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2015/2016
Coordenadores: Alexandre Leite e Sónia Simões
Monitor: Alberto Barros
Trabalho realizado pelos alunos da equipa EMM16:
Catarina Santos [email protected] LCEEMG
Daniel Macieira [email protected] MIEMM
Francisco Costa [email protected] MIEMM
João Ribeiro [email protected] LCEEMG
Matilde Faria [email protected] MIEMM
Pedro Calonio [email protected] LCEEMG
Vasco Barros [email protected] LCEEMG
À DESCOBERTA DO CHUMBO
DA SUA EXPLORAÇÃO À SUA EXTRAÇÃO
2
Resumo
O chumbo é um minério bastante explorado em todo o mundo. Os depósitos em que se encontra
este elemento formam-se em condições específicas e dividem-se em três classificações:
sedimentar exalativos, tipo vale de Mississippi e sulfureto maciço vulcanogénico. O principal
mineral de chumbo é a galena, que é um sulfureto de chumbo, e ocorre geralmente associada a
prata.
Na exploração de minas de chumbo utilizam-se escavadoras, escarificadores, dumpers entre
outros tipos de máquinas. Na desintegração da rocha usam-se, entre outros métodos,
explosivos. Neste trabalho são também mencionadas as condições que fazem variar o
rendimento dos trabalhadores que atuam nas minas, influenciando assim a eficácia da extração
do chumbo.
Existem em Portugal várias minas de chumbo. Duas das que já se encontram encerradas são a
Mina de Braçal e a Mina de Terramonte. Em atividade encontra-se, por exemplo, a Mina de
Neves Corvo. Assim, são abrangidos alguns aspetos próprios e também algumas curiosidades
sobre o seu funcionamento, bem como a história por detrás das minas atualmente encerradas.
A extração da galena passa por vários processos: uma fase inicial de combustão ao ar livre,
seguida de uma fusão redutora, culminando numa terceira fase denominada de refinação.
O chumbo pode ser misturado com outros metais em pequenas quantidades para formar ligas,
aumentando assim a resistência à tração, à fadiga e à deformação do mesmo. Existem três ligas
consideradas principais: a liga chumbo-prata-cobre, a liga chumbo-latão-cádmio e, finalmente,
a liga chumbo-telúrio.
Hoje em dia o chumbo tem muitas aplicações, como em estruturas protetoras contra a radiação
ou no fabrico de ácido sulfúrico, tintas e baterias.
3
Palavras-Chave
1. Chumbo
2. Depósitos
3. Exploração
4. Extração
5. Galena
6. Ligas metálicas
7. Metalurgia
8. Mina
9. Minério
10. Utilização
4
Agradecimentos
Queremos agradecer às pessoas envolvidas no Projeto FEUP, pela sua dedicação e envolvimento
no projeto tornando assim mais simples a integração dos alunos nesta faculdade.
Um agradecimento especial ao nosso supervisor, Professor Alexandre Leite pelo seu contributo
na clarificação de conceitos chave, e ao monitor, Alberto Barros por toda a ajuda na orientação
do nosso trabalho e no esclarecimento de dúvidas.
5
Índice
1. Lista de Figuras e Tabelas .......................................................................................................... 6
2. Glossário .................................................................................................................................... 7
3. Introdução ................................................................................................................................. 8
4. Onde existem?........................................................................................................................... 9
4.1. Principais localizações dos minérios de chumbo ............................................................... 9
4.2. Características dos locais onde se encontra o chumbo ..................................................... 9
4.3. Condições de formação dos minérios .............................................................................. 10
5. Como se exploram os minérios? ............................................................................................. 11
5.1. Minérios mais explorados ............................................................................................... 11
5.2. Meios utilizados na exploração de minas de chumbo .................................................... 11
5.3. Minas mais importantes .................................................................................................11
5.4.1 Mina de Neves Corvo ................................................................................................. 12
5.4.2 Mina do Braçal ........................................................................................................... 12
5.4.3 Mina de Terramonte .................................................................................................. 13
6. Como se extrai? ....................................................................................................................... 14
6.1. Processos de extração ...................................................................................................... 14
7. Para que serve? ....................................................................................................................... 15
7.1. Principais ligas de chumbo e as suas características ........................................................ 15
7.2. Utilizações mais importantes e relevantes ...................................................................... 16
8. Curiosidades sobre o chumbo ............................................................................................. 17
9. Conclusão .............................................................................................................................. 18
10. Lista de Referências Bibliográficas ........................................................................................ 19
6
1. Lista de Figuras e Tabelas
Figuras:
Figura 1 - Galena com calcite .…………………………...…………………………………….…………………………….10
Figura 2 - Galena com calcopirite e dolomite ................……….…….……………….………………………….10
Figura 3 - Faixa Piritosa Ibérica (em Inglês...................................................................................13
Figura 4 – Indústria metalúrgica…………………………....……………….……………………….……………………..14
Figura 5 - Trabalhos nas minas ……….................................................................................….…….16
Figura 6 - Copo de chumbo (Adoçante de vinhos).......................................................................17
Figura 7 – Chumbadas de cor……….…........................................................................………………..17
Tabelas: Tabela 1 – Produção e reservas de chumbo……………………………………………………………………………..11
7
2. Glossário
Anglesite: mineral (sulfato de chumbo) que, em regra, provém da oxidação da galenite.
Anidrido: composto orgânico que, reagindo com água, origina duas moléculas de ácido
monoprótico ou uma molécula de ácido diprótico.
Calcinação: processo de aquecimento de minérios para lhes fazer perder água e anidrido
carbónico.
Cerusite: mineral cuja composição química é o carbonato de chumbo (é um minério de
chumbo).
Copelação: separação do ouro e da prata de outros metais por meio do fogo.
Coque: carvão poroso que se obtém como resíduo da destilação da hulha (carvão fóssil com
maior teor de carbono) na produção do gás da hulha.
Cuba: pequeno recipiente, cilíndrico ou paralelepipédico, de material transparente, usado
em análise química.
Flutuação: processo de concentração de minerais que se baseia nas propriedades superficiais
das partículas, tendo por base a adesão seletiva de algumas partículas sólidas para com o ar e
outras para com a água.
Insuflação: introdução de ar ou gases num órgão ou cavidade.
Minério: agregado de minerais rico num determinado mineral ou elemento químico que é
económica e tecnologicamente viável para extração.
Mineração: purificação dos minerais extraídos.
Paragénese: associação de minerais originados pelo mesmo processo genético.
Ustulação: aquecimento prolongado de um material a alta temperatura (calcinação).
8
3. Introdução
Este relatório foi realizado, no âmbito da unidade curricular Projeto FEUP, com o objetivo de
saber onde se encontra o chumbo, como se explora o minério, como se extrai o metal e para
que servem as ligas que contêm chumbo.
O chumbo é um metal pesado, macio, de cor cinzenta azulada, muito difuso na Natureza na
forma de sulfuretos, como a galena (PbS). É pouco tenaz, ou seja, não adere fortemente, é muito
dúctil e maleável. Recém-cortado, tem uma cor branca-prata que escurece rapidamente por
oxidação. [5]
Possui um brilho metálico característico e uma clivagem cúbica perfeita. Não sofre fratura.[8]
Aumenta a sua dureza quando se lhe acrescenta pequenas quantidades de antimónio. Quando
sujeito a 500˚C, liberta vapores venenosos. Em contacto com água que contenha oxigénio livre,
forma um hidrato extremamente venenoso. No entanto, com água potável, ou seja, água que
contenha sais ou CO2, forma-se um carbonato de chumbo, insolúvel, que adere fortemente à
superfície que a protege. Esta propriedade permite usar tubos de chumbo nas distribuições de
água potável. Resiste bem aos ácidos sulfúrico e clorídrico, enquanto o ácido nítrico o dissolve
facilmente.
No seu estado puro, ou com pequenas quantidades de antimónio, usa-se no fabrico de tubos de
condução de líquidos e gases, placas de acumuladores e câmaras de chumbo para o fabrico de
ácido sulfúrico. [3]
Extrai-se quase exclusivamente da galena, fundindo e reduzindo depois o óxido formado com
carvão. Quase sempre, a galena contém pequenas quantidades de prata que se recuperam por
copelação.
Os depósitos mais importantes estão nos Estados Unidos da América, na Alemanha e Espanha,
assim como na Sardenha e Toscana em Itália.
9
4. Onde existem?
4.1. Principais localizações dos minérios de chumbo
Os principais minérios de chumbo encontram-se nos Estados Unidos, na Austrália, no Canadá,
no Perú, no México, na Bolívia, na Argentina, na África do Sul, na Zâmbia, em Espanha, na Suécia,
na Alemanha, em Itália e na Sérvia. Apesar dos principais minérios de chumbo se localizarem
nos sítios acima referidos, os países de maior produção são os Estados Unidos, o Canadá, a
Austrália e o Perú. Já no caso de Portugal, a maior fonte de chumbo a nível nacional encontra-
se na Mina de Neves Corvo, mina essa que é melhor explorada mais à frente neste relatório.
4.2. Características dos locais onde se encontra o chumbo
O chumbo aparece frequentemente associado com outros depósitos minerais de minerais base,
como o cobre e zinco. Os depósitos de chumbo são classificados normalmente de acordo com a
base onde são formados. O chumbo é extraído principalmente de três tipos de depósitos:
sedimentares exalativos (sedex), vale de Mississippi (MVT) e sulfureto maciço vulcanogénico
(VMS).
Depósitos sedimentares exalativos (sedex)
Representam mais de 50% dos recursos de chumbo do mundo. Estes depósitos são formados
quando magma rico em metais é libertado numa bacia cheia de água (geralmente um oceano)
ou em sedimentos da bacia. Esta ascensão do magma resulta numa posterior precipitação e
deposição dos materiais no fundo da bacia, devido à diferença de temperaturas.
Depósitos do Vale de Mississippi (MVT)
São encontrados em todo o mundo e têm este nome graças aos depósitos que ocorrem na região
do vale de Mississippi dos Estados Unidos. Estes depósitos são caracterizados por substituição
do carbonato da rocha hospedeira por um elemento ou mineral. São muitas vezes confinados a
uma única camada estratigráfica e estendem-se ao longo de centenas de quilómetros
quadrados. Os depósitos MVT foram das principais fontes de chumbo nos Estados Unidos do
século XIX até metade do século XX.
Depósitos de sulfureto maciço vulcanogénico (VMS)
Contrariamente aos depósitos sedex e aos depósitos MVT, os depósitos VMS têm uma
associação evidente a processos vulcânicos submarinos. Além de chumbo e zinco, também
podem conter quantidades significativas de cobre, ouro e prata. São depósitos cujas
características mais marcantes decorrem da acumulação de grandes massas de sulfuretos,
essencialmente, constituídas por pirite, calcopirite, esfalerite e galena. [1]
10
4.3. Condições de formação dos minérios O principal mineral de chumbo é a galena (PbS), que contém 86,6% de chumbo. Cerusite (PbCO3)
e anglesite (PbSO4) surgem, normalmente, perto da superfície da zona oxidada de uma jazida de
chumbo. Depósitos que contêm chumbo formam-se a partir de fluídos quentes (hidrotermais)
gerados no interior da crusta terrestre que podem ficar “presos” sob a superfície em fendas
onde a galena e outros minerais podem precipitar fazendo depósitos do tipo filoniano. Se houver
presença de calcários, os líquidos podem preencher cavidades para formar depósitos ricos, mas
desiguais. Alguns fluídos atingem os fundos oceânicos, em áreas de atividade vulcânica
submarina, para formar depósitos vulcanogénicos. Exemplo disso são os que hoje em dia se
formam sob o oceano na Papua Nova Guiné e no Canadá. Outros fluídos podem escapar para a
superfície em pequenos lagos rasos ou mares através de fissuras ou falhas e, se as condições
forem adequadas, podem acumular-se depósitos de chumbo-zinco-prata. [9]
O que é a galena? A galena (PbS) é um sulfureto de chumbo (Pb = 86,6% e S = 13,4%). [9]
Geralmente, ocorre associada com a prata, sendo este o seu mineral mais
importante. Zinco, cobre, ouro, arsénio e antimónio são outros metais que, por
vezes, aparecem associados ao chumbo. A galena é um mineral facilmente
reconhecível por apresentar clivagem perfeita, alto peso específico, baixa dureza,
cor cinzenta (do chumbo) e brilho metálico. A galena é encontrada usualmente em
filões, associada aos minerais esfalerite, pirite, marcassite, calcopirite, cerusite,
dolomite, calcite, quartzo e baritina. [8]
Figura 1 – Galena com calcite [13]
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/co
mmons/9/92/Calcite-Galena-elm56c.jpg
Figura 2 – Galena com calcopirite e dolomite
[14]
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6
8/Gal%C3%A8neMissouri.jpg
11
5. Como se exploram os minérios?
5.1. Minérios mais explorados
Os minérios de chumbo mais explorados são: a galena (PbS), a cerusite (PbCO3) e a anglesite
(PbSO4). Estes são de composição extremamente variável e, por isso, existem diversas técnicas
de exploração.
5.2. Meios utilizados na exploração de minas de chumbo
O chumbo é um elemento encontrado na natureza desde a formação da Terra, juntamente com
outros minerais tais como: o zinco, a prata e o cobre. Quantidades menores de outros elementos
são encontradas, algumas vezes, combinadas com minério de chumbo, inclusive o ouro. A
exploração do minério é feita através de processos físicos. O minério de chumbo é, vastamente,
extraído em minas subterrâneas. Escavadoras, escarificadores e outras máquinas têm
substituído o trabalho humano em muitos países. O transporte por comboios motorizados, por
exemplo, tem sido amplamente utilizado em minas de chumbo nos Estados Unidos. Máquinas
leves de sondagem por percussão ou rotação de alta eficiência e explosivos metalizados são
usados para desintegrar o minério. O rendimento por homem nas minas de chumbo, em vários
países, é condicionado a características que variam de país para país e também de mina para
mina, como: a iluminação subterrânea, a ventilação aperfeiçoada (algumas vezes com ar
condicionado), bombas mais eficientes, ponta de sondas mais durável de carbureto de
tungsténio (bits).[4]
5.3. Minas mais importantes
Produção e reservas de
Chumbo
País Produção Reservas
USA 400 7,000
Austrália 620 27,000
Bolívia 90 1,600
Canada 65 650
China 1,600 13,000
India 95 2,600
Irlanda 45 600
México 185 5,600
Peru 280 6,000
Polonia 35 1,500
Rússia 90 9,200
Africa do
sul 50 300
Suécia 65 1,100
Outros 330 4,000
Total 4,100 80,000
Tabela 1- Produção e reservas
mundiais de chumbo [23]
http://geology.com/usgs/lead/
12
5.4. Minas de chumbo em Portugal
5.4.1 Mina de Neves Corvo
Na região de Castro Verde, encontra-se o centro mineiro mais importante da Faixa Piritosa, o
jazigo de Neves Corvo operado pela empresa Somincor desde 1987. A história da mina de Neves
Corvo inicia-se com a sua descoberta em 1977. A mina situa-se no Alentejo e explora,
principalmente, cobre e zinco, mas também chumbo. A exploração neste local iniciou-se no ano
de 1988 extraindo-se principalmente cobre. Após algum tempo, em 1990 iniciou-se a produção
de estanho que viria a ter um ponto final em 2005. No ano seguinte começou-se a explorar zinco
e ainda não houve rutura na exploração desse metal. Atualmente existe produção de
concentrados destes três metais. No ano de 2014 produziu-se à volta de 217000 toneladas de
concentrado de cobre, 147000 de zinco e 10000 de chumbo. [16]
Esta mina é constituída por 5 massas de sulfuretos polimetálicos: Neves, Corvo, Graça, Zambujal
e Lombador. As rochas encaixantes são tufas e xistos. [6]
Na mina existem ocorrências de cobre, chumbo, estanho, zinco e pirite, todas elas ligadas a
vulcanismo. A riqueza mineira do subsolo das terras de Castro Verde há muito que é conhecida.
Cobre, chumbo, manganês, bário, a prata e o ouro, são alguns dos metais que ao longo de mais
de 3000 anos têm sido extraídos em projetos de maior ou menor dimensão, subterrâneos ou de
superfície. [19]
5.4.2 Mina do Braçal
O Braçal constituiu um dos mais importantes centros mineiros do norte do país – Distrito de
Aveiro. Estas minas foram exploradas por lavra subterrânea desde 1836.
O complexo mineiro do Braçal é um conjunto de minas onde filões hidrotermais de chumbo
(com zinco e prata incorporados) foram explorados. Situado no centro de Portugal, a sua
mineralogia é essencialmente constituída por galena e esfalerite (minérios principais), pirite,
calcopirite, marcassite e pirrotite (sulfuretos acessórios), dolomite, quartzo, siderite, e anglesite
(minerais da ganga). Todo o complexo mineiro é banhado pelo rio Mau que passa nesse mesmo
local. Estas minas foram exploradas aquando da presença dos romanos na Península Ibérica. A
exploração moderna destas minas decorreu entre 1859 e 1918 e entre 1943 e 1958. O
encerramento das minas em 1958 provocou um enorme problema social que levou ao êxodo
completo de emigração para França e Alemanha.
Atualmente encontram-se encerradas sem qualquer tipo de laboração e completamente
desprovidas de elementos de segurança ou selagem e sistemas de tratamento de água ou
resíduos. As minas encontram-se implantadas em terreno com orografia bastante acidentada,
sendo a vegetação bastante intensa. Trata-se de uma mina com elevada importância
museológica. Detinha o ciclo completo do chumbo, produzindo também aço para a indústria.
[11]
13
5.4.3 Mina de Terramonte
A ocorrência mineral da Serra do Montalto e Terramonte, mais conhecida como mina de
Terramonte, situa-se em Castelo de Paiva, Aveiro. Esta mina iniciou laboração no ano 1966 e foi
considerada das mais importantes até 1972, tendo sido encerrada no ano 1975. Entre 2005 e
2008 decorreu um Plano de Recuperação Ambiental da área da antiga mina. [7]
Extraía-se a galena e em processos posteriores extraía-se o chumbo e impurezas de outros
metais, tais como a prata. Curiosamente, era mais rentável extrair a prata a partir da galena do
que extrair o próprio chumbo deste mineral, sendo o chumbo, por vezes, “ignorado” porque
mesmo com percentagens mínimas de prata presentes na galena, tornava-se rentável a sua
exploração.
Atualmente deposita-se pó de minério das escombreiras da mina de Terramonte ao longo das
margens do Douro. Segundo esta notícia lida no jornal Público: “No caso de Terramonte, as
escombreiras são transportadas até ao Douro, sendo possível acompanhar o trajeto do caudal,
dado que os antigos lameiros, onde em tempos se produzia milho, melões e pepino, estão
atualmente transformados em campos improdutivos, cobertos com uma camada amarelada e
espessa de pó. A situação assume-se mais perigosa a partir do momento em que análises
laboratoriais provam que o pó está carregado de chumbo e de ferro. O risco para a saúde pública
é ainda mais real quando (…) existem duas estações de tratamento e captação de água para
consumo doméstico.” [12]
NOTA: Faixa Piritosa Ibérica
A Faixa Piritosa Ibérica é uma das principais regiões mineiras da Europa, sendo caracterizada
por mais de 90 depósitos de sulfuretos maciços polimetálicos e centenas de jazigos de
manganês e de filões de cobre, de chumbo, de bário e antimónio.
Figura 3 - Faixa Piritosa Ibérica (em Inglês)
[24]
https://pt.wikipedia.org/wiki/Castro_Verde#/media/
File:IPB_zone.png
14
6. Como se extrai?
6.1. Processos de extração Em vários países, muitas minas de chumbo, atualmente em atividade, são exploradas por lavras
subterrâneas, método denominado “shrinkage stoping”, com recuperação da ordem de 90%. O
Shrinkage Stoping é um método de exploração aplicado em filões verticais, normalmente em
explorações de tamanho reduzido. Uma das principais características deste método é a
utilização do material desmontado como piso de trabalho permitindo a exploração do depósito
mineral de forma ascendente. Uma desvantagem deste método de exploração é que necessita
de mão-de-obra intensiva e como tal torna-se particularmente difícil de mecanizar. [20]
Segundo Rocha (1973), durante o método de beneficiamento, prepara-se o chumbo tomando
como ponto de partida o seu minério mais conhecido, que é a galena ou o sulfureto de Chumbo,
onde frequentemente o chumbo está ligado à prata.
Numa primeira fase de combustão ao ar livre, elimina-se o enxofre, usando um forno com
revérbero ou uma retorta do género conservador, com insuflação de ar na presença de cal e de
gipso. Dá-se então a formação de óxido de chumbo. Na segunda fase, a fusão redutora é feita
em forno tipo "Waterjacket", adicionando-se ao minério queimado um fundente, ferro e coque.
O óxido de chumbo é reduzido e o chumbo líquido junta-se no fundo da cuba. Na terceira fase,
chamada refinação, purifica-se esse chumbo bruto, que contém 2% de impurezas metálicas
diversas. Para isso, utiliza-se tanto o processo eletrolítico de Betts (1903), que permite obter o
chumbo na proporção de 99,99% com traços de estanho, como o processo a seco, por fusão do
metal impuro, no qual se extraem, através da flutuação por espumas em superfície do banho,
as ligas de metais que constituem as impurezas (cobre, níquel, cobalto, arsénio), não miscíveis
e menos densas que o chumbo fundido. Um processo mais recente (processo Harris) consiste
em eliminar as impurezas por um fluxo oxidante de soda, cloreto e nitrato de sódio, misturado
ao banho de chumbo fundido. Nele as impurezas são eliminadas em forma de espuma. Quando
o chumbo bruto contém proporções elevadas de ouro, e, sobretudo de prata, é submetido a
tratamentos especiais.
Figura 4 - Indústria Metalúrgica [21]
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/common
s/0/08/Recycling_lead_in_a_lead-
acid_battery_recovery_facility.jpg
15
7. Para que serve?
7.1. Principais ligas de chumbo e as suas características O produto final do processamento dos minerais anteriormente referidos é o chumbo. Este metal
é extremamente pesado mas, no entanto, é também um dos metais mais suaves e maleáveis.
Devido a estas características é sujeito a deformações o que, podendo ser uma desvantagem
em alguns casos, é uma vantagem no que consta ao seu manuseamento pois é fácil de moldar
e trabalhar. Aliado as estas características está o facto de ter um ponto de fusão relativamente
baixo (327ºC), tornando-o assim um bom produto para ser utilizado em moldes. Uma das
grandes vantagens deste metal é a sua grande resistência à corrosão pois forma facilmente
camadas protetoras contra agentes corrosivos.
Pelas características apresentadas anteriormente, ele é utilizado em várias áreas mas como nem
sempre tem a resistência à tração, à fadiga e à deformação é muitas vezes misturado com outros
metais em pequenas quantidades para formar ligas que sustêm as características essenciais do
chumbo e melhoram as menos desejadas. Tais ligas são, principalmente, as seguintes:
Liga Chumbo-Prata-Cobre: esta liga metálica é formada adicionando quantidades muito
pequenas (0.003% - 0.005%) dos dois metais, prata e cobre, em proporções semelhantes
(igual quantidade prata como cobre) ao chumbo mas têm um efeito significativo. Esta
pequena adição confere ao chumbo um aumento de cerca de 15% na sua resistência à
tração aliado a um pequeno aumento na resistência à fadiga do metal. Assim esta liga é
melhor do que o chumbo puro em tubagens e canalização pois não vai ser deformado tão
facilmente pela água ou outros líquidos o que, por sua vez, o torna muito mais durável.
Liga Chumbo-Latão-Cádmio: quando se tem uma combinação formada por 1.25% - 1.75%
latão, 0.2% - 0.3% cádmio e o restante chumbo obtém-se uma liga metálica que, à
semelhança da liga chumbo-prata-cobre, aumenta as resistências à tração e deformação
do chumbo. No entanto, esta liga aumenta a resistência à fadiga do chumbo de uma forma
mais significativa, tornando-o assim capaz de resistir a forças mais intensas, como por
exemplo às vibrações produzidas pela passagem do trânsito numa estrada situada por
cima de uma instalação que utiliza o chumbo como componente.
Liga Chumbo-Telúrio: ao formar uma liga de chumbo com 0.05% - 0.1% de telúrio dá-se
origem a uma liga metálica com uma característica que é única entre as outras. Com esta
adição o chumbo torna-se passível ao processo de endurecimento por tensão, assim
sendo, consegue-se obter aplicações muito mais resistentes a forças pois este material é
muito mais duro que o normal, no entanto, quando temperado ou aquecido a altas
temperaturas perde as propriedades conferidas pelo endurecimento por tensão tendo de
se repetir o processo para as reaver. Apesar de ser mais difícil de moldar esta liga é muito
útil em aplicações que estarão sujeitas a grades forças ou que têm de ser mais duráveis
pois a sua resistência à fadiga, à tensão e à deformação são muito superiores às do
chumbo normal. [2]
16
7.2. Utilizações mais importantes e relevantes
Desde há muito tempo, o chumbo e as suas ligas são muito utilizados para certas tarefas. Há
algum tempo atrás o chumbo era muito mais utilizado em canalizações, cutelaria e instrumentos
de cozinha (podendo ainda ser visto a ser utilizado dessa forma). No entanto, após a descoberta
de que, por vezes, algum chumbo era transmitido pela água para os organismos que dela
bebessem, causando assim graves problemas de saúde, o chumbo perdeu um pouco essa
utilidade.
Hoje em dia, devido à sua grande densidade e peso, o chumbo é muito utilizado na produção de
materiais, equipamentos ou estruturas protetoras contra a radiação, pois esta não o consegue
atravessar totalmente, sendo, por isso, comum observar paredes com camadas de chumbo ou
aventais com chapas de chumbo em hospitais, nas alas que trabalham com máquinas que
emitem radiações, como os raios-X. Devido à sua capacidade para formar "películas protetoras",
o chumbo é também muito utilizado na indústria química, como por exemplo no fabrico de ácido
sulfúrico, pois forma uma película de sulfato de chumbo que o protege contra a corrosão. É
possível encontrar o chumbo, também, na produção de pesos (é muito denso e, como tal, não
se necessita de muito volume para atingir determinada massa), gasolina, tintas, cabos e baterias.
Figura 5 – Trabalhos nas minas [22]
http://www.blogcdn.com/www.thewireles
sreport.com/media/2006/07/mining2.jpg
17
8. Curiosidades sobre o chumbo
Na época romana, o chumbo era utilizado como adoçante de vinhos, o que, segundo
alguns pesquisadores, causou o declínio da civilização.
Na revolução industrial era usado com tinta branca nas casas inglesas, mas, uma vez que
o chumbo reage com o enxofre numa reação que o leva a ficar mais escuro, as paredes
tornavam-se lentamente pretas, devido à grande concentração de enxofre no ar que se
fazia sentir na época.
O chumbo teve uso militar, além da munição, como tinta de alguns submarinos, que de
dia eram brancos, e de noite pretos, depois de uma aplicação de uma substância rica em
enxofre. Essa prática permitia uma camuflagem mais eficiente, mas entrou em desuso
devido aos custos elevados e ao desenvolvimento de novas tecnologias.
Na pesca utilizam-se chumbadas (com base de chumbo). O nome deve-se ao facto de
serem construídas com chumbo, porém nada impede que sejam construídos com outro
material. Os pesos têm como finalidade auxiliar os arremessos contra balançando o peso
para que se consiga arremessar para onde se quer e manter a linha esticada
proporcionando maior velocidade nos lançamentos. Por ser um metal venenoso, a sua
utilização de forma excessiva pode contaminar as águas de forma a interferir no meio
ambiente e prejudicar a natureza, por isso, já existem outros tipos de materiais que
possuem a mesma função. [17]
Figura 7 – Chumbadas de cor [17]
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/comm
ons/c/c2/Rapala_lures_7.jpg
Figura 6 – Copo de chumbo (Adoçante
de vinhos) [15]
https://doutorgourmet.files.wordpress.com/2
013/01/copo-de-chumbo-alemo_mlb-f-
3249125696_102012.jpg
18
9. Conclusão
Concluindo, este relatório teve como objetivo clarificar algumas ideias acerca do elemento que
é o chumbo, demonstrando assim as suas inúmeras utilidades, tanto na atualidade, como
outrora.
No entanto, a sua utilização no fabrico de tubos de canalização, revestimento de cabos elétricos,
baterias automóveis, entre outros, faz com que haja uma crescente preocupação acerca do que
acontece após o desgaste destes produtos. Cada vez mais se pergunta para onde se dirigem os
diferentes elementos que constituem estes produtos, nos quais está contido o chumbo. Na
indústria de baterias automóveis, por exemplo, existem empresas que promovem a reciclagem
deste tipo de baterias, fundindo as placas a altas temperaturas em fornos, reutilizando assim o
chumbo para o fabrico de novas baterias. Como este processo não tem um rendimento de 100%,
os subprodutos que são descartados e lançados em terrenos baldios, muitas vezes, contêm
ainda algum chumbo, provocando assim a poluição do ambiente.
Além disso, como a terra se torna saturada devido às enormes quantidades de produtos que
para lá são expelidos, o chumbo pode ficar à superfície, sendo posteriormente ingerido por
algum ser vivo, afetando assim a sua saúde, e, consequentemente, afetando a cadeia alimentar
naquele ecossistema.
Assim, neste relatório são apresentados todos os aspetos do chumbo, tanto os mais positivos
como os menos positivos.
19
10. Lista de Referências Bibliográficas
[1] GUEDES, Fernando, et al. – A Enciclopédia. Lisboa: Editorial Verbo, S.A., 2004. ISBN
972-22-2311-9. Vol. 5
[2] W.H.Dennis - "Metallurgy of the non-ferrous metals" – 1954
[3] Porto: Porto Editora, 2003-2015. [consult. 2015-10-5 19:44:35], http://www.infopedia.pt/ -
Glossário
[4] Data de pesquisa: 27/09/2015
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[5] Data de pesquisa: 29/09/2015
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[8] Data de pesquisa: 12/10/2015 http://entendendoageologiaufba.blogspot.pt/2012/03/galena.html - Características dos locais
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[11] Data de pesquisa: 12/10/2015
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[12] Data de pesquisa: 13/10/2015
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20
[14] Data de pesquisa: 16/10/2015
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/68/Gal%C3%A8neMissouri.jpg - Imagem
da galena
[15] Data de pesquisa: 16/10/2015
https://doutorgourmet.files.wordpress.com/2013/01/copo-de-chumbo-alemo_mlb-f-
3249125696_102012.jpg - Copo de Chumbo
[16] Data de pesquisa: 26/10/2015
http://www.ordemengenheiros.pt/fotos/dossier_artigo/20150529_hgama_944045248557efc
eb523ec.pdf – Informação sobre a mina de Neves Corvo
[17] Data de pesquisa: 29/10/2015
http://www.portaldapescaesportiva.com.br/dicas_informacoes.php?ref=equipamentos_chum
bos_boias_chicotes – Chumbadas utilizadas na pesca
[18] Data de pesquisa: 30/10/2015
http://www.lneg.pt/download/9168/Brochura%20CASTRO%20VERDE%20(PT).pdf – Mina de
Neves Corvo e Faixa Piritosa Ibérica
[19] Data de pesquisa: 30/10/2015
http://www.correioalentejo.com/?diaria=13220 – Mina de Neves Corvo
[20] Data de pesquisa: 26/10/2015
“Método de exploração Shrinkage Stoping” realizado por: Alberto Barros, Ana Sofia Rosa e
Francisca Brás
[21] Data da pesquisa: 30/10/2015
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/08/Recycling_lead_in_a_lead-
acid_battery_recovery_facility.jpg – Imagem relativa à indústria metalúrgica
[22] Data de pesquisa: 30/10/2015
http://www.blogcdn.com/www.thewirelessreport.com/media/2006/07/mining2.jpg –
Imagem relativa ao trabalho nas minas
[23] Data de pesquisa: 30/10/2015
http://geology.com/usgs/lead/- tabela 1
[24] Data de pesquisa: 30/10/2015
https://pt.wikipedia.org/wiki/Castro_Verde#/media/File:IPB_zone.png