircncias ao
desgaste Uma reduccedilatildeo no tamanho do gratildeo aumenta a dureza e tambeacutem conduz ao
aumento da resistecircncia ao desgaste
Hutchings (1992) descobriu que a dureza do gratildeo abrasivo era 1 2 vez maior que a
da superfiacutecie desgastada Entatildeo o abrasivo meacutedio riscaria a superfiacutecie Deuis et al (1996)
tambeacutem comentaram que a dureza do material determina a profundidade da indentaccedilatildeo das
partiacuteculas abrasivas influenciando na profundidade relativa penetrada onde se esta for
maior que a profundidade de indentaccedilatildeo criacutetica para fratura a taxa de desgaste eacute alta A
Figura 210 mostra o quanto agrave dureza do material abrasivo eacute significativo na anaacutelise do
desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 39
Gustavo Portela de Deus
Figura 28 - Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste
Ainda em relaccedilatildeo agrave influecircncia da dureza no desgaste abrasivo Hawk et al (1999)
fizeram experimentos que comprovaram que haacute uma correlaccedilatildeo direta entre a dureza dos
materiais e o desgaste abrasivo Em suas pesquisas este provou claramente a influecircncia da
dureza do material na perda volumeacutetrica do corpo de prova mostrando que quanto maior a
dureza do material utilizado menor o desgaste abrasivo do corpo de prova em atrito
254 - Influecircncia da Temperatura
Segundo Wu et al (1997) outro fator que afeta diretamente o processo de desgaste
abrasivo de 2 ou 3 corpos eacute a temperatura De acordo com Catai et al por meio da anaacutelise
dos resultados Wu et al verificaram que o desgaste abrasivo ou seja o volume desgastado
do pino eacute maior quando o mesmo acontece na presenccedila de maiores temperaturas pois a
de Siliacutecio
Revisatildeo Bibliograacutefica 40
Gustavo Portela de Deus
elevaccedilatildeo da temperatura facilita o desencadear do mesmo atraveacutes por exemplo da
reduccedilatildeo da dureza dos materiais envolvidos Ressalta-se que nestes ensaios o tempo de
ensaio era sempre constante A Figura 211 mostra o quando o efeito da temperatura incide
sobre o processo de desgaste abrasivo
Figura 29 - Efeito da temperatura no desgaste abrasivo
26 - Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste
Moacutedulo de elasticidade ndash a resistecircncia ao desgaste de metais puros aumenta
diretamente com o moacutedulo de elasticidade Para os accedilos perliacuteticos martensiacuteticos ou
revenidos essa relaccedilatildeo natildeo eacute vaacutelida porque o tratamento teacutermico natildeo afeta o
moacutedulo de elasticidade
Dureza ndash o desgaste de metais puros eacute diretamente proporcional agrave sua
dureza Nas ligas a proporcionalidade eacute vaacutelida ateacute determinado valor da dureza do
Revisatildeo Bibliograacutefica 41
Gustavo Portela de Deus
material a partir do qual a resistecircncia ao desgaste cresce com menor intensidade
podendo ateacute mesmo vir a diminuir apoacutes certo valor
Dureza superficial ndash na superfiacutecie desgastada existe um grau de
encruamento e consequentemente um aumento da dureza no local A resistecircncia agrave
abrasatildeo pode ser considerada como proporcional a essa dureza chamada de dureza
maacutexima
Propriedades de escoamento ndash anaacutelises de tensatildeodeformaccedilatildeo mostraram
que para metais puros tambeacutem vale a relaccedilatildeo
= A ع
Onde
= tensatildeo de escoamento
A = constante
deformaccedilatildeo verdadeira = ع
= coeficiente de encruamento
Estudos mostram que a resistecircncia agrave abrasatildeo eacute proporcional agrave dureza e varia
exponencialmente com a tenacidade De acordo com Batista e Nascimento
(wwwspectrucombr) como o desgaste eacute um fenocircmeno essencialmente superficial
envolvendo a remoccedilatildeo mecacircnica indesejaacutevel de material de superfiacutecies
ldquoAs soluccedilotildees encontradas atraveacutes de solda de
revestimento aspersatildeo teacutermica tipo Hight Velocity Oxi Fuel -
HVOF nitretaccedilatildeo e de outras teacutecnicas originalmente utilizadas
Revisatildeo Bibliograacutefica 42
Gustavo Portela de Deus
tecircm se mostrado altamente valiosas tanto para prevenir como
para minimizar e reparar as diferentes estruturas danificadas
pelos mais diversos tipos de desgaste Em inuacutemeras situaccedilotildees
peccedilas e componentes podem ser fabricados com materiais
convencionais dentro das especificaccedilotildees normais do projeto
Posteriormente pode-se aplicar sobre a superfiacutecie camadas ou
cordotildees de solda com consumiacuteveis adequados deposiccedilatildeo de ligas
metaacutelicas de composiccedilatildeo e constituiccedilatildeo ideal ao favorecimento de
superfiacutecies endurecidas e resistentes a este desgaste A resistecircncia
ao desgaste eacute considerada como parte de um sistema triboloacutegico
sendo muitos os paracircmetros que acabam por influir na taxa de
desgaste incluindo as caracteriacutesticas de projetos condiccedilotildees de
operaccedilatildeo tipo de abrasivo e propriedades do material Nas
propriedades dos materiais as caracteriacutesticas microestruturais
tecircm particular importacircncia tanto nas propriedades mecacircnicas
quanto nas taxas de desgaste Disponibilizado no site
wwwspectrucombr consultado em 23 de abril de 2007rdquo
BATISTA e NASCIMENTO apud Murray (wwwspectrucombr) destacou o
seguinte sobre desgaste abrasivo
ldquoA resistecircncia ao desgaste de accedilos tratados termicamente
para vaacuterios niacuteveis de dureza e tambeacutem de alguns metais puros
Para metais puros a resistecircncia ao desgaste aumenta linearmente
com a dureza Nos materiais ferrosos esta relaccedilatildeo (resistecircncia ao
Revisatildeo Bibliograacutefica 43
Gustavo Portela de Deus
desgaste versus dureza) natildeo eacute simples O aumento no teor de
carbono faz a resistecircncia ao desgaste aumentar Para os accedilos com
a mesma porcentagem de carbono a resistecircncia ao desgaste de
accedilo ligado eacute maior que de um accedilo sem liga mas este aumento eacute
pequeno quando comparado com outro em que aumentou a
porcentagem de carbono A resistecircncia ao desgaste geralmente
aumenta conforme a microestrutura eacute mudada de ferrita para
perlita desta para bainita e finalmente para martensita isto
desde que seja acompanhada de aumento de dureza Entretanto
para um mesmo valor de dureza a estrutura bainiacutetica tem maior
resistecircncia ao desgaste que a martensiacutetica A microestrutura tem
maior influecircncia no desgaste que a dureza da matriz Tem sido
mostrado que a presenccedila de austenita retida tem melhorado a
resistecircncia ao desgaste da martensita revenida A austenita
fornece uma melhor ancoragem aos carbetos ocasionando um
baixo arrancamento do carbeto da matriz austeniacutetica Os carbetos
parecem ser particularmente importantes na resistecircncia agrave
abrasatildeo principalmente em materiais como os accedilos e ferros
fundidos brancos ligados ao cromo A influecircncia desses estaacute
relacionada com sua dureza tamanho e distribuiccedilatildeo Carbetos
duros e finamente dispersos aumentam a resistecircncia ao desgaste
enquanto que os grosseiros diminuem Estruturas deformadas por
trabalho a frio natildeo alteram a resistecircncia ao desgaste enquanto
que o aumento da dureza pelo refinamento dos gratildeos agiria
favoravelmente Existem ainda muitos outros fatores que
Revisatildeo Bibliograacutefica 44
Gustavo Portela de Deus
influenciam a taxa de desgaste como o tamanho da partiacutecula
abrasiva e o coeficiente de atrito Estes trabalhos tecircm
demonstrado que o estudo dos fenocircmenos de desgaste eacute bastante
complexo Na especificaccedilatildeo e normalizaccedilatildeo de ligas para resistir
ao desgaste as maiores dificuldades residem na inexistecircncia de
ensaios padronizados para discriminar os niacuteveis de aceitaccedilatildeo ou
rejeiccedilatildeo conforme as aplicaccedilotildees particulares Estas dificuldades
estatildeo associadas principalmente agrave natureza complexa do
fenocircmeno do desgaste Este aleacutem de envolver a deformaccedilatildeo e
corte superficial por partiacuteculas abrasivas ou o atrito entre
superfiacutecies metaacutelicas muitas vezes ocorre devido a vaacuterios
mecanismos concomitantes de desgaste da superfiacutecie os quais
tambeacutem podem estar associados a outros fenocircmenos de
degradaccedilatildeo tais como impacto corrosatildeo fluecircncia ou fadigardquo
27 - Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr) o teor de carbono
aumenta a resistecircncia ao desgaste dos accedilos perliacuteticos com o aumento do endurecimento Os
carbetos aumentam a resistecircncia ao desgaste com o aumento na quantidade distribuiccedilatildeo
uniforme e forma adequada Natildeo satildeo adequados poreacutem quando existe o choque associado
ao desgaste por abrasatildeo
A martensita natildeo-revenida ou revenida abaixo de 230degC eacute a fase que melhor resiste
ao desgaste na temperatura ambiente Se o revenido for acima de 350degC a perlita apresenta
Revisatildeo Bibliograacutefica 45
Gustavo Portela de Deus
um resultado melhor para a mesma dureza (50 HB) A fase bainiacutetica da mesma dureza e
composiccedilatildeo quiacutemica resiste melhor ao desgaste que uma estrutura martensiacutetica nas nesmas
condiccedilotildees
A perlita aumenta a resistecircncia agrave abrasatildeo com o aumento das colocircnias de perlita e
com a fraccedilatildeo volumeacutetrica de cementita Para a mesma dureza a perlita lamelar resiste
melhor que a esferoidizada A resistecircncia ao desgaste da ferrita aumenta com o aumento
dos carbetos dispersos na matriz Um accedilo austeniacutetico com a mesma fraccedilatildeo de carbetos que
um ferriacutetico resiste melhor ao desgaste
28 - Revestimentos Superficiais
De acordo com Lima et al (2001) uma das mais eficientes e econocircmicas formas
de se adequar peccedilas e componentes de equipamentos industriais a uma aplicaccedilatildeo
especiacutefica tem sido haacute longo tempo a aplicaccedilatildeo de revestimentos Estes vecircm ganhando
evidecircncia ano apoacutes ano em aplicaccedilotildees contra desgaste corrosotildees dentre outras formas
de consumo de massa
Ainda de acordo com Lima et al (2001) apud Tucker et al o uso de
revestimentos duros para melhorar a resistecircncia ao desgaste de componentes mecacircnicos
tecircm sido comum haacute vaacuterias deacutecadas com variadas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo que incluem
soldagem cladding eletrodeposiccedilatildeo PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica de vapor) CVD (deposiccedilatildeo
quiacutemica de vapor) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem se desenvolvido nos
uacuteltimos tempos apresentando-se como alternativa viaacutevel em relaccedilatildeo aos demais
processos comumente utilizados
Revisatildeo Bibliograacutefica 46
Gustavo Portela de Deus
281 - Aspersatildeo Teacutermica
A aspersatildeo teacutermica consiste de um grupo de processos nos quais partiacuteculas
finamente divididas de materiais para revestimentos metaacutelicos ou natildeo- metaacutelicos satildeo
depositadas sobre um substrato devidamente preparado na condiccedilatildeo fundida ou semindash
fundida para formar uma camada superficial como mostra a Figura 212
O calor necessaacuterio para a operaccedilatildeo eacute gerado na tocha de aspersatildeo e pode vir da
queima de um gaacutes combustiacutevel ou da geraccedilatildeo de um arco eleacutetrico As partiacuteculas aquecidas
satildeo aceleradas por um gaacutes comprimido confinadas num feixe e dirigidas ao substrato Ao
se chocarem as partiacuteculas se achatam e formam finas lentes que se conformam e aderem
agraves irregularidades superficiais e entre si Com a continuidade do processo as partiacuteculas se
resfriam formando um revestimento com estrutura lamelar (MARQUES
wwwinfosoldacombr)
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato
As variaccedilotildees baacutesicas nos processos de aspersatildeo teacutermica se referem ao material a ser
aplicado ao meacutetodo de aquecimento e ao meacutetodo de aceleraccedilatildeo das partiacuteculas em direccedilatildeo
ao substrato Os materiais podem ser fornecidos na forma de vareta arame cordatildeo (tubo
Revisatildeo Bibliograacutefica 47
Gustavo Portela de Deus
de plaacutestico contiacutenuo) e poacute Metais oacutexidos compostos intermetaacutelicos cermets plaacutesticos
orgacircnicos e alguns vidros podem ser depositados por uma ou mais variaccedilotildees de processos
(MARQUES wwwinfosoldacombr)
Os processos de aspersatildeo teacutermica podem ser classificados em dois grupos
baacutesicos dependendo da fonte de calor usada como mostrado na Tabela 21
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica
Combustatildeo Eleacutetrico
Chama Plasma
Detonaccedilatildeo Arco
O sucesso no uso de revestimentos aspergidos termicamente depende basicamente
de sua aplicaccedilatildeo cuidadosa segundo procedimentos bem estabelecidos Qualquer desvio
destes procedimentos leva em geral a resultados natildeo confiaacuteveis Os revestimentos
termicamente aspergidos apresentam trecircs aspectos baacutesicos o substrato a adesatildeo do
revestimento e a estrutura deste (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Os substratos sobre os quais os revestimentos termicamente aspergidos podem ser
aplicados incluem metais oacutexidos ceracircmicos vidros a maioria dos plaacutesticos e madeira
sendo que algumas teacutecnicas especiais podem ser necessaacuterias Nem todos os materiais para
aspersatildeo podem ser aplicados a qualquer tipo de substrato Uma preparaccedilatildeo adequada deste
eacute necessaacuteria antes da aspersatildeo propriamente dita independente do processo a ser usado
Essa preparaccedilatildeo eacute essencialmente a mesma para cada processo a ser usado e consiste de
duas etapas baacutesicas limpeza da superfiacutecie para eliminar contaminantes e obtenccedilatildeo de
rugosidades para aumentar a aacuterea superficial efetiva e melhorar a adesatildeo (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
Revisatildeo Bibliograacutefica 48
Gustavo Portela de Deus
A ligaccedilatildeo ou adesatildeo entre revestimento e substrato pode ser mecacircnica quiacutemica eou
metaluacutergica e eacute influenciada por diversos fatores tais como material do revestimento
condiccedilatildeo do substrato rugosidade limpeza e temperatura da superfiacutecie a ser revestida
antes e durante o processo e velocidade de impacto das partiacuteculas (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
A estrutura e a quiacutemica do depoacutesito aspergido em ar eacute diferente do material no
estado original Estas diferenccedilas satildeo devidas agrave natureza progressiva do revestimento agrave
reaccedilatildeo com gases durante o processo e a atmosfera em contato com o material enquanto
liacutequido Por exemplo quando ar ou oxigecircnio satildeo usados oacutexidos podem ser formados e se
incorporarem ao revestimento Revestimentos metaacutelicos tendem a ser porosos e fraacutegeis
com uma dureza diferente do material original A estrutura de revestimentos na condiccedilatildeo
como aspergidos eacute similar quanto agrave natureza lamelar mas pode exibir diferentes
caracteriacutesticas em funccedilatildeo do processo dos paracircmetros da teacutecnica e do material usado
como mostra a Figura 213 A densidade do depoacutesito varia com a temperatura da fonte de
calor usada e com a velocidade das partiacuteculas no impacto como mostra a Tabela 22 e a
Figura 214 (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 211 - Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido
Revisatildeo Bibliograacutefica 49
Gustavo Portela de Deus
A aplicaccedilatildeo final determina as propriedades necessaacuterias para o revestimento e o
tipo de combustiacutevel e equipamentos necessaacuterios Revestimentos termicamente aspergidos
tecircm sido usados intensamente na fabricaccedilatildeo de componentes nas induacutestrias automotiva de
petroacuteleo eleacutetrica eletrocircnica geraccedilatildeo de energia e particularmente na aeroespacial Em
manutenccedilatildeo milhotildees de doacutelares tecircm sido economizados com o uso da aspersatildeo teacutermica
Tal teacutecnica tem sido usada tanto em oficina como no campo no revestimento de estruturas
e partes de equipamentos com economia de tempo e de recursos (MARQUES
wwwinfosoldacobr )
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor
Fonte Temperatura degC
Propano + oxigecircnio 2640
Gaacutes natural + oxigecircnio 2735
Hidrogecircnio + oxigecircnio 2690
Acetileno + oxigecircnio 3100
Arco eleacutetrico 2200 ndash 8300
Figura 212 Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas
Revisatildeo Bibliograacutefica 50
Gustavo Portela de Deus
2811 - Processos
28111 - Processos por Combustatildeo
Este grupo de processos utiliza o calor gerado pela queima de um gaacutes combustiacutevel
Qualquer substacircncia que se funda e natildeo sublime a temperaturas inferiores a 2760ordmC pode
ser aspergida por este processo como mostram as Figuras 215 e 216 Os materiais
aplicados podem ser metais e ligas na forma de arame cordatildeo ou poacute e ceracircmicos na forma
de vareta cordatildeo ou poacute (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 213 - Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo
Figura 214 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 51
Gustavo Portela de Deus
281111 - Arames e Varetas
O equipamento usado para aplicaccedilatildeo de arames e varetas eacute similar como mostrado
na figura A seccedilatildeo transversal tiacutepica de uma tocha de aspersatildeo com estes processos eacute
mostrada na Figura 216
O material a ser aspergido eacute inserido por roletes alimentadores na parte posterior da
tocha Estes podem ser tracionados por um motor eleacutetrico ou pneumaacutetico ou por uma
turbina a ar O material eacute alimentado por meio de um bocal onde eacute fundido por uma chama
de gaacutes combustiacutevel concecircntrica a este
Os gases combustiacuteveis usados juntamente com o oxigecircnio foram mostrados na
Tabela 22 O acetileno eacute o mais largamente usado por sua maior temperatura de chama
Entretanto em certos casos temperaturas mais baixas satildeo usadas com vantagens
econocircmicas A chama eacute usada apenas para fundir o material Para se obter aspersatildeo um
jato de gaacutes em geral ar comprimido eacute usado para pulverizar o material e acelerar as
partiacuteculas em direccedilatildeo ao substrato Em aplicaccedilotildees especiais um gaacutes inerte pode ser usado
Os roletes de alimentaccedilatildeo devem ser escolhidos e apropriados agrave forma do material a ser
alimentado isto eacute se arame vareta ou cordatildeo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281112 - Poacute
Tochas para aspersatildeo agrave chama com poacute satildeo mais leves e mais compactas que tochas
para outros processos como mostra a Figura 217 Devido agraves menores temperaturas e
velocidades alcanccediladas pelas partiacuteculas os revestimentos obtidos tecircm em geral menor
resistecircncia adesiva ao substrato menor resistecircncia coesiva entre as lamelas e maior
porosidade quando comparados com os depositados por outros processos de aspersatildeo
teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 52
Gustavo Portela de Deus
O material a ser aspergido pode ser um metal puro uma liga metaacutelica um
compoacutesito um carboneto um ceracircmico um cermet ou combinaccedilatildeo destes O processo eacute
geralmente usado para aplicaccedilatildeo de ligas metaacutelicas autofluxadas que devem ser fundidas
apoacutes a aspersatildeo Estes materiais contecircm boro e siliacutecio que servem como agentes fluxantes e
minimizam a oxidaccedilatildeo Sua fusatildeo eou ligaccedilatildeo metaluacutergica a um substrato metaacutelico eacute(satildeo)
obtida(s) aquecendo-se o revestimento ateacute sua temperatura de fusatildeo que em geral eacute
inferior a 1040degC e pode ser feita com o uso de qualquer fonte de calor como uma chama
uma bobina de induccedilatildeo ou um forno Um arco eleacutetrico tambeacutem pode ser usado mas com
certo cuidado para evitar ou minimizar a fusatildeo do substrato
O poacute para aspersatildeo eacute armazenado num recipiente que pode ser parte integrante da
tocha ou ser acoplado a ela Uma pequena quantidade de gaacutes eacute desviada para arrastar o poacute
ateacute o jato da mistura oxigecircniocombustiacutevel em chama quando eacute fundido e acelerado em
relaccedilatildeo ao substrato Um corte transversal de uma tocha tiacutepica para aspersatildeo de poacute por
chama eacute mostrado na Figura 217
Variaccedilotildees do processo de aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama incluem gaacutes comprimido
para alimentaccedilatildeo do poacute na chama jatos adicionais de ar comprimido para acelerar as
partiacuteculas fundidas alimentador de poacute remoto com arraste do poacute para a tocha por um tubo
pressurizado com gaacutes inerte e dispositivos para aceleraccedilatildeo a alta velocidade agrave pressatildeo
atmosfeacuterica Esses refinamentos tendem a aumentar a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute e agraves
vezes a velocidade das partiacuteculas fundidas que aumentam a resistecircncia adesiva e a
densidade do revestimento aspergido
Revestimentos fundidos poacutes-aspersatildeo satildeo densos e relativamente isentos de
porosidade A composiccedilatildeo da liga pode levar a revestimentos com niacuteveis de dureza
Rockwell C superiores a 50 A espessura destes revestimentos eacute limitada agravequelas faixas
Revisatildeo Bibliograacutefica 53
Gustavo Portela de Deus
que podem ser aquecidas ateacute a temperatura de fusatildeo sem descamaccedilatildeo O uso de ligas
autofluxantes eacute limitado a aplicaccedilotildees em que os efeitos da fusatildeo e distorccedilatildeo podem ser
tolerados Revestimentos mais espessos de metais dissimilares podem ser aplicados em
passes muacuteltiplos A superfiacutecie que vai receber o segundo revestimento deve ser limpa de
todos os resiacuteduos de oacutexido apoacutes cada etapa de fusatildeo
Em todos os processos de aspersatildeo teacutermica a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute afeta a
estrutura e a eficiecircncia de deposiccedilatildeo do revestimento Se o material natildeo eacute aquecido
adequadamente a eficiecircncia de deposiccedilatildeo cai rapidamente e o revestimento conteraacute
partiacuteculas natildeo fundidas retidas Se a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute for muito baixa uma certa
quantidade de poacute pode se volatizar resultando em deterioraccedilatildeo do revestimento e elevaccedilatildeo
dos custos Os alimentadores de poacute satildeo compostos por um recipiente e um sistema de
mediccedilatildeo que regula a taxa de alimentaccedilatildeo de material no dispositivo transportador por gaacutes
(MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 215 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute a chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 54
Gustavo Portela de Deus
28112 - Detonaccedilatildeo
A tocha de detonaccedilatildeo eacute diferente de outros equipamentos de aspersatildeo por
combustatildeo Ela utiliza a energia de explosotildees de uma mistura oxigecircnio-acetileno em vez
de uma chama estacionaacuteria para impulsionar o poacute ateacute a superfiacutecie do substrato O depoacutesito
resultante eacute extremamente duro denso fortemente ligado ao substrato
Uma tocha de detonaccedilatildeo mostrada na Figura 218 consiste basicamente de um
tubo comprido no qual eacute introduzida uma mistura de gaacutes combustiacutevel oxigecircnio e poacute
Quando eacute feita a igniccedilatildeo da mistura uma onda de choque controlada aquece e acelera as
partiacuteculas de poacute cuja velocidade de saiacuteda eacute de 760 ms aproximadamente Apoacutes cada
injeccedilatildeo de mistura uma certa quantidade de nitrogecircnio eacute introduzida no tubo para purga
deste Ocorrem vaacuterias detonaccedilotildees por segundo gerando um ruiacutedo da ordem de 150 dB
sendo muitas vezes utilizadas instalaccedilotildees especiais com isolamento acuacutestico para estas
operaccedilotildees
Dentro do tubo temperaturas superiores a 3300degC satildeo atingidas enquanto a
temperatura do substrato deve ser mantida abaixo dos 150degC usando-se dispositivos de
resfriamento se for o caso
A espessura dos revestimentos geralmente situa-se entre 005 e 05mm A
operaccedilatildeo eacute normalmente mecanizada e agraves vezes remotamente controlada Excelente
acabamento pode ser obtido devido agrave baixa porosidade do revestimento (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
Revisatildeo Bibliograacutefica 55
Gustavo Portela de Deus
Figura 216 - Esquemaacutetica de Tocha de detonaccedilatildeo
28113 - Processos Eleacutetricos
281131 - Arco Eleacutetrico
No processo de aspersatildeo a arco eleacutetrico dois arames eletrodos consumiacuteveis satildeo
alimentados de forma a se encontrar em um ponto agrave frente de um jato de gaacutes que serve
para atomizaccedilatildeo Uma diferenccedila de potencial de 18 a 40V eacute estabelecida entre os arames
produzindo um arco eleacutetrico que funde a ponta destes O jato de gaacutes atomizante (em geral
ar comprimido) destaca o material fundido produzindo um jato de gotiacuteculas fundidas que eacute
dirigido ao substrato A Figura 219 mostra um desenho esquemaacutetico de uma tocha para
aspersatildeo a arco
O equipamento baacutesico para este processo consiste de uma fonte de corrente
contiacutenua do tipo tensatildeo constante alimentadores de arame do tipo velocidade constante
tocha de aspersatildeo e um sistema de fornecimento de gaacutes comprimido controlaacutevel Os
arames utilizados satildeo em geral de grande diacircmetro da ordem de 5mm Este processo
experimentou um avanccedilo recente com o desenvolvimento de arames tubulares de
enchimento metaacutelico
Revisatildeo Bibliograacutefica 56
Gustavo Portela de Deus
Figura 217 - Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico
A temperatura do arco eacute consideravelmente maior que o ponto de fusatildeo do material
aspergido de modo que algum superaquecimento e volatizaccedilatildeo podem ocorrer
particularmente na aplicaccedilatildeo de zinco e alumiacutenio A alta temperatura das partiacuteculas pode
produzir zonas de reaccedilatildeo quiacutemica ou difusatildeo ou ambas apoacutes o impacto com o substrato
Estas interaccedilotildees satildeo similares a pequenas soldas a ponto e conferem excelente resistecircncia
de adesatildeo e coesatildeo ao revestimento Este processo apresenta taxas de deposiccedilatildeo mais altas
que outros processos de aspersatildeo Os fatores que influenciam esta taxa satildeo a corrente e a
velocidade de alimentaccedilatildeo de arame que dependem do equipamento usado
O comprimento do arco e o tamanho das gotiacuteculas tendem a aumentar com a
elevaccedilatildeo da diferenccedila de potencial entre os arames Esta deve ser mantida em valores
miacutenimos compatiacuteveis com a estabilidade do arco para se obter revestimentos densos e de
melhor acabamento (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281132 - Arco Plasma natildeo Transferido
O desenvolvimento de turbinas e motores de foguetes tem exigido bom
desempenho de materiais de engenharia em condiccedilotildees cada vez mais severas Para
Revisatildeo Bibliograacutefica 57
Gustavo Portela de Deus
satisfazer estas exigecircncias oacutexidos e carbonetos tecircm sido considerados devendo ser
aplicados por processos de aspersatildeo teacutermica de alta temperatura O processo plasma tem
atendido esta necessidade e levou ao desenvolvimento de uma nova famiacutelia de materiais e
teacutecnicas de aplicaccedilatildeo para uma ampla faixa de aplicaccedilotildees industriais
Na aspersatildeo a plasma Figura 220 o material eacute aplicado a partir de um poacute
Aplicaccedilatildeo a partir de arames tem sido desenvolvida mais recentemente Neste processo
um gaacutes ou mistura de gases passa atraveacutes de um arco eleacutetrico estabelecido entre um caacutetodo
de tungstecircnio e um acircnodo de cobre dotado de um orifiacutecio alinhados coaxialmente Em sua
passagem o gaacutes eacute aquecido gerando o plasma
Figura 218 - Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma
O poacute eacute alimentado no plasma fundido e acelerado em direccedilatildeo ao substrato por um
jato de alta velocidade A energia temperatura e velocidade do jato de plasma satildeo
controladas pelo tipo de bocal constritor intensidade da corrente eleacutetrica composiccedilatildeo e
vazatildeo do gaacutes de plasma Em geral nitrogecircnio ou argocircnio satildeo usados como gaacutes de plasma
podendo conter adiccedilotildees de hidrogecircnio ou heacutelio para aumentar sua potecircncia e velocidade
Revisatildeo Bibliograacutefica 58
Gustavo Portela de Deus
O equipamento baacutesico para a aspersatildeo a plasma mostrado na figura 220 consiste
de uma fonte de corrente contiacutenua constante alimentador de poacute fonte de gaacutes e um sistema
de controle que permite ajustar os paracircmetros de operaccedilatildeo (corrente vazotildees de gaacutes fluxo
de aacutegua para refrigeraccedilatildeo) e faz a sincronia de todo o sistema
281133 - Arco Plasma Transferido
Neste caso o processo eacute uma combinaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica e soldagem O
substrato deve ser condutor e faz parte do circuito do arco eleacutetrico que gera o plasma O
material aspergido se mistura com o material da poccedila de fusatildeo formada no substrato isto eacute
ocorre diluiccedilatildeo O equipamento usado eacute similar ao necessaacuterio para o plasma natildeo
transferido com exceccedilatildeo da tocha
A ligaccedilatildeo do revestimento ao substrato eacute essencialmente metaluacutergica e as
espessuras utilizadas satildeo em geral maiores que em outros processos de aspersatildeo teacutermica
O depoacutesito eacute denso uniforme e com bom acabamento A operaccedilatildeo eacute geralmente
mecanizada e com boa reprodutibilidade Entretanto a combinaccedilatildeo de substratos e
materiais aplicaacuteveis eacute mais limitada
2812 Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie
A preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute a etapa mais criacutetica da operaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica
A qualidade da adesatildeo do revestimento estaacute diretamente relacionada com a limpeza e a
rugosidade da superfiacutecie do substrato A obediecircncia rigorosa a procedimentos
padronizados de preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute necessaacuteria para garantir o sucesso da aplicaccedilatildeo
de revestimentos por aspersatildeo teacutermica O tipo de material do revestimento e do substrato
satildeo os fatores principais na determinaccedilatildeo do processo e qualidade da preparaccedilatildeo necessaacuteria
da superfiacutecie para se obter adesatildeo suficiente a uma dada aplicaccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 59
Gustavo Portela de Deus
Em partes sujeitas a fortes tensotildees mecacircnicas uma inspeccedilatildeo preacutevia agrave operaccedilatildeo de
revestimento eacute necessaacuteria para a detecccedilatildeo de falhas no metal base que eacute feita
normalmente por meio de ensaios natildeo-destrutivos Falhas estruturais no metal base
induziratildeo falhas similares no revestimento Trincas no substrato natildeo podem ser reparadas
por aspersatildeo teacutermica e revestimentos depositados por esta teacutecnica natildeo adicionam
resistecircncia mecacircnica ao substrato (MARQUES wwwinfosoldacombr )
2813 - Limpeza e Manuseio
O primeiro passo na preparaccedilatildeo de um substrato para aspersatildeo teacutermica eacute a retirada
de todos os contaminantes superficiais tais como poeira oacuteleo graxa e pintura O calor do
processo de aspersatildeo natildeo remove contaminaccedilatildeo e esta inibe a adesatildeo do revestimento
Depois que todos os contaminantes forem eliminados a limpeza deve ser mantida ateacute que
o ciclo de revestimento se complete As peccedilas devem ser protegidas de partiacuteculas
transportadas pelo ar e marcas de dedos bem como ser manuseadas com ferramentas e
material limpo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
28131 - Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes
Desengraxe com vapor
Jateamento uacutemido
Decapagem aacutecida
Aquecimento ao forno
Limpeza ultrassocircnica
Jateamento seco
Escovamento
Revisatildeo Bibliograacutefica 60
Gustavo Portela de Deus
2814 - Criaccedilatildeo de Rugosidade
Apoacutes a limpeza vaacuterios meacutetodos satildeo usados para produzir uma superfiacutecie mais
adequada para a aderecircncia do revestimento Os principais satildeo jateamento abrasivo
macroenrugamento e aplicaccedilatildeo de revestimento de ligaccedilatildeo Combinaccedilotildees destes meacutetodos
satildeo tambeacutem empregados incluindo jateamento abrasivo com subsequumlente aplicaccedilatildeo de um
revestimento de ligaccedilatildeo e usinagem seguida de jateamento abrasivo
A obtenccedilatildeo de uma rugosidade adequada eacute tatildeo importante quanto a limpeza
Durante a aspersatildeo as partiacuteculas fundidas ou semi-fundidas formam bolachas quando se
chocam com a superfiacutecie do substrato Estas agrave medida que se resfriam e se contraem
precisam aderir a uma superfiacutecie que favoreccedila o ancoramento mecacircnico
A geraccedilatildeo de uma superfiacutecie rugosa eacute usada para aumentar a aderecircncia e a coesatildeo
entre as partiacuteculas do revestimento por geraccedilatildeo de tensotildees superficiais de contraccedilatildeo
intertravamento de camadas aumento da aacuterea de interaccedilatildeo e descontaminaccedilatildeo da
superfiacutecie
O grau de enrugamento necessaacuterio para produzir um revestimento resistente e
adequado depende do material aplicado do processo e das condiccedilotildees de serviccedilo da peccedila
final (MARQUES wwwinfosoldacombr )
282 - Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste
A principal caracteriacutestica deste tipo de revestimento que satildeo aplicados para resistir
ao desgaste eacute a sua elevada dureza
Revisatildeo Bibliograacutefica 61
Gustavo Portela de Deus
2821 - Recobrimento Duro
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr ) recobrimento duro eacute
o nome dado ao processo que consiste em produzir por soldagem uma camada dura e
resistente ao desgaste na superfiacutecie da peccedila sujeita ao desgaste
2822 - Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro
De acordo com Batista amp Nascimento apud o Metals Handbook
(wwwspectrucombr ) os materiais para recobrimento duro satildeo classificados em cinco
grandes grupos em funccedilatildeo do teor total de elementos de liga Em geral a resistecircncia ao
desgaste e o custo crescem com o nuacutemero do grupo A escolha de uma liga especiacutefica
dependeraacute da aplicaccedilatildeo e do tipo de soldagem utilizado como mostra a Tabela 23
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro
Teor total de elementos de liga Elementos de liga principais
Materiais ferrosos de baixa liga
1A 2 a 6
1B 6 a 12
Cr Mo Mn
Cr Mo Mn
Materiais ferrosos de alta liga
2A 12 a 15
2B 12 a 25
2C 12 a 25
2D 30 a 37
3A 25 a 50
3B 25 a 50
3C 25 a 50
Cr Mo
Mo Cr
Mn Ni
Mn Cr Ni
Cr Ni Mo
Cr Mo
Co Cr
Revisatildeo Bibliograacutefica 62
Gustavo Portela de Deus
Ligas agrave base de niacutequel e agrave base de cobalto
4A 50 a 100
4B 50 a 100
4C 50 a 100
Co Cr W
Ni Cr Mo
Cr Ni Mo
Carbetos
5 75 a 96
WC ou WC em combinaccedilatildeo com
outros carbonetos como TiC e TaC sempre
em uma matriz metaacutelica
As ligas do grupo 1A satildeo accedilos de baixo teor de liga quase sempre tendo cromo
com principal elemento de liga O teor total dos elementos de liga incluindo o carbono
fica entre 2 e 6 Estas ligas de teor satildeo empregadas frequumlentemente como uma camada
de base para um recobrimento duro com ligas de teor de liga mais elevado
As ligas ferrosas do subgrupo 1B satildeo semelhantes agraves do grupo 1A poreacutem com
maior teor de elementos de liga ( 6 a 12 ) e com teor de carbono ateacute 2 ou mais
Muitos accedilos - ferramenta e alguns ligados fazem parte deste grupo
Os materiais do grupo 1 apresentam maior tenacidade entre as ligas de
recobrimento duro excetuando-se os accedilos-manganecircs austeniacuteticos Possuem tambeacutem
melhor resistecircncia ao desgaste que os accedilos de baixo e meacutedio carbono que satildeo ligas
usualmente recobertas pelo grupo 1 O custo eacute mais barato que as outras ligas de
recobrimento duro e muito empregados nos casos em que se necessita da usinabilidade e de
apenas um aumento moderado da resistecircncia ao desgaste
Revisatildeo Bibliograacutefica 63
Gustavo Portela de Deus
As ligas do subgrupo 2A satildeo ligas em que o principal elemento de liga eacute o cromo
com teor total de elemento de liga entre 12 e 25 Algumas delas tecircm certo teor de
molibdecircnio Este grupo inclui ainda alguns natildeo-ferros fundidos de meacutedio teor em liga O
molibdecircnio eacute o principal elemento de liga em quase todos os materiais do grupo 2B que
contam tambeacutem com teores relativamente altos de cromo
O subgrupo 2C eacute constituiacutedo pelos accedilos-manganecircs austeniacuteticos Manganecircs eacute o
principal elemento de liga estando tambeacutem presente o niacutequel para maior estabilizaccedilatildeo da
austenita
As ligas dos subgrupos 2A e 2B satildeo mais resistentes ao desgaste menos tenazes e
mais caras que os materiais do grupo 1 Jaacute os subgrupos 2C e 2D satildeo muito tenazes poreacutem
apresentam limitada resistecircncia ao desgaste que pode aumentar muito com o encruamento
As ligas do subgrupo 2D possuem um teor total de elementos de liga entre 30 e 37
variando o carbono entre 010 e 1
Os materiais do grupo 3 apresentam 25 a 50 de elementos de liga Satildeo ligas
com alto cromo vaacuterias delas com niacutequel eou molibdecircnio Os teores de carbono variam
entre 175 a 5 Este grupo eacute caracterizado pela presenccedila maciccedila de carbonetos
hipereuteacuteticos que conferem agraves ligas uma alta resistecircncia ao desgaste e uma razoaacutevel
resistecircncia agrave corrosatildeo e ao calor Satildeo ligas mais caras que as dos grupos 1 e 2
O grupo 4 compreende as ligas agrave base de cobalto e agrave base de niacutequel com teor total
de elementos natildeo-ferrosos entre 50 e 99 As ligas agrave base de cobalto do subgrupo 4ordf
satildeo consideradas como os mais versaacuteteis materiais de recobrimento duro Resistem ao
calor agrave abrasatildeo agrave corrosatildeo ao impacto agrave descamaccedilatildeo agrave oxidaccedilatildeo ao choque teacutermico agrave
erosatildeo e ao desgaste metal- metal
Revisatildeo Bibliograacutefica 64
Gustavo Portela de Deus
Algumas destas ligas mantecircm uma dureza elevada ateacute 825ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo
ateacute temperaturas da ordem de 1100ordmC As ligas agrave base de niacutequel subgrupo 4B satildeo
especialmente indicadas para peccedilas sujeitas ao mesmo tempo agrave corrosatildeo e ao desgaste Satildeo
superiores a outros materiais de recobrimento duro em aplicaccedilotildees nas quais o desgaste eacute
causado pelo contato metal-metal como no caso dos mancais Mantecircm durezas elevadas
ateacute cerca de 650ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo ateacute temperaturas da ordem de 875ordmC
Os materiais do grupo 5 consistem de gracircnulos duros de carbonetos distribuiacutedos em
uma matriz metaacutelica Satildeo muito indicados para aplicaccedilotildees de abrasatildeo intensa e de corte
Inicialmente se empregam apenas os carbonetos de tungstecircnio Mais recentemente outros
carbonetos principalmente titacircnio tacircntalo e cromo passaram a ser usados com bons
resultados Como matriz metaacutelica vaacuterios materiais tecircm sido utilizados tais como ferro accedilo
carbono Ligas agrave base de niacutequel agrave base de cobalto e bronze Os materiais do grupo 5
possuem a maacutexima resistecircncia agrave abrasatildeo em peccedilas sujeitas a impactos pequenos ou
moderados
2823 - Seleccedilatildeo do Material para Recobrimento Duro
A primeira medida eacute caracterizar bem as condiccedilotildees de serviccedilo nas quais deveraacute
trabalhar o equipamento que seraacute revestido com o recobrimento duro Em seguida deve-se
analisar com cuidado as interaccedilotildees dos materiais candidatos e do metal base bem como o
processo de soldagem a ser utilizado no recobrimento
2824 - Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento
Analisar as condiccedilotildees de serviccedilo para determinar os tipos de resistecircncia ao
desgaste e resistecircncia ao ambiente seleccedilatildeo de alguns materiais candidatos
Revisatildeo Bibliograacutefica 65
Gustavo Portela de Deus
Anaacutelise de compatibilidade entre as ligas e o metal base considerando
possiacuteveis tensotildees teacutermicas e eventuais trincas
Testar componentes recobertos com os materiais candidatos
Selecionar a melhor liga considerando o custo e a duraccedilatildeo do recobrimento
Selecionar o processo de recobrimento duro considerando a taxa de
deposiccedilatildeo o grau de diluiccedilatildeo (o metal base dilui a liga de recobrimento durante a
soldagem) eficiecircncia de deposiccedilatildeo e custo total O custo total inclui o preccedilo dos
eletrodos e o processamento
29 - Tipos de Revestimento
Os tipos de revestimento mais aplicados em soldagem podem ser classificados em
endurecimento superficial
resistentes agrave corrosatildeo
resistentes ao desgaste eou impacto
para recuperaccedilatildeo ou reparos de manutenccedilatildeo
291 - Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Tabela ndash 24 Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Condiccedilotildees de serviccedilo Materiais para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal altas
tensotildees de contato
Stellite 1 ligas Tribaloy
Escorregamento metal ndash metal baixas
tensotildees de contato
Accedilos de baixa liga para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal
combinado com corrosatildeo e oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto ou agrave base de
niacutequel dependendo da agressividade do
Revisatildeo Bibliograacutefica 66
Gustavo Portela de Deus
ambiente
Abrasatildeo sob baixa tensatildeo erosatildeo por
colisatildeo de partiacuteculas de pequeno acircngulo
Ferros fundidos de alta liga
Abrasatildeo severa sob baixa tensatildeo
retenccedilatildeo do gume
Materiais com altos teores de carbonetos
Erosatildeo por cavitaccedilatildeo e por colisatildeo
Choques mecacircnicos intensos combinados
com corrosatildeo ou oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto
Stellite 21 Stellite6
Abrasatildeo por sulcamento Accedilos ndash manganecircs austeniacuteticos
Descamaccedilatildeo
Stellite 21 Stellite 6 Tribaloy T-400
Tribaloy T-800
Estabilidade teacutermica eou resistecircncia agrave
fluecircncia a altas temperaturas
Ligas agrave base de cobalto ligas de niacutequel
com carbonetos
292 - Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies
A Tabela 25 apresenta as principais vantagens e desvantagens dos principais
processos de deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Tabela 25 - As principais vantagens e desvantagens dos principais processos de
deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Revisatildeo Bibliograacutefica 67
Gustavo Portela de Deus
Processo Vantagens Desvantagens
Galvanizaccedilatildeo iocircnica
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo baixa
temperatura de processamento
deposiccedilatildeo em furos e ranhuras
Seleccedilatildeo restrita de materiais de
revestimento revestimentos relativamente
macios riscos ambientais precisatildeo limitada
para repeticcedilatildeo na superfiacutecie
PACVD (Plasma
Assisted Chemical
Vapour Deposition)
Temperaturas de processo muito
abaixo das do CVD temperaturas
baixas revestimentos precisos
Adequado apenas para furos e ranhuras
PVD (Physical
Vapour Deposition)
Ecologicamente seguro permite
grande variedade de
revestimentos temperatura de
revestimentos mais baixa do que a
de tratamento teacutermico final da
maioria dos accedilos espessura
reduzida reproduziacutevel com
precisatildeo resistecircncia elevada ao
desgaste baixo coeficiente de
atrito
Revestimento de furos e ranhuras ndash alcanccedila
profundidade igual ao diacircmetro ou largura
da abertura resistente agrave corrosatildeo em
determinadas condiccedilotildees apenas
revestimento uniforme depende de as peccedilas
girarem durante o processamento
Difusatildeo
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo boa
reprodutibilidade
Revestimentos relativamente macios
seleccedilatildeo restrita de material de base tempo
de processamento longo riscos ambientais
necessidade de poacutes-tratamento
CVD (Chemical
Vapour Deposition)
Elevada resistecircncia ao desgaste
produccedilatildeo econocircmica de
Temperaturas de processamento elevadas
impossibilidade de revestir vaacuterios metais
Revisatildeo Bibliograacutefica 68
Gustavo Portela de Deus
revestimentos espessos adequado
para furos e ranhuras
arredondamento de bordos riscos
ambientais
Capiacutetulo 3
Materiais e Meacutetodos
Materiais e Meacutetodos 70
Guatavo Portela de Deus
3 - Materiais e Meacutetodos
31 ndash Fluxograma do Desenvolvimento Experimental
Teacutecnicas de deposiccedilatildeo dos revestimentos duros
Soldagem dos corpos-de-
prova Aspersatildeo teacutecnica
EnsaiosAnaacutelises
Prop mecacircnicas Caract microestrutural
Ensaio de
desgaste
Ensaio de DurezaMicro
Microscopia oacutetica
Discussatildeo Anaacutelises
Dissertaccedilatildeo de Mestrado
Materiais e Meacutetodos 71
Gustavo Portela de Deus
32 - Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no Solo de
Equipamentos Rodoviaacuterios
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios objeto deste
estudo foram selecionados dentre os que foram considerados como um dos mais
representativos na avaliaccedilatildeo referentes aos custos de manutenccedilatildeo e de consideraacutevel atraso
nos cronogramas de trabalho nas frentes de trabalho de conservaccedilatildeo e construccedilatildeo
rodoviaacuteria
Os elementos escolhidos para os estudos comparativos e para a anaacutelise de desgaste
na forma de desgaste abrasivo a dois corpos foram as unhas da caccedilamba da paacute carregadeira
de rodas articuladas utilizadas em serviccedilos leves e pesados de escavaccedilatildeo e carregamento
de agregados na forma principalmente de solos lateriacuteticos
Figura 3 1 Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira
Materiais e Meacutetodos 72
Gustavo Portela de Deus
Figura 32 Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira
Dentre os equipamentos rodoviaacuterios utilizados para construccedilatildeo e conservaccedilatildeo de
rodovias alguns apresentam ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de uso contiacutenuo e outras
somente quando a atividade se torna necessaacuteria como pontas de escarificadores de solos
Existem ainda outros elementos de maacutequinas que apresentam desgaste elevado em funccedilatildeo
dos mesmos manterem um contato direto com o solo como os elementos que compotildeem o
conjunto do material rodante de tratores de esteiras de escavadeiras hidraacuteulicas e de paacutes
carregadeiras tracionadas por esteiras desgaste este que por acontecer entre elementos que
estatildeo em movimento relativo entre si eacute considerado como desgaste abrasivo a trecircs corpos
Alguns fabricantes com a finalidade de prolongar a vida uacutetil desses elementos passaram a
utilizar esteiras vedadas e lubrificadas para evitar o contato direto dos elementos em
movimento relativo
O primeiro passo no desenvolvimento do projeto de avaliaccedilatildeo comparativa e na
anaacutelise de rendimento dos dois processos de revestimento superficial e do material
Materiais e Meacutetodos 73
Gustavo Portela de Deus
comercialmente encontrado e utilizado foi a confecccedilatildeo dos corpos de prova seguindo as
especificaccedilotildees da norma que regulamenta estudos triboloacutegicos ou seja a ASTM G65-91
Os materiais de base apoacutes ser analisados quanto agrave perda de massa no periacuteodo de
2900 horas foram cortados nas dimensotildees especificadas pela norma ASTM G65-91 para
ser submetidos aos ensaios de dureza pelo meacutedodo Rockwell C e resistecircncia agrave abrasatildeo por
meio do ensaio pela roda de borracha O mesmo procedimento foi executado aos corpos de
prova revestidos por soldagem de endurecimento superficial bem como pelo processo de
aspersatildeo teacutermica pelo meacutetodo LVOF Apoacutes o corte esses corpos-de-prova foram
submetidos a algumas operaccedilotildees de usinagem com a finalidade de adquirir suas formas
planas e retiradas de escoacuterias provenientes do processo de soldagem
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos
3211 - Revestimento Duro pelo Processo de Soldagem
Uma das teacutecnicas utilizadas no desenvolvimento do trabalho e que se tornou fator
de anaacutelise e comparaccedilatildeo de resultados de maior e menor desempenho foi o revestimento
duro pelo processo de soldagem em que foi utilizado a soldagem de revestimento com
eletrodo revestido
O processo de revestir superfiacutecies pelo processo de soldagem pode ser aplicado em
peccedilas novas bem como na recuperaccedilatildeo de peccedilas desgastadas pelo uso Eacute um processo de
aplicaccedilatildeo simples necessitando apenas das varetas das ligas de recobrimento e de uma
chama oxiacetilecircnica ou de um arco eleacutetrico O processo tem a vantagem de poder ser
aplicado a aacutereas localizadas da peccedila que sejam mais sujeitas ao desgaste (BATISTA
NASCIMENTO wwwspectrucombr )
Materiais e Meacutetodos 74
Gustavo Portela de Deus
As varetas dos materiais de recobrimento satildeo fornecidas em dois tipos revestidas
para soldagem a arco e natildeo revestidas para soldagem oxiacetilecircnica A soldagem
oxiacetilecircnica produz depoacutesitos mais uniformes e que podem ser mais bem posicionadas na
peccedila com velocidades de aquecimento e resfriamento relativamente baixas Por outro lado
a soldagem a arco eacute um processo menos caro mais raacutepido e se presta melhor agrave utilizaccedilatildeo
de equipamentos automaacuteticos Os depoacutesitos obtidos com arco eleacutetrico em geral satildeo mais
grosseiros e apresentam maior tendecircncia agrave formaccedilatildeo de poros Haacute tambeacutem maior
probabilidade de formaccedilatildeo de trincas em funccedilatildeo dos gradientes de temperatura criados
para altas velocidades de aquecimento e de resfriamento (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
O material de recobrimento eacute fundido durante a soldagem e se espalha sobre o
metal base ligando-se com este e formando uma nova superfiacutecie com uma camada que
varia entre 15 mm a 60 mm Apenas uma camada superficial da peccedila atinge a temperatura
de fusatildeo o que evita uma contaminaccedilatildeo muito acentuada do recobrimento do metal base
que diminuiria as propriedades de resistecircncia ao desgaste da camada depositada
O recobrimento duro pode ser aplicado agrave maioria dos metais natildeo ferrosos Por outro
lado com algumas exceccedilotildees natildeo se recomenda o recobrimento de ligas natildeo ferrosas com o
ponto de fusatildeo inferior a 1100ordmC Os accedilos ndash carbonos podem ser recobertos com relativa
facilidade em especial se o teor de carbono for inferior a 035 A soldagem se torna mais
difiacutecil agrave medida que o teor de carbono aumenta sendo que os accedilos de alto carbono e os
accedilos ligados devem sofrer um preacute ndash aquecimento e apoacutes recobrimento devem ser recozidos
Os accedilos inoxidaacuteveis os ferros fundidos e os accedilos raacutepidos tambeacutem podem ser recobertos
utilizando ndash se teacutecnicas adequadas de soldagem O cobre bronze e ligas como o latatildeo
Materiais e Meacutetodos 75
Gustavo Portela de Deus
apresentam maiores dificuldades de soldagem em funccedilatildeo de seus pontos de fusatildeo serem
baixos e sua alta condutividade (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr )
O recobrimento duro eacute muito usado nas aplicaccedilotildees em uma lubrificaccedilatildeo regular
contra abrasatildeo seja impossiacutevel ou inviaacutevel como em ferramentas de perfuraccedilatildeo de poccedilos
de petroacuteleo equipamentos para a agricultura e para terraplenagem ferramentas para
mineraccedilatildeo e equipamentos para a induacutestria petroquiacutemica O processo tambeacutem eacute usado para
ampliar a duraccedilatildeo de peccedilas que recebem lubrificaccedilatildeo tais como matrizes de conformaccedilatildeo
mecacircnica e aacutereas localizadas de oacutergatildeos de maacutequinas extremamente sujeitas a desgaste
Superfiacutecies com recobrimento duro satildeo em geral mais resistentes ao desgaste ao calor e agrave
corrosatildeo do que superfiacutecies cementadas ou temperadas por chama
Aleacutem disso aacutereas de difiacutecil acesso em componentes grandes praticamente
impossiacuteveis de ser submetidas a um processo de tratamento teacutermico podem receber um
recobrimento duro A teacutecnica pode tambeacutem ser empregada para a recuperaccedilatildeo de
equipamentos pesados sem a necessidade de desmontaacute-los (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
3212 ndash Revestimento superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF
Foi tambeacutem aplicada a teacutecnica de revestimento por aspersatildeo teacutermica
especificamente pelo meacutetodo de LVOF de acordo como eacute relatado a seguir o
desenvolvimento do processo
3213 - HVOF (High Velocity Oxigen Fuel)
Dentre os processos de aspersatildeo teacutermica utilizados para aplicar revestimentos
resistentes ao desgaste o processo de aspersatildeo oxicombustiacutevel de alta velocidade
Materiais e Meacutetodos 76
Gustavo Portela de Deus
conhecido como HVOF (Higt velocity oxi fuel) tem sido um dos mais utilizados
principalmente na aplicaccedilatildeo de carbonetos O processo eacute baseado em um sistema de
combustatildeo interna de alta pressatildeo similar a um motor de foguete em miniatura
Combustiacutevel e oxigecircnio satildeo misturados para produzir um jato de gaacutes supersocircnico acima de
2000 ms e 2800degC ( Lima et al apud Thorpe et al 1998) Os combustiacuteveis usados
incluem querosene hidrogecircnio propileno propano acetileno metil-acetileno propadieno
e gaacutes natural O material em forma de poacute eacute introduzido na chama quente dentro do cano de
saiacuteda da pistola Os revestimentos produzidos apresentam maior dureza adesatildeo ao
substrato durabilidade e maior possibilidade de espessura do que os revestimentos
produzidos por outros processos de aspersatildeo teacutermica Uma vantagem inerente do processo
HVOF eacute sua habilidade de aspergir partiacuteculas semi-fundidas a altas velocidades (em torno
de 900 ms) resultando em um revestimento bastante denso com alta adesatildeo ao substrato e
baixo conteuacutedo de oacutexidos Carbonetos superaquecidos podem se decompor e formar fases
menos beneacuteficas ao revestimento O processo HVOF eacute bastante efetivo ao acelerar bastante
as partiacuteculas sem excesso de aquecimento (LIMACAMARGO 2001)
Carbonetos de vaacuterios tipos satildeo especialmente adequados para aplicaccedilatildeo por HVOF
pois natildeo requerem significante fusatildeo para se depositar e formar uma superfiacutecie efetiva
contra desgaste Composiccedilotildees tiacutepicas estatildeo entre 8 a 30 de conteuacutedo da liga matriz que
serve primariamente como ligante para as partiacuteculas de carboneto (Lima et al apud Thorp
et al 2000) Uma das ligas mais usadas para aplicaccedilotildees de desgaste tem sido a liga WC-
Co (Lima et al apud Korpiola amp Vuoristo 1996) agraves vezes ligada a outros elementos como
Ni e Cr no intuito de oferecer melhores caracteriacutesticas de resistecircncia agrave corrosatildeo e desgaste
combinado (Lima et al apud Berger et al 2001)
Materiais e Meacutetodos 77
Gustavo Portela de Deus
3214 - LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray - Poacute
O processo LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) poacute consiste em injetar o material a
ser depositado em forma de poacute na chama derivada da queima de oxigecircnio e acetileno
(3100ordmC) sendo o material aquecido e projetado contra o substrato previamente preparado
Em algumas variaccedilotildees do processo um jato de ar comprimido auxilia a acelerar e
atomizar o poacute Pode-se efetuar a fusatildeo da camada apoacutes aplicaccedilatildeo do revestimento
aumentando assim a aderecircncia e resistecircncia do material aplicado
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
- Ligas Base de Niacutequel como Incinel Monel NiCrBSi e outras
- Oacutexido de Cromo
- Alumina e Alumina ndash Titacircnio e Dioacutexido de Titacircnio
- Oacutexido de Zirconia
- Ligas Base de Cobalto ndash Stellite
3215 - LVOF ( Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray ndash Arame
O processo de aspersatildeo LVOF Arame utiliza como fonte de calor para fusatildeo do
arame a chama gerada pela queima de oxigecircnio e acetileno
A atomizaccedilatildeo e aceleraccedilatildeo do material fundido satildeo realizadas por um jato de ar
comprimido que cerca a chama do oxigecircnio e acetileno
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
Materiais e Meacutetodos 78
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- Accedilo carbono como ligas 1020 1045 1080 e outros
- Accedilo inox como ligas AISI 302 304 316 e AISI 410420 etc
- Ligas de Niacutequel
- Alumiacutenio
- Zinco
- Estanho
322 - Materiais
3221 - Material de Referecircncia
O material que foi utilizado como referecircncia na anaacutelise comparativa dos processos
de revestimento foi retirado de amostras de unhas de caccedilambas de paacutes carregadeiras de
rodas na sua forma original ou seja fornecida pelo fabricante do equipamento rodoviaacuterio e
seguindo os padrotildees determinados pela norma ASTM G65-91 Por se tratar de materiais
originais ou seja fornecido pelo fabricante da maacutequina foi constatado por meio de
avaliaccedilotildees primaacuterias como mais resistentes ao desgaste abrasivo e comprovado atraveacutes do
nuacutemero de horas em que os elementos foram submetidos em operaccedilotildees de escavamento e
carregamento
3222 - Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo
O material de base utilizado na confecccedilatildeo dos corpos de prova para anaacutelise de
resistecircncia ao desgaste abrasivo pelos processos por soldagem e por aspersatildeo teacutermica foi o
accedilo ABNT 1015 com as seguintes dimensotildees 75 mm de comprimento 24 mm de largura
Materiais e Meacutetodos 79
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e 4mm de espessura nas amostras por soldagem e 48 mm de comprimento 24 de largura e
4mm de espessura nas amostras aspergidas Tais dimensotildees se fizeram necessaacuterias para
atender agrave norma como tambeacutem para permitir um encaixe perfeito ao suporte do
abrasocircmetro nos ensaios de perda de massa
3223 - Consumiacuteveis Utilizados
Os consumiacuteveis utilizados para revestir os corpos de prova nos processos de
revestimento superficial por soldagem foram os eletrodos para abrasatildeo severa erosatildeo e
cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo Bohler Thyssen Welding tipo UTP 713 desenvolvimento especial
com as seguintes concentraccedilotildees C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09
com dureza de 65HRC
Os revestimentos por soldagem executados nos corpos-de-prova foram feitos na
empresa Engincom Comeacutercio e Induacutestria LTDA situada no Distrito Industrial de
Teresina-PI
Jaacute os corpos de prova revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica por LVOF
utilizaram como consumiacutevel nas amostras tipo P uma mistura composta de 170 de Cr
40 de Fe 40 de Si 35 de B 10 de C e Ni balanceado As amostras tipo M foram
revestidas utilizando como consumiacutevel a mesma mistura utilizada no revestimento das
amostras tipo P com a adiccedilatildeo de 10 de carboneto de tungstecircnio com base cobalto (81
de tungstecircnio + 12 de cobalto + 5 de carbono + 2 de ferro)
Foram utilizados dois tipos de consumiacuteveis nas amostras revestidas por aspersatildeo
teacutermica com a finalidade de se avaliar tambeacutem o comportamento dos revestimentos
quanto a resistecircncia ao desgaste abrasivo utilizando-se os ensaios de resistecircncia ao desgaste
Materiais e Meacutetodos 80
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e de dureza nos dois tipos de consumiacuteveis Levando-se em consideraccedilatildeo principalmente o
custo do revestimento
Os corpos-de-prova que foram revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica tipo
LVOF foram executados na empresa Ogramac Nordeste situada no Distrito Industrial de
Suape em Ipojuca-PE
3224 - Areia
A areia utilizada no ensaio de abrasatildeo para constataccedilatildeo da perda de massa foi a
areia quartzosa industrial com granulometria de 40 a 60 mesh fornecida pela empresa
Sand SL Comeacutercio de Mineacuterio LTDA de Satildeo Carlos-SP Esta areia foi submetida a um
sistema de peneiramento de modo a adequar a sua granulometria agraves dimensotildees
especificadas pela norma ASTM G65-91 que estabelece um percentual de 5 de maacutexima
retenccedilatildeo na peneira de 50 mesh e de 90 de miacutenimo na peneira de 60 mesh
323 - Equipamentos
3231 - Equipamento de Soldagem
Foi utilizado um transformador de solda de fabricaccedilatildeo bambozzi modelo TDC 460
E com as seguintes caracteriacutesticas teacutecnicas Corrente maacutexima de solda de 430 A trifaacutesico
com tensatildeo de alimentaccedilatildeo de 380V potecircncia nominal de 208 kVA frequumlecircncia de
5060Hz caracteriacutesticas de soldagem DC e dimensotildees (AxLxC) de 480x555x665
3232 - Sistema de Peneiramento da Areia
A maacutequina utilizada para peneirar a areia no ensaio de abrasatildeo por roda de
borracha foi desenvolvida e construiacuteda no Departamento de Engenharia de Materiais da
Materiais e Meacutetodos 81
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Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar Eacute constituiacuteda de duas peneiras superpostas
com malhas de 50 e 70 meshs segundo a AFS fixadas em uma estrutura de accedilo que sofre
movimento vibratoacuterio promovido por um motor de frac14 de HP em cujo eixo estaacute afixada
uma peccedila assimeacutetrica para provocar um efeito excecircntrico na rotaccedilatildeo e consequumlente
vibraccedilatildeo como mostra a Figura 33
Figura 33 - Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo
3233 Abrasocircmetro
O abrasocircmetro utilizado no ensaio de abrasatildeo por perda de massa tambeacutem foi
desenvolvido e construiacutedo nos laboratoacuterios do Departamento de Engenharia de Materiais
da Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar segundo a norma ASTM G65-91 Esta
norma determina que seja feita uma calibraccedilatildeo do abrasocircmetro de modo que o mesmo
possa ser utilizado de forma confiaacutevel assegurando as mesmas condiccedilotildees e
reprodutividade dos ensaios de perda de volume
Materiais e Meacutetodos 82
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O anel de borracha eacute constituiacutedo de clorobutil com diacircmetro externo inicial de
2286 mm e espessura de 127 mm com dureza variando entre 59 e 60 shore A A
excentricidade do anel natildeo deve exceder a toleracircncia de 005 mm Com este diacircmetro
especificado e para um nuacutemero total de 6000 rotaccedilotildees o comprimento linear de realizaccedilatildeo
do ensaio eacute de 4309 m Agrave medida que a roda se desgasta deve-se ajustar a perda de
volume (PV) como prevecirc a norma O fluxo de areia recomendado eacute de 300 gmin a 400
gmin que deveraacute escoar pelo bocal de alimentaccedilatildeo de forma regular e contiacutenua como
mostra a Figura 34
Faz parte da constituiccedilatildeo do abrasocircmetro um contador digital do nuacutemero de voltas
efetuadas pela roda de borracha ateacute o limite estabelecido de 6000 rotaccedilotildees em que o
mesmo deveraacute provocar o desligamento automaacutetico Possui ainda um sistema de alarme
com paracircmetros de limites de rotaccedilotildees por min de miacutenimo 190rpm e de maacuteximo 210 rpm
e tendo como rotaccedilatildeo referecircncia 200 rpm (BRANDIM 1998)
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha
Materiais e Meacutetodos 83
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3234 - Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos-de-Prova
Os corpos-de-prova revestidos pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
foram retificados e cortados em uma retificadora plana longitudinal de fabricaccedilatildeo Mello
SA Maacutequinas e Equipamentos modelo RPT 2 maacutequina nordm 192 ano 1983 nos laboratoacuterios
de usinagem do CEFET ndash PI com refrigeraccedilatildeo na aacuterea de corte atraveacutes de fluido especial
emulsionaacutevel em aacutegua e tendo como ferramenta de corte um disco abrasivo de alta rotaccedilatildeo
(6000 rpm) e elevada dureza da ordem de 70 HRC fornecido pela empresa Arotec
modelo AA 5
Anteriormente ao corte das amostras nas dimensotildees especificadas pela norma
ASTM G65-91 os corpos de prova passaram por um processo de retificaccedilatildeo com o
objetivo de reparar possiacuteveis deformaccedilotildees e melhorar o acabamento das amostras
As medidas de massa dos corpos de prova para determinaccedilatildeo da massa antes e
depois do ensaio de abrasatildeo por roda de borracha foram efetuadas em uma balanccedila de
precisatildeo analiacutetica marca Marte modelo AS 2000C com capacidade de pesagem maacutexima
de 2000g e miacutenima de 05g erro de 01g e sensibilidade de 001g
3235 - Durocircmetro
As medidas de dureza foram efetuadas em um durocircmetro marca Sussen Wolpert
tipo Testor HT1 maacutequina Nordm 333 ano 1971 em escala Rockwell C com carga de 150 kgf
como mostra a Figura 35 pertencente ao laboratoacuterio do DEMa da Universidade Federal de
Satildeo Carlos (UFSCar)
Materiais e Meacutetodos 84
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Figura 35 - Durocircmetro
3236 - Microscopia Oacutetica
As anaacutelises e imagens de microscopia oacutetica foram realizadas no microscoacutepio oacutetico
de marca NIKKON EPIPHOT ndash DX com conversor de sinais da Hitach modelo com
aumento maacuteximo de 1000 vezes Para obtenccedilatildeo das fotos das microestruturas utilizou-se
um analisador de imagens
33 - Sequumlecircncia Experimental
Apoacutes os procedimentos convencionais de preparaccedilatildeo das amostras nas trecircs
condiccedilotildees que seratildeo avaliadas ou seja soldadas revestidas superficialmente por aspersatildeo
teacutermica e na condiccedilatildeo normal ou comercialmente encontradas estas amostras ou corpos-
de-prova passaram agrave fase experimental
Materiais e Meacutetodos 85
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Os experimentos tiveram como finalidade inicial avaliar o desempenho quanto agrave
resistecircncia agrave abrasatildeo dos corpos-de-prova quando submetidos aos processos de
revestimento superficial pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Tais experimentos se basearam principalmente em anaacutelises microscoacutepicas por meio
de microscopia oacutetica resistecircncia agrave abrasatildeo pelo ensaio da roda de borracha e pela anaacutelise
do niacutevel de dureza adquirida atraveacutes do durocircmetro
Depois de computados os resultados obtidos nos ensaios tecnoloacutegicos nas trecircs
avaliaccedilotildees diferentes microscopia dureza e resistecircncia agrave abrasatildeo partiu-se para a anaacutelise
matemaacutetica atraveacutes das meacutedias em funccedilatildeo de resultados diferentes obtidos nos ensaios em
pontos diferentes das amostras
34 ndash Meacutetodos
341 - Planejamento Experimental
3411 - Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo a Baixa Tensatildeo ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram preparados e ensaiados segundo os procedimentos da
norma ASTM G65-91 (1991) no abrasocircmetro similar ao apresentado na figura A forccedila
exercida pelo corpo de prova sobre a roda foi de 130 N A rotaccedilatildeo da roda de borracha foi
mantida em mais ou menos 200 rpm com variaccedilotildees para mais e para menos de 10 rpm
quando em movimento e sob pressatildeo de ensaio Empregou-se para a contagem do nuacutemero
de giros da roda de borracha um sensor indutivo O nuacutemero total de rotaccedilotildees da roda para
interrupccedilatildeo automaacutetica do ensaio foi preacute-fixado em 6000 rotaccedilotildees Para a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha quando se fez necessaacuterio utilizou-se uma lixa de
granulometria 320 mantendo-se o braccedilo da alavanca do equipamento livre de qualquer
Materiais e Meacutetodos 86
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carga para evitar qualquer pressatildeo sobre a roda e proporcionar uma folga suficiente para a
introduccedilatildeo da lixa entre a roda e a amostra O fluxo de areia foi mantido dentro dos limites
da norma ASTM G65-91 (1991) tendo variado entre 350 e 360 gramasminuto
Os ensaios foram realizados com a roda de borracha girando no mesmo sentido da
direccedilatildeo de soldagem empregado Apoacutes o ensaio de cada lote realizou-se a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha As perdas de massa e de volume conforme a norma ASTM
G65-91 (1991) quando satildeo determinadas em uma roda de borracha com diacircmetro externo
diferente de 2286 mm devem ser corrigidas linearmente pela relaccedilatildeo perda de volume
(PV) x 2286 mmdiacircmetro da roda no final do ensaio tendo sido empregada quando
necessaacuterio esta correccedilatildeo (BRANDIM 1998)
3412 Microscopia Oacutetica
As amostras revestidas por aspersatildeo teacutermica LVOF dos tipos P e M e soldadas
foram analisadas no microscoacutepio oacutetico com aproximaccedilatildeo de 50X 100X 200X e 500X
3413 Ensaio de Dureza
Para a determinaccedilatildeo da dureza foi utilizado o meacutetodo Rockwell C com carga de
150 kgf Antes de efetuar as medidas foi realizada a afericcedilatildeo do aparelho ou durocircmetro
por meio da utilizaccedilatildeo de corpos-de-prova de dureza padronizada Cada corpo-de-prova foi
submetido a no miacutenimo trecircs medidas de dureza em pontos diferentes da superfiacutecie
Capiacutetulo 4
Resultados e Discussatildeo
Resultados e Discussatildeo 88
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4 - Resultados e Discussatildeo
41 - Introduccedilatildeo
Por meio dos ensaios jaacute efetuados e comentados no capiacutetulo anterior e utilizando-
se a metodologia descrita inicialmente seratildeo representados os resultados de afericcedilatildeo e
qualificaccedilatildeo do abrasocircmetro realizados segundo a norma ASTM G65-91(1991)
Procedimento A resistecircncia ao desgaste resultados dos ensaios de dureza e anaacutelises
quiacutemicas de microscopia oacutetica e terminando com as discussotildees que se fizeram relevantes
dos resultados obtidos
411 - Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho
Foram levantados dados estatiacutesticos do rendimento apresentado pelos elementos de
penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios no que concerne agrave vida uacutetil
proporcionada pelos diversos produtos apresentados no mercado bem como a qualidade
destes materiais no que diz respeito a constituiccedilatildeo da liga tratamentos teacutermicos efetuados
e revestimento superficial em peccedilas novas ou recuperadas na forma de endurecimento com
a finalidade de elevar a resistecircncia ao desgaste
No levantamento de dados e de informaccedilotildees foram considerados os rendimentos
obtidos pelas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios quando
utilizadas na sua forma original ou seja de acordo com a forma comercial fornecida por
parte dos fabricantes Foi considerada a vida uacutetil atingida com a ferramenta quando
utilizada na sua forma comercial bem como quando aplicado seu revestimento especiacutefico
Resultados e Discussatildeo 89
Gustavo Portela de Deus
Foram confeccionados corpos de prova seguindo a norma especiacutefica para
revestimentos duros ou seja ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram revestidos por soldagem de revestimento utilizando
eletrodos com as seguintes caracteriacutesticas eletrodo baacutesico que apresenta depoacutesitos de
carbonetos complexos de Cr Mo Nb W e V indicado para revestimentos duros contra
abrasatildeo severa erosatildeo e cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo BOHLER THYSSEN WELDING Tipo
UTP 713 desenvolvimento especial com concentraccedilatildeo de elementos na seguinte
composiccedilatildeo C - 4 Cr - 235 Mo ndash 65 Nb ndash 60 W ndash 08 e V ndash 09 com uma
dureza esperada de 65HRc
Foram tambeacutem revestidos pelo processo de revestimento superficial por aspersatildeo
teacutermica do tipo LVOF
Durante o desenvolvimento do projeto foram determinadas as perdas de massa
bem como de espessura dos elementos objeto do estudo antes e depois de revestidos pelos
processos de recobrimento por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Os corpos-de-prova foram ensaiados para anaacutelise de resistecircncia ao desgaste
abrasivo por meio do abrasocircmetro de roda de borracha que foi construiacutedo pelos alunos
mestrandos em engenharia de materiais da Universidade Federal de Satildeo Carlos UFSCar na
aacuterea especiacutefica triboloacutegica seguindo as recomendaccedilotildees da norma ASTM G65-91
Foram executados estudos comparativos de rendimento e viabilidade econocircmica
quando comparadas estas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios
utilizadas na sua forma comercial bem como quando revestidas pelos processos de
endurecimento superficial por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 90
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42 - Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM
G65-91 Procedimento A
De acordo com esta norma o abrasocircmetro deveraacute antes da realizaccedilatildeo dos ensaios
de desgaste ser aferido Para tanto utilizou-se um accedilo ABNT 1015 para a determinaccedilatildeo do
coeficiente de variaccedilatildeo dos resultados obtidos com o ensaio de desgaste visando agrave
verificaccedilatildeo da dispersatildeo dos valores e da reprodutibilidade do equipamento A conversatildeo eacute
feita pela seguinte equaccedilatildeo
1000sup3)(
)(sup3)( x
cmg
gPMmmPV
Onde PV (mmsup3) = Perda de volume PM (g) = Perda de Massa e = (gmmsup3)
densidade do material
Segundo o apecircndice A da norma ASTM G65-91 o desvio padratildeo S a ser calculado
eacute obtido com o auxiacutelio da tabela 41 da referida norma para a obtenccedilatildeo do valor de d2 que
eacute dependente do nuacutemero de corpos-de-prova utilizados no ensaio de desgaste por abrasatildeo
Entatildeo a partir do desvio padratildeo da diferenccedila entre a maior perda de volume e a menor
perda de volume calcula-se o coeficiente de variaccedilatildeo (V) Tem-se entatildeo
Como o valor obtido neste processo de afericcedilatildeo foi inferior ao limite de 7
estabelecido pela norma ASTM G65-91(1991) fica assegurada a confiabilidade dos
resultados obtidos com o abrasocircmetro Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave
baixa tensatildeo realizada com accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilatildeo do
abrasocircmetro
Resultados e Discussatildeo 91
Gustavo Portela de Deus
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com
o accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro
Corpos-de-prova
Massa (g)
PV (cm3) M
i
M
f
Δ
M
01
1
128910
1
125017
0
3893
4
95924
02
1
129257
1
125721
0
3536
4
50446
03
1
077076
1
073516
0
3560
4
53503
04
1
093156
1
089095
0
4061
5
17325
05
1
077034
1
073005
0
4029
5
13248
Total
4
9
Onde Mi = Massa do corpo de prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo de prova depois do ensaio
ΔM = Diferenccedila de massa antes e apoacutes o ensaio
PV = Perda de volume
43 - Resistecircncia ao Desgaste
Resultados e Discussatildeo 92
Gustavo Portela de Deus
A anaacutelise da resistecircncia ao desgaste eacute feita pela comparaccedilatildeo com um material de
referecircncia Neste estudo foi utilizado o proacuteprio material constituinte das unhas da caccedilamba
de uma paacute carregadeira articulada de rodas Para a visualizaccedilatildeo geral dos materiais
envolvidos neste trabalho eacute apresentada na figura 41 uma comparaccedilatildeo da perda de
volume no qual os valores satildeo as meacutedias de todos os ensaios realizados
Na primeira imagem eacute representada a amostra que foi revestida pelo processo de
soldagem em que fica demonstrada a menor perda de massa em funccedilatildeo do consumiacutevel
utilizado no processo que possuiacutea uma grande concentraccedilatildeo de elementos de liga que
propiciam elevada resistecircncia ao desgaste
Na segunda imagem temos a representaccedilatildeo de uma amostra revestida pelo processo
de aspersatildeo teacutermica por LVOF em que tambeacutem fica demonstrada uma elevada resistecircncia
ao desgaste abrasivo embora de menor intensidade que na soldagem que admitimos ter
ocorrido em funccedilatildeo do procedimento utilizado no ensaio ldquoprocedimento Ardquo natildeo ser
recomendado a tal amostra por se tratar de revestimento de espessura pequena da ordem
de 05mm o que eacute considerada pequena para tal ensaio Quando o revestimento eacute de
pequena espessura o procedimento recomendado pela norma G65-91 eacute o ldquoprocedimento
Crdquo em que se utiliza uma menor carga como tambeacutem um nuacutemero menor de revoluccedilotildees
Na terceira imagem temos a representaccedilatildeo da amostra de referecircncia ou seja
retirada da proacutepria unha da caccedilamba da paacute carregadeira de rodas em que fica demonstrada
uma boa resistecircncia agrave abrasatildeo em funccedilatildeo da mesma ter sido constituiacuteda de accedilo carbono
1045 temperado que apresenta uma boa resistecircncia ao desgaste
Resultados e Discussatildeo 93
Gustavo Portela de Deus
Figura 41 - Imagens de corpos-de-prova desgastados no ensaio por abrasatildeo
Os dados coletados para a anaacutelise do desgaste abrasivo por meio do abrasocircmetro
estatildeo quantificados e apresentados na Tabela 42 com as perdas de massa correspondentes
a cada uma das amostras analisadas Na Figura 42 mostra o graacutefico da perda de massa
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste
Amostra Mi (g) Mf (g)
PM
(g)
PV
(mmsup3)
PVCorrigido
(mmsup3)
Metal
de
base
A1 9136 9044 092
45 45
A2 9050 8962 088
A3 10022 9914 108
Valor meacutedio 096
Aspersatildeo
teacutermica
A1 9219 9211 008
20 20
A2 9006 8997 009
A3 9107 9097 010
Valor meacutedio 009
Revestimentos
soldados
A1 18651 18638 013
12 12
A2 15647 15640 007
Resultados e Discussatildeo 94
Gustavo Portela de Deus
A3 14422 14414 008
Valor meacutedio 009
Onde Mi = Massa do corpo-de-prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo-de-prova depois do ensaio
PM = Perda de massa do corpo-de-prova apoacutes o ensaio
0
10
20
30
40
50
60
PV (mmsup3)
Accedilo ABNT
1015
Accedilo ABNT
1045
temperado
Aspersatildeo
teacutermica
Amostra
soldada em
laboratoacuterio
Corpos-de-prova
Perda de Volume Meacutedio (mmsup3)
Perda de Volume (mmsup3) Perda de Volume Corregido (mmsup3)
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos-de-prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo
44 - Dureza
Nos resultados dos valores meacutedios de dureza apresentados na Tabela 43 e na
Figura 43 natildeo se nota grandes dispersotildees dos resultados para os corpos-de-prova quando
se analisa entre os mesmos materiais e nem quando se compara os revestimentos obtidos
por teacutecnicas diferentes no caso por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 95
Gustavo Portela de Deus
Alguns valores de dureza apresentaram discrepacircncia em relaccedilatildeo aos
valores meacutedios que foram atribuiacutedos serem decorrentes do ponto em que o
indentador foi posicionado
O corpo-de-prova utilizado como referecircncia apresentou um bom
resultado de dureza visto que a sua microestrutura eacute constituiacuteda de
martensita
Tabela 43 - Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo
Amostra
HRc
(150kg)
Valor meacutedio
final Dureza
HRc
Metal de base
P1 46
45 P2 48
P3 43
Aspersatildeo
teacutermica
P1 53
54 P2 52
P3 56
Revestimentos
soldados
P1 52
53 P2 48
P3 59
Resultados e Discussatildeo 96
Gustavo Portela de Deus
40
42
44
46
48
50
52
54
Dureza (HRc -
150kg)
Metal de base Aspersatildeo
teacutermica
Soldados
Amostras revestidas
Dureza Meacutedia Final
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados
45 - Microdureza
Amostra M
0
200
400
600
800
1000
1200
30 90 180 330 450 600 750
Distacircncia (Mm)
Dur
eza
(200
gf)
Figura 44 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M
Resultados e Discussatildeo 97
Gustavo Portela de Deus
Amostra P
0
200
400
600
800
1000
1200
30 160 310 460 610 670 730
Distacircncia (microm)
Dure
za H
V (2
00g
f)
Figura 45 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P
46 - Anaacutelise Microestrutural
A anaacutelise microestrutural foi realizada para todos os corpos-de-prova estudados
nesse trabalho utilizando a teacutecnica de Microscopia oacutetica
461- Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente
Os corpos-de-prova aspergidos termicamente apresentaram as microestruturas
conforme mostram as Figuras 46 47 e 48 Nessas pode-se observar uma quantidade
significativa de poros de tamanhos variados principalmente na interface entre a camada
aspergida e o substrato em destaque na Figura 46 A formaccedilatildeo desses poros eacute decorrente
da reaccedilatildeo com gases durante o processo de aspersatildeo e a atmosfera em contato com o
material enquanto liacutequido
Resultados e Discussatildeo 98
Gustavo Portela de Deus
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 50X
Figura 47 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 100X
Interface substratocamada
Linha de poros
Resultados e Discussatildeo 99
Gustavo Portela de Deus
Figura 48 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente
possam ser os carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X
462 Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem
Os corpos-de-prova soldados apresentaram microestrutura euteacutetica com intensa
quantidade de carbetos de cromo complexos do tipo M7C3 conforme mostram as Figuras
49 e 410 Isto se deve principalmente pela composiccedilatildeo quiacutemica do eletrodo utilizado
onde apresentou C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09 com dureza de
65HRC
Estes elementos quando participam da constituiccedilatildeo da liga adicionam e melhoram
algumas propriedades mecacircnicas dos materiais tais como
a) Carbono (C) ndash Na composiccedilatildeo de accedilos modernos destinados agrave cutelaria
quer sejam aqueles classificados como carbono ou os ditos inoxidaacuteveis
dificilmente poderaacute existir menos do que 06 de Carbono pois este eacute o
Resultados e Discussatildeo 100
Gustavo Portela de Deus
principal elemento que apoacutes a adequada tecircmpera concederaacute dureza agrave
peccedila
b) Cromo (Cr) ndash O cromo estimula a formaccedilatildeo de carbonetos aumentando a
resistecircncia ao desgaste bem como a temperabilidade aos accedilos reduz a
velocidade criacutetica de resfriamento de modo que a tecircmpera de accedilos com
teores elevados de cromo seja feita preferencialmente ao oacuteleo ou ao ar A
adiccedilatildeo de cromo torna mais fina a granulaccedilatildeo dos accedilos aumentando
desse modo a sua resistecircncia
c) Molibdecircnio (Mo) ndash Influencia favoravelmente a dureza a resistecircncia a
quente a fluecircncia e a temperatura de crescimento de gratildeo de austenita
aleacutem de melhorar a penetraccedilatildeo da tecircmpera nos accedilos Eacute largamente
empregado no accedilos de construccedilatildeo mecacircnica para beneficiamento pois
forma partiacuteculas resistentes a abrasatildeo e evita a fragilidade de
revenimento O molibdecircnio natildeo eacute empregado sozinho pois apresenta
uma tendecircncia de diminuir a tenacidade dos accedilos
d) Nioacutebio (Nb) ndash Tem alta afinidade por carbono e nitrogecircnio formando
carbonetos e carbonitretos Melhora a soldabilidade a tenacidade e a
comformabilidade o que levou a ciecircncia moderna a busca de
alternativas que aumentassem a resistecircncia mecacircnica do accedilo sem alterar
as outras propriedades desejaacuteveis
e) Tungstecircnio (W) ndash Forma carbonetos muito duros tendo como
consequumlecircncia influecircncia nas propriedades com aumento da dureza
aumento da resistecircncia agrave traccedilatildeo resistecircncia agrave corrosatildeo e a erosatildeo
f) Vanaacutedio (V) ndash Eleva a temperatura de crescimento do gratildeo da austenita
promovendo o refino do gratildeo Eacute excelente desoxidante A adiccedilatildeo de
Resultados e Discussatildeo 101
Gustavo Portela de Deus
vanaacutedio confere aos accedilos uma insensibilidade ao super-aquecimento
melhorando suas caracteriacutesticas de forjamento e usinagem O emprego de
teores elevados de vanaacutedio deve ser acompanhado por um aumento do
teor de carbono devido agrave formaccedilatildeo de carbonetos
g) Siliacutecio (Si) ndash Auxilia na desoxidaccedilatildeo auxilia na grafitizaccedilatildeo aumenta a
fluidez como influecircncia na estrutura Aumenta a resistecircncia agrave oxidaccedilatildeo
com temperaturas elevadas melhoria da temperabilidade e da resistecircncia
a traccedilatildeo influenciando nas propriedades
h) Boro (B) ndash Os accedilos ao boro compreedem uma famiacutelia com propriedades
especiais devendo ser tratados como uma classe agrave parte O boro quando
adicionado em pequenas quantidades melhora a temperabilidade do accedilo
diminui a tendecircncia a triancas de tecircmpera distorccedilotildees durante o
tratamento teacutermico e melhora as propriedades de conformaccedilatildeo mecacircnica
Os accedilos ao boro natildeo satildeo empregados soacute onde se exijam especificaccedilotildees
severas de temperabilidade mas tambeacutem onde se necessite de
caracteriacutesticas uniformes de tratamento teacutermico de usinabilidade
soldagem e conformaccedilatildeo O percentual de boro adicionado aos accedilos pode
variar desde 00005 quando se deseja obter efeitos de temperabilidade
a ateacute 00015 quando se obtecircm a melhor combinaccedilatildeo de resistecircncia e
tenacidade nos accedilos
i) Niacutequel (Ni) ndash Refina o gratildeo diminui a velocidade de transformaccedilatildeo na
estrutura do accedilo Influecia nas propriedades com o aumento da
resistecircncia a traccedilatildeo e com a alta ductilidade
Resultados e Discussatildeo 102
Gustavo Portela de Deus
Figura 49 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X
Resultados e Discussatildeo 103
Gustavo Portela de Deus
Figura 410 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do
tipo M7C3 Ataque colorido 500X
Os corpos de prova estudados e que foram revestidos pelo processo de soldagem de
revestimento foram incluiacutedos no diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C apresentado na Figura
411 Observou-se que todas as amostras estatildeo enquadradas na regiatildeo hipereuteacutetica
Resultados e Discussatildeo 104
Gustavo Portela de Deus
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C
As amostras das Figuras 49 e 410 apresentam uma microestrutura com euteacutetico e
perfis alongados de tonalidade clara representando os carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 e ainda pontos claros representativos dos elementos constituintes da liga de
composiccedilatildeo do eletrodo bem como os carbonetos de cromo que natildeo se desenvolveram
Os perfis representativos dos carbonetos de complexos de cromo M7C3 de forma
alongada conferem ao revestimento uma dureza elevada que favorece a uma maior
resistecircncia ao desgaste abrasivo poreacutem da mesma forma que elevam esta resistecircncia ao
desgaste favorece tambeacutem o aparecimento de trincas que podem acelerar o processo
abrasivo em funccedilatildeo de permitir a penetraccedilatildeo do gratildeo abrasivo entre as frestas dessas
trincas
Resultados e Discussatildeo 105
Gustavo Portela de Deus
463 Resultados
Apresentar uma anaacutelise comparativa de rendimento entre as ferramentas de
penetraccedilatildeo no solo para equipamentos rodoviaacuterios encontrados no mercado consumidor e
destas mesmas ferramentas revestidas superficialmente pelos processos de endurecimento
superficial por soldagem com a utilizaccedilatildeo de eletrodos revestidos e pela teacutecnica de
revestimento LVOF
Nas anaacutelises econocircmicas efetuadas se constatou que o custo para se revestir as
unhas das caccedilambas da paacute carregadeira utilizando como base a peccedila original isto eacute antes
da mesma ser colocada em operaccedilatildeo eacute compatiacutevel com o custo benefiacutecio de se substituir a
mesma unha apoacutes o seu desgaste natural Baseado no preposto e considerando o tempo
desperdiccedilado para a substituiccedilatildeo do elemento consideramos economicamente viaacutevel se
revestir unhas de caccedilamba na condiccedilatildeo nova adquirida no mercado
Capiacutetulo 5
Conclusotildees e Sugestotildees
Conclusotildees 107
Gustavo Portela de Deus
5 ndash Conclusotildees
ndash Os materiais revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica apresentaram uma
superfiacutecie mais uniforme e de melhor aparecircncia
ndash Como determinadas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios natildeo requerem uma usinagem posterior para acabamento como retificaccedilatildeo os
processos por aspersatildeo em determinadas situaccedilotildees satildeo industrialmente mais eficientes
que os processos por soldagem
ndash A perda de volume constatada nos dois processos envolvidos na anaacutelise no
quesito correspondente agrave resistecircncia ao desgaste por aspersatildeo e por soldagem natildeo se
tornou fator determinante na opccedilatildeo de escolha do processo mais eficiente em funccedilatildeo do
procedimento utilizado no ensaio de desgaste por abrasatildeo
- As amostras revestidas pelo processo de soldagem com eletrodo revestido
apresentaram trincas em diversos pontos da estrutura em funccedilatildeo do aparecimento dos
elementos de segunda fase
ndash Ainda natildeo se recomenda revestir ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de
equipamentos rodoviaacuterios que estatildeo sujeitos a grandes impactos pelo processo de aspersatildeo
teacutermica em funccedilatildeo dos revestimentos por aspersatildeo natildeo resistirem ao impacto que tambeacutem
vem a ser uma caracteriacutestica dos dentes de caccedilamba de paacutes carregadeiras que sofrem
desgaste por goivagem
Referecircncias
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Gustavo Portela de Deus
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3413 ndash Ensaio de Dureza85
4 ndash Resultados e Discussotildees 87
41 ndash Introduccedilatildeo87
411 ndash Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho87
42 ndash Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM G65-91
Procedimento A89
43 ndash Resistecircncia ao Desgaste90
44 ndash Dureza93
45 ndash Microdureza 95
46 ndash Anaacutelise Microestrutural96
461 ndash Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente96
462 ndash Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem 98
463 ndash Resultados 103
5 ndash Conclusotildees105
Referecircncias 107
LISTA DE FIGURAS
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e dentes desgastados 20
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e cantos desgastados 20
Figura 23 ndash Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste 22
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos23
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos24
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste35
Figura 27 ndash Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo37
Figura 28 ndash Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste39
Figura 29 ndash Efeito da temperatura no desgaste abrasivo40
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato46
Figura 211 ndash Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido48
Figura 212 ndash Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas49
Figura 213 ndash Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo50
Figura 214 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama50
Figura 215 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama53
Figura 216 ndash Esquemaacutetica de tocha de detonaccedilatildeo55
Figura 217 ndash Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico56
Figura 218 ndash Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma57
Figura 31 ndash Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira70
Figura 32 ndash Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira71
Figura 33 ndash Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo80
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha81
Figura 35 ndash Durocircmetro83
Figura 41 ndash Imagens de corpos de prova desgastados no ensaio de abrasatildeo91
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos de prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo93
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados94
Figura 44 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M95
Figura 45 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P95
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 50X96
Figura 47 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 100X97
Figura 48 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente possam ser os
carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X97
Figura 49 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X100
Figura 410 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 500X101
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C102
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica49
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor51
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro66
Tabela 24 ndash Guia para seleccedilatildeo de ligas para recobrimento duro71
Tabela 25 ndash Vantagens e desvantagens dos processos para revestimentos de superfiacutecies75
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com o
accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro94
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste95
Tabela 43 ndash Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo97
LISTA DE ABREVIATURAS E SIacuteMBOLOS
Capiacutetulo 1
Introduccedilatildeo
Introduccedilatildeo 14
Gustavo Portela de Deus
1 ndash INTRODUCcedilAtildeO
O elevado desgaste de material dos elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios eacute provocado essencialmente pelo tipo de terreno mineral presente resistecircncia
litoloacutegica e em funccedilatildeo das intempeacuteries do tempo principalmente da umidade e da
temperatura
O rendimento apresentado por esses elementos e a vida uacutetil oferecida estatildeo
relacionados agrave composiccedilatildeo da liga constituinte do material dos processos de tratamento
teacutermico a que foram submetidos como tambeacutem de operaccedilotildees efetuadas devida ou
indevidamente pelo operador do equipamento rodoviaacuterio
Os elementos fundidos laminados e forjados que compotildeem o conjunto de
componentes de penetraccedilatildeo no solo sofrem de forma direta a influecircncia do desgaste abrasivo
Desgaste este que participa em determinadas situaccedilotildees com ateacute 85 (oitenta e cinco por
cento) do custo de manutenccedilatildeo dos equipamentos rodoviaacuterios na forma rotineira (BATISTA
NASCIMENTO et al 1999) Estes elementos em funccedilatildeo de serem solicitados de forma
intensa ou intermitente satildeo consumidos ao longo do tempo Fazendo agraves vezes paradas
bruscas e inesperadas nas frentes de trabalho ocasionando portanto elevaccedilatildeo nos custos de
produccedilatildeo
O desgaste em componentes vitais de maacutequinas e equipamentos rodoviaacuterios ocorre de
vaacuterias formas diferentes como por deslizamento por rolamento por abrasatildeo por erosatildeo por
impacto por corrosatildeo e por choque teacutermico Jaacute se tratando de elementos de penetraccedilatildeo no
solo a perda de massa desses elementos eacute provocada quase que exclusivamente pelo desgaste
abrasivo a baixa tensatildeo que eacute provocado pelo proacuteprio material ou carga a que o equipamento
Introduccedilatildeo 15
Gustavo Portela de Deus
seraacute solicitado pelo contato com esse material e pelo movimento relativo entre as partes
envolvidas no sistema Uma maneira de identificaccedilatildeo do desgaste abrasivo agrave baixa tensatildeo eacute
pela observaccedilatildeo da superfiacutecie a ser analisada se a mesma apresenta corte riscamento ou
penetraccedilatildeo de material (GREGOLIN1990)
Com o intuito de elevar a vida uacutetil das ferramentas de penetraccedilatildeo e corte nos solos e
substratos rochosos as grandes empresas fabricantes e montadoras de equipamentos
rodoviaacuterios ou de terraplenagem vecircm aprimorando e desenvolvendo bem como exigindo de
seus fornecedores ferramentas com caracteriacutesticas fiacutesicas e mecacircnicas mais resistentes ao
desgaste abrasivo e ainda desenvolvendo peccedilas e ferramentas de faacutecil substituiccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo e jaacute projetadas para receber recobrimentos de manutenccedilatildeo tais como
Bordas soldaacuteveis de meia seta ndash que tecircm como finalidade
proteger a estrutura da caccedilamba por meio do acreacutescimo de material de desgaste
agrave borda da base
Reforccedilos de canto soldaacuteveis ndash utilizados para proteger o canto
externo inferior de todos os tipos de caccedilambas
Bloco de desgaste de ldquoFerro Brancordquo ndash uma liga de alto teor de
cromo denominada ldquoFerro Brancordquo eacute caldeada a uma chapa de reforccedilo de accedilo
doce que por sua vez pode ser soldada (solda tampatildeo) com um eletrodo de
vareta a uma caccedilamba armaccedilatildeo de lacircmina ou a qualquer parte onde instalaccedilatildeo
raacutepida de baixo custo e proteccedilatildeo contra abrasatildeo satildeo requeridos
Outras soluccedilotildees desenvolvidas e aplicadas como alternativa agrave proteccedilatildeo contra o
desgaste satildeo
Introduccedilatildeo 16
Gustavo Portela de Deus
Sistema de chapa de desgaste fixada mecanicamente em que
fornece um meio faacutecil de instalaccedilatildeo e remoccedilatildeo evitando assim longas
paradas para manutenccedilatildeo
Barras de desgaste para lacircminas
As barras de desgaste fornecem proteccedilatildeo adicional para a lacircmina em aplicaccedilotildees
altamente abrasivas onde se constata uma vida uacutetil mais curta do revestimento As barras de
desgaste de lacircminas satildeo projetadas para serem soldadas sobre o revestimento normal
(superfiacutecie de desgaste) da lacircmina
Considerando-se ainda que por meio dos processos de fabricaccedilatildeo convencionais e na
composiccedilatildeo de ligas praticamente jaacute foi esgotada a possibilidade de desenvolvimento de
materiais mais resistentes ao desgaste abrasivo a soluccedilatildeo que se busca atualmente eacute o
desenvolvimento de teacutecnicas de endurecimento ou revestimento superficial que tornem esses
elementos mais resistentes ao desgaste abrasivo tais como soldagem cladding
eletrodeposiccedilatildeo Deposiccedilatildeo Fiacutesica de Vapor ndash DFV (PVD) ( BARREIRA LIMA et al 2001)
Deposiccedilatildeo Quiacutemica de Vapor ndash DQV (CVD) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem
se desenvolvido ultimamente ( LIMA SOUZA et al 2001)
A busca de informaccedilotildees contidas neste estudo visa avaliar e pesquisar por meio de
anaacutelise de diferentes ensaios tecnoloacutegicos o melhoramento dos materiais quanto a sua
resistecircncia ao desgaste abrasivo quando os mesmos estatildeo em contato direto com o solo com a
finalidade de obter materiais mais resistentes ao ataque destes elementos abrasivos aleacutem de
contribuir com o desenvolvimento de produtos de qualidade superior agraves dos produtos
oferecidos atualmente pelo mercado
Foi analisada a viabilidade econocircmica com a introduccedilatildeo de novas teacutecnicas de
revestimento como LVOF e revestimento por soldagem Tambeacutem foram utilizados como
Introduccedilatildeo 17
Gustavo Portela de Deus
elementos de estudo dentes de caccedilambas suportes elos segmentados de esteiras e unhas de
80escarificadores de maacutequinas rodoviaacuterias
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo que foram utilizados como referecircncia na inspeccedilatildeo
e estudo durante o desenvolvimento deste projeto satildeo utilizados de forma intensa e ou
intermitente em maacutequinas rodoviaacuterias do tipo moto- niveladoras tratores de esteiras tratores
escavo-carregadores de pneus retroescavadeiras e escavadeiras hidraacuteulicas de esteiras
Capiacutetulo 2
Revisatildeo Bibliograacutefica
Revisatildeo Bibliograacutefica 19
Gustavo Portela de Deus
2 - Revisatildeo Bibliograacutefica
Tribologia eacute definida como a ciecircncia e tecnologia da interaccedilatildeo entre superfiacutecies em
movimento relativo e das praacuteticas relacionadas A palavra eacute derivada das palavras gregas
TRIBOS que significa atrito e LOGOS que significa estudo de forma que uma traduccedilatildeo
literal significa estudo do atrito ou a ciecircncia que estuda o atrito (STOETERAU 2001)
A tribologia envolve a investigaccedilatildeo cientiacutefica de todos os tipos de fricccedilatildeo
lubrificaccedilatildeo e desgaste e tambeacutem as aplicaccedilotildees teacutecnicas do conhecimento triboloacutegico
(STOETERAU2001) Especificamente em estudo o desgaste eacute a perda progressiva de
mateacuteria da superfiacutecie de um corpo soacutelido devido ao contato e movimento relativo com um
outro corpo soacutelido liacutequido ou gasoso (STOETERAU PASCOALI 2001)
O desgaste de componentes e equipamentos industriais rodoviaacuterios e de outros
tipos de atividades produtivas representa um grande fator de depreciaccedilatildeo de capital de
equipamento e fonte de despesas com manutenccedilatildeo e reposiccedilatildeo de componentes mecacircnicos
As Figuras de 21 a 24 mostram componentes de estruturas de maacutequinas de terraplenagem
desgastadas pelos efeitos da abrasatildeo no processo triboloacutegico
Sobre os custos de produccedilatildeo estes se tornam mais elevados em decorrecircncia da
reposiccedilatildeo das peccedilas desgastadas ou deterioradas e da matildeo-de-obra para substituiccedilatildeo aleacutem
do tempo parado dos equipamentos que deixam de produzir Muitas vezes exige ainda o
superdimensionamento de componentes influindo ou limitando na produccedilatildeo dos
equipamentos ou ainda provocando a paralisaccedilatildeo destes Estes fatores influem
significativamente na elevaccedilatildeo dos custos e no rendimento de produccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 20
Gustavo Portela de Deus
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircmina e dentes desgastados
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircminas e cantos desgastados
ldquoDe acordo com Hawk et al (1999) o desgaste eacute um dos maiores problemas que
aparecem em escavaccedilotildees nas movimentaccedilotildees de terras mineraccedilotildees e processamentos de
minerais nas induacutestrias ocorrendo em uma grande variedade de equipamentos como nas
lacircminas de remover terra dos tratores que fazem por exemplo a terraplenagem em
britadeiras dentes escavadores lacircminas de escoamento etc O desgaste de peccedilas os custos
com o reparo e com a substituiccedilatildeo destas peccedilas significam elevadiacutessimos gastos para as
empresasrdquo
Revisatildeo Bibliograacutefica 21
Gustavo Portela de Deus
21 Tipos de Desgaste
Os principais tipos de desgaste observados nos componentes mecacircnicos satildeo por
(GREGOLIN RIBEIRO et al 1990)
Abrasatildeo ndash ocasionado por partiacuteculas abrasivas (duras) sob tensatildeo
deslocando-se sobre a superfiacutecie
Erosatildeo ndash devido ao choque contra a superfiacutecie de partiacuteculas soacutelidas ou gotas
liacutequidas presentes em correntes de fluidos
Cavitaccedilatildeo ndash associado agrave formaccedilatildeo e implosatildeo de bolhas gasosas em
correntes de fluidos na interface liacutequidondashmetal devido agrave variaccedilatildeo suacutebita de pressatildeo
ao longo do percurso
Adesatildeo ou fricccedilatildeo ndash resultante da fabricaccedilatildeo metalndashmetal quando
superfiacutecies aacutesperas deslizam entre si
Corrosatildeo ndash quando envolve a ocorrecircncia de reaccedilotildees quiacutemicas superficiais no
material aleacutem das accedilotildees mecacircnicas de desgaste
Impacto ndash ocasionado por choques ou cargas aplicadas verticalmente sobre a
superfiacutecie
22 Desgaste por Abrasatildeo
Desgaste por abrasatildeo ou desgaste abrasivo eacute a retirada de material causada pela
presenccedila de partiacuteculas duras As partiacuteculas duras podem estar aprisionadas na interface
entre as duas superfiacutecies em movimento relativo ou serem as protuberacircncias que fazem
parte da rugosidade de uma das superfiacutecies Acompanhada de forte pressatildeo ocasionada por
deslocamento ou por amassamento a retirada do metal Tais abrasivos podem ser
Revisatildeo Bibliograacutefica 22
Gustavo Portela de Deus
representados por vegetais ou minerais (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
A Figura 25 apresenta os percentuais de contribuiccedilatildeo do desgaste abrasivo em
relaccedilatildeo aos demais tipos de desgastes Neste pode-se observar que o desgaste abrasivo eacute o
de maior representatividade nas estruturas mecacircnicas de maacutequinas e equipamentos
chegando a contribuir de forma geneacuterica com 50 em relaccedilatildeo aos demais desgastes
revelando a importacircncia de tal desgaste
Figura 23 - Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste
23 Tipos de Processos Abrasivos
Abrasatildeo a dois corpos
De acordo com Souza (2002) quando uma ou mais partiacuteculas de elevada dureza
satildeo atritadas contra uma superfiacutecie sulcando-a ou escavando-a devido agrave forccedila normal
aplicada tem-se o desgaste abrasivo de dois corpos
importacircncia do desgaste abrasivo
diversos
14
quiacutemico
5
fretting
8
erosatildeo
8
adesivo
15
abrasivo
50
Revisatildeo Bibliograacutefica 23
Gustavo Portela de Deus
Abrasatildeo a trecircs corpos
Quando estas partiacuteculas satildeo aprisionadas entre duas superfiacutecies que deslizam entre
si pode ocorrer o chamado desgaste abrasivo de trecircs corpos As Figuras 26 e 27 mostram
as representaccedilotildees de formas de desgaste abrasivo a dois corpos e a trecircs corpos
respectivamente
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos
Revisatildeo Bibliograacutefica 24
Gustavo Portela de Deus
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos
Em relaccedilatildeo ao desgaste abrasivo eacute interessante ressaltar que embora a partiacutecula
abrasiva seja mais dura que a superfiacutecie a ser desgastada esta natildeo eacute uma condiccedilatildeo para se
classificar o desgaste como abrasivo (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr)
24 Tipos de Abrasatildeo
241 Goivagem
Eacute o desgaste provocado por partiacuteculas grandes e grosseiras principalmente dotadas
de regiotildees pontiagudas cortantes com dureza maior do que a parte metaacutelica que estaacute sendo
desgastada Pode acontecer quando haacute um contato entre as partes com pressotildees mais ou
menos violentas e repetitivas
Revisatildeo Bibliograacutefica 25
Gustavo Portela de Deus
Um exemplo tiacutepico de abrasatildeo por goivagem eacute representado em dentes de caccedilambas
de maacutequinas que operam em serviccedilos de terraplenagem onde ocorre deslocamento de
cargas como pedra e areia Esses materiais abrasivos em geral de grandes dimensotildees e
dotados de regiotildees pontiagudas sob condiccedilotildees de altas tensotildees e envolvendo impacto satildeo
fatores que propiciam a penetraccedilatildeo mais profunda do abrasivo na superfiacutecie provocando
desgastes com a formaccedilatildeo de sulcos profundos Os accedilos austeniacuteticos ao manganecircs satildeo em
geral as ligas preferidas para combater este tipo de desgaste (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
242 Abrasatildeo por Alta Pressatildeo
Eacute o desgaste que ocorre entre partiacuteculas abrasivas e o metal ocasionando o
esmagamento do abrasivo ou natildeo A prensagem da partiacutecula contra o metal pode ser
exercida por pressotildees fortes ou meacutedias que provocam a formaccedilatildeo de superfiacutecies de
pequenos fragmentos
As partiacuteculas abrasivas podem ser classificadas quanto agraves suas dimensotildees e satildeo
consideradas meacutedias quando inferiores a 5 cm ou pequenas quando menores do que 1cm
As partiacuteculas meacutedias podem exercer a accedilatildeo abrasiva superficial arrancando fragmentos do
metal enquanto as partiacuteculas pequenas por sua vez provocam o desgaste
A constituiccedilatildeo do metal influi na forma ou resposta do desgaste provocado Se for
duacutectil teraacute uma abrasatildeo que tira cavacos se eacute fraacutegil ou se torne fraacutegil haveraacute um
deslocamento superficial de pequenos fragmentos Eacute normal que ocasionalmente poderatildeo
ocorrer as duas modalidades ao mesmo tempo Exemplos das partes sujeitas ao desgaste
por abrasatildeo satildeo caccedilambas de escavaccedilatildeo ou carga lacircminas de motoniveladoras e arados
raspadores
Revisatildeo Bibliograacutefica 26
Gustavo Portela de Deus
Eacute o tipo de desgaste onde o material abrasivo eacute fragmentado durante o contato
abrasivo com a superfiacutecie desgastada As tensotildees envolvidas satildeo portanto superiores agrave
tensatildeo de fragmentaccedilatildeo do abrasivo promovendo ainda maior penetraccedilatildeo do abrasivo na
superfiacutecie maior deformaccedilatildeo plaacutestica das fases duacutecteis e fratura das fases fraacutegeis presentes
no material Tipicamente esta forma de abrasatildeo ocorre em equipamentos de moagem de
mineacuterios que envolvem partiacuteculas de pequeno tamanho em mancais contaminados com
areia etc Para prevenir este tipo de abrasatildeo normalmente empregam-se materiais do tipo
ferros fundidos ou accedilo ndash ligas que possuem maior tenacidade (BATISTA NASCIMENTO
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243 - Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Tensatildeo
Tipo de abrasatildeo na qual a superfiacutecie penetrante eacute riscada pelo material abrasivo em
decorrecircncia de sua dureza e resistecircncia oferecida e do proacuteprio stress do metal constituinte
dos componentes dos equipamentos em decorrecircncia de seu uso que ao penetrar na
superfiacutecie promove a remoccedilatildeo de material As tensotildees impostas sobre as partiacuteculas
abrasivas satildeo inferiores agrave tensatildeo necessaacuteria para a fragmentaccedilatildeo destas principalmente
tratando-se de aacutereas de domiacutenio do embasamento cristalino ou com predominacircncia de
rochas iacutegneas eou metamoacuterficas que no Nordeste apresentam pouco desenvolvimento do
solo
Tais condiccedilotildees imprimem nas ferramentas de penetraccedilatildeo esforccedilos mais abrasivos
em decorrecircncia de essas rochas se apresentarem pouco alteradas e com elevado grau de
resistecircncia em relaccedilatildeo a outros tipos de solo encontrados em outros ambientes geoloacutegicos
Tal como a abrasatildeo agrave baixa pressatildeo que ocorre na superfiacutecie dos componentes de
equipamentos que direta ou indiretamente manuseiam terras areias cascalhos piccedilarras
rochas ou mineacuterios tais como maacutequinas agriacutecolas equipamentos de escavaccedilatildeo e transporte
Revisatildeo Bibliograacutefica 27
Gustavo Portela de Deus
utilizados na induacutestria da construccedilatildeo civil principalmente das atividades ligadas agrave
construccedilatildeo recuperaccedilatildeo e pavimentaccedilatildeo de estradas e dos setores de mineraccedilatildeo
sideruacutergicas etc Com a finalidade de prevenir a ocorrecircncia destes tipos de desgastes
empregam-se normalmente ferros fundidos com alto teor de carbono (martensiacuteticos ou
austeniacuteticos) agraves vezes contendo outros elementos de liga aleacutem de ligas de cobalto ndash
tungstecircnio ndash carbono
2431 - Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo
Normalmente eacute sabido que partiacuteculas de grande tamanho provocam desgaste por
abrasatildeo acompanhado de impacto isto leva a ter-se um desgaste acentuado que na
verdade foi muito mais por impacto que por abrasatildeo
Partiacuteculas meacutedias dependendo da dureza e do formato satildeo menos agressivas
poreacutem partiacuteculas finas satildeo mais abrasivas ocasionando abrasatildeo muito incidente Como
exemplo pode-se citar o cimento talco xistos e outros que satildeo compostos de partiacuteculas
finas e altamente abrasivas Eacute claro que a dureza destas partiacuteculas tambeacutem eacute significativa
A forma dos materiais abrasivos varia desde arredondados ateacute acircngulos vivos
Os minerais mais duros possuem formaccedilotildees agudas enquanto que em
contraposiccedilatildeo os mais duacutecteis apresentam formaccedilotildees arredondadas Quanto mais agudas
forem as arestas maior seraacute a accedilatildeo abrasiva No caso de impactos ou pressotildees fortes as
formas agudas podem penetrar no metal provocando um desgaste por ldquogoivagemrdquo ou
fratura da peccedila A dureza de uma liga metaacutelica eacute de grande importacircncia na resistecircncia
oposta a uma accedilatildeo abrasiva As maiores durezas correspondem a resistecircncias maiores
Os abrasivos menos duros teratildeo accedilatildeo menos violenta Com referecircncia agraves ligas
metaacutelicas satildeo encontradas com facilidade tabelas de dureza das vaacuterias alternativas e
Revisatildeo Bibliograacutefica 28
Gustavo Portela de Deus
tambeacutem as diversas escalas de durezas com referecircncia aos abrasivos quando eacute possiacutevel
conjugar proteccedilotildees atraveacutes de adiccedilotildees de peliacuteculas metaacutelicas com finalidade de melhor
proteger a peccedila em accedilatildeo de trabalho
Quando eacute possiacutevel unir uma maior dureza com uma granulaccedilatildeo adequada seratildeo
atingidos os mais elevados iacutendices de resistecircncia agrave abrasatildeo Para proteger as peccedilas dos
equipamentos contra a abrasatildeo eacute importante preparar a superfiacutecie do metal procurando
deixaacute-la a mais lisa possiacutevel sem protuberacircncias ou rugosidades pois a abrasatildeo eacute iniciada
preferencialmente nestas regiotildees Ligas constituiacutedas de alto teor de carbeto de tungstecircnio e
de cromo aleacutem da elevada dureza apresentam depoacutesitos lisos e brilhantes compatiacuteveis
com estas caracteriacutesticas mencionadas Eacute natural que quanto maior a velocidade e a
frequumlecircncia do contato da partiacutecula com o metal maior seraacute a accedilatildeo abrasiva e
consequumlentemente o desgaste das peccedilas Os tamanhos dos gratildeos tambeacutem satildeo importantes
pois quanto menor forem mais a superfiacutecie seraacute desgastada (BATISTANASCIMENTO
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Baseado nas consideraccedilotildees acima os principais fatores que afetam o desgaste por
abrasatildeo satildeo as caracteriacutesticas dos abrasivos associados aos fatores externos que atuam
sobre a superfiacutecie do componente Assim podem-se listar os seguintes fatores
a) Tamanho da partiacutecula (grossa fina ou meacutedia)
b) Formato da partiacutecula (angulares ou redondas)
c) Dureza da partiacutecula
d) Dureza do metal base
e) Acabamento do metal base
f) Velocidade e frequumlecircncia do contato entre a partiacutecula abrasiva e o metal base
g) Tamanho de gratildeo da estrutura do metal base
Revisatildeo Bibliograacutefica 29
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h) Acircngulo de incidecircncia da partiacutecula do metal base
i) Stress do metal constituinte das peccedilas de equipamentos pelo uso
2432 - Consideraccedilotildees sobre os Abrasivos
As rochas satildeo constituiacutedas por um agregado de minerais cujos constituintes mais
comuns satildeo os minerais de quartzo feldspato mica e outros ricos em silicatos de alumiacutenio
e magneacutesio muitos dos quais de elevada dureza Ex granitos areia basalto folhelhos
xistos filitos gnaises etc
Os carbonatos satildeo os principais constituintes dos calcaacuterios e margas e
normalmente compotildeem parte dos pacotes sedimentares das formaccedilotildees geoloacutegicas das
bacias sedimentares e satildeo considerados produtos macios Entretanto comumente estes
pacotes encontram-se alternados com outros de arenitos siltitos e folhelhos
Os mineacuterios satildeo compostos de oacutexidos carbonetos e sulfetos Os oacutexidos satildeo
geralmente duros (bauxita hematita) enquanto que os sulfetos satildeo geralmente macios
(galena ou sulfetos de chumbo) As rochas combustiacuteveis (hulha turfa) e os fosfatos contecircm
proporccedilotildees mais ou menos elevadas de siacutelica e alumina
Para amenizar os gastos com o desgaste abrasivo partiu-se para o desenvolvimento
de materiais com maiores resistecircncias ao desgaste Assim vaacuterias pesquisas nesta aacuterea
triboloacutegica comeccedilaram a ser desenvolvidas em cima dos diversos tipos de materiais
existentes (FUSSEacute et al)
2433 Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ser classificado como de dois ou trecircs corpos Na abrasatildeo
de dois corpos as partiacuteculas abrasivas satildeo movidas livremente sobre a superfiacutecie do
Revisatildeo Bibliograacutefica 30
Gustavo Portela de Deus
material como areia em uma calha No desgaste abrasivo de trecircs corpos as partiacuteculas
abrasivas agem como elementos de interface entre o corpo soacutelido e o contra-corpo O
desgaste quando envolve trecircs corpos eacute cerca de duas a trecircs vezes menor do que quando
envolve dois corpos Pois no caso de trecircs corpos devido agrave variaccedilatildeo no acircngulo de ataque
apenas uma pequena porccedilatildeo das partiacuteculas causa desgaste (GAHR 1987)
De acordo com Briscoe amp Adams (1987) o crucial para todos os mecanismos de
desgaste abrasivo ou outros eacute conhecer o caminho ou seja a direccedilatildeo na qual o material se
deforma sob a aspereza penetrante ou a partiacutecula dura que entra em contato com o material
Com o intuito de predizer se uma deformaccedilatildeo eacute elaacutestica ou plaacutestica Fusse et al
apud Halliday (1995) apud Briscoe amp Adams (1995) mostrou que o maacuteximo acircngulo de
uma aspereza a qual se torna plaacutestica eacute dado por
tan θlim = K(HE)(1-ν2)
Onde
ldquoHrdquo eacute o entalherecorte da dureza
ldquoErdquo eacute o moacutedulo de Young
ldquoνrdquo eacute o coeficiente de Poisson
K=08 para a plasticidade parcial ou 2 para a plasticidade cheiainteira
Revisatildeo Bibliograacutefica 31
Gustavo Portela de Deus
24331 Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ocorrer em baixo ou alto niacutevel dependendo da razatildeo
entre a dureza da partiacutecula e da superfiacutecie O desgaste abrasivo estaacute relacionado a alguns
mecanismos dentre eles os principais satildeo
Microcorte ndash Deformaccedilatildeo plaacutestica sem perda de mateacuteria gerando um sulco
com consequumlente formaccedilatildeo de acuacutemulos frontais e laterais da mateacuteria
movimentada
Microssulcamento ndash Formaccedilatildeo de micro-cavacos sem deformaccedilatildeo plaacutestica
lateral
Microlascamento ndash Formaccedilatildeo de detritos devido agrave formaccedilatildeo e interaccedilatildeo de
fissuras Este tipo de mecanismo acontece quando as tensotildees impostas
superam as tensotildees criacuteticas para a formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas sendo
restrita aos materiais fraacutegeis
Satildeo diversas as nomenclaturas utilizadas para estes mecanismos de desgaste na literatura
podem ser encontradas denominaccedilotildees tais como microusinagem riscagem descamaccedilatildeo
microtrincamento microfadiga que satildeo tentativas de aproximar melhor o significado dos
mecanismos que estatildeo sendo observados nos experimentos (GAHR 1987)
Microssulcamento e microcorte satildeo mecanismos dominantes em materiais mais
duacutecteis A ocorrecircncia de um deles vai depender do acircngulo de ataque das partiacuteculas
abrasivas O microcorte ocorre a partir de um acircngulo de ataque criacutetico Este acircngulo de
ataque criacutetico eacute funccedilatildeo do material que estaacute sendo desgastado e das condiccedilotildees de teste A
transiccedilatildeo do mecanismo de microssulcamento para microcorte depende tambeacutem do
coeficiente de atrito Normalmente o mecanismo passa do microssulcamento para
Revisatildeo Bibliograacutefica 32
Gustavo Portela de Deus
microcorte com o aumento da dureza do material que estaacute sendo desgastado Aumentos
ainda maiores de dureza resultam na passagem de microcorte para microtrincamento
(GAHR 1987)
O microtrincamento pode ocorrer quando satildeo impostas grandes tensotildees sobre as
partiacuteculas abrasivas particularmente em superfiacutecies de materiais fraacutegeis Neste caso
grande quantidade de detrito eacute retirada da superfiacutecie devido agrave formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de
trinca
Partiacuteculas de menor ou igual dureza que a superfiacutecie tambeacutem podem desgastaacute-la O
ataque das partiacuteculas macias pode resultar em deformaccedilatildeo elaacutestica e plaacutestica fadiga de
superfiacutecie e a superfiacutecie ficar severamente danificada (GAHR 1987)
25 - Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste
Abrasivo
Segundo Mondal et al (1998) a taxa de desgaste abrasivo e os mecanismos de
desgaste podem ser influenciados por vaacuterios fatores como o tamanho do gratildeo abrasivo a
carga aplicada a dureza dos materiais utilizados e a tenacidade da fratura
Ainda de acordo com Souza (2002) uma grande variedade de paracircmetros influencia
os mecanismos de desgaste no geral sendo que os principais satildeo
Paracircmetros de Material
Composiccedilatildeo
Tamanho do gratildeo
Moacutedulo de elasticidade
Condutividade teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 33
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Dureza etc
Paracircmetros de Projetos
Forma
Carregamento
Tipo de movimento
Aspereza
Vibraccedilatildeo
Nuacutemero de ciclos etc
Paracircmetros de Meio Ambiente
Temperatura
Contaminaccedilatildeo
Umidade
Atmosfera etc
Paracircmetros de Lubrificaccedilatildeo
Tipo de lubrificante
Estabilidade de lubrificante
Tipo de fluido
Lubrificaccedilatildeo etc
Presenccedila ou Ausecircncia de Desgaste Interno
Segundo Catai et al de acordo com pesquisadores relatados nos trabalhos de
Mondal et al (1998) embora se diga que a taxa de desgaste depende do tamanho do gratildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 34
Gustavo Portela de Deus
abrasivo existe um valor criacutetico de tamanho de gratildeo abrasivo acima do qual a taxa de
desgaste se torna independente do tamanho do gratildeo Tambeacutem se ressalta que as diferenccedilas
nas durezas entre os dois corpos atritantes influenciam diretamente este tamanho criacutetico do
gratildeo abrasivo
251 - Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo
De acordo com Deuis (1996) o tamanho do gratildeo abrasivo tem uma influecircncia
direta nos mecanismos associados ao desgaste que pode ser caracterizado pela relaccedilatildeo wr
onde ldquowrdquo eacute a espessura da ranhura e ldquorrdquo o raio esfeacuterico do topo da partiacutecula (gratildeo)
Dependendo desta relaccedilatildeo a partiacutecula de gratildeo abrasivo iraacute deformar plasticamente ou
cortar a superfiacutecie Como as partiacuteculas desgastadas tornam-se cegas ou o tamanho da
partiacutecula diminui o mecanismo de desgaste exibe uma transiccedilatildeo do corte para o desgaste
de laminaccedilatildeo
Para ambos os tipos de desgaste abrasivo (dois ou trecircs corpos) um tamanho criacutetico
da partiacutecula abrasiva pode ser observado O desgaste volumeacutetrico aumenta com o aumento
do tamanho do gratildeo abrasivo para esta dimensatildeo criacutetica Nesta dimensatildeo criacutetica tem-se a
maacutexima accedilatildeo abrasiva em termos do tamanho do desgaste produzido
Sobre este valor criacutetico a taxa de desgaste eacute amplamente independente do tamanho
do gratildeo abrasivo A forte diferenccedila entre a dureza das partiacuteculas abrasivas e do material a
ser desgastado influencia esta dimensatildeo criacutetica do gratildeo (DEUIS et al 1996)
Para Deuis et al (1996) a extensatildeo da regiatildeo tensionada plasticamente abaixo da
superfiacutecie depende do tamanho do gratildeo abrasivo e da carga aplicada A profundidade
global da deformaccedilatildeo plaacutestica foi relatada linearmente para a aplicaccedilatildeo de carga e
dimensotildees de gratildeos
Revisatildeo Bibliograacutefica 35
Gustavo Portela de Deus
Salienta-se que no desgaste abrasivo de trecircs corpos a taxa de desgaste eacute menor que
no desgaste abrasivo de dois corpos Ainda segundo o tamanho do gratildeo Al Rubaie et al
(1999) afirmam que a eficiecircncia na remoccedilatildeo do material depende da carga de contato
elaacutestico a qual varia com o tamanho do gratildeo sendo que no caso dos materiais contendo
partiacuteculas reforccediladas a taxa de desgaste eacute influenciada pelo tamanho das partiacuteculas de
reforccedilo A Figura 28 demonstra o quanto o tamanho do gratildeo abrasivo eacute representativo no
desgaste
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste
252 - Carga Aplicada
A carga a ser aplicada sobre os corpos em atrito durante o processo de desgaste
abrasivo tambeacutem eacute um dos fatores que influenciam fortemente as taxas de desgaste no
material
Mondal et al (1998) propotildeem uma foacutermula para quantificar a importacircncia da carga
aplicada no corpo de prova em relaccedilatildeo ao tamanho do gratildeo abrasivo em um desgaste
abrasivo de dois corpos Suas foacutermulas permitem obter as taxas de desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 36
Gustavo Portela de Deus
teoacuterico nos processos de abrasatildeo Foram desenvolvidas foacutermulas por meio de regressotildees
lineares tanto para ligas como para materiais compostos
Segundo este mesmo autor o efeito da carga na taxa de desgaste obtida tanto para
os materiais compostos como para as ligas eacute bem mais severo que o efeito do tamanho dos
gratildeos abrasivos Sendo que em relaccedilatildeo aos materiais por estes testados (ligas e
compoacutesitos) o efeito da carga e do tamanho do abrasivo na taxa de desgaste eacute
relativamente maior no caso dos materiais compostos que nas ligas Poreacutem existem
algumas combinaccedilotildees de tamanhos de gratildeos com quantidade de cargas aplicadas que
podem fazer com que a taxa de desgaste abrasivo seja maior nas ligas que nos materiais
compostos
Ainda de acordo com Mondal et al (1998) a variaccedilatildeo da carga aplicada tem muito
mais influecircncia na taxa de desgaste do material que a variaccedilatildeo do tamanho do gratildeo do
abrasivo do disco A taxa de desgaste na liga eacute muito maior que a taxa de desgaste obtida
para os compostos pois os mesmos possuem maior dureza devido ao oacutexido de alumiacutenio
que foi adicionado na matriz inicial que era uma liga de alumiacutenio
Gant amp Gee (2001) tambeacutem realizaram estudos sobre a influecircncia da variaccedilatildeo da
carga aplicada sobre o corpo-de-prova num desgaste abrasivo de 3 corpos para corpos-de-
prova de ligas Cobalto-Carbeto de Tungstecircnio de elevada dureza e accedilos ultra-raacutepidos
Analisando-se comparativamente os resultados estes concluiacuteram que quanto maior era a
carga aplicada no processo ou seja a carga que foi aplicada forccedilando o corpo-de-prova
contra o disco maiores foram os desgastes volumeacutetricos dos corpos-de-prova Desta
forma ficou evidente que quanto maior for a carga aplicada no processo maiores seratildeo os
desgastes obtidos tanto para as peccedilas (corpos-de-prova) como para as ferramentas (discos
revestidos com carbeto de siliacutecio)
Revisatildeo Bibliograacutefica 37
Gustavo Portela de Deus
Em relaccedilatildeo ao efeito da variaccedilatildeo da carga eou do tamanho do gratildeo abrasivo eacute
importante destacar ainda que um aumento geral na taxa de desgaste eacute observado com o
aumento da carga para um tamanho particular de gratildeo isto eacute devido ao aumento geral da
remoccedilatildeo de material com a carga Quando a carga aplicada eacute menor gratildeos mais grosseiros
entram em contato diretamente com o corpo-de-prova resultando em elevados desgastes
Para gratildeos mais finos sob baixas cargas haacute somente um riscamento pois os menores
gratildeos abrasivos estatildeo em contato elaacutestico com a superfiacutecie de teste e entatildeo suportam a
carga aplicada sem contribuir para a remoccedilatildeo de material (DEGUPTA et al 2001)
Numa anaacutelise geral tem-se que abrasivos com menores gratildeos abrasivos resultam em
elevadas abrasotildees e maiores gratildeos abrasivos resultam em maiores microcortes No
ldquomicrocuttingrdquo maiores quantidades de materiais satildeo perdidas Em altas distacircncias
percorridas a taxa de desgaste aumenta devido ao aparecimento de microfraturas
(DEGUPTA et al 2001)
Figura 27 - Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 38
Gustavo Portela de Deus
253 - Influecircncia da Dureza
Deuis et al (1996) enfatizaram o papel das partiacuteculas da segunda fase provendo
aacutereas localizadas com altas tensotildees de concentraccedilatildeo que influenciaram o fluxo de tensatildeo e
a taxa de desgaste A maior resistecircncia ao desgaste foi obtida em microestruturas finas
com partiacuteculas semi-coerentes dispersas A influecircncia dos carbetos na resistecircncia ao
desgaste depende de sua dureza em relaccedilatildeo agrave dureza da matriz Para materiais
caracterizados de carbetos dispersos em uma matriz macia uma diminuiccedilatildeo no caminho
livre meacutedio pela reduccedilatildeo do tamanho do carbeto resulta em melhores resistecircncias ao
desgaste Uma reduccedilatildeo no tamanho do gratildeo aumenta a dureza e tambeacutem conduz ao
aumento da resistecircncia ao desgaste
Hutchings (1992) descobriu que a dureza do gratildeo abrasivo era 1 2 vez maior que a
da superfiacutecie desgastada Entatildeo o abrasivo meacutedio riscaria a superfiacutecie Deuis et al (1996)
tambeacutem comentaram que a dureza do material determina a profundidade da indentaccedilatildeo das
partiacuteculas abrasivas influenciando na profundidade relativa penetrada onde se esta for
maior que a profundidade de indentaccedilatildeo criacutetica para fratura a taxa de desgaste eacute alta A
Figura 210 mostra o quanto agrave dureza do material abrasivo eacute significativo na anaacutelise do
desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 39
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Figura 28 - Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste
Ainda em relaccedilatildeo agrave influecircncia da dureza no desgaste abrasivo Hawk et al (1999)
fizeram experimentos que comprovaram que haacute uma correlaccedilatildeo direta entre a dureza dos
materiais e o desgaste abrasivo Em suas pesquisas este provou claramente a influecircncia da
dureza do material na perda volumeacutetrica do corpo de prova mostrando que quanto maior a
dureza do material utilizado menor o desgaste abrasivo do corpo de prova em atrito
254 - Influecircncia da Temperatura
Segundo Wu et al (1997) outro fator que afeta diretamente o processo de desgaste
abrasivo de 2 ou 3 corpos eacute a temperatura De acordo com Catai et al por meio da anaacutelise
dos resultados Wu et al verificaram que o desgaste abrasivo ou seja o volume desgastado
do pino eacute maior quando o mesmo acontece na presenccedila de maiores temperaturas pois a
de Siliacutecio
Revisatildeo Bibliograacutefica 40
Gustavo Portela de Deus
elevaccedilatildeo da temperatura facilita o desencadear do mesmo atraveacutes por exemplo da
reduccedilatildeo da dureza dos materiais envolvidos Ressalta-se que nestes ensaios o tempo de
ensaio era sempre constante A Figura 211 mostra o quando o efeito da temperatura incide
sobre o processo de desgaste abrasivo
Figura 29 - Efeito da temperatura no desgaste abrasivo
26 - Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste
Moacutedulo de elasticidade ndash a resistecircncia ao desgaste de metais puros aumenta
diretamente com o moacutedulo de elasticidade Para os accedilos perliacuteticos martensiacuteticos ou
revenidos essa relaccedilatildeo natildeo eacute vaacutelida porque o tratamento teacutermico natildeo afeta o
moacutedulo de elasticidade
Dureza ndash o desgaste de metais puros eacute diretamente proporcional agrave sua
dureza Nas ligas a proporcionalidade eacute vaacutelida ateacute determinado valor da dureza do
Revisatildeo Bibliograacutefica 41
Gustavo Portela de Deus
material a partir do qual a resistecircncia ao desgaste cresce com menor intensidade
podendo ateacute mesmo vir a diminuir apoacutes certo valor
Dureza superficial ndash na superfiacutecie desgastada existe um grau de
encruamento e consequentemente um aumento da dureza no local A resistecircncia agrave
abrasatildeo pode ser considerada como proporcional a essa dureza chamada de dureza
maacutexima
Propriedades de escoamento ndash anaacutelises de tensatildeodeformaccedilatildeo mostraram
que para metais puros tambeacutem vale a relaccedilatildeo
= A ع
Onde
= tensatildeo de escoamento
A = constante
deformaccedilatildeo verdadeira = ع
= coeficiente de encruamento
Estudos mostram que a resistecircncia agrave abrasatildeo eacute proporcional agrave dureza e varia
exponencialmente com a tenacidade De acordo com Batista e Nascimento
(wwwspectrucombr) como o desgaste eacute um fenocircmeno essencialmente superficial
envolvendo a remoccedilatildeo mecacircnica indesejaacutevel de material de superfiacutecies
ldquoAs soluccedilotildees encontradas atraveacutes de solda de
revestimento aspersatildeo teacutermica tipo Hight Velocity Oxi Fuel -
HVOF nitretaccedilatildeo e de outras teacutecnicas originalmente utilizadas
Revisatildeo Bibliograacutefica 42
Gustavo Portela de Deus
tecircm se mostrado altamente valiosas tanto para prevenir como
para minimizar e reparar as diferentes estruturas danificadas
pelos mais diversos tipos de desgaste Em inuacutemeras situaccedilotildees
peccedilas e componentes podem ser fabricados com materiais
convencionais dentro das especificaccedilotildees normais do projeto
Posteriormente pode-se aplicar sobre a superfiacutecie camadas ou
cordotildees de solda com consumiacuteveis adequados deposiccedilatildeo de ligas
metaacutelicas de composiccedilatildeo e constituiccedilatildeo ideal ao favorecimento de
superfiacutecies endurecidas e resistentes a este desgaste A resistecircncia
ao desgaste eacute considerada como parte de um sistema triboloacutegico
sendo muitos os paracircmetros que acabam por influir na taxa de
desgaste incluindo as caracteriacutesticas de projetos condiccedilotildees de
operaccedilatildeo tipo de abrasivo e propriedades do material Nas
propriedades dos materiais as caracteriacutesticas microestruturais
tecircm particular importacircncia tanto nas propriedades mecacircnicas
quanto nas taxas de desgaste Disponibilizado no site
wwwspectrucombr consultado em 23 de abril de 2007rdquo
BATISTA e NASCIMENTO apud Murray (wwwspectrucombr) destacou o
seguinte sobre desgaste abrasivo
ldquoA resistecircncia ao desgaste de accedilos tratados termicamente
para vaacuterios niacuteveis de dureza e tambeacutem de alguns metais puros
Para metais puros a resistecircncia ao desgaste aumenta linearmente
com a dureza Nos materiais ferrosos esta relaccedilatildeo (resistecircncia ao
Revisatildeo Bibliograacutefica 43
Gustavo Portela de Deus
desgaste versus dureza) natildeo eacute simples O aumento no teor de
carbono faz a resistecircncia ao desgaste aumentar Para os accedilos com
a mesma porcentagem de carbono a resistecircncia ao desgaste de
accedilo ligado eacute maior que de um accedilo sem liga mas este aumento eacute
pequeno quando comparado com outro em que aumentou a
porcentagem de carbono A resistecircncia ao desgaste geralmente
aumenta conforme a microestrutura eacute mudada de ferrita para
perlita desta para bainita e finalmente para martensita isto
desde que seja acompanhada de aumento de dureza Entretanto
para um mesmo valor de dureza a estrutura bainiacutetica tem maior
resistecircncia ao desgaste que a martensiacutetica A microestrutura tem
maior influecircncia no desgaste que a dureza da matriz Tem sido
mostrado que a presenccedila de austenita retida tem melhorado a
resistecircncia ao desgaste da martensita revenida A austenita
fornece uma melhor ancoragem aos carbetos ocasionando um
baixo arrancamento do carbeto da matriz austeniacutetica Os carbetos
parecem ser particularmente importantes na resistecircncia agrave
abrasatildeo principalmente em materiais como os accedilos e ferros
fundidos brancos ligados ao cromo A influecircncia desses estaacute
relacionada com sua dureza tamanho e distribuiccedilatildeo Carbetos
duros e finamente dispersos aumentam a resistecircncia ao desgaste
enquanto que os grosseiros diminuem Estruturas deformadas por
trabalho a frio natildeo alteram a resistecircncia ao desgaste enquanto
que o aumento da dureza pelo refinamento dos gratildeos agiria
favoravelmente Existem ainda muitos outros fatores que
Revisatildeo Bibliograacutefica 44
Gustavo Portela de Deus
influenciam a taxa de desgaste como o tamanho da partiacutecula
abrasiva e o coeficiente de atrito Estes trabalhos tecircm
demonstrado que o estudo dos fenocircmenos de desgaste eacute bastante
complexo Na especificaccedilatildeo e normalizaccedilatildeo de ligas para resistir
ao desgaste as maiores dificuldades residem na inexistecircncia de
ensaios padronizados para discriminar os niacuteveis de aceitaccedilatildeo ou
rejeiccedilatildeo conforme as aplicaccedilotildees particulares Estas dificuldades
estatildeo associadas principalmente agrave natureza complexa do
fenocircmeno do desgaste Este aleacutem de envolver a deformaccedilatildeo e
corte superficial por partiacuteculas abrasivas ou o atrito entre
superfiacutecies metaacutelicas muitas vezes ocorre devido a vaacuterios
mecanismos concomitantes de desgaste da superfiacutecie os quais
tambeacutem podem estar associados a outros fenocircmenos de
degradaccedilatildeo tais como impacto corrosatildeo fluecircncia ou fadigardquo
27 - Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr) o teor de carbono
aumenta a resistecircncia ao desgaste dos accedilos perliacuteticos com o aumento do endurecimento Os
carbetos aumentam a resistecircncia ao desgaste com o aumento na quantidade distribuiccedilatildeo
uniforme e forma adequada Natildeo satildeo adequados poreacutem quando existe o choque associado
ao desgaste por abrasatildeo
A martensita natildeo-revenida ou revenida abaixo de 230degC eacute a fase que melhor resiste
ao desgaste na temperatura ambiente Se o revenido for acima de 350degC a perlita apresenta
Revisatildeo Bibliograacutefica 45
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um resultado melhor para a mesma dureza (50 HB) A fase bainiacutetica da mesma dureza e
composiccedilatildeo quiacutemica resiste melhor ao desgaste que uma estrutura martensiacutetica nas nesmas
condiccedilotildees
A perlita aumenta a resistecircncia agrave abrasatildeo com o aumento das colocircnias de perlita e
com a fraccedilatildeo volumeacutetrica de cementita Para a mesma dureza a perlita lamelar resiste
melhor que a esferoidizada A resistecircncia ao desgaste da ferrita aumenta com o aumento
dos carbetos dispersos na matriz Um accedilo austeniacutetico com a mesma fraccedilatildeo de carbetos que
um ferriacutetico resiste melhor ao desgaste
28 - Revestimentos Superficiais
De acordo com Lima et al (2001) uma das mais eficientes e econocircmicas formas
de se adequar peccedilas e componentes de equipamentos industriais a uma aplicaccedilatildeo
especiacutefica tem sido haacute longo tempo a aplicaccedilatildeo de revestimentos Estes vecircm ganhando
evidecircncia ano apoacutes ano em aplicaccedilotildees contra desgaste corrosotildees dentre outras formas
de consumo de massa
Ainda de acordo com Lima et al (2001) apud Tucker et al o uso de
revestimentos duros para melhorar a resistecircncia ao desgaste de componentes mecacircnicos
tecircm sido comum haacute vaacuterias deacutecadas com variadas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo que incluem
soldagem cladding eletrodeposiccedilatildeo PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica de vapor) CVD (deposiccedilatildeo
quiacutemica de vapor) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem se desenvolvido nos
uacuteltimos tempos apresentando-se como alternativa viaacutevel em relaccedilatildeo aos demais
processos comumente utilizados
Revisatildeo Bibliograacutefica 46
Gustavo Portela de Deus
281 - Aspersatildeo Teacutermica
A aspersatildeo teacutermica consiste de um grupo de processos nos quais partiacuteculas
finamente divididas de materiais para revestimentos metaacutelicos ou natildeo- metaacutelicos satildeo
depositadas sobre um substrato devidamente preparado na condiccedilatildeo fundida ou semindash
fundida para formar uma camada superficial como mostra a Figura 212
O calor necessaacuterio para a operaccedilatildeo eacute gerado na tocha de aspersatildeo e pode vir da
queima de um gaacutes combustiacutevel ou da geraccedilatildeo de um arco eleacutetrico As partiacuteculas aquecidas
satildeo aceleradas por um gaacutes comprimido confinadas num feixe e dirigidas ao substrato Ao
se chocarem as partiacuteculas se achatam e formam finas lentes que se conformam e aderem
agraves irregularidades superficiais e entre si Com a continuidade do processo as partiacuteculas se
resfriam formando um revestimento com estrutura lamelar (MARQUES
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Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato
As variaccedilotildees baacutesicas nos processos de aspersatildeo teacutermica se referem ao material a ser
aplicado ao meacutetodo de aquecimento e ao meacutetodo de aceleraccedilatildeo das partiacuteculas em direccedilatildeo
ao substrato Os materiais podem ser fornecidos na forma de vareta arame cordatildeo (tubo
Revisatildeo Bibliograacutefica 47
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de plaacutestico contiacutenuo) e poacute Metais oacutexidos compostos intermetaacutelicos cermets plaacutesticos
orgacircnicos e alguns vidros podem ser depositados por uma ou mais variaccedilotildees de processos
(MARQUES wwwinfosoldacombr)
Os processos de aspersatildeo teacutermica podem ser classificados em dois grupos
baacutesicos dependendo da fonte de calor usada como mostrado na Tabela 21
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica
Combustatildeo Eleacutetrico
Chama Plasma
Detonaccedilatildeo Arco
O sucesso no uso de revestimentos aspergidos termicamente depende basicamente
de sua aplicaccedilatildeo cuidadosa segundo procedimentos bem estabelecidos Qualquer desvio
destes procedimentos leva em geral a resultados natildeo confiaacuteveis Os revestimentos
termicamente aspergidos apresentam trecircs aspectos baacutesicos o substrato a adesatildeo do
revestimento e a estrutura deste (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Os substratos sobre os quais os revestimentos termicamente aspergidos podem ser
aplicados incluem metais oacutexidos ceracircmicos vidros a maioria dos plaacutesticos e madeira
sendo que algumas teacutecnicas especiais podem ser necessaacuterias Nem todos os materiais para
aspersatildeo podem ser aplicados a qualquer tipo de substrato Uma preparaccedilatildeo adequada deste
eacute necessaacuteria antes da aspersatildeo propriamente dita independente do processo a ser usado
Essa preparaccedilatildeo eacute essencialmente a mesma para cada processo a ser usado e consiste de
duas etapas baacutesicas limpeza da superfiacutecie para eliminar contaminantes e obtenccedilatildeo de
rugosidades para aumentar a aacuterea superficial efetiva e melhorar a adesatildeo (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
Revisatildeo Bibliograacutefica 48
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A ligaccedilatildeo ou adesatildeo entre revestimento e substrato pode ser mecacircnica quiacutemica eou
metaluacutergica e eacute influenciada por diversos fatores tais como material do revestimento
condiccedilatildeo do substrato rugosidade limpeza e temperatura da superfiacutecie a ser revestida
antes e durante o processo e velocidade de impacto das partiacuteculas (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
A estrutura e a quiacutemica do depoacutesito aspergido em ar eacute diferente do material no
estado original Estas diferenccedilas satildeo devidas agrave natureza progressiva do revestimento agrave
reaccedilatildeo com gases durante o processo e a atmosfera em contato com o material enquanto
liacutequido Por exemplo quando ar ou oxigecircnio satildeo usados oacutexidos podem ser formados e se
incorporarem ao revestimento Revestimentos metaacutelicos tendem a ser porosos e fraacutegeis
com uma dureza diferente do material original A estrutura de revestimentos na condiccedilatildeo
como aspergidos eacute similar quanto agrave natureza lamelar mas pode exibir diferentes
caracteriacutesticas em funccedilatildeo do processo dos paracircmetros da teacutecnica e do material usado
como mostra a Figura 213 A densidade do depoacutesito varia com a temperatura da fonte de
calor usada e com a velocidade das partiacuteculas no impacto como mostra a Tabela 22 e a
Figura 214 (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 211 - Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido
Revisatildeo Bibliograacutefica 49
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A aplicaccedilatildeo final determina as propriedades necessaacuterias para o revestimento e o
tipo de combustiacutevel e equipamentos necessaacuterios Revestimentos termicamente aspergidos
tecircm sido usados intensamente na fabricaccedilatildeo de componentes nas induacutestrias automotiva de
petroacuteleo eleacutetrica eletrocircnica geraccedilatildeo de energia e particularmente na aeroespacial Em
manutenccedilatildeo milhotildees de doacutelares tecircm sido economizados com o uso da aspersatildeo teacutermica
Tal teacutecnica tem sido usada tanto em oficina como no campo no revestimento de estruturas
e partes de equipamentos com economia de tempo e de recursos (MARQUES
wwwinfosoldacobr )
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor
Fonte Temperatura degC
Propano + oxigecircnio 2640
Gaacutes natural + oxigecircnio 2735
Hidrogecircnio + oxigecircnio 2690
Acetileno + oxigecircnio 3100
Arco eleacutetrico 2200 ndash 8300
Figura 212 Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas
Revisatildeo Bibliograacutefica 50
Gustavo Portela de Deus
2811 - Processos
28111 - Processos por Combustatildeo
Este grupo de processos utiliza o calor gerado pela queima de um gaacutes combustiacutevel
Qualquer substacircncia que se funda e natildeo sublime a temperaturas inferiores a 2760ordmC pode
ser aspergida por este processo como mostram as Figuras 215 e 216 Os materiais
aplicados podem ser metais e ligas na forma de arame cordatildeo ou poacute e ceracircmicos na forma
de vareta cordatildeo ou poacute (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 213 - Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo
Figura 214 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 51
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281111 - Arames e Varetas
O equipamento usado para aplicaccedilatildeo de arames e varetas eacute similar como mostrado
na figura A seccedilatildeo transversal tiacutepica de uma tocha de aspersatildeo com estes processos eacute
mostrada na Figura 216
O material a ser aspergido eacute inserido por roletes alimentadores na parte posterior da
tocha Estes podem ser tracionados por um motor eleacutetrico ou pneumaacutetico ou por uma
turbina a ar O material eacute alimentado por meio de um bocal onde eacute fundido por uma chama
de gaacutes combustiacutevel concecircntrica a este
Os gases combustiacuteveis usados juntamente com o oxigecircnio foram mostrados na
Tabela 22 O acetileno eacute o mais largamente usado por sua maior temperatura de chama
Entretanto em certos casos temperaturas mais baixas satildeo usadas com vantagens
econocircmicas A chama eacute usada apenas para fundir o material Para se obter aspersatildeo um
jato de gaacutes em geral ar comprimido eacute usado para pulverizar o material e acelerar as
partiacuteculas em direccedilatildeo ao substrato Em aplicaccedilotildees especiais um gaacutes inerte pode ser usado
Os roletes de alimentaccedilatildeo devem ser escolhidos e apropriados agrave forma do material a ser
alimentado isto eacute se arame vareta ou cordatildeo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281112 - Poacute
Tochas para aspersatildeo agrave chama com poacute satildeo mais leves e mais compactas que tochas
para outros processos como mostra a Figura 217 Devido agraves menores temperaturas e
velocidades alcanccediladas pelas partiacuteculas os revestimentos obtidos tecircm em geral menor
resistecircncia adesiva ao substrato menor resistecircncia coesiva entre as lamelas e maior
porosidade quando comparados com os depositados por outros processos de aspersatildeo
teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 52
Gustavo Portela de Deus
O material a ser aspergido pode ser um metal puro uma liga metaacutelica um
compoacutesito um carboneto um ceracircmico um cermet ou combinaccedilatildeo destes O processo eacute
geralmente usado para aplicaccedilatildeo de ligas metaacutelicas autofluxadas que devem ser fundidas
apoacutes a aspersatildeo Estes materiais contecircm boro e siliacutecio que servem como agentes fluxantes e
minimizam a oxidaccedilatildeo Sua fusatildeo eou ligaccedilatildeo metaluacutergica a um substrato metaacutelico eacute(satildeo)
obtida(s) aquecendo-se o revestimento ateacute sua temperatura de fusatildeo que em geral eacute
inferior a 1040degC e pode ser feita com o uso de qualquer fonte de calor como uma chama
uma bobina de induccedilatildeo ou um forno Um arco eleacutetrico tambeacutem pode ser usado mas com
certo cuidado para evitar ou minimizar a fusatildeo do substrato
O poacute para aspersatildeo eacute armazenado num recipiente que pode ser parte integrante da
tocha ou ser acoplado a ela Uma pequena quantidade de gaacutes eacute desviada para arrastar o poacute
ateacute o jato da mistura oxigecircniocombustiacutevel em chama quando eacute fundido e acelerado em
relaccedilatildeo ao substrato Um corte transversal de uma tocha tiacutepica para aspersatildeo de poacute por
chama eacute mostrado na Figura 217
Variaccedilotildees do processo de aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama incluem gaacutes comprimido
para alimentaccedilatildeo do poacute na chama jatos adicionais de ar comprimido para acelerar as
partiacuteculas fundidas alimentador de poacute remoto com arraste do poacute para a tocha por um tubo
pressurizado com gaacutes inerte e dispositivos para aceleraccedilatildeo a alta velocidade agrave pressatildeo
atmosfeacuterica Esses refinamentos tendem a aumentar a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute e agraves
vezes a velocidade das partiacuteculas fundidas que aumentam a resistecircncia adesiva e a
densidade do revestimento aspergido
Revestimentos fundidos poacutes-aspersatildeo satildeo densos e relativamente isentos de
porosidade A composiccedilatildeo da liga pode levar a revestimentos com niacuteveis de dureza
Rockwell C superiores a 50 A espessura destes revestimentos eacute limitada agravequelas faixas
Revisatildeo Bibliograacutefica 53
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que podem ser aquecidas ateacute a temperatura de fusatildeo sem descamaccedilatildeo O uso de ligas
autofluxantes eacute limitado a aplicaccedilotildees em que os efeitos da fusatildeo e distorccedilatildeo podem ser
tolerados Revestimentos mais espessos de metais dissimilares podem ser aplicados em
passes muacuteltiplos A superfiacutecie que vai receber o segundo revestimento deve ser limpa de
todos os resiacuteduos de oacutexido apoacutes cada etapa de fusatildeo
Em todos os processos de aspersatildeo teacutermica a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute afeta a
estrutura e a eficiecircncia de deposiccedilatildeo do revestimento Se o material natildeo eacute aquecido
adequadamente a eficiecircncia de deposiccedilatildeo cai rapidamente e o revestimento conteraacute
partiacuteculas natildeo fundidas retidas Se a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute for muito baixa uma certa
quantidade de poacute pode se volatizar resultando em deterioraccedilatildeo do revestimento e elevaccedilatildeo
dos custos Os alimentadores de poacute satildeo compostos por um recipiente e um sistema de
mediccedilatildeo que regula a taxa de alimentaccedilatildeo de material no dispositivo transportador por gaacutes
(MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 215 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute a chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 54
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28112 - Detonaccedilatildeo
A tocha de detonaccedilatildeo eacute diferente de outros equipamentos de aspersatildeo por
combustatildeo Ela utiliza a energia de explosotildees de uma mistura oxigecircnio-acetileno em vez
de uma chama estacionaacuteria para impulsionar o poacute ateacute a superfiacutecie do substrato O depoacutesito
resultante eacute extremamente duro denso fortemente ligado ao substrato
Uma tocha de detonaccedilatildeo mostrada na Figura 218 consiste basicamente de um
tubo comprido no qual eacute introduzida uma mistura de gaacutes combustiacutevel oxigecircnio e poacute
Quando eacute feita a igniccedilatildeo da mistura uma onda de choque controlada aquece e acelera as
partiacuteculas de poacute cuja velocidade de saiacuteda eacute de 760 ms aproximadamente Apoacutes cada
injeccedilatildeo de mistura uma certa quantidade de nitrogecircnio eacute introduzida no tubo para purga
deste Ocorrem vaacuterias detonaccedilotildees por segundo gerando um ruiacutedo da ordem de 150 dB
sendo muitas vezes utilizadas instalaccedilotildees especiais com isolamento acuacutestico para estas
operaccedilotildees
Dentro do tubo temperaturas superiores a 3300degC satildeo atingidas enquanto a
temperatura do substrato deve ser mantida abaixo dos 150degC usando-se dispositivos de
resfriamento se for o caso
A espessura dos revestimentos geralmente situa-se entre 005 e 05mm A
operaccedilatildeo eacute normalmente mecanizada e agraves vezes remotamente controlada Excelente
acabamento pode ser obtido devido agrave baixa porosidade do revestimento (MARQUES
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Revisatildeo Bibliograacutefica 55
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Figura 216 - Esquemaacutetica de Tocha de detonaccedilatildeo
28113 - Processos Eleacutetricos
281131 - Arco Eleacutetrico
No processo de aspersatildeo a arco eleacutetrico dois arames eletrodos consumiacuteveis satildeo
alimentados de forma a se encontrar em um ponto agrave frente de um jato de gaacutes que serve
para atomizaccedilatildeo Uma diferenccedila de potencial de 18 a 40V eacute estabelecida entre os arames
produzindo um arco eleacutetrico que funde a ponta destes O jato de gaacutes atomizante (em geral
ar comprimido) destaca o material fundido produzindo um jato de gotiacuteculas fundidas que eacute
dirigido ao substrato A Figura 219 mostra um desenho esquemaacutetico de uma tocha para
aspersatildeo a arco
O equipamento baacutesico para este processo consiste de uma fonte de corrente
contiacutenua do tipo tensatildeo constante alimentadores de arame do tipo velocidade constante
tocha de aspersatildeo e um sistema de fornecimento de gaacutes comprimido controlaacutevel Os
arames utilizados satildeo em geral de grande diacircmetro da ordem de 5mm Este processo
experimentou um avanccedilo recente com o desenvolvimento de arames tubulares de
enchimento metaacutelico
Revisatildeo Bibliograacutefica 56
Gustavo Portela de Deus
Figura 217 - Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico
A temperatura do arco eacute consideravelmente maior que o ponto de fusatildeo do material
aspergido de modo que algum superaquecimento e volatizaccedilatildeo podem ocorrer
particularmente na aplicaccedilatildeo de zinco e alumiacutenio A alta temperatura das partiacuteculas pode
produzir zonas de reaccedilatildeo quiacutemica ou difusatildeo ou ambas apoacutes o impacto com o substrato
Estas interaccedilotildees satildeo similares a pequenas soldas a ponto e conferem excelente resistecircncia
de adesatildeo e coesatildeo ao revestimento Este processo apresenta taxas de deposiccedilatildeo mais altas
que outros processos de aspersatildeo Os fatores que influenciam esta taxa satildeo a corrente e a
velocidade de alimentaccedilatildeo de arame que dependem do equipamento usado
O comprimento do arco e o tamanho das gotiacuteculas tendem a aumentar com a
elevaccedilatildeo da diferenccedila de potencial entre os arames Esta deve ser mantida em valores
miacutenimos compatiacuteveis com a estabilidade do arco para se obter revestimentos densos e de
melhor acabamento (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281132 - Arco Plasma natildeo Transferido
O desenvolvimento de turbinas e motores de foguetes tem exigido bom
desempenho de materiais de engenharia em condiccedilotildees cada vez mais severas Para
Revisatildeo Bibliograacutefica 57
Gustavo Portela de Deus
satisfazer estas exigecircncias oacutexidos e carbonetos tecircm sido considerados devendo ser
aplicados por processos de aspersatildeo teacutermica de alta temperatura O processo plasma tem
atendido esta necessidade e levou ao desenvolvimento de uma nova famiacutelia de materiais e
teacutecnicas de aplicaccedilatildeo para uma ampla faixa de aplicaccedilotildees industriais
Na aspersatildeo a plasma Figura 220 o material eacute aplicado a partir de um poacute
Aplicaccedilatildeo a partir de arames tem sido desenvolvida mais recentemente Neste processo
um gaacutes ou mistura de gases passa atraveacutes de um arco eleacutetrico estabelecido entre um caacutetodo
de tungstecircnio e um acircnodo de cobre dotado de um orifiacutecio alinhados coaxialmente Em sua
passagem o gaacutes eacute aquecido gerando o plasma
Figura 218 - Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma
O poacute eacute alimentado no plasma fundido e acelerado em direccedilatildeo ao substrato por um
jato de alta velocidade A energia temperatura e velocidade do jato de plasma satildeo
controladas pelo tipo de bocal constritor intensidade da corrente eleacutetrica composiccedilatildeo e
vazatildeo do gaacutes de plasma Em geral nitrogecircnio ou argocircnio satildeo usados como gaacutes de plasma
podendo conter adiccedilotildees de hidrogecircnio ou heacutelio para aumentar sua potecircncia e velocidade
Revisatildeo Bibliograacutefica 58
Gustavo Portela de Deus
O equipamento baacutesico para a aspersatildeo a plasma mostrado na figura 220 consiste
de uma fonte de corrente contiacutenua constante alimentador de poacute fonte de gaacutes e um sistema
de controle que permite ajustar os paracircmetros de operaccedilatildeo (corrente vazotildees de gaacutes fluxo
de aacutegua para refrigeraccedilatildeo) e faz a sincronia de todo o sistema
281133 - Arco Plasma Transferido
Neste caso o processo eacute uma combinaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica e soldagem O
substrato deve ser condutor e faz parte do circuito do arco eleacutetrico que gera o plasma O
material aspergido se mistura com o material da poccedila de fusatildeo formada no substrato isto eacute
ocorre diluiccedilatildeo O equipamento usado eacute similar ao necessaacuterio para o plasma natildeo
transferido com exceccedilatildeo da tocha
A ligaccedilatildeo do revestimento ao substrato eacute essencialmente metaluacutergica e as
espessuras utilizadas satildeo em geral maiores que em outros processos de aspersatildeo teacutermica
O depoacutesito eacute denso uniforme e com bom acabamento A operaccedilatildeo eacute geralmente
mecanizada e com boa reprodutibilidade Entretanto a combinaccedilatildeo de substratos e
materiais aplicaacuteveis eacute mais limitada
2812 Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie
A preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute a etapa mais criacutetica da operaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica
A qualidade da adesatildeo do revestimento estaacute diretamente relacionada com a limpeza e a
rugosidade da superfiacutecie do substrato A obediecircncia rigorosa a procedimentos
padronizados de preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute necessaacuteria para garantir o sucesso da aplicaccedilatildeo
de revestimentos por aspersatildeo teacutermica O tipo de material do revestimento e do substrato
satildeo os fatores principais na determinaccedilatildeo do processo e qualidade da preparaccedilatildeo necessaacuteria
da superfiacutecie para se obter adesatildeo suficiente a uma dada aplicaccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 59
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Em partes sujeitas a fortes tensotildees mecacircnicas uma inspeccedilatildeo preacutevia agrave operaccedilatildeo de
revestimento eacute necessaacuteria para a detecccedilatildeo de falhas no metal base que eacute feita
normalmente por meio de ensaios natildeo-destrutivos Falhas estruturais no metal base
induziratildeo falhas similares no revestimento Trincas no substrato natildeo podem ser reparadas
por aspersatildeo teacutermica e revestimentos depositados por esta teacutecnica natildeo adicionam
resistecircncia mecacircnica ao substrato (MARQUES wwwinfosoldacombr )
2813 - Limpeza e Manuseio
O primeiro passo na preparaccedilatildeo de um substrato para aspersatildeo teacutermica eacute a retirada
de todos os contaminantes superficiais tais como poeira oacuteleo graxa e pintura O calor do
processo de aspersatildeo natildeo remove contaminaccedilatildeo e esta inibe a adesatildeo do revestimento
Depois que todos os contaminantes forem eliminados a limpeza deve ser mantida ateacute que
o ciclo de revestimento se complete As peccedilas devem ser protegidas de partiacuteculas
transportadas pelo ar e marcas de dedos bem como ser manuseadas com ferramentas e
material limpo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
28131 - Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes
Desengraxe com vapor
Jateamento uacutemido
Decapagem aacutecida
Aquecimento ao forno
Limpeza ultrassocircnica
Jateamento seco
Escovamento
Revisatildeo Bibliograacutefica 60
Gustavo Portela de Deus
2814 - Criaccedilatildeo de Rugosidade
Apoacutes a limpeza vaacuterios meacutetodos satildeo usados para produzir uma superfiacutecie mais
adequada para a aderecircncia do revestimento Os principais satildeo jateamento abrasivo
macroenrugamento e aplicaccedilatildeo de revestimento de ligaccedilatildeo Combinaccedilotildees destes meacutetodos
satildeo tambeacutem empregados incluindo jateamento abrasivo com subsequumlente aplicaccedilatildeo de um
revestimento de ligaccedilatildeo e usinagem seguida de jateamento abrasivo
A obtenccedilatildeo de uma rugosidade adequada eacute tatildeo importante quanto a limpeza
Durante a aspersatildeo as partiacuteculas fundidas ou semi-fundidas formam bolachas quando se
chocam com a superfiacutecie do substrato Estas agrave medida que se resfriam e se contraem
precisam aderir a uma superfiacutecie que favoreccedila o ancoramento mecacircnico
A geraccedilatildeo de uma superfiacutecie rugosa eacute usada para aumentar a aderecircncia e a coesatildeo
entre as partiacuteculas do revestimento por geraccedilatildeo de tensotildees superficiais de contraccedilatildeo
intertravamento de camadas aumento da aacuterea de interaccedilatildeo e descontaminaccedilatildeo da
superfiacutecie
O grau de enrugamento necessaacuterio para produzir um revestimento resistente e
adequado depende do material aplicado do processo e das condiccedilotildees de serviccedilo da peccedila
final (MARQUES wwwinfosoldacombr )
282 - Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste
A principal caracteriacutestica deste tipo de revestimento que satildeo aplicados para resistir
ao desgaste eacute a sua elevada dureza
Revisatildeo Bibliograacutefica 61
Gustavo Portela de Deus
2821 - Recobrimento Duro
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr ) recobrimento duro eacute
o nome dado ao processo que consiste em produzir por soldagem uma camada dura e
resistente ao desgaste na superfiacutecie da peccedila sujeita ao desgaste
2822 - Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro
De acordo com Batista amp Nascimento apud o Metals Handbook
(wwwspectrucombr ) os materiais para recobrimento duro satildeo classificados em cinco
grandes grupos em funccedilatildeo do teor total de elementos de liga Em geral a resistecircncia ao
desgaste e o custo crescem com o nuacutemero do grupo A escolha de uma liga especiacutefica
dependeraacute da aplicaccedilatildeo e do tipo de soldagem utilizado como mostra a Tabela 23
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro
Teor total de elementos de liga Elementos de liga principais
Materiais ferrosos de baixa liga
1A 2 a 6
1B 6 a 12
Cr Mo Mn
Cr Mo Mn
Materiais ferrosos de alta liga
2A 12 a 15
2B 12 a 25
2C 12 a 25
2D 30 a 37
3A 25 a 50
3B 25 a 50
3C 25 a 50
Cr Mo
Mo Cr
Mn Ni
Mn Cr Ni
Cr Ni Mo
Cr Mo
Co Cr
Revisatildeo Bibliograacutefica 62
Gustavo Portela de Deus
Ligas agrave base de niacutequel e agrave base de cobalto
4A 50 a 100
4B 50 a 100
4C 50 a 100
Co Cr W
Ni Cr Mo
Cr Ni Mo
Carbetos
5 75 a 96
WC ou WC em combinaccedilatildeo com
outros carbonetos como TiC e TaC sempre
em uma matriz metaacutelica
As ligas do grupo 1A satildeo accedilos de baixo teor de liga quase sempre tendo cromo
com principal elemento de liga O teor total dos elementos de liga incluindo o carbono
fica entre 2 e 6 Estas ligas de teor satildeo empregadas frequumlentemente como uma camada
de base para um recobrimento duro com ligas de teor de liga mais elevado
As ligas ferrosas do subgrupo 1B satildeo semelhantes agraves do grupo 1A poreacutem com
maior teor de elementos de liga ( 6 a 12 ) e com teor de carbono ateacute 2 ou mais
Muitos accedilos - ferramenta e alguns ligados fazem parte deste grupo
Os materiais do grupo 1 apresentam maior tenacidade entre as ligas de
recobrimento duro excetuando-se os accedilos-manganecircs austeniacuteticos Possuem tambeacutem
melhor resistecircncia ao desgaste que os accedilos de baixo e meacutedio carbono que satildeo ligas
usualmente recobertas pelo grupo 1 O custo eacute mais barato que as outras ligas de
recobrimento duro e muito empregados nos casos em que se necessita da usinabilidade e de
apenas um aumento moderado da resistecircncia ao desgaste
Revisatildeo Bibliograacutefica 63
Gustavo Portela de Deus
As ligas do subgrupo 2A satildeo ligas em que o principal elemento de liga eacute o cromo
com teor total de elemento de liga entre 12 e 25 Algumas delas tecircm certo teor de
molibdecircnio Este grupo inclui ainda alguns natildeo-ferros fundidos de meacutedio teor em liga O
molibdecircnio eacute o principal elemento de liga em quase todos os materiais do grupo 2B que
contam tambeacutem com teores relativamente altos de cromo
O subgrupo 2C eacute constituiacutedo pelos accedilos-manganecircs austeniacuteticos Manganecircs eacute o
principal elemento de liga estando tambeacutem presente o niacutequel para maior estabilizaccedilatildeo da
austenita
As ligas dos subgrupos 2A e 2B satildeo mais resistentes ao desgaste menos tenazes e
mais caras que os materiais do grupo 1 Jaacute os subgrupos 2C e 2D satildeo muito tenazes poreacutem
apresentam limitada resistecircncia ao desgaste que pode aumentar muito com o encruamento
As ligas do subgrupo 2D possuem um teor total de elementos de liga entre 30 e 37
variando o carbono entre 010 e 1
Os materiais do grupo 3 apresentam 25 a 50 de elementos de liga Satildeo ligas
com alto cromo vaacuterias delas com niacutequel eou molibdecircnio Os teores de carbono variam
entre 175 a 5 Este grupo eacute caracterizado pela presenccedila maciccedila de carbonetos
hipereuteacuteticos que conferem agraves ligas uma alta resistecircncia ao desgaste e uma razoaacutevel
resistecircncia agrave corrosatildeo e ao calor Satildeo ligas mais caras que as dos grupos 1 e 2
O grupo 4 compreende as ligas agrave base de cobalto e agrave base de niacutequel com teor total
de elementos natildeo-ferrosos entre 50 e 99 As ligas agrave base de cobalto do subgrupo 4ordf
satildeo consideradas como os mais versaacuteteis materiais de recobrimento duro Resistem ao
calor agrave abrasatildeo agrave corrosatildeo ao impacto agrave descamaccedilatildeo agrave oxidaccedilatildeo ao choque teacutermico agrave
erosatildeo e ao desgaste metal- metal
Revisatildeo Bibliograacutefica 64
Gustavo Portela de Deus
Algumas destas ligas mantecircm uma dureza elevada ateacute 825ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo
ateacute temperaturas da ordem de 1100ordmC As ligas agrave base de niacutequel subgrupo 4B satildeo
especialmente indicadas para peccedilas sujeitas ao mesmo tempo agrave corrosatildeo e ao desgaste Satildeo
superiores a outros materiais de recobrimento duro em aplicaccedilotildees nas quais o desgaste eacute
causado pelo contato metal-metal como no caso dos mancais Mantecircm durezas elevadas
ateacute cerca de 650ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo ateacute temperaturas da ordem de 875ordmC
Os materiais do grupo 5 consistem de gracircnulos duros de carbonetos distribuiacutedos em
uma matriz metaacutelica Satildeo muito indicados para aplicaccedilotildees de abrasatildeo intensa e de corte
Inicialmente se empregam apenas os carbonetos de tungstecircnio Mais recentemente outros
carbonetos principalmente titacircnio tacircntalo e cromo passaram a ser usados com bons
resultados Como matriz metaacutelica vaacuterios materiais tecircm sido utilizados tais como ferro accedilo
carbono Ligas agrave base de niacutequel agrave base de cobalto e bronze Os materiais do grupo 5
possuem a maacutexima resistecircncia agrave abrasatildeo em peccedilas sujeitas a impactos pequenos ou
moderados
2823 - Seleccedilatildeo do Material para Recobrimento Duro
A primeira medida eacute caracterizar bem as condiccedilotildees de serviccedilo nas quais deveraacute
trabalhar o equipamento que seraacute revestido com o recobrimento duro Em seguida deve-se
analisar com cuidado as interaccedilotildees dos materiais candidatos e do metal base bem como o
processo de soldagem a ser utilizado no recobrimento
2824 - Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento
Analisar as condiccedilotildees de serviccedilo para determinar os tipos de resistecircncia ao
desgaste e resistecircncia ao ambiente seleccedilatildeo de alguns materiais candidatos
Revisatildeo Bibliograacutefica 65
Gustavo Portela de Deus
Anaacutelise de compatibilidade entre as ligas e o metal base considerando
possiacuteveis tensotildees teacutermicas e eventuais trincas
Testar componentes recobertos com os materiais candidatos
Selecionar a melhor liga considerando o custo e a duraccedilatildeo do recobrimento
Selecionar o processo de recobrimento duro considerando a taxa de
deposiccedilatildeo o grau de diluiccedilatildeo (o metal base dilui a liga de recobrimento durante a
soldagem) eficiecircncia de deposiccedilatildeo e custo total O custo total inclui o preccedilo dos
eletrodos e o processamento
29 - Tipos de Revestimento
Os tipos de revestimento mais aplicados em soldagem podem ser classificados em
endurecimento superficial
resistentes agrave corrosatildeo
resistentes ao desgaste eou impacto
para recuperaccedilatildeo ou reparos de manutenccedilatildeo
291 - Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Tabela ndash 24 Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Condiccedilotildees de serviccedilo Materiais para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal altas
tensotildees de contato
Stellite 1 ligas Tribaloy
Escorregamento metal ndash metal baixas
tensotildees de contato
Accedilos de baixa liga para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal
combinado com corrosatildeo e oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto ou agrave base de
niacutequel dependendo da agressividade do
Revisatildeo Bibliograacutefica 66
Gustavo Portela de Deus
ambiente
Abrasatildeo sob baixa tensatildeo erosatildeo por
colisatildeo de partiacuteculas de pequeno acircngulo
Ferros fundidos de alta liga
Abrasatildeo severa sob baixa tensatildeo
retenccedilatildeo do gume
Materiais com altos teores de carbonetos
Erosatildeo por cavitaccedilatildeo e por colisatildeo
Choques mecacircnicos intensos combinados
com corrosatildeo ou oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto
Stellite 21 Stellite6
Abrasatildeo por sulcamento Accedilos ndash manganecircs austeniacuteticos
Descamaccedilatildeo
Stellite 21 Stellite 6 Tribaloy T-400
Tribaloy T-800
Estabilidade teacutermica eou resistecircncia agrave
fluecircncia a altas temperaturas
Ligas agrave base de cobalto ligas de niacutequel
com carbonetos
292 - Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies
A Tabela 25 apresenta as principais vantagens e desvantagens dos principais
processos de deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Tabela 25 - As principais vantagens e desvantagens dos principais processos de
deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Revisatildeo Bibliograacutefica 67
Gustavo Portela de Deus
Processo Vantagens Desvantagens
Galvanizaccedilatildeo iocircnica
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo baixa
temperatura de processamento
deposiccedilatildeo em furos e ranhuras
Seleccedilatildeo restrita de materiais de
revestimento revestimentos relativamente
macios riscos ambientais precisatildeo limitada
para repeticcedilatildeo na superfiacutecie
PACVD (Plasma
Assisted Chemical
Vapour Deposition)
Temperaturas de processo muito
abaixo das do CVD temperaturas
baixas revestimentos precisos
Adequado apenas para furos e ranhuras
PVD (Physical
Vapour Deposition)
Ecologicamente seguro permite
grande variedade de
revestimentos temperatura de
revestimentos mais baixa do que a
de tratamento teacutermico final da
maioria dos accedilos espessura
reduzida reproduziacutevel com
precisatildeo resistecircncia elevada ao
desgaste baixo coeficiente de
atrito
Revestimento de furos e ranhuras ndash alcanccedila
profundidade igual ao diacircmetro ou largura
da abertura resistente agrave corrosatildeo em
determinadas condiccedilotildees apenas
revestimento uniforme depende de as peccedilas
girarem durante o processamento
Difusatildeo
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo boa
reprodutibilidade
Revestimentos relativamente macios
seleccedilatildeo restrita de material de base tempo
de processamento longo riscos ambientais
necessidade de poacutes-tratamento
CVD (Chemical
Vapour Deposition)
Elevada resistecircncia ao desgaste
produccedilatildeo econocircmica de
Temperaturas de processamento elevadas
impossibilidade de revestir vaacuterios metais
Revisatildeo Bibliograacutefica 68
Gustavo Portela de Deus
revestimentos espessos adequado
para furos e ranhuras
arredondamento de bordos riscos
ambientais
Capiacutetulo 3
Materiais e Meacutetodos
Materiais e Meacutetodos 70
Guatavo Portela de Deus
3 - Materiais e Meacutetodos
31 ndash Fluxograma do Desenvolvimento Experimental
Teacutecnicas de deposiccedilatildeo dos revestimentos duros
Soldagem dos corpos-de-
prova Aspersatildeo teacutecnica
EnsaiosAnaacutelises
Prop mecacircnicas Caract microestrutural
Ensaio de
desgaste
Ensaio de DurezaMicro
Microscopia oacutetica
Discussatildeo Anaacutelises
Dissertaccedilatildeo de Mestrado
Materiais e Meacutetodos 71
Gustavo Portela de Deus
32 - Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no Solo de
Equipamentos Rodoviaacuterios
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios objeto deste
estudo foram selecionados dentre os que foram considerados como um dos mais
representativos na avaliaccedilatildeo referentes aos custos de manutenccedilatildeo e de consideraacutevel atraso
nos cronogramas de trabalho nas frentes de trabalho de conservaccedilatildeo e construccedilatildeo
rodoviaacuteria
Os elementos escolhidos para os estudos comparativos e para a anaacutelise de desgaste
na forma de desgaste abrasivo a dois corpos foram as unhas da caccedilamba da paacute carregadeira
de rodas articuladas utilizadas em serviccedilos leves e pesados de escavaccedilatildeo e carregamento
de agregados na forma principalmente de solos lateriacuteticos
Figura 3 1 Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira
Materiais e Meacutetodos 72
Gustavo Portela de Deus
Figura 32 Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira
Dentre os equipamentos rodoviaacuterios utilizados para construccedilatildeo e conservaccedilatildeo de
rodovias alguns apresentam ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de uso contiacutenuo e outras
somente quando a atividade se torna necessaacuteria como pontas de escarificadores de solos
Existem ainda outros elementos de maacutequinas que apresentam desgaste elevado em funccedilatildeo
dos mesmos manterem um contato direto com o solo como os elementos que compotildeem o
conjunto do material rodante de tratores de esteiras de escavadeiras hidraacuteulicas e de paacutes
carregadeiras tracionadas por esteiras desgaste este que por acontecer entre elementos que
estatildeo em movimento relativo entre si eacute considerado como desgaste abrasivo a trecircs corpos
Alguns fabricantes com a finalidade de prolongar a vida uacutetil desses elementos passaram a
utilizar esteiras vedadas e lubrificadas para evitar o contato direto dos elementos em
movimento relativo
O primeiro passo no desenvolvimento do projeto de avaliaccedilatildeo comparativa e na
anaacutelise de rendimento dos dois processos de revestimento superficial e do material
Materiais e Meacutetodos 73
Gustavo Portela de Deus
comercialmente encontrado e utilizado foi a confecccedilatildeo dos corpos de prova seguindo as
especificaccedilotildees da norma que regulamenta estudos triboloacutegicos ou seja a ASTM G65-91
Os materiais de base apoacutes ser analisados quanto agrave perda de massa no periacuteodo de
2900 horas foram cortados nas dimensotildees especificadas pela norma ASTM G65-91 para
ser submetidos aos ensaios de dureza pelo meacutedodo Rockwell C e resistecircncia agrave abrasatildeo por
meio do ensaio pela roda de borracha O mesmo procedimento foi executado aos corpos de
prova revestidos por soldagem de endurecimento superficial bem como pelo processo de
aspersatildeo teacutermica pelo meacutetodo LVOF Apoacutes o corte esses corpos-de-prova foram
submetidos a algumas operaccedilotildees de usinagem com a finalidade de adquirir suas formas
planas e retiradas de escoacuterias provenientes do processo de soldagem
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos
3211 - Revestimento Duro pelo Processo de Soldagem
Uma das teacutecnicas utilizadas no desenvolvimento do trabalho e que se tornou fator
de anaacutelise e comparaccedilatildeo de resultados de maior e menor desempenho foi o revestimento
duro pelo processo de soldagem em que foi utilizado a soldagem de revestimento com
eletrodo revestido
O processo de revestir superfiacutecies pelo processo de soldagem pode ser aplicado em
peccedilas novas bem como na recuperaccedilatildeo de peccedilas desgastadas pelo uso Eacute um processo de
aplicaccedilatildeo simples necessitando apenas das varetas das ligas de recobrimento e de uma
chama oxiacetilecircnica ou de um arco eleacutetrico O processo tem a vantagem de poder ser
aplicado a aacutereas localizadas da peccedila que sejam mais sujeitas ao desgaste (BATISTA
NASCIMENTO wwwspectrucombr )
Materiais e Meacutetodos 74
Gustavo Portela de Deus
As varetas dos materiais de recobrimento satildeo fornecidas em dois tipos revestidas
para soldagem a arco e natildeo revestidas para soldagem oxiacetilecircnica A soldagem
oxiacetilecircnica produz depoacutesitos mais uniformes e que podem ser mais bem posicionadas na
peccedila com velocidades de aquecimento e resfriamento relativamente baixas Por outro lado
a soldagem a arco eacute um processo menos caro mais raacutepido e se presta melhor agrave utilizaccedilatildeo
de equipamentos automaacuteticos Os depoacutesitos obtidos com arco eleacutetrico em geral satildeo mais
grosseiros e apresentam maior tendecircncia agrave formaccedilatildeo de poros Haacute tambeacutem maior
probabilidade de formaccedilatildeo de trincas em funccedilatildeo dos gradientes de temperatura criados
para altas velocidades de aquecimento e de resfriamento (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
O material de recobrimento eacute fundido durante a soldagem e se espalha sobre o
metal base ligando-se com este e formando uma nova superfiacutecie com uma camada que
varia entre 15 mm a 60 mm Apenas uma camada superficial da peccedila atinge a temperatura
de fusatildeo o que evita uma contaminaccedilatildeo muito acentuada do recobrimento do metal base
que diminuiria as propriedades de resistecircncia ao desgaste da camada depositada
O recobrimento duro pode ser aplicado agrave maioria dos metais natildeo ferrosos Por outro
lado com algumas exceccedilotildees natildeo se recomenda o recobrimento de ligas natildeo ferrosas com o
ponto de fusatildeo inferior a 1100ordmC Os accedilos ndash carbonos podem ser recobertos com relativa
facilidade em especial se o teor de carbono for inferior a 035 A soldagem se torna mais
difiacutecil agrave medida que o teor de carbono aumenta sendo que os accedilos de alto carbono e os
accedilos ligados devem sofrer um preacute ndash aquecimento e apoacutes recobrimento devem ser recozidos
Os accedilos inoxidaacuteveis os ferros fundidos e os accedilos raacutepidos tambeacutem podem ser recobertos
utilizando ndash se teacutecnicas adequadas de soldagem O cobre bronze e ligas como o latatildeo
Materiais e Meacutetodos 75
Gustavo Portela de Deus
apresentam maiores dificuldades de soldagem em funccedilatildeo de seus pontos de fusatildeo serem
baixos e sua alta condutividade (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr )
O recobrimento duro eacute muito usado nas aplicaccedilotildees em uma lubrificaccedilatildeo regular
contra abrasatildeo seja impossiacutevel ou inviaacutevel como em ferramentas de perfuraccedilatildeo de poccedilos
de petroacuteleo equipamentos para a agricultura e para terraplenagem ferramentas para
mineraccedilatildeo e equipamentos para a induacutestria petroquiacutemica O processo tambeacutem eacute usado para
ampliar a duraccedilatildeo de peccedilas que recebem lubrificaccedilatildeo tais como matrizes de conformaccedilatildeo
mecacircnica e aacutereas localizadas de oacutergatildeos de maacutequinas extremamente sujeitas a desgaste
Superfiacutecies com recobrimento duro satildeo em geral mais resistentes ao desgaste ao calor e agrave
corrosatildeo do que superfiacutecies cementadas ou temperadas por chama
Aleacutem disso aacutereas de difiacutecil acesso em componentes grandes praticamente
impossiacuteveis de ser submetidas a um processo de tratamento teacutermico podem receber um
recobrimento duro A teacutecnica pode tambeacutem ser empregada para a recuperaccedilatildeo de
equipamentos pesados sem a necessidade de desmontaacute-los (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
3212 ndash Revestimento superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF
Foi tambeacutem aplicada a teacutecnica de revestimento por aspersatildeo teacutermica
especificamente pelo meacutetodo de LVOF de acordo como eacute relatado a seguir o
desenvolvimento do processo
3213 - HVOF (High Velocity Oxigen Fuel)
Dentre os processos de aspersatildeo teacutermica utilizados para aplicar revestimentos
resistentes ao desgaste o processo de aspersatildeo oxicombustiacutevel de alta velocidade
Materiais e Meacutetodos 76
Gustavo Portela de Deus
conhecido como HVOF (Higt velocity oxi fuel) tem sido um dos mais utilizados
principalmente na aplicaccedilatildeo de carbonetos O processo eacute baseado em um sistema de
combustatildeo interna de alta pressatildeo similar a um motor de foguete em miniatura
Combustiacutevel e oxigecircnio satildeo misturados para produzir um jato de gaacutes supersocircnico acima de
2000 ms e 2800degC ( Lima et al apud Thorpe et al 1998) Os combustiacuteveis usados
incluem querosene hidrogecircnio propileno propano acetileno metil-acetileno propadieno
e gaacutes natural O material em forma de poacute eacute introduzido na chama quente dentro do cano de
saiacuteda da pistola Os revestimentos produzidos apresentam maior dureza adesatildeo ao
substrato durabilidade e maior possibilidade de espessura do que os revestimentos
produzidos por outros processos de aspersatildeo teacutermica Uma vantagem inerente do processo
HVOF eacute sua habilidade de aspergir partiacuteculas semi-fundidas a altas velocidades (em torno
de 900 ms) resultando em um revestimento bastante denso com alta adesatildeo ao substrato e
baixo conteuacutedo de oacutexidos Carbonetos superaquecidos podem se decompor e formar fases
menos beneacuteficas ao revestimento O processo HVOF eacute bastante efetivo ao acelerar bastante
as partiacuteculas sem excesso de aquecimento (LIMACAMARGO 2001)
Carbonetos de vaacuterios tipos satildeo especialmente adequados para aplicaccedilatildeo por HVOF
pois natildeo requerem significante fusatildeo para se depositar e formar uma superfiacutecie efetiva
contra desgaste Composiccedilotildees tiacutepicas estatildeo entre 8 a 30 de conteuacutedo da liga matriz que
serve primariamente como ligante para as partiacuteculas de carboneto (Lima et al apud Thorp
et al 2000) Uma das ligas mais usadas para aplicaccedilotildees de desgaste tem sido a liga WC-
Co (Lima et al apud Korpiola amp Vuoristo 1996) agraves vezes ligada a outros elementos como
Ni e Cr no intuito de oferecer melhores caracteriacutesticas de resistecircncia agrave corrosatildeo e desgaste
combinado (Lima et al apud Berger et al 2001)
Materiais e Meacutetodos 77
Gustavo Portela de Deus
3214 - LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray - Poacute
O processo LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) poacute consiste em injetar o material a
ser depositado em forma de poacute na chama derivada da queima de oxigecircnio e acetileno
(3100ordmC) sendo o material aquecido e projetado contra o substrato previamente preparado
Em algumas variaccedilotildees do processo um jato de ar comprimido auxilia a acelerar e
atomizar o poacute Pode-se efetuar a fusatildeo da camada apoacutes aplicaccedilatildeo do revestimento
aumentando assim a aderecircncia e resistecircncia do material aplicado
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
- Ligas Base de Niacutequel como Incinel Monel NiCrBSi e outras
- Oacutexido de Cromo
- Alumina e Alumina ndash Titacircnio e Dioacutexido de Titacircnio
- Oacutexido de Zirconia
- Ligas Base de Cobalto ndash Stellite
3215 - LVOF ( Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray ndash Arame
O processo de aspersatildeo LVOF Arame utiliza como fonte de calor para fusatildeo do
arame a chama gerada pela queima de oxigecircnio e acetileno
A atomizaccedilatildeo e aceleraccedilatildeo do material fundido satildeo realizadas por um jato de ar
comprimido que cerca a chama do oxigecircnio e acetileno
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
Materiais e Meacutetodos 78
Gustavo Portela de Deus
- Accedilo carbono como ligas 1020 1045 1080 e outros
- Accedilo inox como ligas AISI 302 304 316 e AISI 410420 etc
- Ligas de Niacutequel
- Alumiacutenio
- Zinco
- Estanho
322 - Materiais
3221 - Material de Referecircncia
O material que foi utilizado como referecircncia na anaacutelise comparativa dos processos
de revestimento foi retirado de amostras de unhas de caccedilambas de paacutes carregadeiras de
rodas na sua forma original ou seja fornecida pelo fabricante do equipamento rodoviaacuterio e
seguindo os padrotildees determinados pela norma ASTM G65-91 Por se tratar de materiais
originais ou seja fornecido pelo fabricante da maacutequina foi constatado por meio de
avaliaccedilotildees primaacuterias como mais resistentes ao desgaste abrasivo e comprovado atraveacutes do
nuacutemero de horas em que os elementos foram submetidos em operaccedilotildees de escavamento e
carregamento
3222 - Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo
O material de base utilizado na confecccedilatildeo dos corpos de prova para anaacutelise de
resistecircncia ao desgaste abrasivo pelos processos por soldagem e por aspersatildeo teacutermica foi o
accedilo ABNT 1015 com as seguintes dimensotildees 75 mm de comprimento 24 mm de largura
Materiais e Meacutetodos 79
Gustavo Portela de Deus
e 4mm de espessura nas amostras por soldagem e 48 mm de comprimento 24 de largura e
4mm de espessura nas amostras aspergidas Tais dimensotildees se fizeram necessaacuterias para
atender agrave norma como tambeacutem para permitir um encaixe perfeito ao suporte do
abrasocircmetro nos ensaios de perda de massa
3223 - Consumiacuteveis Utilizados
Os consumiacuteveis utilizados para revestir os corpos de prova nos processos de
revestimento superficial por soldagem foram os eletrodos para abrasatildeo severa erosatildeo e
cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo Bohler Thyssen Welding tipo UTP 713 desenvolvimento especial
com as seguintes concentraccedilotildees C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09
com dureza de 65HRC
Os revestimentos por soldagem executados nos corpos-de-prova foram feitos na
empresa Engincom Comeacutercio e Induacutestria LTDA situada no Distrito Industrial de
Teresina-PI
Jaacute os corpos de prova revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica por LVOF
utilizaram como consumiacutevel nas amostras tipo P uma mistura composta de 170 de Cr
40 de Fe 40 de Si 35 de B 10 de C e Ni balanceado As amostras tipo M foram
revestidas utilizando como consumiacutevel a mesma mistura utilizada no revestimento das
amostras tipo P com a adiccedilatildeo de 10 de carboneto de tungstecircnio com base cobalto (81
de tungstecircnio + 12 de cobalto + 5 de carbono + 2 de ferro)
Foram utilizados dois tipos de consumiacuteveis nas amostras revestidas por aspersatildeo
teacutermica com a finalidade de se avaliar tambeacutem o comportamento dos revestimentos
quanto a resistecircncia ao desgaste abrasivo utilizando-se os ensaios de resistecircncia ao desgaste
Materiais e Meacutetodos 80
Gustavo Portela de Deus
e de dureza nos dois tipos de consumiacuteveis Levando-se em consideraccedilatildeo principalmente o
custo do revestimento
Os corpos-de-prova que foram revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica tipo
LVOF foram executados na empresa Ogramac Nordeste situada no Distrito Industrial de
Suape em Ipojuca-PE
3224 - Areia
A areia utilizada no ensaio de abrasatildeo para constataccedilatildeo da perda de massa foi a
areia quartzosa industrial com granulometria de 40 a 60 mesh fornecida pela empresa
Sand SL Comeacutercio de Mineacuterio LTDA de Satildeo Carlos-SP Esta areia foi submetida a um
sistema de peneiramento de modo a adequar a sua granulometria agraves dimensotildees
especificadas pela norma ASTM G65-91 que estabelece um percentual de 5 de maacutexima
retenccedilatildeo na peneira de 50 mesh e de 90 de miacutenimo na peneira de 60 mesh
323 - Equipamentos
3231 - Equipamento de Soldagem
Foi utilizado um transformador de solda de fabricaccedilatildeo bambozzi modelo TDC 460
E com as seguintes caracteriacutesticas teacutecnicas Corrente maacutexima de solda de 430 A trifaacutesico
com tensatildeo de alimentaccedilatildeo de 380V potecircncia nominal de 208 kVA frequumlecircncia de
5060Hz caracteriacutesticas de soldagem DC e dimensotildees (AxLxC) de 480x555x665
3232 - Sistema de Peneiramento da Areia
A maacutequina utilizada para peneirar a areia no ensaio de abrasatildeo por roda de
borracha foi desenvolvida e construiacuteda no Departamento de Engenharia de Materiais da
Materiais e Meacutetodos 81
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Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar Eacute constituiacuteda de duas peneiras superpostas
com malhas de 50 e 70 meshs segundo a AFS fixadas em uma estrutura de accedilo que sofre
movimento vibratoacuterio promovido por um motor de frac14 de HP em cujo eixo estaacute afixada
uma peccedila assimeacutetrica para provocar um efeito excecircntrico na rotaccedilatildeo e consequumlente
vibraccedilatildeo como mostra a Figura 33
Figura 33 - Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo
3233 Abrasocircmetro
O abrasocircmetro utilizado no ensaio de abrasatildeo por perda de massa tambeacutem foi
desenvolvido e construiacutedo nos laboratoacuterios do Departamento de Engenharia de Materiais
da Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar segundo a norma ASTM G65-91 Esta
norma determina que seja feita uma calibraccedilatildeo do abrasocircmetro de modo que o mesmo
possa ser utilizado de forma confiaacutevel assegurando as mesmas condiccedilotildees e
reprodutividade dos ensaios de perda de volume
Materiais e Meacutetodos 82
Gustavo Portela de Deus
O anel de borracha eacute constituiacutedo de clorobutil com diacircmetro externo inicial de
2286 mm e espessura de 127 mm com dureza variando entre 59 e 60 shore A A
excentricidade do anel natildeo deve exceder a toleracircncia de 005 mm Com este diacircmetro
especificado e para um nuacutemero total de 6000 rotaccedilotildees o comprimento linear de realizaccedilatildeo
do ensaio eacute de 4309 m Agrave medida que a roda se desgasta deve-se ajustar a perda de
volume (PV) como prevecirc a norma O fluxo de areia recomendado eacute de 300 gmin a 400
gmin que deveraacute escoar pelo bocal de alimentaccedilatildeo de forma regular e contiacutenua como
mostra a Figura 34
Faz parte da constituiccedilatildeo do abrasocircmetro um contador digital do nuacutemero de voltas
efetuadas pela roda de borracha ateacute o limite estabelecido de 6000 rotaccedilotildees em que o
mesmo deveraacute provocar o desligamento automaacutetico Possui ainda um sistema de alarme
com paracircmetros de limites de rotaccedilotildees por min de miacutenimo 190rpm e de maacuteximo 210 rpm
e tendo como rotaccedilatildeo referecircncia 200 rpm (BRANDIM 1998)
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha
Materiais e Meacutetodos 83
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3234 - Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos-de-Prova
Os corpos-de-prova revestidos pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
foram retificados e cortados em uma retificadora plana longitudinal de fabricaccedilatildeo Mello
SA Maacutequinas e Equipamentos modelo RPT 2 maacutequina nordm 192 ano 1983 nos laboratoacuterios
de usinagem do CEFET ndash PI com refrigeraccedilatildeo na aacuterea de corte atraveacutes de fluido especial
emulsionaacutevel em aacutegua e tendo como ferramenta de corte um disco abrasivo de alta rotaccedilatildeo
(6000 rpm) e elevada dureza da ordem de 70 HRC fornecido pela empresa Arotec
modelo AA 5
Anteriormente ao corte das amostras nas dimensotildees especificadas pela norma
ASTM G65-91 os corpos de prova passaram por um processo de retificaccedilatildeo com o
objetivo de reparar possiacuteveis deformaccedilotildees e melhorar o acabamento das amostras
As medidas de massa dos corpos de prova para determinaccedilatildeo da massa antes e
depois do ensaio de abrasatildeo por roda de borracha foram efetuadas em uma balanccedila de
precisatildeo analiacutetica marca Marte modelo AS 2000C com capacidade de pesagem maacutexima
de 2000g e miacutenima de 05g erro de 01g e sensibilidade de 001g
3235 - Durocircmetro
As medidas de dureza foram efetuadas em um durocircmetro marca Sussen Wolpert
tipo Testor HT1 maacutequina Nordm 333 ano 1971 em escala Rockwell C com carga de 150 kgf
como mostra a Figura 35 pertencente ao laboratoacuterio do DEMa da Universidade Federal de
Satildeo Carlos (UFSCar)
Materiais e Meacutetodos 84
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Figura 35 - Durocircmetro
3236 - Microscopia Oacutetica
As anaacutelises e imagens de microscopia oacutetica foram realizadas no microscoacutepio oacutetico
de marca NIKKON EPIPHOT ndash DX com conversor de sinais da Hitach modelo com
aumento maacuteximo de 1000 vezes Para obtenccedilatildeo das fotos das microestruturas utilizou-se
um analisador de imagens
33 - Sequumlecircncia Experimental
Apoacutes os procedimentos convencionais de preparaccedilatildeo das amostras nas trecircs
condiccedilotildees que seratildeo avaliadas ou seja soldadas revestidas superficialmente por aspersatildeo
teacutermica e na condiccedilatildeo normal ou comercialmente encontradas estas amostras ou corpos-
de-prova passaram agrave fase experimental
Materiais e Meacutetodos 85
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Os experimentos tiveram como finalidade inicial avaliar o desempenho quanto agrave
resistecircncia agrave abrasatildeo dos corpos-de-prova quando submetidos aos processos de
revestimento superficial pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Tais experimentos se basearam principalmente em anaacutelises microscoacutepicas por meio
de microscopia oacutetica resistecircncia agrave abrasatildeo pelo ensaio da roda de borracha e pela anaacutelise
do niacutevel de dureza adquirida atraveacutes do durocircmetro
Depois de computados os resultados obtidos nos ensaios tecnoloacutegicos nas trecircs
avaliaccedilotildees diferentes microscopia dureza e resistecircncia agrave abrasatildeo partiu-se para a anaacutelise
matemaacutetica atraveacutes das meacutedias em funccedilatildeo de resultados diferentes obtidos nos ensaios em
pontos diferentes das amostras
34 ndash Meacutetodos
341 - Planejamento Experimental
3411 - Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo a Baixa Tensatildeo ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram preparados e ensaiados segundo os procedimentos da
norma ASTM G65-91 (1991) no abrasocircmetro similar ao apresentado na figura A forccedila
exercida pelo corpo de prova sobre a roda foi de 130 N A rotaccedilatildeo da roda de borracha foi
mantida em mais ou menos 200 rpm com variaccedilotildees para mais e para menos de 10 rpm
quando em movimento e sob pressatildeo de ensaio Empregou-se para a contagem do nuacutemero
de giros da roda de borracha um sensor indutivo O nuacutemero total de rotaccedilotildees da roda para
interrupccedilatildeo automaacutetica do ensaio foi preacute-fixado em 6000 rotaccedilotildees Para a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha quando se fez necessaacuterio utilizou-se uma lixa de
granulometria 320 mantendo-se o braccedilo da alavanca do equipamento livre de qualquer
Materiais e Meacutetodos 86
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carga para evitar qualquer pressatildeo sobre a roda e proporcionar uma folga suficiente para a
introduccedilatildeo da lixa entre a roda e a amostra O fluxo de areia foi mantido dentro dos limites
da norma ASTM G65-91 (1991) tendo variado entre 350 e 360 gramasminuto
Os ensaios foram realizados com a roda de borracha girando no mesmo sentido da
direccedilatildeo de soldagem empregado Apoacutes o ensaio de cada lote realizou-se a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha As perdas de massa e de volume conforme a norma ASTM
G65-91 (1991) quando satildeo determinadas em uma roda de borracha com diacircmetro externo
diferente de 2286 mm devem ser corrigidas linearmente pela relaccedilatildeo perda de volume
(PV) x 2286 mmdiacircmetro da roda no final do ensaio tendo sido empregada quando
necessaacuterio esta correccedilatildeo (BRANDIM 1998)
3412 Microscopia Oacutetica
As amostras revestidas por aspersatildeo teacutermica LVOF dos tipos P e M e soldadas
foram analisadas no microscoacutepio oacutetico com aproximaccedilatildeo de 50X 100X 200X e 500X
3413 Ensaio de Dureza
Para a determinaccedilatildeo da dureza foi utilizado o meacutetodo Rockwell C com carga de
150 kgf Antes de efetuar as medidas foi realizada a afericcedilatildeo do aparelho ou durocircmetro
por meio da utilizaccedilatildeo de corpos-de-prova de dureza padronizada Cada corpo-de-prova foi
submetido a no miacutenimo trecircs medidas de dureza em pontos diferentes da superfiacutecie
Capiacutetulo 4
Resultados e Discussatildeo
Resultados e Discussatildeo 88
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4 - Resultados e Discussatildeo
41 - Introduccedilatildeo
Por meio dos ensaios jaacute efetuados e comentados no capiacutetulo anterior e utilizando-
se a metodologia descrita inicialmente seratildeo representados os resultados de afericcedilatildeo e
qualificaccedilatildeo do abrasocircmetro realizados segundo a norma ASTM G65-91(1991)
Procedimento A resistecircncia ao desgaste resultados dos ensaios de dureza e anaacutelises
quiacutemicas de microscopia oacutetica e terminando com as discussotildees que se fizeram relevantes
dos resultados obtidos
411 - Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho
Foram levantados dados estatiacutesticos do rendimento apresentado pelos elementos de
penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios no que concerne agrave vida uacutetil
proporcionada pelos diversos produtos apresentados no mercado bem como a qualidade
destes materiais no que diz respeito a constituiccedilatildeo da liga tratamentos teacutermicos efetuados
e revestimento superficial em peccedilas novas ou recuperadas na forma de endurecimento com
a finalidade de elevar a resistecircncia ao desgaste
No levantamento de dados e de informaccedilotildees foram considerados os rendimentos
obtidos pelas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios quando
utilizadas na sua forma original ou seja de acordo com a forma comercial fornecida por
parte dos fabricantes Foi considerada a vida uacutetil atingida com a ferramenta quando
utilizada na sua forma comercial bem como quando aplicado seu revestimento especiacutefico
Resultados e Discussatildeo 89
Gustavo Portela de Deus
Foram confeccionados corpos de prova seguindo a norma especiacutefica para
revestimentos duros ou seja ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram revestidos por soldagem de revestimento utilizando
eletrodos com as seguintes caracteriacutesticas eletrodo baacutesico que apresenta depoacutesitos de
carbonetos complexos de Cr Mo Nb W e V indicado para revestimentos duros contra
abrasatildeo severa erosatildeo e cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo BOHLER THYSSEN WELDING Tipo
UTP 713 desenvolvimento especial com concentraccedilatildeo de elementos na seguinte
composiccedilatildeo C - 4 Cr - 235 Mo ndash 65 Nb ndash 60 W ndash 08 e V ndash 09 com uma
dureza esperada de 65HRc
Foram tambeacutem revestidos pelo processo de revestimento superficial por aspersatildeo
teacutermica do tipo LVOF
Durante o desenvolvimento do projeto foram determinadas as perdas de massa
bem como de espessura dos elementos objeto do estudo antes e depois de revestidos pelos
processos de recobrimento por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Os corpos-de-prova foram ensaiados para anaacutelise de resistecircncia ao desgaste
abrasivo por meio do abrasocircmetro de roda de borracha que foi construiacutedo pelos alunos
mestrandos em engenharia de materiais da Universidade Federal de Satildeo Carlos UFSCar na
aacuterea especiacutefica triboloacutegica seguindo as recomendaccedilotildees da norma ASTM G65-91
Foram executados estudos comparativos de rendimento e viabilidade econocircmica
quando comparadas estas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios
utilizadas na sua forma comercial bem como quando revestidas pelos processos de
endurecimento superficial por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 90
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42 - Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM
G65-91 Procedimento A
De acordo com esta norma o abrasocircmetro deveraacute antes da realizaccedilatildeo dos ensaios
de desgaste ser aferido Para tanto utilizou-se um accedilo ABNT 1015 para a determinaccedilatildeo do
coeficiente de variaccedilatildeo dos resultados obtidos com o ensaio de desgaste visando agrave
verificaccedilatildeo da dispersatildeo dos valores e da reprodutibilidade do equipamento A conversatildeo eacute
feita pela seguinte equaccedilatildeo
1000sup3)(
)(sup3)( x
cmg
gPMmmPV
Onde PV (mmsup3) = Perda de volume PM (g) = Perda de Massa e = (gmmsup3)
densidade do material
Segundo o apecircndice A da norma ASTM G65-91 o desvio padratildeo S a ser calculado
eacute obtido com o auxiacutelio da tabela 41 da referida norma para a obtenccedilatildeo do valor de d2 que
eacute dependente do nuacutemero de corpos-de-prova utilizados no ensaio de desgaste por abrasatildeo
Entatildeo a partir do desvio padratildeo da diferenccedila entre a maior perda de volume e a menor
perda de volume calcula-se o coeficiente de variaccedilatildeo (V) Tem-se entatildeo
Como o valor obtido neste processo de afericcedilatildeo foi inferior ao limite de 7
estabelecido pela norma ASTM G65-91(1991) fica assegurada a confiabilidade dos
resultados obtidos com o abrasocircmetro Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave
baixa tensatildeo realizada com accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilatildeo do
abrasocircmetro
Resultados e Discussatildeo 91
Gustavo Portela de Deus
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com
o accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro
Corpos-de-prova
Massa (g)
PV (cm3) M
i
M
f
Δ
M
01
1
128910
1
125017
0
3893
4
95924
02
1
129257
1
125721
0
3536
4
50446
03
1
077076
1
073516
0
3560
4
53503
04
1
093156
1
089095
0
4061
5
17325
05
1
077034
1
073005
0
4029
5
13248
Total
4
9
Onde Mi = Massa do corpo de prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo de prova depois do ensaio
ΔM = Diferenccedila de massa antes e apoacutes o ensaio
PV = Perda de volume
43 - Resistecircncia ao Desgaste
Resultados e Discussatildeo 92
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A anaacutelise da resistecircncia ao desgaste eacute feita pela comparaccedilatildeo com um material de
referecircncia Neste estudo foi utilizado o proacuteprio material constituinte das unhas da caccedilamba
de uma paacute carregadeira articulada de rodas Para a visualizaccedilatildeo geral dos materiais
envolvidos neste trabalho eacute apresentada na figura 41 uma comparaccedilatildeo da perda de
volume no qual os valores satildeo as meacutedias de todos os ensaios realizados
Na primeira imagem eacute representada a amostra que foi revestida pelo processo de
soldagem em que fica demonstrada a menor perda de massa em funccedilatildeo do consumiacutevel
utilizado no processo que possuiacutea uma grande concentraccedilatildeo de elementos de liga que
propiciam elevada resistecircncia ao desgaste
Na segunda imagem temos a representaccedilatildeo de uma amostra revestida pelo processo
de aspersatildeo teacutermica por LVOF em que tambeacutem fica demonstrada uma elevada resistecircncia
ao desgaste abrasivo embora de menor intensidade que na soldagem que admitimos ter
ocorrido em funccedilatildeo do procedimento utilizado no ensaio ldquoprocedimento Ardquo natildeo ser
recomendado a tal amostra por se tratar de revestimento de espessura pequena da ordem
de 05mm o que eacute considerada pequena para tal ensaio Quando o revestimento eacute de
pequena espessura o procedimento recomendado pela norma G65-91 eacute o ldquoprocedimento
Crdquo em que se utiliza uma menor carga como tambeacutem um nuacutemero menor de revoluccedilotildees
Na terceira imagem temos a representaccedilatildeo da amostra de referecircncia ou seja
retirada da proacutepria unha da caccedilamba da paacute carregadeira de rodas em que fica demonstrada
uma boa resistecircncia agrave abrasatildeo em funccedilatildeo da mesma ter sido constituiacuteda de accedilo carbono
1045 temperado que apresenta uma boa resistecircncia ao desgaste
Resultados e Discussatildeo 93
Gustavo Portela de Deus
Figura 41 - Imagens de corpos-de-prova desgastados no ensaio por abrasatildeo
Os dados coletados para a anaacutelise do desgaste abrasivo por meio do abrasocircmetro
estatildeo quantificados e apresentados na Tabela 42 com as perdas de massa correspondentes
a cada uma das amostras analisadas Na Figura 42 mostra o graacutefico da perda de massa
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste
Amostra Mi (g) Mf (g)
PM
(g)
PV
(mmsup3)
PVCorrigido
(mmsup3)
Metal
de
base
A1 9136 9044 092
45 45
A2 9050 8962 088
A3 10022 9914 108
Valor meacutedio 096
Aspersatildeo
teacutermica
A1 9219 9211 008
20 20
A2 9006 8997 009
A3 9107 9097 010
Valor meacutedio 009
Revestimentos
soldados
A1 18651 18638 013
12 12
A2 15647 15640 007
Resultados e Discussatildeo 94
Gustavo Portela de Deus
A3 14422 14414 008
Valor meacutedio 009
Onde Mi = Massa do corpo-de-prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo-de-prova depois do ensaio
PM = Perda de massa do corpo-de-prova apoacutes o ensaio
0
10
20
30
40
50
60
PV (mmsup3)
Accedilo ABNT
1015
Accedilo ABNT
1045
temperado
Aspersatildeo
teacutermica
Amostra
soldada em
laboratoacuterio
Corpos-de-prova
Perda de Volume Meacutedio (mmsup3)
Perda de Volume (mmsup3) Perda de Volume Corregido (mmsup3)
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos-de-prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo
44 - Dureza
Nos resultados dos valores meacutedios de dureza apresentados na Tabela 43 e na
Figura 43 natildeo se nota grandes dispersotildees dos resultados para os corpos-de-prova quando
se analisa entre os mesmos materiais e nem quando se compara os revestimentos obtidos
por teacutecnicas diferentes no caso por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 95
Gustavo Portela de Deus
Alguns valores de dureza apresentaram discrepacircncia em relaccedilatildeo aos
valores meacutedios que foram atribuiacutedos serem decorrentes do ponto em que o
indentador foi posicionado
O corpo-de-prova utilizado como referecircncia apresentou um bom
resultado de dureza visto que a sua microestrutura eacute constituiacuteda de
martensita
Tabela 43 - Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo
Amostra
HRc
(150kg)
Valor meacutedio
final Dureza
HRc
Metal de base
P1 46
45 P2 48
P3 43
Aspersatildeo
teacutermica
P1 53
54 P2 52
P3 56
Revestimentos
soldados
P1 52
53 P2 48
P3 59
Resultados e Discussatildeo 96
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40
42
44
46
48
50
52
54
Dureza (HRc -
150kg)
Metal de base Aspersatildeo
teacutermica
Soldados
Amostras revestidas
Dureza Meacutedia Final
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados
45 - Microdureza
Amostra M
0
200
400
600
800
1000
1200
30 90 180 330 450 600 750
Distacircncia (Mm)
Dur
eza
(200
gf)
Figura 44 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M
Resultados e Discussatildeo 97
Gustavo Portela de Deus
Amostra P
0
200
400
600
800
1000
1200
30 160 310 460 610 670 730
Distacircncia (microm)
Dure
za H
V (2
00g
f)
Figura 45 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P
46 - Anaacutelise Microestrutural
A anaacutelise microestrutural foi realizada para todos os corpos-de-prova estudados
nesse trabalho utilizando a teacutecnica de Microscopia oacutetica
461- Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente
Os corpos-de-prova aspergidos termicamente apresentaram as microestruturas
conforme mostram as Figuras 46 47 e 48 Nessas pode-se observar uma quantidade
significativa de poros de tamanhos variados principalmente na interface entre a camada
aspergida e o substrato em destaque na Figura 46 A formaccedilatildeo desses poros eacute decorrente
da reaccedilatildeo com gases durante o processo de aspersatildeo e a atmosfera em contato com o
material enquanto liacutequido
Resultados e Discussatildeo 98
Gustavo Portela de Deus
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 50X
Figura 47 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 100X
Interface substratocamada
Linha de poros
Resultados e Discussatildeo 99
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Figura 48 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente
possam ser os carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X
462 Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem
Os corpos-de-prova soldados apresentaram microestrutura euteacutetica com intensa
quantidade de carbetos de cromo complexos do tipo M7C3 conforme mostram as Figuras
49 e 410 Isto se deve principalmente pela composiccedilatildeo quiacutemica do eletrodo utilizado
onde apresentou C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09 com dureza de
65HRC
Estes elementos quando participam da constituiccedilatildeo da liga adicionam e melhoram
algumas propriedades mecacircnicas dos materiais tais como
a) Carbono (C) ndash Na composiccedilatildeo de accedilos modernos destinados agrave cutelaria
quer sejam aqueles classificados como carbono ou os ditos inoxidaacuteveis
dificilmente poderaacute existir menos do que 06 de Carbono pois este eacute o
Resultados e Discussatildeo 100
Gustavo Portela de Deus
principal elemento que apoacutes a adequada tecircmpera concederaacute dureza agrave
peccedila
b) Cromo (Cr) ndash O cromo estimula a formaccedilatildeo de carbonetos aumentando a
resistecircncia ao desgaste bem como a temperabilidade aos accedilos reduz a
velocidade criacutetica de resfriamento de modo que a tecircmpera de accedilos com
teores elevados de cromo seja feita preferencialmente ao oacuteleo ou ao ar A
adiccedilatildeo de cromo torna mais fina a granulaccedilatildeo dos accedilos aumentando
desse modo a sua resistecircncia
c) Molibdecircnio (Mo) ndash Influencia favoravelmente a dureza a resistecircncia a
quente a fluecircncia e a temperatura de crescimento de gratildeo de austenita
aleacutem de melhorar a penetraccedilatildeo da tecircmpera nos accedilos Eacute largamente
empregado no accedilos de construccedilatildeo mecacircnica para beneficiamento pois
forma partiacuteculas resistentes a abrasatildeo e evita a fragilidade de
revenimento O molibdecircnio natildeo eacute empregado sozinho pois apresenta
uma tendecircncia de diminuir a tenacidade dos accedilos
d) Nioacutebio (Nb) ndash Tem alta afinidade por carbono e nitrogecircnio formando
carbonetos e carbonitretos Melhora a soldabilidade a tenacidade e a
comformabilidade o que levou a ciecircncia moderna a busca de
alternativas que aumentassem a resistecircncia mecacircnica do accedilo sem alterar
as outras propriedades desejaacuteveis
e) Tungstecircnio (W) ndash Forma carbonetos muito duros tendo como
consequumlecircncia influecircncia nas propriedades com aumento da dureza
aumento da resistecircncia agrave traccedilatildeo resistecircncia agrave corrosatildeo e a erosatildeo
f) Vanaacutedio (V) ndash Eleva a temperatura de crescimento do gratildeo da austenita
promovendo o refino do gratildeo Eacute excelente desoxidante A adiccedilatildeo de
Resultados e Discussatildeo 101
Gustavo Portela de Deus
vanaacutedio confere aos accedilos uma insensibilidade ao super-aquecimento
melhorando suas caracteriacutesticas de forjamento e usinagem O emprego de
teores elevados de vanaacutedio deve ser acompanhado por um aumento do
teor de carbono devido agrave formaccedilatildeo de carbonetos
g) Siliacutecio (Si) ndash Auxilia na desoxidaccedilatildeo auxilia na grafitizaccedilatildeo aumenta a
fluidez como influecircncia na estrutura Aumenta a resistecircncia agrave oxidaccedilatildeo
com temperaturas elevadas melhoria da temperabilidade e da resistecircncia
a traccedilatildeo influenciando nas propriedades
h) Boro (B) ndash Os accedilos ao boro compreedem uma famiacutelia com propriedades
especiais devendo ser tratados como uma classe agrave parte O boro quando
adicionado em pequenas quantidades melhora a temperabilidade do accedilo
diminui a tendecircncia a triancas de tecircmpera distorccedilotildees durante o
tratamento teacutermico e melhora as propriedades de conformaccedilatildeo mecacircnica
Os accedilos ao boro natildeo satildeo empregados soacute onde se exijam especificaccedilotildees
severas de temperabilidade mas tambeacutem onde se necessite de
caracteriacutesticas uniformes de tratamento teacutermico de usinabilidade
soldagem e conformaccedilatildeo O percentual de boro adicionado aos accedilos pode
variar desde 00005 quando se deseja obter efeitos de temperabilidade
a ateacute 00015 quando se obtecircm a melhor combinaccedilatildeo de resistecircncia e
tenacidade nos accedilos
i) Niacutequel (Ni) ndash Refina o gratildeo diminui a velocidade de transformaccedilatildeo na
estrutura do accedilo Influecia nas propriedades com o aumento da
resistecircncia a traccedilatildeo e com a alta ductilidade
Resultados e Discussatildeo 102
Gustavo Portela de Deus
Figura 49 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X
Resultados e Discussatildeo 103
Gustavo Portela de Deus
Figura 410 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do
tipo M7C3 Ataque colorido 500X
Os corpos de prova estudados e que foram revestidos pelo processo de soldagem de
revestimento foram incluiacutedos no diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C apresentado na Figura
411 Observou-se que todas as amostras estatildeo enquadradas na regiatildeo hipereuteacutetica
Resultados e Discussatildeo 104
Gustavo Portela de Deus
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C
As amostras das Figuras 49 e 410 apresentam uma microestrutura com euteacutetico e
perfis alongados de tonalidade clara representando os carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 e ainda pontos claros representativos dos elementos constituintes da liga de
composiccedilatildeo do eletrodo bem como os carbonetos de cromo que natildeo se desenvolveram
Os perfis representativos dos carbonetos de complexos de cromo M7C3 de forma
alongada conferem ao revestimento uma dureza elevada que favorece a uma maior
resistecircncia ao desgaste abrasivo poreacutem da mesma forma que elevam esta resistecircncia ao
desgaste favorece tambeacutem o aparecimento de trincas que podem acelerar o processo
abrasivo em funccedilatildeo de permitir a penetraccedilatildeo do gratildeo abrasivo entre as frestas dessas
trincas
Resultados e Discussatildeo 105
Gustavo Portela de Deus
463 Resultados
Apresentar uma anaacutelise comparativa de rendimento entre as ferramentas de
penetraccedilatildeo no solo para equipamentos rodoviaacuterios encontrados no mercado consumidor e
destas mesmas ferramentas revestidas superficialmente pelos processos de endurecimento
superficial por soldagem com a utilizaccedilatildeo de eletrodos revestidos e pela teacutecnica de
revestimento LVOF
Nas anaacutelises econocircmicas efetuadas se constatou que o custo para se revestir as
unhas das caccedilambas da paacute carregadeira utilizando como base a peccedila original isto eacute antes
da mesma ser colocada em operaccedilatildeo eacute compatiacutevel com o custo benefiacutecio de se substituir a
mesma unha apoacutes o seu desgaste natural Baseado no preposto e considerando o tempo
desperdiccedilado para a substituiccedilatildeo do elemento consideramos economicamente viaacutevel se
revestir unhas de caccedilamba na condiccedilatildeo nova adquirida no mercado
Capiacutetulo 5
Conclusotildees e Sugestotildees
Conclusotildees 107
Gustavo Portela de Deus
5 ndash Conclusotildees
ndash Os materiais revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica apresentaram uma
superfiacutecie mais uniforme e de melhor aparecircncia
ndash Como determinadas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios natildeo requerem uma usinagem posterior para acabamento como retificaccedilatildeo os
processos por aspersatildeo em determinadas situaccedilotildees satildeo industrialmente mais eficientes
que os processos por soldagem
ndash A perda de volume constatada nos dois processos envolvidos na anaacutelise no
quesito correspondente agrave resistecircncia ao desgaste por aspersatildeo e por soldagem natildeo se
tornou fator determinante na opccedilatildeo de escolha do processo mais eficiente em funccedilatildeo do
procedimento utilizado no ensaio de desgaste por abrasatildeo
- As amostras revestidas pelo processo de soldagem com eletrodo revestido
apresentaram trincas em diversos pontos da estrutura em funccedilatildeo do aparecimento dos
elementos de segunda fase
ndash Ainda natildeo se recomenda revestir ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de
equipamentos rodoviaacuterios que estatildeo sujeitos a grandes impactos pelo processo de aspersatildeo
teacutermica em funccedilatildeo dos revestimentos por aspersatildeo natildeo resistirem ao impacto que tambeacutem
vem a ser uma caracteriacutestica dos dentes de caccedilamba de paacutes carregadeiras que sofrem
desgaste por goivagem
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Gustavo Portela de Deus
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LISTA DE FIGURAS
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e dentes desgastados 20
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute carregadeira com lacircmina e cantos desgastados 20
Figura 23 ndash Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste 22
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos23
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos24
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste35
Figura 27 ndash Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo37
Figura 28 ndash Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste39
Figura 29 ndash Efeito da temperatura no desgaste abrasivo40
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato46
Figura 211 ndash Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido48
Figura 212 ndash Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas49
Figura 213 ndash Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo50
Figura 214 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama50
Figura 215 ndash Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama53
Figura 216 ndash Esquemaacutetica de tocha de detonaccedilatildeo55
Figura 217 ndash Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico56
Figura 218 ndash Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma57
Figura 31 ndash Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira70
Figura 32 ndash Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira71
Figura 33 ndash Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo80
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha81
Figura 35 ndash Durocircmetro83
Figura 41 ndash Imagens de corpos de prova desgastados no ensaio de abrasatildeo91
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos de prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo93
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados94
Figura 44 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M95
Figura 45 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P95
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 50X96
Figura 47 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 100X97
Figura 48 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente possam ser os
carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X97
Figura 49 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X100
Figura 410 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 500X101
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C102
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica49
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor51
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro66
Tabela 24 ndash Guia para seleccedilatildeo de ligas para recobrimento duro71
Tabela 25 ndash Vantagens e desvantagens dos processos para revestimentos de superfiacutecies75
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com o
accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro94
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste95
Tabela 43 ndash Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo97
LISTA DE ABREVIATURAS E SIacuteMBOLOS
Capiacutetulo 1
Introduccedilatildeo
Introduccedilatildeo 14
Gustavo Portela de Deus
1 ndash INTRODUCcedilAtildeO
O elevado desgaste de material dos elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios eacute provocado essencialmente pelo tipo de terreno mineral presente resistecircncia
litoloacutegica e em funccedilatildeo das intempeacuteries do tempo principalmente da umidade e da
temperatura
O rendimento apresentado por esses elementos e a vida uacutetil oferecida estatildeo
relacionados agrave composiccedilatildeo da liga constituinte do material dos processos de tratamento
teacutermico a que foram submetidos como tambeacutem de operaccedilotildees efetuadas devida ou
indevidamente pelo operador do equipamento rodoviaacuterio
Os elementos fundidos laminados e forjados que compotildeem o conjunto de
componentes de penetraccedilatildeo no solo sofrem de forma direta a influecircncia do desgaste abrasivo
Desgaste este que participa em determinadas situaccedilotildees com ateacute 85 (oitenta e cinco por
cento) do custo de manutenccedilatildeo dos equipamentos rodoviaacuterios na forma rotineira (BATISTA
NASCIMENTO et al 1999) Estes elementos em funccedilatildeo de serem solicitados de forma
intensa ou intermitente satildeo consumidos ao longo do tempo Fazendo agraves vezes paradas
bruscas e inesperadas nas frentes de trabalho ocasionando portanto elevaccedilatildeo nos custos de
produccedilatildeo
O desgaste em componentes vitais de maacutequinas e equipamentos rodoviaacuterios ocorre de
vaacuterias formas diferentes como por deslizamento por rolamento por abrasatildeo por erosatildeo por
impacto por corrosatildeo e por choque teacutermico Jaacute se tratando de elementos de penetraccedilatildeo no
solo a perda de massa desses elementos eacute provocada quase que exclusivamente pelo desgaste
abrasivo a baixa tensatildeo que eacute provocado pelo proacuteprio material ou carga a que o equipamento
Introduccedilatildeo 15
Gustavo Portela de Deus
seraacute solicitado pelo contato com esse material e pelo movimento relativo entre as partes
envolvidas no sistema Uma maneira de identificaccedilatildeo do desgaste abrasivo agrave baixa tensatildeo eacute
pela observaccedilatildeo da superfiacutecie a ser analisada se a mesma apresenta corte riscamento ou
penetraccedilatildeo de material (GREGOLIN1990)
Com o intuito de elevar a vida uacutetil das ferramentas de penetraccedilatildeo e corte nos solos e
substratos rochosos as grandes empresas fabricantes e montadoras de equipamentos
rodoviaacuterios ou de terraplenagem vecircm aprimorando e desenvolvendo bem como exigindo de
seus fornecedores ferramentas com caracteriacutesticas fiacutesicas e mecacircnicas mais resistentes ao
desgaste abrasivo e ainda desenvolvendo peccedilas e ferramentas de faacutecil substituiccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo e jaacute projetadas para receber recobrimentos de manutenccedilatildeo tais como
Bordas soldaacuteveis de meia seta ndash que tecircm como finalidade
proteger a estrutura da caccedilamba por meio do acreacutescimo de material de desgaste
agrave borda da base
Reforccedilos de canto soldaacuteveis ndash utilizados para proteger o canto
externo inferior de todos os tipos de caccedilambas
Bloco de desgaste de ldquoFerro Brancordquo ndash uma liga de alto teor de
cromo denominada ldquoFerro Brancordquo eacute caldeada a uma chapa de reforccedilo de accedilo
doce que por sua vez pode ser soldada (solda tampatildeo) com um eletrodo de
vareta a uma caccedilamba armaccedilatildeo de lacircmina ou a qualquer parte onde instalaccedilatildeo
raacutepida de baixo custo e proteccedilatildeo contra abrasatildeo satildeo requeridos
Outras soluccedilotildees desenvolvidas e aplicadas como alternativa agrave proteccedilatildeo contra o
desgaste satildeo
Introduccedilatildeo 16
Gustavo Portela de Deus
Sistema de chapa de desgaste fixada mecanicamente em que
fornece um meio faacutecil de instalaccedilatildeo e remoccedilatildeo evitando assim longas
paradas para manutenccedilatildeo
Barras de desgaste para lacircminas
As barras de desgaste fornecem proteccedilatildeo adicional para a lacircmina em aplicaccedilotildees
altamente abrasivas onde se constata uma vida uacutetil mais curta do revestimento As barras de
desgaste de lacircminas satildeo projetadas para serem soldadas sobre o revestimento normal
(superfiacutecie de desgaste) da lacircmina
Considerando-se ainda que por meio dos processos de fabricaccedilatildeo convencionais e na
composiccedilatildeo de ligas praticamente jaacute foi esgotada a possibilidade de desenvolvimento de
materiais mais resistentes ao desgaste abrasivo a soluccedilatildeo que se busca atualmente eacute o
desenvolvimento de teacutecnicas de endurecimento ou revestimento superficial que tornem esses
elementos mais resistentes ao desgaste abrasivo tais como soldagem cladding
eletrodeposiccedilatildeo Deposiccedilatildeo Fiacutesica de Vapor ndash DFV (PVD) ( BARREIRA LIMA et al 2001)
Deposiccedilatildeo Quiacutemica de Vapor ndash DQV (CVD) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem
se desenvolvido ultimamente ( LIMA SOUZA et al 2001)
A busca de informaccedilotildees contidas neste estudo visa avaliar e pesquisar por meio de
anaacutelise de diferentes ensaios tecnoloacutegicos o melhoramento dos materiais quanto a sua
resistecircncia ao desgaste abrasivo quando os mesmos estatildeo em contato direto com o solo com a
finalidade de obter materiais mais resistentes ao ataque destes elementos abrasivos aleacutem de
contribuir com o desenvolvimento de produtos de qualidade superior agraves dos produtos
oferecidos atualmente pelo mercado
Foi analisada a viabilidade econocircmica com a introduccedilatildeo de novas teacutecnicas de
revestimento como LVOF e revestimento por soldagem Tambeacutem foram utilizados como
Introduccedilatildeo 17
Gustavo Portela de Deus
elementos de estudo dentes de caccedilambas suportes elos segmentados de esteiras e unhas de
80escarificadores de maacutequinas rodoviaacuterias
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo que foram utilizados como referecircncia na inspeccedilatildeo
e estudo durante o desenvolvimento deste projeto satildeo utilizados de forma intensa e ou
intermitente em maacutequinas rodoviaacuterias do tipo moto- niveladoras tratores de esteiras tratores
escavo-carregadores de pneus retroescavadeiras e escavadeiras hidraacuteulicas de esteiras
Capiacutetulo 2
Revisatildeo Bibliograacutefica
Revisatildeo Bibliograacutefica 19
Gustavo Portela de Deus
2 - Revisatildeo Bibliograacutefica
Tribologia eacute definida como a ciecircncia e tecnologia da interaccedilatildeo entre superfiacutecies em
movimento relativo e das praacuteticas relacionadas A palavra eacute derivada das palavras gregas
TRIBOS que significa atrito e LOGOS que significa estudo de forma que uma traduccedilatildeo
literal significa estudo do atrito ou a ciecircncia que estuda o atrito (STOETERAU 2001)
A tribologia envolve a investigaccedilatildeo cientiacutefica de todos os tipos de fricccedilatildeo
lubrificaccedilatildeo e desgaste e tambeacutem as aplicaccedilotildees teacutecnicas do conhecimento triboloacutegico
(STOETERAU2001) Especificamente em estudo o desgaste eacute a perda progressiva de
mateacuteria da superfiacutecie de um corpo soacutelido devido ao contato e movimento relativo com um
outro corpo soacutelido liacutequido ou gasoso (STOETERAU PASCOALI 2001)
O desgaste de componentes e equipamentos industriais rodoviaacuterios e de outros
tipos de atividades produtivas representa um grande fator de depreciaccedilatildeo de capital de
equipamento e fonte de despesas com manutenccedilatildeo e reposiccedilatildeo de componentes mecacircnicos
As Figuras de 21 a 24 mostram componentes de estruturas de maacutequinas de terraplenagem
desgastadas pelos efeitos da abrasatildeo no processo triboloacutegico
Sobre os custos de produccedilatildeo estes se tornam mais elevados em decorrecircncia da
reposiccedilatildeo das peccedilas desgastadas ou deterioradas e da matildeo-de-obra para substituiccedilatildeo aleacutem
do tempo parado dos equipamentos que deixam de produzir Muitas vezes exige ainda o
superdimensionamento de componentes influindo ou limitando na produccedilatildeo dos
equipamentos ou ainda provocando a paralisaccedilatildeo destes Estes fatores influem
significativamente na elevaccedilatildeo dos custos e no rendimento de produccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 20
Gustavo Portela de Deus
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircmina e dentes desgastados
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircminas e cantos desgastados
ldquoDe acordo com Hawk et al (1999) o desgaste eacute um dos maiores problemas que
aparecem em escavaccedilotildees nas movimentaccedilotildees de terras mineraccedilotildees e processamentos de
minerais nas induacutestrias ocorrendo em uma grande variedade de equipamentos como nas
lacircminas de remover terra dos tratores que fazem por exemplo a terraplenagem em
britadeiras dentes escavadores lacircminas de escoamento etc O desgaste de peccedilas os custos
com o reparo e com a substituiccedilatildeo destas peccedilas significam elevadiacutessimos gastos para as
empresasrdquo
Revisatildeo Bibliograacutefica 21
Gustavo Portela de Deus
21 Tipos de Desgaste
Os principais tipos de desgaste observados nos componentes mecacircnicos satildeo por
(GREGOLIN RIBEIRO et al 1990)
Abrasatildeo ndash ocasionado por partiacuteculas abrasivas (duras) sob tensatildeo
deslocando-se sobre a superfiacutecie
Erosatildeo ndash devido ao choque contra a superfiacutecie de partiacuteculas soacutelidas ou gotas
liacutequidas presentes em correntes de fluidos
Cavitaccedilatildeo ndash associado agrave formaccedilatildeo e implosatildeo de bolhas gasosas em
correntes de fluidos na interface liacutequidondashmetal devido agrave variaccedilatildeo suacutebita de pressatildeo
ao longo do percurso
Adesatildeo ou fricccedilatildeo ndash resultante da fabricaccedilatildeo metalndashmetal quando
superfiacutecies aacutesperas deslizam entre si
Corrosatildeo ndash quando envolve a ocorrecircncia de reaccedilotildees quiacutemicas superficiais no
material aleacutem das accedilotildees mecacircnicas de desgaste
Impacto ndash ocasionado por choques ou cargas aplicadas verticalmente sobre a
superfiacutecie
22 Desgaste por Abrasatildeo
Desgaste por abrasatildeo ou desgaste abrasivo eacute a retirada de material causada pela
presenccedila de partiacuteculas duras As partiacuteculas duras podem estar aprisionadas na interface
entre as duas superfiacutecies em movimento relativo ou serem as protuberacircncias que fazem
parte da rugosidade de uma das superfiacutecies Acompanhada de forte pressatildeo ocasionada por
deslocamento ou por amassamento a retirada do metal Tais abrasivos podem ser
Revisatildeo Bibliograacutefica 22
Gustavo Portela de Deus
representados por vegetais ou minerais (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
A Figura 25 apresenta os percentuais de contribuiccedilatildeo do desgaste abrasivo em
relaccedilatildeo aos demais tipos de desgastes Neste pode-se observar que o desgaste abrasivo eacute o
de maior representatividade nas estruturas mecacircnicas de maacutequinas e equipamentos
chegando a contribuir de forma geneacuterica com 50 em relaccedilatildeo aos demais desgastes
revelando a importacircncia de tal desgaste
Figura 23 - Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste
23 Tipos de Processos Abrasivos
Abrasatildeo a dois corpos
De acordo com Souza (2002) quando uma ou mais partiacuteculas de elevada dureza
satildeo atritadas contra uma superfiacutecie sulcando-a ou escavando-a devido agrave forccedila normal
aplicada tem-se o desgaste abrasivo de dois corpos
importacircncia do desgaste abrasivo
diversos
14
quiacutemico
5
fretting
8
erosatildeo
8
adesivo
15
abrasivo
50
Revisatildeo Bibliograacutefica 23
Gustavo Portela de Deus
Abrasatildeo a trecircs corpos
Quando estas partiacuteculas satildeo aprisionadas entre duas superfiacutecies que deslizam entre
si pode ocorrer o chamado desgaste abrasivo de trecircs corpos As Figuras 26 e 27 mostram
as representaccedilotildees de formas de desgaste abrasivo a dois corpos e a trecircs corpos
respectivamente
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos
Revisatildeo Bibliograacutefica 24
Gustavo Portela de Deus
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos
Em relaccedilatildeo ao desgaste abrasivo eacute interessante ressaltar que embora a partiacutecula
abrasiva seja mais dura que a superfiacutecie a ser desgastada esta natildeo eacute uma condiccedilatildeo para se
classificar o desgaste como abrasivo (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr)
24 Tipos de Abrasatildeo
241 Goivagem
Eacute o desgaste provocado por partiacuteculas grandes e grosseiras principalmente dotadas
de regiotildees pontiagudas cortantes com dureza maior do que a parte metaacutelica que estaacute sendo
desgastada Pode acontecer quando haacute um contato entre as partes com pressotildees mais ou
menos violentas e repetitivas
Revisatildeo Bibliograacutefica 25
Gustavo Portela de Deus
Um exemplo tiacutepico de abrasatildeo por goivagem eacute representado em dentes de caccedilambas
de maacutequinas que operam em serviccedilos de terraplenagem onde ocorre deslocamento de
cargas como pedra e areia Esses materiais abrasivos em geral de grandes dimensotildees e
dotados de regiotildees pontiagudas sob condiccedilotildees de altas tensotildees e envolvendo impacto satildeo
fatores que propiciam a penetraccedilatildeo mais profunda do abrasivo na superfiacutecie provocando
desgastes com a formaccedilatildeo de sulcos profundos Os accedilos austeniacuteticos ao manganecircs satildeo em
geral as ligas preferidas para combater este tipo de desgaste (BATISTANASCIMENTO
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242 Abrasatildeo por Alta Pressatildeo
Eacute o desgaste que ocorre entre partiacuteculas abrasivas e o metal ocasionando o
esmagamento do abrasivo ou natildeo A prensagem da partiacutecula contra o metal pode ser
exercida por pressotildees fortes ou meacutedias que provocam a formaccedilatildeo de superfiacutecies de
pequenos fragmentos
As partiacuteculas abrasivas podem ser classificadas quanto agraves suas dimensotildees e satildeo
consideradas meacutedias quando inferiores a 5 cm ou pequenas quando menores do que 1cm
As partiacuteculas meacutedias podem exercer a accedilatildeo abrasiva superficial arrancando fragmentos do
metal enquanto as partiacuteculas pequenas por sua vez provocam o desgaste
A constituiccedilatildeo do metal influi na forma ou resposta do desgaste provocado Se for
duacutectil teraacute uma abrasatildeo que tira cavacos se eacute fraacutegil ou se torne fraacutegil haveraacute um
deslocamento superficial de pequenos fragmentos Eacute normal que ocasionalmente poderatildeo
ocorrer as duas modalidades ao mesmo tempo Exemplos das partes sujeitas ao desgaste
por abrasatildeo satildeo caccedilambas de escavaccedilatildeo ou carga lacircminas de motoniveladoras e arados
raspadores
Revisatildeo Bibliograacutefica 26
Gustavo Portela de Deus
Eacute o tipo de desgaste onde o material abrasivo eacute fragmentado durante o contato
abrasivo com a superfiacutecie desgastada As tensotildees envolvidas satildeo portanto superiores agrave
tensatildeo de fragmentaccedilatildeo do abrasivo promovendo ainda maior penetraccedilatildeo do abrasivo na
superfiacutecie maior deformaccedilatildeo plaacutestica das fases duacutecteis e fratura das fases fraacutegeis presentes
no material Tipicamente esta forma de abrasatildeo ocorre em equipamentos de moagem de
mineacuterios que envolvem partiacuteculas de pequeno tamanho em mancais contaminados com
areia etc Para prevenir este tipo de abrasatildeo normalmente empregam-se materiais do tipo
ferros fundidos ou accedilo ndash ligas que possuem maior tenacidade (BATISTA NASCIMENTO
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243 - Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Tensatildeo
Tipo de abrasatildeo na qual a superfiacutecie penetrante eacute riscada pelo material abrasivo em
decorrecircncia de sua dureza e resistecircncia oferecida e do proacuteprio stress do metal constituinte
dos componentes dos equipamentos em decorrecircncia de seu uso que ao penetrar na
superfiacutecie promove a remoccedilatildeo de material As tensotildees impostas sobre as partiacuteculas
abrasivas satildeo inferiores agrave tensatildeo necessaacuteria para a fragmentaccedilatildeo destas principalmente
tratando-se de aacutereas de domiacutenio do embasamento cristalino ou com predominacircncia de
rochas iacutegneas eou metamoacuterficas que no Nordeste apresentam pouco desenvolvimento do
solo
Tais condiccedilotildees imprimem nas ferramentas de penetraccedilatildeo esforccedilos mais abrasivos
em decorrecircncia de essas rochas se apresentarem pouco alteradas e com elevado grau de
resistecircncia em relaccedilatildeo a outros tipos de solo encontrados em outros ambientes geoloacutegicos
Tal como a abrasatildeo agrave baixa pressatildeo que ocorre na superfiacutecie dos componentes de
equipamentos que direta ou indiretamente manuseiam terras areias cascalhos piccedilarras
rochas ou mineacuterios tais como maacutequinas agriacutecolas equipamentos de escavaccedilatildeo e transporte
Revisatildeo Bibliograacutefica 27
Gustavo Portela de Deus
utilizados na induacutestria da construccedilatildeo civil principalmente das atividades ligadas agrave
construccedilatildeo recuperaccedilatildeo e pavimentaccedilatildeo de estradas e dos setores de mineraccedilatildeo
sideruacutergicas etc Com a finalidade de prevenir a ocorrecircncia destes tipos de desgastes
empregam-se normalmente ferros fundidos com alto teor de carbono (martensiacuteticos ou
austeniacuteticos) agraves vezes contendo outros elementos de liga aleacutem de ligas de cobalto ndash
tungstecircnio ndash carbono
2431 - Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo
Normalmente eacute sabido que partiacuteculas de grande tamanho provocam desgaste por
abrasatildeo acompanhado de impacto isto leva a ter-se um desgaste acentuado que na
verdade foi muito mais por impacto que por abrasatildeo
Partiacuteculas meacutedias dependendo da dureza e do formato satildeo menos agressivas
poreacutem partiacuteculas finas satildeo mais abrasivas ocasionando abrasatildeo muito incidente Como
exemplo pode-se citar o cimento talco xistos e outros que satildeo compostos de partiacuteculas
finas e altamente abrasivas Eacute claro que a dureza destas partiacuteculas tambeacutem eacute significativa
A forma dos materiais abrasivos varia desde arredondados ateacute acircngulos vivos
Os minerais mais duros possuem formaccedilotildees agudas enquanto que em
contraposiccedilatildeo os mais duacutecteis apresentam formaccedilotildees arredondadas Quanto mais agudas
forem as arestas maior seraacute a accedilatildeo abrasiva No caso de impactos ou pressotildees fortes as
formas agudas podem penetrar no metal provocando um desgaste por ldquogoivagemrdquo ou
fratura da peccedila A dureza de uma liga metaacutelica eacute de grande importacircncia na resistecircncia
oposta a uma accedilatildeo abrasiva As maiores durezas correspondem a resistecircncias maiores
Os abrasivos menos duros teratildeo accedilatildeo menos violenta Com referecircncia agraves ligas
metaacutelicas satildeo encontradas com facilidade tabelas de dureza das vaacuterias alternativas e
Revisatildeo Bibliograacutefica 28
Gustavo Portela de Deus
tambeacutem as diversas escalas de durezas com referecircncia aos abrasivos quando eacute possiacutevel
conjugar proteccedilotildees atraveacutes de adiccedilotildees de peliacuteculas metaacutelicas com finalidade de melhor
proteger a peccedila em accedilatildeo de trabalho
Quando eacute possiacutevel unir uma maior dureza com uma granulaccedilatildeo adequada seratildeo
atingidos os mais elevados iacutendices de resistecircncia agrave abrasatildeo Para proteger as peccedilas dos
equipamentos contra a abrasatildeo eacute importante preparar a superfiacutecie do metal procurando
deixaacute-la a mais lisa possiacutevel sem protuberacircncias ou rugosidades pois a abrasatildeo eacute iniciada
preferencialmente nestas regiotildees Ligas constituiacutedas de alto teor de carbeto de tungstecircnio e
de cromo aleacutem da elevada dureza apresentam depoacutesitos lisos e brilhantes compatiacuteveis
com estas caracteriacutesticas mencionadas Eacute natural que quanto maior a velocidade e a
frequumlecircncia do contato da partiacutecula com o metal maior seraacute a accedilatildeo abrasiva e
consequumlentemente o desgaste das peccedilas Os tamanhos dos gratildeos tambeacutem satildeo importantes
pois quanto menor forem mais a superfiacutecie seraacute desgastada (BATISTANASCIMENTO
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Baseado nas consideraccedilotildees acima os principais fatores que afetam o desgaste por
abrasatildeo satildeo as caracteriacutesticas dos abrasivos associados aos fatores externos que atuam
sobre a superfiacutecie do componente Assim podem-se listar os seguintes fatores
a) Tamanho da partiacutecula (grossa fina ou meacutedia)
b) Formato da partiacutecula (angulares ou redondas)
c) Dureza da partiacutecula
d) Dureza do metal base
e) Acabamento do metal base
f) Velocidade e frequumlecircncia do contato entre a partiacutecula abrasiva e o metal base
g) Tamanho de gratildeo da estrutura do metal base
Revisatildeo Bibliograacutefica 29
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h) Acircngulo de incidecircncia da partiacutecula do metal base
i) Stress do metal constituinte das peccedilas de equipamentos pelo uso
2432 - Consideraccedilotildees sobre os Abrasivos
As rochas satildeo constituiacutedas por um agregado de minerais cujos constituintes mais
comuns satildeo os minerais de quartzo feldspato mica e outros ricos em silicatos de alumiacutenio
e magneacutesio muitos dos quais de elevada dureza Ex granitos areia basalto folhelhos
xistos filitos gnaises etc
Os carbonatos satildeo os principais constituintes dos calcaacuterios e margas e
normalmente compotildeem parte dos pacotes sedimentares das formaccedilotildees geoloacutegicas das
bacias sedimentares e satildeo considerados produtos macios Entretanto comumente estes
pacotes encontram-se alternados com outros de arenitos siltitos e folhelhos
Os mineacuterios satildeo compostos de oacutexidos carbonetos e sulfetos Os oacutexidos satildeo
geralmente duros (bauxita hematita) enquanto que os sulfetos satildeo geralmente macios
(galena ou sulfetos de chumbo) As rochas combustiacuteveis (hulha turfa) e os fosfatos contecircm
proporccedilotildees mais ou menos elevadas de siacutelica e alumina
Para amenizar os gastos com o desgaste abrasivo partiu-se para o desenvolvimento
de materiais com maiores resistecircncias ao desgaste Assim vaacuterias pesquisas nesta aacuterea
triboloacutegica comeccedilaram a ser desenvolvidas em cima dos diversos tipos de materiais
existentes (FUSSEacute et al)
2433 Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ser classificado como de dois ou trecircs corpos Na abrasatildeo
de dois corpos as partiacuteculas abrasivas satildeo movidas livremente sobre a superfiacutecie do
Revisatildeo Bibliograacutefica 30
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material como areia em uma calha No desgaste abrasivo de trecircs corpos as partiacuteculas
abrasivas agem como elementos de interface entre o corpo soacutelido e o contra-corpo O
desgaste quando envolve trecircs corpos eacute cerca de duas a trecircs vezes menor do que quando
envolve dois corpos Pois no caso de trecircs corpos devido agrave variaccedilatildeo no acircngulo de ataque
apenas uma pequena porccedilatildeo das partiacuteculas causa desgaste (GAHR 1987)
De acordo com Briscoe amp Adams (1987) o crucial para todos os mecanismos de
desgaste abrasivo ou outros eacute conhecer o caminho ou seja a direccedilatildeo na qual o material se
deforma sob a aspereza penetrante ou a partiacutecula dura que entra em contato com o material
Com o intuito de predizer se uma deformaccedilatildeo eacute elaacutestica ou plaacutestica Fusse et al
apud Halliday (1995) apud Briscoe amp Adams (1995) mostrou que o maacuteximo acircngulo de
uma aspereza a qual se torna plaacutestica eacute dado por
tan θlim = K(HE)(1-ν2)
Onde
ldquoHrdquo eacute o entalherecorte da dureza
ldquoErdquo eacute o moacutedulo de Young
ldquoνrdquo eacute o coeficiente de Poisson
K=08 para a plasticidade parcial ou 2 para a plasticidade cheiainteira
Revisatildeo Bibliograacutefica 31
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24331 Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ocorrer em baixo ou alto niacutevel dependendo da razatildeo
entre a dureza da partiacutecula e da superfiacutecie O desgaste abrasivo estaacute relacionado a alguns
mecanismos dentre eles os principais satildeo
Microcorte ndash Deformaccedilatildeo plaacutestica sem perda de mateacuteria gerando um sulco
com consequumlente formaccedilatildeo de acuacutemulos frontais e laterais da mateacuteria
movimentada
Microssulcamento ndash Formaccedilatildeo de micro-cavacos sem deformaccedilatildeo plaacutestica
lateral
Microlascamento ndash Formaccedilatildeo de detritos devido agrave formaccedilatildeo e interaccedilatildeo de
fissuras Este tipo de mecanismo acontece quando as tensotildees impostas
superam as tensotildees criacuteticas para a formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas sendo
restrita aos materiais fraacutegeis
Satildeo diversas as nomenclaturas utilizadas para estes mecanismos de desgaste na literatura
podem ser encontradas denominaccedilotildees tais como microusinagem riscagem descamaccedilatildeo
microtrincamento microfadiga que satildeo tentativas de aproximar melhor o significado dos
mecanismos que estatildeo sendo observados nos experimentos (GAHR 1987)
Microssulcamento e microcorte satildeo mecanismos dominantes em materiais mais
duacutecteis A ocorrecircncia de um deles vai depender do acircngulo de ataque das partiacuteculas
abrasivas O microcorte ocorre a partir de um acircngulo de ataque criacutetico Este acircngulo de
ataque criacutetico eacute funccedilatildeo do material que estaacute sendo desgastado e das condiccedilotildees de teste A
transiccedilatildeo do mecanismo de microssulcamento para microcorte depende tambeacutem do
coeficiente de atrito Normalmente o mecanismo passa do microssulcamento para
Revisatildeo Bibliograacutefica 32
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microcorte com o aumento da dureza do material que estaacute sendo desgastado Aumentos
ainda maiores de dureza resultam na passagem de microcorte para microtrincamento
(GAHR 1987)
O microtrincamento pode ocorrer quando satildeo impostas grandes tensotildees sobre as
partiacuteculas abrasivas particularmente em superfiacutecies de materiais fraacutegeis Neste caso
grande quantidade de detrito eacute retirada da superfiacutecie devido agrave formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de
trinca
Partiacuteculas de menor ou igual dureza que a superfiacutecie tambeacutem podem desgastaacute-la O
ataque das partiacuteculas macias pode resultar em deformaccedilatildeo elaacutestica e plaacutestica fadiga de
superfiacutecie e a superfiacutecie ficar severamente danificada (GAHR 1987)
25 - Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste
Abrasivo
Segundo Mondal et al (1998) a taxa de desgaste abrasivo e os mecanismos de
desgaste podem ser influenciados por vaacuterios fatores como o tamanho do gratildeo abrasivo a
carga aplicada a dureza dos materiais utilizados e a tenacidade da fratura
Ainda de acordo com Souza (2002) uma grande variedade de paracircmetros influencia
os mecanismos de desgaste no geral sendo que os principais satildeo
Paracircmetros de Material
Composiccedilatildeo
Tamanho do gratildeo
Moacutedulo de elasticidade
Condutividade teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 33
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Dureza etc
Paracircmetros de Projetos
Forma
Carregamento
Tipo de movimento
Aspereza
Vibraccedilatildeo
Nuacutemero de ciclos etc
Paracircmetros de Meio Ambiente
Temperatura
Contaminaccedilatildeo
Umidade
Atmosfera etc
Paracircmetros de Lubrificaccedilatildeo
Tipo de lubrificante
Estabilidade de lubrificante
Tipo de fluido
Lubrificaccedilatildeo etc
Presenccedila ou Ausecircncia de Desgaste Interno
Segundo Catai et al de acordo com pesquisadores relatados nos trabalhos de
Mondal et al (1998) embora se diga que a taxa de desgaste depende do tamanho do gratildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 34
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abrasivo existe um valor criacutetico de tamanho de gratildeo abrasivo acima do qual a taxa de
desgaste se torna independente do tamanho do gratildeo Tambeacutem se ressalta que as diferenccedilas
nas durezas entre os dois corpos atritantes influenciam diretamente este tamanho criacutetico do
gratildeo abrasivo
251 - Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo
De acordo com Deuis (1996) o tamanho do gratildeo abrasivo tem uma influecircncia
direta nos mecanismos associados ao desgaste que pode ser caracterizado pela relaccedilatildeo wr
onde ldquowrdquo eacute a espessura da ranhura e ldquorrdquo o raio esfeacuterico do topo da partiacutecula (gratildeo)
Dependendo desta relaccedilatildeo a partiacutecula de gratildeo abrasivo iraacute deformar plasticamente ou
cortar a superfiacutecie Como as partiacuteculas desgastadas tornam-se cegas ou o tamanho da
partiacutecula diminui o mecanismo de desgaste exibe uma transiccedilatildeo do corte para o desgaste
de laminaccedilatildeo
Para ambos os tipos de desgaste abrasivo (dois ou trecircs corpos) um tamanho criacutetico
da partiacutecula abrasiva pode ser observado O desgaste volumeacutetrico aumenta com o aumento
do tamanho do gratildeo abrasivo para esta dimensatildeo criacutetica Nesta dimensatildeo criacutetica tem-se a
maacutexima accedilatildeo abrasiva em termos do tamanho do desgaste produzido
Sobre este valor criacutetico a taxa de desgaste eacute amplamente independente do tamanho
do gratildeo abrasivo A forte diferenccedila entre a dureza das partiacuteculas abrasivas e do material a
ser desgastado influencia esta dimensatildeo criacutetica do gratildeo (DEUIS et al 1996)
Para Deuis et al (1996) a extensatildeo da regiatildeo tensionada plasticamente abaixo da
superfiacutecie depende do tamanho do gratildeo abrasivo e da carga aplicada A profundidade
global da deformaccedilatildeo plaacutestica foi relatada linearmente para a aplicaccedilatildeo de carga e
dimensotildees de gratildeos
Revisatildeo Bibliograacutefica 35
Gustavo Portela de Deus
Salienta-se que no desgaste abrasivo de trecircs corpos a taxa de desgaste eacute menor que
no desgaste abrasivo de dois corpos Ainda segundo o tamanho do gratildeo Al Rubaie et al
(1999) afirmam que a eficiecircncia na remoccedilatildeo do material depende da carga de contato
elaacutestico a qual varia com o tamanho do gratildeo sendo que no caso dos materiais contendo
partiacuteculas reforccediladas a taxa de desgaste eacute influenciada pelo tamanho das partiacuteculas de
reforccedilo A Figura 28 demonstra o quanto o tamanho do gratildeo abrasivo eacute representativo no
desgaste
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste
252 - Carga Aplicada
A carga a ser aplicada sobre os corpos em atrito durante o processo de desgaste
abrasivo tambeacutem eacute um dos fatores que influenciam fortemente as taxas de desgaste no
material
Mondal et al (1998) propotildeem uma foacutermula para quantificar a importacircncia da carga
aplicada no corpo de prova em relaccedilatildeo ao tamanho do gratildeo abrasivo em um desgaste
abrasivo de dois corpos Suas foacutermulas permitem obter as taxas de desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 36
Gustavo Portela de Deus
teoacuterico nos processos de abrasatildeo Foram desenvolvidas foacutermulas por meio de regressotildees
lineares tanto para ligas como para materiais compostos
Segundo este mesmo autor o efeito da carga na taxa de desgaste obtida tanto para
os materiais compostos como para as ligas eacute bem mais severo que o efeito do tamanho dos
gratildeos abrasivos Sendo que em relaccedilatildeo aos materiais por estes testados (ligas e
compoacutesitos) o efeito da carga e do tamanho do abrasivo na taxa de desgaste eacute
relativamente maior no caso dos materiais compostos que nas ligas Poreacutem existem
algumas combinaccedilotildees de tamanhos de gratildeos com quantidade de cargas aplicadas que
podem fazer com que a taxa de desgaste abrasivo seja maior nas ligas que nos materiais
compostos
Ainda de acordo com Mondal et al (1998) a variaccedilatildeo da carga aplicada tem muito
mais influecircncia na taxa de desgaste do material que a variaccedilatildeo do tamanho do gratildeo do
abrasivo do disco A taxa de desgaste na liga eacute muito maior que a taxa de desgaste obtida
para os compostos pois os mesmos possuem maior dureza devido ao oacutexido de alumiacutenio
que foi adicionado na matriz inicial que era uma liga de alumiacutenio
Gant amp Gee (2001) tambeacutem realizaram estudos sobre a influecircncia da variaccedilatildeo da
carga aplicada sobre o corpo-de-prova num desgaste abrasivo de 3 corpos para corpos-de-
prova de ligas Cobalto-Carbeto de Tungstecircnio de elevada dureza e accedilos ultra-raacutepidos
Analisando-se comparativamente os resultados estes concluiacuteram que quanto maior era a
carga aplicada no processo ou seja a carga que foi aplicada forccedilando o corpo-de-prova
contra o disco maiores foram os desgastes volumeacutetricos dos corpos-de-prova Desta
forma ficou evidente que quanto maior for a carga aplicada no processo maiores seratildeo os
desgastes obtidos tanto para as peccedilas (corpos-de-prova) como para as ferramentas (discos
revestidos com carbeto de siliacutecio)
Revisatildeo Bibliograacutefica 37
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Em relaccedilatildeo ao efeito da variaccedilatildeo da carga eou do tamanho do gratildeo abrasivo eacute
importante destacar ainda que um aumento geral na taxa de desgaste eacute observado com o
aumento da carga para um tamanho particular de gratildeo isto eacute devido ao aumento geral da
remoccedilatildeo de material com a carga Quando a carga aplicada eacute menor gratildeos mais grosseiros
entram em contato diretamente com o corpo-de-prova resultando em elevados desgastes
Para gratildeos mais finos sob baixas cargas haacute somente um riscamento pois os menores
gratildeos abrasivos estatildeo em contato elaacutestico com a superfiacutecie de teste e entatildeo suportam a
carga aplicada sem contribuir para a remoccedilatildeo de material (DEGUPTA et al 2001)
Numa anaacutelise geral tem-se que abrasivos com menores gratildeos abrasivos resultam em
elevadas abrasotildees e maiores gratildeos abrasivos resultam em maiores microcortes No
ldquomicrocuttingrdquo maiores quantidades de materiais satildeo perdidas Em altas distacircncias
percorridas a taxa de desgaste aumenta devido ao aparecimento de microfraturas
(DEGUPTA et al 2001)
Figura 27 - Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 38
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253 - Influecircncia da Dureza
Deuis et al (1996) enfatizaram o papel das partiacuteculas da segunda fase provendo
aacutereas localizadas com altas tensotildees de concentraccedilatildeo que influenciaram o fluxo de tensatildeo e
a taxa de desgaste A maior resistecircncia ao desgaste foi obtida em microestruturas finas
com partiacuteculas semi-coerentes dispersas A influecircncia dos carbetos na resistecircncia ao
desgaste depende de sua dureza em relaccedilatildeo agrave dureza da matriz Para materiais
caracterizados de carbetos dispersos em uma matriz macia uma diminuiccedilatildeo no caminho
livre meacutedio pela reduccedilatildeo do tamanho do carbeto resulta em melhores resistecircncias ao
desgaste Uma reduccedilatildeo no tamanho do gratildeo aumenta a dureza e tambeacutem conduz ao
aumento da resistecircncia ao desgaste
Hutchings (1992) descobriu que a dureza do gratildeo abrasivo era 1 2 vez maior que a
da superfiacutecie desgastada Entatildeo o abrasivo meacutedio riscaria a superfiacutecie Deuis et al (1996)
tambeacutem comentaram que a dureza do material determina a profundidade da indentaccedilatildeo das
partiacuteculas abrasivas influenciando na profundidade relativa penetrada onde se esta for
maior que a profundidade de indentaccedilatildeo criacutetica para fratura a taxa de desgaste eacute alta A
Figura 210 mostra o quanto agrave dureza do material abrasivo eacute significativo na anaacutelise do
desgaste abrasivo
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Figura 28 - Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste
Ainda em relaccedilatildeo agrave influecircncia da dureza no desgaste abrasivo Hawk et al (1999)
fizeram experimentos que comprovaram que haacute uma correlaccedilatildeo direta entre a dureza dos
materiais e o desgaste abrasivo Em suas pesquisas este provou claramente a influecircncia da
dureza do material na perda volumeacutetrica do corpo de prova mostrando que quanto maior a
dureza do material utilizado menor o desgaste abrasivo do corpo de prova em atrito
254 - Influecircncia da Temperatura
Segundo Wu et al (1997) outro fator que afeta diretamente o processo de desgaste
abrasivo de 2 ou 3 corpos eacute a temperatura De acordo com Catai et al por meio da anaacutelise
dos resultados Wu et al verificaram que o desgaste abrasivo ou seja o volume desgastado
do pino eacute maior quando o mesmo acontece na presenccedila de maiores temperaturas pois a
de Siliacutecio
Revisatildeo Bibliograacutefica 40
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elevaccedilatildeo da temperatura facilita o desencadear do mesmo atraveacutes por exemplo da
reduccedilatildeo da dureza dos materiais envolvidos Ressalta-se que nestes ensaios o tempo de
ensaio era sempre constante A Figura 211 mostra o quando o efeito da temperatura incide
sobre o processo de desgaste abrasivo
Figura 29 - Efeito da temperatura no desgaste abrasivo
26 - Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste
Moacutedulo de elasticidade ndash a resistecircncia ao desgaste de metais puros aumenta
diretamente com o moacutedulo de elasticidade Para os accedilos perliacuteticos martensiacuteticos ou
revenidos essa relaccedilatildeo natildeo eacute vaacutelida porque o tratamento teacutermico natildeo afeta o
moacutedulo de elasticidade
Dureza ndash o desgaste de metais puros eacute diretamente proporcional agrave sua
dureza Nas ligas a proporcionalidade eacute vaacutelida ateacute determinado valor da dureza do
Revisatildeo Bibliograacutefica 41
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material a partir do qual a resistecircncia ao desgaste cresce com menor intensidade
podendo ateacute mesmo vir a diminuir apoacutes certo valor
Dureza superficial ndash na superfiacutecie desgastada existe um grau de
encruamento e consequentemente um aumento da dureza no local A resistecircncia agrave
abrasatildeo pode ser considerada como proporcional a essa dureza chamada de dureza
maacutexima
Propriedades de escoamento ndash anaacutelises de tensatildeodeformaccedilatildeo mostraram
que para metais puros tambeacutem vale a relaccedilatildeo
= A ع
Onde
= tensatildeo de escoamento
A = constante
deformaccedilatildeo verdadeira = ع
= coeficiente de encruamento
Estudos mostram que a resistecircncia agrave abrasatildeo eacute proporcional agrave dureza e varia
exponencialmente com a tenacidade De acordo com Batista e Nascimento
(wwwspectrucombr) como o desgaste eacute um fenocircmeno essencialmente superficial
envolvendo a remoccedilatildeo mecacircnica indesejaacutevel de material de superfiacutecies
ldquoAs soluccedilotildees encontradas atraveacutes de solda de
revestimento aspersatildeo teacutermica tipo Hight Velocity Oxi Fuel -
HVOF nitretaccedilatildeo e de outras teacutecnicas originalmente utilizadas
Revisatildeo Bibliograacutefica 42
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tecircm se mostrado altamente valiosas tanto para prevenir como
para minimizar e reparar as diferentes estruturas danificadas
pelos mais diversos tipos de desgaste Em inuacutemeras situaccedilotildees
peccedilas e componentes podem ser fabricados com materiais
convencionais dentro das especificaccedilotildees normais do projeto
Posteriormente pode-se aplicar sobre a superfiacutecie camadas ou
cordotildees de solda com consumiacuteveis adequados deposiccedilatildeo de ligas
metaacutelicas de composiccedilatildeo e constituiccedilatildeo ideal ao favorecimento de
superfiacutecies endurecidas e resistentes a este desgaste A resistecircncia
ao desgaste eacute considerada como parte de um sistema triboloacutegico
sendo muitos os paracircmetros que acabam por influir na taxa de
desgaste incluindo as caracteriacutesticas de projetos condiccedilotildees de
operaccedilatildeo tipo de abrasivo e propriedades do material Nas
propriedades dos materiais as caracteriacutesticas microestruturais
tecircm particular importacircncia tanto nas propriedades mecacircnicas
quanto nas taxas de desgaste Disponibilizado no site
wwwspectrucombr consultado em 23 de abril de 2007rdquo
BATISTA e NASCIMENTO apud Murray (wwwspectrucombr) destacou o
seguinte sobre desgaste abrasivo
ldquoA resistecircncia ao desgaste de accedilos tratados termicamente
para vaacuterios niacuteveis de dureza e tambeacutem de alguns metais puros
Para metais puros a resistecircncia ao desgaste aumenta linearmente
com a dureza Nos materiais ferrosos esta relaccedilatildeo (resistecircncia ao
Revisatildeo Bibliograacutefica 43
Gustavo Portela de Deus
desgaste versus dureza) natildeo eacute simples O aumento no teor de
carbono faz a resistecircncia ao desgaste aumentar Para os accedilos com
a mesma porcentagem de carbono a resistecircncia ao desgaste de
accedilo ligado eacute maior que de um accedilo sem liga mas este aumento eacute
pequeno quando comparado com outro em que aumentou a
porcentagem de carbono A resistecircncia ao desgaste geralmente
aumenta conforme a microestrutura eacute mudada de ferrita para
perlita desta para bainita e finalmente para martensita isto
desde que seja acompanhada de aumento de dureza Entretanto
para um mesmo valor de dureza a estrutura bainiacutetica tem maior
resistecircncia ao desgaste que a martensiacutetica A microestrutura tem
maior influecircncia no desgaste que a dureza da matriz Tem sido
mostrado que a presenccedila de austenita retida tem melhorado a
resistecircncia ao desgaste da martensita revenida A austenita
fornece uma melhor ancoragem aos carbetos ocasionando um
baixo arrancamento do carbeto da matriz austeniacutetica Os carbetos
parecem ser particularmente importantes na resistecircncia agrave
abrasatildeo principalmente em materiais como os accedilos e ferros
fundidos brancos ligados ao cromo A influecircncia desses estaacute
relacionada com sua dureza tamanho e distribuiccedilatildeo Carbetos
duros e finamente dispersos aumentam a resistecircncia ao desgaste
enquanto que os grosseiros diminuem Estruturas deformadas por
trabalho a frio natildeo alteram a resistecircncia ao desgaste enquanto
que o aumento da dureza pelo refinamento dos gratildeos agiria
favoravelmente Existem ainda muitos outros fatores que
Revisatildeo Bibliograacutefica 44
Gustavo Portela de Deus
influenciam a taxa de desgaste como o tamanho da partiacutecula
abrasiva e o coeficiente de atrito Estes trabalhos tecircm
demonstrado que o estudo dos fenocircmenos de desgaste eacute bastante
complexo Na especificaccedilatildeo e normalizaccedilatildeo de ligas para resistir
ao desgaste as maiores dificuldades residem na inexistecircncia de
ensaios padronizados para discriminar os niacuteveis de aceitaccedilatildeo ou
rejeiccedilatildeo conforme as aplicaccedilotildees particulares Estas dificuldades
estatildeo associadas principalmente agrave natureza complexa do
fenocircmeno do desgaste Este aleacutem de envolver a deformaccedilatildeo e
corte superficial por partiacuteculas abrasivas ou o atrito entre
superfiacutecies metaacutelicas muitas vezes ocorre devido a vaacuterios
mecanismos concomitantes de desgaste da superfiacutecie os quais
tambeacutem podem estar associados a outros fenocircmenos de
degradaccedilatildeo tais como impacto corrosatildeo fluecircncia ou fadigardquo
27 - Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr) o teor de carbono
aumenta a resistecircncia ao desgaste dos accedilos perliacuteticos com o aumento do endurecimento Os
carbetos aumentam a resistecircncia ao desgaste com o aumento na quantidade distribuiccedilatildeo
uniforme e forma adequada Natildeo satildeo adequados poreacutem quando existe o choque associado
ao desgaste por abrasatildeo
A martensita natildeo-revenida ou revenida abaixo de 230degC eacute a fase que melhor resiste
ao desgaste na temperatura ambiente Se o revenido for acima de 350degC a perlita apresenta
Revisatildeo Bibliograacutefica 45
Gustavo Portela de Deus
um resultado melhor para a mesma dureza (50 HB) A fase bainiacutetica da mesma dureza e
composiccedilatildeo quiacutemica resiste melhor ao desgaste que uma estrutura martensiacutetica nas nesmas
condiccedilotildees
A perlita aumenta a resistecircncia agrave abrasatildeo com o aumento das colocircnias de perlita e
com a fraccedilatildeo volumeacutetrica de cementita Para a mesma dureza a perlita lamelar resiste
melhor que a esferoidizada A resistecircncia ao desgaste da ferrita aumenta com o aumento
dos carbetos dispersos na matriz Um accedilo austeniacutetico com a mesma fraccedilatildeo de carbetos que
um ferriacutetico resiste melhor ao desgaste
28 - Revestimentos Superficiais
De acordo com Lima et al (2001) uma das mais eficientes e econocircmicas formas
de se adequar peccedilas e componentes de equipamentos industriais a uma aplicaccedilatildeo
especiacutefica tem sido haacute longo tempo a aplicaccedilatildeo de revestimentos Estes vecircm ganhando
evidecircncia ano apoacutes ano em aplicaccedilotildees contra desgaste corrosotildees dentre outras formas
de consumo de massa
Ainda de acordo com Lima et al (2001) apud Tucker et al o uso de
revestimentos duros para melhorar a resistecircncia ao desgaste de componentes mecacircnicos
tecircm sido comum haacute vaacuterias deacutecadas com variadas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo que incluem
soldagem cladding eletrodeposiccedilatildeo PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica de vapor) CVD (deposiccedilatildeo
quiacutemica de vapor) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem se desenvolvido nos
uacuteltimos tempos apresentando-se como alternativa viaacutevel em relaccedilatildeo aos demais
processos comumente utilizados
Revisatildeo Bibliograacutefica 46
Gustavo Portela de Deus
281 - Aspersatildeo Teacutermica
A aspersatildeo teacutermica consiste de um grupo de processos nos quais partiacuteculas
finamente divididas de materiais para revestimentos metaacutelicos ou natildeo- metaacutelicos satildeo
depositadas sobre um substrato devidamente preparado na condiccedilatildeo fundida ou semindash
fundida para formar uma camada superficial como mostra a Figura 212
O calor necessaacuterio para a operaccedilatildeo eacute gerado na tocha de aspersatildeo e pode vir da
queima de um gaacutes combustiacutevel ou da geraccedilatildeo de um arco eleacutetrico As partiacuteculas aquecidas
satildeo aceleradas por um gaacutes comprimido confinadas num feixe e dirigidas ao substrato Ao
se chocarem as partiacuteculas se achatam e formam finas lentes que se conformam e aderem
agraves irregularidades superficiais e entre si Com a continuidade do processo as partiacuteculas se
resfriam formando um revestimento com estrutura lamelar (MARQUES
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Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato
As variaccedilotildees baacutesicas nos processos de aspersatildeo teacutermica se referem ao material a ser
aplicado ao meacutetodo de aquecimento e ao meacutetodo de aceleraccedilatildeo das partiacuteculas em direccedilatildeo
ao substrato Os materiais podem ser fornecidos na forma de vareta arame cordatildeo (tubo
Revisatildeo Bibliograacutefica 47
Gustavo Portela de Deus
de plaacutestico contiacutenuo) e poacute Metais oacutexidos compostos intermetaacutelicos cermets plaacutesticos
orgacircnicos e alguns vidros podem ser depositados por uma ou mais variaccedilotildees de processos
(MARQUES wwwinfosoldacombr)
Os processos de aspersatildeo teacutermica podem ser classificados em dois grupos
baacutesicos dependendo da fonte de calor usada como mostrado na Tabela 21
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica
Combustatildeo Eleacutetrico
Chama Plasma
Detonaccedilatildeo Arco
O sucesso no uso de revestimentos aspergidos termicamente depende basicamente
de sua aplicaccedilatildeo cuidadosa segundo procedimentos bem estabelecidos Qualquer desvio
destes procedimentos leva em geral a resultados natildeo confiaacuteveis Os revestimentos
termicamente aspergidos apresentam trecircs aspectos baacutesicos o substrato a adesatildeo do
revestimento e a estrutura deste (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Os substratos sobre os quais os revestimentos termicamente aspergidos podem ser
aplicados incluem metais oacutexidos ceracircmicos vidros a maioria dos plaacutesticos e madeira
sendo que algumas teacutecnicas especiais podem ser necessaacuterias Nem todos os materiais para
aspersatildeo podem ser aplicados a qualquer tipo de substrato Uma preparaccedilatildeo adequada deste
eacute necessaacuteria antes da aspersatildeo propriamente dita independente do processo a ser usado
Essa preparaccedilatildeo eacute essencialmente a mesma para cada processo a ser usado e consiste de
duas etapas baacutesicas limpeza da superfiacutecie para eliminar contaminantes e obtenccedilatildeo de
rugosidades para aumentar a aacuterea superficial efetiva e melhorar a adesatildeo (MARQUES
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Revisatildeo Bibliograacutefica 48
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A ligaccedilatildeo ou adesatildeo entre revestimento e substrato pode ser mecacircnica quiacutemica eou
metaluacutergica e eacute influenciada por diversos fatores tais como material do revestimento
condiccedilatildeo do substrato rugosidade limpeza e temperatura da superfiacutecie a ser revestida
antes e durante o processo e velocidade de impacto das partiacuteculas (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
A estrutura e a quiacutemica do depoacutesito aspergido em ar eacute diferente do material no
estado original Estas diferenccedilas satildeo devidas agrave natureza progressiva do revestimento agrave
reaccedilatildeo com gases durante o processo e a atmosfera em contato com o material enquanto
liacutequido Por exemplo quando ar ou oxigecircnio satildeo usados oacutexidos podem ser formados e se
incorporarem ao revestimento Revestimentos metaacutelicos tendem a ser porosos e fraacutegeis
com uma dureza diferente do material original A estrutura de revestimentos na condiccedilatildeo
como aspergidos eacute similar quanto agrave natureza lamelar mas pode exibir diferentes
caracteriacutesticas em funccedilatildeo do processo dos paracircmetros da teacutecnica e do material usado
como mostra a Figura 213 A densidade do depoacutesito varia com a temperatura da fonte de
calor usada e com a velocidade das partiacuteculas no impacto como mostra a Tabela 22 e a
Figura 214 (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 211 - Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido
Revisatildeo Bibliograacutefica 49
Gustavo Portela de Deus
A aplicaccedilatildeo final determina as propriedades necessaacuterias para o revestimento e o
tipo de combustiacutevel e equipamentos necessaacuterios Revestimentos termicamente aspergidos
tecircm sido usados intensamente na fabricaccedilatildeo de componentes nas induacutestrias automotiva de
petroacuteleo eleacutetrica eletrocircnica geraccedilatildeo de energia e particularmente na aeroespacial Em
manutenccedilatildeo milhotildees de doacutelares tecircm sido economizados com o uso da aspersatildeo teacutermica
Tal teacutecnica tem sido usada tanto em oficina como no campo no revestimento de estruturas
e partes de equipamentos com economia de tempo e de recursos (MARQUES
wwwinfosoldacobr )
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor
Fonte Temperatura degC
Propano + oxigecircnio 2640
Gaacutes natural + oxigecircnio 2735
Hidrogecircnio + oxigecircnio 2690
Acetileno + oxigecircnio 3100
Arco eleacutetrico 2200 ndash 8300
Figura 212 Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas
Revisatildeo Bibliograacutefica 50
Gustavo Portela de Deus
2811 - Processos
28111 - Processos por Combustatildeo
Este grupo de processos utiliza o calor gerado pela queima de um gaacutes combustiacutevel
Qualquer substacircncia que se funda e natildeo sublime a temperaturas inferiores a 2760ordmC pode
ser aspergida por este processo como mostram as Figuras 215 e 216 Os materiais
aplicados podem ser metais e ligas na forma de arame cordatildeo ou poacute e ceracircmicos na forma
de vareta cordatildeo ou poacute (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 213 - Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo
Figura 214 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 51
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281111 - Arames e Varetas
O equipamento usado para aplicaccedilatildeo de arames e varetas eacute similar como mostrado
na figura A seccedilatildeo transversal tiacutepica de uma tocha de aspersatildeo com estes processos eacute
mostrada na Figura 216
O material a ser aspergido eacute inserido por roletes alimentadores na parte posterior da
tocha Estes podem ser tracionados por um motor eleacutetrico ou pneumaacutetico ou por uma
turbina a ar O material eacute alimentado por meio de um bocal onde eacute fundido por uma chama
de gaacutes combustiacutevel concecircntrica a este
Os gases combustiacuteveis usados juntamente com o oxigecircnio foram mostrados na
Tabela 22 O acetileno eacute o mais largamente usado por sua maior temperatura de chama
Entretanto em certos casos temperaturas mais baixas satildeo usadas com vantagens
econocircmicas A chama eacute usada apenas para fundir o material Para se obter aspersatildeo um
jato de gaacutes em geral ar comprimido eacute usado para pulverizar o material e acelerar as
partiacuteculas em direccedilatildeo ao substrato Em aplicaccedilotildees especiais um gaacutes inerte pode ser usado
Os roletes de alimentaccedilatildeo devem ser escolhidos e apropriados agrave forma do material a ser
alimentado isto eacute se arame vareta ou cordatildeo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281112 - Poacute
Tochas para aspersatildeo agrave chama com poacute satildeo mais leves e mais compactas que tochas
para outros processos como mostra a Figura 217 Devido agraves menores temperaturas e
velocidades alcanccediladas pelas partiacuteculas os revestimentos obtidos tecircm em geral menor
resistecircncia adesiva ao substrato menor resistecircncia coesiva entre as lamelas e maior
porosidade quando comparados com os depositados por outros processos de aspersatildeo
teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 52
Gustavo Portela de Deus
O material a ser aspergido pode ser um metal puro uma liga metaacutelica um
compoacutesito um carboneto um ceracircmico um cermet ou combinaccedilatildeo destes O processo eacute
geralmente usado para aplicaccedilatildeo de ligas metaacutelicas autofluxadas que devem ser fundidas
apoacutes a aspersatildeo Estes materiais contecircm boro e siliacutecio que servem como agentes fluxantes e
minimizam a oxidaccedilatildeo Sua fusatildeo eou ligaccedilatildeo metaluacutergica a um substrato metaacutelico eacute(satildeo)
obtida(s) aquecendo-se o revestimento ateacute sua temperatura de fusatildeo que em geral eacute
inferior a 1040degC e pode ser feita com o uso de qualquer fonte de calor como uma chama
uma bobina de induccedilatildeo ou um forno Um arco eleacutetrico tambeacutem pode ser usado mas com
certo cuidado para evitar ou minimizar a fusatildeo do substrato
O poacute para aspersatildeo eacute armazenado num recipiente que pode ser parte integrante da
tocha ou ser acoplado a ela Uma pequena quantidade de gaacutes eacute desviada para arrastar o poacute
ateacute o jato da mistura oxigecircniocombustiacutevel em chama quando eacute fundido e acelerado em
relaccedilatildeo ao substrato Um corte transversal de uma tocha tiacutepica para aspersatildeo de poacute por
chama eacute mostrado na Figura 217
Variaccedilotildees do processo de aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama incluem gaacutes comprimido
para alimentaccedilatildeo do poacute na chama jatos adicionais de ar comprimido para acelerar as
partiacuteculas fundidas alimentador de poacute remoto com arraste do poacute para a tocha por um tubo
pressurizado com gaacutes inerte e dispositivos para aceleraccedilatildeo a alta velocidade agrave pressatildeo
atmosfeacuterica Esses refinamentos tendem a aumentar a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute e agraves
vezes a velocidade das partiacuteculas fundidas que aumentam a resistecircncia adesiva e a
densidade do revestimento aspergido
Revestimentos fundidos poacutes-aspersatildeo satildeo densos e relativamente isentos de
porosidade A composiccedilatildeo da liga pode levar a revestimentos com niacuteveis de dureza
Rockwell C superiores a 50 A espessura destes revestimentos eacute limitada agravequelas faixas
Revisatildeo Bibliograacutefica 53
Gustavo Portela de Deus
que podem ser aquecidas ateacute a temperatura de fusatildeo sem descamaccedilatildeo O uso de ligas
autofluxantes eacute limitado a aplicaccedilotildees em que os efeitos da fusatildeo e distorccedilatildeo podem ser
tolerados Revestimentos mais espessos de metais dissimilares podem ser aplicados em
passes muacuteltiplos A superfiacutecie que vai receber o segundo revestimento deve ser limpa de
todos os resiacuteduos de oacutexido apoacutes cada etapa de fusatildeo
Em todos os processos de aspersatildeo teacutermica a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute afeta a
estrutura e a eficiecircncia de deposiccedilatildeo do revestimento Se o material natildeo eacute aquecido
adequadamente a eficiecircncia de deposiccedilatildeo cai rapidamente e o revestimento conteraacute
partiacuteculas natildeo fundidas retidas Se a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute for muito baixa uma certa
quantidade de poacute pode se volatizar resultando em deterioraccedilatildeo do revestimento e elevaccedilatildeo
dos custos Os alimentadores de poacute satildeo compostos por um recipiente e um sistema de
mediccedilatildeo que regula a taxa de alimentaccedilatildeo de material no dispositivo transportador por gaacutes
(MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 215 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute a chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 54
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28112 - Detonaccedilatildeo
A tocha de detonaccedilatildeo eacute diferente de outros equipamentos de aspersatildeo por
combustatildeo Ela utiliza a energia de explosotildees de uma mistura oxigecircnio-acetileno em vez
de uma chama estacionaacuteria para impulsionar o poacute ateacute a superfiacutecie do substrato O depoacutesito
resultante eacute extremamente duro denso fortemente ligado ao substrato
Uma tocha de detonaccedilatildeo mostrada na Figura 218 consiste basicamente de um
tubo comprido no qual eacute introduzida uma mistura de gaacutes combustiacutevel oxigecircnio e poacute
Quando eacute feita a igniccedilatildeo da mistura uma onda de choque controlada aquece e acelera as
partiacuteculas de poacute cuja velocidade de saiacuteda eacute de 760 ms aproximadamente Apoacutes cada
injeccedilatildeo de mistura uma certa quantidade de nitrogecircnio eacute introduzida no tubo para purga
deste Ocorrem vaacuterias detonaccedilotildees por segundo gerando um ruiacutedo da ordem de 150 dB
sendo muitas vezes utilizadas instalaccedilotildees especiais com isolamento acuacutestico para estas
operaccedilotildees
Dentro do tubo temperaturas superiores a 3300degC satildeo atingidas enquanto a
temperatura do substrato deve ser mantida abaixo dos 150degC usando-se dispositivos de
resfriamento se for o caso
A espessura dos revestimentos geralmente situa-se entre 005 e 05mm A
operaccedilatildeo eacute normalmente mecanizada e agraves vezes remotamente controlada Excelente
acabamento pode ser obtido devido agrave baixa porosidade do revestimento (MARQUES
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Revisatildeo Bibliograacutefica 55
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Figura 216 - Esquemaacutetica de Tocha de detonaccedilatildeo
28113 - Processos Eleacutetricos
281131 - Arco Eleacutetrico
No processo de aspersatildeo a arco eleacutetrico dois arames eletrodos consumiacuteveis satildeo
alimentados de forma a se encontrar em um ponto agrave frente de um jato de gaacutes que serve
para atomizaccedilatildeo Uma diferenccedila de potencial de 18 a 40V eacute estabelecida entre os arames
produzindo um arco eleacutetrico que funde a ponta destes O jato de gaacutes atomizante (em geral
ar comprimido) destaca o material fundido produzindo um jato de gotiacuteculas fundidas que eacute
dirigido ao substrato A Figura 219 mostra um desenho esquemaacutetico de uma tocha para
aspersatildeo a arco
O equipamento baacutesico para este processo consiste de uma fonte de corrente
contiacutenua do tipo tensatildeo constante alimentadores de arame do tipo velocidade constante
tocha de aspersatildeo e um sistema de fornecimento de gaacutes comprimido controlaacutevel Os
arames utilizados satildeo em geral de grande diacircmetro da ordem de 5mm Este processo
experimentou um avanccedilo recente com o desenvolvimento de arames tubulares de
enchimento metaacutelico
Revisatildeo Bibliograacutefica 56
Gustavo Portela de Deus
Figura 217 - Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico
A temperatura do arco eacute consideravelmente maior que o ponto de fusatildeo do material
aspergido de modo que algum superaquecimento e volatizaccedilatildeo podem ocorrer
particularmente na aplicaccedilatildeo de zinco e alumiacutenio A alta temperatura das partiacuteculas pode
produzir zonas de reaccedilatildeo quiacutemica ou difusatildeo ou ambas apoacutes o impacto com o substrato
Estas interaccedilotildees satildeo similares a pequenas soldas a ponto e conferem excelente resistecircncia
de adesatildeo e coesatildeo ao revestimento Este processo apresenta taxas de deposiccedilatildeo mais altas
que outros processos de aspersatildeo Os fatores que influenciam esta taxa satildeo a corrente e a
velocidade de alimentaccedilatildeo de arame que dependem do equipamento usado
O comprimento do arco e o tamanho das gotiacuteculas tendem a aumentar com a
elevaccedilatildeo da diferenccedila de potencial entre os arames Esta deve ser mantida em valores
miacutenimos compatiacuteveis com a estabilidade do arco para se obter revestimentos densos e de
melhor acabamento (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281132 - Arco Plasma natildeo Transferido
O desenvolvimento de turbinas e motores de foguetes tem exigido bom
desempenho de materiais de engenharia em condiccedilotildees cada vez mais severas Para
Revisatildeo Bibliograacutefica 57
Gustavo Portela de Deus
satisfazer estas exigecircncias oacutexidos e carbonetos tecircm sido considerados devendo ser
aplicados por processos de aspersatildeo teacutermica de alta temperatura O processo plasma tem
atendido esta necessidade e levou ao desenvolvimento de uma nova famiacutelia de materiais e
teacutecnicas de aplicaccedilatildeo para uma ampla faixa de aplicaccedilotildees industriais
Na aspersatildeo a plasma Figura 220 o material eacute aplicado a partir de um poacute
Aplicaccedilatildeo a partir de arames tem sido desenvolvida mais recentemente Neste processo
um gaacutes ou mistura de gases passa atraveacutes de um arco eleacutetrico estabelecido entre um caacutetodo
de tungstecircnio e um acircnodo de cobre dotado de um orifiacutecio alinhados coaxialmente Em sua
passagem o gaacutes eacute aquecido gerando o plasma
Figura 218 - Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma
O poacute eacute alimentado no plasma fundido e acelerado em direccedilatildeo ao substrato por um
jato de alta velocidade A energia temperatura e velocidade do jato de plasma satildeo
controladas pelo tipo de bocal constritor intensidade da corrente eleacutetrica composiccedilatildeo e
vazatildeo do gaacutes de plasma Em geral nitrogecircnio ou argocircnio satildeo usados como gaacutes de plasma
podendo conter adiccedilotildees de hidrogecircnio ou heacutelio para aumentar sua potecircncia e velocidade
Revisatildeo Bibliograacutefica 58
Gustavo Portela de Deus
O equipamento baacutesico para a aspersatildeo a plasma mostrado na figura 220 consiste
de uma fonte de corrente contiacutenua constante alimentador de poacute fonte de gaacutes e um sistema
de controle que permite ajustar os paracircmetros de operaccedilatildeo (corrente vazotildees de gaacutes fluxo
de aacutegua para refrigeraccedilatildeo) e faz a sincronia de todo o sistema
281133 - Arco Plasma Transferido
Neste caso o processo eacute uma combinaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica e soldagem O
substrato deve ser condutor e faz parte do circuito do arco eleacutetrico que gera o plasma O
material aspergido se mistura com o material da poccedila de fusatildeo formada no substrato isto eacute
ocorre diluiccedilatildeo O equipamento usado eacute similar ao necessaacuterio para o plasma natildeo
transferido com exceccedilatildeo da tocha
A ligaccedilatildeo do revestimento ao substrato eacute essencialmente metaluacutergica e as
espessuras utilizadas satildeo em geral maiores que em outros processos de aspersatildeo teacutermica
O depoacutesito eacute denso uniforme e com bom acabamento A operaccedilatildeo eacute geralmente
mecanizada e com boa reprodutibilidade Entretanto a combinaccedilatildeo de substratos e
materiais aplicaacuteveis eacute mais limitada
2812 Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie
A preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute a etapa mais criacutetica da operaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica
A qualidade da adesatildeo do revestimento estaacute diretamente relacionada com a limpeza e a
rugosidade da superfiacutecie do substrato A obediecircncia rigorosa a procedimentos
padronizados de preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute necessaacuteria para garantir o sucesso da aplicaccedilatildeo
de revestimentos por aspersatildeo teacutermica O tipo de material do revestimento e do substrato
satildeo os fatores principais na determinaccedilatildeo do processo e qualidade da preparaccedilatildeo necessaacuteria
da superfiacutecie para se obter adesatildeo suficiente a uma dada aplicaccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 59
Gustavo Portela de Deus
Em partes sujeitas a fortes tensotildees mecacircnicas uma inspeccedilatildeo preacutevia agrave operaccedilatildeo de
revestimento eacute necessaacuteria para a detecccedilatildeo de falhas no metal base que eacute feita
normalmente por meio de ensaios natildeo-destrutivos Falhas estruturais no metal base
induziratildeo falhas similares no revestimento Trincas no substrato natildeo podem ser reparadas
por aspersatildeo teacutermica e revestimentos depositados por esta teacutecnica natildeo adicionam
resistecircncia mecacircnica ao substrato (MARQUES wwwinfosoldacombr )
2813 - Limpeza e Manuseio
O primeiro passo na preparaccedilatildeo de um substrato para aspersatildeo teacutermica eacute a retirada
de todos os contaminantes superficiais tais como poeira oacuteleo graxa e pintura O calor do
processo de aspersatildeo natildeo remove contaminaccedilatildeo e esta inibe a adesatildeo do revestimento
Depois que todos os contaminantes forem eliminados a limpeza deve ser mantida ateacute que
o ciclo de revestimento se complete As peccedilas devem ser protegidas de partiacuteculas
transportadas pelo ar e marcas de dedos bem como ser manuseadas com ferramentas e
material limpo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
28131 - Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes
Desengraxe com vapor
Jateamento uacutemido
Decapagem aacutecida
Aquecimento ao forno
Limpeza ultrassocircnica
Jateamento seco
Escovamento
Revisatildeo Bibliograacutefica 60
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2814 - Criaccedilatildeo de Rugosidade
Apoacutes a limpeza vaacuterios meacutetodos satildeo usados para produzir uma superfiacutecie mais
adequada para a aderecircncia do revestimento Os principais satildeo jateamento abrasivo
macroenrugamento e aplicaccedilatildeo de revestimento de ligaccedilatildeo Combinaccedilotildees destes meacutetodos
satildeo tambeacutem empregados incluindo jateamento abrasivo com subsequumlente aplicaccedilatildeo de um
revestimento de ligaccedilatildeo e usinagem seguida de jateamento abrasivo
A obtenccedilatildeo de uma rugosidade adequada eacute tatildeo importante quanto a limpeza
Durante a aspersatildeo as partiacuteculas fundidas ou semi-fundidas formam bolachas quando se
chocam com a superfiacutecie do substrato Estas agrave medida que se resfriam e se contraem
precisam aderir a uma superfiacutecie que favoreccedila o ancoramento mecacircnico
A geraccedilatildeo de uma superfiacutecie rugosa eacute usada para aumentar a aderecircncia e a coesatildeo
entre as partiacuteculas do revestimento por geraccedilatildeo de tensotildees superficiais de contraccedilatildeo
intertravamento de camadas aumento da aacuterea de interaccedilatildeo e descontaminaccedilatildeo da
superfiacutecie
O grau de enrugamento necessaacuterio para produzir um revestimento resistente e
adequado depende do material aplicado do processo e das condiccedilotildees de serviccedilo da peccedila
final (MARQUES wwwinfosoldacombr )
282 - Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste
A principal caracteriacutestica deste tipo de revestimento que satildeo aplicados para resistir
ao desgaste eacute a sua elevada dureza
Revisatildeo Bibliograacutefica 61
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2821 - Recobrimento Duro
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr ) recobrimento duro eacute
o nome dado ao processo que consiste em produzir por soldagem uma camada dura e
resistente ao desgaste na superfiacutecie da peccedila sujeita ao desgaste
2822 - Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro
De acordo com Batista amp Nascimento apud o Metals Handbook
(wwwspectrucombr ) os materiais para recobrimento duro satildeo classificados em cinco
grandes grupos em funccedilatildeo do teor total de elementos de liga Em geral a resistecircncia ao
desgaste e o custo crescem com o nuacutemero do grupo A escolha de uma liga especiacutefica
dependeraacute da aplicaccedilatildeo e do tipo de soldagem utilizado como mostra a Tabela 23
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro
Teor total de elementos de liga Elementos de liga principais
Materiais ferrosos de baixa liga
1A 2 a 6
1B 6 a 12
Cr Mo Mn
Cr Mo Mn
Materiais ferrosos de alta liga
2A 12 a 15
2B 12 a 25
2C 12 a 25
2D 30 a 37
3A 25 a 50
3B 25 a 50
3C 25 a 50
Cr Mo
Mo Cr
Mn Ni
Mn Cr Ni
Cr Ni Mo
Cr Mo
Co Cr
Revisatildeo Bibliograacutefica 62
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Ligas agrave base de niacutequel e agrave base de cobalto
4A 50 a 100
4B 50 a 100
4C 50 a 100
Co Cr W
Ni Cr Mo
Cr Ni Mo
Carbetos
5 75 a 96
WC ou WC em combinaccedilatildeo com
outros carbonetos como TiC e TaC sempre
em uma matriz metaacutelica
As ligas do grupo 1A satildeo accedilos de baixo teor de liga quase sempre tendo cromo
com principal elemento de liga O teor total dos elementos de liga incluindo o carbono
fica entre 2 e 6 Estas ligas de teor satildeo empregadas frequumlentemente como uma camada
de base para um recobrimento duro com ligas de teor de liga mais elevado
As ligas ferrosas do subgrupo 1B satildeo semelhantes agraves do grupo 1A poreacutem com
maior teor de elementos de liga ( 6 a 12 ) e com teor de carbono ateacute 2 ou mais
Muitos accedilos - ferramenta e alguns ligados fazem parte deste grupo
Os materiais do grupo 1 apresentam maior tenacidade entre as ligas de
recobrimento duro excetuando-se os accedilos-manganecircs austeniacuteticos Possuem tambeacutem
melhor resistecircncia ao desgaste que os accedilos de baixo e meacutedio carbono que satildeo ligas
usualmente recobertas pelo grupo 1 O custo eacute mais barato que as outras ligas de
recobrimento duro e muito empregados nos casos em que se necessita da usinabilidade e de
apenas um aumento moderado da resistecircncia ao desgaste
Revisatildeo Bibliograacutefica 63
Gustavo Portela de Deus
As ligas do subgrupo 2A satildeo ligas em que o principal elemento de liga eacute o cromo
com teor total de elemento de liga entre 12 e 25 Algumas delas tecircm certo teor de
molibdecircnio Este grupo inclui ainda alguns natildeo-ferros fundidos de meacutedio teor em liga O
molibdecircnio eacute o principal elemento de liga em quase todos os materiais do grupo 2B que
contam tambeacutem com teores relativamente altos de cromo
O subgrupo 2C eacute constituiacutedo pelos accedilos-manganecircs austeniacuteticos Manganecircs eacute o
principal elemento de liga estando tambeacutem presente o niacutequel para maior estabilizaccedilatildeo da
austenita
As ligas dos subgrupos 2A e 2B satildeo mais resistentes ao desgaste menos tenazes e
mais caras que os materiais do grupo 1 Jaacute os subgrupos 2C e 2D satildeo muito tenazes poreacutem
apresentam limitada resistecircncia ao desgaste que pode aumentar muito com o encruamento
As ligas do subgrupo 2D possuem um teor total de elementos de liga entre 30 e 37
variando o carbono entre 010 e 1
Os materiais do grupo 3 apresentam 25 a 50 de elementos de liga Satildeo ligas
com alto cromo vaacuterias delas com niacutequel eou molibdecircnio Os teores de carbono variam
entre 175 a 5 Este grupo eacute caracterizado pela presenccedila maciccedila de carbonetos
hipereuteacuteticos que conferem agraves ligas uma alta resistecircncia ao desgaste e uma razoaacutevel
resistecircncia agrave corrosatildeo e ao calor Satildeo ligas mais caras que as dos grupos 1 e 2
O grupo 4 compreende as ligas agrave base de cobalto e agrave base de niacutequel com teor total
de elementos natildeo-ferrosos entre 50 e 99 As ligas agrave base de cobalto do subgrupo 4ordf
satildeo consideradas como os mais versaacuteteis materiais de recobrimento duro Resistem ao
calor agrave abrasatildeo agrave corrosatildeo ao impacto agrave descamaccedilatildeo agrave oxidaccedilatildeo ao choque teacutermico agrave
erosatildeo e ao desgaste metal- metal
Revisatildeo Bibliograacutefica 64
Gustavo Portela de Deus
Algumas destas ligas mantecircm uma dureza elevada ateacute 825ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo
ateacute temperaturas da ordem de 1100ordmC As ligas agrave base de niacutequel subgrupo 4B satildeo
especialmente indicadas para peccedilas sujeitas ao mesmo tempo agrave corrosatildeo e ao desgaste Satildeo
superiores a outros materiais de recobrimento duro em aplicaccedilotildees nas quais o desgaste eacute
causado pelo contato metal-metal como no caso dos mancais Mantecircm durezas elevadas
ateacute cerca de 650ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo ateacute temperaturas da ordem de 875ordmC
Os materiais do grupo 5 consistem de gracircnulos duros de carbonetos distribuiacutedos em
uma matriz metaacutelica Satildeo muito indicados para aplicaccedilotildees de abrasatildeo intensa e de corte
Inicialmente se empregam apenas os carbonetos de tungstecircnio Mais recentemente outros
carbonetos principalmente titacircnio tacircntalo e cromo passaram a ser usados com bons
resultados Como matriz metaacutelica vaacuterios materiais tecircm sido utilizados tais como ferro accedilo
carbono Ligas agrave base de niacutequel agrave base de cobalto e bronze Os materiais do grupo 5
possuem a maacutexima resistecircncia agrave abrasatildeo em peccedilas sujeitas a impactos pequenos ou
moderados
2823 - Seleccedilatildeo do Material para Recobrimento Duro
A primeira medida eacute caracterizar bem as condiccedilotildees de serviccedilo nas quais deveraacute
trabalhar o equipamento que seraacute revestido com o recobrimento duro Em seguida deve-se
analisar com cuidado as interaccedilotildees dos materiais candidatos e do metal base bem como o
processo de soldagem a ser utilizado no recobrimento
2824 - Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento
Analisar as condiccedilotildees de serviccedilo para determinar os tipos de resistecircncia ao
desgaste e resistecircncia ao ambiente seleccedilatildeo de alguns materiais candidatos
Revisatildeo Bibliograacutefica 65
Gustavo Portela de Deus
Anaacutelise de compatibilidade entre as ligas e o metal base considerando
possiacuteveis tensotildees teacutermicas e eventuais trincas
Testar componentes recobertos com os materiais candidatos
Selecionar a melhor liga considerando o custo e a duraccedilatildeo do recobrimento
Selecionar o processo de recobrimento duro considerando a taxa de
deposiccedilatildeo o grau de diluiccedilatildeo (o metal base dilui a liga de recobrimento durante a
soldagem) eficiecircncia de deposiccedilatildeo e custo total O custo total inclui o preccedilo dos
eletrodos e o processamento
29 - Tipos de Revestimento
Os tipos de revestimento mais aplicados em soldagem podem ser classificados em
endurecimento superficial
resistentes agrave corrosatildeo
resistentes ao desgaste eou impacto
para recuperaccedilatildeo ou reparos de manutenccedilatildeo
291 - Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Tabela ndash 24 Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Condiccedilotildees de serviccedilo Materiais para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal altas
tensotildees de contato
Stellite 1 ligas Tribaloy
Escorregamento metal ndash metal baixas
tensotildees de contato
Accedilos de baixa liga para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal
combinado com corrosatildeo e oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto ou agrave base de
niacutequel dependendo da agressividade do
Revisatildeo Bibliograacutefica 66
Gustavo Portela de Deus
ambiente
Abrasatildeo sob baixa tensatildeo erosatildeo por
colisatildeo de partiacuteculas de pequeno acircngulo
Ferros fundidos de alta liga
Abrasatildeo severa sob baixa tensatildeo
retenccedilatildeo do gume
Materiais com altos teores de carbonetos
Erosatildeo por cavitaccedilatildeo e por colisatildeo
Choques mecacircnicos intensos combinados
com corrosatildeo ou oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto
Stellite 21 Stellite6
Abrasatildeo por sulcamento Accedilos ndash manganecircs austeniacuteticos
Descamaccedilatildeo
Stellite 21 Stellite 6 Tribaloy T-400
Tribaloy T-800
Estabilidade teacutermica eou resistecircncia agrave
fluecircncia a altas temperaturas
Ligas agrave base de cobalto ligas de niacutequel
com carbonetos
292 - Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies
A Tabela 25 apresenta as principais vantagens e desvantagens dos principais
processos de deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Tabela 25 - As principais vantagens e desvantagens dos principais processos de
deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Revisatildeo Bibliograacutefica 67
Gustavo Portela de Deus
Processo Vantagens Desvantagens
Galvanizaccedilatildeo iocircnica
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo baixa
temperatura de processamento
deposiccedilatildeo em furos e ranhuras
Seleccedilatildeo restrita de materiais de
revestimento revestimentos relativamente
macios riscos ambientais precisatildeo limitada
para repeticcedilatildeo na superfiacutecie
PACVD (Plasma
Assisted Chemical
Vapour Deposition)
Temperaturas de processo muito
abaixo das do CVD temperaturas
baixas revestimentos precisos
Adequado apenas para furos e ranhuras
PVD (Physical
Vapour Deposition)
Ecologicamente seguro permite
grande variedade de
revestimentos temperatura de
revestimentos mais baixa do que a
de tratamento teacutermico final da
maioria dos accedilos espessura
reduzida reproduziacutevel com
precisatildeo resistecircncia elevada ao
desgaste baixo coeficiente de
atrito
Revestimento de furos e ranhuras ndash alcanccedila
profundidade igual ao diacircmetro ou largura
da abertura resistente agrave corrosatildeo em
determinadas condiccedilotildees apenas
revestimento uniforme depende de as peccedilas
girarem durante o processamento
Difusatildeo
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo boa
reprodutibilidade
Revestimentos relativamente macios
seleccedilatildeo restrita de material de base tempo
de processamento longo riscos ambientais
necessidade de poacutes-tratamento
CVD (Chemical
Vapour Deposition)
Elevada resistecircncia ao desgaste
produccedilatildeo econocircmica de
Temperaturas de processamento elevadas
impossibilidade de revestir vaacuterios metais
Revisatildeo Bibliograacutefica 68
Gustavo Portela de Deus
revestimentos espessos adequado
para furos e ranhuras
arredondamento de bordos riscos
ambientais
Capiacutetulo 3
Materiais e Meacutetodos
Materiais e Meacutetodos 70
Guatavo Portela de Deus
3 - Materiais e Meacutetodos
31 ndash Fluxograma do Desenvolvimento Experimental
Teacutecnicas de deposiccedilatildeo dos revestimentos duros
Soldagem dos corpos-de-
prova Aspersatildeo teacutecnica
EnsaiosAnaacutelises
Prop mecacircnicas Caract microestrutural
Ensaio de
desgaste
Ensaio de DurezaMicro
Microscopia oacutetica
Discussatildeo Anaacutelises
Dissertaccedilatildeo de Mestrado
Materiais e Meacutetodos 71
Gustavo Portela de Deus
32 - Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no Solo de
Equipamentos Rodoviaacuterios
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios objeto deste
estudo foram selecionados dentre os que foram considerados como um dos mais
representativos na avaliaccedilatildeo referentes aos custos de manutenccedilatildeo e de consideraacutevel atraso
nos cronogramas de trabalho nas frentes de trabalho de conservaccedilatildeo e construccedilatildeo
rodoviaacuteria
Os elementos escolhidos para os estudos comparativos e para a anaacutelise de desgaste
na forma de desgaste abrasivo a dois corpos foram as unhas da caccedilamba da paacute carregadeira
de rodas articuladas utilizadas em serviccedilos leves e pesados de escavaccedilatildeo e carregamento
de agregados na forma principalmente de solos lateriacuteticos
Figura 3 1 Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira
Materiais e Meacutetodos 72
Gustavo Portela de Deus
Figura 32 Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira
Dentre os equipamentos rodoviaacuterios utilizados para construccedilatildeo e conservaccedilatildeo de
rodovias alguns apresentam ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de uso contiacutenuo e outras
somente quando a atividade se torna necessaacuteria como pontas de escarificadores de solos
Existem ainda outros elementos de maacutequinas que apresentam desgaste elevado em funccedilatildeo
dos mesmos manterem um contato direto com o solo como os elementos que compotildeem o
conjunto do material rodante de tratores de esteiras de escavadeiras hidraacuteulicas e de paacutes
carregadeiras tracionadas por esteiras desgaste este que por acontecer entre elementos que
estatildeo em movimento relativo entre si eacute considerado como desgaste abrasivo a trecircs corpos
Alguns fabricantes com a finalidade de prolongar a vida uacutetil desses elementos passaram a
utilizar esteiras vedadas e lubrificadas para evitar o contato direto dos elementos em
movimento relativo
O primeiro passo no desenvolvimento do projeto de avaliaccedilatildeo comparativa e na
anaacutelise de rendimento dos dois processos de revestimento superficial e do material
Materiais e Meacutetodos 73
Gustavo Portela de Deus
comercialmente encontrado e utilizado foi a confecccedilatildeo dos corpos de prova seguindo as
especificaccedilotildees da norma que regulamenta estudos triboloacutegicos ou seja a ASTM G65-91
Os materiais de base apoacutes ser analisados quanto agrave perda de massa no periacuteodo de
2900 horas foram cortados nas dimensotildees especificadas pela norma ASTM G65-91 para
ser submetidos aos ensaios de dureza pelo meacutedodo Rockwell C e resistecircncia agrave abrasatildeo por
meio do ensaio pela roda de borracha O mesmo procedimento foi executado aos corpos de
prova revestidos por soldagem de endurecimento superficial bem como pelo processo de
aspersatildeo teacutermica pelo meacutetodo LVOF Apoacutes o corte esses corpos-de-prova foram
submetidos a algumas operaccedilotildees de usinagem com a finalidade de adquirir suas formas
planas e retiradas de escoacuterias provenientes do processo de soldagem
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos
3211 - Revestimento Duro pelo Processo de Soldagem
Uma das teacutecnicas utilizadas no desenvolvimento do trabalho e que se tornou fator
de anaacutelise e comparaccedilatildeo de resultados de maior e menor desempenho foi o revestimento
duro pelo processo de soldagem em que foi utilizado a soldagem de revestimento com
eletrodo revestido
O processo de revestir superfiacutecies pelo processo de soldagem pode ser aplicado em
peccedilas novas bem como na recuperaccedilatildeo de peccedilas desgastadas pelo uso Eacute um processo de
aplicaccedilatildeo simples necessitando apenas das varetas das ligas de recobrimento e de uma
chama oxiacetilecircnica ou de um arco eleacutetrico O processo tem a vantagem de poder ser
aplicado a aacutereas localizadas da peccedila que sejam mais sujeitas ao desgaste (BATISTA
NASCIMENTO wwwspectrucombr )
Materiais e Meacutetodos 74
Gustavo Portela de Deus
As varetas dos materiais de recobrimento satildeo fornecidas em dois tipos revestidas
para soldagem a arco e natildeo revestidas para soldagem oxiacetilecircnica A soldagem
oxiacetilecircnica produz depoacutesitos mais uniformes e que podem ser mais bem posicionadas na
peccedila com velocidades de aquecimento e resfriamento relativamente baixas Por outro lado
a soldagem a arco eacute um processo menos caro mais raacutepido e se presta melhor agrave utilizaccedilatildeo
de equipamentos automaacuteticos Os depoacutesitos obtidos com arco eleacutetrico em geral satildeo mais
grosseiros e apresentam maior tendecircncia agrave formaccedilatildeo de poros Haacute tambeacutem maior
probabilidade de formaccedilatildeo de trincas em funccedilatildeo dos gradientes de temperatura criados
para altas velocidades de aquecimento e de resfriamento (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
O material de recobrimento eacute fundido durante a soldagem e se espalha sobre o
metal base ligando-se com este e formando uma nova superfiacutecie com uma camada que
varia entre 15 mm a 60 mm Apenas uma camada superficial da peccedila atinge a temperatura
de fusatildeo o que evita uma contaminaccedilatildeo muito acentuada do recobrimento do metal base
que diminuiria as propriedades de resistecircncia ao desgaste da camada depositada
O recobrimento duro pode ser aplicado agrave maioria dos metais natildeo ferrosos Por outro
lado com algumas exceccedilotildees natildeo se recomenda o recobrimento de ligas natildeo ferrosas com o
ponto de fusatildeo inferior a 1100ordmC Os accedilos ndash carbonos podem ser recobertos com relativa
facilidade em especial se o teor de carbono for inferior a 035 A soldagem se torna mais
difiacutecil agrave medida que o teor de carbono aumenta sendo que os accedilos de alto carbono e os
accedilos ligados devem sofrer um preacute ndash aquecimento e apoacutes recobrimento devem ser recozidos
Os accedilos inoxidaacuteveis os ferros fundidos e os accedilos raacutepidos tambeacutem podem ser recobertos
utilizando ndash se teacutecnicas adequadas de soldagem O cobre bronze e ligas como o latatildeo
Materiais e Meacutetodos 75
Gustavo Portela de Deus
apresentam maiores dificuldades de soldagem em funccedilatildeo de seus pontos de fusatildeo serem
baixos e sua alta condutividade (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr )
O recobrimento duro eacute muito usado nas aplicaccedilotildees em uma lubrificaccedilatildeo regular
contra abrasatildeo seja impossiacutevel ou inviaacutevel como em ferramentas de perfuraccedilatildeo de poccedilos
de petroacuteleo equipamentos para a agricultura e para terraplenagem ferramentas para
mineraccedilatildeo e equipamentos para a induacutestria petroquiacutemica O processo tambeacutem eacute usado para
ampliar a duraccedilatildeo de peccedilas que recebem lubrificaccedilatildeo tais como matrizes de conformaccedilatildeo
mecacircnica e aacutereas localizadas de oacutergatildeos de maacutequinas extremamente sujeitas a desgaste
Superfiacutecies com recobrimento duro satildeo em geral mais resistentes ao desgaste ao calor e agrave
corrosatildeo do que superfiacutecies cementadas ou temperadas por chama
Aleacutem disso aacutereas de difiacutecil acesso em componentes grandes praticamente
impossiacuteveis de ser submetidas a um processo de tratamento teacutermico podem receber um
recobrimento duro A teacutecnica pode tambeacutem ser empregada para a recuperaccedilatildeo de
equipamentos pesados sem a necessidade de desmontaacute-los (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
3212 ndash Revestimento superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF
Foi tambeacutem aplicada a teacutecnica de revestimento por aspersatildeo teacutermica
especificamente pelo meacutetodo de LVOF de acordo como eacute relatado a seguir o
desenvolvimento do processo
3213 - HVOF (High Velocity Oxigen Fuel)
Dentre os processos de aspersatildeo teacutermica utilizados para aplicar revestimentos
resistentes ao desgaste o processo de aspersatildeo oxicombustiacutevel de alta velocidade
Materiais e Meacutetodos 76
Gustavo Portela de Deus
conhecido como HVOF (Higt velocity oxi fuel) tem sido um dos mais utilizados
principalmente na aplicaccedilatildeo de carbonetos O processo eacute baseado em um sistema de
combustatildeo interna de alta pressatildeo similar a um motor de foguete em miniatura
Combustiacutevel e oxigecircnio satildeo misturados para produzir um jato de gaacutes supersocircnico acima de
2000 ms e 2800degC ( Lima et al apud Thorpe et al 1998) Os combustiacuteveis usados
incluem querosene hidrogecircnio propileno propano acetileno metil-acetileno propadieno
e gaacutes natural O material em forma de poacute eacute introduzido na chama quente dentro do cano de
saiacuteda da pistola Os revestimentos produzidos apresentam maior dureza adesatildeo ao
substrato durabilidade e maior possibilidade de espessura do que os revestimentos
produzidos por outros processos de aspersatildeo teacutermica Uma vantagem inerente do processo
HVOF eacute sua habilidade de aspergir partiacuteculas semi-fundidas a altas velocidades (em torno
de 900 ms) resultando em um revestimento bastante denso com alta adesatildeo ao substrato e
baixo conteuacutedo de oacutexidos Carbonetos superaquecidos podem se decompor e formar fases
menos beneacuteficas ao revestimento O processo HVOF eacute bastante efetivo ao acelerar bastante
as partiacuteculas sem excesso de aquecimento (LIMACAMARGO 2001)
Carbonetos de vaacuterios tipos satildeo especialmente adequados para aplicaccedilatildeo por HVOF
pois natildeo requerem significante fusatildeo para se depositar e formar uma superfiacutecie efetiva
contra desgaste Composiccedilotildees tiacutepicas estatildeo entre 8 a 30 de conteuacutedo da liga matriz que
serve primariamente como ligante para as partiacuteculas de carboneto (Lima et al apud Thorp
et al 2000) Uma das ligas mais usadas para aplicaccedilotildees de desgaste tem sido a liga WC-
Co (Lima et al apud Korpiola amp Vuoristo 1996) agraves vezes ligada a outros elementos como
Ni e Cr no intuito de oferecer melhores caracteriacutesticas de resistecircncia agrave corrosatildeo e desgaste
combinado (Lima et al apud Berger et al 2001)
Materiais e Meacutetodos 77
Gustavo Portela de Deus
3214 - LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray - Poacute
O processo LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) poacute consiste em injetar o material a
ser depositado em forma de poacute na chama derivada da queima de oxigecircnio e acetileno
(3100ordmC) sendo o material aquecido e projetado contra o substrato previamente preparado
Em algumas variaccedilotildees do processo um jato de ar comprimido auxilia a acelerar e
atomizar o poacute Pode-se efetuar a fusatildeo da camada apoacutes aplicaccedilatildeo do revestimento
aumentando assim a aderecircncia e resistecircncia do material aplicado
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
- Ligas Base de Niacutequel como Incinel Monel NiCrBSi e outras
- Oacutexido de Cromo
- Alumina e Alumina ndash Titacircnio e Dioacutexido de Titacircnio
- Oacutexido de Zirconia
- Ligas Base de Cobalto ndash Stellite
3215 - LVOF ( Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray ndash Arame
O processo de aspersatildeo LVOF Arame utiliza como fonte de calor para fusatildeo do
arame a chama gerada pela queima de oxigecircnio e acetileno
A atomizaccedilatildeo e aceleraccedilatildeo do material fundido satildeo realizadas por um jato de ar
comprimido que cerca a chama do oxigecircnio e acetileno
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
Materiais e Meacutetodos 78
Gustavo Portela de Deus
- Accedilo carbono como ligas 1020 1045 1080 e outros
- Accedilo inox como ligas AISI 302 304 316 e AISI 410420 etc
- Ligas de Niacutequel
- Alumiacutenio
- Zinco
- Estanho
322 - Materiais
3221 - Material de Referecircncia
O material que foi utilizado como referecircncia na anaacutelise comparativa dos processos
de revestimento foi retirado de amostras de unhas de caccedilambas de paacutes carregadeiras de
rodas na sua forma original ou seja fornecida pelo fabricante do equipamento rodoviaacuterio e
seguindo os padrotildees determinados pela norma ASTM G65-91 Por se tratar de materiais
originais ou seja fornecido pelo fabricante da maacutequina foi constatado por meio de
avaliaccedilotildees primaacuterias como mais resistentes ao desgaste abrasivo e comprovado atraveacutes do
nuacutemero de horas em que os elementos foram submetidos em operaccedilotildees de escavamento e
carregamento
3222 - Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo
O material de base utilizado na confecccedilatildeo dos corpos de prova para anaacutelise de
resistecircncia ao desgaste abrasivo pelos processos por soldagem e por aspersatildeo teacutermica foi o
accedilo ABNT 1015 com as seguintes dimensotildees 75 mm de comprimento 24 mm de largura
Materiais e Meacutetodos 79
Gustavo Portela de Deus
e 4mm de espessura nas amostras por soldagem e 48 mm de comprimento 24 de largura e
4mm de espessura nas amostras aspergidas Tais dimensotildees se fizeram necessaacuterias para
atender agrave norma como tambeacutem para permitir um encaixe perfeito ao suporte do
abrasocircmetro nos ensaios de perda de massa
3223 - Consumiacuteveis Utilizados
Os consumiacuteveis utilizados para revestir os corpos de prova nos processos de
revestimento superficial por soldagem foram os eletrodos para abrasatildeo severa erosatildeo e
cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo Bohler Thyssen Welding tipo UTP 713 desenvolvimento especial
com as seguintes concentraccedilotildees C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09
com dureza de 65HRC
Os revestimentos por soldagem executados nos corpos-de-prova foram feitos na
empresa Engincom Comeacutercio e Induacutestria LTDA situada no Distrito Industrial de
Teresina-PI
Jaacute os corpos de prova revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica por LVOF
utilizaram como consumiacutevel nas amostras tipo P uma mistura composta de 170 de Cr
40 de Fe 40 de Si 35 de B 10 de C e Ni balanceado As amostras tipo M foram
revestidas utilizando como consumiacutevel a mesma mistura utilizada no revestimento das
amostras tipo P com a adiccedilatildeo de 10 de carboneto de tungstecircnio com base cobalto (81
de tungstecircnio + 12 de cobalto + 5 de carbono + 2 de ferro)
Foram utilizados dois tipos de consumiacuteveis nas amostras revestidas por aspersatildeo
teacutermica com a finalidade de se avaliar tambeacutem o comportamento dos revestimentos
quanto a resistecircncia ao desgaste abrasivo utilizando-se os ensaios de resistecircncia ao desgaste
Materiais e Meacutetodos 80
Gustavo Portela de Deus
e de dureza nos dois tipos de consumiacuteveis Levando-se em consideraccedilatildeo principalmente o
custo do revestimento
Os corpos-de-prova que foram revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica tipo
LVOF foram executados na empresa Ogramac Nordeste situada no Distrito Industrial de
Suape em Ipojuca-PE
3224 - Areia
A areia utilizada no ensaio de abrasatildeo para constataccedilatildeo da perda de massa foi a
areia quartzosa industrial com granulometria de 40 a 60 mesh fornecida pela empresa
Sand SL Comeacutercio de Mineacuterio LTDA de Satildeo Carlos-SP Esta areia foi submetida a um
sistema de peneiramento de modo a adequar a sua granulometria agraves dimensotildees
especificadas pela norma ASTM G65-91 que estabelece um percentual de 5 de maacutexima
retenccedilatildeo na peneira de 50 mesh e de 90 de miacutenimo na peneira de 60 mesh
323 - Equipamentos
3231 - Equipamento de Soldagem
Foi utilizado um transformador de solda de fabricaccedilatildeo bambozzi modelo TDC 460
E com as seguintes caracteriacutesticas teacutecnicas Corrente maacutexima de solda de 430 A trifaacutesico
com tensatildeo de alimentaccedilatildeo de 380V potecircncia nominal de 208 kVA frequumlecircncia de
5060Hz caracteriacutesticas de soldagem DC e dimensotildees (AxLxC) de 480x555x665
3232 - Sistema de Peneiramento da Areia
A maacutequina utilizada para peneirar a areia no ensaio de abrasatildeo por roda de
borracha foi desenvolvida e construiacuteda no Departamento de Engenharia de Materiais da
Materiais e Meacutetodos 81
Gustavo Portela de Deus
Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar Eacute constituiacuteda de duas peneiras superpostas
com malhas de 50 e 70 meshs segundo a AFS fixadas em uma estrutura de accedilo que sofre
movimento vibratoacuterio promovido por um motor de frac14 de HP em cujo eixo estaacute afixada
uma peccedila assimeacutetrica para provocar um efeito excecircntrico na rotaccedilatildeo e consequumlente
vibraccedilatildeo como mostra a Figura 33
Figura 33 - Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo
3233 Abrasocircmetro
O abrasocircmetro utilizado no ensaio de abrasatildeo por perda de massa tambeacutem foi
desenvolvido e construiacutedo nos laboratoacuterios do Departamento de Engenharia de Materiais
da Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar segundo a norma ASTM G65-91 Esta
norma determina que seja feita uma calibraccedilatildeo do abrasocircmetro de modo que o mesmo
possa ser utilizado de forma confiaacutevel assegurando as mesmas condiccedilotildees e
reprodutividade dos ensaios de perda de volume
Materiais e Meacutetodos 82
Gustavo Portela de Deus
O anel de borracha eacute constituiacutedo de clorobutil com diacircmetro externo inicial de
2286 mm e espessura de 127 mm com dureza variando entre 59 e 60 shore A A
excentricidade do anel natildeo deve exceder a toleracircncia de 005 mm Com este diacircmetro
especificado e para um nuacutemero total de 6000 rotaccedilotildees o comprimento linear de realizaccedilatildeo
do ensaio eacute de 4309 m Agrave medida que a roda se desgasta deve-se ajustar a perda de
volume (PV) como prevecirc a norma O fluxo de areia recomendado eacute de 300 gmin a 400
gmin que deveraacute escoar pelo bocal de alimentaccedilatildeo de forma regular e contiacutenua como
mostra a Figura 34
Faz parte da constituiccedilatildeo do abrasocircmetro um contador digital do nuacutemero de voltas
efetuadas pela roda de borracha ateacute o limite estabelecido de 6000 rotaccedilotildees em que o
mesmo deveraacute provocar o desligamento automaacutetico Possui ainda um sistema de alarme
com paracircmetros de limites de rotaccedilotildees por min de miacutenimo 190rpm e de maacuteximo 210 rpm
e tendo como rotaccedilatildeo referecircncia 200 rpm (BRANDIM 1998)
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha
Materiais e Meacutetodos 83
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3234 - Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos-de-Prova
Os corpos-de-prova revestidos pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
foram retificados e cortados em uma retificadora plana longitudinal de fabricaccedilatildeo Mello
SA Maacutequinas e Equipamentos modelo RPT 2 maacutequina nordm 192 ano 1983 nos laboratoacuterios
de usinagem do CEFET ndash PI com refrigeraccedilatildeo na aacuterea de corte atraveacutes de fluido especial
emulsionaacutevel em aacutegua e tendo como ferramenta de corte um disco abrasivo de alta rotaccedilatildeo
(6000 rpm) e elevada dureza da ordem de 70 HRC fornecido pela empresa Arotec
modelo AA 5
Anteriormente ao corte das amostras nas dimensotildees especificadas pela norma
ASTM G65-91 os corpos de prova passaram por um processo de retificaccedilatildeo com o
objetivo de reparar possiacuteveis deformaccedilotildees e melhorar o acabamento das amostras
As medidas de massa dos corpos de prova para determinaccedilatildeo da massa antes e
depois do ensaio de abrasatildeo por roda de borracha foram efetuadas em uma balanccedila de
precisatildeo analiacutetica marca Marte modelo AS 2000C com capacidade de pesagem maacutexima
de 2000g e miacutenima de 05g erro de 01g e sensibilidade de 001g
3235 - Durocircmetro
As medidas de dureza foram efetuadas em um durocircmetro marca Sussen Wolpert
tipo Testor HT1 maacutequina Nordm 333 ano 1971 em escala Rockwell C com carga de 150 kgf
como mostra a Figura 35 pertencente ao laboratoacuterio do DEMa da Universidade Federal de
Satildeo Carlos (UFSCar)
Materiais e Meacutetodos 84
Gustavo Portela de Deus
Figura 35 - Durocircmetro
3236 - Microscopia Oacutetica
As anaacutelises e imagens de microscopia oacutetica foram realizadas no microscoacutepio oacutetico
de marca NIKKON EPIPHOT ndash DX com conversor de sinais da Hitach modelo com
aumento maacuteximo de 1000 vezes Para obtenccedilatildeo das fotos das microestruturas utilizou-se
um analisador de imagens
33 - Sequumlecircncia Experimental
Apoacutes os procedimentos convencionais de preparaccedilatildeo das amostras nas trecircs
condiccedilotildees que seratildeo avaliadas ou seja soldadas revestidas superficialmente por aspersatildeo
teacutermica e na condiccedilatildeo normal ou comercialmente encontradas estas amostras ou corpos-
de-prova passaram agrave fase experimental
Materiais e Meacutetodos 85
Gustavo Portela de Deus
Os experimentos tiveram como finalidade inicial avaliar o desempenho quanto agrave
resistecircncia agrave abrasatildeo dos corpos-de-prova quando submetidos aos processos de
revestimento superficial pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Tais experimentos se basearam principalmente em anaacutelises microscoacutepicas por meio
de microscopia oacutetica resistecircncia agrave abrasatildeo pelo ensaio da roda de borracha e pela anaacutelise
do niacutevel de dureza adquirida atraveacutes do durocircmetro
Depois de computados os resultados obtidos nos ensaios tecnoloacutegicos nas trecircs
avaliaccedilotildees diferentes microscopia dureza e resistecircncia agrave abrasatildeo partiu-se para a anaacutelise
matemaacutetica atraveacutes das meacutedias em funccedilatildeo de resultados diferentes obtidos nos ensaios em
pontos diferentes das amostras
34 ndash Meacutetodos
341 - Planejamento Experimental
3411 - Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo a Baixa Tensatildeo ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram preparados e ensaiados segundo os procedimentos da
norma ASTM G65-91 (1991) no abrasocircmetro similar ao apresentado na figura A forccedila
exercida pelo corpo de prova sobre a roda foi de 130 N A rotaccedilatildeo da roda de borracha foi
mantida em mais ou menos 200 rpm com variaccedilotildees para mais e para menos de 10 rpm
quando em movimento e sob pressatildeo de ensaio Empregou-se para a contagem do nuacutemero
de giros da roda de borracha um sensor indutivo O nuacutemero total de rotaccedilotildees da roda para
interrupccedilatildeo automaacutetica do ensaio foi preacute-fixado em 6000 rotaccedilotildees Para a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha quando se fez necessaacuterio utilizou-se uma lixa de
granulometria 320 mantendo-se o braccedilo da alavanca do equipamento livre de qualquer
Materiais e Meacutetodos 86
Gustavo Portela de Deus
carga para evitar qualquer pressatildeo sobre a roda e proporcionar uma folga suficiente para a
introduccedilatildeo da lixa entre a roda e a amostra O fluxo de areia foi mantido dentro dos limites
da norma ASTM G65-91 (1991) tendo variado entre 350 e 360 gramasminuto
Os ensaios foram realizados com a roda de borracha girando no mesmo sentido da
direccedilatildeo de soldagem empregado Apoacutes o ensaio de cada lote realizou-se a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha As perdas de massa e de volume conforme a norma ASTM
G65-91 (1991) quando satildeo determinadas em uma roda de borracha com diacircmetro externo
diferente de 2286 mm devem ser corrigidas linearmente pela relaccedilatildeo perda de volume
(PV) x 2286 mmdiacircmetro da roda no final do ensaio tendo sido empregada quando
necessaacuterio esta correccedilatildeo (BRANDIM 1998)
3412 Microscopia Oacutetica
As amostras revestidas por aspersatildeo teacutermica LVOF dos tipos P e M e soldadas
foram analisadas no microscoacutepio oacutetico com aproximaccedilatildeo de 50X 100X 200X e 500X
3413 Ensaio de Dureza
Para a determinaccedilatildeo da dureza foi utilizado o meacutetodo Rockwell C com carga de
150 kgf Antes de efetuar as medidas foi realizada a afericcedilatildeo do aparelho ou durocircmetro
por meio da utilizaccedilatildeo de corpos-de-prova de dureza padronizada Cada corpo-de-prova foi
submetido a no miacutenimo trecircs medidas de dureza em pontos diferentes da superfiacutecie
Capiacutetulo 4
Resultados e Discussatildeo
Resultados e Discussatildeo 88
Gustavo Portela de Deus
4 - Resultados e Discussatildeo
41 - Introduccedilatildeo
Por meio dos ensaios jaacute efetuados e comentados no capiacutetulo anterior e utilizando-
se a metodologia descrita inicialmente seratildeo representados os resultados de afericcedilatildeo e
qualificaccedilatildeo do abrasocircmetro realizados segundo a norma ASTM G65-91(1991)
Procedimento A resistecircncia ao desgaste resultados dos ensaios de dureza e anaacutelises
quiacutemicas de microscopia oacutetica e terminando com as discussotildees que se fizeram relevantes
dos resultados obtidos
411 - Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho
Foram levantados dados estatiacutesticos do rendimento apresentado pelos elementos de
penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios no que concerne agrave vida uacutetil
proporcionada pelos diversos produtos apresentados no mercado bem como a qualidade
destes materiais no que diz respeito a constituiccedilatildeo da liga tratamentos teacutermicos efetuados
e revestimento superficial em peccedilas novas ou recuperadas na forma de endurecimento com
a finalidade de elevar a resistecircncia ao desgaste
No levantamento de dados e de informaccedilotildees foram considerados os rendimentos
obtidos pelas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios quando
utilizadas na sua forma original ou seja de acordo com a forma comercial fornecida por
parte dos fabricantes Foi considerada a vida uacutetil atingida com a ferramenta quando
utilizada na sua forma comercial bem como quando aplicado seu revestimento especiacutefico
Resultados e Discussatildeo 89
Gustavo Portela de Deus
Foram confeccionados corpos de prova seguindo a norma especiacutefica para
revestimentos duros ou seja ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram revestidos por soldagem de revestimento utilizando
eletrodos com as seguintes caracteriacutesticas eletrodo baacutesico que apresenta depoacutesitos de
carbonetos complexos de Cr Mo Nb W e V indicado para revestimentos duros contra
abrasatildeo severa erosatildeo e cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo BOHLER THYSSEN WELDING Tipo
UTP 713 desenvolvimento especial com concentraccedilatildeo de elementos na seguinte
composiccedilatildeo C - 4 Cr - 235 Mo ndash 65 Nb ndash 60 W ndash 08 e V ndash 09 com uma
dureza esperada de 65HRc
Foram tambeacutem revestidos pelo processo de revestimento superficial por aspersatildeo
teacutermica do tipo LVOF
Durante o desenvolvimento do projeto foram determinadas as perdas de massa
bem como de espessura dos elementos objeto do estudo antes e depois de revestidos pelos
processos de recobrimento por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Os corpos-de-prova foram ensaiados para anaacutelise de resistecircncia ao desgaste
abrasivo por meio do abrasocircmetro de roda de borracha que foi construiacutedo pelos alunos
mestrandos em engenharia de materiais da Universidade Federal de Satildeo Carlos UFSCar na
aacuterea especiacutefica triboloacutegica seguindo as recomendaccedilotildees da norma ASTM G65-91
Foram executados estudos comparativos de rendimento e viabilidade econocircmica
quando comparadas estas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios
utilizadas na sua forma comercial bem como quando revestidas pelos processos de
endurecimento superficial por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 90
Gustavo Portela de Deus
42 - Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM
G65-91 Procedimento A
De acordo com esta norma o abrasocircmetro deveraacute antes da realizaccedilatildeo dos ensaios
de desgaste ser aferido Para tanto utilizou-se um accedilo ABNT 1015 para a determinaccedilatildeo do
coeficiente de variaccedilatildeo dos resultados obtidos com o ensaio de desgaste visando agrave
verificaccedilatildeo da dispersatildeo dos valores e da reprodutibilidade do equipamento A conversatildeo eacute
feita pela seguinte equaccedilatildeo
1000sup3)(
)(sup3)( x
cmg
gPMmmPV
Onde PV (mmsup3) = Perda de volume PM (g) = Perda de Massa e = (gmmsup3)
densidade do material
Segundo o apecircndice A da norma ASTM G65-91 o desvio padratildeo S a ser calculado
eacute obtido com o auxiacutelio da tabela 41 da referida norma para a obtenccedilatildeo do valor de d2 que
eacute dependente do nuacutemero de corpos-de-prova utilizados no ensaio de desgaste por abrasatildeo
Entatildeo a partir do desvio padratildeo da diferenccedila entre a maior perda de volume e a menor
perda de volume calcula-se o coeficiente de variaccedilatildeo (V) Tem-se entatildeo
Como o valor obtido neste processo de afericcedilatildeo foi inferior ao limite de 7
estabelecido pela norma ASTM G65-91(1991) fica assegurada a confiabilidade dos
resultados obtidos com o abrasocircmetro Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave
baixa tensatildeo realizada com accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilatildeo do
abrasocircmetro
Resultados e Discussatildeo 91
Gustavo Portela de Deus
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com
o accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro
Corpos-de-prova
Massa (g)
PV (cm3) M
i
M
f
Δ
M
01
1
128910
1
125017
0
3893
4
95924
02
1
129257
1
125721
0
3536
4
50446
03
1
077076
1
073516
0
3560
4
53503
04
1
093156
1
089095
0
4061
5
17325
05
1
077034
1
073005
0
4029
5
13248
Total
4
9
Onde Mi = Massa do corpo de prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo de prova depois do ensaio
ΔM = Diferenccedila de massa antes e apoacutes o ensaio
PV = Perda de volume
43 - Resistecircncia ao Desgaste
Resultados e Discussatildeo 92
Gustavo Portela de Deus
A anaacutelise da resistecircncia ao desgaste eacute feita pela comparaccedilatildeo com um material de
referecircncia Neste estudo foi utilizado o proacuteprio material constituinte das unhas da caccedilamba
de uma paacute carregadeira articulada de rodas Para a visualizaccedilatildeo geral dos materiais
envolvidos neste trabalho eacute apresentada na figura 41 uma comparaccedilatildeo da perda de
volume no qual os valores satildeo as meacutedias de todos os ensaios realizados
Na primeira imagem eacute representada a amostra que foi revestida pelo processo de
soldagem em que fica demonstrada a menor perda de massa em funccedilatildeo do consumiacutevel
utilizado no processo que possuiacutea uma grande concentraccedilatildeo de elementos de liga que
propiciam elevada resistecircncia ao desgaste
Na segunda imagem temos a representaccedilatildeo de uma amostra revestida pelo processo
de aspersatildeo teacutermica por LVOF em que tambeacutem fica demonstrada uma elevada resistecircncia
ao desgaste abrasivo embora de menor intensidade que na soldagem que admitimos ter
ocorrido em funccedilatildeo do procedimento utilizado no ensaio ldquoprocedimento Ardquo natildeo ser
recomendado a tal amostra por se tratar de revestimento de espessura pequena da ordem
de 05mm o que eacute considerada pequena para tal ensaio Quando o revestimento eacute de
pequena espessura o procedimento recomendado pela norma G65-91 eacute o ldquoprocedimento
Crdquo em que se utiliza uma menor carga como tambeacutem um nuacutemero menor de revoluccedilotildees
Na terceira imagem temos a representaccedilatildeo da amostra de referecircncia ou seja
retirada da proacutepria unha da caccedilamba da paacute carregadeira de rodas em que fica demonstrada
uma boa resistecircncia agrave abrasatildeo em funccedilatildeo da mesma ter sido constituiacuteda de accedilo carbono
1045 temperado que apresenta uma boa resistecircncia ao desgaste
Resultados e Discussatildeo 93
Gustavo Portela de Deus
Figura 41 - Imagens de corpos-de-prova desgastados no ensaio por abrasatildeo
Os dados coletados para a anaacutelise do desgaste abrasivo por meio do abrasocircmetro
estatildeo quantificados e apresentados na Tabela 42 com as perdas de massa correspondentes
a cada uma das amostras analisadas Na Figura 42 mostra o graacutefico da perda de massa
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste
Amostra Mi (g) Mf (g)
PM
(g)
PV
(mmsup3)
PVCorrigido
(mmsup3)
Metal
de
base
A1 9136 9044 092
45 45
A2 9050 8962 088
A3 10022 9914 108
Valor meacutedio 096
Aspersatildeo
teacutermica
A1 9219 9211 008
20 20
A2 9006 8997 009
A3 9107 9097 010
Valor meacutedio 009
Revestimentos
soldados
A1 18651 18638 013
12 12
A2 15647 15640 007
Resultados e Discussatildeo 94
Gustavo Portela de Deus
A3 14422 14414 008
Valor meacutedio 009
Onde Mi = Massa do corpo-de-prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo-de-prova depois do ensaio
PM = Perda de massa do corpo-de-prova apoacutes o ensaio
0
10
20
30
40
50
60
PV (mmsup3)
Accedilo ABNT
1015
Accedilo ABNT
1045
temperado
Aspersatildeo
teacutermica
Amostra
soldada em
laboratoacuterio
Corpos-de-prova
Perda de Volume Meacutedio (mmsup3)
Perda de Volume (mmsup3) Perda de Volume Corregido (mmsup3)
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos-de-prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo
44 - Dureza
Nos resultados dos valores meacutedios de dureza apresentados na Tabela 43 e na
Figura 43 natildeo se nota grandes dispersotildees dos resultados para os corpos-de-prova quando
se analisa entre os mesmos materiais e nem quando se compara os revestimentos obtidos
por teacutecnicas diferentes no caso por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 95
Gustavo Portela de Deus
Alguns valores de dureza apresentaram discrepacircncia em relaccedilatildeo aos
valores meacutedios que foram atribuiacutedos serem decorrentes do ponto em que o
indentador foi posicionado
O corpo-de-prova utilizado como referecircncia apresentou um bom
resultado de dureza visto que a sua microestrutura eacute constituiacuteda de
martensita
Tabela 43 - Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo
Amostra
HRc
(150kg)
Valor meacutedio
final Dureza
HRc
Metal de base
P1 46
45 P2 48
P3 43
Aspersatildeo
teacutermica
P1 53
54 P2 52
P3 56
Revestimentos
soldados
P1 52
53 P2 48
P3 59
Resultados e Discussatildeo 96
Gustavo Portela de Deus
40
42
44
46
48
50
52
54
Dureza (HRc -
150kg)
Metal de base Aspersatildeo
teacutermica
Soldados
Amostras revestidas
Dureza Meacutedia Final
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados
45 - Microdureza
Amostra M
0
200
400
600
800
1000
1200
30 90 180 330 450 600 750
Distacircncia (Mm)
Dur
eza
(200
gf)
Figura 44 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M
Resultados e Discussatildeo 97
Gustavo Portela de Deus
Amostra P
0
200
400
600
800
1000
1200
30 160 310 460 610 670 730
Distacircncia (microm)
Dure
za H
V (2
00g
f)
Figura 45 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P
46 - Anaacutelise Microestrutural
A anaacutelise microestrutural foi realizada para todos os corpos-de-prova estudados
nesse trabalho utilizando a teacutecnica de Microscopia oacutetica
461- Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente
Os corpos-de-prova aspergidos termicamente apresentaram as microestruturas
conforme mostram as Figuras 46 47 e 48 Nessas pode-se observar uma quantidade
significativa de poros de tamanhos variados principalmente na interface entre a camada
aspergida e o substrato em destaque na Figura 46 A formaccedilatildeo desses poros eacute decorrente
da reaccedilatildeo com gases durante o processo de aspersatildeo e a atmosfera em contato com o
material enquanto liacutequido
Resultados e Discussatildeo 98
Gustavo Portela de Deus
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 50X
Figura 47 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 100X
Interface substratocamada
Linha de poros
Resultados e Discussatildeo 99
Gustavo Portela de Deus
Figura 48 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente
possam ser os carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X
462 Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem
Os corpos-de-prova soldados apresentaram microestrutura euteacutetica com intensa
quantidade de carbetos de cromo complexos do tipo M7C3 conforme mostram as Figuras
49 e 410 Isto se deve principalmente pela composiccedilatildeo quiacutemica do eletrodo utilizado
onde apresentou C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09 com dureza de
65HRC
Estes elementos quando participam da constituiccedilatildeo da liga adicionam e melhoram
algumas propriedades mecacircnicas dos materiais tais como
a) Carbono (C) ndash Na composiccedilatildeo de accedilos modernos destinados agrave cutelaria
quer sejam aqueles classificados como carbono ou os ditos inoxidaacuteveis
dificilmente poderaacute existir menos do que 06 de Carbono pois este eacute o
Resultados e Discussatildeo 100
Gustavo Portela de Deus
principal elemento que apoacutes a adequada tecircmpera concederaacute dureza agrave
peccedila
b) Cromo (Cr) ndash O cromo estimula a formaccedilatildeo de carbonetos aumentando a
resistecircncia ao desgaste bem como a temperabilidade aos accedilos reduz a
velocidade criacutetica de resfriamento de modo que a tecircmpera de accedilos com
teores elevados de cromo seja feita preferencialmente ao oacuteleo ou ao ar A
adiccedilatildeo de cromo torna mais fina a granulaccedilatildeo dos accedilos aumentando
desse modo a sua resistecircncia
c) Molibdecircnio (Mo) ndash Influencia favoravelmente a dureza a resistecircncia a
quente a fluecircncia e a temperatura de crescimento de gratildeo de austenita
aleacutem de melhorar a penetraccedilatildeo da tecircmpera nos accedilos Eacute largamente
empregado no accedilos de construccedilatildeo mecacircnica para beneficiamento pois
forma partiacuteculas resistentes a abrasatildeo e evita a fragilidade de
revenimento O molibdecircnio natildeo eacute empregado sozinho pois apresenta
uma tendecircncia de diminuir a tenacidade dos accedilos
d) Nioacutebio (Nb) ndash Tem alta afinidade por carbono e nitrogecircnio formando
carbonetos e carbonitretos Melhora a soldabilidade a tenacidade e a
comformabilidade o que levou a ciecircncia moderna a busca de
alternativas que aumentassem a resistecircncia mecacircnica do accedilo sem alterar
as outras propriedades desejaacuteveis
e) Tungstecircnio (W) ndash Forma carbonetos muito duros tendo como
consequumlecircncia influecircncia nas propriedades com aumento da dureza
aumento da resistecircncia agrave traccedilatildeo resistecircncia agrave corrosatildeo e a erosatildeo
f) Vanaacutedio (V) ndash Eleva a temperatura de crescimento do gratildeo da austenita
promovendo o refino do gratildeo Eacute excelente desoxidante A adiccedilatildeo de
Resultados e Discussatildeo 101
Gustavo Portela de Deus
vanaacutedio confere aos accedilos uma insensibilidade ao super-aquecimento
melhorando suas caracteriacutesticas de forjamento e usinagem O emprego de
teores elevados de vanaacutedio deve ser acompanhado por um aumento do
teor de carbono devido agrave formaccedilatildeo de carbonetos
g) Siliacutecio (Si) ndash Auxilia na desoxidaccedilatildeo auxilia na grafitizaccedilatildeo aumenta a
fluidez como influecircncia na estrutura Aumenta a resistecircncia agrave oxidaccedilatildeo
com temperaturas elevadas melhoria da temperabilidade e da resistecircncia
a traccedilatildeo influenciando nas propriedades
h) Boro (B) ndash Os accedilos ao boro compreedem uma famiacutelia com propriedades
especiais devendo ser tratados como uma classe agrave parte O boro quando
adicionado em pequenas quantidades melhora a temperabilidade do accedilo
diminui a tendecircncia a triancas de tecircmpera distorccedilotildees durante o
tratamento teacutermico e melhora as propriedades de conformaccedilatildeo mecacircnica
Os accedilos ao boro natildeo satildeo empregados soacute onde se exijam especificaccedilotildees
severas de temperabilidade mas tambeacutem onde se necessite de
caracteriacutesticas uniformes de tratamento teacutermico de usinabilidade
soldagem e conformaccedilatildeo O percentual de boro adicionado aos accedilos pode
variar desde 00005 quando se deseja obter efeitos de temperabilidade
a ateacute 00015 quando se obtecircm a melhor combinaccedilatildeo de resistecircncia e
tenacidade nos accedilos
i) Niacutequel (Ni) ndash Refina o gratildeo diminui a velocidade de transformaccedilatildeo na
estrutura do accedilo Influecia nas propriedades com o aumento da
resistecircncia a traccedilatildeo e com a alta ductilidade
Resultados e Discussatildeo 102
Gustavo Portela de Deus
Figura 49 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X
Resultados e Discussatildeo 103
Gustavo Portela de Deus
Figura 410 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do
tipo M7C3 Ataque colorido 500X
Os corpos de prova estudados e que foram revestidos pelo processo de soldagem de
revestimento foram incluiacutedos no diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C apresentado na Figura
411 Observou-se que todas as amostras estatildeo enquadradas na regiatildeo hipereuteacutetica
Resultados e Discussatildeo 104
Gustavo Portela de Deus
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C
As amostras das Figuras 49 e 410 apresentam uma microestrutura com euteacutetico e
perfis alongados de tonalidade clara representando os carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 e ainda pontos claros representativos dos elementos constituintes da liga de
composiccedilatildeo do eletrodo bem como os carbonetos de cromo que natildeo se desenvolveram
Os perfis representativos dos carbonetos de complexos de cromo M7C3 de forma
alongada conferem ao revestimento uma dureza elevada que favorece a uma maior
resistecircncia ao desgaste abrasivo poreacutem da mesma forma que elevam esta resistecircncia ao
desgaste favorece tambeacutem o aparecimento de trincas que podem acelerar o processo
abrasivo em funccedilatildeo de permitir a penetraccedilatildeo do gratildeo abrasivo entre as frestas dessas
trincas
Resultados e Discussatildeo 105
Gustavo Portela de Deus
463 Resultados
Apresentar uma anaacutelise comparativa de rendimento entre as ferramentas de
penetraccedilatildeo no solo para equipamentos rodoviaacuterios encontrados no mercado consumidor e
destas mesmas ferramentas revestidas superficialmente pelos processos de endurecimento
superficial por soldagem com a utilizaccedilatildeo de eletrodos revestidos e pela teacutecnica de
revestimento LVOF
Nas anaacutelises econocircmicas efetuadas se constatou que o custo para se revestir as
unhas das caccedilambas da paacute carregadeira utilizando como base a peccedila original isto eacute antes
da mesma ser colocada em operaccedilatildeo eacute compatiacutevel com o custo benefiacutecio de se substituir a
mesma unha apoacutes o seu desgaste natural Baseado no preposto e considerando o tempo
desperdiccedilado para a substituiccedilatildeo do elemento consideramos economicamente viaacutevel se
revestir unhas de caccedilamba na condiccedilatildeo nova adquirida no mercado
Capiacutetulo 5
Conclusotildees e Sugestotildees
Conclusotildees 107
Gustavo Portela de Deus
5 ndash Conclusotildees
ndash Os materiais revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica apresentaram uma
superfiacutecie mais uniforme e de melhor aparecircncia
ndash Como determinadas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios natildeo requerem uma usinagem posterior para acabamento como retificaccedilatildeo os
processos por aspersatildeo em determinadas situaccedilotildees satildeo industrialmente mais eficientes
que os processos por soldagem
ndash A perda de volume constatada nos dois processos envolvidos na anaacutelise no
quesito correspondente agrave resistecircncia ao desgaste por aspersatildeo e por soldagem natildeo se
tornou fator determinante na opccedilatildeo de escolha do processo mais eficiente em funccedilatildeo do
procedimento utilizado no ensaio de desgaste por abrasatildeo
- As amostras revestidas pelo processo de soldagem com eletrodo revestido
apresentaram trincas em diversos pontos da estrutura em funccedilatildeo do aparecimento dos
elementos de segunda fase
ndash Ainda natildeo se recomenda revestir ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de
equipamentos rodoviaacuterios que estatildeo sujeitos a grandes impactos pelo processo de aspersatildeo
teacutermica em funccedilatildeo dos revestimentos por aspersatildeo natildeo resistirem ao impacto que tambeacutem
vem a ser uma caracteriacutestica dos dentes de caccedilamba de paacutes carregadeiras que sofrem
desgaste por goivagem
Referecircncias
Referecircncias 109
Gustavo Portela de Deus
Referecircncias
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BAPTISTA A L DE B NASCIMENTO I DE A DO ndash Revestimentos duros resistentes
ao desgaste depositados por soldagem utilizados na recuperaccedilatildeo de elementos de
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Figura 41 ndash Imagens de corpos de prova desgastados no ensaio de abrasatildeo91
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos de prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo93
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados94
Figura 44 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M95
Figura 45 ndash Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P95
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 50X96
Figura 47 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato Ataque colorido 100X97
Figura 48 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface entre a
camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente possam ser os
carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X97
Figura 49 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X100
Figura 410 ndash Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 500X101
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C102
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica49
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor51
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro66
Tabela 24 ndash Guia para seleccedilatildeo de ligas para recobrimento duro71
Tabela 25 ndash Vantagens e desvantagens dos processos para revestimentos de superfiacutecies75
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com o
accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro94
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste95
Tabela 43 ndash Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo97
LISTA DE ABREVIATURAS E SIacuteMBOLOS
Capiacutetulo 1
Introduccedilatildeo
Introduccedilatildeo 14
Gustavo Portela de Deus
1 ndash INTRODUCcedilAtildeO
O elevado desgaste de material dos elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios eacute provocado essencialmente pelo tipo de terreno mineral presente resistecircncia
litoloacutegica e em funccedilatildeo das intempeacuteries do tempo principalmente da umidade e da
temperatura
O rendimento apresentado por esses elementos e a vida uacutetil oferecida estatildeo
relacionados agrave composiccedilatildeo da liga constituinte do material dos processos de tratamento
teacutermico a que foram submetidos como tambeacutem de operaccedilotildees efetuadas devida ou
indevidamente pelo operador do equipamento rodoviaacuterio
Os elementos fundidos laminados e forjados que compotildeem o conjunto de
componentes de penetraccedilatildeo no solo sofrem de forma direta a influecircncia do desgaste abrasivo
Desgaste este que participa em determinadas situaccedilotildees com ateacute 85 (oitenta e cinco por
cento) do custo de manutenccedilatildeo dos equipamentos rodoviaacuterios na forma rotineira (BATISTA
NASCIMENTO et al 1999) Estes elementos em funccedilatildeo de serem solicitados de forma
intensa ou intermitente satildeo consumidos ao longo do tempo Fazendo agraves vezes paradas
bruscas e inesperadas nas frentes de trabalho ocasionando portanto elevaccedilatildeo nos custos de
produccedilatildeo
O desgaste em componentes vitais de maacutequinas e equipamentos rodoviaacuterios ocorre de
vaacuterias formas diferentes como por deslizamento por rolamento por abrasatildeo por erosatildeo por
impacto por corrosatildeo e por choque teacutermico Jaacute se tratando de elementos de penetraccedilatildeo no
solo a perda de massa desses elementos eacute provocada quase que exclusivamente pelo desgaste
abrasivo a baixa tensatildeo que eacute provocado pelo proacuteprio material ou carga a que o equipamento
Introduccedilatildeo 15
Gustavo Portela de Deus
seraacute solicitado pelo contato com esse material e pelo movimento relativo entre as partes
envolvidas no sistema Uma maneira de identificaccedilatildeo do desgaste abrasivo agrave baixa tensatildeo eacute
pela observaccedilatildeo da superfiacutecie a ser analisada se a mesma apresenta corte riscamento ou
penetraccedilatildeo de material (GREGOLIN1990)
Com o intuito de elevar a vida uacutetil das ferramentas de penetraccedilatildeo e corte nos solos e
substratos rochosos as grandes empresas fabricantes e montadoras de equipamentos
rodoviaacuterios ou de terraplenagem vecircm aprimorando e desenvolvendo bem como exigindo de
seus fornecedores ferramentas com caracteriacutesticas fiacutesicas e mecacircnicas mais resistentes ao
desgaste abrasivo e ainda desenvolvendo peccedilas e ferramentas de faacutecil substituiccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo e jaacute projetadas para receber recobrimentos de manutenccedilatildeo tais como
Bordas soldaacuteveis de meia seta ndash que tecircm como finalidade
proteger a estrutura da caccedilamba por meio do acreacutescimo de material de desgaste
agrave borda da base
Reforccedilos de canto soldaacuteveis ndash utilizados para proteger o canto
externo inferior de todos os tipos de caccedilambas
Bloco de desgaste de ldquoFerro Brancordquo ndash uma liga de alto teor de
cromo denominada ldquoFerro Brancordquo eacute caldeada a uma chapa de reforccedilo de accedilo
doce que por sua vez pode ser soldada (solda tampatildeo) com um eletrodo de
vareta a uma caccedilamba armaccedilatildeo de lacircmina ou a qualquer parte onde instalaccedilatildeo
raacutepida de baixo custo e proteccedilatildeo contra abrasatildeo satildeo requeridos
Outras soluccedilotildees desenvolvidas e aplicadas como alternativa agrave proteccedilatildeo contra o
desgaste satildeo
Introduccedilatildeo 16
Gustavo Portela de Deus
Sistema de chapa de desgaste fixada mecanicamente em que
fornece um meio faacutecil de instalaccedilatildeo e remoccedilatildeo evitando assim longas
paradas para manutenccedilatildeo
Barras de desgaste para lacircminas
As barras de desgaste fornecem proteccedilatildeo adicional para a lacircmina em aplicaccedilotildees
altamente abrasivas onde se constata uma vida uacutetil mais curta do revestimento As barras de
desgaste de lacircminas satildeo projetadas para serem soldadas sobre o revestimento normal
(superfiacutecie de desgaste) da lacircmina
Considerando-se ainda que por meio dos processos de fabricaccedilatildeo convencionais e na
composiccedilatildeo de ligas praticamente jaacute foi esgotada a possibilidade de desenvolvimento de
materiais mais resistentes ao desgaste abrasivo a soluccedilatildeo que se busca atualmente eacute o
desenvolvimento de teacutecnicas de endurecimento ou revestimento superficial que tornem esses
elementos mais resistentes ao desgaste abrasivo tais como soldagem cladding
eletrodeposiccedilatildeo Deposiccedilatildeo Fiacutesica de Vapor ndash DFV (PVD) ( BARREIRA LIMA et al 2001)
Deposiccedilatildeo Quiacutemica de Vapor ndash DQV (CVD) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem
se desenvolvido ultimamente ( LIMA SOUZA et al 2001)
A busca de informaccedilotildees contidas neste estudo visa avaliar e pesquisar por meio de
anaacutelise de diferentes ensaios tecnoloacutegicos o melhoramento dos materiais quanto a sua
resistecircncia ao desgaste abrasivo quando os mesmos estatildeo em contato direto com o solo com a
finalidade de obter materiais mais resistentes ao ataque destes elementos abrasivos aleacutem de
contribuir com o desenvolvimento de produtos de qualidade superior agraves dos produtos
oferecidos atualmente pelo mercado
Foi analisada a viabilidade econocircmica com a introduccedilatildeo de novas teacutecnicas de
revestimento como LVOF e revestimento por soldagem Tambeacutem foram utilizados como
Introduccedilatildeo 17
Gustavo Portela de Deus
elementos de estudo dentes de caccedilambas suportes elos segmentados de esteiras e unhas de
80escarificadores de maacutequinas rodoviaacuterias
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo que foram utilizados como referecircncia na inspeccedilatildeo
e estudo durante o desenvolvimento deste projeto satildeo utilizados de forma intensa e ou
intermitente em maacutequinas rodoviaacuterias do tipo moto- niveladoras tratores de esteiras tratores
escavo-carregadores de pneus retroescavadeiras e escavadeiras hidraacuteulicas de esteiras
Capiacutetulo 2
Revisatildeo Bibliograacutefica
Revisatildeo Bibliograacutefica 19
Gustavo Portela de Deus
2 - Revisatildeo Bibliograacutefica
Tribologia eacute definida como a ciecircncia e tecnologia da interaccedilatildeo entre superfiacutecies em
movimento relativo e das praacuteticas relacionadas A palavra eacute derivada das palavras gregas
TRIBOS que significa atrito e LOGOS que significa estudo de forma que uma traduccedilatildeo
literal significa estudo do atrito ou a ciecircncia que estuda o atrito (STOETERAU 2001)
A tribologia envolve a investigaccedilatildeo cientiacutefica de todos os tipos de fricccedilatildeo
lubrificaccedilatildeo e desgaste e tambeacutem as aplicaccedilotildees teacutecnicas do conhecimento triboloacutegico
(STOETERAU2001) Especificamente em estudo o desgaste eacute a perda progressiva de
mateacuteria da superfiacutecie de um corpo soacutelido devido ao contato e movimento relativo com um
outro corpo soacutelido liacutequido ou gasoso (STOETERAU PASCOALI 2001)
O desgaste de componentes e equipamentos industriais rodoviaacuterios e de outros
tipos de atividades produtivas representa um grande fator de depreciaccedilatildeo de capital de
equipamento e fonte de despesas com manutenccedilatildeo e reposiccedilatildeo de componentes mecacircnicos
As Figuras de 21 a 24 mostram componentes de estruturas de maacutequinas de terraplenagem
desgastadas pelos efeitos da abrasatildeo no processo triboloacutegico
Sobre os custos de produccedilatildeo estes se tornam mais elevados em decorrecircncia da
reposiccedilatildeo das peccedilas desgastadas ou deterioradas e da matildeo-de-obra para substituiccedilatildeo aleacutem
do tempo parado dos equipamentos que deixam de produzir Muitas vezes exige ainda o
superdimensionamento de componentes influindo ou limitando na produccedilatildeo dos
equipamentos ou ainda provocando a paralisaccedilatildeo destes Estes fatores influem
significativamente na elevaccedilatildeo dos custos e no rendimento de produccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 20
Gustavo Portela de Deus
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircmina e dentes desgastados
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircminas e cantos desgastados
ldquoDe acordo com Hawk et al (1999) o desgaste eacute um dos maiores problemas que
aparecem em escavaccedilotildees nas movimentaccedilotildees de terras mineraccedilotildees e processamentos de
minerais nas induacutestrias ocorrendo em uma grande variedade de equipamentos como nas
lacircminas de remover terra dos tratores que fazem por exemplo a terraplenagem em
britadeiras dentes escavadores lacircminas de escoamento etc O desgaste de peccedilas os custos
com o reparo e com a substituiccedilatildeo destas peccedilas significam elevadiacutessimos gastos para as
empresasrdquo
Revisatildeo Bibliograacutefica 21
Gustavo Portela de Deus
21 Tipos de Desgaste
Os principais tipos de desgaste observados nos componentes mecacircnicos satildeo por
(GREGOLIN RIBEIRO et al 1990)
Abrasatildeo ndash ocasionado por partiacuteculas abrasivas (duras) sob tensatildeo
deslocando-se sobre a superfiacutecie
Erosatildeo ndash devido ao choque contra a superfiacutecie de partiacuteculas soacutelidas ou gotas
liacutequidas presentes em correntes de fluidos
Cavitaccedilatildeo ndash associado agrave formaccedilatildeo e implosatildeo de bolhas gasosas em
correntes de fluidos na interface liacutequidondashmetal devido agrave variaccedilatildeo suacutebita de pressatildeo
ao longo do percurso
Adesatildeo ou fricccedilatildeo ndash resultante da fabricaccedilatildeo metalndashmetal quando
superfiacutecies aacutesperas deslizam entre si
Corrosatildeo ndash quando envolve a ocorrecircncia de reaccedilotildees quiacutemicas superficiais no
material aleacutem das accedilotildees mecacircnicas de desgaste
Impacto ndash ocasionado por choques ou cargas aplicadas verticalmente sobre a
superfiacutecie
22 Desgaste por Abrasatildeo
Desgaste por abrasatildeo ou desgaste abrasivo eacute a retirada de material causada pela
presenccedila de partiacuteculas duras As partiacuteculas duras podem estar aprisionadas na interface
entre as duas superfiacutecies em movimento relativo ou serem as protuberacircncias que fazem
parte da rugosidade de uma das superfiacutecies Acompanhada de forte pressatildeo ocasionada por
deslocamento ou por amassamento a retirada do metal Tais abrasivos podem ser
Revisatildeo Bibliograacutefica 22
Gustavo Portela de Deus
representados por vegetais ou minerais (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
A Figura 25 apresenta os percentuais de contribuiccedilatildeo do desgaste abrasivo em
relaccedilatildeo aos demais tipos de desgastes Neste pode-se observar que o desgaste abrasivo eacute o
de maior representatividade nas estruturas mecacircnicas de maacutequinas e equipamentos
chegando a contribuir de forma geneacuterica com 50 em relaccedilatildeo aos demais desgastes
revelando a importacircncia de tal desgaste
Figura 23 - Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste
23 Tipos de Processos Abrasivos
Abrasatildeo a dois corpos
De acordo com Souza (2002) quando uma ou mais partiacuteculas de elevada dureza
satildeo atritadas contra uma superfiacutecie sulcando-a ou escavando-a devido agrave forccedila normal
aplicada tem-se o desgaste abrasivo de dois corpos
importacircncia do desgaste abrasivo
diversos
14
quiacutemico
5
fretting
8
erosatildeo
8
adesivo
15
abrasivo
50
Revisatildeo Bibliograacutefica 23
Gustavo Portela de Deus
Abrasatildeo a trecircs corpos
Quando estas partiacuteculas satildeo aprisionadas entre duas superfiacutecies que deslizam entre
si pode ocorrer o chamado desgaste abrasivo de trecircs corpos As Figuras 26 e 27 mostram
as representaccedilotildees de formas de desgaste abrasivo a dois corpos e a trecircs corpos
respectivamente
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos
Revisatildeo Bibliograacutefica 24
Gustavo Portela de Deus
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos
Em relaccedilatildeo ao desgaste abrasivo eacute interessante ressaltar que embora a partiacutecula
abrasiva seja mais dura que a superfiacutecie a ser desgastada esta natildeo eacute uma condiccedilatildeo para se
classificar o desgaste como abrasivo (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr)
24 Tipos de Abrasatildeo
241 Goivagem
Eacute o desgaste provocado por partiacuteculas grandes e grosseiras principalmente dotadas
de regiotildees pontiagudas cortantes com dureza maior do que a parte metaacutelica que estaacute sendo
desgastada Pode acontecer quando haacute um contato entre as partes com pressotildees mais ou
menos violentas e repetitivas
Revisatildeo Bibliograacutefica 25
Gustavo Portela de Deus
Um exemplo tiacutepico de abrasatildeo por goivagem eacute representado em dentes de caccedilambas
de maacutequinas que operam em serviccedilos de terraplenagem onde ocorre deslocamento de
cargas como pedra e areia Esses materiais abrasivos em geral de grandes dimensotildees e
dotados de regiotildees pontiagudas sob condiccedilotildees de altas tensotildees e envolvendo impacto satildeo
fatores que propiciam a penetraccedilatildeo mais profunda do abrasivo na superfiacutecie provocando
desgastes com a formaccedilatildeo de sulcos profundos Os accedilos austeniacuteticos ao manganecircs satildeo em
geral as ligas preferidas para combater este tipo de desgaste (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
242 Abrasatildeo por Alta Pressatildeo
Eacute o desgaste que ocorre entre partiacuteculas abrasivas e o metal ocasionando o
esmagamento do abrasivo ou natildeo A prensagem da partiacutecula contra o metal pode ser
exercida por pressotildees fortes ou meacutedias que provocam a formaccedilatildeo de superfiacutecies de
pequenos fragmentos
As partiacuteculas abrasivas podem ser classificadas quanto agraves suas dimensotildees e satildeo
consideradas meacutedias quando inferiores a 5 cm ou pequenas quando menores do que 1cm
As partiacuteculas meacutedias podem exercer a accedilatildeo abrasiva superficial arrancando fragmentos do
metal enquanto as partiacuteculas pequenas por sua vez provocam o desgaste
A constituiccedilatildeo do metal influi na forma ou resposta do desgaste provocado Se for
duacutectil teraacute uma abrasatildeo que tira cavacos se eacute fraacutegil ou se torne fraacutegil haveraacute um
deslocamento superficial de pequenos fragmentos Eacute normal que ocasionalmente poderatildeo
ocorrer as duas modalidades ao mesmo tempo Exemplos das partes sujeitas ao desgaste
por abrasatildeo satildeo caccedilambas de escavaccedilatildeo ou carga lacircminas de motoniveladoras e arados
raspadores
Revisatildeo Bibliograacutefica 26
Gustavo Portela de Deus
Eacute o tipo de desgaste onde o material abrasivo eacute fragmentado durante o contato
abrasivo com a superfiacutecie desgastada As tensotildees envolvidas satildeo portanto superiores agrave
tensatildeo de fragmentaccedilatildeo do abrasivo promovendo ainda maior penetraccedilatildeo do abrasivo na
superfiacutecie maior deformaccedilatildeo plaacutestica das fases duacutecteis e fratura das fases fraacutegeis presentes
no material Tipicamente esta forma de abrasatildeo ocorre em equipamentos de moagem de
mineacuterios que envolvem partiacuteculas de pequeno tamanho em mancais contaminados com
areia etc Para prevenir este tipo de abrasatildeo normalmente empregam-se materiais do tipo
ferros fundidos ou accedilo ndash ligas que possuem maior tenacidade (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
243 - Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Tensatildeo
Tipo de abrasatildeo na qual a superfiacutecie penetrante eacute riscada pelo material abrasivo em
decorrecircncia de sua dureza e resistecircncia oferecida e do proacuteprio stress do metal constituinte
dos componentes dos equipamentos em decorrecircncia de seu uso que ao penetrar na
superfiacutecie promove a remoccedilatildeo de material As tensotildees impostas sobre as partiacuteculas
abrasivas satildeo inferiores agrave tensatildeo necessaacuteria para a fragmentaccedilatildeo destas principalmente
tratando-se de aacutereas de domiacutenio do embasamento cristalino ou com predominacircncia de
rochas iacutegneas eou metamoacuterficas que no Nordeste apresentam pouco desenvolvimento do
solo
Tais condiccedilotildees imprimem nas ferramentas de penetraccedilatildeo esforccedilos mais abrasivos
em decorrecircncia de essas rochas se apresentarem pouco alteradas e com elevado grau de
resistecircncia em relaccedilatildeo a outros tipos de solo encontrados em outros ambientes geoloacutegicos
Tal como a abrasatildeo agrave baixa pressatildeo que ocorre na superfiacutecie dos componentes de
equipamentos que direta ou indiretamente manuseiam terras areias cascalhos piccedilarras
rochas ou mineacuterios tais como maacutequinas agriacutecolas equipamentos de escavaccedilatildeo e transporte
Revisatildeo Bibliograacutefica 27
Gustavo Portela de Deus
utilizados na induacutestria da construccedilatildeo civil principalmente das atividades ligadas agrave
construccedilatildeo recuperaccedilatildeo e pavimentaccedilatildeo de estradas e dos setores de mineraccedilatildeo
sideruacutergicas etc Com a finalidade de prevenir a ocorrecircncia destes tipos de desgastes
empregam-se normalmente ferros fundidos com alto teor de carbono (martensiacuteticos ou
austeniacuteticos) agraves vezes contendo outros elementos de liga aleacutem de ligas de cobalto ndash
tungstecircnio ndash carbono
2431 - Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo
Normalmente eacute sabido que partiacuteculas de grande tamanho provocam desgaste por
abrasatildeo acompanhado de impacto isto leva a ter-se um desgaste acentuado que na
verdade foi muito mais por impacto que por abrasatildeo
Partiacuteculas meacutedias dependendo da dureza e do formato satildeo menos agressivas
poreacutem partiacuteculas finas satildeo mais abrasivas ocasionando abrasatildeo muito incidente Como
exemplo pode-se citar o cimento talco xistos e outros que satildeo compostos de partiacuteculas
finas e altamente abrasivas Eacute claro que a dureza destas partiacuteculas tambeacutem eacute significativa
A forma dos materiais abrasivos varia desde arredondados ateacute acircngulos vivos
Os minerais mais duros possuem formaccedilotildees agudas enquanto que em
contraposiccedilatildeo os mais duacutecteis apresentam formaccedilotildees arredondadas Quanto mais agudas
forem as arestas maior seraacute a accedilatildeo abrasiva No caso de impactos ou pressotildees fortes as
formas agudas podem penetrar no metal provocando um desgaste por ldquogoivagemrdquo ou
fratura da peccedila A dureza de uma liga metaacutelica eacute de grande importacircncia na resistecircncia
oposta a uma accedilatildeo abrasiva As maiores durezas correspondem a resistecircncias maiores
Os abrasivos menos duros teratildeo accedilatildeo menos violenta Com referecircncia agraves ligas
metaacutelicas satildeo encontradas com facilidade tabelas de dureza das vaacuterias alternativas e
Revisatildeo Bibliograacutefica 28
Gustavo Portela de Deus
tambeacutem as diversas escalas de durezas com referecircncia aos abrasivos quando eacute possiacutevel
conjugar proteccedilotildees atraveacutes de adiccedilotildees de peliacuteculas metaacutelicas com finalidade de melhor
proteger a peccedila em accedilatildeo de trabalho
Quando eacute possiacutevel unir uma maior dureza com uma granulaccedilatildeo adequada seratildeo
atingidos os mais elevados iacutendices de resistecircncia agrave abrasatildeo Para proteger as peccedilas dos
equipamentos contra a abrasatildeo eacute importante preparar a superfiacutecie do metal procurando
deixaacute-la a mais lisa possiacutevel sem protuberacircncias ou rugosidades pois a abrasatildeo eacute iniciada
preferencialmente nestas regiotildees Ligas constituiacutedas de alto teor de carbeto de tungstecircnio e
de cromo aleacutem da elevada dureza apresentam depoacutesitos lisos e brilhantes compatiacuteveis
com estas caracteriacutesticas mencionadas Eacute natural que quanto maior a velocidade e a
frequumlecircncia do contato da partiacutecula com o metal maior seraacute a accedilatildeo abrasiva e
consequumlentemente o desgaste das peccedilas Os tamanhos dos gratildeos tambeacutem satildeo importantes
pois quanto menor forem mais a superfiacutecie seraacute desgastada (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
Baseado nas consideraccedilotildees acima os principais fatores que afetam o desgaste por
abrasatildeo satildeo as caracteriacutesticas dos abrasivos associados aos fatores externos que atuam
sobre a superfiacutecie do componente Assim podem-se listar os seguintes fatores
a) Tamanho da partiacutecula (grossa fina ou meacutedia)
b) Formato da partiacutecula (angulares ou redondas)
c) Dureza da partiacutecula
d) Dureza do metal base
e) Acabamento do metal base
f) Velocidade e frequumlecircncia do contato entre a partiacutecula abrasiva e o metal base
g) Tamanho de gratildeo da estrutura do metal base
Revisatildeo Bibliograacutefica 29
Gustavo Portela de Deus
h) Acircngulo de incidecircncia da partiacutecula do metal base
i) Stress do metal constituinte das peccedilas de equipamentos pelo uso
2432 - Consideraccedilotildees sobre os Abrasivos
As rochas satildeo constituiacutedas por um agregado de minerais cujos constituintes mais
comuns satildeo os minerais de quartzo feldspato mica e outros ricos em silicatos de alumiacutenio
e magneacutesio muitos dos quais de elevada dureza Ex granitos areia basalto folhelhos
xistos filitos gnaises etc
Os carbonatos satildeo os principais constituintes dos calcaacuterios e margas e
normalmente compotildeem parte dos pacotes sedimentares das formaccedilotildees geoloacutegicas das
bacias sedimentares e satildeo considerados produtos macios Entretanto comumente estes
pacotes encontram-se alternados com outros de arenitos siltitos e folhelhos
Os mineacuterios satildeo compostos de oacutexidos carbonetos e sulfetos Os oacutexidos satildeo
geralmente duros (bauxita hematita) enquanto que os sulfetos satildeo geralmente macios
(galena ou sulfetos de chumbo) As rochas combustiacuteveis (hulha turfa) e os fosfatos contecircm
proporccedilotildees mais ou menos elevadas de siacutelica e alumina
Para amenizar os gastos com o desgaste abrasivo partiu-se para o desenvolvimento
de materiais com maiores resistecircncias ao desgaste Assim vaacuterias pesquisas nesta aacuterea
triboloacutegica comeccedilaram a ser desenvolvidas em cima dos diversos tipos de materiais
existentes (FUSSEacute et al)
2433 Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ser classificado como de dois ou trecircs corpos Na abrasatildeo
de dois corpos as partiacuteculas abrasivas satildeo movidas livremente sobre a superfiacutecie do
Revisatildeo Bibliograacutefica 30
Gustavo Portela de Deus
material como areia em uma calha No desgaste abrasivo de trecircs corpos as partiacuteculas
abrasivas agem como elementos de interface entre o corpo soacutelido e o contra-corpo O
desgaste quando envolve trecircs corpos eacute cerca de duas a trecircs vezes menor do que quando
envolve dois corpos Pois no caso de trecircs corpos devido agrave variaccedilatildeo no acircngulo de ataque
apenas uma pequena porccedilatildeo das partiacuteculas causa desgaste (GAHR 1987)
De acordo com Briscoe amp Adams (1987) o crucial para todos os mecanismos de
desgaste abrasivo ou outros eacute conhecer o caminho ou seja a direccedilatildeo na qual o material se
deforma sob a aspereza penetrante ou a partiacutecula dura que entra em contato com o material
Com o intuito de predizer se uma deformaccedilatildeo eacute elaacutestica ou plaacutestica Fusse et al
apud Halliday (1995) apud Briscoe amp Adams (1995) mostrou que o maacuteximo acircngulo de
uma aspereza a qual se torna plaacutestica eacute dado por
tan θlim = K(HE)(1-ν2)
Onde
ldquoHrdquo eacute o entalherecorte da dureza
ldquoErdquo eacute o moacutedulo de Young
ldquoνrdquo eacute o coeficiente de Poisson
K=08 para a plasticidade parcial ou 2 para a plasticidade cheiainteira
Revisatildeo Bibliograacutefica 31
Gustavo Portela de Deus
24331 Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ocorrer em baixo ou alto niacutevel dependendo da razatildeo
entre a dureza da partiacutecula e da superfiacutecie O desgaste abrasivo estaacute relacionado a alguns
mecanismos dentre eles os principais satildeo
Microcorte ndash Deformaccedilatildeo plaacutestica sem perda de mateacuteria gerando um sulco
com consequumlente formaccedilatildeo de acuacutemulos frontais e laterais da mateacuteria
movimentada
Microssulcamento ndash Formaccedilatildeo de micro-cavacos sem deformaccedilatildeo plaacutestica
lateral
Microlascamento ndash Formaccedilatildeo de detritos devido agrave formaccedilatildeo e interaccedilatildeo de
fissuras Este tipo de mecanismo acontece quando as tensotildees impostas
superam as tensotildees criacuteticas para a formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas sendo
restrita aos materiais fraacutegeis
Satildeo diversas as nomenclaturas utilizadas para estes mecanismos de desgaste na literatura
podem ser encontradas denominaccedilotildees tais como microusinagem riscagem descamaccedilatildeo
microtrincamento microfadiga que satildeo tentativas de aproximar melhor o significado dos
mecanismos que estatildeo sendo observados nos experimentos (GAHR 1987)
Microssulcamento e microcorte satildeo mecanismos dominantes em materiais mais
duacutecteis A ocorrecircncia de um deles vai depender do acircngulo de ataque das partiacuteculas
abrasivas O microcorte ocorre a partir de um acircngulo de ataque criacutetico Este acircngulo de
ataque criacutetico eacute funccedilatildeo do material que estaacute sendo desgastado e das condiccedilotildees de teste A
transiccedilatildeo do mecanismo de microssulcamento para microcorte depende tambeacutem do
coeficiente de atrito Normalmente o mecanismo passa do microssulcamento para
Revisatildeo Bibliograacutefica 32
Gustavo Portela de Deus
microcorte com o aumento da dureza do material que estaacute sendo desgastado Aumentos
ainda maiores de dureza resultam na passagem de microcorte para microtrincamento
(GAHR 1987)
O microtrincamento pode ocorrer quando satildeo impostas grandes tensotildees sobre as
partiacuteculas abrasivas particularmente em superfiacutecies de materiais fraacutegeis Neste caso
grande quantidade de detrito eacute retirada da superfiacutecie devido agrave formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de
trinca
Partiacuteculas de menor ou igual dureza que a superfiacutecie tambeacutem podem desgastaacute-la O
ataque das partiacuteculas macias pode resultar em deformaccedilatildeo elaacutestica e plaacutestica fadiga de
superfiacutecie e a superfiacutecie ficar severamente danificada (GAHR 1987)
25 - Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste
Abrasivo
Segundo Mondal et al (1998) a taxa de desgaste abrasivo e os mecanismos de
desgaste podem ser influenciados por vaacuterios fatores como o tamanho do gratildeo abrasivo a
carga aplicada a dureza dos materiais utilizados e a tenacidade da fratura
Ainda de acordo com Souza (2002) uma grande variedade de paracircmetros influencia
os mecanismos de desgaste no geral sendo que os principais satildeo
Paracircmetros de Material
Composiccedilatildeo
Tamanho do gratildeo
Moacutedulo de elasticidade
Condutividade teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 33
Gustavo Portela de Deus
Dureza etc
Paracircmetros de Projetos
Forma
Carregamento
Tipo de movimento
Aspereza
Vibraccedilatildeo
Nuacutemero de ciclos etc
Paracircmetros de Meio Ambiente
Temperatura
Contaminaccedilatildeo
Umidade
Atmosfera etc
Paracircmetros de Lubrificaccedilatildeo
Tipo de lubrificante
Estabilidade de lubrificante
Tipo de fluido
Lubrificaccedilatildeo etc
Presenccedila ou Ausecircncia de Desgaste Interno
Segundo Catai et al de acordo com pesquisadores relatados nos trabalhos de
Mondal et al (1998) embora se diga que a taxa de desgaste depende do tamanho do gratildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 34
Gustavo Portela de Deus
abrasivo existe um valor criacutetico de tamanho de gratildeo abrasivo acima do qual a taxa de
desgaste se torna independente do tamanho do gratildeo Tambeacutem se ressalta que as diferenccedilas
nas durezas entre os dois corpos atritantes influenciam diretamente este tamanho criacutetico do
gratildeo abrasivo
251 - Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo
De acordo com Deuis (1996) o tamanho do gratildeo abrasivo tem uma influecircncia
direta nos mecanismos associados ao desgaste que pode ser caracterizado pela relaccedilatildeo wr
onde ldquowrdquo eacute a espessura da ranhura e ldquorrdquo o raio esfeacuterico do topo da partiacutecula (gratildeo)
Dependendo desta relaccedilatildeo a partiacutecula de gratildeo abrasivo iraacute deformar plasticamente ou
cortar a superfiacutecie Como as partiacuteculas desgastadas tornam-se cegas ou o tamanho da
partiacutecula diminui o mecanismo de desgaste exibe uma transiccedilatildeo do corte para o desgaste
de laminaccedilatildeo
Para ambos os tipos de desgaste abrasivo (dois ou trecircs corpos) um tamanho criacutetico
da partiacutecula abrasiva pode ser observado O desgaste volumeacutetrico aumenta com o aumento
do tamanho do gratildeo abrasivo para esta dimensatildeo criacutetica Nesta dimensatildeo criacutetica tem-se a
maacutexima accedilatildeo abrasiva em termos do tamanho do desgaste produzido
Sobre este valor criacutetico a taxa de desgaste eacute amplamente independente do tamanho
do gratildeo abrasivo A forte diferenccedila entre a dureza das partiacuteculas abrasivas e do material a
ser desgastado influencia esta dimensatildeo criacutetica do gratildeo (DEUIS et al 1996)
Para Deuis et al (1996) a extensatildeo da regiatildeo tensionada plasticamente abaixo da
superfiacutecie depende do tamanho do gratildeo abrasivo e da carga aplicada A profundidade
global da deformaccedilatildeo plaacutestica foi relatada linearmente para a aplicaccedilatildeo de carga e
dimensotildees de gratildeos
Revisatildeo Bibliograacutefica 35
Gustavo Portela de Deus
Salienta-se que no desgaste abrasivo de trecircs corpos a taxa de desgaste eacute menor que
no desgaste abrasivo de dois corpos Ainda segundo o tamanho do gratildeo Al Rubaie et al
(1999) afirmam que a eficiecircncia na remoccedilatildeo do material depende da carga de contato
elaacutestico a qual varia com o tamanho do gratildeo sendo que no caso dos materiais contendo
partiacuteculas reforccediladas a taxa de desgaste eacute influenciada pelo tamanho das partiacuteculas de
reforccedilo A Figura 28 demonstra o quanto o tamanho do gratildeo abrasivo eacute representativo no
desgaste
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste
252 - Carga Aplicada
A carga a ser aplicada sobre os corpos em atrito durante o processo de desgaste
abrasivo tambeacutem eacute um dos fatores que influenciam fortemente as taxas de desgaste no
material
Mondal et al (1998) propotildeem uma foacutermula para quantificar a importacircncia da carga
aplicada no corpo de prova em relaccedilatildeo ao tamanho do gratildeo abrasivo em um desgaste
abrasivo de dois corpos Suas foacutermulas permitem obter as taxas de desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 36
Gustavo Portela de Deus
teoacuterico nos processos de abrasatildeo Foram desenvolvidas foacutermulas por meio de regressotildees
lineares tanto para ligas como para materiais compostos
Segundo este mesmo autor o efeito da carga na taxa de desgaste obtida tanto para
os materiais compostos como para as ligas eacute bem mais severo que o efeito do tamanho dos
gratildeos abrasivos Sendo que em relaccedilatildeo aos materiais por estes testados (ligas e
compoacutesitos) o efeito da carga e do tamanho do abrasivo na taxa de desgaste eacute
relativamente maior no caso dos materiais compostos que nas ligas Poreacutem existem
algumas combinaccedilotildees de tamanhos de gratildeos com quantidade de cargas aplicadas que
podem fazer com que a taxa de desgaste abrasivo seja maior nas ligas que nos materiais
compostos
Ainda de acordo com Mondal et al (1998) a variaccedilatildeo da carga aplicada tem muito
mais influecircncia na taxa de desgaste do material que a variaccedilatildeo do tamanho do gratildeo do
abrasivo do disco A taxa de desgaste na liga eacute muito maior que a taxa de desgaste obtida
para os compostos pois os mesmos possuem maior dureza devido ao oacutexido de alumiacutenio
que foi adicionado na matriz inicial que era uma liga de alumiacutenio
Gant amp Gee (2001) tambeacutem realizaram estudos sobre a influecircncia da variaccedilatildeo da
carga aplicada sobre o corpo-de-prova num desgaste abrasivo de 3 corpos para corpos-de-
prova de ligas Cobalto-Carbeto de Tungstecircnio de elevada dureza e accedilos ultra-raacutepidos
Analisando-se comparativamente os resultados estes concluiacuteram que quanto maior era a
carga aplicada no processo ou seja a carga que foi aplicada forccedilando o corpo-de-prova
contra o disco maiores foram os desgastes volumeacutetricos dos corpos-de-prova Desta
forma ficou evidente que quanto maior for a carga aplicada no processo maiores seratildeo os
desgastes obtidos tanto para as peccedilas (corpos-de-prova) como para as ferramentas (discos
revestidos com carbeto de siliacutecio)
Revisatildeo Bibliograacutefica 37
Gustavo Portela de Deus
Em relaccedilatildeo ao efeito da variaccedilatildeo da carga eou do tamanho do gratildeo abrasivo eacute
importante destacar ainda que um aumento geral na taxa de desgaste eacute observado com o
aumento da carga para um tamanho particular de gratildeo isto eacute devido ao aumento geral da
remoccedilatildeo de material com a carga Quando a carga aplicada eacute menor gratildeos mais grosseiros
entram em contato diretamente com o corpo-de-prova resultando em elevados desgastes
Para gratildeos mais finos sob baixas cargas haacute somente um riscamento pois os menores
gratildeos abrasivos estatildeo em contato elaacutestico com a superfiacutecie de teste e entatildeo suportam a
carga aplicada sem contribuir para a remoccedilatildeo de material (DEGUPTA et al 2001)
Numa anaacutelise geral tem-se que abrasivos com menores gratildeos abrasivos resultam em
elevadas abrasotildees e maiores gratildeos abrasivos resultam em maiores microcortes No
ldquomicrocuttingrdquo maiores quantidades de materiais satildeo perdidas Em altas distacircncias
percorridas a taxa de desgaste aumenta devido ao aparecimento de microfraturas
(DEGUPTA et al 2001)
Figura 27 - Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 38
Gustavo Portela de Deus
253 - Influecircncia da Dureza
Deuis et al (1996) enfatizaram o papel das partiacuteculas da segunda fase provendo
aacutereas localizadas com altas tensotildees de concentraccedilatildeo que influenciaram o fluxo de tensatildeo e
a taxa de desgaste A maior resistecircncia ao desgaste foi obtida em microestruturas finas
com partiacuteculas semi-coerentes dispersas A influecircncia dos carbetos na resistecircncia ao
desgaste depende de sua dureza em relaccedilatildeo agrave dureza da matriz Para materiais
caracterizados de carbetos dispersos em uma matriz macia uma diminuiccedilatildeo no caminho
livre meacutedio pela reduccedilatildeo do tamanho do carbeto resulta em melhores resistecircncias ao
desgaste Uma reduccedilatildeo no tamanho do gratildeo aumenta a dureza e tambeacutem conduz ao
aumento da resistecircncia ao desgaste
Hutchings (1992) descobriu que a dureza do gratildeo abrasivo era 1 2 vez maior que a
da superfiacutecie desgastada Entatildeo o abrasivo meacutedio riscaria a superfiacutecie Deuis et al (1996)
tambeacutem comentaram que a dureza do material determina a profundidade da indentaccedilatildeo das
partiacuteculas abrasivas influenciando na profundidade relativa penetrada onde se esta for
maior que a profundidade de indentaccedilatildeo criacutetica para fratura a taxa de desgaste eacute alta A
Figura 210 mostra o quanto agrave dureza do material abrasivo eacute significativo na anaacutelise do
desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 39
Gustavo Portela de Deus
Figura 28 - Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste
Ainda em relaccedilatildeo agrave influecircncia da dureza no desgaste abrasivo Hawk et al (1999)
fizeram experimentos que comprovaram que haacute uma correlaccedilatildeo direta entre a dureza dos
materiais e o desgaste abrasivo Em suas pesquisas este provou claramente a influecircncia da
dureza do material na perda volumeacutetrica do corpo de prova mostrando que quanto maior a
dureza do material utilizado menor o desgaste abrasivo do corpo de prova em atrito
254 - Influecircncia da Temperatura
Segundo Wu et al (1997) outro fator que afeta diretamente o processo de desgaste
abrasivo de 2 ou 3 corpos eacute a temperatura De acordo com Catai et al por meio da anaacutelise
dos resultados Wu et al verificaram que o desgaste abrasivo ou seja o volume desgastado
do pino eacute maior quando o mesmo acontece na presenccedila de maiores temperaturas pois a
de Siliacutecio
Revisatildeo Bibliograacutefica 40
Gustavo Portela de Deus
elevaccedilatildeo da temperatura facilita o desencadear do mesmo atraveacutes por exemplo da
reduccedilatildeo da dureza dos materiais envolvidos Ressalta-se que nestes ensaios o tempo de
ensaio era sempre constante A Figura 211 mostra o quando o efeito da temperatura incide
sobre o processo de desgaste abrasivo
Figura 29 - Efeito da temperatura no desgaste abrasivo
26 - Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste
Moacutedulo de elasticidade ndash a resistecircncia ao desgaste de metais puros aumenta
diretamente com o moacutedulo de elasticidade Para os accedilos perliacuteticos martensiacuteticos ou
revenidos essa relaccedilatildeo natildeo eacute vaacutelida porque o tratamento teacutermico natildeo afeta o
moacutedulo de elasticidade
Dureza ndash o desgaste de metais puros eacute diretamente proporcional agrave sua
dureza Nas ligas a proporcionalidade eacute vaacutelida ateacute determinado valor da dureza do
Revisatildeo Bibliograacutefica 41
Gustavo Portela de Deus
material a partir do qual a resistecircncia ao desgaste cresce com menor intensidade
podendo ateacute mesmo vir a diminuir apoacutes certo valor
Dureza superficial ndash na superfiacutecie desgastada existe um grau de
encruamento e consequentemente um aumento da dureza no local A resistecircncia agrave
abrasatildeo pode ser considerada como proporcional a essa dureza chamada de dureza
maacutexima
Propriedades de escoamento ndash anaacutelises de tensatildeodeformaccedilatildeo mostraram
que para metais puros tambeacutem vale a relaccedilatildeo
= A ع
Onde
= tensatildeo de escoamento
A = constante
deformaccedilatildeo verdadeira = ع
= coeficiente de encruamento
Estudos mostram que a resistecircncia agrave abrasatildeo eacute proporcional agrave dureza e varia
exponencialmente com a tenacidade De acordo com Batista e Nascimento
(wwwspectrucombr) como o desgaste eacute um fenocircmeno essencialmente superficial
envolvendo a remoccedilatildeo mecacircnica indesejaacutevel de material de superfiacutecies
ldquoAs soluccedilotildees encontradas atraveacutes de solda de
revestimento aspersatildeo teacutermica tipo Hight Velocity Oxi Fuel -
HVOF nitretaccedilatildeo e de outras teacutecnicas originalmente utilizadas
Revisatildeo Bibliograacutefica 42
Gustavo Portela de Deus
tecircm se mostrado altamente valiosas tanto para prevenir como
para minimizar e reparar as diferentes estruturas danificadas
pelos mais diversos tipos de desgaste Em inuacutemeras situaccedilotildees
peccedilas e componentes podem ser fabricados com materiais
convencionais dentro das especificaccedilotildees normais do projeto
Posteriormente pode-se aplicar sobre a superfiacutecie camadas ou
cordotildees de solda com consumiacuteveis adequados deposiccedilatildeo de ligas
metaacutelicas de composiccedilatildeo e constituiccedilatildeo ideal ao favorecimento de
superfiacutecies endurecidas e resistentes a este desgaste A resistecircncia
ao desgaste eacute considerada como parte de um sistema triboloacutegico
sendo muitos os paracircmetros que acabam por influir na taxa de
desgaste incluindo as caracteriacutesticas de projetos condiccedilotildees de
operaccedilatildeo tipo de abrasivo e propriedades do material Nas
propriedades dos materiais as caracteriacutesticas microestruturais
tecircm particular importacircncia tanto nas propriedades mecacircnicas
quanto nas taxas de desgaste Disponibilizado no site
wwwspectrucombr consultado em 23 de abril de 2007rdquo
BATISTA e NASCIMENTO apud Murray (wwwspectrucombr) destacou o
seguinte sobre desgaste abrasivo
ldquoA resistecircncia ao desgaste de accedilos tratados termicamente
para vaacuterios niacuteveis de dureza e tambeacutem de alguns metais puros
Para metais puros a resistecircncia ao desgaste aumenta linearmente
com a dureza Nos materiais ferrosos esta relaccedilatildeo (resistecircncia ao
Revisatildeo Bibliograacutefica 43
Gustavo Portela de Deus
desgaste versus dureza) natildeo eacute simples O aumento no teor de
carbono faz a resistecircncia ao desgaste aumentar Para os accedilos com
a mesma porcentagem de carbono a resistecircncia ao desgaste de
accedilo ligado eacute maior que de um accedilo sem liga mas este aumento eacute
pequeno quando comparado com outro em que aumentou a
porcentagem de carbono A resistecircncia ao desgaste geralmente
aumenta conforme a microestrutura eacute mudada de ferrita para
perlita desta para bainita e finalmente para martensita isto
desde que seja acompanhada de aumento de dureza Entretanto
para um mesmo valor de dureza a estrutura bainiacutetica tem maior
resistecircncia ao desgaste que a martensiacutetica A microestrutura tem
maior influecircncia no desgaste que a dureza da matriz Tem sido
mostrado que a presenccedila de austenita retida tem melhorado a
resistecircncia ao desgaste da martensita revenida A austenita
fornece uma melhor ancoragem aos carbetos ocasionando um
baixo arrancamento do carbeto da matriz austeniacutetica Os carbetos
parecem ser particularmente importantes na resistecircncia agrave
abrasatildeo principalmente em materiais como os accedilos e ferros
fundidos brancos ligados ao cromo A influecircncia desses estaacute
relacionada com sua dureza tamanho e distribuiccedilatildeo Carbetos
duros e finamente dispersos aumentam a resistecircncia ao desgaste
enquanto que os grosseiros diminuem Estruturas deformadas por
trabalho a frio natildeo alteram a resistecircncia ao desgaste enquanto
que o aumento da dureza pelo refinamento dos gratildeos agiria
favoravelmente Existem ainda muitos outros fatores que
Revisatildeo Bibliograacutefica 44
Gustavo Portela de Deus
influenciam a taxa de desgaste como o tamanho da partiacutecula
abrasiva e o coeficiente de atrito Estes trabalhos tecircm
demonstrado que o estudo dos fenocircmenos de desgaste eacute bastante
complexo Na especificaccedilatildeo e normalizaccedilatildeo de ligas para resistir
ao desgaste as maiores dificuldades residem na inexistecircncia de
ensaios padronizados para discriminar os niacuteveis de aceitaccedilatildeo ou
rejeiccedilatildeo conforme as aplicaccedilotildees particulares Estas dificuldades
estatildeo associadas principalmente agrave natureza complexa do
fenocircmeno do desgaste Este aleacutem de envolver a deformaccedilatildeo e
corte superficial por partiacuteculas abrasivas ou o atrito entre
superfiacutecies metaacutelicas muitas vezes ocorre devido a vaacuterios
mecanismos concomitantes de desgaste da superfiacutecie os quais
tambeacutem podem estar associados a outros fenocircmenos de
degradaccedilatildeo tais como impacto corrosatildeo fluecircncia ou fadigardquo
27 - Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr) o teor de carbono
aumenta a resistecircncia ao desgaste dos accedilos perliacuteticos com o aumento do endurecimento Os
carbetos aumentam a resistecircncia ao desgaste com o aumento na quantidade distribuiccedilatildeo
uniforme e forma adequada Natildeo satildeo adequados poreacutem quando existe o choque associado
ao desgaste por abrasatildeo
A martensita natildeo-revenida ou revenida abaixo de 230degC eacute a fase que melhor resiste
ao desgaste na temperatura ambiente Se o revenido for acima de 350degC a perlita apresenta
Revisatildeo Bibliograacutefica 45
Gustavo Portela de Deus
um resultado melhor para a mesma dureza (50 HB) A fase bainiacutetica da mesma dureza e
composiccedilatildeo quiacutemica resiste melhor ao desgaste que uma estrutura martensiacutetica nas nesmas
condiccedilotildees
A perlita aumenta a resistecircncia agrave abrasatildeo com o aumento das colocircnias de perlita e
com a fraccedilatildeo volumeacutetrica de cementita Para a mesma dureza a perlita lamelar resiste
melhor que a esferoidizada A resistecircncia ao desgaste da ferrita aumenta com o aumento
dos carbetos dispersos na matriz Um accedilo austeniacutetico com a mesma fraccedilatildeo de carbetos que
um ferriacutetico resiste melhor ao desgaste
28 - Revestimentos Superficiais
De acordo com Lima et al (2001) uma das mais eficientes e econocircmicas formas
de se adequar peccedilas e componentes de equipamentos industriais a uma aplicaccedilatildeo
especiacutefica tem sido haacute longo tempo a aplicaccedilatildeo de revestimentos Estes vecircm ganhando
evidecircncia ano apoacutes ano em aplicaccedilotildees contra desgaste corrosotildees dentre outras formas
de consumo de massa
Ainda de acordo com Lima et al (2001) apud Tucker et al o uso de
revestimentos duros para melhorar a resistecircncia ao desgaste de componentes mecacircnicos
tecircm sido comum haacute vaacuterias deacutecadas com variadas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo que incluem
soldagem cladding eletrodeposiccedilatildeo PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica de vapor) CVD (deposiccedilatildeo
quiacutemica de vapor) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem se desenvolvido nos
uacuteltimos tempos apresentando-se como alternativa viaacutevel em relaccedilatildeo aos demais
processos comumente utilizados
Revisatildeo Bibliograacutefica 46
Gustavo Portela de Deus
281 - Aspersatildeo Teacutermica
A aspersatildeo teacutermica consiste de um grupo de processos nos quais partiacuteculas
finamente divididas de materiais para revestimentos metaacutelicos ou natildeo- metaacutelicos satildeo
depositadas sobre um substrato devidamente preparado na condiccedilatildeo fundida ou semindash
fundida para formar uma camada superficial como mostra a Figura 212
O calor necessaacuterio para a operaccedilatildeo eacute gerado na tocha de aspersatildeo e pode vir da
queima de um gaacutes combustiacutevel ou da geraccedilatildeo de um arco eleacutetrico As partiacuteculas aquecidas
satildeo aceleradas por um gaacutes comprimido confinadas num feixe e dirigidas ao substrato Ao
se chocarem as partiacuteculas se achatam e formam finas lentes que se conformam e aderem
agraves irregularidades superficiais e entre si Com a continuidade do processo as partiacuteculas se
resfriam formando um revestimento com estrutura lamelar (MARQUES
wwwinfosoldacombr)
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato
As variaccedilotildees baacutesicas nos processos de aspersatildeo teacutermica se referem ao material a ser
aplicado ao meacutetodo de aquecimento e ao meacutetodo de aceleraccedilatildeo das partiacuteculas em direccedilatildeo
ao substrato Os materiais podem ser fornecidos na forma de vareta arame cordatildeo (tubo
Revisatildeo Bibliograacutefica 47
Gustavo Portela de Deus
de plaacutestico contiacutenuo) e poacute Metais oacutexidos compostos intermetaacutelicos cermets plaacutesticos
orgacircnicos e alguns vidros podem ser depositados por uma ou mais variaccedilotildees de processos
(MARQUES wwwinfosoldacombr)
Os processos de aspersatildeo teacutermica podem ser classificados em dois grupos
baacutesicos dependendo da fonte de calor usada como mostrado na Tabela 21
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica
Combustatildeo Eleacutetrico
Chama Plasma
Detonaccedilatildeo Arco
O sucesso no uso de revestimentos aspergidos termicamente depende basicamente
de sua aplicaccedilatildeo cuidadosa segundo procedimentos bem estabelecidos Qualquer desvio
destes procedimentos leva em geral a resultados natildeo confiaacuteveis Os revestimentos
termicamente aspergidos apresentam trecircs aspectos baacutesicos o substrato a adesatildeo do
revestimento e a estrutura deste (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Os substratos sobre os quais os revestimentos termicamente aspergidos podem ser
aplicados incluem metais oacutexidos ceracircmicos vidros a maioria dos plaacutesticos e madeira
sendo que algumas teacutecnicas especiais podem ser necessaacuterias Nem todos os materiais para
aspersatildeo podem ser aplicados a qualquer tipo de substrato Uma preparaccedilatildeo adequada deste
eacute necessaacuteria antes da aspersatildeo propriamente dita independente do processo a ser usado
Essa preparaccedilatildeo eacute essencialmente a mesma para cada processo a ser usado e consiste de
duas etapas baacutesicas limpeza da superfiacutecie para eliminar contaminantes e obtenccedilatildeo de
rugosidades para aumentar a aacuterea superficial efetiva e melhorar a adesatildeo (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
Revisatildeo Bibliograacutefica 48
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A ligaccedilatildeo ou adesatildeo entre revestimento e substrato pode ser mecacircnica quiacutemica eou
metaluacutergica e eacute influenciada por diversos fatores tais como material do revestimento
condiccedilatildeo do substrato rugosidade limpeza e temperatura da superfiacutecie a ser revestida
antes e durante o processo e velocidade de impacto das partiacuteculas (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
A estrutura e a quiacutemica do depoacutesito aspergido em ar eacute diferente do material no
estado original Estas diferenccedilas satildeo devidas agrave natureza progressiva do revestimento agrave
reaccedilatildeo com gases durante o processo e a atmosfera em contato com o material enquanto
liacutequido Por exemplo quando ar ou oxigecircnio satildeo usados oacutexidos podem ser formados e se
incorporarem ao revestimento Revestimentos metaacutelicos tendem a ser porosos e fraacutegeis
com uma dureza diferente do material original A estrutura de revestimentos na condiccedilatildeo
como aspergidos eacute similar quanto agrave natureza lamelar mas pode exibir diferentes
caracteriacutesticas em funccedilatildeo do processo dos paracircmetros da teacutecnica e do material usado
como mostra a Figura 213 A densidade do depoacutesito varia com a temperatura da fonte de
calor usada e com a velocidade das partiacuteculas no impacto como mostra a Tabela 22 e a
Figura 214 (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 211 - Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido
Revisatildeo Bibliograacutefica 49
Gustavo Portela de Deus
A aplicaccedilatildeo final determina as propriedades necessaacuterias para o revestimento e o
tipo de combustiacutevel e equipamentos necessaacuterios Revestimentos termicamente aspergidos
tecircm sido usados intensamente na fabricaccedilatildeo de componentes nas induacutestrias automotiva de
petroacuteleo eleacutetrica eletrocircnica geraccedilatildeo de energia e particularmente na aeroespacial Em
manutenccedilatildeo milhotildees de doacutelares tecircm sido economizados com o uso da aspersatildeo teacutermica
Tal teacutecnica tem sido usada tanto em oficina como no campo no revestimento de estruturas
e partes de equipamentos com economia de tempo e de recursos (MARQUES
wwwinfosoldacobr )
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor
Fonte Temperatura degC
Propano + oxigecircnio 2640
Gaacutes natural + oxigecircnio 2735
Hidrogecircnio + oxigecircnio 2690
Acetileno + oxigecircnio 3100
Arco eleacutetrico 2200 ndash 8300
Figura 212 Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas
Revisatildeo Bibliograacutefica 50
Gustavo Portela de Deus
2811 - Processos
28111 - Processos por Combustatildeo
Este grupo de processos utiliza o calor gerado pela queima de um gaacutes combustiacutevel
Qualquer substacircncia que se funda e natildeo sublime a temperaturas inferiores a 2760ordmC pode
ser aspergida por este processo como mostram as Figuras 215 e 216 Os materiais
aplicados podem ser metais e ligas na forma de arame cordatildeo ou poacute e ceracircmicos na forma
de vareta cordatildeo ou poacute (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 213 - Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo
Figura 214 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 51
Gustavo Portela de Deus
281111 - Arames e Varetas
O equipamento usado para aplicaccedilatildeo de arames e varetas eacute similar como mostrado
na figura A seccedilatildeo transversal tiacutepica de uma tocha de aspersatildeo com estes processos eacute
mostrada na Figura 216
O material a ser aspergido eacute inserido por roletes alimentadores na parte posterior da
tocha Estes podem ser tracionados por um motor eleacutetrico ou pneumaacutetico ou por uma
turbina a ar O material eacute alimentado por meio de um bocal onde eacute fundido por uma chama
de gaacutes combustiacutevel concecircntrica a este
Os gases combustiacuteveis usados juntamente com o oxigecircnio foram mostrados na
Tabela 22 O acetileno eacute o mais largamente usado por sua maior temperatura de chama
Entretanto em certos casos temperaturas mais baixas satildeo usadas com vantagens
econocircmicas A chama eacute usada apenas para fundir o material Para se obter aspersatildeo um
jato de gaacutes em geral ar comprimido eacute usado para pulverizar o material e acelerar as
partiacuteculas em direccedilatildeo ao substrato Em aplicaccedilotildees especiais um gaacutes inerte pode ser usado
Os roletes de alimentaccedilatildeo devem ser escolhidos e apropriados agrave forma do material a ser
alimentado isto eacute se arame vareta ou cordatildeo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281112 - Poacute
Tochas para aspersatildeo agrave chama com poacute satildeo mais leves e mais compactas que tochas
para outros processos como mostra a Figura 217 Devido agraves menores temperaturas e
velocidades alcanccediladas pelas partiacuteculas os revestimentos obtidos tecircm em geral menor
resistecircncia adesiva ao substrato menor resistecircncia coesiva entre as lamelas e maior
porosidade quando comparados com os depositados por outros processos de aspersatildeo
teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 52
Gustavo Portela de Deus
O material a ser aspergido pode ser um metal puro uma liga metaacutelica um
compoacutesito um carboneto um ceracircmico um cermet ou combinaccedilatildeo destes O processo eacute
geralmente usado para aplicaccedilatildeo de ligas metaacutelicas autofluxadas que devem ser fundidas
apoacutes a aspersatildeo Estes materiais contecircm boro e siliacutecio que servem como agentes fluxantes e
minimizam a oxidaccedilatildeo Sua fusatildeo eou ligaccedilatildeo metaluacutergica a um substrato metaacutelico eacute(satildeo)
obtida(s) aquecendo-se o revestimento ateacute sua temperatura de fusatildeo que em geral eacute
inferior a 1040degC e pode ser feita com o uso de qualquer fonte de calor como uma chama
uma bobina de induccedilatildeo ou um forno Um arco eleacutetrico tambeacutem pode ser usado mas com
certo cuidado para evitar ou minimizar a fusatildeo do substrato
O poacute para aspersatildeo eacute armazenado num recipiente que pode ser parte integrante da
tocha ou ser acoplado a ela Uma pequena quantidade de gaacutes eacute desviada para arrastar o poacute
ateacute o jato da mistura oxigecircniocombustiacutevel em chama quando eacute fundido e acelerado em
relaccedilatildeo ao substrato Um corte transversal de uma tocha tiacutepica para aspersatildeo de poacute por
chama eacute mostrado na Figura 217
Variaccedilotildees do processo de aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama incluem gaacutes comprimido
para alimentaccedilatildeo do poacute na chama jatos adicionais de ar comprimido para acelerar as
partiacuteculas fundidas alimentador de poacute remoto com arraste do poacute para a tocha por um tubo
pressurizado com gaacutes inerte e dispositivos para aceleraccedilatildeo a alta velocidade agrave pressatildeo
atmosfeacuterica Esses refinamentos tendem a aumentar a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute e agraves
vezes a velocidade das partiacuteculas fundidas que aumentam a resistecircncia adesiva e a
densidade do revestimento aspergido
Revestimentos fundidos poacutes-aspersatildeo satildeo densos e relativamente isentos de
porosidade A composiccedilatildeo da liga pode levar a revestimentos com niacuteveis de dureza
Rockwell C superiores a 50 A espessura destes revestimentos eacute limitada agravequelas faixas
Revisatildeo Bibliograacutefica 53
Gustavo Portela de Deus
que podem ser aquecidas ateacute a temperatura de fusatildeo sem descamaccedilatildeo O uso de ligas
autofluxantes eacute limitado a aplicaccedilotildees em que os efeitos da fusatildeo e distorccedilatildeo podem ser
tolerados Revestimentos mais espessos de metais dissimilares podem ser aplicados em
passes muacuteltiplos A superfiacutecie que vai receber o segundo revestimento deve ser limpa de
todos os resiacuteduos de oacutexido apoacutes cada etapa de fusatildeo
Em todos os processos de aspersatildeo teacutermica a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute afeta a
estrutura e a eficiecircncia de deposiccedilatildeo do revestimento Se o material natildeo eacute aquecido
adequadamente a eficiecircncia de deposiccedilatildeo cai rapidamente e o revestimento conteraacute
partiacuteculas natildeo fundidas retidas Se a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute for muito baixa uma certa
quantidade de poacute pode se volatizar resultando em deterioraccedilatildeo do revestimento e elevaccedilatildeo
dos custos Os alimentadores de poacute satildeo compostos por um recipiente e um sistema de
mediccedilatildeo que regula a taxa de alimentaccedilatildeo de material no dispositivo transportador por gaacutes
(MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 215 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute a chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 54
Gustavo Portela de Deus
28112 - Detonaccedilatildeo
A tocha de detonaccedilatildeo eacute diferente de outros equipamentos de aspersatildeo por
combustatildeo Ela utiliza a energia de explosotildees de uma mistura oxigecircnio-acetileno em vez
de uma chama estacionaacuteria para impulsionar o poacute ateacute a superfiacutecie do substrato O depoacutesito
resultante eacute extremamente duro denso fortemente ligado ao substrato
Uma tocha de detonaccedilatildeo mostrada na Figura 218 consiste basicamente de um
tubo comprido no qual eacute introduzida uma mistura de gaacutes combustiacutevel oxigecircnio e poacute
Quando eacute feita a igniccedilatildeo da mistura uma onda de choque controlada aquece e acelera as
partiacuteculas de poacute cuja velocidade de saiacuteda eacute de 760 ms aproximadamente Apoacutes cada
injeccedilatildeo de mistura uma certa quantidade de nitrogecircnio eacute introduzida no tubo para purga
deste Ocorrem vaacuterias detonaccedilotildees por segundo gerando um ruiacutedo da ordem de 150 dB
sendo muitas vezes utilizadas instalaccedilotildees especiais com isolamento acuacutestico para estas
operaccedilotildees
Dentro do tubo temperaturas superiores a 3300degC satildeo atingidas enquanto a
temperatura do substrato deve ser mantida abaixo dos 150degC usando-se dispositivos de
resfriamento se for o caso
A espessura dos revestimentos geralmente situa-se entre 005 e 05mm A
operaccedilatildeo eacute normalmente mecanizada e agraves vezes remotamente controlada Excelente
acabamento pode ser obtido devido agrave baixa porosidade do revestimento (MARQUES
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Revisatildeo Bibliograacutefica 55
Gustavo Portela de Deus
Figura 216 - Esquemaacutetica de Tocha de detonaccedilatildeo
28113 - Processos Eleacutetricos
281131 - Arco Eleacutetrico
No processo de aspersatildeo a arco eleacutetrico dois arames eletrodos consumiacuteveis satildeo
alimentados de forma a se encontrar em um ponto agrave frente de um jato de gaacutes que serve
para atomizaccedilatildeo Uma diferenccedila de potencial de 18 a 40V eacute estabelecida entre os arames
produzindo um arco eleacutetrico que funde a ponta destes O jato de gaacutes atomizante (em geral
ar comprimido) destaca o material fundido produzindo um jato de gotiacuteculas fundidas que eacute
dirigido ao substrato A Figura 219 mostra um desenho esquemaacutetico de uma tocha para
aspersatildeo a arco
O equipamento baacutesico para este processo consiste de uma fonte de corrente
contiacutenua do tipo tensatildeo constante alimentadores de arame do tipo velocidade constante
tocha de aspersatildeo e um sistema de fornecimento de gaacutes comprimido controlaacutevel Os
arames utilizados satildeo em geral de grande diacircmetro da ordem de 5mm Este processo
experimentou um avanccedilo recente com o desenvolvimento de arames tubulares de
enchimento metaacutelico
Revisatildeo Bibliograacutefica 56
Gustavo Portela de Deus
Figura 217 - Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico
A temperatura do arco eacute consideravelmente maior que o ponto de fusatildeo do material
aspergido de modo que algum superaquecimento e volatizaccedilatildeo podem ocorrer
particularmente na aplicaccedilatildeo de zinco e alumiacutenio A alta temperatura das partiacuteculas pode
produzir zonas de reaccedilatildeo quiacutemica ou difusatildeo ou ambas apoacutes o impacto com o substrato
Estas interaccedilotildees satildeo similares a pequenas soldas a ponto e conferem excelente resistecircncia
de adesatildeo e coesatildeo ao revestimento Este processo apresenta taxas de deposiccedilatildeo mais altas
que outros processos de aspersatildeo Os fatores que influenciam esta taxa satildeo a corrente e a
velocidade de alimentaccedilatildeo de arame que dependem do equipamento usado
O comprimento do arco e o tamanho das gotiacuteculas tendem a aumentar com a
elevaccedilatildeo da diferenccedila de potencial entre os arames Esta deve ser mantida em valores
miacutenimos compatiacuteveis com a estabilidade do arco para se obter revestimentos densos e de
melhor acabamento (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281132 - Arco Plasma natildeo Transferido
O desenvolvimento de turbinas e motores de foguetes tem exigido bom
desempenho de materiais de engenharia em condiccedilotildees cada vez mais severas Para
Revisatildeo Bibliograacutefica 57
Gustavo Portela de Deus
satisfazer estas exigecircncias oacutexidos e carbonetos tecircm sido considerados devendo ser
aplicados por processos de aspersatildeo teacutermica de alta temperatura O processo plasma tem
atendido esta necessidade e levou ao desenvolvimento de uma nova famiacutelia de materiais e
teacutecnicas de aplicaccedilatildeo para uma ampla faixa de aplicaccedilotildees industriais
Na aspersatildeo a plasma Figura 220 o material eacute aplicado a partir de um poacute
Aplicaccedilatildeo a partir de arames tem sido desenvolvida mais recentemente Neste processo
um gaacutes ou mistura de gases passa atraveacutes de um arco eleacutetrico estabelecido entre um caacutetodo
de tungstecircnio e um acircnodo de cobre dotado de um orifiacutecio alinhados coaxialmente Em sua
passagem o gaacutes eacute aquecido gerando o plasma
Figura 218 - Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma
O poacute eacute alimentado no plasma fundido e acelerado em direccedilatildeo ao substrato por um
jato de alta velocidade A energia temperatura e velocidade do jato de plasma satildeo
controladas pelo tipo de bocal constritor intensidade da corrente eleacutetrica composiccedilatildeo e
vazatildeo do gaacutes de plasma Em geral nitrogecircnio ou argocircnio satildeo usados como gaacutes de plasma
podendo conter adiccedilotildees de hidrogecircnio ou heacutelio para aumentar sua potecircncia e velocidade
Revisatildeo Bibliograacutefica 58
Gustavo Portela de Deus
O equipamento baacutesico para a aspersatildeo a plasma mostrado na figura 220 consiste
de uma fonte de corrente contiacutenua constante alimentador de poacute fonte de gaacutes e um sistema
de controle que permite ajustar os paracircmetros de operaccedilatildeo (corrente vazotildees de gaacutes fluxo
de aacutegua para refrigeraccedilatildeo) e faz a sincronia de todo o sistema
281133 - Arco Plasma Transferido
Neste caso o processo eacute uma combinaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica e soldagem O
substrato deve ser condutor e faz parte do circuito do arco eleacutetrico que gera o plasma O
material aspergido se mistura com o material da poccedila de fusatildeo formada no substrato isto eacute
ocorre diluiccedilatildeo O equipamento usado eacute similar ao necessaacuterio para o plasma natildeo
transferido com exceccedilatildeo da tocha
A ligaccedilatildeo do revestimento ao substrato eacute essencialmente metaluacutergica e as
espessuras utilizadas satildeo em geral maiores que em outros processos de aspersatildeo teacutermica
O depoacutesito eacute denso uniforme e com bom acabamento A operaccedilatildeo eacute geralmente
mecanizada e com boa reprodutibilidade Entretanto a combinaccedilatildeo de substratos e
materiais aplicaacuteveis eacute mais limitada
2812 Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie
A preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute a etapa mais criacutetica da operaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica
A qualidade da adesatildeo do revestimento estaacute diretamente relacionada com a limpeza e a
rugosidade da superfiacutecie do substrato A obediecircncia rigorosa a procedimentos
padronizados de preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute necessaacuteria para garantir o sucesso da aplicaccedilatildeo
de revestimentos por aspersatildeo teacutermica O tipo de material do revestimento e do substrato
satildeo os fatores principais na determinaccedilatildeo do processo e qualidade da preparaccedilatildeo necessaacuteria
da superfiacutecie para se obter adesatildeo suficiente a uma dada aplicaccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 59
Gustavo Portela de Deus
Em partes sujeitas a fortes tensotildees mecacircnicas uma inspeccedilatildeo preacutevia agrave operaccedilatildeo de
revestimento eacute necessaacuteria para a detecccedilatildeo de falhas no metal base que eacute feita
normalmente por meio de ensaios natildeo-destrutivos Falhas estruturais no metal base
induziratildeo falhas similares no revestimento Trincas no substrato natildeo podem ser reparadas
por aspersatildeo teacutermica e revestimentos depositados por esta teacutecnica natildeo adicionam
resistecircncia mecacircnica ao substrato (MARQUES wwwinfosoldacombr )
2813 - Limpeza e Manuseio
O primeiro passo na preparaccedilatildeo de um substrato para aspersatildeo teacutermica eacute a retirada
de todos os contaminantes superficiais tais como poeira oacuteleo graxa e pintura O calor do
processo de aspersatildeo natildeo remove contaminaccedilatildeo e esta inibe a adesatildeo do revestimento
Depois que todos os contaminantes forem eliminados a limpeza deve ser mantida ateacute que
o ciclo de revestimento se complete As peccedilas devem ser protegidas de partiacuteculas
transportadas pelo ar e marcas de dedos bem como ser manuseadas com ferramentas e
material limpo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
28131 - Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes
Desengraxe com vapor
Jateamento uacutemido
Decapagem aacutecida
Aquecimento ao forno
Limpeza ultrassocircnica
Jateamento seco
Escovamento
Revisatildeo Bibliograacutefica 60
Gustavo Portela de Deus
2814 - Criaccedilatildeo de Rugosidade
Apoacutes a limpeza vaacuterios meacutetodos satildeo usados para produzir uma superfiacutecie mais
adequada para a aderecircncia do revestimento Os principais satildeo jateamento abrasivo
macroenrugamento e aplicaccedilatildeo de revestimento de ligaccedilatildeo Combinaccedilotildees destes meacutetodos
satildeo tambeacutem empregados incluindo jateamento abrasivo com subsequumlente aplicaccedilatildeo de um
revestimento de ligaccedilatildeo e usinagem seguida de jateamento abrasivo
A obtenccedilatildeo de uma rugosidade adequada eacute tatildeo importante quanto a limpeza
Durante a aspersatildeo as partiacuteculas fundidas ou semi-fundidas formam bolachas quando se
chocam com a superfiacutecie do substrato Estas agrave medida que se resfriam e se contraem
precisam aderir a uma superfiacutecie que favoreccedila o ancoramento mecacircnico
A geraccedilatildeo de uma superfiacutecie rugosa eacute usada para aumentar a aderecircncia e a coesatildeo
entre as partiacuteculas do revestimento por geraccedilatildeo de tensotildees superficiais de contraccedilatildeo
intertravamento de camadas aumento da aacuterea de interaccedilatildeo e descontaminaccedilatildeo da
superfiacutecie
O grau de enrugamento necessaacuterio para produzir um revestimento resistente e
adequado depende do material aplicado do processo e das condiccedilotildees de serviccedilo da peccedila
final (MARQUES wwwinfosoldacombr )
282 - Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste
A principal caracteriacutestica deste tipo de revestimento que satildeo aplicados para resistir
ao desgaste eacute a sua elevada dureza
Revisatildeo Bibliograacutefica 61
Gustavo Portela de Deus
2821 - Recobrimento Duro
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr ) recobrimento duro eacute
o nome dado ao processo que consiste em produzir por soldagem uma camada dura e
resistente ao desgaste na superfiacutecie da peccedila sujeita ao desgaste
2822 - Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro
De acordo com Batista amp Nascimento apud o Metals Handbook
(wwwspectrucombr ) os materiais para recobrimento duro satildeo classificados em cinco
grandes grupos em funccedilatildeo do teor total de elementos de liga Em geral a resistecircncia ao
desgaste e o custo crescem com o nuacutemero do grupo A escolha de uma liga especiacutefica
dependeraacute da aplicaccedilatildeo e do tipo de soldagem utilizado como mostra a Tabela 23
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro
Teor total de elementos de liga Elementos de liga principais
Materiais ferrosos de baixa liga
1A 2 a 6
1B 6 a 12
Cr Mo Mn
Cr Mo Mn
Materiais ferrosos de alta liga
2A 12 a 15
2B 12 a 25
2C 12 a 25
2D 30 a 37
3A 25 a 50
3B 25 a 50
3C 25 a 50
Cr Mo
Mo Cr
Mn Ni
Mn Cr Ni
Cr Ni Mo
Cr Mo
Co Cr
Revisatildeo Bibliograacutefica 62
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Ligas agrave base de niacutequel e agrave base de cobalto
4A 50 a 100
4B 50 a 100
4C 50 a 100
Co Cr W
Ni Cr Mo
Cr Ni Mo
Carbetos
5 75 a 96
WC ou WC em combinaccedilatildeo com
outros carbonetos como TiC e TaC sempre
em uma matriz metaacutelica
As ligas do grupo 1A satildeo accedilos de baixo teor de liga quase sempre tendo cromo
com principal elemento de liga O teor total dos elementos de liga incluindo o carbono
fica entre 2 e 6 Estas ligas de teor satildeo empregadas frequumlentemente como uma camada
de base para um recobrimento duro com ligas de teor de liga mais elevado
As ligas ferrosas do subgrupo 1B satildeo semelhantes agraves do grupo 1A poreacutem com
maior teor de elementos de liga ( 6 a 12 ) e com teor de carbono ateacute 2 ou mais
Muitos accedilos - ferramenta e alguns ligados fazem parte deste grupo
Os materiais do grupo 1 apresentam maior tenacidade entre as ligas de
recobrimento duro excetuando-se os accedilos-manganecircs austeniacuteticos Possuem tambeacutem
melhor resistecircncia ao desgaste que os accedilos de baixo e meacutedio carbono que satildeo ligas
usualmente recobertas pelo grupo 1 O custo eacute mais barato que as outras ligas de
recobrimento duro e muito empregados nos casos em que se necessita da usinabilidade e de
apenas um aumento moderado da resistecircncia ao desgaste
Revisatildeo Bibliograacutefica 63
Gustavo Portela de Deus
As ligas do subgrupo 2A satildeo ligas em que o principal elemento de liga eacute o cromo
com teor total de elemento de liga entre 12 e 25 Algumas delas tecircm certo teor de
molibdecircnio Este grupo inclui ainda alguns natildeo-ferros fundidos de meacutedio teor em liga O
molibdecircnio eacute o principal elemento de liga em quase todos os materiais do grupo 2B que
contam tambeacutem com teores relativamente altos de cromo
O subgrupo 2C eacute constituiacutedo pelos accedilos-manganecircs austeniacuteticos Manganecircs eacute o
principal elemento de liga estando tambeacutem presente o niacutequel para maior estabilizaccedilatildeo da
austenita
As ligas dos subgrupos 2A e 2B satildeo mais resistentes ao desgaste menos tenazes e
mais caras que os materiais do grupo 1 Jaacute os subgrupos 2C e 2D satildeo muito tenazes poreacutem
apresentam limitada resistecircncia ao desgaste que pode aumentar muito com o encruamento
As ligas do subgrupo 2D possuem um teor total de elementos de liga entre 30 e 37
variando o carbono entre 010 e 1
Os materiais do grupo 3 apresentam 25 a 50 de elementos de liga Satildeo ligas
com alto cromo vaacuterias delas com niacutequel eou molibdecircnio Os teores de carbono variam
entre 175 a 5 Este grupo eacute caracterizado pela presenccedila maciccedila de carbonetos
hipereuteacuteticos que conferem agraves ligas uma alta resistecircncia ao desgaste e uma razoaacutevel
resistecircncia agrave corrosatildeo e ao calor Satildeo ligas mais caras que as dos grupos 1 e 2
O grupo 4 compreende as ligas agrave base de cobalto e agrave base de niacutequel com teor total
de elementos natildeo-ferrosos entre 50 e 99 As ligas agrave base de cobalto do subgrupo 4ordf
satildeo consideradas como os mais versaacuteteis materiais de recobrimento duro Resistem ao
calor agrave abrasatildeo agrave corrosatildeo ao impacto agrave descamaccedilatildeo agrave oxidaccedilatildeo ao choque teacutermico agrave
erosatildeo e ao desgaste metal- metal
Revisatildeo Bibliograacutefica 64
Gustavo Portela de Deus
Algumas destas ligas mantecircm uma dureza elevada ateacute 825ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo
ateacute temperaturas da ordem de 1100ordmC As ligas agrave base de niacutequel subgrupo 4B satildeo
especialmente indicadas para peccedilas sujeitas ao mesmo tempo agrave corrosatildeo e ao desgaste Satildeo
superiores a outros materiais de recobrimento duro em aplicaccedilotildees nas quais o desgaste eacute
causado pelo contato metal-metal como no caso dos mancais Mantecircm durezas elevadas
ateacute cerca de 650ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo ateacute temperaturas da ordem de 875ordmC
Os materiais do grupo 5 consistem de gracircnulos duros de carbonetos distribuiacutedos em
uma matriz metaacutelica Satildeo muito indicados para aplicaccedilotildees de abrasatildeo intensa e de corte
Inicialmente se empregam apenas os carbonetos de tungstecircnio Mais recentemente outros
carbonetos principalmente titacircnio tacircntalo e cromo passaram a ser usados com bons
resultados Como matriz metaacutelica vaacuterios materiais tecircm sido utilizados tais como ferro accedilo
carbono Ligas agrave base de niacutequel agrave base de cobalto e bronze Os materiais do grupo 5
possuem a maacutexima resistecircncia agrave abrasatildeo em peccedilas sujeitas a impactos pequenos ou
moderados
2823 - Seleccedilatildeo do Material para Recobrimento Duro
A primeira medida eacute caracterizar bem as condiccedilotildees de serviccedilo nas quais deveraacute
trabalhar o equipamento que seraacute revestido com o recobrimento duro Em seguida deve-se
analisar com cuidado as interaccedilotildees dos materiais candidatos e do metal base bem como o
processo de soldagem a ser utilizado no recobrimento
2824 - Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento
Analisar as condiccedilotildees de serviccedilo para determinar os tipos de resistecircncia ao
desgaste e resistecircncia ao ambiente seleccedilatildeo de alguns materiais candidatos
Revisatildeo Bibliograacutefica 65
Gustavo Portela de Deus
Anaacutelise de compatibilidade entre as ligas e o metal base considerando
possiacuteveis tensotildees teacutermicas e eventuais trincas
Testar componentes recobertos com os materiais candidatos
Selecionar a melhor liga considerando o custo e a duraccedilatildeo do recobrimento
Selecionar o processo de recobrimento duro considerando a taxa de
deposiccedilatildeo o grau de diluiccedilatildeo (o metal base dilui a liga de recobrimento durante a
soldagem) eficiecircncia de deposiccedilatildeo e custo total O custo total inclui o preccedilo dos
eletrodos e o processamento
29 - Tipos de Revestimento
Os tipos de revestimento mais aplicados em soldagem podem ser classificados em
endurecimento superficial
resistentes agrave corrosatildeo
resistentes ao desgaste eou impacto
para recuperaccedilatildeo ou reparos de manutenccedilatildeo
291 - Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Tabela ndash 24 Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Condiccedilotildees de serviccedilo Materiais para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal altas
tensotildees de contato
Stellite 1 ligas Tribaloy
Escorregamento metal ndash metal baixas
tensotildees de contato
Accedilos de baixa liga para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal
combinado com corrosatildeo e oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto ou agrave base de
niacutequel dependendo da agressividade do
Revisatildeo Bibliograacutefica 66
Gustavo Portela de Deus
ambiente
Abrasatildeo sob baixa tensatildeo erosatildeo por
colisatildeo de partiacuteculas de pequeno acircngulo
Ferros fundidos de alta liga
Abrasatildeo severa sob baixa tensatildeo
retenccedilatildeo do gume
Materiais com altos teores de carbonetos
Erosatildeo por cavitaccedilatildeo e por colisatildeo
Choques mecacircnicos intensos combinados
com corrosatildeo ou oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto
Stellite 21 Stellite6
Abrasatildeo por sulcamento Accedilos ndash manganecircs austeniacuteticos
Descamaccedilatildeo
Stellite 21 Stellite 6 Tribaloy T-400
Tribaloy T-800
Estabilidade teacutermica eou resistecircncia agrave
fluecircncia a altas temperaturas
Ligas agrave base de cobalto ligas de niacutequel
com carbonetos
292 - Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies
A Tabela 25 apresenta as principais vantagens e desvantagens dos principais
processos de deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Tabela 25 - As principais vantagens e desvantagens dos principais processos de
deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Revisatildeo Bibliograacutefica 67
Gustavo Portela de Deus
Processo Vantagens Desvantagens
Galvanizaccedilatildeo iocircnica
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo baixa
temperatura de processamento
deposiccedilatildeo em furos e ranhuras
Seleccedilatildeo restrita de materiais de
revestimento revestimentos relativamente
macios riscos ambientais precisatildeo limitada
para repeticcedilatildeo na superfiacutecie
PACVD (Plasma
Assisted Chemical
Vapour Deposition)
Temperaturas de processo muito
abaixo das do CVD temperaturas
baixas revestimentos precisos
Adequado apenas para furos e ranhuras
PVD (Physical
Vapour Deposition)
Ecologicamente seguro permite
grande variedade de
revestimentos temperatura de
revestimentos mais baixa do que a
de tratamento teacutermico final da
maioria dos accedilos espessura
reduzida reproduziacutevel com
precisatildeo resistecircncia elevada ao
desgaste baixo coeficiente de
atrito
Revestimento de furos e ranhuras ndash alcanccedila
profundidade igual ao diacircmetro ou largura
da abertura resistente agrave corrosatildeo em
determinadas condiccedilotildees apenas
revestimento uniforme depende de as peccedilas
girarem durante o processamento
Difusatildeo
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo boa
reprodutibilidade
Revestimentos relativamente macios
seleccedilatildeo restrita de material de base tempo
de processamento longo riscos ambientais
necessidade de poacutes-tratamento
CVD (Chemical
Vapour Deposition)
Elevada resistecircncia ao desgaste
produccedilatildeo econocircmica de
Temperaturas de processamento elevadas
impossibilidade de revestir vaacuterios metais
Revisatildeo Bibliograacutefica 68
Gustavo Portela de Deus
revestimentos espessos adequado
para furos e ranhuras
arredondamento de bordos riscos
ambientais
Capiacutetulo 3
Materiais e Meacutetodos
Materiais e Meacutetodos 70
Guatavo Portela de Deus
3 - Materiais e Meacutetodos
31 ndash Fluxograma do Desenvolvimento Experimental
Teacutecnicas de deposiccedilatildeo dos revestimentos duros
Soldagem dos corpos-de-
prova Aspersatildeo teacutecnica
EnsaiosAnaacutelises
Prop mecacircnicas Caract microestrutural
Ensaio de
desgaste
Ensaio de DurezaMicro
Microscopia oacutetica
Discussatildeo Anaacutelises
Dissertaccedilatildeo de Mestrado
Materiais e Meacutetodos 71
Gustavo Portela de Deus
32 - Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no Solo de
Equipamentos Rodoviaacuterios
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios objeto deste
estudo foram selecionados dentre os que foram considerados como um dos mais
representativos na avaliaccedilatildeo referentes aos custos de manutenccedilatildeo e de consideraacutevel atraso
nos cronogramas de trabalho nas frentes de trabalho de conservaccedilatildeo e construccedilatildeo
rodoviaacuteria
Os elementos escolhidos para os estudos comparativos e para a anaacutelise de desgaste
na forma de desgaste abrasivo a dois corpos foram as unhas da caccedilamba da paacute carregadeira
de rodas articuladas utilizadas em serviccedilos leves e pesados de escavaccedilatildeo e carregamento
de agregados na forma principalmente de solos lateriacuteticos
Figura 3 1 Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira
Materiais e Meacutetodos 72
Gustavo Portela de Deus
Figura 32 Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira
Dentre os equipamentos rodoviaacuterios utilizados para construccedilatildeo e conservaccedilatildeo de
rodovias alguns apresentam ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de uso contiacutenuo e outras
somente quando a atividade se torna necessaacuteria como pontas de escarificadores de solos
Existem ainda outros elementos de maacutequinas que apresentam desgaste elevado em funccedilatildeo
dos mesmos manterem um contato direto com o solo como os elementos que compotildeem o
conjunto do material rodante de tratores de esteiras de escavadeiras hidraacuteulicas e de paacutes
carregadeiras tracionadas por esteiras desgaste este que por acontecer entre elementos que
estatildeo em movimento relativo entre si eacute considerado como desgaste abrasivo a trecircs corpos
Alguns fabricantes com a finalidade de prolongar a vida uacutetil desses elementos passaram a
utilizar esteiras vedadas e lubrificadas para evitar o contato direto dos elementos em
movimento relativo
O primeiro passo no desenvolvimento do projeto de avaliaccedilatildeo comparativa e na
anaacutelise de rendimento dos dois processos de revestimento superficial e do material
Materiais e Meacutetodos 73
Gustavo Portela de Deus
comercialmente encontrado e utilizado foi a confecccedilatildeo dos corpos de prova seguindo as
especificaccedilotildees da norma que regulamenta estudos triboloacutegicos ou seja a ASTM G65-91
Os materiais de base apoacutes ser analisados quanto agrave perda de massa no periacuteodo de
2900 horas foram cortados nas dimensotildees especificadas pela norma ASTM G65-91 para
ser submetidos aos ensaios de dureza pelo meacutedodo Rockwell C e resistecircncia agrave abrasatildeo por
meio do ensaio pela roda de borracha O mesmo procedimento foi executado aos corpos de
prova revestidos por soldagem de endurecimento superficial bem como pelo processo de
aspersatildeo teacutermica pelo meacutetodo LVOF Apoacutes o corte esses corpos-de-prova foram
submetidos a algumas operaccedilotildees de usinagem com a finalidade de adquirir suas formas
planas e retiradas de escoacuterias provenientes do processo de soldagem
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos
3211 - Revestimento Duro pelo Processo de Soldagem
Uma das teacutecnicas utilizadas no desenvolvimento do trabalho e que se tornou fator
de anaacutelise e comparaccedilatildeo de resultados de maior e menor desempenho foi o revestimento
duro pelo processo de soldagem em que foi utilizado a soldagem de revestimento com
eletrodo revestido
O processo de revestir superfiacutecies pelo processo de soldagem pode ser aplicado em
peccedilas novas bem como na recuperaccedilatildeo de peccedilas desgastadas pelo uso Eacute um processo de
aplicaccedilatildeo simples necessitando apenas das varetas das ligas de recobrimento e de uma
chama oxiacetilecircnica ou de um arco eleacutetrico O processo tem a vantagem de poder ser
aplicado a aacutereas localizadas da peccedila que sejam mais sujeitas ao desgaste (BATISTA
NASCIMENTO wwwspectrucombr )
Materiais e Meacutetodos 74
Gustavo Portela de Deus
As varetas dos materiais de recobrimento satildeo fornecidas em dois tipos revestidas
para soldagem a arco e natildeo revestidas para soldagem oxiacetilecircnica A soldagem
oxiacetilecircnica produz depoacutesitos mais uniformes e que podem ser mais bem posicionadas na
peccedila com velocidades de aquecimento e resfriamento relativamente baixas Por outro lado
a soldagem a arco eacute um processo menos caro mais raacutepido e se presta melhor agrave utilizaccedilatildeo
de equipamentos automaacuteticos Os depoacutesitos obtidos com arco eleacutetrico em geral satildeo mais
grosseiros e apresentam maior tendecircncia agrave formaccedilatildeo de poros Haacute tambeacutem maior
probabilidade de formaccedilatildeo de trincas em funccedilatildeo dos gradientes de temperatura criados
para altas velocidades de aquecimento e de resfriamento (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
O material de recobrimento eacute fundido durante a soldagem e se espalha sobre o
metal base ligando-se com este e formando uma nova superfiacutecie com uma camada que
varia entre 15 mm a 60 mm Apenas uma camada superficial da peccedila atinge a temperatura
de fusatildeo o que evita uma contaminaccedilatildeo muito acentuada do recobrimento do metal base
que diminuiria as propriedades de resistecircncia ao desgaste da camada depositada
O recobrimento duro pode ser aplicado agrave maioria dos metais natildeo ferrosos Por outro
lado com algumas exceccedilotildees natildeo se recomenda o recobrimento de ligas natildeo ferrosas com o
ponto de fusatildeo inferior a 1100ordmC Os accedilos ndash carbonos podem ser recobertos com relativa
facilidade em especial se o teor de carbono for inferior a 035 A soldagem se torna mais
difiacutecil agrave medida que o teor de carbono aumenta sendo que os accedilos de alto carbono e os
accedilos ligados devem sofrer um preacute ndash aquecimento e apoacutes recobrimento devem ser recozidos
Os accedilos inoxidaacuteveis os ferros fundidos e os accedilos raacutepidos tambeacutem podem ser recobertos
utilizando ndash se teacutecnicas adequadas de soldagem O cobre bronze e ligas como o latatildeo
Materiais e Meacutetodos 75
Gustavo Portela de Deus
apresentam maiores dificuldades de soldagem em funccedilatildeo de seus pontos de fusatildeo serem
baixos e sua alta condutividade (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr )
O recobrimento duro eacute muito usado nas aplicaccedilotildees em uma lubrificaccedilatildeo regular
contra abrasatildeo seja impossiacutevel ou inviaacutevel como em ferramentas de perfuraccedilatildeo de poccedilos
de petroacuteleo equipamentos para a agricultura e para terraplenagem ferramentas para
mineraccedilatildeo e equipamentos para a induacutestria petroquiacutemica O processo tambeacutem eacute usado para
ampliar a duraccedilatildeo de peccedilas que recebem lubrificaccedilatildeo tais como matrizes de conformaccedilatildeo
mecacircnica e aacutereas localizadas de oacutergatildeos de maacutequinas extremamente sujeitas a desgaste
Superfiacutecies com recobrimento duro satildeo em geral mais resistentes ao desgaste ao calor e agrave
corrosatildeo do que superfiacutecies cementadas ou temperadas por chama
Aleacutem disso aacutereas de difiacutecil acesso em componentes grandes praticamente
impossiacuteveis de ser submetidas a um processo de tratamento teacutermico podem receber um
recobrimento duro A teacutecnica pode tambeacutem ser empregada para a recuperaccedilatildeo de
equipamentos pesados sem a necessidade de desmontaacute-los (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
3212 ndash Revestimento superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF
Foi tambeacutem aplicada a teacutecnica de revestimento por aspersatildeo teacutermica
especificamente pelo meacutetodo de LVOF de acordo como eacute relatado a seguir o
desenvolvimento do processo
3213 - HVOF (High Velocity Oxigen Fuel)
Dentre os processos de aspersatildeo teacutermica utilizados para aplicar revestimentos
resistentes ao desgaste o processo de aspersatildeo oxicombustiacutevel de alta velocidade
Materiais e Meacutetodos 76
Gustavo Portela de Deus
conhecido como HVOF (Higt velocity oxi fuel) tem sido um dos mais utilizados
principalmente na aplicaccedilatildeo de carbonetos O processo eacute baseado em um sistema de
combustatildeo interna de alta pressatildeo similar a um motor de foguete em miniatura
Combustiacutevel e oxigecircnio satildeo misturados para produzir um jato de gaacutes supersocircnico acima de
2000 ms e 2800degC ( Lima et al apud Thorpe et al 1998) Os combustiacuteveis usados
incluem querosene hidrogecircnio propileno propano acetileno metil-acetileno propadieno
e gaacutes natural O material em forma de poacute eacute introduzido na chama quente dentro do cano de
saiacuteda da pistola Os revestimentos produzidos apresentam maior dureza adesatildeo ao
substrato durabilidade e maior possibilidade de espessura do que os revestimentos
produzidos por outros processos de aspersatildeo teacutermica Uma vantagem inerente do processo
HVOF eacute sua habilidade de aspergir partiacuteculas semi-fundidas a altas velocidades (em torno
de 900 ms) resultando em um revestimento bastante denso com alta adesatildeo ao substrato e
baixo conteuacutedo de oacutexidos Carbonetos superaquecidos podem se decompor e formar fases
menos beneacuteficas ao revestimento O processo HVOF eacute bastante efetivo ao acelerar bastante
as partiacuteculas sem excesso de aquecimento (LIMACAMARGO 2001)
Carbonetos de vaacuterios tipos satildeo especialmente adequados para aplicaccedilatildeo por HVOF
pois natildeo requerem significante fusatildeo para se depositar e formar uma superfiacutecie efetiva
contra desgaste Composiccedilotildees tiacutepicas estatildeo entre 8 a 30 de conteuacutedo da liga matriz que
serve primariamente como ligante para as partiacuteculas de carboneto (Lima et al apud Thorp
et al 2000) Uma das ligas mais usadas para aplicaccedilotildees de desgaste tem sido a liga WC-
Co (Lima et al apud Korpiola amp Vuoristo 1996) agraves vezes ligada a outros elementos como
Ni e Cr no intuito de oferecer melhores caracteriacutesticas de resistecircncia agrave corrosatildeo e desgaste
combinado (Lima et al apud Berger et al 2001)
Materiais e Meacutetodos 77
Gustavo Portela de Deus
3214 - LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray - Poacute
O processo LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) poacute consiste em injetar o material a
ser depositado em forma de poacute na chama derivada da queima de oxigecircnio e acetileno
(3100ordmC) sendo o material aquecido e projetado contra o substrato previamente preparado
Em algumas variaccedilotildees do processo um jato de ar comprimido auxilia a acelerar e
atomizar o poacute Pode-se efetuar a fusatildeo da camada apoacutes aplicaccedilatildeo do revestimento
aumentando assim a aderecircncia e resistecircncia do material aplicado
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
- Ligas Base de Niacutequel como Incinel Monel NiCrBSi e outras
- Oacutexido de Cromo
- Alumina e Alumina ndash Titacircnio e Dioacutexido de Titacircnio
- Oacutexido de Zirconia
- Ligas Base de Cobalto ndash Stellite
3215 - LVOF ( Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray ndash Arame
O processo de aspersatildeo LVOF Arame utiliza como fonte de calor para fusatildeo do
arame a chama gerada pela queima de oxigecircnio e acetileno
A atomizaccedilatildeo e aceleraccedilatildeo do material fundido satildeo realizadas por um jato de ar
comprimido que cerca a chama do oxigecircnio e acetileno
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
Materiais e Meacutetodos 78
Gustavo Portela de Deus
- Accedilo carbono como ligas 1020 1045 1080 e outros
- Accedilo inox como ligas AISI 302 304 316 e AISI 410420 etc
- Ligas de Niacutequel
- Alumiacutenio
- Zinco
- Estanho
322 - Materiais
3221 - Material de Referecircncia
O material que foi utilizado como referecircncia na anaacutelise comparativa dos processos
de revestimento foi retirado de amostras de unhas de caccedilambas de paacutes carregadeiras de
rodas na sua forma original ou seja fornecida pelo fabricante do equipamento rodoviaacuterio e
seguindo os padrotildees determinados pela norma ASTM G65-91 Por se tratar de materiais
originais ou seja fornecido pelo fabricante da maacutequina foi constatado por meio de
avaliaccedilotildees primaacuterias como mais resistentes ao desgaste abrasivo e comprovado atraveacutes do
nuacutemero de horas em que os elementos foram submetidos em operaccedilotildees de escavamento e
carregamento
3222 - Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo
O material de base utilizado na confecccedilatildeo dos corpos de prova para anaacutelise de
resistecircncia ao desgaste abrasivo pelos processos por soldagem e por aspersatildeo teacutermica foi o
accedilo ABNT 1015 com as seguintes dimensotildees 75 mm de comprimento 24 mm de largura
Materiais e Meacutetodos 79
Gustavo Portela de Deus
e 4mm de espessura nas amostras por soldagem e 48 mm de comprimento 24 de largura e
4mm de espessura nas amostras aspergidas Tais dimensotildees se fizeram necessaacuterias para
atender agrave norma como tambeacutem para permitir um encaixe perfeito ao suporte do
abrasocircmetro nos ensaios de perda de massa
3223 - Consumiacuteveis Utilizados
Os consumiacuteveis utilizados para revestir os corpos de prova nos processos de
revestimento superficial por soldagem foram os eletrodos para abrasatildeo severa erosatildeo e
cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo Bohler Thyssen Welding tipo UTP 713 desenvolvimento especial
com as seguintes concentraccedilotildees C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09
com dureza de 65HRC
Os revestimentos por soldagem executados nos corpos-de-prova foram feitos na
empresa Engincom Comeacutercio e Induacutestria LTDA situada no Distrito Industrial de
Teresina-PI
Jaacute os corpos de prova revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica por LVOF
utilizaram como consumiacutevel nas amostras tipo P uma mistura composta de 170 de Cr
40 de Fe 40 de Si 35 de B 10 de C e Ni balanceado As amostras tipo M foram
revestidas utilizando como consumiacutevel a mesma mistura utilizada no revestimento das
amostras tipo P com a adiccedilatildeo de 10 de carboneto de tungstecircnio com base cobalto (81
de tungstecircnio + 12 de cobalto + 5 de carbono + 2 de ferro)
Foram utilizados dois tipos de consumiacuteveis nas amostras revestidas por aspersatildeo
teacutermica com a finalidade de se avaliar tambeacutem o comportamento dos revestimentos
quanto a resistecircncia ao desgaste abrasivo utilizando-se os ensaios de resistecircncia ao desgaste
Materiais e Meacutetodos 80
Gustavo Portela de Deus
e de dureza nos dois tipos de consumiacuteveis Levando-se em consideraccedilatildeo principalmente o
custo do revestimento
Os corpos-de-prova que foram revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica tipo
LVOF foram executados na empresa Ogramac Nordeste situada no Distrito Industrial de
Suape em Ipojuca-PE
3224 - Areia
A areia utilizada no ensaio de abrasatildeo para constataccedilatildeo da perda de massa foi a
areia quartzosa industrial com granulometria de 40 a 60 mesh fornecida pela empresa
Sand SL Comeacutercio de Mineacuterio LTDA de Satildeo Carlos-SP Esta areia foi submetida a um
sistema de peneiramento de modo a adequar a sua granulometria agraves dimensotildees
especificadas pela norma ASTM G65-91 que estabelece um percentual de 5 de maacutexima
retenccedilatildeo na peneira de 50 mesh e de 90 de miacutenimo na peneira de 60 mesh
323 - Equipamentos
3231 - Equipamento de Soldagem
Foi utilizado um transformador de solda de fabricaccedilatildeo bambozzi modelo TDC 460
E com as seguintes caracteriacutesticas teacutecnicas Corrente maacutexima de solda de 430 A trifaacutesico
com tensatildeo de alimentaccedilatildeo de 380V potecircncia nominal de 208 kVA frequumlecircncia de
5060Hz caracteriacutesticas de soldagem DC e dimensotildees (AxLxC) de 480x555x665
3232 - Sistema de Peneiramento da Areia
A maacutequina utilizada para peneirar a areia no ensaio de abrasatildeo por roda de
borracha foi desenvolvida e construiacuteda no Departamento de Engenharia de Materiais da
Materiais e Meacutetodos 81
Gustavo Portela de Deus
Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar Eacute constituiacuteda de duas peneiras superpostas
com malhas de 50 e 70 meshs segundo a AFS fixadas em uma estrutura de accedilo que sofre
movimento vibratoacuterio promovido por um motor de frac14 de HP em cujo eixo estaacute afixada
uma peccedila assimeacutetrica para provocar um efeito excecircntrico na rotaccedilatildeo e consequumlente
vibraccedilatildeo como mostra a Figura 33
Figura 33 - Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo
3233 Abrasocircmetro
O abrasocircmetro utilizado no ensaio de abrasatildeo por perda de massa tambeacutem foi
desenvolvido e construiacutedo nos laboratoacuterios do Departamento de Engenharia de Materiais
da Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar segundo a norma ASTM G65-91 Esta
norma determina que seja feita uma calibraccedilatildeo do abrasocircmetro de modo que o mesmo
possa ser utilizado de forma confiaacutevel assegurando as mesmas condiccedilotildees e
reprodutividade dos ensaios de perda de volume
Materiais e Meacutetodos 82
Gustavo Portela de Deus
O anel de borracha eacute constituiacutedo de clorobutil com diacircmetro externo inicial de
2286 mm e espessura de 127 mm com dureza variando entre 59 e 60 shore A A
excentricidade do anel natildeo deve exceder a toleracircncia de 005 mm Com este diacircmetro
especificado e para um nuacutemero total de 6000 rotaccedilotildees o comprimento linear de realizaccedilatildeo
do ensaio eacute de 4309 m Agrave medida que a roda se desgasta deve-se ajustar a perda de
volume (PV) como prevecirc a norma O fluxo de areia recomendado eacute de 300 gmin a 400
gmin que deveraacute escoar pelo bocal de alimentaccedilatildeo de forma regular e contiacutenua como
mostra a Figura 34
Faz parte da constituiccedilatildeo do abrasocircmetro um contador digital do nuacutemero de voltas
efetuadas pela roda de borracha ateacute o limite estabelecido de 6000 rotaccedilotildees em que o
mesmo deveraacute provocar o desligamento automaacutetico Possui ainda um sistema de alarme
com paracircmetros de limites de rotaccedilotildees por min de miacutenimo 190rpm e de maacuteximo 210 rpm
e tendo como rotaccedilatildeo referecircncia 200 rpm (BRANDIM 1998)
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha
Materiais e Meacutetodos 83
Gustavo Portela de Deus
3234 - Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos-de-Prova
Os corpos-de-prova revestidos pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
foram retificados e cortados em uma retificadora plana longitudinal de fabricaccedilatildeo Mello
SA Maacutequinas e Equipamentos modelo RPT 2 maacutequina nordm 192 ano 1983 nos laboratoacuterios
de usinagem do CEFET ndash PI com refrigeraccedilatildeo na aacuterea de corte atraveacutes de fluido especial
emulsionaacutevel em aacutegua e tendo como ferramenta de corte um disco abrasivo de alta rotaccedilatildeo
(6000 rpm) e elevada dureza da ordem de 70 HRC fornecido pela empresa Arotec
modelo AA 5
Anteriormente ao corte das amostras nas dimensotildees especificadas pela norma
ASTM G65-91 os corpos de prova passaram por um processo de retificaccedilatildeo com o
objetivo de reparar possiacuteveis deformaccedilotildees e melhorar o acabamento das amostras
As medidas de massa dos corpos de prova para determinaccedilatildeo da massa antes e
depois do ensaio de abrasatildeo por roda de borracha foram efetuadas em uma balanccedila de
precisatildeo analiacutetica marca Marte modelo AS 2000C com capacidade de pesagem maacutexima
de 2000g e miacutenima de 05g erro de 01g e sensibilidade de 001g
3235 - Durocircmetro
As medidas de dureza foram efetuadas em um durocircmetro marca Sussen Wolpert
tipo Testor HT1 maacutequina Nordm 333 ano 1971 em escala Rockwell C com carga de 150 kgf
como mostra a Figura 35 pertencente ao laboratoacuterio do DEMa da Universidade Federal de
Satildeo Carlos (UFSCar)
Materiais e Meacutetodos 84
Gustavo Portela de Deus
Figura 35 - Durocircmetro
3236 - Microscopia Oacutetica
As anaacutelises e imagens de microscopia oacutetica foram realizadas no microscoacutepio oacutetico
de marca NIKKON EPIPHOT ndash DX com conversor de sinais da Hitach modelo com
aumento maacuteximo de 1000 vezes Para obtenccedilatildeo das fotos das microestruturas utilizou-se
um analisador de imagens
33 - Sequumlecircncia Experimental
Apoacutes os procedimentos convencionais de preparaccedilatildeo das amostras nas trecircs
condiccedilotildees que seratildeo avaliadas ou seja soldadas revestidas superficialmente por aspersatildeo
teacutermica e na condiccedilatildeo normal ou comercialmente encontradas estas amostras ou corpos-
de-prova passaram agrave fase experimental
Materiais e Meacutetodos 85
Gustavo Portela de Deus
Os experimentos tiveram como finalidade inicial avaliar o desempenho quanto agrave
resistecircncia agrave abrasatildeo dos corpos-de-prova quando submetidos aos processos de
revestimento superficial pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Tais experimentos se basearam principalmente em anaacutelises microscoacutepicas por meio
de microscopia oacutetica resistecircncia agrave abrasatildeo pelo ensaio da roda de borracha e pela anaacutelise
do niacutevel de dureza adquirida atraveacutes do durocircmetro
Depois de computados os resultados obtidos nos ensaios tecnoloacutegicos nas trecircs
avaliaccedilotildees diferentes microscopia dureza e resistecircncia agrave abrasatildeo partiu-se para a anaacutelise
matemaacutetica atraveacutes das meacutedias em funccedilatildeo de resultados diferentes obtidos nos ensaios em
pontos diferentes das amostras
34 ndash Meacutetodos
341 - Planejamento Experimental
3411 - Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo a Baixa Tensatildeo ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram preparados e ensaiados segundo os procedimentos da
norma ASTM G65-91 (1991) no abrasocircmetro similar ao apresentado na figura A forccedila
exercida pelo corpo de prova sobre a roda foi de 130 N A rotaccedilatildeo da roda de borracha foi
mantida em mais ou menos 200 rpm com variaccedilotildees para mais e para menos de 10 rpm
quando em movimento e sob pressatildeo de ensaio Empregou-se para a contagem do nuacutemero
de giros da roda de borracha um sensor indutivo O nuacutemero total de rotaccedilotildees da roda para
interrupccedilatildeo automaacutetica do ensaio foi preacute-fixado em 6000 rotaccedilotildees Para a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha quando se fez necessaacuterio utilizou-se uma lixa de
granulometria 320 mantendo-se o braccedilo da alavanca do equipamento livre de qualquer
Materiais e Meacutetodos 86
Gustavo Portela de Deus
carga para evitar qualquer pressatildeo sobre a roda e proporcionar uma folga suficiente para a
introduccedilatildeo da lixa entre a roda e a amostra O fluxo de areia foi mantido dentro dos limites
da norma ASTM G65-91 (1991) tendo variado entre 350 e 360 gramasminuto
Os ensaios foram realizados com a roda de borracha girando no mesmo sentido da
direccedilatildeo de soldagem empregado Apoacutes o ensaio de cada lote realizou-se a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha As perdas de massa e de volume conforme a norma ASTM
G65-91 (1991) quando satildeo determinadas em uma roda de borracha com diacircmetro externo
diferente de 2286 mm devem ser corrigidas linearmente pela relaccedilatildeo perda de volume
(PV) x 2286 mmdiacircmetro da roda no final do ensaio tendo sido empregada quando
necessaacuterio esta correccedilatildeo (BRANDIM 1998)
3412 Microscopia Oacutetica
As amostras revestidas por aspersatildeo teacutermica LVOF dos tipos P e M e soldadas
foram analisadas no microscoacutepio oacutetico com aproximaccedilatildeo de 50X 100X 200X e 500X
3413 Ensaio de Dureza
Para a determinaccedilatildeo da dureza foi utilizado o meacutetodo Rockwell C com carga de
150 kgf Antes de efetuar as medidas foi realizada a afericcedilatildeo do aparelho ou durocircmetro
por meio da utilizaccedilatildeo de corpos-de-prova de dureza padronizada Cada corpo-de-prova foi
submetido a no miacutenimo trecircs medidas de dureza em pontos diferentes da superfiacutecie
Capiacutetulo 4
Resultados e Discussatildeo
Resultados e Discussatildeo 88
Gustavo Portela de Deus
4 - Resultados e Discussatildeo
41 - Introduccedilatildeo
Por meio dos ensaios jaacute efetuados e comentados no capiacutetulo anterior e utilizando-
se a metodologia descrita inicialmente seratildeo representados os resultados de afericcedilatildeo e
qualificaccedilatildeo do abrasocircmetro realizados segundo a norma ASTM G65-91(1991)
Procedimento A resistecircncia ao desgaste resultados dos ensaios de dureza e anaacutelises
quiacutemicas de microscopia oacutetica e terminando com as discussotildees que se fizeram relevantes
dos resultados obtidos
411 - Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho
Foram levantados dados estatiacutesticos do rendimento apresentado pelos elementos de
penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios no que concerne agrave vida uacutetil
proporcionada pelos diversos produtos apresentados no mercado bem como a qualidade
destes materiais no que diz respeito a constituiccedilatildeo da liga tratamentos teacutermicos efetuados
e revestimento superficial em peccedilas novas ou recuperadas na forma de endurecimento com
a finalidade de elevar a resistecircncia ao desgaste
No levantamento de dados e de informaccedilotildees foram considerados os rendimentos
obtidos pelas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios quando
utilizadas na sua forma original ou seja de acordo com a forma comercial fornecida por
parte dos fabricantes Foi considerada a vida uacutetil atingida com a ferramenta quando
utilizada na sua forma comercial bem como quando aplicado seu revestimento especiacutefico
Resultados e Discussatildeo 89
Gustavo Portela de Deus
Foram confeccionados corpos de prova seguindo a norma especiacutefica para
revestimentos duros ou seja ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram revestidos por soldagem de revestimento utilizando
eletrodos com as seguintes caracteriacutesticas eletrodo baacutesico que apresenta depoacutesitos de
carbonetos complexos de Cr Mo Nb W e V indicado para revestimentos duros contra
abrasatildeo severa erosatildeo e cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo BOHLER THYSSEN WELDING Tipo
UTP 713 desenvolvimento especial com concentraccedilatildeo de elementos na seguinte
composiccedilatildeo C - 4 Cr - 235 Mo ndash 65 Nb ndash 60 W ndash 08 e V ndash 09 com uma
dureza esperada de 65HRc
Foram tambeacutem revestidos pelo processo de revestimento superficial por aspersatildeo
teacutermica do tipo LVOF
Durante o desenvolvimento do projeto foram determinadas as perdas de massa
bem como de espessura dos elementos objeto do estudo antes e depois de revestidos pelos
processos de recobrimento por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Os corpos-de-prova foram ensaiados para anaacutelise de resistecircncia ao desgaste
abrasivo por meio do abrasocircmetro de roda de borracha que foi construiacutedo pelos alunos
mestrandos em engenharia de materiais da Universidade Federal de Satildeo Carlos UFSCar na
aacuterea especiacutefica triboloacutegica seguindo as recomendaccedilotildees da norma ASTM G65-91
Foram executados estudos comparativos de rendimento e viabilidade econocircmica
quando comparadas estas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios
utilizadas na sua forma comercial bem como quando revestidas pelos processos de
endurecimento superficial por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 90
Gustavo Portela de Deus
42 - Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM
G65-91 Procedimento A
De acordo com esta norma o abrasocircmetro deveraacute antes da realizaccedilatildeo dos ensaios
de desgaste ser aferido Para tanto utilizou-se um accedilo ABNT 1015 para a determinaccedilatildeo do
coeficiente de variaccedilatildeo dos resultados obtidos com o ensaio de desgaste visando agrave
verificaccedilatildeo da dispersatildeo dos valores e da reprodutibilidade do equipamento A conversatildeo eacute
feita pela seguinte equaccedilatildeo
1000sup3)(
)(sup3)( x
cmg
gPMmmPV
Onde PV (mmsup3) = Perda de volume PM (g) = Perda de Massa e = (gmmsup3)
densidade do material
Segundo o apecircndice A da norma ASTM G65-91 o desvio padratildeo S a ser calculado
eacute obtido com o auxiacutelio da tabela 41 da referida norma para a obtenccedilatildeo do valor de d2 que
eacute dependente do nuacutemero de corpos-de-prova utilizados no ensaio de desgaste por abrasatildeo
Entatildeo a partir do desvio padratildeo da diferenccedila entre a maior perda de volume e a menor
perda de volume calcula-se o coeficiente de variaccedilatildeo (V) Tem-se entatildeo
Como o valor obtido neste processo de afericcedilatildeo foi inferior ao limite de 7
estabelecido pela norma ASTM G65-91(1991) fica assegurada a confiabilidade dos
resultados obtidos com o abrasocircmetro Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave
baixa tensatildeo realizada com accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilatildeo do
abrasocircmetro
Resultados e Discussatildeo 91
Gustavo Portela de Deus
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com
o accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro
Corpos-de-prova
Massa (g)
PV (cm3) M
i
M
f
Δ
M
01
1
128910
1
125017
0
3893
4
95924
02
1
129257
1
125721
0
3536
4
50446
03
1
077076
1
073516
0
3560
4
53503
04
1
093156
1
089095
0
4061
5
17325
05
1
077034
1
073005
0
4029
5
13248
Total
4
9
Onde Mi = Massa do corpo de prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo de prova depois do ensaio
ΔM = Diferenccedila de massa antes e apoacutes o ensaio
PV = Perda de volume
43 - Resistecircncia ao Desgaste
Resultados e Discussatildeo 92
Gustavo Portela de Deus
A anaacutelise da resistecircncia ao desgaste eacute feita pela comparaccedilatildeo com um material de
referecircncia Neste estudo foi utilizado o proacuteprio material constituinte das unhas da caccedilamba
de uma paacute carregadeira articulada de rodas Para a visualizaccedilatildeo geral dos materiais
envolvidos neste trabalho eacute apresentada na figura 41 uma comparaccedilatildeo da perda de
volume no qual os valores satildeo as meacutedias de todos os ensaios realizados
Na primeira imagem eacute representada a amostra que foi revestida pelo processo de
soldagem em que fica demonstrada a menor perda de massa em funccedilatildeo do consumiacutevel
utilizado no processo que possuiacutea uma grande concentraccedilatildeo de elementos de liga que
propiciam elevada resistecircncia ao desgaste
Na segunda imagem temos a representaccedilatildeo de uma amostra revestida pelo processo
de aspersatildeo teacutermica por LVOF em que tambeacutem fica demonstrada uma elevada resistecircncia
ao desgaste abrasivo embora de menor intensidade que na soldagem que admitimos ter
ocorrido em funccedilatildeo do procedimento utilizado no ensaio ldquoprocedimento Ardquo natildeo ser
recomendado a tal amostra por se tratar de revestimento de espessura pequena da ordem
de 05mm o que eacute considerada pequena para tal ensaio Quando o revestimento eacute de
pequena espessura o procedimento recomendado pela norma G65-91 eacute o ldquoprocedimento
Crdquo em que se utiliza uma menor carga como tambeacutem um nuacutemero menor de revoluccedilotildees
Na terceira imagem temos a representaccedilatildeo da amostra de referecircncia ou seja
retirada da proacutepria unha da caccedilamba da paacute carregadeira de rodas em que fica demonstrada
uma boa resistecircncia agrave abrasatildeo em funccedilatildeo da mesma ter sido constituiacuteda de accedilo carbono
1045 temperado que apresenta uma boa resistecircncia ao desgaste
Resultados e Discussatildeo 93
Gustavo Portela de Deus
Figura 41 - Imagens de corpos-de-prova desgastados no ensaio por abrasatildeo
Os dados coletados para a anaacutelise do desgaste abrasivo por meio do abrasocircmetro
estatildeo quantificados e apresentados na Tabela 42 com as perdas de massa correspondentes
a cada uma das amostras analisadas Na Figura 42 mostra o graacutefico da perda de massa
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste
Amostra Mi (g) Mf (g)
PM
(g)
PV
(mmsup3)
PVCorrigido
(mmsup3)
Metal
de
base
A1 9136 9044 092
45 45
A2 9050 8962 088
A3 10022 9914 108
Valor meacutedio 096
Aspersatildeo
teacutermica
A1 9219 9211 008
20 20
A2 9006 8997 009
A3 9107 9097 010
Valor meacutedio 009
Revestimentos
soldados
A1 18651 18638 013
12 12
A2 15647 15640 007
Resultados e Discussatildeo 94
Gustavo Portela de Deus
A3 14422 14414 008
Valor meacutedio 009
Onde Mi = Massa do corpo-de-prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo-de-prova depois do ensaio
PM = Perda de massa do corpo-de-prova apoacutes o ensaio
0
10
20
30
40
50
60
PV (mmsup3)
Accedilo ABNT
1015
Accedilo ABNT
1045
temperado
Aspersatildeo
teacutermica
Amostra
soldada em
laboratoacuterio
Corpos-de-prova
Perda de Volume Meacutedio (mmsup3)
Perda de Volume (mmsup3) Perda de Volume Corregido (mmsup3)
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos-de-prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo
44 - Dureza
Nos resultados dos valores meacutedios de dureza apresentados na Tabela 43 e na
Figura 43 natildeo se nota grandes dispersotildees dos resultados para os corpos-de-prova quando
se analisa entre os mesmos materiais e nem quando se compara os revestimentos obtidos
por teacutecnicas diferentes no caso por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 95
Gustavo Portela de Deus
Alguns valores de dureza apresentaram discrepacircncia em relaccedilatildeo aos
valores meacutedios que foram atribuiacutedos serem decorrentes do ponto em que o
indentador foi posicionado
O corpo-de-prova utilizado como referecircncia apresentou um bom
resultado de dureza visto que a sua microestrutura eacute constituiacuteda de
martensita
Tabela 43 - Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo
Amostra
HRc
(150kg)
Valor meacutedio
final Dureza
HRc
Metal de base
P1 46
45 P2 48
P3 43
Aspersatildeo
teacutermica
P1 53
54 P2 52
P3 56
Revestimentos
soldados
P1 52
53 P2 48
P3 59
Resultados e Discussatildeo 96
Gustavo Portela de Deus
40
42
44
46
48
50
52
54
Dureza (HRc -
150kg)
Metal de base Aspersatildeo
teacutermica
Soldados
Amostras revestidas
Dureza Meacutedia Final
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados
45 - Microdureza
Amostra M
0
200
400
600
800
1000
1200
30 90 180 330 450 600 750
Distacircncia (Mm)
Dur
eza
(200
gf)
Figura 44 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M
Resultados e Discussatildeo 97
Gustavo Portela de Deus
Amostra P
0
200
400
600
800
1000
1200
30 160 310 460 610 670 730
Distacircncia (microm)
Dure
za H
V (2
00g
f)
Figura 45 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P
46 - Anaacutelise Microestrutural
A anaacutelise microestrutural foi realizada para todos os corpos-de-prova estudados
nesse trabalho utilizando a teacutecnica de Microscopia oacutetica
461- Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente
Os corpos-de-prova aspergidos termicamente apresentaram as microestruturas
conforme mostram as Figuras 46 47 e 48 Nessas pode-se observar uma quantidade
significativa de poros de tamanhos variados principalmente na interface entre a camada
aspergida e o substrato em destaque na Figura 46 A formaccedilatildeo desses poros eacute decorrente
da reaccedilatildeo com gases durante o processo de aspersatildeo e a atmosfera em contato com o
material enquanto liacutequido
Resultados e Discussatildeo 98
Gustavo Portela de Deus
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 50X
Figura 47 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 100X
Interface substratocamada
Linha de poros
Resultados e Discussatildeo 99
Gustavo Portela de Deus
Figura 48 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente
possam ser os carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X
462 Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem
Os corpos-de-prova soldados apresentaram microestrutura euteacutetica com intensa
quantidade de carbetos de cromo complexos do tipo M7C3 conforme mostram as Figuras
49 e 410 Isto se deve principalmente pela composiccedilatildeo quiacutemica do eletrodo utilizado
onde apresentou C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09 com dureza de
65HRC
Estes elementos quando participam da constituiccedilatildeo da liga adicionam e melhoram
algumas propriedades mecacircnicas dos materiais tais como
a) Carbono (C) ndash Na composiccedilatildeo de accedilos modernos destinados agrave cutelaria
quer sejam aqueles classificados como carbono ou os ditos inoxidaacuteveis
dificilmente poderaacute existir menos do que 06 de Carbono pois este eacute o
Resultados e Discussatildeo 100
Gustavo Portela de Deus
principal elemento que apoacutes a adequada tecircmpera concederaacute dureza agrave
peccedila
b) Cromo (Cr) ndash O cromo estimula a formaccedilatildeo de carbonetos aumentando a
resistecircncia ao desgaste bem como a temperabilidade aos accedilos reduz a
velocidade criacutetica de resfriamento de modo que a tecircmpera de accedilos com
teores elevados de cromo seja feita preferencialmente ao oacuteleo ou ao ar A
adiccedilatildeo de cromo torna mais fina a granulaccedilatildeo dos accedilos aumentando
desse modo a sua resistecircncia
c) Molibdecircnio (Mo) ndash Influencia favoravelmente a dureza a resistecircncia a
quente a fluecircncia e a temperatura de crescimento de gratildeo de austenita
aleacutem de melhorar a penetraccedilatildeo da tecircmpera nos accedilos Eacute largamente
empregado no accedilos de construccedilatildeo mecacircnica para beneficiamento pois
forma partiacuteculas resistentes a abrasatildeo e evita a fragilidade de
revenimento O molibdecircnio natildeo eacute empregado sozinho pois apresenta
uma tendecircncia de diminuir a tenacidade dos accedilos
d) Nioacutebio (Nb) ndash Tem alta afinidade por carbono e nitrogecircnio formando
carbonetos e carbonitretos Melhora a soldabilidade a tenacidade e a
comformabilidade o que levou a ciecircncia moderna a busca de
alternativas que aumentassem a resistecircncia mecacircnica do accedilo sem alterar
as outras propriedades desejaacuteveis
e) Tungstecircnio (W) ndash Forma carbonetos muito duros tendo como
consequumlecircncia influecircncia nas propriedades com aumento da dureza
aumento da resistecircncia agrave traccedilatildeo resistecircncia agrave corrosatildeo e a erosatildeo
f) Vanaacutedio (V) ndash Eleva a temperatura de crescimento do gratildeo da austenita
promovendo o refino do gratildeo Eacute excelente desoxidante A adiccedilatildeo de
Resultados e Discussatildeo 101
Gustavo Portela de Deus
vanaacutedio confere aos accedilos uma insensibilidade ao super-aquecimento
melhorando suas caracteriacutesticas de forjamento e usinagem O emprego de
teores elevados de vanaacutedio deve ser acompanhado por um aumento do
teor de carbono devido agrave formaccedilatildeo de carbonetos
g) Siliacutecio (Si) ndash Auxilia na desoxidaccedilatildeo auxilia na grafitizaccedilatildeo aumenta a
fluidez como influecircncia na estrutura Aumenta a resistecircncia agrave oxidaccedilatildeo
com temperaturas elevadas melhoria da temperabilidade e da resistecircncia
a traccedilatildeo influenciando nas propriedades
h) Boro (B) ndash Os accedilos ao boro compreedem uma famiacutelia com propriedades
especiais devendo ser tratados como uma classe agrave parte O boro quando
adicionado em pequenas quantidades melhora a temperabilidade do accedilo
diminui a tendecircncia a triancas de tecircmpera distorccedilotildees durante o
tratamento teacutermico e melhora as propriedades de conformaccedilatildeo mecacircnica
Os accedilos ao boro natildeo satildeo empregados soacute onde se exijam especificaccedilotildees
severas de temperabilidade mas tambeacutem onde se necessite de
caracteriacutesticas uniformes de tratamento teacutermico de usinabilidade
soldagem e conformaccedilatildeo O percentual de boro adicionado aos accedilos pode
variar desde 00005 quando se deseja obter efeitos de temperabilidade
a ateacute 00015 quando se obtecircm a melhor combinaccedilatildeo de resistecircncia e
tenacidade nos accedilos
i) Niacutequel (Ni) ndash Refina o gratildeo diminui a velocidade de transformaccedilatildeo na
estrutura do accedilo Influecia nas propriedades com o aumento da
resistecircncia a traccedilatildeo e com a alta ductilidade
Resultados e Discussatildeo 102
Gustavo Portela de Deus
Figura 49 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X
Resultados e Discussatildeo 103
Gustavo Portela de Deus
Figura 410 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do
tipo M7C3 Ataque colorido 500X
Os corpos de prova estudados e que foram revestidos pelo processo de soldagem de
revestimento foram incluiacutedos no diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C apresentado na Figura
411 Observou-se que todas as amostras estatildeo enquadradas na regiatildeo hipereuteacutetica
Resultados e Discussatildeo 104
Gustavo Portela de Deus
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C
As amostras das Figuras 49 e 410 apresentam uma microestrutura com euteacutetico e
perfis alongados de tonalidade clara representando os carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 e ainda pontos claros representativos dos elementos constituintes da liga de
composiccedilatildeo do eletrodo bem como os carbonetos de cromo que natildeo se desenvolveram
Os perfis representativos dos carbonetos de complexos de cromo M7C3 de forma
alongada conferem ao revestimento uma dureza elevada que favorece a uma maior
resistecircncia ao desgaste abrasivo poreacutem da mesma forma que elevam esta resistecircncia ao
desgaste favorece tambeacutem o aparecimento de trincas que podem acelerar o processo
abrasivo em funccedilatildeo de permitir a penetraccedilatildeo do gratildeo abrasivo entre as frestas dessas
trincas
Resultados e Discussatildeo 105
Gustavo Portela de Deus
463 Resultados
Apresentar uma anaacutelise comparativa de rendimento entre as ferramentas de
penetraccedilatildeo no solo para equipamentos rodoviaacuterios encontrados no mercado consumidor e
destas mesmas ferramentas revestidas superficialmente pelos processos de endurecimento
superficial por soldagem com a utilizaccedilatildeo de eletrodos revestidos e pela teacutecnica de
revestimento LVOF
Nas anaacutelises econocircmicas efetuadas se constatou que o custo para se revestir as
unhas das caccedilambas da paacute carregadeira utilizando como base a peccedila original isto eacute antes
da mesma ser colocada em operaccedilatildeo eacute compatiacutevel com o custo benefiacutecio de se substituir a
mesma unha apoacutes o seu desgaste natural Baseado no preposto e considerando o tempo
desperdiccedilado para a substituiccedilatildeo do elemento consideramos economicamente viaacutevel se
revestir unhas de caccedilamba na condiccedilatildeo nova adquirida no mercado
Capiacutetulo 5
Conclusotildees e Sugestotildees
Conclusotildees 107
Gustavo Portela de Deus
5 ndash Conclusotildees
ndash Os materiais revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica apresentaram uma
superfiacutecie mais uniforme e de melhor aparecircncia
ndash Como determinadas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios natildeo requerem uma usinagem posterior para acabamento como retificaccedilatildeo os
processos por aspersatildeo em determinadas situaccedilotildees satildeo industrialmente mais eficientes
que os processos por soldagem
ndash A perda de volume constatada nos dois processos envolvidos na anaacutelise no
quesito correspondente agrave resistecircncia ao desgaste por aspersatildeo e por soldagem natildeo se
tornou fator determinante na opccedilatildeo de escolha do processo mais eficiente em funccedilatildeo do
procedimento utilizado no ensaio de desgaste por abrasatildeo
- As amostras revestidas pelo processo de soldagem com eletrodo revestido
apresentaram trincas em diversos pontos da estrutura em funccedilatildeo do aparecimento dos
elementos de segunda fase
ndash Ainda natildeo se recomenda revestir ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de
equipamentos rodoviaacuterios que estatildeo sujeitos a grandes impactos pelo processo de aspersatildeo
teacutermica em funccedilatildeo dos revestimentos por aspersatildeo natildeo resistirem ao impacto que tambeacutem
vem a ser uma caracteriacutestica dos dentes de caccedilamba de paacutes carregadeiras que sofrem
desgaste por goivagem
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Referecircncias 109
Gustavo Portela de Deus
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LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica49
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor51
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro66
Tabela 24 ndash Guia para seleccedilatildeo de ligas para recobrimento duro71
Tabela 25 ndash Vantagens e desvantagens dos processos para revestimentos de superfiacutecies75
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com o
accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro94
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste95
Tabela 43 ndash Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo97
LISTA DE ABREVIATURAS E SIacuteMBOLOS
Capiacutetulo 1
Introduccedilatildeo
Introduccedilatildeo 14
Gustavo Portela de Deus
1 ndash INTRODUCcedilAtildeO
O elevado desgaste de material dos elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios eacute provocado essencialmente pelo tipo de terreno mineral presente resistecircncia
litoloacutegica e em funccedilatildeo das intempeacuteries do tempo principalmente da umidade e da
temperatura
O rendimento apresentado por esses elementos e a vida uacutetil oferecida estatildeo
relacionados agrave composiccedilatildeo da liga constituinte do material dos processos de tratamento
teacutermico a que foram submetidos como tambeacutem de operaccedilotildees efetuadas devida ou
indevidamente pelo operador do equipamento rodoviaacuterio
Os elementos fundidos laminados e forjados que compotildeem o conjunto de
componentes de penetraccedilatildeo no solo sofrem de forma direta a influecircncia do desgaste abrasivo
Desgaste este que participa em determinadas situaccedilotildees com ateacute 85 (oitenta e cinco por
cento) do custo de manutenccedilatildeo dos equipamentos rodoviaacuterios na forma rotineira (BATISTA
NASCIMENTO et al 1999) Estes elementos em funccedilatildeo de serem solicitados de forma
intensa ou intermitente satildeo consumidos ao longo do tempo Fazendo agraves vezes paradas
bruscas e inesperadas nas frentes de trabalho ocasionando portanto elevaccedilatildeo nos custos de
produccedilatildeo
O desgaste em componentes vitais de maacutequinas e equipamentos rodoviaacuterios ocorre de
vaacuterias formas diferentes como por deslizamento por rolamento por abrasatildeo por erosatildeo por
impacto por corrosatildeo e por choque teacutermico Jaacute se tratando de elementos de penetraccedilatildeo no
solo a perda de massa desses elementos eacute provocada quase que exclusivamente pelo desgaste
abrasivo a baixa tensatildeo que eacute provocado pelo proacuteprio material ou carga a que o equipamento
Introduccedilatildeo 15
Gustavo Portela de Deus
seraacute solicitado pelo contato com esse material e pelo movimento relativo entre as partes
envolvidas no sistema Uma maneira de identificaccedilatildeo do desgaste abrasivo agrave baixa tensatildeo eacute
pela observaccedilatildeo da superfiacutecie a ser analisada se a mesma apresenta corte riscamento ou
penetraccedilatildeo de material (GREGOLIN1990)
Com o intuito de elevar a vida uacutetil das ferramentas de penetraccedilatildeo e corte nos solos e
substratos rochosos as grandes empresas fabricantes e montadoras de equipamentos
rodoviaacuterios ou de terraplenagem vecircm aprimorando e desenvolvendo bem como exigindo de
seus fornecedores ferramentas com caracteriacutesticas fiacutesicas e mecacircnicas mais resistentes ao
desgaste abrasivo e ainda desenvolvendo peccedilas e ferramentas de faacutecil substituiccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo e jaacute projetadas para receber recobrimentos de manutenccedilatildeo tais como
Bordas soldaacuteveis de meia seta ndash que tecircm como finalidade
proteger a estrutura da caccedilamba por meio do acreacutescimo de material de desgaste
agrave borda da base
Reforccedilos de canto soldaacuteveis ndash utilizados para proteger o canto
externo inferior de todos os tipos de caccedilambas
Bloco de desgaste de ldquoFerro Brancordquo ndash uma liga de alto teor de
cromo denominada ldquoFerro Brancordquo eacute caldeada a uma chapa de reforccedilo de accedilo
doce que por sua vez pode ser soldada (solda tampatildeo) com um eletrodo de
vareta a uma caccedilamba armaccedilatildeo de lacircmina ou a qualquer parte onde instalaccedilatildeo
raacutepida de baixo custo e proteccedilatildeo contra abrasatildeo satildeo requeridos
Outras soluccedilotildees desenvolvidas e aplicadas como alternativa agrave proteccedilatildeo contra o
desgaste satildeo
Introduccedilatildeo 16
Gustavo Portela de Deus
Sistema de chapa de desgaste fixada mecanicamente em que
fornece um meio faacutecil de instalaccedilatildeo e remoccedilatildeo evitando assim longas
paradas para manutenccedilatildeo
Barras de desgaste para lacircminas
As barras de desgaste fornecem proteccedilatildeo adicional para a lacircmina em aplicaccedilotildees
altamente abrasivas onde se constata uma vida uacutetil mais curta do revestimento As barras de
desgaste de lacircminas satildeo projetadas para serem soldadas sobre o revestimento normal
(superfiacutecie de desgaste) da lacircmina
Considerando-se ainda que por meio dos processos de fabricaccedilatildeo convencionais e na
composiccedilatildeo de ligas praticamente jaacute foi esgotada a possibilidade de desenvolvimento de
materiais mais resistentes ao desgaste abrasivo a soluccedilatildeo que se busca atualmente eacute o
desenvolvimento de teacutecnicas de endurecimento ou revestimento superficial que tornem esses
elementos mais resistentes ao desgaste abrasivo tais como soldagem cladding
eletrodeposiccedilatildeo Deposiccedilatildeo Fiacutesica de Vapor ndash DFV (PVD) ( BARREIRA LIMA et al 2001)
Deposiccedilatildeo Quiacutemica de Vapor ndash DQV (CVD) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem
se desenvolvido ultimamente ( LIMA SOUZA et al 2001)
A busca de informaccedilotildees contidas neste estudo visa avaliar e pesquisar por meio de
anaacutelise de diferentes ensaios tecnoloacutegicos o melhoramento dos materiais quanto a sua
resistecircncia ao desgaste abrasivo quando os mesmos estatildeo em contato direto com o solo com a
finalidade de obter materiais mais resistentes ao ataque destes elementos abrasivos aleacutem de
contribuir com o desenvolvimento de produtos de qualidade superior agraves dos produtos
oferecidos atualmente pelo mercado
Foi analisada a viabilidade econocircmica com a introduccedilatildeo de novas teacutecnicas de
revestimento como LVOF e revestimento por soldagem Tambeacutem foram utilizados como
Introduccedilatildeo 17
Gustavo Portela de Deus
elementos de estudo dentes de caccedilambas suportes elos segmentados de esteiras e unhas de
80escarificadores de maacutequinas rodoviaacuterias
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo que foram utilizados como referecircncia na inspeccedilatildeo
e estudo durante o desenvolvimento deste projeto satildeo utilizados de forma intensa e ou
intermitente em maacutequinas rodoviaacuterias do tipo moto- niveladoras tratores de esteiras tratores
escavo-carregadores de pneus retroescavadeiras e escavadeiras hidraacuteulicas de esteiras
Capiacutetulo 2
Revisatildeo Bibliograacutefica
Revisatildeo Bibliograacutefica 19
Gustavo Portela de Deus
2 - Revisatildeo Bibliograacutefica
Tribologia eacute definida como a ciecircncia e tecnologia da interaccedilatildeo entre superfiacutecies em
movimento relativo e das praacuteticas relacionadas A palavra eacute derivada das palavras gregas
TRIBOS que significa atrito e LOGOS que significa estudo de forma que uma traduccedilatildeo
literal significa estudo do atrito ou a ciecircncia que estuda o atrito (STOETERAU 2001)
A tribologia envolve a investigaccedilatildeo cientiacutefica de todos os tipos de fricccedilatildeo
lubrificaccedilatildeo e desgaste e tambeacutem as aplicaccedilotildees teacutecnicas do conhecimento triboloacutegico
(STOETERAU2001) Especificamente em estudo o desgaste eacute a perda progressiva de
mateacuteria da superfiacutecie de um corpo soacutelido devido ao contato e movimento relativo com um
outro corpo soacutelido liacutequido ou gasoso (STOETERAU PASCOALI 2001)
O desgaste de componentes e equipamentos industriais rodoviaacuterios e de outros
tipos de atividades produtivas representa um grande fator de depreciaccedilatildeo de capital de
equipamento e fonte de despesas com manutenccedilatildeo e reposiccedilatildeo de componentes mecacircnicos
As Figuras de 21 a 24 mostram componentes de estruturas de maacutequinas de terraplenagem
desgastadas pelos efeitos da abrasatildeo no processo triboloacutegico
Sobre os custos de produccedilatildeo estes se tornam mais elevados em decorrecircncia da
reposiccedilatildeo das peccedilas desgastadas ou deterioradas e da matildeo-de-obra para substituiccedilatildeo aleacutem
do tempo parado dos equipamentos que deixam de produzir Muitas vezes exige ainda o
superdimensionamento de componentes influindo ou limitando na produccedilatildeo dos
equipamentos ou ainda provocando a paralisaccedilatildeo destes Estes fatores influem
significativamente na elevaccedilatildeo dos custos e no rendimento de produccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 20
Gustavo Portela de Deus
Figura 21 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircmina e dentes desgastados
Figura 22 ndash Caccedilamba de paacute-carregadeira
com lacircminas e cantos desgastados
ldquoDe acordo com Hawk et al (1999) o desgaste eacute um dos maiores problemas que
aparecem em escavaccedilotildees nas movimentaccedilotildees de terras mineraccedilotildees e processamentos de
minerais nas induacutestrias ocorrendo em uma grande variedade de equipamentos como nas
lacircminas de remover terra dos tratores que fazem por exemplo a terraplenagem em
britadeiras dentes escavadores lacircminas de escoamento etc O desgaste de peccedilas os custos
com o reparo e com a substituiccedilatildeo destas peccedilas significam elevadiacutessimos gastos para as
empresasrdquo
Revisatildeo Bibliograacutefica 21
Gustavo Portela de Deus
21 Tipos de Desgaste
Os principais tipos de desgaste observados nos componentes mecacircnicos satildeo por
(GREGOLIN RIBEIRO et al 1990)
Abrasatildeo ndash ocasionado por partiacuteculas abrasivas (duras) sob tensatildeo
deslocando-se sobre a superfiacutecie
Erosatildeo ndash devido ao choque contra a superfiacutecie de partiacuteculas soacutelidas ou gotas
liacutequidas presentes em correntes de fluidos
Cavitaccedilatildeo ndash associado agrave formaccedilatildeo e implosatildeo de bolhas gasosas em
correntes de fluidos na interface liacutequidondashmetal devido agrave variaccedilatildeo suacutebita de pressatildeo
ao longo do percurso
Adesatildeo ou fricccedilatildeo ndash resultante da fabricaccedilatildeo metalndashmetal quando
superfiacutecies aacutesperas deslizam entre si
Corrosatildeo ndash quando envolve a ocorrecircncia de reaccedilotildees quiacutemicas superficiais no
material aleacutem das accedilotildees mecacircnicas de desgaste
Impacto ndash ocasionado por choques ou cargas aplicadas verticalmente sobre a
superfiacutecie
22 Desgaste por Abrasatildeo
Desgaste por abrasatildeo ou desgaste abrasivo eacute a retirada de material causada pela
presenccedila de partiacuteculas duras As partiacuteculas duras podem estar aprisionadas na interface
entre as duas superfiacutecies em movimento relativo ou serem as protuberacircncias que fazem
parte da rugosidade de uma das superfiacutecies Acompanhada de forte pressatildeo ocasionada por
deslocamento ou por amassamento a retirada do metal Tais abrasivos podem ser
Revisatildeo Bibliograacutefica 22
Gustavo Portela de Deus
representados por vegetais ou minerais (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
A Figura 25 apresenta os percentuais de contribuiccedilatildeo do desgaste abrasivo em
relaccedilatildeo aos demais tipos de desgastes Neste pode-se observar que o desgaste abrasivo eacute o
de maior representatividade nas estruturas mecacircnicas de maacutequinas e equipamentos
chegando a contribuir de forma geneacuterica com 50 em relaccedilatildeo aos demais desgastes
revelando a importacircncia de tal desgaste
Figura 23 - Participaccedilatildeo percentual dos diversos tipos de desgaste
23 Tipos de Processos Abrasivos
Abrasatildeo a dois corpos
De acordo com Souza (2002) quando uma ou mais partiacuteculas de elevada dureza
satildeo atritadas contra uma superfiacutecie sulcando-a ou escavando-a devido agrave forccedila normal
aplicada tem-se o desgaste abrasivo de dois corpos
importacircncia do desgaste abrasivo
diversos
14
quiacutemico
5
fretting
8
erosatildeo
8
adesivo
15
abrasivo
50
Revisatildeo Bibliograacutefica 23
Gustavo Portela de Deus
Abrasatildeo a trecircs corpos
Quando estas partiacuteculas satildeo aprisionadas entre duas superfiacutecies que deslizam entre
si pode ocorrer o chamado desgaste abrasivo de trecircs corpos As Figuras 26 e 27 mostram
as representaccedilotildees de formas de desgaste abrasivo a dois corpos e a trecircs corpos
respectivamente
Figura 24 ndash Desgaste abrasivo a dois corpos
Revisatildeo Bibliograacutefica 24
Gustavo Portela de Deus
Figura 25 ndash Desgaste abrasivo a trecircs corpos
Em relaccedilatildeo ao desgaste abrasivo eacute interessante ressaltar que embora a partiacutecula
abrasiva seja mais dura que a superfiacutecie a ser desgastada esta natildeo eacute uma condiccedilatildeo para se
classificar o desgaste como abrasivo (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr)
24 Tipos de Abrasatildeo
241 Goivagem
Eacute o desgaste provocado por partiacuteculas grandes e grosseiras principalmente dotadas
de regiotildees pontiagudas cortantes com dureza maior do que a parte metaacutelica que estaacute sendo
desgastada Pode acontecer quando haacute um contato entre as partes com pressotildees mais ou
menos violentas e repetitivas
Revisatildeo Bibliograacutefica 25
Gustavo Portela de Deus
Um exemplo tiacutepico de abrasatildeo por goivagem eacute representado em dentes de caccedilambas
de maacutequinas que operam em serviccedilos de terraplenagem onde ocorre deslocamento de
cargas como pedra e areia Esses materiais abrasivos em geral de grandes dimensotildees e
dotados de regiotildees pontiagudas sob condiccedilotildees de altas tensotildees e envolvendo impacto satildeo
fatores que propiciam a penetraccedilatildeo mais profunda do abrasivo na superfiacutecie provocando
desgastes com a formaccedilatildeo de sulcos profundos Os accedilos austeniacuteticos ao manganecircs satildeo em
geral as ligas preferidas para combater este tipo de desgaste (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
242 Abrasatildeo por Alta Pressatildeo
Eacute o desgaste que ocorre entre partiacuteculas abrasivas e o metal ocasionando o
esmagamento do abrasivo ou natildeo A prensagem da partiacutecula contra o metal pode ser
exercida por pressotildees fortes ou meacutedias que provocam a formaccedilatildeo de superfiacutecies de
pequenos fragmentos
As partiacuteculas abrasivas podem ser classificadas quanto agraves suas dimensotildees e satildeo
consideradas meacutedias quando inferiores a 5 cm ou pequenas quando menores do que 1cm
As partiacuteculas meacutedias podem exercer a accedilatildeo abrasiva superficial arrancando fragmentos do
metal enquanto as partiacuteculas pequenas por sua vez provocam o desgaste
A constituiccedilatildeo do metal influi na forma ou resposta do desgaste provocado Se for
duacutectil teraacute uma abrasatildeo que tira cavacos se eacute fraacutegil ou se torne fraacutegil haveraacute um
deslocamento superficial de pequenos fragmentos Eacute normal que ocasionalmente poderatildeo
ocorrer as duas modalidades ao mesmo tempo Exemplos das partes sujeitas ao desgaste
por abrasatildeo satildeo caccedilambas de escavaccedilatildeo ou carga lacircminas de motoniveladoras e arados
raspadores
Revisatildeo Bibliograacutefica 26
Gustavo Portela de Deus
Eacute o tipo de desgaste onde o material abrasivo eacute fragmentado durante o contato
abrasivo com a superfiacutecie desgastada As tensotildees envolvidas satildeo portanto superiores agrave
tensatildeo de fragmentaccedilatildeo do abrasivo promovendo ainda maior penetraccedilatildeo do abrasivo na
superfiacutecie maior deformaccedilatildeo plaacutestica das fases duacutecteis e fratura das fases fraacutegeis presentes
no material Tipicamente esta forma de abrasatildeo ocorre em equipamentos de moagem de
mineacuterios que envolvem partiacuteculas de pequeno tamanho em mancais contaminados com
areia etc Para prevenir este tipo de abrasatildeo normalmente empregam-se materiais do tipo
ferros fundidos ou accedilo ndash ligas que possuem maior tenacidade (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr)
243 - Abrasatildeo por Riscamento ou agrave Baixa Tensatildeo
Tipo de abrasatildeo na qual a superfiacutecie penetrante eacute riscada pelo material abrasivo em
decorrecircncia de sua dureza e resistecircncia oferecida e do proacuteprio stress do metal constituinte
dos componentes dos equipamentos em decorrecircncia de seu uso que ao penetrar na
superfiacutecie promove a remoccedilatildeo de material As tensotildees impostas sobre as partiacuteculas
abrasivas satildeo inferiores agrave tensatildeo necessaacuteria para a fragmentaccedilatildeo destas principalmente
tratando-se de aacutereas de domiacutenio do embasamento cristalino ou com predominacircncia de
rochas iacutegneas eou metamoacuterficas que no Nordeste apresentam pouco desenvolvimento do
solo
Tais condiccedilotildees imprimem nas ferramentas de penetraccedilatildeo esforccedilos mais abrasivos
em decorrecircncia de essas rochas se apresentarem pouco alteradas e com elevado grau de
resistecircncia em relaccedilatildeo a outros tipos de solo encontrados em outros ambientes geoloacutegicos
Tal como a abrasatildeo agrave baixa pressatildeo que ocorre na superfiacutecie dos componentes de
equipamentos que direta ou indiretamente manuseiam terras areias cascalhos piccedilarras
rochas ou mineacuterios tais como maacutequinas agriacutecolas equipamentos de escavaccedilatildeo e transporte
Revisatildeo Bibliograacutefica 27
Gustavo Portela de Deus
utilizados na induacutestria da construccedilatildeo civil principalmente das atividades ligadas agrave
construccedilatildeo recuperaccedilatildeo e pavimentaccedilatildeo de estradas e dos setores de mineraccedilatildeo
sideruacutergicas etc Com a finalidade de prevenir a ocorrecircncia destes tipos de desgastes
empregam-se normalmente ferros fundidos com alto teor de carbono (martensiacuteticos ou
austeniacuteticos) agraves vezes contendo outros elementos de liga aleacutem de ligas de cobalto ndash
tungstecircnio ndash carbono
2431 - Fatores que Aceleram o Desgaste por Abrasatildeo
Normalmente eacute sabido que partiacuteculas de grande tamanho provocam desgaste por
abrasatildeo acompanhado de impacto isto leva a ter-se um desgaste acentuado que na
verdade foi muito mais por impacto que por abrasatildeo
Partiacuteculas meacutedias dependendo da dureza e do formato satildeo menos agressivas
poreacutem partiacuteculas finas satildeo mais abrasivas ocasionando abrasatildeo muito incidente Como
exemplo pode-se citar o cimento talco xistos e outros que satildeo compostos de partiacuteculas
finas e altamente abrasivas Eacute claro que a dureza destas partiacuteculas tambeacutem eacute significativa
A forma dos materiais abrasivos varia desde arredondados ateacute acircngulos vivos
Os minerais mais duros possuem formaccedilotildees agudas enquanto que em
contraposiccedilatildeo os mais duacutecteis apresentam formaccedilotildees arredondadas Quanto mais agudas
forem as arestas maior seraacute a accedilatildeo abrasiva No caso de impactos ou pressotildees fortes as
formas agudas podem penetrar no metal provocando um desgaste por ldquogoivagemrdquo ou
fratura da peccedila A dureza de uma liga metaacutelica eacute de grande importacircncia na resistecircncia
oposta a uma accedilatildeo abrasiva As maiores durezas correspondem a resistecircncias maiores
Os abrasivos menos duros teratildeo accedilatildeo menos violenta Com referecircncia agraves ligas
metaacutelicas satildeo encontradas com facilidade tabelas de dureza das vaacuterias alternativas e
Revisatildeo Bibliograacutefica 28
Gustavo Portela de Deus
tambeacutem as diversas escalas de durezas com referecircncia aos abrasivos quando eacute possiacutevel
conjugar proteccedilotildees atraveacutes de adiccedilotildees de peliacuteculas metaacutelicas com finalidade de melhor
proteger a peccedila em accedilatildeo de trabalho
Quando eacute possiacutevel unir uma maior dureza com uma granulaccedilatildeo adequada seratildeo
atingidos os mais elevados iacutendices de resistecircncia agrave abrasatildeo Para proteger as peccedilas dos
equipamentos contra a abrasatildeo eacute importante preparar a superfiacutecie do metal procurando
deixaacute-la a mais lisa possiacutevel sem protuberacircncias ou rugosidades pois a abrasatildeo eacute iniciada
preferencialmente nestas regiotildees Ligas constituiacutedas de alto teor de carbeto de tungstecircnio e
de cromo aleacutem da elevada dureza apresentam depoacutesitos lisos e brilhantes compatiacuteveis
com estas caracteriacutesticas mencionadas Eacute natural que quanto maior a velocidade e a
frequumlecircncia do contato da partiacutecula com o metal maior seraacute a accedilatildeo abrasiva e
consequumlentemente o desgaste das peccedilas Os tamanhos dos gratildeos tambeacutem satildeo importantes
pois quanto menor forem mais a superfiacutecie seraacute desgastada (BATISTANASCIMENTO
wwwspectrucombr)
Baseado nas consideraccedilotildees acima os principais fatores que afetam o desgaste por
abrasatildeo satildeo as caracteriacutesticas dos abrasivos associados aos fatores externos que atuam
sobre a superfiacutecie do componente Assim podem-se listar os seguintes fatores
a) Tamanho da partiacutecula (grossa fina ou meacutedia)
b) Formato da partiacutecula (angulares ou redondas)
c) Dureza da partiacutecula
d) Dureza do metal base
e) Acabamento do metal base
f) Velocidade e frequumlecircncia do contato entre a partiacutecula abrasiva e o metal base
g) Tamanho de gratildeo da estrutura do metal base
Revisatildeo Bibliograacutefica 29
Gustavo Portela de Deus
h) Acircngulo de incidecircncia da partiacutecula do metal base
i) Stress do metal constituinte das peccedilas de equipamentos pelo uso
2432 - Consideraccedilotildees sobre os Abrasivos
As rochas satildeo constituiacutedas por um agregado de minerais cujos constituintes mais
comuns satildeo os minerais de quartzo feldspato mica e outros ricos em silicatos de alumiacutenio
e magneacutesio muitos dos quais de elevada dureza Ex granitos areia basalto folhelhos
xistos filitos gnaises etc
Os carbonatos satildeo os principais constituintes dos calcaacuterios e margas e
normalmente compotildeem parte dos pacotes sedimentares das formaccedilotildees geoloacutegicas das
bacias sedimentares e satildeo considerados produtos macios Entretanto comumente estes
pacotes encontram-se alternados com outros de arenitos siltitos e folhelhos
Os mineacuterios satildeo compostos de oacutexidos carbonetos e sulfetos Os oacutexidos satildeo
geralmente duros (bauxita hematita) enquanto que os sulfetos satildeo geralmente macios
(galena ou sulfetos de chumbo) As rochas combustiacuteveis (hulha turfa) e os fosfatos contecircm
proporccedilotildees mais ou menos elevadas de siacutelica e alumina
Para amenizar os gastos com o desgaste abrasivo partiu-se para o desenvolvimento
de materiais com maiores resistecircncias ao desgaste Assim vaacuterias pesquisas nesta aacuterea
triboloacutegica comeccedilaram a ser desenvolvidas em cima dos diversos tipos de materiais
existentes (FUSSEacute et al)
2433 Mecanismos Envolvidos no Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ser classificado como de dois ou trecircs corpos Na abrasatildeo
de dois corpos as partiacuteculas abrasivas satildeo movidas livremente sobre a superfiacutecie do
Revisatildeo Bibliograacutefica 30
Gustavo Portela de Deus
material como areia em uma calha No desgaste abrasivo de trecircs corpos as partiacuteculas
abrasivas agem como elementos de interface entre o corpo soacutelido e o contra-corpo O
desgaste quando envolve trecircs corpos eacute cerca de duas a trecircs vezes menor do que quando
envolve dois corpos Pois no caso de trecircs corpos devido agrave variaccedilatildeo no acircngulo de ataque
apenas uma pequena porccedilatildeo das partiacuteculas causa desgaste (GAHR 1987)
De acordo com Briscoe amp Adams (1987) o crucial para todos os mecanismos de
desgaste abrasivo ou outros eacute conhecer o caminho ou seja a direccedilatildeo na qual o material se
deforma sob a aspereza penetrante ou a partiacutecula dura que entra em contato com o material
Com o intuito de predizer se uma deformaccedilatildeo eacute elaacutestica ou plaacutestica Fusse et al
apud Halliday (1995) apud Briscoe amp Adams (1995) mostrou que o maacuteximo acircngulo de
uma aspereza a qual se torna plaacutestica eacute dado por
tan θlim = K(HE)(1-ν2)
Onde
ldquoHrdquo eacute o entalherecorte da dureza
ldquoErdquo eacute o moacutedulo de Young
ldquoνrdquo eacute o coeficiente de Poisson
K=08 para a plasticidade parcial ou 2 para a plasticidade cheiainteira
Revisatildeo Bibliograacutefica 31
Gustavo Portela de Deus
24331 Sistemas Triboloacutegicos Envolvidos em Desgaste Abrasivo
O desgaste abrasivo pode ocorrer em baixo ou alto niacutevel dependendo da razatildeo
entre a dureza da partiacutecula e da superfiacutecie O desgaste abrasivo estaacute relacionado a alguns
mecanismos dentre eles os principais satildeo
Microcorte ndash Deformaccedilatildeo plaacutestica sem perda de mateacuteria gerando um sulco
com consequumlente formaccedilatildeo de acuacutemulos frontais e laterais da mateacuteria
movimentada
Microssulcamento ndash Formaccedilatildeo de micro-cavacos sem deformaccedilatildeo plaacutestica
lateral
Microlascamento ndash Formaccedilatildeo de detritos devido agrave formaccedilatildeo e interaccedilatildeo de
fissuras Este tipo de mecanismo acontece quando as tensotildees impostas
superam as tensotildees criacuteticas para a formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas sendo
restrita aos materiais fraacutegeis
Satildeo diversas as nomenclaturas utilizadas para estes mecanismos de desgaste na literatura
podem ser encontradas denominaccedilotildees tais como microusinagem riscagem descamaccedilatildeo
microtrincamento microfadiga que satildeo tentativas de aproximar melhor o significado dos
mecanismos que estatildeo sendo observados nos experimentos (GAHR 1987)
Microssulcamento e microcorte satildeo mecanismos dominantes em materiais mais
duacutecteis A ocorrecircncia de um deles vai depender do acircngulo de ataque das partiacuteculas
abrasivas O microcorte ocorre a partir de um acircngulo de ataque criacutetico Este acircngulo de
ataque criacutetico eacute funccedilatildeo do material que estaacute sendo desgastado e das condiccedilotildees de teste A
transiccedilatildeo do mecanismo de microssulcamento para microcorte depende tambeacutem do
coeficiente de atrito Normalmente o mecanismo passa do microssulcamento para
Revisatildeo Bibliograacutefica 32
Gustavo Portela de Deus
microcorte com o aumento da dureza do material que estaacute sendo desgastado Aumentos
ainda maiores de dureza resultam na passagem de microcorte para microtrincamento
(GAHR 1987)
O microtrincamento pode ocorrer quando satildeo impostas grandes tensotildees sobre as
partiacuteculas abrasivas particularmente em superfiacutecies de materiais fraacutegeis Neste caso
grande quantidade de detrito eacute retirada da superfiacutecie devido agrave formaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de
trinca
Partiacuteculas de menor ou igual dureza que a superfiacutecie tambeacutem podem desgastaacute-la O
ataque das partiacuteculas macias pode resultar em deformaccedilatildeo elaacutestica e plaacutestica fadiga de
superfiacutecie e a superfiacutecie ficar severamente danificada (GAHR 1987)
25 - Variaacuteveis que Podem Influenciar os Mecanismos de Desgaste
Abrasivo
Segundo Mondal et al (1998) a taxa de desgaste abrasivo e os mecanismos de
desgaste podem ser influenciados por vaacuterios fatores como o tamanho do gratildeo abrasivo a
carga aplicada a dureza dos materiais utilizados e a tenacidade da fratura
Ainda de acordo com Souza (2002) uma grande variedade de paracircmetros influencia
os mecanismos de desgaste no geral sendo que os principais satildeo
Paracircmetros de Material
Composiccedilatildeo
Tamanho do gratildeo
Moacutedulo de elasticidade
Condutividade teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 33
Gustavo Portela de Deus
Dureza etc
Paracircmetros de Projetos
Forma
Carregamento
Tipo de movimento
Aspereza
Vibraccedilatildeo
Nuacutemero de ciclos etc
Paracircmetros de Meio Ambiente
Temperatura
Contaminaccedilatildeo
Umidade
Atmosfera etc
Paracircmetros de Lubrificaccedilatildeo
Tipo de lubrificante
Estabilidade de lubrificante
Tipo de fluido
Lubrificaccedilatildeo etc
Presenccedila ou Ausecircncia de Desgaste Interno
Segundo Catai et al de acordo com pesquisadores relatados nos trabalhos de
Mondal et al (1998) embora se diga que a taxa de desgaste depende do tamanho do gratildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 34
Gustavo Portela de Deus
abrasivo existe um valor criacutetico de tamanho de gratildeo abrasivo acima do qual a taxa de
desgaste se torna independente do tamanho do gratildeo Tambeacutem se ressalta que as diferenccedilas
nas durezas entre os dois corpos atritantes influenciam diretamente este tamanho criacutetico do
gratildeo abrasivo
251 - Efeito da Dimensatildeo do Gratildeo Abrasivo
De acordo com Deuis (1996) o tamanho do gratildeo abrasivo tem uma influecircncia
direta nos mecanismos associados ao desgaste que pode ser caracterizado pela relaccedilatildeo wr
onde ldquowrdquo eacute a espessura da ranhura e ldquorrdquo o raio esfeacuterico do topo da partiacutecula (gratildeo)
Dependendo desta relaccedilatildeo a partiacutecula de gratildeo abrasivo iraacute deformar plasticamente ou
cortar a superfiacutecie Como as partiacuteculas desgastadas tornam-se cegas ou o tamanho da
partiacutecula diminui o mecanismo de desgaste exibe uma transiccedilatildeo do corte para o desgaste
de laminaccedilatildeo
Para ambos os tipos de desgaste abrasivo (dois ou trecircs corpos) um tamanho criacutetico
da partiacutecula abrasiva pode ser observado O desgaste volumeacutetrico aumenta com o aumento
do tamanho do gratildeo abrasivo para esta dimensatildeo criacutetica Nesta dimensatildeo criacutetica tem-se a
maacutexima accedilatildeo abrasiva em termos do tamanho do desgaste produzido
Sobre este valor criacutetico a taxa de desgaste eacute amplamente independente do tamanho
do gratildeo abrasivo A forte diferenccedila entre a dureza das partiacuteculas abrasivas e do material a
ser desgastado influencia esta dimensatildeo criacutetica do gratildeo (DEUIS et al 1996)
Para Deuis et al (1996) a extensatildeo da regiatildeo tensionada plasticamente abaixo da
superfiacutecie depende do tamanho do gratildeo abrasivo e da carga aplicada A profundidade
global da deformaccedilatildeo plaacutestica foi relatada linearmente para a aplicaccedilatildeo de carga e
dimensotildees de gratildeos
Revisatildeo Bibliograacutefica 35
Gustavo Portela de Deus
Salienta-se que no desgaste abrasivo de trecircs corpos a taxa de desgaste eacute menor que
no desgaste abrasivo de dois corpos Ainda segundo o tamanho do gratildeo Al Rubaie et al
(1999) afirmam que a eficiecircncia na remoccedilatildeo do material depende da carga de contato
elaacutestico a qual varia com o tamanho do gratildeo sendo que no caso dos materiais contendo
partiacuteculas reforccediladas a taxa de desgaste eacute influenciada pelo tamanho das partiacuteculas de
reforccedilo A Figura 28 demonstra o quanto o tamanho do gratildeo abrasivo eacute representativo no
desgaste
Figura 26 ndash Influecircncia do tamanho do gratildeo abrasivo na taxa de desgaste
252 - Carga Aplicada
A carga a ser aplicada sobre os corpos em atrito durante o processo de desgaste
abrasivo tambeacutem eacute um dos fatores que influenciam fortemente as taxas de desgaste no
material
Mondal et al (1998) propotildeem uma foacutermula para quantificar a importacircncia da carga
aplicada no corpo de prova em relaccedilatildeo ao tamanho do gratildeo abrasivo em um desgaste
abrasivo de dois corpos Suas foacutermulas permitem obter as taxas de desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 36
Gustavo Portela de Deus
teoacuterico nos processos de abrasatildeo Foram desenvolvidas foacutermulas por meio de regressotildees
lineares tanto para ligas como para materiais compostos
Segundo este mesmo autor o efeito da carga na taxa de desgaste obtida tanto para
os materiais compostos como para as ligas eacute bem mais severo que o efeito do tamanho dos
gratildeos abrasivos Sendo que em relaccedilatildeo aos materiais por estes testados (ligas e
compoacutesitos) o efeito da carga e do tamanho do abrasivo na taxa de desgaste eacute
relativamente maior no caso dos materiais compostos que nas ligas Poreacutem existem
algumas combinaccedilotildees de tamanhos de gratildeos com quantidade de cargas aplicadas que
podem fazer com que a taxa de desgaste abrasivo seja maior nas ligas que nos materiais
compostos
Ainda de acordo com Mondal et al (1998) a variaccedilatildeo da carga aplicada tem muito
mais influecircncia na taxa de desgaste do material que a variaccedilatildeo do tamanho do gratildeo do
abrasivo do disco A taxa de desgaste na liga eacute muito maior que a taxa de desgaste obtida
para os compostos pois os mesmos possuem maior dureza devido ao oacutexido de alumiacutenio
que foi adicionado na matriz inicial que era uma liga de alumiacutenio
Gant amp Gee (2001) tambeacutem realizaram estudos sobre a influecircncia da variaccedilatildeo da
carga aplicada sobre o corpo-de-prova num desgaste abrasivo de 3 corpos para corpos-de-
prova de ligas Cobalto-Carbeto de Tungstecircnio de elevada dureza e accedilos ultra-raacutepidos
Analisando-se comparativamente os resultados estes concluiacuteram que quanto maior era a
carga aplicada no processo ou seja a carga que foi aplicada forccedilando o corpo-de-prova
contra o disco maiores foram os desgastes volumeacutetricos dos corpos-de-prova Desta
forma ficou evidente que quanto maior for a carga aplicada no processo maiores seratildeo os
desgastes obtidos tanto para as peccedilas (corpos-de-prova) como para as ferramentas (discos
revestidos com carbeto de siliacutecio)
Revisatildeo Bibliograacutefica 37
Gustavo Portela de Deus
Em relaccedilatildeo ao efeito da variaccedilatildeo da carga eou do tamanho do gratildeo abrasivo eacute
importante destacar ainda que um aumento geral na taxa de desgaste eacute observado com o
aumento da carga para um tamanho particular de gratildeo isto eacute devido ao aumento geral da
remoccedilatildeo de material com a carga Quando a carga aplicada eacute menor gratildeos mais grosseiros
entram em contato diretamente com o corpo-de-prova resultando em elevados desgastes
Para gratildeos mais finos sob baixas cargas haacute somente um riscamento pois os menores
gratildeos abrasivos estatildeo em contato elaacutestico com a superfiacutecie de teste e entatildeo suportam a
carga aplicada sem contribuir para a remoccedilatildeo de material (DEGUPTA et al 2001)
Numa anaacutelise geral tem-se que abrasivos com menores gratildeos abrasivos resultam em
elevadas abrasotildees e maiores gratildeos abrasivos resultam em maiores microcortes No
ldquomicrocuttingrdquo maiores quantidades de materiais satildeo perdidas Em altas distacircncias
percorridas a taxa de desgaste aumenta devido ao aparecimento de microfraturas
(DEGUPTA et al 2001)
Figura 27 - Efeito da carga aplicada sobre o desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 38
Gustavo Portela de Deus
253 - Influecircncia da Dureza
Deuis et al (1996) enfatizaram o papel das partiacuteculas da segunda fase provendo
aacutereas localizadas com altas tensotildees de concentraccedilatildeo que influenciaram o fluxo de tensatildeo e
a taxa de desgaste A maior resistecircncia ao desgaste foi obtida em microestruturas finas
com partiacuteculas semi-coerentes dispersas A influecircncia dos carbetos na resistecircncia ao
desgaste depende de sua dureza em relaccedilatildeo agrave dureza da matriz Para materiais
caracterizados de carbetos dispersos em uma matriz macia uma diminuiccedilatildeo no caminho
livre meacutedio pela reduccedilatildeo do tamanho do carbeto resulta em melhores resistecircncias ao
desgaste Uma reduccedilatildeo no tamanho do gratildeo aumenta a dureza e tambeacutem conduz ao
aumento da resistecircncia ao desgaste
Hutchings (1992) descobriu que a dureza do gratildeo abrasivo era 1 2 vez maior que a
da superfiacutecie desgastada Entatildeo o abrasivo meacutedio riscaria a superfiacutecie Deuis et al (1996)
tambeacutem comentaram que a dureza do material determina a profundidade da indentaccedilatildeo das
partiacuteculas abrasivas influenciando na profundidade relativa penetrada onde se esta for
maior que a profundidade de indentaccedilatildeo criacutetica para fratura a taxa de desgaste eacute alta A
Figura 210 mostra o quanto agrave dureza do material abrasivo eacute significativo na anaacutelise do
desgaste abrasivo
Revisatildeo Bibliograacutefica 39
Gustavo Portela de Deus
Figura 28 - Efeito da dureza do material abrasivo sobre o desgaste
Ainda em relaccedilatildeo agrave influecircncia da dureza no desgaste abrasivo Hawk et al (1999)
fizeram experimentos que comprovaram que haacute uma correlaccedilatildeo direta entre a dureza dos
materiais e o desgaste abrasivo Em suas pesquisas este provou claramente a influecircncia da
dureza do material na perda volumeacutetrica do corpo de prova mostrando que quanto maior a
dureza do material utilizado menor o desgaste abrasivo do corpo de prova em atrito
254 - Influecircncia da Temperatura
Segundo Wu et al (1997) outro fator que afeta diretamente o processo de desgaste
abrasivo de 2 ou 3 corpos eacute a temperatura De acordo com Catai et al por meio da anaacutelise
dos resultados Wu et al verificaram que o desgaste abrasivo ou seja o volume desgastado
do pino eacute maior quando o mesmo acontece na presenccedila de maiores temperaturas pois a
de Siliacutecio
Revisatildeo Bibliograacutefica 40
Gustavo Portela de Deus
elevaccedilatildeo da temperatura facilita o desencadear do mesmo atraveacutes por exemplo da
reduccedilatildeo da dureza dos materiais envolvidos Ressalta-se que nestes ensaios o tempo de
ensaio era sempre constante A Figura 211 mostra o quando o efeito da temperatura incide
sobre o processo de desgaste abrasivo
Figura 29 - Efeito da temperatura no desgaste abrasivo
26 - Propriedades Mecacircnicas do Metal que Influem no Desgaste
Moacutedulo de elasticidade ndash a resistecircncia ao desgaste de metais puros aumenta
diretamente com o moacutedulo de elasticidade Para os accedilos perliacuteticos martensiacuteticos ou
revenidos essa relaccedilatildeo natildeo eacute vaacutelida porque o tratamento teacutermico natildeo afeta o
moacutedulo de elasticidade
Dureza ndash o desgaste de metais puros eacute diretamente proporcional agrave sua
dureza Nas ligas a proporcionalidade eacute vaacutelida ateacute determinado valor da dureza do
Revisatildeo Bibliograacutefica 41
Gustavo Portela de Deus
material a partir do qual a resistecircncia ao desgaste cresce com menor intensidade
podendo ateacute mesmo vir a diminuir apoacutes certo valor
Dureza superficial ndash na superfiacutecie desgastada existe um grau de
encruamento e consequentemente um aumento da dureza no local A resistecircncia agrave
abrasatildeo pode ser considerada como proporcional a essa dureza chamada de dureza
maacutexima
Propriedades de escoamento ndash anaacutelises de tensatildeodeformaccedilatildeo mostraram
que para metais puros tambeacutem vale a relaccedilatildeo
= A ع
Onde
= tensatildeo de escoamento
A = constante
deformaccedilatildeo verdadeira = ع
= coeficiente de encruamento
Estudos mostram que a resistecircncia agrave abrasatildeo eacute proporcional agrave dureza e varia
exponencialmente com a tenacidade De acordo com Batista e Nascimento
(wwwspectrucombr) como o desgaste eacute um fenocircmeno essencialmente superficial
envolvendo a remoccedilatildeo mecacircnica indesejaacutevel de material de superfiacutecies
ldquoAs soluccedilotildees encontradas atraveacutes de solda de
revestimento aspersatildeo teacutermica tipo Hight Velocity Oxi Fuel -
HVOF nitretaccedilatildeo e de outras teacutecnicas originalmente utilizadas
Revisatildeo Bibliograacutefica 42
Gustavo Portela de Deus
tecircm se mostrado altamente valiosas tanto para prevenir como
para minimizar e reparar as diferentes estruturas danificadas
pelos mais diversos tipos de desgaste Em inuacutemeras situaccedilotildees
peccedilas e componentes podem ser fabricados com materiais
convencionais dentro das especificaccedilotildees normais do projeto
Posteriormente pode-se aplicar sobre a superfiacutecie camadas ou
cordotildees de solda com consumiacuteveis adequados deposiccedilatildeo de ligas
metaacutelicas de composiccedilatildeo e constituiccedilatildeo ideal ao favorecimento de
superfiacutecies endurecidas e resistentes a este desgaste A resistecircncia
ao desgaste eacute considerada como parte de um sistema triboloacutegico
sendo muitos os paracircmetros que acabam por influir na taxa de
desgaste incluindo as caracteriacutesticas de projetos condiccedilotildees de
operaccedilatildeo tipo de abrasivo e propriedades do material Nas
propriedades dos materiais as caracteriacutesticas microestruturais
tecircm particular importacircncia tanto nas propriedades mecacircnicas
quanto nas taxas de desgaste Disponibilizado no site
wwwspectrucombr consultado em 23 de abril de 2007rdquo
BATISTA e NASCIMENTO apud Murray (wwwspectrucombr) destacou o
seguinte sobre desgaste abrasivo
ldquoA resistecircncia ao desgaste de accedilos tratados termicamente
para vaacuterios niacuteveis de dureza e tambeacutem de alguns metais puros
Para metais puros a resistecircncia ao desgaste aumenta linearmente
com a dureza Nos materiais ferrosos esta relaccedilatildeo (resistecircncia ao
Revisatildeo Bibliograacutefica 43
Gustavo Portela de Deus
desgaste versus dureza) natildeo eacute simples O aumento no teor de
carbono faz a resistecircncia ao desgaste aumentar Para os accedilos com
a mesma porcentagem de carbono a resistecircncia ao desgaste de
accedilo ligado eacute maior que de um accedilo sem liga mas este aumento eacute
pequeno quando comparado com outro em que aumentou a
porcentagem de carbono A resistecircncia ao desgaste geralmente
aumenta conforme a microestrutura eacute mudada de ferrita para
perlita desta para bainita e finalmente para martensita isto
desde que seja acompanhada de aumento de dureza Entretanto
para um mesmo valor de dureza a estrutura bainiacutetica tem maior
resistecircncia ao desgaste que a martensiacutetica A microestrutura tem
maior influecircncia no desgaste que a dureza da matriz Tem sido
mostrado que a presenccedila de austenita retida tem melhorado a
resistecircncia ao desgaste da martensita revenida A austenita
fornece uma melhor ancoragem aos carbetos ocasionando um
baixo arrancamento do carbeto da matriz austeniacutetica Os carbetos
parecem ser particularmente importantes na resistecircncia agrave
abrasatildeo principalmente em materiais como os accedilos e ferros
fundidos brancos ligados ao cromo A influecircncia desses estaacute
relacionada com sua dureza tamanho e distribuiccedilatildeo Carbetos
duros e finamente dispersos aumentam a resistecircncia ao desgaste
enquanto que os grosseiros diminuem Estruturas deformadas por
trabalho a frio natildeo alteram a resistecircncia ao desgaste enquanto
que o aumento da dureza pelo refinamento dos gratildeos agiria
favoravelmente Existem ainda muitos outros fatores que
Revisatildeo Bibliograacutefica 44
Gustavo Portela de Deus
influenciam a taxa de desgaste como o tamanho da partiacutecula
abrasiva e o coeficiente de atrito Estes trabalhos tecircm
demonstrado que o estudo dos fenocircmenos de desgaste eacute bastante
complexo Na especificaccedilatildeo e normalizaccedilatildeo de ligas para resistir
ao desgaste as maiores dificuldades residem na inexistecircncia de
ensaios padronizados para discriminar os niacuteveis de aceitaccedilatildeo ou
rejeiccedilatildeo conforme as aplicaccedilotildees particulares Estas dificuldades
estatildeo associadas principalmente agrave natureza complexa do
fenocircmeno do desgaste Este aleacutem de envolver a deformaccedilatildeo e
corte superficial por partiacuteculas abrasivas ou o atrito entre
superfiacutecies metaacutelicas muitas vezes ocorre devido a vaacuterios
mecanismos concomitantes de desgaste da superfiacutecie os quais
tambeacutem podem estar associados a outros fenocircmenos de
degradaccedilatildeo tais como impacto corrosatildeo fluecircncia ou fadigardquo
27 - Estrutura Metaluacutergica ndash Influecircncia do Desgaste
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr) o teor de carbono
aumenta a resistecircncia ao desgaste dos accedilos perliacuteticos com o aumento do endurecimento Os
carbetos aumentam a resistecircncia ao desgaste com o aumento na quantidade distribuiccedilatildeo
uniforme e forma adequada Natildeo satildeo adequados poreacutem quando existe o choque associado
ao desgaste por abrasatildeo
A martensita natildeo-revenida ou revenida abaixo de 230degC eacute a fase que melhor resiste
ao desgaste na temperatura ambiente Se o revenido for acima de 350degC a perlita apresenta
Revisatildeo Bibliograacutefica 45
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um resultado melhor para a mesma dureza (50 HB) A fase bainiacutetica da mesma dureza e
composiccedilatildeo quiacutemica resiste melhor ao desgaste que uma estrutura martensiacutetica nas nesmas
condiccedilotildees
A perlita aumenta a resistecircncia agrave abrasatildeo com o aumento das colocircnias de perlita e
com a fraccedilatildeo volumeacutetrica de cementita Para a mesma dureza a perlita lamelar resiste
melhor que a esferoidizada A resistecircncia ao desgaste da ferrita aumenta com o aumento
dos carbetos dispersos na matriz Um accedilo austeniacutetico com a mesma fraccedilatildeo de carbetos que
um ferriacutetico resiste melhor ao desgaste
28 - Revestimentos Superficiais
De acordo com Lima et al (2001) uma das mais eficientes e econocircmicas formas
de se adequar peccedilas e componentes de equipamentos industriais a uma aplicaccedilatildeo
especiacutefica tem sido haacute longo tempo a aplicaccedilatildeo de revestimentos Estes vecircm ganhando
evidecircncia ano apoacutes ano em aplicaccedilotildees contra desgaste corrosotildees dentre outras formas
de consumo de massa
Ainda de acordo com Lima et al (2001) apud Tucker et al o uso de
revestimentos duros para melhorar a resistecircncia ao desgaste de componentes mecacircnicos
tecircm sido comum haacute vaacuterias deacutecadas com variadas teacutecnicas de aplicaccedilatildeo que incluem
soldagem cladding eletrodeposiccedilatildeo PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica de vapor) CVD (deposiccedilatildeo
quiacutemica de vapor) sendo a aspersatildeo teacutermica a teacutecnica que mais tem se desenvolvido nos
uacuteltimos tempos apresentando-se como alternativa viaacutevel em relaccedilatildeo aos demais
processos comumente utilizados
Revisatildeo Bibliograacutefica 46
Gustavo Portela de Deus
281 - Aspersatildeo Teacutermica
A aspersatildeo teacutermica consiste de um grupo de processos nos quais partiacuteculas
finamente divididas de materiais para revestimentos metaacutelicos ou natildeo- metaacutelicos satildeo
depositadas sobre um substrato devidamente preparado na condiccedilatildeo fundida ou semindash
fundida para formar uma camada superficial como mostra a Figura 212
O calor necessaacuterio para a operaccedilatildeo eacute gerado na tocha de aspersatildeo e pode vir da
queima de um gaacutes combustiacutevel ou da geraccedilatildeo de um arco eleacutetrico As partiacuteculas aquecidas
satildeo aceleradas por um gaacutes comprimido confinadas num feixe e dirigidas ao substrato Ao
se chocarem as partiacuteculas se achatam e formam finas lentes que se conformam e aderem
agraves irregularidades superficiais e entre si Com a continuidade do processo as partiacuteculas se
resfriam formando um revestimento com estrutura lamelar (MARQUES
wwwinfosoldacombr)
Figura 210 ndash Esquema sobre a deposiccedilatildeo das partiacuteculas sobre o substrato
As variaccedilotildees baacutesicas nos processos de aspersatildeo teacutermica se referem ao material a ser
aplicado ao meacutetodo de aquecimento e ao meacutetodo de aceleraccedilatildeo das partiacuteculas em direccedilatildeo
ao substrato Os materiais podem ser fornecidos na forma de vareta arame cordatildeo (tubo
Revisatildeo Bibliograacutefica 47
Gustavo Portela de Deus
de plaacutestico contiacutenuo) e poacute Metais oacutexidos compostos intermetaacutelicos cermets plaacutesticos
orgacircnicos e alguns vidros podem ser depositados por uma ou mais variaccedilotildees de processos
(MARQUES wwwinfosoldacombr)
Os processos de aspersatildeo teacutermica podem ser classificados em dois grupos
baacutesicos dependendo da fonte de calor usada como mostrado na Tabela 21
Tabela 21 ndash Processos de aspersatildeo teacutermica
Combustatildeo Eleacutetrico
Chama Plasma
Detonaccedilatildeo Arco
O sucesso no uso de revestimentos aspergidos termicamente depende basicamente
de sua aplicaccedilatildeo cuidadosa segundo procedimentos bem estabelecidos Qualquer desvio
destes procedimentos leva em geral a resultados natildeo confiaacuteveis Os revestimentos
termicamente aspergidos apresentam trecircs aspectos baacutesicos o substrato a adesatildeo do
revestimento e a estrutura deste (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Os substratos sobre os quais os revestimentos termicamente aspergidos podem ser
aplicados incluem metais oacutexidos ceracircmicos vidros a maioria dos plaacutesticos e madeira
sendo que algumas teacutecnicas especiais podem ser necessaacuterias Nem todos os materiais para
aspersatildeo podem ser aplicados a qualquer tipo de substrato Uma preparaccedilatildeo adequada deste
eacute necessaacuteria antes da aspersatildeo propriamente dita independente do processo a ser usado
Essa preparaccedilatildeo eacute essencialmente a mesma para cada processo a ser usado e consiste de
duas etapas baacutesicas limpeza da superfiacutecie para eliminar contaminantes e obtenccedilatildeo de
rugosidades para aumentar a aacuterea superficial efetiva e melhorar a adesatildeo (MARQUES
wwwinfosoldacombr )
Revisatildeo Bibliograacutefica 48
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A ligaccedilatildeo ou adesatildeo entre revestimento e substrato pode ser mecacircnica quiacutemica eou
metaluacutergica e eacute influenciada por diversos fatores tais como material do revestimento
condiccedilatildeo do substrato rugosidade limpeza e temperatura da superfiacutecie a ser revestida
antes e durante o processo e velocidade de impacto das partiacuteculas (MARQUES
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A estrutura e a quiacutemica do depoacutesito aspergido em ar eacute diferente do material no
estado original Estas diferenccedilas satildeo devidas agrave natureza progressiva do revestimento agrave
reaccedilatildeo com gases durante o processo e a atmosfera em contato com o material enquanto
liacutequido Por exemplo quando ar ou oxigecircnio satildeo usados oacutexidos podem ser formados e se
incorporarem ao revestimento Revestimentos metaacutelicos tendem a ser porosos e fraacutegeis
com uma dureza diferente do material original A estrutura de revestimentos na condiccedilatildeo
como aspergidos eacute similar quanto agrave natureza lamelar mas pode exibir diferentes
caracteriacutesticas em funccedilatildeo do processo dos paracircmetros da teacutecnica e do material usado
como mostra a Figura 213 A densidade do depoacutesito varia com a temperatura da fonte de
calor usada e com a velocidade das partiacuteculas no impacto como mostra a Tabela 22 e a
Figura 214 (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 211 - Esquema de uma seccedilatildeo de um revestimento aspergido
Revisatildeo Bibliograacutefica 49
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A aplicaccedilatildeo final determina as propriedades necessaacuterias para o revestimento e o
tipo de combustiacutevel e equipamentos necessaacuterios Revestimentos termicamente aspergidos
tecircm sido usados intensamente na fabricaccedilatildeo de componentes nas induacutestrias automotiva de
petroacuteleo eleacutetrica eletrocircnica geraccedilatildeo de energia e particularmente na aeroespacial Em
manutenccedilatildeo milhotildees de doacutelares tecircm sido economizados com o uso da aspersatildeo teacutermica
Tal teacutecnica tem sido usada tanto em oficina como no campo no revestimento de estruturas
e partes de equipamentos com economia de tempo e de recursos (MARQUES
wwwinfosoldacobr )
Tabela 22 ndash Temperatura das fontes de calor
Fonte Temperatura degC
Propano + oxigecircnio 2640
Gaacutes natural + oxigecircnio 2735
Hidrogecircnio + oxigecircnio 2690
Acetileno + oxigecircnio 3100
Arco eleacutetrico 2200 ndash 8300
Figura 212 Velocidade de impacto meacutedia das partiacuteculas
Revisatildeo Bibliograacutefica 50
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2811 - Processos
28111 - Processos por Combustatildeo
Este grupo de processos utiliza o calor gerado pela queima de um gaacutes combustiacutevel
Qualquer substacircncia que se funda e natildeo sublime a temperaturas inferiores a 2760ordmC pode
ser aspergida por este processo como mostram as Figuras 215 e 216 Os materiais
aplicados podem ser metais e ligas na forma de arame cordatildeo ou poacute e ceracircmicos na forma
de vareta cordatildeo ou poacute (MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 213 - Esquemaacutetica de um equipamento tiacutepico para aspersatildeo teacutermica por
combustatildeo
Figura 214 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo por chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 51
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281111 - Arames e Varetas
O equipamento usado para aplicaccedilatildeo de arames e varetas eacute similar como mostrado
na figura A seccedilatildeo transversal tiacutepica de uma tocha de aspersatildeo com estes processos eacute
mostrada na Figura 216
O material a ser aspergido eacute inserido por roletes alimentadores na parte posterior da
tocha Estes podem ser tracionados por um motor eleacutetrico ou pneumaacutetico ou por uma
turbina a ar O material eacute alimentado por meio de um bocal onde eacute fundido por uma chama
de gaacutes combustiacutevel concecircntrica a este
Os gases combustiacuteveis usados juntamente com o oxigecircnio foram mostrados na
Tabela 22 O acetileno eacute o mais largamente usado por sua maior temperatura de chama
Entretanto em certos casos temperaturas mais baixas satildeo usadas com vantagens
econocircmicas A chama eacute usada apenas para fundir o material Para se obter aspersatildeo um
jato de gaacutes em geral ar comprimido eacute usado para pulverizar o material e acelerar as
partiacuteculas em direccedilatildeo ao substrato Em aplicaccedilotildees especiais um gaacutes inerte pode ser usado
Os roletes de alimentaccedilatildeo devem ser escolhidos e apropriados agrave forma do material a ser
alimentado isto eacute se arame vareta ou cordatildeo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281112 - Poacute
Tochas para aspersatildeo agrave chama com poacute satildeo mais leves e mais compactas que tochas
para outros processos como mostra a Figura 217 Devido agraves menores temperaturas e
velocidades alcanccediladas pelas partiacuteculas os revestimentos obtidos tecircm em geral menor
resistecircncia adesiva ao substrato menor resistecircncia coesiva entre as lamelas e maior
porosidade quando comparados com os depositados por outros processos de aspersatildeo
teacutermica
Revisatildeo Bibliograacutefica 52
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O material a ser aspergido pode ser um metal puro uma liga metaacutelica um
compoacutesito um carboneto um ceracircmico um cermet ou combinaccedilatildeo destes O processo eacute
geralmente usado para aplicaccedilatildeo de ligas metaacutelicas autofluxadas que devem ser fundidas
apoacutes a aspersatildeo Estes materiais contecircm boro e siliacutecio que servem como agentes fluxantes e
minimizam a oxidaccedilatildeo Sua fusatildeo eou ligaccedilatildeo metaluacutergica a um substrato metaacutelico eacute(satildeo)
obtida(s) aquecendo-se o revestimento ateacute sua temperatura de fusatildeo que em geral eacute
inferior a 1040degC e pode ser feita com o uso de qualquer fonte de calor como uma chama
uma bobina de induccedilatildeo ou um forno Um arco eleacutetrico tambeacutem pode ser usado mas com
certo cuidado para evitar ou minimizar a fusatildeo do substrato
O poacute para aspersatildeo eacute armazenado num recipiente que pode ser parte integrante da
tocha ou ser acoplado a ela Uma pequena quantidade de gaacutes eacute desviada para arrastar o poacute
ateacute o jato da mistura oxigecircniocombustiacutevel em chama quando eacute fundido e acelerado em
relaccedilatildeo ao substrato Um corte transversal de uma tocha tiacutepica para aspersatildeo de poacute por
chama eacute mostrado na Figura 217
Variaccedilotildees do processo de aspersatildeo teacutermica de poacute agrave chama incluem gaacutes comprimido
para alimentaccedilatildeo do poacute na chama jatos adicionais de ar comprimido para acelerar as
partiacuteculas fundidas alimentador de poacute remoto com arraste do poacute para a tocha por um tubo
pressurizado com gaacutes inerte e dispositivos para aceleraccedilatildeo a alta velocidade agrave pressatildeo
atmosfeacuterica Esses refinamentos tendem a aumentar a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute e agraves
vezes a velocidade das partiacuteculas fundidas que aumentam a resistecircncia adesiva e a
densidade do revestimento aspergido
Revestimentos fundidos poacutes-aspersatildeo satildeo densos e relativamente isentos de
porosidade A composiccedilatildeo da liga pode levar a revestimentos com niacuteveis de dureza
Rockwell C superiores a 50 A espessura destes revestimentos eacute limitada agravequelas faixas
Revisatildeo Bibliograacutefica 53
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que podem ser aquecidas ateacute a temperatura de fusatildeo sem descamaccedilatildeo O uso de ligas
autofluxantes eacute limitado a aplicaccedilotildees em que os efeitos da fusatildeo e distorccedilatildeo podem ser
tolerados Revestimentos mais espessos de metais dissimilares podem ser aplicados em
passes muacuteltiplos A superfiacutecie que vai receber o segundo revestimento deve ser limpa de
todos os resiacuteduos de oacutexido apoacutes cada etapa de fusatildeo
Em todos os processos de aspersatildeo teacutermica a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute afeta a
estrutura e a eficiecircncia de deposiccedilatildeo do revestimento Se o material natildeo eacute aquecido
adequadamente a eficiecircncia de deposiccedilatildeo cai rapidamente e o revestimento conteraacute
partiacuteculas natildeo fundidas retidas Se a taxa de alimentaccedilatildeo de poacute for muito baixa uma certa
quantidade de poacute pode se volatizar resultando em deterioraccedilatildeo do revestimento e elevaccedilatildeo
dos custos Os alimentadores de poacute satildeo compostos por um recipiente e um sistema de
mediccedilatildeo que regula a taxa de alimentaccedilatildeo de material no dispositivo transportador por gaacutes
(MARQUES wwwinfosoldacombr )
Figura 215 - Esquemaacutetica de uma tocha para aspersatildeo teacutermica de poacute a chama
Revisatildeo Bibliograacutefica 54
Gustavo Portela de Deus
28112 - Detonaccedilatildeo
A tocha de detonaccedilatildeo eacute diferente de outros equipamentos de aspersatildeo por
combustatildeo Ela utiliza a energia de explosotildees de uma mistura oxigecircnio-acetileno em vez
de uma chama estacionaacuteria para impulsionar o poacute ateacute a superfiacutecie do substrato O depoacutesito
resultante eacute extremamente duro denso fortemente ligado ao substrato
Uma tocha de detonaccedilatildeo mostrada na Figura 218 consiste basicamente de um
tubo comprido no qual eacute introduzida uma mistura de gaacutes combustiacutevel oxigecircnio e poacute
Quando eacute feita a igniccedilatildeo da mistura uma onda de choque controlada aquece e acelera as
partiacuteculas de poacute cuja velocidade de saiacuteda eacute de 760 ms aproximadamente Apoacutes cada
injeccedilatildeo de mistura uma certa quantidade de nitrogecircnio eacute introduzida no tubo para purga
deste Ocorrem vaacuterias detonaccedilotildees por segundo gerando um ruiacutedo da ordem de 150 dB
sendo muitas vezes utilizadas instalaccedilotildees especiais com isolamento acuacutestico para estas
operaccedilotildees
Dentro do tubo temperaturas superiores a 3300degC satildeo atingidas enquanto a
temperatura do substrato deve ser mantida abaixo dos 150degC usando-se dispositivos de
resfriamento se for o caso
A espessura dos revestimentos geralmente situa-se entre 005 e 05mm A
operaccedilatildeo eacute normalmente mecanizada e agraves vezes remotamente controlada Excelente
acabamento pode ser obtido devido agrave baixa porosidade do revestimento (MARQUES
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Revisatildeo Bibliograacutefica 55
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Figura 216 - Esquemaacutetica de Tocha de detonaccedilatildeo
28113 - Processos Eleacutetricos
281131 - Arco Eleacutetrico
No processo de aspersatildeo a arco eleacutetrico dois arames eletrodos consumiacuteveis satildeo
alimentados de forma a se encontrar em um ponto agrave frente de um jato de gaacutes que serve
para atomizaccedilatildeo Uma diferenccedila de potencial de 18 a 40V eacute estabelecida entre os arames
produzindo um arco eleacutetrico que funde a ponta destes O jato de gaacutes atomizante (em geral
ar comprimido) destaca o material fundido produzindo um jato de gotiacuteculas fundidas que eacute
dirigido ao substrato A Figura 219 mostra um desenho esquemaacutetico de uma tocha para
aspersatildeo a arco
O equipamento baacutesico para este processo consiste de uma fonte de corrente
contiacutenua do tipo tensatildeo constante alimentadores de arame do tipo velocidade constante
tocha de aspersatildeo e um sistema de fornecimento de gaacutes comprimido controlaacutevel Os
arames utilizados satildeo em geral de grande diacircmetro da ordem de 5mm Este processo
experimentou um avanccedilo recente com o desenvolvimento de arames tubulares de
enchimento metaacutelico
Revisatildeo Bibliograacutefica 56
Gustavo Portela de Deus
Figura 217 - Esquemaacutetica de tocha para aspersatildeo a arco eleacutetrico
A temperatura do arco eacute consideravelmente maior que o ponto de fusatildeo do material
aspergido de modo que algum superaquecimento e volatizaccedilatildeo podem ocorrer
particularmente na aplicaccedilatildeo de zinco e alumiacutenio A alta temperatura das partiacuteculas pode
produzir zonas de reaccedilatildeo quiacutemica ou difusatildeo ou ambas apoacutes o impacto com o substrato
Estas interaccedilotildees satildeo similares a pequenas soldas a ponto e conferem excelente resistecircncia
de adesatildeo e coesatildeo ao revestimento Este processo apresenta taxas de deposiccedilatildeo mais altas
que outros processos de aspersatildeo Os fatores que influenciam esta taxa satildeo a corrente e a
velocidade de alimentaccedilatildeo de arame que dependem do equipamento usado
O comprimento do arco e o tamanho das gotiacuteculas tendem a aumentar com a
elevaccedilatildeo da diferenccedila de potencial entre os arames Esta deve ser mantida em valores
miacutenimos compatiacuteveis com a estabilidade do arco para se obter revestimentos densos e de
melhor acabamento (MARQUES wwwinfosoldacombr )
281132 - Arco Plasma natildeo Transferido
O desenvolvimento de turbinas e motores de foguetes tem exigido bom
desempenho de materiais de engenharia em condiccedilotildees cada vez mais severas Para
Revisatildeo Bibliograacutefica 57
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satisfazer estas exigecircncias oacutexidos e carbonetos tecircm sido considerados devendo ser
aplicados por processos de aspersatildeo teacutermica de alta temperatura O processo plasma tem
atendido esta necessidade e levou ao desenvolvimento de uma nova famiacutelia de materiais e
teacutecnicas de aplicaccedilatildeo para uma ampla faixa de aplicaccedilotildees industriais
Na aspersatildeo a plasma Figura 220 o material eacute aplicado a partir de um poacute
Aplicaccedilatildeo a partir de arames tem sido desenvolvida mais recentemente Neste processo
um gaacutes ou mistura de gases passa atraveacutes de um arco eleacutetrico estabelecido entre um caacutetodo
de tungstecircnio e um acircnodo de cobre dotado de um orifiacutecio alinhados coaxialmente Em sua
passagem o gaacutes eacute aquecido gerando o plasma
Figura 218 - Esquemaacutetica de sistema de aspersatildeo teacutermica a plasma
O poacute eacute alimentado no plasma fundido e acelerado em direccedilatildeo ao substrato por um
jato de alta velocidade A energia temperatura e velocidade do jato de plasma satildeo
controladas pelo tipo de bocal constritor intensidade da corrente eleacutetrica composiccedilatildeo e
vazatildeo do gaacutes de plasma Em geral nitrogecircnio ou argocircnio satildeo usados como gaacutes de plasma
podendo conter adiccedilotildees de hidrogecircnio ou heacutelio para aumentar sua potecircncia e velocidade
Revisatildeo Bibliograacutefica 58
Gustavo Portela de Deus
O equipamento baacutesico para a aspersatildeo a plasma mostrado na figura 220 consiste
de uma fonte de corrente contiacutenua constante alimentador de poacute fonte de gaacutes e um sistema
de controle que permite ajustar os paracircmetros de operaccedilatildeo (corrente vazotildees de gaacutes fluxo
de aacutegua para refrigeraccedilatildeo) e faz a sincronia de todo o sistema
281133 - Arco Plasma Transferido
Neste caso o processo eacute uma combinaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica e soldagem O
substrato deve ser condutor e faz parte do circuito do arco eleacutetrico que gera o plasma O
material aspergido se mistura com o material da poccedila de fusatildeo formada no substrato isto eacute
ocorre diluiccedilatildeo O equipamento usado eacute similar ao necessaacuterio para o plasma natildeo
transferido com exceccedilatildeo da tocha
A ligaccedilatildeo do revestimento ao substrato eacute essencialmente metaluacutergica e as
espessuras utilizadas satildeo em geral maiores que em outros processos de aspersatildeo teacutermica
O depoacutesito eacute denso uniforme e com bom acabamento A operaccedilatildeo eacute geralmente
mecanizada e com boa reprodutibilidade Entretanto a combinaccedilatildeo de substratos e
materiais aplicaacuteveis eacute mais limitada
2812 Preparaccedilatildeo da Superfiacutecie
A preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute a etapa mais criacutetica da operaccedilatildeo de aspersatildeo teacutermica
A qualidade da adesatildeo do revestimento estaacute diretamente relacionada com a limpeza e a
rugosidade da superfiacutecie do substrato A obediecircncia rigorosa a procedimentos
padronizados de preparaccedilatildeo da superfiacutecie eacute necessaacuteria para garantir o sucesso da aplicaccedilatildeo
de revestimentos por aspersatildeo teacutermica O tipo de material do revestimento e do substrato
satildeo os fatores principais na determinaccedilatildeo do processo e qualidade da preparaccedilatildeo necessaacuteria
da superfiacutecie para se obter adesatildeo suficiente a uma dada aplicaccedilatildeo
Revisatildeo Bibliograacutefica 59
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Em partes sujeitas a fortes tensotildees mecacircnicas uma inspeccedilatildeo preacutevia agrave operaccedilatildeo de
revestimento eacute necessaacuteria para a detecccedilatildeo de falhas no metal base que eacute feita
normalmente por meio de ensaios natildeo-destrutivos Falhas estruturais no metal base
induziratildeo falhas similares no revestimento Trincas no substrato natildeo podem ser reparadas
por aspersatildeo teacutermica e revestimentos depositados por esta teacutecnica natildeo adicionam
resistecircncia mecacircnica ao substrato (MARQUES wwwinfosoldacombr )
2813 - Limpeza e Manuseio
O primeiro passo na preparaccedilatildeo de um substrato para aspersatildeo teacutermica eacute a retirada
de todos os contaminantes superficiais tais como poeira oacuteleo graxa e pintura O calor do
processo de aspersatildeo natildeo remove contaminaccedilatildeo e esta inibe a adesatildeo do revestimento
Depois que todos os contaminantes forem eliminados a limpeza deve ser mantida ateacute que
o ciclo de revestimento se complete As peccedilas devem ser protegidas de partiacuteculas
transportadas pelo ar e marcas de dedos bem como ser manuseadas com ferramentas e
material limpo (MARQUES wwwinfosoldacombr )
28131 - Meacutetodos de Remoccedilatildeo de Contaminantes
Desengraxe com vapor
Jateamento uacutemido
Decapagem aacutecida
Aquecimento ao forno
Limpeza ultrassocircnica
Jateamento seco
Escovamento
Revisatildeo Bibliograacutefica 60
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2814 - Criaccedilatildeo de Rugosidade
Apoacutes a limpeza vaacuterios meacutetodos satildeo usados para produzir uma superfiacutecie mais
adequada para a aderecircncia do revestimento Os principais satildeo jateamento abrasivo
macroenrugamento e aplicaccedilatildeo de revestimento de ligaccedilatildeo Combinaccedilotildees destes meacutetodos
satildeo tambeacutem empregados incluindo jateamento abrasivo com subsequumlente aplicaccedilatildeo de um
revestimento de ligaccedilatildeo e usinagem seguida de jateamento abrasivo
A obtenccedilatildeo de uma rugosidade adequada eacute tatildeo importante quanto a limpeza
Durante a aspersatildeo as partiacuteculas fundidas ou semi-fundidas formam bolachas quando se
chocam com a superfiacutecie do substrato Estas agrave medida que se resfriam e se contraem
precisam aderir a uma superfiacutecie que favoreccedila o ancoramento mecacircnico
A geraccedilatildeo de uma superfiacutecie rugosa eacute usada para aumentar a aderecircncia e a coesatildeo
entre as partiacuteculas do revestimento por geraccedilatildeo de tensotildees superficiais de contraccedilatildeo
intertravamento de camadas aumento da aacuterea de interaccedilatildeo e descontaminaccedilatildeo da
superfiacutecie
O grau de enrugamento necessaacuterio para produzir um revestimento resistente e
adequado depende do material aplicado do processo e das condiccedilotildees de serviccedilo da peccedila
final (MARQUES wwwinfosoldacombr )
282 - Revestimentos Duros Resistentes ao Desgaste
A principal caracteriacutestica deste tipo de revestimento que satildeo aplicados para resistir
ao desgaste eacute a sua elevada dureza
Revisatildeo Bibliograacutefica 61
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2821 - Recobrimento Duro
De acordo com Batista e Nascimento (wwwspectrucombr ) recobrimento duro eacute
o nome dado ao processo que consiste em produzir por soldagem uma camada dura e
resistente ao desgaste na superfiacutecie da peccedila sujeita ao desgaste
2822 - Classificaccedilatildeo dos Materiais para Recobrimento Duro
De acordo com Batista amp Nascimento apud o Metals Handbook
(wwwspectrucombr ) os materiais para recobrimento duro satildeo classificados em cinco
grandes grupos em funccedilatildeo do teor total de elementos de liga Em geral a resistecircncia ao
desgaste e o custo crescem com o nuacutemero do grupo A escolha de uma liga especiacutefica
dependeraacute da aplicaccedilatildeo e do tipo de soldagem utilizado como mostra a Tabela 23
Tabela 23 ndash Ligas e principais elementos de liga para revestimento duro
Teor total de elementos de liga Elementos de liga principais
Materiais ferrosos de baixa liga
1A 2 a 6
1B 6 a 12
Cr Mo Mn
Cr Mo Mn
Materiais ferrosos de alta liga
2A 12 a 15
2B 12 a 25
2C 12 a 25
2D 30 a 37
3A 25 a 50
3B 25 a 50
3C 25 a 50
Cr Mo
Mo Cr
Mn Ni
Mn Cr Ni
Cr Ni Mo
Cr Mo
Co Cr
Revisatildeo Bibliograacutefica 62
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Ligas agrave base de niacutequel e agrave base de cobalto
4A 50 a 100
4B 50 a 100
4C 50 a 100
Co Cr W
Ni Cr Mo
Cr Ni Mo
Carbetos
5 75 a 96
WC ou WC em combinaccedilatildeo com
outros carbonetos como TiC e TaC sempre
em uma matriz metaacutelica
As ligas do grupo 1A satildeo accedilos de baixo teor de liga quase sempre tendo cromo
com principal elemento de liga O teor total dos elementos de liga incluindo o carbono
fica entre 2 e 6 Estas ligas de teor satildeo empregadas frequumlentemente como uma camada
de base para um recobrimento duro com ligas de teor de liga mais elevado
As ligas ferrosas do subgrupo 1B satildeo semelhantes agraves do grupo 1A poreacutem com
maior teor de elementos de liga ( 6 a 12 ) e com teor de carbono ateacute 2 ou mais
Muitos accedilos - ferramenta e alguns ligados fazem parte deste grupo
Os materiais do grupo 1 apresentam maior tenacidade entre as ligas de
recobrimento duro excetuando-se os accedilos-manganecircs austeniacuteticos Possuem tambeacutem
melhor resistecircncia ao desgaste que os accedilos de baixo e meacutedio carbono que satildeo ligas
usualmente recobertas pelo grupo 1 O custo eacute mais barato que as outras ligas de
recobrimento duro e muito empregados nos casos em que se necessita da usinabilidade e de
apenas um aumento moderado da resistecircncia ao desgaste
Revisatildeo Bibliograacutefica 63
Gustavo Portela de Deus
As ligas do subgrupo 2A satildeo ligas em que o principal elemento de liga eacute o cromo
com teor total de elemento de liga entre 12 e 25 Algumas delas tecircm certo teor de
molibdecircnio Este grupo inclui ainda alguns natildeo-ferros fundidos de meacutedio teor em liga O
molibdecircnio eacute o principal elemento de liga em quase todos os materiais do grupo 2B que
contam tambeacutem com teores relativamente altos de cromo
O subgrupo 2C eacute constituiacutedo pelos accedilos-manganecircs austeniacuteticos Manganecircs eacute o
principal elemento de liga estando tambeacutem presente o niacutequel para maior estabilizaccedilatildeo da
austenita
As ligas dos subgrupos 2A e 2B satildeo mais resistentes ao desgaste menos tenazes e
mais caras que os materiais do grupo 1 Jaacute os subgrupos 2C e 2D satildeo muito tenazes poreacutem
apresentam limitada resistecircncia ao desgaste que pode aumentar muito com o encruamento
As ligas do subgrupo 2D possuem um teor total de elementos de liga entre 30 e 37
variando o carbono entre 010 e 1
Os materiais do grupo 3 apresentam 25 a 50 de elementos de liga Satildeo ligas
com alto cromo vaacuterias delas com niacutequel eou molibdecircnio Os teores de carbono variam
entre 175 a 5 Este grupo eacute caracterizado pela presenccedila maciccedila de carbonetos
hipereuteacuteticos que conferem agraves ligas uma alta resistecircncia ao desgaste e uma razoaacutevel
resistecircncia agrave corrosatildeo e ao calor Satildeo ligas mais caras que as dos grupos 1 e 2
O grupo 4 compreende as ligas agrave base de cobalto e agrave base de niacutequel com teor total
de elementos natildeo-ferrosos entre 50 e 99 As ligas agrave base de cobalto do subgrupo 4ordf
satildeo consideradas como os mais versaacuteteis materiais de recobrimento duro Resistem ao
calor agrave abrasatildeo agrave corrosatildeo ao impacto agrave descamaccedilatildeo agrave oxidaccedilatildeo ao choque teacutermico agrave
erosatildeo e ao desgaste metal- metal
Revisatildeo Bibliograacutefica 64
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Algumas destas ligas mantecircm uma dureza elevada ateacute 825ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo
ateacute temperaturas da ordem de 1100ordmC As ligas agrave base de niacutequel subgrupo 4B satildeo
especialmente indicadas para peccedilas sujeitas ao mesmo tempo agrave corrosatildeo e ao desgaste Satildeo
superiores a outros materiais de recobrimento duro em aplicaccedilotildees nas quais o desgaste eacute
causado pelo contato metal-metal como no caso dos mancais Mantecircm durezas elevadas
ateacute cerca de 650ordmC e resistem agrave oxidaccedilatildeo ateacute temperaturas da ordem de 875ordmC
Os materiais do grupo 5 consistem de gracircnulos duros de carbonetos distribuiacutedos em
uma matriz metaacutelica Satildeo muito indicados para aplicaccedilotildees de abrasatildeo intensa e de corte
Inicialmente se empregam apenas os carbonetos de tungstecircnio Mais recentemente outros
carbonetos principalmente titacircnio tacircntalo e cromo passaram a ser usados com bons
resultados Como matriz metaacutelica vaacuterios materiais tecircm sido utilizados tais como ferro accedilo
carbono Ligas agrave base de niacutequel agrave base de cobalto e bronze Os materiais do grupo 5
possuem a maacutexima resistecircncia agrave abrasatildeo em peccedilas sujeitas a impactos pequenos ou
moderados
2823 - Seleccedilatildeo do Material para Recobrimento Duro
A primeira medida eacute caracterizar bem as condiccedilotildees de serviccedilo nas quais deveraacute
trabalhar o equipamento que seraacute revestido com o recobrimento duro Em seguida deve-se
analisar com cuidado as interaccedilotildees dos materiais candidatos e do metal base bem como o
processo de soldagem a ser utilizado no recobrimento
2824 - Pontos Necessaacuterios para a Seleccedilatildeo do Material do Recobrimento
Analisar as condiccedilotildees de serviccedilo para determinar os tipos de resistecircncia ao
desgaste e resistecircncia ao ambiente seleccedilatildeo de alguns materiais candidatos
Revisatildeo Bibliograacutefica 65
Gustavo Portela de Deus
Anaacutelise de compatibilidade entre as ligas e o metal base considerando
possiacuteveis tensotildees teacutermicas e eventuais trincas
Testar componentes recobertos com os materiais candidatos
Selecionar a melhor liga considerando o custo e a duraccedilatildeo do recobrimento
Selecionar o processo de recobrimento duro considerando a taxa de
deposiccedilatildeo o grau de diluiccedilatildeo (o metal base dilui a liga de recobrimento durante a
soldagem) eficiecircncia de deposiccedilatildeo e custo total O custo total inclui o preccedilo dos
eletrodos e o processamento
29 - Tipos de Revestimento
Os tipos de revestimento mais aplicados em soldagem podem ser classificados em
endurecimento superficial
resistentes agrave corrosatildeo
resistentes ao desgaste eou impacto
para recuperaccedilatildeo ou reparos de manutenccedilatildeo
291 - Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Tabela ndash 24 Guia para Seleccedilatildeo de Ligas para Recobrimento Duro
Condiccedilotildees de serviccedilo Materiais para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal altas
tensotildees de contato
Stellite 1 ligas Tribaloy
Escorregamento metal ndash metal baixas
tensotildees de contato
Accedilos de baixa liga para recobrimento duro
Escorregamento metal ndash metal
combinado com corrosatildeo e oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto ou agrave base de
niacutequel dependendo da agressividade do
Revisatildeo Bibliograacutefica 66
Gustavo Portela de Deus
ambiente
Abrasatildeo sob baixa tensatildeo erosatildeo por
colisatildeo de partiacuteculas de pequeno acircngulo
Ferros fundidos de alta liga
Abrasatildeo severa sob baixa tensatildeo
retenccedilatildeo do gume
Materiais com altos teores de carbonetos
Erosatildeo por cavitaccedilatildeo e por colisatildeo
Choques mecacircnicos intensos combinados
com corrosatildeo ou oxidaccedilatildeo
Ligas agrave base de cobalto
Stellite 21 Stellite6
Abrasatildeo por sulcamento Accedilos ndash manganecircs austeniacuteticos
Descamaccedilatildeo
Stellite 21 Stellite 6 Tribaloy T-400
Tribaloy T-800
Estabilidade teacutermica eou resistecircncia agrave
fluecircncia a altas temperaturas
Ligas agrave base de cobalto ligas de niacutequel
com carbonetos
292 - Vantagens e Desvantagens dos Processos para Deposiccedilatildeo de Revestimento de
Superfiacutecies
A Tabela 25 apresenta as principais vantagens e desvantagens dos principais
processos de deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Tabela 25 - As principais vantagens e desvantagens dos principais processos de
deposiccedilatildeo de revestimentos superficiais
Revisatildeo Bibliograacutefica 67
Gustavo Portela de Deus
Processo Vantagens Desvantagens
Galvanizaccedilatildeo iocircnica
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo baixa
temperatura de processamento
deposiccedilatildeo em furos e ranhuras
Seleccedilatildeo restrita de materiais de
revestimento revestimentos relativamente
macios riscos ambientais precisatildeo limitada
para repeticcedilatildeo na superfiacutecie
PACVD (Plasma
Assisted Chemical
Vapour Deposition)
Temperaturas de processo muito
abaixo das do CVD temperaturas
baixas revestimentos precisos
Adequado apenas para furos e ranhuras
PVD (Physical
Vapour Deposition)
Ecologicamente seguro permite
grande variedade de
revestimentos temperatura de
revestimentos mais baixa do que a
de tratamento teacutermico final da
maioria dos accedilos espessura
reduzida reproduziacutevel com
precisatildeo resistecircncia elevada ao
desgaste baixo coeficiente de
atrito
Revestimento de furos e ranhuras ndash alcanccedila
profundidade igual ao diacircmetro ou largura
da abertura resistente agrave corrosatildeo em
determinadas condiccedilotildees apenas
revestimento uniforme depende de as peccedilas
girarem durante o processamento
Difusatildeo
Boa resistecircncia agrave corrosatildeo boa
reprodutibilidade
Revestimentos relativamente macios
seleccedilatildeo restrita de material de base tempo
de processamento longo riscos ambientais
necessidade de poacutes-tratamento
CVD (Chemical
Vapour Deposition)
Elevada resistecircncia ao desgaste
produccedilatildeo econocircmica de
Temperaturas de processamento elevadas
impossibilidade de revestir vaacuterios metais
Revisatildeo Bibliograacutefica 68
Gustavo Portela de Deus
revestimentos espessos adequado
para furos e ranhuras
arredondamento de bordos riscos
ambientais
Capiacutetulo 3
Materiais e Meacutetodos
Materiais e Meacutetodos 70
Guatavo Portela de Deus
3 - Materiais e Meacutetodos
31 ndash Fluxograma do Desenvolvimento Experimental
Teacutecnicas de deposiccedilatildeo dos revestimentos duros
Soldagem dos corpos-de-
prova Aspersatildeo teacutecnica
EnsaiosAnaacutelises
Prop mecacircnicas Caract microestrutural
Ensaio de
desgaste
Ensaio de DurezaMicro
Microscopia oacutetica
Discussatildeo Anaacutelises
Dissertaccedilatildeo de Mestrado
Materiais e Meacutetodos 71
Gustavo Portela de Deus
32 - Criteacuterios de Seleccedilatildeo dos Elementos de Penetraccedilatildeo no Solo de
Equipamentos Rodoviaacuterios
Os elementos de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios objeto deste
estudo foram selecionados dentre os que foram considerados como um dos mais
representativos na avaliaccedilatildeo referentes aos custos de manutenccedilatildeo e de consideraacutevel atraso
nos cronogramas de trabalho nas frentes de trabalho de conservaccedilatildeo e construccedilatildeo
rodoviaacuteria
Os elementos escolhidos para os estudos comparativos e para a anaacutelise de desgaste
na forma de desgaste abrasivo a dois corpos foram as unhas da caccedilamba da paacute carregadeira
de rodas articuladas utilizadas em serviccedilos leves e pesados de escavaccedilatildeo e carregamento
de agregados na forma principalmente de solos lateriacuteticos
Figura 3 1 Vista lateral de uma unha de paacute carregadeira
Materiais e Meacutetodos 72
Gustavo Portela de Deus
Figura 32 Vista de topo de uma unha de paacute carregadeira
Dentre os equipamentos rodoviaacuterios utilizados para construccedilatildeo e conservaccedilatildeo de
rodovias alguns apresentam ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de uso contiacutenuo e outras
somente quando a atividade se torna necessaacuteria como pontas de escarificadores de solos
Existem ainda outros elementos de maacutequinas que apresentam desgaste elevado em funccedilatildeo
dos mesmos manterem um contato direto com o solo como os elementos que compotildeem o
conjunto do material rodante de tratores de esteiras de escavadeiras hidraacuteulicas e de paacutes
carregadeiras tracionadas por esteiras desgaste este que por acontecer entre elementos que
estatildeo em movimento relativo entre si eacute considerado como desgaste abrasivo a trecircs corpos
Alguns fabricantes com a finalidade de prolongar a vida uacutetil desses elementos passaram a
utilizar esteiras vedadas e lubrificadas para evitar o contato direto dos elementos em
movimento relativo
O primeiro passo no desenvolvimento do projeto de avaliaccedilatildeo comparativa e na
anaacutelise de rendimento dos dois processos de revestimento superficial e do material
Materiais e Meacutetodos 73
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comercialmente encontrado e utilizado foi a confecccedilatildeo dos corpos de prova seguindo as
especificaccedilotildees da norma que regulamenta estudos triboloacutegicos ou seja a ASTM G65-91
Os materiais de base apoacutes ser analisados quanto agrave perda de massa no periacuteodo de
2900 horas foram cortados nas dimensotildees especificadas pela norma ASTM G65-91 para
ser submetidos aos ensaios de dureza pelo meacutedodo Rockwell C e resistecircncia agrave abrasatildeo por
meio do ensaio pela roda de borracha O mesmo procedimento foi executado aos corpos de
prova revestidos por soldagem de endurecimento superficial bem como pelo processo de
aspersatildeo teacutermica pelo meacutetodo LVOF Apoacutes o corte esses corpos-de-prova foram
submetidos a algumas operaccedilotildees de usinagem com a finalidade de adquirir suas formas
planas e retiradas de escoacuterias provenientes do processo de soldagem
321 ndash Teacutecnicas Utilizadas nas Aplicaccedilotildees dos Revestimentos
3211 - Revestimento Duro pelo Processo de Soldagem
Uma das teacutecnicas utilizadas no desenvolvimento do trabalho e que se tornou fator
de anaacutelise e comparaccedilatildeo de resultados de maior e menor desempenho foi o revestimento
duro pelo processo de soldagem em que foi utilizado a soldagem de revestimento com
eletrodo revestido
O processo de revestir superfiacutecies pelo processo de soldagem pode ser aplicado em
peccedilas novas bem como na recuperaccedilatildeo de peccedilas desgastadas pelo uso Eacute um processo de
aplicaccedilatildeo simples necessitando apenas das varetas das ligas de recobrimento e de uma
chama oxiacetilecircnica ou de um arco eleacutetrico O processo tem a vantagem de poder ser
aplicado a aacutereas localizadas da peccedila que sejam mais sujeitas ao desgaste (BATISTA
NASCIMENTO wwwspectrucombr )
Materiais e Meacutetodos 74
Gustavo Portela de Deus
As varetas dos materiais de recobrimento satildeo fornecidas em dois tipos revestidas
para soldagem a arco e natildeo revestidas para soldagem oxiacetilecircnica A soldagem
oxiacetilecircnica produz depoacutesitos mais uniformes e que podem ser mais bem posicionadas na
peccedila com velocidades de aquecimento e resfriamento relativamente baixas Por outro lado
a soldagem a arco eacute um processo menos caro mais raacutepido e se presta melhor agrave utilizaccedilatildeo
de equipamentos automaacuteticos Os depoacutesitos obtidos com arco eleacutetrico em geral satildeo mais
grosseiros e apresentam maior tendecircncia agrave formaccedilatildeo de poros Haacute tambeacutem maior
probabilidade de formaccedilatildeo de trincas em funccedilatildeo dos gradientes de temperatura criados
para altas velocidades de aquecimento e de resfriamento (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
O material de recobrimento eacute fundido durante a soldagem e se espalha sobre o
metal base ligando-se com este e formando uma nova superfiacutecie com uma camada que
varia entre 15 mm a 60 mm Apenas uma camada superficial da peccedila atinge a temperatura
de fusatildeo o que evita uma contaminaccedilatildeo muito acentuada do recobrimento do metal base
que diminuiria as propriedades de resistecircncia ao desgaste da camada depositada
O recobrimento duro pode ser aplicado agrave maioria dos metais natildeo ferrosos Por outro
lado com algumas exceccedilotildees natildeo se recomenda o recobrimento de ligas natildeo ferrosas com o
ponto de fusatildeo inferior a 1100ordmC Os accedilos ndash carbonos podem ser recobertos com relativa
facilidade em especial se o teor de carbono for inferior a 035 A soldagem se torna mais
difiacutecil agrave medida que o teor de carbono aumenta sendo que os accedilos de alto carbono e os
accedilos ligados devem sofrer um preacute ndash aquecimento e apoacutes recobrimento devem ser recozidos
Os accedilos inoxidaacuteveis os ferros fundidos e os accedilos raacutepidos tambeacutem podem ser recobertos
utilizando ndash se teacutecnicas adequadas de soldagem O cobre bronze e ligas como o latatildeo
Materiais e Meacutetodos 75
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apresentam maiores dificuldades de soldagem em funccedilatildeo de seus pontos de fusatildeo serem
baixos e sua alta condutividade (BATISTA NASCIMENTO wwwspectrucombr )
O recobrimento duro eacute muito usado nas aplicaccedilotildees em uma lubrificaccedilatildeo regular
contra abrasatildeo seja impossiacutevel ou inviaacutevel como em ferramentas de perfuraccedilatildeo de poccedilos
de petroacuteleo equipamentos para a agricultura e para terraplenagem ferramentas para
mineraccedilatildeo e equipamentos para a induacutestria petroquiacutemica O processo tambeacutem eacute usado para
ampliar a duraccedilatildeo de peccedilas que recebem lubrificaccedilatildeo tais como matrizes de conformaccedilatildeo
mecacircnica e aacutereas localizadas de oacutergatildeos de maacutequinas extremamente sujeitas a desgaste
Superfiacutecies com recobrimento duro satildeo em geral mais resistentes ao desgaste ao calor e agrave
corrosatildeo do que superfiacutecies cementadas ou temperadas por chama
Aleacutem disso aacutereas de difiacutecil acesso em componentes grandes praticamente
impossiacuteveis de ser submetidas a um processo de tratamento teacutermico podem receber um
recobrimento duro A teacutecnica pode tambeacutem ser empregada para a recuperaccedilatildeo de
equipamentos pesados sem a necessidade de desmontaacute-los (BATISTA NASCIMENTO
wwwspectrucombr )
3212 ndash Revestimento superficial por aspersatildeo atraveacutes das teacutecnicas HVOF e LVOF
Foi tambeacutem aplicada a teacutecnica de revestimento por aspersatildeo teacutermica
especificamente pelo meacutetodo de LVOF de acordo como eacute relatado a seguir o
desenvolvimento do processo
3213 - HVOF (High Velocity Oxigen Fuel)
Dentre os processos de aspersatildeo teacutermica utilizados para aplicar revestimentos
resistentes ao desgaste o processo de aspersatildeo oxicombustiacutevel de alta velocidade
Materiais e Meacutetodos 76
Gustavo Portela de Deus
conhecido como HVOF (Higt velocity oxi fuel) tem sido um dos mais utilizados
principalmente na aplicaccedilatildeo de carbonetos O processo eacute baseado em um sistema de
combustatildeo interna de alta pressatildeo similar a um motor de foguete em miniatura
Combustiacutevel e oxigecircnio satildeo misturados para produzir um jato de gaacutes supersocircnico acima de
2000 ms e 2800degC ( Lima et al apud Thorpe et al 1998) Os combustiacuteveis usados
incluem querosene hidrogecircnio propileno propano acetileno metil-acetileno propadieno
e gaacutes natural O material em forma de poacute eacute introduzido na chama quente dentro do cano de
saiacuteda da pistola Os revestimentos produzidos apresentam maior dureza adesatildeo ao
substrato durabilidade e maior possibilidade de espessura do que os revestimentos
produzidos por outros processos de aspersatildeo teacutermica Uma vantagem inerente do processo
HVOF eacute sua habilidade de aspergir partiacuteculas semi-fundidas a altas velocidades (em torno
de 900 ms) resultando em um revestimento bastante denso com alta adesatildeo ao substrato e
baixo conteuacutedo de oacutexidos Carbonetos superaquecidos podem se decompor e formar fases
menos beneacuteficas ao revestimento O processo HVOF eacute bastante efetivo ao acelerar bastante
as partiacuteculas sem excesso de aquecimento (LIMACAMARGO 2001)
Carbonetos de vaacuterios tipos satildeo especialmente adequados para aplicaccedilatildeo por HVOF
pois natildeo requerem significante fusatildeo para se depositar e formar uma superfiacutecie efetiva
contra desgaste Composiccedilotildees tiacutepicas estatildeo entre 8 a 30 de conteuacutedo da liga matriz que
serve primariamente como ligante para as partiacuteculas de carboneto (Lima et al apud Thorp
et al 2000) Uma das ligas mais usadas para aplicaccedilotildees de desgaste tem sido a liga WC-
Co (Lima et al apud Korpiola amp Vuoristo 1996) agraves vezes ligada a outros elementos como
Ni e Cr no intuito de oferecer melhores caracteriacutesticas de resistecircncia agrave corrosatildeo e desgaste
combinado (Lima et al apud Berger et al 2001)
Materiais e Meacutetodos 77
Gustavo Portela de Deus
3214 - LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray - Poacute
O processo LVOF (Low Velocity Oxigen Fuel) poacute consiste em injetar o material a
ser depositado em forma de poacute na chama derivada da queima de oxigecircnio e acetileno
(3100ordmC) sendo o material aquecido e projetado contra o substrato previamente preparado
Em algumas variaccedilotildees do processo um jato de ar comprimido auxilia a acelerar e
atomizar o poacute Pode-se efetuar a fusatildeo da camada apoacutes aplicaccedilatildeo do revestimento
aumentando assim a aderecircncia e resistecircncia do material aplicado
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
- Ligas Base de Niacutequel como Incinel Monel NiCrBSi e outras
- Oacutexido de Cromo
- Alumina e Alumina ndash Titacircnio e Dioacutexido de Titacircnio
- Oacutexido de Zirconia
- Ligas Base de Cobalto ndash Stellite
3215 - LVOF ( Low Velocity Oxigen Fuel) Flame Spray ndash Arame
O processo de aspersatildeo LVOF Arame utiliza como fonte de calor para fusatildeo do
arame a chama gerada pela queima de oxigecircnio e acetileno
A atomizaccedilatildeo e aceleraccedilatildeo do material fundido satildeo realizadas por um jato de ar
comprimido que cerca a chama do oxigecircnio e acetileno
Os principais materiais aplicados por este processo satildeo
Materiais e Meacutetodos 78
Gustavo Portela de Deus
- Accedilo carbono como ligas 1020 1045 1080 e outros
- Accedilo inox como ligas AISI 302 304 316 e AISI 410420 etc
- Ligas de Niacutequel
- Alumiacutenio
- Zinco
- Estanho
322 - Materiais
3221 - Material de Referecircncia
O material que foi utilizado como referecircncia na anaacutelise comparativa dos processos
de revestimento foi retirado de amostras de unhas de caccedilambas de paacutes carregadeiras de
rodas na sua forma original ou seja fornecida pelo fabricante do equipamento rodoviaacuterio e
seguindo os padrotildees determinados pela norma ASTM G65-91 Por se tratar de materiais
originais ou seja fornecido pelo fabricante da maacutequina foi constatado por meio de
avaliaccedilotildees primaacuterias como mais resistentes ao desgaste abrasivo e comprovado atraveacutes do
nuacutemero de horas em que os elementos foram submetidos em operaccedilotildees de escavamento e
carregamento
3222 - Material de Base dos Processos por Soldagem e por Aspersatildeo
O material de base utilizado na confecccedilatildeo dos corpos de prova para anaacutelise de
resistecircncia ao desgaste abrasivo pelos processos por soldagem e por aspersatildeo teacutermica foi o
accedilo ABNT 1015 com as seguintes dimensotildees 75 mm de comprimento 24 mm de largura
Materiais e Meacutetodos 79
Gustavo Portela de Deus
e 4mm de espessura nas amostras por soldagem e 48 mm de comprimento 24 de largura e
4mm de espessura nas amostras aspergidas Tais dimensotildees se fizeram necessaacuterias para
atender agrave norma como tambeacutem para permitir um encaixe perfeito ao suporte do
abrasocircmetro nos ensaios de perda de massa
3223 - Consumiacuteveis Utilizados
Os consumiacuteveis utilizados para revestir os corpos de prova nos processos de
revestimento superficial por soldagem foram os eletrodos para abrasatildeo severa erosatildeo e
cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo Bohler Thyssen Welding tipo UTP 713 desenvolvimento especial
com as seguintes concentraccedilotildees C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09
com dureza de 65HRC
Os revestimentos por soldagem executados nos corpos-de-prova foram feitos na
empresa Engincom Comeacutercio e Induacutestria LTDA situada no Distrito Industrial de
Teresina-PI
Jaacute os corpos de prova revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica por LVOF
utilizaram como consumiacutevel nas amostras tipo P uma mistura composta de 170 de Cr
40 de Fe 40 de Si 35 de B 10 de C e Ni balanceado As amostras tipo M foram
revestidas utilizando como consumiacutevel a mesma mistura utilizada no revestimento das
amostras tipo P com a adiccedilatildeo de 10 de carboneto de tungstecircnio com base cobalto (81
de tungstecircnio + 12 de cobalto + 5 de carbono + 2 de ferro)
Foram utilizados dois tipos de consumiacuteveis nas amostras revestidas por aspersatildeo
teacutermica com a finalidade de se avaliar tambeacutem o comportamento dos revestimentos
quanto a resistecircncia ao desgaste abrasivo utilizando-se os ensaios de resistecircncia ao desgaste
Materiais e Meacutetodos 80
Gustavo Portela de Deus
e de dureza nos dois tipos de consumiacuteveis Levando-se em consideraccedilatildeo principalmente o
custo do revestimento
Os corpos-de-prova que foram revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica tipo
LVOF foram executados na empresa Ogramac Nordeste situada no Distrito Industrial de
Suape em Ipojuca-PE
3224 - Areia
A areia utilizada no ensaio de abrasatildeo para constataccedilatildeo da perda de massa foi a
areia quartzosa industrial com granulometria de 40 a 60 mesh fornecida pela empresa
Sand SL Comeacutercio de Mineacuterio LTDA de Satildeo Carlos-SP Esta areia foi submetida a um
sistema de peneiramento de modo a adequar a sua granulometria agraves dimensotildees
especificadas pela norma ASTM G65-91 que estabelece um percentual de 5 de maacutexima
retenccedilatildeo na peneira de 50 mesh e de 90 de miacutenimo na peneira de 60 mesh
323 - Equipamentos
3231 - Equipamento de Soldagem
Foi utilizado um transformador de solda de fabricaccedilatildeo bambozzi modelo TDC 460
E com as seguintes caracteriacutesticas teacutecnicas Corrente maacutexima de solda de 430 A trifaacutesico
com tensatildeo de alimentaccedilatildeo de 380V potecircncia nominal de 208 kVA frequumlecircncia de
5060Hz caracteriacutesticas de soldagem DC e dimensotildees (AxLxC) de 480x555x665
3232 - Sistema de Peneiramento da Areia
A maacutequina utilizada para peneirar a areia no ensaio de abrasatildeo por roda de
borracha foi desenvolvida e construiacuteda no Departamento de Engenharia de Materiais da
Materiais e Meacutetodos 81
Gustavo Portela de Deus
Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar Eacute constituiacuteda de duas peneiras superpostas
com malhas de 50 e 70 meshs segundo a AFS fixadas em uma estrutura de accedilo que sofre
movimento vibratoacuterio promovido por um motor de frac14 de HP em cujo eixo estaacute afixada
uma peccedila assimeacutetrica para provocar um efeito excecircntrico na rotaccedilatildeo e consequumlente
vibraccedilatildeo como mostra a Figura 33
Figura 33 - Sistema de peneiramento da areia para o ensaio de abrasatildeo
3233 Abrasocircmetro
O abrasocircmetro utilizado no ensaio de abrasatildeo por perda de massa tambeacutem foi
desenvolvido e construiacutedo nos laboratoacuterios do Departamento de Engenharia de Materiais
da Universidade Federal de Satildeo Carlos ndash UFSCar segundo a norma ASTM G65-91 Esta
norma determina que seja feita uma calibraccedilatildeo do abrasocircmetro de modo que o mesmo
possa ser utilizado de forma confiaacutevel assegurando as mesmas condiccedilotildees e
reprodutividade dos ensaios de perda de volume
Materiais e Meacutetodos 82
Gustavo Portela de Deus
O anel de borracha eacute constituiacutedo de clorobutil com diacircmetro externo inicial de
2286 mm e espessura de 127 mm com dureza variando entre 59 e 60 shore A A
excentricidade do anel natildeo deve exceder a toleracircncia de 005 mm Com este diacircmetro
especificado e para um nuacutemero total de 6000 rotaccedilotildees o comprimento linear de realizaccedilatildeo
do ensaio eacute de 4309 m Agrave medida que a roda se desgasta deve-se ajustar a perda de
volume (PV) como prevecirc a norma O fluxo de areia recomendado eacute de 300 gmin a 400
gmin que deveraacute escoar pelo bocal de alimentaccedilatildeo de forma regular e contiacutenua como
mostra a Figura 34
Faz parte da constituiccedilatildeo do abrasocircmetro um contador digital do nuacutemero de voltas
efetuadas pela roda de borracha ateacute o limite estabelecido de 6000 rotaccedilotildees em que o
mesmo deveraacute provocar o desligamento automaacutetico Possui ainda um sistema de alarme
com paracircmetros de limites de rotaccedilotildees por min de miacutenimo 190rpm e de maacuteximo 210 rpm
e tendo como rotaccedilatildeo referecircncia 200 rpm (BRANDIM 1998)
Figura 34 ndash Abrasocircmetro de Roda de Borracha
Materiais e Meacutetodos 83
Gustavo Portela de Deus
3234 - Corte Usinagem e Pesagem dos Corpos-de-Prova
Os corpos-de-prova revestidos pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
foram retificados e cortados em uma retificadora plana longitudinal de fabricaccedilatildeo Mello
SA Maacutequinas e Equipamentos modelo RPT 2 maacutequina nordm 192 ano 1983 nos laboratoacuterios
de usinagem do CEFET ndash PI com refrigeraccedilatildeo na aacuterea de corte atraveacutes de fluido especial
emulsionaacutevel em aacutegua e tendo como ferramenta de corte um disco abrasivo de alta rotaccedilatildeo
(6000 rpm) e elevada dureza da ordem de 70 HRC fornecido pela empresa Arotec
modelo AA 5
Anteriormente ao corte das amostras nas dimensotildees especificadas pela norma
ASTM G65-91 os corpos de prova passaram por um processo de retificaccedilatildeo com o
objetivo de reparar possiacuteveis deformaccedilotildees e melhorar o acabamento das amostras
As medidas de massa dos corpos de prova para determinaccedilatildeo da massa antes e
depois do ensaio de abrasatildeo por roda de borracha foram efetuadas em uma balanccedila de
precisatildeo analiacutetica marca Marte modelo AS 2000C com capacidade de pesagem maacutexima
de 2000g e miacutenima de 05g erro de 01g e sensibilidade de 001g
3235 - Durocircmetro
As medidas de dureza foram efetuadas em um durocircmetro marca Sussen Wolpert
tipo Testor HT1 maacutequina Nordm 333 ano 1971 em escala Rockwell C com carga de 150 kgf
como mostra a Figura 35 pertencente ao laboratoacuterio do DEMa da Universidade Federal de
Satildeo Carlos (UFSCar)
Materiais e Meacutetodos 84
Gustavo Portela de Deus
Figura 35 - Durocircmetro
3236 - Microscopia Oacutetica
As anaacutelises e imagens de microscopia oacutetica foram realizadas no microscoacutepio oacutetico
de marca NIKKON EPIPHOT ndash DX com conversor de sinais da Hitach modelo com
aumento maacuteximo de 1000 vezes Para obtenccedilatildeo das fotos das microestruturas utilizou-se
um analisador de imagens
33 - Sequumlecircncia Experimental
Apoacutes os procedimentos convencionais de preparaccedilatildeo das amostras nas trecircs
condiccedilotildees que seratildeo avaliadas ou seja soldadas revestidas superficialmente por aspersatildeo
teacutermica e na condiccedilatildeo normal ou comercialmente encontradas estas amostras ou corpos-
de-prova passaram agrave fase experimental
Materiais e Meacutetodos 85
Gustavo Portela de Deus
Os experimentos tiveram como finalidade inicial avaliar o desempenho quanto agrave
resistecircncia agrave abrasatildeo dos corpos-de-prova quando submetidos aos processos de
revestimento superficial pelos processos de soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Tais experimentos se basearam principalmente em anaacutelises microscoacutepicas por meio
de microscopia oacutetica resistecircncia agrave abrasatildeo pelo ensaio da roda de borracha e pela anaacutelise
do niacutevel de dureza adquirida atraveacutes do durocircmetro
Depois de computados os resultados obtidos nos ensaios tecnoloacutegicos nas trecircs
avaliaccedilotildees diferentes microscopia dureza e resistecircncia agrave abrasatildeo partiu-se para a anaacutelise
matemaacutetica atraveacutes das meacutedias em funccedilatildeo de resultados diferentes obtidos nos ensaios em
pontos diferentes das amostras
34 ndash Meacutetodos
341 - Planejamento Experimental
3411 - Ensaio de Desgaste por Abrasatildeo a Baixa Tensatildeo ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram preparados e ensaiados segundo os procedimentos da
norma ASTM G65-91 (1991) no abrasocircmetro similar ao apresentado na figura A forccedila
exercida pelo corpo de prova sobre a roda foi de 130 N A rotaccedilatildeo da roda de borracha foi
mantida em mais ou menos 200 rpm com variaccedilotildees para mais e para menos de 10 rpm
quando em movimento e sob pressatildeo de ensaio Empregou-se para a contagem do nuacutemero
de giros da roda de borracha um sensor indutivo O nuacutemero total de rotaccedilotildees da roda para
interrupccedilatildeo automaacutetica do ensaio foi preacute-fixado em 6000 rotaccedilotildees Para a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha quando se fez necessaacuterio utilizou-se uma lixa de
granulometria 320 mantendo-se o braccedilo da alavanca do equipamento livre de qualquer
Materiais e Meacutetodos 86
Gustavo Portela de Deus
carga para evitar qualquer pressatildeo sobre a roda e proporcionar uma folga suficiente para a
introduccedilatildeo da lixa entre a roda e a amostra O fluxo de areia foi mantido dentro dos limites
da norma ASTM G65-91 (1991) tendo variado entre 350 e 360 gramasminuto
Os ensaios foram realizados com a roda de borracha girando no mesmo sentido da
direccedilatildeo de soldagem empregado Apoacutes o ensaio de cada lote realizou-se a retificaccedilatildeo da
superfiacutecie do anel de borracha As perdas de massa e de volume conforme a norma ASTM
G65-91 (1991) quando satildeo determinadas em uma roda de borracha com diacircmetro externo
diferente de 2286 mm devem ser corrigidas linearmente pela relaccedilatildeo perda de volume
(PV) x 2286 mmdiacircmetro da roda no final do ensaio tendo sido empregada quando
necessaacuterio esta correccedilatildeo (BRANDIM 1998)
3412 Microscopia Oacutetica
As amostras revestidas por aspersatildeo teacutermica LVOF dos tipos P e M e soldadas
foram analisadas no microscoacutepio oacutetico com aproximaccedilatildeo de 50X 100X 200X e 500X
3413 Ensaio de Dureza
Para a determinaccedilatildeo da dureza foi utilizado o meacutetodo Rockwell C com carga de
150 kgf Antes de efetuar as medidas foi realizada a afericcedilatildeo do aparelho ou durocircmetro
por meio da utilizaccedilatildeo de corpos-de-prova de dureza padronizada Cada corpo-de-prova foi
submetido a no miacutenimo trecircs medidas de dureza em pontos diferentes da superfiacutecie
Capiacutetulo 4
Resultados e Discussatildeo
Resultados e Discussatildeo 88
Gustavo Portela de Deus
4 - Resultados e Discussatildeo
41 - Introduccedilatildeo
Por meio dos ensaios jaacute efetuados e comentados no capiacutetulo anterior e utilizando-
se a metodologia descrita inicialmente seratildeo representados os resultados de afericcedilatildeo e
qualificaccedilatildeo do abrasocircmetro realizados segundo a norma ASTM G65-91(1991)
Procedimento A resistecircncia ao desgaste resultados dos ensaios de dureza e anaacutelises
quiacutemicas de microscopia oacutetica e terminando com as discussotildees que se fizeram relevantes
dos resultados obtidos
411 - Procedimentos Adotados no Desenvolvimento do Trabalho
Foram levantados dados estatiacutesticos do rendimento apresentado pelos elementos de
penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios no que concerne agrave vida uacutetil
proporcionada pelos diversos produtos apresentados no mercado bem como a qualidade
destes materiais no que diz respeito a constituiccedilatildeo da liga tratamentos teacutermicos efetuados
e revestimento superficial em peccedilas novas ou recuperadas na forma de endurecimento com
a finalidade de elevar a resistecircncia ao desgaste
No levantamento de dados e de informaccedilotildees foram considerados os rendimentos
obtidos pelas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios quando
utilizadas na sua forma original ou seja de acordo com a forma comercial fornecida por
parte dos fabricantes Foi considerada a vida uacutetil atingida com a ferramenta quando
utilizada na sua forma comercial bem como quando aplicado seu revestimento especiacutefico
Resultados e Discussatildeo 89
Gustavo Portela de Deus
Foram confeccionados corpos de prova seguindo a norma especiacutefica para
revestimentos duros ou seja ASTM G65-91
Os corpos-de-prova foram revestidos por soldagem de revestimento utilizando
eletrodos com as seguintes caracteriacutesticas eletrodo baacutesico que apresenta depoacutesitos de
carbonetos complexos de Cr Mo Nb W e V indicado para revestimentos duros contra
abrasatildeo severa erosatildeo e cavitaccedilatildeo de fabricaccedilatildeo BOHLER THYSSEN WELDING Tipo
UTP 713 desenvolvimento especial com concentraccedilatildeo de elementos na seguinte
composiccedilatildeo C - 4 Cr - 235 Mo ndash 65 Nb ndash 60 W ndash 08 e V ndash 09 com uma
dureza esperada de 65HRc
Foram tambeacutem revestidos pelo processo de revestimento superficial por aspersatildeo
teacutermica do tipo LVOF
Durante o desenvolvimento do projeto foram determinadas as perdas de massa
bem como de espessura dos elementos objeto do estudo antes e depois de revestidos pelos
processos de recobrimento por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Os corpos-de-prova foram ensaiados para anaacutelise de resistecircncia ao desgaste
abrasivo por meio do abrasocircmetro de roda de borracha que foi construiacutedo pelos alunos
mestrandos em engenharia de materiais da Universidade Federal de Satildeo Carlos UFSCar na
aacuterea especiacutefica triboloacutegica seguindo as recomendaccedilotildees da norma ASTM G65-91
Foram executados estudos comparativos de rendimento e viabilidade econocircmica
quando comparadas estas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos rodoviaacuterios
utilizadas na sua forma comercial bem como quando revestidas pelos processos de
endurecimento superficial por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 90
Gustavo Portela de Deus
42 - Afericcedilatildeo e Qualificaccedilatildeo do Abrasocircmetro Segundo a Norma ASTM
G65-91 Procedimento A
De acordo com esta norma o abrasocircmetro deveraacute antes da realizaccedilatildeo dos ensaios
de desgaste ser aferido Para tanto utilizou-se um accedilo ABNT 1015 para a determinaccedilatildeo do
coeficiente de variaccedilatildeo dos resultados obtidos com o ensaio de desgaste visando agrave
verificaccedilatildeo da dispersatildeo dos valores e da reprodutibilidade do equipamento A conversatildeo eacute
feita pela seguinte equaccedilatildeo
1000sup3)(
)(sup3)( x
cmg
gPMmmPV
Onde PV (mmsup3) = Perda de volume PM (g) = Perda de Massa e = (gmmsup3)
densidade do material
Segundo o apecircndice A da norma ASTM G65-91 o desvio padratildeo S a ser calculado
eacute obtido com o auxiacutelio da tabela 41 da referida norma para a obtenccedilatildeo do valor de d2 que
eacute dependente do nuacutemero de corpos-de-prova utilizados no ensaio de desgaste por abrasatildeo
Entatildeo a partir do desvio padratildeo da diferenccedila entre a maior perda de volume e a menor
perda de volume calcula-se o coeficiente de variaccedilatildeo (V) Tem-se entatildeo
Como o valor obtido neste processo de afericcedilatildeo foi inferior ao limite de 7
estabelecido pela norma ASTM G65-91(1991) fica assegurada a confiabilidade dos
resultados obtidos com o abrasocircmetro Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave
baixa tensatildeo realizada com accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilatildeo do
abrasocircmetro
Resultados e Discussatildeo 91
Gustavo Portela de Deus
Tabela 41 ndash Resultados dos ensaios de desgaste por abrasatildeo agrave baixa tensatildeo realizada com
o accedilo ABNT 1015 para obtenccedilatildeo do coeficiente de variaccedilotildees do Abrasocircmetro
Corpos-de-prova
Massa (g)
PV (cm3) M
i
M
f
Δ
M
01
1
128910
1
125017
0
3893
4
95924
02
1
129257
1
125721
0
3536
4
50446
03
1
077076
1
073516
0
3560
4
53503
04
1
093156
1
089095
0
4061
5
17325
05
1
077034
1
073005
0
4029
5
13248
Total
4
9
Onde Mi = Massa do corpo de prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo de prova depois do ensaio
ΔM = Diferenccedila de massa antes e apoacutes o ensaio
PV = Perda de volume
43 - Resistecircncia ao Desgaste
Resultados e Discussatildeo 92
Gustavo Portela de Deus
A anaacutelise da resistecircncia ao desgaste eacute feita pela comparaccedilatildeo com um material de
referecircncia Neste estudo foi utilizado o proacuteprio material constituinte das unhas da caccedilamba
de uma paacute carregadeira articulada de rodas Para a visualizaccedilatildeo geral dos materiais
envolvidos neste trabalho eacute apresentada na figura 41 uma comparaccedilatildeo da perda de
volume no qual os valores satildeo as meacutedias de todos os ensaios realizados
Na primeira imagem eacute representada a amostra que foi revestida pelo processo de
soldagem em que fica demonstrada a menor perda de massa em funccedilatildeo do consumiacutevel
utilizado no processo que possuiacutea uma grande concentraccedilatildeo de elementos de liga que
propiciam elevada resistecircncia ao desgaste
Na segunda imagem temos a representaccedilatildeo de uma amostra revestida pelo processo
de aspersatildeo teacutermica por LVOF em que tambeacutem fica demonstrada uma elevada resistecircncia
ao desgaste abrasivo embora de menor intensidade que na soldagem que admitimos ter
ocorrido em funccedilatildeo do procedimento utilizado no ensaio ldquoprocedimento Ardquo natildeo ser
recomendado a tal amostra por se tratar de revestimento de espessura pequena da ordem
de 05mm o que eacute considerada pequena para tal ensaio Quando o revestimento eacute de
pequena espessura o procedimento recomendado pela norma G65-91 eacute o ldquoprocedimento
Crdquo em que se utiliza uma menor carga como tambeacutem um nuacutemero menor de revoluccedilotildees
Na terceira imagem temos a representaccedilatildeo da amostra de referecircncia ou seja
retirada da proacutepria unha da caccedilamba da paacute carregadeira de rodas em que fica demonstrada
uma boa resistecircncia agrave abrasatildeo em funccedilatildeo da mesma ter sido constituiacuteda de accedilo carbono
1045 temperado que apresenta uma boa resistecircncia ao desgaste
Resultados e Discussatildeo 93
Gustavo Portela de Deus
Figura 41 - Imagens de corpos-de-prova desgastados no ensaio por abrasatildeo
Os dados coletados para a anaacutelise do desgaste abrasivo por meio do abrasocircmetro
estatildeo quantificados e apresentados na Tabela 42 com as perdas de massa correspondentes
a cada uma das amostras analisadas Na Figura 42 mostra o graacutefico da perda de massa
Tabela 42 ndash Determinaccedilatildeo da perda de massa e de volume apoacutes o ensaio de desgaste
Amostra Mi (g) Mf (g)
PM
(g)
PV
(mmsup3)
PVCorrigido
(mmsup3)
Metal
de
base
A1 9136 9044 092
45 45
A2 9050 8962 088
A3 10022 9914 108
Valor meacutedio 096
Aspersatildeo
teacutermica
A1 9219 9211 008
20 20
A2 9006 8997 009
A3 9107 9097 010
Valor meacutedio 009
Revestimentos
soldados
A1 18651 18638 013
12 12
A2 15647 15640 007
Resultados e Discussatildeo 94
Gustavo Portela de Deus
A3 14422 14414 008
Valor meacutedio 009
Onde Mi = Massa do corpo-de-prova antes do ensaio
Mf = Massa do corpo-de-prova depois do ensaio
PM = Perda de massa do corpo-de-prova apoacutes o ensaio
0
10
20
30
40
50
60
PV (mmsup3)
Accedilo ABNT
1015
Accedilo ABNT
1045
temperado
Aspersatildeo
teacutermica
Amostra
soldada em
laboratoacuterio
Corpos-de-prova
Perda de Volume Meacutedio (mmsup3)
Perda de Volume (mmsup3) Perda de Volume Corregido (mmsup3)
Figura 42 ndash Graacutefico da perda de volume dos corpos-de-prova desgastados pelo ensaio de
abrasatildeo
44 - Dureza
Nos resultados dos valores meacutedios de dureza apresentados na Tabela 43 e na
Figura 43 natildeo se nota grandes dispersotildees dos resultados para os corpos-de-prova quando
se analisa entre os mesmos materiais e nem quando se compara os revestimentos obtidos
por teacutecnicas diferentes no caso por soldagem e por aspersatildeo teacutermica
Resultados e Discussatildeo 95
Gustavo Portela de Deus
Alguns valores de dureza apresentaram discrepacircncia em relaccedilatildeo aos
valores meacutedios que foram atribuiacutedos serem decorrentes do ponto em que o
indentador foi posicionado
O corpo-de-prova utilizado como referecircncia apresentou um bom
resultado de dureza visto que a sua microestrutura eacute constituiacuteda de
martensita
Tabela 43 - Valores meacutedios de dureza para os corpos-de-prova em estudo
Amostra
HRc
(150kg)
Valor meacutedio
final Dureza
HRc
Metal de base
P1 46
45 P2 48
P3 43
Aspersatildeo
teacutermica
P1 53
54 P2 52
P3 56
Revestimentos
soldados
P1 52
53 P2 48
P3 59
Resultados e Discussatildeo 96
Gustavo Portela de Deus
40
42
44
46
48
50
52
54
Dureza (HRc -
150kg)
Metal de base Aspersatildeo
teacutermica
Soldados
Amostras revestidas
Dureza Meacutedia Final
Figura 43 ndash Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios de dureza entre os materiais estudados
45 - Microdureza
Amostra M
0
200
400
600
800
1000
1200
30 90 180 330 450 600 750
Distacircncia (Mm)
Dur
eza
(200
gf)
Figura 44 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo M
Resultados e Discussatildeo 97
Gustavo Portela de Deus
Amostra P
0
200
400
600
800
1000
1200
30 160 310 460 610 670 730
Distacircncia (microm)
Dure
za H
V (2
00g
f)
Figura 45 - Representaccedilatildeo graacutefica da microdureza da amostra tipo P
46 - Anaacutelise Microestrutural
A anaacutelise microestrutural foi realizada para todos os corpos-de-prova estudados
nesse trabalho utilizando a teacutecnica de Microscopia oacutetica
461- Microestrutura das Amostras Aspergidas Termicamente
Os corpos-de-prova aspergidos termicamente apresentaram as microestruturas
conforme mostram as Figuras 46 47 e 48 Nessas pode-se observar uma quantidade
significativa de poros de tamanhos variados principalmente na interface entre a camada
aspergida e o substrato em destaque na Figura 46 A formaccedilatildeo desses poros eacute decorrente
da reaccedilatildeo com gases durante o processo de aspersatildeo e a atmosfera em contato com o
material enquanto liacutequido
Resultados e Discussatildeo 98
Gustavo Portela de Deus
Figura 46 ndash Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 50X
Figura 47 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato Ataque colorido 100X
Interface substratocamada
Linha de poros
Resultados e Discussatildeo 99
Gustavo Portela de Deus
Figura 48 - Corpo-de-prova aspergido termicamente destacando os poros na interface
entre a camada e o substrato A presenccedila de aacutereas esbranquiccediladas que possivelmente
possam ser os carbetos de tungstecircnio Ataque colorido 200X
462 Microestrutura das Amostras Revestidas por Soldagem
Os corpos-de-prova soldados apresentaram microestrutura euteacutetica com intensa
quantidade de carbetos de cromo complexos do tipo M7C3 conforme mostram as Figuras
49 e 410 Isto se deve principalmente pela composiccedilatildeo quiacutemica do eletrodo utilizado
onde apresentou C-4 Cr-235 Mo-65 Nb-60 W-08 V-09 com dureza de
65HRC
Estes elementos quando participam da constituiccedilatildeo da liga adicionam e melhoram
algumas propriedades mecacircnicas dos materiais tais como
a) Carbono (C) ndash Na composiccedilatildeo de accedilos modernos destinados agrave cutelaria
quer sejam aqueles classificados como carbono ou os ditos inoxidaacuteveis
dificilmente poderaacute existir menos do que 06 de Carbono pois este eacute o
Resultados e Discussatildeo 100
Gustavo Portela de Deus
principal elemento que apoacutes a adequada tecircmpera concederaacute dureza agrave
peccedila
b) Cromo (Cr) ndash O cromo estimula a formaccedilatildeo de carbonetos aumentando a
resistecircncia ao desgaste bem como a temperabilidade aos accedilos reduz a
velocidade criacutetica de resfriamento de modo que a tecircmpera de accedilos com
teores elevados de cromo seja feita preferencialmente ao oacuteleo ou ao ar A
adiccedilatildeo de cromo torna mais fina a granulaccedilatildeo dos accedilos aumentando
desse modo a sua resistecircncia
c) Molibdecircnio (Mo) ndash Influencia favoravelmente a dureza a resistecircncia a
quente a fluecircncia e a temperatura de crescimento de gratildeo de austenita
aleacutem de melhorar a penetraccedilatildeo da tecircmpera nos accedilos Eacute largamente
empregado no accedilos de construccedilatildeo mecacircnica para beneficiamento pois
forma partiacuteculas resistentes a abrasatildeo e evita a fragilidade de
revenimento O molibdecircnio natildeo eacute empregado sozinho pois apresenta
uma tendecircncia de diminuir a tenacidade dos accedilos
d) Nioacutebio (Nb) ndash Tem alta afinidade por carbono e nitrogecircnio formando
carbonetos e carbonitretos Melhora a soldabilidade a tenacidade e a
comformabilidade o que levou a ciecircncia moderna a busca de
alternativas que aumentassem a resistecircncia mecacircnica do accedilo sem alterar
as outras propriedades desejaacuteveis
e) Tungstecircnio (W) ndash Forma carbonetos muito duros tendo como
consequumlecircncia influecircncia nas propriedades com aumento da dureza
aumento da resistecircncia agrave traccedilatildeo resistecircncia agrave corrosatildeo e a erosatildeo
f) Vanaacutedio (V) ndash Eleva a temperatura de crescimento do gratildeo da austenita
promovendo o refino do gratildeo Eacute excelente desoxidante A adiccedilatildeo de
Resultados e Discussatildeo 101
Gustavo Portela de Deus
vanaacutedio confere aos accedilos uma insensibilidade ao super-aquecimento
melhorando suas caracteriacutesticas de forjamento e usinagem O emprego de
teores elevados de vanaacutedio deve ser acompanhado por um aumento do
teor de carbono devido agrave formaccedilatildeo de carbonetos
g) Siliacutecio (Si) ndash Auxilia na desoxidaccedilatildeo auxilia na grafitizaccedilatildeo aumenta a
fluidez como influecircncia na estrutura Aumenta a resistecircncia agrave oxidaccedilatildeo
com temperaturas elevadas melhoria da temperabilidade e da resistecircncia
a traccedilatildeo influenciando nas propriedades
h) Boro (B) ndash Os accedilos ao boro compreedem uma famiacutelia com propriedades
especiais devendo ser tratados como uma classe agrave parte O boro quando
adicionado em pequenas quantidades melhora a temperabilidade do accedilo
diminui a tendecircncia a triancas de tecircmpera distorccedilotildees durante o
tratamento teacutermico e melhora as propriedades de conformaccedilatildeo mecacircnica
Os accedilos ao boro natildeo satildeo empregados soacute onde se exijam especificaccedilotildees
severas de temperabilidade mas tambeacutem onde se necessite de
caracteriacutesticas uniformes de tratamento teacutermico de usinabilidade
soldagem e conformaccedilatildeo O percentual de boro adicionado aos accedilos pode
variar desde 00005 quando se deseja obter efeitos de temperabilidade
a ateacute 00015 quando se obtecircm a melhor combinaccedilatildeo de resistecircncia e
tenacidade nos accedilos
i) Niacutequel (Ni) ndash Refina o gratildeo diminui a velocidade de transformaccedilatildeo na
estrutura do accedilo Influecia nas propriedades com o aumento da
resistecircncia a traccedilatildeo e com a alta ductilidade
Resultados e Discussatildeo 102
Gustavo Portela de Deus
Figura 49 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 Ataque colorido 200X
Resultados e Discussatildeo 103
Gustavo Portela de Deus
Figura 410 - Microestrutura euteacutetica com presenccedila de carbetos complexos de cromo do
tipo M7C3 Ataque colorido 500X
Os corpos de prova estudados e que foram revestidos pelo processo de soldagem de
revestimento foram incluiacutedos no diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C apresentado na Figura
411 Observou-se que todas as amostras estatildeo enquadradas na regiatildeo hipereuteacutetica
Resultados e Discussatildeo 104
Gustavo Portela de Deus
Figura 411 ndash Diagrama de equiliacutebrio Fe-Cr-C
As amostras das Figuras 49 e 410 apresentam uma microestrutura com euteacutetico e
perfis alongados de tonalidade clara representando os carbetos complexos de cromo do tipo
M7C3 e ainda pontos claros representativos dos elementos constituintes da liga de
composiccedilatildeo do eletrodo bem como os carbonetos de cromo que natildeo se desenvolveram
Os perfis representativos dos carbonetos de complexos de cromo M7C3 de forma
alongada conferem ao revestimento uma dureza elevada que favorece a uma maior
resistecircncia ao desgaste abrasivo poreacutem da mesma forma que elevam esta resistecircncia ao
desgaste favorece tambeacutem o aparecimento de trincas que podem acelerar o processo
abrasivo em funccedilatildeo de permitir a penetraccedilatildeo do gratildeo abrasivo entre as frestas dessas
trincas
Resultados e Discussatildeo 105
Gustavo Portela de Deus
463 Resultados
Apresentar uma anaacutelise comparativa de rendimento entre as ferramentas de
penetraccedilatildeo no solo para equipamentos rodoviaacuterios encontrados no mercado consumidor e
destas mesmas ferramentas revestidas superficialmente pelos processos de endurecimento
superficial por soldagem com a utilizaccedilatildeo de eletrodos revestidos e pela teacutecnica de
revestimento LVOF
Nas anaacutelises econocircmicas efetuadas se constatou que o custo para se revestir as
unhas das caccedilambas da paacute carregadeira utilizando como base a peccedila original isto eacute antes
da mesma ser colocada em operaccedilatildeo eacute compatiacutevel com o custo benefiacutecio de se substituir a
mesma unha apoacutes o seu desgaste natural Baseado no preposto e considerando o tempo
desperdiccedilado para a substituiccedilatildeo do elemento consideramos economicamente viaacutevel se
revestir unhas de caccedilamba na condiccedilatildeo nova adquirida no mercado
Capiacutetulo 5
Conclusotildees e Sugestotildees
Conclusotildees 107
Gustavo Portela de Deus
5 ndash Conclusotildees
ndash Os materiais revestidos pelo processo de aspersatildeo teacutermica apresentaram uma
superfiacutecie mais uniforme e de melhor aparecircncia
ndash Como determinadas ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de equipamentos
rodoviaacuterios natildeo requerem uma usinagem posterior para acabamento como retificaccedilatildeo os
processos por aspersatildeo em determinadas situaccedilotildees satildeo industrialmente mais eficientes
que os processos por soldagem
ndash A perda de volume constatada nos dois processos envolvidos na anaacutelise no
quesito correspondente agrave resistecircncia ao desgaste por aspersatildeo e por soldagem natildeo se
tornou fator determinante na opccedilatildeo de escolha do processo mais eficiente em funccedilatildeo do
procedimento utilizado no ensaio de desgaste por abrasatildeo
- As amostras revestidas pelo processo de soldagem com eletrodo revestido
apresentaram trincas em diversos pontos da estrutura em funccedilatildeo do aparecimento dos
elementos de segunda fase
ndash Ainda natildeo se recomenda revestir ferramentas de penetraccedilatildeo no solo de
equipamentos rodoviaacuterios que estatildeo sujeitos a grandes impactos pelo processo de aspersatildeo
teacutermica em funccedilatildeo dos revestimentos por aspersatildeo natildeo resistirem ao impacto que tambeacutem
vem a ser uma caracteriacutestica dos dentes de caccedilamba de paacutes carregadeiras que sofrem
desgaste por goivagem
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Referecircncias 109
Gustavo Portela de Deus
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