Upload
lisboa
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
ARTESÃOS, HUMANISTAS E TRADING ZONES NO REINADO DE D.
MANUEL I.
Vasco Medeiros (Artis-IHA – FLUL – UL) - [email protected]
I - Introdução
Dificilmente será concebível uma ocasião mais apropriada para analisar a
ascensão dos artesãos e as suas estreitas relações com o escol humanista do século XV
e XVI, do que a figura impar que Mateus Fernandes manifestamente representa. A sua
sucinta biografia é tão só uma plena afirmação deste estreitamento relacional, entre
gente oriunda de uma classe, dita mecânica, e uma elite cultural, académica e
humanista, cujo isolamento não será tão pronunciado como até aqui se suspeitou. Aliás,
será precisamente a esses múltiplos equívocos historiográficos, a saber; comunicação
entre classes, liberalidade, periodização histórica e relevância dos misteres mecânicos
na revolução científica; que pretendemos lançar um olhar que se pretende renovado,
crítico e salutar.
Mateus Fernandes encarna precisamente a excepção que confunde a regra -
homem originalmente humilde alcança um estatuto singular quando comparado com os
seus pares, «Juiz ordinário na villa do mosteiro»; fruto do vasto prestígio na corte que
lhe granjeará a honra póstuma de sepultamento em campa rasa à entrada do mosteiro.
Essa campa assume, segundo Paulo Pereira, um inequívoco carácter autoral; «Aqui jaz
Mattheus Fernandes que mestre foi destas obras, e sua mulher Isabel Guilhelme»
(Pereira, 2007, p. 45). Este aspecto constitui na nossa óptica, um inegável traço de
modernidade e de fuga ao anonimato corporativo e mesteiral, e uma evidência do
estreitamento tipológico entre artesãos e eruditos na corte Manuelina. A escassez de
informação sobre a dimensão autoral de Mateus Fernandes e a origem da sua formação,
não o inibem de almejar uma dimensão intelectual paralela ao seu homólogo Filippo
Brunelleschi (1377-1446) cujo honorífico sepultamento se assemelha em tudo ao de
Mateus Fernandes, conforme descreve Vasari: «Foi sepultado com elaborada cerimónia
e a maior honra em Santa Maria del Fiore (…) sob o púlpito perto da porta (…)» (Vasari,
2008, p. 146). No campo operativo as competências singulares do mestre não deixam
dúvidas quanto à sua absoluta sintonia com as complexas práticas construtivas centro-
europeias, denotando uma provável proficiência na matemática e na geometria (Silva,
2010). Esta circularidade narrativa em torno dos dois mestres constitui certamente um
inequívoco traço de uma liberalidade paulatinamente granjeada, mas mais do que isso,
um reconhecimento que marca a génese de uma compreensão distinta e não medieval
da dimensão epistemológica entre autor e obra, relacionamento esse inteiramente
novo, i.e., uma dimensão conceptual capaz de inscrever uma unidade e um singular
sentido dos objectos, da história e da fixação de memórias em estreita dependência com
os seus autores. Por outro lado, esse reconhecimento constitui marca habitual de uma
2
elevação estatutária, fruto de um sistema de trocas entre práticas artísticas e as
chamadas matemáticas uteis, i.e., a presença de marcadores típicos do sincrético
relacionamento entre arte e ciência, a saber: Literacia artesanal, epistemologia
artesanal ou ciência vernacular (Smith, 2004, p. 8).
Em face da habitual cristalização historiográfica, todos estes aspectos de uma
singularidade incontornável afiguram-se habitualmente como manifestações
caricaturais e excepções de uma paisagem histórica, que tradicionalmente emerge o
artista num primitivismo funcional, anónimo e gremial de acordo com as barreiras
cronológicas que a história lhe impõe. Sabemos hoje seguramente que estes aspectos
começaram a configurar mais a regra do que propriamente a excepção, e que o carácter
salvífico que elevou os artistas à categoria de profissionais liberais, terá sido
precisamente o seu vínculo e entrega aos fundamentos de uma revolução científica
emergente, que lentamente germinava desde os séculos precedentes – atente-se,
falamos de vanguardismo e ruptura; e não de receituário e conformismo. Com todas
estas singularidades estatutárias de artistas oriundos das mais diversas esferas sociais e
realidades espácio-temporais, será lícito questionar a prevalência e origem de diversos
trejeitos historicistas, tais como a determinação de um carácter primitivo ou gótico
[entendido aqui na sua verdadeira dimensão como classificação não estética, mas sim
pejorativa, i.e., bárbaro] em toda a arte Portuguesa produzida até meados do século
XVI. Este genuíno e auto-depreciativo “desporto” nacional apenas poderá ser
compreendido através da aplicação unitária de uma visão centralista e Burckhardtiana
da história da arte em Portugal ou a enquadramentos tipológicos inerentes a uma
restrita história dos estilos. Na realidade e conforme veremos, a história da arte e da
ciência em Portugal, desde a segunda metade do século XV até meados do século XVI
manifesta inegáveis e visíveis padrões de modernidade e de vanguardismo totalmente
equiparados com o modelo Italiano e do norte da Europa. Estes manifestam-se desde o
campo do desenvolvimento científico e comercial; florescentes com a expansão; ao
plano da produção artística ao serviço de uma edificação imagética do império, mas
fundamentalmente conforme veremos, na presença de amplos sistemas de Trading
Zones.
Apesar destas recentes evidências, tarda uma concepção renovada que permita
uma visão alargada do fenómeno. Até aqui falou-se e continua a falar-se objectivamente
de história de períodos, história de estilos, história de mentalidades, biografias de
artista, hermenêutica e filologia; sem no entanto quebrar essa estrutura prévia que
configura o edifício formal onde os modelos historiográficos se repetem sem formular
novidade evidente. Aquilo que procuramos é um sentido fora de um modelo mental
estruturado em enciclias sucessivas que condicionam e deturpam objectivamente uma
identidade formal de homens como Mateus Fernandes, Diogo Boitaca, João de Castilho
ou no caso da pintura, Jorge Afonso, Francisco Henriques, Mestre da Lourinhã, Vasco
Fernandes, Gregório Lopes entre tantos outros; inserindo-os em rígidas tipologias que
subvertem inequivocamente um olhar mais lúcido e atento a uma fenomenologia dos
praxiemas que manifestam. Essa interminável estrutura de enciclias inicia-se
precisamente pela periodização, i.e., a classificação num determinado lapso temporal,
3
que por sua vez, pressupõe uma obrigatória filiação num determinado estilo; que
corresponde a uma obrigatória integração em todo um sistema de crenças e práticas;
que por sua vez categoriza os seus operadores de acordo com tradicionais valores
socioculturais desse período; que por sua vez desclassifica autores remetendo-os a um
flagrante anonimato; que por sua vez… ad infinitum.
II - A Problemática da Periodização
Esta análise tradicional da história em períodos condiciona, portanto, qualquer
lógica subversiva; assim sendo, a simples ideia de um individuo se manifestar fora dos
padrões normativos da sua época, é analisada quase sempre como uma espécie de
soluço temporal, i.e., uma aberração ou perturbação no tecido do espaço-tempo
histórico, configurando antes, uma evidente manifestação de um anquilosado
historicismo; que subverte a realidade para manter as suas fronteiras seminais intactas.
Deste modo, manifesta-se particularmente relevante e salutar quando um autor como
Jacques Le Goff, no limiar da sua obra e vida, nos lança essa derradeira indagação, Faut-
il Vraiment Découper L’histoire en Tranches? O autor alerta precisamente para os
perigos que uma periodização representa, «O trabalho de periodização obriga o
historiador a ter em conta o pensamento dominante, num espaço tão vasto quanto
possível, dos homens e das mulheres que vivem na época considerada» (Le Goff, 2014,
p. 112). Ora este exercício configura uma literal terraplanagem histórica, cultural, social,
artística e científica, de forma a adequar a história ao olhar conformista do historiador,
e não o contrário - adequar o olhar do historiador às ininterruptas perturbações e
oscilações da história, que apesar de a tornarem menos previsível, a tornam de facto
mais surpreendente. Assim sendo, importa olhar para as tradicionais barreiras
cronológicas, exactamente nessa dimensão, como “tradicionais”, mas não efectivas.
Vários autores ensaiaram esse exercício de reposição histórica, senão vejamos: O
próprio Le Goff propõe uma reformulação cronológica tendo em conta a adopção
novecentista do modelo tipológico de Petrarca, Media Ætas, que no século XIV rejeitava
os séculos anteriores anunciando uma renovação da bela antiguidade. O reforço
conceptual desta concepção obterá carácter definitivo a partir da primeira lição de
Michelet em 1840 no colégio de França e póstero eco em Jacob Burckhardt. Em face do
carácter ilusório, reverberatório e novecentista que essa periodização representa, Le
Goff propõe uma outra leitura do friso temporal: uma longa idade média cujo fim
posiciona em meados do século XVIII, correspondendo ao advento da fisiocracia, à
invenção da máquina a vapor, ao nascimento da indústria moderna, e, no domínio
filosófico e político, nesse relevante marco paradigmático que constitui o
enciclopedismo e a revolução Francesa (Le Goff, 2014, pp. 175-178).
Não se pense porém que o autor renega todo o ideário de transformações
sociais, culturais, politicas, económicas, artísticas e científicas que ao “renascimento”
tradicionalmente são atribuídas; não, o que o autor defende é que as mesmas
constituem óbvias reacções de movimentos de lenta transformação cuja génese se
encontra no século XII ou XIII, enquadrando-os numa lógica de continuidade mas não de
4
ruptura. Neste ponto de vista, aquilo que o autor renega é a modernidade do próprio
conceito de revolução, patente na óptica em que Burckhardt o posicionou, i.e., como
constante e interminável descoberta da novidade – o advento de um mundo onde
subitamente tudo é novo. David Wootton, chama a atenção precisamente para a
incompatibilidade entre o termo “revolução” – entendido aqui como abrupta
transformação capaz de afectar toda uma população num mesmo período histórico - e
a lenta realidade das transformações socioculturais. Com este carácter específico de
ruptura imediata e global, não existe nenhuma revolução; seja ela científica, neolítica,
militar, industrial ou de qualquer outra tipologia. No entanto, o autor alerta para o
paradoxo da necessidade conceptual de ler a história sob este prisma de forma a
compreender transformações de larga escala; sejam elas de carácter económico, social,
intelectual ou tecnológico (Wootton, 2015, pp. 20-21) – uma vez mais, encontramo-nos
perante uma ilusão historiográfica
A este respeito, encontra-se a par da hipótese plasticista de uma nova
periodização que Panofsky propõe em 1960, defendendo o advento de inúmeros
renascimentos, cuja relevância se denota precisamente pela sucessão, continuidade e
elasticidade temporal com que se manifestam os fenómenos de vanguarda; seja ela de
carácter social, político, artístico ou científico, «Na história como na física, também o
tempo é função do espaço e a própria definição de um período como uma fase marcada
por uma «mudança de direcção» implica, simultaneamente, continuidade e ruptura»
(Panofsky, 1960, p. 20). Esta visão tridimensional de um espaço-tempo histórico quebra
com a tradicional unidimensionalidade de um friso histórico contínuo, defendendo o
autor, a existência de inúmeros pontos de ruptura temporais mas sobretudo
geográficos, que quebram definitivamente a visão italocêntrica e renascentista da
história de Burckhardt. Para Panofsky, será precisamente a praxis, os objectos e as
inovações tecnológicas estabelecidas entre os seus autores que instituem fracturas
cronológicas evidentes, «(…) o que nós designamos por «períodos» são simplesmente os
nomes das inovações decisivas que sempre tiveram lugar através da história...»
(Panofsky, 1960, p. 17) .
A própria história da ciência encontra divergência nos conceitos de continuidade
ou ruptura, não sendo consensual em torno da existência ou não de uma genuína
revolução científica nos séculos XV e XVI. Tal hipótese é defendida por Steven Shapin
que renega formalmente a existência de tal movimento, ou Pierre Duhem, que
partilhando a mesma lógica Panofskyana ou de Le Goff, defende que as transformações
ocorridas nesses séculos constituíram antes uma continuidade natural, do progresso
científico que já se registava na Europa e no Islão desde a idade média. Outros autores
encontram na presença continuada de padrões mentais medievos - nomeadamente no
pensamento Platónico de Copérnico (1473-1543) e Kepler (1571-1630); na actividade
astrológica de Galileu (1564-1642), ou no caso de Newton (1643-1727), que em pleno
século XVIII seria ainda um afamado alquimista – traços de uma continuidade de práticas
e crenças que renegam um absoluto movimento de ruptura (Weinberg, 2015, pp. 167-
168). No entanto, à luz da história, sabemos que inúmeras cisões tiveram lugar,
reconfigurando em definitivo a visão do universo e do sistema Teológico medievo. A
5
aparente recepção destas tradições empíricas medievais em pleno século XVI e XVII
deve-se sobretudo a uma valorização e aceitação das práticas manuais e especulativas,
a par do uso e da descoberta do valor das medidas exactas, da observação metódica, do
uso de instrumentos, da valorização da experiência pessoal e da experimentação (Long,
2011, p. 130).
Na resposta a esta problemática encontramos, portanto, paralelos entre a
história da ciência e a história da arte no que respeita à subversão de uma tradicional
caracterização periódica. Assim sendo, e numa lógica em tudo semelhante à formulada
por Jacques Le Goff, também Butterfield sugere uma periodização ampla, com um
intervalo compreendido entre 1300 e 1800, período esse capaz de abarcar tanto a
origem como as próprias consequências das inúmeras revoluções científicas (Wootton,
2015, p. 18). Deste modo e à semelhança dos diversos “Renascimentos” que Panofsky
elencou, também a expressão “Revolução Científica” é alvo da mesma problemática,
i.e., saber quantas revoluções ocorreram e quais as balizas cronológicas que as
caracterizam.
Partindo deste pressuposto cronológico inovador, cedo compreendemos que
olhar para a obra de Mateus Fernandes sob este prisma, i.e., como estando a meio
caminho de uma revolução em marcha, o integra num processo sistémico longe da
tradicional continuidade medieva. Cedo compreendemos que observamos um
fenómeno paralelo de sincretismo operativo, seja na ciência ou na arte, de todo um
ideário e conjunto de crenças e práticas que se prolonga no tempo sem rupturas
imediatas. No entanto, apesar destas evidências, na história da ciência ninguém ignora
o carácter redutor que estas idiossincrasias naturais representam na estrutura mental
de cada um dos cultores da ciência moderna - o facto de Galileu ser simultaneamente
astrólogo e astrónomo ou Newton alquimista e matemático, não os diminui na sua
dimensão epistemológica enquanto geradores de transformação e ruptura, antes pelo
contrário, confere-lhes um carácter de singularidade, continuidade e integração no seu
tempo.
III - Interacção entre Arte e Ciência
Tendo em conta toda a anterior argumentação, torna-se claro que as interacções
entre arte e ciência e artesão e humanistas encontram um lastro duradouro e de
profunda complexidade, extrapolando largamente a tradicional periodização. Referimo-
nos obviamente ao desenvolvimento da perspectiva linear, da óptica, da
mensurabilidade, da topografia, do ensino generalizado da geometria Euclidiana, dos
estudos anatómicos e do desenvolvimento da mecânica e de instrumentação auxiliar.
Todas no seu conjunto irão conferir um carácter heurístico e intelectualizante à arte e
em última análise, contribuir precisamente para uma alteração paradigmática dos seus
cultores, que transitam estatutariamente do papel de meros artesãos para um
reposicionamento enquanto criadores teóricos; movimento este que se encontra na
génese conceptual do artista. Esta não será porém, uma transformação num único
sentido, também os humanistas e académicos, até aí arredados da praxis e das lides
mecânicas, irão iniciar um processo de contacto com as práticas manuais, tais como a
6
astronomia, a topografia, a mensurabilidade, o desenho técnico ou a construção de
instrumentos, dando origem a uma coabitação entre teoria e experimentação que se
encontra igualmente na génese do cientista.
As razões para este aparente divórcio entre a praxis e a scientia enquanto
conhecimento, teve origem no complexo sistema de ensino das universidades
medievais, onde o curriculum habitual se encontrava estruturado nas célebres sete artes
liberais, hierarquicamente superiores às chamadas artes mecânicas: o Trivium
constituído pela gramática, a retórica e a lógica; e o Quadrivium, constituído pela
matemática, geometria, música e astronomia [incluindo a astrologia]. Com origem na
seminal organização que Varrão (116-27 a.C.) estabeleceu para as bibliotecas públicas
de Roma, esta classificação separava claramente as artes liberais das artes mecânicas
ditas manuais. Na idade média esta divisão florescerá graças à transmissão empreendida
por Cassiodoro (Século VI) e Alcuíno (Século VIII) onde a divisão em dois ramos distintos
e incomunicantes obterá uma perenidade efectiva (Le Goff, 2014, p. 106; Long, 2011, p.
127).
Cada uma destas artes seria originalmente apelidada simultaneamente como
arte [habilidade prática] e como ciência [sistema teórico], i.e., a astronomia por
exemplo, constituía um sistema teórico tendo a astrologia como praxis efectiva. Estas
ciências constituíram a base formativa para os futuros estudos em filosofia e teologia,
apelidados como ciências, mas que na realidade consubstanciavam sistemas teóricos
que dispensavam qualquer componente prática (Wootton, 2015, p. 23). Para além do
mais, estas ciências encontravam-se integradas num sistema hierárquico evidente: os
teólogos assumiam o direito de ordenar aos filósofos que demonstrassem a
imortalidade da alma e os filósofos o direito de ordenar aos matemáticos que provassem
que todos os movimentos do céu eram circulares, pois apenas estes aparentavam a
uniformidade e permanência divina. Esta estrutura hierárquica começará a será
definitivamente abalada no século XV, onde os primeiros sinais de uma revolução
científica em curso encontram-se patentes na aparente “rebelião” dos matemáticos
contra os filósofos, e destes contra os teólogos (Wootton, 2015, p. 24). Segundo David
Wootton, um dos exemplos mais precoces desta rebelião encontra-se precisamente no
tratado de pintura de Leonardo da Vinci, onde o mesmo defende de forma arrojada a
supremacia e independência da matemática, da demonstração e da experiência:
(…) nenhuma investigação humana pode ser denominada ciência sem antes passar
por demonstrações matemáticas; e se tu me dizes que as ciências que têm o seu
princípio e o seu fim na mente, participam na verdade, não o reconhecerei,
negando-o por muitas razões; a primeira, porque em tais discursos da mente não
se acede à experiência, sem a qual, nenhuma certeza se produz. (Vinci, 1986, p. 32)
Esta declaração de princípios assume especial notoriedade pelo facto de unificar dois
polos até aí aparentemente desconexos, a arte enquanto alter-ego axial do seu autor, e
as novas práticas conceptuais que a ciência do século XV e XVI levariam a cabo. Sem
estas premissas iniciais, nunca Galileu teria “construído” um telescópio, “observado” o
céu nocturno até à exaustão, “registado” os movimentos celestiais com detalhe, e
7
“desenhado” as representações visuais da lua. Observe-se na intensidade dos verbos
empregues e na technē dominante; algo que à escolástica imperativa pareceria
aberrante e contraproducente. De facto, esta nova concepção de Scientia atentava
precisamente contra essa escolástica Aristotélica e peripatética que distinguia
claramente entre epistemē [conhecimento teórico imutável]; praxis [conhecimento
resultante de julgamento prévio] e technē [produção ou fabricação manual] (Long, 2011,
p. 127). A salutar convivência e troca de experiências entre humanistas, académicos,
arquitectos, engenheiros, matemáticos, pintores etc, veio conferir um novo sentido à
tradicional visão Aristotélica da Filosofia Natural como actividade exclusivamente
heurística, negando em absoluto às actividades ditas mecânicas ou às matemáticas uteis
a capacidade de produzirem conhecimento (Wootton, 2015, p. 24). Na origem desta
mudança de paradigma poderá estar o aforismo Vitruviano da conjugação imperiosa de
duas polaridades essenciais; Fabrica e Ratiocinatio – precisamente a construção ou
prática, harmonizada com a razão ou teoria. Esta concepção Vitruviana da arte,
reencontrada por Poggio Bracciolini em 1414 e amplamente difundida a partir de 1511
[Edição de Giovanni Giocondo], irá instigar nos artistas do renascimento esse duplo
compromisso de harmonização literária entre philologia e philotechnia, ou seja, entre
conhecimento e prática, motivando alterações paradigmáticas na própria produção
literária. Por um lado, artesãos habitualmente comprometidos exclusivamente com
uma praxis mecânica começarão a escrever livros de carácter formativo; por outro,
homens eruditos ocupar-se-ão de práticas artesanais tais como: a observação, a
topografia e medição ou a fabricação de instrumentos científicos. Desta perspectiva,
homens como Filarete, Francesco di Giorgio, Leonardo, Palladio ou Mutio Oddi não
poderão ser entendidos unicamente na sua dimensão de arquitectos, engenheiros e/ou
artesãos, mas igualmente como escritores, leitores, estudantes e eruditos. Não será
certamente coincidência, que os grupos que mais activamente participaram na
formação destas Trading Zones: arquitectos, engenheiros, pintores e escultores; tenham
assistido ao longo do século XVII ao surgimento de academias, resultado de uma
reconhecida institucionalização das suas actividades (Long, 2011, pp. 126, 131).
Encontramo-nos claramente perante um novo paradigma cuja origem é indeterminada,
mas que é fruto de uma convivência, respeito mútuo e troca de valores e experiencias
entre eruditos e humanistas; e artesãos e trabalhadores mecânicos, originando novos
modelos culturais capazes de aglutinar conhecimento e praxis, teoria e experimentação.
IV - Trading Zones na Corte Manuelina
Temos falado exaustivamente de Trading Zones, sem no entanto definir o
conceito. Este originalmente deriva dos estudos antropológicos de Peter Galison em
torno das relações entre físicos e engenheiros, que no século XX uniram esforços com
vista ao desenvolvimento de detectores de partículas e radares, sem no entanto alterar
as suas orientações teóricas e práticas seminais (Long, 2011, p. 94; Collins, Evans, &
Gorman, 2007, p. 657). Pamela Long irá abduzir o conceito, transferindo-o para os
séculos XV e XVI e para problemáticas inerentes, da arquitectura à engenharia, da
8
astronomia à navegação, da matemática à pintura e escultura. Esses pontos de contacto
e colaboração, as Trading Zones, constituem desta forma, locais onde o mundo dos
artesãos e dos humanistas encontram amplas plataformas de intercâmbio recíproco de
conhecimento e experiência. A autora distingue claramente estas zonas sincréticas
entre eruditos e artesãos, das tradicionais relações de mecenato, desde logo pela
ausência clara de trocas reciprocas de serviços e valores ou quaisquer outras relações
que pressuponham uma relação de poder ou subalternização. Na sua óptica, as Trading
Zones, consistem em “arenas” onde os eruditos ensinam os artesãos e os artesãos
ensinam os eruditos em absoluta paridade. O conhecimento envolvido constitui assim o
“valor” intrínseco reconhecido por ambas as partes, cujo teor poderá ser transmitido
oralmente ou através da escrita de manuais ou tratados (Long, 2011, p. 95). Segundo a
autora, o número destas zonas de contacto e atrito terá aumentado drasticamente ao
longo do século XV e alcançado um carácter transversal e incontornável durante todo o
século XVI, estendendo-se a várias áreas de actividade, tais como: Cortes e paços Reais;
oficinas de impressão; construtores de instrumentos científicos; arsenais; minas, etc,
constituindo locais onde Fabrica e Ratiocinatio, no sentido Vitruviano do termo,
encontrava eco no cruzamento entre humanistas, autores, artistas, editores,
impressores, gravadores, matemáticos e artesãos ou operadores mecânicos das mais
variadas origens (Long, 2011, p. 96). Este conceito poderá estender-se ou sobrepor-se à
concepção que Alexander Marr estabelece das “comunidades matemáticas” dos séculos
XV, XVI e XVII, que constituíam redes de contacto onde os mais variados contributos
eram unificados no propósito comum da sua prática e do seu uso, fomentando o
encontro de praticantes oriundos das mais diversas áreas, fossem elas científicas ou
artísticas (Marr, 2011, pp. 10-11).
O panorama interno constituirá um fecundo e propício campo de enformação
destas amplas redes de troca experiencial, seja através da expansão marítima, da
construção de navios e de instrumentos científicos, seja no campo da arquitectura, da
escultura e da pintura. Estes últimos constituem-se como veículos de transmissão por
excelência de um ideário que encontra como símbolo máximo da sua manifestação
universal, precisamente um instrumento matemático – a esfera armilar. Esta
representação visual – evidência vocacional universalista e manifesta bandeira de um
projecto imperial, representa per se uma Trading Zone comum promovida pela corte
Manuelina, reunindo no seu âmago gente oriunda dos mais diversos campos de acção.
Estas Trading Zones, cuja notoriedade é possível determinar no Portugal dos séculos XV
e XVI, vêm de facto colmatar a ausência aparente de uma função didática e formativa
por parte das cooperativas mesteirais internas. De facto, a análise do regimento da Casa
dos Vinte-e-Quatro, não permite aferir em nenhuma época, funções equivalentes às
suas congéneres Italianas e Flamengas, onde a formação e o ensino das chamadas
matemáticas “uteis” se encontra de facto comprovado.
A realidade interna permite pressupor, muito provavelmente pela unidade,
coesão e distinta tipologia sociopolítica do reino uma realidade distinta das repúblicas
Italianas ou das províncias unidas Flamengas. A acção centralizadora da coroa, onde a
proximidade entre o poder politico e os diversos actores operativos, terá facilitado e
9
promovido os contactos entre as diversas categorias intelectuais e profissionais,
dispensando estruturas afins. Este aspecto encontra-se visível em várias áreas de acção
da coroa, fundamentalmente em três campos distintos da sua política universalista, que
constituindo áreas de acção específicas, manifestam a presença clara de Trading Zones:
1) Na criação e fomento de uma imagética do império mediada pela arquitectura,
pintura e escultura. 2) Na criação, dotação e formação de redes de ensino ligadas à arte
da navegação e marinharia. 3) Na criação e fomento da Ribeira das Naus com óbvias
funções arsenalistas.
Poderemos inscrever sem sombra de dúvidas os estaleiros de Santa Maria da
Vitória e do Mosteiro de Santa Maria de Belém na primeira categoria elencada,
constituindo ambos claras zonas de intermediação e sincretismo entre humanistas,
eruditos e artesãos oriundos dos mais diversos pontos da Europa. A presença notória de
mestres provenientes das extensas redes de conhecimento espalhadas por toda a
Europa constitui a nosso ver uma genuína Trading Zone Transeuropeia, ultrapassando
certamente uma mera troca de estilos e composições, e corporizando muito mais uma
extensa rede de transmissão de conhecimento de cariz matemático e geométrico. De
resto, a leitura atenta que Ricardo Silva estabelece da crónica de Cristovão Acenheiro,
comprova a presença de dois grupos distintos em acção no estaleiro Batalhino: um
primeiro grupo de trabalhadores nacionais sem qualquer especificidade na hierarquia
do estaleiro, e um segundo grupo, integrando mestres nacionais e estrangeiros com
superior grau de mestria e certamente dotados de competências nas chamadas
matemáticas uteis, caso específico de mestre Huguet (Silva, 2010). No mesmo sentido
aponto Rafael Moreira, recordando as formas tradicionais de aprendizagem
corporativas lecionadas nas oficinas dos mestres pedreiros e nos estaleiros de obras,
vias de estudo, onde segundo o autor se poderia adquirir a necessária competência nas
artes liberais e o prestígio necessário para ascender de simples mestre de pedraria à
condição de «arquitecto» régio (Moreira, 1987, p. 67). Esta transição tipológica e
estatutária de simples artesão ao grau de intelectual liberal constitui conforme vimos,
um traço evidente de epistemologia artesanal ou ciência vernacular configurando uma
impressão digital de trocas informativas e formativas entre arte e ciência e de Trading
zones. Posteriormente, o ensino da arquitectura baseado no texto de Vitruviano
transitará definitivamente para o curriculum lecionado na escola do Paço, pelas mãos
do seu insigne tradutor, Pedro Nunes e do «mestre das obras de el-rei» e «mestre das
fortificações do reino», António Rodrigues (1564-1590) (Moreira, 1987, p. 68).
O próprio espaço físico da corte Manuelina constitui-se igualmente como
profícua Trading Zone, no que respeita ao contacto e às trocas multidisciplinares. Este
carácter formativo e enriquecedor, torna-se de resto patente na presença tutelar de
Francisco de Melo (1490 – 1536), insigne matemático e bolseiro de D. Manuel, cuja
formação decorreu na Universidade de Paris onde veio a lecionar. De regresso ao reino,
oferece ao monarca um manuscrito por si compilado, contendo as obras de Euclides,
Ótica e Catóptrica, na versão latina, Perspetiva e Especulária (Melo, 2014, p. 13). Só a
mera presença de uma obra deste vulto na corte Manuelina, constitui por si só indício
claro de uma erudição fina e humanista a pairar sobre todos os negócios da coroa, que
10
obstinadamente paga a bolseiros para aprenderem matemática no norte da Europa, não
apenas como beneplácito régio, mas certamente com intuitos formativos pósteros. De
resto, denota-se essa função formativa da corte na própria dedicatória que Francisco de
Melo estabelece ao rei D. Manuel, «(…) os filhos dos nobres Lusitanos, logo que atingem
a idade em que podem ser retirados dos cuidados da ama, sejam alimentados nesta tua
Corte, na qual, como numa escola de todas as virtudes, os jovens bem-nascidos
começam a habituar-se ao esforço, a embeber-se em bons e civilizados costumes (…)»
(Melo, 2014, p. 27). Sabemos claramente que esta corte não era apenas frequentada
pelos “jovens bem-nascidos”, mas por inúmeros oficiais, artesãos e trabalhadores
mecânicos oriundos das mais diversas proveniências e funções. Não será certamente de
estranhar, que houvesse na política régia a vontade expressa de união e sã convivência
entre matemáticos como Francisco de Melo e mestres-de-obras como Mateus
Fernandes ou pintores régios como Jorge Afonso, cuja notoriedade [Arauto Malaca,
examinador, vedor e avaliador das obras do reino] permite deduzir uma presença
assídua e respeitada na corte; (Serrão, 2001, p. 106). Torna-se inevitável a formulação
de uma saudável convivência entre matemáticos, arquitectos e pintores, onde uma
troca salutar de competências contribuiria certamente para o enriquecimento e
harmonização dos objectivos comuns da coroa. A construção e uso de instrumentos de
medição e topografia por parte dos mestres construtores e da perspectiva linear nas
diversas oficinas de pintura permite identificar um interesse comum pela geometria
Euclidiana, cujo domínio e compreensão se tornaram essenciais em ambas as
actividades.
De resto, a presença de artesãos dotados desta dupla competência de erudição
e habilidade técnica surge atestada documentalmente na corte de D. Manuel e D. João
III. Através de um documento datado de 1528 e intitulado: “Carta de Mercê a Filipe
Guilhem de 25.000 réis de ordenado anualmente para servir o rei, com os instrumentos
que inventou para tomar o sol, a qualquer hora, altura do polo, por ele ou pelas estrelas,
com outros instrumentos de minutos e segundos e ensinar tudo a que o dito senhor
mandar, sem outro interesse” (Arquivo Nacional Torre do Tombo, 1528; Viterbo, 1988,
p. 180), torna-se patente esta função tutelar e didática que a coroa abertamente
assumia. Trata-se do mesmo homem que surge nas Trovas a Felipe Guilhem de Gil
Vicente, e cujo relato o coloca na corte Manuelina frente-a-frente com o próprio
Francisco de Melo: «O anno de 1519 veio a esta corte de Portugal hum Felipe Guilhem,
Castelhano, que se disse que fora boticário nel Porto de Santa Maria; o qual era grande
logico e muito eloquente de muito boa prática, que antre muitos sabedores o folgavão
de ouvir: tinha alguma cousa de mathematico; disse a ElRei que lhe queria dar a arte de
Leste a Oeste, que tinha achada. Pera demostra desta arte fez muitos instrumentos,
antre os quaes foi hum astrolábio de tomar o sol a toda a hora: praticou a arte perante
Francisco de Mello, que então era o melhor mathematico que havia no reino, e outros
muitos que para isso se ajuntarão per mandado de S.A. Todos approvarão a arte por
boa: fez-lhe ElRei por isso merce de cem mil reis de tença, c’o habito e corretagem da
casa da India, que valia muito.» (Vicente, 1834, p. 377; Viterbo, 1988, p. 174). Estes dois
documentos comprovam de forma exemplar a instituição de uma profícua Trading Zone,
11
na corte Manuelina e pósteras, revelando inúmeros aspectos que importa salientar.
Desde logo a proveniência, Filipe Guillem é um cristão-novo nascido em 1487 em
Sevilha, que surge na corte Manuelina em 1519, prometendo ensinar a arte de Leste a
Oeste, ou seja o cálculo da longitude, espécie de Santo-Graal da marinharia. Um dos
aspectos mais curiosos do relato, é precisamente a conjugação dessa dupla polaridade
entre scientia e praxis, pois apesar do boticário ter «alguma cousa de mathematico»,
fez, ou seja, construiu inúmeros instrumentos de medição, manifestando clara
harmonização entre Artesão e Humanista. Estas características denotam claramente a
presença de um polímata cujas competências se dividiam por diversas áreas de
interesse, evidenciadas na tradição humanista Italiana por figuras de relevo como
Alberti ou Leonardo. A passagem de uma personalidade deste vulto na corte Manuelina
em 1519 permite aferir uma total concordância do reino com as vanguardas europeias,
e uma procura constante do conhecimento nas suas mais diversas manifestações. O seu
contacto com Francisco de Melo configura precisamente a tipologia de contactos
informais que caracterizam as Trading Zones - “arenas” onde os eruditos e artesãos
trocam conhecimento em absoluta paridade (Long, 2011, p. 95).
Posteriormente, assistir-se-á a uma clara institucionalização destas práticas,
evidenciadas pela abertura em 1559 [Data do Regimento] da Lição de matemática. Esta
era lida diariamente entre Outubro e Junho pelo cosmógrafo-mor, nos Armazéns da
Ribeira das Naus para a instrução das gentes do mar (Moreira, 1987, p. 66), constituindo
mais uma evidencia da aposta da corte no ensino generalizado da astronomia,
cartografia, construção e uso dos principais instrumentos de navegação, às gentes da
marinharia. Esta iniciativa fomentou provavelmente a unificação entre fontes de
elevada erudição e academismo com elementos provenientes de uma vivência real do
mar, amalgamando académicos e eruditos com o empirismo de marinheiros e
navegadores, constituindo desta forma uma Trading Zone de especial relevância na
dinâmica das políticas da coroa.
Todos estes aspectos elencados, permitem-nos intuir uma progressiva
autonomia por parte das classes operativas do reino, que longe de mimetizarem gestos
de atávica e medieva tradição; encontraram junto dos existentes pontos de contacto
com a cultura humanista, erudita e científica; modelos processuais inovadores capazes
de converter os tradicionais sistemas artesanais e mecânicos. As largas evidências
materiais destas profícuas Trading Zones permitem-nos compreender que a sua
prevalência e longevidade na corte Manuelina convidam a uma reflexão profunda sobre
o papel socio-cultural do artesão e do humanista.
12
Bibliografia
Arquivo Nacional Torre do Tombo. (2 de 11 de 1528). Carta de Mercê a Filipe Guilhem de 25.000
réis de ordenado anualmente para servir o rei, com os instrumentos que inventou para
tomar o sol, a qualquer hora, altura do polo, por ele ou pelas estrelas, com outros
instrumentos de minutos e segundos... Corpo Cronológico 1161/1699. Lisboa. Obtido de
http://digitarq.arquivos.pt/details?id=3772528
Collins, H., Evans, R., & Gorman, M. (2007). Trading Zones and Interactional Expertise. Studies in
History and Philosophy of Science, 657-666.
Le Goff, J. (2014). Faut-il Vraiment Découper L'histoire en Tranches? Paris: Éditions du Seuil.
Long, P. O. (2011). Artisan/Practioniers and the Rise of the New Sciences. Corvallis: Oregon State
University Press.
Marr, A. (2011). Between Raphael and Galileo. Chicago: The University of Chicago Press.
Melo, F. d. (2014). Obras Matemáticas (Vol. 1). (B. M. Leitão, Ed.) Lisboa: Biblioteca Nacional de
Portugal. Centro de Estudos Clássicos.
Moreira, R. (1987). A Escola de Arquitectura do Paço da Ribeira e a Academia de Matemática de
Madrid. Em P. Dias, As Relações Artísticas entre Portugal e Espanha na Época dos
Descobrimentos (pp. 65-78). Coimbra: Livraria Minerva.
Panofsky, E. (1960). Renascimento e Renascimentos na Arte Ocidental. Lisboa: Editorial
Presença.
Pereira, P. (2007). As Grandes Edificações (1450-1530). Em P. Pereira, História da Arte
Portuguesa. O Manuelino (Séculos XV-XVI). Rio de Mouro: Círculo de Leitores.
Serrão, V. (2001). História da Arte em Portugal; O Renascimento e o Maneirismo. Barcarena:
Editorial Presença.
Silva, R. (30 de Novembro de 2010). O mosteiro de Santa Maria da Vitória (Batalha): um estaleiro
de aprendizagens e de difusão ao largo do século XV. Convergências, Nº 6. Castelo
Branco: Escola Superior de Artes Aplicadas Instituto Politécnico Castelo Branco.
Smith, P. H. (2004). The Body of The Artisan. The University of Chicago Press: Chicago.
Vasari, G. (2008). The Lives of the Artists. Oxford: Oxford University Press.
Vicente, G. (1834). Obras de Gil Vicente (Vol. 3). (Langhoff, Ed.) Hamburgo.
Vinci, L. d. (1986). Tratado de pintura. (A. G. Gracia, Ed.) Barcelona: Akal.
Viterbo, S. (1988). Trabalhos Náuticos dos Portugueses. Séculos XVI e XVII. Lisboa: Imprensa
Nacional-Casa da Moeda.
Weinberg, S. (2015). Explicar o Mundo. A História da Ciência, da Antiguidade à Era Moderna.
Barcarena: Marcador.
Wootton, D. (2015). The Invention of Science. S. l.: Allen Lane. Penguin Books.