Upload
independent
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
RELATO DE EXPERIÊNCIA – DISCURSÃO DE GÊNERO NA AGRICULTURA FAMILIAR: UM ESTUDO SOBRE O OLHAR ANTROPOLÓGICO NO CONTEXTO
RURAL, EXPERIÊNCIAS E TEORIAS ATRAVÉS DAS PRÁTICAS AGROECOLÓGICAS NO MUNICÍPIO DE IPANGUAÇU – RN.
OLIVEIRA, Francisca das Chagas de1; NASCIMENTO, Ana Paula Pereira do2; SILVA, Luany Gabriely da3; COSTA, Jaqueline R.M. da4; SILVA, Robson, Campanerut da5.
1 IFRN, E-mail: [email protected]; 2 IFRN, E-mail: [email protected]; 3 IFRN, E-mail: [email protected]; 4 IFRN, E-mail: [email protected]; 5 IFRN, E-mail:
Resumo:
Este estudo teve por objetivo relatar a experiência de campo, relatos de vidas e de luta pela terra, resgatando autonomia e a dignidade social, através das técnicas agroecológicas, durante as visitas ao Assentamento Tabuleiro Alto em Ipanguaçu/ RN. O mesmo foi resultado de visitas das discentes universitárias do IFRN Campus Ipanguaçu, em visita a propriedade de uma família de agricultores, cujo nome é representado por Família das Margaridas. A metodologia utilizada seguiu através de diálogos sobre princípios da Agroecologia, prezando por um diálogo aberto e participativo, onde, a líder da Família Sonia Costa, fez relatos de sua vida e de sua luta e paixão pela agroecologia, de forma simples e apaixonante. Os resultados foram à aprendizagem e compreensão de que é necessário apreender novas técnicas de manejo de solo e utilização de água; a integração entre diversas técnicas para o melhor aproveitamento dos recursos existentes na comunidade está dentro dos paramentos da agroecologia.
Palavras-Chave: Conhecimento popular; Vivência; Mulheres campo.
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento local pode ser entendido como a satisfação das necessidades
humanas fundamentais através do protagonismo real e verdadeiro de cada pessoa em
sua comunidade, município ou região (MARTIN, 1999). Foi o que fez a família das
Margaridas, no assentamento Tabuleiro Alto que se localiza a 22 km da sede do
Município de Ipanguaçu. A Família das Margaridas tem Sonia Costa como protagonista
do seu próprio destino, que com sua força e coragem mudou a sua realidade e a de sua
família e da comunidade em que vive tudo isso através do seu trabalho com agroecologia,
que alcançou estágio de desenvolvimento sustentável, servindo de espirações para
aqueles que vivem na comunidade, assim, como para os conhece a sua história e suas
lutas. Foi o que objetivou esse estudo, pois, além de cultivarem eles pregam
agroecologia, a participação da família é muito ativa em sua comunidade. Eles conhecem
os problemas da comunidade e tenta transformar a realidade em que vive valores esses
que estão se perdendo na atualidade.
DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA
O estudo começou com visitas partir do mês de dezembro de 2014 a comunidade de
Assentamento de Ipanguaçu, localizado na microrregião do vale do Açu, pertencente á
mesorregião do Oeste Potiguar, Zona Semiárida do Rio Grande do Norte, dentro da
realidade que envolve o IFRN/Campus Ipanguaçu. O estudo foi compreendido em três
fases: A primeira foi visitar a família, a segunda fase, foi o dialogo sobre os relatos de
vida, e a terceira fase foi à visita à propriedade que possui 16 hectares, porém a área é
cultivada pela família com a horta orgânica é de 1/2 ha.
Proprietária Sonia Costa e sua família, que a mesma chama de família das
margaridas, relatou que, antes ela participava de um grupo de três mulheres que tinha
como codinome a três margaridas que teve como inspiração Margarida Maria Alves líder
sindicalista que fez história liderando as lutas por progresso dos direitos trabalhistas para
as mulheres.
Nos momentos seguintes Sonia Costa, começou relatar sobre o que a influenciou
ser protagonista de sua própria história, ao se divorciar de seu marido, ficando com 5
(cinco) filhos para criar e sem ter o que comer e aonde morar, começou a luta para ter seu
próprio pedaço de terra, dai começou a participar dos movimentos sociais, e de encontros
com órgãos públicos e das marchas de mulheres, foi através das marcha das margaridas
em 2000 em Brasília, que Sonia Costa com todo esforço acabou conseguindo ser a titular
de seu lote, que antes seu ex-marido era o titular.
Em seguida nos mostrou sua horta, (figura 1) que ela mesma chamou de sistema de
produção, devido não só a maneira de cultivar, mas, porque foi o sistema que ela se
inspirou para se restabelecer e melhorar a vida de toda família.
Fonte: Acervo pessoal.
Figura 1. Horta Agroecológica.
RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES
A importância do trabalho feminino na agricultura não reside, entretanto, somente no
emprego de sua mão-de-obra nas atividades ditas produtivas (colheita, plantio,
processamento), mas também nas atividades reprodutivas, sem as quais seria inviável a
continuidade da produção do tipo familiar, alimentação, limpeza, cuidado da horta,
cuidado dos filhos e educação destes (WEISHEIMER, 2007). Contudo, o reconhecimento
da participação feminina no campo pode configurar-se de formas diferentes para homens
e mulheres, mudando o senário rural, que antes os homens eram lideres de forma geral,
dessa forma podemos perceber essas mudanças, quando conhecemos a historia de
Sonia Costa, mulher, mãe e líder da família e exemplo para a comunidade em que vive.
Segundo Sonia Costa (2014), As dificuldades eram inúmeras, eu só sabia cuidar dos meninos, não sabia ir ao mercado, não sabia vender, não sabia comprar, não tinha salario, é uma das coisas piores é você não ser independente, não ter independência, eu não tinha independência eu vivia totalmente dependente do meu ex-marido, tudo era ele que fazia, então pra mulher é muito ruim. E tanto que hoje nas historias eu começo a relatar que eu sou a margarida, dona da minha própria vida e meu sistema de
produção, eu gosto de chamar de liberdade, porque foi ele que me deu autonomia, confiança, foi ele que me fez viajar, conhecer o mundo, conhecer Brasília por 3 (três) vesses, ele foi o sistema de produção por isso, que eu chamo de liberdade.
Sabemos que a região semiárida do Nordeste brasileiro, a qual estamos inseridos a
situação é critica devido as más distribuição hídricas. Ainda sim a família das margaridas
persiste cultivando, atuando, e participando do processo produtivo agrícola familiar e
servindo de base inspiradora para a comunidade onde vivem, e até mesmo como base
demonstrativa para outras famílias (Figura 2 e 3).
Só que eu aprendi uma coisa “viver como que tenho não com que falta então eu digo que é possível sim morar no semiárido, na área de assentamento e produzir na área de sequeiro com a agua que temos, agora desde que agente arranje maneiras pra fazer isso” (Costa, 2014).
Fonte acervo Pessoal.
Figura 2. Sonia Costa, Mostrando sua área cultivada.
Fonte acervo Pessoal.
Figura 3. Reservatório de Água para cultivo
Segundo Costa (2014),
Produzir com manejo agroecológico, foi o que a fez a transformação em sua vida e de sua família. Vantagens de trabalha com a agricultura agroecológica posso listar inúmeras vantagens, a primeira delas foi me tornar autossuficiente no sistema de produção, melhorei a minha casa (reforma e moveis novos), comprei uma moto, tenho internet sem falar na subsistência de minha própria família, então tudo isso eu consegui com muita luta, consegui com minha luta , consegui participar mais de encontros e entender o linguajar das pessoas, ai você vai criando sede para crescer, mudar e tornar sua vida diferente. Hoje eu tenho uma filha na faculdade cursando pedagogia do campo, fico muito alegre porque a minha historia vai servir para minha filha. “Eu fico muito feliz em fazer agroecologia”.
Atualmente a incerteza deu lugar à esperança. Através do conhecimento e da
tecnologia, para desenvolver uma agricultura sustentável e de preservação ao meio
ambiente, com agroecologia a família das margaridas auto sustentam-se, assim como
outras famílias que compram os seus produtos.
Histórias de vida como a de Sonia Costa, deixa uma grande aprendizado, porque
aprendemos que é possível cultivar e produzir com poucos recursos, além de servir de
inspiração para outras famílias.
Enfim a trajetória percorrida por Sonia Costa no Processo de reconstrução de sua
própria vida produziu olhares e reflexões a cerca da agricultura rural, onde a mulher atua
como titular. Nessa pecpertitiva é preciso analisar como a valorização da agricultura
familiar e inclusão feminina nas atividades agrícolas e na sociedade constitui significativo
aporte para debates sobre a inclusão feminina no meio rural como participação ativa e
não diferenciada da atuação masculina. Esse estudo ainda se encontra em andamento,
pois faz parte a monografia da aluna Francisca das Chagas de Oliveira.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, S. Discursão de gênero na agricultura familiar: um estudo sobre o olhar
antropológico no contexto rural, experiências e teorias através das práticas
agroecológicas no município de Ipanguaçu - RN. Ipanguaçu-RN, 20 de dezembro 2014.
Entrevista cedida a discente Francisca das Chagas de Oliveira.
MARTÍN, J. C. Los retos por una sociedad a escala humana: El desarrollo local. In:
SOUZA, M. A. Metrópole e globalização: conhecendo a cidade de São Paulo. São Paulo:
CEDESP, 1999.
WEISHEIMER, N. Relatório técnico da pesquisa de caracterização dos jovens na
agricultura familiar no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Convênio MDA/FAURGS-2006,
2007.