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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
CURSO DE PEDAGOGIA
ANA PAULA BRITO DA SILVA
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO COMO CONDIÇÃO FORMAL DE CIDADANIA
MARINGÁ
2014
ANA PAULA BRITO DA SILVA
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO COMO CONDIÇÃO FORMAL DE CIDADANIA
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC – apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado no Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Maringá. Orientadora: Profa. Dra. Terezinha Oliveira.
MARINGÁ
2014
3
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO COMO CONDIÇÃO FORMAL DE CIDADANIA
PARECER DA BANCA EXAMINADORA
ACADÊMICA: ANA PAULA BRITO DA SILVA
DATA DA DEFESA: _____/_____/_____
Trabalho apresentado nesta data ao Curso de Pedagogia, modalidade presencial, da
Universidade Estadual de Maringá, como requisito da disciplina Trabalho de
Conclusão de Curso, examinado pela Banca Examinadora composta pelos
professores:
_______________________________________
Prof.ª Drª. Terezinha Oliveira (Orientadora) – UEM
_______________________________________
Prof.ª Msª. Natalina Francisca Mezzari Lopes – UEM
_______________________________________
Prof.ª Msª. Paula Marroni - UEM
4
"Alfabetizar é acender uma luz que jamais será apagada. É iluminar um futuro próximo e também distante. É deixar uma marca útil que se eternizará. Alfabetizar é mais uma forma de amar." (Augusta Schimidt)
5
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a DEUS por ter me abençoado com força, fé e com as
virtudes necessárias para concluir mais essa etapa importante em minha vida;
Especialmente a minha mãe, Marina, por ser uma mulher guerreira e estar sempre
me incentivando, acredito que ao realizar esse meu sonho, também realizo um
sonho dela. Sou grata a minha família querida por todo amor, carinho, dedicação,
apoio e incentivo que me deram e por terem acreditado em mim;
Agradeço aos professores do curso que contribuíram para minha formação
profissional, principalmente aqueles que fizeram a diferença ao dividirem seus
conhecimentos;
Às colegas de turma que, na troca de experiências, me deram a oportunidade de
conhecê-las e descobrir o quanto cada uma é especial, principalmente às amigas
Silvana, Monique, Jéssica, Isabelle e Jéssica, que estiveram ao meu lado na
realização desse sonho, dedico minha gratidão;
Agradeço a minha querida prof. Dra. Terezinha Oliveira, pela importante contribuição
e ajuda que me dedicou durante a realização desse trabalho de formação
acadêmica, e também por ter despertado em mim o desejo pela pesquisa científica;
Agradeço as professoras Natalina Francisca Mezzari Lopes e Paula Marroni, por
terem aceitado o convite de fazer parte desse momento que é único em minha vida;
Muito Obrigada a todos os que acreditaram em mim e na realização desse sonho!
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................8
1 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DOS MÉTODOS DE
ALFABETIZAÇÃO ....................................................................................................9
2 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: CONDIÇÕES PARA
CIDADANIA...............................................................................................................12
3 ESTUDO DO DOCUMENTO BÁSICO: AVALIAÇÃO NACIONAL DE
ALFABETIZAÇÃO.....................................................................................................16
4 ALFABETIZAÇÃO NA PERSPECTIVA DO LETRAMENTO.................................21
5 DESAFIOS DA DOCÊNCIA EM ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO .............. 23
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 28
REFERÊNCIAS..........................................................................................................29
7
Silva, Ana Paula Brito. Alfabetização e letramento como condição formal de cidadania. 2014. 28 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) – Universidade Estadual de Maringá, 2014.
RESUMO
Este trabalho de conclusão de curso tem por objetivo expor o processo de alfabetização e letramento como condição formal de cidadania. A alfabetização e o letramento são condições essenciais para formar um cidadão atuante, pois é por meio da leitura e da escrita que o indivíduo se comunica, se informa, expressa e defende pontos de vista, compartilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimento, entre outros. Esta pesquisa é de cunho bibliográfico e documental, fundamenta-se em Durkheim (2002), La Boétie (2009), Smolka (2003), Klein (2002), Magda Soares (2004), Lemle (2006), Durham (2008), dentre outros autores que tratam da alfabetização e letramento. Na realização deste estudo, pretendemos contribuir com conhecimentos sobre essa temática para auxiliar na reflexão dos profissionais e estudantes da área educacional acerca de sua prática docente e da importância da alfabetização e letramento na formação do homem em seu cotidiano. Palavras-chave: Alfabetização e letramento. Educação. Docência. Cidadania.
ABSTRACT
This conclusion work course aims to expose the process of literacy and literacy as formal citizenship status. Literacy and literacy are essential conditions to form an active citizen, it is through reading and writing the individual to communicate, inform, express, and defend points of view, share or builds worldviews, produces knowledge, between others. This research is of bibliographical and documentary character, is based on Durkheim (2002 ), La Boétie (2009 ), Smolka (2003 ), Klein (2002 ), Magda Soares (2004 ), Lemle (2006 ), Durham (2008 ), among other authors dealing with literacy and literacy. In this study, we aim to contribute to knowledge on this topic to assist in reflection of professionals and students in the education sector about their teaching practice and the importance of literacy and literacy in the formation of man in his everyday life. Keywords: Literacy and literacy. Education. Teaching. Citizenship.
8
INTRODUÇÃO
Este trabalho de conclusão de curso é resultado de estudos e reflexões
desenvolvidos com o intuito de expor a importância da alfabetização e letramento
como condição formal de cidadania assim como apontar a relevância do processo de
alfabetização e letramento na construção de uma nação democrática e livre. A
escolha por essa temática surgiu em função das reflexões realizadas nas disciplinas
que tratavam da Alfabetização e Letramento, bem como nas disciplinas de Filosofia
da Educação, ministradas no curso de Pedagogia da Universidade Estadual de
Maringá.
Esta pesquisa é de cunho bibliográfico e documental. Dentre os materiais
selecionados para análise, temos teóricos renomados que fundamentaram nossos
estudos. Além desses autores, realizamos um estudo do documento básico:
Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) com a intenção de investigar essa nova
forma de avaliação do ensino público.
Alfabetização e letramento são condições essenciais para formar um cidadão
atuante, pois é por meio da leitura e da escrita que o indivíduo se comunica, se
informa, se expressa, compartilha e constrói visões de mundo, produz conhecimento
etc. Cientes da relevância da alfabetização e do letramento nas vivências de cada
indivíduo, seja nas conquistas individuais ou sociais, acreditamos ser necessário que
a escola e os professores estejam preparados para mediar, com sucesso, essa
aquisição.
Para melhor situarmos essa problemática, recuperamos, brevemente, a
história da alfabetização no Brasil, fundamentando-nos em Mortatti (2010), Cagliari
(2009) e Emília Ferreiro e em Ana Teberosky (1985). Em seguida, consideramos a
alfabetização e o letramento como condição de cidadania com o respaldo de Lajolo
(2007), realizamos estudo da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), e
abordamos a alfabetização na perspectiva do letramento e as concepções que têm
permeado o ensino, refletindo acerca dos desafios da docência em relação à
alfabetização e ao letramento. Por fim, tecemos algumas considerações finais sobre
o pesquisa realizada.
9
1 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DOS MÉTODOS DE
ALFABETIZAÇÃO
Há muito tempo, debatem-se quais seriam os métodos mais eficazes para a
alfabetização. Aqui, discorremos sinteticamente sobre eles, a começar pelo método
analítico, que parte de uma visão global para posteriormente focar-se nos detalhes;
um dos principais defensores desse método foi Ovide Decroly. O método sintético,
por seu turno, começa a ensinar por partes ou palavras, como letras, sons ou
sílabas, para depois combiná-los, e os principais defensores desse método são os
professores-autores de cartilhas, como a „Caminho Suave‟, de Antônio Silva Jardim.
A conciliação desses métodos de alfabetização – a analítico e sintético – resultou no
método analítico-sintético.
É importante ressaltar que não é possível defender ou afirmar um único
método como verdadeiro e correto, uma vez que cada método possui suas
especificidades, pois dependem do momento histórico, das necessidades, da
concepção de educação e do aluno. Contudo, é possível desenvolver dois ou mais
métodos ao mesmo tempo, buscando obter melhores resultados, assim como afirma
Cagliari (2009, p. 38), [...] “fundamental saber tirar todas as vantagens dos métodos,
bem como conhecer as limitações de cada um”.
Nesse sentido, ao refletirmos sobre os métodos de alfabetização e
letramento, é importante mencionar os períodos mais marcantes do processo de
alfabetização no Brasil, evidenciados por Mortatti (2010). Esses períodos se deram
em quatro momentos cruciais, descritos na sequência.
O primeiro momento apresentado por Mortatti (2010) vai de 1876 a 1890.
Nele, destaca-se a disputa dos professores que defendiam o antigo método
sintético, ou seja, da parte para o todo. A leitura era ensinada partindo de cada letra
até as frases, sempre na ordem crescente, de acordo com a dificuldade, ou seja,
começavam ensinando cada letra, seu nome e sua família silábica, depois
ensinavam a ler palavras formadas com essas letras e sílabas para então ensinar a
leitura de frases, podendo ser isoladas ou agrupadas. Com relação à escrita, a
ênfase recaia no desenho das letras (caligrafia), e seu ensino se restringia à cópia,
ditado e formação de frases.
10
No segundo momento, que ocorre de 1890 a 1920, Morttati (2010) descreve a
reforma na educação ocorrida na década de 1890, na cidade de São Paulo, que
objetivava se estender aos demais estados, com a reorganização das escolas
normais e com a criação da escola modelo1. Essa reorganização teve como base a
reestruturação do ensino. A partir desse momento, os professores passariam a
defender o método analítico, o qual objetiva a leitura no todo.
O terceiro momento citado por Mortatti (2010) compreende de 1920 até 1970.
Nesse período, buscando conciliar o método sintético e o analítico, a escola
principiou a utilizar métodos mistos: caligrafia ou ecléticos2, considerados rápidos e
eficientes, em que se basearam as cartilhas e os manuais do professor. Nesse
momento, a escrita era entendida como questão de ortografia, que deveria ser
ensinada simultaneamente à leitura.
O quarto e último momento se inicia em 1980 e, de acordo com Mortatti
(2010), é o período em que os métodos anteriores passam a ser sistematicamente
questionados em decorrência de novas exigências políticas e sociais que se fizeram
acompanhar de propostas de mudança na educação, com a finalidade de enfrentar o
fracasso da escola na alfabetização de crianças. A busca de soluções para esse
problema introduziu no Brasil o pensamento construtivista sobre alfabetização,
defendido por Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1986). As autoras assim divulgam
suas perspectivas:
Pretendemos demonstrar que a aprendizagem da leitura, entendida como questionamento a respeito da natureza, função e valor deste objeto cultural que é a escrita, inicia-se muito antes do que a escola imagina, transcorrendo por insuspeitados caminhos. Que além dos métodos, dos manuais, dos recursos didáticos, existe um sujeito que busca a aquisição de conhecimento, que se propõe problemas e trata de solucioná-los, segundo sua própria metodologia [...] insistiremos sobre o que se segue: trata-se de um sujeito que procura adquirir conhecimento, e não simplesmente de um sujeito disposto ou mal disposto a adquirir uma técnica particular. Um sujeito que a
1 As escolas-modelo eram classes primárias anexas à Escola Normal, cujo objetivo era melhorar a
formação de professores e desenvolver um padrão de ensino considerado de excelência para nortear as escolas oficiais. As escolas-modelo “é a base de toda reforma da instrução pública paulista, nos primeiros anos da República” (REIS FILHO, 1995, p.51-53). O principal defensor das escolas-modelo foi Antônio Caetano de Campos. 2 O método Eclético utiliza análise e síntese, ao contrário dos outros que são analítico ou sintético, o
método é considerado global, porque parte de um todo, mas segue os passos do método sintético: som, sílabas, palavras, frases. O método eclético conduz a uma prática coerente e plural no ensino, onde grande variedade de atividades possa ser empregada de forma a facilitar, acelerar ou otimizar o processo de ensino.
11
psicologia da lecto-escrita esqueceu [...] (FERREIRO; TEBEROSKY, 1986, p. 11).
Mortatti (2010) assinala que a inserção desses debates provoca mudanças no
eixo das discussões dos métodos de ensino para o processo de aprendizagem da
criança. O construtivismo se apresenta não como um método novo, mas como uma
„revolução conceitual‟, demandando, dentre outros aspectos, o abandono das teorias
e práticas tradicionais. Assim, ocorre a desmetodização do processo de
alfabetização que dá ênfase em quem aprende e como aprende a língua escrita,
pois essa ênfase criara um ilusório consenso de que a aprendizagem independe do
ensino. O construtivismo também questiona a necessidade das cartilhas.
Conforme Cagliari (2009), os métodos citados anteriormente são baseados
em duas modalidades básicas, conceituadas por ele como método de ensino e
método de aprendizagem. O método de ensino seria exclusivamente para o
processo de ensino, em que o professor programa o que vai ensinar sem sequer
conhecer seus alunos, e inicia o ensino como um começo absoluto de tudo, partindo
do fácil para o difícil. Segundo Cagliari (2009), esse método é profundamente
mecanicista, dando tudo pronto para o aluno, esperando que ele siga sempre o
modelo proposto.
O método de aprendizagem apresentado por Cagliari (2009) é o oposto do
método de ensino, pois é centrado na reflexão, diferentemente do método de ensino,
centrado na dependência. Esse método, por seu turno, se caracteriza por estar
voltado para o processo de aprendizagem, e considera o aprendiz como um ser
racional, que vai juntando os conhecimentos adquiridos pela vida toda. No método
de aprendizagem, o ensino parte sempre da realidade da criança, considerando que
cada aluno é diferente um do outro. O professor, no método de aprendizagem, deve
ter um preparo profissional de alta qualidade, para agir de forma correta nas
diferentes situações que lhe ocorra, assim como ser um mediador, ajudando o aluno
a construir seu conhecimento.
Cagliari (2009) acrescenta que
Os dois métodos podem alfabetizar, mas o método de ensino o fará de uma maneira indesejável, embora aparentemente adequada. O método de aprendizagem exige experiência e competência do professor, paciência dos pais e uma escola preparada, não apenas
12
uma sala de aula onde o professor ensina e o aluno tem de se virar para aprender (CAGLIARI, 2009, p.61).
O “Método de Aprendizagem” demonstra uma boa forma não só para
alfabetizar o aluno, como para qualquer outra atividade de ensino e aprendizagem.
No entanto, Cagliari (2009) aconselha que,
A educação não pode viver só de ensino, caso em que o professor vem para a sala de aula e despeja em seus alunos um longo discurso a respeito de um determinado ponto, como também não pode viver só da aprendizagem, deixando os alunos descobrirem tudo por si mesmos e livres para fazer o que bem entenderem. Deve haver um equilíbrio entre os dois tipos de atividade: o professor deve ensinar, caso contrário, as escolas não precisariam existir, pois cada um aprenderia por iniciativa própria. Por outro lado, o professor não pode ser o dono da educação, aquele que tem tudo sobre o seu comando. É preciso que haja também uma grande participação do aprendiz, porque, afinal de contas, é ele quem precisa aprender e mostrar o que aprendeu e, sobretudo, saber que aprendeu (CAGLIARI, 2009, p. 41-42)
Frente ao contexto histórico dos métodos de alfabetização, observamos que
os métodos são modificados ou aprimorados conforme as necessidades se fazem
presentes, dentre estas necessidades estão inserção no mundo social e no mundo
do trabalho, altos índices de repetência na etapa inicial do ensino fundamental, a
evasão escolar, o elevado índice de analfabetos, entre outros.
Nesse âmbito, podemos afirmar que não existe um método correto, mas sim
existem vários métodos, cada com suas especificidades que devem ser estudadas,
para que seja avaliado qual método se adequa melhor à concepção de educação e
de aluno que se apresenta.
Na elaboração deste estudo sobre alfabetização e letramento como condição
formal de cidadania, nossa intenção foi verificar como a leitura e a escrita está
relacionada à cidadania; assim, buscamos explicitar, na sequência, a importância da
alfabetização e do letramento na formação do cidadão atuante.
2 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: CONDIÇÕES PARA CIDADANIA
Para discutirmos alfabetização e letramento como condição de cidadania, nos
propomos primeiramente a conceituar cidadania. O termo cidadania tem origem
13
etimológica no latim civitas, que significa "cidade". Estabelece um estatuto de
pertencimento de um indivíduo a uma comunidade politicamente articulada a um
país e que lhe atribui um conjunto de direitos e obrigações, sob vigência de uma
constituição. A cidadania está em permanente construção, sendo uma conquista da
humanidade, através daqueles que sempre buscam mais direitos, maior liberdade,
melhores garantias individuais e coletivas, e não se conformando frente às
dominações, seja do próprio Estado ou de outras instituições.
A alfabetização e o letramento consistem em aprendizados de grande
importância na vida do aluno, pois promovem sua socialização, já que possibilitam o
estabelecimento de novas trocas simbólicas3 com outros indivíduos, acesso a bens
culturais e a facilidades oferecidas pelas instituições sociais. A alfabetização é um
fator propulsor do exercício consciente da cidadania e do desenvolvimento da
sociedade como um todo.
O Artigo 205 de nossa Constituição Federal de 1988 apresenta:
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).
Cientes da relevância da educação para o desenvolvimento pleno da pessoa
e para seu preparo para o exercício da cidadania, compreendemos o valor da
alfabetização e do letramento no processo de educação escolar do indivíduo.
Portanto, dominar a escrita e a leitura são requisitos básicos para o indivíduo dar
continuidade à sua formação escolar e social.
Nesse sentido, o conhecimento se torna instrumento favorável ao indivíduo,
pois as tomadas de decisões tendem a serem melhores embasadas. A esse
respeito, La Boétie (2004, p.16) aponta que “sempre haverá umas poucas almas
melhor nascidas do que outras, que sentem o peso do jugo e não evitam sacudi-lo,
almas que nunca se acostumam à sujeição”. Ressalta, assim, que quando a pessoa
tem conhecimento, não só as decisões são tomadas de forma coerente, como
também o indivíduo não se deixa influenciar facilmente, porque tem sua concepção
formada sobre as coisas.
3 As trocas simbólicas aqui citadas dizem respeito à troca de conceito, ideia, informações,
conhecimento etc. que ocorrem por intermédio dos discursos sobre as leituras e escritas apreendidas pelos indivíduos.
14
O aprendizado da leitura é um momento importante na educação, que
começa na alfabetização e se estende por toda a educação básica. Consiste em
garantir que o aluno consiga ler e compreender textos, em todo e qualquer nível de
complexidade. Uma vez alfabetizado, é possível ao indivíduo ampliar seu nível de
leitura e de letramento, de forma a tornar-se um sujeito autônomo e consciente. O
principal suporte para a alfabetização é a leitura, pois ler com frequência facilita o
aprendizado e a fixação da grafia correta das palavras.
De acordo com La Boétie (2004),
[...] [os sábios] esses dotados de claro entendimento e espírito clarividente; não se limitam, como o vulgo, a olhar só para o que têm adiante dos pés, olham também para trás e para frente e, estudando bem as coisas passadas, conhecem melhor o futuro e o presente. Além de terem um espírito bem formado, tudo fazem para aperfeiçoá-lo pelo estudo e pelo saber. Esses, ainda quando a liberdade se perdesse por completo e desaparecesse para sempre do mundo, não deixariam de imaginá-la, de senti-la e saborear; para eles, a servidão, por muito bem disfarçada que lhes aparecesse, nunca seria coisa boa (BOÉTIE, 2004, p.16).
Compreendemos, portanto, que o conhecimento permite ao indivíduo um
olhar mais detalhado e crítico para os acontecimentos que o cercam, o que
possibilita melhor tomada de decisão e atuação na sociedade. La Boétie (2004,
p.16) acrescenta que há “[...] perfeita consciência de que os livros e a doutrina, mais
do que qualquer outra coisa, dão aos homens a capacidade de se conhecerem e de
odiarem a tirania”. Dessa forma, os tiranos buscam manter na sociedade a
quantidade de sábios que lhes convém, nesta perspectiva que o alfabetismo deve
ser prioridade na formação dos cidadãos, para que estes possam realmente exercer
a democracia.
Neste contexto, Lajolo (2007) afirma que ler é essencial não só para aqueles
que pretendem participar de uma posição cultural mais sofisticada, considerando
que a própria sociedade do consumo utiliza a linguagem escrita para muitos de seus
apelos midiáticos. Logo, a linguagem escrita faz parte do mundo em que vivemos,
estando presente em casa, na rua, no colégio, na aula, no trabalho, no ônibus,
praticamente em todos os lugares. Ler jornal, procurar emprego, assinar contratos
de trabalho e outra infinidade de atividades sociais do dia-a-dia requerem
habilidades de leitura que precisam ser considerados em um projeto de educação
15
democrática. A autora afirma também ser fundamental a leitura de textos literários,
pois,
É à literatura, como linguagem e como instituição, que se confiam os diferentes imaginários, as diferentes sensibilidades, valores e comportamentos através dos quais uma sociedade expressa e discute, simbolicamente, seus impasses, seus desejos, suas utopias. Por isso a literatura é importante no currículo escolar: o cidadão, para exercer plenamente sua cidadania, precisa apossar-se da linguagem literária, alfabetizar-se nela, tornar-se usuário competente, mesmo que nunca vá escrever um livro: mas porque precisa ler muitos livros (LAJOLO, 2007, p. 106).
Sabendo da importância da alfabetização e do letramento para o educando
como cidadão atuante, faz se necessário que esse período escolar seja zelado, pois
tendo insucesso o aluno desiste dos estudos, o que impossibilita a apropriação do
sistema de leitura, escrita e de suas praticas sociais, além de aumentar as
estatísticas da evasão escolar nos anos iniciais.
No Brasil, a evasão escolar é um grande desafio para as escolas, para os
pais e para a sociedade. Segundo dados do PNUD (Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento), 25% dos alunos que inicia o Ensino Fundamental no país
abandona a escola antes de completar a última série. É o que indica o Relatório de
Desenvolvimento (2012), divulgado pelo PNUD. Com a taxa de 24,3%, nosso país
tem a terceira maior taxa de abandono escolar entre os 100 países com maior IDH
(Índice de Desenvolvimento Humano), atrás apenas da Bósnia Herzegovina (26,8%)
e das ilhas de São Cristovam e Névis, no Caribe (26,5%) (UFJF, 2013).
As causas da evasão escolar são variadas. Uma delas se refere aos
encaminhamentos didáticos pedagógicos e à baixa qualidade do ensino das escolas,
que podem estar relacionados ao processo de alfabetização e letramento.
Destacamos o processo de alfabetização e letramento como um momento
importante na educação escolar, sendo necessário que o aluno seja avaliado para
que se tenha conhecimento do desempenho dos estudantes e das condições de
escolaridade que esse estudante tem ou não para desenvolver esses saberes.
Por considerarmos esses aspectos essenciais à constituição de cidadãos,
analisamos dados da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), cujo intuito é
produzir indicadores que contribuam para o processo de alfabetização nas escolas
públicas brasileiras. De acordo com o INEP (2013, p.2), a ANA “assume-se como
16
uma avaliação para além da aplicação do teste de desempenho ao estudante,
propondo-se, também, a uma análise das condições de escolaridade que esse
estudante teve, ou não, para desenvolver esses saberes”.
3 ESTUDO DO DOCUMENTO BÁSICO: AVALIAÇÃO NACIONAL DE
ALFABETIZAÇÃO
Pensando na importância da escola e dos professores estarem preparados
para alfabetizar e letrar nas séries iniciais, propomo-nos realizar um estudo do
Documento Básico: Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), que é uma
avaliação direcionada para as unidades escolares e estudantes matriculados no 3º
ano do Ensino Fundamental, fase final do Ciclo de Alfabetização, e se insere no
contexto de atenção voltada à alfabetização prevista no Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade Certa – PNAIC. O Pacto, instituído pela Portaria nº 867, de
04 de julho de 2012, constitui um compromisso formal assumido pelo governo
federal, do Distrito Federal, dos Estados e Municípios em assegurar que todas as
crianças estejam alfabetizadas até a conclusão do Ciclo de Alfabetização. Em 2013,
foi realizada a primeira aplicação dessa avaliação (INEP, 2013).
A Avaliação Nacional de Alfabetização é realizada no 3º ano do ensino
fundamental, porque esta é a fase final do Ciclo de Alfabetização, sendo assim os
três anos iniciais do Ensino Fundamental passam a compor um ciclo sequencial não
passível de interrupção, de acordo com Resolução CNE/CEB nº 07/2010;
Art. 30 Os três anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar: I – a alfabetização e o letramento; II – o desenvolvimento das diversas formas de expressão, incluindo o aprendizado da Língua Portuguesa, a Literatura, a Música e demais artes, a Educação Física, assim como o aprendizado da Matemática, da Ciência, da História e da Geografia; III – a continuidade da aprendizagem, tendo em conta a complexidade do processo de alfabetização e os prejuízos que a repetência pode causar no Ensino Fundamental como um todo e, particularmente, na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro (Resolução CNE/CEB nº 07/2010).
Toda a precaução direcionada ao ciclo de alfabetização se deve,
17
[...] à concepção de que esse período é considerado necessário para que seja assegurado a cada criança o direito às aprendizagens básicas da apropriação da leitura e da escrita, e também à consolidação de saberes essenciais dessa apropriação, ao desenvolvimento das diversas expressões e ao aprendizado de outros saberes fundamentais das áreas e componentes curriculares obrigatórios (INEP, 2013, p.1).
Nesse aspecto, considerando os desafios educacionais encontrados na
alfabetização das crianças, tecemos algumas considerações sobre o contexto em
que se insere a Avaliação Nacional da Alfabetização.
Um dos objetivos da ANA proposto no documento é avaliar o nível de
alfabetização dos educandos no 3º ano do Ensino Fundamental, produzir
indicadores que contribuam para o processo de alfabetização nas escolas públicas
brasileiras e concorrer para a melhoria da qualidade de ensino e redução das
desigualdades em consonância com as metas e políticas estabelecidas pelas
diretrizes da educação nacional (INEP, 2013). Sendo assim, a ANA não avalia
apenas o desempenho do estudante, mas também realiza uma análise das
condições de escolaridade que esse estudante teve ou não para desenvolver esses
saberes.
Para que seja realizado um diagnóstico amplo do processo de alfabetização,
faz-se necessário avaliar o nível de alfabetização dos educandos do 3° ano do
Ensino Fundamental assim como os aspectos do contexto que envolve a gestão
escolar, a infraestrutura, a formação docente e a organização do trabalho
pedagógico, entendidos como aspectos intervenientes no processo de
aprendizagem. Para que o diagnóstico seja realizado, são necessárias as seguintes
fases: Questionários, Teste de Desempenho, Produção de Escrita e Resultados, que
integram a aplicação da ANA (INEP, 2013).
Por meio do questionário, de acordo com o INEP (2013, p.3), objetiva-se:
[...] coletar informações a respeito das condições de oferta serão aplicados questionários voltados aos professores e gestores das Intuições de Ensino que atendem ao Ciclo de Alfabetização. O foco desses questionários será aferir informações sobre as condições de infraestrutura; formação de professores; gestão da unidade escolar; organização do trabalho pedagógico, entre outras.
O teste de desempenho é
18
[...] destinados a aferir os níveis de alfabetização e desempenho em alfabetização e letramento em Língua Portuguesa e alfabetização em Matemática serão compostos por 20 (vinte) itens. No caso de Língua Portuguesa, o teste será composto de 17 (dezessete) itens objetivos de múltipla escolha e 3 (três) itens de produção escrita. No caso de Matemática, serão aplicados aos estudantes 20 (vinte) itens objetivos de múltipla escolha. (INEP, 2013, p.3)
A produção escrita tem a meta de
[...] verificar o desenvolvimento da habilidade de escrever palavras de forma convencional e de produzir textos. Ao se aplicar itens de produção escrita, pretende-se avaliar, entre outros aspectos, a estrutura do texto, a capacidade de gerar o conteúdo textual de acordo com o gênero solicitado e organizar o conteúdo textual, estruturando os períodos e utilizando adequadamente os recursos coesivos. (INEP, 2013, p.3)
O resultado e informações a serem divulgados são relativos às “[...] condições
de ofertas, aos resultados relativos aos níveis de alfabetização e letramento em
Língua Portuguesa (leitura e produção escrita) e alfabetização em Matemática. Não
haverá divulgação de resultados por aluno” (INEP, 2013, p.4).
Na ANA, os termos „alfabetização‟ e „letramento‟ consolidam a ideia de
articulação entre essas noções, considerando que, embora sejam dois processos
distintos, são complementares e importantes no processo de aquisição da língua
escrita. Deste modo, compreende-se que o processo de apreensão do código
alfabético deve ser associado à compreensão dos significados e seus usos sociais
em diferentes contextos.
Entende-se a necessidade da alfabetização ocorrer relacionada a outros
aspectos, como se esclarece a seguir,
A ideia de construção da língua escrita e dos conceitos matemáticos como processos discursivos, interativos e dialógicos, contextualizados nas práticas sociais, salienta as possibilidades de ação e de interação dos sujeitos que participam do processo, bem como questiona práticas de ensino-aprendizagem centradas em processos individuais e descontextualizados. (INEP, 2013, p.4).
Alfabetização e letramento são assim definidos pelo INEP “alfabetização é a
apropriação do sistema de escrita, que pressupõe a compreensão do princípio
alfabético, indispensável ao domínio da leitura e da escrita. O letramento, por sua
vez, é definido como as práticas e os usos sociais da leitura e da escrita em
diferentes contextos” (INEP, 2013, p.4).
19
As aprendizagens adquiridas pelo aluno durante o processo de alfabetização
permitirão que este possa construir também seus conhecimentos em alfabetização
matemática.
O processo de organização dos saberes que a criança traz de suas vivências anteriores ao ingresso no Ciclo de Alfabetização, de forma a levá-la a construir um corpo de conhecimentos matemáticos articulados, que potencializem sua atuação na vida cidadã (MEC, 2012, p. 60).
Os documentos eleitos pela ANA para a construção da Matriz foram:
A matriz de Língua Portuguesa está organizada em dois eixos estruturantes: o eixo da Leitura e o eixo da Escrita. [...] Os Elementos Conceituais e Metodológicos para definição dos Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento do Ciclo de Alfabetização (1º, 2º e 3º anos) do ensino fundamental e a Matriz de Referência de Matemática da Provinha Brasil. [...] Com base em todos esses pressupostos, a Matriz de Matemática está estruturada em quatro eixos: Eixo Numérico e Algébrico; Eixo de Geometria, Eixo de Grandezas e Medidas, Eixo de Tratamento da Informação. (INEP, 2013, p.10-14).
Essa organização dos saberes feita pela criança as auxiliará na realização da
avaliação. No entanto, é importante lembrar que há limitações ao se avaliar em larga
escala os conceitos matemáticos e as dimensões que constituem o letramento na
sociedade. Por outro lado, a utilização desse modelo de avaliação pode contribuir
para um melhor entendimento sobre os processos de aprendizagem e orientar a
formulação ou reformulação de políticas voltadas para essa etapa de ensino.
Nesse sentido, Vianna (1990) afirma,
[...] que a avaliação da qualidade da educação não se limita apenas à verificação do rendimento escolar, que é um momento na caracterização dessa qualidade. O desempenho dos estudantes em pesquisas da qualidade da educação é melhor compreendido e interpretado quando se levantam informações sobre o tipo de ensino que recebem, os procedimentos que vivenciam em sala de aula e no colégio, e ainda sobre as características ambientais da família que determinam o seu comportamento (VIANNA, 1990, p.99).
As perspectivas da ANA são avaliar a aprendizagem dos estudantes, a
instituição e o sistema escolar de modo que esta avaliação ocorra de forma
integrada e com permanentes trocas. Nessa concepção o, compreende-se que a
20
aprendizagem supera a dimensão cognitiva e se vincula ao contexto geral em que a
criança se insere.
A matriz curricular da ANA é elaborada com vista a avaliar a aprendizagem do
aluno e não com o objetivo de promover o ensino e aprendizagem; sendo assim, as
crianças precisam vivenciar aprendizagens muito mais amplas que possibilitem seu
real desenvolvimento. A ANA foi fundamentada por vários pesquisadores e
especialistas, como informa o INEP:
As matrizes da Avaliação Nacional da Alfabetização em Língua Portuguesa e Matemática (ANA) foram elaboradas a partir das contribuições de diferentes pesquisadores e especialistas no campo da alfabetização e do letramento, de várias universidades, bem como representantes de várias instituições do Governo e da Sociedade Civil tais como MEC, CNE, UNDIME, ANPED, UNCME, CONSED, Secretarias de Educação, dentre outras. O processo de elaboração teve como base diferentes documentos oficiais, principalmente o documento “Elementos conceituais e Metodológicos para Definição dos Direitos de Aprendizagem” e os documentos de formação produzidos no âmbito do PNAIC (Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa) (INEP, 2013, p.7).
O INEP (2013) salienta que a ANA é um de muitos tipos de avaliação que
podem ser desenvolvidos nas escolas, pressupondo que as instituições preparem
outros instrumentos e contextos de observação diferentes e complementares aos da
ANA.
Da mesma forma, devemos sempre lembrar que a escolha de descritores de operações cognitivas com objetos de conhecimento, em contextos específicos, para uma matriz é um recorte de um conjunto de conhecimentos que a escola deve trabalhar e, de forma alguma, pode servir de parâmetro para substituir as propostas curriculares. (INEP, 2013, p.9).
Outras considerações destacadas em documentos do INEP (2013, p.10) são
as dificuldades de se avaliar crianças nessa faixa etária, o que demandam um
cuidado especial e estratégias mais adequadas tanto na elaboração dos itens do
teste quanto na aplicação da prova. Assim, é importante que os itens que compõem
as avaliações observem as peculiaridades das crianças dessa faixa etária, visando à
elaboração de um teste adequado aos sujeitos aos quais se destina; também é
desejável que o professor de cada turma esteja presente na aplicação do teste, no
sentido de manter um ambiente confortável para a criança que estará sendo
avaliada.
21
Para que os objetivos da ANA se efetivem, é importante que os professores,
escolas e sistemas de ensino se apropriem dos processos de avaliação em sentido
amplo, para que esses processos possam cumprir o papel esperado.
Ao trazer a avaliação e seus resultados para a unidade escolar, pretende-se oferecer subsídios para a orientação das práticas pedagógicas, para o projeto político pedagógico, para os processos de gestão e o acompanhamento do trabalho de alfabetização. Busca-se, com isso, qualificar a apresentação dos dados, respeitando o processo de cada instituição escolar, a comunidade em que está inserida e os diversos indicadores que podem contribuir para a melhoria da qualidade da Educação Básica, em geral, e do processo de alfabetização, em particular. (INEP, 2013, p.15).
O documento finaliza destacando que a intenção do INEP é apontar, com
essa avaliação, que o processo de alfabetização é eivado de especificidades que
devem encontrar sua justificativa, em geral, no contexto no qual a escola está
inserida, em seus processos de gestão e qualificação docente. Na sequência
abordaremos a alfabetização na perspectiva do letramento e as concepções que tem
permeado o ensino.
4 ALFABETIZAÇÃO NA PERSPECTIVA DO LETRAMENTO
Discorremos acerca dos processos de alfabetização e letramento e sobre a
necessidade desses caminharem juntos, considerando a relevância da alfabetização
e do letramento para a formação do indivíduo e para o exercício pleno de cidadania.
Embora os termos sejam distintos, alfabetização e letramento são interdependentes
e indissociáveis.
Na visão de Soares (2004, p.14),
[...] a alfabetização se desenvolve no contexto de e por meio de práticas sociais de leitura e de escrita, isto é, através de atividades de letramento, e este, por sua vez, só pode desenvolver-se no contexto da e por meio da aprendizagem das relações fonema-grafema, isto é, em dependência da alfabetização.
Assim, podemos observar a importância de ensinar para criança a escrita e a
leitura, simultaneamente. Nesse contexto, é importante mencionar a teoria
construtivista defendida por Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1985), pois por meio
dessa teoria as autoras tentam desvendar o processo de aprendizado infantil,
22
mostrando que a alfabetização da criança não depende tanto do método de ensino e
de livros didáticos. Segundo as autoras, cada criança desenvolve sua própria
maneira de aprender a ler e escrever, construindo seu conhecimento por meio de
elaboração de hipóteses e isso é produto de um conflito cognitivo que lhe permite
avanços frente ao sistema de escrita.
Com o respaldo de Soares (1998), concebemos a alfabetização como um
processo de aprendizagem de habilidades necessárias para os atos de ler e
escrever. O letramento, por seu turno, é conceituado como estado ou condição do
sujeito que incorpora práticas sociais de leitura e escrita. Nessa ótica, os termos
alfabetização e letramento não são sinônimos; tratam-se de dois processos distintos
que ocorrem de forma indissociável e interdependente:
[...] a alfabetização se desenvolve no contexto de e por meio de práticas sociais de leitura e de escrita, isto é, através de atividades de letramento, e este, por sua vez, só pode desenvolver-se no contexto da e por meio da aprendizagem das relações fonema-grafema, isto é, em dependência da alfabetização (SOARES, 2004, p.14).
Nessa premissa, um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um
indivíduo letrado. Alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; letrado é
aquele que sabe ler e escrever, mas que responde adequadamente às demandas
sociais da leitura e da escrita. Alfabetizar letrando é ensinar a ler e escrever no
contexto das práticas sociais da leitura e da escrita (SOARES, 2004).
No Brasil, os conceitos de alfabetização e letramento se mesclam e se
confundem. A discussão do termo letramento surge sempre envolvida no conceito de
alfabetização, o que tem levado a uma inadequada e imprópria síntese dos dois
procedimentos, com prevalência do conceito de letramento sobre o de alfabetização.
Os termos alfabetização e letramento são um tanto complexos para serem
diferenciados e compreendidos, já que não é possivel atribuir-lhes uma definição
única e precisa. Segundo Lucas (2010), há dificuldades para se compreender o
termo letramento porque este,
[...] diz respeito a um fenômeno recente, complexo, de difícil definição e com pouca produção científica na área da educação infantil. Afirmamos isso com a convicção de que assumir a imersão da criança no mundo da escrita como responsabilidade de um nível de escolaridade – educação infantil – é muito mais que promover
23
situações de contato com os mais diversos textos escritos (porque isso a sociedade grafocêntrica na qual vivemos o faz com considerável competência); é também oportunizar a aprendizagem
da leitura e da escrita (LUCAS, 2010, p. 117-118).
Lembramos que não podemos separar esses processos, pois a princípio, o
estudo do aluno no universo da escrita se dá concomitantemente por meio da
alfabetização e pelo desenvolvimento de habilidades da leitura e escrita nas práticas
sociais que envolvem a língua escrita e o letramento.
Na escola, a criança deve interagir firmemente com o caráter social da escrita
lendo e escrevendo textos significativos. A alfabetização se ocupa da aquisição da
escrita pelo indivíduo ou grupos de indivíduos, e o letramento focaliza os aspectos
sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade (TFOUNI,
1995).
Para que o processo de alfabetização e letramento se desenvolva,
possibilitando conquistas tanto individuais, como sociais aos educando, faz se
necessário que os professores alfabetizadores tenham uma formação especial mais
consolidada e aprimorada. Deste modo, nos propomos a seguir a ponderar sobre os
desafios da docência em relação à alfabetização e ao letramento.
5 DESAFIOS DA DOCÊNCIA EM ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
A alfabetização se estabelece como um dos períodos mais importante da
formação escolar do estudante; caso tenha insucesso, o aluno desiste, aumentando
as estatísticas da evasão escolar nos anos iniciais. Entretanto, a escola, muitas
vezes, não atribui o valor que a alfabetização merece, ensinando mecanicamente a
decodificação do código linguístico, sem desenvolver, nos alunos, as estruturas
cognitivas indispensáveis para a leitura e a escrita.
Miriam Lemle (2006) sublinha que as capacidades que o aluno precisa ter
para se alfabetizar são: compreender a ideia de símbolo; discriminar as formas das
letras; discriminar os sons da fala; ter a consciência da unidade palavra e da
organização da página escrita. O papel do professor, de acordo com a autora, é
desenvolver, em seus alunos, tais capacidades.
Para Lemle (2006), o alfabetizando deve entender primeiro o que são aqueles
„risquinhos‟ pretos no papel, o que não é tão simples, já que a ideia de símbolo é
24
bastante complexa. A correlação entre símbolo e coisa simbolizada é parcial, o que
pressupõe que o fundamento da forma de um símbolo não tem ligação direta com as
características da coisa. O segundo ponto é a discriminação das formas das letras.
Depois de entender o que são os „risquinhos‟ pretos no papel, e que cada um deles
equivale a um símbolo da fala, a criança precisa fazer a discriminação das formas
das letras, uma vez que algumas letras do nosso alfabeto são muito parecidas. No
terceiro ponto, o aluno necessita fazer a discriminação dos sons da fala, ou seja, a
conscientização da percepção auditiva. As letras simbolizam sons da fala, então é
preciso perceber as diferenças linguísticas proeminentes entre os sons, de maneira
que se possa optar pela letra certa para simbolizar cada som. O quarto ponto que o
alfabetizando precisa desenvolver é a consciência da unidade palavra, que acontece
naturalmente, sem muitos problemas. O quinto e último ponto refere-se à habilidade
de organização espacial da página "[...] a ideia de que a ordem significativa das
letras é da esquerda para a direita na linha, e que a ordem significativa das linhas é
de cima para baixo na página" (LEMLE, 2006, p.12).
Para desenvolver nos alunos essas capacidades, é importante que os
professores conheçam essas habilidades necessárias para a leitura e a escrita, e as
desenvolvam nos estudantes para que a alfabetização aconteça sem grandes
dificuldades.
Além disso, a formação inicial do professor alfabetizador é, de maneira geral,
frágil. Em um estudo realizado por Lucas (2010), no qual professores da Educação
Infantil deveriam definir os conceitos de alfabetização e letramento, houve
dificuldades por parte das docentes para expressarem suas compreensões:
[...] foi comum o uso de expressões que denotam dúvida, imprecisão, desconhecimento, tais como: “eu não sei responder”; “eu penso que”; “eu acho que”; “pelo que eu tenho uma ideia”; “pelo que eu entendi”; “sei lá”; “seria mais ou menos assim”. Isso comprova quão incompreendida está essa temática para elas. (LUCAS, 2010, p. 115).
Para superar tal dificuldade encontrada pelos docentes e reparar a fragilidade
na formação do professor, Lucas (2010) sugere que
[...] não é necessário apenas continuar insistindo na importância da
formação inicial, nem apenas investindo na formação continuada
desses profissionais, mas, sobretudo, encontrar outro modelo de
25
formação inicial e em serviço. Sem dúvida, outras pesquisas serão
necessárias para dar conta dessa tarefa. No momento, a certeza que
temos é a de que tamanha empreitada requer muito mais que
sessões de estudos, palestras, leitura de artigos e fragmentos de
livros; requer formação sistemática (inicial e continuada) com grau de
profundidade que permita alcançar uma compreensão satisfatória da
relação entre os processos de alfabetização e letramento e políticas
públicas comprometidas com esse outro tipo de formação. (LUCAS,
2010, p. 118).
As sugestões apresentadas por Lucas (2010) são de grande importância para
uma melhor formação dos professores alfabetizadores, e outro ponto que necessita
de melhorias é o fato de a alfabetização ser vista em uma disciplina separada das
outras áreas. O ensino da leitura e da escrita deve ser entendido
interdisciplinarmente, mas para que isso aconteça, é fundamental que haja uma
mudança na grade curricular dos cursos de Pedagogia. É preciso uma visão
curricular interdisciplinar, na qual a disciplina que "ensina como alfabetizar" não
ensine somente a teoria e métodos de alfabetização, mas que busque na teoria
respostas para a prática docente.
Os currículos dos cursos de Pedagogia não podem destacar exclusivamente
às questões estruturais e históricas da educação sem refletir o "quê" e o "como"
alfabetizar, para que não ocorra dos professores saírem da graduação apenas com
a compreensão das concepções de linguagem escrita e suas implicações
pedagógicas, com um entendimento básico dos conceitos de alfabetização e de
letramento, e em alguns casos até elaborando projetos de alfabetização e
letramento, que são alguns dos objetivos das disciplinas de alfabetização propostas
no currículo dos cursos de Pedagogia. No entanto, a correlação entre teoria e
prática, não é clara para os professores, pois quando estes chegam às classes de
alfabetização, não sabem como lidar com a realidade escolar. Essa situação fica
ainda pior quando esses professores não aceitam que o fato de o ensino estar ruim
também é responsabilidade deles.
Segundo a antropóloga Durham, os professores:
Podem até estar cientes do baixo nível do ensino no país, mas costumam atribuir o fiasco a fatores externos, como o fato do governo não lhes prover a formação necessária e de eles ganharem pouco. É um cenário preocupante. Os professores se eximem da
26
culpa pelo mau ensino e, consequentemente, da responsabilidade. (DURHAM, 2008, p. 20).
Os professores alfabetizadores necessitam de formação especial mais
consolidada e aprimorada, devido à importância de seu trabalho. Durante a
formação do professor alfabetizador, são estudados alguns métodos de
alfabetização, uns não são bem entendidos e outros distorcidos, o que complica
ainda mais a situação da educação.
Os métodos de alfabetização são repetidos sem que o professor saiba como
fazê-los funcionar na prática de sala de aula. É fundamental que os cursos de
graduação mostrem, na prática, como funcionam os ensinamentos realizados.
Apresentar os métodos de alfabetização aos futuros professores não assegura a
qualidade da formação; além dos professores conhecerem os métodos, é necessário
que saibam como utilizá-los.
Outro aspecto que influencia o aprendizado são as condições de vida das
famílias dos alunos que frequentam as escolas brasileiras. Crianças que vivem em
um ambiente em que a família utiliza e valoriza a leitura e a escrita tem mais
facilidade para aprender, devido ao incentivo recebido. Já as que não têm esse
ambiente podem apresentar maior dificuldade.
O hábito da leitura na família tem grande influência no desenvolvimento da
criança. O ambiente letrado é estimulador e favorável para o aprendizado da leitura
e da escrita. A criança que no seu dia a dia, no seu convívio familiar está rodeada de
pessoas que possuem o hábito de ler será levada facilmente a adquirir esse hábito,
podendo se tornar um leitor ativo. Consequentemente, alfabetizar classes sociais
que veem a escrita como uma mera garantia de sobreviver na sociedade é diferente
de alfabetizar classes sociais que consideram a escrita, além de essencial, uma
forma de manifestação individual de arte, de passatempo (CAGLARI, 2004).
Entretanto, é necessário que a equipe pedagógica busque conhecer seus
alunos para que a escola possa adaptar as práticas pedagógicas à sua realidade e
não se utilizar desse conhecimento como álibi para eximir a escola de seu papel na
produção do fracasso escolar. Assim, é indispensável que a escola utilize esse
conhecimento e modifique suas práticas, busque a causa do insucesso desses
alunos nela mesma, em vez de justificar o baixo rendimento como uma causa
orgânica inerente a eles.
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Outro fator significativo no fracasso das crianças das classes menos
favorecidas é a linguagem escolar que, na maioria das vezes, é muito distante da
sua realidade cotidiana. Nas palavras de Magda Soares:
[...] a linguagem é também o fator de maior relevância nas explicações do fracasso escolar das camadas populares. É o uso da língua na escola que evidencia mais claramente as diferenças entre grupos sociais e que gera discriminações e fracasso: o uso, pelos alunos provenientes das camadas populares, de variantes linguísticas social e escolarmente estigmatizadas provoca preconceitos linguísticos e leva a dificuldades de aprendizagem, já que a escola usa e quer ver usada a variante-padrão socialmente prestigiada. (SOARES, 1991, p.17).
Com efeito, a escola necessita levar em consideração o conhecimento que as
crianças das classes menos favorecidas trazem sobre a linguagem, que é um
produto cultural. Por isso, a escola não deve afirmar que essas crianças não sabem
falar corretamente, e que como consequência não aprenderão a ler. Elas
aprenderam a falar dentro de seu contexto familiar e social, que é diferente do
dialeto-padrão utilizado e valorizado pela escola.
Nesse sentido, observamos que o insucesso na alfabetização ocorre, muitas
vezes, devido ao despreparo de escolas e professores. Os professores até
passaram pela graduação, mas isso não assegura a qualidade do ensino, já que
alguns cursos de Pedagogia, infelizmente, não têm formado profissionais com
competências para alfabetizar.
Para mudar esse quadro, é necessário investir na formação inicial e
continuada do professor, para desenvolver as competências inerentes à prática
alfabetizadora. Mas para que essa formação seja de qualidade, os currículos dos
cursos de Pedagogia precisam ser revistos e reformulados a fim de englobar
também a realidade concreta de sala de aula e da prática docente.
Com relação às crianças que não aprendem, Perrenoud (2000) acredita ser
preciso uma pedagogia diferenciada, ou seja, a individualização do ensino. O autor
sugere que “[...] cada aprendiz vivencie, tão frequentemente quanto possível,
situações fecundas de aprendizagem" (PERRENOUD, 2000, p. 9). Com a
individualização do ensino, deve-se buscar acabar com as desigualdades dentro da
escola, fazendo com que todos tenham as mesmas oportunidades de aprendizagem.
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Essas considerações nos levam a compreender que reduzir ou amenizar o
fracasso escolar na alfabetização é essencial para que ocorra uma mudança em
todo o âmbito educacional, desde os métodos de alfabetização até a formação
docente. Ao reduzir o fracasso escolar e investir para que o processo de
alfabetização e letramento se desenvolva com qualidade, contribui-se também para
o desenvolvimento pleno da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao realizar este trabalho, decorrente de reflexões, estudos e pesquisas
bibliográficas e documentais, no qual objetivamos discutir o processo de
alfabetização e letramento como condição formal de cidadania, foi possível
evidenciar diferentes percepções, como apresentamos a seguir.
O processo de alfabetização e letramento é de suma importância para a
formação de um cidadão atuante, visto que, ao ter o domínio das habilidades,
disposições e atitudes necessárias para a leitura e a escrita, o indivíduo será capaz
de atuar de maneira digna e plena em suas vivências em sociedade. Cientes da
importância da alfabetização e do letramento na formação de um cidadão
democrático, faz se necessária uma educação de qualidade para que os indivíduos
possam ser devidamente instruídos e busquem melhorias para as diversas
instâncias da sociedade como um todo.
Diante de tais perspectivas, acreditamos que a prática pedagógica tem um
papel fundamental na formação do cidadão, e necessita ser planejada cumprindo os
objetivos propostos pela a escola; precisa também oferecer uma educação de
qualidade com uma proposta pedagógica atrativa e repleta de possibilidades aos
olhos do alfabetizando, pois ao despertar o interesse deste, alcançará um dos fins
da educação, que é a formação do indivíduo para a cidadania.
Na análise bibliográfica e documental, buscamos verificar a importância da
alfabetização e letramento como condição formal de cidadania, e com o auxílio da
fundamentação teórica ressaltou a importância que a leitura e a escrita exercem
sobre as vivências de cada indivíduo, seja nas conquistas individuais ou sociais, pois
está presente na maioria das situações vivenciadas socialmente.
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Mediante a necessidade da alfabetização e do letramento na formação do
cidadão atuante, constatamos a importância desse processo ser avaliado de forma
que os resultados apresentados possam contribuir com melhorias para o processo
de alfabetização e letramento. No estudo da ANA, observamos que suas intenções
são importantes, pois,
Ao trazer a avaliação e seus resultados para a unidade escolar, pretende-se oferecer subsídios para a orientação das práticas pedagógicas, para o projeto político pedagógico, para os processos de gestão e o acompanhamento do trabalho de alfabetização. Busca-se, com isso, qualificar a apresentação dos dados, respeitando o processo de cada instituição escolar, a comunidade em que está inserida e os diversos indicadores que podem contribuir para a melhoria da qualidade da Educação Básica, em geral, e do processo de alfabetização, em particular. (BRASIL, INEP, 2013, p.15).
Contudo, é importante que professores, escolas e sistemas de ensino se
apropriem dos processos de avaliação em sentido amplo, para que assim a ANA
possa proporcionar os resultados esperados.
Os estudos realizados para a consolidação deste trabalho de conclusão de
curso demonstram a relevância da alfabetização e do letramento como condição
formal de cidadania, considerando que a leitura e a escrita fazem parte das vivências
de cada indivíduo, seja nas conquistas individuais ou sociais. Almejamos que os
resultados aqui apontados possam contribuir para que a prática docente sobre a
alfabetização e letramento seja repensada, com vistas à formação de qualidade do
alfabetizando.
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