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FICHA TÉCNICAfacebook.com/manuscritoeditora

instagram.com/manuscrito_editora

© 2020

Todos os direitos relativos à chancela Manuscrito encontram-se reservados

para a Editorial Presença, S.A.

Estrada das Palmeiras, 59

Queluz de Baixo

2730-132 Barcarena

Título original: Escrever direito por linhas tortas

Autora: Joana Rombert

Copyright © Joana Rombert, 2020

Copyright © Editorial Presença, S.A., 2020

Capa: Vera Espinha/Editorial Presença

Revisão: Caligrama – Produção editorial/Editorial Presença

Paginação: Susana Rainho Monteiro

Impressão e acabamento: Multitipo – Artes Gráficas, Lda.

ISBN: 978-989-8975-36-2

Depósito legal n.º 463 603/19

1.a edição, Lisboa, fevereiro, 2020

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ÍNDICEPREFÁCIO ..............................................................................................................................13

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 17

1. PRÉ-REQUISITOS PARA APRENDER A LER E A ESCREVER .......21

«O Luís fala pouco e nem sempre constrói as frases corretamente.»

1.1 Sou capaz de ler e escrever ............................................................................241.2 Tenho motivação para aprender ...................................................................26

u Estratégias .............................................................................................................281.3 Aprendo à minha maneira ................................................................................301.4 Domino a linguagem falada ............................................................................32

u Jogos ........................................................................................................................351.5 Conheço o corpo e oriento-o no espaço ........................................... 67

u Jogos ........................................................................................................................ 711.6 Tenho atenção, memória e imaginação ...................................................86

u Jogos ........................................................................................................................901.7 Contexto familiar e literacia ....................................................................106

u Atividades ............................................................................................................ 1081.8 Desenvolvimento e sinais de alarme .................................................110

2. DESENVOLVIMENTO DA LEITURA ............................................................ 113

«O Vasco é lento a ler e precisa de ajuda para compreender o que leu.»

2.1 Sei ler ......................................................................................................................... 116

2.2 Quero aprender a ler .........................................................................................117

2.3 Transformo letras em sons ........................................................................... 119

u Jogos .................................................................................................................... 122

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2.4 Sou rápido a ler ................................................................................................... 134

u Estratégias ......................................................................................................... 136 u Jogos .................................................................................................................... 138

2.5 Compreendo o que leio ................................................................................. 148

u Estratégias ......................................................................................................... 152 u Jogos .................................................................................................................... 155

2.6 Fases de desenvolvimento da leitura .................................................... 162

2.7 Sinais de alarme na leitura ........................................................................... 166

3. DESENVOLVIMENTO DA ESCRITA ........................................................... 169

«A Marta troca o “s” pelo “z” e não gosta de fazer composições.»

3.1 Consigo escrever .................................................................................................172

3.2 Aprendo a ler e a escrever ............................................................................173

3.3 Tenho uma letra bonita ....................................................................................176

u Estratégias ..........................................................................................................179

u Jogos .................................................................................................................... 182

3.4 Escrevo sem erros ............................................................................................... 188

u Estratégias ......................................................................................................... 194 u Jogos .....................................................................................................................197

3.5 Faço composições ............................................................................................. 209

u Estratégias ......................................................................................................... 212 u Jogos .................................................................................................................... 214

3.6 Fases de desenvolvimento da escrita ................................................... 231

3.7 Sinais de alarme na escrita .......................................................................... 238

QUESTÕES MAIS FREQUENTES ........................................................................ 241

ALFABETO FONÉTICO INTERNACIONAL ....................................................... 249

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................ 253

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PrefácioUm livro para a família

Conheci Joana Rombert no Hospital de Santa Maria. Amigos co-muns mostraram-me o seu sorriso e falaram-me do seu trabalho no Serviço de Pediatria, onde é terapeuta de crianças com diversas difi-culdades de linguagem.

Li o seu livro O Gato Comeu-te a Língua?, uma obra inovadora em Portugal, onde se tentam identificar os sinais de alerta para as dificuldades da fala das crianças e em que se procura construir uma ferramenta prática de ajuda aos pais, educadores e professores.

A área de trabalho da terapeuta Joana é importante porque se insere numa perspetiva do desenvolvimento infantil, visão que deve prevalecer em qualquer estudo ou intervenção sobre os mais novos. É sempre decisivo saber se estamos na presença de dificuldades transitórias relacionadas com acontecimentos de vida da criança ou se, pelo contrário, nos deparamos com verdadeiros bloqueios ou pa-tologias do desenvolvimento, neste caso a necessitarem de uma in-tervenção mais prolongada.

A verdade é que as dificuldades de aprendizagem que tanto preo-cupam pais e professores têm quase sempre a ver com vicissitudes no processo de aprendizagem da leitura e da escrita, que por sua vez podem ser precedidas por zonas de penumbra relacionadas com a aquisição da linguagem.

Antes de saberem ler e escrever, as crianças decifram («leem») no ambiente múltiplas significações que lhes fazem sentido: quando deslocam o olhar de um objeto para o outro e depois enunciam o

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que veem, estão na fase de desenvolvimento que precede a leitura e a escrita, isto é, estão a codificar à sua maneira os objetos a que mais tarde vão atribuir um sinal gráfico. Só por este exemplo pode-mos perceber como a segurança emocional da criança é essencial para o seu futuro na aprendizagem.

Falar é decisivo, falar bem é importante. Deve haver um jogo equi-librado entre o falar e o calar, porque uma criança em silêncio está a tentar compreender o que deve pertencer ao seu discurso interior e o que precisa de ser transmitido aos outros. A linguagem vista na globalidade é um enquadramento emocional onde se inserem vários tipos de comunicação (entre os quais o silêncio) e que, como sabe-mos, é um instrumento crucial na interação (ação entre) entre duas ou mais pessoas.

Por estas razões é preciso que os pais comecem por ter com os filhos formas elementares, mas decisivas, de comunicação: tocar, beijar, envolver com afeto, vocalizar como os bebés, brincar em con-junto. Só depois virá a aprendizagem segura da leitura e da escrita, para a qual é preciso bem-estar e segurança emocional.

O livro Escrever Direito por Linhas Tortas de Joana Rombert é uma obra para a família. Terapeuta familiar pela Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar, a autora enquadra as dificuldades da leitura e da es-crita dos mais novos na esfera da comunicação do agregado familiar.

O texto inicia-se com a Parte I, onde se descrevem «os pré- -requisitos para aprender a ler e a escrever» e se distinguem as questões da motivação e as dificuldades mais ou menos preocupantes, sempre numa ótica de grande respeito pelos mais novos e pelos seus pais.

A Parte II diz respeito ao «desenvolvimento da leitura», onde são muito bem descritas as fases de desenvolvimento da leitura e os res-petivos sinais de alarme.

Na Parte III, «desenvolvimento da escrita», descrevem-se também as fases de desenvolvimento da escrita e os sinais de alarme, ao mes-mo tempo que se sugerem estratégias para vencer as dificuldades.

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O livro inclui também uma secção de «Questões mais frequentes» (FAQ), uma lista muito bem elaborada de perguntas e respostas que se afigura muito útil para pais e educadores.

Toda esta obra de Joana Rombert tem uma dimensão lúdica que me apraz salientar. Brincar é essencial numa família e é uma exce-lente forma de aprender, sobretudo entre pais e filhos. As dezenas de jogos propostos neste livro podem constituir um conjunto muito divertido de atividades, em que avós, pais e filhos possam interagir de forma estimulante e descontraída.

Em síntese, Escrever Direito por Linhas Tortas é um livro alegre e descontraído, mas onde nunca é esquecida a dimensão fundamental de um bom desenvolvimento infantil.

Daniel Sampaio Professor Catedrático Jubilado de Psiquiatria

e Terapeuta Familiar

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INTRODUÇÃO

Recordo o meu primeiro dia na primeira classe. Lembro-me de pen-sar «Agora é que vou para a escola a sério», «Tenho de ser crescida!» e «Será que vou conseguir?», «A professora vai gostar de mim?». Subi pela primeira vez a rampa da escola, de mão dada com a minha mãe, olhei para a frente e vi uma senhora a olhar para mim, que me esten-deu a mão e disse a sorrir: «Eu sou a tua professora Rosalina e sei que és a Joana.» Senti-me importante, especial e única. A professora sabia o meu nome, esperava por mim e convidava-me a entrar para o «mundo dos crescidos», para aprender a ler e a escrever como eles e a conquistar um lugar nas aprendizagens importantes da vida.

Os meus pais tinham-me preparado para o entusiasmo do pri-meiro dia, pasta e cadernos novos, canetas de todas as cores e uma régua que, pela primeira vez, faria parte do material a transportar para a escola. Nesse dia a minha mãe apertava a minha mão com força e dizia que eu iria ser uma vencedora, como se falasse para si mesma, acalmando a sua ansiedade.

Para os pais, este é um período de grande sensibilidade e vulne-rabilidade. Ir assistindo ao crescimento do seu filho representa um degrau na escalada do sucesso e preparação para um futuro risonho. O trabalho de equipa entre pais e educadores ou professores cons-titui um dos mais importantes alicerces para uma aprendizagem efe-tiva, coerente e participante. Quanto maior o envolvimento parental, melhor será o desempenho académico dos filhos, prevenindo possí-veis dificuldades e corrigindo atempadamente outros desvios.

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Os primeiros passos da criança na aprendizagem da leitura e da escrita ocorrem desde muito cedo, em idade pré-escolar, ainda antes do seu ensino formal. A criança experiencia um conjunto de práticas e interações com a leitura e a escrita que ajudam ao desenvolvimento posterior das competências de fala, leitura, escrita e cálculo.

Neste sentido, Escrever Direito por Linhas Tortas é um livro que pretende abordar as competências envolvidas na aprendizagem da leitura e da escrita, desde o pré-escolar até ao final do 1.º ciclo, bem como nos propõe ideias, sugestões, estratégias ou jogos que facilitam a sua aprendizagem.

Em cada capítulo desenvolve-se um tema principal e descreve-se um caso real, onde se sugerem estratégias, jogos ou atividades adap-tados ao tópico em questão. No entanto, pretende-se uma desco-berta partilhada com respeito pela cultura e valores de cada família, educador ou criança. Estão ainda incluídos quadros de resumo com as etapas de desenvolvimento normativo, que não são estanques, e ainda sinais de alarme. Num quadro de dificuldade, pretende-se consciencializar as famílias para a procura de ajuda especializada e facilitar a comunicação nas equipas multidisciplinares.

Neste olhar para o desenvolvimento infantil, com uma perspetiva de momentos de crise que antecedem as aquisições e que trazem mudanças nos contextos relacionais, pretende-se contribuir para a construção de ambientes lúdicos, onde seja possível a cada um rever-se nos seus contextos e circunstâncias de vida especiais.

A proposta é encontrar junto de cada criança, família ou educador os jogos e atividades mais adaptadas ao momento, às necessidades e interesses de cada um, numa viagem sem receitas. Garante-se uma resposta única para cada criança e o encontro com o seu próprio mundo de significações, ritmo de aprendizagem e sentimento de si. O respeito pelo espaço e tempo individuais explica o facto de algumas crianças entrarem para o 1.º ano já a saber ler, a conseguir decifrar palavras, enquanto outras só o conseguem fazer por volta dos 7 anos.

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No entanto, entre o final do 1.º e 2.º ano a maioria das crianças é competente a ler e a escrever.

Acredito que os ambientes familiares onde os pais estão mais des-pertos para estas questões são facilitadores de uma vinculação mais segura onde a criança encontra um lugar para a leitura e a escrita, desenvolvendo sentimentos de valoração e competência do seu self académico. É essencial dar espaço, respeitar o seu ritmo de desen-volvimento, o tempo de aprendizagem, valorizando as suas tentativas, compreendendo os seus avanços e recuos e acreditando no seu su-cesso. Finalmente, na perspetiva da sua autonomia, que seja capaz de dizer: «Consegui!» ou «Sou capaz de fazer sozinha!».

Termino citando as palavras de Maurizio Andolfi: «A criança tem a varinha mágica desde que os adultos — familiares ou profissionais — saibam reconhecer-lhes os recursos.» Ao longo do livro, espero con-tribuir para um caminho mais divertido e entusiasta na aprendizagem da leitura e da escrita.

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Pré-requisitos para aprender a ler

e a escrever

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«O Luís fala pouco e nem sempre constrói as frases corretamente.»

O Luís é um menino calmo, tranquilo e um pouco tímido quan-do conhece alguém. Pelo contrário, o seu irmão mais velho é muito conversador e sociável. O Luís tem agora cinco anos e está no pré--escolar. A educadora refere que não participa na «hora do conto», fala pouco e nem sempre constrói as frases corretamente, principal-mente quando lhe faz uma pergunta em grupo. No entanto, o Luís é muito atento, é sempre o primeiro a acabar as tarefas e um dos meninos mais respeitadores da sala. Os pais do Luís estão preocupa-dos porque em casa ele é bem diferente. Tem um discurso cada vez mais claro, as frases são cada vez mais completas, articula melhor as palavras, mesmo que, por vezes, não diga bem o som “r”(*)1, por exemplo, na palavra «prato» diz «pato». Para além disso, quando o pai lhe conta uma das suas histórias preferidas, mostra muito interesse e, assim que o pai acaba, adora recontá-la com todos os pormenores. Já com a mãe gosta de cantar, fazer jogos de palavras, ir à procura de rimas ou contar as sílabas, como aprende na escola. Uma das atividades preferidas do Luís é estar com os seus amigos uma tarde inteira a jogar sem parar. E aqui, ao ouvi-lo, num outro contexto que não o estritamente familiar, os pais têm a certeza de que o Luís usa a linguagem de forma correta. Um dia, o pai sugeriu à educadora levar uma das histórias preferidas do Luís. Foi um sucesso. Ele estava bas-tante entusiasmado e só queria contar ou responder às perguntas da história. Ao longo do tempo, o Luís foi-se tornando cada vez mais competente linguisticamente, sentindo-se agora mais confiante para participar e responder ao que lhe é pedido.

1 Ao longo do livro os sons do alfabeto fonético internacional são assinalados com (*). Para mais detalhes consulte a página 249.

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1.1 Sou capaz de ler e escrever«A promoção dos pré-requisitos permite que a criança

consiga aprender funções simbólicas superiores, para ter prazer, conforto e segurança no processo de aprendizagem.»

Jansky e Hirsch, 1972

Será que todas as crianças são capazes de ler e escrever? Porque é que algumas crianças entram para a escola já a saber ler e outras demoram mais tempo? Será que existe uma idade chave para aprender? Que mecanismos estão envolvidos neste processo?

Os primeiros seis anos de vida constituem um pe-ríodo fulcral no desenvolvimento da criança, sendo essenciais para o processo de aprendizagem de lei-tura e escrita.

Durante este período, a criança é mais competente na sua capaci-dade de escuta, no uso da sua linguagem oral (falada), que continua a desenvolver-se naturalmente, e está disponível para descobrir, apri-morar ou adquirir um conjunto de novas competências que facilitam a aprendizagem da leitura e da escrita.

Estas competências envolvem ver e ouvir bem (capacidades sensoriais), dominar a linguagem oral ou falada, incluindo a cons-ciência dos sons da fala (competências linguísticas), conhecer o próprio corpo e orientá-lo no espaço (competências psicomotoras),