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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI EM SÃO JOSÉ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO MICHELLE CARDOSO DOS SANTOS A INCLUSÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO AMBIENTE DE TRABALHO: um estudo de caso na cooperativa Alpha São José 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI EM SÃO JOSÉ

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

MICHELLE CARDOSO DOS SANTOS

A INCLUSÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO

AMBIENTE DE TRABALHO: um estudo de caso na cooperativa

Alpha

São José

2008

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MICHELLE CARDOSO DOS SANTOS

A INCLUSÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO

AMBIENTE DE TRABALHO: um estudo de caso na cooperativa

Alpha

Trabalho de Conclusão de Estágio - apresentado como

requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em

Administração da Universidade do Vale do Itajaí.

Professor Orientador: Felipe de Faria Mônaco

São José

2008

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MICHELLE CARDOSO DOS SANTOS

A INCLUSÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO

AMBIENTE DE TRABALHO: um estudo de caso na cooperativa

Alpha

Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi julgado adequado e aprovado em sua forma final

pela Coordenação do Curso de Administração da Universidade do Vale do Itajaí, em (dia, mês

e ano constante da ata de aprovação – defesa)

Prof(a) MSc. Luciana Merlin Bervian

UNIVALI – Campus São José

Coordenador(a) do Curso

Banca Examinadora:

Prof(a) MSc. Felipe de Faria Mônaco

UNIVALI – Campus São José

Professor Orientador

Prof(a) MSc. Kellen da Silva Coelho

UNIVALI – Campus São José

Membro

Prof(a) Dr. Everton Luis P. de Lorenzi Cancellier

UNIVALI – Campus São José

Membro

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iii

Dedico este trabalho a minha mãe Giane Cardoso

Batistuzzi a qual sempre me deu forças na busca da

realização dos meus objetivos, a minha amada irmã

Cássia Cardoso Batistuzzi, á minha querida avó

Alcione Vidal Santos e ao meu grande amor

Glaydson Fermino pela dedicação, carinho e

compreensão depositadas durante todos os

momentos. Amo vocês incondicionalmente.

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iv

Muitos foram os desafios que tiveram que ser superados nessa longa

caminhada, porém, também muitas foram às pessoas que me auxiliaram a

enfrentar esses desafios. Agradeço minha mãe Giane Cardoso Batistuzzi pelos

preciosos conselhos, carinhos e confiança a mim depositados. A minha irmã

Cássia Cardoso Batistuzzi pela compreensão nos muitos momentos de minha

ausência. Ao meu amor Glaydson Fermino pelo apoio, amor, incentivo, ajuda

e compreensão. Agradeço a minha avó Alcione Vidal Santos por acreditar no

meu potencial, e também a minha avó Alvaci de Oliveira que com seu dom de

professora sempre me incentivou a buscar conhecimentos, ao meu pai

Claudemir dos Santos e ao meu padastro Aldemir José Batistuzzi, a toda a

minha família e aos amigos. Ao professor Felipe de Faria Mônaco pelas

valiosas orientações. Aos professores Everton Luis P. de Lorenzi Cancellier e

Kellen da Silva Coelho membros da banca pelas importantes sugestões. A

minha supervisora de estágio Cleci Elisa Albiero que dedicou a mim seu

tempo e a cooperativa cedente de estágio. Agradeço também a todos os

professores que contribuíram para minha formação.

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v

A construção de uma sociedade de plena

participação e igualdade tem como um de seus

princípios a interação efetiva de todos os cidadãos.

Nesta perspectiva é fundamental a construção de

políticas de inclusão para o reconhecimento da

diferença e para desencadear uma revolução

conceitual que conceba uma sociedade em que

todos devem participar, com direito de igualdade e

de acordo com suas especificidades. (Conforto &

Santarosa)

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vi

RESUMO

O presente estudo refere-se ao tema da inclusão das pessoas com deficiência no ambiente de

trabalho. Seu objetivo geral é analisar os desafios encontrados na cooperativa Alpha para

inclusão das pessoas com deficiência no ambiente de trabalho. Buscou-se ainda com os

objetivos específicos verificar quais as ações são desenvolvidas para inclusão das pessoas

com deficiência na cooperativa Alpha, identificar qual a percepção dos colaboradores em

relação à inclusão das pessoas com deficiência, quais mudanças organizacionais necessárias

para o ingresso das pessoas com deficiência na cooperativa em estudo e qual o perfil

profissional exigido para contratação das pessoas com deficiência. Esta pesquisa é

classificada como teórico-empírica de abordagem quantitativa e qualitativa. O delineamento

da pesquisa utilizado foi o estudo de caso e a mesma ainda caracteriza-se como descritiva.

Com este estudo compreende-se que a inclusão das pessoas com deficiência no ambiente

organizacional intensificou após a criação da lei que garante o acesso ao trabalho das pessoas

com deficiência, porém, essa atitude deve ser para as organizações uma prática não

obrigatória, pois deve-se incluir mais pessoas com deficiência do que a lei preconiza, uma vez

que, todos possuímos direitos e deveres iguais. A inclusão não é simplesmente colocar junto,

mas é garantir a permanência no trabalho, desenvolver programas para contratação e

capacitação, adaptar os locais de trabalho e sensibilizar as chefias e demais colaboradores que

irão trabalhar com as pessoas com deficiência. Quanto aos resultados, pode-se observar que a

cooperativa não possui nenhum programa para inclusão, que a mesma precisa ainda obter

profissionais mais preparados para contratação, capacitação das pessoas com deficiência.

Quanto aos colaboradores percebe-se uma boa aceitação para o trabalho com as pessoas com

deficiência , os mesmos acreditam que a inclusão traz motivação e respeito as diferenças e

identificou-se também que os tipos de deficiência mais compatíveis para o trabalho na

cooperativa em estudo são as físicas e auditivas.

Palavras-chave: recursos humanos; gestão da diversidade; inclusão; pessoas com deficiência.

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vii

ABSTRACT

The present paper refers to the subject of inclusion of persons with disabilities in the

workplace. Its main objective is to analyze the challenges found in the cooperative Alpha for

inclusion of persons with disabilities in the workplace. As its specific objective searched

verify which actions are developed for inclusion of persons with disabilities in the cooperative

Alpha, identify the perception of collaborators in relation to the inclusion of persons with

disabilities, which organizational changes necessary to the ingress of persons with disabilities

in the cooperative in study and which the professional profile required for recruitment of

persons with disabilities. This research is classified as theoretical-empirical of quantitative

and qualitative approach. The research line used was the case study and the yet characterized

as descriptive. This study comprises that the inclusion of persons with disabilities in the

organizational environment intensified after the creation of the law which ensures access to

the work of persons with disabilities, however, this attitude must be for organizations a

practice not mandatory, as it should include more persons with disabilities of the “Lei de

cota”, once, we all have equal rights and duties. The inclusion is not simply put together, but

is to ensure the permanence in the work, to develop programs for recruitment and training, to

adapt the workplace and sensitize the managers and other collaborators who will work with

people with disabilities. In the results, may observe that the cooperative has no program for

inclusion, that it needs even obtain professionals more prepared to recruitment and training of

persons with disabilities. As to the collaborators perceives is a good acceptance for working

with persons with disabilities, they believe that the inclusion brings motivation and regard the

differences and identified also that the types of disability more compatible for work in the

cooperative in study are the physical and hearing.

Key-words: human resources; diversity management; inclusion; persons with disabilities.

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Lista de Ilustrações

Quadro 1: As principais diferenças entre integração e inclusão ............................................... 25

Quadro 2: População e estimativa de vagas para PCD – .......................................................... 31

Quadro 3: Dúvidas mais freqüentes dos profissionais de gestão de pessoas............................ 33

Quadro 4: Vantagens de contratação de pessoas com deficiência ............................................ 38

Quadro 5: Categorias analíticas e indicadores do estudo ......................................................... 42

Quadro 6: Idade ........................................................................................................................ 46

Quadro 7: Gênero ..................................................................................................................... 47

Quadro 8: Escolaridade ............................................................................................................ 47

Quadro 9: Gênero x Escolaridade ............................................................................................. 48

Quadro 10: Tempo de empresa ................................................................................................. 49

Quadro 11: Funções exercidas .................................................................................................. 49

Quadro 13: Igualdade de oportunidades ................................................................................... 50

Quadro 14: Preconceito racial .................................................................................................. 51

Quadro 15: Preconceito com mulheres ..................................................................................... 51

Quadro 16: Preconceito com deficientes .................................................................................. 52

Quadro 17: Práticas de diversidade .......................................................................................... 53

Quadro 18: Impactos da diversidade na organização ............................................................... 53

Quadro 19: Organização inclusiva ........................................................................................... 55

Quadro 20: Profissionais preparados ........................................................................................ 56

Quadro 21: Tempo de empresa X A organização possuir profissionais preparados para lidar

com as pessoas com deficiência ............................................................................................... 58

Quadro 22: Condições físicas adequadas ................................................................................. 58

Quadro 23: Programa para inclusão de pessoas com deficiência ............................................. 59

Quadro 24: Tempo de empresa X Organização promover algum programa para inclusão das

pessoas com deficiência............................................................................................................ 61

Quadro 25: Compatibilidade função X Tipos de deficiência ................................................... 62

Quadro 26: Funções exercidas X Compatibilidade da deficiência a função ............................ 63

Quadro 27: Inclusão cria um clima organizacional positivo? .................................................. 64

Quadro 28: Organização socialmente responsável que promove a inclusão ............................ 64

Quadro 29: Qual o principal retorno com a contratação de pessoas com deficiência .............. 65

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ix

SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................................. vi

ABSTRACT ............................................................................................................................ vii

Lista de Ilustrações ................................................................................................................ viii

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

1.1. Tema e problema de pesquisa ...................................................................................... 1

1.2. Questões da pesquisa .................................................................................................... 3

1.3. Objetivos ...................................................................................................................... 3

1.3.1. Objetivo Geral ..................................................................................................... 3

1.3.2. Objetivos Específicos .......................................................................................... 3

2. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 4

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 6

3.1. Organizações ................................................................................................................ 6

3.2. Administração .............................................................................................................. 7

3.3. Administração de Recursos Humanos .......................................................................... 8

3.4. Responsabilidade Social ............................................................................................. 11

3.5. Gestão da Diversidade ................................................................................................ 12

3.6. A inclusão de pessoas com deficiência no ambiente de trabalho ............................... 17

3.6.1. A legislação e o histórico Mundial e Brasileiro das pessoas com deficiência .. 17

3.6.2. Integração x Inclusão ........................................................................................ 22

3.6.3. Deficientes x Tipos de deficiência .................................................................... 26

3.6.4. A inclusão no ambiente de trabalho .................................................................. 29

4. METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................................... 39

4.1. Caracterização da Pesquisa ........................................................................................ 39

4.2. População e Amostra .................................................................................................. 40

4.3. Método de coleta, tratamento e análise dos dados ..................................................... 41

4.4. Definição constitutiva dos termos .............................................................................. 42

4.5. Definição operacional dos termos .............................................................................. 42

5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS ................................................... 43

Neste capítulo serão apresentados a definição de cooperativismo a caracterização da

empresa e os resultados da pesquisa. .................................................................................... 43

5.1 Definição de Cooperativismo e Caracterização da Empresa .......................................... 43

5.2 Resultados da Pesquisa ................................................................................................... 46

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5.2.1 Perfil dos colaboradores, gestores e demais envolvidos no processo de inclusão .. 46

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 68

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 71

APÊNDICES ........................................................................................................................... 78

ANEXOS ................................................................................................................................. 83

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Tema e problema de pesquisa

São crescentes as transformações na sociedade, se antigamente as pessoas com

deficiência eram tidas como pessoas sem capacidade de desenvolver uma atividade, hoje estão

sendo vistas pela sociedade e pelas organizações de forma contrária.

Essas mudanças, que se observam ao longo do tempo, repercutiram devido ao

desenvolvimento de leis tais como a que foi promulgada em 1988 através da Constituição

Federal do Brasil que trouxe garantias de saúde, proteção, e integração social das pessoas com

deficiência, preconizou também critérios de admissão e a não discriminação de salários e

ainda garante a reserva de um percentual de cargos públicos as pessoas com deficiência

Diante deste contexto, as organizações estão buscando capitais intelectuais cada vez

mais diversificados. Conforme Nkomo e Junior. (2006, p. 332), “a diversidade vem ganhando

notoriedade como tópico dos estudos organizacionais. A maior atenção vem de profissionais

interessados em como “administrar a diversidade”.

Segundo Caravantes (2005), as organizações podem obter muitos benefícios tirando

proveito das habilidades que os grupos diversos possuem, porém, caso elas não sejam

cuidadosas, poderão também afastar essas pessoas e perder em vez de ganhar com a força de

trabalho de características múltiplas.

Os administradores, portanto, devem se preparar para receber essa diversificação de

habilidades e sabê-la desenvolver da melhor forma possível. De acordo com Maximiano

(2006, p. 235), “as pessoas são combinações complexas de aptidões que desenvolvem e são

usadas de maneira singular. Desde que tenha motivação uma pessoa pode transformar suas

aptidões em habilidades e desenvolvê-las continuamente”.

A área de recursos humanos é responsável por estar auxiliando esses administradores

no desenvolvimento dessas diversificações de habilidades. Conforme Milkovich e Boudreau

(2000, p. 26), “pode-se dizer que os executivos e funcionários são clientes dos especialistas de

recursos humanos. Prestar serviço aos executivos das áreas operacionais é um dos papéis

primários do administrador de recursos humanos”.

Essas oportunidades de trabalho para as pessoas com deficiência não devem ser

implementadas somente devido a Lei 8.213. Conforme Barbosa (2001), as organizações

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devem implementar ferramentas gerenciais para prática da diversidade não somente para

cumprimento da lei ou porque trazem bons resultados, mas por ser uma atitude socialmente

justa e moralmente correta, significa ainda ter uma ética de igualdade que independem de

modismos ou marketing institucional.

Calcula-se que o número de pessoas com deficiência no mundo é em cerca de 610

milhões das quais 386 milhões fazem parte da população economicamente ativa. No Brasil,

segundo o censo realizado em 2000 pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística divulgado em 2002 24,6% milhões da população apresentam algum tipo de

deficiência. Além disso, 9 milhões delas estão com idade de trabalhar e 1 milhão apresenta

alguma atividade remunerada.

Conforme Pastore (2000, s.p.), “dentro de certos limites, é possível dizer que

deficiência não é um problema individual é uma decorrência social. Portanto, nada mais

indicado do que mobilizar um grosso calibre de forças sociais para melhorar as condições de

vida das pessoas com deficiência”.

Para Pereira (2004, p. 265) “a socialização é um processo através do qual pessoa e

sociedade se ajustam e interinfluenciam. A organização é apenas um dos seus palcos”. Todos

sem exceção de raça, gênero, etnia ou deficiência devem ter direito a inclusão social e ao

trabalho dentro de uma organização.

Bartalotti (2006, p. 16), comenta que “falar de inclusão social implica falar em

democratização dos espaços sociais, em crença na diversidade como valor, na sociedade para

todos. Incluir não é apenas colocar junto, e, principalmente, não é negar a diferença, mas

respeitá-la como constitutiva do humano”.

Com base no diagnóstico realizado durante a disciplina de Estágio I, observou-se a

necessidade de estar avaliando as dificuldades encontradas para contratação de profissionais

com deficiência na cooperativa Alpha, uma vez que a organização não cumpria a cota exigida

por lei e também o tema da inclusão não era divulgado e nem valorizado. De acordo com o

Instituto Ethos (2002, p.5) “a inclusão faz parte do compromisso ético de promover a

diversidade e reduzir as desigualdades sociais. Isto coloca a inclusão entre os temas mais

importantes a serem tratados pelas empresas”.

Diante disso, neste estudo tem-se a preocupação de responder o seguinte problema de

pesquisa:

“Quais os desafios encontrados pela cooperativa Alpha para inclusão das pessoas com

deficiência no ambiente de trabalho?”.

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1.2. Questões da pesquisa

Quais são as ações desenvolvidas para inclusão das pessoas com deficiência na

cooperativa Alpha?

Qual a percepção dos funcionários em relação à inclusão das pessoas com

deficiência?

Quais mudanças organizacionais necessárias para o ingresso das pessoas com

deficiência na cooperativa objeto de estudo?

Qual o perfil profissional exigido pela cooperativa Alpha para contratação das

pessoas com deficiência?

1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivo Geral

O objetivo central deste trabalho é analisar os desafios encontrados pela Alpha para

inclusão das pessoas com deficiência no ambiente de trabalho.

1.3.2. Objetivos Específicos

Reconhecer as ações desenvolvidas para inclusão das pessoas com deficiência na

cooperativa Alpha.

Identificar a percepção dos funcionários em relação à inclusão das pessoas com

deficiência.

Investigar as mudanças organizacionais necessárias para o ingresso das pessoas com

deficiência na cooperativa objeto de estudo.

Descrever o perfil profissional exigido pela cooperativa Alpha para contratação das

pessoas com deficiência.

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2. JUSTIFICATIVA

A inclusão das pessoas com deficiência vem sendo um tema, amplamente, debatido e

cada vez mais valorizado pelas empresas. Destacam-se, nesta área, estudos de Bahia (2006),

Sassaki (2006), Pastore (2000), Instituto Ethos (2002) entre outros.

Sendo assim esse estudo justifica-se tendo em vista que a cooperativa Alpha preocupa-

se com a responsabilidade social empresarial e acredita que essa postura só tende a ser

vantajosa. De acordo com Ashley (2005), a responsabilidade social é um tema em crescente

difusão e discussão no âmbito organizacional, o cenário já se alterou bastante desde a década

de 70. Com esta evolução muitos empresários já perceberam que contribuir para o bem estar

de seus funcionários, da comunidade em que atuam e promover práticas de governança e

transparência com seus stakeholders é o limiar entre as empresas que se omitem e as que

atuam positivamente em seu meio respeitando os diversos públicos que dele fazem parte.

Conforme Melo Neto (1999, p.166) “o retorno social institucional ocorre quando

consumidores privilegiam a atitude da empresa de investir em ações sociais e o desempenho

da empresa obtém o reconhecimento público”. Porém a cooperativa em estudo possui

dificuldades em buscar mais profissionais com deficiência para inclusão no mercado de

trabalho.

Diante disto constata-se que o desenvolvimento e resultado desta análise auxiliarão

para a inclusão de mais profissionais com deficiência na empresa Alpha, para que a mesma

atinja seus objetivos cumprindo a cota exigida pela Lei 8.213/1991 e seja vista como uma

empresa socialmente responsável, moralmente correta e socialmente justa por atrair esses

profissionais.

Conforme o Instituto Ethos (2002, p. 19) “a decisão de abrir postos de trabalho para

pessoas com deficiência rompe as barreiras que tradicionalmente excluem essas mesmas

pessoas do processo produtivo”. O assunto a ser tratado possui grande relevância para

organização, pois a mesma obterá informações sobre procedimentos para captação desses

profissionais e com essas informações posteriormente poderá elaborar modificações

administrativas e organizacionais que proporcionem melhorias nas relações de trabalho.

O estudo é importante também, pois não se pode excluir pessoas que são capazes de

produzir e de ter habilidades iguais as demais pessoas, ou seja, todos devem ter a

oportunidade de se desenvolverem e de demonstrarem seus talentos independente de suas

peculiaridades físicas, mentais e entre outras.

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Além do que, as empresas possuem vantagens em adotar práticas de inclusão. Com

essa atitude a empresa tende a ser vista de forma positiva perante a sociedade e perante seus

funcionários. Conforme Schwarz; Haber (2006), a empresa que decide incluir pessoas com

deficiência no seu quadro funcional obtém benefícios, como a melhora na sua imagem

institucional, ajuda na melhoria do clima organizacional e eleva também a qualidade de vida

do grupo em geral.

Por se tratar de um assunto em expansão e de crescente interesse das organizações será

de grande valia para a acadêmica o desenvolvimento de um estudo nesta área pois,

possibilitará uma percepção mais ampla á respeito do tema e também servirá de aplicação do

conhecimento teórico adquirido na universidade, especialmente no curso de Administração da

Univali na realidade organizacional.

Este tema será importante para a academia visto que não há muitos trabalhos de

conclusão de curso desenvolvidos sobre essa temática, no contexto do Campus de São José,

podendo desta forma, servir de embasamento para os demais acadêmicos que possuam

interesse no tema.

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Após o levantamento do tema e problema de pesquisa, dos obejtivos geral e

específicos e da justificativa, buscou-se diversas literaturas para fundamentar o assunto

pesquisado. Os temas referenciados foram: organizações, administração, administração de

recursos humanos, responsabilidade social, gestão da diversidade e inclusão das pessoas

com deficiência no ambiente de trabalho.

3.1. Organizações

São as organizações que realizam quase todas as atividades na sociedade.

Habitualmente, as pessoas nascem em hospitais, são educadas em escolas e trabalham em

uma organização. No entanto, sem perceber as pessoas estão inseridas dentro de organizações

desde o início de suas vidas, dessa forma, as pessoas extraem grande parte da sua satisfação

material, social e cultural das organizações. (FRANCISCO LACOMBE; GILBERTO, 2003)

Sendo assim, conforme Chiavenato (2004), a vida das pessoas é uma sucessão de

interações com outras pessoas, ou seja, o ser humano é extremamente social e interativo. Não

vive de forma isolada mais em constante convívio com seus semelhantes.

Neste sentido para Srour (2005, p. 140), “as organizações podem ser definidas como

coletividades especializadas na produção de um determinado bem ou serviço”.

Em contribuição ao texto acima Para Hesselbein (1997, p.41) “uma organização é

mais do que um conjunto de bens ou serviço, é também uma sociedade humana, e como todas

as sociedades, desenvolve formas específicas de cultura “as empresariais”.

Já para Pereira (2004, p 103), “as organizações são sistemas de pessoas, que se

associam para realizar propósitos, mediante estruturas e funções e através de processos, no

contexto humano, interorganizacional e social, e em continuidade temporal”.

Diante desse conjunto de conceitos, percebe-se que para comandar essas

organizações, é necessário que se haja uma ordem de processos a ser seguida. Caravantes

(2005, p. 387), comenta que “a organização como processo implica na distribuição de tarefas

seu agrupamento em departamentos e a alocação de recursos a eles”.

Dentre esses recursos, pode-se afirmar conforme Maximiano (2000, p. 92), que “as

pessoas são o principal recurso que as organizações utilizam para realização de seus

objetivos”.

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De acordo com Lacombe;Heilborn (2003), ao dar inicio ao estudo de qualquer

organização o ponto de partida será sempre identificar e explicitar seu objetivo, ou seja, é

preciso saber qual a razão de ser da organização, isto é, porque ela existe.

. Para finalizar, conforme Hesselbein (1997), as organizações são acima de tudo

social. São pessoas. Seu propósito deve ser o de tornar eficazes os pontos fortes das pessoas e

irrelevantes suas fraquezas, tanto para as pessoas com ou sem deficiência. Na verdade, essa é

a única tarefa que a organização pode realizar a única razão pela qual ela existe e precisamos

dela.

Os administradores de hoje, no entanto, devem possuir habilidades para saber

desenvolver os pontos positivos das pessoas e devem desafiar pressupostos e práticas

ultrapassadas para criar organizações prontas para mudanças e para uma força de trabalho

diversificada. (DAFT,1999)

Após a definição do que são as organizações é necessário saber como administrá-las,

portanto, a administração será vista a seguir.

3.2. Administração

Segundo Lacombe;Heilborn (2003, p. 35), “convivemos há séculos com a

administração; praticamos desde os primórdios da humanidade, mas dizemos que é um campo

novo. O que é novidade é a sistematização dos conhecimentos de administração e a

complexidade que atingiram no passado recente as grandes organizações”.

Para Maximiano (2000, p. 26), “administração significa em primeiro lugar ação. A

administração é um processo de tomar decisões e realizar ações que compreende quatro

processos principais interligados: planejamento, organização, execução e controle”. Conforme

Caravantes (2005, p. 385), “administração é o processo de consecução dos objetivos

organizacionais de uma maneira, eficiente, eficaz e efetiva, por meio do planejamento, da

organização, da liderança e do controle de recursos organizacionais”.

Contudo, pode-se afirmar que a administração está diretamente ligada à organização e

as pessoas que nela fazem parte. De acordo com Drucker (1998, p. 31), “a administração é o

órgão da entidade. Não tem função em si mesma, e, na verdade, não tem existência em si

mesma. A administração divorciada da entidade a que serve a administração”.

Drucker (1998), ainda comenta que existem três tarefas igualmente importantes mais

essencialmente diferentes, que colocam-se diante da administração de toda organização: a

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primeira delas é que toda entidade existe para cumprir determinada finalidade e missão, (

função social específica); a segunda tarefa do administrador é fazer com que o trabalho seja

produtivo e o trabalhador se realize; e a terceira é administrar as responsabilidades sociais da

empresa e as repercussões sociais dela derivadas.

Além dos conceitos citados acima, de acordo com Certo (2003, p. 7), pode-se afirmar

que “a administração deve sempre levar em conta a utilização dos recursos da empresa. Esses

recursos pertencem a quatro tipos básicos: humanos, monetários, matéria prima e bens de

capital”.

Como observa-se os recursos humanos estão em primeiro lugar dentro das demais

preocupações do administrador. Portanto dentre deste entendimento, Lacombe;Heilborn

(2003), assertiva que o administrador deve possuir aptidões para trabalhar com pessoas e para

obter resultados por meio dessas pessoas, encorajando a comunicação entre seus subordinados

compreendendo as necessidades e motivando os membros de cada grupo.

A administração de recursos humanos será referência do próximo tema, pois a mesma

é essencial para o desenvolvimento do potencial humano dentro de uma organização.

3.3. Administração de Recursos Humanos

Ainda que as instalações físicas, os equipamentos e os recursos sejam importantes para

as organizações as pessoas – os recursos humanos (RH) trazem o brilho da criatividade para a

empresa. As pessoas são responsáveis por estabelecer estratégias para a organização,

controlam a qualidade dos produtos e vendem os mesmos. Sem as pessoas é simplesmente

impossível para qualquer organização atingir seus objetivos. (MILKOVICH;BOUDREAU,

2000).

Segundo Marras (2000), a administração de recursos humanos surgiu da necessidade

de contabilizar os registros dos trabalhadores com ênfase obviamente nas horas trabalhadas,

faltas e atrasos, para efeitos de pagamento ou desconto. No século XIX era comum em

diversos países inclusive no Brasil o chefe de pessoal ser um sujeito inflexível, seguidor de

leis e de uma frieza incalculável. As grandes organizações, entretanto, são responsáveis pelas

primeiras mudanças, patrocinando pesquisas e estudos na área acadêmica como forma de

otimizar os resultados produtivos da organização e de valorizar posturas de comando.

Conforme Gil (2001), na década de 90 verificam-se mudanças significativas no setor

de recursos humanos decorrentes das transformações no contexto global. Em muitas

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organizações o setor de RH assumiu dimensões comparáveis a área de finanças ou de

marketing julgadas como áreas de suma importância para a organização. Neste sentido,

passou-se a exigir uma atuação mais estratégica dos administradores de recursos humanos.

Além disso as lutas em prol da responsabilidade social começaram a surtir efeito na prática

organizacional.

A administração de recursos humanos pode ser definida de acordo com Milkovich

(2000, p. 19), como “uma série de decisões integradas que formam as relações de trabalho,

sua qualidade influência diretamente a capacidade da organização e de seus empregados em

atingir seus objetivos”. Para Gil (1994, p. 13), a administração de recursos humanos “envolve

todas as ações que tem como objetivo a integração do trabalhador no contexto da organização

e o aumento de sua produtividade”.

De acordo com Chiavenato (2004, p. 138), os principais objetivos da administração de

recursos humanos são:

Criar, manter e desenvolver um contigente de pessoas com habilidades, motivação

e satisfação para realizar os objetivos da organização.

Criar, manter e desenvolver condições organizacionais de aplicação,

desenvolvimento e satisfação plena das pessoas, e alcance dos objetivos

individuais.

Alcançar eficiência e eficácia através das pessoas.

A definição dos objetivos é importante também para enumerar os processos da

área de recursos humanos. Segundo Stoner; Freeman (1999), estão classificados em sete,

entre eles pode-se citar: o planejamento de recursos humanos com ênfase no atendimento das

necessidades de pessoal; o recrutamento de candidatos combinado com o plano de recursos

humanos; a seleção de candidatos; a socialização para que os indivíduos selecionados possam

se ajustar tranquilamente à organização; o treinamento e desenvolvimento dos funcionários

para aprimorar as habilidades e preparar os empregados para supostas promoções e a

avaliação de desempenho que compara o seu desempenho com os objetivos desenvolvidos

para o cargo do indivíduo.

Diante dos processos citados pode-se observar que o planejamento de recursos

humanos influência em todos os demais processos, conforme Schermerhorn (1999), para

alcançar seu potencial máximo, qualquer organização precisa ter o tempo todo, pessoas certas

para fazer o trabalho exigido. Em termos práticos significa que todos os gerentes devem

garantir que todas as funções de sua responsabilidade estejam sempre ocupadas por pessoas

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capazes de desempenhá-la e para isso os gerentes devem ser bons em planejamento de

recursos humanos.

Contudo, após as grandes modificações que ocorreram no decorrer do tempo

surgem também novos desafios à administração de recursos humanos à competitividade

global, a necessidade de gerenciar mudanças, a explosão de novos conhecimentos na

administração de recursos humanos, questões legais e o novo empregado especializado.

(MOHRMAN; LAWLER , 1995 ).

Conforme Ulrich (2000), como a área de recursos humanos vem tornando-se cada

vez mais reconhecida, com um corpo de padrões e competências distintas, diversos

pesquisadores têm gerado inúmeras deduções do que venha a ser um bom profissional de

recursos humanos. Foi concluído, portanto, que para ser um bom profissional o administrador

de recursos humanos deve possuir as seguintes habilidades:

os profissionais de RH precisam entender de todas as demais áreas da empresa;

devem conhecer os negócios;

precisam dominar as práticas de RH baseando-se em teorias testadas á partir de

pesquisas;

devem gerenciar os processos de mudança (o profissional de RH precisa ser capaz de

planejar um processo de mudança);

precisam criar culturas e locais de trabalho que desenvolvam a capacidade individual,

ou seja, os profissionais devem aumentar o capital intelectual humano e

comprometimento com a empresa; e,

precisam demonstrar credibilidade pessoal (os profissionais de RH devem ser

confiáveis).

Focando as pessoas como o recurso mais importante para a organização e também

para a administração de recursos humanos os profissionais de RH precisam possuir

habilidades não só para lidar com que se já está habituado mais também com o novo e o

diferente. Conforme Chiavenato (2004, p. 61), “as diferenças individuais estão em alta assim

como a diversidade nas organizações, a razão é simples quanto maior a diferenciação das

pessoas, tanto maior seu potencial de criatividade e inovação”. A promoção da diversidade

são práticas adotadas também pela responsabilidade social empresarial, entretanto, esta será a

próxima proposição a ser tratada.

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3.4. Responsabilidade Social

De acordo com Maximiano (2006) a responsabilidade social das organizações e o

comportamento ético dos administradores estão entre as tendências mais importantes que

influenciam a teoria e a prática da administração no terceiro milênio. A discussão sobre a

responsabilidade social é antiga e acentuou-se devido a problemas como poluição, corrupção,

desemprego e proteção dos consumidores, entre tantos outros temas polêmicos que envolvem

as organizações.

Segundo Ashley (2006), o conceito de responsabilidade social é cercado de debates

filosóficos sobre o dever das corporações de promover o desenvolvimento social, passou a ser

acompanhado na década de 70, do termo responsividade social. A partir desse conceito, já

havia a necessidade de construir ferramentas teóricas que pudessem ser testadas e aplicadas

no meio empresarial.

O conceito de responsabilidade social para Schermerhorn (1999, p. 78), “é definido

como uma obrigação da organização de atuar em modos que sirvam tanto a seus próprios

interesses quanto aos seus diversos públicos externos”.

Conforme Instituto Ethos (2003), a responsabilidade social está além do que a empresa

deve fazer por obrigação legal. A relação e os projetos com a comunidade são elementos

fundamentais para a prática de responsabilidade social, mas além de tais práticas é necessário

incorporar critérios de responsabilidade social na gestão estratégica do negócio e traduzir as

políticas de inclusão social e de promoção da diversidade.

Para administração da responsabilidade social no contexto das organizações é de suma

importância que sejam identificados e priorizados os problemas e analisados os dados

disponíveis através de pesquisas sociais. Logo após deve-se analisar os indicadores sociais,

definir os objetivos e metas, escolher os alvos estratégicos, definir as estratégias e

implementar a avaliação. (MELO NETO, 1999)

Neste sentido conforme Certo (2003, p. 60), “planejar as atividades de

responsabilidade social implica na determinação de como a empresa atingirá seus objetivos de

responsabilidade social e de como chegará ao ponto que deseja na área de responsabilidade

social”. Portanto o caminho para uma sociedade sustentável requer uma nova perspectiva

sobre os impactos das decisões e ações de todos os agentes sociais, associados aos negócios

de uma organização empresarial. Tal aspecto indica alguns desafios: o primeiro deles é a

avaliação de desempenho a avaliação pode ser feita através de um diálogo com os

“stakeholders”, o segundo desafio é transcender as fronteiras da empresa, ou seja, é preciso

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adotar novas premissas buscando a responsabilidade social de todos os indivíduos,

considerando o poder de compra dos mesmos e o terceiro desafio é a transparência

organizacional, pois as empresas devem construir relações de confiança, incentivar e adotar

parcerias que agreguem valor mutuamente e tomar decisões empresarias considerando

aspectos ambientais e sociais. (ASCHLEY, 2006)

Para finalizar, de acordo com Instituto Ethos (2000), o cenário de aceleradas

mudanças, impõe as empresas novos desafios e demandas. Com meio a isso produtividade,

competitividade e compromisso social são exigências que estão entre requisitos para o

sucesso e sustentabilidade nos negócios, nota-se que promover a diversidade nas organizações

é uma das práticas que promove o avanço das empresas socialmente responsáveis.

3.5. Gestão da Diversidade

O cenário de aceleradas mudanças que caracteriza o mundo nesta virada de século

impõe as empresas novos desafios. Produtividade, competitividade e compromisso social são

exigências que estão na ordem do dia como requisitos básicos para sustentabilidade dos

negócios. Portanto torna-se cada vez mais evidente para as empresas a importância de tratar a

diversidade com primazia em sua agenda de responsabilidade social e de considerá-la um

tema decisivo para seu desempenho organizacional. (INSTITUTO ETHOS, 2000)

De acordo com Bahia (2006, p. 6), “a busca de oportunidades iguais e de respeito à

dignidade de todas as pessoas traz para as relações humanas a noção de diversidade de modo

a representar um princípio básico de cidadania, que visa assegurar a cada pessoa condições de

pleno desenvolvimento de seus talentos e potencialidades”.

Nkomo e Junior (2006, p. 333), definem diversidade como “um misto de pessoas com

identidades grupais diferentes dentro do mesmo sistema social”. De acordo com Maximiano,

(2006) o mundo seria muito homogêneo se todos fossem uns iguais aos outros como um

imenso “formigueiro humano”. As pessoas não conseguiriam se distinguir umas das outras.

Pode-se dizer, portanto, que somos todos similares e diferentes ao mesmo tempo, pois todos

somos seres humanos com direitos iguais, porém com características diferenciadas.

Daft (2006), ressalta, que a diversidade da força de trabalho significa uma força de

trabalho inclusiva composta de pessoas com qualidades humanas diferentes ou que pertençam

a vários grupos culturais. Do ponto de vista dos indivíduos, diversidade significa incluir

pessoas diferentes delas mesmas ao longo das dimensões como idade, etnia, gênero ou raça. È

importante ressaltar que a diversidade inclui todos, não apenas a minoria.

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Dentro desse contexto pode-se afirmar que a diversidade não é tão somente

fundamentada por estudos recentes, é caracterizada por profundas mudanças e por uma

estrutura marcada por condutas discriminatórias onde revelam traços herdados referentes ao

processo de formação do País entre eles pode-se citar:

A colonização européia que promoveu em larga escala, o extermínio das

populações indígenas que habitavam o Brasil;

A escravidão negra, base da economia da colônia e do império nos séculos

XVIII e XIX, também deixou cicatrizes que ainda repercutem nas

desigualdades e nos preconceitos existentes no País;e,

A questão também do gênero e o papel destinado ás mulheres remontam á

tradição patriarcal da família brasileira que legou ao gênero feminino uma

condição de subordinação apenas alterada. (BAHIA, 2006)

Conforme Instituto Ethos (2000, p. 15), “de um total estimado em 6 milhões de

pessoas no século XVI, os povos indígenas foram reduzidos a um contingente que soma hoje

350 mil remanescentes que conseguiram preservar suas línguas e costumes”.

Historicamente a relação formal do Brasil com a população indígena foi estabelecida

pelo Código Civil, de 1916, em vigor até o ano 2000, que considerava estes povos patrimônio

histórico, sem capacidades morais e intelectuais. Esta concepção equivocada sempre foi alvo

de grandes protestos nacionais e internacionais, da parte dos próprios indígenas, de militantes

dos direitos civis, de pesquisadores e de juristas e revelava uma postura racista, intolerável e

incontornável na produção de políticas públicas democráticas e inclusivas. (CONFERÊNCIA

NACIONAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL, 2005)

De acordo com o Instituto Ethos (2000), deve-se declarar que o final da escravidão

não aboliu ás práticas e valores da sociedade. Após a libertação, os negros livres

permaneceram, de modo geral, ocupando as posições mais subalternas e não tiveram

condições de disputar as oportunidades de trabalho oferecidas pela economia do início da

República, na maioria destinadas às novas levas de imigrantes europeus. Esse foi um fator

determinante para que, no presente, os negros permaneçam como o principal contingente das

camadas pobres do país, reafirmando o estigma da servidão do passado. De acordo com dados

do IBGE (2002), os negros pobres somavam 44,8% do total da população negra enquanto que

os não-negros pobres somavam apenas 20,9% do total da população não negra.

De acordo com Bahia (2006), a área de trabalho do movimento negro vem ganhando

destaque tendo em vista que é uma das áreas em que as queixas de discriminação são

numerosas. Na década de 80 esses estudos intensificaram-se destacando alguns trabalhos

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como o de Hasembalg (1979), Chaia (1988), Porcaro e Araújo (1988), Carneiro e Santos

(1985).

Porém, conforme Alvis; Silva apud Soares (2004, p. 23), “apenas nos anos 1990 os

governantes brasileiros reconheceram a discriminação de negros no mercado de trabalho

como um problema social, a partir da luta dos movimentos sociais por políticas de ação

afirmativa”.

Além das práticas discriminatórias citadas em relação aos indígenas e aos negros,

quando se examina a história brasileira em relação ao gênero e o papel destinado às mulheres,

constata-se que a tradição das famílias brasileiras legou ao gênero feminino uma condição de

subordinação que só nas décadas mais recentes tem sido alterada. A inferiorização das

mulheres se manifesta em diferentes esferas da vida, especialmente nas relações de trabalho.

(INSTITUTO ETHOS, 2000). Segundo dados do IBGE, em 1981 as mulheres correspondiam

a 31,3% do total de trabalhadores. Em 1997, ás 30,4 milhões de mulheres que trabalhavam já

representavam 40,4% do total da população economicamente ativa.

A discriminação por gênero ocorre quando pessoas igualmente produtivas

prestam serviços ao mercado de trabalho, mas são tratadas de forma

diferenciada devido ao seu gênero. Desigualdade significa que estas pessoas

recebem salários diferentes pelo mesmo trabalho realizado, ou se deparam

com exigências diferentes no serviço prestado a um mesmo nível salarial.

(SON; KAKWANI, 2008 s.p.)

As políticas de igualdade, bem como as ações afirmativas, podem corrigir, portanto

essas desigualdades e contribuir para utilização de todo o potencial da mão de obra feminina

e influir: nas áreas de discriminação, no acesso ao emprego, aos postos de trabalho com

maiores responsabilidades e aos postos mais qualificados. (BENTO, 2000)

Pode-se dizer, portanto, que essas desigualdades datadas até nos tempos mais

remotos surgiram de estereótipos criados como o preconceito (idéias preconcebidas ou

intolerância a outras raças) e da discriminação (tratamento preconceituoso dado a um

indivíduo). È importante estabelecer a diferença entre preconceitos e discriminação

justamente porque eles ensejam diferentes ações na busca da igualdade. Uma ação educativa

e persuasiva pode contribuir para a diminuição do preconceito e para a revisão dos

estereótipos, levando a valorização das diferenças e da diversidade. Já nos casos de

discriminação, entretanto, por se tratar de prática, há de se usar também dispositivos legais

ou não se terá alteração no quadro das desigualdades. (BENTO, 2000)

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Um levantamento em 1997 registrou a existência no país de 26 medidas legislativas

federais relacionadas ao racismo e a discriminação, além de outras quatrocentas de âmbitos

estaduais e municipais. O Brasil, no entanto, é signatário, desde 1965, da Convenção n° 111

da OIT (Organização Internacional do trabalho) onde diz que “toda distinção, exclusão ou

preferência fundada na raça, cor, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou

origem social que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou

tratamento em matéria de emprego ou profissão.” O país também assinou outros acordos

internacionais entre eles podemos destacar: a Convenção n° 100 sobre Igualdade da

Remuneração da Mão de Obra feminina por um trabalho de igual valor, de 1951; a

Convenção da ONU de todas as formas de discriminação Racial, de 1966; a Convenção da

ONU sobre eliminação de todas as formas contra discriminação a Mulher, de 1979; a

Convenção n° 169 sobre os direitos dos povos indígenas e tribais, de 1998 e a Convenção n°

159 que assegura por lei a reserva de percentual dos cargos e empregos públicos para as

pessoas portadoras de deficiência, de 1988. (INSTITUTO ETHOS, 2000)

Conforme Bento (2000), o movimento sindical também tem tido um importante papel

nessa etapa ao produzir um modelo básico de “cláusulas de promoção da igualdade” que já

está servindo de parâmetro para a introdução e negociação de cláusulas em acordos e

convenções coletivas de trabalho.

Diante da tendência de disponibilidades cada vez maior dos recursos

tecnológicos, a vantagem competitiva de uma empresa será determinada pela

qualidade da relação que ela mantém com as pessoas, interna e

externamente. E essa qualidade está diretamente relacionada ao problema da

inclusão e exclusão de diferentes grupos sociais, com suas múltiplas

culturas, visões de mundo e estilos de trabalho. (INSTITUTO ETHOS, 2000

p. 25)

No mundo dos negócios as ações afirmativas e a diversidade são consideradas como

mais um instrumento eficaz de gestão de recursos humanos. São reavaliadas como medidas

com a finalidade de descobrir o potencial dos trabalhadores, aumentar a eficácia, o entusiasmo

e a satisfação no trabalho, conseguindo proporcionar também acréscimos no melhoramento da

eficiência econômica da própria organização. (BENTO, 2000)

Estudos realizados pela OIT (2002) revelam que as empresas consideram a

diversidade como:

Valor, capaz de transformar a cultura organizacional e preparar a organização

para a complexidade de uma economia globalizada;

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Oportunidade de caráter econômico, capaz não apenas de criar proximidade

entre a empresa e as suas partes interessadas como também de construir

vantagens competitivas pela via da criação do inesperado

Elemento de composição da imagem organizacional; e

Política de conduta corporativa, que coíbe a discriminação.

Para as empresas brasileiras a importância de abordar a diversidade como prioridade

em sua agenda de responsabilidade social e de considerá-la um dos temas decisivos para seu

desempenho é cada vez mais perceptível, porém, as ações efetivas para sua promoção ainda

se encontram em estágios iniciais. O assunto é um dos principais desafios das organizações

modernas, lidar com a diversidade, isto é, com as diferenças em termos de raça, etnia, sexo,

e demais pessoas que fujam da norma convencional, tais como pessoas com deficiência.

(BAHIA, 2006)

Conforme Milkovich e Boudreau (2000), uma organização que valoriza a

diversidade cria um ambiente que respeita e apóia os empregados com formação não

tradicional de forma que eles possam contribuir com todo o seu potencial. Um contingente

de pessoal mais diversificado e abrangente dá á organização uma base de experiência mais

ampla e rica. Ainda pode-se afirmar que a diversidade pode proporcionar um ambiente

muito mais rico, uma variedade maior de pontos de vista e maior produtividade.

As vantagens da aplicação de políticas de gestão da diversidade de acordo com o

Instituto Ethos, 2000 são inúmeras entre elas pode-se citar:

As empresas com uma mão de obra diversificada têm melhores condições de

colocar seus produtos e serviços no mercado atendendo a consumidores cada vez

mais diferenciados.

Diversos estudos de âmbito internacional já indicaram que os programas de

diversidade influem positivamente no bom desempenho financeiro da empresa.

Os programas de diversidade também têm sido um fator diferencial para muitas

empresas na atração de novos investidores.

A experiência de várias empresas mostra que a atenção á diversidade pode

conduzir a uma redução de troca de mão de obra.

Um ambiente baseado na diversidade tende a ser mais estimulante e produtivo,

favorecendo a elaboração de novos projetos e soluções.

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Quando se constata que a valoração da diversidade é uma macrotendência

verificável nos mais diferentes países, percebe-se a importância estratégica de

praticá-la internamente.

Na medida em que um estímulo á diversidade representa um esforço a expressão

de talentos e potencialidades individuais, ele torna a empresa mais bem capacitada

para avaliar e promover seus empregados tendo por base sua efetiva competência.

Um ambiente de discriminação pode reprimir talentos e comprometer a capacidade

da empresa de reconhecer adequadamente o desempenho de seus funcionários e

dirigentes.

Para Bahia (2006), considerar a diversidade no ambiente de trabalho como algo que

implica conjugar oportunidades para as empresas com expectativas sociais, o que requer, ao

mesmo tempo preparo e monitoramento durante o processo de aprendizagem e

implementação de programas com esse escopo estão entre os desafios encontrados pelos

administradores para gerir a diversidade nas organizações.

Entre tantos temas abordados em relação á diversidade, as pessoas com deficiência são

foco principal desse estudo, visto que os mesmos são vítimas de obstáculos e dificuldades

para o acesso e permanência no mercado de trabalho. (INSTITUTO ETHOS, 2000). Portanto

o próximo tema a ser abordado será a inclusão das pessoas com deficiência no ambiente de

trabalho.

3.6. A inclusão de pessoas com deficiência no ambiente de trabalho

3.6.1. A legislação e o histórico Mundial e Brasileiro das pessoas com deficiência

Há algumas décadas a sociedade acreditava que a pessoa que possuísse algum tipo de

deficiência, como incapacidade de movimentar-se, limitações para enxergar, ouvir ou falar

teria uma vida de completa falta de perspectiva e de possibilidades reduzidas. (SCHWARZ;

HABER, 2006)

Conforme Bahia (2006), na idade antiga a deficiência era comparada a um fardo ou à

morte. Havia duas atribuições que sempre foram relacionadas às pessoas com deficiência: a

idéia de castigo ou a de possuir poderes sobrenaturais. Também para as religiões às pessoas

com deficiência eram vistas como: a desgraça ou com a obtenção de poderes sobrenaturais.

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Das civilizações antigas podem ser citadas como exemplo:

Egito antigo, onde as deficiências eram vistas como males;

hebreus, para quem as deficiências eram sinônimos de impurezas e/ou pecado.

Este povo caracterizou-se pela explicitação de preconceitos e discriminação

para com as pessoas que possuíam alguma deficiência;

civilizações grega, para a qual aquelas pessoas que tinham alguma deficiência

eram dotadas de poderes de adivinhação. A população grega destacou-se,

também pela prática de eliminação das crianças com deficiência;

civilização romana, povo que considerou a deficiência como sinal de

monstruosidade. Civilização que teve a esmola como um negócio, bem como a

deficiência como um castigo e/ou punição.

Segundo Bartalotti (2006), na Antiguidade e na Idade Média, a compreensão sobre a

deficiência estava ligada ao sobrenatural. Vistas como pessoas demoníacas esses eram

eliminados, pelo sacrifício de sua vida ou pelo abandono, que acabava também consistindo

em uma sentença de morte. A deficiência então era algo que não fazia parte do convívio

humano. Construir locais para confinar pessoas consideradas indesejadas para o convívio

social foi uma das estratégias dessa época que permaneceu durante muito tempo. (CORRER,

2003)

O renascimento foi considerado o começo do pensamento científico pelo humanismo,

traz, através da expressão artística, a representação das pessoas com deficiência. Porém, a

imagem das pessoas com deficiência como um ser pobre, incapaz, improdutivo e dotado de

poderes sobrenaturais ainda é veiculada nessas obras de arte.(BAHIA, 2006)

Contudo o período do renascimento foi palco também de novos avanços do

conhecimento na área da medicina, o que fortaleceu a tese da organicidade (as deficiências

são causadas por fatores naturais e não por fatores espirituais), ampliando a compreensão de

deficiência. A tese do desenvolvimento por meio da estimulação se transformou, embora

lentamente, em ações de ensino, se desenvolvendo definitivamente, somente a partir do século

XVIII. (SCHWARZ; HABER, 2006)

O final da segunda guerra mundial também marcou o início de uma preocupação com

pessoas com deficiência porque com o final da guerra restaram famílias órfãs, um caos

econômico e um grande número de soldados mutilados, ou seja, os indivíduos tornaram-se

pessoas com deficiências motoras sensoriais e intelectuais, portanto eis que surge nessa época

tecnologias assistivas e técnicas especializadas, objetivando colaborar com a reabilitação,

readaptação e reintegração dos indivíduos com alguma deficiência em todos os setores da

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vida. No entanto, foi somente em 1945 que a fundação da Organização das Nações Unidas

deu início ao processo de integração social das pessoas com deficiência. (BAHIA, 2006)

Em dezembro de 1948, foi adotada e proclamada pela resolução 217 pela assembléia

geral das Nações Unidas que estabelece no seu art. 23, “Toda pessoa tem direito ao trabalho, á

livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e a proteção contra o

desemprego”. (ONU, 1948). Este documento foi considerado como um marco na história

tanto para pessoas com ou sem deficiência.

Em 09 de dezembro de 1975, a ONU aprovou a Declaração dos Direitos das Pessoas

com Deficiência, defendendo o direito inerente dessas pessoas ao respeito por sua dignidade e

o de ter suas necessidades levadas em consideração em todos os estágios do planejamento

socioeconômico.(INSTITUTO ETHOS, 2002 p. 15)

De acordo com Gil, (2005, s.p.), “a partir dos anos 80 os movimentos mundiais de luta

pelos direitos humanos se intensificaram, adotando como bandeira a garantia de direitos

plenos a todos os cidadãos, independente de raça, religião ou deficiência”.

O ano de 1981 foi declarado pela ONU como o Ano Internacional das Pessoas com

Deficiência cujo lema foi “Participação Plena e Igualdade”. A declaração teve tanta

repercussão que o período de 1983 a 1992 foi dedicado a este importante segmento da

população. Conforme Instituto Ethos (2002, p. 15) “no campo do trabalho, a legislação

avançou a partir da Convenção de 159 da OIT de 1983, que estabeleceu definições mais

precisas sobre a deficiência nesse âmbito”.

Pode observar-se também neste período o início de uma preocupação com a qualidade

de vida e o bem estar das pessoas com deficiência. Registra-se, portanto a ruptura de um

paradigma de exclusão de pessoas com deficiência. (BAHIA, 2006)

Para melhor entendimento, a legislação internacional para pessoas com deficiência

ocorreu da seguinte forma:

Em 1980 foi estabelecida a década internacional das Pessoas Deficientes

Em 1981 foi adotado pela ONU como o ano Internacional das Pessoas

Deficientes

Em 1983 foi elaborada a convenção 159 da OIT

Em 1990 foi aplicado a ADA (Lei dos Deficientes no Estados Unidos),

aplicável a toda empresa com mais de quinze empregados

Em 1992 Estabelecida a data de 3 de dezembro como Dia Internacional da

Pessoas Portadoras de Deficiência da ONU

Em 1994 Declaração de Salamanca (Espanha), tratando da educação especial

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Em 1995 A Inglaterra aprova legislação semelhante para as empresas com

mais de vinte empregados

Em 1997 Tratado de Amsterdã em que a União Européia se compromete a

facilitar a inserção e permanência das pessoas com deficiência no mercado de

trabalho

Em 1999 promulgada na Guatemala a Convenção Interamericana para a

Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras

de Deficiência

Em 2002 foi realizado em março o Congresso Europeu sobre Deficiência, em

Madri que estabeleceu 2003 como o Ano Europeu das Pessoas com

Deficiência. (INSTITUTO ETHOS, 2002)

No Brasil com o governo Getúlio Vargas começou-se a pensar numa participação mais

efetiva das pessoas com deficiência na sociedade, no que tange a educação, reabilitação,

profissionalismo e inserção no mercado de trabalho. As mudanças na relação capital x

trabalho constituem um marco importante também neste período, pois foi nele que surgiu a

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que possuíam as primeiras políticas

assistencialistas para as pessoas com deficiência. Nos anos 50 com o governo de Juscelino

Kubitschek o Brasil passou a viver uma fase de desenvolvimento pleno com uma indústria

voltada para a produção de bens e consumo, este período é marcado como o surto

desenvolvimentalista pela implantação de várias indústrias como multinacionais e

automobilísticas e pelo surgimento de empregos que por sua vez criou a possibilidade de

compatibilizar às potencialidades das pessoas com alguma deficiência.(BAHIA, 2006)

Porém, posteriormente houve o período do asilismo que esteve presente no Brasil e

sua marca residia nos antigos manicômios, em que as pessoas vistas como “diferentes” eram

excluídas (loucos, deficientes mentais e indigentes), eram medicalizadas e esquecidas da vida

em sociedade. ( GIL, 2005)

Em seguida começa se empregar a prática do assistencialismo em que as pessoas com

deficiência são reconhecidas como seres com necessidades, porém marcadas pelo estigma da

dificuldade e da impossibilidade. Foi-lhes concedido o direito a vários serviços de

reabilitação, educação e trabalho, sempre em ambientes protegidos, e feitos especialmente

para elas. A palavra de ordem é proteção e piedade em relação à deficiência. (GIL, 2005)

“Evoluindo um pouco mais no que diz respeito a questão do trabalho para pessoas com

deficiência o período seguinte foi o da integração”.(BAHIA, 2006 p. 21)

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Porém a integração segundo Sassaki (2006), não era suficiente para acabar com a

discriminação que havia com esse segmento da população tão pouco para propiciar a

participação plena com igualdade de oportunidade, pois a integração consisti no esforço de

inserir na sociedade pessoas com deficiência que alcançaram um nível de competência

compatível com os padrões sociais vigentes.

O modelo médico considerado também como uma prática inclusivista, ocasionou

grande impacto para as pessoas com deficiência, pois o mesmo era responsável em parte, pela

resistência da sociedade em aceitar a necessidade de mudar suas estruturas e atitudes para

incluir as pessoas com deficiência. O modelo médico tenta melhorar as pessoas com

deficiência para adequá-las aos padrões da sociedade.(SASSAKI, 2006)

Em 1979 no Brasil portanto, emergiram movimentos em defesa dos direitos com as

pessoas com deficiência. Surge a partir daí o conceito de “equiparação de oportunidades” que

significa tornar acessível para qualquer pessoa todos os sistemas gerais da sociedade.

(BAHIA, 2006)

Foi no ano de 1988 com a Convenção 159 da Organização Internacional do Trabalho

(OIT) no art. 37, VII, que foi assegurado por lei a reserva de percentual dos cargos e

empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência.

Conforme Instituto Ethos (2002), a legislação no Brasil ocorreu da seguinte forma:

Em 1989 surgiu a Elaboração da Lei n° 7.853 que referendou a Convenção 159

da OIT. Essa lei definiu os direitos das pessoas com deficiência, disciplinou a

atuação do Ministério Publico e criou a Corde (Coordenadoria Nacional para

Integração das Pessoas Portadoras de Deficiência).

Em 1991 foi criado a Lei n° 8.213 que estabeleu cotas de contratação para

empresas privadas com mais de cem funcionários. Dispõe também sobre os

planos de Benefícios de Previdência Social.

Em 1999 teve a Edição do Decreto n° 7.853. Fixou uma política Nacional para

a Integração de Pessoas Portadoras de Deficiência no mercado de trabalho e na

sociedade. Traz a conceituação de deficiência e fixa os parâmetros de avaliação

da deficiência física, auditiva, visual, mental e múltipla.

Em 2000 foi Sancionada a Lei n° 10.098, que estabeleu normas e critérios

básicos para a promoção de acessibilidade das pessoas portadoras de

deficiência ou com mobilidade reduzida.

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E é então na década de 90 que surge o paradigma da inclusão. Inicia-se então, um

período em que já se pode ver, crescer e fortalecer a mentalidade mais compatível com os

tempos atuais (BAHIA , 2006).

As práticas inclusivistas diferem das práticas integradoras, portanto este será o

próximo tema a ser exposto neste estudo.

3.6.2. Integração x Inclusão

A idéia da integração social é considerada como uma prática pré-inclusivista e surgiu

para derrubar a prática da exclusão social que foram submetidas as pessoas com deficiência

por vários séculos. (SASSAKI, 2006). Segundo Bartalotti (2006), a exclusão nasce de uma

ordem social legitimada por valores, ela é fruto das formas de organização da sociedade e das

maneiras que se estabelecem as relações entre as pessoas.

Conforme Sassaki (2006), a partir da década de 60, o movimento pela integração

social começou a procurar inserir as pessoas com deficiência nos sistemas sociais gerais,

como a educação, o trabalho a família e o lazer. Essa abordagem teve certos princípios e

processos que impulsionaram a integração que examinaremos a seguir:

O princípio da normalização por volta da década de 70 é o primeiro deles e

tinha como pressuposto básico a idéia de que toda pessoa portadora de

deficiência, especialmente aquela portadora de deficiência mental, tem o

direito de experienciar um estilo ou padrão de vida que seria normal ou

comum à sua própria cultura.

Adentrando a década de 80 e avançando um pouco mais na tentativa de

integração, na área de educação especial, desenvolveu o princípio de

mainstreaming, o que significa levar os alunos o mais possível para os

serviços educacionais disponíveis na corrente principal da comunidade.

Ainda de acordo com Sassaki (2006), a integração social tem o mérito de inserir as

pessoas com deficiência na sociedade, mas desde que ela esteja de alguma forma capacitada a

superar as barreiras físicas, programáticas e atitudinais nela existente. Hoje entendemos que a

tão defendida e almejada prática da integração ocorreu e ainda ocorre de três formas, porém,

nenhuma dessas formas de integração social satisfaz plenamente os direitos de todas as

pessoas com deficiência, pois a integração pouco ou nada exige da sociedade em termos de

modificações de atitudes, espaços físicos, de objetos e de práticas sociais.As três formas são:

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Pela inserção pura e simples daquelas pessoas com deficiência que

conseguiram por méritos profissionais ou pessoais, utilizar os espaços físicos

sem nenhuma modificação por parte da sociedade.

Pela inserção que necessitavam alguma adaptação específica no espaço físico

comum ou no procedimento da atividade comum a fim de poderem, só então,

estudar, trabalhar, ter lazer enfim conviver com pessoas não-deficientes.

Pela inserção de pessoas com deficiência em ambientes separados dentro dos

sistemas gerais.Por exemplo: escola especial junto à comunidade; classe

especial numa escola comum; setor separado dentro de uma empresa comum

etc.Está forma de integração, mesmo com todos os méritos não deixa de ser

segregativa.

Conforme Lorentz (2006), na etimologia a palavra “inserção” vem de “inserir” com

gênese no latim insertione, significando “pôr em”, “introduzir”, “intercalar”; e, a palavra

“integração”, etimologicamente vem do latim integrare, que advém do verbo “entegrar” e

significa “reparar”, “repor em bom estado”, “restituir ao estado primitivo”, “repor”. A

integração, entretanto, indica um novo tratamento a pessoas com deficiência, porém, ainda

implica no estigma de que é necessário primeiro “consertar” essas pessoas para só depois

admiti-las no convívio social.

Contudo, como a prática integradora não tornou-se completa pelo motivo das pessoas

com deficiência terem de se modificar e adaptar-se para inserção na sociedade e a sociedade

praticamente nada fazer para receber tais pessoas, surgiu o movimento da inclusão para

complementar a prática da integração.

A inclusão social, no entanto, tem sido um tema amplamente debatido e estudado sob

as mais diversas óticas, geralmente contraposto a noção da exclusão social e entendido como

um direito, só falamos em inclusão porque identificamos situações como sendo de exclusão e,

mais do que isso porque a exclusão é definida como algo desvantajoso, algo que fere a

dignidade humana.(BARTALOTTI, 2006)

Etimologicamente o termo inclusão vem do latim inclusione, que significa

“ato de prender”, “prisão” e também pertence à família da palavra clave, ou

“chave”, significando “pôr a pessoa dentro da chave”, “encerrar”,

“encaixar”, “fechar alguém ou qualquer coisa”. Pela visão da etimologia fica

claro que inclusão tem o sentido de tirar alguém de um espaço para colocá-lo

em outro, que estava trancado à chave, ou seja, tem o senso de alteração de

uma determinação situação. (LORENTZ, 2006, p. 196)

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Sassaki (2006), conceitua inclusão como o processo pelo qual a sociedade se adapta

para poder incluir, em seus sistemas sociais, pessoas com necessidades especiais e, em

paralelo as pessoas com deficiência preparam-se para assumir seus papéis na sociedade. A

inclusão social constitui um processo bilateral no qual as pessoas ainda excluídas, e a

sociedade buscam, em parceria equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a

equiparação de oportunidades para todos. Os praticantes da inclusão baseiam-se no modelo

social da deficiência. Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada a partir

do entendimento de que ela é que precisa ser capaz de atender às necessidades de seus

membros.

Mas porque fala-se em sociedade inclusiva para essa parcela da população? Porque

trata-se aqui de algo que traz estranhamento que a diferença e a deficiência provoca, dos

sentimentos e ações que são desencadeados ao nos confrontarmos com aquilo que nos é

desconhecido, ou que é conhecido a partir de concepções estereotipadas. Portanto precisa-se

compreender o preconceito tal estranhamento à respeito da diferença. (BARTALOTTI, 2006)

De acordo com Crochik (1997, p. 18), “o preconceito diz respeito a um mecanismo

desenvolvido pelo indivíduo para poder se defender de ameaças imaginárias, e assim é um

falseamento da realidade, a qual o indivíduo foi impedido de enxergar”.

Para que se possa compreender melhor a relação de preconceito com deficiência, faz-

se necessário entender o que tornaria o outro um estranho, um diferente. Assim o outro é

considerado diferente, estranho, pois há parâmetros socialmente aceitos que definem o que é

de certa forma igual, ou melhor dizendo, o que se está dentro dos limites aceitáveis de

diferença. O confronto com a diferença significa, então, desencadeiamento de um sentimento

de emoção (medo, pena, compaixão) que por sua vez provoca uma disposição afetiva em

relação ao diferente. Temos então alguém que se depara com o outro nele e percebe uma

diferença, que de alguma forma, desestabiliza, pois contraria aquilo que é considerado o

padrão, o perfeito, contraria aquilo que é esperado. (BARTALOTTI, 2006)

O Instituto Ethos (2002), afirma que para incluir pessoas com deficiência é preciso

saber lidar com preconceito decorrente da falta de informação. È preciso reconhecer que o

preconceito e a diferença existem para começar a superá-los, portanto, conviver com

indivíduos diferentes, como as pessoas com deficiência, contribui para o avanço desse

processo. Isso não é pouca coisa, visto que o preconceito está presente na origem de quase

todas as situações de violência da vida contemporânea.

A inclusão social, no entanto, é um processo que contribui para a construção de um

novo tipo de sociedade através de transformações pequenas e grande, nos ambientes físicos e

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na mentalidade de todas as pessoas, portanto também da própria pessoa com necessidades

especiais. (SASSAKI, 2006)

A seguir serão demonstrados as principais diferenças dos paradigmas da Inclusão e

Integração social conforme Werneck (2003):

Inclusão Integração

Inserção total e incondicional (crianças com

deficiência não precisam se preparar para ir à

escola regular

Inserção parcial e condicional (crianças “se

preparam” em escolas ou classes especiais para

poderem freqüentar escolas ou classes regulares)

Exige rupturas nos sistemas Pede concessões aos sistemas

Mudanças que beneficiam toda e qualquer pessoa

(não se sabe quem ganha, TODAS ganham).

Mudanças visando prioritariamente a pessoas com

deficiência (consolida a idéia de que elas

“ganham” mais.

Exige transformações profundas. Contenta-se com transformações superficiais.

Sociedade se adapta para atender às necessidades

das pessoas com deficiência e, com isso, se torna

mais atenta às necessidades de TODOS.

Pessoas com deficiência se adaptam às realidades

dos modelos que já existem na sociedade, que faz

apenas ajustes.

Defende o direito de TODAS as pessoas, com e

sem deficiência.

Defende o direito das pessoas com deficiência.

Traz para dentro dos sistemas o grupo de

“excluídos” e paralelamente, transforma esses

sistemas para que se tornem de qualidade para

TODOS.

Insere nos sistemas os grupos de “excluídos que

provarem estar aptos”(sob este aspecto, as cotas

podem ser questionadas como promotoras da

inclusão).

O adjetivo “inclusivo” é usado quando se busca

qualidade para TODAS as pessoas com e sem

deficiência (escola inclusiva, trabalho inclusivo,

lazer inclusivo etc).

O adjetivo “integrador” é usado quando se busca

qualidade nas estruturas que atendem apenas às

pessoas com deficiência consideradas aptas (escola

integradora, empresa integradora)

Valoriza a individualidade das pessoas com

deficiência (pessoas com deficiência podem ou

não ser bons funcionários, podem ou não ser

carinhosos etc.)

Como reflexo de um pensamento integrador cita a

tendência a tratar pessoas com deficiência como

um bloco homogêneo (exemplo: surdos se

concentram melhor, cegos são bons massagistas).

Não quer disfarçar as limitações, porque elas são

reais.

Tende a disfarçar as limitações para aumentar as

chances de inserção.

Não se caracteriza apenas pela presença de pessoas

com e sem deficiência em um mesmo ambiente.

A simples presença física de pessoas com e sem

deficiência em um mesmo ambiente tende a ser o

suficiente para o uso do adjetivo “integrador”.

A partir da certeza de que TODOS somos

diferentes não existem “os especiais”, o que existe

são pessoas com deficiência.

Incentiva pessoas com deficiência a seguir

modelos, não valorizando, por exemplo, outras

formas de comunicação a Libras. Seríamos um

bloco majoritário e homogêneo de pessoas sem

deficiência rodeadas pelas que apresentam

diferenças.

Quadro 1: As principais diferenças entre integração e inclusão Fonte: WERNECK (2003, p. 52-53)

Enquanto processos sociais, a integração e a inclusão são ambos muito importantes. O

que todos desejamos é atingir a meta de uma sociedade inclusiva. Para tanto o processo de

integração terá uma parte decisiva a cumprir, cobrindo situações nas quais ainda haja

resistência contra a adoção de medidas inclusivistas. De fato, nem todas as pessoas com

deficiência necessitam que a sociedade seja modificada, pois, algumas estão aptas a se

integrarem nela assim mesmo, mas as outras pessoas com necessidades especiais não poderão

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participar plena e igualmente da sociedade se esta não tornar-se inclusivista. (SASSAKI,

2006)

Bartalotti (2006, p. 47), ainda afirma que “não se faz inclusão com demagogia, com

belos discursos com um grande lote de boa vontade; a inclusão verdadeira será construída a

partir da consciência da realidade e da criação de efetivos mecanismos de transformação

social”.

Como os deficientes são tópico principal deste estudo, será o próximo assunto a ser

explicitado.

3.6.3. Deficientes x Tipos de deficiência

Ser portador de uma deficiência abrange uma série de situações que envolvem

anomalias físicas, psíquicas, fisiológicas, muitas vezes de difícil caracterização, não implica

necessariamente em ter anomalias físicas visíveis ou ainda ter cegueira absoluta, deficiência

mental. Ser deficiente muitas vezes e ser aparentemente perfeito, embora apresente alguma

anomalia imperceptível, determinada somente por perícia médica, portanto muitas vezes o

indivíduo é considerado portador de alguma deficiência, porém não possui conhecimento

desta. (BOLONHINI, 2004)

O Decreto 3.298, de 20/12/99, no artigo 3°, traz os seguintes conceitos:

“I – deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica,

fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do

padrão considerado normal para o ser humano;

II – deficiência permanente - aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período

de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere,

apesar de novos tratamentos; e

III – incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração

social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a

pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu

bem estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida”.

As deficiências são as seguintes de acordo com o Decreto 5.296, artigo 5°, de

02/12/04:

- deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo

humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de

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paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia,

triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia

cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as

deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções;

- deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou

mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz;

- deficiência visual - cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no

melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre

0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da

medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência

simultânea de quaisquer das condições anteriores;

- deficiência mental - funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com

manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de

habilidades adaptativas, tais como:comunicação;cuidado pessoal;habilidades sociais;

utilização dos recursos da comunidade;saúde e segurança;habilidades acadêmicas; lazer; e

trabalho;

- deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências.

Segundo dados do IBGE censo de 2000 o número de pessoas com deficiência

representa 14,5% da população brasileira, isto é, cerca de 24,6% milhões de pessoas.Deste

total 8,3% possuem deficiência mental, 4,1% deficiência física, 22,9% deficiência motora,

48,1 % visual e 16,7% auditiva. Entre 16,5 milhões de pessoas com deficiência visual,

159.824 são incapazes de enxergar, e, entre os 5,7 milhões de brasileiros com deficiência

auditiva, 176.067 não ouvem.

Conforme Bahia (2006), são inúmeras as causas para os elevados índices de

deficiência no País, as mais freqüentes são: nutrição inadequada de mães e crianças;

ocorrências anormais pré e perinatais; doenças infecciosas; acidentes de trânsito e de trabalho;

violência urbana e rural; pobreza familiar; falta de maiores esclarecimentos da população

sobre deficiência e prevenção; e exclusão e abandono social.

Após a definição do que é deficiência e seus tipos é importante que se estabeleça qual

o uso correto da terminologia para se referir aos deficientes. De acordo com Sassaki (2003),

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jamais houve ou haverá um único termo correto, válido definitivamente em todos os tempos e

espaços. A razão disto reside no fato de que a cada época são utilizados termos cujo

significado seja compatível com os valores vigentes de cada sociedade. Percorrendo a

trajetória histórica dos termos pode-se observar que os deficientes já foram nomeados de os

inválidos, os incapacitados, os defeituosos, os deficientes, os excepcionais, pessoas

deficientes, pessoas portadoras de deficiência, pessoas com necessidades especiais / pessoas

portadoras de necessidades especiais, pessoas especiais, pessoas com deficiência, portadores

de direitos especiais e pessoas com deficiência. Os movimentos mundiais das pessoas com

deficiência incluindo os do Brasil já fecharam a questão de que querem ser chamados de

“pessoas com deficiência”, pois desta forma não se esconde ou camufla a deficiência, não se

aceita o consolo da falsa idéia de que todo mundo tem deficiência, mostra com dignidade a

realidade da deficiência e valoriza as diferenças e necessidades decorrentes da deficiência.

Os novos tempos, contudo, devem ser caracterizado pelo fim do preconceito, isto é ,

pelo reconhecimento por parte da sociedade das potencialidades da pessoa com deficiência e

da possibilidade de exercício nas diversas atividades sociais inclusive no mercado de

trabalho.(BOLONHINI, 2004)

Segundo Pastore (2000), deve-se evitar por parte da sociedade concepções errôneas

em relação às pessoas com deficiência, tais como:

Infelizes: as pessoas afetadas por limitações tendem a ser consideradas pela

sociedade como infelizes por serem privadas de oportunidades, porém a

infelicidade está muito mais no imaginário social do que na cabeça das pessoas

com deficiência;

Inúteis: muitos grupos sociais tendem a passar para as pessoas com deficiência

a idéia de que elas não têm condições plenas para contribuir para o seu bem

estar pessoal e para própria sociedade. Como nos dias atuais o trabalho é uma

atividade supervalorizada, quem não consegue trabalhar é visto como inútil,

porém grande parte das pessoas que possuem deficiência conseguem exercer

uma atividade remunerada mediante a remoção de barreiras.

Diferentes: de um modo geral a sociedade tende a tratar as pessoas com

deficiência como pessoas diferentes.Em muitos aspectos elas são diferentes

mesmo, mas nem sempre os critérios são tão claros para definir os iguais dos

diferentes. Ademais a humanidade deve muita coisa aos que foram diferentes

na arte, ciência, esportes, filosofia, religião.

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Oprimidos: O desafio para superar esse problema é enorme e vale para os dois

lados, tanto para os com deficiência tanto para os sem deficiência.O tratamento

preconceituoso e discriminatório agrava as limitações das pessoas com

deficiência.Enxergar a pessoa como um todo e não apenas como portadora de

alguma deficiência é um grande desafio da sociedade e tal opressão desaparece

mediante uma ação do lado social.

Doentes: grande parte das pessoas tende a tratar as pessoas com deficiência

dentro de um quadro de doença. O grande desafio para as pessoas com

deficiência é o de demonstrar que isso é falso e que eles dispõem de uma

energia extra para reconhecer e superar suas limitações quando a sociedade os

ajuda na remoção de obstáculos.

Pode-se observar que o universo de deficientes é expressivo e vários fatores

contribuem para que esse número se eleve, incluindo o fato de estarmos em um país com

crescentes índices de acidentes de trabalho e de violência urbana. (INSTITUTO ETHOS,

2002)

As pessoas com deficiência, no entanto, esperam que nesse novo milênio a política da

exclusão social seja totalmente extinta, que as tecnologias avancem cada vez mais para

rompimento das barreiras físicas,didáticas e principalmente profissionais ampliando cada vez

mais a possibilidade da inclusão no mercado de trabalho.(BOLONHINI, 2004)

Fala-se de inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, pois as

empresas têm uma grande capacidade de influir na transformação da sociedade. Mesmo as

mudanças de caráter interno repercutem diretamente na vida dos funcionários, suas famílias e

na comunidade com a qual a empresa se relaciona. As empresas também podem ajudar muito

no sentido de contratar manter e promover as pessoas com deficiência, reconhecendo sua

potencialidade e dando-lhes condições de desenvolvimento profissional uma vez que todos

têm direitos iguais. (INSTITUTO ETHOS, 2002)

O próximo passo deste trabalho, entretanto, será o de tratar à respeito da inclusão de

pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

3.6.4. A inclusão no ambiente de trabalho

A inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho intensificou-se após a

criação de leis que preconizavam a inserção das mesmas no meio social, ou seja, no mercado

de trabalho.

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A preocupação do legislador em estabelecer políticas nacionais que tenham como

diretriz garantir acesso ao mercado de trabalho das pessoas com deficiência não é recente.

Essa preocupação já se encontrava expressa na Lei n° 3.807/1960, art. 55 que estabelecia que

“as empresas que dispuserem de 20 (vinte) ou mais empregados seriam obrigadas a reservas

de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) de cargos, para atender aos casos de

readaptados ou reeducados profissionalmente, na forma que o regulamento desta lei

estabelecer”. Porém ainda neste período não existia punições para as empresas que não

contratassem as pessoas com deficiência, portanto as mesmas dependiam da boa vontade de

empresários para serem contratadas. (IOB, 2008)

No entanto, foi após a Lei 8.213/1991 no seu art. 93 com eficácia em 1999 com

o decreto n° 3.298 que o número de contratações de pessoas com deficiência aumentou

significativamente. A lei preconiza que “a empresa com 100 (cem) ou mais empregados está

obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com

beneficiários da Previdência Social reabilitados ou com pessoas portadoras de deficiência

habilitadas, na seguinte proporção”:

I - até 200 empregados......................................................2%;

II - de 201 a 500...............................................................3%;

III - de 501 a 1.000...........................................................4%;

IV - de 1.001 em diante. ..................................................5%.

“Segundo dados do IBGE 24,6 milhões de pessoas com deficiência no Brasil, destas

15,22% estão em idade de trabalhar no mercado formal, mas apenas 3,9% encontrariam

trabalho se a lei de cotas fosse cumprida plenamente”. (Bahia, 2006 p. 37). Conforme

Clemente (2004) se todas as empresas cumprissem a Lei de Cotas (considerando o percentual

mínimo), seriam geradas apenas 592.472 vagas para pessoas com deficiência conforme

quando a seguir:

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31

Região População Taxa de

Deficiência

Pop.

Deficiência

PCD em

idade de

Trabalhar

(15-59

anos)

Empresas

Formais

Estabele-

Cimentos

Obrigados á

contratação

Vagas

que

podem

ser

Geradas

Norte 12.911.170 14,14% 1.901.892 1.264.051 67.585 1.490 30.543

Nordeste 47.782.488 17,1% 8.025.536 4.880.930 287.990 6.049 116.086

Centro-Oeste 11.678.658 13,76% 1.618.203 1.069.602 176.827 2.244 53.664

Sudeste 72.430.194 13,95% 9.459.596 5.793.505 1.145.680 17.373 302.984

Sul 25.110.349 14,30% 3.595.028 2.204.632 465.548 6.002 89.195

Total 169.912.859 14,5% 24.600.256 15.221.720 2.141.830 33.097 592.472

Quadro 2: População e estimativa de vagas para PCD –

Fonte: CLEMENTE (2004, p. 52-53)

Pode-se concluir com o quadro (2) que a Lei de Cotas está muito longe de assegurar o

pleno emprego. È inegável que a força da lei contribui para o aumento de vagas no mercado.

Porém o número ainda é muito pequeno diante do contigente de deficientes desempregados

no País. (BAHIA, 2006)

Ainda de acordo com Bahia (2006), a empresa inclusivista contrata mais que a lei

obriga e contrata entendendo que não é obrigada. Existem estudos que comprovam que a

diversidade humana enriquece seu ambiente, em termos de experiência, e enriquece as

análises de problemas, gerando soluções mais criativas, tornando-as mais competitivas.

Conforme Institutho Ethos (2002), o crescimento da consciência social e a ação

fiscalizadora do Ministério Público têm ampliado o número de empresas que estão de acordo

com a legislação estimulando-as a manter e até mesmo superar o número de vagas destinada a

pessoas com deficiência. De 2000 para 2001, 564 empresas de médio e grande porte do estado

de São Paulo criaram 21.905 novos empregos para pessoas com deficência.

No século XXI , entretanto, pode-se observar que há um aumento considerável de

empresas que contrata pessoas com deficiência, tais empresas não estão somente preocupadas

em atingir a lei de cotas ou pelo menos não deveriam. As empresas estão preocupadas em

promover a diversidade, reduzir as desigualdades e as diferenças sociais e praticar a inclusão.

Segundo Sassaki (2006), uma empresa que prática a inclusão é aquela que acredita no

valor da diversidade humana, contempla as diferenças individuais efetua mudanças

fundamentais administrativas, implementa adaptações no ambiente físico, adapta

procedimentos e instrumento de trabalho e treina todos os recursos humanos na questão da

inclusão. “é importante reafirmar que inclusão não se limita a acesso, não é uma simples

questão de colocar junto” (BARTALOTTI, 2006, p. 47). Pode-se considerar ainda que uma

empresa torna-se inclusiva por iniciativa e empenho dos empregadores. São os seguintes os

fatores internos de uma empresa que facilita a inclusão de pessoa com ou sem deficiência:

Adaptação de locais de trabalho (acesso físico);

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Adaptação de aparelhos, máquinas, ferramentas e equipamentos;

Adaptação de procedimentos (fluxos) de trabalho;

Adoção de esquemas flexíveis no horário de trabalho;

Adoção de programas de emprego apoiado (treinador de trabalho e outros

apoios);

Revisão das políticas de contratação de pessoal;

Revisão das descrições de cargos e das análises ocupacionais etc;

Revisão dos programas de integração de empregados novos;

Revisão dos programas de treinamento e desenvolvimento de recursos

humanos;

Revisão da filosofia da empresa;

Capacitação dos entrevistadores de pessoal;

Criação de empregos a partir de cargos já ocupados;

Realização de seminários internos de sensibilização das chefias;

Cumprimento das recomendações internacionais e da legislação nacional

pertinentes ao trabalho;

Adoção do esquema paralelo de trabalho domiciliar competitivo (extensão da

empresa);

Adoção de esquemas de prevenção de acidentes e moléstias ocupacionais;

Informatização da empresa;

Participação da empresa em conselhos municipais e estaduais de direitos das

pessoas com deficiência;

Aquisição de produtos com tecnologias assistivas que facilitem o desempenho

profissional de empregados com deficiência severa;

Segundo Schwarz; Haber (2006, p. 23), “a empresa que contrata colaboradores com

deficiência deve possui um programa estruturado de adequação da sua estrutura física,

recrutamento, seleção, contratação e desenvolvimento de pessoas”.

Conforme Nambu apud Bahia (2006), o programa de contratação de profissionais

com deficiência deve ser estruturado da seguinte forma:

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Fontes de Recrutamento As pessoas com deficiência podem ser recrutadas

por meio dos cadastros dos sistemas públicos de

emprego dos estados, nas organizações não

governamentais, nos sites especializados e nas

agências de emprego.

Seleção A escolha do tipo e aplicação dos testes

psicológicos para a seleção de PCD deve ser feita

com bom senso. Para uma pessoa com paralisia

cerebral, por exemplo, na são adequados testes que

avaliem o traço gráfico do candidato. Já com um

candidato que possui deficiência auditiva, a

atenção deve estar voltada para a forma de

apresentação das instruções para a realização do

teste. Com os candidatos que possuem deficiência

visual, a entrevista destaca-se como instrumento

mais utilizado. E para avaliar um candidato com

deficiência intelectual a orientação é contratar

organizações que ele já tenha freqüentado, a fim de

facilitar o levantamento de informações.

Entrevista Numa entrevista de emprego a questão da

deficiência deve ser abordada com naturalidade. A

pergunta deve ser formulada de maneira correta,

evitando, desta forma, a idéia de discriminação. O

selecionador pode fazer perguntas quanto a

influência da limitação gerada pela deficiência no

desempenho da função.

Dinâmicas As dinâmicas fazem parte de um processo seletivo,

o qual deve ser conduzido de modo inclusivo e, por

isso, não deve ser realizadas separadamente. Este é

o momento que as pessoas com e sem deficiência

estarão iniciando uma convivência. Faz-se

necessário, portanto, verificar se as atividades

englobam elementos como agilidade motora,

atenção visual e/ou auditiva, fluência na

comunicação oral e compreensão de ordens

complexas para a escolha de uma dinâmica

adequada.

Treinamentos Os profissionais com alguma deficiência devem

conviver desde o início com os demais

colaboradores da empresa. Portanto, os

treinamentos, assim como as dinâmicas, não

devem ser feitos separadamente. Para realização

dos treinamentos com a presença e participação

efetiva de pessoas com deficiência, é preciso

providenciar ,por exemplo, intérprete de libras para

os deficientes auditivos, material didático em

braile e/ou digitalizado para os deficientes visuais,

bem como, assegurar a acessibilidade do local da

realização do treinamento para os deficientes

físicos.

Demissão Não deve existir qualquer diferença no processo de

demissão envolvendo pessoas com ou sem

deficiência. È importante contudo, esclarecer os

reais motivos da demissão para que estes não se

vinculem a questão da deficiência.

Quadro 3: Dúvidas mais freqüentes dos profissionais de gestão de pessoas

Fonte: Nambu apud Bahia(2006)

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Um fator importante a ser considerado também na contratação desses profissionais é

que a empresa não deve buscar somente pessoas com deficiências leves para contratar, pois

esse também pode ser considerado um ato discriminatório. O que deve ser buscado pela

empresa é a pessoa e não a deficiência. As pessoas com deficiências têm o direito de ser

respeitadas, sejam quais forem a natureza e a severidade de sua deficiência.(MINISTÉRIO

DO TRABALHO, 2007)

Segundo Bahia (2006, p. 22), “basear-se em práticas inclusivas de inserção de pessoas

com deficiência no mercado de trabalho representa contratar pessoas com qualquer tipo de

deficiência, desde que profissionalmente qualificadas. Significa que os locais de trabalho

devem eliminar, ou pelo menos reduzir as barreiras existentes na empresa contratante”.

A contratação, contudo, é apenas uma das etapas da inclusão da pessoa com

deficiência na empresa. A permanência no cargo requer outras medidas também importantes.

Não excluir as pessoas com deficiência do convívio com o restante da empresa e não isolá-las

em setores criados para pessoas com deficiência são medidas fundamentais para que ocorra

um real processo de inclusão. Outro ponto importante é saber que ajustes serão necessários

durante a implementação do programa, pois novas questões podem surgir, de complexidade

variável. (INSTITUTO ETHOS, 2002)

Ainda conforme Instituto Ethos (2002), algumas outras questões devem ser

consideradas para contratação de pessoas com deficiência, tais como: em primeiro lugar a

inexperiência das pessoas da empresa em conviver com pessoas com deficiência; em segundo

a precária educação e profissionalização da maioria delas; e, em terceiro a acessibilidade

desses profissionais dentro da organização.

De acordo com Nambu apud Bahia (2006), as pessoas da empresa sem experiência em

lidar com as pessoas com deficiência cultivam mitos em relação ao emprego e trabalho dessas

pessoas, entre eles podemos citar: acreditam que as pessoas com deficiência são mais

sensíveis, são mais produtivas, são especiais, chegam atrasadas ao trabalho com freqüência,

ausentam-se com mais freqüência para tratamento de saúde; são inferiores, tem nível

intelectual inferior; são mais lentas e necessitam de cuidados especiais. Os profissionais de

recursos humanos, portanto, devem estar capacitados para receber as pessoas com deficiência

e devem ser responsáveis também por ajudar a desmitificar essas idéias preconcebidas, de

reduzir a falta de informações e de atenuar a resistência com relação à contratação de pessoas

com deficiência.

No que diz respeito a educação e profissionalização desses profissionais Pastore

(2000), comenta que no Brasil o campo de educação para pessoas com deficiência é

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reconhecidamente precário. Os dados do censo escolar 2000 identificaram que apenas 280 mil

alunos com deficiência cursam as escolas regulares do Brasil. Um quadro como este

compromete as chances de as pessoas ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho.

O ideal, entretanto é que os deficientes se qualifiquem cursando ensinos escolares regulares,

cursos profissionalizantes e ensino superior para facilitar sua inserção no mercado de trabalho.

A educação sozinha não é garantia de emprego, mas ela auxiliará as pessoas com deficiência a

se empregarem.

Conforme Bahia (2006), a preparação do ambiente de trabalho para que as pessoas

com deficiência possam desempenhar suas funções de maneira satisfatória é mais um fator de

grande relevância no que concerne a contratação dessas pessoas. A acessibilidade é, portanto,

um dos itens a ser devidamente observados e contemplados pelas empresas. O termo

acessibilidade começou a ser utilizado com muita freqüência nos últimos anos, em assuntos

de reabilitação, saúde, educação, transporte, mercado de trabalho e ambientes físicos internos

e externos. A NBR 9050 representa um marco na história da regulamentação de

acessibilidade.

Segundo NBR 9050 as acessibilidades para as pessoas com deficiência devem ser

estabelecidas da seguinte forma:

Adaptações para pessoas com Deficiência Física:

1. Os trajetos para as diversas áreas da empresa devem estar livres de obstáculos

(escadas) para o acesso das pessoas que se utilizam de cadeira de rodas;

2. Todas as portas devem apresentar largura de no mínimo 0,80m;

3. Deve haver portões laterais com largura mínima de 0.80m em locais com catraca;

4. Os balcões de atendimento, inclusive automáticos, devem permitir a aproximação

frontal de pelo menos uma cadeira de rodas e apresentar uma altura livre mínima

de 0,70m do piso;

5. Os relógios de ponto devem estar a uma altura de 0,80m do piso;

6. Os elevadores devem possuir abertura de acesso de no mínimo 0,80m e no máximo

1,20m;

7. Os banheiros da empresa devem ser adaptados;

8. A disposição de mobiliários deve garantir área para a circulação plena de cadeiras.

Adaptações para pessoas com Deficiência Visual:

1. Nas áreas de circulação recomenda-se que se utilizem faixas no piso, com textura e

cor diferenciadas, para facilitar a identificação do percurso para deficientes visuais;

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2. Nos elevadores, as botoeiras e comandos devem ser acompanhados dos signos em

braile;

3. Para um número de paradas superiores a dois andares, deve também haver

comunicação auditiva dentro da cabine, indicando o andar onde o elevador se

encontra parado;

4. Identificar os sinais luminoso que existem no ambiente de trabalho para que sejam

acompanhados por sinais sonoros;

5. Implantar software com sintetizadores de voz nos computadores;

6. Realizar adaptações na construção do site da empresa, permitindo acesso dos seus

colaboradores e clientes externos.

Adaptações para pessoas com Deficiência Auditiva:

1. Identificar os sinais sonoros existentes no ambiente de trabalho, para que sejam

acompanhados por sinais luminosos;

2. Implantar sistema intranet para comunicação;

3. Utilizar Pager e celulares, com possibilidade de recebimento e envio de mensagens

escritas.

“Estima-se que o acréscimo de custo para construir seguindo parâmetros de

acessibilidade seja de menos de 5%. E ele também favorece pessoas obesas ou cardíacas,

gestantes ou idosos”. (INSTITUTO ETHOS, 2002 p. 24). Não se pode esquecer também que

as pessoas com deficiência tem desejos e necessidades e são clientes das empresas, portanto, o

acesso a elas deve ser facilitado.

De acordo com Pastore (2000), as tecnologias de acessibilidade prometem expandir

ainda mais o trabalho de pessoas com deficiência, inclusive para os que tem limitações

severas. Essas tecnologias estão trazendo o mundo do trabalho cada vez mais próximo para o

mundo das pessoas com deficiência.

Assim como houve uma evolução por parte das empresas em todos os sentidos para

contratar pessoas com deficiência. As pessoas com deficiência também estão melhor

qualificando-se para ingresso no mercado de trabalho. Segundo Sassaki (2006, p. 74),

“diferentemente do que acontecia no passado em termos de qualidades pessoais, hoje os

candidatos com deficiência apresentam um perfil mais completo. Por Exemplo, eles são”:

1. Mais escolarizados (inclusive com nível superior)

2. Mais autônomos (com ou sem dispositivos tecnológicos)

3. Mais independentes (pelo uso do poder pessoal para tomar decisões)

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4. Mais politizados (com consciência de seus direitos e deveres)

5. Mais informados (sobre a vida social em geral)

6. Mais preparados psicossocialmente (sobre relacionamentos no trabalho)

7. Mais socializados (expostos a experiências de grupos formais e informais)

8. Mais capacitados profissionalmente (em funções específicas)

9. Pessoas com deficiência em um nível mais severo, seja qual for o tipo de

deficiência (física, intelectual, auditiva ou múltipla).

Com a trajetória deste trabalho podemos observar que, promover mudanças no mundo

organizacional, bem como no imaginário daqueles que compõem as organizações não foi e

nem será tarefa fácil e rápida. Descontruir a referência do indivíduo como incapaz, invalido,

oneroso e improdutivo e construir a figura da pessoa com deficiência dotada de qualificação

profissional é, sem dúvida, o grande desafio dessa sociedade do novo milênio, na qual a

competição injusta, as desigualdades sociais e as discriminações ainda se encontram enraizada

no convívio social. (BAHIA, 2006)

Para tanto é importante que se tenha um compromisso firme na direção das empresas

para combater de forma explícita as manifestações de preconceito, interfirir em todos os

níveis de chefia, acompanhar a adaptação e, principalmente demonstrar e exigir respeito para

com os novos empregados são atitudes que vindas dos altos escalões, expressam a

determinação de que a empresa como um todo seja inclusiva, e não somente o responsável

pela área de recursos humanos.(INSTITUTO ETHOS, 2002)

Vimos ainda no decorrer do trabalho que o processo da inclusão é ainda um estudo

recente e com ele podem surgir vários questionamentos, entre eles, o porque de adotar uma

postura inclusiva contratando pessoas com deficiência, que benefícios a empresa terá? Bahia

(2006), comenta que as vantagens são inúmeras, tanto para empresa, quanto para os

empregados e sociedade conforme quadro a seguir:

Empresas Promoção das prática de valorização da diversidade

Ganhos de imagem

Ganhos no ambiente de trabalho

Elevação do espírito de equipe

Ganhos de produtividade

Clima organizacional positivo

Ampliação do nicho de mercado

Diversas alternativas na proposição de soluções

Aumento do nível de entendimento sobre responsabilidade social empresarial

Empregados Elevação da auto-estima

Reconhecimento de potencialidades sem negligenciar limitações

Reflexão sobre a inclusão social

Aprender a conviver com o diferente

Cultivar a tolerância

Motivação

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Sociedade Redução do número de desempregados

Redução do número de PCD social e profissionalmente excluídas

Diminuição do preconceito

Disseminação de informações sobre as PCD

Ganhos na qualidade de vida coletiva

Prática da igualdade de oportunidades

Sociedade mais justa e igualitária

Quadro 4: Vantagens de contratação de pessoas com deficiência

Fonte: Bahia, 2006 p. 56

De acordo com Bartalotti (2006), uma sociedade inclusiva será melhor para todos, não

só para as pessoas com deficiência, mas será uma sociedade muito melhor, muito mais digna

para todos nós. Mesmo porque é fundamental que todas as pessoas tenham direitos iguais,

incluindo aquelas com deficiência, é essencial que todos tenham acesso a todos os serviços,

bens, ambientes construídos e ambientes naturais, em busca da realização de seus sonhos e

objetivos junto à população em geral. (SASSAKI, 2006)

Para finalizar o imperativo da inclusão não está acontecendo por acaso ele é resultado

de fatores e tendências irreversíveis como: solidariedade humanitária, consciência da

cidadania, necessidade de melhoria da qualidade de vida, investimento econômico,

necessidade de desenvolvimento da sociedade, pressão internacional, cumprimento da

legislação, combate a crise no atendimento e crescimento do exercício do empoderamento.

(SASSAKI, 2006)

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4. METODOLOGIA DA PESQUISA

No presente capítulo serão apresentados os aspectos metodológicos propostos ao

estudo, entre eles, as características da pesquisa, a população-alvo, o método de coleta e

análise de dados, a definição constitutiva e operacional dos termos.

Segundo Barros;Lehfeld (2000, p. 2), “a metodologia corresponde a um conjunto de

procedimentos a serem utilizados na obtenção do conhecimento. È a aplicação do método,

através de processos e técnicas, que garante a legitimidade do saber obtido”.

4.1. Caracterização da Pesquisa

A pesquisa caracteriza-se como teórica empírica. O estudo é teórico, pois fundamenta-

se em estudos bibliográficos e empírico porque busca na experiência e na realidade

organizacional a interpretação dos dados coletados. O estudo também será classificado como

descritivo, pois descreverá as características de determinada população, no caso, uma

organização na área do cooperativismo. De acordo com Gil, (1994, p. 45), “as pesquisas

descritivas têm por objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma população”.

Sendo assim, nesse trabalho pretende-se analisar os desafios encontrados pela cooperativa

Alpha para inclusão de pessoas com deficiência no ambiente de trabalho.

A abordagem deste trabalho será qualitativa-quantitativa, pois busca-se garantir a

precisão dos resultados evitando distorções de análise e interpretação e procura-se identificar

a natureza de um fenômeno social. (RICHARDSON,1999). Barbetta (2007, p. 30),

complementa destacando que “quando os possíveis resultados de uma variável são números

de uma certa escala, dizemos que esta variável é quantitativa e quando os possíveis resultados

são atributos ou qualidades a variável é dita qualitativa”.

Conforme Deslandes (1994, p. 22), “o conjunto de dados quantitativos e qualitativos,

não se opõem. Ao contrário se complementam, pois a realidade abrangida por eles interage

dinâmicamente, excluindo qualquer dicotomia”.

O delineamento da pesquisa é o estudo de caso, pois o mesmo fundamenta-se na idéia

de que a análise de uma unidade de determinado universo possibilita a compreensão da

generalidade do mesmo ou pelo menos, o estabelecimento de bases para uma investigação

posterior, mais sistemática e precisa. (GIL, 1994) Portanto, o estudo de caso justifica-se em

virtude da temática, pois com ele serão identificados as possíveis dificuldades da contratação

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de profissionais com deficiência podendo, dessa forma, auxiliar a organização na captação

desses profissionais.

4.2. População e Amostra

O estudo foi realizado no dia 03/09/08 na cooperativa Alpha, situada no Centro do

município de Florianópolis no Estado de Santa Catarina.

A população alvo pesquisada foram os colaboradores, os envolvidos no processo de

inclusão e os gestores da organização. De acordo com Barbetta (2002, p. 25), “chamamos de

população alvo o conjunto de elementos que queremos abranger em nosso estudo”. Segundo

dados coletados em 02/09/2008 a organização conta com um quadro de 637 funcionários e 25

estagiários sendo que 16 desses colaboradores possuem deficiência, 6 deles possuem

deficiência visual, 6 deficiência física, 1 pessoa possui deficiência auditiva e 3 são

reabilitados. A gestão operacional possui um total de 209 colaboradores. Para tal pesquisa o

levantamento de dados ocorreu com uma parcela da população alvo, ou seja, uma amostra da

população da gestão operacional. Determinou-se, portanto, que essa amostra seria não

aleatória por julgamento, pois segundo Barbetta (2007), a amostragem por julgamento os

elementos escolhidos são aqueles julgados como típicos da população que se deseja estudar.

O estudioso pode escolher o departamento que melhor representará a organização em estudo.

Um levantamento de todos departamentos pode gastar um tempo desnecessário, uma vez que,

a parcela da população escolhida poderá responder o que se pretende avaliar. Sendo assim, a

pesquisa foi feita com uma amostra de 83 colaboradores e (3) estagiários de três divisões do

nível operacional. Foi escolhido as divisões do nível operacional por serem as que possuem

departamentos mais populosos e também buscou-se fazer a pesquisa com departamentos que

possuíam e que não possuíam deficientes trabalhando. A pesquisa ainda foi aplicada com (1)

diretor, (1) gerente, (3) supervisores e (3) líderes, todos do nível operacional e com os

envolvidos no processo de captação o técnico de segurança do trabalho o analista de

responsabilidade social e o gestor de recursos humanos, totalizando assim 97 pesquisados.

Neste contexto, foram avaliados a postura dos funcionários em relação as pessoas com

deficiência por meio de opinião individual de cada funcionário; foi realizada a pesquisa com o

diretor operacional e gerente operacional, com o gestor de recursos humanos com três

supervisores e três líderes para avaliar qual o perfil desejável para a contratação das pessoas

com deficiência; a pesquisa foi realizada também com o técnico de segurança do trabalho para

identificar os cuidados com as barreiras arquitetônicas e por último ocorreu uma pesquisa

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com o gestor de responsabilidade social para identificar quais as ações estão sendo

desenvolvidas para possibilitar a inclusão das pessoas com deficiência na empresa Alpha.

4.3. Método de coleta, tratamento e análise dos dados

Os dados foram coletados por meio de fontes primárias e secundárias. Os dados

primários foram coletados através de questionários com perguntas fechadas para as seguintes

divisões do nível operacional: a Divisão de Intercâmbio; Divisão de Contas Hospitalares,

Divisão de Contas Ambulatoriais. Também foi realizado uma entrevista estruturada com

perguntas fechadas e abertas para os colaboradores envolvidos no processo da captação das

pessoas com deficiência, ou seja, gerente de recursos humanos, analista de responsabilidade

social e técnico de segurança e para aqueles tomadores de decisões entre eles diretor,gerente,

supervisores e líderes. Segundo Gil (1994), o questionário constitui hoje uma das mais

importantes técnicas disponíveis para obtenção de dados nas pesquisas sociais, o mesmo

caracteriza-se como uma técnica de investigação composta geralmente por um número

elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento

de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas e situações vivenciadas.

Para obtenção dos dados secundários foi pesquisado livros, artigos, sites, dissertações,

dados estatísticos, leis e também revistas especializadas.

Após a coleta dos dados quantitativos e qualitativos será realizado a análise e

interpretação dos dados obtidos para que se possa chegar em um resultado final. De acordo

com Gil (1994), posteriormente a coleta de dados a próxima fase será de análise e

interpretação. Esses dois processos apesar de conceitualmente distintos, aparecem sempre

estreitamente relacionados. A análise tem como objetivo organizar os dados de forma que

possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto, já a interpretação tem por

objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a

outros conhecimentos anteriormente obtidos. Os dados quantitativos foram analisados por

meio de um programa de estatística (SphinxME), que gerou os resultados para interpretação e

os dados qualitativos foram todos transcritos e posteriormente foi feita a análise das respostas,

onde as mais relevantes para cada questionamento foram utilizadas.

Nesse momento, portanto, pode-se estabelecer a relação teórico-empírica entre teoria e

os resultados operacionalizados na pesquisa de campo.

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4.4. Definição constitutiva dos termos

Diversidade: “A noção contemporânea da diversidade como um valor nas relações humanas é

resultado da busca de oportunidades iguais e de respeito à dignidade de todas as pessoas.

Assim a diversidade representa um princípio básico de cidadania, que visa assegurar a cada

um, condições de pleno desenvolvimento de seus talentos”. (INSTITUTO ETHOS, 2000

p.11)

Inclusão de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho: Segundo Bartalotti (2006, p.

47), “incluir pessoas com deficiência no mercado de trabalho é garantir o direito de estar

junto, de partilhar dos recursos e oportunidades que a sociedade oferece”.

4.5. Definição operacional dos termos

- Perfil: Idade; sexo; escolaridade; tempo de empresa; e, funções.

- Gestão da Diversidade: Igualdade de oportunidades; preconceito; percepção sobre

diversidade; impactos da diversidade na organização.

- Inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho: Processo de contratação

(recrutamento e seleção); percepção do trabalho das pessoas com deficiência; acessibilidade

arquitetônica; programas desenvolvidos para inclusão; vagas; benefícios da inclusão.

Perfil

- Idade

- Sexo

- Escolaridade

- Tempo de empresa

- Funções

Gestão da diversidade

- Igualdade de oportunidades

- Preconceito

- Percepção sobre diversidade

- Impactos da diversidade na organização

Inclusão das pessoas com deficiência na

empresa Alpha

- Processo de contratação (recrutamento e seleção)

- Percepção dos trabalho das pessoas com deficiência

- Acessibilidade arquitetônica

- Programas desenvolvidos para inclusão

- Vagas

- Benefícios da inclusão.

Quadro 5: Categorias analíticas e indicadores do estudo

Fonte: Dados primários, 2008.

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5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados a definição de cooperativismo a caracterização da

empresa e os resultados da pesquisa.

5.1 Definição de Cooperativismo e Caracterização da Empresa

De acordo com Veiga (2001, p. 13), “no século XIX o cooperativismo, começa a

ganhar forma a partir de pensadores do socialismo utópico da ação de trabalhadores que se

organizam em cooperativas”.

Conforme Ricciardi (2000, p. 9), “o cooperativismo somente consolidou-se ao longo

do século XX como sistema de organização da produção efetiva e democrática”.

Para Veiga (2001), o cooperativismo é uma filosofia que procura construir uma nova

maneira de processar a economia baseando-se no trabalho e não no lucro; na ajuda mútua e

não na concorrência e na competição; nos valores e necessidades humanas e não na

acumulação individual do dinheiro e na exploração do trabalho. Para tanto, o cooperativismo

visa ao aprimoramento do ser humano em todas as suas dimensões social, econômica e

cultural. O cooperativismo ainda preocupa-se com a qualidade de seus produtos e serviços,

busca o preço justo, preocupa-se com seu entorno e com o meio ambiente e busca construir

uma sociedade mais equitativa, democrática e sustentável.

Corroborando, de acordo com Ricciardi (2000), o cooperativismo também baseia-se na

solidariedade entre as pessoas, ou seja, é um intrumento de promoção humana e não apenas

um mecanismo para buscar resultados econômicos, é claro que gerar resultados é importante

mas isso há de vir como conseqüência e resultado da plena realização do potencial criativo

das pessoas que estiverem operando.

O cooperativismo atua em diversos ramos entre eles podemos citar: cooperativas de

consumo; de produção; de trabalho; cooperativas agropecuárias; de crédito; rural; de infra

estrutura; educacionais; habitacionais; minerais; especiais ou sociais e de saúde. (RANGEL,

2006)

As cooperativas da saúde são formadas por médicos ou dentistas e ou psicólogos e

atividades afim. Prestam atendimento a população, a preços, geralmente mais acessíveis.

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(VEIGA, 2001). No caso desse estudo a cooperativa é voltada para o ramo da saúde formada

por médicos.

A empresa Alpha é uma cooperativa de trabalho médico que foi criada em 30 de

agosto de 1971 em uma assembléia geral com 102 médicos. A manutenção nos primeiros

tempos foi assegurada pelas quotas-partes recolhidas por seus fundadores. A renda própria

veio com o primeiro contrato, firmado com o Ipalesc - Instituto de Previdência dos

Funcionários da Assembléia Legislativa, beneficiando 200 usuários.

Aos poucos, a Cooperativa foi adquirindo maior credibilidade, tornando-se auto-

sustentável para poder adquirir seu primeiro conjunto de salas, no prédio em que funcionava a

Associação Catarinense de Medicina.

Em mais de 35 anos de crescimento contínuo, a cooperativa sempre contou com o

entendimento e a participação dos cooperados. Em 2001, inaugurou o novo prédio que

ampliou as instalações, onde permanece a estrutura administrativa atual. Isso trouxe mais

espaço para adequar a organização às novas realidades da gestão empresarial.

Seguindo sua evolução o ano de 2007 marcou uma nova etapa, com a abertura de uma

sede operacional e do NAS - Núcleo de Atenção à Saúde, oferecendo completo atendimento

de urgência e emergência 24 horas, projeto complementado em abril de 2007 com a criação

do outro NAS. Por tudo isso, a cooperativa ocupa a liderança incontestável no mercado de

planos de saúde.

A cooperativa possui mais de (1500) médicos cooperados ao sistema, cobrindo todas

as especialidades médicas, com clientes totalizando, aproximadamente, 65% da população em

potencial na sua área de abrangência, que compreende 21 municípios. Atualmente, a

Cooperativa conta com: 1.579 médicos cooperados; 12 laboratórios cooperados; 30

laboratórios credenciados; 29 hospitais credenciados; 8 hospitais cooperados; 205 clínicas

cooperadas; 53 clínicas credenciadas e 02 Núcleos de Atenção à Saúde (NAS).

A cooperativa, ainda tem como missão "promover Saúde e Qualidade de Vida,

buscando a satisfação dos Clientes, Cooperados e demais Profissionais, com responsabilidade

sócio-ambiental". Como visão pretende "ser reconhecida como Cooperativa de excelência e a

melhor promotora de saúde e qualidade de vida" e ainda “os valores da empresa constituem

princípios de: Eqüidade, Ética, Integridade, Lealdade, Solidariedade e Verdade" e sua política

de qualidade é "buscar a satisfação dos clientes através da melhoria contínua dos processos,

oferecendo e administrando planos e serviços de saúde com qualidade".

A cooperativa tem como práticas de Responsabilidade Social ações que se constituem

em estratégias de negócio, impressa no DNA da Cooperativa. Começa na forma ética e

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45

transparente com que se comunica com a sociedade, clientes, cooperados, colaboradores,

comunidade, fornecedores, governo e sociedade (stakeholders), procurando assim contribuir

para a diminuição das desigualdades sociais do país, preservando recursos naturais e culturais

com o objetivo de promover a sustentabilidade para as gerações futuras. Para a Cooperativa,

não existem limites. As ações vão até onde a imaginação possa alcançar.

Os objetivos, metas e programas de Responsabilidade Social da Cooperativa Alpha

são:

- boas praticas de Governança;

- combate à pirataria, sonegação, fraude e corrupção: Softwares licenciados;

- práticas leais de concorrência: a Agência Nacional de Saúde define contratos

padrões com cobertura plena para todas as operadoras de planos de saúde; bem como proíbe a

utilização de praticas ilegais para obtenção de vantagens;

- direitos da Criança e do Adolescente, incluindo o combate ao trabalho infantil:

negociações somente com fornecedores que não utilizam mão de obra infantil, contratação de

funcionários somente acima de 16 anos e menores aprendizes;

- promoção da diversidade e combate à discriminação: respeito ao indivíduo,

valorizando a diversidade e as diferenças, igualdade de salários, condições de ascensão cargos

de lideranças e outros para homens e mulheres, não importando gênero, cor, raça/etnia,

cultura, idade, necessidades especiais e regras claras e não discriminação em recrutamento e

seleção;

- compromisso com o desenvolvimento profissional: desenvolvimento do PAT –

Programa Anual de Treinamento, parcerias com várias instituições de ensino superior, pós-

graduação e MBA, oferecendo descontos nas mensalidades.

- promoção da saúde e segurança: Programa Empresa Saudável, Programa de

Ginástica Laboral diariamente, caminhadas ecológicas, palestras sobre saúde e qualidade de

vida, clinica de tratamento psicológico subsidiado

- proteção ao meio ambiente e aos direitos das gerações futuras; programa Consumo

Consciente (utilização de canecas de porcelana, utilização de gás GNV para a frota de

veículos), separação de resíduos sólidos, utilização de papel reciclado, palestras de educação

ambiental para o público interno; programa de Gerenciamento de Resíduos de Saúde;

campanha educacional permanente nos elevadores e coleta seletiva.

É importante destacar que a Cooperativa faz parte de um Sistema que opera em âmbito

nacional, ou seja, embora possua autonomia administrativa e operacional, ela é constituída

por todas as demais Cooperativas do país e por diversas empresas criadas para oferecer

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46

suporte a elas, por meio de serviços desenvolvidos para agilizar e aperfeiçoar ainda mais o

atendimento.

O Sistema cobre 75% do território brasileiro e oferece serviços médicos de qualidade a

14,6 milhões de clientes através de suas 386 cooperativas médicas e uma ampla rede de

recursos próprios e credenciados. O próximo tópico a ser apresentado, portanto, será o

resultado da pesquisa aplicado na cooperativa em estudo.

5.2 Resultados da Pesquisa

A seguir serão apresentados os resultados da pesquisa aplicada a população alvo da

organização em estudo. Vale ressaltar que foi aplicado um questionário de perguntas fechadas

para os colaboradores e estagiários (divisão operacional) visando mensurar quantitativamente

a opinião dos mesmos. Para a alta direção, nível gerencial, nível intermediário (supervisores e

líderes) e os demais envolvidos no processo de inclusão foi aplicado um questionário de

perguntas fechadas e abertas com o propósito de aprofundar elementos qualitativos a respeito

da inclusão. Os resultados desta análise serão demonstrados na sequência.

5.2.1 Perfil dos colaboradores, gestores e demais envolvidos no processo de

inclusão

IDADE

18 a 30 anos 65 67,0%

31 a 45 anos 28 28,9%

acima de 45 anos 4 4,1%

Total 97 100,0%

67,0%

28,9%

4,1%

Quadro 6: Idade

Fonte: Dados primários, 2008.

No que refere-se à idade, de um total de 97 pesquisados, 65 pessoas (67,0%) estão na

faixa etária de 18 a 30 anos, 28 pesso6as (28,9%) possuem de 31 a 45 anos e apenas 4 pessoas

(4,1%) estão acima de 45 anos. Pode-se observar que a grande parte da população de

colaboradores pesquisados é jovem, ou seja, estão com idade entre 18 a 30 anos. Diferente da

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47

população alvo de colaborados a grande maioria dos gestores e envolvidos no processo de

inclusão estão entre 31 a 45 anos.

GÊNERO

Feminino 61 62,9%

Masculino 36 37,1%

Total 97 100,0%62,9%

37,1%

Quadro 7: Gênero

Fonte: Dados primários, 2008.

Considerando o gênero, 61 pessoas (62,9%) são do sexo feminino e 36 pessoas

(37,1%) são do sexo masculino, nota-se, portanto, a grande predominância de pessoas do sexo

feminino no ambiente de trabalho.

ESCOLARIDADE

Não resposta

N %

Completo

N %

Incompleto

N %

Total

N %

Ensino Fundamental

Ensino Médio

Ensino Técnico

Ensino Superior

Pós-Graduação

Total

0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%

4 4,1% 5 5,2% 1 1,0%

2 2,1% 7 7,2% 0 0,0%

14 14,4% 11 11,3% 41 42,3%

2 2,1% 8 8,2% 2 2,1%

0 0,0%

10 10,3%

9 9,3%

66 68,0%

12 12,4%

22 22,7% 31 32,0% 44 45,4% 97 100,0%

Ensino Fundamental 100,0%

Ensino Médio 100,0%

Ensino Técnico 100,0%

Ensino Superior 100,0%

Pós-Graduação 100,0%

Total 100,0%

Quadro 8: Escolaridade

Fonte: Dados primários, 2008.

De acordo com os dados apresentados no quadro 8 escolaridade, 4 pessoas (4,1%)

possuem ensino médio e não responderem se é completo ou incompleto, 5 pessoas (5,2%)

possuem ensino médio completo e 1 pessoa (1,0%) possui ensino médio incompleto. Em

relação ao ensino técnico, 2 pessoas (2,1%) não responderam se é completo ou incompleto e 7

pessoas (7,2%) possuem ensino técnico completo. Observa-se ainda que 14 pessoas (14,4%)

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48

responderam que possuem ensino superior, porém, não assinalaram se é completo ou

incompleto, 11 pessoas (11,3%) possuem ensino superior completo e 41 pessoas (42,3%)

possuem ensino superior incompleto. No que diz respeito a pós graduação 2 pessoas (2,1%)

não responderam se é completa ou incompleta, 8 pessoas (8,2%) possuem pós graduação

completa e 2 pessoas (2,1%) possuem pós-graduação incompleta.

GÊNERO X ESCOLARIDADE

Feminino

N %

Masculino

N %

Total

N %

Ensino Fundamental

Ensino Médio

Ensino Técnico

Ensino Superior

Pós-Graduação

Total

0 0,0% 0 0,0%

8 8,2% 2 2,1%

5 5,2% 4 4,1%

42 43,3% 24 24,7%

6 6,2% 6 6,2%

0 0,0%

10 10,3%

9 9,3%

66 68,0%

12 12,4%

61 62,9% 36 37,1% 97 100,0%

Ensino Fundamental 100,0%

Ensino Médio 100,0%

Ensino Técnico 100,0%

Ensino Superior 100,0%

Pós-Graduação 100,0%

Total 100,0%

Quadro 9: Gênero x Escolaridade

Fonte: Dados primários, 2008.

Fazendo-se uma relação do gênero dos pesquisados com a escolaridade, 8 pessoas do

sexo feminino (8,2 %) e 2 pessoas do sexo masculino (2,1%) cursam ou já concluíram o

ensino médio, 5 pessoas do sexo feminino (5,2%) e 4 pessoas do sexo masculino (4,1%)

cursam ou já concluíram o ensino técnico, 42 pessoas do sexo feminino (43,3%) e 24 pessoas

do sexo masculino (24,7%) cursam ou já concluíram o ensino superior e 6 pessoas do sexo

feminino (6,2%) e 6 pessoas do sexo masculino (6,2%) cursam ou já concluíram a pós-

graduação. Com está análise pode-se verificar que as mulheres estão com significativa

participação na organização em estudo e além do mais tem um nível de qualificação mais

elevado em comparação aos homens no contexto da organização pesquisada. Elas aparecem

em maior número também nos cargos de chefia, com isto pode-se observar que a cooperativa

em estudo proporciona igualdade de oportunidades em relação às mulheres. De acordo com

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Bento (2000), as políticas de igualdade podem corrigir desigualdades e contribuir para

utilização de todo potencial da mão de obra feminina.

TEMPO DE EMPRESA

Não resposta 1 1,0%

Até 5 anos 72 74,2%

De 6 a 10 anos 11 11,3%

Acima de 10 anos 13 13,4%

Total 97 100,0%

1,0%

74,2%

11,3%

13,4%

Quadro 10: Tempo de empresa

Fonte: Dados primários, 2008.

Quanto ao tempo de empresa, 1 pessoa (1,0%) não respondeu, 72 pessoas (74,2%)

possuem até 5 anos de casa, 11 pessoas (11,3%) possuem de 6 a 10 anos e 13 pessoas (13,4%)

estão acima de 10 anos na empresa. Percebe-se, portanto, que a grande maioria dos

colaboradores pesquisados são relativamente novos em relação ao tempo de empresa. Já a

grande parte dos gestores e envolvidos no processo de inclusão possuem acima de 6 anos de

empresa.

FUNÇÕES EXERCIDAS

Assistente contas hospitalares 32 33,0%

Assistente contas ambulatoriais 24 24,7%

Assistente intercâmbio 30 30,9%

Gestão Operacional 8 8,2%

Gestão Comercial e Marketing 1 1,0%

Gestão Estratégica 1 1,0%

Gestão Administrativa e Financeira 1 1,0%

Total 97 100,0%

33,0%

24,7%

30,9%

8,2%

1,0%

1,0%

1,0%

Quadro 11: Funções exercidas

Fonte: Dados primários, 2008.

Em relação às funções exercidas, de um total de 97 pesquisados, 32 pessoas (33,0%)

são assistentes de contas hospitalares, 24 pessoas (24,7%) são assistentes de contas

ambulatoriais e 30 pessoas (30,9%) são assistentes de intercâmbio. Observa-se que há uma

equipariedade de pessoas nas divisões, vale a pena enfatizar também que tais divisões são as

mais populosas da empresa. Com relação ao grupo funcional dos gestores e envolvidos no

processo de inclusão, 8 pessoas (8,2%) são da gestão operacional, 1 pessoa (1,0%) é da gestão

comercial e de marketing, 1 pessoa (1,0%) é da gestão estratégica e 1 pessoa (1,0%) é da

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gestão administrativa e financeira. Como a pesquisa foi focada na gestão operacional a grande

parte dos gestores são da referida gestão apenas um gestor é da gestão estratégica e duas

pessoas são as envolvidas no processo de inclusão.

Na organização existem pessoas com deficiência ocupando cargos de chefia?

Sim 4 36,4%

Não 7 63,6%

Total 11 100,0%

36,4%

63,6%

Quadro 12: Deficiente ocupando cargo de chefia.

Fonte: Dados primários, 2008.

Foi questionado ainda somente aos gestores e envolvidos no processo de inclusão se

há alguma pessoa com deficiência ocupando cargos de chefia, 4 pessoas (36,4%) responderam

que sim e 7 pessoas responderam que não (63,6%). Houve uma contradição nas respostas,

devido algumas pessoas não possuírem conhecimento que existem dois médicos ocupando

cargos de chefia, porém, esses médicos não interferem em questões administrativas e somente

em auditorias médicas justificando assim a resposta negativa e o desconhecimento dos

respondentes.

Você acredita que a organização proporciona igualdade de oportunidade a todos?

Não resposta 4 4,7%

Sim 50 58,1%

Não 32 37,2%

Total 86 100,0%

4,7

%

58

,1%

37

,2%

Quadro 13: Igualdade de oportunidades

Fonte: Dados primários, 2008.

Em relação a organização proporcionar igualdade de oportunidade, de um total de 86

respondentes, 4 pesquisados (4,7%) não responderam, 50 pesquisados (58,1%) acreditam que

sim e 32 (37,2%) acreditam que não.

Na pesquisa com os gestores e envolvidos no processo de inclusão, um dos

entrevistados destacou que existe uma certa contradição em relação a igualdade de

oportunidade, pois “ainda não vemos pessoas com deficiência nos altos cargos da empresa"

(E1). Para outros 02 respondentes, há igualdade de oportunidades, principalmente com “a

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adoção do Plano de Cargos e Salários e o manual de orientações internas, onde é priorizada

a ascensão dos colaboradores através de recrutamentos internos” (E2). E3 complementa

apontando que “toda vez que abre nova vaga na empresa se faz recrutamento interno”. Na

opinião de E4, a igualdade de oportunidades é observada, pois “a gestão é feita de forma

transparente onde todos têm acesso as informações e oportunidades”. De acordo com

Instituto Ethos (2000, p. 11), “a noção contemporânea de diversidade como um valor nas

relações humanas é resultado da busca de oportunidades iguais e de respeito á dignidade de

todas as pessoas”.

Voçê acredita que existe preconceito entre os

colaboradores?(Preconceito Racial)

Sim 14 16,3%

Não 72 83,7%

Total 86 100,0%

16,3%

83,7%

Quadro 14: Preconceito racial

Fonte: Dados primários, 2008.

De um total de 86 pesquisados, 14 deles (16,3%) acreditam que existe preconceito

racial e 72 deles (83,7%) acreditam que não existe. Com está analise percebe-se um vestígio

ainda que pequeno de preconceito racial. Conforme Alvis; Silva apud Soares (2004, p. 23),

“apenas nos anos 1990 os governantes brasileiros reconheceram a discriminação de negros no

mercado de trabalho como um problema social, a partir da luta dos movimentos sociais por

políticas de ação afirmativa”. Tal vestígio ainda se apresenta devido à conscientização tardia

das pessoas em relação a importância de diversidade no contexto sócio-organizacional.

Voçê acredita que existe preconceito entre os

colaboradores?(Preconceito com mulheres)

Sim 3 3,5%

Não 83 96,5%

Total 86 100,0%

3,5%

96,5%

Quadro 15: Preconceito com mulheres

Fonte: Dados primários, 2008.

No que diz respeito ao preconceito com mulheres, 3 pessoas (3,5%) afirmam que

existe o preconceito e 83 pessoas (96,5%) dizem que não existe o preconceito com mulheres.

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Este resultado torna-se um tanto quanto claro, uma vez que, a grande parte da população alvo

é mulher (62,8%) (Quadro 7).

Voçê acredita que existe preconceito entre os

colaboradores?(Preconceito com deficientes)

Sim 8 9,3%

Não 78 90,7%

Total 86 100,0%

9,3%

90,7%

Quadro 16: Preconceito com deficientes

Fontes: Dados primários, 2008.

Quando perguntado se existe preconceito com deficientes, de um total de 86 pessoas 8

delas (9,3%) dizem que há preconceito com deficientes e 78 pessoas (90,7%) dizem que não

há. Observa-se, pouco preconceito em relação às pessoas com deficiência, este resultado é

positivo, pois quase que não há impedimento por parte dos colaboradores em relação ao

trabalho com pessoas com deficiência. De acordo com o Instituto Ethos (2002), conviver com

indivíduos diferentes, como as pessoas com deficiência, contribui para redução do

preconceito ou até mesmo para sua erradicação.

Quando questionado aos gestores e envolvidos no processo de inclusão se existe

preconceito entre os colaboradores da organização, um entrevistado relatou que “o

preconceito existe, muitas vezes de forma sutil, quase imperceptível, mas ele existe. Acontece

por desconhecimento, por pensar que um colaborador com deficiência não trará os

resultados esperados” (E11). Para os demais respondentes o preconceito não existe ou “nunca

foi identificado nenhuma forma ou atitude de preconceito” (E8). O Instituto Ethos (2002),

afirma que para incluir pessoas com deficiência é preciso saber lidar com preconceito

decorrente da falta de informação. È preciso reconhecer que o preconceito e a diferença

existem para começar a superá-los, portanto, conviver com indivíduos diferentes, como as

pessoas com deficiência, contribui para o avanço desse processo.

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53

A organização em que voçê trabalha aplica práticas de Diversidade,

ou seja, lida adequadamente com as diferenças de cor,raça,etnia,sexo

e pessoas com deficiência?

Não resposta 1 1,2%

Sim 61 70,9%

Não 24 27,9%

Total 86 100,0%

1,2%

70,9%

27,9%

Quadro 17: Práticas de diversidade

Fonte: Dados primários, 2008.

De acordo com os 86 pesquisados, quando abordado se a organização aplica práticas

de diversidade, 1 pessoa (1,2%) não respondeu, 61 pessoas (70,9%) alegaram que a

organização aplica práticas de diversidade e 24 pessoas (27,9%) alegaram que não. Nkomo e

Cox Jr. (2006, p. 333), definem diversidade como “um misto de pessoas com identidades

grupais diferentes dentro do mesmo sistema social”. È de fundamental importância que a

organização busque cada vez mais aplicar boas práticas de diversidade para saber lidar com as

pessoas com deficiência e com as diferenças de cor, raça, etnia e sexo.

A diversidade causa grandes impactos à organização?

Não resposta 2 2,3%

Sempre 17 19,8%

Quase sempre 12 14,0%

Às vezes 28 32,6%

Raramente 22 25,6%

Nunca 5 5,8%

Total 86 100,0%

2,3%

19,8%

14,0%

32,6%

25,6%

5,8%

Quadro 18: Impactos da diversidade na organização

Fonte: Dados primários, 2008.

Quando questionados, se a diversidade causa impactos à organização, 2 pessoas

(2,3%) não responderam, 17 pessoas (19,8%) responderam que sempre causa impactos, 12

pessoas (14,0%) responderam que quase sempre, 28 pessoas (32,6%) responderam que ás

vezes, 22 pessoas (25,6%) responderam que raramente causa impactos e outras 5 pessoas

(5,8%) responderam que nunca causa impactos. Pode-se observar que em virtude da idéia de

diversidade ainda gerar controvérsias e polêmicas, grande parte das pessoas por

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desconhecimento ou pouco acesso ao assunto acreditam que o mesmo não causa grandes

impactos à organização.

Para as empresas brasileiras a importância de abordar a diversidade como prioridade

em sua agenda de responsabilidade social e de considerá-la um dos temas decisivos para seu

desempenho é cada vez mais perceptível, porém, as ações efetivas para sua promoção ainda

se encontram em estágios iniciais. (BAHIA, 2006). Conforme Milkovich e Boudreau

(2000), uma organização que valoriza a diversidade cria um ambiente que respeita e apóia

os empregados com formação não tradicional fazendo com que eles possam contribuir com

todo o seu potencial. Um contingente de pessoal mais diversificado e abrangente dá á

organização uma base de experiência mais ampla e rica, podendo até ampliar o potencial

criativo da organização.

Quanto à percepção dos gestores e envolvidos no processo de inclusão em relação à

aplicação de práticas de diversidade contribuir para a motivação dos colaboradores e se a

mesma causa impactos a organização, um dos pesquisados afirmou que aplicar práticas de

diversidade é um dever, pois primeiramente deve-se “lidar adequadamente com as diferenças

(...) e está prática só vem a contribuir em qualquer organização, principalmente nas que são

focadas em atitudes de responsabilidade social” (E8). Outro pesquisado acredita que “causa

impactos positivos, pois o grupo funcional se sente valorizado e motivado sabendo que a

empresa possibilita espaço e oportunidades a estas pessoas” (E4). Outro pesquisado ainda

relatou que “saber lidar com as diferenças contribui, porque os colaboradores acabam não

percebendo que há diferença e sim que está trabalhando com outro ser humano capaz, igual

aos demais, claro que cada um no seu limite” (E5). Na opinião de outro pesquisado aplicar

práticas de diversidade contribui para motivação, ainda mais pelo ramo de atuação da empresa

“entendo que contribui, somos uma empresa do ramo da saúde com mais de 250 mil clientes

e em nosso público de cliente é muito expressivo os deficientes de toda a ordem: cor, raça,

etnia, etc e o convívio de nossos colaboradores com essa diversidade é intenso e positivo”

(E10). O pesquisado E11 acrescentou que aplicar práticas de diversidade na organização

contribui para que os colaboradores tenham orgulho da organização em que trabalham,

destacando que gera impactos, “não só na motivação, mas pela admiração dos trabalhos

realizados pela empresa”. O colaborador percebe o quanto a empresa se preocupa na inclusão

de profissionais com deficiência e isso reflete com certeza em seu comportamento”.

De acordo com Instituto Ethos (2008), valorizar a diversidade é a postura mais certa a

se ter em uma organização, ou seja, agir com base numa ética de respeito a todas as pessoas

em todos os lugares. A valorização da diversidade é também exigência de uma sociedade cada

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vez mais organizada e sensível a gestos de discriminação e de preconceitos. Além de evitar

riscos para as organizações, a valorização da diversidade é elemento estratégico na condução

dos negócios, ao enriquecer as análises sobre a realidade, ampliar perspectivas e considerar as

muitas possibilidades presentes na relação com seus diferentes públicos e com os vários

segmentos da sociedade.

Na sua percepção á organização em que voçê trabalha é inclusiva em

relação as pessoas com deficiência? (Deficiências:

físicas,mentais,auditivas,visuais e outras)

Não resposta 1 1,2%

Sim 72 83,7%

Não 13 15,1%

Total 86 100,0%

1,2%

83,7%

15,1%

Quadro 19: Organização inclusiva

Fonte: Dados primários, 2008.

De um total de 86 respondentes, 1 pessoa (1,2%) não respondeu, 72 pessoas (83,7%)

responderam que a organização é inclusiva e 13 pessoas (15,1%) responderam que a

organização não é inclusiva. Diante das respostas observa-se que à maioria das pessoas

afirmaram que a organização é inclusiva, entretanto, a mesma ainda possui poucas pessoas

com deficiência no ambiente de trabalho, como por exemplo, nas divisões pesquisadas

apenas 2 pessoas com deficiência trabalham na divisão de contas ambulatórias, nenhuma na

divisão de intercâmbio e 1 pessoa reabilitada na divisão de contas hospitalares. O total de

pessoas com deficiência na organização em estudo é de 16 pessoas dentre eles 3 são

reabilitados, quando o correto por lei seriam 26.

De acordo com Bahia (2006), a empresa inclusivista contrata mais que a lei obriga e

contrata entendendo que não é obrigada e que essa é uma atitude moralmente correta, de

respeito às diferenças e de responsabilidade social.

Foi questionado também aos gestores e envolvidos no processo de inclusão, quanto ao

conhecimento da lei de cotas, três pesquisados desconheciam a mesma. Um pesquisado

afirmou ter um conhecimento relativo “especialmente a exigência de 42 deficientes no quadro

de colaboradores” (E10). E11 relatou que possui conhecimento e ainda citou a quantidade

correta para o número atual de colaboradores “sim. De 501 a 1000 empregados, nosso caso, a

cota é de 4%”. Os demais pesquisados apenas responderem que sim, mas não justificaram.

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56

A Lei 8.213/1991 no seu art. 93 com eficácia em 1999 com o decreto n° 3.298

preconiza que “a empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de

2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários da Previdência

Social reabilitados ou com pessoas portadoras de deficiência habilitadas”.

Sendo assim foi questionado em que aspectos a lei implica no gerenciamento das

pessoas. O pesquisado (E7) contrapõe a lei de cotas afirmando que todos devem obter as

mesmas oportunidades independente da lei, “a principio não concordo com a lei de cotas e

sim que todos têm o mesmo direito independente de cor, credo, etnia, se é portador de

necessidade especial, os colaboradores devem ser julgados pela capacidade.” O pesquisado

(E10) acredita que a lei implica na mudança do ambiente organizacional, “na exigência da

adaptação dos ambientes para acolher os deficientes”.

E11 ainda corrobora relatando que a lei faz a organização refletir “ela nos faz refletir.

Analisar postos de trabalho, as condições para receber o colaborador, a capacitação e

treinamentos específicos”.

A lei de cotas colaborou para que as empresas se conscientizassem na contratação de

pessoas com deficiência, ou seja, para que elas percebessem que essas pessoas também são

capazes como todas as demais, porém, a lei não pode e nem deve ser o único fator que motiva

a empresa a realizar a contratação de pessoas com deficiência. De acordo com Bahia (2006), a

empresa inclusivista contrata mais que a lei obriga e contrata entendendo que não é obrigada.

Você acredita que a organização possui profissionais preparados para

lidar com as pessoas com deficiência?

Sim 35 40,7%

Não 51 59,3%

Total 86 100,0%

40,7%

59,3%

Quadro 20: Profissionais preparados

Fonte: Dados primários, 2008.

Em relação à organização possuir profissionais preparados para lidar com as pessoas

com deficiência, de um total de 86 pesquisados, 35 (40,7%) responderam que sim e 51

(59,3%) responderam que não. Constata-se que uma parcela maior de pessoas responderam

que não há profissionais preparados para lidar com as pessoas com deficiência. De acordo

com Nambu apud Bahia (2006), os profissionais de recursos humanos, devem estar

capacitados para receber as pessoas com deficiência e devem ser responsáveis também por

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57

ajudar a desmitificar idéias preconcebidas, de reduzir a falta de informações e de atenuar a

resistência com relação à contratação de pessoas com deficiência.

Com relação à resposta dos gestores e envolvidos no processo de inclusão sete pessoas

citaram que a organização não possui profissionais preparados. E8 relata que há profissionais

preparados, “mas o melhor acompanhamento que se possa dar são os dos próprios colegas de

trabalho onde este colaborador está inserido”. (E10) afirma que, “existe o esforço dos

colaboradores envolvidos no processo, mas acredito que temos que aprimorar a capacitação

dos mesmos”. E11 ainda contribui dizendo que o esforço de crescimento é contínuo, “estamos

sempre crescendo e os profissionais responsáveis pelas contratações também. O

acompanhamento é realizado, sempre buscando melhorar”. De acordo com o Instituto Ethos

(2002), a contratação é apenas uma das etapas da inclusão da pessoa com deficiência na

empresa, para que essas pessoas permaneçam no cargo é necessário não segregá-las do

convívio com outros profissionais, não isolar as mesmas em setores criados para pessoas com

deficiência. Outro fator importante é ter em mente que ajustes poderão ser necessários durante

a permanência dessas pessoas em cargos da organização. Porém, como qualquer outro

colaborador a pessoa com deficiência deve ser avaliada dentro dos critérios previamente

estabelecidos entre empregados e empregadores, somente deve ser levado em consideração a

limitação.

Quando questionado também aos gestores e envolvidos no processo de inclusão de que

forma os gestores e colaboradores são preparados para trabalhar com as pessoas com

deficiência o pesquisado (E4) afirma que os profissionais são orientados através de conversas,

“orientando e conversando sobre o profissional que irá chegar para ingressar na equipe”. O

pesquisado (E10) relata ter uma integração, “há uma integração prévia por ocasião no início

das atividades através de uma orientação com o líder e a equipe que vai receber o novo

colaborador” e o pesquisado (E11) diz ser realizado uma conversa com o gestor imediato e

com os colaboradores da equipe, “hoje é realizado uma conversa com o gestor imediato e os

colaboradores da equipe, esclarecendo dúvidas e falando da importância da inclusão desses

profissionais no mercado”. Observa-se uma contradição nas respostas, pois a grande maioria

dos entrevistados responderam que não há nenhum tipo de preparação.

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58

Tempo de empresa X A organização possuir profissionais preparados para lidar com as pessoas com deficiência

Não resposta

N %

Até 5 anos

N %

De 6 a 10 anos

N %

Acima de 10 anos

N %

Total

N %

Sim

Não

Total

1 1,2% 29 33,7% 3 3,5% 2 2,3%

0 0,0% 42 48,8% 3 3,5% 6 7,0%

35 40,7%

51 59,3%

1 1,2% 71 82,6% 6 7,0% 8 9,3% 86 100,0%

Sim 100,0%

Não 100,0%

Total 100,0%

Quadro 21: Tempo de empresa X A organização possuir profissionais preparados para lidar com as

pessoas com deficiência

Fonte: Dados primários, 2008.

Quando feito a ligação do tempo de empresa com relação à organização possuir

profissionais preparados em lidar com as pessoas com deficiência, observa-se no quadro 21

que de um total de 86 pesquisados, 1 pessoa (1,2%) não respondeu; dos pesquisados que

possuem até 5 anos de empresa 29 deles (33,7%) responderam que sim e 42 (48,8%)

responderam que não; aqueles que possuem de 6 a 10 anos de empresa 3 deles (3,5%)

responderam que sim e 3 (3,5%) responderam que não; das pessoas que estão acima de 10

anos de empresa 2 delas (2,3%) não responderam e 6 pessoas (7,0%) responderam que não.

Nota-se, portanto, que a maioria das pessoas, inclusive aquelas que estão há mais de 6 anos na

organização responderam que não há profissionais preparados para lidar com as pessoas com

deficiência.

Você considera que a empresa possui condições físicas adequadas para

o trabalho de pessoas com deficiência?

Não resposta 1 1,2%

Sim 38 44,2%

Não 47 54,7%

Total 86 100,0%

1,2%

44,2%

54,7%

Quadro 22: Condições físicas adequadas

Fonte: Dados primários, 2008.

Quando questionado se a empresa possui adequação física para o trabalho de pessoas

com deficiência, 1 pessoa (1,2%) não respondeu, 38 pessoas (44,2%) responderam que sim e

47 pessoas (54,7%) responderam que não. Conforme Bahia (2006), a preparação do ambiente

de trabalho para que as pessoas com deficiência possam desempenhar suas funções de

maneira satisfatória é mais um fator de grande relevância no que concerne a contratação

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59

dessas pessoas. A acessibilidade é, portanto, um dos itens a ser devidamente observados e

contemplados pelas empresas. È importante ressaltar que a acessibilidade influência não só o

público interno da organização como também o público externo, ou seja, os clientes. Portanto,

esse é mais um fator determinante para que a organização estruture seu ambiente físico.

Quando questionado aos gestores e envolvidos no processo de inclusão que tipo de

projetos arquitetônicos a organização desenvolve para acessibilidade e inclusão das pessoas

com deficiência, E1 respondeu que “rampas e elevadores” e E9 respondeu também que são

“rampas, elevadores com indicação de andar em Braille”. E2 ainda citou que existe

“banheiros preparados elevadores para transportes, adequação de mesas e cadeiras” e E11

respondeu que existe “rampa de acesso a empresa com corrimão apropriado, elevadores com

condições de comportar cadeira de roda, banheiros adaptados, sinalização de algumas salas

em Braille, programa de telefonia e computador para deficientes visuais, equipamentos

ergonômicos apropriados”. E10 também relatou que além de se obter cuidado com os

equipamentos “ existe o cuidado de alocar os deficientes em áreas de fácil acesso. Andares

baixo por exemplo”. Conforme Bahia (2006), a preparação do ambiente de trabalho para que

as pessoas com deficiência possam desempenhar suas funções de maneira satisfatória é mais

um fator de grande relevância no que concerne a contratação dessas pessoas. A acessibilidade

é, portanto, um dos itens a ser devidamente observados e contemplados pelas empresas.

A organização promove algum programa para inclusão de pessoas com

deficiência?

Não resposta 10 11,6%

Sim 12 14,0%

Não 64 74,4%

Total 86 100,0%

11,6%

14,0%

74,4%

Quadro 23: Programa para inclusão de pessoas com deficiência

Fonte: Dados primários, 2008.

Em relação à organização promover programas para inclusão de pessoas com

deficiência 10 pessoas (11,6%) não responderam, 12 pessoas (14,0%) disseram que há

programas e 64 pessoas (74,4%) responderam que não há programas de inclusão na

cooperativa. Referente a essa questão caso a resposta fosse positiva foi perguntado ainda qual

programa era desenvolvido, das 12 pessoas que responderam sim, 8 pessoas não souberam

responder qual programa era desenvolvido e as 4 pessoas restantes responderam que existe

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60

apenas sistema de cotas, encontro dos colaboradores, rede de empregabilidade especial e

vagas de trabalho.

Pode-se observar que a grande parte das pessoas respondeu que não e as que não

responderam possivelmente não saberiam dizer qual programa, uma vez que, não existe

programas de inclusão desenvolvidos. Em relação às pessoas que responderam sim a grande

maioria não soube responder qual programa e os programas que foram respondidos não são

considerados como programas de inclusão para pessoas com deficiência. Verifica-se,

portanto, que não há nenhum programa sendo desenvolvido para contratação de mais pessoas

com deficiência, ou com os colaboradores para adaptação das pessoas com deficiência no

ambiente de trabalho, ou com os próprios deficientes para o desenvolvimento de suas

capacidades. De acordo com o Instituto Ethos (2002), a organização que contrata pessoas com

deficiência deve possuir um programa estruturado de recrutamento, seleção, contratação e

desenvolvimento de pessoas e não apenas contratar para cumprimento da lei. Embora

implementar programas possa parecer mais dificultoso, ele garante que os esforços

dispendidos no processo de seleção não sejam desperdiçados e ainda se o profissional com

deficiência possuir atribuições claras e bem definidas e receber treinamento adequado ele será

produtivo igual aos demais colaboradores.

Com relação às repostas dos gestores e envolvidos no processo de inclusão sete

pessoas afirmaram que desconhecem qualquer tipo de programa, entretanto, o pesquisado E4

contestou relatando que existe programas de “recrutamento e seleção, treinamento da equipe,

treinamento dos colaboradores com deficiência pela equipe onde o mesmo irá atuar”. E10

afirmou que somente existem “acordos e parcerias com instituições que cuidam dos

deficientes, exemplo associação e deficientes visuais”. (E11) confirma que a empresa está “em

desenvolvimento, atualmente temos parceiros (instituições) que trabalham esta demanda”. As

respostas dos gestores certificam que realmente não existem hoje programas de inclusão.

Foi questionado também somente ao gestor de recursos humanos como funcionava o

processo de recrutamento e seleção das pessoas com deficiência e o mesmo afirmou que “não

há diferença. Em algumas situações, o selecionador vai até a instituição facilitando uma das

etapas do processo”. De acordo com está resposta é comprovado que realmente a organização

não possui nenhum programa estruturado de recrutamento e seleção para as pessoas com

deficiência, pois o mesmo funciona da mesma forma para todos (pessoas com e sem

deficiência).

Foi perguntado ainda aos gestores e envolvidos no processo de inclusão se à

organização possuía algum programa de adaptação e ou sensibilização tanto para pessoa com

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deficiência quanto para o grupo no qual ela está sendo inserida, sete pessoas responderam que

desconhecem qualquer tipo de processo de adaptação. Já o respondente E7 relata que “na

empresa é feito as adaptações necessárias para que este colaborador não tenha dificuldade

para desempenhar suas atribuições na organização”, E10 confirma que o processo de

adaptação ocorre “através de conversa reunião com gestor e grupo que vai receber o

colaborador” e E11 afirma que “o profissional é acompanhado e seus equipamentos de

trabalho são adaptados a sua deficiência. È realizado um trabalho de sensibilização com o

grupo de trabalho”. Observa-se que há uma contradição nas respostas, esse fato ocorre muito

provavelmente porque os acompanhamentos geralmente são realizados para aquelas pessoas

quem possuem deficiências consideradas mais severas. Conforme Instituto Ethos (2002),

algumas questões devem ser consideradas para contratação de pessoas com deficiência, tais

como: em primeiro lugar a inexperiência das pessoas da empresa em conviver com pessoas

com deficiência.

Tempo de Empresa X Organização promover algum programa para inclusão das pessoas com deficiência

Não resposta

N %

Sim

N %

Não

N %

Total

N %

Não resposta

Até 5 anos

De 6 a 10 anos

Acima de 10 anos

Total

1 1,2% 0 0,0% 0 0,0%

6 7,0% 10 11,6% 55 64,0%

3 3,5% 0 0,0% 3 3,5%

0 0,0% 2 2,3% 6 7,0%

1 1,2%

71 82,6%

6 7,0%

8 9,3%

10 11,6% 12 14,0% 64 74,4% 86 100,0%

Não resposta 100,0%

Até 5 anos 100,0%

De 6 a 10 anos 100,0%

Acima de 10 anos 100,0%

Total 100,0%

Quadro 24: Tempo de empresa X Organização promover algum programa para inclusão das pessoas

com deficiência

Fonte: Dados primários, 2008.

Fazendo-se o cruzamento das respostas entre o tempo de casa e a promoção de

programas para inclusão das pessoas com deficiência, 1 pessoa (1,2%) não respondeu; em

relação as pessoas que possuem até 5 anos de casa 6 delas (7,0%) não responderam, 10

pessoas (11,6%) responderam que sim e 55 pessoas (64,0%) responderam que não; em

relação as pessoas que tem de 6 a 10 anos de empresa 3 pessoas (3,5%) não responderam e 3

pessoas (3,5%) responderam que não; e as pessoas que possuem acima de 10 anos de empresa

2 delas (2,3%) responderam que sim e 6 pessoas (7,0%) responderam que não. Com este

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cruzamento de dados conclui-se que a maioria das pessoas, incluindo aquelas que estão na

organização acima de 10 anos não possuem conhecimento de programas que são

desenvolvidos pela organização para inclusão das pessoas com deficiência, pois realmente

não há nenhum programa de in clusão.

Na sua concepção que tipos de deficiência são compatíveis para o exercício

de sua função?

Não resposta 1 0,6%

Física 72 46,5%

Auditiva 61 39,4%

Visual 8 5,2%

Mental 8 5,2%

Todas as alternativas acima 5 3,2%

Total 155 100,0%

0,6%

46,5%

39,4%

5,2%

5,2%

3,2%

Quadro 25: Compatibilidade função X Tipos de deficiência

Fontes: Dados primários, 2008.

Quando questionado na cooperativa, que tipo de deficiência uma pessoa poderia ter

para o exercício de funções dos pesquisados, 1 pessoa (0,6%) não respondeu, a resposta que

mais se destacou foi a deficiência física com (46,5%), logo após a deficiência auditiva com

(39,4%), deficiência visual e mental com (5,2%) cada uma e ainda 5 pessoas (3,2%)

acreditam que todas as deficiências são compatíveis com o exercício de sua função. Um fator

importante a ser considerado na contratação de profissionais com deficiência é que a empresa

não deve buscar somente pessoas com deficiências leves para contratação, pois esse também

pode ser considerado um ato discriminatório. O que deve ser buscado pela empresa é a pessoa

e não a deficiência. As pessoas com deficiências têm o direito de ser respeitadas, sejam quais

forem a natureza e a severidade de sua deficiência. (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2007)

Com está análise conclui-se que todos os tipos de deficiência devem ser considerados

na hora de realizar uma contratação com um profissional que possua deficiência o que torna-

se imprescindível é um estudo detalhado, quanto as possibilidades de adequação entre os tipos

de deficiência (limitações) e a natureza do trabalho (funções na cooperativa).

Foi questionado também aos gestores e envolvidos no processo de inclusão quais

vagas são oferecidas para as pessoas com deficiência, E3 relatou que as vagas oferecidas são

de “recepcionistas, telefonistas, assistentes, assessorias, gerência”. E4 respondeu que são

“telefonia, faturamento, recepção, atendimento ao público entre outras”. E6 ainda afirma que

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as vagas oferecidas são iguais para os não deficientes, “as normais para os não deficientes”.

Porém o pesquisado E10 refuta informando que as vagas oferecidas são aquelas que melhor

de adequam a deficiência da pessoa “são oferecidas vagas que possam oferecer o conforto

adequado respeitando/compatibilizando a atividade com a deficiência”. E11 também

confirma que só não é oferecido aquelas vagas cujo a pessoa com deficiência não poderá se

adaptar, “todas, exceto em atividades que a empresa não esta adaptada para receber estes

profissionais”. De acordo com o contexto teórico do trabalho a maneira com que a

organização está oferecendo as vagas está correta, pois na hora da contratação não deve-se

levar em consideração a deficiência e sim as limitações.

Funções exercidas X Compatibilidade da deficiência a função

Assistente contas

hospitalares

N %

Assistente contas

ambulatoriais

N %

Assistente

intercâmbio

N %

Total

N %

Não resposta

Física

Auditiva

Visual

Mental

Todas as alternativas acima

Total

1 0,6% 0 0,0% 0 0,0%

22 14,2% 23 14,8% 27 17,4%

22 14,2% 18 11,6% 21 13,5%

3 1,9% 2 1,3% 3 1,9%

4 2,6% 1 0,6% 3 1,9%

3 1,9% 1 0,6% 1 0,6%

1 0,6%

72 46,5%

61 39,4%

8 5,2%

8 5,2%

5 3,2%

55 35,5% 45 29,0% 55 35,5% 155 100,0%

Não resposta 100,0%

Física 100,0%

Auditiva 100,0%

Visual 100,0%

Mental 100,0%

Todas as alternativas acima 100,0%

Total 100,0%

Quadro 26: Funções exercidas X Compatibilidade da deficiência a função

Fonte: Dados primários, 2008.

Com relação ás funções exercidas e os tipos de deficiência que são compatíveis no

exercício da função dos colaboradores pesquisados, 1 pessoa da divisão de contas hospitalares

(0,6%) não respondeu, 14,2% respondeu que física e auditiva 1,9% respondeu que seria a

deficiência visual 2,6% respondeu mental e 1,9% respondeu todas as alternativas; das pessoas

que trabalham na divisão de contas ambulatórias 14,8% respondeu que seria a deficiência

física, 11,6% auditiva, 1,3% visual, 0,6% mental e todas as alternativas; das pessoas que

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trabalham na divisão de intercâmbio 17,4% respondeu a deficiência física, 13,5% auditiva,

1,9% visual e auditiva e 0,6% todas as alternativas.

È importante considerar que possivelmente as deficiências escolhidas (físicas e

auditivas) foram mais citadas devido às divisões pesquisadas possuírem um trabalho de

análise documental e em sistema computacional. As pessoas com deficiências visuais e

mentais teriam um acesso mais limitado a essas divisões, uma vez que necessitariam de

programas especiais de computadores, contas em Braille para os deficientes visuais e exigiria

uma atenção redobrada dos deficientes mentais podendo causar constrangimentos, bem como

dificuldades operacionais para a cooperativa.

A inclusão de pessoas com deficiência cria um clima organizacional?

Não resposta 1 1,2%

Positivo 84 97,7%

Negativo 1 1,2%

Total 86 100,0%

1,2%

97,7%

1,2%

Quadro 27: Inclusão cria um clima organizacional positivo?

Fonte: Dados primários, 2008.

Ao analisar a resposta de 86 pesquisados observa-se que 84 pessoas (97,7%)

consideram que a inclusão das pessoas com deficiência cria um clima organizacional positivo,

1 pessoa não respondeu (1,2%) e 1 pessoa respondeu que não. Percebe-se que a resposta

positiva foi praticamente unânime, ou seja, para os pesquisados trabalhar com as pessoas com

deficiência não haveria problemas, pelo contrário criaria um clima organizacional mais

agradável. De acordo com o Instituto Ethos (2002), a contratação de pessoas com deficiência

proporciona ganhos no ambiente de trabalho, reforça o espírito de equipe, fortalece os valores

coletivos e humaniza mais o ambiente de trabalho.

Você se sentiria motivado em trabalhar em uma organização que é

socialmente responsável e que promove a inclusão das pessoas com

deficiência?

Sim 84 97,7%

Não 2 2,3%

Total 86 100,0%

97,7%

2,3%

Quadro 28: Organização socialmente responsável que promove a inclusão

Fontes: Dados primários, 2008.

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De um total de 86 pesquisados, 84 pessoas (97,7%) afirmam que trabalhar em uma

organização que é socialmente responsável e que promove a inclusão traz motivação, apenas

2 pessoas (2,3%) consideraram que não. Assim como a contratação de pessoas com

deficiência traz motivação para os clientes internos da organização (colaboradores) também

traz para os clientes externos. Em uma pesquisa realizada em 2000 pelo Instituto Ethos, jornal

valor e indicator, 46% dos entrevistados declararam que a contratação de pessoas com

deficiência está em primeiro lugar entre as atitudes que os estimulariam a comprar mais

produtos de determinada empresa, em 2001 essa continuou sendo a mesma resposta para 43

% dos entrevistados.(INSTITUTO ETHOS, 2002)

Na sua opinião qual o principal retorno para organização com a contratação de pessoas com

deficiência?

Ganho de imagem no mercado 17 12,4%

Elevação do espírito de equipe 12 8,8%

Ganhos de produtividade 4 2,9%

Melhoria do ambiente de trabalho 12 8,8%

Eleva a criatividade para solução de problemas 4 2,9%

Respeito as diferenças 50 36,5%

Redução de conflitos 4 2,9%

Consciência de cidadania das pessoas 34 24,8%

Total 137 100,0%

12,4%

8,8%

2,9%

8,8%

2,9%

36,5%

2,9%

24,8%

Quadro 29: Qual o principal retorno com a contratação de pessoas com deficiência

Fonte: Dados primários, 2008.

Para finalizar, foi questionado aos colaboradores qual o principal retorno para a

organização com a contratação de pessoas com deficiência, as respostas mais citadas foram, o

respeito às diferenças (36,5%), a consciência de cidadania das pessoas (24,8%), logo após o

ganho de imagem no mercado com (12,4%), elevação do espírito de equipe e melhoria no

ambiente de trabalho com (8,8%) e ganhos na produtividade, redução de conflitos e elevação

da criatividade para solução de problemas com (2,9%).

Portanto, muitos são os “retornos” que a inclusão das pessoas com deficiência pode trazer

para as organizações, entre eles os mais citados foram o respeito às diferenças e a consciência

de cidadania. Afinal de contas todas as pessoas devem ser respeitadas e serem consideradas

como cidadãos independentemente de possuir ou não algum tipo de limitação e ou

deficiência. Bahia (2006), comenta que os benefícios adquiridos com a contratação de pessoas

com deficiência para os colaboradores das organizações são a elevação da auto-estima

;reconhecimento de potencialidades sem negligenciar limitações;reflexão sobre a inclusão

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66

social ; aprender a conviver com o diferente; cultivar a tolerância ; motivação; promoção das

prática de valorização da diversidade; ganhos de imagem; ganhos no ambiente de trabalho;

elevação do espírito de equipe; ganhos de produtividade; clima organizacional positivo;

ampliação do nicho de mercado; diversas alternativas na proposição de soluções; aumento do

nível de entendimento sobre responsabilidade social empresarial entre outros.

Perguntou-se também aos gestores e envolvidos no processo de inclusão se eles

acreditavam que a inclusão das pessoas com deficiência no ambiente de trabalho traria

retorno, vantagem competitiva ou problemas à organização. Os retornos destacados foram

“retorno financeiro” (E1), “boa imagem a organização” (E2), “a empresa é vista no mercado

como empresa que contrata deficientes” (E3), “produtividade, empenho e eficiência” (E7) e

“exemplo socialmente responsável que pode ser disseminado a outras organizações” (E8)

Duas pessoas ainda citaram que a contratação traz vantagens competitivas e E11 afirmou que

a contratação “mexe com o ambiente, situações de descontentamento com a sua vida pessoal

ou profissional recebem um outro olhar”. O problema citado foi somente “custos de

adequação/adaptação de layout/espaços” (E10).

Foi questionado também aos gestores e envolvidos no processo de inclusão que tipos

de melhorias organizacionais poderiam ser implementadas para inclusão de mais pessoas com

deficiência. E1 respondeu que as melhorias que poderiam ser implementadas seriam

“treinamento com o pessoal da empresa”, E2 respondeu “treinamentos específicos antes do

início da função, nivelamento dos mesmos, incentivos como transporte especial e assistência

a saúde diferenciada” e E9 afirmou que as melhorias seriam “treinamento com os envolvidos

para identificar melhor área para atuação; treinar responsáveis de área para inclusão dos

mesmos e criar rampas de acesso em todas as sedes”. E3 ainda sugeriu a “contratação de um

colaborador que pudesse dar maior apoio aos deficientes e que pudesse efetuar mais

contratações”. E4 afirmou que poderia ser “ampliado a consciência das lideranças e que este

assunto fosse melhor trabalhado pela área de gestão de pessoas e desenvolvimento humano”

e E11 relatou que essa não deve ser somente uma preocupação da organização que contrata

“na minha opinião, não cabe somente as organizações e sim ao governo. Podemos observar

claramente que as cidades (infra-estrutura), escolas, meio de transporte não estão adaptados

para PNE´s. O que cabe as organizações é feito, mas ratifico que é impossível a organização

se adaptar e o entorno dela não”. Para que as pessoas com deficiência possuam uma maior

inclusão no ambiente de trabalho deve-se haver uma junção de melhorias tanto das

organizações, tanto do governo quanto das próprias pessoas com deficiência. O governo deve,

portanto, oportunizar mais condições de acesso e estudo e as pessoas com deficiência devem

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buscar se qualificar melhor. No que diz respeito a educação e profissionalização desses

profissionais Pastore (2000), comenta que no Brasil o campo de educação para pessoas com

deficiência é reconhecidamente precário. Um quadro como este compromete as chances de as

pessoas ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho. O ideal, entretanto é que os

deficientes se qualifiquem cursando ensinos escolares regulares, cursos profissionalizantes e

ensino superior para facilitar sua inserção no mercado de trabalho.

As organizações, entretanto, devem abrir postos de trabalho para pessoas com

deficiência rompendo assim as barreiras que tradicionalmente as excluem, obter um

compromisso firme na direção para combater de forma explícita as manifestações de

preconceito, interfirir em todos os níveis de chefia, acompanhar a adaptação e, principalmente

demonstrar e exigir respeito as pessoas com deficiência.(INSTITUTO ETHOS 2002)

Foi analisado ainda as respostas dos gestores e envolvidos no processo de inclusão em

relação a quais motivos levariam a organização a contratar pessoas com deficiência, quatro

pessoas afirmaram que em primeiro lugar seria para o cumprimento da lei de cotas. Já o

pesquisado E10 refuta dizendo que não seria somente pelas exigências legais, “não só os

motivos legais mais especialmente a nossa filosofia de empresa socialmente responsável”.

E11 acrescenta que a organização contrataria pessoas com deficiência por “acreditar que eles

são capazes, este é o ponto principal. Outro ponto é contribuir para que esses profissionais

sejam inclusos no mercado, de maneira socialmente responsável”. E2 enfatiza que a

contratação das pessoas com deficiência é uma questão de responsabilidade social “a questão

da responsabilidade social, uma ação junto à comunidade pode trazer muitos benefícios a

organização, a satisfação dos colaboradores”. E5 ainda afirmou que os principais motivos

seriam para “valorização do ser humano e de oportunidades iguais” e E3 relatou que “é uma

forma de todos lidarem com as diferenças e preconceitos”. A inclusão social é um processo

que contribui para a construção de um novo tipo de sociedade através de transformações

pequenas e grande, nos ambientes físicos e na mentalidade de todas as pessoas, portanto,

também da própria pessoa com necessidades especiais. (SASSAKI, 2006)

Para finalizar este estudo será apresentado as considerações finais.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inclusão das pessoas com deficiência no ambiente de trabalho surge da temática da

diversidade que significa promover a igualdade de oportunidade a todos e é propiciada pelas

organizações, principalmente após a criação da lei de cotas.

Incluir as pessoas com deficiência no ambiente organizacional não se trata

simplesmente contratá-las, mas sim promover interações adaptando as pessoas com

deficiência com os demais colaboradores da organização, preparando o ambiente para as

mesmas, ou seja, tornando acessível o local de trabalho e desenvolvendo programas para

recrutamento, seleção e capacitação das pessoas com deficiência.

A inclusão não deve ser considerada como uma obrigação ou porque proporciona bons

resultados para os negócios das organizações, mas por ser uma atitude correta e justa a ser

realizada que leva em consideração a ética da igualdade de oportunidade.

Quanto às limitações encontradas no estudo pode-se citar o fator tempo, pois o mesmo

impossibilitou uma análise mais completa, ou seja, da população total da organização, outro

fator que pode ser considerado diz respeito à literatura, pois devido à inclusão ser um tema

recente haviam poucas obras relacionadas a esse assunto e ainda por ser um tema pouco

debatido dentro da organização em estudo as pessoas pesquisadas possuíram dificuldades para

responder os questionamentos realizados.

No que se refere ao reconhecimento das ações que são desenvolvidas para inclusão das

pessoas com deficiência, constatou-se que, atualmente não há ações sendo desenvolvidas, pois

praticamente o total da população alvo respondeu que nenhum programa está sendo realizado

para inclusão de mais pessoas com deficiência no ambiente de trabalho. O gestor de recursos

humanos ainda afirmou que a contratação das pessoas com deficiência ocorre igual para

todos, portanto, não é realizado nenhum programa recrutamento e seleção, também a grande

maioria dos respondentes afirmou que não há nenhum programa para capacitar as pessoas

com deficiência que já estão trabalhando na organização e ainda não é executado nenhum

processo de adaptação tanto para as pessoas com deficiência tanto para os colaboradores e

gestores que irão trabalhar com as pessoas com deficiência.

O que existe são somente parcerias com instituições que tratam a questão da inclusão e

também o ambiente de trabalho possui acessibilidade arquitetônica ainda que precise ser

melhorado, entretanto, o ambiente organizacional com acessibilidade não é positivo somente

para as pessoas com deficiência que exercem uma função dentro da organização, mas também

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para os seus clientes. Esse, portanto, é um aspecto que pode ser realizado muito mais por

trazer benefícios a seus clientes do que para ser considerado como um programa para

contratação de mais pessoas com deficiência.

No que tange a percepção dos colaboradores em relação à inclusão das pessoas com

deficiência no ambiente de trabalho, a grande parte dos colaboradores do nível operacional

considera que, a inclusão cria um clima organizacional positivo, os mesmos ainda se

sentiriam mais motivados em trabalhar em uma organização que é socialmente responsável e

que promove a inclusão e também eles consideram que a inclusão traz retornos para

organização tais como de respeito ás diferenças e de consciência de cidadania. Os gestores e

envolvidos no processo de inclusão ainda citaram que a inclusão traz retornos financeiros, boa

imagem à organização, a organização é vista como sendo socialmente responsável e traz bons

exemplos as demais pessoas que trabalharão com as pessoas com deficiência.

Na investigação das mudanças organizacionais necessárias para ingresso das pessoas

com deficiência na cooperativa em estudo observou-se de acordo com os resultados da

pesquisa que diversas variáveis devem ser consideradas. Precisa-se em primeiro lugar possuir

pessoas mais capacitadas para lidar com as pessoas com deficiência, as pessoas já existentes

devem ser treinadas ou deve-se contratar uma pessoa especializada, em segundo deve-se

desenvolver uma melhor acessibilidade arquitetônica, em terceiro os colaboradores da

organização devem receber treinamentos de como lidar com as pessoas com deficiência e as

pessoas com deficiência também devem ser preparadas e capacitadas para o exercício de sua

função e em quarto lugar o tema deve ser mais divulgado e a consciência das lideranças em

relação ao assunto tem de ser ampliada.

Em relação ao perfil profissional exigido pela cooperativa para contratação das

pessoas com deficiência identificou-se grande parte dos pesquisados responderam que as

pessoas que possuem as deficiências físicas e auditivas possuem mais oportunidades de serem

contratadas, isso não quer dizer que as pessoas que possuem outras deficiência não serão

contratadas o que será considerado são suas limitações. As pessoas com deficiência que

possuem habilidade para as funções de recepcionista, telefonista, assistência administrativa e

atendimento ao público terão um acesso mais facilitado a cooperativa. È importante ressaltar

que a pessoa com deficiência deve tentar possuir o mesmo padrão dos demais colaboradores

capacitando-se com ensino técnico, superior e entre outros.

Quanto ao objetivo geral deste trabalho – analisar os desafios encontrados pela

empresa Alpha para inclusão das pessoas com deficiência no ambiente de trabalho –

constatou-se que a cooperativa Alpha tem alguns desafios a serem superados o primeiro deles

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é o de disseminar a idéia da inclusão das pessoas com deficiência dentro da organização e na

mentalidade das lideranças, o segundo é possuir pessoas preparadas para contratação,

capacitação e acompanhamento das pessoas com deficiência o terceiro é trabalhar com as

pessoas que farão parte do ambiente de trabalho das pessoas com deficiência para que não

surja nenhum tipo de idéia pré-concebida de preconceito e discriminação, ou seja, deve-se

passar informações que desmitifiquem a deficiência. Um outro desafio a ser superado pela

cooperativa em estudo é o de melhorar ainda mais o ambiente de trabalho, promovendo uma

maior acessibilidade arquitetônica e o de encontrar pessoas com deficiência com habilidades e

capacidades para as funções oferecidas.

Diante dos resultados apresentados, propõe-se que a cooperativa em estudo que,

primeiramente seja contratado ou especializado uma pessoa para lidar com as pessoas com

deficiência. Posteriormente, deve-se estruturar um programa de recrutamento e seleção, um

mais amplo de acessibilidade, um de treinamento, de sensibilização das chefias e de adaptação

para os demais colaboradores e para as próprias pessoas com deficiência. Os temas que

tangem a diversidade e a inclusão devem também ser mais divulgados através de emails

internos, cartazes e ou palestras, para que as pessoas se conscientizem mais e tenham uma

maior conhecimento a respeito dos assuntos.

Em relação a propostas para trabalhos futuros sugere-se que sejam avaliados a motivação

e qualidade de vida dos colaboradores e gestores e o treinamento dos colaboradores. Ainda

propõe-se que seja realizado um estudo voltado somente para gestão da diversidade.

Para finalização deste trabalho é importante destacar que as organizações estão aos poucos

adaptando-se com a idéia de contratação de pessoas com deficiência, essa atitude é explicada,

devido o preconceito ainda vigorar na sociedade e pela falta de informação das pessoas.

Para que ocorra mais inclusão de pessoas com deficiência no ambiente de trabalho é de

extrema importância que os governos auxiliem neste processo fornecendo um ensino de

qualidade, cursos de capacitação e de formação profissional, uma melhor acessibilidade

urbana para facilitar a vida da pessoa com deficiência e amplie a consciência das organizações

e sociedade, as pessoas com deficiência também devem procurar estar sempre buscando se

qualificar, estudando e se especializando e as organizações devem proporcionar mais

oportunidades de trabalho às pessoas com deficiência.

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APÊNDICES

Apêndice A – Questionário gestores e envolvidos no processo de inclusão.

Prezado Sr (a):

O presente questionário tem por objetivo tratar da inclusão das pessoas com deficiência na

presente organização. O mesmo servirá de base para meu Trabalho de Conclusão de Curso de

Administração na Universidade do Vale do Itajaí – Univali (São José) e poderá também

auxiliar na implementação de melhorias para a organização.

Sua opinião será extremamente importante.

(ATENÇÂO: Não serão divulgados os nomes dos participantes deste questionário e tão pouco

o nome da organização em estudo.)

Perfil:

Idade:

( ) 18 a 30 anos

( ) 31 a 45 anos

( ) Acima de 45 anos

Escolaridade:

( ) Ensino Fundamental

( ) Ensino Médio

( ) Ensino Técnico

( ) Ensino Superior

( ) Pós-Graduação

( ) Completo ( ) Incompleto

Grupo Funcional:

( ) Gestão Operacional

( ) Gestão Comercial e Marketing

( ) Gestão Estratégica

( ) Gestão Administ. e Financeira

Sexo:

( ) Feminino

( ) Masculino

Tempo de empresa:

( ) Até 5 anos

( ) de 6 a 10 anos

( ) Acima de 10 anos

Na organização existem pessoas com

deficiência ocupando cargo de chefia?

( ) Sim

( ) Não

Em relação a Gestão da Diversidade:

6. Você acredita que há igualdade de oportunidades entre os colaboradores da organização?

Por quê?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

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7. Na sua opinião existe preconceito entre os colaboradores da organização? De que tipo? Por

que isso acontece?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

8. Na sua percepção aplicar práticas de Diversidade, ou seja, lidar adequadamente com as

diferenças de cor, raça, etnia e pessoas com deficiência contribui para a motivacão dos

colaboradores da organização? Ela causa impactos á organização? Justifique sua resposta __________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

Em relação à inclusão das pessoas com deficiência na organização:

9. Você possui conhecimento da Lei de Cotas?

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

10. Em que aspectos a Lei de Cotas implica no gerenciamento das pessoas?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

11. Quais motivos levariam a organização a contratar uma pessoa com deficiência?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

12. Você acredita que a organização possui profissionais capacitados para contratação e

acompanhamento das pessoas com deficiência no ambiente de trabalho?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

13. De que forma a organização prepara os colaboradores e os gestores para trabalhar com as

pessoas que possuem deficiência?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

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14. Que tipo de vagas são oferecidas as pessoas que tenham algum tipo de deficiência?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

15. Que tipo de projetos arquitetônicos a organização desenvolve para acessibilidade e a

inclusão das pessoas com deficiência?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

16. Quais são os programas desenvolvidos para inclusão das pessoas com deficiência na

organização?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

17. Quando há contratação de pessoas com deficiência é realizado algum processo de

adaptação tanto para pessoa com deficiência quanto para o grupo no qual ela será inserida?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

18. Você acredita que a inclusão das pessoas com deficiência no ambiente de trabalho traz

retorno/vantagem competitiva/problemas à organização? Quais?

1) ____________________________________________________________________

2) ____________________________________________________________________

3) ____________________________________________________________________

19. Na sua opinião, que tipo de melhorias organizacionais poderiam ser implementadas para

inclusão de mais pessoas com deficiência na organização?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

AGRADEÇO A SUA COLABORAÇÃO.

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Apêndice B – Questionário colaboradores

Prezado (a) colaborador (a):

O presente questionário tem por objetivo tratar da inclusão das pessoas com

deficiência em nossa organização. Peço, que o questionário seja preenchido com o máximo de

veracidade, pois ele servirá de base para meu Trabalho de Conclusão de Curso de

Administração na Universidade do Vale do Itajaí – Univali (São José) e poderá também

auxiliar na implementação de melhorias para a organização.

Perfil:

1. Idade:

( ) 18 a 30 anos

( ) 31 a 45 anos

( ) Acima de 45 anos

2. Sexo:

( ) Feminino

( ) Masculino

3. Escolaridade:

( ) Ensino Fundamental

( ) Ensino Médio

( ) Ensino Técnico

( ) Ensino Superior

( ) Pós-Graduação

( ) Completo ( ) Incompleto

4. Tempo de empresa:

( ) Até 5 anos

( ) de 6 a 10 anos

( ) Acima de 10 anos

5. Função Exercida:

( ) Assistente Contas Hospitalares

( )Assistente Contas Ambulatoriais

( ) Assistente Intercâmbio

Em relação à Gestão da diversidade:

6. Você acredita que a organização

proporciona igualdade de oportunidade

a todos?

( ) Sim

( ) Não

7. Você acredita que existe preconceito

entre os colaboradores?

- Preconceito Racial

( ) Sim

( ) Não

- Preconceito com Mulheres

( ) Sim

( ) Não

- Preconceito com deficientes

( ) Sim

( ) Não

8. A organização em que você trabalha

aplica práticas de Diversidade, ou seja,

lida adequadamente com as diferenças

de cor,raça,etnia,sexo e pessoas com

deficiência?

( ) Sim

( ) Não

9. Com base no conceito acima a gestão

da Diversidade causa grandes impactos

à organização?

( ) Sempre

( ) Quase sempre

( ) Às vezes

( ) Raramente

( ) Nunca

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82 Em relação à inclusão das pessoas com

deficiência na organização:

10. Na sua percepção a organização em

que você trabalha é inclusiva em relação

as pessoas com deficiência?

(Deficiências: físicas,mentais,auditivas,

visuais e outras)

( ) Sim

( ) Não

11. Você acredita que a organização

possui profissionais preparados para

lidar com as pessoas com deficiência?

( ) Sim

( ) Não

12. Você considera que a empresa possui

condições físicas adequadas para o

trabalho de pessoas com deficiência?

( ) Sim

( ) Não

13. A organização promove algum

programa para inclusão de pessoa com

deficiência?

( ) Sim

( ) Não

Qual?

__________________________________

__________________________________

14. Na sua concepção que tipos de

deficiência são compatíveis para o

exercício de sua função?

( ) Física

( ) Auditiva

( ) Visual

( ) Mental

( ) Todas as alternativas acima

15. A inclusão de pessoas com

deficiência cria um clima

organizacional:

( ) Positivo

( ) Negativo

16. Você se sentiria motivado em

trabalhar em uma organização que é

socialmente responsável e que promove

a inclusão das pessoas com deficiência?

( ) Sim

( ) Não

17. Na sua opinião qual o principal

retorno para organização com a

contratação de pessoas com deficiência?

( ) Ganho de imagem no mercado

( ) Elevação do espírito de equipe

( ) Ganhos de produtividade

( ) Melhoria do ambiente de trabalho

( ) Eleva a criatividade para solução de

problemas

( ) Respeito as diferenças

( ) Redução de conflitos

( ) Consciência de cidadania das pessoas.

AGRADEÇO SUA COLABORAÇÃO.

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83

ANEXOS

Anexo A – Estrutura Organizacional da Cooperativa Alpha (Administração Superior)

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Anexo B – Estrutura Organizacional da Cooperativa Alpha (Gestão Estratégica)

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85

Anexo C – Estrutura Organizacional da Cooperativa Alpha (Gestão Operacional)

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86

Anexo D – Estrutura Organizacional da Cooperativa Alpha (Gestão Comercial e de

Marketing)

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87

Anexo E – Formulário para reabilitação profissional

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

DESCRIÇÃO DE FUNÇÃO/ATIVIDADE

I – Identificação do segurado

NOME: Nº do BI

DATA DE NASCIMENTO:

ENDEREÇO:

OCUPAÇÃO/ATIVIDADE (anterior) (atual):

TEMPO/ATIVIDADE (anterior) (atual):

II – Identificação da Empresa

NOME:

CNPJ

RAMO DE ATIVIDADE:

ENDEREÇO:

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88

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

DESCRIÇÃO DE FUNÇÃO/ATIVIDADE

III – Descrição da Função (relatar em detalhes as tarefas desempenhadas pelo empregado):

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

DESCRIÇÃO DE FUNÇÃO/ATIVIDADE

IV – Exigências da Função 01 – INSTRUÇÃO/ESCOLARIDADE

1.1 - Sem exigência de Alfabetização.......

1.2 - Até 4ª Série do 1º Grau......................

1.3 - Até 8ª Série do 1º Grau......................

1.4 - 2º Grau ao Nível Superior..................

( )

( )

( )

( )

02 – EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL

SIM ( ) NÂO ( )

03 – TEMPO MÍNIMO EXIGIDO PARA APRENDIZAGEM NA FUNÇÃO:

3.1 - Até 01 mês..........................................

3.2 - Até 03 meses.....................................

3.3 - Até 06 meses......................................

3.4 – Mais de 06 meses .............................

( )

( )

( )

( )

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V – Material – Máquina e Equipamento de Trabalho

01 - MATERIAIS UTILIZADOS: ______________________________________________________

________________________________________________________________________________

02 - MÁQUINAS UTILIZADAS: ______________________________________________________

________________________________________________________________________________

03 – EQUIPAMENTOS UTILIZADOS _

________________________________________________________________________________

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

DESCRIÇÃO DE FUNÇÃO/ATIVIDADE

VI – Condições Ambientais

01 – AMBIENTE ONDE O(a) FUNCIONÁRIO(a) EXERCE A FUNÇÃO

1.1 – Interno ( ) 1.2 - Externo ( )

02 – ASPECTOS AMBIENTAIS

2.1 – Poeira.......................... 2.3 – Calor............................ 2.5 – Frio..............................

( ) ( ) ( )

2.2 – Umidade............... 2.4 – Ruído.................... 2.6 – Odores..................

( ) ( ) ( )

03 – CONDIÇÕES DE TRABALHO

3.1 – Com pessoas.............. 3.3 – Com coisas.................. 3.5 – Com idéias...................

( ) ( ) ( )

3.2 – Equipe.................. 3.4 – Individual.............. 6.6 – Dupla....................

( ) ( ) ( )

VII – Exigências da Função em Relação ao (a) Empregado (a)

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01 – ESFORÇO FÍSICO

1.1 – Carrega peso.................. 1.2 – Empurra.......................... 1.3 – Imprime força..................

( ) ( ) ( )

a) 0 a 5 Kg ................. b) 05 a 10 Kg ............. c) 10 a 20 Kg ............. d) 20 a 30 Kg ............. e) Mais de 30 Kg..........

( ) ( )

( ) ( ) ( )

02 – TRABALHA EM RITMO

2.1 – Lento............................... 2.2 – Rápido............................ 2.3 – Moderado........................

( ) ( ) ( )

03 – MOVIMENTOS MAIS EXIGIDOS

3.1 – Dedos............................. 3.2 – Coluna............................ 3.3 - Mãos/Braços...................

( ) ( ) ( )

3.4 – Pés/Pernas......... 3.5 - Bimanual ............

( ) ( )

04 – POSIÇÕES NECESSÁRIAS

4.1 – Em pé............................. 4.3 – Sentado.......................... 4.5 – Andando......................... 4.7 – Agachado........................ 4.9 – Deitado...........................

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

4.2 – Subindo............. 4.4 – Em altura........... 4.6 – Equilibrando...... 4.8 – Empurrando...... 4.10 – Carregando.......

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

4.11 – Escreva a posição mais freqüente:_____________________________________

_______________________________________________________________

DESCRIÇÃO DE FUNÇÃO/ATIVIDADE

05 – UTILIZAÇÃO DA VISÃO

5.1 – Pouca.................. 5.2 - Normal ................ 5.3 – Intensa................

( ) ( ) ( )

VIII – Riscos

01 – Quedas.................. 03 – Cortes.................... 05 – Amputação............. 07 – Choques.................

( ) ( ) ( ) ( )

02 – Esmagamento........ 04 – Queimaduras......... 06 – Contusão................

( ) ( ) ( )

08 – Outros:_______________________________________________________________

IX – Observações:

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_________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_____________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________

Preenchido por:_____________________________________________________

NOME E ASSINATURA

CARGO:

DATA: