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O artigo intitulado O mercado chinês: um espaço para as cooperativas agropecuárias paranaensesde autoria de Jonathan Dias Ferreira, Joice Chiareto, Isabel Cristina Gozer, Régio Marcio Toesca Gimenes e Fátima Maria Pegorini Gimenes, foi publicado na Revista Informe GEPEC, vol. 16, n. 2, de 2012, na versão impressa. O MERCADO CHINÊS: UM ESPAÇO PARA AS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS PARANAENSES RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar a evolução das exportações das cooperativas paranaenses direcionadas ao mercado chinês. A metodologia a ser utilizada para descrever-se o estado da arte será a pesquisa bibliográfica, cujo conteúdo deverá contemplar os seguintes pontos: os desafios do cooperativismo agropecuário na conjuntura econômica atual, a expansão da economia chinesa e a importância desse mercado para as cooperativas paranaenses, haja vista que a recente crise econômica restringiu transações com outros parceiros comerciais do Brasil. Neste sentido, foram analisadas as exportações das cooperativas paranaenses no período 2000-2010, com a finalidade de avaliar sua evolução. Procurou-se ainda, através de um estudo multicaso realizado com as cinco cooperativas que mais exportaram em 2010 (Coamo, C.vale, Copacol, Lar e Cocamar), onde através de questionário buscou-se identificar os principais países para os quais exportaram e os principais itens de sua pauta de exportações, bem como, levantar suas sugestões para fomentar as vendas externas. Assim, espera-se com os resultados da análise apontar desafios e identificar oportunidades para as cooperativas paranaenses ofertarem seus produtos em um mercado em ascensão. PALAVRAS-CHAVE: Mercado chinês. Cooperativismo. Agronegócio. Exportações paranaenses. CHINESE MARKET: A SPACE FOR AGRICULTURAL COOPERATIVE PARANAENSE ABSTRACT: This article aims to analyze the evolution of cooperatives in Paraná exports directed to the Chinese market. The methodology to be used to describe the state of the art will be the literature search, the content should include the following: the challenges of agricultural cooperatives in the current economic climate, the expansion of the Chinese economy and the importance of this market for cooperatives in Paraná, considering that the recent economic crisis has restricted transactions with other trading partners of Brazil. In this sense, were analyzed of cooperatives in Paraná exports in the period 2000-2010, in order to evaluate its evolution. Efforts were also made through a multicase study performed with five cooperative that exported in 2010 (Coamo, C.vale, Copacol, Home and Cocamar), through a questionnaire which sought to identify the main countries to which exported and major items of its exports, as well as raise their suggestions to promote foreign sales. Thus, we expect the results of the analysis point to challenges and identify opportunities for cooperatives in Paraná ofertarem its products in a growing market. KEYWORDS: Chinese market. Cooperatives. Agribusiness. state's exports

O mercado chinês: um espaço para as cooperativas agropecuárias paranaenses

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O artigo intitulado “O mercado chinês: um espaço para as cooperativas agropecuárias paranaenses” de autoria de Jonathan Dias Ferreira, Joice Chiareto, Isabel Cristina Gozer, Régio Marcio Toesca Gimenes e Fátima Maria Pegorini Gimenes, foi publicado na Revista Informe GEPEC, vol. 16, n. 2, de 2012, na versão impressa.

O MERCADO CHINÊS: UM ESPAÇO PARA AS COOPERATIVAS

AGROPECUÁRIAS PARANAENSES

RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar a evolução das exportações das cooperativas

paranaenses direcionadas ao mercado chinês. A metodologia a ser utilizada para descrever-se

o estado da arte será a pesquisa bibliográfica, cujo conteúdo deverá contemplar os seguintes

pontos: os desafios do cooperativismo agropecuário na conjuntura econômica atual, a expansão

da economia chinesa e a importância desse mercado para as cooperativas paranaenses, haja

vista que a recente crise econômica restringiu transações com outros parceiros comerciais do

Brasil. Neste sentido, foram analisadas as exportações das cooperativas paranaenses no período

2000-2010, com a finalidade de avaliar sua evolução. Procurou-se ainda, através de um estudo

multicaso realizado com as cinco cooperativas que mais exportaram em 2010 (Coamo, C.vale,

Copacol, Lar e Cocamar), onde através de questionário buscou-se identificar os principais

países para os quais exportaram e os principais itens de sua pauta de exportações, bem como,

levantar suas sugestões para fomentar as vendas externas. Assim, espera-se com os resultados

da análise apontar desafios e identificar oportunidades para as cooperativas paranaenses

ofertarem seus produtos em um mercado em ascensão.

PALAVRAS-CHAVE: Mercado chinês. Cooperativismo. Agronegócio. Exportações

paranaenses.

CHINESE MARKET: A SPACE FOR AGRICULTURAL COOPERATIVE

PARANAENSE

ABSTRACT: This article aims to analyze the evolution of cooperatives in Paraná exports

directed to the Chinese market. The methodology to be used to describe the state of the art will

be the literature search, the content should include the following: the challenges of agricultural

cooperatives in the current economic climate, the expansion of the Chinese economy and the

importance of this market for cooperatives in Paraná, considering that the recent economic crisis

has restricted transactions with other trading partners of Brazil. In this sense, were analyzed of

cooperatives in Paraná exports in the period 2000-2010, in order to evaluate its evolution.

Efforts were also made through a multicase study performed with five cooperative that exported

in 2010 (Coamo, C.vale, Copacol, Home and Cocamar), through a questionnaire which sought

to identify the main countries to which exported and major items of its exports, as well as raise

their suggestions to promote foreign sales. Thus, we expect the results of the analysis point to

challenges and identify opportunities for cooperatives in Paraná ofertarem its products in a

growing market.

KEYWORDS: Chinese market. Cooperatives. Agribusiness. state's exports

1 INTRODUÇÃO

Somente para abastecer e suprir às necessidades básicas de sua população a China torna-

se um parceiro comercial interessante para qualquer economia exportadora. Não bastasse isso,

a velocidade de crescimento do mercado chinês é fato que deve ser considerado pelo Brasil e,

em especial, pelas cooperativas do agribusiness paranaense, que podem incrementar suas

exportações de commodities agrícolas e de produtos processados.

A China se firmou, em 2009, como o maior destino das exportações brasileiras,

deixando para trás parceiros comerciais tradicionais como os Estados Unidos e a Argentina. É

importante frisar que mais de 90% das exportações brasileiras para a China são matérias-primas

como soja, ferro e derivados. Por outro lado, este pode vir a ser um interessante mercado para

os produtos alimentícios de maior valor agregado, produzidos pelas cooperativas paranaenses.

Esse fato por si só justifica a elaboração de estudos que visem conhecer melhor a

realidade econômica e social chinesa e identificar oportunidades de mercado para o agronegócio

brasileiro, sendo este o propósito principal deste trabalho.

A metodologia utilizada para a realização do estudo está fundamentada na pesquisa

bibliográfica, onde foram analisados relatórios e artigos publicados em revistas especializadas

sobre crescimento econômico, evolução da economia chinesa na última década, produção e

exportação de commodities.

Também possui caráter quantitativo e exploratório, pois foi realizado um estudo

multicaso com aplicação de questionários em cinco cooperativas que figuram entre as dez

maiores em exportações do Estado do Paraná. Tal pesquisa identificou os produtos relevantes

da pauta de exportação da agroindústria paranaense, bem como, caracterizou os principais

destinos das exportações dessas cooperativas. Também apresenta as sugestões de seus

dirigentes para a possível ampliação de sua pauta exportadora. As cooperativas pesquisadas

foram Coamo, C.vale, Copacol, Lar e Cocamar, sempre com o propósito de identificar fatores

econômicos e sociais que induzam à criação de demanda por produtos agropecuários e, dessa

forma, gerem oportunidades no mercado internacional.

O trabalho encontra-se assim estruturado: introdução, a importância do agronegócio

brasileiro, o cooperativismo como grande aliado na busca do desenvolvimento econômico do

Brasil, dados da realidade chinesa e o potencial que este mercado representa para as exportações

do agronegócio paranaense e, finalmente, os desafios do agronegócio.

2 A IMPORTÂNCIA DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

O moderno agronegócio brasileiro é um setor de inegável sucesso, pois se manteve forte

e crescendo regularmente mesmo nos longos períodos de baixo crescimento registrados na

economia brasileira nos últimos quarenta anos. Tal desempenho permitiu atender, quase que na

totalidade, a demanda interna de alimentos e gerar excedentes para exportação.

O volume de produção do agronegócio destinado ao mercado externo foi fundamental

para combater os fortes déficits na balança comercial e as inevitáveis crises cambiais que muito

prejudicaram o Brasil.

Os dados apresentados no quadro 1 demonstram que a variação das exportações do

agronegócio, de 2010 em relação a 2000, foi de 264,8%, enquanto as importações aumentaram

132,5%, evidenciando uma variação significativa das exportações do agronegócio em

proporção as importações do setor. Em 2010, o agronegócio contou com uma participação de

37,86% do total exportado pelo Brasil.

Quadro 1: Balança comercial do agronegócio brasileiro – bilhões de US$

Ano

Exportações Importações Saldo

Total

Brasil

(A)

Agronegócio

(B)

Part.%

(B/A)

Total

Brasil

(C)

Agronegócio

(D)

Part.%

(D/C)

Total

Brasil

Agrone-

gócio

2000 55,119 20,594 37,36 55,851 5,756 10,31 -0,732 14,838

2001 58,287 23,857 40,93 55,602 4,801 8,64 2,685 19,056

2002 60,439 24,840 41,10 47,243 4,449 9,42 13,196 20,391

2003 73,203 30,645 41,86 48,326 4,746 9,82 24,878 25,899

2004 96,677 39,029 40,37 62,836 4,831 7,69 33,842 34,198

2005 118,529 43,617 36,80 73,600 5,110 6,94 44,929 38,507

2006 137,807 49,465 35,89 91,351 6,695 7,33 46,457 42,769

2007 160,649 58,420 36,37 120,628 8,719 7,23 40,021 49,701

2008 197,942 71,806 36,28 173,207 11,820 6,82 24,735 59,987

2009 152,252 64,756 42,53 127,637 9,823 7,70 24,615 54,933

2010 201.917 76.441 37,86 152.252 13.387 8,79 49.665 63.054

Fonte: AgroStat Brasil a partir de dados da SECEX/MDIC (Elaboração:CGOE / DPI / SRI /

MAPA)

Observa-se, que o agronegócio possui uma representatividade importante, pois o Brasil

destaca-se como um dos principais países produtores e fornecedores de alimentos do mundo,

conforme demonstra o quadro 2.

Quadro 2: Brasil no mundo – ranking da produção e exportação de produtos selecionados

Produtos Produção Exportação

Açúcar 1° 1°

Café 1° 1°

Suco de laranja 1° 1°

Etanol 2° 1°

Carne bovina 2° 1°

Soja em grão 2° 2°

Carne de frango 3° 1°

Óleo de soja 4° 2°

Farelo de soja 4° 2°

Carne suína 4° 4°

Algodão 5° 5°

Fonte: MIDIC (2011).

O agronegócio brasileiro possui uma participação relevante no PIB - Produto Interno

Bruto do país, tendo atingido 22,34% em 2010. Segundo Barros, Silva e Fachinello (2011, p.

7) “o bom desempenho das atividades primárias e de processamento explica a performance

alcançada em 2010.”

A importância e o crescimento do agribusiness devem continuar, pois a FAO - Food

and Agriculture Organization estima que no mundo, segundo afirma Rodrigues (2010, p. 2), “a

demanda por alimentos crescerá 70% até 2050”.

Se as previsões se confirmarem, será necessário intensificar os avanços tecnológicos,

diversificar a produção, preservar o meio ambiente e, simultaneamente, produzir muito para

alimentar tanta gente.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em projeções do agronegócio

brasileiro para 2019/2020, traz expectativas animadoras. As projeções sinalizam uma forte

presença do Brasil no mercado agrícola internacional, pois produtos como o milho, a soja, o

algodão, o açúcar, a celulose, a carne de frango e o etanol contarão com expressivos aumentos

de produção.

O agronegócio é de singular benefício para o abastecimento interno, a exportação, a

geração de empregos e de riqueza no Brasil, o quadro 3 apresenta a participação percentual do

Brasil, em 2010, no comércio mundial de alimentos, sendo que em oito dos nove itens essa

participação foi superior a 20%. Destaca-se o açúcar, a carne de frango e a soja com

participações no comércio mundial de 46,5%, 41,4% e 30,2%.

Quadro 3: Participação do Brasil no comércio mundial de alimentos – ( em %)

Produto 2009/2010 Produto 2009/2010

Açúcar 46,5 Milho 10,1

Café verde/grão 27,2 Carne bovina 25,0

Soja/grão 30,2 Carne suína 12,4

Farelo de soja 22,1 Carne de frango 41,4

Óleo de soja 21,1

Fonte: USDA 2010 e AGE/ MAPA 2010

Com uma nova dinâmica de preços e quantidades, as exportações de produtos primários

criaram condições para que o Brasil pudesse superar três décadas de fragilidades em suas contas

externas. Assim, o pessimismo na área econômica, verificado nos últimos anos da primeira

década do século XXI, não se confirmou no agronegócio.

Nas próximas décadas, o Brasil deverá se firmar como um dos grandes protagonistas na

produção de alimentos, fibras e bioenergia. Segundo Martha Júnior et al. (2010, p. 104),

projeções recentes do relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento

Econômico – OCDE - FAO (2010) indicaram que, no período de 2009 a 2019, a expansão do

agronegócio brasileiro deverá ser de 38%, o dobro da média mundial e superior à expansão

projetada para outros importantes países produtores de alimentos: Estados Unidos, Canadá e

Austrália, cerca de 10%; União Européia, 4%; China e Índia, aproximadamente 22%; e Rússia

e Ucrânia, em torno de 27%.

No Paraná, o agronegócio participou com 53,4% do total exportado em 2010. O quadro

4 apresenta os principais produtos agropecuários e suas respectivas participações nas

exportações paranaenses.

Quadro 4: Participação dos principais produtos agropecuários na exportação do Estado do

Paraná em 2010

Commodities

agropecuárias

Part.% Commodities

agropecuárias

Part.%

Soja 27 Trigo 0,7

Aves 11 Carne bovina 0,4

Açúcar 8 Suco de laranja 0,3

Milho 3 Leite 0,2

Café 2 Total 53,4

Carne suína 0,8

Fonte: Revista Análise Brasil Global (2011).

3 COOPERATIVISMO ALIADO DO DESENVOLVIMENTO

É possível definir o cooperativismo como uma doutrina, que defende o pensamento

cooperativo como forma ideal de organização das atividades socioeconômicas. Por sua vez,

cooperado é todo indivíduo que se associa para participar ativamente de uma cooperativa,

cumprindo com os seus deveres e observando os seus direitos.

Assim, segundo a Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971, cooperativa é uma associação

de indivíduos com interesses comuns, organizada de forma democrática, com a participação

livre de todos os que possuem interesses semelhantes, com igualdade de deveres e direitos para

a execução de quaisquer atividades, operações ou serviços.

Entre os princípios do cooperativismo estão inseridos os valores de mútua ajuda e

responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade, bem como os valores éticos

da honestidade, transparência, responsabilidade social e preocupação com os demais.

De todas as categorias de cooperativas, a que mais tem crescido no mundo é a dos

produtores rurais e, no Brasil, esse é um dos ramos com maior número de cooperativas e de

cooperados. Essa modalidade é composta por um enorme leque de atividades econômicas, além

disso, sua participação no PIB brasileiro é de 5,39%.

3.1 O cooperativismo brasileiro e paranaense

As cooperativas voltadas ao agronegócio geralmente cuidam de toda a cadeia produtiva,

desde o preparo da terra até a industrialização e comercialização dos produtos. A Figura 1 deixa

clara a participação e a importância do cooperativismo nas exportações do Brasil. Evidencia

que o ritmo de crescimento das exportações, em geral, supera ou se encontra próximo da

variação verificada nas demais exportações do país.

Figura 1: Evolução das taxas de crescimento das exportações diretas das cooperativas e da

média geral brasileira (em %)

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

32,01

22,6316,48 16,57

23,21

-21,71

31,98

53,53

12,54

27,7

16,5721,49

-9,55

21,78

Brasil Cooperativas

Fonte: Brasil, 2010b.

Nos anos de 2004 e 2006 as exportações das cooperativas foram superiores quando

comparadas às médias brasileiras. No ano de 2008, verifica-se que o crescimento das

exportações brasileiras foi de 23,21% e o das cooperativas 21,49%, sendo que neste ano o setor

enfrentou dificuldades provocadas pela desvalorização do dólar (moeda que dita o preço de

commodities no mercado externo). Em 2009, as exportações brasileiras registraram uma queda

de 22,71%, também diminuíram as exportações das cooperativas em 9,55%. No entanto, em

2010, as exportações brasileiras recuperam o crescimento significativo de 31,98%, com isso, as

cooperativas também retomam um crescimento de 21,78%.

O movimento cooperativista também é forte no Paraná, pois segundo a OCB (2010) o

Estado conta com 240 cooperativas que geram um conglomerado de 55.367 empregos diretos

e reúnem 600 mil associados.

Segundo Koslovski (2010, p. 3), em 2010, as cooperativas do Paraná “recolheram cerca

de um bilhão de reais em impostos. Atualmente, 2,3 milhões de paranaenses estão ligados

economicamente as cooperativas. No estado, já são onze as cooperativas com movimentação

econômica superior a um bilhão de reais”.

Ainda, liderando as exportações das cooperativas brasileiras em 2010, aparece o estado

do Paraná, com um valor de US$ 1.639 bilhão, respondendo por 37% do total das vendas.

3.2 As cinco maiores cooperativas do agronegócio paranaense no ranking nacional

As cooperativas agroindustriais paranaenses tem se destacado na exportação de

commodities e, por conseguir agregar mais valor aos seus produtos ampliaram sua pauta de

exportação. Neste contexto, o mercado chinês passa a ser analisado como uma importante

oportunidade para as cooperativas agroindustriais destinarem suas exportações.

Através de um estudo multicaso realizado com as cinco cooperativas paranaenses que

mais exportaram em 2010 (Coamo, C.Vale, Copacol, Lar e Cocamar), e por meio de

questionário, respondido por três delas, buscou-se identificar os principais países para os quais

exportaram, os principais itens de sua pauta de exportações e as sugestões de seus dirigentes

para fomentar as vendas externas.

No quadro 5 apresenta-se as cooperativas paranaenses que mais exportaram em 2010,

sendo destaque neste cenário a Coamo, em primeiro no ranking das exportações, com um

montante de US$ 707 milhões exportados. A Coamo representa 43% do total exportado pelas

cooperativas paranaenses. A C. Vale ocupa a segunda colocação no ranking, com exportações

de US$ 205 milhões, seguida pela Copacol que exportou US$ 116 milhões. Em quarto lugar, a

Cooperativa Lar exportou US$ 111 milhões e, em quinto lugar, encontra-se a Cocamar que

exporta US$ 67 milhões.

Quadro 5: Cooperativas paranaenses que mais exportaram em 2010 (US$ milhões).

Fonte: MIDIC/DEPLA (2011)

RANKING COOPERATIVAS FOB (US$ MILHÕES)

01 COAMO 707

02 C. VALE 203

03 COPACOL 116

04 LAR 111

05 COCAMAR 67

As cooperativas pesquisadas Coamo, C. Vale, Copacol, Lar e Cocamar, em 2010,

participaram com 27,25% do total exportado pelas cooperativas brasileiras e 73,44% do total

exportado pelas cooperativas paranaenses.

No quadro 6 apresenta-se a posição das cooperativas no ranking divulgado pela revista

exame edição especial de julho em 2011 e, dando destaque, as dez cooperativas paranaenses

que mais venderam.

Quadro 6: As cooperativas paranaenses entre as 400 maiores empresas do agronegócio

brasileiro em 2010

ORDEM COOPERATIVAS VENDAS

VALOR (em US$ milhões)

16 COAMO 2.829,9

33 C.VALE 1.483,7

55 LAR 945,2

59 COCAMAR 838,6

70 COPACOL 689,7

72 AGRÁRIA 673,2

77 INTEGRADA 649,2

82 CASTROLANDIA 629,2

92 COOPAVEL 589

94 FRIMESA 554,2

FONTE: Revista exame edição especial julho, 2011

As cooperativas pesquisadas estão entre as que se destacaram no agronegócio em 2010,

com um faturamento de US$ 6.787 bilhões.

O MIDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ao divulgar

seu ranking das quarenta maiores empresas exportadoras do estado do Paraná, em 2010,

demonstra que as cooperativas investigadas estão presentes. O quadro 07 apresenta o

posicionamento das cinco cooperativas entre as quarenta empresas, sendo que das cinco

empresas que mais exportaram, quatro delas atuam no agronegócio e a empresa que ocupa o

segundo lugar dos maiores exportadores do Estado é uma cooperativa.

Quadro 07: Ranking das maiores empresas exportadoras do Estado do Paraná em 2010

Ranking Empresas Exportadoras US$ FOB milhões

01 Renault do Brasil S.A 1.003

02 Coamo 707

03 Cargill agricola S A 699

04 Sadia S.A. 697

05 Usina de Acucar Santa Terezinha ltda 680

17 C.Vale 203

23 Copacol 116

24 Cooperativa Agroindustrial lar 111

39 Cocamar 67

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior - DEPLA

A figura 2 demonstra que as cooperativas pesquisadas geraram um total de 25.295

postos de trabalhos, pagaram entre salários e encargos o montante de US$ 340 milhões e

recolheram de impostos sobre as vendas o equivalente a US$ 25.295 milhões. Comprova-se,

desta forma, que as cooperativas pesquisadas são importantes para o desenvolvimento

econômico do Paraná, pois geram emprego, renda e impostos.

Figura 2: Contribuição para o desenvolvimento econômico pelas cooperativas pesquisadas em 2010

Fonte: Revista Exame (2011).

É importante destacar que as cooperativas agropecuárias desenvolvem toda a cadeia

produtiva e, principalmente, vem conseguindo agregar valor aos seus produtos, por meio do

processamento e distribuição.

As cooperativas investigadas, segundo declararam, exportam em média para vinte

países, tendo como principais destinos China, Alemanha e Japão. Em 2010, as exportações das

cooperativas brasileiras para estes destinos, contabilizaram US$ 1.120 bilhão, ou seja, 25% das

exportações totais do país.

O quadro 8 apresenta os dez principais mercados das cooperativas paranaenses, sendo

a China o primeiro destino com um montante de US$ 362 milhões, de modo que, “há uma

concentração das exportações em cinco principais mercados, totalizando 61% dos embarques

das cooperativas. Outros cinco países representam 16% do mercado cooperativista” (OCEPAR,

2011).

Quadro 8: Os dez principais mercados das cooperativas paranaenses em 2010

Países FOB (em US$ milhões) Países FOB (em US$ milhões)

China 362 Coréia (Sul) 81

Alemanha 317 Reino Unido 54

França 124 Hong Kong 49

Japão 118 Irã 43

Holanda 85 Índia 37

Demais 368

Fonte: MDIC/Secex (2011), Elaboração: Getec/Ocepar

O mercado chinês é relevante para as exportações das cooperativas paranaenses, pois a

China absorve 31,50% do total exportado pelas cooperativas paranaenses. Com o crescimento

das importações chinesas teve início um processo de mudanças nas contas externas do Brasil,

induzindo principalmente a valorização de exportações de produtos primários.

A grande demanda externa por commodities fez com que as mais exportadas pelas

cooperativas estudadas sejam a soja, a carne de frango e o milho. Quanto aos produtos

industrializados destacam-se o óleo de soja, a carne de frango processado e o suco de laranja.

As exportações das cooperativas brasileiras, das commodities citadas, correspondem a

US$ 449 milhões (soja), US$ 299 milhões (carne de frango) e US$ 39 milhões (milho). No que

se refere aos produtos industrializados o óleo de soja participa com US$ 138 milhões, a carne

de frango processada com US$ 45 milhões e o suco de laranja com US$ 25 milhões.

Número de funcionários

•COAMO 5.234

•C.VALE 5.317

•COPACOL 6.649

•LAR 5.904

•COCAMAR 2.191

• TOTAL 25.295

Salários eencargos

(US$ milhões)

•COAMO 117

•C.VALE 85,9

•COPACOL 74

•LAR 23,4

•COCAMAR 39,7

•TOTAL 340

Impostos sobreas vendas

(US$ milhões)

•COAMO 55,2

•C.VALE 29,4

•COPACOL 20,7

•LAR 30,9

•COCAMAR 28,1

•TOTAL 25.295

De acordo com a OCEPAR (2011) “a soja é um dos produtos mais importantes. O

produto obteve um crescimento médio anual de embarques de 39% nos últimos cinco anos e

ocupa atualmente a segunda posição na pauta de exportações”.

Como as cooperativas paranaenses se destacam com a produção de produtos do

agronegócio, com ênfase no complexo soja, sucroalcooleiro, carnes de frango, bovina e suína,

as relações com o mercado chinês despontam como uma imensa oportunidade de negócios.

Os dados demonstram que as cooperativas brasileiras e paranaenses têm aproveitado o

apetite chinês por commodities agrícolas, isto contribuiu para o acúmulo de US$ 255 bilhões

de reservas internacionais, além de ajudar a sustentar o bom desempenho da economia brasileira

em anos recentes (FRAGA, 2010).

As cooperativas pesquisadas apontaram como sugestões para fomentar as exportações

brasileiras: melhorias na estrutura de transportes e portuária do país; afirmam que é fundamental

uma política cambial pré-definida para exportação; garantem que é necessário simplificar os

procedimentos para exportar, ou seja, reduzir a burocracia; e, finalmente, indicam ser de suma

importância à atuação do governo como mediador na abertura de novos mercados, inclusive

combatendo as práticas de protecionismo imposta por países desenvolvidos.

4 O POTENCIAL DO MERCADO CHINÊS E O DESAFIO BRASILEIRO

Com a maior população do mundo e um enorme potencial de crescimento do consumo

a China torna-se uma economia de forte relevância e impacto no mercado mundial.

Conforme afirmam Antunes, Stefano e Maranhão (2009, p. 29) “com 1,3 bilhões de

pessoas para alimentar e um número insuficiente de terras disponíveis, a China tem de recorrer

constantemente ao mercado internacional.” Ainda, segundo os autores, os chineses sozinhos

são responsáveis por 8% do comércio internacional. Somente para abastecer e suprir às

necessidades básicas de sua população a China torna-se um parceiro comercial interessante para

qualquer economia exportadora.

O quadro 9 demonstra a estimativa de crescimento da população da China para as

próximas décadas e as projeções para as duas próximas décadas, evidenciando um ritmo

crescente de concentração de pessoas por área. Os indicadores alertam para a necessidade de

produzir alimentos, haja vista as projeções de continuidade da expansão habitacional e de

concentração por área, fato que dificulta abastecer o mercado apenas com a produção interna.

Produtos como milho, soja, carne bovina, frango, leite e derivados formam um

expressivo e importante conjunto de commodities que se mostrarão como oportunidades de

mercado para o Brasil. Segundo Ribeiro e Pourchet as necessidades da China se voltaram de

forma especial para produtos nos quais o Brasil é competitivo em nível internacional e nos quais

a produção chinesa se mostra cara ou insuficiente para as necessidades domésticas.

Quadro 9: População chinesa - variante média 2010-2030

Ano População

(milhares) Densidade Populacional

(habitantes por km²)

2010 1 354 146 141

2020 1 453 140 149

2030 1 462 468 152

Fonte: Population Division of the Department of Economic and Social Affairs of the United Nations

Secretariat, World Population Prospects, 2008.

A figura 3 apresenta a população mundial e por regiões em 2005, bem como uma

projeção para 2030 onde se evidencia um ritmo de crescimento populacional acelerado na

África e Ásia, isto exige maior produção de alimentos e resultará em maior demanda.

Figura 3: População mundial e por regiões - em 2005 e projeção para 2030

Fonte: Ninaut, E. S.; Matos, A. M.; Mafioletti, R. (2009, p. 89).

É interessante destacar que também se verifica uma variação positiva na renda per capita

dos trabalhadores urbanos da China que aumentou 18% em 2008 e, em 2010 se situa em US$

3.800 por habitante (SAAB; PAULA, 2007). Com a migração para as cidades e a continuidade

dos acréscimos na renda os chineses estão propensos a expandir o consumo de alimentos

processados.

Aumenta a probabilidade de expansão da demanda por carnes bovina e de frango, pois

a China só é autossuficiente em carne suína. O agronegócio brasileiro pode aproveitar a

oportunidade, como afirmam Saab e Paula (2007, p. 33) “enquanto no Brasil a agricultura

participa com 5,6% da renda, na China participa com 12,6% e com tendência de queda, abrindo

espaço para um aumento do consumo de produtos alimentícios processados em razão das

possíveis mudanças ou alterações na migração da sua mão-de-obra entre os setores”.

Com a maior população mundial a China faz jus a sua posição, uma vez que, o mercado

chinês destaca-se como o segundo maior importador do mundo, com uma participação de 9,1%

nas importações mundiais. Por isso, passa a ser vista como uma grande oportunidade para as

cooperativas paranaenses, pois segundo o MIDIC (2011) o impacto que o aumento de 1 kg per

capita, como por exemplo, de carne de frango, pode significar um aumento das exportações

mundiais de 20% e de 53% das exportações brasileiras.

4.1 O mercado chinês e as exportações brasileiras e paranaenses

A balança comercial entre o Brasil e a China, reflete a importância deste mercado para

os próximos anos, embora o que tem ocorrido é uma crescente demanda por matérias-primas,

pois a estrutura exportadora da indústria chinesa e o aumento da renda média contribuíram para

que as importações da China se concentrem em commodities metálicas e agrícolas.

De acordo com o quadro 10 as exportações brasileiras alcançaram um impressionante

crescimento de 529,78%, saltando de US$ 1.085 bilhão em 2000 para US$ 6.834 bilhões em

6,5

8,3

0,91,5

3,9

5

0,7 0,7 0,6 0,7 0,5 0,6

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Mundo África Ásia Europa América Latina e Caribe

América do Norte

Bilhões de pessoas

2005 2030

Região

2005. Também ocorreram aumentos significativos no período 2005-2010, mesmo com a

recessão provocada pela crise financeira desencadeada pelos Estados Unidos, no final de 2008.

Quadro 10: Intercâmbio comercial Brasil – China em US$ bilhões

Fonte: SISCOMEX / ALICE

* 1° semestre 2011.

Em 2010 a China se manteve como principal parceiro comercial, tendo uma

participação de 15,25% nas exportações brasileiras, com montante de US$ 30.785 bilhões

contra US$ 19.307 bilhões dos Estados Unidos, segundo maior parceiro comercial, com 9,56%

de participação.

No acumulado janeiro-junho de 2011, as exportações apresentaram valor recorde de

US$ 20.043.568.430 bilhões, sobre igual período de 2010 as exportações registraram um

crescimento de 48,83%. Sendo a China o país que lidera entre os maiores compradores de

produtos brasileiros (MIDIC, 2011)

O mercado consumidor asiático foi o segundo maior importador do mundo em 2010,

com um montante importado de US$ 1,3 trilhão. Segundo Pereira (2006, p. 139) “a China, abre

novas possibilidades, ao estar passando por um processo de compromisso de maior abertura

comercial”.

Conforme demonstra o quadro 11 as exportações de produtos básicos apresentaram uma

expansão superior as de produtos industrializados e de operações especiais. No período entre

2005 e 2010, as exportações de produtos básicos aumentaram 452,05%, enquanto que as

exportações de produtos industrializados apenas 133,85%.

Quadro 11: Exportações totais por fator agregado Brasil – China em US$ bilhões

Ano Total Produtos

básicos Var. %

Produtos

industrializados

Var.

%

Operações

especiais Var. %

2005 6.834.996 4.673.891 44,62 2.145.326 -18,57 15.779.461 68,34

2006 8.402.368. 6.213.222 32,93 2.154.811 0,44 34.334.619 117,59

2007 10.748.813. 7.927.295 27,59 2.804.042 30,13 17.476.098 -49,10

2008 16.522.652. 12.830.029 61,85 3.681.089 31,28 11.532.581 -34,01

2009 21.003.886. 16.310.729 27,13 4.684.253 27,25 8.903.339 -22,80

2010 30.785.906. 25.755.497 7,91 5.016.760 7,10 13.648.275 53,29

2011* 20.043.568. 17.706.879 57,20 2.325.839 5,82 10.849.274 99,80

Fonte: SISCOMEX / ALICE * 1° semestre 2011.

Ano Exportação Var. % Importação Var. % Saldo

2000 1.085.301.597 --- 1.222.098.317 --- -136.796.720

2005 6.834.996.980 529,78 5.354.519.361 338,14 1.480.477.619

2006 8.402.368.827 22,93 7.990.448.434 49,23 411.920.393

2007 10.748.813.792 27,93 12.621.273.347 57,95 -1.872.459.555

2008 16.522.652.160 53,72 20.044.460.592 58,81 -3.521.808.432

2009 21.003.886.286 27,12 15.911.133.748 -20,62 5.092.752.538

2010 30.785.906.442 46,57 25.593.434.493 60,85 5.192.471.949

2011* 20.043.568.430 48,83 14.740.078.574 36,94 5.303.489.856

No quadro 12 apresentam-se os principais produtos importados pela China em 2010, o

carro chefe concentra-se no minério de ferro, com um crescimento de 70,48% em relação ao

ano anterior.

Quadro 12: Principais produtos importados pela China em 2010 (FOB US$ milhões)

Principais produtos 2009 2010 Var.%

Total geral 21.003.886.286 30.785.906.442 46,57

Minério de ferro 7.823.714.585 13.338.017.356 70,48

Soja mesmo triturada 6.342.964.920 7.133.440.544 12,46

Óleos brutos de petróleo 1.338.299.338 4.053.449.415 202,88

Pasta química de madeira 1.096.886.325 1.125.930.095 2,65

Óleo de soja em bruto 398.991.889 780.594.186 95,64

Açúcar de cana, em bruto 71.428.253 505.461.868 607,65

Aviões 348.650.025 368.406.026 5,67

Couros e peles, depilados 267.285.915 350.659.200 31,19

Fumo em folhas e desperdícios 368.456.078 343.341.860 -6,82

Ferro-ligas 378.227.028 327.700.925 -13,36

Demais produtos 2.568.981.930 2.458.904.967 -4,28

Fonte: MIDIC (2011).

Em relação aos produtos do segmento alimentício embarcados para a China em 2010, o

complexo soja merece atenção especial, pois foram exportados US$ 7.133 bilhões de soja em

grãos, US$ 780.594 milhões de óleo de soja degomado e US$ 5.852 milhões de óleo de soja

refinado (produto industrializado).

A China destaca-se também, no período 2008 a 2010, como principal parceiro

comercial do estado do Paraná. Com exportações de US$ 2.276 bilhões em 2010, frente

aos US$ 608 milhões exportados de 2005, verifica-se um crescimento significativo de

274,29%. A China é importante parceira comercial do Paraná, pois dos US$ 14.176

bilhões exportados pelo estado em 2010, a China absorveu 16,06%.

Devido à incapacidade de atender o consumo interno, especialmente de produtos

agrícolas, este país torna-se um mercado atrativo para os exportadores de bens primários, como

o Brasil. De acordo com Antunes, Stefano e Maranhão (2009) cerca de 25% dos grãos

consumidos pelos chineses partem do Brasil, e a tendência é que a demanda continue.

Conforme Fraga (2010, p. 4) “a voraz demanda chinesa por commodities foi a principal

causa de uma transformação radical no perfil do comércio exterior brasileiro”. É importante

frisar que mais de 90% das exportações brasileiras para a China são matérias-primas como soja,

ferro e derivados (LORES, 2009).

A China está investindo intensamente em infraestrutura e educação, possui um consumo

cada vez mais sofisticado e oferece um horizonte de grandes oportunidades para as cooperativas

paranaenses. A elevação gradual da renda per capita gera pressões no mercado interno e,

consequentemente, aumenta a demanda por importações.

Segundo Rossi (2010, p. 6) os números são eloquentes, pois a troca de mercadorias entre

o Brasil e a China “aumentou 780% no período Lula e, para comparação, o comércio com a

Índia e África do Sul apenas quadruplicou, no mesmo período”.

Para que continue ocorrendo uma relação de benefícios mútuos entre os dois países,

deve-se ficar atento aos desafios que deverão ser vencidos pelo Brasil nos próximos anos. Entre

eles, destacam-se:

O incentivo às parcerias público-privadas para a diversificação da produção e a

industrialização de produtos, bem como a promoção da internacionalização de empresas

brasileiras em território chinês e, com isso a possibilidade de criar mercado para novos produtos

ofertados pelo Brasil.

Para exportação é importante, maciços investimentos em infraestrutura de transportes

(portos, aeroportos, ferrovias e hidrovias), ou seja, novas alternativas modais, pois o custo do

transporte e a burocracia institucional prejudicam o comércio exterior brasileiro.

O governo brasileiro deve implantar uma política intensiva de linhas de créditos, não só

para grandes empresas, mas também, de médio e de pequeno porte. Em especial, para o

desenvolvimento do agronegócio, com objetivo de incentivar a diversificação da produção e a

exportação de produtos industrializados e não focar somente nas exportações de matérias

primas, tais como minério de ferro e grãos de soja.

Existe necessidade de incorporar as inovações científicas e tecnológicas ao agronegócio

brasileiro, garantindo a sua competitividade no médio e longo prazo.

As novas oportunidades de negócios também impõem às empresas desafios referentes à

consolidação e à reestruturação empresarial, a adoção de eficientes controles de custos e

logísticos, bem como os relacionados à gestão de riscos. É importante que o crescimento

econômico se fundamente em práticas sustentáveis, para que as ações de hoje não

comprometam as gerações futuras.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cooperativismo agropecuário paranaense possui cadeia produtiva importante para o

desenvolvimento econômico do estado. Entretanto, para ampliar o espaço no mercado chinês,

é preciso explorar as suas reais necessidades, como por exemplo, alimentos potenciais que ainda

não são exportados ou dos quais o agronegócio brasileiro, possui pouca participação no

mercado chinês. Identificado tais produtos, deve-se desenvolver um planejamento

mercadológico e atuar efetivamente na sua divulgação no mercado internacional.

Portanto, estabelecer as reais vantagens competitivas, com projeção de ganhos reais,

poderá contribuir ainda mais para o aumento das exportações e principalmente para o

crescimento econômico do cooperativismo agropecuário paranaense.

Inúmeras são as oportunidades de negócios e os novos mercados para o agronegócio

brasileiro. Vislumbram-se grandes negócios com oportunidade de ampliação da renda, geração

de empregos, acúmulo de divisas, entre outros fatores que auxiliariam na conquista de um forte

desenvolvimento regional sustentável, fundamental para o crescimento da economia brasileira.

Há oportunidades para expansão de negócios já existentes e criação de novos

empreendimentos, pois a China desponta como o principal consumidor de commodities

brasileiras e tem sido um mercado fundamental para o desempenho positivo da balança

comercial brasileira pós-crise de 2008.

Há que se considerar a mudança nos hábitos de consumo dos chineses, haja vista que

vem ocorrendo um deslocamento significativo de população rural para os centros urbanos.

Também, os dados anteriormente apresentados, indicam crescimento populacional e de renda,

fatos que permitem concluir que ocorrerá expansão da demanda chinesa por produtos tais como:

soja, óleo comestível, carne de frango e bovina, milho, açúcar, leite e derivados, suco de laranja

e algodão.

Desta forma, é evidente a dependência de alimentos que a China possui e com isso, o

agronegócio brasileiro, surge como alternativa de geração de vantagem competitiva frente ao

país asiático, uma vez que, o Brasil destaca-se como um dos principais fornecedores de

alimentos do mundo.

O mercado chinês requer especial atenção das cooperativas paranaenses, que devem

considerar sua relevância na compra de matérias primas, mas também uma opção para a venda

de alimentos industrializados de maior valor agregado.

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