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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC
MANASHA VILELA DE ALMEIDA RHUANNE MAYLLA LIMA DA SILVA
ANÁLISE DA QUALIFICAÇÃO DA MÃO DE OBRA
OPERACIONAL NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
NA CIDADE DE MACEIÓ-AL
MACEIÓ/AL 2019/1
2
MANASHA VILELA DE ALMEIDA RHUANNE MAYLLA LIMA DA SILVA
ANÁLISE DA QUALIFICAÇÃO DA MÃO DE OBRA
OPERACIONAL NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
NA CIDADE DE MACEIÓ-AL
Trabalho Final de Graduação apresentado ao Centro
Universitário CESMAC, no Curso de Engenharia Civil,
como requisito final para obtenção do título de
Engenheiro Civil, desenvolvido sob a orientação da
professora MsC. Roseneide Honorato dos Santos.
MACEIÓ/AL 2019/1
3
Bibliotecário: Evandro Santos Cavalcante CRB/4 1700
A447a Almeida, Manasha Vilela de
Análise da qualificação da mão de obra
operacional na indústria da construção civil na
cidade de Maceió-AL
/ Manasha Vilela de Almeida .— Maceió:2019.
39 f.: il.
TCC (Graduação em Engenharia Civil)-
Centro Universitário CESMAC, Maceió, AL
2019
Orientadora: Roseneide Honorato dos Santos
1. Mão de obra 2. Construção civil. 3. Capacitação profissional.
I. Santos, Roseneide Honorato dos. II. Título.
CDU:624(813.5)
4
5
Dedicamos este trabalho a nossos pais e
familiares que nos apoiaram nessa
jornada.
6
AGRADECIMENTOS
Primeiramente gostaríamos de agradecer a Deus por ter nos dado força de
vontade e coragem para superar todos os desafios dessa longa trajetória, a Ele toda
nossa gratidão. A nossa orientadora, Roseneide Honorato dos Santos, nosso
profundo agradecimento por toda dedicação em nos orientar e nos ajudar com nosso
trabalho. A professora Anne Dayse, que esteve conosco desde o principio, nos
direcionando sempre para o melhor caminho e ao professor Zeferino, por seu apoio
e incentivo, sempre nos dando forças para continuar.
Manasha Vilela de Almeida - É chegado ao fim mais um ciclo, onde vivi momentos
de muitas risadas, choro, felicidade e angustias. Sendo assim, dedico todo meu
agradecimento aos meus pais, Diógenes Augusto e Ana Claúdia, meus maiores
incentivadores, que nunca mediram esforços para que eu pudesse chegar até aqui,
a vocês minha eterna gratidão. A todos que de alguma forma direta ou indiretamente
estiveram ao meu lado nessa trajetória, muito obrigada.
Rhuanne Maylla Lima da Silva - À Deus, por me permitir trilhar esse caminho e por
me guiar nas estradas da vida. Aos meus amigos, que além da ajuda com trocas de
experiência, ficaram na torcida para que tudo desse certo. Aos meus pais, Remi
Tertuliano e Magna Neves, agradeço pelo amor, incentivo e dedicação para me
verem vencer na vida. Ao meu esposo Ruesley Ewerton, pelo incentivo e amor, onde
me fortaleceu em momentos difíceis, o meu singelo obrigado.
7
“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis.”
Charles Chaplin
8
ANÁLISE DA QUALIFICAÇÃO DA MÃO DE OBRA OPERACIONAL NA
INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA CIDADE DE MACEIÓ-AL
ANALYSIS OF THE QUALIFICATION OF THE OPERATIONAL WORK HAND IN
THE CIVIL CONSTRUCTION INDUSTRY IN THE CITY OF MACEIÓ-AL
Manasha Vilela de Almeida
Graduanda no Curso de Engenharia Civil
Rhuanne Maylla Lima da Silva
Graduanda no Curso de Engenharia Civil
Roseneide Honorato dos Santos
Mestre em Engenharia Civil
RESUMO
O país está atravessando uma fase especial no setor da construção civil, particularmente no segmento de edificações. Entretanto, como consequência da queda de investimentos em capacitação de mão de obra nos últimos anos, a construção civil sofre pela escassez de profissionais especializados em quantidade e qualidade exigidas pelo setor. É nesse contexto que se insere o presente trabalho, no qual o foco está voltado a análise da qualificação profissional a nível operacional. Logo, este estudo monográfico tem como principal objetivo apresentar conceitos e definições a respeito da temática central, bem como identificar e analisar o nível de qualificação da mão de obra operacional no segmento da construção civil na cidade de Maceió-AL. Para alcançar o objetivo proposto, foi realizada uma revisão bibliográfica por meio de consultas a artigos técnicos, dissertações e teses, assim como a coleta de dados em 10 edificações, com perguntas relacionadas à capacitação dos profissionais designadas ao responsável pelo departamento de recursos humanos. Através da coleta de dados, os resultados obtidos e analisados evidenciam que os operários apresentam em geral um perfil bastante semelhante, com problemáticas envolvendo aspectos como: baixa escolaridade, condições adversas de trabalho com alta rotatividade, insegurança no trabalho e pouca possibilidade de promoção. Para trabalhos futuros, as pesquisadoras recomendam o levantamento, análise e qualificação profissional contínua da equipe operacional, a ser aplicada não só nas edificações visitadas, como nas demais.
Palavras – chave: Mão de obra. Construção Civil. Capacitação profissional.
ABSTRACT
The country is going through a special phase in the construction sector, particularly in the building segment. However, as a consequence of the fall in investment in training of labor in the last years, civil construction suffers from the shortage of professionals specialized in quantity and quality required by the sector. It is in this context that the present work is inserted, in which the focus is focused on the analysis of the professional qualification at the operational level. Therefore, this monographic study has as main objective to present concepts and definitions regarding the central theme, as well as to identify and analyze the level of qualification of the operational labor force in the segment of civil construction in the city of Maceió-AL. In order to reach the proposed objective, a bibliographical review was carried out through consultations with technical articles, dissertations and theses, as well as the data collection in 10 buildings, with questions related to the training of the professionals assigned to the person in charge of the human resources department. Through the collection of data, the results obtained and analyzed show that the workers have a very similar profile, with problems involving aspects such as: low schooling, adverse work conditions with high turnover, job insecurity and little possibility of promotion. For future work, the researchers recommend the survey, analysis and continuous professional qualification of the operational team, to be applied not only in the buildings visited, but also in the others.
Keywords: Labor. Construction. Professional qualification.
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Posicionamento das construtoras quanto à falta de qualificação ............. 19
Figura 2 – Mapa de localização de Maceió .............................................................. 27
10
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Posicionamento das construtoras quanto à falta de qualificação .......... 20
Gráfico 2 – Comparação PIB Nacional x PIB da construção civil ............................. 21
Gráfico 3 – Faixa etária ........................................................................................... 29
Gráfico 4 – Escolaridade ......................................................................................... 30
Gráfico 5 – Naturalidade .......................................................................................... 31
Gráfico 6 – Tempo na empresa atual ...................................................................... 31
Gráfico 7 – Tempoo na construção civil .................................................................. 32
Gráfico 8 – Distribuição de profissionais ................................................................. 33
Gráfico 9 – Quantidade de funcionários ................................................................... 33
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Principais problemas da indústria da construção civil no 3º trimestre do
ano de 2012 (%) ....................................................................................................... 25
12
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
1.1. Tema ................................................................................................................ 14
1.2. Problema.......................................................................................................... 14
1.3. Objetivo Geral ................................................................................................. 15
1.3.1. Objetivos Específicos ...................................................................................... 15
1.4. Justificativa ..................................................................................................... 15
1.5. Referencial Teórico ........................................................................................ 16
1.6. Descrição de Capítulos .................................................................................. 16
2. A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIl .......................................................... 18
2.1. A indústria da construção civil ..................................................................... 18
2.2. Qualificação e produtividade ........................................................................ 22
2.2.1. Mão de obra ................................................................................................... 23
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 26
3.1. Metodologia .................................................................................................... 26
3.2. Caracterização do local da pesquisa ........................................................... 27
3.3. Materiais e métodos ...................................................................................... 27
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................... 29
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 35
5.1. Conclusão ....................................................................................................... 35
5.2. Dificuldades encontradas ............................................................................. 37
5.3. Recomendações para trabalhos futuros ...................................................... 37
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 38
APÊNDICE A .......................................................................................................... 41
13
1 INTRODUÇÃO
Impulsionada pelos avanços da tecnologia e implantação de novos materiais
e equipamentos, a construção civil suportou expressivas e consideráveis mutações
desde o primórdio até os dias atuais. Porém, a mão de obra dos trabalhadores
necessita acompanhar essa evolução. Sendo assim, acredita-se que a educação
seja imprescindível nesse processo, colaborando para que os objetivos e metas
sejam alcançados e propiciem, assim, condições para o desenvolvimento cognitivo e
profissional dos trabalhadores (COSTA; TOMASI, 2009).
A indústria da construção se diferencia da indústria de transformação por ter
características não homogêneas e não seriadas de produção, tendo a influência de
fatores climáticos no processo construtivo; por possuir uma complexa rede de
participantes que podem vir a interferir no decorrer do processo (usuários, clientes,
projetistas, financiadores, construtores); ter diferentes etapas e fases, o que nem
sempre resulta numa simultaneidade; a participação de diversas e diferentes
empresas em um mesmo local; a tão criticada força de trabalho, o nomadismo do
setor e o caráter semi artesanal do processo construtivo (NEVES, 2014).
Segundo o Ministério do Planejamento (2012), o crescimento significativo da
engenharia ocorreu entre os anos de 2010 a 2014, no qual os planos de
investimentos lançados pelo governo, batizado de Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) e o Programa de
Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2), foram vistos pela construção civil como um
grande incentivo para a manutenção do crescimento do setor. A meta do programa
PMCMV foi construir dois milhões de unidades habitacionais entre os anos de 2011
e 2014, das quais 60% foram destinadas à famílias de baixa renda.
Santos (2010), afirma que cerca de 60% dos trabalhadores do setor da
construção civil apresentam baixo índice de escolaridade e 10% apenas assinam o
nome, o que representa grande parte do percentual da quantidade de colaboradores
dos empreendimentos, consequentemente prejudicando na produtividade e
execução dos serviços. A falta de conhecimento básico causa ineficácia na
execução de tarefas, comprometendo o desempenho e o produto final dos
investimentos realizados.
14
A capacitação torna-se a peça chave para que o mercado da construção civil
supra a necessidade de mão de obra capacitada e mantenha-se em bom
desempenho e qualidade construtiva. A qualidade minimiza custos de produção,
garante um produto final de alto nível e assegura que os recursos utilizados estejam
no seu máximo de rendimento e potencialidade (MARCONDES, 2011).
Como o setor da construção civil contribui significativamente com o Produto
Interno Bruto (PIB), a falta de profissionais e o uso intensivo da mão de obra geram
uma grandeza de valor e da quantidade de esforço humano envolvido nesse setor,
deste modo a eficiência do país está atrelada diretamente à qualificação da mão de
obra na construção civil (SANTOS, 2010).
1.1 Tema
A denominação do tema escolhido para o desenvolvimento desta pesquisa
monográfica partiu da identificação da baixa escolaridade dos profissionais
pertencentes ao segmento da construção civil, comprometendo diretamente a
qualidade da execução dos serviços, como também o resultado do produto final
entregue.
Análise da qualificação da mão de obra operacional na indústria da
construção civil na cidade de Maceió-AL, é uma das soluções encontradas para
evidenciar a relevância da qualificação, bem como o papel da capacitação dos
colaboradores da indústria da construção civil em face a produtividade e qualidade
do serviço realizado pela respectiva mão-de-obra responsável.
1.2 Problema
A pesquisa monográfica aqui denominada de “análise da qualificação da mão
de obra operacional na indústria da construção civil na cidade de Maceió-AL”, foi
realizada com a finalidade de auxiliar na resolução da problemática a cerca da falta
de qualificação profissional da mão-de-obra nas edificações, sendo esta responsável
por grande parcela da execução dos procedimentos de forma indevida.
A preparação adequada do quadro de colaboradores atuantes nas frentes de
serviço é de extrema relevância para o resultado final da edificação, uma vez que
fornece ao funcionário o preparo correto e necessário para executar as atividades
15
diárias no canteiro de obra conforme prescrito no manual de procedimentos da
construtora. Outros aspectos significativos que estão diretamente ligados a esse
processo de capacitação são a produtividade e a quantidade de retrabalhos.
Com a finalidade de solucionar o problema da falta de qualificação adequada
da equipe operacional em empreendimentos da indústria da construção civil no
estado de Alagoas, estas pesquisadoras foram em busca de soluções eficazes que
garantissem a devida capacitação do quadro de colaboradores, e
consequentemente, o aprimoramento do processo construtivo como um todo.
1.3 Objetivo Geral
Apresentar conceitos e definições a respeito da temática central, bem como
identificar e analisar o nível de qualificação da mão de obra operacional no
segmento da construção civil na cidade de Maceió-AL e propor soluções baseadas
na capacitação dos colaboradores, de acordo com as respectivas necessidades.
1.3.1 Objetivos Específicos
Apresentar ao leitor os conceitos e definições do tema abordado;
Identificar e analisar o nível de qualificação profissional do quadro de
colaboradores da construção civil da cidade de Maceió-AL;
Propor soluções a serem adotadas, com fins de capacitar a equipe
operacional da construção civil e otimizar o processo construtivo.
1.4 Justificativa
Diante do elevado número de trabalhadores absorvidos pelo ramo da indústria
da construção civil, assim como do baixo nível de capacitação da mão de obra
operacional apresentado por grande parcela do quadro de funcionários, as
construtoras vêm investindo em pesquisas que tragam soluções viáveis para a
adoção de medidas e intervenções que possibilitem a redução, ou até mesmo
prevenção desta situação.
A expansão do setor da construção civil, gerada pelo crescimento econômico
do país, exige uma maior produtividade da mão de obra. Produtividade que está
16
diretamente relacionada com a qualificação do profissional, ou seja, quanto maior e
melhor a capacitação do trabalhador, igualmente será a sua produção. Contudo, a
realidade nos canteiros de obras vai contra essa vertente de qualidade, tendo em
vista a baixa escolaridade e a falta de formação técnica por parte dos trabalhadores
(SANTOS, 2010).
Dentro desse contexto, por meio de pesquisas direcionadas a esse campo,
aparecem questões acerca da qualificação da mão de obra, sendo esta vital para
uma organização em qualquer segmento de mercado. Logo, sua valorização e
capacitação resultam em maior qualidade no trabalho efetuado, sendo este o
interesse da organização, bem como, do exigente mercado, que foram abordados
nessa pesquisa.
1.5 Referencial Teórico
A presente pesquisa tem como referencial o teórico Marcondes (2011), que tem
dentre suas obras destaca-se abaixo:
A construção civil está inserida em um tipo de organização onde os níveis
hierárquicos são divididos basicamente em três formas: o nível estratégico; o nível
intermediário; e o nível operacional.
O nível operacional que é formado por mestres, encarregados, pedreiros, serventes etc. e, relaciona-se com os problemas inerentes à execução cotidiana e eficiente das tarefas, onde há o contato direto com a produção, ou seja, é o nível no qual as tarefas e operações são executadas (MARCONDES, 2011).
1.6 Descrição de Capítulos
Este trabalho foi estruturado em cinco capítulos, sendo estes distribuídos da
seguinte forma. No primeiro capítulo do trabalho consta a introdução, onde também
descreve-se o tema da pesquisa, o problema, objetivos e justificativa.
No capítulo dois, apresenta-se uma revisão de literatura, na qual se faz o
embasamento teórico da temática central, abordando os principais conceitos e
definições sobre o conteúdo.
O terceiro capítulo abordou a metodologia adotada, descrevendo acerca da
coleta de dados para o desenvolvimento da produção; No capítulo quatro estão
presentes os dados colhidos através das informações fornecidas pelo departamento
17
pessoal das construções escolhidas sobre o nível de qualificação da equipe
operacional.
No quinto capítulo traz a explanação da conclusão da pesquisa, sugestões
para trabalho futuros e limitações encontradas.
18
2. A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
A indústria da construção civil está dividida em três subsetores: edificações,
responsável pela construção de edifícios residenciais, comerciais e industriais,
públicos ou privados, realizados por empresas de grande, médio e pequeno porte;
construção pesada, que objetiva a construção de infra-estrutura de transportes,
energia, telecomunicações e saneamento; e montagem industrial, responsável pela
montagem de estruturas metálicas nos vários setores industriais, sistemas de
geração de energia, de comunicações e de exploração de recursos naturais
(HELENO, 2010).
Heleno (2010), destaca a importância do subsetor de edificações, que é
responsável, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por
mais de 90% do número de estabelecimentos da construção civil e mais de 82% do
total de empregos do setor construtivo. Segundo um estudo realizado pelo Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2007, a construção
civil residencial iria liderar o ranking dos investimentos no Brasil, nos quatro anos
seguintes, com praticamente metade do total a ser investido no país.
2.1 A construção civil
Os investimentos destinados a construção civil são considerados híbridos,
uma vez que contêm elementos de consumo para a habitação e/ou componentes
especulativos, em razão da expectativa de valorização dos empreendimentos ou até
de apreciação de títulos de dívida imobiliária, por meio dos quais os consumidores
visam maximizar a utilidade e os investidores as taxas de retorno das aplicações
(NEVES, 2014).
Por estas razões, conforme o Jornal do Comercio (2010), a falta de mão de
obra qualificada para executar os diversos procedimentos realizados ao decorrer das
etapas construtivas das edificações, vem se tornando um dos principais entraves
quanto à produtividade presentes nas empresas de construção civil, podendo estes
diminuir o ritmo do crescimento do setor, como apresentado na Figura 1 abaixo.
De acordo com a Figura 1 visualizada abaixo, pode-se observar que as
principais queixas por parte das empresas, quanto à falta de qualificação profissional
são as dificuldades de encontrar colaboradores que já possuam capacitação
19
profissional, no qual acarreta problemas que afetam a eficiência e o desperdício no
processo executivo no qual os trabalhadores estejam envolvidos; como também a
alta rotatividade desses profissionais, dificultando dessa forma o processo de
qualificação dos mesmos.
Figura 1 – Posicionamento das construtoras quanto à falta de qualificação
Fonte: CNI e CBIC, 2011.
No ano de 2011 foi realizado um levantamento pela Confederação Nacional
da Indústria (CNI) juntamente a Câmara Brasileira da Indústria da Construção
(CBIC) (2011), na qual foi coletado o posicionamento de 385 empresas do setor da
construção civil, sendo 191 de pequeno porte, 145 de médio porte e 49 de grande
porte, abordando nessa pesquisa a temática envolvendo à falta de trabalhadores
qualificados no cenário brasileiro, conforme o Gráfico 1 abaixo.
No Gráfico 1 abaixo, as pesquisadoras puderam observar que 61% das
empresas afirmam que a falta de trabalhadores qualificados influenciam diretamente
na busca pela redução de desperdício dos materiais e na elevação da eficiência das
atividades. Além disso, mostra também que há a preocupação das empresas no
cumprimento de metas e setores, como de gerencia, planejamento, nos quais não
têm conseguido apresentar melhores níveis de eficiência, caracterizando como um
significativo entrave para as empresas, o que resulta em perda de dinheiro ou
redução da probabilidade de ganhá-lo.
20
Gráfico 1 – Posicionamento das construtoras quanto à falta de qualificação Fonte: CNI e CBIC, 2011 (a).
* Os percentuais não somam 100% porque cada empresário poderia assinalar até 3 opções.
O ramo da construção civil é um dos segmentos da indústria brasileira que
absorve um considerável número de trabalhadores, sendo ela de fundamental
relevância para a economia do país, através da sua ímpar capacidade de gerar
empregos diretos e indiretos. Esse fato pode ser comprovado com o fato de a
indústria da construção civil ter contribuído na última década com uma média anual
de 9% do produto interno bruto – PIB brasileiro, enquanto que 16% das indústrias
brasileiras possuem alguma relação com tal indústria (HAUSER, 2012)
Hauser (2012), afirma ainda que o desempenho da construção civil afeta
consideravelmente a economia brasileira por ter uma grande rede de fornecedores
de materiais, insumos, equipamentos e mão de obra, sendo estes importantes
elementos para a composição do PIB brasileiro. No Gráfico 2 ilustra-se um
comparativo entre o PIB nacional e o PIB da construção civil, confirmando que o
setor é determinante para o desenvolvimento da economia.
21
Gráfico 2 – Comparação PIB Nacional x PIB da construção civil Fonte: CBIC, 2013.
De acordo com Selleron (2013), pela projeção do Sindicato das Indústrias de
Construção Civil do Estado de São Paulo e da Fundação Getúlio Vargas, prevê-se
que o PIB setorial chegue a 2,8% em 2014 e o crescimento do país em 2%. O
impulso acontecerá devido as obras da Copa do Mundo e pelo ano eleitoral. O que
já é evidenciado com a expansão de 8,28% em postos de trabalho, gerando mais de
3,34 milhões de empregos neste setor em todo país.
Por ser uma atividade considerada manufatureira, a construção civil é
baseada em três pilares essenciais para sua operação: a força de trabalho; a
matéria prima e as ferramentas ou maquinários. Grande parte das suas atividades
depende diretamente da habilidade humana e conhecimento técnico, impondo a este
processo uma grande dificuldade de padronização (PORTAL BRASIL, 2011).
Quanto à produtividade, pode-se afirmar que o segmento da construção civil
comparado aos demais setores industriais, está em um movimento de modernização
ainda bastante incipiente, permanecendo como um setor onde são marcantes as
disparidades quanto à qualificação formal (ALMEIDA et. al., 2012).
22
2.2 Qualificação e Produtividade
A discussão a respeito da necessidade de treinamento da mão de obra não é
inédita, entretanto, muitas empresas preferem ter o colaborador apenas diariamente
na produção, ao invés de disponibilizar algumas horas para capacitação dos
mesmos. O resultado tem sido o desperdício e o retrabalho logo que, apesar da
importância na produção, as atividades não são realizadas da forma correta e
acabam, em grande parte das vezes, tendo de serem refeitas ou consertadas
(SANTOS, 2010).
Conforme Almeida et. al. (2013), a construção civil é caracterizada por um
grande número de pequenas empresas que utilizam recursos humanos com baixa
qualificação profissional e elevada rotatividade. Além disso, é um processo
construtivo com características artesanais, possuindo como entradas uma grande
quantidade de recursos diferenciados e como saídas produtos únicos, sendo cada
empreendimento diferente dos anteriores, e ainda as empresas são afetadas com
intervenções governamentais na economia, levando-as a um curto ciclo de vida.
Na economia moderna, os principais elementos das indústrias deixam
progressivamente de serem edificações e equipamentos e passam a ser bens
intangíveis, como o capital humano e sua habilidade de desenvolver produtos e
processos de modo mais eficiente. A vantagem competitiva de uma empresa em
relação às demais depende da capacitação de seus funcionários, da qualidade dos
conhecimentos que são capazes de produzir e transferir para o sistema produtivo
(DANTAS, 2011).
No tocante a produtividade, Dantas (2011) afirma ainda que a mão de obra
possui um foco bastante relevante, uma vez que para um empreendimento ser
entregue no prazo estabelecido em contrato, vai depender diretamente do
rendimento dos funcionários ao decorrer do processo executivo da edificação. Dessa
forma, é de fundamental importância analisar o desempenho dos funcionários para
que a obra seja entregue no prazo estipulado.
A definição de produtividade estabelece a relação entre os resultados obtidos,
o processo produtivo e os recursos consumidos para a sua obtenção. Dessa forma,
a produtividade de um sistema organizacional é decorrente da eficiência e do
rendimento da mão de obra direta envolvida na execução da tarefa (FLOR, 2010).
23
Para Marcondes (2011), dentro do contexto brasileiro, as empresas da
construção civil, principalmente do sub-setor de edificações, estão passando por um
processo de intensa competição e reestruturação. Para tanto, a produtividade aliada
à qualidade, torna-se necessária para sobrevivência das construtoras, exigindo do
segmento a busca por melhores índices de desempenho, racionalizando e
otimizando o uso dos recursos físicos, financeiros e humanos.
Devido ao crescente aumento da terceirização da mão de obra nas
construções, tendo abrangência em todos os segmentos de atuação, Flor (2010)
aponta que é necessária a realização de estudos direcionados à produtividade
desse tipo de mão de obra, com abordagem partindo da crescente capacitação
desses operários, aprimoramento na qualidade da gestão dessas terceirizadas,
inserção de fundamentos e ferramentas que auxiliem o aumento da produtividade
nessas empresas diretamente e na qualidade dos serviços prestados pela
contratante das terceirizadas.
A implantação de cursos de treinamento nas empresas, juntamente com a
divisão das responsabilidades pela educação, é um dos artifícios mais cotados para
melhoria da qualificação do quadro de operários. Entretanto, ainda é considerado
alarmante o percentual de construtores que acreditam que não fazer nada ou
simplesmente exigir do operário sem uma contrapartida pode ser uma solução
(MARCONDES, 2011).
O subcomitê da indústria da construção civil no Programa Brasileiro de
Qualidade (PBPQ, 2008) contextualiza que a área dos recursos humanos no setor
da construção civil é comumente caracterizada através da falta de programas de
treinamento, pouco investimento em formação profissional, condições de trabalho
insatisfatórias e um processo produtivo aliado a grandes riscos, ocasionando
consequentemente elevada rotatividade na mão de obra.
2.2.1 Mão de obra
No Brasil, a cadeia produtiva do setor da construção civil engloba em geral
funcionários pouco qualificados. Este fato impõe barreiras para a implantação de
práticas inovadoras dentro do canteiro de obra, uma vez que para reverter este
quadro são necessárias características como maior discernimento, qualificação,
24
motivação, participação e treinamento da equipe operacional (SANTOS;
CARREIRO, 2010).
Segundo a CBIC (2013), no primeiro semestre de 2013, 51% do custo de uma
obra foi referente à mão de obra e leis sociais atreladas a mesma. Este número é
tão maior quanto a falta de qualificação. A minimização dos custos de uma obra não
depende apenas de técnicas ou dos tipos de materiais empregados, mas também da
mão de obra empregada.
Marcondes (2011) alerta que a carência de uma base teórica para os
conhecimentos tradicionais estão levando a construção civil à estagnação. A
aceleração de mudanças às novas situações das sociedades urbanas e
contemporâneas impõe capacidade rápida de resposta.
Em um estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Sociais (2011), 22,6% das vagas na construção civil são ocupadas por
trabalhadores analfabetos ou que não possuem o ensino fundamental completo. O
parâmetro escolaridade é utilizado para aferir a qualificação, sem discutir sua
validade, apenas associando a baixa escolaridade à desqualificação, postura essa
adotada por segmentos da literatura especializada, delimitando a escola como
referência que legitima os poderes dentro (e fora) da obra.
De acordo com Santos e Carreiro (2010), o nível de escolaridade é o fator
menos utilizado como critério de contratação, mesmo quando os empregadores
concordam que a capacitação é um fator fundamental para o desenvolvimento do
serviço. Este fator contraditório é explicado por eles devido a urgência de
contratação, sem ter tempo hábil para reverter esta situação.
A principal forma de aprendizagem dentro do canteiro de obras sempre foi o
“aprender na prática”, no qual o conhecimento depende da transmissão das
atividades dos trabalhadores mais experientes, sendo esse conhecimento
reconhecido dentro do grupo como valor e orgulho para quem o detém (COSTA;
TOMASI, 2009).
Em 2011, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (2011) no estado do
Rio Grande do Norte realizou um estudo a respeito da dificuldade de construtores
locais em encontrar trabalhadores qualificados, principalmente pedreiros e
serventes. Nesta pesquisa, as empresas entrevistadas informaram que 80% delas
têm dificuldade de contratação com funcionários básicos, e para os cargos de
encarregados e mestres de obra, o percentual obtido é de 73%.
25
A CNI realiza mensalmente uma pesquisa de opinião com aproximadamente
500 empresários da indústria da construção civil desde o início de 2010, objetivando
identificar a tendência passada e futura do segmento. Para isso realizou uma
pesquisa em parceria com a CBIC, Federações de Indústria e sindicatos da
construção civil do Distrito Federal e dos 26 estados brasileiros (CONFEDERAÇÃO
NACIONAL DA INDÚSTRIA, 2012).
Pode-se verificar na Tabela 1 abaixo que na pesquisa de setembro de 2012,
referente ao 3o trimestre de 2012, das 456 empresas analisadas, sendo 158
consideradas como pequenas empresas, 200 como médias e 98 como grandes, os
dois principais problemas enfrentados pela indústria da construção oscilaram entre a
falta de trabalhador qualificado e a elevada carga tributária do governo.
Tabela 1 – Principais problemas da indústria da construção civil no 3º trimestre do
ano de 2012 (%) Fonte: Confederação Nacional da Indústria, 2012.
26
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 Metodologia
Este estudo visa apresentar conceitos e definições a respeito da temática
central, bem como identificar e analisar o nível de qualificação da mão de obra
operacional no segmento da construção civil na cidade de Maceió-AL e propor
soluções baseadas na capacitação dos colaboradores, de acordo com as
respectivas necessidades.
A produção deste trabalho coletou dados em 10 edificações dentro do
perímetro da cidade de Maceió, através de visitas técnicas realizadas a distintos
empreendimentos em diversos bairros localizados no município, identificando o nível
de qualificação da equipe operacional presente em tais empreendimentos, e
evidenciar a relevância da qualificação dos mesmos diante da produtividade e
qualidade do processo construtivo executado nas edificações.
Na fase inicial do desenvolvimento desta produção, as pesquisadoras
buscaram por informações que pudessem embasar e auxiliar na compreensão da
temática central abordada, fundamentando-se através de uma revisão bibliográfica
que utilizou como fonte livros, revistas e dissertações.
Nesta fase foram pesquisados os aspectos mais relevantes que auxiliassem a
contextualizar e destacar os requisitos e necessidades de qualificação dos
colaboradores. Em sequência, a pesquisa deu ênfase em levantamentos feitos nas
edificações, através de uma coleta de dados, com perguntas selecionadas
(APÊNDICE A), contendo questões gerais para análise do perfil dos trabalhadores,
como idade, escolaridade, participações em cursos profissionalizantes e demais
detalhes pertinentes a jornada de trabalho.
Finalizada a revisão bibliográfica, foram identificados e traçado um perfil
atualizado dos operários presentes nos respectivos empreendimentos, visando
enaltecer as vantagens que a qualificação profissional agrega ao processo
construtivo.
O levantamento de dados foi realizado na cidade de Maceió, por meio de
visitas realizadas a distintas edificações, com dados obtidos por meio das perguntas
27
selecionadas para coleta de dados, no qual a interpretação foi realizada através da
análise dos dados levantados, em forma de porcentagem para cada item solicitado.
Essa análise de dados possibilitou destacar os principais pontos a serem
trabalhados na qualificação profissional das empresas entrevistadas. Dessa forma,
os dados coletados foram analisados de forma qualitativa e quantitativamente.
3.2 Caracterização do local da pesquisa
A pesquisa foi realizada no perímetro urbano do município de Maceió/AL, em
empreendimentos voltados a obras residenciais. O levantamento de dados foi feito
em obras de construtoras de médio e grande porte. As edificações presentes nesse
estudo estão localizadas nos seguintes bairros: Santa Amélia, Tabuleiro, Cruz das
Almas, Jatiúca, Antares, Benedito Bentes, Farol e Ponta Verde.
Figura 2 – Mapa dos bairros de Maceió
Fonte: Blogspot, 2019.
28
3.3 Materiais e métodos
O plano amostral da pesquisa compreendeu coleta de dados por meio de
perguntas selecionadas, entregues diretamente a pessoa responsável pelo
departamento de recursos humanos de cada empreendimento, onde dispunham de
informações gerais pertinentes aos operários. Todos os empreendimentos visitados
passaram as informações solicitadas, entretanto, na maior parte dos casos, a
resposta a tais indagações não foi imediata, uma vez que se fazia necessária a
consulta de todos os dados, o que demandou um tempo médio de 1 a 3 dias.
As empresas visitadas estão localizadas em bairros distintos, todos
pertencentes ao município de Maceió, sendo estas de médio e grande porte, com a
média de trabalhadores variando em torno de 60 a 100 colaboradores, a depender
do porte do empreendimento, totalizando a quantidade de 715 funcionários.
A ferramenta adotada foi a utilização de indagações pré selecionadas, sendo
realizadas 10 perguntas, 5 abertas e 5 fechadas, na qual foi baseada em critérios
definidos para poder avaliar o perfil dos trabalhadores, conhecer o desejo de
aperfeiçoamento profissional, verificar a necessidade de participação em programas
de treinamento e, com isso formatar uma proposta de qualificação profissional que
supra as necessidades desses trabalhadores e mostrar as vantagens que cursos de
qualificação profissional traz ao processo construtivo.
Optou-se por uma forma de pesquisa, na qual a coleta de dados realizou-se
através de perguntas realizadas ao colaborador responsável pelo departamento de
recursos humanos, tendo, os mesmos, informações acerca de aspectos gerais para
reconhecimento desse operário, tais como idade, tempo que leva para chegar ao
local de trabalho, formação escolar, participações em cursos profissionalizantes e
demais questões pertinentes ao trabalho, com o objetivo de traçar um perfil
atualizado dos colaboradores.
29
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Esta análise foi desenvolvida através da coleta de dados realizada por meio
de perguntas selecionadas (APÊNDICE A), entregue em 10 canteiros de obra, de
construtoras atuantes no segmento da construção civil na cidade de Maceió/AL. Os
dados obtidos foram fornecidos pelo trabalhador responsável pelo departamento
pessoal de cada edificação visitada, objetivando através da coleta de dados a
qualificação dos colaboradores dos respectivos canteiros, caracterizando o perfil do
trabalhador da indústria da construção civil na cidade de Maceió.
Conforme citado anteriormente por Heleno (2010), o subsetor de edificações,
é responsável por mais de 90% do número de estabelecimentos da construção civil
e mais de 82% do total de empregos do setor construtivo, sendo de fundamental
relevância para a economia do país, através da sua ímpar capacidade de gerar
empregos diretos e indiretos.
Nas obras visitadas, 90% da equipe operacional eram do sexo masculino,
com faixa etária dominante de 18 a 24 anos, correspondendo a 41%. Na faixa etária
de 25 a 35 anos, situam-se 36% dos funcionários. Com 17% de representatividade,
está a faixa etária de 36 a 45 anos e, em menor proporção, com apenas 6% os
colaboradores com idade igual ou superior a 46 anos, conforme pode ser visualizado
no Gráfico 3 abaixo.
Gráfico 3 – Faixa etária Fonte: Autores, 2019.
0%
20%
40%
60%
18 a 24 anos25 a 35 anos
36 a 45 anosCom 46 ou
mais
36%
17%
6%
Faixa etária
30
Outra questão pertinente abordada é o grau de instrução dos funcionários. De
acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sociais (2011),
uma quantidade considerada das vagas na construção civil são ocupadas por
trabalhadores analfabetos ou que não possuem o ensino fundamental completo.
Como pode ser visualizado no Gráfico 4 abaixo, o maior percentual dos
colaboradores (37%), lêem ou escrevem com dificuldade. Em sequência, 28% são
alfabetizados, 19% são analfabetos, e, com o menor percentual (13%) estão os
trabalhadores que concluíram o ensino fundamental e/ou ensino médio.
Gráfico 4 – Escolaridade
Fonte: Autores, 2019.
Foi verificada também a naturalidade dos funcionários, sendo classificados
por região. Como visto no Gráfico 5 abaixo, a grande maioria da equipe operacional
nasceu na região nordeste (73%), em seguida, o maior percentual corresponde a
14%, com os nascidos na região sudeste. Em menores proporções, 8% e 5%, está a
quantidade de trabalhadores naturais da região norte e centro-oeste,
respectivamente. Nas obras verificadas, não há funcionários nascidos na região sul.
0%
10%
20%
30%
40%
AnalfabetoLê e escreve
comdificuldade
AlfabetizadoFundamentale/ou médiocompleto
19%
37%
28%
13%
Escolaridade
31
Gráfico 5 – Naturalidade Fonte: Autores, 2019.
Uma variável relevante está no tempo de serviço dos colaboradores nas
empresas, uma vez que é comum o elevado índice de rotatividade da equipe
operacional no segmento da construção civil. Conforme abordagem anteriormente
realizada pelo Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP, 2008), o
setor da construção civil comumente caracterizado pela falta de programas de
treinamento, condições de trabalho insatisfatórias e um processo produtivo aliado a
grandes riscos, ocasionando consequentemente elevada rotatividade na mão de
obra.
O Gráfico 6 abaixo apresenta o tempo em que os trabalhadores estão
atuando em suas atuais construtoras.
0%
20%
40%
60%
80%
8%
73%
0% 14%
5%
Naturalidade
0%
10%
20%
30%
40%
Menos de 1ano
Entre 1 e 2anos Entre 2 e 3
anos Mais de 3anos
36%33%
20%
11%
Tempo
32
Gráfico 6 – Tempo na empresa atual Fonte: Autores, 2019.
Como é possível observar, dentro das categorias presentes, a maior parte
está a menos de 1 ano no seu respectivo local de trabalho (36%) ou no intervalo
entre 1 e 2 anos (33%). Em menores proporções se encontram os funcionários que
estão a tempo superior a dois anos, correspondendo a 20% no intervalo de 2 a 3
anos, e 11% com tempo maior que 3 anos.
Outro dado obtido na pesquisa trata do tempo de serviço dos funcionários na
construção civil, considerando o tempo de atuação dos mesmos em todos os seus
registros profissionais. Como mostrado no Gráfico 7 abaixo, mais da metade dos
trabalhadores atuam no segmento da construção civil a mais de 10 anos (55%).
Exercendo a profissão entre 5 e 10 anos, tem 22% dos colaboradores; entre 2 e 5
anos, 16% e por último, a menos de 2 anos, apenas 7%.
Gráfico 7 – Tempo na construção civil Fonte: Autores, 2019.
Foi verificado nas obras visitadas, que haviam obras na fase de construção da
estrutura, predominando a presença de carpinteiros, armadores e eletricistas;
edificações na fase de vedações, contendo pedreiros, gesseiros e serventes e na
fase de acabamento, com pintores, pedreiros e serventes. O Gráfico 8 abaixo
apresenta a distribuição de profissionais encontradas nos empreendimentos
analisados.
0%
20%
40%
60%
Menos de 2anos
Entre 2 e 5anos Entre 5 e 10
anos Acima de 10anos
7% 16%22%
55%
Tempo
33
Gráfico 8 – Distribuição de profissionais Fonte: Autores, 2019.
Outro aspecto questionado trata da quantidade de funcionários presentes nos
respectivos empreendimentos. Como visto no Gráfico 9 abaixo, a maior quantidade
de canteiros de obra visitados (40%) possui menos de 60 colaboradores no seu
quadro operacional.
Em sequência, o segundo maior percentual (30%) se enquadra no intervalo
entre 60 e 80 trabalhadores, seguido por 20%, correspondente as obras contendo
entre 80 e 100 colaboradores, e, por fim, o percentual de 10% representa as obras
que possuem mais de 100 funcionários em seus canteiros.
Gráfico 9 – Quantidade de funcionários Fonte: Autores, 2019.
0%5%
10%15%20%25%
30%
14%
8%13%
9%
26%
19%
11%
Profissões
0%
10%
20%
30%
40%
Até 60Entre 60 e 80
Entre 80 e100 Mais de 100
40%
30%
20%
10%
Quantidade
34
Ao serem questionadas acerca da disponibilização das construtoras quanto
ao fornecimento de cursos para os colaboradores, as empresas informaram que
realizam treinamentos no momento de inserção dos funcionários para as suas
devidas atividades, no qual os mesmos recebem treinamento da qualidade, de
segurança e instruções dos procedimentos operacionais a serem executados, sendo
estes ministrados por profissionais capacitados terceirizados pelas empresas.
Marcondes (2011) aponta previamente que a implantação de cursos de
treinamento nas empresas, juntamente com a divisão das responsabilidades pela
formação, é um dos artifícios mais cotados para melhoria da qualificação do quadro
de operários.
Algumas das empresas visitadas afirmaram que realizam periodicamente
treinamentos e capacitações com os profissionais, dividindo de acordo com as
atividades executadas pelos mesmos, como também alegaram ter um calendário
com um planejamento envolvendo treinamentos através da vinda de profissionais de
fora da empresa, incluindo oficinas e outras formas dinâmicas de aprendizado.
Quanto à questão abordada sobre reconhecimento ao funcionário que não
falta ao trabalho, entre as construtoras visitadas não há um padrão nesse aspecto.
Algumas empresas alegaram que não existe um reconhecimento formal, mas que
geralmente há uma relação entre colaboradores assíduos e produtividade, e que os
trabalhadores que cumprem as metas mensais determinadas, ganham uma
bonificação, comumente chamada de produção, sendo o valor estabelecido pelo
encarregado da respectiva frente de serviço.
Por fim, as empresas foram questionadas se fornecem algum tipo de incentivo
ao trabalhador, onde grande parte informou que atualmente não há nenhum
programa de incentivo voltado diretamente para qualificação profissional em seus
canteiros, mas que já vem estudando formas de implantar num futuro breve.
35
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para a CNI & CBIC (2011, b), como a escassez de mão de obra capacitada,
há baixa qualidade dos resultados produtivos, o que, segundo esse documento,
pode ser constatado pela quantidade de retrabalhos, perdas na produção e baixa
eficiência da mão de obra.
Visando alcançar melhores resultados, várias empresas do setor têm
procurado inovar em seus canteiros de obras. Novas técnicas construtivas, novos
materiais, equipamentos, gestão dos processos, industrialização são alguns dos
recursos utilizados pelo segmento para se alcançar a excelência das atividades (CNI
& CBIC, 2011, b).
Tais alterações impactam diretamente nas características exigidas da mão de
obra que, necessariamente, passa a precisar de conhecimentos, habilidades e
atitudes distintas das tradicionais e num tempo muito curto para atender a demanda
de mercado.
Nesse contexto está inserida a presente produção, no qual aborda a
capacitação profissional em nível operacional dentro dos empreendimentos
visitados, ou seja, aquele no qual as tarefas e atividades são executadas,
envolvendo o trabalho relacionado diretamente com a execução das edificações,
uma vez que este segmento é responsável por expressiva demanda de profissionais
capacitados.
5.1 Conclusão
A construção civil é o setor industrial que representa uma importância
fundamental na economia brasileira. Além da sua importância relacionada aos
aspectos econômicos e sociais, a construção civil tem uma interferência muito forte
na natureza. Ela utiliza recursos naturais de uma forma substancial e isso a
relaciona com o meio ambiente, quer seja na obtenção da sua matéria-prima, quer
seja na grande quantidade de entulhos gerados pelo setor, assim como no uso do
espaço urbano.
Com isso, é extremamente relevante, tanto em termos ambientais como em
termos econômicos, qualquer tipo de estudo, principalmente no que diz respeito à
mão de obra, que avalie e quantifique perdas ou consumos de materiais nos
36
canteiros de obras. Percebeu-se, pelo levantamento dos dados dos operários, que
muitos são os problemas que envolvem os mesmos na construção civil, como baixa
escolaridade, condições adversas de trabalho com alta rotatividade, insegurança no
trabalho e pouca possibilidade de promoção.
Na pesquisa realizada, a principal observação é que as variáveis medidas no
estudo apontam para um perfil bastante idêntico a outros estudos observados
durante a realização da pesquisa. A mão de obra operária da cidade pesquisada
possui basicamente as mesmas características daquelas de outras cidades onde
foram realizados estudos sobre perfil de qualidade de operários da indústria da
construção civil.
Pelos resultados obtidos e de acordo com a análise da vida dos operários,
percebeu-se que eles apresentam semelhança em suas trajetórias de vida. São
operários com baixa escolaridade, pois esse é um setor em que, ainda, para
começar a trabalhar, não é preciso ser alfabetizado nem ter conhecimento da
profissão. Até para o empregador, o conhecimento ou experiência é deixado de lado
quando na contratação da mão de obra desse operário. Basta começar como
servente e observar como os outros realizam as tarefas.
A partir da coleta de dados realizada pelas pesquisadoras, foi possível
concluir que a maior parte dos trabalhadores possui idade entre 18 a 24 anos;
menos da metade dos colaboradores são alfabetizados; em grande maioria natural
da região Nordeste. Quanto ao tempo de empresa, apesar do maior percentual de
funcionário estarem a 2 anos ou menos na empresa atual, os mesmos atuam no
segmento da construção civil em maiores proporções no período de tempo superior
a 5 anos.
Dentre as edificações visitadas, os profissionais encontrados em maior
quantidade foram: pedreiros, serventes, carpinteiros e eletricistas; nestes canteiros
de obras levantados, a média da quantidade de trabalhadores atuando nos
respectivos empreendimentos foi de até 80 funcionários. É de grande importância que os programas de treinamento de qualificação
profissional estejam voltados para a valorização pessoal de cada trabalhador. Com
essa valorização do operário, conseqüentemente a equipe na qual está inserido este
operário, será favorecido o equilíbrio entre o trabalho e o relacionamento, ajudando
a otimizar os resultados.
37
Portanto, a implantação de curso de qualificação profissional é de extrema
importância dentro do contexto de uma obra, para que se conheça o perfil do
operário e para que a qualidade da mão de obra tenha mais valor.
5.2 Dificuldades encontradas
No decorrer do desenvolvimento desta produção, a maior dificuldade
verificada pelas pesquisadoras foi ter acesso as informações pertinentes aos
colaboradores, uma vez que, na maior parte das edificações visitadas, o resultado
registrado de alguma das perguntas realizadas não era satisfatório, ou o
departamento de recursos humanos não dispunha de todas as informações.
5.3 Recomendações para trabalhos futuros
A partir do desenvolvimento deste Trabalho de Conclusão de Curso, fizeram-
se algumas recomendações para pesquisadores em seu desenvolvimento de
estudo, acentuar pesquisas em empresas da construção civil que:
Indiquem a necessidade de um levantamento dentro dos canteiros de obra,
com os seus respectivos colaboradores, verificando a qualificação dos
mesmos, abrangendo toda equipe operacional;
Planejem o desenvolvimento de um cronograma de cursos de capacitação e
reciclagem, objetivando manter a equipe operacional sempre qualificada e
atualizada com práticas que otimizem e aperfeiçoem os processos
construtivos executados pelos colaboradores;
Portanto, este trabalho não se encerra por aqui, pois é um tema que deve ser
analisado constantemente com mais profundidade. Essa poderia ser uma proposta
para estudos futuros em curso de Pós-graduação, Mestrado, e se possível,
Doutorado.
38
REFERÊNCIAS
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11 dez. 2013.
41
APÊNDICE A
PERGUNTAS
1 - Idade
2 - Escolaridade
( ) – Analfabeto ( ) – Lê e escreve com dificuldade ( ) – Alfabetizado
( ) – Fundamental e/ou médio completo
3 - Naturalidade
4 – Tempo do colaborador na empresa atual
( ) – Menos de 1 ano ( ) – Entre 1 e 2 anos ( ) – Entre 2 e 3 anos ( ) – Mais de 3
anos
5 – Tempo do colaborador na construção civil (comprovado em carteira)
( ) – Menos de 2 anos ( ) – Entre 2 e 5 anos ( ) – Entre 5 e 10 anos ( ) – Acima de
10 anos
6 - Informe a distribuição de profissionais e suas respectivas quantidades.
7 – Quantidade total de colaboradores do quadro operacional.
8 – A empresa disponibiliza algum tipo de curso para os funcionários?
9 – O funcionário que não falta ao trabalho recebe alguma forma de
reconhecimento?
10 – Que tipo de incentivo a empresa fornece ao trabalhador?