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Vieira et al., 2010 Práticas de manejo para minimizar a emissão de gases de efeito estufa associadas ou não ao uso de fertilizantes. Disciplina Ecologia de Pastagens, Curso de Pós-graduação em Produção Animal Sustentável. Instituto de Zootecnia, APTA/SAA 1 PRÁTICAS DE MANEJO PARA MINIMIZAR A EMISSÃO DE GASES DO EFEITO ESTUFA ASSOCIADAS OU NÃO AO USO DE FERTILIZANTES MANAGEMENT PRACTICES TO MINIMISE THE EMISSION OF GREENHOUSE GASES ASSOCIATED OR NOT THE USE OF FERTILIZERS Sheila da Silva Vieira 1 , Claiton André Zotti, Valdinei Tadeu Paulino 2 1 Mestrandos do Curso de Produção Animal Sustentável do Instituto de Zootecnia, APTA/SAA, Nova Odessa/SP, e-mail: [email protected] , [email protected] 2 Pesquisador e Professor da Disciplina Ecologia de Pastagens, Curso de Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia, APTA/SAA, Nova Odessa/SP, e-mail: [email protected] . Resumo: O trabalho relata o aquecimento global e seus efeitos nas emissões de gases de efeito estufa (CO 2 , CH 4 e N 2 O). Nas atividades agropecuárias são descritos práticas e suas interferências na mitigação de efeito estufa, com relevância nos sistemas agrícolas, manejo do solo, plantio direto, uso de fertilizantes, explorações florestais, uso de etanol, compostagem e alimentação animal. Palavras-chave: gases de efeito estufa, mitigação, praticas de manejo Abstract: The work relates to global warming and its effect on emissions of greenhouse gases (CO 2 , CH 4 and N 2 O). In agricultural activities are described practices and their influence in mitigating the greenhouse effect, with relevance in agricultural systems, soil management, tillage, fertilizer use, forestry, use of ethanol, compost and animal feed. Key-words: greenhouse gás, management practices, mitigation

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1

PRÁTICAS DE MANEJO PARA MINIMIZAR A EMISSÃO

DE GASES DO EFEITO ESTUFA ASSOCIADAS OU NÃO

AO USO DE FERTILIZANTES

MANAGEMENT PRACTICES TO MINIMISE THE EMISSION OF

GREENHOUSE GASES ASSOCIATED OR NOT THE USE OF

FERTILIZERS

Sheila da Silva Vieira1 , Claiton André Zotti, Valdinei Tadeu

Paulino2

1 Mestrandos do Curso de Produção Animal Sustentável do Instituto de Zootecnia, APTA/SAA, Nova Odessa/SP, e-mail: [email protected], [email protected] 2 Pesquisador e Professor da Disciplina Ecologia de Pastagens, Curso de Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia, APTA/SAA, Nova Odessa/SP, e-mail: [email protected].

Resumo: O trabalho relata o aquecimento global e seus efeitos nas emissões

de gases de efeito estufa (CO2, CH4 e N2O). Nas atividades agropecuárias são

descritos práticas e suas interferências na mitigação de efeito estufa, com

relevância nos sistemas agrícolas, manejo do solo, plantio direto, uso de

fertilizantes, explorações florestais, uso de etanol, compostagem e alimentação

animal.

Palavras-chave: gases de efeito estufa, mitigação, praticas de manejo

Abstract: The work relates to global warming and its effect on emissions of

greenhouse gases (CO2, CH4 and N2O). In agricultural activities are described

practices and their influence in mitigating the greenhouse effect, with relevance

in agricultural systems, soil management, tillage, fertilizer use, forestry, use of

ethanol, compost and animal feed.

Key-words: greenhouse gás, management practices, mitigation

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1. INTRODUÇÃO

O aumento da temperatura da Terra, devido ao agravamento das

emissões dos gases causadores do Efeito Estufa (GEE) na atmosfera, é um

dos mais graves problemas ambientais que a humanidade terá de enfrentar

neste século. Apesar do aquecimento global ser um fenômeno natural, o

aumento das atividades antrópicas tem contribuído para intensificá-lo e

decorrem, principalmente, da queima de combustíveis fósseis em usinas

termelétricas, indústrias, veículos, sistemas de aquecimento domésticos, lixões,

aterros sanitários, agricultura, além do desmatamento, das mudanças nos

padrões de uso da terra, entre outros fatores.

O chamado efeito estufa, é um fenômeno físico que provoca o

aquecimento do globo terrestre, devido à emissão de gases que causam

alteração na composição da atmosfera, advindo de um dos principais efeitos da

ação humana no meio ambiente, a queima de combustíveis

fósseis.(GOLDEMBERG ,2000).

Com o aumento da preocupação em relação ao aquecimento global, a

pecuária tem sido apontada como uma das atividades que mais prejudicam o

meio ambiente, devido os números relacionados ao rebanho bovino brasileiro,

sendo cerca de 170 milhões de cabeças de gado ocupando pouco mais de 172

milhões de hectares. As externalidades negativas causadas pela bovinocultura

estão correlacionadas com o principal meio de produção adotado no Brasil, o

sistema extensivo. Este se caracteriza pelo baixo investimento em formação

(principalmente quando a terra adquirida já contém algum tipo de pasto) e

manutenção de pastagem.

Devido ao grande número de animais existentes no mundo todo,

estimativas mostram que o rebanho bovino emite cerca de 9% do total desses

gases gerados por ação humana. Essa participação é maior que setores visto

como poluidores, como é o caso do setor de transportes. No Brasil, por

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exemplo, – se forem excluídas as emissões de GEE geradas pelas queimadas

e desmatamentos – a pecuária (considerando gado de corte e de leite) torna-se

a maior fonte emissora, com equivalência a mais de 42% das emissões de

GEE.

Estima-se que, das emissões totais, a agricultura contribui com

aproximadamente 20% da emissão antrópica de GEE, sendo que pode atuar

como fonte ou dreno. (JOHNSON et al,. 2005). Três dos principais gases de

interesse são dióxido de carbono (CO2), óxido nitroso (N2O) e metano (CH4),

sendo que o fluxo destes nos agroecossistemas é dependente do manejo e das

práticas agrícolas adotadas.

A contribuição da agricultura às emissões de GEE, é estimada em 75%

das emissões de CO2, 91% das emissões de CH4 e 94% das emissões de N2O

(CERRI & CERRI, 2007).

Para a economia como um todo, as emissões de CO2 são mais

importantes mas, no que diz respeito à agricultura, o mais importante é o N2O.

As emissões de CH4, principalmente as provindas de animais domésticos,

também representam contribuições substanciais para o PAG. Embora o N2O

constitua uma pequena parte das emissões de GEE, torna-se relevante porque

a agricultura representa sua maior fonte, e está associado ao manejo do solo e

à utilização de fertilizantes nitrogenados.

A comunidade científica chegou ao consenso que a mudança climática é

uma das maiores ameaças da atualidade, dadas a sua amplitude, intensidade e

efeitos danosos. Cada vez mais, a pesquisa científica comprova que grande

parte do aquecimento do planeta tem origem antrópica e que, portanto, a

própria ação humana pode e deve intervir para o seu refreamento (CHANG,

2002).

2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA

2.1. Efeito Estufa

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Nos últimos anos, grande atenção tem sido dirigida aos problemas

potenciais ocasionáveis pelo “efeito estufa”. O homem, através da atividade

industrial, consumo de combustíveis fósseis, destruição de florestas e da

adoção de certas práticas agrícolas, é o principal responsável pelo fenômeno.

Os principais gases que causam o efeito estufa são dióxido de carbono (CO2),

metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e clorofluorcarbonos (CFCs).

O Efeito estufa é um mecanismo natural de aquecimento da atmosfera

responsável por manter a temperatura média do planeta em níveis adequados

para a existência dos seres vivos. Esse fenômeno ocorre quando uma parte da

radiação solar refletida pela superfície terrestre é absorvida por determinados

gases denominados “gases do efeito estufa”, presentes na atmosfera. Como

consequência disso, a radiação infravermelha refletida pela terra fica retida na

baixa atmosfera, resultando no aquecimento do planeta (ESCOBAR, 2008).

As ações decorrentes das atividades econômicas e industriais têm

provocado alterações na biosfera, resultando no aumento da concentração de

GEE na atmosfera desde a Revolução Industrial (IPCC, 2006). Dentre os

aspectos de impacto ambiental, o balando de gases, assim como seus

impactos tem sido tema relevante para a comunidade científica e a sociedade

em geral.

O relatório publicado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças

Climáticas (IPCC, 2006) afirma que as evidencias das ações antropogênicas

são responsáveis pelo aquecimento global de 0,6ºC observado durante os

últimos 140 anos. Previsões cientificas indicam que, mantido o ritmo de

incremento das emissões de GEE, pode haver um aumento de até 5,8ºC na

temperatura média do planeta durante os próximos cem anos (COX et al.,

2000), com sérias consequências para a vida na terra.

Caso não haja um retrocesso na emissão de gases esse fenômeno

ocasionará em uma infinidade de modificações no espaço natural e

automaticamente na vida do homem. Podemos citar, as alterações climáticas,

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aumento no nível médio das águas do mar, degelo das calotas polares,

alterações a nível ecológico do planeta, entre outros.

2.2. Gases do Efeito Estufa

Os gases do efeito estufa (GEE) são substâncias gasosas que absorvem

parte da radiação infra-vermelho emitida principalmente pela superfície

terrestre, e dificultam seu escape para o espaço. Isso impede que ocorra uma

perda demasiada de calor para o espaço, mantendo a Terra aquecida.

O vapor de água está presente na atmosfera terrestre em altas

concentrações sendo responsável por 80% do efeito estufa natural, os 20%

restantes é devido a outros gases. Os três principais GEE relacionados com

atividades agrícolas e mudanças de uso da terra são CO2, N2O e CH4

(DUXBURY, 1995; SMITH et al., 2003). O potencial de aquecimento global do

N2O e do CH4 são 296 e 23 vezes maior, respectivamente, do que uma

unidade de CO2.

O aumento das emissões destes gases para a atmosfera em

decorrência de atividades humanas, entretanto, pode ampliar de modo nocivo o

efeito estufa, retendo mais energia na atmosfera e gerando uma elevação de

temperatura e, consequentemente, provocando o aquecimento global.

(MOUSINHO, 2003)

A potencialização do efeito estufa pode ter conseqüências sérias para a

vida na Terra no futuro próximo. Ecólogos sugerem que o aquecimento global

deve alterar o clima a uma velocidade maior que a capacidade de adaptação

dos organismos. O efeito pode ser devastador para a biodiversidade e

ecossistemas do mundo inteiro (RICKLEFES, 1996; ROMANINI, 2003)

Os CFC's também têm a capacidade de reter a radiação infravermelha

emitida pela Terra. Contudo, as ações para diminuir suas emissões estão num

estágio bem mais avançado, quando comparado com as emissões dos outros

gases.

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Mecanismos de redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE),

tal como o sequestro de carbono está sendo feito no contexto do mercado

(estabelecido pelo Protocolo de Quioto e por outros acordos).

2.3. Dióxido de Carbono

O dióxido de carbono ou gás carbônico é um composto químico

constituído por dois átomos de oxigênio e um átomo de carbono. A

representação química é CO2. É um dos gases do efeito estufa que menos

contribui para o aquecimento global, já que representa apenas 0,03% da

atmosfera.

O gás dióxido de carbono, um dos compostos lançados na atmosfera

pelo homem, é produzido em todas as partes do planeta, principalmente pela

queima de combustíveis derivados do petróleo e pela produção de cimento

(75% do total de emissões); os processos de uso da terra, sobretudo nos

desmatamentos e nas queimadas, são responsáveis por grande parte dos 25%

restantes (C&T BRASIL, 2006).

O dióxido de carbono é um dos gases de efeito estufa (absorve luz

infravermelha térmica). O carbono torna-se disponível para os seres vivos

através dos vegetais, pelo processo de fotossíntese, e pelo fato do carbono

ficar armazenado, costuma-se chamar carbono fixado. As ações antrópicas têm

gerado considerável aumento na concentração de CO2 no ar (BARRETO,

2009).

A decomposição biológica é um dos modos de reversão desse

processo, liberando CO2 para a atmosfera. O principal processo de renovação

do dióxido de carbono é a absorção pelos oceanos e pela vegetação,

especialmente as florestas.

Existe uma grande variedade de compostos de carbono envolvidos no

seu ciclo global, sendo os principais: CO2, CH4, Hidrocarbonetos, CO. O ciclo

do carbono na natureza pode ser observado conforme a Figura 1.

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Figura 1. Ciclo do carbono.

Fonte: Santos (1999).

Devido o solo possuir um estoque 2 a 3 vezes maior que a atmosfera,

mudanças no uso do solo podem ser importante fonte de carbono para a

atmosfera (WOODWEL,1989; DAVIDSON & TRUMBORE, 1995).

Para estabilizar as concentrações que estão presentes nos dia de hoje,

seria necessário uma redução de 60% na emissão global de dióxido de

cardono. Para resolver este problema foi criada a FCCC (Framework

Convention on Climate Change) durante a ECO 92, realizada na cidade do Rio

de Janeiro. Esta instituição propôs um programa nacional para reduzir a

quantidade de dióxido de carbono produzida nos anos 90, e também

desenvolveram métodos de proteção às fontes de renovação de dióxido de

carbono, como as florestas.

No início dos anos 90 surgiram as primeiras idéias sobre o seqüestro de

carbono, como um instrumento de compensação e de retenção do lançamento

de CO2 na atmosfera. Mas, foi em 1997, com o surgimento do Protocolo de

Quioto que esse instrumento exteriorizou-se para os diversos países

signatários do tratado (ÁRVORES BRASIL, 2005).

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A partir daí o seqüestro de carbono foi ganhando força, com o

estabelecimento de mecanismos de flexibilização, que tinham por objetivo

permitir maior eficiência no combate ao efeito estufa, através da criação de um

mercado internacional de quotas de emissões.

Atualmente a concentração de CO2 é de 368 ppm, sabe-se que as

emissões de CO2 são crescentes, provavelmente a concentração deste gás

pode alcance 550 ppm por volta do ano 2100.

2.4. Metano

O metano é formado naturalmente em regiões onde existe matéria

orgânica em decomposição. Somado a isso existem muitas fontes

antropogênicas de metano, que vem contribuem para seu aumento na

concentração global na atmosfera, dentre estas fontes estão o cultivo de arroz,

queima de biomassa, queima de combustíveis fósseis e a bovinocultura.

O metano é um gás inodoro e incolor, sua molécula é um tetraedro e

apolar (CH4), de pouca solubilidade na água e, quando adicionado ao ar se

transforma em mistura de alto teor explosivo. É o mais simples dos

hidrocarbonetos, 60% da emissão de metano no mundo é produto da ação

humana, vindo principalmente da agricultura.

Os ruminantes domésticos, principalmente os bovinos, são responsáveis

pela produção de aproximadamente 15% do metano do mundo, portanto são

considerados como um dos grandes contribuidores para o efeito estufa. Outros

expressivos contribuidores são os solos naturalmente alagados, culturas de

arroz irrigado, utilização de combustível de origem fóssil, queima de biomassa

e aterros (MCCAUGHEY et al., 1997).

Devido ao aumento do seu conteúdo na atmosfera, sua contribuição

para as mudanças climáticas, aumentou 30% desde 1860 (MITCHELL, 1989)

correspondendo a cerca de 20% do efeito total observado (WUEBBLES &

HAYHOE, 2002).

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A maior fonte de renovação do metano é uma reação química feita com

o radical hidroxíla (OH) na troposfera (baixa atmosfera). Este processo natural

é, no entanto, afetado pela reação do OH com outras emissões de gases feitas

pelo homem, principalmente com o monóxido de carbono (CO) e pelos

hidrocarbonos emitidos pelos motores de veículos.

Para estabilizar as concentrações de metano que se encontram

presentes nos dias de hoje, seria necessário uma redução imediata de 15-20%

das emissões globais desse gás.

2.5. Óxido Nitroso

O óxido nitroso se apresenta na forma de um incolor, composto de duas

partes de nitrogênio e uma de oxigênio, cuja é N2O e sua fórmula estrutural é

N--N--O.

O óxido nitroso é produzido naturalmente pelos oceanos e pelas

florestas tropicais. Fontes antropogênicas de óxido nitroso são: a produção de

nylon, ácido nítrico, atividades agrícolas, carros com três modos de conversão

catalítica, queima de biomassa e a queima de combustíveis fósseis.

A desnitrificação e a nitrifcação são processos biogênicos que produzem

N2O e NO. Estes gases são importantes para a química da atmosfera. O N2O

contribui para o aquecimento global e para destruição do ozônio na

estratosfera. O NO afeta regionalmente a química do ozônio na troposfera.

A desnitrificação é um processo heterotrófico, no qual muitos gêneros de

bactérias utilizam o carbono orgânico como fonte redutora e, na ausência do

O2, utilizam os óxidos de nitrogênio como aceptores de elétrons – resultando

na produção de N2O, NO e N2 (DAVIDSON,1991).

A nitrificação é um processo de oxidação biológica das formas redutíveis

de nitrogênio (NH4+) resultando em NO2

- e NO3-.As bactérias nitrificantes

podem obter energia desta oxidação (família Nitribacteriaceae) ou utilizá-la

como produto secundário de nitrificação heterotrófica.

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A quimiodesnitrificação é um processo abiogênico de autodecomposição

do HNO2, e da reação deste com grupos fenólicos da matéria orgânica do solo,

resultando na produção de NO e N2O. A ocorrência de quimiodesnitrificação é

significativamente maior quando o pH do solo é menor que 5. O controle da

produção de N2O por microrganismos desnitrificadores no solo é determinado

pelo suprimento de nitrato, CO de fácil assimilação e status de O2 no solo. Os

microorganismos desnitrificadores utilizam o N na forma de nitrato como

aceptor final de elétrons sob condições anaeróbicas.

A conversão de florestas em pastagens aumenta a disponibilidade

imediata de N no solo graças à rápida mineralização provocada pelo fogo, por

ocasião da queima da biomassa vegetal derrubada, embora parte do N seja

perdido sob formas gasosas durante a queima. Aparentemente, pastagens

novas liberam quantidades significativas de N2O, dependendo do referido

aumento na disponibilidade de N para os microrganismos desnitrificadores.

Com o passar dos anos de exploração dessas pastagens, há redução

acentuada na disponibilidade de N no solo, conforme as perdas excessivas

por,lixiviação, que ocorrem graças à quantidade de N disponível no solo

superar a demanda das plantas forrageiras. Como conseqüência, os fluxos de

N2O também decrescem com o tempo de exploração da pastagem.

A maior fonte de renovação do óxido nitroso são as reações fotolíticas

(na presença de luz) na atmosfera. Para estabilizar as concentrações

atuais o Intergovernmental Panel on Climate Change estimou uma imediata

redução de 70-80% da produção de óxido nitroso proveniente de fontes

antropogênicas.

2.6. Causas do aumento das emissões de gases do efeito estufa

Desde princípios do século XIX, a humanidade começou a queimar

grandes quantidades de matéria fóssil provenientes do solo do nosso planeta:

primeiro carvão, depois petróleo e gás natural. A queima de combustíveis

fósseis não é o único problema causador das alterações climáticas; a

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diminuição da quantidade de árvores e o incremento da população mundial

também contribuem fortemente para a acumulação de CO2 na atmosfera.

A Figura 2 apresenta a distribuição das emissões líquidas de CO2 no

Brasil, por setor.

Embora o crescimento da emissão dos GEE tenha diversas origens, o

setor que mais contribuiu para isso é o de geração de energia, que teve as

suas emissões aumentadas em 145% entre 1970 e 2004. Houve, também,

elevação importante na área de transporte, que teve as suas emissões de GEE

aumentadas em 120% nesse período. Comparativamente, o incremento na

área industrial foi substancialmente menor, de 60% . Em todos os casos, o fator

principal para o crescimento é o consumo de combustíveis fósseis (derivados

de petróleo, gás natural e carvão mineral).

Figura 2. Emissões de gás carbônico em diversos setores no Brasil.

Fonte: Dados adaptados de Cerri et al, 2009.

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A Revolução Industrial, iniciada na Europa no século XVIII, provocou a

exumação do carvão enterrado há milhões de anos, em proporções

gigantescas, com o objetivo de girar as máquinas a vapor recém inventadas.

Com o advento da produção em escala industrial dos automóveis, no

início do século XX, iniciou-se a produção e o consumo em massa do petróleo

e, de utilização mais recente, o gás natural na produção da energia elétrica,

aquecimento doméstico e industrial e no uso automotivo.

O processo da queima de combustíveis fósseis criou condições para a

melhoria da qualidade de vida da humanidade, porém produz como resíduo o

gás carbônico e outras substância químicas, também muito poluidoras.

Os gases produzidos pela queima de combustíveis fósseis seguem

vários caminhos: parte é absorvida pelos oceanos e entra na composição dos

carbonatos que constituem as carapaças de muitos organismos marinhos ou é

simplesmente dissolvida na água oceânica e finalmente depositada no

assoalho oceânico como carbonatos. À medida que estes animais vão

morrendo, depositam-se no fundo do mar, retirando o carbono, por longo

tempo, do ciclo geoquímico. Outra parte é absorvida pelas plantas que fazem a

fotossíntese, marinhas como pelas florestas, ao qual transformam o carbono

coletado da atmosfera em material lenhoso, reiniciando o ciclo de concentração

e fossilização dos compostos carbonosos, se as condições ambientais locais

assim o permitirem.

A temperatura aumentou em média 0,7°C nos últimos 140 anos, e pode

aumentar mais 5°C até o ano 2100. A emissão exagerada de gases

causadores do efeito estufa está provocando mudanças climáticas.

Existem ciclos naturais de mudanças de temperatura na Terra e é difícil

entender quanto desse aumento foi natural e quanto foi conseqüência de ações

humanas. Com o objetivo de diminuir as emissões de gases de efeito estufa, o

Protocolo de Quioto, assinado por 84 países, determina uma redução de, em

média, 5,2%. Os países da Europa vêm desenvolvendo alternativas não-

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poluentes como energia eólica,que já configuram parte importante da matriz

energética de alguns deles.

3. INTERFERÊNCIA DO SISTEMA AGRÍCOLA NO EFEITO ESTUFA

Dentre os problemas ambientais destaca-se a elevação da temperatura

decorrente da maior concentração de gases na atmosfera, gerando um

fenômeno denominado efeito estufa. A preocupação com os possíveis efeitos

desse fenômeno foi um dos temas centrais da Conferência Mundial realizada

no Rio de Janeiro em 1992 e do protocolo de Kyoto em 1997.

Dentre os gases emitidos merece nossa atenção o CO2, devido a sua

grande concentração na atmosfera, embora não possua o maior potencial de

absorção da radiação solar e nem o maior tempo de permanência na

atmosfera. O incremento anual de CO2 é da ordem de 3,2 x 1015 g e, cerca de

40-45% do CO2 de origem antrópica provêm da combustão de petróleo e

carvão, sendo que apenas 5% da população mundial situada nos paises

desenvolvidos consomem 58% da energia mundial, repercutindo numa maior

emissão de CO2 por esses países.

As atividades agrícolas possuem uma participação significativa na

emissão de gases para a atmosfera, seja através de queimadas, degradação

da matéria orgânica ou pelo consumo direto de combustíveis fósseis ou

indiretos no processo de produção de insumos. Dessa forma nos Estados

Unidos, as atividades agrícolas são responsáveis por 7% das emissões totais

daquele país. Em contrapartida, a agricultura pode funcionar como um sistema

dreno de CO2, reduzindo o efeito estufa.

A produção de carboidratos pela planta através da fotossíntese é um

processo que permite a fixação de carbono às estruturas, podendo ser mantido

no solo, dependendo das técnicas de manejo adotadas. Sistemas de manejo

que revolvem o solo, especialmente em condições tropicais, colaboram para a

mineralização da matéria orgânica e conseqüente degradação dos solos.

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Dessa forma, sistemas conservacionistas pode ser o instrumento chave para a

atenuação do efeito estufa, por permitirem uma maior produção de fitomassa,

com uma menor mineralização da mesma no solo.

A quantificação do potencial que a agricultura possui para seqüestrar

carbono ainda é um desafio para os pesquisadores. O uso do sistema plantio

direto parece ser uma prática eficiente para manter carbono no solo. O plantio direto estoca 17% mais C que solos de vegetação nativa (Corazza et al, 1999).

O potencial de expansão do sistema em todo o mundo é enorme, calculando-

se que nos EUA até o ano 2020 aproximadamente 75% das áreas estejam

sendo utilizadas neste sistema. Um incremento na ordem de 0,1% ao ano

representaria para esse país um seqüestro de 1400 Tg.

Outra forma analisada por Lal (1997), é a recuperação de áreas

degradadas, que representam cerca de 1965x 106 ha em todo mundo.

Aumentos de 0,01% ao ano na profundidade de um metro significaria um

seqüestro de 3 Pg ano-1, que é praticamente toda emissão anual de CO2. Esse

incremento, além dos resultados citados, poderia contribuir para o aumento da

produção de alimentos para a população mundial.

Diversos países estão a adotar políticas de incentivo ao seqüestro de

carbono no sistema agrícola, através da remuneração do carbono seqüestrado

pelos sistemas de cultivo. Trata-se de um mercado em expansão, com grandes

possibilidades de exploração por países com imenso potencial de fixação

biológica de C como o Brasil.

4. PRÁTICAS PARA MINIMIZAR EFEITOS DE GASES DO EFEITO ESTUFA

Diante do aumento nas emissões de CO2, que vem intensificando o

efeito estufa, podendo resultar em elevação significativa da temperatura no

planeta, governos tem debatidos sobre formas de minimizar essas emissões,

sem prejudicar o crescimento econômico.

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Os acordos se baseiam em redução das emissões, aquisição de créditos

de carbono, implementação de projetos baseados em tecnologias limpas,

plantação de mais árvores com o objetivo de absorver as emissões de CO2.

Assim como intensificação da produção das pastagens a fim de manter a

pecuária sustentável, intervenções humanas na alimentação animal, entre

outros. Algumas técnicas de manejo de sistemas silvipastoris são

recomendadas como mitigadoras nas emissões de CO2, dentre elas o plantio

direto, integração lavoura-pecuária, aumento da eficiência do uso de

fertilizantes, reduzindo excessos e perdas por lixiviação e ajustes adequados

nas taxas de lotação.

4.1. Protocolo de Quioto

A Conferência de Quioto, em 1997 – considerada por muitos estudiosos

como resultado direto da ECO-92, no Rio de Janeiro – formalizou, enfim, um

protocolo de intenções no qual 84 países pretendiam reduzir suas emissões de

Gases de Efeito Estufa – GEE’s.

Como não poderia deixar de ser em um mercado economicamente

globalizado, surgiram empresas especializadas em produzir créditos de

carbono. De acordo com o Protocolo de Quioto, estas empresas podem ser

privadas, públicas ou mistas, desde que tenham como finalidade social o

seqüestro (a retirada) de gases poluentes da atmosfera (GRÜTTER & STAUB,

2002).

Diante da efetivação do Protocolo, metas de redução de gases foram

implantadas, algo em torno de 5,2% entre os anos de 2008 e 2012. Por sua

vez, as indústrias que conseguiram diminuir suas emissões abaixo das cotas

determinadas, poderiam vender o excedente de "redução de emissão" ou

"permissão de emissão" no mercado nacional ou internacional (C&T BRASIL,

2006).

As metas de redução de gases não são homogêneas a todos os países,

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colocando níveis diferenciados de redução para os 38 países que mais emitem

gases, o protocolo prevê ainda a diminuição da emissão de gases dos países

que compõe a União Européia em 8%, já os Estados Unidos em 7% e Japão

em 6%. Países em franco desenvolvimento como Brasil, México, Argentina,

Índia e principalmente a China, não receberam metas de redução, pelo menos

momentaneamente.

O Protocolo de Quioto não apenas discute e implanta medidas de

redução de gases, mas também incentiva e estabelece medidas com intuito de

substituir produtos oriundos do petróleo por outros que provocam menos

impacto. Diante das metas estabelecidas o maior emissor de gases do mundo,

Estados Unidos, se desligou em 2001 do protocolo, alegando que a redução

iria comprometer o desenvolvimento econômico do país.

Em 1990, surgiu o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança

Climática), primeiro mecanismo de caráter científico, tendo como intenção

alertar o mundo sobre o aquecimento do planeta , além disso, ficou constatado

que alterações climáticas são principalmente provocadas por CO2 (dióxido de

carbono) emitidos pela queima de combustíveis fósseis.

Em 1992, as discussões foram realizadas na Eco-92, que contou com a

participação de mais de 160 líderes de Estado que assinaram a Convenção

Marco Sobre Mudanças Climáticas. Na reunião, metas para que os países

industrializados permanecessem no ano de 2000 com os mesmos índices de

emissão do ano de 1990 foram estabelecidas. Nesse contexto as discussões

levaram à conclusão de que todos os países, independentemente de seu

tamanho, devem ter sua responsabilidade de conservação e preservação das

condições climáticas.

No ano de 1997, foi assinado na cidade japonesa o Protocolo de Quioto,

essa convenção serviu para firmar o compromisso, por parte dos países do

norte (desenvolvidos), em reduzir a emissão de gases. No entanto, não são

concretos os meios pelos quais serão colocadas em prática as medidas de

redução e se realmente todos envolvidos irão aderir.

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Em 2004 ocorreu uma reunião na Argentina que fez aumentar a pressão

para que se estabelecessem metas de redução na emissão de gases por parte

dos países em desenvolvimento até 2012. O ano que marcou o início efetivo do

Protocolo de Quioto foi 2005, vigorando a partir do mês de fevereiro. Com a

entrada em vigor do Protocolo de Quioto, cresceu a possibilidade do carbono

se tornar moeda de troca. O mercado de créditos de carbono pode aumentar

muito, pois países que assinaram o Protocolo podem comprar e vender

créditos de carbono.

4.2. Créditos de carbono

Os créditos de carbono são uma espécie de moeda que se podem obter

em negociações internacionais por países que ainda desconsideram o efeito

estufa e o aquecimento global. Esses são adquiridos por países que tem um

índice de emissão de CO2 reduzidos, através desses fecham negociações com

países poluidores. A quantidade de créditos de carbono recebida varia de

acordo com a quantidade de emissão de carbono reduzida. Para cada tonelada

reduzida de carbono o país recebe um crédito, o que também vale para a

redução do metano, só que neste caso o país recebe cerca de vinte e um

créditos.

Os países que mais negociam créditos de carbono são os países da

Europa e Japão que por liberarem pouco carbono acumulam grande

quantidade de créditos aumentando assim a renda do país, pois aliviam os

países que desconsideram o Protocolo de Quioto, estabelecido em 1997, e o

aquecimento global, que compram créditos como ocorre com os Estados

Unidos e com a Austrália, esses relacionam o acordo à diminuição do

desenvolvimento econômico.

Existem pessoas que discutem sobre este sistema de créditos de

carbono, pois julgam que este favorece o mercado e não propriamente o meio

ambiente como propõe. Também julgam que tal crédito dá aos países

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poluidores o direito de continuarem poluindo se pagarem pelos créditos que a

priori possui cota de compra limitada. Por outro lado, o sistema de crédito de

carbono dá aos países menos poluidores o incentivo para que continuem o

processo de valorizar o meio ambiente e em troca melhorar sua economia já

que este sistema é altamente rentável aos países que o adere.

4.3. MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Oriundo de uma proposta brasileira, o MDL é um instrumento multilateral

da implementação de atividades de projetos de redução de emissão de GEE ou

aumento de remoção de CO2, que ao contrário dos outros mecanismos de

flexibilização possibilita a participação dos países em desenvolvimento.

Foi criado na Conferência de Quioto, sendo um instrumento pelo qual os

países desenvolvidos podem investir em projetos em países em

desenvolvimento, com a promoção de seqüestro de carbono, contabilizando

redução em suas emissões.

Na prática, esse mecanismo permite uma ação coordenada entre os

países do Anexo I e as Partes do não Anexo em prol da redução líquida global

nas emissões dos gases de efeito estufa (GEE). Assim, através de

investimentos em projetos sustentáveis que resultem na redução e/ou aumento

da remoção destes gases nos países em desenvolvimento, os países que

ratificaram o Protocolo de Quioto podem contabilizar para si unidades de

redução da emissão dos GEE, ou crédito de carbono, para alcançar as metas

fixadas para 2008-2012.

Esse processo, num curto espaço de tempo, pode tornar-se oneroso.

Por tal motivo, com o apoio do MDL, os países do Anexo I poderão alcançar

sua meta de redução das emissões de gases de efeito estufa de uma maneira

mais econômica, visto que podem escolher o país hospedeiro que possui o

menor custo de implantação do projeto. Desta forma, ao mesmo tempo em que

obtém o crédito de carbono, também incentiva o desenvolvimento sustentável

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no país hospedeiro, mediante a inserção do apoio financeiro e o uso de

tecnologia limpa.

Lopes (2002) esclarece que vários agentes podem participar de uma

atividade de projeto do MDL, desde que sejam devidamente autorizados. Deste

modo, todos se beneficiarão por meio das atividades de projetos que resultem

em reduções certificadas de emissões, alcançando o objetivo maior da

Convenção que é o cumprimento de parte de seus compromissos quantificados

de limitação e redução de emissões.

4.4. Mercado de Carbono

Desde que tiveram início os debates e as negociações do Protocolo de

Quioto, uma série de instituições internacionais vem se dedicando a realizar

estudos e análises a respeito das questões econômico-financeiras envolvidas

na sua implementação.

A criação de um mercado de emissões é similar ao estabelecimento de

qualquer outro mercado de commodities. O desenvolvimento deste novo

mercado começa com o governo definindo a quantidade de emissão que pode

ser negociada. Um número correspondente de permissões é então colocada a

disposição dos agentes. Cada permissão irá definir “o direito de emitir uma

determinada quantidade de GEE em um determinado período de tempo”

(ROCHA, 2003).

As vantagens ambientais e econômicas do mercado de créditos de

carbono, tanto para o Brasil quanto para o mundo, se desenvolvem em

conjunto. Esse é, possivelmente, o grande diferencial do Protocolo de Quioto

em relação a outros programas ambientais, sejam globais ou bilaterais. De fato,

pela primeira vez na história humana, há uma ferramenta eficiente de

recuperação global do meio ambiente e desenvolvimento sustentável, e que

permite auferir lucros, ou ao menos reduzir custos.

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4.5. Agricultura Sustentável

A agricultura está diretamente relacionada à concentração atmosférica

de gases de efeito estufa atravées dos processos básicos que ocorrem no

sistema solo – planta. Os solos agrícolas podem atuar como fonte ou dreno

destes gases dependendo das práticas de manejo utilizadas (ESCOBAR,

2008). Para a economia como um todo, as emissões de CO2 são mais

importantes mas, no que diz respeito à agricultura, o mais importante é o N2O.

Autoridades agrícolas brasileiras têm promovido a intensificação da

produção da pecuária bovina como meio de desencorajar o desmatamento na

Amazônia e no Pantanal. A intensificação da pastagem é feita por meio da

aplicação de fertilizantes e de herbicidas, junto com o replante com variedades

mais produtivas de capim, melhoria genética dos rebanhos de gado e um

melhor regulamento das densidades de estocagem e dos cronogramas de

rotação.

Práticas intensivas de manejo que aumentam a absorção dos nutrientes,

além de elevar as produtividades, podem vir a ser a forma principal de se obter

reduções nas emissões de GEE em áreas agrícolas. Culturas com elevado

potencial de produtividade podem elevar o estoque de carbono do solo.

Os fatores de manejo da cultura, solo e fertilizantes que ajudam a

minimizar a emissão de GEE são: (1) escolha da combinação correta de

variedades ou híbridos adaptados, data de semeadura ou plantio e população

de plantas para maximizar a produção de biomassa das culturas; (2) manejo

adequado da água e do N, incluindo aplicações parceladas de N, visando a

utilização eficiente deste elemento, com oportunidades mínimas para emissão

de N2O; (3) manejo adequado dos resíduos vegetais de tal forma que se

favoreça o aumento da MOS, como resultado de elevadas quantidades de

resíduos restituídos ao solo (INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS, 2008)

A intensificação do manejo das pastagens amazônicas foi proposta para

seqüestrar carbono nos solos de superfície (BATJES & SOMBROEK, 1997),

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mas a efetividade de tais medidas depende muito das suposições sobre o uso

prévio da terra e o manejo subseqüente (FEARNSIDE & BARBOSA, 1998).

Mais importante, as verbas destinadas a mitigar o efeito estufa seriam muito

melhor gastas em medidas para reduzir a velocidade do desmatamento. Além

de ser o uso mais eficaz em termos de custo para mitigar mudanças climáticas,

também traria muitos benefícios adicionais oriundos da manutenção de

florestas intactas (FEARNSIDE, 1995).

4.6. Práticas de manejo no solo

Os solos são importante reservatório natural de carbono. Estima-se que

nos primeiros 100 cm de profundidade, estão armazenados 2200 Pg C,

correspondendo a aproximadamente 4 vezes o compartimento de C da

vegetação (BATJES, 1996).

O fluxo principal entre a atmosfera e os ecossistemas terrestres resulta

da absorção de CO2 pelas plantas através do processo de fotossíntese, e da

liberação de CO2 para atmosfera através do processo de respiração, Sendo

que este gás também é liberado para a atmosfera pelas queimadas (CAST,

2004)

As práticas de manejo nos solos agrícolas podem reduzir ou aumentar

o estoque de C do solo. Métodos de preparo, como aração e gradagem

promovem perdas de C por meio de vários mecanismos segundo BAYER et al

(2000), YOUNG & RITZ (2000); CERRI (2004); REICOSKY & ARCHER (2007):

• Fracionamento dos agregados do solo que protegem a matéria orgânica

da decomposição microbiana.

• Ao revolver o solo, aumenta a aeração que estimula a atividade

microbiana, resultando na liberação de grandes quantidades de CO2 e

outros gases à atmosfera.

• Incorporação de resíduos culturais que ao aumentar a área de contato,

facilita a atividade microbiana sobre os mesmo. Diminuindo a cobertura

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do solo, aumentando a temperatura e reduzindo a umidade do solo.

O preparo do solo pode ocasionar efeitos significativos nas emissões de

N2O do solo. Estudos conduzidos em climas tropical e temperado, têm

apresentado tendências de maiores emissões de N2O em solos sob plantio

direto do que em plantio convencional, o que está relacionado á condição de

maior compactação do solo não revolvido e que teria reflexo negativo na

difusão de O2 (LIU et al., 2007).

Campos (2006) em experimentos demonstraram que o solo sob plantio

direto com adição de residuos vegetais de leguminosas é uma prática

importante na mitigação das mudanças climáticas globais.

4.7 Plantio Direto

O plantio direto é uma técnica de cultivo conservacionista em que o

plantio é efetuado sem as etapas do preparo convencional da aração e da

gradagem. Nessa técnica, é necessário manter-se o solo sempre coberto por

plantas em desenvolvimento e por resíduos vegetais. Essa cobertura tem por

finalidade proteger o solo do impacto direto das gotas de chuva, do

escorrimento superficial e das erosões hídrica e eólica. O plantio direto pode

ser considerado como uma modalidade do cultivo mínimo, visto que o preparo

do solo limita-se ao sulco de semeadura, procedendo-se à semeadura, à

adubação e, eventualmente, à aplicação de herbicidas em uma única

operação.

O plantio direto ao permitir uma baixa mobilização do solo pode

aumentar os estoques de C do solo, evitando assim as altas taxas de

decomposição da matéria orgânica decorrentes dos preparos do solo. Este

sistema associado a rotação de culturas com alto aporte de resíduos vegetais

pode atuar como um dreno de CO2 atmosférico (BAYER, 2000).

A técnica de cultivo mínimo consiste em um preparo mínimo do solo: a

soqueira da cana-de-açúcar é eliminada com o uso de herbicida e, em seguida,

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é feita a sulcação do solo para o novo plantio, nas entrelinhas e linhas antigas.

Para a cana-de-açúcar, que permanece no mesmo local por vários anos sem

que haja movimentação do solo.

O Sistema de Plantio Direto (SPD) e a Integração Lavoura Pecuária

(ILP) são dois métodos diferenciados de fazer agricultura, considerados

altamente eficientes no seqüestro de carbono, essas ações de mitigação são

um diferencial que o País tem na questão das mudanças climáticas.

4.8 Sequestro de Carbono

O seqüestro de carbono refere-se a processos de absorção e

armazenamento de CO2 atmosférico, com intenção de minimizar seus impactos

no ambiente, já que trata-se de um gás de efeito estufa (GEE). A finalidade

desse processo é conter e reverter o acúmulo de CO2 atmosférico, visando a

diminuição do efeito estufa (RENNER, 2004).

O seqüestro de carbono florestal é uma alternativa viável para amenizar

o agravamento do processo de elevação da temperatura global, pelo aumento

de GEE. “Os vegetais, utilizando sua capacidade fotossintética, fixam o CO2

atmosférico, biossintetizando na forma de carboidratos, sendo por fim

depositados na parede celular” (RENNER, 2004).

Existe uma variação no custo de absorção de CO2 que estão associados

a diversos fatores como: diferenças regionais no clima, variações existentes na

qualidade do solo, diferenças no manejo, tempo para corte e tecnologias

utilizadas pelas empresas, diferenças administrativas das empresas e

diferenças metodológicas de aferição dos dados tabulados (RENNER, 2004).

Segundo Baird (2002) em lugar de ser liberado na atmosfera o CO2

poderá ser removido quimicamente dos gases de exaustão das usinas

termelétricas que queimam combustíveis fósseis. Em casos como esses, o

CO2 recuperado é armazenado em um local, evitando sua liberação para o ar.

Uma outra sugestão, por esse mesmo autor, para evitar a liberação de

CO2 na atmosfera envolve a criação de esferas sólidas gigantes de CO2 sólido,

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ou gelo-seco e seu posterior isolamento e estocagem abaixo de -79ºC.U uma

maneira de extrair o CO2 já presente na atmosfera e depositá-lo no fundo do

oceano é através da fertilização com ferro. Experimentos indicam que grande

parte dos mares apresenta carência de plânctons devido a falta de ferro, assim

a adição artificial de ferro em áreas como essas provocaria a proliferação de

plânctons, mobilizando o CO2 consumido na fotossíntese.

Segundo Abreu (2006) o crédito de carbono é negociado diferentemente

nas diversas bolsas ou leilões mundiais que formam o atual e complexo

mercado do carbono, mas em todos esses os créditos podem ser

comercializados conforme as regras de mercado futuro. Devido a inexistência

de uma regulamentação de preços, o que define o preço de cada crédito de

carbono é a característica do projeto executado e a bolsa na qual está sendo

comercializado.

Não basta a preocupação apenas com o sequestro de carbono, mas

também com a diminuição da produção de metano e N2O, devido a capacidade

de sequestrar carbono ser limitado, estabilizando essa atividade.

4.9 Uso de Fertilizantes

De forma crescente, a agricultura é vista como grande contribuidora para

as emissões de gases de efeito estufa (GEE), os quais normalmente

aumentam o potencial de aquecimento global (PAG), e o uso de fertilizantes

nitrogenados tem sido identificado como fator crucial neste processo. A

proporção de emissões de N2O de áreas cultivadas diretamente induzida por

fertilizantes é estimada em aproximadamente 23% no mundo todo.

Os solos é a maior fonte de N2O, sendo que as emissões antrópicas de

óxidos de N estão associadas com a adição de fertilizantes e aumento da

mineralização do N orgânico do solo em sistemas agrícolas (DUXBURY, 1995).

O N2O é produzido biologicamente em solos através de processos microbianos

de a nitrificação e desnitrificação (MOREIRA & SIQUEIRA, 2006).

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A nitrificação, é a oxidação de amônio para nitrito (NO2) e em seguida

nitrato (NO3). A desnitrificação é a redução microbiana do nitrato (NO3) ou

nitrito (NO2) a N gasoso, com NO e N2O sendo produzidos como compostos

intermediários dessa redução.

Os princípios do manejo adequado de fertilizantes baseiam - se na

utilização do produto correto, na dose certa, na época de aplicação adequada e

com a localização correta (ROBERTS, 2007). A maior parte dos estudos tem

demonstrado que condições do solo, como quantidade de água nos espaços

porosos, temperatura e disponibilidade de carbono solúvel, têm influência

dominante nas emissões de N2O.

O manejo inadequado de dose, fonte, época de aplicação e localização

do fertilizante nitrogenado e a ausência de um balanço adequado com outros

nutrientes podem intensificar as perdas de nitrogênio (N) e a emissão de N2O.

Quando o N é aplicado acima da dose adequada econômica, ou quando o N

disponível no solo (especialmente na forma de NO3-) excede a absorção pela

cultura, aumenta-se o risco de emissões de N2O.

As emissões de N2O provenientes da nitrificação tendem a ser maiores,

quando os solos apresentam adequadas condições de umidade (DUXBURY,

1995). A nitrificação é dependente da ciclagem de N dentro do sistema solo-

planta,e consequentemente, as emissões de N2O são maiores em florestas e

pastagens tropicais.

Altas taxas de emissão de N2O ocorrem quando o solo apresenta

grande parta da porosidade preenchida por água, o que dificulta a difusão de

O2 no solo e favorece a formação de ambientes anaeróbicos (DOBBIE &

SMITH, 2001).

Em solos agrícolas, a aplicação de adubos nitrogenados diminui a taxa

de oxidação de CH4 (MAJUMDAR & MITRA, 2004). O amônio atua como

inibidor da oxidação do CH4 no solo ao competir pela enzima mono-oxygenase,

encarregada de catalisar a oxidação de CH4 (BOECHX et al., 1997).

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Fertilizantes de maior eficiência agronômica (fertilizantes de liberação

lenta ou controlada e fertilizante nitrogenado estabilizado) têm sido

considerados como produtos que minimizam as perdas potenciais de nutrientes

para o ambiente, quando comparados com fertilizantes-padrões solúveis. Estes

podem levar a um aumento na recuperação pela cultura e diminuição nas

quantidades de N perdidas por lixiviação. Inibidores da urease ou de

nitrificação mostraram bom potencial de aumento na retenção no solo e

recuperação pelas plantas do N aplicado, mas pouco se sabe sobre seus

impactos nas reduções das emissões de N2O.

Como alternativa mais sustentável, pesquisadores oferecem a

consorciação de pastos ao invés da utilização de fertilizantes.

4.9.1. Reflorestamento

O desenvolvimento de novas tecnologias está diretamente ligado às

necessidades do Protocolo de Quioto. Intensos estudos, em diversos países,

buscam desenvolver fontes de energia renovável a custos viáveis, tais como a

biomassa, o biodiesel, o reuso de água, novas técnicas de uso do solo e o

desenvolvimento genético de plantas para reflorestamento.

As florestas são importantes para o equilíbrio do estoque de carbono

global, pois armazenam em suas árvores e no solo mais carbono do que o

existente atualmente na atmosfera. Se as florestas forem cortadas, a maior

parte do carbono guardado nas árvores será liberada para a atmosfera

rapidamente por meio de queimadas ou, mais lentamente, via decomposição

(HOUGHTON, 1994).

Com relação ao reflorestamento, os principais negócios de carbono

envolvem a substituição do carvão mineral e vegetal de madeira nativa por

carvão de florestas plantadas especificamente para este fim.

Há um duplo benefício ambiental nesse processo: além de evitar a

emissão de CO2 com partículas de mercúrio (o caso do carvão mineral), há,

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num primeiro momento, a apreensão de CO2 atmosférico nas plantas que, mais

tarde, servirá de combustível.

A indústria siderúrgica mundial tem adotado este modelo, pois, para

cada tonelada de ferro produzida com carvão de reflorestamento, há um ganho

ambiental de no mínimo 3 toneladas de CO2 em comparação ao uso de

combustíveis fósseis ou não renováveis (GRÜTTER & STAUB, 2002).

No Projeto Plantar 2004, para cada tonelada de madeira de

reflorestamento queimada é lançada uma tonelada de CO2, mas são

absorvidas, ao longo do crescimento das plantas, 3 toneladas desse GEE. É

gerado, portanto, um crédito de 2 toneladas de carbono para cada tonelada de

madeira derrubada (PROJETO PLANTAR, 2004).

4.9.2. A contribuição do etanol para a redução da emissão de GEE

O etanol é produzido, principalmente, a partir de fontes renováveis, por

meio da conversão de açúcares (cana-de-açúcar, beterraba, uvas etc.) ou de

carboidratos (milho, trigo, batata, mandioca etc.). No Brasil, o combustível é

produzido, exclusivamente, de cana-de-açúcar.

Com os avanços observados na área de biotecnologia, é provável que,

em menos de uma década, seja possível produzir etanol, em escala comercial

e a custos competitivos, a partir de materiais que contêm celulose e hemi-

celulose, como o bagaço e a palha da cana de açúcar, trazendo substancial

aumento à produtividade.

O etanol produzido e utilizado de acordo com as práticas adotadas no

Brasil é considerado, atualmente, uma das alternativas com melhor custo-

efetividade para a redução da emissão de CO2. Estimativa feita para 2003

indica que a substituição da gasolina pelo etanol no Brasil mais a substituição

do óleo combustível pelo bagaço na indústria da cana-de-açúcar evitaram a

emissão de 33,2 milhões de toneladas equivalentes de CO2.

Os principais fatores que tornam o etanol produzido no Brasil uma opção

viável para a mitigação dos GEE são: produção a partir da cana-de-açúcar,

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matéria- prima renovável, de crescimento rápido e de safra anual, com alto

poder de fixação de CO2 no ambiente por meio da fotossíntese; absorção,

durante o crescimento da cana-de-açúcar, por meio do processo de

fotossíntese, de quantidade de CO2 equivalente àquela gerada no ciclo de

produção-uso do etanol; é por isso que se diz que o balanço de carbono do

etanol é neutro. O carbono que é retirado do subsolo, na forma de gás natural e

derivados de petróleo, aumenta o estoque de carbono existente no ar ao ser

lançado na atmosfera; a emissão de CO2 pela combustão do etanol é menor

que a dos combustíveis fósseis (SZWARC, 2007).

Figura 3. Relação entre as emissões e unidade de produção de pecuária

de leite e carne.

5. PECUÁRIA SUSTENTÁVEL

A elevada competitividade e a importância do setor em âmbito mundial,

aliadas ao tamanho do rebanho bovino, chamam a atenção da comunidade

internacional, que passa a exigir práticas cada vez mais responsáveis do ponto

de vista ambiental e social.

A criação de gado no Brasil acontece majoritariamente de forma

extensiva, muitas vezes em áreas com pastagem degradada e, portanto, de

baixa produtividade. Esse fato possibilita à atividade uma grande oportunidade

de redução do impacto causado ao meio ambiente, uma vez que ações

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tomadas no sentido de melhorar o rendimento animal devem resultar em um

menor consumo de recursos naturais (ex. terra e água) e maior eficiência do

sistema digestivo animal.

Investir recursos público e privados em recuperação de pastagens e de

melhores tecnologias de manejo é a resposta mais eficaz para neutralizar os

impactos ambientais provocados pelas mudanças climáticas e os efeitos da

emissão dos GEE do rebanho bovino brasileiro.

Os problemas ambientais da pecuária de corte são de grande evidência

no Brasil em virtude do tamanho do rebanho nacional, ao redor de 180 milhões

de cabeças. As emissões de gases de efeito estufa do setor agropecuário são

responsáveis por 13,5% do total emitido, sendo a pecuária responsável por

dois terços desse montante.

No ano de 1994, para se produzir um litro de leite, foram emitidos

aproximadamente 80 kg de CH4, a produção de uma tonelada de carne

resultou na emissão de 1,3t de CH4, conforme Figura 3.

Para reduzir os impactos ambientais da pecuária da corte, o Cepea

sugere ações de melhoramento genético, como o desenvolvimento de raças

com melhor conversão alimentar, pois quanto mais peso o animal ganha com

menor ingestão de alimento, mais eficiente é a produção sob o ponto de vista

do metano. Mas, os melhores avanços na redução do impacto ambiental virão

da melhoria da alimentação e da eficiência do manejo do rebanho. (CEPEA,

2008).

A intensificação das pastagens e a recuperação de pastagens

degradadas são as melhores estratégias para aumentar a unidade animal por

hectare e a produtividade da atividade, reduzindo o impacto ambiental. O

coordenador do trabalho do Cepea, Sérgio De Zen, estima que de 30 a 70

milhões de hectares poderiam ser liberados para a produção agrícola caso as

pastagens sejam melhor manejadas. A pastagem pode estocar 16-32% mais C

que áreas nativas (Corazza et al, 1999).

A Figura 4 apresentada pelo Cepea mostra que as emissões líquidas da

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pecuária de corte podem ser substancialmente reduzidas pelo seqüestro de

carbono pelas pastagens.

A pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, Magda Lima, relata sobre

as principais fontes de gases do efeito estufa ligadas à produção agropecuária:

o CO2 (proveniente do desmatamento de florestas), o metano (proveniente da

fermentação entérica do rúmen dos bovinos e outros ruminantes) e o óxido

nitroso (proveniente das fezes e urina).

Figura 4. Emissões liquidas de gás carbonico na pecuária brasileira.

Todos estes gases contribuem para o aquecimento global, porém a

pesquisadora foi categórica ao dizer que existem alternativas para a redução

destes gases. De acordo com Magda, o cenário de evolução da produção de

gás metano no Brasil projetado até 2020 indica que, se algumas estratégias

forem adotadas visando uma pecuária mais sustentável haverá uma redução

sensível da emissão destes tipos de gases.

Dentre as estratégias citadas para esta redução estão as mudanças da

microflora do rúmen bovino e da dieta destes animais e a necessidade de

investimentos que viabilizem a recuperação de pastagens degradadas.

Assim, estudos mostram que o primeiro passo na tentativa de diminuir a

participação da bovinocultura no aquecimento da temperatura global seja o

aumento da produtividade, através do fornecimento de alimentos de melhor

qualidade. Apesar de o aumento das emissões diárias, essa ação diminuiria o

Emissões, seqüestro e balanço de carbono na pecuária

brasileira:

Emissão do gado + 1,18 Mg CO2 eq/ha/ano

Seqüestro por pastagens − 0,78 Mg CO2 eq/ha/ ano

Estimativa de Balanço = 0,40 Mg CO2 eq/ha/ anoFonte: CEPEA/USP (2008).

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tempo de vida de um animal e, segundo pesquisadores, poderia diminuir 10%

da emissão de metano por quilo e carne produzida.

Com isso, torna-se importante o incentivo à adoção de sistemas mais

intensivos de produção, podendo ser citados: melhoria de pastagens e

implantação do sistema rotativo; semi-confinamento e confinamento; e

sistemas alternativos como a integração lavoura-pecuária e sistemas

silvipastoris, a fim de desenvolver uma pecuária sustentável e promover a

intensificação sustentável da produção.

5.1 Técnicas para mensuração de metano ruminal

Para possibilitar o desenvolvimento de estratégias que reduzam a

emissão de CH4 pelos rebanhos, é necessário quantificar a emissão das várias

categorias animais sob as mais diferentes condições de manejo alimentar.

Existem muitas técnicas (mensuração em câmara fechada, equações de

predição e uso de gás traçador inerte) para quantificar a emissão individual ou

em grupo de CH4 ruminal.

5.1.1 Câmaras de respiração

Consiste em câmaras fechadas, onde um fluxo de ar conhecido passa

através da câmara contendo o animal, sendo coletada na saída a concentração

de gases (absorção de oxigênio, produção de CO2 e CH4), a diferença entre a

concentração de gases da entrada e da saída serve para gerarem a emissão

total de gases naquelas condições.

Esta técnica reduz a movimentação do animal durante a coleta de

dados, requer animais treinados, e altos dispêndios o que acaba por limitar o

número de animais avaliados.

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5.1.2 Equações de predição

Permitem calcular as emissões de CH4 através da distribuição molar dos

AGV. O balanço fermentativo tem sido usado extensivamente para predizer a

produção de CH4 provinda da conversão de carboidratos dietéticos em AGV

(CARMONA et al. 2005).

A metodologia proposta assume que todo o excesso de H2 é convertido

em CH4 e não existe H2 associado com a síntese de células microbianas e que

da fermentação de substratos não carboidratos não há produção de AVG.

Benchaar et al. (1998), ressaltam que as equações de predição da

produção de CH4 no ecossistema ruminal exigem informações do consumo de

matéria seca, composição química da dieta (incluindo solubilidade e taxa de

degradabilidade), taxa de passagem das frações sólidas e líquidas do rúmen,

volume ruminal e pH do fluído ruminal.

Estas técnicas são precisas, porém com capacidade limitada, úteis em

condições controladas, mas restritas em condições de campo.

Uma técnica usada para aferições da emissão de CH4, sem as limitações

encontradas em outras técnicas, em animais sob condições normais de pastejo

é a técnica de utilização de um gás traçador inerte o hexafluoreto de enxofre

(SF6).

5.1.3 Gás traçador hexafluoreto de enxofre (SF6)

A técnica do traçador hexafluoreto de enxofre (SF6), para determinação

de CH4 ruminal, foi desenvolvida por Kristen A. Johnson e Hal H. Westberg, na

Washington State University, em Pullman, Washington, EUA.

Esta técnica consiste no uso de uma pequena cápsula de permeação

com SF6, inserida no rúmen e com liberação conhecida. Um cabresto equipado

com tubo capilar é ajustado na cabeça do animal e conectado a uma canga

amostradora submetida previamente a uma bomba de vácuo. A válvula fixada

na canga é aberta, para iniciar a coleta do ar em torno do focinho e das narinas

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do animal, a uma taxa constante de aspiração (Figura 5). O sistema

amostrador é calibrado, para completar metade da capacidade de

armazenamento da canga amostradora, (0,5 atm), no período de coleta

predeterminado (normalmente 24 h). A regulagem do tempo de amostragem é

realizada variando-se o comprimento ou o diâmetro do tubo capilar. Após a

amostragem, a pressão na canga é medida precisamente, com medidor digital,

e a canga é pressurizada com nitrogênio de alta pureza para uma pressão

aproximada de 1,2 atm. Essa pressurização é necessária para a diluição das

amostras coletadas e sua injeção no equipamento de análise. As

concentrações de CH4 e de SF6 são determinadas por cromatografia gasosa. A

taxa de emissão de CH4 é calculada por:

QCH4= QSF6 x [CH4] / [SF6]

Onde:

QCH4: Taxa de emissão de CH4 em litros/hora;

QSF6: Taxa de liberação de SF6 conhecida no tubo capilar;

[CH4] e [SF6]: Concentração medida na canga.

Essa técnica elimina a necessidade de confinar os animais em gaiolas

ou câmaras barimétricas e permite que eles se desloquem e pastem

normalmente. Também não é necessário realizar amostragem no rúmen ou na

faringe do animal, porque o traçador acompanha as mudanças na diluição

associadas ao movimento da cabeça do animal ou do ar. Como os ruminantes

eructam e respiram a maior parte do CH4, a coleta de ar em torno do focinho e

das narinas deve resultar em estimativa precisa da produção de CH4 pelo

animal.

Os procedimentos e equipamentos necessários para a utilização desta

técnica estão mais detalhados em Primavesi et al. (2004).

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Figura 5. Animais equipados com cabresto, tubo capilar e outros

acessórios para mensuração do metano pela técnica gás traçador

hexafluoreto de enxofre (SF6)

5.2 Compostagem

A compostagem é um processo biológico, através do qual os

microrganismos convertem a parte orgânica dos resíduos sólidos urbanos

(RSU) num material estável tipo húmus, conhecido como composto. A

compostagem, embora seja um processo controlado, pode ser afetada por

diversos fatores físico-químicos que devem ser considerados, pois, para se

degradar a matéria orgânica existem vários tipos de sistemas utilizados.

Essa tecnologia é aprovada pela Convenção-Quadro das Nações

Unidas para as Mudanças Climáticas e, além de transformar “lixo” em

composto de altíssima qualidade em 8-10 semanas, contribui para reduzir

emissões de metano, um gás gerador de efeito estufa 21 vezes mais poderoso

que o CO2.

Compostagem pode se transformar em adubo e virar crédito de carbono,

a idéia é que futuramente, consiga créditos de carbono a partir do

reaproveitamento do lixo que é produzido.

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5.3 Reduzindo a produção de metano pelos bovinos através da

alimentação

O crescimento da produção animal tem aumentado a preocupação da

sociedade com os sistemas de produção agropecuária por potencialmente

contribuírem com o desflorestamento e incorporações como áreas de

pastagem. A adoção de sistemas mais intensivos, como os confinamentos,

aumenta bastante a produção de resíduos podendo levar a contaminação da

água e do solo. O metano, um subproduto anima da digestão de

ruminantes, que apresenta uma perda de energia potencialmente produtiva

para o animal, é um abundante gás presente na atmosfera terrestre com

significativa participação no efeito estufa.

A utilização de ionóforos reduz a metanogênese e aumentam a produção

de propionato, porém são recomendados cuidados na utilização, já que podem

diminuir a digestão da fibra e inibir o crescimento dos protozoários. A

metanogênese também pode ser reduzida pela adição de gordura ou ácidos

graxos de cadeia longa no rúmen.

A preocupação ambiental com o nitrogênio se deve às perdas por

volatilização como amônia e também a contaminação da água de superfície e

do subsolo pelo nitrato. Da mesma forma, o excesso de fósforo também pode

contaminar a água da superficie e o lençol freático.

O dióxido de carbono é considerado atualmente como o gás mais

importante a contribuir para o efeito estufa. Entretanto, o metano poderá tornar-

se o gás dominante nesse quesito: é abundante na atmosfera terrestre,

aproximadamente 30 vezes mais eficiente que o CO2 em reter o calor e cuja

concentração atmosférica tem aumentado rapidamente, como observado na

Figura 6.

O metano é um subproduto da digestão dos ruminantes e representa

uma perda de energia e produtividade para o animal. A magnitude desta perda

depende do tipo de dieta, mas usualmente considera-se que seja de ordem de

5-15% da energia bruta ingerida (CICERONE & OREMLAND, 1988).

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O aumento no desempenho dos rebanhos é uma medida de reduzir as

emissões, pois ocorre uma redução das e redução das emissões por unidade

de produto. Entretanto, algumas das formas de se aumentar a produtividade do

rebanho estão baseadas no aumento da ingestão de alimentos, podendo

concorrer para o aumento da emissão de metano. Pois, aumentado a ingestão

acima da manutenção pode aumentar proporcionalmente a produção de CH4.

Figura 6. Variações nas concentrações de metano na atmosfera. Fonte:

Manning et al., (1996).

Estudos demonstram que o decréscimo do pH ruminal tem grande

impacto sobre a redução na produção de CH4. Porém, a digestão da fibra no

rúmen é diminuída com essa queda, devido as bactérias celulolíticas ruminais

serem sensíveis a pH abaixo de 6,2 (OWENS et al., 1994). Assim, devem-se

evitar estratégias para reduzir metanogenese que impliquem em redução na

digestão da fibra.

Sabe-se que a utilização de ionóforos reduz a metanogênese, porém

Armstrong e Spears (1988) ressaltam que os ionóforos podem ser absorvidos e

metabolizados pelos animais podendo permanecer na carne ou ser transferido

par o leite e como tal, tanto o metabolismo dos animais hospedeiros como do

homem pode ser afetado.

Já a preocupação ambiental com o nitrogênio é devido as perdas por

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volatilização como amônia. Grandes quantidades de N são trazidos para os

sistemas de produção de carne, principalmente nos confinamentos. Para

melhorar a eficiência do uso, um plano de manejo de nutrientes deve ser

desenvolvido para que possa determinar o movimento e quantidade de

nutrientes no sistema; tempo de aplicação para fertilizantes e estercos

conforme as exigências das culturas, e definição de culturas para esquema

rotacional que propicie a produção de alimentos de qualidade, melhorando a

reciclagem e reduzindo perdas por erosão (KLAUSNER, 1993).

No esterco, o N está presente principalmente na forma de amônia ou de

N orgânico, este é oriundo de alimentos não digeridos no trato digestivo. A

maioria dos dejetos bovinos fornece quantidade insuficiente de ácido para

converter NH3 para NH4 e isto libera grandes quantidades de NH3 para

atmosfera (VAN HORN et al., 1994). A NH3 é atribuída uma grande contribuição

para chuva acida (TAMMINGA, 1996).

O recomendado é que se faça um ajuste na porcentagem de proteína da

ração, conforme recomendações do NRC (2001), que diminui os níveis de

proteína da ração com aproximação da maturidade, sem ocasionar em perdas

demasiadas, tanto ambientais como economicamente.

6. CONCLUSÕES

O aquecimento global impõe diversas modificações ao cotidiano dos

seres humanos. Muitos dos problemas ambientais ocasionados pelos

aumentos das temperaturas medias globais ainda são desconhecidos, porem já

são previstos e a probabilidade de que se confirmem aumenta a medida que a

temperatura também se eleva.

Desta foram, a implantação de atividades econômicas que se

enquadram na categoria para otimizadoras os efeitos de gases é vista como

uma possibilidade de conciliação entre o crescimento econômico e a garantia

de condições de habitação terrestre. Apesar da complexidade e as dúvidas

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que o cercam, o mercado de carbono é uma realidade mundial. Assim, pode-se

considerar que o Protocolo de Quioto vem atendendo as expectativas

internacionais, sendo considerado um sistema político que visa a questão da

mudança no clima. Por meio de seus mecanismos de flexibilização, em

especial o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, muitos países e/ou

empresas estão se adequando as exigências que regem o Protocolo.

Investir num projeto de mitigação é muito oneroso, entretanto o MDL

permite que os mecanismos de mercado funcionem e reduzam os custos com

a implantação das atividades de mitigação. Desta forma, o projeto passa a ser

viável. E para ter custos cada vez menores, os países hospedeiros têm que

oferecer muitas garantias econômicas, financeiras e sociais, além de

possibilitar a comercialização dos créditos de carbono excedentes nas suas

respectivas Bolsas de Crédito de Carbono, transformando-os em divisas.

Todavia, independentemente dos benefícios ambientais e econômicos

gerados pelo crédito de carbono, é inegável que o Protocolo de Quioto vem

possibilitando uma reflexão ambiental mundial pela redução das emissões

antrópicas dos GEE e transformação do atual sistema de produção para

alcançar o desenvolvimento sustentável. Logo, a “obrigação” aos países

signatários em reduzir as emissões de dióxido de carbono, principalmente,

através da implementação de atividades de substituição energética fóssil, não

pode ser visualizada como um fim, mas como o primeiro passo rumo a

mitigação das emissões antrópicas de gases de efeito estufa,

podendo ser aprimorada para alcançar futuras metas globais.

As discussões sobre as emissões de GEE aumentam a necessidade de

manejo correto de fertilizantes no sistema de cultivo. Como em todas as

práticas de manejo de fertilizantes, aquelas selecionadas necessitam ser

avaliadas no contexto da mitigação das emissões dos GEE em relação ao resto

do sistema de cultivo.

A combinação adequada de fonte, dose, época de aplicação e

localização de fertilizantes que leva à otimização da produtividade das culturas

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minimiza ao mesmo tempo o PAG por unidade de produção e reduz a

necessidade de se converter áreas silvestres em agricultura.

Práticas intensivas de manejo que aumentam a absorção dos nutrientes,

além de elevar as produtividades, podem ser a forma principal de se obter

reduções nas emissões de GEE em áreas agrícolas.

Práticas adequadas de fertilização do solo e nutrição animal que

minimizem as perdas de nutrientes são condições fundamentais para

sustentabilidade dos sistemas de produção de bovinos de corte nas condições

brasileiras.

Os agentes envolvidos no estabelecimento e condução dos sistemas de

produção animal devem preocupar-se em adotar técnicas e procedimentos que

maximizem o desempenho animal, porém, minimizando a excreção de

nutrientes. Deve-se ter consciência de que os recursos naturais são finitos e

que não devemos ser egoístas ao ponto de comprometermos sua utilização

pelas próximas gerações.

Para reduzir os impactos ambientais da pecuária da corte, sugere ações

de melhoramento genético, como o desenvolvimento de raças com melhor

conversão alimentar, pois quanto mais peso o animal ganha com menor

ingestão de alimento, mais eficiente é a produção sob o ponto de vista do

metano. Mas, os melhores avanços na redução do impacto ambiental virão da

melhoria da alimentação e da eficiência do manejo do rebanho.

Apesar de grande emissora, a pecuária mostra ter um grande potencial

de seqüestro de carbono, através de pastagens bem manejadas O

investimento em pastagem poderia aumentar o rendimento animal e melhorar o

trato digestivo animal, reduzindo assim a quantidade de GEE emitidos por quilo

de carne produzida, tornando assim, a pecuária uma atividade sustentável.

Investir recursos públicos e privados em recuperação de pastagens e

adoção de melhores tecnologias de manejo é a resposta mais eficaz para

neutralizar os impactos ambientais da atividades. Boa parte destas

externalidades pode ser resolvida com a simples prática de melhoria de

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Vieira et al., 2010 Práticas de manejo para minimizar a emissão de gases

de efeito estufa associadas ou não ao uso de fertilizantes.

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Animal Sustentável.

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pastagens e de técnicas de manejo. As emissões de GEE deve se manter

constante nos próximos 15 anos, caso seja adotadas políticas de melhoria da

produção, esse cenário pode apresentar melhorias.

A neutralização das emissões dos gases de efeito estufa representa

uma atitude pró-ativa na mudança do clima, atribuindo responsabilidade ao

poder público, indivíduo e empresas, sinalizando

uma imprescindível mudança nos padrões atuais de consumo e produção.

Além dos ganhos ambientais, a neutralização pode proporcionar novos

negócios, como fonte de emprego e renda, paralelamente com um processo de

conscientização das partes envolvidas na promoção do uso racional dos

recursos.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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