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BR01B0863 •MUI. —' -. MARCELO TATIT SAPIENZA INIS-BR-3800 Avaliação de atividade inflamatória em osteomielite crônica. Contribuição da cintilografia com anticorpos policlonais. Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Medicina. Área de concentração: Radiologia Orientador: Prof. Dr. Fausto Hironaka São Paulo 1996 32/ 06 Fac. Medicina da USP J Biolioteca Central j

2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

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Page 1: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

BR01B0863• M U I . —' - .

MARCELO TATIT SAPIENZA INIS-BR-3800

Avaliação de atividadeinflamatória em osteomielite

crônica. Contribuição dacintilografia com anticorpos

policlonais.

Dissertação apresentada à Faculdade deMedicina da Universidade de São Paulo,para obtenção do título de Mestre emMedicina.

Área de concentração: Radiologia

Orientador: Prof. Dr. Fausto Hironaka

São Paulo

1996

3 2 / 06Fac. Medicina da USP J

Biolioteca Central j

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MARIA APARECIDA O£ I . CASTRO SAHT088tbi. Sup4fv. S».tã9 • eft:><*2i24

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FICHA CATALOGRAFICAPreparada pela Biblioteca da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Saplenza, Marcelo TatitAvaliação de atividade lnflamatória em osteomlelite

crônica : contribuição da cintllografia com anticorpospoliclonais / Marcelo Tatit Sapienza. — São Paulo,1996.

Dissertação (mestrado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Departamento de Radiologia.

Ãrea de concentração: Radiologia.Orientador: Fausto Hironaka.

Descritores: l.OSXEOMIELITE/cintilografla 2.ANTI-CORPOS/uso diagnóstico 3.DIF0SF0NAT0S/uso diagnóstico4.GÃ"LI0/uso diagnóstico 5.SENSIBILIDADE E ESPECIFICI-DADE

USP/FM/SBD-15/96

Page 4: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

Agradecimentos

Agradeço ao Dr. Fausto Hironaka pela orientação e discussões que

guiaram a realização deste trabalho; à Dra. Ana Lúcia Lei Munhoz Lima

do Instituto de Ortopedia do HCFMUSP pela avaliação e

acompanhamento clínico dos pacientes e à Dra. Lilian Yuri Itaya Yamaga

do Centro de Medicina Nuclear da FMUSP pela análise das cintilografias.

Obrigado às Dras. Marília M. S. Marone e Irene Shimura do

Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Samaritano por ajudarem na

revisão do texto e das cintilografias discordantes e aòs.Drs. Nairn Sauaia

e José Eluf Neto do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP

pela colaboração na análise estatística.

Agradeço ao Dr. Marcelo Livorsi da Cunha da UNICAMP pelo

impulso inicial dado a este estudo e às Dras. Elena Hamada e Helena

Okada (que infelizmente não acompanhou o final deste trabalho) do

IPEN, que marcaram e forneceram os anticorpos policlonais utilizados.

Obrigado a todos do Centro de Medicina Nuclear da FMUSP,

especialmente às técnicas Ivani Bortoleti e Maria de Lourdes Oliveira que

realizaram os estudos cintilográficos, Gildê de Castro Dourado

Hemielevisk e Zozabel Marques de Rocha Silva pelo auxílio na revisão

bibliográfica, Marleine Leôncio Graner e Josefa Pereira pela colaboração

na marcação e entrega de exames, Prof. José Maria Fernandes Neto pelo

auxílo na localização de referências sobre dosimetria.

Acima de tudo agradeço a minha família e meus amigos,

especialmente a minha mulher, pelo amor e amizade que me fazem manter

o ânimo neste trabalho e em tudo.

ü iFae. M-dc.V.a .:: USP

Page 5: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

Sumário

Resumo

1 Introdução 1

2 Revisão da literatura 4

2.1 Quadro clínico da osteomielite 4

2.2 Critérios diagnósticos clínico-laboratoriais 7

2.3 Avaliação radiológica da osteomielite 8

2.3.1 Radiologia convencional 8

2.3.2 Outros métodos radiológicos 10

2.4 Avaliação cintilográfica da osteomielite 13

2.4.1 Cintilografia óssea 13

2.4.2 Cintilografia com gálio-67 15

2.4.3 Cintilografia com leucócitos marcados 18

2.4.4 Cintilografia com anticorpos anti-granulócitos 21

2.4.5 Outros métodos cintilográficos 24

2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais -

Aspectos gerais 28

2.5.1 Estrutura das imunoglobulinas e receptores 29

2.5.2 Técnicas de marcação de imunoglobulinas 32

2.5.3 Mecanismos de captação 36

2.5.4 Biodistribuição 42

IV

Page 6: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

2.6 Cintilografia com anticorpos policlonais -

Aspectos clínicos 45

2.6.1 Resultados de literatura 45

2.6.2 Estudos falso positivos e falso negativos 47

2.6.3 Reações adversas e dosimetria 49

3 Casuística e métodos 52

4 Resultados 64

5 Discussão 84

6 Conclusões 105

7 Referências bibliográficas 106

Summary

Page 7: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

Resumo

O diagnóstico radiológico de osteomielite crônica em atividade ou

sobreposta a outras alterações ósseas (ex.: pós-operatório, próteses,

fraturas) é difícil, pois estas situações podem mascarar os achados

sugestivos de infecção. A cintilografía óssea ou com gálio-67 também

apresenta especificidade reduzida nestes casos, devido a maior captação

dos radiofármacos nas áreas com aumento de remodelação óssea, na

presença ou não de infecção. Novos radiofármacos, captados de forma

mais específica por processos infecciosos, são pesquisados para a

avaliação cintilográfíca de osteomielite. Entre estes se incluem os

anticorpos policlonais marcados com tecnécio-99m, cuja captação parece

ser independente do aumento de metabolismo ósseo. Além da maior

especificidade, outras vantagens dos anticorpos policlonais são o seu

baixo custo, disponibilidade e praticidade de marcação, com boa

sensibilidade e baixa dose de radiação para o paciente. Os mecanismos de

captação dos anticorpos policlonais no foco inflamatório não estão ainda

bem determinados. São propostos mecanismos inespecíficos, válidos para

qualquer tipo de proteína (como o extravasamento por aumento de

permeabilidade capilar), e mecanismos específicos para as moléculas de

anticorpo (devido a características imunológicas ou físico-químicas).

Fatores como o isótopo e a técnica de marcação empregada,

características do foco e mesmo do agente infeccioso podem influenciar a

captação. O presente estudo avalia a cintilografia com anticorpos

policlonais marcados com tecnécio-99m no diagnóstico de osteomielite

crônica em atividade. O anticorpo policlonal utilizado (Sandoglobulina -

Page 8: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

Sandoz) é composto predominantemente pela subclasse IgGl, sendo feita

a marcação direta com tecnécio-99m pela técnica de Schwarz modificada.

Foram também realizadas cintilografia óssea convencional com

metilenodifosfonato marcado com tecnécio-99m (Tc-99m-MDP) e

cintilografia com gálio-67. As cintilografias, interpretadas sem

conhecimento do caso, foram correlacionadas a dados clínico-

laboratoriais e radiológicos. Das 23 áreas analisadas em 20 pacientes, 8

foram classificadas como infectadas, 11 não infectadas e 4 foram

excluídas por não serem conclusivas. A análise visual da cintilografia com

Tc-99m-MDP, gálio-67 e Tc-99m-anticorpos policlonais resultou em

sensibilidade e especificidade para osteomielite de, respectivamente, 88 e

36%, 75 e 73%, 88 e 82%. A análise semiquantitativa mostrou

sensibilidade de 86% para a cintilografia com anticorpos policlonais em 4

horas e sensibilidade de 71% para os demais métodos, com especificidade

de 70% para a cintilografia óssea, 50% para a cintilografia com gálio-67 e

80% com anticorpos policlonais. Os resultados falso positivos da

cintilografia com anticorpos policlonais ocorreram em pacientes com

antecedentes cirúrgicos, talvez relacionados a processo inflamatório

estéril. Foram também revistos e discutidos os principais métodos

cintilográfícos empregados para detecção de osteomielite.

Page 9: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

1 Introdução

O diagnóstico da atividade infecciosa em osteomielite crônica.ou

superposta a outras patologias (após cirurgias, fraturas, próteses, etc.) é

importante por determinar a necessidade de antibioticoterapia prolongada

ou intervenção cirúrgica. Entretanto o quadro clínico-laboratorial nem

sempre é conclusivo e os métodos de imagem também costumam ser

pouco específicos. Na radiologia convencional e tomografia

computadorizada, a baixa especificidade se deve a dificuldade em

distinguir entre as alterações pré-existentes de estrutura óssea e as

alterações decorrentes da osteomielite.

Os métodos cintilográfícos são menos dependentes das alterações

anatômico-estruturais que outros métodos de imagem, auxiliando no

diagnóstico da osteomielite através da avaliação de aspectos funcionais.

A cintilografia óssea utiliza difosfonatos marcados com tecnécio-99m,

cuja captação é proporcional ao grau de remodelação óssea e portanto

está aumentada na área infectada. Entretanto a hipercaptação dos

difosfonatos é um achado pouco específico, pois ocorre em numerosas

patologias não infecciosas que cursam com aumento da remodelação

óssea. Na suspeita de osteomielite associada a alterações que levam ao

aumento de remodelação, a cintilografia óssea é muitas vezes

Page 10: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

complementada pela cintilografía com gálio-67. O gálio-67 é um

marcador inflamatório, cuja captação poderia confirmar a presença de

osteomielite. Porém parte da concentração de gálio-67 é dependente da

remodelação óssea e ocorre na ausência de infecção, reduzindo sua

especificidade.

Cintilografias com outros compostos radiomarcados

(radiofármacos) são pesquisadas com o objetivo de aumentar a acurácia

no diagnóstico de osteomielite. A compreensão dos mecanismos de

captação e estudos comparativos dos diferentes radiofármacos é essencial

para a escolha do mais adequado. A característica mais importante do

radiofármaco ideal, determinante de sua sensibilidade e especificidade, é

a captação em alta intensidade e de forma específica no foco infeccioso,

independente de alterações anatômicas ou do aumento de remodelação

óssea. Além disto é desejável que o radiofármaco tenha baixo custo, boa

disponibilidade e facilidade de marcação, ausência de reações adversas e

baixa dosimetria.

A cintilografia com anticorpos policlonais foi descrita há

aproximadamente 6 anos como uma alternativa na investigação de

processos inflamatórios. Os mecanismos de captação dos anticorpos

policlonais no foco inflamatório não estão bem estabelecidos, não

parecendo haver influencia da remodelação óssea. Esta independência da

captação em relação ao grau de remodelação nos fez supor que a

cintilografía com anticorpos policlonais pudesse ser mais específica que a

cintilografia óssea ou com gálio-67 na investigação de osteomielite, em

especial nos casos com alterações seqüelares ou outras patologias

associadas.

Page 11: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

O presente trabalho teve por objetivos revisar na literatura os

métodos cintilográficos de detecção de osteomielite, com maior ênfase na

cintilografía com anticorpos policlonais; avaliar os resultados da

cintilografía com anticorpos policlonais marcados com tecnécio-99m e

compará-los aos da cintilografía óssea e com gálio-67 no diagnóstico de

atividade infecciosa na osteomielite crônica ou superposta a outras

patologias.

Page 12: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

2 Revisão da literatura

2.1 Quadro clínico da osteomielite

A osteomielite é definida como processo infeccioso do osso e

medula óssea. Quanto ao tempo de evolução pode ser classificada em

aguda, subaguda (1 a 4 semanas) ou crônica. O agente etiológico, em 50 a

90% dos casos, é o Staphylococcus aureus lf 2. Trauma ou isquemia são

fatores locais predisponentes à infecção, possivelmente facilitando a

instalação das bactérias. A contaminação se dá por via hematogênica

(com foco primário conhecido ou não), implantação direta ou por

contiguidade a infecções de partes moles. A infecção hematogênica

representa 19% dos casos, a infecção por contiguidade 34% e por

implantação direta 47% *'2. A infeção pós-operatória pode ocorrer pelas

três vias, em especial por implantação direta.

A osteomielite hematogênica inicia-se quase sempre (75 a 82%

dos casos) na metáfíse dos ossos longos, onde a instalação de bactérias é

provavelmente facilitada pelo fluxo sangüíneo lento. Em crianças abaixo

de 1 ano de idade os vasos metafisários cruzam a placa de crescimento e

se ramificam na epífíse, facilitando a extensão epifisária e articular da

osteomielite hematogênica. Entre 1 e 16 anos há separação das

circulações meta-epifisária pela cartilagem de crescimento, dificultando a

Fac. MecTcina da USPBicj.otaca Central

Page 13: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

propagação da osteomielite. No adulto volta a haver comunicação

vascular e novamente pode ocorrer extensão da osteomielite da metáfise

para a epífise 3> 4. A infecção por implantação direta (após fraturas e

luxações expostas, mordidas, etc.) e por contiguidade ocorre

principalmente no esqueleto apendicular. Os procedimentos cirúrgicos

mais relacionados a infecção são a osteossíntese de tíbia ou femur,

seguida pela artroplastia de joelho e quadril2'5.

A osteomielite de esqueleto axial é mais freqüente na 5o e 6o

décadas, acometendo mais as vertebras lombares que as torácicas. Já o

envolvimento do disco intervertebral - discite - é mais freqüente nas

primeiras 2 décadas. A principal via de contaminação do esqueleto axial é

a hematogênica. A contaminação por contiguidade (exemplo: abscesso

paravertebral por micobactérias ou fungos), implantação direta (punção

ou trauma) ou pós-operatória é menos freqüente. O quadro clínico é

caracterizado por febre, anorexia, perda de peso, dor, contração muscular

paravertebral e, raramente, alterações neurológicas. Na osteomielite

tuberculosa é comum o envolvimento de múltiplas vertebras e partes

moles paravertebrais, com predomínio de lise sobre esclerose e acentuada

deformidade óssea 2> 5.

Em 50 a 60% dos casos de osteomielite hematogênica ocorrem

febre alta, toxemia e sinais de inflamação local; cursando com febre baixa

e dor menos acentuada nos demais. Abaixo de 1 ano a apresentação

clínica costuma ser menos exuberante, com dor, edema e redução da

movimentação da região acometida. A infecção por implantação direta e

pós-operatória pode ocasionalmente ter manifestações agudas como dor,

edema e febre, porém em geral manifesta-se após meses de evolução,

Page 14: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

com quadro clínico pouco exuberante. Os sinais locais das infecções de

partes moles costumam ser evidentes (por exemplo nos pacientes com

celulite ou com pé diabético), podendo no entanto ser difícil confirmar o

envolvimento ósseo por contiguidade2'5.

Cerca de 10% dos casos de osteomielite evoluem para forma

crônica, com progressiva destruição e perda da estrutura óssea. A

formação de abscessos subperiosteais é facilitada em crianças devido a

aderência frouxa do periósteo, sendo também mais freqüente a

disseminação e formação de abscessos em partes moles adjacentes. A

interrupção do fluxo periosteal e a trombose de vasos metafisários,

conseqüentes à elevação periosteal e ao aumento da pressão intra

medular, levam a necrose e formação de seqüestros ósseos. Ao redor do

segmento acometido forma-se tecido de granulação e inicia-se a síntese

óssea periosteal, dando origem ao invólucro. Pode haver exteriorização de

osso necrótico e do tecido de granulação por perfurações do invólucro

(cloacas), além da saída de secreção purulenta pelos trajetos fístulosos M .

A osteomielite em adultos é geralmente mais insidiosa, evoluindo

para cronicidade com maior freqüência. A maior aderência do periósteo

explica a menor prevalência de elevação e formação de abscessos

periosteais, invólucros ou seqüestros extensos. Entretanto o acometimento

cortical diafisário é mais acentuado, o que leva a enfraquecimento da

estrutura óssea e fraturas patológicas.- O abscesso de Brodie (forma

localizada, mais comum na metáfíse de ossos longos) e a osteomielite

esclerosante (com predomínio da neoformação óssea sobre abscessos ou

seqüestros) podem ser considerados variações da osteomielite crônica 4.

Além da progressiva destruição e perda da estrutura óssea, a

osteomielite crônica é caracterizada pelas áreas de isquemia e necrose

Page 15: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

óssea. Em geral as manifestações inflamatórias na fase crônica são menos

importantes, com surtos recorrentes de reagudização intercalados com

longos intervalos oligo ou assintomáticos. A reagudização da osteomielite

crônica provavelmente decorre da proliferação de bactérias abrigadas nos

tecidos desvitalizados, protegidas dos mecanismos imunológicos e

medicações transportadas pelo sangue3'6.

2.2 Critérios diagnósticos clínico-laboratoriais

O diagnóstico de osteomielite crônica é baseado em dados

clínicos, laboratoriais, bacteriológicos, histológicos e radiológicos. O

aumento da drenagem pelas fistulas e a dor localizada são,

respectivamente, o sinal e o sintoma mais freqüentes. Outros sinais

flogísticos locais e febre são observados com menor freqüência 1>2'4> 5.

No hemograma pode se encontrar leucócitos em número normal ou

pouco elevado (geralmente inferior a 16.000 leucócitos/ml, mesmo no

quadro agudo) e em quase 50% dos casos de osteomielite crônica a

velocidade de hemossedimentação está elevada (sendo porém um achado

pouco específico) 2. Os níveis de cálcio, fósforo e fosfatase alcalina no

sangue costumam estar normais. A detecção de antígenos ou anticorpos

específicos em circulação são mais empregados em pesquisas.

O estudo bacteriológico permite o diagnóstico do agente etiológico

e escolha da antibioticoterapia adequada, realizada muitas vezes de forma

complementar a debridamento e remoção cirúrgica dos segmentos

desvitalizados. O isolamento do agente através de hemocultura é

conseguido em até 50% dos casos de osteomielite aguda e muito

raramente em osteomielite crônica 2. As culturas de secreção devem ser

Page 16: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

analisadas com cuidado, pois há a possibilidade de contaminação, sendo

mais valorizada a cultura de material obtido por punção ou biópsia óssea7> 8. A cultura de fragmento ósseo tem positividade pouco superior a

cultura de secreção, havendo boa correlação entre as mesmas no caso de

infecção estafilocócica (78%) e má correlação para outros agentes (8 a

29%) 8. Culturas falso positivas são mais freqüentes na suspeita de

osteomielite por contiguidade ou em pé de pacientes diabéticos, podendo

ocorrer contaminação por* infecção de partes moles 9. Com menos

freqüência são descritas culturas de punção-biópsia falso negativas

(quando correlacionadas aos achados cirúrgicos), atribuídas às pequenas

amostras estudadas 10. Todas as culturas são negativas em até 15% dos

casos, talvez por problemas técnicos na coleta do material ou escolha

inadequada do meio de cultura l. Além do estudo bacteriológico, a

biópsia permite a detecção histopatológica do infiltrado inflamatório e das

áreas de necrose 7.

2.3 Avaliação radiológica da osteomielite

2.3.1 Radiologia convencional

O primeiro método de imagem recomendado na investigação da

osteomielite é a radiografia simples. A radiografia simples é um método

não invasivo, quase sempre disponível a baixo custo, e capaz de fazer o

diagnóstico diferencial com numerosas patologias (que podem interferir

na interpretação dos demais métodos). Na osteomielite aguda à

sensibilidade é baixa, levando de 10 a 14 dias para surgirem às

manifestações decorrentes da reabsorção óssea ou sinais de periosteífé

Page 17: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

(levantamento e ossifícação periosteal)5> n . A reabsorção só é detectada

radiologicamente quando há perdas acima de 30 a 50% da mineralização

óssea 4.

Na progressão da osteomielite para quadro subagudo ou crônico

podem se formar abscessos corticais e medulares bem delimitados,

geralmente metafisários, apresentando-se radiologicamente como áreas

radiolucentes com halo esclerótico, medindo de 1 a 4 cm (abscesso de

Brodie). No quadro crônico; especialmente em crianças, são visualizados

os seqüestros ósseos. Devido a hiperemia e reabsorção do osso adjacente

os seqüestros surgem como áreas de alta densidade. O invólucro, cloacas

e trajetos fístulosos também podem ser identificados radiologicamente. A

destruição e perda da estrutura óssea ocorre em grau variável,

dependendo da intensidade e duração do processo infeccioso.

Tardiamente podem ocorrer alterações de comprimento, deformidade

óssea e artrose secundária5> n .

A osteomielite no esqueleto axial manifesta-se radiologicamente

após 1 a 3 semanas do início do quadro, com redução do espaço discai,

erosão subcondral e focos de lise óssea, podendo progredir para as

vertebras adjacentes. Após 10 a 12 semanas têm início as alterações

regenerativas e esclerose óssea. Se o processo continuara a evoluir pode

ocorrer maior lise óssea, colapso vertebral, obliteração do espaço

intervertebral, deformidade da coluna e formação de abscesso

paravertebral5.

A avaliação radiológica de osteomielite tem baixa sensibilidade e

especificidade quando o paciente apresenta alterações ósseas prévias,

pois se baseia na detecção de alterações anatômicas n ' \3. É difícil

distinguir radiologicamente entre as alterações de osteomielite crônica em

Page 18: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

10

atividade e as alterações seqüelares de osteomielite ou decorrentes de

cirurgias, traumas ou próteses, processos que também cursam com áreas

de lise e esclerose óssea. Outras patologias malignas (sarcoma de Ewing,

osteossarcoma, línfoma, metástases) ou benignas (osteoma osteóide,

displasia fíbrosa, doença de Paget, osteonecrose) também podem se

confundir radiologicamente com osteomielite 3. Os dados radiológicos

mais sugestivos de osteomielite em atividade são a modificação de padrão

radiológico em relação a exames anteriores, áreas de osteólise mal

definidas, periosteíte fina e mal delimitada se estendendo para partes

moles e, como achado mais específico, a presença de seqüestros 5> 12.

2.3.2 Outros métodos radiológicos

Outros métodos radiológicos são empregados na investigação de

osteomielite: A planigrafía ou a radiografia magnificada podem detectar

pequenas áreas de lise, alterações periosteais ou seqüestros, por vezes

não identificados pela radiologia convencional. A fistulografia é o método

de escolha para determinar o curso, extensão e presença de comunicação

de trajetos fístulosos com os ossos ou articulações. A artrografia é

geralmente realizada em conjunto com a punção articular para obtenção

de material para bacterioscopia e cultura, permitindo delinear a extensão

da inflamação sinovial e a presença de lesões de cápsulas, tendões ou

partes moles nos casos de artrite. A ultra-sonografía é bastante restrita na

avaliação de osteomielite, sendo indicada para detecção de derrames

articulares e envolvimento de partes moles 5.

A tomografia computadorizada detecta as alterações de densidade

causadas pela lise e esclerose óssea; podendo identificar áreas de reação

periosteal, alterações medulares ou das partes moles adjacentes à

Page 19: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

11

osteomielite. Um sinal menos freqüente, porém com boa especificidade

para osteomielite, é a detecção de ar intra-medular 5> H. Além do

diagnóstico, a tomografia computadorizada é indicada para avaliação da

extensão medular da infecção (ocorrendo aumento da atenuação pelo pus)

e, devido a sua boa resolução anatômica, na monitoração de

procedimentos invasivos, como punção aspirativa e biópsias 4. Na

osteomielite crônica é o método de escolha para detecção de seqüestros

ósseos. Na avaliação de 27 pacientes com suspeita de osteomielite

crônica em atividade, a tomografia computadorizada detectou seqüestros

em 15 (sendo 3 falso positivos) e o estudo radiológico simples em 5

pacientes 13. Também é vantajosa em áreas de anatomia complexa, em

especial nas vertebras. No entanto, excetuando-se a identificação de

seqüestros, os achados como erosão, reação periosteal e alteração de

partes moles são pouco específicos na diferenciação entre manifestações

de osteomielite crônica e alterações seqüelares ou decorrentes de fraturas,

pós operatório, etc l3. Os artefatos causados por implantes metálicos

muitas vezes impossibilitam a interpretação do estudo, mesmo após sua

remoção 5.

A ressonância magnética vem sendo empregada com bons

resultados no diagnóstico e avaliação da extensão de osteomielite. A

análise retrospectiva de 11 estudos (314 pacientes) com ressonância

magnética mostra sensibilidade de 95% e especificidade de 88% para

osteomielite 14. Outros estudos com 110 e 51 pacientes mostram

sensibilidade de, respectivamente, 98% e 88% e especificidade de 75% e

93% 15> Ió. Assim como a tomografia computadorizada, a ressonância é

importante na identificação de seqüestros e para planejamento cirúrgico,

tendo também bons resultados no estudo de osteomielite vertebral. Entre

Page 20: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

12

as alterações anatômicas identificáveis estão a erosão ou perfuração

cortical, elevação periosteal, presença de fluido subperiosteal,

envolvimento de partes moles, abscessos, fistuias e, muito importante nos

casos de osteomielite crônica, os seqüestros. A ressonância magnética

apresenta excelente resolução anatômica e é ideal para a avaliação de

partes moles e extensão medular da infecção. Também é possivelmente o

melhor método para diferenciar osteomielite de celulite, inclusive no pé

diabético 5.

A inflamação aguda leva a aumento do teor de água na medula,

apresentando-se na ressonância por hiposinal nas imagens ponderadas em

TI e hipersinal nas imagens ponderadas em T2, podendo haver entretanto

maior variação desta apresentação em casos subagudos ou crônicos 17.

Devido a hipervascularização local, as imagens após administração

endovenosa de contraste paramagnético (gadolínio) mostram aumento do

sinal nas áreas inflamadas em TI, podendo ser associada técnica de

supressão de gordura para aumentar o contraste entre estas áreas e a

medula gordurosa 16> 18> 19. Processos inflamatórios estéreis também levam

a aumento local do teor de água e portanto a variação de sinal em TI e

T2. Pode assim ocorrer superestimativa da área envolvida se a área de

edema se estender além da infecção. Em alguns casos é difícil determinar

se há osteomielite por contigüidade ou apenas edema medular secundário

a infecção de partes moles 20 e, de forma semelhante, o edema de partes

moles e derrame articular reacional pode não ser distinguível de

envolvimento secundário a osteomielite 5> 15. Estudos falso positivos são

relatados em fraturas, tumores, infartos e osteomielite já resolvida 15>21.

Page 21: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

13

2.4 Avaliação cintilográfica da osteomielite

Ao contrário da maioria dos métodos radiológicos descritos

anteriormente, baseados principalmente em alterações anatômicas, o

diagnóstico cintilográfico de osteomielite fundamenta-se na detecção de

alterações funcionais. Os principais métodos em uso são descritos a

seguir.

2.4.1 Cintilografia óssea

A cintilografia óssea é baseada na captação de difosfonatos

marcados com tecnécio-99m (ex.: metilenodifosfonato = Tc-99m-MDP).

Na investigação de osteomielite o estudo é realizado em três fases:

imagens de fluxo, equilíbrio e tardias ou metabólicas. A fase de fluxo

consiste na aquisição de imagens seqüenciais com duração de 3 a 5

segundos no primeiro minuto após a administração do radiofármaco,

permitindo a análise do aporte sangüíneo do mesmo à região estudada. A

imagem de equilíbrio é adquirida após 3 a 5 minutos, mostrando a

distribuição do radiofármaco no compartimento vascular e refletindo o

grau de hiperemia. As imagens tardias são realizadas após 2 horas da

administração do radiofármaco. A captação do radiofármaco nas imagens

tardias é diretamente proporcional à remodelação óssea e, em menor grau,

ao fluxo sangüíneo regional. Variações de remodelação na faixa de 5%

podem ser identificadas 6l n> 14'22.

A osteomielite é caracterizada na cintilografia óssea pelo aumento

de fluxo e hiperemia, nas primeiras fases do estudo, com hipercaptação

focai na fase tardia. Os processos infecciosos de partes moles apresentam

igualmente aumento de fluxo e hiperemia, mas nas imagens tardias a

Page 22: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

14

hipercaptação não é observada ou ocorre de forma difusa. Para elucidação

de casos duvidosos é descrita uma 4o fase do estudo, com aquisição de

imagens 24 horas após a injeção 23. As alterações vasculares e a tentativa

de reparação óssea são identificadas cintilograficamente já nos primeiros

dias da osteomielite, precedendo as alterações radiológicas. A alta

sensibilidade (85 a 100%) e baixo custo tornam a cintilografia óssea o

método de eleição no diagnóstico de osteomielite aguda em pacientes sem

doença prévia e com osso radiologicamente normal22> n .

Entretanto outras patologias não infecciosas também aumentam a

remodelação óssea e levam a maior captação do radiofármaco. A

especificidade da cintilografia óssea para osteomielite se encontra

portanto reduzida em pacientes com patologias associadas ou alterações

seqüelares de osteomielite 23. A cintilografia óssea teve sensibilidade de

88% e especificidade de 92% para osteomielite em revisão de 983

pacientes sem patologias associadas, porém em 800 pacientes com

patologias associadas, apesar da alta sensibilidade (93%), a

especificidade caiu para 34% 24. Em 547 pacientes com suspeita de

osteomielite crônica em atividade a cintilografia óssea teve 100% de

sensibilidade e 0% de especificidade 24. Outros 3 estudos, totalizando 69

pacientes, apresentaram sensibilidade para osteomielite crônica ou

superposta a outras patologias de 100% e especificidade entre 0 e 25% 9>

25,26

A cintilografia óssea pode permanecer alterada por meses após o

tratamento da osteomielite aguda, não sendo portanto um bom método de

controle evolutivo 24. Outras causas descritas de estudos falso positivos

são fraturas, pseudoartrose, cirurgias, soltura de próteses, processo

Page 23: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

15

degenerativo osteoarticular acentuado, reação inflamatória asséptica,

tumores e alterações seqüelares de osteomielite crônica 23. Em algumas

situações pode também ocorrer redução da sensibilidade da cintilografia

óssea. A sobreposição do esqueleto axial à grandes vasos ou a órgãos

ricamente vascularizados e a menor intensidade dos fenômenos vasculares

nos processos crônicos prejudicam a avaliação das fases de fluxo e

equilíbrio 5. Raramente a osteomielite apresenta hipocaptação do

radiofármaco na fase tardia, achado que pode estar correlacionado a

trombose ou compressão vascular acentuada. Esta hipocaptação ocorre

com maior freqüência em recém nascidos e, juntamente com a pequena

extensão das áreas envolvidas, contribui para a menor sensibilidade neste

grupo14'23'24.

A dose absorvida, em mGy (lGy=lGray=absorção de 1 Joule por

kilograma) por MBq (lBq=lBecquerel=l desintegração nuclear por

segundo) administrado de Tc-99m-MDP, é de 0,061 para os ossos, 0,034

para a bexiga, 0,0084 para os rins, 0,0093 para a medula óssea, 0,0032

para o ovário, 0,0022 para o testículo e 0,0028 para o resto do corpo 27. A

dose equivalente de corpo inteiro é de 0,006 mSv (lSv=lSieveit=l Gray

para raios X ou gama) por MBq, ou 4,4 mSv em exame com dose de 740

MBq28.

2.4.2 Cintilografia com gálio-67

A cintilografia óssea tem baixa especificidade para osteomielite

quando estão presentes outras causas não infecciosas de aumento da

remodelação óssea. Nestes casos o estudo é freqüentemente

complementado pela cintilografia com gálio-67j'com o objetivo de

detectar a infecção de forma mais específica 29. Além de osteomielite e

Page 24: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

16

outros processos inflamatórios/infecciosos, a cintilografía com gálio-67 é

também utilizada na investigação de alguns tipos tumorais.

O gálio-67 é um metal de transição do grupo Illb, análogo ao ferro

em carga, raio atômico e na sua capacidade de formar alguns complexos

orgânicos. Após a administração endovenosa, grande parte do gálio-67 se

liga a proteínas séricas transportadoras de ferro (principalmente à

transferrina), as quais podem ser captadas no foco inflamatório em

conseqüência do aumento de fluxo e permeabilidade vascular regional.

Como parte da distribuição normal do gálio-67 é observada captação em

fígado, baço, medula óssea, glândulas salivares, lacrimais e mamárias.

Nas primeiras 24 horas quase 25% da dose administrada é eliminada por

via urinaria, com menor porcentagem de eliminação gastrintestinal. A

cintilografía com gálio-67 é realizada geralmente de 24 a 48 horas após a

administração do radiofármaco, com imagens estáticas da região de

interesse 3O"32.

A cintilografía com gálio-67 apresentou 81% de sensibilidade e

69% de especificidade para osteomielite em revisão de 15 estudos (529

pacientes) 14. Em revisão de 4 estudos (227 pacientes) a sensibilidade e

especificidade para osteomielite crônica em atividade foi de 75% e 82%24. Outros estudos referem menor especificidade, de 0 a 25%, na

avaliação de osteomielite associada a outras patologias I4> 31. A

especificidade reduzida provavelmente ocorre porque, de forma

semelhante aos marcadores utilizados na cintilografía óssea, o gálio-67

apresenta, além da captação atribuída ao processo inflamatório, captação

proporcional ao aumento de remodelação óssea. O aumento de

metabolismo ósseo por causas não infecciosas leva assim a hipercaptação

Page 25: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

17

do radiofármaco e conseqüentemente a redução da especificidade do

método 14.

A cintilografia com gálio mostrou sensibilidade e especificidade de

80% e 83% em 21 pacientes com suspeita de osteomielite subaguda ou

crônica, superior à cintilografia com leucócitos (80% e 75%), à

cintilografia óssea (100% e 25%) e ao estudo radiológico (60% e 67%) 25.

De maneira geral, apesar das questões relacionadas a sua especificidade,

a cintilografia com gálio-67 é um bom método para o diagnóstico de

osteomielite crônica, sendo a primeira escolha nos casos de osteomielite

do esqueleto axial 30. Na osteomielite crônica de esqueleto apendicular

não há consenso se é vantajoso em relação a outros radiofármacos.

Para aumentar a especificidade do método podem ser valorizados

apenas os casos com captação de gálio-67 mais intensa ou mais extensa

que aquela observada na cintilografia óssea, indicando predomínio do

processo inflamatório sobre o aumento de remodelação. A aplicação deste

critério em 57 pacientes com suspeita de osteomielite, apesar de elevar a

especificidade de cerca de 25 para 100%, teve sensibilidade de apenas

28% 31. Em estudo de 104 pacientes com suspeita de osteomielite

superposta a fratura, infecção prévia ou cirurgia, a captação de gálio-67

maior ou mais intensa que a da cintilografia óssea mostrou especificidade

de 100% e apenas 24% de sensibilidade (se a captação em grau

semelhante fosse valorizada, a sensibilidade e especificidade seriam de

78% e 53%) 12. Outras causas de estudos falso positivos, não

relacionadas ao metabolismo ósseo, são os tumores ósseos e processos

inflamatórios estéreis. A captação de gálio-67 pode se manter aumentada

por até 6 semanas após a resolução do processo infeccioso agudo24.

Page 26: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

18

A dose absorvida (em mGy por MBq administrado de citrato de

gálio-67) é de 0,1189 para os ossos, 0,1108 para os rins, 0,1567 para a

medula óssea, 0,0756 para o ovário, 0,0648 para o testículo, 0,1243 para

o fígado, 0,1432 para o baço, 0,0594 para o estômago, 0.0972 para o

intestino delgado, 0,1513 e 0,2432 para o colon proximal e distal 33. A

dose equivalente de corpo inteiro é de 0,11 mSv por MBq, ou 12,2 mSv

em exame com dose de 111 MBq28> 34, sendo maior junto a carruagens de

crescimento em crianças 35:

2.4.3 Cintilografia com leucócitos marcados

Os leucócitos marcados são empregados na investigação de

osteomielite e, possivelmente por não apresentarem concentração

dependente do metabolismo ósseo, são mais específicos para infecção que

os difosfonatos marcados e o gálio-67. A cintilografia com leucócitos

marcados apresenta sensibilidade e especificidade na faixa de 85 a 100 %

para processos inflamatórios em geral e é bastante utilizada para a

avaliação de osteomielite aguda superposta a alterações anatômicas

prévias do esqueleto apendicular 23> 36> 37.

O procedimento de marcação mais utilizado inicia-se pela

separação dos leucócitos de amostra do sangue do paciente (cerca de 50

ml). A estas células, nas quais predominam os neutrófílos e a seguir os

linfócitos, se adiciona o isótopo, ligado á um composto lipofilico capaz de

atravessar a membrana celular (üidio-111 ligado a oxina ou tropolone,

tecnécio-99m ligado a hexametil propileno aminoxima). O isótopo fica

retido no meio intracelular porque se separa do composto ou porque este

se modifica para uma forma hidrofílica. Após sua reinjeção no paciente,

os leucócitos se distribuem no compartimento sangüíneo, sendo em parte

Page 27: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

19

captados pelo fígado, medula óssea e baço devido a marginação vascular

e provável fagocitose de células lesadas e fragmentos pelo sistema

mononuclear fagocitário 37"40.

A migração e captação dos leucócitos marcados no foco infeccioso

é determinada por fatores quimiotáxicos, não sendo aparentemente

influenciada pelo uso de antibióticos, corticóides, hemodiálise e

hiperglicemia 37. O tempo de separação e marcação dos leucócitos é

crítico, pois a demora maior que 3 horas leva a perda de viabilidade

celular e conseqüente queda de sensibilidade do método 41. Imagens da

área de interesse são adquiridas 4 e 24 ou, em alguns casos empregando

marcação com índio-111, até 48 horas após a administração do

radiofármaco.

A cintilografía com leucócitos marcados com índio-111 teve

sensibilidade de 88% e especificidade de 84% em revisão de 1523

pacientes com suspeita de osteomielite 24. Em 160 pacientes submetidos a

cintilografia com leucócitos marcados com tecnécio-99m a sensibilidade

foi de 93% e especificidade de 81% 24. Apesar da sensibilidade e

especificidade semelhantes, a marcação com índio-111 oferece a

possibilidade de aquisição simultânea de cintilografía com leucócitos e

cintilografía óssea, permitindo melhor discriminação entre infecção de

partes moles e ossos. Em outros estudos com leucócitos marcados são

encontradas sensibilidade e especificidade para osteomielite entre 85 e

1 0 0 o / o 10,23,37

Apesar dos bons resultados na investigação de osteomielite aguda,

a sensibilidade da cintilografía com leucócitos é menor para osteomielite

do esqueleto axial e, possivelmente, para casos crônicos. No esqueleto

axial a sensibilidade é reduzida porque o processo infeccioso se apresenta

Fac. Medicina da USPBiolioteca Central

Page 28: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

20

como área de hipocaptação em 10 a 50% dos pacientes 14> 38> 39. Este

achado tem valor preditivo positivo de apenas 52%, 38> 42 podendo ser

causado por: compressão da microcirculação; fratura ou necrose

avascular; destruição ou substituição da medula óssea por tumor, fíbrose

ou gordura; efeito actínico; artrose acentuada; seqüela de osteomielite ou

cirurgia 23-3M2.

A cintilografía com leucócitos apresentou sensibilidade e

especificidade para osteomielite crônica em atividade de 78% e 92% em

revisão de 4 estudos (403 pacientes)24. Em um destes estudos, avaliando

57 pacientes com osteomielite superposta a outras patologias, a

sensibilidade global foi de 75% e a especificidade de 96%, com variação

da sensibilidade de 100% nos casos agudos para 60% nos crônicos 31. Em

35 pacientes, 14 dos quais com suspeita de infecção osteoarticular

subaguda ou crônica, a cintilografía com leucócitos demonstra

sensibilidade e especificidade de 52% e 78%, inferior aos resultados da

cintilografia com anticorpos policlonais (74% e 100%) 43. A menor

sensibilidade para infecções crônicas não é confirmada por outros

estudos, sendo relatados bons resultados na investigação de osteomielite

em fraturas não consolidadas (sensibilidade de 91% e especificidade de

97% em 66 pacientes) 14 e sensibilidade e especificidade semelhantes em

42 casos de infecção osteoarticular aguda (95% e 90%) e 74 casos

crônicos (97% e 89%) 44. A modificação do infiltrado inflamatório, que

inicialmente tem predomínio de neutrófílos (principal célula marcada)

passando depois para infiltrado linfomonocitário, poderia explicar a

menor captação em infecções crônicas. Em osteomielite de coelhos é

demonstrada a correlação entre o grau de captação de leucócitos e o tipo

celular do infiltrado inflamatório45.

Page 29: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

21

A maioria dos resultados falso positivos da cintilografía com

leucócitos é relacionada a processos inflamatórios estéreis. Já foi descrita

ocasionalmente a captação tumoral de leucócitos marcados, em geral mais

discreta que a concentração em foco infeccioso 14, talvez decorrente do

infiltrado inflamatório tumoral. Os estudos falso positivos para

osteomielite ou artrite séptica incluem: úlcera de calcâneo l0, hemartrose,

sinovite, trauma ou fratura recente, artrite reumatóide, enxerto ósseo,

osteonecrose, soltura de prótese, doença de Paget, hiperostose frontal,

escaras, hematomas 37> 4l. A captação dos leucócitos na medula óssea

normal também pode levar a resultados falso positivos 14> 46,

principalmente quando a distribuição medular está alterada por próteses,

fraturas, cirurgias, expansão medular periférica. Quando há dúvidas se a

captação de leucócitos corresponde a infecção ou a distribuição alterada

de medula óssea, pode ser feita a comparação com a captação de

nanocolóides. A captação concordante de leucócitos e nanocolóides

sugere presença de medula óssea e não de infecção 46.

A dose equivalente de corpo inteiro na cintilografía com leucócitos

marcados com Tc-99m-HMPAO é de 0,015 mSv por MBq administrado

(2,8 a 5,6 mSv em estudo com dose de 185 a 370 MBq). Utilizando

leucócitos marcados com índio-111 a dose equivalente de corpo inteiro é

de 0,65 mSv por Mbq (12 a 15 mSv em estudo com dose de 18 a 25

MBq)28 '34 '47.

2.4.4 Cintilografía com anticorpos anti-granulócitos

A cintilografía com anticorpos anti-granulócitos marcados é

proposta como uma alternativa de marcação de granulócitos in vivo, para

Page 30: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

22

substituir o complexo procedimento de marcação de leucócitos in vitro.

São utilizados anticorpos monoclonais marcados, com alta afinidade por

uma glicoproteína de membrana (possivelmente uma molécula de adesão),

presente em metamielócitos e granulócitos. A ligação antígeno-anticorpo

não afeta as funções dos granulócitos in vitro e não há evidências de

modificação das funções in v/vo, apesar de se aventar a possibilidade dos

granulócitos ligados ao anticorpo serem retirados da circulação pelo

sistema mononuclear fagocitário. A eficiência desta técnica de marcação

in vivo é questionável, pois apenas 10 a 20% da dose injetada se encontra

ligada aos granulócitos circulantes. O restante circula na forma de IgG

livre (19%), ou é captado pela medula óssea (55%), fígado (10%) e baço

(6%) 48. Apesar dos principais mecanismos de captação defendidos serem

a marcação dos granulócitos circulantes com posterior migração para o

foco e o extravasamento do anticorpo com marcação de leucócitos no

próprio foco infeccioso, não se descarta que a captação se faça

independente da ligação do anticorpo aos granulócitos, de forma

semelhante ao que ocorre com os anticorpos policlonais 34> 48. As imagens

são obtidas de 1 a 72 horas após a administração endovenosa do

radiofármaco, na dependência do anticorpo (íntegro ou fragmentos) e

isótopo (iodo-123, índio-111 ou tecnécio-99m) utilizados48.

A sensibilidade e especificidade encontradas na detecção de foco

inflamatório, não restrito ao aparelho osteoarticular, foram de 95 e 85%

em 34 pacientes 49 e 91 e 82 % em 354 pacientes 50. A sensibilidade e

especificidade dos anticorpos anti-granulócitQ.s para osteomielite variam

de 70 a 95%. Estudo de 43 pacientes com suspeita de infecção de prótese

mostrou 89% de sensibilidade:ncÇi. 8#ó :1jde. especificidade para a

cintilografia com anticorpos anti-granulócitos, comparado a 92% e 24%

Page 31: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

23

para a cintilografia óssea 48. Na pesquisa de osteomielite após cirurgia

ortopédica em 106 pacientes a sensibilidade e especificidade do método

foi de 69 e 93% no quadril, 79 e 86% no fêmur, 85 e 83% no joelho, 100

e 100% nos tornozelos e membros superiores 51. A sensibilidade da

cintilografia com anticorpos anti-granulócitos em 37 pacientes com

suspeita de osteomielite associada a outras patologias ósseas foi de 100%

e especificidade de 75%, comparado a resultados de 100% e 50% para a

cintilografia óssea 52.

A sensibilidade da cintilografia com anticorpos anti-granulócitos,

assim como da cintilografia com leucócitos, é menor em osteomielite de

esqueleto axial 49 e infecções crônicas. Em estudo de 57 pacientes com

suspeita de infecção subaguda ou crônica de prótese de quadril os

resultados da cintilografia com anticorpos anti-granulócitos (sensibilidade

e especificidade de 67% e 75%) foram inferiores aos da cintilografia

óssea (92% e 64%) 53. Na investigação de 20 casos com suspeita de

osteomielite crônica, a cintilografia com anticorpos anti-granulócitos teve

sensibilidade de 100% no esqueleto apendicular e 0% no esqueleto axial

(comparado a 83% e 62% com anticorpos policlonais), com

especificidade de 100% 54. A menor sensibilidade dos anticorpos anti-

granulócitos para osteomielite do esqueleto axial (0%) quando comparada

ao esqueleto apendicular (89%) é confirmada em outro estudo com 30

pacientes 39.

Resultados falso positivos da cintilografia com anticorpos anti-

granulócitos são descritos em processos inflamatórios estéreis,

ossificação heterotópicag;soltura maciça de próteses, captação em medula

ósseai compactada 'após artroplastia ou inserção de próteses 48"53. Os

anticorpos anti-granulócitos foram obtidos através de reações cruzadas de

Page 32: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

24

anticorpos anti-CEA, sendo possível que haja reação cruzada com

tumores que expressem este antígeno 52. Estima-se que de 4 a 8% dos

pacientes que recebem anticorpos anti-granulócitos desenvolvam

anticorpos humanos anti-murínicos (HAMA), podendo apresentar reações

do tipo alérgico em administrações posteriores, não tendo sido descritos

outros efeitos colaterais pelo seu uso. Este valor pode ser reduzido pela

utilização de fragmentos Fab, menos imunogênicos, porém com maior

excreção intestinal e talvez menor afinidade antigênica34>48.

A dose absorvida (em mGy por MBq administrado de anticorpos

anti-granulócitos BW431/26 marcado respectivamente com índio-111 ou

tecnécio-99m) é de 0,29 e 0,02 para os rins, 0,69 e 0,024 para o fígado,

0,54 e 0,02 para o baço e 0,1 e 0,0047 para o corpo inteiro 55. A dose

equivalente de corpo inteiro (anticorpo BW250/183-tecnécio-99m) é de

0,0111 mSv por MBq ou 3,9 mSv em exame com dose de 350 MBq 34.

2.4.5 Outros métodos cintilográficos

Outros radiofármacos são utilizados ou investigados para o

diagnóstico cintilográfíco de processos infecciosos:

Proteínas radiomarcadas de baixo peso molecular apresentam

extravasamento no foco infeccioso devido ao maior fluxo sangüíneo,

aumento da permeabilidade capilar e do espaço protéico56'58. Neste grupo

de radiofármacos se destacam a soro-albumina humana (HSA) e os

nanocolóides. A soro-albumina é importante por ser rotineiramente

empregada em estudos experimentais, como padrão de comparação para

outros marcadores, na tentativa de avaliar o quanto da captação

inflamatóriados mesmos^ pode ser atribuído ao simples extravasamento

protéico. A principal vantagem do seu emprego é que o clareamento

Page 33: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

25

sangüíneo rápido permite a obtenção de imagens precoces, com menos de

4 horas após a injeção. Os nanocolóides marcados com tecnécio-99m

apresentam boa sensibilidade (87 a 95%) e especificidade (77 a 100%)

para osteomielite aguda de esqueleto apendicular, com resultados até

mesmo superiores à cintilografía com leucócitos marcados 59> 60.

Entretanto estudos comparativos mostram que a captação de nanocolóides

em processos inflamatórios agudos é inferior ou comparável a de gálio-67

e de anticorpos policlonais 56> 57 e inferior a de outras 7 proteínas

marcadas 61. Além disto o grau de captação e a sensibilidade da

cintilografía com nanocolóides para osteomielite no esqueleto axial,

osteomielite crônica ou infecção extra-óssea é baixa 59> 60> 62. A captação

de nanocolóides na medula óssea normal, devido a fagocitose por células

do sistema mononuclear, dificulta ainda mais o diagnóstico de infecção

nesta região 38. A captação de nanocolóides na mesma localização que a

captação de leucócitos marcados é até mesmo empregada para afastar

infecção, indicando a presença de medula óssea normal 46. Ao se tentar

diferenciar infecção de inflamação estéril a especificidade da cintilografia

com nanocolóides foi de apenas 18% 41> 63. Outro exemplo de composto

de baixo peso molecular é o citrato marcado com Tc-99m, com

sensibilidade e especificidade de 100% em 29 pacientes com suspeita de

osteomielite crônica em atividade M.

Uma vantagem dos compostos de baixo peso é que o seu rápido

clareamento sangüíneo permite a obtenção de imagens precoces com boa

relação de atividade entre a área captante e as estruturas de fundo. Por

outro lado a maior velocidade de clareamento sangüíneo implica na rápida

remoção da proteína circulante, o que reduz a quantidade total de proteína

extravasada e a captação absoluta da mesma no foco inflamatório 56> 57> 61.

Page 34: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

26

Alguns procedimentos tentam aliar o alto contraste entre o foco infeccioso

e as estruturas de fundo, obtido com compostos que apresentam

clareamento sangüíneo rápido, com a maior captação absoluta obtida com

compostos que se mantém mais tempo circulantes. Uma técnica descrita é

a administração seqüencial de estreptavidina não marcada seguida de

biotina marcada. Em uma fase inicial a estreptavidina, que tem

clareamento sangüíneo lento e mantém o nível plasmático por tempo

prolongado, extravasa e se'concentra no foco. A seguir se administra a

biotina marcada, que se liga a estreptavidina previamente concentrada e

apresenta clareamento sangüíneo rápido 65. Outro método semelhante

consiste na administração seqüencial de anticorpo monoclonal anti-DTPA

(ácido dietilenotriaminopentacético) não marcado, que se concentra

lentamente no foco, seguido da administração de DTPA marcado com

tecnécio-99m, com alta afinidade pelo anticorpo e clareamento sangüíneo

rápido 66.

A tendência do desenvolvimento de novos radiofármacos é a

utilização de compostos que, além de baixo peso molecular, apresentem

mecanismos de captação específicos, não dependendo apenas do aumento

de permeabilidade e espaço intersticial67. Tais compostos poderão somar

a vantagem da alta sensibilidade e especificidade na detecção de focos

infecciosos com a obtenção de imagens precoces devido ao seu

clareamento sangüíneo rápido 68. Os compostos mais estudados são os

derivados ou baseados em peptídeos biologicamente ativos, como

citoquinas ou peptídeos quimiotáxicos 69> 70. O N-formil-metionil-leucil-

fenilalanina (For-MLF) é um peptídeo biologicamente ativo, marcado com

tecnécio-99m ou índio-111. Este composto é derivado de produto

bacteriano quimiotáxico de baixo peso molecular (300 daltons), e

Page 35: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

27

apresenta alta afinidade por receptores de membrana de polimorfo e

mononucleares. Atualmente se consegue a marcação de pequena

quantidade deste peptídeo com alta atividade radioativa, minimizando os

efeitos adversos que são dependentes da massa administrada de peptídeo

(ativação de neutrófílos, marginação e leucopenia transitória profunda).

Outra alternativa para redução dos efeitos colaterais é a marcação de

antagonistas competitivos do For-MLF 69>71. Os mecanismos de captação

no foco infeccioso são:- extravasamento devido ao aumento de

permeabilidade, marcação de leucócitos na circulação ou no próprio foco

(25% da radioatividade no sangue e 90% no foco está ligada a leucócitos

ou restos leucocitários), ligação a outras proteínas do espaço intersticial.

Imagens precoces, entre 5 minutos e 2 horas após a injeção, já permitem a

detecção de focos infecciosos em ratos 68. A concentração na área

infectada chega a ser 2 vezes maior que a de leucócitos ou anticorpos

policlonais marcados e até 6 vezes maior na infecção que em processo

inflamatório estéril 69. Estes radiofármacos ainda não estão disponíveis

para uso clínico, necessitando de extensa manipulação química e

purificação antes da administração.

A avaliação de 171 pacientes com cloreto de índio-111 (isótopo

livre, não ligado a outros compostos) mostrou sensibilidade de 92% e

especificidade de 81% na detecção de osteomielite 14. O índio-111 é um

cátion trivalente, com alta afinidade pela transferrina, possivelmente se

ligando e sendo transportado por esta até o foco inflamatório de forma

semelhante ao gálio-67. Sua utilização como marcador inflamatório não é

aprovada nos Estados Unidos.

Além dos anticorpos anti-granulócitos, outros antígenos do

infiltrado inflamatório podem servir como alvos para anticorpos

Page 36: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

28

monoclonais marcados. Já foram empregados anticorpos marcados anti-

linfócitos (anti-CD4) em paciente com artrite reumatóide, com captação

sinovial duas vezes maior que o anticorpo controle 72. A utilização de

anticorpos anti-bacterianos é outra possibilidade 73> 74, sendo entretanto

difícil a obtenção de anticorpos marcados com alta especificidade e

afinidade de ligação a bactérias in vivo.

O flúor-18 é um isótopo emissor de positrons. Quando

administrado sob a forma iônica sua captação é proporcional ao

metabolismo ósseo u , provavelmente não apresentando vantagens

significativas sobre a cintilografia óssea na detecção de osteomielite. O

flúor-18 pode também ser empregado na marcação de deoxiglicose, cuja

captação se faz em proporção direta com o metabolismo celular de

glicose e se encontra aumentada em processos infeccios, tendo alta

sensibilidade e especificidade para detecção de osteomielite crônica 70> 75.

Os isótopos emissores de positron ainda não são produzidos em nosso

meio.

As porfírinas, lipossomas e interleucinas marcadas são alguns dos

numerosos outros radiofármacos atualmente em pesquisa para o

diagnóstico cintilográfico de infecção76'77

2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais -

Aspectos gerais

Em 1988 foi descrita a detecção cintilográfica de abscessos de

ratos causados por Pseudomonas aeruginosa tanto após a administração

de anticorpos monoclonais específicos para o agente etiológico quanto

empregando anticorpos monoclonais não específicos 74. Nos anos

Page 37: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

29

seguintes verificou-se que os anticorpos policlonais marcados com índio-

111 78> 79 ou tecnécio-99m 80, são também captados em processos

inflamatórios. Iniciaram-se assim os estudos e aplicação clínica da

cintilografía com anticorpos policlonais na investigação de processos

infecciosos. A estrutura dos anticorpos e as técnicas de marcação

utilizadas são fatores determinantes para sua captação, sendo revistos a

seguir.

2.5.1 Estrutura das imunoglobulinas e receptores

As proteínas séricas são separadas por eletroforese em albumina,

a, p e y-globulinas. Entre as y-globulinas se encontram os anticorpos, que,

pelo seu papel na resposta imune humoral, são também denominados

imunoglobulinas. Os anticorpos são produzidos e secretados pelos

linfócitos B, sendo que cada linfócito maduro e toda a linhagem dele

derivada secretam anticorpos com a mesma afinidade antigênica. Os

anticorpos presentes no sangue são secretados por linfócitos de diferentes

linhagens ou clones, motivo pelo qual são denominados policlonais.

Devido a mecanismos de recombinação cromossômica durante a

maturação dos linfócitos, os anticorpos policlonais apresentam grande

variação de estrutura molecular, com afinidade por diferentes antígenos.

Os anticorpos monoclonais, por outro lado, são produzidos in vitro a

partir da clonagem de um único linfócito, tendo características

moleculares e imunológicas bastante homogêneas 83.

Cada molécula de anticorpo pesa cerca de 150 kd (kilodaltons) e é

composta por 2 cadeias pesadas e 2 cadeias leves idênticas (figura 1).

Cada cadeia apresenta regiões globulares, denominadas domínios. Os

anticorpos são separados em classes (IgA, IgD, IgG, IgE, IgM) de acordo

Page 38: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

30

com o tipo de cadeia pesada presente. As classes IgA e IgG são divididas

em subclasses (IgA-1 e 2, IgG-1, 2, 3 e 4). A cadeia pesada da IgG é

compostas por 3 domínios constantes e 1 variável e as cadeias leves, do

tipo lambda ou kapa, são compostas por um domínio constante e um

variável. No domínio variável das cadeias leve e pesada há porções

hipervariáveis, principais responsáveis pelo reconhecimento antigênico 67.

A formação de alças de aminoácidos nos domínios é feita por ponte

dissulfídica, tipo de ligação covalente entre dois resíduos de cisteína. As

pontes dissúlfídicas, em conjunto com interações hidrofóbicas, fazem a

ligação entre a cadeia leve e pesada e entre as cadeias pesadas. Entre os

domínios existem seqüências não globulares e flexíveis de aminoácidos,

mais suscetíveis à proteólise. A proteólise limitada com papaina quebra o

anticorpo em 2 fragmentos Fab ('antigen binding'), com peso molecular

de 50 kd (kilodaltons), e 1 fragmento Fc ('cristaline'), com peso de 50 kd.

A proteólise limitada com pepsina leva a obtenção de l fragmento F(ab')2

- com 100 kd - e 1 fragmento Fc83.

Page 39: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

31

cadeialeve —

cadeiapesada-

— domíniovariável

domíniosconstantes

««»« = ponte dissulfídica

Fig. 1 - Estrutura do anticorpo classe IgG e localização das pontesdissulfídicas.

Os anticorpos policlonais apresentam extrema diversidade dos

domínios variáveis e, por conseqüência, de afinidade antigênica. Os

domínios constantes são no entanto homogêneos dentro de cada subclasse

de anticorpo. A manutenção áá estrutura dos domínios constantes e, em

especial da porção Fe, é importante por permitir a interação do anticorpo

com outras moléculas como receptores e proteínas do sistema

complemento. Esta interação está relacionada a fenômenos de

opsonização, ativação de complemento, reação de hipersensibilidade tipo

I e citotoxicidade celular mediada por anticorpo. Os receptores com

Page 40: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

32

afinidade pela porção Fe da IgG (receptores FcyR) são glicoproteínas. de

membrana, sendo identificados diferentes subtipos. O FcyRI tem alta

afinidade para IgGl e IgG3 e baixa afinidade por IgG4 e IgG2, sendo

encontrado em monócitos, macrófagos e neutrófílos. Os FcyRII e III são

receptores com menor afinidade pelo anticorpo (o primeiro é encontrado

em monócitos, macrófagos, neutrófílos, eosinófilos, plaquetas e linfócitos

B; o segundo está presente em neutrófilos, células NK, alguns linfócitos

T, eosinófilos e macrófagos)81"83.

2.5.2 Técnicas de marcação de imunoglobulinas

A marcação radioisotópica de anticorpos ainda não está

suficientemente padronizada, sendo encontrada grande variação nos

procedimentos adotados na literatura.

A marcação por iodinação é usual em muitos laboratórios de

medicina nuclear. O método mais utilizado é a substituição direta do

hidrogênio de amino-ácidos aromáticos (geralmente tirosina) pelo iodo

radioativo, oxidado por métodos eletrolíticos ou outros agentes

(cloramina T, iodogen, lactoperoxidase) 84. Com menor freqüência se

emprega a conjugação indireta, ligando o iodo a um composto aromático

e este ao anticorpo. A marcação com iodo não é muito estável in vivo,

ocorrendo dehalogenação espontânea ou por ação enzimática. Outras

desvantagens estão relacionadas aos isótopos de iodo disponíveis. O iodo

131 tem maior disponibilidade e menor custo, entretanto apresenta meia

vida física longa (8 dias) e, além da radiação gama com energia de 364

keV, emite radiação beta. A meia vida longa e a radiação beta levam a

alta dose de radiação para o paciente e a alta energia da radiação gama

resulta em imagens com má resolução na câmara de cintilação. O iodo

Page 41: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

33

123 tem características físicas adequadas (meia vida física de 13 horas e

radiação gama com energia de 159 keV), que permitem menor dose de

radiação e imagens com boa qualidade, porém seu custo é alto e é pouco

disponível em nosso meio 58> 67> 68> 85'86.

A marcação com índio-111 é feita por métodos de marcação

indireta empregando quelantes bifuncionais. Estas moléculas (ex.: DTPA

ou EDTA) são ligadas ao anticorpo e ao isótopo, funcionando como uma

ponte entre eles, proporcionando uma marcação eficiente e estável. Além

disto as características físicas do índio-111 são adequadas para a

cintilografia (meia vida física de 2,7 dias, radiações gama com 171 e 245

keV de energia) e por estes motivos seu emprego é muito citado na

literatura 26'43> 78> 79> 87"91. Entretanto, além do alto custo e dificuldade na

importação do índio-111, o procedimento é demorado e complexo, com

freqüente necessidade de remoção de impurezas químicas ou

radioquímicas após a marcação 67> 68'85.

A marcação indireta de anticorpos com tecnécio-99m, através de

quelantes bifuncionais, é pouco empregada. A ligação inicial pode ser

feita entre o tecnécio-99m e o quelante, com posterior ligação deste

complexo ao anticorpo, ou entre o anticorpo e o quelante, com posterior

ligação do tecnécio-99m a este complexo. A segunda alternativa facilita a

separação de impurezas químicas e radioquímicas do preparado. O mais

promissor método de marcação indireta é a incorporação de grupo

nicotinil-hidrazina à IgG, marcada posteriormente com tecnécio-99m.

Esta técnica tem alta estabilidade e eficiência de marcação, comparável à

marcação com índio-111 85> 87> 92"94.

A marcação direta é o procedimento mais utilizado para marcação

de anticorpos com tecnécio-99m. O problema encontrado, com raras

Page 42: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

34

exceções 95, é a instabilidade das ligações entre o tecnécio-99m e o

anticorpo. Esta instabilidade é fruto da ligação fraca do tecnécio-99m a

sítios de baixa afinidade do anticorpo, com posterior desmarcação

espontânea. Na última década se demonstrou a ligação com alta afinidade

do tecnécio-99m a anticorpos reduzidos 96> 97. Esta ligação se faz em

grupos sulfidrila, formados pelo rompimento das pontes dissulfídicas

entre resíduos de cisteína durante a redução branda do anticorpo.

Paralelamente à criação de* grupos sulfidrila (com alta afinidade pelo

tecnécio-99m), utiliza-se a técnica de transquelação para evitar a

indesejável ligação do isótopo aos grupos de baixa afinidade. A

transquelação consiste na ligação do tecnécio-99m reduzido a um

reagente intermediário, antes de sua ligação ao anticorpo. A ligação do

tecnécio-99m ao reagente intermediário se faz de forma rápida e impede a

ligação aos grupos de baixa afinidade. Em um segundo momento ocorre a

transferência do tecnécio-99m do reagente intermediário para os grupos

sulfidrila do anticorpo, que, apesar de sua velocidade de reação mais

lenta, apresentam maior afinidade 68> 85'96> 98"100.

A marcação direta com tecnécio-99m apresenta muitas variações

técnicas. O anticorpo pode ser isolado ou purificado do sangue de

diferentes formas. A redução do anticorpo é feita por numerosas

substâncias: cloreto estanhoso, zinco, metil-mercaptano, ditiotreitol,

borohidreto de sódio, 2-mercaptoetanol, ditioeritritol, cisteína, 2-amino-

etanetiol, ácido ascórbico 57> 96> 98'106. O cloreto estanhoso é habitualmente

empregado para redução do pertecnetato, mas pode ser substituído por

outras substâncias (ex.: ditionita 106). Por fim são utilizados diferentes

reagentes intermediários para a transquelação: metilenodifosfonato,

Page 43: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

35

pirofosfato, gluconato, glucoheptonato, glucarato, DTPA ou EDTA 57> 98>

100, 103, 106, 107

Após a marcação são feitos controles de qualidade, incluindo

esterilidade e apirogenicidade. Também é testada a eficiência e

estabilidade da marcação. A eficiência de marcação é medida pela

porcentagem do radioisótopo que se encontra na forma química desejada

(ligado ao anticorpo) em relação ao total de radioisótopo presente na

amostra. Este total inclui, além do anticorpo marcado, o radioisótopo livre

e ligado a fragmentos ou agregados de anticorpos 57> 96> 103. A separação

do anticorpo marcado destas outras formas radioquímicas pode ser feita

por cromatografia 96> 98. A estabilidade da marcação refere-se a

manutenção da ligação entre o radioisótopo e o anticorpo ao longo do

tempo. A estabilidade pode ser testada in vitro por repetição da

cromatografía em diferentes intervalos de tempo. Outra forma de testar a

estabilidade é a cromatografía do anticorpo marcado após incubação com

outras substâncias que competem pela ligação com o radioisótopo 99> 107,

sendo mais estável a ligação anticorpo-radioisótopo quanto menor a

transferência para os competidores. Uma variação deste teste,

empregando cisteína ou glutationa como competidor, destaca-se pelo

papel atribuído a estas substâncias na desmarcação in vivo do anticorpo

marcado com tecnécio-99m 85> 87> 94> 102> 108. Estudos de distribuição do

radiofármaco nos diferentes órgãos,- sangue e secreções podem

demonstrar a baixa eficiência de marcação ou instabilidade do composto

in vivo, uma vez que há diferenças na distribuição de diferentes formas

radioquímicas.

Observa-se que a captação de anticorpos de diferentes classes e

subclasses, purificados ou submetidos a ação de enzimas pode ser

Page 44: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

36

significativamente diferente 88> 109. Partindo-se de anticorpos com

características semelhantes, porém submetidos a diferentes procedimentos

de marcação, também se observa grande variação de captação e

biodistribuição. Esta variação talvez esteja relacionada a diferenças na

eficiência e estabilidade da ligação anticorpo-radioisótopo ou a

modificações das propriedades físico-químicas do anticorpo durante a

marcação 90'94> I02'106> n o . A marcação pouco eficiente ou instável resulta

em isótopo livre ou sob outras formas radioquímicas, cada qual com

diferente grau de concentração e biodistribuição 85< 94. As modificações

físico-químicas do anticorpo durante a marcação são pouco estudadas.

Estas modificações podem ocorrer por alterações de estrutura terciária e

quaternária do anticorpo devido a perda das pontes dissuífídicas, pela

formação de fragmentos e agregados 96 e por pequenas modificações de

radicais da cadeia polipeptídica.

2.5.3 Mecanismos de captação

Os mecanismos de captação dos anticorpos policlonais no foco

infeccioso não estão suficientemente esclarecidos. A captação pode

ocorrer por simples extravasamento e acúmulo protéico inespecífíco ou

em decorrência de propriedades imunológicas e físico-químicas dos

anticorpos.

Provavelmente os mecanismos inespecíficos e específicos de

captação dos anticorpos policlonais ocorrem de forma simultânea. O

extravasamento protéico deve ser o maior responsável pela chegada do

radiofármaco no foco infLamatório, sendo seguido por fatores locais que

levam a sua fixação. O balanço entre as taxas de entrada e clareamento do

radiofármaco determina a concentração absoluta do mesmo no foco

Fac. MecTcina da USPBiulioteca Central

Page 45: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

37

Ínflamatório. Em estudo comparativo verifica-se que o menor clareamento

é responsável pela maior concentração de anticorpos policlonais e gálio-

67 que de albumina marcada no foco Ínflamatório, pois o acúmulo inicial

dos três é semelhante m . As diferenças de concentração entre anticorpos

marcados por diferentes técnicas são também atribuídas mais a variação

do clareamento do foco Ínflamatório do que a diferenças de

extravasamento do radiofármaco, sendo o clareamento mais lento (e

portanto a captação mais alta) verificado com anticorpos modificados

com hidrazino-nicotinamida e marcados com tecnécio-99m 87 e com

anticorpos marcados com índio-111 58.

Os mecanismos de captação inespecífícos são bastante valorizados

atualmente, considerando-se que o acúmulo de anticorpos policlonais se

faz de forma semelhante ao de qualquer outra proteína de alto peso

molecular; como conseqüência do aumento de fluxo, permeabilidade

capilar e espaço intersticial provocados pelos mediadores inflamatórios.

Medidas com cloreto de sódio, hemácias, albumina e anticorpos

radiomarcados mostram aumento de duas vezes no volume intersticial, de

uma vez e meia no volume sangüíneo e de 2 a 15 vezes na concentração

de proteínas no foco infeccioso 112. Além do extravasamento causado pelo

aumento de fluxo e permeabilidade vascular, a concentração de proteínas

ocorre pela menor reentrada de proteínas do interstício para o plasma,

devido a redução de drenagem linfáticá e venosa causada pelo edema e

estase 112. Os anticorpos (peso molecular=150 kd), assim como outras

proteínas de alto peso molecular (ex.: complexo gálio-transferrina - 100

kd), apresentam exsudação e acúmulo lentos69. A concentração similar de

anticorpos policlonais e diversas proteínas (complexo gálio-67-

transferrina, anticorpo monoclonal, soro-albumina humana, dextran e

Page 46: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

38

DTPA marcados com tecnécio-99m) no foco inflamatório encontrada em

alguns trabalhos 57> 58 é um argumento a favor dos mecanismos de

captação não específicos para anticorpos. Além disto, em estudo

associando microscopia óptica com autoradiografía, observa-se que a

captação tanto da soro-albumina humana quanto dos anticorpos marcados

se faz no espaço intersticial e não nas células do infiltrado inflamatório113

Vários estudos sugerem que, ao lado do extravasamento

inespecífíco de proteínas, existam mecanismos de concentração ou

fixação no foco infeccioso específicos das moléculas de anticorpo.

Diferentes trabalhos referem concentração de anticorpos no foco

inflamatório mais intensa que a de soro-albumina humana e gálio-67 110>

m ' 1 1 4 e outras 8 proteínas marcadas com tecnécio-99m 56. A captação do

anticorpo íntegro também é maior que a dos fragmentos Fab e Fe 90,

sugerindo que alguma característica tenha se perdido durante a

fragmentação. Até mesmo os estudos que mostram concentração similar

de anticorpos policlonais e albumina podem, ao contrário da primeira

impressão, indicar algum mecanismo específico para a captação e fixação

de anticorpos, pois seria esperado que pequenas moléculas de albumina

(peso molecular=69 kd) tivessem maior extravasamento para o interstício

que os anticorpos (peso molecular=150 kd). Nesta linha comparou-se o

acúmulo de anticorpos policlonais, soro-albumina humana e polímeros de

soro-albumina humana marcadas (peso molecular próximo a 150 kd),

encontrando-se concentração inflamatória de anticorpo 1,5 vezes maior

que a de albumina e 3 vezes maior que a do polímero 115.

A ligação a receptores Fe dos leucócitos no infiltrado inflamatório

foi o primeiro mecanismo sugerido para a captação específica de

Page 47: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

39

anticorpos 74> 78> 79. Ao contrário da porção Fab (alta heterogeneidade da

cadeia polipeptídica, afinidade antigênica variada), a porção Fe é

homogênea dentro de cada subclasse de anticorpo. Nos anticorpos

usualmente empregados há predomínio da subclasse IgGl, com alta

afinidade pelos receptores FcRI 116> l17 presentes em monócitos (20 a

30.000 receptores por célula) e neutrófilos (cerca de 100.000 receptores

por célula 90, aumentando após estímulo com interferon-y 81). Existem

outros argumentos a favor da ligação do anticorpo aos receptores Fe: a

captação inflamatória de Fe é maior que a de Fab w ; 17% dos anticorpos

marcados se liga a monócitos e 3,3% a granulócitos após incubação com

sangue, sendo esta ligação bloqueável por competição com anticorpos

não marcados 118.

Por diversos motivos a ligação dos anticorpos policlonais aos

receptores Fe não é mais considerada um mecanismo significativo de

captação. O anticorpo marcado se localiza fora das células do infiltrado

inflamatório em micro-autoradiografias 113, dado confirmado pela

centrifÀigação do infiltrado inflamatório, na qual apenas 5% da atividade

se localiza no botão celular 61. Entretanto a atividade extra-celular do

radiofármaco não descarta completamente a ligação a receptores Fe, pois

se descreve a liberação de receptores no foco inflamatório pelos

leucócitos I19. A leucopenia, com conseqüente redução do número de

receptores disponíveis para ligação, parece não afetar a captação 120. A

marcação de várias classes e subclasses de anticorpos ou mesmo de IgG

humana e murínica, que apresentam diferenças estruturais de Fe, também

interfere pouco na captação 58> 90> 115. A deglicosilação ou oxidação de

carbohidratos dos anticorpos, que reduz a afinidade a receptores Fe in

Page 48: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

40

vitro, não altera a captação in vivo dos anticorpos em abscessos de ratos121. É também considerado que a própria IgG plasmática (concentração -

8 a 15 g/litro) representaria uma competição para os anticorpos marcados

na ligação a receptores 41> 90. A tentativa de bloqueio competitivo da

captação do anticorpo marcado pela administração concomitante de 100 a

1000 vezes maior massa de anticorpo não marcado mostrou-se também

ineficaz 122.

Outros mecanismos de captação específicos para os anticorpos são

sugeridos, além da ligação a receptores leucocitários. Uma possibilidade é

a ligação a bactérias, por exemplo à proteína A. Observa-se in vivo que a

captação de anticorpos policlonais é maior em infecções por bactérias

gram positivas, especialmente por cepas de Staphylococcus aureus ricas

em proteína A. A ligação dos anticorpos à bactérias gram positivas é

bloqueável in vitro por anticorpos não marcados e aumenta de 46% para

88% quando o anticorpo marcado é previamente purificado para proteína

A 95> 109> 114. A administração de anticorpos na forma monomérica também

resulta em maior captação em infecções por Staphylococcus aureus 109, o

que pode ser explicado pelo menor peso molecular da forma monomérica

(extravasamento mais rápido) ou pela porção Fe do anticorpo estar livre

para ligação com a proteína A. A captação em inflamação estéril sugere

que a ligação do anticorpo a bactérias não deva representar um

mecanismo importante de captação. A captação bacteriana e leucocitária

podem estar interrelacionadas, sendo observado que, em ratos com

peritonite estafilocócica, 2 a 6% dos anticorpos marcados se encontram

ligados a bactérias e 5 a 15% ligados a leucócitos, em especial nos

neutrófilos associados a bactérias 123. Duas explicações são aventadas:

ligação do anticorpo a bactéria com posterior fagocitose; ligação do

Page 49: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

41

anticorpo a receptores Fe, cuja expressão está aumentada nos neutrófílos

ativados.

Outras propriedades físico-químicas dos anticorpos podem estar

relacionadas a sua captação ou fixação, além da ligação a receptores

leucocitários e bacterianos, com o possível papel fisiológico de favorecer

sua concentração no local de infecção. A modificação da estrutura

molecular do anticorpo, por exemplo através de polimerização, pode

dificultar a remoção do anticorpo do foco. Se demonstrou in vitro que os

polimorfonucleares são capazes de polimerizar moléculas de anticorpos e

antígenos por meio de ligações covalentes 124. A polimerização de

anticorpos também pode ocorrer por proteólise parcial seguida de

ligações cruzadas entre os fragmentos. Em diversas situações há formação

de microfíbrilas a partir de cadeia leve de anticorpos in vitro (proteólise

com pepsina, tripsina, extrato lisossomal de rim ou aquecimento em meio

ácido) e in vivo (amiloidose secundária a mieloma)125.

Foram levantadas acima alternativas para explicar a captação

infecciosa dos anticorpos marcados. Pode também ocorrer desmarcação

in vivo do anticorpo, com captação do radioisótopo livre (não ligado a

proteína) ou sob outras formas radioquímicas. Esta questão é melhor

estudada para a marcação com índio-111. Após dupla marcação de

anticorpos policlonais com índio-111 (In-111) e carbono-14 (C-14), a

concentração inflamatória de C-14 diminui e a de In-111 se mantém

constante ao longo do tempo 126. Em estudo com anticorpos marcados

com In- 111, iodo-123 (I-123) e C-14, também se observa que, após fase

inicial de acúmulo, o 1-123 e C-14 são removidos e o In-111 é retido no

abscesso 34. Sabendo-se que a marcação com C-14 é mais estável

(incorporação do carbono radioativo a estrutura da proteína), conclui-se

Page 50: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

42

que existe desmarcação do anticorpo in vivo, com retenção do In-111

livre no foco. A dissociação do complexo In-111-anticorpo pode ocorrer

por influência de enzimas proteolíticas ou de baixo pH local. Após a

dissociação o In-111 pode se fixar a outras proteínas no foco. Após

incubação in vitro, 6% do In-111 é transferido do anticorpo para

transferrina, 12% para ferritina e 31,6% para lactoferrina 127. A fixação do

In-111 livre pode também ocorrer por hidrólise e precipitação de

hidróxido de índio no interstício 47. Estudo semelhante realizado com

tecnécio-99m (Tc-99m) mostra que, após dupla marcação com Tc-99m e

C-14, há aumento progressivo da relação Tc-99m/C-14 em abscessos.

Como a marcação com C-14 é muito estável, conclui-se que o aumento

desta relação deva estar relacionado a desmarcação in vivo do anticorpo e

retenção do tecnécio-99m no foco. Estudos cromatográficos demonstram

que pequena fração do tecnécio-99m é transferido do anticorpo para

proteínas plasmáticas de alto peso molecular, as quais poderiam ser

posteriormente captadas no foco inflamatório 93.

2.5.4 Biodistribuição

A identificação do foco infeccioso depende de um bom contraste

entre o mesmo (estrutura de interesse - "alvo") e os órgãos vizinhos

("fundo"). A importância da captação nas estruturas de fundo não deve

ser menosprezada, sendo observado experimentalmente maior relação

alvo/fundo com anticorpos que com albumina marcada no foco

infeccioso, decorrente apenas da menor concentração do primeiro nas

áreas não infectadas 112. Desta forma, além da captação no foco, a

distribuição nos outors órgãos e a biocinética do radiofármaco interferem

no resultado final da cintilografia, podendo variar de acordo com as

Page 51: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

43

técnicas de marcação e isótopos empregados 58> 86. A diferença no

clareamento plasmático dos anticorpos marcados é um dos fatores

biocinéticos que podem alterar a captação. Quando a meia vida

plasmática de um radiofármaco é curta e sua taxa de acúmulo lenta, seus

níveis na circulação caem antes que haja captação significativa. A meia

vida plasmática encontrada para os anticorpos marcados com tecnécio-

99m é de 4 a 6 horas 80> 87> 105, sendo de 1 a 3 dias para os anticorpos

marcados com índio-111 Z6> 34' 87> 90 e de 14 dias para os anticorpos

marcados com radioiodo 128 (talvez causada pela eliminação lenta do iodo

após desmarcação, não obrigatoriamente correspondendo a meia vida

"real" do anticorpo58).

Os rins e o fígado são os órgãos com maior captação dos

anticorpos marcados 58> 85> 90> 104> 105, sendo a captação renal mais

acentuada na marcação com tecnécio-99m e a hepática com índio-111 47>

87. Pode também ser observada captação em trato gastrintestinal,

principalmente de anticorpos marcados com tecnécio-99m 34. A captação

hepática, renal e gastrintestinal podem dificultar a análise de estruturas

abdominais, porém dificilmente interferem na análise de estruturas

osteoarticulares.

A captação renal do radiofármaco pode se relacionar à ligação

inespecífica de anticorpos marcados à membrana basal glomerular I29, à

ligação a receptores Fe ou ao catabolismo renal de anticorpos 104'130. Nas

primeiras 24 horas após a administração de anticorpos marcados com

tecnécio-99m, 9,5 a 50% da atividade é eliminada por via renal28> 80> m ,

possivelmente representando mais a excreção de isótopo livre e

fragmentos radiomarcados que a do anticorpo íntegro l04> 108.

Page 52: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

44

Os mecanismos propostos de captação hepática incluem:

fagocitose dos polímeros formados após a redução do anticorpo pelas

células de KüpfFer 87, ligação dos anticorpos a receptores Fe das células

de Küpffer, catabolismo do anticorpo em hepatócitos 28' 104, eliminação

hépato-biliar de fragmentos marcados 103. Segundo testes realizados com

hepatócitos e células de Küpffer in vitro e após o bloqueio da fagocitose

com grande quantidade de dextran, a captação por células de Küpffer não

parece ser significativa 132. Outra alternativa que justifíca a concentração

hepática é a captação do isótopo livre, após desmarcação do anticorpo. O

índio-111 livre pode se fixar a proteínas hepáticas ligantes de ferro 85> 132.

Apesar da ligação do tecnécio-99m a glutationa hepática, sua baixa

concentração no fígado pode ser explicada pela posterior eliminação da

glutationa marcada ou de metabólitos como a cisteína para vias biliares e

sangue. A transferência do tecnécio-99m do anticorpo para cisteína e

glutationa é demonstrada por cromatografía in vitro e in vivo 94> 97> 108.

O aumento do ponto isoelétrico do anticorpo pela incorporação de

moléculas de DTPA reduz a captação hepática e renal e acelera o

clareamento sangüíneo dos anticorpos marcados 133. Talvez a menor

captação por estes órgãos seja causada pela redução das interações

iônicas entre o anticorpo (carga positiva) e as membranas celulares e

membrana basal (carga negativa) 129. Apesar de aumentar a captação

inflamatória absoluta, não se observou alteração da captação hepática e

renal após modificação do ponto isoelétrico dos anticorpos obtida por

purificação em coluna de troca iônica !34.

Page 53: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

45

2.6 Cintilografía com anticorpos policlonais -

Aspectos clínicos

2.6.1 Resultados de literatura

As pesquisas sobre a cintilografía com anticorpos policlonais na

investigação de processos inflamatórios 78'80 iniciaram-se imediatamente

após a demonstração casual da captação de anticorpos inespecífícos em

processos infecciosos 74. A cintilografia com anticorpos policlonais

marcados com índio-111 apresenta sensibilidade entre 86 e 100% e

especificidade entre 55 e 100% para processos inflamatórios

osteoarticulares, com valores médios de 98% e 85% se somados os

resultados dos 10 estudos revistos (393 pacientes) 9> 14'26> 78' 79'88'135"137.

Quando empregada marcação com tecnécio-99m é relatada sensibilidade

entre 71 e 95% e especificidade entre 81 e 100%, com valores médios de

88% e 83% na soma dos resultados de 6 estudos revistos (128 pacientes)36> 54>63'80'138-139 (tabelas l e 2).

Page 54: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

46

Tab. 1 - Sensibilidade e especificidade da cintilografia com anticorpospoliclonais marcados com índio- 111 na investigação de processoinflamatório osteoarticular.

ref.91426

78798889

135136137

pacientes26 (7+el9-)69 (40+ e 29-)34 (25+e 9-)

15 (8+e7-)25 (12+el3-)11 (11+)119 (71+e 48-)

9 (7+ e 2-)40 (15+e25-)45 (7+e38-)

sens.86%98%100%

100%100%100%97%

100%93%86%

esp.84%86%55%

100%100%

-85%

100%88%83%

observaçõespé diabético

-18 casos crônicos ou com cirurgiaprévia

---

sensibilidade e especificidade de 97% e100% em 52 casos crônicos

-infecção crônica em prótese articularinfecção associada a trauma oucirurgia

total: sensibilidade=98% (198/203), especificidade=85% (162/190)Nota: + se refere a pacientes com processo infeccioso/inflamatório osteoarticular

- se refere a pacientes sem processo infeccioso/inflamatório osteoarticular

Tab. 2 - Sensibilidade e especificidade da cintilografia com anticorpospoliclonais marcados com tecnécio-99m na investigação de processoinflamatório osteoarticular.

ref.3654

63

80138139

total:

pacientes9 (6+e3-)20 (14+ e 6-)

27 (23+ e 4-)

14 (5+e9-)14 (11+e 3-)44 (22+ e 22-)

sens.67%71%

95%

80%91%95%

sensibilidade=88%

esp.0%

100%

100%

88%100%81%(71/81

observações-

em osteomielite crônica apendicular:sens. 83,3%; axial: sens. 62,5%especificidade de 100% para inflamaçãoe 16% para infecçãocintilografia com leucócitos foi padrão

--

), especificidade=83% (39/47)Nota: + se refere a pacientes com processo infeccioso/inflamatório osteoarticular

- se refere a pacientes sem processo infeccioso/inflamatório osteoarticular

Page 55: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

47

2.6.2 Estudos falso positivos e falso negativos

As mais freqüentes causas de estudos falso positivos para infecção

na cintilografía com anticorpos policlonais são os processos inílamatórios

estéreis. A captação do radiofármaco em processos não infecciosos é tão

significativa que muitos trabalhos experimentais empregam animais com

abscessos químicos por terebintina ou outros agentes 56> 57> 95'105> 140. Em

estudo de 27 pacientes a especificidade da cintilografía com anticorpos

policlonais cairia de 100 para 16% se os casos de inflamação

osteoarticular estéril fossem considerados falso positivos, mantendo

sensibilidade de 95% 63. Por outro lado, em 53 pacientes estudados a

cintilografia apresentou queda discreta de especificidade (94 para 83%)

mantendo sensibilidade de 98% se os casos de inflamações estéreis que

não justificassem o quadro clínico fossem considerados negativos 91.

Entre as causas descritas de estudos falso positivos para

osteomielite ou artrite se encontram: fratura recente (tempo não referido26, 10 dias de evolução 9), tecido necrótico e ossifícação heterotópica em

prótese de quadril, hematomas, sinovite não infecciosa e artrite

reumatóide, bursite pré-patelar, osteoartrose severa, artropatia de

Charcot, úlcera penetrante de calcâneo, tumor sinovial, outros tumores 9l

26,36,89,139 - ^ peSqUj sa fe processos infecciosos extra-ósseos as causas

de estudos falso positivos, além de inflamações estéreis 122, também

podem estar ligadas a instabilidade e excreção gastrintestinal do

radiofármaco 91 ou a dificuldade de análise de estruturas vasculares pela

persistência do radiofármaco no compartimento vascular 43.

Apesar de reduzir a especificidade para osteomielite, a captação

de anticorpos policlonais marcados em artrites e outros processos

inflamatórios estéreis pode ter aplicação clínica. A captação de anticorpos

Page 56: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

48

policlonais teve melhor correlação com critérios clinico-radiológicos em

pacientes com artrite reumatóide do que a cintilografía óssea 141> 142,

radiologia convencional 143, cintilografía com nanocolóides ou leucócitos

marcados 144.

A captação tumoral de anticorpos policlonais, na ausência de

infecção superposta, é também descrita em diversos trabalhos. A captação

de anticorpos policlonais em sarcomas e gliomas foi maior do que em

abscessos de animais de experimentação, ainda mais acentuada

empregando marcação com índio-111 do que tecnécio-99m l05. Em seres

humanos é descrita captação em melanoma maligno, adenocarcinoma de

ovário, carcinoma de colo uterino e de mama, carcinoma de próstata,

carcinoma epidermóide e de pequenas células em pulmão, linfoma e

histiocitoma 73' 79> 122'145. Em estudos prospectivos ocorreu captação em

13 de 16 tumores diversos 79, 6 de 17 tumores primários e 5 de 7 tumores

metástaticos 145. Não parece haver fixação do anticorpo policlonal no

tumor, devendo ser importante para a captação o aumento de fluxo

sangüíneo, permeabilidade capilar e espaço intersticial regional 78> l46,

quer sejam desencadeados pelo próprio tumor ou por processo

inflamatório secundário ao mesmo. Mesmo não ocorrendo ligação

específica às células tumorais, a ausência de captação no sarcoma de

Kaposi pulmonar de 5 pacientes 147 sugere que o tipo celular possa ter

influência na captação, talvez de forma indireta (pelas características

vasculares do tumor e reação inflaniatória que desencadeia).

Estudos negativos em pacientes com osteomielite são descritos

com pouca freqüência, geralmente relacionados a processos crônicos ou

em baixo grau de atividade. Os casos descritos incluem: espondilite

tuberculosa e estafílocócica36'80'139, infecção em baixo grau de atividade

Page 57: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

49

em prótese de quadril 89, osteomielite associada a angiopatia arterial

severa 9> 54. As causas de estudos falso negativos extra-ósseos são

igualmente pouco descritas, incluindo: toxoplasmose disseminada,

inflamação de parede torácica em paciente leucopênico 120, microabscesso

hepático, abscesso pulmonar, pneumonite intersticial 139, infecção

pulmonar 36' 135, abscesso abdominal e esplênico, infecção de prótese

vascular 36, tuberculose, hepatite granulomatosa, flebite, diverticulite 91,

endocardite, yersiniose 43. Fatores como o uso de antibióticos, anti-

inflamatórios hormonais ou não hormonais, leucopenia ou diabetes

parecem não interferir na captação dos anticorpos policlonais. A

insuficiência renal com ritmo de filtração glomerular entre 40 e 60 ml/min

parece não influenciar a captação, havendo controvérsia quanto a menor

sensibilidade com ritmo de filtração glomerular abaixo de 40 ml/min73> 91>

115,120,148,149

2.6.3 Reações adversas e dosimetria

Os anticorpos policlonais empregados (sandoglobulina - Sandoz)

são obtidos por precipitação com etanol do plasma de 8.000 doadores

voluntários, não remunerados e selecionados por exame médico e

sorológico. O tratamento do anticorpo precipitado com pepsina em pH 4

evita a formação de agregados, capazes de ativar o sistema complemento,

e elimina o ativador da pré-calicreína, contaminante que pode levar a

colapso circulatório 117. Os lotes de Ímunoglobulinas são testados quanto

a esterilidade, apirogenicidade e atoxicidade. O risco de contaminação

por vírus da hepatite B ou da imunodeficiência humana é mínimo, sendo

demonstrada redução de IO6 na carga viral durante o preparo do

anticorpo, provavelmente pelos procedimentos físico-químicos

Page 58: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

50

empregados. Estudos epidemiológicos não relatam infecção viral via

imunoglobulina preparada por fracionamento com etanol 15°*151.

As reações adversas aos anticorpos policionais são raras,

ocorrendo em menos que 1% dos pacientes não imunodefícientes durante

o emprego de doses terapêuticas (maiores que a dose diagnostica na

ordem de IO3). O mecanismo destas reações pode ser não imunológico

(pirógenos, dando febre e calafrios) ou imunológico, sendo controladas

pela interrupção da administração e uso de anti-histamínicos e adrenalina.

As reações imunológicas são subdivididas em: reação de

hipersensibilidade tipo I (mediada por IgE e mais freqüente em pacientes

com deficiência de IgA), que se inicia cerca de 1 hora após a infusão e

cursa com manifestações respiratórias, cardiovasculares ou

gastrointestinais; reação anafllactóide (desencadeada por ativação do

sistema complemento pelos agregados de IgG), que ocorre cerca de 30

minutos a 1 hora após a infusão e cursa com rubor, opressão torácica,

dispnéia, dor lombar, náusea, vômitos, diarréia, calafrios, cefaléia,

tremores e febre; reação inflamatória (por formação de imunecomplexos e

ativação do sistema complemento em pacientes com grande quantidade de

antígenos circulantes), que ocorre cerca de 30 minutos a 1 hora após a

infusão e cursa com cansaço, dores, tremores, fadiga, cefaléia, febre e

leucocitose 88.

Durante a aplicação diagnostica de anticorpos policionais

marcados com índio-111 em mais de 2000 pacientes não foi descrita

nenhuma reação adversa 122, também não tendo sido encontrado nenhum

relato nos trabalhos com anticorpos policionais marcados com tecnécio-

99m. Não há estudos do uso diagnóstico de anticorpos policionais em

pacientes com deficiência seletiva de IgA, presença de anticorpos anti-

Page 59: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

51

IgG ou reação prévia a imunoglobulinas e outros hemoderivados 117> 122

(pacientes com maior risco de reações adversas). Como os anticorpos são

de origem humana não há risco de desenvolvimento de anticorpos anti-

murínicos (HAMA).

A dose absorvida (em mGy por MBq de anticorpos policlonais

marcados com índio-111 administrado) é de: 0,14 para rins, 0,26 para

medula óssea, 0,14 para ovário, 0,33 para testículo, 0,47 para fígado, 0,20

para baço. A dose equivalente de corpo inteiro é de 0,13 a 0,2 mSv por

MBq, ou 10 a 15 mSv em exame com dose de 75 MBq34>47> 135.

A dose absorvida (em mGy por MBq de anticorpos policlonais

marcados com tecnécio-99m administrado) é de: 0,015 para rins, 0,009

para medula óssea, 0,017 para gônadas, 0,0073 para fígado, 0,012 para

baço, 0,003 para pulmão 131. A dose equivalente de corpo inteiro é de

0,008 mSv por MBq, ou 2,9mSv em exame no qual é administrada dose

de 370 MBq28'34'47.

Page 60: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

52

3 Casuística e métodos

No período de julho de 1994 a julho de 1995 foram estudados 23

segmentos ósseos em 20 pacientes com idade entre 15 e 81 anos (média =

37), sendo 11 pacientes do sexo masculino e 9 do sexo feminino. Os

pacientes foram encaminhados pelo ambulatório de ortopedia do Hospital

das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Todos os pacientes apresentavam alterações osteoarticulares

prévias e foram investigados quanto a associação destas alterações com

atividade infecciosa de osteomielite crônica. Em 10 segmentos ósseos as

alterações correspondiam a seqüela de osteomielite associada a

procedimentos cirúrgicos e em 8 segmentos eram decorrentes de seqüela

de osteomielite sem antecedentes cirúrgicos. Em 5 pacientes não havia

suspeita clínica ou antecedente de infecção, com história de cirurgia

osteoarticular em 4 pacientes e ferimento por arma de fogo em um.

A avaliação inicial e seguimento dos pacientes foi feita por

infectologista do ambulatório de ortopedia. Ao lado da avaliação clínica

foi feita a avaliação radiológica da área de interesse e exames

laboratoriais. Todos os pacientes realizaram leucograma e velocidade de

hemossedimentação, 9 pacientes realizaram estudos bacteriológicos. Os

pacientes foram acompanhados por um período de no mínimo 6 meses

Page 61: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

53

após a avaliação inicial. O quadro clínico-laboratorial e radiológico era

conhecido pelo infectologista, porém, até a conclusão dos estudos,

desconhecida pelos médicos nucleares.

Os estudos cintilográficos dos primeiros 15 pacientes foram

realizados no Centro de Medicina Nuclear da Universidade de São Paulo.

Devido a problemas técnicos com o equipamento, os demais pacientes

foram estudados no Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Samaritano.

Os estudos realizados foram a cintilografía óssea com metilenodifosfonato

marcado com tecnécio-99m (Tc-99m-MDP), a cintilografía com gálio-67

e a cintilografía com anticorpos policlonais marcados com tecnécio-99m

(Tc-99m-IgG). Para cada paciente os 3 estudos foram concluídos no

máximo em 3 semanas (10 dias em 17 pacientes). O intervalo mínimo

para realização de novo exame foi de 48 horas após a cintilografía óssea

ou com anticorpos policlonais e 1 semana após a cintilografía com gálio-

67. Em 8 pacientes os exames foram iniciados pela cintilografía óssea,

seguida de cintilografia com gálio e cintilografía com anticorpos

policlonais; em 12 pacientes a cintilografía com anticorpos policlonais foi

o estudo inicial, seguida da cintilografía com gálio-67 e da cintilografia

óssea.

Critérios para a determinação de infecção em atividade

Os casos foram classificados como positivos ou negativos para

infecção em atividade por infectologista do ambulatório de ortopedia,

com grande experiência no diagnóstico, acompanhamento e tratamento de

pacientes com osteomielite crônica.

Os critérios empregados incluíram: história e apresentação clínica;

evolução clínico-cirúrgica de até 6 meses após as cintilografías, incluindo

Fac. Medicina da USPBiüiioteca Central

Page 62: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

54

resposta a antibioticoterapia (quando realizada); dados laboratoriais

(velocidade de hemossedimentação, leucograma, culturas); achados

radiológicos (radiologia convencional). As manifestações clínicas mais

valorizadas foram a presença de fistulas ativas (com secreção); sinais

flogísticos locais e manifestações infecciosas sistêmicas (ex.: febre). Nos

estudos laboratoriais a velocidade de hemossedimentação aumentada,

leucocitose e culturas positivas sugeriram o diagnóstico de infecção. Os

principais achados radiológicos valorizados foram a modificação em

relação a exames anteriores e a presença ou não de seqüestros. Os dados

cintilográficos não foram empregados como critérios diagnósticos.

Com base nestes critérios os pacientes foram separados nos grupos

A (sem infecção) e B (infecção comprovada ou com alta probabilidade).

Os segmentos ósseos nos quais não se chegou a uma definição

diagnostica foram excluídos das análises subseqüentes. A apresentação

clínica dos pacientes está resumida nas tabelas 3 e 4.

Page 63: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

55

Tab. 3 - Pacientes sem infecção (grupo A): Quadro clínico.

Pacientei sexo1-ALC

2-EB

3-ESF

4-IBS

5-ISS

6-KVJ

7-MHS

8-RAO

9-RCB

10-ZPS

11-AS(quadril)

fem.

masc.

masc.

fem.

fem.

masc.

fem.

masc.

fem.

fem.

fem.

idade21a

69 a

46 a

33 a

26 a

30 a

34 a

24 a

21a

37 a

81a

história-pé esquerdo eqüino operado há16 anos-prótese quadril bilateral porartrose há 7 anos-osteomielite crônica em tíbiaesquerda há 28 anos-osteomielite crônica em ilíacodireito há 19 anos-fratura exposta e pseudoartrosede perna esquerda há 2 anos-ferimento por arma de fogo emcoxa direita há 10 anos-pioartrite tuberculosa de quadrilesquerdo há 27 anos-fratura exposta e osteomielitecrônica de femur esquerdo há 1ano-pioartrite de quadril esquerdo há10 anos-pioartrite de quadril esquerdo há20 anos-prótese de quadril direito porartrose há 2 anos, retirada porinfecção há 1 ano, osteomieliteem tíbia direita há 2 meses

dor 1 fistula

+

+

-

++

+

+

+

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

Nota: - indica ausência de dor ou fistula, + indica dor discreta,moderada, +++ indica dor acentuada.

indica dor

Page 64: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

56

Tab. 4 - PacientesPaciente

12-AS(tíbia)

13-CAS

14-CÍ(femur)

15-CI(tíbia)16-GVS

17-MOCP

18-MFM

19-AL

com ínfecção (grupo B): Quadro clínico.sexo 1 idade 1 história |dor|fístula

fem.

masc.

masc.

masc.

masc.

fem.

masc.

masc.

81a

52 a

33 a

33 a

15 a

48 a

35 a

46 a

-prótese quadril direito por artrosehá 2 anos, retirada por infecção há1 ano, dor em tíbia direita há 2meses-fratura exposta de tornozeloseguida de osteomielite de tálusdireito há 2,5 anos-fratura exposta de femuresquerdo há 7 anos, pseudoartrosee osteomielite crônica de femurcom retirada de fixador externo há2 anos-fratura exposta de tíbia esquerdacom osteossíntese há 7 anos-pioartrite de quadril direito há 1ano

-osteomielite crônica de femurproximal esquerdo há 34 anos-fratura e luxação exposta de tíbiae tálus direito com osteossíntesehá 1 ano-fratura de perna e luxaçãoexposta de tornozelo direito comosteomielite há 3 anos, retiroumaterial de síntese há 1 ano

+++

+++

++

++

++/+++

+

+++

++

+

+

-

+

+

+

Nota: - indica ausência de dor ou fistula, + indica dor discreta ou presença de fistula,++ indica dor moderada, +++ indica dor acentuada.

Page 65: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

57

Marcação dos anticorpos policlonais

Os anticorpos foram preparados no Instituto de Pesquisa

Energéticas e Nucleares (EPEN), segundo a técnica de marcação direta de

Schwarz modificada por Mather e Ellison 100' 101> M0. Inicialmente a

imunoglobulina humana liofilizada (Sandoglobulina - Sandoz) foi

reconstituída, fracionada e reliofilizada em alíquotas de 10 mg, mantidas

congeladas a -20°C. O anticorpo foi incubado com 2-mercaptoetanol, em

relação molar 1:1000, à temperatura ambiente durante 30 minutos. A

seguir o anticorpo reduzido foi purificado por gel-filtração em coluna de

Sephadex G-50 e eluído com tampão fosfato-salina. As alíquotas com

concentração protéica acima de 0,5 mg/ml, conforme determinação

espectrofotométrica, foram separadas e recongeladas. A cada 1 mg de

anticorpo reduzido adicionou-se metiienodifosfonato (MDP), cloreto

estanhoso (SnC^) e ácido para-aminobenzóico (PABA). Este composto,

pronto para marcação com tecnécio-99m, foi mantido sob refrigeração.

Foram também realizados controles de esterilidade, apirogenicidade e

biodistribuição do composto marcado 140. O controle radioquímico

(eficiência e estabilidade de marcação) foi feito por cromatografía

miniaturizada. Os lotes utilizados apresentaram eficiência de marcação

acima de 90% aos 10 minutos, estável por até 24 horas após a marcação.

Aquisição das imagens cintilográficas

Os estudos foram realizados em câmara de cintilação modelo

Orbiter (Siemens Medicai Systems) no Centro de Medicina Nuclear e

modelo Helix (Elscint Inc.) no Serviço de Medicina Nuclear do Hospital

Page 66: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

58

Samaritano. As imagens foram registradas de forma analógica e digital,

com posterior processamento em computadores dedicados.

Cintilo grafia óssea: O radiofármaco utilizado foi o

metilenodifosfonato marcado com tecnécio-99m (Tc-99m-MDP). Os

frascos de MDP, contendo metilenodifosfonato e cloreto estanhoso, foram

sintetizados no setor de radiofarmácia do Centro de Medicina Nuclear do

Hospital das Clínicas. O tecnécio-99m foi obtido sob a forma de

pertecnetato de sódio em gerador molibdênio-99/tecnécio-99m. A

marcação consistiu na adição de 1750 a 3700 MBq de tecnécio-99m em

volume de 3 ml ao frasco de MDP e incubação a temperatura ambiente

por 15 minutos. O material foi utilizado no máximo 6 horas após a

marcação. O estudo foi adquirido após a administração endovenosa de

740 a 1110 MBq do radiofármaco, nas fases de fluxo, equilíbrio e

imagem tardia ou metabólica.

A fase de fluxo foi adquirida no Io minuto após a administração do

radiofármaco, em seqüência de imagens da área suspeita com duração de

3 a 5 segundos. Estas imagens permitiram a avaliação da progressão

vascular do radiofármaco. Nos 3 pacientes em que dois segmentos ósseos

foram analisados, escolheu-se para aquisição da fase de fluxo a área de

maior sintomatologia. A imagem de equilíbrio da mesma região foi

adquirida após 3 a 5 minutos da injeção, com 300 mil contagens,

refletindo a situação de equilíbrio do radiofármaco dentro do

compartimento vascular e o grau de hiperemia regional. A fase tardia ou

metabólica foi obtida 2 horas após a administração do radiofármaco, com

imagens planares de 300 a 500 mil contagens adquiridas em pelo menos 2

incidências da área suspeita.

Page 67: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

59

Cintilografía com gálio-67: O gálio-67, obtido pelo bombardeio de

zinco em ciclotron, foi fornecido pelo IPEN. A dose de 111 MBq do

radiofármaco foi administrado por via endovenosa sob a forma de citrato

de gálio-67. Imagens planares da área de interesse foram adquiridas 48

horas após a administração, com 300 mil contagens ou 10 minutos de

duração.

Cintilografía com anticorpos policlonais: Os frascos de anticorpos

policlonais, contendo anticorpos reduzidos, metilenodifosfonato e cloreto

estanhoso, foram fornecidos pelo IPEN. O tecnécio-99m foi obtido em

gerador molibdênio-99/tecnécio-99m sob a forma de pertecnetato. A

marcação consistiu na adição de 555 a 740 MBq de tecnécio-99m em

volume de 2 ml ao frasco de anticorpos e incubação a temperatura

ambiente por 15 minutos. O material foi utilizado no máximo 30 minutos

após a marcação. Imagens planares, em pelo menos duas incidências da

área de interesse, foram adquiridas 4 e 24 horas após a administração

endovenosa do radiofármaco, com 300 mil (4 horas) ou 100 mil (24

horas) contagens.

Análise qualitativa das cintilografias

As cintilografias foram analisadas por dois médicos nucleares, sem

conhecimento de dados clínicos ou outros exames complementares,

exceto a própria cintilografía. No caso de discordância na avaliação foi

solicitada a revisão do caso por um terceiro médico nuclear.

A cintilografía óssea foi avaliada quanto ao aumento de fluxo,

hiperemia, presença e grau de hipercaptação tardia do radiofármaco. Os

graus de hipercaptação (discreto, moderado, acentuado) foram

determinados por critérios subjetivos.

Page 68: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

60

Na cintilografia com gálio-67 avaliou-se a presença e grau de

hipercaptação do radiofármaco. A hipercaptação, quando presente, foi

comparada em grau e extensão com a do Tc-99m-MDP.

A cintilografia com anticorpos policlonais foi igualmente avaliada

quanto a presença e grau de hipercaptação do radiofármaco nas imagens

de 4 e 24 horas.

Critérios para positividade dos estudos cintilográficos

Estabeleceram-se os critérios de positividade para a análise visual

qualitativa de cada método:

- cintilografia óssea: positiva na presença de hipercaptação óssea

focai na fase tardia em grau moderado ou acentuado.

- cintilografia com gálio-67: positiva ria presença de hipercaptação

óssea focai em grau moderado ou acentuado.

- cintilografia com anticorpos policlonais: positiva na presença de

hipercaptação óssea focai nas imagens de 4 e 24 horas em grau moderado

ou acentuado.

Foi também considerada a análise conjunta da cintilografia óssea e

cintilografia com gálio-67: positiva quando a captação de gálio se mostrou

mais extensa ou mais intensa que a de Tc-99m-MDP.

Análise semiquantitativa das cintilografias

As estruturas de interesse foram desenhadas no computador sobre

as imagens da fase tardia do mapeamento ósseo. Estas imagens foram

escolhidas por serem as que melhor delimitavam os segmentos ósseos

alterados. As áreas desenhadas foram então copiadas para os demais

estudos, utilizando como referência os pontos anatômicos mais facilmente

Page 69: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

61

identificáveis (geralmente as articulações proximais ou distais à área

envolvida). Em cada estudo as áreas foram reproduzidas de forma

especular sobre as estruturas contra-laterais (figura 2).

Região 1(suspeita)

150 contagens

Região 275 contagens

Relação área suspeita/contra-lateral = 2 (150 cont. / 75 cont.J

Fig. 2 - Exemplo de posicionamento das regiões de interesse sobre ascintilografías e cálculo da relação área suspeita / área contra-lateral.

O número de contagens obtidas na área suspeita foi dividido pelo

número de contagens na área especular contra-lateral. Calculou-se assim

um índice semiquantitativo da captação do radiofármaco na área suspeita

em relação à contra-lateral nas cintilografías óssea, com gálio-67 e com

anticorpos policlonais (imagens de 4 e 24 horas). No cálculo desta relação

de contagens não foi feita correção da radiação de fundp proveniente de

estruturas adjacentes ou sobrepostas ao segmento analisado, devido a

Page 70: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

62

acentuada heterogeneidade da mesma. A média e distribuição da relação

de contagens área suspeita/contralaterai foi verificada nos grupos A e B

(sem e com infecção).

Níveis de corte foram definidos para cada método cintilográfico,

acima dos quais os estudos foram classificados como positivos. Os níveis

de corte escolhidos foram os que permitiram a melhor separação dos

pacientes com e sem infecção, otimizando os valores de sensibilidade e

especificidade dos 3 métodos. A partir da análise semiquantitativa foi

também verificada a porcentagem de casos nos grupos A e B que

apresentaram maior relação de contagens na área suspeita/contra-lateral

na cintilografia com anticorpos policlonais ou gálio-67 que na cintilografia

óssea. Verificou-se ainda o número de pacientes que apresentaram

aumento da relação de contagens das imagens de 4 horas para as de 24

horas na cintilografia com anticorpos policlonais.

Análise estatística

Com base na análise visual e semiquantitativa das cintilografias

foram calculadas a sensibilidade, especificidade, valores preditivos e

acurácia de cada método (com respectivos intervalos de confiança). A

sensibilidade foi calculada pela relação entre verdadeiros positivos e total

de pacientes com infecção. A especificidade foi calculada pela relação

entre verdadeiros negativos e total de pacientes sem infecção, sendo

considerados normais os pacientes com alterações não infecciosas

decorrentes de fraturas, cirurgias, etc. Os valores preditivos positivo e

negativo foram calculados pela relação entre resultados verdadeiros

positivos sobre o total de positivos e verdadeiros negativos sobre o total

de negativos.

Page 71: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

63

Os valores de sensibilidade e especificidade para cada método

foram também calculados ampliando-se os critérios de positividade da

análise qualitativa, incluindo os casos de hipercaptação discreta dos

radiofármacos como resultados positivos.

Os métodos cintilográfícos foram comparados entre si,

verificando-se os resultados concordantes e discordantes em tabelas 2 x

2. A distribuição dos resultados discordantes foi avaliada empregando-se

o cálculo por distribuição binomial .

Page 72: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

64

4 Resultados

Classificação dos pacientes

Foram estudados 23 segmentos com alterações osteoarticulares

prévias em 20 pacientes. Na análise dos resultados foram excluídos 4

segmentos que, não se levando em consideração os achados

cintilográficos, não tiveram confirmada ou afastada osteomielite em

atividade.

Em 11 pacientes os segmentos analisados foram considerados

negativos para infecção em atividade e incluídos no grupo A. Quatro

destes pacientes não tinham suspeita atual ou história prévia de

osteomielite, com alterações decorrentes de: ferimento por arma de fogo

há 10 anos em 1 paciente, pé torto operado há 16 anos em 1 paciente,

prótese de quadril bilateral há 7 anos em 1 paciente, osteossíntese de

fratura de tíbia há 2 anos em 1 paciente. Os 7 pacientes restantes

apresentavam antecedente infecciosos, porém sem suspeita clínica de

atividade na época ou nos 6 meses prévios a realização do estudo. As

alterações nestes pacientes eram decorrentes de: seqüela de osteomielite

crônica há 19 e 28 anos em 2 pacientes, seqüela de pioartrite de quadril

há 10 e 20 anos em 2 pacientes, osteomielite crônica pós-operatória há 1

e 2 anos em 2 pacientes, seqüela de tuberculose em quadril há 27 anos em

Page 73: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

65

1 paciente. Na época do exame não havia seqüestras ou piora do padrão

radiológico, alterações da velocidade de hemossedimentação ou

leucograma sugestivos de infecção. Os pacientes foram acompanhados

por no mínimo 6 meses após o estudo, sem tratamento clínico ou

cirúrgico, e não apresentaram manifestações de infecção.

Oito segmentos em 7 pacientes apresentavam osteomielite em

atividade e foram incluídos no grupo B. Quatro pacientes apresentavam

fratura exposta da tíbia ou ossos do tarso entre 2 e 7 anos, concomitante a

infecção femoral em um paciente (osteossíntese de fratura femoral com

evolução para pseudoartrose há 7 anos). Em três destes quatro pacientes

com antecedente de fratura e/ou osteossíntese foi isolado Staphylococcus

aureus na cultura de secreção de fistula, estando associado a Flavimonas

oryzihabitans em um caso. A quinta paciente apresentava osteomielite

hematogênica em tíbia há 6 semanas, com Serratia marcencis isolada na

cultura obtida por punção óssea; o sexto paciente apresentava

osteomielite crônica de cabeça femoral há 34 anos com secreção

purulenta (cultura positiva para Streptococcus viridans) e o sétimo

apresentava pioartrite de quadril há 7 meses.

Todos os pacientes com infecção apresentavam sinais flogísticos

acentuados há mais de 1 mês, a velocidade de hemossedimentação estava

aumentada nos 7 pacientes (de 7 a 43 mm - média 28 mm). O leucograma

foi normal (média - 7,5 mil leucócitos) em 4 pacientes e mostrava discreta

leucocitose, sem desvio à esquerda, em 2 pacientes (11, 12 e 12,5 mil

leucócitos/ml). Após a cintilografia todos os pacientes receberam

antibioticoterapia e três foram submetidos a limpeza cirúrgica, com

melhora significativa do quadro clínico.

Page 74: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

66

Os resultados de exames laboratoriais, radiológicos e

cintilográfícos estão sintetizados nas tabelas 5 e 6. As imagens

radiológicas e cintilográficas de estudos verdadeiro positivos, verdadeiro

negativos e alguns estudos com discordância entre os métodos estão

apresentadas nas figuras 3 a 8.

Fac. Medicina da USPBiblioteca Central

Page 75: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

67

Tab. 5 r Pacientes sem infecção (grupo A):Quadro radiológico, laboratorial e cintilográfíco.

Paciente1-ALC2-EB3-ESF

4-ros5-ISS

6-KVJ

7-MHS

8-RAO9-RCB

10-ZPS

11-AS

Quadro radiológicodeformidade e osteopenia de pé esquerdoprótese bilateral de quadril sem alteraçõesdeformidade e esclerose de tíbia esquerdaáreas de lise e esclerose em ilíaco direitofratura com deformidade, áreas escleróticase radiolucentes em tíbia esquerda ealterações decorrentes do fixador externofragmento de projétil de arma de fogo emcoxa, anquilose de quadril direito eosteopenia de trocânter maioresclerose e deformidade de acetábulo,cabeça e colo femoral esquerdodeformidade e esclerose de fêmur esquerdoanquilose de quadril esquerdo, áreas líticas,esclerose e deformidade de cabeça femoralredução do espaço articular, osteofitose eesclerose de quadril esquerdoausência de porção proximal de fêmurdireito, com áreas periféricas de esclerose

VHS13 nl<12

X

12 nl<610 nl<1243 nl<12

6nl<6

31 nl<15

5nl<619 nl<l2

8 nl<12

33 nl<20

leuc.6.300

X

6.7006.6007.000

10.000

5.600

7.1007.500

6.400

11.000

Paciente

1-ALC2-EB3-ESF

4-ros5-ISS6-KVJ7-MHS8-RAO9-RCB10-ZPS11-AS

Cintilografia

óssea

+ ++

+ ++

+ + ++ + ++ + ++ ++ +++

gálio

+++

+ +++

+ +++—

+ ++—+

+ ++++———

Nota: - indica concentração normal do radiofármacó, + indica hipércaptação discreta,++ indica hipércaptação moderada, +++ indica hipércaptação acentuada, x indicaexame extraviado.

Page 76: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

68

Tab. 6 - Pacientes com infecção (grupo B):Quadro radiológico, laboratorial e cintilográfíco.Paciente

12-AS(tíbia)13-CAS

14-CI(femur)15-CI(tíbia)16-GVS

17-MOCP

18-MFM

19-AL

Quadro radiológicolesão lítica permeativa em tíbia direita

deformidade e osteopenia em tornozelo, maisacentuada em tálusdeformidade femoral, linha de fratura e caloósseo em terço médio, áreas de lise, seqüestro ?fixação interna de. tíbia direita, áreasradiolucentesredução de espaço articular e osteopenia emquadril direitodestruição total da cabeça e colo femoralesquerdosfratura cominutiva de tíbia e tálus comostess íntese *" •••••• - m ^ ^

rraturajcte tíbia e fíbula,^&iptt áreas de escleroseé lise entremeadas em tòítiòzelo e área líticamelhor, delimitada em tálus direito

VHS33

nl<20

40nl<6

16nl<6

16nl<6

34nl<12

43nl<12

26nl<6

7nl<6

leuc.11.000

12.500

7.800

7.800

12.000

5.200

9.700

7.800

Paciente

12-AS(tíbia)13-CAS14-CI(fêmur)15-CI(tíbia)16-GVS17-MOCP

18-MFM

19-AL

Cultura

Sérratia marcencis -(punção)

não realizadaStaphylococcus aureus

eFlavimona oryzihabitans

(fistula tibial)não realizada

Streptococcus viridans(fistula)

Staphylococcus aureus(fistula)

Staphylococcus aureus(fistula)

Cintilografia

óssea

++

+++-H-

++—

+++

++

gálio

+ +

++++

++

+++

++

IgG

++

++++

++

++++

++

— .

Nota: - indica concentração normal do radiofármaco, + indica hipercaptação discreta,++ indica hipercaptação moderada, +++ indica hipercaptação acentuada.

Page 77: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

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Fig. 3 - Imagens da paciente ZPS, com diagnóstico final de seqüela depioartrite em quadril esquerdo (sem infecção). Radiologicamente observa-se redução do espaço articular, esclerose e osteofitose em quadrilesquerdo (A). Na cintilografia óssea observa-se hipercaptação discreta doradiofáraiaco em quadril esquerdo (B), assim como na cintilografia comgálio-67 (C). A cintilografia com anticorpos policlonais mostra captaçãonormal em quadril esquerdo (D). Os 3 estudos cintilográficos foramconsiderados negativos para infecção (verdadeiro negativos).

Page 78: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

70

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Fig. 4 - Imagens do paciente AL, com diagnóstico final de osteomieliteem atividade em tornozelo direito. Radiologicamente apresenta fratura detíbia e fibula, com áreas de esclerose e lise entremeadas em tornozelo eárea lítica melhor delimitada em tálus direito (A). Na cintilografia ósseaobserva-se hipercaptação moderada do radiofármaco em tornozelo direito(B), com captação normal de gálio-67 (C) e de anticorpos policlonais namesma projeção (D). Apenas a cintilografia óssea foi considerada positivapara osteomielite em atividade (cint. com gálio e anticorpos policlonaisfalso negativas).

Page 79: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

71

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inH

Fig. 5 - Imagens da paciente MOCP, com diagnóstico final de infecçãoem atividade na articulação coxo-femoral direita. Radiologicamenteobserva-se destruição total da cabeça e colo femoral esquerdos (A). Nacintilografía óssea observa-se captação normal do radiofármaco emquadril esquerdo (B), com hipercaptação discreta na cintilografia comgálio-67 (C) e hipercaptação moderada de anticorpos policlonaismarcados em 4 horas na mesma projeção (D). Apenas a cintilografia comanticorpos policlonais foi considerada positiva para osteomielite ematividade (cintilografia óssea e com gálio falso negativas).

Page 80: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

72

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Fig. 6 - Imagens do paciente ISS, com diagnóstico final de pseudoartrosede tíbia esquerda (sem infecção). Radiologicamente observa-se fraturacom deformidade, áreas escleróticas e radiolucentes em tíbia esquerda ealterações decorrentes do fixador externo (A). Na cintilografia ósseaobserva-se hipercaptação acentuada do radiofármaco em tíbia esquerda(B), com hipercaptação moderada de gálio-67 (C) e anticorpospoliclonais marcados na mesma projeção em 4 e 24 horas (D). Os 3estudos foram considerados falso positivos para infecção.

Page 81: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

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Fig. 7 - Imagens do paciente RAO, com diagnóstico final de seqüela deosteomielite crônica (sem infecção). Raios X revelam deformidade eesclerose de diáfise femoral esquerda (A). Na cintilografia óssea e comgálio-67 observa-se hipercaptação moderada em fêmur esquerdo (B e C),com hipercaptação discreta de anticorpos policlonais marcados na mesmaprojeção em 4 e 24 horas (D e E). Apenas a cintilografia com anticorpospoliclonais foi considerada negativa para osteomielite em atividade(cintilografia óssea e com gálio falso positivas).

Page 82: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

74

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5

Fig. 8 - Imagens do paciente MFM, com diagnóstico final de seqüela deosteomielite crônica (sem infecção). Radiologicamente apresenta fraturacominutiva de tíbia envolvendo articulação com tálus D e material deosteossíntese (A). Na cintilografía óssea observa-se hipercaptaçãoacentuada do radiofármaco em tornozelo direito (B), com hipercaptaçãomoderada de gálio-67 (C) e anticorpos policlonais em 4 e 24 horas (D eE). Os 3 estudos foram considerados positivos para infecção (verdadeiropositivos).

Page 83: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

75

Análise qualitativa

A análise visual da cintilografía óssea mostrou-se positiva em 14

segmentos ósseos, sendo 7 destes considerados sem infecção (no total de

11 pacientes do grupo A) e 7 com infecção (no total de 8 segmentos - 7

pacientes - do grupo B) (tabela 7). A sensibilidade e especificidade da

cintilografia óssea para osteomielite associada a alterações ósseas prévias

foram portanto de 88% e 36 %. Os valores preditivos positivo e negativo

foram de 50% e 80%, com acurácia de 58%. Se os critérios de

positividade adotados (hipercaptação moderada ou acentuada) fossem

modificados, valorizando-se também os casos de hipercaptação discreta,

a sensibilidade e especificidade seriam de 88% e 0%. O estudo de fluxo e

equilíbrio da área de interesse foi obtido em 9 pacientes do grupo A e nos

7 pacientes do grupo B. No grupo A (sem infecção) foi observado

hiperfluxo e hiperemia discreta em 2 pacientes e apenas hiperemia

discreta nos 7 pacientes restantes. Sete segmentos ósseos analisados no

grupo B (com infecção) apresentavam hiperfluxo e hiperemia evidentes.

A cintilografia com gálio-67 foi positiva em 3 dos 11 casos sem

infecção e em 6 de 8 segmentos com infecção (tabela 8), conferindo ao

método 75% de sensibilidade, 73% de especificidade, 67% de valor

preditivo positivo, 80% de valor preditivo negativo e 74% de acurácia.

Considerando-se os casos de hipercaptação discreta como positivos a

sensibilidade e especificidade seriam de 88% e 9%. Em apenas um

paciente a captação de gáíio-67 foi visualmente maior ou mais extensa

que a de Tc-99m-MDP (sensibilidade 12%, especificidade 100%).

A cintilografia com anticorpos policlonais foi positiva

(hipercaptação moderada ou acentuada) em 2 dos 11 casos do grupo A e

em 7 dos 8 casos do grupo B. A sensibilidade e especificidade foram

Page 84: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

76

portanto de 88% e 82 %, valor preditivo positivo e negativo de 78% e

90%, acurácia de 84% (tabela 9). Considerando-se os casos de

hipercaptação discreta como positivos, a sensibilidade e especificidade

seriam de 88% e 36%.

É importante ressaltar que a especificidade dos métodos foi

calculada em pacientes com patologias osteoarticulares (fratura, cirurgia,

seqüela de osteomielite) sem atividade infecciosa atual, e não em

pacientes normais.

Os resultados da análise qualitativa dos métodos cintüográficos

foram comparados dois a dois (tabelas 10, 11 e 12). A análise por

distribuição binomial não demonstrou discordância significativa entre os

resultados (cintilografía com anticorpos x cintilografia óssea: p=0,14;

cintilografia com gálio x cintilografia óssea: p=0,06; cintilografía com

gálio x cintilografía com anticorpos: p>0,20)

A sensibilidade e especificidade da radiologia convencional, bem

como dos métodos laboratoriais, não foi calculada por terem os mesmos

sido empregados como critérios diagnósticos.

Fac. Medicina da USPBiblioteca Central

Page 85: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

77

Tab, 7 - Cíntílografía óssea - análise visual

Cint. óssea +Cint. óssea -

Total

infecção +718

infecção -7411

Total14519

sensibilidade = 87,5%especificidade = 36,4%valor preditivo + = 50%valor preditivo - = 80%

(intervalo de confiança 95% = 46,7 a 99,3%)(intervalo de confiança 95% = 12,4 a 68,4%)(intervalo de confiança 95% = 24 a 76%)(intervalo de confiança 95% = 29,9 a 98,9%)

Tab. 8 - Cintilografía com gálio-67 - análise visual

Cint. gálio +Cint. gálio -

Total

infecção +628

infecção -3811

Total91019

sensibilidade — 75% (intervalo de confiança 95% = 35,6 a 95,5%)especificidade = 72,7% (intervalo de confiança 95% = 39,3 a 92,7%)valor preditivo + = 66,7% (intervalo de confiança 95% = 30,9 a 91%)valor preditivo - = 80% (intervalo de confiança 95% = 44,2 a 96,5%)

Tab. 9 - Cintilografía com anticorpos policlonais (IgG) - análise visual

Cint. IgG +Cint. IgG -

Total

infecção +718

infecção -2911

Total91019

sensibilidade = 87,5% (intervalo de confiança 95% = 46,7 a 99,3%)especificidade = 81,8% (intervalo de confiança 95% = 47,8 a 96,8%)valor preditivo + = 77,8% (intervalo de confiança 95% = 40,2 a 96,1%)valor preditivo - = 90% (intervalo de confiança 95% = 54,1 a 99,5%)

Page 86: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

78

Tab. 10 - Cintilografia com gálio-67 x cintilografia óssea

Cint. gálio +Cint. gálio -

Total

cint. óssea +9514

cint. óssea -055

Total91019

(p=0,06)

Tab. 11- Cintilografia com anticorpos policlonais x cintilografia óssea

Cint. IgG +Cint. IgG -

Total

cint. óssea +8614

cint. óssea -145

Total91019

(P=O,14)

Tab. 12 - Cintilografia com gálio-67

Cint. gálio +Cint. gálio -

Total

cint. IgG +819

x cint. anticorpos icint. IgG -

1910

DoliclonaisTotal

91019

(p>0,20)

Page 87: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

79

Análise semiquantitativa

A relação de contagens da área suspeita sobre a contra-lateral foi

calculada em 10 pacientes do grupo A e 7 pacientes do grupo B, de forma

separada na cintilografia óssea, com gálio-67 e com anticorpos marcados,

(tabela 13, figura 3). Em 4 destes pacientes encontrou-se dificuldade na

delimitação das áreas de interesse no quadril. Esta dificuldade foi mais

evidente nas imagens de 4 horas da cintilografia com anticorpos

policlonais, devido a presença de material circulante em vasos ilíaco-

femorais.

Os valores médios para a relação área suspeita/contralateral nos

pacientes sem infecção foram: 2,26 para a cintilografia óssea; 1,26 para a

cintilografia com gálio; 1,24 e 1,25 para a cintilografia com anticorpos

policlonais em 4 e 24 horas. Nos pacientes com infecção os valores

encontrados foram, na mesma ordem: 3,31; 1,31; 1,57 e 1,46.

Os níveis de corte escolhidos, acima dos quais a análise

semiquantitativa foi considerada positiva, situaram-se entre 1,79 e 2,08

para a cintilografia óssea, 1,15 e 1,19 para a cintilografia com gálio-67,

1,33 e 1,35 para a cintilografia com anticorpos nas imagens de 4 horas e

1,25 e 1,30 nas imagens de 24 horas. O emprego destes níveis de corte

resultaram em sensibilidade de 86% para a cintilografia com anticorpos

policlonais em 4 horas e 71% para os demais métodos (71%). A

especificidade foi de 70% para à cintilografia óssea, 50% para a

cintilografia com gálio-67, 80% para a cintilografia com anticorpos

policlonais em 4 horas e 70% em 24 horas (tabelas 14, 15 e 16).

A análise semiquantitativa, de forma geral, chegou a resultados

pouco inferiores aos da análise visual qualitativa. As sensibilidades da

Page 88: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

80

cintilografía óssea (88%) e com gálio-67 (75%) caíram para 71% e a da

cintilografía com anticorpos policlonais não apresentou variação

significativa (88 para 86%). Na cintilografia com gálio-67 a

especificidade caiu de 73 para 50% e na cintilografia com anticorpos

policlonais variou de 82 para 80%. A especificidade da cintilografía óssea

foi a única exceção, com melhor resultado na análise semiquantitativa

(70%) que na análise visual (36%).

A relação de contagens na área suspeita /contralateral aumentou

das imagens de 4 para as de 24 horas após administração do anticorpo

policlonal em 5 de 10 casos do grupo A (sem infecção) e 2 de 7 casos do

grupo B (com infecção), sendo portanto um critério com sensibilidade de

29% e especificidade de 50% para osteomielite em atividade. Apenas 2

pacientes com osteomielite em atividade apresentaram maior relação de

contagens área suspeita /contralateral na cintilografia com gálio-67 do que

na cintilografía óssea.

Page 89: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

81

Tab. 13 - Valores de captação de Tc-99m-MDP, gálio-67 e Tc-99m-IgGna área suspeita em relação a área contra-lateral.

Grupo A - pacientes sem infecçãopacienteALCEBESFIBSISSKVJMHSRAORCBZPSmédia

Cint. óssea3,001,091J51,405,051,791,794,141,451,17

2,26 ±1,28

Cint. gálio1,401,151,061,081,541,45

" 0,771,201,941,04

1,26 ±0.30

Cint. IgG-4h2,201,171,031,181,441,201,101,330,780,99

1,24 ±0.36

Cint. IgG-24h2,401,001,001,251,441,221,141,330,691,06

1,25 ±0,43

Grupo B- pacientes com infecçãopacienteCASCl (tíbia)Cl (fêmur)GVSMOCPMFMALmédia

Cint. óssea7,682,922,451,210,486,322,08

3,30 ±2,68

Cint. gálio1,541,241,191,290,782,230,89

1,31 ±0,47

Cint. IgG-4h1,821,851,771,441,351,940,84

1,57 ±0,39

Cint. IgG-24h1,731,421,301,161,781,990,84

1,46 ± 0,40

Page 90: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

82

8

6

2 -

O

X

X

X

A BMDP

X

X X X X

A BOálio

A B A B

Fig. 9 - Valores da análise semiquantitativa da cintilografia óssea (MDP),cintilografia com gálio e cintilografia com anticorpos policlonais (IgG-4he IgG-24h) nos pacientes dos grupos A (sem infecção) e B (cominfecção).

Page 91: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

83

Tab. 14 - Cintilografía óssea - análise semiquantitativa

Cint. óssea +Cint. óssea -

Total

infecção +527

infecção -3710

Total8917

sensibilidade = 71%especificidade = 70%valor preditivo positivo = 62%valor preditivo negativo = 78%

Tab. 15 - Cintilografia com gálio-67 - análise semiquantitativa

Cint. gálio +Cint. gálio -

Total

infecção +527

infecção -5510

Total10717

sensibilidade = 71%especificidade = 50%valor preditivo positivo = 50%valor preditivo negativo = 71%

Tab. 16 - Cintilografia com anticorpos policlonais (4 horas) - análisesemiquantitativa

Cint. IgG +Cint. IgG -

Total

infecção +617

infecção -2810

Total8917

sensibilidade = 86%especificidade = 80%valor preditivo positivo = 75%valor preditivo negativo = 89%

Page 92: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

84

5 Discussão

O diagnóstico de osteomielite crônica em atividade ou superposta

a outras alterações da estrutura óssea é difícil. A avaliação por métodos

de imagem radiológicos ou cintilográficos é prejudicada pela baixa

especificidade dos mesmos. A finalidade deste estudo foi estudar a

aplicação dos anticorpos policlonais marcados com tecnécio-99m e

compará-lo com outros marcadores cintilográficos no diagnóstico de

osteomielite crônica, bem como revisar outros métodos existentes.

O próprio conceito de cura ou atividade da osteomielite crônica é

questionável. Não se consegue definir o tempo de acompanhamento

necessário para se considerar a osteomielite crônica controlada ou curada,

visto o prolongado intervalo assintomático (até 80 anos 153) que pode

preceder uma reativação. A reagudização da osteomielite é provavelmente

conseqüente a proliferação de bactérias abrigadas nos tecidos

desvitaiizados e fora do alcance do sistema imune ou de antibioticoterapia3> 4. Por este motivo a identificação radiológica ou cirúrgica de seqüestros

é considerada evidência de osteomielite em atividade 5 ' i 3 , mesmo que os

pacientes com seqüestros não obrigatoriamente apresentem processo

inflamatório ou proliferação bacteriana. Portanto, além dos pacientes com

processo inflamatório ativo, o conceito de osteomielite em atividade

Page 93: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

85

também engloba muitas vezes o potencial que deteminados pacientes tem

para recidivar a infecção.

Apesar da confirmação histológica ou bacteriológica (após punção

ou biópsia óssea) ser considerada ideal7 '8, muitas vezes são empregados

critérios clínicos para o diagnóstico de osteomielite. As manifestações

mais valorizadas são: fistula em atividade (com drenagem), dor

localizada, febre, leucocitose, área radiológica de lise ou seqüestro,

evolução com ou sem tratamento 10* 12' 25' 26> «• 53' 59> 89' 135' 154. Nos

primeiros trabalhos com anticorpos policlonais marcados chegou-se a

empregar como padrão apenas a correlação com outros métodos de

imagem 78' 80. Em especial nos pacientes com baixa probabilidade de

infecção, a avaliação clínico-radiológica é fundamental, evitando

procedimentos invasivos e muitas vezes inconclusivos, devido a

dificuldade em definir o melhor local de punção ou biópsia óssea. Os

critérios diagnósticos empregados no presente trabalho foram

fundamentalmente clínicos, sob a supervisão de infectologista dedicada a

osteomielite crônica, estando de acordo com critérios de grande parte da

literatura.

Além da ausência de suspeita clínica, os pacientes do grupo A

apresentavam dados laboratoriais (velocidade de hemossedimentação e

leucograma) e radiológicos não sugestivos de infecção. Não é possível

definir o tempo de acompanhamento necessário para excluir o diagnóstico

de osteomielite crônica, entretanto a evolução sem intercorrências durante

os 6 meses de acompanhamento foi considerada indicativa de que o

paciente não se encontrava em fase inicial ou subclínica de osteomielite

quando realizada a cintilografía.

Page 94: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

86

Para diagnóstico dos pacientes com infecção os principais critérios

empregados foram: fistula em atividade, sinais flogísticos locais, resposta

terapêutica, velocidade de hemossedimentação aumentada ou leucocitose,

estudos bacteriológicos positivos, modificação do padrão radiológico ou

presença de seqüestros. Em 5 dos 7 pacientes com osteomielite foram

obtidas culturas positivas (4 culturas de secreção e uma de punção). As

culturas de secreção das fistulas foram positivas para Staphylococcus

aureus em 3 casos (em um deles associado a Flavimonas oryzihabitans)

e Streptococcus viridans em um paciente. As culturas positivas para

Staphylococcus aureus são as que apresentam melhor correlação (cerca

de 78% ) com as obtidas por procedimentos invasivos 8. Devido a

possibilidade de contaminação na coleta do material da secreção, o ideal

seria a confirmação por punção ou biópsia de todos os pacientes.

Entretanto a única cultura obtida por punção foi realizada em paciente

sem fistulização, resultando positiva para Serratia marcencis.

A radiologia convencional e a tomografía computadorizada tem

baixa sensibilidade e especificidade no diagnóstico de osteomielite

crônica em atividade ou superposta a outras patologias, as quais levam a

alterações da estrutura óssea que podem simular ou mascarar os achados

sugestivos de infecção. Os valores de. sensibilidade e especificidade

encontrados variam de acordo com os critérios de positividade adotados.

Em estudo de 104 pacientes com suspeita de osteomielite superposta a

fratura, infecção prévia ou cirurgia; as alterações radiológicas mais

específicas para osteomielite crônica foram os seqüestros, observados

entretanto em apenas 3 de 33 pacientes (9%). Se os achados de erosão,

edema de partes moles ou reação periosteal fossem valorizados, a

sensibilidade e especificidade dos Raios X seria de 51 e 80%. A

Page 95: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

87

modificação da imagem radiológica nestes pacientes teve sensibilidade de

apenas 14% e especificidade de 70% n. Outros estudos empregando

radiologia convencional relatam sensibilidade de 55 a 60% e

especificidade próxima a 70% para osteomielite subaguda ou crônica2>25.

A detecção de seqüestras ósseos apresenta alta especificidade

(justamente por ser este um critério diagnóstico de osteomielite em

atividade), entretanto a sensibilidade do estudo radiológico simples é

baixa, melhorando com o emprego da tomografía computadorizada 4> n .

Na avaliação de 27 pacientes com suspeita de osteomielite crônica em

atividade, a tomografia computadorizada detectou seqüestros em 15 e o

estudo radiológico simples em apenas 5 pacientes. Apesar da alta

especificidade, a tomografía apresentou resultado falso positivo para

seqüestro em 3 destes 15 pacientes quando correlacionada aos achados

cirúrgicos 12' 13. Como a reagudização é provavelmente decorrente da

proliferação de bactérias abrigadas em seqüestros e pacientes sem

seqüestros identificados com freqüência apresentam reagudização, pode

se supor que com frreqüência existam seqüestros, talvez de pequenas

dimensões, que não são identificados pelos métodos de imagem. A

correlação cirúrgica-radiológica pode tender a ser elevada

(superestimando a sensibilidade dos métodos de imagem) por ser menos

provável que os pacientes sem seqüestros demonstrados sejam

submetidos a intervenção cirúrgica.

Apesar dos bons resultados encontrados, com sensibilidade e

especificidade próximas a 95% e 88% 14'18, o elevado custo dificulta a

aplicação rotineira da ressonância magnética. Estudos falso positivos para

osteomielite podem ser causados pelo aumento de teor de água na medula

e são descritos em fraturas, tumores, infartos, seqüela de osteomielite 15>

Page 96: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

88

21. A presença de implantes metálicos, como é o caso da maioria dos

pacientes deste estudo, causa artefatos e, mesmo após sua remoção,

podem impossibilitar a interpretação da tomografla computadorizada e da

ressonância magnética 14.

A avaliação cintilográfica de osteomielite baseia-se na detecção

não invasiva de alterações funcionais, desencadeadas direta (aumento de

fluxo e permeabilidade vascular, infiltrado leucocitário) ou indiretamente

(aumento de remodelação) pelo processo infeccioso. Em relação ao

método radiológico convencional, apresenta menor dependência das

alterações anatômico-estruturais, que podem demorar a se manifestar no

processo agudo ou podem se confundir com outras alterações

osteoarticulares superpostas. Por outro lado a detecção cintilográfica de

tecido necrótico (seqüestro ósseo), considerada um indicativo de

atividade da osteomielite, é difícil e muito inferior aos métodos

radiológicos se não for acompanhado de processo inflamatório. Isto

porque o aporte sangüíneo dos radiofármacos aos seqüestros se encontra

reduzido e não há mecanismos que promovam sua concentração.

Muitos compostos radiomarcados são empregados na detecção

cintilográfíca de osteomielite, nem sempre com uma definição precisa de

suas indicações clínicas. Além do grande número de compostos

radiomarcados disponíveis, há poucos estudos que os compare de forma

simultânea. Os resultados obtidos com determinado radiofármaco muitas

vezes não pode ser comparado com outros compostos, por serem

estudados em diferentes situações clínicas ou modelos animais. O número

de fatores que precisariam ser considerados para que diferentes grupos de

pacientes com osteomielite possam ser comparáveis é extenso, incluindo

a localização do processo, tempo de evolução, agente etiológico,

Page 97: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

89

patologias associadas, tratamento empregado, etc. O oposto, ou seja, a

comparação de estudos com o mesmo radiofármaco em diferentes

situações clínicas, também pode ser difícil de realizar. Isto porque entre

os radiofármacos empregados nos estudos, mesmo que sejam

identificados como uma mesma substância (ex.: anticorpos policlonais),

podem existir diferenças importantes determinadas pela técnica de

marcação e isótopo usados. Provavelmente a controvérsia quanto ao

radiofármaco ideal para cada situação clínica só poderá ser resolvida com

mais estudos comparativos e com o esclarecimento dos mecanismos de

captação de cada marcador e a influência que sofrem de fatores

físiopatológicos.

Partindo-se de uma avaliação radiológica normal ou duvidosa, o

método de eleição para o diagnóstico de osteomielite aguda é a

cintilografla óssea, devido a sua alta sensibilidade (ao redor de 90%).

Mesmo quando existem alterações radiológicas, a cintilografia óssea é

indicada pelo seu alto valor preditivo negativo, permitindo afastar

infecção quando o estudo é normal. Entretanto a cintilografla óssea

positiva tem pouco valor nesta situação, devido a sua baixa especificidade

frente a outras causas de aumento da remodelação óssea9>24-26.

A cintilografia com gálio-67 é utilizada de forma complementar à

cintilografia óssea na avaliação de osteomielite crônica ou superposta a

outras patologias. Em revisão de estudos, totalizando 529 pacientes, a

sensibilidade e especificidade para osteomielite foram de 81% e 69% 14.

Para osteomielite crônica em atividade (227 pacientes) estes valores

foram de 75% e 82% 24. A principal limitação da cintilografia com gálio-

67 é que, em menor grau que os difosfonatos marcados empregados na

cintilografia óssea, também apresenta captação em áreas de maior

Page 98: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

90

remodelação. Ao lado das questões relacionadas à sua especificidade, a

cintilografia com gálio-67 apresenta outras desvantagens: captação em

modelos animais semelhante 57 ou menor 110> l H que a de outros

radiofármacos (inclusive anticorpos policlonais), imagens com baixa

resolução, avaliação abdominal prejudicada pela excreção intestinal, alto

custo e alta dose de radiação para o paciente. Entretanto em casos de

osteomielite do esqueleto axial, nos quais outros métodos cintilográficos

(em especial a cintilografia com leucócitos) são bastante limitados, a

cintilografia com gálio-67 é a melhor opção para complementar a

cintilografia óssea 24 , podendo ser indicada a ressonância magnética em

casos duvidosos. Sua aplicação em osteomielite crônica de esqueleto

apendicular é muitas vezes defendida devido a sensibilidade e

especificidade (80% e 83%) superiores às da cintilografia óssea ou com

leucócitos marcados25.

Apesar de não ter sido utilizado neste trabalho, cabem alguns

comentários sobre a cintilografia com leucócitos marcados. Baseada na

migração e captação dos leucócitos no foco inflamatório, a cintilografia

com leucócitos marcados tem sua principal indicação na suspeita de

infecção aguda do esqueleto apendicular, quando há alterações

anatômicas que prejudicam a interpretação da cintilografia óssea ou

mesmo em suspeita de infecção pós-operatória 24. Pode ser feita em

conjunto com a cintilografia de medula óssea quando há dúvidas se a

captação de leucócitos é decorrente de infecção ou distribuição anormal

da medula óssea. A cintilografia com leucócitos parece ter maior

especificidade para infecção do que outros métodos, diferenciando melhor

do que os anticorpos policlonais entre cirurgia estéril e infectada na tíbia

de cães 155. A captação na infecção aguda geralmente é comparável ou

Page 99: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

91

superior a de anticorpos policlonais, anticorpos anti-granulócitos,

nanocolóides ou gálio-67 36) 41> 61> 80> 92'156. A cintilografía com leucócitos

tem sensibilidade e especificidade para osteomielite próximas a 90% e

85% 24, entretanto os bons resultados na investigação de osteomielite

aguda não podem ser generalizados para todas as situações. A

cintilografia com leucócitos tem baixa sensibilidade na avaliação de

osteomielite vertebral e não tem vantagens significativas na avaliação de

osteomielite crônica em relação à cintilografía com gálio-67. A

sensibilidade da cintilografía com leucócitos para osteomielite crônica em

atividade foi de 78% e especificidade de 92% em 403 pacientes 24. Em

estudo comparativo de 35 pacientes, 14 dos quais com suspeita de

infecção osteoarticular subaguda ou crônica, a sensibilidade e

especificidade da cintilografia com leucócitos (52% e 78%) foi inferior a

da cintilografía com anticorpos policlonais (74% e 100 %) 4 3 .

Apesar de não consensual, a preferência por determinados

métodos no diagnóstico de osteomielite está definida nos casos de

osteomielite aguda (sem alteração radiológica - cintilografia óssea; com

alteração radiológica - cintilografía com leucócitos) e de osteomielite

vertebral (cintilografía com gálio-67). Não está ainda definido se um

método cintilográfíco é superior aos demais para o estudo de osteomielite

crônica no esqueleto apendicular associada a alterações anatômico-

radiológicas. Esta questão motivou a realização da presente investigação

da cintilografía com anticorpos policlonais, comparando-a com outros

métodos.

A cintilografía com anticorpos policlonais marcados com índio-

111 foi introduzida clinicamente no final da década de 80 78> 79 e em 1990

se iniciou o emprego de anticorpos marcados com tecnécio-99m 80. Além

Page 100: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

92

do custo relativamente baixo e dos bons resultados preliminares, a

introdução clínica dos anticorpos policlonais foi facilitada porque sua

administração parenteral já era autorizada pelos órgãos responsáveis nos

Estados Unidos e muitos países europeus.

A cintilografía com anticorpos policlonais apresentou sensibilidade

e especificidade para osteomielite de 98% e 85% em revisão de 10

estudos (393 pacientes) empregando marcação com índio-1II9'14'26> 78> 79>

88,89,135-137 Q d e 8gO/o Q 83o/o e m 5 e s tudos (128 pacientes) empregando

marcação com tecnécio-99m 36> 54> 63' 80' 138> 139. Considerando que o

acúmulo dos anticorpos policlonais deva se fazer de forma mais lenta em

processos crônicos ou com baixo grau de atividade inflamatória, as

imagens adquiridas com mais de 24 horas após a administração do

radiofármaco podem ser importantes. Neste caso o uso de índio-111 na

marcação do anticorpo teria a vantagem sobre o tecnécio-99m de

apresentar decaimento radioisotópico e clareamento sangüíneo mais

lentos 34> 47> 58, permitindo a obtenção de imagens mais tardias. Esta pode

ser uma explicação para os melhores resultados encontrados na avaliação

de processos crônicos com anticorpos marcados com índio-111

(sensibilidade de 86 a 100%) 9> 26'89> 127> 137 em relação aos anticorpos

marcados com tecnécio99m (sensibilidade de 71%) 54. Entretanto, em

trabalhos que empregam anticorpos marcados com índio-111, o estudo de

24 horas é quase sempre suficiente para detecção do processo infeccioso

92, 122 ^ Q p r e s e n t e trabalho não se observou diferença significativa de

captação entre as imagens de 4 e 24 horas, não sendo possível adquirir

imagens mais tardias devido a baixa atividade de tecnécio-99m.

A técnica de marcação de anticorpos empregada pode modificar

de forma significativa o grau de captação inflamatória e o resultado da

Page 101: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

93

cintilografia. Neste trabalho os anticorpos policlonais foram marcados

com tecnécio-99m por técnica de marcação direta 101> 140. As vantagens do

uso de tecnécio-99m incluem seu baixo custo e disponibilidade em

praticamente qualquer laboratório de medicina nuclear, suas

características físicas (meia vida de 6 horas, radiação gama com energia

de 140 keV) ideais para obtenção de imagens em câmaras de cintilação,

com baixa dose de radiação para o paciente. Os procedimentos

envolvidos na marcação direta são simples, com mínima manipulação do

anticorpo, chegando-se a elaboração de kit de preparo instantâneo e com

alta eficiência de marcação. O anticorpo policlonal utilizado

(Sandoglobulina - Sandoz) apresenta a seguinte composição após

reconstituição: IgGl = 69,8%; IgG2 = 23,1%; IgG3 = 4,8%; IgG4 =

2,4%; fragmentos < 3% 117, dímeros = 10,1 a 15,7% l16. Apesar da ação

de pequena concentração de pepsina no preparo do anticorpo,

propriedades dependentes da porção Fe, como a opsonização e ligação ao

sistema complemento estão conservadas 1I7. A redução do anticorpo é

realizada com 2-mercaptoetanol, que por ser um redutor orgânico fraco

tem menor probabilidade de levar a alterações estruturais importantes do

anticorpo pela quebra de excessivo número de pontes dissúlfídicas. No

controle de qualidade após marcação não foram testadas se propriedades

dos anticorpos como a opsonização, ligação de complemento e ligação a

receptores Fe estavam preservadas. Estas propriedades também são

raramente testadas na literatura. De qualquer forma seria difícil verificar

se durante a marcação as características que determinam a captação

inflamatória dos anticorpos foram modificadas, pois estas não são bem

conhecidas.

Page 102: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

94

No presente estudo a sensibilidade e especificidade dos métodos,

pela análise visual, foram de 88% e 36% para a cintilografía óssea, 75% e

73% para a cintilografía com gálio-67 e 88% e 82% para a cintilografía

com anticorpos policlonais. A especificidade dos métodos neste pequeno

grupo de pacientes seria menor se, além da hipercaptação moderada ou

acentuada, a hipercaptação discreta fosse considerada positiva para

infecção, sem que houvesse um ganho significativo de sensibilidade. No

caso da cintilografia óssea a especificidade cairia de 36 para 0%

(sensibilidade mantida em 88%), na cintilografía com gálio-67 de 73 para

9% (sensibilidade iria de 75 para 88%) e com anticorpos policlonais de

82 para 36% (sensibilidade mantida em 88%). Não foram calculadas a

sensibilidade e especificidade dos métodos laboratoriais ou da radiologia

convencional, por terem sido os mesmos incluídos como critérios

diagnósticos.

Como exposto anteriormente, o principal problema em pacientes

com suspeita de infecção crônica associada a outras patologias ósseas é a

baixa especificidade dos métodos diagnósticos. Muitas situações, além da

osteomielite, causam aumento do remodelação óssea e por vezes levam

também a inflamação estéril, principais parâmetros funcionais avaliados

cintilograficamente. A sensibilidade da cintilografia também é reduzida

porque o grau de remodelação e o infiltrado inflamatório nos processos

crônicos é menor que na osteomielite aguda. Neste estudo a

especificidade foi calculada considerando-se como população controle

indivíduos com patologias osteoarticulares não infecciosas. A não

utilização de um grupo normal (sem patologias) foi intencional, pois o

ponto crítico e a justificativa para pesquisa de novos radiofármacos é

precisamente a menor especificidade encontrada na avaliação de

Page 103: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

95

osteomielite em pacientes com alterações ósseas preexistentes. A

especificidade dos métodos cintilográficos em pacientes sem quaisquer

alterações osteoarticulares (e portanto sem outras causas de inflamação

estéril ou aumento da remodelação óssea) provavelmente seria maior do

que a encontrada.

Os resultados encontrados pelos três métodos estão de acordo com

os valores de literatura (tabelas 1 e 2), em especial considerando-se os

pacientes com suspeita de osteomielite crônica ou associada a outras

patologias. A comparação dos resultados dos métodos cintilográficos

aplicados nos mesmos pacientes é provavelmente preferível à comparação

de resultados obtidos em estudos com apenas um radiofármaco, devido às

freqüentes variações de apresentação clínica dos pacientes. A

sensibilidade encontrada pelos três métodos foi semelhante e, apesar de

não ser constatada discordância estatisticamente significativa, os

resultados sugerem que a especificidade da cintilografia com anticorpos

policlonais seja superior a da cintilografia com gálio-67 e ambas

superiores a da cintilografia óssea. Como comentado anteriormente, o

desenvolvimento de novos métodos para estudo de osteomielite tem por

objetivo aumentar a especificidade diagnostica, o que salienta a

importância da diferença de resultados encontrada.

As diferenças de resultados para os diversos métodos

cintilográfícos se deve a variação dos mecanismos que determinam a

concentração de cada radiofármaco. Mesmo quando os resultados de

vários métodos são semelhantes, deve-se ter em mente que os fatores que

os determinaram podem ter sido diferentes. No casos da cintilografia

óssea, a captação dos difosfonatos se faz principalmente no componente

mineral do osso, provavelmente por adsorção química à superfície de

JFac. Modxina -ia USP| Bioiioteca Cantral

Page 104: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

96

cristais de hidroxiapatita e outros cristais de fosfato, com menor

importância da ligação a componentes orgânicos da matriz óssea. Cerca

de 50% do radiofármaco é captado nos ossos e os restantes 50% são

eliminados na urina. O clareamento sangüíneo é rápido e após 3 horas

apenas 10% da atividade administrada é encontrada no sangue 6 '23. A

hipercaptação observada na osteomielite corresponde basicamente ao

aumento de remodelação óssea em resposta ao processo inflamatório.

A captação de gálio-67 se faz por exsudação do complexo

circulante transferrina-gálio-67 devido ao aumento de fluxo e

permeabilidade vascular regional. Outros mecanismos propostos são:

ligação do gálio-67 a leucócitos (no sítio inflamatório ou na circulação

com posterior migração), ligação a receptores de ferro das bactérias

(sideróforos), ligação a proteínas liberadas pelos leucócitos (ex.:

lactoferrina). A ligação leucocitária do gálio-67 pode ocorrer através de

receptores de transferrina na membrana celular, endocitose e transporte

com subseqüente fixação a proteínas intracelulares (provavelmente

lisossomais) 32. De forma semelhante aos compostos difosfonatos, além

da captação atribuída ao processo inflamatório, o gálio-67 apresenta

captação proporcional ao aumento de remodelação óssea. O mecanismo

da concentração óssea do gálio-67 não é bem conhecido, talvez

ocorrendo por troca iônica na fase mineral óssea. É observado que

quando grande parte do gálio administrado se encontra na forma não

radioativa (isótopos estáveis), a porcentagem da atividade que é detectada

nos ossos é maior 32> 157. Este fenômeno talvez seja explicado por um

bloqueio competitivo dos mecanismos de captação inflamatória ou da

ligação a proteínas plasmáticas realizado pelo gálio estável, sobrando

maior quantidade de gálio-67 circulando na forma iônica.

Page 105: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

97

A captação dos anticorpos policlonais marcados em locais de

inflamação/infecção pode ser decorrente de propriedades não específicas

dos mesmos: extravasamento protéico devido ao aumento de fluxo,

aumento de permeabilidade capilar e do espaço intersticial. Apesar de

explicar a entrada do radiofármaco no sítio inflamatório, o

extravasamento protéico não explica porque os anticorpos são

concentrados em maior intensidade que outras proteínas de peso

molecular menor ou semelhante 56> 1I0> nl> 114> 115, fenômeno provavelmente

decorrente de características específicas da molécula de anticorpo. Alguns

mecanismos de captação propostos, específicos para os anticorpos

marcados, são: ligação a receptores Fe, ligação a bactérias (proteína A),

polimerização de anticorpos, interação de cargas elétricas e até mesmo a

desmarcação do anticorpo com fixação do isótopo livre. A maior captação

dos anticorpos em processos infecciosos que nas inflamações estéreis é

um assunto controverso, não sendo constatada diferença de captação

entre cirurgia estéril ou infectada da tíbia de cães 155, porém tendo sido

verificada menor captação na queimadura sem complicações do que na

queimadura infectada em coelhos 158 e maior concentração em peritonite

estafilocócica do que em peritonite química em ratos 123. Em relação ao

agente etiológico, a captação é maior 95'114> 115 ou similar 1U em infecção

por bactérias gram positivas que na infecção por bactérias gram

negativas.

O único resultado falso negativo da cintilografia óssea foi

encontrado em paciente com antecedente de pioartrite de quadril e

osteomielite na porção proximal do fêmur, apresentando fistula em

atividade com cultura positiva para Streptococcus viridans. Esta paciente

não apresentava aumento da concentração de Tc-99m-MDP e mostrava

Page 106: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

98

hiperconcentração discreta de gálio-67 (falso negativo) e moderada de

anticorpos policlonais (verdadeiro positivo). Radiologicamente a paciente

apresentava lise completa da cabeça femoral, levantando-se a hipótese

que a captação de Tc-99m-MDP poderia estar reduzida pela completa

destruição óssea da cabeça femoral. Não havia justificativa aparente para

a menor concentração de gálio-67 nesta paciente.

Um segundo paciente apresentou resultados falso negativos para a

cintilografia com gálio-67 e com anticorpos policlonais (captação normal)

e verdadeiro positivo para a cintilografia óssea (hiperconcentração

moderada). Este paciente havia sido submetido a osteossíntese de fratura

exposta de tálus há 3 anos, apresentando fistula em atividade e cultura de

secreção positiva para Staphylococcus aureus. Radiologicamente

apresentava área lítica bem definida no tálus. Não foi encontrada uma

justificativa para a baixa captação de anticorpos e de gálio-67 observada

neste paciente. Algumas explicações, como comprometimento circulatório

severo (levando a redução de aporte sangüíneo) ou lesões de pequena

extensão (não detectáveis em imagens de baixa resolução), não pareciam

estar presentes neste caso.

Mesmo com resultados inferiores aos da cintilografia com

anticorpos policlonais ou gálio-67, a cintilografia óssea foi importante

para a delimitação das estruturas afetadas, devido a melhor resolução das

imagens. A cintilografia óssea também pode servir como parâmetro de

comparação para a cintilografia com gálio-67. A hipercaptação de gálio-

67 em maior intensidade ou extensão do que dos compostos difosfonatos,

indicando predomínio da captação inflamatória sobre o aumento da

remodelação, é descrita como achado pouco sensível porém bastante

específico para osteomielite 12> 31 .Neste estudo este achado estava

Page 107: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

99

presente em apenas 1 dos 8 segmentos com osteomielite e em nenhum

sem infecção, tendo sensibilidade e especificidade de 12% e 100%.

A menor especificidade da cintilografia óssea, com 7 resultados

falso positivos, deve estar relacionada ao aumento de remodelação óssea

por causas não infecciosas presentes nestes pacientes. O aumento de

remodelação óssea é também um mecanismo secundário de captação do

gálio-67, podendo ser responsável pelos 3 estudos falso positivos com o

mesmo. A distribuição alterada de medula óssea, em especial após

traumas ou cirurgias, é uma causa descrita de estudos falso positivos para

leucócitos marcados, podendo se imaginar que o mesmo possa ocorrer em

menor grau com o uso de gálio-67 (também captado pela medula óssea).

Se considerarmos como principal mecanismo de captação de anticorpos

policlonais e de gálio-67 o extravasamento protéico devido ao aumento de

permeabilidade e tendo em vista a proximidade dos pesos moleculares do

anticorpo (150 kd) e do complexo gálio-67 - transferrina (100 kd), seria

esperado que o acúmulo dos dois marcadores fosse semelhante. A

diferença dos resultados encontrados pode ser decorrente da existência de

diferentes mecanismos de fixação no foco inflamatório e, principalmente,

da independência entre captação dos anticorpos policlonais e

remodelação óssea. Os 2 resultados falso positivos na cintilografia com

anticorpos policlonais podem estar relacionados a processos inflamatórios

estéreis, principal causa descrita em literatura, fator que também pode

estar envolvido nos falso positivos da cintilografia com gálio-67.

A inflamação estéril pode estar relacionada aos antecedentes

cirúrgicos, presentes nos 2 estudos falso positivos com anticorpos

policlonais (osteossíntese de fratura de tíbia há 2 anos, correção de pé

torto há 16 anos) e nos 3 falso positivos na cintilografia com gálio-67 (os

Page 108: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

100

mesmos pacientes e um terceiro com osteossíntese de fratura de fêmur há

1 ano). A osteossíntese causa inflamação asséptica por reações

decorrentes do próprio trauma cirúrgico, irritação mecânica por

mobilidade entre implantes e tecidos vizinhos, reação eletrolítica do metal

e tecidos orgânicos; o infiltrado inflamatório pode ser importante e chegar

até a formação de granulomas de corpo estranho 159. A infecção pós-

operatória ocorre por implantação direta, por via hematogênica ou por

contiguidade; podendo além disto estar relacionada ao antecedente que

levou a intervenção (ex.: fratura exposta).

A análise semiquantitativa foi efetuada pela medida da captação

do radiofármaco na área de interesse (área suspeita) em relação a área em

^P espelho contra-lateral. A área de interesse foi definida na imagem tardia

^ da cintilografía óssea por ser esta a que apresentava melhor definição das

estruturas. A principal dificuldade encontrada na semiquantifícação foi a

~-- ocasional sobreposição de atividade do compartimento vascular com as

áreas de interesse (em especial no quadril) nas imagens de 4 horas da

cintilografía com anticorpos policlonais.

Assim como na análise visual, a semiquantificação das

cintilografias foi feita sem o conhecimento da presença ou não de

infecção. No entanto a análise dos valores obtidos, ou seja, a

classificação dos resultados como positivos ou negativos, foi feita no

entanto com este conhecimento, tendo sido escolhidos níveis de corte que

otimizassem os resultados neste pequeno grupo de pacientes.

A proximidade entre as médias dos grupos A e B (diferença de

cerca de um desvio padrão para os três métodos) faz com que os

resultados encontrados pela análise quantitativa devam ser analisados

com cuidado, possivelmente não sendo reprodutíveis em outros estudos.

Page 109: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

101

Em média a concentração dos radiofármacos foi maior nas áreas

suspeitas, tanto nos pacientes com como nos pacientes sem infecção, com

os maiores valores encontrados para a cintilografia óssea.

Com os níveis de corte escolhidos, a sensibilidade da cintilografía

com anticorpos policlonais (imagens de 4 horas) foi de 86% e a dos

outors métodos de 71%. A especificidade foi de 70% para a cintilografía

óssea, 50% para a cintilografía com gálio-67 e 80% para a cintilografía

com anticorpos policlonais. A sensibilidade obtida pela análise

semiquantitativa foi inferior a obtida pela análise visual (88% na

cintilografia óssea, 75% na cintilografia com gálio-67 e 88% na

cintilografia com anticorpos policlonais). A especificidade foi inferior a

análise visual no caso da cintilografía com gálio-67 (queda de 73 para

50%) e semelhante com anticorpos policlonais (passando de 82 para

80%). A cintilografía óssea foi o único método com ganho de

especificidade (36 para 70%) na análise semiquantitativa, dado que

merece ser investigado de forma prospectiva em maior número de

pacientes. Provavelmente este ganho de especificidade na análise

semiquantitativa indica que pacientes com diferentes graus de

hipercaptação foram agrupados visualmente nas mesmas categorias

(discreto, moderado, acentuado). Apesar de se tentar fazer uma

classificação baseada apenas no grau de captação do radiofármaco, outros

fatores possivelmente interferiram na análise visual das cintilografías,

explicando os melhores resultados da análise qualitativa sobre a

quantitativa. Estes fatores podem incluir a heterogeneidade da

distribuição do radiofármaco, a localização da captação no osso ou em

partes moles e a influência ou sobreposição de estruturas adjacentes.

Page 110: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

102

Em 2 pacientes do grupo A e 2 do grupo B a relação entre a

captação da área suspeita e contra-lateral da cintüografía com gálio-67 foi

maior que na cintilografia óssea (sensibilidade 29%, especificidade 80%).

Este achado se correlacionou bem com a análise visual, onde em apenas 1

caso se descreveu maior concentração de gálio-67 que de Tc-99m-MDP.

O aumento dos valores de captação de anticorpos policlonais no foco

inflamatório com o tempo é citado como um critério diagnóstico de

infecção 54> 89> 91> 135, sendo observado em apenas 2 de 7 casos com

osteomielite em atividade e 5 dos 10 casos restantes (sensibilidade 29%,

especificidade 50%).

O valor encontrado para a relação de captação de anticorpos

policlonais na área acometida em relação a estruturas contra-laterais nos

pacientes deste estudo foi em média de 1,57 em 4 horas e 1,46 em 24

horas, similar ao encontrado em estudo com 17 pacientes com

osteomielite crônica (1,5) 54. Na literatura a semiquantificação de

atividade de anticorpos policlonais em focos inflamatórios (geralmente

agudos) em relação às estruturas contra-laterais, traz valores na faixa de 2

a £ 56-58, 65,110, 112, 115, 137, 140, 156

É importante, além da sensibilidade e especificidade de cada

técnica, a comparação do custo e disponibilidade das mesmas. A

cintilografía com gálio-67 custa aproximadamente o dobro e a

cintilografia com leucócitos ou anticorpos anti-granulócitos custa de 3,5 a

4 vezes mais que a cintilografia óssea. O custo da cintilografia com

anticorpos policlonais não está ainda estabelecido, porém, considerando-

se o custo do radiofármaco e tempo de utilização da câmara de cintilação,

deverá ser entre 1 e 2 vezes maior que o da cintilografía óssea. Quanto a

disponibilidade, o gálio-67 é importado e distribuído de acordo com

Page 111: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

103

encomendas feitas com 15 dias de antecedência, sua entrega é semanal e

apresenta decaimento com meia-vida de 78 horas. O metilenodifosfonato

(cintilografia óssea), os anticorpos policlonais e os anticorpos anti-

granulócitos são armazenados na forma de composto liofílizado, sendo

marcados com tecnécio-99m (disponível em praticamente qualquer

laboratório de medicina nuclear) no momento de sua utilização. Os

leucócitos também podem ser marcados com tecnécio-99m, no entanto o

processo de marcação é complexo e exige extensa manipulação de sangue

por pessoal especializado, o que restringe sua disponibilidade.

Conforme dados expostos anteriormente, a dose equivalente de

radiação absorvida por um paciente adulto em cintilografia com

anticorpos policlonais marcados com tecnécio-99m é de 2,9mSv, sendo

menor do que com a dose absorvida na cintilografia óssea (4,4 mSv) ou

som gálio-67 (12,2 mSv). A dose de radiação para corpo inteiro também

é inferior à de vários métodos não empregados neste estudo (leucócitos

marcados com índio-111 = 12 a 15 mSv, leucócitos marcados com

tecnécio-99m = 2,8 a 5,6 mSv, anticorpos anti-granulócitos = 3,9 mSv,

anticorpos policlonais marcados com índio-111 = 10 a 15 mSv). A dose

de radiação absorvida por órgão com anticorpos policlonais marcados é

bastante vantajosa em relação ao gálio-67 e semelhante ao MDP-Tc99.

Apesar de não haver morbidade mensurável associada a estes níveis de

radiação, pode se estimar que o risco (em especial de carcinogênese e

teratogênese) seja menor para a cintilografia com anticorpos policlonais.

Não são descritas reações adversas à administração de anticorpos

policlonais em doses diagnosticas, não havendo também o risco de

desenvolvimento de anticorpos anti-murínicos (HAMA) porque a

imunoglobulina utilizada tem origem humana. O tempo necessário para a

Page 112: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

104

conclusão do estudo da cintilografía com anticorpos policlonais (24

horas) é maior que o da cintilografía óssea (2 horas), menor que o da

cintilografía com gálio-67 (48 horas) e semelhante ao da cintilografía com

leucócitos (24 horas).

Page 113: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

105

6 Conclusões

1) A capacidade de detecção da atividade infecciosa em

osteomielite crônica ou associada a outras alterações ósseas não foi

significativamente diferente com os três métodos cintilográficos

empregados, a saber: cintilografía óssea (sensibilidade = 88%),

cintilografla com gálio-67 (sensibilidade = 75%) e cintilografía com

anticorpos policlonais (sensibilidade = 88%).

2) A maior especificidade observada na cintilografía com

anticorpos policlonais (82%) e com gálio-67 (73%) que na cintilografía

óssea (36%); associada a maior disponibilidade, menor custo e menor

dose de radiação com os anticorpos policlonais marcados; sugere que o

primeiro método seja o mais indicado na exclusão de atividade infecciosa

em osteomielite crônica ou associada a outras alterações ósseas.

Page 114: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

106

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Summary

Active chronic osteomyelitis or complicating osteomyelitis

(superimposed on diseases that changes the normal bone structure -

fractures, post-surgery, prosthesis) can be difficult to diagnose by

anatomic radiological imaging modalities, like plain radiograph and CT.

These diseases frequently cause also increased bone remodeling, leading

to nonspecific uptake of Tc-99m-bone scan agents and gallium-67. New

radiopharmaceuticals with greater inflammation /infection avidity and

specificity are being developed, including the nonspecific polyclonal

immunoglobulin (IgG) labeled with technetium-99m. Tc-99m-IgG may be

available as a ready to use kit, with no reported side effects, low patient

absorbed radiation dose and low cost. The mechanism of IgG uptake at

the inflammation site has not been fully elucidated yet. Specific (receptor

linking, physico-chemical immunoglobulin properties) and nonspecific

mechanisms (enhanced vascular permeability and macromolecular

exudate) has been suggested. IgG scintigraphy results are affected by the

isotope, labeling procedure adopted and characteristics of the

inflammatory focus. Nineteen patients with suspected osteomyelitis

(active chronic osteomyelitis or violated bone osteomyelitis) were studied

by Tc-99m-IgG scintigraphy (directly labeled polyclonal immunoglobulin,

Sandoglobulina - Sandoz). All patients also underwent standard three-

phase bone scintigraphy using methylene diphosphonate (Tc-99m-MDP),

gallium-67 scintigraphy and plain radiographs. Infection was found in 8

sites. Sensitivity and specificity for Tc-99m-MDP, gallium-67 and Tc-

Fac. Med;c;na da USPBiblioteca Centra!

Page 135: 2.5 Cintilografia com anticorpos policlonais

99m-IgG scintigraphy were, respectively, 88 and 36%, 75 and 73%, 88

and 82%. All patients with false positive IgG scintigraphies had previous

surgery. Other current scintigraphic procedures used in the diagnosis of

osteomyelitis are also reviewed.