27
1 ESTUDO DO IMPACTO AMBIENTAL DA ÁREA PRETENDIDA PELA EMPRESA NACIONAL DE HIDROCARBONETOS - EP PENINSULA DE AFUNGI, DIST. DE PALMA, PROV. DE CABO DELGADO LEVANTAMENTO ARQUEOLOGICO DE SALVAGUARDA NA ZONA SUL DA PENINSULA AFUNGI Prof. Dr. Leonardo Adamowicz Consultor – arqueólogo Maputo 2013 1

LEVANTAMENTO ARQUEOLOGICO DE SALVAGUARDA NA ZONA SUL DA PENINSULA AFUNGI

Embed Size (px)

Citation preview

1

ESTUDO DO IMPACTO AMBIENTAL DA ÁREA PRETENDIDA PELA EMPRESA NACIONAL DE HIDROCARBONETOS - EP

PENINSULA DE AFUNGI, DIST. DE PALMA, PROV. DE CABO DELGADO

LEVANTAMENTO ARQUEOLOGICO DE SALVAGUARDA NA ZONA SUL

DA PENINSULA AFUNGI

Prof. Dr. Leonardo Adamowicz

Consultor – arqueólogo

Maputo 2013

1

2

Table of Contents

1. INRODUÇÃO ............................................................................................................ 3

1.1. Contexto ....................................................................................................................... 3

1.2. Pesquisas anteriores .................................................................................................... 3

1.2.1. 1988 (DAA/UEM). .................................................................................................. 3

1.2.2. 2008 (UNESCO/LEMO)........................................................................................... 4

1.2.3. 21-30 de Outubro de 2011 (ANADARKO/MICOA/IMPACTO) ................................ 5

1.3. Escopo do trabalho e termos de referência para o estudo arqueológico .............. 7

2. DADOS RELEVANTES PARA PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO DA PENÍNSULA

AFUNGI ............................................................................................................................. 8

2.1. Arqueologia e Património Cultural ........................................................................... 8

2.2. O Sultanato Tungi ....................................................................................................... 8

2.3. Manuscritos Tungi escritos e orais .......................................................................... 10

2.4. Linguagem e Significância Cultural ........................................................................ 13

3. PESQUISA ARQUEOLÓGICA ................................................................................ 13

3.1. Informação Geral ....................................................................................................... 13

3.2. Península de Afungi .................................................................................................. 15

ANEXO 1 .......................................................................................................................... 18

Projecto do Skansen Etno-Arqueologico de Maganja ............................................... 18

Propostas preliminares para o futuro “Skansen Etno-Arqueológico de Maganja .................. 19

Referencias bibliográficas ........................................................................................... 24

3

1. INRODUÇÃO

1.1. Contexto

Prof. Dr. Leonardo Adamowicz e Ercídio Jaime Jeremias Nhatule foram

solicitados para realizar uma avaliação arqueológica do impacto de

reassentamento da população da zona do Projecto de Gás Natural

Liquefeito (GNL) para zona sul-oeste (marcado no mapa com nº 1) na

Península Afungi Distrito de Palma, Província de Cabo Delgado, norte de

Moçambique (Mapa 1).

Mapa 1. Indicação dos limites das pesquisas arqueológicas numa área pretendida pela Empresa Nacional de Hidrocarbonetos – EP. Península Afingi, Distrito de Palma, Província de Cabo Delgado.

1.2. Pesquisas anteriores

O presente Levantamento Arqueológico de Salvaguarda de 3 até 6 de

Outubro de 2013 foi concebido como uma continuação das pesquisas

realizadas em:

1.2.1. 1988 (DAA/UEM).

A Brigada da pesquisa do Departamento de Arqueologia e Antropologia da UEM estava composta pelo Dr. Eugénio Rzewuski (linguista), Dr. Leonardo Adamowicz (arqueólogo e antropólogo), Dr. Gerhard Liesegang (historiador), Dra. Ana Loforte (antropóloga), Dra Irae B. Lundin (antropóloga) e Ryszard Czajkowski (fotografo e documentalista). As

4

pesquisas foram realizadas no âmbito do Projecto “Origem Urbanas em Africa Oriental patrocinada SAREC/ASDI da Suécia e coordenadas pelo Paul Sinclair (Arqueólogo Uppsala University). Os documentos referidos no presente relatório são a propriedade da Universidade Eduardo Mondlane e farão parte da colecção e exposição do Museu Tungi em Palma.

Fig. 1. Alguns membros da Brigada multidisciplinar da UEM em Palma em 1988 (Prof. G. Liesegang, Drª Irae B. Lundin, Prof. Eugénio Rzewuski, Prof. Ana Loforte acompanhados pelos agentes da Direcção Províncial da Educação e Cultura de Cabo Delgado. Foto: Leonardo Adamowicz

1.2.2. 2008 (UNESCO/LEMO)

Levantamento arqueológico foi feito pelo autor com apoio e assistência dos membros do Círculo do Interesse do Património Cultural da Liga de Escuteiros de Moçambique no âmbito do acampamento na Ilha do Ibo (2 Encontro Juvenil – Educação pelo Património Cultural em 2008 e contou com um patrocínio substancial da UNESCO.

Fig. 2. Membros do Circulo de Interesse do Património Cultural da LEMO apresentam ao Prof. Leonardo Adamowicz achados encontrados durante a prospecção ao longo da costa da aldeia de Maganja em 2008. Foto: Guilherme da Costa Fernando

5

1.2.3. 21-30 de Outubro de 2011 (ANADARKO/MICOA/IMPACTO)

Brigada composta pelo Prof. Dr. Leonardo Adamowicz (arqueólogo e antropólogo), Ercídio Nhatule (assistente) e Rui Rita (motorista e tradutor).

Fig. 3. A Brigada Arqueológica solicitada pelo IMPACTO, Lda. em serviço de ANADARKO durante as pesquisas no Distrito de Palma no mês de Outubro 2011 (Rui Rita, Ercídio Nhatule, Leonardo Adamowicz e agente da Direcção Distrital da Educação e Cultura em Palma)

Mapa 2. Rotas da prospecção arqueológica e localização das estações arqueológicas registadas em Outubro de 2011.

6

Durante a presente pesquisa na Península Afungi, além do arqueólogo (Leonardo Adamowicz) e assistente (Ercídio J. J. Nhatule) participaram dois auxiliares do campo (Mussagi Ahamada Alde e Faquira Abudo) e um tradutor de makwa, kimwane e makhuwa (Zainadine Abdine Assane).

Fig. 4. A Brigada da Prospecção Arqueológica - em Outubro de 2013 composta pelo arqueólogo Prof. Dr. Leonardo Adamowicz, assistente Ercídio J. J. Nhatule, dois auxiliares do campo Mussagi Ahamada Alde e Faquira Abudo e um tradutor (makwa, kimwane e Makhuwa) Zainadine Abdine Assane.

Mapa 3. Roteiro da prospecção arqueológica (linha traçada em vermelho) e localização das estações arqueológicas registadas em Outubro de 2013 na área pretendida pela Empresa Nacional De Hidrocarbonetos – EP.

7

1.3. Escopo do trabalho e termos de referência para o estudo arqueológico

O actual documento está baseado os termos de referência para o

estudo especializado em arqueologia, que é parte de uma série de

estudos de especialistas de ser realizados no âmbito da AIE.

1.3.1. O trabalho realizado incluiu as seguintes actividades:

1.3.1.1. Estudo “desktop” sobre a área de trabalho e analise critica das pesquisas anteriores;

1.3.1.2. Trabalho sistemático de campo – prospecção arqueológica da área determinada pela Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ver o Mapa 1) ;

1.3.1.3. Identificação, mapeamento, classificação e avaliação da importância do património histórico e arqueológico na área afectada pelo projecto (ver o Mapa 3);

1.3.1.4. Levantamento de campo da área de projecto, a fim de identificar estruturas e artefactos de valor histórico e arqueológico. O material foi colectado e gravado em folhas específicas, com referência a unidade da subdivisão onde foram identificados. Os restos arqueológicos de cada unidade da colecção foram embalados de acordo com o tipo de matéria-prima e depositados na Direcção Distrital da Educação e Cultura em Palma para posterior analise pormenorizado.

1.3.1.5. Os sítios arqueológicos foram registados nas fichas de inventário para cada ocorrência, com suas gráficas, esboço cartográficos, registos fotográfico, localização espacial e descrição pormenorizada.

1.3.2. Identificação e avaliação dos potenciais impactos do projecto sobre o património arqueológico e histórico identificado, nomeadamente sobre a sua importância histórica e valor simbólico e identificação de medidas de mitigação e desenvolvimento de um plano de monitorização.

1.3.3. Elaboração de relatório de estudo especializado com a informação necessária para um plano de urbanização e apresentação as propostas de valorização do património arqueológico e etnográfico de maior interesse para área em estudo (ver o projecto de Scansen Etno-Arqueológico em Maganja)

8

2. DADOS RELEVANTES PARA PATRIMÓNIO

ARQUEOLÓGICO DA PENÍNSULA AFUNGI

2.1. Arqueologia e Património Cultural

A arqueologia e o património cultural incluem os recursos tangíveis e intangíveis, tais como locais, tradições orais e rituais. Na Lei sobre a Protecção do Património Cultural (Lei n.º. 10/88, de 22 de Dezembro) um recurso de património é definido como "qualquer lugar ou objecto de importância cultural ou seja, de valor ou significância estética, arquitectónica, histórica, científica, social, espiritual, linguística ou tecnológica".

A península de Afungi, e compreende o litoral Sul da Baía de Palma (originalmente conhecido como Baía de Tungi). Esta área foi em tempos governada por uma entidade sociopolítica local, e era conhecida como o “Sultanato de Tungi”. A arqueologia e património cultural da Península de Afungi são fortemente

influenciados pelo Sultanato que reinou a partir da Península de Cabo Delgado, na costa Norte da Baía de Tungi.

O mapa 4 ilustra os principais locais arqueológicos na região do Leste de África, alguns dos quais são referidos nesta secção.

2.2. O Sultanato Tungi

'Tungi' é o nome histórico do Sultanato Swahili que reinou na Península de Cabo Delgado até 1877. Durante os séculos XVIII e XIX, o seu principal centro político estava localizado a 5 km para Oeste da ponta da península, nos arredores da aldeia hoje conhecida como Kiwiya (Quiwia) (ver Mapa 5).

Mapa 4. Principais Sítios Arqueológicos ao longo do Litoral da África Oriental. Fonte: Leonardo Adamowicz, 2012.

9

Acredita-se que Kiwiya era conhecida no passado como Tungi, embora o nome também se estenda a uma área maior que estava sob o controle do Sultão de Tungi. Existem actualmente na área ruínas do palácio dos sultões e três túmulos dos sultões Tungi.

Mapa 5. Península Cabo Delgado, localização de "Tungi”- a Capital do Sultanato de Tungi.

Fonte: L. Adamowicz 2011,

A extensão geográfica do território político de Tungi não é conhecida, mas pode incluir a Península de Afungi. A localização geográfica e proximidade de Tungi aos antigos centros costeiros, como Kilwa e Ilha Vamizi, fizeram de Tungi um importante centro estratégico na região. As ruínas do grande palácio de Tungi fornecem um testemunho directo de que este assentamento populacional conheceu tempos de boa prosperidade económica, provavelmente relacionada com o comércio de escravos na região, nos séculos XVIII e XIX1.

Há evidências que sugerem que a Baía de Tungi foi usada como um importante porto natural para ancoragem de embarcações, que viajavam para o antigo entreposto comercial localizado na Ilha Vamizi2.

A primeira referência conhecida ao nome Tungi em fontes europeias é, de acordo com Gerhard Liesegang (1989), registada num documento

1 Fonte: Adamowicz, 2012. ERM & IMPACTO ANADARKO MOÇAMBIQUE ÁREA 1, LDA, 9-159 2 Conforme descrito por Ahmad bin Majid, no século XV. Tradições recolhidas por C. Velten,

Prosa und Poesie derem Suaheli, Berlim 1907, parcialmente reproduzidas em Freeman-Grenville 1962:221-6. Rzewuski deve ao Prof. CSP Freeman-Crenville a informação de que na mesma colecção de Velten, há um texto sobre a história de Tungi, mas ainda não está disponível para os estudiosos moçambicanos.

TUNGI

10

Português de 1744. Tungi tornou-se conhecida pelos historiadores no contexto do " último episódio da guerra Árabe-Portuguesa, em águas do Oceano Índico Ocidental" (Bennett, 1987: 18), a disputa de fronteiras entre Portugal e Zanzibar, no século XIX. Ambas as partes no conflito reivindicavam direitos de soberania sobre Tungi.

Em 1778, uma expedição armada Portuguesa foi enviada para o Sultanato de Tungi e, a partir de então, os sultões Tungi jogavam uma política de lealdade dupla equilibrada. Pelo menos um deles, Hassani (Assani), recebia pagamentos regulares das autoridades portuguesas na década de 1820-1830. A disputa Portugal-Zanzibar envolveu a Grã-Bretanha e a Alemanha como "intermediários" que tinham os seus próprio interesse na área. Esta disputa terminou em 1877 com a anexação da terra em disputa pelo exército Português.

Alguns anos mais tarde, a fronteira colonial entre a Deutsche Ostafrika (África Oriental Alemã) e a África Oriental Portuguesa foi mapeada ao longo do Rio Rovuma, a 40km para Norte de Tungi, que foi então incorporada na colónia Portuguesa.

Nas Crónicas de Comores menciona-se que as primeiras pessoas a estabelecerem-se em Ngazija (Grande Comore) eram oriundas de Tungi (Rotter, 1976). A Crónica de Comores chega mesmo a identificar Tungi entre as primeiras cidades Swahili fundadas (Rotter 1976:25-27 em Rzewuski 1991:193). O nome da localidade também aparece em tradições orais relacionadas com o primeiro sultão de Kilwa (Sultão Ali), que travou uma guerra contra Tungi3.

Hoje, os direitos à terra em alguns assentamentos na Península de Cabo Delgado e na Península de Afungi pertencem aos descendentes Makwa do Sultão de Tungi, datando ao final do século XVII e início século XVIII. Ao longo dos últimos 200 a 300 anos as terras foram sendo cultivadas ou usadas para a pesca ou para o comércio de escravos.

2.3. Manuscritos Tungi escritos e orais

Tradições orais e escritas indicam que Tungi foi governada pela dinastia Shirazi, cujos descendentes ainda hoje afirmam ter as suas raízes em Comores Angoche e Kilwa. De acordo com estudos realizados pelo linguista Polaco Eugeniusz Rzewuski (1991), o corpus de textos orais e escritos integra dois manuscritos escritos e uma narrativa oral, conhecidos como TUNGI - 1, TUNGI - 2 e TUNGI - 3, respectivamente. Estes fornecem uma visão sobre as tribos Shirazi e Matungi e a história de Tungi. Estes foram recolhidos/registados em Agosto de 1988 em Palma e são intitulados, como segue:

3 Tradições recolhidas por C. Velten, Prosa und Poesie der Suaheli, Berlim 1907, reproduzida

parcialmente em Freeman-Grenville 1962:221-6. Rzewuski deve ao prof. CSP Freeman-Crenville a informação de que na mesma colecção de Velten, háum texto sobre a história da Tungi mas ainda não está disponível para os estudiosos moçambicanos.

11

TUNGI - 1 - Eventos antigos sobre a Tribo Shirazi; TUNGI - 2 - Documento Genealógico da Tribo Matungi; e TUNGI - 3 - Manuscrito Oral por Muhammad bin Thabiti.

Os textos fornecem algumas informações relevantes sobre a etno-história de Tungi (Mbobo e o seu povo Wampambe seriam os seus primeiros habitantes, provenientes do Niassa) e sobre a história das migrações Shirazi ao longo da costa Moçambicana. Hoje, em Palma e Kiwiya, a tribo Shirazi constitui a elite tradicional4. Dois dos autores dos manuscritos acima descritos pertencem a esta tribo5 e Muhammed bin Thabiti é o mais respeitado líder da comunidade Muçulmana (Shehe) em Palma.

Um elemento característico e distinto nas tradições Shirazi de Tungi é o destaque dado aos ancestrais do sexo feminino. Na cadeia genealógica apenas os nomes de mulheres são fornecidos, enquanto os nomes dos seus maridos são omissos em vários casos (Pendezeni, Amina). De acordo com os líderes tradicionais, o documento “TUNGI –1“,mostrado na Fig. 5, deve ser protegido num museu.

Fig. 5 . Antigo manuscrito, Crónicas da Palma. Fonte: Adamowicz, 2011

4 Em Kiwiya, a tribo Shirazi corresponde à maioria do clã (Kabila), estando em segundo lugar a

tribo Nausi (10%), que também reivindica a sua origem oriental, e, de acordo com a tradição local, foram os primeiros imigrantes a se estabelecerem na área adjacente à Baía de Tungi (dados numéricos retirados de Lundin e Loforte, 1988:12)

5 AbdulahibnSalimMungoji, o autor de TUNGI - 1, embora não identificado, deve ser associado

com os descendentes da família real de Angoche (Ngoji), como indica o seu nisbaMungoji.

12

Fig. 6 As Tradições culturais estão bem preservadas localmente e são compartilhadas pela juventude. Fonte: Adamowicz, 2011

Os governantes/sultões que reinaram sobre o Sultanato de Tungi e o período dos respectivos reinados estão descritos na Tabela 1, de acordo com as evidências orais e escritas contidas no manuscrito TUNGI -1.

Tabela 1. Governantes / Sultões

GOVERNANTES/SULTÕES DATAS COMENTÁRIOS

Nomes desconhecidos Sultão Ali ibn al- Hassan (desde 957) - de Kilwa travou uma guerra contra Tungi.

Desde 1000 A.D. 1310 – 1333

Dinastias reinando a partir de Kilwa6

Escavações limitadas e poços de teste em Kiwiya podem fornecer mais dados sobre as cronologias absoluta (C14) e relativa nesta área. (Cerâmica de Kilwa Antiga . Foram encontrados alguns atributos mais recentes de barro em Kiwiya, em associação com vidrados de estanho azul-verde do estilo Islâmico da Sassânida (?).Sob o controle do Sultão al- HasanibnSulaiman de Kilwa (?)

6 A história de Kilwa começa em 960-1000 dC, quando um dos sete filhos de um governante de

Shiraz, na Pérsia, Ali ibn Shirazi al-Hassan, segue em direcção à costa Africana. Dizem que Ali comprou a ilha de Kilwa aos habitantes locais Bantu. De acordo com Forte (1895), Kilwa era originalmente propriedade de um rei Bantu 'Almuli’. No auge de seu poder no Século XV, o Sultanato de Kilwa possuía ou reclamava soberania sobre as cidades continentais de Malindi, Inhambane e Sofala e os estados insulares de Mombassa, Pemba, Zanzibar, Mafia, Comoro e Moçambique (para além outros diversos locais mais pequenos desde o Rio Rovuma, Ilha de Quirimba, Angoche, Quelimane a Sofala) – essencialmente toda a área que hoje é referida como a “costa Swahili”. Kilwa também reivindicou autoridade em todo o canal sobre uma série de pequenos postos comerciais espalhados pela costa de Madagascar.

13

Nomes desconhecidos Após 15th C. Dinastias locais, usurpadores e clãs controlados por Comores, Omã ou pelos Sultanatos de Zanzibar.

Séc. 17 – 18 A.D. A área de Tungi sob o domínio dos clãs locais Wampambe de Kilindi (Cerâmica do Monapo Tardio)\

Ahmadi Hassani Fim séc. 18 A.D. De Angoche

Selemani 1a met. Séc. 19 A.D De Kilwa

Yussufu 1a met. Séc. 19 A.D Filho de Selemani de Kilwa

Idighami 1a met. Séc. 19 A.D Disputa sobre a sucessão com Shababi, marido de sua tia, que reinou por pouco tempo e em simultâneo com Yussufu.

Hassani II & Hassani III 1828 – 1830 A.D.

Assane Menhe MosalonaChiraze ( em documentos em português). Governando simultaneamente e ambos costumavam receber pagamentos regulares das autoridades portuguesas na década de 1820-30.

Muhammadi Desde 1837 - 60 Apelidado Nchingama

Muhammadi & Muhammad Yussufu Hamissi

1858 A.D. Data da inscrição das sepulturas decifradas por Monteiro 1966:56 (In: Rzewuski 1991:209).

Muhammadi Até 1860 A.D. A partir de documentos portugueses.

Abdurabi 1872 A.D. Data da inscrição dos túmulos.

Aburari 2a met. Séc. 19 AD Disputa sobre a sucessão com tio paterno Interferência de Zanzibar e Portugal.

Abdelaziz (capitão-mor)

1877 A.D. Anexação militar de Tungi pelos portugueses. Fim do Sultanato.

2.4. Linguagem e Significância Cultural

Palma e seus arredores constituem a única área ao longo da costa de Moçambique onde a língua Swahili é falada (para além das línguas moçambicanas também referidas na Secção 9.9.3). Além disso, a situação de linguagem na região representa um tipo raro de ”diglossia no género”7 estabilizada. O uso do Swahili parece ser um factor que ajuda a manter o estatuto social e a identidade cultural do mwungwana (isto é, pessoa civilizada), não se tratando de uma aquisição linguística recente. A diglossia no género é também observada a Norte de Lindi, na Tanzânia (ver Figura 9.47).

3. PESQUISA ARQUEOLÓGICA

3.1. Informação Geral

A primeira pesquisa sistemática da arqueológia foi realizada em Outubro de 2011 na Península de Afungi (que incluiu o Local do Projecto em Afungi), em Palma e na Península de Cabo Delgado. Estas últimas não são

7 Uma situação em que duas línguas são usadas, separadamente por homens e mulheres dentro de

uma comunidade.

14

abrangidas pela prospecção directa do Projecto porém, devido à proximidade do valor patrimonial e cultural dos sítios arqueológicos e históricos conhecidos nestas áreas, as mesmas foram consideradas no âmbito da pesquisa no terreno. As pesquisas realizadas envolveram a identificação dos locais arqueológicos e históricos conhecidos, de relevância cultural na área, tendo estes sido investigados mais detalhadamente no início do Outubro de 2013.

A extensão da área de pesquisa é ilustrada na Mapa 3, pp.5

Vários locais e artefactos de importância cultural foram registados durante a pesquisa no terreno, e estes são descritos nas secções abaixo. Alguns locais, em particular os da área de Maganja na Península de Afungi, foram pesquisados em detalhe e registados durante um estudo anterior, em 2008 e 2011.8

Décadas de actividade agrícola resultaram na perturbação de 30 centímetros da camada superior do solo na área de estudo. No entanto, a presença de sítios de significância arqueológica e histórica pode ainda ser

8 Essa pesquisa prévia foi realizada por um autor liderando o Círculo de Interesse do Património

Cultural da Liga de Escuteiros de Moçambique (LEMO) em 2008. Realizada em conjunto com a Liga de Escuteiros de Moçambique (LEMO), em colaboração com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o ICOMOS (Conselho Internacional de Monumentos e Sítios).

15

identificada pela ocorrência de artefactos, e os depósitos, por vezes, permanecem intactos nas camadas mais profundas.

Algumas das evidências de património arqueológico e cultural, observadas dentro das áreas pesquisadas, apontam para um período de agitação (guerras entre as cidades Swahili, invasões, comércio de escravos, ocupação colonial, etc), que teve consequências sociopolíticas e económicas, das quais se considera que a população local ainda não se refez.

3.2. Península de Afungi

Os sítios investigados na Península de Afungi são mostrados na Figura 9.47 e descritos na Tabela 9.61 abaixo. A área pesquisada incluiu o Local do Projecto em Afungi e a Aldeia de Maganja, esta última situada na ponta da Península de Afungi. As descobertas foram dominadas por artefactos da Idade do Ferro Superior (LIA)(1) e também da Idade do Ferro Antiga (EIA)9.

9 Dos 427 cacos observados, a maioria era de bordas de tigelas abertas, de tigelas torneadas e de

vasos de gargalo. Como mostrado na Fig. 9. também foram encontrados alguns cacos de cerâmica de vasos carinados.

15

16

17

18

19

20

30 31

26

27

16

Tabela 2. Sítios de Importância Arqueológicas encontrados na Península de Afungi.

CODICO NOME LONGITUDE LATITUDE PERIODO DATA/PESQ.

1040Dc01 15. Ngodje 1 (E12)10

S10 47 34.7 E40 31 20.0 Late Iron Age 21-10-2011

1040Dc02 16. Ngodje 2 (E14) S10 47 47.2 E40 32 10.5 Late Iron Age 21-10-2011

1040Dc03 29. Kitupo 1 (E29) S10 48 51.0 E40 31 03.6 Late Iron Age 23-10-2011

1040Dc04 32. Kitupo 4 ( E32) S10 49 18.9 E40 31 16.3 Late Iron Age 23-10-2011

1040Dc06 30. Kitupo 2 (E30) S10 48 54.3 E40 31 02.6 Late Iron Age 28-10-2011

1040Dc07 31. Kitupo 3 (E31) S10 49 08.8 E40 30 59.5 E.I.A & L. I. A. 28-10-2011

1040Dc08 19. Old Maganja (19) S10 50 21.3 E40 36 25.7 Late Iron Age 29-10-2013

1040Dc09 17. Maganja 1 (E2) S10 49 52.1 E40 36 25.6

E.I.A & L. I. A. 29-10-2013

1040Dc10 18. Maganja 2 (E3) S10 50 10.5 E40 35 55.6

Late Iron Age 29-10-2013

1040Dc11 20. Maganja 3 (E4) S10 50 49.9 E40 36 02.8

Late Iron Age 29-10-2013

Na área pesquisada na Península de Afungi foram registados dez sítios arqueológicos, bem como um lugar sagrado abandonado e vários cemitérios.

A maioria destes locais foi afectada pelo cultivo extensivo e aqueles mais perto a costa foram influenciados pela erosão do mar. As descobertas recolhidas incluem contas, conchas (incluindo pérolas de ostra, família Pteriidae), ossos de peixes e cacos. A quantidade e diversidade de conchas foram consideradas notáveis e são mostradas na Figura 7.

Fig. 7 e 8. Concheiros de Maganja da Península de Afungi. Fonte: Adamowicz, 2013.

10 Ngodje Zone. Esta "zona" parece ser grande demais para o nome de um único site e muito

provavelmente deve ser considerado como dois locais de interesse arqueológico e cultural.

17

O antigo padrão decorativo da cerâmica Tungi encontrado na área mostra muitas semelhanças com vários períodos da cerâmica Kilwa. Pesquisas anteriores no Norte de Moçambique e a pesquisa de campo realizada no âmbito deste estudo confirmam a riqueza histórica e arqueológica do Distrito de Palma. No Local do Projecto em Afungi e Área Circundante, os locais 15 (Ngodje 1) e 18 (Maganja 2) são considerados de importância arqueológica particular, uma vez que estes sítios ostentam montes de conchas e cacos de cerâmica. Estes locais também são mencionados nas Crónicas de Tungi. Todos os outros sítios investigados são considerados como sendo de baixa significância em termos de património arqueológico e histórico.

Fonte: Adamowicz. 2013,

18

ANEXO 1

Projecto do Skansen Etno-Arqueologico de Maganja

O Skansen é um tipo de museu ao ar livre. O primeiro deste tipo museu no mundo foi fundado em 1891 por Artur Hazelius com o objectivo de mostrar o modo de vida na Suécia durante os últimos séculos. No século XIX a Suécia, como muitos outros países europeus, sofreu profundas mudanças. O seu modo de vida muito rural deu lugar a uma sociedade industrializada, fazendo com que muitos receassem que parte da história e das tradições nacionais se perdessem. Artur Hazelius, criou então o primeiro museu ao ar livre que hoje agrupa cerca de 150 construções procedentes de toda a Suécia, 300 000 m2 desmontadas e voltadas a montar, peça a peça, no seu lugar definitivo, dando uma visão global sobre a vida na Suécia, passando pelas pobres aldeias agrícolas às ricas residências da nobreza.

O mesmo tipo de museu, com modificações e adaptações necessárias, estamos a propor para área de Maganja, como uma das medidas para a protecção da estação arqueológica lá existente e valorização do património material e imaterial da população deslocada por causa do desenvolvimento industrial. O Skansen, como um museu ao ar livre, apresentará também uma reprodução fidedigna de uma aldeia makwa/kimwani com as oficinas dos artesãos, pescadores e agricultores.No parque do museu, que podia se estender sobre uma área de 150 000 m2, encontrar-se-ia um pequeno jardim zoológico com as espécies que ainda há pouco tempo eram alvos da caça, mesquita com madraça, oficina de construção dos barcos da pesca, aldeia dos pescadores com a tecnologia de processamento da pesca e área reservada para o campismo com modestas instalações para sustentar o movimento turístico.

O Skansen de Maganja, junto com o Museu Memorial em Palma (projecto em realização), lugares sagrados de Mbuizi e ruinas do palácio dos sultões do Sultanato Tungi podiam de modo substancial enriquecer o roteiro turístico no Distrito de Palma.

19

Propostas preliminares para o futuro “Skansen Etno-Arqueológico de Maganja”

Exemplo de instalações, oficinas e actividades que podem ser desenvolvidas

no futuro Skansen

20

A exposição da vida quotidiana de makwas e kimwane

21

1. Esteiras do Dist. de Palma já conhecidas, também fora de Moçambique graça as publicações do Prof. Doutor Paulus Gerdes; 2 e 3. Arquitectura e invenções locais; 4. Concheiros da estação arqueológica Maganja; 5. Proposta da localização do Skansen de Maganja na vizinhança dos concheiros com espolios arqueológicos.

1

22

Outras atracções turísticas ligadas ao património cultural no Distrito de Palma

23

24

Referencias bibliográficas

Adamowicz, L. 1984a. An investigation of residential pattern in Nampula Province from an

archaeological perspective: a progress report. Textos para debate, 3, DAA / UEM, 1984:21,

Maputo.

- 1984b. Alguns aspectos das pinturas rupestres na Provincia de Nampula. Textos para

debate, 5, DAA / UEM, 1985:68, Nampula.

- 1985. Report and comments on the progress of CIPRIANA 81 / 86. Archaeological Project

in Nampula Province, Textos para debate, 6, 1985:88, Nampula, 1986:105, Maputo.

- 1986. Contribuição para o conhecimento da arqueologia entre os rios Lúrio e Ligonha,

Provincia de Nampula. Projecto CIPRIANA 1981 / 86. Trabalhos de Arqueologia e

Antropologia, DAA / UEM, 3. 1987:45-144, Maputo.

- 1988. “Contribuição para o Registo Computorizado das Estações Arqueológicas em

Moçambique (Idade da Pedra Superior e Idade do Ferro).” Trabalhos de Arqueologia e

Antropologia 5, pp. 85–107

- 1988. The economic and social context of Early Farming adaptations to highlands of

Northern Mozambique. Urban Origins in Eastern Africa. In Proceedings of the 1989

Madagascar Workshop, P.J.J. Sinclair and J.A.Rakotoarisoa (eds.) , 1990:179-184,

Stockholm.3

- 1991. Newly discovered stone age and early iron age sites in Nampula Province northern

Mozambique. In Proceedings of the 1990 Workshop Harare and Great Zimbabwe, P.J.J.

Sinclair & G. Pwiti (eds.), 137-196. Stockholm: Swedish Central Board of National

Antiquities

- 1992. Early Farming Community Pottery from Northern Mozambique. Nampula.

- 1992a. Settlement pattern in ethno-archaeological research in Nampula Province. In

Proceedings of the 1991 Workshop Zanzibar, P.J.J. Sinclair & A. Juma (eds.), 137-196.

Stockholm: Swedish Central Board of National

- 1992b. Cronometria C14 das estações arqueológicas da Província de Nampula. Seminário

sobre 15 anos de historiografia de Moçambique, Universidade Eduardo Mondlane, 1991:105,

Maputo.

- 1993, A perspective on archaeological research in Mozambique. In The Archaeology of

Africa, Food, metals and towns. Ed,. Thurstan Shaw, Paul Sinclair, Bassey Andah, Alex

Okpoko, London and New York, pp 410-431.

- 1997, Foraging and Farming Communities in Northern Mozambique, Uppsala University.

- 2006a. “Computer analysis of pottery from Songo and Niamara”. In: Macamo S. Privileged

Places in South Central Mozambique. Studies in Global Archaeology 4. Maputo:

Department of Archaeology and Anthropology, Eduardo Mondlane University. Appendix 1:

250-1.

25

- 2006b. “Computer analysis of pottery from 1999 and 2000 Degue-Mufa excavations”. In:

Macamo S. Privileged Places in South Central Mozambique. Studies in Global Archaeology

4. Maputo: Department of Archaeology and Anthropology, Eduardo Mondlane University.

Appendix 2: 252-3.

Almeida, F. [et al.] (1999) - Geophysical Techniques and GIS applied to Archaeological

Prospecting in Porto Old Town Center (Portugal). In FASSBINDER, J.; IRLINGER, W., eds.

- Archaeological Prospection. Third International Conference on Archaeological

Prospection. München: Bayerisches Landesamt für Denkmalpflege, p. 9

Alpers E. A., Ivory and Slaves ln East Central Africa. Heineman. London - Nairobi - lbadan -

Lusaka 1975.

Anadarko, 2011, Liquefied Natural Gas Project In Cabo Delgado, Pre-Feasibility And Scope

Definition Report And Terms Of Reference (Draft), Maputo

Bennet, N,, 1987, Zanzibar, Portugal and Mozambique: Relations from the late eighteenth Century

to 1890. working Papers in African Studies, No. 123, African Studies Center - Boston

University, Boston.

Boxer, Ch,, 1963, The Querimba Islands in 1744, Studia, 11.: 343-353.

Chittick, N., 1959, The Shirazi Colonization of East Africa, JAH. 6, pp.275-294 .

Conceição, R., 1990, L'aire swahill comme facteur de détermination des sociétés côtiêrs du nord

du Mozambique: l'exemple des sociétés de Cabo Delgado, Swahili Language and Society/

Notes and News, 7, pp.47-56.

Hall, M., 1987. The Changing Past: farmers, kings and traders in Southern Africa, 200 –1860. Cape

Town: David Philip.

Huffman, T. N., 2007. Handbook to the Iron Age. The Archaeology of Pré-Colonial Farming

Societies in Southern Africa.

Hulthén, Brigitta. 1988. Report on a pilot investigation of ceramics from Mozambique and

Zimbabwe. In: Paul Sinclair et al. Analysis of Slag, Iron, Ceramics and animal bones from

excavations in Mozambique. (Studies in Africa archaeology 2). Stockholm: Civiltryck, pp.

35-54.

Korfman, M; Liesegang, G; Smolla, G. 1987. Afrika-Kartenwerk, Blatt S, Historische Geographie,

Beiheft. Stuttgart: Borträger.

Liesegang, G. 1974. “Historical Continuity and Ceramic Change: Note on the wares used by the

Gaza Nguni in the 19th century.” South African Archaeological Bulletin, 29. Cape: South

African Archaeological Society, pp. 60-4.

- [s.d.]. Some Aspects of Gaza Nguni History or Notes on the Gaza Nguni History, 1821-1897.

[s.l.].

- 1986. Ngungunyane: A figura de Ngungunyane Nqumayo, Rei de Gaza 1884-1895 e o

desaparecimento do seu Estado. (Colecção Embondeiro, 8). Maputo: Arquivo do

Património Cultural.

26

- 2007. Of Doubtful dates, invisible states and partly visible population movements: New

views on political structures and population movements in Southern Mozambique ca. 1300

to present.

Macamo, S. 2004. Early pottery in Inhambane (in press.). Maputo: German Technical Cooperation

(GTZ).

- 2006. Privileged Places in South Central Mozambique: the archaeology of Manyikeni,

Niamara, Songo and Degue-Mufa. (Studies in Global Archaeology 4). PhD thesis. Uppsala:

Department of Archaeology and Ancient History.

Macamo, S and Risberg, J. 2007. “The Archaeology of Massingir, Gaza Province, Southern

Mozambique.” In: Gilbert Pwiti, Chantal Radimilahy and Felix Chami (eds.) Settlements,

Economies and Technology in the African past. (Studies in the African Past, 6), pp. 67-82.

Phillipson, D. 1985. African Archaeology. Cambridge: Cambridge University Press.

Pouwels, R.L., 1984, Oral Historiography and the Shirazi of the East African Coast', Hlstory ln

Africa, 11, , pp.237-267.

- 1987, Horn and Crescent. Cultural Change and Traditional Islam on the East African Coast.

800-1900. CUP, Cambridge.

Prata, P. A., 1987, Análise etno-linguistica do Xecado de Sangage' , Paper presented at: Primeiro

Seminário Interdiscipllnar de Antropologia, Maputo 3-9.03.1982, Universidade E.

Mondlane, Trabalhos de Arqueologia e Antropologia,- DAA UEH, No,2, pp. 75-98.

Prins A.H.J., 1961, The Swahll1-speaking Peoples of Zanzibar and the East African coast.

Int.ernational African Institute.

Rotter G, Huslimlsche Inseln vor Ostafrika. Eine Arabische Komoren-Chronik aus 19.

Jahrhunderts. Beiruter Texte und Studien, 18, Orient-Institut der Deutschen

Morgenlandischen Gesellschaft, Franz Steiner Verlag, Beirut 1976.

Rzewuski Eugeniusz, 1979, Vocabulário da lingua mwani. (Versão provisória), Universidade

Eduardo Mondlane: Maputo, (stencil copy).

- 1990 Mother tongue: father tongue convergence. On Swahilization and deswahil1zation ln

Mozambique. Paper presented to the 7th Essen Colloquium "Minorlty languages language

mlnoritles", Essen 14-17 June 1990.

- 1989, Origins of the Tungi Sultanate (Northern Mozambique) in the light of local

traditions. Conference in Ojrzanów. Unwritten Testimonies of the African Past.

Proceedings of the International Symposium held in Ojrzanów n. Warsaw on 07-08

November 1989 ed. by S. Piłaszewicz and E. Rzewuski, (Orientalia Varsoviensia 2), Warsaw:

Wydawnictwa Uniwersytetu Warszawskiego 1991. (pdf version).

Senna-Martinez, J. 1974. Concheiros da Costa sul de Mocambique. Foz do Limpopo. Lourenço

Marques

- 1976. A Preliminary Report on two Early Iron Age Pottery Traditions from Southern

Mozambique Coastal Plain. Universidade Eduardo Mondlane, Instituto de Investigação

Cientifica de Moçambique, Centro de Estudos Africanos, Secção de Pré-História. Maputo.

27

Sinclair, P. 1987. Space, Time and Social Formation: a territorial approach to the archaeology and

anthropology of Zimbabwe and Mozambique c. 0–1700 AD. (AUN 9). Uppsala: Societas

Archaeologica Upsaliensis.

Sinclair, P. and Lundmark, H. 1984. “A spatial analysis of archaeological sites from Zimbabwe.” In:

Martin Hall et al (eds.) Frontiers: southern African archaeology today. Oxford: British

Archaeological Reports, pp. 277–88.

Sinclair, P. et al. 1987. Excavations at the University Campus Maputo, Mozambique 1984-85.

Stockholm: Central Board of National Antiquities, Sweden. (Studies in African

Archaeology 1).

Sinclair, P., Morais, J., Adamowicz, L., Duarte, R.T. 1993 A Perspective on Archaeological Research

in Mozambique. In The Archaeology of Africa: food, metals and towns. London, Ed.

Routledge.

Shepard, A. 1971. Ceramics for the Archaeologist. Carnegie Institution of Washington.

Shepero Gill, 1984, The earliest Swahili? A perspective on the importance of the Comoro Islands in

the South-west Indian Ocean before the rise of Kilwa in: Swahili Language and Society.

Papers from the Workshop held at the School of Oriental and African Studies In April 1982.

Edited by Joan MAW & David PARKIN, Veroffentlichungen der Institute für Afrikanistik

und Agyptologie der Universitat, Wien,Nr.33, Wien, pp.261-295.