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Seminário de Tese apresentado no âmbito do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica na Área de Concentração de Transporte
Aéreo e Aeroportos.
Júlio César Neves Juncioni
INDICADORES DE DESEMPENHO AEROPORTUÁRIO NO BRASIL: UMA METODOLOGIA DE ANALISE
Prof. Dr. Cláudio Jorge Pinto Alves
Orientador
Prof. Dr. Carlos Muller
Coordenador de Área
Campo Montenegro
São José dos Campos, SP – Brasil
2014
RESUMO
A Análise do Desempenho é primordial em qualquer área do Conhecimento. Em Sistemas
Aeroportuários, esta importância também tem crescido. Analisar o Desempenho passa a ser um dos
principais instrumentos de Políticas voltadas à melhoria continua de qualquer sistema, bem como
uma das principais alternativas para agregar valor e satisfação aos usuários. A partir de 2013 vem
sendo coletado dados qualitativos e quantitativos nos 15 aeroportos brasileiros, cujas cidades foram
sede da Copa do Mundo de 2014, num esforço conjunto da Secretaria de Aviação Civil e a
Comissão Nacional de Autoridades Aeroportuárias – CONAERO, vinculados à estrutura da
Presidência da República. Pretende-se elaborar um modelo de percepção de Satisfação dos
Usuários de Transporte Aéreo, bem como utilizar instrumentos de benchmarking e análise
Multicritério Analytic Hierarchy Process – AHP com o uso desses dados coletados. Dessa forma,
visa-se contribuir para a transformação de dados em informações úteis para o sistema.
Palavras-Chave: Indicadores, Qualitativos, Aeroportos, AHP.
Índice
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 4
2. 1 OBJETIVOS DE PESQUISA ...................................................................................................... 5
2.1.1 Objetivos: ............................................................................................................................ 5
2.1.2 Definição do problema ........................................................................................................ 5
2.1.3 Contribuição: ....................................................................................................................... 6
2.1.4 Seminário de Tese - Anterior .............................................................................................. 6
2.1. 5 Metodologia de Bandeira e Correia (2008)........................................................................ 7
3. ESTRUTURA DA PESQUISA ....................................................................................................... 8
3.1 Base de Dados ............................................................................................................................ 8
3.2 Plano Amostral ........................................................................................................................... 9
3.3 Plano Amostral para Pesquisa Qualitativa .............................................................................. 11
4 MÉTODO ANALYTIC HIERARCHY PROCESS - AHP ............................................................ 12
4.1 Metodologia ........................................................................................................................... 12
4.2 Critérios .................................................................................................................................. 16
5. AHP EM SISTEMAS AEROPORTUÀRIOS ............................................................................... 18
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 19
6 PROXIMOS PASSOS .................................................................................................................... 19
7 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ............................................................................................ 19
7.1 Disciplinas Cursadas ................................................................................................................ 19
7.2 Disciplinas em Curso ............................................................................................................... 19
7.3 Plano de Ação e Atividades ..................................................................................................... 20
7.4 Publicações............................................................................................................................... 20
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 21
4
1. INTRODUÇÃO
No contexto histórico, o Mundo experimentou diversas transformações, desde a Revolução
industrial, com a passagem do processamento da manufatura ao inicio da indústria mecânica, para a
Revolução Digital, que quebrou vários paradigmas de tempo e rapidez no acesso a informações.
A Globalização, com efeitos dinâmicos em todos os continentes, tornou-se uma realidade que
reestruturou a prestação de serviços, bem como as empresas internamente. Tal reestruturação
colocou as organizações, antes sistemas fechados, sem a intervenção do ambiente externo, frente a
ambientes turbulentos e com diversos players capazes de competir, não somente em seus mercados
locais, mas em diversas regiões, com diferentes culturas.
Para fomentar esta competição, requisitos como atendimento às necessidades e às
expectativas dos clientes, antes postos em segundo plano, tornar-se-iam uma questão de
sobrevivência, promovendo a superação do desempenho organizacional.
No ramo aeroportuário, não foi diferente, principalmente no Brasil, que nos últimos anos, com
a política governamental de dar ganhos acima da inflação aos trabalhadores e permitir a livre
competição entre as empresas aéreas, acarretando em elevação de renda e diminuição dos valores
das passagens aéreas, gerou uma nova demanda para este tipo de transporte, porém a infraestrutura
não acompanhou todo este processo.
Nesse mesmo contexto, de acordo com a consultoria McKinsey (2010) “em suma, pode-se
afirmar que o Brasil possui um setor aéreo dinâmico, funcional e com alto potencial de crescimento,
mas que, como qualquer outro País, possui desafios e oportunidades de aprimoramento. No caso
brasileiro, principalmente em infraestrutura”.
A Infraestrutura tornou-se um dos grandes e principais gargalos no setor aéreo, pois não
acompanhou o crescimento da demanda deste modal, ora por ter ocorrido crises diversas no setor,
ora, simplesmente, por não ter havido investimentos consideráveis nesta área.
Dessa forma, para atender aos requisitos governamentais, e aos anseios de outros stakeholders
(públicos interessados), é necessário cada vez mais criar uma gestão voltada ao desempenho.
Segundo Slack et al. (2008), “todas as operações produtivas precisam de alguma maneira de
medidas de desempenho, como um pré-requisito para o melhoramento. Assim, medida seria o
processo de cálculo e o desempenho em si seria as ações tomadas pela organização. Medida de
desempenho seria, portanto, o processo de quantificar as ações.”
Assim, fica evidente a necessidade do desenvolvimento de metodologias voltadas à criação de
indicadores de desempenho que possam ser aplicados ao setor aéreo, capazes de mensurar
eficazmente os processos e caso seja necessário, programar ações de correção e investimentos.
5
2. 1 OBJETIVOS DE PESQUISA
2.1.1 Objetivos:
Analisar os resultados das pesquisas realizadas em aeroportos brasileiros com o uso do
Método The Analytic Hierarchy Process – AHP, sendo os aeroportos pesquisados: Fortaleza - CE,
Natal - RN, Recife - PE, Brasília - DF, Salvador - BA, Cuiabá - MT, Manaus - AM, Guarulhos - SP,
Congonhas - SP, Viracopos - SP, Confins – MG, Curitiba - PR, Galeão - RJ, Santos Dumont - RJ e
Porto Alegre - RS.
Apontar benchmarks, padrões de referência, dentre os aeroportos pesquisados, em cada
aspecto, sob a ótica do usuário do serviço e de especialistas.
2.1.2 Definição do problema
O objetivo do problema é definir o melhor aeroporto dentre os critérios que serão expostos
nas paginas seguintes, de acordo com a percepção do cliente de transporte aéreo, bem como utilizar
tal informação para um estudo de benchmarking.
Questões a serem respondidas:
Dessa forma, este trabalho apresenta as questões norteadoras:
Q1 - Como o AHP pode ser utilizado na modelagem de analise de Desempenho
Aeroportuário na Percepção do Cliente?
Q2 - Qual aeroporto serviria de benchmarking para os demais?
Q3 - Como ranquear os componentes por ordem de desempenho?
6
2.1.3 Contribuição:
Desenvolvimento de uma metodologia que permita a avaliação da qualidade do serviço e do
nível de satisfação dos passageiros quantos aos principais indicadores/critérios.
Estabelecimento de um Ranking entre aeroportos e entre critérios/indicadores.
Estabelecimento, baseado nos critérios e pesos, e em Clusters entre os Aeroportos
pesquisados.
Enfim, anseia-se em produzir uma referência quanto a estudos de indicadores de nível de
serviço na área de Transporte Aéreo.
2.1.4 Seminário de Tese - Anterior
No Seminário de Tese Anterior foram apresentados os objetivos, contribuição, e os métodos e
aplicações mais utilizados pela Literatura referente ao tema de indicadores de desempenho,
qualidade e nível de serviço em Sistemas Aeroportuários, e foi gerado um quadro-resumo desta
análise, conforme Tabela 1.
Tabela 1: Revisão da Literatura.
Também, foi aplicado aos dados da Pesquisa Qualidade a metodologia subsequente.
Autores Método / Aplicação
Braaksma (1976) Cartão/Checkpoints
Alves (1981) Escala de Graduação de 4 Pontos
Mumayiz e Ashford (1986) Perception-Response (P-R) Model
Omer e Khan (1988) Conceito de Utilidade
Seneviratne e Martel (1991) Testes qui-quadrado de proporções
Müller e Gosling (1991) Escalas Psicométricas (Psychometric Scaling Technique)
Ndoh e Ashford (1993) Lógica fuzzy
Park (1994) Lógica fuzzy
Spoljaric (1998) SERVQUAL
Rhoades et al. (2000) Indice de Qualidade
Caixeta Filho e Martins (2001) AHP (Analytical Hierarchy Process)
Tsaur et al. (2001) Lógica fuzzy
Yeh e Kuo (2003 Lógica fuzzy
Lee e Kim (2003) Gráfico cartesiano
Magri Junior (2003) Indicadores do ACI (2000).
Medeiros (2004) Indices Graduados
Correia e Wirasinghe (2007) Análise-Multiatributo
Ronzani e Correia (2007) Estatística Multivariada (atributo orientação)
Garcia (2007) SERVQUAL
Bandeira et al. (2007a) Método AHP
Bandeira (2008b) Priorização de Atributos
Magri Junior (2008) Escalas Psicometricas
Kuo e Liang (2011) MCDM fuzzy
7
2.1. 5 Metodologia de Bandeira e Correia (2008)
Como resultado secundário da pesquisa foi apresentada a metodologia de Bandeira e Correia
(2008), que tinha o intuito de investigar a qualidade percebida em TPS, visando ao
redirecionamento de investimentos e à satisfação dos passageiros.
Com a utilização da fórmula da média ponderada foi possível classificar os indicadores em
prioridade extrema (A), ou seja, indicadores classificados nesta categoria seriam de prioridade alta
para os gestores de aeroportos até a categoria (D), indicadores que devem ser mantidos no mesmo
nível de satisfação, já que são considerados bons. Na equação, a letra C, Conceito aplicado, utilizou
como parâmetro a escala Likert de 1 a 5. Foi estabelecida para esta metodologia, a aplicação de
dados do ano de 2013, considerando todos os aeroportos desta pesquisa.
A equação esta definida, a seguir:
• P = Média Ponderada
• FI = Frequência dada indicação dos conceitos da escala
• C = Conceito Aplicado
Tabela 2: Categorias e Nível de Prioridades.
Após o procedimento, foram identificados na Tabela 3, os indicadores de prioridade extrema.
Tabela 3: Indicadores Prioridade Extrema.
A Tabela 4 demonstra os indicadores da categoria D, com prioridade baixa, mas que devem ser
mantidos, por meio de estratégia do gestor aeroportuário, no mesmo nível de satisfação.
8
Tabela 4: Indicadores Prioridade Baixa.
Assim, finaliza-se a revisão do Seminário de Tese anterior.
3. ESTRUTURA DA PESQUISA
3.1 Base de Dados
Neste trabalho, a base de dados foi desenvolvida por um esforço conjunto entre a Secretaria
de Aviação Civil - SAC/PR, responsável pela coordenação da pesquisa dos indicadores
aeroportuários, e o Comitê de Desempenho Operacional da Comissão Nacional de Autoridades
Aeroportuárias – CONAERO. A empresa responsável pela coleta foi a Praxian Consultoria Ltda.
A coleta de dados foi realizada em mais de um período, o que permite comparar e analisar
tendências ou percepções ao longo do tempo. A coleta iniciou-se em janeiro de 2013 e continuou
no ano de 2014.
Inicialmente, a pesquisa foi promovida nos 15 aeroportos associados aos eventos da Copa do
Mundo e estão expostos na Tabela 5:
9
Tabela 5: Aeroportos Pesquisados.
3.2 Plano Amostral
Para o inicio desta pesquisa, houve a definição dos parâmetros para a amostragem. Para que
fossem garantidas a quantificação e a distribuição das entrevistas, bem como sua representatividade,
foi utilizada a Planilha de Horário de Transporte - Hotran 1.5 sobre assentos disponibilizados por
companhia aérea para cada dia da semana e em cada aeroporto e a planilha 1.4 que trata das
alterações, inserções e exclusões de voos previstas. A coleta dos dados nestas planilhas ocorreu em
08 de novembro de 2012, por meio do site da Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC:
Considerou-se, também, para o cálculo do tamanho da amostra o nível de confiança de 95% e erro
máximo amostral de 5%.
As entrevistas referentes aos instrumentos de pesquisa qualitativa foram distribuídas por peso
de cada companhia aérea, no horário de maior fluxo de passageiros nos extratos:
Voo doméstico e voo internacional
Embarque e desembarque de passageiros.
No caso do extrato dos voos internacionais tanto no embarque quanto no desembarque, para
os aeroportos com baixo fluxo de passageiros, utilizou-se outro cálculo amostral com nível de
confiança de 95% e erro máximo amostral de 8% ou 10%, segundo o movimento de voos e
passageiros de cada aeroporto. Tal fato, justificou-se pela dificuldade operacional e técnica dessa
coleta de dados.
Cidade Aeroporto Sigla
São Paulo Aeroporto Internacional de São Paulo / Guarulhos SBGR
Belo Horizonte Aeroporto Internacional Tancredo Neves / Confins SBCF
Rio de Janeiro Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro / Galeão SBGL
São Paulo Aeroporto de São Paulo / Congonhas SBSP
Campinas Aeroporto Internacional de Viracopos / Campinas SBKP
Rio de Janeiro Aeroporto Santos Dumont SBRJ
Fortaleza Aeroporto Internacional Pinto Martins SBFZ
Natal Aeroporto Internacional Augusto Severo SBNT
Recife Aeroporto Internacional de Recife / Guararapes SBRF
Salvador Aeroporto Internacional de Salvador SBSV
Brasília Aeroporto Internacional de Brasília SBBR
Cuiabá Aeroporto Internacional de Cuiabá SBCY
Porto Alegre Aeroporto Internacional de Porto Alegre SBPA
Curitiba Aeroporto Afonso Pena / São José dos Pinhais SBCT
Manaus Aeroporto Eduardo Gomes SBEG
Aeroportos Pesquisados
10
O aspecto principal que dificulta a aplicação de um alto número de questionários reside na
baixa representatividade da quantidade de voos internacionais (17% do volume total), quando
comparados com os outros dois aeroportos - Cumbica (SP) e Galeão (RJ) - que detém 83% do
movimento dos voos internacionais no Brasil.
Este baixo número de assentos nos voos internacionais, implica na dificuldade operacional na
coleta dos dados, tanto na perspectiva temporal, uma vez que em alguns aeroportos a hora de
chegada ou partida do voo é exatamente a hora de maior fluxo de passageiros a ser pesquisada,
quanto na perspectiva de custo, controle e garantia do número de pesquisas a serem aplicadas na
execução do projeto, devido ao alto percentual da amostra demandada em relação à população total.
De acordo com Mattar (1997, p. 313), a decisão de como proceder com a definição de
amostragem deverá levar em consideração os objetivos do estudo, a precisão desejada, o tempo e os
recursos disponíveis. Segundo o autor, o pesquisador elaborará um plano amostral de forma a obter
a melhor eficiência possível, não existindo uma forma pré-determinada para essa decisão. Neste
momento, a formação, a experiência e a sensibilidade do pesquisador têm um grande peso.
De forma a conciliar o aspecto científico da teoria estatística com o aspecto prático da
aplicação da pesquisa do extrato internacional nos aeroportos, considerou-se a revisão do erro
amostral para 12 aeroportos no embarque internacional e desembarque internacional, mantendo-se o
intervalo de confiança de 95%, conforme Tabela 6 a seguir:
Tabela 6: Erro Amostral no Estrato Internacional para Embarque e Desembarque.
11
3.3 Plano Amostral para Pesquisa Qualitativa
A metodologia adotada para o cálculo amostral da pesquisa qualitativa nos extratos embarque
doméstico e embarque internacional é demonstrada a seguir:
1. Estudo de todas as companhias aéreas que operam na hora de maior fluxo de passageiros em
cada aeroporto.
2. Percentual de cada companhia no horário de maior fluxo de passageiros, considerados o
número de assentos por semana na hora de maior fluxo;
3. Aplicação do load factor de 0.8;
4. Cálculo do número de assentos por mês na hora de maior fluxo de passageiros,
considerando-se o número de assentos semanal;
5. Cálculo estatístico para população finita, uma vez que há o número exato de assentos
disponíveis na planilha Hotran (p = proporção da amostra que representa a
população = q = proporção da amostra que não representa a população=0,5).
Observação: A equação utilizada é para o cálculo do número de elementos na amostra para
população finita:
n = N.Z2. p. q/e
2.(n-1) + Z
2.p.q
onde:
N = número de elementos da população
Z = valor da ordenada na curva normal padronizada
p = proporção da amostra que representa a população
q = proporção da amostra que não representa a população
e = erro máximo amostral
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4 MÉTODO ANALYTIC HIERARCHY PROCESS - AHP
O AHP tem sido uma ferramenta muito utilizada na área de pesquisa para auxiliar a tomada
de decisão, como método de análise multicritério de tomada de decisão.
De acordo com Berrittella e Franca (2009) o AHP é uma ferramenta de suporte à decisão que
pode ser utilizada para resolver problemas de decisão complexos, tendo em conta aspectos tangíveis
e intangíveis. Por isso, auxilia os decisores a tomar decisões que envolvem a sua experiência,
conhecimento e intuição.
Para Vaidya e Kumar (2006) a vantagem do AHP é a sua flexibilidade para ser integrado com
diferentes técnicas como Programação Linear, Desdobramento da Função Qualidade, Lógica Fuzzy
etc. Isto permite ao usuário extrair benefícios de todos os métodos associados, e por conseguinte,
alcançar o objetivo desejado de uma maneira melhor.
4.1 Metodologia
Segundo Berrittella e Franca (2009) o AHP quebra o problema de decisão em função das
características comuns, e os níveis que correspondem à característica comum dos elementos. O
nível superior é o 'foco' do problema ou objetivo final; níveis intermediários correspondem os
critérios e subcritérios, enquanto o nível mais baixo contém as ''alternativas de decisão ''. Se cada
elemento de cada nível depende de todos os elementos do nível superior, em seguida, a hierarquia
está completa; caso contrário, diz-se estar incompleta.
Babic (1998) entende que o método está baseado em três pensamentos analíticos, sendo: (I)
construção de hierarquias: o problema é decomposto em níveis hierárquicos, buscando uma melhor
compreensão e avaliação do problema; (II) estabelecer prioridades: no AHP, o ajuste das
prioridades fundamenta-se na habilidade do ser humano de perceber a relação entre os objetivos e
as situações observadas, por meio de julgamentos paritários; (III) consistência lógica: no método, é
possível avaliar o modelo de priorização construído, quanto a sua consistência.
Algumas vantagens em relação às hierarquias são destacadas por Saaty (1991):
(1) A representação hierárquica de um sistema pode ser usada para descrever como as
mudanças em prioridades nos níveis mais altos afetam a prioridade dos níveis mais baixos.
(2) Eles dão grandes detalhes de informação sobre a estrutura e as funções de um sistema nos
níveis mais baixos, permitindo uma visão geral de atores e de seus propósitos nos níveis mais altos.
Limitações nos elementos de um nível são representadas melhor no nível mais alto seguinte para
assegurar que eles sejam satisfeitos. [...]
13
(3) Os sistemas naturais montados hierarquicamente, isto é, por meio de construção modular e
montagem final de módulos, desenvolvem-se muito mais eficientemente do que aqueles montados
de um modo geral.
(4) Eles são estáveis e flexíveis: estáveis porque pequenas modificações têm efeitos pequenos;
e flexíveis porque adições a uma hierarquia bem estruturada não perturbam o desempenho.
Para esta pesquisa será utilizada a hierarquia mostrada na Figura 1, abaixo:
Figura 1 – Hierarquia dos Critérios e Subcritérios.
A partir desta definição da hierarquia, será estruturada uma matriz de julgamentos, preenchida
com base no questionário a ser respondido por especialistas e na escala fundamental de Saaty
(1977), Tabela 8.
Figura 2 – Matriz de Decisão n x n.
Utilizando a matriz de decisão A, o Método AHP calcula resultados parciais do conjunto A
dentro de cada critério vi(Aj), j = 1, ..., n, denominado valor de impacto da alternativa j em relação à
alternativa i, em que esses resultados representam valores numéricos das atribuições dadas pelo
decisor a cada comparação de alternativas (Silva e Belderrain, 2005).
Na matriz A, as posições da diagonal principal serão 1. Os demais valores são preenchidos de
acordo com a intensidade de importância dos julgamentos. Os valores inversos de acordo com os
julgamentos são posicionados na parte inferior esquerda da Matriz, os valores recíprocos são
posicionados na parte superior direita. Ex. Sendo X um valor qualquer de julgamento com base na
14
escala de Saaty, Tabela 8, uma preferencia de um critério C1 em relação a um Critério C2 será
representado na Matriz como X parte superior direita e como 1/X na parte inferior esquerda.
Considerando n o número de elementos a serem comparados, λmáx o autovetor de A e w o
vetor próprio correspondente ou vetor de prioridades. Caso os juízos emitidos pelo decisor sejam
perfeitamente consistentes, têm-se λmáx = n e
.
O AHP permite inconsistências nos juízos dos decisores. Portanto é necessário medir tal
inconsistência. Então, é sabido que quanto maior a proximidade do valor λmáx de n, maior será a
consistência dos juízos.
Saaty (1980) demonstrou que, sendo A uma matriz de valores, deverá ser encontrado o vetor
que satisfaça a Equação
Em que:
A: Matriz de decisão;
λmáx: Autovalor máximo de A;
W: Autovetor de A associado a λmáx.
.
O autovetor W fornece a ordem por nível de importância dos critérios da matriz A, pois pesos
reais serão estimados para os critérios na comparação par a par. Portanto, a fim de avaliar o caráter
subjetivo das comparações, é avaliada a proximidade de λmáx e n. Assim, é necessário, o cálculo da
Razão de Consistência (RC), representada pela equação:
Onde:
RC: Razão de consistência;
IC: Índice de consistência;
IR: Índice aleatório ou randômico.
Sendo IC, apresentado na equação a seguir:
15
IR: índice randômico, representado por:
Tabela 7 - Índices randômicos médios do AHP
Fonte: Saaty (1991)
De acordo com Saaty (1991), é aceitável o valor de inconsistência de RC ≤ 0,10. Caso RC >
0,10, a qualidade dos julgamentos está comprometida, e deve ser melhorada, refazendo os
julgamentos.
Admite-se para esta pesquisa a mesma hipótese definida por Bandeira (2008) para fins de
cálculos, nas áreas do terminal foram designados critérios de primeiro nível, e os seus respectivos
indicadores em critérios de segundo nível ou subcritérios.
Tabela 8: Escala Fundamental de Saaty.
Intensidade de
Importância Definição Explicação
1 Igual Importância
As duas atividades contribuem igualmente para o objetivo.
3 Importância pequena de uma sobre a outra
A experiência e o julgamento favorecem levemente uma atividade em relação à outra.
5 Importância grande ou essencial A experiência e o julgamento favorecem fortemente uma atividade em relação à outra
7 Importância muito grande Uma atividade é muito fortemente favorecida em relação à outra; sua denominação de importância é demonstrada na prática.
9 Extremamente importante A evidência favorece uma atividade em relação à outra com o mais alto grau de certeza.
2, 4, 6, 8 Valores intermediários entre os valores adjacentes
Quando se procura uma relação de compromisso entre duas definições.
Reciprocos dos Valores acima do zero
Se a atividade i recebe uma das designações diferentes acima de zero, quando comparada com a atividade j, então j tem o valor reciproco quando comparada a i.
Uma designação razoável.
Racionais Razões resultantes de escala Se a consistência tiver de ser forçada para obter valores numéricos n, somente para completar a matriz.
16
Para a definição dos formulários, para facilitar a compreensão dos especialistas, será utilizada
a Tabela 9, na qual Bandeira e Correia (2006) adaptaram a escala de Saaty.
Tabela 9: Escala Fundamental de Saaty, adaptada por Bandeira e Correia (2006)
4.2 Critérios
Conforme a definição e apresentação da Hierarquia, para esta pesquisa estão elencados abaixo, os
critérios que serão utilizados na avaliação pelo AHP. A ideia é obter os pesos dos critérios por este
método e unir aos resultados da pesquisa qualitativa, hierarquizando os critérios por aeroportos e
comparando os resultados entre eles para uma análise de benchmarking.
Tabela 10: Critérios (Indicadores de Desempenho)
Categoria de Criterios 1 Nível
Criterio de Avaliação 2 Nível
ACESSO C1 - Transporte público
C2 - Instalações de estacionamento de veículos
C3 - Custo do estacionamento
C4 - Disponibilidade de carrinhos de bagagem
C5 - Disponibilidade de táxi
C6 - Disponibilidade de meio-fio
CHECK IN C7 - Tempo de fila no check-in (autoatendimento)
C8 - Tempo fila no check-in (guichê)
C9 - Eficiência dos funcionários do check-in
C10 - Atendimento/cordialidade dos funcionários do check-in
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EMIGRAÇÃO C11 - Tempo de fila na emigração
C12 - Atendimento/cordialidade dos funcionários da emigração
INSPEÇÃO DE C13 - Atendimento/cortesia dos funcionários da inspeção de segurança
SEGURANÇA C14 - Rigor na inspeção de segurança
C15 - Tempo de fila na inspeção de segurança
INSTALAÇÃO C16 - Facilidade de encontrar o caminho no aeroporto
AEROPORTUARIA C17 - Painéis de informação de voo
C18 - Distância de caminhada no terminal de passageiros
C19 - Facilidade para realizar conexões
C20 - Atendimento/cordialidade dos funcionários do aeroporto
C21 - Instalações de alimentação
C22 - Valor Alimentação
C23 - Tempo de fila de Alimentação
C24 - Atendimento/cordialidade dos funcionários da alimentação
C25 - Disponibilidade de bancos/caixas eletrônicos/câmbio
C26 - Estabelecimentos Comerciais
C27 - Valor dos produtos comerciais
C28 - Tempo de fila no comércio
C29 - Atendimento e cordialidade dos funcionários do comercio
C30 - Disponibilidade de tomadas
C31 - Internet / Wi-Fi
C32 - Negócios/Sala VIP
C33 - Disponibilidade WC
C34 - Limpeza WC
C35 - Disponibilidade de assentos / embarque
C36 - Velocidade restituição de bagagem
C37 - Integridade da bagagem
AMBIENTE C38 - Sensação protegido e seguro
AEROPORTO C39 - Limpeza geral do Aeroporto
C40 - Conforto na sala de embarque
C41 - Conforto térmico do aeroporto
C42 - Conforto acústico do aeroporto
IMIGRAÇÃO C43 - Tempo fila imigração
C44 - Atendimento/cordialidade funcionário da imigração
ADUANA C45 - Tempo fila aduana
C46 - Atendimento/cordialidade funcionário da aduana
18
SATISFAÇÃO GERAL C47 - Satisfação geral como Aeroporto
5. AHP EM SISTEMAS AEROPORTUÀRIOS
Um breve relato sobre o uso do AHP em Sistemas Aeroportuários é apresentado, a seguir:
Começando por CEHA e Ohta (1994) os quais desenvolveram um algoritmo que foi baseado
no AHP para facilitar a seleção de aeronaves para a operação em pares de aeroportos.
Yoo e Choi (2006) objetivaram pesquisar a importância relativa dos meios para melhorar a
verificação (controle) de segurança de passageiros no aeroporto, sendo os principais fatores que
afetam o controle de passageiros: recursos humanos, equipamentos e instalações e os procedimentos
e estruturas de responsabilidade. Com o uso do AHP, foi definido que para aumentar o desempenho
de rastreio de passageiros, deveria se focar nos recursos humanos.
Bandeira (2008) utilizou o método AHP para determinar o nível de serviço do terminal de
passageiros do Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos Governador André Franco
Montoro. A autora fez alterações para facilitar o preenchimento da escala de SAATY, relacionou
grau de importância com o nível de satisfação de diversos componentes aeroportuários. O objetivo
era a priorização dos componentes a fim de avaliar o nível de serviço e auxiliar os órgãos
governamentais e públicos interessados no planejamento de ações de priorização de investimento.
Beritella et. al (2009) aplicaram o AHP para classificar o custo operacional de componentes
de serviço e de companhias aéreas Low Cost. Por meio dos resultados da pesquisa, é sugerido que
o AHP pode ser adequadamente utilizado para obter a classificação dos custos, tendo em conta
diferentes pontos de vista: financeiro, gestão e operação. Locação, equipamentos de escritório e
outros custos de materiais que apresentam a maior importância no ranking de custos. Para a
verificação da robustez dos resultados, foi utilizada a análise de Monte Carlo.
Castelli e Pellegrini (2011) utilizaram o AHP para avaliar a oportunidade de implementação
de um contrato de objetivos; um acordo entre os principais atores gestão do tráfego aéreo em
intervalos espaciais e temporais chamados janelas-alvo. (janelas 4D), considerando os pontos de
vista de especialistas. Essa metodologia foi estudada para aumentar a pontualidade de voos.
Zietsman e Vanderschuren (2014) aplicaram o AHP para avaliar o potencial de
desenvolvimento multiaeroporto. Trouxeram para a pesquisa um estudo de caso de um aeroporto na
cidade de Cape Town (Cape Town International Airport). Utilizaram o AHP para verificar certos
critérios observados na expansão do aeroporto, tais como: desenvolvimento socioeconômico,
ordenamento do território, a melhoria do transporte, preservação ambiental e viabilidade financeira
propostos como os principais objetivos do desenvolvimento do aeroporto. Com o uso do AHP
ponderaram estes critérios.
19
Para finalizar, Vaidya e Kumar (2006) fizeram uma revisão sobre as diversas formas de se
utilizar o método AHP em vários campos de pesquisa. Eles pesquisaram mais de 150 artigos que
mostraram a importância deste método para a Ciência.
5 CONCLUSÃO
A partir da análise bibliográfica e definição da metodologia e método, conclui-se pela
importância de gerar mais conhecimento sobre este campo de estudo, envolvendo a Percepção do
Cliente e de especialistas, no caso o usuário de Transporte Aéreo. Assim, espera-se identificar
fatores referentes à percepção daquele sobre os serviços prestados, servindo como apoio a Politicas
no Setor Aéreo, e sendo instrumento útil para gestores e Governo.
6 PROXIMOS PASSOS
Com a definição do Método e da Hierarquia prontas, serão iniciados os seguintes passos:
1) Confecção do Questionário (Comparação Par a Par)
2) Pré-Teste do Questionário
3) Envio a Especialistas do Setor Aéreo
4) Confecção de Planilhas com Cálculos relativos ao AHP
5) Coleta dos Resultados, Testes de Hipóteses e Conclusões
6) Análise de Cluster com os Resultados Obtidos (Considerando Resultados do AHP x
Resultados Médios das Pesquisas de Opinião)
7) Compilar toda a Informação Obtida e Iniciar a escrita da Tese.
7 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
7.1 Disciplinas Cursadas
IT 203 - Aeroportos (2013/2): 3 créditos
IT 205 – Produção e Custos em Transporte Aéreo: 3 créditos
IT 200 – Infraestrutura Aeronáutica (2014/1): 2 créditos
7.2 Disciplinas em Curso
MB-210: Probabilidade e Estatística. (2014/2): 3 créditos
MB-243 Gestão das competências e do conhecimento. (2014/2): 3 créditos
IT 310 – Seminário de Tese (2014/1): 1 crédito
20
7.3 Plano de Ação e Atividades
A revisão de literatura quanto a trabalhos referentes à análise de Indicadores foi praticamente
finalizada. Assim, será iniciada a fase de aplicação dos dados ao método escolhido.
Tabela 11: Plano de Atividades
Atividades Meses
0-3 3-6 6-9 9-12 0-3 3-6 6-9 9-12 1. Fundamentação Teórica
1.1 Disciplinas
1.2 Revisão Bibliográfica
2. Criação do Modelo
2. 1 Teste de Modelos
2.2 Análise de dados Quantitativos
e Qualitativos
3. Interpretação da Análise e
Validação da Análise
4. Envio de Artigos Para
Congressos
5. Envio de Artigos Para Revistas
6. Redação da Dissertação
7. Defesa da Tese
7.4 Publicações
Dessa forma, os resultados e informações obtidos na pesquisa serão a base para a confecção
de um artigo. Este artigo será enviado para os 3 primeiros periódicos elencados na tabela 12,
escolhidos pelos critérios de maior número de citações nesta pesquisa e por maior qualis.
Tabela 12: Critérios (Indicadores de Desempenho)
Journals Citações Qualis
Journal of Air Transport Management 4 B1
Transportation Research Record 3 B1
Transportation Research Part E 2 A1
Journal of the Brazilian Air Transportation Research Society 4 B4
Transportation Planning and Technology 2 B1
Transportation Research Board Record 2 B1
Computers and Industrial Engineering 1 A2
Computers and Operations Research 1 A2
European Journal of Operational Research 1 A1
International Journal of Production Economics 1 A1
Journal Tourism Management 1 B1
Transportation Research A 1 A1
Total 23
21
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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