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TEORIAS DE ESTADO E EDUCAÇÃO Contrafogos Táticas para enfrentar a invasão neoliberal Pierre Bourdieu Resenha Prof. Dr. Dilson Passos Júnior - [email protected] Página 1 1 A partir do século XV a formação do Estado moderno representou um esforço da burguesia comercial em garantir estabilidade política para suas atividades comerciais. Na origem das duas guerras mundiais há conflitos de países que só tardiamente se unificaram na busca de mercados que já tinham sido “partilhadosno século XIX por vários países europeus. Os partidos 1 totalitários no entre guerras procuraram o fortalecimento do Estado em defesa da burguesia industrial. Estado forte, organizado e o anticomunismo eram algumas das características destes estados totalitários. Ao final da segunda guerra mundial os vencedores assumiram como política reerguer os derrotados para que, apesar de desmantelados econômica, social e politicamente, não se inclinassem para o comunismo internacional capitaneado pela Rússia. Foi, portanto opção política dos países capitalistas fortalecerem o sistema político-econômico capitalista através da integração dos derrotados no bloco capitalista. Aos poucos o Estado moderno foi perdendo espaço para um capitalismo internacional, ampliado hoje pela globalização da economia e dos meios de comunicação. A União Européia é um dos exemplos desta unificação assim como os diversos blocos econômicos em todos os continentes. Este é o “habitat” onde vive e se alimenta o neoliberalismo que, se possui alguma amarra em Estados individuais, é, sobretudo, uma ação econômica global que se vai impondo a vários Estados. É tendo este cenário de fundo que Bourdieu 2 faz a leitura critica do neoliberalismo a partir da França e, ainda que esta análise esteja focada num país, é o reflexo de uma prática mundial, resultado da globalização. 1 - Merece especial destaque o nazismo na Alemanha e o Fascismo da Itália; este movimento se manifestou também na Espanha com o franquismo, em Portugal com o salazarismo, no Brasil com o Getulismo e na Argentina com o peronismo. 2 Pierre Bourdieu (Denguin, 1 de agosto de 1930 Paris, 23 de janeiro de 2002) foi um importante sociólogo francês. De origem campesina, filósofo de formação, chegou a docente na École de Sociologie du Collège de France, instituição que o consagrou como um dos maiores intelectuais de seu tempo. Desenvolveu, ao longo de sua vida, mais de 300 trabalhos abordando a questão da dominação e é, sem dúvida, um dos autores mais lidos, em todo o mundo, nos campos da Antropologia e Sociologia, cuja contribuição alcança as mais variadas áreas do conhecimento humano, discutindo em sua obra temas como educação, cultura, literatura, arte, mídia, lingüística e política. Também escreveu muito analisando a própria Sociologia enquanto disciplina e prática. A sociedade cabila, na Argélia, foi o palco de suas primeiras pesquisas. Seu primeiro livro, Sociologia da Argélia (1958), discute a organização social da sociedade cabila, e em particular, como o sistema colonial interferiu na sociedade cabila, em suas estruturas e desculturação. Dirigiu, por muitos anos, a revista "Actes de la recherche en sciences sociales" e presidiu o CISIA (Comitê Internacional de Apoio aos Intelectuais Argelinos), sempre se posicionado clara e lucidamente contra o liberalismo e a globalização.Sua discussão sociológica centralizou-se, ao longo de sua obra, na tarefa de desvendar os mecanismos da reprodução social que legitimam as diversas formas de dominação. Para empreender esta tarefa, Bourdieu desenvolve conceitos específicos, retirando os fatores econômicos do epicentro das análises da sociedade, a partir de um conceito concebido por ele como violência simbólica, no qual Bourdieu advoga acerca da não arbitrariedade da produção simbólica na vida social, advertindo para seu caráter efetivamente legitimador das forças dominantes, que expressam por meio delas seus gostos de classe e estilos de vida, gerando o que ele pretende ser uma

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A partir do século XV a formação do Estado moderno representou um esforço da

burguesia comercial em garantir estabilidade política para suas atividades comerciais.

Na origem das duas guerras mundiais há conflitos de países que só tardiamente se

unificaram na busca de mercados que já tinham sido “partilhados” no século XIX por

vários países europeus. Os partidos1 totalitários no entre guerras procuraram o

fortalecimento do Estado em defesa da burguesia industrial. Estado forte, organizado e o

anticomunismo eram algumas das características destes estados totalitários. Ao final da

segunda guerra mundial os vencedores assumiram como política reerguer os derrotados

para que, apesar de desmantelados econômica, social e politicamente, não se

inclinassem para o comunismo internacional capitaneado pela Rússia. Foi, portanto

opção política dos países capitalistas fortalecerem o sistema político-econômico

capitalista através da integração dos derrotados no bloco capitalista. Aos poucos o

Estado moderno foi perdendo espaço para um capitalismo internacional, ampliado hoje

pela globalização da economia e dos meios de comunicação. A União Européia é um

dos exemplos desta unificação assim como os diversos blocos econômicos em todos os

continentes. Este é o “habitat” onde vive e se alimenta o neoliberalismo que, se possui

alguma amarra em Estados individuais, é, sobretudo, uma ação econômica global que se

vai impondo a vários Estados.

É tendo este cenário de fundo que Bourdieu2 faz a leitura critica do neoliberalismo a

partir da França e, ainda que esta análise esteja focada num país, é o reflexo de uma

prática mundial, resultado da globalização.

1 - Merece especial destaque o nazismo na Alemanha e o Fascismo da Itália; este movimento se

manifestou também na Espanha com o franquismo, em Portugal com o salazarismo, no Brasil com o

Getulismo e na Argentina com o peronismo.

2 Pierre Bourdieu (Denguin, 1 de agosto de 1930 — Paris, 23 de janeiro de 2002) foi um importante

sociólogo francês. De origem campesina, filósofo de formação, chegou a docente na École de Sociologie

du Collège de France, instituição que o consagrou como um dos maiores intelectuais de seu tempo.

Desenvolveu, ao longo de sua vida, mais de 300 trabalhos abordando a questão da dominação e é, sem

dúvida, um dos autores mais lidos, em todo o mundo, nos campos da Antropologia e Sociologia, cuja

contribuição alcança as mais variadas áreas do conhecimento humano, discutindo em sua obra temas

como educação, cultura, literatura, arte, mídia, lingüística e política. Também escreveu muito analisando

a própria Sociologia enquanto disciplina e prática. A sociedade cabila, na Argélia, foi o palco de suas

primeiras pesquisas. Seu primeiro livro, Sociologia da Argélia (1958), discute a organização social da

sociedade cabila, e em particular, como o sistema colonial interferiu na sociedade cabila, em suas

estruturas e desculturação. Dirigiu, por muitos anos, a revista "Actes de la recherche en sciences sociales"

e presidiu o CISIA (Comitê Internacional de Apoio aos Intelectuais Argelinos), sempre se posicionado

clara e lucidamente contra o liberalismo e a globalização.Sua discussão sociológica centralizou-se, ao

longo de sua obra, na tarefa de desvendar os mecanismos da reprodução social que legitimam as diversas

formas de dominação. Para empreender esta tarefa, Bourdieu desenvolve conceitos específicos, retirando

os fatores econômicos do epicentro das análises da sociedade, a partir de um conceito concebido por ele

como violência simbólica, no qual Bourdieu advoga acerca da não arbitrariedade da produção simbólica

na vida social, advertindo para seu caráter efetivamente legitimador das forças dominantes, que

expressam por meio delas seus gostos de classe e estilos de vida, gerando o que ele pretende ser uma

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A partir desta realidade francesa ele faz o diagnóstico do neoliberalismo na França.

Cunha o conceito de “mão direita” e “mão esquerda” do Estado, entendendo pela

primeira aquelas elites do poder central totalmente desvinculadas das bases do povo

constituindo-se na “grande nobreza3”. De outro lado a “baixa nobreza

4”, funcionários

públicos que sentem que o Estado se faz ausente ou começa a se ausentar das áreas com

problemas sociais.

Uma das razões maiores do desespero de todas essas pessoas está no fato que o

Estado se retirou, ou está se retirando, de certo número de setores da vida

social que eram sua incumbência e pelos quais era responsável: a habitação

pública, a televisão e a rádio pública, a escola pública, os hospitais públicos5.

Bourdieu denuncia que mesmo socialistas se despreocupam com a coisa pública, não

raro, apoiando as empresas e iniciativas privadas em detrimento do povo. O próprio

cidadão rejeita o Estado não vendo nele mais o guardião de seus interesses e de sua

vida, pois este acaba se subordinando aos interesses da economia neoliberal enquanto

intelectuais e políticos se rendem à lógica do mercado e à mentalidade neoliberal com a

defesa do Estado minimalista.

Acredita Bourdieu que uma lógica perversa acaba por se impor quando o neoliberalismo

passa a ser entendido como necessário e inevitável, uma realidade que se impõe. Uma

linguagem e lógica neoliberal começam a fazer parte de nossa mentalidade e achamos

normal que exista um Estado fraco no social e forte na repressão. Entende-se como

normal a segregação social, os privilégios das elites e o confinamento dos

desempregados e subempregados nos subúrbios das grandes cidades. Aceita-se que

devem prevalecer as leis de mercado livres sem a intromissão do Estado concebendo-se

este mesmo Estado como policialesco, tendo por missão manter a “ordem social”.

Passa a prevalecer as regras da globalização e das movimentações do mercado mundial

não importando os custos sociais que isso represente.

Um dos fantasmas que o neoliberalismo tenta exorcizar é o socialismo com o coletivo

visto como um mal. Exalta-se o individualismo e o individual. Prevalece o conceito de

um mercado puro que se impõe por si só. Ao isolar as pessoas em suas individualidades

o sistema neoliberal pode também acuá-las exigindo delas a máxima produtividade,

tendo uma atitude contraditória: valoriza-se exacerbadamente o individual e o

distinção social. O mundo social, para Bourdieu, deve ser compreendido à luz de três conceitos

fundamentais: campo, habitus e capital. pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Bourdieu

3 - Pierre BOURDIEU. Contrafogos, Táticas para Enfrentar a Invasão neoliberal. Rio de Janeiro, Zahar

Editores, sd. p. 10 4 - Ibdem – p. 10

5 - Ibdem – p. 10

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individualismo e, ao mesmo tempo, oprime-se o individuo com as forças do sistema que

passa pela redução de salário e ameaça de desemprego.

O fundamento de toda essa ordem econômica sob a chancela invocada da

liberdade dos indivíduos é efetivamente a violência estrutural do desemprego,

da precariedade e do medo inspirado pela ameaça da demissão: a condição do

funcionamento “harmonioso” do modelo microeconômico individualista e o

princípio da “motivação” individual para o trabalho residem, em última

análise, num fenômeno de massa, qual seja a existência do exército de reserva

dos desempregados. Nem se trata a rigor de um exército, pois o desemprego

isola, atomiza, individualiza, desmobiliza e rompe a solidariedade6.

O neoliberalismo apresenta-se como “máquina infernal7” que impõe disciplina nas

empresas e pessoas, agindo com terror e exigindo que elas provem que são boas. É um

sistema que

[...] sacraliza o poder dos mercados em nome da eficiência econômica, que

exige a suspensão das barreiras administrativas ou políticas capazes de

incomodar os detentores de capitais na busca puramente individual da

maximização do lucro individual instituído como modelo de racionalidade, que

querem bancos centrais independentes, que pregam a subordinação dos estados

nacionais às exigências da liberdade econômica para os donos da economia,

com a suspensão de todas as regulamentações sobre todos os mercados, a

começar pelo mercado de trabalho, a proibição dos déficits e da inflação, a

privatização generalizada dos serviços públicos, a redução das despesas

públicas e sociais8.

O neoliberalismo prioriza o mercado e o lucro ignorando as implicações sociais de suas

ações mesmo que elas sejam a miséria, a fome, a dependência econômica e a

deteriorização do bem público.

Bourdieu é contundente na sua critica a “está máquina infernal”. e aponta para algumas

propostas de reação a esta estrutura econômica. O primeiro passo é a capacidade de se

avaliar e compreender este sistema econômico. Toda violência econômico-social não é

um lucro, mas possui um custo social e financeiro: violência, terrorismo, desemprego

possuem um pesado custo. É preciso fortalecer o Estado com seus sindicatos e

associações e em nível internacional criar mecanismos que controlem o mercado

financeiro internacional impedindo que aja sem restrições. Cabe aos intelectuais,

6 - Ibdem – p. 140

7 - ibdem – p. 142

8 - Ibdem – p. 143

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economistas, sociólogos e filósofos gerar ações concretas contra este sistema econômico

que tem em vista o lucro imediato em favor de elites econômicas. A mobilização em

todos os níveis é o primeiro grande passo para conter o neoliberalismo.

Para Dowbor9, um grande passo seria a passagem do global para o particular. A

economia saiu da aldeia para a cidade até se tornar global. Revertendo este processo

dever-se-ia partir do global para o particular. Sem negar à globalização, as pessoas e os

governos deveriam realizar, na medida do possível, suas transações econômicas no

ambiente local. Isto geraria a circulação do dinheiro e dos bens dentro deste espaço

restrito gerando a circulação de riquezas. Apelar-se-ia para a economia mais ampla

apenas nos momentos em que a comunidade local ou regional não dispusesse dos

recursos necessários. Seria, de acordo com o pensamento de Bourdieu, a revalorização

do grupo social anulado até agora pelo individualismo neoliberal que, ao dividir as

pessoas, as fez perder a sensibilidade da comunidade. O neoliberalismo é uma força

econômica desagregadora da coletividade. O custo da busca do lucro imediato terá

certamente um alto preço para as sociedades que se submeterem a esse modelo

econômico.

Bibliografia

BOURDIEU, Pierre. Contrafogos, Táticas para Enfrentar a Invasão. Neoliberal. Rio

de Janeiro, Zahar Editores, sd. pp. 135-149

9 - Ladislau DOWBOR, formado em economia política pela Universidade de Lausanne, Suíça; Doutor

em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, Polônia (1976).

Atualmente é professor titular no departamento de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo, nas áreas de economia e administração. Continua com o trabalho de consultoria para diversas

agencias das Nações Unidas, governos e municípios, bem como do Senac. Atua como Conselheiro na

Fundação Abrinq, Instituto Polis, Transparência Brasil e outras instituições. dowbor.org/sobreld.asp -

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APÊNDICE10

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- Conteúdo montado em transparência em 2006 a partir do pensamento de Dowbor para explicar os

princípio teóricos do neoliberalismo.

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Embasamento teórico

do Neoliberalismo

Neoliberalismo

nasce após Segunda Guerra mundial

países capitalistas

Europa USA

Reação teórica e política

Contra o Estado Intervencionista

E de Bem estar social

HEYER

Escreveu o livro

O CAMNIHO DA SERVIDÃO

É contra qualquer

Limitação

Dos mecanismos de

mercado por parte do

Estado.

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Argumentavam que a desigualdade era um valor

positivo - na realidade imprescindível - pois disso

precisavam as sociedades ocidentais.

1974

Hayek funda a

Sociedade Mont Pélerin

Cuja finalidade era promover

os ideais neoliberais.

1973

todo o mundo capitalista vive recessão

com baixas taxas de crescimento com altas

taxas de inflação

Idéias neoliberais ganham terreno:

"As raízes da crise estão localizadas no poder excessivo e

nefasto dos sindicatos e, de maneira geral, no movimento

operário, que havia corroído as bases de acumulação

capitalista com suas pressões reivindicatórias sobre os

salários e com sua pressão parasitária para que o Estado

aumentasse cada vez mais os gastos sociais". Hayek

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Esse processo destruiu os lucros das empresas

Desencadeando um processo inflacionário

Exigindo do Estado cada vez maior gastos sociais:

REMÉDIOS:

1. Estado forte contra os sindicatos.

2. Forte no controle social.

3. Parco nos gastos sociais

4. Parco nas intervenções econômicas.

5. Contenção com os gastos do Bem Estar

social.

6. Criação de um "exército de reserva" de

mão de obra para conter os sindicatos.

7. Reforma fiscal, com taxas menores para as

maiores riquezas.

Assim

"Nova e saudável desigualdade para dinamizar as

economias avançadas"

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O CERNE DAS IDÉIAS

DE Hayek

Ponto de partida NOÇÃO DE

ORGANIZAÇÃO EFICIENTE

Um organismo eficiente

Corrige automaticamente

Os distúrbios de funcionamento.

Em vista da

Eficiência das Instituições humanas

Boa organização é aquela capaz de funcionar

Satisfatoriamente independente da presença de

"salvadores da Pátria".

A partir desse conceito de eficiência orgânica ou sistêmica, Hayek desenvolve três proposições: Primeira proposição: Segunda proposição:

Os preços devem flutuar livremente dentro dos impulsos naturais do mercado, sem burocratas que interfiram na economia.

O Estado democrático deve ser simples. Os que são eleitos democraticamente nem sempre estão aptos a votar temas tecnicamente complexos e cruciais para a eficiência do Estado.

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Terceira Proposição:

DIVERGÊNCIAS:

Estado minimalista O Estado possui outras

Funções a desempenhar.

O Neoliberalismo admite que a mão invisível do mercado possa funcionar melhor

com certa ajuda da mão visível do Estado, mas esse Estado precisa autolimitar-se

para poder manter-se forte e democrático. E Estado mínimo não significa

fraqueza. Estado fraco não é aquele que exerce poucas funções, mas aquele que

não consegue cumprir as suas tarefas constitucionais.

Crítica dos social-liberais ao neoliberalismo

os neoliberais por se esquecerem de que a doutrina política não deve

apenas tentar conciliar os desejos humanos de liberdade e vida em

comum, mas também levar em conta o sentimento natural de

solidariedade. É esse mesmo sentimento que justifica a assistência do

Estado aos desamparados e, preventivamente, a compulsoriedade das

contribuições para a Previdência Social ou a proibição às drogas.

os neoliberais freqüentemente passam por cima de uma questão que é

muito importante: boa parte do destino de um indivíduo depende do que

lhe é fornecido em matéria de educação, saúde e nutrição durante a

infância e a adolescência, período em que ele é juridicamente incapaz e,

portanto, não tem como tomar decisões responsáveis.

O Excesso de intervencionismo estatal acaba por violentar o Estado de Direito.

NEOLIBERAIS SOCIAIS LIBERAIS

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Os argumentos mais convincentes dos neoliberais estão longe de provar

que o Estado ideal seja o minimalista. Eles mostram apenas que o

Estado, para ser forte, não pode ser muito grande. Mais ainda, que a

democracia exige um encolhimento do tamanho do Estado. É nesse

sentido que Hayek e as suas idéias neoliberais precisam ser

devidamente consideradas pelos intelectuais brasileiros. Afinal, no caso

do Brasil, a opinião pública queixa-se da falta de confiabilidade dos

políticos e os troca a cada eleição, mas continua insatisfeita. O

problema será dos homens falíveis ou do sistema que necessita de

messias?