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UFRJ/Departamento de Linguística e Filologia Prof. Maria Carlota Rosa 10 - Sobre o surgimento de uma língua LINGUÍSTICA I – LEF140

10 - Sobre o surgimento · surgimento da LSN e do ISN, mas duvidou de que fosse possível algo mais ... uma idade em que elas não entendem o que é um jogo da velha, ou de dominó,

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UFRJ/Departamento de Linguística e FilologiaProf. Maria Carlota Rosa

10 - Sobre o surgimento de uma língua

LINGUÍSTICA I – LEF140

KENNEALLY, Christine. 2007. The first word: The search for the

origins of language.

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Se um naufrágio fizesse com que muitos bebês fossem dar a uma ilhadeserta (e assumindo que todas as condições de sobrevivência, comocomida, água, abrigo estivessem presentes), eles desenvolveriam umalíngua?E se eles desenvolvessem, quantos indivíduos seriam necessários paraque isso pudesse acontecer?Como seria essa língua?Como ela seria com o passar das gerações?

As respostas à situação hipotética colocada por Kenneally não são baseadas em experimentos, mas na literatura reunida ao longo de séculos.As respostas foram variadas e aqui são apresentadas algumas delas resumidamente .

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• Paul Bloom, Tecumseh Fitch, Steven Pinker, Irene Pepperberg, Heidi Lyn e Ray Jackendoff responderam sim, o primeiro apontando que bastariam duas crianças e que essa primeira geração teria uma língua rudimentar.

• Para Ray Jackendoff haveria necessidade de pelo menos 30 crianças; • para Lyn, de pelo menos 10. • Philip Lieberman respondeu com o monossílabo “não”. • Michael Arbib traçou um paralelo entre essa situação hipotética e o

surgimento da LSN e do ISN, mas duvidou de que fosse possível algo mais que uma comunicação rudimentar com voz e gestos, a não ser passadas muitas gerações.

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Aquelas perguntas foram feitas novamente, desta vez a vários professores do Dept. de Linguística, pelos meus alunos de Linguística I de 2011-1.

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1 - Miriam LEMLE

Condição essencial de sobrevivência para bebês é cuidado materno. Bebês órfãos em ilha deserta, imagine! Decerto morreriam todos por falta de afeto e cuidados, coitadinhos. A ideia do inatismo da capacidade de linguagem humana nunca previu a possibilidade de emergir linguagem em condições tão ferozes como a orfandade em ilha deserta. Nem precisa ir tão longe: bebês surdos não falam, não. Tentam sinalizar, isso sim. Aliás tem uma história impressionante de crianças surdas que foram reunidas numa escola na Nicarágua e acabaram criando espontaneamente uma língua de sinais.

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Miriam Lemle (cont.)

O que a ideia do inatismo diz é que a mente humana é pré-formatada naturalmente com uma propensão para adquirir gramática, se a criança for exposta normalmente à fala de pai, mãe e toda a gente.O importante nesse tema é compreender o que é o 'argumento da insuficiência dos dados'. É que os dados de língua que a criança recebe a partir das falas a que é exposto são desordenados e por si sós não justificariam a emergência de uma gramática com a facilidade com que emerge nas criancinhas saudáveis expostas à fala em circunstâncias humanamente normais. A gramática costuma estar completinha antes dos três anos de idade, uma idade em que elas não entendem o que é um jogo da velha, ou de dominó, ou cara ou coroa, nem mesmo futebol. Mas falam muuuito.

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Vídeo indicado:https://www.youtube.com/watch?v=_JmA2ClUvUY&feature=player_embeddedLivro indicado: O instinto da Linguagem, Steven Pinker.

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Miriam Lemle (cont.)

2 - Lilian FERRARI

De acordo os Modelos Baseados no Uso (Tomasello, 2003*), há umconjunto de processos básicos para a aquisição de linguagem, entre osquais se inclui a aprendizagem cultural. Embora esses modelos nãodescartem a possibilidade de que habilidades inatas facilitem a aquisiçãoda linguagem, também argumentam que o contato com as estruturasconvencionais da língua, presentes na fala dos adultos, é fundamental.

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*Tomasello, Michael. 2003. Constructing a Language: A Usage-Based Theory of Language Acquisition. Cambridge, MA: Harvard University Press.

Lilian Ferrari (cont.)

Assim, para adquirir uma língua as crianças devem ser capazes de realizarduas operações cognitivas básicas:

(a) "leitura de intenções“: entender a intenção comunicativa dos adultosquando uma nova sequência linguística é usada;

(b) "busca de padrões“: capacidade de criar construções sintáticasabstratas a partir de estruturas concretas e convencionais da língua faladana comunidade em que se inserem.

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Sendo assim, provavelmente os bebês não desenvolveriam uma língua se convivessem apenas com outros bebês, já que esses não poderiam, a exemplo dos adultos, fornecer as precondições necessárias para a emergência das operações cognitivas mencionadas acima.

Lilian Ferrari (cont.)

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3 - Alessandro Boechat MEDEIROS

G(rupo): A questão é: pessoas conseguiriam desenvolver uma língua, mesmo se não tivessem um contato, elas teriam uma língua?A(lessandro): Eu acho que não. Não, não ia acontecer isso não.

G: Por que não?A: Porque você não teria os dados para disparar. A criança, para ela adquirir uma língua, ela precisa dos dados.Se você assume, por exemplo, a Teoria de Princípios e Parâmetros, para fixar os parâmetros precisa dos dados para fazer isso. E, se você tem um monte de pessoas que não falam isso não ia acontecer. Eu suponho que não aconteceria. Apesar de que a situação é um pouco absurda, né? Quer dizer, crianças que são abandonadas na ilha elas não sobreviveriam. Então, você precisaria de alguém, que você poderia supor como uma situação possível para as crianças sobreviverem seria você ter uma porção de gente para cuidar das crianças, mas que não falassem com elas, né? Que também é uma situação esquisita. Eu acho que não, elas não desenvolveriam língua por falta de dados.

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G: Então as outras perguntas se tornariam desnecessárias.

A: É. Eu acho que não, eu acho que não tem as condições mínimas para acontecer isso.

Alessandro Boechat Medeiros (cont.)

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4 - Adriana Leitão MARTINS

Sabe-se que o desenvolvimento da linguagem é possibilitado pela existência, nos seres humanos, de uma Gramática Universal, biologicamente determinada, ou seja, disponível no pacote genético de todos os humanos. É sabido ainda que, para que haja o desenvolvimento de uma língua particular, é preciso que haja exposição do indivíduo aos dados linguísticos do meio, haja vista o caso de “Genie”, que, apesar de possuir uma saúde perfeita, não diferindo de outras crianças, não desenvolveu linguagem como qualquer outra criança saudável por ter sido mantida em isolamento durante o que seria considerado o período crítico de aquisição de linguagem (CURTISS, 1981*).

*Curtiss, S. (1981) Dissociations between language and cognition: cases and implications.Journal of Autism and Developmental Disorders, 11, 15-30.

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No entanto, sabe-se que “Genie” foi mantida em isolamento, durante cerca de 12 anos, e não em contato com outras crianças. É possível imaginar que o desenrolar dos fatos teria sido diferente no caso de crianças – duas ou mais – que chegassem juntas a uma ilha e tivessem todas as condições de sobrevivência. O fato de se ter um aparato genético nos humanos que permita o desenvolvimento da linguagem talvez contribua para o desenvolvimento de uma forma de comunicação linguística – seja gestual ou falada – entre essas primeiras crianças habitantes da ilha.

Adriana Leitão Martins (cont.)

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A necessidade de se comunicar, provavelmente, levaria as crianças a fazerem associações entre um som produzido por seu aparelho fonador ou um gesto – o significante – e um referente no mundo – o significado. Tal associação, a princípio, não caracterizaria uma língua natural, que é definida pela presença de um léxico e uma gramática e, nesse estágio, apenas um léxico estaria sendo estabelecido.

Adriana Leitão Martins (cont.)

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Porém, em gerações futuras, com crianças criadas ainda nesse ambiente, possivelmente uma língua natural começasse a ser desenvolvida, em que regras de concatenação entre os signos fossem estabelecidas e em que houvesse a recursividade linguística. Nesse estágio, portanto, teríamos o estabelecimento de uma verdadeira língua, já que haveria não só o léxico, mas também a consolidação de uma gramática da língua.

Adriana Leitão Martins (cont.)

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Tal interpretação parece plausível quando se considera a criação de uma língua crioula por crianças que crescem em um ambiente linguístico no qual só era utilizado um pídgin (sistema de comunicação rudimentar que não caracteriza uma língua natural). Possivelmente, o pacote genético dos humanos, com suas especificações para o desenvolvimento da linguagem, leve as crianças criadas em um ambiente em que se utiliza apenas o pidgin, assim como as crianças criadas em uma geração futura na ilha relatada aqui, a desenvolverem espontaneamente uma língua natural.

Adriana Leitão Martins (cont.)

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Que seriam as “formas rudimentares” a que vários dos entrevistados fizeram referência?

A “forma rudimentar” faz referência a soluções comunicativas individuais numa situação de contato linguístico.

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Contacto linguístico

William Labov (1971:9-10) denomina essa situação de idioleto multilíngue e exemplifica esse esforço individual com um estudo anterior, levado a cabo por Hamilton van Buren.

Esse estudo focalizou Obasan, uma japonesa vivendo no Havaí, na época, na casa dos 70 anos.

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Quando falava com seus vizinhos não japoneses, Obasancombinava sintaxe japonesa (como o verbo no final) − emboranem sempre (caso da partícula negativa precedendo o verbo) −com léxico do inglês, japonês e pídgin havaiano.Um exemplo em (10.1), em que ing e jap indicam,respectivamente, a origem inglesa ou japonesa.

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(10.1)me wa niku ga no rikuing. me japjap ing no like eu carne não gostar‘não gosto de carne’

A pronúncia tinha forte influência de sua língua nativa, como ilustrado na mudança, em no riku, de /l/ em /r/ e da vogal /u/ desfazendo uma sílaba que terminaria em /k/. O uso gramatical era inconsistente. Dentre os seus vizinhos, ela era compreendida por um único, falante de inglês.

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Para Labov essa é uma situação que surge, tipicamente, para indivíduos que se tornam isolados no grupo multilíngue: por exemplo, alguém restrito à casa, em contato apenas com filhos e netos.

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Em contacto regular, os falantes adultos de línguas diferentes podem passar a empregar o léxico retirado principalmente de uma das línguas em contacto em enunciados formados a partir de uma gramática comum, desenvolvida com base na própria língua nativa e com pronúncia fortemente influenciada por sua língua nativa. Surge, então, o que se chama pídgin. Um pídgin não tem falantes nativos – em outras palavras, é sempre usado como segunda língua para fins bem específicos e limitados.

PÍD

GIN

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Labov (1971:11) contrasta o idioleto de Obasan com o pídginhavaiano de O-san, um trabalhador japonês cuja idade regulava com a de Obasan, numa conversa sobre caçada de porcos.

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(10.2)Go bark bark bark. All right. He go ... He stop see. Go for the dog. Go for the dog. He no go for you, the man. He no care for man. He go for the dog.

A reduplicação (bark bark bark) marca a continuidade da ação. Não há flexões. Há uma única preposição.

Traços como esses levam a caracterizar um pídgin como uma gramática simplificada.

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Uma geração de crianças em idade da aquisição que tenha um pídgin como sua experiência linguística mais significativa acabará por transformá-la numa língua tão complexa como outra qualquer em alguns anos. Estas línguas são denominadas crioulos.

Lín

guas

cri

ou

las

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Obs.: “Crioulo” vem de criar. Inicialmente seria equivalente a ‘nascido nas colônias’.

No século XVIII, o dicionário de Raphael Bluteau já define o termo como “escravo que nasceu na casa de seu senhor”

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Há cerca de 20 anos, Derek Bickerton (n. 1926) propôs que todas as línguas crioulas eram simples e estruturalmente muito semelhantes, não importa as línguas que as originaram, porque faziam emergir um bioprograma linguístico.

O b

iop

rog

ram

ad

e B

icke

rto

n

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Essa base comum estava à disposição, segundo ele, de qualquer criança de qualquer comunidade linguística entre os dois e os quatro anos (Bickerton, 1983: 108), que só não se torna um falante adulto de crioulo pelo esforço dos pais e demais adultos (Bickerton, 1983: 113).

(10.3)Nobody don’t like meI no like do thatJohnny bigger more than me

Segundo Bickerton (1983: 114) essas frases de crianças são idênticas, respectivamente, a frases do crioulo de base inglesa do Havaí, da Jamaica e da Guiana.

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Para Bickerton (1983: 114), se muitas línguas admitem dupla negação, as únicas línguas que permitem um sujeito negativo com verbo negativo são os crioulos.

MAS e estes exemplos do português antigo?• Nenhum homem não o pode ver os dentes • Nenhum o não convidou (Exemplos extraídos de Historia de mui nobre Vespasiano Imperador de Roma, 1496)

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Segundo Bickerton, isso explicaria por que é mais fácil aprender uma língua crioula que qualquer outra.

Em outras palavras: os crioulos revelariam a gramática universal.

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A proposta de Bickerton recebeu muitas críticas. Um de seus críticosfoi Michel DeGraff, que vem procurando demonstrar que, emprimeiro lugar, crioulos não são línguas mais simples, nemexcepcionais.Afinal: a classificação como crioulo depende do conhecimento dahistória social de uma comunidade linguística, não da estrutura dosdados.

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Google Earth / Google Maps

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Recentemente foi possível observar o nascimento de uma língua de sinais no deserto do Nêgueve (região sul de Israel), numa comunidade estável de cerca de 3500 beduínos de origem árabe, atualmente na sétima geração. O etnônimo Al-Sayyiddesigna esse grupo, todos os membros com relações de parentesco entre si, sendo sua denominação tomada do ancestral comum que, há cerca de 200 anos, migrou do Egito para aquela região e casou-se com uma mulher dali. Há cerca de 80 anos essa comunidade, isolada física e socialmente e, por conta disso com casamentos consanguíneos — eram rejeitados como estrangeiros pelas outras tribos (o que, ao mesmo tempo reforçava o isolamento) — passou a ter um percentual alto de membros com surdez recessiva e com estes surdos surgia a língua de sinais dos beduínos Al-Sayyid (na sigla em inglês, ABSL/Al-Sayyid Bedouin SignLanguage ).

A ABSL é a língua de sinais surgida de modo espontâneo, sem influência nem do hebraico, nem do árabe (que não podiam ouvir), nem da Língua de Sinais de Israel, nem da Língua de Sinais da Jordânia, empregadas na região. A estrutura gramatical sistemática surgiu no espaço de uma geração (Sandler, Meir, Padden & Aronoff, 2005).

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Referências

BICKERTON, Derek. 1983. Creole languages. Scientific American, 249 (1): 108-115.

DEGRAFF, Michel. Creolization, language change, and language acquisition: An epilogue. In: DEGRAFF, M, ed. Language creation and language change: Creolization, diachrony, and development. Cambridge, Mass: MIT. p.473-543.

Historia de mui nobre Vespasiano Imperador de Roma. - Lisboa : Valentim Fernandes, 20 Abril 1496. http://purl.pt/22002/3/#/14

KENNEALLY, Christine. 2007. The first word: The search for the origins of language. London: Penguin Books.

LABOV, Wiliiam. 1971. On the adequacy of natural languages: I. The development of tense. I n: SINGLER, John Victor, ed. 1990. Pidgin and creole Tense-Mood-Aspect systems. Amsterdam: John Benjamins.

SANDLER, Wendy; MEIR, Irit; PADDEN, Carol & ARONOFF, Mark. 2005. The emergence of grammar: Systematic structure in a new language. Proceedings of the National Academy of Sciences/PNAS, 102 (7): 2661–2665.http://www.pnas.org/content/102/7/2661.long