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1 INSTITUTO ESPERANÇA DE ENSINO SUPERIOR BACHARELADO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL JORNALISMO SAMELA CRISTINA DA SILVA BONFIM IMPACTOS DO JORNALISMO DIGITAL SOBRE O TRADICIONAL: Estudo de caso da transição do Jornal Impresso Estado do Tapajós ao Estado.net SANTARÉM-PARÁ Outubro/2014

Impactos do Jornalismo Digital sobre o Tradicional: Estudo de Caso da transição do Jornal Impresso Estado do Tapajós ao Estado.net

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INSTITUTO ESPERANÇA DE ENSINO SUPERIOR

BACHARELADO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

SAMELA CRISTINA DA SILVA BONFIM

IMPACTOS DO JORNALISMO DIGITAL SOBRE O TRADICIONAL:

Estudo de caso da transição do Jornal Impresso Estado do Tapajós ao Estado.net

SANTARÉM-PARÁ

Outubro/2014

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SAMELA CRISTINA DA SILVA BONFIM

IMPACTOS DO JORNALISMO DIGITAL SOBRE O TRADICIONAL:

Estudo de caso da transição do Jornal Impresso Estado do Tapajós ao Estado.net

Trabalho Acadêmico Orientado (TAO) apresentado ao Instituto Esperança de Ensino Superior - IESPES, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Orientador: Prof. Esp. Paulo Lima

SANTARÉM-PARÁ

Outubro/2014

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SAMELA CRISTINA DA SILVA BONFIM

IMPACTOS DO JORNALISMO DIGITAL SOBRE O TRADICIONAL: Estudo de caso da transição do Jornal Impresso Estado do Tapajós ao

Estado.net

Trabalho Acadêmico Orientado apresentado ao Instituto Esperança de Ensino Superior - IESPES, como requisito para obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo.

Aprovado em: ___ de ___de ___.

COMISSÃO EXAMINADORA

__________________________________________________

Nome/Instituição – Presidente/Orientador

_________________________________________________ Nome/Instituição – 2° Membro

______________________________________________

Nome/Instituição – 3° Membro

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Dedico este trabalho a meu eterno Senhor, a quem tenho uma dívida eterna. A Ele toda a glória por ter me permitido concluir mais uma etapa do objetivo traçado desde criança. E por ceder um pouquinho de Sua infinita sabedoria à sua serva. Ofereço também a meu pai Samuel Bonfim e minha mãe Vânia Cristina que acreditaram no meu sonho, mesmo desacreditando no futuro do jornalismo. Sem eles, certamente seria impossível concluir essa fase. Dedico a meu amor Warley Barbosa, que mesmo a distância, deu-me força fundamental para prosseguir. Que apoiou e incentivou nessa jornada, e nos momentos difíceis, transmitiu segurança e disse que no fim, daria certo. Deu.

Samela Bonfim

5

AGRADECIMENTOS

Especialmente ao professor Paulo Lima, pela dedicação em suas orientações e

também pela infinita paciência que mostrou. Seu bom humor e empenho foram

essenciais para que esta pesquisa fosse concluída.

À professora Rosa Rodrigues, a quem costumo chamar de co-orientadora, que

auxiliou durante todo o curso, e especialmente nesse último ano, quando ministrou

aulas do projeto e acompanhamento do TAO.

A todos os docentes que ministraram aulas durante o curso, transmitindo confiança,

conhecimento e experiências, para a nossa vida profissional. Ao professor Milton

Mauer, coordenador do Curso de Comunicação Social do Instituto Esperança de

Ensino Superior (IESPES) pela atenção e ―puxões de orelha‖ nos momentos

necessários.

Agradecimento também ao proprietário do jornal Estado do Tapajós, objeto de

pesquisa deste trabalho, que cedeu dados e informações sobre a transição do

veículo impresso ao digital.

A todos os ex-assinantes do jornal, funcionários e ex-funcionários que responderam

aos questionários, ou cederam entrevistas que embasaram este trabalho.

Por fim, temo esquecer de alguém, mas agradeço a todos que diretamente ou

indiretamente contribuíram com este Trabalho Acadêmico Orientado. Ele é o

conjunto do conhecimento de muitos, de autores, jornalistas, assinantes, ex-

assinantes com a análise da autora.

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Uma louca sinfonia de gritos, gargalhadas, telefones, campainhas, reverberavam impunemente (...) e o impiedoso papel carbono, tingia mesas, paletós, mangas de camisas, dedos, mãos e rostos menos atentos (...) montanhas de laudas se formavam a qualquer lado que olhasse (...) hoje as persianas amarrotadas foram substituídas por um moderno sistema de iluminação que inclui um requinte inimaginável: calhas especialmente desenhadas, cujos focos de luz, só iluminam as mesas dos terminais, sem reflexos nos olhos ou nas telas (...) um sistema de ar condicionado central acabou com o clima tropical que sufocava (...) e a sinfonia das pretinhas deu lugar a um silêncio cibernético, propiciado pelos 140 terminais e suas 138 teclas (...) e a limpeza, nada de montanhas de papel

Astrid Fontinelle e Débora chaves

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RESUMO

Muito fala-se na crise do jornalismo impresso em decorrência da inserção da internet na prática jornalística. Portanto, este trabalho tem como foco de estudo os Impactos do Jornalismo Digital sobre o jornal Impresso, com estudo de caso aplicado ao Jor-nal Estado do Tapajós, que circulou durante treze anos na cidade de Santarém, no estado do Pará, mas que foi atingido pela crise que acomete o jornal impresso mi-grou para a Internet. Para identificar, descrever e analisar esses impactos na nova forma de comunicação utilizou-se a pesquisa descritiva de estudo de caso, com abordagem qualitativa e aspectos quantitativos. Foram aplicados questionários aos ex-assinantes, funcionários e ex-funcionários do veículo para entender esse proces-so de mudança do Jornal O Estado do Tapajós ao Estado net. Através das entrevis-tas realizadas objetivou-se entender como foi a receptividade do público assinante ao saber da transição do impresso ao digital. Também se buscou medir o grau de influência das duas formas de veiculação jornalística. Temas de importante relevân-cia para o tema, como profundidade, credibilidade, conteúdo, forma de consumo, estrutura das redações e modelo de negócios foram destacados neste Trabalho Acadêmico Orientado. Os resultados apontaram dez principais mudanças do jorna-lismo digital sobre o tradicional. A redução no número de profissionais na equipe que compõe o jornal, a mudança cultural na forma de confecção das reportagens já que o jornalista quase não precisa sair de casa para realizar o trabalho. Outro impacto é a densidade do conteúdo que não é o mesma. Também houve mudança na lingua-gem do jornalismo. O quinto impacto percebido é com relação à influência do novo jornalismo que não é igual ao jornalismo impresso. O sexto faz menção à produtivi-dade individual dos profissionais que aumentou consideravelmente. O sétimo impac-to revela que a plataforma possibilita interação e participação dos leitores, ao contrá-rio do jornal impresso. O oitavo mostra que houve uma grande redução nos gastos. O nono impacto indica que se por um lado há menos influência, por outro, lê-se mais. E o décimo impacto identificado é quanto a rapidez que proporciona imedia-tismo na divulgação de informações.

Palavras-chaves: Impactos, Jornalismo, Impresso, Digital.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01: Faixa etária dos entrevistados.......................................................56 Gráfico 02: Sexo dos entrevistados.................................................................57. Gráfico 03: Grau de instrução..........................................................................58 Gráfico 04: Período de assinatura do Jornal Impresso Estado do Tapajós......59 Gráfico 05: Motivo do cancelamento das assinaturas......................................60 Gráfico 06: Motivos que atraiam aos leitores ao jornal impresso.....................61 Gráfico 07: Reação quanto a substituição do impresso à versão digital..........62 Gráfico 08: Freqüência de leitura da versão digital do jornal Estado.net.........63 Gráfico 09: Mudança na forma de consumo das notícias................................64 Gráfico 10: Relação atual com a plataforma digital..........................................65 Gráfico 11: Número de matérias lidas a cada acesso......................................66 Gráfico 12: Comentários nas publicações........................................................67 Gráfico 13: índice de aprovação do espaço para comentar na plataforma.......68 Gráfico 14: Preferência entre o impresso e o digital.........................................69 Gráfico 15: Medição de maior influência..........................................................70 Gráfico 16: Forma de acesso às notícias.........................................................71

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11

1 UM BREVE HISTÓRICO........................................................................................ 13

1.1 Do jornal impresso no mundo .......................................................................... 13

1.2 No Brasil ............................................................................................................. 14

1.3 Em Santarém ..................................................................................................... 17

1.4 Surgimento da internet no mundo ................................................................... 22

1.5 No Brasil ............................................................................................................. 24

1.6 Surgimento do Jornalismo Digital ................................................................... 25

2 O OLHAR DE AUTORES SOBRE OS IMPACTOS DO JORNALISMO DIGITAL SOBRE O JORNAL IMPRESSO .............................................................................. 28

2.1 Função Social .................................................................................................... 28

2.2 Conteúdo ............................................................................................................ 30

2.3 Influência e Credibilidade ................................................................................. 31

2.4 Estrutura das redações e Modelo de negócio ................................................ 34

2.5 Forma de consumo ........................................................................................... 35

2.6 Crise no modelo de negócios do jornal impresso ......................................... 36

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 39

3.1 Tipo de Estudo e Abordagem ........................................................................... 39

3.2 Local, Caracterização e Objeto da Pesquisa ................................................. 39

3.3 Fontes de Informação ....................................................................................... 40

3.4 Técnica e Coleta de Dados .............................................................................. 41

3.5 Aspectos Éticos ................................................................................................. 41

4 SUBSTITUIÇÃO DA VERSÃO IMPRESSA PELA DIGITAL: ESTUDO DE CASO DO JORNAL ESTADO DO TAPAJÓS ...................................................................... 42

4.1 Jornal impresso Estado do Tapajós ................................................................ 42

4.2 Jornal digital Estado.net ................................................................................... 43

4.4 Impactos do jornalismo digital sobre o jornalismo tradicional em Santarém.. .................................................................................................................................. 46

10

5 RESULTADO DA PESQUISA ................................................................................ 50

5.1 Análise das entrevistas Orais ........................................................................... 52

5.2 Análise dos Questionários ............................................................................... 54

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 72

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 75

APÊNDICES ............................................................................................................. 79

Apêndice A – Questionário ex-assinantes do Jornal Estado do Tapajós ........... 80

Apêndice B - Roteiro de perguntas para o jornalista Miguel Oliveira ................ 83

Apêndice C - Roteiro de perguntas para a Jornalista Silvia Vieira ..................... 84

ANEXOS ................................................................................................................... 85

Anexo 01 - Termo de consentimento de participação em Pesquisa Acadêmica 86

Anexo 02 - Exemplar do Jornal Impresso O Estado do Tapajós ......................... 87

Anexo 03 - Exemplar do Jornal digital O Estado do Tapajós .............................. 88

Anexo 04 - Exemplar do jornal digital O Estado.net ............................................ 89

Anexo 05 – Estatísticas de acesso no período de 01/05/2013 - 14/10/2014 ........ 90

Anexo 06 - Estatísticas de acesso no período de 08/10/2014 - 14/10/2014 ........ 91

Anexo 07 - Estatísticas de acesso no período de 15/05/2013 - 31/12/2013 ........ 92

Anexo 08 - Estatísticas de acesso no período de 01/01/2014 - 14/10/2014 ........ 93

Anexo 09 - Estatísticas de acesso no período de 08/10/2014 - 14/10/2014 ........ 94

Anexo 10 - Estatísticas de impressões do período de 15/05/2013 - 31/12/2013 . 95

Anexo 11 - Estatísticas de impressões do período de 01/01/2014 - 14/10/2014 . 96

Anexo 12 - Estatísticas de impressões do período de 01/05/2013 - 14/10/2014 . 97

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INTRODUÇÃO

Com o surgimento da internet e o fenômeno comunicacional da Web 2.0,

surge um conjunto de mudanças na prática do jornalismo. Alguns profissionais

migraram dos setores tradicionais acreditando no potencial do novo meio, que mais

adiante passou a ser denominado de jornalismo digital. Alguns jornalistas que

persistiram em continuar no impresso foram demitidos em decorrência da crise no

modelo de negócios. O meio foi perdendo espaço para o jornalismo digital por conta

do ‗peso‘ das novas empresas de comunicação que surgiram no ciberespaço. O

fator da produção imediata do produto jornalístico no meio foi o fator preponderante

nessa crise instalada.

Crise que é amplamente discutida por jornalistas. E esta instigante discussão

é alvo de pesquisas internacionais e nacionais, mas em caráter regional é pouco

discutida.

O jornalismo impresso está em um momento de crise de identidade. Isso é

claramente percebido nas cidades onde jornais impressos fecharam as portas, ou,

foram substituídos pela versão digital.

É o caso do Jornal Estado do Tapajós que migrou para o mundo digital e

abandonou as impressões.

Para as empresas de comunicação uma via de escape. Para profissionais,

problema. Em um artigo publicado em fevereiro do ano de 2014, O círculo virtuoso

do jornalismo digital no Brasil, a jornalista Vivian Vianna destaca que somente no

ano de 2013, mil duzentos e trinta jornalistas com registro em carteira foram

demitidos em redações em todo o Brasil. Esse dado revela que o jornalismo tem

passado por um momento de crise. ―O fato é que a forma como o conteúdo e as

notícias são consumidas está mudando, no entanto, conteúdo e notícias continuam

sendo consumidos, talvez até em maior volume‖ (VIANA, 2014, p.1).

É importante pensar nesse tema, para entender quais os impactos causados

pela internet. Desvendar de que forma esta plataforma transforma o modo de fazer

jornalístico e se funciona como uma extensão dos meios tradicionais. É preciso

ainda, perceber a função social do jornalismo impresso em uma sociedade que vive

12

hiper-conectada e descobrir como é a influência por parte desses novos recursos de

jornalismo online, como havia (e há) no jornalismo impresso.

No jornal impresso exigia-se uma maior apuração das informações e

profundidade do que os outros veículos tradicionais, como a TV e o rádio. E por

consequência executava um maior papel na sociedade. O primeiro de formar, e em

consequência informar. E não o contrario.

Com base nessas suposições, a autora pesquisa sobre a temática da crise do

Jornalismo Impresso, sobre a ótica dos impactos do jornalismo digital sobre o

jornalismo tradicional.

O Jornal Estado do Tapajós (versão impressa) foi fundado nos anos 2000. Ele

circulou durante o período de doze anos. Inicialmente era distribuído três vezes por

semana. Depois passou a ser impresso todos os dias. E durante cinco anos, circulou

semanalmente. Por conta dos gastos excessivos, o fundador do impresso, jornalista

Miguel de Oliveira resolveu migrar para a plataforma digital em dois de dezembro de

2012.

Pretende-se, portanto, estudar o processo de transição do jornal Estado do

Tapajós impresso para o virtual.

A perspectiva deste trabalho é descrever os procedimentos iniciais das duas

formas de veiculação, e abster-se no cenário qualitativo, no modelo de recepção por

parte dos ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós. O objetivo desta monografia é

descrever a crise do jornal impresso, ilustrar o processo de mudanças na plataforma,

e descobrir se o jornalismo praticado na internet influencia tanto quanto o jornal

impresso influenciou um dia. As análises serão feitas a partir das leituras

relacionadas ao tema e com o estudo de caso.

A autora escolheu este tema para esta pesquisa cientifica durante as aulas de

Jornalismo Online. O assunto despertou interesse, já que um dos meios mais

tradicionais do jornalismo enfrenta um momento de crise, e isso fica ainda mais

evidente quando um jornal impresso migra para a plataforma digital no município de

Santarém-PA. O tema proposto leva a investigação dessa mudança e dos impactos

gerados.

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1 UM BREVE HISTÓRICO

Neste capítulo será feito um breve histórico do surgimento do jornal impresso,

a chegada da internet e respectivamente do jornalismo digital. O início do meio em

que é veiculado, o começo da impressão no mundo, a chegada da plataforma ao

Brasil pelos portugueses, e um pouco sobre a história do impresso no município de

Santarém, Oeste do Estado do Pará.

1.1 Do jornal impresso no mundo

Antes de falar do jornal impresso, é preciso entender como surgiu a

plataforma em que é veiculado. A criação do papel é atribuída aos chineses, em

específico a TshaiLun. Várias etapas foram necessárias para que o papel chegasse

ao estágio atual. Sua versão inicial é datada no século II d.C.

Giovannini (1987, p. 73) destaca com detalhes o processo inicial da

fabricação do papel. De acordo com o autor,

Os primeiros livros chineses, que remontam ao inicio de nossa era, eram constituídos por tábuas de madeira, unidas por laço de couro ou seda. Em seguida foram substituídas [...] por faixas de sedas, material mais leve e resistente, enroladas em torno de um bastão de madeira.

A história do papel é representada pela passagem da tecnologia da invenção

do papel aos árabes através dos prisioneiros de guerra chineses. Após a batalha do

Rio Talas (751) fabricantes de papel foram capturados e obrigados a continuar o

trabalho em Samarcada.

Segundo Briggs & Burke (2006) a impressão surgiu desde o século VIII, mas

o método geralmente utilizado era o chamado de impressão em bloco. Usava-se um

bloco de madeira entalhada para imprimir uma única página de um texto específico

Mas no início do século XV os coreanos inventaram uma forma de tipos móveis.

A prática da impressão gráfica se espalhou pela Europa com a diáspora dos impressores germânicos. Por volta de 1500, haviam sido instaladas máquinas de impressão em mais de 250 lugares na Europa, 80 na Itália, 52

na Alemanha e 43 na França (BRIGGS & BURKE, 2006, p. 24).

14

Inicialmente a técnica era utilizada para a impressão de livros. No século XVII

com o surgimento dos jornais, aumentou a ansiedade sobre os efeitos da nova

tecnologia. Nessa época, acadêmicos e sociedade geral indagavam sobre os

impactos da chegada do jornal sobre os livros. Exatamente como a discussão atual

sobre a influência da internet no jornal impresso. No início, os impressos tinham

baixo custo e eram relativamente baratos de se fazer e transportar, permitindo que o

trabalho dos artistas alcançasse rapidamente um número elevado de pessoas.

Hoje os jornais impressos representam um gasto muito alto para as empresas

que ainda se mantém no mercado apesar destes custos altos. Além do gasto com o

próprio papel, impressoras, tintas, jornalistas, distribuição e móveis, os donos ainda

têm que regularizar o negócio perante o governo, esses gastos serão apresentados

em um capitulo posterior.

Mas os jornais impressos traziam algo que chamava atenção, as fotografias.

Que Segundo Bordenave (2006), teve um impacto muito mais forte sobre o

desenvolvimento da comunicação visual do que normalmente se pensa, pois

possibilitou a ilustração de livros, jornais e revistas. E foi através da indústria gráfica,

que foram associadas às invenções da mecânica, da química, da eletrônica até

chegar hoje às impressoras computadorizadas, capazes de receber sinais

transmitidos por satélites e imprimir edições inteiras de jornais em vários países ao

mesmo tempo.

1.2 No Brasil

A história da imprensa no Brasil teve inicio em 1808 com o Correio Brasiliense

impresso fora do país no mês de junho. Durante quinze anos Hipólito da Costa

editou o jornal em Londres e tornou-se o patrono da imprensa brasileira. A primeira

impressão feita no país foi A Gazeta do Rio de Janeiro datada em 10 de setembro

de1808. Segundo as autoras Martins e Luca (2012) eles surgiram mais tarde em

relação à Europa e outras partes das Américas. A imprensa periódica nasceu no

século XVI, décadas após a chegada dos europeus.

É comum colocar-se em estudos históricos, a contraposição entre a Gazeta do Rio de Janeiro (enquanto jornal oficial) e o Correio Brasiliense (que fazia criticas ao governo). Porém uma comparação atenta indica que, além dessa dicotomia, oposição/situação, existiam convergências entre esses dois periódicos (MARTIS & LUCA, 2012, p.31).

15

Na Colônia o jornalismo escrito adquiriu expressões políticas e sociais com as

sátiras de poetas nacionais. Em 1822, no período pós-colônia, o país passava por

várias circunstâncias que pesam na história, como a Independência. No país o

jornalismo impresso se deu no momento de transição da colônia para sede do poder

real no Brasil.

Eram, ainda assim, iniciativas com defasagens em relação à Europa, sob a vigilância e repressão das autoridades e aparecendo de forma esparsa. Nesse sentido, a experiência brasileira não foi destoante na America, embora só tenha surgido de forma sistemática a partir de 1808, com a chegada da Corte portuguesa e a instalação da tipografia da impressão Régia (MARTINS; LUCA, 2012, p. 23).

E quando surgiu tinha forte motivação de incidência política. Era pautado

pelos interesses de quem dominava. Para Callado (2004) a imprensa no Brasil, não

só nasceu atrasada, como também com intenções diferentes das primeiras gazetas

que surgiram na Europa no século XVII. Nesta, o impresso veio para fortalecer a

classe mercantil que se fixava ao cenário atual como a classe dominante e geradora

de riqueza para as nações. No Brasil a imprensa chegou, no início do século XIX,

para fazer propaganda política. Desde então, surgiram muitos jornais impressos no

país, que além da finalidade político-partidária, também queriam informar os seus

leitores.

A figura do impresso exigia ainda maior cautela nas publicações. Já que no

inicio exercia forte influencia sobre a sociedade. Era o meio de maior penetração nos

lares brasileiros até então. Barbosa (2010, p. 22) analisa as primeiras gazetas no

século XIX. A autora comenta em sua obra, as razões e causas dos processos

históricos que privilegiam a interpretação do passado,

A administração da Impressão Régia compete a uma junta diretora que deve também examinar os papéis e livros que mandassem publicar e fiscalizar que nada se imprimisse contra a religião, o governo e os bons costumes.

Nessa época havia censura prévia aos impressos. Bahia (2009) comenta que

sob o signo do oficialismo e com atraso de três séculos, foi inaugurada a fase do

jornal impresso no país. Somente em maio, foram instaladas as oficinas da

impressão régia e mais tarde, em setembro, faz-se circular a Gazeta do Rio de

Janeiro.

16

Essa impressão no Brasil só foi possível através da prensa trazida pela corte

portuguesa que mudou-se para o Rio de Janeiro em 1808, já que Portugal já

convivia com a tipografia antes mesmo da existência do impresso. Em 1980 Portugal

já comemorava 500 anos da imprensa de caracteres móveis no país.

Através da produção em série de bens de consumo, gera-se um novo

mercado publicitário no jornal impresso, os classificados, que contribuem para a

aceleração do desenvolvimento econômico do jornalismo impresso como empresa.

No período imediatamente anterior à industrialização brasileira, os

classificados - pequenos anúncios domésticos – eram a principal fonte de receita

dos jornais.

[...] Os jornais obtêm até 80% de sua receita dos anunciantes, e as emissoras de rádio e televisão, até 100%. O caráter da noticia evolui de uma escolha aleatória, domestica, interesseira, grupal ou exclusivamente ideológica para a distribuição sistemática por critérios que a associam com o objetivo de assegurar penetração para o fim de aumentar o poder de venda do veículo (BAHIA, 2009, p. 228-229).

Mas o desenvolvimento da imprensa no Brasil foi condicionado, como não

podia deixar de ser, ao desenvolvimento do país.

Há entretanto, algo de universal, que pode aparecer mesmo em áreas diferentes daquelas em que surgem por força de condições originais: técnicas de imprensa, por exemplo, no que diz respeito à forma de divulgar, ligadas à apresentação da notícia (SODRÉ, 1999, p. 394).

De acordo com Nuzzi (2007) em 1825 surgiu o Diário de Pernambuco em

Recife. Em 1827 o Jornal do Commercio no Rio de Janeiro. O Mossoroense de

Mossoró no Rio Grande do Norte em 1872. Em 1875 surge A Província de São

Paulo na capital paulista. No Pará em 1876 surge A Província do Pará. O jornal O

Fluminense aparece no Rio de Janeiro em 1878. Em 1882 é inaugurada a Gazeta de

Alegrete (RS). Em Pindamonhangaba (SP) a Tribuna do Norte é lançada em 1882. O

Diário popular que hoje PE conhecido como Diário de São Paulo surgiu em 1884. E

durante muito tempo os jornais impressos continuaram sendo inaugurados no Brasil.

Segundo Bahia (2009), a grande imprensa configura a indústria a

comunicação – ainda mais porque está associada à gráfica, ao papel e compartilha

a sobra do poder, a sua estabilidade que depende da saúde econômica do país, da

eficiência do Estado.

17

Nos anos 70 a sua expansão é bafejada pelo milagre, nos anos 80 , a sua crise oscila entre a recessão, o plano cruzado, a hiperinflação e o saneamento da economia. O impacto da crise na economia, com reflexo na vida das pessoas, afeta a grande imprensa, e de modo mais direto, as empresas que não se diversificaram, que não se reestruturaram. As consequências políticas da administração da crise econômica pelos veículos da indústria da comunicação não se refletem apenas em medidas de contenção de gastos, como suspensão de pessoal, ou rigor nas despesas editoriais obrigatórias. As dificuldades passam a conviver com limites indesejáveis como o tráfico de influência (BAHIA , 2009, p. 244 - 245).

1.3 Em Santarém

Neste capítulo, será feita abordagem geral sobre o levantamento de alguns

jornais impressos mais atuais que marcaram presença no município de Santarém

durante décadas. Porem não é de abrangência deste tópico fazer uma abordagem

histórica.

Estudos datam que o primeiro impresso em Santarém foi o jornal O

Amazoniense. Seu primeiro exemplar circulou em outubro de 1853‖. Anos depois,

outros periódicos como ―Gazeta de Santarém‖; ―Diário do Tapajós‖ (caderno do

Diário do Pará), ―Jornal de Santarém e do Baixo Amazonas‖; ―O Estado do Tapajós‖

―O Impacto‖ e ―Tribuna do Tapajós‖ surgiram na cidade.

É importante ressaltar nessa pesquisa que ao se referir a cada jornal, buscou-

se explicá-los seguindo a ordem alfabética, e, portanto, não desmerecendo ou

elevando os jornais em estudo.

Dos jornais impressos de Santarém foram pesquisados (descritos em ordem

alfabética):

• Diário do Tapajós;

• Gazeta de Santarém;

• Jornal Santarém do Baixo Amazonas (JSBA);

• O Estado do Tapajós;

• O Impacto;

• Tribuna do Tapajós.

18

Diário Do Tapajós

O Diário do Tapajós produzido em Santarém é um caderno do Jornal Diário do

Pará. No Oeste do estado ele surgiu em 5 de junho de 2005 a partir da iniciativa da

empresária Vânia Pereira Maia e do proprietário do jornal em Belém Jader Barbalho

Filho. Atualmente, ele circula às quartas e sextas-feiras. A equipe de jornalismo

inicial foi composta por Jota Ninos, Jurandir Azevedo, Bena Santana e Denise

Marsalla.

Durante sete anos o encarte foi produzido pela ―Agência Podium‖, empresa

de assessoria de comunicação, propaganda e marketing dirigida pelo casal José

Ibanês e Albanira Coelho que assumiram a coordenação do jornal em 30 de março

de 2006. Em outubro do ano de 2013, o caderno passou a ser editado pela equipe

da Rede Bandeirantes RBA.

O Diário do Tapajós circula em 16 municípios do oeste paraense, e é vendido

em 10 bancas de Belém, capital do Pará. O caderno possui quatro páginas. Está no

formato standards com as editorias de acontecimentos gerais, esporte, e conta ainda

com a coluna social e coluna de assuntos gerais para a publicações de ocorrências

factuais.

O jornal possui dois editores encarregados por acompanhar a elaboração de

todo material publicado, revisão, edição, diagramação e envio para a impressão em

Belém, onde está a gerência geral do Diário do Pará. O Diário do Tapajós funciona,

portanto, como uma sucursal no Oeste do Pará. O periódico conta, também, com

colaboradores responsáveis pela publicação de artigos sobre assuntos gerais, além

de freelancers encarregados pela elaboração de notícias ou reportagens de

Santarém ou cidades onde o jornal chega.

A impressão dos exemplares e distribuição fica sob a responsabilidade da

gerência geral, em Belém, que não fornece dados estatísticos.

Gazeta De Santarém

O jornal Gazeta de Santarém publicou seu primeiro exemplar em 11 de junho

de 1989, sob a direção de Celivaldo Carneiro, posteriormente com seu sócio irmão

Jeso Carneiro. O jornal tinha por objetivo informar e formar a população quanto às

notícias da região, sem o uso de sensacionalismo. A direção defende a ética

19

profissional, embora reconheça que ―cadáver‖ (imagens de pessoas mortas) vende.

Mas não faz parte da linha editorial do veículo, tanto moral quanto editorial.

A editoria do jornal é voltada para o Meio ambiente, cidade, sustentabilidade,

ciência. Há 23 anos vem chega as mãos dos leitores aos sábados.

Atualmente o jornal conta no quadro de funcionários com cinco repórteres e

um diagramador. Todas as quintas eles reúnem-se para fazer a reunião de pauta,

para definir o que será pautado no jornal da próxima semana. Definindo assim, (com

a subjetividade pessoal) o que é notícia.

Ainda de acordo com a editoria do Jornal, há uma regra a ser seguida no dia-

a-dia da empresa. Um ritual estratégico denominado por eles. Primeiro, a Audição

das duas partes em conflito. Segundo, as apresentações de provas. Terceiro, o uso

de aspas, para marcar a fala dos entrevistados. E quarto, estrutura da informação

como forma narrativa do lide e pirâmide invertida.

Jornal De Santarém E Baixo Amazonas (Jsba)

O periódico Jornal De Santarém E Baixo Amazonas surgiu em novembro de

1996, após o não prosseguimento do chamado ―Jornal de Santarém‖, que devido

questões financeiras, parou de circular em julho de 1996. Na época era dirigido por

Mário Martins Júnior. Hoje, com a denominação de ―Jornal de Santarém e Baixo

Amazonas‖, o proprietário é Júlio César Aquistapase. O periódico faz parte da

empresa de comunicação ―Aquistapase & Bróglia‖ que também tem como outro

produto a ―Agência Amazônia‖, agência de notícias.

O Jornal de Santarém e Baixo Amazonas (JSBA) é um periódico publicado

semanalmente às sextas-feiras. Circula em 23 municípios dentro do oeste paraense

e fora dele, como nas capitais: Belém (Pará), Macapá (Amapá) e Manaus

(Amazonas). O Jornal de Santarém e do Baixo Amazonas é constituído de 32

páginas. Está em formato standards, e distribuído em editorias não fixas como

política, opinião, polícia, cultura, meio ambiente e economia, além de possuir coluna

social, coluna sobre trânsito e classificados.

Segundo Fonseca (1996), ―O Jornal de Santarém‖ foi o periódico, pelo menos

em sua época, que mais tempo durou. Em Santarém, o jornal está composto por

dois repórteres, mais um editor que também elabora algumas notícias e reportagens.

Conta com alguns correspondentes nos municípios próximos ao escritório do jornal

20

como Aveiro, Alenquer e Óbidos, e faz a publicação de material das assessorias de

comunicação de municípios que compram espaço no jornal. No periódico também

são divulgadas publicações da Agência Amazônia, Agência Folha de São Paulo,

Agência Estado, Agências Câmara e Senado.

O jornal é co-irmão da ―Agência Amazônia‖, empresa noticiosa que tem como

principal cliente ―O Liberal‖, jornal regional pertencente às Organizações Rômulo

Maiorana (ORM), de Belém, Pará. Do Jornal de Santarém e Baixo Amazonas são

impressos cerca de 7.500 exemplares por edição.

O Estado Do Tapajós

O Jornal Estado do Tapajós foi fundado no ano 2000. O Responsável e

idealizador do periódico é o jornalista Miguel Oliveira. O jornal impresso denominado

―Estado do Tapajós‖ circulou durante o período de 12 anos. Inicialmente era

distribuído três vezes por semana. Depois passou a ser impresso todos os dias. E

durante cinco anos, circulou semanalmente.

Gastos excessivos com gráfica, logística, o acesso ao papel, as constantes

quedas de energia – que afetava os aparelhos gráficos, e principalmente a falta de

mão de obra qualificada – levaram a equipe a refazer o projeto do jornal, ou teriam

que sair do mercado.

O jornal impresso gerava muito gasto. A distribuição agregava-se ao perigo da

distância. Os assinantes, de bairros distantes recebiam o jornal em casa. Isso

somava-se a insegurança para os entregadores. Assaltos durante a entrega eram

corriqueiros.

Analisou-se, portanto, que em cinco anos, o faturamento não daria mais para

cobrir a receita.

Em 9 de abril de 2013 o jornal migrou para a plataforma online. O jornal digital

foi publicado após pesquisas de domínio, e foi patenteado com o titulo ―O Estado do

Tapajós‖. O Estado.net – endereço digital do jornal, sempre prezou pela necessidade

do publico. Na linha editorial do jornal consta: a não permissão de comentários

anônimos, a inexistência de foto de cadáver, a cobertura de assuntos com maior

propriedade e profundidade.

21

O Impacto

O jornal O Impacto foi fundado em 3 de fevereiro de 1995, com a razão social:

Jornal O Impacto Ltda. A criação do jornal é de autoria do empresário Admilton

Figuereido de Almeida, que apesar da formação (contabilista e consultor tributário) e

escritório montado, sempre foi apaixonado pelo jornalismo impresso.

Tendo anseio em criar um jornal, Admilton chamou seu amigo administrador

Jeferson Emanuel Rocha Miranda, para juntos montarem um jornal que levasse à

população de Santarém e de toda região Oeste do Pará, informações sobre os fatos

ocorridos na região.

Após uma reunião, os dois amigos partiram para a aquisição de uma máquina

(modelo Risografy) que permitisse que a impressão do jornal fosse feita no mesmo

prédio onde se realizava a diagramação. A máquina, para a primeira edição do jornal

lançada em 1995 foi financiada pelo BNDES.

Segundo a direção do Impacto, procurou-se manter uma linha de um jornal

que fosse audacioso, atualizado, corajoso, polemico, e verdadeiro. Durante esses

anos de existência o jornal foi formado por profissionais como: José Ibanês; Adelson

Sousa; Silvia Vieira; Marcos Santos; Mauro Torres; Waldir Ribeiro; Armando

Carvalho; Manoel Cardoso; Carlos Cruz; Gersiene Belo e Alciane Ayres.

Atualmente a equipe é formada por repórteres, um editor e correspondentes

dos municípios onde o jornal circula. Para modernizar-se, os sócios adquiriram uma

maquina (modelo Catu), para melhorar a qualidade da impressão, que possui além

da capa e contra capa, mais quatro páginas coloridas. O jornal possui 36 páginas no

formato A-3.

Tribuna Do Tapajós

O impresso foi fundado no dia 15 de novembro de 1997, pelo administrador

de empresas e locutor Evandro Paumgartten. Ele surgiu a partir da experiência do

trabalho de oito anos no rádio.

A iniciativa de fundar um jornal impresso começou com uma pesquisa de

mercado realizada por Evandro, na qual o resultado teria apontado que a

implantação de um novo veículo impresso na cidade seria promissora. Os dois

22

jornais existentes eram vendidos em bancas, e o Tribuna foi o primeiro a trabalhar

com assinante. O primeiro editor do jornal foi o radialista Ray Pereira.

A primeira redação do Tribuna foi debaixo de uma mangueira na casa de Ray

Pereira, no bairro do Maicá. A primeira edição saiu com 400 assinantes, no ano de

2001 esse número ultrapassava os quatro mil assinantes. É o impresso com o maior

valor de assinatura de doze reais.

Com seis meses de fundação, a direção comprou a primeira máquina para

impressão do jornal. A primeira edição da Tribuna começou com 24 páginas em

preto e branco. Em 2011 com páginas coloridas, o jornal noticiava assuntos variados

como: cidades, classificados, polícia, concursos, publicidade, saúde, região, esporte,

etc.

O repórter Marcos Santos é o responsável pelas matérias do semanário. O

jornal conta com dois colaboradores que são os colunistas Rui Nery e David

Marinho, um responsável pelo departamento de assinatura, Cristiano Gomes e na

direção geral, o seu fundador, Evandro Paumgarttem.

1.4 Surgimento da Internet no Mundo

Séculos depois do surgimento dos jornais impressos, depois da TV e do rádio,

surge a internet. A plataforma que apareceu para revolucionar o modo do fazer

jornalístico. Através dela é possível integrar todos os meios em um só canal. Texto,

imagem, vídeo, áudio em uma só publicação, é a chamada convergência de mídias.

A internet se tornou indispensável nas atividades diárias. Sem o conjunto de

redes de computadores interligados mundialmente é tarefa quase impossível

sobreviver, ou pelo menos atuar no meio jornalístico. Foi através deste condutor de

informações mundiais que as pessoas que estão separadas por longas distâncias

começaram a comunicar-se de forma instantânea e a baixo custo. Ela também

permite a disponibilização e o acesso ao conhecimento sobre tudo a qualquer

pessoa.

Mas esta conectividade só surgiu mais de três séculos após o lançamento do

jornal impresso. Em 1957, durante a Guerra Fria, e aparentemente sem ligação com

ela, há o principio da conectividade. De acordo com Pinho (2003, p. 22), foi nessa

época que a ex-União Soviética pôs em órbita o primeiro satélite espacial artificial, o

23

Sputnik. Outros autores divergem quanto ao ano exato da criação da internet. Ferrari

(2008) aponta que no ano de 1969 ela foi concebida.

Em 1967, um estudo da Rand Corporation apresentou o primeiro plano real

de uma rede de comutação de pacotes. Vários estudos e testes foram feitos para

que a internet chegasse ao ponto atual. Pinho (2003, p. 25) comenta que ―nesses

primeiros tempos, as dificuldades eram grandes. Muitas vezes as tentativas de

estabelecer conexão entre os computadores [...] resultavam infrutíferas‖.

Mas apesar dos contratempos iniciais, a internet vem alcançando milhares de

usuários com um tempo mínimo de aceitação. Porém, ainda há muitas pessoas que

não tiveram contato algum com a rede online. A ONU (apud PINHO, 2003) estimava

no começo dos anos 2000 que apenas 276 milhões de usuários, quase 5% da

população mundial tinha acesso a rede. Um quadro apontado pelo autor ilustra esse

período de aceitação dos meios.

Tabela 1 – INTERVALO ENTRE A DESCOBERTA DE UM NOVO MEIO DE

COMUNICAÇÃO E SUA DIFUSÃO

Meio de Comunicação Tempo de aceitação Datas

Imprensa 400 anos De 1454 ao Século XIX

Telefone 70 anos De 1876 até o período posterior à

Segunda Guerra Mundial

Rádio 40 anos 1895 até o período entre as duas

guerras mundiais

Televisão 25 anos De 1925 até os anos 1950

Internet 7 anos De 1990 até 1997

FONTE: PINHO, 2003. P. 38.

Apesar dos índices animadores, nos anos 80, a internet não era atraente

quanto hoje. Haviam muitos computadores conectados, principalmente em

laboratórios e centros de pesquisa. Na época a interface era muito simples.

Quinze anos depois, surge o Microsoft Internet Explorer lançada por Bill

Gates. O browser para o sistema operacional Windows 95 trouxe consigo ameaças

à segurança nacional. Segundo Pinho (2003, p. 35),

Os hackers passam a representar uma série de ameaça na rede: em Hong Kong, a polícia desconecta muitos dos provedores de acesso à internet do território, na caça de um hacker, deixando cerca de 10 mil pessoas sem acesso à rede mundial.

24

Em 1996 os sites do Departamento de Defesa e da Força aérea foram

atacados por hackers. Mesmo assim, isso não inibe o aumento paulatino da

chegada da internet aos lares. Ainda na década de 96 oitenta milhões de usuários

em cerca de 150 países ao redor do mundo utilizaram a rede.

1.5 No Brasil

Em 1990, o Brasil passou a conectar-se com a rede mundial de

computadores. Um ano depois, nasce a invenção da World Wide Web (em inglês

significa Teia de abrangência mundial ou mesmo Web), criada pelo engenheiro Tim

Berners-Lee no laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN). E essa Web é

definida por Pinho (2003, p. 33):

A Web é provavelmente a parte mais importante da internet e, para muitas pessoas, a única parte que elas usam, um sinônimo mesmo de internet. Mas a World Wide Web é fundamentalmente um modo de organização da informação e dos arquivos na rede. O método extremamente simples e eficiente do sistema hipertexto distribuído, baseado no modelo cliente-servidor, tem como principais padrões o protocolo de comunicação HTML e o método de identificação de recursos URL.

A abertura da internet comercial ocorreu no Brasil em maio de 1995, deixando

a rede de ser exclusividade do meio acadêmico para estender seu acesso a todos s

setores da sociedade. Entre outras razões, a expansão verdadeiramente da internet

no país (e, naturalmente, em todo o mundo) foi estimulada pelo continuo e maciço

ingresso no ciberespaço de governos, organizações, instituições e empresas

comerciais, industriais e de serviços. Aos poucos, até mesmo as empresas de

comunicação tradicionais migraram para a rede mundial buscando oferecer aos

internautas conteúdo e informação durante as 24 horas do dia, todos os dias.

Conforme Ferrari (2008, p. 15), só no Brasil, segundo estudo do Yankee

Group, eram 42,3 milhões de usuários da Internet em 2006.

As mudanças deste período foram marcadas pela entrada dos portugueses

no país. Além da internet, outras transformações tecnológicas aconteciam. A

instalação do telégrafo, do telefone e também da Rauter-Havas – primeira agência

de notícias no Brasil em 1874.

Com a chegada da família real portuguesa e a abertura dos portos em 1808,

25

rompeu-se não só o monopólio econômico, mas também o da informação. O rei trouxe a era Gutemberg – com mais de três séculos de atraso – ao Brasil (FERRARI, 2008, p. 26).

Atualmente segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas,

IBGE (2014), 43,1% dos domicílios no país têm acesso à internet. A pesquisa foi

realizada em 2013 e divulgada em setembro de 2014. Ainda de acordo com a

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, no Brasil, aproximadamente 86,7

milhões de pessoas com idade superior a 10 anos já acessaram a Internet alguma

vez na vida no período de referência da pesquisa em 2013, um crescimento de 2,9%

em relação ao ano anterior. ―De 2012 para 2013, a proporção percentual de

internautas passou de 49,2% para 50,1% do total da população residente. Mais da

metade dos internautas tinham de 10 a 29 anos de idade (52,6%)‖.

1.6 Surgimento do Jornalismo Digital

Quando o jornalismo chegou à Internet no primeiro momento, o que

aconteceu foi literalmente o reaproveitamento do conteúdo que já existia. Os jornais

e revistas passaram a ter todo conteúdo reproduzido na web, quase do mesmo jeito

apenas materializado no mundo online (CALDAS, 2002, p. 162).

Na melhor das hipóteses, via-se a presença na Internet como uma extensão

ou um complemento do produto tradicional. Assim, esta primeira década do

jornalismo digital foi caracterizada por este pecado: a simples transferência do

conteúdo de um meio tradicional para outro novo, com pouca ou nenhuma

adaptação. Nos Estados Unidos, este processo ficou conhecido como shovelware,

um termo que acabou sendo pejorativo, por demonstrar a preguiça e a falta de visão

das empresas que se lançavam muito timidamente à web.

Com o avanço da internet, muito mudou na prática do jornalismo. Em um

artigo que, por coincidência, leva o nome similar ao deste projeto ―Impactos da

internet no jornalismo impresso‖, Righetti e Quadros (2009) mencionam a fala do

diretor do Grupo Promotora de Informaciones (Prisa), Juan Luis Cebrián, que data o

fim do jornal impresso em 15 anos. Segundo ele, que publica o El Pais, o jornal

impresso estará extinto em uma década e meia, foi preciso que o jornal lançasse um

"plano de sobrevivência" para manter-se no meio através da convergência midiática.

26

A redação passou a produzir conteúdo para papel, internet e celular

simultaneamente para tentar sobreviver em tempos de crise.

Em 2001 surge um novo modelo de negócio para a nova geração de software,

a Web 2.0, também conhecida sinteticamente como a cultura da participação, muito

embora, seja denominada por muitos como um termo de marketing.

O conceito de ―Web 2.0‖ começou com uma conferência de brainstorming entre a O‘Reilly e a Media Live International. Dale Doughherty, pioneiro da web e vice presidente da O‘Reilly, notou que, ao contrário de haver explodido, a web estava mais importante do que nunca, apresentando instigantes aplicações novas e sites eclodindo com surpreendente regularidade. E, o que é melhor, parecia que as companhias que haviam sobrevivido ao colapso tinham algo em comum. Será que o colapso ponto-com marcou uma espécie de virada que deu sentido a uma convocação do tipo ―Web 2.0‖? Achamos que sim e, desse modo, nasceu a Conferência Web 2.0 ( O´REILLY, 2005. P. 01).

A partir desse período surge um novo momento na web, a era da inteligência

coletiva. Ela (inteligência) pode ser definida como conjunto de aptidões cognitivas,

como a capacidade de perceber, de lembrar, de aprender, de imaginar, de raciocinar.

Nesse contexto, a Web 2.0 muda o conceito do que era a internet. Passa-se a

abranger não apenas ao espaço em que as pessoas usavam para saber sobre algo,

ou participar de algum tipo de site de relacionamento. Mas o próprio usuário passa a

colaborar com a plataforma. E através do conteúdo publicado por estas pessoas,

gera-se um espaço com maior riqueza de informações. A inteligência coletiva passa

a ser moldada, aperfeiçoada e disponibilizada a todos.

A enciclopédia livre Wikipédia ilustra esse cenário. O site de buscas rápidas

permite ao internauta acrescentar e/ou modificar as informações contidas em

determinada postagem. O site agrega informações sobre quase todos os assuntos

imagináveis. E se não houver, o próprio usuário pode criar conteúdo. Basta ser

cadastrado no site, ter conhecimento suficiente para entender todos os códigos e

linhas ―editoriais‖ do site, e se adequar as normas e padrões exigidos na Wiki.

Um problema surge em decorrência da infinidade de conteúdo gerado

segundo a segundo, a falta de organização. Sobre esse assunto o conceito de

Cauda Longa ou ―The Long Tail‖ é criado por Chris Anderson e é assim definida pelo

autor:

Cauda Longa é nada mais que escolha infinita. Distribuição abundante e barata significa variedade farta, acessível e ilimitada — o que, por sua vez, quer dizer que o público tende a distribuir-se de maneira tão dispersa quanto as escolhas. Sob a perspectiva da mídia e da indústria do

27

entretenimento dominantes, essa situação se assemelha a uma batalha entre os meios de comunicação tradicionais e a Internet. Mas o problema é que, quando as pessoas deslocam sua atenção para os veículos on-line, elas não só migram de um meio para outro, mas também simplesmente se dispersam entre inúmeras ofertas. Escolha infinita é o mesmo que fragmentação máxima (ANDERSON, ano, p. 122).

Com esse conceito, passa-se a utilizar o espaço da rede com maior

aproveitamento. Mas surge um problema que é a falta de um jornalismo preocupado

com a função que vai além do informar, mas o formar uma sociedade conhecedora e

crítica. Tema apresentado com divergência de opiniões de autores no item a seguir.

28

2 O OLHAR DE AUTORES SOBRE OS IMPACTOS DO JORNALISMO DIGITAL

SOBRE O TRADICIONAL

Neste capítulo a autora descreve alguns impactos gerados a partir do

surgimento da internet sobre o jornal impresso sob o olhar de autores. Como já

mencionado anteriormente, muito mudou-se na prática do jornalismo, inclusive no

que se refere à função social da profissão. O conteúdo e a forma de consumo dos

leitores mudaram. A influência, credibilidade, estrutura das redações e modelo de

negócio foram alterados, e essa série de modificações geraram uma crise no modelo

de negócios do jornal impresso.

2.1 Função social

Já sentenciava Clóvis Rossi (2005, p. 07) que o ―Jornalismo,

independentemente de qualquer definição acadêmica, é uma fascinante batalha pela

conquista de mentes e corações de seus alvos: leitores, telespectadores, ou

ouvintes‖. Uma conquista através da informação bem dada, com critérios para

veiculação das notícias. Sejam éticos ou técnicos.

Ele não é apenas uma forma de transmissão de conhecimento. Sua função

social vai muito além da mera reprodução de fatos. Além de publicar conteúdo, o

jornalista também analisa e opina sobre os acontecimentos. Costa (2009, p. 27)

aponta que ―Na sua forma tradicional, nas democracias, o jornalismo representa e

divulga acontecimentos, além de comentar, analisar e opinar‖.

Há quem discorde dessa abordagem, como Burnett. Para ele:

O jornalista busca simplicidade para fazer-se entendido pelo maior número possível de leitores. Nessa busca, é seu dever repudiar não somente a adjetivação opinativa como toda e qualquer expressão que possa tornar penosa a leitura do jornal ao homem comum (grifo nosso). O bombástico, o grandiloqüente, o pejorativo, o falso pitoresco, o pseudo folclórico, não se enquadram na tessitura da notícia (BURNETT,1967, apud CALLADO 2002, p. 41).

O jornalismo é a vida em todas as suas dimensões, dividida em sessões que

passam da sociedade, à economia, à ciência, à educação, à cultura. Tais

informações constam nos impressos pesquisados neste levantamento histórico. O

principal produto do jornalismo contemporâneo, a notícia, não é a ficção, é

29

transmitida como uma telenovela que aparece quase sempre aos pedaços, devido a

avalanche de acontecimentos perante a qual os jornalistas sentem como primeira

obrigação dar respostas com notícias, o mais rápido possível, perante a tirania do

fator tempo.

A profissão está diretamente ligada aos valores individuais de cada jornalista.

Segundo Karam (2009 p. 109-125), ―é de conhecimento que a prática jornalística

está relacionada ao continuum social e é o resultado de valores profissionais

afirmados no decorrer da história‖.

LOBO (2013) defende que o papel social do jornalismo:

Na sociedade do consumo, é interpretar e traduzir informações. Não cabe a ele apenas informar. Devido à saturação da informação, cabe ao jornalista interpretá-la, atribuindo-lhe sentido e precisão na produção de um bem intelectual que dê ao receptor a possibilidade de refletir e, também, de interpretar (LOBO, 2013, s/p).

Mas apesar da função social do jornalismo ser uma só para qualquer

plataforma, seja TV, Rádio, Impresso ou internet, percebe-se que ela varia de acordo

com a linha editorial de cada veículo. Mas com o advento das novas tecnologias, as

empresas passam a se preocupar mais com a melhoria dos padrões editoriais.

Sobre isso, Melo (2006, p.23) discorre que o:

Sintoma evidente desse novo rumo que toma a atividade jornalística no país é o aparecimento de publicações periódicas editadas pelas próprias empresas editoras de jornais e revistas, e destinadas aos seus profissionais e à comunidade jornalística em geral, sugerindo, analisando, debatendo as novas formas de produção da notícia e dos comentários.

Sobre as funções do jornalismo, Amaral (2001) destaca quatro principais:

função política, econômica, educativa e de entretenimento. Política, como

instrumento de direção dos negócios públicos, como órgãos de expressão e de

controle da opinião pública. Econômica, com a difusão de assuntos que contribuem

para o desenvolvimento da indústria e comércio. Educativa, com a publicação de

noticiários internacionais, notícias da câmara e senado, com reportagens de cunho

educativo. E entretenimento, com a disseminação de cultura, e divulgação de

programações turísticas, de lazer.

30

2.2 Conteúdo

O fruto principal do jornalismo é o conteúdo. A informação e formação são

levadas ao consumidor através dele, e implicitamente estará a formação de sentido.

Que é definida por Vilalba (2006, p. 6) como ―uma impressão que é gerada na mente

de alguém [...] Essa impressão é reunida e organizadamente a outras impressões

presentes na mente da pessoa‖. Cabe ao leitor fazer a análise do conteúdo do

jornalismo impresso ou digital.

A análise de conteúdo revela uma diferença básica entre a estrutura noticiosa dos jornais latino-americanos e dos jornais diários desenvolvidos. Os diários da América Latina atribuem prioridade às noticias sobre esportes e espetáculos, informações práticas e variedades, fatos policiais e acidentes, bem-estar público e problemas sociais e meios de comunicação coletiva. Enquanto isso, os jornais de outras regiões (Estados Unidos da America, EUA, França, Inglaterra, URSS) dedicam maior atenção, quantitativamente, às notícias sobre economia, política internacional, política nacional, educação, cultura e religião (MELO, 2006, p. 215).

É nítido que os leitores buscam por mais precisão nas notícias de suas

respectivas preferências. Mas eles são atraídos por aquilo que faz parte de seu

cotidiano. A notícia tem que falar ao leitor. Prender a atenção. Amaral (2001, p. 61)

classifica seis graus de interesse que o conteúdo de uma notícia desperta o público,

1. O leitor. Experiência cotidiana, trabalho, ambiente, acontecimentos dos quais participa ou participou, acontecimentos dos quais gostaria de ter participado, ambições, curiosidades, sonhos; 2. Seus próximos. Família, vizinhança, acontecimentos locais e regionais, comunidade nacional, países vizinhos ou ligados ao seu por qualquer laço; 3. Pessoas conhecidas. Personalidades locais regionais ou mundiais, vedetas de cinema, do rádio ou da televisão, políticos em evidência cabeças coroadas, heróis de toda natureza; 4. Homens em geral. Sentimentos e preocupações de valor universal. Mitos, grandes problemas, acontecimentos de interesse mundial, descoberta de alcance mundial ou cósmico; 5. Os animais domésticos, animais de certo comportamento humano, os animais sociais, a caça... 6. Os vegetais e as coisas. Interesse limitado às plantas cultivadas ou cultiváveis, às coisas utilizadas ou inutilizadas, às curiosidades (sobretudo antropomórficas) meteoritos.

31

Há também temas de interesse geral, que podem ser carregados de valores

emotivos. Como morte, catástrofes, crimes, conflitos, dinheiro, fenômenos

extraordinários, doações, casos de piedade e afins. O autor ainda menciona três

atributos essenciais na notícia: Raridade, curiosidade e proximidade.

2.3 Influência e Credibilidade

O jornal impresso executou durante muito tempo o papel de maior influência

sobre os demais meios de propagação jornalística. O teor do material publicado de

forma precisa, aprofundada, e com maior densidade atraia o público formador de

opinião.

Durante algum tempo a maioria dos jornais era impresso uma vez por

semana. E por conta disso, não era possível levar matérias factuais ao público, pois

provavelmente já chegariam a ele ―vencidas‖.

A alternativa era pegar o gancho do factual e investigar. Tornar a matéria mais

atrativa através do cruzamento de dados e de informações. Era necessário descobrir

o que os demais veículos não conseguiam.

Por conta desse caráter aprofundado, o jornal impresso exercia maior

influência sobre o público. Influência de pensamento e de formação critica. Mas

havia uma influência ainda maior, pautada pelos interesses financeiros. Segundo

Meyer 2007, ―A influência social de um meio de comunicação pode aumentar sua

influência comercial. Se o modelo funcionar, um jornal influente terá leitores que

confiam nele, e portanto, será de mais valor para os anunciantes‖.

E hoje o cenário não é diferente. Quanto maior for a influência sobre o

público, maior será o número de leitores e respectivamente, de patrocinadores. Por

isso a necessidade dela estar sempre em alta. Mas com a chegada da internet,

muito mudou na pratica do jornal impresso.

Caldas (2002) inicia seu artigo com uma indagação: ―E o velho jornal

impresso, o que será dele na era dominada pela mídia eletrônica?‖. É fato que a

revolução tecnológica abalou a estrutura do impresso.

Leitores de jornal e usuários da Internet têm interesses e curiosidades diferentes. Para assegurar seu espaço, caberá ao jornal do presente investir naquilo que o leitor espera encontrar nele: originalidade, texto interpretativo e analítico, com suas implicações e possíveis repercussões na vida de cada um. O fato situado dentro de um contexto mais amplo, ao lado da pesquisa

32

e opinião. Já na internet o que se busca são informações rápidas e específicas, em poucas linhas (org. CALDAS, 2002, p. 17).

Meyer aponta em os jornais podem desaparecer? Um quadro com o modelo

de influência social para a indústria dos jornais.

Figura1– MODELO DE INFLUÊNCIA SOCIAL PARA A INDÚSTRIA DE JORNAIS

FONTE: MEYER ,2007, p. 32.

Partindo do quadro apontado por Meyer (2007), a credibilidade está

diretamente ligada à qualidade de conteúdo. Quanto melhor ela for, maior o poder

perante o público.

No dicionário Houaiss (2009, p. 568) a credibilidade é assim definida:

―Atributo, qualidade, característica de quem ou do que é crível. Confiabilidade. O que

é de acreditar. O que é de confiança‖. A partir do conceito, é possível afirmar que o

veículo só alcança sucesso e permanece atuante no meio, se conquistar a confiança

do público, através desta credibilidade.

O quadro é um modelo de influência que faz relação entre credibilidade e

lucratividade. O autor embasou-se em um estudo da fundação Knight que mantém

dados de 26 comunidades nos Estados Unidos. John S. e James L. Knight eram

dirigentes das empresas de comunicação e publicavam jornais independentes. Duas

pesquisas de recepção foram feitas em 1999 e 2002 para avaliar a confiança dos

veículos (condados -) de 21 das 26 comunidades. Uma das perguntas da pesquisa é

descrita abaixo:

Por favor, avalie o quanto você acha que pode confiar em cada uma das seguintes organizações de notícias descritas. Primeiro, o jornal diário local com que você está mais familiarizado: você diria que acredita em quase

Qualidade do conteúdo Credibilidade

Influência social

Circulação

Lucratividade

33

tudo o que ele informa, na maior parte do que ele informa, em apenas parte ou em quase nada do que ele informa? (MEYER, 2002, p. 32).

O resultado variou a partir de 15% confiando no jornal mais ―familiar‖. A

credibilidade foi medida a partir da questão do jornal lido com maior frequência. E

assim, continua sendo nos dias atuais. Apesar da crise enfrentada pelo meio, os

poucos impressos que subsistem à ‗tempestade‘ atraem os consumidores pela

credibilidade. Os leitores que continuam consumindo o mercado do jornal impresso

criam um laço de familiaridade com os veículos, e eles são o principal motivo da

existência deles.

Essa pesquisa revela que os proprietários dos jornais buscam por respostas e

indiretamente, sugerem que eles já perceberam o momento de crise frente à era

tecnológica. É preciso entender como anda o consumo dos jornais. Na tabela

abaixo, está disponível o índice de credibilidade após a pesquisa feita pelos

proprietários dos jornais que ilustra esta preocupação:

Tabela 2: CREDIBILIDADE

Condado Credibilidade

Leon, Flórida 16,23

Filadélfia, Persivânia 17,00

Summit, Ohio 17,26

Mecklenburg, Carollina do Norte 18,27

Ramsey, Minnesota 18,39

Allen, Indiana 19,47

Bibb, Geórgia 19,82

Palm Beach, Flórida 19,91

Manatee, Flórida 20,14

Sedgwik, Kansas 20,20

Santa Clara, Califórnia 20,69

Richaland, Carolina do Sul 20,78

Centre,Persivânia 20,85

Fayette, Kentucky 21,43

St. Louis, Minnesota 21,76

Horry, Carolina do Sul 22,12

Broward, Flórida 22,43

Muscogee, Geórgia 24,32

Harisson, Minnesota 24,33

Grand Forks, Dakota de Norte 26,46

Brown, Dakota do Sul 27,15

FONTE:MEYER, 2007, p. 36.

34

2.4 Estrutura das redações e Modelo de negócio

Com o passar dos anos o espaço utilizado pelas empresas de comunicação

também mudou. As máquinas de impressão, por exemplo, ao longo do tempo foram

ficando mais modernas, e substituindo os modelos antiquados.

Mas antes disso, o que mudou drasticamente o modo do fazer jornalístico, foi

o aparecimento do computador, que substituiu as máquinas de datilografar. Os

equipamentos foram surgindo aos poucos, e esses novos instrumentos mudam o

cotidiano dos jornalistas.

Até o ar condicionado, altera a visão romântica da profissão. Quem nunca viu

nos filmes de cinema que retratavam o jornalista, trabalhando em um cenário preto e

branco, com a máquina de datilografar barulhenta e com calor insuportável? Com o

equipamento, mais conforto para os profissionais. A era digital, trouxe consigo, além

de inúmeros benefícios, o silêncio e a limpeza, conforme cita Baldessar (2003, p.

15):

O computador acaba com o matraquear das máquinas de escrever, trazendo silêncio e limpeza. Em contraposição ao silêncio, e ao conforto da sala climatizada, o novo instrumento acentua a ocorrência de doenças no trabalho, especialmente as conhecidas lesões por esforço repetitivo.

Esse processo de informatização no Brasil começou no inicio da década de

80. A partir daí surge uma nova exigência: mais qualificação. Sobre este tema o

autor apresenta uma pesquisa realizada entre os anos de 1986 e 1993 que verificou

que 89% dos entrevistados, perceberam mudanças significativas na profissão, e

79% atribuíam estas mudanças à introdução de novas tecnologias nas redações.

Também sobre estas mudanças, Maria José Baldessar transcreve trecho de um

artigo publicado na Revista Imprensa em setembro de 1987. No artigo as jornalistas

Astrid Fontinelle e Débora chaves descrevem com riqueza de detalhes o processo

transitório da informatização do Jornal O Globo:

Uma louca sinfonia de gritos, gargalhadas, telefones, campainhas, reverberavam impunemente (...) e o impiedoso papel carbono, tingia mesas, paletós, mangas de camisas, dedos, mãos e rostos menos atentos (...) montanhas de laudos se formavam a qualquer lado que olhasse (...) hoje as persianas amarrotadas foram substituídas por um moderno sistema de iluminação que inclui um requinte inimaginável: calhas especialmente desenhadas, cujos focos de luz, só iluminam as mesas dos terminais, sem reflexos nos olhos ou nas telas (...) um sistema de ar condicionado central acabou com o clima tropical que sufocava (...) e a sinfonia das pretinhas deu lugar a um silêncio cibernético, propiciado pelos 140 terminais e suas

35

138 teclas (...) e a limpeza, nada de montanhas de papel (REVISTA IMPRENSA apud BALDESSAR, 2003, p. 16).

O silêncio cibernético descrito pelas autoras marca uma nova era no modelo

de negócios do jornalismo. Com os novos aparatos tecnológicos, os proprietários

dos veículos de comunicação impressa têm que remontar as redações. Dar fim, ou

arquivar os equipamentos ultrapassados, e inserir a tecnologia que muda

completamente o cenário e a produção jornalística.

Através da inserção de novas ferramentas dentro das redações, como o

computador e celular a rotina da profissão foi alterada. Jornalistas passam a ter

maior autonomia e agilidade na condução de reportagens.

2.5 Forma de Consumo

Até o início deste século, era possível encontrar pessoas, sobretudo, as de

mais idade, sentadas em uma cadeira de balanço, em frente de casa, lendo jornal de

papel. O prazer de folhear as páginas, e degustar-se com o conteúdo, era um modo

até cultural.

O jornal executava um papel influenciador para formadores de opinião. Nessa

época, pessoas, principalmente de classes alta e média recorriam ao meio para

procurar sobre aquilo a que lhes dizia respeito. A divisão e organização por editoria

facilitavam a vida do leitor. Um economista, por exemplo, ia direto a página de

economia, e assim sucessivamente.

Barbosa (2010) fez uma pesquisa, a partir das colunas de diálogo com o leitor

durante alguns meses de 1901. Na tabela abaixo ela expõe um paralelo entre três

jornais da época, Correio da Manhã, Jornal do Brasil e O Paiz. A autora chegou a

conclusão de que trabalhadores e mulheres eram o público que mais lia os

periódicos.

36

Tabela 3: Quem lia os jornais?

Tipologia dos leitores Correio da Manhã Jornal do Brasil O Paiz

Trabalhadores 20 31 02

Mulheres 06 25 07

Homens negócios 02 10 01

Militares 03 07 02

Funcionários Públicos 02 03 -

Profissionais liberais 06 02 01

Estudantes 01 - -

Políticos 04 - 01

Presidiários 01 05 -

Jornalistas 01 - -

Sem identificação 49 99 17

Total 95 182 31

Fonte: BARBOSA, 2010, p. 221.

Durante muito tempo foi assim. Trabalhadores e mulheres consumiam o

produto jornalístico em maior escala que as demais pessoas. Mas eis que surge um

novo modelo de comunicação. Uma plataforma mais atrativa, sobretudo para o

público mais jovem. Que incentiva a leitura e a permite interação entre

jornalista/empresa de comunicação ao público. Nunca leu-se tanto, como agora.

O modo de consumo mudou. Pessoas vivem hiper conectadas. Sabem sobre

as informações em tempo real. Não esperam o semanário chegar para saber o que

aconteceu naquele dia. Não ficam esperando que a notícia seja veiculada em TV ou

Rádio. Elas vão à busca das notícias imediatamente. Seja pelo celular, Tablet,

Iphone, ou mesmo computador elas entram nos sites de notícias e checam o que há

de novo.

2.6 Crise no modelo de negócios do jornal impresso

O fato é que em todo o processo descrito até agora, do início do jornal

impresso, até a inserção da internet na prática jornalística, a produção do jornal

impresso foi modificada. Com o surgimento do jornalismo digital instala-se uma crise

no modelo de negócios do meio. Melo (2006) ressalta que nas ultimas décadas,

mesmo com a instalação de tecnologias modernas, percebeu-se que a imprensa

brasileira está em tempos de crise. O período reflete a contradição ao modelo

37

econômico, que é marcado pela tendência agrária-exportadora, que não cria um

mercado interno ágil e numeroso.

Os jornais diários não aumentaram significativamente a tiragem, oscilando até patamares inexpressivos em relação aos contingentes aptos à leitura e ao consumo. Consequentemente não expandem seu raio de influência e não conseguem atingir um equilíbrio financeiro capaz de propiciar independência editorial. São empresas que vivem crises cíclicas, apelando para os fatores estatais, ou, subordinando-se inteiramente as exigências políticas dos investidores estrangeiros, para não perderem a receita publicitária (MELO, 2006, p. 86).

Dois fatores incidem sobre a crise. O primeiro é que os jornais estão

desaparecendo paulatinamente. Alguns subsistem, incorporando-se a outras

plataformas. E o segundo, o número de leitores não cresce. O autor cita uma

pesquisa feita pela UNESCO que revela que na década de 60, a imprensa brasileira

registrou uma queda de 500 mil exemplares. Número que revela no mínimo, que os

jornais, já não são tão consumidos, como foram um dia.

Melo propõe ainda quatro fatores que levam a decadência do meio. O

primeiro é a incapacidade aquisitiva dos brasileiros. A condição financeira da maior

parte da população sobretudo das classes C e D não permite que eles usufruam do

conteúdo jornalístico pago.

O segundo fator proposto pelo autor é o analfabetismo crônico. Os brasileiros

são pouco incentivados ao hábito da leitura. Hoje com políticas públicas, o incentivo

tem sido pouco maior. Mas a população que começou no primário há algumas

décadas, mal conseguiu concluir o ensino fundamental.

O terceiro item é a ausência de participação política. É sabido por todos que a

maioria dos brasileiros é assumidamente contra a política porque desconhece a

história do País. Isso influencia na hora do consumo do impresso.

E por ultimo, o elitismo da imprensa:

A própria imprensa tem características que impedem a sua popularização. Além de usar uma linguagem inacessível à grande maioria da população (os jornais escrevem como se fala na universidade e nos círculos elevados da esfera cultural) a imprensa diária brasileira só trata de assuntos que interessam às classe dominantes (MELO, 2006, p. 88).

Com a inserção da internet na prática jornalística alguns destes fatores foram

sendo sucumbidos. Com a era digital, o público foi incentivado e até impulsionado a

conhecer as noticias veiculadas no cenário cibernético. A tecnologia proporcionou

maior abertura ao público. Mas também eclodiu uma série de mudanças. Baldessar

38

(2003, p. 80) afirma que ―muitos analistas afirmam que o uso massivo dos

computadores nas redações e a ascensão da internet estão provocando uma

revolução no jornalismo‖.

Revolução que gera crise. Crise que gera uma indagação: qual o futuro do

jornalismo impresso? Eles podem desaparecer? Ao que tudo indica, o impresso está

em um processo de transformações e readaptação. Vários exemplos apontam para

uma substituição da versão impressa pela online, por conta da demanda de

mercado.Os mais céticos crêem na sobrevida do meio impresso.

A mudança de padrão comportamental dos leitores é destacada no Artigo de

Rosental Calmon Alves.

A segunda década do jornalismo digital se inicia em meio a uma séria crise dos meios tradicionais, agravada pela popularização da web, mas causada também por motivos anteriores a ela. A televisão, por exemplo, sofre há tempos com a fragmentação e o declínio da audiência. Os jornais, que foram o primeiro meio tradicional a abraçar a Internet massivamente, parecem estar se transformando numa das principais vítimas de uma ruptura tecnológica (ALVES, 2006, p.95).

Ainda de acordo com o autor, os meios de comunicação de massa sofrem, o

efeito de inovações capazes de romper os modelos que há pouco tempo pareciam

consolidados.

A possibilidade de que jornais ou emissoras de TV, tal como os conhece-mos, venham a desaparecer é tão real como a repetição do processo de midiamorfose descrito por Fidler. A verdade é que vivemos um período de incertezas em relação ao futuro da mídia. O próprio conceito de comunica-ção de massas precisa de ser reavaliado, pois as tecnologias digitais permi-tem ao receptor das mensagens uma posição muito mais ativa, com muitas mais opções para selecionar as mensagens que deseja receber. O receptor não se senta passivamente diante da TV ou não abre simplesmente um jor-nal ou uma revista para consumir as mensagens que os gatekeepers prepa-raram para ele naquela edição ou naquela hora. O receptor agora tem o controle, o poder de acessar uma infinidade de fontes, sem as barreiras de tempo e espaço que limitavam sua ação até o advento da web (ALVES, 2006, p.96).

O fato é que existe sim uma crise instalada no meio. É preciso entender este

processo para buscar formas de atuação para evitar que os meios desapareçam e

sejam simplesmente substituídos pela versão digital.

39

3 METODOLOGIA

3.1 Tipo de estudo e Abordagem

Neste trabalho utiliza-se a pesquisa descritiva de estudo de caso, com

abordagem qualitativa e aspectos quantitativos para analisar o processo de

mudança do Jornal O Estado do Tapajós ao Estado net através da aplicação de

questionários para embasar as pesquisas qualitativas.

O estudo de caso é definido por Vergara (2005, p. 49) como ―o circunscrito a

uma ou poucas unidades, entendidas essas como pessoa, família, produto,

empresa, órgão público, comunidade ou mesmo pais. Tem caráter de profundidade e

detalhamento. Pode ou não realizado no campo‖.

Para que essa pesquisa alcançasse seu objetivo, foram necessárias várias

etapas metodológicas no decorrer do processo de elaboração do trabalho. O

primeiro ponto observado foi a pesquisa bibliográfica:

Pesquisa bibliográfica, num sentido amplo, é o planejamento global inicial de qualquer trabalho de pesquisa que vai desde a identificação, localização e obtenção da bibliografia pertinente sobre o assunto, até a apresentação de um texto sistematizado, onde é apresentada toda a literatura que o aluno examinou, de forma a evidenciar o entendimento do pensamento dos autores, acrescido de suas próprias idéias e opiniões (STUMPF 2005, p. 51).

Já sentenciava Herscovitz apud LAGO e BENETTI (2008) que mesmo que as

pessoas desaparecessem e restassem livros, jornais e revistas, seria possível

interpretar a vida social de uma época.

3.2 Local, Caracterização e Objeto da Pesquisa

A pesquisa foi realizada nas dependências do Jornal Estado do Tapajós digital

localizado na travessa Álvaro Adolfo, 317, altos, Diamantino. 20% dos questionários

aplicados foram encaminhados por email aos ex-assinantes do jornal impresso O

Estado do Tapajós. 80% foram entregues pessoalmente. O estudo de caso também

foi feito através da internet, nas dependências da biblioteca do Iespes e através de

entrevistas com funcionários e ex-funcionários do veículo.

40

3.3 Fontes de Informação

Utilizou-se nesta pesquisa, livros, textos acadêmicos, sites de pesquisas

científicas, livros digitais, exemplares do extinto jornal Estado do Tapajós e as

estatísticas do jornal.

Serviram também como fontes de informações o proprietário do jornal, os ex

assinantes do Estado (representantes de segmentos, como vereadores, jornalistas,

médicos, corretores, empresários, autônomos, estudantes, vendedores, funcionários

e ex funcionários do veículo).

Através do questionário, a autora buscou descrever a soma das respostas

dos leitores através da tabulação de dados.

Marconi e Lakatos (2010) apresentam quatro tipos de fontes bibliográficas

para pesquisas científicas. Duas delas são utilizadas neste trabalho. A primeira

refere-se diretamente ao objeto de pesquisa desta monografia. A Imprensa escrita.

Neste item as autoras apresentam dois sub-tópicos que são requisitos para a

consulta na fonte:

Conteúdo e orientação – vários tipos de investigação podem ser levados a cabo sob este aspecto: tendências e espaços dedicados à política nacional e internacional, fatos diversos, notícias locais, esportes, acontecimentos policiais, publicidade etc., como se trata de questões relativas a população como educação, saúde etc., tom da mensagem, otimismo, pessimismo, sentimentalismo, etc. Difusão e influência – pode-se identificar a zona geográfica de distribuição e o tipo de população que é influenciada; a correlação entre posições do órgão e os resultados eleitorais; o prestígio do editor e outros profissionais que assinam suas matérias; o que as pessoas mais lêem e a influência que elas exercem as opiniões expressas e as informações (MARCONI e LAKATOS, 2010, p. 167).

Ressalta-se, contudo, que há carência de informações escritas sobre o jornal.

Portanto, utilizam-se as informações obtidas nas entrevistas como base nesta

monografia.

41

3.4 Técnicas de Coleta de dados

A coleta dos dados foi feita a partir de pesquisa bibliográfica, questionários

aplicados aos assinantes do ex-jornal impresso O Estado do Tapajós, entrevistas

realizadas com o proprietário do veículo, com funcionária, ex-funcionário do veículo

e com leitores. Este trabalho também foi realizado com auxílio de pesquisa

documental nos exemplares antigos do Estado do Tapajós.

3.5 Aspectos Éticos

Os dados repassados pelos ex-assinantes do jornal impresso O Estado do

Tapajós foram unicamente para fins acadêmicos, sendo apenas para a realização

deste trabalho, garantindo a todos que não serão utilizados em quaisquer outras

circunstâncias. Todos os sujeitos deram plena autorização para serem participantes

da pesquisa, sendo garantido ainda o sigilo da identidade de alguns. Outros

participantes consentiram que se transcrevessem falas deles e assinatura em suas

respectivas entrevistas.

42

4 SUBSTITUIÇÃO DA VERSÃO IMPRESSA PELA DIGITAL: ESTUDO DE CASO

DO JORNAL ESTADO DO TAPAJÓS

No início deste século surge em Santarém-Pará um novo Jornal Impresso, O

Estado do Tapajós com intuito de informar e formar a população do Oeste do Pará.

Com mais de uma década no mercado, o jornal com treze anos de existência e

2.816 assinaturas pagas resolve migrar para o mundo digital por conta de gastos

excessivos. Neste capítulo os dois primeiros sub-tópicos relatam a história dos dois

momentos do jornal na versão impressa e digital. O terceiro item levanta os impactos

dessa mudança.

4.1 Jornal impresso Estado do Tapajós

O extinto jornal impresso O Estado do Tapajós surgiu em 14 de dezembro de

2000. Criado pelo Jornalista Miguel de Oliveira, o veículo funcionou durante treze

anos no prédio localizado na travessa 15 de novembro, altos, sala 1, no centro

comercial em Santarém-Pa.

Com nome sugestivo à redivisão territorial do país, O Estado do Tapajós

iniciou no meio impresso com o intuito de informar e formar a população leitora do

jornal principalmente quanto à temas ligados ao meio ambiente, saúde, educação e

política.

A linha editorial do jornal era voltada ao público de classes A e B (pessoas

com maior poder aquisitivo). Durante mais de uma década, vários profissionais

trabalharam no veículo: Vânia Galúcio, Giane Rocha, Marcos Santos, Leandro Leal,

Bena Santana, Aritana Aguiar, José Valdo Pereira, Albanira Coelho, Luana Leão,

Cecília Ferreira, Andressa Aguiar. Os diagramadores Jader Gama e Iverson Noia, e

os fotógrafos Ronaldo Ferreira e Júnior Martins também fizeram parte do público

interno durante algum tempo.

43

Segundo o proprietário e fundador do jornal Miguel Oliveira em entrevista

cedida para esta pesquisa, o meio foi rentável durante muito tempo, mas foi

necessária a mudança para a versão digital por conta dos gastos excessivos:

Logística, parque gráfico, papel no Sul do país, logística da entrega da assinatura na casa do cliente, problemas de ruas, de insegurança, de assaltos, enfim, o custo operacional de jornal era muito alto, para um faturamento inconstante (OLIVEIRA, 2014).

Ainda de acordo com o jornalista, foi difícil abandonar a versão impressa para

arriscar no cenário digital, já que o jornal já possuía um número expressivo de

assinantes e patrocinadores. ―E de certa forma, as pessoas não entenderam. A

gente podia partir para uma proposta de futuro, ou, ficar preso ao jornal tradicional‖.

Para ele, a medida foi acertada porque muitas das matérias publicadas não tinham

repercussão no país, por conta da circulação do jornal ser em âmbito local.

Durante algum tempo o jornal foi impresso três vezes por semana. Segundo a

jornalista Silvia Vieira que trabalhou no veículo de 2001 a 2006, e retornou em 2012

onde permanece até hoje, a maior dificuldade era para fechar a edição, já que o

jornal possuía doze páginas, uma média de quatro matérias por página. Ela

descreve esse período,

Nós tínhamos nessa época uma equipe com cinco, seis repórteres. E todos os dias tinha uma reunião de pauta e esses repórteres iam para a rua, produziam e no final da tarde a gente juntava todo o material pra poder programar o boneco da edição do dia seguinte. Não era muito fácil, mas a gente sempre conseguiu fechar as edições dentro do prazo (VIEIRA, 2014).

Treze anos depois, apesar de já se ter 2.816 assinaturas pagas, 634 vendas

avulsas, 230 distribuições institucionais em (escolas, órgãos públicos, justiça etc),

122 cortesias somando-se ao total semanal de 3.802 jornais distribuídos

e centenas de informações publicadas, o jornal foi substituído pela versão digital.

4.2 Jornal digital Estado.net

Em nove de abril de 2013 foi concretizado o projeto de migrar para plataforma

digital. O veículo parou as impressões, e deu lugar ao jornalismo do novo século. A

ideia inicial era continuar com a mesma característica, inclusive visual. No começo o

jornal foi disponibilizado na plataforma em arquivo PDF. Mas a idéia não rendeu o

44

sucesso imaginado por conta da dificuldade de acesso à internet na região

amazônica, em específico, no Oeste do Pará. O leitor que acessava ao arquivo do

jornal enfrentou muita dificuldade, sobretudo, para folhear as páginas por conta da

má qualidade na transmissão da rede. Foi preciso rever o projeto. Um mês depois,

foi implantado o modelo de jornal que permanece até hoje. Um site, com manchete

diária, e demais notícias no lado direito da página.

Para divulgar a mudança entre o público e alcançar novos leitores, a direção

do jornal usou estratégias como a criação de imagens com o argumento de que o

conteúdo poderia ser lido, compartilhado e até impresso.

Figura 01 – DIVULGAÇÃO DE O ESTADO DO TAPAJÓS. Fonte: facebook.com/miguelnogueirade.oliveira, 2013.

Atualmente o veículo atualiza as manchetes do jornal durante a madrugada.

O site é um projeto com similaridade ao jornal impresso, com conteúdo de jornal, e

colunistas. Segundo Miguel, o Estado.net ―Não têm proposta cobrir de factual. É

linha do veículo fazer matérias trabalhadas‖.

De acordo com as estatísticas do site, cada leitor lê em média quatro matérias

a cada acesso. Algumas postagens chegam a trinta mil visualizações. O total de

acessos medidos no período de primeiro de maio de dois mil e treze a catorze de

outubro de dois mil e dez é de 3.574,67.

No período de quinze de maio de dois mil e três a trinta e um de dezembro de

dois mil e três a média de acessos era de 2.841,61. Já no período de oito de outubro

de dois mil e catorze a catorze de outubro de dois mil e dois mil e catorze esse

índice subiu para média diária de 5.861,43 acessos.

O site não permite que os conteúdos sejam copiados para evitar plágios. O

45

que ele disponibiliza aos leitores é a ferramenta de impressão, que é medida através

das estatísticas. No período de quinze de maio de dois mil e treze a trinta e um de

dezembro do mesmo ano o total de acessos era de 23.225,06. Já entre os meses de

primeiro de janeiro de dois mil e catorze a catorze de outubro do mesmo ano, a

média de impressões reduziu para 15.407,85 postagens impressas.

Como mencionado no marco teórico desta pesquisa, com a chegada da

internet muito mudou-se na prática do jornalismo. Inclusive o cenário nas redações,

que aboliram as máquinas de datilografar e as montanhas de papéis e aderiram ao

cenário digital. Permanecem guardados somente os exemplares dos jornais

impressos e documentos. Vê-se mais organização e menos papéis como ilustra a

foto abaixo. Na redação do jornal digital Estado.net é possível perceber essa

mudança através da incorporação dos computadores.

Figura 02 – Redação do jornal digital Estado.net Foto: Samela Bonfim

A equipe de reportagem se reúne pela manhã para definir os assuntos e sai

em busca das informações. Porém, não há mais a necessidade de retornar ao

veículo. Basta encaminhar as reportagens por email para que o editor publique.

Sobre estas mudanças, o item a seguir destaca os impactos do jornalismo digital

sobre o jornalismo tradicional em Santarém.

46

4.4 Impactos do jornalismo digital sobre o jornalismo tradicional em Santarém

Entre as maiores mudanças percebidas, está a redução no tamanho da

equipe que produzia o jornal. Por conta da transição ao meio virtual, jornalistas que

trabalhavam no veículo precisaram ser demitidos, já que o jornal enfrentava

momento de adaptação ao novo meio, e precisou mudar a linha editorial. O

proprietário procurou delimitar temas, e dentro deles, trabalhar a profundidade de

conteúdo.

Nessa nova fase, os jornalistas não têm mais vinculo com a sede do jornal. A

maioria dos colaboradores do veículo trabalha de suas próprias residências. Ir à

base do jornal impresso só para reunião de pautas.

No meu caso, como eu era editora e redatora do jornal, eu tinha horário pra entrar e não tinha pra sair. Essa é uma coisa que mudou bastante. Eu posso produzir hoje o material na minha casa, eu posso produzir de qualquer lugar onde eu tenha acesso à Internet para poder enviar esse material por email. Antes não (VIEIRA, 2014).

Outro importante impacto relatado é quanto à densidade do conteúdo,

segundo a jornalista, o material publicado na rede não tem a mesma qualidade do

impresso. ―Eu sempre gostei mais do impresso, até pelo tempo que a gente tem

para produzir o material, na internet com essa questão de ser full time, eu acho que

as informações são muito mais vazias‖ - comenta.

Nesse processo de transição, a linguagem precisou ser readaptada ao novo

público, já que os leitores mais jovens migraram para a nova plataforma.

As pessoas que acessam a internet querem uma linguagem mais fácil, informações mais rápidas, e no jornal impresso a gente têm um pouco mais de tempo de trabalhar a informação, de ouvir mais personagens.

Na internet não. Tudo é muito rápido, geralmente as informações vão um pouco mais vazias do que seria no impresso (VIEIRA. 2014, grifo nosso).

Quanto à influência, a repórter que atua há mais de sete anos no impresso, e

acompanhou os dois momentos, afirma que o jornal impresso exercia maior

influência perante o público. Porque ―papel é um documento, a qualquer momento

que você procurar nos arquivos você vai achar‖. Ela ―preferia que ele voltasse a ser

impresso‖ - confessa.

47

E apesar das inúmeras possibilidades em rede, um índice apontado por Silvia

revela uma das maiores mudanças. Na época da versão impressa ela produzia em

média, de quatro a dez matérias por semana. Atualmente, produz-se de quatro a

cinco por dia.

Por mais atrativo que o novo cenário possa ser no quesito interação dos

leitores, diferentemente do impresso, onde a única forma de comunicar-se com o

jornal era por carta, o índice de comentários na página é baixo. Segundo Miguel,

isso é justificado pelas exigências no site. O leitor deve ser cadastrado, não pode ser

anônimo, e têm o comentário moderado.

A maior participação é percebida nas redes sociais, através dos

compartilhamentos de links que encaminham à postagem. Diariamente as notícias

são publicadas no Facebook e Twitter para atrair os leitores ao site. Se o leitor se

interessar na publicação, basta clicar no link para ser direcionado a matéria

completa. Essa ferramenta impulsiona cada vez mais pessoas ao hábito da leitura.

Sem dúvida, outro impacto positivo do jornalismo digital sobre o tradicional, é o fato

de mais pessoas, sobretudo o público jovem ter acesso a informação. O jornalismo

de papel não os atraia tanto quanto o online. Isso representa grande avanço, já que

as estatísticas revelam que a taxa de analfabetismo diminuiu.

O leitor do século XXI não espera mais para informar-se como aguardava

pelo tradicional impresso. Hoje ele acessa a qualquer momento às noticias de casa,

pelo celular, notebook.

O jornalista afirma que a redução da metade dos gastos foi outro impacto

relevante. Em contraposição, a receita também baixou em cinqüenta por cento. Ele

justifica que pela grande existência de sites, blogs e portais. ―Por exemplo: quem

anunciava R$ 20 mil por ano, agora paga R$ 5 mil‖.

O proprietário pensa ainda em cobrar pelo acesso ao jornal. Limitar as

publicações aos assinantes online. Mas segundo ele, o projeto ainda não foi viável

por conta da deficiência da internet em Santarém. Em alguns anos, a cobrança deve

ser executada.

Para Miguel a cobertura do jornal digital não é a mesma que o impresso.

48

A gente reconhece que a nossa cobertura não é a mesma que antes. [...] o leitor de internet ele é um leitor apressado, as pessoas não têm muito tempo [...] os nossos textos não são tão curtos, mas não são tão extensos. O formato de texto longo não vêm funcionando (OLIVEIRA, 2014).

Em agosto de 2014 o jornal que iniciou no mesmo prédio do extinto Estado do

Tapajós impresso, mudou de endereço para a travessa Álvaro Adolfo, 317, altos,

Diamantino. Nesta etapa trabalham no jornal Silvia Vieira, Lúcio Flávio Pinto, Ruth

Rendeiro, Nicodemos Sena, Tadeu Pontes, Manoel Junior, Regiane Jimenez.

O jornal ainda está em processo de adaptação e auto-conhecimento.

Segundo Oliveira, 2014, o público do Estado net é heterogêneo e ainda não é

possível descrever o perfil dos leitores atuais.

Outro impacto percebido na estrutura física do jornal foi o abandono as

máquinas de datilografar. Conforme cita Baldessar (2003, p. 15):

O computador acaba com o matraquear das máquinas de escrever, trazendo silêncio e limpeza. Em contraposição ao silêncio, e ao conforto da sala climatizada, o novo instrumento acentua a ocorrência de doenças no trabalho, especialmente as conhecidas lesões por esforço repetitivo.

Esta imagem foi publicada em 16 de julho de 2013 pela jornalista Natashia

Santana. Um dos comentários no arquivo revela e confirma o que foi relatado no

referencial teórico deste Trabalho Acadêmico Orientado.

49

Figura 03 – Máquina de datilografar. Foto: Facebook.com/natashiasantana, 2013.

No tempo em que se usava isso nas redações, só o tec-tec frenético já nos excitava a produzir bons textos, diferente do silêncio asséptico dos computadores de hoje. O barulho mais suave dos teclados dos PCs atualmente, acaba criando muitas vezes, uma certa letargia nas redações, que pode se refletir na produção dos textos (NINOS, Jota. 16 de julho de 2013 às 17:01).

A questão vai além do simples silêncio gerado nas redações de jornalismo. A

substituição da máquina de datilografar marca o período da transição do jornalismo

em papel para o digital. Talvez essa seja uma forte figura que ilustra com grande

representatividade o momento marcante na vida de quem presenciou os dois

estágios de trabalho.

50

5 RESULTADO DA PESQUISA

Este item apresenta e descreve os resultados das pesquisas realizadas com o

objetivo de compreender a crise instalada no modelo de negócios do Jornal o Estado

do Tapajós. No início deste trabalho para um melhor entendimento sobre o tema foi

apresentado o histórico dos dois meios, o surgimento do jornal impresso e da inter-

net, com aplicação ao jornalismo.

Foram levadas em consideração a função Social do jornalismo, o conteúdo, a

Influência e Credibilidade, a forma de consumo, a estrutura das redações e Modelo

de negócio e por fim, a crise do jornal impresso. Esta última é ilustrada no capítulo

anterior com a descrição do objeto de pesquisa. O jornal Estado do Tapajós precisou

rever seu modelo de negócios imediatamente ou teria que sair completamente do

mercado diante das novas formas de comunicação jornalística.

Mas apesar da teoria inicial de que o jornalismo digital iria substituir o impres-

so, foi constatado por meio da tabulação dos resultados que o público preferia o

meio de papel.

Temos então um problema maior do que a crise do meio impresso. Problema

de identidade. A crise abordada neste trabalho mostrava que o meio enfrentava um

momento de readaptação frente às novas formas de comunicação. Em que os leito-

res abandonavam a leitura analógica para aderir à digital.

Por conta dos gastos excessivos com papel, logística, impressão e afins, al-

guns proprietários de jornais decidiram migrar para a plataforma online, é o caso do

jornal Estado do Tapajós.

Mas mesmo com todos os estudos e até datas para o fim do jornalismo im-

presso, nem todos os leitores migraram para o conteúdo. A maioria simplesmente

parou de ler e aguarda que o jornal retome as impressões. A maior dificuldade é atri-

buída a má qualidade no acesso a Internet em Santarém.

Gera-se portanto, uma nova crise, ainda maior que a inicial. Os jornais migra-

ram, alguns leitores não acompanharam a mudança, deixaram de ler e aguardam

que volte. Por outro lado, os jornais digitais continuam a publicar os conteúdos, com

51

receitas menores, patrocínios reduzidos, menor número de funcionários, e a maioria

dos acessos vem de fora, das grandes capitais.

Um item descrito neste trabalho detalhava a busca dos jornais pela influência

e credibilidade junto a seu público. E que o jornal impresso executou durante muito

tempo o papel de maior influência sobre os demais meios de propagação jornalísti-

ca.

Por conta do caráter aprofundado, o jornal impresso exercia maior influência

sobre o público. Influência de pensamento e de formação critica. Mas havia uma

influência ainda maior, pautada pelos interesses financeiros. Segundo Meyer 2007,

―A influência social de um meio de comunicação pode aumentar sua influência

comercial. Se o modelo funcionar, um jornal influente terá leitores que confiam nele,

e portanto, será de mais valor para os anunciantes‖.

O autor Álvaro Caldas (2002) comentava que:

Leitores de jornal e usuários da Internet têm interesses e curiosidades diferentes. Para assegurar seu espaço, caberá ao jornal do presente investir naquilo que o leitor espera encontrar nele: originalidade, texto interpretativo e analítico, com suas implicações e possíveis repercussões na vida de cada um. O fato situado dentro de um contexto mais amplo, ao lado da pesquisa e opinião. Já na internet o que se busca são informações rápidas e específicas, em poucas linhas (org. CALDAS, 2002, p. 17).

No decorrer desta pesquisa, uma publicação do proprietário do Jornal

Estado.net chamou a atenção da autora. Nela Miguel Oliveira revela a necessidade

de alcançar essa confiabilidade (sinônimo de credibilidade) perante seu público

através do reconhecimento dos leitores.

Figura 04 – Postagem de Miguel Oliveira Fonte: facebook.com/miguelnogueiradeoliveira

52

Neste trabalho também foi reiterado que o veículo só alcança sucesso e

permanece atuante no meio, se conquistar a confiança do público, através desta

credibilidade.

5.1 Análise das entrevistas Orais

Neste tópico, serão apresentadas entrevistas realizadas durante a aplicação

de questionários. Contudo, ressalta-se que a idéia inicial era somente aplicar os

questionários, mas, durante o preenchimento das questões, alguns entrevistados

comentavam sobre a transição, ou no caso do preenchimento online, enviavam

emails com suas respectivas opiniões. Portanto, as respostas serão transcritas e

analisadas a partir do referencial teórico apresentado neste trabalho. Mas não é

objetivo desta pesquisa analisar as entrevistas orais de forma quantitativa, mas,

sobretudo qualitativa. Com aspectos que ilustrem o que pensam os leitores.

Foi constatado, que apesar do momento de crise no modelo do jornal

impresso em que a maioria dos jornais está desaparecendo, os leitores e ex

assinantes do Jornal Estado do Tapajós net preferiam a versão impressa. Conforme

comenta o Micro empresário e estudante de administração Plínio Pimentel,

A versão digital têm suas qualidades, mas infelizmente a nossa internet em Santarém é ruim e nem toda vez você têm a possibilidade de acessar ela. Com o impresso não, quando você tem ele impresso em mãos, você consegue ter acesso a todas as notícias e ter uma compreensão de todos os fatos da região.

O ideal seria que tivesse as duas opções, que se pudesse manter a versão impressa, comprar na banca de jornais e uma versão digital, que você pode acessar as informações atualizadas. Eu acho que seria interessante quando se assinasse o jornal impresso, que recebesse o acesso a versão digital sem nenhum custo adicional (PIMENTEL, 2014).

A maioria dos entrevistados alegou que a grande dificuldade para

acompanhar as notícias na versão digital é por conta da má qualidade no acesso à

Internet. Franci Reis é vendedora de uma banca de jornais em Santarém, Oeste do

Pará. Segundo ela, o jornal impresso,

É melhor, porque na internet, a gente não lê, só vê os tópicos lá, e pronto, acabou. Saiu de lá já vai procurar outro tópico de outra matéria, e no impresso não. Você pega o papel, pode guardar pra lê aquela notícia depois, não importa se passou a data, importa é o conteúdo que está lá escrito no papel (REIS, 2014).

53

O jornal impresso executou durante muito tempo o papel de maior influência

sobre os demais meios de propagação jornalística. O teor do material publicado de

forma precisa, aprofundada, e com maior densidade atraia o público formador de

opinião.

Durante algum tempo a maioria dos jornais era impresso uma vez por

semana. E por conta disso, não era possível levar matérias factuais ao público, pois

provavelmente já chegariam a ele ―vencidas‖.

A alternativa era pegar o gancho do factual e investigar. Tornar a matéria mais

atrativa através do cruzamento de dados e de informações. Era necessário descobrir

o que os demais veículos não conseguiam.

Sobre esta influência e credibilidade, itens apresentados no decorrer deste

trabalho, o jornalista Marcos Santos, que trabalhou nos dois primeiros anos da

implantação do jornal impresso Estado do Tapajós comenta. Ele descreve o

processo inicial e como vê a produção atual na versão digital,

O jornal quando surgiu veio com uma novidade. Era praticamente diário. Só não tinha edição no domingo e na segunda. Mas de terça à sábado o trabalho era intenso. Nós começamos com uma aceitação muito boa porque o jornal tinha notícias atuais. Nós demos muitas matérias exclusivas naquela época, nós pautávamos rádio, televisão, e a internet naquela época, não era tão forte como é hoje. Então o processo do jornal impresso naquele período, foi muito, muito bem aceito.

São leituras diferentes. Hoje o jornal impresso deixou um vácuo muito grande. Porque ele tinha um conteúdo exclusivo. Agora com a internet essa atualização de informações transformou o estado em um jornal de notícias de factuais mas que de vez em quando têm uma matéria exclusiva, uma matéria própria, mais trabalhada. Eu acho que a qualidade continua a mesma, mas o jornal impresso tinha aquele encanto, um charme para o leitor que gosta de ler o jornal impresso. Além disso têm o fato de que nem todo mundo têm internet (SANTOS, 2014).

O diagramador de jornal Jorge Wanghon de Sousa Filho apontou motivos da

preferência pela versão impressa e possíveis soluções para atrair o leitor dentro do

meio analógico.

Como diagramador de jornal impresso, observo que por residirmos numa região amazônica onde tradições são quebradas de forma mais lenta, o jornal impresso ainda tem o seu espaço. A maioria de nossos caboclos prefere ver o jornal impresso, à sua frente, em suas mãos, do que propriamente na internet, mesmo com o avanço dos tablets, smartphones, celulares e seus androids. A meu ver, o mais sensato seria manter o online e o impresso (WANGHON, 2014).

Segundo ele para tornar o jornal impresso mais agradável e mais atraente,

seria necessário que o jornal revisse alguns itens como a qualidade do papel, a

54

qualidade da impressão com mais páginas coloridas e também a forma de

diagramação do jornal.

Percebe-se através das entrevistas que o público que era leitor do extinto

jornal impresso Estado percebeu a mudança e a maioria não acessa o conteúdo

digital como lia o impresso. Isso será apresentado detalhadamente abaixo em

porcentagem com o resultado dos questionários. Em conversas sobre o assunto, os

entrevistados citaram ainda o fato da comodidade na leitura e da facilidade de

encontrar as informações nas páginas do jornal. A expectativa dos leitores é que o

jornal impresso volte a circular.

5.2 Análise dos Questionários

Este tópico apresenta e descreve analiticamente os resultados dos questioná-

rios aplicados entre os meses de setembro a outubro de 2014. Os dados aqui apre-

sentados respondem às questões norteadoras que deram origem a esta pesquisa.

Para efeito de alcançar os objetivos relacionados a esta etapa, inicialmente serão

analisados os aspectos pessoais do público-alvo da pesquisa e, posteriormente, as

questões relacionadas às mudanças percebidas na transição do jornal impresso ao

digital sob o olhar dos assinantes do jornal impresso O Estado do Tapajós.

Seguem 16 gráficos com suas respectivas descrições quanto aos entrevista-

dos e suas atitudes em relação a transição do impresso ao digital.

O conhecimento do nível de satisfação dos ex-assinantes do Estado do Tapa-

jós quanto a transição do jornal à plataforma digital revelou o momento de crise da

comunicação escrita e a não adequação dos leitores. Foram ao todo aplicados 29

questionários, totalizando uma amostra estatística de 1% do universo dos ex-

assinantes do Estado.net.

Ressalta-se, contudo, a dificuldade para aplicar este questionário por conta do

fornecimento do banco de dados dos assinantes do jornal. O computador do jornal

onde ficam armazenados os dados estava danificado e por isso o proprietário não

pôde repassar os nomes e respectivos endereços de email. A autora buscou pesso-

almente pessoas de segmentos representativos da sociedade para aplicar os ques-

55

tionários.

Eles foram aplicados aos vereadores da câmara municipal de Santarém já

que a câmara dispunha de uma assinatura para cada um. 90% deles responderam

ao questionário. Os demais foram aplicados a representantes de algumas categorias

como jornalistas, médicos, empresários, lojistas, contabilistas, corretores, domésti-

cas, estudantes e administradores de empresas.

Com o levantamento dos dados gerais dos participantes da pesquisa, eles in-

formaram faixa etária, sexo e grau de instrução. As informações obtidas seguem nos

Gráficos 01, 02 e 03. Os demais gráficos apresentam os resultados e suas respecti-

vas análises das demais questões abordadas.

56

Gráfico 01 – Faixa etária dos entrevistados Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

Percebe-se que a maioria do público participante desta pesquisa tem faixa

etária acima de 40 anos de idade, correspondendo a 55% do total de participantes.

28% com faixa etária entre 31 e 40 anos. 14 % dos entrevistados têm entre 25 e 30

anos. Apenas 3% têm entre 17 e 24 anos. Portanto, de acordo com os dados, maior

parte dos entrevistados faz parte do público de mais idade.

3% 14%

28% 55%

1. Faixa Etária

17 a 24 anos

25 a 30 anos

31 a 40 anos

acima de 40

57

Gráfico 02 – Sexo dos entrevistados Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

De acordo com os dados obtidos na pesquisa, maior parte dos ex-assinantes

do Estado entrevistados, é do público masculino, correspondendo a 69%. O público

feminino foi de 31%.

31%

69%

2. Sexo

Feminino

Masculino

58

Gráfico 03 – Grau de instrução Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

Os dados fornecidos através da pesquisa revelam que a maioria dos entrevis-

tados possui grau de Ensino Médio correspondendo a 42%, seguido por Ensino Su-

perior com 41%, e em terceiro lugar, 17% dos entrevistaram afirmaram ter Pós gra-

duação. Nenhum dos entrevistados alegou ter o grau de ensino fundamental.

0%

42%

41%

17%

3. Grau de Instrução

EnsinoFundamental

Ensino Médio

Ensino Superior

Pós graduação

59

Gráfico 04 – Período de assinatura do Jornal Impresso Estado do Tapajós Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

A tabela 4 revela o período que os assinantes mantiveram a assinatura do

jornal. Maior parte dos entrevistados (20,7%) afirmou ter mantido a assinatura paga

durante o período de dois anos. 13,8% afirmaram ter sido assinantes durante o perí-

odo de um ano. O mesmo percentual afirmou ter sido assinante durante três anos.

Seguido por 10,3% que disse ter mantido as assinaturas no período de cinco anos.

6,9% assinaram ao impresso durante dez anos, e outros 6,9% durante seis meses.

27,6% ignoraram esta pergunta.

7% 14%

21%

14%

0%

10%

7%

27%

4.0 Período de Assinatura do Jornal Impressa

6 meses

1 ano

2 anos

3 anos

4 anos

5 anos

10 anos

Sem resposta

60

Gráfico 05 – Motivo do cancelamento das assinaturas Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

Em relação aos motivos para o cancelamento da assinatura, 31% dos entre-

vistados afirmaram ter mantido as assinaturas até o momento que o jornal migrou

para a Internet. 28% afirmaram ter cancelado as assinaturas por conta da qualidade

da informação. 14 % alegaram que o cancelamento foi feito por conta da possibilida-

de do acesso as informações disponíveis na internet. 3% alegaram ter tido proble-

mas financeiros. 24% não responderam.

As respostas mostraram que ao contrário do que propôs Melo (2006), o fator

principal não está ligado a condição financeira. Como mencionado no marco teórico

desta pesquisa, o autor apontou quatro fatores que levam a decadência do meio.

Entre elas está a incapacidade aquisitiva dos brasileiros. A condição financeira da

maior parte da população, sobretudo das classes C e D não permite que eles

usufruam do conteúdo jornalístico pago. No questionário apenas 3% dos

entrevistados afirmou que o fator do cancelamento das assinaturas estava ligado a

questão financeira.

3%

28%

14% 31%

24%

5. Motivos para cancelamento da assinatura

Problemas financeiros

Qualidade dainformação

Acesso a informações nainternet

Migrei do jornalimpresso para digital

Sem Resposta

61

Gráfico 06 – Motivos que atraiam aos leitores ao jornal impresso Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

O gráfico 6 apresenta os motivos que atraiam os leitores ao jornal impresso O

Estado do Tapajós. Através das respostas, percebe-se que 38% dos entrevistados

preferiam no jornal a comodidade na leitura. A praticidade de folhear as páginas, de

guardá-las e arquivar os assuntos de interesse do público. O dado revela que ao

contrário do que se pensava inicialmente, a comodidade ainda é mais importante

para esse grupo de leitores do que propriamente a profundidade de conteúdo que

ocupou o segundo lugar na pesquisa, correspondendo a 24% dos entrevistados.

Em terceiro lugar, 21 % dos leitores afirmaram que a organização das infor-

mações foi o principal fator que o (a) atraia ao impresso. A quantidade de notícias foi

citada por 10% dos entrevistados. 7% afirmaram que a agilidade foi o motivo que

levou a assinatura.

24%

7%

10%

21%

38%

6. O que o(a) atrai ao jornal impresso?

Profundidade de conteúdo

Agilidade

Quantidade de notícias

Organização das informações

Comodidade na leitura

62

Gráfico 07 – Reação quanto a substituição do impresso a versão digital Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

O gráfico 7 aponta a reação dos leitores da versão impressa ao saber da mu-

dança do jornal impresso à versão digital. Maior parcela dos entrevistados, o que

corresponde a 48% não aprovou a mudança. 35% aprovaram a migração a plata-

forma online. Para 17% a mudança não fez diferença.

Esse questionamento é o principal desta pesquisa, já que aponta a reação do

público perante a mudança do jornal Impresso ao digital. Apesar das inúmeras teses

e argumentos que indicam o fim do jornal impresso, é possível perceber que o

jornalismo passa sim por um momento de crise, mas não só o impresso, mas o

jornalismo como um todo. Crise de identidade, como menciona Rosental Calmon

Alves, ―A segunda década do jornalismo digital se inicia em meio a uma séria crise

dos meios tradicionais, agravada pela popularização da web‖ (ALVES, 2006,p.95).

Por um lado, estudiosos datam o fim do jornalismo impresso, Righetti e Qua-

dros (2009) mencionam a fala do diretor do Grupo Promotora de Informaciones (Pri-

sa), Juan Luis Cebrián, que data o fim do jornal impresso em 15 anos. Segundo ele,

que publica o El Pais, o jornal impresso estará extinto em uma década e meia, foi

preciso que o jornal lançasse um "plano de sobrevivência" para manter-se no meio

através da convergência midiática.

Por outro, jornais fecham e migram para o cenário digital. Porém o público

não acompanha a mudança, e aguarda o retorno no jornal de papel.

35%

17%

48%

7. Reação ao saber da mudança para versão digital

Aprovei a mudança

Não fez tanta diferença

Não aprovei, preferia aversão impressa

63

Gráfico 08 – Frequência de leitura ao jornal digital Estado.net Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

Foi constatado após a aplicação desta pergunta ilustrada no gráfico 8 que a

maioria dos entrevistados quase não lê a versão digital, correspondendo a 27%.

21% dos leitores do jornal impresso afirmaram ler a versão digital em dias alterna-

dos. 14% dos entrevistados alegaram ler diariamente. A mesma porcentagem afir-

mou ler mensalmente. 10% disseram ler três vezes por semana. 14% afirmaram não

ler a versão digital.

O índice revela a parcela de pessoas que liam o jornal com frequencia, e que

deixaram ou reduziram a frequencia da leitura.

14%

10%

21%

14%

27%

14%

8. Frequência em que lê a versão digital

Diariamente

Três vezes por semana

Dias alternados

Mensalmente

Quase não leio

Não leio

64

Gráfico 09 – Mudança na forma de consumo das notícias Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

Este gráfico mediu a mudança na forma de consumo das notícias com a mi-

gração do jornal impresso a plataforma digital. 41% dos entrevistados disseram que

nada mudou. 35% deles afirmaram que lêem menos a versão digital do que liam a

impressa. 21% disseram que com a utilização da plataforma passaram a ler mais

notícias. 3% não responderam.

Pressupõe-se que os que responderam que nada mudou é porque continuam

a ler a mesma quantidade de informações como antes, mas na versão digital.

Contudo, 35% disseram ler menos do que antes. Apenas 21% passou a ter acesso a

mais conteúdo que antes.

21%

35%

41%

3%

9. O que mudou na forma de consumo da notícia?

Leio mais

Leio menos

Nada mudou

Sem Resposta

65

Gráfico 10 – Relação com a plataforma digital Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

Embora se assemelhe ao gráfico anterior, o gráfico 10 pretende apresentar

com maior clareza a relação com a plataforma atual. Foi medido que 41% dos entre-

vistados quase não acessam ao Estado.net. 24% alegaram ler como liam o impres-

so. 17% disseram não ler a versão digital. 14% dos entrevistados lê diariamente e

4% deles não respondeu a questão.

24%

41%

14%

17%

4%

10. Qual sua atual relação com a plataforma digital?

Leio como lia o impresso

Quase não acesso o jornaldigital

Leio diariamente

Não leio

Sem resposta

66

Gráfico 11 – Número de matérias lidas a cada acesso Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

A cada acesso o leitor lê em média duas reportagens. Foi o que constatou o

gráfico acima, 31% dos entrevistados disseram ler essa quantidade por acesso. Es-

se índice foi seguido por 24% que afirmaram ler mais de quatro matérias. 17% disse-

ram ler três reportagens em cada vez que entram no site. 14% dos entrevistados lê

mais de quatro e a mesma porcentagem ignorou essa pergunta.

14%

31%

17%

24%

14%

11. Matérias lidas por acesso

Uma

Duas

Três

Mais de quatro

Sem Resposta

67

Gráfico 12 – Índice de comentários nas publicações Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

O gráfico 12 mostra o resultado sobre o questionamento se o leitor comenta

as publicações que lê. Conforme revela os dados acima, ficou empatado o número

de leitores que comentam e que não comentam na plataforma com 45%. 10% não

responderam.

Ao contrário do conteúdo de papel, o feedback na internet é instantâneo. O

leitor tem a possibilidade de interagir, contribuir e criticar o conteúdo do jornal atra-

vés dos comentários. Para fazer o mesmo no jornal impresso há dez anos, era ne-

cessário escrever carta, e o retorno demorava dias.

Mas o índice de participação nas postagens ainda é igualado ao número de

pessoas que não comentam nos espaços democráticos.

45%

45%

10%

12. Você comenta as publicações que lê?

Sim

Não

Sem resposta

68

Gráfico 13 – índice de aprovação do espaço para comentar na plataforma Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

O resultado do questionamento 13 comprova que 86% dos entrevistados

aprovam a existência do espaço para comentários nas publicações. Apenas 14%

não acham valido o espaço para opiniões no site.

86%

14%

13. Acredita ser válido um espaço para comentar opiniões na

plataforma?

Sim

Não

69

Gráfico 14 – Preferência entre o impresso e o digital Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

O gráfico 14 apresenta a parcela de preferência dos entrevistados pela versão

impressa do Jornal Estado do Tapajós ou Estado.net. 55% apontaram que preferiam

o jornal impresso. 35% preferem a versão atual na plataforma digital. 10% não res-

ponderam.

O gráfico 7 fez referencia a reação quanto a mudança. Nesse item, mede-se a

preferência do público. Fica comprovado que mais da metade dos entrevistados pre-

fere a versão impressa do jornal Estado do Tapajós.

55% 35%

10%

14. Preferência

Jornal Impresso: O Estadodo Tapajós

Versão Digital: JornalEstado.net

Sem resposta

70

Gráfico 15 – Medição de maior influência Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

Os dados do gráfico 15 são referentes ao grau de influência das duas formas

de vinculação jornalística. A aferição apontou que o jornal impresso representava

maior influência sobre 55% dos entrevistados. Para 38% o jornal digital Estado.net

representa maior influência. 7% não responderam.

Esse dado indica que o jornal impresso continua executando a figura de maior

influenciador sobre os demais meios de propagação jornalística. O teor do material

publicado de forma precisa, aprofundada, e com maior densidade ainda atrai o pú-

blico formador de opinião.

55% 38%

7%

15. Representa ou representava maior influência

Jornal Impresso: O Estadodo Tapajós

Versão Digital: JornalEstado.net

Sem resposta

71

Gráfico 16 – Forma de acesso às notícias Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

O último gráfico revela como os leitores sabem das notícias publicadas no

jornal digital. O jornal utiliza as redes sociais para divulgação das notícias como o

Facebook e Twitter. 45% revelaram acessar as notícias através de links publicados

no Facebook. 31% chega as informações através do próprio site, 10% por meio do

Twitter. 14% não responderam.

10%

45% 31%

14%

16. Como você sabe das informações diárias do site de notícias?

Twitter

Facebook

Estado.net

Sem resposta

72

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este Trabalho Acadêmico Orientado pretendeu-se identificar os impactos

gerados no jornalismo tradicional impresso através do surgimento do jornalismo digi-

tal. Durante o processo de levantamento do referencial teórico foi percebido que a

crise instalada no veículo impresso preocupa jornalistas e profissionais que traba-

lham na área, já que é um espaço a menos para a prática jornalística.

O fim do jornal impresso ainda é uma incógnita, e certamente se ele vai per-

durar ou não, não era de competência deste trabalho descobrir. O que foi aferido,

portanto, é que a crise instalada no meio é ainda pior no Oeste do Pará. Isso se de-

ve ao fato de que por conta dos gastos excessivos com logística, papel, funcioná-

rios, alguns proprietários de jornais resolveram migrar para o cenário digital acredi-

tando no potencial do novo meio. Outros incorporaram a plataforma na esperança de

consolidar o meio.

Porém, por conta da dificuldade do acesso à Internet na região amazônica, o

projeto não tem rendido o esperado. Têm-se um número considerável de acessos,

superior é claro, ao de assinantes do modelo impresso, mas sobretudo de pessoas

de outras regiões.

O resultado foi apresentado nesta pesquisa através dos questionários e en-

trevistas realizadas em outubro deste ano. 48% dos entrevistados ex-assinantes do

Jornal impresso Estado do Tapajós não aprovou a mudança.

Além disso, vários outros impactos foram percebidos. A autora descreve anali-

ticamente dez mudanças que concluem esta pesquisa. Esses itens também podem

ser chamados de ―Dez impactos do jornalismo digital sobre o tradicional‖.

O primeiro é a Redução da equipe. Como abordado durante este trabalho, por

conta da mudança para o cenário digital, foi necessário rever o modelo de negócios

da redação e muitos jornalistas foram demitidos. O estudo de caso revela isso.

Durante entrevista, a Jornalista Silvia Vieira revela que antes, no período do jornal

impresso produzia em média de quatro a dez matérias por semana. Atualmente,

produz-se de quatro a cinco por dia. Ou seja, reduz-se a quantidade de funcionários,

e aumenta-se a produtividade individual.

O segundo impacto é a mudança cultural. Quem não se lembra dos desenhos

infantis que previam o futuro, um futuro que parecia distante, e que previa uma épo-

73

ca em que as pessoas não iriam precisar sair de casa para trabalhar? Com a tecno-

logia a favor do jornalismo, o profissional nem precisa sair de casa para manter a

população informada. Basta ter boas fontes, boa internet e boas ideias.

Foi constatado que a maioria dos jornalistas que trabalha no jornal só vai a

base para reunião de pautas. O material pode ser encaminhado das respectivas re-

sidências por email ou diretamente no site.

O terceiro impacto é quanto à densidade do conteúdo. Ficou claro, através

das entrevistas realizadas com o proprietário do jornal, que a qualidade e

profundidade do material para o digital não é a mesma que era no impresso. A falta

de tempo e agilidade necessária na internet é o motivo apontado por eles. A

necessidade do imediatismo não permite que se ouça mais personagens e fontes. O

leitor que acessa a plataforma quer notícias novas, e por isso, o site precisa estar

em constante atualização para informar o público.

O quarto impacto está relacionado à exigência do perfil do leitor da internet. A

mudança na linguagem. Segundo a jornalista que trabalha no veículo, ―As pessoas

que acessam a internet querem uma linguagem mais fácil, informações mais

rápidas, e no jornal impresso a gente têm um pouco mais de tempo de trabalhar a

informação, de ouvir mais personagens. Na internet não. Tudo é muito rápido,

geralmente as informações vão um pouco mais vazias do que seria no impresso‖.

O quinto impacto está relacionado ao modelo de influência. Ao contrario do

que se pensava, mesmo com todas as possibilidades do cenário online, com o uso

da internet em camadas, com a possibilidade de se aproveitar o espaço infinito, a

influência não é a mesma que o impresso.

O sexto impacto é a produtividade. Ponto positivo ao digital. Produz-se mais,

em menos tempo.

O sétimo impacto é a possibilidade de participação nas postagens através do

espaço de comentários. 86% dos entrevistados aprovam o fato de se ter disponível o

espaço para expor suas opiniões.

O oitavo impacto é a redução nos gastos. Com a mudança para o cenário

virtual reduz-se significativamente os gastos com mão de obra, papel, logística e

afins.

O nono impacto refere-se à quantidade de informações lidas. Os leitores

passam a ler mais número de publicações, já que são bombardeados a todo instante

quanto a informações disponíveis em rede.

74

E o décimo e último impacto se refere a informação imediata, agilidade. Antes

com o impresso as informações demoravam a chegar às mãos dos leitores. Hoje

com o advento da internet, as informações chegam imediatamente ao poder do

leitor. Basta um clique.

Considera-se, portanto que o jornalismo digital muda a pratica do jornalismo

tradicional impresso. Os impactos são inúmeros, porém dez são mais significativos.

Alguns acrescentam à vida do leitor. Outros acabam alterando a forma de consumo

das notícias. Contudo, o que se percebe é que a maioria dos leitores e até mesmo

jornalistas ainda não se adequaram às mudanças por conta da crise e aguardam o

retorno do meio impresso ou que ele subsista à crise instalada.

É importante ressaltar, contudo, que 55% dos entrevistados tem acima de 40

anos de idade, o que pode interferir nos resultados desta monografia considerando

que público não tem tanta intimidade com a plataforma digital, em comparação aos

mais novos. E por isso, se a amostra fosse superior, as respostas poderiam variar

das atuais. Porém, indica-se que os impactos do jornalismo digital sobre o tradicional

seriam os mesmos.

75

REFERÊNCIAS

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76

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APÊNDICE

80

APÊNDICE A – Questionário ex-assinantes do Jornal Estado do Tapajós

Prezado senhor (a)

O questionário a seguir é parte de pesquisa que está sendo desenvolvida pela

aluna Samela Bonfim, intitulada ―Impactos do jornalismo digital sobre o tradicional.

Estudo de caso: Jornal Impresso Estado do Tapajós e o atual Jornal digital Esta-

do.net‖, orientado pelo Prof. Paulo Lima.

O objetivo principal deste trabalho é a elaboração de um diagnóstico sobre os

impactos gerados pelo surgimento da internet sobre o jornal impresso no município,

tendo como objeto de pesquisa o Jornal Estado do Tapajós à transição para o Esta-

do.net. O resultado servirá de base para a elaboração do Trabalho Acadêmico Orien-

tado, requisito para a conclusão do Curso de Bacharel em Comunicação Social/ Jor-

nalismo do Instituto Esperança de Ensino Superior – Iespes.

Será garantido o seu anonimato e a participação na pesquisa não incorrerá

em riscos ou prejuízos de qualquer natureza. Sua colaboração é importante e, desde

já, meus sinceros agradecimentos.

QUESTIONÁRIO

1. Faixa etária

( ) 17 a 24 anos ( ) 25 a 30 anos ( ) 31 a 40 anos ( ) acima de 40

2. Sexo

( ) Feminino ( ) Masculino

3. Grau de instrução

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( ) ensino fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Ensino Superior ( ) Pós graduação

4. Durante quanto tempo você foi assinante do Jornal Impresso Estado do

Tapajós?

( ) 6 meses ( ) 1 ano ( ) 2 anos ( ) 3 anos ( ) 4 anos ( ) 5 anos ( ) 10 anos

5. Se cancelou as assinaturas durante o período das atividades impressas do

jornal, o que o (a) levou a cancelá-las?

( ) Problemas financeiros ( ) Qualidade da informação ( ) Acesso a informações

na internet ( ) Migrei do jornal impresso para digital

6. O que o (a) atraia ao jornal impresso?

( ) Profundidade de conteúdo ( ) Agilidade ( ) quantidade de notícias ( )

Organização das informações ( ) Comodidade na leitura

7. Qual foi sua reação, ao saber que o jornal impresso seria substituído pela

versão digital?

( ) Gostei da mudança ( ) Não fez tanta diferença ( ) Não aprovei, preferia a

versão impressa

8. Com que freqüência atualmente você lê a versão digital do jornal Estado.net?

( ) diariamente ( ) três vezes por semana ( ) dias alternados ( ) mensalmente

( ) Quase não leio ( ) Não leio

9. O que mudou a partir dessa transformação na sua forma de consumo das

notícias?

( ) Leio mais ( ) Leio menos ( ) Nada mudou

10. Qual sua relação atual com a plataforma digital?

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( ) Leio como lia o impresso ( ) Quase não acesso o jornal digital ( ) Leio

diariamente ( ) Não leio

11. Se lê, quantas matérias você lê a cada acesso?

( ) uma ( ) duas ( ) três ( ) mais de quatro

12. Você comenta as publicações que lê?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não leio

13. Você acha valido ter disponível um espaço para comentar sua opinião na

plataforma?

( ) Sim ( ) Não

14. Você prefere...

( ) Jornal impresso O Estado do Tapajós ( ) Versão digital: Jornal Estado.Net

15. Qual das duas plataformas representa ou representava maior influência na sua

vida?

( ) Jornal impresso O Estado do Tapajós ( ) Versão digital: Jornal Estado.Net

16. Como você sabe das informações diárias do site de notícias?

( ) Através do Twitter ( ) Facebook ( ) Através do acesso ao próprio Estado.net

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APÊNDICE B - Roteiro de perguntas para o jornalista Miguel Oliveira

1. Quando surgiu? Ano, mês e data.

2. Onde? Espaço físico. Como era na época do impresso e agora.

3. Quem? Pessoas.

4. Como?

5. Porque? Objetivo do impresso? Em que circunstâncias ele foi inaugurado?

6. Quantos assinantes? Primeiro ano. Segundo ano, quando migrou.

7. Público alvo.

8. Dificuldades.

9. Motivo da mudança.

10. O que mudou a partir daí?

11. Os gastos diminuíram?

12. Quanto a receita, o que mudou?

13. O que mudou no quadro de funcionários?

14. Qual a média de acessos diários? Mensais?

15. Quais os maiores impactos percebidos?

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APÊNDICE C - Roteiro de perguntas para a Jornalista Silvia Vieira

1. Desde quando atua no veículo?

2. Como era antes com o impresso? E agora?

3. O que mudou com a transição do impresso ao digital?

4. Como era a estrutura física?

5. Achava melhor trabalhar em qual meio?

6. As pessoas recebem a equipe como recebiam para o impresso? Há um certo

receio, ou pré-conceito?

7. Como é o trabalho atualmente? (onde é feito, em casa mesmo?)

8. Qual das duas formas exercia maior influência sobre os leitores?

9. Tens saudade do impresso?

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ANEXOS

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ANEXO 01 - Termo de consentimento de participação em Pesquisa Acadêmica

Estou ciente sobre a pesquisa IMPACTOS DO JORNALISMO DIGITAL SOBRE O

TRADICIONAL: Estudo de caso da transição do Jornal Impresso Estado do Tapajós

ao Estado.net, desenvolvida pela acadêmica do Curso Comunicação social com ha-

bilitação em jornalismo do Instituto Esperança de Ensino Superior - IESPES, que

tem por objetivo entender os impactos do jornalismo digital sobre o impresso. Estou

plenamente esclarecido de que:

1. Ao responder as questões contidas no instrumento da pesquisa, estarei partici-

pando da coleta de dados.

2. Será garantida a privacidade e a confidência das informações sendo a responsa-

bilidade assumida pela acadêmica Samela Cristina da Silva Bonfim sob a orientação

do professor Paulo Lima.

3. Caso venha a aceitar a participação nesta pesquisa, estará garantida a minha de-

sistência a qualquer momento, bastando para isso, encaminhar esta decisão por es-

crito.

4. Por ser uma participação voluntária e sem interesse financeiro, não terei direito a

nenhuma remuneração. A participação na pesquisa não incorrerá em riscos ou preju-

ízos de qualquer natureza.

5. Poderei solicitar informações durante todas as fases da pesquisa, inclusive após a

publicação da mesma. 6. Tenho ciência que o resultado da pesquisa será apresen-

tado publicamente e poderá ser publicado. Ao assinar este documento estou acei-

tando participar da pesquisa.

Empresa:________________________________________________________

Nome Sr.:________________________________________________________

Idade:_____________ Gênero: ( ) M ( ) F Natural de ____________________

Endereço: _______________________________________________________

Telefone para contato / e-mail: ______________________________________

Santarém (PA), ______de _________________________de 2014.

Assinatura:

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ANEXO 02 - Exemplar do Jornal Impresso O Estado do Tapajós

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ANEXO 03 - Exemplar do Jornal digital O Estado do Tapajós

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ANEXO 04 - Exemplar do jornal digital O Estado.net

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ANEXO 05 – Estatísticas de acesso no período de 01/05/2013 - 14/10/2014

91

ANEXO 06 - Estatísticas de acesso no período de 08/10/2014 - 14/10/2014

92

ANEXO 07 - Estatísticas de acesso no período de 15/05/2013 - 31/12/2013

93

ANEXO 08 - Estatísticas de acesso no período de 01/01/2014 - 14/10/2014

94

ANEXO 09 - Estatísticas de acesso no período de 08/10/2014 - 14/10/2014

95

ANEXO 10 - Estatísticas de impressões do período de 15/05/2013 - 31/12/2013

96

ANEXO 11 - Estatísticas de impressões do período de 01/01/2014 - 14/10/2014

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ANEXO 12 - Estatísticas de impressões do período de 01/05/2013 - 14/10/2014