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Livro de Resumos \"IV Congresso da Ordem dos Biólogos\" \u0026 \"II Congresso dos Biólogos dos Açores\". A Biologia no Século 21

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TítuloLivro de Resumos – IV Congresso Ordem dos Biólogos/II Congresso dos Biólogos dos Açores – A Biologia no Século 21

AutoresÁvila, S.P., R. Martins, R. Cordeiro, A. Cunha, C. Fonseca, M. Raposo, V. Gouveia, D. Toubarro, J. Martins & O. Moreira, 2011. Livro de Resumos IV Congresso da Ordem dos Biólogos/II Congresso dos Biólogos dos Açores - A Biologia no Século 21. Ordem dos Biólogos, Ponta Delgada.

EdiçãoPubliçor – Publicações e Publicidade, Lda.Rua da Praia dos Santos nº 10 - S. Roque9500-706 Ponta DelgadaTelefone 296 630 080 | Fax 296 630 089 E-mail: [email protected] | www.publicor.pt

Empresa com Sistema de Gestão da QualidadeCertificado ISO 9001:2008

Paginação, impressão e acabamentosNova Gráfica, Lda.

Depósito Legal334725/11

© Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização expressa do autor e editor.

Impresso nos Açores em papel isento de cloro (ECF)

Impressão CARBONFREE® Foram neutralizados pela Nova Gráfica, aprox. ????????? kg CO2 eq

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A Biologia no Século 21

Comissão DE HonrA

Assunção Esteves, Sua Excelência a Presidente da Assembleia da República Aníbal Cavaco silva, Sua Excelência o Presidente da República Pedro Passos Coelho, Sua Excelência o Primeiro Ministro Álvaro santos Pereira, Sua Excelência o Ministro da Economia e do Emprego nuno Crato, Sua Excelência o Ministro da Educação e Ciência ramos Preto, Presidente da Comissão Parlamentar de Poder Local, Ambiente e Ordenamento do Território José ribeiro e Castro, Presidente da Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura maria Antónia de Almeida santos, Presidente da Comissão Parlamentar da SaúdeLuís Campos Ferreira, Presidente da Comissão Parlamentar de Economia e Obras Públicas José manuel Canavarro, Presidente da Comissão Parlamentar de Segurança Social e Trabalho Paulo mota Pinto, Presidente da Comissão Parlamentar de Assuntos Europeus Vasco Cunha, Presidente da Comissão Parlamentar de Agricultura e Mar Alberto martins, Presidente da Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas José Albino da silva Peneda, Presidente do Conselho Económico e Social mário ruivo, Presidente do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CNADS) e Presidente do Comité Português para a Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO miguel oliveira da silva, Presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida António rendas, Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas maria de Belém roseira, Presidente do Grupo Parlamentar do PS nuno magalhães, Presidente do Grupo Parlamentar do CDS-PP Bernardino soares, Presidente do Grupo Parlamentar do PCP Luís Fazenda, Presidente do Grupo Parlamentar do BE Fernando mangas Catarino, Professor Jubilado da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa Vasco Garcia, Professor Catedrático aposentado da Universidade dos Açores e Ex-Reitor da Universidade dos Açores Pedro Fevereiro, Ex-Bastonário da Ordem dos Biólogos José Guerreiro, Ex-Bastonário da Ordem dos Biólogos

Livro de Resumos - IV Congresso da Ordem dos Biólogos/II Congresso dos Biólogos dos Açores

Comissão orGAnizADorA

António Domingos AbreuJosé António Matos Sérgio Ávila Rui Martins Ricardo Cordeiro Andreia Cunha Mafalda Raposo Vera Gouveia Catarina Fonseca Duarte Toubarro José Martins

Orlanda Moreira Luís Manuel Alves Rui Jorge Raimundo Pedro Miguel Lourenço Mónica Maia-Mendes Miguel Viveiros Bettencourt Sónia Chavarria Lima Sara Maria Duarte Sónia Fernandes Departamento de Biologia da Universidade dos Açores

Comissão CiEnTíFiCA

António Domingos Abreu José António Matos Luís Manuel Alves Rui Jorge Raimundo Pedro Miguel Lourenço Mónica Maia-Mendes Miguel Viveiros Bettencourt Sónia Chavarria Lima Sara Maria Duarte

sECrETAriADo

Andreia CunhaMafalda RaposoVera GouveiaCatarina FonsecaDuarte ToubarroJosé MartinsOrlanda MoreiraCarlos MeloLeila BagaçoMónica ÁvilaRicardo CamarinhoMário Teixeira

A Biologia no Século 21

noTA inTroDuTóriA

No dia 1 de Novembro de 2009, dia posterior ao término do I Congresso dos Biólogos dos Açores, que decorreu na Vila das Lajes do Pico entre 26 e 31 de Outubro, o Dr. Rui Martins, Vice-Presidente do Conselho Regional dos Açores da Ordem dos Biólogos, que integra também a actual direção regional, manifestou o seu desejo de trazer para os Açores a organização do Congresso da Ordem dos Biólogos. Ainda se fechava o I Congresso de Biólogos organizado nos Açores e já se começava a delinear a estratégia para organizar, desta feita na principal cidade dos Açores, o Congresso da Ordem dos Biólogos em simultâneo com o II Con-gresso dos Biólogos dos Açores.A proposta do Conselho Regional dos Açores foi prontamente aceite pela direção nacional da Ordem e o evento que agora levamos a cabo, é fruto do dedicado trabalho de vários Biólogos durante este período.Desde a primeira hora, foi nosso objectivo organizar um congresso que demons-trasse aquilo que é hoje a Biologia: a ciência do Século XXI.

Há já muito tempo que a Biologia ganhou um espaço de grande relevo à escala global. Para tal contribuíram fantásticas descobertas nas mais variadas áreas, algu-mas das quais com contributos para outras áreas e ciências, como a medicina.

A Biologia é, incontornavelmente, uma das áreas científicas que suscita mais curiosidade na sociedade e muito, certamente, se espera dela neste século XXI.

Por tudo isto, os Biólogos têm um papel cada vez mais importante e preponde-rante em vários domínios, para além de serem confrontados com novos desafios e responsabilidades numa sociedade em que as expectativas são, também elas, cada vez maiores.

A relevância social da Biologia atingiu um patamar de altíssimo nível, muito por culpa das suas aplicações, que são actualmente estratégicas do ponto de vista científico e económico.

Ao atribuírmos o título “A Biologia no Século 21” a este congresso, queremos jus-tamente prestar homenagem à Biologia em alguns dos seus domínios, desde a formação e educação até à biologia marinha, passando pela biotecnologia, bioe-conomia, biologia evolutiva, biologia humana e saúde, ambiente e conservação.Com este congresso pretendemos demonstrar a grandeza e a afirmação da Bio-logia no Mundo, a sua transversalidade e a sua importância actual. Mas, acima de tudo, queremos demonstrar o que será e o que se espera da Biologia durante este Século em que vivemos.

Livro de Resumos - IV Congresso da Ordem dos Biólogos/II Congresso dos Biólogos dos Açores

Programa

É, para nós, uma honra organizar este congresso para vós.

Assim, é com enorme prazer que o actual Conselho Regional dos Açores da Or-dem dos Biólogos dá as boas vindas a todos os participantes do IV Congresso da Ordem dos Biólogos/II Congresso dos Biólogos dos Açores.

Conselho Regional dos Açores da Ordem dos BiólogosPonta Delgada, 06 de Outubro de 2011

Programa

A Biologia no Século 21

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DiA 12 ouTuBro

14:30 – 18:00 – Registo dos congressistas18:30 – Pico de Honra na Aula Magna

DiA 13 ouTuBro

09:30 – Sessão Solene de Abertura do Congresso• Presidente do Governo Regional dos Açores• Magnífico Reitor da Universidade dos Açores• Bastonário da Ordem dos Biólogos• Presidente do Conselho Regional dos Açores da Ordem dos Biólogos• Director do Departamento de Biologia da Universidade dos Açores

PAINEL BioLoGiA, FormAção & EDuCAção

Moderador: Gonçalo Pereira (Director da National Geographic Portugal)11:00 - Keynote speaker - Pedro Pinto (CEO da Take the Wind, Lda) - Os new media e as novas possibilidades de criação de plataformas de comunicação e educação nas ciências da vida11:40 - Comunicação livre I – susana Cabral (Expolab) - Expolab o desafio da divulgação científica12:00 - Comunicação livre II – maria João Pereira (Dept. Biologia/UAc) - Plantas nativas e endémicas dos Açores: a investigação aplicada como prática do ensino12:20 – Almoço livre

14:00 - Comunicação livre III – maria do Carmo Barreto (DCTD/UAc) – Os Biólogos precisam de química: reflexões sobre a Biologia do Séc. XXI14:20 - Comunicação livre IV – Cristina sousa (FCUP) – Evolução molecular e implicações no ensino da teoria da evolução de Darwin: uso de técnicas de bioinformática na análise de homologias vs. analogias, e polimorfismos vs. mutações14:40 - Orador convidado - António Pacheco (Escola Básica Integrada de Arrifes) - O trabalho de projecto nas ciências naturais - partilha de boas práticas15:10 - Debate15:20 - Pausa para café

Livro de Resumos - IV Congresso da Ordem dos Biólogos/II Congresso dos Biólogos dos Açores

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PAINEL BioTECnoLoGiA & BioEConomiA

Moderador: nelson simões (Departamento de Biologia da Universidade dos Açores)15:30 - Keynote speaker - Carlos Faro (Director do Biocant) - Desafios e oportunidades da biotecnologia16:10 - Comunicação livre I - Bruno sommer Ferreira (CEO da Biotrend e Vice-Presidente da P-Bio – Portugal’s Biotechnology Industry Organization) - Biotecnologia industrial em Portugal16:30 - Comunicação livre II – José marcelino Kongo (INOVA) - Tecnologia, segurança, qualidade e inovação em produtos alimentares tradicionais Açorianos16:50 - Comunicação livre III – Duarte Toubarro (Dept. Biologia/UAc) - Azorean micro-biodiversity: “The role of the infinitely small is infinitely large”17:10 - Orador convidado - José Luís moreira (Biotecnol – Serviços e Desenvolvimento, Lda) - Biotecnologia farmacêutica e Bioeconomia17:40 - Debate17:50 - Apresentação dos posters18:20 - Encerramento dos trabalhos

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DiA 14 ouTuBro

PAINEL BioLoGiA EVoLuTiVA

Moderador: Luís Filipe Dias e silva (Departamento de Biologia da Universidade dos Açores)10:00 - Orador convidado - Carlos Fernandes (CBA - Centro de Biologia Ambiental, FCUL) - Filogeografia, estrutura populacional e história evolutiva da chita (Acinonyx jubatus)10:30 - Comunicação livre I – André Levy (ISPA – IU, Unidade de Investigação em Eco-Etologia) - Filogenia e biogeografia histórica de dois géneros de blenídeos10:50 - Pausa para café11:05 - Comunicação livre II – sérgio Ávila (CIBIO-Açores/DB/UAc) – Tempo e modo em ilhas oceânicas11:25 - Keynote speaker - nuno Ferrand (CIBIO - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, Universidade do Porto)12:05 - Debate12:20 - Encerramento dos trabalhos / Almoço livre

PAINEL BioLoGiA HumAnA & sAúDE

Moderadora: manuela Lima (Departamento de Biologia da Universidade dos Açores)14:00 - Keynote speaker - António Amorim (IPATIMUP - Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto) - O ponto de vista de um geneticista14:40 - Comunicação livre I - João Paulo Gomes (INSA - Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge) - A bioinformática na identificação dos processos moleculares de interacção entre o agente patogénico e o Homem15:00 - Comunicação livre II - osvalda Leandres (DCTD/UAc) - A importância da análise físico-química do leite para a qualidade do produto final. Desenvolvimento de um método rápido para a detecção de resíduos de antibióticos em leite15:20 - Comunicação livre III - Patrícia Garcia (Dept. Biologia/UAc) - Exposure to fuel-oil volatile organic compounds and genotoxicity, citoxicity in buccal ephithelial cells15:40 - Pausa para café

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16:00 - Comunicação livre IV - Armindo rodrigues (Dept. Biologia/UAc) - Human exposure to active volcanic environment in Azores: a biomonitoring approach16:20 - Comunicação livre V - mónica nunes (IHMT/UNL, CREM/UNL) – Leptospira genospecies in rodents versus human leptospirosis in Azores16:40 - Comunicação livre VI - nadiya Kazachkova (Dept. Biologia(UAc) – Patterns of mtDNA damage at different stages of phenotype development in a transgenic mouse model of Machado-Joseph Disease (MJD)17:00 - Oradora convidada - mafalda Bourbon (INSA - Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge) - Bases genéticas da hipercolesterolemia familiar17:30 - Debate17:45 - Apresentação dos posters18:15 - Encerramento dos trabalhos

A Biologia no Século 21

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DiA 15 ouTuBro

PAINEL BioLoGiA AmBiEnTAL & ConsErVAção

Moderador: António Domingos Abreu (Bastonário da Ordem dos Biólogos)09:00 - Keynote speaker - margarida santos-reis (Centro de Biologia Ambiental/UL) – Conservação em paisagens humanizadas: desafios e oportunidades com base no modelo Carnívora09:40 - Comunicação livre I - Carolina Parelho (Dept. Biologia/UAc) – Biomarcadores de exposição e de efeito em anelídeos do solo (Pontoscolex corenthrurus) expostos a ambientes vulcanicamente activos10:00 - Comunicação livre II - mónica Lopes (Dept. Biologia/UAc)) – Revisão sobre os morcegos do Arquipélago dos Açores: contribuição para a sua conservação10:20 - Comunicação livre III - Virgílio Vieira (DB/UAc) – Terrestrial and marine azorean biodiversity10:40 - Pausa para café11:00 - Comunicação livre IV - Vítor Gonçalves (CIBIO-Açores/Dept. Biologia/UAc) – Evolução do estado ecológico da Lagoa das Furnas11:20 - Orador convidado: Francisco Petrucci-Fonseca (Dept. de Biologia Animal/UL) - O lobo ibérico: compreender o passado e estudar o presente para preservar o futuro11:50 - Debate12:00 - Encerramento dos trabalhos / Almoço livre

PAINEL BioLoGiA mArinHA & oCEAnoGrAFiA

Moderadora: Ana neto (Departamento de Biologia da Universidade dos Açores)14:00 - Keynote speaker - João Coimbra (CIIMAR - Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, Universidade do Porto) - Fenómenos oceanográficos e migrações reprodutivas dos peixes: influência das variações cíclicas de pressão hidrostática14:40 - Comunicação livre I – Frederico Dias (EMAM – Estrutura de Missão para os Assuntos do Mar) - M@rbis – o sistema de informação para a biodiversidade marinha15:00 - Comunicação livre II - Gustavo martins (CIIMAR, Grupo de Biologia Marinha/CIRN/UAc) - Exploitation of keystone species: population and community-level effects15:20 - Pausa para café

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ComunicaçõesOrais

15:30 - Comunicação livre III – Francisco Wallenstein (CIIMAR, Grupo de Biologia Marinha/CIRN/UAc, School of Life Sciences and Centre for Marine Biodiversity & Biotechnology) - Rocky Shore Macroalgae Communities of the Azores (Portugal) and the British Isles: a Comparison for the Development of Ecological Quality Assessment Tools15:50 - Oradora convidada – Ana Cristina Costa (CIBIO/UAc/DB) - Biodiversidade marinha dos Açores: um passado com história e um futuro com(s)ciência16:20 - Debate16:30 - Encerramento do congresso

ComunicaçõesOrais

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os nEW mEDiA E As noVAs PossiBiLiDADEs DE CriAção DE PLATAFormAs DE ComuniCAção E EDuCAção nAs CiÊnCiAs DA ViDA

PinTo, P.* & R. MARQUESTake The Wind *E-mail: [email protected]

“A imaginação ou a visualização, e em particular o uso de diagramas, desempenham um papel crucial na

investigação científica”. René Descartes

O livro e a ilustração científica têm sido, ao longo de séculos, a unidade básica da transmissão do conhecimento nas Ciências da Vida. No entanto, a sua capaci-dade de explicar fenómenos que, pela sua natureza, são dinâmicos, evolutivos e dependentes é muito reduzida e torna difícil a compreensão e transformação da informação em conhecimento efetivo pelo destinatário da informação.Com o rápido desenvolvimento das tecnologias de computação gráfica através de representações tridimensionais animadas e interativas, marcará uma evolução nas práticas da comunicação e aprendizagem de informação complexa. A forte desmaterialização e rapidez de transmissão de informação visual trazidas pelas redes de nova geração criam a oportunidade de gerar um salto disruptivo na compreensão interligada de fenómenos científicos. Entre os vários focos da sua ação no mercado, a Take The Wind tem desenvolvido vários projetos de Inovação para dois tipos de público-alvo: os Estudantes e os Profissionais na área das Ci-ências da Vida, ao nível da compreensão das doenças, da terapêutica e do treino de competências; os Cidadãos, ao nível de plataformas de promoção da litera-cia em saúde e auto-vigilância de factores de risco, como caminhos para novos conceitos de cuidados integrados de saúde centrados no paciente. Este tipo de plataformas de gestão de informação de saúde está a emergir um pouco por todo o mundo, e podem constituir-se sistemas poderosos e modificadores para a prestação de cuidados de saúde.

Palavras-chave: conteúdos multimédia na educação em ciências da vida, literacia em saúde.

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ExPoLAB: o DEsAFio DA DiVuLGAção CiEnTíFiCA

CABrAL, s., FERNAMBUCO, B., SIMAS, C. & J.P. CONSTÂNCIAExpoLab- Centro de Divulgação de Ciência e Tecnologia

E-mail: [email protected]

O ExpoLab é um centro de divulgação científica da Sociedade Afonso Chaves que integra a rede de Centros de Ciência dos Açores, impulsionados pela Secretaria Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos. De uma forma global, estes cen-tros visam potenciar a integração de todos os cidadãos na Sociedade do Conhe-cimento e contribuir para o incremento da cultura científica.O Expolab foi inaugurado em Setembro de 2009 e é constituído por salas de ex-posições e de módulos interactivos, laboratórios e espaços polivalentes, onde, ao longo de todo o ano, decorrem múltiplas actividades adaptadas a todas as idades e públicos. Entre as actividades de carácter permanente são de destacar: exposições, workshops, palestras, experiências laboratoriais, jogos e ateliers. Des-ta forma, através de programas de acentuado carácter pedagógico, o Expolab promove a cultura científica e tecnológica e o ensino experimental das ciências. Neste centro, tem sido dado especial relevo ao desenvolvimento de actividades ligadas à Biologia, como são exemplo as exposições “Evolução: resposta a um pla-neta em mudança”; “O Trilho da Vida” ; “Anfíbios: uma pata na água, outra na terra” ou os projectos “Quem vive no ExpoLab?” e “Workshop em Aquariofilia”. O ExpoLab tem vindo a contribuir de uma forma significativa para o ensino não formal da Biologia, não só junto do público escolar dos vários graus de ensino, mas, de uma forma mais alargada, de toda a população em geral.

Palavras-chave: centros de ciência, divulgação cientifica, ensino não formal.

PLAnTAs nATiVAs E EnDémiCAs Dos AçorEs: A inVEsTiGAção APLiCADA Como PrÁTiCA DE Ensino

PErEirA, m. J.Praesent porttitor dapibus euismod, etiam risus nibh gravida ut gravida vitae

Departamento de Biologia, Universidade dos Açores, 9501-801 Ponta Delgada, Portugal

E-mail: [email protected]

As ilhas Açorianas, consideradas pelos biólogos como um laboratório natural, proporcionam à Universidade dos Açores as melhores ferramentas de ensino: motivação e material de estudo. A proximidade dos alunos aos habitats e espé-cies Açorianas e o prazer da novidade inerente à produção científica produzem

A Biologia no Século 21

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a motivação necessária à aquisição de novas competências. Usando as plantas nativas e endémicas dos Açores, é possível adoptar a investigação aplicada como prática de ensino em disciplinas de nível universitário (1º e 2º ciclo) e produzir novos protocolos didáticos e novos dados susceptíveis de ser publicados.

Palavras-chave: investigação, ensino, Açores, plantas endémicas.

os BióLoGos PrECisAm DE QuímiCA? rEFLExõEs soBrE A BioLoGiA Do séCuLo xxi

BArrETo, m.C.DCTD, Universidade dos Açores, R. Mãe de Deus, 9501-801 Ponta Delgada

E-mail: [email protected]

Nos últimos anos, devido a diversas reestruturações, as mais recentes devidas à adaptação ao modelo de Bolonha, temos assistido a uma progressiva diminuição da Química nos planos de curso de Biologia. Este facto torna-se mais sério porque muitos dos alunos que chegam ao 1º ano das licenciaturas de Biologia tiveram Química apenas até ao 9º ano, o que é manifestamente insuficiente. Para que o século XXI seja o século da Biologia, como tem sido preconizado, precisamos de Biólogos com uma sólida formação de base. No entanto, devido a decisões de ordem política e não pedagógicas, ciências estruturantes como a Química, Física e Matemática têm vindo a ser postas de parte, para não prejudicar as estatísticas do sucesso escolar. Estarão os Biólogos que formamos hoje em dia preparados para a “Biologia do Século XXI”?

o Ensino DA TEoriA DA EVoLução Ao níVEL moLECuLAr Com rECurso A méToDos BioinFormÁTiCos

sousA, C.Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

E-mail: [email protected]

No âmbito do Ensino das Ciências têm surgido várias propostas de utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para melhorar o seu sucesso quer no Ensino Superior, quer no Ensino Básico e Secundário. - A Bioinformática - um novo ramo científico da Biologia - tem vindo a ser muito útil em investigação quer na área de Biologia Molecular e Celular quer na área da Bioquímica. Em geral, denota-se nos alunos do Secundário e 1º ciclo do Ensino

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Superior deficiente conhecimento da Teoria da Evolução, seus mecanismos e as evidências que a sustentam. Uma iniciativa para colmatar esta situação foi a exposição, recentemente na U. Porto, “A evolução de Darwin”1. Durante visitas guiadas a turmas quer do ensino básico e secundário quer superior promoveu-se o pensamento crítico dos alunos de forma a fornecer as competências para análise crítica de hipóteses alternativas. Demonstro que com a questão-problema que coloco “Ser mais parecido com o Pai/Mãe significa possuir mais material genético do Pai/Mãe?” é possível discutir amplamente alguns exemplos como a transmissão da característica cor dos olhos em humanos e em Drosophila e a importância da variabilidade associada a polimorfismos.Têm vindo a ser disponibilizados vários softwares em regime de freeware que podem ser descarregados para o computador ou usados on-line nos seus respectivos websites, tais como o BLAST e o CLUSTAL2. Será discutido no âmbito desta apresentação o estudo de caso das proteínas transportadoras de oxigénio nos diferentes organismos: hemoglobinas. Criando uma situação-problema que inicia a comparação entre de diferentes sequências aminoacídicas, com recurso a BLAST, relativas a proteínas com a mesma função - hemoglobinas - em diferentes organismos, tais como bactérias, plantas e humanos. Este estudo de caso permite também explorar os conceitos de homologias versus analogias e de evolução divergente versus convergente a diferentes níveis de escolariedade como será demonstrado em “strand maps” 3.

Referências: 1 N. Ferrand de Almeida, U.Porto 100, & J. Feijó (2011). Catálogo da exposição a evolução de Darwin,

Casa Andersen, Jardim Botânico do Porto.2 www.ncbi.nlm.nih.gov 3 AAAS, 2006. Evolution on the front line: an abbreviated guide for teaching evolution, from project

2061 at AAAS.

Palavras-chave: bioinformática; ensino da evolução, homologias vs. analogias; evolução divergente

vs. convergente, hemoglobina.

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o TrABALHo DE ProJETo nAs CiÊnCiAs nATurAis - PArTiLHA DE BoAs PrÁTiCAs

PACHECo, A.Escola Básica e Integrada de Arrifes

E-mail: [email protected]

É indiscutível que hoje o mundo se encontra em constante mutação e que se torna imprescindível acompanhar todas as suas transformações, inclusive no do-mínio das ciências e das tecnologias. Neste contexto, a escola tem atualmente de responder a um sistema complexo de exigências que, tanto a nível nacional como no plano internacional, se co-locam à nossa sociedade. Esta difícil mas aliciante tarefa requer uma mudança, constituindo os mais jovens os seus principais agentes, que contando com a aju-da e o empenho dos docentes, poderão desenvolver atitudes, competências e uma postura interveniente e crítica face aos desafios e problemas da sociedade moderna. Para que tal aconteça, é necessário, por um lado pôr em prática métodos educa-tivos que apostem no desenvolvimento de uma cidadania consciente. Por outro, é imperativo trabalhar, conjuntamente, atitudes e valores através de situações de aprendizagens promotoras de um trabalho cooperativo, promovendo a autoesti-ma, o respeito mútuo, o diálogo e as regras de convivência.É nesta perspetiva que a metodologia baseada no trabalho de projeto e aplicada na implementação de projetos (locais, nacionais e transnacionais) pode ser uma mais valia para o desenvolvimento/implementação de conhecimentos e de com-petências relativas ao ensino das ciências naturais, no sentido em que motiva os docentes para a criação de ambientes de ensino e de aprendizagem favoráveis à construção ativa do saber e do saber fazer. Além disso, incrementa a curiosidade nos alunos sobre o que se passa na sua própria comunidade.Assim, a apresentação no IV Congresso da Ordem dos Biólogos do projeto in-titulado “Ecossistema aquático das Sete Cidades” pretende demonstrar como é possível, quer com a atividade experimental, quer com o trabalho de campo, pôr em prática a máxima “Pensar global, agir local”, sensibilizando e responsabilizando os alunos para a melhoria da qualidade ambiental e de vida. Na realidade, o projeto em causa, que promoveu a articulação vertical e a trans-versalidade, envolvendo a participação do 1.º e 3.º ciclos e a intervenção de di-versas áreas curriculares disciplinares e não disciplinares, pretendeu proporcionar aos alunos o acesso a conteúdos científicos por via experimental, tornando o en-sino das ciências mais ativo, motivador e dinâmico.Tentou-se incrementar nos alunos o interesse pelas atividades experimentais e desenvolver competências diversas, nomeadamente contribuir para a valoriza-

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ção do património natural e cultural articulando conhecimentos científicos, his-tóricos e culturais. Além disso, o projeto ao ter visado o estudo e a valorização do património natural local (Sete Cidades) possibilitou aos alunos, não só a análise das relações entre o Homem e o seu ambiente natural, mas também o desenvol-vimento de conceitos e de atitudes de conservação e preservação do património ambiental (natural e construído), numa perspetiva de sustentabilidade.De salientar, ainda, que os alunos ao cooperarem uns com os outros num projeto comum, realizando experiências, pesquisando, selecionando e organizando in-formação, com recurso às tecnologias de informação e de comunicação e não só, desenvolveram o gosto pela aprendizagem e aperceberam-se da importância da adoção de estratégias para a resolução de problemas e tomada de decisões.Esta comunicação pretende ser sobretudo um espaço de partilha de boas prá-ticas, de experiências e de ideias, constituindo um incentivo para o trabalho de projeto aplicado às ciências naturais, tentando, igualmente, ajudar a encarar hoje a aprendizagem das ciências para além da sala de aula e fora dos muros da es-cola.

DEsAFios E oPorTuniDADEs DA BioTECnoLoGiA

FAro, C.Biocant- Centro de Inovação em Biotecnologia, Biocant Park, Cantanhede, Portugal

E-mail: [email protected]

Ao longo das últimas décadas a Biotecnologia tornou-se uma área de investiga-ção de grande impacto económico e social. Em Portugal o impacto foi reduzido devido principalmente à escassez de recursos humanos qualificados. Nos últimos anos a situação alterou-se substancialmente, sobretudo a partir do momento em que o país começou a dispor de recém doutorados em áreas directamente rela-cionadas com a Biotecnologia. Este factor conjugado com a instalação de labo-ratórios de investigação de qualidade internacional permitiu o aparecimento de uma cultura científica de vanguarda, orientada para a inovação e para a transfe-rência de tecnologia. É neste contexto que surgiram várias empresas de biotecnologia dando corpo a um sector com grande potencial de inovação Nesta apresentação serão discuti-dos os desafios actuais da biotecnologia e as oportunidades existentes no País para jovens biólogos com espírito empreendedor. A apresentação terá como “fio condutor” toda a cadeia de valor situada entre a geração de conhecimento e a criação de empresas de base tecnológica.

Palavras-chave: I&D, transferência de tecnologia, bioeconomia.

A Biologia no Século 21

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BioTECnoLoGiA inDusTriAL Em PorTuGAL

FErrEirA, B.s.

Biotrend – Inovação e Engenharia em Biotecnologia, S.A, Biocant Park, Núcleo 4, Lote 2, 3060-197,

Cantanhede, Portugal

E-mail: [email protected]

A biotecnologia em sentido lato é hoje reconhecida como um dos sectores económicos com maior potencial de crescimento e impacto na sociedade. De facto, a nível global tem vindo a tornar-se um alicerce em sectores tão diversos e essenciais como agro-alimentar, ambiental, farmacêutico e médico. Portugal tem conseguido acompanhar a bom ritmo o desenvolvimento da biotecnologia através das suas universidades e centros de I&D, tendo também realizado um importante investimento na formação avançada de recursos humanos na área. No entanto, o impacto destes desenvolvimentos e investimentos na economia nacional, apesar de crescente, está ainda aquém do potencial existente.Esta apresentação abordará a evolução da biotecnologia nacional na perspectiva do seu impacto económico e como sector de empresas de base tecnológica, enquadrando o potencial existente, focando especificamente a área da biotecnologia industrial, que abrange a aplicação moderna da biotecnologia para o processamento sustentável e a produção de produtos químicos, materiais e combustíveis.Finalmente, serão apresentados exemplos concretos de iniciativas empresariais em curso no País na área da biotecnologia industrial.

Palavras-chave: biotecnologia industrial, bioeconomia.

TECnoLoGiA, sEGurAnçA, QuALiDADE E inoVAção Em ProDuTos ALimEnTArEs TrADiCionAis AçoriAnos

KonGo, J. mArCELinoINOVA - Instituto de Inovação Tecnológica dos Açores

DCTD – Departamento de Ciências Tecnológicas e Desenvolvimento, Universidade dos Açores

E-mail: [email protected], [email protected]

O desenvolvimento da produção de alimentos tradicionais típicos e diferenciados de base agrícola local tem um elevado interesse, ocupando um lugar central nas preocupações actuais relativas á alimentação e á saúde. Estes produtos podem tornar-se num trunfo importante para as zonas agro-rurais mais desfavorecidas,

Livro de Resumos - IV Congresso da Ordem dos Biólogos/II Congresso dos Biólogos dos Açores

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uma vez que a sua produção assenta sobre alguns dos escassos elementos em que muitas zonas podem ser competitivas: diferenciação, qualidade e território.Actualmente as políticas de promoção e valorização de produtos agro-alimentares tradicionais de qualidade têm sido, na União Europeia, objecto de atenção constante em diferentes documentos comunitários onde se refere que “a promoção de produtos com determinadas características pode tornar-se um trunfo importante para o mundo rural, mediante a melhoria do rendimento dos agricultores e da fixação da população rural nas zonas onde esses produtos são obtidos”.No âmbito do projecto SeproQual-Inovação cujo objectivo principal é apoiar pequenas empresas produtoras de alimentos tradicionais açorianos, no intuito de melhorarem as suas técnicas de produção, de modo a obterem produtos típicos de qualidade e seguros, sem perder de vista a possibilidade de inovação, apresentaremos os resultados inicias de dois estudos intitulados:1. J. M. Kongo, A. Borges, I. Afonso, M. Tavares, C. Moniz, M. Cabral, N. Medeiros, Duarte, J. B. Ponte. Caracterização da massa de “pimenta-da-terra” (Capsicumm spp) açoriana: processamento tradicional, microbiologia, química e actividade de antibiose.2. J. M. Kongo, C. Rodrigues, E. Soares, M. Cabral, C. Moniz, N. Medeiros, Duarte J.B. Ponte. Desenvolvimento de doce de ananás de baixas calorias: segurança e aceitabilidade organolêptica.

AzorEAn miCro-BioDiVErsiTY: “THE roLE oF THE inFiniTELY smALL is inFiniTELY LArGE”

TouBArro, D. *, BALASUBRAMANIAN, N., HAO, Y.J., JING, Y., NASCIMENTO, G., TEIXEIRA, M., FERREIRA, R., GOUVEIA, V., RAPOSO, M., CABRAL, C. & N. SIMÕESCBA/IBB and Departamento de Biologia, Universidade dos Açores* E-mail: [email protected]

The concept of biodiversity gives in mind images of tropical rainforests. However, recent molecular taxonomic data suggest that the majority of phylogenetic and metabolic diversity on earth resides in the genomes of microorganisms. The re-search in our laboratory is focused on insecticidal proteins and enzymes isolated from Azorean microorganisms (nematodes and bacteria) and the starting point for the discoveries of active proteins is the biological diversity the exploration and the sampling of biodiversity. For this purpose we create three collections of Azorean mi-croorganisms: one of enthomopatogenic nematodes (Heterorhabditis bacteriophora and Steinernema carpocapsae); a second of Bacillus thuringiensis (Bt) (with about 300 isolates); and a third collection of Bacillus spp. (with around 800 isolates).

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Bacillus spp. collection was cataloged according to different group species and was explored regarding to the capacity to produce enzymes comprising cellulas-es, amylases, proteases and chitinases. Activity at extreme pH and high tempera-tures were assumed as prerequisites to identify candidates for biotechnological application. The Bt collection was characterized according to crystal morphology, the presence of desired cry genes and, most important, the insecticidal activity against different orders of insects namely Lepidoptera, Coleoptera and Diptera. To emphasize that some Azorean Bt isolates present a good activity against mosquito vectors of human disease such as Culex. The collection of enthomopa-togenic nematodes was characterized regarding insecticidal activity and the per-sistence in soil. To analyze the virulence of these isolates, two DNA libraries of the nematode-symbiotic bacteria Xenorhabdus nematophila and Photorhabdus luminescens were created allowing the identification of a number of insecticidal genes. Moreover using genomic and proteomic approaches, a huge number of nematode virulence factors had been identified in S. carpocapsae improving the knowledge of the molecular bases underlining nematode success as biocontrol agent. Some of these proteins were purified and characterized and proved to play an important role in the infection specifically by allowing nematode penetration, by depleting defense system or by paralyzing the insect. Genetic engeneering of these proteins is being done to creat a highly improved version of them and highligh the potential they have as insecticides. In the near future our laboratory aims to engineer these proteins in a suitable vec-tor to facilitate production and delivery to insects as a bioinsecticide.

References:

Toubarro D., Lucena-Robles M., Nascimento G., Costa G., Montiel R., Coelho A., Simões N. 2009. An

apoptosisinducing serine protease secreted by the entomopathogenic nematode Steinernema

carpocapsae. I. Journal of Parasitol.:39: 1319-1330.

Toubarro D., Lucena-Robles M., Nascimento G., Santos R., Montiel R.l, Veríssimo P., Pires E., Faro C.,

Coelho A. V., Simões N. 2010. A serine protease secreted by the parasitic nematode Steinernema

carpocapsae is involved in host invasion. JBC, 285: 30666-30675.

Toubarro D., Santos R., Gouveia V., Balasubramanian N., Coelho A. V., Simões N. Phosphorylated and

glycosylated protease abundance in Steinernema carpocapsae secretome (Submitted to Proteomics).

Hao Y. J., Montiel R., Nascimento G., Toubarro D., Simões N. 2008. Identification, characterization

of functional candidate genes for host–parasite interactions in entomopathogenetic nematode

Steinernema carpocapsae by suppressive subtractive hybridization. Parasitol Res. 103(3):671-83.

Balasubramanian N., Toubarro D., Simões N. 2009. Biochemical study and in vitro insect immune

suppression by a trypsin-like secreted protease from the nematode Steinernema carpocapsae.

Parasite Immunology, 31, 1–11.

Balasubramanian N., Hao Y. J., Toubarro D., Nascimento G., Simões N. 2009. Purification, biochemical

and molecular analysis of a chymotrypsin protease with prophenoloxidase suppression activity from

Livro de Resumos - IV Congresso da Ordem dos Biólogos/II Congresso dos Biólogos dos Açores

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the entomopothogenic nematode Steinernema carpocapsae. I. Journ Parasitol: 39: 975-284.

Jing Y., Toubarro D., Hao Y.J., Simões N. 2010. Cloning, characterization and heterologous expression

of an astacin metalloprotease, Sc-AST, from parasitic nematode Steinernema carpocapsae. Mol

Biochem Parasitol., 174: 101-108

BioTECnoLoGiA FArmACÊuTiCA E BioEConomiA

morEirA, J.L.Biotecnol

E-mail: [email protected]

Nos últimos anos o sector farmacêutico tem vindo a sofrer alterações significati-vas face ao que tinha sido o modelo de negócio das últimas duas décadas. Tal está a ter implicações ao nível da dinâmica dos mercados globais, do posicionamento estratégico das multinacionais que dominam o sector e também na estratégia de desenvolvimento de novos produtos.Porque todas as alterações podem ser vistas como ameaça, mas todas as amea-ças podem ser oportunidades, da actual conjuntura e estratégia global do sector biofarmacêutico resultam oportunidades para as pequenas empresas, como a Biotecnol, sem que a localização seja, à partida, um factor limitante.O desenvolvimento de produtos farmacêuticos é um negócio em que há que con-jugar a relação risco / investimento / retorno; tal como noutro negócio qualquer, em qualquer sector de actividade. O negócio de desenvolvimento de produtos farmacêuticos pode no entanto ter a vantagem de que o risco e o investimento para a empresa envolvida nas fases iniciais do negócio seja significativamente reduzido face ao risco e investimento globais do produto. Esta assimetria entre empresa que desenvolve o produto e o próprio produto é, na realidade, uma oportunidade e uma vantagem para as pequenas empresas do sector.Mas para que estas possam desenvolver os seus negócios há que as capacitar com os recursos adequados, nomeadamente técnicos, científicos, de gestão e fi-nanceiros. A tomada de decisões erradas tem a maioria das vezes consequências graves na capacidade de geração de valor económico real, e até na viabilidade económica desses projectos. Também o adiamento da tomada de decisões tem um efeito erosivo muito significativo no valor dos projectos. Será apresentada evidência com base em dados reais do sector biofarmacêutico e de empresas do sector, com particular ênfase na Biotecnol. Será apresentado o caso real de um produto em desenvolvimento e serão analisados os efeitos da não decisão e da tomada de decisões desadequadas no sucesso da estratégia de desenvolvimento desse produto.

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FiLoGEniA E BioGEoGrAFiA HisTóriCA DE Dois GénEros DE BLEníDEos

LEVY, A. * & ALMADA, V. C. Unidade de Investigação em Eco-Etologia, ISPA-IU, Lisboa, Portugal* E-mail: [email protected]

A combinação de informação biogeográfica e filogenética, com calibração mo-lecular, permite identificar distribuições ancestrais e eventuais centros de espe-ciação, e relacionar eventos históricos, como alterações climáticas, com a diver-sificação de taxa. São apresentados os casos de dois géneros de blenideos. O género Microlipophrys teve origem na Província Lusitânica tendo disperso para os trópicos posteriormente. Tal constitui um exemplo adicional da importância his-tórica desta região como centro de origem e diversificação. O estudo do género Parablennius e taxa aparentados permitiu identificar a distribuição ancestral do grupo e testar hipóteses biogeográficas alternativas para o relacionamento dos taxa Atlânticos e Indo-Pacíficos.

Palavras-chave: Filogenia molecular, biogeografia marinha, relógio molecular, Blenniidae, centro de

diversificação.

TimE AnD moDE in oCEAniC isLAnDs

ÁViLA, s.P.CIBIO-Açores, Departamento de Biologia, Universidade dos Açores, Rua da Mãe de Deus 13-A, 9501-

801 Ponta Delgada, Azores-Portugal

MPB-MarinePalaeoBiogeography working group, Departamento de Biologia, Universidade dos

Açores, 9501-801 Ponta Delgada, Azores-Portugal

E-mail: [email protected]

Webpage: www.mpb.uac.pt

By definition, true oceanic islands were never connected to continental land masses and many of these islands are very isolated. The Azores archipelago is a good example of such islands. With an estimated age of about 8-10 My, Santa Maria, the oldest island is also the only one that has marine fossils incorporated in marine sediments within the volcanic sequence. These fossils are known since the 19th century but have recently received new attention due to the establish-ment of a local team of biologists/palaeontologists, based in the University of the Azores. Since 2002, a series of international workshops named “Palaeontology in Atlantic Islands” have studied the late-Miocene early-Pliocene and the Pleis-

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tocene fossiliferous deposits of that island. The stratigraphy and age-dating of the outcrops was done; the systematics of different marine fossil groups (molluscs, echinoderms, brachiopods, crustaceans, sharks, cetaceans, fishes, algae, bryo-zoans and ostracods) was improved, with new species described; the taphonomy and the palaeoecology of the most representative outcrops is being done; and the palaeobiogeographical relationships of the fossil Azorean communities was established (1-16). All of the above mentioned studies contributed for a better understanding of the processes and patterns of dispersal and colonization by ma-rine organisms that has happened in the oceanic islands of the Azores.One of the most interesting results of the aforementioned studies is the differ-ent life-time expectancy for a given species, which is heavily correlated with the preferential habitat. Our research has proven that during the Pleistocene climatic deterioration, the endemic stock of small (less than 5-10 mm in length) shallow marine molluscs that usually live in rocky shores intimately associated to algae were able to survive several glacial/interglacial cycles in contrast with shallow marine molluscs living associated to fine sand sediments, which locally disappear from the islands whenever a glacial episode happens. In these glacial conditions, sand and all its biological content is lost to abyssal depths when the sea level drops below the shelf edge of the island.As a consequence of this, we commonly find in oceanic islands, such as the Azores, endemic shallow marine molluscs associated to algae covering rocky substrates, but we do not expect to find endemic shallow marine molluscs associated to fine sediments. Moreover, this is the reason why oceanic island beaches’ are almost devoid of life.And this is not a local explanation; this is a global explanation, and this happens in all oceanic islands!

References:

(1) ÁVILA, S.P., R. AMEN, J.M.N. AzEVEDO, M. CACHÃO & F. GARCÍA-TALAVERA, 2002. Checklist of the

Pleistocene marine molluscs of Prainha and Lagoinhas (Santa Maria Island, Azores). Açoreana, 9(4):

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(2) ÁVILA, S.P., 2007. Neo and palaeobiogeographical relationships of the Azorean shallow-water

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(Azores, Portugal). Arquipélago, 24: 53-56.

(4) ÁVILA, S.P., P. MADEIRA, N. MENDES, A. REBELO, A. MEDEIROS, C. GOMES, F. GARCÍA-TALAVERA,

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extinctions in the Azores during the last glaciation: fact or myth? Journal of Biogeography, 35: 1123-

1129.

A Biologia no Século 21

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(5) ÁVILA, S.P., P. MADEIRA, C. MARQUES DA SILVA, MÁRIO CACHÃO, BERNARD LANDAU, RUI

QUARTAU & A.M. DE FRIAS MARTINS, 2008b. Local disappearance of bivalves in the Azores during

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(7) ÁVILA, S.P., C. MARQUES DA SILVA, RALF SCHIEBEL, F. CECCA, THIERRY BACKELJAU & A. M. DE

FRIAS MARTINS, 2009b. How did they get here? Palaeobiogeography of the Pleistocene marine

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(8) ÁVILA, S.P., A. REBELO, A. MEDEIROS, C. MELO, C. GOMES, L. BAGAçO, P. MADEIRA, P.A. BORGES,

P. MONTEIRO, R. CORDEIRO, R. MEIRELES & R. RAMALHO, 2010. Os fósseis de Santa Maria (Açores). 1. A

jazida da Prainha, 103 pp. OVGA – Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores, Lagoa.

(9) CACHÃO,M., J. MADEIRA, C. MARQUES DA SILVA, J. M. N. AzEVEDO, A. P. CRUz, C GARCIA, F. SOUSA,

J. MELO, M. AGUIAR, P. SILVA, R AMEN & S. P. ÁVILA, 2003. Pedreira do Campo (Santa Maria, Açores):

monumento natural. Actas do VI Congresso Nacional de Geologia. Ciências da Terra (UNL), Lisboa, nº

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(10) ESTEVENS, M. & S.P. ÁVILA, 2007. Fossil whales from the Azores. In ÁVILA, S.P. & A. M. de F.

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(11) JANSSEN, A. W., A. KROH & S.P. ÁVILA, 2008. Early Pliocene heteropods and pteropods

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implications. Acta Geologica Polonica, 58: 355-369.

(12) KIRBY, M.X., D.S. JONES & S.P. ÁVILA, 2007. Neogene shallow-marine paleoenvironments and

preliminary Strontium isotope chronostratigraphy of Santa Maria Island, Azores. In: ÁVILA, S. P. & A. M.

DE FRIAS MARTINS (Eds.): Proceedings of the “1st Atlantic Islands Neogene”, International Congress,

Ponta Delgada, 12-14 June 2006. Açoreana, Suplemento 5: 112-125.

(13) KROH, A., M.A. BITNER & S.P. ÁVILA, 2008. Novocrania turbinata (Brachiopoda) from the Early

Pliocene of the Azores (Portugal). Acta Geologica Polonica, 58: 473-478.

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(15) WINKELMANN, K., JOHN S. BUCKERIDGE, ANA CRISTINA COSTA, MARIA ANA MANSO DIONÍSIO,

ANDRÉ MEDEIROS, MÁRIO CACHÃO & SÉRGIO P. ÁVILA, 2010. Zullobalanus santamariaensis sp. nov.

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Azores. Zootaxa, 2680: 33-44.

(16) MADEIRA, P., A. KROH, R. CORDEIRO, R. MEIRELES & S.P. ÁVILA, 2011. The fossil echinoids of Santa

Maria Island, Azores (Northern Atlantic Ocean). Acta Palaeontologica Polonica, 61: 243-264.

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FiLoGEoGrAFiA, EsTruTurA PoPuLACionAL E HisTóriA EVoLuTiVA DA CHiTA (Acinonyx jubAtus)

FErnAnDEs, C. 1,*, CHARRUAU, P. 2, OROzCO-TERWENGEL, P. 2, SCHLÖTTERER, C. 2, WALzER, C. 3 & P. BURGER 2

1 Centro de Biologia Ambiental, Universidade de Lisboa2 Institute of Population Genetics, Vienna University of Veterinary Medicine3 Institute of Wildlife Ecology, Vienna University of Veterinary Medicine* E-mail: [email protected]

Estudos genéticos nos anos 80 e 90 do século passado, em que foram apenas analisadas amostras de ADN de chitas da África Austral e Oriental, conduziram à assumpção de que a espécie seria globalmente pobre em variabilidade genética e de que as várias populações geográficas seriam pouco diferenciadas, por deri-varem de um único núcleo populacional que teria sobrevivido a um postulado colapso demográfico nos finais do Plistocénico, 10.000 a 12.000 anos atrás. O es-tudo aqui apresentado envolveu a análise de amostras de ADN de chitas de prati-camente toda a área de distribuição histórica da espécie, tanto de regiões em que a chita ainda sobrevive (África do Sul, Namíbia, Botswana, República Democrática do Congo, Tanzânia, Quénia, Etiópia, Somália, Argélia, Irão) como de regiões em que está aparentemente ou possivelmente extinta (Sara Ocidental, Líbia, Egipto, Omã, Jordânia, Iraque, Índia). No segundo caso, bem como para alguns países do primeiro caso, o estudo teve que recorrer à análise de espécimes de museu (amostras de pele e de osso), alguns com mais de mil anos de idade. O estudo concluiu que: a) a chita possui uma diversidade genética semelhante à observa-da em outras espécies de grandes felinos (e.g. tigre, jaguar, leopardo e puma); b) não existe suporte para um postulado colapso demográfico sofrido pela espécie 10.000 a 12.000 anos atrás; c) ao contrário de uma suposta homogeneidade, a chita apresenta uma clara diferenciação genética ao longo da sua área de distri-buição que é interpretada como resultado de prolongado isolamento genético entre populações geográficas; d) entre algumas populações esse isolamento é estimado como significativamente mais antigo do que o fim do Plistocénico; e) a validade das subespécies venaticus (subespécie Asiática) e soemmerringii (subes-pécie do Sahel oriental) é suportada pelos resultados da análise genética. Adicio-nalmente, o estudo prova que as chitas Iranianas, com uma população estimada entre os 70 e os 110 indivíduos, são as últimas representantes da subespécie Asiá-tica e não, como sugerido por alguma literatura, descendentes de introduções de animais Africanos efectuadas durante a presença colonial Britânica na região.

Palavras-chave: chita, Acinonyx jubatus, filogeografia, genética populacional, genética da

conservação, subespécies.

A Biologia no Século 21

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o PonTo DE VisTA DE um GEnETiCisTA

Amorim, A.IPATIMUP - Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto

E-mail: [email protected]

Apresentam-se as características principais da diversidade genética humana (in-cluindo a patogénica) numa perspectiva evolutiva e das suas consequências em termos de saúde. Exemplificam-se alguns casos de sucesso da contribuição da genética, nomeadamente quanto à etiologia e diagnóstico, para a saúde huma-na. Finalmente analisam-se as causas do modesto impacto da sequenciação do genoma humano e dos avanços nas técnicas de sequenciação no esclarecimen-to das bases genéticas de doenças comuns, arriscando-se algumas perspectivas futuras.

Palavras-chave: genética, diagnóstico, doença, evolução.

A BioinFormÁTiCA nA iDEnTiFiCAção Dos ProCEssos moLECuLArEs DE inTErACção EnTrE o AGEnTE PAToGéniCo E o HomEm

BORGES, V., NUNES, A., FERREIRA, R., BORREGO, M.J. & GomEs, J.P.*

Laboratório Nacional de Referência de Infecções Bacterianas Sexualmente Transmissíveis,

Departamento de Doenças Infecciosas, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Av. Padre Cruz,

1649-016, Lisboa* E-mail: [email protected]

Qualquer processo infeccioso caracteriza-se por um “braço de ferro” contínuo en-tre o agente patogénico e o Homem. Se por um lado, o Homem tenta debelar a infecção através da complexa rede celular que caracteriza a resposta imunitária, por outro, o agente patogénico tenta escapar a essa resposta através da acumu-lação de mutações no seu genoma. De um modo geral, as mutações num gene podem ser sinónimas (quando não originam uma alteração de aminoácido) ou não-sinónimas (quando a proteína correspondente é alterada), sendo estas últi-mas, quando vantajosas, as principais responsáveis pela adaptação do agente in-feccioso ao hospedeiro. A fixação de alterações não-sinónimas vantajosas resulta de um processo evolutivo denominado de “selecção positiva”. A bioinformática surge nos últimos anos como uma ferramenta acessível e indispensável para a análise dos dados genómicos que diariamente são gerados de forma exponen-cial. Neste âmbito, a bioinformática tem sido essencial, por exemplo, para a iden-

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tificação dos processos moleculares de interacção entre o agente patogénico e o Homem, que decorrem durante o processo infeccioso. Na presente comunica-ção, a utilidade desta valência computacional é ilustrada tomando como modelo o processo infeccioso despoletado pela bactéria Chlamydia trachomatis. De facto, esta bactéria intracelular é caracterizada por um perfil bem definido de infec-ções no Homem, cujos diversos genótipos afectam distintamente o tecido ocu-lar, os órgãos genitais e os nódulos linfáticos inguinais (via macrófagos), orgãos estes que exercem uma pressão selectiva distinta (resposta imunitária, pH, flora comensal, etc) sobre a bactéria. Através da utilização de várias plataformas de bio-informática para a análise específica das mutações que distinguem os vários ge-nótipos de Chlamydia trachomatis, é possível identificar genes, que por força de uma selecção positiva, estão hipoteticamente envolvidos na adaptação/invasão aos vários tipos de células humanas infectadas, nomeadamente, células epiteliais das mucosas ocular e genital, e macrófagos. Noutras vertentes, este tipo de aná-lise de detecção de selecção positiva teve já aplicações no desenvolvimento de uma vacina para o VIH bem como no esclarecimento da evolução da virulência do vírus Influenza, e pode ser aplicado a todo o sistema biológico.

Palavras-chave: bioinformática, mutações, selecção positiva, infecção, adaptação.

A imPorTÂnCiA DA AnÁLisE FísiCo-QuímiCA Do LEiTE PArA A QuALiDADE Do ProDuTo FinAL. DEsEnVoLVimEnTo DE um méToDo rÁPiDo PArA A DETECção DE rEsíDuos DE AnTiBióTiCos Em LEiTE LEAnDrEs, o. 1,*, PAIVA, L. 2,3, LIMA, E. 2,3 & J. BAPTISTA 2,3

1 Departamento de Biologia, Universidade dos Açores, Rua Mãe de Deus, 9501-801 Ponta Delgada, S.

Miguel, Açores2 Departamento de Ciências Tecnológicas e Desenvolvimento, Universidade dos Açores, Rua Mãe de

Deus, 9501-801 Ponta Delgada, S. Miguel, Açores3 Centro de Investigação e Tecnologias Agrárias dos Açores (CITA-A), Universidade dos Açores, Rua

Mãe de Deus 9501-801, Ponta Delgada, S. Miguel, Açores* E-mail: [email protected]

É do conhecimento comum que o leite e os seus derivados são a principal fonte de cálcio, assim como de outros minerais essenciais, para além das suas proteí-nas de elevado valor nutritivo. O consumo de lactoprodutos apresentou, desde a década de 50, uma grande expansão mundial em consequência da modificação genética dos bovinos, de uma alimentação e maneio adequados, dos avanços

A Biologia no Século 21

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nos processos artificiais de ordenha e nos progressos tecnológicos (pasteurização e ultra pasteurização), assim como nos processos de refrigeração e transporte.Apesar destes avanços, o sector dos lacticínios tem-se defrontado com grandes adversidades. Por um lado o aumento dos custos da produção e por outro a difi-culdade de comercialização, pois o leite e os produtos lácteos, sendo dos alimen-tos principais consumidos pela população em geral, têm de cumprir determina-dos critérios de qualidade (microbiológicos, nutricionais, entre outros) previstos no “Codex Alimentarius”, bem como os limites estabelecidos para cada um dos parâmetros físicos e químicos de acordo com a legislação vigente.O leite para ser considerado um produto de qualidade tem de apresentar alto valor nutritivo, reduzida contagem de células somáticas, baixa carga microbiana e ausência de agentes patogénicos e de agentes contaminantes (antibióticos, pesticidas, adição fraudulenta de água, sujidades, entre outros). A proibição da presença de antibióticos no leite prende-se ao nível da saúde pú-blica devido à possibilidade de desenvolvimento de reacções alérgicas ou tóxicas em indivíduos susceptíveis. Para além do risco toxicológico, a contínua exposição pode originar um aumento da resistência às bactérias. Ao nível da indústria de lacticínios o controlo de antibióticos prende-se, para além dos aspectos referidos anteriormente, com o factor qualidade que condiciona o pagamento de leite ao produtor e a possibilidade de afectar negativamente a imagem do leite e gerar a sua rejeição por parte do consumidor.Actualmente existem vários métodos ao nível da indústria de lacticínios para de-tecção de antibióticos, baseados na sua maioria em dois tipos de metodologias: a microbiana, testes de duração longa e a enzimática, testes de duração rápida, mas que apresentam o inconveniente de por vezes dar resultados quer falsos positivos quer falsos negativos. O objectivo principal desde estudo consistiu no desenvolvimento de uma metodologia para a determinação quantitativa da pre-sença de antibióticos no leite em tempo útil e sem os inconvenientes dos resulta-dos falsos positivos ou falsos negativos. Foi feito, ainda, o estudo da variabilidade anual das propriedades físico-químicas do leite bovino açoriano.

Palavras-chave: saúde pública, leite bovino, análise físico-química, detecção de antibióticos, HPLC.

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ExPosurE To FuEL-oiL VoLATiLE orGAniC ComPounDs AnD GEnoToxiCiTY AnD CYToToxiCiTY in BuCCAL EPiTHELiAL CELLs

GArCiA, P. 1,2,*, LINHARES, D. 1, AMARAL, A.S.F. 3 & A. RODRIGUES 1,4

1 Department of Biology, University of Azores, Ponta Delgada, Portugal2 CITA-A, Centro de Investigação e Tecnologias Agrárias dos Açores, Angra do Heroísmo, Portugal3 Spanish National Cancer Research Centre (CNIO), Madrid, Spain4 CVARG, Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos, Ponta Delgada, Portugal* E-mail: [email protected]

On a daily basis, several occupational groups may be highly exposed to petroleum derivatives, which are potentially genotoxic. Thermoelectric power plants work-ers are constantly exposed to high levels of volatile organic compounds (VOCs) from fuel oil combustion and naphtha handling. The present study was designed to examine the association between such occupational exposure to VOCs asso-ciation between such the frequency of micronucleated cells (MNC) and cells with other nuclear anomalies (ONA), by using the micronucleus assay. A total of 44 ex-posed workers and 47 non-exposed individuals were recruited. The former group was mainly exposed during the transportation of fuel oil and naphtha and the maintenance of turbines and engines. For each individual, 1000 buccal epithelial cells, stained according to the Feulgen method, were analyzed for the frequency of micronucleated cells and cells with other nuclear anomalies (pyknosis, karyor-rhexis, and karyolysis). Information on life-style factors and an informed consent were obtained from each participant. The median frequency of MNC and ONA in the exposed group (1.8 ±1.6 and 82.4 ± 39.0, respectively) was significantly higher than in the control group (0.2 ± 0.4 and 58.3 ± 16.4, respectively). The exposed group had a twelve-fold increase in risk of MNC compared to non-exposed (RR = 12.1; 95% CI, 5.0-29.2; P < 0.001). The analyzed confounding factors (age, smok-ing status, alcohol consumption, and mouthwash use) did not show any signifi-cant association with MNC or ONA. Our results showed that workers from power plants exposed to VOCs have a significant higher risk of DNA damage. Therefore, biomonitoring for DNA damage is recommended for this group of workers.

Keywords: VOCs, DNA damage, biomonitoring, buccal exfoliated cells, micronuclei, occupational

exposure.

A Biologia no Século 21

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HumAn ExPosurE To ACTiVE VoLCAniC EnVironmEnT in AzorEs: A BiomoniTorinG APProACH

roDriGuEs, A.Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos (CVARG)

Departamento de Biologia, Universidade dos Açores

Apartado 1422, 9501-801 Ponta Delgada, Açores, Portugal

E-mail: [email protected]

The micronucleus assay in exfoliated buccal cells is a minimally invasive method for monitoring human populations exposed to mutagenic agents. The present study was designed to evaluate whether chronic exposure to a volcanically active environment might result in genotoxic effects in human oral epithelial cells. A study group of 120 individuals inhabiting a volcanically active environment (Fur-nas village) and a reference group of 122 individuals inhabiting a village without historical records of active volcanism (Santo António village) were examined in this study. Individuals from Furnas village inhabit a volcanically active environ-ment marked by several degassing manifestations, including fumarolic fields, thermal and cold CO2 springs and soil diffuse degassing areas. For each individual, 1000 buccal epithelial cells, stained by Feulgen method, were analyzed for the frequency of micronucleated cells and the frequency of cells with other nuclear anomalies (pyknosis, karyorrhexis and karyolysis).A detailed questionnaire and an informed consent were completed for each in-dividual.There was a significant increase (p<0.001) in the average frequency of micronu-cleated cells and of cells with other nuclear anomalies in individuals exposed (4.3 and 23.5, respectively) compared to non-exposed (1.7 and 7.7, respectively). The risk of having a high frequency of micronucleated cells was increased 5.43 fold (95% CI = 2.8 to 10.6, P<0.001) in exposed individuals compared to non-exposed. No significant association was observed between cells with micronuclei and age, gender, smoking, consumption of alcohol or use of mouthwash elixir. The higher genotoxic risk of individuals inhabiting a volcanically active environment is for the first time clearly highlighted by this biomonitoring study. Given that micronu-cleated cells in oral epithelia are recognized as a predictive biomarker of cancer risk within a population of healthy subjects, these findings could contribute to explain the high incidence rates of lip, oral cavity and pharynx cancers previously referred for Furnas village inhabitants.

Livro de Resumos - IV Congresso da Ordem dos Biólogos/II Congresso dos Biólogos dos Açores

3�

LeptospirA GEnosPECiEs in roDEnTs versus HumAn LEPTosPirosis in AzorEs

nunEs, m. 1,2,*, COLLARES-PEREIRA, M. 1, VIEIRA, M.L. 1,2

1 Unidade de Microbiologia Médica – Grupo de Leptospirose e Borreliose de Lyme, Instituto de

Higiene e Medicina Tropical (IHMT), Universidade Nova de Lisboa (UNL), Lisboa, Portugal;2 Centro de Recursos Microbiológicos (CREM), Faculdade de Ciências e Tecnologia, UNL, Lisboa, Portugal.* E-mail: [email protected]

Leptospirosis, a re-emergent infectious disease caused by pathogenic Leptospira species, is a relevant public health problem. In the last years, the Azores Archipel-ago incidence was around 11/100 000 population (1). In São Miguel and Terceira islands the human and livestock populations are the most affected by leptospires since the contact with rodent urine is the main source for spirochete transmis-sion (2). The temperate and wet climate with mild winters and the high number of infected rodents favor the survival and transmission of these bacteria. Identifica-tion of the genomic Leptospira species circulating in these islands is necessary in order to understand its pathogenicity and therefore, assess the infection risk for humans and animals. The aim of this study (under the USA Scientific Cooperative Agreement, No. 58-4001-3-F185) was to genotype Leptospira interrogans sensu lato (s.l.) species in captured rodents from São Miguel and Terceira islands and determinate its relationship with the etiologic agents responsible for human lept-ospirosis known in Azores Archipelago. Kidney culture from 1,856 trapped rodents was performed in the selective me-dium and the obtained isolates were genotyped through a polymerase chain reaction-based assay, which amplifies repetitive DNA fragments present within Leptospira genomes (3).Leptospires were isolated in 60% (1,102/1,856) of rodents. 715 isolates were gen-otyped and two species were identified as Leptospira borgpetersenii, serogroup Ballum 82%, and L. interrogans sensu stricto, serogroup Icterohaemorrhagiae 18%, both with a similar distribution pattern regarding the reservoirs’ species. The house-mouse (Mus musculus) was the primary Leptospira carrier for Ballum isolates (60%; 427/715), whereas Icterohaemorrhagiae was largely maintained by two species (Rattus rattus and R. norvegicus). These small mammals, acting as wild reservoirs, can be problematic human and animal health in these islands, since the identified serogroups are the same as those found in humans (4). The genotyping technique used provided a simple and rapid method for Leptospira spp identification at the serogroup level, proving to be a valuable tool in large epidemiological surveys.

Keywords: Leptospirosis, Azores, rodent isolates, serogroup, genotyping.

A Biologia no Século 21

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References:(1) Vieira et al. (2006) Int J Infect Dis, 10:378-386.(2) Collares-Pereira et al (1996) Eur J Epi, 13: 435-441.(3) Romero & Yasuda (2006) Mem Inst Oswaldo Cruz, 101(4): 373-378.(4) Gonçalves et al. (2010) Int J Infect Dis 14s(3): e148-153.

PATTErns oF mTDnA DAmAGE AT DiFFErEnT sTAGEs oF PHEnoTYPE DEVELoPmEnT in A TrAnsGEniC mousE moDEL oF mACHADo-JosEPH DisEAsE (mJD)

KAzACHKoVA, n.1,2,*, RAPOSO, M.1, MONTIEL, R.3, BETTENCOURT, C.1,2,4,

CYMBRON, T.1,2, FERNANDES, A.5, SILVA, S.5, MACIEL, P.5 & M. LIMA 1,2 1 Institute for Molecular and Cell Biology (IBMC), University of Porto, Porto, Portugal. 2 Center of Research in Natural Resources (CIRN), University of the Azores, Ponta Delgada, Portugal 3 Laboratorio Nacional de Genómica para la Biodiversidad (LANGEBIO), CINVESTAV-IPN, Irapuato,

Mexico4 Laboratorio de Biología Molecular, Instituto de Enfermedades Neurológicas, Fundación Socio-

Sanitaria de Castilla-La Mancha, Guadalajara, Spain5 Life and Health Sciences Research Institute (ICVS), School of Health Sciences, University of Minho,

Braga, Portugal* E-mail: [email protected]

We investigated the potential of mtDNA damage as a biomarker of disease pro-gression in MJD using a novel transgenic (TG) mouse model, expressing full-length human ataxin-3 and displaying a motor phenotype (Mus musculus, strain C57B1/6, line CMVMJD94). DNA was obtained from affected (pontine nuclei – Pn) and non-affected tissues (hippocampus - Hp and blood - Bl) of TG mice. Three distinct age-groups were considered: 8 weeks: before the occurrence of phenotype; 16 weeks: at onset; and 24 weeks: well established phenotype. Wild-type mice (wt), serving as controls, were analyzed for the same tissues and age groups. Quantitative changes (depletion or decrease in copy number) as well as qualitative changes (ΔmtDNA3867 deletion) were studied by Fluorescent based quantitative PCR (FQ-PCR) in a total of 177 animals (84 TG and 93 wild-type). The absolute quantities of mtDNA/nDNA were compared by the “absolute quantita-tion” method (standard curve method). Statistical analysis was performed using Statistica software package Version 7.0 (StatSoft, Inc.). As a result we observed a clear pattern of mtDNA copy number decrease with age for both TG and wt mice (1.18 times higher in TG). Affected tissue (Pn) had a lower mean level of mtDNA copy number, with 1.21 fold higher difference of mtDNA content between af-fected (Pn) and non-affected tissue (Hp) in TG mice. Additionally, the highest

Livro de Resumos - IV Congresso da Ordem dos Biólogos/II Congresso dos Biólogos dos Açores

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mean level of mtDNA deletions (6.05% higher value) was also noticed in Pn of TG animals. The highest amount of mtDNA deletions was observed in the early stage of the disease (mean values on week 8 almost 10 % higher in TG animals) with a subsequent decrease.Our study suggests that mtDNA damage could be related to the initiation of phe-notype in TG mice and raise the hypothesis that mtDNA 3867-bp deletion may play a role in the initial stage of the disease.

Keywords: mitochondrial DNA, copy number, deletion, Machado–Joseph disease, SCA3, CAG

repeats.

BAsEs GEnéTiCAs DA HiPErCoLEsTEroLEmiA FAmiLiAr

BourBon, m.Grupo de Investigação Cardiovascular, Unidade de I&D, Departamento de Promoção da Saúde e

Doenças Crónicas, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Lisboa, Portugal

Center for Biodiversity, Functional & Integrative Genomics (BioFIG)

E-mail: [email protected]

A Hipercolesterolemia Familiar (FH) é uma doença autossómica dominante que se caracteriza, a nível clínico, por níveis elevados de colesterol LDL, levando ao aparecimento prematuro de doenças cardiovasculares (DCV). A nível genético esta doença caracteriza-se, principalmente, por mutações em três genes: LDLR, APOB e PCSK9.Estima-se que em Portugal existam cerca de 20 000 doentes com FH. A identifi-cação clínica de FH é possível mas apenas o estudo molecular confirma a presen-ça da doença. O Estudo Português de Hipercolesterolemia Familiar (EPFH) tem como objectivo principal identificar a causa genética da dislipidémia em doentes com diagnóstico clínico de FH.O EPHF recebeu desde 1999, para realização do estudo molecular, 635 casos-ín-dex com diagnóstico clínico de FH e 1249 familiares. O estudo molecular é reali-zado em 3 fases. Fase I: Identificação de mutações nos genes APOB e LDLR. Fase II: Pesquisa de grandes rearranjos no gene LDLR por MLPA. Fase III: Pesquisa de mutações no gene PCSK9. A pesquisa de mutações nos genes APOB e PCSK9 é re-alizada por amplificação dos fragmentos a estudar e sequenciação directa. Nestes genes só são estudados os fragmentos em que foram identificadas mutações a nível internacional. No gene LDLR os 18 exões são amplificados por PCR e analisa-dos por DHPLC e sequenciação. Em 65 casos com fenótipo severo o gene LDLR e APOB foram na totalidade sequenciados por pirosequenciação. Até à data foram identificados um total de 504 doentes com um defeito genético

A Biologia no Século 21

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num dos três genes estudados: 3 doentes com mutação no gene PCSK9, 12 do-entes com mutação no gene APOB e 438 doentes com mutação no gene LDLR (7 dos quais em homozigotia ou heterozigotia composta). No gene LDLR foram encontradas 89 mutações diferentes, que incluem 43 mutações missense, 17 de-lecções/inserções, 6 nonsense, 12 mutações de splicing, 4 grandes delecções e 3 mutações no promotor. As mutações mais comuns na população portuguesa são: p.A431T (11%), p.D224N (6,9%) e p.R406W (6,2%). Foram efectuados funcio-nais em algumas mutações de splicing e comprovou-se a sua patogeneicidade em 6 alterações (c. -135C>G; c.-190+4insTG; c.313+6T>C; c.818-2A>G; c.2389G>T (V776L); c.2547+1G>A).Foram também efectuados estudos funcionais para 5 alterações missense não caracterizadas anteriormente (p.V429L, p.W490R, p.S648P, p.P685S e p.V859M), tendo-se verificado apenas que a alteração p.V859M não é patogénica. No gene APOB foi identificada a mutação mais comum (p.Arg3527Gln) em 6 doentes ín-dex e também a mutação p.Tyr3560Cys em 2 doentes índex. Nos estudos de piro-sequenciação foram encontradas 3 alterações possivelmente causadoras de do-ença na APOB. No gene PCSK9 foi encontrada uma única alteração, p.Asp374His em 2 doentes índex.Só foi possível encontrar uma causa genética em 35% dos casos índex recebi-dos, valor este inferior ao que se verifica na maioria das populações europeias. Uma das causas poderá ser devido aos critérios clínicos de inclusão que não são sempre cumpridos aquando da referenciação ao Estudo Português Hiperco-lesterolemia Familiar; outra causa poderá ser a existência de um ou mais genes novos para a FH. Estão em curso estudos para a identificação de novos genes implicados na Hipercolesterolemia Familiar, nomeadamente a sequenciação do exoma. De qualquer modo a FH esta sub-diagnosticada no nosso País, esforços multidisciplinares têm de ser conduzidos para identificar estes doentes, especial-mente crianças e adolescentes, uma vez que se sabe que o risco cardiovascular é elevado, mas evitável, se medidas preventivas forem colocadas em prática. O diagnóstico e aconselhamento genético da FH são importantes para a correcta percepção e prevenção do risco familiar de DCV O estudo molecular fundamenta a instituição de terapêutica farmacológica adequada e a adopção de um estilo de vida saudável reduzindo substancialmente o risco cardiovascular. O futuro passa pela prevenção em vez da resolução tardia das complicações cardiovasculares inerentes a esta patologia.

Palavras-chave: doença cardiovascular, hipercolesterolemia, mutações.

Livro de Resumos - IV Congresso da Ordem dos Biólogos/II Congresso dos Biólogos dos Açores

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ConsErVAção Em PAisAGEns HumAnizADAs: DEsAFios E oPorTuniDADEs Com BAsE no moDELo CArniVorA

sAnTos-rEis, m.Centro de Biologia Ambiental, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Campo Grande,

Bloco C2 – 5º Piso, 1749-016 Lisboa

E-mail: [email protected]

Definida como uma paisagem “arruinada”, uma paisagem “multi-uso” ou, mais re-centemente, uma paisagem “cultural”, a paisagem Mediterrânica é sem dúvida uma paisagem complexa que combina um grau invulgar de heterogeneidade espacial (efeito “mosaico”) com uma diversidade de elementos florísticos e faunís-ticos que evoluíram in situ ou são o resultado de colonizações sucessivas a partir de regiões biogeográficas distintas.O papel histórico do Homem como um dos factores determinantes da elevada diversidade da paisagem Mediterrânica tem sido realçado, mas a sua acção actu-al, como indutor de novas fontes de perturbação que alteram de forma dramática e irreversível a paisagem, constitui um dos principais desafios das actuais preocu-pações conservacionistas.Reconstruir uma paisagem que sofreu um processo de humanização como é o caso da região Euro-Mediterrânica não é viável nem mesmo desejável. O objecti-vo de uma estratégia de conservação efectiva deverá ser o de recuperar e manter uma paisagem que mantenha um nível de heterogeneidade e de connectividade funcional dentro dos limites impostos pelas diferentes espécies que compõem a comunidade de carnívoros, mantendo o uso sustentável do solo.As características que permitiram à maioria dos carnívoros actuais suportar os efeitos moderados da fragmentação ao longo da história (vastas áreas vitais, extensos movimentos e elevada capacidade de dispersão) são as mesmas que aumentam a sua vulnerabilidade aos novos factores de ameaça decorrentes da modernidade. Foi demonstrado que, independentemente do tamanho da popu-lação, os predadores com elevados requisitos espaciais estão em maior risco de extinção do que aqueles com menores áreas vitais.A restrição de movimentos individuais pode ter consequências a nível da viabili-dade populacional por resultar numa redução extrema da variabilidade genética e num risco superior de extinção, consequência do isolamento, do aumento da consaguinidade e de perturbações a nível da dinâmica populacional.Tendo sido já demonstrado que a criação de áreas protegidas no que respeita os Carnivora não é uma opção plausível, devido aos constrangimentos espaciais já referidos, a melhor forma de gestão no cenário actual será aumentar a connec-tividade da paisagem, o que em termos efectivos corresponde ao aumento de tamanho da área com adequabilidade para as espécies. Para tal a investigação e

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as estratégias de gestão devem centrar-se nos atributos espaciais das espécies, os quais diferem marcadamente entre os membros da Ordem Carnivora, e nos as-pectos comportamentais relacionados com a sua subsistência e movimentação através de paisagens heterogéneas.Conservar carnívoros é diferente de conservar a biodiversidade sensu lato por várias razões ecológicas e sociais. As razões ecológicas decorrem dos atributos físicos, fisiológicos e comportamentais de uma comunidade tão diversa quanto a dos carnívoros. As sociais prendem-se com a precepção de ameaça que o Ho-mem tem, independentemente da densidade ou ameaça real que os carnívoros representam para si ou para o seu sustento.Contudo, uma estratégia de conservação efectiva da biodiversidade tem de con-templar as diversas e complexas interacções das populações humanas e da vida selvagem. Para tal, é pois imperioso integrar todos os factores biológicos, sociais e económicos que influenciam a integridade ecológica de uma paisagem e cen-tralizar os recursos, habitualmente limitados, nos locais, actividades e épocas com maior impacto na estrutura e função ecológica do sistema. Nesta perspectiva, os Carnivora são um instrumento adequado para ilustrar um modelo conceptual para a conservação das paisagens mediterrânicas baseado nos requisitos de es-pécies que actuam à escala da paisagem.Neste contexto, utilizando os conhecimentos adquiridos no decurso da investiga-ção por nós desenvolvida ao longo dos últimos anos sobre a fauna de meso-car-nívoros nas paisagens Mediterrânicas do sul de Portugal, e integrando-os com o conhecimento existente noutras áreas da sua distribuição, serão discutidas as po-tencialidades de uma conservação efectiva à luz dos cenários presente e futuro.

Palavras-chave: mesocarnívoros, impactos antropogénicos, escala da paisagem, estratégias de

conservação.

BiomArCADorEs DE ExPosição E DE EFEiTo Em AnELíDEos Do soLo (pontoscoLex corethrurus) ExPosTos A AmBiEnTEs VuLCAniCAmEnTE ACTiVos

PArELHo, C. 1,*, CUNHA, L. 1,2 , GARCIA, P. 1,3, CAMARINHO, R. 1,4 & A. RODRIGUES 1,4

1 Departmento de Biologia, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, Portugal2 CIRN, Centro de Investigação de Recursos Naturais, Ponta Delgada, Portugal3 CITA-A, Centro de Investigação e Tecnologias Agrárias dos Açores, Angra do Heroísmo, Portugal4 CVARG, Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos, Ponta Delgada, Portugal* E-mail: [email protected]

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Recentemente, organizações internacionais e agências ambientais têm vindo a reconhecer que a avaliação da qualidade dos solos não pode assentar exclusiva-mente em análises químicas de caracterização de contaminantes, uma vez que esta abordagem não fornece dados fundamentais sobre os efeitos destes conta-minantes na biologia dos organismos. Os factores de stress geogénico presentes em solos com actividade vulcânica, como é o caso do solo nas zonas de desga-seificação das Furnas, criam condições desfavoráveis para os organismos (como por exemplo, elevada concentração de metais pesados, elevadas temperaturas, hipoxia, baixo pH, etc.), constituindo assim um verdadeiro desafio aos biota resi-dentes. Pontoscolex corethrurus é uma espécie endogeica e geófaga que coloniza diferentes tipos de solos, como por exemplo o solo vulcânico das Furnas. Este estudo teve por principal objectivo desenvolver biomarcadores de expo-sição e de efeito em anelídeos do solo expostos a ambientes vulcanicamente activos. Assim, foi determinada a concentração corporal de metais pesados, bem como avaliadas as possíveis alterações imunitárias (quantificação relativa e carac-terização do tipo de celomócitos), funcionais (quantificação das células mucosas do epitélio do tegumento) e estruturais (espessura do epitélio do tegumento) em P. corethrurus. Foram analisados no total 12 indivíduos adultos clitelados prove-nientes de solos vulcanicamente activos (Furnas) e 13 provenientes de solos sem actividade vulcânica (Fajã de Baixo).Verificou-se que não existem diferenças significativas entre a contagem total e re-lativa dos celomócitos nem no número de glândulas mucosas entre os indivídu-os provenientes de locais vulcanicamente activos (Furnas) e não activos (Fajã de Baixo). Contudo, a epiderme dos indivíduos provenientes das Furnas é cerca de 1,4 vezes mais fino do que o dos provenientes do solo sem actividade vulcânica; esta redução significativa da espessura do epitélio tegumentar poderá constituir uma adaptação fisiológica que permite a estes indivíduos habitarem em condições extremas de hipóxia e hipertermia, constituindo assim uma vantagem adaptativa e evolutiva e um útil biomarcador de efeito em ambientes vulcanicamente activos.

Palavras-chave: anelídeos do solo, stress geogénico, biomarcadores de efeito, epitélio tegumentar,

celomócitos, células mucosas.

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rEVisão soBrE os morCEGos Do ArQuiPéLAGo Dos AçorEs - ConTriBuição PArA A suA ConsErVAção

LoPEs, m. * & F. MEDEIROSDepartamento de Biologia Universidade dos Açores * E-mail: [email protected]

Os Açores albergam, pelo menos, 4 espécies de morcegos: Nyctalus azoreum, Myotis myotis, Pipistrellus maderensis e Pipistrellus sp. A primeira é endémica dos Açores, e apresenta algumas diferenças morfológicas relativamente a sua espécie mais próxima, o N. leisleri. O seu menor tamanho foi inicialmente comprovado com base em espécimes de museu e com um reduzido número de indivíduos capturados no meio natural. Leonardo (1999), verificou, em indivíduos adultos capturados em São Miguel, que N. azoreum possui um peso inferior (x= 10.12g ± 0.81, n=50) a N. leisleri (11-20g). A espécie endémica é primordialmente arborícola e exclusivamente insectívora, tal como as espécies próximas. É, assim, potencial predadora de insectos prejudiciais à agricultura ou transmissores de doenças. Os seus hábitos diurnos parecem ser uma particularidade desta espécie, ao contrário do que é norma em morcegos insectívoros. Na época de criação (abril a setem-bro/outubro), os machos permanecem sozinhos e as crias nascem desde meados do mês de junho até ao início do mês de julho. Ocorre em quase todas as ilhas dos Açores, com provável excepção das Flores e do Corvo, sendo abundante nal-gumas e rara noutras. É, assim, considerada em Perigo na Lista Vermelha da IUCN de 2011e Criticamente em Perigo no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Quanto às restantes espécies de morcegos (M. myotis, P. maderensis e Pipistrellus sp.), de realçar o registo de vocalizações com detetor de ultrassons, com frequên-cia típica de Pipistrellus (45KHz) nas Flores, em Santa Maria e muito recentemente em São Jorge, aquando da XV Expedição Científica do Departamento de Biologia da Universidade dos Açores àquela ilha. É a primeira vez que uma espécie deste género é detetada em São Jorge, tendo sido observada numa única localidade, após o pôr-do-sol, junto à iluminação pública (luzes de mercúrio). Apesar de du-rante a noite não se terem efetuado visitas a uma área representativa da ilha, esta espécie parece estar extremamente localizada, dado que não foi detetada por outras equipas que anteriormente visitaram a mesma ilha, com o objetivo de estudar os morcegos. No mesmo local foi detetada, antes do pôr-do-sol, a espécie endémica, com o mesmo equipamento (frequência de 35kHz). De notar a sua elevada abundância nesta ilha, dado que foi avistada, também durante o dia, em várias unidades de amostragem representativas da área e dos habitats da ilha. Todas as espécies de morcegos mencionadas estão protegidas - Convenção relativa à Protecção da Vida Selvagem e do Ambiente Natural da Europa (Decreto n.º 95/81, de 23 de Julho) e acordo sobre a Conservação dos Morcegos na Eu-

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ropa (Decreto n.º 31/95, de 18 de Agosto). Pelo exposto, é urgente elaborar um projecto de investigação que incida sobre os aspectos seguintes: 1 - Determinar as abundâncias relativas do morcego endémico, bem como das outras espécies de morcegos residentes no arquipélago; 2 – Clarificar a identidade genética de Pipistrellus sp. nos Açores; 3 - Implementar medidas sustentáveis para melhorar os habitats usados pelos morcegos, de modo a mitigar a eventual diminuição de efetivos de populações vulneráveis com grande probabilidade de extinção.

Palavras-chave: morcegos, biologia populacional, conservação, Açores.

TErrEsTriAL AnD mArinE AzorEAn BioDiVErsiTY

BORGES P.A.V. 1, BRIED J. 2, COSTA A. 3, CUNHA R. 3, GABRIEL R. 1, GONçALVES V. 3, FRIAS MARTINS A. 3, MELO I. 4, PARENTE M. 3, RAPOSEIRO P. 3, RODRIGUES P. 3, SERRÃO SANTOS R. 2, SILVA L. 3, VIEIRA P. 5, ViEirA V. 1,6,*, MENDONçA E. 1 & M. BOIEIRO 7

1 Azorean Biodiversity Group CITA-A, Universidade dos Açores, Pico da Urze, 9700-851 Angra do

Heroísmo, Terceira, Açores, Portugal2 IMAR – Instituto do Mar, Departamento de Oceanografia e Pescas, Universidade dos Açores, 9901-

962 Horta, Portugal3 Universidade dos Açores, CIBIO-Azores, Dep. de Biologia, Rua da Mãe de Deus, PT- 9501-801 Ponta

Delgada, S. Miguel, Açores, Portugal4 Jardim Botânico, Museu Nacional de História Natural, Universidade de Lisboa, Centro de Biologia

Ambiental, R. da Escola Politécnica, 58, 1250-102, Lisboa, Portugal5 NemaLab/ICAM, Dept. de Biologia, Universidade de Évora, 7002-554 Évora, Portugal6 Universidade dos Açores, Departamento de Biologia, Rua de S. Gonçalo, Apartado 1422, 9501-801

Ponta Delgada, Açores, Portugal7 Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Centro de Biologia Ambiental, Departamento de

Biologia Animal, R. Ernesto de Vasconcelos, Ed. C2, 2º Piso, Campo Grande, 1749-016 Lisboa, Portugal;

* E-mail: [email protected]

1. The Azores is an oceanic archipelago of nine islands which belongs to the Mac-aronesia biogeographical region and is among the richest regions concerning Fungi, plant and animal diversity in Europe. This oral communication highlights what we know about the Azorean terrestrial, freshwater and marine Fungi, Flora and Fauna. 2. Currently, the total number of terrestrial taxa (species and subspecies) in the Azores is estimated of about 6164. The inclusion of an exhaustive listing of non breeding species and a smaller list of potentially breeding species adds about 332 species and subspecies of birds to the Azorean list of species.

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3. The total number of terrestrial endemic species and/or subspecies from the Azores is about 452. Animals are the most represented in this respect, with about 331 taxa (Arthropoda = 266; Mollusca = 49; Vertebrates = 14; Nematoda = 2), that is about 73% of the Azorean terrestrial endemics. The percentage of endemism within Mollusca (44%) is remarkable. Vascular plants have 73 endemic taxa, while Fungi (including Lichens) have 37, diatoms have 7 and bryophytes have 7.4. Compared to the other nearest Macaronesian archipelagos, the Azorean terres-trial fauna and flora is characterized by a lower percentage of endemism of only about 7%, which contrasts with nearly 20% for Madeira and 30% for the Canary islands.5. Currently, the total number of terrestrial and marine taxa (species and subspe-cies) in the Azores is estimated of about 8047. The marine organisms make up 1883 taxa, ie. 23% of the Azorean biodiversity.

Keywords: Azores islands, biodiversity, flora, fauna.

EVoLução Do EsTADo ECoLóGiCo DA LAGoA DAs FurnAs

GonçALVEs, V. 1,*, CRUz, A.M. 1, RAPOSEIRO, P.M. 1, COSTA, A.C. 1, MARQUES, H.1, CUNHA, A. 1, RAMOS, J. 1, PEREIRA, C. 1, VILAVERDE, J. 1, MEDEIROS, M. 1 & D. PACHECO 2

1CIBIO-Açores – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, Departamento de

Biologia, Universidade dos Açores, Rua Mãe de Deus, 9501-855 Ponta Delgada, Açores, Portugal2Direcção de Serviços de Recursos Hídricos, Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, 9500-160

Ponta Delgada

*E-mail: [email protected]

As lagoas dos Açores estão sujeitas a várias pressões, destacando-se a desflores-tação generalizada e a intensificação da actividade agro-pecuária nas bacias hi-drográficas. Estas pressões ambientais originaram a degradação da qualidade de vários ecossistemas lacustres açorianos, destacando-se entre os mais degradados a Lagoa das Furnas. As alterações nos habitats lacustres decorrentes dos impactes das actividades humanas reflectem-se nas suas características físicas e químicas que condicionam o desenvolvimento das comunidades biológicas e, consequen-temente, no seu estado ecológico. Das várias comunidades aquáticas, as que melhor caracterizam as condições eco-lógicas das lagoas dos Açores são as microalgas planctónicas e bentónicas e os invertebrados bentónicos, tornando-os elementos chave para a monitorização dos ecossistemas aquáticos. Estes organismos são sensíveis às pressões ambien-tais, respondendo rapidamente à poluição orgânica, à eutrofização, à contami-

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nação por metais pesados ou às alterações morfológicas do seu habitat, sendo utilizados mundialmente na biomonitorização de rios e lagos. Até ao final década de 80 do século XX, os estudos realizados na Lagoa das Furnas foram pontuais mas fornecem algumas indicações sobre o estado desta massa de água. A partir de 1988, no âmbito da monitorização do estado de qualidade da água das massas de água interiores da Região, promovida pelo Governo Regional dos Açores, surgiram diversos trabalhos que visavam a avaliação do estado trófico desta lagoa, assente na caracterização química e do fitoplâncton. Mais recente-mente, a partir de 2003, a monitorização desta lagoa assumiu uma perspectiva mais integrada, abrangendo, para além da componente química, diversas comu-nidades aquáticas, nomeadamente fitoplâncton, fitobentos, macroinvertebrados bentónicos e macrófitos.Com base nos trabalhos de monitorização referidos e em diversos trabalhos de investigação sobre este ecossistema, incluindo estudos paleolimnológicos reali-zados a partir dos sedimentos desta lagoa, apresenta-se uma análise da evolução do estado ecológico da lagoa das Furnas, dando ênfase às alterações nas comuni-dades biológicas e aos principais factores ambientais que as determinaram.

o LoBo iBériCo: ComPrEEnDEr o PAssADo E EsTuDAr o PrEsEnTE PArA PrEsErVAr o FuTuro

PETRUCCI-FONSECA, F.Centro de Biologia Ambienta / Grupo Lobo, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa,

Campo Grande, Bloco C2 – 5º Piso, 1749-016 Lisboa

E-mail: [email protected]

O lobo sofreu, a nível mundial, uma acentuada regressão durante o último sécu-lo. Em Portugal, onde ainda durante os anos 30 podíamos encontrar o lobo em quase todo o território do continente, a população lupina está circunscrita, no presente, apenas às zonas serranas do Centro – Norte e Norte. Segundo o último censo da população lupina realizado a nível nacional e publicado em 2005, esti-ma-se a população nacional em 300 lobos distribuídos por 51 alcateias. Destas, cerca de seis constituem, a sul do rio Douro, um núcleo isolado da restante popu-lação lupina ibérica calculada em cerca de 2500 lobos.É na Idade Média que a carga cultural ligada ao lobo mais se vincou negativamen-te. Este facto resulta de a Igreja ter atribuído ao lobo uma dimensão mitológica negativa, de animal sobrenatural e devorador de homens. O ódio ao lobo, base-ado em mitos e crenças, algumas delas ainda hoje vivas no folclore da Península Ibérica, levou à perseguição pertinaz deste carnívoro. Apesar de protegido por legislação nacional específica (Lei nº90/88 e Decreto-Lei

A Biologia no Século 21

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nº 130/90) que confere ao lobo o estatuto de espécie protegida, sendo expressa-mente proibido o seu abate ou captura, bem como a perturbação ou destruição do seu habitat; e por acordos internacionais, a perseguição ilegal do lobo é uma realidade sendo estes animais abatidos através do tiro, mortos em laços e en-venenados. A dimensão do conflito entre o homem e o lobo e a consequente perseguição a que este canídeo está sujeito, tem origem, por um lado, nos pre-juízos económicos que o lobo provoca nos animais domésticos e, por outro, nos aspectos culturais associados a esta espécie animal. O aparecimento dos prejuízos causados pelo lobo remonta aos primórdios da domesticação de várias espécies animais, tendo aumentado nos últimos séculos com a diminuição das populações de ungulados silvestres. A escassez de presas naturais, provocada pela excessiva pressão cinegética sobre os cervídeos e pela destruição do habitat, leva a que, de facto, os lobos ataquem os animais domés-ticos. No entanto, em áreas onde as presas naturais abundam, os prejuízos provo-cados pelo lobo no gado são quase inexistentes. Ao mesmo tempo, pensa-se que presentemente existam centenas de cães abandonados a vaguear pelo país, que competem com o lobo na procura de alimento, sendo provavelmente respon-sáveis por muitos dos ataques a animais domésticos que são incorrectamente atribuídos ao canídeo silvestre.A perseguição directa é uma ameaça que se tem perpetuado no tempo tendo por base a competição por recursos de valor económico, mas a esta acresce o impacto de infra-estruturas como a rede viária, barragens e parques eólicos que competem com o lobo pelo espaço e promovem maior acessibilidade a locais outrora remotos. Todas estas componentes (históricas e actuais) tem sido alvo de investigação com vista à proposta de medidas práticas de conservação deste predador, as quais serão apresentadas. O lobo só sobreviverá se lhe proporcionarmos refúgios adequados e alimenta-ção natural (corço, veado, e javali), e aceitarmos que cause algumas baixas nos rebanhos, sendo os pastores pagos com indemnizações, sempre que o ataque seja comprovadamente atribuído ao lobo. A reintrodução de cervídeos - veado e corço - é fundamental para a sobrevivência dos nossos últimos lobos ibéricos. É, também, essencial divulgar o verdadeiro lobo, animal que como todos os outros de vida silvestre deve existir no seu estado natural. Este facto resulta do direito que todas as criaturas vivas têm de coexistir como parte integrante dos ecossiste-mas naturais e não do valor que elas possam ter para o homem.

Livro de Resumos - IV Congresso da Ordem dos Biólogos/II Congresso dos Biólogos dos Açores

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FEnómEnos oCEAnoGrÁFiCos E miGrAçõEs rEProDuTiVAs Dos PEixEs: inFLuÊnCiA DAs VAriAçõEs CiCLíCAs DE PrEssão HiDrosTÁTiCA

CoimBrA, J.CIMAR/CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental. Laboratório de

Ecofisiologia.

Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar – Universidade do Porto.

E-mail: [email protected]; [email protected]

Para muitos Biólogos, o mar é ainda visto como um enorme aquário onde os pei-xes se deslocam livremente, realizando os seus ciclos de vida influenciados ape-nas pelos factores físico-químicos classicamente considerados (onde a pressão não entra): são eles a luz e o fotoperíodo, a temperatura, a salinidade, o oxigénio dissolvido e a presença de poluentes, para além, naturalmente, da abundância de alimento e das relações intra e inter específicas. O voluntarismo exclusivo dos animais nas suas deslocações é ainda um pressuposto para muitos autores que escrevem sobre Biologia Pesqueira.A realidade é contudo bem diferente. O oceano e os mares interiores estão su-jeitos a forças físicas dependentes, entre outros, dos fenómenos de rotação e translação da Terra e da Lua, bem como da interacção oceano/atmosfera. Daqui resulta uma estruturação das massas de água, em que a existência de correntes oceânicas, “eddies”, marés, ondas e correntes de maré, pontos anfidrómicos, aflo-ramentos costeiros ou ondas internas, condicionam fortemente a vida dos seres vivos, e em particular as suas migrações.As migrações são um fenómeno largamente difundido nos peixes, embora muito esteja ainda por esclarecer sobre a sua relação com os fenómenos hidrográficos. A importância das correntes de maré, por exemplo, tem vindo a ser apontada como um factor determinante para a definição das migrações de diversas espé-cies de peixes nas plataformas continentais, onde as áreas de postura coincidem em regra com zonas de correntes muito fracas quase sempre na vizinhança de pontos anfidrómicos. Mesmo espécies que crescem e se alimentam no oceano, migram para estas zonas na época da reprodução. A abundante literatura sobre o comportamento migratório dos peixes nas plata-formas continentais não responde contudo a questões tão simples como saber porque razão os peixes usam essas áreas específicas e não quaisquer outras para fazer a postura, ou porque é que o ritmo bi-diário dos movimentos verticais que efectuam na coluna de água durante a migração reprodutiva cessam quando atingem as áreas de postura. A resposta a estas questões passa por compreender na sua globalidade o fenómeno das marés, e avaliar os seus efeitos a nível da fisiologia dos peixes migradores.

A Biologia no Século 21

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Utilizando uma câmara hiperbárica de circuito aberto, patenteada pelo CIIMAR e pelo INEGI (Porto) - “SeaFloor” - foi possível demonstrar que ciclos de pressão simulando os efeitos das marés (12h25m), em solhas (Platichthys flesus) maduras, ao reproduzir as migrações verticais destes peixes na coluna de água, da super-fície para o fundo (de 1 para 7 atm), deprimem alguns componentes do sistema neuro-endócrino responsáveis pela libertação das gonadotropinas. Nos mesmos animais, verificou-se que os níveis plasmáticos do principal esteróide indutor da maturação final dos oócitos (17α ,20β dihidroxi-4-pregnene-3-ona), bem como dos seus metabolitos, apresentavam-se mais baixos em animais submetidos a ciclos de pressão do que em animais de controlo, mantidos a 1 ou a 7 atm no de-curso da experiência (14 dias). Por outro lado, experiências idênticas mostraram que nas solhas submetidas a ciclos de pressão, os níveis da hormona folículo-estimulante (FSH) na hipófise eram superiores aos dos animais de controlo. Estas experiências parecem sugerir que durante a migração reprodutiva, a intensidade dos movimentos verticais na coluna de água associados a correntes de maré, e as variações de pressão correspondentes, tornam possível o prosseguimento do desenvolvimento das gónadas, mas não favorecem a maturação final dos gâme-tas, a qual só terá condições de ocorrer quando aqueles movimentos cessam. Na natureza tal apenas ocorrerá na vizinhança dos locais de postura.Os grandes migradores, como algumas espécies de enguias, percorrem milhares de quilómetros entre os locais de alimentação e crescimento e os locais de postu-ra. Durante o seu percurso oceânico, estes animais efectuam migrações diárias na coluna de água que podem ir das águas superficiais até profundidades que atin-gem os 1000 metros. Estes movimentos, que submetem os animais a variações diárias de cerca de 100 atmosferas nos dois sentidos – ascendente e descendente – não podem deixar de ter um efeito fisiológico ao nível da reprodução, seme-lhante ao que se descreveu para as solhas.É evidente que no oceano aberto, as correntes de maré não têm a importância que possuem nas plataformas continentais e, genericamente, em todas as áreas de menor profundidade. Ali, onde a batimetria é mais elevada, são as grandes correntes oceânicas que têm maior importância no transporte dos organismos marinhos. Curiosamente, porém, é hoje cada vez mais evidente, através da lite-ratura, que a maior parte destes grandes migradores, como as enguias, vão fazer a postura em montes submarinos ou em plataformas continentais em zonas cal-mas desde que a temperatura atinja valores adequados para permitir a reprodu-ção. No caso das enguias, estes valores correspondem a temperaturas de 22º a 24º centígrados que ocorrem apenas em montes submarinos situados a baixa latitude (+/- 15º de latitude).

Palavras chave: hidrografia, migrações de peixes, reprodução, hormonas sexuais, pressão hidrostática,

câmaras hiperbáricas.

Livro de Resumos - IV Congresso da Ordem dos Biólogos/II Congresso dos Biólogos dos Açores

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m@rBis – o sisTEmA DE inFormAção PArA A BioDiVErsiDADE mArinHA

DiAs, F. *, BERECIBAR, E., TOJEIRA, I., ALBUQUERQUE, M., SOUTO, M., LOURENçO, N. & P. COELHOEstrutura de Missão para os Assuntos do Mar, Rua Costa Pinto 165, 2770-047 Paço de Arcos, Portugal* E-mail: [email protected]

O M@rBis (Marine Biodiversity Information System) é o sistema de informação, desenhado e implementado pela Estrutura de Missão para os Assuntos do Mar (EMAM), para uniformizar, armazenar, gerir e processar os dados respeitantes à biodiversidade marinha (organismos e habitats) das águas oceânicas sob juris-dição portuguesa. O sistema M@rBis é constituido por uma Base de Dados Geo-referenciada (BDGr) acoplada a um Sistema de Informação Geográfica (SIG) e a um servidor web, sobre os quais actuam várias ferramentas de pesquisa, análise e processamento. Brevemente o sistema M@rBis irá ser colocado online.O M@rBis tem como primeiro objectivo servir de Sistema de Apoio à Decisão (SAD) para as autoridades competentes no processo de extensão da Rede Na-tura2000[1] ao meio marinho, na caracterização e identificação de sítios de in-teresse. Em termos gerais, o M@rBis constituirá uma poderosa ferramenta para a comunidade científica, que poderá consultar, analisar e descarregar dados de biodiversidade marinha, podendo ainda os utilizadores credenciados contribuir com a introdução de novos dados no sistema.A estrutura modular da arquitectura de dados do M@rBis permite a sua expansão de forma escalável e sustentável para novos tipos de dados e aplicações. Assim, para além de já contemplar os dados geo-referenciados (incluindo fotografias) relativos aos organismos marinhos dos vários taxa possíveis, aos habitats e aos parâmetros físico-químicos oceanográficos (temperatura, salinidade, etc.), encon-tram-se actualmente em várias fases de desenvolvimento as seguintes extensões: associação de registos vídeo (incluindo HD) e respectivo processamento; módulo de pescas; módulo DQEM[2]; módulo genético. O M@rBis permitirá, deste modo, responder, a nível nacional e no âmbito da biodiversidade marinha, ao dilúvio de informação que caracteriza o Quarto Paradigma das Ciências Biológicas[3].

Referências:

[1] http://ec.europa.eu/environment/nature/natura2000/index_en.htm

[2] http://ec.europa.eu/environment/water/marine/directive_en.htm

[3] T. Hey, S. Tansley, and K. Tolle (eds.), The Fourth Paradigm – Data-Intensive Scientific Discovery,

Microsoft Reasearch (2009)

Palavras-chave: gestão de dados, sistemas de informação, biodiversidade marinha, Rede Natura 2000.

A Biologia no Século 21

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ExPLoiTATion oF KEYsTonE sPECiEs: PoPuLATion AnD CommuniTY-LEVEL EFFECTs

mArTins, G.m. 1,2,*, THOMPSON, R.C.3, HAWKINS, S.J.4,5, NETO, A.I.1,2 & S.R. JENKINS 6,5

1 Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), 4050-123 Porto, Portugal2 Grupo de Biologia Marinha e CIRN, University of Azores, 9501-801 Ponta Delgada, Portugal3 Marine Biology and Ecology Research Centre, School of Marine Science and Engineering, University

of Plymouth, PL4 8AA Plymouth, UK4 School of Ocean and Earth Science, University of Southampton, SO14 3zH Southampton, UK5 Marine Biological Association, PL1 2PB Plymouth, UK6 School of Ocean Sciences, Bangor University, LL59 5AB Anglesey, UK* E-mail: [email protected]

Experimental work has shown the importance of grazing by patellid limpets in structuring intertidal assemblages suggesting that limpet over-exploitation would result in dramatic changes to the structure and functioning of intertidal ecosystems. Arguably, the largest anthropogenic impact on Azorean shores has been the over-exploitation of limpets but little is known about the effects of such large-scale and chronic impact. Here, we provide a general overview of studies done over a 3-year period. Generally, patterns of limpet distribution were variable at different spatial scales. At the larger spatial scale, inter-island variation in har-vesting intensity affected the abundance and size structure of limpet populations as well as the balance between grazers, algae and barnacles. Stocks of limpets showed clear signs of over-exploitation and there was evidence that current leg-islation, including limpet protected zones, have been largely ineffective in pro-tecting these populations. Experimental work showed that current dominance by algal turfs at mid shore levels is not a stable state and is result of chronic lim-pet removal. Hence, cessation of limpet harvesting should allow a return to the pre-exploited community structure. At smaller spatial scales, substratum micro-topography affected limpet distribution and here we show how the experimental provision of microhabitats could be used as a measure to mitigate the effects of coastal urbanisation while enhancing the stocks of exploited species.

Keywords: Patellid limpets, harvesting, rocky intertidal, ecological interactions, management and

conservation.

Livro de Resumos - IV Congresso da Ordem dos Biólogos/II Congresso dos Biólogos dos Açores

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roCKY sHorE mACroALGAE CommuniTiEs oF THE AzorEs (PorTuGAL) AnD THE BriTisH isLEs: A ComPArison For THE DEVELoPmEnT oF ECoLoGiCAL QuALiTY AssEssmEnT TooLs

WALLEnsTEin, F.m.1,2,3,*, NETO, A.I.2,3, RODRIGUES, A.S.2,4 & M. WILKINSON1

1School of Life Sciences and Centre for Marine Biodiversity & Biotechnology, Heriot-Watt University,

Edinburgh, EH14 4AS, Scotland2CIRN & Departamento de Biologia, Universidade dos Açores, 9501-801 Ponta Delgada, Açores-

Portugal3CIIMAR, Rua dos Bragas, 4050-123 Porto, Portugal4CVARG, Universidade dos Açores, 9501-801 Ponta Delgada, Açores-Portugal

*E-mail: [email protected]

This study focused on intertidal seaweed communities on rocky shores and was planned to provide solid scientific background for the application of the EU Water Framework Directive (WFD) to the Azores based on the tool developed for British shores. Rocky shore intertidal seaweed communities of the British Isles and the Azores are compared based on presence/absence data recorded in single occa-sion visits to individual stretches of shore. In the Atlantic the use of macroalgae for the assessment of ecological quality of coastal waters has focused on multimetric approaches based on littoral seaweed community features, namely the species richness (FSL/RSL) tool developed in the British Isles and the CFR tool in north Spain. However, intertidal rocky shore seaweed communities in the Macaronesian archipelagos are dominated by turfs and lack most of the large and abundant fu-coids that are common in more northern countries. Therefore, neither of the two methods applies perfectly to Macaronesian shores. In an attempt to intercalibrate the results obtained by implementing the FSL/RSL and the CFR tools with Azo-rean seaweed communities, an alternative model is proposed building on their common features and adapting them to this region’s specificities. The proposed adaptations envisage the need to implement such tools across Macaronesia and compare to other North Atlantic shores as set out by EU guidelines (Water Frame-work Directive and Marine Strategy Framework Directive).

Keywords: seaweeds, intertidal, quality índices, Macaronesia.

A Biologia no Século 21

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BioDiVErsiDADE mArinHA Dos AçorEs: um PAssADo Com HisTóriA E um FuTuro Com(s)CiÊnCiA

CosTA, A. C. Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) – Pólo Açores,

Departamento de Biologia, Universidade dos Açores, R. da Mãe de Deus, 13ª, 9501 Ponta Delgada

E-mail: [email protected]

Desde a passagem de Charles Darwin pelos Açores que a biodiversidade das ilhas tem chamado a atenção dos investigadores em biogeografia e evolução. O arqui-pélago dos Açores, teve consequentemente, e desde então, recebido a atenção de muitos investigadores interessados na sua biodiversidade, em particular a ma-rinha, que seu carácter oceânico, inevitabiliza. A Biodiversidade Marinha esteve assim, desde sempre, na mira dos naturalistas que visitavam as ilhas, e consequentemente tornou a Universidade dos Açores, desde a sua criação, um parceiro natural para os investigadores estrangeiros. De facto, a Universidade dos Açores tem desempenhado um papel importante, su-perando as limitações decorrentes de dificuldades logísticas e do seu isolamento geográfico, através de cooperação científica internacional, e a investigação se-diada nos Açores têm vindo a ser produzir os seus frutos. Simultaneamente, tem sido feito um esforço para produzir informação de cariz científico com objectivos conservacionistas e de gestão que, em colaboração com a Administração Regio-nal, se têm traduzido na produção de diversos diplomas. Após uma resenha his-tórica dos estudos em biodiversidade marinha no arquipélago, bem como uma breve análise do papel da Universidade dos Açores na formação de profissionais na área da Biologia Marinha, apresenta-se aqui o estado do conhecimento da biodiversidade marinha no arquipélago, ameaças (e.g. espécies invasoras) e po-tencialidades (e.g. biotecnologia azul) exemplificando com algumas das linhas de investigação actualmente em curso no CIBIO-Açores.A natureza vulcânica das ilhas, juventude geológica e localização central mas remota, providencia as condições para o estabelecimento uma biodiversidade única e um modelo interessante para estudos de evolução, biogeografia e eco-logia. Os padrões actuais de biodiversidade marinha são resultado da interacção de muitos factores que actuam a várias escalas espaço-temporais e a investiga-ção necessária ao entendimento dos processos que regulam a diversidade deste ecossistema oceânico é ainda um enorme desafio. Neste contexto são discutidas as principais limitações que os trabalhos em biodiversidade marinha actualmen-te encontram na região bem como as linhas estratégicas de investigação nesta temática.

Palavras-chave: Biologia Marinha, Biodiversidade Marinha, Açores.

Posters

Posters

A Biologia no Século 21

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EFFECT oF THE CArBon sourCE on FossiL FuELs DEsuLPHuzATion ABiLiTY BY GorDoniA ALKAnivorAns sTrAin 1B

ALVEs, L. 1, * & S.M. PAIXÃO 2

1 BioFIG - Centro de Biodiversidade, Genómica Integrativa e Funcional, Portugal2 LNEG – Laboratório Nacional de Energia e Geologia, I.P, Portugal* E-mail: [email protected]

Gordonia alkanivorans strain 1B has been described as a desulphurizing bacte-rium, able to desulfurize the model compound dibenzothiophene (DBT) to 2-hydroxybiphenyl (2-HBP), the final product of the 4S pathway, using D-glucose as carbon source. However, both the cell growth and the desulphurization rate can be largely affected by the nutrient composition of the growth medium, due to cofactor requirements of many enzymes involved in biodesulphurization (BDS) biochemical pathway. In this study, the authors tested the effect of several sugars, as carbon source, on the growth and DBT desulphurization by G. alkanivorans showing the fructophilic behaviour of this bacterium. The results obtained show that the strain 1B grew about 5-fold faster when fructose was present as the car-bon source instead of glucose and its desulphurization rate from DBT to 2-HBP was 6-fold higher. Thus, Gordonia alkanivorans strain 1B prefers D-fructose to D-glucose as carbon source which is reflected in an enhanced desulphurization rate of DBT during the DBT-desulphurization process.

Keywords: biodesulphurisation, fossil fuels, Gordonia alkanivorans, fructophilic behaviour.

Acknowledgments: The authors gratefully acknowledge the financial support of the project

Carbon4Desulf - FCOMP-01-0124-FEDER-013932 by FCT.

GEnETiC DiVErsiTY oF soiL sPorE ForminG BACTEriA in são miGuEL isLAnD (AzorEs)

GouVEiA, V. *, rAPoso, m. *, TEIXEIRA, M., FARRICA, A., BAPTISTA C., CABRAL, C. & N. SIMÕESIBB-CBA, CIRN & Department of Biology, University of Azores, Ponta Delgada* E-mail: [email protected], [email protected]

Bacillus species are an important source of industrial extracellular enzymes, in-cluding proteases and amylases, insecticidal activity or promoter plant growth. In applied and industrial biotechnology they are the dominant enzyme-produc-

Livro de Resumos - IV Congresso da Ordem dos Biólogos/II Congresso dos Biólogos dos Açores

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ing microorganisms. The main reservoir of such Bacillus is soil. In our laboratory we have a collection of ~800 spore forming bacteria isolated from soil samples collected in S. Miguel Island. Due to the relative isolation of Azores and to the specific soil conditions in the islands (e.g. acidic pH, specific microelements and gas concentrations, high humidity) we assume that this spore forming bacteria collection should be of great scientific and applied interest. Here we present the isolates identification using an Amplification Ribosomal DNA Restriction Analysis (ARDRA) approach. Genomic DNA extraction of 680 isolates was performed with PrepSEQTM Rapid Spin Sample Preparation Kit (Applied Biosystems) following manufacture instructions and ARDRA was performed according to Wu et al. 2005. 623 isolates were successfully amplified using primers for the 16S rRNA gene. The amplicons were digested with AluI, allowing the matching of 518 isolates with 11 ARDRA profile groups. Eight of the ARDRA profiles contained species of the Bacillus genus in a total of 417 isolates. Three ARDRA profiles contained isolates belonging to only one Bacillus species: B. sphaericus with 12 isolates, B. megate-rium and B. licheniformis with 8 isolates each. Two ARDRA profiles corresponded to 9 isolates belonging to Paenibacillus genus, 5 of them belonging to P. polymyxa and 4 to Paenibacillus sp. Our study evidences the high abundance and diversity of Bacillus in soils of S. Miguel Island, thus allowing the research for bioactivities in this collection.

mAis-VALiA nuTriCionAL DE mACroALGAs mArinHAs Dos AçorEs: DETErminAção Do TEor DE FiBrA BruTA

GARCÍA, I.G. 1, PAIVA, L. 2,3, LimA, E. 2,3,*, BAPTISTA, J. 2,3, PATARRA, R.F. 4,5 & A.I. NETO 4,5

1 Departamento de Biologia, Universidade dos Açores, Rua Mãe de Deus, 9501-801 Ponta Delgada, S.

Miguel, Açores, Portugal2 Departamento de Ciências Tecnológicas e Desenvolvimento, Universidade dos Açores, Rua Mãe de

Deus, 9501-801 Ponta Delgada, S. Miguel, Açores, Portugal3 Centro de Investigação e Tecnologias Agrárias dos Açores (CITA-A), Universidade dos Açores, Rua

Mãe de Deus, 9501-801 Ponta Delgada, S. Miguel, Açores, Portugal4 Secção Biologia Marinha, Laboratório Ficologia, Departamento de Biologia, Universidade dos

Açores, Rua Mãe de Deus, 9501-801 Ponta Delgada, S. Miguel, Açores, Portugal5 Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), Rua dos Bragas 289, 4050-

123 Porto, Portugal* E-mail: [email protected]

As algas são excelentes fontes de fibras solúveis (como alginatos e carraginatos) e fitonutrientes e têm sido consumidas na alimentação humana desde há séculos

A Biologia no Século 21

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sobretudo na Ásia Oriental (especialmente no Japão, China e Coreia), havendo registos que indicam um número superior a 500 espécies utilizadas. Possuem ele-vado valor nutricional no que concerne a vitaminas, minerais, oligoelementos, proteínas, ácidos gordos, polissacáridos e fibras dietéticas (FD) e o seu uso na dieta regular, ou na forma de suplemento alimentar de animais e humanos, tem sido cada vez mais recomendado.As FD desempenham um papel metabólico importante, sobretudo nas funções intestinais, contribuindo para a manutenção do equilíbrio do ecossistema do in-testino e para a integridade da mucosa intestinal e ainda modulando a actividade metabólica das bactérias intestinais. As FD de algas comestíveis mostram pro-priedades químicas (retenção de água, capacidade de intercâmbio de catiões, fermentabilidade, entre outras) que têm um efeito benéfico na saúde humana, reduzindo o peso corporal, a concentração de colesterol, e o metabolismo e ní-veis de lípidos no sangue. A composição em FD por grama de peso seco das algas marinhas é em geral tão alta como nas plantas terrestres.O presente trabalho teve como objectivo determinar os teores de fibra de macroal-gas marinhas comuns na costa açoriana (que se distingue por ser um local de muito reduzida poluição marinha) que poderão ser utilizadas como suplemento alimen-tar e para fins biotecnológicos e cujo aproveitamento, de uma forma equilibrada para o meio ambiente marinho, poderá vir a ter forte impacto, num futuro próximo, na economia regional. Assim, foram determinados os teores de fibra em cinco es-pécies recolhidas em São Miguel (algas verdes: Codium adhaerens e Chaetomorpha linum; algas castanhas: Sargassum cymosum, Cystoseira humilis e Padina pavonica) pelo método de Weende ligeiramente modificado, variando entre 31,02% e 69,10% do peso seco de Codium adhaerens e Cystoseira humilis, respectivamente.

Palavras-chave: biotecnologia, valor nutricional, macroalgas marinhas, fibras.

moLECuLAr CLoninG AnD ExPrEssion oF A KuniTz-TYPE ProTEAsE inHiBiTor rELEAsED BY THE EnTomoPATHoGEniC nEmAToDE steinerneMA cArpocApsAe

mArTinEz, m. 1, TOUBARRO, D. 1, GOUVEIA, V. 1, MONTIEL, R. 2 & N. SIMÕES1

1 CBA/IBB and CIRN at D. de Biologia, U. dos Açores. Apartado 1422. 9501-801 Ponta Delgada.

Portugal. 2 LNGB, CINVESTAV-IPN, México.

E-mail: [email protected]

Livro de Resumos - IV Congresso da Ordem dos Biólogos/II Congresso dos Biólogos dos Açores

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The entomopathogenic nematode Steinernema carpocapsae is used as biological control agent world wide. This pathogen is able to kill parasitized insects within 48 hours post-contamination. Serine proteases inhibitors were predicted by the analysis of expressed sequence tags (EST) and detected in the secreted / excreted products (ESP) of parasitic stage, thus it has been hypothesized to be a virulence factor. A cDNA corresponding to a secreted kunitz type serine protease inhibitor (Sc-SPI-4) was cloned from S. carpocapsae RNA. The translated sequence predicts a 19-amino acid secretory signal sequence, followed by a 167-amino acid mature protein with a molecular mass of 20.420 kDa. To test for activity in insects, recom-binant protein was produced in E. coli Rosetta II (DE3). For purification of Sc-SPI-6, a 1-liter culture of E.coli Roseta II (DE3) cells containing the recombinant plasmid pet29a-Sc-SPI-4 was induced by adding isopropyl-β-D-thiogalactoside (IPTG) to a final concentration of 0.5 mM and incubated for 3 h at 37ºC. After isolation of in-clusion bodies from E. coli cells and solubilisation of protein aggregates the refold-ing was achieved with urea 8M against 20 mM Tris-HCl pH 8.0 during 48 h at 4ºC. The expressed protein, containing a 6-residue histidine tag, was eluted from the column with 20mM- 500mM stepwise gradient of imidazole. The identity of Sc-SPI-4 was confirmed by MALDI-TOF-TOF mass spectrometry analysis. Preliminary assays showed a significant loose of weight in larvae of Pseudalaetia unipuncta feed with recombinant Sc-SPI-4 compared to control.

Keywords: Steinernema carpocapsae, serine trypsin inhibitor, kunitz family, cloning, heterologous ex-

pression.

ExPLoiTATion oF THE PATHoGEniC moLECuLEs oF steinerneMA cArpocApsAe

nAsCimEnTo, G. *, TOUBARRO, D. & N. SIMÕESCBA/IBB and Departamento de Biologia, Universidade dos Açores. Apartado 1422. 9501-801 Ponta

Delgada. Portugal* E-mail: [email protected]

“Patho-biotechnology” is the rising approach used to describe the exploitation of pathogenic organisms, or their virulence strategies (e.g. immunomodulation and evasion, survival strategies), for beneficial applications both in industry and biomedical applications. Steinernema carpocapsae is an entomopathogenic nem-atode that developed sophisticated strategies to invade and to overcome de-fenses of insect host. Thus we investigate this organism for protein / genes with potential as bio-insecticides.

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The first analysis of cDNA transcripts expressed in the parasitic phase of this nem-atode allowed the identification of two ESTs (Sc346 and Sc926) with homology to saposins-like proteins that we cloned and sequenced. Sc346 (GenBank Accession Nº HQ441750) was characterized as a pore-forming protein based on sequence and structural analysis. It has a high gene expression at L4 stage of the nematode, suggesting its relation with the defense control of the nematode against the exponential growth of its symbiotic bacteria inside the parasitized insect. Sc926 (GenBank Accession Nº HM028668) was identified, by structural and sequence homology, as a prosaposin. Its high gene expression levels at the parasitic stage of the nematode raise the hypothesis that it has an important role in the insect parasitism, by perturbing the membranes of the insect intestinal cells thus facili-tating the invasion of the host. In order to investigate the physiological activities of these two proteins, recombinants Sc346 and Sc926 were produced in E.coli system and purified by affinity chromatog-raphy. Their potential functions will be tested by selective functional assays.It’s our conviction that they can be used for genetic engineering, proving to be valuable reservoirs of biotechnological systems and tools.

PoTEnCiAL nuTriCionAL DE mACroALGAs mArinHAs Dos AçorEs: DETErminAção Do TEor DE ProTEínAs

FURTADO, M.A. 1, PAiVA, L. 2,3,*, LIMA, E. 2,3, BAPTISTA, J. 2,3, PATARRA, R.F. 4,5 & A.I. NETO 4,5

1 Departamento de Biologia, Universidade dos Açores, Rua Mãe de Deus, 9501-801, Ponta Delgada, S.

Miguel, Açores2 Departamento de Ciências Tecnológicas e Desenvolvimento, Universidade dos Açores, Rua Mãe de

Deus, 9501-801, Ponta Delgada, S. Miguel, Açores3 Centro de Investigação e Tecnologias Agrárias dos Açores (CITA-A), Universidade dos Açores, Rua

Mãe de Deus, 9501-801, Ponta Delgada, S. Miguel, Açores4 Secção Biologia Marinha, Laboratório Ficologia, Departamento de Biologia, Universidade dos

Açores, Rua Mãe de Deus, 9501-801, Ponta Delgada, S. Miguel, Açores5 Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), Rua dos Bragas 289, 4050-

123 Porto, Portugal* E-mail: [email protected]

As macroalgas são tradicionalmente usadas nos países asiáticos como suple-mento alimentar de humanos e nutrição animal, regulando o seu metabolismo e actuando ao nível da prevenção de doenças crónicas. Os seus constituintes químicos têm sido amplamente estudados e diferem segundo a espécie, bem como a sua localização geográfica e a estação do ano. No entanto, as proprieda-

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des nutricionais das macroalgas, e a influência nestas das variações sazonais dos factores abióticos, são pouco conhecidas e, normalmente, são avaliadas a partir da sua composição química (teores de: proteínas, vitaminas, sais minerais e oligo-elementos, ácidos gordos, polissacarídeos, fibras, etc.).Além de constituírem a base da cadeia alimentar no ambiente aquático, evidên-cias clínicas e epidemiológicas confirmam que as algas têm múltiplas aplicações terapêuticas (propriedades: antivirais, antifúngicas, anticoagulantes, antitumorais, antioxidantes e outras), promovendo a saúde humana quando usadas como suplemento alimentar. Na indústria têm sido usadas na produção de diversos compostos de valor económico acrescentado, particularmente na indústria far-macêutica. Actualmente, o maior consumo humano de macroalgas é na Ásia, principalmente Japão, China e Coreia enquanto que, apesar da abundância de algas na costa portuguesa, o uso destas na alimentação não tem grande tradição em Portugal, excepto para algumas comunidades costeiras nos Açores.O presente trabalho teve como objectivo determinar os teores de proteína de al-gumas espécies comuns nos ecossistemas do litoral Açoriano, mais propriamente da ilha de São Miguel, e que podem ser potencialmente rentáveis do ponto de vista das perspectivas biotecnológicas e comerciais, e também para benefícios à saúde pública, tendo em conta o baixo nível de poluição marinha no Arqui-pélago. Assim foram determinados os teores de proteína em cinco espécies de macroalgas (Clorófitas: Codium adhaerens e Chaetomorpha linum; Feófitas: Sar-gassum cymosum, Cystoseira humilis e Padina pavonica) pelo método de Kjeldahl ligeiramente modificado, variando entre 2,86% e 18,48% do peso seco da Padina pavonica e Codium adhaerens, respectivamente.

Palavras-chave: biotecnologia, valor nutricional, macroalgas marinhas, proteínas, método de Kjeldahl.

o mirTiLo-Dos-AçorEs (vAcciniuM cyLinDrAceuM sm.): APLiCAção DA CuLTurA in vitro nA sELECção DE VAriEDADEs ProDuTorAs Do FruTo E nA ProDução DE ExEmPLArEs PArA rECuPErAção PAisAGísTiCA

PErEirA, m. J.Praesent porttitor dapibus euismod, etiam risus nibh gravida ut gravida vitae

Departamento de Biologia, Universidade dos Açores, 9501-801 Ponta Delgada, Portugal

E-mail: [email protected]

As ilhas como reservatórios naturais da biodiversidade possuem um conjunto de espécies endémicas, muitas delas, com potencial interesse económico. No entan-to, esta riqueza poucas vezes é usada para o desenvolvimento económico susten-

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tável das ilhas. Vaccinium cylindraceum Smith (Ericaceae) é um arbusto endémico do arquipélago dos Açores. Os frutos desta espécie foram consumidos desde a chegada dos primeiros colonos aos Açores (séc. XV), estes mirtilos açorianos são ainda hoje usados para produzir doce e aguardente, e utilizados localmente na medicina popular. Este trabalho descreve os protocolos estabelecidos quer para a selecção e micropropagação de variedades produtoras do fruto quer para a pro-dução em massa de exemplares a usar na recuperação paisagística preservando a diversidade genética desta espécie.

Palavras-chave: Mirtilo-dos-açores, cultura in vitro, variedades, recuperação paisagística.

sEArCHinG For nEW insECTiCiDAL GEnEs in bAciLLus thurinGiensis isoLATED in são miGuEL isLAnD

TEixEirA, m. *, FERREIRA, R.G., DUARTE, A.J., TOUBARRO, D., CABRAL, C., OLIVEIRA, L. & N. SIMÕESCIRN & Departamento de Biologia, Universidade dos Açores, 9501-801 Ponta Delgada (Codex), Açores, Portugal.* E-mail: [email protected]

Bacillus thuringiensis (B.t.) is the most produced biopesticide in the world and the most important source of insecticidal genes used in agro-biotechnologies. The increasing record of insects resistant to B.t. toxins is pushing for the search of new isolates potentially harboring new genes. In a B.t. survey conducted in São Miguel Island we found about 180 isolates with bipyramidal shape, among which 163 (91%) displayed associated embedded body. Modifications in the crystals forms normally suggest the presence of different proteins. Therefore we compared one isolate with an embedded body in the crystal (S11D) with a normal bipyrami-dal crystal isolate (S27E). Both isolates were highly toxic against Lepidoptera with LC50 ranging from 56 to 158 ug/ml, despite the isolate S27E had a significant higher activity. In contrary, only S11D was active against Coleoptera. The profile of cry genes in both isolates revealed the presence of cry1 and cry2 active against Lepidoptera and the absence of cry3, cry7 and cry8 active against Coleoptera in both isolates. These data suggested the presence of an unknown protein in the crystal of S11D. The analysis of cry proteins by 2DE allowed to the identification of 14 differentially expressed proteins in S11D in comparison with S27E. Eleven of these proteins in S11D were identified by MS/MS with homology in public databases but 6 internal sequences did not match with any known protein. We used these sequences to perform primers that we are using to amplify genes with putative activity.

Keywords: Crystal protein, 2D, Bacillus thuringiensis, Lepidoptera, cry genes.

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PErFiL muTACionAL DA HiPErCoLEsTEroLEmiA FAmiLiAr (HF) nos AçorEs: AnÁLisE Dos ExõEs 2 A 6 Do GEnE LDLr

CYmBron, T. 1,2 *, RIBEIRO, P.1, KAzACHKOVA, N.1,2,, RAPOSO, M.1,2 & M. LIMA1,2,

1 Centro de Investigação de Recursos Naturais (CIRN), Universidade dos Açores, Ponta Delgada,

Portugal2 Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), Universidade do Porto, Porto, Portugal

* E-mail: [email protected]

A Hipercolesterolemia Familiar (HF) é uma patologia autossómica dominante que afecta, mundialmente, 1 em cada 500 indivíduos, pelo que é uma das doenças monogénicas mais comuns. A HF é causada, na maioria dos casos, por mutações no gene receptor das lipoproteínas de baixa densidade (LDLR), provocando um aumento dos níveis de colesterol-LDL no soro, e conduzindo à aterosclerose e à doença coronária prematura. No arquipélago dos Açores, desconhece-se a preva-lência e distribuição da HF; o objectivo deste estudo-piloto foi proceder à análise do gene LDLR, mais especificamente dos exões 2 a 6, que codificam um impor-tante domínio funcional do receptor-LDL, associado à ocorrência de endocitose da lipoproteína LDL pelo fígado. Os exões 2 a 6 do gene LDLR foram amplificados por PCR e posteriormente sequenciados. No total, foram estudados 33 possíveis casos de HF, 10 homens (30,3%) e 23 mulheres (69,7%), que foram seleccionados de acordo com os critérios adaptados de Simon Broome Heart Research Trust. Em dois casos (6,1%) duas mutações missense, em heterozigotia, foram identificadas: uma no exão 2 (c.185C>T), que conduz à substituição p.Thr62Met , e outra no exão 5 (c.806G>A) que levou à substituição p.Gly269Asp. Também foram identifi-cados dois polimorfismos (c.81C>T e c.90C>T), detectados, respectivamente em 10 e 2 indivíduos. O conhecimento do espectro mutacional da HF nos Açores é fundamental para o estabelecimento de programas visando a detecção precoce, o aconselhamento genético e a prevenção.

BLooD HomoCYsTEinE AnD ViTAmins rELATED To ATHErosCLErosis in A HEALTHY AzorEAn PoPuLATion

LIMA, A. 1, 2, FErin, r. 1, 2*, BAPTISTA J. 1, 2, 3 & M.L. PAVÃO 1, 2

1 DCTD, Universidade dos Açores, Rua da Mãe de Deus, 9501-855 Ponta Delgada, Açores, Portugal2 CIRN, Universidade dos Açores, Rua da Mãe de Deus, 9501-855 Ponta Delgada, Açores, Portugal3 CITA-A, Universidade dos Açores, Rua Capitão João d’Ávila – Pico da Urze, Angra do Heroísmo,

Açores, Portugal

* E-mail: [email protected]

A Biologia no Século 21

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Cardiovascular diseases (CVD) are the first cause of death in Portugal, namely in the Azores. Folate, vitamin B12 and B6 deficiencies are the main nutritional deter-minants of hyperhomocysteinemia (HHcy), which is an independent risk factor for CVD. On the other hand, antioxidant vitamins (A, C and E) may prevent oxida-tive stress, which is in the genesis of atherosclerosis and consequent CVD. The main objectives of the present work were to determine the blood concentration of homocysteine (Hcy), folate, vitamin B12 and B6, as well as of vitamins A, C and E in apparently healthy Azorean subjects, taking into consideration their gender, body mass index (BMI) and smoking habits. The study group included 335 (141 men and 194 women) voluntary, healthy (with no chronic diseases) azorean indi-viduals who were not taking any vitamin supplementation. From each subject, a fasting blood sample was obtained, and anthropometric measurements (weight and height), and smoking habits were registered. Plasma concentrations of total Hcy, vitamins B6 and C, as well as those of serum vitamins A and E were meas-ured by HPLC. Plasma levels of vitamin B12 and folate were determined by elec-trochemiluminescence immunoassay. A moderate HHcy was present in 10% of participants, where only a small part had some B-vitamin deficiency. On the other hand, inadequate levels of vitamins C and E reached 13% and 10%, respectively, in the study population. Plasma vitamin B6 concentration and serum levels of reti-nol were higher in men than in women, who exhibited, in turn, higher serum concentrations of α-tocopherol and plasma levels of vitamin C than men. The majority of subjects was overweight (42%) or obese (29%). Plasma vitamin C was inversely related to BMI, while fat-soluble vitamins were directly correlated with it. Vitamin C levels were significantly lower in smokers than in nonsmokers. HHcy is not a predominant risk factor in this population. Since deficiencies in B-vitamins do not seem to explain it fully, further research is needed to clarify this point. This study shows that overweight and cigarette smoking exposure are strongly associated with lowered blood vitamin C levels with the consequent implication of reduced antioxidant protection and increased risk of CVD. In addition, because overweight and obesity are relevant risk factors for CVD in this population, weight loss is recommended.

Keywords: Atherosclerosis, homocysteine, vitamin C, BMI.

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EsTuDo ComPArATiVo Do VALor nuTriCionAL (ProTEínAs, FiBrAs E PoLiFEnóis ToTAis) DAs sEmEnTEs DE LepiDiuM sAtivuM AçoriAno E LinuM usitAtissuMuM: imPACTo nA sAúDE HumAnA

RODRIGUES, V. 1, PAIVA, L. 2,3, RAINHA, N. 2,3, LimA, E. 2,3,* & J. BAPTISTA 2,3

1 Departamento de Biologia, Universidade dos Açores, Rua da Mãe de Deus, 9501-801 Ponta Delgada,

S. Miguel, Açores, Portugal2 Departamento de Ciências Tecnológicas e Desenvolvimento (DCTD) e Centro de Investigação em

Recursos Naturais (CIRN), Universidade dos Açores, Rua da Mãe de Deus, 9501-801 Ponta Delgada, S.

Miguel, Açores, Portugal3 Centro de Investigação e Tecnologias Agrárias dos Açores (CITA-A), Universidade dos Açores, Rua

Mãe de Deus 9501-801, Ponta Delgada, S. Miguel, Açores, Portugal

* E-mail: [email protected]

A elevada incidência nas sociedades industrializadas ocidentais de doenças re-lacionadas com a nutrição está a conduzir a grandes mudanças nos padrões do consumo alimentar, com a preocupação da procura de alimentos funcionais que possam promover a saúde. Os alimentos com propriedades funcionais estão as-sociados à prevenção de doenças como a aterosclerose, doenças cardiovascula-res, doenças reumáticas e muitas outras doenças degenerativas, por conterem diferentes nutrientes benéficos na sua composição química, como ácidos gordos poliinsaturados, fibras, proteínas, fitoesteróis, polifenóis, vitaminas, minerais, entre outros. Entre a grande variedade de alimentos funcionais que tem despertado a atenção, encontram-se as sementes da linhaça (Linum usitatissimum; LU) e do agrião de jardim (Lepidium sativum; LS).LS é cultivado na Índia, Tibete, Norte de África e, também, nos Açores, particular-mente nas Ilhas de Santa Maria e do Faial. É uma planta herbácea anual, utilizada para fins medicinais, além do uso como alimento, particularmente na India, muito apreciado pelo seu sabor levemente picante e aromático (próprio da família das crucíferas). As sementes têm sido usadas como galactogogo, emenagogo, afro-disíaco e como droga anti-fertilidade (anti-ovulatório). Estudos farmacológicos revelaram ter uma actividade cardiovascular e diurética. Na Ilha de Sta Maria, as sementes de LS têm sido usadas, durante as últimas décadas, como remédio anti-reumático alternativo para o tratamento dos diferentes tipos de artrite.O objectivo do nosso estudo foi determinar os teores médios de proteína, fibra e polifenóis totais de amostras de sementes de LS, utilizando os métodos de Kjel-dahl, Weende e Folin-Ciocalteau, respectivamente, e comparar com os teores destes componentes nas sementes da linhaça comercial (variedades castanha - LUC e dourada - LUD).

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A média dos resultados obtidos para as sementes de LS, LUC e LUD foram, res-pectivamente, 24.35, 21.38 e 19.88% de proteínas; 26.02, 27.42 e 26.70% de fibras totais e 9.88, 2.45 e 2.21 mg de equivalentes de ácido gálico (EAG)/g amostra de polifenóis.De acordo com os resultados obtidos, as sementes de LS e de LU apresentam valor nutricional e funcional potencialmente importante para a saúde humana. Comparando os dois tipos de sementes, destaque-se o teor proteico ligeiramen-te superior nas sementes de LS e o seu elevado teor em polifenóis totais (cerca de 4 vezes superior ao das sementes de LU), que corrobora a actividade antioxidante recentemente detectada nestas sementes. Facto que pode justificar a redução do factor de necrose tumoral alfa (TNF- α), citocina que participa na etiologia das doenças reumáticas.

Palavras-chave: valor nutricional, fitoneutracêutico, Lepidium sativum, Linum usitatissumum,

composição química.

mELAToninA umA HormonA Com imPACTo no riTmo CirCADiAno HumAno. ExTrACção E DETErminAção Do sEu TEor no LEiTE DE BoVinos Por HPLC E EsTuDo DA suA EsTABiLiDADE TérmiCA

PAiVA, L. 1,2,3,*, LIMA, E. 1,3 & J. BAPTISTA 1,3

1 Departamento de Ciências Tecnológicas e Desenvolvimento (DCTD) e Centro de Investigação em

Recursos Naturais (CIRN), Universidade dos Açores, Rua da Mãe de Deus, 9501-801 Ponta Delgada, S.

Miguel, Açores, Portugal2 Departamento de Biologia, Universidade dos Açores, Rua da Mãe de Deus, 9501-801 Ponta

Delgada, S. Miguel, Açores, Portugal3 Centro de Investigação e Tecnologias Agrárias dos Açores (CITA-A), Universidade dos Açores, Rua

Mãe de Deus 9501-801, Ponta Delgada, S. Miguel, Açores, Portugal

* E-mail: [email protected]

A melatonina (N-acetil-5-metoxitriptamina) é uma neuro-hormona produzida por algumas plantas mas sobretudo por diversos animais e é sintetizada na glândula pineal da maioria dos vertebrados a partir do triptofano via 5-hidroxitriptofano, serotonina e N-acetilserotonina, principalmente durante a noite. Este é o requisito fundamental para a sua biossíntese (produção e libertação), enquanto a luz rapi-damente suprime a sua síntese.Tem como principal função regular o sono, funcionando assim como um cro-nobiótico. Apesar de esta função ser a mais conhecida, a melatonina participa numa variedade de processos celulares, neuro-endócrinos e neuro-fisiológicos. É

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uma hormona naturalmente presente no leite humano, leite de vaca e de cabra. Estudos mostram que o leite proveniente da ordenha da noite é mais rico em melatonina do que o da ordenha do dia.O objectivo principal deste estudo foi o desenvolvimento de uma metodologia de extracção da melatonina do leite bovino Açoriano e a sua posterior quantifi-cação, na ordem das ppt (partes por trilião), utilizando a Cromatografia Líquida de Alta Pressão (HPLC). Foram analisadas amostras de leite colhidas em três loca-lidades da ilha de São Miguel, provenientes das duas recolhas do dia, nocturna e diurna, e em diferentes estações do ano. Foi feito, ainda, o estudo da estabilidade térmica da melatonina, através da comparação do seu teor em leite cru, pasteuri-zado e ultra-pasteurizado (UHT).Os resultados obtidos mostraram que os níveis de melatonina variaram de acor-do com a hora da recolha e com a estação do ano, e comprovaram que o leite bovino produzido durante a noite possui um teor superior de melatonina relati-vamente ao produzido durante o dia. Os resultados comprovaram ainda que o tratamento térmico afecta a quantidade de melatonina presente no leite. Com a pasteurização e UHT verifica-se uma progressiva diminuição nos níveis existentes de melatonina, comparativamente ao leite cru.Conclusão: a metodologia usada na determinação quantitativa da melatonina no leite de bovino foi eficiente, de grande sensibilidade e reprodutibilidade, pois per-mitiu a determinação de concentrações de melatonina da ordem das ppt.

Palavras-chave: cronobiótico, leite bovino, melatonina, HPLC.

GArLiC AnD onion PEELs As rAW mATEriALs For nuTrACEuTiCAL FormuLAs

rAinHA, n. 1,2,*, BARRETO, M.C. 1, LIMA, E. 1,2 & J. BAPTISTA 1,2

1 Departamento de Ciências Tecnológicas e Desenvolvimento, Universidade dos Açores, Rua Mãe de

Deus, 9501-801 Ponta Delgada, S. Miguel, Açores2 Centro de Investigação e Tecnologias Agrárias dos Açores (CITA-A), Universidade dos Açores, Rua

Mãe de Deus, 9501-801 Ponta Delgada, S. Miguel, Açores* E-mail: [email protected]

Agricultural and industrial residues are attractive sources of natural compounds. In recent years, several seeds, pulps, wood residues, leaves and peels have been studied for their potential use in nutraceutical formulas. One of the most suc-cessful examples is the use of seed, peels and leaves of different grape varieties for the extraction of high antioxidant phenolic compounds to be use in cosmet-ics, functional foods and nutraceuticals. In the present study, onion (Allium cepa)

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and garlic (Allium sativum) peels from kitchen waste were studied, using current in-house methodologies for their total phenolic content, antioxidant properties and acetycholinesterase inhibition, an important enzyme in our nervous system which plays an important role in Alzheimer´s disease. The dried peels were ini-tially milled in a blender before any extraction procedure. Then, four different sol-vents, in crescent polarity, were sequentially used to extract the compounds from the peels. Fifty milliliters of hexane were mixed with one gram of finely powdered material by stirring for 2 hours. The resulting extract was filtered and evaporated, under vacuum to dryness in a rotary evaporator in order to determine the extrac-tion yield. This procedure was repeated with dichloromethane and methanol. The resulting peels were finally extracted with 150 mL of boiling water for 5 min. After being filtered and dried, all of the extracts were quantified and stored at -20 ºC until further analysis.Different amounts of residues were extracted from each peel using different sol-vents. Hexane and dichloromethane extracts were the ones with the lower recov-ery rates. Hot water was the most efficient solvent. With regards to the biological activities, the antioxidant capacity measured by the DPPH assay (1,1-diphenyl-2-picrylhydrazyl) was different between the extracts of the two peels. Onion peel water (IC50 - 3.55 ± 0.29 µg/mL) and methanolic (IC50 - 4.95 ± 0.67 µg/mL) ex-tracts were several times more powerful antioxidants than dichloromethane (IC50 -116.59 ± 9.48 µg/mL), hexane (IC50 > 1000 µg/mL) extracts. Garlic peel was not an efficient antioxidant in comparison with onion extracts. The best antioxidant results found were for the methanolic (IC50 -158.02 ± 13.01 µg/mL) and dichlo-romethane (IC50 - 140.97 ± 13.57 µg/mL) extracts. Concerning the total phenolic content, it was found that onion peel water and methanolic extracts have ap-proximately 41% and 36.5% phenols, respectively, which is more than 10 times the yield found in all the other extracts. Acetylcholinesterase inhibition was only achieved for water (IC50 - 774.61 ± 46.39 µg/mL) and methanolic extracts (IC50 - 194.26 ± 18.69 µg/mL) of onion peel. All the other extracts present an IC50 > 1000 µg/mL. The results for the antioxidant and acetylcholinesterase inhibition are very promising for onion peels since they can be very useful in the extraction of very high antioxidant substances with potential benefits for nutraceutical products. Furthermore, preliminary phytochemical analysis of onion peel extracts reveals the presence of several flavonoids, especially quercetin glycosides. These find-ings are in accordance with publications found elsewhere for different varieties of onion. As a result, onion peel waste from industrial kitchens and onion processing industries should be studied for their viability in the production of high antioxi-dant phenolic compounds to be used in functional foods and nutraceuticals.

Keywords: Onion (Allium cepa), Garlic (Allium sativum), antioxidant activity, total phenolic content,

acetylcholinesterase inhibition.

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sEQuEnCE AnALYsis oF 5’ rEGuLATorY rEGions oF mACHADo-JosEPH DisEAsE GEnE (Atxn3)

BETTENCOURT, C. 1,2,3, rAPoso m. 2,*, KAzACHKOVA, N. 1,2, SANTOS, C. 4, KAY, T. 5, VASCONCELOS, J. 6, MACIEL, P. 7, DONIS, K.C. 8, SARAIVA-PEREIRA, M.L. 8, JARDIM, L.B. 8, SEQUEIROS, J. 1,9, BRUGES-ARMAS, J. 1,10 & M. LIMA 1,2 1 Institute for Molecular and Cell Biology (IBMC), University of Porto, Porto, Portugal; 2 Center of Research in Natural Resources (CIRN) and Department of Biology, University of the Azores,

Ponta Delgada, Portugal; 3 Laboratorio de Biología Molecular, Instituto de Enfermedades Neurológicas, Fundación Socio-

Sanitaria de Castilla-La Mancha, Guadalajara, Spain; 4 Unitat Antropologia Biològica, Dep. Biologia Animal, Biologia Vegetal i Ecologia, Universitat

Autònoma de Barcelona, Bellaterra (Barcelona), Spain; 5 Department of Clinical Genetics, Hospital of D. Estefania, Lisbon, Portugal; 6 Department of Neurology, Hospital of Divino Espirito Santo, Ponta Delgada, Portugal;7 Life and Health Sciences Research Institute (ICVS), School of Health Sciences, University of Minho,

Braga, Portugal; 8 Universidade Federal do Rio Grande do Sul and Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Brazil; 9 ICBAS, University of Porto, Porto, Portugal; 10 Specialized Service of Epidemiology and Molecular Biology (SEEBMO), Hospital of Santo Espirito,

Angra do Heroismo, Portugal.

* E-mail: [email protected]

Machado-Joseph disease (MJD) is an autosomal dominant neurodegenerative disorder of adulthood (~40 years). Its causative mutation consists in an expan-sion of a (CAG)n tract in the coding region of the ATXN3 gene (14q32.1), which encodes for ataxin-3. The inverse correlation between the number of CAG repeats in the expanded alleles and the age at onset accounts for only around 50 to 70% of onset variance, the remaining variation being dependent on factors currently unknown. Although ataxin-3 is ubiquitously expressed, differential levels of this protein may contribute to the clinical heterogeneity observed in MJD. The main goal of this work was to analyze the extent of the genetic variation upstream of the ATXN3 start codon, in its core promoter, as well as in its 5’ untranslated region (UTR), which possibly influence gene expression levels and, therefore, may ulti-mately be associated with variance in MJD’s age at onset. Sequence analysis was performed in 186 patients and 59 controls. The ATXN3 core promoter region was shown to be highly conserved, with no polymorphisms being observed in the 490 analyzed chromosomes. In the 5’-UTR, a previously described polymorphism, c.-31C>T (rs3814834) was found, both in patients and controls. This SNP falls in a region which may affect CMYB transcription factor binding, as well as translation regulation; in silico analysis showed, however, that it lies in a non-conserved posi-

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tion. The expected negative correlation between the size of the (CAG)n tract in the expanded alleles and the age at onset was confirmed in this MJD series, explain-ing by itself 59.5% of onset variance. No improvements of the linear model were observed when adding the allelic state of the c.-31C>T polymorphism.

Keywords: ataxin-3, 5’ regulatory regions, 5’-UTR, gene expression, promoter, MJD, SCA3.

PrEsEnçA Do AeDes (steGoMyiA) AeGypti LinnAEus, 1762 (insECTA, DiPTErA, CuLiCiDAE) nA iLHA DA mADEirA (PorTuGAL)

GONçALVES, Y., siLVA, J.J.G. *; BISCOITO, M. & R. ARAúJOMuseu de História Natural do Funchal, Rua da Mouraria, 31, 9004-546 Funchal, Madeira, Portugal.

E-mail: [email protected]

Desde Outubro de 2005 que a população do mosquito transmissor da febre-amarela Aedes (Stegomyia) aegypti Linnaeus, 1762 tem-se expandido na cidade do Funchal. Em 2008, o mosquito foi detectado nos concelhos vizinhos de Câmara de Lobos e Santa Cruz. Durante 2009, procedeu-se ao reposicionamento da rede urbana de ovitraps, no Funchal, e ao alargamento da rede periférica de ovitraps para os concelhos contíguos quer para oeste quer para leste, abrangendo assim, toda a costa sul da ilha da Madeira. Duas armadilhas sentinela foram instaladas na costa norte da ilha.

Palavras-chave: Diptera, Culicidae, Aedes aegypti, Ilha da Madeira.

DoEnçA DE mACHADo-JosEPH: AnÁLisE DA rEGião 3’uTr Do GEnE Atxn3

VEnTurA, m.1*, RAPOSO, M.1, BETTENCOURT, C.1,2,3 & M. LIMA1,2

1 Departamento de Biologia e CIRN, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, Portugal2 Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), Universidade do Porto, Porto, Portugal3 Laboratorio de Biología Molecular, Instituto de Enfermedades Neurológicas, Fundación Socio-

Sanitaria de Castilla-La Mancha, Guadalajara, Espanha* E-mail: [email protected]

A doença de Machado-Joseph (DMJ), também denominada ataxia espinocerebe-losa do tipo 3 (SCA3), é uma doença neurodegenerativa de início tardio (média: 40,2 anos), transmitida de um modo autossómico dominante e causada por uma

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expansão do trinucleótido CAG na região codificante do gene ATXN3 (14q32.1). O tamanho do tracto repetitivo explica apenas 50 a 75% da variação na idade de início desta doença, pelo que deverão existir outros factores responsáveis pela va-riabilidade clínica observada. Apesar da mutação causal estar bem estabelecida, o conhecimento da variação presente nas regiões reguladoras do gene ATXN3, passível de influenciar os níveis de expressão do mesmo e, em última instância, contribuir para a variabilidade clínica observada, é ainda muito reduzido. Neste trabalho analisou-se a variação genética na região não traduzida a 3’ (3’UTR) do gene ATXN3, em amostras de doentes com DMJ e em indivíduos controlo, apa-rentemente saudáveis, sem história familiar de DMJ e molecularmente excluídos para a expansão CAG. Foi utilizado um total de 40 amostras de DNA genómi-co, das quais 30 eram de doentes DMJ, pertencendo as restantes 10 amostras a indivíduos controlo. Para cada amostra, foram amplificadas e sequenciadas as porções dos exões 10 e 11 do referido gene, que integram a sua região 3’UTR. A análise detalhada das 360 sequências obtidas permitiu identificar 10 posições po-limórficas, correspondentes a 10 SNPs, previamente descritos. Constatou-se que os alelos mais frequentes, para cada um dos 10 SNPs, eram coincidentes entre os dois grupos estudados (casos e controlos). Para além disso, verificou-se que não existiam diferenças significativas, relativamente às frequências genotípicas, entre estes dois grupos. Na região analisada do gene ATXN3 não foi encontrada varia-ção exclusiva dos doentes. Por comparação com uma sequência de referência, constatou-se que os polimorfismos observados não implicam a eliminação dos sinais de poliadenilação, previamente descritos, nem originam sequências con-senso para novos sinais de poliadenilação. Não serão, deste modo, expectáveis di-ferenças a nível da poliadenilação, causadas pela variação observada. O presente estudo permitiu obter um maior conhecimento do tipo de variação existente na região 3’UTR do gene ATXN3, podendo servir de base para trabalhos futuros, que visem analisar a variação genética em regiões reguladoras do gene ATXN3, numa série mais alargada de doentes, investigando a sua relação com a variabilidade fenotípica da DMJ.

Palavras-chave: Doença de Machado-Joseph, SCA3, poliadenilação, região 3’UTR, gene ATXN3.

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ProDução Em mAssA PArA rEPoVoAmEnTos E rECuPErAção DE HABiTATs DE viburnuM treLeAsei GAnD. umA EsPéCiE EnDémiCA Dos AçorEs

PErEirA, m. J. Praesent porttitor dapibus euismod, etiam risus nibh gravida ut gravida vitae

Departamento de Biologia, Universidade dos Açores, 9501-801 Ponta Delgada, Portugal

E-mail: [email protected]

O presente estudo teve como objectivo estabelecer um protocolo para a produ-ção em massa a partir de semente de Viburnum treleasei Gand. tendo em vista a sua utilização para repovoamentos e recuperação de habitats. Esta investigação está a ser conduzida desde o ano lectivo de 2009/2010 na componente prática da disciplina de Fisiologia Vegetal do Departamento de Biologia da Universidade dos Açores e descreve a metodologia de recolha de sementes no campo, quebra de dormência das sementes e estabelecimento das culturas in vitro, bem como as fases de multiplicação, e enraizamento destas culturas.

Palavras-chave: Viburnum treleasei, micropropagação, dormência, germinação.

hypericuM sP. HExAnE ExTrACTs rEDuCE ALKALinE PHosPHATAsE ACTiViTY on AQuATiC snAiLs rADix pereGrA

rAinHA, n.1,2,*, TEIXEIRA, T. 3, ARRUDA, M. 1, BARRETO, M.C. 1, ROSA, J.S. 3,4, LIMA, E. 1,2 & J. BAPTISTA 1,2

1 Departamento de Ciências Tecnológicas e Desenvolvimento, Universidade dos Açores, Rua Mãe de

Deus, 9501-801 Ponta Delgada, S. Miguel, Açores2 Centro de Investigação e Tecnologias Agrárias dos Açores (CITA-A), Universidade dos Açores, Rua

Mãe de Deus, 9501-801 Ponta Delgada, S. Miguel, Açores3 Departamento de Biologia, Universidade dos Açores, Rua Mãe de Deus, 9501-801 Ponta Delgada, S.

Miguel, Açores4 Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-Azores), Universidade dos

Açores, Rua Mãe de Deus, 9501-801 Ponta Delgada, São Miguel, Açores* E-mail: [email protected]

Hypericum (Guttiferae) is a large genus of herbs or shrubs used as traditional medicinal plants in various parts of the world. There are several studies on the chemical composition of Hypericum species and their health related effects, how-ever the report of their toxicity on different biological organisms is scarce. Toxicity

Livro de Resumos - IV Congresso da Ordem dos Biólogos/II Congresso dos Biólogos dos Açores

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Lista deParticipantes

studies on this genus are almost exclusive to the effect of hypericin, the most characteristic compound of S. John’s Wort (H. perforatum) which causes an in-creased skin sensibility, known as hypericism. Preliminary studies indicated that hexane extracts of three Hypericum species (H. androsaemum, H. foliosum and H. undulatum) presented high toxicity on the aquatic pulmonate gastropod Radix peregra (Lymnaeidae), a reported vector of several infectious diseases, which is very common on the oriental side of São Miguel Island (Azores) with LD50 val-ues below 100 ppm. As a result several studies were then conducted to under-stand the effect of the extracts on snails’ metabolism and several hypothesis were drawn. After an exhaustive investigation, it was found that alkaline phosphatase (ALP), an important enzyme for the transportation of metabolites, shell formation, protein synthesis, and other secretary activities could be affected. To confirm this hypothesis, two hundred adult Radix peregra snails (1.05 ± 0.04 cm in total shell length) were collected in March 2011 locally from water streams near Povoação (São Miguel Island, Azores) and allowed to acclimatize under laboratory condi-tions for 72 hours. Then twenty snails were placed in beakers, one containing 40% and the other 80% of the LD50 concentration determined previously for 24 hours. After the exposure time, the animals were removed, cleaned and the nervous tis-sue around their buccal mass was homogenised (2% w/v) in ice-cold 0.9% NaCl. After several centrifugations the supernatant was used as an enzyme source. The ALP assay was performed using p-nitrophenyl phosphate as substrate and the absorbance was measured in a microplate reader at 420 nm.The results of ALP activity reveal that concentrations of 40% of LD50 produce a reduction of 7.7 to 16.6 % of the enzyme activity in comparison to the control groups (n≤20), but not statistically different to the last one for all the analysed Hy-pericum extracts (P<0.05). Furthermore the increase of the extracts concentration to 80% of LD50 results in a significant statistical reduction of 18.6 to 23.7% of the initial enzyme activity of the control groups. In addition, the ALP inhibition was also assayed in vitro using the enzyme prepared from the control group directly with the Hypericum sp. hexane extracts. It was found that H. androsaemum and H. foliosum presented an IC50 of 0.336 and 0.351 mg/mL, respectively. H. undulatum was approximately three times less active with an IC50 of 1.039 mg/mL. However all the extracts inhibited the enzyme in vitro proving that ALP activity is influ-enced by metabolites from Hypericum hexane extracts and is consequently one of the causes for snail death. As a result, more studies are underway to identify metabolites with potential for selective bio-pesticides.

Keywords: Hypericum sp., Radix peregra, phosphatase alkaline.

Lista deParticipantes

A Biologia no Século 21

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inDiCE rEmissiVo DA LisTA Dos PArTiCiPAnTEs

Abreu, António Domingos ...............1, 2, 6Abreu, Cristina ........................................................Alves, Luís ............................................................ 59Alves, Luís Manuel ............................................ 6Amorim, António ................................... 13, 33Anjos, Maria Carolina .........................................Araújo, Maria ...........................................................Ávila, Mónica ...........................................................Ávila, Sérgio P. ......................6, 13, 29, 30, 31 Bagaço, Leila ......................................................... 6Barreto, Maria do Carmo ...11, 21, 70, 75Bettencourt, Miguel Viveiros ..................... 6Borges, Isabel ..........................................................Bourbon, Mafalda .................................. 14, 40Cabral, Susana .......................................... 11, 20Caiola, Vasco ............................................................Camarinho, Ricardo .................................6, 43Carreiro, Fátima ......................................................Carreiro, Ana Rita ..................................................Carreiro, Ana Sofia ...............................................Carvalho, José .........................................................Castro, Ana Faria e ...............................................Coimbra, João .......................................... 15, 50Cordeiro, Ricardo .......................................6, 31Costa, Ana Cristina ................31, 46, 47, 55 Cunha, Andreia ...........................................6, 47Cunha, Marina ........................................................Cymbron, Teresa ..................................... 39, 66Dias, Frederico .......................................... 15, 52Duarte, Sara Maria ............................................ 6Faro, Carlos ..........................................12, 24, 27Ferin, Rita .............................................................. 66Fernambuco, Bruno ...........................................Fernandes, Carlos ................................... 13, 32Fernandes, Maria de Jesus .............................Fernandes, Sónia ............................................... 6Ferrand, Nuno ........................................... 13, 22Ferraz, Ana Carolina ............................................Ferreira, Bruno Sommer .................... 12, 25

Ferreira, Ricardo .....................................................Fonseca, Catarina .............................................. 6Fonseca, Maria Amélia ......................................Fontes, João .............................................................Garcia, Patrícia ..................................13, 36, 43Gaudêncio, Helena .............................................Gomes, João Paulo ................................ 13, 33Gonçalves, Vítor ...............................15, 46, 47Gouveia, Vera .......................6, 26, 27, 59, 61Kazachkova, Nadiya ..............14, 39, 66, 72Kongo, José Marcelino ...............12, 25, 26Leandres, Osvalda .................................. 13, 34Levy, André ................................................. 23, 29Lima, Elisabete ..34, 60, 63, 68, 69, 70, 75Lima, Manuela ..................13, 39, 66, 72, 73Lima, Sónia Chavarria ..................................... 6Lopes, Luís .................................................................Lopes, Mónica .......................................... 15, 45Lourenço, Pedro Miguel ............................... 6Maia-Mendes, Mónica ................................... 6Martinez, Monica ........................................... 61Martins, Gustavo ..................................... 15, 53Martins, José ......................................................... 6Martins, Rui .......................................................6, 7Matos, José António ........................................ 6Medeiros, Violante ...............................................Medeiros, Fátima Melo .....................................Melo, Carlos ...................................................6, 31Moniz, Isadora ........................................................Moreira, José Luís ................................... 12, 28Moreira, Orlanda ................................................ 6Nascimento, Gisela .......................26, 27, 62Neto, Ana .............................15, 53, 54, 60, 63Neto, Domingos ...................................................Nóia, Marlene ..........................................................Nunes, Mónica ......................................... 14, 38Pacheco, António ................................... 11, 23Paiva, Lisete ........................34, 60, 63, 68, 69Parelho, Carolina ..................................... 15, 43

Pereira, Gonçalo .............................................. 11Pereira, Maria João ................11, 20, 64, 75Petrucci-Fonseca, Francisco ............ 15, 48Pinto, Paulo Mota .............................................. 5Pinto, Pedro ................................................ 11, 19Ponte, Vera ................................................................Raimundo, Rui Jorge ....................................... 6Rainha, Nuno ....................................68, 70, 75Raposo, Mafalda .................6, 59, 68, 72 ,73Rebelo, Filomena ..................................................Rego, Graça ..............................................................Rodrigues, Armindo .............36, 37, 43, 54Ruivo, Mário .......................................................... 5Santos-Reis, Margarida ....................... 15, 42

Sebastião, Dalila ....................................................Silva, Juan J.G. ................................................... 73Silva, Luís Filipe Dias e ................................. 13Simões, Nelson ........................59, 61, 62, 65Sousa, Cristina .......................................... 11, 21Sousa, Helena .........................................................Sousa, Sofia ..............................................................Teixeira, Mário ..............................6, 26, 59, 65Toubarro, Duarte .6, 12, 26, 27, 28, 61, 62Ventura, Marta .................................................. 73Vieira, Maria Luísa .................................................Vieira, Virgílio .............................................. 15, 46Wallenstein, Francisco ........................ 16, 54