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o ego dos egoístas é centrado no serviço geral de si
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1. Uni, Duni, Te
A Gente-Umbigo e a
Empurração
Livro Um: Gente-Umbigo
2. Proliferação
3. Criando Bilhões
4. Fome, Fome, Fome
5. Eu, Eu, Eu e do Lado Quem Puder Estar
6. Geo-História do Consumo
Livro Dois: Empurração
1. Ó Abre Alas
2. Sai da Frente
3. Autocomplacência
4. Complacência
5. Auto-estrada do Eu
6. Empurr/ação
O Umbigo da Gente
Vitória, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009.
José Augusto Gava.
2
Livro Um: Gente-Umbigo
Chamei de gente-umbigo os que só pensam em alimentar-se
e aos seus, que não se dão nem um pouco à coletividade: MEU carro,
MINHA casa, MEUS filhos, MINHAS viagens, MEUS estudos, tudo MEU,
MEU, MEU. Gente que só pensa em si.
EGO-ISMO
O eco-ismo só responde “eu”.
Exposição demais.
Difícil parceria.
Em volta de si.
A gente-umbigo é autocomplacente (consigo) e complacente
com os próximos [filhos > esposa/marido (enquanto não desagrade) >
mãe/pai > irmãos/irmãs > parentes > amigos – nessa ordem; quando mais
próximo de si mais complacente], sempre muito próximos.
Complacência - S. f.
1. Ato ou desejo de comprazer; agrado.
2. Benevolência, condescendência.
NO DICIONÁRIO AURÉLIO SÉCULO XXI
1. Físico-química;
COMPLACÊNCIA DE TODO TIPO
2. Biológica-p.2;
3. Psicológica-p.3.
A necessidade constante de se auto-comprazer, de se auto-
agradar, da auto-benevolência, da auto-condescendência é tremenda,
permanente, firme e aguda ou crônica. Nos churrascos é aquela coisa de
pegar a carne primeiro. Ou há o ditado “farinha pouca, meu pirão
primeiro”. Ou aquele outro: “quem parte e reparte e não fica com a melhor
parte ou é bobo ou não entende da arte”.
3
É claro que funciona porque, sendo todos gulosos, a “mão
invisível” das outras ânsias promove o conflito de opiniões e vontades, as
leis distributivas, os governos e todas essas demências. O economista
Adam Smith, pai da “mão invisível” e da complacência, postulou essa
auto-correção do sistema, sem a interferência dos governos, o que
clamorosamente não faz sentido, como podemos ver, pois seu “meio de
vida” (deu-se em 1756) distando de 2009 mais de dois séculos e meio,
nem porisso vimos durante essas mais de oito gerações o funcionamento
de sequer um país sem a ajuda dos governos, principalmente aos ricos de
todo quadrante.
É como se nos corpos, deixadas cada qual a si mesma, as
células pudessem produzir seus efeitos necessários sem estar enfeixadas
em órgãos e estes em sistemas, que funcionam como corpo. As pessoas
interessadas no “deixe fazer”, quer dizer, em predar livremente os outros,
não importando o sofrimento alheio, pregam esse liberalismo de ocasião,
justificando o avançar sobre os desprotegidos – seguros que estão por
suas forças armadas e sua eficiência superior; mas quando o cenário
muda esses liberais rapidamente trancam seus mercados.
Pois é da gente-umbigo promover indiscriminadamente a
empurração dos outros, a exclusão dos demais. Essa gente não se
contenta com ter duas mãos e dois pés, pega emprestado ou
definitivamente as e os dos outros: sonega, rouba, desvia verbas, faz todo
tipo de trambicagem, pratica todo gênero de malandragem.
CENTO-SHIVA, UM SÍMBOLO PARA A GENTE DE MUITOS
BRAÇOS E MUITAS PERNAS (Shiva misturado com uma
centopéia para indicar os muitos braços e as muitas pernas)
Abarcar e pegar tudo com os braços e as pernas. Como diz o
povo, a gente-umbigo “tem a boca maior que a barriga”.
4
BOCÃO
Gente que quer ser continuamente alimentada.
Eu, por exemplo, como muito, porque sou nervoso e porque
venho de família que insistia muito na alimentação farta, mas estou
falando de gente que quer tudo para si e os seus, não se importando se
fere as pessoas no caminho, se as machuca para conseguir o que quer.
A grande maioria dos seres humanos é, neste momento da
geo-história, desse jeito; e nisso o todo da Curva do Sino foi em grande
parte deslocado para o lado do super-ter e do super-eu.
Capítulo 1.1.
Uni, Duni, Te
O problema é que o crescimento humano (tanto no útero
quanto fora dele) não opera segundo progressão aritmética do tipo 1, 2, 3
e sim segundo progressão geométrica do tipo 2, 4, 8 e segue. Só para
vermos o início do problema, no útero começamos como duas células
(óvulo e espermatozóide) e em 9 meses saltamos para 100 trilhões delas.
E quase todas essas células são substituídas em 7 anos, na base de 14
trilhões delas por ano, o que é mais de duas mil vezes a população
humana no planeta. Para comparação, imagine se 1/7 de 7,0 bilhões (para
simplificar as contas: o número real está próximo, 6,6 bilhões) de seres
humanos fosse substituído todos os anos! Seria um bilhão de pessoas
POR ANO.
Células funcionam numa rapidez estonteante, pois são
milhares de organelas trabalhando ao mesmo tempo. Somos um sistema
mecânico de grande velocidade e só achamos que somos estáveis porque
não vemos as coisas funcionando nas profundezas.
Se a gente-umbigo não existisse seria melhor?
Depende.
Como desejam muito para si e os seus, ou têm de trabalhar
muito ou fazem outros trabalhar muito em seu proveito, tomando destes
5
através da mais-valia e de outros mecanismos (roubo, furto, desvios,
etc.).
Entrementes, é bem evidente que essa gente produz.
Migrar para um pólo de quietismo extremo talvez não fosse
bom, talvez fosse pior ainda, por reduzir demais o ritmo humano. Tudo
deve ser ajuizado, muito estudado, melhor determinado. Tudo é questão
de estudar continuamente.
De fato, tanto é necessário colocar cabresto na extrema
esquerda quanto na extrema direita, pareando os cavalos e fazendo-os
trabalhar pelo centro comum.
Capítulo 1.2.
Proliferação
A questão é que estamos proliferando doidamente, sem
controle: não é apenas a quantidade de gente, é principalmente que a
matriz-equação e o programáquina capitalista são completamente
ineficientes na alocação e distribuição dos recursos físico-químicos,
biológicos-p.2 e psicológicos-p.3, para não falar dos informacionais-p.4.
É CLARO QUE HÁ OUTRAS DIMENSÕES
Modelo de câncer de pele
(os papéis da
humanidade são variadíssimos, mas em termos geológicos é
isto:)
O câncer em nossas células.
Nós como câncer da Terra.
Vista nos tempos geológicos, a humanidade está corroendo
muito rapidamente a pele da Terra. Como já defendi insistentemente a
6
humanidade, posso falar: somos como uma gritante anomalia que precisa
se consertar, atingir o equilíbrio através da dignidade.
TEMPO GEOLÓGICO
O calendário cósmico •Outubro 31, 2008 De Carl Sagan
Suponhamos, diz-nos Carl Sagan, que os 15 bilhões de anos
que se escoaram desde o nascimento do Universo sejam “comprimidos” em um único ano. Assim, façamos nascer o Universo à zero hora do dia 1o. de janeiro, e imaginemos que estamos exatamente no último minuto do dia 31 de
dezembro. Irei repartir os 15 bilhões de anos de evolução por um único ano. Eis como nosso calendário universal vai
agora se nos apresentar: Antes de dezembro
Big Bang 01 janeiro
7
Origem da Via Láctea 01 maio
Origem do sistema solar 09 setembro
Formação da Terra 14 setembro
Origem da vida sobre a Terra 25 setembro
Formação das mais velhas rochas 02 outubro
Plantas fotossintéticas 12 outubro
Primeiras células 15 novembro
O mês de dezembro
A atmosfera se desenvolve 01 dezembro
Primeiros vermes 16 dezembro
Invertebrados 17 dezembro
Plâncton oceânico. Trilobitas 18 dezembro
Peixes e primeiros vertebrados 19 dezembro
Plantas vasculares 20 dezembro
Insetos e animais terrestres 21 dezembro
Anfíbios e insetos alados 22 dezembro
Árvores e répteis 23 dezembro
Dinossauros 24 dezembro
Mamíferos 26 dezembro
Pássaros 27 dezembro
Primeiras flores 28 dezembro
Cetáceos e primatas 29 dezembro
Primeiros humanóides 30 dezembro
Primeiros humanos 31 dezembro
O dia 31 de dezembro
Primeiros humanos 22:30′ Uso dos utensílios de pedra 23:00′
Domesticação do fogo:Pequim 23:46′
Último período glacial 23:56′
Pinturas pré-históricas Europa 23:59′
Invenção da agricultura 23:59′20″
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Período neolítico 23″59′35″ Sumer, Ebla e Egito 23:59′50″ Metalurgia do bronze 23:59′53″ Metalurgia do ferro 23:59′54″ Nascimento de Buda 23:59′55″ Nascimento de Cristo 23:59′56″ Nascimento de Maomé 23:59″57″
Cruzadas 23:59′58″ Renascença na Europa 23:59′59″
Desenvolvimento da ciência e tecnologia. Surgimento de uma cultura
global. Aquisição dos meios de autodestruição da espécie humana. Primeiros passos em exploração e
comunicação extraterrestre
agora
Segue-se o 1o. segundo do Ano Novo…
NO CALENDÁRIO CÓSMICO, O BIG BANG ACONTECE PRECISAMENTE À ZERO HORA do dia primeiro de janeiro, e cada bilhão de
anos no Universo corresponde a cerca de 24 dias. Um único segundo representa quase quinhentas voltas em torno do
Sol. Neste calendário estão assinalados os principais eventos atualmente disponíveis da história do cosmos, como a época
da formação da nossa galáxia, do Sistema Solar, do surgimento dos primeiros organismos vivos na Terra e o
despertar do ser humano. É claro que existem imperfeições. Pode-se descobrir, por exemplo, que as plantas colonizaram a Terra antes do que os cientistas calcularam (e portanto num dia diferente do
nosso calendário). Além disso, devido à extrema compressão do tempo a que nos
submetemos nessa escala, todos os eventos de nossa história escrita ficam comprimidos literalmente nos últimos instantes do dia 31 de dezembro e é quase
impossível registrá-los integralmente. Mas isso não importa. O Calendário Cósmico nos lembra que além de muito pequenos perante o Universo, ocupamos também um instante de tempo insignificante em sua existência.
Acima de tudo, que o nosso destino – e o de toda a vida na Terra – dependerá a partir de agora da sensibilidade humana e de nosso valioso conhecimento científico.
É claro que não está comprimindo do como Sagan fez
parecer (pretendendo ou não), é apenas o caso dele ter escolhido tantos
bilhões de anos como um ano cósmico – a partir daí faria parecer que
milhares de anos seriam mesmo alguns segundos, dado que para o tempo
do universo cada segundo cósmico vale cerca de 500 dos nossos anos.
9
Não estamos sendo espremidos no último segundo de vida, de modo
nenhum, nem vai haver um “segundo ano cósmico”. Todo modelo tem
uma margem de validade e passar dela é condenar-se aos enganos.
Contudo, é certo que abusamos mesmo, em qualquer
sentido, e que devemos nos corrigir.
Capítulo 1.3.
Criando Bilhões
Começa como dois: espermatozóide que chega ao óvulo e
dispara o crescimento. Depois vai dobrando rapidamente: 2, 4, 8, 16 e
segue.
A DIVISÃO-MULTIPLICATIVA É RÁPIDA (se crescêssemos a
esse ritmo nossa história toda não teria durado senão
algumas décadas)
Wednesday, 5-Sep-2007 12:39 Email | Share | Bookmark
EMBRIOLOGIA
Estágio de 2 blastomeros
Estágio de 4 blastomeros
Estágio de 8 blastomeros
Mórula (Estágio de mais de 12 blastomeros)
Blastocisto inicial
Trofoblasto (7 dias) Notar formação do Hipoblasto e a
form
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Trofoblasto (7 dias) Notar formação do Hipoblasto e a fo
Blastocisto (8 dias)
Blastocisto (8 dias)
Blastocisto (12 dias)
Blastocisto (12 dias)
Esquema do Blastocisto (14 dias)
Blastocisto (14 dias)
Blastocisto (14 dias)
Seqüência
Gástrula (15 a 16 dias)
Gástrula (15 a 16 dias)
Gástrula (15 a 16 dias)
Gástrula (15 a 16 dias)
Gástrula (15 a 16 dias)
Esquema da Gástrula (17 a 18 dias)
Gástrula (17 a 18 dias)
Esquema da Gástrula (17 a 18 dias)
Gástrula (17 a 18 dias)
Esquema da Gástrula (17 a 18 dias)
Gástrula (17 a 18 dias)
Gástrula (17 a 18 dias)
11
Esquema da Gástrula (19 a 21 dias)
Gástrula (19 a 21 dias)
Seqüência
Esquema de Gástrula (19 a 21 dias)
22 a 23 dias
Esquema de 22 a 23 dias
Seqüência
24 dias
Esquema dos 24 dias
Esquema 24 dias
24 dias
24 dias
Esquema de 24 dias
24 dias
Esquema 26 dias
26 dias
26 dias
26 dias
26 dias
28 dias
Esquema dos 28 dias
12
28 dias
28 dias
Seqüência
Começa com duas células e vai rapidamente até 100 trilhões
delas. A gestação humana corresponde a muita alimentação durante nove
meses (em torno de 266 dias). Por cerca de 270 dias de 24 horas,
segundo a segundo, a mãe cuida da alimentação do bebê,
proporcionando tudo “de mão beijada” à gulodice do feto e do embrião.
A única notícia que o embrião-feto-bebê tem até o
nascimento e depois dele os anos de peito, mais aqueles até a
adolescência, é da disponibilidade do vício da alimentação. Diante disso,
seria de surpreender se não tivéssemos necessidade constante de
alimentos e de objetos.
Esses são os filhos-da-mãe: 100 trilhões de células em um
indivíduo (de muitos, um; de muitas células um indivíduo). É mesmo uma
criação extraordinária da Natureza geral e de cada mãe particular, mas em
todo caso cada um de nós é um fominha que está consumindo a Terra até
o sabugo.
TERRA CONSUMIDA
Autofagia da humanidade.
A pele de Mamãe-Terra.
Mar de Araque, antigo Mar de Aral.
A humanidade encalhada.
13
As gentes-umbigo são todos e cada um de nós; uns, pouco
mais, outros pouco menos, mas todos participando da devastação. Diz o
modelo que só [(1/40)5.109
1. fomes corporais (que no ser humano também são
mentais);
=] 60 pessoas são absolutamente isentas
dessas lamentáveis contribuições.
Para “vencer na vida”, o que é tão valorizado, as pessoas
fazem sob instigação de tudo ou quase de tudo, inclusive os artistas e
diretores em geral, especialmente os de TV e de cinema, disseminando
seus vícios horrorosos à vista das crianças, com meu total repúdio. Já que
esse “vencer na vida” representa venda de produtos e daí aumento da
produção os políticos do Legislativo, os governantes do Executivo e os
juízes do Judiciário são rápidos em favorecer explícita e implicitamente
todo os gêneros de procedimentos, até os perversos, desde que levem ao
aumento da produção.
SÃO VÁRIAS AS FOMES
2. fomes mentais (vem de nos sentirmos pequenos e
complexados):
2.1. de objetos;
2.2. de piscinas;
2.3. de viagens;
2.4. de dinheiro na poupança;
2.5. de aplicações em ações;
2.6. de super-sexo;
2.7. de compra de diversos apartamentos, de casas e de
sítios e do resto todo;
2.8. de barcos;
2.9. de carros e caminhões;
2.10. de trens e navios;
2.11. de prédios;
2.12. de conhecimento;
2.13. de títulos acadêmicos;
2.14. de louvores;
2.15. de poder;
2.16. de fama;
2.17. de uma quantidade ilimitada, indescritível, de coisas.
Vai daí que para conseguir isso tudo (que é índice ou
apontamento de sucesso social) a gente-umbigo seja capaz de tudo,
empurrando para os lados os que não saem da frente.
Capítulo 1.4.
Fome, Fome, Fome
14
UM DOS CEAGESP DE SÃO PAULO E MERCADOS DE
HORTIFRUTIGRANJEIROS (tudo é muito, muito, muito, demais)
Se fossem retiradas as casas (apartamentos, moradias, lares
de um modo geral, quaisquer que fossem os abrigos de pessoas, inclusive
hotéis e motéis) o que restasse seria o suporte do nosso atendimento e
trânsito: armazéns, portos, aeroportos, hospitais, roças, granjas e mais
uma infinidade de locais, inclusive ruas, praças e o resto. São
verdadeiramente incontáveis mecanismos e áreas. Se a sua mente rastrear
em volta de onde você esteja lendo, terá até dificuldade de pensar tudo
que é necessário à nossa manutenção.
A fome de nossa espécie é genuinamente incrível.
Os governos ambientais (de cidades-municípios, de estados,
de nações e do mundo) e as pessoas (indivíduos, famílias, grupos e
empresas) não poderiam planejar melhor? Claro que sim. DE FATO, não
há gente estudando como controlar o lixo, os esgotos, o excesso de ruas
e de automotores em termos mundiais.
Estamos começando a pensar sobre o disparate.
Quanto mais penso, mais fico assombrado, porque “saindo”
da experiência e da justificativa humana vemos que o humanismo, a
superafirmação da humanidade, é um desastre de grandes proporções.
Defende a humanidade e ataca todos os outros seres.
Enfim, de um lado a fome e do outro um mundo a comer.
Capítulo 1.5.
Eu, Eu, Eu e do Lado Quem Puder Estar
O ELEVADOR DOS GORDOS EM ‘EU’ ESTREITA OS DEMAIS
15
Como no caso da desigualdade (veja A Beleza da Desigualdade), o crescimento em si não é nem um pouco significativo: é o
que se faz com ele que é ruim. Quando um bebê nasce, depois de sair de
duas células e chegar a 100 trilhões ele é - como o Brasil - impávido
colosso, uma destemida população de 100 trilhões de células individuais.
O RETRATO DAS POSSIBILIDADES
CURVA DO SINO
altruísmo alter centro,
equilíbrio
ego egoísmo
super-outro super-eu
superafirmação
do outro,
doença da
introjeção
superafirmação
do eu, doença
da exposição
de si
superdoação
dos santos
superfunil de
Van Damme
Embora multiplicação extraordinária (> 246
1. fome dos primatas (90 milhões de anos);
) em menos de 9
meses, o bebê não tem consciência, não é evidente para ele o que
aconteceu; embora tal crescimento explosivo esteja instalado em suas
células, recomeça tudo no momento do nascimento. Seria possível, ali,
contar outra história, a consciente, a da auto-disciplina.
Contudo, já ouvi muitas vezes em supermercados ou outros
lugares pai ou mãe dizendo à criança: “o que minha/meu filhinha/filhinho
quer?”, adulando, adulando e adulando. E há todos esses milhões de
bebês gordos e supergordos em várias partes do mundo, inclusive na
China dos “pequenos imperadores”, os chatíssimos filhos únicos aos
quais se faz todas as vontades.
Calhou de virmos de uma época de grande penúria.
PÉSSIMA NOTÍCIA
2. necessidades dos hominídeos (10 milhões de anos);
3. imperativos dos neanderthais (120 mil anos);
4. vontades dos CRO-magnons (70 mil anos);
5. penúrias dos nossos antepassados cultos (10 mil
anos).
E tudo isso posto diante da superabundância dos tempos
atuais quando, desde 500 anos, a tecnociência propiciou uma quantidade
de facilidades crescentes. De um lado a lembrança da fome, do outro a
16
superchance de pegar da superoferta de produtos da atualidade – o
resultado é uma quantidade incrível de obesos físicos e mentais.
Capítulo 1.6.
Geo-História/GH do Consumo
Seria muito conveniente – ao nos vermos assim de fora (o que
é proteger também) – fazer um levantamento pormenorizado da GH do
consumo e do consumismo, particularmente onde este assumiu suas
feições mais nervosas e extremadas, com as propagandas mais
descabidas e as GH de insucessos (para contrapor às “histórias de
sucesso”)
O EXTREMO DA GENTE-UMBIGO: CONSUMISMO, A
HIPERAFIRMAÇÃO DO CONSUMO, A DOENÇA DO TER
Então, para ter o que deseja a qualquer custo a gente-
umbigo empurra os demais para os lados. Empurra todos, a começar dos
colegas, dos amigos, dos parentes, dos pais-mães, das esposas ou
maridos, dos filhos, atropelando até a si mesmo, na medida em que o
excesso de alimentação leva à morbidade ou ao consumo do corpo para
atendimento dos apetites variados. Impele COM FORÇA, até com
violência, inclusive matando, destruindo propriedade pública ou privada e
cometendo muitos atos deploráveis.
17
OS RESULTADOS DA EMPURRAÇÃO
Vandalismo não é ato revolucionário, que é social, é contra a
ordem das coisas, identificação precisa do inimigo que superexplora -
quando exploração já é errada. Vandalismo é consumo também: consumo
da extremada e incontrolável vontade de poder e da impunidade que lhe é
correlata. É mais uma empurração, neste caso criminosa, não acobertada
pelas leis.
Livro Dois: Empurração
A EMPURRAÇÃO É UM CORRELATO (se todos querem o que
você quer, e você não é suave, tenderá a querer primeiro – e
isso os outros também querem)
18
Com os espíritos tão excitados para TER (ter objetos, ter
sucesso, ter fama, ter poder, ter mulheres – ter, ter, ter, ter cada vez mais)
não é nada de admirar que as coisas desandem.
Sucedem-se os livros que acicatam o apetite através da
elaboração de novos pratos e reelaboração dos antigos, livros que falam
de bebidas e vinhos, livros que apontam como e o que ver nos museus e
nas pinacotecas. Excitação, agitação, perturbação dos espíritos.
E tudo vai tão doente que primeiro estimulam a pessoa a ter
150 kg e depois a forçam aos regimes, que são punições e autopunições.
ESTIMULAR E PUNIR
Obesidade-estimulação para cima. Regime-fome para baixo.
equilíbrio desejado
Coletividade doente de dois excessos.
Proliferam as academias nas terras dos gordos, falta paz nas
terras dos magros. Insatisfação interna na época das sociedades
afluentes, plena de potencialidades no primeiro mundo, correspondente
19
insatisfação externa nas sociedades subjugadas, onde nem se é humano
ao máximo das possibilidades.
Assim caminha a humanidade. Aos trancos e barrancos, aos
empurrões e tropeços, sem sabedoria e sem dignidade, exceto de
poucos. O demônio venceu ou não venceu essa humanidade perdedora,
que poderia ter ganhado fácil, mercê de todas as facilidades?
Capítulo 2.1.
Ó Abre Alas
MARCHINHA DO CARNAVAL HUMANO Ó Abre Alas (1899) Chiquinha Gonzaga
Ó abre alas que eu quero passar Ó abre alas que eu quero passar Eu sou da lira não posso negar Eu sou da lira não posso negar
Ó abre alas que eu quero passar Ó abre alas que eu quero passar Rosa de ouro é que vai ganhar Rosa de ouro é que vai ganhar
Cunha, um símbolo para a empurração.
Ninguém quer saber: sob o estímulo social pela
competitividade as pessoas dão a vida e a alma em favor da acumulação,
marca universal de status.
Capítulo 2.2.
Sai da Frente
COMPETIÇÃO EM TODA PARTE
Bater parece bom.
Estímulo subliminar dos conflitos.
20
Todos os sentimentos errados da humanidade foram estimulados.
Violência supostamente acalma as massas.
Foi bem planejado esse cenário que estamos vendo, de forma
a extrair o máximo de ira, sentimento de culpa, vergonha e todo o lado
ruim do dicionário – talvez essa seja a verdadeira abdução (pelos deuses
malévolos, que vivem da sujeição humana).
De um lado temos o umbigo enquanto índice ou apontamento
de escandalosa fome e do outro todos os traumas que ela provoca na
multidão em todo o planeta.
GIRANDO EM TORNO DO CÍRCULO
Umbigo-terror.
Umbigo-indisciplina.
Umbigo-beleza.
Umbigo-sujeição.
A gente-umbigo faz de tudo para se destacar, para aparecer
na foto, para se mostrar como superior. Como de cada coisa vem algum
bem, disso também vem, mas os males daí advindos são muito mais
agudos e causam muito mais devastação, pendendo a balança em
desfavor da Terra.
Capítulo 2.3.
Autocomplacência
21
PRÊMIOS-PALMAS PARA MIM
Pessoa-jóia.
Roupessoa.
Pessoa-sapatos.
Pessoa aumentada-diminuída.
Centenas de milhões de pessoas passam a vida cuidando
excessivamente de si mesmas e tudo que vêem desse extraordinário
universo de i (ELI, Elea, Ele-Ela, Natureza-Deus) são as coisas que
cobiçam. De todo o verdadeiro prêmio, da real doação só enxergam esse
tiquinho que é o ego.
Recompensados por i são aqueles que estudam e buscam o
Conhecimento (Magia-Arte, Teologia-Religião, Filosofia-Ideologia,
Ciência-Técnica e Matemática) e com ele podem ver, ainda que pequenas
seções de todo o Desenho geral.
A HUMANIDADE ENTREGUE À AUTO-COMPLACÊNCIA (o
problema nem é somente ter, porque o corpo cansa, é viver
para isso, para agradar os sentidos)
Supermacio.
Supervalorização.
Centenas de litros de leite estragados.
Ab ovo.
22
Estamos mergulhados na merda da auto-complacência e da
complacência desmiolada, que se recusa a enfrentar as dificuldades. Os
problemas estão vindo e não vão voltar, para pegar dos fracos do
passado recente parte de seus abusos nos mais recentes 60 anos - eles
vão cobrar do futuro.
Capítulo 2.4.
Complacência
RETRATOS DA COMPLACÊNCIA
Orelhão quebrado.
Fila dupla.
Urinando em público.
Sexo em público.
Crianças espancadas.
Mulheres espancadas.
Alta velocidade e ultrapassagens
imprudentes.
Impunidade.
23
Desvio de verbas.
Propaganda enganosa.
Corrupção de juizes.
Erros médicos A lista seria grande.
Nós somos complacentes com os erros alheios só um pouco
menos do que somos com os nossos mesmos.
OS TRÊS MACACOS
Não ver, não ouvir e não falar tem sido a opção de tantos de nós.
Se a nossa e a geração anterior aquietou, se depois da II
Guerra Mundial por 60 anos diminuímos nossa vigilância e nossa
capacidade de dizer NÃO, com toda certeza em algum momento vamos
pagar todo o acúmulo; todas as fragilidades estão sendo represadas e em
algum momento romperão a resistência do cenário e derramarão sobre o
vale abaixo com violência indescritível. É um “Deus nos acuda!” para as
gerações posteriores - no caso a dos nossos filhos e dos nossos netos -,
que pagarão o preço de nossa fraqueza e tibieza, frouxidão, moleza,
indolência.
O ROMPIMENTO DA REPRESA
O futuro vai se arrebentar (adivinhe para
onde estamos indo).
O futuro fica a jusante e, quando romper,
é para ele que irá todo o excesso.
24
Se nós acumulamos erros, excessos, abusos, violências,
desconfianças, maus-tratos, incontinência, complacência e auto-
complacência pode ter certeza absoluta que pagaremos essa conta no
futuro.Não irá para outro lugar que para o seu resto de vida, e dos seus
entes queridos: tudo que acumulamos no passado, seja de bom ou de
ruim, vai para o futuro. Não há como recuar para a “doce vida”.
Capítulo 2.5
Auto-estrada do Eu
UM MUNDO DE POSSIBILIDADES PARA A GENTE-UMBIGO
O SUPEREU quer uma auto-estrada de oito pistas de ida,
totalmente vazia somente para ele. Isso nos ensinam as mensagens
sociais, a sermos “vitoriosos”, deixando de saber se do outro lado estão
tantos derrotados. Por outro lado, os filmes de Hollywood zombam dos
derrotados, chamam-nos “perdedores” – e de fato, somos mesmo, cada
um em sua medida.
O HOMEM SANDUÍCHE
De um lado o
superestímulo para
todas as vitórias do
“ganhador”.
Do outro lado o
achincalhe de todas as
derrotas do
“perdedor”.
Admira que vivamos em angústia?
Todas as propagandas de um lado e do outro visam fazer
super-produzir, tendo em vista o processo de acumulação capitalista, que
ninguém mais sabe a que veio.
Cada um sonha com a super-auto-estrada do ego, mas isso
deveria nos indicar que viveremos apertados, se TODOS estão fazendo a
mesma coisa. Se todas as ruas forem expandidas para os lados, das duas
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uma: ou as casas ou as outras ruas sofrerão de falta de espaço ou de
tempo.
Capítulo 2.6.
Empurr/ação
Empurr/ação, o ato permanente de empurrar.
Na escola, de ensino propositadamente inocente (ainda bem),
não nos instruem sobre a empurração, só a compreenderemos depois, na
chamada “escola da vida”: para acessar os produtos através do dinheiro
VALE TUDO, tudo mesmo que não esteja fora das leis. Alguns vão além
das margens delas; e não são só os marginais declarados, pois muitos se
ocultam atrás de fachadas, inclusive “gente grande”, como diz o povo.
Não deveria haver “gente grande” perante a constituição, porque ela diz:
“todos são iguais perante a lei”. Nem deveria haver filas especiais para
idosos, grávidas, deficientes – eles que ficassem sentados com senha,
pois todos deveriam ser iguais diante da lei por convenção universal.
O Umbigo da Gente
Para extrair trabalho das pessoas foi inventado o mecanismo
das recompensas, visando o desenvolvimento do mundo a serviço de não
se sabe quem. Os bancos, evidentemente, estão na parte terminal do funil
colhendo todo o nosso trabalho.
Na suposição de que Deus ou a Natureza, ou ambos haveriam
de cuidar de nós, fizemos todo tipo de trapalhada, porque no passado a
flexibilidade da Natureza - por ela ser grande demais diante da nossa
pequenez - recompunha a maioria dos caminhos, reparava a maioria dos
erros.
A Terra não vai morrer, o que pode morrer é a humanidade.
A Vida não vai desaparecer, ela já agüentou extremas
extinções (de 99 % há 270 milhões de anos e de 70 % há 65 milhões de
anos) e mesmo quando cai o maior dos meteoritos ou cometas e provoca
devastações ela se recompõe: apenas os seres humanos seriam
exterminados ou reduzidos a uma fração medíocre.
A coletividade humana pode muito, na situação atual, mas
não pode tudo, nem de longe. Depende do útero-Natureza para
inumeráveis ações dos reinos vivos (fungos, plantas, animais), da
bandeira elementar (ar, água, terra/solo, fogo/energia), do Sol. De fato, é
tanta a nossa dependência que nem dá para enumerar. Quem falou em
independência humana, como se estivéssemos livre da primeira natureza,
é tolo e precipitado.
Nós vivemos dentro da Terra-útero e não vamos poder sair
verdadeiramente dele como espécie autônoma tão cedo! Nem por reza
26
brava. Para todos os efeitos tangíveis estamos colados à placenta de
Mamãe e grande parte do que temos recebido foi passado pela ponte do
cordão umbilical que a ela nos liga. Pensando bem, nem nascemos ainda,
estamos dentro do ovo cósmico que é a Terra.
A gente-umbigo contribui, sim, um pouco, porque na ânsia
de ter e tomar tem obrigatoriamente de dar; mas é pouco diante do
trabalho da gente trabalhadora (tanto operários quanto empresários). Se
ela não se reformar ou não for reformada na marra colocará todos nós em
risco de desaparecimento.
Vitória, quinta-feira, 19 de março de 2009.
José Augusto Gava.
ANEXOS
Gente-Umbigo O PAI DO ‘DEIXA COMIGO’
Artigo > Adam Smith (1723-1790)
Adam Smith, considerado o formulador da teoria econômica, nasceu em 1723, em Kirkcaldy, na Escócia. Ele freqüentou
a Universidade de Oxford, e nos anos de 1751 a 1764 ensinou filosofia na Universidade de Glasgow onde
publicou seu primeiro livro, A Teoria dos Sentimentos Morais. Contudo, foi com outra obra que ele conquistou grande fama: Uma Pesquisa Sobre a Natureza e as Causas
das Riquezas das Nações, lançado em 1776.
Grande parte das contribuições de Adam Smith para o campo da economia não foi original. Porém, ele foi o primeiro a lançar os fundamentos para o campo desta ciência. Ele
tornou o assunto compreensível e sistemático e seu livro A Riqueza das Nações pode ser considerado como a origem do estudo da Economia. Nesta obra, ele demonstra que muitas crenças econômicas populares são na verdade errôneas e auto-destrutivas. Ele enfatizou que uma
divisão apropriada da mão-de-obra pela sociedade, com cada pessoa se especializando naquilo que sabe fazer
melhor, seria a melhor maneira de aumentar a produtividade e a riqueza de uma nação. Além disso, Smith
criticou as excessivas intervenções e restrições do governo sobre a economia, demonstrando que economias
planejadas na verdade atrapalham o crescimento.
A idéia central de Smith em A Riqueza das Nações é de que
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o mercado, aparentemente caótico, é, na verdade, organizado e produz as espécies e quantidades de bens que
são mais desejados pela população. Um exemplo pode ilustrar esta idéia:
Vamos supor que os membros de uma população desejem muito consumir sorvete. Naquele momento há apenas um fabricante de sorvete. A partir do instante em que todos desejam
comprar seu produto, ele pode cobrar preços muito altos. Outras pessoas na sociedade percebem que este fabricante
está ganhando muito dinheiro e então decidem também entrar no negócio. Logo haverá diversos sorveteiros e todos vão querer atrair o maior número de clientes
possível. Para isso, eles vão desejar produzir o melhor sorvete reduzindo seu preço para o menor possível. Este exemplo ilustra a premissa básica de Smith; o
governo não precisa interferir na economia. Um mercado livre produzirá bens na quantidade e no preço que a
sociedade espera. Isto acontece porque a sociedade, na busca por lucros, irá responder às exigências do mercado. Smith ainda escreve: “cada indivíduo procura apenas seu próprio ganho. Porém, é como se fosse levado por uma mão invisível para produzir um resultado que não fazia parte de sua intenção... Perseguindo seus próprios interesses,
freqüentemente promove os interesses da própria sociedade, com mais eficiência do que se realmente
tivesse a intenção de fazê-lo”. Adam Smith explica que a “mão invisível” não funcionaria
adequadamente se houvessem impedimentos ao livre comércio. Ele era, portanto, um forte oponente aos altos
impostos e às intervenções do governo, que afirmava resultar em uma economia menos eficiente, e assim fazendo
gerar menos riqueza. Contudo, Smith reconhecia que algumas restrições do governo sobre a economia são
necessárias. Este conceito de “mão invisível” foi baseado em uma expressão francesa, “laissez faire”, que significa que o governo deveria deixar o mercado e os indivíduos
livres para lidar com seus próprios assuntos. Deve-se saber que Smith não foi um economista ingênuo.
Ele estava ciente dos abusos praticados por muitas empresas privadas, e denunciou as formações de
monopólios, que ocorrem quando uma firma é a única produtora de um certo produto. Adam Smith também criticou
seriamente as conspirações comerciais e cartéis que ocorrem quando um grupo de empresários, produtores de um mesmo bem de consumo, estabelece um determinado preço.
Estes fenômenos econômicos poderiam obviamente prejudicar os trabalhos da “mão invisível” onde uma economia
funciona melhor quando há bastante competição, resultando em produtos melhores sendo fabricados na quantidade
apropriada e nos menores preços possíveis. As teorias econômicas de Adam Smith foram amplamente
aceitas, e economistas famosos posteriormente utilizaram-nas em seus trabalhos. Sua obra, A Riqueza das Nações, foi escrita de forma clara e compreensível e foi lida e reverenciada por muitos. Seus argumentos a favor da pouca interferência governamental nos negócios, na taxação e tributação e livre comércio influenciaram a economia
mundial durante o século XIX, e continua influenciando até os dias de hoje.
Smith foi o fundador do estudo sistemático e organizado
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da Economia e um dos principais pensadores na história humana.
Adam Smith faleceu em 17 de julho de 1790.
Capítulo 1.2. PROLIFERAÇÃO DAS CÉLULAS
Gametogênese
1. Introdução Gametogênese é o processo pelo qual os gametas são produzidos nos
organismos dotados de reprodução sexuada. Nos animais, a gametogênese acontece nas gônadas, órgãos que também produzem os
hormônios sexuais, que determinam as características que diferenciam os machos das fêmeas.
Por apresentar aspectos muito particulares, a gametogênese dos vegetais será abordada no curso de Botânica. Iremos, nessas aulas, tratar da gametogênese animal, com destaque para a gametogênese
humana. O evento fundamental da gametogênese é a meiose, que reduz à metade
a quantidade de cromossomos das células, originando células haplóides. Na fecundação, a fusão de dois gametas haplóides reconstitui o número diplóide característico de cada espécie.
Em alguns raros casos, não acontece meiose durante a formação dos gametas. Um exemplo bastante conhecido é o das abelhas: se um óvulo não for fecundado por nenhum espermatozóide, irá se desenvolver por mitoses consecutivas, originando um embrião em que todas as células são haplóides. Esse embrião haplóide formará um indivíduo do sexo masculino. O desenvolvimento de um gameta sem que haja fecundação chama-se partenogênese. Se o óvulo for fecundado, o embrião 2n irá
originar uma fêmea. Em linhas gerais, a gametogênese masculina (ou espermatogênese) e a gametogênese feminina (ovogênese ou ovulogênese) seguem as mesmas
etapas.
2. A Espermatogênese Processo que ocorre nos testículos, as gônadas masculinas. Secretam a testosterona, hormônio sexual responsável pelo aparecimento das características sexuais masculinas: aparecimento da barba e dos
pêlos corporais em maior quantidade, massa muscular mais desenvolvida, timbre grave da voz, etc.
As células dos testículos estão organizadas ao redor dos túbulos seminíferos, nos quais os espermatozóides são produzidos. A
testosterona é secretada pelas células intersticiais. Ao redor dos túbulos seminíferos, estão as células de Sertoli, responsáveis pela nutrição e pela sustentação das células da linhagem germinativa, ou
seja, as que irão gerar os espermatozóides. Nos mamíferos, geralmente os testículos ficam fora da cavidade abdominal, em uma bolsa de pele chamada bolsa escrotal. Dessa
forma, a temperatura dos testículos permanece aproximadamente 1° C inferior à temperatura corporal, o que é ideal para a
espermatogênese. A espermatogênese divide-se em quatro fases:
Fase de proliferação ou de multiplicação: Tem início durante a vida intra-uterina, antes mesmo do nascimento do menino, e se prolonga
praticamente por toda a vida. As células primordiais dos testículos, diplóides, aumentam em quantidade por mitoses
consecutivas e formam as espermatogônias .
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Fase de crescimento: Um pequeno aumento no volume do citoplasma das espermatogônias as converte em espermatócitos de primeira ordem, também chamados espermatócitos primários ou espermatócitos I,
também diplóides.
� Fase de maturação: Também é rápida, nos machos, e corresponde ao período de ocorrência da meiose. Depois da primeira divisão meiótica, cada espermatócito de primeira ordem origina dois
espermatócitos de segunda ordem (espermatócitos secundários ou espermatócitos II). Como resultam da primeira divisão da meiose, já
são haplóides, embora possuam cromossomos duplicados. Com a ocorrência da segunda divisão meiótica, os dois espermatócitos de
segunda ordem originam quatro espermátides haplóides.
� Espermiogênese: É o processo que converte as espermátides em espermatozóides, perdendo quase todo o citoplasma. As vesículas do complexo de Golgi fundem-se, formando o acrossomo, localizado na extremidade anterior dos espermatozóides. O acrossomo contém enzimas que perfuram as membranas do óvulo, na fecundação.
Os centríolos migram para a região imediatamente posterior ao núcleo da espermátide e participam da formação do flagelo,
estrutura responsável pela movimentação dos espermatozóides. grande quantidade de mitocôndrias, responsáveis pela respiração celular e pela produção de ATP, concentram-se na região entre a cabeça e o
flagelo, conhecida como peça intermediária.
3. A Ovogênese Nos ovários, encontram-se agrupamentos celulares chamados folículos
ovarianos de Graff, onde estão as células germinativas, que originam os gametas, e as células foliculares, responsáveis pela manutenção das células germinativas e pela produção dos hormônios
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sexuais femininos. Nas mulheres, apenas um folículo ovariano entra em maturação a cada
ciclo menstrual, período compreendido entre duas menstruações consecutivas e que dura, em média, 28 dias. Isso significa que, a
cada ciclo, apenas um gameta torna-se maduro e é liberado no sistema reprodutor da mulher.
Os ovários alternam-se na maturação dos seus folículos, ou seja, a cada ciclo menstrual, a liberação de um óvulo, ou ovulação,
acontece em um dos dois ovários. A ovogênese é dividida em três etapas:
Fase de multiplicação ou de proliferação: É uma fase de mitoses consecutivas, quando as células germinativas aumentam em quantidade
e originam ovogônias. Nos fetos femininos humanos, a fase proliferativa termina por volta do final do primeiro trimestre da gestação. Portanto, quando uma menina nasce, já possui em seus ovários cerca de 400 000 folículos de Graff. É uma quantidade limitada, ao contrário dos homens, que produzem espermatogônias
durante quase toda a vida. Fase de crescimento: Logo que são formadas, as ovogônias iniciam a
primeira divisão da meiose, interrompida na prófase I. Passam, então, por um notável crescimento, com aumento do citoplasma e
grande acumulação de substâncias nutritivas. Esse depósito citoplasmático de nutrientes chama-se vitelo, e é responsável pela
nutrição do embrião durante seu desenvolvimento. Terminada a fase de crescimento, as ovogônias transformam-se em
ovócitos primários (ovócitos de primeira ordem ou ovócitos I). Nas mulheres, essa fase perdura até a puberdade, quando a menina inicia
a sua maturidade sexual. Fase de maturação: Dos 400 000 ovócitos primários, apenas 350 ou 400 completarão sua transformação em gametas maduros, um a cada ciclo menstrual. A fase de maturação inicia-se quando a menina
alcança a maturidade sexual, por volta de 11 a 15 anos de idade. Quando o ovócito primário completa a primeira divisão da meiose, interrompida na prófase I, origina duas células. Uma delas não recebe citoplasma e desintegra-se a seguir, na maioria das vezes sem iniciar a segunda divisão da meiose. É o primeiro corpúsculo
(ou glóbulo) polar. A outra célula, grande e rica em vitelo, é o ovócito secundário (ovócito de segunda ordem ou ovócito II). Ao sofrer, a segunda
divisão da meiose, origina o segundo corpúsculo polar, que também morre em pouco tempo, e o óvulo, gameta feminino, célula volumosa e
cheia de vitelo.
Na gametogênese feminina , a divisão meiótica é desigual porque não
reparte igualmente o citoplasma entre as células-filhas. Isso permite que o óvulo formado seja bastante rico em substâncias
nutritivas. Na maioria das fêmeas de mamíferos, a segunda divisão da meiose só acontece caso o gameta seja fecundado. Curiosamente, o verdadeiro gameta dessas fêmeas é o ovócito II, pois é ele que se funde com o
espermatozóide. 4. A Fecundação
Para que surja um novo indivíduo, os gametas fundem-se aos pares, um masculino e outro feminino, que possuem papéis diferentes na
formação do descendente. Essa fusão é a fecundação ou fertilização.
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Ambos trazem a mesma quantidade haplóide de cromossomos, mas apenas os gametas femininos possuem nutrientes, que alimentam o embrião durante o seu desenvolvimento. Por sua vez, apenas os gametas
masculinos são móveis, responsáveis pelo encontro que pode acontecer no meio externo (fecundação externa) ou dentro do corpo da fêmea (fecundação interna). Excetuando-se muitos dos artrópodes, os répteis, as aves e os mamíferos, todos os outros
animais possuem fecundação externa, que só acontece em meio aquático.
Quando a fecundação é externa, tanto os machos quanto as fêmeas produzem gametas em grande quantidade, para compensar a perda que esse ambiente ocasiona. Muitos gametas são levados pelas águas ou servem de alimentos para outros animais. Nos animais dotados de
fecundação interna, as fêmeas produzem apenas um ou alguns gametas por vez, e eles encontram-se protegidos dentro do sistema
reprodutor. Além da membrana plasmática, o óvulo possui outro revestimento mais
externo, a membrana vitelínica. Quando um espermatozóide faz contato com a membrana vitelínica, a membrana do acrossomo funde-se à membrana do espermatozóide (reação acrossômica), liberando as
enzimas presentes no acrossomo. As enzimas do acrossomo dissolvem a membrana vitelínica e abrem
caminho para a penetração do espermatozóide. Com a fusão da membrana do espermatozóide com a membrana do óvulo, o núcleo do espermatozóide penetra no óvulo. Nesse instante, a membrana do óvulo sofre alterações químicas e elétricas, transformando-se na
membrana de fertilização, que impede a penetração de outros espermatozóides.
No interior do óvulo, o núcleo do espermatozóide, agora chamado pró-núcleo masculino, funde-se com o núcleo do óvulo, o pró-núcleo feminino. Cada pró-núcleo traz um lote haplóide de cromossomos, e a fusão resulta em um lote diplóide, o zigoto . Nessa célula, metade
dos cromossomos tem origem paterna e metade, origem materna.
A temida equação exponencial (nós entramos nela).
PROLIFERAÇÃO DE GENTE
32
O bebê número 6 bilhões Num mundo marcado pela desigualdade, a população
mundial atinge, em três semanas, um espetacular patamar Daniel Hessel Teich e Pablo Nogueira
No dia 12 de outubro, quando os relógios brasileiros marcarem 11 horas e dois
minutos, nascerá um bebê emblemático para a humanidade – o de número 6 bilhões. Será provavelmente um menino, filho de um casal de indianos pobres, como boa parte das 50.000 crianças que nascem a cada dia na Índia. É quase certo que seus pais sejam
migrantes que trocam o campo por melhores condições de vida em cidades imensas como Bombaim. Ele terá ao nascer tamanho e peso menores que os dos bebês americanos e europeus que estejam nascendo no mesmo dia e nem será bem
alimentado nos primeiros anos de vida. Quando crescer, ficará satisfeito se obtiver renda diária de 1 dólar. Marco do extraordinário crescimento populacional da
humanidade, o bebê número 6 bilhões não é uma pessoinha que se possa identificar por nome e sobrenome – ele é, evidentemente, o resultado de um cálculo matemático.
Dados de crescimento demográfico e indicadores de natalidade e mortalidade foram compilados pela Organização das Nações Unidas para se chegar à data e ao horário. Por isso, os técnicos não têm como prever com exatidão o local onde o nascimento
ocorrerá. Chegou-se ao dia 12 de outubro cruzando (e especulando) algumas certezas estatísticas. A primeira é que a população cresce ao ritmo de uma criança a cada três
décimos de segundo. Escolheu-se a Índia porque o bebê número 6 bilhões tem 21% de chance de ser indiano, 15% de ser chinês e 5% de ser paquistanês. As chances de ser
brasileiro também são consideráveis: 3%. Talvez o número 6 bilhões nasça no Ceará e se chame José.
Nasça onde nascer, ele é o símbolo de um feito excepcional: a espécie humana tem sido extremamente bem-sucedida em sua existência diante das adversidades. Há graves
desigualdades entre os povos, ameaça de problemas futuros e riscos pela frente, mas o homem nunca teve tantas armas para lutar por uma vida melhor. Voltemos ao nosso bebê, o pequeno indiano, para demonstrar isso. A Índia tem enfrentado dificuldades para manter as condições mínimas de sobrevivência para sua enorme população de 1 bilhão de pessoas. Mesmo assim, o recém-nascido terá garantida uma expectativa de
vida média de 62 anos. Ele não morrerá de fome, uma vez que nas últimas quatro décadas a produção anual de trigo da Índia simplesmente dobrou. A de arroz cresceu de
45 para 77 quilos per capita. Os dois fatores são conseqüência direta do progresso científico da última metade de nosso século. Depois de milênios de mortandade
provocada por doenças infecto-contagiosas e pela fome, a humanidade conseguiu superar esses obstáculos. Valeu-se de antibióticos e da tecnologia agrícola na chamada Revolução Verde – uma explosão da produção detonada pelo uso de pesticidas nas lavouras e por novas técnicas de irrigação e fertilização. O resultado é que dentro de três semanas conviverão na Terra 10% do total de seres
humanos que já habitaram este planeta. É uma quantidade enorme de gente. Se fosse feita uma fila
indiana, com as pessoas separadas 30 centímetros umas das outras, seria possível preencher a distância entre a
Terra e a Lua seis vezes. E é ainda mais impressionante a velocidade com que esse número foi atingido. A
humanidade só conseguiu chegar a seu bilionésimo bebê em 1804. Cento e vinte e três anos depois viria a nova
marca: 2 bilhões. O terceiro e o quarto vieram
33
respectivamente em 1960 e 1974. O quinto bilhão foi em 1987 e apenas doze anos seriam necessários para acrescentar o último bilhão de pessoas à conta. Na ponta do
lápis, isso significa que apenas no século XX a população praticamente quadruplicou. Colapso malthusiano – São números colossais. Fazem temer que em breve o mundo
se transformará em um lugar superlotado, absolutamente inabitável. Previsões apocalípticas nesse sentido já foram feitas no século passado pelo economista inglês Thomas Malthus, um notório pessimista com relação ao futuro da humanidade. Em suas teorias, ele previu que o crescimento geométrico da espécie humana esgotaria
todas as reservas de alimentos e propôs um severo controle populacional. Muita gente lhe deu ouvidos, mas não em quantidade suficiente para alterar o crescimento da
população. Nos anos 70, as previsões pessimistas voltaram às manchetes com a reunião de um grupo de demógrafos sob o nome de Clube de Roma. Com base em dados
compilados por computador, eles anunciaram a iminência do colapso malthusiano. Estavam todos errados. Especialistas em demografia calculam que a Terra produz hoje
comida para alimentar folgadamente até 8 bilhões de pessoas e é possível garantir facilmente que cada habitante do planeta receba as 2.000 calorias diárias necessárias
para a sobrevivência saudável.
Essa gente toda errou feio porque foi incapaz de prever o grande
salto ocorrido na produção mundial de alimentos. Entre 1950 e 1998, a produção per capita de
grãos saltou de 247 quilos por ano para 312 quilos. Todo esse
alimento foi colhido com um modesto aumento de apenas 16% na área total cultivada. Enquanto
na década de 50 era utilizado 0,23 hectare cultivado por pessoa, hoje se utiliza apenas 0,12. Se há regiões onde se passa fome, é porque a distribuição da produção de
riquezas é desigual. Os vinte países mais ricos concentram 80% da riqueza mundial. "O problema é como se distribui toda a comida produzida", avalia Joel Cohen, diretor do Laboratório de Populações da Universidade Rockefeller e
autor do livro Quantas Pessoas a Terra Pode Abrigar? "Quarenta por cento dos grãos colhidos no planeta são usados para a alimentação de animais como ovelhas e
cabras", diz ele. Do jeito que a Terra está, Cohen concorda que ela pode suportar 10 bilhões de pessoas. Com uma
mudança nos hábitos de consumo, demógrafos acreditam que até o dobro possa sobreviver com alguma dignidade.
Mesmo com relação ao crescimento populacional, o cenário dantesco pintado pelos seguidores de Malthus perdeu dramaticidade. Cresce-se muito, mas a um ritmo mais
vagaroso. Estatísticas divulgadas pelo Fundo das Nações Unidas para a População, Fnuap, na semana passada
demonstraram que a velocidade de crescimento populacional foi sensivelmente reduzida. Pelas contas do
organismo, as mulheres apresentam em 1999 uma das mais baixas taxas de fecundidade já registradas na história da humanidade. Nos países mais ricos, há apenas
cinqüenta anos cada casal tinha em média três filhos. Hoje tem entre um e dois. Nos países pobres, os filhos chegavam a sete. Agora estão entre dois e três. O Brasil, que
tinha uma taxa de fertilidade de 5,4 em 1970, apresenta índice de 2,2 atualmente. Deve
Claudio Rossi
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cair para 1,9 em 2025. A população mundial, que cresceu 2,4% em 1969, aumenta hoje a uma taxa de apenas 1,3%. "Não vivemos uma explosão demográfica", diz o
demógrafo José Alberto Magno de Carvalho, da Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG. "Essa história de 'bomba populacional' que virou moda há trinta anos é um conceito ultrapassado, que previu um crescimento que jamais aconteceu", afirma
ele. "Países pobres da América Latina e da Ásia já apresentam rápida redução de fecundidade."
Nascimento trocado – O próprio Fnuap foi colhido no contrapé por essa constatação e teve de passar a borracha em suas contas.
Os técnicos da ONU acreditavam que a população estava aumentando a uma velocidade de 80 milhões de pessoas por ano.
Na verdade eram 78 milhões. Isso os forçou não apenas a modificar as previsões para o próximo século como também a alterar o nascimento do bebê número 6 bilhões, inicialmente
previsto para 16 de junho. Na época, o episódio foi saudado como "uma novidade muito encorajadora" pela presidente do Fnuap,
Nafis Sadik. Graças a essa redução, o mundo terá em 2050 meio bilhão a menos de habitantes do que o previsto há três anos. Isso significa 8,9 bilhões de pessoas, contra os 9,4 bilhões calculados.
Um sinal de que é possível deter o crescimento da população mundial. "A estabilização populacional humana é inevitável",
prevê Joel Cohen. "A questão é decidirmos quando ela acontecerá e como isso será feito", diz ele. Em sua opinião, o controle
populacional passa pelo aumento da educação, especialmente entre as mulheres. "Já está comprovado que mulheres que estudam mais têm menos filhos."
Tanto é assim que 97% do crescimento populacional acontece hoje nos países subdesenvolvidos, onde os índices de
escolaridade, os serviços de saúde e o planejamento familiar ainda são muito precários. É uma desigualdade brutal, uma vez que os mais pobres, que representam 80% da população mundial, detêm apenas 20% da riqueza. "São lugares que não têm como expandir
sua infra-estrutura nas áreas de educação e saúde na mesma proporção que sua população cresce", diz o
demógrafo Carvalho. Quatro bilhões e oitocentos milhões de pessoas vivem em
países pobres. Cerca de um quarto desse total carece de moradia decente, de assistência
médica e até de água limpa para beber. É uma realidade dura e desumana, com contrastes nunca vistos antes. Pelos dados do Fnuap, a quinta parte mais rica da população mundial
tem um consumo 66 vezes superior ao da parte mais pobre.
O bebê indiano do começo de nossa história encontrará um mundo muito diverso do que seus pais e avós conheceram ao nascer. A China ainda é o país mais populoso do mundo, com
1,3 bilhão de habitantes, mas a Índia deve pegar esse bastão até 2040. A explicação é simples. Os chineses adotaram uma severa política de controle populacional. Os indianos, ao contrário, sentem orgulho da enormidade de sua população, que passou a casa do 1 bilhão neste ano. É uma contradição,
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pois a maioria dos habitantes vive em abjeta miséria. Países da África e da Ásia despontam como grandes conglomerados humanos do
próximo século. É outro sinal de perigo, pois a explosão demográfica está ocorrendo nos rincões mais atrasados, conturbados e sem esperança do planeta. A Nigéria, um
país da África ocidental do tamanho de Mato Grosso, deve saltar dos atuais 108 milhões de habitantes para espantosos 183 milhões em 25 anos. Sua maior cidade, Lagos, substituirá São Paulo, em 2015, no terceiro lugar da lista das cidades mais
populosas do planeta. Terá 25 milhões de habitantes. É uma encrenca danada, pois a Nigéria é um dos países mais corruptos do mundo, dividido por mais de sessenta
línguas e dialetos, tribos e religiões rivais. Fenômeno parecido ocorre em Bangladesh, onde a população dará, até 2025, um salto de 52 milhões de habitantes, levando quase
180 milhões de pessoas a se espremer num território do tamanho do Ceará. É tanta gente em tão pouco espaço que cada habitante nem sequer terá 1 metro quadrado
inteiro só para si. A capital, Daca, que em 1995 tinha 8 milhões de habitantes, terá 19 milhões em 2015 e será a quinta maior cidade do planeta.
"Transfusão populacional" – Ao todo, o mundo terá 26 cidades com mais de 10 milhões de habitantes, contra as dezessete atuais e as duas que existiam em 1960. Ricas
mesmo serão apenas cinco: Nova York, Los Angeles, Seul, Tóquio e Osaka. É um reflexo da tendência geral de encolhimento da população dos países ricos. Dentro desse privilegiado grupo, apenas os Estados Unidos mantêm alto crescimento populacional.
Mesmo assim, em virtude das centenas de milhares de imigrantes que recebem anualmente. A Europa assiste à diminuição de sua população. Países como Itália, Espanha, Portugal, Alemanha, Bélgica e Rússia estão perigosamente próximos de inverter o sentido de direção. A previsão é que dentro de 25 anos tenham menos
cidadãos do que hoje. O dilema da economia européia hoje é só poder aumentar a oferta, pois não se vê como fazer crescer o número de consumidores. O mundo desenvolvido experimentará uma estabilidade de aproximadamente 1 bilhão de
habitantes pelos próximos cinqüenta anos, enquanto os países pobres terão os 4,8 bilhões esticados para cerca de 8 bilhões. Nos anos 60, a população européia era o
dobro da africana. Em 2050, o número de africanos será três vezes maior.
Os países europeus estão começando a levar a sério a ameaça de ficar despopulados. Alguns até adotaram a estratégia de atrair imigrantes. "É uma política de transfusão populacional", diz a demógrafa Elza Berquó, presidente da Comissão Nacional de População e Desenvolvimento. "Eles selecionam pessoas de determinado sexo, etnia, idade, formação e as atraem para
estimular o próprio crescimento." A Itália, que tem a população mais velha do planeta, com idade média de 40 anos, incentiva as
mulheres a ter mais filhos, concedendo até um ano de licença-maternidade remunerada como estímulo. Com
pouco sucesso. Uma contradição moderna é que os povos mais abastados, com melhores condições de criar filhos,
são exatamente os que evitam grandes proles. "As mulheres estão cada vez mais preocupadas com a carreira e não
querem abrir mão disso para ficar em casa criando filhos", ressalta Elza Berquó.
Com tantos contrastes, um planeta com mais de 6 bilhões de habitantes é um lugar ruim para viver? Se o parâmetro for o adotado por ONGs ecológicas, como o Worldwatch Institute, a resposta é sim. A água potável vai tornar-se
mais escassa, haverá um contingente enorme de
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desempregados, a biodiversidade será reduzida pela necessidade de derrubada das florestas e a pesca atingirá índices absolutamente predatórios. A violência nos países
pobres é cada vez maior. Epidemias fora de controle, como a da Aids, podarão em pelo menos sete anos a expectativa de vida de vários países africanos. Vista de modo menos
militante, a situação não é de assustar. "Para mim o mundo já esteve muito pior. Há 600 ou 700 anos, quando as pessoas viviam mal, não tinham como se defender das doenças e faltava comida", pondera José Alberto Carvalho, que também preside a
União Internacional para Estudos Científicos da População. O relatório que a ONU divulgou na semana passada, apesar do tom alarmista em relação aos países pobres, vê o futuro de modo animador. Se os problemas populacionais estão explodindo, também é verdade que nunca as oportunidades, o avanço tecnológico e o progresso social foram
tão grandes e universais.
Cinco séculos de devastação do meio ambiente
WWF diz que destruição de matas e cerrado soma uma área igual a duas Áfricas do Sul e uma Alemanha
Manchete do jornal "O Globo" de 18/04/2000
Proliferação de gente é proliferação de tudo que há em
volta da gente. JC e-mail 2601, de 08 de Setembro de 2004.
A bomba demográfica não vai explodir Taxas de natalidade caíram drasticamente e ameaça agora é
mais regional do que global
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Donaldo G. McNeil Jr. escreve para o ‘The New York
Times’:
Lembra-se da bomba populacional, a explosão de natalidade que devoraria toda a comida do mundo e esgotaria ou
poluiria todo o ar e a água? Seu pino não foi puxado.
Mas, no decorrer das últimas três décadas, grande parte do poder de detonação malthusiana se esvaziou.
A taxa de natalidade em países desenvolvidos como Itália e Coréia despencou para níveis abaixo do necessário para
que a população se substitua.
A idade usual para o casamento e a gravidez elevou-se e o uso de anticoncepcionais foi às alturas, superando os sonhos de Margaret Sanger e os pesadelos do Vaticano.
A ameaça agora é mais regional do que global, explosiva apenas em lugares como Índia e Paquistão. Desde 1968,
quando a Divisão de População da ONU previu que a população mundial agora em 6,3 bilhões cresceria para no mínimo 12 bilhões em 2050, o órgão tem constantemente revisado as estimativas para baixo. Agora espera que
fique num patamar de 9 bilhões.
Para onde foram esses bilhões? Milhões de bebês morreram, uma fração deles de aids, um número muito maior de malária, diarréia, pneumonia e até sarampo. Muitos
milhões foram abortados, seja para evitar o nascimento ou, como na China e Índia, evitar uma menina.
(Na última década, a tecnologia barata da ultra-
sonografia tornou mais fácil detectar o sexo da criança.) Mas mesmo aids e aborto são gotas d'água no oceano
demográfico.
Os verdadeiros milhões que estão faltando são os bebês que simplesmente nunca foram concebidos. Não o foram porque aqueles que seriam seus irmãos ou irmãs mais velhos sobreviveram ou porque a vida das mulheres
melhorou.
No Ocidente rico, as mães foram para a faculdade e decidiram que não teriam recursos financeiros para pôr três filhos na faculdade. Nas partes oriental e sulista pobres do globo, a mãe fundou uma fabriqueta de fundo de quintal e não precisa de um quarto ou quinta filho para
ir buscar madeira para fazer fogo.
"Numa fazenda, as crianças ajudam a cuidar dos porcos ou das galinhas", explicou Joseph Chamie, diretor da Divisão de População da ONU. "Quase metade das pessoas do mundo vive agora nas cidades e, quando você muda para a cidade,
as crianças não são tão úteis."
Além disso, medidas simples de saúde pública tais como represas para fornecer água limpa, vitaminas para
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grávidas, lavagem das mãos para parteiras, sais de reidratação oral para bebês, vacinas para crianças
pequenas e antibióticos para todos ajudaram a dobrar a expectativa de vida no século 20, de 30 para 60 anos.
O fato de mais crianças sobreviverem representa menos
incentivo para dar à luz com mais freqüência. No final da década de 1970, a taxa de natalidade média mundial era de
5,4 filhos por mulher; em 2000, de 2,9.
Não havendo guerras, carestia, epidemias ou catástrofes, um país precisa de taxa de fecundidade de 2,1 filhos por
mulher para manter a população estável.
O exemplo mais conhecido de redução da população é a Itália, cujas mulheres antes eram símbolos de fecundidade em parte por causa das tradições camponesas do país e em parte pelo catolicismo romano, que não aceita o controle
da natalidade.
Em 2000, a taxa de fertilidade foi a mais baixa da Europa Ocidental - 1,2 nascimento por mulher. A expectativa é que a população esteja 20% menor em meados do século.
A Itália desbancou a rica, liberal e protestante Dinamarca, onde as mulheres começaram a praticar o
controle da natalidade antes. A Dinamarca ficou abaixo do nível de substituição da população em 1970, com 2 filhos
por mulher e caiu para 1,7 em 2001.
No país mais pobre da Europa, a Albânia, onde a população rural ainda mora em áreas habitacionais de clãs armadas, a taxa de 5,1 nascimentos por mulher de 1970 caiu para
2,1 em 1999.
Mesmo no norte da África, região considerada a grande exceção da tendência de encolhimento da população, as
taxas caíram.
No Egito, por exemplo, foi de 5,4 filhos por mulher em 1970 para 3,6 filhos em 1999. Chamie, da ONU, diz que os números contradizem o que chama de "mito da fertilidade muçulmana", uma caracterização injusta, segundo ele, que desaparecerá à medida que a vida das mulheres muçulmanas
vai ficando mais fácil.
As jordanianas, por exemplo, tinham oito filhos na década de 1960; agora a taxa de natalidade é de 3,5. (Do outro lado do rio, os números em Israel caíram de 4 filhos na década de 1950 para 2,7 filhos hoje.) Na Tunísia e no
Irã, o número pode estar próximo de dois filhos.
As antigas idéias sobre a fertilidade asiática também são falsas. A China baixou a taxa de natalidade para o nível da França; a população do Japão está diminuindo; e depois de cinco décadas de industrialização, a Coréia do Sul,
nos anos 1950 um país em grande parte rural com 6 nascimentos por mulher, agora tem 1,7.
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Alarmados com a tendência, muitos países estão pagando as cidadãs para engravidarem. A Estônia paga um ano de
licença maternidade.
O ministro das Finanças da Austrália, Peter Costello, lançou um subsídio de US$ 2 mil por bebê no orçamento de 2004 do país. E disse aos conterrâneos: "Vão para casa e
façam seu dever patriótico hoje à noite."
As prefeituras japonesas, que atacam o problema num estágio precoce, organizam cruzeiros para solteiros.
Entre os países desenvolvidos, os EUA são o único que não precisam financiar o romance porque sua taxa tem se
mantido estável em 2,13 filhos por mulher.
O crescimento de cerca de 3 milhões de pessoas ao ano é em grande parte alimentado pela imigração, como tem sido
desde o Mayflower.
Metade do crescimento da população mundial está em seis países: Índia, Paquistão, Nigéria, Indonésia, Bangladesh e China (apesar da desaceleração na taxa de natalidade).
Isso torna as previsões fatalistas mais espinhosas do que foram em 1968, quando Paul R. Ehrlich assustou todos com
seu livro The Population Bomb.
As mudanças na taxa de fertilidade nos países tomados individualmente são notoriamente imprevisíveis, disse
Nicholas Eberstadt, especialista em demografia do American Enterprise Institute. Portanto, tanto faz lançar
mão de um oráculo para prever os resultados.
As mudanças locais são ainda mais difíceis de prever. Calcutá, por exemplo, antes um epítome da superpopulação,
está começando a encolher, diz Eberstadt.
O pai da bomba populacional, Ehrlich, professor de estudos populacionais e de biologia em Stanford, diz ter
ficado "agradavelmente surpreendido" pelas mudanças globais que solaparam as previsões mais sombrias do
livro.
Entre elas estão a política chinesa de apenas um filho e a rápida adoção de melhores sementes e fertilizantes por agricultores do Terceiro Mundo, o que significa que mais bocas podem ser alimentadas mesmo se apenas com mingau de
milho e arroz.
(Ele observa, porém, citando números da ONU, que cerca de 600 milhões vão para cama com fome toda noite.)
Mas Ehrlich ainda argumenta que o "tamanho ideal da
população" da Terra é de 2 bilhões. Isso é diferente do máximo suportável, que depende do consumo de recursos.
"Duvido seriamente que possamos sustentar até mesmo 2 milhões se todos levaram o nível de vida que levam os
cidadãos dos EUA", disse.
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"O mundo pode suportar muito mais santos vegetarianos do que idiotas que dirigem veículos utilitários Hummer."
(O Estado de SP, 5/9)
Capítulo 1.3. UMA HISTÓRIA DE BILHÕES
1 + 1 = terceiro O par visto de fora.
O par de lutadores: ambos perdem e ambos ganham.
A corrida pelo primeiro lugar.
O campeão no pódio.
SEGUE-SE O PROCESSO
S e g u n d a - f e i r a , 9 d e J u n h o d e 2 0 0 8
Fecundação, desenvolvimento embrionário e Gestação Desenvolvimento Embrionário
A gestação é o período que decorre entre a formação do zigoto e o nascimento. Na espécie humana o período de
gestação é de 38 semanas.
O desenvolvimento pré-natal, que ocorre ao longo e 9 meses pode ser divido em 3 fases: fase germinal, fase
embrionária e fase fetal.
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1ª Fase Germinal – 2 primeiras semanas após a fecundação. O ovo sofre sucessivas divisões mitóticas, originando a
mórula. Posteriormente surge o blastocisto, que é constituído por blastómeros, designando-se a cavidade por blastocélio e a camada de células que rodeia o blastocelio é o trofoblasto. 7 dias após a fecundação o lastocisto
implanta-se no útero – nidação.
2ª Fase Embrionária – ocorre até ao 2º mês, formando-se os
principais sistemas de órgão, sendo que o novo ser em desenvolvimento designa-se embrião. Nesta fase o
trofoblasto diferencia-se no âmnio (protege o embrião) e no córion (irá diferenciar-se na placenta). Com o
desenrolar do desenvolvimento embrionário, determinadas células tornam-se estrutural e bioquimicamente
especializadas, por um processo de diferenciação, em que as células passam a adquirir funções muito específicas.
Resultando assim os anexos embrionários.
3ª Fase Fetal – ocorre a partir das 8 semanas até ao final
da gestação, onde o embrião passa a designar-se feto. Nesta fase ocorre o aumento da complexidade e da maturação
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dos órgãos ao mesmo tempo que se verifica o crescimento rápido e modificações na proporção do corpo. O
comportamento do feto evolui com o desenvolvimento do sistema nervoso.
Publicada por Alexandra Marco Nuno
O PROCESSO DE DIVISÃO
Processo pelo qual as células de animais se dividem, produzindo, cada uma, duas células idênticas à original.
A reprodução de células-filhas iguais à original tem como finalidade repor as células mortas no organismo, ou possibilitar o aumento do número delas nos processos de
crescimento. Outro processo de divisão celular é a meiose, que produz duas células com metade dos
cromossomos da célula-mãe. No período que antecede a mitose, ocorre a duplicação dos cromossomos, numa fase denominada de interfase.
Então, os filamentos simples de cromossomos passam a ser duplos, recebendo o nome de cromátides. Nas células
humanas, os 23 cromossomos passam a ser 23 pares, unidos por um ponto denominado centrômero.
A divisão da célula realiza-se em cinco diferentes fases: prófase, prómetafase, metáfase, anáfase e
telófase. Prófase – No núcleo da célula, os cromossomos condensam-
se e passam a ser cada vez mais curtos e grossos. No citoplasma, massa fluida dentro da célula na qual o
núcleo está mergulhado, os dois centríolos (organóides que se localizam junto ao núcleo e respondem pelo
movimento dentro das células) se duplicam e começam a migrar em direções opostas.
Prometáfase – A membrana nuclear rompe-se e os cromossomos espalham-se pela célula. Estes irão se prender no conjunto de fibras, cujas extremidades
terminam próximas aos centríolos, agora já localizados em pólos opostos na célula.
Metáfase – O conjunto de fibras, denominado fuso acromático, forma uma "ponte" entre os dois centríolos, que estão localizados nas extremidades da célula. As
cromátides permanecem no meio da célula. Anáfase – Os centrômeros rompem-se, os pares de
cromossomos separam-se em lotes idênticos e são puxados para os pólos opostos da célula na direção dos
centríolos, indo constituir o núcleo das células-filhas. Telófase – Os cromossomos de cada pólo entrelaçam-se, de modo que não se pode mais distingui-los separadamente, até ficarem invisíveis e serem envolvidos dentro de um novo núcleo. As fibras do fuso desaparecem e a célula começa então a se dividir, dando origem a duas células
independentes.
QUANTIDADE DE CÉLULAS É a menor unidade estrutural básica do ser vivo. É descoberta em 1667 pelo inglês Robert Hooke, que
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observa uma célula de cortiça (tecido vegetal morto) usando o microscópio. A partir daí, as técnicas de observação microscópicas avançam em função de novas técnicas e aparelhos mais possantes. O uso de corantes, por exemplo, permite a identificação do núcleo celular e dos cromossomos, suportes materiais
do gene (unidade genética que determina as características de um indivíduo). Pouco depois, comprova-se que todas as células de um mesmo organismo têm o mesmo número de cromossomos. Este número é
característico de cada espécie animal ou vegetal e responsável pela transmissão dos caracteres hereditários. O corpo humano tem cerca de 100 trilhões de células.
ÚTERO, PLACENTA , CORDÃO UMBILICAL, UMBIGO
A fábrica-útero.
O armazém-placenta.
O transportador-cordão.
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Notícia da fome.
EMBRIÃO, FETO, BEBÊ, PEITO/MAMADEIRA, BEBÊ COMENDO PAPA
(história de um competidor devastador, logo depois do nascimento)
Tudo muito parecido.
Sem qualquer preocupação e muito exigente.
Uma boca pronta para devorar o mundo.
A mãe treinando o devorador.
Bebê faminto de marcas.
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Mamãe e Papai viciam Nenén.
Supermercados viciam Papai e Mamãe.
A criatividade dos propagandistas vicia supermercados.
Capítulo 1.4. DEGRADAÇÃO PELA FOME
Incentivos para a adoção da Integração Lavoura-Pecuária (postado em 16/06/2008)
Estimativas da Embrapa apontam que cerca de 70% das áreas de
Ronaldo Trecenti* Segundo estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui cerca de 220 milhões de hectares de pastagens entre nativas e cultivadas. Aproximadamente 110 milhões de hectares são de pastagens
cultivadas, das quais 60 milhões estão localizados na região do Cerrado.
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pastagens cultivadas no Cerrado apresentam algum grau de degradação, o que corresponde a 42 milhões de hectares com baixa capacidade produtiva de forragens e conseqüentemente baixa produção de carne e/ou leite e elevado índice de perda de solo e água (erosão), com
reflexos negativos na geração de emprego e renda e no meio ambiente. Também segundo estimativas da CONAB e do IBGE, o Brasil possui em
torno de 47 milhões de hectares cultivados para a produção de grãos, dos quais ao redor de 14 milhões de hectares estão localizados na
região do Cerrado. Cerca de metade deste total (7 milhões de hectares) ainda é cultivada de forma tradicional, com o uso intensivo de arados e grades apresentando um acentuado grau de degradação dos solos, aumento no uso de insumos e perda de produtividade e renda,
desta forma ameaçando a sustentabilidade do setor agrícola. No Cerrado, a maior parte das áreas utilizadas para a produção de
grãos permanece em descanso por até oito meses durante a entressafra, em geral a partir de fevereiro-março. Em muitas microrregiões, a produção de grãos na safrinha não é compensatória, em razão da
deficiência hídrica no início do outono. Os monocultivos da soja e do milho cobrem 65% e 25%, respectivamente, das áreas de produção de grãos; esses números são um indicativo de que a rotação entre eles
pode ocorrer, em média, a cada dois anos. Na prática, o que se verifica são monocultivos, associados ao mau manejo do solo; ao incremento no número de pragas, doenças e plantas invasoras; à
desordem nutricional causada pela erosão, perda de matéria orgânica e de nutrientes; aos impactos econômicos e ambientais negativos. Exemplos de epidemias na soja são evidentes para confirmar as limitações do sistema monocultural, como o nematóide do cisto (Heterodora glycines) e mais recentemente a ferrugem asiática
(Phakopsora pachyrhizi), doença causada por patógeno obrigatório, que necessita de plantas vivas para sobreviver. As plantas espontâneas, que resultam de sementes perdidas na colheita, servem de ponte para reinfestação da doença, com maior intensificação no plantio direto.
Redução de problemas A alternância de cultivos anuais com pastagem contribui para reduzir
problemas decorrentes dos cultivos anuais sucessivos, tais como pragas, doenças e plantas daninhas. As gramíneas forrageiras são altamente resistentes à maioria das pragas e doenças e contribuem
para romper o ciclo dos agentes bióticos nocivos às plantas cultivadas, com redução no uso de defensivos agrícolas e conseqüente aumento da receita e melhoria da qualidade de vida nas propriedades
rurais. Ressalta-se então a importância da Integração Lavoura-Pecuária (ILP),
que consiste na implantação de diferentes sistemas produtivos de grãos, fibras, carne, leite, agroenergia e outros, na mesma área, em
plantio consorciado, seqüencial ou rotacionado, aproveitando as sinergias existentes entre eles.
A ILP, aliada a práticas conservacionistas como o Plantio Direto (PD), é uma alternativa econômica e sustentável para recuperar áreas degradadas, a exemplo de pastagens com baixa produção de forragens e lavouras com problemas de produtividade e sustentabilidade. Estudos
técnico-científicos e experiências de produtores mostram que a implantação da ILP resulta em importantes benefícios, tais como:
• Aumento da produção e da renda do setor agropecuário, com qualidade, segurança e competitividade, sem a incorporação de novas
áreas via desmatamento; • Melhoria da competitividade das cadeias de carne e lácteos no
mercado internacional, com produção a pasto; • Recuperação da qualidade e da capacidade produtiva do solo;
• Redução da erosão do solo, do assoreamento e da contaminação de nascentes, rios e reservatórios de água;
• Redução da incidência de pragas, doenças e plantas daninhas; • Redução do uso de agrotóxicos e dos custos de produção;
• Maior tolerância das lavouras e das pastagens aos veranicos; • Aumento da oferta de forragens no período das secas;
• Maior produção de palhada para o plantio direto; • Diversificação da produção e minimização dos riscos climáticos e de
mercado; • Aumento da eficiência no uso de máquinas, equipamentos e mão-de-
obra; • Estímulo à qualificação profissional para a melhor gestão dos
empreendimentos; e, • Inserção social pela geração de postos de trabalho e renda.
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Mudança de mentalidade A primeira vista pode parecer fácil ao lavourista ou agricultor
adotar a ILP, introduzindo a gramínea forrageira em consórcio com a cultura principal (Sistema Santa Fé da Embrapa, onde a braquiária é implantada em consórcio com o milho) para pastejo no período da seca
e/ou visando à formação de palhada para cobertura do solo no PD, porém, a diversificação de atividades na propriedade rural depende inicialmente de uma mudança de mentalidade, onde o agricultor tem de
aprender a lidar com o boi. Da mesma forma, o pecuarista, que geralmente não tem tradição no uso intensivo de máquinas, fertilizantes, defensivos agrícolas e sementes melhoradas tem de se transformar em agricultor, devendo, portanto, ser capacitado para as operações de implantação, condução e colheita
de uma lavoura. Ciente da necessidade dos produtores rurais (agricultores e
pecuaristas) promoverem uma mudança do seu padrão tecnológico, adotando o conjunto de tecnologias da ILP, como um processo que levará ao aumento da produção com sustentabilidade ambiental, a
preparação da base produtiva para a certificação de seus produtos e das propriedades, contribuindo significativamente para a mitigação do desmatamento de regiões e de áreas frágeis e/ou estratégicas para a sociedade, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA), através do então Ministro Roberto Rodrigues decidiu criar um programa de incentivo a ILP.
O Programa ILP tem como foco o fortalecimento das áreas consolidadas, recuperando a sua capacidade produtiva por meio da adoção da ILP,
utilizando os recursos naturais de forma sustentável, possibilitando a recuperação e conservação das qualidades do solo e da água e
preservando a biodiversidade. O Programa ILP é composto por um conjunto de projetos, políticas e
ações estratégicas. A sua implementação tem como fundamento uma ampla parceria de vários ministérios, órgãos e agências do governo federal,
estadual e municipal com o setor privado, trabalhando juntos e em sintonia, cada um desempenhando o seu papel, promovendo um sinergismo
construtivo. O MAPA criou políticas de incentivo à adoção da ILP, através da
Secretaria de Política Agrícola (SPA) e conseguiu aprovar o PROLAPEC, uma linha de crédito específica com recursos do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para apoiar a implantação da ILP. Os recursos são de R$ 200 milhões, onde cada produtor pode
financiar até R$ 300 mil para implantar a ILP são destinados a investimentos em infra-estrutura, formação de pastagens, recuperação
do solo, aquisição de animais e equipamentos e outros itens necessários a ILP. As taxas de juros são de 8,75% ao ano (deverão ser reduzidos para a safra 2007/08), com 5 anos de prazo para pagamento,
e com até 2 anos de carência. Os recursos financeiros estão disponíveis nas agências bancárias para os produtores que
apresentarem projeto técnico contemplando a adoção da ILP em suas propriedades. Este financiamento pode ser realizado tanto por bancos
públicos como por bancos privados. O Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) também
criou uma linha de crédito para financiar até R$ 4,1 milhões por produtor, para a implantação da ILP, com carência de 4 anos e prazo
de 12 anos. A proposta formulada pelo MAPA é voltada para áreas produtoras da
região Centro-Oeste e tem como objetivo intensificar o uso do solo em áreas já desmatadas, possibilitar a diversificação de atividades na propriedade, melhorando a renda do produtor rural, onde a meta é
tornar a exploração dessas atividades mais sustentável. O MAPA está buscando a extensão e a adaptação deste modelo de
financiamento do FCO às condições de financiamento dos demais fundos constitucionais de financiamento - FNE (Região Nordeste) e FNO (Região Norte) e espera-se que novas formas de financiamento e incentivos possam ser criadas em nível nacional, estadual e
municipal. Um dos projetos do Programa ILP foi aprovado no final do ano de 2005,
por meio da celebração de convênio entre o MAPA e a Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior (ABEAS) e recebeu a
denominação de Projeto Integração Lavoura-Pecuária em Sistema Plantio Direto I (Projeto ILP I).
O Projeto ILP teve como objetivo reunir as instituições atuantes na Comitês Estaduais
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ILP nos estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins e do Distrito Federal, por meio da formação
de Comitês Estaduais, assessorar 200 produtores dessas unidades federativas na implantação da ILP, proporcionando as condições
necessárias para o acesso às linhas de crédito, a assistência técnica e o registro das informações nas propriedades, a difusão da ILP por meio da realização de cursos de capacitação técnica, dias de campo e
produção de material didático e a organizando a base produtiva através da criação e/ou fortalecimento de associações.
A Campo Consultoria e Agronegócios (CCA), uma empresa do Grupo Campo, mais conhecido pela Companhia de Promoção Agrícola (CPA), empresa
colonizadora que coordenou a implantação do Programa de Desenvolvimento do Cerrado (PRODECER), foi contratada pela ABEAS para
executar a implantação do Projeto ILP. O Projeto ILP foi executado pela Campo Consultoria e Agronegócios em sintonia e parceria com o Projeto de Transferência de Tecnologia da Integração Lavoura-Pecuária (PROTILP) da Embrapa, com o Projeto de
Apoio a Adoção a ILP nos estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais, fruto de convênio da Associação de Plantio Direto no Cerrado (APDC) com o MAPA e com o Projeto “Guardiões da Nossa Água”, da APDC,
que conta com o patrocínio da Petrobrás. No final de 2006 a Fundação Casa do Cerrado (FCC) celebrou um
convênio com o MAPA para implantação do Projeto Integração Lavoura-Pecuária em Sistema Plantio Direto II (Projeto ILP II), em 10
unidades da federação (estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Minas Gerais, Piauí, Tocantins e São Paulo e no Distrito Federal), em 2007, dando continuidade à assistência aos produtores do Projeto ILP I, assistindo mais 85 novos produtores na adoção da ILP, realizando Workshops para levantar ofertas e demandas tecnológicas, realizando três cursos de capacitação técnica (SP, PI e
MA), realizando dias de campo nas 10 unidades da federação e articulando para formação/fortalecimento de associações de
produtores. A CCA foi contratada pela FCC para execução técnica do Projeto ILP II.
O Grupo Campo, com sua larga experiência na transferência de tecnologias na região do Cerrado, acredita que, com a execução dos Projetos ILP contribuirá significativamente para a recuperação de áreas degradadas, a exemplo de pastagens com baixa produção de
forragens e lavouras com problemas de produtividade e sustentabilidade, abrindo perspectivas para um ciclo de prosperidade no meio rural, com produção de alimentos seguros e saudáveis, com
impactos positivos ao meio ambiente e à qualidade de vida, beneficiando toda a sociedade.
* Ronaldo Trecenti é Engenheiro Agrônomo, M.Sc.; Especialista em PD e ILP;
Coordenador Técnico do Projeto ILP da Campo Consultoria e Agronegócios Ltda.
Fone: (61) 3447-9752/9978-4558 E-mail: [email protected]
O ESTÔMAGO NÃO É SÓ CORPO, É DESEJO MENTAL
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Sistema Digestivo O sistema digestivo
É um órgão muscular oco, grande, em forma de feijão e que é dividido em três partes: a cárdia, o corpo (fundo) e o antro. A partir do esôfago, o alimento entra no estômago
, que se estende da boca até o ânus, é responsável pela recepção dos alimentos, da sua degradação
em nutrientes (um processo denominado digestão), a absorção de nutrientes para o interior da corrente
sangüínea e a eliminação das partes não digeríveis dos alimentos do organismo. O trato digestivo é constituído
pela boca, garganta, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus.
O sistema digestivo também inclui órgãos localizados fora do trato digestivo: o pâncreas, o fígado e a vesícula biliar. (epiglote) fecha-se ao mesmo tempo que a zona posterior do palato mole (céu da boca) eleva-se para
evitar que os alimentos subam até o nariz. O esôfago (um canal muscular com paredes delgadas revestido por uma membrana mucosa) conecta a garganta com o estômago. Os alimentos são impulsionados através do esôfago não sob o efeito da força da gravidade, mas por ondas de contrações e relaxamentos musculares rítmicos, que são denominados
peristaltismo.
Boca, Garganta e Esôfago
A boca é a entrada tanto para o sistema digestivo como para o respiratório. O interior da boca é revestido por
uma membrana mucosa. Os condutos procedentes das glândulas salivares, tanto nas bochechas quanto sob a mandíbula, drenam para o interior da boca. No assoalho da cavidade
bucal, localiza-se a língua, que é utilizada para detectar os sabores e para misturar os alimentos. Na região póstero-inferior da boca, encontra-se a faringe
(garganta). O gosto é detectado pelas papilas gustativas localizadas sobre a superfície da língua.
Os odores são detectados pelos receptores olfatórios localizados na porção alta do nariz. O paladar é
relativamente simples, ele diferencia somente o doce, o azedo, o salgado e o amargo. O olfato é muito mais
complexo e identifica muitas variações sutis. Os alimentos são fragmentados em partículas mais facilmente digeríveis ao serem cortados pelos dentes anteriores (incisivos) e a mastigação com os dentes posteriores (molares), enquanto qu0e a saliva oriunda das glândulas salivares envolve as
partículas com enzimas digestivas, dando início à digestão.
Entre as refeições, o fluxo de saliva elimina as bactérias que podem causar cáries dentais e outros distúrbios. A
saliva também contém anticorpos e enzimas (p.ex., lisozima), que quebram as proteínas e atacam as bactérias diretamente. A deglutição (ato de engolir algo) começa voluntariamente e continua automaticamente. Para impedir que os alimentos passem à traquéia e atinjam os pulmões,
uma pequena lingüeta muscular
Estômago
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passando por um músculo aneliforme (esfíncter), que abre e fecha. Normalmente, o esfíncter impede que o conteúdo
gástrico (do estômago) reflua ao esôfago. O estômago serve como uma área de armazenamento para os alimentos, contraindo ritmicamente e misturando o alimento com
enzimas. As células que revestem o estômago secretam três substâncias importantes: o muco, o ácido clorídrico e o
precursor da pepsina (uma enzima que quebra as proteínas). O muco reveste as células de revestimento do estômago para
protegê-las contra lesões causadas pelo ácido e pelas enzimas. Qualquer rompimento dessa camada de muco –
(p.ex., causada por uma infecção pela bactéria Helicobacter pylori ou pela aspirina) pode acarretar um dano que leva a uma úlcera gástrica. O ácido clorídrico
provê o meio altamente ácido necessário para que a pepsina quebre as proteínas.
A alta acidez gástrica também atua como uma barreira contra infecções, matando a maioria das bactérias. A secreção ácida é estimulada por impulsos nervosos que chegam ao estômago, pela gastrina (um hormônio liberado pelo estômago) e pela histamina (uma substância liberada
pelo estômago). A pepsina é responsável por aproximadamente 10% da degradação das proteínas. Ela é a
única enzima capaz de digerir o colágeno, que é uma proteína e um constituinte importante da carne. Somente algumas substâncias (p.ex., álcool e aspirina) podem ser absorvidas diretamente do estômago e apenas em pequenas
quantidades.
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Intestino Delgado
O estômago libera o alimento ao duodeno, o primeiro
segmento do intestino delgado. O alimento entra no duodeno pelo esfíncter pilórico em quantidades que o intestino delgado consegue digerir. Quando está cheio, o duodeno sinaliza ao estômago para que ele interrompa o seu
esvaziamento. O duodeno recebe enzimas pancreáticas do pâncreas e bile do fígado. Esses líquidos, que entram no duodeno por um orifício denominado esfíncter de Oddi,
contribuem de forma importante na digestão e na absorção. O peristaltismo também auxilia na digestão e na absorção,
agitando o alimento e misturando-o com as secreções intestinais. Os primeiros centímetros do revestimento duodenal são lisos, mas o restante apresenta pregas,
pequenas projeções (vilosidades) e mesmo projeções menores (microvilosidades). Essas vilosidades e microvilosidades aumentam a área da superfície do revestimento duodenal,
permitindo uma maior absorção de nutrientes. O jejuno e o íleo, localizados abaixo do duodeno, constituem o restante do intestino delgado. Esta parte é a principal responsável
pela absorção de gorduras e de outros nutrientes. A absorção é aumentada pela grande área superficial
composta por pregas, vilosidades e microvilosidades. A parede intestinal é ricamente suprida de vasos sangüíneos, que transportam os nutrientes absorvidos até o fígado pela
veia porta. A parede intestinal libera muco (o qual lubrifica o conteúdo intestinal) e água (que ajuda a
dissolver os fragmentos digeridos). Também são liberadas pequenas quantidades de enzimas que digerem proteínas, açúcares e gorduras. A consistência do conteúdo intestinal altera gradualmente à medida que o material se desloca através do intestino delgado. No
duodeno, a água é bombeada rapidamente para o interior do conteúdo intestinal para diluir a acidez gástrica. À medida que o conteúdo desloca-se pela porção distal do intestino delgado, ele torna-se mais líquido devido à
adição da água, do muco, da bile e de enzimas pancreáticas.
Pâncreas
O pâncreas é um órgão que contém dois tipos básicos de
tecido: os ácinos, produtores de enzimas digestivas, e as ilhotas, produtoras de hormônios. O pâncreas secreta enzimas digestivas ao duodeno e hormônios à corrente
sangüínea. As enzimas digestivas são liberadas das células
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dos ácinos e chegam ao ducto pancreático por vários canais. O ducto pancreático principal une-se ao ducto
biliar comum no esfíncter de Oddi, onde ambos drenam para o interior do duodeno.
As enzimas secretadas pelo pâncreas digerem proteínas, carboidratos e gorduras. As enzimas proteolíticas, que quebram as proteínas em uma forma que o organismo possa utilizar, são secretadas em uma forma inativa. Elas são ativadas somente quando atingem o trato digestivo. O
pâncreas também secreta grandes quantidades de bicarbonato de sódio, que protege o duodeno neutralizando o ácido oriundo do estômago. Os três hormônios produzidos pelo pâncreas são a insulina, que reduz o nível de açúcar (glicose) no sangue; o glucagon, que eleva o nível de açúcar no sangue; e a somatostatina, que impede a
liberação dos dois outros hormônios.
Fígado
É um órgão grande que possui várias funções e apenas algumas delas estão relacionadas à digestão. Os nutrientes dos alimentos são absorvidos pelas paredes intestinais, que são supridas por uma grande quantidade de pequenos
vasos sangüíneos (capilares). Esses capilares conectamse a veias que se conectam com veias ainda maiores e,
finalmente, penetram no fígado através da veia porta. No interior do fígado, esta veia dividese em vasos
diminutos no interior do fígado, onde o sangue que chega será processado. O sangue é processado de duas formas: as
bactérias e outras partículas estranhas absorvidas do intestino são removidas e muitos nutrientes absorvidos do intestino são ainda mais metabolizados para que possam ser
utilzados pelo organismo. O fígado realiza o processamento necessário em uma alta
velocidade e retorna o sangue carregado de nutrientes para a circulação geral. O fígado produz aproximadamente metade
do colesterol do organismo. O restante é oriundo dos alimentos. Cerca de 80% do colesterol sintetizado pelo fígado é utilizado na produção da bile. O fígado também
secreta bile, que é armazenada na vesícula biliar até ser necessária.
Vesícula Biliar e Trato Biliar
A bile flui do fígado pelos ductos hepáticos direito e
esquerdo, que se unem formando o ducto hepático comum. Em seguida, este ducto une-se a um outro proveniente da
vesícula biliar, denominado ducto cístico, para formar o ducto biliar comum. O ducto pancreático une-se ao ducto biliar comum exatamente no ponto onde ele drena para o
interior do duodeno. Entre as refeições, os sais biliares são concentrados na vesícula biliar e apenas uma pequena
quantidade de bile flui do fígado. O alimento que chega ao duodeno desencadeia uma série de estímulos hormonais e nervosos que acarretam a contração da vesícula biliar. Como resultado, a bile flui para o
interior do duodeno e mistura-se ao conteúdo alimentar. A bile tem duas funções importantes: ela auxilia na digestão e na absorção das gorduras e é responsável pela eliminação de certos produtos de degradação metabólica do organismo –
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particularmente a hemoglobina proveniente dos eritrócitos destruídos e o excesso de colesterol.
Especificamente, a bile é responsável pelas seguintes
ações:
Os sais biliares aumentam a solubilidade do colesterol, das gorduras e das vitaminas
lipossolúveis (solúveis em gordura) para ajudar na sua absorção
Os sais biliares estimulam a secreção de água pelo intestino grosso para ajudar no avanço do
conteúdo intestinal A bilirrubina (o principal pigmento biliar) é
excretada na bile como um produto de degradação metabólica dos eritrócitos destruídos
Algumas drogas e outros produtos metabólicos são excretados na bile e, posteriormente, são eliminados
do organismo Várias proteínas que têm um papel importante na função biliar são secretadas na bile Os sais biliares são reabsorvidos no intestino delgado, são captados pelo fígado e novamente secretados na bile. Essa circulação dos sais biliares é conhecida como
enterohepática. Todos os sais biliares no organismo circulam cerca de dez a doze vezes por dia. Durante cada passagem, pequenas quantidades de sais biliares atingem o intestino grosso, onde as bactérias quebram essas substâncias em vários constituintes. Alguns deles são reabsorvidos e o restante é excretado nas
fezes.
Intestino Grosso
O intestino grosso consiste do cólon ascendente (lado direito), cólon transverso, cólon descendente (lado
esquerdo) e cólon sigmóide, o qual conecta-se ao reto. O apêndice é uma pequena projeção tubular em forma de dedo que se projeta do cólon ascendente (direito) próximo ao local onde o intestino delgado une-se a essa parte do
intestino grosso. O intestino grosso secreta muco e é em grande parte responsável pela absorção de água e
eletrólitos das fezes. O conteúdo intestinal é líquido ao chegar ao intestino
grosso, mas normalmente é sólido ao atingir o reto, sob a forma de fezes. As muitas bactérias que habitam o intestino grosso podem digerir ainda mais alguns
materiais, auxiliando na absorção de nutrientes pelo organismo.
As bactérias do intestino grosso também sintetizam algumas substâncias importantes (p.ex., vitamina K) e são
necessárias para uma função intestinal saudável. Algumas doenças e alguns antibióticos podem provocar um
desequilíbrio entre os diferentes tipos de bactérias do intestino grosso. A conseqüência é a irritação que
acarreta a secreção de muco e água, causando a diarréia.
Reto e Ânus
O reto é uma câmara que inicia no final do intestino
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grosso, logo após o cólon sigmóide, e termina no ânus. Comumente, o reto encontra-se vazio, pois as fezes são
armazenadas mais acima, no cólon descendente. Finalmente, o cólon descendente torna-se cheio e as fezes passam para o reto, causando a urgência para evacuar. Os
adultos e as crianças maiores podem controlar essa urgência até chegarem a um banheiro.
Os lactentes e as crianças mais jovens não possuem o controle muscular necessário para retardar a defecação. O
ânus é a abertura localizada na extremidade distal do trato digestivo, através da qual o material inútil deixa o
organismo. O ânus é parcialmente formado por camadas superficiais do corpo, inclusive a pele, e, em parte, pelo intestino. O ânus é revestido por uma continuação da pele externa. Um anel muscular (esfíncter anal) mantém o ânus
fechado.. Fonte:
Depois de uma refeição rica em gorduras, o sangue fica com aparência leitosa, devido ao grande número de gotículas de lipídios. Após um refeição rica em açúcares, a glicose em
excesso presente no sangue é absorvida pelas células hepáticas e transformada em glicogênio e sendo convertida
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Sistema Digestivo
CARACTERÍSTICAS
O tubo digestivo apresenta as seguintes regiões; boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus. A parede do tubo digestivo tem a mesma estrutura da boca ao ânus, sendo formada por quatro camadas: mucosa, submucosa, muscular e adventícia.
Os dentes e a língua preparam o alimento para a digestão, por meio da mastigação, os dentes reduzem os alimentos em
pequenos pedaços, misturando-os à saliva, o que irá facilitar a futura ação das enzimas. A língua movimenta o alimento empurrando-o em direção a garganta, para que seja
engolido. Na superfície da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas células sensoriais percebem os quatro sabores primários: doce, azedo, salgado e amargo. A presença de alimento na boca, como sua visão e cheiro, estimula as glândulas salivares a secretar saliva, que
contém a enzima amilase salivar ou ptialina, além de sais e outras substâncias.
Absorção de nutrientes no intestino delgado
O álcool etílico, alguns sais e a água, podem ser absorvidos diretamente no estômago. A maioria dos nutrientes são absorvidos pela mucosa do intestino delgado, de onde passa para a corrente sanguínea. Aminoácidos e açúcares atravessam as células do
revestimento intestinal e passam para o sangue, que se encarrega de distribuí-los a todas as células do corpo. O glicerol e os ácidos graxos resultantes da digestão de lipídios são absorvidos pelas células intestinais, onde
são convertidos em lipídios e agrupados, formando pequenos grãos, que são secretados nos vasos linfáticos das
vilosidades intestinais, atingindo a corrente sanguínea.
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em glicose novamente assim que a taxa de glicose no sangue cai.
Absorção de água e de sais
Os restos de uma refeição levam cerca de nove horas para chegar ao intestino grosso, onde permanece por três dias aproximadamente. Durante este período, parte da água e
sais é absorvida. Na região final do cólon, a massa fecal (ou de resíduos), se solidifica, transformando-se em
fezes. Cerca de 30% da parte sólida das fezes é constituída por bactérias vivas e mortas e os 70% são
constituídos por sais, muco, fibras, celulose e outros não digeridos. A cor e estrutura das fezes é devido à presença
de pigmentos provenientes da bile.
Flora intestinal
No intestino grosso proliferam diversos tipos de bactérias, muitas mantendo relações amistosas, produzindo as vitaminas K e B12, riboflavina, tiamina, em troca do abrigo e alimento de nosso intestino. Essas bactérias úteis constituem nossa flora intestinal e evitam a
proliferação de bactérias patogênicas que poderiam causar doenças.
Esquema do Sistema Digestório
Defecação
O reto, parte final do intestino grosso, fica geralmente vazio, enchendo-se de fezes pouco antes da defecação. A distensão provocada pela presença de fezes estimula
terminações nervosas do reto, permitindo a expulsão de fezes, processo denominado defecação.
Saliva e peristaltismo
A amilase salivar digere o amido e outros polissacarídeos
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(como o glicogênio), reduzindo-os em moléculas de maltose (dissacarídeo). O sais, na saliva, neutralizam substâncias ácidas e mantêm, na boca, um pH levemente ácido (6, 7),
ideal para a ação da ptialina. O alimento, que se transforma em bolo alimentar, é empurrado pela língua para
o fundo da faringe, sendo encaminhado para o esôfago, impulsionado pelas ondas peristálticas (como mostra a figura ao lado), levando entre 5 e 10 segundos para
percorrer o esôfago. Através dos peristaltismo, você pode ficar de cabeça para baixo e, mesmo assim, seu alimento chegará ao intestino. Entra em ação um mecanismo para
fechar a laringe, evitando que o alimento penetre nas vias respiratórias.
Quando a cárdia (anel muscular, esfíncter) se relaxa, permite a passagem do alimento para o interior do
estômago.
Estômago e suco gástrico
No estômago, o alimento é misturado com a secreção estomacal, o suco gástrico (solução rica em ácido
clorídrico e em enzimas (pepsina e renina). A pepsina decompõem as proteínas em peptídeos pequenos. A
renina, produzida em grande quantidade no estômago de recém-nascidos, separa o leite em frações líquidas e
sólidas. Apesar de estarem protegidas por uma densa camada de muco, as células da mucosa estomacal são continuamente lesadas e mortas pela ação do suco gástrico. Por isso, a mucosa está sempre sendo regenerada. Estima-se que nossa superfície
estomacal seja totalmente reconstituída a cada três dias. O estômago produz cerca de três litros de suco gástrico por dia. O alimento pode permanecer no estômago por até
quatro horas ou mais e se mistura ao suco gástrico auxiliado pelas contrações da musculatura estomacal. O bolo alimentar transforma-se em uma massa acidificada e
semi-líquida, o quimo. Passando por um esfíncter muscular (o piloro), o quimo vai
sendo, aos poucos, liberado no intestino delgado, onde ocorre a parte mais importante da digestão.
Intestino delgado, suco pancreático e bile
O intestino delgado é dividido em três regiões: duodeno,
jejuno e íleo. A digestão do quimo ocorre predominantemente no duodeno e nas primeiras porções do
jejuno. No duodeno atua também o suco pancreático,
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produzido pelo pâncreas, que contêm diversas enzimas digestivas. Outra secreção que atua no duodeno é a bile,
produzida no fígado, que apesar de não conter enzimas, tem a importante função, entre outras, de transformar gorduras
em gotículas microscópicas.
Hormônios
Durante a digestão, ocorre a formação de certos hormônios. Veja na tabela abaixo, os principais hormônios
relacionados à digestão: Fonte: www.webciencia.com
SISTEMA DIGESTIVO
Aparelho Digestivo
Caminho do Alimento
Boca à faringe à esôfago à estômago à duodeno à jejuno à
íleo à ceco à cólon à reto à ânus.
Faringe
Órgão comum para a respiração e a digestão. Aepiglote impede a entrada de alimento na traquéia.
Esôfago
Tubo por onde passa o bolo alimentar, se encontra com o
estômago.
Estômago Digestão de vários tipos de alimentos. Secreção do suco
gástrico composto por enzima (pepsina) e ácido clorídrico, este que inibe a proliferação bacteriana, além de ativar o pepsinogênio em pepsina e facilitar a absorção de ferro. A pepsina (protease gástrica) trabalha em meio ácido (pH 2).
Digestão de proteínas.
Intestino Delgado
Nele atuam várias enzimas, produzidas pelas células do intestino formando o suco entérico, ou pelas células exócrinas do pâncreas formando o suco pancreático.
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Produção do suco entérico (rico em enzimas digestivas). No intestino a absorção é facilitada devido a presença das
microvilosidades e vilosidades, responsáveis pelo aumento da superfície de absorção. A regulação hormonal do suco entérico é dada por dois hormônios produzidos no próprio
intestino, a secretia e a enterocrinina.
Pâncreas
Glândula anficrina ou mista, anexa ao tubo digestivo.
Porção endócrina (Ilhotas de Langehaus)
Produz a insulina e o glucagon.
Porção exócrina (acinos pancreáticos)
Produz o suco pancreático, rico em enzimas, além de apresentar grande quantidade de bicarbonato, que atuará na neutralização total da acidez do quimo (alimento + HCl); o pH, agora, ficará entre 7,8 e 8,2 que é o ideal para ação das enzimas pancreáticas. A regulação hormonal do pâncreas
é dada por dois hormônios: secretina e pancreozina.
Bile
Composta por glicolato e taurocolato de sódio. É produzida no fígado, a partir da destruição das hemácias
envelhecidas, e posteriormente armazenada na vesícula biliar. Atua na emulsificação das gorduras, o que facilita
a ação das lipases; e também facilita a absorção dos produtos lipídicos. Estimulado pela presença de gordura no
alimento que chega ao intestino, haverá a liberação do hormônio colecistoquinina, que atuará na vesícula biliar
promovendo a contração da mesma.
Intestino Grosso
Segmento final do tubo digestivo, onde ocorrerá a formação do bolo fecal, ou seja, o quimo que chega ao intestino
grosso sofrerá uma grande modificação com a reabsorção de água e eletrólitos. No intestino grosso existem bactérias
simbiontes que atuam na produção de vitaminas.
Digestão nos ruminantes
A digestão da celulose nos ruminantes é mais rentável energéticamente, devido ao melhor aproveitamento da
celulose pelos microrganismos simbiontes existentes no tubo digestivo dos herbívoros.
O ruminante ao deglutir o capim, este será misturado com microrganismos simbiontes na região da pança iniciando assim a digestão da celulose promovida pela células e
liberada pelos simbiontes, em seguida o alimento vai para o retículo onde são formados pequenos bolos de alimentos
que serão ruminados e na boca sofrerão uma nova mastigação. Ao ser deglutido pela segunda vez o alimento cairá na região de homaso e completará a digestão química
no aleomaso.
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Sucos
Suco pancreático (pH 7,8 à 8,2)
Enzima Atua em Produto
Tripsina Proteínas peptídeos
Quimiotripsina Proteínas Peptídeos
Amilopsina Amido Maltose
Nucleases RNA ou DNA Nucleotídeos
Lipases Lipídios Ácidos graxos e glicerol
Carboxipolipeptidase Peptídeos Aminoácidos
Suco entérico (pH 6,5 à 7,5)
Enzima Atua em Produto
Enteroquinase Peptídeos Aminoácidos
Erepsina Peptídeos Aminoácidos
Maltase Maltose Glicose
Lactase Lactose Glicose e galactose
Suerase Sacarose Glicose e frutose
Fonte: orbita.starmedia.com AUTOMOTORES (veja 100 Cavalos Puxando 1) – agora pense em tudo que
no carro não é o indivíduo, o grande aparato a serviço deste.
Russ Von Sauers - The Graphic Automobile Studio
Postado em Chevrolet, Chrysler, Ford com as tags carros vista explodida, ilustração carros, russ von sauers, the
graphic automobile studio às 07/10/2008 por Carros Antigos Ainda não sei nada sobre ele, apenas que era (ou é?) um artista requisitado para a ilustração de automóveis,
vistas explodidas e esquemas. Seguem mais alguns, feitos
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para a Hemmings nos anos 70. Têm de tudo, desde o LeSabre 51, Jeeps, Fords, Packards e Chryslers. Os desenhos dele são muito bons, tipo os que ilustram até hoje qualquer
revista de automóveis, na parte dedicada às dimensões dos bólidos. Espero que o pessoal do Carvelho descubra logo
sobre ele e produza umas plaquetas bem bacanas.
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Capítulo 1.5 OBESA-IDADE
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Estatística mundial da obesidade Escrito por Ester Beatriz - Wednesday, May 23rd 2007
Um gráfico baseado em 2005 figuras da Organização da Cooperação e do Desenvolvimento Econômico, mostra que o percentual de obesos coreanos é dez vezes menor que os obesos americanos. Esses dados foram levantados com base na população
maior de 15 anos com massa corporal acima de 30. É notório que os orientais têm a população mais magra do planeta, mas o legal desse gráfico é que podemos avaliar a cultura e os hábitos alimentares desses países e fazer
um balanço do que realmente faz a diferença na hora de se alimentar. Aquela coisa dos fast foods americanos serem os maiores responsáveis por uma taxa de obesidade tão alta já foi pra lá de discutida mas ainda faz a gente repensar sobre a importância de ter um
hábito alimentar adequado. Comer bem significa comer com qualidade e não com quantidade…..