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Revista Teias v. 13 n. 30 391-412 set./dez. 2012 391
RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS:prticas colaborativas e polticas pblicas
Tatiana Stofella Sodr Rossini1
Na presente obra sobre Recursos Educacionais Abertos (REA),
os autores buscam apresentar os desafios para pensar a educao
universalizada e de qualidade em uma sociedade globalizada e
conectada via internet. Trata-se de uma reflexo sobre as relaes
entre as polticas pblicas, REA e a educao. Os recursos
educacionais abertos so materiais de ensino, aprendizagem e
pesquisa veiculados em qualquer suporte ou mdia, que estejam sob
domnio pblico ou licenciados de maneira aberta por licenas de
direito autoral livres, tais como as do Creative Commons, permitindo
que sejam utilizados ou adaptados por terceiros (p. 39). Os autores enfatizam a necessidade de
polticas, planos e programas pblicos que forneam infraestrutura de rede digital adequada para
interligar as escolas com o mundo, propiciem a formao de professores e promovam a produo de
materiais educacionais abertos e livres, levando em conta os usos das tecnologias digitais pelos
docentes e discentes. Conceitos como coautoria e criao colaborativa precisam ser inseridos na
educao formal e tambm em suas novas formas de expresso, como por exemplo, a Educao
Aberta.
Esse livro, devidamente licenciado para remixagem, foi organizado em trs eixos: a)
reflexes tericas; b) experincias e depoimentos e, c) entrevistas. No primeiro eixo, seis artigos
abordam temas sobre prticas educacionais formais ou informais juntamente com a produo de
REA, polticas pblicas e autoria de professores na docncia. No segundo eixo, cinco artigos
discutem a produo de REA na aprendizagem formal e informal, autodidatismo e formao de
professores. No terceiro eixo, cinco entrevistados falam sobre direitos autorais, polticas pblicas e
projetos educacionais.
O primeiro artigo do primeiro eixo Educao aberta: configurando ambientes, prticas e
recursos educacionais (p. 17-33), escrito por Tel Amiel, pesquisador do Ncleo de Informtica
Aplicada Educao da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), discute as propostas da
1 Doutoranda do Programa de Ps-Graduao em Educao (Proped) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro(Uerj), membro do Grupo de Pesquisa Docncia e Cibercultura (GPDOC). Site: .
http://www.docenciaonline.pro.br/http://www.docenciaonline.pro.br/7/23/2019 1380-4157-1-PB.pdf
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Educao Aberta como possibilidades sustentveis e flexveis para repensar o modelo tradicional e
hierrquico de ensino juntamente com as mdias digitais, as quais englobam as interfaces digitais da
Web 2.0, hardwares e softwares abertos ou no. O autor se inspira em Ivan Illich (1973) para
definir a Educao Aberta como um modelo educacional composto por vrias configuraes de
ensino e aprendizagem livres e heterrquicas, onde os diferentes contextos, os interesses dos
participantes (alunos e professores) e o tempo disponvel so levados em conta. Illich sugere uma
sociedade sem escolas, o qual traz o conceito de teias de aprendizagem para o sistema
educacional com trs propsitos: disponibilizar acesso aos recursos para todos que queiram
aprender; possibilitar o encontro de indivduos que desejam partilhar seus conhecimentos com os
que queiram aprender e, dar oportunidade s pessoas que desejarem compartilhar publicamente seus
desafios. Para que essas teias se efetivem, Illich sugere quatro redes as quais podemos relacionar
com acesso ao repositrio de recursos educacionais, troca de experincias entre pares, redes sociais
e suporte educacional.
Segundo o autor, o movimento para Educao Aberta depende de REA, prticas abertas
colaborativas e ambientes educacionais flexveis, podendo coexistir e se relacionar com as
instituies educacionais, emergindo assim os modelos hbridos. Os modelos hbridos buscam
dialogicamente transformar elementos da escola tradicional, desafiando a sua lgica e estrutura,
compartilhando o espao com o ambiente virtual e outras ambincias. Amiel cita os Cursos Abertos
Massivos On-line (MOOCs; Massive Open Online Courses) como um modelo emergente, onde
alunos e facilitadores se renem para aprender um tpico de interesse sem ter um caminho
especfico a percorrer e um ambiente virtual predefinido. O desdobramento do curso depende do
interesse pessoal e coletivo. Esse modelo emergente citado por Amiel remete aos cursos de
Educao a Distncia (EaD), onde a mediao delegada s interfaces digitais. Nesse sentido, vale
destacar que o professor reduzido a um mero facilitador, e os planejamentos de ensino e
aprendizagem redimencionados para alm da linearidade dos modelos predeterminados. O docente
precisa ser muito mais que um facilitador para que o conhecimento se torne significativo ao
estudante. O papel do professor de provocador, de incentivador, de orientador de percursos, o qual
configura um espao de dilogo, de participao e de aprendizagem, estimulando a curiosidade e a
autonomia dos discentes durante a construo colaborativa do conhecimento (SILVA, 2010).
Amiel ressalta tambm que com a popularizao da internet e os avanos das tecnologias
digitais surgiram vrios argumentos para transformar radicalmente o ambiente escolar em
decorrncia do aparecimento de uma nova gerao tecnolgica, os nativos digitais (PRENSKY,
2001). Para ele, o sistema educacional j vem sendo criticado desde o sculo XX por vrios
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pensadores, Spencer, Dewey, Freinet e Montessori, em razo do seu modelo unidirecional baseado
no falar-ditardo mestre(SILVA, 2010) e na diviso do espao e do tempo preestabelecidos de
forma rgida e autoritria. importante ressaltar que a aprendizagem acontece em diversos
espaostemposque fazem parte da nossa vida, ou seja, nas mltiplas redes educativas nas quais
ensinamos e aprendemos nos/dos/com os cotidianos (ALVES, 2008).
O autor alerta que para promover uma educao mais aberta no significa acabar com as
instituies, mas sim transform-las independentemente dos sistemas tecnolgicos. Ele tambm
ressalta que associar a qualidade educacional meramente com os investimentos pblicos em
recursos digitais poder ocorrer excluso digital e a iniquidade, pois muitas vezes a escola absorve
os recursos em sua prpria lgica de operao, no permitindo o surgimento de inovaes. Cabe
aqui ressaltar que ns do Programa de Ps-graduao em Educao da Universidade do Estado doRio (Proped/Uerj) da linha de pesquisa dos cotidianos, redes educativas e processos culturais,
entendemos que a escola produz conhecimento, independentemente das polticas pblicas que a
regem e a normatizam. Por meio de tticas articuladas s aes cotidianas, os praticantes
conseguem burlar o sistema aparentemente hegemnico, propiciando a inovao e a criatividade.
Nos processos pedaggicos cotidianos as aes so tecidas em conjunto, de forma nica e singular
em cada escola. A escola no s aparelho ideolgico do estado, sobretudo, uma rede educativa.
As mltiplas redes educativas que se formam dentrofora das escolas possibilitam alunos e
professores a criarem e recriarem conhecimentos (ALVES; BERINO; SOARES, 2012).
Tel Amiel destaca a importncia dos REA para a reconfigurao de prticas pedaggicas,
uma vez que eles promovem a produo, a apropriao e o compartilhamento de bens culturais
comuns (commons). Assim, o alto custo destinado ao Programa Nacional do Livro Didtico
(PNLD) poderia se minimizado com a participao de professores e alunos na autoria crtica na
construo de REA. Tanto a logstica de distribuio quanto ao modelo de compra e gesto de
propriedade intelectual acarretam gastos anuais de 1,3 bilho de reais, tendo direito apenas s
unidades impressas e no podendo fazer nenhuma adaptao dos materiais comprados.
O autor conclui que para solucionar esse problema, faz-se necessrio aliar prticas abertas
ao redor da busca, da criao, dos usos, das reapropriaes, da gesto e do compartilhamento de
REA. A abertura pressupe o compartilhamento e a transparncia como parte de um ciclo produtivo
potencializando a qualidade dos materiais educacionais. Desta forma, outras pessoas e/ou
instituies podem usar e repetir o ciclo, propiciando o conhecimento aberto. Isso implica em
ideologia educacional tendo a escola como uma organizao de aprendizagem onde h umapostura crtica do conhecimento e da expanso do conceito de autoria, manipulao e adaptao de
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recurso didtico aos vrios contextos de aprendizagem e prticas educacionais flexveis. Para ele os
REA, as prticas e os ambientes abertos possibilitam a experimentao, a criatividade e o
compartilhamento de atividades, tcnicas, planos, modelos e configuraes de sucesso ou dilemas
desafiadores, fornecendo oportunidades de aprendizagem valiosas.
Embora o texto apresente conceitos chaves para essa discusso, o mesmo se restringe s
potencialidades das tecnologias digitais, esquecendo-se do papel importante da mediao docente e
da interatividade (SILVA, 2011) nesse processo. As tecnologias juntamente com a abertura do
conhecimento no mudam o modus operandi tradicional de ensino.
O segundo artigo REA: o debate em poltica pblica e as oportunidades para o mercado
(p.35-69), escrito por Carolina Rossini, coordenadora do projeto REA-Brasil, e Cristiana Gonzalez,
pesquisadora do grupo de pesquisa em polticas pblicas para o acesso informao daUniversidade de So Paulo (USP), tem como objetivo discutir as fragilidades do PNLD e os
Projetos de lei que estimulam a criao de polticas pblicas para o uso de REA. As autoras citam
Paulo Freire (2009) no incio do texto, destacando a importncia da autoria, da dialgica e da
horizontalidade na internet, a qual contribuiu para a emergncia dos REA.
Elas abordam a fragilidade estrutural no PNLD onde a elaborao do contedo e a produo
industrial do livro so tratadas de forma conjunta. Isso significa que as grandes editoras detm o
monoplio da produo de livros didticos e os direitos autorais das obras, inviabilizando acapacidade de competio entre editoras de menor porte e de pequenos autores. Alm disso, as
editoras tm altos ganhos econmicos em funo dessa lgica, onde no h licitao por ser um
servio em que h exclusividade2e baixo poder de negociao de preo com o Governo, fornecendo
materiais impressos de baixa qualidade.
Gonzalez e Rossini sugerem a separao das duas fases - elaborao do contedo e a
produo industrial do livro - acompanhada de uma poltica de direitos autorais. Assim, segundo as
autoras, o Governo deveria adquirir os direitos autorais diretamente pelos autores, remunerando-os
como forma de valorizar o trabalho de criao deles, para depois encomendar a confeco dos
livros por meio de concorrncia e, disponibiliz-los na internet devidamente licenciados. Elas
afirmam que de acordo com experincias internacionais, com adoo de polticas para REA os
gastos pblicos sero reduzidos significativamente, alm de ampliar o acesso a contedos de
excelncia para produo do conhecimento.
2 A exclusividade no fornecimento de um produto configura uma das hipteses de inexigibilidade de licitao,conforme previsto no Artigo 25, Inciso I da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993.
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As pesquisadoras concluem que para que essas sugestes sejam atendidas algumas medidas
necessitam ser articuladas, tais como: reforma da Lei de Direito Autoral (Lei 9.610/1998),
divulgao do preo do livro no atacado, organizao de uma comisso para investigar os elevados
preos, criao de uma poltica de incluso digital nas escolas, capacitao tecnolgica e
reconhecimento de professores utilizando REA e a elaborao de um guia pedaggico para a
utilizao dos mesmos. Vale a pena destacar que o professor no se capacita, mas se educa ou se
forma por meio de experincias formativas multirreferenciais. A multirreferencialidade
(ARDONO, 1998) parte do princpio de que os saberes precisam ser articulados e vivenciados na
pluralidade de suas construes e instituies. Na pesquisa-formao no podemos separar pesquisa
de ensino, os sujeitos de suas aes, as universidade da escola e da cidade e, estas do ciberespao.
Nesse sentido, h uma recursividade e imbricao prtico-terica de conceitos e dispositivos
oriundos de diferentes espaos multirreferenciais de aprendizagem (SANTOS, 2011).
Embora o texto apresente uma discusso muito densa no que diz respeito s polticas
pblicas e aos programas governamentais, cabe ressaltar que as autoras ainda se sustentam em
conceitos de EaD. Por exemplo, de acordo com elas, os contedos digitais que so responsveis
por realizar a mediao e que os mesmos possuem funes de interatividade e de redes sociais. O
conceito de interatividade aqui tratado reduzido interao homem-computador, e no o qual
envolve um mais comunicacional (SILVA, 2010) entre professores e cursistas. Da mesma forma
que Amiel d mais nfase aos recursos digitais, Gonzalez e Rossini tambm se esquecem do papel
essencial do professor como mediador nesse processo.
O terceiro artigo, Educao aberta: histrico, prticas e o contexto dos recursos
educacionais abertos (p. 71-90), escrito por Andreia Inamorato dos Santos, consultora
internacional em educao a distncia e tecnologia educacional, bem como pesquisadora em
recursos e prticas educacionais abertas, discute conceitos e prticas de educao aberta,
ressaltando que no h um consenso na academia quanto sua definio em razo de poder ser
constituda por um conjunto de prticas de diferentes vertentes educacionais. Em sua acepo, a
Educao Aberta caracterizada por um conjunto de prticas, tais como: liberdade do local de
estudo, aprendizagem por mdulos conforme o ritmo do estudante, autoinstruo com
reconhecimento formal ou informal da aprendizagem, acesso gratuito aos cursos oferecidos,
ausncia de pr-requisitos para cursar uma determinada disciplina, acessibilidade s pessoas com
deficincia, utilizao de REA na educao formal ou informal criados por professores e alunos,
prticas pedaggicas centradas no discente, utilizao de softwares abertos e acesso aberto ao
repositrio de pesquisas cientficas, dentre outras.
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A autora apresenta algumas terminologias que acompanham a Educao Aberta, tais como:
aprendizagem aberta, aprendizagem a distncia ou EaD, REA, prticas educacionais abertas (PEA),
educao inclusiva, acesso aberto, licena aberta, cdigo aberto, open courseware, e-learning ou
aprendizagem virtual, aprendizagem mvel e curso aberto onlineem massa (MOOC).
Santos atribui o sucesso da Educao Aberta mundo afora por apoiar-se a uma metodologia
centrada no aluno. No entanto, no ciberespao no temos centros fixos. Afinal rede no linear e
nem centralizadora. Nem as redes telemticas e nem o currculo em rede trabalham na lgica da
centralizada. Os centros so mveis e se movimentam pelas dinmicas autorias dos seres humanos
com e dos objetos tcnicos. O problema aqui no deslocar a centralidade do professor ou dos
materiais didticos para o aluno. O desafio criar e desenhar currculos que se auto-organizem em
rede, considerando que professores, alunos e toda infraestrutura devem ser pensados relacionados.Esta coisa de colocar o aluno no centro tpico dos programas de EaD (SANTOS, 2005).
A autora cita a Open University como fonte de inspirao para a criao de outras
universidades abertas, como por exemplo, a Universidade Aberta do Brasil (UAB). Ela destaca a
flexibilidade na admisso de estudantes e o acesso gratuito educao formal como duas
caractersticas importantes. A qualidade nessas universidades assegurada por um rgido processo
de aprendizagem e avaliao para que o estudante obtenha o certificado. A pesquisadora enfatiza
que a Open University oferece uma aprendizagem aberta apoiada, onde o cursista tem contatoindividualizado com o professor, podendo ser via e-mail, chat, telefone e videoconferncia.
Tambm oferece um curso inicial (openings) que prepara o estudante para a EaD, sendo necessrio
muita autodisciplina. A flexibilidade dos cursos permite o estudo por mdulos, que podem ser
convertidos em qualificao especfica ou de grau aberto. O grau aberto quando o participante
faz a quantidade de crditos necessrios para uma graduao, mas no se especializou em nenhuma
disciplina.
Segundo a pesquisadora, na Educao Aberta, o material elaborado para quem estudasozinho (autoestudo) e disponibilizado em vrios suportes digitais (arquivos, recursos educacionais
abertos, materiais digitais, web sites, ambientes virtuais) e fsicos (livro). O apoio aprendizagem
pode acontecer tambm por meio de softwaressociais, possibilitando encontros pr-programados
presenciais ou virtuais entre aluno-professor e aluno-aluno. Santos ressalta que muito comum os
REA serem considerados como educao aberta. No entanto, estes so uma das prticas dela,
podendo ser adotados tambm contedos com direitos autorais reservados.
Portanto, para ela existem vrios tipos de abertura. No caso dos REA, a abertura se refere aouso, compartilhamento e reapropriao dos contedos digitais e/ou plataformas tecnolgicas
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devidamente licenciadas para esses fins. Nas universidades abertas citadas acima, a abertura se
refere ao acesso livre e gratuito de todos educao superior sem necessidade de requisitos prvios.
A autora menciona Gourley e Lane (2009) para falar sobre a oferta de recursos educacionais
pblicos desde 1971, por meio das mdias de massa (televiso, rdio e livros). Segundo eles, dois
fatores contriburam para fornecer novas formas de interao entre o estudante e o contedo: os
avanos das tecnologias digitais como plataformas multidirecionais, interativas e colaborativas
conectadas em rede e novas formas de licenciamento para materiais digitais.
A pesquisadora posiciona os REA na Declarao na Cidade do Cabo sobre a Educao
Aberta, realizada em 2007, para incentivar a utilizao, o compartilhamento, a reapropriao e a
produo destes como forma de ampliar o acesso ao conhecimento, encorajando todos os atores
sociais (professores, estudantes, editoras, instituies de ensino e governos) para participarem domovimento REA. Por meio de prticas educacionais abertas os REA envolvem as seguintes
dimenses: os atores sociais, os suportes tecnolgicos que viabilizam a disponibilizao, o
compartilhamento e a produo de REA e, os contextos sociais. Santos conclui que no basta
disponibilizar recursos digitais licenciados sem pensar em prticas de ensino e aprendizagem
adequadas e polticas pblicas que apoiem e incentivem essa iniciativa, como por exemplo, as
prticas educacionais abertas.
Embora esse captulo contribua para um melhor entendimento das prticas educacionaisabertas utilizando os REA, Andreia enaltece um modelo comunicacional massivo centrado no
autoestudo, tendo como novidade as tecnologias digitais conectadas em rede como suportes para
disseminar mundialmente a educao aberta. Assim, a mediao ocorre entre o cursista e os
contedos digitais, tornando o docente como um simples tirador de dvidas. A modalidade de
ensino, em tempo de cibercultura, utilizando interfaces comunicacionais em rede a educao on-
line, a qual proporciona o estar junto virtual (VALENTE, 1999) mesmo estando os participantes
geograficamente dispersos.
O quarto artigo, Professores-autores em rede (p. 91-108), escrito por Nelson De Luca
Pretto, professor e ativista da Faculdade de Educao da Universidade Federal da Bahia (UFBA),
aborda as transformaes na produo do conhecimento e o fazer educao centrados na
colaborao e no compartilhamento dos dados de pesquisas. Pretto cita alguns projetos nessa nova
forma de fazer cincia, dentre eles o Science Commons. O Science Commons possibilita que
pesquisadores do mundo todo possam compartilhar as suas descobertas abertamente, propiciando o
desenvolvimento de novas solues para os problemas investigados e o acesso global aoconhecimento.
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Nelson ressalta que o movimento de SoftwareLivre teve como projeto pioneiro de produo
colaborativa, o sistema operacional GNU/Linux. Segundo ele, est sendo criada uma infraestrutura
que possibilite uma maior participao da sociedade na produo de culturas e de conhecimentos,
demandando a criao de polticas pblicas que garantam a formao do cidado e ao mesmo tempo
enalteam os valores culturais locais (esta palavra fundamental, pois garante a singularidade das
diversidades culturais, fazendo elas se comunicarem com o mundo), possibilitando interaes com
o mundo. As polticas pblicas devem ser articuladas intensamente com diversas reas do saber
(telecomunicaes, cultura, cincia, tecnologia e o desenvolvimento industrial) principalmente em
razo das potencialidades das tecnologias digitais de informao e comunicao. Esta pluralidade
de aes que pode garantir a efetividade das polticas, uma vez que no Brasil, quando acontecem,
se fragmentam dentro dos ministrios, das polticas pblicas e dos Governos. Pensar a educao
utilizando os REA demanda conexes de banda larga de qualidade, transformaes na legislao
sobre o direito autoral e nos financiamentos da cultura com recursos pblicos, implementao de
polticas que visem o uso de softwares, hardwarese padres livres e abertos, dentre outras aes
articuladas.
O autor faz uma reviso histrica sobre os livros didticos at chegar aos REA. Para ele, as
culturas no se devem fechar nelas mesmas, mas sim interagirem com outras culturas e com a
cultura global, que tenta ao mesmo tempo, homogeneiz-las. Dessa forma, elas se mantm vivas,
criando novas culturas e conhecimentos, superando a dicotomia entre o regional e universal. Nesse
sentido, a criatividade favorecida quando articulada com a educao, a cincia, a cultura, a
tecnologia, dentre outras reas, contribuindo para a formao de cidados crticos e professores
autores. Pretto enfatiza que precisamos resgatar a dimenso fundamental da educao, como espao
de colaborao, criao, compartilhamento e generosidade. A educao e os movimentos de
softwarelivre, formatos abertos, padres livres e os REA possuem a mesma filosofia de abertura e
compartilhamento. O autor cita a tica hacker como um valor que deveria ser agregado a qualquer
profisso, onde todas as pessoas se unem para atingir um mesmo fim: compartilhar o seu
conhecimento propiciando a construo colaborativa. No entanto, segundo o autor, polticas
pblicas e crticas em relao s informaes de baixa qualidade e plgios na internet tentam
combater os espaos plenos de compartilhamento, impondo mtricas, avaliaes, restries e
controles inadequados essncia da cibercultura.
Pretto destaca que os professores precisam se inspirar no trabalho colaborativo dos hackers
se tornando autores dos processos educacionais. Ele faz uma referncia a Himanen (2001) o qual
prope a filosofia hackercomo princpio, ou seja, produzir em rede a partir do que j foi criado,
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buscando sempre melhores solues e inovaes. A autoria propicia a criao, a colaborao e o
compartilhamento de conhecimento. Nesse sentido, as diferentes produes so enaltecidas e
transformadas, possibilitando novas formas de aprender e criar. O autor chama de ecossistema
pedaggico quando todas as partes esto envolvidas com e nas redes digitais, juntamente com a
produo de materiais didticos. Esses materiais no podem ser considerados como definidores dos
processos formativos, mas sim como elementos que contribuem para a construo do ecossistema.
Nelson Pretto conclui que os REA devem ir alm da simples disponibilizao gratuita de
grandes centros (escola broadcasting), disponibilizando contedos genricos de forma global. Para
isso os mesmos necessitam ser abertos contribuindo para a autonomia e a produo de
conhecimento em contextos diversos. A abertura pressupe no domnio social a liberdade de uso, de
contribuio e de compartilhamento e, no domnio tcnico, o uso de formatos abertos e de softwarelivre. Os REA possibilitam a produo dinmica de conhecimentos e culturas em rede,
compartilhando descobertas, aprendizados, ideias, dentre outros. Essa dinmica depende
diretamente da atuao de docentes e discentes na construo de novas possibilidades educacionais
articuladas a saberes emergentes com os tradicionais, induzindo criao de polticas pblicas de
formao de professores para alm de meros consumidores de informao.
Esse captulo evidencia a importncia do papel do professor e do aluno como protagonistas
para as transformaes nos atuais processos educacionais, contribuindo para a autonomia naproduo de conhecimento e a formao de cidados crticos perante as informaes
disponibilizadas na web. Nesse sentido, Pretto tem razo ao afirmar que os REA contribuem para
potencializar o compartilhamento, a remixagem, a colaborao e a criao de materiais
locais/globais que podem ser ressignificados por qualquer pessoa ou instituio de ensino de
diferentes localidades do mundo.
O quinto artigo, Formatos abertos (p. 109-120), escrito por Sergio Amadeu da Silveira,
professor-adjunto da Universidade Federal do ABC e membro do Comit Gestor da Internet noBrasil, discute a dimenso social dos formatos digitais, abordando a transio do capitalismo
industrial para o cognitivo. O autor cita Alan Kay para definir o computador como metameio
(produtor de novos meios de comunicao) e o digital como metalinguagem (linguagem binria
hegemnica). A partir de uma viso crtica da dominao do capitalismo ocidental em relao aos
avanos da comunicao digital, Silveira comenta que as prticas culturais utilizam a
metalinguagem digital, onde todos os artefatos so convertidos em cdigo binrio. Para ele a
cibercultura constituda por um intenso controle e uma intensa comunicao social conectada emredes digitais, completamente dependente desoftwaresque so utilizados em nosso cotidiano.
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Sergio destaca que com os avanos tecnolgicos as culturas se tornam mais prximas,
podendo ocorrer tanto polticas de isolamento e de combate ao diferente quanto a hegemonizao
de valores a partir de um centro de elite. Segundo o autor, a comunicao de massas dissemina
contedo e a em rede, dissemina processos e plataformas de interao, as quais dependem de
padres, protocolos e formatos. Toda informao codificada em um formato, podendo este ser
proprietrio (protegido por copyright) ou aberto (liberdade de criao, uso, remixagem,
compartilhamento). Para ele, os formatos proprietrios so meios de condicionar, determinar,
bloquear, controlar e aprisionar a comunicao e a memorizao dos dados digitais, sendo na
maioria das vezes, com intuito de obter ganhos financeiros. Tanto a leitura e a mediao de
formatos so realizadas porsoftwarescapazes de interpret-los.
O autor comenta sobre o formato aberto ODF (Open Digital Format) baseado na linguagemXML (Extensible Markup Language) que pode ser utilizado por qualquer programa destinado ao
armazenamento de textos, planilhas, bases de dados, desenhos e apresentaes, garantindo a sua
independncia de plataforma. Ele ressalta que os educadores precisam atentar-se aos usos em
relao aos formatos, principalmente na produo de REA. Os formatos abertos so indicados para
a construo colaborativa, compartilhamento, remixagem e uso, tendo as suas especificaes
devidamente documentadas e acessveis a todos. O autor conclui que os formatos abertos so
impulsionados para garantir a produo de REA e seu compartilhamento de forma livre,
colaborativa e diversa.
Com um olhar crtico em relao crescente dependncia da sociedade da informao por
softwaresproprietrios, Sergio deixa transparecer certa preocupao acerca da influncia cultural
dos grandes centros mundiais hegemnicos. A partir de uma viso tecnicista, apoiada em Norbert
Wiener (1961), a cibercultura reduzida comunicao e controle. Na verdade, as transformaes
socioculturais demandadas pela insero das tecnologias cada vez mais presentes nos cotidianos das
pessoas, as quais propiciam novas formas de produzir, compartilhar e construir conhecimento de
forma livre e aberta. Portanto, o controle cada vez mais perde espao para a liberdade. No entanto,
importante o conhecimento tcnico e poltico destes assuntos ligados infraestrutura e processos
livres da cibercultura, por parte das diversas redes educativas, que dificultam a apropriao e
prticas de abertura na sociedade civil organizada. Nesse sentido, faz-se necessria a incluso dessa
temtica nos programas de pesquisa e formao de professores, comunicadores, tecnlogos e das
cincias em geral. Tambm essa discusso necessita fazer parte na teoria e prtica das escolas e
universidades. Enfim, nas diversas redes educativas e espaos multirreferenciais de aprendizagem,
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ou seja, articular e vivenciar na pluralidade dos saberes do cotidiano, das artes, da filosofia, das
cincias (ARDONO, 1998).
O ltimo artigo do primeiro eixo, REA na educao bsica: a colaborao como estratgia
de enriquecimento dos processos de ensino-aprendizagem (p. 121-129), escrito por LilianStarobinas, professora de histria no ensino mdio da escola Vera Cruz, pesquisadora do tema
tecnologias digitais, educao e sociedade, faz uma reflexo sobre a adoo de REA como
possibilidade para transformaes positivas na aprendizagem, como por exemplo, a diversidade, a
abertura (liberdade de uso, formatos tcnicos abertos) , a dinamicidade de contedos e a autoria do
professor. Lilian destaca que com os REA o enfoque muda, para os seus usos e as suas associaes
interdisciplinar, e no somente para o contedo em si, visando o compartilhamento do
conhecimento e a criatividade.A autora enfatiza que para incentivar uma prtica educacional baseada na criao preciso
que os acessos, os usos e a disponibilizao de produtos culturais sejam simplificados. Ela cita a Lei
9.610 de Direitos Autorais que permite a utilizao de trechos de obras e/ou obras em recursos
educacionais. No entanto, Starobinas ressalta que as empresas, instituies e herdeiros de autores
desaconselham essas prticas em contedos protegidos por direitos autorais. Lilian conclui que para
disseminar a cultura de uso de REA requer no s a autoria do professor, como tambm, a dos
alunos na construo e disponibilizao do conhecimento na internet, propiciando novas criaes.A autora prope uma postura dialgica na produo de REA entre docentes e discentes. No
entanto, Lilian coloca o professor no centro do processo de criao e ressignificao de materiais
pedaggicos, caracterizando os alunos como autores indiretos. A avaliao do conhecimento precisa
ir alm do foco avaliativo, tomando os percursos formativos e as produes dos alunos como REA.
Embora Starobinas valorize a autoria de professores e de alunos nos processos formativos, ela
refora a predominncia da voz do docente em relao aos demais sujeitos.
O primeiro artigo do segundo eixo Materiais didticos digitais e recursos educacionais
abertos (p. 133-142), escrito por Bianca Santana, educadora e pesquisadora dos usos das
tecnologias digitais na educao, membro da Casa da Cultura Digital, em So Paulo, e do Instituto
Educadigital, aborda a utilizao de recursos educacionais digitais em sala de aula nos moldes do
material didtico impresso ou do quadro-negro e giz. A autora aborda os Programas Nacionais de
Livro Didtico de 2013 e 2014 que contemplam a compra de contedos digitais prontos para serem
consumidos, ou seja, fechados e sem a possibilidade de criao, ressignificao e adaptao.
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Bianca destaca a importncia dos livros didticos e dos materiais de apoio no processo de
ensino-aprendizagem no Brasil, os quais necessitam ser produzidos com rigor conceitual,
competncia pedaggica e vigilncia tica. A pesquisadora cita Certeau (1994) para enfatizar que a
relevncia dos materiais educacionais somente existe a partir das diversas possibilidades de usos,
devendo ser analisados individualmente a fim de no classificar os praticantes como meros
consumidores e disponibilizadores de informaes. Segundo a autora, a educao no sofreu
nenhuma transformao significativa demandada pelas tecnologias digitais, pois ainda est centrada
no professor-fornecedor que transfere conhecimento aos alunos-receptores.
Santana faz referncia ao professor Nelson Pretto (2008) para vislumbrar uma possibilidade
de transformao social a partir da introduo de uma lgica colaborativa na escola. Tambm
recorre a Andr Lemos (2008) para comentar sobre as prticas sociais cotidianas na internetenvolvendo a remixagem de informao. Ela cita tambm as redes P2P, Wikipdia e o
desenvolvimento desoftwareslivres como evidncias que o teor colaborativo da internet ainda tem
sem mantido. A produo baseada em commons(comum) significa construir conhecimento a partir
de um j existente, o qual possibilita a liberdade de uso e a sua reapropriao, devendo esta seguir
os mesmos moldes da produo.
A autora conclui que os materiais considerados commons e bens pblicos beneficiam
professores, alunos e autores. Para ela, os REA otimizam a utilizao de recursos pblicos, criam asoportunidades de envolver educadores e estudantes no processo criativo de produo dos mesmos e,
propiciam a formao continuada dos mesmos. Os REA so vistos como possibilidades de
concretizar algumas mudanas sociais, principalmente em relao aos direitos da propriedade
intelectual.
Esse relato traz uma contribuio importante em relao s prticas colaborativas na escola
articulando-as com as prticas cotidianas envolvendo as tecnologias digitais conectadas em rede.
Embora no se aprofunde no assunto, Santana consegue situar o leitor em relao ao estado da artedo movimento REA.
O segundo depoimento, Aberturas e rupturas na formao de professores (p. 143-152),
escrito por Priscila Gonsales, diretora cofundadora do Instituto Educadigital,faz um relato sobre a
sua experincia com o projeto de formao continuada de professores, Educadigital (IED), para
produo, compartilhamento, remixagem e uso de REA. O IED gestor regional do projeto REA-
Brasil e alm da formao de professores em REA, tem como objetivo apoiar a criao de poltica
pblica que viabilize recursos financeiros para a sua consolidao e acessibilidade a todos.
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Inspirada em Paulo Freire (2000), Gonsales afirma que so os prprios docentes que tem o
poder de transformar as suas prticas em REA, sendo autores de seus processos formativos e ao
mesmo tempo coautores de outrem. Priscila cita um projeto similar ao IED nos Estados Unidos no
Institute for the Study of Knowledge Management in Education (ISKME), destacando o seu
financiamento por instituies filantrpicas privadas. Esse projeto desenvolveu um repositrio de
REA, o qual pode receber vrios formatos, licenciado pela Creative Commons. Tambm adotou
uma abordagem inovadora, conhecida como Design Thinkingdos autores Pinheiro e Alt (2012), na
formao de professores com o intuito de estimular constantemente a cocriao e a colaborao na
soluo de problemas a partir do valor percebido pelas pessoas.
A autora finaliza que novos modelos de negcio baseados no conceito de abertura esto
surgindo e que preciso tornar o mundo cada vez mais acessvel e possvel a todos, dialogando comgrupos editoriais tradicionais proprietrios dos direitos autorais. A Web 2.0 j possibilita a
colaborao, a cocriao e a troca, mas necessrio que estejamos preparados para mudar e inovar.
Em uma perspectiva de formao continuada de professores, Gonsales nos leva a refletir sobre
aes necessrias para a formao de professores tendo os REA como possibilidades para
alcanarmos a autoria, a autonomia, a cocriao e a colaborao.
O terceiro depoimento, Recursos educacionais abertos na aprendizagem informal e no
autodidatismo (p. 153-176), escrito por Rafael Reinehr, mdico endocrinologista formado pelaUniversidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), aborda os REA na educao no formal e no
autodidatismo como novas formas de aprender em conjunto com outros indivduos
independentemente de tempo e lugar. Segundo Rafael, a aprendizagem distribuda acontece quando
o professor deixa de ser o centro, permitindo a autonomia, a criatividade e a interao entre os
participantes.
Reinehr cita Illich (1973) para falar sobre a sociedade convival onde a partir das interaes
sociais que acontecem as verdadeiras possibilidades de evoluo, enaltecendo as singularidades einteresses de cada um, a multiplicidade de caminhos para se chegar ao conhecimento. O autor cita
os cursos on-line abertos massivos (Massive Open Online Courses) como ambientes que estimulam
a participao, a colaborao, o compartilhamento de informaes, alcanando um nmero grande
de pessoas, sendo estes geridos pelos prprios participantes. Esses cursos no tem um percurso a ser
seguido, so livres, abertos, distribudos e gratuitos, sendo constitudos por interfaces da Web 2.0.
Rafael faz referncia teoria do conectivismo para justificar o poder das redes que
constituem a sociedade em relao educao formal oferecida pelas instituies de ensino. Oconectivismo uma teoria de aprendizagem desenvolvida por George Siemens (2005) e Stephen
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Downes a qual leva em considerao a forma como a tecnologia influencia na comunicao e
aprendizado. Segundo essa teoria, o processo de aprendizagem ocorre internamente como redes
neurais e externamente como redes que ativamente formamos. A autonomia, a diversidade, o grau
de abertura, a conectividade e interatividade fazem parte do princpio conectivista, estimulando a
produo e o compartilhamento de conhecimento.
Ele afirma que a fragmentao do saber se tornou moeda de troca na sociedade do
conhecimento, sendo necessrio conect-lo de forma sistmica e inteligvel para todos. O
conhecimento no est mais nos livros ou nas instituies, mas sim nas pessoas. O autor finaliza
citando alguns exemplos de REA e de algumas propostas inovadoras centradas nos alunos como
formas de revitalizar o sistema escolar atual.
Esse texto de grande relevncia principalmente para ser usado como fonte de inspirao nacriao, compartilhamento e reuso de REA. No entanto, o papel do docente deixado em segundo
plano, exaltando a interao entre pares. A ausncia de planejamento nas atividades e de
professores poder desorientar os indivduos que no tem autonomia suficiente para traar a sua
prpria aprendizagem e tambm empobrecer a qualidade das interaes em razo da falta de
definio de um objetivo a ser atingido.
O quarto captulo, Wikimedia Brasil e recursos educacionais abertos(p. 177-191), escrito
por Heloisa Pait, professora de sociologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Marlia,Everton Zanella Alvarenga, voluntrio da Wikimedia Brasil e trabalha como consultor do programa
de educao no Brasil da Wikimedia Foundation, e Raul Campos Nascimento, voluntrio da
Wikimedia Brasil, destacam a importncia dos recursos educacionais abertos na construo
colaborativa do conhecimento. Heloisa Pait em seu depoimento Uma nova universidade: do
construtivismo digital ao ensino global, compara a internet como um grande livro repleto de
informaes, dotada de uma forma nica de comunicao por meio de interfaces colaborativas. Ela
cita dois momentos distintos da relao entre a educao superior e a internet: a criao do softwarelivre Moodle e a palataforma MITx. O Moodle uma interface heterrquica, simples, livre e
gratuita, que foi inspirada no mtodo construtivista. Todos os rastros dos participantes so gravados
para que sejam analisados as trajetrias e erros pelos professores e pelos prprios alunos. Segundo a
autora, o Moodle permite expandir a sala de aula ainda mais localmente de forma democrtica. No
entanto, em sua viso, um curso de uma determinada universidade nesse ambiente virtual de
aprendizagem encontra dificuldade de ser achado por estudantes e professores de outras
instituies, em razo das informaes estarem dispersas em vrios sites.
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O MITx, para Pait, um ambiente virtual livre que disponibiliza os cursos regulares do MIT
(Massachussetts Institute of Technology) que tem a inteno de tornar-se um laboratrio de
aprendizagem on-line. Ela acredita que a plataforma MITx uma mudana qualitativa em relao
ao Moodle no que diz respeito ao ensino e a aprendizagem global, pois permitir agregao de
vrias plataformas, propiciando a colaborao e a interao entre alunos e professores de diversas
instituies espalhadas pelo mundo. Ou seja, h uma concentrao de informao e de esforos em
um mesmo lugar. A autora finaliza afirmando que a sala de aula um lugar de embate poltico no
sentido de entender o mundo como ele para que aconteam as transformaes. Para isso,
necessrio que os currculos sejam flexveis e globais visando colaborao entre todos os
envolvidos na prtica cotidiana do ensino.
Heloisa faz uma previso de como ser a educao globalizada, citando a iniciativa do MIT,desvinculando os professores das instituies, onde todos os indivduos possam escolher as
disciplinas, montando colaborativamente a sua grade curricular. Contudo, no podemos esquecer
que com o movimento REA, a tendncia centralizar cada vez mais os materiais educacionais em
um mesmo repositrio ou em repositrios interligados para que todos tenham acesso e
reaproveitem, remixem e compartilhem informaes, potencializando a aprendizagem. Mas isso no
o suficiente. Precisamos de mediao docente com vistas interatividade para que o
conhecimento seja construdo colaborativamente e no transferido. A plataforma utilizada no a
centralidade, mas sim a qualidade das interaes entre os participantes.
No relato de Raul Campos Nascimento, A Wikipdia e seu poder de mudar a vida das
pessoas de forma individual e coletivaele fala sobre como a liberdade de expresso, a colaborao
e a autogesto da Wikipdia e os projetos da Wikimedia Foundation tem contribudo para
solucionar problemas, produzir e consumir conhecimento. Ele comenta que a chave da economia
atual o compartilhamento do conhecimento, de valor imensurvel.
Everton Zanella Alvarenga em seus relatos O sonho de uma biblioteca infinita e Omovimento Wikimedia no Brasil, fala sobre o processo colaborativo da construo dos textos
enciclopdicos na Wikipdia e que com a pouca quantidade de artigos em portugus, motivou ele a
criar uma rede social na USP para compartilhar todo o conhecimento transmitido nas salas de aula,
inspirado pelo Open CourseWare do MIT. Ele encontrou alguns desafios, como por exemplo, a
dificuldade de implementao tecnolgica e, principalmente, a resistncia de professores e alunos
quanto mudana de paradigma, pois estavam acostumados a usar e no a produzir para o acesso
ao livre conhecimento. Segundo o autor, poucas universidades no Brasil aderiram a ideia dedivulgar livremente seus cursos on-line.
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Atualmente ele voluntrio do movimento Wikimedia Brasil a qual promove a produo de
conhecimento e o compartilhamento de REA, principalmente nas lnguas portugus e indgena. No
entanto, a qualidade dos materiais produzidos por voluntrio em portugus questionada, quando
comparados com as verses em outras lnguas. Com isso, ele tem como objetivo, envolver cada vez
mais voluntrios na construo de REA, trabalhando com educadores e universidades em prol de
um conhecimento livre qualificado e diverso.
O quinto relato, Produo de REA apoiada por MOOC(p. 193-217), escrito por Marcelo
Akira Inuzuka, professor do instituto de informtica da Universidade Federal de Gois (UFGO), e
Rafael Teixeira Duarte, administrador de redes e sistemas GNU/Linux ,fala sobre o estudo de caso
de um curso de HTML da Universidade Federal de Gois que seguiu o modelo Massive Open
Online Course (MOOC). O MOOC baseado na teoria de aprendizagem conectivista que utilizaREA, a qual no h qualquer restrio ou pr-requisito para participar. O MOOC construdo
dinamicamente de acordo com o engajamento e os interesses dos participantes, embora tenha
cronograma predefinido e tpicos para estudo. No existe turma ou grupos e todos aprendem e
ensinam de forma ativa. O MOOC, modelo mais eficaz nesse contexto, e o REA, imprescindvel,
fazem parte do movimento da Educao Aberta.
O curso analisado pelos autores utilizou REA em hipertexto disponvel em wiki, web
conferncia, interao sncrona e assncrona via lista de discusso, cronograma dirio de lies eum questionrio fechado para avaliar as experincias dos alunos. Os autores concluem que no
houve participao ativa na produo de REA, apenas compartilhamento de solues entre os
participantes. Eles acreditam que por razes culturais e pela prtica pedaggica os alunos no foram
estimulados a serem autores de seus conhecimentos.
Inuzuka e Duarte constataram um dos problemas recorrentes quando falamos de Educao
Aberta e REA. As tecnologias potencializam as prticas educacionais, porm no substituem a
interveno docente, no so capazes de lidar com o acaso e, no estimulam e motivam osparticipantes a interagirem cada vez mais e com qualidade para construir colaborativamente o
conhecimento.
A primeira entrevista, com o deputado federal Paulo Teixeira pelo Partido Trabalhista de
So Paulo (PT-SP), fala sobre o tema Equilbrio entre os direitos autorais e as necessidades da
educao (p. 221-223). O entrevistado elaborou o Projeto de Lei 1.513/11 que prev que os
materiais educacionais comprados ou financiados pelo poder pblico no possam ter todos os
direitos reservados para autores e editoras. Esse projeto possibilita que o acesso aos materiais
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didticos seja ampliado, evitando o investimento dobrado na produo e compra dos mesmos e
permitindo a adaptao do contedo para realidades regionais.
Segundo Teixeira, a disseminao da prtica de produo de contedos abertos depende de
uma legislao como suporte legal para mudar a lgica da compra de materiais didticos,licenciando as obras em Creative Commons. O deputado tambm ressalta que os livros didticos
podero ser adaptados conforme as necessidades e especificidades de cada regio pelos prprios
docentes e a sua qualidade aprovada por um comit cientfico. Os professores sero estimulados a
produzir contedos por meio de promoo na carreira do magistrio. A estrutura para que os
estados possam adotar esse sistema precisa ser organizada e construda aos poucos.
A segunda entrevista, com o deputado Simo Pedro do Partido Trabalhista de So Paulo
(PT-SP), fala sobre o tema Uma poltica estadual de REA para beneficiar professores, alunos e opoder pblico (p. 225-228). Pedro apresentou o Projeto de Lei 898/2011 que institucionaliza o
REA como poltica pblica em So Paulo. Segundo o deputado, os professores, os alunos e o poder
pblico sero beneficiados no que diz respeito qualidade de contedos flexveis e interessantes a
um custo menor. Tambm os professores que produzirem e compartilharem seus materiais podero
receber incentivos financeiros, alm de crescer pessoal e profissionalmente.
Simo destaca que regulamentar os REA fundamental para que se torne uma poltica
pblica de Estado. No entanto, no h nenhuma poltica de governo para a educao no estado deSo Paulo. Tambm h resistncia de editoras e de autores que no desejam licenciar suas obras
com a possibilidade de cpia e modificao. Para ele, a educao necessita de uma modernizao
pedaggica, incluindo um plano de carreira e uma poltica salarial para os professores. Esse projeto
j tem o parecer favorvel na Comisso de Finanas e Oramento para ir para aprovao no
plenrio. Contudo, h ainda um desconhecimento tcnico dos deputados em relao aos REA e a
possibilidade dos lobbiesfalarem mais alto.
A terceira entrevista, com o deputado Alexandre Schneider do PSD de So Paulo, fala sobre
o tema A experincia pioneira do municpio de So Paulo(p. 229-233). Schneider comenta que a
cidade de So Paulo foi a pioneira na adoo de polticas de REA desde setembro de 2011,
licenciando e disponibilizado on-line todo material didtico. Para o entrevistado, a implementao
dessa poltica requer mais aes prticas do que apenas uma legislao.
Ao ser perguntado como o REA foi adotado, Alexandre explicou que os materiais didticos,
o currculo, as expectativas de aprendizagem foram desenvolvidos colaborativamente por
especialistas e professores. Como recebiam vrias solicitaes de outras cidades para usar os seus
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contedos, com o apoio da Casa de Cultura Digital, da fundao Getlio Vargas e da Creative
Commons no Brasil, foi construda uma plataforma que propiciasse a livre utilizao dos mesmos.
Ele destaca que o emprego desses materiais realizado de acordo com as experincias do
professor e isso possibilitou a realizao de um estudo para preparar esses recursos para que possamser impressos sob demanda. Assim, sero oferecidas oficinas para que os docentes aprendam a
remixar os contedos com qualidade e simplicidade. Como em So Paulo a maioria dos materiais
no so comprados nas editoras, houve apenas um receio por parte dos rgos de controle por falta
de entendimento no que diz respeito ao licenciamento aberto.
O deputado finaliza que a ao mais importante do que os projetos de Lei. Para ele, o REA
a chave para transformar o processo colaborativo nos demais estados, com intuito de garantir uma
estratgia de produo e adaptao.
A quarta entrevista, com a chefe do Departamento de Educao Bsica da Secretaria
Estadual de Educao do Paran Mary Lane Hutner, fala sobre o tema Projeto Folhas e o Livro
Didtico Pblico(p. 235-238). O Projeto Folhas foi um dos pioneiros programas de REA no pas
tendo como pilares o incentivo produo intelectual dos professores e o desenvolvimento de
materiais didticos a baixos custos e adaptveis realidade local. Segundo Mary, o projeto surgiu
como formao continuada de professores como produtores de conhecimento. No incio, os
professores produziam no papel os recursos em razo da falta de suporte tecnolgico. Depois,passaram a postar suas produes em uma plataforma on-line, onde estas eram avaliadas por outros
professores, em seguida pelos tcnicos da disciplina e, finalmente pela Secretaria. Aps a concluso
desse processo, os contedos eram disponibilizados e categorizados por disciplina e srie para
serem compartilhados por alunos e professores. Para garantir o sucesso do projeto, foi feita uma
pontuao associada produo acadmica que deveria seguir as diretrizes curriculares estaduais.
O projeto do Livro Didtico Pblico foi desmembrado do projeto Folhas, a partir de uma
coletnea produzida por professores para alunos do ensino mdio pblico do Paran. Foi um grande
avano econmico no quesito custo, e na aprendizagem de alunos e professores. A viabilidade desse
projeto para os demais estados brasileiros possvel em decorrncia do seu baixo custo. No entanto,
Hutner ressalta que h algumas dificuldades na implementao desse processo uma vez que h
pouco tempo para a produo, resistncia e insegurana na escrita, falta de cultura de pesquisa por
parte dos docentes. Infelizmente o projeto no deu continuidade em virtude da mudana no governo
atual. Para a entrevistada, os Projetos de Lei so meios necessrios para que a mobilizao acontea
e d continuidade ao processo.
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A quinta e ltima entrevista, com a coordenadora do departamento de tecnologia
educacional do colgio Dante Alighieri Valdenice Minatel e a orientadora do projeto Dante em
Foco Vernica Cannata, falam sobre o tema A experincia REA em um colgio tradicional da
cidade de So Paulo (p. 239-243). As entrevistadas relatam sobre os desafios para fazer o
compartilhamento ter um papel importante na educao. A partir de uma oficina de jornalismo do
Dante, Minatel associou o conceito do movimento REA com as prticas j realizadas pela
instituio. Ela tem a inteno de modificar o portal j existente para que professores, alunos e ex-
alunos da escola possam publicar seus contedos e no somente acess-los.
Segundo as entrevistadas, a disponibilizao de contedo na internet ainda est um pouco
nebulosa. Elas ainda tm dvida a respeito de como licenciar e publicar as produes dos alunos e
dos professores de forma tica. No entanto, as mesmas esto tentando mudar a cultura dosprofessores por meio de formao, estimulando o compartilhamento de suas produes e a sua
valorizao. Vale a pena ressaltar que dificilmente a cultura muda. O importante instituir outras
culturas por meio de interaes, as quais convivem e se modificam recursivamente. O REA deve ser
visto como um movimento associado educao e no internet. Valdenice e Vernica finalizam
que os Projetos de Lei e aes nas escolas so muito importantes para a promoo do movimento
REA. Elas idealizam que o ideal seria que os professores tivessem uma disciplina de REA para
saber trabalhar de forma colaborativa. Quanto avaliao dos alunos, segundo as entrevistadas,
ainda no existe uma mtrica para isso.
Recursos educacionais abertos: prticas colaborativas e polticas pblicas (2012), por tudo
isso, apresenta-se como uma obra de grande relevncia para compreenso do estado da arte do
movimento REA no Brasil e os seus desafios e possibilidade em prol de uma educao aberta,
flexvel e democrtica. De uma forma clara e didtica, os autores fornecem informaes e prticas
inovadoras para serem pensadas e aperfeioadas de acordo com os contextos especficos. Esta obra
pode ser considerada um REA, uma vez que est licenciada de forma aberta (Creative Commons)
para consumo, compartilhamento e remixagem de seus contedos em vrios formatos: impresso,
digital e hipertexto.
No entanto, a grande maioria dos autores dessa obra ainda se sustenta em conceitos que no
condizem mais com o esprito do tempo, como por exemplo, utilizar a modalidade Educao a
Distncia para descrever prticas em ambientes virtuais on-line. A educao on-line como
fenmeno da cibercultura vai alm da EaD, e tem contribudo significativamente para a questo da
qualidade das interaes e o sentimento de pertena entre os participantes, que emborageograficamente dispersos, esto juntos em um mesmo espao virtual. Por meio de interfaces
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colaborativas digitais interligadas em rede, as aes de ensino e aprendizagem potencializam a
democratizao da informao, a comunicao e a produo coletiva do conhecimento tanto na
modalidade presencial quanto a distncia (SANTOS, 2011).
Outra observao importante a delegao da mediao docente s plataformas digitais,reduzindo ou excluindo o papel do professor na educao. O uso de tecnologias digitais conectadas
em rede na educao visa potencializar a aprendizagem, alcanando maiores colaboraes entre os
indivduos dispersos no mundo inteiro. No entanto, a mediao docente e a interatividade
continuam sendo elementos essenciais para a construo do conhecimento de forma colaborativa,
autnoma e compartilhada.
O nosso Grupo de Pesquisa Docncia e Cibercultura (GPDOC) da Faculdade de Educao
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (EDU-Uerj) tem desenvolvido estudos e projetossobre docncia e prticas pedaggicas na educao on-line, incluindo questes sobre e-
acessibilidade, em tempo de cibercultura. O nosso principal engajamento com a formao de
pesquisadores e docentes em processos de formao inicial e continuada, tendo como objetivos: a)
investigar os fenmenos sociotcnicos e culturais mediados pelas tecnologias digitais de informao
e comunicao e suas implicaes para os processos de aprendizagem e docncia; b) desenvolver
metodologias de pesquisa e projetos de ensino e aprendizagem que aproximem o currculo escolar
das prticas comunicacionais na cibercultura; c) desenvolver currculos e atos de currculos(didtica) para o exerccio da docncia on-line; e) mapear os saberes docentes para o exerccio da
docncia on-line, e; f) compreender como as interfaces digitais podem contribuir para a produo e
gesto do conhecimento.
Ns trabalhamos a formao docente inicial e continuada com trs fundamentos principais: a
imerso cibercultural, a docncia e a pesquisa dentroforadas instituies educacionais. Esses trs
fundamentos se articulam entre si de forma recursiva com o intuito de propiciar uma base inicial
para a ciberpesquisa-formao. A ciberpesquisa-formao uma metodologia de pesquisaqualitativa que tem como campo de pesquisa-formao a educao on-line. Os processos de
docncia e aprendizagem so concebidos a partir do compartilhamento de saberes, significaes e
dilemas de professores e pesquisadores tendo as interfaces digitais como mediadoras e dispositivos
de pesquisa-formao (SANTOS, 2005). Assim, esses trs fundamentos contribuem para a
ciberpesquisa-formao propiciando a autoria cibercultural de seus participantes. A autoria
encorajada em ambientes virtuais on-line, os quais se configuram espaos formativos de pesquisa e
prticas pedaggicas, contemplando o compartilhamento de saberes e experincias entre todos osenvolvidos no processo, inclusive as pessoas com deficincias sensoriais.
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A formao do professor para a docncia on-line e a apropriao da filosofia da abertura
um desafio que se coloca na medida em que traz junto uma concepo de educao livre, autnoma
e plural. A criao de materiais abertos e licenciados tem como objetivo criar a filosofia de abertura
do conhecimento, onde o compartilhamento, a construo colaborativa, a reutilizao e o uso levam
em considerao os aspectos locais e universais de cada regio. A adoo de formatos e padres
livres nas produes abertas tambm visa contribuir para a sua aceitao no mbito global bem
como a criao de indicadores de qualidade de REA.
Portanto, necessitamos desenvolver aes de pesquisa, prticas pedaggicas, dispositivos e
conceitos sustentados na troca, no dilogo e nas vivncias formativas dos sujeitos envolvidos em
sintonia com a filosofia de abertura planetria com o objetivo de potencializar a autoria cidad na
cibercultura.
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