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2018 Nome completo: Turma: Unidade: Ciências Humanas e suas Tecnologias DIA Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 90 Questões – Duração: 5h Dia: 02/05 – quarta-feira 1º SIMULADO MODELO ENEM 1ª série - Ensino Médio Exame Nacional do Ensino Médio

1ª série - Ensino Médio - upvix.com.br · 2. Só será permitida a saída de alunos a partir de 2 horas de prova. 3. ... poemas de Cora Coralina.3. ed. São Paulo: Global,

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2018

Nome completo:

Turma: Unidade:

Ciências Humanas e suas Tecnologias

DIA

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

90 Questões – Duração: 5h

Dia: 02/05 – quarta-feira

1º SIMULADO MODELO ENEM 1ª série - Ensino Médio

Exame Nacional do Ensino Médio

FORMA

ERRADA DEPREENCHIMENTO

FORMA

CORRETA DEPREENCHIMENTO

É PROIBIDO COLOCAR QUALQUER TIPO DE INFORMAÇÃO NESTE LOCAL

PREENCHIMENTO DO CARTÃO RESPOSTA

SOMENTE COM CANETA AZUL

ORIENTAÇÕES PARA APLICAÇÃO DO SIMULADO - 1º TRI

1. A prova terá duração de 5h.

2. Só será permitida a saída de alunos a partir de 2 horas de prova. 3. O aluno não poderá sair para beber água ou ir ao banheiro antes de 3 horas de prova. 4. O aluno não poderá levar a prova para casa. Favor colocar o nome na capa da prova. 5. O preenchimento do gabarito deve ser feito com caneta AZUL. NÃO É PERMITIDO O USO DE

CANETAS COM PONTAS POROSAS. 6. O preenchimento incorreto do gabarito implicará na anulação da questão ou de todo o gabarito. 7. Durante a prova, o aluno não poderá manter nada em cima da carteira ou no colo, a não ser lápis,

caneta e borracha. Bolsas, mochilas e outros pertences deverão ficar no tablado, junto ao quadro. Não será permitido empréstimo de material entre alunos.

8. O aluno que portar celular deverá mantê-lo na bolsa e desligado, sob pena de ter a prova recolhida,

caso o mesmo venha a ser usado ou tocar. Caso não tenha bolsa, colocá-lo na base do quadro durante a prova.

9. O fiscal deve conferir o preenchimento do gabarito antes de liberar a saída dos alunos.

10. O gabarito da prova estará disponível no site a partir das 17 horas da terça-feira, dia 08/05.

11. O prazo máximo para conferir qualquer dúvida sobre o gabarito da prova encerra dia 11/05, sexta-feira.

Isso deve ser feito diretamente com o professor ou com a Pedagoga da Unidade.

2018 - SIMULADO ENEM – 1ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

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QUESTÃO 1

Disponível em: www.portaldapropaganda.com.br. Acesso em: 1 mar. 2012. (Foto: Reprodução/Enem)

A publicidade, de uma forma geral, alia elementos verbais e imagéticos na constituição de seus textos. Nessa peça publicitária, cujo tema é a sustentabilidade, o autor procura convencer o leitor a a) assumir uma atitude reflexiva diante dos fenômenos naturais. b) evitar o consumo excessivo de produtos reutilizáveis. c) aderir à onda sustentável, evitando o consumo excessivo. d) abraçar a campanha, desenvolvendo projetos sustentáveis. e) consumir produtos de modo responsável e ecológico. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O autor tenta convencer o consumidor de que é possível consumir de maneira responsável e ecológica, e que o uso das sacolas retornáveis contribui para a diminuição do uso das sacolinhas plásticas, grandes vilãs do meio ambiente. Apesar de não estarem explícitos no anúncio, esses pressupostos são construídos através da intertextualidade e de inferências, mecanismos dominados apenas por quem consegue estabelecer relações entre diferentes textos e por quem possui uma boa bagagem de leitura.

QUESTÃO 2

Venho solicitar a clarividente atenção de Vossa Excelência para que seja conjurada uma calamidade que está prestes a desabar em cima da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças, atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico de suas funções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe. Ao que dizem os jornais, no Rio de Janeiro, já estão formados nada menos de dez quadros femininos. Em São Paulo e Belo Horizonte também já estão se constituindo outros. E, neste crescendo, dentro de um ano, é provável que em todo o Brasil estejam organizados uns 200 clubes femininos de futebol: ou seja: 200 núcleos destroçados da saúde de 2,2 mil futuras mães, que, além do mais, ficarão presas a uma mentalidade depressiva e propensa aos exibicionismos rudes e extravagantes.

Fonte: Coluna Pênalti. Carta Capital. 28 abr. 2010 (original: abr. 1940).

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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O trecho é parte de uma carta de um cidadão brasileiro, José Fuzeira, encaminhada, em abril de 1940, ao então presidente da República Getúlio Vargas. As opções linguísticas de Fuzueira mostram que seu texto foi elaborado em linguagem a) regional, adequada à troca de informações na situação apresentada. b) jurídica, exigida pelo tema relacionado ao domínio do futebol. c) coloquial, considerando-se que ele era um cidadão brasileiro comum. d) culta, adequando-se ao seu interlocutor e à situação de comunicação. e) informal, pressupondo o grau de escolaridade de seu interlocutor. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Por se tratar de uma carta dirigida ao Presidente da República, o texto é elaborado em linguagem culta, ou seja, adapta-se ao seu interlocutor e à situação de comunicação.

QUESTÃO 3

Meus brinquedos... Coquilhos de palmeira.

Bonecas de pano. Caquinhos de louça.

Cavalinhos de forquilha. Viagens infindáveis...

Meu mundo imaginário mesclado à realidade.

E a casa me cortava: “menina inzoneira!” Companhia indesejável – sempre pronta

a sair com minhas irmãs, era de ver as arrelias

e as tramas que faziam para saírem juntas

e me deixarem sozinha, sempre em casa.

CORALINA, Cora. Minha Infância. In: Melhores poemas de Cora Coralina.3. ed. São Paulo: Global,

2008. p. 97.

O fragmento poético e a imagem entabulam diálogo ao retratarem episódios da infância, a) transcorrida em brincadeira coletiva no fragmento e em brincadeira individual na imagem. b) que se afigura como um período infeliz e irrealizado tanto no fragmento quanto na imagem. c) que se mostra problematizada de modo realista no fragmento e feliz e idealizada na imagem. d) que se afigura como uma etapa plena de realizações tanto no fragmento quanto na imagem. e) transcorrida em brincadeiras solitárias e enfadonhas tanto no fragmento quanto na imagem.

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GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Na imagem, vemos meninas brincando juntas, com expressão de quem se diverte. Já no poema, vemos um eu lírico feminino que se prende no mundo dos sonhos, mas quando volta à realidade percebe que sempre é deixada sozinha. Assim, enquanto na imagem temos um retrato feliz da infância, de forma idealizada, no poema vemos também as partes tristes da infância, compondo um retrato mais realista.

QUESTÃO 4 Texto 1

A casa era edificada com a arquitetura simples e grosseira, que ainda apresentam as nossas primitivas

habitações; tinha cinco janelas de frente, baixas, largas, quase quadradas. Do lado direito estava a porta principal do edifício, que dava sobre um pátio cercado por uma estacada,

coberta de melões agrestes. Do lado esquerdo estendia-se até à borda da esplanada uma asa do edifício, que abria duas janelas sobre o desfiladeiro da rocha.

No ângulo que esta asa fazia com o resto da casa, havia uma coisa que chamaremos jardim, e de fato era uma imitação graciosa de toda a natureza rica vigorosa e esplêndida, que a vista abraçava do alto do rochedo.

José de Alencar, O Guarani. São Paulo, Ática, 1992.

Texto 2

Subitamente um cavalheiro aproximou-se do assaltante com um palmo de sorriso. Colocou-se entre ele e a moça.

– Batista, você! Há quanto tempo! Ainda esta semana conversei com seu tio no supermercado! Me dê um abraço, amigão! Mas, o que é isso? Vai sair por aí com esse baú cheio de dinheiro? Não tem medo de ladrões, não?

Batista olhou para o chão mas não viu buraco algum para esconder-se. A caixa, sorrindo, ao amigo dele: – Seu Batista não vai sair com esse dinheiro, não; ele veio depositar…

Marcos Rey, O coração roubado e outras crônicas. Coleção para gostar de ler, v. 19. São Paulo. Ática, 1996. Os textos acima são exemplos, respectivamente, de a) linguagem coloquial e linguagem culta. b) linguagem culta e linguagem coloquial. c) linguagem culta e linguagem formal. d) linguagem familiar e linguagem informal. e) linguagem coloquial e linguagem formal. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: No texto 1, vemos o uso da linguagem culta (formal), a partir da escolha da norma culta, sem gírias ou marcas de oralidade. Já no texto 2, vemos o uso da linguagem coloquial nos diálogos, em que as personagens valem-se de termos mais informais, tais como o tratamento por “amigão”.

QUESTÃO 5

Até quando? Não adianta olhar pro céu Com muita fé e pouca luta Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer E muita greve, você pode, você deve, pode crer Não adianta olhar pro chão Virar a cara pra não ver Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!

GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo).Rio

de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento).

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As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto a) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet. b) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas. c) tom de diálogo, pela recorrência de gírias. d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial. e) originalidade, pela concisão da linguagem. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Típica do rap, a linguagem coloquial é responsável por conferir o efeito de espontaneidade à letra da música. A linguagem coloquial está associada a um contexto informal de comunicação, portanto, a intenção da música foi reproduzir essa comunicação.

QUESTÃO 6

Qual é a correta interpretação da tirinha da Mafalda, personagem presente no último quadrinho, de autoria do cartunista argentino Quino, em que Felipe, no primeiro quadrinho, mostra-se pensativo com a possibilidade de participar do serviço militar? a) O menino, receoso do que poderá enfrentar no quartel, imagina situações complicadas a que se submeterá e

reage com a chegada de seu herói, de modo que seus gritos foram escutados por Mafalda. b) O jovem menino, com medo do que o quartel lhe reserva, cria situações mentais em que, fatalmente, não

consegue êxito, conforme expresso no último quadrinho. c) A possibilidade de poder contar com a presença física de seu herói no quartel retira, desde o início, todo

medo e ansiedade do jovem que deseja servir às Forças Armadas de seu país. d) Embora com desejo de servir às Forças Armadas, a presença de Mafalda, no último quadrinho, reforça a

ideia de que as mulheres não concordam com o fato de o serviço militar obrigatório ser exclusivo para homens.

e) O menino Felipe demonstra fielmente sua vontade e necessidade de servir às Forças Armadas como uma maneira de demonstrar sua força e patriotismo.

GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: No primeiro quadrinho, Felipe reflete sobre a obrigatoriedade do serviço militar, mostrando-se receoso: “fico meio apavorado de pensar que vou ter que fazer serviço militar”. No segundo, ele imagina-se como um soldado, cuja prisão é decretada por um superior. No terceiro, aparece a figura de seu herói, “o cavaleiro solitário”, para salvá-lo da situação. O alívio é tão grande que Mafalda ouve seus gritos de “viva” a altas horas da noite, o que, supomos, tenha atrapalhado seu sono.

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QUESTÃO 7 “Nas duas últimas décadas, as organizações criminosas vêm estabelecendo, cada vez mais, suas operações de uma forma transnacional, aproveitando-se da globalização econômica e das novas tecnologias de comunicações e transportes. A estratégia utilizada consiste em instalar suas funções de gerenciamento e produção em áreas de baixo risco, nas quais detêm relativo controle do meio institucional (…).” Desse fragmento de texto, podemos entender que a) as atividades criminosas internacionais, além de estarem se utilizando de alta tecnologia, estão sendo

favorecidas nos países pouco desenvolvidos cujas instituições são frágeis e passíveis de corrupção. b) as atividades criminais não se alteraram com a globalização e não interferem nos países

pouco desenvolvidos. c) não há relação entre a economia globalizada e as atividades criminosas internacionais. d) com o desenvolvimento do capitalismo, a criminalidade internacional desaparece. e) não há relação entre criminalidade internacional e corrupção das instituições dos países em desenvolvimento. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto nos assegura da organização que vem sendo implantada pelas cadeias criminosas.

QUESTÃO 8 A senhora, uma dona de casa, estava na feira, no caminhão que vende galinhas. O vendedor ofereceu a ela uma galinha. Ela olhou para a galinha, passou a mão embaixo das asas da galinha, apalpou o peito da galinha, alisou as coxas da galinha, depois tornou a colocar a galinha na banca e disse para o vendedor: “Não presta!”. Aí o vendedor olhou para ela e disse: “Também, madame, num exame assim nem a senhora passava.”

FERNANDES, Millôr.

No texto, observa-se que o autor faz uso repetidas vezes do vocábulo “galinha”. Com esse mecanismo de coesão referencial, a sua intenção é de a) demonstrar pobreza vocabular. b) usar a repetição para cansar o leitor. c) possibilitar comicidade ao texto. d) propiciar a aliteração no texto. e) manter a unidade temática do texto. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Ao repetir o termo galinha, o autor acaba criando um efeito de comicidade, pois ressalta a quantidade de ações que a mulher fez para analisar apenas uma galinha.

QUESTÃO 9 O fragmento seguinte foi extraído do poema “sida”, do poeta português Al Berto. Seu título é a sigla da doença Síndrome de Imunodeficiência Adquirida — que no Brasil é designada pelo correspondente em inglês, AIDS. Sobre ele, podemos afirmar:

aqueles que têm nome e nos telefonam

um dia emagrecem — partem deixam-nos dobrados ao abandono

no interior duma dor inútil muda e voraz

a) Os versos usam de humor para falar de um tema delicado. b) O trecho trata da impotência humana diante da morte. c) O texto faz uma crítica moralista da podridão humana. d) O poema explora basicamente a decepção amorosa. e) A crítica ao sistema de telemarketing mostra o caráter moderno do texto. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: De acordo com o poema e a relação com a doença, remete-se à ideia de perda pela morte.

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QUESTÃO 10

Fuga

Mal o pai colocou o papel na máquina, o menino começou a empurrar uma cadeira pela sala, fazendo um barulho infernal.

– Para com esse barulho, meu filho – falou, sem se voltar. Com três anos já sabia reagir como homem ao impacto das grandes injustiças paternas: não estava fazendo

barulho, estava só empurrando uma cadeira. – Pois então para de empurrar a cadeira. – Eu vou embora – foi a resposta. Distraído, o pai não reparou que ele juntava ação às palavras, no ato de juntar do chão suas coisinhas,

enrolando-as num pedaço de pano. Era a sua bagagem: um caminhão de plástico com apenas três rodas, um resto de biscoito, uma chave (onde diabo meteram a chave da despensa? – a mãe mais tarde irá dizer), metade de uma tesourinha enferrujada, sua única arma para a grande aventura, um botão amarrado num barbante.

A calma que baixou então na sala era vagamente inquietante. De repente, o pai olhou ao redor e não viu o menino. Deu com a porta da rua aberta, correu até o portão:

– Viu um menino saindo desta casa? – gritou para o operário que descansava diante da obra do outro lado da rua, sentado no meio-fio.

– Saiu agora mesmo com uma trouxinha – informou ele. Correu até a esquina e teve tempo de vê-lo ao longe, caminhando cabisbaixo ao longo do muro. A trouxa,

arrastada no chão, ia deixando pelo caminho alguns de seus pertences: o botão, o pedaço de biscoito e – saíra de casa prevenido – uma moeda de 1 cruzeiro. Chamou-o, mas ele apertou o passinho, abriu a correr em direção à Avenida, como disposto a atirar-se diante do ônibus que surgia a distância.

– Meu filho, cuidado! O ônibus deu uma freada brusca, uma guinada para a esquerda, os pneus cantaram no asfalto. O menino,

assustado, arrepiou carreira. O pai precipitou-se e o arrebanhou com o braço como a um animalzinho: – Que susto que você me passou meu filho – apertava-o contra o peito, comovido. – Deixa eu descer, papai. Você está me machucando. Irresoluto, o pai pensava agora se não seria o caso de lhe dar umas palmadas: – Machucando, é? Fazer uma coisa dessas com seu pai. – Me larga. Eu quero ir embora. Trouxe-o para casa e o largou novamente na sala – tendo antes o cuidado de fechar a porta da rua e retirar a

chave, como ele fizera com a da despensa. – Fique aí quietinho, está ouvindo? Papai está trabalhando. – Fico, mas vou empurrar esta cadeira. E o barulho recomeçou.

SABINO, F. In: Para gostar de ler – Crônicas 2. São Paulo: Ática, 1988. Na crônica, os eventos narrados associam-se à ideia de a) omissão paterna. b) violência familiar. c) conflito de gerações. d) dificuldade de comunicação. e) comunicação arbitrária. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Na crônica, o garoto fica chateado, pois o pai o repreende por fazer barulho. Então afirma que vai embora, mas o pai não percebe que o menino fala sério. Assim, percebe-se a falta de comunicação entre os dois, que leva o menino a uma saída que o coloca em risco.

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QUESTÃO 11

O aluno tem à sua disposição muitas opções tecnológicas de estudo e pesquisa. Por que, então, ele estuda e pesquisa cada vez menos? A geração passada tinha pouca tecnologia e muita vontade de estudar. As enciclopédias eram vendidas a preço de ouro. Líamos, procurávamos livros em bibliotecas até encontrar as informações de que precisávamos. Redigíamos nossos textos algumas vezes, até passarmos a versão final – manuscrita – para a folha de papel almaço, talvez desconhecida de muitos, hoje em dia. Hoje os alunos não precisam mais correr fisicamente atrás das informações. É só dar uma “googada”, como dizem, sem sair da cadeira. Porém, o imediatismo dessas informações não facilitou a vida do estudante – e do professor –, no sentido de fornecer mais fontes e otimizar o tempo de pesquisa. O dispositivo acaba sendo empregado como forma de minimizar o trabalho.

(ANGRISANI, Liliana. Criança versus tecnologia. In: Linha Direta. Ano 17, edição 186, setembro de 2013, p. 54.) De acordo com o texto acima, a utilização da tecnologia no ambiente escolar tem provocado a) aumento na quantidade de conteúdo acessado, facilitando o processo de ensino e aprendizagem. b) facilidade de acesso ao conhecimento proporcional às deficiências geradas nas habilidades de

leitura e redação. c) diminuição do esforço de acesso ao conhecimento, causando otimização do processo de ensino

e aprendizagem. d) prejuízo no processo de ensino e aprendizagem provocado pelo desprezo à linguagem escrita. e) imediatismo e facilidade no acesso à informação com consequente prejuízo para a

formação de conhecimento. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Liliana Angrisani aborda em seu texto o fato de as novas tecnologias aumentarem o acesso a uma enorme quantidade de conhecimento. Em contrapartida, essa facilidade provocou uma falta de esforço, já que simplesmente se usa o processo de “copiar e colar”, sem que haja a intervenção de um espírito crítico na seleção dos dados. A consequência é o prejuízo no processo de ensino e aprendizagem, já que os estudantes, de acordo com a autora, estudam e pesquisam cada vez menos.

QUESTÃO 12

A palavra serve para comunicar e interagir. E também para criar literatura, isto é, criar arte, provocar emoções, produzir efeitos estéticos.

(Português: linguagens: volume 1: ensino médio / William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 5.ed. – São Paulo: Atal, 2005. p. 27.)

A partir da definição anterior, pode-se afirmar que a linguagem literária a) pressupõe objetividade e clareza diante da sua função utilitária. b) não permite que haja dupla interpretação a respeito do assunto tratado. c) é organizada de modo que a plurissignificação esteja presente no texto. d) tem por objetivo esclarecer acerca de um assunto relacionado à realidade. e) é carregada de informação e clareza a respeito do assunto atual. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto literário não possui função utilitária. Trata-se de um texto mais artístico, de função estética, muitas vezes, subjetivo, dando margem a diferentes interpretações por parte dos leitores.

QUESTÃO 13

PREFÁCIO

São os primeiros cantos de um pobre poeta. Desculpai-os. As primeiras vozes do sabiá não têm a doçura dos seus cânticos de amor.

É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem flores; uma coroa de folhas, mas sem viço. Cantos espontâneos do coração, vibrações doridas da lira interna que agitava um sonho, notas que o vento

levou, – como isso dou a lume essas harmonias. São as páginas despedaçadas de um livro não lido... E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do mistério do meu amor e da minha solidão, agora que

ela vai seminua e tímida por entre vós, derramar em vossas almas os últimos perfumes de seu coração, ó meus amigos, recebei-a no peito, e amai-a como o consolo que foi de uma alma esperançosa, que depunha fé na poesia e no amor – esses dois raios luminosos do coração de Deus.

AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Organização de Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 120.

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Os aspectos linguísticos e enunciativos do texto demonstram que se trata do gênero prefácio, pois o autor a) apresenta sua visão de mundo, explorando o uso de metáforas como recurso persuasivo. b) comenta a obra, apresentando justificativas e explicações sobre sua autoria. c) narra uma história pessoal, explicitando os conflitos vividos por quem escreve poesia. d) descreve sua infância, justificando o caráter ingênuo que marca a obra. e) critica a falta de erudição dos jovens da época, antecipando as dificuldades de leitura. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O prefácio constitui matéria paratextual de uma obra, apresentando um conjunto de discursos da responsabilidade, neste caso, do próprio autor e que tem por objetivo preparar o leitor para a “descoberta” do livro, indicando-lhe os seus traços gerais. Assim, é correta a alternativa [B]. Texto para a próxima questão:

A literatura nos ajuda a construir nossa identidade

(1) Ainda que nasça e morra só, o indivíduo tem a sua existência marcada pela coletividade de que faz parte e que funciona segundo “leis” e “regras” preestabelecidas. Um dos primeiros desafios a serem enfrentados pelo ser humano é compreender que leis e regras são essas, decidir quais delas deve seguir e quais precisam ser questionadas de modo a permitir que sua jornada individual tenha identidade própria.

(2) Nos textos literários, de certo modo, entramos em contato com a nossa história, o que nos dá a chance de compreender melhor nosso tempo, nossa trajetória. O interessante, porém, é que essa “história” coletiva é recriada por meio das histórias individuais, das inúmeras personagens presentes nos textos que lemos, ou pelos poemas que nos tocam de alguma maneira. Como leitores, interagimos com o que lemos. Somos tocados pelas experiências de leituras que, muitas vezes, evocam nossas vivências pessoais e nos ajudam a refletir sobre nossa identidade e também a construí-la.

(3) Como toda manifestação artística, a literatura acompanha a trajetória humana e, por meio de palavras, constrói mundos familiares – em que pessoas semelhantes a nós vivem problemas idênticos – e mundos fantásticos, povoados por seres imaginários, cuja existência é garantida somente por meio das palavras que lhes dão vida. Também exprime, pela criação poética, reflexões e emoções que parecem ser tão nossas quanto de quem as registrou.

(4) Por meio da convivência com poemas e histórias que traçam tantos e diversos destinos, a literatura acaba por nos oferecer possibilidades de resposta a indagações comuns a todos os seres humanos.

(5) Além disso, em diferentes momentos da história humana, a literatura teve um papel fundamental: o de denunciar a realidade, sobretudo quando setores da sociedade tentam ocultá-la. Foi o que ocorreu, por exemplo, durante o período do regime militar no Brasil. Naquele momento, inúmeros escritores arriscaram a própria vida para denunciar, em suas obras, a violência que tornava a existência uma aventura arriscada. A leitura dessas obras, mesmo que vivamos em uma sociedade democrática e livre, nos ensina a valorizar nossos direitos individuais, nos ajuda a desenvolver uma melhor consciência política e social. Em resumo, a literatura permite também que olhemos para a nossa história e, conhecendo algumas de suas passagens, busquemos construir um futuro melhor.

(Maria Luiza M. Abaurre; Marcela Pontara. Literatura Brasileira – tempos leitores e leituras. Ensino Médio. São Paulo: Moderna, 2005, pp., 10-11. Adaptado.).

QUESTÃO 14

Pelo entendimento do texto, podemos perceber que a intenção pretendida pelas autoras foi destacar a) a importância das leis coletivas para a vida dos indivíduos. b) a tendência humana para fazer constantes indagações. c) as reflexões e emoções suscitadas pela criação poética. d) as múltiplas funções desempenhadas pela literatura. e) nossas experiências de leitura, como estímulo à reflexão. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Segundo Todorov, o verdadeiro valor de um método de análise literária consiste na sua utilização como instrumento de compreensão da obra que vise ao conhecimento do ser humano e não à formação de meros especialistas em análise literária.

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Texto para as próximas 2 questões:

A literatura em perigo

A análise das obras feita na escola não deveria mais ter por objetivo ilustrar os conceitos recém-introduzidos por este ou aquele linguista, este ou aquele teórico da literatura, quando, então, os textos são apresentados como uma aplicação da língua e do discurso; sua tarefa deveria ser a de nos fazer ter acesso ao sentido dessas obras — pois postulamos que esse sentido, por sua vez, nos conduz a um conhecimento do humano, o qual importa a todos. Como já o disse, essa ideia não é estranha a uma boa parte do próprio mundo do ensino; mas é necessário passar das ideias à ação. Num relatório estabelecido pela Associação dos Professores de Letras, podemos ler: “O estudo de Letras implica o estudo do homem, sua relação consigo mesmo e com o mundo, e sua relação com os outros.” Mais exatamente, o estudo da obra remete a círculos concêntricos cada vez mais amplos: o dos outros escritos do mesmo autor, o da literatura nacional, o da literatura mundial; mas seu contexto final, o mais importante de todos, nos é efetivamente dado pela própria existência humana. Todas as grandes obras, qualquer que seja sua origem, demandam uma reflexão dessa dimensão.

O que devemos fazer para desdobrar o sentido de uma obra e revelar o pensamento do artista? Todos os “métodos” são bons, desde que continuem a ser meios, em vez de se tornarem fins em si mesmos. (...)

(...) Sendo o objeto da literatura a própria condição humana, aquele que a lê e a compreende se tornará não um especialista em análise literária, mas um conhecedor do ser humano. Que melhor introdução à compreensão das paixões e dos comportamentos humanos do que uma imersão na obra ,dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa há milênios? E, de imediato: que melhor preparação pode haver para todas as profissões baseadas nas relações humanas? Se entendermos assim a literatura e orientarmos dessa maneira o seu ensino, que ajuda mais preciosa poderia encontrar o futuro estudante de direito ou de ciências políticas, o futuro assistente social ou psicoterapeuta, o historiador ou o sociólogo? Ter como professores Shakespeare e Sófocles, Dostoievski e Proust não é tirar proveito de um ensino excepcional? E não se vê que mesmo um futuro médico, para exercer o seu ofício, teria mais a aprender com esses mesmos professores do que com os manuais preparatórios para concurso que hoje determinam o seu destino? Assim, os estudos literários encontrariam o seu lugar no coração das humanidades, ao lado da história dos eventos e das ideias, todas essas disciplinas fazendo progredir o pensamento e se alimentando tanto de obras quanto de doutrinas, tanto de ações políticas quanto de mutações sociais, tanto da vida dos povos quanto da de seus indivíduos.

Se aceitarmos essa finalidade para o ensino literário, o qual não serviria mais unicamente à reprodução dos professores de Letras, podemos facilmente chegar a um acordo sobre o espírito que o deve conduzir: é necessário incluir as obras no grande diálogo entre os homens, iniciado desde a noite dos tempos e do qual cada um de nós, por mais ínfimo que seja, ainda participa. “É nessa comunicação inesgotável, vitoriosa do espaço e do tempo, que se afirma o alcance universal da literatura”, escrevia Paul Bénichou. A nós, adultos, nos cabe transmitir às novas gerações essa herança frágil, essas palavras que ajudam a viver melhor.

(Tzvetan Todorov. A literatura em perigo. 2 ed. Trad. Caio Meira. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009, p. 89-94.)

QUESTÃO 15

Que melhor introdução à compreensão das paixões e dos comportamentos humanos do que uma imersão na obra dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa há milênios?

Com base no fato de que a palavra “imersão”, usada na expressão uma imersão na obra, caracteriza uma metáfora, indique a alternativa que elimina essa metáfora sem perda relevante de sentido uma a) imitação da obra. b) paráfrase da obra. c) censura da obra. d) transformação da obra. e) leitura da obra. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O termo “imersão” alude à postura concentrada do ato da leitura.

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QUESTÃO 16 No segundo parágrafo do fragmento apresentado, Todorov afirma que Todos os “métodos” são bons, desde que continuem a ser meios, em vez de se tornarem fins em si mesmos. O autor defende, com essa afirmação, o argumento segundo o qual o verdadeiro valor de um método de análise literária a) consiste em ser exato e perfeito, superior a todos os demais. b) está em ser completo: quando terminar a análise, nada mais deve restar a explicar. c) consiste em servir de instrumento adequado à análise e interpretação da obra. d) reside no fato de que, depois de aplicado, deve ser substituído por outro melhor. e) é mostrar mais suas próprias virtudes que as da obra focalizada. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Segundo Todorov, o verdadeiro valor de um método de análise literária consiste na sua utilização como instrumento de compreensão da obra que vise ao conhecimento do ser humano e não à formação de meros especialistas em análise literária.

QUESTÃO 17 O fragmento abaixo pertence ao gênero dramático. “MICROFONE - Buzina de automóvel. Rumor de derrapagem violenta. Som de vidraças partidas. Silêncio. Assistência. Silêncio. VOZ DE ALAIDE (microfone) - Clessi... Clessi... (Luz em resistência no plano da alucinação. 3 mesas, 3 mulheres escandalosamente pintadas, com vestidos berrantes e compridos. Decotes. Duas delas dançam ao som de uma vitrola invisível, dando uma vaga sugestão lésbica. Alaíde, uma jovem senhora, vestida com sobriedade e bom gosto, aparece no centro da cena. Vestido cinzento e uma bolsa vermelha.) ALAIDE (nervosa) - Quero falar com Madame Clessi! Ela está? (Fala à 1ª mulher que, numa das três mesas, faz "paciência”. A mulher não responde.) ALAIDE (com angústia) - Madame Clessi está - pode-me dizer? ALAIDE (com ar ingênuo) - Não responde! (com doçura) Não quer responder? (Silêncio da outra.)”

RODRIGUES, Nelson. Teatro completo I. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. p. 109.

Nesse gênero literário, o narrador é a) onisciente. b) inexistente. c) observador. d) personagem. e) misto. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Resolução: Trata-se de um tipo de texto próprio para ser representado, o que pressupõe recurso à linguagem gestual, à sonoplastia e à luminotécnica. Normalmente, não apresenta narrador, como se afirma em [B].

QUESTÃO 18 "... o objetivo da poesia (e da arte literária em geral) não é o real concreto, o verdadeiro, aquilo que de fato aconteceu, mas sim o verossímil, o que pode acontecer, considerado na sua universalidade." (SILVA, Vítor M. de A. "Teoria de Literatura". Coimbra: Almedina, 1982.) Verossímil. 1. Semelhante à verdade; que parece verdadeiro. 2. Que não repugna à verdade, provável. (FERREIRA. A. B. de Holanda, "Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa". Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.) A partir da leitura de ambos os fragmentos, pode-se deduzir que a obra literária tem o objetivo de a) opor-se ao real para afirmar a imaginação criadora. b) anular a realidade concreta para superar contradições aparentes. c) construir uma aparência de realidade para expressar dado sentido. d) buscar uma parcela representativa do real para contestar sua validade. e) apresentar a realidade como ela é.

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GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A obra literária é marcada pelos seus significados real e emotivo, tendo, assim, um significado único para aquele que o cria.

QUESTÃO 19 Machado de Assis faz do conto “A igreja do Diabo” um instrumento para análise e crítica, por certo corrosiva, das instituições que, de algum modo, buscam estabelecer normas de conduta moral para os seres humanos. Utiliza, para tanto, a ironia, a qual, no texto transcrito, se faz presente em vários momentos, atingindo vários alvos, dentre os quais se destaca a Igreja Católica Apostólica Romana. Essa instituição importante está sendo atingida, de modo exclusivo, pela ironia, em: a) “Conta um velho manuscrito beneditino que o Diabo, em certo dia, teve a ideia de fundar uma igreja.” b) “Vivia, por assim dizer, dos remanescentes divinos, dos descuidos e obséquios humanos.” c) “Uma igreja do Diabo era o meio eficaz de combater as outras religiões, e destruí-las de uma vez.” d) “Terei a minha missa, com vinho e pão à farta, as minhas prédicas, bulas, novenas e todo o demais

aparelho eclesiástico.” e) “Há muitos modos de afirmar; há só um de negar tudo.” GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Uma das principais características de Machado de Assis é a ironia e o sarcasmo.

QUESTÃO 20 Este trecho do conto “Uns braços”, de Machado de Assis, é base para responder a questão:

“Havia cinco semanas que ali morava, e a vida era sempre a mesma, sair de manhã com o Borges, andar por audiências e cartórios, correndo, levando papéis ao selo, ao distribuidor, aos escrivães, aos oficiais de justiça. (...) Cinco semanas de solidão, de trabalho sem gosto, longe da mãe e das irmãs; cinco semanas de silêncio, porque ele só falava uma ou outra vez na rua; em casa, nada. ‘Deixe estar, — pensou ele um dia — fujo daqui e não volto mais.’ Não foi; sentiu-se agarrado e acorrentado pelos braços de D. Severina. Nunca vira outros tão bonitos e tão frescos. A educação que tivera não lhe permitira encará-los logo abertamente, parece até que a princípio afastava os olhos, vexado. Encarou-os pouco a pouco, ao ver que eles não tinham outras mangas, e assim os foi descobrindo, mirando e amando. No fim de três semanas eram eles, moralmente falando, as suas tendas de repouso. Aguentava toda a trabalheira de fora, toda a melancolia da solidão e do silêncio, toda a grosseria do patrão, pela única paga de ver, três vezes por dia, o famoso par de braços. Naquele dia, enquanto a noite ia caindo e Inácio estirava-se na rede (não tinha ali outra cama), D. Severina, na sala da frente, recapitulava o episódio do jantar e, pela primeira vez, desconfiou alguma cousa. Rejeitou a ideia logo, uma criança! Mas há ideias que são da família das moscas teimosas: por mais que a gente as sacuda, elas tornam e pousam. Criança? Tinha quinze anos; e ela advertiu que entre o nariz e a boca do rapaz havia um princípio de rascunho de buço. Que admira que começasse a amar? E não era ela bonita? Esta outra ideia não foi rejeitada, antes afagada e beijada. E recordou então os modos dele, os esquecimentos, as distrações, e mais um incidente, e mais outro, tudo eram sintomas, e concluiu que sim.” De início, morar na casa de Borges era solitário e tedioso, o que levou Inácio a pensar em ir embora. Todavia, isso não aconteceu, sobretudo porque o rapaz a) passou a ser mais bem tratado pelo casal após três semanas. b) teve uma educação que não lhe permitiria tal rebeldia. c) se pegou atraído por D. Severina, com o passar do tempo. d) gostava, na realidade, do trabalho que realizava com Borges. e) sentia que D. Severina se mostrava mais atenciosa com ele. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A interpretação é dada por uma das principais características de Machado de Assis: a conversa com o leitor (leitor imaginário).

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TEXTO I

15 de novembro [sexta‑feira]

Acordei hoje ao toque de trombetas dos soldados e assustada levantei‑me e soube então por mamãe que vieram de madrugada alguns oficiais para irem com papai para o quartel‑general, pois receavam que o movimento para república rebentasse hoje; com efeito, pelo meio do dia o Exército em peso, ligado à Armada, à Polícia da Corte e de Niterói e reunido no quartel do Campo, prendeu os ministros em reunião de Conselho e proclamou‑se a República Brasileira pacificamente e de um modo nobre; papai declarou que a Família Imperial seria garantida e protegida pelo Exército; disse ao ministro do Império, barão de Loreto, que podia retirar‑se porque é um homem virtuoso e que agradecesse à sua esposa, e disse também que o est. não devia se fiar no Ouro Preto nem no Cândido de Oliveira; como eles ficassem muito humilhados, o general Deodoro deu‑lhes ordem de soltura; o Ladário (min. da Marinha) foi ferido pelo alferes‑aluno Peña, em defesa própria; tendo o barão de Ladário querido atirar sobre o Deodoro, o aluno deu‑lhe ordem de prisão, ao que ele não quis se sujeitar, apontando logo o revólver para o moço; então este deu‑lhe seis tiros de revólver. Meu padrinho e tio João acompanharam papai de madrugada; por muita felicidade, não aconteceu nada a papai; apenas teve uma arranhadura na sobrancelha, coisa leve […].

MAGALHÃES, Bernardina Botelho de. O diário de Bernardina: da Monarquia à República, pela filha de Benjamin Constant. CASTRO, Celso; NETO e LEMOS, Renato Luís do Couto (Orgs.). Rio de Janeiro: Zahar, 2009. p. 40‑41. [ePUB].

TEXTO II

O ALTO PREÇO DE VIVER LONGE DE CASA

Voar: a eterna inveja e frustração que o homem carrega no peito a cada vez que vê um pássaro no céu. Aprendemos a fazer um milhão de coisas, mas voar... Voar a vida não deixou. Talvez por saber que nós, humanos, aprendemos a pertencer demais aos lugares e às pessoas. E que, neste caso, poder voar nos causaria crises difíceis de suportar, entre a tentação de ir e a necessidade de ficar.

Muito bem. Aí o homem foi lá e criou a roda. A Kombi. O patinete. A Harley. O Boeing 737. E a gente descobriu que, mesmo sem asas, poderia voar. Mas a grande complicação foi quando a gente percebeu que a gente poderia ir sem data para voltar. [...]

MANUS, Ruth. O alto preço de viver longe de casa. Estadão, 24 jun. 2015. Disponível em: <vida-estilo.estadao.com.br/blogs/ruth-manus/o-alto-preco-de-viver-longe-de-casa/>.

Acesso em: 1o fev. 2016.

QUESTÃO 21

O texto I, datado de 1889, ano da proclamação da República, integra o diário de Bernardina Botelho de Magalhães, filha de Benjamin Constant, um dos líderes da instauração da República no Brasil. Já o texto II é um recorte do blog de Ruth Manus no Estadão. Tendo se originado da ideia do diário pessoal, os blogs alargaram as fronteiras de seu uso como caderno de confissões público. Na comparação entre os textos, nota‑se que o distanciamento do blog em relação ao diário pessoal se dá a) pelo uso da terceira pessoa no blog em oposição à primeira pessoa no diário. b) pela falta de objetividade e detalhamento. c) pelo registro informal do blog em oposição à formalidade do diário. d) pelo uso de verbos no presente do indicativo no blog para relatar situações. e) pelos marcadores de tempo e espaço, que no blog são mais precisos do que no diário pessoal. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Os textos escritos no período de publicação do diário pessoal possuem uma linguagem formal e rebuscada. Já os textos de blogs, como o da Ruth Manus, utilizam uma linguagem informal, pois dessa maneira se aproximam do público-alvo. TEXTO I

O professor deve ser um guia seguro, muito senhor de sua língua; se outra for a orientação, vamos cair na “língua brasileira”, refúgio nefasto e confissão nojenta de ignorância do idioma pátrio, recurso vergonhoso de homens de cultura falsa e de falso patriotismo. Como havemos de querer que respeitem a nossa nacionalidade se somos os primeiros a descuidar daquilo que exprime e representa o idioma pátrio?

ALMEIDA, N. M. Gramática metódica da língua portuguesa. Prefácio. São Paulo: Saraiva. 1999 (adaptado).

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TEXTO II

Alguns leitores poderão achar que a linguagem desta Gramática se afasta do padrão estrito usual neste tipo de livro. Assim, o autor escreve “tenho que reformular”, e não “tenho de reformular”, “pode-se colocar dois constituintes”, e “não podem-se colocar dois constituintes”; e assim por diante. Isso foi feito de caso pensado, com a preocupação de aproximar a linguagem da gramática do padrão atual brasileiro presente nos textos técnicos e jornalísticos de nossa época.

REIS, N. Nota do editor. PERINI, M. A. Gramática descritiva do português. São Paulo: Ática, 1996

QUESTÃO 22 Confrontando-se as opiniões defendidas nos dois textos, conclui-se que a) ambos tratam da questão do uso da língua com o objetivo de criticar a linguagem do brasileiro. b) os dois textos defendem a ideia de que o estudo da gramática deve ter o objetivo de ensinar as regras

prescritivas da língua. c) a questão do português falado no Brasil é abordada nos dois textos, que procuram justificar como é correto e

aceitável o uso coloquial do idioma. d) o primeiro texto enaltece o padrão estrito da língua, ao passo que o segundo defende que a linguagem

jornalística deve criar suas próprias regras gramaticais. e) o primeiro texto prega a rigidez gramatical no uso da língua, enquanto o segundo defende uma adequação da

língua escrita ao padrão atual brasileiro. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Como afirma a opção E, percebe-se que a ideia de rigidez gramatical se encontra clara no Texto I, quando o autor manifesta total repúdio pelo que ele chama de “língua brasileira, [...] confissão nojenta de ignorância do idioma pátrio”. Por outro lado, a defesa da adequação da língua escrita ao padrão atual brasileiro é evidente no Texto II, que tem “a preocupação de aproximar a linguagem da gramática do padrão atual brasileiro presente nos textos técnicos e jornalísticos de nossa época.”. Gabarito: E.

QUESTÃO 23

Disponível em: <http://www.estudantes.com.br/simulado/images/uel_05.gif>. Acesso em: 22 dez. 2015.

Na tirinha lida, o Menino Maluquinho faz um convite ao amigo Lúcio. Ao dizer que “intelectual não brinca”, mas “explora o lado lúdico”, Lúcio a) adapta o discurso informal de Maluquinho à formalidade que a situação exige. b) opta pelo uso da linguagem denotativa em vez da linguagem conotativa. c) deixa implícito que aceitou sem contestação o convite feito por Maluquinho. d) usa uma expressão que, embora mais rebuscada, tem o mesmo sentido da usada por Maluquinho. e) mostra que não compreendeu a proposta feita por Maluquinho. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Na tirinha lida, Lúcio apresenta-se como um intelectual e explica a Maluquinho que, justamente por isso, não “brinca”, mas “explora o lado lúdico” das coisas, deixando implícito que aceita o convite desde que essa ressalva seja feita.

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QUESTÃO 24

A língua é dinâmica e heterogênea e se manifesta de diversas formas de acordo com a situação comunicativa em que se encontra. A internet é um ciberespaço que tem demonstrado essa dinamicidade, rompendo com determinadas regras tradicionais da norma-padrão. Isso tem fomentado críticas quanto à nova forma de escrita utilizada.

O internauta, ao interagir com seus interlocutores, desenvolve uma escrita com características que a aproxima da oralidade. Esse recurso tem por objetivo tornar a interação mais próxima de uma conversação face a face, faz com que os interagentes se sintam mais à vontade, e aumente o fluxo de comunicação verbal atendendo à exigência de velocidade no momento de interação. [...]

DEPS, Vera Lucia; SOUZA, Luciene Pinheiro de. A linguagem utilizada nas redes sociais e sua interferência na escrita tradicional: um estudo com adolescentes brasileiros. Anais. Congresso Internacional TIC e educação, II. p. 164. Disponível em:. Acesso em: 23 jun. 2016.

A comunicação na internet, por meio de seus mais diversos recursos, tem um impacto relevante no que diz respeito à língua escrita. Baseando-se no texto, pode-se afirmar que a) a língua falada é dinâmica e heterogênea, diferente da língua escrita utilizada na internet. b) a velocidade de comunicação estabelecida na internet não influencia a linguagem escrita. c) a língua escrita utilizada na internet, em muitas situações, tende a se aproximar mais da oralidade. d) a internet força a aproximação entre os interlocutores, o que não ocorre tão naturalmente na linguagem. e) a dinamicidade da língua influencia as próprias características da internet. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: De acordo com o texto, a comunicação na internet tende à velocidade e a um diálogo mais face a face entre os interlocutores. Desse modo, a linguagem escrita utilizada tende, do mesmo modo, a se aproximar mais da oralidade, que corresponde mais às características desse meio.

QUESTÃO 25

Nos versos da canção do grupo Teatro Mágico, percebe-se um efeito criativo, que é observado por meio do âmbito a) fonológico. b) semântico. c) sintático. d) morfológico. e) lexical. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O efeito cômico se dá pela semelhança sonora existente entre os versos, portanto, a relação é fonológica.

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QUESTÃO 26

Tipo um baião Não sei para que Outra história de amor a essa hora Porém você Diz que está tipo a fim De se jogar de cara num romance assim Tipo para a vida inteira E agora, eu Não sei agora [...] Porém você tipo me adora mesmo assim Meio mané, por fora Meu coração Que você sem pensar Ora brinca de inflar Ora esmaga Igual que nem Fole de acordeão [...]

(Chico Buarque)

No fragmento da letra de música transcrito, o padrão formal da linguagem convive com marcas de coloquialismo no vocabulário. Pertence à variedade padrão formal da linguagem o seguinte trecho: a) “Não sei para que / Outra história de amor a essa hora” b) “Porém você / Diz que está tipo a fim” c) “De se jogar de cara num romance assim...” d) “... me adora mesmo assim / Meio mané, por fora” e) “Igual que nem / Fole de acordeão” GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A alternativa “a” é a única que não apresenta marcas de coloquialismo. Nas demais encontramos termos, a exemplo de “tipo a fim”, “... se jogar de cara”, “... meio maná” e “igual que nem”.

QUESTÃO 27

Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/cartazes/essas_vagas_nao_sao_suas.pdf>.

Acesso em: 22 dez. 2015

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Para convencer o leitor de que as vagas reservadas às pessoas com deficiência são exclusivas delas, o autor do cartaz usa a) linguagem verbal e não verbal e palavra no diminutivo, que aproximam o enunciador do receptor

da mensagem. b) símbolos gráficos que identificam os tipos de deficiências para os quais as vagas são reservadas. c) orações diretas e indiretas e palavras no sentido conotativo, que dão múltiplas leituras ao cartaz. d) sinais gráficos conhecidos como índices, que facilitam a compreensão da mensagem transmitida. e) linhas transversais, que dão sobriedade ao cartaz e transmitem mais seriedade e formalidade à mensagem. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Para construir a mensagem, o autor do cartaz utilizou textos (linguagem verbal) e imagens como placas e logotipos (linguagem não verbal). Ao usar a expressão “minutinho”, o enunciador opta por uma linguagem mais informal e próxima do público-alvo da mensagem.

QUESTÃO 28 Em relação aos estigmas linguísticos, vários estudiosos contemporâneos julgam que a forma como olhamos o “erro” traz implicações para o ensino de língua. A esse respeito, leia a seguinte passagem, adaptada da fala de uma alfabetizadora de adultos, da zona rural, publicada no texto “Lé com Lé, Cré com Cré”, da obra O Professor Escreve sua História, de Maria Cristina de Campos. Apresentei-lhes a família do ti. Ta, te, ti, to, tu. De posse desses fragmentos, pedi-lhes que formassem palavras, combinando-os de forma a encontrar nomes de pessoas ou objetos com significação conhecida. Lá vieram Totó, Tito, tatu e, claro, em meio à grande alegria de pela primeira vez escrever algo, uma das mulheres me exibiu triunfante a palavra teto. Emocionei-me e aplaudi sua conquista e convidei-a a ler para todos. Sem nenhum constrangimento, vitoriosa, anunciou em alto e bom som: “teto é aquela doença ruim que dá quando a gente tem um machucado e não cuida direito”. Considerando o contexto do ensino de língua descrito no texto acima, analise o seguinte enunciado:

O uso de “teto” em lugar de tétano não deve ser considerado desconhecimento da língua (...) (...) porque esse uso revela a gramática interna da aluna.

O fenômeno sociolinguístico constituído pela passagem da proparoxítona “tétano” para a paroxítona “teto”, na variedade apresentada, é observado também no emprego de a) “paia” em lugar de palha, e “fio” em lugar de filho. b) “figo” em lugar de fígado, e “arvre” em vez de árvore. c) “mortandela” em lugar de mortadela, e “cunzinha” em vez de cozinha. d) “bandeija” em lugar de bandeja, e “naiscer” em lugar de nascer. e) “vendê” em lugar de vender, e “cantá” em vez de cantar. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Fígado e árvore são proparoxítonas, e, por essa razão, devem ser acentuadas. Na pronúncia “figo” e “árvre”, elas se tornam paroxítonas, pois a sílaba mais forte passa a ser a penúltima e não são acentuadas por terminarem, respectivamente, em “o” e “e”.

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QUESTÃO 29

Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/images/campanhas/cartao_sus/Cartaz_Cartao_SUS_Adolecente_640x460mm_Curvas.jpg>.

Acesso em: 14 dez. 2015.

Para que a comunicação ocorra de maneira eficiente, a linguagem de uma campanha deve ser adequada ao publico‑alvo. O cartaz, portanto, é destinado ao público a) jovem, evidenciado por meio de gírias e símbolos governamentais. b) adulto, intensificado pelo uso de um texto direto e técnico. c) idoso, evidenciado pelo uso de uma linguagem arrojada. d) adolescente, evidenciado pelo uso de gírias e elementos juvenis. e) infanto-juvenil, intensificado pelo uso de elementos infantis. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O cartaz é voltado ao público adolescente. Isso pode ser percebido pelo uso de elementos próprios desse universo: imagens de jovens, bola de basquete, materiais escolares e expressões como “Se liga, galera!”.

QUESTÃO 30 Mas, nisso, o juiz entrou no ring, isto é, surgiu meu tio, entusiasmadíssimo: – Vamos escrever à Don'Ana do Janjão, da Panela Cheia! Carta grande, palavreado escolhido. E outra para o bobo do marido... Mas não bota nada de que ele é bobo, aí, não, hein!?... Pode escrever, pode pôr na carta: “Minha ilustríssima e prezada comadre...” e na outra: “Querido e estimado compadre Coronel Janjão”. Ele não é coronel nenhum, mas não faz mal... Muito distinta, a comadre Don'Ana... É capaz de querer fazer com a gente um trato por fora: ela manda o pessoal dela por aqui votar comigo, e eu faço o mesmo com o povinho que tenho por lá, no Piau...

Fonte: ROSA, João Guimarães. Sagarana. 38 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984 (fragmento). Para obter o que espera com sua carta, o personagem pede que ela seja escrita em linguagem a) popular, com uso de palavra no diminutivo (“povinho”), que seria mais adequado a situações informais. b) regional, com a ocorrência do termo “bobo”, típico em variedade falada por comunidades do sertão mineiro. c) padrão, com o uso de interjeição (“hein”), típica nas interações entre falantes de maior grau de escolarização. d) formal, com o emprego de pronome de tratamento (“prezada”), que sugere respeito entre os interlocutores. e) afetiva, com o emprego de expressão de menor formalidade (“querido”), que indica vinculação de intimidade.

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GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A alternativa correta é a D. No excerto utilizado, parte de um conto publicado no livro Sagarana, de Guimarães Rosa, a personagem tio Emílio busca trocar apoio político com Don’Ana do Janjão. Para tanto, pede ao sobrinho que redija uma carta grande com “palavreado escolhido”, como os termos “ilustríssima” e “prezada”, típicos no registro formal da língua portuguesa.

QUESTÃO 31

A tira “As cobras”, de autoria de Luis Fernando Veríssimo, expõe a opinião da lesma Flecha acerca do machismo. Sobre isso, pode-se afirmar que a) explicitamente, Flecha se revela machista. b) Flecha não possui, de fato, uma opinião formada a respeito da temática do machismo. c) Flecha defende, em seus dois momentos de fala, um único ponto de vista, que é contrário a

atitudes machistas. d) Flecha, através de uma opinião implícita, pode ser caracterizada como uma personagem que possui um

raciocínio machista. e) a partir das duas falas, de forma explícita, podemos perceber a defesa de pontos de vista conflitantes por

parte da lesma Flecha. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Na tira, a lesma Shirlei pergunta se Flecha é machista, e ele responde que para ele não existe diferença entre os sexos. No entanto, no último quadrinho ele ainda acrescenta “aliás, típica”, referindo-se à pergunta de Shirlei. Ao afirmar isso, ele expressa um raciocínio machista implicitamente: o “típica” pode ser completado por “típica de mulheres”, o que revela uma visão que diferencia sim homens e mulheres, contradizendo sua fala de que não há diferença entre os sexos. Assim, através dessa opinião implícita, pode-se caracterizar Flecha como uma personagem de raciocínio machista.

QUESTÃO 32 O texto abaixo é trecho de uma entrevista concedida pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Entrevistador: - O protagonismo do STF dos últimos tempos tem usurpado as funções do Congresso? Entrevistado: - Temos uma Constituição muito boa, mas excessivamente detalhista, com um número imenso de dispositivos e, por isso, suscetível a fomentar interpretações e toda sorte de litígios. Também temos um sistema de jurisdição constitucional, talvez único no mundo, com um rol enorme de agentes e instituições dotadas da prerrogativa ou de competência para trazer questões ao Supremo. É um leque considerável de interesses, de visões, que acaba causando a intervenção do STF nas mais diversas questões, nas mais diferentes áreas, inclusive dando margem a esse tipo de acusação. Nossas decisões não deveriam passar de duzentas, trezentas por ano. Hoje, são analisados cinquenta mil, sessenta mil processos. É uma insanidade.

Veja, 15/06/2011. Tendo em vista o contexto, a palavra do texto que sintetiza o teor da acusação referida na entrevista é a) “usurpado”. b) “detalhista”. c) “fomentar”. d) “litígios”. e) “insanidade”.

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GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O trecho da entrevista, que tem como entrevistado Joaquim Barbosa, na época, ministro do Supremo Tribunal Federal, trata de uma interpretação que se fazia acerca da atuação do órgão em detrimento das funções atreladas ao Congresso. Como dito no início da passagem, a palavra que melhor a sintetizaria quanto ao seu tom crítico seria “usurpado”.

SEM PROTEÇÃO, NADA FEITO!

QUESTÃO 33 Por meio do uso da linguagem não verbal, que pode muitas vezes surgi como principal recurso de comunicação em uma charge, juntamente com o título dado a ela, pode-se entender que o chargista teve a intenção de a) explicar à sociedade a expressão do ditado popular “pele de cobra”, já que, a partir de tal explicação, pode-se

entender melhor a charge. b) justificar, com a troca de couro, que a cobra macho não ficou pronta ou não soube explicar para sua

companheira sobre a proteção. c) satirizar, por meio da ambiguidade do título da charge e da linguagem não verbal, aqueles que não se

previnem contra doenças sexualmente transmissíveis. d) criticar mulheres e homens que não usam preservativos a fim de evitar uma gravidez não planejada e

aumentar o número de crianças abandonadas. e) informar às mulheres que elas podem contrariar a vontade de seus parceiros quando não se

sentirem protegidas. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A interpretação do texto está na junção dos elementos verbais e não-verbais que constituem o texto. A ambiguidade criada pelo título do texto (“Sem proteção, nada feito”) se intensifica com a imagem.

QUESTÃO 34 Abaixo, vê-se uma tira de Calvin:

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Em geral, nos textos, é bastante comum existir a manifestação simultânea de várias funções da linguagem, mas com o predomínio de uma sobre as demais. Na tirinha apresentada, a função da linguagem predominante é fática, uma vez que a) transmite uma informação objetiva, expõe dados da realidade de modo objetivo, não faz comentários

nem avaliações. b) o objetivo do emissor é transmitir suas emoções e seus anseios. c) o propósito é influenciar, convencer o receptor de alguma coisa por meio de uma ordem. d) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código. e) estabelece uma relação direta com o emissor, um contato para verificar se a mensagem está

sendo transmitida. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão, que tem como assunto a Teoria da Comunicação, trata, de modo objetivo, das características da função Fática, em que o intuito é estabelecer contato. Essa função da linguagem pontua-se pela presença de saudações e diálogos.

QUESTÃO 35 A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se divide em unidades menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma floresta, um deserto e até um lago. Um ecossistema tem múltiplos mecanismos que regulam o número de organismos dentro dele, controlando sua reprodução, crescimento e migrações.

DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Predomina no texto a função da linguagem a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia. b) fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicação. c) poética, porque o texto chama a atenção para os recursos de linguagem. d) conativa, porque o texto procura orientar comportamentos do leitor. e) referencial, porque o texto trata de noções e informações conceituais. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto conceitua de forma científica a biosfera e as unidades menores que a compõem, os ecossistemas. Tal uso da linguagem caracteriza a chamada função referencial, cujo objetivo é informar o interlocutor.

QUESTÃO 36

O exercício da crônica

Escrever crônica é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de uma máquina, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um assunto qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. Se nada houver, restar-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, através de um processo associativo, surja-lhe de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente despertados pela concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado.

(MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Cia das Letras, 1991). Predomina nesse texto a função da linguagem que se constitui a) nas diferenças entre o cronista e o ficcionista. b) nos elementos que servem de inspiração ao cronista. c) nos assuntos que podem ser tratados em uma crônica. d) no papel da vida do cronista no processo de escrita da crônica. e) nas dificuldades de se escrever uma crônica por meio de uma crônica. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A função predominante no texto é metalinguagem: a mensagem é centrada em seu próprio código. Nesse texto, o cronista dedica-se por explicar, por meio de uma crônica, algumas dificuldades encontradas por quem escreve esse gênero textual.

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Texto para a próxima questão: eu acho um fato interessante… né… foi como meu pai e minha mãe vieram se conhecer… né… que… minha mãe morava no Piauí com toda a família… né…meu… meu avô… materno no caso… era maquinista… ele sofreu um acidente… infelizmente morreu…minha mãe tinha cinco anos… né… e o irmão mais velho dela… meu padrinho… tinha dezessete e ele foi obrigado a trabalhar… foi trabalhar no banco… e… ele foi…o banco… no caso… estava… com um número de funcionários cheio e ele teve que ir para outro local e pediu transferência prum mais perto de Parnaíba que era a cidade onde eles moravam e por engano o… o…escrivão entendeu Paraíba… né… e meu… minha família veio parar em Mossoró que exatamente o local mais perto onde tinha vaga pra funcionário do Banco do Brasil e:: ela foi parar na rua do meu pai… né…e começaram a se conhecer…namoraram onze anos …né… pararam algum tempo… brigaram… é lógico… porque todo relacionamento tem uma briga… né…e eu achei esse fato muito interessante porque foi uma coincidência incrível…né… como vieram se conhecer… namoraram e hoje… e até hoje estão juntos… dezessete anos de casados.

(CUNHA, M .F. A. (org.) Corpus discurso & gramática: a língua falada e escrita na cidade de Natal. Natal: EdUFRN, 1998.)

QUESTÃO 37 Na transcrição de fala, há um breve relato de experiência pessoal, no qual se observa a frequente repetição de “né”. Essa repetição é um(a) a) índice de baixa escolaridade do falante. b) estratégia típica da manutenção da interação oral. c) marca de conexão lógica entre conteúdos na fala. d) manifestação característica da fala nordestina. e) recurso enfatizador da informação mais relevante da narrativa. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: “Né” é um recurso comum de que o falante faz uso na modalidade falada da língua. Seu uso objetiva, dentre outros efeitos, pausas e relações pragmáticas com o interlocutor.

QUESTÃO 38

A Telephone Call By Dorothy Parker

“PLEASE, God, let him telephone me now. Dear God, let him call me now. I won't ask anything else of You,

truly I won't. It isn't very much to ask. It would be so little to You, God, such a little, little thing. Only let him telephone now. Please, God. Please, please, please.

If I didn't think about it, maybe the telephone might ring. Sometimes it does that. If I could think of something else. If I could think of something else. Knobby if I counted five. Counted hundred by fives, it might ring by that time. I’ll count slowly. I won't cheat. And if it rings when I get to three hundred, I won't stop; I won't answer it until I get to five hundred. Five, ten, fifteen, twenty, twenty-five, thirty, thirty-five, forty, forty-five, fifty... Oh, please ring. Please.” Um conto é uma obra de ficção que pode ser narrada em terceira ou primeira pessoa. No trecho acima o conto retrata a) o fervor religioso de uma pessoa à procura de Deus. b) a possibilidade do telefone não funcionar. c) uma promessa que está condicionada a uma ligação telefônica. d) o amor de uma pessoa que ligará para o amado. e) a ansiedade de uma pessoa à espera de um telefonema. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Na segunda fase, está escrito: “apenas deixe-o telefonar agora”.

INGLÊS

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QUESTÃO 39

A descrição da pizza feita pelo personagem do cartum não passa de um argumento brincalhão para a parceira com o intuito de a) justificar sua escolha como acertada para uma dieta saudável. b) convencer a interlocutora sobre a composição nutricional da massa. c) descrever tecnicamente e elogiar seu prato preferido. d) persuadi-la a optar pelo mesmo prato e acrescentar uma salada. e) comprovar que pizza e salada são a mesma coisa. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: No cartum, está escrito: “tecnicamente, pizza é uma salada.”

QUESTÃO 40 A campanha deste pôster, direcionada aos croatas, tem como propósito

a) alertar os cidadãos sobre a lei em vigor contra a discriminação. b) conscientizar sobre as consequências do preconceito contra as motoristas na sociedade. c) reduzir os prejuízos causados por motoristas alcoolizadas. d) fazer uma crítica à falta de habilidade das mulheres ao volante. e) evitar os acidentes de trânsito envolvendo mulheres. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A frase “stop prejudices!”, significa “pare com o preconceito”.

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QUESTÃO 41

A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto.

(CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 12 ago. 2009.)

Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-se que a) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e melancolia, do movimento

romântico das artes plásticas. b) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira realista, ao passo que o texto é

apenas fantasioso. c) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o habitante das terras que sofreriam

processo colonizador. d) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cultura indígena. e) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio representado é objeto da

catequização jesuítica. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Conforme o que diz a alternativa C, ambos os textos verbal e não verbal – a pintura de Eckhout e o texto de Pero Vaz de Caminha – tratam do índio, povo nativo encontrado na América, o qual seria colonizado e explorado pelos povos europeus. A pintura parece ilustrar exatamente o que diz Caminha, apresentando o índio completamente despido, em posição de extrema naturalidade, com seus instrumentos típicos.

QUESTÃO 42 Na busca constante pela sua evolução, o ser humano vem alternando a sua maneira de pensar, de sentir e de criar. Nas últimas décadas do século XVIII e no início do século XIX, os artistas criaram obras em que predominam o equilíbrio e a simetria de formas e cores, imprimindo um estilo caracterizado pela imagem da respeitabilidade, da sobriedade, do concreto e do civismo. Esses artistas misturaram o passado ao presente, retratando os personagens da nobreza e da burguesia, além de cenas míticas e histórias cheias de vigor.

(RAZOUK, J. J. (Org.). Histórias reais e belas nas telas. Posigraf: 2003.)

ARTES

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Atualmente, os artistas apropriam-se de desenhos, charges, grafismo e até de ilustrações de livros para compor obras em que se misturam personagens de diferentes épocas, como na seguinte imagem: a)

b)

c)

d)

e)

GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Entre as opções apresentadas, a única em que o retrato mistura personagens de diferentes épocas é a opção C. Nele, temos uma paródia de “Mona Lisa”, famoso quadro de Leonardo da Vinci. Sobre a imagem, aplicou-se uma foto do personagem “Mr.Bean”, além disso, a paródia coloca nas mãos da “Mona Lisa” um ursinho de pelúcia, objeto característico de “Mr.Bean”. O título da obra reúne duas referências: “Mona Lisa” + “Mr.Bean” = “Monabean".

QUESTÃO 43

BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989. (Foto: Reprodução/Enem).

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Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela a) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação. b) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais. c) simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino. d) personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares. e) singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As esculturas barrocas no Brasil têm forte influência do rococó europeu. As obras sacras de Aleijadinho distinguem-se das demais por apresentar características particulares das esculturas inspiradas nas pessoas do povo.

QUESTÃO 44

A oferta de produtos industrializados e a falta de tempo têm sua parcela de responsabilidade no aumento da silhueta dos jovens. "Os nossos hábitos alimentares, de modo geral, mudaram muito", observa Vivian Ellinger, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), no Rio de Janeiro. Pesquisas mostram que, aqui no Brasil, estamos exagerando no sal e no açúcar, além de tomar pouco leite e comer menos frutas e feijão. Outro pecado, velho conhecido de quem exibe excesso de gordura por causa da gula, surge como marca da nova geração: a preguiça. "Cem por cento das meninas que participam do Programa não praticavam nenhum esporte", revela a psicóloga Cristina Freire, que monitora o desenvolvimento emocional das voluntárias. Você provavelmente já sabe quais são as consequências de uma rotina sedentária e cheia de gordura. "E não é novidade que os obesos têm uma sobrevida menor", acredita Claudia Cozer, endocrinologista da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Mas, se há cinco anos os estudos projetavam um futuro sombrio para os jovens, no cenário atual as doenças que viriam na velhice já são parte da rotina deles.

Mais altos, gordos e preguiçosos”. Revista Saúde. Disponível em: http://saude.abril.com.br. 28/jul/2012

Sobre a relação entre os hábitos da população adolescente e as suas condições de saúde, as informações apresentadas no texto indicam que a) a falta de atividade física somada a uma alimentação nutricionalmente desequilibrada constituem fatores

relacionados ao aparecimento de doenças crônicas entre os adolescentes; b) a diminuição do consumo de alimentos fontes de carboidratos combinada com um maior consumo de

alimentos ricos em proteínas contribuíram para o aumento da obesidade entre os adolescentes; c) a maior participação dos alimentos industrializados e gordurosos na dieta da população adolescente tem

tornado escasso o consumo de sais e açúcares, o que prejudica o equilíbrio metabólico; d) a ocorrência de casos de hipertensão e diabetes entre os adolescentes advém das condições de

alimentação, enquanto que na população adulta os fatores hereditários são preponderantes; e) a prática regular de atividade física é um importante fator de controle da diabetes entre a população

adolescente, por provocar um constante aumento da pressão arterial sistólica. GABARITO: A COMENTÁRIO: A alternativa correta ratifica as causas que o texto aponta sobre a presença de doenças crônicas e obesidade entre os adolescentes, mencionando tanto os maus hábitos alimentares como a falta de atividade física devido à preguiça.

QUESTÃO 45

O voleibol é uma das modalidades esportivas das quais sofre mais alterações em suas regras e penalidades do que qualquer outra. Desde sua invenção que a Confederação Internacional e suas Federações Nacionais adotam uma política de alteração no andamento do jogo e sua dinâmica para fortalecer o marketing esportivo e seu público. Diante do texto mencionado, podemos afirmar que a regra que mais sofreu alteração em detrimento do Jogo Oficial foi a) o número de atletas em quadra e no banco de reservas. b) a quantificação dos pontos em um set (sistema de disputa) e o contato do atleta com a rede. c) o sistema de Rodízio. d) a forma de aplicação de seus fundamentos Toque e Manchete. e) o número de árbitros em quadra.

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GABARITO: B COMENTÁRIO: A maior alteração já ocorrida no voleibol, desde sua invenção, está no sistema de disputa e o número de pontos envolvidos no set, bem como a regra que envolve a rede e seus jogadores.

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QUESTÃO 46

O antigo Elevado Castelo Branco, uma das principais construções viárias da região central de Belo Horizonte, sem nome há mais de um ano, enfim vai ser rebatizado. Ganhará o nome de uma militante na luta contra a ditadura. Às vésperas do aniversário de 50 anos do golpe militar, os vereadores aprovaram a proposta que muda o nome do viaduto para Dona Helena Greco, primeira vereadora eleita na capital mineira.

MACIEL, Alice. Viaduto que homenageava ditador ganhará nome de uma militante na luta contra a ditadura. Estado de Minas, Belo Horizonte, 26 mar. 2014. Disponível em: <http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2014/03/26/interna_politica,511900/viaduto-que-homenageava-

ditador-ganhara-nome-de-uma-militante-na-luta-contra-a-ditadura.shtml>. Acesso em: 10 set. 2017. A mudança no nome dessa importante via de Belo Horizonte, ocorrida no ano de 2014, justifica-se na medida em que o(a) a) povo brasileiro reconheceu avanços democráticos ainda vinculados à história oficial da Ditadura Civil-Militar. b) ex-vereadora Helena Greco foi considerada como a melhor imagem da memória produzida durante a

Ditadura Civil-Militar. c) sociedade compreendeu que a memória de valores democráticos deve se sobrepor à memória oficial da

Ditadura Civil-Militar. d) ex-presidente Castelo Branco foi condenado pela Comissão da Verdade como um dos responsáveis pelos

crimes cometidos durante a Ditadura Civil-Militar. e) a história, apesar de sua relação direta entre passado e presente, não deve ser levada em consideração

quanto as decisões futuras. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Somente a alternativa [C] está correta. A mudança de nome do viaduto expressa, em certa medida, um amadurecimento da sociedade brasileira que revisitou o passado, buscou a memória, e colocou valores democráticos acima de regimes ditatoriais.

QUESTÃO 47

Na bacia do Rio São Francisco, nas paleolagoas, conhecidas hoje como tanques, foram achados ossos de animais extintos da fauna pleistocênica, que conviveram com o homem em diversas áreas da região, como Salgueiro e Alagoinha, em Pernambuco. Pesquisas mais recentes assinalaram, também, a presença de megafauna, como o mastodonte e a preguiça-gigante, como é o caso da Lagoa Uri de Cima em Salgueiro.

MARTIN, Gabriela; PESSIS, Anne-Marie. Breve Panorama da Pré-História do Vale do São Francisco no Nordeste do Brasil. Revista FUMDHAMentos, Volume 1 – Número 10 – Ano 2013, p. 14, adaptado.

O trecho acima propõe uma leitura da História do Brasil, que se caracteriza pela a) presença essencial dos europeus no continente americano. b) inexistência de exemplares da megafauna em território brasileiro. c) carência de estudos paleoantropológicos e sítios arqueológicos no Nordeste. d) antiguidade da presença humana no país, anterior à chegada dos portugueses. e) existência de répteis de porte avantajado, popularmente conhecidos como dinossauros. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto mostra a existência de vestígios que indicam a presença de animais do chamado “período pré-histórico” em terras brasileiras, evidenciando que a História brasileira é anterior à presença europeia no país.

QUESTÃO 48

Estas são duas pinturas produzidas na Caverna de Altamira, Espanha, durante o Período Paleolítico Superior:

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

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Tais pinturas rupestres podem ser consideradas como a) manifestação do primitivismo de povos incapazes de representações realistas. b) expressão artística infantilizada e insuficiente para fornecer qualquer indício sobre a vida na Pré-História. c) comprovação do pragmatismo de povos primitivos, despreocupados de sua alimentação. d) representação, em linguagem visual, dos vínculos materiais de um povo com o seu ambiente. e) revelação da predominância do pensamento abstrato sobre o concreto nos povos pré-históricos. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As pinturas rupestres eram uma forma das sociedades pré-históricas representarem acontecimentos do seu cotidiano, como a caça, por exemplo, sempre presente durante o Período Paleolítico.

QUESTÃO 49

Um elemento essencial para a evolução da dieta humana foi a transição para a agricultura como o modo primordial de subsistência. A Revolução Neolítica estreitou dramaticamente o nicho alimentar ao diminuir a variedade de mantimentos disponíveis; com a virada para a agricultura intensiva, houve um claro declínio na nutrição humana. Por sua vez, a industrialização recente do sistema alimentar mundial resultou em uma outra transição nutricional, na qual as nações em desenvolvimento estão experimentando, simultaneamente, subnutrição e obesidade.

George J. Armelagos, “Brain Evolution, the Determinates of Food Choice, and the Omnivore’s Dilemma”, Critical Reviews in Food Science and Nutrition, 2014. Adaptado.

A respeito dos resultados das transformações nos sistemas alimentares descritas pelo autor, é correto afirmar que a) a quantidade absoluta de mantimentos disponíveis para as sociedades humanas diminuiu após a

Revolução Neolítica. b) a invenção da agricultura, ao diversificar a cesta de mantimentos, melhorou o balanço nutricional das

sociedades sedentárias. c) os ganhos de produtividade agrícola obtidos com as revoluções Neolítica e Industrial trouxeram simplificação

das dietas alimentares. d) as populações das nações em desenvolvimento estão sofrendo com a obesidade, por consumirem alimentos

de melhor qualidade nutricional. e) a dieta humana pouco variou ao longo do tempo, mantendo-se inalterada da Revolução Neolítica à

Revolução Industrial. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A alternativa [C] está correta porque as revoluções Neolítica (ou agrícola) e Industrial foram responsáveis pelo desenvolvimento de instrumentos que ampliaram as práticas agrícolas, sua produção e produtividade definindo, contudo, um perfil de consumo alimentar de baixa qualidade nutricional. As alternativas incorretas são: [A], porque a quantidade de mantimentos aumentou após a Revolução Neolítica; [B], porque ocorreu prejuízo nutricional para as sociedades; [D], porque a obesidade, resultado de reduzida qualidade nutricional, é maior em países desenvolvidos; [E], porque houve forte variação da dieta humana.

QUESTÃO 50

O sistema de irrigação egípcio era muito diferente do complexo sistema mesopotâmico, porque as condições naturais eram muito diversas nos dois casos. A cheia do Nilo também fertiliza as terras com aluviões, mas é muito mais regular e favorável em seu processo e em suas datas do que a do Tigre e Eufrates, além de ser menos destruidora.

CARDOSO, C. F. Sociedades do antigo Oriente Próximo. São Paulo: Ática, 1986. A comparação entre as disposições do recurso natural em questão revela sua importância para a a) desagregação das redes comerciais. b) supressão da mão de obra escrava. c) expansão da atividade agrícola. d) multiplicação de religiões monoteístas. e) fragmentação do poder político. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Egito e Mesopotâmia localizavam-se no chamado Crescente Fértil, um conjunto de terras localizado em meio ao deserto e que se tornava habitável por ser banhado por vastos rios, como o Nilo, o Tigre e o Eufrates. Devido às terras secas do deserto, o desenvolvimento agrícola nesses lugares só era possível pela presença e irrigação dos rios.

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QUESTÃO 51

A imagem mostra uma das faces do Estandarte de Ur, a caixa de ressonância de uma lira da antiga cidade mesopotâmica de Ur (c. 2600 a.C.), e representa cenas militares. É uma descrição correta da imagem: a) O domínio de armas de projéteis percebidos pela presença de arcos e flechas. b) A misericórdia com os derrotados em batalha que não são sacrificados nem humilhados. c) O processo político pacífico que caracterizou o início da Era Imperial na Baixa Mesopotâmia. d) Um exército formal, com divisões de infantaria uniformizada e carros de combate bem equipados, puxados

a cavalo. e) A inexistência de comando militar que seria percebido pela presença de figuras com tamanho maior que o

normal e de símbolos de poder. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Na figura, fica nítido que o exército de Ur possuía divisões internas, inclusive com a presença de certo tipo de cavalaria, além de arqueiros.

QUESTÃO 52

No século V a.C., Heródoto, historiador grego, afirmou que “O Egito é uma dádiva do Nilo”. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a principal razão de se atribuir ao rio Nilo uma importância tão grande para o desenvolvimento do Egito Antigo. a) Nos períodos de cheias, as águas desse rio fertilizavam as margens, o que possibilitou a agricultura. b) Os faraós construíram barragens para obter eletricidade, aumentando a produção de itens de exportação. c) A navegação pelo grande rio permitiu que os egípcios conquistassem o sul da Europa, formando um

grande império. d) Das margens do rio se retirava o barro com que eram fabricados os tijolos utilizados na construção das

grandes pirâmides. e) Atravessando a África de norte a sul, o Nilo possibilitou a integração cultural e econômica da área entre o

Saara e o deserto da Namíbia. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O Egito encontrava-se numa área majoritariamente desértica. Por isso, as cheias do rio Nilo, que fertilizavam as terras à sua volta, eram fundamentais para a ocorrência da agricultura e, consequentemente, para o desenvolvimento da civilização egípcia.

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QUESTÃO 53

A imagem demonstra um julgamento. Nele, o objetivo era pesar o coração do morto, que deveria ser mais leve que a pluma, para provar que sua conduta em vida era irrepreensível, pautada na verdade, na justiça e em boas ações, que dariam a ele a imortalidade e paz se houvesse êxito no julgamento. Com base na História do Antigo Egito, é correto concluir que a imagem se refere ao: a) Tribunal de Osíris. b) Tribunal de Hórus. c) Tribunal de Tutankhamon. d) Tribunal de Ísis. e) Tribunal de Hator. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Segundo a crença egípcia, era o deus Osíris, no seu Tribunal, o responsável por julgar se um espírito teria ou não direito à Vida após a Morte.

QUESTÃO 54

Examine estas imagens produzidas no antigo Egito:

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As imagens revelam a) o caráter familiar do cultivo agrícola no Oriente Próximo, dada a escassez de mão de obra e a proibição, no

antigo Egito, do trabalho compulsório. b) a inexistência de qualquer conhecimento tecnológico que permitisse o aprimoramento da produção de

alimentos, o que provocava longas temporadas de fome. c) o prevalecimento da agricultura como única atividade econômica, dada a impossibilidade de caça ou pesca

nas regiões ocupadas pelo antigo Egito. d) a dificuldade de acesso à água em todo o Egito, o que limitava as atividades de plantio e inviabilizava a

criação de gado de maior porte. e) a importância das atividades agrícolas no antigo Egito, que ocupavam os trabalhadores durante

aproximadamente metade do ano. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A agricultura – marca básica da passagem do Paleolítico para o Neolítico – foi a base das primeiras civilizações antigas, como o Egito Antigo. Parte central da economia egípcia, a agricultura movimentava todos os segmentos sociais egípcios, como mostram as imagens.

QUESTÃO 55

Durante o reinado de Hamurábi, na Babilônia (1792 – 1750 a.C.), foi escrita uma relação de sentenças legais que, modernamente, é conhecida pelo nome de Código de Hamurábi. O objetivo da obra era a) estabelecer uma ordem constitucional para fundar o Estado imperial mesopotâmico. b) enaltecer a pessoa do rei, associando-a ao poder, à justiça e à sabedoria. c) proporcionar aos cidadãos do império um código legal universal e aplicável a todas as situações conflituosas. d) impor a lei do Talião como norma exclusiva para a ordem constitucional mesopotâmica. e) promover a igualdade jurídica entre todos os súditos do rei. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O Código de Hamurabi é atualmente considerado não somente uma coleção de leis que deveriam ser aplicadas universalmente nos domínios do rei, como também como uma composição literária que visava enaltecer o seu poder e suas qualidades como justo e promotor da ordem. Servia como um paradigma, como exemplo do que leva a ser justo e a justiça no reino de Hamurabi. Tendo como centro o enaltecimento da pessoa sagrada do monarca, seu sentido é ir ao encontro da justificação do poder do rei. Portanto, conceitos como o de “cidadão”, “ordem constitucional” e “igualdade jurídica” são completamente estranhos àquele tipo de sociedade.

QUESTÃO 56

Uma das regiões de maiores conflitos civilizacionais, ao longo da História, é a do Oriente Médio. Na Antiguidade, parte dessa região foi ocupada pelo Império Babilônico. Embora a riqueza de sua civilização seja mal conhecida, a Babilônia povoa o imaginário social até os tempos contemporâneos, em diversas manifestações culturais, a exemplo da ópera "Nabucodonosor" (do compositor italiano Giuseppe Verdi) e de algumas músicas brasileiras atuais, como a apresentada a seguir.

"Suspenderam os Jardins da Babilônia e eu para não ficar por baixo

Resolvi botar as asas para fora, porque Quem não chora daqui, não mama dali [...]"

(LEE, Marcucci; LEE, Rita. "Jardins da Babilônia", 1978. Disponível em: <www.cliquemusic.com.br>. Acesso em: 15 ago. 2006). Sobre a civilização babilônica, é correto afirmar que a) a configuração geográfica de planície, na Mesopotâmia, foi elemento favorável a invasões de numerosos

povos, que conseguiram conviver em um Estado unificado, estável e duradouro. b) a Babilônia foi fundada e tornou-se capital durante a primeira unificação política na região - o Primeiro Império

Babilônico, quando cessaram as ondas migratórias na Mesopotâmia. c) a desagregação do Primeiro Império Babilônico não mais permitiu outra unificação política na região,

impedida pelos assírios, povo do norte da Mesopotâmia, ainda hoje remanescente no Iraque. d) o esplendor da Babilônia ocorreu no Segundo Império, com a construção de grandes obras públicas: as

muralhas da cidade, os palácios, a Torre de Babel e os Jardins Suspensos. e) a cultura babilônica, como a dos povos mesopotâmicos, em geral, apresentou um grande desenvolvimento da

astronomia, da medicina e da matemática, que se separaram, respectivamente, da astrologia, da magia e da mística dos números.

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GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A história dos Neobabilônios com o imperador Nabucodonosor representou o esplendor de tal civilização. A época ficou marcada por grandes obras e, em destaque, os Jardins Suspensos da Babilônia.

QUESTÃO 57

“Do ponto de vista territorial, uma polis se divide em duas partes: a acrópole [...] e a ágora [...]. No entanto, se perguntássemos a um grego da época clássica o que era a polis, provavelmente esta não seria sua definição: para ele a polis não designava um lugar geográfico, mas uma prática política exercida pela comunidade de seus cidadãos. [...] Se no caso da polis o conceito de cidade não se referia à dimensão espacial da cidade e sim à sua dimensão política, o conceito de cidadão não se refere ao morador da cidade, mas ao indivíduo que, pode participar da vida política.” (ROLNIK, Raquel. O que é cidade. In: PETTA, Nicolina L. e OJEDA, A. B. História, uma abordagem integrada. São Paulo: Moderna, s\d, p. 17)

O conhecimento histórico e o texto permitem afirmar que, na Grécia Antiga, a) a cidadania, direito de participar da vida pública, atingia todos os habitantes da maioria das cidades-estado. b) o equilíbrio de poderes presente nas cidades-estado evitou a ocorrência de conflitos sociais. c) a lei era o resultado de discussões entre os representantes da cidade-estado e definia o direito dos cidadãos. d) a soberania dos cidadãos dotados de plenos direitos era fundamental para a existência da cidade-estado. e) o direito à cidadania e a organização política possibilitaram a criação da democracia em todo o país. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Segundo o texto, o cidadão ateniense – os homens, maiores de 21 anos e atenienses natos – enxergava a polis como o lugar da prática do exercício político.

QUESTÃO 58

No que se refere à Guerra do Peloponeso (431-404 a. C.), inserida no contexto de conflitos entre as cidades-estado e retratada de forma épica por Tucídides como a guerra “mais importante que todas as anteriores”, é correto afirmar que sua causa principal foi/foram a) os ataques dos espartanos a Atenas, em descumprimento à Paz de Nícias. b) a revolta das cidades-estado, tais como Tebas e Corinto, contra a hegemonia militar espartana

no Peloponeso. c) a derrota da Liga de Delos para os persas, resultando numa imediata resposta espartana através da Liga do

Peloponeso. d) o expansionismo belicista espartano, que buscava interromper as rotas comerciais da Liga de Delos,

capitaneada por Atenas. e) a expansão ateniense pelo mar Jônio, acirrando as disputas econômicas e contrapondo os modelos políticos

de Atenas e Esparta. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Ao fazer uso dos fundos da Liga de Delos em benefício próprio, Atenas passou a se expandir em direção ao Mar Jônio, dando início a um conflito entre as cidades-Estado gregas, em especial entre Atenas e Esparta.

QUESTÃO 59

No século V a.C., a vitória dos gregos sobre os persas nas Guerras Médicas assinalou o apogeu da Grécia Antiga. Atenas, sob o governo de Péricles, atingiu o apogeu da democracia ateniense e grande desenvolvimento econômico. Essa democracia beneficiava a) a todos os habitantes da cidade de Atenas, mesmo que estrangeiros. b) a todos os considerados cidadãos atenienses. c) apenas aos políticos do partido democrático. d) apenas aos juízes do Supremo Tribunal, que podiam julgar mais livremente. e) a toda a elite ateniense, incluindo as mulheres. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão faz uma referência à democracia grega na Antiguidade, logo após o fim das Guerras Médicas, 500-475 a.C., entre o imperialismo Persa contra as polis gregas. As polis se uniram, venceram os rivais e conheceram o auge do sistema democrático que, na verdade, era uma oligarquia mais atenuada, considerando que excluía a grande maioria do exercício da cidadania. Mulheres, escravos e estrangeiros não eram considerados cidadãos.

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QUESTÃO 60

Chico Buarque cantou em “Mulheres de Atenas”:

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Vivem pros seus maridos, orgulho e raça da Atenas Quando amadas, se perfumam Se banham com leite, se arrumam Suas melenas Quando fustigadas não choram Se ajoelham, pedem, imploram Mais duras penas Cadenas.

Tomando como ponto de partida a letra da música, podemos assinalar, sobre o papel desempenhado pela mulher na antiguidade, que a) a mulher no Egito Antigo teve apenas um papel reprodutivo, pois não possuía direitos sociais e jurídicos que

lhe garantissem qualquer forma de liberdade. b) as mulheres hebraicas possuíam direitos políticos e sociais equivalentes aos dos homens, derivados dos

preceitos religiosos do Pentateuco, os quais defendiam que os homens e as mulheres são iguais, pois ambos são filhos de Deus.

c) a mulher ateniense casada vivia grande parte do seu tempo confinada no lar, estando submissa a um regime de quase reclusão, privada de uma participação efetiva nas decisões políticas.

d) a sociedade guerreira espartana privava as mulheres de qualquer forma de liberdade, restringindo as funções destas à educação de seus filhos e filhas.

e) nas várias sociedades mesopotâmicas, a mulher desempenhava um papel preponderante, pois, como era a responsável pela procriação, cabia a ela o exercício de mando.

GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A mulher ateniense, como ressalta a música, era submissa ao homem e não tinha nenhum tipo de participação política ou social, uma vez que sequer era considerada cidadã ateniense, já que cidadão em Atenas eram apenas os homens, maiores de 21 anos e atenienses natos.

QUESTÃO 61

A ONU faz referência a uma projeção cartográfica em seu logotipo. A figura que ilustra o modelo dessa projeção é a)

b)

c)

d)

e)

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GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A projeção utilizada como símbolo da Onu faz o uso da técnica de cartografia plana azimutal. Assim, as áreas polares são melhores representadas em relação à porção equatorial. Percebe-se a ideologia centro-periferia destacada nessa concepção.

QUESTÃO 62

O Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia ensina indígenas, quilombolas e outros grupos tradicionais a empregar o GPS e técnicas modernas de georreferenciamento para produzir mapas artesanais, mas bastante precisos, de suas próprias terras.

Folha de S. Paulo, 7 maio 2011 (adaptado). A existência de um projeto como o apresentado no texto indica a importância da cartografia como elemento promotor da a) expansão da fronteira agrícola. b) remoção de populações nativas. c) superação da condição de pobreza. d) valorização de identidades coletivas. e) implantação de modernos projetos agroindustriais. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O Projeto Cartográfico Social da Amazônia, ao facilitar a produção de mapas das terras, valorizou a identidade dos povos da Amazônia. Ele permitiu maior entendimento dos limites das suas terras.

QUESTÃO 63

DigitalGlobe divulga imagens de satélite do local da captura de Osama Bin Laden

A DigitalGlobe divulgou em seu site imagens de satélite da região de Abbottabad, Paquistão, onde Osama Bin Laden estava refugiado. De acordo com a agência Fox News, uma equipe de 40 soldados Seal da marinha dos Estados Unidos capturou e matou o terrorista responsável pela morte de milhares de cidadãos americanos. A comparação de imagens de satélite de junho de 2005 e janeiro de 2011, feita pela DigitalGlobe, revela a expansão da mansão onde Osama se escondia.

Sobre o tipo de imagem de satélite mostrado na reportagem acima, é correto afirmar que a) é usado para monitorar espaços menores, uma vez que tem alta resolução espacial. b) está disponível apenas para uso militar, por isso não pode ser comercializado. c) é obtido através de um sensor transportado por aviões que voam em baixa altitude. d) é um produto da tecnologia do Sistema de Posicionamento Global – GPS. e) é produzido a partir da aerofotogametria. GABARITO: COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Existem satélites que apresentam uma ótima resolução na banda espectral que possibilitam o monitoramento de espaços menores.

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QUESTÃO 64

Ao planejar uma viagem de férias utilizando o programa Google Earth, você anotou as coordenadas geográficas de dois locais que gostaria de visitar na Ilha do Mel (PR), sendo o primeiro de coordenadas 25°33'26.28"S (latitude) e 48°18'30.75"O (longitude), e o segundo de coordenadas 25°33'46.27"S (latitude) e 48°18'10.10"O (longitude). Com base nos valores das coordenadas, é correto afirmar que, do primeiro para o segundo ponto, você se deslocou para a) leste. b) nordeste. c) sudeste. d) oeste. e) noroeste. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As coordenadas geográficas analisadas sugerem que do 1° para o 2° ponto o deslocamento ocorreu para o Sudeste, visto que (em relação ao primeiro ponto) a latitude aumenta (significa que continua indo para o sul) e a longitude diminui (ou seja, está indo para o lado oposto ao oeste). Então a direção será sul e leste = sudeste.

QUESTÃO 65

Tendo como referência a proposta de mapa da América do Sul feita por Torres-Garcia, apresentada na figura anterior, julgue os itens a seguir. a) A proposta de mapa apresentada na figura representa um movimento político dos países centrais de combate

à visão eurocêntrica do mundo. b) O mapa representado na figura está invertido, o que contraria os princípios da cartografia contemporânea. c) Os planisférios, criados com base na visão eurocêntrica do mundo, foram substituídos por representações de

projeção plana. d) A projeção é dotada de neutralidade política, obedecendo princípios cartográficos. e) A disposição do mapa indica que o mesmo foi confeccionado em uma projeção cônica. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Ao mudar a orientação do mapa, colocando o Sul como referência, o autor aponta críticas à visão de mundo eurocêntrica.

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QUESTÃO 66

A confecção de um mapa pode significar uma leitura ideológica do espaço. Assim, a Projeção de Mercator, muito utilizada para a visualização dos continentes, caracteriza-se por a) apresentar um hemisfério terrestre envolvido por um cone. As deformações aumentam na direção da

base do cone. b) partir de um plano tangente sobre a esfera terrestre. Seus paralelos e meridianos são projetados a partir do

centro do plano. c) conservar as formas, mas distorcer as superfícies das massas continentais. Seus paralelos e meridianos for-

mam ângulos retos. d) alterar a forma dos continentes, preservando a área. Seus paralelos e meridianos formam ângulos retos. e) representar as formas e as superfícies dos continentes proporcionais à realidade. As linhas de meridianos

acompanham a curvatura da Terra. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As formas, na projeção de Mercator, são mantidas fieis, porém as áreas são distorcidas com o intuito de superdimensionar o Norte e, consequentemente, a Europa.

QUESTÃO 67

As plataformas, ou crátons, correspondem aos terrenos mais antigos e arrasados por muitas fases de erosão. Apresentam uma grande complexidade litológica, prevalecendo as rochas metamórficas muito antigas (Pré- Cambriano Médio e Inferior). Também ocorrem rochas intrusivas antigas e resíduos de rochas sedimentares. São três as áreas de plataforma de crátons no Brasil: a das Guianas, a Sul-Amazônica e a São Francisco.

ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998.

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As regiões cratônicas das Guianas e a Sul-Amazônica têm como arcabouço geológico vastas extensões de escudos cristalinos, ricos em minérios, que atraíram a ação de empresas nacionais e estrangeiras do setor de mineração e destacam-se pela sua história geológica por a) apresentarem áreas de intrusões graníticas, ricas em jazidas minerais (ferro, manganês). b) corresponderem ao principal evento geológico do Cenozoico no território brasileiro. c) apresentarem áreas arrasadas pela erosão, que originaram a maior planície do país. d) possuírem em sua extensão terrenos cristalinos ricos em reservas de petróleo e gás natural. e) serem esculpidas pela ação do intemperismo físico, decorrente da variação de temperatura. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Os escudos cristalinos são estruturas geológicas muito antigas da litosfera, com formação no Arqueano/Proterozoico – cerca de três bilhões de ano atrás. Essas áreas são caracterizadas pela formação de minerais metálicos, constituindo áreas importantes para a extração de minérios de ferro, ouro e manganês.

QUESTÃO 68

De repente, sente-se uma vibração que aumenta rapidamente; lustres balançam, objetos se movem sozinhos e somos invadidos pela estranha sensação de medo do imprevisto. Segundos parecem horas, poucos minutos são uma eternidade. Estamos sentindo os efeitos de um terremoto, um tipo de abalo sísmico.

ASSAD, L. Os (não tão) imperceptíveis movimentos da Terra. ComCiência: Revista Eletrônica de Jornalismo Científico, n.o 117, abr. 2010. Disponível em: http://comciencia.br. Acesso em: 2 mar. 2012.

O fenômeno físico descrito no texto afeta intensamente as populações que ocupam espaços próximos às áreas de a) alívio da tensão geológica. b) desgaste da erosão superficial. c) atuação do intemperismo químico. d) formação de aquíferos profundos. e) acúmulo de depósitos sedimentares. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O fenômeno descrito é o terremoto, ondas que se propagam pelo terreno a partir do alívio de tensão/energia de dobramentos ou falhamentos nas placas tectônicas. O choque de placas ou a acomodação de grandes porções de rochas subterrâneas liberam essas energias, podendo acarretar grandes problemas em áreas povoadas.

QUESTÃO 69

O terremoto de 8,8 na escala Richter que atingiu a costa oeste do Chile, em fevereiro, provocou mudanças significativas no mapa da região. Segundo uma análise preliminar, toda a cidade de Concepción se deslocou pelo menos três metros para a oeste, enquanto Santiago, mais próxima do local do evento, deslocou-se quase 30 centímetros para a oeste-sudoeste. As cidades de Valparaíso, no Chile, e Mendoza, na Argentina, também tiveram suas posições alteradas significativamente (13,4 centímetros e 8,8 centímetros, respectivamente).

Revista InfoGNSS, Curitiba, n. 31. 2010. No texto, destaca-se um tipo de evento geológico frequente em determinadas partes da superfície terrestre. Esses eventos estão concentrados em a) áreas vulcânicas, onde o material magmático se eleva, formando cordilheiras. b) faixas costeiras, onde o assoalho oceânico recebe sedimentos, provocando tsunamis. c) estreitas faixas de intensidade sísmica, no contato das placas tectônicas, próximas a

dobramentos modernos. d) escudos cristalinos, onde as rochas são submetidas aos processos de intemperismo, com alterações bruscas

de temperatura. e) áreas de bacias sedimentares antigas, localizadas no centro das placas tectônicas, em regiões conhecidas

como pontos quentes. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As bordas das placas tectônicas estão suscetíveis às atividades mais instáveis, e por isso, é mais comum ocorrer rupturas e sismos mais intensos.

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QUESTÃO 70

Os movimentos de massa constituem-se no deslocamento de material (solo e rocha) vertente abaixo pela influência da gravidade. As condições que favorecem os movimentos de massa dependem principalmente da estrutura geológica, da declividade da vertente, do regime de chuvas, da perda de vegetação e da atividade antrópica.

BIGARELLA, J. J. Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtropicais. Florianópolis: UFSC, 2003 (adaptado). Em relação ao processo descrito, sua ocorrência é minimizada em locais onde há a) exposição do solo. b) drenagem eficiente. c) rocha matriz resistente. d) agricultura mecanizada. e) média pluviométrica elevada. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Onde há uma drenagem eficiente os processos erosivos são menos intensos.

QUESTÃO 71

TEIXEIRA, W. et. al. (Orgs.) Decifrando a Terra.

São Paulo. Companhias Editora Nacional, 2009 (adaptado).

O esquema mostra depósitos em que aparecem fósseis de animais do Período Jurássico. As rochas em que se encontram esses fósseis são a) magmáticas, pois a ação de vulcões causou as maiores extinções desses animais já conhecidas ao longo da

história terrestre. b) sedimentares, pois os restos podem ter sido soterrados e litificados com o restante dos sedimentos. c) magmáticas, pois são as rochas mais facilmente erodidas, possibilitando a formação de tocas que foram

posteriormente lacradas. d) sedimentares, já que cada uma das camadas encontradas na figura simboliza um evento de erosão dessa

área representada. e) metamórficas, pois os animais representados precisavam estar perto de locais quentes. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As porções mais rebaixadas recebem detritos minerais e orgânicos, podendo ocorrer a formação de rochas sedimentares e a fossilização de organismos mortos.

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QUESTÃO 72

ZIEGLER, M. F. Energia Sustentável. Revista IstoÉ. 28 abr. 2010.

A fonte de energia representada na figura, considerada uma das mais limpas e sustentáveis do mundo, é extraída do calor gerado a) pela circulação do magma no subsolo. b) pelas erupções constantes dos vulcões. c) pelo sol que aquece as águas com radiação ultravioleta. d) pela queima do carvão e combustíveis fósseis. e) pelos detritos e cinzas vulcânicas. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O calor das células de convecção do magma promove o aquecimento do subsolo em áreas de vulcanismo secundário, trazendo a possibilidade de criar usinas geotérmicas.

QUESTÃO 73

Muitos processos erosivos se concentram nas encostas, principalmente aqueles motivados pela água e pelo vento. No entanto, os reflexos também são sentidos nas áreas de baixada, onde geralmente há ocupação urbana. Um exemplo desses reflexos na vida cotidiana de muitas cidades brasileiras é a) a maior ocorrência de enchentes, já que os rios assoreados comportam menos água em seus leitos. b) a contaminação da população pelos sedimentos trazidos pelo rio e carregados de matéria orgânica. c) o desgaste do solo nas áreas urbanas, causado pela redução do escoamento superficial pluvial na encosta. d) a maior facilidade de captação de água potável para o abastecimento público, já que é maior o efeito

do escoamento sobre a infiltração. e) o aumento da incidência de doenças como a amebíase na população urbana, em decorrência do escoamento

de água poluída do topo das encostas. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Com a erosão pluvial das encostas devido, principalmente, ao processo de desmatamento, as áreas rebaixadas ao entorno sofrem as consequências. Quando há chuvas intensas, os sedimentos erodidos das encostas são levados para os rios nas partes mais baixas do relevo, assoreando esses rios, que acabam não comportando o volume de água adequado em seu leito.

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QUESTÃO 74

[...] causado pela água das chuvas, tem abrangência em quase toda a superfície terrestre, em especial nas áreas com clima tropical, cujos totais pluviométricos são bem mais elevados do que em outras regiões do planeta. O processo tende a se acelerar à medida que mais terras são desmatadas [...] uma vez que os solos ficam desprotegidos da cobertura vegetal e, consequentemente, as chuvas incidem direto sobre a superfície do terrenos.

GUERRA, A. J. T. Geomorfologia urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. O texto descreve um processo que pode ser acelerado com a) a manutenção da vegetação. b) a construção de curvas de nível. c) o planejamento urbano e ambiental. d) o aumento da matéria orgânica do solo. e) a construção nas encostas de morros. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As construções nas encostas vulnerabilizam ainda mais essas porções de relevo, que normalmente já apresentam instabilidade devido à sua inclinação e disposição às precipitações.

QUESTÃO 75

Disponível em: http://www.botanic.com.br. Acesso em: 08/12/2013

A imagem mostra um dos maiores problemas da atualidade, a perda de solo devido à ocupação irregular ou o mau aproveitamento da terra. O processo de destruição do solo mostrado na figura, uma vez iniciado, não tem retorno. Há medidas para conter seu avanço, mas não há garantias de recuperação da fertilidade perdida. Esses buracos são chamados de a) deslizamento. b) voçoroca. c) afundamento. d) assoreamento. e) lixiviação. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Voçorocas são grandes erosões provocadas pelo avanço da erosão pluvial em áreas que foram desmatadas para práticas econômicas.

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QUESTÃO 76 TEXTO I

Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras.

BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado). TEXTO II

Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.”.

GILSON, E.: BOEHNER, P. Historia da Filosofia Crista. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado). Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que a) eram baseadas nas ciências da natureza. b) refutavam as teorias de filósofos da religião. c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas. d) postulavam um princípio originário para o mundo. e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Tanto a teoria do filósofo grego pré-socrático Anaxímenes de Mileto (588-524 a. C.), quanto do teólogo Basílio Magno, que viveu na Idade Média, procuram postular princípios da constituição do mundo. Se, por um lado, Anaxímenes estabelecia um princípio baseado na natureza que era o ar, Basílio Magno acreditava em um principio religioso, em que Deus era a origem de tudo.

QUESTÃO 77

Na antiga Grécia, o teatro tratou de questões como destino, castigo e justiça. Muitos gregos sabiam de cor inúmeros versos das peças dos seus grandes autores. Na Inglaterra dos séculos XVI e XVII, Shakespeare produziu peças nas quais temas como o amor, o poder, o bem e o mal foram tratados. Nessas peças, os grandes personagens falavam em verso, e os demais, em prosa. No Brasil colonial, os índios aprenderam com os jesuítas a representar peças de caráter religioso. Esses fatos são exemplos de que, em diferentes tempos e situações, o teatro é uma forma de a) manipulação do povo pelo poder, que controla o teatro. b) diversão e de expressão dos valores e problemas da sociedade. c) entretenimento popular, que se esgota na sua função de distrair. d) manipulação do povo pelos intelectuais que compõem as peças. e) entretenimento, que foi superada e hoje é substituída pela televisão.

GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Naquela sociedade, que vivia a transição dos valores místicos, baseados na tradição religiosa, para os valores da polis, isto é, aqueles resultantes da formação do Estado e suas leis, o teatro cumpria um papel político e pedagógico, à medida que punha em xeque e em choque essas duas ordens de valores e apontava novos caminhos para a civilização grega. "Ir ao teatro", para os gregos, não era apenas uma diversão, mas uma forma de refletir sobre o destino da própria comunidade em que se vivia, bem como sobre valores coletivos e individuais.

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QUESTÃO 78

O que implica o sistema da pólis é uma extraordinária preeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos do poder. A palavra constitui o debate contraditório, a discussão, a argumentação e a polêmica. Torna-se a regra do jogo intelectual, assim como do jogo político.

VERNANT, J.P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand, 1992 (adaptado). Na configuração política da democracia grega, em especial a ateniense, a ágora tinha por função a) agregar os cidadãos em torno de reis que governavam em prol da cidade. b) permitir aos homens livres o acesso às decisões do Estado expostas por seus magistrados. c) constituir o lugar onde o corpo de cidadãos se reunia para deliberar sobre as questões da comunidade. d) reunir os exércitos para decidir em assembleias fechadas os rumos a serem tomados em caso de guerra. e) congregar a comunidade para eleger representantes com direito a pronunciar-se em assembleias. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Para os gregos, a ágora era a praça central da pólis, na qual se reuniam os cidadãos. Atenas passava por um período democrático, e na Eclésia (assembleia dos cidadãos) os cidadãos se reuniam para decidir sobre os assuntos de interesse público, que configurava a prática de uma democracia direta.

QUESTÃO 79

A representação de Demócrito é semelhante à de Anaxágoras, na medida em que um infinitamente múltiplo é a origem; mas nele a determinação dos princípios fundamentais aparece de maneira tal que contém aquilo que para o que foi formado não é, absolutamente, o aspecto simples para si. Por exemplo, partículas de carne e de ouro seriam princípios que, através de sua concentração, formam aquilo que aparece como figura.

HEGEL, G.W. Crítica moderna. In:SOUZA, J.C. (Org.). Os pré-socráticos: vida e obra. São Paulo: Nova Cultural, 2000 (adaptado). O texto faz uma apresentação crítica acerca do pensamento de Demócrito, segundo o qual o “princípio constitutivo das coisas” estava representado pelo(a) a) número, que fundamenta a criação dos deuses. b) devir, que simboliza o constante movimento dos objetos. c) água, que expressa a causa material da origem do universo. d) imobilidade, que sustenta a existência do ser atemporal. e) átomo, que explica o surgimento dos entes. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Os filósofos pré-socráticos foram responsáveis por buscar na natureza um elemento primordial que justificasse a origem de todas as coisas. Para Demócrito, sua arché seria o átomo, parte indivisível e eterna, que permanece em constante movimento.

QUESTÃO 80

Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades, sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva a se censurarem. É sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir sua orientação.

BRÉHIER,E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977. O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na a) contemplação da tradição mítica. b) sustentação do método dialético. c) relativização do saber verdadeiro. d) valorização da argumentação retórica. e) investigação dos fundamentos da natureza. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A dialética socrática era dividida em ironia e maiêutica, na qual há um debate entre posicionamentos distintos que são defendidos e contraditos posteriormente. O objetivo era gerar o “parto” das ideias, chegar a novos conhecimentos.

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QUESTÃO 81

A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição anuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um.

NIETZSCHE, F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1999. O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos? a) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades racionais. b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas. c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes. d) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas. e) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real. GABARITO: C COMENTÀRIO: Nietzsche refere-se a um grupo de filósofos pré-socráticos chamados de filósofos da natureza, naturalistas, ou filósofos da phýsis. Esses buscavam a realidade primeira fundamental numa perspectiva cosmológica. Nietzsche valoriza os pré-socráticos por investigarem o real de forma racional, sem "imagem e fabulação" próprias da mitologia.

QUESTÃO 82

Fragmento B91: Não se pode banhar duas vezes no mesmo rio, nem substância mortal alcançar duas vezes a mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da mudança, dispersa e de novo reúne.

HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza). São Paulo: Abril Cultural, 1996 (adaptado). Fragmento B8: São muitos os sinais de que o ser é ingênito e indestrutível, pois é compacto, inabalável e

sem fim; não foi nem será, pois é agora um todo homogêneo, uno, contínuo. Como poderia o que é perecer? Como poderia gerar-se?

PARMÊNIDES. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado). Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem uma oposição que se insere no campo das a) investigações do pensamento sistemático. b) preocupações do período mitológico. c) discussões de base ontológica. d) habilidades da retórica sofística. e) verdades do mundo sensível. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Foi um grupo de filósofos que especulou sobre a origem do mundo e observou a natureza como fonte de conhecimento. A teoria de Parmênides visava o imobilismo, enquanto a de Heráclito, o mobilismo. Daí, encontramos a contradição teórica. Ontologia é um estudo voltado para o “ser”, portanto, cada um dos filósofos possui um posicionamento quanto ao papel do “ser” na natureza.

QUESTÃO 83

A sociologia ainda não ultrapassou a era das construções e das sínteses filosóficas. Em vez de assumir a tarefa de lançar luz sobre uma parcela restrita do campo social, ela prefere buscar as brilhantes generalidades em que todas as questões são levantadas sem que nenhuma seja expressamente tratada. Não é com exames sumários e por meio de intuições rápidas que se pode chegar a descobrir as leis de uma realidade tão complexa. Sobretudo, generalizações às vezes tão amplas e tão apressadas não são suscetíveis de nenhum tipo de prova.

DURKHEIM, E. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000. O texto expressa o esforço de Émile Durkheim em construir uma sociologia com base na a) vinculação com a filosofia como saber unificado. b) reunião das percepções intuitivas para demonstração. c) formulação de hipóteses subjetivas sobre a vida social. d) adesão aos padrões de investigação típicos das ciências naturais. e) incorporação de um conhecimento alimentado pelo engajamento político. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Para Durkheim, assim como os demais sociólogos de sua época, buscavam fazer da sociologia uma disciplina científica, visto que seria através dessa análise que o homem compreenderia melhor as sociedades e os impactos por ela sofridos. Esse pensamento foi inspirado na visão positivista de Auguste Comte em fazer da disciplina uma ciência.

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QUESTÃO 84 Sou uma pobre velha mulher,

Muito ignorante, que nem sabe ler. Mostraram-me na igreja da minha terra

Um Paraíso com harpas pintado E o inferno onde fervem almas danadas,

Um enche-me de júbilo, o outro me aterra. Os versos do poeta francês François Villon fazem referência às imagens presentes nos templos católicos medievais. Nesse contexto, as imagens eram usadas com o objetivo de a) refinar o gosto dos cristãos. b) incorporar ideais heréticos. c) educar os fiéis do olhar. d) divulgar a genialidade dos artistas católicos. e) valorizar esteticamente os templos religiosos. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O uso da iconografia (imagens e estátuas, por exemplo) era uma forma de educar pelo olhar as populações analfabetas durante todo o período medieval. Era também uma forma de manter a ordem e controle social no período.

QUESTÃO 85

Assentado, portanto, que a Escritura, em muitas passagens, não apenas admite, mas necessita de exposições diferentes do significado aparente das palavras, parece–me que, nas discussões naturais, deveria ser deixada em último lugar.

GALILEI, G. Carta a Dom Benedetto Castelli. In: Ciência e fé: cartas de Galileu sobre o acordo do sistema copernicano com a Bíblia. São Paulo: Unesp, 2009 (adaptado).

O texto, extraído da carta escrita por Galileu (1564–1642) cerca de trinta anos antes de sua condenação pelo Tribunal do Santo Ofício, discute a relação entre ciência e fé, problemática cara no século XVII. A declaração de Galileu defende que a) a bíblia, por registrar literalmente a palavra divina, apresenta a verdade dos fatos naturais, tornando-se guia

para a ciência. b) o significado aparente daquilo que é lido acerca da natureza na bíblia constitui uma referência primeira. c) as diferentes exposições quanto ao significado das palavras bíblicas devem evitar confrontos com os dogmas

da Igreja. d) a bíblia deve receber uma interpretação literal porque, desse modo, não será desviada a verdade natural. e) os intérpretes precisam propor, para as passagens bíblicas, sentidos que ultrapassem o significado imediato

das palavras. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Galileu e suas ideias desafiaram a Igreja Católica e seus dogmas na época do Renascimento, propondo uma observação do mundo baseada em caracteres matemáticos e astronômicos e não mais religiosos. A passagem da questão ressalta que, para ele, a Bíblia pode ser interpretada de diferentes maneiras e que, para a observação da natureza, ela não tem valor nenhum.

QUESTÃO 86

Quanto mais complicada se tornou a produção industrial, mais numerosos passaram a ser os elementos da indústria que exigiam garantia de fornecimento. Três deles eram de importância fundamental: o trabalho, a terra e o dinheiro. Numa sociedade comercial, esse fornecimento só poderia ser organizado de uma forma: tornando-os disponíveis à compra. Agora eles tinham que ser organizados para a venda no mercado. Isso estava de acordo com a exigência de um sistema de mercado. Sabemos que em um sistema como esse, os lucros só podem ser assegurados se se garante a autorregulação por meios de mercados competitivos interdependentes.

POLANYI, K. A grande transformação: As origens de nossa época. Rio de Janeiro: Campus, 2000 (Adaptado). A consequência do processo de transformação socioeconômica abordada no texto é a a) expansão das terras comunais. b) limitação do mercado como meio de especulação. c) consolidação da força de trabalho como mercadoria. d) diminuição do comércio como efeito da industrialização. e) adequação do dinheiro como elemento padrão das transações.

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GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão trata da Revolução Industrial e a formação do operariado urbano. De acordo com Marx, o proletariado é aquele que só tem sua força de trabalho, e dispõe dela para conseguir sua sobrevivência. O trabalho torna-se uma mercadoria como qualquer outra, e sujeita às oscilações da lei da oferta e da procura. É simples perceber: O excesso de mão de obra que existia, devido à grande quantidade de miseráveis urbanos fazia os salários serem muito baixos.

QUESTÃO 87

A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros, Tudo se transformava em lucro. As cidades tinham sua sujeira lucrativa, suas favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua desordem lucrativa, sua ignorância lucrativa, seu desespero lucrativo. As novas fábricas e os novos altos-fornos eram como as Pirâmides, mostrando mais a escravização do homem que seu poder.

DEANE, P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado). Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços tecnológicos ocorridos no contexto da Revolução Industrial Inglesa e as características das cidades industriais no início do século XIX? a) A facilidade em se estabelecerem relações lucrativas transformava as cidades em espaços privilegiados para

a livre iniciativa, característica da nova sociedade capitalista. b) O desenvolvimento de métodos de planejamento urbano aumentava a eficiência do trabalho industrial. c) A construção de núcleos urbanos integrados por meios de transporte facilitava o deslocamento dos

trabalhadores das periferias até as fábricas. d) A grandiosidade dos prédios onde se localizavam as fábricas revelava os avanços da engenharia e da

arquitetura do período, transformando as cidades em locais de experimentação estética e artística. e) O alto nível de exploração dos trabalhadores industriais ocasionava o surgimento de aglomerados urbanos

marcados por péssimas condições de moradia, saúde e higiene. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O desenvolvimento acelerado das primeiras fases da Revolução Industrial, a partir do século XVIII, causou o crescimento assombroso e caótico das cidades, fazendo surgir favelas e poluição, e colaborando com as péssimas condições de moradia, saúde e higiene. Observe-se que a alternativa A está correta, mas insere-se em menor proporção no contexto descrito pelo cabeçalho, coisa que a alternativa E melhor faz.

QUESTÃO 88

Na produção social que os homens realizam, eles entram em determinadas relações indispensáveis e independentes de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica da sociedade – fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual correspondem determinadas formas de consciência social.

MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In. MARX, K. ENGELS F. Textos 3. São Paulo. Edições Sociais, 1977 (adaptado).

Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que a) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia. b) o trabalho se constitua como o fundamento real da produção material. c) a consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso humano. d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico. e) a burguesia revolucione o processo social de formação da consciência de classe. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Para Marx, o trabalho é condição fundante do ser humano, forma única e necessária para transformar a natureza em bens úteis para promover a vida. Contudo, especificamente no estágio capitalista, o trabalho é marcado pela forma de exploração do homem pelo homem e de alienação, devido ao assalariamento e ao estranhamento em relação ao fruto do trabalho.

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QUESTÃO 89

A forma de organização interna da indústria citada gera a seguinte consequência para a mão de obra nela inserida:

a) ampliação da jornada diária. b) melhoria da qualidade do trabalho. c) instabilidade nos cargos ocupados. d) eficiência na prevenção de acidentes. e) desconhecimento das etapas produtivas. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A charge sugere que o trabalhador conhece apenas uma etapa do processo produtivo do qual é responsável, ignorando qual seria o produto final. Entre as alternativas possíveis, apenas a letra E se refere a esse desconhecimento do trabalhador sobre todas as etapas.

QUESTÃO 90 TEXTO I

Cidadão

Tá vendo aquele edifício, moço? Ajudei a levantar Foi um tempo de aflição Eram quatro condução Duas pra ir, duas pra voltar Hoje depois dele pronto Olho pra cima e fico tonto Mas me vem um cidadão E me diz desconfiado “Tu tá aí admirado Ou tá querendo roubar?" Meu domingo tá perdido Vou pra casa entristecido Dá vontade de beber E pra aumentar meu tédio Eu nem posso olhar pro prédio Que eu ajudei a fazer.

BARBOSA, L. In: ZÉ RAMALHO. 20 Super Sucessos. Rio de Janeiro: Sony Music, 1999 (fragmento).

TEXTO II O mais trabalhador fica mais pobre á medida que produz mais riqueza e sua produção cresce em força e extensão. O trabalhador torna-se uma mercadoria ainda mais barata à medida que cria mais bens. Esse fato simplesmente subentende que o objeto produzido pelo trabalho, o seu produto, agora se lhe opõe como um ser estranho, como uma força independente do produtor. MARX, K. Manuscritos econômicos(Primeiro manuscrito). São Paulo:

Boitempo Editorial, 2004 (adaptado).

Com base nos textos, a relação entre trabalho e modo de produção capitalista é a) baseada na desvalorização do trabalho especializado e no aumento da demanda social por novos postos

de emprego. b) fundada no crescimento proporcional entre o número de trabalhadores e o aumento da produção de bens

e serviços. c) estruturada na distribuição equânime de renda e no declínio do capitalismo industrial e tecnocrata. d) instaurada a partir do fortalecimento da luta de classes e da criação da economia solidária. e) derivada do aumento da riqueza e da ampliação da exploração do trabalhador.

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GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Mais-valia é uma expressão do âmbito da Economia, criada por Karl Marx que significa parte do valor da força de trabalho dispendida por um determinado trabalhador na produção e que não é remunerado pelo patrão. Também pode ser classificada como o excesso de receita em relação a despesas. A força de trabalho de um trabalhador (considerada também como uma mercadoria por Marx) possui o mesmo valor que o tempo que o trabalhador precisa para produzir o suficiente para receber o seu salário e garantir a subsistência da sua família. Apesar disso, muitas vezes, o valor desse tempo é menor que a quantidade de força de trabalho total. A diferença entre esses dois valores é conhecida como mais-valia. Essa teoria marxista é uma clara crítica em relação ao capitalismo, indicando a exploração capitalista dos trabalhadores, pois os salários pagos eram uma pequena porcentagem do valor equivalente ao que era produzido. Essa teoria foi usada por vários membros do proletariado com o objetivo de receberem melhores salários. Pode também ser qualificada como a diferença entre o salário recebido por um funcionário e o valor do trabalho que produziu. Em um sentido não relacionado com a Economia, mais-valia pode indicar algo ou alguém que é valioso, representando uma vantagem. Ex: Ele é um excelente jogador, é uma verdadeira mais-valia para o seu time.

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