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A CONTRIBUIÇÃO PEIRCIANA PARA A REPRESENTAÇÃO INDEXAL DE IMAGENS VISUAIS 1 THE PERCIEN CONTRIBUTION FOR AN INDEXAL REPRESENTATION OF VISUAL IMAGES Virginia Bentes Pinto 2 - [email protected] , [email protected] Dra. Ciências da Informação e da Comunicação – Univ. Sténdhal Grenoble-3 – França Lider do Grupo de Pesquisa Representação da Informação Professora do Depto. de Ciências da Informação da Universidade Federal do Ceará Jean-Guy Meunier - [email protected] Diretor do Lab. de l’Analyse Cognitve de l’Information (LANCI) – Université du Quebec à Montreal Professor do Depto. de Filosofia da Université du Quebec à Montreal Casemiro Silva Neto - [email protected] Dr. Comunicação e Cultura-Universidade Federal do Rio de Janeiro Vice-Lider do Grupo de Pesquisa Representação da Informação Professor do Depto. de Ciências da Informação da Universidade Federal do Ceará Resumo Mesmo que ao longo da história as imagens visuais tenham adquirido enorme importância, como fontes de informação, não é possível negar que, com as novíssimas ferramentas da informação e da comunicação (TIC), elas ganharam a atenção de estudiosos dos mais variados campos do conhecimento, representados pelas artes, biologia, astronomia, arqueologia, história, saúde, moda, decoração, publicidade, editoração, engenharia e arquitetura, dentre outros. Apresenta algumas reflexões teóricas concernentes à representação na perspectiva peirciana, ancorando-se no contexto das novas formas de abordagem empregadas para o tratamento de imagens visuais, utilizando como exemplos os paradigmas da representação indexal manual, semi-automática, automática e mista. Os resultados das experimentações mostram que as dificuldades encontradas na construção de uma representação indexal, desse tipo de documento, decorrem da complexidade inerente ao processo de produção e recepção do signo imagético. Palavras-Chave: Imagem. Representação indexal de imagem. Representação sígnica de imagens. 1 Artigo baseado em Relatório de Pesquisa Referente à Estágio Pós-Doutoral em Filosofia- Análise Cognitiva da Informação -Université du Québec à Montreal- Laboratoire de l’Analyse Cognitive de l’Information (LANCI). 2 Agradeço à Coordenação de Pessoal de Nível Superior(CAPES) pelo apoio. Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianópolis, n. 25, 1º sem.2008 15

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A CONTRIBUIO PEIRCIANA PARA A REPRESENTAO INDEXAL DE IMAGENS VISUAIS1THE PERCIEN CONTRIBUTION FOR AN INDEXAL REPRESENTATION OF VISUAL IMAGES Virginia Bentes Pinto 2 - [email protected], [email protected]. Cincias da Informao e da Comunicao Univ. Stndhal Grenoble-3 FranaLider do Grupo de Pesquisa Representao da InformaoProfessora do Depto. de Cincias da Informao da Universidade Federal do Cear Jean-Guy Meunier - [email protected] do Lab. de lAnalyse Cognitve de lInformation (LANCI) Universit du Quebec MontrealProfessor do Depto. de Filosofia da Universit du Quebec MontrealCasemiro Silva Neto - [email protected]. Comunicao e Cultura-Universidade Federal do Rio de JaneiroVice-Lider do Grupo de Pesquisa Representao da InformaoProfessor do Depto. de Cincias da Informao da Universidade Federal do Cear ResumoMesmoqueaolongodahistriaasimagensvisuaistenhamadquiridoenorme importncia, como fontes de informao, no possvel negar que, com as novssimas ferramentasdainformaoedacomunicao(TIC),elasganharamaatenode estudiososdosmaisvariadoscamposdoconhecimento,representadospelasartes, biologia,astronomia,arqueologia,histria,sade,moda,decorao,publicidade, editorao,engenhariaearquitetura,dentreoutros.Apresentaalgumasreflexes tericasconcernentesrepresentaonaperspectivapeirciana,ancorando-seno contextodasnovasformasdeabordagemempregadasparaotratamentodeimagens visuais,utilizandocomoexemplososparadigmasdarepresentaoindexalmanual, semi-automtica,automticaemista.Osresultadosdasexperimentaesmostramque asdificuldadesencontradasnaconstruodeumarepresentaoindexal,dessetipode documento, decorrem da complexidade inerente ao processo de produo e recepo do signo imagtico. Palavras-Chave: Imagem. Representao indexal de imagem. Representao sgnica de imagens. 1Artigo baseado em Relatrio de Pesquisa Referente Estgio Ps-Doutoral em Filosofia- Anlise Cognitiva da Informao -Universit du Qubec Montreal- Laboratoire de lAnalyse Cognitive de lInformation (LANCI).2 Agradeo Coordenao de Pessoal de Nvel Superior(CAPES) pelo apoio. Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianpolis,n. 25, 1 sem.2008 151 INTRODUO L'imageentantquetellen'estpasunecatastrophercente,maisau contraire un bien prcieux insparable de ce qui construit l'humanit, car elle est solidaire de la parole et de la pense.(Mondzain, 2003, p.17-18)Aepgrafeapresentadacomoaberturadesteartigoenunciaqueaimportnciae demandasdasimagensnocessamdecresceraolongodahistria,legitimando-senos domnios cientfico, tcnico, histrico, artstico e econmico, dentre outros. Na rea de histria, as imagens so documentos de grande valor para a construo ou reconstruo dos fatos histricos; nas organizaes, elas podem ser empregadas como dispositivos da memriaorganizacional,favorecendooreconhecimentodeassinaturaseimpresses digitaisetc.Nocontextodasade,desdeainvenodoraio-X,pelofsicoWilhelm Konrad Rntgen, no final dos anos 1895, as imagens revolucionam as investigaes e, igualmente,asformasdetrabalho.Nestesentido,elasfavorecemeassegurama confiabilidadenosdiagnsticosdecertasdoenas;servemcomofontesdeinformao no planejamento e orientao de tratamentos; subsidiam investigaes acerca do estado eevoluodasdoenas;almdefuncionaremcomomeiosparaoensinoedivulgao dos conhecimentos. Rudolf Arnheim (1969 apud AUMONT, 1990, p.56) escreve que as imagenspossuemrelaodiretacomomundoreal,poiselasassumemaomenostrs valores: a) de representao, onde figuram as coisas concretas - imagem de um pulmo; b)desmbolo,ondefiguramascoisasabstratas;ovinhorepresentandoosanguede Cristoparaoscatlicos;c)designo,ondeocontedoquenelasfiguranoreflete visualmenteseuscaracteresecujasignificaovisualarbitrriaemrelaoaoseu significado-seosinalvermelho,agentepra.ParaBarboza(1997,p.7),aimagem oscila entre a sua verdade material, que no unicamente grfica, e o mistrio, o que elarepresenta;elaumajanelaabertasobreoutrasvariedades,dissimuladaatravsdo gestohumanoecriador.queaimagem,aexemplodatcnica,umacriao especificamente humana. BentesPintoeMeunier(2006,p.85)argumentamqueaimportnciadosdocumentos imagticosnasociedadecontemporneatogrande,quenopodemosexplicar, compreender, ou nos reportar a certos assuntos sem o testemunho das imagens. o caso dealgumasdoenas,dafomenomundo,dosassaltoseroubos,dasmudanasda biosfera, da violncia urbana, da degradao do meio ambiente, e das conseqncias das guerras em grande parte do Planeta. Por isso, observa-se tambm o uso deliberado das imagensditasfuncionais,emvriosdomniosdeconhecimento:principalmentena pedagogia,comunicao,astrofsicaetc.Contudo,se,porumlado,aimagem conquistoutamanhaimportnciacomosdispositivosdigitaiseeletrnicos possibilitando combinar texto verbal (palavra) e no-verbal (som, imagem) num mesmo documentomultimiditico,poroutro,impesriasdificuldades.Earazodisso porque,depoisdaexplosobibliogrfica,estamosvivendooutraexplosodocumental aindamaisavassaladora,queaexplosoouexcessodasimagensvisuais,cujo enfrentamentoreivindicaoutrasmodalidadesmetodolgicas,tericaseconceituaisde lidar com esse material.Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianpolis,n. 25, 1 sem.2008 16Nombitodasatividadesreferidasnestetrabalho,asimagens,semelhanadoque acontececomostextosverbais,tambmpodemeprecisamserindexadas,pormo procedimentohqueserdiferente,afimdequeoacessoaoseucontedosejamenos problemtico.Afinal,pelaprprianatureza,aimagemumdocumentoconstitudode vriosoutrostextos,dentreosquaispodemoscitar,pelomenos,acor,aformaea textura. Face complexidade das dimenses semnticas desse universo sgnico, foi que nosinteressamosemestudararepresentaoindexaldeimagensvisuaisseguindoa trajetria construda pela semitica peirciana. 2 ALGUNS OLHARES E DIZERES SOBRE REPRESENTAO 2.1 A concepo peirciana de representao Osignificadoqueapalavrarepresentaoencerranodeorigemtorecente, conforme parecem imaginar alguns. Muito pelo contrrio, ela sempre esteve presente no espritohumano,pelomenos,desdeaPr-histriaquandooshomensprimitivos,em suas prticas cotidianas, buscavam possibilidades de comunicao atravs da criao de imagensouideogramas;assimcomodaescritacuneiformedossumriosedos hierglifos produzidos no Antigo Egito.Nasemiticapeirciana,osignoquedesencadeiaarepresentao,umavezqueele percebido como sendo [] algo que, sob certo aspecto ou de algum modo, representa algumacoisaparaalgum"(PEIRCE,CP7,p.357).Nestesentido,entendemosque,se narepresentaoosignoestemlugardeoutracoisa,istosignificaquenohuma relaocausalentretalsignoesuarepresentao,mas,antesdetudo,umarelao significativaparaalgumqueconstrioutrasrepresentaese,assim,sucessivamente. Entretanto,Peircenosecontentacomesteconceitoinicialdesigno.Porisso,prope outro mais complexo: Signo ou representamen aquilo que, sob certo aspecto ou modo, representa algo para algum. Dirige-se a algum, isto , cria, no esprito dessa pessoa, umsignoequivalente,outalvezumsignomaisdesenvolvido.Aosigno assimcriadodenominointerpretantedoprimeirosigno.Osignorepresenta algumacoisa,seuobjeto.Representaesseobjetonoemtodososseus aspectos,mascomrefernciaaumtipodeidiaqueeu,porvezes, denominei fundamento do representamen. (PEIRCE, CP 2, p.228).Nestapassagem,percebe-se,inicialmente,queaexistnciadeumsignoou representamen exige a presena de, ao menos, trs elementos: o signo mesmo, o objeto (representantedestesigno)e ointerpretante(efeito,idiaoutoque)paraqueelepossa sefazersigno.Destemodo,osignoapresenta-sedemaneiradinmicaemrazoda prpria dinamicidade do ser humano, logo, enquanto representao, ele no diz respeito apenas a estar no lugar de qualquer coisa, porm estabelece relaes sgnicas entre as referidascoisas.Orepresentamen,enquantoveculodosigno,osujeitodeuma relaotridica,comumsegundochamadoseuobjeto,paraumterceirochamadoseu interpretanteequepossibilitasempreonascimentodeumnovosigno(interpretante), e,assim,sucessivamente,ouseja,sempreumanovaconstruosgnica,demonstrando assim, a infiniteza (infinitude) do signo. Da porque a este processo Peirce denomina de semiosis ilimitada. Sua estrutura sgnica (signo, objeto, interpretante) proposta por Peirce(1907,CP.5.p.484),construdaemformadetringulosemiticodenominado Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianpolis,n. 25, 1 sem.2008 17semiosis enquanto interpretao de signos e que envolve uma ao ou influncia que ou implica numa cooperao de trs sujeitos, um signo, seu objeto e seu interpretante, detalmodoqueessainflunciatri-relativademodoalgumsepoderesolversemque haja aes entre pares. Em outras palavras a semiosis diz respeito ao apreensiva do signo.NoconceitoderepresentaodefendidoporPeirce,percebe-sequeosentidodesta palavra diz respeito ao de colocar diante dos olhos ou diante do esprito de algum uma produo de sentidos, uma construo formada pela reunio de trs outras palavras re,presenteao,equenoslevaapensaraomenosemtrsoutras possibilidades: a existncia da coisa ou objeto ("present"), a mobilizao do sujeito que seapropriadesteobjetooucoisa("o")earepresentaodestaapropriaoquese constituiremumapresenanova(Meunier,2002)doobjetoenunciadoatravsdo prefixo("re").Noapresenadoobjetoemsimesmoquelheconfereoestatutode sua representao, mas, sobretudo, a presena de uma idia (conscincia interpretativa) doindivduosensvelqueagesobreestacoisaousobreesteobjeto,lheconferindo sentida a fim de produzir uma representao concernente a esta coisa ou este objeto que elepercebenomundo.Setomarmoscomomodelootermobanana,enquantoum objetodomundo,realousimblico,elepodetambmserrepresentadoatravsdas vrias imagens, e pode ser percebido com inmeras possibilidades, por exemplo, a fruta, o artefato para se brincar na gua a tomada etc. conforme a figura 1 Fig. 1- Polissemia de representao indexal da imagem Fonte : http://www.google.com/As imagens apresentadas na figura 1 mostram claramente que o interpretante mesmo, enquanto signo mental, que favorece a mediao entre um signo e um outro signo, pois, comobemdizPeirce(1999,p.46)umsignosomentepodesersignoapartirdo momento que possa se traduzir em um outro signo no qual ele aparece completamente desenvolvido.Omesmoacontececomaimagemdeumneurnio,porexemplo, trata-se de um signo (representamen) que est no lugar de um objeto (neurnio mesmo). Porm ele somente pode ser signo, la Peirce, se for capaz de gerar no interpretante outrosignomaisevoludo.Apossibilidadedeacessoaoneurniorealsomente possvel se formos especialistas do domnio da anatomia e fisiologia, e abrirmos alguma parte do corpo humano ou animal para efeitos de cirurgia, em caso contrrio, tal acesso dar-se- atravs da representao imagtica. Mas, este signo nos leva a um interpretante(idia sobre o objeto) que, por sua vez, pode ser concernente a um conceito da biologia ou do contexto das cincias cognitivas, entre outros. Segundo Thrlemann (1990, apudEnc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianpolis,n. 25, 1 sem.2008 18SANTAELLAeNth,1999,p.25-31)eEdelineetal.(1992)estaimagemtambm pode criar outros interpretantes, atravs de outros, componentes visuais denominados de elementosabstratosouplsticosdaimagem(coresouformas),contrastescromticos (comparando-secores,planoeno-pleno)ecategoriaseidticas(quadradocomparado com redondo, cncavo com convexo). Todos estes elementos possuem valor semntico prprioparacomporaestruturadecomposiodaimagemdandosentido,noapenas esttico, porm de contedos semnticos (figura 2). Fig.2- Imagem de Neurnio Fonte: http:///cdn.channelaol.com/ Pode-seaindarepresentaroneurnioporintermdiodaequaomatemticaproposta por McCulloch e Pitts nos anos 1943 e mostrada na figura 3.Estaimagem,embora,sejaestruturadamatematicamente,tambmumoutrotipode representamen que, por sua vez, possibilita a criao de outros interpretantes, os quais tambmfazemnasceroutrossignose,assim,sucessivamente.Pormosentidodesta equao somente pode ser dado pelo interpretante, que evoca outras representaes para significar o objeto neurnio. A mesma coisa acontece com as palavras que, na maioria dasvezes,soempregadascomosimplesetiquetasnaatividadederepresentao indexalpararepresentarcontedostratadosemdocumentosverbaisounoverbais. Estas palavras, enquanto representamens dos objetos do mundo, tambm so signos que despertamouafetamosinterpretantes-idiamentaldossujeitos-(quenosoos intrpretes),fazendonasceremseuespritooutrossignosparadarsentidoquiloque esto percebendo no apenas com a imagem das palavras mas tambm com a idia que elastransmitem.Emtodososcasos,osignofazrefernciaaoobjeto,portanto,tem relao com o mundo real, porm, como bem defende Peirce (CP2, p.243-253), nunca naperspectivaunvoca,muitopelocontrario,semprevisandorepresentaodeum signomaisevoludoeistoestrelacionadoaomundosimblicodossujeitosapartir dos interpretantes, enquanto idia que toca os receptores na produo de sentidos. Com relaoaosinterpretantes,oautordistingueaomenostrstiposdeinterpretantes lgicos:a)imediato,consideradocomosendoaexpressodosignonoespritodo intrprete;b)dinmico,consideradooefeitodesenvolvidoqueproduzosignono intrprete;c)final,oefeitoqueosignoproduziriacasofossepossveldeslocar-se completamente do signo para atuar. A partir da relao tridica (signo/objeto/interpretante) e visando a melhor compreenso destestiposdesignos,Peirce(CP2,p243-253)crioueorganizouclassesoucategorias em tricotomias. A primeira classe tricotmica tem relao direta com o representamen,sendoconstitudapelascategoriasdequalisigno,sinsignoelegisigno.Osqualisignos Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianpolis,n. 25, 1 sem.2008 19caracterizam-seporqualidadesgnicageraleimediata,osinsignocorresponde singularidade ou individualidade do signo e o lgisignos (lei ou conveno) que supe a idia de universalizao. A segunda tricotomia apresenta relao entre o representameneoobjetoestandoaquiinseridasasseguintescategoriasdesignos:cone,ndicee smbolo.Navisopeircianaestatricotomiaamaisimportante.Aterceiratricotomia temrelaoentreosignoourepresentameneseuinterpretanteesuacategoria constitudapeloargumento,dicisigno(dicente)erhema.Oargumentoumsignono qual a interpretao se orienta a uma conexo sistemtica, inferencial e legal com outros signos e no qual interpretante do argumento se constitui na concluso enquanto produto doargumento.NaperspectivadePeirce(CP2,p.310)oargumentoumsignoque, paraseuinterpretante,umsignodelei.Osignodicisignoconstitui-sedequalquer tipodeenunciadosqueconectaosentidocomoreferente,porm,sempredemanda confirmaodeveracidadeporpartedointerpretante.Peirce(CP2,p312)defineum dicisignocomoumsignorepresentadoemseuinterpretantesignificadocomosefora uma Relao Real com seu Objeto. O rhema um signo que se constitui de enunciados chamados de termos e cuja veracidade torna-se praticamente impossvel de averiguao, salvo se em contexto. Paraoobjetivodesteestudo,nosinteressamossegundacategoriatricotmica,mais precisamenteocone.SegundoPeirce(CP2,p.247)umsignoicnicoserefereaseu objetodevidosemelhanacomele,ouseja,elepossuicaractersticasprpriasao objeto mesmo, sendo exatamente igual, existindo ou no o objeto. Peirce lembra que se o objeto no existir, o cone no age como signo, mas, isto no tem nada a ver com seu carter de signo. No importa o que, qualidade, indivduo existente ou lei, o cone de qualquercoisa,contantoqueelesejasemelhanteaestacoisaesejausadocomosigno desta coisa.Na perspectiva Peirciana, a imagem visual uma sorte de cone. Ora, se ela a imagem do objeto, isto quer dizer que ela porta informaes sobre este objeto, portanto, ela um elemento de comunicao, pois, segundo Peirce (CP2, p.278), [] toda assero deve conter um cone ou um conjunto de cones, ou ainda conter signos cuja significao no podeserexplicvelanoseratravsdoscones.Porexemplo,quandovemosa fotografiadeumcorao,elaseparececomocoraocujaimagemtemosemnosso esprito, quer dizer, ela conserva certas caractersticas do desenho do corao, de sua cor edesuatextura,queoobjetorepresentado.NaproposioPeirciana,osconesse dividememtrstipos:asimagens,osdiagramaseasmetforas.Aquelesquefazem partedesimplesqualidades[...]soasimagens;osquerepresentamasrelaes, principalmente didicas ou consideradas como tal, as partes de uma coisa pelas relaes analgicasemsuasprpriaspartes,sodiagramas;aquelesquerepresentamocarter representativodeumrepresentamenrepresentandoumparalelismoemqualquercoisa outra,soasmetforas(PEIRCE,CP2,p.277).Ondiceumsignoquepossuiuma relaocausalcomseuobjeto,nopelasemelhanaouanalogia,masprincipalmente, porqueeletemumarelaofsicamaterial(afetadiretamente),comacoisaouobjeto queeledesigna,afetando-odiretamente.Peircedefineondicecomosendoumsigno que[]serefereaoobjetoqueeledenotadevidoaofatodeserrealmente afetadopeloreferidoobjeto[]osndicespodemserdistintosdeoutros signosouderepresentaesportrscaractersticas:primeiro,elesno Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianpolis,n. 25, 1 sem.2008 20possuemalgumasemelhanasignificativacomseusobjetos;segundo,eles sereferemaindivduos,unidadessingulares,coleessingularesde unidades,oucontnuossingulares;terceiroelesdirigemaatenoaseus objetos compulso cega. []. Eles esto em conexo dinmica com o objeto individualporumladoecomosensoouamemriadapessoaparaaqual ele serve de signo, por outra parte ( PEIRCE, CP2, p.147, 248, 305) Nestesentido,osndicessopercebidoscomosendoumaespciedepista,avisosou sintomas que possuem relao de contigidade com a coisa manifesta (representamen) eseu objeto. Por exemplo, a imagem de um corao inchado ndice de doena, a fumaa ndice de fogo. Em que concerne aos smbolos, Peirce (CP2.292) diz que eles so [] representamencujocarterrepresentativoconsisteprecisamenteemregrasouleisque determinamseuinterpretante.Todasaspalavras,frases,livros,eoutrossignos convencionaissosmbolos.Emoutraspalavras,ossmbolossosignosconstrudos de modo arbitrrio ou convencional possuindo relaes com as culturas, logo, a relao signo/objetonoimediata,porqueelenotemsemelhanaoucontigidadecomo objeto.Porexemplo,aimagemdeumcoraoemumapublicidade,podesersmbolo de solidariedade, de amor a vida, de no a guerra. Devidoaofatodequeasimagensvisuaissereferemaosobjetosdomundoreal, podemosencontrarastrscategoriaspeircianasdesignos(cone,ndiceousmbolo). Soesteselementosquepermitemaossujeitosconstruirasrepresentaessobreo mundo,tendoconhecimentodeleetambmdesecomunicaratravsdele.Estaa perspectivaqueinteressaaotratamentodainformaocontidanasimagensenquanto signos,querdizer,nossointeressesobrearepresentaoindexaldestesdocumentos, aspectos que sero apresentados a seguir. 2.2 Representao indexal: uma atividade cognitivaArepresentaoindexaldetextosverbaisounoverbaisumaatividadeque,a despeito de sua acentuada dimenso prtica, relaciona-se a processos cognitivos. Trata-sedeumfazerconstitudoporumconjuntodeaesconcernentesaotratamentoda informaocontidanestesdocumentos,atribuindo-lhesetiquetasquepossam representaroseucontedo,permitindo,nosomenteoacessoduranteumabuscade informaoembasesdedados,mas,tambmqueosujeitopossasedeslocarsobreo documentomesmo,emsuanaturezaconcreta,visandorecuperaoposteriordeseu contedo. A efetivao desta atividade envolve a leitura dos documentos seguindo-se a sua estrutura lgica ou fsica ou, ainda, segmentando-os em vrias partes ou passagens paraquepossamseridentificadosconceitoscapazesdetraduzirosassuntosoutemas neles tratados. Embora parea simples, na realidade se trata de uma atividade complexa, vistoque,emsuatrama,estoenvolvidasatividadesdeanliseesnteseparaa construorepresentacionaldoscontedosdocumentrios.Estaatividadepodeser efetivada fazendo-se uso da linguagem natural ou controlada com o objetivo de traduzir os contedos dos documentos em etiquetas ou index indexais capazes de criarem no interpretante, enquanto signo, sentidos sobre os objetos do mundo para uma localizao posterior de informao (Bentes Pinto, 2002).Porquedefendemosaindexaocomoumtipoparticularderepresentaodo conhecimento?Porquenestaatividadesoconstrudasrepresentaesmnimas;os Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianpolis,n. 25, 1 sem.2008 21indexes,referentesquiloquesepercebedocontedodosdocumentos.Osreferidos indexessosignosquevo,portanto,estarnolugardosobjetosquecompemos contedosdosreferidosdocumentos,tantoparaosqueefetuamaatividadede indexao,comoparaaquelesquebuscamencontrarinformaes,independentemente de espao e tempo. Quando se realiza a atividade de representao indexal, na realidade, escolhem-se signos representados por termos, palavras-chave, descritores ou conceitos a fimdequeelespossamsubstituircertosobjetosaosquaisnotemosacesso,anoser pelos discursos apresentados nos documentos mesmo. Assim, o signo ou pista nos remeterauminterpretante(idia)doobjetoproduzidapelorepresentamem.Ento, maisumavez,nosdeparamoscomacomplexidadedestaatividade,afinal,para construirarepresentaoindexaldeumnicodocumento,pelomenostrsatores entramemcena:oautordodocumento,oindexador(humanoounohumano)eo usurio,sendoquecadaumdestestempercepodiferentesobreocontedodo documento.Porisso,acoincidncianadefiniodaspistasderepresentaodo contedotratado,provavelmentenoocorrer,mesmoqueingenuamentedesejvel. Ora, se um nico ator no constri nica representao ao ler um mesmo documento em momentosdistintosdesuavida,imagine-setrssujeitos.Istovemaoencontroda semiosis ilimitada, na qual os signos proporcionam o nascimento de outros signos que so mais evoludos. Osindexadoreshumanosestabelecemosindexesapartirdacompreensodos assuntosoutemastratadosnosdocumentos.Talcompreensotantopodeser influenciadapelasuabagagemcultural,comotambmpeloconhecimentoqueeles possuemsobreostaisassuntosoutemas.Osusuriosutilizamessesindexes,ouos seus atalhos enquanto representaes que eles tm sobre as coisas ou sobre os objetos do mundo, visando o acesso s informaes concernentes quilo de que necessitam. Em quaisquerdoscasos,temosapresenadoconceitomaissimplesemaisconhecidode representao;estarnolugardee,naturalmente,aconceposemiticapeirciana designo.Oresultadoumaespciedediscursoeseconstituememdocumentos secundriosapartirdepistasreferentesaocontedododocumentoprimrioquefoi indexado.Elesso,portanto,representamendoselementosquefazempartedo contedododocumento,enquantoobjetorepresentado.Dessemodo,oobjetivoda representao indexal construirindex (etiquetas) indicando o conjunto de assuntos ou temas que foram tratados em um documento (verbal ou no verbal) os quais podem auxiliarquelesquedemandaminformaesnasbasesdedadosdesistemasde informao, ou mesmo na fonte primria. Na realidade, quando se fala em representao indexal,est-sefalandodetratamentocognitivodainformao,umavezqueoser humano,pelaprprianatureza,estsempreconstruindopistasparaencontrar informaes.Contudo,nestaatividadenopodemosnosesquecerdequeotermo index no possui o mesmo sentido de ndice proposto por Peirce, pois, neste ultimo, humarelaosintomticacausalcomoobjetodomundo.Aocontrrio,doindex,cujarelao diretacomapresenadoobjetoqueelefazreferncia,ouseja,eles enviam,antes,aossignosicnicoseaossmbolos.Osindexessoumaespciede discursosconstrudosoupeloshumanosouatravsdossoftwares informticos. Conforme o sentido da palavra, os indexes propem-se a indicar ou apontar a direo que pode ser tomada com o objetivo de encontrar e ter acesso a informaes. Entretanto, elesspodemserconsideradosrepresentaesdecontedosdedocumentos,seforem capazesdemobilizar,nosujeitointrprete,ossignificadosdoobjeto,atravsdaidia Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianpolis,n. 25, 1 sem.2008 22que osignointerpretante.Parasersigno,necessrioquetalindextoqueouseja portadordesentidoparaosreceptoresquebuscaminformaesembasesdedados tradicionaisoueletrnicas.Portanto,comoqualqueroutrosigno,oschamados indexestmsempreoobjetivodefacilitaracomunicaoentreosujeitoeseumeio ambiente,mesmoquenemsempreestesdispositivossejameficazes,umavezqueo interpretante(idia)construdonamentedosujeitoreceptororesponsvelpela atribuio(ouno)dosentidorelativoaosignoindexal.Comoutraspalavras,mesmo que o index corresponda a um signo de primeiridade, seu significado necessariamente no ser unvoco, pois o interpretante enquanto idia trabalha na perspectiva do mundo real e simblico.Ahistriadarepresentaoindexal,nocontextodasCinciasdaInformaoeda Biblioteconomia,nosmostraqueousotcnicodestetermoapareceapsaSegunda Guerra(1939-1945).Entretanto,asuagnesesignificanteremontaAntiguidade, quandoosprimeiroshomensconstruramosdesenhosnascavernasemuroscomuma estruturalgicaderepresentaodoconhecimentovisandocomunicaoentreeles. Com os escribas apareceram os indexes dos textos verbais, que ficaram conhecidos pelo nome de listas. Segundo Jean Bottro (1987, p.68), essas listas so constitudas pelo conjunto de palavras,[...]queforamcuidadosamenteclassificados,quepuderamservir, primeiramente, de catlogos de caracteres, de mementos indispensveis para aprenderedominaroselementosdaescrita,mascujaprticaconstante ulterior,nosensinaqueelastiveramporobjetivo,emsuma,classificaros objetos,deelaborarinventriosaomesmotempocompletos,tantoquanto possvel, e, sobretudo, raciocinados, dos mltiplos sectores do mundo extra mental. SoboolhardeJacob(1994,p.285-286)estaslistas,(catlogoseindexes)so ferramentasquepodemcontribuircomopistasparaoacessoearecuperaoda informao, uma vez que elas compartilham caractersticas comuns se apresentando em uma srie de nomes prprios ou mesmo de curtas proposies compostas sob o mesmo modelo.[...] Este dispositivo , sobretudo minemotcnico: ele agrupa em um suporte nicoinformaesdispersadasemoutrolugar,impondo-lhesumaordem [...]. Pode-se classificar, ordenar em categorias e tipos, hierarquizar, arranjar porordemalfabtica,oumesmofazerremissivasaoutroslivros,comoos Pinakes de Calimacus na biblioteca de Alexandria. [...] O pinax se torna, por conseguinte,ummodoparticulardecomunicao.Seuautorocupauma posiodemediadorentreumamassadeinformaesdisseminadasnos livros,portanto,acoletaeasntesedemandariamumlongotrabalho,eum usurio potencial que beneficiar deste trabalho de compilao e de colocar emordem.Esteobjetotraz,porconseguinte,tantoumsabercomoum servio.Portanto,nosetratasimplesmentedeentesouraros conhecimentos,masdetorn-lomaiseficazpermitindoocontroloea utilizao de maneira econmica. Aapariodotermoindexaodeimagensvisuaisacontecedemodosimilartalque sucedeucomtextosverbais.Isto,asprimeirastentativasforamcolocadasemprtica por bibliotecrios, arquivistas e historiadores, a partir do fim da Primeira Guerra (1914-1919), com o objetivo de facilita o acesso s colees de fotografias que pertenciam s Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianpolis,n. 25, 1 sem.2008 23Universidadeseaosmuseus(TURNER,1994).Antesdestasexperinciaseaindanos diasatuais,asimagensforamecontinuampraticamenteignoradasnotratamentoda informaodocumentria,mesmoqueelasfizessemoufaampartedotextoverbal, parailustrarouparaesclarecerosassuntosnelestratados.Dopontodevistaterico, podemosdizerquearepresentaoindexaldeimagensvisuais,enquantotexto, herdeira das grandes reflexes concernentes s teorias da linguagem. Segundo Meunier (1986)elassooriundasaomenosdeduascorrentesdepensamento:a)aeuropiae continental,defendida,entreoutras,porBertin(1967),Marin(1972,1973,1978),o grupo Mu(1974)Bassy(1978),equeseapianatradiolingsticaeretrica,cuja imagemvisualpercebidacomoumalngua,umtextoemesmoumdiscurso; b)a britnicaeamericana,queseinspiranatradiolgicadefendida,entreoutros,por Beardsley(1958),Hospers(1946),Goodman(1968,1978,),Black(1972),Margolis (1974),Sircello,(1972)equeseapianaperspectivalgicosemntica.Nesta perspectivaafrase,umainstnciamaterialnosentidodeprova,exprimindo materialmentecadaetapadeumademonstrao.Se,porexemplo,elaausenteem uma deduo, a prova no funciona. Ento, fazendo uma analogia do quadro (pintura), Meunier(1986) diz que ele pode ser[] considerado como anlogo de uma (grande) frase. Se ele como pretendem os artistas um "statement", ele deve ter uma forma material prpria,i.e.,seapresentaremumamdiaparticulareocuparum espao-tempoespecfico.Teoricamente,eletambmreprodutvel. Comefeito,mesmoquehabitualmentenico,oquadropode,em certos casos, ser reproduzido (artes grficas, gravuras). Alm do mais, elepodeservistocomoumavastaargumentaoondecadaumdos constituintesconcebidocomoumelementocontribuindo demonstrao(narrao)geralqueridapelopintor.Asemiologia pictorialcontemporneaeiconogrficaclssicaprocedeassim:Ela identificacertonmerodefiguras,cones,isotopias,juntosfrases isoladasparticipandodemaneiratotalizanteaosconjuntosde mensagenssimblicasdaobra.Umquadroefetuaassim,sua maneira uma (de)monstrao complexa. Ele anlogo de uma prova aosensodeumaseqnciaordenadadefrmulasoudefrases(um texto) ligado uma finalidade demonstrativa. A partir da proposio de Meunier, podemos dizer que outras imagens visuais tambm sograndesfrasesousentenastextuais.Elastmumaformamaterialprpria,e inclusivepodemserreproduzidasprincipalmente,comastecnologiasdainformao cadavezmaismodernasepossantes.Cadaatributovisualdasimagensfuncionacomo linguagem para o receptor que constri sentidos lendo os sintagmas simblicos da obra.Podemosdizerqueforamquatroosparadigmasexperimentadospelarepresentao indexaldasimagens:oprimeirodizrespeitoindexaomanualeemlinguagem natural,tomandoporbaseomodelodaanlisedeimagemconstrudoporErvin Panofisky(1955).Nele,consideram-seosnveispr-iconogrfico,iconogrficoe iconolgico, cuja estrutura contm as seguintes questes: quem, onde, quando, o que e como.Osegundomomentoodaindexaoassistida,(semi-automtica,ouda indexaodeimagemporconceitos,descritores).oparadigmadaindexao controlada,ondeosindexessoatribudasapartirdaslinguagensdocumentriado tipo thesaurus ouclassificaespararepresentarosassuntospercebidosnasimagens pelosindexadores,sejameleshumanosouno.Oterceirorefere-seindexaopor Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianpolis,n. 25, 1 sem.2008 24contedoouatributosvisuaisdasimagens(cor,textura,forma),epodemoschamar indexao sinttica ou "full imagem" totalmente automtica. O quarto o da indexao mista ou semntica, que utiliza tanto os atributos visuais da imagem, como as palavras paraestabelecerosentidonasrepresentaesdestesdocumentos.Estesquatro paradigmas nos permitem inferir que a representao indexal de imagens pode assumir, pelomenos,trshipteses:a)teleolgica,cujotratamentodaimagematendeauma finalidadeespecifica(CLEMENT,THONNAT,1993;CLOUARDetal.,1999);b) semitica/ontolgica,naqualaimagemtratadacomosigno,cujarepresentao indexal pode ser feita atravs da descrio fsica da imagem como um todo, ou a partir dosobjetosquecompemaimagem,arelaoentreeles,eacompreensosemntica dos objetos da imagem (PEIRCE, 1978; ECO, 1992; JOLY, 1994); c) fenomenolgica, naqualotratamentodaimagemvolta-separaadescriodosobjetosoufenmenos perceptveis em superfcie (TSOTSOS, 1992).A) O paradigma da representao indexal de imagens em linguagem natural EsteparadigmaemergiuporvoltadosanossetentadosculoXX,cujasexperincias foram apoiadas no modelo de anlise de imagem construdo por Ervin Panofsky (1955), oquallevaemconsideraoascategoriaspr-iconogrficas,iconogrficase iconolgicas. Tomando por base a proposta de Panofsky, Ginette Blery (1976) criou um modelodeindexaodeimagensapartirdasseguintesfacetas:objetos(quem),lugar (onde), tempo e espao (quando), atividades e acontecimento (o que), e modos (como). TalmodelofoiutilizadotambmporShatford(1986)eJohannaSmit(1996),ondeas facetasantesreferidasdialogamcomaquelasapresentadasporCorinneJrgensen (1996)sobasdenominaesdeatributosperceptveis,interpretativosereativosdiante daimagem.Osprimeiros(perceptveis)respondemdiretamenteaestmulosvisuais, comoporexemplo,acor,atextura,aformaeosprpriosobjetoscomponentesda imagem.Ossegundos(interpretativos)soaquelesqueexigemdoanalistaaaplicao deumnveldeconhecimentogeralsobreaimagem,almdacapacidadeparainferir sobreoestiloeomodeloquandosetrataremderepresentaesimagticasrelativasa peasouobjetosdearte.Osterceiros(reativos)referem-sessensaesprovocadas naqueleque vou analisa oconjuntodossignosqueconcorremparaaconstituioda imagem. A esse respeito, podemos evocar, mais uma vez, a noo peirciana de semiosisilimitada, decorrente da fuso dos atributos aqui mencionados, presentes nas diferentes formas de percepo dos sujeitos. A representao indexal de imagens em linguagem natural uma prtica livre, feita de maneiratotalmentemanual,caracterizadaporinmerosproblemas.Todavia,no podemosnosesquecerdequeestasdificuldadessoprpriasdocampodas representaes, sejam elas visuais, mentais, ou realizadas com o emprego de tecnologias sofisticadas,poisfalarderepresentaomexersemprecomquestesdenatureza simblicaesubjetiva.Ento,mesmoqueosindexadoresestabeleamamaior exaustividaderepresentacionalatravsdeindexesdepalavras,elesjamaistero100 % deeficcianasrespostasdemandadaspelosusurios,umavezque,conformej mencionadoanteriormente,osujeitotemsempresuasprpriasmaneirasdepercebere nomearascoisaseosobjetosdomundo.Corroborando,Turner(1994)acentuaque nicaimagempodeaportarvriosediferentessignificadostantoparaumamesma Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianpolis,n. 25, 1 sem.2008 25pessoa, como para diferentes pessoas, segundo o objetivo de sua utilizao, o momento em que elas so utilizadas e em razo da dinamicidade das palavras tanto selecionadas pelosindexadoresduranteaatividadedeindexaocomopelosusuriosdurantea buscadeimagens.OutradificuldadeapontadaporGraham(2001,p.24-25)aesse respeito, refere-se ao ponto de vista do indexador que nem sempre coincide com aquele do usurio. o caso de uma indexao sofisticada para usurios pouco especializados. Ao contrrio, quando o usurio um especialista do domnio da imagem solicitada e a encontraindexadasobumaformamuitosingeladerepresentao.Ressaltamosainda que a polissemia da prpria imagem tambm contribui para aumentar as dificuldades na atividade de representao indexaldestasfontesinformacionais,sejaemrelaoaelas mesmas, ou pelas palavras escolhidas para representar o contedo imagtico.Buscandoalgumaformadeancoragemempricaparaasreflexesqueestamos desenvolvendo,realizamosumapesquisasobreimagemem200pginasabrigadasno sistema Web, tendo como finalidade recuperar documentos que se reportassem ao termo corao,pormsemfazermosqualquertipodepredicaocapazdeidentificara naturezadademanda.Conformepodemosobservarnosobjetosconstantesdafigura4, as respostas obtidas apresentaram elevado ndice de revocao, ou rudo, para empregar outra expresso muito presente na literatura relativa rea da informao. Fig. 4- Resultado da busca de imagens a partir da palavra corao Fonte : http://www.google.com/Todosestesaspectosrelacionadoscomamultiplicidadedesentidosevocadosnas imagensfazem parte tantodasatividadesprticas(indexadoreseusurios),quantodas reflexes tericas (pesquisadores, especialistas). que estes documentos de mesmo que as palavras, so, pela prpria natureza, obras abertas, polifnicas, fato que torna difcil a construo de sua representao indexal com menos polissemia. B) O paradigma da representao indexal de imagens por conceitoEmrazodasdificuldadesapresentadasnoitemanterior,surgiramoutrasproposies deindexaodeimagensvisuais,nomaisatravsdetermoslivrementeestabelecidos por indexadores, em linguagem natural, mas adotando-se a estratgia de uma linguagem controlada.Paraisto,bibliotecrios,eoutrosespecialistas,criaramlinguagens documentriasoucontroladasdotipoclassificao,cabealhosdeassuntosetesauros comopossveisformasdereduzirasambigidadesinerenteslinguagemnatural. Assim,foramcolocadosemprtica,entreoutros,osthesaurusbasedindexing systems.Estanovamaneiradeindexarpodepermitirocontroledaspolissemiasdas palavras, no somente durante as atividades de indexao, mas tambm na recuperao Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianpolis,n. 25, 1 sem.2008 26da informao. Contudo, convm repetir, que tal controle pode no passar, s vezes, de umasimplesminimizao,afinaldecontas,oserhumanoconstrisuasprprias etnografias(mesmodemodoinconsciente)quandobuscainformaesembasesde dados,aindaqueosgestoresdestesrecursostracemcaminhosaseremseguidaspelos usuriosduranteagarimpagemdasimagensnossistemasderecuperaode informao (sri). Entre os thesaurus based indexing systems, destacam-se o Iconclass, Art & Architecture Thesaurus e o Thesaurus for Graphic Materials (TGM). Na figura-5, apresentamos um exemplo de representao indexal utilizando este ultimo tesauro. Fig.5-Resultado da busca sobre o TGMFonte : Prints & Photographs Online Catalog (PPOC).Ousodestasferramentasfoialvodevriascrticasporpartedosusurios,pois,como bem argumenta Hogan et. al. (1991, p. 205) [.] In the case of images, the use of thesauri to control inconsistency is not effectiveduetotheindividualresponsesprevalentinhumanreactionsto visual materials. That inconsistency is a reflection of creativity and diversity ofhumaninterests,situations,andcontext.Ifinconsistencyistobe overcome, system designers will need to relinquish the idea of the utility of usingwordstoindexnonverbalunderstanding...Wearelookingfor alternativewaysofimageretrieval,waysthatarelessdependenton familiarity with existing taxonomies and their assigned authorities.Narealidade,aquestoquesepe,comorepresentarpormeiodepalavras,detalhes bemprecisosdoscomponentesformaisdasimagensvisuaiscomo,porexemplo,a combinaodecores,atitudesegestos?Comorepresentardetalhesanatmicos, sentimentosexpressosemumaimagemvisualetc.?DeacordocomRuiet.al.(1999), existemduasgrandesdificuldadesparaotratamentomanualousemi-automticode imagensvisuais:aprimeiradizrespeitoaotamanhodascoleesdeimagensea complexidadedotrabalhodemandadoparadescrevermanualmenteasimagens.A segundaserefereriquezadecontedosregistradosnasimagensedasubjetividade humana de percepo desses contedos. Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianpolis,n. 25, 1 sem.2008 27C) O paradigma da representao indexal por contedo sintxico Depoisdeapresentadasasdificuldadesnarepresentaoindexaldeimagenssomente por palavras (termos, descritores), em razo do aumento das imagens digitais originais e escaneadas, devido a ineficcia das respostas s buscas de imagens em bases de dados, assimcomodoavanodaspesquisasinterdisciplinares(tericaseaplicadas),foram propostasoutrasformasdeindexaredebuscarimagens.Destafeita,pelocontedo. Paratal,foramconstrudososContent-BasedImageRetrieval (CBIR),capazesde estabelecer automaticamente a representao indexal de imagens levando em conta toda asuperfciedaimagem,apartirdeseusatributosvisuais,porexemplo,cor,textura, formaeluminosidade.Emlugardaspalavras,sempreutilizadasemsistemas tradicionaisetambmnossistemasbaseadosemlinguagemcontrolada,parase estabelecerarepresentaoindexaleparaarecuperaodainformao,nestenovo paradigma esta representao se efetua pelos componentes visuais da imagem. Segundo VailayaeZhang(1998),osatributosvisuaisdasimagenspodemserclassificadosem geral e especficos. Os primeiros contemplam as cores, as texturas e as formas das imagens,enquantoqueossegundosouespecficos,levamemcontasomenteos aspectos particulares; por exemplo, um rosto, um dedo, um dente, uma assinatura. Tais atributospodemserempregadosemumdomnioparticularbemespecficocomoo caso das reas de sade, gesto bancria, polcia e arquitetura.As primeiras experincias com o uso do CBIR foram feitas por Toichi Kato (1992) em umacoleodoArtMuseum.Seuobjetivofoiarepresentaoearecuperao automtica de imagens contidas nas bases de dados, tomando como atributos a cor e o contorno.OssistemasCBIRoferecempaletascontendotrs(3)corestradicionais comuns;vermelho,verdeeazulconhecidascomored,green,blue(RGB).Almdas cores, o CBIR tambm pode oferecer paletas de forma ou de textura. Nestas paletas os indexadores e usurios podem escolher as cores, as formas e as texturas que sabem ou acreditamestarpresentesnaimagemcombinando-asnaformadediscursos(indexde cores, texturas ou formas em lugar das palavras), para que possam indexar e recuperar a imagem.Feitoisto,asferramentasdoCBIRostraduzemseqnciasdevetoresde intensidadesdepixelesnumricas,cujoobjetivoderepresentarocontedodeuma entidadeedefornecerinformaes.Autilizaodosvetoresseexplica,pois, normalmente, o tamanho das imagens muito grande e isto contribui para aumentar as dificuldadesparalhesindexarautomaticamentesomentepelosatributosmencionados. Atravsdestesvetores,oCBIRbuscaextrairasinformaesdasimagensafimde caracterizarseucontedoglobalouparticular.Apsesseprimeirotratamento,as imagens so matematicamente estruturadas e comparadas entre elas para se avaliar suas semelhanasvisuaisquandodasbuscasemcoleesdeimagens.Paraexemplificaro uso dos atributos visuais da imagem, no processo de recuperao indexal por contedo, fizemosalgumasexperimentaesutilizandoosistemaQBICdaIBM,queusaa tecnologia CBIR. Para isto efetuamos uma visita virtual ao Museu Hermitage localizado nacidadedeSanPetesburgo(www.hermitagemuseum.org/).Escolhemoscomo assuntodebusca,asimagensdoarco-ris.Tomandocomomodeloaspaletasdecores constitudasporumconjuntodecinco(5)cores,selecionamosaquelasquepoderiam representaroarco-ris.Obtivemoscomorespostas,14imagens,porm,nenhumase mostrou pertinente para nossa pesquisa. A imagem mais prxima de nossa demanda foi a obra do artista russo Vasily Kandinsky denominada View of Munuau e que por acaso Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianpolis,n. 25, 1 sem.2008 28traziadentreascoresutilizadaspeloartista,algumasrelativasaquelasdoarco-ris, como pode ser observado na figura- 6. Fig. 6-Modelo de cores do QBIC Fonte : Musum Hermitage - www.hermitagemuseum.org/Observando esta imagem, constata-se que as respostas no foram eficazes. A revocao dos resultados pode ser em conseqncia de que a indexao foi feita tendo por base ascombinaesdascoresoferecidaspelapaletaequesoineficazesparadescreveras coresdoarco-risquesobemdiferentesdaquelasoferecidaspelapaletadoQBIC. Almdomais,ascoresoferecidasparaasbuscassolimitadas;umavezqueneste sistemasomentepodemosescolheracombinaodecincocorese,narealidade,aose mirar o arco-ris percebe-se que ele possui sete cores.Em uma segunda experincia, utilizamos como estratgia de busca a forma. Para tanto, desenhamos na paleta do QBIC, um jarro com flores. Desta feita obtivemos 12 repostas, porm,somenteuma(1)foieficaz,figura-7.Orudodestabuscapodeserdecorrente, entreoutrascoisas,danossafaltadehabilidadesparaexprimircomdesenvoltura,as formas dos desenhos sobre a imagem que necessitamos.Fi.g-7Rose in a Vase- Renoir, Pierre-Auguste -1910/1917 Fonte : www.hermitagemuseum.org/ AvaliandoaeficciadousodossistemasCBIRparaindexaoerecuperaode imagens,ArmitageeEnser(1997)assinalamqueasfalhasdosprimeirossistemas decorrem em razo de que eles somente utilizaram atributos visuais para a representao indexalearecuperaodeinformao.Entoograndeproblemadecorredadistncia entre o que as tecnologias oferecem e as necessidades de informao dos usurios. Para esses autores [] The vast majority of users do not want to retrieve images simply on thebasisofsimilarityofappearance.Theyneedtobeabletolocatepicturesofa particular type (or individual instance) of object, phenomenon, or event. Corroborando, Eakins e Graham (1999, p.8) enfatizam queEnc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianpolis,n. 25, 1 sem.2008 29TheeffectivenessofallcurrentCBIRsystemsisinherentlylimitedbythe factthattheycanoperateonlyattheprimitivefeaturelevel.Noneofthem cansearcheffectivelyfor,say,aphotoofadogthoughsomesemantic queriescanbehandledbyspecifyingthemintermsofprimitives.Abeach scene, for example, can be retrieved by specifying large areas of blue at the top of the image, and yellow at the bottom. There is evidence that combining primitiveimagefeatureswithtextkeywordsorhyperlinkscanovercome some of these problems, though little is known about how such features can best be combined for retrieval. Alm do mais, a complexidade para se estabelecer a representao indexal de imagens baseadaapenasnosatributosvisuaisreside,exatamente,naescolhadosreferidos atributos,pois,comoassinalaAnghebenetal.(2005)ocontedodeumaimagem portador de uma semntica bastante diferente e, naturalmente, varia[...]segundooobservador(grandepblico,amadorouespecialista)ealm domaisindependentementedalnguadosusurios.(...)asdificuldades cientficas ocorrem na recomposio da informao de alto nvel inclusa na imagemedescritapelasemnticaassociada.Estarecomposioresultade duas operaes, a primeira fase da decomposio (segmentao) e a segunda de refinamento da decomposio.Ora, quando se trata textos verbais estamos diante de palavras ou conjuntos de palavras quesoestruturadaslogicamenteparalhesfornecersentido.Ento,pode-sedizerque, efetivamente,nessestextossetmumaevidnciadeorganizaosemntica, estabelecida pelo autor, mesmo que, efetivamente, o sentido do consumo seja dado pelo receptor. Com o texto no verbal (imagem ou som) isto no acontece de forma evidente, daacomplexidadenotratamentoinformacionaldestesdocumentos.Estudandoa semnticadasimagens,StphaneBissol(2005,p.20-21)mostroucincocategoriasde conhecimentosquepodemserobservadasquandodarepresentaoindexale recuperao de imagens visuais, quais sejam: conhecimento sobre a aparncia visual do objeto,conhecimentoespecficosobreaaparnciadoobjeto,conhecimentosobreas relaes entre os objetos, conhecimento sobre as relaes entre as instncias especficas dosobjetoscontidosnasimagens,eumacenadeterminada,almdeoutros conhecimentosnovisuais(subjetivos)sobreosobjetosemsi.Todasessascategorias podem ser responsveis pelo aumento do silncio ou do rudo na representao indexal e na recuperao de informaes registradas em imagens visuais, pois, nosso ngulo de percepo visual ligado s nossas leituras de mundo. Portanto, ele no excludo de nossas crenas, de nossas concepes de mundo e evidentemente de nossa cultura, da o porqudasdificuldadesparaseefetuarotratamentodeinformaesdedocumentos imagticos.Narealidade,nosprimeirosCBIRassimcomoaindaemalgunscontemporneos,a proposioderepresentaoindexalederecuperaodeinformaopercebeas imagens visuais como sendo objetos fechados e, isto contribui para aumentar o fosso ou gap semntico da imagem. De acordo com Smeulders et al. 2000) the semantic gap is the lack of coincidence between the information that one can extract from the visual data and the interpretation that the same data have for a user in a given situation. Esta passagemvemaoencontrodeinmeraspesquisasmostrandoquesomenteousode atributosvisuaisparaarepresentaoindexalearecuperaodeinformaesde documentosimagticosnosuficienteemuitomenoseficaz,pois,comofoidito Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianpolis,n. 25, 1 sem.2008 30acima,aexemplo dos textos verbais,asimagenssoigualmente,ouquemsabe,muito mais polissmicas do que aqueles. C)Oparadigmadarepresentaoindexaldeimagensporcontedo morfossemntico ApartirdasexperinciascomatecnologiaCBIRedasdificuldadesencontradaspara estabelecerumarepresentaoindexaleficazdeimagensvisuais,ospesquisadorese conceptoresdesoftwaresdesenvolveramoutrossistemasmaisperformantes,cujo objetivoentreoutros,aindexaomorfossemnticadeimagens,tambmchamada mistaouindexaoerecuperaodeinformaoporcontedosemntico.Nessanova possibilidade,solevadosemconsiderao,almdosatributosvisuaisdecor,forma, texturaetc.,osdescritoresdostesauros,daslistasdeautoridades,dasontologias,ou ainda, os termos da linguagem natural. Quer dizer, essas proposies associam os textos verbais e os no verbais a fim de obter uma indexao e uma recuperao de informao imagticahbrida,comobjetivodeobtermelhoresresultados.Comefeito,trata-sede uma aliana entre os critrios adotados pelos CBIR com as palavras, visando a construir uma representao indexal de imagens com melhor qualidade, uma vez que ela se apia emdoisatributos:osvisuaisenquantotextosnoverbais-eostextosverbais,pois somente os atributos visuais de cor, forma e textura ou os atributos verbais podem no sersuficientesparafornecerumarepresentaoindexalcommaiorqualidade.J existemnainternetalgunssistemascomerciaiseexperimentaisparaarepresentao indexaldeimagensvisuaisqueadotamessanovapossibilidade.Parailustraresse paradigma,analisamosalgunssistemas,dentreosquaisdestacamos:Colour HierarchicalRepresentationOrientedManagementArchitecture(CHROMA), VIRImage Search Engine, ImageMedia e o prprio QBIC. A titulo de exemplo para este trabalho, realizamos mais uma vez a nossa experimentao no sistema QBIC, atravs do usodosintagmaarco-ris,fazendoabuscanotesourodoMuseuHermitageeque adotaoQBICparaotratamentoearecuperaodeimagens.Comessaestratgia lanamos a pesquisa e obtivemos 30 pginas com mais de 50 imagens, sendo que deste total 30 trouxeram em seu texto a palavra arco-ris referente a imagem do objeto mesmo (Figura-8). Ou seja, o uso da palavra associada aos atributos visuais da imagem foi bem mais eficaz para a sua recuperao. Fig.8-Busca por combinao de descritores e atributos visuaisFonte : www.hermitagemuseum.org/ Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianpolis,n. 25, 1 sem.2008 313 CONSIDERAES FINAIS Aofinaldasreflexesaquidesenvolvidas,podemosextrairalgumasobservaes conclusivasemrelaoaoqueconcerneimportnciadasimagensnasociedade contempornea, assim como sobre o que se refere aos paradigmas de sua representao indexal.Sendoassim,ratificamosqueasimagenssempresedestacaramaolongoda histriacomofontesdeinformao,comunicaoepreservaodamemria.Comas modernasferramentastecnolgicas,cadavezmais,elassopercebidascomoricas fontesdeconhecimentosquepodemserproduziaseempregadasemvrioscamposde saberes e em diferentes situaes. Por exemplo, no campo cientifico tcnico e artstico.Noquedizrespeitoaoparadigmadotratamentoinformacionaldeimagensvisuais, particularmentenoquesereferesuarepresentaoindexalerecuperaode informao,podemosdizerqueforamvivenciadosquatromomentos:a)representao indexalmanual,feitoatravsdepalavrasoriundasdalinguagemnatural,ouseja, utilizando-se vocabulrio livre; b) representao indexal semi-automtica, utilizando-se vocabulrios controlados, retirados dos tesauros e listas de autoridades, assim como de sistemas de classificao; c) representao indexal automtica ou de contedo sintxico, noqualasimagenssoindexadaspormeiodosatributosvisuaisdecores,forma, texturaetc.,eadotando-seossistemasCBIR;d)representaoindexalmistaoupor contedomorfossemntico,secombinadoatributosvisuaiscomosdescritoresdas linguagenscontroladasouaindacomtermosdalinguagemnatural,apartirdas inovaes dos sistemas CBIR.Osresultadosdepesquisastmmostradoqueotratamentoerecuperaode informaes de documentos imagticos baseados em palavras chave e atributos visuais podem oferecer respostas mais eficazes. No caso das palavras, elas podem ser utilizadas para descrever os objetos perceptveis na imagem, porm, praticamente impossvel de decrescercompalavrassentimentosououtrosaspectossubjetivosdasimagens.Na realidade,impossvelquesesaibarealmenteoqueestportrsdacriaodeuma imagemvisual,sejaelafotografia,quadro,desenhoououtraimagem,pois,enquanto representaodeumarealidade,tantoquantoostextosverbais,elassodiscursos construdos por seus criadores, ento a est a grande dificuldade para um indexador ou umusurioestabelecerasrepresentaesdecontedosinformacionaisconferindo-lhes significados ou sentidos para as buscas destas ricas fontes de informao.Entendemosqueaapropriaodoconceitosemiticopeircianodesignocomo representaotrazgrandecontribuioparaserealizaraatividadederepresentao indexao de imagens visuais enquanto atividade cognitiva, uma vez que esta proposta contempla o aspecto da semntica, atravs da presena do interpretante que, como idia, produz sentido ao tratamento informacional da imagem enquanto texto no verbal. Finalmente,sefaznecessrioterconscinciadeque,comoqualquertextoverbalas imagens visuais tambm merecem ser tratadas e representadas indexalmente, porm, de formadiferentedaquele,afimdequesepossateralgumapistaparaseacederaoseu contedo durante as buscas de informao. As estatsticas mostram que no espao cyberexistem centenas de milhares de imagens eletrnicas (originais ou cpias) e, cada dia produzido muito mais. Ou seja, a cultura da imagem est ai, no mais possvel ignor-Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianpolis,n. 25, 1 sem.2008 32ladenossocotidiano,sejacomousuriosouindexadores.Ora,soinmerosos indivduos que tm necessidades de utilizar essas fontes de informao para colocar em prticasuasatividades,portanto,necessriocompreenderalinguagemdasimagens, parapoderconstruirsuarepresentaoindexalvisandoacomunicaocomelase atravs delas. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ANGHEBEN, M. et. al. 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