22
A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARPs) na Revolução dos Assuntos Militares (RAM) Pós-Clausewitziana no Brasil Cristiano Manhães 1 Guilherme H. Pinto 2 Jonas de P. Vieira 3 Raphael Lopes 4 Gabriel Davanço 5 Vinícius Guimarães 6 Resumo: O artigo discute a empregabilidade das Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP). Argumentamos que o aproveitamento da reestruturação da Força Aérea Brasileira (FAB), bem como a união com o projeto estratégico ARP-REC, pode tornar mais eficaz o uso do ARP tendo em vista a proteção nacional. Apontamos, ainda, a importância de um país com tradição pacífica, como o Brasil, manter-se atualizado das inovações tecnológicas aplicáveis à guerra, como requisito para assegurar uma atuação eficaz diante de eventuais ataques e agressões. O artigo foi construído tendo como base a literatura realista de Relações Internacionais, em especial as obras de Aron, Morgenthau e Mearsheimer, que orientou o estudo da problemática da Revolução em Assuntos Militares (RAM), que destaca a aplicação de inovações tecnológicas no mundo militar. Para isso, empregamos uma metodologia de caráter qualitativo e exploratório, analisando documentos oficiais da FAB, como a DCA 11-45 (Concepção Estratégica Força Aérea 100) e PCA 11-47 (Plano Estratégico Militar da Aeronáutica 2018 – 2027), notícias de páginas oficiais das Forças Armadas, literatura acadêmica especializada e entrevistas informais, com acadêmicos e militares. Palavras-chave: Aeronave Remotamente Pilotada; Revolução em Assuntos Militares (RAM); Plano Estratégico Militar da Aeronáutica (PEMAER); Defesa Nacional; Brasil. INTRODUÇÃO O Brasil é um país continental e isso influencia em sua Segurança e Defesa, uma vez que tamanho e geografia decidem formas em como um Estado lida com possíveis ameaças; 1 Graduando de Relações Internacionais na UNESP – Campus de Franca/SP. 2 Graduando de Relações Internacionais na UNESP – Campus de Franca/SP. Membro do Laboratório de Novas Tecnologias de Relações Internacionais (LANTRI) e Bolsista do CNPq - Brasil – PIBIC. 3 Graduando de Relações Internacionais na UNESP – Campus de Franca/SP. 4 Graduando de Relações Internacionais na UNESP – Campus de Franca/SP. 5 Graduando de Relações Internacionais na UNESP – Campus de Franca/SP. 6 Graduando de Relações Internacionais na UNESP – Campus de Franca/SP. 1

A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

  • Upload
    others

  • View
    6

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves Remotamente Pilotadas

(ARPs) na Revolução dos Assuntos Militares (RAM) Pós-Clausewitziana no Brasil

Cristiano Manhães1

Guilherme H. Pinto2

Jonas de P. Vieira3

Raphael Lopes 4

Gabriel Davanço5

Vinícius Guimarães6

Resumo: O artigo discute a empregabilidade das Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP).Argumentamos que o aproveitamento da reestruturação da Força Aérea Brasileira (FAB), bemcomo a união com o projeto estratégico ARP-REC, pode tornar mais eficaz o uso do ARPtendo em vista a proteção nacional. Apontamos, ainda, a importância de um país com tradiçãopacífica, como o Brasil, manter-se atualizado das inovações tecnológicas aplicáveis à guerra,como requisito para assegurar uma atuação eficaz diante de eventuais ataques e agressões. Oartigo foi construído tendo como base a literatura realista de Relações Internacionais, emespecial as obras de Aron, Morgenthau e Mearsheimer, que orientou o estudo da problemáticada Revolução em Assuntos Militares (RAM), que destaca a aplicação de inovaçõestecnológicas no mundo militar. Para isso, empregamos uma metodologia de caráter qualitativoe exploratório, analisando documentos oficiais da FAB, como a DCA 11-45 (ConcepçãoEstratégica Força Aérea 100) e PCA 11-47 (Plano Estratégico Militar da Aeronáutica 2018 –2027), notícias de páginas oficiais das Forças Armadas, literatura acadêmica especializada eentrevistas informais, com acadêmicos e militares.

Palavras-chave: Aeronave Remotamente Pilotada; Revolução em Assuntos Militares (RAM);Plano Estratégico Militar da Aeronáutica (PEMAER); Defesa Nacional; Brasil.

INTRODUÇÃO

O Brasil é um país continental e isso influencia em sua Segurança e Defesa, uma vez

que tamanho e geografia decidem formas em como um Estado lida com possíveis ameaças;

1 Graduando de Relações Internacionais na UNESP – Campus de Franca/SP.

2 Graduando de Relações Internacionais na UNESP – Campus de Franca/SP. Membro do Laboratório de Novas Tecnologias de Relações Internacionais (LANTRI) e Bolsista do CNPq - Brasil – PIBIC.

3 Graduando de Relações Internacionais na UNESP – Campus de Franca/SP.

4 Graduando de Relações Internacionais na UNESP – Campus de Franca/SP.

5 Graduando de Relações Internacionais na UNESP – Campus de Franca/SP.

6 Graduando de Relações Internacionais na UNESP – Campus de Franca/SP.

1

Page 2: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

trazendo então uma complexidade geopolítica e geográfica, tornando complexa a definição

das hipóteses de emprego das Forças Armadas. Isso implica a forma em como a defesa

clássica7 é empregada, o que pode tornar frágil a segurança do país, tendo em vista sua vasta

área fronteiriça, marítima e interna. Portanto é importante rever novas formas e ferramentas

até mesmo já existentes para uma melhor proteção nacional. Também aproveitar o surgimento

de novas tecnologias e pensamentos estratégicos da Força Aérea Brasileira (FAB) e encontrar

deficiências dentro das forças armadas, principalmente com foco na FAB, com uma visão

internacionalista, alternativas viáveis no quesito tecnológico na defesa estatal. Lembrando que

os problemas enfrentados na América Latina não são as fronteiras, mas são nas fronteiras.

No que diz respeito à segurança e defesa aplicadas ao território brasileiro, há um grau de

hierarquia que deve ser respeitado em situações de crises, locais ou nacionais. Nesse contexto,

a Constituição Federal (CF) dita normas para a Política Nacional de Defesa (PND), a qual o

faz na Estratégia Nacional de Defesa (END), que por fim controla o Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN). Seguindo tais graus hierárquicos, os agentes de segurança e defesa

brasileiros seguem ditames legais de combate a qualquer ameaça, amparados em profundos

planejamentos de manutenção da ordem e integridade nacionais.

UMA VISÃO REALISTA

Primeiramente, como explanação do marco teórico, é necessário esclarecer o que

correspondem tanto “Relações Internacionais” quanto “relações internacionais”, pois essa

diferenciação é fundamental para a compreensão da presente análise 8. Especificamente

quanto ao estudo da guerra, Clausewitz, nas Relações Internacionais, defende que o conflito

armado é a continuação da política. Demonstra que quando esta falha, é necessário recorrer ao

uso das armas para os Estados defenderem seus interesses nacionais, definidos racionalmente

em termos de poder no sistema internacional, visando garantir sua sobrevivência, soberania e

consequente projeção de poder.

Os raciocínios supracitados fazem parte das premissas do hardcore (“núcleo duro”)

realista clássico. Uma importante premissa dessa teoria, a natureza humana, é a principal

7 Utilizar tropas e homens nos pontos estratégicos e frágeis.

8 Relações Internacionais diz respeito à disciplina homônima, com seus estudos e temas intrínsecos acadêmicos. Já relações internacionais dizem respeito a qualquer troca, intercâmbio ou circulação de mercadorias, indivíduos, ideias e recursos entre os Estados em âmbito internacional.

2

Page 3: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

responsável pelo processo de tomada de decisões políticas que podem levar à guerra, visto

que o aparelho estatal é composto por tomadores de decisão, os quais agirão de maneira

racional e egoísta, no sentido de preservar a sobrevivência do Estado representante no sistema

internacional anárquico, cuja anarquia é devido à inexistência de uma instituição

supranacional que consiga garantir tal sobrevivência.

O realismo é, por esse raciocínio, o “fazer com as próprias mãos” aquilo que como

instituição nenhum agente internacional é capaz de conferir. Se, diante dessa realidade, para

sobreviver e manter sua soberania, um Estado realista precise entrar em guerra contra outro(s)

Estado(s), ele o fará. Outrossim, é cabível nesse contexto a constatação do fato de que o

Estado realista assume posturas políticas que extrapolem posturas ideológicas

(MORGENTHAU, 2003), além do fato de que o Estado consiste no principal ator no campo

das Relações Internacionais.

Através dessa argumentação, e também seguindo a analogia do diplomata e do soldado

de Raymond Aron, quando as conversações se tornam improdutivas entre os representantes

estatais em litígio – diplomatas – torna-se função dos agentes das forças armadas dos

beligerantes – soldados – resolver a espinhosa situação no campo de batalha (ARON, 2002).

Além disso, o elemento básico para um Estado ser assim reconhecido é o monopólio do uso

da violência legítima, o qual garante a legitimidade estatal em lidar com problemas tanto

domésticos (forças policiais) quanto externos (forças armadas federais), sendo este um

requisito constitutivo estatal tão fundamental quanto possuir território, população e recursos

energéticos variados.

Nesse contexto, um Estado analisado sob ótica realista, mais especificamente da teoria

realista ofensiva e clássica, ele somente consegue manifestar seu poder militar, o hard power

(“poder duro”), através de uma ocupação militar do país alvo da agressão (MEARSHEIMER,

2001), simbolizando a importância das tropas terrestres para a projeção de poder de um

Estado na comunidade internacional, além de que “a vontade de destruir o inimigo, inerente

ao conceito da guerra, não foi anulada ou reduzida pelo progresso da civilização” (ARON,

2002, p.70).

O poder, seguindo a lógica do realismo ofensivo, é conceitualmente dividido em poder

potencial, o qual se exprime na possibilidade de um Estado manifestar seu poder conforme

suas capacidades, sejam elas econômicas, políticas e militares, sendo então considerado um

“fator de intimidação” em potencial. Este poder potencial pode vir a se tornar poder de fato, o

3

Page 4: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

qual, por seu turno, corresponde ao poder tangível que um Estado possui, de acordo com seu

desempenho econômico, integridade política e poderio militar9.

Para Mearsheimer, patrono do realismo ofensivo, os Estados, diante de um constante

estado de atenção para a iminência de um conflito, o qual é sintetizado por Aron como sendo

uma vivência permanente “à sombra da guerra”, buscam se armar para se defender de

possíveis ataques à soberania nacional, visando, portanto, estarem aptos a combater esse

invasor e o punir por violar o equilíbrio de poder internacional.

REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM)

Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma ferramenta

apropriada para o escopo teórico utilizado no presente estudo sobre a empregabilidade dos

drones nas forças armadas. A RAM, em termos claros, explica que as inovações tecnológicas

aplicadas ao mundo militar e, principalmente, em situações de conflito, transformam

profundamente o campo de batalha, conferindo vitória ou derrota conforme o melhor uso

dessas tecnologias militares. Um exemplo da RAM é o próprio objeto de nosso estudo, o

drone, uma máquina altamente tecnológica capaz de projetar poder militar aéreo sem a

pilotagem humana direta, guiado somente por controles remotos. O advento dessa tecnologia

revolucionou a prática militar no século XXI, tornando ataques diretos ou missões de

reconhecimento totalmente desempenhados sem o fator humano exposto à risco de vida,

despersonalizando a ação militar do drone.

Não obstante, por sua vez, no que diz respeito aos conceitos de defesa e segurança, são

complementares nos estudos relacionados à manutenção da paz mundial e do uso legítimo da

força por parte dos Estados, seguindo premissas realistas nessa análise. Segurança pode ser

um conceito subdividido entre pessoal, nacional e internacional, sendo o foco do presente

estudo a segurança nacional, isto é, estatal. Para o realismo nas RI, é apropriado tal enfoque

devido ao Estado consistir no principal ator do sistema internacional, apto a receber, desse

modo, a devida relevância em assuntos de defesa e segurança.

Os principais temas atuais relacionados à manutenção da segurança nacional (e,

consequentemente, internacional) são combate ao terrorismo interno, genocídios étnicos,

9 Vale ressaltar que os Estados são atores guiados por seres humanos, os quais inevitavelmente elaborarão decisões políticas segundo a natureza humana, egoísta, vil (HOBBES, 2009) e ambiciosa por poder. Trata-se de considerar “a natureza humana tal como ela se apresenta, e com os processos históricos, à medida que eles ocorrem” (MORGENTHAU, 2003, p. 4), visto que “não há dúvida de que o conhecimento dos motivos que orientam um político pode esclarecer-nos sobre a possível direção da sua política exterior” (id, ibid, p. 8).

4

Page 5: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

controle de distúrbios civis e combate à proliferação de entorpecentes. A segurança pode ser

encarada então como um agente interno de integridade nacional, envolvendo

majoritariamente forças policiais, entrelaçando profundo vínculo entre sociedade, instituições

e aparato securitizacional, complexo e sinuoso.

O conceito de defesa, por sua vez, é estudado através de uma lente mais abrangente,

externa às fronteiras estatais; uma lente “voltada para fora”. A defesa envolve

primordialmente as forças federais, a exemplo da Marinha, Exército e Aeronáutica, na

prevenção de ameaças externas invadirem o território nacional defendido. O objetivo da

defesa é manter a integridade física e institucional do Estado, ao evitar que ataques

estrangeiros de qualquer monta atinjam o interior do território.

O diálogo conceitual estabelecido entre segurança e defesa se manifesta notadamente

através dessa mútua dependência pré-estabelecida, na qual a defesa impede ataques externos,

enquanto a segurança, caso falhe a defesa, impedirá internamente o alastramento da ameaça

primeiramente externa. Na maioria dos casos, por sua vez, a segurança age de maneira

combativa a problemas já existentes dentro da sociedade estatal, a exemplo das funções

supracitadas e com destaque ao contraterrorismo.

Naturalmente, no processo de combate a ameaças externas ou internas ao Estado, as

forças de defesa e segurança serão alvos de elevada atenção por parte dos tomadores de

decisão, visto que elas estão encarregadas da integridade física social e territorial da nação.

Desenvolvimentos tecnológicos, aprimoramentos técnicos e investimentos significativos farão

parte da coluna vertebral das forças supracitadas, gerando, em âmbito internacional, o dilema

da segurança. Este ocorre quando um Estado, buscando manter a própria segurança e

sobrevivência no sistema internacional, se arma ostensivamente, gerando em outros Estados

insegurança. Essa, por sua vez, forçará esses Estados a se armarem também para se

defenderem de possíveis ameaças externas ou internas.

O avanço na velocidade de intercâmbio das telecomunicações, proporcionado pela

revolução tecno-científica internacional, afeta esse contexto através da fluidez das noções de

segurança e defesa para um Estado, tornando-as conceitos com limites teóricos menos

definidos. Grupos terroristas internacionais, por exemplo, aproveitam-se da fluidez conceitual

citada acima para tornarem suas ações menos previsíveis mundo afora, abusando de brechas

encontradas nas forças de segurança e defesa dos países em que pretender realizar

atrocidades. A definição concreta dos conceitos de segurança e defesa seria a melhor forma de

unificar o desenvolvimento científico dessa área em nome do combate efetivo às ameaças ao

sistema internacional.5

Page 6: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

Dois importantes teóricos dessa área, Buzan e Weaver, declaram, juntamente com

colaboradores, que a securitização é um fenômeno traduzido pela transformação da segurança

nacional em um problema político de fato, devendo ser assim tratado por civis e militares. A

politização da segurança, desse modo, é vista como uma forma tangível de estudar estratégias

de combate às ameaças internas, relegando à defesa a prevenção de ameaças externas

afetarem o Estado. Ambos conceitos, obviamente, não caminham separados de modo algum

nas agendas estatais.

A definição dos interesses do Estado, nesse ínterim, é de estratégica importância pelo

fato de envolver quais são os objetivos a curto, médio e longo prazos do aparelho estatal. Tal

clareza de agenda promove maior efetividade no combate a ameaças internas e externas, visto

que as forças de segurança e defesa agirão voltadas ao cumprimento específico dos objetivos

nacionais, não perdendo recursos humanos ou materiais vitais em interesses que o Estado não

partilha ou cultiva. A distinção entre civil e militar, portanto, não deve entravar a agenda do

Estado, visto que ambas camadas são de suma importância na cooperação interna pela

manutenção da defesa e segurança nacionais.

Ademais, é interessante que ambas camadas civis e militares atuem em conjunto, visto

que atuarão também como reguladores e preventores de abusos mútuos cometidos por seus

agentes, fiscalizando uma à outra de forma a respeitar os objetivos estatais. Tal vínculo mútuo

é denominado como fusionismo, visto que funde em um só ente nacional civis e militares.

Ambos atuarão decisivamente no estudo e consequente redução das vulnerabilidades

econômicas, políticas e sociais que todo Estado apresenta, tornando-o menos suscetível a

ataques externos ou internos de forma contundente.

FORÇA AÉREA BRASILEIRA - Dimensão 22 e Projetos Estratégicos

Em números as fronteiras brasileiras estão na ordem de aproximadamente 18.886 e

7.367 quilômetros, terrestre e marítima, respectivamente, totalizando em torno de 24 mil

quilômetros. Já em relação à área o país apresenta ao todo 22 milhões de km², dividida em

três: Território Nacional – 8.538.000 km², Zona Econômica Exclusiva – 3.539.919 km² e

Acordos Internacionais – 9.922.081 km².10

Para proteger tamanho espaço, a FAB, em 2017, lançou a campanha Dimensão 22, cuja

missão é “manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional, com vistas à

defesa da pátria” (BRASIL, 2017a, p. 20), em outras palavras:

10 http://www.fab.mil.br/dimensao22/

6

Page 7: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

A Missão-Síntese da Força Aérea Brasileira foi declarada como fundamento noarcabouço legal que estabelece o papel a ser por ela desempenhado. Seu enunciadoevidencia as três principais ações executadas pela Instituição com as quais ela maiscontribui para o cumprimento da destinação constitucional das Forças Armadas:CONTROLAR, DEFENDER e INTEGRAR. (BRASIL, 2017a, p. 22)

portanto, ela tem o compromisso no controle, defesa e integração do Brasil.

O Controle “diz respeito à responsabilidade da Força Aérea Brasileira pela prestação

dos Serviços de Tráfego Aéreo em todo espaço aéreo sobrejacente ao território nacional”

(BRASIL, 2017a, p. 22), para isso ela conta com o Centro Integrado de Defesa Aérea e

Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA) e também Destacamento de Controle do Espaço

Aéreo (DTCEA). Para concluir ainda há o Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo

(SRPV-SP).

A Defesa, se refere a garantir a soberania do espaço aéreo. A FAB dispõe de Unidades

Operacionais (ALAS)11 nas regiões consideradas estratégicas e conta com o auxílio da aviação

e da infantaria da aeronáutica, esta em relação à Garantia da Lei e da Ordem (GLO), Defesa

Antiaérea e Contraterrorismo, e aquela com os cincos tipos de aviações: Reconhecimento,

Patrulha, Transporte, Caça e Asas Rotativas. Destaque para a primeira aviação12, aviação que

os ARPs estão situados – Esquadrão Hórus13 (1º/12º GAV), Ala 4 em Santa Maria (RS).

O Integrar, tem uma ampla função em todo território nacional, como:

ações de transporte de órgãos, evacuação aeromédica, transporte aéreo logístico,transporte de urnas eleitorais, construção e recuperação de aeroportos e ações cívicos-sociais nas áreas de saúde, educação, esporte, cultura e lazer, entre outras, que levamdireitos fundamentais à população carente em regiões de difícil acesso do País.(BRASIL, 2017a, p. 22)

11 ALA - Unidade Operacional de Preparo e Emprego da FAB, são 12 ALAs no total.

12 A aviação de reconhecimento se destaca por dois motivos: adequação à propensão de guerra moderna utilizando novas tecnologias - ARP - e contribuição para a história do Brasil – levantamentos aerofotogramétricos, atividade também chamada de aerolevantamento. “A aviação de reconhecimento se adequou à tendência de guerra moderna com o emprego de Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP) que também são empregadas na vigilância do espaço aéreo brasileiro. Em tempos atuais, possui modalidades específicas que não se limitam ao reconhecimento de imagens. A captação de sinais do espectro eletromagnético,com o uso de equipamentos de alta tecnologia, possibilita o bom desempenho da função. Todas as plataformas utilizadas possuem sensores digitais (eletro-óticos e IR) com capacidade de análise diurna e noturna, além de radares de abertura sintética, que permitem realizar o reconhecimento mesmo através da cobertura de nuvens. Asaeronaves do reconhecimento contribuíram, também, decisivamente para escrever parte da história do Brasil, pormeio da realização de levantamentos aerofotogramétricos (de relevo, curso dos rios, queimadas, desmatamentos, de carvoarias clandestinas, entre outras missões). Essa atividade é chamada de aerolevantamento. Os fotógrafos militares produzem imagens e analisam a importância delas em diversos casos, inclusive, de invasão de fronteiras e de crescimento de cidades. As imagens produzidas auxiliam, inclusive, as autoridades no mapeamento de regiões e na criação de novas rotas para aviões e helicópteros.” Disponível em: http://www.fab.mil.br/reconhecimento/

13 Único esquadrão da Instituição a operar com ARPs.

7

Page 8: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

Esses três pilares estão embasados na sua de visão de futuro - 2041 - “uma Força Aérea

de grande capacidade dissuasória, operacionalmente moderna e atuando de forma integrada

para a defesa dos interesses nacionais.” (BRASIL, 2017a, p. 20). Por fim, vale destacar como

será essa força aérea no futuro,

dependerá do reconhecimento da necessidade de um processo continuo dedesenvolvimento de capacidades militares para o cumprimento da sua missão. Aslimitações de recursos são óbice cotidianos com os quais a Aeronáutica Brasileiradeverá conviver, no intuito de manter sua atuação atual e, simultaneamente,construir uma nova Força Aérea. (BRASIL, 2017a, p. 26)

Assim o Sistema de Planejamento e Gestão Institucional da Aeronáutica (SPGIA)

precisará antever e procurar assegurar a eficácia e sustentabilidade fundamental, ao passo que

está acontecendo a transição para a Força Aérea do Futuro, dentro de uma ótica orçamental

realista.

Então entram em questão os “Projetos Estratégicos” e como otimiza-los para o futuro. A

FAB possui ao todo 18 projetos: “ARP-REC, Carponis, E-99M, F-X2, KC-390, MICLA-BR,

Míssil BVR, VLM, Adequação da Ala 2, ADS-B Continental, ATN-BR, CEA, Centro de

Controle Guaratinguetá, Estande Operacional, Radar de Defesa Aérea, IFF Modo 4, LINK-

BR-2 e PROPHIPER” (BRASIL, 2017b, p.24, grifos nossos).

Dele se destaca o ARP-REC, objetivo do presente artigo, que está ligado à capacitação

operacional da FAB através do “programa Capacitação Operacional da FAB”, cuja máxima é

potencializar atividades operacionais, processos e sistemas, como também efetivar o

reaparelhamento da Instituição.

ARP-REC - O projeto em si compreende num desenvolvimento do sistema Aeronave

Remotamente Pilotada para Reconhecimento Aéreo (ARP-REC). A aeronave seria capaz de

agir em rede, em altas atitudes, orientada via satélite, gozando uma vasta área de ação e

aplicabilidade, dependendo apenas do peso útil embarcado14.

A INTEROPERABILIDADE E EMPREGO DOS ARPs NA AMÉRICA DO SUL

É importante salientar quais são as possibilidades de atuação da FAB, que são: 1)

garantia da soberania, integridade territorial e defesa patrimonial; 2) ajuda

humanitária/mitigação de efeitos de desastres; 3) crimes transnacionais; 4) garantia da lei e da

14 Inicialmente foram adquiridas cinco unidades para consolidação doutrinária de emprego na FAB. Um novo projeto, cujo requisito foi desenvolvido em conjunto pelas Forças Armadas, sob coordenação do Ministério da Defesa, aguarda a liberação de recursos para ser lançado. (BRASIL, 2016a, p.149)

8

Page 9: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

ordem (GLO); 5) contribuição para a ordem e a paz mundiais e compromissos internacionais;

6) salvaguarda de bens e cidadãos brasileiros no exterior; 7) conflito regional; 8) conflitos

externos ao Brasil na América do Sul; 9) espaço exterior e 10) ambiente cibernético15.

Já em relação a interoperabilidade, de maneira geral, das Forças Armadas é “a

capacidade de operar de maneira integrada, coordenada e harmônica com as outras FA, órgãos

e agências governamentais, bem como em operações multinacionais, de modo a cumprir a

missão atribuída” (BRASIL, 2017a, p. 28). Para a FAB isso é uma característica fundamental,

uma vez que viabiliza um suporte às Forças Terrestre e Naval16 em relação ao domínio de seus

interesses, e inibir que um suposto inimigo atue.

Para tanto os elementos necessários para a interoperabilidade são:

a) Integração e coordenação de processos de C² nos diversos níveis de cadeia decomando;

b) Complementaridade entre os meios da Força Aérea e os pertencentes às demaisFA;

c) Intercâmbio de informações em tempo real, e com menor intervalo possível,proporcionando uma consciência situacional conjunta, mais abrangente ecompleta; e

d) Concepção Operacional de Emprego Conjunto atualizada e utilizando ascapacidades militares determinadas para cada Força Singular. (BRASIL, 2017a, p.29)

A partir disso, em relação à FAB, as ideias decorrem de minuciosos diagnósticos

estratégicos elaborados em conjuntos pelos Órgãos de Direção Geral, Setorial e de Assistência

Direta e Imediata ao Comandante da Aeronáutica, cujos resultados são aqueles presumidos

quando da leitura da visão estabelecida.

É de competências às forças armadas cooperar com o desenvolvimento nacional e

defesa civil, na forma determinada pelo presidente da república. Entrando em completa

harmonia com a interoperabilidade da Força Aérea, destaca-se a Operação Ostium, que busca,

dentro da questão de interoperacionalidades:

15 BRASIL, 2017a, pp. 27-28.

16 BRASIL, 2017b, p. 24. Ver Projeto ADS-B e LINK-BR2.

9

Page 10: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

O trabalho de combate ao tráfico de drogas, bem como outros crimes transnacionais,acontece de forma conjunta com outros órgãos do Brasil e de países vizinhos.Eventualmente, a participação da FAB envolve o monitoramento de tráfegos aéreospara o envio de dados de inteligência ou mesmo acompanhamento à distância deaeronaves suspeitas, de forma a colaborar com autoridades policiais. (FAB –Operação Ostium)17

Tira-se da mensagem transcrita que a FAB trabalha em atuação com outras áreas do

setor de gestão estratégica para o patrulhamento de fronteira, como a Polícia Federal (essa

com maior atuação na defesa de fronteiras de maneira terrestre18). Pela natureza dissuasiva da

FAB, é natural que as ARPs sejam utilizadas e testadas dessa forma. Entretanto, existe uma

dificuldade muito grande em sua utilização, principalmente devida à vastidão do território

nacional. Problemática apontada na PND através dos itens:

2.2.3 A concentração populacional e das atividades econômicas em regiõesespecíficas, representam um desafio para a integração e coesão nacionais, e, portanto,para a própria concepção da Segurança e Defesa nacionais;

2.2.13 A enorme extensão territorial, a baixa densidade demográfica da Amazôniabrasileira e as dificuldades de mobilidade, bem como seus recursos minerais, seupotencial hidroenergético e a valiosa biodiversidade que abriga, exigem a efetivapresença do Estado, com vistas ao desenvolvimento e à integração daquela região;

2.2.14 As fronteiras demandam atenção, na medida em que por elas transitam pessoas,mercadorias e bens, integrando e aproximando o País de seus vizinhos, ao mesmotempo em que através delas são perpetradas atividades criminosas transnacionaisentre os órgãos de defesa e os de segurança pública e estreita cooperação com ospaíses limítrofes. (BRASIL, 2016b, pp. 6-8)

Um exemplo de operação conjunta muito construtiva para a FAB e a Polícia Federal é a

decisão na seção 3 da página 97 do Diário Oficial da União (DOU), edição de 08/01/2019,

termo versa sobre a operação conjunta do Sistema de Aeronave Remotamente Pilotada

17 http://www.fab.mil.br/ostium/

18 Um dos muitos exemplos que se encontra com uma busca da atuação da PF na fronteira. Disponível em: http://www.pf.gov.br/imprensa/noticias/2019/03/pf-apreende-drogas-e-municoes-na-fronteira-com-o-uruguai

10

Page 11: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

(SARP) Heron 119, cujo interesse dos órgãos citados é mútuo. A Heron 1 é uma aeronave que

já teve seu uso e efetividade testado pela Guerra do Líbano de 2006 pelas forças israelenses20,

que, como se sabe, é uma das maiores forças militares do mundo com uma capacidade

tecnológica militar descomunal, comparada com os outros países da região21. A importância

dessa união dentro da conjuntura nacional é a maior capacidade da gestão estratégica do

território.

Entretanto, atualmente a ação conjunta dessas duas organizações não acontece mais. O

Estado brasileiro precisa escolher a forma como a gestão econômica será feita, e, na maioria

dos casos, a questão da defesa é priorizada para as forças armadas do que para outros órgãos,

havendo assim um monopólio de operações, e dificultando a comunicação das forças armadas

com outros setores de defesa e sociais. Se o contrário fosse verdade, as verbas não precisariam

ser divididas entre forças armadas e outros setores. A efetividade de um Estado no setor de

segurança se dá quando ele consegue utilizar de todos os seus recursos disponíveis, para

resolver um problema de forma mais eficiente e barata possível.

Israel, EUA e China se utilizam de uma gestão e planejamento estratégicos que todos os

setores de segurança dentro do Estado trabalham de forma conjunta, e são igualmente

capacitados em diversas operações. Enquanto se o Brasil não trabalhar mais nesse quesito,

dificilmente atingirá um patamar de segurança avançado o suficiente que, pelo menos, as

questões financeiras não estarão sempre como problema imediato das operações de segurança.

Dentro do aspecto de segurança, é impossível não falar da interferência territorial no

âmbito de securitização. O tamanho de um território, assim como a sua geografia, decide

ativamente a forma como um determinado Estado lida com possíveis ameaças. Olhando para

a vastidão nacional, é inevitável pensar, em um primeiro momento, que a defesa clássica de

território (que consiste em se utilizar de tropas e homens nos pontos estratégicos e frágeis), é

impossível de se fazer no Brasil.

19 http://tecnodefesa.com.br/policia-federal-e-forca-aerea-irao-operar-de-forma-conjunta-o-sarp-heron-1/

20 https://www.middleeastmonitor.com/20180712-remembering-israels-2006-war-on-lebanon/

21 Israel Military Stength. Disponível em: https://www.globalfirepower.com/country-military-strength-detail.asp?country_id=israel

11

Page 12: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

Os EUA têm um problema parecido, sua vastidão territorial com o México causa um

problema enorme de como lidar com essa “insegurança” que o Estado americano considera

com relação aos imigrantes. Para lidar isso, os EUA, recorrendo a um grande capital, possui

postos avançados de fronteira, que trabalham diretamente com a Drug Enforcement

Administration (DEA, Execução da Administração de Drogas) órgão que trabalha diretamente

em localizar e acabar com operações de tráfico, os quais interferem o Estado americano, ao

mesmo tempo que trabalha diretamente com a rede de informação do FBI, para identificar

possíveis ameaças e com a polícia das cidades locais, localizadas ao sul dos EUA.

Claro, um projeto dessa magnitude precisa de um capital vultoso, desde 2003, por

exemplo, foram investidos um total de $324 bilhões22. Isso em uma fronteira muito menor que

a do Brasil, que possui aproximadamente 14 mil quilômetros superior à dos EUA. A melhor

forma de lidar com os pontos fracos da fronteira brasileira é, sem dúvida, utilizar-se de

tecnologias que permitam um controle de uma área maior e centros23 que consigam se

mobilizar rápido para lidar com qualquer eventualidade.

Nesse aspecto, investimentos em satélites de soberania completamente nacional, para a

verificação de informações e controle territorial podem ser extremamente benéficos ao

sistema de proteção brasileiro, tendo em vista que isso já faz parte do PEMAER24. Uma

alternativa viável é a cooperação de capacitação entre forças armadas de diferentes Estados,

em favor de um treinamento e maior rendimento nacional. Como exemplo de possível

cooperação brasileira com algum outro Estado, focado no quesito defesa, seria Israel.

As relações Brasil x Israel estão em bons termos e são benéficas para ambos os Estados.

Atualmente seria o momento perfeito para se conversar sobre uma possível cooperação,

principalmente no quesito de cooperação de defesa, e de gestão militar. O momento atual do

22 O custo das políticas de imigração e defesa na borda norte americana com o México. Disponível em: https://www.americanimmigrationcouncil.org/research/the-cost-of-immigration-enforcement-and-border-security

23 Lembrando do Centro destacado acima (CINDACTA), este por sua vez possui 66 Destacamentos (DTCEA) distribuídos por regiões no Brasil. O CINDACTA I (sede em Brasília) – possui 18 DTCEA; CINDACTA II (sede em Curitiba) – 15; CINDACTA III (sede em Recife) – 10 e por fim, o CINDACTA IV (sede em Manaus) – 27. Para fechar a conta, o eixo São Paulo – Rio de Janeiro possui 6 DTCEA.

24 BRASIL, 2017b, p. 24. Ver Projeto Carponis.

12

Page 13: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

governo Bolsonaro possibilita uma maior aproximação entre as diferentes partes, sendo que

Israel também demonstrou interesse em uma cooperação mais ativa no Brasil, visto que

ajudou nas operações de resgate na tragédia de Brumadinho, e o mesmo foi dito pelo atual

presidente brasileiro em sua visita oficial ao Estado hebraico. Israel passou por mais conflitos

e teve resultados mais surpreendentes que o Brasil simplesmente não teve durante a história

de suas forças armadas.

Para encerrar a questão de defesa, a cooperação entre os Estados, mesmo que rara, é

uma das formas mais eficientes de se encontrar os defeitos e vícios que existem dentro da

burocracia estatal, e por consequência também dentro das forças armadas, e, o que se enxerga

do Brasil atualmente, dentro da visão internacional, é um país muito fechado no quesito

econômico, e no quesito cooperação.

Os setores militares do governo poderiam trabalhar de forma muito mais ativo em

conjunto com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), para promover uma avaliação das

outras potências regionais, e trabalhar em conjunto com elas, para resolver questões de

fronteira. Mesmo dentro das iniciativas regionais, como o Conselho de Defesa Sul-Americana

(CDS), não houve nenhum avanço significativo que pudesse ser benéfico a região. É mais que

claro que o Brasil sozinho não conseguirá lidar com a situação das drogas por completa. O

próximo passo das forças armadas, é uma cooperação verdadeira, e efetiva. O ministro

Jungmann reitera:

O Brasil não dará conta de combater sozinho o crime organizado. A legislação precisaser aperfeiçoada, pois as multas e punições ainda são baixas quando, na verdade, éesse mercado que gira a economia do crime organizado25. (JUNGMANN, 2018)

Entender nossos vizinhos é entender o cenário e entender o cenário atual é chave para se

ter um planejamento bem formulado. Caso contrário, todas as ações que o Brasil fizer, sem

levar em consideração as capacidades e deficiências de seus vizinhos, não serão válidas.

Como o Brasil possui uma vasta fronteira serão focados alguns pontos estratégicos.

Começando pela tríplice fronteira Brasil, Argentina e Paraguai. Ela é um dos principais focos

25 Declaração complete do Ministro. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/correiodebate/mercadoilegal/2018/09/12/noticias-mercado-ilegal,705376/a-batalha-contra-o-mercado-ilegal-de-armas-e-o-trafico-de-drogas.shtml

13

Page 14: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

de grupos organizados, incluindo o Primeiro Comando da Capital (PCC). Perante isso é uma

das regiões mais frágeis do Cone-Sul. Além do comércio ilegal que está atrelado aos grupos,

existe a presença terrorista que desperta dúvidas, norte-americana, por exemplo, eles

desconfiam do Paraguai, este "com a sua ampla comunidade de origem árabe, de ser uma

fonte de dinheiro para o Hezbollah libanês e o Hamas palestino." (ANDREWS, 2016, p.234) e

a região conta com uma série de falhas – dos governos – em relação à segurança.

Ela é favorita pela facilidade, pelas brechas das burocracias e o próprio terreno que é

favorável para evasões, exemplo são os lagos existentes pelas usinas Yaciretá (Argentina e

Paraguai) e Itaipu (Brasil e Paraguai). Desses três países, o Paraguai é o mais frágil, e o mais

propenso a entrada e saída de produtos ilegais. A dependência econômica do setor primário

torna o país dependente do clima como, por exemplo, em 2009 e 2012, quando a economia

registrou um crescimento negativo devido a condições climáticas adversas, mesmo assim o

país depende cada vez menos do setor primário graças à industrialização e ao boom

imobiliário que Assunção está tendo como Panamá teve na sua época.

O índice de desenvolvimento humano (IDH) do país é 0,702 (alto), deixando a Bolívia

como o único país com desenvolvimento humano médio da América do Sul. Mesmo com um

IDH superior, o Paraguai se encontra como um dos países de maior facilidade para comércios

ilegais. O governo se vê atualmente numa extrema dificuldade de controlar as fronteiras,

sendo a maior parte das apreensões desses produtos ilegais realizada no próprio território

brasileiro. A Argentina ajuda no processo de controle, pois ela também é vítima dessas

exportações ilegais, só que devido a sua economia superior a paraguaia, se encontra em uma

situação de maior poder relativo, conseguindo atuar mais ativamente que o governo.

Outro Estado que merece ser mencionado como instável é a Bolívia. A relação brasileira

com a boliviana é um tanto conturbada, principalmente, no período do governo Lula, após a

onda de estatização dos recursos naturais, que, eventualmente, levaram a Petrobrás a deixar de

atuar ativamente no Estado26. Essa situação foi resolvida, entretanto não houve, desde então,

uma participação ativa do governo boliviano na fronteira. Dessa forma o Brasil investe de

forma ativa na fronteira com a Bolívia, especificamente, na área do Mato Grosso. O que vale

ressaltar é que a fronteira com a Rondônia não é muito coberta da mesma forma que a do

Mato Grosso é, deixando essa área da fronteira brasileira um pouco mais vulnerável.

26 O Brasil ficou um período sem ter nenhum Embaixador no Estado, e se considerou vítima em momentos do governo boliviano na questão energética.

14

Page 15: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

O último Estado que será tratado é a Colômbia. Atualmente, um dos maiores fabricantes

de cocaína, o tráfico vindo da Colômbia coloca o Estado brasileiro em uma situação

devidamente perigosa. A região da fronteira é bem na parte amazônica, de mata fechada, e

com vários rios em que é possível a realização e escoamento do tráfico de um Estado para o

outro. É uma das regiões mais frágeis do Brasil, portanto as Forças Armadas trabalham em

lidar com a situação, realizando operações como as Ágatas e exercícios militares, como

treinamentos, de forma ainda mais intensa nessa região, do que nas outras.

O governo colombiano é muito frágil e não trabalha ativamente para tentar resolver com

a questão. A Colômbia tinha quatro das facções27 de narcotráfico mais poderosas do mundo,

que em alguns lugares criaram uma nova classe social e influenciaram, enormemente, a

cultura colombiana. Vários líderes nacionais têm sido acusados de alianças com grupos de

narcotraficantes e/ou grupos armados ligados ao narcotráfico para obter poder político e

econômico. A utilização de ARPs, nessa região, é de longe a mais complicada e de maior

dificuldade de implementação, ainda assim, acredita que a criação de postos avançados seria

extremamente benéfica para as operações.

USO DE VANTs PARA O COMBATE CONTRA GRUPOS TERRORISTAS E

CRIMINOSOS

As atuais guerras não mais ocorrem na forma clássica proposta por Clausewitz – dois

Estados com potenciais econômicos e bélicos equiparáveis deflagram agressões múltiplas

entre si – mas se desenrolam de maneira assimétrica; uma grande potência mundial versus um

Estado emergente, ou, principalmente, um país lutando contra as ameaças de grupos

terroristas ou criminosos, seja nas suas fronteiras ou em suas zonas de influência. No começo

dos anos 1990, o holandês naturalizado israelense, Martin Van Creveld, já afirmava na sua

obra The Transformation of War, que as futuras guerras seriam fruto de grupos terroristas,

guerrilheiros e “assaltantes de estrada”.

Como já citado no tópico anterior a respeito de Israel e seu poder militar, outros

aspectos serão ressaltados. Ele é um dos pioneiros em guerras assimétricas, por quanto vem

ao longo dos anos se aperfeiçoando em práticas antiterroristas e contra insurgentes. As Forças

Armadas israelenses só são extremamente efetivas no combate a esses grupos criminosos,

porque contam, sobretudo, com VANTs de monitoramento, Elbit Hermes 450 e Elbit Hermes

27 Vale ressaltar que a questão colombiana é tão forte que os EUA já intervieram ativamente no território. Entretanto o Estado continua sendo um dos mais frágeis de toda a região sul-americana.

15

Page 16: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

900, como também alguns VANTs de Assalto, Elbit Hermes 450 modificados para acoplar

dois mísseis Hellfire (antitanque), que se mostraram extremamente eficazes em bombardeios

contra o Hezbollah na Guerra do Líbano, em 2006. Além de terem sido usados também, em

outros dois ataques aéreos contra o Sudão, no esforço de controlar o fluxo de armas iranianas

dentro da Faixa de Gaza.

Seguindo o exemplo de Israel, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia28 – países

que investem maciçamente em VANTs de assalto – o Brasil também deveria começar a passar

por uma RAM no que concerne à adoção de novos equipamentos de monitoramento e de

assalto e estratégias no combate aos narcotraficantes, monitoramento da fronteira e defesa

contra uma possível invasão de uma potência global ou Estado vizinho. Os VANTs de assalto,

podem vir como resposta a essa defasagem das Forças Armadas Brasileiras, pois servirão de

combate, e também como monitoramento e interceptação de aeronaves e veículos suspeitos.

O Brasil está inserido, segundo Buzan, no Complexo Regional de Segurança Sul-

Americano, desempenhando um papel de protagonista não só no Cone Sul, mas também em

toda a região Andina. Devido ao seu papel aglutinador de toda a América do Sul, o Estado

brasileiro torna-se um ponto interessante para a atuação de grupos criminosos, ainda mais

aqueles envoltos no narcotráfico. A utilização de VANTs bélicos podem ser muito úteis à

obliteração dessas células criminosas, porque servem como vetor de um ataque pontual após

um extenuante trabalho de inteligência – para mitigar ao máximo possíveis falhas – que

confirma a localização exata dos alvos para o ataque aéreo29; prática viável em zonas

desabitadas.

Um exemplo prático dessa aplicabilidade dos ARPs de assalto é a sua larga utilização

pelos EUA no Paquistão desde 2004, onde por meio da operação Targeted Killing30, tem

combatido grupos terroristas do Talibã e da Al-Qaeda, que já sofreram juntos, mais de três mil

baixas, destas, sessenta e sete pertenciam a insurgentes de alto nível, contra nove mortes

(agentes da CIA) confirmadas do lado norte-americano.

Esse alto desempenho estadunidense, se deve ao fato de que seus ARPs apresentam

algoritmos avançados que identificam os alvos em multidões, zonas urbanas e rurais,

lançando assim, um ataque aéreo extremamente preciso, que minimiza muito os danos

28 https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/02/empresa-russa-lanca-drone-de-guerra-barato-e-acessivel.html

29 BRASIL, 2017b, p. 24. Ver Projeto LINK-BR2.

30 https://www.cfr.org/backgrounder/targeted-killings

16

Page 17: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

desferidos contra civis, caso fossem lançados por aeronaves. Além disso, como os drones não

apresentam tripulação, os países que os utilizam não correm o risco de sofrer perdas humanas,

mas somente materiais, caso a aeronave não tripulada seja abatida.

Assim, o Brasil deve começar a investir em VANTs de assalto, seja por meio da

produção nacional, ou aquisição de outros países. Já que, eles conduzirão o país a uma nova

forma de combate, muito mais segura e precisa do que as atuais, que não têm se mostrado tão

úteis ao combate do tráfico de armas e de drogas. A hegemonia brasileira deve ser mantida na

América do Sul, não podendo ser abalada por grupos criminosos, que travam diariamente

conflitos assimétricos conta o Estado.

PROSPECÇÃO DE UM CENÁRIO CONFLITUOSO ENTRE BRASIL E UM ESTADO

VIZINHO

Os domínios aéreo, espacial e informacional são os responsáveis por definir os conflitos

armados da nova RAM. Visto que, os combates se expandem mais para o espaço

extraterritorial, implicando em uma maior aplicabilidade de aeronaves remotamente pilotadas,

além da intensificação de confrontos cibernéticos. Por quanto, cada vez mais, a tecnologia é

uma extensão do corpo do homem; uma melhoria dos sentidos do soldado.

Com a escalada das tensões venezuelanas nos últimos anos, em decorrência de uma

profunda crise socioeconômica, agravada por uma ingerência política do ditador Nicolás

Maduro, levanta-se o debate se a Venezuela poderá ser um inimigo em potencial do Estado

brasileiro. Pois ela tem capacidade de modificar o equilíbrio de poder estabelecido na porção

Sul do continente americano, o que iria de confronto com o posicionamento do Brasil de

aglutinador entre os dois sub-complexos regionais de segurança, o Norte Andino e o Cone

Sul.

Nicolás Maduro tem incitado cada vez mais suas Forças Armadas e a Milícia Nacional

Bolivariana, contra os EUA, onde, segundo o ditador, o “imperialismo” dos yankees é o

responsável pela profunda crise do país. O Brasil também é alvo de Maduro31, que o considera

um Estado pró-estadunidense, como a Colômbia, que contribuem para perpetuação

hegemônica do Governo Trump na região. Esse cenário é interessante para um levantamento

prospectivo de um possível confronto entre o Brasil e a Venezuela.

Vale ressaltar, que o cenário em questão, refere-se ao confronto bélico entre os Estados

brasileiro e venezuelano sem a intervenção de países regionais ou potências extra regionais.

Caso o confronto se torne iminente, o Brasil poderá invadir a Venezuela por meio da tática de

31 https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/maduro-fecha-fronteira-com-o-brasil-e-ameaca-colombia-33jxknoh0mpvy05an5xgbgmax/amp/

17

Page 18: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

guerra preventiva, que além de ser legitimada pela Comunidade Internacional, não fere a

Carta Magna Brasileira, já que a invasão só aconteceria mediante uma clara antecipação do

movimento belicista do Estado inimigo, sendo assim, um assalto defensivo. Além disso, está

sendo analisada, uma invasão brasileira via fronteira com a Venezuela pelo estado de

Roraima, e não via marítima pela costa venezuelana.

O Brasil apresenta uma larga vantagem em guerra de campanha se comparado com o

seu rival, todavia perde em potencial para a Venezuela na capacidade aérea – ainda não

incorporado à Força Aérea Brasileira os modernos caças JAS-39 Gripen da Suécia – e de

baterias antiaéreas, já que o país apresenta os modernos caças de combate Sukhoi Su-30 da

Rússia e os F-16 dos EUA, além das baterias antiaéreas de longo alcance S-300VM e as de

médio alcance, BUK-M2 e S-125. Assim, em uma potencial invasão à Venezuela, o espaço

aéreo da região estaria sobre o comando das forças de Maduro. Para contornar esse obstáculo,

o Brasil teria que enviar pequenos batalhões especializados em táticas de guerrilha e

sabotagem para obliterar as antiaéreas e promover a progressão das tropas, o que pode ficar à

mercê de várias mazelas, como escaramuças defensivas inimigas, o clima e a perda de

soldados brasileiros.

Uma outra solução para a problemática com chances mais favoráveis para o Estado

brasileiro, seria empregar ARPs de assalto municiados de mísseis antitanques teleguiados e

bombardear os carros inimigos. E o motivo de utilizá-los para esse tipo de tarefa em

detrimento dos caças F-5 e AMX A-1, se deve a baixa assinatura de radar que apresentam,

sendo muito mais furtivos que os aviões da FAB. Ademais, os prejuízos humanos e materiais

pelo lado brasileiro também seriam minimizados.

Com uma rápida ação dos ARPs contra as linhas defensivas antiaéreas venezuelanas, as

tropas brasileiras estariam livres para marchar e conquistar a capital Caracas sob a escolta

aérea da FAB, maximizando assim, as perdas humanas, materiais e logísticas do inimigo, já

que os drones também poderiam ser empregados para bombardeios cirúrgicos de bases aéreas,

de quartéis generais e pontos estratégicos para a manutenção da máquina estatal de guerra

venezuelana, como poços de petróleo e indústrias químicas e armamentistas. Da mesma

maneira que os EUA os vêm empregando no Afeganistão (2001), Iraque (2003) e Paquistão

(2004) na sua empreitada da Guerra ao Terror.

O Brasil tem uma forte Indústria de Defesa, que dá ao país capacidade de promover um

grande desenvolvimento de drones de assalto, que atendam às necessidades do Estado, como a

sua opção por táticas de guerra defensiva e extensa fronteira. Destarte, a incorporação dessa

18

Page 19: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

nova tecnologia não é uma futilidade das Forças Armadas Brasileiras, mas uma necessidade

crescente devido a nova RAM que vem se desenvolvendo ao longo do século XXI.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por mais que essa reestruturação seja recente, é imperativo que o país aprimore

crescentemente o desenvolvimento tecnológico vinculado aos ARPs, visto as necessidades

prementes de combate ao terrorismo, crime organizado, tráfico de drogas, contrabando

biológico, entre outras funções relacionadas à segurança e defesa do território nacional.

Apesar do Brasil ser tradicional e internacionalmente um país pacífico, as necessidades acima

listadas são pertencentes à agenda de qualquer nação com governo soberano e legítimo.

Essa eficácia dos ARPs através da RAM, bem como dos “Projetos Estratégicos” torna

clara em como é primária a importância de continuar desenvolvendo tais estratégicos recursos

militares, os ARPs, já que são legítimos recursos tanto do ponto de vista da RAM e das

Teorias de Relações Internacionais. A sustentação teórica, portanto, à utilização dessas

tecnologias militares a serviço da segurança e defesa da soberania nacional é sólida,

amparando crucialmente a legitimidade de tal utilização. Esse amparo tende, com o tempo, a

se refletir nas esferas legais, garantindo plena operacionalidade dos ARPs, que,

eventualmente, pode levar a uma expansão de mercado nacional sobre os produtos acima

mencionados, tornando o Brasil um centro tecnológico de importância elevada dentro da

América Latina, e um player no cenário internacional mais ativo.

REFERÊNCIAS

ACORDO EUA-Colômbia – Novas bases militares provocam tensão entre vizinhos. UOL Educação. Disponível em: <https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/acordo-eua-colombia-novas-bases-militares-provocam-tensao-entre-vizinhos.htm>. Acesso em: 28 mai. 2019.

ANDREWS, John. Os grandes conflitos mundiais: uma análise estratégica sobre as zonasmais perigosas e as ameaças à estabilidade do nosso mundo. 1. ed. – Lisboa, Clube do Autor, 2016;

19

Page 20: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

ARON, Raymond. Paz e Guerra entre as Nações. Tradução de Sergio Bath. Brasília: Editorada Universidade de Brasília, 2002.

BATTISTELLA, Dario. Teoria das relações internacionais. Tradução de Camila do Nascimento Fialho. São Paulo, Editora Senac São Paulo, 2014.

BRASIL. Minuta Livro Branco de Defesa Nacional. Brasília: Ministério da Defesa, 2016a.

BRASIL. Minuta da Política Nacional de Defesa e Estratégia Nacional de Defesa. Brasil: Ministério da Defesa, 2016b.

BRASIL. Portaria nº 189/GC3, de 30 de janeiro de 2017. Aprova a 1a modificação da Concepção Estratégica - Força Aérea 100. Boletim do Comando da Aeronáutica, Brasília, DF,n. 18, 1o fev. 2017a. DCA 11-45.

BRASIL. Portaria nº 190/GC3, de 30 de janeiro de 2017. Aprova a 1a modificação do Plano Estratégico Militar da Aeronáutica (PEMAER) 2016-2041. Boletim do Comando da Aeronáutica, Brasília, DF, n. 18, 1o fev. 2017b. PCA 11-47.

CANDEAS, Alessandro. Há um pensamento estratégico para o Brasil? Revista Brasileira de Planejamento e Orçamento. Brasília. Volume 4, nº 2, 2014.

CLAUSEWITZ, Carl V. Oxford World´s Classics – On War. Tradução de Michael Howard e Peter Paret. New York: Oxford University Press, 2007. CONTRABANDO cresce no Cone Sul e preocupa especialista, 24 abr. 2018. Disponível em: < http://www.ohoje.com.br/noticia/cidades/n/148633/t/contrabando-cresce-no-cone-sul-e-preocupa-especialista>. Acesso em: 25 mar. 2019.

ELBIT Hermes 450. Military Factory. Disponível em: <https://www.militaryfactory.com/aircraft/detail.asp?aircraft_id=824>. Acesso em: 25 mai. 2019

ELBIT Hermes 900 (Kochav). Military Factory. Disponível em: <https://www.militaryfactory.com/aircraft/detail.asp?aircraft_id=1236>. Acesso em: 25 mai. 2019.

FANTÁSTICO mostra o avanço do crime organizado no Acre, 31 mai. 2018. Disponível em: <http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2018/05/fantastico-mostra-o-avanco-do-crime-organizado-no-acre.html>. Acesso em 24 mar. 2019.

FORÇA AÉREA BRASILEIRA. Dimensão 22. Página Inicial. Disponível em: <http://www.fab.mil.br/dimensao22/>. Acesso em: 23 mai. 2019.

FORÇA AÉREA BRASILEIRA. Operação Ostium. Página Inicial. Disponível em: <http://www.fab.mil.br/ostium/>. Acesso em: 23 mai. 2019.

20

Page 21: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

FORÇA AÉREA BRASILEIRA. Força Aérea assume o controle do primeiro satélite brasileiro, 05 jun. 2017. Disponível em: <http://www.fab.mil.br/noticias/mostra/30502/SGDC%20-%20For%C3%A7a%20A%C3%A9rea%20assume%20o%20controle%20do%20primeiro%20sat%C3%A9lite%20brasileiro>. Acesso em: 28 mai. 2019.

FORÇA AÉREA BRASILEIRA. Reconhecimento. Página Inicial. Disponível em: http://www.fab.mil.br/reconhecimento/>. Acesso em: 28 mai. 2019.

FORÇA AÉREA BRASILEIRA. Ostium. Página Inicial. Disponível em: http://www.fab.mil.br/ostium/>. Acesso em 28 mai. 2019.

FORÇA AÉREA BRASILEIRA. Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo. Página inicial. Disponível em: <http://www.srpvsp.gov.br/>. Acesso em: 25 mai. 2019.

HOBBES, Thomas. Leviatã – ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil.São Paulo: Editora Martin Claret, 2009.

ISRAELI drones downed over 350 incendiary terror kites, balloons – report. The Times of Israel, 7 jun. 2018. Disponível em: < https://www.timesofisrael.com/israeli-drones-downed-over-350-incendiary-terror-kites-balloons-report/>. Acesso em: 25 mai. 2019.

KALDOR, Mary. New & Old Wars: Organized Violence in a Global Era. Stanford University Press; 3ª edição, 2012.

KEOHANE, Robert O. After Hegemony – Cooperation and Discord in the World PoliticalEconomy. New Jersey: Princeton University Press, 1984.

MEARSHEIMER, John. The tragedy of great power politics. New York: Norton & Company, 2001. MORGENTHAU, Hans. Política entre as Nações. Tradução de Oswaldo Biato. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2003.

FORÇA AÉREA BRASILEIRA. Departamento de Controle do Espaço Aéreo. Página inicial. Disponível em: <https://www.decea.gov.br>. Acesso em: 25 mai. 2019.

21

Page 22: A necessidade de melhor empregabilidade das Aeronaves ...€¦ · REVOLUÇÃO EM ASSUNTOS MILITARES (RAM) Quanto ao marco teórico da RAM, Revolução em Assuntos Militares, é uma

MQ-1 Predator. Desing and Specifications. Disponível em: <https://mq-1predator.weebly.com/design-and-specifications.html>. Acesso em: 25 mai. 2019.

PARAGUAY se integra al grupo de países de Desarrollo Humano Alto. PY-PNUD, 15 set. 2018. Disponível em: <http://www.py.undp.org/content/paraguay/es/home/presscenter/pressreleases/2018/09/15/paraguay-se-integra-al-grupo-de-pa-ses-de-desarrollo-humano-alto.html>. Acesso em: 28 mai. 2019.

POLÍCIA Federal e Força Aérea irão operar de forma conjunta o SARP Heron 1, 12 jan. 2019.Tecno Defesa. Disponível em: <http://tecnodefesa.com.br/policia-federal-e-forca-aerea-irao-operar-de-forma-conjunta-o-sarp-heron-1/>. Acesso em: 28 mai. 2019.

PREDATOR RQ-1/MQ-1/MQ-9 Reaper UAV. Air Force Technology. Disponível em: <https://www.airforce-technology.com/projects/predator-uav/>. Acesso em: 25 mai. 2019.

UNITED States Air Force Scientific Advisory Board. Disponível em: <https://info.publicintelligence.net/USAF-RemoteIrregularWarfare.pdf>. Acesso em: 25 mai. 2019.

UK army said to use Israeli – made system to end drone chaos at London airport. The Times of Israel, 21. dez. 2018. Disponível em: https://www.timesofisrael.com/uk-army-said-to-use-israeli-made-system-to-end-drone-chaos-at-london-airport/>. Acesso em: 25 mai. 2019.

VAN CREVELD, Martin L. The Transformation of War – The most radical reinterpretationof armed conflict since Clausewitz. The Free Press; 1ª edição. 1991.

22