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DECOMTEC Área de Competitividade
Análise da Penetração das
Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
Equipe Técnica
Abril de 2010
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - F IESP PRESIDENTE Paulo Skaf Departamento de Competitividade e Tecnologia – DECO MTEC DIRETOR TITULAR José Ricardo Roriz Coelho DIRETOR TITULAR ADJUNTO Pierangelo Rossetti DIRETORES: Airton Caetano Almir Daier Abdalla André Luis Romi Carlos William de Macedo Ferreira Cássio Jordão Motta Vecchiatti Christina Veronika Stein Cláudio Grineberg Cláudio José de Góes Cláudio Sidnei Moura Cristiano Veneri Freitas Miano (Representante do CJE) Denis Perez Martins Dimas de Melo Pimenta III Donizete Duarte da Silva Eduardo Berkovitz Ferreira Eduardo Camillo Pachikoski Elias Miguel Haddad Eustáquio de Freitas Guimarães Fernando Bueno Francisco Florindo Sanz Esteban Francisco Xavier Lopes Zapata Jayme Marques Filho João Luiz Fedricci Jorge Eduardo Suplicy Funaro Lino Goss Neto Luiz Carlos Tripodo Manoel Canosa Miguez Marcelo Gebara Stephano (Representante do CJE) Marcelo José Medela Mario William Esper Nelson Luis de Carvalho Freire Newton Cyrano Scartezini Octaviano Raymundo Carmargo Silva Olívio Manuel de Souza Ávila Rafael Cervone Netto Robert William Velásquez Salvador (Representante do CJE) Roberto Musto Ronaldo da Rocha Stefano de Angelis Walter Bartels
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
EQUIPE TÉCNICA – Departamento de Competitividade e Tecnologia GERENTE Renato Corona Fernandes EQUIPE TÉCNICA Albino Fernando Colantuono André Kalup Vasconcelos Célia Regina Murad Daniela Carla Decaro Schlettini Egídio Zardo Junior Fúlvia Hessel Escudeiro Guilherme Riccioppo Magacho José Leandro de Resende Fernandes Juliana de Souza Maurício Oliveira Medeiros Paulo Henrique Rangel Teixeira Paulo Sergio Pereira da Rocha Pedro Guerra Duval Kobler Corrêa Roberta Cristina Possamai Silas Lozano Paz ESTAGIÁRIA Michelle Cristine Bertolini APOIO
Maria Cristina Bhering Monteiro Flores
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
Apresentação
Este trabalho atualiza as informações contidas em estudo de mesmo título publicado em julho
de 2008 tendo em vista as mudanças ocorridas com a crise financeira internacional iniciada em
setembro daquele ano.
Seu objetivo é mostrar a importância da coerência entre a política macroeconômica e a política
industrial, ou seja, que ambas devem colaborar para o barateamento do custo dos investimen-
tos e para a desoneração tributária, não para criar a proteção pura e simples de setores mas
apenas para dar isonomia ao ambiente de negócios às nossas empresas.
Para tanto analisa a penetração das importações industriais chinesas no mercado nacional à
luz do ambiente competitivo em que se inserem as empresas chinesas vis-à-vis o ambiente en-
frentado pelas empresas locais. Mostramos também como o ambiente de negócios afeta os
diferentes setores industriais.
É importante notar que houve um real aumento da participação dos produtos chineses no mer-
cado brasileiro com o passar dos anos, o qual foi determinado por um grande esforço comercial
das empresas chinesas mas também por uma política econômica clara orientada para o au-
mento da competitividade dessas empresas nos mercados globais.
Alertamos para o fato de que o cálculo do grau de penetração é feito usando-se apenas valores
e que tais valores referem-se exclusivamente ao comércio formal. Dessa forma, consideramos
que o impacto seja maior do que aquele que pudemos mensurar.
Finalmente, devemos enfatizar o fato de que, apesar da aparente melhoria do balanço comerci-
al com a China em 2009, não há porque imaginar uma reversão de tendência histórica de cres-
centes déficits com a China. Particularmente no que se refere à indústria de transformação, a
redução do déficit comercial com aquele país reflete a redução dos preços dos produtos chine-
ses frente à crise internacional e a queda do volume de importação reflete o desaquecimento da
economia doméstica. Terminada a crise, espera-se avanço agressivo dos produtos chineses.
Esperamos suscitar reflexões e inspirar ações com o estudo, contribuindo o fortalecimento da
competitividade da indústria nacional e para o aumento do bem-estar dos cidadãos brasileiros.
José Ricardo Roriz Coelho
Diretor Titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia – DECOMTEC.
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
Índice:
Introdução ................................................................................................................................................. 6
I. Comparação entre os Indicadores de Competitividade de Brasil e China................................................. 9
II. Efeitos sobre a Pauta de Exportação ................................................................................................... 15
III. Efeitos sobre o Mercado Doméstico Brasileiro..................................................................................... 23
IV. Política de Desenvolvimento Produtivo ............................................................................................... 31
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
Introdução
O Balanço Comercial do Brasil com a China se deteriorou rapidamente entre 2003 e 2008, ano
em que atinge um saldo negativo de aproximadamente US$ 3,6 bilhões. Em 2009, entretanto,
observa-se uma considerável recuperação da balança comercial causada pelo aumento de
23,8% nas exportações simultaneamente a uma queda de 20,2% nas importações. Com isso, o
Balanço Comercial com a China tornou-se superavitário em US$ 4,28 bilhões. (Gráfico 1).
Gráfico 1
(5)
-
5
10
15
20
25
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: COMTRADE e BCB; elaboração FIESP.
(em US$ bilhões de 2009)
Saldo
Importações
Exportações
BRASIL - Balança Comercial com a China - 2000-20 09
O principal responsável pela deterioração da balança comercial com a China até 2008 foi o dé-
ficit da indústria de transformação, a qual em 2008 chegou ao seu pior resultado em todo o pe-
ríodo analisado (Gráfico 2), US$ 16,2 bilhões (Tabela 1).
Em 2009, uma redução do déficit comercial da indústria de transformação impactou positiva-
mente para a balança comercial do Brasil com a China que, apesar da melhora, apresentou
déficit ainda maior do que aquele verificado em 2007. Em outras palavras, a recuperação ocor-
rida em 2009 não foi suficiente para neutralizar a tendência de queda verificada até 2008.
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
Tabela 1 BRASIL – Saldo Comercial com a China segundo a Seção CNAE – 2000-2009 (em US$ bilhões de novembro de 2009)
SEÇÃO CNAE 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
A e B - Agropecuária e Pesca 0,47 0,72 1,06 1,63 1,98 2,27 2,71 3,26 5,66 6,79
C - Indústrias Extrativas 0,38 0,61 0,62 0,89 1,88 2,73 3,84 4,9 6,92 8,72
D - Indústrias de Transformação -1,02 -0,62 -0,53 0,29 -1,6 -3,36 -6,11 -10,11 -16,24 -11,19
Demais Atividades 0,00 0,00 0,02 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01
TOTAL -0,17 0,7 1,16 2,81 2,26 1,64 0,44 -1,95 -3,66 4,33 Fonte: COMTRADE e IBGE; elaboração FIESP.
Gráfico 2
(18,00)
(16,00)
(14,00)
(12,00)
(10,00)
(8,00)
(6,00)
(4,00)
(2,00)
-
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
A e B - Agropecuária e Pesca
C - Indústrias Extrativas
D - Indústrias de Transformação
Demais Atividades
Fonte: COMTRADE, IBGE e OCDE; elaboração FIESP.
(em US$ bilhões de 2009)
BRASIL - Saldo Comercial com a China segundo o Se tor - 2000-2009
É importante notar que a queda do saldo comercial da indústria de transformação até 2008 foi
acompanhada por um aumento da participação dos produtos chineses no consumo aparente de
produtos industriais (Gráfico 3). De 0,4% em 2000, a participação de produtos chineses no mer-
cado de produtos da indústria de transformação cresceu para 2,4% em 2008.
De qualquer modo, com a redução do déficit comercial verificado em 2009, o coeficiente de pe-
netração dos produtos chineses caiu 8,3% em relação ao ano anterior, passando de 2,4% para
2,2%. Vale notar que, apesar da queda, o coeficiente de penetração nem sequer retornou aos
níveis de 2007.
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
Nota-se que o aumento da inserção dos produtos industriais chineses no país não foi causado
exclusivamente pela valorização da taxa de câmbio (R$/US$). Em 2002 e 2003, época em que
o Real estava se desvalorizando perante o dólar, a penetração dos produtos chineses continua-
va a se elevar em relação aos anos anteriores. Ainda assim, observa-se que o crescimento da
participação dos produtos chineses no mercado brasileiro de manufaturados acelerou-se com a
valorização do Real ocorrida a partir de 2003 e que a desvalorização cambial aparentemente
contribuiu para a interrupção da tendência sua em 2009 (Gráfico 3).
Gráfico 3
2,01,8
1,9
2,2
2,4
2,9
3,12,9
2,3
1,8
2,2
2,4
1,8
1,5
1,21,1
0,80,7
0,50,4
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009-
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
INDÚSTRIA - Penetração dos Produtos Chineses vs Câm bio - 2000-2009Câmbio Médio (R$/US$) Coeficiente de Penetração (em % do Consumo
Aparente da Indústria de Transformação)
Fonte: BCB, FUNCEX, IBGE e FGV,; elaboração FIESP.
Diante destes resultados, o Departamento de Competitividade e Tecnologia – DECOMTEC – da
FIESP decidiu analisar mais detalhadamente o ambiente competitivo destes países de forma a
procurar respostas para este desempenho negativo do Brasil em relação à China.
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
I. Comparação entre os Indicadores de Competitivida de de Brasil e China
Inicialmente, chamamos atenção sobre três aspectos do ambiente sistêmico em que as empre-
sas se inserem: o ambiente econômico, o ambiente educacional e o ambiente tecnológico. Tais
aspectos serão analisados a seguir, para o período compreendido entre 2000 e 2008.
Conforme revelado pelo Índice FIESP de Competitividade das Nações - IC-FIESP 20091 -, o
ambiente de negócios no Brasil, apesar das melhoras recentes, é menos favorável à produção
do que aquele verificado em países “competitivos” ou em países semelhantes que servem de
benchmark para a economia brasileira2, como é o caso da China.
Em relação ao ambiente de negócios observa-se que o consumo do governo chinês apresentou
forte tendência de queda em relação ao PIB, a partir de 2001, fechando a série em 13,9% do
PIB (gráfico 4)3. Já o consumo do governo brasileiro, o qual apresentou queda a partir de 2002,
voltou a crescer, ficando em 20,2% do PIB em 2008.
A carga tributária chinesa, por sua vez, manteve-se relativamente estável na maior parte dos
anos analisados. Entretanto, a partir de 2005, apresentou um leve aumento, chegando a 18,3%
do PIB em 2008. Já carga brasileira, em todos os anos analisados, se manteve elevada e cres-
ceu ainda mais a partir de 2003, chegando a ser de 35,8% do PIB em 2008.
Embora o volume de carga tributária em parte reflita o volume do consumo do governo, uma
boa parcela dela é destinada ao pagamento de juros, os quais historicamente os brasileiros são
mais elevados que os chineses. Os juros4 para depósito no Brasil, mesmo com a volta à “nor-
malidade” após a crise de confiança de 2002-2003 e a queda apresentada a partir de 2005, vol-
tou a subir em 2008, ficando em 12,4% a.a.. Os juros chineses foram em média de 2,3% a.a. no
mesmo ano.
1 IC-FIESP é um indicador que avalia a competitividade das principais economias do mundo. São investigados 43 países (mais
de 90% da economia mundial), onde estão países em desenvolvimento (como China, Rússia e Índia, que juntos com o Brasil formam o BRIC) e as principais economias latinos-americanas (Chile, Argentina, Venezuela, Colômbia, Brasil e México).
2 FIESP; Índice de Competitividade das Nações - IC-FIESP 2009; São Paulo: FIESP, Setembro de 2009 (http://www.fiesp.com.br/competitividade/sistemica/indice.aspx).
3 Aqui não foi analisado se isso foi obtido com a contenção de gastos ou com o crescimento do PIB. 4 Juros nominais.
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
Outra diferença muito grande entre o ambiente de negócios no Brasil em relação ao da China é
o spread bancário. O spread chinês terminou a série em 3,1%, apresentando certa estabilidade.
Já o spread no Brasil ficou em 26,6%.
Juros altos e spread bancário alto se traduzem numa enorme diferença da oferta de crédito en-
tre os dois países. A despeito do aumento do crédito verificado no Brasil a diferença ainda é
muito grande. O crédito ao setor privado no Brasil representava cerca de 41,5% do PIB em
2008. Nesse mesmo ano, o crédito na China representava cerca de 108,3% do PIB.
Esse conjunto de fatores, por sua vez, ajuda a explicar a discrepância entre o investimento na
China e no Brasil. Na China, a formação bruta de capital fixo – FBCF – fechou 2008 em 40,9%
do PIB. No Brasil, a despeito da recuperação ocorrida, a FBCF ficou em apenas 19,0% do PIB
no mesmo ano.
Gráfico 4
AMBIENTE DE NEGÓCIOS
Consum o do G overno (% do P IB )
Carga T ributári a (% do P IB )
Juros p/ depósito (% ao ano)
Spread Bancário (% ao ano)
Crédito ao Setor Privado (% do P IB)
FBCF (% do PIB )
Fonte: F MI e IMD; elaboração F IESP.
12
15
18
21
24
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
BRA 20,2
CHN 13,9
0
5
10
15
20
25
2000
2001
2002
2003
2004
20052006
2007
2008
BRA 12 ,4
CHN 2,3
0
10
20
30
40
50
2000
2001
2002
2003
2004
20052006
2007
2008
BRA 26 ,6
CHN 3,1
0
30
60
90
120
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006 2007
2008
BRA 41,5
CHN 108,3
5
15
25
35
45
2000
2001
2002
2003
2004
2005 2006
2007
2008
BRA 19,0
CHN 40,9
10
15
20
25
30
35
40
2000
2001
2002
2003
2004
20052006
2007
2008
BRA 35 ,8
CHN 18 ,3
Outro aspecto macroeconômico que difere radicalmente entre Brasil e China é a previsibilidade
do câmbio (Gráfico 4a). O Governo chinês manteve o Iuan praticamente constante em relação
ao Dólar entre 1997 e 2009. Isso mostra uma visão estratégica, uma vez que o mercado ameri-
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
cano é o principal mercado do mundo e que as moedas de outros mercados importantes, como
a União Européia, se valorizaram em relação à moeda americana.
O Real, ao contrário do Iuan, apresentou oscilações fortíssimas no mesmo período, gerando
grande incerteza e impossibilitando qualquer planejamento estratégico das empresas exporta-
doras em relação aos seus principais mercados, além de mostrar uma tendência de valorização
perante o dólar. Ressalta-se, porém, que entre 2008 e 2009, o Real apresentou momentos de
desvalorização, porém voltou rapidamente à sua trajetória anterior de valorização, o que faz
com que os produtos chineses fiquem com preços mais atrativos do que os nacionais, estimu-
lando a importação desses produtos.
Gráfico 4a
-
50
100
150
200
250
300
350
400
jan/97 jan/98 jan/99 jan/00 jan/01 jan/02 jan/03 jan/04 jan/05 jan/06 jan/07 jan/08 jan/09
(moeda local por US$; base: jan-97 = 100)
Fonte: BCB; elaboração FIESP.
BRASIL vs. CHINA - Câmbio Nominal - 1997-2009
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 0908
BRASIL
CHINA
Em relação ao ambiente educacional, os números mostram que o Brasil está fazendo o dever
de casa já há algum tempo. O gasto em educação do Brasil, em relação ao PIB, mostrou-se
consideravelmente maior do que o da China, como se pode ver no Gráfico 5. Dados do Banco
Mundial mostram que o Brasil gastou em média 4,9% do PIB por ano entre 2000 e 2008. A Chi-
na, por sua vez, mantém uma média de, aproximadamente, 1,8% do PIB em gastos com edu-
cação. Isso explica em parte a superação da escolaridade média brasileira em relação à chine-
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
sa, já que segundo a PNUD5, a escolaridade média na China piorou entre 2000 e 2008, caindo
de cerca de 6,4 para 5,8 anos de escola. No Brasil, a escolaridade média subiu, passando de
4,9 para 6,2 anos de escola. Já em termos de alfabetização, ambos os países apresentam me-
lhora recente.
Devemos notar, entretanto, que variáveis como a escolaridade e a taxa de alfabetização6 apre-
sentam um forte componente inercial. Além disso, apesar da melhora relativa em termos de
alfabetização e escolaridade média, o Brasil forma apenas 1,6 engenheiros para cada dez mil
habitantes enquanto a China forma cerca de 4,6 (dados de 2005).
É importante ressaltar que algumas medidas estão sendo tomadas pelo Governo Federal para
melhorar a educação no país, pois, apesar de o gasto com educação, escolaridade e alfabeti-
zação terem aumentado com o passar dos anos, a qualidade da educação brasileira continua
precária. No entanto, vale lembrar, que essas medidas somente trarão resultados no longo pra-
zo.
BRASIL – Medidas Voltadas para a Melhoria do Ensino
(1) avaliação para crianças de seis a oito anos de idade, para verificar a qualidade do processo
de alfabetização dos alunos no momento em que ainda é possível corrigir as distorções;
(2) criação de um piso salarial nacional dos professores;
(3) ampliação do acesso dos educadores à universidades;
(4) criação de um sistema nacional de avaliação de alunos;
(5) remuneração de professores segundo desempenho;
(6) criação de um programa de progressão na carreira por desempenho; entre outros.
Fonte: ?;?.
5 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD. 6 A evolução para a alfabetização na China foram obtidos por interpolação posto que o Banco Mundial dispunha apenas dos
dados para os anos de 2000 e 2007.
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
Gráfico 5
AMBIENTE EDUCACIONAL
CHINA600 mil form ados40% dos formandos4,6 a cada 10 mil hab.
BRASIL30 m il formados8% dos formandos1,6 a cada 10 mil hab.
FORMAÇÃO DE ENGENHEIROS
(2005)
Fonte : Banco M undia l e PNUD; elaboração FIESP.
Gasto em educação (% do P IB)
Escolaridade
(número médio de anos na escola)
Alfabet ização
(% da popul ação acima de 15 anos)1
2
3
4
5
6
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
BRA 4,9
CHN 1,8
4
5
6
7
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
BRA 6,2
CHN 5,8
8 4
8 7
9 0
9 3
9 6
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
BRA 90,0
CHN 93,3
Já os indicadores de ciência e tecnologia revelam o contraste entre o esforço tecnológico pela
China e aquele realizado pelo Brasil (Quadro 6).
Os gastos em pesquisa e desenvolvimento – P&D – da China cresceram quase continuamente
entre 2000 e 2008, saindo de 0,90% do PIB para 1,42% do PIB em 2008. Enquanto que o Bra-
sil, apesar do aumento a partir de 2004, atingiu, em 2008, 1,11% do PIB. Além disso, a China
vem melhorando sua infra-estrutura tecnológica7 mais rapidamente que o Brasil, como mostra a
histórica do índice de tecnologia para os dois países, o qual foi calculado segundo metodologia
desenvolvida pelo Banco Mundial.
Os resultados obtidos com tal esforço são muito significantes tanto em termos científicos quanto
comerciais. Segundo dados da Organização Mundial de Propriedade Intelectual – WIPO –, o
7 A série do índice de infra-estrutura tecnológica foi construída também com ajuda de interpolação. Para a China dispunhamos
de dados apenas para os anos de 2000, 2002, 2004 e 2007. Para o Brasil dispunhamos de dados para 2000, 2005 e 2007.
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
número de patentes de residentes por 10 mil habitantes na China disparou em relação ao nú-
mero de patentes de residentes no Brasil8.
Embora o número de patentes de não-residentes por 10 mil habitantes9 do Brasil seja superior
ao da China, devemos fazer duas observações. Primeira, a grande população da China escon-
de os resultados. Segundo, a China vem diminuindo esse gap, o que indica que a situação do
Brasil não é muito confortável.
Finalmente, e o mais importante, a China demonstra em transformar seus esforços tecnológicos
em resultado econômico, o que é indicado aqui pela participação de produtos de alta-tecnologia
na pauta de exportações e pelo saldo de serviços tecnológicos da balança comercial.
Gráfico 6
AMBIENTE TECNOLÓGICO
Gasto em P&D (% do PIB)Patentes de Resi dentes (por 10 mil hab)
Exportação de A lta Tecnologia(% das Exportações)
Infra-est rutura Tecnol ogi a (índice)Patentes de Não-Residentes (por 10 mil hab)
Saldo de Serviços T ecnológicos(% do PIB)
Fonte: Banco Mundial, F MI, IMD e WIPO; elaboração F IESP .
0,5
0,8
1,1
1,4
1,7
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
BRA 1,11
CHN 1,42
0
5
10
15
20
25
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
BRA 5,4
CHN 22,5
(0,8)
(0,6)
(0,4)
(0,2)
0,0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
BRA (0,34)
CHN (0,10)
0,0
0,20,4
0,60,8
1,0
1,21,4
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
BRA 0,2
CHN 1,1
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
BRA 1,1
CHN 0,7
0,10
0,14
0,18
0,22
0,26
0,30
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
BRA 0,20
CHN 0,27
8 Esse é um dos indicadores mais utilizados da capacidade de criar novas tecnologias. 9 O número de patentes de não-residentes é um dos indicadores da capacidade de absorção de novas tecnologias por um país.
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
II. Efeitos sobre a Pauta de Exportação Os efeitos do ambiente de negócios na China em relação àquele verificado no Brasil contribui
para a enorme diferença entre o crescimento da participação chinesa nas exportações mundiais
e a brasileira. Essa diferença pode ser analisada sob diferentes óticas.
Sob a ótica estritamente quantitativa, a participação das exportações chinesas passou de cerca
de 7,58% nas exportações mundiais em 1997 para aproximadamente 12,37% em 200810 (Gráfi-
co 7). A participação das exportações brasileiras pouco cresceu, passando de 1,08% para
1,36% das exportações mundiais em 2008.
Das exportações brasileiras, em 2008, 14,0% foram para os Estados Unidos, 8,9% foram para a
Argentina e 8,3% foram para a China. Em relação às exportações chinesas, 17,7% tiveram co-
mo destino os Estados Unidos, 5,2% vão para a República da Coréia e somente 1,3% para o
Brasil.
10 Os dados da China, de 2009, ainda não estavam completos no momento da redação desse documento.
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
Gráfico 7
1,361,241,251,231,141,061,051,000,920,911,031,08
12,3712,0911,76
10,9210,15
9,659,20
7,877,55
7,067,267,58
-
2
4
6
8
10
12
14
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Fonte: COMTRADE; elaboração FIESP.
SHARE DAS EXPORTAÇÕES MUNDIAIS - Brasil vs. Chin a - 1997-2008(em %)
China
Brasil
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
A análise sob a ótica setorial é muito mostra que a maioria quase absoluta das exportações
chinesas refere-se a produtos da indústria de transformação (Gráfico 8). Segundo dados do
COMTRADE11, de US$ 278 bilhões em 2000, as exportações de produtos da indústria manufa-
tureira chinesa passaram a US$ 1.401 bilhões em 2008. As demais exportações chinesas, que
somavam US$ 15 bilhões em 2000, atingiram apenas US$ 23 bilhões em 2008.
Gráfico 8
-
200
400
600
800
1.000
1.200
1.400
1.600
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
A e B - Agropecuária e PescaC - Indústrias ExtrativasD - Indústrias de TransformaçãoDemais Atividades
(em US$ bilhões de 2009)
CHINA - Exportação por Seção CNAE - 2000-08
Fonte: COMTRADE, IBGE e OCDE; elaboração FIESP.
Há dois fatos mais importantes que o aumento das exportações de produtos manufaturados.
Primeiro, é o fato de que os produtos de alta-tecnologia em apenas cinco anos se tornaram o
principal item na pauta de exportação chinesa (Gráfico 9). Além disso, a exportação de produ-
tos de média-alta intensidade tecnológica da China praticamente já se igualou ao valor exporta-
do de produtos de baixo conteúdo tecnológico, a segunda categoria da pauta.
Portanto, de grande exportador de produtos de baixa intensidade tecnológica, a China se trans-
formou no maior exportador mundial de produtos de alta-tecnologia, superando países que tra-
dicionalmente exportam esse tipo de produto, tais como os Estados Unidos, a Alemanha e o
Japão (Tabela 2). Vê-se, por outro lado, que o Brasil, dentre 42 países selecionados, ocupa o
27° lugar no que se refere às exportações de produt os de alta intensidade tecnológica (tabela
11 O COMTRADE é o banco de dados de estatísticas sobre o comércio internacional da Organização das Nações Unidas.
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
2), exportando cerca de US$ 11,1 bilhões em 2008. Esse valor corresponde a menos de 3,0%
do que a China exportou para o mundo no mesmo ano.
Gráfico 9
-
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Não IndustrializadoBaixaMédia-BaixaMédia-AltaAlta
CHINA - Valor Exportado segundo a Intensidade T ecnológica - 2000-08(em US$ bilhões de 2009)
* Considera apenas os produtos com peso declarado, os quais passaram a representar cerca de 95% da pauta a partir de 2000. Fonte: COMTRADE, IBGE e OCDE; elaboração FIESP.
Em 2008, 51,0% das exportações de alta-tecnologia da China referiam-se a material eletrônico
e a aparelhos e equipamentos de comunicações (principalmente aparelhos de transmis-
são/recepção e seus componentes) e 37,5% se tratavam de máquinas para escritório e equi-
pamentos de informática (principalmente componentes e periféricos para computadores).
O segundo fato importante dentro da categoria de produtos de alta-tecnologia é que há um au-
mento do valor por quilo exportado da China para o mundo, o que indica o aumento da partici-
pação de produtos mais sofisticados na pauta comercial chinesa. Verifica-se que o valor por
quilo exportado de produtos de alta-tecnologia mais que duplicou nos últimos oito anos, saindo
de US$ 22,01 para, aproximadamente, US$ 63,56 por quilo (Gráfico 10).
Em 2007, verifica-se que o preço do quilo exportado pela China de produtos com alta intensida-
de tecnológica aumentou em 52,5% em relação ao ano anterior, atingindo assim o maior nível
de toda a série analisada. Em 2008 o valor por quilo exportado caiu 8,2%, entretanto, essa
queda não foi suficiente para retornar aos níveis observados nos anos anteriores a 2007 (Gráfi-
co 10).
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
Tabela 2 MUNDO – Exportadores Selecionados de Produtos de Al ta Tecnologia – 1997-2008 (em US$ bilhões de 2009) País 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 China 40,2 45,7 51,9 69,5 88,1 106,6 159,9 226,3 289,0 355,5 405,6 434,8 Estados Unidos 216,7 227,9 242,8 273,6 251,0 228,7 233,4 258,9 278,2 317,7 300,3 307,4 Alemanha 104,4 115,9 121,6 126,0 130,6 135,3 152,8 190,7 201,9 221,5 210,7 218,9 Japão 170,7 152,3 162,8 189,7 163,7 137,7 151,6 173,2 163,2 161,7 123,4 121,2 France 77,1 86,3 85,9 88,9 85,6 82,2 87,9 99,9 103,5 114,8 108,0 118,5 Cingapura 96,7 84,9 88,3 103,2 94,4 85,6 99,1 120,0 127,8 147,0 124,1 118,1 Rep. of Korea 51,5 49,0 62,7 79,1 73,3 67,6 80,9 103,5 107,7 112,9 88,1 90,7 Inglaterra 106,9 108,6 107,3 102,8 100,5 98,1 92,7 96,1 112,8 148,4 87,3 84,2 Netherlands 58,7 55,2 60,5 66,4 60,7 55,0 75,3 93,1 98,7 105,3 94,5 83,8 Switzerland 30,8 32,8 35,7 34,2 37,0 39,8 46,0 52,9 57,3 63,3 70,5 81,4 Belgium - - 27,0 29,2 37,0 44,9 52,0 58,7 62,7 63,4 68,8 72,6 Mexico 31,0 36,7 42,3 51,7 50,0 48,3 47,2 52,3 54,3 63,4 62,7 68,6 Malaysia 54,0 52,1 62,9 71,5 67,2 62,8 63,8 70,6 73,0 79,3 78,5 55,4 Ireland 32,8 41,8 45,8 49,9 54,2 58,5 54,1 60,9 59,6 53,5 50,2 53,6 Italy 29,6 31,5 31,5 34,1 34,5 34,8 36,3 40,5 42,2 42,9 43,7 44,8 Canada 29,6 30,8 32,9 43,7 36,3 28,9 29,5 32,1 35,7 38,7 38,7 36,8 Thailand - - 22,5 26,7 24,9 23,1 27,1 30,3 32,1 37,4 32,4 32,5 Sweden 25,4 26,8 26,4 29,0 25,4 21,8 25,0 29,4 29,3 31,2 28,2 29,4 Philippines - - - 33,5 31,7 29,8 29,3 28,9 28,1 29,8 31,8 27,7 Hungary 5,1 6,7 8,1 10,3 11,0 11,7 15,4 21,1 20,9 23,1 24,0 26,4 Spain 11,4 12,2 13,3 13,2 14,0 14,9 18,3 19,8 21,7 22,3 21,2 22,1 Czech Republic - 3,0 2,9 3,3 4,9 6,5 8,0 11,8 12,5 16,6 17,7 20,4 Austria 8,3 8,9 9,1 10,8 11,6 12,3 14,5 18,4 16,2 17,6 18,7 19,0 Finland 10,0 12,2 12,7 15,2 14,0 12,7 14,3 14,6 17,8 17,6 17,1 17,9 Denmark - 9,9 11,1 11,0 12,0 13,0 13,7 15,5 17,2 17,4 16,4 16,3 Israel 8,5 9,4 10,4 13,7 12,1 10,5 10,1 12,1 9,4 11,1 9,8 14,8 Brazil 3,5 4,3 5,3 8,5 7,8 7,1 6,0 7,6 9,7 10,0 10,4 11,1 India 2,2 1,9 2,2 2,8 3,2 3,6 4,3 4,6 5,5 6,5 7,8 10,7 Poland 1,9 2,3 2,1 2,4 2,8 3,2 3,8 4,9 5,9 8,3 6,4 10,0 Australia 5,7 4,9 5,2 5,6 5,5 5,4 5,5 6,3 7,1 7,3 8,0 8,6 Indonesia 4,8 3,9 4,7 10,3 9,5 8,6 7,8 8,8 9,4 8,3 7,2 7,4 Norway 3,0 3,1 3,0 3,0 3,5 4,0 3,7 4,0 4,2 4,7 5,4 5,8 Russian Federation 1,9 2,6 2,1 2,4 3,6 4,8 5,4 5,3 3,1 4,2 3,4 3,5 Portugal 2,2 2,4 2,8 3,0 3,1 3,1 4,2 4,6 4,4 4,9 3,5 3,4 Greece 0,5 0,8 0,9 1,1 1,1 1,1 1,7 1,8 2,1 2,2 2,1 2,5 South Africa - - - 1,2 1,1 0,9 1,1 1,4 1,9 2,0 1,9 2,1 Turkey 1,2 1,7 2,1 2,5 2,5 2,5 3,4 4,6 4,4 2,1 2,2 1,9 Argentina 0,7 0,7 0,8 1,0 0,8 0,7 0,7 0,7 0,8 1,1 1,2 1,8 New Zealand 0,8 0,6 0,8 0,7 0,8 0,8 0,9 1,1 1,2 1,4 1,2 1,3 Colombia 0,3 0,3 0,3 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,5 0,5 0,5 0,7 Chile 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,2 0,2 0,2 0,2 0,3 Venezuela 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,2 0,2 0,2 0,1 0,1 0,0 0,1
Fonte: COMTRADE e OCDE; elaboração FIESP.
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
Gráfico 10
4,483,722,20 2,07 2,23 2,32 2,52 2,92 3,08
63,56
69,21
22,3124,84
30,12
37,63
42,4845,37
22,01
-
10
20
30
40
50
60
70
80
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Não IndustrializadoBaixaMédia-BaixaMédia-AltaAlta
CHINA - Valor por Kg Exportado - 2000-2009 (em US$* por Kg)
* Considera apenas os produtos com peso declarado, os quais passaram a representar cerca de 95% da pauta a partir de 2000. Fonte: COMTRADE, IBGE e OCDE; elaboração FIESP.
Apenas para efeito de comparação, os produtos de alta-tecnologia somaram apenas 5,9% do
valor exportado pelo Brasil, em 2009 (Gráfico 11), dos quais 56,0% referem-se a outros equi-
pamentos de transporte (principalmente aviões) e 23,4% referem-se a material eletrônico e a
aparelhos e equipamentos de comunicações (principalmente aparelhos de transmis-
são/recepção).
É importante observar que, no Brasil, todas as categorias de intensidade tecnológica sofreram
redução de exportações no ano de 2009, o que pode ser considerado um reflexo da crise finan-
ceira de 2008, que contraiu a demanda agregada mundial. Com a queda ocorrida em 2009, al-
gumas categorias de intensidade tecnológica, como de média-alta e média-baixa, caíram muito
abaixo do que o verificado em 2007. Além disso, após 2007, as exportações brasileiras de pro-
dutos não-industrializados superaram as exportações de produtos de baixa intensidade tecno-
lógica (Gráfico 11).
Também é importante notar que a crise gerou uma queda de 8,2% no preço dos produtos de
alta tecnologia exportados pela China em 2008. Essa queda encobriu parcialmente o aumento
de 21,2% das exportações chinesas em volume (Kg).
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
Gráfico 11
-
10
20
30
40
50
60
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Não IndustrializadoBaixaMédia-BaixaMédia-AltaAlta
Fonte: COMTRADE, IBGE e OCDE; elaboração FIESP.
BRASIL - Exportação por Intensidade Tecnológica - 1997-2009(em US$ bilhões de 2009)
O valor por quilo das exportações brasileiras de alta tecnologia, além de oscilar, não aumentou
na mesma proporção que o da China. Foi de US$ 22,91 para apenas US$ 36,70 por quilo, entre
1997 e 2009 (Gráfico 12).
A conseqüência, a despeito do aumento do preço das commodities agrícolas e minerais, não
poderia ser diferente. O valor médio por quilo das exportações chinesas, que em 2000 era pra-
ticamente igual ao do Brasil, decolou: de US$ 0,27 para US$ 1,18 por quilo. Já o valor médio
por quilo das exportações brasileiras subiu apenas para US$ 0,33 por quilo. (Gráfico 13)
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
Gráfico 12
3,334,163,533,343,142,772,402,372,632,542,493,123,32
36,7036,61
27,7428,3926,00
22,48
20,70
26,64
35,4334,56
25,63
25,8022,91
-
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Não IndustrializadoBaixaMédia-BaixaMédia-AltaAlta
BRASIL - Valor por Kg segundo a Intensidade Tec nológica* - 1997-2009 (em US$* por Kg)
* Considera apenas os produtos com peso declarado. Fonte: COMTRADE, IBGE e OCDE; elaboração FIESP.
Gráfico 13
0,82
0,98
1,18
0,46
0,290,27
0,62
0,45
0,31
0,350,330,32
0,280,260,240,250,27
0,400,33
-
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 * Considera apenas os produtos com peso declaradoFonte: COMTRADE, IBGE e OCDE; elaboração FIESP.
BRASIL vs. CHINA - Valor por Kg Exportado - 2000-20 09 (em US$* por Kg)
CHINA
BRASIL
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
III. Efeitos sobre o Mercado Doméstico Brasileiro Olhando para o mercado doméstico, nota-se que as importações de produtos chineses cresce-
ram de US$ 1,2 bilhões para US$ 15,9 bilhões em 2009, aumentado sua participação relativa
na pauta de importações brasileira de 2,0% para 12,5% entre 1997 e 2009. Assim, de décimo, a
China passou a segundo maior exportador para o Brasil, somente atrás dos Estados Unidos,
em 2009.
Entretanto, mais uma vez observa-se que a crise mundial de 2008 impactou negativamente as
importações de produtos chineses pelo Brasil, o que reflete tanto a redução de preços, em res-
posta à menor demanda mundial, quanto do menor volume, decorrente do desaquecimento da
economia brasileira. Apesar da queda, porém, as importações em 2009 foram maiores que as
de 2007.
Esta evolução das importações brasileiras da China revela que o esforço comercial chinês em-
pregado para atuar nos mercados globais, aumentando sua competitividade, foi o grande cau-
sador do resultado. Isso porque, apesar da cotação do dólar em 2009 estar bem próxima àque-
la verificada nos anos de 2000 e 2001, as importações de 2009 superaram em mais de 13 ve-
zes as importações do início da década (Gráfico 14).
Gráfico 14
1,83 2,001,83
1,95
2,18
2,43
2,933,08
2,92
2,35
0
5
10
15
20
25
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 20090,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
BRASIL - Importação da China vs. Câmbio - 2000-2009Importação (em US$ bilhões) Câmbio Médio (em R$/US$)
Fonte: BCB e COMTRADE; elaboração FIESP.
US$ 1,2 bilhões
US$ 15,9 bilhões
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
Além disso, assim como ocorreu nas exportações da China para o mundo, a alta-tecnologia
passou a ser predominante na pauta de importação brasileira de produtos chineses (Gráfico
15). Em termos relativos, a alta-tecnologia passou de 25,1% para 36,3% do total de produtos
importados da China.
Em 2009, 58,1 % das importações brasileiras de produtos chineses referiam-se a eletrônicos e
a aparelhos e equipamentos de comunicações (principalmente componentes para aparelhos de
transmissão/recepção) e 23,4% foram de máquinas para escritório e equipamentos de informá-
tica (principalmente componentes e periféricos para computadores).
Gráfico 15
-
1
2
3
4
5
6
7
8
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Não IndustrializadoBaixaMédia-BaixaMédia-AltaAlta
Fonte: COMTRADE, IBGE e OCDE; elaboração FIESP.
BRA - Imp. de Produtos Chineses por Int. Tecnol ógica - 1997-2009(em US$ bilhões de 2009)
Do ponto de vista da penetração dos produtos no mercado brasileiro12, observamos que o prin-
cipal avanço recente ocorreu em atividades13 em que a penetração de produtos importados já
12 O índice de penetração refere-se à participação dos produtos importados no consumo aparente. Este, por sua vez, é
igual ao valor da produção somado ao valor das importações e subtraído o valor das exportações.
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
era grande e nos quais a China vem se especializando (Gráfico 10). São eles: eletrônicos e a
aparelhos e equipamentos de comunicações (CNAE 32); máquinas para escritório e equipa-
mentos de informática (CNAE 30); e equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, ins-
trumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e reló-
gios (CNAE 33). Nesses três setores, a variação das importações da China em relação ao con-
sumo aparente foram superiores ao aumento total das importações.
A participação dos produtos importados no consumo aparente de instrumentos de precisão e
ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios (CNAE 33) avançou
de 47,0% em 1997 para 49,8% em 2009, um aumento de 2,8 pontos percentuais (Gráfico 1614).
A penetração dos produtos chineses desse setor avançou de aproximadamente 0,8% para a-
proximadamente 8,4% no mesmo período. Arredondando, o aumento da participação dos pro-
dutos chineses no CNAE 33 foi de 7,5 pontos percentuais.
No setor de eletrônicos e a aparelhos e equipamentos de comunicações (CNAE 32), a penetra-
ção dos produtos importados aumentou de 32,5% em 1997 para 43,9% em 2009. Foi o maior
avanço de todos os setores (11,4 pontos percentuais). Os produtos chineses avançaram de
1,0% para 16,1%, ou seja, um aumento de 15,1 pontos percentuais. Também aqui o avanço foi
o maior entre os de todos os setores.
O setor de máquinas para escritório e equipamentos de informática (CNAE 30) apresenta uma
peculiaridade em relação aos anteriores, a redução do grau de penetração dos produtos impor-
tados em geral. Os motivos dessa redução não foram analisados neste estudo, podendo refletir
uma tendência de queda do valor desses produtos de uma maneira geral ou a concorrência por
preço dos produtos chineses15. O fato é que os produtos chineses deste setor avançaram vigo-
rosamente, de cerca de 1,8% para algo em torno de 15,9%. Isso significa um aumento de 14,1
pontos percentuais, aproximadamente.
O saldo comercial com a China deteriorou-se para a grande maioria dos segmentos da indústria
de transformação (Gráfico 17).
13 Compatibilizamos os dados de comércio exterior com as atividades utilizando a tabela de correspondência entre a Nomencla-
tura Comum do Mercosul – NCM – e a Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE– fornecida pelo IBGE. 14 Os setores foram organizados de acordo com a penetração do total dos produtos importados em 2009. 15 É importante lembrar que o Real, em 1997, mantinha uma relação de paridade com o Dólar.
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
Gráfico 16
Fonte: COMTRADE e IBGE; elaboração FIESP.
BRASIL - Coeficiente de Penetração por Setor - 19 97 vs. 2009 (em % do Consumo Aparente)
Var do Total Var da China1997 2009
46,7
22,6
47,0
33,6
18,4
9,4
7,6
7,9
4,6
7,9
11,5
9,8
7,6
33,5
5,3
15,0
5,2
10,5
4,7
3,8
0,9
32,536,9
24,5
49,8
29,1
21,5
9,3
6,2
13,66,2
10,1
10,1
12,07,4
18,0
4,4
13,3
3,1
5,5
1,7
2,5
0,1
43,9(9,8)
1,9
2,8
(4,6)
3,1
(0,2)
(1,4)
5,7
2,2
(1,4)
2,2
(0,2)
(15,5)
(0,9)
(1,7)
(2,1)
(5,0)
(2,9)
(1,3)
(0,8)
1,6
11,4
14,1
5,5
7,5
3,1
1,3
3,5
2,3
2,1
1,4
0,9
1,2
0,4
0,8
0,3
0,10,2
0,1
0,4
0,0
(0,3)
5,1
15,132 Eletrônicos
16 Fumo
31 Aps e mats elétricos33 Instrumentos de precisão29 Máquinas e equipamentos24 Químicos36 Indústrias diversas19 Couros e calçados17 Texteis
18 Vestuário e acessórios28 Produtos de metal27 Metalurgia basica
25 Plásticos23 Combustíveis
35 Outros eqtos de transporte
26 Produtos não-metálicos
34 Veículos
30 Eqtos de informatica
15 Alimentos e bebidas21 Papel e celulose20 Produtos de madeira22 Impresssos
Total China
Gráfico 17
Fonte: COMTRADE e IBGE; elaboração FIESP.
BRASIL - Saldo Comercial com a China, por Setor - 1997 vs. 2009 (em US$ bilhões)
Diferença1997 2009
32 Eletrônicos
16 Fumo
31 Aps e mats elétricos
33 Instrumentos de precisão29 Máquinas e equipamentos24 Químicos36 Indústrias diversas
19 Couros e calçados17 Texteis
18 Vestuário e acessórios28 Produtos de metal27 Metalurgia basica25 Plásticos23 Combustíveis
35 Outros eqtos de transporte
26 Produtos não-metálicos
34 Veículos
30 Eqtos de informatica
15 Alimentos e bebidas21 Papel e celulose20 Produtos de madeira22 Impresssos
(0,2)
(0,1)
(0,1)
(0,0)
(0,1)
(0,1)
(0,1)
(0,1)(0,0)
(0,1)(0,0)
0,0(0,0)
(0,1)
(0,0)
(0,0)
0,0
0,0
-
(0,0)
(0,0)
0,5
(1,5)(1,3)
(0,7)(1,7)
(1,1)(0,6)
(0,1)(0,8)
(0,4)(0,4)
0,8(0,4)
0,20,2
(0,2)(0,2)
0,51,1
0,0(0,1)
0,0
(3,3)
(1,4)(1,2)
(0,7)(1,6)
(1,0)(0,5)
(0,8)(0,3)(0,4)
0,8(0,3)
0,20,2
(0,2)(0,2)(0,0)
1,00,0
(0,1)
(0,0)
(3,1)
0,0
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
Foi elaborado um ranking dos setores mais afetados pela penetração dos produtos chineses
com base em duas variáveis: valor médio das importações chinesas e média dos coeficientes
de penetração no período de 2002 a 2009 (Gráfico 18).
O critério de valor médio das importações foi adotado em função de sua importância sobre o
saldo da balança comercial brasileira e de seus desdobramentos macroeconômicos. Já a média
dos coeficientes de penetração dos produtos chineses foi utilizado por estar associado fatura-
mento da indústria.
Gráfico 18
(500)
-
500
1.000
1.500
2.000
2.500
(2) - 2 4 6 8 10 12 Fonte: COMTRADE e IBGE; elaboração FIESP.
Média da Importação da China no período 2002-09 (em US$ milhões)
Coeficiente de Penetração Médio no período 2002-09 (em %)
Média do Consumo Aparente 2002-09 (em R$)
BRASIL - Impacto das Importações Chinesas - 2002 -09
Eletrônicos
Eqtos de informática
Instrumentos de precisão
Couros e calçados
Elétricos
Diversos
Têxteis
Vestuário
Máquinas e equipamentosQuímicos
Veículos automotores
Alimentos e bebidas
Combustíveis
Metalurgia
Produtos de Metal
Minerais não-metálicos
Q1Q2
Q4Q3
Com base nesses critérios, os setores foram separados em quatro grupos (sintetizados na Ta-
bela 3):
Q1: Setores que apresentam alto valor médio das importações chinesas e alto grau de pene-
tração chinês.
� Fabricação de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações;
� Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática;
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� Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos;
� Fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de
precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios;
� Fabricação de produtos têxteis.
A média do valor do material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações im-
portados da China, entre 2002 e 2009, foi de, aproximadamente, US$ 2,1 bilhões, o que repre-
sentou aproximadamente 10,0% do consumo aparente nesse período. A importação média de
máquinas para escritório e equipamentos de informática da China entre 2002 e 2009 foi de US$
774,5 milhões ou cerca de 10,2% do consumo aparente do setor. As de máquinas, aparelhos e
materiais elétricos somaram US$ 696,2 milhões, 4,0% do consumo aparente de produtos do
setor. A importação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de
precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios registrou
uma média de US$ 477,5 milhões, coeficiente de penetração de 6,9%. Finalmente, a importa-
ção de produtos têxteis somou US$ 417,2 milhões, o que correspondeu 3,2% do consumo apa-
rente de produtos do setor.
Q2: Setores que apresentam alto valor médio das importações chinesas e baixo grau de pene-
tração chinês.
São setores cujos mercados são relativamente maiores que os do quadrante Q1:
� Fabricação de máquinas e equipamentos;
� Fabricação de produtos químicos.
As importações chinesas de produtos químicos, em média, foram de US$ 993,3 milhões entre
2002 e 2009. Isso representou cerca de 1,2% do consumo aparente no mercado doméstico no
mesmo período. Já em termos de máquinas e equipamentos, a importação média da China foi
de US$ 853,8 milhões ou 2,0% do consumo aparente. Chama a atenção que a penetração das
máquinas e equipamentos chineses aumentou enquanto que a penetração do total de máqui-
nas e equipamentos importados se retraiu.
Q3: Setores que apresentam baixo valor médio das importações chinesas e alto grau de pene-
tração chinês.
� Fabricação de móveis e indústrias diversas;
DECOMTEC Análise da Penetração das Importações Chinesas no Mercado Brasileiro
� Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados.
As importações de móveis e indústrias diversas em média atingiram US$ 293,3 milhões entre
2002 e 2009, o que representou cerca 3,3% do consumo aparente do setor. A média de impor-
tação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados no mesmo intervalo de tempo foi de
US$ 205,1 milhões ou 3,0% do consumo aparente do setor.
Q4: Setores que apresentam baixo valor médio das importações chinesas e baixo grau de pe-
netração chinês.
� Confecção de artigos do vestuário e acessórios
� Fabricação de artigos de borracha e de material plástico
� Fabricação de produtos alimentícios e bebidas
� Fabricação de produtos do fumo
� Fabricação de produtos de madeira
� Fabricação de celulose, papel e produtos de papel
� Edição, impressão e reprodução de gravações
� Fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e produ-
ção de álcool
� Fabricação de produtos de minerais não-metálicos
� Metalurgia básica
� Fabricação de produtos de metal - exclusive máquinas e equipamentos
� Fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias
� Fabricação de outros equipamentos de transporte
Dentre esses setores, o de Metalurgia Básica foi o que mais importou da China, no período,
US$ 325,8 milhões, o que representou apenas 0,7% do consumo aparente do setor. Por ou-
tro lado, o setor que menos importou16 foi o de Fabricação de Produtos de Madeira, US$ 9,6
milhões, o que representou 0,2% do consumo aparente do setor.
16 Desconsiderando o setor de produtos do fumo que nada importou da China.
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Tabela 3 INDÚSTRIA DE TRANFORMAÇÃO - Ranking dos Setores mais Afetados – 2009
Importação da China Coeficiente de Penetração
RANK CNAE DESCRIÇÃO US$ milhões (2009)
Participação (2009)
Acumulado (2009)
Cresc. Médio (2002-2009)
%a.a.
Média 2002-2009
(%)
2009 (%)
Cresc. Médio (2002-2009)
%a.a.
1 32 Eletrônicos 3.424 22,8% 22,8% 39,8 10,0 16,1 29,1
2 30 Equipamentos de informática 1.489 9,9% 32,7% 45,3 10,2 15,9 28,4
3 31 Materiais elétricos 1.321 8,8% 41,5% 41,9 4,0 6,1 26,8
4 33 Instrumentos de precisão 761 5,1% 46,6% 36,6 6,9 8,4 19,6
5 17 Têxteis 850 5,7% 52,2% 47,2 3,2 5,5 34,3
6 29 Maquinas e equipamentos 1.855 12,3% 64,6% 55,1 2,0 3,5 35,7
7 24 Químicos 1.618 10,8% 75,3% 31,9 1,2 1,5 17,6
8 36 Indústrias diversas 596 4,0% 79,3% 35,2 3,3 5,1 21,1
9 19 Couros e calçados 395 2,6% 81,9% 33,4 3,0 3,9 21,2
10 18 Vestuário e acessórios 442 2,9% 84,9% 42,4 2,1 3,8 24,6
11 25 Borracha e plástico 388 2,6% 87,5% 54,0 0,8 1,4 36,5
12 27 Metalurgia Básica 592 3,9% 91,4% 55,5 0,7 1,0 32,0
13 28 Produtos de metal 408 2,7% 94,1% 44,2 1,0 1,7 27,1
14 34 Veículos 218 1,5% 95,6% 70,7 0,1 0,3 44,2
15 35 Outros eqtos. de transporte 199 1,3% 96,9% 41,3 0,9 0,7 9,7
16 26 Minerais não-metálicos 175 1,2% 98,0% 41,3 0,7 0,9 26,7
17 15 Produtos alimentícios e bebidas 140 0,9% 99,0% 43,2 0,1 0,1 26,4
18 21 Celulose e papel 61 0,4% 99,4% 81,3 0,1 0,3 61,8
19 22 Impressos 61 0,4% 99,8% 69,6 0,2 0,4 56,1
20 20 Produtos de madeira 17 0,1% 99,9% 35,0 0,2 0,3 16,2
21 23 Combustíveis 16 0,1% 100,0% (25,8) 0,4 0,0 (34,0)
22 16 Produtos do fumo 0 0,0% 100,0% 0,0 0,0 0,0 0,0
TOTAL 15.024 100,0%
Fonte: COMTRADE e IBGE; elaboração FIESP.
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IV. Política de Desenvolvimento Produtivo
Diante deste cenário de baixa competitividade de nossa economia frente à China e do resultado
que se materializa na crescente penetração dos produtos chineses em setores de alta tecnolo-
gia de nosso tecido industrial o governo vem propondo algumas medidas no âmbito da Política
Industrial – PDP.
A intenção de aumentar investimentos fixos, investimentos em P&D, exportação e inserção in-
ternacional de PMEs fez com que o governo criasse, prorrogasse e sistematizasse instrumentos
de apoio já existentes de forma a fortalecer e diversificar a estrutura produtiva do Brasil.
A política também conta com mecanismos de apoio específicos para o setor de TICs (Tecnolo-
gia de Informação e Comunicação) que, como vimos, é um dos setores mais afetado pela pene-
tração dos produtos chineses.
Dentre os objetivos da Política industrial para este setor podemos destacar:
• Implantar 2 empresas de circuito integrado
• Aumentar o número de “design houses” do programa CI Brasil de 7 para 14 e fortalecer a
sua atuação.
• Instalar uma empresa de manufatura de painéis delgados com tecnologia emergente.
• Instalar uma empresa fornecedora global de insumos para displays.
• Reduzir a penetração de importações de TICs do complexo eletrônico para 30%.
• Interromper a trajetória ascendente do déficit comercial do complexo eletrônico.
Para alcançar os objetivos propostos para o setor a PDP prevê mecanismos de desonerações
específicos para o setor de TICs como:
• Dedução em dobro da base de cálculo do IRPJ e da CSLL das despesas com capacita-
ção com pessoal próprio;
• Permissão para que as empresas possam reduzir da base de cálculo do IRPJ e da CSLL
os dispêndios relativos a P&D&I multiplicados por um fator de até 1,8;
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• Redução da contribuição patronal para a seguridade social sobre a folha de pagamento
de 20% para até 10%, e da contribuição para o Sistema S para até zero de acordo com a
participação das exportações no faturamento da empresa;
• Diminuição das alíquotas do II sobre bens de capital e insumos para fabricação de circui-
tos integrados e displays;
• Ampliar a definição de empresa predominantemente exportadora (de 80% para 50% do
faturamento) para efeito de suspensão do PIS/COFINS na aquisição de bens de capital
(REPES).
Apesar de o conjunto de iniciativas propostas na nova Política Industrial ser extremamente posi-
tivo, é preciso ficar atento para algumas questões que precisam ser tratadas com mais cuidado.
A Política Macroeconômica não pode ser antagônica à estratégia de desenvolvimento industrial.
Portanto, pensar em aumentar investimentos por meio da Política Industrial não pode ser con-
traposto pelo aumento da Taxa Selic , assim como propor metas de aumento de exportação não
pode se contrapor às constantes valorizações do câmbio.
As equalizações e desonerações tributárias da PDP precisam ser ampliadas, haja vista que
uma carga total de cerca de 35% do PIB tira competitividade de nossas empresas, dificultando,
por exemplo, nossas condições de competição com a China.
As ações propostas pelo governo são bem vindas, mas necessitam ser ampliadas de forma a
se tornarem efetivamente eficazes na promoção da equalização do nosso ambiente competitivo
com o de nossos concorrentes internacionais.