20
lí^> noticia Curitiba, 18 a 24 de malo/1996 ANO II «N 0 16 11$ O.SO NESTA I iMeio Ás inscrições para a Lista Suja terminam \ terça-feira. Teresa Ürbcm lembra os ganhadores do mo passado. Página 8 {Mundo do {Trabalho A CUT lança sua campanha contra o desemprego, no momento em que as demissões crescem a olhos vistos. Na coluna Mundo do Trabalho. Página 4 1A semana na 1 Assembléia Um deputado pede que esqueçam o que disse, um cachorro moiin é levado ao IML' e o "quem indica" o ar da graça, informa José Luís Talarico. Página 3 A semana ji^Câimra^ J.F.S. relata a campanha iniciada pelo vereador Paulo \ Salamuni contra a l candidatura de Max Rosenmann a prefeito pelo PMDB. Página 3 1 Cinema/ iVídeo Roberto Salomão comenta o filme Z, feito 30 anos, proibido no Brasil por 15 e que agora chega ràs locadoras. Página 9 \ Esporte O célebre Onaireves Moura distribui carteirinhas da Federação a deputados para conseguir aprovar o projeto da Vila Olímpica, conta Antônio Maria, Página ÍO l lEditorial »• - v Analisa a contradição | entre o discurso da qualidade total e do \ estado mfhimo e as péssimas condições de vida da população. Página 2 imás gritam por terra Na ocupação de Rio Bonito do Iguaçu, mais de 3 mil famílias aguardam uma solução. Mas o acordo está difícil. A reforma agrária é cada vez mais o tema político do momento. O Grito da Terra, nova manifestação nacional dos trabalhadores rurais, acontece no final deste mês. Em Curitiba, os sem-terra pretendem acampar entre os dias 28 e 31 e, entre as atividades programadas, estão uma audiência com o go- vernador Jaime Lemer e a possível ocupação de um órgão federal. Na última sexta-feira, os traba- lhadores rurais lembraram a chacina de Eldorado do Carajás, que completava um mês, e na próxima terça-feira denunciarão nacionalmente todos os sonega- dores do Imposto Territorial Rural-ITR. A direção nacional do Movimento dos Sem-Terra ob- teve do presidente Fernando Henrique Cardoso uma série de promessas (punição dos respon- sáveis pelos massacres no cam- po, assentamento das 37 mil famílias atualmente acampadas e empenho para fazer aprovar projetos de lei que facilitem a reforma agrária). Mas o MST prefere confiar nas próprias forças para o avanço da luta. Página 7 Preço leva a desistências na fila da Cohab O programa "Lote Fá- cil", criado pela Cohab para atender a população de baixa renda, está provocando reclama- ções e desistências de mora- dores que não têm como fazer o pagamento de R$ 549,37, parcelados em ape- nas duas vezes. O problema da moradia em Curitiba teve um outro desdobramento: a Conferência Brasileira do Habitat II, encerrada no últi- mo domingo, no Rio de Ja- neiro, condenou os despejos realizados pela prefeitura nas áreas ocupadas. O documen- to diz que o poder público não mostra disposição em encontrar soluções para a falta de moradias. Página 6 Falta d , água afeta Pinhais e Colombo O abastecimento de água continua precário em pelo menos dois municí- pios da Região Metropolitana de Curitiba. Em Pinhais, cerca de 200 moradores fizeram um pro- testo e obtiveram da superin- tendência metropolitana da Sane- par o compromisso de solução do problema ainda este mês. Em Colombo, a população de algumas áreas chega a ficar até 15 dias sem água. Mesmo com a diminuição do consumo decorrente das tem- peraturas mais baixas, o problema continua. Página 5 Grêmio quer interromper o Campeonato ENTRADA FRANCA O clássico llanilet. que o grande Lawrence 01i\ ier dirigiu e estrelou, será apresentado este domingo, em sessão única, as 20h30, na Rua da Cidadania (Terminal do Carmo) Confira as atrações culturais gratuitas e toda a programação de cinema Página 9 O Grêmio de Maringá está pedindo no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) a suspensão do Londrina e do Rio Branco, por utilização de jogadores supostamente sem registro. O time maringaense pede ainda a anulação da partida contra o Londrina. A iniciativa do Grêmio ameaça interromper o Campeonato Paranaense, mas a Federação reagiu com dureza, punindo o grêmio com a perda de cinco pontos. Página 10 fazem seminário sobre desemprego A Câmara Municipal de Curitiba promove, na próxima quinta-feira, um seminário que se propõe a debater e a sugerir soluções para o problema do desemprego, que em Curitiba e Região Metropolitana atinge 137 mil trabalhadores. O seminário, de iniciativa do vereador Natálio Stica> do PT, reunirá sindicalistas, empresários, economistas e autoridades. Página 4

lí^> - :: Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro ::

Embed Size (px)

Citation preview

lí^> noticia

Curitiba, 18 a 24 de malo/1996 • ANO II «N0 16 • 11$ O.SO

NESTA I

iMeio

Ás inscrições para a Lista Suja terminam \ terça-feira. Teresa Ürbcm lembra os ganhadores do mo passado. Página 8

{Mundo do {Trabalho A CUT lança sua campanha contra o desemprego, no momento em que as demissões crescem a olhos vistos. Na coluna Mundo do Trabalho. Página 4

1A semana na 1 Assembléia Um deputado pede que esqueçam o que disse, um cachorro moiin é levado ao IML' e o "quem indica" dá o ar da graça, informa José Luís Talarico. Página 3

A semana ji^Câimra^ J.F.S. relata a campanha iniciada pelo vereador Paulo \ Salamuni contra a l

candidatura de Max Rosenmann a prefeito pelo PMDB. Página 3

1 Cinema/ iVídeo Roberto Salomão comenta o filme Z, feito há 30 anos, proibido no Brasil por 15 e que só agora chega

ràs locadoras. Página 9

\ Esporte O célebre Onaireves Moura distribui carteirinhas da Federação a • deputados para conseguir aprovar o projeto da Vila Olímpica, conta Antônio Maria, Página ÍO

l

lEditorial »• — - v Analisa a contradição | entre o discurso da qualidade total e do \ estado mfhimo e as péssimas condições de vida da população. Página 2

imás gritam por terra

Na ocupação de Rio Bonito do Iguaçu, mais de 3 mil famílias aguardam uma solução. Mas o acordo está difícil.

A reforma agrária é cada vez mais o tema político do momento. O Grito

da Terra, nova manifestação nacional dos trabalhadores rurais, acontece no final deste mês. Em Curitiba, os sem-terra pretendem acampar entre os dias 28 e 31 e, entre as atividades programadas, estão uma audiência com o go- vernador Jaime Lemer e a possível ocupação de um órgão federal. Na última sexta-feira, os traba- lhadores rurais lembraram a chacina de Eldorado do Carajás, que completava um mês, e na próxima terça-feira denunciarão nacionalmente todos os sonega- dores do Imposto Territorial Rural-ITR. A direção nacional do Movimento dos Sem-Terra ob- teve do presidente Fernando Henrique Cardoso uma série de promessas (punição dos respon- sáveis pelos massacres no cam- po, assentamento das 37 mil famílias atualmente acampadas e empenho para fazer aprovar projetos de lei que facilitem a reforma agrária). Mas o MST prefere confiar nas próprias forças para o avanço da luta. Página 7

Preço leva a desistências na fila da Cohab

O programa "Lote Fá- cil", criado pela Cohab para atender a

população de baixa renda, está provocando reclama- ções e desistências de mora- dores que não têm como fazer o pagamento de R$ 549,37, parcelados em ape- nas duas vezes. O problema da moradia em Curitiba teve

um outro desdobramento: a Conferência Brasileira do Habitat II, encerrada no últi- mo domingo, no Rio de Ja- neiro, condenou os despejos realizados pela prefeitura nas áreas ocupadas. O documen- to diz que o poder público não mostra disposição em encontrar soluções para a falta de moradias. Página 6

Falta d,água afeta Pinhais e Colombo

O abastecimento de água continua precário em pelo menos dois municí-

pios da Região Metropolitana de Curitiba. Em Pinhais, cerca de 200 moradores fizeram um pro- testo e obtiveram da superin- tendência metropolitana da Sane-

par o compromisso de solução do problema ainda este mês. Em Colombo, a população de algumas áreas chega a ficar até 15 dias sem água. Mesmo com a diminuição do consumo decorrente das tem- peraturas mais baixas, o problema continua. Página 5

Grêmio quer interromper o Campeonato

ENTRADA FRANCA O clássico llanilet. que o grande Lawrence 01i\ ier dirigiu e estrelou, será apresentado este domingo, em sessão única, as 20h30, na Rua da Cidadania (Terminal do Carmo) Confira as atrações culturais gratuitas e toda a programação de cinema

Página 9

O Grêmio de Maringá está pedindo no Superior Tribunal de

Justiça Desportiva (STJD) a suspensão do Londrina e do Rio Branco, por utilização de jogadores supostamente sem registro. O time maringaense

pede ainda a anulação da partida contra o Londrina. A iniciativa do Grêmio ameaça interromper o Campeonato Paranaense, mas a Federação reagiu com dureza, punindo o grêmio com a perda de cinco pontos.

Página 10

fazem seminário

sobre desemprego

A Câmara Municipal de Curitiba promove, na

próxima quinta-feira, um seminário que se propõe a

debater e a sugerir soluções para o problema do desemprego, que só em

Curitiba e Região Metropolitana atinge 137

mil trabalhadores. O seminário, de iniciativa do vereador Natálio Stica> do PT, reunirá sindicalistas,

empresários, economistas e autoridades. Página 4

í Página 2 - 18 a 24 de maio/96

Opinião Qualidade total

O Estado não pode intervir na economia, cabendo esse papel à

iniciativa privada; ao poder público resta atender prioridades sociais, como saúde, educação, moradia, saneamento; as empresas estatais devem ser privatizadas, porque constituem cabides de empregos pelos quais a população acaba pagando; a globalização da economia exige que as empresas se modernizem para enfrentar a concorrência internacional; as leis do mercado levarão ao desenvolvimento econômico, tão certo como dois e dois são quatro,

Essas são afirmações que compõem o discurso

econômico predominante nos dias de hoje. Diante de verdades tão profundas e incontestáveis, só nos resta curvar a cabeça, resignados. Iremos todos para o melhor dos mundos possíveis, sob a égide do neo-liberalismo.

E se não for bem assim? E se os governos e empresários supostamente interessados no desenvolvimento econômico e social do país estiverem, de fato, se lixando para o bem- estar da população?

As condições de vida da imensa maioria dos brasileiros estão chegando a níveis insuportáveis. Elas não melhoraram, ao contrário vêm se agravando com as medidas dos últimos anos, decorrentes

do figurino neo-liberal. Não há serviço público que não tenha piorado; não há cidade que não enfrente gravíssimos problemas de moradia, saneamento e até abastecimento de água, a exemplo de Curitiba, como mostramos nesta edição. E não se vislumbram soluções: pelo contrário, espera-se que tudo fique amanhã muito pior do que está hoje, mas muito melhor do que estará depois de amanhã.

Esperar que o mercado, a livre iniciativa, dê respostas a esses problemas vitais é sonhar com o impossível. A qualidade total pregada pelos grandes empresários não é a mesma que os simples cidadãos esperam para suas vidas.

Porque não devemos iar a CMF a •ii

N Lígia Mendonça*

a II Conferência Esta- dual de Saúde do Pa- raná, um dos debates

' mais acalorados aconteceu no ^momento de se votar o apoio ou * hão ao projeto de lei que cria a

CMF-Contribuição sobre Movi- ' mentação Financeira (uma reedi- ' ção do antigo IPMF), cuja * arrecadação anual, estimada em

6 bilhões de dólares, seria total- mente destinada ao Sistema Único de Saúde-SUS.

^ A Secretaria estadual da ( Saúde foi a principal defensora í da proposta, argumentando que *■ esses recursos seriam essenciais

à estabilidade e defesa do SUS. < Além disso, ponderava-se que a 9 cobrança da CMF não recairia

sobre a população mais pobre, mas sim sobre aqueles que têm conta em banco, incluindo aí os

{grandes investidores, que não c teriam como escapar à taxação. è Nosso sindicato se pronunciou í contra a CMF e o plenário í acabou concordando com nossa t posição, rejeitando a proposta. / Ser contra a CMS é uma i posição delicada. E como estar

morrendo de sede e recusar um < copo d'água. Por isso, temos , que refletir se nossa posição será

influenciada mais pela conjuntura do que pela situação estrutural do SUS e de outras políticas públicas no país.

Defender a CMF significa romper o conceito unificado de

, Seguridade Social, passo impor- tante da Constituição Federal, que estabelece que tanto a saúde como a previdência e a assis- tência social são direitos de todos os brasileiros, cabendo ao Es-

, tado garantir os recursos neces- , sários. A CMF pode servir para

"tapar o buraco" do SUS, mas ' acarreta a quebra do com-

promisso de solidariedade entre os três componentes da Segu- ridade Social.

Na verdade, não há falta de . verbas, ou quebra de caixa, no

orçamento da Seguridade Social. O orçamento da SS tem contri- buído com os gastos do governo

federal. Em 94 e 95, o orçamento da SS foi maior que o orçamento fiscal (em 95,65 bilhões contra 45 bilhões de reais), mas o governo retém grande parte desses recursos para equilibrar seus gastos. Se o governo res- peitasse a Constituição Federal e repassasse 30% da Seguridade Social para o SUS, já em 95 o orçamento deste teria sido de 30 bilhões de reais, e não os 10 bilhões que foram efetivamente liberados.

A imprensa tem mostrado, e o governo admite, que a arre- cadação vem aumentando, mes- mo com o crescente desemprego e o arrocho salarial. No entanto, o governo dilapida esse dinheiro, socorrendo bancos privados com dezenas de bilhões de reais, além de, para implementar suas reformas, conceder benefícios a deputados e senadores, que custarão mais alguns bilhões aos cofres públicos.

Ou seja, os recursos existem, mas o governo aplica onde acha mais importante. E, por tudo que temos visto, a saúde da popu- lação não é prioritária para este governo. Assim, que garantia temos de que o dinheiro arre- cadado com a CMF irá dire- tamente para o Ministério da Saúde?

O governo federal não está se empenhando abertamente pró- CMF mas é óbvio que gostaria de dispor de uma nova fonte de arrecadação, ainda mais se puder alardear o nobre motivo de "salvar o SUS". Os grandes correntistas estão contra, é claro, mas milhões de pequenos corren- tistas terão aumento em sua carga de impostos, já tão pesada (no preço das mercadorias está embutido o ICMS; na folha de pagamento, o INSS e o IR; além de IPTU, IPVA e outros). Como sempre no Brasil, a carga maior dos impostos cai sobre as me- nores rendas. E isso também vai acontecer com a CMF. E mesmo os milhões que não têm conta corrente acabarão arcando com o novo imposto, pois a indústria e o comércio certamente repas-

sarão esse custo adicional para seus produtos.

Por todas essas razões, consi- deramos que a eventual apro- vação da CMF, embora possa representar alívio passageiro para a crise de financiamento do SUS, acabará levando mais uma vez ao adiamento da implantação de propostas mais sólidas e dura- douras.

Em vez da CMF, nossas propostas são:

1. Acelerar a aprovação da lei que cria o Imposto sobre Gran- des Fortunas (de iniciativa do então senador Fernando Henrique Cardoso);

LEstabelecer em lei federal um teto de 30% do Orçamento da União para pagamento das dívidas externa e interna (que hoje consomem cerca de 65% do Orçamento);

3.Acelerar a tramitação urgente da emenda constitucional 169/93, que garante 30% das verbas da Seguridade Social para o SUS, e mais 10% do orçamento fiscal em cada nível de governo;

4.0brigar juridicamente o governo federal a cumprir a destinação do COFINS e outras verbas para a Seguridade Social;

5.Garantir aumento da arrecadação através do reforço da fiscalização e punição aos sonegadores;

ó.Estabelecer que empresas de seguro-saúde devem ressarcir o SUS pelo atendimento prestado aos seus segurados;

7.Extinguir a dedução de despesas médicas particulares do cálculo do Imposto de Renda, por configurar uma renúncia fiscal e um financiamento indireto à assistência médica privada;

S.Pressionar os governos estaduais e municipais a aumentarem os percentuais destinados à Saúde em seus orçamentos. Há dez anos que o patamar do Paraná é de apenas 3%. Como será por esse Brasil afora?

*Lígia Mendonça é socióloga e sanüarista, e integrante da

diretoria do SindSaúde/PR

Visita ao Paraguai

U Ricardo Gomyde*

ma série de denúncias de maus tratos a brasileiros residentes no Paraguai

veio à tona no último mês, levando-nos a criar, na Câmara dos Deputados, uma comissão externa com a finalidade de visitar as colônias de "brasiguaios" e averiguar as violações de direitos humanos que estariam ocorrendo.

No Paraguai vivem cerca de 400 mil brasileiros, de todas as classes sociais, num momento de total instabilidade econômica e política. O inicio do processo de democratização, infelizmente, tem propiciado um clima favorável ao abuso de autoridade, extorsão generalizada e, ainda, certeza de impunidade.

No presídio de Ciudad dei Est, a Comissão de Parlamentares encontrou mais de 90 brasileiros, entre os quais 19 com idade inferior a 18 anos. No Paraguai, a imputabilidade criminal acontece a partir dos 14 anos. Mesmo assim, nos deparamos com o caso chocante de um menino de 12 anos, enclausurado com estu- pradores, homicidas e outros tantos presos perigosos. Em nossa visita a esse presídio, constatamos ainda que quase todos vivem uma situação de completo abandono

jurídico. Alguns presos reclamam que há mais de quatro anos não vêem seus advogados e não sabem se foram condenados ou o tamanho da pena a ser cumprida.

No Departamento de Santa Rita, ocupado em mais de 90% por brasileiros, a polícia truculenta é acusada de corrupção e apro- veita-se da falta de documentos de vários imigrantes para per- manentemente extorquir-lhes dinheiro. Diz-se por lá que a tortura é prática comum. Há suspfeitas de que as autoridades paraguaias assim agem para defender os interesses de bra- sileiros ricos, que as financiariam para proteger suas terras, as mais férteis do país, de eventuais invasões.

Deve-se dizer que existem duas espécies de brasileiros no Paraguai: uma composta por grandes proprietários de lojas em Ciudad dei Est e de terras em Santa Rita, já ambientados com a elite paraguaia e dela fazendo parte; e outra, composta por seus funcionários, no comércio ou na lavoura. Para esses últimos não há nenhuma garantia. Eles servem de mão-de-obra barata, sem acesso a benefícios sociais ou direitos trabalhistas.

A comissão parlamentar evi- dentemente tem poderes limi- tados, pois se trata de um outro

país, com suas próprias leis e soberania. Mas algumas atitudes devem ser tomadas no sentido de minimizar o sofrimento de nossos compatriotas que vivem e traba- lham no Paraguai: l)o forne- cimento pelos consulados bra- sileiros, a baixo custo, de docu- mentação brasileira, necessária para regularizar a situação desses cidadãos no Paraguai; 2)estruturar nosso consulado em Ciudad dei Est, com verbas para a con- tratação de um corpo jurídico competente que possa defender brasileiros presos junto à Corte Paraguaia; 3)organizar um fórum de defesa dos direitos humanos, composto por parlamentares e entidades da sociedade civil e que possa atuar tanto no Paraguai quanto no Brasil; 4)exercer firme fiscalização na Ponte da Amizade, impedindo que menores de idade cruzem-na desacompanhados, de lado a lado.

Já na próxima semana apre- sentaremos nosso relatório, onde esta e outras medidas são reco- mendadas. E bom lembrar que a luta pelos direitos humanos não tem fronteira. E a luta do homem pela sua dignidade, seja no Pa- raguai, seja no Brasil, ou em qualquer outro lugar no mundo.

*Ricardo Gomyde é deputado federal (PCdoB-PR)

Seguros-saúde e o SUS SíMo Fernandes da Silva*

O governo FHC deverá, por decreto, abrir o setor de seguros-saúde ao capital

estrangeiro. O objetivo, segundo representantes do governo, é estimular a concorrência na área de seguros. Isto forçaria a redução dos preços tanto dos seguros-saúde (Bradesco, Itaú etc.) quanto dos planos de saúde (Golden-Cross, Amil, Unimed etc).

Não pretendo entrar no mérito da eficiência ou não dessa ação do governo para este objetivo explícito a que se propõe. Isto porque os seguros e planos de saúde atendem no máximo um quarto da população brasileira, que tan acesso a este tipo de serviço, e oferecem apenas parte da assistência mcdico-hospitalar de que esses usuários necessitam. O Sistema Único de Saúde-SUS é o responsável pela assistência ao restante da população brasileira, além de ser responsável pelo atendimento de 100% da população nas atividades chamadas básicas, de prevenção e promoção, e no chamado alto custo (tratamento de doenças crônicas, transplantes, AIDS etc). A preocupação central do governo, se

ele estivesse de feto preocupado com a saúde no pais, deveria ser a viabilização do SUS.

O SUS está no caminho correto. A descentralização da saúde no Pais tem trazido, em dezenas de municípios brasileiros, extraordinários avanços e ótimas perspectivas. É necessário ampliar essas experiências e avançar nessas diretrizes. E fundamental que o Estado brasileiro considere que esta política pública é uma responsabilidade sua e ofereça as condições de financiamento adequadas para sua efetivação.

A atual atitude dos dirigentes da área econômica, de procurar regular os seguros-saúde pelo mercado.

implicitamente revela a intenção de considerar como função do Estado uma atividade reguladora para os cidadãos de primeira classe e oferecer uma "medicina de pobre" aos demais, cidadãos de segunda classe. Aliás, o governo FHC sofre de uma típica esquizofrenia política: por um lado, o presidente não se cansa de dizer que nunca foi neoliberal. Por outro lado, seus subalternos aplicam, na prática, a receita típica do mais puro nediberalismo.

*SíMo Fernandes da Silva é diretor-superintendente do

Serviço Municipal de Saúde da Prefeitura de Londrina.

FOLHA POPULAR e um jornal de propriedade do Centro de Formação Irmã Araújo, Al. Dr. Murici, 542, 9o andar, sala 906, Centro, Curitiba,

CEP.80010-120 - Fonefax (041) 322-8487 Fone: 322-0894 CGC/MF: 76.660.844/0001-20 - Inscrição Estadual: Isento

Editor Chefe: Roberto Elias Salomão Diretora de Redação: Léa Okseanberg Diretor Administrativo: Verly Olivete

Coordenação do Projeto: Maria Lúcia Becker Distribuição: Edmar Pereira dos Santos

Projeto Grifico: Simplicità Comunicação - (041) 223-0185 Composição e Diagramação: Walter Komeiczuk e Joaquim "Niko" Pereira

Fotoüto e Impressão: Editora Helvética Ltda - Fonefax: (041) 232-0634.

As matérias assinadas não refletem, necessariamente, a opinião date jornal

18 a 24 de maio/96 - Página 3

Eolítíca SUCESSãO MUNICIPAL

PSDB não sabe se vai de Simões Os tucanos discutem

se manterão a candidatura própria

ou se aliarão ao PDT de Lerner

As pesquisas de opinião pública sobre a eleição municipal de Curitiba,

publicadas até agora, apontam o deputado Carlos Simões, do PSDB, como favorito do eleito- rado, somando mais do que o dobro das intenções de voto do virtual candidato do PDT, Cássio Taniguchi. O lógico seria que o PSDB estivesse empenhado em consolidar esta posição de van- guarda e colocar logo a cam- panha na ma Mas o lógico quase nunca funciona em política. A grande interrogação neste mo- mento continua sendo: Carlos Simões será mesmo candidato? Ou o partido vai aceitar compor a coligação liderada pelo PDT do governador Jaime Lerner e do prefeito Rafael Greca?

O ninho tucano está dividido pelas pressões do governo, que deseja a composição. De um lado, o ex-presidente do dire- tório regional, Teobaldo Macha- do, que mantém o controle sobre as zonais, do partido ;e pode garantir o destino da convenção. De outro, a ala liderada pelo atual presidente. Hélio Duque, e pelo ex-governador Álvaro Dias, que deseja a candidatura própria. O próprio Carlos Simões continua mantendo sua peregrinação pelos bairros da cidade, onde já distri- buiu cerca de 100 mil calen- dários. Mas, quando fala do comportamento do partido, não chega a bater de frente contra a possibilidade de negociar a

•v coligação. E o negócio, informa- se nos meios políticos, envolveria dinheiro suficiente para salvar a construtora de Teobaldo Ma- chado e melhorar a condição de financeira do canal de TV do empresário Sérgio Malucelli.

A BRIGA DO VICE

No caso do PSDB aceitar a composição, o candidato a vice- prefeito seria o deputado Beto Richa, filho do ex-goystnador José Richa. Com esta escolha estaria posto umoutro problema para o PDT, que vem sofrendo grandes pressões do PFL e do PTB em tomo do cargo de vice. O PFL já mandou a Curitiba o presidente nacional do partido, Jorge Bornhausen, e o ministro Reinhold Stephanes tem mantido encontros freqüentes com o governador Jaime Lerner, defen- dendo que o PFL deve receber agora a compensação por ter sempre apoiado o govemo.

Qhíspínhas PREVIDêNCIA (I) A aprovação da reforma da

Previdência pela Câmara dos Deputados deverá custar cerca de R$ 13 bilhões ao Tesouro. Para aprovar a reforma, o gover- no teve que ceder à bancada

' ruralistae abrir mão dos instru- ' mentos que permitiriam a co-

brança dos R$ 7,9 bilhões (nú- t ma"os extra-oficiais do Banco do

Brasil) da dívida vencida dos pequenos, médios e grandes agricultores. O deputado Nelson

• Marquezelli (PTB-SP), líder da bancada ruralista, reconhece o débito, mas afirma que este é de "apenas" R$ 7 bilhões, R$ 900 milhões a menos.

PREVIDêNCIA (2) Esses mesmos R$ 900 mi-

* Ihões são a quantia que a bancada P mineira quer para salvar a Cons-

trutora Mendes Júnior. O PPB, por árua vez, garantiu o apoio de sua bancada ao ser recom- pensado com a nomeação do deputado Francisco Dornelles para o Ministério da Indústria e Comércio e com o compromisso do governo de assumir R$ 3,3 bilhões de dívidas da prefeitura de São Paulo. Só aíjá são R$ 12,1 bilhões.

PREVIDêNCIA (3) Outros R$ 900 milhões serão

distribuídos por diferentes esta- dos, para término de açudes, recuperação de rodovias, cons- trução de pontes, dragagem de rios, obras de infra-estrutura e de saneamento básico.

PREVIDêNCIA (4) O presidente da Câmara, Luiz

Eduardo Magalhães (PFL-BA), promete cortar o salário dos deputados que faltarem às vota- ções das emendas constitu- cionais. Com isso, ele espera segurar a base de sustentação do govemo em plenário.

PREVIDêNCIA (5) Na quarta-feira, o projeto de

reforma da Previdência quase foi derrubado por um destaque da deputada Jandira Feghalli (PC do B-RJ). O govemo precisava de, no mínimo, 308 votos, e teve 309. A votação será reiniciada na próxima terça-feira, 21. O govemo espera já ter contor- nado a semi-rebelião dos últimos dias, quando várias bancadas que o apoiam apresentaram a conta.

Agência Estado

Tanto o PFL quanto o PTB ameaçam lançar candidatos próprios, se não conseguirem a segunda vaga na chapa oficial. O PFL teria os nomes de Luciano Pizzattro ou Reinhold Stephanes Júnior e o PTB aponta o depu- tado Nelson Justus

PROBLEMAS EM CASA O governador Lemer enfrenta

ainda um outro campo de batalha dentro de casa. O PDT não conseguiu a união em tomo do nome de Cássio Taniguchi. As pressões contrárias vêm, espe- cialmente, do prefeito Rafael Greca e do líder do partido na Assembléia, deputado Algaci Túlio. Nos últimos dias, os dois se uniram para defender a reali- zação de prévias entre os militan- tes do PDT para indicação do candidato- proposta claramente condenada ao fracasso, mas que eleva o cacife de quem fala.

Túlio, que chegou a pedir licença da liderança alegando que

precisava trabalhar junto ás bases para disputar as prévias, ouviu intensos elogios do governador Lemer, que classificou como "insubstituível" a presença do deputado no comando da ban- cada govemista.

Ainda dentro do PDT estão postas as pré-candidaturas do secretário de Obras da Prefeitura, Augusto Canto Neto, e do presidente da Companhia de Habitação, Carlos Ceneviva. Na inauguração do sistema de inte- gração de transporte de Pinhais, no dia 11, ficou claro o clima da disputa. Insatisfeito porque o material produzido pelo govemo do estado atribuía toda a respon- sabilidade pelo projeto ao secre- tário de Planejamento, Cássio Taniguchi, Ceneviva se recusou a entrar no ônibus com as demais autoridades e foi embora. Ele garante que a Uibs fez a maior parte do trabalho e foi deixada de lado.

NA FRIGIDEIRA

Stephanes desmente saída do • • j ^ •

O ministro da Previdên- cia, Reinhold Stephanes, negou na última sexta-

feira que estivesse sendo fritado pelo próprio partido, o PFL, e atribui os boatos de que deixaria a Previdência àqueles que são contra as reformas.

O ministro Reinhold Stephanes participou de um almoço promo- vido pelo Conselho Político da Associação Comercial do Paraná para falar sobre a reforma, mas a tônica do encontro foi a possível saída dele do ministério.

Stephanes admitiu estar muito

cansado por cumprir uma agenda lotadíssima e logo que chegou a Curitiba procurou esclarecer os boatos de sua possível queda. "Não há nenhuma razão para isso. Eu atribuo isso ao pessoal que é contra a reforma e fica 'plantando' notícia, disse o mi- nistro.

Ele não negou que possa disputar a Prefeitura de Curitiba, mas acha muito dificil porque "estamos no meio de um pro- cesso de reforma, da gerência da administração da Previdência Social", admitiu Stephanes.

SALáRIO MíNIMO

Supremo adia votação para quarta-feira

O Supremo Tribunal Fe- deral (STF) deverá re- jeitar o pedido feito pelos partidos de oposição que

obriga o govemo a conceder ao salário mínimo a reposição da inflação do ano, que ficou em tomo

de 20%, de acordo com os índices oficiais. A explicação é que os juizes c

não devem interferir nos recursos orçamentários da União. O mais provável é que a matéria seja devolvida ao Legislativo.

Candidatos têm reforço externo

Ângelo Vanhoni e Magda FIOTKS usam comotiunfos o apdb de personalidades nacionais do partido

A uma semana do encontro nwm^al quedefiniráo candidato do PT a prefeito de Curitiba, os pré-candidatos Magda Flores e Ângelo \&nhora disputam passo a passo a indicação.

Vanhoni está distribuindo a todos os filiados uma carta de Gil Carvalho, ex-presidente do PT do Paraná, ex-secretário geral e hoje secretário nacional de Comunicação do partido. Gil, que

participai dia 11 de uma plenária dos apoiadores de Vanhoni, tece na carta uma série de comentários elogiosos sobre o deputado.

O vice-prefeito e candidato a prefeito de Porto Ategre, Raul Pont, esíaránestaterça-feiraem Curitiba. Uder das pesquisas de intenção de voto na capital gaúcha, Pont partidparâ de um debate sobre orçamento partkapativo e o modo pettstade governar. No debate, anunciará seu apoio à candidatura de Magda Flores.

semana na Assembléia

DESREGISTRO

Vários deputados manifestaram, em matéria publicada por um jornal de Curitiba, sua insatisfação com a forma como funciona a Assembléia, presidida por Aníbal Khury. A maioria manteve o anonimato, mas Eduardo Trevisan, do PTB (o mesmo partido de Khury) apareceu com nome e foto. Na sessão de terça-feira, era visível o desconforto do deputado, tanto que, quando o petista Ângelo Vanhoni pediu a transcrição da matéria nos anais da Casa, Trevisan teve uma reação inusitada: pediu a "destranscrição" e o esquecimento das declarações publicadas. Tal é o temor que o presidente da Assembléia infunde, até mesmo a seus correligionários.

CACHORRO NO IML O deputado Ricardo Chab protocolou pedido de informações à

Secretaria de Segurança Pública, a respeito do estranho episódio que levou a cadela "Menina", pertencente a um promotor público e morta a tiro, ao Instituto Médico-Legal (IML). Chab indaga qual o critério adotado pelo IML para analisar o cadáver de um cachorro, qual o nome do dono do cachorro e se foi usado carro do Instituto para o transporte do corpo. Segundo o deputado, é um caso de "utilização ilegal da medicina legal".

QUEM INDICA Uma ficha do Detran, com os documentos requeridos para o

credenciamento de despachantes, foi apresentada no plenário pelo deputado Péricles Mello, que pediu explicações ao órgão. O fato é que, além dos documentos normalmente exigidos nessas circunstâncias, a ficha reserva um espaço, sob o título "Consenso Político", para que o candidato conte qual o deputado estadual e o federal que o indicaram, além do aval do prefeito e uma carta do diretório partidário. É mais uma manifestação do método do quem indica.

José Uris Talarico

□ semana na Câmara |

Paulo Salamuni, PMDB, assumiu visceralmente a campanha contra a candidatura de Max Rosenmann. Qualifica de anti-ética a atitude do presidente do diretório municipal de seu partido, Pedro Longo, que, segundo ele, assumiu a coordenação da campanha de Max. Sua batalha é pela indicação do pastor Elias Abrão para a prefeitura. E indica o nome de Maurício Fruet para a presidência do diretório.

• •••

Podem ser consideradas engraçadas as indicações para nomes de rua de iniciativa do vereador Aldemir Manfron, do PTB. Algumas delas: Rua Tribuna, Rua do Rio Amarelo, Rua Popular, Rua Revista, Rua dos Pedreiros, Rua Rádio, Rua Familiar.

O vereador Jorge Bemardi, do PDT, está apoiando os artistas de rua. Segundo ele, os artistas- "sombras", palhaços e outros- "são perseguidos pela fiscalização e às vezes impedidos de trabalhar". A verdade é que o show gratuito da Rua XV, com os "sombras" imitando os que por ali passam, é diversão pura para o povo, ultimamente tão sem alegrias. J.F.S.

Página 4 - 18 a 24 de maio/96

Economia DESEMPREGO

Vereadores promovem seminário Objetivo da Câmara

de Curitiba é discutir alternativas com trabalhadores e

empresários

A Câmara Municipal de Curitiba vai promover um seminário sobre o

desemprego, com a participação de líderes sindicais e empre- sariais. O objetivo é dado pelo nome do evento: "Desemprego; discutindo alternativas". O se- minário, de iniciativa do vereador Natálio Stica, do PT, já está sendo amplamente divulgado.

Em Curitiba e Região Metro- politana são 137 mil desem- pregados, o que corresponde a 13,8% da população economi- camente ativa. O seminário vai elaborar um documento-síntese que terá grande divulgação. O encontro acontece no próximo dia 23, no plenário da Câmara, das 9 às 17 horas.

Foram convidados a participar

José Carlos Gomes de Carvalho, vice-prefeito de Curitiba e pre- sidente da Fiep, e o secretário da Indústria, Comércio e Turismo, Antoninho Caron. De São Paulo

virá o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Ber- nardo e Diadema, Egberto Delia Bella Navarro, o Guiba, que também preside a Confederação

Nacional dos Metalúrgicos da CUT. O ex-deputado e economista Aloísio Mercadante, do PT, também convidado, ainda não confirmou presença.

Assembléia dos desempregados reúne pouca gente

Cerca de 80 pessoas compareceram á as- sembléia dos desem-

pregados, na Praça Rui Bar- bosa, na última quarta-feira. A comissão responsável alega qi^ a convocação àpopulação foi deficiente. "Não se faz movimento chamando alea- toriamente, é preciso fazer um trabalho nos bairros de Cu- ritiba e Região", disse Anselmo Schwertner, coordenador da Central de Movimentos Fopu- ktres-CMP. Os desempregados às vezes não têm dinheiro para vir até o centro, disse Anselmo.

Segundo CézarSanson, inte- grante da Pastoral Operária, a assembléia tinha o objetivo de aglutinar desempregados para acumular força lambem seriam discutidas saídas emergenciais

para o desemprego. Entre as propostas da comissão estão o passe para o desempregado, frentes de trabalho em obras públicas, cestas básicas e refor- ma agrária imediata (BP.)

SALáRIO MíNIMO

Governo quebra compromisso e impõe o arrocho salarial

-

■ mm %

." vi l A k '■

i J vi ■

— ^ f x

■K---:;?! ■

^

■ : y

1 —j V

4 IS ■ -..-...:-_ $ ^^ Wm

ürv- ^ :■' ':

l ü! ki Oanúndo do novo salário

mínimo- R$ 112,00- mostra o quanto o atual

governo desrespeita uma pro- messa de campanha e subestima

•ija inteligência da população. O •l-compromisso era de que o

salário mínimo seria recuperado, ainda que lentamente, durante

j todo seu governo. Agora deixa

a impressão de que daqui por diante não haverá mais qualquer aumento real.

Para quebrar a promessa, Fernan- do Henrique Car- doso alegou que um aumento maior criaria dificuldades para o caixa da União. Não chega a ser uma in- verdade, já que hoje praticamente

só aposentados e pensionistas recebem o mínimo. Mas o fato é que para a economia como um todo, os tais R$ 12,00 a mais- em torno de 1,2 bilhão de reais, no total- significa praticamente nada em termos de retomada da atividade econômica, segundo explica o supervisor técnico do Dieese, Cid Cordeiro. Não é

preciso ir muito longe para ima- ginar que a União arretadaria muito mais impostos com mais produção e, conseqüentemente, mais consumo. Para Cordeiro, o governo está optando pelo controle da economia a partir de prazos de crediário ao consu- midor.

Entre julho de 1994 e maio de 1996 o salário mínimo teve 72,87% de aumento, enquanto o índice do Custo de Vida-ICV, pesquisado pelo Dieese, chega a 132,03%. "A diferença é gran- de", explica o supervisor técnico do órgão, "porque nossa pes- quisa leva em consideração com maior peso os itens educação e aluguel, que neste período foram os que mais cresceram, mas tem pouco peso no índice do IBGE, que estimou a inflação em 54,3 5% no período".

Para se ter uma idéia do que

esses números significam, Cid Cordeiro aponta: "Em maio de 1995, quando o aumento real do mínimo foi verdadeiro, ele ficou 20,73% acima do índice da inflação do IBGE. Hoje essa diferença caiu para 14,36%.

Na prática, só os trabalha- dores rurais têm tido aumentos baseados no salário mínimo. Trabalhadores urbanos há muito desistiram de tê-lo como base de referência para seus próprios reajustes. Por outro lado cate- gorias organizadas já começam a sofrer negociações com base nos 12% para suas discussões com os sindicatos patronais. No caso da Construção Civil, os próprios patrões trouxeram para a mesa de negociação o índice. Os trabalhadores, no entanto, vêm se recusando a aceitá-lo como única opção.

Gil Vicente

s PLANO REAL

Industriais manifestam apoio Enquanto isso,

muitas pequenas empresas fecham

as portas

Mais de 2 mil em- presários ligados à Confederação Na-

cional da Indústria (CNI) vão no dia 22 manifestar apoio e levar sugestões para o Plano Real em Brasília. Em entre- vista coletiva em Curitiba, dia 15, o presidente da CNI, senador Fernando Bezerra, disse que é contra a greve geral que está sendo preparada pela Central Única dos Trabalhadores, e que não

tem saída senão apoiar o governo.

"A grande pergunta que se faz é a seguinte: que alter- nativa nós temos?", diz Be- zerra. "E se o Plano Real não der certo? Então é um dever nosso, de brasileiros, apoiar o Real. Não tenha dúvida nenhuma! Agora, os pontos de discordância nós vamos co- locar de maneira clara como uma contribuição."

Bezerra afirmou ainda que não acredita que seja um contra-senso os empresários fazerem a manifestação de apoio ao Real, enquanto mui- tos micros e pequenos empresários estão falindo e

apontando o plano como um dos motivos. "Não acredito que eles estejam falando isso, os micros e pequenos pre- cisam é de mais incentivos."

O presidente da CNI con- traria a opinião do diretor- superintendente do Sebrae/ PR, Hélio Cadore, que con- cedeu entrevista há duas semanas para a Folha Po- pular. Na mesma entrevista, Cadore disse que os ajustes do Real estavam prejudi- cando os pequenos e médios empresários.

FRACASSO

Segundo os últimos nú- meros divulgados pela Junta Comercial do Paraná, até o

mês de abril deste ano, 103 empresas faliram, contra 52 falências em igual período do ano passado

Entre as falências está a Multifresco- Processamento Hortifrutigranjeiros. Estando há quase três anos no mer- cado, a empresa enviou no dia 2 de maio uma carta de despedida aos seus clientes. "Decidimos fechar a Multi- fresco devido principalmente aos altos custos de taxas e 'taxinhas' que as empresas e microempresas precisam enfrentar e muitas vezes, como a nossa, não agüentam financeiramente" - justifica- se a empresa.

CUT: PROPOSTAS PARA A GERAÇÃO DE EMPREGO

A CUT lançou a campanha nacional DIZ EMPREGO de combate ao desemprego. As propostas são redução dajornada de trabalho; fim da hora-extra; proibição da dispensa imotivada, segundo a convenção 158 da OIT; negociação junto ao governo para concessão de transporte, água, luz e material escolar subsidiado; ampliação do seguro-desemprego dos atuais cinco meses para 12 meses; reforma agrária, com o assentamento de dois milhões de famílias em quatro anos; redução de impostos para a pequena e micro empresas, com juros de 12% ao ano e carência de 12 meses; luta contra o trabalho escravo e infantil; implantação do Programa de Garantia de Renda Mínima do senador Eduardo Suplicy.

REDUçãO DA JORNADA DE

TRABALHO = 3,5 MILHõES DE EMPREGOS

A proposta da CUT de redução dajornada de trabalho é capaz de criar um grande número de empregos. A previsão é de que leve à criação de 3,5 milhões de novos postos de trabalho. A redução da jornada de trabalho é cada vez mais a grande saída para o trauma do desemprego. Na França foi criada uma associação chamada Novo Equilíbrio, cujo único objetivo é a luta pela implantação da semana de trabalho de quatro dias ou 32 horas. Reduzir ajomada de trabalho não significa que as empresas também vão funcionar apenas quatro dias por semana, como é óbvio. Implica, sim, contratar mais gente para cobrir os demais dias. No norte da França, emLille, um pequeno banco deu o exemplo: propôs semana de quatro dias, com 36 horas trabalhadas. Seu presidente admite que haverá um aumento de custos com mão-de-obra, que orçou em 13%. Mas acha que o aumento de produtividade decorrente do sistema compensa, folgadamente, o custp adicional.

PARANá: 240 MIL EMPREGOS A MENOS NO CAMPO

O Paraná, nos últimos cinco anos, fechou cerca de 240 mil empre- gos na zona rural. Este quadro diz respeito a duas culturas: a do café, que liberou perto de 160 mil trabalhadores, e a do algodão, que deixou de oferecer trabalho a 80 mil lavradores, pelo menos. Os dados são do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão da Secretaria da Agricultura do Paraná. A FETAEP estima que hoje estão empregados no campo, com carteira assinada, cerca de 100 mil pessoas. Em contrapartida há, pelo menos, 500 mil bóias-frias e outras 600 mil pessoas, entre pequenos proprietários, arrendatários, meeiros e parceiros, desenvolvendo a agricultura em tomo de 400 mil minis e pequenas propriedades no estado. Segundo cálculos da FETAEP, cerca de 20% dessas pessoas rompem seus vínculos com a terra.

O QUE O MÍNIMO COMPRAVA E O QUE COMPRA HOJE

Em 1959, comprava-se com o salário mínimo 1.180 passagens de ônibus em São Paulo. Em 1986, no Plano Cruzado, 536 passagens de ônibus. Em 1996, 172 passagens.

Pão: em 1960 comprava-se 218,5 quilos de pão. Em 1986,112,7 quilos. Em 1996, compra-se somente 40,8 quilos de pão.

Carne: Em 1960 comprava-se 59 quilos de carne, tipo coxão duro. Em 1986, 27,5 quilos. Em 1996,23 quilos.

Leite: Em 1960 comprava-se 390,7 litros de leite. Em 1986, 311,6 litros. Em 1996, compra-se somente 158,7 litros.

PROEMPREGO: A MARCA DA IMPROVISAçãO

"Com nome desproporcional à ousadia, o Programa de Expansão de Emprego e Melhoria da Qualidade de Vida do Trabalhador, o Proemprego, tem a marca da improvisação". A opinião é do jornal "O Estado de São Paulo". Segundo editorial do jornal, "não há, nele, o menor sinal de uma discussão cuidadosa ou de alguma inventividade". O governo até agora tem aceitado simplesmente a idéia de que a única defesa do emprego seria o barateamento da mão-de-obra. O ministro do Trabalho praticamente não teve outro assunto desde o ano passado. Parece que agora mudou de idéia. Terá sido por causa do massacre no Pará, das derrotas no Congresso e de outros desastres que o forçaram a um esforço para virar o jogo? Mas tal como foi apresentado o Proemprego, ele não passa de mais uma pobre versão de um programinha de emergência. "O improviso do PROER, a favor dos bancos, foi muito -mais competente" - constata o editorial.

BAMERINDUS DEMITE

O Bamerindus está fazendo reuniões nas agências para "explicar" as demissões que vem promovendo em todo o País. A orientação dos sindicatos é para que ninguém assine as rescisões sem ressalva e se exija o exame pré-demissional.

CEPAT - Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores

^^ pppppp^"

18 a 24 de maio/96 ■ Página S

Ser ai SE M-ÁG UA

Continua faltando água na Região Metropolitana

v*

População de Pinhais protesta e Sanepar diz

que o problema será resolvido ainda este mês. Em Colombo,

moradores ficam até IS dias com a torneira seca

Cerca de 200 moradores das vilas Amélia, Rosi Galvão, Planta Carla e

Maria Antonieta fizeram na quar- ta-feira, dia 8 de maio, uma passeata de protesto contra a falta de água em Pinhais. Em reunião com o superintendente Metro- politano da Sanepar, Celso Luis Thomaz, os manifestantes con- seguiram o compromisso de solução do problema ainda neste mês.

Segundo Eduardo de Almada, presidente da Associação de Moradores da Vila Amélia, o compromisso "por escrito" foi uma exigência dos moradores, que já vêm reivindicando a água há três anos. "Aqui nunca temos água durante o dia, ela chega de madrugada e nem consegue encher as caixas", diz Eduardo.

Ana Maria das Neves, mora- dora do Jardim Elisa, também em Pinhais, diz que já reclamou até para a Defesa Civil. "Eles abriram o registro lá em cima e então vão um pouquinho de água. Aqui chega a ficar uns cinco ou seis dias sem água e a conta sempre vem igual, o ar sempre está ali movimentando o relógio. Para sobreviver o pessoal pega água de poço nos vizinhos, mas é água

ruim porque o bairro não tem saneamento", reclama Ana Maria.

SEM-áGUA E SEM AULAS

Egon Wilhelms, diretor do Colégio Estadual Tenente Spren- ger, que atende 1.600 alunos em três períodos, diz que foi obrigado a dispensar as aulas duas vezes na semana passada porque não havia água. "Inúmeras vezes o colégio já se obrigou a dar só as três primeiras aulas para carac- terizar o dia letivo nos turnos da manhã e tarde. À noite, quando não tem água, os alunos são dispensados direto porque não temos as mínimas condições de higiene", conta Egon, lembrando que a situação poderia ser pior se o colégio não tivesse um reser- vatório de cinco mil litros de água.

Ele relata que o problema já vem se arrastando há vários anos, mas que nos últimos meses a falta de água tem se agravado muito. "Eu não estou entendendo, porque agora já está começando o inverno, o consumo caiu, e mesmo assim continuamos sem água", lamenta. Mostrando a cópia de um ofício que enyiou à Sanepar, o diretor lê a resposta assinada pelo superintendente Celso Luis Thomaz, onde este afirma que o problema de abastecimento em Pinhais seria resolvido ainda no decorrer do mês de abril.

A Escola Municipal Manoel Costarica, que atende 130 crian- ças do bairro do Atuba, passa pela mesma situação: só tem água trazida pelo caminhão pipa da prefeitura de Colombo. Segundo a diretora, Josiane Andretta Gomes, mesmo assim às vezes

RACI SM O

não há água nem para lavar a louça do lanche. Ela conta que cada caminhão de água dá para um dia, "isso economizando, por exemplo, as crianças não podem dar descarga, quem faz isso é a zeladora depois que todos foram ao banheiro e entraram para a sala".

Josiane diz que tem medo da qualidade da água que é trazida: "Fiz uma rifa no começo do ano para comprar um filtro para cada sala de aula, mas o dinheiro não foi suficiente e os filtros não foram comprados". Desde o início deste ano, só um dia a água do caminhão não foi necessária. "Já reclamamos e eles prometeram agora para o começo do ano que vem a nor- malização do abastecimento, sempre dizem que estão arru- mando", explica.

A moradora do Atuba Maria das Dores Camargo disse que toda semana liga para a Sanepar e reclama da falta de água: "Quem mora mais em cima fica às vezes quinze dias sem água". Para Maria das Dores, o problema já é de saúde pública, porque a maioria dos moradores não pode comprar água mineral para dar às crianças. "O pessoal ou pega lá daquele rio poluído ou pega de poço, que também é contaminado, pois fica do lado das fossas. Na última vez que liguei para reclamar, eu disse para a moça da Sanepar que os bairros de Curitiba não ficam sem água e perguntei porque nós aqui temos que ficar. A moça disse que a falta de água é dividida por etapas, que em todos os bairros estava acontecendo isso e que alguns têm mais água porque têm reservatórios grandes".

Paraná é o estado mais racista do Brasil

Essa é a avaliação feita por Milton Barbosa, fundador do Movimento Negro

Unificado, em discurso no ato que lembrou os 108 de Abolição da Escravatura

No ato, realizado no dia 13 na Boca Maldita, em Curitiba, Barbosa cobrou das autoridades locais punição exemplar dos assassinos de Carlos Adilson Siqueira, o Carimbos, morto em 10 de março último.

O fundador do Movimento Negro Unificado (MNU) alertou (num recado dirigido tanto aos juizes quanto aos grupos neonazistas) que, se o caso não for solucionado satisfatoriamente, a solução poderá vir por outros meios, deixando bem claro que a justiça pode ser feita com as próprias mãos, caso necessário.

Mais claro Barbosa foi ainda quando disse "ou nós acabamos com o racismo ou acabamos com os racistas". Jean Cardoso, do Diretamente no Alvo (DNA), uma espécie de "Juventude Negra" de Santa Catarina que rivaliza com os skin-heads, concorda com Barbosa. Ao discursar, Jean afirmou que "vamos acabar com os racistas, porque a Justiça quer assim".

Francisco NTchalá, secre- tário-geral do Movimento Negro Unificado (MNU), afirmou estar preocupado com a omissão das autoridades pe- rante os crimes de racismo. "Es- sa omissão pode nos levar a uma sociedade de caos", pensou alto.

Foi com esse espírito que os grupos se apresentaram na mani- festação, conta o secretário-geral do MNU. O mote era a omissão, a injustiça e o racismo. E acrescenta: "Esses grupos que estão se apre- sentando hoje são nascidos na periferia de Curitiba". NTchalá explica que a intenção do movi- mento foi trazer para o centro os problemas vividos na periferia. "Quem sabe, dessa forma, a elite intelectual consiga conhecer de perto essa realidade e se sensibilizar com ela e, na hora de elaborar políticas públicas, fazê-las com maior abrangência", questiona.

CONSTRANGIMENTO Negros e brancos passaram

alguns momentos de constran- gimento durante o ato. Foi quando a dupla Sirley e Paulo Lamarca apresentaram o seu espetáculo. Ao fundo a música que tocava era "Nega do cabelo duro, cadê o pente que te penteia?"Ao final da apre- sentação, Uma de São Bernardo, do MNU, subiu ao palco e disse lamentar a infeliz escolha do tema utilizado pela dupla. Chorando, Paulo Lamarca pediu desculpas a todos. Na opinião dos diversos movimentos presentes, o gesto de Lamarca foi "de extrema nobreza".

Problema seráj^esolvido este mês, diz Sanepar

O gerente de operações da Sanepar, Pedro Augusto Mikowski, disse à

reportagem da Folha Popular que até o final deste mês o abastecimento

de água para os moradores de Pinhais e Colombo estará normalizado.

Mikowski explicou que na sexta-feira, dia 17, a Sanepar fez 20 interligações de

redes a partir da Estação de Tratamento de Água do Tarumã, também chamada

de Emergencial Irai. "As novas redes, contruídas no Emergencial, estão sendo

ligadas às redes antigas. Esta etapa vai possibilitar a utilização total da

capacidade do Emergencial, que é de 400 litros por segundo ", relatou Mikowski.

Ele afirmou que, até o momento, por conta de problemas técnicos, estava sendo

utilizada apenas 50% da capacidade da estação. Com as interligações e a

solução dos problemas com a adutora, segundo ele, o abastecimento na "região

crítica" de Pinhais, Colombo e Bairro Alto vai ficar equacionado.

Quanto ao racionamento, a assessoria de imprensa da Sanepar disse que

está suspenso há um mês e meio tanto em Curitiba como nos municípios da

Região Metropolitana. Isso porque, segundo a Sanepar, a temperatura não tem

sido muito alta e o consumo decaiu bastante.

Gay inglês fica no Brasil David Harrad obtém

visto provisório por dois anos

Chegou ao fim a novela do inglês David Harrad e o Serviço de Imigração

Brasileira. David, 37 anos, con- seguiu na quinta, 16, o visto provisório por dois anos com direito à renovação por mais dois, quando então poderá obter o visto defi- nitivo. Para trâmites legais, ele teve que sair do país e conseguir o visto temporário através do Consulado do Brasil no Paraguai. Na sexta, 17, chegou pela manhã a Curitiba feliz com a vitória.

Para ficar no Brasil, o estran- geiro teria que ser casado com uma brasileira, ter um filho, investir 200 mil dólares no país ou ser con- tratado por uma empresa. David, homossexual que vive há sete anos com o professor Tony Reis, não se encaixava em nenhum desses casos. Então, teve que apelar para a mídia e para deputados federais. Foi cogitada a possibilidade dele casar com a mãe do namorado, mas o caso já era de domínio púbüco e o pedido poderia não ser concedido.

O deputado Fernando Gabeira ( PV/RJ) ofereceu um emprego em seu gabinete, mas a proposta foi negada porque David teria que

ser naturalizado brasi- leiro. Na quarta, 15, quando vencia o seu visto temporário de tu- rista, David saiu do Brasil com uma espe- rança: o Serviço de Imigração aceitar sua , contratação pelo Minis- tério da Saúde para ser consultor internacional no programa de doenças sexualmente transmissíveis e Aids, idéia encaminhada pela deputada federal Marta Suplicy. A proposta foi aceita e David trabalhará junto à organização não-govemamental Grupo Dignidade de Curitiba, como já vinha fazendo A diferença agora é a carteira de trabalho assinada.

O pesadelo terminou para o casal homossexual. Porém, o comentário de que Tony Reis estaria usando a situação para promover a sua candidatura a vereador de Curitiba, conseguindo espaço até em emis- soras nacionais, permanece. A advogada Isabel Kugler Mendes, que trabalha com Direito Social há 20 anos, acha que "na realidade eles construíram um enorme marketing nacional e ainda por cima bularam a lei". Ela diz que o cargo oferecido a David fere a Constituição e se enquadra em "falsidade ideológica". A advogada prossegue dizendo que todos os estrangeiros que não forem

Good Angcl

aceitos no Brasil podem agora usar o mesmo método que David.

A deputada Marta Suplicy, que ajudou a solucionar o impasse, diz que a concessão "não é um pri- vilégio, mas a regulamentação do trabalho que ele já exercia" e afirma que o processo está dentro da lei.

Tony Reis reage indignado aos comentários e afirma que "não fomos nós que procuramos esta situação, nós fomos colocados nela. Eu sou candidato sim, mas isso não interfere na minha relação com o David". Tony, que é coordenador de projetos do Grupo Dignidade, anuncia que pretende fazer uma cartilha para auxiliar os imigrantes que sofrem o mesmo problema de David. Segundo o serviço de Imigração da Polícia Federal do Paraná, diariamente cinco a seis vistos permanentes são negados para estrangeiros em Curitiba.

Kmt/one Rothstein

Página 6 - 18 a 24 de nnaio/96

MORADIA

R$ desistência do "Lote FáciF

Programa criado pela Cohab para

atender a população de baixa renda exige o

pagamento de R$ 549,37 divididos em

apenas duas vezes

O acesso ao loteamento popular Moradias Santa Rita, na região Sul de

Curitiba, está sendo dificultado pelas condições impostas pela Cohab- que exige dos candi- datos o pagamento de R$ 549,37 parcelados em, no má- ximo, duas vezes. Até janeiro deste ano, o pagamento da poupança podia ser feito em quatro vezes.

Segundo Maria Ana Oliveira, membro da diretoria do Xa-

pinhal- organização de reúne associações de moradores dos bairros Xaxim, Pinheirinho, Alto Boqueirão e Sitio Cercado- o alto valor da poupança e a redução do parcelamento está levando muitas famílias a desistirem do acesso ao lote através do Programa Lote Fácil. "As pessoas que mais precisam estão ficando de fora", diz Maria Ana.

Outra razão das desistên- cias, segundo ela, é o valor das prestações e a comprovação de renda suficiente para arcar com os pagamentos. "No plano de pagamento em cinco anos, a prestação fica em R$ 91,23 e, para dez anos, o valor mensal é de R$ 55,18. Para pagar isso, a família precisa ter uma renda livre de, no mínimo.

três salários mínimos", ressalta. SEM CONDIçõES

Oraides Ferreira da Silva, aposentada com salário mínimo (R$ 112,00), desistiu do lote no Moradias Santa Rita. Com o marido, também aposentado, Oraides morava há cinco anos numa casa cedida por uma oficina mecânica no Xaxim. "Agora estamos saindo desta casa e vamos ter que tirar da comida para pagar o aluguel. A esperança de conseguir o lote acabou", lamenta.

Com duas filhas e ganhando R$ 120,00 por mês como zeladora, Cidália Calmo do Nascimento é outra desistente do programa de loteamentos populares da Cohab. "Três vezes já tive a oportunidade de pegar o lote e nunca consegui porque o pagamento sempre é

SECRETARIA DA AGRICULTURA

Servidores pedem apoio a deputados

Os servidores da Secre- taria Estadual de Agri- cultura, Meio Ambiente e

Fundepar paralisaram suas ativi- dades na última quinta-feira, como parte da campanha salarial. Uma comissão de dirigentes do Sindi/ Seab esteve na Assembléia Le- gislativa, e a secretária-geral da entidade. Norma Ferrari, usou da palavra para informar os de- putados das reivindicações da categoria. Ela denunciou a si- tuação dos servidores do quadro geral, questionou os reajustes diferenciados para setores do funcionalismo estadual e pediu apoio aos parlamentares. As galerias da Assembléia ficaram repletas.

Norma Ferrari

Todos os deputados que se pronunciaram mostraram-se soli- dários para com as reivindicações apresentadas pelo Sindi/Seab. Augustinho Zucchi, do PPB, ressaltou a necessidade de soluções urgentes para a questão; Toti Colaço, líder do PMDB, falou

na mesma linha. Algaci Túlio, líder do governo, depois de dizer que o atendimento às reivin- dicações dos professores e poli- ciais militares era prioritário, colocou-se à disposição para encontrar uma saída e ainda fez suspense: "Quem sabe no pró- ximo mês teremos uma boa noticia para os servidores".

Ângelo Vanhoni, do PT, propôs a formação de uma comissão de parlamentares e dirigentes do Sindí7Seab para intermediar as negociações com o governo. A proposta ganhou apoio e a comis- são deverá ser formada no início desta semana. Foi marcada para terça-feira, às 10 horas, sua primeira reunião.

Sindicais

VITóRIA (I) A "velha" Justiça tarda, mas

não falha. Já foi reintegrado ao cargo o primeiro petroleiro do país. É Wilmar Antônio Delia Páscoa. A liminar que concede a reintegração foi publicada na terça-feira, 14. Essa decisão não tem recurso e a reintegração deve ser efetuada através de oficial de Justiça nos próximos dias. A definição final da situação desse companheiro somente será dada quando o processo transitar em julgado.

VITóRIA (II) Com essa medida, os petro-

leiros esperam que, nos próximos dias, outras decisões sejam tomadas no mesmo sentido. Ou seja: a reintegração de dois outros dirigentes sindicais demi- tidos durante a greve realizada pela categoria em maio do ano passado. Como o motivo do afastamento é o mesmo para todos, a direção do Sindipetro avalia que essa medida será estendida também aos outros

seis petroleiros demitidos que não são dirigentes sindicais.

FRUSTAçáO (I) Esse foi o sentimento que

predominou na última semana quando representantes das prin- cipais centrais sindicais, fede- rações e sindicatos foram até o Palácio Iguaçu para apresentar propostas e alternativas contra o desemprego. "A idéia era sen- tarmos com o governo e em- presários para uma ação con- junta", lamentou Ana Maria da Cruz, presidente da CUT-PR.

FRUSTRAçãO (II)

Ana conta que o encontro com o governador já estava agendado há mais de um mês e na hora "h" Lerner não apareceu. A pre- sidente da Central Única dos Trabalhadores considerou a atitude do governador um des- respeito não só àqueles que estavam ali para a reunião, mas com todos os desempregados de Curitiba e Região Metropolina, que hoje são 137 mil pessoas.

GREVE

Funcionários do Hospital de Clínicas

cruzam os braços Os funcionários éo Hospital de

Clinicas (HC), em greve desde as 12 koras de quinta-feira, deci- diram em assembléia manter a paralisação por tempo inde-term- inado, hos 4.200 funcionários, cerca de 70% aderiram ao movimento, O Comando Geral da Greve já entrou em contato com as prefeituras 4o interior informando sobre a situação do ffC e solicitando que não enviem seus pacientes para a capital, pois apenas um médico e algumas enfermeiras estão realizando plantão para o atendimento dos casos de extrema emergência.

Além da reposição salarial de 33,69%, os funcionários reivindicam melhores conduções de trabalho. A direção do HC oferece 10,5% de reposição salarial, mas cOm a retirada do índice de produtividade de 6% e não reconhece as denúncias sobre o sucateamento do hospital, /á o reitor da universidade Federal do Paraná (VFPH), José Henrique de Faria, comprometeu-se a negociar e não punir os grevistas,

COHAB ENTREGOU 26.059 UNIDADES EH TRêS ANOS

De acordo com relatório da assessoria de imprensa da Cohab, de 1993 a 95 a companhia entregou 26M9 unidades de habitação popular em Curitiba. Deste total apenas 1500 foram construções prontas de casas e apartamentos, J2.648 fazem parte do Programa Lote Fácil e 10.636 sâo regularizações de áreas "ocupadas "- dentro do Programa Lote Legal. Apesar disso, a fila de espera está cada mês maior. Em

agosto de 95, por exemplo, eram 43.041 famílias inscritas. Agora Já são 54.148 famílias. Segundo Vivian Troib, do Departamento de Projetos, sempre que Se faz o anúncio de entrega de novas unidades "o incremento S fila é maior".

Ela explica que a chamada da fila é feita de acordo com a ordem cronológica de inscrição e que há inscritos com mais de

^ quatro anos de espera, parque preferem a construção pronta. dosdoisuhimos contra-cheques Q l^^ ^^w chamados uma veze não aceitaram o imàeet comprovando renda familiar de ofertado passem a fazer parte de uma lista especial", diz.

Sobre a poupança de R$ 549,37 Vivian disse que acontecem as desistêncim por falta de mornos mas ela não tinha informações sabre o número de inscritos que desistem do lote. "Âs vezes tem prazo de seis meses para o pagamento, dependendo do parecer de venda de cada loteamento", afirmou.

muito alto. Agora, então, nem pen- sar", diz Cidália. Ela re clama também da exigência \^)

mais de R$ 300,00. "Eles dizem que os lotes são para quem ganha até três salários mínimos. Mas se fosse isso eu já tinha conseguido", protesta.

DESPEJOS

Conferência do Habitat condena Prefeitura

Documento aprovado diz que poder público não tem interesse em

procurar soluções

A Conferência Brasileira do Habitat U, reunida de 9 a 12 de maio no Rio

de Janeiro, aprovou um do- cumento condenando a série de despejos que vêm sendo rea- lizados pela Prefeitura de Cu- ritiba em áreas ocupadas em diversas regiões da cidade. A moção foi apresentada pela Central de Movimentos Popu- lares do Paraná, que denunciou a ação conjunta da Guarda Municipal, Polícia Militar e Cohab-CT que, com o argu- mento de implantar uma política de proteção às famílias que ocupam áreas de risco, vêm promovendo despejos forçados e ameaçando física e psicolo-

gicamente a população sem teto; No documento, que está sen-

do encaminhado ao governo do Estado e à Prefeitura de Curitiba, a Conferência destaca que o poder público não demonstra interesse em encontrar uma solução para o problema das ocupações. E cita como exem- plo de omissão o volume de recursos que a Prefeitura desti- nou para o programa de reas- sentamento da Cohab. São apenas R$100 mil.

A moção destaca ainda que os mesmos órgãos envolvidos nos despejos não intervieram na instalação do distrito industrial de São José dos Pinhais em área de preservação de manaciais de abastecimento de água, o que contraria a legislação ambiental vigente. A área irá abrigar o Parque Automotivo da Renault.

O documento também con- dena a violência nas ocupações

SINDICALISMO

da área rural paranaense. Os inte- grantes da Conferência Brasileira do Habitat II revelam que os trabalhadores sem-terra acam- pados na fazenda Guarau Oeste, vizinha da fazenda Perpétuo Socorro, de propriedade de Aírton Mattos Leão, em Santa Maria do Oeste, têm àdo vítimas de pistoleiros que agem com a cobertura do comandante do Policiamento da Região de Gua- rapuava, major Massimo Fim.

Os participantes da Confe- rência defendem ainda o assen- tamento das 3 mil famílias que ocupam a fazenda de proprie- dade do grupo Giacomet- Marodin, no município de Rio Bonito do Iguaçu. E pedem a apuração das responsabilidades nos episódios de violência no campo, como o assassinato do líder dos sem-terra Teixeirinha, ocorrido há três anos, em Campo Bonito.

Prefeitura veta liberação de quatro dirigentes

Mas a administração municipal promete

rever a decisão

A prefeitura de Curitiba decidiu cortar a libe- ração de quatro servi-

dores que estavam á disposição do Sindicato dos Servidores Municipais (Sismuc). O presi- dente do Sicmuc, Mário Cas- sassa, afirma que foi um ato político. "Todo vez que o sin- dicato pressiona a prefeitura, são feitas ameaças de corte, e desta vez elas se concretizaram", disse. Em reunião com representantes do Sismuc, na última quarta-feira.

a prefeitura se comprometeu a rever a decisão de corte dos servidores.

Maria Tereza Bonato Castro, secretária da administração municipal, nega que tenha havido qualquer conotação política no caso. "O corte não tem nada a ver com a recente mobilização dos servidores, mesmo porque a paralisação foi insignificante", disse. Segundo Maria Tereza, "uma vez por ano é feita uma avaliação e se estabelece quem deve ou não estar à disposição do sindicato e, no final de março, o prazo desta portaria terminou", afirmou.

Porém, quem pede a liberação do funcionário é o sindicato. Uma solititação é encaminhada à prefeitura, diz Cassassa. Como não havia nenhum pedido oficia- lizado da prefeitura de retomo ao trabalho e a portaria não foi renovada, os servidores se mantiveram no sindicato, ex- plicou. A volta ao trabalho aconteceu no último dia 13.

Na legislação municipal não existe nenhuma lei que reverta a decisão da prefeitura. A Cons- tituição diz que as garantias são apenas para o presidente do Sindicato; quanto aos demais é feito um acordo, segundo Mário.

Paula Pires

18 a 24 de maio/96 - Página 7

GRITO DA TERRA

Dois mil rurais em Curitiba Em nova

manifestação, os sem-terra querem

audiência com Lemer

O Movimento dos Tra- balhadores Sem- Terra (MST) está

organizando para o final deste mês o Grito da Terra. Cerca de dois mil trabalhadores rurais chegarão a Curitiba, vindos de várias regiões do Estado, no dia 28, acampando inicialmente no Parque Bari- güi.

A manifestação, que ocor- rerá também nos demais esta- dos, é mais uma forma de pressão dos sem-terra para apressar a reforma agrária. Tal como vem ocorrendo desde o ano passado, os sem-terra acreditam que, sem sua mobi- lização, a reforma agrária não sai. Por isso, querem manter a população atenta a seu mo- vimento, com ações como ocupações, marchas e até audiência com o presidente da República (ver box).

O MST espera que o pre- feito de Curitiba, Rafael Greca, aja como por ocasião da marcha anterior, em abril, quando a Prefeitura permitiu aos sem-terra acamparem em terreno ao lado da Rodo- ferroviária e providenciou luz e outros benefícios durante os dez dias que os manifestantes permaneceram na capital. No dia 29, se tudo der certo, eles marcham do Barigüi á Rodo- ferroviária e esperam ter uma

audiência com o secretário da Agricultura do Paraná, Her- mas Brandão. No mesmo dia, eles participarão das mani- festações dos servidores pú- blicos estaduais, que deverão paralisar suas atividades.

No dia 30, os sem-terra pre- tendem fazer uma grande con- centração em frente a um órgão federal (Ministério da Fazenda ou Incra). No dia seguinte, último do Grito, querem uma audiência com o governador Jaime Lemer, para exigir crédito para os pe- quenos agricultores e seguro agrícola.

OCUPAçãO

A ocupação da fazenda pertencente ao grupo Giaco- met-Marodin, em Rio Bonito do Iguaçu, que já era a maior do Brasil, está crescendo dia a dia, com a chegada de novas famílias, segundo o coor- denador do MST, Roberto Baggio. Há atualmente mais de 3.100 famílias acampadas.

Baggio diz que os pro- blemas com alimentação e saúde estão sendo sanados, o primeiro em função da cam- panha de solidariedade desen- volvida por várias entidades e o segundo devido a iniciativas da Secretaria estadual da Saúde, cujo titular. Armando Raggio, chegou a visitar o local. A grande questão, de acordo com Baggio, é que lá, ao contrário de outras ocu- pações do Paraná, que envol- vem outras 2.300 famílias, dificilmente haverá um acor- do, em razão das divergências entre os sem-terra e os pro- prietários.

AS REIVINDICAÇÕES DO MOVIMENTO

O Grito da Terra está sendo organizado pela Central Única dos Trabalhadores-CUT, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricutura-Coníag, federações estaduais, sindicatos de trabalhadores rurais, além do MSTe da Comissão Pastoral da Terra. As reivindicações do movimento são as seguintes:

•reforma agrária ampla, massiva e com a participação dos ímbalhadoms mrais; •punição de todos os responsáveis pela violência no campo;

•defesa da agricultura familiar e de créditos para os pequenos agricultores

•melhores salários e condições de trabalho para os assalariados rurais

•extinção definitiva do trabalho escravo e infantil no campo

•respeito aos direitosprevidenciârios dos trabalhadores rurais

Solidariedade A Folha Popular

recebeu a seguinte carta da Escola Bíblica

de Assessores (as) do Centro Ecumênico de

Estudos Bíblicos-CEBI, que transcrevemos

abaixo:

Somos um grupo de pessoas da Escola Bíblica de Assessores(as) do

Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos-CEBI. Nesta Escola, o que mais gostamos de descobrir é que o Deus da Bíblia é o Deus da Vida; o Deus que se coloca ao lado dos pequenos, dos pobres e dos excluídos.

Dói-nos muito quando temos que trazer presentes em nossas celebrações as 19 vidas ceifadas tão brutalmente em Eldorado do Carajás,,no Pará, no dia 17 de abril. Estas mortes somam-se a tantas outras vidas violentadas, feridas, martirizadas na luta pela conquista da terra. "Terra de Deus, terra de irmãos!". Este sonho tão bonito, porém tão difícil de ser realizado.

No Paraná nos defrontamos com dois fatos recentes e que nos

preocupam muito. Em Rio Bonito do Iguaçu, mais de 3 mil famílias, somando cerca de 10 mil pes- soas, acampadas em condições sub-humanas, aguardam a re- forma agrária. Há crianças doentes, fome e dificuldades de todo tipo.

Em Santa Maria do Oeste, cerca de 200 famílias também ocupam uma área. E lá, por várias vezes, os jagunços ar- mados na fazenda vizinha, de propriedade de Aírton Mattos Leão, estão amedrontando e colocando em risco a vida de tantas pessoas, inclusive já tendo baleado uma cri- ança. Tememos que em nosso es- tado o sangue venha a correr e manchar a terra.

Por isso, estamos nos colocando ao lado deste povo, manifestando a nossa ' solidariedade, visitando-os, fazendo campanhas em seu favor, clamando em seu nome, pois temos certeza de que é o Senhor Jesus Cristo que hoje é sem-terra e nos pede ajuda (cf. Mt 25,31-46). E não

queremos que Ele \«ja este povo abandonado "como ovelhas sem pastor" (cf. Mc 6,34).

Por isso, queremos nos dirigir a nossos Pastores e Autoridades pedindo que a causa deste povo seja assumida por todas as pessoas de nossas Igrejas. Ficaríamos muito felizes de saber que vocês também se solidarizam com esta pobre gente. Temos certeza de que a união de todos nós fará com que a terra seja

partilhada, como é o sonho de Deus, e desta forma logo po- deremos ver os campos pro- duzindo vida

Pedimos a bênção de Deus sobre este povo que busca uma vida melhor e a todas as pessoas que nesta hora estendem a elas a sua mão.

Fraternalmente, Centro Ecumênico de

Estudos Bíblicos

m m^

SEM-TERRA VãO DENUNCIAR OS FRAUDADORES

Movimento pretende Jazer ato L/UI 21, na Câmara Federal e nas Assembléias Legislativas

O Movimento dos Sem-Terra esta preparando a relação de todos os devedores e fraudadores do ITR-

imposto Territorial Rural, com o objetivo de fazer uma ampla denúncia de como os latifundiários burlam as

obrigações fiscais Na próxima terça-feira. 21. um ato na Câmara Federal apresentará publicamente a relação

A intenção dos sem-terra e reproduzir o atei cm iodas as Assembléias Legislativas do pais. com a di\ulgaçào

dos nomes dos fraudadores em cada estado

UM MèS DA CHACINA Em todo o pais. trabalhadores rurais e diversas

entidades marcaram, na ultima sexta-feira, o 30° dia t . massacre de Eldorado do Carajás, com manifestações A

denuncia contra a violência no campo Em Curitiba. apareceram novamente as cru/es. em marcha silenciosa

pelo centro da cidade, lembrando os lc) camponeses assassinados

FHC promete, mas movimento

não confia Líderes do MST

tiveram dia 2 de maio uma audiência com o presidente Fernando

Henrique Cardoso, ao qual apresentaram

uma série de exigências

Segundo Roberto Baggio, da coordenação do MST, o presidente comprome-

teu-se com várias das reivin- dicações que os sem-terra con- sideram prioritárias.

Fernando Henrique prometeu que os responsáveis pela cha- cina dè Eldorado do Carajás, ocorrida dia 17 de abril, serão punidos. Disse também que assentará as 37 mil famílias acampadas em todo o Brasil. Outro compromisso assumido pelo presidente diz respeito ao empenho para fazer aprovar no Congresso dois projetos de lei

defendidos pelos sem-terra: o rito sumário de imissão de posse do Incra nas áreas desa pro- priadas e a proibição de limi- nares judiciais para despejos coletivos. Baggio diz que esses dois projetos, se aprovados, podem ter um grande significado no avanço da luta pela terra no Brasil.

Quanto ao terceiro projeto de lei defendido pelo MST (de autoria do deputado Hélio Bicudo, do PT de São Paulo, estabelecendo que cabe aos tribunais comuns julgar os crimes cometidos por policiais milita - res), já está com tramitação adiantada na Câmara Federal e deve ser aprovado.

Apesar das promessas do presidente, o MST mantém a avaliação de que o atual governo não implementará nenhum plano de reforma agrária. Para Roberto Baggio, entre os sem- terra e o apoio da bancada ruralista, FHC ficará com esta.

Página 8 - 18 a 24 de maio/96

Meio Ambiente

i

Lista suja sai dia cinco de junho

PAVIMENTAçãO

Como acontece todos os anos, o Fórum das Entidades Ambien- talistas da Região Metropolitana de Curitiba está preparando a Lista Suja que será divulgada no dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, com os 13 casos mais graves de degradação ambiental do estado. No ano passado, os "premiados" pela Lista Suja receberam um troféu alusivo à sua atividade. A lista foi a seguinte: Troféu Palmito na Lata- Ibama-Paraná, pela falta de controle na exploração e roubo de palmito; Troféu Floresta no Chão- Governador Jaime Lemer e deputado Anibal Khury- pela Lei Florestal, que facilita a derrubada do pouco que resta de floresta no Paraná; Troféu Nosso Veneno de Cada Dia- para os fabricantes de agrotóxicos que deixam mais de 12 milhões de embalagens espalhadas pelos campos do Paraná, todos os anos; IVoféu "Que Lei Sou Eu ?"- Prefeito Rafael Greca, pela falta de estudos ambientais adequa- dos das obras da prefeitura;

Troféu Cara de Pau- Exploradores da Floresta Nacional de Irati/Ibama- pela degradação extrema da Floresta Nacional de Irati; Troféu Cocô no Rio- Sanepar, pela poluição do rio Verde, em Ponta Grossa; IVoféu Morcego sem Toca- Empresários da Mineração e do Turismo /Ibama /lap- pela destruição de cavernas na Re- gião Metropolitana de Curitiba; IVoféu "Eu Tenho A Força"- Antonio Ermirio de Moraes- pelas tentativas de construir, a qualquer custo, a hidrelétrica de Tijuco Alto; IVoféu Asfixia- Companhia de Cimento Portland Rio Branco/ lap- pela poluição em Rio Branco do Sul; Troféu Gambá- Curtume AdriáticoAap- pela poluição do rio Passa Três, em Rio Negro; Troféu Tatu com Pressa- Govemo do Estado- pela cons- trução do Canal Extravasor, sem avaliação dos danos ambientais; Troféu "É do Careca que Ele Gosta Mais"- Deputado Luciano Pizzatto- pela defesa da importação de pneus usados;

Troféu Pum- Placas do Paraná/ Secretaria Municipal de Meio Ambiente- pelo mau cheiro exalado pela fábrica, na zona sul de Curitiba; As inscrições para a Lista Suja deste ano estarão abertas até esta segunda-feira, 20 de maio, quando começa a fase de seleção. As denúncias devem ser acompanhadas de documentos que comprovem a gravidade da agressão. A análise dos casos inscritos vai abordar diferentes aspectos: amplitude dos danos causados do ponto de vista do meio ambiente, da saúde humana e animal, e dos interesses sociais, tempo gasto para suspender as causas e para reparação dos danos e a reincidência da ação poluidora. Os casos indicados para inclusão na lista deverão ser encaminhados para o Fórum das Entidades Ambientalistas da Região Metropolitana de Curitiba, à Caixa Postal 81, 80001-970 Curitiba. Somente serão analisados os casos que forem encaminhados dentro do prazo fixado.

Teresa Urban

Obras paradas no Pilarzinho Moradores exigem

indenização sobre áreas que vão perder

Estão paradas há mais de uma semana as obras de pavimentação definitiva na Rua Raposo Tavares, no bairro do Pilarzinho, em Curitiba. O projeto está sendo executado pela prefeitura da cidade, dentro do Plano Comunitário de Urbanização. Mas alguns moradores, preocupados com possíveis prejuízos, não deixaram que a Prefeitura ocupasse parte de seus terrenos para alargar e asfaltar a rua.

Por lei, o proprietário tem que deixar um recuo de cinco metros de cumprimento para uma obra pública, e o que passar desta metragem deve ser pago pela executora da obra. Temendo ser prejudicado financeiramente, o comerciante Francelino Ribas Machado Neto, 57 anos, dono de um mini-mercado e açougue, entrou com um pedido de indenização e já contabiliza: "Eles têm que me pagar 320 reais por metro quadrado de terra que me tirarem"- e completa: "O preço não é meu, foram três imobiliárias que avaliaram para mim."

Francelino diz que a prefeitura chegou a propor que o açougue fosse derrubado. Mas voltou atrás. O diretor de Implantação de Obras do IPPUC-Instituto de Pesquisa e Planejamento de Urbanização de Curitiba, Edson Seidel, garante que nenhuma casa

será demolida e que os moradores que forem lesados serão indenizados "imediatamente". O IPPUC está terminando o levantamento total das áreas atingidas para que possa continuar a obra, principalmente na área que o diretor chama de "pontos críticos", local onde moram por exemplo, dona Maria e "sêo" Szcepan.

Szcepan Ilnicki, funcionário aposentado do estado de 76 anos, avisou num confronto direto com os construtores, no início do mês, que para derrubar o muro de sua casa de 27 anos teriam que passar por cima dele primeiro. A investida deu certo, a obra foi interrompida. A esposa, de 72 anos, diz que "já foram tirados uns dois metros do terreno e a previsão é de tirar mais seis metros de comprimento". Dona Maria exibe o calmante que tem que dar ao marido toda noite para ele poder dormir e não ficar pensando no problema. Eles dizem que podem perder não apenas flores e árvores frutíferas, mas também o poste de luz e o registro da água. O casal quer a certeza de indenização rápida e sem perdas.

O diretor de Patrimônio da Secretaria da Administração, Eugênio Kupka, que também está participando da obra, admite: "Não digo que houve precipitação, mas o projeto está tendo que ser repensado porque a estrutura da rua era muito diferente daquela que foi projetada."

Kristiane Rothstein

Lideranças sofrem ameaças

de morte

Grupos armados, a serviço de imobiliárias clandestinas, vêm fazendo constantes ameaças de morte a lideranças do Movi- mento pela Moradia e da Cen- tral de Movimentos Populares. A denuncia foi feita, na última sexta-feira, á Promotoria de Justiça da Comarca de Al- mirante Tamandaré, às polícias Militar e Civil e á Secretaria de Segurança Pública.

O caso mais recente foi regis- trado no dia 16, quando Neiva Aparecida de Almeida se dirigia para o trabalho e foi abordada por um homem nas proximida- des do Hospital de Clinicas. Apontando um revólver para Neiva, o homem disse para ela parar de denunciar o loteamento clandestino do Jardim Ipê, em Almirante Tamandaré, porque do contrário iria "apagá-la". Segundo Neiva, ele disse ainda que faria o mesmo com Hilma de Lourdes Santos. Depois, jogou-a contra o muro e fiigiu. O deputado Dr. Rosinha (PT) denunciou o problema na As- sembléia Legislativa e enca- minhou oficio ao Secretário de Segurança Pública pedindo providências imediatas.

,**:

• #>• FOLHA POPULAR |

ssmcados WI*K<>.-.-'..V....-«..^*... v..........j4tvgt; .; "V'

WPiaAMfE Serigrafia em tecidos

Com Luis Pequeno

Fone: 200-1166 BIP 206673

DATAFONE Telecomunicações

Instalação telefônica e assistência técnica

m 378-2791

Promoção da semana * Talão de Nota Fiscal Modelo 1 = 50 x 4:

5 blocos R$ 130,00 10 blocos R$ 180,00 20 blocos R$ 290,00

1 Panfletos, tamanho 10X15 com arte final: Mllhelro R$ 40,00 2 mil R$ 65,00 '

gmsosiimmos E OFhsn i ^ ** ^ Rua Bortolo Gusso, 327 - F: 248-2417

Fax 248-7573 - Capão Raso - Curitiba/Pr

Buffet & Festas

PIRATAS Coquetéis, noivados,

casamentos e aniversários. Salão próprio

Rua Paraíba, 1779-Vila Guaíra 9 332-3665

CONSERTA-SE ELETRO DOMÉSTICO, faz-se pintura e instalação elétrica em residência. Fone: 278- 2183 ou 278-2770 com Luís Carlos - Alto Boqueirão.

VENDO DISTRIBUIDORA de bebidas na Francisco Derosso, 5845 - Fone: 378-2015, falar com Cecília.

VENDE-SE CASA de Alvenaria com seis peças e um barracão com 60m2, nos fundos. Cj. Érico Verríssimo, Alto boqueirão. Tratar pelo fone: 270-9355.

Valdomíro Construções e Reformas

"Orçamento sem compromisso" Fone/Celular: 973-8061

Art Stival Oferece cursos de flores, airanjos

lembranças, 1S anos, casamentos, etc.

Tel 332T8773 Rua José Cadilhe, 1449 - Loja 03

Conjunto Kenedy, Vila Guaíra - CEP 80.620-240 - Curitiba/PR

LOCADORA DE GAME SUMEME Super Nintendo, Mega Drive, Neo Geo, Playstation, Saturno (TV 29").

Rua Expedicionário Adir Jorge, 168 Jd. Paranaense. Fone: 378-1274

INFORMÁTICA - A//IÍTENCIA TÉCNICA

Micros 386/486 e Pentium - Instalação de Softwares Chamada R$ 30,00 Fone: 974-8381

C I C LES P LATINA Consertos em Geral

Rua Nelso José Lanthart, 88 - Jardim Paranaense

PASTELARIA B SORVETERIA SOUZA Pastéis e X Salada feitos na hora. aberto até as 23 horas.

Rua Eduardo Pinh) da Rocha, 101 Fone: S78-2S61 Px. Dep Sas. 3d. Paranaense

Artes Gráficas PALMARES

Folders, panfletos e santinhos.

Preços especiais para sindicatos, paróquias.

associações de moradores e

movimentos populares Fale com Jaime no 222-9192 6 233-7738

^ , ^

Colcnas ernMatelasse ^ Almofadadas

Travesseiros e Enxovais para bebês.

Cristina e Sônia 335-4995 - 345-8574

Salão Novo Visual UNISSEX

Corte R$ 4,00 Tintura R$ 15,00 Rua Visconde de Guarapuava,

2478 - Centro - Curitiba Fone/Celular 973-8061

TAGO MOVEIS

ADMITE * Com carro próprio * Disponibilidade de viagens * Dinamismo * Comissões + Prêmios Tratar Rua Conselheiro Laurindo, 809 - Edifício Down Town - Sala 101 - Io andar Fone: 322-2521

Betty Persianas Admite vendedores externos

Ajuda de custo mais comissões F: 278-2916

Seu espelho £§ manchou?

DISK VIDRO Espelhos, vidros para

residências, lojas, famácias, salões.

Respemou" !

Falar com Joel, fone: 248-9568

ÒALÂ^ PE. r^TA^I

Rua Paraíba. 1779 -1 Vila euaira I

SALÃO NOVO VISUAL Contrata:

Manlcure e Pedicure Oferece:

- ótima clientela - boa localização (centro)

Interessados falar com a Schirley Rua Visconde de Guarapuava,

2478 - Fone 973-8061

PRECISA-SE Doméstica para posar no emprego,

com idade acima de 25 sinos, de preferência que seja do Interior, para

fazer serviços gerais, com boas referências. Interessadas entrar em

contato no telefone: 225-3021 PRECISA-SE

Doméstica, não precisa posar, para trabalhar em casa de família, com

boas referências, para fazer serviços gerais, com idade acima de

25 anos. Interessadas entrar em contato pelo telefone 225-3021.

Sindicato dos Empregadores Domésticos do Paraná

Rua Desembargador Westephallen, 471 - Conjunto 3 - Centro

O PIRATA SALÃO DE FESTAS

contrata uma auxiliar de Cozinha Oferece; ótimo ambiente de trabalho,

vale transportes, domingo de folga, casa e comida e salário a combinar.

Exige: dedicação ao trabalho, residir na Vila Guaíra ou região ou morar no local do trabalho e ter bom relacionamento

com o público, Obs.- Só serve almoço

Interessadas tratar na Rua Paraíba, 1779 Esquina com a Rua Minas Gerais.

MGRODO BORDIUCWI Secos e Molhados em geral

Onde seu real vale mais Rua Des. Cid Campeio, 119 - CIC

Aptus Recursos Humanos

Rua 24 de Maio, 277. Centro Fone: 322-7754

Técnico de segurança: Exp. 2 anos comp. conhe. informática, normas regulamentadoras, CLT, 25 a 35 anos, 2° grau comp. CIC. Técnico de segurança do trabalho: Exp. 2 anos, com digitação, CIPA, registro no Ministério do Trabalho, 2° grau comp. São José dos Pinhais. Técnico eletrônico: M, 30 a 40 anos, pode ser eng. eletrônico, exp. em componentes eletrônicos, circuitos, estatística de defeitos e diagnós- tico. Y Hauer. Técnico eletrotécnico: 25 anos, exp. 2 anos em projetos elétricos, co- nhec. máquinas, instalação, painéis de comando, 2° grau, c/ Cefet, Pinhais. Técnico eletrotécnico: M/F, max. 38 anos, Cefet, exp. automação in- dustrial e desenho elétrico, exp. 3 anos. CIC.

Ajudante de eletricista: M, 1° grau inc. exp. na função. Centro. Aux. produção: M, 21 a 30 anos, Io

grau, inc. morar prox. Parolim. Aux. técnico: F, exp. em componen- tes eletrônicos, cur-sando 4o perío- do Técnico Eletrônica, mais de 18 anos. V. Fany. Aux. marceneiro: M, exp. 2 anos, estável. V. Hauer. Aux. cozinha: F, exp. 2 anos em cozinha industrial, min. 4o série. Capanema. Conferente:M2Ia35anos) I

ograu, boa caligrafia. São José dos Pinhais. Diarista: F, 23 a 40 anos, min. 4o

série, com carta de apresentação. Cabral e Guabirotuba. Marceneiro: M, mais de 22 anos, exp. 2 anos, estável, leitura e interpretação de desenho. V. Hauer., Meio oficial eletricista: M exp. 1 ano em instalação predial, Io grau inc. Centro. Porteiro: M, Io grau inc, exp. 6;; meses, morar na região de Piraquara.

Página 9 - 18 a 24 de maio/96

Cultura &ÍI ÍÍWk MNMV ,í#ííS;.. BUM

CORES DA CIDADE

Projeto embeleza Praça Generoso Marques

44 prédios são restaurados, com

coloridas pinturas e letreiros padronizados

| :M! BB^^ÜÍ

U ma parceria entre a Prefeitura de Curitiba, a Fundação Roberto Ma-

'rinho e a empresa Tintas 'Ypiranga permitiu, nos últimos meses, uma profunda mudança

jno visual da Praça Generoso .^Marques. O projeto "Cores da Cidade" transformou 44 prédios

.antigos que cercam a praça. As

.fachadas foram restauradas, recebendo novas e coloridas cinturas. As placas e letreiros das 'lojas foram padronizados, com "tamanhos menores e colocados ÍJe forma a não agredir a ar- quitetura As obras foram oficial- mente entregues na quarta-feira, dia 15, com a abertura de uma exposição ao ar livre, que conta

ieitermo Marifues, em Curitiba

a história dos principais prédios, mostrando fotografias de antes e depois da restauração.

O "Cores da Cidade", já desenvolvido em outras capitais, soma o trabalho da Fundação Roberto Marinho, que faz os projetos de restauração, com a Tintas Ypiranga, que fornece o material de pintura. Os pro- prietários pagam a mão-de-obra

e podem descontar as despesas do Imposto Predial e Territorial Urbano (EPTU), cobrado pela Prefeitura.

O projeto de revitalização do setor histórico de Curitiba que fica nas proximidades da Praça Generoso Marques vem ga- nhando investimentos da Prefei- tura há três anos. O primeiro passo foi transferir a linha dos

ônibus expresso das ruas Barão do Rio Branco e Riachuelo. Depois foram construídas as Arcadas do Pelourinho, para retirar da frente do prédio do Museu Paranaense as bancas de flores- bonitas, mas que difi- cultavam a visão do belo edifício, construído no início do século. Finalmente, foi instalada uma nova iluminação e inaugurada a fonte "Maria Lata d'Água", com a reprodução de uma escultura do artista Erbo Stenzel, que mostra uma mulher carregando uma lata de água na cabeça.

O prefeito Rafael Greca, contudo, ainda não está satisfeito com as transformações da Generoso Marques; ele quer mudar o acervo do Museu para um novo prédio, que está sendo construído perto da Igreja da Ordem, e usar o belo edifício para montar um centro de eventos e um grande salão de recepções.

AS PRINCIPAIS ATRAçõES

CULTURAIS GRATUITAS DE

CURITIBA:

ARTES PLáSTICAS

Exposição com Juliana B. • Chagas. De seg a sexta das 9h [ às 19h Aos domingos, das 1 Oh às ; 13h. Sede da Fundação Cultural ; de Curitiba, Praça Garibaldi,7. 'f O Brasil de hoje no espelho Ido século XIX - Artistas alemães í e brasileiros refazem a Expedição -Langsdorf. Abertura dia 21, às ^20h. De terça a sexta. Das 14h làs 22h. Sábados e domingos, das xl 4h às 18h. Museu Metropolitano :4le Arte - Av República Argen- tina, 3430

Chico Stefanovitz expõe objetos com materiais diversos. De seg a sexta, das 9h às 12h e das 14h às 18h. Museu Guido Viaro - Rua São Francisco, 319

Diário de Passagem- Uma Poética do Desenho - A mostra é constituída de cerca de trezentos trabalhos de Femando Augusto. Abertura dia 23, às 19h. De seg a sexta, das 9h às 12h e das 14h às 18h. Casa llieodoro de Bona - rua Carlos Cavalcanti, 1148

CINEMA

Hamlet, de Lawrence Olivier . domingo, dia 19, às 20h30, na Rua da Cidadania - Terminal do Carmo

FOTOGRAFIA Caixa de Pandora - lÊxpo-

sição de fotógrafos ligados ao núcleo de artes da Universidade Federal. De seg a domingo das 9h às 19h. Centro de Criatividade- Parque São Lourenço

Mario Cravo Neto - De seg a sexta, das 9h às 20h. Sábados e domingos das lOh às 15h. Solar do Barão - Rua Carlos Cavalcanti 533 "

LITERATURA

Dedamações e performan- ces poéticas por Elisa Lucinda e Lindolf Bell. Domingo, dia 19, às lOh - Arcadas de São Francisco

Noite Hipernética - Abertura e apresentação do Perhappines 96. Show com o grupo "Fato". Dia 20 no Aeroanta a partir das 20h. RuaPiquíri, 289

Conferência abordando a obra dos poetas Paulo Leminski, Wilson Bueno e outros. Dia 21, às 20hno Solar do Barão

Lançamento da Coleção Catatau - dia 22 a partir das 20h, no Solar do Barão

Exposição dos poemas de Haroldo de Campos, Augusto de Campos, Dedo Pignatari e outros. Das 1 Oh às 18h - Largo da Ordem

TEATRO INFANTIL

O Circo - com o grupo Duo - Fio Teatro de Bonecos. Domingo, dia 19, às llh. Teatro do Piá - Largo da Ordem. Preço simbólico de R$1,00.

—7%

O DIA CRUZfeJDO

Cinema &

Z, 30 anos depois O filme Z, de Costa-Gavras, realizado na década de

60 com base em fatos reais da política grega, foi proibido durante 15 anos no Brasil, onde só

estreou no início dos anos 80. Agora é lançado em vídeo por aqui. Vale conferir aquele que já foi considerado como um dos melhores filmes políticos já feitos.

O fato central é o assassinato público de um líder da oposição e toda a crise política que desencadeia; há cenas hilariantes, nas quais o diretor põe em dúvida a inteligência das altas patentes e de seus sicários. Há grandes atores, como Yves Montand, no papel título, e Jean-Louis Trintignant.

É fácil entender porque o filme foi proibido pela ditadura militar brasileira. E, embora seja muito bom rir dos milicos, é bom não esquecer que, no final (do filme), foram eles a rir por último.

Aliás, Costa-Gavras ficou famoso também por outros filmes que denunciavam ditaduras. O mais conhecido entre nós é Missing- o desaparecido, sobre os horrores da era pinochetiana no Chile. Outros, ainda não lançados em vídeo, são Estado de sítio (sobre o Uruguai) e A confissão (atrás da hoje inexistente Cortina de Ferro). De uns tempos para cá, o diretor restringiu o alcance de sua indignação.

Mas os filmes citados têm o mérito, mesmo não sendo documentários, de nos lembrar de períodos negros. No Brasil e em muitos outros países. Não há diferenças significativas. Pelo contrário, a repressão, a tortura e o assassinato político são práticas padronizadas interna- cionalmente.

Roberto Salomão

Tamaçaocmema

As receitas parecem mais fáceis quando já experimentamos o produto final. Fotos em revistas também servem para ilustrar. Na

televisão, assiste-se ao passo a passo de cada receita. Aqui nestas dicas, a certeza de que o produto final será bom está nos

criadores das receitas. São os nomes das pessoas que nos passaram as receitas que garantem o resultado.

Por isso, se você tem alguma receita prática, fácil e econômica, seja doce ou salgada, envie para a redação com seu nome, aos

cuidados da coluna Dicas da Aemi. E, para esta semana, experimente:

PÃOZINHO (PRIMA EDNA)

Ingredientes : 2 copos (de requeijão) de leite momo 2 colheres (de sopa) ou 2 tabletes de fermento (de pão) 3 ovos inteiros 1 copo (de requeijão) de açúcar Vi. colher (de sopa) de sal 3 colheres (de sopa) de margarina 1 kg e 1 copo (de requeijão) de farinha de trigo Modo De Fazer: Numa vasilha, misture o leite com o fermento, os ovos, o sal, o

açúcar e a margarina. Acrescente aos poucos a farinha de trigo amassando essa massa até desgrudar dos dedos. Ela fica macia e lisa. Retire uma colher (de chá) da massa e faça uma bolinha. Coloque essa bolinha num copo com água. Deixe a massa descansar e crescer, cobrindo a vasilha com um pano de prato até que a bolinha de massa que está no copo d'água suba à superfície. Enrole os pãezinhos, uma colher (de sopa) de massa em formato de bolinhas e coloque em formas untadas. Repita a operação da bolinha no copo d'água. Quando a bolinha subir coloque as formas para assar até que os pãezinhos fiquem dourados.

Esta massa pode ser usada para pãezinhos recheados com salsichas ("doguinhos"), goiabada (sonhos) ou à maneira que se inventar ...

A gaiola das /cucos, de Mike Nichols. Livre. CineAstor- 14h, 16h, 18h, 20h, 22h. Fone 336 1918

A excêntrica família de Antônio, deMarleen Gorris. 14 anos. CineRitz- 14h30, 16h20, 18hl0, 20h, 21h50. Fone 322 1525

City Hall- conspiração no alto escalão, de Harold Becker. 14 anos. Cine Astor-Batel - 14h, lóh, 18h, 20h, 22h. Fone 222 2107

Arrebentando em Nova Yòrk, de Stanley Tung. 14 anos. CinePlaza- 14h, 16h, 18h,20h, 22h. Fone 222 0308

O carteiro e o poeta, de Michael Radford. 12 anos. Cine Rívoli- 14h30, 16h30, 18h30, 20h30. Fone 233 8511

Hackers- piratas de computador, de lain Softley. 14 anos. Cine Astor Champagnat - 14h30, 16h30, 18h30, 20h30 Fone 336 1918

O quatrilho, de Fábio Barreto. Livre. Cine Guarani - 14h30,16h40,19h, 21hl0. Fone 322 1525

Underground- Mentiras de guerra, de Emir Kusturica. 14 anos. Cine Luz- 14h30,17h30, 20h30. Fone 322 1525

Uma janela para a lua, de Alberto Simone. 14 anos. Cine GroflF- 15h20, 17h. Fone 322 1525

Operação Xanguai, de Zhang Yimou. 14 anos . Cine Groff - 19h, 21h. Fone 322 1525

Arrebentando em Nova Ybrk, de Stanley Tong. 12 anos. Cine Palace -15h, 17h, 19h, 2 Ih. Fone 233 1112

Feito cães e gatos, de Michael Lehmann. 12 anos. Cine Itália - 13h30, 15h30, 17h30, 19h30,21h30. Fone 233 8682

Estranhos no paraíso, de Jim Jarmusch. 14 anos. Cine Groff. Sábado, dia 18 à meia- noite. Fone 322 1525

Tby Story- um mundo de aventuras, de John Lasseter. Livre. CineRitz. Domingo, dia 19 às 10h30. Fone 322 1525

Nixon, de Oliver Stone. 14 anos. CineCondor- 14h, 15h, 20h30. Fone 222 6859

Um drink no inferno, de Robert Rodriguez. 14 anos. Cine Lido I - 14h, 16h, 18h, 20h, 22h. Fone 224 6873

A gaiola das loucas, de Mike Nichols. 14 anos. Cine Lido II - 14h, 16h, 18h, 20h, 22h. Fone 224 6873

Quero dizer que te amo, (foto) de Fernando Trueba. 14 anos. Cine Palace. Estréia dia 24.

É acomelhwel fazer a confirmação dos horários e safas antes de sair de caso.

Pessoas ocimo de 60 anos não pagam ingresso nas sales da

Fundação Cultural de Curitiba.

I

Página 10 - 18 a 24 de maio/96

rtes

TAP ETÀO

Campeonato pode ser interrompido Diretório do clube

alega uma série de irregularidades no

registro de jogadores e na inscrição de equipes

na competição

Depois do União Ban- deirante, que amea- çou "melar" o Cam-

peonato Paranaense sob a alegação de que a Federação Paranaense de Futebol (FPF) não havia cumprido o regu- lamento, agora é a vez do Grêmio. O clube de Maringá entrou com mandado de ga- rantia no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pedindo a suspensão do Lon-

drina e do Rio Branco. O presidente Nilton Servo acu- sa as duas equipes de terem usado jogadores sem re- gistro. O dirigente também quer a invalidação da partida entre Londrina e Grêmio, realizada no dia 11 passado, em Arapongas.

A decisão da diretoria do Grêmio de recorrer à Justiça Desportiva foi tomada após uma consulta feita à CBF A diretoria do clube solicitou informações sobre a ins- crição de clubes no cam- peonato e os registros dos atletas Antônio Amaro de Lima, do Rio Branco de Pa- ranaguá, e Bráulio José Cas-

siano Paiva de Oliveira, do Londrina. A CBF informou, através de fax, na última quarta-feira, que os dois atletas citados não tiveram seus contratos registrados e que apenas Platinense, Ara- pongas, Apucarana, Maringá, Atlético, Paraná Clube, Cori- tiba, Matsubara, Cascavel e União Bandeirante fizeram as

inscrições. Outra reclamação da dire-

toria do Grêmio é com re- lação à mudança do local da partida frente ao Londrina, na última rodada da segunda fase. Servo diz que o Grêmio não foi comunicado em tem- po hábil, como prevê a lei.

sobre a mudança e que tam- bém não concordou com o local determinado pela Fe- deração, mas a posição do clube não foi respeitada.

"O regulamento do cam-

peonato e a resolução da

CBF são claros quanto ao

registro de jogadores e ins-

crições de clubes", argu-

menta o presidente do

Grêmio ao citar o artigo 26

do regulamento. De acordo

com o artigo, "só poderão

participar dos jogos do cam-

peonato os atletas regular-

mente registrados e inscritos

pelas associações dispu-

tantes".

CLUBE PERDE CINCO PONTOS I

A reação da Federação Paranaense de Futebol às denúncias do Grêmio foi imediata. Quinta-feira à tarde, o presidente \ Onaireves Moura disse que às irregularidades apontadas pelo \ presidente do clube de Maringá, Nilton Servo, não procedem. Efúi mais longe: anunciou uma punição ao clube com a perda I de 5 pontos por ter escalado os jogadores Valdir Teodoro e j Vilmar Francisco da Silva, que estavam suspensos, na partida • contra o Londrina. Segundo Moura, os dois jogadores foram 1 julgados pelo Tribunal de Justiça Desportiva no último dia 9, quando foram suspensos.

Quanto às denúncias, o presidente da FPF explicou que os i jogadores Amaro (Rio Branco) e Bráulio (Londrina) foram \ devidamente registrados na CBF "Sobre a inscrição de clubes, o Grêmio está equivocado. O que houve na CBF foi um \ recadastramento das associações, mas isso não é exigência para disputar a competição", argumenta. O dirigente diSSe ainda que a diretoria do Grêmio foi comunicada a tempo sobre a mudança do local da partida com o Londrina.

COPA DO BRASI L

Palmeiras despacha o Paraná O Paraná Clube foi elimi-

nado da Copa do Brasil na noite de terça-feira ao

ser derrotado pdo Palmeiras por 3 a 1 dentro do Estádio Couto Pereira, em Curitiba. O próximo adversário do Palmeiras na com- petição será a equipe do Grêmio que tirou o Atlético Paranaense da disputa. A Copa do Brasil garante ao campeão uma vaga na Taça Libertadores da América.

O Paraná começou jogando muito bem, pressionando o Pal- meiras, inclusive acertando uma bola na trave que poderia ter mudado o panorama do jogo. Mas no futebol quem não faz toma, e em sete minutos o Paraná sofreu três gols seguidos, que desmon- taram a equipe, o esquema tático do técnico Sebastião Lazaroni e toda a torcida tricolor, que foi embora de campo ainda no pri- meiro tempo. No primeiro gol, aos

19 minutos, o Paraná levou muito azar. Luizão chegou na linha de fundo e chutou forte, já que não havia ninguém do Palmeiras na área para a conclusão. A bola acabou batendo em Marcão e entrando. O gol contra obrigou o time a se abrir. Aos 24 minutos, Luizão rouba bola de Marcão na inter- mediária e parte livre para o gol, batendo cruzado, sem defesa, na saída de Régis. O desespero toma conta da equipe tricolor, aos 26 minutos um jogador da zaga do Paraná coloca a mão na bola dentro da área, pênalti que Djal- minha bate com perfeição, sem chance de defesa.

Com 3 a 0 no primeiro tempo, o Palmeiras passou a administrar o resultado, tocando a bola e transformando o jogo em um espetáculo feio. No final da partida, aos 45 minutos, Saulo acerta um chute forte, abola entra no ângulo

do goleiro Veloso. O Paraná marca o sai gol de honra, se despede da Copa do Brasil, mas consegue revelar alguns garotos das cate- gorias de base, o que pode ser considera uma compensação pela derrota.

Aimagem que ficou destejogo foi a da torcida do Paraná Clube retirando as faixas e deixando o compo depois do terceiro gol palmeirense. Foi um total desres- peito com os jogadores, que estavam suando a camisa para tentar manter o futebol do Estado do Paraná vivo dentro da Copa do Brasil. A torcida organizada mostrou que não tem a mínima condição de usar as cores do tricolor, tricampeão paranaense, campeão brasileiro da Série B e í até o ano passado único repre- sentantes do estado na Primeira Divisão do futebol brasileiro.

Paraná falhou na defesa e permitiu que o Palmeiras liquidasse o jogo no primeiro tempo

O TREM DA ALEGRIA DO FUTEBOL

Deputados ganham presente de Onaireves Moura

Olímpico pega Vila Fanny em jogo decisivo

Antônio Maria

O Trem da Alegria do Futebol passou pelo Centro Cívico e pegou os

54 deputados da Assembléia Legislativa do Paraná. Esta semana todos os deputados foram visitar o Onaireves Nilo Rolim de Moura, presidente da Federação Paranaense de Futebol e ex- deputado federal, cassado por acusação de corrupção. Os depu- tados foram fazer carteinnhas da entidade presidida por Moura para poderem entrar de graça nos estádios de futebol.

Os deputados desconhecem o fato de que a sua carteira fun- cional, já lhes dá direito de entrar em diversos lugares de graça, caso dos estádios de futebol. A carteira presenteada por Moura faz parte de um projeto ambicioso. O Governo do Estado pretende usar o Estádio Pinheirão como parte do projeto da Vila Olímpica. No estádio da Federação será construída uma pista de atletismo e todos os equipamentos

Mais uma denúncia contra Onaireves Moura

necessários para a realização das provas dos Jogos da Juventude, que serão disputados em Curitiba. Ó projeto da Vila Olímpica e a

verba dos Jogos da Juventude p„;ísam passar pelo plenário da Assembléia Legislativa; de olho neste dinheiro. Moura resolveu

presentear os deputados com a carteirinha, achando que este gesto pode favorecer os trâmites.

A situação é complicada. Os deputados estão recebendo favo- res não do presidente de uma entidade esportiva, mas sim de Onaireves Moura, que além de ter sido cassado no Congresso Na- cional, é acusado de cometer diversas irregularidades como presidente da Federação. Uma delas foi comprar todo o ferro e aço para a construção e conclusão do Estádio Pinheirão da empresa Mouraço,-de sua propriedade. Além disso, a construção do segundo anel do estádio foi bancada com dinheiro do Bamerindus, na época em que o presidente da instituição, José Eduardo de Andrade Vieira, era candidato a senador. Moura gastou bem menos do que recebeu do banco e até hoje é considerado desafeto de Vieira: os dois não dividem a mesma mesa.

A Federação Paranaense de Futebol anuncia a escala de árbitros para

ali." rodada válida pelo grupo Sul do Módulo Verde do Campeonato de Futebol Amador de Curitiba. Os jogos estão confirmados para a tarde deste sábado, a partir das 15h30.

A principal partida da rodada será o encontro entre Vila Fanny e Olímpico, no Estádio Ismael Gabardo. Este jogo poderá dar ao Olímpico o primeiro lugar do turno, em caso de vitória. En- quanto isso, o Capão Raso tentará uma melhor sorte en- frentando o Ypiranga, no Jardim Independência.

Confira os jogos e a escala de árbitros:

Vila Fanny x Olímpico, no Estádio Ismael Gabardo, com arbitragem de Valdir Festugatto, auxiliado por Osmar Porto e Juliano Spies Pombo.

Ypiranga x Capão Razo, no Ypiranga FC, terá arbitragem de Nilton Dantas Louza, auxiliado por Irineu Bonfin e Antônio Moreno.

Vila Hauer x Urano, no Está- dio Donato Gulin, com arbi- tragem de Sérgio Farias de Cristo, auxiliado por Walter Leichsenring e Roberto Carlos Roín.

São Paulo x Umbará, no Está- dio João Derosso, terá arbitragem de José Francisco de Oliveira, auxiliado por José Amilton Pontarolo e Zenaldo Pedroso.

Santa Quitéria x Nacional, no Estádio Maurício Fruet, com arbitragem de Francisco Carlos Vieira, auxiliado por Mario Joige Lopes e Rui Proença.

Lembrando que pelo grupo Norte, a equipe do Combate Barreimha terminou o primeiro turno em primeiro lugar, com 25 pontos.

X

POPULARi

NESTA

Meio jambíente O Brasil leva à Conferência do \ Habitai II um quadro \ desolador de suas cidades, conta Teresa Urban. Página 8

l A semana na {Assembléia José Luís Talaricofaial da posse de Aníbal Khury como governador interino dó Paraná. Página S

A semana i

na Câmara J.F.S. comenta projeto \ que prevê penalidade . para estabelecimentos \ que permitirem presença de menores desacompanhados. Página 3

iMundodo [Trabalho A modernização das \ empresas está tendo \ como resultado inevitável o incremento das demissões, Na coluna Mundo do Trabalho. Página 4

{Esporte I O Pinheirâo é um horror, diz Antônio \ Maria, e ê lá que jogam neste domingo Coritiba e Atlético. Página 10

i ■: ■:-.. . .

j Esporte 2 X"de~Ã$èlãidè disseca] a panelinha dos técnicos, que abandonam os cargos* e indicam amigos para ocupá4os. Página lú

i Cinema/ iVídeo Roberto Salomão fala \ do lançamento í& Um \ cão and a luz, em videoX e de Nixon, no cinema! Página 9

{Editorial Comenta a suspeita declaração do presidente de que não \ vai comprar votos de deputados pam conseguir aprovar as reformas. Página 2

,aSa3l<lemalo/l996» ANOÍI'N6l6» R$0,S0

ospítal de Clínicas ve sua maior crise

Servidores param 4- feira

100 mil participam do Grito da Terra

Oíuncionalismo público estadual deverá para- lisar suas atividades na

próxima quarta-feira, 29, exi- gindo reajuste salarial. As en- tidades dos servidores denun- ciam a falta de vontade do governo em abrir negociações e dizem esperar mais do gover-

nador interino, Aníbal Khury. Em Curitiba, os servidores deverão se concentrar pela manhã em frente ao Palácio Iguaçu. Depois, a manifestação prossegue juntamente com os trabalhadores rurais que estarão participando do Grito da Terra.

Página 6

As entidades que orga- nizam o 3o Grito da Terra esperam a participação

de cerca de 100 mil trabalhadores rurais em todo o país. No Paraná, as manifestações ocorrerão em Jacarezinho, no Norte Pioneiro, e em Curitiba, onde os três mil tra- balhadores esperados devem chegar na manhã de terça-feira. Eles ficarão acampados ao lado da

Rodoferroviária e pretendem, durante quatro dias, promover uma série de atividades, como a pre- sença na paralisação dos servidores estaduais e negociações com o governo do Estado, Assembléia Legislativa e órgãos federais. Em São Pedro do Ivaí, cerca de 800 bóias-frias entraram em greve, paralisando uma destilaria.

Página 5

Sem dinheiro para refor- mas e mesmo para ad- quirir materiais básicos,

o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Para- ná sobrevive de contribuições obtidas por uma Associação de Amigos. As condições de trabalho e de higiene são precárias, com grandes riscos de contaminação de pacientes e funcionários. Desde quinta- feira, os servidores do HC estão em greve. Além das reivindicações específicas, o sindicato dos servidores de- nuncia a tendência à priva- tização, e aponta os convênios com empresas privadas como passos concretos nesse sen- tido. A direção do HC, porém, vê os convênios como a única forma de superar a crise, garantindo recursos que per- mitam a sobrevivência e me- lhoria do hospital. Essa dis- cussão vai passar pelo Con- selho Universitário, onde as posições se dividem.

Página 7

Atletiba pode ser decisivo

Atlético e Coritiba voltam a se enfrentar neste domingo, no Pinheirâo, uma partida que pode ser decisiva para a conquista do ponto extra na próxima fase deste confuso Campeonato Para- naense. Se o Atlético vencer, livra uma vantagem de cinco pontos sobre seu maior rival. Para o Coritiba, o jogo é a possibilidade de superar a apagada participação nesta fase e manter suas chances.

Página 10

Uma é pouco Partidos caminham, para a definição

Um acordo selado entre Jaime Lerner e Rafael Greca praticamente

definiu Cássio Taniguchi como o candidato do PDT a prefeito de Curitiba. O acordo provocou descontentamentos no partido, que ainda enfrenta o problema do vice, cargo disputado pelos aliados. O PSDB mantém Carlos

Sharon Stone e ísabelle Adjani são as estrelas de

Diabolique, que estréia na próxima sexta-feira no Cine

Plaza. Confira toda a programação dos cinemas e as

principais atrações culturais gratuitas de Curitiba.

Página 9

Simões, se não se efetivar um acordo com o PDT. O PMDB vai dividido para a convenção, indeciso entre os nomes de Max Rosennjann, Elias Abrahão e Eduardo Requião. O PT escolhe neste final de semana, em encontro municipal, entre Ângelo Vanhoni e Magda Flores.

Página 3

Filada angústia O número de

desempregados que

procuram

diariamente o Sine

subiu mais de 30%

este ano. Uma

pequena

porcentagem desses

trabalhadores

consegue colocação.

Página 4

Página 2 - 25 a 31 de maio/96

Olpinião Lorota

Logo depois das derrotas do governo na votação da emenda

constitucional de reforma da Previdência, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse, através do porta-voz Sérgio Amaral, que não comprará votos para aprovar as reformas.

Algum engraçadinho poderia dízer a isso, e teria toda a razão; "Então, mudou!". Porque, desde que assumiu até agora, o Brasil inteiro tem visto FHC negociar despudoradamente a aprovação de seus projetos e propósitos. Vale para a quebra dos monopólios estatais, no ano passado, vale para o escandaloso socorro aos

bancos privados e vale até, o que é incrível, para a própria votação da Previdência pela Câmara.

O governo federal usou de todos os artifícios, pagos evidentemente com dinheiro público, para aprovar sua emenda. Criou ministérios, mudou ministros, assumiu dívidas municipais, perdoou dívidas rurais, liberou verbas e socorreu empreiteiras. Teve que contentar, sem muito constrangimento, aliás, bancadas inteiras. Até a última quarta-feira, não se tinha ouvido do presidente ou do governo como um todo nenhum senão a esse tipo de procedimento.

O que houve de diferente

esta semana é que os aquinhoados queriam mais- ora, se o próprio governo propõe o jogo, por que não jogá-lo?

E assim caminham as tão faladas reformas. Os dignos representantes do povo, em sua grande maioria, votam nelas não por estarem convencidos de sua necessidade, mas apenas em função da mais deslavada troca de favores.

Nosso engraçadinho tem razão em seu cinismo. Nada do comportamento do governo federal autoriza a pensar que daqui para a frente essa prática vai mudar. Por isso, a reação do presidente é, nada mais nada menos, conversa pra boi dormir.

Lote fácil? Água difícil Carlos Marés*

Duas reportagens da Fo- lha Popular da semana passada dão a imagem

real do descaso das autoridades para com o problema social. O governo do Estado vem dificul- tando cada vez mais o acesso à água tratada, comprovando tese já levantada de que há intenção de irritar a população ao ponto de concordar com a privatização da Sanepar.

A Prefeitura de Curitiba- COHAB-, por outro lado, pa- rece brincar com o povo, exi- gindo uma poupança de R$ 550,00 para a aquisição de lote íjistante. A COHAB se trans- forma, assim, em imobiliária rendosa, que vê, como qualquer empresa privada, na moradia do

povo um negócio e não um direito.

Os direitos fundamentais bá- sicos da cidadania nas cidades, saneamento e moradia estão dessa forma maltratados pelos governos estadual e municipal. Para pôr uma gota mais de desgraça neste caldo de incom- petência e não confessáveis interesses dos governos, soma- se o descalabro do governo federal com a questão mral.

Um mês depois do massacre de Eldorado dos Carajás e o governo ainda está fazendo planos. Que coisa curiosa, para dar dinheiro aos bancos, usa-se Medida Provisória, para não dar salário mínimo aceitável, usa-se Medida Provisória, para alterar a lei que possibilita o Judiciário conceder liminares para desalojar

posseiros e não conceder para desapropriar áreas de assen- tamento, não pode se usar Medida Provisória, entrega-se a discussão aos ruralistas do Congresso, que, aliás, dão apoio ao governo.

Parece claro que os atuais governos federal,. estadual e municipal estão do mesmo lado: desmilinguir o Estado, fazer dos ricos mais ricos, entregar nossas riquezas ao capital internacional, esconder a miséria e a pobreza debaixo do tapete. Isto tem um nome: neoliberalismo, e não é solução para o povo, como já se vê.

'Carlos Marés é procurador do Estado,

presidente do Instituto

Socioambiental e professor de

Direito Ambiental na PUC/PR

O direito de qualquer ser humano

David Harrad*

• ostaria de esclarecer a solução encontrada para minha permanência no

Brasil. Primeiro, é oportuno \embrar que se eu e o Toni formássemos um casal heteros- sexual teríamos tido o direito automático de regularizar minha residência no Brasil. Gostaria de "saber se as pessoas que se dão o direito de criticar permitiriam que uma lei injusta as separassem dos seus companheiros de vida ape- nas em função de sua nacio-

alíalidade e orientação sexual. Essas mesmas pessoas desistiriam

2JE-voltariam para seu país de origem, desfazendo sua união para

'Satisfazer uma burocracia arcaica? Não estou aqui no Brasil para tirar proveito. Deixei na Inglaterra

^ estabilidade financeira, um bom padrão de vida e toda minha

família para poder viver com meu companheiro, que porventura é brasileiro. Não tenho motivo para estar no Brasil se não porque eu

, quero estar ao lado da pessoa que amo. Este é o direito de qualquer .^er humano.

Enquanto a lei não' reconhecia a união estável entre duas pessoas

do mesmo sexo, apenas uma das condições contidas no Estatuto do Estrangeiro, a contratação, me permitia regularizar minha situação no país. Quando ingressei no Brasil, em 1991, nem a contra- tação me foi possível por não possuir qualificações suficien- temente especializadas.

Há quatro anos venho pres- tando voluntariamente serviços ao Grupo Dignidade na elaboração e gerenciamento de projetos de prevenção à Aids que beneficiam populações previamente igno- radas pelas campanhas gover- namentais, embora reconhe- cidamente mais vulneráveis à infecção pelo HIV. Os serviços que tenho prestado têm sido reconhecidos pelas autoridades sanitárias de nível municipal, estadual e federal. Não caí de pára-quedas.

A minha contratação é apenas a formalização do trabalho que já vinha fezendo. A contratação será feita através do Grupo Dignidade, sendo que foi necessário o Pro- grama Nacional de DST/AIDS do Ministério da Saúde dar seu aval para satisfazer as exigências para a concessão do visto tem- porário. A contratação não repre-

Enquanto a reforma da Previdência não vem

Flávio Arns*

Apesar da reforma do sis- tema previdencíário ser uma questão delicada-

afinal, o tema, muito abrangente e intrincado, exige cuidados e um tempo adequado de maturação-, alguns problemas afetos ao Minis- tério da Previdência poderiam ser ultrapassados sem muita celeuma, sem leis novas e sem acertos políticos. Um exemplo: o caso das instituições filantrópicas da área de assistência social que estão sendo executadas na Justiça em função de débitos relativos à cota patronal do INSS.

Ora, essas entidades- que são o paradigma do trabalho voluntário no Brasil e que executam serviços que o poder público deveria oferecer aos segmentos excluídos da população- estão, conforme estabelece a Cons- tituição de 1988, isentas do paga- mento do tributo. Mas como, no

momento, não existe um dispositivo que regulamente o texto cons- titucional, elas estão sendo cobradas, inclusive por meio de ações judiciais.

Essa questão em particular é de fácil solução. Basta que o Ministério da Previdência aprove uma reso- lução ou uma portaria, definindo os caminhos para a transformação dos débitos na forma de prestação de serviços. Até 1994, essa com- posição- justíssima por sinal- era realizada por meio de convênio com a Legião Brasileira de Assistência- LBA. Ocorre que o governo acabou com a LBA e não lhe assegurou um órgão sucedâneo, criando, então, um desnecessário entrave burocrático.

Sem a definição de um novo instrumento que possibilitasse a equação das dívidas, o Ministério da Previdência, via INSS, optou pelo fácil caminho da cobrança, mesmo que judicial. Essa atitude criou, pelo Brasil inteiro, um clima de intran-

qüilidade junto às instituições comunitárias que atendem crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiências. Sem recursos para quitar os injustificados débitos esob a ameaça de ter seus parcos bens penhorados, elas estão na iminência de paralisar os atendimentos, dei- xando na rua da amargura milhares de cidadãos que vêem nelas o único referencial em termos de realização de direitos básicos.

Enquanto a desejada e neces- sária reforma da Previdência não vem, os responsáveis pela área bem que poderiam mostrar um pouco de sensibilidade e resolver problemas como este. Basta apenas vontade para operar as soluções. Não é preciso discussão no Congresso, barganhas, favorecimentos políticos ou gastos. As alternativas práticas, descomplicadas, inclusive, já suge- rimos.

•F/óvío Arns • deputado federdpeh PSDB

senta um ônus adicional nos parcos recursos do SUS, já que será financiada através de con- vênios já em vigor no Grupo Dignidade.

Não sou culpado pela natureza omissa da lei de imigração. Também não sou parasita. Presto um serviço que muitos moralistas sequer se propuseram a fazer. Respondo pela minha consciência. Eu e o Toni lutamos para garantir nossa felicidade. Se fosse neces- sário, faríamos tudo de novo.

Também gostaria de esclarecer que era inevitável que a sra. Isabel Kugler Mendes se posicionasse contra mim e o Toni enquanto integrantes do Grupo Dignidade, já que o mesmo solicitou das autoridades competentes a toma- da de providências em função de várias reclamações recebidas por nós a respeito da atitude pre- conceituosa e homofóbica da mesma. Essa atitude ela de- monstrou publicamente enquanto presidente do Conselho Municipal da Condição Feminina, e é incom- patível com o cargo que ocupava.

•David Harrad, inglês, recebeu um visto provisório,

de dois anos para permanência no Brasil.

Comunidade Solidária ou Solitária"? «

Luiz Carlos Corrêa Soares*

São tantos os programas, em todos os setores governa- mentais, que é praticamente impossível conhecer quantos

e quais são. Um cipoal de siglas (Pro.isto, Pro...aquilo, Pro...etc.) cuja listagem seria equivalente à lista telefônica de uma das grandes cidades do país. Temos também os ProPros, isto é, os programas que coordenam programas, os ProProPros, isto é, os programas que coordenam programas ProProPros, isto é, os programas que coordenam programas que, por sua vez, coordenam programas e assim por diante.

O Programa Comunidade Soli- dária é um desses aí. Tem, como tantos outros, o objetivo único de executar as chamadas políticas compensatórias. Essas políticas, como sabemos, tem o significado da chupeta que é dada ao nem para dormir com fome porque não há mais leite para a mamadeira.

Durante algum tempo, foi consi- derado pelas "mariposas do po- der"como um dos mais ambiciosos programas do projeto neoliberal de FHC, no campo do social. Rapi- damente, porém, foi mostrando sua verdadeira cara e passando de Comunidade Solidária para "Como- didade Solitária", como mais

apropriadamente desde o início já o havíamos rebatizado, em função dos privilegiamentos políticos e elei- toreiros para as curriolas e apa- drinhados dos centros do poder.

Há poucos dias, quando o Be- tinho se demitiu do Conselho do "Comodidade Solitária", ficou definitivamente escancarado, para quem ainda tinha dúvidas, a enorme fraude que é essa cópia decalcada do Pronasol (Programa Nacional de Solidariedade) mexicano.

Estamos todos aplaudindo a decisão do Betinho, principalmente as parcelas significativas de parti- cipantes da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida que vinham se sentindo muito angustiados pelo uso que o governo fazia do prestígio e do status moral e ético do nosso animador maior.

Para nós, da Ação da Cidadania, é muito desconfortável constatar

que, enquanto ações de solida- riedade e criatividade civil conse- guem gerar, com grande esforço e dificuldades, dezenas ou mesmo centenas de empregos, as políticas neoliberais dos governos idem semeiam centenas e milhares ou milhões de desempregos.

Discursos e programinhas caça- votos, como o "Comodidade Solitá- ria", jamais poderão iludir por muito tempo a população, a qual sabe muito bem identificar a diferença entre a sua dura realidade do dia a dia e os sonhos impossíveis, alar- deados pelos trombeteiros de plantão, sempre presentes ao redor do poder.

"Lu/z Carlos Coma Soares • presidenta do Senge, diretor da Fisenge e coordenador da Ação

da cidadania contra a fome, a miséria e pela vida no Paraná

FOLHA POPULAR é um jornal de propriedade do Centro de Formação Irmã Araújo, Al. Dr. Murici, 542, 9o andar, sala 906, Centro, Curitiba,

CEP80010-120 - Fonefax (041) 322-8487 Fone: 322-0894 CGC/MF: 76.660.844/0001-20 - Inscrição Estadual: Isento

Editor Chefe: Roberto Elias Salomão Diretora de Redação: Léa Okseanberg Diretor Administrativo: Verly Olivete

Coordenação do Projeto: Maria Lúcia Becker Distribuição: Edmar Pereira dos Santos

Projeto Gráfico: Simplicità Comunicação - (041) 223-0185 Composição e Diagramaçüo: Walter Komeiczuk e Joaquim "Niko" Pereira

Fotolito e Impressão: Editora Helvética Ltda - Fonefax: (041) 232-0634.

As matérias assinadas não refletem, necessariamente, a opinião deste jornal

t f

25 a 31 de maio/96 - Página 3

Eolítíca PDT

Lemer e Greca ungem Taniguchi A "escolha" do nome de

Cássio Taniguchi para disputar a Prefeitura de

Curitiba pelo PDT rendeu, pelo menos, dois cargos no primeiro escalão a Greca e esposa

O governador Jaime Lemer e o prefeito Rafael Greca passaram a semana nos Estados Unidos com um peso menor de preo- cupações: antes da viagem, no sábado (dia 18), anunciaram a escolha do candidato do PDT à Prefeitura, nas eleições de outu- bro. Como já era esperado, o atual secretário do Planejamento, Cássio Taniguchi disputará o pleito, com intenção de manter uma linha de continuidade das últimas administrações. Durante a solenidade de lançamento de seu nome, Cássio não deixou por

menos: indicou Greca para o governo do Estado e Lemer para a Presidência da República, em 98.

O acordo em tomo do nome do secretário foi possível depois que Lemer assumiu o com- promisso de garantir a presença de Rafael Greca e sua mulher, Margarita Sansone, em cargos do primeiro escalão do governo do estado, a partir de janeiro. Lemer chegou a prometer que os dois podem escolher qualquer posto, menos a Secretaria da Criança e Assuntos da Família, que é ocupada por sua mulher, Fani. Para manifestar seu descon- tentamento com o acordo, duas importantes lideranças do PDT não compareceram à solenidade, o deputado Algaci Túlio e o

presidente da Companhia de Urbanização, Carlos Ceneviva. Os dois sonhavam com suas próprias candidaturas.

Superado o impasse da cabeça de chapa, resta agora a difícil escolha do candidato a vice- prefeito. Os partidos que parti- ciparam da coligação que elegeu Lemer em 94 continuam pres- sionando pelo cargo. PFL, PPB, PTB e até o PSDB persistem em intensas manobras de bastidores para ficar com a segunda vaga. O partido mais distante, nos últimos dias, era o PSDB, que pode mesmo lançar o nome do deputado Carlos Simões, líder das pesquisas de opinião pública.

Estas negociações devem se estender ainda pela próximas semanas, até que acabe o prazo

PMDB

Disputa passa por Requião e Mário Pereira

Nos últimos anos, a Prefeitura de Curitiba foi comandada apenas

por dois partidos: o PDT e o PMDB

Maurício Fruet e Ro- berto Requião foram prefeitos do PMDB,

se revezando no cargo com Jaime Lemer e Rafael Greca, do PDT Pela força que os peeme- debistas têm na cidade, é posável prever que, este ano, o candidato do partido desempenhará um papel importante na eleição, com possibilidade de questionar o modelo da atual administração. Mas a escolha do nome do PMDB, como em quase todos os partidos, está envolvendo uma disputa intensa.

São três os candidatos: os deputados federais Elias Abrahão e Max Rosenmann e o irmão do ex-govemador Roberto Requião, Eduardo Requião. O partido deve antecipar a con- venção, inicialmente marcada para o final de mês, e realizar a escolha do candidato no dia 8 de junho, com objetivo de colocar logo a campanha na ma-já que o PDT fechou acordo em tomo de Cássio Taniguchi.

Na convenção municipal do PMDB, vai se repetir a disputa entre Requião e Mário Pereira, que é o atual presidente do Diretório Regional do partido. Os

dois romperam logo depois que Requião deixou o govemo, em 1994, para disputar o Senado e passou a acusar o seu vice de favorecer interesses de emprei- teiros e grandes empresas, na administração do estado.

As acusações voltam a acon- tecer agora, em relação à disputa da Prefeitura de Curitiba: o ex- vereador Doático Santos denun- ciou, há poucos dias, que Rosenmann estaria comprando w

convencionais do PMDB. Santos está trabalhando pelo nome de Elias Abrahão, pois brigou com Requião e não defende o nome do irmão Eduardo no pleito deste ano. Além de Doático, vários outros políticos muito ligados ao atual senador mudaram de lado. É o caso, por exemplo, do deputado estadual Luiz Cládio Romanelli, que está com Max Rosenmann.

A mágoa dos chamados "peemedebistas históricos" é que Rosenmann entrou no partido no ano passado- depois de romper com o PDT de Jaime Lemer- com a promessa de que não seria candidato. O propósito do pri- meiro momento, contudo, durou pouco e a convenção promete esquentar. Há uma grande pos- sibilidade da família Requião retirar a pré-candidatura de Eduardo e apoiar Elias Abrahão, aumentando as chances de der- rotar o esquema de Mário Pereira/Max Rosenmann.

CIDADáO HONORáRIO

Betinho fica sem o título

legal para a realização das convenções para escolha de candidatos ou homologação de coligações, no final de junho. Não está descartada a possibilidade do PDT optar por um candidato a vice tirado de suas próprias fileiras e, neste caso, o nome do deputado Algaci Túlio seria o escolhido, em função de sua densidade eleitoral nos bairros Na eleição para o govemo em. 94, Lemer acabou escolhendo a vice-govemadora Emília Belinati, também do PDT, por doi* motivos básicos: as dificuldades de superar as divergências dos partidos aliados e o feto de Emília ser de Londrina, no Norte do Paraná, onde o então ex-prefeito de Curitiba era pouco conhe- cido.

Numa decisão inédita» Câmara de

Curitiba adia votação de projeto do vereador

Tadeu Veneri

O sociólogo e criador do Movimento Ação da Cidadania contra a Fome e pela Vida, Herbert José

de Souza, o Betinho, não será agraciado, pelo menos por en-

quanto, com o título de Cidadão Honorário de Curitiba. Numa deci- são inédita em questões dessa natureza, a Câmara Municipal adiou por cinco sessões a votação do projeto, de autoria do vereador Tadeu Veneri (PT).

Veneri garante que o adiamento se deu em função de sua postura de oposição à administração muni- cipal, e teria o objetivo de "forçar uma barganha à qual não vou me submeter". Ele cita o projeto que

apresentou no inicio do ano, am- pliando para todos os servidores públicos municipais o reajuste de 20% concedido em 95 aos cargos comissionados do Executivo. O projeto foi rejeitado pela maioria dos vereadores e, segundo Veneri, eles não gostaram da divulgação pública dessa posição.

Os comitês estadual e metropo- litano da Ação da Cidadania divul- garam nota, dizendo que o adiamento da votação "causa, no mínimo,

PT escolhe candidato em encontro

Até a tarde desta domingo, disputa entre

AngeloVanhonieMagda Flores polariza o partido

O PT de Curitiba escolhe neste final de semana, cm encontro municipal, o seu candidato a prefeito. Disputam a indicação o deputado estadual Ângelo Va-

nhoni e apsicóíoga Magda Flores. Mas o encontro tem outros

pontos a discutir: conjuntura: política, plano de govemo, política- de alianças e a chapa dç candidatos a vereador. Quanto às aüanças, a tendência é fechar umá coligação com os partidos dií esquerda (PSB, PCdoB, PCB; PPS. PV, PSTÜ).

semana na

KHURY GOVERNADOR

Com a viagem do governador Jaime Lemer e a licença da vice- govemadora Emília Belinatti, o presidente da Assembléia, deputado Aníbal Khury, assumiu interinamente os destinos do Executivo paranaense. Na segunda-feira, com a solenidade de posse, não houve sessão. A Assembléia, nesse meio tempo, passa a ser presidida por Luiz Carlos Zuk.

SEGURANçA NOS BANCOS O govemo vetou, sem muitas explicações, projeto do deputado

César Seleme, aprovado no ano passado, que tomava obrigatória a instalação de porta de segurança em todas as agências bancárias do Paraná. O veto deveria ter sido apreciado esta semana, mas a votação foi adiada. Os sindicatos dos bancários do estado, favoráveis ao projeto, vão estrilar.

UTILIDADE PúBLICA

Associação de Pais e Mestres do Colégio Manoel Romão Netto, Associação Desafio Jovem Vidas para Cristo, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Verê, Associação de Moradores Sul do Capão Raso, Instituto Cristão, Associação Maringaense de Apoio à Pastoral da Criança, Instituto de Profissionalização da Criançae do Adolescente Dom Bosco. São algumas das entidades que foram declaradas de utilidade pública esta semana pelos deputados.

José Luís Talarico

estranheza e perplexidade, pois não há motivo suficiente para negar a viabilidade e a importância deste projeto". A nota alerta que quando da votação do projeto as depen- dências da Câmara serão lotadas, para pressionar por sua aprovação.

O autor do pedido de adiamento, Geraldo Yamada (PTB), da bancada de sustentação do prefeito, foi procurado duas vezes pela Folha Popular, mas não deu nenhum retorno.

H sebiana na Câmara

Tramita na Casa projeto de lei da vereadora Rosa Maria Chiamulera, PDT, que "estabelece penalidades aos estabelecimentos que abrigarem crianças e adolescentes desacompanhados dos pais ou responsáveis" Em sua justificativa, a vereadora afirma ser objetivo prevenir a exploração sexual de menores, que "assume proporções assustadoras em nosso país".

• • • • n

O vereador Borges dos Reis, PSDB, não gosta realmente dos fumantes. Agora entra com novo projeto- outros já haviam sido vetados- no sentido de dividir os fumantes dos não fumantes, estabelecendo área de 50% nos restaurantes para cada uma "das categorias". Menos para aqueles estabelecimentos que, usando de tecnologia mais avançada, "promovam a aspiração total da fumaça dos fumantes, permitindo a todos os usuários o uso do recinto com ar puro". Como somente os cinco estrelas terão a aparelhagem sofisticada, os ricos passarão a ser menos discriminatórios que os mais pobres e os amigos fumantes poderão compartilhar da mesma mesa com os não-fumantes.

J.KS.

Página 4 - 25 a 31 de maio/96

Economia DESEMPREGO

Aumentam as filas no Sine Apenas 5% dos que

procuram o órgão são empregados; procura chega a 1.200 por dia

Do final do ano passado até agora a procura por emprego no Sine/PR-

Sistema Nacional de Emprego aumentou 30%. Em 95, 900 pessoas em média procuravam a agência diariamente. Hoje este número sobe para 1.200. A inlbrmaçáo é do diretor do Sine/ PFL, Antônio Viticoski, que atribui o aumento aos ajustes do Plano Real, quando muitas empresas tiveram que demitir. Segundo de, sâo encaminhados ao mercado de trabalho todos os dias pela agência 20% dos que a procu- ram. Para cada vaga solicitada, são enviadas três pessoas, e destas apenas uma é empregada, ou seja, da média diária de 1.200 trabalhadores que vão até o Sine, 240 são encaminhados, mas

RÁPIDAS

FESTA DO DíVINO A Comunidade Divino fepírito Santo promove neste domingo» dia 26, uma festa com o objetivo de arrecadar fundos para a igreja. Começando çpm uma missa, às 10 horas, a festa terá em seguida muitos |Ggos, chuiTâsco e mósica ao vivo. Todos os moradores do Vale do Passaúna e bairros vizinhos estão convidados

BOM PROGRAMA

Nos próximos dias 31 demak) ei* de junho, o apresentador do programa da TV Cultura "Nossa LínguaPortuguesa", Pasquale Cipro Neto, vai estar em Curitiba, a convite do Sindicato dos Jornalistas, para falar sobre "A língua portuguesa nos meios de comunicação". A palestra de «èiDroNeto no dia 31 será no próprio sindicato. No dia 1° de junho, ele volta para falar especi aimente sobre jornais, escritores e composições paranaenses. Nos dois dias haverá debate,

COMUNICAçãO Mais um jornal renasce em Piraquara; éo "Comunicador". O município

' ganhou também uma emissora de rádio, a FM 107.5, a Rádio do Senhor A direção do Sistema Bom Jesus de Comunicação» responsável pdós dois veículos* espera para breve a liberação para operar uma rádio ÂM e uma TV,

MOVIMENTO POPULAR G Centro de Formação Irmã Araújo está promovendo um seminário sobre Movimentos Populares -Eleições/96. Vai ser no dia l6 de junho, na Casa do Jornalista, e o principal objetivo é discutir amplamente como podem os

. movimentos e organizações

: pcpalares contribuir com nOmese propostas concretas para o processo eleitoral deste airo, fortalecendo aidéia do que é candidatura popular

apenas 80 ficam com o emprego. Isto corresponde a pouco mais de 5% da demanda.

De acordo com Viticoski, outro fator se aliou a este: muitos jovens e adolescentes foram lançados no mercado de trabalho para ajudar no orçamento da família. "Atualmente, 70% dos que procuram o Sine são jovens de 19 a 24 anos", diz, expli- cando que muitos acabam deses-

timulados porque a exigência das empresas é maior, os empre- sários querem experiência mínima de seis meses.

A auxiliar administrativa Adriana Faria de Francisco, de 19 anos, que foi encaminhada para uma empresa, diz que mesmo com segundo grau com- pleto está sendo complicado conseguir um trabalho. "Eu fui estagiária, tem muitos que que-

rem experiência de um, dois, três anos. É difícil para quem está saindo de um colégio".

Se para o jovem é difícil começar, para o adulto a dificul- dade pode ser maior. O porteiro Francisco Agenor, 44 anos, desempregado há seis meses, diz que foi mandado embora do serviço porque estava doente e já deixou a vida na mão do acaso. "Eu só acredito na justiça de lá de cima, aqui em baixo é só dinheiro".

O diretor do Sine diz que na maioria das vezes a faixa etária pedida é de até 40 anos e pode ser pior quando o trabalhador não tem o primeiro grau com- pleto. O Sine está colocando à disposição dos desempregados 67 cursos, que serão ministrados de junho a dezembro deste ano. Os interessados devem procurar a agência.

Kristíane Rathstein

Vereadores fazem seminário No Brasil, segundo dados

do Ipardes, existem 10 milhões de desempregados.

Em Curitiba e Região /Vletropo/rtana são 137 mil,

numa população de 1.390 mil

Com base nestes dados, a Câmara Municipal de Curitiba realizou na

última quinta-feira o seminário "Desemprego: Discutindo Alter- nativas". O seminário, proposto j)elo vereador Naíálio Stica, teve o objetivo de identificar as causas, analisar as conse- qüências e propor alternativas para o problema "O direito ao trabalho é o exercício mínimo da dignidade humana", afirmou Stica na abertura do debate. Ele enfatizou que o desemprego vem aumentando e que se faz

necessária a discussão do tema. Participaram do seminário o

presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (São Paulo), Heguiberto Delia Bela Navarro, o Guiba, que também é presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT; o vice-presidente da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP), João Batista Corrêa; o secretário municipal da Indústria e Comércio de Curitiba, Antoninho Caron, e Delúbio Soares, membro do Conselho- Deliberativo do Fundo de Am- paro ao Trabalhador e secretário sindical da Executiva Nacional do PT.

O seminário aprovou uma série de propostas e/ou reivindicações para enfrentar o problema do desemprego no Brasil:

• Redução da jornada de

PREVIDêNCIA

trabalho sem redução de salário • Campanha pública contra

horas extras • Facilidade de crédito a

micro-empresa, sem burocracia • Requalificação profissional • Contrato coletivo de trabalho • Retardar a entrada de

menores no mercado - Bolsa Escola

• Legislação mais rigora contra demissões

• Reter o fluxo migratório - Reforma Agrária

• Medidas emergências: frente de trabalho, isenção de taxas, passe-desempregado

• Cartilha sobre direitos do desempregado

• Estado investir mais no social: contratar mão de obra

• Fórum permanente para debater o problema

Governo derrotado na Câmara

Depois do fracasso, provocado pela própria

bancada governista, FHC pensa em

abandonar reforma

A Câmara dos Deputados impôs quarta-feira ao governo sua maior derrota,

durante a retomada da votação da reforma da Previdência. Foram feitas três votações e o governo perdeu as três, duas delas para destaques de Arnaldo Faria de Sá (PPB-SP), da própria base go- vernista, e outra para a oposição, em destaque de Jandira Feghalli (PCdoB-RJ). Para evitar uma surra maior, o presidente da Câmara, Luiz Eduardo Magalhães (PFL-BA) encerrou a sessão.

Os deputados mantiveram o direito dos servidores públicos de se aposentarem integralmente com qualquer idade, desde que tenham contribuído durante 35 anos para a Previdência (homens) e 30 anos (mulheres). O governo pretendia fixar na Constituição o limite mínimo de 55 anos para a aposentadoria

integral do homem e 50 para as mulheres. Em outra votação, os deputados devolveram aos professores universitários o direito à aposentadoria. E, na terceira, garantiram a igualdade de proventos entre os aposentados e os ativos.

Os líderes dos partidos que apoiam o governo tentaram de todas as formas levar para a Câmara pelo menos 480 deputados. Só assim, acreditavam, neutralÍ2ariam ban- cadas rebeldes, como ruralistas e mineiros. Mas, no plenário, apare- ceram no máximo 462 deputados.

O presidente Fernando Henrique Cardoso manifestou-se, por inter- médio de assessores, sobre os resultados na Câmara. Ele disse: "O Congresso Nacional está assumindo as suas responsabilidades". A frase foi repetida várias vezes por Luiz Eduardo Magalhães como se fossem um eco do presidente: "Cada um assuma suas responsabili- dades". Através do porta-voz Sérgio Amaral, FHC disse que os depu- tados votaram pela manutenção dos privilégios e que não comprará votos. Esta última declaração veio depois de uma semana intensa de

negociações, na qual o govemo fez grandes concessões aos ruralistas e à bancada mineira.

Depois da derrota, FHC passou a considerar a possibilidade de retirar a emenda constitucional de reforma da Previdência. O preço da aprovação da emenda tem sido alto demais, na opinião de líderes dos partidos de sustentação do govemo. Negociações como as que envol- veram o govemo e os ruralistas, além da bancada mineira inte- ressada em salvar a Construtora Mendes Júnior, estariam abalando a credibilidade das instituições.

Havendo a retirada do projeto de reforma da Previdência, o govemo deverá imediatamente editar uma Medida Provisória com regras para os fundos de pensões das estatais. A principal delas deverá ser o limite deR$ 1,00 da entidade patronal para cada R$ 1,00 do contribuinte trabalhador. Hoje, a contribuição é na base de 2 para 1. Frustrado na reforma da Previdência, o govemo somaria forças para a regula- mentação da ordem econômica e a aprovação da reforma tributária. (Agência Estado)

NOVAS FáBRICAS, POUCOS EMPREGOS A abertura ou expansão de novas fábricas vai criar menos

empregos diretos do que esperavam governadores, prefeitos e trabalhadores dos municípios onde estão se instalando as novas unidades. As indústrias que estão se instalando são de capital intensivo, demandando baixo número de trabalhadores. São empresas que dispõem de equipamentos sofisticados que substituem mão-de-obra. Mas não é só a alta tecnologia que emprega menos. Elas contratam também menos no setor administrativo. No processo de enxugamento, elas reduziram níveis hierárquicos e cargos administrativos. As indústrias que chegam ao País levam essa concepção para as novas fábricas. Além de empregar menos, estas empresas são cada vez mais exigentes. A procura é por profissionais mais capacitados. A preferência é dada aos profissionais que podem se deslocar com facilidade de

um setor para outro.

OITO MESES, 664 MIL DEMITIDOS O número de trabalhadores contratados com carteira assinada é

menor do que no início do Plano Real. Nos últimos oito meses, 664 mil assalariados da indústria, comércio e serviços foram demitidos, segundo dados do Ministério do Trabalho. É a maior concentração de demissões dos últimos quatro anos. Entre os 664 mil demitidos; 70% são homens, 58% estavam há menos de um ano no emprego, 61% recebiam de 1 a 3 salários mínimos, 48% tinham entre.25 e 39 anos de idade e 57% cursaram entre a 4a e a 8" séries. Entre os demitidos, 20% possuem o 2o grau completo e o salário pago para 69% dos demitidos é inferior a R$ 300,00. Segundo Márcio Pochmann, da Unicamp, "isso mostra que o problema do emprego não se resolve pela qualificação da mão-de-obra ou com mercado livre para reduzir o custo da mão-de-obra".

BUSCA DA COMPETITIVIDADE = DEMISSõES

Para o economista Jorge Mattoso, do Instituto de Economia da Unicamp, o emprego está sendo a única variável de ajuste que as empresas estão utilizando para reduzir custos. "A competitividade só está sendo buscada no interior das empresas". Para ele, três causas explicam o crescimento do desemprego e da ocupação precária: a) a forma subordinada pela qual o País está se inserindo na economia mundial; b) a abertura indiscriminada e a ausência de mecanismos de combate à concorrência externa desleal; c) a política econômica atual, especialmente os juros altos e o câmbio desvalorizado.

REENGENHARIA NOS CANAVIAIS

Um intenso processo de terceirização vai se instaurando nos canaviais. Por exemplo, a Usina Santa Elisa, em Sertãozinho, São Paulo, teredrizou a manutenção dos tratores. Com isso, ela desmontou toda a estrutura de oficina e almoxarifado específica para o sistema de transporte. Até a manutenção dos 260 aparelhos de ar condicionado foi terceirizada. Tudo pela eficiência. A produtividade já aumentou 15% em um ano e o custo da produção de açúcar é 20% menor do que há cinco anos. Todos estes avanços, porém, resultaram em demissões. Com 4,8 mil funcionários, a empresa tem hoje 1,5 mil a menos do que tinha há dois anos. No próximo ano deverá ter pouco mais de 3 mil, ou seja, aproximadamente 1,5 mil vão ser demitidos.

CUSTO DA REDUçãO DA MISéRIA: 0,7% DO PIB Recente estudo do Banco Mundial mostra que para reduzir a

miséria absoluta (caracterizada por renda inferior ao necessário para alimentar-se e à família), seria necessário aplicar somente 0,7% do Produto Interno Bruto brasileiro. Isto corresponde amais ou menos R$ 4,2 bilhões, portanto, muito menos do que todo o dinheiro aplicado para salvar os bancos falidos como o Nacional e o Econômico. Com esta pequena quantia, retirar-se-ia da marginalidade absoluta todos os 17 milhões de miseráveis do Brasil.

CRESCIMENTO CONVIVE COM POBREZA

A reunião bianual da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), realizada no mês de abril na Costa Rica, constatou que o crescimento econômico da América Latina melhorou nos últimos anos. Mas, o que já era esperado, isso não foi o suficiente para resolver os problemas de pobreza e desemprego, que também vêm crescendo aceleradamente.

CEPAT-Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores

25 a 31 de maio/96 - Página 5

UM GRITO PELA VIDA

100 mil no terceiro Grito da Terra Em Curitiba, mais de 3 mil montarão acampamento no centro da cidade

Na próxima semana, mais de 100 mil trabalha- dores rurais de todo o

Pais participarão do movimento "Grito da Terra Brasil", coordenado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). No Paraná, o movimento, organizado pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetaep), CUT-PR, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Co- missão Pastoral da Terra (CPT- PR) e Comissão das Famílias Atingidas por Barragens do Iguaçu (Crabi) promoverá mani- festações nas cidades de Jaca- rezinho (400 km da capital) e Curitiba.

Em seu terceiro ano conse- cutivo, o "Grito" tem por tema a valorização da agricultura fami- liar, reforma agrária e emprego, e deverá mobilizar trabalhadores rurais em todas as capitais brasileiras e em diversos mu- nicípios. O objetivo dos orga- nizadores é negociar com os governos federal, estaduais e municipais um conjunto de polí- ticas públicas que garanta con- dições dignas de vida e trabalho, justiça social e democracia

econômica no campo. A pauta de reivindicações

nacionais do 3o Grito da Terra Brasil foi apresentada oficial- mente à imprensa no último dia 15 de maio, em solenidade ocorrida no auditório Nereu Ramos da Câmara dos Depu- tados, em Brasília. Em Curitiba, no mesmo dia, os trabalhadores rurais do Estado apresentaram a pauta estadual na Assembléia Legislativa e ao governo do Estado.

CIDADE DE LONA De 28 a 31 de maio, mais de

3 mil trabalhadores rurais monta- rão acampamento no centro de Curitiba e cobrarão dos órgãos paranaenses uma resposta às suas reivindicações. O acam- pamento será montado em ter- reno próximo àRodoferroviária, onde serão instalados pela pre- feitura municipal banheiros e postos de saúde. Os manifes- tantes deverão ter garantidos também os fornecimentos de água e energia elétrica durante os quatro dias de manifestação.

Um "circo" será montado no centro do acampamento para o desenvolvimentos de atividades culturais, como peças de teatro, apresentações de duplas serta- nejas de Curitiba, gincanas, manifestações artísticas dos próprios agricultores e, até, um "bailão", para animar as noites dos acampados. Durante o dia, os trabalhadores rurais acom-

panharão as negociações com o governo do Estado, secretarias da Agricultura e do Trabalho, Ministério da Fazenda, INCRA, Assembléia Legislativa, Copei, INSS e Banco Central.

No domingo, dia 26 de maio, mais de 15 ônibus com traba- lhadores rurais do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul se encontrarão na cidade de Jaca- rezinho, onde aproximadamente 1.500 pessoas participarão de ato público e celebração religiosa alusivos ao "Grito da Terra". De Jacarezinho, as caravanas partem para Brasília (DF), onde acom- panharão as negociações da pauta nacional de reivindicações.

REFORMA AGRáRIA SAI

MAIS BARATO QUE A

RENAULT As reivindicações do 3 o Grito

da Terra Brasil se dividem em quatro pontos principais: política agrícola para a agricultura familiar, reforma agrária, questões sociais (previdência, educação, assis- tência e saúde) e política para assalariados rurais. Na política agrícola, o "Grito" reivindica o aumento no volume dos recursos destinados pelo Programa Na- cional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), do governo federal. Para o secretário geral da CUT-PR, Afonso Kamer, "o dinheiro liberado pelo Pronaf no ano passado, além de insu- ficiente, chegou tarde e era apenas

para custeio de safra. Isso não basta, precisamos de inves- timento na lavoura. O agricultor precisa de luz elétrica, de melhorar a infra-estrutura de sua pequena propriedade, de construir galpão, chiqueiro, estrebaria e, muitas vezes, faltam recursos para coisas pequenas, que também são importantes". Da Secretaria do Estado da Agricultura (Seab), os mani- festantes querem exclusividade para a agricultura familiar, pois, segundo eles, as grandes propriedades têm condições de remunerar técnicos e obter a assistência de que necessitam.

Além de reivindicarem a agilização nos processos de reforma agrária, o "Grito" busca, ainda, a liberação de 7,5 mil reais para cada família assentada. Segundo o coor- denador do MST no Paraná, Carlos Finkler, "para a insta- lação da Renault, em Curitiba, o governo do Estado está investindo mais de 100 mil reais por emprego gerado. Se divi- dirmos o custo da Renault, que é de 400 milhões de reais, pelo número de empregos gerados, 3 mil pessoas, chegaremos a esse cálculo. Fazer a reforma agrária é a forma mais barata de gerar empregos e pagar a dívida social", completa Finkler.

TTiea Tavares

VALE DO IVAí

800 bóias-ftias em greve

Trabalhadores rutds paralisam os trabalhos

em destilaria e apresentam sitos

reivindicações

Cerca de 800 bóias-frias entraram em greve na manhã de terça-feira,

paralisando totalmente as ativi- dades na Destilaria Vale do Ivaí (em São Pedro do Ivaí). Os grevistas procedem de vários municípios da região, sendo representados por oito sindi- catos de trabalhadores rurais,

Na quarta-feira, dirigentes desses sindicatos e da FETAEP-Federação dos Tra- balhadores na Agricultura do Estado do Paraná reuniram-se na cidade para forçar a abertura de negociações com a empresa Até o fechamento desta edição, ainda não havia terminado a reunião de conciliação no TRT, em Curitiba, marcada para a tarde de sexta-feira.

A direção da destilaria cortai a água, a luz e o tdefone publico

para os grevistas que se con- centraram nafrente da empresa Ao mesmo tempo, pediu aos bóias-frias que liberassem a saída de três caminhões carre- gados com álcool. Os grevistas se dispuseram a aceitar o pedido, desde que pudessem contar novamente comágua, luz

e telefone. De acordo com o presidente

do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Assalariados de Lunar- delli, João Alves Farias, as reivindicações dos bóias-frias, entregues à direção da em- presa, são as seguintes: reajuste de 30% sobre a tonelada de cana cortada (e 50% no caso da cana de mais de dois anos, que é mais dura e difícil de cortar); uma cesta básica para cada trabalhador que atingir o corte de seis toneladas diárias de cana, fornecimento pela empresa de facão aos corta- dores (são eles que compram); fornecimento de capa plástica de chuva; e concessão de folga aos domingoseferiados.

SAúDE BANCOS

Mortalidade materna preocupa Para cada 100 mil bebês nascidos vivas no Paraná,

morrem 104 mães

Segundo dados do Comitê Estadual de Mortalidade Materna do Paraná, em 94

ocorreram 104 mortes de mães para cada 100 mil nascidos vivos. O índice aceitável pela Orga- nização Mundial de Saúde (OMS) é de 10 mortes para cada 100 mil nascidos vivos.

Visando sensibilizar a socie- dade e profissionais e alertar para o problema, há três anos se instituiu no Estado o Dia Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna", em 28 de maio. O tema deste ano é "Qualidade no Pré- Natal e na Assistência Materna".

Organizado pelas secretarias Estadual e Municipal de Saúde e pelos comitês Municipal e Estadual de Prevenção da Mortalidade

Materna, com apoio da PUC- Pontifícia Universidade Católica do Paraná), serão realizados seminários, palestras e campanhas de esclarecimento à população.

Com o objetivo de redução de óbitos matemais e infantis, o Estado implantará o projeto "Protegendo a Vida" em todo o Estado. Guarapuava, Pato Branco e Fran- cisco Beltrão já desenvolvem o projeto. A Secretaria de Saúde pretende ampliar até o final de julho o prazo para as outras cidades.

Segundo Vânia Munhoz Soa- res, presidente do Comitê, o projeto prevê a capacitação dos profissionais, ofertas de equi- pamentos de hospitais, criação de postos de saúde e avaliação constante dos serviços prestados, além de investimentos na melhoria da qualidade dos serviços de atendimento às gestantes e recém-nascidos.

Prôj€çaoDigi$j ^IBy^M^qy

6 anos de jdade i3ar)OS<ie ideulc

Segundo Vânia, a questão da mortalidade matemal era ignorada e os dados oficiais não corres- pondiam à realidade. "Hoje há um enfrentamento do problema". Ela esclareceu que 73% das mortes resultam de causas diretamente relacionadas à gravidez, vindo em primeiro lugar a eclâmpsia (hiper- tensão específica na gravidez), seguida da hemorragia. Segundo dados do Comitê, a maioria das mulheres tem menos de 29 anos, renda familiar igual ou menor que 1 salário mínimo, menos de 4 anos de estudo e 3 ou mais filhos. E 80% das mortes são de mulheres atendidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O quadro se agrava diante da deficiência de leitos nos hospitais públicos. Vânia não acredita na falência do Sistema. "Ele pode e deve melhorar", conclui.

Paula Pires

Polícia "envelhece" foto de criança desaparecida

(> Instituto <le Criminalística do Paraná divulgou na segunda, 20, a foto envelhecida do garoto desaparecido há cinco anos. (inilherme C arames, tine hoje estaria com 13 anos. A técnica è a nova esperança de encontrar criamos desaparecidas de todo o Estado e até do país. O processo de envelhecimento de fotos parte de nm estudo minucioso dos traços da árvore genealógica das crianças, usando fotos dos familiares desde tpte eram pequenos.

Lemer veta portas de segurança

"Assaltar bancos é fácil, o difícil é fiigir"

A afirmação acima foi feita por um assaltante de banco, preso em Curitiba

em dezembro de 94, quando procurado pelo Sindicato dos Bancários de Curitiba para dar uma entrevista ao jornal do Sindicato, "Folha Bancária". Com 27 anos e oito assaltos bem sucedidos feitos em pouco mais de um ano, de abriu o jogo e falou da falta de segurança nos bancos e da facilidade de entrar nas agências.

Segimdo o assaltante, os roubos, normalmente, são planejados no mesmo dia do assalto. A quadrilha discute e escolhe as agências que têm um sistema de segurança deficiente, ou seja, aquelas que têm apenas um segurança, que não têm portas de segurança com detector de metais (e que detectariam os revólveres quando os assaltantes tentassem entrar) e sem vidro blindado (à prova de bala).

O crescimento no número de assaltos em Curitiba e região metropolitana comprovam o que ele diz. Só no ano passado, foram 64 assaltos, sendo 53 na capital, dez em municípios vizinhos e um em Rio Negro. Descontando os finais de semana e feriados, quando os bancos estão fechados, isso significa que a cada quatro dias uma agência bancária da Grande Curitiba foi vítima de assaltantes, colocando em risco a vida de

clientes e fun- cionários. Os prin- cipais alvos dos assa- ltantes foram agên- cias ou postos de serviço do Ba- nestado, com 19 as- saltos. No Bame- rindus ocorreram 16, na Caixa Econômica 15, e nos demais bancos 14.

Os dados, levantados pelo Departamento de Investigação da Polícia Civil, mostram que os assaltos dobraram em relação a 1994, quando houve 30 casos. O crescimento de assaltos não ocorre apenas em Curitiba. A Grande São Paulo, por exemplo, teve 848 assaltos em 95, contra 337 em 94.

Autoridades do campo da segu- rança concordam que o principal fator para o crescimento dos roubos é a facilidade que os assaltantes encontram para entrar nas agências. Ciente desse problema, desde o final de 94, o Sindicato dos Bancários de Curitiba está puxando um movimento pela instalação de um sistema adequado de segurança nos bancos.

Em Curitiba, a Câmara Muni- cipal aprovou em abril de 1994 a Lei n0 8.397, obrigando os bancos a instalarem portas eletrônicas especiais: com detector de metal, com mecanismo de travamento automático que impeça a entrada ao detectar o metal; com vidro à prova de bala.

Uma porta de segurança custa

Hun Akattt

cerca de 7 mil reais. Só com o valor roubado no ano passado, 1 milhão e 300 mil reais, poderiam ser ins- taladas 495 portas. Mas os bancos não parecem muito interessados em prevenir. Em setembro do ano passado, das 250 agências de Curitiba e região, apenas 25 tinham portas de segurança. A partir de setembro do ano passado, quando o Sindicato dos Bancários de Curitiba instalou o Fórum de Segurança Bancária, com a participação de autoridades de segurança, bancos e vigilantes, mais algumas agências bancárias foram equipadas, mas ainda assim o número é muito pequeno.

No restante do Estado, uma lei semelhante pode entrar em vigor. No ano passado a Assembléia Legislativa aprovou o projeto dé Lei n0 062/95, do deputado César Seleme, que traía do assunto. O projeto, entretanto, foi vetado pelo governador Jaime Lemer. O veto do governador, agora, será apre- ciado pelos deputados estaduais, que podem manter ou derrubar a decisão de Lemer.

Página 6 - 25 a 31 de maio/96

Béral ESTADUAIS

Servidores param quarta-feira O diretor do Departamento

de Recursos Humanos adianta que há estudos,

mas não há data nem percentual de reajuste previsto para o fun- cionalismo

A principal reivindicação dos servidores é a reposição das perdas salariais dos últimos oito anos, prometida pelo então can- didato Jaime Lerner. Segundo Elizabete V. Matheus da Silva, coordenadora de imprensa do Fórum das Entidades Sindicais dos Servidores Públicos Estaduais, o funcionalismo não tem como negociar com o governo. "Nunca fomos recebidos pelo gover- nador", reclama Elizabete. "Ler- ner tem dado clara demonstração do descompromisso com o serviço público e o servidor", acrescenta a coordenadora.

Os representantes dos onze sindicatos que compõem o Fórum entendem que quando há um diálogo permanente não se ne- gocia apenas o salário mas tam- bém os problemas da qualidade do atendimento à população, a quali- dade da prestação de serviços. "Na medida em que as relações de trabalho são democratizadas, tudo funciona a contento", diz uma outra representante do Fórum que esteve em Betim, Minas Gerais, e ficou impressionada com o encaminhamento dado às ques- tões básicas, como saúde, edu- cação, habitação etc..

Elizabete também revela ter uma certa esperança no fato de o deputado Aníbal Khoury ser o governador interino. De acordo

com ela, os representantes do Fórum acham que o deputado tem autonomia suficiente para resolver a questão.

DO LADO DE LÁ O deputado Aníbal Khoury

afirmou á Folha Popular que o diálogo será aberto e que rece- berá a Comissão que representa o Fórum, mas se poderá decidir alguma coisa já é outra história.

O diretor de Recursos Huma- nos da Secretaria da Admi- nistração, Luiz Afonso Caprilhone Erbano, admitiu que as reivin- dicações dos servidores são justas. Erbano disse que há estudos sobre a questão salarial, mas por enquanto não há data nem percentual para o reajuste.

O diretor argumentou ainda que não há como recompor essa perda em apenas um ano e meio de governo, com uma inflação baixa e a economia estabilizada, por- tanto não tendo havido cres- cimento da receita do Estado.

Para Elizabete, mais uma vez se aplica o slogan da campanha do Fórum: "Cidadão nota 10. Governador nota zero". "É uma farsa essa campanha Cidadão Nota 10". Indignada, Elizabete lembra que não há fiscais sufi- cientes para correr atrás dos grandes sonegadores e que "pe- gar notinhas fiscais é uma coisa mais do que normal, não precisa gastar rios de dinheiro na mídia", questiona a coordenadora. Ela responde a Erbano que jamais os servidores exigiram a reposição das perdas de uma só vez e

PETROLEIROS

acrescenta que se o governo tivesse aberto o diálogo com o Fórum, haveria como estudar conjuntamente alternativas para uma política salarial. "Seria possível até pensar num parce- lamento dessas perdas". Elizabete avisa que os servidores também defendem um Estado forte, sem dívidas.

MANIFESTAçãO A partir das 9 horas de quarta-

feira, começa a concentração em

frente ao Palácio Iguaçu. Juntam- se aos servidores os produtores rurais e os sem-terra que estarão em Curitiba para o "Grito da Terra". Às 14 horas, eles se dirigirão á Assembléia Legislativa para denunciar a situação de miserabilidade a que estão sub- metidos.

Estão vindo do interior cerca de 20 ônibus e, na avaliação dos representantes do Fórum, a mani- festação deverá aglutinar cinco mil pessoas.

CAOS NO ENSINO

Greve pára universidades

O salário dos servidores estaduais vale hoje pouco mais do que

1/4 do que valia em janeiro/87

O salário do funcionalismo vale hoje

28,85% do que valia em janeiro/87

■KliíííSSfiíí

A perda salarial média dos servidores é de

72,47%

Para repor essa perda seriam necessários

263,29% de reajuste, em 01/01/96

Fowua Dtew

Professores, servidores e estudantes

entram em greve, denunciando a falta de verbas

As universidades estaduais de Ponta Grossa, Lon- drina, Maringá e Oeste,

além de várias faculdades esta- duais isoladas, estão com suas atividades paralisadas desde a

última quarta-feira. Os pro- fessores e técnico-administrativos exigem reposição salarial e, junto

com os estudantes, denunciam a precária situação dessas institui-

ções, causada pela crônica falta

de verbas. O governador em exercício,

Aníbal Khury, recebeu na mesma

quarta-feira o presidente da

Associação Paranaense de Insti-

tuições de Ensino Superior

(Apiesp) e reitor da UEPG,

Roberto Frederico Merhy. Este entregou a Khury um manifesto

que mostra a crise das uni-

versidades paranaenses e lista as

reivindicações do setor.

CEGOS

A resposta de Khury foi anun-

ciar o envio de duas mensagens

à Assembléia Legislativa, para

serem apreciadas em caráter

urgente: a regulamentação do

artigo 205 da Constituição Esta- dual (que garante 2% da receita

tributária estadual para o fomento

à pesquisa científica e tecno-

lógica) e a autorização às univer-

sidades estaduais de prestarem

serviços a terceiros.

PRONTO-SOCORRO FECHADO

O Hospital de Clínicas da

Universidade Federal do Paraná

está em greve, mas a situação é

mais crítica ainda no Hospital

Universitário da Universidade de

Londrina: desde quarta-feira está

suspenso o atendimento de

emergência para adultos. O HU

precisa de reformas, mas não tem

verbas.

O fechamento do pronto-

socorro fez com que muitos

pacientes ficassem em maças nos

corredores do HU, sem receber

atendimento.

A volta dos demitidos Num cochilo, o

presidente FHC sanciona lei que

permite liminares de reintegração de

dirigentes sindicais no emprego

O primeiro dirigente sin- dical petroleiro a ser reintegrado foi Wilmar

Delia Páscoa, já de volta à Petrobrás. Em sentença anun- ciada no último dia 17, Jaime de Oliveira Ferrara teve assegurada a sua volta à empresa.

Houve uma mudança no artigo 659 da CLT, com a inclusão do parágrafo X, que estabelece, em primeira instância, que o indivíduo continue na empresa caso a liminar seja favorável ao recla- mante. Nesse caso, o dirigente sindical volta à empresa que o

demitiu e aguarda o final do processo trabalhando, portanto recebendo salário e todos os beneficios a que os outros tra- balhadores têm direito, até que a Justiça- em todas as instâncias-

decida se o sujeito vai ou não ser demitido. Esse processo em geral demora cerca de cinco anos. Se a Petrobrás não quiser reintegrar o trabalhador, terá que pagar o dirigente da mesma forma, de acordo com a decisão judicial.

No próximo dia 31, sai a sentença de Enio dos Reis, atual presidente do Sindicato dos Petroleiros. É bem provável que no caso de Enio a Justiça peça anulação do processo, porque a Petrobrás sequer lembrou que ele era dirigente sindical na hora de demiti-lo. Segundo Ferreira, "para o Enio deve ficar mais fácil ainda".

ATRAVESSANDO O SAMBA

A direção da Petrobrás da era FHC rompeu o acordo que firmara quando Itamar Franco era presidente da República. E decidiu, na época da greve dos petroleiros- em maio do ano passado-, não mais pagar o salário dos dirigentes sindicais. "Há sindicatos de petroleiros que quase acabaram, por não terem como se sustentar financei- ramente", lamenta Ferreira.

De acordo com o tesoureiro do Sindipetro, o Paraná foi pioneiro na utilização desse dispositivo que prevê a con- cessão de liminar a dirigentes sindicais. "Mas não foi só isso", garante Ferreira, "houve uma campanha de solidariedade tão grande que nenhum dos nove petroleiros atingidos pela onda demissionária de FHC passou fome", garante.

Movimento pede renúncia da presidente

Sindicais

QUAUDADE TOTAL

O Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Paraná (IBQP) estará promo- vendo, em conjunto com o DIEESE, um seminário para dirigentes e lideranças sindicais na quinta-feira, 30, na Universidade Livre do Trabalho, a partir das 9 horas. O seminário foi viabilizado sem custo para os participantes.

GREVE NACIONAL DOS

TELEFôNICOS

Os telefônicos do Paraná aprovaram, em assembléia geral, o indicativo de greve nacional por tempo indeterminado, encami- nhado pela Federação Interes- tadual dos Trabalhadores de Telecomunicações-Fittel. Em princípio, a greve está marcada para começar na próxima quinta- feira, 30 de junho. Mas os tele- fônicos farão outra assembléia dia 29 para uma decisão definitiva.

BODAS DE OURO

Iniciando as comemorações do cinqüentenário do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, um grande baile será promovido neste sábado, 25, no Clube Juventus. A animação vai ser da banda Rapadura Diet. Do rock ao axé, os colegas prometem música para todos os gostos. Ingressos a R$ 10,00.

Auditoria apontou ^ irregularidades

no/PC

Acampados há cerca de 60 dias em fren- te ao Instituto Pa-

ranaense de Cegos (IPC), os deficientes visuais querem a renúncia da atual presidente, Therezinha de Jesus Prestes, e a eleição de uma nova diretoria com o voto e a participação dos cegos. A presidente afirma que não vai renunciar.

O impasse entre a presidente e aqueles que apoiam o movimento, cerca de 83 cegos, segundo um dos líderes, Luiz Cézar Trevisan , vem se alastrando nos últimos anos. Therezinha preside o IPC há 8 anos e é seu último ano de mandato. Entre as acusações constam maus tratos com os internos, falta de trans- parência nas contas do IPC e falta de diálogo. A presidente se defende afirmando que existe diálogo e que a prestação de contas é feita para o Conselho Deliberativo e o Conselho Fiscal.

Mas Ivo de Jesus Negrelle, interno há 26 anos, que participou entre os anos de 1988 e 19513 do Conselho Deliberativo, afirma que nunca houve prestação de contas. Ricardo José de Lima, também interno, diz que a diretoria sentiu-se incomodada quando Ivo começou a querer saber das contas e afastou- o do Conselho.

Por solicitação da Coordenadora do Centro de Apoio Operacional de

G»»4 Amttl

Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, Rosana Beraldi Bevervanço Ludwig, foi efetuada uma auditoria no IPC durante os meses de setembro a dezembro de 1995. O resultado apontou irregularidades que con- firmaram a falta de organização e de controle administrativo e contábil. A presidente se esquiva na hora de apresentar explicações, dizendo que não há o que conversar. Acusa a imprensa de sensacionalista e os participantes do movimento reivin- dicatório de vadios e ingratos. "Com esses movimentos caem as doa- ções", lamentou Therezinha.

Aguarda-se o julgamento da petição feita ao Tribunal de Justiça, que pede o afastamento provisório da presidente. O movimento pede também a mudança do atual esta- tuto, que proíbe o voto e a par- ticipação dos cegos. "Essa lei é inconstitucional, porque é discri- minatória", afirma Trevisan.

Mantido pelos associados cola- boradores e por doações voluntárias, o IPC precisa de reformas. Na visita de inspeção, por ocasião da au-

ditoria, as técnicas Cléia Oliveira Cunha e Denise Colin concluíram, em documento enviado ao Ministério Público do Estado do Paraná, que o prédio sede do Instituto ofe- rece. Segimdo Trevisan, a reforma, diante das irre- gularidades, só deverá acon- tecer quando tudo se escla- recer. As técnicas também concluíram que o IPC não está cumprindo sua função

principal de apoio e promoção do deficiente visual, restrmgindo-se a um papel de abrigo asilar. Não existem atividades profissiona- lizantes e ocupacionais. O número de internos é de 107, de 6 a 90 anos.

Ricardo Lima afirma que a intenção da presidente é trans- formar o Instituto em educandário, que atenderia deficientes visuais com idades de 7 a 18 anos mediante cobrança de mensalidades, "o que implicaria mandar para os asilos os mais idosos", continuou.

A mudança da fábrica de vassouras que funcionava no próprio Instituto para a região do Campo Comprido também causou descontentamento. Os deficientes visuais foram contra a mudança. Alegam que naquela região não há possibilidade de comércio. The- rezinha disse que não havia espaço físico no Instituto e que o lugar oferecia riscos. "Em Campo Comprido construímos uma área de 900 metros quadrados".

Paula Pires

25 a 31 de maio/96 - Página 7

nUspecial SAúDE NO LIXO

A crise no Hospital de Clínicas Funcionários em

greve denunciam condições precárias e

planos de privatização

Os funcionários do Hospital de Clinicas da Universidade Federal do

Paraná, em Curitiba, estão em greve desde o último dia 16. Eles denunciam as más condições de trabalho e o perigo da priva- tização. A questão mais delicada apontada pelo sindicato da cate- goria, o Sinditest, é a possível privatização do Hospital. As suspeitas aumentam porque a diretoria quer a entrada de con- vênios no HC. Esta é a condição apontada pelo diretor do Hospital, Mário Sérgio Cerci, para começar a negociação com os funcionários grevistas.

A categoria pede um aumento salarial de 33,93%, enquanto o HC oferece 10,5%. Mário Sérgio explica que 97% do que é arredado pelo hospital é gasto com folha de pagamento e diz que "é merecido o pedido de reajuste de salário, mas nós não temos condições, então eles têm que nos ajudar a ampliar a entrada de recursos. E isso só através de convênios".

Ao contrário do diretor do HC, o reitor da Universidade Federal do Paraná e presidente do Conr selho Administrativo Universitário, José Henrique de Faria, não vê os convênios como salvação para o HC. "Pode ser um mecanismo para criar alternativas de finan- ciamento, mas jamais será a solução final", afirma o reitor.

Tanto o reitor como o diretor do HC afirmam que os convênios seriam feitos com a prefeitura, o estado e afins, mas não com planos de saúde privados. Mesmo assim, os funcionários têm medo do que a abertura para convênios estatais seja um passo para os planos de saúde particulares e depois a privatização.

A proposta de entrada de

convênios já foi aprovada pelo Conselho Interno do Hospital e agora precisa passar pelo Con- selho Universitário, cuja auto- ridade é maior e que pode vetar o projeto. Uma das integrantes do Conselho é Roseli Izidoro, presidente do Sinditest, que vê os convênios como um início de privatização. Ejá aponta indícios da presença do setor privado no hospital.

Como exemplo, ela cita as melhorias implantadas em alguns andares. Um deles é o décimo- quinto andar, onde funciona o setor de transplante de medula óssea. Lá, algumas consultas já são cobradas e outras continuam sendo prestadas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde- SUS. No andar, a pintura é nova, os sofás confortáveis e a cabine do atendimento maior do que no restante do hospital.

O diretor do HC, Márcio Sérgio Cerci, diz que estes são reflexos dos investimentos feitos pelo hospital, com recursos arrecadados pela Associação Amigos do HC. Os sindicalistas questionam as diferenças entre este andar e, por exemplo, o terceiro, onde ficam os doentes de Aids e outras infecções. A diferenças também estão no sétimo e no quarto andares.

O sindicato denuncia que alguns andares estão mudados porque são setores que estão aderindo à privatização e portanto, "merecem ser premiados". A direção rebate, dizendo que alguns médicos estão conseguindo verbas para pesquisa e aplicam como acharem melhor.

Entre os funcionários, a idéia de privatização assusta, mas muitos não acreditam nesta hipótese. Um médico diz que o hospital está "tão quebrado que ninguém gostaria de comprá-lo". Para alguns, os convênios particulares são a única solução para tirar o HC da crise, outros não têm dúvidas: "Isso é o começo da privatização".

Kristiane Rothstein Good Aneel

A maioria dos funcionários que trabalham na limpeza já foi picada por agulhas jogadas no lixo em condições inadequadas

)

••■.:■}

>■■ a

."..VJ

'•.-•' 13

Lixo mal acondicionado com risco de contaminação

FALTA DE HIGIENE

O Sinditest aponta um outro problema do hospital: as más condições deirabalho. Nos fundos do hospital ficam os containers de lixo hospitalar. Lá, cinco fimcionários se dividem para manter a limpeza do local. Entre sangue e embalagens de remédios, estão as seringas que são problemas constantes dosauxiliares operacionais de zeladoria. "Todos nósjáfomos picados pela menos uma vez por seringas", garante o trabalhador Azilmar Maria da Silva. Ele conta que um colega está com hepatite B e suspeita ter adquirido a doença por causados iixos mal armazenados. Além disso, prossegue Azilmar, "não temos luvas especiais para trabalhar, nem um saco de üxo próprio".

O último funcionário picado inadvertidamente por uma agulha, ao fazer a limpeza, foi Antônio Bernardo, que teve que fazer vários exames. Felizmente, não houve contaminação.

Outro problema sério é com as caldeiras que mantêm o hospital funcionando. Na maioria das vezes, é utilizada a caldeira a óleo, que obriga os funcionários do setor a respirarem diariamente o diesel que sai da máquina. O cheiro de óleo revolta os estômagos mais sensíveis e a fuligem que sai da máquina encalacra na pele. No mesmo pavilhão das caldeiras trabalha também o pessoal da marcenaria, que divide o pó da serralheria com o barulho ensurdecedor das máquinas e com os morcegos que povoam o lugar, segundo relata outro funcionário. Ele brinca que já está ficando surdo de trabalhar direto no local.

dinheiro. Uma novidade divulgada na última reunião da Associação, dia 22, pode aumentar as doações: o HC vai contar em breve com uma home page na Internet.

Em contrapartida, os servidores desconhecem a aplicação das • verbas e reclamam que faltam materiais essenciais como faixas usadas pelos internados, que estão sendo reutilizadas porque o-^ hospital não tem dinheiro para a)mprá4as. Uma fijiuàonária conta que às vezes falta até comida para os pacientes. O Sinditest levanta ' dúvidas sobre autilização das verbas arrecadadas pela assodaçãc Para o sindicalista Luiz Fernando Mendes, a Associação dos ' ' Amigos do HC "é o próprio projeto do governo federal tentando- •^

privatizar o Hospital de Clínicas.. .hoje o presidente da Associação dá declaração como se fosse o diretor do HC. Rosângela Ferreira, diretora do patrimônio do Sinditest, diz que o dinheiro arrecadado '■ deveria ser destinado para as necessidades mais básicas, como o conserto de uma máquina que desinfeta louça e que já está parada'';

desde o início do ano.

GREVE

Servidores estão em greve há mais de uma semana

AMIGOS DO HC

Com o objetivo de colaborar com o Hospital de Clínicas e suprir a carência de recursos e serviços, foi criada a Associação Amigos do HC, presidida por Fernando Antônio Miranda. Do início do ano até agora, já foram arrecadados 400 mil dólares e até o final do ano a meta é atingir a cifra de um milhão de dólares, que serão encaminhados para comissões que decidem onde será aplicado o

Os servidores do HC garantem que estão se revezando para manter 30% dos serviços do hospital funcionando. Pacientes de outros Estados em tratamento no HC não reclamam do atendimento- É o caso de Maria da Silva, que veio de Mafra (SC) para fazer uma operação cardíaca. Ela diz que "os funcionários fazem de tudo para tratar bem a gente, a greve não atrapalhou em nada" Na quarta, 22, eram visíveis os reflexos dos seis dias ds greve. Garrafas de lixos tóxicos de um lado, roupas sujas dev ^ pacientes do outro compunham o cenário do segundo andar do>

Hospital de Clínicas. Francisca da Silva Ramos pedia ajuda no ' corredor para levar numa maça o marido, José dos Santos, para fazer uma radiografia.

Na quinta, 23, estava marcada uma reunião entre os funcionário do HC e o diretor do hospital, Mário Sérçpo Cerci Mas este exigh para negociar, que a greve fosse encerrada. Na sexta-feira, estava'' ' seria feita outra tentativa de negociação. (K<R}*:,\

Página 8 - 25 a 31 de maio/96

PORTO ALEGRE

Pont conta ^:ii ^ iêndadoFT Porto Alegre vem, desde

janeiro de 1989, sendo administrada pelo PT.

Nestes sete anos de adminis- tração, houve avanços, como o Orçamento Participativo e uma maior transparência do governo. Para mostrar e debater este processo, esteve em Curitiba esta semana Raul Pont, atual vice- prefeito e candidato à prefeitura da capital gaúcha.

Folha Popular: Como foi o processo que levou o PT à pre- feitura e como o partido assumiu a administração?

Raul Pont: O PT aproveitou a crise em que se encontravam os partidos na época da Constituinte e organizou uma campanha na "contramão". Uma campanha que levou a militância para a rua e mostrou a garra e a luta que só o PT consegue ter. Nós assu- mimos o governo sem nenhuma experiência anterior. No começo, por falta de dinheiro, não tínhamos nenhuma obra a oferecer, só problemas para socializar.

FP: Como a população reagiu a esse novo modo de governar?

RP: A população começou a gostar, porque nós compar- tilhávamos os problemas com ela Nós não prometíamos nada, nós apresentávamos os problemas e pedíamos a participação para achar a solução.

FP: Quais foram as primeiras medidas adotadas?

RP: Nós assumimos o governo com um enorme arrocho salarial, a folha de pagamento chegava a 104% da receita Nós tivemos que cortar gastos e equilibrar as contas. A princípio, dividimos a cidade em quatro regiões e come- çamos o processo de debate com cada uma. Hoje nós temos 16 regiões e cada qual tem um conselho popular que discute as questões do orçamento.

FP: Como é essa experiência com o orçamento participativo?

RP: É uma experiência bas- tante rica, pois é a população que decide as obras e as prioridades. É um processo formador de cidadania, todos sabem como e para quê vai ser destinado o dinheiro público.

FP: Como funciona o

orçamento participativo? RP: Cada região decide as

obras que acha mais importantes. Nós temos 42 conselheiros para fechar o orçamento. Todos tra- balham voluntariamente, não há remuneração. Depois de fechado, o orçamento vai para a Câmara para ser votado. Mas a Câmara aprova tudo, eles sabem que discordar de algum ponto é comprar briga com metade da população.

FP: O que caracteriza, na sua opinião, o modo petista de go- vernar?

RP: A transparência, a ho- nestidade e apartícipação popular.

FP: De que modo outras cidades podem aproveitar essa experiência?

RP: A nossa experiência não deve ser usada como modelo, cada cidade deve descobrir o seu. Porto Alegre já tinha uma longa história de participação popular em associações de moradores, e o PT contava com uma grande receptividade jimto à população.

Outras cidades devem descobrir o seu modo de conquistar espaço.

Meio Ambiente

Direito de viver As organizações não-

govemamentais bra- sileiras que vão parti-

cipar da 2a Conferência das Nações Unidas sobre Assen- tamentos Humanos, o Habitat 2, que começa no dia 3 de junho, em Istambul, querem incluir entre os pontos defendidos pelo go- verno brasileiro o direito à moradia. Parece óbvio, parece simples demais, mas não é. O Brasil tem um déficit assustador de moradias e milhões de pes- soas vivendo em sub-habitações. Incluir o "direito à moradia" nas discussões e decisões dessa conferência, que reunirá repre- sentantes de todo mundo, signi- fica colocar o problema na ordem do dia.

Hoje, no Brasil, faltam 4,8 milhões de moradias. Isto signi- fica que pelo menos 20 milhões de pessoas não têm, simples- mente, um teto para protegê-las

do frio e do calor, para assegurar intimidade, aconchego, tranqüilidade. E tem mais: outras 4,6 milhões de moradias não dispõem de infra-estrutura mínima, isto é, não são atendidas pelos serviços básicos, como rede de água e esgoto, coleta de lixo e luz elétrica. Os números são quase inacreditáveis: 14,7 milhões de pessoas sem acesso à rede de água e quase 18 milhões sem esgoto ou fossas.

A menos de duas semanas do início do encontro, as ONGs que desenvolvem trabalhos nesta área estão acusando o governo brasileiro de não ter propostas para enfrentar esse quadro caótico. Para começar a discutir um plano de ação de melhoria de vida nas cidades, os grupos que atuam nessa área estão propondo a abordagem de alguns pontos básicos:

• o planejamento e a gestão

das cidades com a participação popular;

• o combate ao desemprego e às desigualdades sociais;

•a reforma agrária; • defesa da função social da

cidade e da propriedade; • direito à moradia; • melhoria de transporte; • infra-estrutura e meio

ambiente; • novas formas de cooperação

internacional; • criação de um Fundo Na-

cional de Habitação. Os grupos envolvidos nessa

discussão recolheram subsídios de dezenas de encontros regio- nais realizados em todo o país e querem que esses pontos sejam incluídos no relatório oficial do governo brasileiro. Se isso não acontecer, prometem defender, a qualquer custo, suas propostas na própria conferência.

Tereza Urban/Rede Verde

*^

.5tíS^*4

• mm FOLHA FOPULAR ■

ssificados TOQlM&ÁKfl

Serigrafia em tecidos Com Luis Pequeno

Fone: 200-1166 BIP 206673

Promoção da semana * Panfletos, tamanho 10X15 com arte final:

Milheiro R$ 40,00 2 mil R$ 65,00 3 mil R$ 75,00 5 mil R$ 95,00

GRÁFICA KAGIMA - Rua Botolo Gusso, 327 - Fone 248-2417 - Fone/Fax 248-7573 Novo Mundo - Curiitba?paraná

5 10 20

* Talão de Nota Fiscal Modelo 1 = 50 x 4:

blocos R$ 130,00 blocos R$ 180,00 blocos R$ 290,00

VENDO DISTRIBUIDORA de bebidas na Francisco Derosso, 5845 - Fone: 378-2015, falar com Cecília.

Valdomiro Construções e Reformas

"Orçamento sem compromisso"

Fone/Celular: 973-8061

VENDE-SE AÇOUGUE e Mercado, ponto de esquina, instalações completas e estoque. Valor R$ 8.000,00 -Motivo de mudança. Fone: 248-9240.

Art Stival Oferece cursos de flores, arranjos

lembranças, 1S anos, casamentos, ele.

Tel 332-8773 ACEITA-SE

ENCOMENDAS Rua José Cadilhe, 1449 - Loja 03

Conjunto Kenedy, Vila Guaíra - CEP 80.620-240 - Curitiba/PR

TAGO IMÓVEIS

ADMITE CORRETOR * Com carro próprio * Disponibilidade de viagens ♦Dinamismo * Comissões + Prêmios

• Tratar Rua Conselheiro Laurindo, 809 - Edifício Down Town - Sala 101 - Io andar Fone: 322-2521

CÕIcnas em Matelasse Almofadadas

■Travesseiros e Enxovais! para bebês.

Cnstina e Sônia

LOCADORA DE GAME SUMEME Super Nintendo, Mega Drive, Playstation, Saturno (TV 29").

Rua Expedicionário Adir Jorge, 168 Jd. Paranaense. Fone: 378-1274

Salão de Beleza da GENI Promoção, cortes, acetinagem, tratamento para quedas, etc. Rua N, 28 - Vila Santana/ClC

Fone: 248-5066

CICLES PLATINA Consertos em Geral

Rua Nelso José Lanthart, 88 - Jardim Paranaense

Loja da GENI Rouas tudo em 30 e 60 dias

sem entrada Fone: 248-5066

Rua N, 28 - Vila Santana/ClC

PASTELARIA E SORVETERIA SOUZA Pastéis e X Salada feitos na hora. aberto até as 23 horas.

Rua Eduardo Pinto da Rocha. 101 Fone: 373-2361 Px. Dep. Qas. Jd. Paranaense

Lanchonete AVENIDA

Av. Cid Campeio, 68 Inaugura neste sábado, (25/05)

Haverá animação a partir das 20 horas. Lanches, Pizza, e

sanduíches em geral Contamos com a sua

presença

BIKE SILVA Sua bicicleta na melhor opção em consertos, reformas, peças e assessórios em geral. Rua Capitão Amim Mosse, esquina com Francisco Derosso. Erico Veríssimo, Bloco 2

FOMPOM Anuncie 322-0894

ÒALA0 DO.

fé pUfÀifA Rua Paraíba, 1778

Vila Guaíra

• !•

5e você é do sexo feminino,

tem boa aparência,

boa dicção, e comunicativa e

'quer ganhar 30%

Ctàade <*ecom\eeão. Junte-se a OLIMPO FubWcldade

como contato publicitário.

• Maior àe 1ô anos • Preferência Exp.

em Vendae • Conhec. na Área

de Propaganda

Tratar c/ Walter (041) 224.3417

Horário Comercial FubWcldade

Pensou Fc^ta^ ? Casamento, 15 anos,

festa infantil e reuniões sociais?

Deixe tudo por conta da

Adm FESTAS Loja: Rua Pernam- buco, 1824 - Vila

Guaíra FONE: 332-1801

LANCHONETE BOM JESUS

Servimos Buffet e Marmitex de 2a. a 6a. feira

R$ 3,00 por pessoa Temos também congelados,

doces e salgados Av. Pres. Wenceslau

Brás, 1558 Fone: 347-5029

Vila Guaíra

Aptus Recursos Humanos

Rua 24 de Maio, 277. Centro Fone: 322-7754

Recepção: F, 18 a 30 anos, 2° grau comp. exp. telefone, boa aparência- Centro. Secretaria de Diretoria: F,22 a 35 anos, 2° grau comp., exp. 3 anos.

Sup. informática: M-Superior, exp. teleprocessamento-ambiente em rede - Centro. Analista de sistemas: M, superior, exp. emteleprocessamento - Centro. Analista de sistemas: M, superior, exp. em redes softwer-hardwer - Centro. Aux. administrativo :F, 20 a 30 anos, 2° grau completo, exp. em fatura- mento e emissão de nota fiscal- Parolim Auxiliar cobrança: F, 21 a 35 anos, 2o grau comp, exp. via fone - São José dos Pinhais. Aux. Pessoal: F, 21 a 25 anos, 2o grau comp. solt, exp 2 anos-windows - Pinheirinho Aux/ass. vendas: F-23 a 35 anos, 2o

graucomp-exp. 1 ano, morar próxi- mo, tirar pedidos, orçamentos-CIC Ass. vendas: M/F, +21anos, 2° grau comp, exp vendas internas, emissão pedidos, televendas, micro. Pinhais. Boy: M, + IS,2° grau inc.-exp. 1 ano, boa aparência - Rebouças. Boy: M, 17 a 18 anos, solt, sem exp, estudando - Centro. Cobrador externo: M, com habilita- ção para moto. Centro. Caixa: F, 21 a 30 anos, 2o grau comp, exp. 1 ano, boa aparência. Centro. Ene. CPD: M/F, superior, exp. ACCESS SOL, rede banco de dados AílaHauer. Vendedor extemo(a): com carro p/ venda de porta CD. Bom Retiro.

windows, redação própria, conhec. inglês, salário 550,00 -Bom Retiro. Vendedor interno: M 1° grau comp, exp em pneus, venda por fone e balcão-Vila São Paulo. Vendedora interna: F, + 25 anos, 2° grau comp, exp em livraria. Centro. Representante: M, com empresa constituída, área alimentícia - Pa- rolim Televendas: M/F, 25 a 35 anos, 2° grau comp, exp 3 anos, para pape- laria. Centro. Iblevendas passiva; F, 2o grau comp, exp. lano. WaHauer. Telemarketing; M/F, 22 a 32 anos, 2° grau comp. exp 2 anos, estabi- lidade. VüaHauer. Telemarketing F, 25 anos, 2° grau comp, não fumante, exp. 1 ano. Capão Raso. Vendedor extemo(a): pararonpas profissionais. Vendedor externo(a): + 21 anos, 2o

grau comp, com carro, experiência área alimentícia. São José dos Pinhais. Vendedor externo(a): com carro p/ vendas de fretes. Pinhais. Vendedor extemo(a): com carrop/ venda de produtos químicos. Pinhais. Vendedor externo: M 20 a 3 5 anos, 2o grau comp, com carro, exp. massas e biscoitos. Vendedora interna: F, ótima aparên- cia, parajoalheria. Centro.

Página 9 - 25 a 3 i de maio/96

Cultura

FOTOGRAFIA

Mário Cravo expõe em Curitiba 60 fotos em preto e branco compõem a

mostra de um dos fotógrafos brasileiros

mais reconhecidos internacionalmente

Cada imagem de Mário

Cravo é produzida cui-

dadosa e consciente-

mente e surge de um jogo entre

um jogo corporal e a herança

explícita das vivências culturais.

O fotógrafo optou por realizar

seus retratos segundo um con-

ceito estético assumido, onde o

fundamental é a tensão e a

inquietação. Ele acredita que

todo trabalho criativo tem um

fundo místico, ou seja, uma

relação do homem com o desco-

nhecido, com o imponderável,

com o imprevisível.

Em suas fotografias, Mário

Cravo mostra sua diversidade e

as diferentes influências que

sofreu o seu trabalho. A expe-

riência do tempo pode ser de-

monstrada numa variedade de

caminhos. Ora o artista assume

o perfil de fotógrafo formalista em

busca de organicidade, ora é o

fotógrafo memorialista que tenta ■■, irhn-.ii ,,tt í

À direita Cravo Neto sob o olhar de Mônica Zarattini e abaixo retrato de Clyde Morgan (1994)

preservar o senso de revelação

mística através das alegorias

rituais. O fotógrafo deixa transpa-

recer em seu trabalho as refe-

rências da cultura afro-brasileira.

Ele propõe a criação de um

universo inventivo e singular,

evidenciando ao mesmo tempo

um diário contemporâneo que

sacraliza o sensível, o estra-

nhamento, a melancolia e a

angústia. A experiência dos

limites do realismo e da memória

é percebida através da acu-

mulação do tempo e das ins-

crições das luzes nos corpos e

nos objetos.

MJA.

SERVIçO: Mário Cravo Neto Solar <lo Barão Rua Carlos Cavalcanti, S33

Até 30 de junho De segunda a sexta-feira das 9h às 20h, sábados e domi ogos das 10b àsl5h

&

Wf 1 ■:■:■:

O surrealismo de Bunuel

Um cão andaluz, que acaba de ser lançado em vídeo, é uma preciosidade de 1928, dirigida pelo extraordinário espanhol Luís Bunuel, que atravessou nada menos do

que seis décadas fazendo filmes. Éuma excelente oportunidade de conferir um dos mais importantes marcos do surrealismo no cinema.

Já há vários filmes de Bunuel nas locadoras, como O anjo exterminador, A bela da tarde, O discreto charme da burguesia, Esse obscuro objeto de desejo, O fantasma da liberdade, Tristana e Via Láctea (ou O estranho caminho de Santiago de Composteld). Todos eles mostram um humor ácido e satirizam demolidoramente as imposturas sociais, a Igreja Católica e a burguesia. Acho que isso basta para despertar pelo menos a curiosidade dos interessados.

Nixon

O ex-presidente americano, o primeiro a cair devido a um processo de impeachment (depois, copiamos a receita no Brasil), é vivido pelo grande ator inglês Anthony Hopkins, no filme de Oliver Stone em cartaz no Condor. A semelhança facial não é grande, o que certamente Hopkins compensa com seu talento.

Nixon é talvez um indício de que aquele que já foi chamado pela voz do povo americano de escroque, em função das patifarias que protagonizou quando na Casa Branca, pode estar sendo reabilitado. É um mistério o apelo do poder.

Roberto Salomào

mmmmM Para variar no lanche e limpar a geladeira, uma receita

prática e rápida que veio de Santos (SP) :

BOLO SALGADO (DA IGA)

Ingredientes

1 lata de ervilhas ou de ervilhas e milho verde ou ainda de legumes com a água 3 ovos inteiros 2 tomates sem a pele bem picadinhos 1 cebola média bem picadinha 2 dentes de alho bem picadinhos 1/3 da lata (de ervilhas) de óleo sal, pimenta do reino e orégano a gosto 2 copos (de requeijão) de farinha de trigo 1 colher (de sopa) de fermento em pó

Modo de fazer Bater os três ovos juntos como se fosse fazer uma omelete e ir

juntando todos os demais ingredientes. Assar em forma média, untada e enfarinhada por mais ou menos 40 minutos em forno médio.

Para ficar mais saboroso, pode-se acrescentar "restos" de geladeira, tais como presunto, legumes refogados ou o que a sua imaginação sugerir.

As principais atrações culturais gratuitas de Curitiba

ARTES PLáSTICAS

O mundo in focus • fotos de Levis Cleison Litz. Hall térreo da Biblioteca Pública do Paraná.

África: arte e evange- lizaçáo - no salão de exposição do prédio da administração da PUC

Dentro da mata - trabalhos de Christiane Tigges sobre a Mata Atlântica. Sesc da Esquina de seg a sábado das 8h às 22h e aos sábados das 8h ás 20h

Lugar de cachorro é no tapete - exposição de pinturas de Juliana B. Chagas. De seg a sexta das 9h às 19h. Aos do- mingos, das 1 Oh às 13h, Sede da Fundação Cultural de Curitiba - Praça Garibaldi,7

O espírito das coisas • interpretação de impressões gravadas - esposição e lan- çamento do vídeo biográfico de Liz Szczepanski. De seg a sexta, das 9h às 12h e das 14h às 18h. Museu Guido Viaro - Rua São Francisco, 319

Chico Stefanovitz - o ar- tista expõe objetos com mate- riais diversos. De seg a sexta, das9hàs 12hedas 14hàs 18h. Museu Guido Viaro

Diário de passagem- uma poética do desenho- Traba- lhos de Fernando Augusto. De seg a sexta, das 9h às 12h e das 14h às 18h. Casa Theodoro de Bona - Rua Carlos Cavalcanti, 1148

HISTóRIA

Uma loja no inicio do sécu- lo - Casa Crystal- Exposição de

objetos e documentos históricos pertencentes à Casa Crystal.^ De terça a sexta, das 9h às 19h_ _ Sábados e domingos, das 9h às 13h. Casa Romário Martins- Largo da Ordem

CINEMA

O quatrilho, de Fábio Barreto. Domingo, dia 26 às 20h30. Rua da Cidadania - Terminal do Carmo

í. FOTOGRAFIA

Caixa de Pandora - Expo- sição dos fotógrafos Cláudia Leão, Flavya Mutran, Mariano^* Klautau Filho e Orlando Ma-:* neschy. De seg a domingo das-*- 9h às 19h. Centro de CriatK vidade de Curitiba- Parque São- Lourenço ,-,,,,

MúSICA

Quinteto Boneca de Pano- ritmos variados, passando pelo baião, soul e música instru-

i mental. Domingo, dia 26 às 10h30 na Praça Jacó do,* Bandolim - Rua Mateus Leme esq. com Treze de Maio.

Canja de Viola - Todos os' domingos, apresentação deH

violeiros de Curitiba e Região Metropolitana. Às 15h no TUC:" - Galeria Júlio Moreira ie

TEATRO INFANTIL

Quem tem razão? (Lobo, ou Chapeuzinho?) - Direção, de Euclides e Adair de Souza.; Todos os domingos, às 16h no , Teatro de Bonecos Dada -_ Bosque Gutierrez - Vista Alegre das Mercês. Preço simbó- lico:R$3,00

O circo - com o grupo Duo Fio Teatro de Bonecos. Aos domingos, às 16h no Teatro da' Maria - Parque Barigüi

TEATRO

Silêncio, estamos traba- lhando - Com o grupo So- ciedade dos Clowns Vivos. Todos os sábados, às 12h. Rua XV de Novembro.

programaçaocinemaprogramaçaocmema

Arrebentando em Nova Ybrk, de Stanley Tung. 18 anos. Cine Plaza- 14h, 16h, 18h, 20h, 22h. Fone 222 0308

A excêntrica família de Antônio, de Marleen Gorris. 14 anos. Cine Ritz - 14h30, 16h20, 18hl0,20h,21h50. Fone 322 1525

Underground - mentiras de guerra, de Emir Kusturica. 14 anos. Cine Luz - 14h30, 17h30, 20h30. Fone 322 1525

A gaiola das loucas, de Mike Nichols. Livre. Cine Astor - 14h, 16h, 18h, 20h, 22h. Fone 336 1918

Sábado, de Ugo Giogertti. 12 anos. CineGroff- 15h, 17h, ;9h, 21h. Fone 322 1525

O quatrilho, de Fábio Barreto. Livre. Cine Guarani - 14h30,16h40. Fone 322 1525

O outro lado da nobreza, de Michael Hoffman. 12 anos. Cine Guaram - 19h, 21hlO..Fone 322 1525

Johnny Destino, de Jack Baran. 12 anos. Cine Itália - 15h, 17h, 19h.,21h.Fone233 8682

Quer» dizer que te amo, de Fernando Trueba. Livre. Cine Astor-Batel - 14h, 16h30, 19h, 21h30. Fone 222 2107

City Hall - conspiração no ako escalão, de Harold Becker. 14 anos. Cine Rívole - 14h30, 16h30, 18h30, 20h30. Fone 233 8511

Os suspeitos, de Ervap Singer. 14 anos. Cine Astof-; Champagnat - 14h, 16h30, 19h: 21h30. Fone 336 1918

Quero dizer que te ama (foto),de Fernando Trueba. Livre.; Cine Palace - 14h, 16h30, 19h; 21h30. Fone 233 1112 tu

As duas faces de um crime, de Gregory Hoblit. Pré-estréia rio sábado, dia 25 às 22h. Cine Astór. Fone 336 1918

O rei pasmado e a rainhq nua, de Imanol Uríbe. Sábado, dia 25 à meia-noite no Cine GrofF

To/ Story - um mundo dç aventuras, de John Lasseter- Domingo, dia 26 às 10h30 no Ciné Ritz.

O segredo de Marwreilly, de Stephen Frearr. 14 anos. Ciné Condor - 14h, 16h, 18h, 20h, 22h; Fone 222 6859

Energia pura, de Mary Fteenburgen. 14 anos. Cine Lido I - 14h, 16h, 18h, 20h, 22h. Fone 224 6873

A gaiola das /ouças, de Mike Nichols. 14 anos. Cine Lido II - 14h, 16h, 18h, 20h, 22h. Fone 224 6873

É aconselhável fazer (t confirmação das salas i

horários antes de sair de casd Pessoas acima de 60 anos nãp

pagam ingresso nas salas db Fundação Cultural de Curitiba,

I

Página 10 - 25 a 31 de maio/96

rtes

CLáSSICO

Atletiba de domingo pega fogo O Atletiba deste domingo

à tarde no Estádio Pi- nheirão vai pegar fogo.

O Atlético defende a liderança do Campeonato Paranaense, en- quanto o Coritiba joga todas as suas chances para continuar na disputa pelo ponto extra para a fase decisiva do campeonato. Na classificação da terceira fase o Atlétic( tem seis pontos, o mesmo que o Paraná Clube, mas leva vantagem no saldo de gols. O Coritiba vem a seguir com quatro pontos. Na classificação geral, que vale para a conquista do ponto extra, o Atlético possui 55 pontos contra 49 do Coritiba. O Atletiba deste domingo vale muito para as duas equipes. Uma vitória rubro-negra praticamente dará ao Atlético o ponto para a fase final do Paranaense; já uma vitória coxa-branca embola a disputa, dando mais emoção ao campeonato.

O Atlético entra em campo desfalcado do zagueiro Andrei, expulso no jogo de quinta-feira contra o Ponta Grossa no Estádio Germano Kruger. O técnico Cabralzinho vai precisar repensar o seu esquema tático, que não funcionou como ele queria na partida do meio de semana. O treinador rubro-negro colocou o zagueiro Andrei como libero ou um tipo de volante. Pesado e fora da sua característica, Andrei recorreu às faltas para segurar o adversário e acabou recebendo o cartão vermelho. Para o clás- sico, Cabralzinho tem a opção de promover a estréia de Macalé, que foi contratado junto ao Cruzeiro de Belo Horizonte como esperança de um bom futebol.

No Coritiba, o técnico Heron Ricardo promete escalar o ídolo Pachequinho, terror da torcida atleticana, que vive tendo pesa-

OPINIãO

delos toda a vez que ele entra com a bola na área do goleiro Ricardo Pinto. O retrospecto do Coritiba neste fase não é muito positivo. Venceu em casa o União Bandeirante no final do segundo tempo e empatou em 0 a 0 com o Paranavaí na noite de quinta-feira. Mas o Coritiba é uma equipe que sempre se supera e costuma dar a volta por cima nos clássicos. Foi assim no Brasileiro da Série B em 95 e neste começo de Campeonato Paranaense.

Ninguém pode perder este jogo. Quem não puder ir ao estádio deve acompanhar o jogo pelo rádio. Os ingressos custam R$ 10,00 a arquibancada, R$ 20,00 a cadeira, R$ 5,00 menor não credenciado e R$ 3,00 para menor credenciado. Os ingressos estão à venda nas sedes do Atlético e Coritiba e nas bilhe- terias do Estádio Pinheirão.

Regulamento só para encher os cofres

Neste domingo, o tor- cedor vai ser mais uma vez obrigado a se des-

locar até o Estádio Pinheirão para assistir ao clássico Atletiba, o mais tradicional do futebol para- naense. O Pinheirão é um estádio fantasma, fiuto da imaginação do dirigente José Milani, que era presidente da Federação Para- naense de Futebol na época em que a área foi comprada e começaram as fundações para a contrução de um estádio com capacidade para 200 mil pes- soas. O projeto, megalo para a época e completamente inviável para os dias de hoje, foi en- comendado a arquitetos portu- gueses. Os problemas come- çaram na escolha do terreno, um banhado na região do Tarumã com as estacas desaparecendo à medida que o trabalho de fun- dação ia começando.

O Pinheirão é ruim para quem assiste o jogo e para quem está lá dentro trabalhando, correndo atrás da bola. O gramado fica muito longe das arquibancadas, a distância não permite que o torcedor acompanhe os lances direito. Na arquibancada supe- rior, que continua incompleta, a visão é um pouco melhor, apesar do conforto, acesso, bares e banheiros serem de péssima qualidade. No gramado, as coisas pioram. Totalmente ir- regular e duro, não permite que o time com melhor toque de bola desenvolva o seu jogo. Enfim, o Pinheirão é um desastre.

O torcedor vai ser obrigado a se deslocar até o Pinheirão porque o regulamento elaborado por Onaireves Moura, sucessor de Milani à frente da Federação Paranaense de Futebol, elaborou um regulamento ruim, que não

OPINIãO

permite que os clássicos sejam disputados em estádios com capacidade inferior a 30 mil pessoas. Só existem dois está- dios no estado com esta capa- cidade, Pinheirão e Couto Pe- reira. Como o Couto Pereira- pertence ao Coritiba, a única saída para o Atlético, que tem o mando de jogo, é jogar no inacabado estádio da Fede- ração.

O torcedor paranaense pre- cisa ser mais respeitado. O regu- lamento precisa ser elaborado visando ao espetáculo. O futebol do Paraná não pode ficar preso a interesses de dirigentes ines-

crupulosos, preocupados em lotar os seus cofres em detrimento daquele que paga ingresso para ver 22 homens correndo atrás de um bola.

Antônio Mar/a

Ovai-vemdos "amigos"técnicos r merson Leão pediu o boné Ee foi para o Japão. Indicou

o amigo Cabralzinho para dirigir o Atlético. Heron Ferreira, que estava no Americano (RJ), ganhou o apoio irrestrito do amigo Wanderley Luxemburgo para comandar o Coritiba. Carlos Alberto Parreira, que estava na Turquia, vai assumir o São Paulo. Para o seu ex-clube na Turquia, Parreira indicou o amigo Sebastião Lazaroni, que dirigia o Paraná Clube. Lazaroni, que estava desempregado antes de vir para o Paraná, aceitou o convite e trouxe para o seu lugar o amigo Antônio Lopes, que estava no Cerro Porteno, do Paraguai.

As diretorias do três clubes da capital paranaense batem o pé, esperneiam e dizem que é preciso parar com esse vai-vem de treina-

dores. É preciso um planejamento a médio e longo prazos, cantam em coro os dirigentes. Mas é só um outro clube acenar com um pouco mais dedinheiro, que lá vão os técnicos sem pestanejar, esquecendo as juras de amor feitas ao novo clube quando chegam.

Os treinadores formam hoje um clube de amigos. Não se organizam e não fazem muita questão, com raras exceções, de se fazerem respeitar. Assim como os jogadores, que estão deixando para os dirigentes a missão de resolver a lei do passe, os treina- dores lavam as mãos para não resolver coletivamente problemas de sua profissão.

Você já ouviu falar de vai-vem de treinadores no campeonato italiano, espanhol, alemão ou

inglês? Lá é outro mundo, dirão alguns. Mas quem é o país tetra- campeão mundial e revela tantos craques de futebol? Imaginem a hora que começarmos a nos organizar profissionalmente, dentro e fora dos gramados.

MAIS UM ATLETIBA

Neste domingo, teremos mais um clássico entre Atlético e Coritiba. Até segunda ordem, o jogo acontece no Estádio do Pinheirão. O local não é dos melhores, todo mundo sabe. Vários clássicos já foram reali- zados no estádio da Federação de Futebol, sempre com pro- blemas. Cabe ao torcedor torcer e gritar pelo seu time. Fora do estádio, vale o espírito de pro- vocação, não o de guerra e pancadaria.

y. de Adelaide

A dança dos técnicos Os técnicos que come-

çaram o ano dirigindo as três equipes da capi*

tal nâo foram longe. Atlético, Coritiba e Paraná Clube, todos eliminados da Cqpa do Brasil, trocaram de treinador na tenta- tiva de compensar as defi- ciências técnicas apresentadas durante a competição.

O Paraná Clube foi o recor- dista. Trocou duas vezes de técnico. Primeiro foi Paquito por Sebastião Lazaroni. Com a vinda de um ex-treinador da Seleção Brasileira, os tricolores espe- ravam ir longe na Copa do Brasil, mas o confronto com o "bicho papão" Palmeiras foi suficiente para a equipe pararusta cair fora.

Lazaroni resistiu e por pouco nâo passa o vexame de ver o atual tricampeão paranaense fora também do campeonato regional. A classificação acon- teceu por um milagre. Perce- bendo as fragilidades do time, o treinador nâo pensou duas vezes ao receber uma proposta da equipe campeão da Turquia, o Fenerbahce.

Para o lugar de Lazaroni, a diretoria tricolor contratou An- tônio Lopes, um profissional experiente que já dirigiu várias grandes equipes, conío "Vasco, Fluminense e Internacional de Porto Alegre. O novo técnico estreou com vitória frente ao Rio Branco e com isso colocou o Paraná pela primeira vez na liderança do Paranaense.

O Coritiba, no inicio do ano, optou em continuar com Lori

O técnico £érdto/<w iwfoftVw^ no Atlético

Sandrí, que havia garantido a classificação da equipe para a primeira divisão do futebol bra- sileiro. Mas o treinador hão repetiu o bom trabalho da temporada anterior e caiu antes do segundo jogo com ô Flainengô, pela Copa do Brasil, O auxiliar técnico Dírceu ICruger assumiu interi- namente e ganhou quatro jogos seguidoá, mas não aceitou a proposta para ficar como titular. A saída do clube foi buscar Heron Ferreira, jovem técnico que se consagrou ao ser campeão brasi- leiro da segunda divisão pelo Juventude,

O novo contratado foi bem nas primeiras apresentações do time, mas já sofreu alguns arranhões após o empate contra o Paranavaí

na última quinta-feira à noite. O Atlético começou arrasador

com Emerson Leão no co- mandou. Ganhou tudo na pri- meira fase c o treinador era a grande estrela. Mas os tropeços na Copa do Brasil e na segnndá fase apagaram o brilho de Leão. Sem o apoio de que gozou ante- riormente, o treinador não re- sistiu a uma proposta do Venfy Kawazaki, do Japão. Para seu lugar, o rubro-negro trouxe Cabrazinho, vice-campeão bra- sileiro pelo Santos.

A dúvida agora é se os três novos técnicos do "trio de ferro da capitai vão resistir até o final do campeonato.

Cétio Martínt

FUTEBOL AMADOR

Primeira rodada do segundo turno

começa com clássicos O principal jogo do

certame será o encontro entre

Trieste e Olímpico

Amanhã as emoções do Campeonato de Fute- bol Amador de Curitiba

voltam a tomar conta dos gra- mados da suburbana, com as partidas valendo pontos pela primeira rodada do segundo turno da temporada 96. Nesta fase, as equipes do Módulo Verde que disputaram o 1." turno nos grupos Sul e Norte, agora jogam entre si, buscando a classificação para ficar entre as dez da terceira fase.

Lembrando que o campeão do grupo Sul foi a equipe do Capão Raso e o Combate Barrerinha chegou em primeiro no grupo Norte. Além destas equipes, brigando em condições de che- gar á uma final estão as equipes do Nova Orleans, Olímpico, Iguaçu, Vila Fanny e Vila Hauer, que corre atrás do sonhado bicampeonato. Confira os jogos e a escala de arbitragem que vão abrir o segundo turno neste sábado, dia 25:

Vila Hauer e Pilarzinho jogam no Estádio Donato Gulin.

Santa Quitéria x Barigüi, no Estádio Maurício Fruet.

No Estádio José Drulla Sobri- nho, jogam Nova Orleans e Umbará.

Trieste e Olímpico jogam no Estádio Francisco Muraro.

No Estádio Ismael Gabardo jogam Vila Fanny e São Vicente.

Ypiranga x Bairro Alto medem forças no Jardim Independência.

No Estádio Egydio Pietrobelli jogam Iguaçu e São Paulo.

Combate Barrerinha x Novo Mundo jogam no Estádio Re- canto Tricolor.

Em Santa Felicidade jogam São Carlos e Nacional.

União Ahú x Urano jogam no Estádio Ricardo Halik.

NOTAS

FUTEBOL SUíçO

Nigéria volta a liderar campeonato

Depois de ganhar os pontos pelo não comparecimento do Expressinho na segunda rodada das quartas de finais, o Esporte Clube Nigéria voltou a liderar a 8a Copa de Verão de futebol suíço. O campeonato, disputado no Bolsão Sabará, tem agora a seguinte classificação geral: Nigéria 28 pontos. Eldorado 27, Atalanta 25, Liverpool e Cruzeirinho 24, Expressinho 17, Ajax 15 e Ortiz 12.0 artilheiro continua sendo Luciano, da equipe do Atalanta, agora com 28 gols, seguido porBeloni, que já marcou 21. Comemorando sua liderança no campeonato, o Nigéria está promovendo um bingo neste sábado- dia 25- à noite, na Sociedade Esportiva Night Club (Rua A n0 249, Vila Esperança).

iVa areia Acontece de 6 a 9 de junho o 10 Tri Torneio JBP Será na Cancha de Areia Vila Nova Barigüi, a partir das 9 horas. Vai ter torneio de futebol de areia, de vôlei de areia e de tiuco.