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CADERNO DE RESUMOS, II COLÓQUIO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS/ I CICLO DE PESQUISAS MEDIEVAIS, UFPB, 2014

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II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

Caderno de Resumos Página 2

II COLÓQUIO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS/

I CICLO DE PESQUISAS MEDIEVAIS: MITO E LITERATURA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA, CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DAS RELIGIÕES

Coordenação geral do evento:

Prof. Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE)

Profa. Ms. Luciana de Campos (PPGL-UFPB/NEVE)

Comissão organizadora

Prof. Ms. Pablo de Miranda (UFRN/NEVE)

Prof. Dr. Fabricio Possebon (UFPB)

Prof. Dr. Deyve Redyson Melo dos Santos (UFPB)

Profa. Dra. Suelma Moraes (UFPB)

Coordenação do Programa de Pós Graduação em Ciências das Religiões:

Prof. Dr. Deyve Redyson (UFPB)

Coordenação do Curso de Ciências das Religiões:

Prof. Dr. Fabricio Possebon (UFPB)

Chefia do Departamento de Ciências das Religiões:

Profa. Dra. Dilaine Soares Sampaio (UFPB)

Patrocínio:

CAPES

Realização:

Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos (NEVE)

neve2012.blogspot.com.br

[email protected]

www.facebook.com/groups/gruponeve

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Caderno de Resumos Página 3

APRESENTAÇÃO

Em continuidade ao evento promovido em 2012 nas dependencias da

Universidade Federal Fluminense (co-parceria com o Centro de Estudos

Interdisciplinares da Antiguidades, CEIA), promovemos agora a segunda

edição do Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos. Realizado em conjunto com

o Programa de Pós Graduação em Ciências das Religiões e o Centro de

Educação da UFPB, o evento foi conjugado com uma proposta mais ampla nos

estudos acadêmicos, originando o I Ciclo de Pesquisas Medievais. A idéia era

ampliar as investigações e os debates além da Escandinavística, somando as

pesquisas das áreas de História, Letras, Filosofia e Artes e obviamente, estudos

de religião e religiosidade. O tema do evento procurou abordar dois campos

que se integram e ao mesmo tempo possuem uma grande abrangência em

ressignificações contemporâneas: a mitologia e a literatura.

Com isso verificamos uma amplo interesse por parte dos graduandos e

pós-graduandos de diversas universidades do Nordeste em divulgar suas

pesquisas a respeito da Idade Média, propiciando um maior crescimento e

divulgação da área.

A Escandinavística ficou representada pelos integrantes do Núcleo de

Estudos Vikings e Escandinavos, tanto por meio de cursos e mesas redondas,

como pela organização direta no evento.

O colóquio contará com a apresentação de dois grupos de música

medieval e renascentista, Iamaká e Alegretto, propiciando ao público presente a

oportunidade de conhecer outras facetas do Medievo.

A organização agradece o fomento propiciado pela CAPES e ao apoio

direto do curso e departamento de Ciências das Religiões da UFPB.

Prof. Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE)

Profa. Ms. Luciana de Campos (PPGL-UFPB/NEVE)

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PALESTRAS

A MITOLOGIA NÓRDICA NA OBRA DE RICHARD WAGNER

Prof. Dr. João Lupi (UFSC)

Richard Wagner introduziu na ópera uma nova concepção: a da arte integral,

mas também algumas idéias decorrentes das suas convicções germanófilas,

socialistas e românticas. Os libretos das óperas que compunha eram totalmente

redigidos por ele mesmo, e a temática era na maior parte dos casos de assuntos

históricos, principalmente medievais. Só nas quatro composições que

constituem a Tetralogia do Anel dos Nibelungos – O Ouro do Reno, A

Valquíria, Siegfried, O Crepúsculo dos Deuses – é que se inspira na mitologia

nórdica, mas sem esquecer seus outros ideais. R. Wagner estudou as Sagas e os

Eddas, mas adaptou-os às suas intenções e inspirações, tanto na ação dos

deuses como na estrutura dos personagens. O resultado foi uma obra

grandiosa, fortemente evocadora e empolgante, mas onde mais do que a

mitologia se refletem suas aspirações cerca do futuro da humanidade: no

mundo dos homens os grandes heróis divinos como Siegfried e Brunhilde não

têm lugar, por isso devem morrer; mas a morte dos deuses deve dar lugar a

uma nova ordem social, depois que a maldade foi purificada pela enchente das

águas do Reno e pelo fogo do Valhala.

AS RUNAS LATINAS NA ESCANDINÁVIA MEDIEVAL

Prof. Dr. Álvaro Alfredo Bragança Júnior (UFRJ/NIELIM)

O conhecimento da Escandinávia medieval deve-se sobremaneira aos seus

monumenta e aos registros escritos, dentre os quais as fontes rúnicas se

sobressaem. As tradições desses povos, com sua visão de religiosidade

alicerçada no panteão pagão germânico, eram expressas preferencialmente

através do alfabeto rúnico. Contudo, encontram-se textos que podem ser

datados da Idade Média Tardia, nos quais ocorre a transliteração do alfabeto

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latino em runas, como demonstram Macleod and Meeds (2006). Interessa-nos

investigar em que medida a apropriação daquelas pelos grafemas latinos com

vistas à divulgação da mensagem do cristianismo demonstram um espaço de

intermediação de dois planos do sagrado, em que o suporte linguístico das

crenças pagãs é utilizado para veicular as novas cristãs (Bragança Júnior, 2014).

Como interface de comparação com o mundo germânico escandinavo mostrar-

se-ão alguns elementos presentes na Englaland anglo-saxônica em uma fórmula

de encantamento em antigo-inglês, anterior ao período escandinavo e que nos

leva a conjecturar sobre a procedência e o processo de evangelização dos

nórdicos.

Palavras-chave: Runas – Transliteração – Cristianização – Práticas de

religiosidade

MINI-CURSOS

INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DE LITERATURA NÓRDICA MEDIEVAL

Profa. Ms. Luciana de Campos (PPGL-UFPB/NEVE)

O objetivo do minicurso é estabelecer um panorama da Literatura Nórdica

Medieval e, assim propor um primeiro contato com algumas obras dessa

Literatura que ainda permanecem pouco conhecidas tanto no meio acadêmico

brasileiro como do grande publico. Iniciaremos com as definições básicas dos

estilos literários das Sagas Islandesas, compostas nos séculos XII e XIII, a Edda

Poética e Prosaica, a poesia éddica, a poesia escádica e as crônicas históricas.

Serão analisadas também as principais obras de autores como Saxo Gramaticus

e Snorri Sturlusson - autores medievais responsáveis pelas grandes obras

histórico-literárias da Escandinávia. Como pressupostos teóricos utilizaremos

Paul Zumthor, Margaret Clunie Ross, Robert Kellog, Joseph Harris, Roberta

Frank, entre outros. Também serão comtempladas análises das obras literárias

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francesas traduzidas para o nórdico no século XIII. Nossas principais

referências são os manuais sistematizadores: Old Norse iIelandic-literature: a

critical guide (2005), organizado por Clover e Lindow e A company to Old

Norse-Icelandic Literature and Culture (2007), editado por Rory Mcturk.

REALEZA E RELIGIÃO NA ERA VIKING.

Prof. Ms. Munir Lutfe Ayoub Mestre (PUC-SP/NEVE)

O presente trabalho pretende analisar a religião nórdica pré-cristã buscando por

um repositório imaginário que nos auxilie na explicação dos ideais, das funções

e das legitimações presentes na imagem da realeza escandinava, além de buscar

identificar as funções e as ânsias que esses homens tinham sobre seus deuses. A

baliza temporal de nossa pesquisa está inserida entre os séculos VIII e X, sendo

o primeiro o século no qual surgiram as primeiras realezas escandinavas e o

segundo, o século durante o qual os povos escandinavos começaram a sofrer o

processo de conversão ao cristianismo. Compreenderemos o momento do rito,

objeto de estudo deste trabalho, como a oportunidade de pedir aos deuses

fertilidade ou sorte na guerra, além de se tornar um momento político crucial

para a legitimação de poder dessa realeza e desses chefes locais (BLOCH, 1977,

p. 135). E o mito por sua vez como elemento educativo de um povo, pelo qual

as antigas gerações poderiam explicar para as futuras o surgimento do cosmo, a

formação e o funcionamento de suas sociedades, os ideais de além-vida, as

formas de agir dos seres humanos e, no caso nórdico, até mesmo o fim dessas

sociedades, desse cosmo e de alguns de seus próprios deuses, que morreriam

em uma batalha final contra seus grandes rivais, os gigantes (SCHJØDT, 2007,

p. 1-14). Temos como fontes literárias para o estudo desse período as Sagas e as

Eddas, as primeiras tendo como característica a narração das histórias de reis e

heróis, expondo por muitas vezes os cultos, as batalhas e tantas outras

atividades do mundo viking. Já a segunda fonte tem como característica os

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temas mitológicos, nos apresentando os relatos sobre os deuses, gigantes e

tantas outras criaturas que compunham o imaginário nórdico. Tanto as Sagas

como as Eddas contêm uma problemática muito próxima, que provém do fato

de terem sido compiladas apenas a partir do século XII, portanto muito tempo

depois do início do Período Viking, que é datado para o século VIII, e depois da

conversão ao cristianismo, que é datada em regiões como a Islândia para o ano

1000. Os relatos sobre os povos escandinavos escritos por outros povos, como

os francos e os saxões, também são apresentados, porém essas fontes têm como

sua principal problemática o fato de utilizarem parâmetros de observação

pautados pelas suas próprias compreensões sociais e até mesmo cosmológicas,

não nos permitindo assim uma compreensão direta dos homens escandinavos

daquele período. Vale ressaltar nesse momento que as compilações estrangeiras

eram feitas em línguas que não pertenciam originalmente ao mundo nórdico,

como o latim, o que dificulta a observação dos termos utilizados pelos antigos

povos escandinavos e, portanto, de suas compreensões sobre seus costumes,

crenças e sobre suas sociedades.

Palavras chave: mito, rito, realeza, legitimação.

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO XAMANISMO EUROPEU E

ESCANDINAVO

Prof. Ms. Pablo Gomes de Miranda (UFRN/NEVE)

O xamanismo é um tema que desperta o interesse do Ocidente desde o século

XVIII, momento em que podemos encontrar relatos sobre as práticas xamânicas

entre a literatura de viajantes da época, a exemplo das narrativas de Joseph

Arcebi. No século XX, levados em conta principalmente por uma busca do

exótico, o xamanismo e o seu conjunto de técnicas extáticas esteve representado

no repertório artístico de Joseph Beuys e tornou-se um jargão entre os

intelectuais franceses, a exemplo de Roland Barthes e Jacques Derrida.

Entretanto são as obras de Mircea Eliade e Claude Lévi-Strauss que delineiam o

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assunto de uma maneira mais abrangente e que continuam a influenciar nossas

interpretações sobre o tema ainda hoje. Pretendemos, à luz de uma

documentação própria da Idade Média na Europa setentrional, reavaliar as

análises acadêmicas modernas sobre as práticas xamânicas, o espaço do xamã e

seus elementos mais gerais: rituais iniciáticos, negociação com espíritos, curas,

pilares do mundo, ascensões celestes e descidas infernais. Nosso objetivo é

proporcionar uma discussão sobre a prática do xamanismo na Europa

setentrional, em especial a Escandinávia, durante a Idade Média. Esperamos

que ao final os participantes possam desenvolver suas próprias questões

pensando as questões apresentadas neste mini-curso.

A RELAÇÃO ENTRE GUERRA E RELIGIÃO: HISTÓRIA E MÉTODOS DE

PESQUISA

Prof. Ms. Sandro Teixeira Moita (ECEME/GEHM-CEIA)

O minicurso tem como objetivo estabelecer uma reflexão sobre o fenômeno da

guerra e como este influencia e é influenciado pela religião. Valendo-se de

estudos de caso para entender a relação guerra-religião no mundo germânico

da Antiguidade Tardia e Alta Idade Média, pretende-se também entender como

as transformações sociais e políticas geraram mudanças nesta relação e na

própria formação dos povos germânicos, em especial durante o Período das

Migrações. Utilizando um instrumental que combina a História Militar,

Antropologia e Ciência Política, o presente minicurso busca lançar luz para o

público que estiver interessado em realizar pesquisas na área, levando-se em

conta recentes estudos no Brasil e no Exterior.

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A MULHER E A IGREJA NA IDADE MÉDIA

Profa. Ms. Veronica Aparecida Silveira Aguiar (UNIR).

O tema a mulher e a Igreja é antigo e sempre atual, por isso têm ocupado um

importante espaço na historiografia. O debate nos dias atuais gravita-se em

torno de uma revisão bibliográfica acerca dos tratados ditos “políticos”,

“jurídicos” e das práticas sociais. Assim, o objetivo deste mini-curso é analisar

algumas dessas fontes escritas e iconográficas referentes ao discurso que os

homens criaram sobre as mulheres, os limites da inserção das mulheres nessa

sociedade e o lugar delas no registro de produção material. Para realizar tal

análise discutiremos as possibilidades de “resistência” de algumas mulheres às

regras. A partir de um recorte temático investigaremos algumas das bases

teóricas que auxiliaram no entendimento das relações entre a Igreja e a

sociedade, dentro de um conjunto de fontes específicas que sintetizam um

discurso imposto às mulheres que sempre estiveram relacionadas em parte aos

padrões morais determinados pela Igreja. Enfim, o tema a mulher e a Igreja

pode render um debate extremamente interessante, por isso pretende-se

oferecer uma ampla discussão sobre normativos, imagem e religiosidade. Em

suma, tratou-se de um discurso moral construído na Idade Média sobre a

mulher que será o nosso objeto de investigação.

MESAS REDONDAS

MITOS CELESTES NÓRDICOS NA ERA VIKING

Prof. Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE)

O estudo de mitos celestes nórdicos sempre foi um tema marginal dentro da

Escandinavística, apesar de suas inúmeras possibilidades investigativas. A

principal preocupação desta comunicação é apresentar uma historiografia sobre

as escassas pesquisas efetuadas neste campo, desde as primeiras publicações do

século XIX, até recentes trabalhos de Gísli Sigurdsson, Thomas Dubois, Otto

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

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Reuter, Bjórn Jonsson, entre outros. Também apresentaremos alguns temas

relacionados objetivamente com mitos celestes na área nórdica (como as

narrativas do dedo de Aurvandill e os olhos de Tyazi) e indiretamente, como a

narrativa da construção dos muros de Asgard e a identificação dos planetas

visíveis a olho nu durante a Era Viking. Nossos principais pressupostos teórico-

metodológicos são os provenientes da Arqueoastronomia e Etnoastronomia

(como John Carlsson e Anthony Aveni) e teoria do mito aplicada à

Escandinávia, como Margaret Clunie Ross e John Lindow. Nossas principais

fontes são as Eddas, as Sagas Islandesas e o material folclórico medieval.

Palavras-chave: Mitologia Nórdica; Astromitologia; Arqueoastronomia; Era

Viking; Planetas e Constelações.

LAGERTHA: REPRESENTAÇÕES DA GUERREIRA NA GESTA

DANORUM

Profa. Ms. Luciana de Campos (PPGL-UFPB/NEVE)

Lagherta, uma das personagens femininas da Gesta Danorum escrita por Saxo

Gramaticus no século XII foi esposa de Ragnar Lodbrok e é descrita no texto

como uma mulher guerreira que, mesmo depois do divórcio continha apoiando

o ex-esposo tanto militar como politicamente. Esse modelo feminino descrito na

Gesta Danorum apresenta ao leitor a mulher que está presente nos campos de

batalha, não figurante como uma incentivadora, entoando cânticos e gritos de

guerra, mas, portando armas e roupas apropriadas para o combate, lutando em

igualdade com os homens e participando da tomada de decisões que, via de

regra, são essencialmente masculinas. A nossa análise ficará centrada nas

descrições literárias de Lagherta comparando-a com as referências históricas

sobre o papel da mulher nórdica medieval atestando sua visibilidade e

transitividade. Confrontando as três representações da mulher guerreira

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nórdica: a literária, a histórica e a do imaginário moderno, esboçaremos um

perfil dessa mulher que fascina e está cercado por estereótipos e fantasias que

muitas vezes mais encobrem do que revelam a face dessa mulher. Realizar uma

análise dos modelos femininos presentes na literatura nórdica confrontando-a

em alguns pontos com as imagens das mulheres guerreiras será o nosso intuito

nessa comunicação.

MITO E XAMANISMO: A CAÇADA SELVAGEM NAS BALADAS DE

HELGI HUNDIGSBANI

Prof. Ms. Pablo Gomes de Miranda (UFRN/NEVE)

Nossa apresentação pretende discutir os elementos xamânicos nas baladas de

Helgi Hundingsbani, conjunto de poemas presentes no manuscrito GKS 2365

4to, conhecido como Codex Regius (Konungsbók), sendo nossa ênfase na primeira

e na segunda balada de Helgi Hudingsbani (conhecidas como Völsungakviða e

Volsungakviða hin Forna ou ainda Helgakviða Hundingsbana Fyrri e Helgakviða

Hundingsbana Önnur), enquanto que a balada de Helgi Hjörvarðsson (Helgakviða

Hjörvarðssonar), será analisada com fins comparativos. As baladas em questão

giram em torno da vida e morte do herói viking Helgi, o matador de Hunding,

pertencente a linhagem mítica dos Ýlflings. Ainda que os poemas não façam

menção direta à ritualística xamânica, é possível apontar tais elementos em seus

versos e conjecturar, segundo os dados expostos, comparações com o mito da

Caçada Selvagem, comum à boa parte da Europa setentrional.

Palavras-Chaves: Edda Poética; Mitologia Escandinava; Xamanismo.

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MITO, ORALIDADE E ESCRITA: O CONTAR E O RECONTAR

Prof. Ms. Munir Lutfe Ayoub (PUC-SP/NEVE)

Os mitos são definidos por historiadores, como John Lindow, como narrativas

dos antigos povos na tentativa de explicar o surgimento do cosmo, a formação e

o funcionamento de suas sociedades, as formas de agir dos seres humanos e até

mesmo o fim das sociedades desse cosmo e, no caso dos mitos nórdicos, o fim

de alguns de seus próprios deuses, que morreriam em uma batalha final contra

seus grandes rivais, os gigantes (LINDOW, 2002, p. 1-2). Explicações essas

derivadas de narrativas que nos apresentam um mundo de guerras, reinos,

heróis, reis, além dos já citados deuses e gigantes que por suas interações

acabavam por se influenciar mutuamente em um contar e recontar fluido que

perpassou diversas épocas e localidades. Tais mitos, antes de serem compilados

nas fontes literárias que nos chegaram, eram cantados por poetas nórdicos

conhecidos como escaldos, em canções que deviam sofrer variações em

conformidade com o tempo e com o espaço. Variações que ocorriam, dentre

outros motivos, pela influência de diversas culturas com as quais os

escandinavos entravam em contato e que, analisadas por historiadores, como

John McKinnell, levam a uma compreensão das influências cristãs nos mitos e

costumes nórdicos anteriores ao período de conversão e de compilação das

obras literárias tardias escandinavas, o que sugere uma múltipla temporalidade

de compreensão do cristianismo pelos nórdicos (McKINELL; RUGGERINI,

1994, p. 107-128). Portanto, historiadores como Jens Peter Schjødt acreditam que

as histórias que foram compiladas são na verdade apenas uma pequena parte

das que eram cantadas naqueles períodos (SCHJØDT, 2009, p. 9-22). Sendo

assim, não temos atualmente a possibilidade de trabalhar com todas as

variações desses mitos, o que já nos aponta uma grande problemática na

tentativa de compreensão dos povos escandinavos praticantes dos antigos

costumes.

Palavras chave: mito, oralidade, cultura.

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O SOBRENATURAL E O FANTÁSTICO NAS SAGAS ISLANDESAS

André Araújo de Oliveira (PPGHIS - UFMA/NEVE)

O sobrenatural e o fantástico são muito presentes nas sagas islandesas. Os

efeitos e seres sobrenaturais enriquecem a narrativa apresentando o pensar de

sua época, ecos de uma compreensão de mundo a mais de mil anos

abandonada. As maldições e feitiços em paralelo com criaturas sobrenaturais

fazem parte, não de uma realidade fora do cotidiano, mas estão presentes no

dia-dia como efeitos e seres reais. Essa exposição tem por objetivo apresentar os

elementos sobrenaturais de algumas sagas islandesas e como elas são

compreendidas no seu meio. Por meio das vozes do discurso entendemos que

esses elementos sobrenaturais não são seres e efeitos além da realidade, mas

fazem parte do imaginário que o insere no mundo o qual coabitam. Finalmente,

por meio da compreensão da construção no discurso e do contexto do

imaginário medieval escandinavo buscaremos explicar como se deu a

elaboração do sobrenatural cristão islandês, como resultado das influências da

feitiçaria pré-cristã. Para isso usaremos a noção de Mikhail Bakhtin da

construção do discurso, dialogada principalmente com o conceito de imaginário

medieval de Le Goff

Palavras-chave: Sobrenatural, Escandinávia Medieval, Imaginário Medieval.

O POEMA RÚNICO ANGLO-SAXÔNICO

Prof. Ms. João Bittencourt (UERJ/NEVE)

As Runas Anglo-Saxônicas são um conjunto de caracteres usados para escrever

nas línguas germânicas, principalmente na Escandinávia e nas Ilhas Britânicas.

Estes caracteres têm sido encontrados em pedras rúnicas, e em menor número

em ossos e peças de madeira, assim como em pergaminhos e placas metálicas.

A versão escandinava é conhecida como Futhark (derivado das suas primeiras

seis letras: 'F', 'U' 'Th', 'A', 'R', e 'K'); já a versão Anglo-saxônica é conhecida

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

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como Futhorc (que também tem origem nas primeiras letras deste alfabeto). As

inscrições rúnicas mais antigas datam de cerca do ano 150, e o Futhorc passou a

ser o alfabeto do inglês antigo, sendo substituído pelo alfabeto latino com a

cristianização por volta do século VI, na Europa Central e no século

XI, na Escandinávia. Existem três poemas rúnicos preservados desde a Idade

Média, sendo um deles baseado nas runas anglo-saxônicas. Na presente

exposição, pretendemos analisar e discutir O Poema Rúnico Anglo-Saxônico que é

datado provavelmente do século IX/X. O poema tem 29 estrofes e cada estrofe

está baseada numa determinada runa. O poema pode ser visto como uma chave

esotérica para desvendar a magia e o poder das runas.

Palavras-chave: Literatura Anglo-saxônica; Alfabeto Rúnico; Magia

O MITO DO HERÓI NA VOLSUNGA SAGA

Profa. Ms. Suênia de Sousa Amorim (UFPB)

Um tema mítico que é bastante conhecido podendo ser encontrado em diversas

culturas é o Mito do Herói. O herói está presente no imaginário desde os

primórdios da humanidade, desde tempos imemoriais e sua atemporalidade é

inegável seja na figura de um Héracles grego, Cuchulainn irlandês, Rama

hindu, Gilgamech sumério ou Sigurðr escandinavo entre outros. Os mitos e as

lendas heroicas constituem um tesouro inesgotável de exemplos e modelos da

nação que neles bebe o seu pensamento, ideais e normas para a vida. Sendo a

figura do herói um elemento antropológico necessário a todo ser humano temos

como maiores fontes de herói a mitologia e a literatura. Nossa proposta é

analisar figuras heroicas presentes nas diversas mitologias, mas nos determos

de forma especial e pormenorizada no herói Sigurðr. Do nórdico antigo, Sigurðr

(“favorecido pela vitória”), conhecido em alemão como Siegfried que é sem

dúvida o maior herói da mitologia nórdica e personagem central da Völsunga

Saga (Islândia, século XIII) ou Saga dos Volsungos por sua grande vitória sobre

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

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o dragão Fáfnir. Sabemos que o arquétipo do herói é um símbolo de todos os

indivíduos, de todas as épocas, presentes, passadas e futuras, que pode ser

perfeitamente lido a partir de duas perspectivas: a primeira é a dos ideais

nacionais de um povo e de uma raça, onde o herói incorpora os valores da

comunidade a qual pertence. Pelo que seus feitos tornam-se dignos de serem

cantados e recitados uma vez que a divulgação desses feitos fomenta o

sentimento de união e pertença e aviva a coragem e o espírito guerreiro; a

segunda mais ampla e universal, que de certa forma compreende uma biografia

humana abrange não somente um determinado povo, mas toda a humanidade

com suas angústias, temores e realizações na guerra e na paz.

Palavras-chave: Herói; Sigurðr; Völsunga Saga

A MÔNADA HIEROGLÍFICA

Prof. Dr. Fabricio Possebon (UFPB)

Monas Hieroglyphica é um pequeno tratado escrito em latim e publicado em 1564

por John Dee (1527-1608), mago inglês, conhecido também por investigações

matemáticas, astronômicas e de navegação. Dee teve uma vida voltada

notadamente para o ocultimo, viajando por inúmeros países da Europa e sendo

influente na corte inglesa da rainha Elizabeth. Nesta obra, Dee propõe um

diagrama, explicando em detalhes a sua construção geométrica, e acrescentando

observações de natureza hermética. Pretende ele que se alcance, pela

observação da Mônada, um conhecimento transcendente, não havendo detalhes

de como isto será feito. Nossa proposta de interpretação pretende justamente

levantar possibilidades de como alcançar este saber, a partir de reflexões melhor

conhecidas da tradição oriental, onde é frequente o uso de mandalas e yantras

(Guiseppe Tucci, 1988). Levantar-se-ão algumas questões acerca da tradição

ocidental das Escolas de Mistério (Walter Burkert, 1991), pouco conhecidas, mas

cujo saber se transmitiu pelo Corpus Hermeticum (Ilaria Ramelli, 2005), e por

seus antecessores: Giordano Bruno, Cornélio Agrippa, etc.

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

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Palavras-chave: Renascimento; mônada; ocultismo.

O MITO DAS AMAZONAS EM A CIDADE DAS DAMAS DE CHRISTINE

DE PIZAN E DE CLARIS MULIERIBUS DE BOCCACCIO

Profa.Dra. Luciana Eleonora de Freitas Calado Deplagne (UFPB)

Representadas desde a Antiguidade, em textos enciclopédicos e gravuras

antigas, as Amazonas ora evocam imagens de mulheres intrépidas, ora de

crueldade e transgressão da natureza. No final da Idade Média, em particular,

depois da obra boccacciana De Claris mulieribus, o mito das guerreiras ressurge

em vários países da Europa, não apenas na Literatura, mas também em outras

artes como em tapisserias, gravuras, estátuas, iluminuras, etc.(VIENNOT, 2008,

STEINER, 1999). A presente comunicação se propõe a apresentar um estudo

comparativo entre a obra A Cidade das Damas(1405), de Christine de

Pizan(1364-1430), e De Claris Mulieribus(1374), de Boccaccio(1313-1375),

focalizando as estratégias de reescritas do mito das Amazonas empregadas

pelos dois autores italianos. Considerando que o catálogo de histórias de

mulheres virtuosas que compõem o Livro da Cidade das Damas de Pizan

recebeu forte inspiração de duas obras de seu renomado compatriota Boccaccio:

De Claris Mulieribus e Decameron, pretende-se neste trabalho, analisar o

processo de reescrita da obra de Pizan, a partir de uma perpectiva de

gênero(Rich(1980), Woolf(1929), Brouard-Arends(2004), Viennot(2008)).

Palavras-chave: Amazonas, mito, Christine de Pizan, Boccaccio, reescrita

OS FABLIAUX ERÓTICOS MEDIEVAIS: A OBSESSÃO PELO EROTISMO

Profa. Dra. Marta Pragana Dantas (UFPB)

Discutiremos alguns aspectos do erotismo medieval através da leitura de

fabliaux eróticos. Pequenos contos em versos octossílabos, edificantes ou

divertidos, na maioria obscenos, os fabliaux floresceram na França entre o final

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

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do século XII e o início do século XIV, tendo sido apreciados por um público

bastante diversificado, composto de nobres, cavaleiros, castelãos, burgueses e

habitantes em geral das cidades. A ampla circulação dessa matéria erótica e

licenciosa insere-se dentro de uma “erótica cristã medieval” (Guillelbaud). A

Igreja passa a exaltar os benefícios da “mãe natureza”, favorecendo, em última

instância, uma concepção mais física e mais descomplexada da sexualidade e o

direito ao prazer — contrariamente, é preciso dizer, ao que muitas vezes se

afirma a respeito do papel da Igreja na formação de uma moral sexual rígida.

Essa relativa liberdade quanto à questão sexual coincide com o espírito bem

humorado e lúdico dos fabliaux na celebração dos apetites do corpo e nas

transgressões da linguagem. Uma ênfase especial será dada à representação da

mulher, vista como possuidora de um apetite sexual voraz e insaciável.

Palavras-chave: fabliaux, literatura medieval, erotismo

COMUNICAÇÕES

REFLEXÕES SOBRE O MITO DO RAGNAROK

Angela Albuquerque de Oliveira (UFPB)

Nosso estudo propõe analisar a narrativa de Ragnarök, a última batalha,

encontrada na poesia éddica, da literatura escandinava, do século XIII. Por se

tratar de um universo amplo, reduziremos a pesquisa à investigação a respeito

de como essa sociedade se movia em busca da ordem diante do caos, mediante

o anúncio da destruição do mundo que fatalmente representaria o fim dos

homens e dos deuses. A metodologia envolve a perspectiva da teoria do mito

conjuntamente com a pesquisa bibliográfica e sistematizadora do tema.

Utilizaremos como referencial teórico as ideias de Bittencourt (2011), Cardoso

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

Caderno de Resumos Página 18

(2006), Eliade (1992 e 2011), Goldeberg (2006), Hock (2010), Hume (2005),

Langer (2000, 2001, 2005, 2006, 2012 e 2013).

Palavras-chave: Escandinávia da Era Viking; Mitologia Escandinava; Ragnarök.

AS RELIGIOSIDADES VIKINGS EM MONUMENTOS DE PEDRA

Ricardo Menezes (PPGCR-UFPB/VALKNUT)

A prática das religiosidades dos povos vikings é um campo obscuro na

historiografia brasileira. A esmagadora superioridade de produções esotéricas

ofusca e confunde os interessados em conhecer mais sobre esse aspecto cultural.

Esta pesquisa busca, através de análises dos monumentos de pedra da

Escandinávia, debater e levantar questões acerca das religiosidades do norte da

Europa Medieval, como a pluralidade de cultos, relação com a morte e o pós-

morte e a cristianização. Atentaremos também para os aspectos sociais,

artísticos e geográficos das produções destes monumentos para que a análise

não seja incompleta, uma vez que não podemos considerar a fonte fora de seu

contexto de criação. Utilizaremos estudos de pesquisadores consagrados da

Escandinavística Nacional e Internacional, como Johnni Langer, Birgit Sawyer,

Hilda Davidson entre outros. Com isso pretendemos compreender como a

religiosidade se apresenta em tais monumentos, além de entender um pouco

mais do sistema religioso nórdico.

Palavras-chaves: Religiosidades – Monumentos – Escandinávia

UMA ESCRITA PARA O PASSADO: O IMAGINÁRIO DA

DEMONIZAÇÃO DO PAGÃO NA CONSTRUÇÃO DA EYRBYGGJA SAGA

José Lucas Cordeiro Fernandes e Leonardo Guerra e Silva (UECE/VALKNUT)

A cristianização da Escandinávia pode ser dividida em algumas fases, nos

deixando uma clara divisão temporal e de atuação da Igreja no território. Nesse

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

Caderno de Resumos Página 19

sentido, que a dinâmica da cultura escrita das sagas para a cristianização será

observada por nós, pois essa produção escrita vinha com a intenção do seu

autor cristão, entre várias delas, nós podemos destacar uma valorização da

religião cristã. Nesse cenário, as sagas como um conjunto literário produzido na

consolidação do cristianismo, passam a voltar sua escrita para o passado de

disputa sobre o “território ideológico”, como um intento de modelar um

passado que estava presente na oralidade e que agora se “fixava” no papel e na

tinta. Nosso trabalho busca focar nessa escrita sobre o passado e a configuração

do cenário de cultura escrita na Escandinávia medieval, intentando perceber

como essa escrita foi preenchida por demonizações e subversões de valores e

características pagãs. Com este foco nós selecionamos uma fonte que nos

permite realizar a “operação historiográfica”, esta que é a Eyrbyggja saga, fonte

escrita em meados do século XIII por um autor anônimo e que nos revela muito

sobre o contato entre pagão e cristão na ótica de um autor cristão. Por fim, nos

ligaremos ao aparato teórico da História Cultural e da metodologia da Cultura

Escrita medieval e da Nova Escandinavística.

Palavras-Chave: Demonização; Escandinávia; Sagas; Cultura Escrita.

SEGUINDO A CANÇÃO COM O MARTELO NA MÃO: THOR E SUAS

REPRESENTAÇÕES NO HEAVY METAL

João Paulo Garcia Teixeira (UFC/VALKNUT)

Thor foi um deus bastante conhecido e cultuado entre os escandinavos, sendo o

mais poderoso dentre os deuses, segundo alguns autores, dominava o ar, o

trovão e também cultuado como deus ligado a fertilidade. Hoje Thor ainda

continua muito conhecido, devido as várias mídias na qual está ligado, seja nos

quadrinhos, filmes, livros de literatura, e também na música, com grande

frequência em uma vertente do rock conhecida como Metal. O presente trabalho

tem como objetivo maior mostrar a relação existente entre o Thor cultuado

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

Caderno de Resumos Página 20

pelos escandinavos da Era viking e a representação que ele possui atualmente

nas músicas de Metal. Para tanto, pretendo utilizar algumas músicas das mais

famosas bandas do estilo como, Grave digger, Manowar, Amon Amarth entre

outras, que frequentemente abordam o assunto em seus álbuns, chegando em

algumas ocasiões a dedicar um álbum inteiro para a temática, temas esses que

percorrem toda a história dos vikings e sua mitologia nórdica. Junto a isso

temos a questão também da sonoridade, que em praticamente todos os casos, as

bandas procuram criar todo um ambiente medieval, levando assim, o ouvinte a

tentar imaginar a vivencia no período em questão. Para me ajudar no

desenvolvimento da pesquisa e de interpretação das músicas, me utilizarei de

trabalhos de alguns dos pesquisadores mais conhecidos, como Johnni Langer,

John Lindow, Jacques Le Goff, fazendo uma relação entre as interpretações

musicais e os devidos trabalhos acadêmicos.

Palavras Chaves: Thor – Heavy Metal – Mitologia Nórdica

THOR: UMA REINTERPRETAÇÃO CONTEMPORÂNEA DO DEUS

NÓRDICO DO TROVÃO

Leandro Vilar Oliveira (PPGH-UFPB)

Partindo do pressuposto que as culturas não são imutáveis, mas estão expostas

a fatores que levam a sua modificação, neste artigo propus analisar como o deus

Thor e a mitologia escandinava, foram readaptados para a cultura midiática dos

séculos XX e XXI, mais especificamente no âmbito das histórias em quadrinhos

produzidas pela Marvel Comics. A qual desde a década de 1960 foi a

responsável por reintroduzir esse icônico deus do trovão e a mitologia nórdica,

para o mundo, a partir de uma representação contemporânea embasada na

ficção científica e nas histórias de fantasia. Além de assinalar algumas

mudanças entre os mitos e as histórias em quadrinhos, o foco do artigo, é

estudar a construção do heroísmo entre o Thor mitológico e o Thor super-herói,

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

Caderno de Resumos Página 21

tendo como referência as várias faces de um herói como proposto por

CAMPBELL [1995], a influência do cavalheirismo, do romantismo medieval e

da ideia contemporânea de herói, na construção dos super-heróis das hqs, por

CAVALCANTI [2006] e VERGUEIRO [2014]. Como fonte serão utilizados os

poemas eddicos, livros e artigos sobre mitologia, e as próprias hqs da Marvel.

Palavras-chave: Thor, mitologia escandinava, história em quadrinhos.

REPRESENTAÇÕES E APROPRIAÇÕES DE LOKI E DAS DEMAIS

DIVINDADES DO PANTEÃO NÓRDICO EM OS JULGAMENTOS DE

LOKI

Elvio Franklin Menezes Teles Filho (UFC/VALKNUT)

Proponho, no presente trabalho, analisar as representações atuais de aspectos

da mitologia nórdica presentes na obra: Os Julgamentos de Loki. No meio

acadêmico, inúmeros sãos os exemplos de estudos relacionando cultura nódica,

quadrinhos e estereótipos. Guerreiras da Era Viking? Uma Análise do

Quadrinho Irmãs de Escudo; seria apenas um dos variados exemplos. Um dos

objetivos deste seria compreender como estas representações reforçam a

permanência de um imaginário popular e de estereótipos acerca da cultura,

sociedade e religiosidade dos povos da Escandinávia Medieval. Entretanto,

tendo como base teórica os escritos de R. Chartier, não pude deixar de

considerar também os processos de apropriação pelos quais a obra passa nas

mãos do leitor. O “consumidor” não pode ser considerado apenas uma casca

vazia esperando para ser preenchida. As formas de leitura são mutáveis e

sujeitas a um processo histórico. Sobre esse aspecto, teremos como recorte o

público brasileiro das HQ's. Para tal trabalho, proponho a utilização de

resenhas feitas por leitores em geral. Assim, o trabalho final seria referente ao

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

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olhar dos leitores sobre a obra e seus estereótipos com relação a mitologia

nórdica.

Palavras Chave: Representação, apropriação, estereótipos.

CONTATO E EMPRÉSTIMO LINGUÍSTICO EM INGLÊS E NÓRDICO

ANTIGOS: EVIDÊNCIAS EM MANUSCRITOS DOS SÉCULOS IX A XI

Luiz Antonio de Sousa NETTO (UFPE)

O presente trabalho investe na análise histórica e comparada de textos

medievais, focando as relações entre o nórdico antigo e o inglês antigo

(TOWNEND, 2002), através da análise textual de manuscritos da época de

ambas as línguas: Crônica anglo-saxônica (835), Evangelho de Lindisfarne (700?),

Stockholm Codex (séc.VIII), bem como os manuscritos de Ælfric (955-1010?) e

Wulfstan (1023). O problema que será levantado pretende refletir nos limites e

fronteiras que na época medieval iam se estabelecendo na formação de futuras

línguas a partir dos testemunhos oferecidos pela linguística histórica, partindo

das chamadas protolínguas: indo-europeu e protogermânico, com relação, no

caso, ao nórdico antigo e ao inglês antigo (LASS, 1994). Note-se que as

influências linguísticas mútuas ocorreram no contexto da primeira invasão

viking datada em 793, o que produziu fenômenos que podem ser enquadrados

nos conceitos de superestrato e adstrato (PONS-SANZ, 2007). Nesse sentido,

constatam-se, dentre outros, fenômenos de empréstimo léxico, com

consequências no âmbito fônico que podem ser detectados a partir de uma

análise minuciosa dos respectivos sistemas gráficos oriundos das ocorrências

textuais. Só a modo de exemplo, serão analisadas evoluções de palavras da

língua inglesa como ing.ant. æsċ [æʃ], “carvalho”, que passou a reproduzir-se na

escrita como askr, com alteração da pronúncia [askr], por influência do nórdico

antigo askr [askr]; o mesmo fenômeno se evidencia em ing.ant. busċ, “arbusto”,

pronunciada inicialmente como [buʃ] e mais tarde como [buskr] – com

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

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reposição da velar, como no caso anterior –, influenciada sem dúvida pelo

contágio do nórdico antigo buskr – mesma pronúncia. Outro exemplo que

reproduz outros fenômenos se dá na forma do ing.ant. brycg, “ponte”,

pronunciada antigamente [bryʤ], e que na época em tela passou a ser escrita

como hrycg, correspondente à pronúncia [hryg], também por influência do

nórdico antigo.

Palavras-chave: inglês antigo; nórdico antigo; linguística histórica; linguística

indo-europeia; filologia inglesa.

O CENTRO DO MUNDO: AS CIDADES DA ERA VIKING

Thiago Moreira Monte (UFC/VALKNUT)

Os Escandinavos são muito conhecidos pelas suas investidas contra os

Mosteiros Católicos e os Reinos Europeus, praticando saques e pilhagens,

motivados pela sede de riquezas e, principalmente, pelo prazer em batalhar. No

entanto, não devemos nos esquecer de suas qualidades como comerciantes,

tendo em vista que muitas expedições “Vikings”, depois dos saques, faziam

comércio com algumas cidades da Europa e, também, cidades sob o domínio de

Califados Islâmicos. Outras cidades receberam influência direta da presença

dos Vikings, como a antiga cidade de York e a Normandia, região da atual

França, onde se transformaram em grandes redutos de “Vikings” fora da

Escandinávia. Por fim, temos ainda os grandes centros comerciais da própria

Escandinávia, como em Birka e Hedeby que tinha seu valor estratégico nas

incursões “Vikings”. O presente trabalho tem por objetivos analisar o ideal de

cidade na Idade Média, observando esses grandes centros comerciais do norte

da Europa Medieval. Além de examinar algumas regiões de extrema

importância para a sociedade Escandinávia, como o Templo de Uppsala, que

estimulava peregrinações não tanto por fatores comerciais, mas por motivos

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

Caderno de Resumos Página 24

religiosos. Para isso, vamos analisar alguns mapas do livro “Towns in the

Viking Age”, relacionando leituras de autores como, Johnni Langer, Johannes

Brondsted e Jacques Le Goff. Principalmente com a influência de Le Goff,

buscar entender a real função da cidade, lugar ideal para troca de experiências e

palco de luta pelo poder.

Palavras Chaves: Cidade – Sagrado- Poder.

CONTATO E EMPRÉSTIMO LINGUÍSTICO EM INGLÊS E NÓRDICO

ANTIGOS: EVIDÊNCIAS EM MANUSCRITOS DOS SÉCULOS IX A XI

Luiz Antonio de Sousa Netto (UFPE)

O presente trabalho investe na análise histórica e comparada de textos

medievais, focando as relações entre o nórdico antigo e o inglês antigo

(TOWNEND, 2002), através da análise textual de manuscritos da época de

ambas as línguas: Crônica anglo-saxônica (835), Evangelho de Lindisfarne (700?),

Stockholm Codex (séc.VIII), bem como os manuscritos de Ælfric (955-1010?) e

Wulfstan (1023). O problema que será levantado pretende refletir nos limites e

fronteiras que na época medieval iam se estabelecendo na formação de futuras

línguas a partir dos testemunhos oferecidos pela linguística histórica, partindo

das chamadas protolínguas: indo-europeu e protogermânico, com relação, no

caso, ao nórdico antigo e ao inglês antigo (LASS, 1994). Note-se que as

influências linguísticas mútuas ocorreram no contexto da primeira invasão

viking datada em 793, o que produziu fenômenos que podem ser enquadrados

nos conceitos de superestrato e adstrato (PONS-SANZ, 2007). Nesse sentido,

constatam-se, dentre outros, fenômenos de empréstimo léxico, com

consequências no âmbito fônico que podem ser detectados a partir de uma

análise minuciosa dos respectivos sistemas gráficos oriundos das ocorrências

textuais. Só a modo de exemplo, serão analisadas evoluções de palavras da

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

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língua inglesa como ing.ant. æsċ [æʃ], “carvalho”, que passou a reproduzir-se na

escrita como askr, com alteração da pronúncia [askr], por influência do nórdico

antigo askr [askr]; o mesmo fenômeno se evidencia em ing.ant. busċ, “arbusto”,

pronunciada inicialmente como [buʃ] e mais tarde como [buskr] – com

reposição da velar, como no caso anterior –, influenciada sem dúvida pelo

contágio do nórdico antigo buskr – mesma pronúncia. Outro exemplo que

reproduz outros fenômenos se dá na forma do ing.ant. brycg, “ponte”,

pronunciada antigamente [bryʤ], e que na época em tela passou a ser escrita

como hrycg, correspondente à pronúncia [hryg], também por influência do

nórdico antigo.

Palavras-chave: inglês antigo; nórdico antigo; linguística histórica; linguística

indo-europeia; filologia inglesa.

A CONSTRUÇÃO DO IMAGINÁRIO DA PROFECIA NA SOCIEDADE

ESCANDINAVA, ATRAVÉS DA ANÁLISE DA SAGA DE NJÁL

Sara Carvalho Divino (UFMA)

O universo que rodeia a magia nórdica povoa o imaginário de toda uma

sociedade que buscava na magia algumas respostas para justificar momentos

ou situações de suas vidas. A ocorrência da magia na Escandinávia Medieval é

constante, e nas suas mais variadas formas está à profecia (spá), onde suas

características moldam situações do cotidiano e do imaginário dos

escandinavos. A profecia é um elemento divino presente em diversas culturas e

grupos sociais, e, consequentemente, não está excluída da sociedade

escandinava. As características da profecia serão apresentadas neste trabalho

por meio de uma análise da Saga de Njál, onde buscará elementos para a

composição de um imaginário social, apresentando um enfoque no agente

executor da profecia. O trabalho também tem como objetivo apresentar a

diferenciação entre profecia e adivinhação, definindo assim a separação entres

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

Caderno de Resumos Página 26

os termos para que não acuse uma igualdade entre estas práticas mágicas. Para

a composição do imaginário da sociedade escandinava serão utilizados as

perspectivas de Bronislaw Baczko e Hilário Franco Jr..

Palavras-chave: Magia, profecia, imaginário social, Escandinávia Medieval.

ARTHUR E OS HOMENS DO NORTE: A MATÉRIA DA BRETANHA E A

IMAGEM DO REX SACERDOS NA ESCANDINÁVIA DO INÍCIO DO

SÉCULO XIII.

Prof. Dr. Marcus Baccega (UFMA)

A presente comunicação pretende explorar o papel retórico-disciplinar da

Matéria da Bretanha ou Ciclo Arturiano na reafirmação do caráter

cristológico e guerreiro da realeza escandinava no século XIII. Para tanto,

visando a compreender como se fortaleceu ou se alterou a imagem do rex

sacerdos entre os homens do Norte na primeira metade do último século da

Idade Média Central, analisa-se a Breta Sögur (c. 1200). A Saga dos Bretões

introduz a figura mito-poética de Arthur, o rei cristão sacramentado pelos

esforços eclesiais de filtragem e clericalização do mito que envolve, além do

Rei de Camelot, as aventuras dos Cavaleiros da Távola Redonda e a busca

pelo Santo Graal. Nestes termos, parece ser um documento propício para

dissecar os usos políticos e retóricos da Matéria Arturiana, tal como

recepcionada pelos escandinavos do Pós-Era Viking. Como os romans

continentais e, ao final da Idade Média, as novelas de cavalaria relativas ao

Ciclo Bretão, a Breta Sögur é o lugar da memória de conflitos, resistências,

compromissos e mediações culturais cristãs que desvelam a formação das

realezas cristológicas entre os germânicos do Norte da Europa.

Palavras-chave: Rei Arthur, Realeza Cristã, Escandinávia pós-viking, Breta

Sögur.

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

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A CONCEPÇÃO DA MULHER NO IMAGINÁRIO MEDIEVAL A

PROPÓSITO DO TESTEMUNHO DE TEXTOS LITERÁRIOS EM LÍNGUA

CASTELHANA ATÉ O SÉCULO XV

Prof. Dr. José Alberto Miranda Poza (UFPE)

A Idade Média europeia representa uma época fundamental para a

compreensão do mundo moderno em sua concepção ocidental, antecedente da

hodierna pós-modernidade (DE BRUYNE, 1988). O conhecimento deste vasto

período que percorre mais de dez séculos, alheio à realidade e ao imaginário da

América, constitui um verdadeiro desafio para o ensino, a aprendizagem e a

recepção das literaturas europeias – e não só das hispânicas (JOACHIM, 2012;

MICHARD-MARCHAL & RIBERY, 1985). Com relação ao tema proposto, a

mulher, é representativa do pensamento medieval a atitude daquela sociedade

tipicamente masculina apresentá-la a partir de duas vertentes: a glorificação – o

amor cortês e suas derivações – e o rebaixamento feminino até extremos

incríveis (BLANCO AGUINAGA et al, 2000). As duas posições convergem, em

ocasiões, numa mesma obra, como no Libro de buen amor, onde Juan Ruiz

descreve magistralmente as mulheres através de um rico jogo de equívocos: de

um lado, fala-se da mulher objeto do desejo carnal do homem, causadora do

pecado, e, de outro, louva-se o verdadeiro “bom amor”, de transcendência

divina, na mesma linha devota que proclamava a tradição mariana europeia e o

símbolo da virgindade de Maria, Madre de Cristo e de todos os homens,

apontada já em Berceo (Milagros). Não faltam, ainda, o gênero do sermão,

focando o tópico dos pecados capitais que têm como sujeito à mulher – frente

ao indefeso homem –, aspecto que nos convida a evocar o Corbacho, de Alfonso

Martínez de Toledo, e que abre o imaginário medieval que contém obras

medievais de outro teor, como alguns dos exemplos coletados no Conde Lucanor,

de Don Juan Manuel, onde a mulher é apresnetada como um ser temível para o

homem se ele não sabe dominá-la do primeiro momento. Que a bruxaria e seus

vínculos com Satã são coisa especialmente própria da mulher mostra-se no

papel que, com relação ao amor – proibido a malhoria das vezes – desenvolvem

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

Caderno de Resumos Página 28

Trotaconventos primeiro e mais tarde a celebérrima Celestina da Tragicomedia

de Rojas. Por fim, a denominada pela crítica de novela sentimental nos devolve

ao primeiro tipo de vertente acima referida, isto é, à glorificação da mulher, mas

já, em pleno Pré-renascimento, a partir de parâmetros humanistas, como Diego

de San Pedro escreve na sua Cárcel de amor.

Palavras-chave: mulher e literatura; literatura medieval; textos hispânicos

medievais.

HERÓI – DIABO: PELA DISSOLUÇÃO DE UMA OPOSIÇÃO

INEXISTENTE

Francisca Renata de Araújo Pessoa (UNIFOR)

O trabalho busca abordar os significados atribuídos à imagem do Diabo no

decorrer da Idade Média e analisar as modificações desse símbolo no exercício

religioso (Link, 1995). Procura-se analisar a importância do arquétipo

demoníaco (diabolo) no direcionamento do homem a uma nova existência. É

discutida a atribuição dada por Platão ao arquétipo daimon como guia que

conduziria o homem a uma vida de realizações, fornecendo a este arquétipo a

função de cumpridor daquilo que o homem haveria de escolher como destino,

apontando-o ainda como um intermediário entre os Deuses e a humanidade. A

partir do pressuposto de que um arcabouço religioso que tem como finalidade a

coincidentia oppositorum (Jung, 1999), a conciliação dos opostos, como condição

de amadurecimento psíquico humano, o trabalho argumenta sobre a

necessidade de inclusão do daimon, opositor do demiurgo, como

condição iniludível ao atingimento do objetivo conciliatório. Assim, são

investigados aspectos presentes na história da bruxaria relacionados à ideia de

pacto como o Diabo (Russell & Alexander, 2008) no intuito de mostrar a

importância da integração completa da psique.

Palavras-chave: Diabo; Idade Média; coincidentia oppositorum

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

Caderno de Resumos Página 29

DAIMON E A JORNADA INTERIOR: UMA ANÁLISE MÍTICA DO

SÍMBOLO

Francisca Renata de Araújo Pessoa (UNIFOR)

A pesquisa busca abordar os significados atribuídos à imagem do Diabo no

decorrer da idade média e analisar o desgaste desse símbolo no exercício

religioso. Procura-se analisar a importância do arquétipo demoníaco (daimon)

no direcionamento do homem a uma nova existência. É discutida a atribuição

dada por Platão ao arquétipo daimon como guia que conduziria o homem a

uma vida de realizações, fornecendo a este arquétipo a função de cumpridor

daquilo que o homem haveria de escolher como destino, apontando-o ainda

como um intermediário entre os Deuses e a humanidade. Esta ideia por sua vez

não agradou a igreja, que procurou abster-se de dar qualquer importância a esta

divindade. A partir do pressuposto de que um arcabouço religioso que tem

como finalidade a coincidentia oppositorum (Jung, 1999) a conciliação dos

opostos como condição de amadurecimento psíquico humano, o artigo

argumenta sobre a necessidade de inclusão do daimon, opositor do demiurgo

na liturgia ritual, como condição iniludível ao atingimento do objetivo

conciliatório.

Palavras-chave:Diabo; idade média; igreja; coincidentia oppositorum

O JOVEM TROVADOR WERTHER

Éllen Martins Tomaz de Araújo e Julia Caroline Maciel Corrêa (UFPB)

Esse trabalho tem por objetivo realizar uma leitura e interpretação das cartas

escritas pelo personagem Werther, da obra Os sofrimentos do jovem Werther,

escrito por Johann Wolfgang von Goethe, salientando a presença do Amor

Cortês ao longo do corpus selecionado. Esse romance é um dos marcos iniciais

do romantismo e é perceptível a presença de alguns elementos da literatura

medieval em seu conteúdo. Para o desenvolvimento desse trabalho, foram

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

Caderno de Resumos Página 30

selecionadas três cartas, marcadas através de suas respectivas datas. A primeira,

na qual o narrador discorre sobre o momento em que conhece a sua amada

Lotte; a segunda, na qual Werther, pela primeira vez no livro, documenta em

carta que é apaixonado por Lotte; e a terceira, para corroborarmos a ideia do

código do amor cortês presente na obra, sendo a última carta destinada a

Wilhelm. O amor, na visão que nos propomos a analisar, não nasce de ação

alguma, mas da reflexão sobre aquilo que o cavaleiro vê; ou seja, não busca uma

dama real, mas um ideal de virtude feminina. Dessa forma, o livro Tratado do

amor cortês, de André Capelão, e outras bases teóricas secundárias nos orientam

por um caminho coerente com a nossa análise.

LEONOR TELES: REPRESENTAÇÃO FEMININA NA METAFICÇÃO

HISTORIOGRÁFICA VERSUS A CRÔNICA DE FERNÃO LOPES

Whadja Nascimento Oliveira (UEPB)

Esta comunicação tem por objetivo analisar o perfil de Leonor Teles, rainha de

Portugal no século XIV, através de sua representação no romance histórico

contemporâneo Leonor Teles ou o canto da salamandra (19999), em comparação

com o perfil apresentado nas Crônicas de Fernão Lopes que tratam do reinado

de D. Fernando e da revolução de Avis. Interessa-nos evidenciar a participação

política de Leonor Teles nas questões do reinado de D. Fernando, bem como

sua intervenção em alguns fatos sociais e econômicos, o que legou para a

História a sua fama de rainha aleivosa. Nosso trabalho tem como aporte teórico

tanto os estudos que tratam sobre a Idade Média (Georges Duby, Le Goff, etc) e

a mulher na Idade Média (Michelle Perrot, etc), bem como autores específicos

sobre a História de Portugal (Mattoso, Serrão, etc), e mais precisamente sobre o

reinado de D. Fernando.

Palavras-chave: Leonor Teles; Crônicas de Fernão Lopes; Romance histórico

português

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

Caderno de Resumos Página 31

BEST-SELLER DO SERTÃO? A DIFUSÃO DA CANÇÃO DE ROLANDO NA

LITERATURA DE CORDEL DO NORDESTE BRASILEIRO NOS SÉCULOS

XX E XXI

Aniely Walesca Oliveira Santiago (UFPB)

É sabido que algumas narrativas medievais europeias, dentre as quais romances

de cavalaria e canções de gesta, foram difundidas no Nordeste brasileiro no

século XX, graças aos folhetos de cordel escritos e impressos, sobretudo, pelo

cordelista e “editor” paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Este se

apropriou das adaptações que o médico português Jerônimo Moreira de

Carvalho fez da História do Imperador Carlos Magno e dos doze pares de França

(1728), através de edições do século XIX (Lisboa, 1863), para recontar a história

de Rolando (Roldão), Olivier (Oliveiros), Ganelon (Ganelão) e Ferrabrás.

Interessa especialmente aos propósitos da presente comunicação a fortuna

literária “popular” da Canção de Rolando (primeira obra de relevo da literatura

francesa, escrita por volta do século XII) no Nordeste brasileiro, especialmente

naquela região geográfico-cultural conhecida como Sertão. A partir dos estudos

de Roger Chartier(2004) sobre a Biblioteca Azul, ou seja, livros de baixo custo,

vendidos por ambulantes e constituídos de adaptações de textos clássicos e

eruditos em linguagem popular, cujo público alvo eram as camadas menos

letradas (e analfabetas) da população, tentar-se-á ver em que medida Leandro

Gomes de Barros teve um papel e importância semelhantes aos que tiveram as

famílias de editores Oudot, da cidade francesa de Troyes, e Garnier, entre os

séculos XVII e XIX, na difusão de obras literárias, especialmente da Canção de

Rolando, e na formação de um imaginário que marcou fortemente a cultura

brasileira do século XX.

Palavras-chave: Literatura de cordel, Canção de Rolando; Leandro Gomes de

Barros, Biblioteca Azul

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

Caderno de Resumos Página 32

TEOLOGIA NEGATIVA: ABORDAGENS EM PSEUDO-DIONÍSIO E EM

MEISTER ECKHART

Carlos Bezerra de Lima Júnior (PPGF-UFPB)

Pseudo-Dionísio o Areopagita foi um filósofo do Século VI que deu segmento

ao neoplatonismo cristão, influenciando profundamente o pensamento de

Meister Eckhart, que durante o século XIV lutava contra acusações de heresia

principalmente por ter utilizado expressões de teor panteísta, embora negasse

veementemente ser herege reivindicando sua fidelidade religiosa e seu título de

mestre dominicano. Sob essa perspectiva, o presente estudo tem como objetivo

apresentar a teologia negativa de Pseudo-Dionísio e de Meister Eckhart,

evidenciando algumas semelhanças entre os dois autores, bem como certas

diferenças. Dessa forma, pretende-se demonstrar em que caráter se deu tal

influência, e se é possível inserir Eckhart no rol de autores dionisianos. As obras

utilizadas serão preferencialmente as de fontes primárias, sendo principalmente

os Nomes de Deus e a Teologia Mística, de Pseudo-Dionísio, e alguns sermões

alemães e Sobre o Desprendimento, de Eckhart; além de comentadores como

literatura de apoio. Como metodologia o trabalho se caracteriza por ser uma

pesquisa de revisão bibliográfica.

Palavras-chave: Pseudo-Dionísio. Meister Eckhart. Teologia negativa.

A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NOS ESCRITOS DE SANTO

AGOSTINHO

Christoferson Vanderly Elias da Silva (UFPB)

O presente trabalho tem como objetivo analisar o princípio da dignidade da

pessoa humana sob à ótica de santo Agostinho. Tal alcunha é à coluna vertebral

do ordenamento jurídico nacional e supranacional. Isto quer dizer que o

homem é o centro da lei: ele é à sua finalidade. Porém, a história dos direitos

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

Caderno de Resumos Página 33

humanos fundamentais se confunde com à própria existência do homem sobre

a terra. O período medieval, que foi integralmente influenciado pela religião,

também deu sua contribuição para o desenvolvimento, aprofundamento e

defesa do direito natural. Nossa preocupação principal é discutir como, na

prática, o santo doutor de Hipona defendeu o ideal da centralidade do ser

humano em sua época. Neste sentido, em nossa investigação, optamos por

estudar três de suas inúmeras obras: Confissões, A Cidade de Deus e O Livre

Arbítrio, bem como documentos referentes ao direito vigente nesse período.

Palavras-Chave: Dignidade da Pessoa Humana. Direito. Santo Agostinho. Idade

Média

A MULHER NO MALLEUS MALEFICARUM: ENSAIO SOBRE A

(DES)CONSTRUÇÃO DO FEMININO

Elenilson Delmiro dos Santos (PPGCR-UFPB)

A historiografia mostra que as diferenças entre homens e mulheres não se deve,

apenas, a um fator biológico. No caso da Idade Média, deve-se, muito mais, a

um discurso produzido pelos homens e legitimado pela Igreja. Entre os

diversos instrumentos de propagação do pensamento masculino, nos chama a

atenção à obra dos Dominicanos Heinrich Kramer e James Sprenger, escrito em

1484, o Malleus Maleficarum (Martelo das Feiticeiras) cuja proposta, mais do

que condicionar a mulher a uma rígida disciplina, tinha por objetivo final

assegurar o poder da figura masculina. Neste Sentido, o presente trabalho se

propõe a ser um ensaio de como o sexo feminino foi destituído de seu “poder

biológico” e reduzido perante o poder cultural masculino. Partindo da análise

do próprio obra em questão, e de outras fontes bibliográficas, discorreremos

sobre alguns aspectos que podem atestar sua relevância para uma melhor

compreensão de temas relacionados a sexualidade, corpo e poder na Idade

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

Caderno de Resumos Página 34

Média e, possivelmente, chegarmos as suas reminiscências na cultura

contemporânea.

Palavras-chave: Feminino; Cultura; Poder.

NOS DOMÍNIOS DE SEVENWATERS: UMA ANÁLISE DA

PERSONAGEM SORCHA DO ROMANCE DAUGHTER OF THE FOREST

DE JULIET MARILLIER

Profa. Ms. Fernanda Cardoso Nunes (UFC)

Este trabalho objetiva analisar a personagem feminina Sorcha no romance

Daughter of the Forest (2000), da escritora neozelandesa Juliette Marilier, através

dos estudos acerca da influência da mitologia e da cultura celta na literatura de

língua inglesa contemporânea e dos estudos de gênero e sua relação com a

literatura de autoria feminina. Procuraremos observar como a personagem em

questão transgride os papéis convencionados a mulher medieval e se insere

dentro da tradição de mulheres guerreiras celtas. Para tanto, realizaremos

pesquisa bibliográfica acerca do tema, tendo como base teórica as contribuições

de autores como Bragança Jr. (2010), Donnard (2008), Campbell (2004), além de

textos acerca da questão da mulher na Idade Média como Pernoud (1981).

Objetivamos, com esta pesquisa, apontar o interesse, cada vez mais patente, da

literatura de autoria feminina contemporânea em língua inglesa com relação ao

papel da mulher celta como transgressora dentro do contexto histórico, social e

cultural medieval.

Palavras-chave: Literatura em Língua Inglesa Contemporânea. Personagem

feminina. Celtas.

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

Caderno de Resumos Página 35

A REPRESENTAÇÃO FEMININA NO FABLIAU “OS CALÇÕES DO

FRANCISCANO”

Gerlândia Gouveia Garcia (PPGH-UFCG)

O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise da representação

feminina no fabliau “Os calções do franciscano”. Compararemos o discurso do

narrador ao de textos do período, a exemplo dos religiosos e filosóficos, os

quais veiculavam uma imagem de inferiorização da mulher, comumente

apresentada como um ser pútrido, dissimulado e enganador, entre outras

características negativas. Para a análise do texto em questão nos ampararemos

em teóricos que contemplam a questão da mulher na Idade Média, a saber:

Howard Bloch (1995), Jacques Le Goff e Jean-Claude Schmitt (2006), Klapisch-

Zuber (2006), Norris Lacy (1995) e da teóloga Uta Ranke-Heinemann (1996). A

nossa intenção também se concentra em observar a relação entre personagens

masculinos e femininos no fabliau proposto, bem como se há propagação do

discurso misógino medieval.

Palavra-Chave: Representação feminina, Fabliau, Idade Média

RE-SIGNIFICAÇÕES DO FEMININO:

POÉTICAS TRANSITANTES NA IDADE MÉDIA

Ivanildo da Silva Santos (UFPB); Rayssa Kelly Santos de Oliveira (UFPB)

Ao longo da história, a sexualidade feminina foi marcada por muitas

influências sócio-culturais que determinaram seus limites e campos de atuação.

No entanto, algumas mulheres não sucumbiram à devoção abnegada de mãe,

esposa e filha. Na sociedade medieval, a mulher cumpriu outros papéis, além

dos que eram impostos pelo discurso dominante. Compreendemos que a

diferenciação social imputada ao feminino, deveu-se, em grande parte, aos

preceitos religiosos sobre a sexualidade, os quais foram usados para classificá-

las como sujeito/gênero/sexo inferiores, convertendo-as em causa e objeto do

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

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pecado. Àquelas que se desviavam dos padrões estabelecidos pela Cultura,

eram impostas interdições e sanções, capazes de anulá-las de forma atroz. A

sociedade patriarcal e cristã da Idade Média considerava a mulher um sujeito

muito próximo da carne e sentidos. Nossa pesquisa pretende analisar, em textos

do romanceiro ibérico, de Almeida Garrett, a representação discursiva da

mulher, em que se acoplam significantes oriundos, sobretudo, da cultura

mediévica. Como arcabouço teórico, optamos pelos estudos feministas de

Judith Butler, sobre subversões identitárias, e de Foucault, acerca da ordem que

rege os discursos. Dentro dessa abordagem, analisaremos o romance A Bela

Infanta - narrativa poética que ressalta as características e representações da

mulher – no período medieval – com seus desafios e imposições.

Palavras-chave: Romanceiro – Gênero – Discurso; Feminismo.

SOB O VÉU DA SEDUÇÃO: FACES MORTÍFERAS DO FEMININO

Jaldemberg Jonas de Carvalho Silva (UFPB) & Monik Giselle Lira Monteiro

(UNIPÊ)

O romanceiro tradicional constitui um conjunto de narrativas poéticas que se

conectam, dinamicamente, a histórias de povos e culturas. É o caso da peça A

Enfeitiçada, do romancista e poeta português Almeida Garrett. Discursivamente

vinculado à cultura mediévica, o texto narra a história de uma donzela, cuja

riqueza e beleza são usadas, ardilosamente, como armas de sedução, para atrair

os cavalheiros que cruzavam o seu caminho. De origem francesa, a estória

perpetuou-se pelas terras portuguesas, onde ganhou algumas adaptações. Este

trabalho, respaldado nos constructos teórico-metodológicos da Semiótica

Discursiva, tem como objetivo identificar os instrumentos de sedução e os

recursos persuasivos mobilizados pela protagonista, a fim de persuadir o

masculino, subjugando-o aos seus caprichos e desejos. Estamos diante de uma

imagem feminina que subverte, em muitos aspetos, as estruturas tradicionais

do medievo, as quais reafirmam uma supremacia do homem e de suas ações.

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Palavras-Chaves: Feminino - Sedução - Romanceiro Ibérico

UMA LEITURA DAS “CORRESPONDÊNCIAS DE ABELARDO E

HELOÍSA” E A “NOVA HELOÍSA” DE JEAN-JACQUES ROUSSEAU

Jozelma Oliveira Pereira (UEPB)

Apesar de conhecido e reconhecido principalmente pelo seu pensamento

educacional, social e político, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) também

desenvolve temáticas de ordem literária e histórica, como é o caso de seu livro

A Nova Heloísa. O então romance, conhecido também por Júlia foi iniciado em

1757 e nele se percebe o sentimentalismo rousseauniano que se deve,

notavelmente, às famosas cartas de dois amantes – Abelardo e Heloísa – que

foram separados pelo destino e só na morte ficaram juntos. Ele cônego e

respeitado professor de lógica, ficou conhecido pelo movimento filosófico que

se tornou um dos mais importantes da filosofia medieval – o problema dos

universais, além, é claro, do seu envolvimento amoroso com a jovem Heloísa. O

amor [im] possível está registrado na famosa obra Correspondências de Abelardo e

Heloísa. Do exposto, pode-se dizer que o principal propósito desta investigação

é apresentar de que forma o filósofo das luzes se posiciona como escritor e

critico do seu tempo e de que forma sua obra estabelece indagações de

estruturas literária, histórica e filosófica, indagando sobre as semelhanças e

diferenças em relação às obras referidas e este provável retorno de Rousseau ao

medievo.

Palavras-chave: filósofo das luzes; medievo; romance filosófico; epístolas.

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MARGUERITE PORETE: O QUERER DO NADA QUERER

Juliana Marques Cavalcante (EUPB)

Marguerite Porete pregava um estilo de vida baseado no desprendimento do

que ela chamava de obstáculos mundanos. Assim, em sua atuação mística,

Porete almejava propagar a possibilidade de encontrar-se com a divindade

ainda em vida, contrariando o discurso que a tradição católica cristã nos diz.

Era, pois, por meio da libertação oriunda do aniquilamento que se fazia

possível tal encontro. Foi então que, através da sua obra O Espelho das Almas

Simples e Aniquiladas, Porete relatou como se deu o seu encontro com a

divindade que, por sua vez, é, por ela, chamado de Amado, bem como nos

confidenciou qual é o caminho que deve ser seguido por aqueles que também

desejem alcançar esse feito. Como poderia, portanto, uma alma que a todo

instante insiste no discurso do nada querer, paradoxalmente permanecer na

vontade e no desejo do amor? Com base na teoria poretiana de que através da

abdicação das vontades e do aniquilamento total da alma é possível vivenciar

um encontro com Deus, nos dedicaremos a analisar de que maneira uma alma

que repousa no nada é capaz de alcançar tamanha honra.

Palavras Chave: Marguerite Porete. Vontade. Aniquilamento.

DA CAVALARIA PAGÃ À CRISTÃ: ASPECTOS DE DIFERENTES

CÓDIGOS DE ÉTICA CAVALEIRESCOS EM SIGURD E GALAAZ

Letícia Raiane dos Santos (UFPE)

Introduzida em Portugal durante o reinado de Afonso III no século XIII,

juntamente com outras novelas de cavalaria arturianas, A demanda do santo Graal

foi traduzida para o português sendo, no decorrer desse processo, mutilada, e

até certo ponto, recriada (MEGALE, 2008). Ela conta a história da incansável

busca realizada pelos cavaleiros da Távola Redonda, do Vaso sagrado, o Graal,

no qual José de Arimateia recolheu o sangue de Jesus Cristo. Na véspera de

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Pentecostes, diversos cavaleiros vão a Camalote para integrarem a Távola

Redonda do rei Artur; quando, enfim, todos estão reunidos, surge flutuando

misteriosamente no paço o santo Graal, coberto por um veludo branco, e

proporcionando manjares a todos que estavam ali presentes. Logo em seguida,

o santo Vaso vai embora, despertando nos homens que compunham a mesa, o

desejo de provar outra vez das maravilhas proporcionadas por ele. A obra narra

as aventuras vividas pelos cavaleiros da Távola Redonda durante a insistente

busca para presenciar mais uma vez o milagre que lhes foi proporcionado em

Camalote. De acordo com Richard Barber (2007), após a morte de Chrétien de

Troyes, que produziu no século XII o primeiro roman cavaleiresco que abordou

a temática do mais famoso vaso místico da história da literatura cortês – A

história do Graal. Morrendo sem finalizar essa obra, Chrétien abriu uma lacuna

que, ao longo de muitos séculos, diversos autores tentaram preencher. Qual era

a origem do Graal? E mais especificamente, o que seria, de fato, aquele

misterioso objeto?

Palavras-chave: saga islandesa; novela de cavalaria; códigos de ética

cavaleirescos.

O LIVRO, UM IMPORTANTE OBJETO NUCLEAR DA POLÍTICA NO

MEDIEVO: REESCRITURAS DO LIVRO DOS FEITOS DE JAIME I

Prof. Dr. Luciano José Vianna (Universitat Autònoma de Barcelona)

O livro medieval foi um dos objetos utilizados na política medieval. Um objeto

representativo e de poder, não somente para quem o mantinha, mas também

para quem era representado pelo mesmo. A vida deste objeto foi marcada por

três momentos importantes: sua criação, sua entrega aos seus patrocinadores e

sua reprodução em diferentes contextos (Gimeno Blay, 2002). Estamos,

portanto, diante de um processo no qual se manifestaram a reflexão

historiográfica, o mecenato e a necessidade política. O objetivo desta

comunicação é apresentar os dois primeiros objetos da tradição textual do Livro

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

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dos Feitos que temos notícias, ou seja, o ms. 1 da Biblioteca da Universitat de

Barcelona, e o ms. 1734 da Biblioteca de Catalunya. Utilizando os pressupostos

teóricos de Hayden White (1999), Gabrielle M. Spiegel (1975, 1983, 1990, 1995 y

1999) e Roger Chartier (1989, 1994 y 2005), respectivamente relacionados à

formação de um texto historiográfico, sua relação com o contexto de

composição e sua representação, pretendemos analisar estes dois objetos de

acordo com os seus respectivos contextos de composição (1343 e 1380), para

então compreender o motivo da composição de tais objetos.

Palavras-chave: Livro medieval; Livro dos feitos: Jaime I.

A IDEIA DE LIVRE-ARBÍTRIO NA ÓTICA DE SANTO AGOSTINHO

Márcia de Souza Baptista (UEPB)

A partir da ideia de livre-arbítrio, que Agostinho define como origem ou causa

do mal, nasce a noção de culpa, de responsabilidade e com esse conceito

entende-se a palavra pecado (o mal), fruto do abuso da livre vontade. Portanto,

a ideia de culpa está implícita, pois ninguém se confessa se não se sentir

culpado em relação a algo, se trata aqui de arrependimento. Neste sentido, o

homem cai por sua própria vontade e, nesta direção, a filosofia de Agostinho

exposta em as Confissões, busca uma investigação do arrependimento dos

pecados e da misericórdia de Deus, que se entrelaçam nas suas teorias sobre a

graça e o livre-arbítrio. O mal é a desordem, a transgressão culposa da ordem

existente no universo. O homem se afasta do ser por ignorância e Deus na sua

infinita bondade concede a graça da salvação. Para o Bispo de Hipona ninguém

tem forças para salvar-se sozinho, pois só Deus é quem salva por meio da graça.

Esta, por sua vez, conduz o homem a fazer o bom uso de seu livre-arbítrio. Do

exposto, pretendemos, nesta comunicação, refletir sobre a ideia do livre-arbítrio

em Santo Agostinho a partir de algumas passagens das Confissões e de O Livre-

arbítrio.

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

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Palavras-chave: Vontade. Livre-arbítrio. Confissões.

ENTRE O PODER E A TRANSGRESSÃO

Monik Giselle Lira Monteiro (UNIPÊ) & Wanderson Diego Gomes Ferreira

(UFPB)

Ancorada nos pressupostos teóricos da Semiótica das Culturas, em sua

interlocução com os Estudos Culturais, a presente pesquisa tem o objetivo de

examinar, no romanceiro ibérico de Almeida Garret, as dimensões éticas e

morais da sexualidade, restabelecendo as conexões ideológicas com a cultura

mediévica, a qual, discursivamente, alimenta os textos populares. A peça

escolhida, intitulada Reginaldo, revela uma configuração familiar fragmentada

pela subversão do feminino frente aos valores patriarcais. Defrontamo-nos com

estruturas de poder, de ordem religiosa, que sufocam o desejo de mulheres,

esfacelando seus corpos e identidades, quando estas se insurgem contra as

agruras de seu tempo e espaço. Nessa lógica perversa, atribuem-se aos homens

uma virilidade que os habilita, institucionalmente, a subjugar suas esposas,

amantes, filhas e irmãs, mesmo que, para tanto, infrinjam as leis sociais.

Palavras-Chaves: Romanceiro – Estruturas de Poder – Tradicionalismo

O PENSAMENTO DE MARTINHO LUTERO E O TÉRMINO DA IDADE

MÉDIA

Renan Pires Maia (UFPB)

O presente trabalho tem como objetivo expor os principais pontos do

pensamento do reformador protestante alemão Martin Luther (Martinho

Lutero) e seu impacto na sociedade européia da época, de maneira a

demonstrar como a reforma luterana representou, no séc. XVI, um ponto de

transição decisivo entre a Idade Média e a Idade Moderna, uma vez que

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

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desafiou o tradicionalismo católico romano, predominante até o fim do

medievo, e levantou fortes críticas ao modo de pensar escolástico, hegemônico

até então, dando início a todo um movimento anticlerical no tocante à

instituição visível da religião e anti-aristotélico no que diz respeito ao modo de

investigação da Verdade, movimento este que se consolidaria amplamente, a

partir do Renascimento, nas figuras de pensadores como Giordano Bruno,

Thomas Hobbes, Bento de Spinoza, Immanuel Kant etc., que, igualmente,

levantaram importantes críticas à Igreja Romana e/ou à forma de pensar

defendida no seio dela.

Palavras-chave: Lutero, Idade Média, Reforma Protestante.

ENTRE O GROTESCO E A DOENÇA: AS PERCEPÇÕES SOBRE A

OBESIDADE NA BAIXA IDADE MÉDIA.

Renato Toledo Silva Amatuzzi (PPGH-UEPG)

A obesidade foi alvo de grandes controvérsias durante a Idade Média. Durante

muitos séculos, a figura do glutão medieval foi tratada ora como algo grotesco,

doentio e ora como símbolo de poder e vitalidade. O presente trabalho tem

como objetivo compreender as percepções acerca da obesidade no regimento de

saúde “As Regras de Saúde a Jaime II”, escrito para o Rei Jaime II de Aragão,

em 1308, pelo médico catalão Arnau de Vilanova. Neste documento, Vilanova

estabelece uma série de relações entre a obesidade, alimentação e os exercícios

físicos, situando a como um problema da medicina e mais, como algo que pode

ser prevenido através da dietética e de um equilíbrio correto dos humores. Este

regimento proporciona ao historiador um novo olhar sobre a medicina

preventiva na Baixa Idade Média, e, principalmente, as relações entre o corpo,

saúde e a alimentação.

Palavras-chave: Arnau de Vilanova; História da Obesidade; Regimentos de

Saúde.

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Caderno de Resumos Página 43

O AMOR NA PERSPECTIVA DE ISABEL DE ARAGÃO NO ROMANCE

MEMÓRIAS DA RAINHA SANTA

Simone dos Santos Alves Ferreira (PPGL/UFPB)

O presente artigo busca observar como o amor é constituído no romance

histórico Memórias da rainha santa (2009), de María Pilar Queralt del Hierro.

Percebemos que o romance discorre sobre a temática amorosa na figura de

Isabel de Aragão. Ela casou-se ainda criança com o rei D. Dinis, e apaixonou-se

por ele apesar das poucas vezes que ele a procurava. Não tinha seu amor

correspondido e sofria ao saber do envolvimento do esposo com diversas

amantes com quem teve vários filhos bastardos os quais deixou aos cuidados de

Isabel. Para tanto, o aporte teórico que dará sustentação a este trabalho tem

como teóricos e críticos principais Denis de Rougemont (1988), Octavio Paz

(1994) e George Duby (1993) que discorrem acerca do amor cortês e Maria de

Fátima Marinho (1999) e Célia Fernandes Prieto (1998) que tecem considerações

sobre romance histórico. A análise nos mostra que o amor apresentado na obra

apresenta-se à margem, pois o que importava para D. Dinis era o casamento por

interesses e para negociações, ocasionando dessa forma, o sofrimento de Isabel

de Aragão.

Palavras-chave: romance histórico, amor cortês, interesses.

MARGUERITE PORRETE: A HERANÇA PERFEITA DA ALMA

ANIQUILADA.

Solange Alves de Almeida (UEPB)

A obra “O espelho das Almas Simples” é um dos principais escritos a respeito

de mística medieval, opondo-se radicalmente ao discurso da Igreja na época,

que situava os nobres como alvos do amor de Deus, em uma sociedade

permeada pela religião. A autora, Marguerite Porete, era uma beguina, uma

mulher leiga dedicada à vivência prática da religiosidade e que escrevia sobre o

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

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tema em língua vulgar, ou seja, a língua do povo. Este, dentre outros motivos,

tornou as beguinagens centros místicos muito populares e um perigo potencial

aos olhos da Igreja. O espelho das almas simples é escrito em diálogos e faz

extenso uso de figuras de linguagem e paradoxos, sendo por isso muitas vezes

considerado de difícil interpretação. A discussão na obra gira em torno de três

personagens centrais, todos femininos: a Alma, o Amor e a Razão, e traça

baseado em três mortes, o caminho gradual para a união com o divino, que só é

obtido com o radical aniquilamento do eu, onde a vontade pessoal se submete á

vontade de Deus, ou seja, prega que até o mais simples é capaz de se unir a

Deus desde que se despoje de vontade, aniquilando seu eu e submetendo-se ao

agir de Deus. Assim procuraremos nesta comunicação apresentar os principais

aspectos do texto de Marguerite no que se diz a ideia do aniquilamento.

Palavras-chave: Mística, Aniquilamento Deus Marguerite porrete.

OS ESTADOS DA ALMA COMO PROCESSO DE ANIQUILAMENTO E

UNIÃO COM AMOR, EM O ESPELHO DE MARGUERITE PORETE.

Valkíria Oliveira de Melo (UEPB)

O objetivo desse trabalho é mostrar o pensamento de Marguerite Porete

(provavelmente nascida em meados de 1260), no Mirouer, que tem como

principal tema o processo que leva a Alma ao aniquilamento e a sua união com

o Fino Amor. Para chegar ao aniquilamento e ao grau mais alto de sua união

mística com Amor, a Alma passa por seis estados. No primeiro estado, que

corresponde à morte do pecado, a Alma segue os mandamentos de Deus; no

segundo estado, que corresponde à morte da natureza, a Alma agraciada por

Deus, imita a Cristo, visando uma vida espiritual de despojamento; no terceiro

estado, a Alma busca as obras de caridade para aproximar-se de Deus; no

quarto estado, a Alma abandona os trabalhos externos, querendo a vontade de

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

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Deus nela; no quinto estado, onde dar-se a última morte, a saber, a morte da

vontade, a Alma embriagada com Amor encontra-se aniquilada; por último, o

sexto estado, é onde a Alma se encontra em união com Amor. Nossa pensadora

ainda sugere um sétimo estado, mas desse ninguém pode falar, pois, segundo

ela, trata-se da glória eterna. Sendo assim, refletiremos sobre os estados da

Alma como processo de aniquilamento necessário na busca da união com o

divino.

Palavras-chave: Estados. Alma. Aniquilamento. Amor.

SOBRE O CORPO FEMININO: VIOLÊNCIA E PATRIARCADO

Wanderson Diego Gomes Ferreira & Hermano de França Rodrigues (UFPB)

A literatura popular, em sua tradicionalidade, mantém vivos os resquícios das

várias culturas que, nos itinerários temporais, interceptaram-na, dando-lhe

contornos nem sempre definíveis. Nesse âmbito, destacamos o romanceiro

tradicional, cujas narrativas albergam crenças e valores que se consolidaram

(não podemos dizer que eram exclusivos) durante os longos outonos da Idade

Média, de tal modo que passam a demarcar sua presença na

contemporaneidade. Nossa pesquisa, numa interface entre a Semiótica das

Culturas e os Estudos Culturais, adentra no romanceiro garrettiano, com vistas a

examinar as configurações perversas que delineiam as relações de opressão ao

feminino, fazendo-o perecer ante um maquinário de torturas físicas e

psicológicas. Para tanto, debruçar-nos-emos sobre o romance Silvaninha, um dos

mais difundidos em terras lusas. A narrativa centra-se na conduta de um pai

cruel, capaz de penaliza a filhar a viver trancafiada numa torre, até que esta

ceda aos desejos sexuais do progenitor. O conflito narrativo se sustenta na

dominação masculina, preponderante à lei social e, por outro lado, frágil ao se

confrontar com a Divindade.

Palavras-Chaves: Romanceiro, Patriarcado, Perversão

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A FAMÍLIA EM DES(ORDEM): ENTRE PERDAS E HERANÇAS

Prof. Dr. Hermano de França Rodrigues (UFPB)

Os laços parentais, em cada época e lugar, estabelecem-se segundo as pilastras

conceituais da Cultura, de modo a ratificar seus significantes, confrontá-los ou,

por vezes, deturpá-los. No mundo mediévico, vaticinado pela religiosidade e

por um modo de vida essencialmente agrário, consolidou-se um modelo

familiar centralizado na figura paterna, cuja função resumia-se, muitas vezes,

em abastecer o lar e definir a conduta de esposa e filhos. Estes estavam, em geral,

sob uma égide senhorial, subsumindo-se aos seus mandamentos, definindo-se

ante seus códigos e, como bons seguidores, temendo a ferocidade de suas leis.

Nosso estudo, ancorado nos pressupostos teóricos da Semiótica das Culturas,

almeja dilucidar, a partir do texto literário, o aparato ideológico que, por muito

tempo, em especial na Idade Média, alicerçou configurações familiares

delineadas ao labor de uma religiosidade diaspórica, hábil em seccionar mentes

e corpos. Para tanto, examinaremos textos do Cancioneiro popular, cujos enredos

evocam, textual e imageticamente, o topos e o cronos historicamente anterior à

modernidade.

Palavras-chave: Cancioneiro Popular – Tradicionalidade - Família

O LEGADO DAS “BESTAS”: UM APANHADO HISTÓRICO-LITERÁRIO

ACERCA DOS BESTIÁRIOS MEDIEVAIS

Andressa Furlan Ferreira (UnB)

Embora tenham sido populares na Idade Média, os bestiários não mais ocupam

uma posição privilegiada entre os estudiosos. Desde o século XX, estudos

acerca dessa literatura não retornam à mesa acadêmica com a mesma

frequência que as sagas islandesas e os ciclos arturianos. Entretanto, ainda hoje

é possível identificar a influência que os bestiários exerceram sobre signos

sociais, como foi o caso da composição de brasões. Visando ao incentivo de

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pesquisas nesse campo, este trabalho aclarará alguns aspectos históricos e

literários acerca dos bestiários medievais. Para tal, serão consultados trabalhos

de especialistas como Allen (1887), James (1932), Kuhns (1896) e Varandas

(2006), bem como de Verger (1999). O legado das “bestas” revela-se presente

não apenas no imaginário medieval (JAMES), mas também em instituições do

século XXI. Todavia, a conscientização a respeito de suas origens e simbolismo

apresenta-se escassa. Para buscar a compreensão dos símbolos de bases

institucionais da cultura ocidental, torna-se necessário dedicar especial atenção

aos bestiários e respectiva construção simbólica.

Palavras-chave: bestiário; medieval; literatura; história.

UM CANTAR DE AMOR PARA AS MULHERES QUE PASSAM: O

TROVADORISMO NA POESIA DE VINICIUS DE MORAES.

Jonathan Lucas Moreira Leite (UFPB)

O presente trabalho foi desenvolvido a partir da pesquisa “Ressonâncias

medievais na literatura brasileira” coordenada por Luciana Calado Deplagne e

vinculada ao CNPQ como PIBIC. O artigo tem como objetivo analisar as marcas

da literatura trovadoresca na poesia de Vinicius de Moraes, focalizando a

presença da vassalagem amorosa e do amor cortês nos seus textos. Para tal,

analisaremos o poema “A mulher que passa” publicado em seu livro Novos

poemas (1938). Nossa análise utiliza como arcabouço teórico os principais

conceitos presentes no Trovadorismo, trazidos a baila pelos medievalistas Spina

(1956) e Dronke (1978), o poeta e ensaísta Otávio Paz (1994); além dos trabalhos

sobre Neotrovadorismo das professoras Maria Maleval (2002) e Luciana Calado

Deplagne (2000). O trabalho desenvolverá uma breve análise sobre as marcas

trovadorescas nos textos do autor analisado e analisará com mais atenção o

poema citado em comparação com a cantiga de amor dos trovadores.

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Palavras-chave: Vinicius de Moraes; Trovadorismo; Neotrovadorismo

O QUE É, POIS, O TEMPO SEGUNDO AGOSTINHO DE HIPONA

Flavia Raquel Gouveia dos Santos (UEPB)

Neste artigo temos como principal objetivo realizar uma análise fundamentada

na constituição da temporalidade, a partir da concepção de tempo proposta por

Santo Agostinho, no livro XI das confissões. A ideia Agostiniana em relação à

temporalidade está ligada ao homem, pois é própria dele, devido ao seu caráter

psicológico pertencente a sua consciência. Na concepção de Agostinho, Deus é o

fundamento de tudo e todas as criaturas surgiram em um só momento,

inclusive o tempo. A teoria temporal é explicada por uma tríade: memoria,

visão e espera, onde a memória é a lembrança no presente das coisas passadas,

a visão, o agora, o exato momento em que as coisas estão acontecendo, e a

espera é a expectativa, a esperança no presente, do que poderá vir a acontecer

no futuro. A eternidade encontra-se acima da temporalidade, portanto o tempo

não pode medi-la. Sendo assim, o eterno é um perpetuo hoje, e o hoje de Deus é

a própria eternidade.

Palavras-chave: Santo Agostinho. Tempo. Eternidade. Deus.

ECOS DA MÍSTICA MEDIEVAL CRISTÃ EM COLOQUIO DE AMOR DE

TERESA D’ÁVILA

Maria Graciele de Lima (PPGL-UFPB)

A produção de escritos pertencentes à mística cristã ocidental, na Idade Média,

foi expressiva. Em tais escritos, é possível encontrar peculiaridades estéticas

dignas de serem consideradas e, muitas delas, continuaram a ser utilizadas nos

II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014

Caderno de Resumos Página 49

textos religiosos produzidos durante os séculos que se enquadram,

classicamente, na Modernidade. Assim, este artigo destaca alguns elementos da

mística ocidental cristã próprios da Idade Média presentes no poema Coloquio de

Amor de Teresa d’Ávila, tais como o fato de se apresentar como a linguagem de

uma experiência, além de tratar sobre o amor esponsal entre uma alma humana

e seu Amado divino. Para fundamentar as reflexões propostas, serão

consideradas as contribuições de Velasco (2009) sobre alguns aspectos da

linguagem mística, o parecer de Le Goff (2010) a respeito da concepção de Idade

Média e os apontamentos de Lieve Troch (2013) quanto à mística medieval

cristã como uma vivência muito comum às mulheres religiosas da época.

Palavras-chave: Poesia. Mística. Idade Média. Teresa d’Ávila.