O Psicólogo e suas práticas criativas em

empresas privadas.

Acadêmicas: Cristiane L. Antunes Daniela Orlandi Sidiane Disner

A Psicologia do Trabalho nasceu, segundo

GAGNO apud MALVEZZI (1992), das necessidades advindas de uma mudança de

tecnologia, como estamos vivendo hoje.

No começo do século XX, os psicólogos eram chamados a contribuir com a compreensão dos determinantes do

desempenho no trabalho, o que levou a uma predominância da Psicometria. Num segundo momento,

o psicólogo extrapola o nível individual e procura centrar-se no grupo, levando em conta as variáveis

organizacionais no ajustamento do homem ao trabalho. E, no terceiro período em que se pode dividir a

Psicologia Organizacional, o psicólogo passa a atuar com os processos sociocomportamentais, a partir de

uma visão sistêmica da organização.

O psicólogo deve ter em mente que, na

equipe multiprofissional na qual trabalha - o Departamento de Recursos Humanos há

diversos profissionais que precisam da sua colaboração para melhor atuarem no conjunto da organização. Sua interação é

fundamental.

Um psicólogo integrado com as novas solicitações da sua profissão deveria

buscar, entre outras coisas:

• atualizar-se sobre as modernas técnicas de gestão organizacional;• estar sintonizado com as mudanças sociais que se impõem (como a globalização da economia);• trocar experiências profissionais, participando de debates e discussões;• conhecer o negócio da empresa em que atua;• antecipar-se às mudanças;• envolver-se no planejamento estratégico;• utilizar seus conhecimentos para melhorar a qualidade de vida dos funcionários na empresa;

• assessorar a direção da empresa em planejar seus recursos humanos;• ser criativo;• exercer a liderança;• ter flexibilidade para a atuação;• trabalhar as resistências à mudança, esclarecendo os motivos que geraram a necessidade de mudança e os benefícios decorrentes dessa nova situação.

As principais atividades do Psicólogo que está

inserido nos setores público e privado são bastante similares: aplicação de testes

psicológicos, diagnósticos organizacionais, recrutamento e seleção, análise de função ou

de ocupações, avaliação de desempenho, consultoria, supervisão extra acadêmica, dinâmica de grupo, e desenvolvimento de

equipes, participação em equipes técnicas, e atividades ligadas a chefia. (BORGES,

ANDRADE, 2008).

Gonçalves (1992, P. 23) afirma que: “o Psicólogo não possui um papel definido

dentro da empresa, pois diante das pressões do dia-a-dia ele tenta atender a demanda e

aos interesses que a empresa apresenta tendo sua real função “ameaçada”. E diante

disso desvinculado a possibilidade de sugerir mudanças relacionadas a qualidade

de vida dos trabalhadores.

Na opinião dos psicólogos (em média

85%) das atividades que mais realizam são as referentes ao treinamento, tais

como diagnóstico de necessidades, planejamento, aplicação e avaliação de

desempenho.

As funções tais como: recrutamento e

seleção de pessoal, avaliação de desempenho, análise de cargos e salários,

a partir do que Pires (1992) afirma, “passou a ser fortemente criticada pois

considera que tornava o profissional uma presa fácil, consumidor de modismo, e

pacotes para a solução o mais imediata de problemas”. (PIRES, 1992, P. 110).

Segundo ele, estas críticas vieram de

forma positiva, veio a consolidar novas linhas de atuação do psicólogo

organizacional, abordagens com foco no interesse da Psicologia Organizacional.

Pires (1992) afirma que o Psicólogo, não

deve ficar omisso frente aos novos paradigmas da sociedade, ele deve atuar

como agente social e SEMPRE abraçar uma prática engajada em defesa dos

direitos do trabalhador. (PIRES,1992, P. 107).

Afirma ainda, que o psicólogo do trabalho

cada vez mais desenvolve atividades generalizadas na empresas, podem ocupar

cargos que não condizem com sua especialização.

O Profissional da psicologia atuante nas organizações pode trazer a tona conteúdos não-ditos das relações. Conflitos,

insatisfações por parte dos funcionários, quanto às lideranças, comunicação distorcida são elementos que

permanecem na maioria das vezes latentes. É função do psicólogo organizacional explicita-los, de modo que o grupo

possa, a partir dessa emergência, trabalhar sobre tais aspectos. Um conflito não dito pode trazer consequências nefastas ao grupo; entretanto , conflitos que propiciem o

diálogo e manifestação de controvérsias podem contribuir, ao mesmo tempo, com o desenvolvimento individual dos

envolvidos e com o crescimento da organização a partir do debate de idéias. (PIRES, 1992, P. 124).

Pires (1992) afirma que “Um problema na

atuação profissional do psicólogo, reside no fato de que muitas organizações, por não

conseguirem compreender as possibilidades de trabalho do psicólogo, incumbem o profissional de um número tão extenso de tarefas que este

não tem tempo para legitimar o próprio trabalho. (PIRES, 1992, P. 126).

“A principal tarefa do Psicólogo dentro de

uma empresa é fazer o colaborador compreender e sentir que é com certeza,

o bem mais precioso de qualquer empresa e fazer com que o mesmo se

sinta bem no local de trabalho ”.

E isso ocorre de maneira criativa, proporcionando aos colaboradores momentos em que eles possam expor parte de suas vidas, e compartilhar com os familiares, valorizando suas histórias de vida, ouvindo o que eles tem a falar, sejam coisas boas ou não. É quebrando protocolos, fazendo diferente, fazendo melhor, é deste profissional que as empresas necessitam, aquele que com sua criatividade consegue exercer sua função, mas de maneira descontraída, tornando um ambiente agradável a todos, é desta maneira que conseguimos a confiança dos mesmos e provamos pra eles que a nossa empresa é um lugar bom e que valoriza seu maior patrimônio.

“Quero uma Psicologia que se metamorfoseie o tempo todo, acompanhando as mudanças da realidade social de nosso país. Não podemos querer uma Psicologia que seja a cristalização de uma mesmice de nós mesmos. Se entendermos que a identidade é movimento, é metamorfose, devemos entender que a identidade profissional nunca estará pronta; nunca terá uma definição. Estará sempre acompanhando o movimento da realidade. Na verdade, penso que nos enganamos quando falamos que não temos identidade profissional. Temos sim. Temos uma identidade profissional que reflete a prática importante que temos tido, porém elitista, restrita, pouco diversificada e colada às necessidades e demandas de setores dominantes de nossa sociedade”. (BOCK, 1999, p. 5).

BOCK, Ana Mercês Bahia. A Psicologia a caminho do novo século: identidade profissional e o

compromisso social. Estud. Psicol. (Natal), jul.-dez. 1999, vol.4, no.2, p. 315-329. ISSN 1413 -294X.

BORGES – ANDRADE Jairo E. O que fazem e como trabalham os psicólogos organizacionais brasileiros . Trabalho apresentado no Congresso Nacional de Psicologia Organizacional e do Trabalho. Florianópolis-SC, 2008.

GAGNO, P Adriana, e VENTURI G. Eliana de Paula. Atuação dos Psicólogos que trabalham em empresas que desenvolvem programas de qualidade. Curitiba, v. 1, p. 43-72, jan./dez. 1997.

PIRES, Fabiana Vieira. Identidade, papel e significado do trabalho do psicólogo em organizações privadas. USP, São Paulo, 2009.

REFERÊNCIAS: