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A MANIPULAÇÃO DE IMAGENS NO FOTOJORNALISMO
TEXTO DE EMERSON FOGAÇA, ALUNO DE FOTOJORNALISMO, FOCUS
ESCOLA DE FOTOGRAFIA
Partindo do princípio que a intenção inicial da fotografia jornalística é de informar o
leitor, por meio de imagens, sobre acontecimentos reais, considera‐se qualquer artifício
utilizado para alterar esta realidade, antes ou depois do instante fotográfico, uma forma
de manipulação da informação, as alterações visuais em uma imagem, ou seja, as
manipulações podem surgir antes ou depois da sua captura. Mesmo tendo a obrigação
de ser o mais isento possível, o simples olhar de um repórter fotográfico para o fato ou
objeto a ser documentado pode se caracterizar como manipulação da imagem. Isso se
explica no momento que o fotógrafo escolhe o tipo de lente e o filme que vai usar a
profundidade de campo que vai dar e outros aparatos técnicos empregados na
construção da sua imagem. Dessa forma, ele estará manipulando por meio de um grupo
de equipamentos, os elementos visuais presentes neste fato. Porém, com a intenção
primeira de construir uma imagem que repasse a informação ao leitor. O mesmo pode
ser dito do uso de filtros e de gelatinas coloridas, do processo de iluminação artificial ou
até da luz natural rebatida. Assim, tanto os conhecimentos técnicos de um fotógrafo,
quanto a sua bagagem cultural, social e econômica, são evidências de um determinado
tipo de manipulação.
PRÉ‐MANIPULAÇÃO OU MANIPULAÇÃO PRÉVIA
Henri Cartier Bresson, o mestre do “momento decisivo”, como ele mesmo descrevia a
sua arte, fotografava apenas em 50 mm. Bresson afirmava que apenas o exercício do
olhar levaria o fotógrafo a uma boa imagem. Caso os fotojornalistas de hoje em dia,
estivessem seguindo a lição do maior fotógrafo do século XX, talvez não pudéssemos
abordar esse tópico neste trabalho. A pré‐manipulação encontra‐se presente em toda
e qualquer forma de alteração da imagem capturada antes do disparo. A escolha de uma
objetiva, do filme e da luz, é um exemplo de pré‐manipulação. Do mesmo modo, o
pensamento ideológico do fotógrafo também.
PRODUÇÃO E SIMULAÇÃO
Outra forma de manipulação que pode ocorrer no momento em que o fotógrafo se
prepara para captar a imagem, é a simulação da realidade por meio da produção de uma
cena. A simulação normalmente ocorre quando o fotojornalista perde um instante a ser
retratado, como o aperto de mãos entre políticos importantes, atos públicos
envolvendo personalidades ou uma invasão de terras em que os integrantes cortam
uma cerca. Em casos deste tipo, é comum ouvir um pedido como, ”por favor, aperte a
mão de novo” ou então, “assine outra vez”.
DIREITO AUTORAL E FOTOJORNALISMO
Direito autoral, ou direitos de autor, são termos que se referem ao rol de direitos que
protegem autores de obras intelectuais de diversas áreas. A doutrina divide os
chamados "direitos morais de um autor" dos direitos de cunho patrimonial. Direitos
autorais não necessariamente são o mesmo que "Copyright". Este último como a
tradução de seu nome já diz faz referencia ao direito à cópia, direito de reprodução, ou
seja o foco está no objeto. Já no direito de autor o foco está na pessoa do direito (o
autor). Em relação ao direito de reprodução o titular dos direitos poderá colocar sua
obra a disposição do publico, na forma, local e tempo que desejar, de forma onerosa ou
gratuita. Já em relação à natureza jurídica dos direitos autorais, a lei preve a existencia
de um núcleo inalienável, nos quais se inserem os direitos de paternidade e integridade
da obra que são inalienáveis.
Mas também existe outro núcleo que abrange os direitos patrimoniais, que englobam
os direitos de controle sobre a reprodução, edição e tradução de determinada obra.
Temos então que o direito de autor é também perpétuo, por exemplo a "Divina
Comédia" será sempre uma obra de Dante, não importa quanto tempo passe. São
características do Direito de Autor as seguintes:
‐ A obra deve ser o resultado do talento criativo do homem ‐ Essa proteção é
reconhecida com independência do gênero da obra, sua forma de expressão, mérito ou
destino; ‐ A obra deve ser original ‐ O direito de Autor abrange as relações jurídicas
referentes à criação e utilização econômica de obra intelectuais, autorais e estéticas,
seja na literatura, nas artes ou na ciência ‐ O Direito proveniente da relação do autor
com sua obra é perene e inalienável, ainda que fosse esta a vontade do autor.
Direitos Morais e Patrimoniais
A Lei de Direito de Autor confere os seguintes direitos morais conforme previsto em seu
artigo 24:
‐ o de reivindicar a autoria da obra ‐ o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal
convencional indicado ou anunciado ‐ o de conservar a obra inédita ‐ o de assegurar a
integridade da obra ‐ o de modificar a obra antes ou depois de utilizada ‐ o de retirar de
circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utilização já autorizada, quando a
circulação ou utilização implicarem afronta aà sua reputação e imagem ‐ o de ter acesso
a exemplar único e raro da obra
Faz‐se também sempre necessário citar o criador, ainda que em reproduções já
permitidas ou autorizadas. Os direitos morais quando violados podem ser reivindicados
judicialmente até 10 anos após o ilícito. Enquanto os direitos morais são
personalíssimos, intransferíveis e irrenunciáveis, os direitos patrimoniais podem ser
transferidos total ou parcialmente, por meio de licenciamento, concessão , cessão ou
autorização. Presume‐se onerosa a cessão quando o contrato não dispuser de forma
contrária.
Reparação do dano moral
Haverá o dever de indenizar sempre que for violado o direito do autor em qualquer dos
seus aspectos: ‐ Indenização por dano material se o causador do dano obtiver proveito
econômico com a obra do autor sem a sua autorização ou participação. ‐ Indenização
por dano moral se a agressão for contra os direitos morais do autor. ‐ Indenização por
danos morais e patrimoniais se ambos os direitos forem violados.
O Art. 108 da Lei de Direito Autoral serve de suporte para estar afirmações ao dispor:
"Quem, na utilização, por qualquer modalidade, de obra intelectual, deixar de indicar
ou de anunciar, como tal, nome, o pseudônimo ou sinal convencional do autor e do
intérprete, além de responder por danos morais, está obrigado a divulgar‐lhes a
identidade". As formas de identificação são explicitadas nos incisos I, II e III do art 108
da lei supracitada. Vemos que a lei vai além da indenização moral pelo dano, impondo
sanções acessórias ao ofensor. Exclusão de responsabilidade
Existem algumas situações especiais onde poderá não existir o dever de indenizar, tais
como:
‐ A citação em livros e artigos de passagens de qualquer obra ‐ A reprodução de
pequenos trechos de obras preexistentes ‐ O editor que publica uma obra plagiada
confiando no suposto autor
Uso indevido de Imagem
A jurisprudência prevê que os veículos de comunicação responderão também, por
publicar fotos sem autorização, ainda que cedidas por terceiros. É importante lembrar
que eventualmente o alvo de punição por uso indevido de imagem pode ser o fotógrafo,
existindo até jurisprudência neste sentido, como em caso de crianças filhos de famosos
que às vezes são alvos de paparazzi pela fama de seus pais, mas ainda assim são crianças
e tem direito a sua privacidade.
FOTÓGRAFOS BRASILEIROS
Evandro Teixeira
Evandro Teixeira, o segundo fotógrafo que selecionei dentre os estudados, é um
fotógrafo bastante versátil, nascido em Santa Inês, ‐BA em 1945,
atua na área de Fotojornalismo.
Ele iniciou sua carreira no jornal Diário da Noite‐RJ. Em 1963 transferiu‐se para o
Jornal do Brasil, permanecendo até os dias atuais.
Evandro destaca‐se em diversos campos da área jornalística, contemplando
temas políticos, esportes, etc. em seu trabalho sendo, inclusive, autor dos livros
Fotojornalismo e Canudos 100 anos.
Seu trabalho retratou momentos importantes da história do Brasil relacionados
à Ditadura possibilitando demonstrar para as gerações futuras o significado e
simbolismo de toda uma era relacionada à política no país.
A obra do fotógrafo pode, portanto, constituir‐se como uma vasta e importante
fonte referente ao estudo do imaginário do regime militar‐civil de 1964.
Pesquisando e conhecendo um pouco sobre seu trabalho foi possível observar
que o mesmo compreende a fotografia enquanto um ato político. Compreensão sobre
a qual foi possível refletir e que instigou e ampliou meu conhecimento a respeito do
campo da fotografia, tendo portanto, sido um dos fotógrafos selecionados para a
apresentação do presente relatório.
Na sequência, são apresentadas algumas fotografias de Evandro que retratam
um pouco de seu trabalho.
Fonte: https://focusfoto.com.br/mestres‐da‐fotografia‐evandro‐teixeira/
Fonte: http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2013/07/02/1968‐pelas‐lentes‐de‐evandro‐teixeira/
Fonte: http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2013/07/02/1968‐pelas‐lentes‐de‐evandro‐teixeira/
O trabalho de Evandro foi reconhecido internacionalmente por meio de várias
premiações dentre as quais se destaca o Premio UNESCO de Fotojornalismo e a
realização de exposições internacionais em Paris e Tóquio.
Sebastião Salgado
Sebastião nasceu em Aimorés‐MG em 8 de Fevereiro de 1944 e atua no campo
da Fotografia Documental. Ele é Formado em economia pela Universidade de São Paulo,
tendo atuado na Organização Internacional do Café em 1973.
Após uma viajar para a África, na qual levou uma câmera de sua mulher, acabou
mudando de área e passando a atuar no campo da fotografia , no qual descobriu um
modo para denunciar a injustiça, a desigualdade e a exploração.
Salgado atuou para agências como Sygma, Gamma e Magnum e possui
fotografias em publicações internacionais como Stern, Time, Paris‐Match, Actuel,
Libération, El País, Newsweek, Sunday Times, dentre outros.
Ele também possui livros impactantes como Terra, Êxodos e Trabalhadores.
Seu trabalho lhe possibilitou prêmios como o Prêmio W.Eugene Smith à
fotografia de interesse humano.
Salgado fundou em 1994 a sua própria agência de notícias que representava seu
trabalho e era chamada “Imagens da Amazônia”.
A imagem abaixo retrata uma escola em um campo de refugiados no
Afeganistão:
Fonte:https://osimpublicaveis.wordpress.com/2009/12/04/fotografia‐sebastiao‐salgado/
É interessante destacar que as imagens de Salgado expressam o olhar sensível
dele sobre a exclusão social e desigualdades registradas em todos os continentes pelos
quais passa e registra as diferentes realidades através de seu olhar.
Fonte:https://focusfoto.com.br/regional‐barreiro‐recebe‐a‐mostra‐sebastiao‐salgado‐fotografia‐comprometida/