A ANTROPOLOGIA COMO CIÊNCIA NO BRASIL_mariza peirano

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    SRIE ANTROPOLOGIA

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    A ALTERIDADE EM CONTEXTO:A ANTROPOLOGIA COMO CINCIA

    SOCIAL NO BRASILMariza G.S. Peirano

    Braslia1999

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    A alteridade em contexto: a antropologia como cincia social no Brasil

    Mariza GS PeiranoUniversidade de Braslia *

    O problema

    Por muito tempo a antropologia foi definida pelo exotismo do seu objeto deestudo e pela distncia, concebida como cultural e geogrfica, que separava o

    pesquisador do seu grupo de pesquisa. Esta situao mudou. Mesmo nos centrossocialmente legtimos de produo antropolgica para muitos, onde se faz aantropologia internacional ,1 hoje o ideal do encontro radical com a alteridadeno mais a dimenso considerada essencial da antropologia. Nestes centros, houveuma mudana gradual em que a alteridade foi se tornando mais prxima dostrobriandeses aos azande, destes aos kwakiutl passando pelos bororo, da para os

    pases mediterrneos, at que nos dias atuais, bem diferente de h vinte anos atrs,uma antropologia que se faz perto de casa, at home, no s aceitvel quantodesejvel. No caso europeu, este tipo de investigao permanece sendo considerada

    antropologia; para outros, os norte-americanos especialmente, a investigao athome deixa de ser antropologia e passa a fazer parte dos cultural studies (oufeministstudies,science studies etc).2

    Sugiro que, mesmo se a dimenso da alteridade mudou, o princpiono desapareceu. A idia de que a alteridade um aspecto fundante da antropologia,sem a qual a disciplina no reconhece a si prpria, um dos argumentos centrais desseensaio. O Brasil o caso etnogrfico privilegiado. Chamo a ateno para o fato deque, no contexto brasileiro, as exigncias relativas alteridade adquiriram desde cedocontornos especficos. Uma alteridade radical no caso, a indgena , vigente at osanos 50, nas dcadas seguintes passou a conviver com alteridades amenizadas em

    que antroplogos faziam pesquisa sobre o contato com as populaes indgenas, comcamponeses, chegando aos contextos urbanos at que, mais recentemente, nos anos 80,

    passaram a dirigir sua reflexo para a prpria produo sociolgica, tornando-se este

    * Pesquisadora do Ncleo de Antropologia da Poltica (NUAP) e CNPq.

    1 Ver Gerholm & Hannerz 1982, para quem a antropologia internacional equivale ao somatrio dadisciplina nos Estados Unidos, Inglaterra e Frana.

    2 Ver Peirano 1998, para uma avaliao da chamada antropologia ps-moderna como anthropology at

    home.

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    3um caso de alteridade mnima. No contexto da antropologia no Brasil, nos ltimostrinta anos a alteridade deslizou territorial e ideologicamente, em um processodominado pela incorporao de novas temticas e ampliao do universo pesquisado.

    O exemplo brasileiro revela, assim, que a diferena cultural pode assumir,para os prprios antroplogos, uma pluralidade de noes: se em termos cannicosela seria to radical que idealmente estaria alm-mar, ao se aculturar em outraslatitudes a alteridade se traduziu em diferenas relativas e no necessariamenteexticas. Juntas ou separadas, essas diferenas podem ser culturais, sociais, econ-micas, polticas, religiosas e at territoriais. Assim sendo, o processo que nos centrosmetropolitanos levou um sculo para se desenvolver, isto , trazer (de alm mar) adisciplina para casa, no Brasil no demorou mais que trs dcadas. Mesmo que entrens hoje existam prioridades intelectuais e/ou empricas, assim como modismos(tericos ou de objetos/sujeitos), no h propriamente restries em relao a essamultiplicidade de alteridades. Na ltima dcada, inclusive, a presena de um

    mnimo de especialidades, entre elas temticas indgenas, camponesas, urbanas, afro- brasileiras e outras, vem sendo considerada uma exigncia para a definio de umdepartamento de excelncia. (Nos Estados Unidos os critrios so diferentes e um

    bom departamento de antropologia se define pelas especialidades em reas concebidascomo geogrfico/culturais que abrangem os vrios continentes.)

    O foco central deste ensaio recai nas trs ltimas dcadas dodesenvolvimento da antropologia no Brasil, mas no se restringe a este perodo.Adoto, na verdade, uma estratgia de contrastes, quer histricos, quer etnogrficos eincluo, com esse propsito, casos comparativos ao longo do texto, como os da ndia edos Estados Unidos.3 Tenho como objetivo apresentar uma configurao tpico-ideal

    para a antropologia desenvolvida no Brasil. Procuro indicar, ao focalizar a produoda comunidade brasileira de antroplogos, em que medida apesar de ser consi-derada por muitos como perifrica ela oferece uma oportunidade para se detectarelementos fundantes nos prprios centros metropolitanos, alm de evidenciar em quesentido a disciplina aqui tanto acompanha as experincias desenvolvidas em outroscontextos quanto tambm difere delas. Este , portanto, mais um ngulo de viso doque se pode chamar uma antropologia no plural.

    Orientao geral

    Neste ensaio, levo em considerao que uma disciplina pode ter o mesmonome em diversos momentos sem que tenha necessariamente o mesmo contedo ou omesmo objetivo. Assim, denominar um tipo de conhecimento de antropologia emmomentos e contextos diversos no significa que se est designando o mesmofenmeno. Segundo, parto do suposto de que no possvel falar sobre a histria deuma disciplina sem levar em conta o desenvolvimento de disciplinas vizinhas querestas sejam modelos ou rivais da primeira. Assim, por exemplo, investigar o

    3 Destaco que, ao mencionar o momento sociogentico das cincias sociais no Brasil, isto , asdcadas de 40-60, centro minhas atenes em So Paulo e no Rio de Janeiro por critrios de relevncia

    sociolgica.

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    4desenvolvimento da antropologia no Brasil depois dos anos 50 exige que se examineas demais cincias sociais, isto , pelo menos a sociologia e a cincia poltica; parauma avaliao antes dos anos 50, preciso levar em considerao a literatura.4

    Terceiro, mesmo quando se define um enfoque dominante para uma disciplina, este

    nem sempre desenvolvido s por especialistas da rea. Isto significa que,conscientemente ou no, no-antroplogos podem fazer antropologia. Finalmente,uma disciplina acadmica revela sua possvel configurao no dilogo com as idias evalores dominantes de uma sociedade. No caso brasileiro, as cincias sociais foramreconhecidas socialmente quando o pas passou a se considerar legitimamente partedo mundo moderno, aderindo ao preceito iluminista de estar comprometida com avida nacional no seu conjunto (E Becker 1971; Lepenies 1977; Candido 1964, 1987;Dumont 1994; Peirano 1992).

    Essa orientao nos remete de imediato a uma questo central: externamente,tem sido com a sociologia que a antropologia como disciplina vem dialogando desdea institucionalizao das cincias sociais na dcada de 30; j internamente, estedilogo rebatido como uma dicotomia entre a etnologia indgenafeita no Brasile asinvestigaes antropolgicassobre o Brasil. Na dcada de 50, tendo a sociologia setornado hegemnica entre as cincias sociais e concebida como uma abordagemque combinava excelncia terica com engajamento poltico , antropologia restoua opo de se manter nos parmetros dos estudos de sociedades indgenas, como atento, ou integrar-se no projeto sociolgico dominante. Quando Florestan Fernandestransferiu suas preocupaes dos Tupinamb para as relaes raciais, este movimentorepresentou mais que uma guinada na direo da Escola de Chicago, e tambm maisque uma admisso de que os Tupinamb s serviram para a formao de seu autor.

    Naquele momento, a excelncia acadmica definiu-se como parmetro e a temtica

    nacional se estabeleceu como projeto; teoria e poltica passavam a fazer parte daagenda das cincias sociais no pas.5 quando, ento, o rtulo antropologia seexpande em pelo menos duas direes: ele serve para designar a investigao etno-lgica cannica em busca da alteridade radical, mas passa tambm a indicar umasublinhagem que, definindo-se tambm como antropologia, dialoga com a sociologiahegemnica. Tenho em mente, no segundo caso, os estudos sobre fricointertnica,6 que viam o contato com grupos indgenas como um indicadorsociolgico para se estudar a sociedade nacional isto , seu processo expansionistae sua luta pelo desenvolvimento.7 Esta ampliao dos limites da disciplina persistehoje, em um quadro onde convivem, no mesmo meio acadmico, uma antropologia

    feita no Brasile uma antropologia do Brasil.8 Para alm da pesquisa indgena

    propriamente dita, uma antropologia feita no/do Brasil uma aspirao comum.

    4 Ver Peirano (1995) para um dilogo da antropologia com as demais cincias sociais.

    5 Ver Fernandes 1963, 1970, 1972, 1975, 1977; Schwartzman 1991; Peirano 1992.

    6 Ver Cardoso de Oliveira 1963, 1978.

    7 A hegemonia da sociologia neste momento atinge as demais cincias sociais, como a cinciapoltica, mas tambm a filosofia, a histria e, at mesmo, o folclore. Este ltimo desaparece de cena noembate com a sociologia, vencido no seu propsito de se tornar um saber cientfico (Vilhena 1997).

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    bem verdade que, em alguns grupos e/ou programas, o termo etnlogo reservado parapesquisadores de grupos indgenas.

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    Exotismo e tipo ideal

    Neste ensaio, considero o exotismo a diferena limite da apreenso antro-polgica. Da perspectiva do tema clssico dos tabus, o exotismo a alteridade maisdistante, remota e, ainda assim, passvel de apreenso em um determinado universo. certo que noes mais ou menos explcitas de distncia (territorial, cultural, social)esto sempre presentes, mas a alteridade como diferena ou como exotismo divergem:se todo exotismo um tipo de diferena, nem toda diferena extica. Por outro lado,a nfase na diferena tem como dimenso intrnseca a comparao; j a nfase noexotismo dispensa contrastes.9

    Contudo, o exotismo na antropologia no uma realidade histrica pura e,muito menos uma realidade autntica, no sentido weberiano. Trata-se, sim, de umelemento relevante para a construo de um tipo ideal, em relao ao qual se podemmedir exemplos empricos a fim de esclarecer alguns de seus traos essenciais.Reforo essa proposta observando que hoje um grupo de antroplogos vem questio-nando como indesejvel exatamente a dimenso extica da antropologia (porexemplo, Thomas 1991). Mas, na medida em que essas crticas no levam em conta osignificado contextual do exotismo e, portanto, a ele no se oferecem alternativasseno sua erradicao, fica enfatizado, s avessas, seu papel fundante e a evidncia deque, sem uma noo de diferena, a antropologia desaparece.10

    Mas preciso notar que, em termos empricos, a antropologia nunca sedefiniu simplesmente pelo exotismo, embora at o meio do sculo a antropologia sevisse como aquele ramo dos estudos sociolgicos que se devota primordialmente s

    sociedades primitivas (Evans-Pritchard 1951). Logo a seguir, contudo, Lvi-Strauss(1961) lembrou que o carter especfico da antropologia no estava no seu objetoemprico concreto mas, sim, naquela dimenso de diferena que sempre havia estado

    presente no estudo dos povos primitivos se at ento esses desvios diferenciais spodiam ser apreendidos comparando civilizaes distintas e longnquas, agora eles poderiam ser notados dentro do prprio mundo ocidental, no momento em que oocidente se tornava uma grande aldeia crioula. (No entanto, quando Lvi-Straussveio ao Brasil nos anos 30, seu horizonte de pesquisa era o exotismo. Castro Fariamenciona que a designao de expedio era coerente com a preocupao de Lvi-Strauss em fotografar e documentar o que encontrava para, posteriormente, mostrar omaterial em Paris;11 Peixoto (1998) indica o papel fundamental dessa exposio na

    carreira do autor.)

    9 Mas, como sempre, definies no so absolutas. Ver adiante.

    10 Para muitos destes estudiosos, especialmente os norte-americanos, a antropologia como disciplinaacadmica foi um fenmeno do sculo XX embora eles prprios ainda se denominem antroplogos(cf. Peirano 1998).

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    Cf. depoimento de Luiz de Castro Faria na reunio da ABA, 1998, Vitria, ES.

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    6Este estmulo nunca foi dominante no Brasil.12 O fato de as pesquisas ind-

    genas serem realizadas em territrio nacional indica menos problemas de recursosfinanceiros um argumento tambm a se considerar e mais a escolha de umobjeto de estudo que se apresenta ou se mistura com uma preocupao com diferenas

    que so culturais e/ou sociais, ratificando a idia de que, no Brasil, a influnciadurkheimiana se sobreps germnica. Pode-se naturalmente argumentar que osgrupos indgenas representaram o exotismo possvel no Brasil, mas a alteridade nosendo dominantemente radical, prevaleceu a exigncia de rigor terico combinado fora moral que define a cincia social como comprometida e transformadora.(Durkheim explicitamente negava o interesse pelo mero extico e afirmava que asociologia no busca conhecer formas extintas de civilizao com o objetivo nicode conhec-las e reconstitu-las, como tambm no procura estudar a religio maissimples pelo simples prazer de contar suas extravagncias e singularidades. ParaDurkheim, a sociologia tem por objeto explicar uma realidade atual e prxima, capaz

    portanto de afetar nossas idias e nossos atos (1996:v-vi; nfase minha).)Retornando ao ponto crtico dos anos 50, compreende-se ento que, no

    momento em que era vitorioso na sua proposta de forjar uma sociologia feita noBrasil, Florestan Fernandes (1961) tenha criticado duramente o empirismo da antro-

    pologia e seu descaso com questes de fundo terico. Por outro lado, fica tambmesclarecido porque s recentemente a antropologia no Brasil retomou os Tupinambcomo modelo;13 porque pouco existe na antropologia contempornea que evidencieuma conexo direta com a linha de pesquisas indgenas que se desenvolveu na dcadade 50 na USP como uma associao imediata entre antropologia e exotismo

    poderia supor;14 porque as descendncias intelectuais dos etnlogos alemes dosculo XIX no se tornaram regra geral (como em Schaden 1954b, 1995a; Baldus

    1954, por exemplo);15

    e, finalmente, porque a disputa histrica entre uma vertente

    12 Mas ele observvel em antroplogos estrangeiros quando chegam ao Brasil. Ao decidir-se pelapesquisa no Brasil central, por exemplo, Anthony Seeger relata que tinha, alm de uma razo terica,outra pessoal: o Brasil era um lugar fascinante desde suas aulas de geografia no curso primrio: Osanimais estranhos, o nmero abundante de insetos e as pequenas sociedades me fascinavam (1980:26).Mas ver Fry (1999) para uma viso crtica da diferena nos legados coloniais em Zimbbue eMoambique.

    13 Viveiros de Castro (1986) sinaliza a retomada dos estudos sistemticos sobre os Tupinamb, trsdcadas depois das pesquisas de Florestan Fernandes.

    14 Peixoto (1988) elenca os temas que se tornaram dominantes na antropologia paulista: migrao, acidade de So Paulo, relaes raciais. Por sua vez, Joo Batista Borges Pereira contesta a idia deruptura na antropologia esclarecendo que, como estudante da Universidade de So Paulo, preparou um projeto de pesquisa sobre o negro, que Florestan Fernandes rejeitou, mas Egon Schaden aceitouorientar (comunicao pessoal).

    15 Egon Schaden foi o responsvel pela cadeira de antropologia por quase duas dcadas, de 1949 a1967 (Peixoto 1998). Propostas para identificar linhagens intelectuais da antropologia no pas quasenunca citam os Guarani ou os Tapirap como inspiradores, mas indicam como precursores, porexemplo, os estudos de comunidade da Escola Livre de Sociologia e Poltica (Castro Faria 1993) ou,ainda, a influncia sociolgico-marxista presente na noo de frico intertnica, equivalente conceitualda luta de classes (Peirano 1981). Ver, contudo, Melatti (1984), cujo propsito o de oferecer uma

    viso panormica da produo antropolgica no Brasil.

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    7antropolgica cannica e outra sociolgica encontrou sua resoluo na noo daantropologia como cincia social.16 Como cincia social, ela se insere em um quadrogeral em que conhecimento e comprometimento poltico esto unidos numa configu-rao nica, situao distinta da que se pode encontrar, por exemplo, nas

    humanidades e nos four fields norte-americanos onde a antropologia social oucultural dialoga com a arqueologia, a lingstica e a antropologia fsica/biolgica ,ou ainda na distino etnologia/sociologia de outras vertentes europias.17 Se asdisciplinas vizinhas diferem, so tambm distintas as perguntas que as disciplinas sefazem.

    O caso do Brasil

    Se a noo de diferena definidora da antropologia, a questo saber ondeela se aninhou no caso brasileiro. Proponho que nos ltimos trinta anos a alteridadedeslizou de um plo onde ela (ou pretende ser) radical e outro onde ns mesmos,cientistas sociais, somos o Outro. Desta perspectiva, podemos identificar quatro tiposideais: (a) a alteridade radical; (b) o contato com a alteridade; (c) a alteridade

    prxima; (d) a alteridade mnima. Esses tipos no so excludentes e, ao longo decarreiras acadmicas, antroplogos transitam em vrios deles. Em termoscronolgicos, nota-se uma certa seqncia: o projeto de se pesquisar a alteridaderadical antecipa o estudo do contato; a ele se segue a antropologia em casa, at que seatinge a investigao da prpria produo sociolgica no pas. Este o momento emque fronteiras nacionais so ultrapassadas e retorna-se alteridade radical, agoramodificada. (Esclareo que, no que se segue, no fao citaes exaustivas dos casos

    indicados, mas apenas menciono alguns trabalhos para sinalizar diferenas temticas ede abordagem. Aos autores cujos trabalhos so citados, desculpo-me pelasimplificao inevitvel.)

    A alteridade radical

    A procura cannica pela alteridade pode ser ilustrada no Brasil em termos dedistncia (geogrfica ou ideolgica), de duas maneiras: primeiro, no estudo de

    populaes indgenas; segundo, no objetivo mais recente de se ultrapassar os limitesterritoriais do pas. Em ambos os casos, em termos comparativos, a alteridade no extrema.

    16 A idia de cincia social est vinculada noo de misso do cientista em contribuir para a vidaintelectual do pas. Ver Candido (1964) para a idia de uma literatura empenhada. Ver, tambm,Sevcenko 1983. A noo de uma misso dos intelectuais no Brasil foi reafirmada no artigo inauguralda coluna de Ariano Suassuna em A Folha de So Paulo, 01/02/99, cujo ttulo exatamente Amisso. O estudo de Vilhena (1997) aborda diretamente a noo de misso para o caso do folclore.(Naturalmente que esta noo teve conotaes diversas para os professores franceses que vieram aoBrasil na dcada de 30, assim como para os acordos Capes/Cofecub atuais.)

    17 Mesmo no contexto do Museu Nacional/UFRJ, onde a antropologia social convive com a

    arqueologia e a paleontologia, as reas no so exatamente complementares.

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    8Vejamos o primeiro caso. Hoje iniciantes no campo podem discernir

    algumas antinomias: Tupi ou J; parentesco ou cosmologia; Amaznia e BrasilCentral ou Xingu; histria ou etnografia; economia poltica ou cosmologia descritiva(ver Viveiros de Castro 1995b).18 Como em qualquer antinomia, as opes empricas

    esto muito alm. Mas, neste contexto, a pesquisa Tupi, tendo praticamentedesaparecido da cena etnolgica no Brasil durante os anos sessenta e incio dos se-tenta (contudo, cf. Laraia 1964, 1986), fez sua reentrada nas duas ltimas dcadas(Viveiros de Castro 1986, 1992, Lima 1995, Fausto 1997; ver tambm Muller 1990,Magalhes 1994). Por sua vez, estas pesquisas induziram um interesse sistemtico

    pelo parentesco que, embora seja a rea clssica da antropologia, nos padres locaisconfigurou-se como novidade (Viveiros de Castro 1995a,b; Viveiros de Castro &Fausto 1993, Villaa 1992, Gonalves 1993, Teixeira Pinto 1993, 1997); para umdebate recente com etnlogos franceses, ver Viveiros de Castro (1994) e Copet-Rougier & Hritier-Aug (1993).19

    Antes da dcada de 80, os J haviam sido o grupo mais bem estudado doBrasil: depois dos clssicos trabalhos de Nimuendaju (por exemplo, 1946) os Jatraram a ateno de Lvi-Strauss (1952, 1956, 1960) e, seguindo-se, o ProjetoHarvard-Central Brazil (Maybury-Lewis 1967, 1979).20 Em pouco tempo, osresultados deste ambicioso programa de pesquisa tornaram-se a principal fonte deapoio s teses estruturalistas. Para uma gerao de antroplogos que desenvolveu suacarreira no Brasil, esta experincia de campo foi fundante (ver, por exemplo, DaMatta1970, 1976; Melatti 1970a, 1978). Nas dcadas seguintes, pesquisas sobre os Jtiveram continuidade, embora no se colocasse mais a questo da hegemonia: ver,

    por exemplo, Vidal (1977), Carneiro de Cunha (1978), Seeger (1980, 1981), Lopes daSilva (1986), entre outros. (Para etnologia Xingu e uma antropologia da msica, a

    partir do Xingu, ver Menezes Bastos (1993, 1995).)Este rpido apanhado indica que as pesquisas so sempre realizadas emterritrio brasileiro.21 Embora para os especialistas seja fortuito o fato de os gruposindgenas estarem situados no Brasil, o fato que existem implicaes polticas eideolgicas nessa localizao. Para o objetivo deste ensaio, uma delas indica no ser oexotismo a principal motivao para pesquisa, mas a diferena (social, cultural,cosmolgica) entre eles e ns. Mas tratando-se da linha de pesquisa que correspondes preocupaes mais tradicionais da antropologia, esta a rea onde debates com a

    19 Ver Viveiros de Castro (1999), neste volume.

    20 David Maybury-Lewis relembra: By 1960 I had defended my D.Phil. thesis on the Xavante atOxford and read L-S papers (1952 and 1956). These both fascinated and puzzled me. Fascinated, because of the subtlety of the arguments, and puzzled because of the ethnographic and theoreticalobjections that I felt I could raise to L-S theses. So I published a critique of them in the Bijdragen in1960, which was sent to L-S who replied in the same issue of the journal in 1960 [Maybury-Lewis1960]. So, by the time the Harvard-Central Brazil Project was launched it was based on a desire tofollow up and clarify Nimuendaju and an ongoing argument with L-S (Maybury-Lewis, comunicaopessoal).

    21 Embora haja vrios livros sobre os ndios do Brasil (Melatti 1970b, Laraia 1993), Melatti (1999)vem produzindo um levantamento abrangente sobre as reas etnogrficas da Amrica do Sul.

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    9comunidade internacional so mais freqentes. Fica a pergunta: nossa diferenaser o exotismo alheio?22

    H o segundo caso, no qual a alteridade radical buscada fora do pas. Estaspesquisas so recentes e indicam que antroplogos brasileiros no ficam restritos ao

    territrio nacional. Mas aqui tambm se mantm algum vnculo ideolgico ao Brasil,sendo possvel identificar duas direes. Uma nos leva aos Estados Unidos, que setornaram uma espcie de alteridade paradigmtica para estudos comparativos.23

    Esta prtica remonta ao estudo clssico sobre preconceito racial de Oracy Nogueira(1986), mas atinge as anlises sobre hierarquia e individualismo de Roberto DaMatta(1973a, 1980, 1981). Desenvolvimentos posteriores so, por exemplo, L Cardoso deOliveira (1989, 1996) e Kant de Lima (1985, 1991, 1995). Neste contexto, um tpicoemergente o estudo de imigrantes brasileiros e portugueses (ver G Ribeiro 1996;Bianco 1992, 1993). Uma segunda direo nos leva s ex-colnias portuguesas e ointeresse etnogrfico que elas despertam (ver Fry 1991, 1998, que compara e triangulaexperincias coloniais com base nos casos do Brasil, Estados Unidos, Moambique eZimbbue; Trajano 1993a, 1993b, 1998, para o exame dos projetos nacionais de umasociedade crioula, tendo como referncia Guin-Bissau, So Tom e Prncipe). Aantropologia feita em Portugal tambm instigou um interesse antes inexistente, comoindicam congressos e conferncias nos dois pases (ver Almeida 1996, Bastos 1996,Cabral 1996), atestando mais uma vez os vnculos histricos, lingsticos eideolgicos.

    Contato com a alteridade

    Se a alteridade radical consistiu em estudos de grupos indgenas, as anlises

    que focalizam a relao da sociedade nacional com grupos indgenas constituem osegundo tipo, que denomino de contato com a alteridade. Hoje, uma literaturaconsidervel herdeira direta das preocupaes indigenistas que, por muito tempo,eram geralmente explicitadas somente em artigos publicados parte da obra principaldos etnlogos (por exemplo, Baldus 1939, Schaden 1955b).24 A transformao desta

    preocupao em tpico legitimamente acadmico se deu nas dcadas de 50 e 60:

    22 Como rea clssica da antropologia, existe disposio dos especialistas uma literatura especiali-zada e reconhecida sobre a etnologia sul-americana. Ela remonta s expedies germnicas do sculodezenove que procuraram no Brasil respostas para as questes europias sobre o estado de natureza dos primitivos (Baldus 1954, Schaden 1954b) e chega a pesquisas de geraes mais recentes, como ostrabalhos de Nimuendaju sobre a organizao social dos grupos G ou a investigao dos anos trintasobre grupos Tupi (por exemplo, Baldus 1970, Wagley & Galvo 1949, Wagley 1977), alm dostrabalhos de Darcy & Berta Ribeiro sobre os Urubu-Kaapor (Ribeiro & Ribeiro 1957); de FlorestanFernandes, ver a reconstruo da organizao social e a funo social da guerra Tupinamb (Fernandes1963, 1970); sobre a cultura Guarani, cf. Schaden (1954a).

    23 Ver G Velho (1995) para um levantamento que inclui estudos desde a dcada de 50. Excees regra sobre o vnculo imediato ao Brasil so, por exemplo, G Ribeiro (1991) na Argentina, FR Ribeiro(1994) na frica do Sul, Fonseca (1986) e Eckert (1991) na Frana.

    24 Ver Peirano 1981, cap. 4. Arruti (1996:13) chama a ateno para o fato de que, depois de Pombal, ondio deixa de ser pura alteridade na colnia e se insere na populao de sditos que d contedo idia de civilizao. Deixa, portanto, de ser objeto de destruio mas, no sendo autnomo, torna-se

    objeto de interveno transformadora.

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    10Darcy Ribeiro (1957, 1962) centrou o tema na direo do indigenismo que, maistarde, recebeu o polimento terico de Roberto Cardoso de Oliveira com a noo defrico intertnica (Cardoso de Oliveira 1963).

    Considerada por muitos uma inovao terica da antropologia feita no

    Brasil, esta noo apareceu como bricolagem de preocupaes indigenistas e inspi-rao terica sociolgica, revelando uma situao na qual dois grupos so dialeti-camente unidos atravs de seus interesses opostos (1963:43). Esta noo foi propostaem um contexto onde as teorias de contato, tanto britnicas (Malinowski) quantonorte-americanas (Redfield, Linton e Herskovitz) haviam se provado inadequadas.Roberto Cardoso substituiu-as pelo somatrio singular que fez da preocupaoindigenista de Darcy Ribeiro, da sociologia de Florestan Fernandes e dos trabalhos deBalandier tornando-se um dos casos tpicos de descendncia intelectual a combinarinspirao local com emprstimos externos.25 Em termos de reproduoacadmica, estes estudos tiveram longa durao e foram centrais na consolidao devrios programas de mestrado e doutorado.26 (Ver, entre muitos outros, nos anos 70,Amorim 1970, Aquino 1977, Barros 1977, Oliveira Filho 1977.)

    No entanto, lembro que, quando a noo de frico intertnica foi proposta,uma cena peculiar se desenvolvia: dividindo o mesmo espao institucional e, maisimportante, freqentemente envolvendo os mesmos pesquisadores (Laraia & DaMatta1967, DaMatta 1976, 1982, Melatti 1967), muitos estudos foram realizados nos quais,de um lado, se examinavam os sistemas sociais indgenas (cf. o Projeto Harvard-Central Brazil, j mencionado) e, de outro, se analisava o contato intertnico.27

    Para referncias atualizadas desta linha de estudos sobre o contato, verOliveira Filho (1987, 1988, 1998) para a idia de territorializao, o processo de modupla dela decorrente e o exame dos ndios misturados do Nordeste; Souza Lima

    (1995) para investigao sobre o indigenismo como conjunto de ideais relativos insero de povos indgenas em sociedades pertencentes a estados nacionais; Baines(1991) para a relao entre grupos indgenas (no caso, waimiris-atroaris) e a Funai;Barretto (1997), para a reconverso da perspectiva sobre o estudo das terras indgenass unidades de conservao. Para legislao indgena e condies dos ndios sul-americanos, ver Carneiro da Cunha (1992, 1993), Santos (1982, 1989).

    Depois de uma trajetria no terreno da etnologia clssica (Ramos 1972,1978, 1979), nas ltimas dcadas Alcida Ramos vem se dedicando ao tema doindigenismo. Em Ramos (1998), Alcida parte da idia de que o indigenismo est parao Brasil como o orientalismo est para o ocidente e focaliza a especificidade do caso

    brasileiro, onde esto gravadas as faces mltiplas do ndio, em verses tanto popu

    25 Para Darcy Ribeiro, o problema indgena no poderia ser compreendido fora do quadro dereferncia da sociedade brasileira, pois ele s existe onde e quando ndios e no-ndios entram emcontato (1962:136).

    26 Este fato especialmente notvel nos programas de mestrado e doutorado do Museu Nacional-/UFRJ e UnB onde, alis, Roberto Cardoso de Oliveira desempenhou papel institucional central. (curioso notar que a noo de frico intertnica nunca foi exportada alm fronteira, como suaaparentada teoria da dependncia.)

    27 Para esta primeira gerao de antroplogos formados no Museu Nacional, o estudo do contatointertnico no foi, portanto, exclusivista. Passados trinta anos, interessante observar como os

    emprstimos foram mtuos. Ver Maybury-Lewis 1997. (Ver tambm Turner 1991.)

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    11lares quanto eruditas. Ver tambm Ramos (1990, 1995), para uma avaliao da etno-grafia Yanomami em um contexto de crise. (Na rea do contato, Gruber (1997)desenvolve o trabalho pioneiro de oferecer aos ndios Tikuna condies modernas

    para a criao esttica.)

    Aqui, fao uma pausa para mencionar, sem no entanto elaborar, o estudoantropolgico do campesinato to relevante, que mereceria trabalho parte. Indicoapenas que, durante os anos setenta, a preocupao com o contato avanou sobre otema das fronteiras de expanso, tornando tpicos antropolgicos legtimos aquelesrelacionados ao colonialismo interno, camponeses e desenvolvimento do capitalismo(O Velho 1972, 1976). Ao mesmo tempo, estudos sobre camponenses adquiriram umstatus temtico independente, na medida em que tanto antroplogos quandosocilogos se dedicaram a ele (entre os primeiros, ver Palmeira 1977, Sigaud 1980,Moura 1978, Seyferth 1985, K Woortmann 1990, Ellen Woortmann 1995, Scott1992). Na medida em que a alteridade deslizou em termos de localizao, ela fechou ocrculo e alcanou, de volta, as periferias das grandes cidades (Leite Lopes 1976).

    A alteridade prxima

    Desde os anos setenta, antroplogos no Brasil fazem pesquisa nas grandescidades. Como a socializao acadmica ocorre nos cursos de cincias sociais, aolongo das ltimas dcadas a abordagem antropolgica tornou-se contraponto sociologia. No desenrolar do autoritarismo poltico dos anos 60, a antropologia eravista por muitos como uma alternativa aos desafios (marxistas) vindos da sociologia,em um dilogo silencioso que persiste desde ento. A atrao pela antropologia ora sed por seus aspectos qualitativos, ora pelo desafio de compreender aspectos do ethos

    nacional. Registre-se, portanto, a diferena marcante da antropologia que se faz nosEstados Unidos. Curiosamente l, de onde vm a maioria das influncias atuais, s nadcada de 90 tornou-se apropriado estudar fenmenos prximos aos pesquisadores.28

    No estudo da alteridade prxima, a opo terica tem sido via predileta parase alcanar o objeto de estudo. Assim, foi a escola de sociologia de Chicago uma dasfontes principais de interlocuo de Gilberto Velho (por exemplo, 1972, 1975, 1980,1981, 1986, 1994). Por este caminho abriu-se a possibilidade de pesquisar temasurbanos sensveis, que vo de estilos de vida da classe mdia a hbitos culturais do

    psiquismo, consumo de drogas e violncia.29 Neste contexto deu-se a primeira pesquisa de campo no pas considerada plenamente urbana nos termos daantropologia atual, e teve como exemplo o estudo de um edifcio no bairro de

    Copacabana, o ento conhecido Barata Ribeiro 200. Esta linha expandiu-se para

    28 Mas mesmo nos Estados Unidos uma excessiva familiariade ainda sofre restries. Ver Peirano1999. Compare-se, da perspectiva da antropologia que se faz no Brasil, a abertura de artigo em nmerorecente da Anthropology Newsletter: The hardest thing to see, according to George Orwell, is some-thing right in front of your nose. Anthropologists have always had an easier time focussing on thedistant and exotic. We have been less successful finding the exotic close to home, especially in thosemundane and vulgar symbols of the middle class that surround and frame everyday life, which millionstake for granted (Wilk 1999).

    29 Antes, foi tambm na escola de Chicago que Florestan Fernandes se inspirou para seu projeto de

    confrontar a sociedade, depois de dar por encerrada a pesquisa Tupinamb (cf. Peirano 1992).

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    12mais tarde incluir setores populares, velhice, gnero, prostituio, parentesco efamlia, msica, poltica. Um objetivo dominante do projeto como um todo tem sidodesvendar os valores urbanos no caso brasileiro; neste sentido, as pesquisas noapenas situam os fenmenos na cidade, mas procuram analisar, na trilha deixada por

    Simmel, as condies de sociabilidade nas metrpoles. A produo desta linhatemtica numerosa e de grande amplitude (ver Duarte 1986, Gaspar 1985, Lins deBarros 1989, Vianna 1995, Kuschnir 1998; cf. tambm Salem 1985 para uma crtica literatura sobre famlias de classe mdia). Para violncia na cidade, ver a produo deAlba Zaluar (por exemplo, 1985, 1993, 1994).

    Roberto DaMatta (1980, 1987, 1993) tambm encontrou a via legtima paradar incio a sua pesquisa sobre o carnaval no estruturalismo; a horizontalidadeconferida a cada sociedade por essa abordagem terica permitiu fazer, sem traumas, a

    ponte entre o estudo de sociedades indgenas e a sociedade nacional. Mais tarde, a pesquisa se ampliou para um exame abrangente do ethos nacional tendo natural-mente como predecessor o trabalho monumental de Gilberto Freyre. Desde os anos 80o autor privilegia temas nacionais, depois de haver participado dos dois grandes

    projetos indgenas que marcaram a dcada de 60 tanto o Harvard-Central Brazilquanto os vinculados ao estudo da frico intertnica. DaMatta (1973a) o ponto detransio, reunindo uma anlise cannica de um mito Apinaj, um conto de EdgarAllan Poe e o primeiro exame sobre o carter de communitas do carnaval que, maistarde, seria expandido nos livros conhecidos da dcada de 80 (DaMatta 1981, 1984,1985). Em DaMatta (1980), o autor redireciona seu dilogo intelectual, de VictorTurner para Louis Dumont, introduzindo a noo de hierarquia e desenvolvendo umaanlise comparativa entre o carnaval no Brasil e nos Estados Unidos. DaMatta propeque, em termos de valores, o Brasil se situa entre este ltimo e a ndia.30

    Noto que, nos casos acima, a propriedade e relevncia de se desenvolveruma antropologia no meio urbano nunca foi seriamente questionada. Depois de umarpida discusso sobre a natureza da pesquisa de campo em geral, que incluiu a dispo-sio do etnlogo para sofrer de anthropological blues e o tema da familiaridade,tanto perto quanto distante de casa (DaMatta 1973b, 1981; G Velho 1978), a questofoi resolvida antes dos anos 80.31

    No perodo que tem incio nos anos 50, outros tpicos haviam emergido, pri-meiro relacionados integrao social de populaes e, mais tarde, a direitos deminorias. Muitas vezes, esses tpicos combinavam sociologia e antropologia, reafir-mando e dando validade histrica a autores como Candido (1958, 1976, 1995), quenunca aceitaram distinguir de forma radical as cincias sociais umas das outras. Festas

    urbanas e rurais foram tema de pesquisa desde o incio das cincias sociais no Brasil(cf. o clssico Candido 1964), mas vm adquirindo mais vitalidade recentemente,talvez na trilha dos estudos sobre carnaval. Para mencionar apenas alguns estudos,

    30 Portanto, DaMatta , entre os antroplogos aqui mencionados, o de maior amplitude temtica nodeslizamento de alteridades proposto neste ensaio. Mas, j direcionado ao estudo da sociedadebrasileira, DaMatta (1976:7) mostra seu desconforto ao apresentar ao pblico brasileiro a etnografiaApinay. Por outro lado, DaMatta (1976), que trata da questo de quanto custa ser ndio no Brasil, jantecipa temas da sua trajetria posterior.

    31 Este debate foi contemporneo discusso dos antroplogos indianos sobre o estudo of ones own

    society. Este tema ser retomado adiante.

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    13para imigrantes ver Azevedo (1994), Cardoso (1995), Seyferth (1990); para relaesraciais, ver Borges Pereira (1967), Fry (1991), Carvalho (1992a), Segato (1986);sobre gnero, ver Grossi & Pedro (1998), Bruschini & Sorj (1994), Gregori (1993),Surez & Bandeira (1999); sobre religio, messianismo e cultos afro-brasileiros, ver R

    Ribeiro (1978), Maggie (1975, 1992), Montero (1985), Queiroz (1995), O Velho(1995), Sanchis (1983), Carvalho (1992b), Birman (1995);32 sobre festividades

    populares, Magnani (1984), Zatz (1986), Chaves (1993), Cavalcanti (1994), Mello eSouza (1994); para nfase no Brasil como estado-nao, ver Oliven 1992.Diretamente focalizados na poltica como um domnio social so os estudos reunidosem Palmeira (1995) e Palmeira & Goldman (1996); ver tambm Teixeira (1998),Barreira (1998), Bezerra (1999), Comerford (1999).

    A alteridade mnima

    Como que confirmando que as cincias sociais no Brasil tm um profundodbito com Durkheim que props que outras formas de civilizao deveriam ser

    buscadas para explicar o que est prximo a ns desde os anos 80 antroplogosdeslancharam uma srie de estudos sobre as cincias sociais no pas, grande parte como propsito mais amplo de compreender a cincia como manifestao de moderni-dade. Tpicos de estudo variam desde biografias de cientistas sociais brasileiros aclssicos da teoria sociolgica; muitos desses trabalhos se desenvolvem tendo autoresfranceses como interlocutores privilegiados. Ver, por exemplo, Castro Faria (1993),

    para uma reflexo sobre a antropologia feita no Brasil, nos museus e nasuniversidades; Corra (1982, 1987), para uma historiografia da disciplina no pas;Miceli (1989, 1995), para um projeto amplo e comparativo entre as cincias sociais;

    Goldman (1994), para estudo sobre Lvy-Bruhl; Grynspan (1994), para umaetnografia intelectual de Mosca e Pareto; Neiburg (1997), sobre a relao entrenacionalidade e antropologia na Argentina. Sobre as cincias sociais em So Paulo,ver Peixoto (1998) para carreira de Lvi-Strauss; Pontes (1998) para estudo sobre ogrupo Clima. Melatti (1984) uma exceo em termos de influncia e de orientao;sem um objetivo interpretativo explcito, este estudo permanece como o relato biblio-grfico mais completo da antropologia contempornea no Brasil.

    Um projeto amplo com o propsito de estudar diferentes estilos de antropo-logia foi inaugurado em Cardoso de Oliveira & Ruben (1995), com a proposta defocalizar experincias nacionais diversas. Concebido como um exame de antro-

    pologias perifricas, o rtulo residual e destinado a disciplinas que no sejam

    centrais ou metropolitanas. Mantm-se, nesse contexto, a condio de a disciplinahaver sido bem sucedida em determinado pas, isto , ter se adaptado sem perder suacientificidade. Ver, por exemplo, Baines (1995) sobre a Austrlia, Figoli (1995) sobrea Argentina, Ruben (1995) sobre o Canad; ver tambm R Cardoso de Oliveira(1995), sobre a Catalunha e R Cardoso de Oliveira (1998, cap. 6) para discusso das

    bases da pesquisa.No incio dos anos 80, iniciei um projeto que tinha como objetivo examinar a

    disciplina de uma perspectiva antropolgica. A partir da proposta de Dumont (1978),de que a antropologia se define por uma hierarquia de valores em que o universalismo

    32

    Para esta temtica, ver Montero (1999), neste volume.

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    14engloba o holismo, questionei o tipo de antropologia que se faz no Brasil tendo comocasos de controle a Frana e a Alemanha (Peirano 1981). Este estudo teve

    prosseguimento com o exame do caso indiano a sociedade hierrquica porexcelncia , e resultou na proposta de uma antropologia no plural (Peirano 1992).

    A triangulao Brasil, ndia e Estados Unidos teve continuidade em Peirano (1991,1998). Resultados dessa pesquisa centraram na discusso sobre a relao entre cinciasocial e ideologia de nation-building(onde quer que a antropologia se desenvolva) e,mais recentemente, nas estratgias tericas geradas em contextos diversos (Peirano1997, 1999).

    O exame da relao entre cincia social e ideologia nacional foi refinada emVilhena (1997) que, comparando folcloristas e socilogos vis--vis a ideologiadominante nos anos de 1947-64 no Brasil, desvenda o lugar dos intelectuais ligados avalores regionais e a disputa dos folcloristas para sobreviver em um meio no qual asociologia se tornava hegemnica. Realizado no contexto do Instituto Nacional doFolclore, soma-se a este trabalho Travassos (1997), que compara msicos e intelec-tuais no Brasil e na Hungria no incio do sculo, focalizando os dilemas damodernizao para Mrio de Andrade e Bla Bartk. Ainda sobre cientistas e aquesto racial no Brasil, ver Schwarcz (1996). A psicanlise tem se mostrado umcampo de saber frtil para a antropologia no Brasil. Uma comparao e/ouapropriao deste campo vem sendo desenvolvida por uma linha de pesquisa slida;ver Duarte (1989, 1990, 1996, 1997). Finalmente, uma srie de reflexes sobre oensino da antropologia no Brasil so encontradas em Bomeny et al 1991, Pessanha &Villas Boas 1995; ver tambm Viveiros de Castro 1995c, Duarte 1995, Montero 1995,Fry 1995b, Corra 1995, Sanchis 1995, Fonseca 1997, Niemeyer 1997, K Woortmann1997.

    Nos estudos em que a alteridade mnima, isto , est localizada no prpriotrabalho intelectual dos cientistas sociais, nota-se um trao marcante: a maioria destesestudos examina temas abrangentes relacionados a tradies intelectuais ocidentaismas, publicados em portugus, tm uma audincia limitada. Surge, ento, a questocrucial sobre o pblico desses trabalhos. Trabalhos abrangentes e exaustivos fazemsentido se no h audincia imediata? Ou, por que se dialoga com as fontes de

    scholarship se os debates externos esto afastados pela prpria lngua de enunciao?Retornamos, assim, aos Tupinamb de Florestan Fernandes, quando o rigor tericoserviu mais para legitimar o autor como cientista social do que para favorecer umefetivo dilogo com especialistas da rea (Peirano 1992). Aqui, a velha questo

    permanece: o vnculo com o mundo intelectual mais amplo se d apenas por efeito

    ilocucionrio e a alteridade mnima esconde uma proposta, no realizada, dealteridade mxima, porque terica.

    Quando os interlocutores so mltiplos: o caso da ndia

    Se o exemplo brasileiro refora a idia de que categorias de alteridade socontextuais mesmo para os antroplogos, cabe retornar, via comparao, s vertentesconsagradas da antropologia para indicar que elas tambm nunca foram inteiramenteradicais: a frica era (relativamente) home para os ingleses quando estes transferirama noo de totalidade para os Tallensi, os Azande e os Ndembu, abdicando de umasociologia em favor da antropologia prspera (Anderson 1968). At ento a disciplina

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    15era privilgio das metrpoles. O reconhecimento social do estruturalismo na dcadade 60, contudo, trouxe este subproduto inesperado: se as prticas humanas so hori-zontais, era possvel imaginar tanto antropologias indgenas (Fahim 1982) quantoreconhecer que somos todos nativos (Geertz 1983).

    O consentimento e a aprovao dos centros, contudo, no implicou emprtica mais substantiva, a despeito dos inmeros congressos realizados desde ento(por exemplo, Asad 1973, Diamond 1980, Fahim 1982).33 O tema controverso a

    ponto de recentemente Kuper (1994) criticar manifestaes nativistas daantropologia a partir de duas posturas que ele condena no caso da Grcia: primeiro, aidia de que s nativos detm a compreenso sociolgica; segundo, que so os nativosos juzes das etnografias e, se necessrio, seus censores.34 Kuper prope comoalternativa uma antropologia cosmopolita, definida pelo dilogo entre pares eexcluindo estrangeiros curiosos, armchair voyeurs, e mesmo a comunidade nativade especialistas (cientistas sociais, planejadores, intelectuais em geral). Para ele, aantropologia uma cincia social aliada sociologia e histria, que no deve estarvinculada a programas polticos.

    Se o tom parece extemporneo no Brasil, que Kuper no antecipacosmopolitismos fora dos centros tornando-se, ele prprio, um exemplo de paro-quialismo metropolitano. Ele esquece, por exemplo, o projeto multicentrado que osantroplogos indianos vm propondo desde a dcada de 60 (Uberoi 1968, 1983;Madan 1994; Das 1995) e as longas discusses sobre o estudo of ones own society(Srinivas 1955, 1966, 1979; Uberoi 1968; Bteille & Madan 1975; Madan 1982a,b;Das 1995). Bem antes das discusses sobre a etnografia ps-moderna, a ndia foitambm exemplar como cena do renascimento nico da revista Contributions to

    Indian Sociology, depois que Louis Dumont e David Pocock, seus fundadores,

    decidiram cessar a publicao da revista em seu dcimo ano (ver Madan 1994). Osdebates desenvolvidos em For a Sociology of India, ttulo do primeiro artigo doseditores (Dumont & Pocock 1957) e, mais tarde, seo regular da revista j sediada nandia, revelou que este era um espao para discusses tericas, acadmicas, polticase, inclusive, pedaggicas, envolvendo especialistas de vrias origens e orientaes. Sea cincia melhor percebida no debate, ento esse frum de 40 anos tem uma histriadas mais interessantes para contar.35

    Talvez porque estejam cientes de mltiplas audincias, alm de casos deinsensibilidade, antroplogos indianos parte de uma sociedade que foi objeto deetnografias clssicas, mas que no abdica de voz prpria , explicitam h tempo seulugar de enunciao: por exemplo, Madan (1982:266) menciona dois tipos de

    conexes triangulares: (a) a relao entre os pesquisadores insiders, os vindos de forae o grupo estudado, e (b) a relao entre o pesquisador, o agente financiador e o grupoestudado. O primeiro diz respeito a questes ticas sobre a disponibilidade da popu

    33 Convidado para participar da conferncia organizada por Fahim (1982), Luiz Mott expressou suasurpresa j que no Brasil o termo indgena utilizado para denotar amerndios. Mott tambm achoucurioso o Brasil estar includo entre os pases no-ocidentais (Mott 1982).

    34 Antropologias nativistas seriam inspiradas em autores como Edward Said e nos discursos reflexivos ps-modernos (Kuper 1994).

    35

    Ver Peirano 1992 para este debate; Latour 1989 tem excelente discusso sobre debates na cincia.

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    16lao estudada; o segundo, sobre a servido ideolgica do pesquisador.36 Maisrecentemente, Das (1995) apontou para trs tipos de dilogos: com (a) as tradiesocidentais descholarship na disciplina; (b) com o cientista social indiano; e (c) com onativo, cuja voz est presente tanto como informao obtida na pesquisa como nos

    textos escritos da tradio. Neste sentido, a antropologia na ndia avalia e refina, aomesmo tempo, o discurso antropolgico e o conhecimento sobre a sociedade do

    pesquisador.37(Em contraste com o caso indiano, evitamos questionar quais seriam nossos

    interlocutores possveis e desejveis, fixando-nos em dilogos, na maior parte dasvezes, virtuais.)

    Alteridade em contexto

    A institucionalizao das cincias sociais como parte do processo de nation-building um fenmeno conhecido (E Becker 1971 para Frana e Estados Unidos;Peirano 1981, O Velho 1982 para Brasil; Saberwal 1982, para ndia), tanto quanto o

    paradoxo da existncia de uma cincia social crtica sobrevivendo aos interesses daselites que a criaram. Nesses momentos, a nova cincia social no especializada

    porque o projeto de construo nacional ideologicamente mais abrangente que asdisciplinas acadmicas. Em outras palavras, a alteridade raramente descompro-missada e os aspectos interessados, no sentido weberiano, so muitas vezesexplcitos. A antropologia e a sociologia separam-se, em um processo ao mesmotempo poltico, institucional e conceitual, onde e quando se favorecemespecializaes o que geralmente acontece quando o processo de construo

    nacional avana historicamente. este quadro que abriga o dilogo triangularindicado anteriormente pelos socilogos indianos: de um lado, com colegas antro- plogos e socilogos da mesma comunidade nacional; de outro, com as tradiesmetropolitanas de conhecimento (passadas e presentes) e, ainda, com os sujeitos da

    pesquisa. No Brasil dos anos 30 a cincia social foi adotada para prover uma

    abordagem cientfica ao projeto de uma nova nao. Acreditava-se ento que, nodevido tempo, a cincia social iria substituir o ensaio scio-literrio que haviaocupado aqui, mais que a filosofia ou as cincias humanas, o fenmeno central davida do esprito (Candido 1976:156). Assim, dos anos 30 aos 50, por sociologia seentendia o leque das cincias sociais que hoje concebemos como independentes, mas

    gestava-se uma sociologia feita-no-Brasil que na verdade tornou-se hegemnicadurante as dcadas seguintes. Enquanto isso, os estudos etnolgicos de grupos ind

    36 Madan chama ateno para o carter marginal do antroplogo insidere sua ambivalncia entre os desa-fios de construo terica e a tarefa de crtica social; no caso do antroplogo outsider, sugere que suaspreocupaes podem parecer inusitadas, desnecessrias e at perniciosas aos insiders.

    37 Relembro que antroplogos outsiders que pesquisaram a ndia tambm se engajaram em debates comespecialistas insiders, alguns deles tendo influenciado ambos os lados. Bons exemplos so o debate entreDumont e Srinivas, as reaes de Dumont ao filsofo indiano Saran (cf. Srinivas 1955, 1966; Dumont 1970,1980; Saran 1962), assim como o desacordo dos historiadores da Subaltern School (Guha & Spivak 1988)

    com Dumont e a recepo desses historiadores na Europa e alhures.

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    18como o caminho mais curto para o mundo moderno.41 Segundo, possvel vislumbraruma variao da opo anterior: trata-se de uma prtica onde os dados so nossos e ateoria sempre importada. (Quem no assistiu apresentao de trabalho onde o

    padro segue a seqncia ritual na qual o tema se ilumina de forma espontnea pela

    simples invocao do autor em voga, que tambm ratifica a interpretao?) Em outraspalavras, abre-se mo da interlocuo entre dados e teoria e faz-se dos primeiros, osdados, mera ilustrao da segunda a teoria. H uma terceira opo, mais rentvel:ela surge quando procuramos expandir, redirecionar e ampliar questes anteriores,criando assim novos dados, novas realidades e propondo novos problemas. Nestecaso, a cincia social (e a antropologia como parte dela) passa a se definir comoeterna construo e superao de si mesma, o novo se construindo sobre os ombros deantecessores.

    Mas tal projeto no simples. Ele depende tanto do domnio seguro dasteorias clssicas e contemporneas quanto da etnografia acurada e impecvel. Se correto pensar que uma cultura mundial dos tempos precisa de constantesemprstimos, tanto na direo das metrpoles para as periferias ideolgicas quanto nosentido oposto, a promessa aqui implcita a de um dilogo terico e emprico queultrapasse barreiras nacionais trata-se de desenvolver universalismos plurais quesituem, inclusive, os universalismos metropolitanos e, ao mesmo tempo, reflitam acontingncia de vivermos no Brasil.

    Agradecimentos

    Este ensaio foi escrito como resultado do Projeto As Cincias Sociais noBrasil: Tendncias e Perspectivas (1970-95), proposto pela ANPOCS e dirigido porSrgio Miceli no binio 1998-9. Sou grata a Eduardo Viveiros de Castro pelocompanheirismo virtual durante o tempo em que escrevemos nossas respectivascontribuies; a Wilson Trajano Filho, pelas perguntas difceis; a Julio Cezar Melatti,

    pelas correes gramaticais. A responsabilidade pelos pontos de vista, pelas citaes,simplificaes e pelas traies da memria, no seria necessrio repetir, somenteminha. Este ensaio dedicado ao Melatti, que primeiro me ensinou a ortodoxia.

    41 Ver o ensaio sobre literatura e subdesenvolvimento em Candido (1987). Para Costa Pinto, trata-sedaquele tipo de deslumbramento alvar diante de frmulas e conceitos importados, que parec[em] corretos

    pela nica condio de serem estrangeiros (1955:24).

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    250. CARDOSO DE OLIVEIRA, Lus R. Dois Pequenos Ensaios Sobre Cultura,Poltica e Demandas de Reconhecimento no Quebec. 1999.

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    Cincia Social no Brasil. 1999.

    A lista completa dos ttulos publicados pela SrieAntropologia pode ser solicitada pelos interessados

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    Universidade de Braslia

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