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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº 1846 Outubro/2014 Tamboril do Piauí Diante de uma estiagem longa, as famílias do Semiárido cada vez mais procuram alternativas de convivência. Estamos no município de Pajeú, Piauí, comunidade Bom Retiro, cerca de 20 quilômetros da sede da cidade. Em uma estrada de terra batida, com a mata seca pela falta de chuva, avistamos de longe uma verde de encher os olhos. Chegamos na pequena roça de seu Joaquim Araújo Luz, de 58 anos. Casado com Maria do Socorro Luz, 56 anos, pai de família, é mais um daqueles amantes de sua terra natal. Nasceu na comunidade, sempre enfrentou dificuldades, mas sabe que naquele pedaço de terra quando chove vira um verdadeiro paraíso. Foi aí que seu Joaquim teve a ideia. “Se quando chove, plantando tudo dá, então, na época da seca, molhando essa terra também ela pode dar bons frutos”. Depois de receber uma cisterna de 16 mil litros pelo Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), seu Joaquim percebeu ainda mais a importância de guardar água em reservatório. Decidiu então comprar uma caixa d'água de mais de 10.000 litros e dali começar uma nova vida. “Vou aproveitar que minha roça fica em um lugar mais baixo e vou irrigar. Com a água que tiver na caixa vou irrigar e ela vai por gravidade. Assim vou ter colheita o ano todo”, disse seu Joaquim. A gente planta, a gente colhe, a gente come bem.

A gente planta, a gente colhe, a gente come bem

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No município de Pajeú, Piauí, na comunidade Bom Retiro, cerca de 20 quilômetros da sede da cidade. Em uma estrada de terra batida, com a mata seca pela falta de chuva, avistamos de longe uma verde de encher os olhos. Chegamos na pequena roça de seu Joaquim Araújo Luz, de 58 anos.

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Page 1: A gente planta, a gente colhe, a gente come bem

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº 1846

Outubro/2014

Tamboril do Piauí

Diante de uma estiagem longa, as

famílias do Semiárido cada vez mais

procuram alternativas de convivência.

Estamos no município de Pajeú, Piauí,

comunidade Bom Retiro, cerca de 20

quilômetros da sede da cidade. Em uma

estrada de terra batida, com a mata

seca pela falta de chuva, avistamos de

longe uma verde de encher os olhos.

Chegamos na pequena roça de seu

Joaquim Araújo Luz, de 58 anos.

Casado com Maria do Socorro Luz, 56

anos, pai de família, é mais um daqueles amantes de sua terra natal. Nasceu na

comunidade, sempre enfrentou dificuldades, mas sabe que naquele pedaço de terra

quando chove vira um verdadeiro paraíso. Foi aí que seu Joaquim teve a ideia. “Se

quando chove, plantando tudo dá, então, na época da seca, molhando essa terra

também ela pode dar bons frutos”.

Depois de receber uma cisterna de 16 mil litros pelo Programa Um Milhão de

Cisternas (P1MC), seu Joaquim percebeu

ainda mais a importância de guardar

água em reservatório. Decidiu então

comprar uma caixa d'água de mais de

10.000 litros e dali começar uma nova

vida.

“Vou aproveitar que minha roça fica em

um lugar mais baixo e vou irrigar. Com a

água que tiver na caixa vou irrigar e ela

vai por gravidade. Assim vou ter colheita

o ano todo”, disse seu Joaquim.

A gente planta, a gente colhe, a gente come bem.

Page 2: A gente planta, a gente colhe, a gente come bem

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Piauí

E deu certo. Mesmo com os meses sem

cair um pingo de água quem vem do

céu, a roça de seu Joaquim não falta

nada durante todo o ano. São pés de

bananas, coco, mandioca, cana,

laranja, manga, coentro, alface,

tomate e capim para os animais.

“Não tem alegria maior que acordar

cedo, abrir a porta da minha casa e ver

uma roça bonita. Para mim, que na

infância não vi meu pai tendo essas

mesmas oportunidades, tô mostrando

para meus filhos que os tempos são outros. Com essas políticas públicas chegando

até nós e com força de vontade, a gente planta, a gente colhe, a gente vende, a gente

come bem”, afirmou.

Seu Joaquim relatou a importância de ter alimentos de boa qualidade na mesa de

casa. Não esqueceu também da renda extra que obteve. “Vendo bananas para meus

vizinhos e nos finais de semana vou vender na cidade de Tamboril. E só de não

comprar esses alimentos fora de casa já sobra um dinheirinho no meu bolso”,

lembrou.

Seu Joaquim e dona Maria do Socorro agora foram contemplados com um barreiro-

trincheira, com capacidade para 500 mil litros de água, através do Programa Uma

Terra e Duas Águas (P1+2). Além de receber a implementação, eles estão felizes

também por estarem participando de cursos de capacitação para o manejo de água e

para produção de alimentos, além de viagens de intercâmbios. “Tenho conhecido

várias experiências de outros agricultores que já foram beneficiados. Estou muito

feliz. Essas viagens tem me mostrado outras realidades”.