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1 A CASA maldita PorIgorrangel Calafriosterror.blogspot.com Todo conteúdo aqui publicado é de extrema responsabilidade do autor. Qualquer semelhança é mera coincidência.

A Casa Maldita

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A Casa Maldita - Igor Rangel

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A CASA maldita

Por Igor rangel

Calafriosterror.blogspot.com

Todo conteúdo aqui publicado é de extrema

responsabilidade do autor. Qualquer semelhança é mera

coincidência.

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A Casa Maldita Igor Rangel

arlos Alberto acordou em uma segunda-feira com uma

maldita ressaca. Parecia que todos os sons do centro da

cidade eram punhais e eles por sua vez eram cravados

em sua cabeça. Sons, não, na verdade eram barulhos que

infernizavam os seus ouvidos. Eles vinham desde um

autofalante de um locutor em uma loja de roupas populares,

os barulhos de caminhões de entrega e da própria população

que fazia do centro da cidade de Campos um verdadeiro

inferno sobre a Terra.

Os dias se passavam rapidamente e o prazo para a

entrega do seu livro contos ia ficando menor a cada hora. A

sua empresária o pressionava, o seu editor ligava centenas de

vezes para ele pedindo que mandasse o texto integral para

uma revisão e seus fãs lotavam as comunidades referentes a

ele exigindo o novo livro. Sua vida era um caos!

C

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Ufa! Agora só faltava que sua ex fosse querer um

aumento de pensão, aquela jararaca interesseira. Fazia meses

que ela tinha dado seu ultimo telefonema e de lá para cá a paz

reinava entre eles.

Sua rotina era uma das mais simples. Carlos acordava

todos os dias, ia ao banheiro urinar, escovava os dentes,

tomava uma ducha quente, apanhava o jornal, fazia uma

garrafa de café forte e apanhava os pães, a manteiga, o queijo

de minas e o presunto e ia tomar seu café da manhã.

Seu médico lhe dizia para ele não abusar do café muito

forte, e que ele deveria toma-lo, mas fraco por causa da sua

gastrite, porémCarlos pouco se importava e dizia que café

fraco era coisa de coisa de mulherzinha.

Depois ele apanhava a primeira carteira de cigarros do

dia, um legítimo Marlboro, ele ia para seu escritório trabalhar.

O único problema é que seu escritório ficava dentro de

seuapartamento e o trabalho que era bom às vezes não fluía.

Eram tantas coisas para fazer... desde ficar conversando com

seu contatos nas paginas de bate-papo, as idas e vindas as

comunidade virtuais que ele fazia parte, entrava todos os dias

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para ler os e-mail que recebia em suas caixa de correio

eletrônico e jogava on-line vários jogos virtuais com uma

centena de amigos. E seu trabalho, seu livro, ah!,esse ficava

em segundo plano assim com tudo que que era sério em sua

vida. Como as contas a pagar do carro, da IPTU, o IR entre

outras coisas. Às vezes ele se perguntava o que seria da vida

se não existisse a sua empresária para por uma ordem a todo

aquele caos.

Enquanto ele navegava pela internet Eleonor, seu anjo

da guarda, sua empresária chegava tentando por ordem a

anarquia que era a vida de Carlo. Para os amigos o escritor

dera a ela um apelido que era bem a cara dela. Katrina, o

furacão, e ela com toda certeza odiava esse apelido.

Naquela segunda ela chegou com seu IPod, suas

agendas e seus 5 celulares fazendo da vida de Carlos um

pandemônio (só para variar). Ou seria ao contrario?

_ Carlos Alberto, o que você esta fazendo na internet

numa hora dessas? Ela bufava entre uma nuvem de fumaça de

seu cigarro preferido e despejava uma torrente de palavras

como um locutor de futebol. Pouca coisa ás vezes Carlos

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conseguia entender, mais depois que ela se acalmava a

conversa fluía de maneira mais civilizada.

_ Você sabe que podemos ser processados por sua

editora por rompimento de contrato? Você sabe? Mas eu como

sempre tenho que dar um “jeitinho” em tudo. Assim é que

minha ulcera vai para as cucuias. Ela gritava aos quatro

ventos.

E com uma calma monástica Carlos dizia _ Calma flor!

Só faltam 10 paginas e tudo ficará resolvido!

Como um grito retumbante que fez doerem os ouvidos

de Carlos ele disse _SÓ 10 PÁGINAS, SÓ DEZ PÁGINAS! HÁ

MAIS DE UM MÊS VOCÊ ME DIZ ISSO CARLOS. Com as

mãostremulas ela abriu uma bolsa e apanhou mais um cigarro

com as mãos tremulas e com muito trabalho ela conseguiu

acender mais um.

_ Assim Carlos você me mata!

Levantando-se lentamente de sua cadeira ele caminhou

até a sua editora e brincou com ela. _ Calma! Eu nesses meses

tive um bloqueio e eu não conseguia escrever nada e com essa

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áurea negativa você vai me atrapalhar a terminar os últimos

contos do livro. Então ele colocou as suas mão nos ombros dela

dando um leve aperto e a abraçou e depois lhe deu um beijo

em uma de suas bochechas._ Viu assim você fica até mais

bonita! Quando você fica nervosa as coisas não fluem e eu não

consigo escrever direito.

Como o rosto vermelho de raiva ela soltou um suspiro,

contou mentalmente até 10 e acalmou-se. _ Então...então, só

faltam 10 paginas é isso?

_ Sim! É claro que sim! Só falta eu fazer um fim do

ultimo conto. Ele se chama A Casa Maldita. Acho que já lhe

contei algo sobre ele e espero que os leitores gostem. Na

verdade será meu primeiro conto de casa mal assombrada e

ter livro O Iluminado de King e A Casa Infernal de Richard

Matheson foram uma influencia bastante benéfica nesse

trabalho. Você vai adora-los! Confie em mim!

Mais calmas ela disse. _ E quando os seus editores terão

uma cópia integral deste livro?

_ Ainda essa semana, eu acho. Mas quando tudo estiver

pronto você será a primeira, a saber! Eu prometo!

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Mas calma Eleonor saiu do apartamento de Carlos.

Tudo parecia estar bem e ela talvez conseguisse dilatar o

prazo do livro com os editores dele.

Quando ela saiu ele fechou todas as janelas de bate-

papo e as que estavam abertas com as comunidades que ele

era integrante e abriu o editor de texto. Ele ainda estava na

página 6, mas a história estava ficando cada vez melhor. A

Casa Maldita era uma lenda urbana. Havia uma casa descrita

em seu conto, na fictícia Campos que havia sido encontrada

em um sitio arqueológico na década de 80. Entre muitos

segredos descobriu-se que ela havia sido construída por

corsários espanhóis nos meados do séc. XVI e tinha em sua

arquitetura tinha características renascentistas e também

aspectos atuais. Mas isso seria impossível! A casa em si estava

em perfeito estado, mas ela havia sido encontrada a mais de

15m abaixo de um monte de terra. No entanto, ela não estava

soterrada como nas outras escavações. Parecia que a casa

havia sido enterrada em uma espécie de uma capsula e dela

saiam inúmeras saídas que tinham ligações com os esgotos da

cidade antiga. Nas outras escavações mais distantes da casa

descobriu-se que esses estrangeiros dizimaram um clã dos

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índios goytacazes e profanaram um solo sagrado onde eles

enterravam os corpos de seus entes querido. Assim seu pajé

irado com tamanha crueldade aos membros de sua tribo jogou

sobre eles uma terrível maldição. Os estrangeiros viveriam

eternamente, e para que isso acontecesse eles teriam que viver

apenas do sangue humano, tendo por toda a eternidade o Sol,

o fogo e a água corrente como inimigos. Sim! O pajé os havia

transformados em vampiros. E apenas para piorar eles a cada

100 anos deveriam escolher um homem para receber o espirito

de uma entidade indígena que seria seu grão-sacerdote por um

século. No fim deste tempo o corpo deste jovem haveria de ser

libertado da maldição que havia sobre ele e os amaldiçoados

teriam que sair de sua prisão para encontrar outro escolhido

para guiarem por mais um século.

Mas nesse momento Carlos havia empacado e nada de

bom saia de sua mente. E já se passavam das 17h e ele já

tinha secado uma garrafa de 1l. de café forte, fumado uma

carteira de cigarros e o livro ainda não estava pronto. Era

então nessas horas que ele fazia algo que se Eleonora

soubesse, ela iria escalpela-lo. Ele desligava o computador

trocava de roupa e buscava dormir. Através de seus sonhos ou

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para alguns pesadelos ele encontrava o que faltava em seus

contos. No criado mudo ao lado de sua cama havia uma caneta

e um pequeno bloco de anotações o esperava para que logo ele

acordasse pudesse por nele tudo o que havia sonhado. Assim

havia nascido a maior parte de seus contos, como Entre

Meninos e Monstros, A Casa das Mulheres Virgens entre

outros.

Carlos já havia tomado seu banho, tinha colocado uma

roupa mais confortável e foi para sua cama dormir. O sono

demorou a vir, mas quando ele adormeceu tudo que ele

precisava veio a sua mente. As 7h.da manhã, Carlos acordou

com um grito preso na garganta. Braços e pernas estavam

suados e uma mancha de suor estava em seu colchão. Ele

imediatamente ligou o abajur que ficava em seu criado mudo e

escreveu tudo o que ele se lembrava sobre seu pesadelo/sonho.

Agora ele sabia o que tinha que fazer. Seu conto estava lá, na

verdade ele sempre estivera em sua mente e agora ele só

faltava conclui-lo.

Dois meses depois Carlos estava se aprontando para ir

à noite de autógrafos de seu novo livro, A Casa Maldita e

outros contos. Usava uma calça jeans nova que sua

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empresária havia comprado para ele, uma camisa preta sem

manga e uma jaqueta de couro também preta. Como de

costume ele iria autografar seu novo livro na livraria O Livro

Verde, uma das mais antigas livrarias do país ou a mais

antiga. Agora ele não se lembrava.

Um chofer contratado pela editora o esperava e com

Eleonor que estava agitadíssima com a estreia deste novo livro

de Carlos. Como nas sempre o autor fazia o lançamento de

seus livros em sua cidade para depois fazer eventos no eixo

Rio/São Paulo. Era uma tradição do autor lançar seus livros

primeiro em sua cidade natal, pois ele dizia que esse ritual lhe

dava sorte.

Quando saiu de seu apartamento ele se dirigiu ao carro

alugado pela editora. Em menos de 3 m. ele havia chegado a

livraria e a fila de fãs estava dando voltas no quarteirão. Sob

uma chuva de flashes ele entrou na livraria e de lá acenou

para as pessoas que o esperavam e que iriam comprar seu

livro.

A noite foi longa e ele havia dado mais de 500

autógrafos e tinha sido fotografado um número de vezes igual

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ou superior. As entrevistas foram feitas também no mesmo

local e foram igualmente cansativas. Ele queria agora chegar

em casa, tomar seu banho e preparar as malas para viajar no

dia seguinte para ir ou Rio fazer mais um noite de autógrafos.

A divulgação de seu livro iria durar cerca de um ano em todo

território nacional e talvez nesse meio tempo alguma editora

estrangeira comprasse os direitos de sua obra também.

No dia seguinte ao acordar ele se deparou com seu

jornal e nele encontrou a seguinte notícia: Autor campista

prevê a descoberta de casa em sítio arqueológico em nossa

cidade em seu ultimo livro “A Casa Maldita”. Ver pg 30 e 31

do caderno de ...

Aquela notícia seria uma bomba em sua carreira.

Nunca na história algo assim havia acontecido com ele. Era

sem duvida algo inusitado.

A sua viagem para o Rio de Janeiro foi cancelada pelo

péssimo tempo na cidade do Rio e ele passou aquela noite em

casa esperando que o tempo melhorasse. Enquanto

esperava uma resposta da sua empresária sobre o voo, foi

quandoCarlos ouvi alguém bater em a porta. Ele achou aquilo

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estranho. O porteiro não havia interfonado dizendo que

alguém estava subindo, e se fosse Eleonora ela entraria sem

bater, uma vez que ela tinha a chaves doapartamento.

Apreensivo foi atender a pessoa que batia em sua porta.

Lentamente ele abriu uma freta na porta para ver que era,

mas foi neste momento que uma pessoa em trajes imundos e

rasgados entrou em sua casa dizendo.

_ Fuja daqui humano! Os amaldiçoados querem te

apanhar! Fuja agora antes que seja tarde de mais para você! A

criatura que falava com Carlos era horrível, e mais parecia

uma múmia do que um ser humano.

Carlos ao ver aquela criatura ficou apavorado e deu um

grito de medo e fugiu buscando um telefone e este estava sem

linha. E foi neste momento que ele ouviu um grito e a criatura

que estava em seu apartamento disse em um brado

amedrontador, _ Cem anos de passaram e meu corpo devolve

O Espírito da Terra para esse lugar. Em fim livre. E um forte

vento saiu de sua boca, seu nariz e orelhas. Ela tinha a forma

de uma águia vermelha, semelhante a uma fênix e a criatura

de desfez em cinzas com os trapos que lhe vestiam.

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Apavorado Carlos apanhou a chave do seu carro e foi

direto para a garagem do seu prédio. Ninguém estava lá

embaixo, apenas uma solitária câmera de segurança era a

testemunha de tudo que se passava ali.

Após sair do elevador ele correu o mais rápido possível

até seu quarto apertando o controle do alarme do carro.

Entrando nele viu que algo vermelho e viscoso pingava no

vidro de seu automóvel. Quando ele ligou o carro, acendeu as

luzes dos faróis e em seguida um corpo sem vida caiu

estilhaçando o seu para-brisa. Assustado ele deixou o carro

morrer e com um solavanco o corpo inerte tombou na frente do

seu veículo. Amedrontado ele deu uma ré e em seguida saiu

pelo o portão da garagem sem antes abri-lo, destruindo a

frente de seu carro e também o portão da garagem.

Saindo as pressas, Calos não via o costumeiro trafico de

carros e de pessoas no centro. As ruas estavam desertas, as

luzes dos postes eram pálidas e bruxuleantes e a lua

magnânima reinava no céu irradiando uma luz mortiça.

Após alguns segundos ele estava nos arredores da

Catedral indo em direção ao único lugar onde ele se sentiria

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seguro. Mas se eles já estivessem lá? Deus do céu, aquilo tudo

parecia uma loucura. Os personagens de seu conto tomaram

vida e eles estavam indo atrás dele para que ele fosse o seu

líder por um século. Mas se tudo que ele havia escrito estava

se tornado realidade, era para este lugar que ele não deveria

ir, Droga, ele pensou. O que estariam fazendo agora com

Eleonor.

Ao chegar à frente da casa da sua empresária ele

percebeu que a rua que era movimentada naquela hora onde

os vizinhos se sentavam a noite para conversar e discutirem

assuntos banais estava também deserta. Será que os malditos

vampiros estariam sempre um passo a sua frente?

Chegando ao quintal da casa Carlos viu o cadáver do

cão de estimação morto e o pescoço do animal em um ângulo

totalmente errado. Era como fosse um brinquedo que tinha a

cabeça virada para trás.

As plantas também estavam destruídas; o portão fora

do lugar e a porta de entrada arrombada. A casa tinha um

cheiro doce que o sangue tem ao ser derramado. Nossa! A casa

já tinha aquele cheiro de morte característico dos matadouros.

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Poças de sangue estavam espalhadas por todo lugar. E quando

finalmente ele chegou ao quarto, o corpo nu sem diva o

esperava fitando com os olhos arregalados o teto. Apavorado

ele se ajoelhou ao lado da cama e apertou a mão fria e a

beijou. O corpo inerte não esboçou nenhuma reação. O que

mais iria lhe acontecer nesta noite?

Caminhando lentamente até o carro ele viu algo se

aproximando do carro. No início, ele pensou que era um vulto,

uma pessoa andando a ermo na noite solitária, mas em

seguida percebeu que mais pessoas vinham em sua direção e

quando passaram em baixo de um poste de luz e em fim viu

que elas era pálidas como cera e estavam correndo em sua

direção.

Amedrontado ele deu partida no carro e engatou uma

ré, em seguida manobrou o carro e acelerou o mais rápido

possível, mas a velocidade entre eles só diminuía e de repente

ele ouviu um barulho de algo caindo sobre o teto de seu carro.

Um barulho seco, e em seguida mãos tentavam agarra-lo pela

janela do lado do motorista.

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Eles vinham de todo lugar. Algo eclipsava a lua e uma

escuridão engoliu toda a cidade, Se não fosse às pouca

lâmpada dos postes que iluminavam as ruas a cidade estaria

as escuras.

Uma mão com garras tentavam apanha-lo de qualquer

maneira, mas foi quando Carlos passou por um quebra molas

e a criatura que estava em cima do carro dele se desequilibrou

e caiu no asfalto.

O carro se afastava do vampiro e ele só viu o chupador

de sangue xingar alto e depois dar um salto e sumir na noite

adentro.

Em seguida ele buscou um lugar seguro para esconder-

se e só se lembrou da Delegacia Legal na rua Barão de

Miracema. Lá pelo menos ele teriam armas e mesmo que elas

não matassem aquelas criaturas talvez as afugentariam. Mas

antes de chegar a esquina da rua de delegacia e ele sentiu um

cheiro de fumaça e ouviu o som das sirenes dos carros do corpo

de bombeiros e quando passou em frente ao prédio da

delegacia viu que ele estava em chamas.

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Foi nessa hora que ele sentiu algo em sua mente. Era

como uma voz sussurrasse em seus ouvidos. Mas não tinha

mais ninguém dentro do carro. Aquela voz masculina tentava

controla-lo e ela dizia: Não tenha medo de nós escritor. Siga as

minhas ordens que todo o caos nesta ínfima cidade acabará.

_ Quem é você? E porque esta fazendo isso comigo? Me

deixe em paz!

Uma risada ecoou em sua mente e em seguida ouviu o

seguinte: Paz? É isso o que você quer de verdade? Então siga o

caminho que eu lhe dou e terá toda a paz do mundo!

Carlos se sentiu sem escolhas e fez o que a voz lhe

mandava. Se ele estava certo o caminho que ele estava

fazendo só poderia leva-lo a duas conclusões: uma seria o fim

dos vampiros e a volta a seu sono por mais um século e a

outra... Bem essa ele não queria nem pensar.

O carro se aproximava das redondezas do sítio

arqueológico onde foi encontrada casa. Mas faixas e cercas o

impediam de chegar ao lugar. Foi quando ele se lembrou de

seu conto que dizia que o local era repleto de passagens

secreta que tinham ligações com o esgoto da cidade.

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Parando o carro e ele buscou um bueiro mais próximo,

desceu do carro e apanhou uma chave de rodas para tentar

abri-lo. Após alguns segundo ouviu um estalo e a tampa do

bueiro saia do seu lugar. Ele olhou para baixo e viu uma

escada de canos de metal imundos, ouviu os barulhos de águas

e de ratos no esgoto. Aos pouco ele desceu e foi até uma das

entradas da casa. O lugar fedia a merda e tinha um cheiro me

mofo, mas quando ele deu por si havia objetos que fugiam a

um padrão do século XVI como por exemplo lâmpadas

elétricas e aparelhos de televisão. Quando chegou a um

cômodo que lembrava a uma sala de visitas uma voz grave foi

ouvida e em seguida de portas laterais saim uma falange de

mortos-vivos.

_ Bem vindo a casa maldita mortal! Sua espécie a quase

meio milênio nos é muito útil. A cada cem anos escolhemos um

líder em você que tem a honra de incorporar o espírito guia

dos índios goytacazes e nos liderar por mais cem anos. Como

maldição ficamos a maior parte do tempo confinado nesta

casa, mas cabe ao hospedeiro trazer-no comida e servir de

ponte para as mudanças tecnológicas deste mundo.

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_ Eu não sei quem são você? Na verdade... eu os

conheço, mas você não podem ser de ver, ver, verdade. Disse

Carlo bastante confuso.

_ Bem... Como pode ver somos muito reais! Veja meus

irmãos por exemplo. Eles não envelhecem, nunca morreram,

são fortes e rápidos como o vento e podem dar saltos tão alto

que parecem por alguns segundo levitar.

_ Isso tem que ser impossível! Eu escrevi uma história

sobre vocês, era apenas um conto, nada de mais.

_ Talvez sim, talvez não. O que importa é que você, um

mero mortal pode mostrar que tem alguma aptidão mediúnica

e pode através de seus sonhos entrar em contato conosco e

podemos influencia-lo mentalmente através da força dos

nossos pensamentos. E é isso que importa, não é mesmo?

_ Não isso tem que ser uma alucinação! Por exemplo,

como vocês saíram desta casa hoje para me caçar e matarem

minha amiga? Como?

_ Não seja estúpido mortal! Como você bem sabe a

maldição dos índios goytacazes nos faz presos a esta casa por

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um século, mas quando o hospedeiro da magia desse povo

bárbaro deixa de existir temos o livre acesso a sua cidade para

capturarmos uma nova vítima e transforma-lo no hospedeiro

do espírito maligno que nos transformou em escravos do

sangue e desta maldita casa.

Carlo suava e tremia de medo, mas ele sabia que só

havia um jeito de sair dali.

_ Mas eu não posso ser o hospedeiro! Como você me

disse, eu escrevi esta história e no meu conto havia uma

característica especial para ser o hospedeiro. E eu não a tenho.

Para ser seu guia por toda eternidade eu deveria ser de

sangue indígena, o que eu não sou.

Irritado o vampiro começou a andar de um lado para o

outro irritado e de repente ele parou colocou uma mão sobre

seu rosto e estalou os dedos e disse: _ Mas quem foi que

iriamos usa-lo para este fim. Na realidade já temos a nossa

vítima e ele esta sendo preparado para nos servir. E andando

até Carlos ele lhe disse. _ Mas nunca se esqueça de uma coisa

mortal. Nós existimos e somos muito, mais muito reais e

caberá a você o trabalho de nos servir com arauto de meu povo

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contanto nossas histórias por toda sua vida. Então o sugador

de sangue movimentou-se tão rapidamente que Carlos nem

conseguiu ver quando o vampiro aproximou-se dele e cravou

seu dentes em seu pescoço. A dor foi horrível, mas era algo

estranho ser mordido daquela maneira. Era uma mistura de

pleno gozo e horror. E quando ele abriu os olhos a única coisa

que viu era que ele estava em frente a seu computador

emborcado sobre o teclado com o editor de texto aberto no

conto chamado A Casa Maldita.

Ele aflito tateou seu pescoço em busca de algum

ferimento, mas nada havia. Olhou para o monitor e viu que

horas eram. Já passava da meia noite e talvez ele tivesse

apenas sonhado com tudo aquilo. Na verdade não havia

sonhado, mas tinha tido um dos maiores pesadelos de sua vida

Rapidamente ele pegou todos os contos escritos até

aquela noite, fez a formatação do arquivo e os enviou a sua

editora, sem ter terminado o conto A Casa Maldita. Sim! O

mundo não precisava de mais um conto sobre vampiros e ele

pensou: “_ Essas criaturas se existisse seriam perigosas de

mais para serem criadas e lidas por outras pessoas!”. Mas ao

terminar o seu pensamento ele deu uma risada e disse em voz

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alta. _ Que besteira! Um conto é apenas uma história! O que

poderia ocorrer comigo se eu não o publicasse.

Foi então que ele ouviu em todo seu apartamento uma

gargalhada. Não um som de uma voz humana como as demais,

mas sim um barulho que parecia a de uma pessoa arranhando

um antigo quadro negro..

Fim.

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