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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MATERNO-INFANTIL MESTRADO ACADÊMICO PABLO RODRIGO ROCHA FERRAZ ANÁLISE VOCAL E DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À VOZ EM MULHERES ADULTAS COM E SEM FUNÇÃO OVARIANA São Luís - MA 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MATERNO-INFANTIL MESTRADO ACADÊMICO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MATERNO-INFANTIL

MESTRADO ACADÊMICO

PABLO RODRIGO ROCHA FERRAZ

ANÁLISE VOCAL E DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À VOZ EM

MULHERES ADULTAS COM E SEM FUNÇÃO OVARIANA

São Luís - MA

2010

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PABLO RODRIGO ROCHA FERRAZ

ANÁLISE VOCAL E DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À VOZ EM

MULHERES ADULTAS COM E SEM FUNÇÃO OVARIANA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Materno-Infantil da Universidade Federal do Maranhão para obtenção do Título de Mestre em Saúde Materno-Infantil. Orientação: Profa. Dra. Maria Bethania da Costa Chein Coordenação do Programa: Profa. Dra. Maria Bethania da Costa Chein

São Luís - MA

2010

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PABLO RODRIGO ROCHA FERRAZ

ANÁLISE VOCAL E DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À VOZ EM MULHERES ADULTAS COM E SEM FUNÇÃO OVARIANA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Materno-Infantil da Universidade Federal do Maranhão para obtenção do Título de Mestre em Saúde Materno-Infantil.

A Banca Examinadora da Dissertação de Mestrado apresentada em Sessão Pública

considerou o candidato aprovado em ____/____/____.

_________________________________________________ Profa. Dra. Maria Bethânia da Costa Chein (Orientadora)

Universidade Federal do Maranhão

______________________________________________ Prof. Dr. Eduardo Magalhães da Silva (Examinador)

Faculdade Santa Terezinha (CEST–MA)

________________________________________________ Profa. Dra. Luciane Maria Oliveira Brito (Examinadora)

Universidade Federal do Maranhão

______________________________________________________ Profa. Dr. José Albuquerque de Figueiredo Neto (Examinador)

Universidade Federal do Maranhão

3

Ao meu filho, Felipe Ferraz, que me fez vivenciar um

sentimento maravilhoso e imensurável, antes

conhecido apenas de ouvir falar; e a de dar-me a

possibilidade de ser um exemplo de pai, tal qual seu

avô é para mim e de cristão, tal qual Jesus Cristo o

é, e que tenho me esforçado a alcançá-lo e a andar

nos Seus caminhos.

4

AGRADECIMENTOS

A Deus, responsável pelo meu fôlego de vida e tudo que tenho conquistado.

Sem Ele, nada posso e poderei fazer. Nem todo o meu esforço será suficiente a

altura da prova do Seu amor por mim. Simplesmente obrigado por te conhecer e

prosseguir em te conhecer.

À Profa. Dra Maria Bethânia, orientadora deste trabalho, pelo exemplo,

simpatia e precisão com a qual orientou a confecção deste trabalho.

Ao amigo e colaborador Eduardo por ser um exemplo de profissional e

cientista, além de contribuições preciosas para o desenvolvimento desta dissertação.

À Profa. Dra Luciane Brito, por coordenar com tanto afinco e seriedade o

Programa de Pós-Graduação em Saúde Materno-Infantil.

À Helena Ribeiro, secretária do Programa de Pós-Graduação, que sempre

esteve à disposição e pronta para auxiliar os mestrandos.

Ao Prof. Sílvio Gomes Monteiro pela sua atenção, presteza e profissionalismo

com o qual tratou da análise dos resultados deste trabalho.

Aos meus pais, irmãos, avó e tia lili, que continuaram acreditando na minha

superação.

À minha esposa Fernanda, por ter sido compreensível nos momentos de

ausência durante os últimos 2 anos. Não teria conseguido sem a sua ajuda.

A Profa. Dra Mônica Elinor Alves Gama, seus ensinamentos, conselhos e

orientações iniciais deram-me fundamento para chegar até aqui. Obrigado por

acreditar!

Às mulheres de todas as idades que participaram desta pesquisa e fizeram da

coleta de dados um momento único e especial, contribuindo sempre para alargar o

conhecimento.

A CAPES pela concessão de auxílio financeiro para o desenvolvimento deste

trabalho.

A todos que contribuíram direta e indiretamente em mais esta etapa da minha

vida.

5

“...Não creia no que os seus olhos lhe dizem.

Tudo que mostram é limitação. Olhe com o

entendimento, descubra o que você já sabe

e verá como voar”.

Richard Bach

6

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Distribuição dos valores médios, desvio padrão, mínimo e máximo da idade e presença de queixa vocal dos grupos avaliados........................................ 30

Tabela 2 – Distribuição da percepção das mulheres dos grupos avaliados quanto à classificação das suas vozes................................................................... 30

Tabela 3 – Distribuição dos tempos máximos fonatórios e relação s/z dos grupos avaliados..................................................................................................... 31

Tabela 4 – Distribuição dos valores médios, mínimo e máximo das variáveis de freqüência fundamental (F0) e da GNE dos grupos avaliados............................... 31

Tabela 5 – Distribuição da moda das características perceptivos da avaliação GRBASI dos grupos avaliados................................................................................ 32

Tabela 6 – Distribuição dos valores médios dos domínios sócio-emocional, físico e escore total do QVV dos grupos avaliados.......................................................... 32

Tabela 7 – Distribuição das respostas (em %) dos itens do QVV de acordo com os grupos avaliados................................................................................................ 33

7

Resumo Envelhecer é um complexo evento biológico no qual ocorre uma diminuição das funções corporais, dentre estas, se destacam as mudanças vocais conhecidas como presbifonia. Objetivo: Estudar os parâmetros vocais perceptivo-auditivos e acústicos nas diferentes faixas etárias, correlacionando as modificações encontradas com o envelhecimento natural da mulher, estabelecendo o impacto sobre a qualidade de vida relacionada à voz. Métodos: Estudo descritivo-análitico com 106 mulheres usuárias ou acompanhantes de pacientes dos ambulatórios da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de São Luís - MA. A amostra foi dividida em dois grupos. O grupo G1, com 43 mulheres (≥ 18 e ≤ 45 anos de idade) com função ovariana preservada e o grupo G2, constituído de 63 mulheres (> 45 anos) sem função ovariana. Foi aplicado um questionário de qualidade de vida relacionada à voz (QVV) e avaliaram-se as seguintes variáveis: mensuração de QVV, auto-classificação das vozes, análise perceptivo-auditiva, tempos máximos fonatórios (TMF) e análise acústica. Resultados: No grupo G1 a idade média em anos foi de 29,1 e no G2 de 67,6. Em relação às queixas vocais, estas foram mais freqüentes no G2 (22,2%), quanto à percepção auditiva, a resposta agradável foi a mais freqüente nos dois grupos. Em relação ao TMF os dois grupos foram semelhantes para vogal “a” sustentada (G1=13,67 e G2=13,94), já quanto à emissão sustentada das consoantes /s/ e /z/ e a relação s/z, observou-se que no G1 os valores foram maiores. A freqüência fundamental média foi no G1 de 202,48 Hz e no G2 de 185,07 Hz. Em relação ao ruído glótico (GNE), o G1 apresentou uma proporção média maior com 0,83. Na avaliação perceptivo-auditiva realizada por meio da escala GRBASI, encontrou-se a moda de grau discreto da característica rugosidade (R=1), tensão (S=1) e instabilidade (I=1) em ambos os grupos, no entanto, quanto ao grau de disfonia (G), o grupo G1 não apresentou impacto (G=0) e o G2 apresentou grau discreto (G=1). Os resultados do QVV revelaram que os grupos, não apresentaram impacto nos domínios sócio-emocional e físico e no escore total. Conclusão: O grupo G2 apresentou valores menores nos parâmetros perceptivo-auditivos e acústicos em comparação ao G1, o que pode sugerir que a alteração fisiológica da função hormonal das mulheres, pode ser um “divisor de águas” no processo de envelhecimento em relação à voz e no estabelecimento de modificações vocais, ditos presbifônicos.

Palavras-chave: voz, menopausa, análise perceptivo-auditiva, análise acústica da voz, qualidade de vida.

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Abstract

Aging is a complex biological event in which there is a decrease of bodily functions, among which stand out vocal changes known as presbyphonia. Purpose To study the perceptual voice parameters and acoustic in different age groups, correlating the changes observed with the natural aging of women, establishing the impact on quality of life related to voice. Methods: A descriptive and analytical study with 106 women attending or accompanying patients from the outpatient clinics of the Associação de Pais e Amigos dos Excecionais São Luís (APAE). The sample was divided into two groups. The G1, with 43 women (≥ 18 and ≤ 45 years of age) with preserved ovarian function and the G2 group, consisting of 63 women (> 45 years) without ovarian function. We administered a questionnaire on quality of life related to voice (QVV) and evaluated the following variables: measurement of QVV, self-assessment of the voices, the perceptual analysis, maximum phonation time (MPT) and acoustic analysis. Results: In G1 the mean age was 29.1 years and 67.6 in G2. In relation to voice complaints, they were more frequent in G2 (22.2%), and auditory perception, pleasant answer was the most frequent in both groups. In relation to MPT the two groups were similar for vowel "a" sustainable (G1 and G2 = 13.67 = 13.94), already held for the issuance of the consonants / s / and / z / and the s / z, observed that in the G1 values were higher. The mean fundamental frequency was 202.48 Hz in G1 and G2 of 185.07 Hz Regarding the glottal noise (GNE), the G1 had a higher average ratio with 0.83. In the perceptual evaluation, conducted by GRBASI scale, it was found to be mild fashion feature roughness (R = 1), stress (S = 1) and instability (I = 1) in both groups, however, the degree of dysphonia (G), G1 showed no impact (G = 0) and 2 showed mild (G = 1). QLV results revealed that the groups showed no impact on the socio-emotional and physical and total score. Conclusion: The G2 group showed lower values for perceptual parameters and acoustic compared to G1, which may suggest that the physiological alteration of hormone function of women, may be a "watershed" in the aging process in relation to voice and the establishment of the vocal changes, said presbyphonia. Keywords: voice, menopause, perceptual analysis, acoustic analysis of voice, quality of life.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS............................................................................ 6

RESUMO............................................................................................... 7

ABSTRACT........................................................................................... 8

1. INTRODUÇÃO...................................................................................... 11

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................ 14

2.1 Envelhecimento humano e da laringe.................................................... 14

2.2 QV relacionada à voz............................................................................. 18

3. OBJETIVOS.......................................................................................... 24

3.1 Geral...................................................................................................... 24

3.2 Específicos............................................................................................. 24

4. METODOLOGIA.................................................................................... 25

4.1 Tipo de estudo, local e período............................................................. 25

4.2 Caracterização da Amostra................................................................... 25

4.3 Registro das Vozes................................................................................ 25

4.4 Variáveis................................................................................................ 26

4.4.1 Mensuração de QV em voz (QVV)........................................................ 26

4.4.2 Análise Perceptivo-Auditiva das Vozes................................................. 27

4.4.3 Determinação dos Tempos Máximos de Fonação (TMF)...................... 28

4.4.4 Análise Acústica das Vozes................................................................... 28

4.5 Análise Estatística.................................................................................. 29

5. RESULTADOS...................................................................................... 30

6. CONCLUSÃO....................................................................................... 34

REFERÊNCIAS..................................................................................... 35

ANEXO A.............................................................................................. 41

ANEXO B.............................................................................................. 42

APÊNDICES.......................................................................................... 43

7. PRIMEIRO ARTIGO CIENTÍFICO......................................................... 44

7.1 Classificação QUALIS do periódico na área de MEDICINA II............... 44

7.2 Normas Editoriais................................................................................... 44

7.3 Artigo Completo..................................................................................... 53

8. SEGUNDO ARTIGO CIENTÍFICO......................................................... 66

10

8.1 Classificação QUALIS do periódico na área de MEDICINA II............... 66

8.2 Normas Editoriais................................................................................... 66

8.3 Artigo Completo..................................................................................... 72

11

1. INTRODUÇÃO

A partir dos anos 80, o envelhecimento populacional tem-se tornado um

fenômeno que atinge grande parte do mundo, tanto em países desenvolvidos quanto

nos países em desenvolvimento (OMS, 1984). Portanto, tem-se suscitado inúmeros

questionamentos acerca de como se está compreendendo o envelhecimento

humano dentro das sociedades atuais e a sociedade brasileira não parece estar

preparando seus cidadãos para esse processo (SANTOS, 1990).

Segundo Beauvoir (1990) e Ribeiro (1999), o envelhecimento é progressivo e

degenerativo, caracterizado por menor eficiência funcional, com enfraquecimento

dos mecanismos de defesa, diminuição da cognição, das respostas reflexas e do

estado de alerta, além de enfraquecimento da estrutura óssea e diminuição da

função e da massa muscular. Caracteriza-se por ser um processo universal e

individual da espécie humana determinado por fatores intrínsecos, podendo ser

influenciado também por fatores extrínsecos e ambientais (MASCARO, 1997;

ZIMERMAN, 2000; ARAÚJO, CARVALHO, 2005).

Diante da expansão da importância da comunicação em relação à qualidade

de vida (QV), Horta e Tomita (2003), defendem que a avaliação da função vocal

compreende basicamente, a avaliação subjetiva da voz, ainda amplamente utilizada

na rotina clínica fonoaudiológica. Não requer aparelhagem sofisticada e exige

somente o ouvido humano como instrumento de avaliação. Idealmente, o processo

técnico de avaliação da voz se decompõe em cinco etapas: anamnese, observação,

avaliação clínica subjetiva, avaliação acústica e integração destas informações para

a definição do tratamento.

Santarosa (2003), afirma que a presença de alteração vocal pode acarretar

importantes restrições emocionais, sociais e funcionais, devido ao problema de

comunicação e também limitações em relacionamentos, no trabalho e em outras

atividades diárias. Alguns autores referem que uma das condições de saúde que

pode provocar repercussões na QV do indivíduo é a alteração da qualidade vocal. A

voz é um fator preponderante na comunicação humana e revela características

físicas, psicológicas e sociais. Na senescência, as mudanças vocais podem interferir

negativamente na relação com os indivíduos e no ajuste social do idoso (RAMIG,

12

RINGEL, 1983; WOO et al., 1992; SATALOFF et al., 1997; ALLODI, FERREIRA,

2001).

Portanto, avaliar a QV relacionada à voz, auxilia na percepção do impacto das

alterações vocais no dia-a-dia da pessoa, na precisão do diagnóstico, além de

favorecer o planejamento de condutas terapêuticas visando o seu controle e

melhoria do bem-estar.

Nesta perspectiva, surgiram vários instrumentos para avaliação de QV

relacionados à voz, como o Voice Handicap Index (VHI) desenvolvido por Jacobson,

Johnson, Grywalski, Silbergleit, Jacobson, Benninger, Newman (1997), Voice

Realted Quality of Life (V-RQOL) elaborado por Hogikyan, Sethuraman (1999) e

Voice Activity and Participation Profile (VAPP) proposto por Ma, Yiu (2001).

Após o nascimento, o primeiro sinal de comunicação verbal é a presença do

choro, do riso e do grito, assim, desde o início da vida, torna-se um dos meios de

interação mais poderosos do ser humano. A linguagem, principalmente a verbal

encontra-se presente nos momentos mais decisivos da vida, e é o veículo de nossos

sentimentos e emoções e se modifica constantemente de acordo com a idade,

saúde física e psicológica, história pessoal, condições ambientais, situação e

contexto de comunicação.

Historicamente, quando o ser humano inicia suas vocalizações, estas não têm

um significado determinado e ao longo do tempo vão sendo moldadas e adaptadas

por interferência do outro e do meio, adquirindo significado mais específico

(MAGALHÃES et al., 2003).

Segundo Behlau, Azevedo e Pontes (2001), “o desenvolvimento da voz

acompanha e representa o desenvolvimento do indivíduo, tanto do ponto de vista

físico como psicológico e social”. No que diz respeito aos períodos de evolução

vocal, os mesmos autores citam o estudo de Schrager que em 1966 tentou

classificá-las, apresentando seis fases de evolução de acordo com as características

vocais. Estas fases iniciam-se desde o nascimento e desenvolvem-se até a terceira

idade, perpassando de forma definida e diferenciada pela infância, adolescência e

idade adulta.

As cordas ou pregas vocais constituem-se em tecido musculoso, que como os

demais tecidos no organismo também sofrem um processo de envelhecimento

denominado de presbifonia. Este processo fisiológico é individual e de acordo com

13

Venites, Bertachini e Ramos (2004), seu início, desenvolvimento e grau de

deterioração vocal dependem de inúmeros fatores relacionados principalmente com

sua história de vida, sua saúde física e psicológica, e componentes hereditários e

ambientais.

É conveniente referir que a presbifonia não deve ser encarada como uma

desordem vocal, embora muitas vezes seja difícil se estabelecer um limite entre o

que é processo vocal fisiológico inerente à idade e o que é uma desordem vocal

estabelecida. Mas existem lacunas de conhecimento acerca de quando e como

envelhecemos em relação à voz. Será que existem marcadores (clínicos ou

laboratoriais) que permitem identificar o seu início, sua evolução? Será possível

reverter este processo?

Na busca por estes saberes, e considerando ser a voz um instrumento

fundamental na comunicação e indicador de QV, decidiu-se realizar esta pesquisa

com o intento de conhecer as características perceptivas e acústicas da voz de

mulheres adultas com e sem função ovariana, como e quando se inicia o

envelhecimento do ponto de vista vocal e quais as repercussões deste

envelhecimento sobre a QV.

14

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 - Envelhecimento humano e da laringe

Mundialmente a faixa etária que mais cresce rapidamente é a de indivíduos

com 60 anos ou mais. Em países em desenvolvimento o idoso é aquele com idade

cronológica igual ou superior a 60 anos, enquanto que em países desenvolvidos,

considera-se a partir dos 65 anos (CHODZKO-ZAJKO, RINGEL, 1987; KALACHE,

VERAS, RAMOS, 1987; SATALOFF, ROSEN, HAWKSHAW, 1997; MARKSON,

HOLLIS-SAWYER, 2000; FREITAS, MIRANDA, NERY, 2002; SIQUEIRA,

BOTELHO, COELHO, 2002; SOYAMA, ESPASSATEMPO, GREGIO, CAMARGO,

2005; GAMPEL-TICHAUER, 2007).

O envelhecimento é uma etapa do desenvolvimento em que o indivíduo passa

por mudanças fisiológicas, no qual as características principais do avanço da idade

são a redução da capacidade de adaptação ambiental, a diminuição da velocidade

de desempenho e o aumento da susceptibilidade a doenças (CHODZKO-ZAJKO,

RINGEL, 1987; MAGALHÃES; ALMEIDA; ANELLI, 1997/1998; SOYAMA,

ESPASSATEMPO, GREGIO, CAMARGO, 2005), o que implicam numa progressiva

e inevitável incapacidade do organismo de responder a alterações no equilíbrio

homeostático (CHODZKO-ZAJKO, RINGEL, 1987; KALACHE, VERAS, RAMOS,

1987; SATALOFF, ROSEN, HAWKSHAW, 1997; MARKSON, HOLLIS-SAWYER,

2000; FREITAS, MIRANDA, NERY, 2002).

No entanto, algumas mudanças na senescência são mais facilmente

reconhecidas pelo indivíduo, como a cor dos cabelos que branqueiam, o surgimento

de rugas na pele, diminuição da agilidade nos movimentos, flacidez muscular,

atrofia, distrofia, edema, déficits sensoriais e a menopausa, além da diminuição da

estatura em função da compressão vertebral, estreitamento dos discos e cifose,

redução da capacidade respiratória vital e volume expiratório, desmielinizações,

entre outras (CHODZKO-ZAJKO, RINGEL, 1987; MATSUDO, MATSUDO, BARROS

NETO, 2000; GAMPEL-TICHAUER, 2007).

Dessa forma, a senescência como um processo progressivo e degenerativo,

em diversos aspectos da saúde, implica em enfrentar mudanças físicas, sociais,

econômicas e psicológicas. Nesta situação, ocorre a diminuição das funções

15

corporais como as mudanças vocais, conhecidas como presbifonia (RAMIG,

RINGEL, 1983; FERREIRA, ANNUNCIATO, 2003). Todas estas alterações são

entendidas como um conjunto de modificações naturais e fisiológicas, não

reconhecidas como processo patológico (ROBERTS, 1990; GIACHETI, DUARTE,

1997).

Envelhecer é um complexo evento biológico que muda a estrutura e função de

diversas partes do corpo, dentre elas destaca-se a redução no número de corpos

celulares nervosos, a redução da massa muscular, a redução da acuidade sensória,

a diminuição da força, e o aumento no tempo de reação motora (HOLLIEN, 1987).

Do mesmo modo, a laringe sofre modificações em toda a sua estrutura

durante o processo de envelhecimento. Composta de cartilagens, músculos,

membranas, ligamentos e internamente revestida de mucosa (HIRANO, SATO,

NAKASHIMA, 2000). Na senescência, ocorrem modificações nestas estruturas,

ocasionando em perda da potência, diminuição dos harmônicos (onda sonora cuja

frequência é um múltiplo da frequência do som fundamental) e da extensão vocal,

em ambos os sexos (HIRANO, SATO, NAKASHIMA, 2000; SATO, HIRANO,

NAKASHIMA, 2002). Especificamente a voz sofre modificações nos seguintes

parâmetros: acurácia, velocidade, resistência, estabilidade, força e coordenação

pneumofônica (SATO, KURITA, HIRANO, KIYOKAWA, 1990; FRIEDRICH,

LICHTENEGGER, 1997).

Embora estas modificações ocorram com o envelhecimento, alguns autores

afirmam que elas não se aplicam a todos os indivíduos de uma determinada faixa

etária, mas revelam uma tendência (HIRANO, KURITA, SAKAGUCHI, 1989;

DEDIVITIS, BARROS, 2002). Ringel e Chodzko-Zajko (1987) referem que o

envelhecimento é bastante heterogêneo, pois indivíduos de mesma idade

cronológica mostram performances variadas do ponto de vista sensorial, motor e

cognitivo, uma vez que a voz não depende somente do equilíbrio entre o trato vocal,

laringe e pulmões, mas da integridade anatomofuncional dos outros sistemas

nervoso, endócrino, etc.

Além disso, as dimensões da laringe variam de indivíduo para indivíduo, além

de variar conforme o gênero e a idade. Permanecem pequenas e semelhantes,

desde o nascimento até a puberdade, para ambos os sexos. A laringe masculina

desenvolve-se numa proporção maior, com aumento das dimensões que culminam

16

com a muda vocal. O dimorfismo da laringe relacionado ao sexo aparece nos

diâmetros sagitais e nos ângulos da cartilagem tireóidea e são menores nos

diâmetros transversos. Após a puberdade, a laringe volta a ter um crescimento mais

lento, até 25 anos de idade. Com 30 anos, inicia-se a substituição de tecido

cartilaginoso por ósseo (VON LEDEN, ALESSI, 1994; SINARD, 1998; DEDIVITIS,

BARROS, 2002).

O desenvolvimento vocal acompanha e representa o desenvolvimento do

indivíduo, tanto do ponto de vista físico, como psicológico e social. O início da

presbifonia, seu desenvolvimento e o grau de alteração vocal dependem de cada

indivíduo, de sua saúde física e psicológica e de sua história de vida, além de

fatores constitucionais, raciais, hereditários, alimentares, sociais e ambientais,

incluindo aspectos de estilo de vida e atividades físicas (BEHLAU, PONTES, 1995;

BIASE, CERVANTES, ABRAHÃO, 1998; POLIDO, MARTINS, HANAYAMA, 2005)

De modo geral, considera-se o período de máxima eficiência vocal dos 25 aos

45 anos, sendo que a partir desta idade uma série de alterações estruturais na

laringe, com maior ou menor impacto vocal, pode ser identificada (BEHLAU,

PONTES, 1995; BEHLAU, 1999; VENITES, BERTACHINI, RAMOS, 2004; POLIDO,

MARTINS, HANAYAMA, 2005). A voz adulta apresenta-se após a muda vocal

fisiológica ao redor dos dezoito anos de idade, na qual a freqüência fundamental no

gênero masculino permanece estável até os 60 anos, enquanto no gênero feminino,

verifica-se uma redução a partir dos 50 anos, quando se inicia a menopausa

(BEHLAU, 1999; VENITES, POLIDO, MARTINS, HANAYAMA, 2005; VARGAS,

HANAYAMA, 2005).

O envelhecimento nem sempre promove mudanças iguais entre todos os

idosos, aqueles em boas condições físicas podem possuir características vocais

semelhantes às de pessoas mais jovens (RAMIG, RINGEL, 1983). Entretanto, as

vozes que indicam uma redução ou aumento na freqüência vocal, dificuldade no

controle de intensidade ou variações na qualidade vocal podem estar apresentando

sinais da presbifonia envelhecimento vocal (SOARES, 2001).

São os seguintes parâmetros possíveis para a avaliação vocal:

• Altura vocal ou pitch: varia de acordo com o sexo. Vozes femininas tendem a

serem mais graves e as masculinas mais agudas, o que dificulta a identificação do

sexo dos sujeitos realizada através da fala (HAGEN, LYONS, NUSS, 1996), já que

17

se tornam muito parecidas auditivamente. É provável que este parâmetro também

sofra alteração quanto a avaliação da psicodinâmica vocal1;

• Intensidade vocal ou loudness: geralmente apresenta-se fraca, justificando a

redução da capacidade pulmonar e dificuldade para a projeção e volume de fala

(BEHLAU, 1999);

• Qualidade vocal: alterada, caracterizada como soprosa, áspera e trêmula

(LINVILLE, KORABIC, 1987; LINVILLE, 1996). Em um estudo que avaliaram

mulheres idosas, verificou-se que de acordo com a escala GRBASI, 70% das

vozes das idosas foram avaliadas como rugosas (incluem os temos de rouquidão e

aspereza) e 80% como instáveis (OLIVEIRA, MAIA, 2007), o que decorre

provavelmente com a perda do controle fino das pregas vocais, aumento da

aspereza vocal, tornando a qualidade vocal abafada monótona e por vezes trêmula

(BEHLAU, 1999);

• Ressonância: modificam-se conforme o sexo, sendo laringo-faríngea nas mulheres

e oral ou nasal nos homens. Acredita-se que este fato deve ocorrer em função dos

ajustes compensatórios que o idoso realiza naturalmente ao perceber a

modificação vocal ocorrida (MORRISON, RAMMAGE, 1994; BEHLAU, 1999). Na

senescência, há uma tendência a um abaixamento na posição da laringe, fato que

pode contribuir para a ressonância baixa (SATALOFF, ROSEN, HAWKSHAW,

SPIEGEL, 1997), o que justifica os achados na literatura com 72% dos idosos

avaliados apresentaram ressonância laringo-faríngea (VENITES, BERTACHINI,

RAMOS, 2004);

• Modulação: reduzida em função da baixa extensão vocal alcançada pelos idosos,

perdendo nos extremos da escala (CARBONELL, TOLOSA, JUN, 1996);

• Padrão respiratório: geralmente do tipo superficial, devido à redução da

capacidade pulmonar (PTACEK, SANDERS, MALONEY, JACKSON, 1996);

• Coordenação pneumofonoarticulatória: tendência a incoordenação por falta de

suporte respiratório (BEHLAU, 1999);

• Tempo máximo fonatório (TMF): reduzido em relação ao adulto jovem, o que exige

1 Psicodinâmica vocal é o impacto psicológico produzido pela voz do falante em seu interlocutor

(BEHLAU, PONTES, 1995).

18

a necessidade de recarga pulmonar constante para a manutenção da

inteligibilidade de fala durante a fala espontânea (MORSOMME, JAMART,

BOUCQUEY, REMACLE, 1997). Convém ressaltar que a função do parâmetro

TMF é o de avaliar a habilidade do indivíduo em controlar as forças aerodinâmicas

da corrente pulmonar e as forças mioelásticas da laringe (BEHLAU, PONTES,

1995).

Em alguns estudos, os autores referem um valor médio de 15 segundos para os

homens, 10 segundos para as mulheres (BEHLAU, 1999) e 12 segundos para

mulheres idosas com idade média de 68 anos (OLIVEIRA, MAIA, 2007). Para

adultos jovens, os valores do TMF para mulheres é de 14 segundos e de 20

segundos para os homens (BEHLAU, PONTES, 1995);

• Freqüência fundamental (F0): aumenta nos homens e reduz nas mulheres

geralmente observada após os 60 anos e indica o início da senescência da voz

(POLIDO, MARTINS, HANAYAMA, 2005; VARGAS, HANAYAMA, 2005). É um

parâmetro diretamente ligado á freqüência da vibração das pregas vocais. Os

valores médios encontrados para adultos jovens podem variar de 80 a 150 Hz para

vozes masculinas e de 150 a 250 Hz para as femininas (BEHLAU, PONTES,

1995).

Estudo que avaliou a língua portuguesa brasileira falada em São Paulo por adultos

jovens e crianças, encontrou valores médios de F0 de 113 Hz para homens, 205

Hz para mulheres e 236 Hz para crianças de 8 a 11 anos (BEHLAU, 1984).

Comparativamente Oliveira e Maia (2007) mostraram um valor inferior da F0 com

média de 183 Hz para mulheres com média etária de 68 ± 8 anos. Este resultado

sugere um decréscimo decorrente do envelhecimento, caracterizado pela alteração

da atividade endócrina, irregularidades na vibração das pregas vocais,

incompetência glótica, atrofia das pregas vocais e tensão laríngea, além da

presença de doenças sistêmicas relacionado a idade e alterações histológicas

percebidas nos tecidos conectivos da laringe (CASSOL, BÒS, 2006).

2.2 - QV relacionada à voz

Tradicionalmente, a análise visual, perceptivo-auditiva e acústica da voz são

avaliações quantitativas e qualitativas e que priorizam a descrição dos desvios dos

19

diversos parâmetros vocais, sem considerar a percepção do paciente em relação à

sua saúde geral. No entanto, quando se pensa em QV, estes procedimentos não

mensuram o real impacto da disfonia nas atividades de vida diária do paciente, pois

não avalia este impacto da perspectiva do paciente (SANTAROSA, 2003; FERRAZ,

2008).

A World Health Organization (WHO) (1997) define QV como sendo a

percepção do indivíduo de sua posição quanto ao contexto cultural e sistema de

valores, o que se refere aos seus objetivos, expectativas, padrões e interesses; seu

grau de satisfação no trabalho, na vida familiar, amorosa, social e suas condições

ambientais, de saúde geral, psico-emocional, física e de competência funcional.

Alguns autores relatam que a QV não consiste apenas na mensuração do

estado de saúde, mas na percepção do problema pelo indivíduo, sugerindo que os

instrumentos, cujo objetivo é avaliar a QV, oferecem uma nova perspectiva funcional

à doença, pois enfocam o bem-estar geral do indivíduo (GILL, FEINSTEIN, 1994;

HOGIKYAN, WODCHIS, TERRELL, BRADFORD, ESLAMADO, 2000).

Entretanto, outros autores afirmam que definir e mensurar a QV não é algo

simples, contudo, para que a análise se torne confiável, devem ser considerados

parâmetros como: aspectos do funcionamento mental, condições físicas, funcionais

e sociais, bem-estar e percepção da satisfação pessoal dos indivíduos avaliados

(BOWLING, BRAZIER, 1995; GUYATT, 1995; GASPARINI, BEHLAU, 2009.

Nesta perspectiva, a WHO (1980) elaborou um documento sobre a

classificação das doenças, que aborda os seguintes aspectos: defeito (impairment),

incapacidade (disability) e desvantagem (handicap). Em 1997, este documento foi

revisado e modificado (ICIDH-2 Beta-1, 1997), no qual o termo incapacidade foi

substituído por limitação de atividades e o termo desvantagem por restrição na

participação de atividades. Na tentativa de valorizar a percepção do paciente, a QV

foi definida como sendo a percepção individual da sua posição na vida, na cultura

em que está inserido e nos seus sistemas de valores relacionados com seus

objetivos de vida, expectativa, padrões e preocupações (THE WHOQOL GROUP,

1995).

Em relação à avaliação das disfonias, o conceito de limitação de atividades,

refere-se a uma diminuição imposta por problemas vocais e o de restrição pelo

receio em participar de atividades vocais. Estes conceitos ajudam a esclarecer as

20

diferenças entre incapacidade e desvantagem. O grau de limitação ou restrição de

atividades pode ser afetado tanto por fatores pessoais como ambientais (MA, YIU,

2001).

Atualmente, com o surgimento e aumento do interesse sobre QV em relação à

voz, é necessário que se entenda a avaliação fonoaudiológica como um

procedimento que vai além da prática clínica rotineira e que não está limitado à

avaliação da qualidade vocal. O fonoaudiólogo é responsável pelo diagnóstico

diferencial do comportamento vocal, no qual, independente da voz ser ou não o

instrumento de trabalho do indivíduo, é necessário um olhar clínico diferenciado,

considerando a percepção do paciente quanto ao seu problema (FERRAZ, 2008).

Seguindo a tendência da WHO, surgiram vários outros protocolos gerais e

específicos de QV relacionados à voz, como o Voice Handicap Index (VHI)

desenvolvido por Jacobson, Johnson, Grywalski, Silbergleit, Jacobson, Benninger,

Newman (1997) e o Voice Realted Quality of Life (V-RQOL) elaborado por Hogikyan,

Sethuraman (1999) e validado para o Brasil por Gasparini (2005).

No entanto, o protocolo Voice Activity and Participation Profile (VAPP)

proposto por Ma, Yiu (2001) e validado para o Brasil como Perfil de Participação de

Atividades Vocais (PPAV) por Ricarte, Gasparini, Behlau (2006), são as únicas

ferramentas de auto-avaliação que abordam a diferença entre a limitação do

problema vocal de um indivíduo e sua disposição em participar de atividades diárias.

Verdolini, Burke, Lessac, Glaze, Caldwell, (1995), em um estudo que analisa

dois métodos de tratamento para nódulos vocais, relatam que a efetividade do

tratamento da disfonia depende mais da participação efetiva do paciente do que de

um programa específico de fonoterapia. Dessa forma, com o interesse crescente no

tema QV nas últimas décadas, os protocolos começaram a ser utilizados para

mensurar não só a QV dos pacientes, mas também a eficácia dos tratamentos aos

quais os indivíduos eram submetidos.

Gill, Feinstein (1994) selecionaram 25 artigos que utilizaram protocolos que

avaliam a QV de indivíduos, concluindo que a QV é uma percepção única e pessoal

sobre o estado de saúde e/ou sobre os aspectos não médicos. Por este motivo,

recomendam que nos estudos de QV seja dada ao paciente a possibilidade de

incluir itens suplementares aos já definidos para o instrumento, como forma de

evoluir na eficiência dessas avaliações.

21

Jacobson, Johnson, Grywalski, Silbergleit, Jacobson, Benninger, Newman

(1997), com o objetivo de desenvolverem um inventário psicométrico de

desvantagem vocal, elaboraram um questionário com 30 itens, distribuídos em três

diferentes domínios de acordo com os aspectos do transtorno vocal: funcional,

emocional e físico que recebeu o nome de Voice Handicap Index – VHI (Índice de

Desvantagem Vocal). Destacam que o VHI é importante para o desenvolvimento da

consciência educacional, podendo ser aplicado em diversas situações da clínica

fonoaudiológica, bem como na avaliação da percepção do impacto da alteração

vocal nas atividades de vida diária ou na verificação da eficácia de técnicas

específicas de terapia ou de outros tipos de tratamento.

Benninger, Ahuja, Gardner, Grywalski (1998) avaliaram um protocolo de

medida específico para pacientes com transtornos vocais e outro para medida

padrão de QV, comparando o grau de desvantagem global entre pacientes

disfônicos e pacientes com outras doenças crônicas. Neste estudo, 260 pacientes

adultos com alteração vocal responderam a um questionário de QV geral, o Short-

form Health Survey (SF-36), e um instrumento específico de voz, o VHI, antes de

receber qualquer tratamento. Os autores concluíram que os transtornos vocais têm

um impacto substancial na QV dos pacientes quando comparados a pacientes com

outras doenças crônicas, particularmente nas áreas do funcionamento social e

habilidade para realizar tarefas diárias e que esses questionários servem para

favorecer o entendimento do impacto dos transtornos vocais na QV do paciente e

auxiliar no direcionamento do tratamento.

Benninger, Sataloff (1999) ressaltam que a saúde é um conceito

multidimensional e que a variabilidade nos parâmetros físico, mental ou social,

depende de vários fatores, porém, não são suficientes para compreender as

conseqüências de uma alteração vocal e funcional na vida do indivíduo.

Hogikyan, Sethuraman (1999) aplicaram o questionário V-RQOL em 109

pacientes com queixa de voz e em 22 pacientes com queixa de envelhecimento

facial, com o objetivo de validá-lo. Todos os pacientes se auto-avaliaram de acordo

com a escala de cinco categorias: excelente, muito boa, boa, razoável e ruim.

Observaram que os indivíduos que avaliaram suas vozes como ruim ou razoável

obtiveram escore de 51,3% para o funcionamento físico, 55,8% para o sócio-

emocional, com escore total de 53,1%. O instrumento V-RQOL também diferenciou

22

corretamente os grupos com e sem problemas de voz, sendo que o grupo com

problemas apresentou escores muito mais baixos. Os autores concluíram que o

questionário de QV relacionado à voz é um instrumento clínico específico para

transtornos vocais a ser utilizado por pacientes disfônicos com o objetivo de avaliar

sua condição vocal e verificar a evolução do tratamento.

Cariola (1999), ao estudar o impacto de uma eventual perda da voz na vida

diária de indivíduos normais, por meio de um questionário com perguntas fechadas,

obteve o seguinte resultado: 60,77% dos indivíduos consideraram o sentido da visão

como a incapacitação mais prejudicial em suas vidas. Somente 7,69% consideraram

a hipótese de afonia ser a pior incapacitação. Alguns sentimentos foram

relacionados com uma eventual perda de voz. A tristeza apareceu em 86,15%, a

depressão em 74,61%, a irritação em 73,85% e a tensão no relacionamento familiar

e com amigos em 55,37%. Assim, concluiu que a voz não foi considerada nesta

pesquisa uma função importante.

Darghan (2000) realizou um estudo sobre o impacto de uma eventual perda

de voz em indivíduos com disfonia. O trabalho foi realizado por meio de um

questionário com perguntas relacionadas aos efeitos das deficiências físicas, visuais,

auditivas e de comunicação relacionadas à vida diária dos sujeitos. Nesta encontrou

que a impossibilidade mais prejudicial para a sua vida seria a perda da visão, com

41,56%, apenas 25,87% consideraram a afonia mais prejudicial e estas situações

estão ligadas a atividades exercidas no trabalho/escola. Em relação aos sentimentos

vividos relacionados a uma possível afonia, a depressão aparece em 12,99% e o

isolamento social em 11,69%. Concluiu-se que para o disfônico, por ter maior

percepção em relação à voz, a importância desta na sua vida é maior do que a

observada em pacientes sem alterações vocais.

Rosen, Murry, Zinn, Zullo, Sonbolian (2000) observaram que a idade do

indivíduo, ocupação, demanda vocal e duração do problema de voz podem interferir

no resultado do VHI e na percepção do examinado diante de sua desvantagem

vocal.

Ma, Yiu (2001) elaboraram o protocolo Voice Activity and Participation Profile

(VAPP) pelo fato de não haver nenhuma ferramenta de avaliação que abordasse a

diferença entre a limitação do problema vocal de um indivíduo e sua disposição em

participar de atividades diárias. Segundo os autores, no que diz respeito à avaliação

23

das disfonias, o conceito de limitação de atividades refere-se à diminuição nas

atividades vocais imposta pelo disfonia, enquanto a restrição na participação pode

ser interpretada como uma redução ou abstenção das atividades vocais pelo próprio

indivíduo.

24

3. OBJETIVOS

3.1 - Geral

Estudar os parâmetros vocais perceptivo-auditivos e acústicos de mulheres

adultas com e sem função ovariana, estabelecendo a QV relacionada à voz.

3.2 – Específicos

Identificar nas mulheres com e sem função ovariana:

− As características perceptivo-auditivas das vozes por meio da escala

GRBASI;

− Identificar o tempo máximo fonatório (TMF);

− Identificar as características acústicas das vozes;

− Caracterizar a QV relacionada à voz;

− Identificar a relação entre QV relacionada à voz e qualidade vocal.

25

4. METODOLOGIA

4.1 – Tipo de Estudo, Local e Período

Estudo transversal, descritivo e analítico realizado na Associação de Pais e

Amigos dos Excepcionais (APAE) no município de São Luís, no período de setembro

de 2009 a março de 2010.

A coleta de dados teve início após a aprovação com o parecer

consubstanciado nº 162/2008 (Anexo A) pelo Comitê de Ética em Pesquisa do

Hospital Universitário da UFMA.

4.2 - Caracterização da Amostra

Foram avaliadas no total de 122 mulheres, das quais 16 mulheres foram

excluídas por se enquadrarem nos critérios de não-inclusão. Para este estudo, foram

selecionadas 106 mulheres usuárias ou acompanhantes de pacientes dos

ambulatórios de pediatria e/ou ortopedia da APAE de São Luís. A amostra foi

dividida em dois grupos. O grupo G1, com 43 mulheres (≥ 18 e ≤ 45 anos de idade)

com função ovariana regular e o grupo G2, constituído de 63 mulheres (> 45 anos)

sem função ovariana.

Não foram selecionadas mulheres com diagnóstico prévio ou suspeita de:

doença neurológica; síndromes neurológicas ou crânio-facial; lesão laríngea;

endocrinopatia; com história cirúrgica de histerectomia total com anexectomia

bilateral, salpingectomia uni ou bilateral, ooforoplastia e/ou ooforectomia uni ou

bilateral, que utilizem a voz como instrumento de trabalho (jornalistas, cantores,

professores, locutores, dentre outros); que estejam em tratamento vocal ou

quaisquer situações de treinamento vocal quer seja com fonoaudiólogo, professor de

canto ou preparador vocal; e fumantes.

4.3 Registro das Vozes

Antes do início da gravação das vozes, todas as mulheres foram orientadas

quanto ao processo de registro vocal, realizando-se um treinamento prévio, evitando

26

assim, possíveis influências psicológicas, e, por conseguinte, alterações vocais

inexistentes. Durante o treinamento, foi solicitado que cada indivíduo emitisse a

vogal sustentada “a” e os fonemas /s/ e /z/ em níveis de altura e intensidade

habituais.

As amostras de voz utilizadas para análise nesta pesquisa foram gravadas

diretamente em um computador portátil (Pentium M, 1.7GHz, 512 MB), através do

software VoxMetria 2.7h (CTS Informática, Paraná, Brasil) no módulo “qualidade de

voz” e “análise de voz”, utilizando-se microfone unidirecional com resposta linear,

sem condensador (Audio 50, Plantronics Inc., Califórnia, EUA), em sala silente não

tratada acusticamente. Utilizaram-se como amostras vocais os seguintes testes:

− Emissão sustentada da vogal “a”, a qual, por ser oral, central, aberta e por

sua natureza articulatória, torna evidentes as mínimas alterações no equilíbrio

mioelástico da laringe, evidenciando as desordens da voz (BEHLAU E

PONTES, 1995);

− Emissão sustentada dos fonemas /s/ e /z/.

Após o registro das vozes, cada participante foi orientada a prestar a

informação de como classifica a sua voz, tendo como base uma lista de adjetivos

que, lhes foi apresentada, a saber: confortável, agradável, clara, grossa, nasal,

rouca, fina, forte, fraca, tensa e outros. Cabe ressaltar que as participantes puderam

escolher mais de uma opção da lista.

4.4 Variáveis

Foram avaliadas o registro das vozes, mensuração de QV relacionada à voz,

auto-classificação das vozes, análise perceptivo-auditiva, tempos máximos

fonatórios, análise acústica.

4.4.1 Mensuração de QV relacionada à voz (QVV)

Todos os participantes foram solicitados a responder ao questionário (Anexo

B) QVV elaborado por Hogikyan, Sethuraman (1999) e traduzido e adaptado para a

língua portuguesa por Behlau (2001), que tem o objetivo de medir a QV relacionada

à voz.

27

Possui 10 itens contemplando 2 domínios, sócio-emocional e físico, no qual

serão orientados a atribuir escores de 1 a 5 em ordem crescente de severidade a

questão levantada. Nessa escala, o número 1 corresponde a “nunca acontece e não

é um problema", o número 2 a "acontece pouco e raramente é um problema", o

número 3 a "acontece às vezes e é um problema moderado", o número 4 a

"acontece muito e quase sempre é um problema" e o número 5 "acontece sempre e

realmente é um problema ruim".

Os escores foram calculados conforme a descrição original do protocolo

(HOGIKYAN, SETHURAMAN, 1999) e fórmula abaixo:

100 – (escore bruto – nº itens no domínio ou total) X 100

maior escore bruto possível – nº de itens

Além disso, os autores responsáveis pela elaboração do protocolo atestam

que quanto maior for à pontuação, melhor será a QV. Dessa forma, para auxiliar o

entendimento dos resultados do QVV, sugerimos neste trabalho uma categorização

de graus de impacto. Os escores do QVV foram categorizados de acordo com os

seguintes intervalos: de 0 – 49 pontos (impacto severo), 50 – 69 pontos (impacto

moderado), 70 – 89 pontos (impacto discreto) e de 90 – 100 pontos (sem impacto).

4.4.2 Análise Perceptivo-Auditiva das Vozes

Após o registro das vozes, realizou-se a avaliação perceptivo-auditiva, através

da escala de avaliação da fonte glótica GRBASI (DEJONCKERE et al., 1996).

A escala GRBASI é um método simples de avaliação do grau global da

disfonia (G) pela identificação da contribuição de quatro fatores independentes, a

saber: rugosidade (R, roughness2), soprosidade (B, breathiness), astenia (A, asteny),

tensão (S, strain) e instabilidade (I, instability), considerados os mais importantes na

definição de uma desordem vocal. Para a marcação desta escala, utiliza-se uma

2 O fator “R”, roughness, engloba o conceito de rouquidão, crepitação, bitonalidade e também aspereza. (Behlau, 2001)

28

pontuação que varia de zero a três, onde “0” significa ausência de sintomatologia e

“3” presença da desordem em grau severo (BEHLAU, 2001).

A análise perceptivo-auditiva foi realizada por outros três examinadores

especialistas e com experiência de pelo menos 5 (cinco) anos na área de voz. Os

examinadores convidados a participarem da pesquisa ouviram as amostras de voz

três vezes, em ordem aleatória, não recebendo qualquer tipo de informação quanto

à faixa etária, grupo em que estavam inseridas ou presença de modificações ou

desordens vocais dos sujeitos pesquisados. Esta análise foi realizada na mesma

sala de registro. Os examinadores avaliaram simultaneamente as mesmas amostras.

4.4.3 Determinação dos Tempos Máximos de Fonação (TMF)

Os TMF foram determinados a partir da emissão sustentada dos fonemas /s/ e

/z/ e da vogal “a”.

Os participantes foram solicitados a emitir os sons continuamente e os tempos

de emissão serão medidos com cronômetro (Stopwatch C510Y, Oregon Scientific,

Portland, EUA), em três diferentes momentos da avaliação, sendo considerado para

a análise final o valor médio das três medidas.

4.4.4 Análise Acústica das Vozes

As mesmas amostras de voz foram utilizadas para a realização da análise

acústica da voz com o mesmo software, nos módulos “análise de voz” e “qualidade

de voz”. Os parâmetros considerados nesta análise foram:

− F0méd (freqüência fundamental média, em Hz);

− F0moda (moda da freqüência fundamental, em Hz)

− F0mín (freqüência fundamental mínima, em Hz);

− F0máx (freqüência fundamental máxima, em Hz);

− Var. F0 (variação da freqüência fundamental, em Hz e em semitons)

− GNE (glottal to noise excitation ratio – ruído glótico).

Todos estes parâmetros foram calculados automaticamente pelo software, no

menu “análise” de ambos os módulos.

4.5 Análise Estatística

29

Foi realizada uma análise descritiva univariada classificadas da seguinte

forma:

a) Variável qualitativa ordinal: análise dos parâmetros GRBASI e QVV;

b) Variável qualitativa nominal: auto-classificação das vozes;

c) Variável quantitativa discreta: TMF, F0méd, F0moda, F0mín, F0máx, Var. F0 e GNE.

30

5. RESULTADOS

A idade média das mulheres foi de 29,1±8,5 para o G1 e de 67,6±6,3 anos

para o G2. Em relação à presença de queixas vocais, as mulheres do G2

apresentaram uma frequência maior (37,5%) de queixas vocais que o G1 (22,2%).

(Tabela 1)

Tabela 1 – Distribuição dos valores médios, desvio padrão, mínimo e máximo da idade e

presença de queixa vocal dos grupos avaliados.

Grupo Idade média ± DP (anos) mín-máx (anos)

Queixa vocal

sim Não

G1 29,1 ± 8,5 19,1 - 44,9 22,2% 77,8%

G2 64,3 ± 9,4 49,5 - 82,8 37,5% 62,5%

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana; DP:desvio padrão; mín:mínimo; max: máximo

Quanto a percepção auditiva de suas vozes, houve maior freqüência da

resposta agradável (28,6%) seguida de fina (19,0%) no grupo G1, já no grupo G2 a

maior freqüência agradável (37,2%) e rouca (20,9%). (Tabela 2)

Tabela 2 – Distribuição da percepção das mulheres dos grupos avaliados quanto à

classificação das suas vozes.

Grupo confortável agradável clara grossa nasal rouca fina forte fraca tensa

G1 19,0% 28,6% 11,1% 6,3% 6,3% 12,7% 19,0% 17,5% 14,3% 6,3%

G2 14,0% 37,2% 9,3% 11,6% 2,3% 20,9% 14,0% 11,6% 11,6% 4,7%

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana

Em relação ao tempo máximo de fonação (TMF) os dois grupos foram

semelhantes quanto à vogal “a” sustentada (G1=13,67 e G2=13,94). No entanto,

31

quanto à emissão sustentada das consoantes /s/ e /z/ e a relação s/z, observou-se

que o G2 obteve valores inferiores quando comparados ao G1. (Tabela 3)

Tabela 3 – Distribuição dos tempos máximos fonatórios e relação s/z dos grupos avaliados.

Grupo

/a/ /s/ /z/ s/z

média mín max média mín máx média mín máx média mín Max

G1 13,67 6,39 26,12 11,52 4,70 23,12 11,18 4,25 20,30 1,04 0,64 1,77

G2 13,94 6,15 24,98 8,91 2,47 19,82 9,88 2,02 18,85 0,95 0,38 4,30

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana; mín:mínimo; max: máximo

A Tabela 4, expressa que para freqüência fundamental média (Hz) foi

encontrado valor de 202,48 Hz para o G1 e de 185,07 Hz para o G2. Essa variação

de freqüência foi de 24,39 Hz (equivalente a 2 semitons) para o G1 e de 35,70 Hz

(equivalente a 4 semitons) para G2. Em relação à GNE, o G1 apresentou uma

proporção média de 0,83, enquanto o G2 apresentou a proporção de 0,74.

Tabela 4 – Distribuição dos valores médios, mínimo e máximo das variáveis de freqüência

fundamental (F0) e da GNE dos grupos avaliados.

Grupo F0 med

(hz)

F0 mod

(hz)

F0 Dp

(hz)

F0 min

(hz)

F0 max

(hz)

Var. F0

(hz)

Var. F0

(St) GNE

G1

X 202,48 202,67 3,02 191,48 214,00 24,39 2 0,83

Min 155,99 157,15 1,29 126,02 175,35 8,59 1 0,20

Max 248,49 255,04 55,79 241,64 277,29 151,27 14 0,99

G2

X 185,07 185,13 4,46 163,13 201,02 35,70 4 0,74

Min 121,02 121,06 0,56 120,46 122,41 1,95 0 0,19

Max 215,73 217,87 12,17 201,15 316,16 168,98 13 0,95

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana; mín:mínimo; max: máximo; med: média; mod: moda; Dp: desvio padrão; hz:hertz; st:semitons; GNE: ruído glótico.

32

Na avaliação perceptivo-auditiva (Tabela 5) realizada por meio da escala

GRBASI, encontrou-se a moda de grau discreto da característica rugosidade (R=1),

tensão (S=1) e instabilidade (I=1) em ambos os grupos, no entanto, no grau de

disfonia (G), o grupo G1 não apresentou impacto (G=0) e o G2 apresentou grau

discreto (G=1).

Tabela 5 – Distribuição da moda das características perceptivos da avaliação

GRBASI dos grupos avaliados.

Grupo G R B A S I

G1 0 1 0 0 1 1

G2 1 1 0 0 1 1

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana; G:grau de disfonia; R:rugosidade (rouquidão e aspereza); B:soprosidade; A:astenia; S:tensão; I:instabilidade.

Os resultados do QVV (Tabela 6) revelaram que os grupos avaliados, não

apresentaram impacto nos domínios sócio-emocional e físico e no escore total.

Tabela 6 – Distribuição dos valores médios dos domínios sócio-emocional, físico e escore

total do QVV dos grupos avaliados.

Grupo Domínio sócio-emocional Domínio Físico Escore Total

G1 99,4 97,0 96,3

G2 99,1 95,1 94,1

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana

Quanto aos itens do protocolo de QV relacionada à voz, observou-se que para

ambos os grupos a resposta mais freqüente foi a pontuação I “nunca acontece e não

é um problema”. Entretanto, no item 2 (O ar acaba rápido e preciso respirar muitas

vezes enquanto eu falo), 19% do G1 e 16% do G2 responderam a pontuação II

"acontece pouco e raramente é um problema".

33

Tabela 7 – Distribuição das respostas (em %) dos itens do QVV de acordo com os grupos

avaliados.

Item Legenda das Respostas

I II III IV V

G1 G2 G1 G2 G1 G2 G1 G2 G1 G2

1 78% 83,5 6,5% 0% 12,5% 9,5% 1,5% 0% 1,5% 7%

2 75% 65% 19% 16% 6% 9,5% 0% 0% 0% 9,5%

3 89,5% 83,5% 6% 9,5% 4,5% 7% 0% 0% 0% 0%

4 95,4% 85,5% 3% 7% 0% 5% 1,5% 0% 0% 2,5%

5 98,5% 95% 0% 2,5% 1,5% 2,5% 0% 0% 0% 0%

6 98,5% 92,5% 1,5% 2,5% 0% 5% 0% 0% 0% 0%

7 95,5% 95% 3% 0% 0% 5% 0% 0% 1,5% 0%

8 100% 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

9 89,5% 81% 6% 7% 1,5% 9,5% 3% 0% 0% 2,5%

10 95,5% 97,5% 0% 0% 1,5% 2,5% 1,5% 0% 1,5% 0%

I:“nunca acontece e não é um problema"; II:"acontece pouco e raramente é um problema";

III:“acontece às vezes e é um problema moderado"; IV:"acontece muito e quase sempre é um

problema"; V:"acontece sempre e realmente é um problema ruim"

34

6. CONCLUSÃO

Neste estudo observou-se que o grupo de mulheres adultas sem função

ovariana apresentou valores menores nos parâmetros perceptivo-auditivos e

acústicos em comparação ao grupo de mulheres adultas com função ovariana, o que

pode sugerir que a alteração fisiológica da função hormonal das mulheres, pode ser

um “divisor de águas” no processo de envelhecimento em relação à voz e no

estabelecimento de modificações vocais, ditos presbifônicos.

Mesmo a presença de uma diferença entre os dois grupos quanto aos

parâmetros citados acima, os resultados mais robustos encontrados foram quanto à

freqüência fundamental e suas variáveis, quando houve um decréscimo de 17,41

Hz, tornando uma voz mais grave, o que justificaria um impacto maior na auto-

classificação das vozes do G2 como rouca.

Ainda, apesar das diferenças entre os dois grupos em relação aos parâmetros

perceptivo-auditivos e acústicos, não foi observado relação direta entre as mudanças

vocais decorrentes da alteração hormonal fisiológica e o impacto na QV relacionada

à voz.

Como a voz é multidimensional, a percepção auditiva é única/particular e os

resultados encontrados foram discretos, pode ser que o grau de mudanças vocais

pode interferir na percepção da sua QV relacionada à voz ou não causar impacto na

QV relacionada à voz.

Os resultados deste estudo demonstram para a sociedade científica

informações importantes sobre a relação entre mudanças vocais X mudanças

fisiológicas hormonais de mulheres decorrentes do processo de envelhecimento.

Assim, espera-se que os resultados encontrados nesta pesquisa possam ser

utilizados como uma alternativa de parâmetros de avaliação vocal para mulheres

adultas.

Sugere-se então, que outros trabalhos sejam realizados considerando-se a

menopausa como provável fator causal nas modificações vocais e laríngeas de

mulheres em diferentes faixas etárias.

35

REFERÊNCIAS

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39

ANEXO A – PARECER DE APROVAÇÃO (Nº 162/2008) PELO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA (CEP) DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

40

ANEXO B – PROTOCOLO DE QV RELACIONADA À VOZ (QVV).

MENSURAÇÃO DE QV E VOZ (QVV)

Para responder ao questionário, considere tanto a severidade do

problema, como sua freqüência de aparecimento, avaliando cada item abaixo de

acordo com a escala apresentada:

1 = nunca acontece e não é um problema;

2 = acontece pouco e raramente é um problema;

3 = acontece as vezes e é um problema moderado;

4 = acontece muito e quase sempre é um problema;

5 = acontece sempre e realmente é um problema ruim;

Por causa da minha voz Isto é um problema que... Tenho dificuldade em falar forte (alto) ou ser ouvido em ambiente ruidoso? 1 2 3 4 5 O ar acaba rápido e preciso respirar muitas vezes enquanto falo 1 2 3 4 5 Não sei como a voz vai sair quando começo a falar? 1 2 3 4 5 Fico ansioso ou frustrado (por causa) da minha voz? 1 2 3 4 5 Fico deprimido por causa da minha voz? 1 2 3 4 5 Tenho dificuldades ao telefone por causa da minha voz? 1 2 3 4 5 Tenho problemas no meu trabalho ou para desenvolver minha profissão (por causa da minha voz)? 1 2 3 4 5 Evito sair socialmente por causa da minha voz? 1 2 3 4 5 Tenho que repetir o que falo para ser compreendido? 1 2 3 4 5 Tenho me tornado menos expansivo por causa da minha voz? 1 2 3 4 5

Apêndices

41

7. PRIMEIRO ARTIGO CIENTÍFICO

7.1 Classificação do Qualis do Periódico na área de Medicina II:

ISSN Título Estrato Área de Avaliação

1413-8123 Ciência e Saúde Coletiva (Impresso) B3 MEDICINA II

7.2 Normas Editoriais:

Ciência & Saúde Coletiva publica debates, análises e resultados de

investigações sobre um tema específico considerado relevante para a saúde

coletiva; e artigos de discussão e análise do estado da arte da área e das subáreas,

mesmo que não versem sobre o assunto do tema central. A revista, de periodicidade

bimestral, tem como propósitos enfrentar os desafios, buscar a consolidação e

promover uma permanente atualização das tendências de pensamento e das

práticas na saúde coletiva, em diálogo com a agenda contemporânea da Ciência &

Tecnologia.

A revista C&SC adota as "Normas para apresentação de artigos

propostos para publicação em revistas médicas", da Comissão Internacional de

Editores de Revistas Médicas, cuja versão para o português encontra-se publicada

na Rev Port Clin Geral 1997, 14:159-174. O documento está disponível em vários

sítios na World Wide Web, como por exemplo, www.icmje.org ou

www.apmcg.pt/document/71479/450062.pdf. Recomenda-se aos autores a sua

leitura atenta.

Seções da publicação

Editorial: responsabilidade do(s) editor(es). Este texto deve ter, no máximo, 3.500

caracteres.

Debate: encomendado pelos editores, trata-se de artigo teórico pertinente ao tema

central da revista, que receberá críticas/comentários assinados de até seis

especialistas, também convidados, e terá uma réplica do autor principal. O artigo

deve ter, no máximo, 40.000 caracteres; os textos dos debatedores e a réplica,

máximo de 10.000 caracteres cada um.

42

Artigos Temáticos: revisão crítica ou resultado de pesquisas de natureza empírica,

experimental ou conceitual sobre o assunto em pauta no número temático. Os textos

de pesquisa não deverão ultrapassar os 40.000 caracteres; os de revisão, 50.000

caracteres.

Artigos de Temas Livres: não incluídos no conteúdo focal da revista, mas voltados

para pesquisas, análises e avaliações de tendências teórico-metodológicas e

conceituais da área ou das subáreas. Os números máximos de caracteres são os

mesmos dos artigos temáticos.

Opinião: texto que expresse posição qualificada de um ou vários autores ou

entrevistas realizadas com especialistas no assunto em debate na revista; deve ter,

no máximo, 20.000 caracteres.

Resenhas: análise crítica de livro relacionado ao campo temático da revista,

publicado nos últimos dois anos, com, no máximo, 10.000 caracteres. Os autores

devem encaminhar à Secretaria da Revista uma reprodução de alta definição da

capa do livro resenhado.

Cartas: crítica a artigo publicado em número anterior da revista ou nota curta,

descrevendo criticamente situações emergentes no campo temático (máximo de

7.000 caracteres).

Observação: O limite máximo de caracteres considera os espaços e inclui texto e

bibliografia; o resumo/abstract e as ilustrações (figuras e quadros) são considerados

à parte.

Apresentação de manuscritos

1. Os originais podem ser escritos em português, espanhol, francês e inglês. Os

textos em português e espanhol devem ter título, resumo e palavras-chave na

língua original e em inglês. Os textos em francês e inglês devem ter título,

resumo e palavras-chave na língua original e em português. Não serão aceitas

notas de pé-de-página ou no final do artigo.

2. Os textos têm de ser digitados em espaço duplo, na fonte Times New Roman, no

corpo 12, margens de 2,5 cm, formato Word e encaminhados apenas pelo

endereço eletrônico (www.cienciaesaudecoletiva.com.br) segundo as orientações

do menu Artigos e Avaliações.

43

3. Os artigos submetidos não podem ter sido divulgados em outra publicação, nem

propostos simultaneamente para outros periódicos. Qualquer divulgação posterior

do artigo em outra publicação deve ter aprovação expressa dos editores de

ambos os periódicos. A publicação secundária deve indicar a fonte da publicação

original.

4. As questões éticas referentes às publicações de pesquisa com seres humanos

são de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com

os princípios contidos na Declaração de Helsinque da Associação Médica

Mundial (1964, reformulada em 1975,1983, 1989, 1989, 1996 e 2000).

5. Os artigos devem ser encaminhados com as autorizações para reproduzir material

publicado anteriormente, para usar ilustrações que podem identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos que se façam necessários.

6. Os conceitos e opiniões expressos nos artigos, bem como a exatidão e a

procedência das citações são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es).

7. Os artigos publicados serão de propriedade da revista C&SC, ficando proibida a

reprodução total ou parcial em qualquer meio de divulgação, impressa ou

eletrônica, sem a prévia autorização da Revista.

8. Os textos são em geral (mas não necessariamente) divididos em seções com os

títulos Introdução, Métodos, Resultados e Discussão, às vezes, sendo necessária

a inclusão de subtítulos em algumas seções. Os títulos e subtítulos das seções

não devem estar organizados com numeração progressiva, mas com recursos

gráficos (caixa alta, recuo na margem, etc.).

9. O resumo/abstract, com no máximo 1.400 caracteres com espaço (incluindo

palavras-chave/key words), deve explicitar o objeto, objetivos, metodologia,

abordagem teórica e resultados do estudo ou investigação. Logo abaixo do

resumo os autores devem indicar até no máximo seis palavras-chave/key words.

Chamamos a atenção para a importância da clareza e objetividade na redação do

resumo, que certamente contribuirá no interesse do leitor pelo artigo, e das

palavras-chave, que auxiliarão a indexação múltipla do artigo.

Autoria

44

1. As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboração dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteúdo. A qualificação como autor deve pressupor: a) concepção e o

delineamento ou a análise e interpretação dos dados, b) redação do artigo ou a

sua revisão crítica, e c) aprovação da versão a ser publicada.

2. No final do texto devem ser especificadas as contribuições individuais de cada

autor na elaboração do artigo (ex. LM Fernandes trabalhou na concepção e na

redação final e CM Guimarães, na pesquisa e na metodologia).

Nomenclaturas

1. Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura biológica, assim

como abreviaturas e convenções adotadas em disciplinas especializadas.

2. Devem ser evitadas abreviaturas no título e no resumo.

3. A designação completa à qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrência desta no texto, a menos que se trate de uma unidade de medida

padrão.

Ilustrações

1. O material ilustrativo da revista C&SC compreende tabela (elementos

demonstrativos como números, medidas, percentagens, etc.), quadro (elementos

demonstrativos com informações textuais), gráficos (demonstração esquemática

de um fato e suas variações), figura (demonstração esquemática de informações

por meio de mapas, diagramas, fluxogramas, como também por meio de

desenhos ou fotografias). Vale lembrar que a revista é impressa em uma cor, o

preto, e caso o material ilustrativo esteja em cor, será convertido para tons de

cinza.

2. O número de material ilustrativo deve ser de, no máximo, cinco por artigo, salvo

exceções referentes a artigos de sistematização de áreas específicas do campo

temático, quando deverá haver negociação prévia entre editor e autor(es).

3. Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

arábicos, com suas respectivas legendas e fontes, e a cada um deve ser

atribuído um breve título. Todas as ilustrações devem ser citadas no texto.

45

4. As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecção do artigo (Word).

5. Os gráficos devem estar no programa Excel, e os dados numéricos devem ser

enviados, de preferência, em separado no programa Word ou em outra planilha

como texto, para facilitar o recurso de copiar e colar.

6. Os arquivos das figuras (mapa, por ex.) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw. Estes formatos conservam a informação

VETORIAL, ou seja, conservam as linhas de desenho dos mapas. Se for

impossível salvar nesses formatos; os arquivos podem ser enviados nos formatos

TIFF ou BMP, que são formatos de imagem e NÃO conservam sua informação

vetorial, o que prejudica a qualidade do resultado. Se usar o formato TIFF ou

BMP, salvar na maior resolução (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado maior

= 18cm). O mesmo se aplica para o material que estiver em fotografia. Caso não

seja possível enviar as ilustrações no meio digital, deve ser enviado o material

original em boas condições para reprodução

Agradecimentos

1. Quando existirem, devem ser colocados antes das referências bibliográficas.

2. Os autores são responsáveis pela obtenção de autorização escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos, dado que os leitores podem inferir que tais

pessoas subscrevem os dados e as conclusões.

3. O agradecimento ao apoio técnico deve estar em parágrafo diferente daqueles a

outros tipos de contribuição.

Referências

1. As referências devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto. No caso de as referências serem de

mais de dois autores, no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do

primeiro autor seguido da expressão et al.

2. Devem ser identificadas por números arábicos sobrescritos, conforme exemplos

abaixo:

ex. 1: ... Outro indicador analisado foi o de !maturidade do PSF" 11 ...

ex. 2: ... Como alerta Maria Adélia de Souza 4, a cidade...

46

As referências citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do número da última referência citada no texto.

3. As referências citadas devem ser listadas ao final do artigo, em ordem numérica,

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos

apresentados a periódicos biomédicos (http://www.icmje.org).

4. Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (http://www.nlm.nih.gov/).

5. O nome de pessoa, cidades e países devem ser citados na língua original da

publicação.

Exemplos de como citar referências

Artigos em periódicos

1. Artigo padrão (inclua até 6 autores, seguidos de et al. se exceder a esse número)

Pelegrini MLM, Castro JD, Drachler ML. Eqüidade na alocação de recursos para a

saúde: a experiência no Rio Grande do Sul, Brasil. Rev C S Col 2005; 10(2):275-

86.

Maximiano AA, Fernandes RO, Nunes FP, Assis MP, Matos RV, Barbosa CGS, et al.

Utilização de drogas veterinárias, agrotóxicos e afins em ambientes hídricos:

demandas, regulamentação e considerações sobre riscos à saúde humana e

ambiental. Rev C S Col 2005; 10(2):483-91.

2. Instituição como autor

The Cardiac Society of Australia and New Zealand. Clinical exercise stress testing.

Safety and performance guidelines. Med J Aust 1996; 164:282-4

3. Sem indicação de autoria

Cancer in South Africa [editorial]. S Afr Med J 1994; 84:15.

4. Número com suplemento

Duarte MFS. Maturação física: uma revisão de lilteratura, com especial atenção à

criança brasileira. Cad Saúde Pública 1993; 9(Supl 1):71-84.

5. Indicação do tipo de texto, se necessário

Enzensberger W, Fischer PA. Metronome in Parkinson's disease [carta]. Lancet

1996; 347:1337.

47

Livros e outras monografias

6. Indivíduo como autor

Cecchetto FR. Violência, cultura e poder. Rio de Janeiro: FGV; 2004.

Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 8ª ed. São

Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Abrasco; 2004.

7. Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM, Mercado FJ, organizadores. Pesquisa qualitativa de serviços de saúde.

Petrópolis: Vozes; 2004.

8. Instituição como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Controle de plantas aquáticas por meio de agrotóxicos e afins. Brasília:

DILIQ/Ibama; 2001.

9. Capítulo de livro

Sarcinelli PN. A exposição de crianças e adolescentes a agrotóxicos. In: Peres F,

Moreira JC, organizadores. É veneno ou é remédio. Agrotóxicos, saúde e

ambiente. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2003. p. 43-58.

10. Resumo em Anais de congressos

Kimura J, Shibasaki H, organizadores. Recent advances in clinical neurophysiology.

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology; 1995 Oct 15-19; Kyoto, Japan. Amsterdam: Elsevier; 1996.

11. Trabalhos completos publicados em eventos científicos

Coates V, Correa MM. Características de 462 adolescentes grávidas em São Paulo.

In: Anais do V Congresso Brasileiro de adolescência; 1993; Belo Horizonte. p.

581-2.

12. Dissertação e tese

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2001 [tese]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública; 2002.

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informação de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana - BA [dissertação]. Feira de Santana (BA): Universidade Estadual de

Feira de Santana; 2001.

48

Outros trabalhos publicados

13. Artigo de jornal

Novas técnicas de reprodução assistida possibilitam a maternidade após os 40 anos.

Jornal do Brasil 2004 Jan 31; p. 12

Lee G. Hospitalizations tied to ozone pollution: study estimates 50,000 admissions

annually. The Washington Post 1996 Jun 21; Sect. A:3 (col. 5).

14. Material audiovisual

HIV+/AIDS: the facts and the future [videocassette]. St. Louis (MO): Mosby-Year

Book; 1995.

15. Documentos legais

Lei nº 8.080 de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a

promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento

dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União

1990; 19 set.

Material no prelo ou não publicado

Leshner AI. Molecular mechanisms of cocaine addiction. N Engl J Med. In press

1996.

Cronemberg S, Santos DVV, Ramos LFF, Oliveira ACM, Maestrini HA, Calixto N.

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congênito

refratário. Arq Bras Oftalmol. No prelo 2004.

Material eletrônico

16. Artigo em formato eletrônico

Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5];1(1):[about 24 p.]. Available

from: http://www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm

Lucena AR, Velasco e Cruz AA, Cavalcante R. Estudo epidemiológico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe - PE - Brasil. Arq Bras Oftalmol

[periódico na Internet]. 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12];67(2): [cerca de 4

p.]. Disponível em: http://www.abonet.com.br/abo/672/197-200.pdf

17. Monografia em formato eletrônico

49

CDI, clinical dermatology illustrated [CD-ROM]. Reeves JRT, Maibach H. CMEA

Multimedia Group, producers. 2ª ed. Version 2.0. San Diego: CMEA; 1995.

18. Programa de computador

Hemodynamics III: the ups and downs of hemodynamics [computer program].

Version 2.2. Orlando (FL): Computerized Educational Systems; 1993.

50

7.3 Artigo Completo:

Alterações vocais durante o envelhecimento: uma revisão de literatura

Vocal alterations during the aging: a literature review

Pablo Rodrigo Rocha Ferraz (1); Simão Veras Bertoldo (2); Luciane Maria Oliveira

Brito (3); Eduardo Magalhães da Silva (4); Maria Bethânia da Costa Chein (5)

(1) Fonoaudiólogo, Especialista em Voz (CEV/SP e CFFa), Professor Auxiliar da

Faculdade Santa Terezinha/CEST das disciplinas de Voz, Motricidade Oral e

Fonoaudiologia Hospitalar, Mestrando em Saúde em Materno-Infantil (UFMA).

(2) Aluno do 8º período do curso de graduação em Fonoaudiologia da Faculdade

Santa Terezinha/CEST.

(3) Médica, Ginecologista, Professora Associada II da UFMA das Disciplinas de

Ginecologia e Saúde Integral da mulher, Doutora em Medicina pela UFRJ.

(4) Fonoaudiólogo, Especialista em Voz, Professor Adjunto I da Faculdade Santa

Terezinha/CEST das disciplinas de Voz, Doutor em Ciências Biológicas pela UFPE.

(5) Médica, Ginecologista, Professora Adjunta IV da UFMA das Disciplinas de

Ginecologia e Saúde Integral da mulher, Doutora em Medicina pela UNIFESP.

Autor responsável: Pablo Rodrigo Rocha Ferraz. Endereço: Rua 85, lote 29, Edifício

Triton, Aptº 204, Bairro Vinhais, São Luís/MA. Cep: 65074-310. Telefone: (98)

88053809 / 30844323. Email: [email protected]

Área: voz

Tipo: artigo de revisão de literatura

Fonte de auxílio: Capes

Conflito de interesse: inexistente

51

Resumo

Tema: Voz e envelhecimento.

Objetivo: Pesquisar na literatura aspectos relevantes sobre a influência do

envelhecimento na comunicação humana.

Métodos: Realizou-se um levantamento bibliográfico sobre o assunto nas bases de

dados eletrônicas LILACS, MEDLINE e ScIELO no período de 1997 até 2009, no

idioma inglês e português. Durante a pesquisa, utilizou-se a combinação de

palavras-chaves relacionadas ao tema: presbyphonia, aging and voice, voice and

elderly. A seleção dos estudos publicados foi realizada considerando-se a relevância

e o valor informativo do material em consonância com o objetivo desta pesquisa.

Conclusão: Ficou evidente que os documentos e artigos analisados se apóiam

apenas nas características anátomo-fisiológicas, perceptuais e acústicas da

produção vocal do idoso. No entanto, não se encontrou nenhum documento que

verse sobre como e quando envelhecemos do ponto de vista vocal e sobre a

preocupação com o impacto deste envelhecimento sobre a QV desta porção da

população.

Descritores: envelhecimento, voz, qualidade da voz.

52

Abstract

Background: Voice and aging.

Purpose: Search in the literature relevant aspects about the influence of the aging in

the human being communication.

Methods: A bibliographical survey carried out in electronic databases: LILACS,

MEDLINE and ScIELO identified English and Portuguese papers published between

1997 up to 2009. During the research, it was used combination of word-keys related

to the subject: presbyphonia, aging and voice, voice and elderly. The selection of the

published studies was carried through considering its relevance and the informative

value of the material in accordance with the aim of this research.

Conclusion: It was evident that the analyzed documents and articles only support

the anatomical, physiological, perceptual and acoustical characteristics of the vocal

production of the aged ones. However, it was not found any registers about how and

when the vocal aging begins and concerning to its impact over the quality of life of

this population.

Keywords: aging, voice, voice quality.

53

Introdução

A partir dos anos 80, o envelhecimento populacional tem-se tornado um

fenômeno que atinge grande parte do mundo1, sendo considerado universal, tanto

nos países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento; progressivo,

resultante da interação dos aspectos biológicos, funcionais, psicológicos e sociais; e

individual, pois tem variações intersujeitos 2, 3,4.

O envelhecimento da população e as exigências sociais tornaram a velhice

um tema privilegiado de investigação acerca de como se está compreendendo e

atendendo este processo de envelhecimento, percebido pelo significativo aumento

do número de publicações acerca deste assunto nas últimas décadas2,4,5.

Atendendo esta demanda, a atenção à saúde vocal também merece atenção,

pois pode provocar repercussões na qualidade da vida do indivíduo e, por

conseguinte, da sociedade. A voz é um fator preponderante na comunicação

humana e revela características físicas, psicológicas e sociais. Na senescência, as

mudanças vocais podem interferir negativamente na relação com os indivíduos e no

ajuste social do idoso6-9. Além disso, a configuração anatomofisiológica da laringe no

idoso diferencia-se da do adulto jovem, apresentando características que, pela ação

do tempo, justificam as modificações na sua constituição e funcionamento10. O mau

funcionamento da voz, bem como seu desequilíbrio em alguma estrutura envolvida

no processo fonatório, pode causar danos físicos, sociais, econômicos e

psicológicos, impedindo o indivíduo de se relacionar e de desenvolver seu papel na

sociedade11.

A percepção da voz ocorre desde o nascimento, e se revela no choro, riso,

grito e balbucios, tornando-se um dos meios de interação mais poderosos do

indivíduo. Considerada como um veículo de sentimentos e emoções, a voz se

modifica constantemente de acordo com a idade, saúde física e psicológica, história

pessoal de vida, condições ambientais e contexto de comunicação12.

Considerando-se a evolução ontogenética humana, observa-se que desde os

primórdios o ser humano é um ser com tendências de vida grupal, surgindo como

resultado dessa convivência, a comunicação. Quando o ser humano inicia suas

vocalizações, estas não têm um significado determinado e ao longo do tempo vão

54

sendo moldadas e adaptadas por interferência do outro e do meio, adquirindo

significado mais específico13.

Assim, é conveniente referir que a presbifonia, ou seja, o envelhecimento

vocal tanto nos homens como nas mulheres deve ser compreendida como parte do

processo de envelhecimento normal do indivíduo e não como uma desordem vocal,

embora muitas vezes seja difícil se estabelecer um limite entre o que é processo

vocal fisiológico inerente à idade e o que é uma desordem vocal estabelecida.

É nesse cenário que é importante compreender como a voz se comporta

durante o envelhecimento. Deste modo, o objetivo deste estudo foi pesquisar na

literatura aspectos relevantes sobre a influência do envelhecimento na comunicação

humana.

55

Métodos

Realizou-se um levantamento bibliográfico sobre o assunto nas bases de

dados eletrônicas LILACS, MEDLINE e ScIELO de documentos publicados nos

idiomas inglês e português no período de 1997 até 2009. Durante a pesquisa,

utilizou-se a combinação de palavras-chaves relacionadas ao tema: presbyphonia,

aging and voice, voice and elderly. A seleção dos estudos publicados foi realizada

considerando-se a relevância e o valor informativo do material em consonância com

o objetivo desta pesquisa. Foram excluídos os estudos que não avaliassem os

efeitos do envelhecimento na voz, e que associassem alterações vocais com

qualquer patologia. Além da pesquisa nas bases de dados eletrônica, incluímos

publicações literárias (livros) que julgamos imprescindíveis para tal análise.

56

Revisão de Literatura

A faixa etária que mais cresce mundialmente é a de indivíduos com 60 anos

ou mais, marco cronológico que define idoso nos países em desenvolvimento e a

partir dos 65 anos em países desenvolvidos2-5,8,14-16.

O envelhecimento é uma etapa do desenvolvimento em que o indivíduo passa

por mudanças fisiológicas, onde prevalecem a redução da capacidade de adaptação

ambiental, a diminuição da velocidade de desempenho e o aumento da

susceptibilidade a doenças13-15, o que implica numa progressiva e inevitável

incapacidade do organismo de responder a alterações no equilíbrio homeostático2-

4,8,14.

Algumas dessas mudanças não são auto-identificadas, exceto aquelas que

são mudanças perceptíveis à visão, como a cor dos cabelos que branqueiam, o

surgimento de rugas na pele, diminuição da agilidade nos movimentos, flacidez

muscular, atrofia, distrofia, edema, déficits sensoriais e a menopausa, além da

diminuição da estatura em função da compressão vertebral, estreitamento dos

discos e cifose, redução da capacidade respiratória vital e volume expiratório,

desmielinizações, entre outras14,16,17.

Dessa forma a senescência (definição celular de envelhecimento onde as

células não sofrem substituição) é um processo progressivo e degenerativo em

diversos aspectos da saúde do indivíduo, sugerindo o enfrentamento das mudanças

físicas, sociais, econômicas e psicológicas. Nesta situação, ocorre a diminuição das

funções corporais como as mudanças vocais como a presbifonia6,18.

O desenvolvimento vocal acompanha e representa o desenvolvimento do

indivíduo, tanto do ponto de vista físico, como psicológico e social. O início da

presbifonia, seu desenvolvimento e o grau de alteração vocal dependem de cada

indivíduo, de sua saúde física e psicológica e de sua história de vida, além de

fatores constitucionais, raciais, hereditários, alimentares, sociais e ambientais,

incluindo aspectos de estilo de vida e atividades físicas19-21.

De modo geral, considera-se o período dos 25 aos 45 anos, de máxima

eficiência vocal. A partir daí, uma série de alterações estruturais na laringe ocorrem

e determinam maior ou menor impacto vocal10,20-22. A voz adulta apresenta-se após

57

a muda vocal fisiológica (ou mutação vocal fisiológica, período em que ocorrem

mudanças significativas na voz, decorrentes do crescimento corporal, mais

especificamente do desenvolvimento da laringe e trato vocal na adolescência) ao

redor dos dezoito anos de idade, na qual a frequência fundamental no gênero

masculino permanece estável até os 60 anos, enquanto no gênero feminino, verifica-

se uma redução nesse valor a partir dos 50 anos, quando se inicia a menopausa21,23.

O envelhecimento nem sempre reflete mudanças semelhantes que ocorrem

no funcionamento físico e corporal entre os idosos, ou seja, idosos em boas

condições físicas podem possuir características vocais semelhantes às de pessoas

mais jovens6. Entretanto, as vozes que indicam uma redução ou aumento na

frequência vocal, dificuldade no controle de intensidade ou variações na qualidade

vocal podem estar apresentando sinais de redução do estado físico com o advento

do envelhecimento24.

Dentre as mudanças vocais possíveis na senescência, destacam-se os

parâmentos perceptivo-auditivos e acústicos da voz:

• Altura vocal ou pitch: varia de acordo com o sexo. Mulheres podem apresentar

vozes mais agravadas e os homens mais agudizadas, o que pode dificultar a

identificação sexual realizada através da fala, já que as vozes masculina e

feminina tornam-se muito similares25, 26;

• Intensidade vocal ou loudness: geralmente apresenta-se fraca, em decorrência

da redução da capacidade pulmonar; fundamental para a projeção e volume de

fala22, 26;

• Qualidade Vocal: diz respeito à ação conjunta da laringe e do trato vocal, no qual,

modificações nestas estruturas implicam em mudanças na qualidade da voz15.

Entretanto, por ser multifuncional27, há possibilidades de variação na qualidade

vocal, caracterizadas pela presença de rouquidão, soprosidade, aspereza, voz

monótona, tremor, instabilidade vocal e/ou voz crepitante22,28-30,38-40.

• Ressonância: modifica-se conforme o sexo, sendo laringo-faríngea nas mulheres

e oral ou nasal nos homens. Acredita-se que isto se deve aos ajustes

compensatórios que o idoso realiza naturalmente ao perceber a modificação

vocal ocorrida22,31, pois com o envelhecimento, há uma tendência a um

abaixamento na posição da laringe, fato que pode contribuir para a modificação

58

da ressonância8;

• Modulação: reduzida em função da baixa extensão vocal alcançada pelos idosos,

perdendo nos extremos da escala26,32;

• Padrão respiratório: geralmente do tipo superficial, devido à redução da

capacidade pulmonar33;

• Coordenação pneumo-fonoarticulatória: tendência à incoordenação por falta de

suporte respiratório22,26;

• Tempos máximos fonatórios (TMF): reduzidos em relação ao adulto jovem que é

de 14 segundos para mulheres e 20 segundos para os homens34, exigindo uma

recarga pulmonar constante para a manutenção da inteligibilidade de fala durante

a fala espontânea35. Convém ressaltar que a função do parâmetro TMF é o de

avaliar a habilidade do indivíduo em controlar as forças aerodinâmicas da

corrente pulmonar e as forças mioelásticas da laringe26,34. Estudos mostram que

os valores médios para os idosos são de 15 segundos para os homens e 10

segundos no sexo feminino22;

• Frequência fundamental (F0): aumento nos homens e redução nas mulheres,

geralmente observados após os 60 anos e indicam o início da senescência da

voz21,23,26. A F0 é um parâmetro diretamente ligado à frequência da vibração das

pregas vocais. Os valores médios encontrados para adultos jovens podem variar

de 80 a 150Hz nas vozes masculinas e de 150 a 250Hz nas femininas34. Em um

estudo que avaliou o português brasileiro falado em São Paulo por adultos jovens

e crianças, encontrou-se valores médios de F0 de 113Hz para homens, 205Hz

para mulheres e 236Hz para crianças de 8 a 11 anos34. Comparativamente, outro

estudo28 mostrou um valor inferior da F0 (mulheres com média de 68±8Hz) com

média de 183Hz. Este resultado é indicativo de um decréscimo da F0 decorrente

do envelhecimento, caracterizado pela alteração da atividade endócrina sexual,

irregularidades na vibração das pregas vocais, incompetência glótica, atrofia das

pregas vocais e tensão laríngea, além da presença de doenças sistêmicas

relacionadas à idade e alterações histológicas percebidas nos tecidos conectivos

da laringe37.

Conclusão

59

Na busca por respostas e por literatura que embasasse cientificamente este

estudo, encontraram-se documentos e artigos que se apóiam nas características

anátomo-fisiológicas, perceptuais e acústicas da produção vocal do idoso. No

entanto, pouco foi escrito sobre como e quando envelhecemos do ponto de vista

vocal e sobre a preocupação com o impacto deste envelhecimento sobre a QV desta

porção da população.

Assim, o tema presbifonia é um vasto campo a ser explorado, pois apesar de

alguns estudos nesta área, ainda existem questionamentos como: Quando e como

envelhecemos em relação à voz? Existem marcadores ao longo da vida que nos

permitam predizer o desenvolvimento da presbifonia?

Enfim, o estudo destes e de outros aspectos sobre o envelhecimento vocal

permitirão a prevenção e/ou a redução do impacto do envelhecimento sobre voz do

indivíduo, permitindo-lhe longevidade em aspectos outros, que conjugados, refletem-

se na sua interação com a sociedade.

60

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63

8. SEGUNDO ARTIGO CIENTÍFICO

8.1 Classificação do Qualis do Periódico na área de Medicina I:

ISSN Título Estrato Área de Avaliação

0892-1997 Journal of Voice B1 MEDICINA I

8.2 Normas Editoriais:

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Scope The Journal of Voice includes clinical and research articles that are of interest to all professionals of all backgrounds. Papers are solicited on all aspects of voice, including basic voice science, acoustics, anatomy, synthesis, medical and surgical treatment of voice problems, voice therapy, voice pedagogy, and studies in other areas that increase the knowledge of normal (including performance) and abnormal vocal function in adults and children. Review articles will also be considered. Manuscript Submission

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64

information on figures). It is advisable to save the complete manuscript as a word-processing document (MS Word is preferred) and then upload it into EES.

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Form of Manuscript

Manuscripts should be submitted in English. The paper should be divided into sections with appropriate section headings. Pages must be numbered sequentially with the first page of the manuscript being page 1 (title page and abstract page are not numbered). Authors are cautioned to type, where possible, all mathematical and chemical symbols, equations, and formulas and to identify all unusual symbols the first time they are used. Author(s) will use the American Medical Association Manual of Style, 9th ed., as a reference guide for writing purposes.

Cover Letter

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Title Page

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Abstract

The abstract must be included twice--once alone, where indicated by EES, and once as a part of the whole manuscript. It should be factual, comprehensive, and presented in a structured abstract format. Limit the abstract to 250 words. Do not cite references in the abstract. Limit the use of abbreviations and acronyms. Use the following subheads: Objectives/Hypothesis, Study Design (randomized, prospective, etc.), Methods, Results, and Conclusions. Abbreviations and general statements (e.g., "the significance of the results is discussed") should be avoided.

65

Body of Paper

The beginning of the manuscript should be an introduction to the topic discussed including references to related literature, followed by a statement of the purpose and, where applicable, specific questions to be answered by the research. Typically, this section is followed by labeled sections with a sequence similar to Methods, Results, Discussion, and Conclusions.

References

References should follow the "Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals" (http://www.icmje.org/ ). References are to be supplied in order of citation in the text, numbered consecutively, and typed double-spaced. Sample references are given below of a journal article and a book.

1. Sataloff RT. Professional singers: the science and art of clinical care. Am J Otolaryngology. 1981;2: 251-266.

2. Sataloff RT, Myers DL. Cancer of the Ear and Temporal Bone. In: Gates, Ed. Current therapy on Otolaryngology- Head & neck surgery. 3rd ed. Toronto and Philadelphia: B.C. Decker; 1987:157-160.

Volume and issue numbers, specific beginning and ending pages, and name of translator should be included where appropriate.

Journal title abbreviations should follow the practices of Index Medicus. Provide all author names when there are seven or fewer co-authors. If there are more than seven co-authors, list only the first three and use et al. Authors are responsible for the bibliographic accuracy of all references. "Personal communications" and "unpublished observations" should be indicated within the text but excluded from the reference list (such communications and observations should be used only with the permission of those cited).

Symbols and Abbreviations

Use of symbols and abbreviations should conform to those provided by professional standards publications such as the American National Standard Letter Symbols and Abbreviations for Quantities Used in Acoustics Y10.11-1984, and the American National Standard Acoustical Terminology S1.1-1994. These two publications are available from the American National Standards Institute, 11 West 42nd Street, New York, NY 10018, 212-642-4900.

Accuracy of Data

For all studies dealing with instrumental quantities, a statement of the "error of measurement" should be included. For studies dealing with judgments, a statement concerning the procedure for determining the "reliability" of the judgments is expected.

Glossary

Authors are encouraged to define or explain jargon, and technical or novel language (or expressions) for terms not commonly known across the audiologic professions.

66

These terms and explanations can be placed in a glossary table. If few, the terms can be explained in the text.

Tables

All tables must be cited sequentially in the text, numbered, and supplied with suitable explanatory legends and headings. Tables should not be supplied typed within the body of the manuscript. They must be separately uploaded into EES. Tables should be self-explanatory and should supplement, rather than duplicate, the material in the text.

Figures and Illustrations

All figures and illustrations must be cited sequentially in the text, numbered, and supplied with legends. Figures, illustrations, and legends should not be supplied within the body of the manuscript. Each individual figure must be separately uploaded into EES. Legends to figures should be brief, specific, and explanatory. They should not unduly repeat information already given in the text. Magnification and stain should be provided where appropriate. All photographs and illustrations documenting any postoperative change must be labeled with the postoperative interval.

Figures should be submitted in electronic format, preferably in EPS or TIF format. Figures should be created using graphics software such as Photoshop or Illustrator. DO NOT USE PowerPoint, Corel Draw, or Harvard Graphics. COLOR figures submitted with the manuscript will appear in black and white in print unless the author agrees to pay fees associated with color reproduction. They will appear on the website in color at no extra charge. When color images appear in print in black and white, the black and white contrast will diminish, so choose distinct color contrasts and/or patterns for best conversion to black and white images.

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67

must be checked carefully and returned within 48 hours of receipt. The author is responsible for all statements in the article.

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Peer Review

Manuscripts received by the Journal are read by two or three reviewers who are knowledgeable in the topic in question. The role of the reviewer(s) is to read the manuscript critically, comment on possible or needed changes, and assist the Editor in making a decision concerning the acceptance or rejection of the manuscript for publication. Final page proofs sent to the author( s) can be changed only minimally. Research Subjects

Research studies reported in manuscripts submitted to theJournal of Voice must abide by the ethical principles for the protection of human and animal subjects. The Journal endorses those principles found in the Belmount Report: Ethical Principles and Guidelines for the Protection of Human Subjects (1979, Office of the Protection from Research Risks Report, Bethesda, MD: U.S. Dept. of Health and Human Services); the Guide for the Care and Use of Laboratory Animals (DHEW Publication No. (NIH) 80-23, Revised 1978, Reprinted 1980, Office of Science and Health Reports, DDR/NIH, Bethesda, MD 20205); and the World Medical Association Declaration of Helsinki guidelines (JAMA. 1997;277:925-926). To be considered for publication, studies involving human research subjects ordinarily require a statement indicating Institutional Review Board approval and/or compliance with the Guidelines specified.

68

8.3 Artigo completo

Parâmetros vocais e Qualidade de Vida em mulheres adultas com e sem

função ovariana

Vocal Parameters and Voice Quality of life in adult women with and

without ovarian function

Pablo Rodrigo Rocha Ferraz (*); Simão Veras Bertoldo (**); Luanne Gabrielle Morais

Costa (**); Emmeliny Cristini Nogueira Serra (**); Eduardo Magalhães da Silva (***);

Luciane Maria Oliveira Brito (****); Maria Bethânia da Costa Chein (****)

(*) Fonoaudiólogo, Especialista em Voz (CEV/SP e CFFa), Professor Auxiliar da

Faculdade Santa Terezinha/CEST das disciplinas de Voz, Motricidade Oral e

Fonoaudiologia Hospitalar, Mestrando em Saúde em Materno-Infantil (UFMA).

(**) Alunos do 8º período do curso de graduação em Fonoaudiologia da Faculdade

Santa Terezinha/CEST.

(***) Fonoaudiólogo, Especialista em Voz, Professor Adjunto I da Faculdade Santa

Terezinha/CEST das disciplinas de Voz, Doutor em Ciências Biológicas pela UFPE.

(****) Médica, Ginecologista, Professora Adjunta IV da UFMA das Disciplinas de

Ginecologia e Saúde Integral da mulher, Doutora em Medicina pela UNIFESP.

(*****) Médica, Ginecologista, Professora Associada II da UFMA das Disciplinas de

Ginecologia e Saúde Integral da mulher, Doutora em Medicina pela UFRJ.

Autor responsável: Pablo Rodrigo Rocha Ferraz. Endereço: Rua 85, lote 29, Edifício

Triton, Aptº 204, Bairro Vinhais, São Luís/MA. Cep: 65074-310. Telefone: (98)

88053809 / 30844323. Email: [email protected]

Tipo: Artigo original

69

Resumo

Objetivo: identificar os parâmetros vocais perceptivo-auditivos e acústicos de

mulheres adultas com e sem função ovariana e o seu impacto na qualidade de vida

relacionada à voz. Material e métodos: estudo transversal, analítico realizado com

106 mulheres distribuídas em dois grupos: G1 – mulheres adultas com função

ovariana (n=43) e G2 – mulheres adultas sem função ovariana (n=63). As mulheres

foram orientadas a sustentar a emissão da vogal “a” e dos fonemas /s/ e /z/ em

níveis de altura e intensidade habituais, a prestar informação de como classifica a

sua voz e a responder o questionário QVV (Qualidade de vida relacionada à voz).

Para as amostras vocais, foi realizada a análise perceptivo-auditiva com a escala

GRBASI realizada por 3 fonoaudiólogos e a análise acústica com o software Vox

metria. Para análise dos resultados foi realizada uma análise descritiva univariada.

Resultados: Na análise perceptivo-auditiva observou-se que os dois grupos

apresentaram desvio discreto para os parâmetros rugosidade, tensão e instabilidade,

porém no parâmetro grau de disfonia (G) apenas o G2 apresentou impacto discreto.

Na F0 média, verificou-se um valor menor para o G2 com diferença de 17,41 Hz

entre os dois grupos. Não foi observado impacto na qualidade de vida relacionada à

voz em nenhum dos domínios do QVV para este grupo. Conclusão: Com a chegada

da menopausa, a voz das mulheres modifica-se, causando impacto em alguns

parâmetros vocais, no entanto, não revela impacto direto na sua qualidade de vida

relacionada à voz.

Palavras-chave: voz, menopausa, análise perceptivo-auditiva, análise acústica da

voz, qualidade de vida.

Abstract

70

Objectives: Identify the vocal parameters perceptual and acoustic adult women with

and without ovarian function and its impact on quality of life related to voice.

Methods: cross-sectional study conducted with 106 women analytical divided into

two groups: G1 - adult women with ovarian function (n = 43) and G2 - adult women

without ovarian function (n = 63). The women were instructed to sustain the issuance

of the vowel "a" and the phonemes / s / and / z / in levels of habitual pitch and

loudness, to provide information on how to classify your voice and answer the

questionnaire QVV (related quality of life the voice). For vocal samples, analysis was

performed with the perceptual scale GRBASI performed by three audiologists and

acoustic analysis software with the Voxmetry. For analysis of the results was a

descriptive univariate analysis. Results: In the perceptual analysis showed that both

groups showed a slight deviation for the parameters roughness, tension and

instability, but the parameter degree of dysphonia (G) 2 showed only slight impact. In

the F0 average, there was a lower value for the difference in G2 with 17.41 Hz

between the two groups. There was no observed impact on quality of life in any voice

in the fields of QVV for this group. Conclusions: With the arrival of menopause,

women's voices change is impacting on some voice parameters, however, shows no

direct impact on their quality of life in voice.

.

Keywords: voice, menopause, perceptual voice analysis, acoustic voice analysis,

quality of life.

71

INTRODUCÃO

A percepção e o desenvolvimento vocal ocorre desde o nascimento, e se

revela no choro, riso, grito e balbucios, tornando-se um dos meios de interação mais

poderosos. Considerada como um veículo de sentimentos e emoções, a voz se

modifica constantemente de acordo com a idade, saúde física e psicológica, história

pessoal de vida, condições ambientais e contexto de comunicação1.

Ao longo da vida o ser humano passa por alterações anátomo-fisiológicas,

várias delas decorrentes da ação dos hormônios sexuais. As flutuações destes

hormônios iniciada na puberdade afetam as pregas vocais e a laringe2, fazendo com

que a função fonatória mude continuamente do nascimento até a velhice, diferindo

significativamente entre os sexos, sendo considerada uma característica sexual

secundária3,4.

É certo que os estímulos endócrinos não se limitam aos períodos de muda

vocal na adolescência ou de menopausa e sim constantemente durante a vida do

ser humano, mas são nestes períodos que exercem influência direta sobre a laringe

e voz.

De modo geral, considera-se o período dos 25 aos 45 anos, de máxima

eficiência vocal, e partir daí, uma série de alterações estruturais na laringe ocorrem e

determinam maior ou menor impacto vocal5-8. Dessa forma, a voz adulta apresenta-

se após a muda vocal fisiológica (ou mutação vocal fisiológica, período em que

ocorrem mudanças significativas na voz, decorrentes do crescimento corporal, mais

especificamente do desenvolvimento da laringe e trato vocal na adolescência) ao

redor dos 18 anos de idade, na qual a frequência fundamental no gênero masculino

permanece estável até os 60 anos, enquanto no feminino, verifica-se uma redução a

partir dos 50 anos, quando se inicia a menopausa7,9.

Alguns estudos comprovam a presença de receptores de hormônios sexuais

nos tecidos da laringe e pregas vocais3,4,10-14,16, evidenciando que estes órgãos

podem ser responsivos aos hormônios esteróides sexuais. Além disso, a literatura

sugere ainda que a terapia hormonal (TH) atua beneficamente sobre a laringe16,17

prevenindo as mudanças da voz associadas à menopausa, aumentando a

longevidade vocal17.

72

Em contrapartida, na literatura encontram-se alguns estudos18-22 que não

demonstram mudanças significativas na freqüência fundamental e em outras

medidas vocais em mulheres com menopausa, nem a relação direta entre início da

TRH com melhora da voz.

Embora exista esta variabilidade de resultados, sabemos que o mau

funcionamento da voz, bem como seu desequilíbrio em alguma estrutura envolvida

no processo fonatório, pode causar danos físicos, sociais, econômicos e

psicológicos, impedindo o indivíduo de se relacionar e de desenvolver seu papel na

sociedade23-25, prejudicando assim a sua percepção da qualidade de vida.

Alguns autores afirmam que a voz é um fator preponderante na comunicação

humana, podendo revelar características físicas, psicológicas e sociais, portanto,

uma das condições de saúde que pode provocar repercussões na qualidade da vida

do indivíduo é a alteração da qualidade vocal, podendo acarretar importantes

restrições emocionais, sociais e funcionais, devido a dificuldades na comunicação

quer que seja em relacionamentos, no trabalho ou nas atividades diárias23,26-28.

Neste cenário, julga-se importante compreender como a voz se comporta com

o cessar da função ovariana e por isso, o objetivo deste estudo foi estudar os

parâmetros vocais perceptivo-auditivos e acústicos de mulheres adultas com e sem

função ovariana e o seu impacto na qualidade de vida relacionada à voz.

73

MATERIAL E MÉTODOS

Sujeitos

Estudo transversal e analítico, submetido e aprovado pelo Comitê de Ética

em Pesquisa (CEP) do Hospital Universitário da UFMA com o parecer nº 162/2008.

A amostra foi constituída por 106 mulheres adultas agrupadas em dois

grupos: G1 (n=43) constituído por mulheres com função ovariana e G2 (n=63) por

aquelas sem função ovariana, selecionadas dos ambulatórios da Associação de Pais

e Amigos dos Excepcionais (APAE), como usuários ou acompanhantes. A idade

média das mulheres foi de 29,1± 8,5 anos para o G1 (19,1 - 44,9) e de 67,6 ± 6,3

anos para o G2 (49,5 - 82,8).

Foram excluídas mulheres com diagnóstico prévio ou suspeita de: doença

neurológica; síndromes neurológicas ou crânio-facial; lesão laríngea; endocrinopatia

(exceto menopausa fisiológica); com história cirúrgica de histerectomia total com

anexectomia bilateral, salpingectomia uni ou bilateral, ooforoplastia e/ou

ooforectomia uni ou bilateral, que utilizem a voz como instrumento de trabalho

(jornalistas, cantores, professores, locutores, dentre outros); que estejam em

tratamento vocal ou quaisquer situações de treinamento vocal quer seja com

fonoaudiólogo, professor de canto ou preparador vocal; e fumantes.

Registro das vozes

As mulheres foram orientadas para que emitissem a vogal sustentada “a”

e os fonemas /s/ e /z/ em níveis de altura e intensidade habituais. As amostras de

voz utilizadas para análise nesta pesquisa foram gravadas diretamente em um

computador portátil (Pentium M, 1.7GHz, 512 MB), através do software VoxMetria

2.7h (CTS Informática, Paraná, Brasil) no módulo “qualidade de voz” e “análise de

voz”, utilizando-se microfone unidirecional com resposta linear, sem condensador

(Audio 50, Plantronics Inc., Califórnia, EUA), em sala silente não tratada

acusticamente.

Análise perceptivo-auditiva

74

Após o registro das vozes, cada mulher classificou sua voz, tendo como

base uma lista de adjetivos que lhes foi apresentada, podendo escolher mais de

uma opção da lista (confortável, agradável, clara, grossa, nasal, rouca, fina, forte,

fraca, tensa e outros). Em seguida, realizou-se a avaliação perceptivo-auditiva, com

a escala de avaliação da fonte glótica GRBASI29 por 3 fonoaudiólogos especialistas

e com experiência de pelo menos 5 anos na área de voz. Os mesmos ouviram

simultaneamente cada amostra de voz 3 vezes, em ordem aleatória, não recebendo

qualquer tipo de informação quanto à faixa etária ou grupo em que estavam

inseridas. Esta análise foi realizada na mesma sala de registro.

Tempo máximo Fonatório (TMF)

Os TMF foram determinados a partir da emissão sustentada dos fonemas

/s/ e /z/ e da vogal “a”. As mulheres foram orientadas a emitir os sons continuamente

e os tempos de emissão foram medidos com cronômetro (Stopwatch C510Y, Oregon

Scientific, Portland, EUA), em 3 momentos diferentes, sendo considerado para a

análise final o valor médio das 3 medidas.

Análise Acústica

Os parâmetros considerados nesta análise foram F0méd (freqüência

fundamental média, em Hz), F0moda (moda da freqüência fundamental, em Hz), F0min

(freqüência fundamental mínima, em Hz), F0max (freqüência fundamental máxima,

em Hz), Var. F0 (variação da freqüência fundamental, em Hz e em semitons) e GNE

(glottal to noise excitation ratio – ruído glótico). Todos estes parâmetros foram

extraídos e calculados automaticamente pelo software Vox metria, no menu “análise”

dos módulos “análise de voz” e “qualidade de voz”.

Mensuração de qualidade de vida relacionada à voz (V-RQOL)

Os participantes foram solicitados a responder o questionário Voice-

Related Quality of Life (V-RQOL) elaborado por Hogikyan e Sethuraman30 e

traduzido e adaptado para o português como Qualidade de vida relacionada à voz

(QVV) por Gasparini e Behlau31.

Além disso, os autores responsáveis pela elaboração do protocolo V-

RQOL, atestam que quanto maior for à pontuação, melhor será a qualidade de

vida30.

75

Nesta pesquisa os resultados deste instrumento de avaliação foram

categorizados em graus de impacto, adotando-se os seguintes intervalos: < 50

pontos= impacto severo; ≥ 50 e < 70 pontos: impacto moderado; ≥ 70 e < 90:

impacto discreto; ≥ 90 e ≤ 100 pontos: sem impacto.

Análise estatística

Realizou-se análise descritiva univariada classificadas da seguinte forma:

a. Variável qualitativa ordinal: análise dos parâmetros GRBASI e QVV;

b. Variável qualitativa nominal: auto-classificação das vozes;

c. Variável quantitativa discreta: TMF, F0méd, F0moda, F0mín, F0máx, Var. F0 e GNE.

76

RESULTADOS

A idade média das mulheres foi de 29,1±8,5 anos para o G1 e de 67,6 ±

6,3 anos para o G2 (tabela 1). Em relação à presença de queixas vocais, as

mulheres do G2 apresentaram uma frequência maior (37,5%) que o G1 (22,2%).

Tabela 1 – Distribuição dos valores médios, desvio padrão, mínimo e máximo da idade e presença

de queixa vocal dos grupos avaliados.

Grupo Idade média ± DP (anos) mín-máx (anos) Queixa vocal

sim não

G1 29,1 ± 8,5 19,1 - 44,9 22,2% 77,8%

G2 64,3 ± 9,4 49,5 - 82,8 37,5% 62,5%

G1: mulheres com função ovariana; G2: mulheres sem função ovariana; DP – desvio padrão; mín – mínimo; máx – máximo

Quanto à percepção vocal, houve uma maior frequência de resposta do

G1 para o adjetivo agradável (28,6%), confortável (19%) e fina (19%), enquanto que

no G2 as respostas mais freqüentes foram para os adjetivos: agradável (37,2%) e

rouca (20,9%). (tabela 2)

Tabela 2 – Distribuição da percepção das mulheres dos grupos avaliados quanto à classificação

das suas vozes.

Grupo confortável agradável clara grossa nasal rouca fina forte fraca tensa

G1 19,0% 28,6% 11,1% 6,3% 6,3% 12,7% 19,0% 17,5% 14,3% 6,3%

G2 14,0% 37,2% 9,3% 11,6% 2,3% 20,9% 14,0% 11,6% 11,6% 4,7%

G1: mulheres com função ovariana; G2: mulheres sem função ovariana;

Em relação ao tempo máximo de fonação (TMF) os dois grupos foram

semelhantes quanto à vogal “a” sustentada (G1=13,67 e G2=13,94). No entanto,

quanto à emissão sustentada das consoantes /s/ e /z/ e a relação s/z, observou-se

que o G2 obteve valores inferiores ao G1. (tabela 3)

Tabela 3 – Distribuição dos tempos máximos fonatórios e relação s/z dos grupos avaliados.

77

Grupo /a/ /s/ /z/ s/z

média mín max média Mín máx média mín máx média mín Max

G1 13,67 6,39 26,12 11,52 4,70 23,12 11,18 4,25 20,30 1,04 0,64 1,77

G2 13,94 6,15 24,98 8,91 2,47 19,82 9,88 2,02 18,85 0,95 0,38 4,30

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana; mín:mínimo; máx: máximo

Na Tabela 4, observa-se que para F0 média (Hz) foi encontrado valor de

202,48 Hz para o G1 e de 185,07 Hz para o G2. A variação da F0 em Hertz foi de

24,39 Hz (equivalente a 2 semitons) para o G1 e de 35,70 Hz (equivalente a 4

semitons – vide tabela) para G2. Em relação à GNE, o G1 apresentou uma

proporção média de 0,83, enquanto o G2 apresentou a proporção de 0,74.

Tabela 4 – Distribuição dos valores médios, mínimo e máximo das variáveis de freqüência

fundamental (F0) e da GNE dos grupos avaliados.

Grupo F0 med

(hz) F0 mod

(hz) F0 Dp (hz)

F0 min (hz)

F0 max (hz)

Var. F0 (hz)

Var. F0 (St) GNE

G1

Med 202,48 202,67 3,02 191,48 214,00 24,39 2 0,83

Min 155,99 157,15 1,29 126,02 175,35 8,59 1 0,20

Max 248,49 255,04 55,79 241,64 277,29 151,27 14 0,99

G2

Med 185,07 185,13 4,46 163,13 201,02 35,70 4 0,74

Min 121,02 121,06 0,56 120,46 122,41 1,95 0 0,19

Max 215,73 217,87 12,17 201,15 316,16 168,98 13 0,95

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana; méd:média; mín:mínimo; máx:máximo; mod: moda; Dp:desvio padrão; Var:variação; Hz:hertz; St:semitons; GNE: ruído glótico.

Na avaliação perceptivo-auditiva (Tabela 5) realizada por meio da escala

GRBASI, foram encontradas a moda de grau discreto dos parâmetros rugosidade

(R=1), tensão (S=1) e instabilidade (I=1) em ambos os grupos, no entanto, no

parâmetro grau de disfonia (G), o G1 não apresentou impacto (G=0) e G2

apresentou grau discreto (G=1).

78

Tabela 5 – Distribuição da moda dos parâmetros perceptivos da avaliação GRBASI dos grupos

avaliados.

Grupo G R B A S I

G1 0 1 0 0 1 1

G2 1 1 0 0 1 1

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana; G:grau de disfonia; R:rugosidade (rouquidão e aspereza); B:soprosidade; A: astenia; S:tensão; I:instabilidade.

Os resultados do QVV (Tabela 6) revelaram que os grupos avaliados, não

apresentaram impacto nos domínios sócio-emocional e físico e no escore total.

Tabela 6 – Distribuição dos valores médios dos domínios sócio-emocional, físico e escore total do

QVV dos grupos avaliados.

Grupo Domínio sócio-emocional Domínio Físico Escore Total

G1 99,4 97,0 96,3

G2 99,1 95,1 94,1

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana

79

DISCUSSÃO

O G2 (mulheres sem função ovariana) apresentou uma freqüência maior

(37,5%) que o apresentado pelo G1 (com função ovariana) quanto a presença de

queixas vocais (22,2%). Na literatura não se identificaram a freqüência com que

ocorre o relato de queixas vocais em mulheres menopausadas, e sim o tipo das

queixas vocais5,8,11,32-34 como voz baixa, fadiga vocal, instabilidade vocal, presença

de rouquidão, frequência fundamental baixa, dentre outras.

Quanto à auto-classificação das vozes, em ambos os grupos a maior

freqüência de respostas foi para o adjetivo “agradável”, no entanto, o segundo

adjetivo mais freqüente foi “rouca“ para o G2 e confortável para o G1. As flutuações

hormonais ao longo da vida exercem impacto direto na laringe feminina seja na

puberdade, na idade adulta, na menopausa ou pelo uso de pílulas

anticoncepcionais2. Alguns autores4,8,11,18-30,32-34, afirmam que no período da

menopausa, as modificações vocais são o resultado das modificações laríngeas,

podendo encontrar a rouquidão como uma qualidade vocal comum de mulheres

menopausadas. Além disso, este resultado nos fez questionar sobre qual a

representatividade que a voz possui na vida das mulheres. Em um estudo35 que

pesquisou os sentidos atribuídos a voz por mulheres após a menopausa, os autores

afirmaram que as alterações surgidas na voz durante o climatério, concorrem como

fatores de conflito ou de contradição na constituição da nova identidade pessoal,

concebida na pertinência social e podendo não estar relacionada diretamente ao fato

da menopausa.

Como o TMF e a relação s/z avaliam a habilidade em controlar as forças

aerodinâmicas da corrente pulmonar e as forças mioelásticas da laringe6,36,37, neste

estudo, seus valores foram menores no grupo de mulheres menopausadas. Para

vogal sustentada “a”, ambos os grupos apresentaram os valores semelhantes aos de

normalidade (G1 – 13,67 segundos e G2 – 13,94 segundos) que é de 14 segundos

para mulheres adultas brasileiras6. Embora não se tenha parâmetros normativos

para os TMF dos fonemas /s/ e /z/, observou-se que o G2 apresentou um valor

médio inferior para ambos os fonemas em comparação ao grupo das mulheres com

função ovariana, sugerindo que com o avanço da idade e a chegada da menopausa,

as forças mioelásticas e aerodinâmicas da laringe podem sofrer alteração9,11,

80

fazendo com que as mulheres percam o equilíbrio do sistema fonatório, deixando a

voz mais fraca, pressão aérea subglótica reduzida conseqüente diminuição na

intensidade vocal, evidenciado também pelos resultados da relação s/z (Tabela

3)3,12,16,18,36.

Da mesma forma, o valor do parâmetro acústico F0 média foi menor no

grupo de mulheres menopausadas (G1 - 202,48 Hz e G2 - 185,07 Hz). Este

resultado corrobora com outros estudos da literatura, que apresentam resultados

semelhantes para a F0 média de mulheres adultas com a função ovariana adequada

entre 205 e 210 Hz38-41 e de mulheres adultas com idade maior ou igual a 50 anos,

relatam valores médios menores, em torno de 186 Hz28,41, decorrente da queda dos

níveis hormonais pelo processo de envelhecimento36-38,42,43.

Em um estudo brasileiro41, que investigou parâmetros acústicos de

mulheres pós menopausa, a autora afirma que com o avanço da idade em mulheres,

ocorre uma diminuição no valor da F0, ou seja, as mulheres idosas apresentam uma

voz mais grave. No entanto, o que se percebe em seus resultados é que em todas

as faixas etárias das mulheres avaliadas não há diferença significante entre estas

(183,74 Hz para 43-49 anos, 192,36 Hz para 50-59 anos, 183,40 Hz para 60-69

anos, 184,76 Hz para 70-79 anos e 185,18 Hz para acima de 80 anos), o que talvez,

nos permita pensar que a idade não seja um fator determinante nas mudanças

vocais.

Diante destes dados e da literatura, podemos sugerir, que de forma mais

marcante que a idade cronológica, as modificações hormonais estão relacionados à

redução da F0, principalmente a menopausa, na qual modificam as estruturas, as

condições da mucosa e conseqüentemente o padrão vocal.

Os outros parâmetros acústicos como variação da F0 (em Hz e em St) e

GNE, revelaram que o grupo de mulheres menopausadas possui uma maior

instabilidade vocal caracterizada pela maior variação da F019,26,36 e

conseqüentemente o ruído glótico (GNE) maior, ou seja, maior aperiodicidade vocal

durante a emissão20,34,40,46. As modificações estruturais da laringe no período da

menopausa favorecem o aparecimento de edema,41,44,45 e conseqüentemente

modificações vocais como ruídos vocais como rouquidão, instabilidade e

agravamento da voz38. Esta relação direta entre menopausa e modificações

81

laríngeas e vocais é corroborada em estudos que analisaram esfregaços epiteliais

da laringe e da vagina em diferentes momentos do ciclo ovariano4,12 e com mulheres

com síndrome pré-menstrual41, demonstrando que as amostras celulares foram

semelhantes e que a laringe é um alvo hormonal tanto quanto a vagina.

Para muitos autores, o período da menopausa é um importante indicador

de que o organismo inicia o seu declínio fisiológico natural. Com isso, as

manifestações vocais possíveis de se observar com o avanço da idade são

classificadas como síndrome vocal da menopausa2,4 e caracterizadas por tremor

vocal, qualidade vocal rouca, soprosa ou áspera, instabilidade, fadiga vocal e

compensações inapropriadas na tentativa de produzir uma voz com qualidade vocal

melhor, capacidade respiratória e TMF reduzidos2,15,28.

Embora tenhamos encontrado um grau discreto na análise perceptivo-

auditiva nos parâmetros rugosidade, tensão e instabilidade em ambos os grupos, a

presença de disfonia só foi apontada pelos fonoaudiólogos examinadores no grupo

de mulheres menopausadas. Dessa forma, compreendemos o desequilíbrio

endócrino como causador de mudanças hormonais que influenciam a mucosa

laríngea, como modificações vocais como rouquidão2,4,36,38,49.

Neste estudo, nenhum dos grupos apresentou impacto negativo na

qualidade de vida relacionada à voz. Embora não se tenha na literatura estudos que

relacionam voz X menopausa X qualidade de vida, pesquisas que relacionam voz de

mulheres idosas X qualidade de vida mostram resultados divergentes. Alguns

estudos24,47,48 afirmam que modificações vocais fisiológicas não modificam a

percepção e nem causam impacto negativo na qualidade de vida relacionada à voz,

enquanto outros25,49 referem que existe uma relação direta entre disfonia e redução

na qualidade de vida relacionada à voz.

A OMS (Organização Mundial de Saúde), por meio de uma discussão

com especialistas de vários lugares do mundo, definiu a qualidade de vida como a

percepção dos indivíduos de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema

de valores nos quais eles vivem e em relação aos seus objetivos, expectativas,

padrões e interesses50. Embora exista esta definição, entendemos que definir QV

não é algo simples, pois se trata de uma avaliação multidimensional.

82

Embora nossos resultados quanto a QV tenham sido divergentes da

literatura, na qual afirma que a disfonia tem um impacto significante no estado de

saúde geral31,51, estudos que investigam a QV relacionada à voz de mulheres

menopausadas e idosas são muitos escassos, o que impossibilita uma definição

quanto a influência das mudanças vocais na percepção de QV. Entretanto, não

descartamos a possibilidade deste resultado ter ocorrido pela possibilidade das

mulheres serem mais críticas em relação à própria voz que os homens48 e/ou pela

dificuldade de percepção auditiva da própria voz, uma vez que as mudanças vocais

foram discretas7,24,25,52.

.

83

CONCLUSÃO

Os resultados do presente estudo demonstraram haver diferença nos

parâmetros perceptivo-auditivos de mulheres adultas com e sem função ovariana,

caracterizado pela presença de grau discreto de disfonia, redução dos TMF das

consoantes /s/ e /z/, da F0 e de suas variáveis. Porém, questiona-se a relação entre

o grau das disfonias e o impacto na qualidade de vida relacionada à voz, uma vez

que neste estudo o grupo de mulheres menopausadas não apresentou impacto

negativo na qualidade de vida mesmo apresentando grau discreto de disfonia.

Além disso, podemos sugerir que a função hormonal seja um marcador

importante na transição da voz estável para uma voz presbifônica de mulheres

adultas.

84

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