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 3 DESENVOLVIMENTO 2.1 Antígenos eritrocitários Os antí ge nos são subsncias capa ze s de induzir uma resposta imun e humoral ou celular, os de origem eritrocitária são herdados geneticamente e sofrem uma variabilidade que ocorre nos componentes da membrana celular: proteínas, glicoproteínas ou glicolipídeos (OLIVEIRA, 2003). Em diversos sistemas, os antígenos são codificados pelos próprios genes. Outros que são compostos por carboidratos, o gene codifica uma enzima com atividade transferase (ZAGO et al., 2004). Os antígenos eritrocitários podem ativar a formação de anticorpos, contudo deve-se verificar a conformação química (carboidratos ou proteínas), número e localização na membrana da hemácia (NETO, 1998). São conhecidos 250 antígenos eritrocitários distribuídos em 29 sistemas de grupos sanguíneos, de acordo com a nomenclatura da Sociedade Internacional de Transfusão Sanguínea (ISBT) (CASTILHO; JÚNIOR, 2004). Segundo Bonifácio e Novaretti (2009), os antígenos podem ser classificados de acordo com su as fu õe s biol óg icas qu e sã o: estruturai s, tr an sp orte, receptores/moléculas de adesão, enzimática, complemento, proteínas regulatórias e outras, o antígeno pode apresentar mais que uma função. • Função estrutural Sistema de Grupo Sanguíneo Gerbich – possui uma proteína responsável em manter a estrutura eritrocitária, na manutenção da forma celular e na estabilidade mecânica da membrana. • Função estrutural e transporte Sistema de Grupo Sanguíneo Diego – dentre as funções de sua proteína a banda 3, podemos ci tar qu e au xi lia na ancorage m pa ra o ci to esqu elet o da membrana através de intera ções com as proteína s de membrana periféricas anquirina, auxilia na troca de íons, pode modificar a forma dos eritrócitos quando alterada.

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3 DESENVOLVIMENTO

2.1 Antígenos eritrocitários

Os antígenos são substâncias capazes de induzir uma resposta imune

humoral ou celular, os de origem eritrocitária são herdados geneticamente e sofrem

uma variabilidade que ocorre nos componentes da membrana celular: proteínas,

glicoproteínas ou glicolipídeos (OLIVEIRA, 2003).

Em diversos sistemas, os antígenos são codificados pelos próprios genes.

Outros que são compostos por carboidratos, o gene codifica uma enzima com

atividade transferase (ZAGO et al., 2004).

Os antígenos eritrocitários podem ativar a formação de anticorpos, contudo

deve-se verificar a conformação química (carboidratos ou proteínas), número e

localização na membrana da hemácia (NETO, 1998).

São conhecidos 250 antígenos eritrocitários distribuídos em 29 sistemas de

grupos sanguíneos, de acordo com a nomenclatura da Sociedade Internacional de

Transfusão Sanguínea (ISBT) (CASTILHO; JÚNIOR, 2004).

Segundo Bonifácio e Novaretti (2009), os antígenos podem ser classificados

de acordo com suas funções biológicas que são: estruturais, transporte,

receptores/moléculas de adesão, enzimática, complemento, proteínas regulatórias e

outras, o antígeno pode apresentar mais que uma função.

• Função estrutural

Sistema de Grupo Sanguíneo Gerbich – possui uma proteína responsável emmanter a estrutura eritrocitária, na manutenção da forma celular e na estabilidade

mecânica da membrana.

• Função estrutural e transporte

Sistema de Grupo Sanguíneo Diego – dentre as funções de sua proteína a

banda 3, podemos citar que auxilia na ancoragem para o citoesqueleto da

membrana através de interações com as proteínas de membrana periféricas

anquirina, auxilia na troca de íons, pode modificar a forma dos eritrócitos quandoalterada.

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Sistema de Grupo Sanguíneo Rh – as proteínas RhD e RhCE atravessam a

barreira eritrocitária e tem similaridade com proteínas que realizam o transporte de

amônia.

Sistema de Grupo Sanguíneo Kx – a proteína XK está ligada à glicoproteína

Kell, formando um complexo que afeta suas expressões reciprocamente. A ausência

desta pode ocasionar um quadro de alterações neurológicas levando a arreflexia e

movimentos coreiformes.

• Função de transporte

Sistema de Grupo Sanguíneo Kidd – a glicoproteína Kidd tem a função de

transportar uréia.

Sistema de Grupo Sanguíneo Colton – a proteína AQP1 tem a função de

facilitar a reidratação dos eritrócitos.

Sistema de Grupo Sanguíneo GIL – a proteína AQP3 realiza o transporte

seletivo de uréia e glicerol em adição a água.

• Função de receptor/adesão

Sistema de Grupo Sanguíneo Duffy – a função da glicoproteína Duffy éreceptora de citoquinas nos eritrócitos.

Sistema de Grupo Sanguíneo Gerbich – a proteína glicoforina C é receptora

do parasita Plasmodium falciparum, faz a ligação nos eritrócitos humanos.

Sistema de Grupo Sanguíneo MNS – as glicoforinas GPA e GPB previnem a

aglutinação espontânea dos eritrócitos.

Sistema de Grupo Sanguíneo Indian – a glicoproteína CD44 tem diversasfunções, como a adesão de leucócitos às células endoteliais, na resposta a

estímulos imunológicos e participam da ativação das células T e B.

Sistema de Grupo Sanguíneo Xg – a função da glicoproteína CD99, está

presente na adesão e na diferenciação de células hematopoéticas, nos eritrócitos

sua função é desconhecida.

Sistema de Grupo Sanguíneo Scianna – a proteína está associada à

membrana eritrocitária (ERMAP), como receptora e transdutora de sinais para

células eritróides.

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Sistema de grupo Sanguíneo Lutheran – as glicoproteínas Lu/B-CAM são

receptoras para laminina. Foram feitos estudos onde se observaram que estas

  juntas com outras proteínas receptoras de adesão podem estar envolvidas na

metástase tumoral.

Sistema de Grupo Sanguíneo LW – a função da glicoproteína LW é participar 

na adesão dos eritrócitos durante a hematopoiese e em doenças vasculares.

Sistema de Grupo Sanguíneo Ok – a glicoproteína Ok tem sua função

desconhecida nos eritrócitos, todavia sequências homólogas conservadas dentro do

domínio citoplasmático sugerem que seja um transdutor de sinais

intercelular/intracelular.Sistema de Grupo Sanguíneo JMH – a glicoproteína semaforina 7A tem

participação no crescimento do axônico e na ativação de macrófagos e monócitos,

sua função é desconhecida nos eritrócitos.

• Função enzimática

Sistema de Grupo Sanguíneo Kell – a glicoproteína Kellpode estar envolvida

na regulação do tono vascular.

Sistema de Grupo Sanguíneo Yt – a proteína acetilcolinesterase tem sua

função desconhecida nos eritrócitos, porém nas junções neuromusculares sua

função de regulação de acetilcolina tem sido bem explorada.

Sistema de Grupo Sanguíneo Dombrock – a glicoproteína dombrock não

demonstra atividade enzimática nos eritrócitos.

• Elementos do Complemento

Sistema de Grupo Sanguíneo Chido/Rodgers – a C4B possui maior interação

na ligação com os eritrócitos, causando hemólise

Sistema de Grupo Sanguíneo Cromer – a função da glicoproteína DAF é

auxiliar na proteção dos eritrócitos de lise por complemento.

Sistema de Grupo Sanguíneo Knops – os eritrócitos são protegidos pelo

receptor do complemento 1 da auto-hemólise por inibição das vias clássicas e

alternativas do complemento.

• Outras

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Sistema de Grupo Sanguíneo ABO – na transfusão é importante, porém não

têm a fisiologia elucidada.

Sistema de Grupo Sanguíneo Lewis – a interação de duas fucosiltransferasesdiferentes determina sua expressão.

Sistema de Grupo Sanguíneo Globosídeo – em crianças e adultos normais o

eritrovírus infeccioso B19 causa eritema.

Sistema de Grupo Sanguíneo Raph – a glicoproteína CD151 tem a função

limitada no cérebro, ouvido interno e possivelmente na eritropoiese.

2.2 Sistema ABO

O sistema ABO foi descoberto por Landsteiner em 1900, sendo que a partir 

da publicação de seus experimentos foi possível a divisão da população em grupos

sanguíneos sendo classificados em três grupos, nomeados por A, B e O de

conformidade com a presença ou ausência dos antígenos (aglutinogênios) A e B nas

hemácias e dos anticorpos (aglutininas) naturais anti-A e anti-B no soro, passando a

ser aplicado em 1901 (BORGES-OSÓRIO e ROBINSON, 2007).

Neste sentido é fundamental citar que os anticorpos naturais (anti-A e anti-B)

do sistema ABO são produzidos pelo organismo após o nascimento, a partir do

terceiro mês de idade; sendo encontrado em maior concentração no sangue do

cordão umbilical, o que leva a considerar que este tem origem no sangue materno.

Assim após este período o anticorpos do sistema ABO aumenta, atingindo seu

máximo na adolescência. O período de desenvolvimento entre o nascimento e a

primeira infância é denominado de competência imunológica (BORGES-OSÓRIO e

ROBINSON, 2007).

Bendicho (2004) menciona que um ano depois, Decastello e Starli

estabeleceram a existência de um quarto grupo, menos comum, que recebeu o

nome de AB. A nomenclatura de Landsteiner foi oficialmente reconhecida pela

Comissão de Saúde da Liga das Nações, em 1928, para os quatro grupos

fundamentais, e é, atualmente, de uso geral.

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Quadro 01. Classificação dos quatro grupos

Tipo de sangue Aglutinogênio (hemácias) Aglutinina (plasma)

A A Anti-B

B B Anti-A

AB A e B -

O - Anti-A e Anti-B

Neste sentido é importante destacar que a presença dos genes que codificam

o sistema ABO estão localizados no cromossomo 9q34.1, enquanto que o lócus H

está no cromossomo 19q13.3 (MATTOS et al, 2001).

Segundo Borges-Osório e Robinson (2007) complementam que os genes

responsáveis pela determinação dos antígenos do sistema ABO possuem três (03)

alelos: A, B, O (alelos múltiplos), sendo os genes A e B dominantes e o alelo O

recessivo. Desta forma, tem-se o seguinte:

Quadro 02. Alelos do Sistema ABO

Grupo Sangüíneo Genótipo

A IAIA IAiB IBIB IBi

AB IAIBO ii

Fonte: http://www.biomania.com.br/bio/conteudo.asp?cod=1216

Para Yamamoto (2000) Landsteiner criou uma base científica para nortear a

prática da transfusão de sangue, quando identificou que a aglutinação das células

vermelhas pelo soro permitiu o reconhecimento dos grupos sanguíneos

2.2.1 Biossíntese

 

A partir da descoberta de Landsteiner dos grupos sanguíneos se conseguiu

grandes avanços químicos, onde aumentaram as possibilidades de identificar e

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reconhecer as estruturas dos antígenos A, B e H, além das informações químicas

combinadas a partir da avaliação sorológica e genética. Os dados de grupos

sanguíneos têm provido inúmeros estudos e com isso pode-se entender melhor o

papel dos genes nos grupos sanguíneos em relação a determinantes sorológicos.

Verificou-se que o material é composto de esfingosina, ácidos gordurosos e

açúcares fucose, galactose, glucose e N-acetilgalactosamina. Identifica-se que a

atividade glicolipídica ocorre a partir da adição da N-acetilgalactosamina. Outra

descoberta foi sobre a atividade das substâncias derivadas do eritrócito do grupo A,

B ou O, que constituem 40% e 50% de carboidratos, e destes, a fucose representa

entre 10 e 20% de cada substância encontrada nesta estrutura (BORGES-OSÓRIO

e ROBINSON, 2007).

Outro aspecto importante foi a observação da forma como esses

aglutinogênios são herdados, o que permitiu que as pessoas possam não possuir 

nenhum deles em suas células, ter apenas um ou até terem ambos de forma

simultânea (GUYTON e HALL, 2011).

Depreende-se que a formação dos grupos sanguíneos a partir dos genes

pode ser descrito da seguinte maneira: gene H (HH) homozigose ou (Hh)

heterozigose determina a produção da enzima Htransferase que permite a adição de

L-fucose à D-galactose terminal da glicoproteína, convertendo-a em substância ou

antígeno H (BORGES-OSÓRIO e ROBINSON, 2007).

Segundo Olsson e Chester (2001) as transferases A e B possuem estruturas

similares entre si, sendo que sua especificidade é determinada pelos aminoácidos

localizados junto ao sítio de ligação da enzima ao seu respectivo açúcar.

É importante salientar, ainda, que o antígeno H é um carboidrato produzidopela ação da enzima a-2-L-fucosiltransferase sendo codificada no locus FUT1 do

cromossomo 19, na posição q13.3, ou seja, se apresenta geneticamente

independente do locus ABO (LEE e RELD, 2000).

As glicosiltransferases são enzimas que catalisam as reações de

transglicolização entre o substrato aceptor e o açúcar receptor. Esta ação dependem

de sua estrutura conformacional, onde irá permitir ou não que ocorra a ligação ao

substrato. Deste modo a atividade das glicosiltransferases dos antígenos A e Bpodem variar entre os diversos subgrupos do sistema ABO. Verifica-se que sua

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heterogeneidade se confirma, e suas diferenças podem refletir sobre a composição

bioquímica dos antígenos produzidos (BARJAS-CASTRO et al., 2000).

Yamamoto (2000) menciona que o grupo sangüíneo AB apresenta atividade

das duas transferases (A e B), enquanto o grupo O não possui as transferases A e

B, porém tem o antígeno H em grande quantidade na superfície das hemácias.

O antígeno H surge como sendo uma substância fundamental para que sejam

produzidos os antígenos A e B. O gene A determina a produção de uma enzima N-

acetil-D-galactosamil-transferase que é a responsável pela ligação da

Nacetilgalactosamina à D-galactose. O gene B determina a produção da D-

galactosil-transferase que catalisa a ligação de uma D-galactose à D-galactoseterminal que se mantém ligada à fucose, formando o grupo B. Deste modo a pessoa

do grupo AB precisa dos genes H, A e B (BATISSOCO e NOVARETTI, 2003).

Bendicho (2004) destaca que os antígenos A, B e H não são confinados à

membrana das hemácias, desta forma mesmo estando ausente no tecido conjuntivo

e nas células musculares, estão presentes configurando como sendo componentes

da superfície das células epiteliais e virtualmente das células endoteliais que

também são abundantes em muitas secreções, como saliva, suco gástrico,secreções pancreáticas, suor, mecônio, mucina do cisto ovariano etc. Assim as

pessoas que produzem antígeno em outros tecidos são chamadas de secretoras e

esta característica é transmitida geneticamente. A presença de A, B, e H em

secreções é controlada pelos alelos SESE ou Sese, secretores, e não secretor sese.

Cerca de 80% das pessoas são secretoras e 20% não secretoras.

É importante notar que os Indivíduos de todos os grupos sanguíneos A, B, AB

e O, geralmente possuem o antígeno H, sendo o precursor dos antígenos A e B.Porém existem pessoas que possuem deficiência do antígeno H, sendo conhecidas

como Bombay. Estes indivíduos se dividem em dois grupos, o primeiro composto por 

pessoas que não expressam o antígeno H, por terem genótipo hh (recessivo), neste

caso estes não apresentam os antígenos ABO na membrana eritrocitária, mas se

estes forem secretores (genótipo SeSe ou Sese), o fenótipo ABO pode ser 

determinado por meio da identificação das enzimas A e/ou B, responsáveis pela

produção dos antígenos A e B, que representam o grupo H null ou H nulo. Nosegundo grupo é formado por indivíduos que tem o genótipo hh-sese, que não

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expressam antígenos ABH nem nos eritrócitos, reconhecidos como sendo Bombay

clássicos. Nestes dois grupos podem ter a presença do anticorpo anti-H. Nos

indivíduos não secretores (sese), este anticorpo surge como aglutininas frias, sem

importância transfusional. Já nos indivíduos secretores (SeSe ou Sese), o anticorpo

é ativo a 37ºC, possui efeito hemolisante que é um elemento extremamente perigoso

em transfusões (COZAC, 2007).

Lorenzi (2006) destaca que a ocorrência do alelo H se apresenta

extremamente elevada na população, já os indivíduos com genótipo hh são muito

raros.

Depreende-se, ainda, que os indivíduos com os fenótipos A, B, e ABexpressam glicosiltransferases específicas que convertem o antígeno H em A ou B,

mas aqueles com o fenótipo O são incapazes de modificar a estrutura desse

antígeno (MATTOS et al., 2001).

2.2.2 Anticorpos do Sistema ABO

Gambero et al. (2004) evidenciam que os anticorpos do Sistema ABO estão

presentes nos soros dos indivíduos, se apresentando contra os antígenos A e/ou B

que permanecem ausentes nas hemácias Assim afirmam que geralmente os dois

tipos de anticorpos no sistema sanguíneo ABO: os de ocorrência natural e os

imunes.

É importante considerar que os anticorpos naturais surgem no soro entre três

a seis meses após o nascimento, porém sua produção máxima se dá entre cinco a

dez anos, sendo que após os 65 anos o título desses anticorpos diminui de forma

acentuada (GIRELLO e KÜHN, 2000).

O surgimento desses anticorpos pode ser explicado pela presença de

estímulos passivos, em especial os ocorridos na flora bacteriana intestinal, pois está

repleto de bactérias saprófitas cujas membranas celulares açúcares são

semelhantes aos açúcares encontrados nos antígenos A e B (GAMBERO et al,

2004).

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Deste modo estas bactérias, assim como outras substâncias presentes na

natureza (poeira, pólen, alimentos, etc), podem estimular a formação dos anticorpos

anti-A e/ou anti-B, que passam a ser classificados, portanto, como naturais e

regulares (GIRELLO e KÜHN, 2000).

Esses anticorpos naturais são resultantes da mistura com maior quantidade

de imunoglobulinas da classe M (IgM) do que imunoglobulinas da classe G (IgG). Os

anticorpos ativos a 4ºC não atravessam a barreira placentária e são hábeis em ativar 

o sistema complemento (ABBAS et al, 2000).

Os indivíduos pertencentes aos grupos A ou B normalmente produzem

apenas anticorpos da classe IgM, enquanto as pessoas do grupo O produzem IgM eIgG naturais (BATISSOCO e NOVARETTI, 2003).

Os anticorpos ABO naturais reagem melhor em baixas temperaturas (4ºC),

enquanto os imunes reagem de 4ºC a 37ºC (MELO, 2007).

Segundo afirma Lorenzi (2006) os anticorpos ABO podem ser imunes e

surgem através de estímulos em duas vias: heteroimunização (substâncias de

origem animal ou bacteriana) e aloimunização (gravidez ou transfusão sanguínea

incompatível), sendo que tais anticorpos, na sua maioria, são da classe IgG.

A maioria das hemolisinas é da classe IgG, sendo ativas a 37ºC, possuindo a

capacidade de ativar o sistema complemento e atravessar a placenta, portanto,

podem causar a doença hemolítica do recém-nascido (DHRN). Os anticorpos anti-A

e anti-B dos indivíduos B e A, respectivamente, são em sua maioria de classe IgM e,

em pequena quantidade, da classe IgG. Os anticorpos anti-A e anti-B de indivíduos

de grupo O são da classe IgG e podem estar presentes em altos títulos. Recém-

nascidos, filhos de mães O têm, portanto, maior chance de desenvolver DHRN por 

incompatibilidade pelo sistema ABO (GIRELLO e KÜHN, 2000).

O indivíduo de grupo O tem seu soro/plasma anticorpos anti-A, anti-B. Se

esse indivíduo doar sangue para outro indivíduo não-isogrupo, ainda que seja,

concentrado de hemácias certa quantidade de plasma sempre se manterá presente.

Se o título das aglutininas for elevado (superior a 1/100 no chamado doador O

perigoso), poderá ocorrer reação transfusional. Devido à presença regular desses

anticorpos naturais hemolíticos no sistema ABO, é regra básica não transfundir 

hemácias portadoras de antígenos que possam ser reconhecidos pelos anticorpos

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do receptor. Assim, devem ser realizadas, sempre que possível, transfusões de

isogrupos (doador e receptor de mesmo grupo sangüíneo) e, quando estas não

forem possíveis, realizar transfusões de heterogrupos (doador e receptor de grupos

sangüíneos diferentes) respeitando o esquema clássico de compatibilidade e plasma

isogrupo do receptor (QUINTAL et al, 2003).