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JANEIRO19 2 7

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JANE I RO19 2 7

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0 homem ia tranquillo lendo o seu diário, sobrea chronica policial, porque é amigo das emoções fortes e nema politica, nem a vida social, nem os theatros têm para elleinteresse, porque diz que isso já foi publicado cem vezes.

Lia, pois, os crimes mais sensacionaes quando de repen-te chega-lhe ao nariz um perfume delicadíssimo.

0 homem tem úm olfacto muito sensível, e b que émuito raro, muito delicado, e cousa estranha tratando-se deum perdigvíeiro policial. > ;

Furtivamente move-se em seu logar, e de soslaio divi-sa a vizinha que acaba de se sentar no banco de traz, isto é,o que fica logo atraz de suas costas.

— Bonita ni%^! — murmura com os seus botões. — Echeira bem! Coúsa/pouco commum em quem não se pintanem põe loções, porém, é um cheiro original-, Que será?.,.Ignoro; mas a questão é que este perfume me suggestiona. >.

A moça move-se, levantando um embrulho que trazia so-bre os seus joelhos, e o delicioso perfume invade todo ocarro. ;•;

0 homem não pôde conter-se, volta-se, sorri e saúda-amoça, e com voz de canna rachada, igual á que resulta de umpente coberto com papel de seda, diz á moça:

Senhorita, a senhora é uma flor de belleza, porém-operfume da senhora me é desconhecido! A que cheira a se-nhora, se não ha atrevimento na pergunta?

Não sou eu, senhor. E' este embrulho, em que trago ai-guns sabonetes Reuter, o mais af amado, o mais puro, o maishygienico e o mais rico entre todos os sabonetes..*; /v/.

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Senhor DoutorWashingtonLuis Pereirade Souza

Presidenteda Republica

dos EstadosUnidos do

Brasil.

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RfO DE JANEIRO — JANEIRO DE 1927 ANNO VIII — NUMERO 7 7

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MEU gaio, pobre môcho sem azas,carrega nos olhos côr de incenso,grandes e tristes, o espasmo deuma commoção que eu nem sei

eníender. As vezes, quando me debruçosobre esta mesa, a pensar uns pensamentosdistantes,-farrapos que o tempo me deixou cádentro,-elle se enrósca á beira do tapete, fixan-do-me, adivinhando, quem sabe? tudo que eusinto. Não foi alegre nunca este animal. Desdeque mora commigo, parece absorto, a existir deuma outra vida, com qualquer imaginação que o

to prende todo. Hei de acabar acreditando queto no meu gato anda exilada a alma de

algum poeta, de algum assassino,ou de algum santo...

ÁLVARO MOREYRA

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Quando lhe communicaram que lhe haviasido concedido o prêmio Nobel, o genial escriptoringlez, autor do " Manual do Perfeito Revolu-cionario", teve uma phrase irônica, que haveriaexplodido no conclave da academia sueca comouma bomba.

— Supponho que me concederam o prêmioporque durante todo este anno não escrevi nada...

E' o primeiro escriptor que se atreve a rir-se do solemne jury. Anatole France teve pala-vras de agradecimento...Romain Rolland cho-rou... Spitler surpre-hendeu-se... Knut Ham-surn prometteu conti-nuar escrevendo.

Só Georges Ber-nard Shaw se riu pelasimples razão de que acada livro que escreviaelle a si mesmo se pre-miava com o prêmioNobel de sua formosavaidade de escriptor fe-cundo e genial.

Esta é a mais ge-nial de suas anecdotas.

Georges BernardShaw nasceu em Dü-blin, em julho de 1856.Seus pães, não obstantea escassa fortuna, eramparentes próximos da po-breza. Delles herdou Ge-orges Bernard essa som-ma de característicos, que deram á sua obra e ásua individualidade uma inconfundível marca.

Georges Carr Shaw, seu pae, era de umtemperamento humorístico e ao mesmo temposensível. Tinha certa falta de caracter, qualidadeque sobrava á sua esposa, mulher voluntariosa,sem prejuízos, enérgica e decidida, que haviaherdado dos pães — modestos camponezes —uma vitalidade rica e uni temperamento que aafastava dos cuidados domésticos.

A infância de Georges se desenrolou numambiente que participava, — caso freqüente nadas cidades inglezas e dessa despreconceituosaburguezia média — dessa pacata familiaridade

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indisciplina espiritual que preside á formação docaracter irlandez. Foi máo estudante. Comtudo,aprendeu musica. Praticou numa agencia de pro-priedades. Passou, logo após, para Londres, ondese empregou numa companhia de telephones. Fo-ram, estes, três annos de luta viva.

Shaw começou a sentir os impulsos de suavocação para a literatura: nas horas livres, visi-tava bibliothecas, museus, pinacothecas. Sua sen-sibilidade nutre-se de sensações novas e, de

prompto, como uma re-. velação, como uma ne-cessidade que se foraplasmando 1 a b o riosa-mente no mundo sub-consciente e que agora,numa profunda ânsia deexpressão, lhe golpeiao coração ardentemente.Shaw sente que as suasleituras lhe abriram umaj anel Ia immensa para oinfinito. Uma janella acujo peitoril não maisdeixou de assomar, des-de então, • o seu rostobarbado, incisivo, cheiode intenção judaica, emcujos lábios apparece,redivivo e sazonado dehumor britannico, o sor-riso de Molière, comquem tão justamente ocomparavam.

Contava elle poressa época cerca de vin-

te e três annos, e deu para freqüentar os peque-nos clubs em que seus compatriotas se àborre-cem, entre whisky e whisky e cynicas pitançasde cachimbo. Ali aprendeu a arte da charlatani-ce, tão difficil de adquirir para um homem deseu paiz. Converteu-se num indivíduo verboso,trocadilhista, paradoxal e irônico. Gostava deconstruir e desfazer theorias, contar anecdotas,fabricar pilhérias e, sobretudo, captivar por ai-guma forma a attenção dos ouvintes.

Não contente com o seu publico, um dia,vestido de um phantastico sobretudo verde, comum par de sapatos emlambuzados de barro e umchapeuzinho de seda multi-rajada, começou a

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•'discorrer sobre assumptos políticos pelas apra-ziveis praçazinhas e ruellas da Londres suburba-na, entre a displicente complacência dos poíiciaese do grosso publico, ao qual divertia, pois pigmen-tava os seus discursos de historias, como um ven-- dedor de bugigangas ou de tônicos maravilhosos,cncarapitado no seu kioske.

Daquella época data a sua abstêmia e o seuvegetarismo. -Sentira, desde antes, o estômagoestragado pelo aguardente dos botequins e pelosguisados e postas de carne horrível dos "frege-moscas"..Dedicou-se, então, á verdura e á águamunicipal, tornou-se egloguico. Accommodou oesophago aos preceitos vergilianos. Comia sopade couves, como o innocente Sócrates, bolos decogumelos, como o dispendioso Petronio, aspar-gos em molho branco, como Seneca, papas deforno, como Mistral, sueco de uvas de qualquerquitandeira, e, como sobremesa, maçãs assadas,no que se differençava de Adão, que as comiamesmo cruas.

Escreve e publica, por esse tempo, os seusprimeiros romances. Collabora em revistas desegunda ordem. Ganha um pouco mais e, poristo, acerescenta ao seu cardápio evangélico váriospratos novos.

'O laço irracional", "O socialista insocia-"Um amor entre artistas", "A profissãode Cashel Byron" são as primeiras producçõessuas em que aponta essa ironia e essa mordaci-

dade desconcertante e risonha que lhe deramfama no correr dos annos.

Um dia, George Bernard Shaw sentiu ne-cessidade de sentar-se numa cadeira de theatroe recrear os olhos com as decorações scenicas emnundar os ouvidos' dos diálogos fictícios.

Por alguns pyence assistiu á representação daCasa de boneca. Dahi data a sua admiração porJbsen.

Estava, com ef feito, em optimas condiçõessentimentaes para comprehender o genial drama-turgo norueguez, pois se havia feito socialista epoude ver defendidos nas vigorosas peças deIbsen os idéaes que então o seduziam.

Tal foi a impressão que lhe produziram o sô-pro de rebelde firmeza e a força psychologicaenorme condensada nos personagens de Ibsen,que não vacillou em atacar valentemente Shakes-peare para exalçar o seu favorito. Gesto que es-candalizou a opinião ingleza. Foi esta a primei-ra dôr de cabeça que provocou em seus compa-triotas. A serie, logo a seguir, foi tão longa quemuitos inglezes ficavam neurasthenicos e toma-vam aspirina por culpa de Georges Bernard Shaw.

Alternando com as suas actividades literáriase criticas, publicou também numerosos folhetosde propaganda literária e vários estudos sobreeconomia politica e finanças.

Começou, também, a escrever comédias quenão se representaram.

Shaw é o mais alto dramaturgo contempo-raneo. Fruto de sua orientação ideológica é aadmirável serie de comédias, agradáveis e des-agradáveis, conforme a sua própria acertadaclassificação. A sua innata rebeldia, sua gênero-sa concepção de uma sociedade nova, sua cons-tante predica em defesa dos fracos que é o eixomoral de suas creações, seu humorismo ridiculi-zante e mordaz, seus ataques á secular hypocri-sia ingleza, sua comicidade irrespeitosa para comas instituições de seu paiz, mesmo as que sãoobjecto de culto e veneração para os inglezes, asua temerária defesa ante a falsa educação pu-ntana de seu povo, collocaram-no á frente dosescriptores de seu paiz.

Tudo o que contribue para fazer mais tristeou mais alegre a vida, isto é, a politica, a prós-titmção, a arte, o roubo, o crime, a guerra, oscientificismo, a justiça, a philosophia, o impe-nahsmo, tem sido tratado, aprofundado, explora-do por este intuitivo genial que escarvou, com asua penna, o coração da humanidade.

No que representa como critica social e porseus constantes ataques contra as classes podero-sas, que sem piedade ridiculizou, a obra de Ge-orges Bernard Shaw é a de um profundo anar-chista que deu leveza ao seu credo definitivocom esse Iimiiour inimitável, destinado a suavi-xar a aspereza crua de algumas de suas peças.Neste sentido — e no outro — Shaw é aantithese de Rudyard Kipling, o autor do impe-nahsmo britannico, o convidado official das fes-tas do Buckingham Palace.

A índia existe como possessão ingleza, maisdo que nas cartas officiaes e nas columnas esta-tisticas, nas narrações fabulosas do escriptor co-!ümal,nos contos da "Jungle" e no admirávelKim , um dos romances mais bellos da litera-lura contemporânea.

Em troca, a Inglaterra existe graças a Ge-orges Bernard Shaw, que nol-a mostra a cadainstante, com todas as suas qualidades e defeitos,sem deter-se ante nada e ante ninguém."Non Olet", "Cândida", "Santa

Joanna"'que provocou, como todas as suas obras, accesapolemica), "A

profissão de Mrs. Warreii", quefustiga o trafico de brancas que medra para gozoe recreio da sociedade capitalista, "O heroe e osoldado", e muitas outras de suas comédias per-durarão como testemunho de seu grande talentoe de sua enorme capacidade de trabalho.

Definitivamente: Shaw é um realista genialque participa, sem confundir-se, da sensibilidadepolemista de Renan, do solido materrialismo de/ola, da graça picaresca de Scarron e de Sternedo máo humor de Voltaire, da firmeza casuistica'de Carlos Marx e de Proudhomme e, sobretudo,da elegância de Molière e da audácia de Ibsen,cos quaes directamente deriva.

ANÍSIO CAMARGO JÚNIOR.

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Por esta grande tarde azul, serena e fria, ¦emquanto nos rosaes agonizam as rosas,em cariei as de seda, as tuas mãos nervosascantam na livida brancura do teclado,quaes dois pássaros tontos de harmonia. . .Teu helleno perfil brilha, transfigurado. . .

. . . Scismo que vae, em sons, te evolando no am-[biente,

imponderavelmente. . .

A alma de luar de Schumann estremeceo silencio, e reíulge em clarões musicaes.As plangencias do "Aveu", num perfume de

[prece,voam, sonhando, no ar, transformadas em ais. . .Ao meu olhar, quasi te desmaterializas. . .As tuas formas vão fazendo-se imprecisas. . .o teu corpo se esfuma... a tua alma lyrialem musica se esfaz, em musica se expande:tua alma é todo o teu ser: todo o teu ser é um

[grande,um doloroso e humano sonho musical!

A tarde vae agonizando. . .(Esta angustia mortal, que entra a sala, adejando,como uma ave tristonha, é da tarde que nasce,ou vem das tuas mãos, que soluçam, canóras?...)

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... E eu me quedo a pensar: se eu te falasse tudo?...se eu te. dissesse tudo, e tudo confessasse?. . .

. . . tudo em que não pensaste. . . ah! tudo que[inda ignoras. . .

Pulsa-me o coração nos lábios soffredores. . .Neste silencio atroz, que é um desespero mudo,murcham palavras nos seus lábios, como flores...

Nada te confessei da minha pobre vida. . .Mas essa confissão dolente e commovida,que — sem querer — não fiz;a pobre confissão que não farei jamais,(Covardia infeliz de tentar ser feliz!. . .)a minha confissão •— estes meus sonhos vãos,floridos ae manhã, mortos na tarde fria —transfigurada em sons, em musica e harmonia,vibrou nas tuas mãos sentimentaes. . .vibrou, chorou, gemeu. . .E tu não comprehendeste, e não sentiste,meu grande Amor!, que, emquantoSchumann chorava, dentro em tua alma doce e

[triste,a tristeza tristissima do prantodo "Aveu", e o meu olhar sem luz buscava o teu,— a confissão do meu amor, que não ouviste,chorava em tuas mãos!. . .

A alrna de Schumann na tua

[alma

e a minha alma nas tuas mãos,

por uma tarde sentimental. . .

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SENHORA RÉGIS DE OLIVEIRAEmbaixatriz do Brasil em Londres

Elfa é a finíssima compositora üina de Araújo, nome dos mais admirados no mundo musical brasileiro

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CONTO G^JUCUOÚ

Çefcrmláa ©am^eiitfpieiraNaquelle domingo endomingou-se: bombaxas no-

vas, rossilhonas novas, paíetot novo. tudo novo emfolha; atou ao pescoço um lenço de seda sulferino,afivelou as chilenas reluzentes que nem prata,quebrou na testa o chapéo de abas largas e barbi-cacho de couro. Mirou-se num caco de espelho,sorrindo nos dentes miúdos, esverdinhados pelo'amargo. Sentia-se mais ou menos apresentavel...E' que naquelle dia resolvera dar um passo deci-sivo: chegar emfim ás falas com Inhá Gertrude,sobrinha do Major Polycarpo, dono da estânciaBella Vista. Ia afinal pedir-lhe a mão em casa-mento!

De pala ao hombro, passou a perna no redon.ãobragado. cabos brancos, e ganhou a estrada notranquito...

A imagem de Inhá Gertrude enchia-lhe a ima-ginação exaltada: revia-lhe o rosto moreno rosado,a bocea fresca e pequena como uma rosa silvestre,os olhos negros como tuna noite sem estrellas, oscabellos de um leve tom azulado que nem aza' demarreco, a carnação rija, os seios espetando o cor-pinho de chita clara... Que meninão de truzi...

.Mentalmente, na andadura cadenciada do ani-mal, preparava o improviso com que havia defazer a declaração:

Inhá Gertrude! eu tenho uma coisa p'ra lhedizer...

Ella então, a modo embaraçada, sorrindo na-quclles olhos negros, indagaria, por certo:

Que é que Vancê tem que dizer, seu ChicoPedro?

E elle então:Eu gosto tanto de Vancê! e, precipitando odesfecho: si a gente se casasse!...

Ella ahi ficava corada. que nem uma maçã ca-moesa e. certamente, sacudiria a cabeça que sim.

Deste modo estava tudo arreglado! Seriam tãofelizes! Haviam de ir morar no rancho que ellepróprio construiria em terras da fazenda onde serviacomo peão. Econômico, possuía algumas pelegasMuc clava a guardar ao Coronel Gaudencio, do La-geado. Tencionava depois do enlace comprar umajunta d. bois e um arado e oecupar-se na lavra^

terra; era iSS0 mais commodo que a vida alçad,de campeiro.Emquanto ia futurando todos estes projectosaproxnnava-se de Bella Vista. No dia seguinte pr .-cipiava o serviço de marcação nessa estância e elle» Pastar sens adjutorios - pretexto para ver InháGertrude o fazer-lhe a declaração ha tanto plane-ia<a e transferida. Nunca se atrevera a falar._,sobre assumpto de namoro. Invencível timidez o

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tolhia. Bem vontade tinha elle de lhe dizer qual-quer cousa bonita quando a tirava para uma pouca,mas não lhe oceorria nada que prestasse; depoisde uma ou duas voltas pela sala. de braço dado,sentava o par, sem lhe dirigir siquer uma palavra.'Fm presença delia ficava mais bronco que umatronqueira de curral! Mas naquelle dia armara-sede coragem: - Inhá Gertrude, eu tenho uma coíspP'ra lhe dizer!.. F.ra assim que havia de princi-piar...

De uma curva da estrada avistou a casa riafazenda, branca, no alto de uma cochilha - ao ladoum umbu negro no céo azul, a mangueira de moi-roes, o potreiro corn a eguada pastando..

A um leve inclinar de corpo para a frente oredomao, priscou para a disparada; elle porémsoffrcnou o bicho, continuando a marcha num .1-lope largo...A idéa de ver em breve sua cabocla enchia-lhe

de alegria o coração.O vento frio de Setembro zurzia-lhe o rostomdiatico e enchia-lhe os largos pulmões do ar ourodos campos.Ia ainda alto o sol por cima dos serritos aolonge quando elle bancou as rédeas no terreiro daestância.Vieram-lhe então aos ouvidos sons de gaita e oalarido da peonada no galpão. Era dia de festacaramba. Si houvesse dansa, iria dansar „„,a marcacom Inha Gertrude e ahi lhe disparava á queimaroupa o que levava engatilhado!...A> pressa desencilhou o bagual, largou-o no po-re.ro, e vem bombear a funeção. Batia-lhe no pei-to o coração apressado Ia vel-a. ia falar-ihecm fun!...O galpão estava apinhado de gente: peães daestanca, tropeiros, aggregados. ehirús, pessoal davisinhança. Uns de pé. outros sentados, outros d*cócoras, tinham formado um circulo em torno dêco,s cantadores - Manéco da Potranca c JucáChnnbe - que cantavam ao desafio, ao som dascordeonas, entre applausos , gritos dc m^asmo.Chico Pedro relanceou o olhar pelos assistente,

quedou desanimado: nenhuma saia p'ra remédiocaramba! era tudo marmanjo!Notou, porém, qUc defronte, do lado de forastaconaya um grupo de raparigas c creanças Em'tre aquelas estava Inhá Gertrude! Ao dar com osolhos nella se„„„ llm baque „0 pe|.|o gsofrenaço - ella lhe sorria! Seria para elle ou par,a testa aquelle sorriso? Era oara .11*.... • _-,i d paia elle, semduvida!... '

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Os pajadorcs cantavam agora quadras diverti-das, animando ainda mais a funcção:

Saiba toda a freguezia,Saiba todo o visindario,Que p'ra sumaua me casoCom a filha do seu vigário. ..

E os assistentes enthusiasmados;Ahi, cabra destorcido!Mas o Manéco não fica atrás! Dá-lhe em

riba, Aíanéco!

O amor é bicho damninhoQue se intormette no peitoQuanto mais se enchota o bichoMais elle nos tem sojeito!..,

Muito bem! Muito bem!...Esta não valeu, não tem graça... Chega-lhe

a marca na paleta, Chico Chimbé!...

Vendi tudo quanto tinhaSó p'ra me chegar a ti.Só não vendi as cilorasPorque nunca as pissuí...

Chico Pedro, porém, não ouvia os cantadores,absorvido como estava com a idéa de falar a InháGertrude e declarar-lhe seu grande affecto.

Deu volta ao galpão e chegou-se ao grupo dolado de fora.

Ella estava ali, junto delle! Quiz dirigir-lhe apalavra ali mesmo, mas havia tanta gente!.. aoccasião era imprópria; convinha esperar um pouco

Impacientava-se; o raio da cantoria não acabavanunca!...

Era já quasi noite quando as gaitas silenciaramOs assistentes foram dispersando. Inhá Gertrudeencaminhava-se ligeira para a casa da fazenda.

Chico Pedro seguiu-a, apressado. A opportuni-dade, imaginava elle, não era das melhores, maspodia ser que não se apresentasse outra.

Ao emparelhar com a rapariga, balbuciou comos lábios descorados e trêmulos:

Inhá Gertrude! eu tenho uma coisa p'ra lh<?dizer !...

A moça parou, surpreza, fitando-o com umolhar frio que lhe tespassou a alma.

Inhá Gertrude! eu gosto tanto de Vancê! .Ella, num gesto de revolta e de desdém, lan-

çou-lhe estas palavras : — Você não se encherga! ..e continuou seu caminho sem lhe dar mais attenção.

O rapaz quedou como que apalermado; acom-panhou-a com o olhar humido até vel-a sumir-sena larga porta escura da fazenda.

Jamais lhe havia passado pela imaginação umarecusa, e muito menos de modo tão brutal! — Van-cê não se encherga!

Funda melancolia invadiu-lhe a alma como sitodo o negror da noite, que descia, nella se con-centrasse...\aca

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KAMNo galpão, deitado sobre os pellegos, com a

cabeça recostada no lombilho, elle imagina o quevae ser de sua vida sem aquelle amor que era todasua esperança! Como um estribilho doloroso, vinha-lhe de contínuo aquella phrase cruel:

Vancê não se encherga!Ao seu pensamento inculto e rudimentar oceor-

riam agora, vagamente, as razões daquella repulsa:como se atrevera elle a erguer os olhos para InháGertrude, a sobrinha de seu Major Polycarpo, omais rico fazendeiro daquellas redondezas, elle, umsimples p^ão de estância?! Não pensara nissoquando principiou a querel-a. Agora era tarde, erao irremediável!...

A inesperada attitude da moça exacerbava-lheainda mais a paixão, espicaçando-lhe o amor-próprio espesinhado.

Não! isso não ficaria assim! planejava elleno ennervamento da insomnia. De qualquer modohavia também de fazer soffrer cruelmente a quemtanto o maltratava!

A' idéa exaltada vinham-lhe scenas de vioien-cias e de sangue, que elle procurava arredar. noseu desvario. Afinal, quem era o maior culpado dctudo isso? Elle! Deixára-se tomar por aquelle pro-fundo sentimento sem ter a certeza de ser corres-pondido! Era o único culpado! Devia portanto sof-írer sósinho! Uma onda de amargura crescia-lhepelo peito, marejando-lhe os olhos...

Ouvia-se ao longe, espaçado, o cantar dos gal-los. Estava próxima a hora de levantar para ostrabalhos da marcação. Eram três ou quatro diasem que ficaria na estância; poderia vel-a, estar pormomentos junto delia! Havia de affectar a maiscompleta indifferença, como se nada se tivessepassado!... Teria forças para levar ao fim aquelledrama de que era o único espectador, até que adistancia, a ausência sarasse o ferimento profundo?Sim! teria forças; coragem não lhe faltava! Elle erahomem, caramba! havia de esquecel-a, sim! haviade esquecel-a!. . .

Desde cedo começou a faina pela estância. To-dos se entregavam ao serviço com ardor e enthu-siasmo. Pelas cochilhas resoava o alarido dos cam-peiros repontando o gado alçado nas restingas ecapões, apartando a terneirada. perseguindo as re-zes que refugavam á entrada na. mangueira

Chico Pedro desenvolvia desusada actividade,principalmente nos lances mais arriscados, no apartedo gado chucro. Dir-se-ia que procurava atordoar-se afim de aliviar seu tormento dilacerante.

Ao sahir de um camprestre, perseguindo umanovilha, avistou elle o vulto de Inhá Gertrude sobuma latada de maracujá, no oitão da casa da fa-zenda. Habilmente, encaminhou para ali a rez acos-sada. Desejava fazer um bonito deante de sua que-rida!

A' distancia conveniente, atirou o laço, numpialo de sobre lombo, e esperou o tironaço... Anovilha tastavilhou e escornou na macéga... Ellecorreu depois as esporas e o bagual se agachou a

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velhaquear debaixo do relho, disparando afinalnuma carreira desbocada; a poucos metros do sitioem que se achava a moça, rodou, afucinhando, e ogaúcho, lépido, sahiu folheiro, em pé. na frente,passeando com as redéas na mão!...

Inhá Gèrtrude, era homenagem a quem erampraticadas todas estas proesas, olhou-o com olhardistrahiclo e continuou a palestra; porque ella estavaconversando com Manéco da Potranca. O peão, aoreconhecer o cantador, sentiu como que uma adagaa lhe atravessar as carnes!... Era então verdade oque diziam! Inhá Gèrtrude andava cahida por aquellemiserável, tocador de gaita, alarife e caborteiro, ami-gado com uma china velha no Rincão da Onça!Uma rajada de cólera invadiu-lhe o peito e elle afa-

gpu com a mão crispada o cabo do facão... Mas,não convinha dar escândalo deante delia. Na pri-meira occasião havia de provocal-o c elle conheceriaentão o rigor da mandaçaia... qual facão, qualnada! para que gastar pólvora com chimango?...era a relho!... aquelle guarachaim pellado só me-recia relho !. ..

Voltando para o campo, no galope, Chico Pe-dro sentia-se invadir de um profundo desanimo.Inhá Gèrtrude desprezava-o para ligar importânciaa um gandúlo. sem eira nem beira, sempre bebedocomo um gambá, de boliche em boliche, na caia-caria!...' Entretanto, a seu pczar, chegava a inve-jal-o! Que não daria elle para ser um Manéco daPotranca e merecer de Inhá Gèrtrude uma palavrade carinho !. ..

Ia proceder-se á remarcação das rezes adqui-ndas recentemente. Encerradas na mangueira, eramtocadas, uma a uma por estreito corredor para ocurral de pedra.

Em dado momento desembocou, vindo da man-gueira, um touro brazino, cie aspas curtas e afiadas ¦com os olhos injectados, escarvava o chão e o cornotodo lhe tremia convulso.

O

!&llfChico Pedro, de laço na mão, avançou até apoucos passos do animal, incitando-o.

— Que nova gaúchada iria fazer Chico Pedro?imaginavam os espectadores daquella scena arro-jácla.

Fez-se um grande silencio de espectativa ancio-sa, no meio do qual ouviu-se a voz do velho Ma-lachias: — Cuidado, ermão, este alimal não é debrincadeira!

A fera, assombrada por certo com tamanhaaudácia, recuou e, em seguida, investiu como umrelâmpago, em linha recta, de cornos baixos... 0peão como que tentou quebrar o corpo á direita;era, porém, tarde! colhido pelas verilhas foi sa-cudido freneticamente nas aspas e arrastado porlargo trecho. . .

Num relance, dominada á rez, correram todoscm soecorro do peão. Elle jazia com o ventre aber-

to, arquejando numa pouca de sangue...•Carregado a braços para o galpão, accorreram

as mulheres da casa para vcl-o. Elle agonisava.No grupo em torno fazia-se o commentario :1o

desastre:Estava provocando o alimal, explica con-

jecturando o velho Malachias, para dar-lhe umpialo de cucharra, mas porém foi infeliz. Pobrerapaz, tão jove!

Bom filho, bom amigo... lamenta, de olhosvermelhos, Manéco da Potranca.

E o Major Polycarpo: — Não sei como o bra-zino o pegou! São cousas que acontecem quandoa gente menos espera. Elle era levianito e espertoque nem um gato !. . .

Muito pallida, Inhá Gertrucb olhava-lhe o rostoindiatico, de uma côr terrosa c bassa. Elle fictava-asorrindo, com um sorriso de intima felicidade nosbeiços arroxeados, nos olhos já meio émpanadospela nevoa da morte...

Ninguém soube do suicídio de Chico Pedro.

uim negro que não leüSbakespeare...Havia na antiga capitania de S. Vicente um negro bem negro apaixonado porumaAinda mulher "loura. Um negro que repetia, sem nunca ter lido Shakespeare todaa phantastica tragédia de Othelo. Um negro que amou e foi amado. Que sonhounoites inteiras com o amor de uma linda mulher loura e que teve um dia entre os

durados508 de Carregad°r dC Caíé a Hnda mulher lo"ra dos seus sonhos

Mas a mulher loura fugiu. Não queria mais o abraço forte do negro bem negroque empolgara, certa noite, a sua volúpia louca. :E o negro teve um pensamento doido. Que poderia elle fazer de mais bello nomundo, que con,.,.,» o amor de „n,a linda mulher .oura? Aqnillo seria, sem duvida

un So": '

d' tCrra' a S"a C°rÔa C'e S'°ria "° ""»*>• ^» »«o viria outra vEuma outra mulher assim tão linda, assim tão loura, tremer de desejo dentro docirculo férreo dos seus braços retintos... °

Foi, portanto, mais Othelo que Othelo.Matou-a. Matou-se. E matou, antes de

pessoas.Este negro bem negro é um estheta.

matar-se, mais uma ou mais duas

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(Trecho de uma palestra de Medeiros e Albuquerque, na Academia Brasileira)

"Pintar um Lauro Müller convencional esolemne seria pintal-o desfigurado. Todos sabemque ainda nos últimos momentos de vida elleguardou uma tão risonha serenidade que grace-jou com a própria morte.

Esse gracejo foi uma allusão a certa aneedo-ta, que Lauro contava aqui, na Academia, noultimo dia em que esteve cornnoseo.

Era, dizia elle, a historia de certo portuguezignorante, que foi visitar um companheiro no hos-pitai.

Disseram-lhe que convinha não acabrunharo doente com pensamentos tristes, porque se acha-va, apesar da sua luci-dez, em estado desespe-rador. O visitante pro-metteu.

Abeir and o-se doleito do enfermo, este re-conheceu o patrício eagradeceü-lhe o ter-selembrado delle. Pensan-do ser fiel á recommen-dação que lhe haviamfeita, o recém-chegadoacariciou o companheiroe disse-lhe, apenas, ama-velmente:

— "'Agoniza n t ezi-nho, agonizantezinho..."

Foi esta designaçãoque Lauro, a si mesmoapplicou poucas horasantes de morrer, quando

um amigo lhe perguntava qual '

o seu estadoe elle respondeu: "Agonizantezinho!".

Um gra-cejo qual fôr, nesse momento, prova uma enor-me fortaleza de espirito. E Lauro a tinha. Soba sua apparencia despreoecupada e risonha, elleera uma vontade tenaz, uma intelligencia de raralucidez.

A fama que mais lhe quizeram dar foi a deastuto. Astuto elle era sem duvida; mas a suaastucia era feita de uma intelligencia agudissimae de um profundo conhecimento dos homens

Pinheiro Machado, que o temia, chamou-lhe um dia "raposa de espada á cinta".

Todos comprehendem, aliás, que o chefepolítico de um pequeno Estado, que tem apenas

quatro deputadinhos, não podia manter-se naproeminencia em que Lauro sempre esteve, semser um homem de talento superior. Não ha nemum outro exemplo análogo ao seu na nossa poli-tica. Quando outros venciam pela força, pelasameaças, pela corrupção, elle manejava apenasesta arma, que não está ao alcance de todos: ven-cia pela intelligencia.

Exaggerou-se, porém, a tal ponto sua astu-cia, que em tudo havia quem visse uma segundaintenção nas suas palavras.

Contaram os jornaes, por oceasião de suamorte, o que lhe aconteceu, quando, num dia chu-

voso, elle recusou a of-ferta de alguém, que lhedfiférecia leval-o de au-tomovel. Lauro disse,muito naturalmente:

—' Eu tenho o meuguarda-chuva.

O interlocutor, nãoquerendo parecer tolo,respondeu-lhe t r i um-phante, que tinha perce-bido a allusão.

Em vão Lauro lheperguntou de que allu-são se tratava. Mas, ooutro, com um ar fino-rio, limitava-se a repe-tir que tinha enten-dido.

Conta-se de um su-jeito que era muito men-tiroso. Certa vez, alguém o interpellou sobre uma

viagem que ia fazer. Para onde era? O men-tiroso, ao menos dessa vez, respondeu a verda-de: que era Minas. O outro, porém, não se

conteve. Atalhou-o, dizendo:V. é sempre o mesmo mentiroso! Es-

tá dizendo que vai para Minas, para eu pensarque V. não vai, quando eu sei que é mesmo paraMinas que V. tem de ir...

De modo que, o pobre diabo, passava pormentiroso quando mentia e quando dizia a ver-dade.

Lauro tinha chegado para muitos a uma si-tuação análoga: elle passava por astuto, quandofazia e quando não fazia astucia. Por isso, um

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que lhe gabavam a finura, elle respondeuque não merecia a fama, porque o verdadeirofinório é aquelle que ninguém percebe que temtal qualidade. -

Mas elle a tinha. Outros triumpharam napolitica com a força, com o apoio de grandes Es-tádos. Elle sempre triumphou a golpes de finurae talento.

Para se sentir como sua intelligencia era ma-leavel, basta pensar em que Lauro serviu em doisministérios inteiramente diversos. Se, porém, ser-visse em qualquer dos outros, ninguém estra-nharia. Elle estava bem, estava perfeitamenteadaptado em todos elles. Uma velha phraserhetorica contrapõe o arado á espada. Elle, quefoi durante muito tempo presidente da Socie-dade Nacional de Agricultura, estaria tão bemna pasta do arado como.na da espada. .

Era uma figura, deliciosa. Pertencia a umaraça de homens de valor, que gostam mais deler homens e coisas, do que de ler eseriptos.Porque nunca foi um grande devorador de li-.vros

• Clémenceau, pintando a opposição entrePoincaré e Briand, dizia ao primeiro que sabiatudo e não entendia nada, do segundo que nãosabia nada, mas entendia tudo.

Lauro estava — exactamente nas mesmascondições — mas muito mais perto desta segun-da categoria. Entendia tudo, com muito poucaleitura.

Pia uma espécie de vampirismo intellectualde certas pessoas que conversando alguns minu-tos com outras parece que lhes haurem, que lhessugam toda a sciencia... Rapidamente assimilamnuma conversa o que o. outro só aprendeu emlongas leituras. ...

Lauro era assim.Para tomar dois grandes nomes conhecidos,

basta pensar em Ruy e Lauro.Se dessem a ler a Ruy a biographia de qual-

quer pessoa, elle a aprenderia immediatamente.Ficaria sabendo-a a fundo. Mas na pratica, sese encontrasse com esse alguém tão estudado,deixar-se-hia enganar por elle. Ruy, o grandeRuy, foi um dos homens mais enganados destaterra.

Lauro nunca leria a biographia: mas con-versando dez minutos com a pessoa, ficaria co-nhecendo-a minuciosamente. E não se deixariamais enganar.

Ruy lia livros. Lauro lia homens e coisas.Freqüentemente elle encontrava pessoas

com quem dizia que precisava muito conversare emprazava-as para um almoço ou um jantar.

O convidado, exhibindo-se em publico emqualquer restaurante da moda, na companhiade um homem de valor, tinha prazer nisso.

Ao fim, interrogava Lauro sobre o que de-sejava perguntar-lhe. Lauro lhe respondia quenão era nada: só o prazer de gozar-lhe a com-panhia. . i

Mentira! O outro, sem dar por isso, lhefornecera uma inlfinidade de informações úteis.Quando sahia de junto delle, era como uma es-ponja espremida. Não pingava mais nada.

E L,auro escolhia muito para esses encontroshomens medíocres, homens de classe, homensque pensam sempre como pensa a sua profissão, oseu meio, até, freqüentemente, o seu bairro.

"Porque, ás vezes, dizia elle, conversando-se com um só homem, a gente conversou oucom Catumby ou com Copacabana, ou com a in-dustria ou com o commercio. . . São pessoas quenão dizem nem mais nem menos do que diria amaioria do grupo de que elles fazem parte".

"Os de fora daqui perderam um grandepolítico, sagaz, arguto, 'bem informado sobretudo, com opiniões feitas peb seu estudo pessoaldos problemas, elle era um dos mais altos valo-res do nosso paiz.

O governo actual, que elle ao principio he-sitou um pouco em apoiar, acabou obtendo a suaadhesão. Elle m'o disse um dia nesta phrasepittoresca:

— Decidi-me. .. Acertei o meu relógio pelodo Bernardes.

Mas nós aqui na Academia perdemosalém de tudo isso um companheiro adorável.

Elle chegava, risonho e discreto,-apertava amão a uns, e a outros e subia para a mesa dochá. Ahi tinha o seu dogar certo : era á cabeceira,onde ficava até a hora da sessão, conversandocom uns e com outros, contando anecdotas.

Ninguém as poderia contar mais graciosa-mente. Elle não era, de facto, como esses narra-dores de factos jocosos, que indicam bem ao ou-vinte quando deve rir. Alguns para animar aoauditório, dão o exemplo rindo ruidosamente.

Elle, não. Tinha no bom momento um levesorriso bregeiro, malicioso, que sublinhava apenasde leve o dito gracioso ou a situação cômica".

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Oc"Taplaí oeOarólno .

A monotonia não me traz irritação alguma. Aocontrario, permitte-me de fazer caminhar as minhasidéas por onde me apraz. E principalmente a musicamonótona produz em mim um effeito amável — em-balandò-me os sentidos por uma vaga sensação de sonse permittindo-me os mesmos alheiamentos do espirito.

^ Foi naturalmente por isso que achei estranha aindignação do meu amigo negociante, que tão amarga-mente accusava os cantadores de sambas da sua vizi-nhança.

—¦ São vagabundos! Não podem deixar de ser va-gabundos uns sujeitos que passam o dia nas casas demusica a cantar sambas. E' incrível! Evidentemente,essa gente não tem o que fazer, porque desde 10 horasaa manha já ahi está de folheto em punho, acompa-nnando o piano no seu batuque. Comprehendo que ascasas de musica desse gênero façam a sua reclame.Mas nao supporto esta vagabundagem que se agglo-mera, todos os dias, em torno do pianista que toca sam-has do carnaval. Estão ensaiando — dizem. Mas quecada um ensaie em sua casa - e á meia voz, para nãoincommodar os vizinhos. E, depois, é uma monotoniade cansar. .

nlOT„?c ™" amigo negociante, a quem eu ouvia desdealguns minutos, olhava-me com expressão interrogati-

IS"' P?rem> <i™ não pudera, de prompto, for-IPIP

Re.al.mente- na vizinhança, os sambas succe-nhZ If

mfinten°^per' mas nà0 me causavam ne-FrScfn t.taT- -Crei° ?eSm° que> se nã0 fosse a sua11 ritaçao, talvez nao me tivesse apercebido de que se to-cava e de que se cantava. 4

rectofaS' ° h°mem faZÍa"me ag0ra um aPPelI° indi"

— A imprensa é que podia fazer uma reclama-çaoSahi disposto a examinar este caso grave da vidaurbana, e que nunca me chamara a attençãoPara satisfazer o meu amigo, faria um processo

;- um processo hábil entre os cantadores de samba Emsinuei-me entre elles-A casa de musica estava repleta. Mas havia en-.re essa gente que se acotovellava dois terços a que no-'Zl^mãr ~ ard°reS fluetua*tes: entravam um

S2arPanhayain duas ou tres estrophes ouSm Mflí dTT ?«Cant0' «cravam a musica ebalnam. Mas, de facto, la estavam seis ou oito tVpos fir-wLaCTPanÍland0 ° pian0 com enthusiasmo Ao re-mTmSm^mmmmS? " -**»• » - «i»

sambar ?Z P°r ÍSS°' C0"?ecei a interessar-me pelossambas. Alguns me surprehenderam por sua dolenciapoética, outros pela critica de sua letra, ou ainda peloinexplicável do seu sentido. E quando o grupo, batendoas syllabas convencidamente, cantava -NeZdalZgolla virou saruê, eu ficava entregue á curiola inqâltaçao de morrer um dia sem saber o que fosse saruê.Nao resisti a perguntar a um joven pallido e mal postoque acompanhava os cantos com indizivel prazer Eelle, solicitamente, respondeu-me:

— Saruê ? Não sei.Mas, a sessão continuava, quasi sem interrupção.E eu próprio sorria de puro goso ouvindo que Man-cota foi a feira ae tamanco, e foi dizer ao seu noivinhoque tem dinheiro no banco... Uma pausa. Entre

E™,' enxu«'ava"se ° su°r do rosto. O pianista im-

f^Z' POrem' atacava de novo. E desfiava-semnae! uma critica feroz aos excessos da moda actual.S'^!1! ° UniSf° VÍbr°U ~ Mulher> a Pen^ ™táani! veiu-me uma traqueza mental, que aqui confessoenvergonhado: tive vontade de entrar no samba Esem coragem de ser definitivamente alegre limiteí-méBr%° ;rythmo ra cabe*a" Ss^:?:^oZe?* z srde eêm á santa *¦*-

Um rapaz forte, que o calor tornava apopleticoporem olhando o relógio da loja, abandonou sSSmente o coro, onde sua voz era uma das melhores ana-aZZ^Tm° 6 fÍU C°m dle debaixo StaJ?.Desculpe! Poderia dar-me uma palavra ?Depois de um momento de surpresa, respondeu:.-j feo se quizer vir andando commigo. Estou nahora de entrar no armazém.

O senhor não estava cantando sambas?Sim. Mas, sou empregado, e não vou perder omeu emprego. E, como o samba de carnaval para miml waT

aía' 6U Prefír° nã0 alm°Sar- Q«ando chegamentadoí

* Ç°' ^ Para ° Samba ~ e fico a«-Deixei-o ir. Voltei para a casa de musica Os

TafíicSr™-Mas'precisava interr°^ -Esperei Um pequeno intervallo proporcionou-meopportunidade. O pianista abandonara o piano dei-xando-o, porém, aberto, prompto á primeira investida.Emquanto se conversava, approximei-me, por sym-pathia, do rapaz que não sabia o que era Saruê. Dingi o meu interrogatório mansamente, como quem de-seja simplesmente encher o tempo, e elle depois de ai-gumas interjeiçoes desconcertantes, acabou contes-sando que abandonara o trabalho para ir cantar osamba...Tentei censural-o. Mas rendi-me á sua imnressio-nante sinceridade- Seus olhos tinham um fulZ novo eimprevisto e a sua testa pallida se erguia qido me

. ~ ^ão> ^nhor. Se eu não fizesse isto a vida Dammim nada valia. Trabalho o anno todo sem mfM

lLlutfmtt?eNemqtb *J WU * **** SSSS/iüscuutamente Nem theatro, nem cinema, nem baileis nSvr r ata" tt; *¦**adoro o samba. sTpSÍfstotrTnt oí£T* \começam os ensaios eu venho parlaaS a> * ' ^

(Termina no fim do numero)

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UANDO se ouve dizerque nosso povo foi sem-'pre "amigo de funcçoese espectaculos, que des-de Anchieta e dosserões de Jorge de

Albuquerque Coelhoem Pernambuco", se

divertia com elles, mas que só com os romanti-:os de 1838 é que surgiu o "theatro nacional"(sic), não se pôde deixar de achar uma im-mensa graça e gosar o humorismo fino, rin-do bastante, porque a pilhéria é profunda-mente engraçada!

Se se fizer a pergunta: —: Qual foi oescriptor theatral que tivemos desde que aquiaportou Cabral até o «final do século XIX ? —a resposta será uma interjeição. Não é admi-ração de ignorante, mas todo aquelle que fi-zer idéa do que seja um escriptor theatral ese der ao trabalho de os procurar na íitera-tura brasileira até o fim daquelle século, tal-vez só encontrará um que mereça o titulo.

O Brasil que é quasi sempre exuberamte em todos os ramos do pensamento tantoassim que, por exemplo, é pleonasmo chamar-se poeta a quem aqui nasça, no entanto, emoutro ramo da literatura, o theatro, é dumapobreza apavorante.

Em elogios como em tudo mais, somospródigos em demasia. Desde a carta de Vazde Caminha. ..

No palácio ouro e rosa do Theatro Na-cional, lá estão os retratos de Martins Pen-na, Macedo, Alencar, França Júnior e outrospseudos theatrologos, no entanto, não elevempassar de simples adornos ali postos pela ai-ma phantasista do decorador... Ninguém lhessabe os nomes das peças, e se por ventura ai-guem dado a preciosismo cita um arranjo emtrês actos é para se dar ares de grandementeversado em cousas medíocres. . .

Não são affirmações sem base. Ha do-cumentos insuspeitos. Em 1873 assim nosfalava Machado de Assis: "Theatro. Estaparte pôde reduzir-se a uma linha de reticen-cias. Não ha actualmente theatro brasilei-ro, nenhuma peça nacional se escreve, raris-sima peça nacional se representa. As scenastheatraes deste paiz viveram sempre de tra-ducções, o que não quer dizer que não admi-tissem alguma obra nacional que apparecia.Hoje, que o gosto publico tocou o ultimo

gráo de decadência e perversão, nenhuma es-perança teria quem se sentisse com vocaçãopara compor obras severas de arte".

1926 não seria muito differente de1873... >

Scena passada ha pouco num theatro ca-rioca retrata admiravelmente a mentalidadedo dirigente e do populacho que nos cercam.Annuncisara-se como novidade, uma cousa ve-lhissima em Paris: o nú artístico. Dado otemperamento vibratil, o tropicalismo brasilei-ro, a nossa pouca educação, falou-se em fór-mas desnudas, facto quasi igual aqui á quedadum mcnolitho... o theatro estava repleto.Regorgitava. O espectaculo já estava comgrande atrazo. Brasileiro tanto bastava paraandar atrazado... O publico começava a darprovas de impaciência. O emprezario, comotodo emprezario em imminencia de borrasca,veiu branco, um tanto timiclo, voz tremula etalvez com uma lagrima no canto dos olhosavisar ao "respeitável" publico que o especta-cuío estava demorando porque as heroinas quese tinham de apresentar nuas... se estavamvestindo...

Machado de Assis, que não vencera notheatro, em 1873, dizia: "Hoje, que o gostodo publico tocou o ultimo gráo de decadênciae perversão, nenhuma esperança teria quem sesentisse com vocação para compor obras dearte."

E' verdade que a "decadência" do publi-co continua. Ou por outra se o theatro teveseus dias de glorias esses foram tão poucos erápidos que não se erraria em dizer que sempre houve luta para conseguir publico.

E' verdade também que em 1873, comoem quasi todo o século passado, tratando-sede theatro, não appareceu quem

"se sentissecom vocação para compor obras severas dearte"...

Hoje, se ainda temos o mesmo publico,já existe quem componha obras de bom qui-late. Os que as fazem se ainda não tiveramos applausos do publico, (o que, aliás, não temimportância alguma, pois os bons escriptoresnão devem viver dos applausos da platéa) éporque não os comprehendem. . .

"Cyrano" de Rostand é um exemplo.Notamos, como disse, dia a dia a deca-

dencia do theatro. "Decadência do theatro"digo mal, porque, autores continuam pela vi-da a fora produzindo. Melhor teria dito: a

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dispersão do publico. Numa cidade cosmo-polita como o Rio de Janeiro, vendo-se o pou-co desenvolvimento do verdadeiro theatro eas enchentes de casas onde "mambembes" re-presentam "vaiidevilles"-i_70, revistas de in-fima classe, ou comédias para "fazer rir", aúnica solução é taxar de ignorante o publico

e mui a propósito annotar mais um effeito doanalphabetismo. . .

Lendo-se, porém, chronistas estrangeirose observando o que vai pelo mundo, nota-seque o facto não se dá só em nossas plagas. Seaíé certo ponto a ignorância do nosso povo eculpada, a vazante theatral tem outras causas,inclusive o realce da cinematographia. E' aordem natural das cousas. Em matéria dearte. como em tudo, acerta o riífão da "caçac do caçador"...

Ainda que o cinema esteja ensaiando seusprimeiros passos, e seja uma arte novíssima,já se lhe nota um desenvolvimento que per-mitte prever sua supremacia no futuro. Diaa dia se lhe applicam recursos de outras ar-tes qual o farão subir mais. Depois da archi-tectura e da esculptura terem salientado o vo-lume e as sombras ensaia-se agora os primei-ros coiloridos. Da pintura, já se utilisara dobranco e negro mas o realce dos matizes écousa nova e produz effeito agradabillissimo.Mas a maior victoria cio cinema é sobre o thea-tro. Todas as peças do theatro lhe foramadaptadas com successos. O movimento ra-pi do. a successão lógica dos quadros, aprovei-tando o objectivismo a par do subjectivismoque os _irecto.es, como profundos romancis-tas, tão bem focalisam auguram-nos a victo-ria da arte do futuro. Os maiores actores dascena falada e os maiores escriptores a ellaadheriram, vendo, com satisfação, a immor-talisação do gesto e a diffusão universal de.atas obras.

O cinema tem agencias e rápidos meiosde traducção, ao passo que a vulgarisação thea-trai é mais demorada. Póde-se dizer, que oMieatro, hoje em dia, é todo theatro de gabi-

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nete.Como conhecemos Bernardo Shaw?Esse mesmo theatro floresce entre lati-nos graças ao francez e hespanhoí. bellissimas

línguas que o diffundem.Por (falar em francez e hespanhoí...

Quando me vem a mente ser a nossa línguaa portugueza... Esse túmulo, horrendo co-mo todos os túmulos, que nos deixa isolado domundo e principalmente dos bellos espíritosoue florescem na America... Joven Americaque nos rodeia cheia de tantos povos distinctos.|tie, infelizmente, quasi não conhecemos. Lem-brancas juvenis de coílegial: limites ao nortç

com a Colômbia e Venezuela; a oeste Para-guay, Bolívia; ao sul a Argentina e Uru-guay... depois um turbilhão de nomes eu-ropeus, uma infinidade de lendas estranhascue não nos aproveitam e acabamos por es-quecer aquillo que elevemos estudar. Esta-mos num cemitério. E tudo por causa dalíngua portugueza. Numa carta de Aluisio deAzevedo, o grande romancista affirma: "E'preciso uma bôa dose de bôa vontade parainsistir um 'brasileiro em escrever em nossalingua, porque só para brasileiros escrevemos,visto que nem mesmo os portuguezes toma aserio o que se escreve no Brasil". Ha tambémuma phrase celebre de Hereulano: não a que-ro dizer. ..

E não venha depois meia dúzia de ro-mancistas dizer que é a lingua suave "em

queCamões chorou no exilio amargo"... e queem nenhuma outra encontramos a palavra —saudade. . . De que nos vale a palavra saúda-de. Ha tempos, grande philologo dizia comsatisfação que podíamos fazer intercâmbio daspalavras fooi-ball e abat-jour com a palavramaxixe. . .

A vida inteira vivemos presos a certastolices, preoecupados com questiuncuías éter-nas de orthographia: cousas afinal que de na-da adiantam. Entra século e sae século e nemo nome do paiz sabemos escrever certo

A esses românticos infantilizados só fa-ria uma pergunta:

— Que seria de Machado de Assis, Li-ma Barreto, Bilac, Euclydes da Cunha se ti-vessem escripto noutro idioma?

Afinal, falava de theatro, passei para ou-tro assumpto, hão de pensar que seja propo-sito do escrinhador, começar num assumpto equerer terminar noutro tão differente, mas osextremos se tocam (se é que ha extremos. ..)

e para desculpa diria que a questão do thea-tro não deixa de ser uma questão tambémde idioma.

E não é só idioma. ..Lutam nossos autores contra tudo: con-

tra emprezarios, publico, lingua, época detransição e se faltassem obstáculos diríamos,também, contra o regimen republicano... E'bom não se assustarem... A idéa não é mi-nha. .. E' dum theatrologo, que foi o chronis-ta mais scintillante das margens guanabarinas- Paulo Barreto. Foi o effusiante João doRio quem me fez ver que se tivemos poucosescriptores no século passado, muito menosteremos neste!. ..

_ E elogiava o nosso regimen passado ¦ "E'sabido que as fôrmas de governo, se são ex-pressões moraes dos povos ás vezes, são actua-

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dores das expressões desses povos e que asmonarchias, pelo próprio respeito a hierarchia,própria graduação dos valores — são sempreatmospheras mais propicia ás expressões litera-rias que as republicas. Isto é: as monarchiasdão muito mais importância mentaes. Mesmoquando as monarchias prendem, exilam ou cas-tigam um literato, as monarchias reconhecemo valor desse literato. As republicas, essas já-mais reconhecem o valor dos literatos mesmoquando os literatos tem a acommodaticia qua-lidade de não ter valor". Assim nos falava oautor de "Rosário da Illusão" e, tanto o faziacom acerto que se passarmos rápida vista declhos no segundo Império, vemos aquella fi-gura possante de sábio e soberano rodeada pe-las figuras de escoí da intellectualidade de en-tão. Não só respeitava o valor mas também oincentivava. E hoje? E' melhor não confes-sar. A confissão é ás vezes tão dolorosa. . .

Mas mesmo assim o theatro de então nãovencera. Tínhamos literatos, tínhamos homensde talento, mas faltava-lhes a vocação do thea-tro. Venceram noutros ramos da literaturamas o theatro ficou quasi inerte. . . Só no finaldo século XIX é que iria apparecer a primeirafigura brasileira de verdadeiro theatrologo —Arthur Azevedo. Era toda sua grande obra comfacilidade se reconhecerá o homem feito parao theatro. Para distinguirmos o erro que in-ciclem quantos queiram dizer que elle é con-tinuador de illustres desconhecidos, bastaver-lhe a bagagem literária. Quasi semprevale mais a qualidade que a quantidade, masreparem que pseudo-theatrologos anteriores aArthur Azevedo não iam além da sexta peçae todas medíocres. Arthur Azevedo fez du-zentas! Venceu em qualidade e quantidade.Para o nosso meio onde o escriptor é quasisempre perfeito pai de familia, sabendo criardez filhos e não sabendo compor dois livrosapenas, o autor de "Dote" é quasi um casoraro. E foi dos homens que sabendo escreverbem. foi popular e viveu, graças a sua fecun-cidade, numa trepidação de suecessos. Homemfeito a producções literárias, sua prosa, seuverso possuíam sempre a naturalidade espon-tanea de quem nasceu para theatrologo. Com-pondo operetas, revistas, comédias, monólogos,operas-comicas, em tudo foi um mestre. Co-mo traduetor de Moliére e outros mestres dotheatro não deformava a graça do original."Uma véspera de reis", "O dote", "A jóia",comedia em verso, assim como "A phanta-sía", "A almanjarra", traduzida depois parao italiano, o "Badejo", de grandes successo, asatyra "A

princeza dos cajueiros", o monolo-go "Amor por annexins", e tantas outras pro<ducçoes constituem um conjuneto de duzentas

peças que ainda ninguém entre nós sobrepu-jou.

Coelho Netto — o mágico do conto — eo eterno enamorado do theatro deu-nos pelomenos uma obra prima — "Qiicbranto". A

platéa não gostou. Felicidade. Toda gente de

gabinete ainda a relê hoje com satisfação.Lia uma peça

"Esquecer" uma jóia danossa literatura theatral, cujo mérito não sa-bemos a quem attribuir por serem três os au-tores...

A França tem entre muitos escriptores dogênero, Bataille, Jules Romains com "Knock"

a Hespanha entre outros tem Jacinto Grau, au-tor delicioso de "El senor de Pigmalion" a Ita-lia tem o maior delles — Pirandello — e Da-rio Nicodemi, e nós não precisamos ter inveja:possuímos Roberto Gomes, Oduvaldo Vianna,Renato Vianna e mais alguns que já nos de-ram pequenas obras primas.

Álvaro Moreyra presenteou-nos comTrês e mais alguns, e assim nos fala de quemescreveu " Vestir os que estão mis , que deveser seu mestre: "Dono de imagens inesperadas,perturbador absurdo, differente, Pirandello bo-tou no palco a verdade triste, a amargura semremédio, e as suas tragédias com modos defarça, doem na sensibilidade e rebentam em ri-sos na intelligencia. . . "

Coitado do burguez, sempre amigo das cou-sas que andam direitinhas, o theatro é para elleum brinquedinho que não lhe deve forçar muitoo cérebro, a suecessão de quadros deverá per-mittir que seu cérebro pouco desenvolvidopreveja o final do ultimo acto, e no entanto,apparece um Oscar Wilde ou Álvaro Morey-ra que o levam de espanto a espanto e o dei-xam desnorteado porque o ultimo acto não foio ultimo acto. . .

Benjamin Lima. E' a figura mais pos-sante do theatro brasileiro. Em Paris seria umgigante. Aqui ninguém o conhece. Não é po-pular.

"E é preciso que nunca o seja. . . " Ap-pareceu com assombro ás platéas cultas de 1922com "O Carrasco". x\ntes havia escripto "A

revolta do ídolo". Mais tarde compoz '' Baby-lonia". Depois o autor Ernesto Vilches, umpríncipe do theatro, levou pelo mundo a forasua obra prima, "O homem qeu marcha". Oseu theatro, é o verdadeiro theatro. Não essesespectaculos de que o publico gosta, que o pu-blico applaude e lhe provocam

"bis", não, masuma suecessão de scenas que. dialogadas a ri-gor, cheias de verosimilhanças, nos leva instin-ativamente a tomar parte na representação.Esse theatro que é "vida

que foge para dentroda vida..." feito para ura numero muito re-

(Continua no fim do numero)

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JANEIROQuinta da Boa

Vista. Pão de

Assucar e Urca.

JANEIRO19 2 7

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CONFERÊNCIA QUE O NOSSO COMPANHEIRO ADALBERTO MATTOS REALIZARA'NA SOCIEDADE BRASILEIRA DE BELLAS ARTES

Exmo. Sr. Dr. José Marianno, D.D. Presi=dente da Sociedade Brasileira de Bellas Artes.

Exmas. Senhoras.Meus Senhores, prezados collègas.

Um dever de lealdade nos leva a uma con-fissão: errados andarão os que julgarem existirem nossa palestra, aprimorado estilo ou escor-reita linguagem de literato; sabeis todos que onão somos, e que tentar fazel-o, seria desabusadapretenção.

Com singeleza procuraremos dar vulto aonosso pensamento; missão espinhosa, principal-mente depois dos conceitos cheios de bellezas eensinamentos, externados deste mesmo logar,pelo illustre Presidente desta casa, estheta quetodos admiram, e por Theodoro Braga, o pintor-ereador da estilisação das nossas cousas e his-toriador reputado.

Foi recordando a perenne alegria da nossaterra, onde a belleza brota como o lotus capri-choso, que nos veiu a coragem de vir perantetodos vós, para, numa perigrinação pelas cousasde antigamente, dizer alguma sobre os nossoschafarizes e,vocadores de um passado esplendido!

Muitas dessas fontes desappareceram, dei-xando unicamente a renda caprichosa das chro-nicas; outras foram mutiladas impiedosamente,atiradas daqui para ali, obedientes á vontade doprimeiro potentado!

Bem poucas são as recordações de antiga-mente que conservam o cunho característico etradicional. Tudo tem mudado, mais ou menosdentro do prisma esthetico, deste ou daquelleadministrador. . .

As grades dos nossos jardins, a cantaria dosedifícios, os nossos monumentos ahi estão meu-digando um pouco de carinho.

A impiedade os attinge, emprestando-lhes umaspecto de extranha mascarada...

Para simular um amor inexistente, lançammão de recursos condemnaveis, inutilisando a;;patinas, preciosa collaboração dos séculos. Osexemplos vivos do barbarismo, ahi estão na ma-ravilhosa obra de Rochet, de vez em quandoesfregada com cáusticos e os seus dourados avi-vados com qualquer mordente de pouco preço;estão nos nossos chafarizes, nas nossas igrejase nas nossa arvore!

Deixemos, porém, as cousas tristes; reviva-mos o passado, as nossas cousas bellas que fa-Iam ás almas de todos nós.

Adoptemos aquella philosophia optimista erisonha de Álvaro Moreyra. Ella nos ensina,que "Uma sensação de belleza vive para sempre.Embora nos esqueçamos delia, ella fica, dentrode nós, adormecida; e, um dia, inesperadamente,acorda, num sonho, num instante muito triste,numa saudade... Acorda e é a mesma, e com-move, como noutro tempo tinha commovido...

* * *

Procuremos mostrar o que foram as nossasfontes construidas nos remotíssimos tempos dacidade colonial.

Bem sabemos das difficuldades existentes en ¦

tre nós, para estudar seja qual fôr o assumptode arte; a balburdia e a defficiencia de do-cumentação. são os principaes empecilhos. Per-nambuco, Bahia, Minas Geraes, Rio Grande doNorte e a nossa cidade, são incontestavelmentericas em lavores toreuticos, são verdadeiros re-positorios de um pronunciado gosto esthetico.

Nas noscas igrejas vamos encontrar a arte incer-pretada no granito. na pedra lioz, no mármorede Carrara c na madeira por excellencia; en-contramol-o ainda no metal dos relicarios, nassalvas, nos ciriaes, nas lâmpadas ou custodias;revelando tudo um passado opulento e majestoso,uma civilisaçãò artística caracterisada e umatradição emanadora de um respeito profundo,que os nossos maiores veneram e transmittiamaos descendentes, como parte integrante da edu-cação e da formação da familia.

Infelizmente, taes manifestações aborígenes,aos poucos desapparecem, rumando outros sítios,onde possam ser acariciadas com mais carinhos;livrando-se assim da esfregadura com potassa,jacto de areia ou escopro dos pedreiros, emobediência á vontade dos inconscientes. O mes-mo destino têm os nossos vetustos solares, re-manescentes typicos de um estilo que deveriaser o nosso; documentos reveladores do talentode valorosos artistas, muitas vezes anonymos,mas que sabiam sentir o bello em toda a suaplenitude!

O numero de chafarizes que existe na cidadedo Rio de Janeiro autorisa a supposição de queoutr'ora os nossos dirigentes eram dotados damesma preoecupação dos Romanos. Para o gran-de povo, o cuidado de dotar a cidade de mo-numentos, onde a água jorrasse permanentemen-(e, era notório. Em Roma. encontram-se a cadapasso chafarizes, desde o mais simples ao mais.-umptuoso, verdadeiras obras de arte, onde aarchitectura esposa a esculptura; exemplo dissoencontra-se na fonte das Tartarugas, projectad::por Giacomo delia Porta, é tão bella que a vozdo Povo affirma a intromissão do divino Raphaelna sua construcção; está no chafariz dos Tris-toes. devido ao talento de. Bernine; está no deTrevis, monumental e lendário com os seus ge-nios de mármore, onde a água corre desde osmais remotos tempos, sempre cantando alegriaNós também possuímos fontes, chafarizes que,sem terem a mesma sumptuosidade, são entre-tanto, evocadores de uma época longínqua ecavalheiresca, verdadeiros testemunhos da bon-dade e do carinho dos administradores para como povo contribuinte.

Outr'ora, nos nossos chafarizes a água jor-rava em abundância, límpida e fresca. Da águavendida, vivia uma classe de indivíduos, homenssimples e honrados: os "aguadeiros". Ellesforneciam, a módico preço, a água precisa ao.*habitantes do Rio de Janeiro; distinguiam-se en-tre a multidão pelo uniforme de zuarte. arre-gaçado até aos joelhos; entravam durante amadrugada nos quintaes e na intimidade dascasas, deixando a quantidade de água necessáriaao consumo de cada um .

Um espectaculo pittoresco oífereciam oschafarizes e as bicas da cidade. Durante horasseguidas viam-se intermináveis fileiras de crea-turas, escravos e forros, carregando á cabeça asmais variadas vasilhas: alguidares, potes e bar-rilotes de madeira.

As filas formavam-se deante das torneiras,aguardando cada um a sua vez. Eram as taminas.

E' a historia do abastecimento d'agua doRio de Janeiro, a mais complexa e cheia deperipécias que calcular se possa; data de 1565,época da fundação da cidade por Estacio de Sá.Naquelle tempo serviam-se os primeiros habi-

tantes das águas do Rio Carioca, cuja nascentefica nas antigas Aíattas do Louro, entre Tijucae Paineiras.

O scenario de hoje é bem diverso do deantigamente; as conveniências do progresso as-sim o exigiram.

A respeito da palavra "Carioca"' divergem os

entendidos em matéria etymologica; uns garan-i> m que "Carioca" ou "Ka-ri-o-ca" significa casacl at.ua corrente, água corrente de pedra e mãed'agua e outros: casa da fonte, casados run-jós, ou casa dos brancos.

Discordando dessas diversas etymologias eadmittindo que fosse esse, com effeito, o nomeda fonte ou rio. concluiu o Dr. Baptista Cae-tano que a única solução literal é entender-se"Ka-a-ri-os" corrente sahida do matto ou domonte, ou casa da corrente do matto, mas aindaassim forçando a significação cm "os".

Segundi Martins, carioca signnica "domusfontiX, casa" da fonte ou manancial d'agua quecorre; segundo Martins e Gonçalves Dias, asduas palavras agglutinadas são Cary-ca, corre;e oca, casa.

O chafariz da Carioca foi erigido pela neces-sidade publica como se deprehende da leitura dos"Annaes do Rio de Janeiro até o anno de 1663".Com referencia ao caso, lê-se no Brasil Histo-rico do Dr. Mello Moraes: "A necessidade pu-blica exigia nesse tempo que a Câmara atten-desse aos clamores do povo sobre as águas daCarioca, sem o que não podia elle viver; a ur-gencia das obras era tão importante, que já nãoera possivel transferil-a para tempo mais fa •voravei.

A Câmara viu-se obrigada a ajustar a con-ducçao da água com o architecto Domingos Ro-cha, para trazel-a até ao Campo de Santo An-tonio, no termo prefixo de quatro mezes, pagan-do-lhe 60$000 em dinheiro contado, com aobrigação de metter um homem que o ajudassee trabalhasse de pedreiro nas obras que fossemnecessárias para o dito effeito, cuja obra teriaprincipio no primeiro dia de serviço do mez deJaneiro de 1624, e que, além disso, lhe dariamos officiaes da Câmara vinte indios ou escravos,sustentados de comida, bebida, ferramenta etudo o mais que fosse necessário para aquelleeffeito e que, no caso de acabar a mesma obradentro de quatro mezes ou antes delles, se lhedariam mais 20$000 de alviçaras, e. quando íal-tassem os vinte serviços contínuos, o compen-sariam e não lhe contariam o tempo".

Naturalmente pelas condições pouco vanta-jesas, a obra não foi iniciada. Em 1663, a Ca-mara tentou realizal-a com o produeto de umimposto de 160 réis sobre cada canada de vinhoimportada para o Rio de Janeiro, sendo a im-portancia do imposto depositada em um cofrecom tres chaves, que ficavam em poder respe-ctivamente do governador, do reitor do Collegiodos Jesuítas e do vereador mais edoso.

Pela Carta Regia de 6 de Maio de 1672. foramconsignados para o custeio das obras, entãoiniciadas, o produeto do imposto sobre os vinhosimportados e a metade das rendas das despezasda Justiça. O então governador João da Silva cSouza, "compareceu no logar em que foraminiciados os trabalhos, onde. previamente, emaltar portátil, se celebrara missa, sendo o gover-naclor, depois do sacrificio, o primeiro que pegou

*£3üSSi*£â&as!&m ^iVira^raaoret

ILLUSTRAÇAOBRASILEIRA::

na alavanca para abrir a terra, entre vivas eacclamações do povo".

Pela leitura de uni documento publicado naRevista do Districto Federal verifica-se umaparalysação nas obras de conducção das águaspara a cidade.

Continuaram as mesmas vagarosamente atéuma nova interrupção junto á Ermida do Des-terro; interrupção motivada pelo desvio de ver-bas para outros fins; a estes motivos juntaram-se difficuldadcs pecuniárias da Camara e exi-gencias dos jesuitas sobre o pagamento aosindios: em 1667 proseguiram as obras com oauxilio de fundos tomados a juros.

Em 1697 foram os trabalhos novamente sus-pensos por ficar apurada a má direcção nosmesmos, assim como pela falta de segurançaque offereciam. Mais peripécias e difficuldadesíoram surgindo até a completa paralysação em1710 e 1711, devido á invasão franceza. Maistarde, terminados os trabalhos de canalisaçãoforam iniciadas as obras do chafariz inauguradoem 1723, começando a fornecer ao publico, pordezeseis bicas de bronze a melhor agua da ei-dade.

No dia 18 de Outubro de 1724, participou oSenado a el-rei o auspicioso acontecimento, de-clarando ao mesmo tempo, que as águas moti-vavam sérios desastres por falta de escoamento:as casas eram arruinadas e as moléstias pro-li lera vam assustadoramente.

Em 22 de Abril de 1725, resolveu o rei at-tender ás razões apresentadas, ordenando queabrissem um esgoto em direcção á Prainha, pas-sando pelo Campo de S. Domingos, servindo aomesmo tempo de limite á cidade.

Cumpriu-se a ordem real.A canalisação foi feita na direcção da rua,

que, por este motivo, recebeu o nome de ruada Valia, hoje rua Uruguayana.

Em 20 de Fevereiro de 1731, o governo es-tabeleceu uma sentinella para 0 chafariz, ven-cendo annualmente a "notável"

quantia de 40$;apesar da medida, o velho chafariz continuou asoffrcr sérios damnos, tanto que, em 1735 acha-va-se em completo estado dc ruina. Havia aindaum conservador, vencendo 200$000 annuaes,porém muito relapso; sendo chamado á ordempelo governador, fugiu para logar ignorado...

O povo, por sua vez, inconsciente, damni-ficara c entupia os cannos. Para pôr fim a se-melhante vandalismo, foram os juizes da vintenaobrigados a impor as penas de açoite e galésaos infractores.

Gomes Freire, ao ser nomeado governador,estabeleceu que a sentinella ficasse permanente-mente no chafariz, afim de evitar os conflictosconstantes entre os negros que ali se reuniam,e fiscalisar as bicas que o povo teimava em ar-minar.

Demolido o antigo chafariz, foi cm 1830,construído no mesmo logar, um de madeira a'tildo provisório com 40 torneiras, todo pintado,imitando granito.

Pouco tempo durou o chafariz de madeira,dahi a resolução do governo em edificar outrode pedra no mesmo logar. cujas obras começaramem 5 de Fevereiro de 1833; precisamente nesseanno houve grande secca, e, estando o povo pri-vado do chafariz em construcção, foram os juizesobrigados pelas circunstancias a ordenar poreditaes, a todos os moradores, que tivessempoços, a franqueal-os ao povo.

Em 7 de Abril de 1834 recomeçou o chafa-riz a fornecer agua á população. Esse forneci-mento era feito pela terça parte das torneiras.Pouco tempo depois ficou o chafariz concluído,com um total de 35 bicas, sendo alimentadopelas águas das fontes do Natal, Sipó e Casca-tinha.

Antes de findarmos a perigrinação pela his-toria do velho chafariz, retrocedamos um poucoao anno longínquo de 1723.

Na "Noticia Histórica sobre o abastecimentod'cigua da cidade do Rio dc Janeiro", escriptapor Almeida Silva, encontramos a descripção doprimeiro chafariz do Largo da Carioca; era aantiga fonte toda de mármore, tinha 16 torneirasem fôrma de carrancas e executado em Lisboa,começou a jorrar agua no anno de 1723. Mo-reira de Azevedo commentando tão importanteobra teve palavras de revolta, perfeitamentejustificáveis: "No Largo da Carioca construiuAyres de Saldanha um chafariz pequeno, porémelegante que deitava agua por 16 boceas debronze. Esse chafariz, que era um monumentosecular, uma recordação histórica, a lembrançade uma época, foi destruído para em seu logaredificar-se o chafariz que actualmente existe!"

Ainda sobre o primitivo chafariz, encontra-mos, em Monsenhor Pizarro, palavras perfeita-mente claras: ..."Só é certo que Saldanhaprincipiou a trabalhar a nova fonte sob a dire-cção de Custodio da Silva Serra,. Capitão Mórdas Minas Geraes, acompanhado de Vicente Lo-pes Ferreira (ambos abonados pelo TenenteGeneral sobredito, por quem eram assás co.ihc-cidas suas intelligencias nessa manobra) em diasdo mesmo anno, como perpetuou a inscripçãoali gravada, eternisando também a memória doseu autor na fôrma seguinte:

— Reinando o Senhor Rey D. JoãoV. e sendo Governador desta Praça, Ay-res de Saldanha, e por sua direcção sefez esta Obra, que principiou no anno de1719 e acabou no anno de 1723.

Des-e-seis bocas de bronze distri-buem ao Povo as águas, que nesse lugarse despejam; e por ellas publica a Ci-dade a perpetua obrigação, em que fi-cou, a tão profícuo Governador, cujo*cuidados foram sempre o zelo do bene-ficio publico.

O elegante chafariz foi demolido em 1829 cum anno depois foi iniciada, como já se viu. aconstrucção do provisório, em madeira, por suavez substituída pelo actual.

E a agua da Carioca a mais pura da cidade.Em torno delia corre uma lenda interessantissi-ma. Era crença geral, entre os indios, que aságuas da Carioca tinham a virtude de dar poesiae boas vozes aos cantores e aos músicos. Dahio consta de que os tamoyos do Rio de Janeiroeram dotados de inclinação poética e dados ámusica.

— A seguir ao grande Chafariz da Carioca,lemos o das Marrecas devido ao engenho deValentim da Fonseca existente outr'ora na Ruados Barbonos, em frente á Rua das BellasNoites, hoje das Marrecas.

O chafariz era conhecido pela designação de"Marrecas" em virtude de umas marrequinhasde bronze que jorravam agua pelo bico. Na basedo chafariz existiam dois tanques, para ondecorriam os restos d'aguá, utilisadas na lavagemde roupas e pelos animaes de carga, que ali iamsaciar a sede.

Do chafariz das Marrecas iam as águas porencanamentos subterrâneos, atravessando a ruadas Bellas Noites até a cascata do Passeio Pu-blico, também da autoria de mestre Valentim. Acascata do Passeio Publico está hoje mutilada,na sua primitiva fôrma tinha um pedregosomonte, sobre o qual pousavam alguns pássarosde bronze. No ponto mais alto, havia um co-queiro de ferro pintado; em baixo, dois jacarésentrelaçados.

O coqueiro de ferro desappareceu. ultima-mente havia no seu logar, um busto em marmo-re, todo mutilado.

Atrás da Cascata no lado do mar, em baixodo paredão onde estão as armas de Vasconcellos,existiu um menino de mármore, tendo na mãoum kagado, que jorrava agua em um barril ciepedra. Estava o menino nu, circumdado de umafita com a inscripção: "Sou útil inda brincando".

Essa preciosa peça desappareceu em 1835durante um periodo de obras; o governo nãoconseguindo recuperal-a, annunciou que quemquizesse fazer outra igual e mais barata seapresentasse na Repartição de Obras Publicas.De facto, foi feito outro menino, porém, dechumbo, que é o existente hoje, dentro da bara-funda criminosa do famoso Cassino, sob umamontoado de entulho...

Sobre o chafariz das Marrecas muito poucosc tem escripto; a obra de Valentim dcsappare-ceu, c os fragmentos da fonte andam por ahiespalhados...

Demolido o chafariz foram as três marre-cas de bronze que restavam das cinco, recolhidasao Archivo Publico e levadas para o JardimBotânico as duas estatuas em chumbo maciçoque o adornavam, trabalhos esses, também deMestre Valentim, grande e esquecido artistanacional, a quem elevemos muitas outras obrasde arte.

Não é demais, trazermos para aqui, emboraem rápidas palavras, algumas particularidades dapersonalidade do artista, Era mestiço, nascidoem Minas Geraes, filho de um fidalgo portu-guez, contractador de diamantes, e de uma pobremulher brasileira. Creança ainda, partiu Valem-lim com seus pães para Portugal onde aprendeua arte que o celebnsou; antes de terminar osestudos voltou com sua mãe á pátria, morrera-lhe o pae cm terras portuguezas, dc lá troux-Valentim o sotaque minhoto conservado até asua morte.

Muito hábil, tornou a sua officina pontoobrigatório dos ourives e mercadores que lá iambuscar os desenhos para as obras a executar.

Deve Mestre Valentim, o seu fulgor ao vice-rei Vasconcellos, seu verdadeiro amigo c grandeprotector. Apesar de horrivelmente feio, eraMestre Valentim dado a conquistador de mulhe-res, que, conhecedoras do ponto vulnerável, [re-quentavam a sua officina, simulavam mimos egalanteios para melhor conseguir o que desc-javam. ..

Dizem as velhas chronicas, que certa vez.uma das mulheres subiu ao sotão da casa habi-tada pelo artista; sua mãe, impertinente pelaidade, ouvindo o farfalhar de vestidos nos de-grãos da escada, chamou o filho á ordem, inter-pellando-o com arrogância:

Esteve no sotão uma mulher, Valentim?Não esteve, minha mãe.Eu percebi.Perdão, balbuciou o filho, em tom sub-

misso.Pois já que peccaste, ajoelha e reza o

ciedo.Muito religioso, Valentim obedeceu, e repe-

liu aos pés da velhinha a oração ordenada...O artista morreu na mais negra miséria, foi

sepultado na Igreja de Nossa Senhora do Rosa-rio, onde. a assignalar-lhe o túmulo está umaplaca de bronze por nós executada e ali collo-cada por iniciativa do saudoso mestre AraújoVianna, no dia do primeiro centenário da suamorte.

Vendo aproximar-se o fim, disse MestreValentim a um dos seus mais caros discípulos:"Não temo a morte, mas prezo tanto tminha Arte que. ainda depois de morto, desejavaerguer do túmulo o braço para executar os de-senhos que me pedissem".

JANEIRO19 2?

E assim morreu o autor de tantas obrasprimas, que, na opinião de Porto Alegre, "foi

um grande artista, um homem extraordináriopara o Brasil daquelle tempo".

Mestre Valentim, se não tem o nome vene-rado, tem, entretanto, a popularidade... Ha quemignore propriamente o que elle foi... Mas todossabem que elle existiu...

Vejamos agora os dois chafarizes da antigaRua do Conde. Ambos se acham situados naencosta do morro de Paula Mattos, na antigaRua do Conde da Cunha, que depois recebeuo nome de Conde D'Eu, e finalmente o de FreiCaneca, nome ainda hoje conservado.

O menor dos chafarizes, com o aspecto sim-pies de um pequeno templo, era e é conhecidopelo nome de Lagarto. Tal designação veiu daexistência do pequeno réptil em bronze que deixacahir o filete d'agua pela bocea, desde 178ó, comonos indica a inscripção gravada no medalhãoexistente na frontaria da pequena fonte.

Ao Senado da Câmara, no vice-reinado deLuiz de Vasconcellos, coube a honra de sua con-strucção.

A rua onde estão localisados os chafarizesío: aberta em 20 de Agosto de 1794, chamando-se então "Caminho Novo"; o illustre historiadorMoreira de Azevedo conta-nos ter ali existidoa lagoa da Sentinella, que se estendia pelo ladoesquerdo da estrada Mata-Cavallos, até ás ruasdas Flores e Caldwell.

Ao lado do chafariz do Lagarto está situadoo outro, de construcção mais recente.

Vieira Fazenda assim nos descreve a suaorigem e levantamento: "Logo depois da che-gada da familia real,, o Intendente Geral daPolicia, o infatigavel conselheiro Paula Fernan-cies Vianna, julgou necessário, para o abasteci-mento da cidade, canalisar até ao Campo deSant'Anna as águas do Rio Andarahy ou Ma-racanã. Antes, porém, de levar a effeito estevasto projecto, fez construir, encanando as águasdo Rio Comprido, perto da casa de Pedro Dias,uma fonte feitio de torre, muito solida e decantaria, formando dois corpos e correndo sobrea cimalha do primeiro, por tres lados, uma va-randa de ferro. Havia na base um tanque comtres bicas. Dahi seguiu o aquedueto para o Cam-

po de SanFAnna, sendo inaugurada outra fonteno dia 13 de Maio de 1809. Em 24 de Junho de1818. concluídas as obras de encanamento doMaracanã, depois de longos annos de trabalho,foi entregue ao povo o definitivo chafariz, de-molido em 1873". O chafariz foi por muito tem-

po conhecido por "fonte das lavadeiras". E'dos nossos dias o que se passou na muralha emdeclive que separa os dois chafarizes. Foi dali

que um gaioto resolveu "assombrar" os mora-dores da visinhança e os pacatos transeuntes,fazendo rolar pela parede uma infinidade demoedas de vintém.

A principio a pilhéria deu o resultado dese-

jado pelo pândego, alarmava quantos por ali

passavam; depois de algum tempo, a garotadanão ligava importância á "alma do outro mun-do", e com grande alegria gozava a chuva devinténs, acotovelando-se na colheita. Um bellodia, resolveu a policia dar uma hatida nas pro-ximidades da "assombração", prendendo o pau-dego, que foi conduzido á estação próxima edepois mandado arrepender-se da pilhéria dentrode uma cadeia.

* * *

Passemos ao outro lado do centro urbano eVejamos o chafariz das Saracuras, outr'ora exis-tente no pateo do velho Convento da Ajuda.

Em 1799, o vice-rei, conde de Rezende, resol-veu conceder ás religiosas mais um anel de água

para uso do convento. Fm gratidão ao acto doVice-rei, deliberaram as freiras ordenar a con-

strucção de um chafariz no pomar do convento.A expressiva peça colonial, quando demo-

liram o velho casarão, foi transferida paraIpanema, onde se acha ornando a praça FerreiraVianna, porém, completamente secco... o queinfelizmente não constitue novidade no Rio de

janeiro actualmente!O velho casarão foi demolido porque era

considerado um anachronismo prejudicial ao pro-gresso; desappareceu com elle uma das tradiçõesda cidade para dar logar ao abandono e ao des-mazelo que se vêm naquelle montão de inutilida-des...

Todo de cantaria, representa o chafariz umvalioso attestado da habilidade dos antigos can-teiros da velha cidade.

De fôrma circular, tem no embasamento quatro tanques servindo de anteparo ás escadínhasque dão accesso a um plano onde existe umagrande bacia; do centro desta ergue-se uniobelisco com tres metros de alto, encimado peruma pequena cruz de ferro. No terço inferiordo obelisco existe uma cartella com a expres-siva dedicatória das religiosas ao beneméritoConde de Rezende e as suas armas em mármorebranco; rematando os altos dos tanques estãoquatro kagados de bronze, fundidos na "Casa

do Trem ".

Vieira Fazenda, em Outubro de 1896, estu-dando o vetusto chafariz, faz referencia ás sa •ra curas que lhe deram o nome, "as quaes lan-cavam pelos bicos, na bacia limpida, água, quedesapparecia para ser lançada de novo pela boceade quatro kagados".

As saracuras de bronze ainda existiam em1911, dias antes da mudança.

Tão curiosos adornos, "voaram" não sabe-mos para onde; mas é provável que tenhamsido vendidos a alguma das nossas fundiçõescomo metal velho. . .

Araújo Vianna, por diversas vezes, nos falouna peça histórica, commentando. com erudição oabandono em que ella se encontrava, e isso elleo fazia com tristeza porque realmente era, umgrande amigo da velha cidade...

Em aula, na antiga Escola de Bellas Artes,nas prelecções sobre a historia da architecturabrasileira, a palavra erudita do mestre abordavao assumpto, com elevação de espirito, fazendover aos discípulos as bellezas da obra, e a ha-büidade com que os nossos primitivos canteiroscortavam o granito empregado nas obras archi-tectonicas. Como exempio, citava não só o cha-fsriz das "Saracuras" como outros existentes nacidade.

* * *

Quem hoje atravessa o Campo de Sant'Anna.ignora que ali se erguia um grande e famosochafariz. Uma velha memória publicada na Re-vista do Instituto Histórico e Geographico Bra-sileiro nos diz:

"A roda do Campo de Santa Annafiz calçada para communicação dos mo-radores com o resto da cidade. Por nãohaver na cidade abundância d'agua parao uso publico consegui, por via de mi-neiros que grangeei em Minas e Canta-gallo, conduzir até para beber, em umalégua de distancia, e levei-a por um oi-carne de madeiras desde o Barro Ver-melho até ao Campo de Santa Anna".

Taes palavras são do desembargador do Pa-ço. Paula Fernandes Vianna, Intendente Geral daPolicia da cidade do Rio de Janeiro nos annosde 1808 e 1821.

Fácil é de verificar-se a quem se deve aconstrucção do vetusto chafariz já desappareci-do. Muitas outras obras de capital relevânciasão devidas ao benemérito intendente, Entre os

muitos benefícios contam-se o aterro dos pau-

tanos da cidade, o calçamento das antigas ruas

do Sabão, S. Pedro, Inválidos até Mata-Caval-

los, parte da do Cattete, Conde, Catumby até

Mata-Porcos; foi o autor do antigo cães do Vai-

longo, etc.Jorraram as águas do chafariz do Campo no

dia 13 de Maio de 1809, abastecendo um deposito

provisório, construído em madeira com dez bi-

cas. A benemerencia de Fernandes Vianna torna-

se notável pelas cirumstancias existentes em

torno da sua obra, na parte que diz respeito ao

referido chafariz. Não havia, na época, local

próximo onde a população se abastecesse de tão

precioso elemento; o consumo era grande e ur-

gente a realização das obras. As difficuldadesadvindas de semelhante estado de coisas provi-nham também da maneira porque era feito o

transporte d'agua para os bairros da CidadeNova, Vallongo, Sacco do Alferes e Gamboa. Tal

abastecimento era feito em canoas abastecidasno chafariz da Praça do Carmo ou S. Christo-vão. Como ficou dito, o chafariz era provisório,de madeira; a nova fonte inaugurada na tardede 24 de Junho de 1818, na presença do rei ede toda a corte. Segundo Millíet de Saint Adol-

phe no Diccionario Geographico Histórico eDescriptivo do Império do Brasil, o chafariz doCampo "era rodeado de oito colümnas. cada umacom um lampeão que se accendia de noite, eduas grandes pias sempre pejadas de lavadeiras;fora das colümnas havia outras duas pias mais

pequenas, onde bebiam as cavalgaduras".Aos poucos foi a velha fonte se esboroan-

do... delia restam apenas uns resquícios de mar-more (pie servem de soco ao gradil da antigaEscola Normal, hoje Rivadavia Corrêa.

* * *

Outro chafariz devido á iniciativa do Inten-dente Geral, é o existente na rua do Riachuelo.O viandante lê diariamente numa cartella demármore, bem ao centro da ponte, a inscripção:"O rey. por bem do seu povo, mandou fazer estaobra pela policia — 1817".

A legenda secular perfeitamente legível re-corda os serviços do Intendente.

A Intendencia foi creada em 5 de Abril de1808, conservando-se á sua frente, até 26 de Fe-vtreiro de 1821, o benemérito Dezembargador.

A inscripção do chafariz está perfeitamentejustificada pelo decreto de 26 de Abril de 1811:em virtude áo qual, passou para a Intendenciaa direcção de muitos trabalhos até estão afie-ctos á Câmara, incluindo-se o abastecimentod'água á cidade.

O antigo chafariz era abastecido por umanascente existente outr'ora no morro Silva Ma-noel, hoje extineta. Está situado "junto ao muroda grande chácara do tenente-coronel CláudioJosé Pereira da Silva, antigo capitão da 1" com-panhia de fuzileiros do 2" regimento de milíciasda freguezia de Santa Rita.

Moreira de Azevedo menciona um outrochafariz na rua do Riachuelo, bem como minfonte de água férrea.

Confirmando a citação de Moreira de Aze-vedo. Antônio Joaquim de Almeida e Silva, nasua Noticia Histórica sobre o abastecimento dacidade do Rio de Janeiro, assim se refere aomencionado chafariz: "...havia ainda o do Me-nino Deus, hoje desapparecido, edifiçado tambémem 1772. na antiga rua de Mata-Cavallos. hojeRiachuelo, abastecido por águas da chácara daBica, comprada por 2:0008000, em 1742 pelo co-ronel Domingos Rodrigues Tavora. para edifica-ção da ermida do Menino Deus".

t) pittonesco chafariz da rua <-\o Riachuelo,parece estar condemnado a desapparecer; aospoucos se desmantella, as torneiras de bronze jáforam furtadas ou retiradas, e por detrás da Mia

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ILLUSTRAÇAOBRASILEIRA::

muralha permanece uma anti-esthetica constru-C(,ão que pretendeu desalojal-o. .. Aliás, a idéade se demolir aquelle vestigio de uma época tra-dicional não é nova; em 18 de Fevereiro de 1902,Vieira Fazenda lançou um protesto enérgico es-crevendo: "E já que o antigo Intendente daPolicia não tem o nome na esquina de uma dasnossas ruas, nem o retrato nos salões da Muni-cipalidade, deixem ao menos em paz a pequenafonte com a sua singela inscripção".

Entre os magníficos chafarizes existentesde Rio de Janeiro, estão os de Grand Jean deMontigny, construídos na Praça 11 de Junho eem Bemfica. O chafariz da Praça 11 tem umhistórico accidentado, oceasionou protestos pornão ter sido construído de accordo com os de-senhos do grande mestre; os protestos surgiramentre os professores da antiga Academia de Bel-la.s Artes.

O Director da Academia, querendo tornar asreclamações efficientes, reuniu a Congregação,para que, em officio assignado por todos os pro-fessores. fosse o protesto levado á Inspecção cieObras publicas. O proceder da Congregação es-tava longe de ser impertinente ou arbitrário, por-quanto o aviso de 18 de Janeiro de 1859, obrigavaa Inspecção a recorrer á Academia no caso dsalguma duvida durante a execução da obra.

Em 1906, o saudoso mestre Dr. AraújoVianna tratou do bello chafariz pelas columnasda "Renascença", magnífica publicação de artedirigida por Henrique Bernardelli e RodrigoOctavio; estudando o gracioso chafariz, o velhoprofessor deu uma bella lição de arte e termi-

nou fazendo um appello ao governo para quetão interessante obra fosse terminada.

Outro chafariz, devido ao engenho de Mon-tigny, é o de Bemfica. Os alicerces dessa obraforam lançados em 1849 e em 1851 começou afornecer água ao publico por quatro torneiras

Em qualquer dos dois chafarizes de Grand-jean, predomina a preoecupação estheticà, a H-nha graciosa, pensada e rigorosamente archite-ctonica.

* * *

Propositadamente deslocamos do seu logarchronologico o imponente chafariz situado aocentro da Praça 15 de Novembro, antigamentechamada do Carmo.

O chafariz que ainda hoje todos contemplamnão é o mandado construir por Gomes Freirede Andrada em satisfação dos desejos da Cama-ra. O primitivo chafariz foi construído em vir-tude de um requerimento da Câmara a El-Rei;a licença regia data de 8 de Outubro de 1734 cfoi construído na praça do Carmo em homena-gem ao governador Gomes Freire de Andrada,pois, ali construirá elle o seu palácio. Sobre aconstrucção do citado chafariz existe um curiosodocumento no Archivo Nacional, publicado na"Revista de Documentos para a Historia da Ci-dade do Rio de Janeiro", de 7 de Julho de 1894E o .documento em questão uma preciosa peçahistórica que o illustre historiador Dr. MelloMoraes, teve a feliz lembrança de restituir aosolhos dos estudiosos.

Conforme reza o documento, o material paraa construcção do primitivo chafariz veiu de Por-tugal, já preparado, ficando a obra concluidadepois do anno de 1750.

Nomeado Luiz de Vasconcellos e Souza,Vice-Rei, e capitão general de terra e mar emSetembro de 1778, chegou ao Rio de Janeiro em29 de Março de 1779 e em 5 de Abril, segunda-feira de Paschoa, tomou posse da Sé. Dotadode um espirito de estheta, encetou logo obras degrande valor que chegaram aos nossos dias per-feitamente conservadas. Entre as obras realiza-das está a remoção do chafariz da praça doCarmo, para o local onde se acha; tal medidafoi tomada por conveniência dos exercidos mi-litares. Em torno do chafariz existiu em tem-po um gradil de ferro, naturalmente retiradopelas mesmas razões estheticas que dictaram aeliminação das grades do Passeio Publico.

O aspecto do bello chafariz é hoje nullo peloaccumulo de vegetação que lhe está em torno;a copa dos oitis encobrem-no totalmente, lobri-gando-sc, de longe, unicamente, o cimo com aesphera de ferro.

Velhas chronicas nos dizem ser o chafarizobras de Mestre Valentim; porém, documentosda época, existentes em maravilhoso estado nanossa Bibliotheca Nacional, por nós compulsadose photographados, nos autorisam a acreditar ocontrario.

Esses documentos são plantas mandadas exo-cutar pelo Governador Luiz dc Vasconcellos, eseu autor é o Marechal de Campo Jacque Funck,sueco, vindo para o Brasil em companhia doMarquez de Lavradio.

E' penoso arrebatar mais uma obra ao genialmestiço, mas é a verdade que nos impellc, e to-dos vós sabeis que a Historia sem verdade éuma cousa profundamente dolorosa.

Tenho concluído.

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No Centro Paulista, antes da palestra de Coelho Netto sobre São Paulo do tempo em que o grande escriptor foi estudante lá

'Rimance da Ürinceza ^nfelísPara Lúcia Lewin

0' Princeza de olhos glaucos, ó Princezacie olhos tristes, que tristezate amargura os dias, te ennevôa as horas,te enche de estranha melancolia? ...

0' Princeza de olhos glaucos, ó Princezade olhos tristes, por que choras?!...

Tanto oiro, tantas galas,tanto oiro tens nos cofres,tantas galas tens nas salas . ..

Corações. . . tantos e tantos ...

0' Princeza, por que prantos?...0' Princeza, por que sof fres?. . .

E a Princeza de olhos glaucos, e a Princezade olhos tristes, não responde.

Vida! vida, o teu segredo,pôde o humano entendimentodecifrar enredo a enredo? . . „

Vê a gente, acaso, uma almac porque a vê contente, dá-seque seja realidade essa alegria?, , .

0' Princeza de olhos glaucos,por que soffres,por que choras,por que choras, noite e dia?E a Princeza de olhos tristes,não responde.

Morre a voz que. interrogava. ..

Tudo quieto, tudo mudo,somente silencio e calma.Toda alma guarda o seu segredode amor, quando esse amor é verdadeiro e desgraçado. ..

0' Princeza de olhos glaucos,0' Princeza de olhos tristes!. ..

A Princeza não responde.

R u J o H O

ILLUSTRAÇÃOBRASILEIRA::

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NC O NT ES TA VEL-MENTE, é na Ameri-ca latina que o historia,dor e o philosophohão de procurar, ama-nhã, as raízes do es-pirito americano, cujaecclosão é fácil assigna-

lar nos horizontes da historia.O grande povo do Norte, não ha duvida,

representa uma vasta e fecunda renovação da-quella raça poderosa, que neste lado do Atlan-tico exhibiu logo. com admiração e surpresa detodos os povos do mundo, as suas qualidades,mais excellentes, as suas tendências mais largas

e as suas mais varonis energias. Mas, na Nor-te America, a orientação da nacionalidade etodo o modo de ser do vigoroso agrupamentohumano que ali se formou e cresceu, foram in-teiramente diversos de tudo quanto se passouna America latina.

Essa diff crença é preciso ir procurar nãosomente na Índole da raça, como julgam mui-tos, mas sobretudo na situação politica e socialdas respectivas metrópoles e nos processos dis-tinctos de povoamento adoptados pela Ingla-terra e pelas duas nações ibéricas nos séculosXVI e XVII.

Nas bacias de Delaware e Chesapeakeconstituíram-se núcleos de trabalho, onde osprimeiros immigrantes da Inglaterra vinhamencontrar um refugio seguro para abrigarem assuas crenças e os seus direitos contra as violemcias e as exacções que na metrópole andavamsoffrendo. Senhores da nova terra, conscientesdos seus destinos, iam logo fazendo sentir á ve-lha pátria que o seu desejo não era renuncial-a,emquanto ella se conciliasse com a nova exis-tencia social e politica, que adquiriram nestaoutra costa do Atlântico.

Como filhos que não renegam a sua pa-ternidade, e antes cuidam de dispensar as soli-citudes e os sacrifícios da tutela legitima, jáaptos para os encargos e as responsabilidadesda vida, aquelles homens foram, por si mes-mos, se administrando, fazendo as suas leis,e provendo em tudo as exigências da sua novacondição social.

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Menos de vinte annos decorridos depoisque o primeiro jnglez puzera pé em terraamericana, já a Assemblêa da Virgínia pro-mulgava leis para a colônia, em 1620. E' Jus-to assignalar que, por sua vez, a metrópole tevea sabedoria de não se pôr em contraste comas tendências da colônia: deu-lhe sempre odireito de administrar-se com a mais amplaautonomia.

Chegou, é certo, o momento em que ti-nham de travar conflicto; e isso era fatal,mesmo exagerando as virtudes do systema

inglez. Mas o encontro de armas, que se se-guiu ao encontro de interesses, foi rápido edecisivo, não só por que os colonos tinhamattingido a sua plena maioridade, preparadospara o exercício da soberania, como ainda ametrópole reconheceu logo que seria inútile iníquo insistir pela conservação do seu do-minio. De modo que a nacionalidade ali con-stituiu-se, por assim dizer, espontaneamente.O mecanismo político assentou sobre as ba-ses que, desde o primeiro dia, se foram con-solidando na colônia. A Republica organisi-da não teve óbices a vencer: a vida social, aprópria vida politica ali continuaram a ser oque eram antes da independência.

Tudo se passou diversamente na Ame-rica latina. Tanto o Brasil, para Portugal,como todas as vastas colônias hespanholaspara a sua metrópole, foram sempre consi-deradas como grandes fontes de riqueza, miVnas inesgotáveis de thesouros, exploradas emproveito das cortes. Os colonos vinham aquifazer fortuna, trazendo a marca do despotis-mo de onde vinham e, do mesmo modo quese faziam déspotas pequenos, quando podiam,não se preoccupavam demais com a tyranniados vice-reis, nem com as espoliações clamo-rosas do fisco.

Assim mesmo, no soffrimento, as colo-nias cresceram, e a consciência do seu valor edos seus direitos começou logo a agital-os.Essa consciência não se manifestou desde oprincipio forte nas massas; os primeiros co-rações que se levantaram frementes, ficaramem minoria, incapazes de enfrentar com o po-derio das metrópoles.

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JANEIRO19 2 7

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Começou, para logo, esse longo martyrio,(]ue consagrou tantas gerações de patriotas e deheroes, dignos filhos do Novo Mundo. Então,é que se trava em Nova Granada, e logo noMéxico e depois no Prata, e, por ultimo, noPeru, essa longa serie de sacrifícios dolorosos,que so tiveram fim com a independência.

Em toda a parte encontramos os signaesdesse heroísmo; e, ao lado, desse heroísmo,nunca deixou de ostentar-se o espirito odi-ento da tyrannia feroz, que se tentava man-ter.

Feita a emancipação, não ficaram os

povos' néo-latinos, como os do Norte, tran-

quillos e felizes, cuidando, pelo trabalho, de

preparar a sua grandeza futura. O regimenda colônia tinha se apoderado do espirito ge-ral, e, como um polvo formidável, esmagavaa nova alma que, radiante e enthusiasta, selevantava. E eis ahi a herança tremenda querecebíamos desse passado de dores, de mi-serias, de vícios. A combater esses vícios eessas misérias, o espirito americano continua,entre nós, a luta sagrada. Por isso, a nossavida é agitada, cheia de accidentes, de discor-dias civis, de surpresas, de sacrifícios, porque o que é verdade, é que só com a indepen-dencia não fizemos a nossa redempção, maslemos de conseguil-a, de completal-a, pela af-firmação da nossa grande alma a avançar nalarga rota traçada á vida no seio da America.Portanto, estamos ainda prof ligando no conti-nente a Europa daquelles tempos, o regimenantigo no que elle tinha de mais triste e demais repulsivo.

A alma americana, em opposição a esseregimen, prefere insurgir-se continuamentecontra os males, que elle nos transmittiu, adeixar de afagar com todo o carinho, com to-dos os extremos do seu amor e do seu delírio,os ideaes que nos inspira o céo, que nos ins-pira a terra, onde vem viver de um viço novo acorrente humana para aqui destacada.

O que caracterisa o espirito de civilisaçãona America, é o contraste em que ella fica como passado; o sopro estranho e intenso que a al-ma humana aqui recebe da natureza, tantocomo da historia, sopro que a estimula, que aenergisa, que edi fica e que a põe — erecta, al-tiva — ante os povos que representam aindano mundo, e, talvez, na crise final de sua exis-tencia, a sociedade que a tormenta da Revolu-ção não pôde destruir definitivamente para alémcio Atlântico, a despeito da ultima grandeguerra.

Oue é inevitável a projecção desse con-traste na política do futuro, nem se faz pre-

•n^íwF^cfií^Sa BP^^^Sã B^QbsP^B ÉfcJ^s^flfl *m*^Lfi&P$2^^Í£t>£Gzy^flBB!||^ E7í<âNaá2S^csfí^^

*<** A**$$Êi ^.v.<-«í^í;.-fefe íci^^y^iWl fêjrwn

ciso demonstrar. Demais, sem mesmo clescor-tinar longe na historia, vê-se como a Europacomeça a sentir que se vae deslocar o centroda supremacia política do planeta. Como te-mos vindo de resto, assim mesmo iremos avan-te, alterando-se as fôrmas e as proporções,mas persistindo a natureza dos phenomenossociológicos.

As grandes potências do Velho Continen-te já comprehenderam que a força material vae

ser o ultimo refugio da sua existência; e

também — já o provou a tremenda confia-

gração — que a própria força é que mata

os impérios.A vida na Europa será impossível, sem

que para ali reflua a acdvidade de outros

pontos da terra; e, portanto, sem expansão

exterior, sem colônias, sem uma política de

convênios, avassalladora e absorvente, ella não

subsistirá.Para semelhante política, em antagonismo

com os sonhos generosos da America pari-fista, é indispensável a permanência de gran-cies exércitos e a manutenção cle esquadras for-

midaveis. Semelhante situação é, porém, de

ora avante, insustentável. Obedecendo a essa

lógica, é que as nações decaem e morrem, peloesgotamento ou pelas conflagrações. Le nada

valerá para a futura tranquillidade do mundo•, o desarmamento forçado da Allemanha. E são

jantes incitamentos a uma nova guerra, de que^garantia cle uma paz fecunda e duradoura, os

processos draconianos que foram usados pelosvencedores, anciosos por esmagar uma rival,

que é nação adimiravelmente organisada, obe-decendo a notável disciplina moral e collabo-radora preciosa do progresso e da civilisaçãodo mundo.

Além disso, as complicações internas sãoo mais tremendo embaraço com que enfren-tam quasi todas as nações do Velho Mundo.E' curioso que riam da nossa vida agitada,elles, os povos cle além-mar. chegados, pôde-se dizer, a uma verdadeira solução cle continui-dade na sua evolução histórica. Sem revoluções

profundas que lhe mudem o norte, a Europasocial e política naufragará antes do fim desteséculo, arrastando comsigo a Liga das Nações.— fruto do alto e nobre idealismo americano,apodrecido, e não amadurecido, a sol do céoeuropeu.

A lógica evolutiva ali está perturbada:corrigil-a, só é possivel por innumeros abalos.Porque se os exércitos se vão tornando, apezar

(Termina no fim da revista)

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C<mmo de umwmanee moJírJx&jâfzetmo

...Aquelle amor de Maria Clara por Celsoviera espontaneamente. Da parte deste nãohouve um só gesto, um único olhar, uma pala-vra, que autorizasse outro sentimento que nãoo de uma sympathia desinteressada e fraternal.Mas a linda mulher, com os seus aborrecimentosdo Lar e o seu temperamento ardente fora clan-do preferencia, distinguindo, e afinal se apaixo-nando pelo galhardo aviador patrício.

O amor é o habito. De certo a observaçãojá tem sido feita por psychologos apurados. E'natural que duas pessoas moças, de sexos diver-sos, estando continuamente juntas, em passeios,em chás, theatros e bailes, intelligentes que se'jam, se aproximem, se procurem para palestrar.Buscam um ao outro com os olhos e a attraçãose realiza insensivelmente.

Gentilezas, communhão de hábitos e idéas,phrases de sentido duplo... Nasce assim a sym-pathia e dahi o amor.

Maria Clara começara a comparar Celso deGouvêa com o marido. Quando as mulheres le-vianas entram a comparar o esposo com um'"outro", aquelle quasi sempre está irremedia-velmente perdido. Celso era insinuante, intelli-gente, culto, sombriamente elegante. Gustavoera apenas vistoso e ruidoso, quasi inconscienteUm desses pequenos balões de borracha con:que as creanças brincam e que á menor com-pressão estalam.

Ao espirito perspicaz do primo não tinhapassado despercebida a attitude de Maria Clara.O marido, esse naturalmente nada tinha obser-vado.

June comprehendera tudo, e que aquella bata-lha era decisiva na sua Vida. Á prima era mulherperturbante e uma certa parte elegante da so-ciedade carioca corvejava em redor daquellapompeante flor de carne. Tinha fé e convicçãono amor de Celso, mas resistir ao desejo queaquella senhora realmente tentadora despertavanos homens é que era difficil, se não heroísmo. . .

Hábil, June não fizera a mínima allusão aosdois. De resto nada tinha a censurar ao marido.Mas a outra era agora duma ousadia que es-pautava! Alais intelligente, porém, seria não pro-vocar, guardando attenta a defensiva.

...Naquella tarde o chá do "Gloria" estavabrilhante. Dansava-se nas três salas artísticas.A sociedade era toda elegante, um pouco cos-

mopolita, diríamos talvez mesclada... Tudogente apurada. O Russell e o Flamengo esta-vam lindos com a sua tarde de ouro, e os casaespasseavam devagar, muito maciamente, e os au-tomoveis desusavam céleres cheios de mulheresformosas e de homens afortunados.

Do grande terraço do "Gloria" que deita para

a praia do Russell, na curva discreta, sentados umao lado do outro em confortáveis poltronas, Celsoe Maria Clara olhavam a gente e o mar, e todaaquella natureza triumphnte. Gustavo, esse dan-sava furiosamente com uma certa loura de Bo-tafogo, muito conhecida pelas suas pequenasconcessões nos namoros... June não viera, fa-zendo companhia ao seu Paulo e ao senhorDalton, naquella tarde ligeiramente indisposto.

Fora quando chegaram os primos, convidan-do-os para o chá. Naquella tarde o "Gloria'transbordaria. Os jornaes vinham annunciando,detalhando esse chá que tinha a nota altruisticada caridade, em beneficio da Cruz Vermelha.Não podiam, não deviam faltar.

June dissera logo que não iria — o pae nãose sentia muito bom. Mas intelligente e praticoque era, percebera que mais valia acabar comaquerla situação clareando-a, do que agraval-acom o tempo. Tinha confiança no marido e essamesma confiança ia ser posta em prova.

Aconselhou Celso que fosse, este disse quenão a deixaria. Pediu, insistiu, secundada porMaria Clara. Para não parecer indelicado, acce-deu. E na despedida, ao beijar carinhoso a mu-lher, notou o olhar agudo e penetrante desta,que era todo uma phrase...

Foi. E agora levado para aquelle recantoisolado do terraço pela mulher do outro, per-cebera que a sua situação era pouco agradável,embora pudesse ser invejada por centenas de ho-mens.

Já tinham trocado as banalidades essenciaessobre o tempo, e os conhecidos que passavam.Celso quizera levar a prima para os salõesafim de dansar. pois elle não dansaria. Ella re-cusára, e se deixara ficar para ali, enervada, noolhar uma chispa luminosa, toda ella uma vo-luptuosa tentação, trescalando Guerain do deli-cioso "Heure Bleue".

— Celso, se você soubesse como eu sou in-feliz! Como soffro, meu amigo! O meu maridoé uma lastima e pertence á classe dos maridosluzidios, para "uso externo". Na intimidade,

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você bem o sabe, a Vida é a desavença, umatortura...

Foi um erro, minha querida prima, essecasamento. Não havia entre ambos o amor, —que é a única justificativa para a ligação eternade dois corpos e de duas almas. Mas ainda estáem tempo. Gustavo tem algumas bellas quali-dades, e você com bôa vontade, poderá, digamoso vocábulo, "domestical-o" . ..

— Não, é tarde de mais. Não o amo, não oamarei nunca. Elle me inspira, ás vezes, unigrande despreso. E depois o meu coração...

Cahira em breve silencio constrangedor. Cel-so não quizera fazer a interrogação, esperadaanciosamente pela prima. Disfarçara olhando omar alto. ..

Um minuto depois Maria Clara continuou, jáagora disposta a tudo, que o seu temperamentoardente c o seu feitio desabalado não supporta-vam mais aquella situação de incerteza, de es-perança e de duvida.

..o meu coração já pertence a outro.Uma fatalidade. E talvez seja a alegria, o pra-?,er, o consolo, ou a infelicidade, a desgraça su-

prema. Quem sabe?!Mas você, Maria Clara, uma senhora

casada não pôde, não deve...Não deve e não pôde!... atalhou ella.

Então, Celso, você, experiente da vida, tem aingenuidade de suppôr que nós mulheres pode-mos fazer um regulamento para os nossos sen-timentos? ! Elles nascem muitas vezes sem nóssabermos, meu amigo! E avassallam, e tomamconta da nossa Vida. E' a tortura, a derrocada,

a "hora do Diabo", o inferno!Mas, minha prima, é preciso reflictir,

pensar, dominar-se. Talvez um dia seja felizcom o seu marido.

Nunca. Você bem sabe que está fazendophrases. E' também intelligente e perspicaz quejá percebeu tudo, desgraçadamente tudo!

Maria Clara levara o lenço aos olhos, doce-mente. E Celso ficara aterrorisado com aquellasituação inesperada, e com a ousadia desenvoltada prima. Era o momento, doloroso e cruel essemomento.

Escute Maria Clara, disse Celso depois deum pequeno silencio. Você sabe toda a minhaestima por si, todo o meu bem querer e todoo meu respeito. Por mais ridiculo que pareçanesta época desoladora sou daquelles homensque não podem comprehender dois amores den-tro de um só coração, ou a perfidia vergonhosade enganar das mulheres. Não o faria nuncapor attenção e respeito a essas duas Creaturas,tão dignas ambas e por mim mesmo. Você tãobôa e tão generosa ha de me perdoar, pela es-tima fraternal que tenho por si.

Maria Clara baixou os olhos, e levantou-seToda ella tremia e mal sustava a torrente delagrimas. E teve uma phrase cheia de magoa,todo um poema, toda uma intensa tristeza:

Como você ama a June!.. .Cahira silencio embaraçoso. Reentraram no

salão. Celso dominava os nervos e Maria Clara,librando, fez signal imperioso de partida ao ma-rido. Este obedeceu. E já agora, mulher desociedade, estendeu a mão fidalga para Celso deGouvêa que beijou-a de leve:

Até amanhã, Celso. Lembranças a June.E ao entrar no auto florido ordenou áspera:—Para casa!

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CEPCAO POR S. S. OFFERECIDA AO DR. MELCIADES

SÁ FREIRE, EX-PRESIDENTE DO INSTITUTO DOS

ADVOGADOS. PRESENTES OS SENHORES MINIS-

TRO DA JUSTIÇA E PROCURADOR GERAL DA RE-

PUBLICA E ALTAS FIGURAS DA JURISPRUDÊNCIA

BRASILEIRA. - EM BAIXO, UM GRUPO DE DISTIN-

CTAS SENHORAS E SENHORINHAS.

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\5aulo CsAnno. W$MMYW%t miDahi, sobretudo, dessa feliz conciliação, ope- r Jí(sV/5/•rada debaixo do sol americano, a nossa constante h^\r^Z^J i

surpresa em face do poeta, que, como um mago, Wr\X^ \\nos derrama deante dos olhos deslumbrados uni M(P\mundo de imagens frescas como um rebento novo t^U//(°^Me suggestões subtis como um perfuma fugidio ^-IRÃmalicioso... U^-KXx^uy^

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Augusto Mcyer: "Cora-cão verde" — Livraria doGlobo, Porto Alegre, 1926.

O Sr. Augusto Meyer resume duas leis emconflicto: o germanismo da raça e a latinidadeda cultura. São imperativos que duplamente osolicitam e aos quaes elle cede duplamente, por-que ambos eqüivalem na força e seducção.

Allemão pelo sangue, elle não soube, toda-via, fugir ao quebranto do claro espirito medi-terraneo, cujas formas, nítidas e sensuaes, re-\içam, atravez dos mestres francezes, num eternoreflorescimento.

Esse dualismo, formado pelo instincto de umlado e de outro lado pela vontade, reflectiu-se.naturalmente, na obra do Sr. Augusto Meyer, enella transparece a cada passo, sob os effeitosmais curiosos e inesperados. Se, alguma vez, do-minado por uma parte, chegou a pregar, pela im-prensa, a germanização das literaturas néo-lati-nas, ou, vencido pela outra parte, se tem dado aoluxo de se banhar com água iodada, para illudiras suas origens e parecer moreno, — o que ecerto é que essa collisão de leis veio encontrar,nos seus poemas, uma solução definitiva. Aqui,o áspero conflicto resolveu-se em harmonia, nu-ma harmonia feita de surpresas, de accentos im-previstos. A religiosidade racial do Sr. AugustoMeyer, o insinuante mystici|smo que está no fun-do de todo o seu livro, transfeito em suave, sen-sualismo, em vez de traduzir-se pelos contornosvagos e obscuros da sua lingua de origem, appa-rece transparente e luminoso, manifestando-seatravez do pittoresco flagrante e communicativodo gênio latino.

Toda a minha alma em nevoas, toda a minha[alma perdeu-se

nas águas claras,nos capões verdes,na areia branca dos veios de água. . .

Não se perdeu. Achou-se. Descobriu-se nabrancura das areias, na curva amorosa dos capões,no espelho claro das águas. . .

Pelo sentimento, o autor de "Coração ver-cie" obedece á imposição da raça, e, pela expres-são, á imposição da cultura.

Deixa cair todo este orvalho purosobre os teus hombros doloridos.Vê como é suave a terra.Mesmo nos galhos mais bruscos,olha: — ha caricias amigas. . .Orvalho. . . Orvalho. . . Parece que em tua vida

[alguma coisa amadurece...Tudo é mais coração, porque és mais coração. . .Deixa cair, deixa rolar tua almacomo um fruto maduro pelo chão. . .

Eis a advertência que faz ao Poeta c áqual nunca deixa de obedecer, por todo o livro,confundindo-se, num sacrificio desprendido e si-lencioso, com a vida das coisas e dos seres pe-queninos, que vivem esquecidos á sombra dosnossos pés.

O poeta de "Coração verde" é alegre e emgeral humilde. Não dessa humildade que é a ne-gação do homem na plenitude da sua vocação,não dessa humildade que se curva e se roja cal-culadamente, aguardando o momento de dar obote para substituir o idolo no seu pedestal. Masdessa humildade generosa, que não é incompati-vel com o sábio orgulho, dessa humildade que édos santos e dos poetas, e desce até o chão paraescutar o pó, as hervinhas, o orvalho, as folhasmortas, a sombra. . .

No seu commovido anthropomorphismo, ojovem poeta sente latejar com o seu o coraçãode todas as coisas, as mais mesquinhas e ob-scuras. E' que já não lhe chega o objectivismode estampa dos modernistas, que fizeram do mim-do um espectaculo de cores, linhas, volumes e sons.Sem desdenhar taes elementos, e até, pelo contra-rio, tirando delles o melhor partido, o Sr. AugustoMeyer procura ainda sondar o sentido e a har-monia interior do universo, nelle revendo-se paradar-lhe calor e humanisal-o. A sua alma que é

Estranha como um céo de nevoas,encheu-se, feliz,de borboletas amarellas

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E prosegue, na sua confissão:Toda a minha alma sorve? o minuano doiido,(folhas torvelinham, nuvens galopando,os batentes batem contra o muro. . . )Sorvoiodo o azul do céo. . .

Setembro verde. . .Cresce uma glycinia sobre a minha vida.. .(Sobem morro acima estradas que desapparecem

!á no azul do céo. . .)Ajoelho, agora, e beijo a terra,e beijo o céo. . .

Como um bom lyrico, o Sr. Augusto Meyernão consegue afastar-se dos seus motivos poeti-cos, e lá está um pouco de si em cada nota, emcada verso, ein cada symbolo

* *

Sendo assim, qual a situação do Sr. Au-gusto Meyer entre os modernistas brasileiros?Surgido cinco annos após o grito de rebeldia,que poz o espirito novo em luta aberta e ruidosacontra a nossa pasmaceira mental, o autor de"Coração verde'' se aproveitou de todas as con-quistas da victoria e ainda deu um passo adiante.Libertou o seu rythmo, emprestou-lhe movimentoe flexibilidade, moldando-o pela traiçoeira incon-stancia da vida: descobriu o sol americano, queamadurece o rosto das mulheres, queima o cora-ção dos homens e dá á paysagem um ar espe-ctaculoso de carnaval; repudiou os motivos exo-ticos e escondeu na sombra humida e espessa dafigueira brava o illustre perfil dos carvalhos edas oliveiras. Mas foi além. Foi aonde não ti-íiham ido ainda os seus precursores. Foi a simesmo. Buscou-se a si. próprio no meio de tudo,porque sentiu que no meio de tudo estava elle, eadivinhou que, se tudo vivia, é por que ellevivia.

•Tudo é mais coração, porque és mais coração. . .

O Sr. Augusto Meyer filia-se á revoluçãoliterária, levando comsigo um contingente novo— o subjectivismo.

* *

Não af firmo que o Sr. Augusto Meyer nãodeva muito aos mestres do pensamento novo.NTem será preciso muita argúcia para surprehen-der, aqui, alli. a flagrante influencia deste ou da-quelle autor. "Alvorada",

por exemplo, não émais do que a "Missa negra", de Guilherme deAlmeida, tomada pelo avesso; e "Ironia senti-mental" obedece tão á risca ao processo de

•-ia uma pagina {/rny\\yonicos e- senti- (v (v?r ii>>

i se liberta d°. kV\^^^esta é, felizmen- ^Ç^Sacha de todo in- ^&«^>§y§s

Konalcl de Carvalho, que dir-scesquecida dos "Epigrammas iimentaes". . .

Entretanto, quando o poetítoda e qualquer suggestão — ete. a regra geral — quando setegrado dentro de si mesmo, possuído pelas suaspróprias forças, — a sua poesia adquire a pro-fundeza discreta, a clara transparência, a simpli-cidade, c colorido fresco das coisas primitivas. Etanta é a sua originalidade, que tudo, então, pa-rece sentido pela primeira vez. O Sr. AugutoMeyer é um descobridor. Elle se dá com tama-nha ternura a tudo que o rodeia, que, pela boccavoluptuosa das corollas, pela voz perdida do ven-to, peta fria cantiga das águas, se lhe desvenda-ram os segredos mais amáveis e felizes, essesque a vida esconde aos indifferentes e aos máos.

Neste passo, eu deveria transcrever quasitodo o livro, para ser justo. Mas prefiro copiar"Serão de Junho", pela extrema orginalidade queo poeta ahi conseguiu, dentro da mais pura sim-plicidade:

Ouve: — alguém bateu na porta.. .Janellas brilham no escuro.Cada casa é uma estrellinha.Cada estiella é uma familia.E o minuano, um pobre diaboque não quer ficar no escuro,bate, bate, empurra a porta,praguejando como um doudo:— Pelo amur de Deus, eu queroa esmola rubra do fogo!

Mas ninguém abre ao minuano.Que noite fria lá fora. . .Cada casa é uma estrellinha.Ha mais estrellas na terrado que no céo, Deus do céo!Lá fora que noite fria. . .E o minuano, pobre-diabo,andando sempre, andarengo,para enganar a miséria,geme e dança pela rua.e emquanto assovia — chora,

e emquanto chora — assovia. ..

Constantemente invocado pelos nossos poe-las, ninguém como o Sr. Augusto Meyer sentiuo minuano com tanto coração, no seu velho sof--frimento de eterno vagabundo repellido, contrao qual todas as portas se batem, na noite fria eescura. Não sei o que mais se possa exigir empoesia. Mas a melhor prova da requintada finura

(Coiicluc no fim dr numero)

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JANEIRO19 2 7

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Conferência que o Dr. Cassiano Ricardorealizou, a 5 do corrente, a convite de umgrupo de intellectuaes, na cidade de SãoJosé do Rio Pardo.

MINHA TERRA TEM BANANEIRAS

O thema desta ligeira palestra não deve-ria ser esse: minha terra tem palmeiras. Masminha terra tem bananeiras. Palmeiras nãofaltam, em outras terras também. Dizer, alémdisso, que o nosso céo tem mais estrellas, nãonos adeanta. Não são as estrellas, por maisnumerosas que sejam, que poderão influir naphysionomia de minha terra, ou de nossa ter-ra. Mas o poeta falou: nossos campos têmmais flores, nossa vida mais amores. Tam-bem não adeanta. Essa poesia não correspon-de á verdade das nossas cousas. Ou melhor:não identifica o paiz das morenas formosas.Nada menos característico do que um Brasil,cheio de flores. Mas eu citei essa poesia sópara mostrar, muito de propósito, o quanto anossa mentalidade, creada por poetas e sonha-dores antigos, estava longe do nosso destino.O quanto o Brasil, que se cantou nos livros,é differente deste Brasil que tão bem conhe-ceis agora, com gosto de terra, moldado nobarro inicial com que todos nós, cada qual aseu modo, o estamos construindo. Citei as pa-lavras do poeta para demonstrar também, logoao inicio da minha palestra, o quanto a men-talidade contemporânea dos escriptores de hon-tem é differente da nova mentalidade que osmoços acabam de inaugurar: nova mentalidadeconstruetiva, que anesia por encontrar o Bra-sil em si' mesmo. Sentido directamente nassuas fontes de vida. Trabalhado pela mão dohomem. Produeto do nosso esforço. Sem ou-iras flores, sinão as que brotam em nosso ca-minho, ao labor das enxadas. Sem outras es-trellas, sinão as que formam aquella cruzbranca, que é o symbolo do Cruzeiro. Semoutras palmeiras, sinão as que dão sentido ápaysagem que nos é própria.

OS POETAS NÃO MENTEM

Deveis concordar commigo: não ha ver-dade, nenhuma verdade, no que diziam os es-criptores de hontem. Os poetas sempre men-tiram, direis. Ainda nisso, ha um velho pre-conceito, que é necessário acabar. Já um gran-de escriptor dizia: não ha mentira nas fabu-las. Outro affirmava: as apparencias são asúnicas realidade^ que eu reconheço. Estoucerto, por isso tudo, que os poetas não men-tem: são elles que logram buscar, primeiroque os outros homens, o que estes homens nãodescobriram. E' claro que chamo poetas osque nasceram pra dizer alguma cousa. Hauma fada — nó de lenço em sexta-feira, si-gnal de coruja em páo ôco, não sei que lá —

que lhes redoura o destino com esse signal denascença e prompto, os poetas cumprem o seudestino. Mas só são poetas os que não men-tem: os que traduzem, nos seus poemas, adôr e o júbilo dos homens; os que adivinham,por mera intuição, o mysterio das cousas; osque conseguem falar, por nós todos, algumacousa que não dissemos ainda; os que se mis-turam, mais do que os outros, ao drama da

i<;<ardO/realidade, com cheiro de luta e amargor desangue; mas, sobretudo, os que fazem resoar,na sua lyra de cordas sensíveis, a voz dosobscuros, o anceio dos opprimidos, o passo dospovos que vão caminhando para destinos igno-rados, o canto de liberdade ou de crença noalvorecer dos paizes que se inauguram. Ospoetas não mentem, portanto. Quando nasceum povo, são elles que o annunciam. São ei-les que cantam, como esses gallos festivos.,saudando alvoradas vermelhas. Quando umpovo soffre, são elles que lhe interpretam osoffrimento. Houve quem observasse, aliáscom razão, que a queda, de todos os máos go-vernos foi precedida pela -satyra das ruas.O povo deseja que as suas leis, antes de se-rem o simples produeto do raciocínio e da in-telligencia, brotem dos cancioneiros anonymos.Quando um povo morre, a ultima voz que seapaga é a dos seus cantores. Não, os poetasnão mentem. Os que mentirem não serãocreadores, nem serão videntes. Numa palavra:não serão poetas. Naturalmente já vos disse-ram que os poetas são inactivos: "caem numpoço, e ficam a contemplar as estrellas".

Tudo isso é mentira. Os que vos disse-ram tal cousa é porque acreditam na velhamentalidade, que creou os poetas fataes, comcabelleiras felpudas e gravatão lyrico. Hoje,a mentalidade é outra: todos estão integradosno rythmo da vida. Rehabilítou-se a funcçãosocial da arte. O artista está reintegrado nasua missão. Dentro da sua actividade constru-ctiva, tão séria como as demais. A elles, por-tanto, que olham a vida directamente, é quecabe a revelação do que somos. Uma poesiabrasileira é a revelação directa da nossa exis-tencia de povo. Visão da paysagem, que em-moldurou o destino do nosso paiz. Sim, oBrasil vem amanhecendo.. .

QUE VOZ SERA' ESSA?

Alguma voz ha de exprimir essa reali-dade. Que voz será essa? A dos políticos? decerto que não. A dos scientistas? E' claro quenão. Porque essa voz não será doutrinaria,nem especulativa. Não virá explicar: virá di-zer. Não será um grito de raciocinio: seráuma interjeição. Não ha de exprimir-se pelalinguagem dos interesses immediatos; maspela linguagem do sentimento, que é a maisconcreta e mais pura de todas. Dizem que ohomem, na manhã do seu paraiso, não racio-cinou. Nem explicou o que sentia: cantoucomo um pássaro. Foi o demônio, mais tarderque inventou o sophisma. E que creou as la-grimas do raciocinio. A' linguagem do senti-mento suecedeu a linguagem da lógica da abs-tracção e da dor de pensar. Hoje, o idiomaque todos falam é o do demônio; só os poe-tas é que continuam falando a linguagem dosentimento. Quero dizer: a cantar como pas-saros. Fala o político; são palavras bonitas,com mentirosas promessas de liberdade. Falao philosopho; são palavras amargas, a ensan-guentar o horizonte do raciocinio. Fala o sei-entista; são palavras unilateraes, a examinara vida analyticamente, sem a representar nemsentir. Ha uma linguagem para os artistas:é a do sentimento. A elles, portanto, incumbea revelação do Brasil. Desse Brasil que ama-

nhece ao longe. Desse Brasil em que tres ra-ças se fundiram. Desse Brasil panorâmico.Cheio de cousas inauguraes. Cheio de estradasnovas. Colorido de cidades alvorescentes. Vi-vendo o momento commocional do mundo.Phenomeno formidável de todas as raças.Com a terra vermelha a sangrar nas enxadasdos lavradores. Com vozes estremunhadas emal definidas, numa elaboração prodigiosa dedestinos communs.

O DRAMA VERMELHO

E passarão, sob os nossos olhos maravi-lhados, os vultos homericos dos descobrido-res. E veremos, antes de mais nada, que nãonascemos por acaso. E todo o drama da for-mação brasileira será cantado pelos poetas,índios, coroados de pennas verdes, saltarãoaos nossos olhos: guerreiros que vieram ras-gando, na brenha cerrada, os primeiros ata-lhos. E atravessaram o continente, chamadospor uma voz mysteriosa: a voz das distancias.A marcha desses guerreiros é mais grandiosaque um poema. Desce montanhas, transpõecordilheiras, affrpnta animaes ferozes, rasgahorizontes nunca vistos, arrasa inimigos, paraattender o chamado da grande voz: a voz dadistancia, que monologava ao longe, pras ban-das do mar. Saltam as madrugadas de papoamarello, quando elles passam. As arapongasgritam. E o "carão" — o pássaro que nãomuda de pennas

"— chora o seu triste fada-rio: vede os tucanos, diz elle, como são bel-los! São bellos porque mudaram de plumas,substituindo o descolorido das azas pela rou-pagem decorativa de outras pennas; (upainuirá etá u rico puranga acayu iauiaué u cucuii pepó etá) só eu sou assim; sou sempre omesmo. O tempo é que me esqueceu, e a vozda distancias não se lembrou de mim". Dasfolhas grossas e rajadas do tajá-onça nascemonças, mosqueadas de negro e amarello; on-ças que são invisíveis, e só apparecem paravelar o passo das caminhadas. Até que um diao exercito selvagem, que vinha semeando oseu sangue em combates de toda casta e mar-cando a passagem com os rastos do seu idio-ma, descortinou as distancias todas. E os guer-reiros empennachados olham o mar: e enxer-gam, surprehendidos, o exercito branco quecavalgava as ondas, ao seu encontro. Eram osnautas descobridores que vinham vindo, vi-nham vindo, chamados também por aquellavoz : a voz das distancias.

O DRAMA BRANCO

E' a manhã do descobrimento, que jávistes cantada nos livros, pintada nos quadrosde alegoria, e imaginada pelos poetas."A

praia era tão formosa — e de tantoarvoredo, tamanho e tão basto — que não po-dia homem dar conta". — E havia tantas ar-vores — tontas de tanta alegria — que umassubiam sobre outras — no hombro corcundados barrancos — para vêr quem chegava eperguntar ao dia — por que a bahia amanhe-cera — cheia de pássaros brancos!

Arvores vestidas de verde — com laça-rotes de parasita; — (ninguém sabia qual amais bonita) — de grossos collares pendentes— com grandes braçadas de flores — mani-

il i íkt-™.a/».**ILLUSTRAÇAOBRASILEIRA::

festavam-se impacientes — como a esperar

que os descobridores — pisassem a terra fir-

me para cobril-os de flores.E todas, como doudas. — umas por traz

das palmeiras — outras por cima do matto --

queriam ser as primeiras — a abrir os braçosoenerosos — ofíerecendo frutos gostosos —

aos navegantes do acaso.Foi quando saltou da ilha — um bando

dc mulheres selvagens — e de guerreiros ma-ravilhosos — grandes coroas de penna ama-rella> _ E a manhã de aquarella — sahiu da

...,^^«^ ¦^SSJ~T^rS-Jl:'.:'^rT.

sílgem, — e como a terra fosse de arvores

vermelhas — e houvesse poentes de fogueira

em céos de anil, — deram-lhe o nome de Bra-

sil.

— baixou a noite dos captivos e íicastecrucificado numa cruz de estrellas brancas!

O DRAMA NEGRO

la-Depois, os primeiros corsários. Os

clrões de papagaios. Os ambiciosos do ouro.

Os contrabandistas de páo-brasil. As primei-ras levas de povoadores. As primeiras expedi-

ções de reconhecimento. Um homem branco

tanha espessa — tendo um pennacho de que dá um tiro de arcabuz e mata um passa-cores — sobre a cabeça. ro. com verdadeiro assombro dos nativos.

Um poeta que escreve versos na areia daspraias, a conversar com as onças e com os ta-

* moyos. Os fundadores dos primeiros povoa-dos. Os donatários. A colônia. Os primeiros

Houve, depois, a primeira missa: captivos. Como se vê, todo o mysterio da ge-No quadro agreste da paysagem — o ca- nese: primeiro a manhã de pennacho verme-

pellão da armada — começou a dizer uma lh0. Depois o dia marítimo e branco, com as

cousa sem fim. velas retesas das nãos portuguezas. Depois, a

E vieram os papagaios — solemnizados noite africana, com o seu luto de treva. O en-

nos seus fraques verdes — ouvir aquella fala contro das três raças: depois da epopéia ver-resmungada — que parecia um cântico de al- melha, a epopéia branca; depois da epopéiavorada — dito em latim. branca, a epopéia negra. Os heróes de penna-

Terra papagalorum — Stella matutina... cho, os caçadores de esmeraldas, os prophetas— O capellão falava assim. — A madrugada da republica dos palmares; a unificação dasde trança amarella — paramentou-se atraz do três raças, dentro da mesma finalidade terri

*

Depois, íugiste ao captiveiro; — fundas-te, á sombra dos palmares, — tua cidade li-vre. e com o teu próprio sangue — semeastea redempção do solo brasileiro. — Depois...a tua redempção. — Depois qtie as tuas la-

grimas — já se haviam juntado ao nosso co-ração; — e que o teu sangue já se havia der-ramado — nas raizes da raça enterradas nochão...

Tu tens razão... tu tens razão. — Nãoha nada que mais me opprima ou me machu-

qUe — 0 coração de brasileiro, oh meu paeJoão, — do que ouvir, pela noite negra, quefoi sempre — a doce mãe dos pretos semhistoria, — com o seu leite de luar e o seuluto de gloria. — ouvir o choro surdo, sapa-teado e entrecortado do batuque!

Oh meu pae João, por que choraste ?

torial. A expulsão do invasor batavo. A defe-sa do patrimônio commum contra a cobiça dos laçao

aventureiros. O descobrimento da terra, pelaarrancada formidável das bandeiras. O san-

morro — com seu lençol feito de bruma —

e veio a correr pelos campos — trazendo aindano cabello — uma porção de pyrilampos; ¦—

o rio listado de espuma — com a barba bran-ca da cachoeira — resmungou qualquer cousa gue vermelho, despertando no sangue branco

profunda — num socavão da cordilheira. a nostalgia das distancias. Como é para bemDepois que acabou a missa — mulheres da nação diga ao povo que fico. Lutas nati-

nuas e homens nus — sahiram por invios vistas. Choques interiores. Cabeça de Tira-barrancos — levando o signal da cruz — (A dentes, na ponta de um chuço. Insurreições li-tarde vestida de roxo — tocou a flauta de um beraes. Independência ou Morte. Viva a Re-sabiá — dentro da solidão) — E quanto ao publica! Rataplan. O drama, comtudo, nãomais, foi assim: — os papagaios palradores está terminado. Figuras de velhos caciques,—- voltaram todos ao sertão — dizendo cou- soluçam no nosso sangue. A voz brasileira

E elle nem me voltou o rosto de car-vão. — Como um grito de dôr. dentro do co-

— pareceu-lhe escutar o clamor dasenzala. — E grandes lagrimas de opala, —lhe estrellaram a face negra, á hora do jon-go, — como si o pobre preto, em sua noiteescura, - conseguisse accender as estrellas doCongo

sas em latim. . .

*

não traz, apenas, as onomatopéas barbaras danatureza; traz o rumor dos mocambos na nos-talgia negra dos jongos e batepés.

E as cousas como que começaram a ad-quirir um sentido prophetico. A noite desceu,como um panno de theatro, sobre as cores deuma apotheose:

O vulto negro de um jequitibá — arre-medou o capellão da armada — erguendo alua como uma hóstia illuminada — por entreos dedos de carvão.

O' meu pae João, por que choraste?olhei o negro velho, ao clarão da fogueira, —

O drama racial, como se vê. não termi-nou ainda. O phenomeno da nossa forma-ção ethnica é uma eucharistia. O elementoselvagem é a voz da Distancia, a percutir nasquebradas e nas cachoeiras. O branco é a Con-cjuista da terra, com aventuras maravilhosas.E' assimilando o elemento negro que a com-munhão se completa, perante os homens e pe-rante Deus. Estamos a ouvir, no fundo danoite atávica, a voz da mãe preta :

Havia uma voz de choro — dentro dae pareceu-me ver a noite em fôrma humana: V-°'^Q brasileira: — druma yoyosinhocrucificada numa noite brasileira. . . •

Lá fôra, no terreiro da fazenda, — adança trágica e noctambula dos pretos, — de

a cuca ja 1 vem. ¦mãe loiro vem. . .

quema-

E a terra que nascia, — á hora dos sarabanda em bamboleios de perna bamba. —anhangás e dos assombros — sentiu, pela pri- no resmungo sem fim do bumbo ou do uru-meira vez, como uma enorme prophecia, — cungoCruzeiro do Sul pesar-lhe sobre os hombros. . .

Depois, o baptismo da terra virgem :Por se tratar de uma ilha deram-lhe o

nome — de ilha de Vera-Cruz.Ilha onde havia mulheres nuas, anhangás sombração.

saros — Ilha cheia de luz.Ilha onde havia mulheres nuas anhangás

a sonhar com historias de luas e cantos bar-baros de borés em poracés batendo os pés.

Depois mudaram-lhe o nome — pra terrade Santa Cruz — Terra cheia de graça —Terra cheia de pássaros — Terra cheia de luz.— A grande Terra girasol, onde havia guer-reiros de pluma e pelles de onça extendidas

i\ sombra das arvores mosqueadas dc sol.

no arrasta-pé grosseiro e fúnebre dosamba — que retumba na noite lugubre quedescamba: — é o choro surdo e entrecortadodo batuque, — no bate-pé que enche de as-sombro o próprio chão... — E a lua alvissi-ma derramada na restinga, — pinta de caltodo a paysagem de carvão; — nas casas desapé. nas montas de caatinga, — pinga nasombra qualquer cousa de mandinga — e as-

O' meu pae João, eu sei de toda a tuahistoria. Ouando o navio alçou o panno aovento da África, — algemaram-te as mãosem cadeias de chumbo; onde, no porão, olhan-do os astros, noite em fôra, — quanta vez es-cutaste o longínquo retumbo — do oceano

Mas como houvesse, em abundância, —¦ estrangular as praias sem aurora — como umcerta madeira de côr de sangue côr de brasa negro quebrando as cadeias de chumbo! — e como o fogo cia manhã selvagem — fos- Depois... os cafezaes, os eitos. oh contraste!se um brasido no carvão nocturno da pay- — Por entre montas, espraiados e barrancas.

Papae foi na roça. -

E a noite punha em cada sonho de cre-anca — uma porção de lanterninhas de ouro.

E o dia era um bazar onde havia brinquedos, — bolas de joá, pennas de arara epapagaios; — dia-palhaço ofíerecendo os seustucanos de velludo, — arvores carnaval quejogavam entrudo.

Cada creança ainda em botão — chupa-va ao peito de carvão de uma ama escrava —

a alva espuma de um luar gostoso tão gostosoque o pequerrucho resmungava — pisca-

piscando os dois olhinhos de topazio — cheiosde goso.

*

Parou o bate-pé dos pretos no terreiro.Lá fôra anda a invernia assobiando asso-

biando. — O céo negro quebrou a lua atraz domorro. — Quem é que está gritando por soe-corro?

Quem é (pie está fazendo este rumor? —As folhas do cannavial — cortam como nava-lhas; — por isso ao passar por ellas — o ven-lo grita de dor. . .

JANEIRO19 2 7

(O céo negro quebrem a lua atraz domorro).

"Drunia yoyosinho, — que a cuca já i

vem: — papae foi na roça — mamãe logovem. . . "

*

* *

Nem nós queremos que o drama termine.Muito ao contrario: o que o Brasil offerecede mais interessante é ess. tumulto de aspira-ções, vincas de todas as procedências, e quese fundem na terra brava. O bandeirismo nãoterminou na agonia de Fernão Dias PaesLeme. O sangue dos bandeirantes está vivo,dentro do nosso sangue. Falam, nesta aprom-ptação matinal para caminhos desconhecidos,as velhas inubias guerreiras que despertaram omato virgem, quando os exércitos selvagensatravessaram o continente, chamados pela Dis-tancia. Infelizes dos povos, que já não têmo seu drama pra realizar! "Desgraçadas asjaneilas abertas para o oceidente, prescrutan-tes do abysmo das finalidades. (Como disseraesse maravilhoso Plínio Salgado, pela boceado seu "Extrangeiro"). Sim, "os

que espiampor ellas são espigas falhas da seara humana,estéreis para todas as construcções do amor".

NÃO PRECISAMOS COPIAR O OUEOS OUTROS FAZEM

O que a campanha verdamarellista pro-cura, neste momento claríssimo de affirmaçãobrasileira, é crear a mentalidade nova que cor-responda a essas realidades fundamentaes dopaiz. Não é possivel falar em desanimo, dian-te das nossas primeiras conquistas. Ser pessi-mista, á hora em que a madrugada nos trazo seu hálito de primavera, só poderia ser pro-prio dos que nasceram com óculos roxos. Emquatro centos annos de vida. fundámos amaior pátria americana. Collocámo-nos, pornossas próprias mãos, na vanguarda dos po-\os civilizados. De certo que a nossa terraestá por viver, ainda, a phase dolorosissimadaquelles povos, que já cumpriram a sua fi-r.alidade. Não precisamos copiar o que os ou-tios fazem. Não ha, no mundo, paiz mais o ri-ginal que o nosso. As próprias mulheres, aban-donando o seu credo supersticioso, deviamrasgar, nesta cruzada de independência, osfigurinos de Paris. O nosso thesouro de ori-ginalidade está virgem, sob todos os aspectos.E a nossa felicidade está nisso mesmo. O quenão devemos, portanto, é transportar para onosso solo a cultura exótica de outros povos,creando flores de estufa onde a terra é umaverdadeira apotheose de seiva e fecundidade.

ERROS DE OBSERVAÇÃO

Foi a cultura importada que nos afastou,até hontem, da realidade brasileira. Foi opessimismo de certos philosophos passadistasque creou. para significar o nosso destino, alenda de que somos um povo demasiado in-dolente, para ser mau. Um erro de observa-ção creou a mentira do Jeca-Tatu — figurasinistra de um brasileiro que não se explica,de forma alguma, dentro dos oito milhões dekilometros quadrados que conseguimos unifi-car. O que nos cumpre reconhecer, de outrolado. é o mau serviço que nos prestaram os es-criptores de hontem, embuidos de concepçõespuramente livrescas. Não ha maior despropo-sito do que affirmar, por exemplo, que somoso paraíso terreal. Que a nossa terra é um the-souro de frutos providenciaes, brotando es-pontaneamente á altura de todas as mãos. Isto

desacredita, o mais possivel, o nosso espiritode realização bandeirista. Nós temos braçospra trabalhar. Queremos o fruto do nosso es-forço, não a esmola da terra. Nada de "abre-

te. Sésamo!" Nem de fazer brotar a semente,com a vara mágica dos fakires. A nossa men-talidade combate essas expressões puramentelyricas. Combate-as em nome da nossa própriadignidade. Em nome do formidável destinoque estamos dispostos a realizar, no patrimo-nio econômico da humanidade.

O BRASIL VEM AMANHECENDO...

O panorama das realidades brasileiras éoutro: o Brasil vem amanhecendo... Os nos-sos lares acordam, com a matinada das crean-cas. Accende-se o fogo das casas. Cantam ospássaros no terreiro.

Urús da capoeira annunciam a madruga-da. Os lavradores vão para as suas roças. Osmilharaes de cabello ruivo caminham, ao ladodas outras lavouras. A enxada scintilla ao cia-rão novo do sol. As bananeiras parecem pas-saros verdes, de azas enormes e tatalantes,pousados nos boqueirões. Inauguram-se pon-tes, saltando rios. Rasgam-se tunneis, no ven-tre da serra braba. Fura-se o chão, á cata deouro. São as machinas que apitam. São as bu-zinas de outomoveis, em todas as direcções.São os sacys pererês que assobiam no matto.E' a charrúa que rasga o chão, a espantar ospinhés do campo.

E' uma cidade luminosa, que appareceuno sertão. São os fios telegraphicos da civili-zação desbravadora riscando uma pauta preta,na estampa do dia, onde pousaram, como dizo poeta, as "notas amarellas dos canários".E' o caboclo invadindo a floresta, com o exer-cito verde dos seus cafezaes. E' o lavradorimmigraníe, qtte vê passar aeroplanos. porcima da cordilheira. Numa palavra : é o phe-nomeno brasileiro, em todos os seus aspe-ctos:

Dia de festa nacional. — Alguém icouuma bandeira brasileira — no alto de um cau-le de palmeira — dentro do mattagal.

Chegou o Sr. Presidente — para a iliau-guração da estrada de rodagem.

E' o casamento da cidade com o sertão.A cidade é uma noiva branca endomingadaque se vestiu de cal e poz, sobre a cabeça,uma grinalcla inaugural de telhas novas.

E' um vulto amanhecido e immovel de ai-vorada — que e.síá de joelhos no altar verdeda montanha. — (Longe, no fundo da capo-eira — estão tocando flauta as caçorovas).

Pia um cidadão na praça publica dandovivas. — Uma banda de musica acompanha —a multidão ridente dos convivas. — que se-guram nas mãos bandeirolas festivas. — Nun-ca se viu na terra alegria tamanha !

() sertão como um noivo engravatado —corn o laçarote roxo-azul das parasitas, —nunca pensou em assistir a cousas tão bom-tas, — por oceasião do seu noivado. — Mastrouxe o seu presente: um ipê amarello, —pintalgado de sol. cheio de ouro por cima.—-como uma enorme flor de pantomima...

Sobe ao ar um rojão com bombas de tes-tim, — que os ecos ainda virgens arremedam— promovendo um barulho enorme no grotâo.

E a banda rompe o seu marcial tarata-chim : — E o sino toca a badalar tãobalalãa

Nisto por dentro da folhagem — umtronco que assistiu a tudo junto á estrada —

e um bandeirante de outras épocas nemelha— dá uma enorme risada — de flor verme-lha.

O caboclo que abriu o matto a golpes defacão — está chorando dc emoção.. .

POESIA VERDE E AMARELLO

A nossa poesia, a meu vê;, tem que seresta: uma expressão de saúde, antes de tudo.Deve corresponder á verdade das nossas cou-sas. E' o que pretendem, de norte a sul dopaiz, os escriptores novos. Todos querem, aomesmo tempo, revelar o Brasil.

Ouça-se, por exemplo, esta lindíssima pa-gina de Menoíti Del Picchia. E veja-se, de-pois, si não ha dentro delia um Brasil real,um Brasil novo, um Brasil palpitante e vivo:"Eu vou amar toda esta noite esta ciVa-na — que armou sua barraca de linho numacasa de "rendez-vous" — junto ao lago gla-ciai do seu espelho oblongo — sob a copa ver-de de um "abat-jour" de seda...

Seu corpo sáe da escorça da camisa —como uma frueta tropical! — Nas suas pupil-las de agatha — eu vejo o velho coronel Ru-fino — que bebeu a fazenda com champanha.

Penso nas tulhas attestadas de café —nos torsos nús arfando sob os saccos louros,

nas carretelas que vão riscando nos cami-nhos — duas linhas que nunca mais se encon-tram — e vão rodando até chegar junto dasondas — ao con vez fumarento dos navios —para ir buscar os beijos falsos das francezas".

** *

Em meus "borrões de verde e amarello"tentei surprehender um aspecto fundamentaldessa mesma paisagem, manchada de terranova:

"Oh louro immigrante que ti/azes — aenxada ao hombro e na roupa em remendosazues e amarellos o mappa de todas as pa-trias!

Sobe commigo a este pincaro — e olhaa manhã brasileira — que vem despertando

lá dentro da terra — e abrindo a cauda decores — como um enorme pavão que tivessepousado — no dorso da serra.

... e homens filhos do sol (os Índios)homens filhos do luar (os lusos) — ho-mens filhos da noite (os negros) — aqui vie-ram soffrer, aqui vieram sonhar.

Naquelle palmar tristonho — que vêsmuito ao longe os primeiros prophetas — daliberdade, vestidos de luto. — anteciparam omeu sonho.

Naquelle rio encantado mora uma lindamulher de cabellos verdes e bocea de amora.

Mais longe descança o sertão immortal.em que havia esmeraldas oceultas (a voz daaraponga até hoje desata o seu grito de dôrtransfundido em metal).

Foi onde o paulista audacioso — facão emachado á cintura, — chapéo e bota de couro,

furou o recesso das brenhas á cata — dasminas de prata.

Naquelle matto distante nasceu Iracema,a virgem dos lábios de mel. Lá longe ao

lulgor do trópico o cearense indomável segurao sol pelas crinas no chão revel. Lá em baixoo gaúcho — de lança em riste — assombraa planície escampa, — montado no seu corcel;

sim, o gaúcho que viu. ao nascer, a ban-deira da pátria estendida no pampa; sim. o

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ILLUSTRAÇÃOBRASILEIRA::

gancho que vem do entrevêro —- de lenço en-

carnado ao pescoço — mas de alma brancasem fél. E passa espantando os theatraes

quero-queros mosqueados de negro que gritamna várzea ao rumor do tropel. . .

Pois. bem. oh immigrante louro, — o

meu paiz é todo um rutilo thesouro — nas

tuas mãos. Toma a enxada — e vae plantara semente de ouro — na terra de esmeralda.

E terás, sobre o solo bravo, aberto em flor,a sensação de um descobridor.

ENTHUSIASMO, EXPRESSÃO DESAÚDE

Não faz muitos dias o Sr. Paul Hazard,

(um professor francez que nos visitou ha

pouco), notava que o brasileiro pegou o mor-ro do Castello e atirou-o ao mar. Eis. obser-vada por um espirito de larga visão panorami-ca. uma proeza verdamarella do homem mo-aerno. Cantar essa proeza é inaugurar motivosnovos para a literatura brasileira. A conquis-ta do Pão de Assucar merece um poema. Jáhouve quem pretendesse lascar a pedra escul-

pturando-a na figura de um indio. Uma la-voura de café que se inaugura, merece outro

poema. Um furo na Serra do Atar, capaz deligar a cidade marítima ao planalto de Pirati-ninga, por meio de um tunnel maravilhoso,merece outro poema.

Sim. o brasileiro não é o Jeca Tatu doLobato. Nem o Sorumba, de Manuel Mendes.O Brasil-hospital é uma lenda. O brasileiroopilado. objecto dc pesquisas scientificas. é ou-tra lenda. O Jéca-tatú. si existe, nada mais é

que uma conseqüência da própria terra, quelhe pendurou, junto á janella da choça, um

cacho de frutas gostosas. O mane chique-chique cavalga o cavallo vermelho das labare-das tropicaes. E affronta os seus poentes defogo. que se assemelham a bandeiras escada-tes. O paulista semeia cidades; invade o ser-tão com a locomotiva; levanta os arranhas-céos, que se escondem nas nuvens.

Ser brasileiro, em resumo, não é fazer(..bra de pura contemplação, por meio de es-tampas verbaes. em que figuram goiabas enbacaxis. Não é estereotypar. tão somente, ostraços inferiores da raça. sinão defeitos e vir-tudes que identificam, com a grande coragemde sermos aquillo que somos, a nossa physio-nomia moral. A paisagem, do certo, poderádeterminar o destino de um povo. O meio cos-

mico é um laboratório de destinos humanos.Alas. a natureza só toma um sentido próprio,quando é modificada, sentida, ou integrada noespirito do homem. Quando entra, por assimdizer, a fazer parte dos nossos actos. Nãobasta a "nossa"

paisagem: o homem é que lhedá uma significação brasileira. O sertão nãoseria brasileiro si não fora a conquista das es-

meraldas. A nossa physionomia geographicauão é uma obra do acaso; éuma resultante

lo«ica da concepção brasileira".

EU SOU BRASILEIRO!

Chegam, de todo o mundo, os convida-

dos á festa nupcial da Terra. Russos, italianos,

allemães, japonezes: todas as raças. Que côr

ía-de resultar, dessa mistura de cores? Quevoz unificadora é essa, que funde as aspira-

ções numa só aspiração, como um rufar de

tambor conclamando conscriptos de todas as

procedências? Será porventura, a força da

terra nova? O sangue selvagem? Talvez.

Seja o que for. Ha qualquer cousa que pre-side, em nome do território e do povo, a essa

festa nupcial. E' o bastante. Depois do tumul-

to, ha-de surgir a obra definitiva. E todas as

vozes disparatadas, expressas em varias Im-

gttas, serão a voz única "eu sou brasileiro!"

E o arco da velha apparecerá: todas as cores,

unificadas no mesmo symbolo de alliança. E

c irapurú cantará. Os rouxinoes terão que ou-

vil-o. em silencio admirativo. Todas as boceas

dirão, ao mesmo tempo, perante todos os po-

vos: "eu sou brasileiro!" Que nem os tupys.

com canitares de penna amarella e tacapes

mosqueados de fogo: "che tapya!"

E então teremos a quinta raça, ou a"raça cósmica", a que se refere José de Vas-

conceitos. Porque no solo da America "é que

terá seu termino a dispersão de todas as ra-

cas. daqui sahindo o typo synthese, que ha-de

juntar os thesouros da Historia para dar ex-

pressão ao anhelo total do mundo!"

ACREDITAE NO BRASIL

\creditae no Brasil. Não num Brasil,

obra* do acaso. Não um Brasil, inventado

nos livros. Não num Brasil, paraíso terreal.

Não num Brasil mais feliz que os outros

paizes por ter mais palmeiras que os outros.

Xão num Brasil mais providencial do que ou-

tros, por ter mais estrellas no céo e mais flô-

res na várzea. Por certo que essas maravi-

lhas. que a natureza nos poz nas mãos, só po-

derão influir na belleza exterior da vida. São

a moldura do nosso drama. Alas não é nisso

que repousa o espirito da construcção nativis-

ta. A mentalidade nova já proclamou que a

nossa poesia não está no cantar a belleza das

nossas cousas. Nem no dizer que o paiz é um

thesouro cyclopico. com grandes rios fabulo-

sos e com famosos eldorados de prodigalidadenativa, onde os reis mágicos se besuniam de

ouro. Não é nada disso. Porque "a belleza

das nossas cousas é de tal forma evidente quei:ão precisa ser cantada". O que devemos can-

tar é o esforço do homem, na sua alliança

formidável com a terra barbara e gostosa.

A nossa poesia é essa. Está na belleza das

nossas realizações. Está na grandeza do es-

forço humano que conquistou, a golpes de au-

dacia e de soffrimento, a décima quinta partedo elobo terrestre, — oito milhões de kitome-

tros quadrados, — e soube conservar esse pa-trimonio territorial unificado no seu destino

c separado simplesmente pelas cores conven-

cionaes de uma carta geographica. Acreditae

num Brasil bem fadado. Não porque a terra

nos ponha o frueto espontaneamente á altura

das mãos. Mas porque o homem, creando a

maior lavoura do mundo. levou os seus café-

saes victoriosos, como um exercito de solda-

dos verdes, a subir morros e chapadas, e des-

bordar por planícies e grotas, por onde a ma-

nhã brasileira desponta, radiosa e fecunda

Acreditae no Brasil de amanhã. Nesse Brasi!

cujos passos amazônicos começamos a ouvir.

Nesse Brasil que vem vindo... vem vindo.

Sim. num Brasil que vem vindo agora. Comas suas cidades maravilhosas. Com o fogaréodos telhados novos. Com o suor obscuro dosseus operários. Com as suas estradas verme-lhas. Com as suas lavouras immensas. Com assuas cachoeiras brancas, como cavallos de cri-

nas espumejantes. Com o tratratrá dos mar-tellos, forjando os arranha-céos da conquistaurbana. Com o rumor dos guindastes nos por-tos marítimos. Com o mugir do seu gado edos seus rebanhos, espalhados pela planícieverde-esmeralda. Com o fumo das suas fabri-cas, como pennachos negros em cima das cha-mines fumegantes. Com o grito das suas lo-comotivas, levando exércitos coloridos de im-migrantes para o milagre da terra nova.

Acreditae nesse Brasil. Erguei vossas

preces, em nome da sua grandeza e da sua gio-ria. Esse é o Brasil que vem vindo. . . vemvindo. Os poetas o estão anunciando, e os poe-tas não mentem. Elle não sahiu dos livros;ha de entrar para os livros. Xão é o fruto doacaso, mas é o produeto das nossas lagrimas.Não é o gigante que dorme, mas é o giganteque despertou. Não é um visionário que os-tenta palmeiras, onde canta o sabiá; mas é o

paiz trigueiro e bárbaro, trazendo uma cruzde estrellas, sobre os hombros de pedra. Sim.alumiae vossos lares, com o fogo que a terranos dá ; cobri de flores a vossa mesa. com asfiòres que a terra vos dá ; contrui vosso tecto.com o lenho que a terra vos dá ; mas semeaeessa terra de frutos, cortae essa terra de es-tradas novas, ide ao encontro do Brasil...Sim, 0 Brasil vem vindo... vem vindo.

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voiiatO RESÍDUO DE UMA ÉPOCA

Uma tarde, em Tonalá, Roberto Montene-gro levou-me á casa de um velho cantador mexi-cano, mestre das melhores violas de todo o Es-lado de Jalisco. Oleiro de profissão, sua palhoçade adobe e piso de terra batida era um peque-nino museu maravilhoso. No barro cozido e nasargilas endurecidas ao fogo temperado dos for-nos primitivos, bailavam os rythmos livres dasua imaginação, em ímpetos de fôrmas e cores,de volumes enérgicos, modelados por um ex-gota vel e mysterioso lyrismo geométrico.

Aquelle homem, que ali estava assentado,cm frente da porta aberta sobre um pateo plan-tado de cardos massiços, tinha ainda nas mão?tremulas o frêmito dos potros selvagens, e nospés, de músculos saltados como raízes, o pó detodos os planaltos, que elle varou em longa-,correrias.

Juan Belmonte era o resíduo de uma época.Ninguém adivinharia, na sua palavra molle errastada, aquella voz de combate, aquelles gri-

tos imperiosos que, no dorso das montanhas na-taes ou na ondulação macia dos valles, move-ram, em outros dias, como num taboleiro de xa-drez, os ágeis peões de bronze das suas hostesimprovizadas.

Cantador e guerreiro, pastor e alfarero,Belmonte era apenas um symbolo melancólico.Morria, com elle, uma virgem America de azte-cas e mayas, de incas e guaranys. Seu gesto so-lemne e trágico recuava o espirito para o tempoda conquista. Sua narrativa, pittoresca e derra-mada, reproduzia a lingua entravada e floridade um chronista hespanhol da éra dos Vice-Reis.

O PESADELO DE JUAN BELMONTE

Belmonte creava, espontaneamente, u m aatmosphera de claustro churrigueresco. Resurgiao épos da pedra colonial. Balcões e archivoltas,fontes rendadas e azulejos de talavera, torres ehosteis, granitos, mármores e tezontles rubrosrevoaram no ar. E eu vi, através da sua gui-tarra, a America dos jesuitas e dos dominicanos,dos galeões armoriados e bojudos como carapa-ças de glyptodontes, a America das rumorosasmassas de indios carregando blocos para as py-ramides de Teutihuacán e para os templos deCholula e Tepotzotlán. Belmonte era bem o va-lão de uma doce America, dramática e innocente,que não aprendera a rir. Estava deante de min:o homem do feitiço, do totem, das mascaras in-

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quietas, dos amuletos cruéis, da America som-bria, que se preparava para morrer, que aspi-rava ao anniquilamento.

Em torno de nós, picado de luzes humií-des, o pueblo, com os seus muros pré-colom-hinos, augmentava o meu espanto. A folha agudados magueyes balançava pesadamente pelosquintalejos. Só a lanterna de um Ford, lustrosode vernizes como um preto de Barbados, melibertou do pesadelo de Juan Belmonte.

A DIMENSÃO DO ESPONTÂNEOARTIFICIAL

A Lanterna Verde, de Felippe d'Uliveirapôde libertar muita gente desse mesmo pesa-delo. Nossa literatura soffre, hoje, do pesadelode Juan Belmonte. Para fugir á rendilha chur-rigueresca dos nossos escriptores, resolvemoscomplicar a simplicidade. Inventamos uma novadimensão. A dimensão do espontâneo artificial.Reduzimos a America, por um calculo subtil, auma Arca de Noé, cheia de bichos bocós, ama-rellões e aparvalhados nas suas duras articula-ções de pinho e de peroba. Continuamos, pois,a brincar de colônia, bem comportadinhos ao to-que das Metrópoles matreiras. Quando, porven-tura, apparece um bicho novo, com vontade depular, vae logo fazer uma estação de cura naArca, e fica teso, de repente, como um peru deNatal, dentro do annel que o aperta e o imme-bilisa no chão.

Felippe d'OHveira é um cérebro americana,E' o homem do littoral, o homem que aprendetodos os dias, a viver. O homem que sabe rir.Filho do Pampa industrial, do Pampa cortadode chaminés e fios telegraphicos, dos paredõeslisos dos armazéns de xarque, elle tem o movi-mento célere e ágil das machinas modernas. Suaintelligencia não hesita no entrecruzamento daslinhas. Nasceu para decidir. Revela o treino docommando, no improviso da ordem rápida:Núcleo de convergência no bojo da noite oval.Lanterna verde(amêndoa phosphorescentedentro da casca carbonizada)

Longetudinal, centrifugo,o trem racha em duas metadesa espessura do escuroe, cuspindo pela bocea da chaminéas estrellas inúteis á propulsão,atira-se desenfreadonos trilhos livres.

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Mas se o machinista fosse daltonicoa locomotiva teria parado.

O MAIS BELLO PLAGIO DO MAR

Este primeiro poema do livro de FelippecVOliveira é um precipitado lógico das suas qua-lidades mais activas. O mysterio da sua poesiaresulta, geralmente, da força. E' a força a sub-stancia mágica da sua criação. A sensação doinesperado, em sua obra, provém desses elemen-tos de energia, que se ajustam inopinadamente,para deflagar em surpresa.

Percebe-se immediatamente que a sua vidaé um fruto que amadurece ao ar livre, vida bru-tal, mas sempre dominada pela intelligencia puradas cousas, rica de imagens sensoriaes, imagensque o raciocínio corrige, a cada momento. Oexame do poema transcripto offerece partícula-ridades curiosas. Ha que notar, desde logo, aeconomia da matéria. Fugindo ao pittoresco des-criptivo, o poeta despreza os elementos da sim-pies transposição vulgar, com que qualquer outroarmaria a equação de um quadro para fixar oreal.

Do mecanismo de certos movimentos reeu-lares e precisos — massas que se deslocam, pro-\ocando attritos constantes — consegue elle des-prender e isolar a própria suggestão da noite mo-derna. Noite de metaes que vibram, de trilhosde aço, rampas de concreto, plataformas gira-torias, rodas, pontes, guindastes, cabreas, tubosque descarregam vapor accumulado, postes sema-phoricos, luzes que circulam no fio de platinadas lâmpadas. Noite que se satura de dynamis-mos contínuos, que absorve as múltiplas veloci-dades do machinismo contemporâneo.

Felippe d'Oüveira tem, ainda, a originali-dade, entre os nossos grandes poetas modernos,de construir, muitas vezes, a imagem pelo som,pela mola disciplinada dos rythmos. Este verso,por exemplo, é o mais bello plagio do mar:A onda bate a cadência no seu gongo liquido.

NATUREZA-MORTA DE LEGER

Seu livro revela, também, o prazer do risco,a seducção dos equilibrios perigosos. Circo eNúmeros dc Music - Hall estão nesse caso. Opoeta não esconde o gosto infantil de exhibir amusculatura ágil, o desenho vertiginoso do saltolivre, da mão que arremessa a pedra, do corpoque se desloca para vencer o obstáculo. Sente-seque elle tem a fascinação das formas humanasprojectando-se no espaço, crianço milagres instan-taneos de resistências impressionantes. O numero3, do Circo, é um jogo extraordinário. Parece umdivertimento de Picasso ou uma natureza-mortade Leger. São Los Krupinos:

Irmãos.Da mesma idade.

ParelhoS. N^Mtv^v>vCom a mesma cabeça reluzente de comestiec. ír^írT/JíCom o mesmo epithelio, de maillot nos troncos 1 AA ! caAm

iguaes. i^C^A^wi

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Os púbis isoceles brilham de lantejoulas sobre ovelludo azul

e se empilham.Cinco. Quatro. Tres. Dois. Um.

A face da Pyramide Humanainscreve no cone do reflectorum triângulo scintilante.

As peças se desmontam,se recolhem desarticuladas, uma a uma,para traz da cortina carmezim.

Brinquedo de armar que volta desarrumado paraa caixa.

As crianças se deleitam.As governantas acham bonito.

Parece um soneto.

UM BRINOUEDO MARAVILHOSO

Talvez não haja, neste poema, senão umbrinquedo maravilhoso. Mas elle pôde suggerir, sem duvida, o riso com que o artista sedesforra da estupidez humana. Esse jogo decubos, que se arma e se desmancha ao sabor daopportunidade, trae a zombaria ao espirito dacasta, ao snobismo de todos os palermas que re-cluzem o universo a um grupo de idéas primarias, a um schema de actos reflexos, a um auto-matismo de instinetos secundários. Puckhine es-creveu um poema contra o inspector de quar-teirão. No cérebro desse pobre diabo, o vicio dorespeito á hierarchia se manifesta de tal modo,que todo o seu sêr vae, aos poucos, se transfor-mando numa aguda enfermidade topographica.Elle acaba por traduzir todas as cousas em func-ção do transito. E enlouquece, afinal, por nãoter conseguido evitar o choque dos dois últimostranseuntes do seu cérebro: a avareza e a fome.Em Los Krupinos, entretanto, a sátira é muitomais limpa. Ha uma intenção exclusiva de poe-sia pura, que interfere com o real no ponto exacto.

Está claro que todo esse equilibrismo dipoesia de Felippe d'OHveira representa um ir -d;ce de força. O homem forte e^ a criança ágilsão os únicos seres matinaes da terra, os únicosindivíduos que sabem brincar. Os poetas, comoFelippe d'OHveira, consolam a gente da estu-pidez do "horno sapiens", do homem que estásempre corrigindo as regras do jogo, mas quenão sabe jogar. Eu não aconselharia ao maisavisado "homo sapiens" a desmontar esse brin-quedo terrivel que Felippe d'01iveira construiu.

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EUO ?YM?VpEiV jí 0?VR> B jí.Esta é a melhor das minhas chronicas. Vou substi-

tuir aqui a minha insulsa prosa por lindos versos deTheophiio Barbosa. Até poucos dias era elle um poetainédito, por modéstia. Revelou-o, ha dias, noutra revis-ta, "Sorcière", das minhas amigas intimas, a que maisconfia em mim e em quem mais confio. Muitas das mi-nhas leitoras que o sao também delia, já o conhecemclahi.

Não sei por que sortilegio conseguiu ella arrancardo nosso amigo a permissão de publicar-lhe, em paginasmundanas, versos de um livro destinado a lortaiecer ca-racteres, cultivar o gosto poético e desenvolver o conhe-cimento da lingua, nas escolas e no lar.

Diz ella, üesse livro, também meu conhecido, queé uma obra üe arte, de moral e didactica. Confirmo-lheo julgado, e accrescento que nessa manancial de bonsversos, mães e professores encontrarão, a cada passo,com que entreter o espirito e melhorar o coração aa pe-tizada.

Theophilo Barbosa soube fugir, com rara feiicida-de, ao deleito quasi inevitável em obras dessa natureza— a monotonia.

Ora faceto, ora severo, ora descriptivo, ora concei-tuoso, elle variou tudo — o metro, o estylo, os assum-ptos, os ensinamentos. Fez, em lindos versos, historiaspara agradar a todos os paladares.

Eram as primicias desse livro, que em breve viráa publico, que eu queria offerecer, como valioso brinde.ás leitoras da ILLUSTRAÇÂO. Mas "Sorcière" tomou-me o passo. Não fosse ella feiticeira.

Pois já não lhe transcreverei nada. Não me ser-ve o segundo logar. "Sorcière" adeantou-se. Rale-se,então, de despeito. Também eu vou ter uma preferen-cia. Theophilo Barbosa não pôde negar-me a permis-são de publicar-lhe versos. Estes, porém, de outro li-vro, que elle teve de interromper para dar a ultimademão ao de que a minha amiga se occupou.Vão as leitoras conhecer o poeta sob novo aspe-

cto. Vão aprecial-o como cantor da natureza, admirar-lhe a segurança do desenho, a felicidade do colorido, abelleza das imagens, a capacidade de observar e podertransmittir, tudo muito afinado, tudo muito apropriado,numa linguagem enérgica, fluente, cantante e sugges-tiva.

Minhas senhoras, aqui lhes dou um poemeto"Tríade" do meu distincto amigo. São tres phases deum espectaculo que todos têm contemplado, mas quepoucos serão capazes cie o reproduzir assim:

TEMPESTADE

Calmaria presága... O sol que, esfuzilando,cáustico, arremessava a luz em réstias de aço,num instante obumbrou-se; e, incerto, desmaiando,apenas se entremostra, arrefecido e baço.Rescalda o solo, e fende, expellindo o calor.Sombreia a serrania espessa velatura.Tudo se aquieta e espera, em languido torpor.Por vezes um clarão momentâneo fulgura.

ti¦¦j.

Grupam-se, em novellões, escuras nuvens densas,que se vão transformando em montanhas suspensas.Latej a, na aérosphera, um abalo imminente.Retrahe-se, acabrunhando, o dia-.. De repenterisca o céo, cobrejando, ignifero o rastilho,e um formidando estouro atrôa no ar parado:outro estrondeia ao longe... E um medonho estribilhode rebombos percorre o espaço entenebrado.A súbitas irrompe, em calidas rajadas,zunindo, e varre o chão, furiosa ventania:as folhadas e o pó, que cega e asphyxia;sobem, turbilhonando, em bruscas levantadas,Já os conglobados borbotões de fumo,que a Terra vomitou do bofe ardente,são trovejantes vagalhões, sem rumo,rebolcando-se em pinclios de serpente:e chocam-se, rolando, entre fracassos,de roldão, coriscantes, côr de chumbo— água e fogo em fusão — como estilhaçosde cháos errante, prenhes de retumbo...Parece, até, que o Mar, alucinado,com vulcões nas entranhas, requeimado,galgou o oceano aéreo, em convulsões;e, no estertor, a blasphemar, rebentaem relâmpagos, raios e trovões,rugindo por mil górjas de tormenta.

Agora o

AGUACEIRO

Pelo açoite do vento fustigada,a bátega despeja-se em crescendo.Surge um odor terroso. A ramalhadacurva-se, triste, as folhas abatendo.Nem um gorgeio de ave! Denso véo, :tramado em poeira aquosa, o dia enluta.Ouve-se, apenas, em cadência bruta,o jorro borbotado pelo céo.Infiltra-se nos seres a humidade,qual invisível neve, e os desalenta.Da vida, entorpecida e somnolenta,só f lue a essência eterna da saudade.O espaço, turvo, transformou-se em lerna,onde a terra mergulha, enregelada,longe a luz, que a chuva molha e estanca.Sumida em água, a Natureza hybernaNão se percebem formas, cores, nada,que envolve tudo, impérvia, a treva branca-

E a rematar a

E S T I A D A

Arco-iris! As abertas aniladasjá vão, seguidamente, despontando;e são as pequeninas madrugadasda noite pluvial, que está findando.

(Termina no fim do numero)

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da Bôa Vista.

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tenção de fazer o estudocritico da obra e da per-sonalidade artistica de H.Oswald. Isso seria tarefasuperior ás forças de quem, como eu, em arte,apenas costuma manifestar-se por effeito damaior ou menor impressão que delia recebe.Fique aos profissionaes esse mister de analysar,pagina a pagina, a obra do glorioso mestreElles gozarão o praser dedesvendar todas as belle-zas, todos os detalhes, to-dos os pormenores quenão interessam ou quepassam despercebidos aosolhos dos não iniciadosnos segredos da technica.Elles se deleitarão com othesouro, — que eu ima-gino infinito — de todasas infinitas maravilhas mu-sicaes, que se devem en-feixar nas paginas escri-ptas pela mão de Oswald.A mim, eu me reservouma missão diversa, ter-rivelmente espinhosa, por-que, deante delia, avultaainda mais a pequenez daminha habilidade, anima-da apenas pelo destemorda minha resolução. E, senão recuo ante a difficul-dade da tarefa que mepropuz, é porque Oswaldé o grande artista onde osaber contrasta com a modéstia, onde o talentohão é maior do que o coração, onde a grandecompetência não é maior do que a bondade.Elle saberá apreciar o meu esforço; e isso mebasta.

Tomarei para mim, não o musico, mas oartista, não o compositor, sob o ponto de vistatechnico, mas o emotivo. Não me interessam osmil recursos de que elle lança mão para chegaraos fins a que chega; nem os meios com osquaes desperta e alimenta a emoção alheia; nemos detalhes technicos kdas .suas musicas. Toda asua obra interessa-me apenas pelos seus effei-tos estheticos e pela impressão que possa pro-duzir no espirito e na sensibilidade do publico.E é só e exclusivamente sob esse ponto de vistaque Henrique Oswald me preoecupa. No pre-

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sente momento, elle sóentra nesta ligeira pales-tra como o creador deemoções, de que os cre-ditos do Brasil tanto de-

vem vangloriar-se. Porque, apesar de ter vividouma grande parte da sua vida fora da pátria,elle soube conservar, e conserva até hoje, essasimplicidade de sentimentos que são o caracte-íistico e o apanágio da raça brasileira — e en-

tre os quaes a bondadeavulta como dos mais bel-los. Mas se assim, forada pátria, soube conservarbrasileiro o seu caracter,terá H. Oswald sabidoresistir a influencias ex-tranhas, para a formação,desenvolvimento e orien-tação de sua personalida-de artistica?

Nessa duvida, ou me-lhor, nessa interrogação,creio que está o primeirotraço característico queme oceorre salientar napersonalidade musical deH. Oswald. Sabe-se bemo quanto é decisiva a in-fluencia do meio sobre oscaracteres e sobre as per-sonalidades em formação.Vivendo longos annos au-sente do Brasil, a musicade H. Oswald, na justaphrase de Renato de Al-meida, "é a musica de

itm civilizado europeu". Ella é o que se poderiachamar uma musica internacional, porque refle-cte os logares por onde andou o artista, entreterras estranhas e estranhas gentes. Oswald nãoprecisaria,pois, explicar por que, desinteressan-do-se do ambiente brasileiro, se tornou o menosbrasileiro dos nossos compositores. Como crea-dor de bellezas e de emoções, elle não se fezdentro da emoção e da belleza do ambiente bra-sileiro. A sua obra, portanto, tinha de ser aobra que é. Dentro delia, longe da exuberânciatropical da terra nativa, palpita a influencia damusica allemã, da italiana, da franceza; e, detal modo, que o nosso eminente artista poderiafigurar como mestre em qualquer uma dessastrês gloriosas escolas — sem desdouro, e, antes,com justa vangloria para qualquer uma dellas.

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E' fácil de comprehender, entretanto, o quantonão poderia ser decisivamente benéfica para amusica brasileira, a influencia de Oswald, no diaem que elle, tomando rumo diverso, quizessejuntar-se aquelles que tudo fazem por formar amusica brasileira, a nossa musica, nossa, pela in-finidade de seus rythmos inconfundíveis; nossa,pela ingenuidade da phrase; nossa, pela emoçãodas melodias, freqüentemente tristes e nostalgi-cas; nossa, pela espontaneidade da inspiração dopovo; nossa, emfim, por todos os característicosde que ella se reveste, para traduzir o nosso am-biente musical. | Henrique Oswald, porém, sópassageiramente, aqui e ali, mostra ter recebidoinsinuações do nosso folk-lore musical, como noterceiro tempo da Symphonia, no segundo Bstu-do para piano e na Serrana, escripta para piano,violino e violoncello. E entretanto, nenhum ou-tro temperamento encontraria no nosso folk-lore terreno mais propicio para expandir-se; enenhum outro folk-lore poderia encontrar, entrecs seus mestres, mestre maior para engalanarse, para transformar-se em thesouros de maio-les e de mais raras bellezas! Por isso mesmo,fico a pensar na in,explicabilidade de certas coi-sas. Não se comprehende bem como, até hoje,tenham podido assim andar divorciados um am-biente musical e um temperamento de artista,que se diriam feitos para se comprehender e secompletar um ao outro! Ninguém melhor do queOswald poderia realizar o milagre da creaçãodessa musica, que ainda é uma aspiração, quan-do já podia ser uma realidade palpitante! A mu-sica brasileira, tal como brota da inspiração po-pular, tem a ingenuidade e a languida frescurada cabocla, com o seu sorriso quasi triste e o seuvestidinho de chita. Para enfeital-a, para co-bril-a de atavios, para ornal-a de jóias e fazel-apenetrar garbosamente os melhores salões e osmaiores palácios, consciente de sua belleza eufana de si mesma, ninguém sobrepujaria Hen-rique Oswald em processos de harmonização, emrecursos de phantasia, em requintes de bomgosto.

Mestre, que representa, sosinho, um dosmais formosos capítulos da historia da musicabrasileira, musico que teve a felicidade de cul-tivar a intelligencia e formar o espirito na con-vivência dos grandes mestres e na freqüênciados grandes centros de arte, Oswald, tomando asi o encargo de explorar o nosso folk-lore, rea-lizaria obra sadia, bella e perfeita. Essa obraseria o justo meio termo entre a singeleza dosmotivos apropriados e as fulgurações de intel-ligencia de seu apropriador. Diamante bruto queé, a nossa musica teria em Oswald o lapidadopor excellencia, para quem o trabalho de com-posição é, sobretudo, inconfundivelmente pes-

oal. Elle encontraria, a cada passo, uma belle-

za escondida, que lhe serviria de pretexto pararealizar suecessivas obras de arte.

Em toda a bagagem musical cie Oswald, oespirito observador não deixará de encontrar oauetor sempre torturado pelo desejo incessantede attingir á perfeição. Para isso, elle põe empratica todos os recursos de technica e de phan-tasia, de que dispõe, para que a obra não sof-fra, um momento sequer, o menor desequilíbriona sua unidade, o mais insignificante desfalleci-mento no seu aspecto de conjuneto, o minimovasio na sua contextura.

Meticuloso e observador elle é, antes detudo, exigente para comsigo mesmo. A sua ins-piração soffre-lhe o mais caprichoso trabalho decinzelador intransigente, sobretudo com o bomgosto. Nada que lhe possa chocar o tempera-mento todo romântico. Nenhuma aresta que lhepossa arripiar o velludo da sensibilidade.

A musica de Oswald, apropriando-se denós, como uma suggestão que se não evita ecomo uma fascinação a que se não resiste, é umenlevo continuo, uma emoção sem altos e bai-xos, uma caricia que se não interrompe. Musicainspirada e personalíssima, que tem encantamen-tos de penumbra e que tem enlevos de sombra,ella reveste todos os característicos das maisfortes expressões de arte. Ella faz reflectir, por-que eleva; faz sonhar porque commove; faz vi-brar, porque é bella; faz sentir, porque é ex-pressiva. E' uma fonte de emoção e de inebria-mento. de goso e de ternura, de sonho e de me-ditação. . .

Ningusm,' melhor do que elle, sabe prepa-rar, para a subtileza da inspiração, a coloraçãoexacta do ambiente sonoro. E, como é um ar-tista que procura realizar a sua obra, visandorevestil-a do ; máximo de perfeição possível,Henrique Oswald tem a' preoecupação do aca-báménto de suas phrases e pensamentos musi-cães. :; :

"Elle foi sempre tão exageradamente mo-clesto, que se tornou um tímido" — escreveuOscar Lorenzo Fernandes. L)ahi, o não se dei-xar levar por impressões arrebatadoras, nem porconcepções transcendentes, nem _ por quadros au-daciosos. Elle despresa a audácia, ou melhor,sente-se, pelo temperamento, afastado delia. Aodeslumbramento das grandes massas de luz,prefere a sombra. Chocado- pelos, grandes ru-mores, elle corre a refugiar-se rio meio-tom.Ao exagero das cores vivas,, prefere o coloridodiscreto das meias-tintas. Tudo isso indica-lhe otemperamento, que só é exagerado na modéstia,só é extremado na timidez.

Aos quadros de grandes dimensões, prefereas paisagens-menores. Troca por motivos peque-

(Termina no fim da revista)

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S grandes artistas, nos temposem que a arte era considera-da uma verdadeira religião,suggeriam aos seus contem-

poraneos, dc vez cm qiumdo,gestos da mais espontânea,mais magnânima nobreza. Ha-via sempre no meio da agita-

c.ão em que viviam, um coração que se emocio-nava, uma voz sentimental que se erguia implo-rando ou concedendo. Se Berlioz assistiu desolado á ingratidão dos seus patrícios, Wagner,mais feliz, apesar da lucta titanica que travava,

para impor a sua musica revolucionaria, depa-rava com alguma creatura que num impulso deadmiração lhe patenteava uni louco enthusiasmo-

Madame Ritter, uma antiga e desinteressa-da amiga, sabendo as difficuldades materiaes

que opprimiam o grande compositor, enviou-lheuma importante quantia á qual elle respondeuda seguinte maneira:

"No extremo em que me achava, fui com-

prehendido, entretanto, pelos amigos mais sin-ceros; elles me seguravam a mão com uma af fei-

ção infinitamente terna e me tiraram dessa af-flicção... Sim, e então aprendi a conhecer oamor mais bello, o único, o verdadeiro amor quenão inflinge condições, mas acolhe o objecto tal

qual é e como somente pôde ser pela sua natu-reza. Foi elle tambem que me conservou para aarte..."

Madame Ritter a julgar pela correspondei!-cia mantida entre ambos, queria assegurar ao ar-tista uma renda que o libertasse de todas as ne-cessidades. Wagner grato e emocionado quebra-va o orgulho e acceitava tudo quanto delia vi-esse.

"Creia que ao saber de suas intenções, fi-

quei orgulhoso e alegre porque, por principio,acceito tudo que me vem de você" — diz-lheelle.

Examinando, porém, minuciosamente o res-to da carta, depois de expurgar as manifesta-ções de reconhecimento do maestro, acho-o umtanto desenvolto, pois não somente acceita osobséquios como exige tambem alguma coisa queé precisamente o que elle não deveria ter exi-

gido. Da amizade podem-se esperar dedicações,sacrifícios, mas dinheiro é um pouco demais.

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Eu desejaria riscar da carta a phrase onde elle

líi'o pedia; desejaria riscal-o ou nunca ter lido.— Graças a renda com que você pretende

beneficiar-me — observa elle — eu fico de fa-

cto livre de todos os compromissos, comtudo

para firmar a entrada na minha nova situação,necessito um sacrifício importante. Mande-me, o

mais depressa possível, a quantia de trezentos"thalers". Você os desencantará em qualquer lu-

gar com facilidade. Essa quantia faz-me falta,

pela circumstancia do tratado de Weimar ter go-rado, e nesta occasião não poder prescindil-a.já avisei seu filho, agora venha você ao meusoccorro. Verifique como sou para você de umasinceridade e um desembaraço importuno.

Esta sinceridade demasiada melihdra numespirito tão forte como o de Wagner.

O seu único ideal era fazer admirar a suaobra magistral, que a despeito das objecções edas hostilidades elle tinha a certeza que haveriade passar cá posteridade. Como a mania dos gran-des homens de outr'ora, Wagner debatia-se af-flictivamente entre a necessidade urgente de con-solidar o seu bem-estar, e o desejo vehementede crear um theatro que, segundo a sua própriaopinião, constituia um dos seus maiores desejos.

Observador profundo dos sentimentos do

publico, esses sentimentos que explodem ao ca-lor da rampa sem peias nem timidez, elle sabia

que a sua idéia não seria acceita á primeira vis-ta sem grandes embargos; entretanto pelas expe-riencias que fizera, aventurava-se a esperar queas illusões que o acalentavam não seriam filhasde sua doida chimera nem da sua louca fantasia.Pouco tempo antes, quando se dirigira á socie-dade de musica, para organizar uma bella or-chestra, recebeu como resposta uma risada acompanhada de um desdenhoso encolher de hombros;mas mais tarde, depois de ter feito estudar ai-gumas symphonias, essa mesma associação lheacceitava a proposta, que já não se lhe afiguravaabsurda. A perseverança, que o iniciara em tan-tos segredos, continuava a amparar-lhe o animo,temperando-o de paciência e de resignação. Gra-ças á generosidade de Madame Ritter, Wagnernão necessitou trabalhar para a subsistência, du-rante algum tempo, foi por ella que seu "Na-

vio Fantasma" poude afinal navegar. Foi ella

(Continua no fim da revista)

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Blanche Schoueri, que,

com apenas 13 annos de

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concorrente, no concurso

"Chiaffarelli", realizado no

Municipal de S. Paulo, em

Dezembro, o primeiro pre-

mio de piano, constituído

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por medalha de ouro e Rs.

4:000$000. Elía distribuiu

esta quantia a diversas in=

stituições de caridade.

Blanche é filha do Dr.

Nagib Schoueri, e alumna

do conhecido e provecto

professor José Kliass.

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\v\VP àJ administração passada, e que pelas suas inestimáveis qualidades de erudição, U^ <h®f7j ,

Professor Dr. Rocha Vaz, director do Departamento Nacional do Ensino na

administração passada, e que pelas suas inestimáveis qualidades de erudição,

intelligencia e actividade, continua a merecer igual confiança do actual governo

da Republica neste alto cargo.

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O Hotel Estrella ? E' só descer a praçae tomar por aquella rua á esquerda. O hotelfica bem defronte de três palmeiras, ali mes-mo.. .

Muito obrigado.Com o sobretudo dobrado ao braço, uma

maleta de mão, o chapéo de feltro desabado so-bre os olhos, Paulo desceu da gare e foi pelapraça seguindo a indicação para o hotel. O vivoar da manhã soprava dos montes picando a pellecom um frio muito intenso para quem subia aserra, deixando em baixo a fornalha da capital.

A praça toda era occupada por chalets suis-sos e os jardins em frente floriam como emplena primavera.

Já as casas da rua, pelo estylo colonial,com a beira dos telhados parallela ás calçadas,indicavam que a pequena cidade crescera hapouco em feições bem distinctas. Havia a partenova, de chalets e bungalows, perto á estação, ea parte antiga, numa garganta de morros, justa-mente onde ficava o Hotel Estrella.

Paulo agradou-se do hotel pelos amplosaposentos, o enorme salão das refeições, a salade frente com cinco janelías de sacada deitan-do para o jardim de gradil de ferro, o velhoportão artístico escancarado para a rua dondeo edifício acaçapado tinha feição de fazenda fi-dalga, com suas dezenas de janelías ao lado quetambém lhe davam aspecto de um bom conven-to ou de , um grande sanatório. E a bem dizerera mesmo um sanatório. Porque, como Paulo,que faziam todos os que nelle se installavam,senão procurar a saúde no excellente clima ser-rano ?

Paulo também se installou commodamente,abriu as janelías que deitavam para os trilhosda estrada, e sentindo a leveza do ar, impregna-do de aromas silvestres, não poude conter o ju-bilo.

— Ah, aqui ao menos se respira.Aqui ao menos se respira: era como se dis-

sesse, aqui não ha as avenidas, os seis e os fo-otings, os saráos, os rcvcillons de arte, os chásc as prcmières, tanta seducção, a ronda estou-teante e esfalfante dos prazeres, — mas a mo-notonia, o socego, a vida quieta e apagada, to-davia a saúde, os ares que a restabelecem.

Tustamente nesse dia havia um saráo nohotel e como Paulo já estabelecera relações nolongo correr do dia vazio, forçoso lhe foi assis-til-o e tomar parte nas danças. Conheceu Car-men Villalba que o encantou.

Era uma menina de dezesete annos, cabel-los à la garçonne, crespos e louros; o bello ovaldo rosto animado por um claro e vermelho risode bocea sadia nos seus dentes de porcelanapura; os olhos de um azul cendrado eram deuma expressão alternadamente pensativa e bü-liçosa, triste e gaiata ao sabor do momento; ovestido muito curto mas sem decote exagerado,— emfim um termo médio entre pequenas deBotafogo e moçoilas do interior. Dançava muitobem o fox-trot, porém por cousa alguma quere-ria aprender o charleston. De cinema só sabiadas fitas de Tom Mix e Harold Lloyd, uma ououtra de Clara Dean, mas as estrellas, os he-roes, confundiam-se na sua retina ingênua sema .impressão duradoura do escândalo dos beijos.

Paulo repetiu com ella alguns foxs. Dormiusobre a impressão delia. Foi sua silhueta que lhefechou as palpebras na primeira noite em Es-treíla.

Não lhe acompanharemos todos os passosna estação de verão. Basta-nos a leitura da suacorrespondência:

Emilio querido:

Escrevo-te sitb tegmine-fagi. Estou encan-tado com o local que me i.ndicaste e mais aindacom um conhecimento que travei. Alguma Nau-sica dos bosques? Não. Uma menina seduetora,digna dos mais resplendentes salões do Rio eque todavia nelles teria despetallado todos òsencantos de sua natureza e já usaria o baton derouge e outras futilidades cançativas. Sob o seucorpete adivinho um seio inviolado moralmentecomo materialmente poucos topamos ahi, onde,como sabes, já está faltando a penna de umMareei Prévost para a historia das nossas demi-vierges.

Mas não vou te descrever a minha sedu-ctora, nem dizer-lhe o nome. Seria collocal-a emfrente a ti, e tu conheces a sentença ingleza:não mostres a tua namorada nem ao teu melhoramigo. Fio que és o melhor amigo do

Paulo.

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5-12-926.

Emilio amigo:

Sete dias passei em silencio comtigfo. Oue

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Continuei- num crescendo de //íVí. Ou an-tes, abri aula desse perigoso desporto. Hoià deaula, a de chegada dos trens das 6. Sala — ojardim da estação.

A' vigilância dúbia de uma luz electricatrouxa, é delicioso o idylio e os bancos estallamna caricia dos pares enamorados. Comtudo a mi-Carmen (ai, que lhe escrevi o nome), vem sem-pre acompanhada por um dragão, venho a dizeruma tia ou irmão petiz, ambos irreductiveis abajulações e presentes, vigilantes fieis, e o nosso

flirt é assim de máximo respeito e seriedade.Será por isso que cada vez mais estou encan-tado? E essa fornalha do Rio, como vae? Man-ci.efri.ie as revistas. Aqui custam o dobro quandoapparecem. Sim?

Affectuosamente,

Paulo,12-12-926.

Meu Emilio:

Natal. Fala-se nelle como ahi falamos noCarnaval. Muita anciedade, muitos projectos.Em fim o melhor da festa... Espero por ellacom certa curiosidade. Será que cortaremos obolo em familia? Os toscos presépios ou Papa-Noél, a arvore, o desnacionalizado Natal semmissa do gallo? Deriva minha ansiedade em que,não sei se já te disse, pelo Natal o papae deCarmen virá de S. Paulo, da sua industria, eterei que conhecel-o. Não, não poderei evital-o,dada a minha freqüência a casa.

Aqui florescem rosas e begonias em profu-são. Dir-se-ia que a Primavera faz seu passeiodiário com os albores da madrugada e da sualibre vae vestindo os caminhos de dhalias e ver-benas, cravos e violetas que estrellejam pelas se-bes, pelos vallados, pelos canteiros da praça, pe-los varandins dos chalets. . . Então isto é o Na-tal, o inverno? E' o verão de que fugi? Não. éc nossa eterna primavera e com a primavera sin-to que me floresce meu primeiro e vero amor.

Será também eterno? Sinceramente,

Paulo.21-12-926.

Caríssimo:Passei o suspirado Natal — uma ceia de

província.

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' :%Interessante que me apertaram o cerco para

o compromisso official com a Carmen. As indi-rectas do Papá (o industrial de S. Paulo), fo-ram bem directas e comtudo innocuas. Fui fértilem evasivas. Pretextei alteração de saúde, queme fez buscar a serra. Compliquei o caso comcomplicações dos negócios de meu pae, que fi-gurei insolvaveis.. . emfim o diabo impedindo-me um compromisso de noivo. Parto amanhãpelo trem das 6: é uma solução decente. Vá es-perar o

Paulo.

Paulo passeava no seu apartamento, fuman-do cigarrettes turcas uma em seguida á outra.A chuva tilintava nas vidraças e os morros deEstrella eram pesadas sombras immoveis que es-corriam agua em ribeiros. A canção da agua nascalhas também o aborrecia mortalmente. Diabos,não fosse cahir alguma barreira. . . Não se brin-ca impunemente com o coração. Paulo tinhapena de deixar Carmen e irritava-se todavia coma prespectiva de faltar o trem das 6, por algumabarreira cahida.

A's 5 da manhã já estava na gare. As pa-railelas de aço bem lavadas estendiam-se humi-das e luzentes como grandes vias da sua liber-tação. Do trem ainda estendeu uma ultima mirada para o flabello das três palmeiras do hotele não foi sem certo aperto de coração que naprimeira curva dos trilhos viu, na ultima rua dapequena cidade, a casa de Carmen com o seu va-randin florido e sua grinalda de trepadeiras. . .

Voltaria? Fôra sua promessa e por issopareceu-lhe semiaberta uma das janellas e acre-ditou lobrigar o aceno de um lenço.. .

* *

Dez annos depois é que tornou a vêr Car-men Villalba. Foi na galeria Cruzeiro, descendoum bond Ipanema. Era ella, sem duvida. Traziapela mão uma menina, seis annos si tanto, comos seus mesmos olhos azues cendrados, meigose gaiatos alternativamente. Estava casada, semduvida.

Paulo lembrou-se da única af feição que sen-tira florir com sinceridade e não fôra avanteapenas pelo vão temor dos laços eternos. Amoreme nasceu com as flores daquella pequena es-tação serrana, parecia-lhe um amor de prima-vera: eis porque ficara em flores. Outro talvezlhe desse flores, e frutos,

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JANEIRO19 2 7

Hlearta. francíeca na(Conferência proferida pelo Dr. Raul Moreira, no dia 7 de Dezembro, na Villa Garibaldi, onde se realizaram grandes festas

conunernorativas do 7" Centenário Franeiscano)Como esquivar-me a este convite, embora a corrida do temooao célere para o clinico? Como não attender ao appe o do pieZsohanciscano anugo, quando se glorifica o maior de'todos os Sntes?Como despresar tão grande felicidade?

forma em YcnS elaSt''CÍdade a0

^PO, eis ** ° sacrifício se trans-ciscZa Ç ' C aqi" '"e tendeS para falar-TOS da aleSria fran-

v.nicame.lte^^t^nte f°lS6,° "Senph'K° de Assis"> "a0 "««na.unicamente, o typo perfeito da renuncia, para seguir a mhvm aLDeus, para ser o maior interprete do Evangelho. Ftambfm ™SHSrR*='"=-íS

espiritos TranTvtdos ad°rmeC,da' a '"* <** CanSada" de "'""-ar

o amorSeZ,r, £_£_£_ TntTTes^S, " ***«¦ ™

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cavallo estacou tremendo, orelhas fitas •E em disparo fugiu sob o agudo acicate^.

'Logo após... retornou. Alma, porque te agitas?Para traz, coração!... E' tremendo o combate!

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Oh' montão de miséria, acervo de desditas'Sem lábios sem nariz!. Homem? Não. Escarlateer,da es todo, o sapo humano que transitas.r Cheirando mal. causando horror!... "Quem te maltrate, '

Ama. A dor muda em riso, a vingança em doçura".Ajoelhado, sereno, irradiando a faceFica acima do sêr, além da creatura'

O elegante de Assis... _ beija as mãos ascorosasDo laZãro a sorrir, como alguém que beijasseCorollas bostiaes de lyríos e de rosas!

mie ° *ei!.grit0

f Plerra' fitfto característico de todo seu sêr gritoque, um dia, proferiu nas florestas do monte Sabasio «i>ílsum magni reo-is!" — "^ oaoasio. — -Fraeco-"^u s°ti o arauto dn o-nndp Poii"me,ro brado da marcha trinmphal do ser™ iCÍate clTlenho""

ti to que, em toda a parte de Assis, mostrava-se vestido de um bu-¦ei pardo, um capuz sobre a cabeça, um corda ao redor da cintaleve começo então a vida do grande illuminadoEntre humildade sem par, de braço dado á sua irmã pobreza •falando aos pássaros, seduzindo feras, irmanado a todas as forças danatureza, a todos os elementos, com amor que vae além das creatu-ras, o amor pela sua irmã água e seu irmão fogo, S. Francisco dei-xòu o legado precioso á alma attribulada. quando acha alegria no sof-frimento, quando nos faz sentir a vida de Jesus Christo.Entretanto nelle e nos primitivos discípulos, e hoje na sua or-

dem, na família franciscana, emfim, ha uma virtude sobretudo de,-alor inestimável em nossa época, época do pessimismo, das af fli-cções constantes. E' a alegria."A alegria — tal como nos affirma Aristóteles — é o acompa-nhamento do acto perfeito".

E como a actividade perfeita de uma faculdade ou de um órgãose acompanha, talvez, da alegria deste órgão ou desta faculdade, as-sim a actividade perfeita do conjuneto lia de se acompanhar da ale-gria do seu sêr. da alegria da vida, emfim.

No máximo de belleza e de bem por certo ha de sentir a harmo-nia que constitue a actividade perfeita que se traduz pela alegria.

Dahi parecer um paradoxo a vida de S. Francisco de Assis, pois

atravez de todo sacrifício, de toda miséria, de todo soffrimento,numa palavra, elle tinha expansão de alegria.

Mas é que ella, como bem o disse Antônio Eymieu, é a con-sciencia de uma vida harmoniosa; não trepida, é calma; não fadiga,repousa; não destróe, se expande; não passa como um raio, mas seprolonga como um dia de verão; não vem dos nervos, vem da alma;ella a enche a pouco e pouco, tal uma fonte que jorra de suas pro-f lindezas.

A alegria pôde, pois, existir na miséria fraternalmente comtoar-tilhada, e, segundo Gabriel Tarde, "é a união, a força, a fé em simesmo, nos outros e na vida. A alegria é a esperança e a amisade,que sao; talvez, as duas melhores cousas do mundo."• Pois bem, senhores, o grande Santo, emquanto viveu na terradesde a mocidade ruidosa dos primeiros tempos, até que Deus esco-neu-o para seu filho dilecto; em todas as phases cruéis da luta in-ter.or e da luta physica, pelos campos da pobreza absoluta, até o ins-tante de sua morte, envolveu-sc no manto da santa alegriaFicastes assim sabendo como ella foi um dos traços mais cara-ctensticos de S. Francisco e um dos attributos mais fortes de suaordem. ,' Diga-se mesmo que, depois da pobreza, foi a nota dominante de•sua fecunda instituição.

tal nnntn if^v —' Para,elle> irmãs g^ieas, sempre unidas, atal ponto que a dor mais profunda foi para elle a fonte de ale-riasuprema. Encontrava-a em tudo qu.e o rodeava, nas mais pequeScousas, „os seres ínfimos; da terra e, onde os outros achavam" aspe!)ezas e dor angustiosa, elle achava raios de alegria 'Principalmente nisso é que se retrata o amor infinito a Tesusa ponto de a Elle se identificar pela estigmatisaeão. e amava com ae-,?na as creaturas, por amor de Deus. Para defini-o, basta chzer-vosque o seu poema que eorre mundo, como um elo qu prende a erraao eeo, o chamado "Cântico do Sol" e que elle fazia os "mãos

reci-s^srs_r^qi,aiido a ——rmvach;.

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? Cant0r de to'das as "-ravima que nospresenteia a natureza, quando cantava para mais louvar a FW !;»: rs _*. ,;r ftogo' °seu ™ã° s°»'s - S --

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áíSf»" si-rs s_~"Tanto é- il bene che io aspetto •che ogni pena m'é diletto".

que'se no? antolham, K^lSlf ^^mos, segundo elle dizia: "cantores e £fotqu ros dé W^ Tgrar o coração dos homens e eleval-os á alegria espWto"'^Corre mundo, em varias linguas, o dialogo do "Poverello" comFre, Leão seu discipulo predileeto, e sobre o que havds de oermitta lato. da pagina magnífica do Padre José de Castro ? '

Rei JZZSTJT a PorciuncüIa caminhava o Arauto do GrandeKei com Frei Leão, numa rigorosa tarde de inverno. O frio era a<ni-

Vat Z" f ? Crmh°S ?»««""«»-- os pés descalços "mediSL S FrL ?

°"-r?' "" SÍ'enCÍ°' ab>'Smados e™ P^fundameditação. S. Francisco interrompe o silencio e diz: "Irmão LeãoZZT°]

°S,me h°reS nl?de'0S de Sa,Uidade e ^ edificação, eseut.::h4rieampeer;:da"a"le ^ '" ^ ™' ™ ^ "ist0 '^ ^^ a

Dados alguns passos, quando o vento silvava por entre os galhosdespidos do arvoredo. S. Francisco continua: - "Ihmão, si tivesse-

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mos o poder de dar vista aos cegos, passos aos paralyticos, ouvido aossurdos, palavra aos mudos e mesmo para resuscitar mortos após qua-tro dias, nota bem no que te digo, não era nisto que consistiria aalegria perfeita".

Uma terceira vez, depois de terem andado algum tempo, SãoFrancisco exclama: "Si

pudéssemos, Irmão, falar todas as línguas,conhecer todas as sciencias, saber de cór toda a Sagrada Escriptura,si descobríssemos as cousas futuras e desvendássemos os segredosdos corações, ouve-me bem, não era nisto que consistiria a alegriaperfeita".

Os dous vão caminhando em silencio. Ondas de tristeza e demorte andam pelo espaço fúnebre e S. Francisco chama de novo aovelhinha do Senhor, para dizer: "Irmão Leão, si falássemos a lin-gua dos anjos, si conhecêssemos a trajectoria dos astros e as proprie-dades das hervas, si nos fossem revelados todos os thesouros da terrae todas as particularidades das aves e dos peixes, dos animaes e doshomens, das arvores e das pedras, nota bem no que te digo, não eranisto que consistiria a alegria perfeita":

A tarde vae caindo. O frio é mais gelado. Da terra começa anascer a neblina dos dias tristes de inverno. E, após alguns minutosde silencio, o Pobrezinho de Deus continua: "Irmão Leão, mesmoque pregássemos tão eloqüentemente que todos os incrédulos se con-vertessem, repara bem no que te af firmo, não teríamos a alegria per-feita".

As sombras da noite ameaçam de se approximar. A lama doscaminhos incommoda-lhes mais os pés. Pelas aldeias do valle. im-menso e gelado pontilham as primeiras luzes e Frei Leão, a modo deenervado, pergunta: "— Mas.. Padre, pelo amor de Deus, diga-meentão: onde podemos encontrar a perfeita alegria?" — "Cedo che-garemos á Porciuncula, molhados até aos ossos, transidos de friocheios de lama e fome. Si ao nosso appello. o irmão porteiro vier demao humor perguntar quem somos e si á nossa resposta — "Somosdous irmãos", nos disser: "Mentem. Os srs. são dous ladrões deestrada que assaltam gente e roubam esmolas dos pobres". Si esteirmão nos falar assim e si recusar a abrir-nos a porta, deixando-nosao de fora, esfaimados, á neve, á chuva e ao frio e nós formos bas-tante pacientes para supportar taes Injurias e máos tratos sem nosexaltarmos e mesmo sem murmurarmos contra elle, pensando até hu-milde, caridosamente que nos reconhece muito bem e que é Deus queo faz falar contra nós, ó Irmão Leão, ouve-me attentamente, é nistoque consiste a alegria perfeita".

As sombras da noite envolvem tudo. Lucilam candeias nos po-voados. Brilham já as luzes do firmamento e S. Francisco prosegue •E agora suppõe que continuamos a bater e que o irmão porteiro sáee nos trata como a dois vagabundos importunes e nos expulsa a pau-ladas djzenrto: Fórndanui. malandro,. Para vós não ha pão. nli.ousada . Pois bem. Irmão Leão, si nós supportarmos isto com pa-ciência e amor. fica certo de oue está nisto a alegria perfeita"

_ A noite domina a amplidão immensa. Pelos casaes ladram oscães e a loa pos bnlhos de prata nos charcos do caminho. OSantocontinua: Supponhamos ave, arrastados nela fome e pelo frio ba-nos outra vez e. com lagrimas ardentes, imploramos, nelo amor ^™do'n

' 7'

S"D"""ha"ms "«»« «me arremette contra nós-<. agnr, ando-nos PP1o ram* noS nr^ „ nftVP noç ^^ ayiu emente nos açoita furiosamente. Pois bem. si nós snnnnit^os«to patentemente pensando nos «rffnWnh* de Christo e dizendo-O ,ante e hom snf „r por amor d'Elle. é certo, Frei Leão. q« „

"oesta a alegria perfeita. J

A Porciuncula está perto. Já se lhe descobre o vulto por entrea escuridão. A smeta badala tristemente e S. Francisco nára e vol-ta-se para o companheiro bem amado das suas jornadas d'amôr.A luz da lua envolve-o de poeira branca e ao som do vento queassobia nos ares, a voz do cantor do céo e da terra ergue-se para asentença final: '"Repara na conclusão. Acima de todas as graças ecie todos os dons, a maior alegria e a mais perfeita é a que despontadocemente da victoria sobre nós mesmo e do soffrimento das inju-nas e das injustiças por amor de Jesus Quisto".Por este sermão do incomparavel Patriarcha de Assis se vê quea base da alegria perfeita consiste na renuncia perfeita. Quem a tudo

havia renunciado, experimentava agora uma alegria que o mundo sóconheceu pela pregação luminosa de S. Francisco.

E nelle a alegria era tão transbordante que alguma vez o fezsaltar e bailar.

Quem havia de dizer que o Santo havia de saltar e bailar dealegria? Que cantava de alegria ou só ou acompanhado, já o sabia-mos. Mas saltar, dansar era cousa ignorada nos domínios da virtude.Como si nas paginas da Escriptura o Santo Rei David não cantassetocasse e bailasse diante do santuário! Como si a dansa não fossetambém uma expressão simples e ingênua da alegria em quem a go-zava não por momentos, mas por horas inteiras!. . ,

A alegria andava pela alma transformada em canto, uma docemelodia que ouvia dentro de si mesmo. Era uma melodia celeste queá porfia resoava com mais clareza e que jorrava da garganta emhymnos de ventura e de gratidão. Era uma melodia sem cessar maisforte que o fazia cantar mais alto e, á falta de instrumento, simulavacom dous páos um violino e um arco, assim como quem carecia dedisciplinar a onda de sons que lhe nascia na alma.

Quanto mais alegria mais emoção. . . E esta subia-lhe a tal pon-to, erguia-se a tal eminência, que o canto já lhe não sahia, a melodiatornava-se muda, os páos servindo de violino e de arco caiam-lhe aospés, os braços abriam-se em cruz, dos olhos brotavam lagrimas deamor arrebatado e todo elle, de pé e majestoso, se perdia deliciosa-mente numa onda de êxtase e de alegria".

Disse-nos o Padre Hilário Felder:"A alegria do Poverello e dos seus discípulos não é uma virtudeparticular, mas o perfume de todas as virtudes que até aqui aprecia-mos: é a vida f ranciscana com encanto da sua eterna primavera e dasua límpida e radiosa atmosphera. Constitue por isso mesmo um doscaracteres do ideal franciscano e fôrma também a moldura que con-vém a este ideal".

Entendamos, em principio, que as manifestações de júbilo, a queme refiro, não são banaes como as da vida mundana, daquellas querebentam em risos, gozo de alguns instantes, nascidas de factos hu-moristicos dos nossos dias, das pilhérias que explodem em gargalha-das e que, depois, morrem com o eco que as produziu. Não é alegriaque passa e se repete como relâmpagos e que traz, tantas vezes, o ar-rependimento.

A que vem do apóstolo da fraternidade universal é a alegria queperdura, que se purifica na consciência, na fala perenne com Deusalegria que brota do espirito tranquillo e que, si não se esboça emsorriso ou no alvoroço de risadas, é. no entanto, forte no descansoda alma, graças á sua fecunda .harmonia.Ha na alegria franciscana como que o resquício da alma

"infan-tU. Pois em essência, a alegria que delia nasce é toda feita de in-e-nuidade,_de olhos abertos ás maravilhas patentes, nunca satisfeita*^:.<lnn.açao. E' como o diz Leonardo Coimbra: "Conservar a inían-o-urh yZ ,entr° í'e

SÍ' dfperta e prom');a' un» "briosa lam-pada. capaz de conduzir a luz até ao âmago das cousas"Dahi bem se comprehende o conselho que S. Francisco dieta ásoa ordem, atado por Frei Leão, no "Specchio di perfezione"Beato quel religioso che non trova gioia e letizia se non nei san-tissimi colloqui e nelle opese dei Signore e con questa eccita gli uomí-ni ai amore di Dio, in gáudio e in letizia. E giiai a quel religioso chesii düetta di parole oziose e vane, e con queste muove gli uomine aiEm sua adolescência e mocidade, antes de receber a ordem su-

prema de. ser o mais perfeito interprete do Evangelho, andava sem-pre motejando, procurava o ruído dos torneios e "cortes", onde eranotada e por todos apreciada a sua jovialidade. e nesse período nin-guem ouviu-lhe a palavra illicita, ninguém notou-lhe gesto que o me-nosprezasse.

"Naturaliter erat hilaris et locundus" — era de natural alegree folgazão — contam chronicas de seu tempo, caracter que herdouprofundamente de sua mãe, original da melodiosa Provença. e dir-se-ia, por isso, que a dureza e as sombras do espirito paterno nãopenetraram no seu sangue.

Até mesmo quando preso em Perugia, emquanto seus compa-nheiros se entregavam á tristeza e ao máo humor, via-se-lhe conser-vada inalterável alegria.

Era, no emtanto, o cavalleiro das damas, era o desejado pelamocidade de sua terra, como o filho do rico Bernardone. Mas quan-do se tornou o cavalleiro de Christo, esse feitio alacre e ruidoso nãodesappareceu, mas antes transformou-se, purificou-se. A alegria ter-rena alçou o vôo alto, muito alto, e ficou sendo toda intima e sobre-natural.

No começo, antes mesmo que se despojasse das ricas vestes, jáelle sentia uma alegria inexprimivel, incomprehendida, que lhe arras-tava para longe dos ruídos da sociedade. Sentiu prazer intenso, in-crivei aos olhos do mundo, quando explodiu em caridade heróica, acuidar dos leprosos._ Felder resume assim o caracter da alegria franciscana:"Esforçava-se, acima de tudo e sem tréguas, por conservar tan-to interior como exteriormente, a alegria espiritual. Quando juntode seus irmãos, também sabia dar o tom de uma jovialidade tão purae de a fazer soar com tal melodia, que todos se sentiam transporta-dos para uma região quasi celestial. A mesma nota alacre leva a suaamemdade ás relações do Santo com os seus semelhantes. A sua pré-gaçao cia penitencia era o cântico de uma alma em festa, e bastavaa sua presença, o seu apparecimento para pôr em alegria todas as

classes da sociedade".

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E S. Boaventura nos conta:''Nunca deixou de purificar a sua alma com uma chuva de lagri-«nas, suspirando pelos esplendores da luz sobrenatural e fazendo""" PerCa d0S °lhos do corP°- Si derramava uma torrentecie lagunas, inundava-o, no emtanto, uma alegria celestial que lhedesabrochava na alma e no rosto. A sua consciência era purae sateLva co" ,í,n ?r'ata

ta' lT° ° Ímmdava 1"e -° ?e" esPirit° mergu-

de TW reSU1n' COOSÍSte a alegHa fra^íscana em ser urna aWria

pàm T DeUS e Para DeUS' "ma alfigria divina, emfim »

consolo e ÍSSoInTST • '"'

f '^ d€ '1Um°r' t|,,e ellc°"tra

-sco1hn° Jc i aS, v,CISSltudes- CJ^ faz sorrir o animo nos

de Ass,rturei.en,tÍC'amente' PaSS° a paSS°> na vida d° "P°vere!lo"fp>i i ^ , ' rePresenta«te Passado da "gaya scienza" ni,

enleves, do ,ago de ffi pa™ R^Vorto T"" * Mto

como o céo azul da Itália c* «1. Klvo-lorto, alegres por verem

«* s^patHico, de^trpet rdlet L^ £r >»"

-nt: ''"/r1^: rtaias das rosas si,wst-e -«ss^ences pelos tios da água corrente

exCamoft l^is^^J^ "f°- "' 'â° « th<—>o. lancisco, possuído de alegria e escolhendo mm «

Sl"f^ ™"™-f- "»U inteiros e dourados. - Vque maravilha o nosso banquete!

Como ? caríssimo Padre - replicou o outro com mehnmlimassombro nos srrandes- nllmc > i melancólicomaravilhn n»J '. , ~" C°m° se Pode chaniar thesouro ema ravilha onde so ha pobreza e tudo falta? Aqui não temos nemtoalha, nem prato, nem mesa, nem faca. nem ninguém qt* Z

ien^t^ZlXu"mk fUlg01'' aS aTCS Chilreavam c°>» ™ai*'ternura e borboletas brincavam em torno da madresilvaIsto e que eu reputo grande thesouro, disse o homem de DeusdTKe °P a Í,ldUStrÍa ',Umana' '"aS tUC'° é °bra ™a*ada Providencia Repara tu, ,rmão Masseo, neste pão lindo e dou-rado da esmola! Ve como é branca e larga e bella esta pedra, a mesaque Deus poz a nossa disposição! Vê como é brilhante esta água auesom na fonte, beijada pelos raios do sol! Quem tem assim um n>fei-tono tao esplendecente? Olha o irmão sol como vae alto? Como can-tam bem as aves nos ramos cio arvoredo, como a irmã terra é cheirosae perfumada! A natureza sorri. Estejamos alegres, Masseo! Nãomerecemos este festim e esta alegria... Cantemos, Frei Masseo!

E os dois. pobresinhos de Deus. a caminho de Rivo-Torto, fo-ram cantando de amor contente, desferindo harmonias de boa e San-la Alegria!"

Esía virtude transmittiu á sua ordem e insistia com seus irmãosque não somente andassem alegres no interior, mas também no exte-

JANEIRO19 2 7

rior, em toda a sua condueta, pois o grande Santo sabia, e muito bem,como o espirito jovial é indispensável ao religioso.

Vendo, certa occasiao, um dos companheiros de aspecto melan-eólico, observou-o com certa rudeza: " Não convém que um servode Deus dê aos homens o espectaculo da tristeza ou da inquietação;mas, pelo contrario, o da constante affabilidade. Examina as tuasoffensas na tua cella e, diante de Deus, chora e geme. Depois, se vol-tares para junto dos teus irmãos, deixa lá ficar a tua tristeza, e toma.o mesmo aspecto dos demais". Voltou-se depois para os outros ir-mãos e acerescentou: "Os

que têm inveja da salvação dos homens,odeiam-me muito e, porque não chegam a tirar-me a alegria, es for-çam-se por perturbar os meus companheiros. "

E, como remate, meus senhores, escrevo aqui as palavras do Ir-mão Egydio, tão puras como expressivas:"Este santo homem estava sempre alegre e de bom humor. Sicom alguém falava das palavras de Deus, enchia-se de uma admirávelalegria. Nos seus transportes de júbilo, beijava palhas e pedras efazia outras cousas semelhantes, assaltado que era por um movimentode admirável devoção. Mas, quando favorecido por uma graça tam-bem maravilhosa, era-lhe desagradável deixar Deus para se oecuparcom o seu corpo, e preferiria viver de folhas de arvores a perder,por uma hora que fosse, a dita de conversar com Deus. Quando, porfim, voltava para junto de seus Irmãos, ia com a alma transbordàntede alegria, louvando e beindizendo a Deus, e exclamava: "Não, ahngua não pôde proclamar; nem a escripta exprimir; nem o coraçãodo homem comprehender a felicidade que o bom Deus preparou paraáquelles que o amam".

*

* *Portanto, a alegria que nos legou o "seraphico de Assis" não é

alegria fugaz de alguns instantes mal vividos, alegria que perduraemquanto dura o ruído que a fez nascer, emquanto se perturba o si-lencio da alma, num alvoroço incontido.

Ella é imprescindível; deve viver em todos os espíritos, do maishumilde ao mais sábio, mormente em nossos tempos, onde campeiasoffregamente, o pessimismo, onde o cultivo da dôr já se tornou con-tumaz. O veneno se infiltra na alma abandonada e ella murcha, rápidacomo a planta que o veneno corroesse-lhe as raízes.

A felicidade que nos vem do "Irmão sempre alegre" é, pois, da-diva divina, de continuo nos atirando flores "sobre

os espinhos daVida. .-. . ,Von Keppler, falando da alegria, bem define o espírito de nossaépoca, quando diz:"A cultura, não obstante todos os seus progressos technicos nãoobstante todo o aformoseamento da existência e todo o melhoramentodas condições da vida, não obstante todo o augmento e refinamentodos gozos materiaes, não pode contentar o homem interior mas o em-

pobrece, o embrutece, o entristece, acabando com um mísero balançoinferior de alegria. Com isto elle mesmo declara a sua bancarota •com isto fica constatado que ella é carcomida e apodrecida no ama-òdas cousas A razão é porque toda a cultura sã desponta da ale-riae desabroeha da alegria; toda a vida popular, sóbria e sensata ser-mina por si mesma, produzindo sem cessar bellissimos botões de ale-gna

A alegria franciscana e a alegria - alegria que perdura nH pazaa consciência, no equilíbrio de uma acção justa; é paz interior ~E'

estimulo maior que encontrar se possa, para suavisar os rigores inevi-laveis da vida, para apagar a dôr, para esconder, no seu enlevo, todoe sotfnmento que nos assalta.Louvado pois o extraordinário Santo que nos deixou essa fon-te, onde se bebe o balsamo que consola, onde se aspira o perfumeque acalma, onde se encontra a coragem, para exclamar, irradiandoalegna ante a sentença fina!: «Ben venga la mia sorella morte'"Meus amigos! A vida, assim, não seria caminho de torturas masestrada de pétalas de rosas, suavisando os espinhos da profundeza'Porto Alegre. *-*«•....

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H Sulamit 1RabmSulamit Rahm, Sulamit Rahm,O' bayadeira marroquina— fina, felina, colubrina;Sulamit Rahm,moura cie pelle adusta e quente,moura de negro olhar candente,flor das lascivias do Oriente;Sulamit Rahm,dançando, grave, a dança tua,clançando-a, grave, e quasi nua,para o bestial cio que estuacio palco estreito á larga rua,Sulamit Rahm, Sulamit Rahm!

II

Sulamit Rahm, Sulamit Rahm,barbara fêmea primitiva,criança meiga e sensitiva,Sulamit Rahm !Teu coração palpita um poucosomente, ou salta e ruge, louco,ao som da orchestra baixo e rouco,Sulamit Rahm,quando, no teu saracoteio,sequins e placas de ouro, em cheio,tilintam contra a gorja, o seio,o ventre, em fulgido torneio,Sulamit Rahm, Sulamit Rahm?

III

Sulamit Rahm, Sulamit Rahm,árabe voluptuosa e triste !porque do avito duar fugiste,Sulamit Rahm ?Trahiu-te o amor? trahiu-te a sorte?Teu nobre esposo, como um forte,teve em combate a bella morte,Sulamit Rahm?Ou na alva Fez, jóia do império,do harem sumptuoso no mysterio,beijou-te, — escasso refrigerio, —o Sultão velho, mudo e serio,Sulamit Rahm, Sulamit Rahm ?

I V

Sulamit Rahm, Sulamit Rahm,Assim tu vais — desilludicla,ou ambiciosa — pela vicia ?Sulamit Rahm,o teu fadario vagabundo '¦segue um desígnio alto e fecundo?ou, pária, a esmo erras no mundo?Sulamit Rahm,teu peito é um lindo horto fechado;teu sonho é um cofre sigillado.Só resta a luz do teu bailado.Dança os teus rythmos de peccado,Sulamit Rahm, Sulamit Rahm!

. V .

Sulamit Rahm, Sulamit Rahm,dança, ó mais ágil que as pantheras,flexivel mais que as verdes heras,Sulamit Rahm !Brande a pendente cimitarra,.ergue nas mãos .a bronzea jarra,os corações todos amarra,Sulamit Rahm,á dança tua capciosa— lesta, veloz, vertiginosa —em que o teu corpo soffre e gosa,flor do simún, pungente rosa,Sulamit Rahm, Sulamit Rahm!

V I

Sulamit Rahm, Sulamit Rahm,dança, em frenético holocausto,até cahir teu corpo, exhausto,Sulamit Rahm !Mas quando cedas ao desmaio,do teu olhar o ultimo raio, rlanguidamente e de soslaio, ]Sulamit Rahm,para o poeta ignoto seja, ".'cuja alma em torno á tua acleja,como phalena, que desejaarder na flamma, e a busca, è a beija,Sulamit Rahm, Sulamit Rahm !

CARLOS MAGALHÃES DE AZEREDO

(Da Academia de Letras)

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AH IA a noite. Um nevoeiro den-so embrumara a cidade na suacapa cinzenta, revestindo-a dumamelancolia angustiosa.

Aurora pousou sobre a me-si nha ao lado a camisa em que costurava e cin-gindo a cabeça com as mãos lindas — mãos dejaspe a resplandescerem na noite escura da ca-belleira negra — traduzia em suspiros magoa-dos a sua amargura torturante.

Se Álvaro não conseguira nesse dia a col-locação ambicionada, o problema da vida do-mestiça afigurava-se-lhe insoluvel. Já não sa-biam para onde apellar. Estava reduzida a in-digencia a sua casinha,ha mezes ainda tão ale-gre e confortável, epouco a pouco, privadade tudo o que lhe davaesse conforto e essa ale-gria. pelas necessida-des inevitáveis da ali-mentação, do pagamen-to ao senhorio e ás cri-adas que foi forçosodespedir, para evitardespezas incompati-veis com a penúria, aque o prolongado des-emprego do maridoas reduzira. Seus pais,tão bons, haviam-nosauxiliado e soccorridoaté ao sacrifício, até onde a sua capacidadeeconômica o permittira. Exigir-lhes umacontribuição maior, seria uma acção repre-ensivel. Com os pais de Álvaro, ricos em-bora, não se contava. O casamento do filho,guerreado abertamente por elles, que o que-riam casado com uma prima, filha únicadum milíionario e político em evidencia, erao maior desgosto sentido no seu lar, depoisda negação de Álvaro pela carreira eclesi-astica. Haviam sonhado que ambos os filhosvarões tfossem padres. O mais velho, santomoço, figura ascética de predestinado a ai-tas missões extra-terrenas, submettera-sesem hesitação á vontade paterna e severa-

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mente cumpria os deveres austeros do seuministério. O mais novo, não sentindo vo-cação para o sacerdócio fugira do semina-rio. Num assomo audaz de independência,entregara-se ao jornalismo profissional, aca-rinhado por um parente da mãe que applau-dirá a rebeldia ás imposições paternas. Ou-vida a defesa calorosa do irmão padre, Al-varo fora perdoado. Pouco depois começa-ram as suggestões para o casamento com aprima, quando a graça de Aurora, formosa,honesta e educada, mas pobre, já lhe con-quistara o coração.

Fiel á sinceridade do seu caracter, Álvaroconfessou a verdade epediu licença para li-gar o seu destino aodaquella a quem amava.Negaram-lhe o consen-timento e a benção.Nem o nascimento danetinha aplacara a de-sesperada revolta dospais de Álvaro, nemuma palavra de amordesceu mais dos lyricosrincões do Minho aamenisar a luta heróicadum moço leal e ou-sado para sustentar oseu lar ditoso numamediania risonha.

E agora que o desemprego, com a aza ne-gra da miséria trouxera horas dolorosas, o or-gulho dos infelizes não lhes consentira a hu-milhação.

Ao sentir passos na escada, Aurora —formosura macerada pelo soffrimento rosalanguida a des folhar-se, pétala a pétala, nagarra Ímpia da dôr, accendeu lesta o candiei-ro de petróleo — que da cozinha subira aoccupar na saleta o logar dos outros, ausen-tes, com todos os objectos de valor na casade penhores — foi abrir a porta. Álvaropallido e emagrecido, a face arrepanhadanum esgar de pretensões a sorriso, estendeuas mãos num cumprimento, beijou os lábios

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desmaiados que se lhe offereciam e mufmtt-rou: "Nada! /Vinda nada!""Meu Deus". Como somos infelizes,meu Álvaro. Mas o teu primo, por quem tesacrificaste, e indispuzeste com tanta genteque poderia valer-te nesta má hora, por cau-sa de quem regeitaste o bom logar que te of-fereceram ha tempos, o que diz?"

"Promessas vagas. Difficuldades in-venciveis que se oppõem á minha entradaagora no novo jornal, substituto do suspen-•so. E umas censurasinhas disfarçadas pelaviolência combativa dos meus artigos, comose não fosse elle quem ordenava linguagemintensa e aggrClsswa. Como se não fosse ellequem censurava constantemente a minhabranclura!"

"O que vai ser de nós?""Morrer, minha filha. Já não vejo

mais nada. "Aurora correu para o marido,os braços abertos como a protegel-o contraum ataque imaginário, procurando tornardura a voz avelludada, de accentos sempresuaves e menineiros:

"Isso não se diz! Um homem nãodiz coisas dessas! Tens uma filhinha. tensuma mulher, origem das tuas desgraças; masque te quero cle todo o coração. Nao! naotens o direito de morrer!"

—¦ "Também o não tenho de te deixai-viver nesta miséria. Teremos hoje um ian-tar?"

"Temos Álvaro. Eu jantei já. Comote demoravas... senti-me fraca e comi.Guardei o teu e vou servir-te.

"Amanhã? Depois? Os outros dias?"Deus é pai de misericórdia!"

Aurora, para evitar a conversa, serviu aomarido o magro jantar que o producto doseu trabalho de costura pago adiantadamente,lhe fornecera.

Após a refeição, ao ver o marido tomarum livro para se entreter, agasalhou-se comuma capa, o que lhe restava do seu guarda-roupa elegante, pegou na filhinha e tratirquillisando Álvaro com a caricia dum sorri-so, disse-lhe:

Emquanto ficas a ler, vou a casa demeus pais. Não me demoro."

'' Aco nipan ho-te ".Não. Era despeza duplicada nos ele-

ctricos. Vejo-cs e volto.Desceu ligeira as escadas. Só na rua, ao

orientar-se na treva, porque a luz dos can-dieiros, como pequeninos pirilampos, malpontuava de oiro, a espessura do nevoeiro,ella mediu a extensão da sua desdita, maisainda do seu amor, pelo sacrifício lacerantea que se votara. Chegara a oceasião de pro-

var a Álvaro o seu reconhecimento, por tel-apreferido a tudo e a todos, captivado dos seusencantos pessoaes, com uma coragem 'Bem'rara nos rapazes da sua categoria, sempre abusca de herdeiras abastadas, na seducçãoduma vida sem difficuldades.

Aconchegando do seio a pequenina, aprocurar naquella fragilidade a força neces-sana para o seu acto de immolação, pisou ospasseios elegantes da Praça^Nova, cheios degente, homens grados, com seus rostos bemprotegidos pelas golas dos sobretudos, a es-preitarem cubiçosos as costureirinhas galan-tes que recolhiam das officinas, nos seus pas-sinhos miúdos de alveloas, os olhos provocan-tes faiscando malicias.

Insensível aos galanteios, oecuítando asfaces na gola da capa, Aurora sumiu-se en-tre a multidão. Procurou a sombra piedosadum portal. A pequenina gemeu de níansi-nho. Agasalhou-a mais e num impulso forteapertou-a melhor a si. Esperou. Uma tem-pestade turbilhava em seu seio, fazia tumul-tuar o sangue nas suas veias, cachoava noseu coração. Lagrimas ardentes, grandes,deslisavam-lhe pelas faces queimadas poruma agonia intraduzivel. Os dentes entrecho-cavam-se, em atritos nervosos, descompassa-dos. Zumbidos borbulhavam numa dansa in-candescente dentro dos seus ouvidos, pertur-bando-lhe a razão.

Os faróes dum automóvel de luxo, fo-gos-fatuos da opulencia, cobriram-na de luz,deslumbraram-na, turvaram-lhe a vista.

Uma luva desceu a portirihola e a abriu."O Senhor Conde de S. . . o beneme-

rito — murmurou Aurora, á claridade tenuis-sima duma esperança a coar-se por entre osferros da sua tristeza — cravou os dentes noslábios até Ifazer sangue. Asercou-se, arras-tando os passos. Estendeu a mão. A suavozinha tremula, trespassada do espinho davergonha, soluçou, num arranco:

"Senhor Conde — uma esmoli-nha:. .. O meu marido desempregado !.. . Aminha filhinha!. . . "

"Uma esmola, flor?! Com essesolhos ?"

A sua mão espíendente de jóias, ergueu-se, num gesto de afago, mas susteve-se, anteo fulgor reprehensivo do olhar da mendiga.

"Tome lá a esmola, senhora. Isto foia brincar..." acalmou numa repentina meli-fluidade caridosa, ao ver que ella se afasta-va.

Aurora, vexada, retrocedeu, approxi-mou-se cle novo, adiantou a mão eme o insulto

(Termina no fim do numero)

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RIO DE JANEIRO BOTAFOGO

?4ar cisi smo£>or Martins Carlos

Tinha vindo do baile, poucos momentos antes, eali estava, agora, cansada, sosinha, no seu quarto lu-xuoso. Os nervos, sentia-os presos de um torpor proíun-cio e bom. Toda ella, na indecisão que a empolgara, en-leiada nas tramas d'oiro de um sonho vago, o qual,como o fumo disperso no espaço, lhe enchia o cérebrodoente, era um rithmo indolente, lembrando attitudesvoluptuosas cie mulheres nos serralhos árabes. Paradaao meio cio aposento moderno e em frente ao espelhogrande cio guarda-roupas, clespia-se, morosamente,desabotoanclo o vestido cie seda, com movimentos lentosdas mãos, preguiçosos movimentos como os de uma gatade Angorá. Um desejo exquesito, estranho, domina-va-a. A cada peça do vestuário que tombava, corria-lhe, pelo corpo, um arrepio de susto, e a sua impressãoera a de alguém que mettesse, a medo, os pés na águalimpida de um riacho, manhanzinha cedo, sentindo-

lhe a Maldade dolorosa nas pontas dos dedos. Rescen-dia a perfumes aristocráticos, e os cabellos negros, cortados curtos, pendiam-lhe sobre as orelhas, duros dede Stacomb e espelhantes como ébano polido.

Os braços, longos e alvos, mexendo-se, tinhamqualquer coisa cios ophidios, na morosidade dos movi-mentos- E a roupa ia caindo sobre os seus pés, numruido de seda machucada, emquanto surgia, affloran-do daquelle pedestal vistoso e rico, o seu corpo nú, glo-riosamente nú.

No quarto, poisando em tudo com a delicadeza dapluma que desce, levemente, do alto para o chão, a luzmelancholica do "abat-jour" vermelho, derramava secomo um sonho. A um canto ficava a cama estreita ebranca, velada pela gaze cio reposteiro; e os moveis, osobjectos, os tapetes persas, davam ao aposento, na im-mobilidade cias coisas abstractas, o ar concentrado e

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JANEIRO nÇ 78

FALTA =* GRAVURA PAGINA 65

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mysterioso das alcovas ignoradas. Havia, lá dentro, emtudo, um como embevecimerito religioso. O silencio, ali,era uma cúpula de crystal, a que o menor toque, o me-nor ruido, bastava para arrancar-lhe sons metálicos-O espelho, agora, possuindo-a núa, na superficie luzidia, conservava, no entanto, a fria impassividade deum eunucho que a vigiasse, cie braços cruzados e a ca-beca erguida, numa postura grave de guarda fiel. Portodo o quarto correu um "frisson" de ansiedade. Dir-se-ia haver em tudo olhos curiosos, espreitando-a. Láfora, moveram-se as arvores do jardim, num sopro las-eivo do vento; no céo tornou a apparecer a lua, antesescondida por traz dos nimbus, e um fio prateado cie sualuz, esgueirando-se por uma frincha da janella, veiodeitar-se sobre o soalho. O ambiente quedava mudo, epropicio. E lá, como o lotus á beira do Nilo, no Egy-pto, mirava-se, namorando-se, clesejando-se a si próprio,aquelle corpo magnifico de mulher, deante cio indiffe-rentismo cio espelho.

Depois, os grandes olhos negros da psycopatha seforam, aos poucos, amortecendo na contemplação desua nudez; o corpo, com os braços apoiados atraz sobre

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a nuca, adquiriu aquella posição de abandono, que osesthetas preconisam como o Índice da Belleza plásticafeminina; os seios, cheios e lindos, entumesceram-semais numa angustia suave; e o ventre liso e acanhadoacompanhava a respiração dos pulmões af f lictos • A suacarne moça e seivosa, martirisava-se abrazada no fogosagrado da volúpia incomprehendida; sentia afrouxa-rem-se-lhe os músculos todos; e as chammas da aberra-

ção que ardia dentro daquella alma soffredora, enlaça-vam-na, nos seus tentáculos incandescentes, torturan-do-a, e delicianclo-se, ao mesmo tempo, impiedosamente,sensualmente. As pernas, em seguida, começaram afraquejar, tremulas; os lábios entreabriram-se numanseio, como a flor que espera a caricia fecundante dosol; as palpebras clesceram-lhe, vagarosamente, sobreos olhos que já não enxergavam; e comprimindo-se,apertando-se, com os longos braços feitos serpentes,numa Dor e num Goso, rodou sobre os calcanhares,deixando escapar um gemido fino e cortante, e foi cahir,de bruços, sobre a cama, num espasmo duradouro, quea fez adormecer envolvida na gaze do reposteiro. . .

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z&j&úxp /wèô # <?Ha gente que gosta do theatro, da musica

e do amor sem saber porque.. . e são, talvez, osmenos infelizes.

O amor e a verdade raramente andam jun-

Toda a gente fala do amor verdadeiro, sm-cero, espontâneo, porém poucos o conhecem t,talvez, nenhum o saiba explicar.

E' raro que a felicidade de um não seja opreço do desgosto ou da infelicidade de outro.

Não ha maior mal que acreditar no que se

Quem menos crê no que ouve, é quem me-nos soffre.

E' mais fácil um kagado voar que uma mu-lher dar bons conselhos a outra que seja bonita.

Quando uma mulher chora, o homem queestá junto delia pode considerar-se um naufrago.

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Hoje como hontem, amanhã como hoje, amulher é, simultaneamente, amorosa, heroina, in-fiel, insensível e perversa. E' uma questão dehora.

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O máo humor é a capa com que se acobertaa grosseria — filha primogênita da má-educa-ção.

A verdade é tão convencional como a moral.

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Na maioria dos casos, o amor não passa dodesejo carnal e, quasi sempre, depois da posse,torna-se uma espécie de habito, de commodismoegoísta.

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O amor de certas creaturas torna-se tão in-commodo que é preferível a sua indifferença.

Ha amores que só podem ter a duração dasfolhinhas: um mez.

Felizmente.

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Os libertinos acreditam tanto no remorso eno castigo divino, como na virtude da mulher ouno amor.

A mulher que não pensa antes de ouvir e nãoreflecte antes de responder, acaba por dar umacabeçada.

"No casamento engana quem pôde".A mulher engana sempre. . . pelo menos com

o gênio e o caracter, que antes do casamento sãobem diversos.

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A paz do lar depende apenas da boa vontadedos esposos em supportar as opiniões e os gostosrecíprocos.

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Os ciumentos passam metade do tempo aaborrecer as pessoas amadas com recriminações escenas desagradáveis, e a outra metade a enfas-tial-as com os pedidos de perdão.

A infelicidade de muitos casamentos deve-seá confusão que se faz do amor-mancebia com oamor-matrimonial.

Se os espelhos, quando reproduzem as ima-gens, fizessem commentarios em voz alta, gran-de parte das mulheres deixariam de se mirarnelles.

Não ha consideração on receio que detenha acuriosidade de uma mulher.

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Si é com mentiras que o amor se alimenta,por que havemos de querer que elle seja verda-deiro?

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O homem incapaz de amar e de ter fé, nãovive, vejeta.

Em amor deve-se fazer como quando se via-ja: admirar sempre, deter-se algumas vezes, masnão se fixar nunca.

Faze o possível para acreditar no amor. éde todas as illusões que forjamos a única que'dáalgumas horas de prazer.

EDUARDO VICTORINO.

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recém firmando os qua-j] KÇJIfC3TIÇ7>_yi dros reproduzidos em nos-

sas paginas figuram trêspela primeira vez: GildaMoreira, Fausto Gonçal-ves e Vicente Leite. Franz

de Nemay é já nosso conhecido.Da senhorinha Gilda Moreira é a tela "Ale-

gria de Viver" que tambem figurou no ultimoSalão de Bellas Artes; o quadro da joven pin-tora, como podem os leitores constatar, o traba-lho é fino e possuidor de optimas qualidades:bom desenho e colorido rico. Mostra uma crea-tura em plena mocidade, alegre, contente com aprópria mocidade. Já por occasião da mostraofficiai teve a "Iilustração Brasileira", em des-envolvida chronica, a opportunidade de exaltaros méritos da artista, dahi limitarmo-nos agoraem fazer apenas a apresentação da obra.

Franz de Nemay é o feliz autor do retratodo Dr. James Darcy, personagem de destaquenas altas rodas de nossa terra. Franz de Nemay,pelo trabalho que reproduzimos, mostra bem oseu valor de artista rico de recursos pictoricos

Já tivemos a opportunidade de, em numeroanterior, publicar o retrato de Rosalina CoelhoLisboa, tambem uma bella obra de arte. O Sr.Nemay é de nacionalidade húngara.

Fausto Gonçalves é o pintor encantador quetantas vezes tem pintado a poética Coimbra e jápor duas vezes nosso hospede, fazendo duas ma-gnificas mostras de pintura, no "Gabinete Por-tuguez de Leitura". O quadro que agora publi-camos em trichromia mostra uma de suas maisbellas obras. Delle muito falou a critica indígena.A propósito da sua individualidade, AdalbertoMattos escreveu:

''Em toda a mostra do artista, vivia um cri-terio elevado: o da honestidade calcada em umaindividualidade característica e expressiva.

As suas telas nos deram uma nota vibrante,um conjuncto sadio completamente afastado dasnormas cabotinas, tão communs na mocidade denossos dias. A par de tantas qualidades, verifi-camos uma orientação conscienciosa nos verda-deiros princípios do raciocínio artístico. FaustoGonçalves pratica o impressionismo dentro de.umdesenho justo, com alma, sem os malabarismos

grotescos, sempre empregados para perturbar cdistrahir o observador pouco experimentado...

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o mi as |wj|As suas manchas — o próprio pintor o con-

fessou, eram flagrantes rápidos, pintados no es-treito limite de rápidos momentos: impressões,onde a comprehensão dos valores obedeciam aocritério do Bello e a estados perfeitamente emo-ti vos.

O pintor apresentou-se manejando com se-gurança todos os motivos, porém, a paizagem eos interiores encontram um interprete mais bri-lhante no joven artista; em taes assumptos,Fausto Gonçalves encontra vasto campo para odesenvolvimento e applicação do seu formoso ta-lento.

Algures, em uma chronica, lemos palavrasque enquadram com precisão o valor do pintor:"... este moço artista, que é um adivinhador daBelleza, só a si deve o que é. E já é alguém."São palavras singelas, mas portadoras de uma

grande e brilhante verdade!Compunha-se a mostra do pintor, de um

conjuncto afinado. Ali, tínhamos As trindades,uma scena de encanto e de tristeza; A cançãodas roupas, alegre, colorida, cheia de movimento,rle vida e de ambiente...

Mais além, apparecia o casario de Coimbra,ora envolvido em bruma, ora beijado pela alegriado sol quente; um effeito de luz, um interiorsombrio, de claro escuro intenso...

E assim é toda a mostra de Fausto Gonçal-ves, cheia de contrastes e cambiantes seduetores.O artista preoecupa-se com o baptismo dos seus

quadros, dá-lhes nomes transbordantes de poesia,nomes que falam, que traduzem o seu lyrismo.Veja o leitor, eis os seus títulos: Doce enlevo,Caução do repuxo, Apotheose d'ouro, Canção daroupa, Cidade de bruma e de Lenda, Altar dc,Raça, Piora de evocação. Casal dc MargaridaFonte de Castanheiro, Claustro do silencio, Mos-teiro da- Rainha Santa, Soidosos campos, Syin-piwnia paga, Hora mystica, Altar do Senhor,Rústica morada, Paizagem dolorida, A casa daceguinha, Sonata de outomno, Bucolismo santo,Desfiando o rosaria, O moinho da Santa e Tra-ejedia Ouloinnal.

O pintor veio sem reclamos antecipados;como credenciaes, trouxe apenas os seus qua-dros.

Vicente Leite é o autor da tela "Do ninhovoando", uma paizagem interessante que mere-ceu a medalha de bronze, no ultimo salão.

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jTinaugural cm que se vê o DtOscar SanfAnna cercado deseus auxiliarcs e convidados.

0 surto que ultimamente temtomado entre nós o commercio ban-cario, concorre para engrandecer, em

perspectivas majestosas, o centro ur-bano, pela edificação cie novos e gran-cliosos edifícios. Concorrendo paraeste effeito suggestivo, e de um modo

que diz com eloqüência cio seu desen-volvimento, inaugurou, ha dias, suanova sécle, o Banco de Credito Mer-cantil, que tem á frente de sua clire-ctoria, como presidente, a intelligen-cia proba e persistente do Dr. OscarSanfAnna, cuja acção é secundadacondigna e brilhantemente pelo ge-

rente Sr. M. F- Canejo e pelo sub-gerente, Sr. Octaviano Combacau.

Neste momento é opportunofrisar que o Banco de Credito Mer-cantil obteve no nosso paiz este re-corei sensacional: fundado ha cincoannos com o pequenino capital de50:000$000, já agora monta estacifra a 5.000:000$000, sem nenhumachamada subsequente ou dispendiocie um real a mais, por parte de seusaccionistas.

E' obra, esta, e tão significati-va, apenas do methodo e cio esfor-ço cia directoria e da administra-ção.

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Aspecto da Casa Forte no pavimento terreo

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Labor et integritas, segundo pa-lavras do discurso inaugural cianova sede, proferido pelo Dr. OscarSanfAnna, é a divisa deste prospe-ro estabelecimento bancário.

A nova sécle do Banco, á rua daQuitanda ns. 71 a 75, é, aliás, prova

já de si bastante convincente da prós-peridade e desenvolvimento surpre-hendente deste estabelecimento, quetão expressivo Índice offerece ao nossocommercio bancário-

JANEIRO19 2 7

| Seios*^^^^w^^^

Firmes, desenvolvidos ou reduzidos. Re-sultados depois de 3 tratamentos. Visite aAcademia Scientifica de Belleza, qU'e encon-trará sempre senhoras já tratadas ou em tra-lamento que confirmam os sérios resultados.Use na sua toilette diária Pó d'ArrozCreme « Água Rainha da Hungria. Estojocom 7 produetos, 5$ooo; pelo correio 6$ooo.

Tratameríto por correspondncia Escrevaboje mesmo á ACADEMIA SCIENTIFICADE BELLEZA, Rua 7 de Setembro, 166 —(próximo á Praça Tiradentes), — Rio, quefoi premiada com Grande Prêmio na Expo-sição Internacional do Centenário e n'outrasa que tem concorrido. Catalogo grátis. Res-posta mediante sello.

A "CASA ALLEMA" ESTA LUXUOSAMENTE

INSTALLADA

Os Srs. Schadilch, Obter & Cia., tiveram a gentileza de con-vidar-nos para assistirmos á abertura das novas installações do seuconhecido estabelecimento de moveis e tapeçarias — "Casa Allemã— agora, e desde 22 do corrente, ricamente instailada em quatro an-dares do monumentoso edifício Heydenrich, na praça Floriano n. 23,ao lado dos cinemas da elite.

Esses quatro andares encerram tudo que ha de mais elegantee moderno, com tal sumptuosidade casada ao mais delicado gosto,que tornam a "Casa Allemã" única no seu gênero. A abertura danova casa nos proporcionou o conhecimento das ultimas novidadesque até agora ainda não tinham sido apresentadas nesta captai, comoa nova secção de objectos de arte dos últimos estylos, creada pelanecessidade de ter o estabelecimento melhores elementos para ocommercio da sua especialidade, que é o embellezamento e originali-dade decorativa de um lar ou escriptorio commercial.

Aos presentes á abertura da nova casa foi servida uma taça dechampagne.

ru^rtj%jvwvjvwj^vvvvvuvusr«^^ VV-W ¦¦W^JV.

Henrique Oswaldpor TAPAJOZ GOMES

(FIM)nos e ingênuos, as concepções extra-vagantes e bizarras. Senhor absolutode todos os segredos da technica or-chestral, elle poderia perder-se no la-biryntho das concepções prpFxas;não faz, porém, cavallo de batalha deseus conhecimentos em prejuizo daespontaneidade dos motivos sobre osquaes trabalha. Por isso, mesmo, éencantadora toda a sua musica decamera, na qual é um verdadeiromestre. Sem a preoecupação de fa-zer-se incomprehendido, é um musicoabsolutamente moderno. Longe deser um autor "difficil", é um musicosincero e nobre, que sabe ser simplessem ser mecliocre, que sabe ser fácilsem cahir na banalidade e conservan-do-se sempre superiormente fino.

Preoccupado muito mais com oseffeitos de inebriamento do que comos effeitos de arrebatamento que asua musica possa produzir, Oswald,como compositor, é a expressão de simesmo; modesto, simples, meditado.Numa arte em que não é difficil dei-xar-se levar por u!ma impressão demomento, Oswald salva sempre a suameditação. Vençam outros pelo ef-feito. Elle prefere vencer pelo enlevoem que envolve o seu ouvinte.

Essa é a finalidade de sua musi-ca, a preoecupação mais suggestivade sua obra. E elle a obtém e a rea-liza com o seu grande talento de crea-dor, com a sua alma profundamentesonhadora, com o seu espirito requin-

tado cie poeta e, sobretudo, com a suaformidável sensibilidade de ar-ti sta.

A AOfto Schloenbach Filho & CompFundada em 1870

Sao Paulo

Lusfres de BrrjnzeCinzelado e deCrysfal Lapidadoda Bohemia,Arandelas,Candelabros,

Lanfernas,Depositaria no PlafOnDÍeTS,Rio de Janeiro r 1 rCASA trc*

BOHEMIARuaGonçalves Dias, i_\D. |" F-40-TelepKorxe: L. U J\. \*JCervfral 2209 _-

¦ He-u 'wM

\W*Èm\

BOM GOSTO\£ "J

A esmola do Se-nhor Conde

Por EMILIA DE SOUZA COSTA

(Fim)

retrahira. Uma risadinha sarcástica retiniue o Senhor Conde, curvando-se sobre a con-chasita delicada que se lhe estendia, cuspiu-lhe dentro...

Quando duas horas depois da sahida decasa, Aurora regressou, conduzida pela mi-

sericordiosa bondade dum policia que a le-

vantara do lagedo da rua e duma vendedoraambulante de violetas que lhe encolava a pe-quenina, já Álvaro inquieto se preparavapara ir buscal-a a casa dos pais, apreensivocom a demora e ancioso por commuiiicar-lheuma boa nova: Por um velho amigo da fa-milia. que havia momentos se retirara, lheforam entregues alguns centos de mil réisenviados pelo irmão padre com a certeza doseu interesse para em breve lhe obter collo-cação boa e de largo futuro, no estrangeiro.

Sobre a mão conspurcada pela peçonhado réptil, como orvalho purificador, chove-ram os beijos agradecidos de Álvaro, lavan-do-a de toda a mancha.

Coração Verdepor PAULO ARINOS . .

(FIM)de expressão e de pensamento de queé capaz o joven poeta rio granclense,temol-a em uTeteia":O anel de vidro é leve, muito leve — toma

[cuidado.. .A tua mão, bem sei, ainda é mais leve,mas, silencio: — ha um momento inesquecível

[de fragilidade

que ainda é mais leve. muito mais leve...

Mas não é fácil dizer, em simplesnota bibliographica, tudo quantomerece um livro como "Coração ver-de", de suggestão tão múltipla, tãoabundante na sua inspiração e no ssupensamento. Valha pelo que eu dei-xei de dizer a affirmação sincera eenthusiasta de que o modernismo bra-sileiro, nos seus cinco annos de cam-panha cerrada pelo nosso saneamen-to intellectual, nada produziu aindasuperior aos poemas luminosos de"Coração verde".

Dezembro, 926.

ILLUSTRAÇÃOBRASILEIRA::

À Epítativa dos Estados Unidosdo Brasil

SOCIEDADE DE SEGUROS SOBRE A VIDA.SEDE SOCIAL: AVENIDA RIO BRANCO, 125 — RIO DE JANEIRO

(Edificio de sua propriedade)Relação cias apólices sorteadas em dinheiro em vida do segurado

82° sorteio — 15 de Janeiro de 1927

153.842 — José Antunes Filho Tres Lagoas — Matto Grosso.130. 541 — Miguel Quadros Ponta Grossa — Paraná.131.800 ¦— Joaquim Vasconcellos Pereira Campina Grande — P. do Norte.159.510 — Raymundo Vieira de Souza Rio Branco — Acre.136 .020 — Joaquim Ferreira dos Santos Parnahyba — Piauhy .157.396 — Johann Braga rd São Luiz — Maranhão.84.083 '— Luiz de Hollanda Montenegro Ig-uat-u' — Ceará.

160.274 — Ary Xavier Rio Pardo -— R. G. do Sul.127.925 — César Coutinho de Oliveira Belém — Para.

54. 043 '— Levino David Madeira e esiposa Maceió — Alagoas.129.274 — Edelber.o Lopes Penedo — Alagoas. ~163.037 •— Vicente Ferreira de SanfAnna Serrinha — Bahia.120.743 — Avelino Fernandes da Silva [[ S. Salvador ^— Idem.134.117 — Joaquim Affonso Muquy — Espirito Santo.147.475 — Francisco Gonçalves de Castro Alegre — Idem.115.225 — Waldemar Abranches Feijó ,'.' Catcndo — Pernambuco.112.053 — Maria Marcina von Sohsten Recife— Idem.160.756 — Severino Lucena Osias .......'..' Idem —- Idem.151.901 — Adalberto cVOliveira Dias Cmcaú — Idem.165.663 — Esio Corrêa de Moraes '.]"/, Visconde de Imbé — E. do Rio.145.140 — Jacob Rhinki j_\ ,i0 piraby — Idem.128.285 — Guilherme de Souza Nogueira Petropolis — E. do Rio.121.227 — Altina Soares Pereira da Graça Dores Piraby — Idem.141.127 —¦ Franklin Magalhães Bastos ', Retiro Idem.162.369 — Ottoni Diniz .Manso Monteiro Porto Novo— Minas Geraes.;^'n!o

~~ 0s.orio Lino Marra Guarda-Mór — Idem.166.912 — Luiz Marocco t _ Bicas Idem.137.751 — José Martins Vieira ...../. ..'.'. Ponte Nova — Idem.163.913 — Álvaro de Souza Ameno Barbacena • Idem130.510 — Joaquim Alves Tolentino .....'..'.'.'.' B. Horizonte — Minas.Al'' -A ~ radre José Paulo Araújo Tombos Carangola — Minas.1.1. oOl — Francisco Rodrigues de Almeida Cataguazes — Idem}f' líl

~ ^oã" Carvalhaes Paiva . , [ b. Horizonte — Idem."0.629 — Gennaro Ciribelli Cataguazes — Idem.115.i21 ¦— Antônio Corrêa da Silva Passos •— Idem

íoo"olo _ Antônio Ferreira Vaz 'A.'.'.'.'.'A Itabira do Camipo — Idem.1__.3(8 — .Tose Marins de Albuquerque Bello Capital Federal163.161 — Ulysses Fernandes Lemos Idem.

95.586 — João Ribeiro de Oliveira e Souza Idem!144.914 — Carlos Martins da Rocha Idem.119.88^ — Antônio Monteiro de Souza Idem'114. 049 — João Macedo Pereira './///.'/.'///. Idem!125.836 — Antônio Fernandes de Souza Idem161.696 — Manoel Moreira "' lf1pm'108.838 — Júlio de Souza ...'.'.'.' .'.'.".' ." jAA

'144.311 — Matheus Donadio '/\ ]rlem!156.504 — João Gonçalves de Souza i,1(,m'143.179 — Raul Holt ...../.'/.'//////////. idem'166.814 — Bernardino Cardoso Mendes

Trlpm

119.697 — Manoel de Oliveira Santos A™'104.123 — Emilio Bello de Mello e Cunha TrlPP

119.374 — Fábio da Silva Prado .... '133.497 — João de Oliveira Machado . .' p- Paulo — S. Paulo.161.344 — Moysés Ayomh ... S. J. Rio Pardo — Idem.161.836 — Juüo César Ribeiro

". ' S. Paulo — Idem.161.4 74 ¦— Ariosto César de Azevedo Idem — Idem.159.373 — Tito Livio Ferreira ........ Santos'— Idem.164.927 — Emilio Cusc,hnir -...••• Bica ,da pedí,a — Tdem.161.634 — Joaquim J. Figueiredo'Sobrinho '"" São Paulo — Idem.162.704 — José Benavides Bargas Mococa — Idem.124.263 — Alceu de Assis Sorocaba — Idem.112.735 — Domingos da Costa

' Monte

'.'.*.'.' lU° Prft0 ~ . lem"

107.078 — Paschoal Veltri s- Paulo — Idem.162.322 — Alberto Irineu Ávila

"/.'. '. '" S. Carlos — Idem .103.306 — Francesco Botti Collina — Idem.157. 094 — Manoel Valle Quaresma Junior'.'.'.'.' "

Botucatú - Idem .154.624 - Manoel Baptista Camargo '

•••••' Santos _ Idem116.016 ~ Raphael Perrone ...... *}° Preto — Idem.161.463 — Arrosto César de Azevedo Sao Paulo — Idem.155.973 - José Procoplo de Araújo Cantos

-_ldem-J Idem — Idem.

12 Q^fiõisnn ^t,UÍtaíÍVa • tCm SOrteaÍ0' at6 c>sta data> 2.885 apólices no valor de réis2& ^^

^ DINHEIR0' aos ^pee^os segurados, com direito aos

WAGNERpor ABEL JURUA'

(FIM)

ainda com a sua nobre sympatíiia e abnegação-pois a sua fortuna não era immensa — queo levou a desdenhar todos os honorários, afimde se dedicar inteiramente á execução de suaobra magnífica. Em todo o caso depois de umaconfissão desta ordem, franca e altiva, elle des-venda logo o interesse que o domina, denun-ciando-o com pouca dignidade e menos pers-picacia. Esta sofreguidão incessante de obterdinheiro de sua admirável bemfeitora. lança umamancha enorme sobre o nome do grande homemmancha que se alastra consideravelmente, poiselle com infinita candura e simplicidade, narraas toilettes da esposa, as visitas que ella faz eos divertimentos que lhe chegam a todo o mo-mento.

Adorado como um deus. o incenso era-lheofferecido em thuribulos constantes, por aquel-les que se precipitavam para suavisar-lhe as de-cepçoes. arrancando-lhe do caminho as urzc-Para atapetal-o com pétalas de rosas. Essa ad-miração que muitas vezes se confundia com ser-vihsmo. dera-lhe aquella imponência olympicaem que a cabelleira revolta e hasta parecia es-voaçar sobre a tormenta do pensamento.

Depois de curta reflexão, a meu ver a cor-rcspondencia de certos grandes artistas deveriaser destruída ou ficar afundada, em algum ava-rente archivo afim de não tirar do espirito apai-xonado dos que os amam, a flor sensível quebrota sobre todas as iilusões. Quando ella é ela-1'orada com o fim de participar mais tarde daobra literária, com,, succede muitas vezes, é bellaharmoniosa, atravessada por idéias magnânimas'que apenas existem no bico obediente da penna.•Mas se o escriptor é impellido somente, peloagitar tenebroso de suas paixões, e se deixa in-vadir por sentimentos que o empolgam, resaltamlogo dentre os seus escriptos, as baixezas, asmesquinharias e os ardis que preferiríamos terignorado. Do artista, apenas queremos o que no,encanta e emociona. Por esse motivo, a corres-pondencia intima de Wagner, deveria continuarignorada da posteridade, habituada a estremecersob a formidável centelha de sua poderosa ins-pi ração.

THEATROPor SEBASTIÃO FERNANDES

(FIM)sumido de espectadores mesmo numa grandemetrópole, quasi sempre dá pre juizo ás em-prezas porque só atrrae publico na primeirarepresentação. Por isso é mais theatro para li-\ro, theatro de gabinete, para ser saboreadosilenciosamente, sem apartes idiotas de espe-ctadores que estão fazendo má digestão. . .

Afinal minhas apreciações sobre theatro,apparentemente fazem de mim um grandeinimigo do theatro, quando é o contrario que sepassa. Quem ler o que tenho dito até aqui jul-gará talvez, que o meu optimismo que abrangetudo que se refira a literatura, esquece umramo, o theatro. Pensará que influirei sobrealguém que para elle tenha tendência pintan-do-o como um dragão de lenda medieval...Por isso procuro pousar nas citações alheias,menos pela vontade de citar que pelo gosto deacertar, os alicerces para affirmações.

Bastos Tigre que se fez bom revistogra-pho depois de ser um bom humorista, diz que,no Brasil, esse officio «não chega a ser umaprofissão... E', ás vezes, um oassa-tempodispendioso de intelligencia e energia".

Glosando as palavras de Bastos Tigre —Baptista junior o forte autor de "Pulo dogato" diz-nos: "que a primeira condição aexigir as pessoas que se dedicam aos mister' e escrever para theatro no Brasil é um poucode loucura... "

Escuses de pcu.

A hegemonia dacivílisa-ção no futuro

por LEONCIO CORREIA

(FIM)do numero, instifficientes para assegurar a pazinternacional e para, como no caso irlandez,subjugar povos fatigaclos da tyrannia. ou ain-da, para manter uma periclitante soberaniaem seus domínios, como falam os capítulosde Marrocos e da Syria, — as instituições, porsua vez, não satisfazem, ou antes divorciadosandam do espirito novo, que insufla nas almasum novo "élan", que agita as consciências. Nãoba uma só das grandes potências da Europa,que não lute com embaraços mil vezes mais gra-ves do que nós outros, americanos. Entre

nós a agitação continua explica-se: é o es-pirito de revolta incessantemente a enfrentarcom os vicios que o grande passado colonialnos legou.

E, como demonstração de que o nossoviver accidentado é uma prova da nossa po-derosa intensidade vital, abi apresentamos

o sempre indefectível triumpho, sereno e bello,do nosso ideal democrático pairando luminososobre todas as emergências da nossa vida poli-tica. Mas, na Europa? Não ha negar que, lá,é também o espirito novo que circula o globo,mcendendo as almas, e que com a sociedade ati-tiga, adstricta ás tradições, acha-se em confli-cto permanente e terrível, já em solemne dimí-nuição entre o passado e o presente. Entre-tanto, lá, os ideaes que surgem, encontram-se, face a face, com as vastas, antigas, soli-das organisações sociaes e politicas; é como

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se fosse uma nova consciência, impávida e li-vre, a exalçar-se ante a autoridade secular,parcialmente abalada, por certo, ao passo quena America latina é o espirito novo que, ha-vendo triumphado nas próprias instituições,se sente, comtudo, affrontado dos males,transmittidos: é como se fosse a consciência,já feita autoridade, a profligar, de vez, as re-sistencias da velha moral.

BRINDES DE LOPES SA' & CIA.Os antigos e conceituados grandes manu-

factores de fumos e cigarros da nossa praça,Srs. Lopes Sá & Cia., tiveram a gentileza deenviar-nos seis lindos cinzeiros como brindesde festas. Na mesma oceasião enviaram a estarevista votos de boas festas e novo anno prós-pero, o que tudo agradecemos retribuindo muitocordealmente os votos que nos enviaram.

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CABELLOSUma descoberta cujo segredo custou

200 contos de réis

A Loção Brilhante é o melhor especificopara as affecções capilares. Não mancha apelle e não é nociva. E' uma formula scien-ti fica do grande botânico Dr. Ground, cujosegredo foi comprado por 200 contos deréis.

E' recommendada pelos principaes insti-tutos sanitários do estrangeiro e analysada eauctorisada pelos Departamentos de Hygienedo Brasil.

Com o uso regular da Loção Brilhante:Io) — Desapparece a caspa.2°) — Cessa a queda do cabello.3°) — Os cabellos brancos, descorados

ou grisalhos voltam á côr, natural primitiva,sem ser tingidos.

4o)brancos.

Detém o nascimento de cabellos

5o) — Nos casos de calvicie, faz brotarnovos cabellos.

6o) — Os cabellos ganham vitalidade,tornando-se lindos e sedosos, e a cabeçalimpa e fresca.

A "Loção Brilhante" é usada pela altasociedade de S. Paulo e Rio.

Encontra-se nas boas perfuinarias, drogariase pharmacias

C1NEARTE c a mais completa revista cinematographica que se edita no -Brasil.

liuifioN"PODEROSO TORTíFÍCANTE

Dep. N«rc. S. Pub., Lie. 309-22 Outub.-1917

ILLUSTRAÇAOBRASILEIRA::

THEOPHILO BARBOSA O processo das cigarraspor A LBA DE MELLO AMADEL SOARES

(FIM)

A escuridade se destrama preste.Emana um doce effluvio do ar lavado:um fluido esperançoso — algo celeste,satura o leve ambiente renovado.Corre um frescor cheiroso; e, do arvoredo,tombam pequenos soes em gotas de água.Erguem-se as folhas, lentamente, a medo,buscando luz que lhes enxugue a magua.Ainda assustado, o passaredo espreita,bicando as pennas, que corrige e enfeita.Desabrocha um clarão; resurge o dia. . .E a Natureza, verde e azul, desperta-Agora a vida em tudo canta, alerta,nadando em claro banho cle alegria.

Digam-me, agora, si o esforço que, sem as mandin-gas da "Sorcière", tive de empregar para vencer a re-lutancia de um poeta que verseja por necessidade de suaalma vibrante, que os burila por exigências cle estheta,mas só os lê, aos amigos quando lh'o pedem e só depoisde muito tempo, quasi á força, se resolve a trazel-ospara o livro, foi ou não compensado pela ventura cleengastar nesta pagina tão lindas jóias, e de ser eu aquivantajosamente substituida.

Deixemos que lhe saiam os livros, e depois conver-saremos do poeta e dos versos.

por JARBAS DE CARVALHO

(FIM)

samba. Não, senhor. Tirem-me tudo. Tirem-me a vi-da. Mas, não me tirem o samba. O samba é a minhapaixão!

Abalou-me a convicção com que falava- Convidei-oa tomarmos juntos alguma coisa — quando terminasseo ensaio. . . Acceitou. Ao crepúsculo appareci. Estavaradiante. Ensaiara-se um novo samba, não sei se doSouto ou cio Sinhô. E, pela rua, caminhando a meulado, elle cantarolava, acompanhando o rythmo da mu-sica com um movimento do pollegar direito sobre apalma da mão esquerda, como se fosse um pandeiro.

Invejei a sua felicidade — uma felicidade tão fa-cilmente adquirida, mas, tão grande que o fazia esque-cer, considerar inexistentes as mais prementes necessi-dades cia vida.

Estava, sem duvida, diante da mais authenticacigarra — das cigarras a quem eu, por insinuações daformiga, tentara fazer o processo — mas á qual merendia commovido. Tanto mais que esse joven pallido,cle fronte alta e olhar ardente, se bem que o buço maldespontasse sobre o lábio, ensinava-me que é precisoviver com um pouco de ideal. •.

O primeiro vesA fantasia humana commetteu todos os excessos e excen-

tricidades em matéria cle modas.E' a velha historia que data dos tempos mais primitivos

da humanidade. Vestidos, jóias, pelles, etc, tudo istoinventou a vaidade do homem para embellezar a "obra

prima'-do Creador.

Porém tucio isso nunca poude nem poderá eclipsar aformosura, magestade e graça, desse imperial adorno naturalcom que Deus dotou a mulher, coroando a sua cabeça com o.nagnifico e formoso manto dos seus cabellos.

Nada cle postiço havia sobre o seu corpo, a não sera maliciosa folha cle parreira, primeiro vestido paradisiaco,após o peccado.

Mas tinha o manto esplendido dos seus cabellos, com oqual, cheia cle pudor, se cobriu, desde que soube que amarera um peccado,

Adão ficou "épaté", que é como quem diz "besta"

quando a sua gentil companheira, tirando os ganchos, os quaesconsistiam em espinhos de plantas, deixou cahir em cascatasde louros caracóes a magnífica cabelleira que, dizem, segundodados fornecidos pelo próprio Adão, lhe chegava até aoscalcanhares.

As nossas mulheres de hoje podiam cobrir-se com igualvestuário que usava a mãe da humanidade, se em vez" dequeimar o pericraneo com essas águas de grande perfume, cle-vido á grande quantidade cle alcoes e silicatos com quearruinain os seus cabellos, usassem em seu logar o maravilhosoTRICOFERO,. composto de matérias sãs, simples, innocuas,e de uma acção efficaz e bem patente, que fa/. prosperar ecrescer os cabellos.

fido de Eva—^ '

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