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i
VANTAGENS E IMPACTOS DE
CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS PARA A
CONSTRUÇÃO CIVIL
Bruno Carias Dardengo
Projeto de Graduação apresentado ao curso de
Engenharia Civil da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro.
Orientadora: Elaine Garrido Vazquez
Rio de Janeiro
Agosto 2017
ii
VANTAGENS E IMPACTOS DE CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS PARA A
CONSTRUÇÃO CIVIL
Bruno Carias Dardengo
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinado por:
_________________________________
Prof. Elaine Garrido Vazquez, Orientadora,
Dsc.
_________________________________
Eng. Victoria Ottoni Almeida de Souza, Msc.
_________________________________
Prof. Leandro Torres Di Gregorio, Dsc.
iii
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
Dardengo, Bruno Carias
Vantagens e Impactos de Certificações Ambientais para a
Construção Civil / Bruno Carias Dardengo – Rio de Janeiro:
UFRJ/Escola Politécnica, 2017.
xii, 81 f: il.; 29,7 cm.
Orientadora: Elaine Garrido Vazquez
Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /
Curso de Engenharia Civil, 2017.
Referências Bibliográficas: p. 76-80
1. Introdução 2. Certificações Ambientais e suas
Vantagens e Impactos 3. Exemplo de aplicação da certificação
LEED e estudo de aplicação da certificação Qualiverde 4.
Considerações Finais
I. Vazquez, Elaine Garrido; II. Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil.
III. Título
iv
“Nós moldamos nossos edifícios, e então nossos edifícios nos moldam”
(Winston Churchill)
v
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Marcos e Cristina, pessoas a quem só tenho a agradecer, que se fizeram
presentes em todos os momentos de minha trajetória e tanto me apoiaram na escrita do presente
trabalho.
Agradeço a todos os meus amigos, mas principalmente ao Arthur Paolucci, e a minha
namorada, Marília Strapasson, por me apoiarem em todos os momentos, me acompanharem em
minha trajetória, me aconselhando e estando sempre ao meu lado.
Agradeço ao Estado brasileiro por ter investido em mim oferecendo-me uma educação
pública de qualidade nacional e internacional, contribuindo fortemente para a minha formação
acadêmica, pessoal e profissional.
Agradeço, por fim, a minha orientadora e fonte de inspiração, professora Elaine Garrido
Vazquez, pela confiança depositada nesse trabalho e por suas orientações diretas e indiretas,
fundamentais para o desenvolvimento dessa monografia, e pelos conhecimentos transmitidos.
vi
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica - UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Vantagens e Impactos de Certificações Ambientais para a Construção Civil
Bruno Carias Dardengo
Agosto/2017
Orientadora: Elaine Garrido Vazquez
Curso: Engenharia Civil
As edificações definem onde e como vivemos e como utilizamos os recursos
disponíveis, sendo responsáveis por grande parte da energia e dos recursos que consumimos.
Com a escassez e o uso excessivo dos recursos naturais, o ser humano se viu obrigado a repensar
seus modelos construtivos e tentar novos padrões de consumo. Desenvolveram-se, então,
certificações ambientais que estabelecem normas e técnicas que devem ser seguidas para se
minimizar os impactos gerados pela construção civil. Dessa forma, este trabalho tem como
principal objetivo apresentar duas certificações ambientais para edificações utilizados em um
edifício na Zona Sul do Rio de Janeiro, e evidenciar alguns resultados que podem ser colhidos
tanto pelo setor da construção como pela sociedade através da adoção destes certificados. Para
este trabalho, foi feita uma revisão bibliográfica sobre certificações ambientais e seus impactos
e foram levantados dados e informações pertinentes às estratégias adotadas pela construtora
para o cumprimento dos requisitos da certificação LEED. Foram avaliadas as estratégias
utilizadas no empreendimento para receber a certificação LEED GOLD e, em seguida, para se
entender como estas certificações se relacionam, simulou-se como estas ferramentas seriam
consideradas em uma hipotética adoção do selo Qualiverde. O edifício atingiu uma alta
classificação no LEED, mas não cumpriu o nível mínimo exigido pelo Qualiverde. Percebeu-
se, então, que há uma grande diferença de interpretação entre estas certificações em relação à
qualidade ambiental de um empreendimento e que ajustes devem ser feitos em ambas, mas
principalmente no Qualiverde, para que a realidade sustentável seja fielmente reproduzida na
análise.
Palavras-chave: construção civil, sustentabilidade, certificado ambiental, LEED, Qualiverde
vii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Engineer
ADVANTAGES AND OUTCOMES OF GREEN BUILDING CERTIFICATION FOR
THE BUILDING INDUSTRY
Bruno Carias Dardengo
August/2017
Advisor: Elaine Garrido Vazquez
Course: Civil Engeneering
Buildings define where and how we live and how we use available resources, making it
responsible for much of the energy and resources spent by us. Due to the scarcity and excessive
use of natural resources, the human being was forced to rethink his construction models and
try new patterns of consumption. Therefore, certificates were developed to establish Standards
and techniques that should be followed to minimize impacts generated by constructions. Thus,
this work has as main objective to present two environmental certifications for constructions
used in a building in the South Zone of Rio de Janeiro, and to highlight some results that can
be collected both by the construction sector and by the society through the adoption of these
certificates In order to carry out this work, a bibliographic review was done on environmental
certifications and their impacts, and data and information pertinent to the strategies adopted
by the construction company to meet the LEED certification requirements were collected. The
author evaluated the strategies used in the project to receive the LEED GOLD certification,
and then simulated how these tools would be considered in a hypothetical adoption of the
Qualiverde seal, to understand how these certifications relate. The building achieved a high
rating in LEED, but did not meet the minimum level required by Qualiverde. It was then realized
that there is a great difference of interpretation between these certifications in relation to the
environmental quality of an enterprise and that adjustments must be made in both, but mainly
in Qualiverde, so that the sustainable reality is faithfully reproduced in the analysis.
Keywords: civil construction, sustainability, environmental certification, LEED, Qualiverde
viii
SUMÁRIO
1. Introdução 1
1.1. Referencial Teórico 1
1.1.1. Importância do tema 1
1.1.2. Contexto Histórico 2
1.2. Objetivo 5
1.3. Justificativa 5
1.4. Metodologia 6
1.5. Estruturação do Trabalho 7
2. Certificações Ambientais, suas Vantagens e Impactos 8
2.1. Vantagens e Impactos da Certificação Ambiental na Construção Civil 9
2.1.1. Ambiental 10
2.1.2. Social 13
2.1.3. Econômico 15
2.2. Apresentação da Certificação Ambiental LEED (Leadership in Energy and Environmental
Design) 19
2.2.1. LEED BD + C: Envoltória e Núcleo Central – LEED 2009 26
2.3. Apresentação da Certificação ambiental Qualiverde 32
2.3.1. Estrutura da Certificação Qualiverde 33
2.3.2. Benefícios Fiscais e Edílicos do Qualiverde 36
3. Exemplo de aplicação da certificação LEED e estudo de aplicação da certificação Qualiverde 38
3.1. Introdução 38
3.2. Apresentação da construtora 38
3.3. Apresentação do Objeto de Estudo 38
3.4. Espaço Sustentável (SS) 40
3.4.1. Seleção do local 40
3.4.2. Conectividade da comunidade 41
3.4.3. Transporte alternativo – acesso ao transporte público 41
3.4.4. Transporte alternativo – bicicletário e vestiário 42
3.4.5. Transporte alternativo – veículos com alta eficiência e baixa emissão 43
3.4.6. Ilha de calor 43
3.4.7. Guia informativo para o inquilino - arquitetura e execução da construção 44
ix
3.5. Eficiência no uso da Água (WE) 45
3.5.1. Uso eficiente da água no paisagismo 45
3.5.2. Redução do uso da água 46
3.6. Energia e Atmosfera (EA) 48
3.6.1. Otimização do Desempenho Energético 49
3.6.2. Comissionamento Aprimorado 52
3.6.3. Energia Renovável 52
3.7. Materiais e Recursos (MR) 53
3.7.1. Recuperação do edifício – manter paredes, piso e teto existentes 54
3.7.2. Gestão de resíduos da construção 55
3.7.3. Utilização de materiais locais 56
3.8. Qualidade Ambiental Interna (EQ) 56
3.8.1. Ampliação da ventilação 57
3.8.2. Plano de gestão da qualidade interna do ar – durante a construção 57
3.8.3. Materiais de baixa emissão – adesivos e selantes 58
3.8.4. Materiais de baixa emissão – tintas e revestimentos 58
3.8.5. Conforto térmico – projeto 58
3.8.6. Luz natural 59
3.8.7. Vista 61
3.9. Inovação e Processo de Projeto (ID) 61
3.10. Créditos de Prioridade Regional (RP) 62
3.11. Simulação da adoção do QUALIVERDE no empreendimento e análise das estratégias
utilizadas 64
3.11.1. Gestão da Água 66
3.11.2. Eficiência Energética 66
3.11.3. Projeto 68
3.11.4. Bonificações 69
3.11.5. Avaliação da simulação do Qualiverde 70
4. Considerações Finais 73
5. Referências Bibliográficas 76
ANEXO 1 81
x
Lista de Figuras
Figura 1: Dimensões da Sustentabilidade. ..........................................................................................9
Figura 2: Tornando nosso ambiente construído mais sustentável.. .................................................... 12
Figura 3: Custos adicionais para novas edificações no Brasil. ............................................................. 16
Figura 4: Crescimento acumulado da Certificação LEED no Brasil. ..................................................... 20
Figura 5: Níveis de classificação da certificação LEED......................................................................... 21
Figura 6: Tipologias da certificação LEED v4. ..................................................................................... 23
Figura 7: Diferenças entre os sistemas de classificação entre versões LEED.. ..................................... 25
Figura 8: Bicicletário. ........................................................................................................................ 42
Figura 9: Chuveiros. .......................................................................................................................... 42
Figura 10: Estações de abastecimento de combustível alternativo. ................................................... 43
Figura 11: Garagem coberta e descoberta no 1º Pavimento. ............................................................. 44
Figura 12: Garagem coberta no 1º subsolo. ....................................................................................... 44
Figura 13: Jardim na entrada do edifício. ........................................................................................... 46
Figura 14: Caixa acoplada com duplo acionamento. .......................................................................... 47
Figura 15: Torneiras com fechamento automático. ............................................................................ 47
Figura 16: Reservatório de reuso de águas pluviais e sala da bomba de recalque. ............................... 48
Figura 17: Escadas rolantes com acionamento automático................................................................ 50
Figura 18: Acionamento da iluminação por sensores de presença (áreas comuns).. .......................... 50
Figura 19: Sistema VRV de condicionamento de ar. ........................................................................... 51
Figura 20: Vidros laminados de 14mm instalados nas fachadas principal e posterior. . ...................... 51
Figura 21: Estrutura e envoltória do edifício antes e depois da reforma. ........................................... 54
Figura 22: Estrutura formada por pilares e vigas antigas de concreto e novas vigas de aço. .............. 55
Figura 23: Casa de máquinas de ventilação mecânica. ....................................................................... 56
Figura 24: Dutos de exaustão no 4º pavimento. ................................................................................ 57
Figura 25: Ambiente interno do 4º pavimento.. ................................................................................ 60
Figura 26: Fachada frontal................................................................................................................. 60
xi
Lista de Tabelas
Tabela 1: Categorias LEED v3............................................................................................................. 22
Tabela 2: Nível de classificação da certificação LEED v4. .................................................................... 24
Tabela 3: Categorias, créditos e pontuações do LEED. ....................................................................... 28
Tabela 4: Itens e pontuações para Gestão da Água............................................................................ 33
Tabela 5: Itens e pontuações para Eficiência Energética e Desempenho Térmico. ............................. 34
Tabela 6: Itens e pontuações para o Projeto...................................................................................... 34
Tabela 7: Itens e pontuações para Bonificações. ............................................................................... 35
Tabela 8: Comparativo entre itens para edifícios novos e existentes. ................................................ 36
Tabela 9: Benefícios fiscais. ............................................................................................................... 37
Tabela 10: Espécies escolhidas para o paisagismo. ............................................................................ 46
Tabela 11: Pontuação do empreendimento....................................................................................... 55
Tabela 12: Créditos obtidos pelo empreendimento. .......................................................................... 63
Tabela 13: Distribuição e comparação entre as certificações Qualiverde e LEED 2009. ...................... 64
Tabela 14: Estratégias adotadas no tema Gestão da Água. ................................................................ 66
Tabela 15: Estratégias adotadas no tema Eficiência Energética. ........................................................ 67
Tabela 16: Estratégias adotadas no tema Projeto. ............................................................................. 68
Tabela 17: Estratégias adotadas no tema Bonificações. ..................................................................... 70
xii
Lista de Siglas e Abreviaturas
CO2 – Dióxido de Carbono
COV – Compostos Orgânicos Voláteis
EUA – Estados Unidos da América
GBC BRASIL – Green Building Council Brasil
HVAC – Heating Ventilation and Air Conditioning
ISS – Imposto sobre Serviço
IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano
ITBI – Imposto de Transmissão de Bens Imóveis
LED – Light Emitting Diode
LEED – Leadership in Energy and Environmental Design
MWh – Megawatt-hora
PIB – Produto Interno Bruto
REC – Certificado de Energia Renovável
SO2 – Dióxido de Enxofre
USGBC – United States Green Building Council
VRV – Volume de Refrigerante Variável
1
1. Introdução
1.1. Referencial Teórico
1.1.1. Importância do tema
Gasta-se globalmente, por ano, cerca de US$10 trilhões relacionados à construção,
equivalentes a 13% do PIB mundial. Isso faz da construção um dos maiores setores da economia
mundial. O setor emprega 7% da população trabalhadora do mundo e, ao construir as estruturas
em que vivemos e trabalhamos, que geram nossa energia, materiais e bens, tem um impacto
muito além de seus próprios limites. Ademais, com o crescimento populacional e o
desenvolvimento de novas tecnologias, o setor vem crescendo em média 1% ao ano nos últimos
20 anos, o que demanda cada vez mais energia (MCKINSEY, 2017).
O crescente consumo de energia per capita tem afetado tanto países desenvolvidos, tais
como EUA, Austrália, Japão e Alemanha, quanto países em desenvolvimento, como o Brasil.
Grande parte da geração de energia consumida por estes países é derivada de fontes não-
renováveis como combustíveis fósseis que proporcionam efeitos nocivos ao meio ambiente
(CORRENA, 2008).
Nos Estados Unidos, as construções residenciais e comerciais consomem juntas ao menos
41% da energia demandada. Além disso, elas também consomem energia para fabricar os
materiais necessários para construir e operar as construções, para transportar os materiais e para
executar as obras. Pelo menos 45% de toda a energia gasta nos Estados Unidos e na Europa são
consumidos diretamente pelas construções. O nível de consumo de energia e as resultantes
emissões de CO2 associadas às edificações são quase tão altos quanto aqueles do transporte e
indústria combinados (EIA, 2012).
Já no Brasil, de acordo com dados do Ministério de Minas e Energias, a geração de energia
baseia-se em fontes renováveis, representadas pelas usinas hidrelétricas, que respondem por
67,9% da produção de energia elétrica, totalizando 11,3% da Matriz Energética Brasileira.
Entretanto, uma grande parte ainda é produzida por meios não sustentáveis, como a partir do
emprego de carvão e gás natural.
2
Edificações residenciais e comerciais, de serviços e públicas, são responsáveis pelo
consumo de aproximadamente 50% do total da eletricidade consumida no país (MME,2015).
Percebe-se, então, que o ambiente construído representa uma poderosa e necessária alavanca
para mudarmos fundamentalmente nossos padrões de consumo de recursos e energia e para
respondermos à grave realidade das mudanças climáticas.
1.1.2. Contexto Histórico
O desenvolvimento urbano nem sempre trouxe progresso e benefícios. Diversos núcleos
urbanos não estão preparados para o crescimento populacional ou até mesmo para a manutenção
da população já existente, gerando múltiplos problemas relacionados à segurança, saúde,
habitação e educação e, fazendo com que a qualidade de vida dos indivíduos seja
comprometida. Estas questões são originadas, em grande parte, pelos impactos ambientais
gerados pela própria existência dos centros urbanos.
Começou, em meados das décadas de 1960 e 1970, a elaboração do significado e o
aperfeiçoamento da ideologia do termo “sustentabilidade” e, desde então, com o avanço
tecnológico, social e ambiental, o sentido dado a este termo é alvo de diversas discussões. É um
consenso, porém, que os recursos naturais demandados pela sociedade são finitos e estão cada
vez mais escassos. Ademais, outro problema relacionado ao custeio do estilo de vida do ser
humano moderno é a falta de lugares para se depositar o lixo produzido. O acúmulo de CO2 na
atmosfera, o despejo de lixo e esgoto em rios e oceanos e o descarte irregular de materiais em
excesso ou já utilizados são exemplos deste problema.
Estima-se que mais de 50% dos resíduos sólidos gerados pelo conjunto das atividades
humanas sejam provenientes da construção civil (KATS, 2010)
Com o crescimento do mercado de construções sustentáveis no Brasil e no mundo, a partir
da década de 70, foram criadas diversas certificações para chancelar e guiar essas construções.
Essas certificações estão cada vez mais disseminadas e abrangentes e tem como objetivo
garantir, por meio de uma avaliação, que a construção em questão supere certos requisitos de
uso eficiente dos recursos, como água e energia, alta performance e retorno financeiro,
3
garantindo uma mitigação do uso de recursos naturais e a deposição apropriada dos produtos
excedentes do processo construtivo.
Vierra (2016) destaca que os sistemas de certificações de edifícios verdes destinam-se a
delinear e confirmar que um produto atende a um padrão específico e oferece um benefício
ambiental, social e energético. Estes sistemas exigem um processo de estudo integrado para
criar projetos ambientalmente responsáveis e eficientes em termos de recursos ao longo do ciclo
de vida de um edifício: projeto, construção, operação, manutenção, renovação e demolição. A
autora aponta, inclusive, que alguns desses programas são de atributo único, concentrando-se
unicamente em água ou energia, enquanto outros são atribuíveis a múltiplos atributos, como,
por exemplo, emissões de resíduos, reciclagem, fabricação de materiais, disposição e uso de
restos, implementação de novas tecnologias e desempenho ambiental em geral, além de água e
energia. Afirma ainda, que embora a teoria, a abordagem e o método de certificação varie em
cada sistema, o objetivo comum é que os projetos configurados dentro desses programas sejam
projetados para reduzir o impacto do ambiente construído na saúde humana e no meio ambiente.
Existem sistemas de classificação de edifícios verdes para abordar todos os tipos de
projetos, desde casas unifamiliares e edifícios comerciais até bairros inteiros. Além disso, pode-
se utilizar estes sistemas tanto para novas construções, se concentrando nas decisões tomadas
no processo de planejamento e design e ações realizadas através da construção, bem como para
edifícios existentes, focando em operações e manutenção ao longo da vida útil do prédio. Um
dos principais motivos para a criação de sistemas de classificação é a necessidade de definir,
implementar e medir mais claramente o conceito de sustentabilidade na construção.
As certificações são elaboradas e concedidas por diversos tipos de entidade, que podem ser
públicas ou privadas, e que podem ou não ter interesse no resultado da avaliação. Segundo
Vierra (2016), existem quatro princípios que devem ser considerados para determinar a
confiabilidade de uma certificação: o método científico adotado, a transparência, a
imparcialidade e a evolução. O primeiro princípio defende que os resultados e decisões podem
ser reproduzidas por outras partes utilizando o mesmo método. O segundo justifica que os
critérios de análise devem ser transparentes e acessíveis para apreciação. O terceiro preceito
aponta que a entidade responsável pela realização dos testes e análises da construção deve ser
um mediador independente, principalmente, sem benefícios financeiros. Já o último princípio
4
defende que as técnicas e métodos de classificação devem acompanhar a evolução das práticas
e tecnologias da indústria em questão.
Dessa forma, a certificação que é concedida por uma entidade associada à corporação
interessada na avaliação, ou a alguém vá receber algum benefício pela classificação, não é bem
vista no mercado. Por outro lado, uma certificação elaborada e concedida por uma entidade sem
ganho financeiro ou laços com a construção ou empresa interessada, como, por exemplo, uma
ONG, um instituto ou um órgão governamental, possui maior credibilidade no mercado e,
consequentemente, sua adoção é maior.
Os certificados são adotados, então, em projetos de edificações a fim de racionalizar o
consumo, evitando desperdícios sem comprometer os serviços necessários à saúde, segurança,
conforto e produtividade do usuário de uma edificação. Adotando estes certificados, reduz-se o
impacto no meio ambiente, limita-se o risco de interrupção do fornecimento de energia ou água
e amplia-se a vida útil de fontes de energia não-renováveis, além de contribuir com causas
sociais.
Com o avanço dos conceitos de sustentabilidade demonstrou-se que alegações de que a
busca pela redução dos impactos ambientais prejudicaria gravemente a economia mundial estão
geralmente erradas (KATS, 2010).
Kats (2010) afirma que projetos sustentáveis podem ser uma forma altamente rentável de
redução na emissão de CO2 e, ao mesmo tempo, podem criar empregos, fortalecer o valor do
empreendimento, aumentar a saúde das comunidades e contribuir para o uso harmonioso do
meio ambiente. Além disso, os edifícios sustentáveis alcançam tipicamente ganhos de eficiência
substancialmente maiores do que os investimentos em eficiência energética isolados. Tal
concepção, quando respeitada por órgãos públicos, pode gerar mais ganhos econômicos para as
empresas que as adotam, devido a possíveis incentivos fiscais.
Portanto, a indústria da construção civil tenta se aproximar do conceito de desenvolvimento
sustentável, que é entendido como um processo que leva à mudanças na exploração de recursos,
na direção dos investimentos, na orientação do desenvolvimento tecnológico e nas evoluções
institucionais. A economia energética, a melhor gestão de recursos e modernização de técnicas
e equipamentos melhoram a produtividade e, consequentemente, o lucro do empreendimento.
Tais mudanças refletem uma melhor harmonia entre as aspirações e necessidades humanas
5
presentes e futuras, preservando o meio ambiente, para não comprometer os recursos naturais
das gerações futuras.
1.2. Objetivo
O objetivo deste trabalho é avaliar as estratégias utilizadas em um empreendimento para
adotar a certificação LEED e simular como estas ferramentas seriam interpretadas pelo
Qualiverde. Adicionalmente, são analisados o impactos e vantagens das certificações LEED e
Qualiverde na construção civil e elucida-se sua importância para um desenvolvimento eficiente
e limpo deste setor, pretendendo, então, colaborar com o aperfeiçoamento de projetos de
edificações no Brasil.
1.3. Justificativa
Com a intensa industrialização, advento de novas tecnologias, crescimento populacional,
aumento de pessoas em centros urbanos e diversificação do consumo de bens e serviços,
atingiu-se uma excessiva necessidade de consumo de energia e recursos naturais e humanos.
Deflagrou-se, então, graves questões ambientais, caracterizadas, principalmente, pela escassez
de área de deposição de resíduos, aquecimento da temperatura do planeta, problemas de
saneamento público, poluição ambiental e esgotamento de recursos naturais.
A indústria da construção civil desempenha um papel muito importante no desenvolvimento
da economia do mundo. Sua elevada relevância se dá pelo alto consumo de materiais, energia
e mão de obra, além de movimentar exorbitantes quantias de dinheiro. As emissões de CO2 na
atmosfera, o aumento da poluição das águas, o descarte incorreto de resíduos e diversas outras
questões ambientais, sociais e energéticas estão diretamente relacionadas com o setor da
construção.
Os impactos ambientais supracitados evoluíram com o passar dos anos, uma vez que os
projetos de edifícios são tipicamente projetados e concebidos de forma despreocupada em
relação à interação do usuário, tanto com o ambiente, quanto com a construção em si.
Com o objetivo de minimizar o consumo de recursos durante a vida útil de uma construção
e face à conjuntura econômica, social e ambiental mundial, o setor da construção civil tem
evoluído no sentido de adotar e favorecer medidas que reduzam os impactos deflagrados.
6
Foi sob estas circunstâncias que o conceito de certificação sustentável surgiu no início dos
anos 80 e vem sendo introduzido aos poucos por órgãos reguladores (governos, agências de
energia, autoridades locais, etc.) e pelas empresas da indústria da construção. Os certificados,
associados às normas e auditorias, são instrumentos essenciais para incentivar a redução do uso
de energia e das emissões de CO2, tal como a utilização de técnicas e recursos modernos, que
possibilitam menores impactos e maiores lucros, sem comprometer – ou até melhorar – os
níveis de conforto, saúde e produtividade.
Assim sendo, a crescente demanda por construção verde, aliada a uma maior percepção dos
riscos associados ao conceito de sustentabilidade, significa que a indústria da construção será
responsável por gerenciar projetos com orçamentos que levem em consideração a implantação
de técnicas e materiais sustentáveis. Consequentemente, a análise dos impactos e vantagens da
implementação dos certificados sustentáveis na construção civil é de grande relevância para
este setor e assume grande importância para orientar os profissionais da área perante a
elaboração e execução de novos projetos, assim como a manutenção e reabilitação de
edificações já existentes.
1.4. Metodologia
O presente trabalho consiste em uma análise das estratégias definidas por uma construtora
para atingir a certificação LEED GOLD em um de seus empreendimentos e simular uma
possível classificação desta construção no selo Qualiverde.
Como ponto de partida, elaborou-se uma revisão bibliográfica mediante pesquisa junto à
internet de monografias de graduação e cursos de especialização, dissertações de mestrado,
teses de doutorado. Além disso, foram utilizados artigos, livros, periódicos, guias e diversas
fontes bibliográficas de autores confiáveis, como empresas de renome, órgãos governamentais
e entidades especializadas nos assuntos abordados. Fundamentou-se o assunto através da
elucidação das questões ambientais relacionas à engenharia civil e da apresentação técnica de
certificações ambientais para construções.
Para a compilação de dados, foram utilizadas imagens do arquivo pessoal do autor, projetos,
relatórios e documentos do empreendimento em estudo. Foram levantados dados e informações
com a construtora e a empresa de consultoria ambiental sobre as técnicas utilizadas na
construção. Como exemplo, o relatório de avaliação final da certificação LEED, que foi o guia
7
para a análise dos dispositivos, foi concedido pela consultora responsável pela obra. Além disso,
foram autorizadas visitas ao empreendimento de forma a efetivamente investigar como as
estratégias de projeto foram executadas.
Organizou-se, então, as estratégias de acordo com a classificação proposta pelo LEED e,
em seguida, estas foram distribuídas seguindo-se o método de avaliação do Qualiverde.
1.5. Estruturação do Trabalho
Esse trabalho foi divido em 4 capítulos, que abordam a implementação das certificações
sustentáveis para edifícios, elaborando uma análise crítica de seus impactos sobre a indústria
da construção civil, a sociedade e o meio ambiente.
O primeiro capítulo apresenta o tema e o contextualiza com o setor da construção civil
atual. Ademais, analisa-se a importância dos certificados ambientais de edificações como
orientadores na elaboração e execução de projetos de construção civil, além de introduzir o
objetivo e justificativa do estudo e a estruturação da monografia.
No segundo capítulo, descreve-se os certificados LEED e Qualiverde e identifica-se os
processos de classificação de cada certificação. Ademais, estuda-se o comprometimento do
setor perante as políticas certificatórias e analisa-se os impactos e vantagens da construção
sustentável fundamentada nas diretrizes e padrões estipulados pelos órgãos responsáveis
através das certificações sustentáveis.
No terceiro capítulo, apresenta-se um exemplo de aplicação, com a análise do emprego
dos dispositivos requisitados para a obtenção da certificação LEED GOLD em um edifício na
Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. Ainda nesta etapa, estuda-se uma suposta adoção da
certificação Qualiverde neste edifício, conforme os conceitos e etapas descritas na revisão
bibliográfica, e, também, identifica-se os benefícios fiscais associados a esta certificação. São
discutidos dispositivos e estratégias para se obter a sustentabilidade e alcançar ambas
certificações.
O quarto capítulo apresenta as considerações finais sobre o estudo, as limitações e
sugestões para trabalhos futuros.
Por fim, são listadas as referências bibliográficas utilizadas nesse estudo.
8
2. Certificações Ambientais, suas Vantagens e Impactos
Sistemas abrangentes de classificação que certificam edifícios verdes medem a
sustentabilidade de um prédio de acordo com uma série de critérios. Em conjunto, estes critérios
formam uma imagem precisa do que é uma construção verde.
Um dos critérios está relacionado ao tamanho do terreno construído. Os empreendedores
são encorajados a construir em local previamente desenvolvido ao invés de desenvolver novas
vizinhanças. Construir perto de uma infraestrutura existente, como rotas de ônibus e
restaurantes, para reduzir a dependência dos usuários em relação ao transporte, também é
relevante. Ademais, quanto menor o local de construção, melhor será, uma vez que acarreta
menos impactos ambientais.
Um segundo ponto diz respeito à redução do uso de água. O ponto central é primeiro reduzir
a necessidade do uso de água, com o uso de banheiros de baixo fluxo, por exemplo, e em
seguida, lidar com a água uma vez que ela tenha sido usada, com sistemas de irrigação de águas
cinzas. Os métodos de racionamento de água, como a coleta de água da chuva, também são
fundamentais para a construção sustentável.
Requisitos associados ao desempenho energético também possuem um peso no processo de
avaliação. Os edifícios devem ser construídos a partir de projetos eficientes de energia, com
bons isolamentos térmicos e acústicos e outras técnicas para garantir um consumo mínimo de
energia. Os processos que utilizam energia limpa, como os sistemas fotovoltaicos geotérmicos
e solares, também devem ser amplamente utilizados na construção sustentável.
Além disso, para minimizar o impacto da indústria da construção, os construtores verdes
devem reduzir o desperdício e melhorar a eficiência quanto ao uso de materiais e dar preferência
a materiais duráveis e recicláveis. Recomenda-se, também, selecionar materiais que são
produzidos de forma sustentável, provêm de fontes naturais e renováveis e requerem o mínimo
com transporte.
Por último, outro critério de avaliação considera a qualidade do ambiente interno e externo
da construção. Materiais de baixa emissão de compostos orgânicos voláteis ou formol são
encorajados a serem utilizados. A melhoria da ventilação, da iluminação e do tamanho das salas,
além da instalação de bicicletários e projetos paisagísticos também são atributos requeridos po
alguns certificados.
9
Apresenta-se, então, neste trabalho certificados que incentivam as quatro principais
premissas, citadas no tópico 1.1.2 - o método científico adotado, a transparência, a
imparcialidade e a evolução - e, consequentemente, são conceituados e considerados os
principais pilares para se alcançar melhores critérios de sustentabilidade no setor da construção
civil no Rio de Janeiro.
2.1. Vantagens e Impactos da Certificação Ambiental na Construção Civil
As vantagens da construção sustentável são evidentes e podem ser categorizadas em termos
dos três pilares para o desenvolvimento sustentável: eficiência econômica, prudência ecológica
e justiça social. A Figura 1 ilustra as três dimensões e representa a interseção entre as dimensões
econômicas e social, econômicas e ambiental e social e ambiental.
Figura 1: Dimensões da Sustentabilidade. Fonte: MOTTA & AGUILAR, 2009
Partindo dessa premissa, verifica-se, que a análise dos impactos de edifícios verdes deve
abordar todos os três pilares. Os edifícios verdes minimizam o impacto ambiental durante sua
construção e, principalmente, durante a fase de operação. Além disso, essas construções criam
10
um ambiente saudável e produtivo para as pessoas que o utilizarão e em alguns países, o
movimento sustentável pode, também, incorporar iniciativas para melhorar a justiça social.
Pelo ponto de vista financeiro, porém, os empreendedores sempre questionaram os altos
custos envolvidos em um projeto verde. Entretanto, além da redução dos custos de operação
mais do que compensarem o investimento inicial, percebe-se que o adicional de custos da
construção sustentável vem caindo rapidamente no Brasil. Ademais, com o aumento da
produtividade, fomentado pela adoção de técnicas e recursos mais modernos, as construtoras
encurtarão o prazo de execução, ganhando em custo (EY; GBC BRASIL, 2017).
Dessa forma, as reduções no consumo de energia e água e as mudanças nos padrões de
operação e manutenção têm consequências financeiras diretas para usuários e proprietários de
edifícios, assim como impactos indiretos sobre a sociedade. Tais consequências também podem
ser usufruídas pelo Governo, pois inovações tecnológicas e mudanças na demanda por energia
reduzem o descarte de resíduos e cria vagas de emprego.
2.1.1. Ambiental
Os benefícios mais importantes que os edifícios verdes oferecem estão relacionados com o
clima e com o ambiente natural. Os edifícios verdes não só reduzem ou eliminam impactos
negativos sobre o meio ambiente, usando menos água, energia ou recursos naturais, mas
também o impactam positivamente, gerando sua própria energia ou estimulando o crescimento
da biodiversidade. Na prática, estas vantagens surgem a partir do uso eficiente de recursos
naturais, da redução das emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa, do uso de materiais
de construção com baixo impacto ambiental, da reciclagem e do emprego de técnicas
sustentáveis de gestão e produção. Segundo o Green Building Council (2013), os edifícios
certificados gastam até 30% menos em energia, liberam 35% menos de CO2, reduzem o
consumo de água entre 30% e 50% e o uso e desperdício de recursos naturais em até 60%.
Em áreas urbanizadas do Brasil, o consumo de água pela construção civil chega a ser de
cerca de 50% da água potável fornecida à região (CBCS,2017). Ainda, de acordo com Kats
(2010), somente a produção de cimento causa entre 5% e 8% das emissões de CO2 no mundo.
Quase 50% da energia elétrica consumida no Brasil é utilizada por edificações residenciais,
comerciais e públicas. Na década de 90, isto representou um consumo equivalente a um
11
potencial de energia instalado semelhante a duas hidrelétricas do porte da hidrelétrica de Itaipu
(Lamberts et al, 2004).
O consumo de energia é função de variáveis que utilizam diretamente a energia, como os
sistemas de iluminação artificial, de aquecimento de água, de condicionamento de ar,
equipamentos em geral e de variáveis que interferem nestes sistemas, como a envoltória da
edificação e a forma de uso de tais sistemas consumidores de energia. (CORRENA, 2008). Os
certificados ambientais procuram, então, indicar dispositivos que possibilitam a redução do
consumo de energia e a incorporação de fontes renováveis. O emprego de ventilação natural, a
utilização de energia solar para aquecimento de água e geração de energia, o plantio de
vegetação para aumentar o sombreamento, a angulação do edifício em relação ao Sol e uma
envoltória eficiente são exemplos de dispositivos incentivados pelos selos ambientais.
É importante entender, também, que a redução das emissões de gases nocivos ao meio
ambiente, principalmente o CO2 (principal gás causador de mudanças climáticas), é reconhecida
como um dos benefícios mais importantes decorrentes do consumo reduzido de energia.
Praticamente todas as medidas analisadas pelos selos ambientais incentivam a diminuição da
emissão de gases e materiais poluentes. Tanto a adoção de sistemas de reciclagem de materiais,
o incentivo no uso de bicicletas e a redução no consumo de energia mitigam o lançamento de
agentes contaminantes. A emissão de CO2 e de SO2 está diretamente relacionada à fabricação
de cimento, à produção de energia, ao transporte de materiais e a diversas outras causas que são
exponencialmente mitigadas pela adesão das certificações sustentáveis.
Outro fator ambiental fortemente relacionado às construções verdes é o consumo de água.
A questão do consumo de água é muito significativa no Brasil, devido à nossa excessiva
dependência deste recurso para produzir energia. Segundo BRASIL (2017), a supremacia da
geração hidráulica na matriz de energia elétrica brasileira corresponde a 68,1 %. Considerando-
se a crise hídrica que ocorreu nos últimos 5 anos e as intermináveis discussões acerca do uso
dos cursos d’água (transporte, geração de energia, irrigação, consumo, etc), percebe-se a
necessidade de utilizarmos a água de forma sustentável.
Os edifícios sustentáveis reduzem o consumo de água potável a partir de várias estratégias,
incluindo instalações hidráulicas mais eficientes, aproveitamento de águas pluviais,
armazenamento em telhados verdes, tratamento e reciclagem de águas servidas no local e o uso
de plantas nativas ou tolerantes à seca no paisagismo. O consumo de água em um edifício é
12
frequentemente dividido em três categorias: uso em instalações internas (por exemplo, pias,
vasos sanitários e chuveiros), uso em irrigação externa e uso em processos (refrigeração,
equipamentos hospitalares, lavanderia ou uso industrial etc.) (KATS, 2010). Reduções no
consumo de água e no escoamento de águas pluviais oferecem benefícios adicionais ao aliviar
a pressão sobre os sistemas de água e ao reduzir os impactos à ecologia e à saúde humana,
causados pelo esgotamento de cursos d’água e pelo transbordamento dos sistemas de águas
pluviais e esgoto.
Igualmente importante, é a questão do gerenciamento do uso e desperdício de materiais
processados e recursos naturais. Neste contexto, gerenciar resíduos significa minimizar ou
eliminá-los sempre que possível e reutilizar materiais. Apoderando-se dos recursos naturais, a
construção civil é, entre todas as atividades produtivas, a maior geradora de resíduos. O
economista e mestre em tecnologia ambiental Elcio Carelli, da empresa Obra Limpa, afirma
que 60% do total de resíduos produzidos nas cidades brasileiras têm origem na construção civil
(OBRA LIMPA, 2017). Os principais impactos sanitários e ambientais relacionados ao
consumo de materiais e geração de resíduos são aqueles associados às deposições dos entulhos
(comprometimento do tráfego e da drenagem urbana, favorecimento da multiplicação de
vetores patogênicos e poluição do solo e águas), esgotamento dos recursos naturais, consumo
de energia e produção desenfreada de CO2.
Se, por um lado, a indústria da Construção Civil tem como desvantagem produzir resíduos
em quase todos os seus processos, por outro, tem como vantagem a capacidade de absorver
quase que totalmente os resíduos que produz. A Figura 2 mostra as taxas de reciclagem ou reuso
praticadas por empresas nos EUA, que vão de 50% até quase 100% em relação ao material total
utilizado em diversas obras.
Figura 2: Tornando nosso ambiente construído mais sustentável. Fonte: KATS, 2010.
13
As edificações verdes foram pioneiras no incentivo ao reuso e reciclagem e possibilitaram
o crescimento da indústria de reciclagem. Este novo setor possibilita a criação de empregos,
reduz a quantidade de resíduos nos aterros e em locais inapropriados (cursos d’água, florestas,
avenidas, etc), as despesas com transportes de resíduos, e o uso de matéria prima nas
construções. Além disso, promove inúmeros benefícios indiretos, como por exemplo a
diminuição da emissão de gases nocivos através da menor necessidade de transportes de
resíduos, da menor demanda de energia na extração, fabricação e transporte de diversos
produtos e o retardamento no processo de esgotamento dos recursos naturais.
2.1.2. Social
A compreensão da relação entre trabalhadores e seus locais de trabalho é importante para o
desenvolvimento de edifícios de maior qualidade e mais ecológicos, pois são aspectos que vem
sendo cada vez mais valorizados por investidores, projetistas e ocupantes. Além disso,
considerando que os salários e benefícios são responsáveis, normalmente, por 60% a 90% das
despesas de uma organização (GBC BRASIL, 2017), eventuais custos extras de construção ou
de ocupação mais elevados acabam sendo compensados pela melhora tanto do desempenho
quanto da saúde dos funcionários e ocupantes. Dessa forma, investimentos modestos para a
melhoria da saúde, do bem-estar e da produtividade podem resultar em uma grande economia
financeira para o empreendedor, que por sua vez pode ser muitas vezes maior do que qualquer
outra medida de redução de gastos adotada na ocupação de uma construção.
Alguns indicadores mostram que o mal desempenho e a ausência dos trabalhadores gera
grandes perdas de capital. Segundo levantamento da Medibank (2005), maior operadora de
saúde da Austrália, o custo para a empresa gerado pelo absenteísmo é estimado em 17 bilhões
de reais anuais, enquanto o custo por presenteísmo é de aproximadamente 65 bilhões de reais.
Já na Inglaterra, a falta de produtividade, o absenteísmo e os processos de recrutamento,
relacionados a problemas psicológicos dos trabalhadores, geram aproximadamente 120 bilhões
de reais anuais de prejuízo para o país (ACAS, 2014)
Os custos que o absenteísmo traz para a economia são enormes e podem ser mitigados com
a utilização dos selos verdes, pois estes analisam fatores que influenciam diretamente na
produtividade e bem-estar dos trabalhadores e dos usuários. A produtividade das pessoas
14
depende de uma soma de vários fatores. São considerados os itens físicos do espaço do
escritório, tais como: qualidade do ar e ventilação, conforto térmico, iluminação e vistas para o
exterior, existência de plantas e áreas verdes. Além disso, também deve-se considerar os itens
culturais e sociais, conforto acústico, o layout e a ergonomia, principalmente no mobiliário das
mesas e cadeiras, o aspecto de limpeza e arrumação.
Como exemplo desta relação entre selos ambientais e impactos sociais, tem-se a busca
pela maximização da incidência de luz natural nos ambientes, um dos principais pontos das
certificações. Uma boa iluminação natural tem o potencial de fornecer os níveis de luz
necessários para um ambiente produtivo e estimulante, sendo crucial para a satisfação dos
ocupantes e reduzindo a dependência da iluminação elétrica. Consequentemente, haverá uma
diminuição no tempo de uso de iluminação artificial, o que melhora a eficiência energética da
construção e reduz os custos com energia.
Outro ponto importante que afeta diretamente o bem-estar do indivíduo e é relevante na
avaliação feita pelos órgãos certificadores é a ventilação e a qualidade do ar. Os ocupantes da
construção podem estar expostos a uma série de poluentes presentes no ar, como produtos
químicos, microrganismos e gases nocivos, que são provenientes de fontes internas e externas.
As várias implicações para a saúde associadas a uma má qualidade do ar - problemas
respiratórios, alergias e infecções - têm sido objeto de pesquisa há muito tempo. Segundo
WGBC (2014), a redução de poluentes no ar e o aumento da entrada de ar fresco na construção
aumentam a produtividade dos seus usuários. Ademais, a entidade relata que com um custo de
instalação e manutenção de um sistema de ventilação de aproximadamente R$150,00 por
usuário por ano, a quantidade de usuários doentes diminui em até 35%.
Existe, também, uma relação entre as certificações ambientais e a educação. De acordo
com Kats (2010), dirigentes da Third Creek Elementary, uma escola certificada com LEED em
Statesville, Carolina do Norte, informaram que nos dois anos após a mudança para a escola
sustentável, 80% dos 700 estudantes da escola obtiveram testes de leitura e matemática com
resultados 60% mais altos do que nos três anos anteriores à mudança. Os dirigentes atribuem
essa melhoria à escola sustentável.
A construção sustentável também cria mais empregos do que a construção
convencional. A eficiência energética, o uso de energia renovável e a destinação adequada de
resíduos, como por exemplo, triagem e reaproveitamento, são características comuns dos
15
edifícios sustentáveis. Todos esses atributos propiciam significativamente mais empregos do
que a realização de um projeto e construção convencionais. A construção energeticamente
eficiente, por exemplo, requer mais tempo de trabalho nos serviços de isolamento e calafetagem
de paredes, tetos e porões. Além disso, muitos dos empregos criados pela transição para projeto
e construção sustentáveis requerem habilidades especializadas e criam bons empregos locais e
permanentes (KATS, 2010).
Os impactos sociais causados pela adoção do conceito sustentável nas construções,
através da chancela de um selo ambiental, estão diretamente relacionados com a melhora da
saúde e bem-estar do indivíduo. Tais vantagens são excepcionalmente interessantes para o
investidor, para a população e para o Governo, uma vez que promovem o aumento da
produtividade e reduzem a quantidade de adoecimentos.
2.1.3. Econômico
A poluição atmosférica não pode ser vista como um grande risco somente para a saúde
ambiental do mundo. A economia mundial também é fortemente afetada pelo descaso com o
meio ambiente. Todas as áreas da economia sofrem silenciosamente com os efeitos dos
impactos ambientais. De acordo com Fedrizzi (2016), o custo da degradação ambiental e do
esgotamento ambiental na China em 2008 foi de quase 10% de seu PIB. Este impacto, se
ampliado para todo o planeta, pode fornecer números muito mais perturbantes.
Economicamente falando, os investidores, inquilinos e construtores se esforçam para
reduzir os custos operacionais, reduzir o risco regulatório, agregar valor a um bem, tornar a
propriedade apreciável para revenda ou leasing e ampliar a vida útil de um edifício. O custo
das construções sustentáveis é mínimo, quando a finalidade é o mercado de aluguel de
escritórios comerciais ou corporativos, e se constitui em um investimento muito bom. Segundo
Kats (2010), nos Estados Unidos, somente em economia de energia, o tempo médio de retorno
para um edifício sustentável é de seis anos. Os benefícios adicionais incluem despesas reduzidas
com água e infraestrutura e ganhos em saúde e produtividade. Em 20 anos, o retorno financeiro
normalmente ultrapassa o custo adicional da transição para a construção sustentável em um
fator situado entre, impressionantes, quatro e seis vezes.
16
Sobre custos adicionais de um empreendimento residencial sustentável, no Brasil, em
relação a um convencional, há uma clara diferença, dependendo do nível de experiência do
incorporador. A Figura 3 ilustra a divergência entre os custos adicionais entre certificações
ambientais aplicadas por empresas experientes contra empresas não experientes. Entende-se
como empresa experiente aquela que possui um histórico na elaboração e execução de projetos
que englobam a adoção de técnicas e materiais sustentáveis. A experiência é adquirida através
da prática e do treinamento dos profissionais envolvidos em todas as etapas da realização do
empreendimento, isto é, a empresa que possui profissionais que conhecem os dispositivos que
proporcionam, como por exemplo, maior eficiência energética, no uso da água, no descarte,
reuso e reciclagem de materiais, erram menos e diminuem os gastos adicionais de uma
construção verde. É importante frisar que, com a maior demanda pela adoção de selos verdes,
as construtoras se especializarão cada vez mais, através de estudos, cursos e prática,
possibilitando uma queda no custo das construções verdes.
Figura 3: Custos adicionais para novas edificações no Brasil. Fonte: KATS, 2010.
Segundo Gonsalez (2017), os custos da construção sustentável variam entre 0,5% a 15,0%
quando comparados com uma construção comum. Ainda, o investimento proporciona uma
redução de 30% no valor do condomínio e uma valorização nos preços no mercado imobiliário
17
de 10% a 20%. Em 2016, a taxa de vacância de edifícios com a certificação LEED no Rio de
Janeiro foi 7,0% menor do que naqueles sem certificação. Já em São Paulo, esse índice sobe
para 9,5%. A autora mostra também, que os empreendimentos certificados agregam valor à
locação dos ativos no mercado de edifícios empresariais. No Rio de Janeiro, os valores são em
média R$ 28,9/m2/mês mais altos dos que os edifícios sem o LEED. Na capital paulista, os
certificados aumentam em R$ 10,4/m2/mês o valor dos preços das locações, em média.
Já de acordo com ERNST & YOUNG e GBC Brasil (2013), no Brasil, o custo de construção
de um edifício verde é, em média, 1% a 7% maior do que um edifício tradicional. Compensando
essa diferença, o retorno do investimento é 9,9% maior para construção nova e 19,2% para
edifícios existentes. Além disso, o investimento em construção sustentável pode reduzir as
despesas de condomínio em até 20% ao longo de toda a vida útil de um prédio, calculado com
base em economias de energia, água e custos operacionais, como manutenção e renovação.
A grande variação entre os valores correspondentes ao custo extra devido à implantação da
sustentabilidade em edifícios pode ocasionar interpretações precipitadas e levar o investidor a
desistir da adoção de técnicas sustentáveis. Entretanto, para se observar o valor do dispêndio
adicional, deve-se analisar o custo médio extra. Kats (2010) demonstra que, em um espaço
amostral contendo 170 edificações com o selo LEED, mais de três quartos tem custos adicionais
entre 0% e 4%, estando a maior concentração (69 edifícios) entre 0% e 1%. Na outra ponta do
espectro, somente nove edifícios verdes apresentaram custos adicionais entre maiores ou iguais
a 10%.
Existem três tipos de economia de energia nos edifícios sustentáveis: a economia direta, que
ocorre porque construções mais eficientes consomem menos energia; a indireta, que ocorre
quando quedas na demanda total por energia orientam a queda do preço geral de mercado da
energia; e a economia “embutida de energia”, resultante de reduções na quantidade de energia
consumida pelos materiais e na atividade construtiva dos edifícios. O primeiro tipo gera
economias, como já dito anteriormente, principalmente, durante o período de uso da construção.
Já a economia indireta, proporciona substanciais reduções na demanda de energia, conduzindo
à diminuição do preço da energia em todos os mercados ou regiões. Para um único edifício,
esse impacto secundário de preços é irrisório, mas em relação a um estado ou nação, o impacto
secundário de uma redução no consumo de energia pode ser substancial. Tal fator deve, então,
ser determinante para os responsáveis na criação de políticas públicas considerarem a
18
implementação de programas de edifícios sustentáveis e eficiência energética nas suas regiões.
Algumas políticas podem até ser revertidas em isenção de impostos, que beneficiarão tanto o
empreendedor quanto o usuário da construção. O terceiro tipo, está relacionado a economia de
energia a partir da redução do uso de recursos na obra e com o aumento do consumo de materiais
reciclados, reutilizados e localmente extraídos e fabricados.
No que diz respeito aos custos de construção, é importante destacar que a excelência no
planejamento e no design, a experiência do construtor em mitigar os impactos socioambientais
e a eficiência do local de construção podem resultar em edifícios sustentáveis que não custam
mais do que os edifícios tradicionais. Para se usufruir desses benefícios na fase de construção,
as questões de sustentabilidade precisam ser incorporadas desde a concepção e o
desenvolvimento da engenharia. Segundo a Revista GBC BRASIL (2016), é possível projetar
um edifício para ser, pelo menos, 50% mais eficiente em energia e consumo de água sem
nenhum custo adicional de construção, apenas otimizando processos ou trocando materiais na
construção.
Sabe-se, também, que durante o período do ciclo de vida de um empreendimento sustentável
em comparação com um edifício convencional, a fase de operação é a que mais possui
vantagens financeiras. Por dois principais motivos: primeiro pela redução nos custos
operacionais, especialmente no consumo de energia e água; segundo, pela redução do tempo de
obsolescência da edificação, que ficará por muito mais tempo atualizada perante a média do
mercado, e, por consequência, mais competitiva e lucrativa. Em alguns casos, as reduções são
tão significativas que o saldo do consumo de energia é nulo.
Os gastos extras derivados das técnicas e emprego de materiais sustentáveis são
selsivelmente maiores do que os gastos advindos de uma construção usual. Para o
empreendedor, tal diferença é facilmente compensada pelas economias geradas durante a fase
de operação da construção. Além disso, as economias indiretas relacionadas a uma menor
manutenção do ambiente urbano como um todo (sistemas de esgoto, de água, elétrico, etc.)
também são um excelente benefício garantido pelos selos ambientais.
19
2.2. Apresentação da Certificação Ambiental LEED (Leadership in
Energy and Environmental Design)
O United States Green Building Council – USGBC, é uma organização não governamental,
criada em 1993 em Washington D.C., nos Estados Unidos. Seu objetivo é incentivar a
transformação e sustentabilidade na indústria, desde a concepção do projeto, até a sua
implantação, buscando soluções e métodos construtivos que reduzam o impacto causado pela
construção civil ao meio ambiente durante o ciclo de vida de uma edificação. A organização é
mundialmente reconhecida pelo desenvolvimento do selo LEED e pela organização da
Greenbuild International Conference and Expo, a maior conferência dedicada à construções
verdes do mundo. Ela atua somente nos EUA, mas é responsável pela análise documental das
práticas de sustentabilidade ambiental e pela outorga da certificação ambiental internacional
LEED a empreendimentos em todo o mundo (USGBC, 2017).
No Brasil, o selo LEED foi implementado pela Green Building Council Brasil - GBC Brasil,
em janeiro de 2008. Esta entidade é integrante do WORLD GBC, a união dos Conselhos
Nacionais de GREEN BUILDING, tida como a organização mundial que influencia todo o
mercado da “construção verde”. Esta não possui fins lucrativos e tem como principais
finalidades a defesa e preservação do meio ambiente, o fomento à conscientização dos
princípios e práticas de construções sustentáveis e a promoção de ações educacionais de
técnicas de construção sustentável (GBCB, 2016).
LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental) é o sistema de classificação de edifícios
verdes mais utilizado no mundo, disponível para praticamente todos os tipos de projetos de
construção: novos edifícios, instalações interiores, operação e manutenção de edificações já
existentes. O LEED fornece uma estrutura que as equipes de projeto podem aplicar para criar
edifícios mais saudáveis, altamente eficientes e econômicos. A certificação LEED é um símbolo
mundialmente reconhecido de obtenção de sustentabilidade (USGBC, 2016). Entre 2014 e
2016, a procura no Brasil pela certificação ambiental de construções continuou crescendo no
Brasil, apesar do momento de crise no setor. A Figura 4 ilustra este crescimento.
20
Figura 4: Crescimento acumulado da Certificação LEED no Brasil. Fonte: GONSALEZ,
2017.
O selo LEED confirma que a construção foi projetada e executada atendendo à estratégias
que enfatizam a melhora da performance em questões de energia, água, redução de emissão de
CO2 e qualidade de ambientes internos, gerenciando o uso de recursos naturais. O projeto e a
construção devem atender a alguns pré-requisitos, que são variáveis e dependem da categoria
de certificação, para obter a qualificação mínima (VAZQUEZ et al, 2011). Sendo assim, cada
projeto a ser avaliado possui requisitos mínimos (práticas obrigatórias) a serem vislumbrados,
que se não forem cumpridos, o projeto não pode ser certificado. O LEED possui, ainda,
recomendações que, quando atendidas, garantem pontos à edificação.
É importante entender, que a certificação LEED acompanha a evolução dos conceitos e
técnicas sustentáveis desenvolvidas com o passar do tempo. Dessa forma, para elevar os
padrões técnicos do mercado, em uma periodicidade que varia entre 2 e 4 anos, a USGBC
elabora diversas versões do selo. Neste trabalho, são apresentadas duas versões, o LEED v3,
lançado em 2009, e o LEED v4, lançado em 2013. Apesar desta versão ser a mais atualizada e
representar as estratégias emergentes no mercado da construção e da arquitetura, aquela ainda
reflete satisfatoriamente os conceitos de construção sustentável. Mais adiante, na análise
prática, apresenta-se uma edificação inaugurada em 2017, mas que obteve o selo LEED v3, pois
as inscrições para atender a esta versão podiam ser feitas até 31 de outubro de 2016. Além disso,
esta versão pode ser mantida por um empreendimento através da utilização de adendos
disponibilizados pela entidade.
21
De acordo com o USGBC (2009), o sistema de classificação da versão LEED v3 é chamado
de LEED 2009. A certificação aborda diferentes processos de desenvolvimento de projetos
existentes no mercado através de sistemas de classificação para tipologias, setores e escopo de
projetos específicos. Nesta versão, pode-se classificar o projeto de acordo com o tipo de
construção (Envoltória e Núcleo Central, Novas Construções e Grandes Renovações, Escolas,
Desenvolvimento da Vizinhança, Varejo, Saúde, Casas e Interiores Comerciais) ou, de acordo
com a utilização da construção (Novas Construções e Grandes Renovações, Escolas, Saúde,
Varejo: Novas Construções e Grandes Renovações, Varejo: Interiores Comerciais, Casas e
Interiores Comerciais). Ademais, esta versão do LEED baseia-se em alguns critérios de
avaliação, que atribuem uma pontuação cumulativa para diversos dispositivos de projeto ou
obra, divididos em 7 categorias. A Tabela 1 apresenta a divisão e a descrição das categorias,
assim como a pontuação máxima obtida quando respeitados todos os créditos da categoria. Cada
crédito equivale à 1 ponto e o máximo de pontos que um empreendimento pode atingir é de
110.
O nível da certificação concedida ao empreendimento é definido conforme a quantidade de
pontos adquiridos. A escala de pontuação é dividida nos níveis Certificado, Prata, Ouro e
Platina, podendo variar entre 40 e 110 pontos. Conquista-se o nível quando sua pontuação
mínima é respeitada: 40 pontos para o nível Certificado, 50 para o Prata, 60 para o Ouro e 80
para o nível Platina. (GBC BRASIL, 2017). A Figura 5 apresenta os níveis.
Figura 5: Níveis de classificação da certificação LEED. Fonte: GBC BRASIL, 2017.
22
Tabela 1: Categorias LEED v3.
Fonte: elaborado pelo autor a partir de GBC BRASIL, 2017.
Já a versão LEED v4, segundo o USGBC (2009), possui 4 tipologias, que consideram as
diferentes necessidades para cada tipo de empreendimento: Novas Construções (BD+C),
Design de Interiores (ID+C), Edifícios Existentes (O+M) e Bairros (ND).
O LEED BD+C é utilizado em construções novas ou que passarão por uma grande
renovação. Ele fornece parâmetros para a construção de um edifício que considere a
sustentabilidade de maneira holística, dando a chance de enquadrar cada aspecto sustentável e
tentando maximizar seus benefícios. O LEED ID+C é ideal para equipes de projeto que não
23
tenham acesso à operação da edificação por inteira e desejam criar espações internos
sustentáveis. Já o LEED O+M é apropriado para construções que estão em operação e ocupadas
por, no mínimo, durante um ano. Por fim, o LEED ND provém orientação para projetos de
bairros e comunidades que contenham edificações residenciais e/ou não residenciais (GBC
BRASIL, 2017).
Cada uma dessas tipologias podem ser subdividas em áreas (dimensões) para melhor
atender a demanda e necessidades de todos os tipos de empreendimentos. Sendo assim, cada
categoria melhor identifica os métodos de avaliação de cada tipologia e possibilita uma melhor
representação da construção na certificação LEED. Isto é, o empreendimento interessado na
obtenção do selo LEED será avaliado conforme a tipologia que se enquadrar e segundo as 8
áreas de classificação: Localização e Transporte, Espaço Sustentável, Eficiência do uso da água,
Energia e Atmosfera, Materiais e Recursos, Qualidade Ambiental Interna, Inovação e Processos
e Créditos de Prioridade Regional. A Figura 6 ilustra essas tipologias e as áreas utilizadas para
análise.
Figura 6: Tipologias da certificação LEED v4. Fonte: GBC BRASIL, 2017.
24
Cada empreendimento é associado a uma categoria segundo a aplicação final da construção
e, de acordo com seu propósito construtivo, classificado dentro de uma tipologia, para, então,
ser avaliado em conformidade com as oito áreas de análise. As estratégias analisadas dentro de
cada área variam de acordo com a tipologia e com a categoria do empreendimento. Toma-se
como exemplo dessa divisão dois empreendimentos distintos: a construção de uma nova escola
e a reforma ou adaptação de uma escola já construída. No primeiro caso, como se trata da
execução de um edifício novo, a tipologia correta é a BD+C. Já para o segundo caso, haverá
uma adaptação ou reforma de uma construção previamente existente e em ocupação, o que a
enquadra dentro da tipologia O+M. Sendo assim, para uma mesma categoria de
empreendimento (escola), serão avaliadas diferentes estratégias, de acordo com as 8 áreas,
possibilitando, dessa forma, uma melhor interpretação dos dispositivos adotados em relação à
realidade sustentável. A Tabela 2 demonstra a organização estrutural do selo.
Tabela 2: Nível de classificação da certificação LEED v4.
Fonte: elaborado pelo autor a partir de GBC BRASIL, 2017.
25
Para tornar mais didática e menos confusa esta diferença entre as versões LEED 2009 e
LEED v4, exibe-se, a seguir, a Figura 7.
Figura 7: Diferenças entre os sistemas de classificação entre versões LEED. Fonte: GBC
BRASIL, 2017.
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2.2.1. LEED BD + C: Envoltória e Núcleo Central – LEED 2009
O conteúdo deste subtópico concentra-se na tipologia BD+C e na categoria Envoltória e
Núcleo Central, pois o objeto de estudo deste trabalho se enquadrou na categoria Envoltória e
Núcleo Central segundo a versão LEED v. Como sua classificação foi adaptada para a versão
LEED v4, mas o método de avaliação utilizado esteve em conformidade com as áreas da versão
LEED 2009, a certificação LEED nomeou a classificação do empreendimento como LEED
BD+C: Envoltória e Núcleo Central.
No LEED 2009, como demonstrado no tópico anterior, a avaliação da construção é dividida
entre sistemas de classificação. Cada sistema é organizado em 5 categorias ambientais: Espaço
Sustentável (SS); Eficiência no uso da água (WE); Energia e Atmosfera (EA); Materiais e
Recursos (MR); e Qualidade Ambiental Interna (EQ). Uma categoria adicional, Inovação e
Processos (ID), abrange técnicas de construção sustentável, que não estão relacionadas nas 5
categoriais ambientais. Há, também, a categoria Créditos de Prioridade Regional (RP), que
inclui créditos adicionais correspondentes à importância do urbanismo e organização urbana
sustentável na vizinhança local.
Para obter a certificação LEED, o projeto candidato deve satisfazer a todos os pré-requisitos
e se qualificar para um número mínimo de pontos, de modo a atingir os ratings de projeto
estabelecidos. Tendo satisfeito os pré-requisitos básicos do programa, alocam-se pontos entre
créditos de acordo com seu grau de conformidade dentro do sistema de classificação.
A alocação de pontos entre créditos baseia-se nos potenciais impactos ambientais e
benefícios humanos de cada crédito em relação a um conjunto de categorias de impacto. Os
impactos são definidos como o efeito ambiental ou humano do projeto, construção, operação e
manutenção do edifício, como, por exemplo, emissões de gases de efeito estufa, uso de
combustíveis fósseis, toxinas e agentes cancerígenos, poluentes de ar e água e condições
ambientais internas. Uma combinação de abordagens, incluindo modelagem de energia,
avaliação do ciclo de vida e análise de transporte, é usada para quantificar cada tipo de impacto.
Para atender ao mercado da construção de edifícios empresariais, no qual as equipes de
projetos não controlam todos os âmbitos de projeto e construção do edifício, desenvolveu-se a
categoria Envoltória e Núcleo Central. Esta categoria pode ser utilizada por projetos em que o
desenvolvedor controle o projeto e a construção de todo o núcleo invólucro (sistemas
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mecânicos, elétricos, hidráulicos e de incêndio), mas não tem controle sobre o projeto e a
construção do arrendatário (USGBC, 2011). Exemplos desse tipo de empreendimento podem
ser um prédio de escritórios comerciais, escritórios médicos, centro de varejo e instalações de
laboratório. Como referenciado anteriormente, o sistema de classificação Envoltória e Núcleo
Central distribui, analisa e pontua os dispositivos instalados na construção, em conformidade
com 7 categorias, que incluem os pré-requisitos e as recomendações pertinentes a um edifício
verde. A Tabela 3 ilustra as 7 categorias, os créditos analisados e suas respectivas pontuações.
A categoria Espaços Sustentáveis (SS) recompensa decisões sobre o meio ambiente ao redor
do edifício, com créditos que enfatizam as relações vitais entre edifícios, ecossistemas e
serviços naturais. Ele se concentra em restaurar elementos do local do projeto, integrando sua
localização com os ecossistemas locais e regionais e preservando a biodiversidade. Os projetos
que cumprem os pré-requisitos e créditos nesta categoria protegem ecossistemas sensíveis, pois
fazem uma avaliação inicial do site e planejam a localização de edifícios e áreas de paisagem
com o objetivo de evitar prejuízos ao meio ambiente, ao espaço público e aos corpos aquáticos.
Empregam-se métodos de desenvolvimento de baixo impacto que minimizam a poluição da
construção, reduzem efeitos da ilha de calor e da poluição luminosa e imitam padrões naturais
de fluxo de água para gerenciar o escoamento das águas pluviais. Ainda, os projetos podem
remediar áreas já impactadas (USGBC, 2017b). O pré-requisito desta categoria tem como
objetivo reduzir a poluição das atividades de construção, controlando a erosão do solo, a
sedimentação dos corpos d’água e a geração de poeira.
A categoria Eficiência no uso da Água (WE) aborda a água de forma holística, considerando
uso interno, uso externo, usos específicos e medição. Tem-se uma abordagem na qual a
eficiência está sempre em primeiro lugar em termos de conservação da água. Sendo assim,
exige-se o estabelecimento de políticas e medidas que garantam, que o investimento aconteça
para que a eficiência permita maiores economias na gestão de águas. Como resultado, cada pré-
requisito analisa a eficiência do uso de água e as reduções no uso de água potável sozinhos.
Então, os créditos WE analisam, adicionalmente, o uso de fontes de água não potáveis e
alternativas (USGBC, 2017b).
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Tabela 3: Categorias, créditos e pontuações do LEED.
Fonte: elaborado pelo autor a partir de USGBC, 2017.
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A categoria Energia e Atmosfera (EA) aborda a energia a partir de uma perspectiva integral,
considerando a redução do uso de energia, arquiteturas que promovam a eficiência energética
e fontes de energia renováveis. A eficiência energética em um prédio verde começa com o foco
no design que reduz as necessidades energéticas globais, como a orientação do edifício, a
seleção dos vidros e a escolha de materiais de construção apropriados para o clima local.
Estratégias como aquecimento e resfriamento passivo (sem o uso de uso de energia extrínseca
à construção), ventilação natural e sistemas HVAC de alta eficiência em parceria com controles
inteligentes reduzem ainda mais o uso de energia de um prédio e agregam maior pontuação.
Além disso, a geração de energia renovável no terreno da construção ou a compra de energia
verde - permitindo que partes do consumo de energia sejam atendidas com energia de
combustíveis não fósseis - também acrescentam pontos ao projeto (USGBC, 2017b).
É necessário respeitar 3 pré-requisitos nesta categoria: Comissionamento Fundamental;
Desempenho Energético Mínimo; e Gestão Fundamental de Refrigeração.
No primeiro, o empreendedor é encorajado a desenvolver um plano de comissionamento
para verificar se os sistemas referentes à economia de energia foram instalados, calibrados e
operam de acordo com o projeto. A equipe de comissionamento deve desenvolver, implementar
e documentar um plano de comissionamento, que deve incluir ferramentas que aumentem a
eficiência energética, como, por exemplo, sistemas de climatização (HVAC) e de gestão do
consumo de água, controle da iluminação natural e artificial e estratégias para o uso de fontes
de energia renováveis.
O segundo pré-requisito induz o uso de modelos de simulação computacional para
identificar medidas de eficiência energética rentáveis, avaliar, quantificar o desempenho
energético em comparação com um projeto-base e garantir uma economia de, no mínimo, 5%
no consumo de energia. Os cálculos da eficiência energética do empreendimento e do projeto-
base devem ser realizados utilizando o método do Apêndice G da norma ASHRAE 90.1-2007.
No Brasil, projetos que obtiverem a Etiqueta PBE Edifica, classe A, em todos os sistemas de
avaliação (envoltória, sistema de iluminação e sistema de condicionamento de ar), cumprem
este pré-requisito.
No último pré-requisito, o empreendedor que reutilizar sistemas de refrigeração já
existentes deve identificar os equipamentos que utilizem CFC e substituí-los. Se o edifício for
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novo, deve-se utilizar novos sistemas de HVAC que não funcionem com refrigerantes à base
de CFC. Estas medidas visam reduzir a destruição da camada de ozônio.
Através dos créditos na categoria Materiais e Recursos (MR), o LEED instiga a
transformação do mercado de produtos de construção ao criar um ciclo entre a demanda e a
entrega de produtos ambientalmente amigáveis. O aumento da adoção da certificação LEED
pelo mercado criou uma grande procura por produtos sustentáveis e os fornecedores, designers
e fabricantes estão atendendo à demanda. Esta categoria, então, concentra-se na minimização
da energia incorporada e dos impactos ambientais associados à extração, processamento,
transporte, manutenção e descarte de materiais de construção e operação. Os requisitos são
projetados para atender a uma abordagem do ciclo de vida que melhore o desempenho e
promova a eficiência no consumo dos recursos. Para definir os créditos, o LEED faz uso do
método de Avaliação do Ciclo de Vida (LCA) ou Life Cicle Assessment, que consiste em uma
compilação e avaliação dos insumos e saídas e os potenciais impactos ambientais de um sistema
de produto ao longo de seu ciclo de vida. Todo o ciclo de vida de um produto (ou construção)
é examinado, os processos e componentes identificados e os seus aspectos ambientais
avaliados, tanto no momento de fabricação ou extração de matérias-primas, como no transporte,
uso, manutenção e fim da vida.
Nesta categoria, o pré-requisito tem o objetivo de facilitar a redução dos resíduos gerados
pelos ocupantes do edifício que são transportados e descartados em aterros sanitários. O
empreendimento deve, então, disponibilizar áreas de fácil acesso destinadas à coleta seletiva de
resíduos gerados pelos ocupantes do edifício.
A categoria Qualidade Ambiental Interior (EQ) recompensa as decisões tomadas pelas
equipes de projeto sobre qualidade do ar interno e conforto térmico, visual e acústico. A relação
entre ambiente interno e saúde e conforto dos ocupantes do edifício é complexa e ainda não é
perfeitamente compreendida. Os costumes e expectativas locais, as atividades dos ocupantes e
o local, a arquitetura e os sistemas construtivos do prédio são apenas algumas das variáveis que
dificultam a quantificação e a medição do efeito direto de um edifício em seus ocupantes.
Portanto, esta categoria equilibra a necessidade de medidas prescritivas e de indicadores com
requisitos de crédito orientados para o desempenho dos dispositivos internos de uma
construção.
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A categoria EQ combina abordagens tradicionais, como ventilação e controle térmico, com
estratégias de projeto emergentes, incluindo uma abordagem holística baseada no controle de
fontes e gerenciamento de materiais de baixas emissões (gases, produtos nocivos, etc) e
requisitos referentes à qualidade de iluminação natural e artificial. Existem 2 pré-requisitos
nesta categoria: Desempenho Mínimo da Qualidade Interna do Ar e Controle de Fumaça de
Cigarro. No primeiro, deve-se projetar sistemas de ventilação para atender ou exceder as taxas
mínimas de ventilação (mecânica ou natural) do ar externo definidas pela norma ASHRAE
32.1-2007. Ademais, deve-se equilibrar os impactos do controle da ventilação entre o consumo
de energia e a qualidade do ar, de forma a não prejudicar a eficiência energética nem o conforto
interno. Já no segundo pré-requisito, pode-se proibir fumar em edifícios comerciais ou controlar
efetivamente a ventilação em ambientes próprios para se fumar. Para edifícios residenciais,
proíbe-se fumar em áreas comuns e deve-se utilizar uma envoltória e empregar dispositivos que
impeçam a passagem da fumaça do cigarro entre unidades de habitação.
As estratégias e técnicas de projeto sustentável estão em constante evolução e melhoria. As
novas tecnologias são continuamente introduzidas no mercado e a contínua evolução e
atualização de pesquisas científicas influenciam as estratégias de elaboração de projetos. Sendo
assim, a categoria Inovação e Processo de Projeto (ID) reconhece programas que introduzam
estratégias e práticas inovadores de construção sustentável e identifica ferramentas que não são
abordadas por qualquer pré-requisito ou crédito LEED ou, ainda, que resultem em um
desempenho construtivo que exceda o que é exigido pela certificação.
Uma vez que alguns aspectos ambientais são específicos de uma localidade, a USGBC
identificou prioridades ambientais por região e determinou créditos para abordar tais questões.
Esses créditos estão inseridos na categoria Prioridade Regional (RP) e incentivam as equipes
de projetos a se concentrarem em suas prioridades ambientais locais. A entidade estabeleceu
um processo que identificou os maiores problemas ambientais de cada local (bairro, cidade,
estado e país) e atribuiu seis créditos de RP para cada tipologia do sistema LEED. As questões
ambientais podem ocorrer de forma natural, como por exemplo a escassez de água, ou
produzidas pelo homem, como por exemplo a poluição de bacias hidrográficas. Ainda, algumas
preocupações relacionadas ao meio ambiente também são contabilizadas, como a abundância
de luz solar ou a disponibilidade de locais de descarte de resíduos.
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Entende-se, então, que um empreendimento é premiado com 1 ponto nesta categoria,
quando ele atende a um ou mais créditos das demais categorias, desde que este crédito seja
apontado pelo LEED como um item que reconhece as principais questões ambientais da região.
2.3. Apresentação da Certificação ambiental Qualiverde
A qualificação Qualiverde é uma certificação criada pela Prefeitura da Cidade do Rio de
Janeiro, através do decreto nº 35745 de 06 de junho de 2012, com o objetivo de incentivar
empreendimentos que contemplem ações e práticas sustentáveis destinadas à redução dos
impactos ambientais. O desenvolvimento da certificação Qualiverde se iniciou em 2010 e o
foco inicial das discussões era diminuir os impactos ambientais do setor da construção civil,
especialmente das edificações, aplicando nelas os pilares do desenvolvimento sustentável.
Esta qualificação é opcional e aplicável tanto aos projetos de novas edificações quanto aos
de edificações já existentes, de uso residencial, comercial, misto ou institucional. Como
funciona por um sistema de pontos de baixa complexidade, este selo permite escolher quais
ações de sustentabilidade serão adotadas, adequando o projeto e ampliando a possibilidade de
qualificação das construções em diferentes áreas da cidade com características e legislações
diferentes. Ademais, a criação do Qualiverde foi consolidada através de um decreto e não de
uma lei, pois aquele é mais técnico e facilmente modificável, além de sua tramitação ser mais
simples, dispensando a necessidade de votação na Câmara dos Vereadores. Estas medidas,
permitem que o Qualiverde seja atualizado, de acordo com novas tecnologias e filosofias, de
maneira rápida e simples.
Em edificações verdes, há um sobrecusto no valor final da obra, que usualmente é repassado
ao consumidor. Sendo assim, visto que os imóveis na cidade do Rio de Janeiro já possuem
valores altos, o projeto Qualiverde apresenta forte viés na viabilidade econômica através da
possibilidade da construtora e do proprietário solicitarem isenções fiscais e benefícios edílicos.
A partir daí, percebeu-se que o grande funil para as construções sustentáveis eram as edificações
residenciais, pois a elaboração de edifícios verdes e o processo de certificação em prédios
comerciais podem ser financiados pelas empresas, que utilizam o selo como marketing. Assim,
a Prefeitura optou por desenvolver uma certificação que visasse apenas incentivar ações
sustentáveis e não, torná-las obrigatórias, visto que não era o objetivo encarecer o prédio e
repassar o custo extra ao usuário. Logo, foram elaboradas estratégias para minimizar os custos
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adicionais e tornar o preço de venda de unidades em prédios certificados compatíveis com
aquele em prédios tradicionais, com o objetivo de atingir a fatia do mercado de edifícios
residenciais (Barros e Bastos, 2015).
No caso de projeto de reforma ou de modificação de edificação existente, as ações e práticas
de sustentabilidade deverão ser relativas a toda edificação existente e ao lote em que ela se
encontra e não somente ao acréscimo de edificação ou área reformada (RIO DE JANEIRO,
DECRETO Nº35.745, 2012). O requerimento do selo será analisado pelo Grupo de Trabalho
composto por representantes das Secretarias Municipais de Urbanismo e Meio Ambiente.
2.3.1. Estrutura da Certificação Qualiverde
A qualificação Qualiverde será obtida pelo empreendimento que adotar ações e práticas de
sustentabilidade, sendo classificado como QUALIVERDE ou QUALIVERDE TOTAL ao
atingir, respectivamente, uma pontuação mínima de 70 ou 100 pontos. As exigências
estipuladas pelo Decreto são variadas e abrangem praticamente todo o ciclo de vida da
edificação, desde as fases de planejamento e execução da obra até a operação do
empreendimento após a conclusão da mesma. Estas exigências envolvem diversas práticas e
ações relativas aos seguintes temas: Gestão da Água, Eficiência Energética, Desempenho
Térmico, Projeto e Bonificações. As tabelas 4, 5, 6 e 7 apresentam os itens separados de acordo
com os temas e suas respectivas pontuações.
Tabela 4: Itens e pontuações para Gestão da Água.
Fonte: elaborado pelo autor a partir de RIO DE JANEIRO, DECRETO Nº35.745, 2012.
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A pontuação máxima que se pode atingir dentro do tema Gestão da Água é de 23 pontos.
Os itens mais importantes, na visão da Prefeitura, neste tema, são o sistema de reuso de águas
negras e a ampliação das áreas permeáveis além do exigido por lei.
Tabela 5: Itens e pontuações para Eficiência Energética e Desempenho Térmico.
Fonte: elaborado pelo autor a partir de RIO DE JANEIRO, DECRETO Nº35.745, 2012.
A pontuação máxima que se pode atingir dentro do tema Eficiência Energética é de 26
pontos. Nesse tema, o certificado incentiva o uso do sistema de energia solar para aquecer a
água e a iluminação natural eficiente em áreas comuns.
Tabela 6: Itens e pontuações para o Projeto.
Fonte: elaborado pelo autor a partir de RIO DE JANEIRO, DECRETO Nº35.745, 2012.
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No que concerne à categoria Projetos, a pontuação máxima que se pode atingir é 56 pontos.
Nesse tema, são priorizadas, pela Prefeitura, as ações referentes à utilização das estruturas
metálicas em substituição ao concreto armado, construção de telhados verdes, orientação ao sol
e ventos e adoção de esquadrias externas que possuam tratamento acústico.
Tabela 7: Itens e pontuações para Bonificações.
Fonte: elaborado pelo autor a partir de RIO DE JANEIRO, DECRETO Nº35.745, 2012.
Além do valor estabelecido para cada critério, nas áreas de Gestão da Água, Eficiência
Energética e Projeto, são definidos cinco quesitos que conferem pontos adicionais ao projeto
(Bonificações). Percebe-se que o retrofit de construções existentes concede uma grande
pontuação para o projeto. Isso se dá, pois algumas ações não podem ser implantadas em
reformas, como o uso de estruturas metálicas, a orientação ao sol e ventos e o afastamento de
divisas. Dessa forma, o somatório dessas ações totaliza 15 pontos e é recompensado pela
bonificação em discussão.
Apresenta-se, então, a Tabela 8 com a comparação entre os pesos que cada item possui
sobre a pontuação total para edifícios novos e existentes. Para edifícios novos são 115 pontos
possíveis, além dos pontos para inovações, o que evidencia que para a obtenção dos 100 pontos
para o Qualiverde Total deve-se atender aproximadamente 87% dos itens disponíveis
(percentual elevado comparado com níveis máximos de outras certificações). Para edifícios
existentes, a pontuação disponível é a mesma, mas o peso que cada tema possui é um pouco
diferente, devido à questão da bonificação diferenciada.
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Tabela 8: Comparativo entre itens para edifícios novos e existentes.
Fonte: elaborado pelo autor a partir de RIO DE JANEIRO, DECRETO Nº35.745, 2012.
2.3.2. Benefícios Fiscais e Edílicos do Qualiverde
Um conjunto de leis foi elaborado pela Prefeitura do Rio de Janeiro para incentivar a adoção
de práticas de sustentabilidade nas construções do município, através do certificado Qualiverde.
Estas leis estabelecem critérios para que as empresas detentoras dos empreendimentos
certificados e os futuros usuários possam ser beneficiados com incentivos da Prefeitura.
A lei de benefícios fiscais, Projeto de Lei 1415/2012, propõe a concessão de descontos para
alguns tributos municipais como: o Imposto sobre Serviços (ISS) durante a obra;
isenção/desconto de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) durante a obra;
isenção/desconto no Imposto de Transações de Bens Imóveis (ITBI) ao adquirente final e
desconto do IPTU após o Habite-se. De acordo com o artigo 4º, a alíquota incidente sobre os
serviços será de 1,5% para a qualificação QUALIVERDE e será de 0,5% para a qualificação
QUALIVERDE TOTAL. A lei propõe, também, de acordo com os artigos 5º e 6º, descontos no
ITBI e IPTU (antes do Habite-se) de 50% e 100% para as construções classificadas como
QUALIVERDE e QUALIVERDE TOTAL, respectivamente. Para o IPTU após Habite-se, os
descontos serão de 10% e 20% para o edifício QUALIVERDE e QUALIVERDE TOTAL,
respectivamente (DO RIO DE JANEIRO (MUNICÍPIO), 2012a). A Tabela 9 ilustra o arranjo
desses benefícios.
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Tabela 9: Benefícios fiscais.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de RIO DE JANEIRO, DECRETO Nº35.745, 2012.
A lei de benefícios edilícios, Projeto de Lei Complementar nº 88/2012, prevê uma
flexibilização do projeto arquitetônico, como a possibilidade de cobrir o estacionamento do
pavimento térreo, desde que seja com cobertura do tipo telhado verde e com captação e reuso
de águas pluviais. Além disso, confere algumas vantagens como a isenção da área de varandas
abertas e jardineiras no cômputo da Área Total Edificável (PREFEITURA DO RIO DE
JANEIRO, 2012).
Estes benefícios objetivam diminuir os custos adicionais que a implantação de uma
construção verde promove, e assim incentivar a disseminação da sustentabilidade das
construções. Além destes benefícios fiscais e edilícios, o próprio decreto que instituiu o
Qualiverde prevê uma tramitação prioritária para os projetos que possuam o selo, durante seu
licenciamento (BARROS; BASTOS, 2015).
Apesar de os benefícios fiscais não terem sido aprovados, a certificação já atraiu a atenção
de construtoras. Desde 2013, alguns empreendimentos pleitearam o Qualiverde, tais como: a
Vila Olímpica dos Atletas, um conjunto de edifícios residenciais no Recreio dos Bandeirantes,
Zona Oeste da Cidade, um prédio residencial no Humaitá, Zona Sul, um Centro de Treinamento
de Pilotos de Helicópteros e um edifício corporativo na região portuária.
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3. Exemplo de aplicação da certificação LEED e estudo de
aplicação da certificação Qualiverde
3.1. Introdução
O presente capítulo tem como objetivo apresentar um exemplo real de adesão da
certificação LEED e realizar uma simulação de uma aplicação da certificação Qualiverde para
este mesmo caso. Através desta simulação, pretende-se entender a diferença conceitual entre
ambos os certificados e determinar os benefícios que o empreendimento obterá ao se cumprir
os requisitos do Qualiverde.
Para a realização deste estudo, serão apresentados os dispositivos selecionados por um
empreendedor, com o propósito de construir um edifício corporativo classificado como LEED
GOLD. Em seguida, os dispositivos adotados serão distribuídos e pontuados de acordo com a
o método de avaliação da certificação Qualiverde, de modo a definir quais os possíveis
benefícios edílicos e fiscais que o empreendimento em exemplo obteria com uma hipotética
adoção da certificação Qualiverde.
3.2. Apresentação da construtora
A construção deste empreendimento foi realizada pela empresa A, uma empresa que está
no mercado desde 1984 e cuja atividade fim é a construção civil. Sua especialização se dá em
diversas áreas do setor, como por exemplo construções industriais, corporativas, comerciais e
residenciais, além de executar obras novas, retrofit, revitalização e fit-out. Ademais, a empresa
presa pela qualidade, o que garantiu sua certificação com o selo ISO 9001 pelo Bureau Veritas
Certification.
3.3. Apresentação do Objeto de Estudo
O objeto de estudo é o edifício X localizado na Zona Sul do Rio de Janeiro e destinado à
locação para utilização corporativa. Este empreendimento pertence à empresa B que é um braço
da imobiliária C, uma das maiores plataformas de investimentos alternativos e atual gestora de
grandes fundos de energia sustentável no Brasil (BNDES,2017).
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O edifício é um retrofit de uma estrutura existente, aonde se aproveitou o excesso de área
disponível não edificada para aumentar a área construída e maximizar o espaço arrendável. O
prédio possui 10,918 m2 de área construída, da qual 8,279 m2 se destina à área bruta locável, de
acordo com o padrão BOMA (Building Owners and Managers Association International), e a
área restante se destina ao uso comum. A construção oferece para os arrendatários o maior
pavimento contínuo da Zona Sul, com 1,995 m2 (USGBC, 2017).
Abaixo do nível do logradouro, o edifício é composto por dois pavimentos subsolo,
destinados ao uso de garagem. No 1º subsolo estão localizadas três cisternas com capacidade
de 183.950 litros de água, subestação, casa de bomba de recalque, casa de bomba de incêndio
e vestiários. No 2º subsolo encontra-se a caixa de reuso e retardo de águas pluviais, gerador e
casa de bombas. Ao nível do logradouro, a construção compreende uma área de uso comum
(recepção), 2 escadas rolante e um elevador. O 1º pavimento possui uma área locável privativa
e uma área comum, constituída por garagem, depósito temporário de resíduos, sala de controle,
administração, banheiro para portadores de necessidades especiais, recepção social e acessos
aos elevadores e escadas rolantes. Imediatamente sobre o 1º pavimento, sobrevêm sete outros
pavimentos assim designados: 2º, 3º, 4º, 5º, 6º e 7º, Pavimento Técnico e Telhado.
Os pavimentos numerados são compostos por área locável e compartimentos de lixo, hall
de entrada, elevadores e escadas. Entretanto, os Pavimentos 4º e 7º são também compostos,
respectivamente, por um terraço descoberto com 1072 m2 e por um terraço coberto com 265m2.
Já o Pavimento Técnico e Telhado são destinados a instalações de uso comum: casa de máquina
de exaustão mecânica, 2 reservatórios superiores de água e máquinas de ar condicionado.
O projeto foi inicialmente concebido para receber o nível de certificação LEED SILVER.
Entretanto, durante a execução da construção, a equipe responsável conseguiu alcançar o nível
LEED GOLD, ao utilizar inúmeros dispositivos sustentáveis, como por exemplo: reuso de
acabamentos de madeira já existentes, instalação de tomadas para veículos elétricos,
gerenciamento de águas residuais e utilização do sistema de climatização de Volume de
Refrigerante Variável (VRV).
A empresa F, empresa responsável pela consultoria sustentável, decidiu por utilizar a versão
LEED v3 para este empreendimento. Sendo assim, a USGBC nomeia as tipologias e as
categorias do projeto de acordo com a versão LEED v4, mas avalia conforme o sistema de
classificação LEED 2009. Logo, como o empreendimento passaria por uma grande reforma e
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o empreendedor não teria controle sobre o ambiente alugado, o projeto foi classificado na
tipologia BD+C: Envoltória e Núcleo Central. A obra foi finalizada em Novembro de 2016 e
recebeu o certificado LEED GOLD ao obter 60 pontos dos 110 possíveis. Atualmente, a
empresa ainda não iniciou o aluguel dos espaços do edifício, mas opera com serviço de
estacionamento e realiza manutenções preventivas.
Encontra-se no anexo 1 , ao final deste trabalho, o scorecard final do edifício, que consiste
em uma tabela com a pontuação total alcançada.
Neste trabalho, são apresentados os dispositivos instalados no edifício X para alcançar o
LEED GOLD, de acordo com o sistema de classificação LEED 2009 BD+C: Envoltória e
Núcleo Central. Divide-se, portanto, este estudo de caso em 7 tópicos (representando as
categorias de classificação), que abordarão os pré-requisitos e recomendações cumpridas pelo
edifício.
3.4. Espaço Sustentável (SS)
Para atender ao pré-requisito, o empreendimento elaborou um plano de controle de erosão
e sedimentação. As estratégias utilizadas se concentram na aplicação de mulching, sistemas de
retenção de sedimentos (diques, armadilhas, filtros, etc.) e a semeadura temporária.
Descreve-se, a seguir, os requisitos adotados pela empresa A na construção do
empreendimento em análise. Foram atendidos 7 requisitos que totalizaram um somatório final
de 19 pontos dentre os 28 possíveis.
3.4.1. Seleção do local
O edifício em estudo atendeu a este requisito e recebeu 1 ponto (máximo) na certificação,
pois o local em que se situa não é considerado ambientalmente sensível, o que reduz os impactos
ambientais devido à sua construção. O LEED determina que a localização do terreno não se
enquadre nos seguintes aspectos: terras agrícolas férteis; área anteriormente não desenvolvida
situada abaixo de 1,5 metros da altura da cheia com tempo de recorrência de 100 anos; área
identificada como habitat natural de qualquer espécie ameaçada de extinção presente nas
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Portarias estabelecidas pelo Ministério do Meio Ambiente; terreno dentro de 100 metros de
distância de qualquer zona úmida (pântanos, turfas, etc.); área não construída próxima em até
15 metros de um corpo d’água que suportam ou poderiam suportar vida aquática, atividades
recreativas e uso industrial; e local que, antes da elaboração do projeto, fora um parque natural.
3.4.2. Conectividade da comunidade
Este requisito objetiva incentivar o desenvolvimento de projetos em áreas urbanas com
infraestrutura já existente, protegendo áreas naturais e preservando o meio ambiente e seus
recursos.
A construção encontra-se em um bairro com alta densidade populacional e possui diversas
facilidades para a população. Sendo assim, o empreendimento em estudo seguiu este requisito,
pois localiza-se em uma região urbana já civilizada, encontra-se dentro de um raio de 600
metros, composto por uma zona residencial com densidade média de 10 unidades por acre e
está distante no mínimo 600 metros de 10 serviços básicos, os quais são acessíveis por
pedestres. Os serviços básicos são: banco, lavanderia, bombeiros, estacionamento, farmácia,
correios, teatro, supermercado, academia, escola, restaurante, asilo, loja de conveniências,
instituição de saúde, entre outros. Dessa forma, o edifício recebeu a pontuação máxima de 5
pontos neste requisito.
3.4.3. Transporte alternativo – acesso ao transporte público
Este quesito, assim como os dois quesitos seguintes, tem como objetivos reduzir a poluição
e os impactos ambientais decorrentes do uso de automóveis.
O empreendimento recebeu 6 dos 6 pontos possíveis, pois se adequou à exigência de
proximidade de pontos de ônibus, que determina que o edifício deve estar localizado dentro de
400 metros de distância. a pé. de um ou mais pontos de ônibus com duas linhas de ônibus
públicas, de campus ou privadas.
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3.4.4. Transporte alternativo – bicicletário e vestiário
O LEED divide este requisito em 3 casos: Construções Comerciais com menos de 300.000
pés quadrados; Construções Comerciais com mais de 300,000 pés quadrados; e Construções
Residenciais. Este empreendimento se enquadra no primeiro caso. Sendo assim, para receber
os 2 pontos máximos deste requisito e atender às taxas mínimas estabelecidas pelo LEED,
instalou-se um bicicletário com 25 vagas (Figura 8) e chuveiros (Figura 9) com capacidade de
servir 3% e 0,5%, respectivamente, dos ocupantes presentes em tempo integral.
Figura 8: Bicicletário. Fonte: o autor, 2017
Figura 9: Chuveiros. Fonte: o autor, 2017
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3.4.5. Transporte alternativo – veículos com alta eficiência e baixa emissão
O LEED afirma que o edifício atende este requisito, pois são fornecidas estações de
abastecimento de combustível alternativo para 4,71% da capacidade total de estacionamento.
Como o edifício ainda não está em operação, decidiu-se adiar a instalação das tomadas nos
pontos de energia para quando os primeiros usuários iniciarem a ocupação. A Figura 10 exibe
o local das estações.
Figura 10: Estações de abastecimento de combustível alternativo. Fonte: o autor, 2017
3.4.6. Ilha de calor
Deseja-se, neste crédito, reduzir o efeito de ilha de calor e minimizar o impacto no
microclima local. De acordo com o guia de classificação LEED, para atender a este requisito,
a construção deve disponibilizar no mínimo 50% de vagas cobertas e a cobertura das vagas
deve possuir um índice de refletância solar mínimo de 29 (0 representa alta absorção e 100,
baixa). Dessa forma, para cumprir esta exigência e receber a pontuação máxima de 1 ponto,
foram alocadas 78% das vagas disponíveis em subsolos ou abaixo do edifício (Figuras 11 e 12).
44
Figura 11: Garagem coberta e descoberta no 1º Pavimento. Fonte: o autor, 2017.
Figura 12: Garagem coberta no 1º subsolo. Fonte: o autor, 2017.
3.4.7. Guia informativo para o inquilino - arquitetura e execução da construção
Objetiva-se informar e educar os inquilinos sobre os benefícios da implementação de
arquiteturas e técnicas construtivas sustentáveis no edifício para, consequentemente, auxiliá-
los a projetar e construir interiores ambientalmente favoráveis e adotar práticas e boas maneiras
que beneficiem o meio ambiente. Dessa forma, o LEED determina que o empreendimento
desenvolva um Guia de Projetos e Construção para os espaços certificantes dos inquilinos.
45
O empreendimento produziu um guia contendo a descrição dos recursos e técnicas
construtivos sustentáveis incorporados no projeto, assim como seus objetivos. Também expõe
informações sobre a certificação LEED para Interiores Comerciais e como a envoltória e o
núcleo central da construção se relacionam com o seu interior. Finalmente, exibe informações,
recomendações e exemplos de estratégias, produtos e serviços que possibilitam o inquilino a
coordenar e operar o projeto do espaço interior em sincronia com a envoltória e o núcleo central
já existentes.
3.5. Eficiência no uso da Água (WE)
Como pré-requisito desta categoria, o empreendimento deve empregar estratégias que, em
conjunto, utilizem 20% menos água do que o consumo base para uma construção não verde.
Este deve ser calculado seguindo parâmetros de consumo estipulados pelo LEED. Ademais,
aconselha-se a instalação de equipamentos sanitários de alta eficiência ou que não utilizem
água, a utilização de fontes de água alternativas (águas pluviais, água da condensadora de ar
condicionados, etc.) e o uso de águas cinzas para fins não potáveis. Sendo assim, para atender
ao pré-requisito, o empreendimento adotou diversas estratégias que conseguiram reduzir em
36,21% o uso de água potável
Apresenta-se, a seguir, as estratégias (requisitos) adotados pela empresa A na construção
do edifício em análise. Atendeu-se a 2 requisitos que totalizaram um somatório final de 7 pontos
dentre os 10 possíveis.
3.5.1. Uso eficiente da água no paisagismo
Este requisito tem o objetivo de limitar o uso de água potável ou outros recursos naturais
de água disponíveis para irrigação paisagística. O LEED estipula que o edifício deve reduzir
em 50% o consumo de água potável para a irrigação.
Sendo assim, neste empreendimento fez-se uma análise para determinar os tipos de
vegetação mais apropriados ao meio ambiente local, optando-se pela plantação de espécies
nativas que necessitassem de pouca ou nenhuma irrigação (Tabela 10). Adotou-se, então, um
paisagismo (Figura 13) que não requer um sistema de irrigação permanente e que será utilizado
46
somente para o estabelecimento inicial das plantas, sendo removido após 18 meses após de sua
instalação. Consequentemente, o empreendimento atingiu a meta de redução de 50% e foi
recompensando com a pontuação máxima de 4 pontos.
Tabela 10: Espécies escolhidas para o paisagismo.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.
Figura 13: Jardim na entrada do edifício. Fonte: o autor, 2017.
3.5.2. Redução do uso da água
Este requisito tem como objetivo incentivar a adoção de estratégias que aumentem a
eficiência do consumo de água dentro da construção e, consequentemente, reduzam o ônus
sobre os sistemas municipais de abastecimento de água potável e de coleta de águas residuais.
O LEED estabelece a pontuação de acordo com a porcentagem de água potável economizada,
47
ou seja, os empreendimentos que reduzirem em 30%, 35% e 40%, receberão 2, 3 e 4 pontos
respectivamente.
Para atender a este requisito, foram instalados equipamentos de alta eficiência no consumo
de água, como bacias sanitárias com caixas acopladas de duplo acionamento e torneiras de
fechamento automático. Também foi implementado um sistema de coleta de águas pluviais para
reuso na irrigação e limpeza de áreas comuns. As figuras 14, 15 e 16 ilustram estes itens.
O empreendimento em estudo recebeu 3 pontos, uma vez que reduziu o consumo de água
potável em 36% ao utilizar os dispositivos supracitados.
Figura 14: Caixa acoplada com duplo acionamento. Fonte: o autor, 2017.
Figura 15: Torneiras com fechamento automático. Fonte: o autor, 2017.
48
Figura 16: Reservatório de reuso de águas pluviais e sala da bomba de recalque. Fonte: o
autor, 2017.
3.6. Energia e Atmosfera (EA)
Para atender o pré-requisito Comissionamento Fundamental, o empreendimento em
estudo contratou a empresa F de consultoria ambiental e membro do USGBC, que desenvolveu
um plano de comissionamento e auxiliou a construtora durante a elaboração do projeto e
execução do empreendimento. Durante a concepção do plano de gestão de comissionamento, a
empresa considerou sistemas de reuso de águas pluviais, a compra de energia verde através da
compra de RECs (Certificados de Energia Renovável), soluções para a envoltória e diversas
técnicas arquitetônicas para melhorar a iluminação e ventilação natural. A entidade também
acompanhou o processo burocrático para a obtenção do selo LEED e, quando exigido, realizou
adaptações no projeto inicial.
Para o pré-requisito Desempenho Energético Mínimo, optou-se por realizar uma simulação
energética computacional de todo o edifício de acordo com o método do Apêndice G da norma
ASHRAE 90.1-2007. Para o cálculo do consumo energético da edificação, o método leva em
consideração uma extensa gama de dados, fornecidos por inúmeras partes, como órgãos
públicos (incidência solar, direção e intensidade dos ventos, pluviometria, etc.), fornecedores
de materiais (valor-U, potência, etc.) e a própria construtora (sistemas de comissionamento,
49
materiais, ocupação, etc.). O resultado da simulação afirma que a construção alcançou uma
economia no consumo de energia de 20,2%.
Por fim, o pré-requisito Gestão Fundamental de Refrigeração foi atendido ao ser
implementado o sistema VRV de condicionamento de ar, que não utiliza refrigerantes à base
de CFC (clorofluorcarboneto).
A seguir, são descritos os requisitos adotados pela empresa A na construção do edifício em
estudo. Foram atendidos 3 requisitos que totalizaram um somatório final de 12 pontos dentre
os 37 possíveis.
3.6.1. Otimização do Desempenho Energético
Neste requisito, encoraja-se a adoção de níveis crescentes de desempenho energético além
do padrão do pré-requisito para reduzir ainda mais os impactos ambientais e econômicos
associados ao uso excessivo de energia. Para tal, deve-se demonstrar uma melhora percentual
– utilizando-se o método citado anteriormente - em relação ao desempenho energético de um
projeto-base e, então, atribuir uma pontuação de acordo com a porcentagem alcançada. No
empreendimento em estudo fez-se esta análise para atender ao pré-requisito Desempenho
Energético Mínimo e atingiu-se uma economia de 20,2%, garantindo 8 pontos.
A seguir, são citadas algumas estratégias utilizadas pela construtora para melhorar o
desempenho energético e satisfazer as requisições desta categoria.
A Figura 17 ilustra duas escadas rolantes com acionamento automático posicionadas no hall
de entrada do edifício. Como são dispositivos que permanecem ligados durante todo o tempo,
consomem muita energia, elevando seu custo de utilização. Então, a proposta de se instalar um
sensor que ative a escada através da presença vem de encontro ao uso racional da energia,
deixando a escada desligada em horários de menor movimento.
50
Figura 17: Escadas rolantes com acionamento automático. Fonte: o autor, 2017.
A Figura 18 exemplifica o uso de sensores de presença para acionar sistemas de iluminação
nas áreas comuns. Este tipo de equipamento permite uma enorme economia no consumo de
energia, ligando e desligando a iluminação de um ambiente conforme a presença de pessoas.
Consequentemente, este dispositivo aumenta a vida útil do sistema de iluminação, diminuindo
o uso de materiais devido à substituição de produtos danificados, e reduz os custos de
manutenção.
Figura 18: Acionamento da iluminação por sensores de presença (áreas comuns). Fonte: o
autor, 2017.
51
A Figura 19 exibe o sistema de condicionamento de ar VRV utilizado no edifício. Este
sistema inteligente de ar condicionado tem uma unidade externa (condensadora) que permite o
controle individual de várias unidades internas (evaporadoras). Além disso, seus fluídos
refrigerantes são ecológicos (não possuem CFC), fazendo com que o sistema não agrida a
camada de ozônio. No VRV, a vazão do fluido refrigerante é variada para cada evaporadora de
acordo com a necessidade de resfriamento do ambiente. Dessa forma, o sistema possui um
controle automático de capacidade e adaptação de carga, o que retira a necessidade de ativação
e desativação do sistema, economizando energia.
Figura 19: Sistema VRV de condicionamento de ar. Fonte: o autor, 2017.
A Figura 20 apresenta o vidro utilizado na composição da envoltória do edifício. Estes são
compostos por 2 lâminas, possuem 14 mm de espessura e são refletivos. Estas especificações
garantem uma menor troca de calor entre o ambiente interno e externo, regulam a incidência de
luz solar e aumentam a segurança dos ocupantes.
Figura 20: Vidros laminados de 14mm instalados nas fachadas principal e posterior. Fonte: o
autor, 2017.
52
3.6.2. Comissionamento Aprimorado
A finalidade deste item é promover o processo de comissionamento, no início da elaboração
do projeto e executar atividades adicionais após a verificação do desempenho dos sistemas. O
empreendedor deve nomear uma equipe de comissionamento independente formada por
profissionais qualificados para liderar o processo de gestão de comissionamento já no
desenvolvimento do projeto e que tenham alto nível de experiência nas seguintes áreas: projeto,
instalação e operação de sistemas prediais; gerenciamento em planejamento do processo de
comissionamento; experiência de campo; e conhecimento em automação e controle de sistemas
prediais. Dessa forma, a equipe de comissionamento é instigada a participar de todos os
processos referentes ao atendimento dos requisitos LEED sobre a construção do
empreendimento, como por exemplo: fase de documentação, elaboração do projeto
arquitetônico e construtivo, treinamento de pessoal, definição de sistemas sustentáveis e
verificação do desempenho energético antes, durante e depois do término da obra.
O empreendimento em estudo atendeu a este item, sendo recompensado com 1 ponto, ao
contratar a empresa F de consultoria ambiental para acompanhar todas as etapas de construção
do edifício e auxiliar a construtora na fase burocrática da obtenção da certificação LEED.
3.6.3. Energia Renovável
No sentido de incentivar o desenvolvimento e uso de tecnologias de energia renováveis,
este item exige que o empreendimento participe de pelo menos um contrato de compra de
energia renovável por 2 anos, que forneça pelo menos 35% da eletricidade consumida pelo
núcleo central e envoltória da edificação. Para projetos no Brasil, o LEED permite que o dono
do projeto compre Certificados de Energia Renovável (RECs).
Como o sistema público de distribuição de energia é composto por energias renováveis e
não renováveis, que são disponibilizadas no sistema elétrico (grid de energia elétrica), torna-se
impossível distinguir no ponto de consumo de onde veio a energia utilizada. Cada REC equivale
à energia injetada no grid por uma unidade de geração de energia renovável (hídrica, eólica,
solar, nuclear, biomassa). Cada MWh produzido e injetado na rede equivale a 1 REC.
53
O responsável pelo registro do dispositivo de geração de energia (usina ou
empreendimento) perante o Instituto Totum (órgão regulador) é chamado de Registrante. Este
pode ser o próprio dono da usina ou empreendimento ou alguma terceira parte devidamente
autorizada pelo mesmo. O Registrante é quem assina o contrato com o Instituto Totum e assume
a responsabilidade pelo pagamento das taxas de registro do empreendimento e pelas taxas de
emissão dos RECs. Entretanto, o Registrante não pode transferir RECs ao consumidor final.
Para fazer isso, ele deve se valer do Participante, que consiste na empresa ou pessoa física
especializada na comercialização de energia ou de ativos ambientais. Uma mesma entidade
pode exercer ambos papéis. Qualquer organização pode receber o direito de emitir e
transacionar RECs, desde que ela passe por um processo criterioso de registro, regulado pelo
Instituto Totum e baseado nas normas do IREC (International REC Stardard), ou seja, se uma
empresa instalar painéis fotovoltaicos que geram mais energia do que é consumida pela própria
organização, esta tem a opção de injetar o excesso produzido no grid e vender RECs.
Quando um consumidor deseja comprar RECs, ele deve procurar qualquer um dos
Participantes, que estipula um preço para cada Certificado. O valor das RECs é baseado,
principalmente, nos custos dos serviços e das taxas de regulamentação dispendidos pelas partes
envolvidas. Sendo assim, o consumidor final utiliza tanto a energia limpa quanto a suja, mas,
ao adquirir 1 REC por MWh consumido, ele paga certo valor para o Participante equivalente à
porcentagem de energia renovável requerida. Com isso, além de o comprador incentivar a
geração de energia limpa, ele tem a possibilidade de relatar menores emissões de efeito estufa
para o Governo, o qual aloca parte da energia limpa do grid para determinados consumidores e
define o grid brasileiro.
Sendo assim, em conformidade com este requisito, a construtora fez contratos de dois anos
com o Programa de Certificação de Energia Renovável para adquirir a quantidade de RECs
equivalentes a 70,56% da energia consumidas neste período. Dessa forma, o empreendimento
obteve o equivalente à 70,56% de sua eletricidade em energia renovável e recebeu 1 ponto neste
requisito.
3.7. Materiais e Recursos (MR)
No sentido de atender ao pré-requisito deste item, o empreendedor forneceu uma área de
fácil acesso, no térreo, dedicada à coleta seletiva dos resíduos produzidos em todo o edifício e
54
uma área por pavimento (do 2º ao 7º), também designadas à coleta seletiva. Estes espaços foram
projetados com tamanho apropriado à Norma Brasileira. Ademais, a coleta seletiva separa
resíduos orgânicos, de papel, vidro, plástico, metal.
Apresenta-se, a seguir, os requisitos adotados pela Construtora A na concepção do edifício
em estudo. Atendeu-se 3 requisitos que totalizaram um somatório final de 7 pontos dentre os
13 possíveis.
3.7.1. Recuperação do edifício – manter paredes, piso e teto existentes
Este requisito tem o intuito de ampliar o ciclo de vida do edifício, conservar os recursos
instalados e que virão a ser utilizados, zelar pela arquitetura e cultura da construção e de seu
entorno e reduzir o desperdício e os impactos ambientais de novos edifícios e reformas em
relação à fabricação e transporte de materiais. O requerente deve manter a estrutura e envoltória
(excluindo janelas e telhados não estruturais) existentes. O LEED atribui, então, uma pontuação
pertinente à porcentagem mínima de reuso lograda pela construção.
O empreendimento em estudo passou por uma renovação substancial, que incluiu a adição
de 48,51% da área bruta existente e o reuso de 65,21% dos elementos estruturais, ilustrados nas
Figuras 21 e 22. Consequentemente, o edifício foi premiado com 4 pontos, como indicado na
Tabela 11.
Figura 21: Estrutura e envoltória do edifício antes e depois da reforma. Fonte: o autor, 2017
55
Figura 22: Estrutura formada por pilares e vigas antigas de concreto e novas vigas de aço.
Fonte: o autor, 2017.
Tabela 11: Pontuação do empreendimento.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.
3.7.2. Gestão de resíduos da construção
No sentido de desviar os resíduos da construção de aterros sanitários e locais de incineração,
este requisito exige a apresentação de um plano de gestão de resíduos, indicando as estratégias
adotadas para a reciclagem ou seleção dos materiais descartados.
Atendendo a esta exigência, a construtora desenvolveu um plano de reciclagem de solo e
materiais escavados, como argila e areia, considerando a separação dos detritos de limpeza do
solo. Ademais, durante a construção, os resíduos recicláveis foram separados dos não
recicláveis e classificados nos seguintes grupos: papelão, metal, plástico, concreto, materiais
56
cerâmicos, madeira, vidro e gesso. Dessa forma, conseguiu-se desviar de aterros sanitários
62,38% dos materiais descartados, o que garantiu 1 ponto à construção.
3.7.3. Utilização de materiais locais
Por meio deste requisito, aumenta-se a demanda de materiais de construção e produtos
extraídos e fabricados na região do empreendimento, incentivando assim a produção local e
diminuindo os impactos resultantes do transporte. O requerente deve utilizar uma quantidade
de materiais produzidos à uma distância menor do que 800 quilômetros do local da construção.
Estes produtos devem representar, no mínimo, 10% ou 20% do custo total gasto na compra de
materiais, o que garante 1 ou 2 pontos, respectivamente, para o empreendimento.
O LEED afirma que na construção do edifício em estudo 32,51% do valor de materiais
incluem produtos que foram fabricados dentro de um raio de 800 quilômetros.
3.8. Qualidade Ambiental Interna (EQ)
No empreendimento em estudo, atendeu-se ao pré-requisito Desempenho Mínimo da
Qualidade Interna do Ar ao se instalar sistemas de ventilação mecânica que respeitam a norma
brasileira (mais rigorosa do que a ASHRAE) em todos os ambientes. Ademais, para obedecer
ao pré-requisito Controle de Fumaça de Cigarro, seguiu-se a Lei Antifumo nº12.546/2011, que
proíbe fumar em locais completamente ou parcialmente fechados. Determinou-se, também, a
proibição de fumar à uma distância inferior à 8 metros de todas as entradas, tomadas de exterior
e janelas. As Figura 23 e 24 exibem, respectivamente, a casa de máquina de ventilação mecânica
e os dutos de exaustão.
Figura 23: Casa de máquinas de ventilação mecânica. Fonte: o autor, 2017.
57
Figura 24: Dutos de exaustão no 4º pavimento. Fonte: o autor, 2017
Descreve-se, a seguir, os requisitos adotados pela construtora na concepção do
empreendimento em análise. Foram atendidos 7 requisitos que totalizaram um somatório final
de 7 pontos dentre os 12 possíveis.
3.8.1. Ampliação da ventilação
Este requisito determina que a construção forneça para todos os espaços ocupados certa
quantidade de ar externo através de uma ventilação mecânica que seja, pelo menos, 30% maior
do que as taxas mínimas estabelecidas pela norma ASHRAE 32.1-2007.
Como a construtora optou por dimensionar o sistema de ventilação mecânica baseado na
norma brasileira (mais rigorosa), a taxa de ventilação instalada foi maior do que 30% da taxa
mínima exigida pelo LEED. Sendo assim, o empreendimento atendeu a este crédito e recebeu
1 ponto.
3.8.2. Plano de gestão da qualidade interna do ar – durante a construção
Com o propósito de reduzir problemas relacionados à qualidade do ar nos ambientes
internos e promover o conforto e bem-estar dos trabalhadores e ocupantes durante a construção,
este crédito requisita a elaboração pela construtora de um plano de gestão da qualidade ar.
58
A construtora optou por envolver com plásticos todos os equipamentos de condicionamento
de ar e toda tubulação aberta para evitar a fixação de poeira e odores. Além disso, sequenciou-
se a instalação de materiais para impedir quaisquer contaminações e protegê-los de sujeiras e
umidade. Evitou-se também o uso de produtos que possuíssem emissores de Compostos
Orgânicos Voláteis (COV), como por exemplo tintas, vernizes e solventes. A partir dessas
medidas, o edifício recebeu 1 ponto.
3.8.3. Materiais de baixa emissão – adesivos e selantes
Este requisito tem o objetivo de estimular a redução da quantidade de contaminantes no
ambiente interno que sejam odorosos, irritantes e prejudiciais ao conforto e ao bem-estar dos
ocupantes.
Para conquistar este crédito, o empreendimento utilizou materiais com baixo teor de COV
e se certificou de que os limites de COV estabelecidos pela South Coast Air Quality
Management District (SCAQMD) foram cumpridos. A lista de produtos avaliados incluiu
seladores, adesivos, colas, impermeabilizantes e calafetadores. Estando em conformidade com
os limites, o edifício atendeu a este requisito e ganhou 1 ponto.
3.8.4. Materiais de baixa emissão – tintas e revestimentos
Este item é referente ao uso de tintas e revestimentos em geral e tem o mesmo objetivo e
regras que o item anterior. Sendo assim, o empreendimento em estudo tomou as mesmas
providências relatadas no crédito anterior e conquistou 1 ponto.
3.8.5. Conforto térmico – projeto
Objetiva-se fornecer o controle de um sistema de conforto térmico de alto nível
(temperatura ambiente, radiação solar, velocidade do ar e umidade) para promover a
produtividade e o bem-estar dos ocupantes do edifício. O sistema de condicionamento de ar e
a envoltória do edifício devem atender aos critérios da norma ASHRAE 55-2004.
59
Assim sendo, a construtora instalou o modelo VRV de condicionamento de ar. Este modelo
possui um sistema multi-split com apenas uma unidade externa ligada à múltiplas unidades
internas por ambiente e conta com um sistema integrado de controle que disponibiliza interface
com automação própria. O VRV é versátil e flexível, possuindo expansão modular de fácil
adaptação em estruturas existentes. Ademais, ele viabiliza economia de tempo, mão de obra e
materiais durante as etapas de instalação e uso. A Figura 19 exibe os condensadores VRV
instalados no telhado do edifício.
O empreendimento foi projetado com um envelope capaz de atender aos critérios de
conforto em condições ambientais e de uso esperadas. Os vidros utilizados são laminados,
refletivos, de cor prata e compostos por 2 lâminas, totalizando 14 mm de espessura. Tais
características garantem à envoltória uma grande capacidade de controle sobre a transmissão e
reflexão de luz e calor, proteção contra raios UV e redução em até 80% da passagem de calor
para o ambiente.
3.8.6. Luz natural
Este requisito tem o objetivo de proporcionar aos ocupantes do edifício uma conexão entre
espaços interiores e exteriores através da penetração de luz natural e do acesso à vistas dentro
das áreas regularmente ocupadas. O requerente deve demonstrar, através de simulações de
computador, que em 75% dos espaços a iluminação diurna atinge um mínimo de 10 e um
máximo de 500 velas internacionais (10,19 e 509,5 candelas, respectivamente) em condições
de céu claro (no dia 21 de setembro às 9:00 horas e às 15:00 horas).
Para atender a este item, o prédio foi projetado para maximizar a incidência de luz natural
nos ambientes. O edifício é composto por quatro fachadas: frontal, posterior e duas laterais, que
estão orientadas nos sentidos Norte, Sul, Leste e Oeste, respectivamente. Como as fachadas
laterais recebem mais incidência solar, optou-se por fechá-las com alvenaria, enquanto as
fachadas frontal e posterior foram vedadas com janelas de vidro de alto desempenho. Priorizou-
se o uso de janelas amplas, com grande área e possibilidade de movimento. Além disso, as
plantas dos ambientes internos foram desenhadas com uma configuração retangular (maiores
lados orientados para Norte e Sul), protegendo a fachada principal da forte radiação solar que
ocorre durante praticamente todo o ano e permitindo uma maior entrada de brisas.
60
Em relação à vedação da envoltória, o empreendimento instalou vidros que, além de
possibilitar uma grande incidência de luz solar durante o dia sem elevar a temperatura do
ambiente interno, também garantem que a iluminação artificial interna não será perdida durante
a noite.
A aplicação destas estratégias garantiu que 87,07% dos ambientes internos tivessem
iluminação natural conforme a intensidade luminosa estipulada pelo LEED e recompensou o
empreendimento com 1 ponto. As Figuras 25 e 26 exibem, respectivamente, a orientação e
configuração do ambiente interno no 4º Pavimento e uma parte da fachada frontal, voltada para
o Norte.
Figura 25: Ambiente interno do 4º pavimento. Fonte: o autor, 2017.
Figura 26: Fachada frontal. Fonte: o autor, 2017.
61
3.8.7. Vista
Este requisito tem o objetivo de proporcionar aos ocupantes do edifício uma conexão entre
espaços interiores e exteriores através da penetração de luz natural e do acesso à vistas dentro
das áreas regularmente ocupadas. O empreendimento deve projetar o ambiente interno de modo
que, em pelo menos 90% de toda a área regularmente ocupada por pessoas sentadas, o usuário
tenha uma linha de visão direta para o ambiente externo através de janelas posicionadas entre
77 centímetros e 229 centímetros acima do piso acabado.
Para cumprir este item e ganhar 1 ponto, o empreendimento seguiu as estratégias
mencionadas no requisito Luz Natural (orientação do edifício, configuração retangular e limpa
e janelas com amplas dimensões), provendo, uma linha de visão direta para o ambiente externo
em 96,73% de toda a área regularmente utilizada.
3.9. Inovação e Processo de Projeto (ID)
Os dispositivos adotados pela Construtora A atenderam a 6 requisitos que totalizaram um
somatório final de 6 pontos dentre os 6 possíveis.
O primeiro deles é o Transporte alternativo – Acesso ao transporte público. O
empreendimento recebeu 1 ponto ao alcançar um desempenho exemplar e acima do proposto
no quesito Transporte Alternativo. O local do empreendimento tem acesso à quatro linhas de
transporte público (o dobro das linhas requeridas para o crédito base).
O segundo, Utilização de materiais locais, gratificou o empreendimento com 1 ponto, pois
este utilizou uma taxa de 32,51% em materiais produzidos a menos de 800 quilômetros da
construção, ultrapassando a taxa mínima de desempenho exemplar de 30%.
O terceiro dispositivo é o Energia renovável: uma vez que o mínimo exigido para cumprir
o desempenho exemplar é de 70% e o requerente firmou um contrato de compra de RECs, que
representa o consumo de 70,56% de eletricidade gerada através de fontes renováveis, o
empreendimento obteve 1 ponto de desempenho exemplar no requisito Energia Renovável.
62
Educação Ambiental: o empreendimento desenvolveu um programa contínuo e público de
educação ambiental, que utiliza sinalizações e manuais informando os ocupantes e visitantes
sobre os benefícios dos edifícios verdes.
Política de Limpeza Verde: o empreendimento executou um programa abrangente e
qualitativo que inclui informações detalhadas sobre os processos de limpeza das áreas comuns
e privadas do edifício durante a operação do mesmo. Neste programa, estão definidos planos
de treinamento de pessoal, coleta de informações e opiniões dos usuários e esclarecimentos
sobre procedimentos e perigos relacionados ao uso, descarte e reciclagem de produtos de
limpeza e equipamentos. É fornecido também uma política com estratégias para promover e
melhorar a higiene das mãos. Todo este programa está registrado no Manual do Proprietário e
é entregue para todos os inquilinos e disponibilizado na recepção do edifício.
Por último, o dispositivo Profissional acreditado LEED premiou o empreendimento com
1 ponto ao empregar 1 profissional acreditado pelo LEED para participar do planejamento do
projeto e acompanhar a execução do edifício. Este profissional contratado foi um funcionário
da empresa consultora F, contratada pela construtora para auxiliar na obtenção da certificação
LEED.
3.10. Créditos de Prioridade Regional (RP)
A USGBC identificou as questões ambientais mais relevantes na cidade do Rio de Janeiro
e estabeleceu 6 requisitos que melhor as representam: Energia Renovável Produzida no
Edifício; Gestão de Resíduos; Madeira Certificada; Controle de Tempestades; Técnicas
Inovadoras de Gestão da Água; e Redução no Consumo de Água. Se cumpridos, os requisitos
garantirão uma pontuação extra para o empreendimento.
A construtora atendeu 2 requisitos (Gestão de Resíduos e Redução no Consumo de Água),
totalizando um somatório final de 2 pontos dentre os 4 possíveis.
Apresenta-se, a seguir, a Tabela 12 que ilustra um resumo dos créditos obtidos pelo
empreendimento.
63
Tabela 12: Créditos obtidos pelo empreendimento.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.
CATEGORIA CRÉDITO PONTUAÇÃO
Seleção do Local 1Conectividade da Comunidade 5Transporte alternativo - Acesso ao transporte público 6Transporte alternativo - Bicicletário e vestiário 2Transporte alternativo - Veículos com alta eficiência e baixa emissão 3
Ilha de calor - sem cobertura 1
Guia informativo para o inquilino - Arquitetura e execução da construção 1 PONTUAÇÃO MÁX.
PONTUAÇÃO TOTAL 19 28
Uso eficiente da água no paisagismo 4
Redução do uso da água 3 PONTUAÇÃO MÁX.
PONTUAÇÃO TOTAL 7 10
Optimização do desempenho energético 8
Comissionamento aprimorado 2
Energia renovável 2 PONTUAÇÃO MÁX.
PONTUAÇÃO TOTAL 12 37
Recuperação do edifício - manter paredes, pisos e tetos existentes 4
Gestão de resíduos da construção 1
Utilização de materiais locais 2 PONTUAÇÃO MÁX.
PONTUAÇÃO TOTAL 7 13
Ampliação da ventilação 1Plano de gestão da qualidade interna do ar - durante a construção 1Materiais de baixa emissão - adesivos e selantes 1Materiais de baixa emissão - tintas e revestimentos 1Conforto térmico - projeto 1
Luz natural 1
Vista 1 PONTUAÇÃO MÁX.
PONTUAÇÃO TOTAL 7 12
Transporte aternativo - Acesso ao transporte público 1Utilização de materiais locais 1Energia renovável 1Educação Ambiental 1Política de limpeza verde 1
Profissional acreditado LEED 1 PONTUAÇÃO MÁX.
PONTUAÇÃO TOTAL 6 6
Gestão de resíduos na construção 1
Redução no consumo d'água 1 PONTUAÇÃO MÁX.
PONTUAÇÃO TOTAL 2 4
PONTUAÇÃO TOTAL GERAL 60
PONTUAÇÃO MÁXIMA TOTAL 110
Créditos de
Prioridade Regional
Materiais e Recursos
Qualidade Ambiental
Interna
Inovação e Processos
Espaço Sustentável
Eficiência no Uso da
Água
Energia e Atmosfera
64
3.11. Simulação da adoção do QUALIVERDE no empreendimento e
análise das estratégias utilizadas
Para permitir a apreciação dos aspectos reportados nesta monografia e estabelecer
parâmetros comparativos entre os dados obtidos nas bibliografias consultadas e os dispositivos
instalados no edifício em estudo, será realizada uma simulação a respeito da aplicabilidade da
certificação Qualiverde neste empreendimento.
Esta análise será dividida de acordo com os quatro temas de avaliação do Qualiverde. Os
temas abordarão as estratégias empregadas pelo empreendimento no que concerne a gestão de
água, a eficiência energética, as decisões de projeto e bonificações. Em seguida, com o objetivo
de identificar os benefícios edílicos e fiscais que o empreendimento teria com uma suposta
adoção do Qualiverde, será feita, então, a distribuição dos dispositivos adotados pelo edifício
segundo cada tema e a alocação de pontos de acordo com as exigências do Qualiverde.
A Tabela 13 apresenta a distribuição das estratégias adotadas no empreendimento estudado
segundo os métodos de classificação e análise do Qualiverde, adaptados, então, a partir da
organização das categorias e créditos do LEED 2009. Dessa forma, a tabela ilustra uma
comparação entre as estratégias utilizadas na construção e que são requeridas por uma ou ambas
as certificações abordadas. Alguns requisitos são compreendidos pelo Qualiverde, mas não são
pelo LEED. No caso dos medidores individuais, a versão LEED 2009 exige estes equipamentos
somente para a tipologia O+M. Já o requisito sobre uso de isolamento acústico é abordado
apenas em escolas no LEED 2009 BD+C. Ainda, a tabela demonstra que as bonificações sobre
retrofit e a adoção de selos ambientais não são abordadas pelo LEED.
Tabela 13: Distribuição e comparação entre as certificações Qualiverde e LEED 2009.
QUALIVERDE LEED 2009
Categoria Crédito
Gestão da
Água
Dispositivos economizadores - registro de vazão: arejadores e registros reguladores nas torneiras
Eficiência no Uso da Água Redução do uso da água
Dispositivos economizadores - descarga: descarga com mecanismo de duplo acionamento
Eficiência no Uso da Água Redução do uso da água
Medidores individuais: Individualização dos medidores de consumo de água nas edificações
Não é requisito no LEED 2009
BD+C -
65
QUALIVERDE LEED 2009
Categoria Crédito
Gestão da
Água
Aproveitamento de águas pluviais:
captação, reserva e distribuição para atividades específicas
Eficiência no Uso da Água Pré-requisito
Retardo e infiltração de águas pluviais: construção de reservatórios
Espaço Sustentável Águas pluviais - controle de
quantidade
Eficiência
Energética
Iluminação da circulação nos
pavimentos tipo e circulação vertical com lâmpadas LED
Energia e Atmosfera Optimização do desempenho
energético
Iluminação natural eficiente: em 50% áreas comuns (circulação nos pavimentos tipo)
Qualidade Ambiental Interna Luz natural
Eficiência sistema de iluminação:
Distribuição em circuitos independentes e dispositivos economizadores
Energia e Atmosfera Optimização do desempenho
energético
Projeto
Vedações adequadas à zona bioclimática: Adoção de vedações externas leves refletoras
Energia e Atmosfera Optimização do desempenho
energético
Uso de Materiais Sustentáveis: adesivos, selantes e tintas de baixa emissão; madeiras certificadas
Qualidade Ambiental Interna Materiais de baixa emissão -
adesivos e selantes
Uso de isolamento nas paredes e tratamento acústico nos compartimentos que geram
desconforto
Não é requisito no LEED 2009
BD+C
Pré-requisito somente para escolas
Isolamento térmico: utilização de sistema de isolamento térmico nas fachadas da edificação
Qualidade Ambiental Interna Conforto térmico - projeto
Reaproveitamento de resíduos no
canteiro de obras Materiais e Recursos
Gestão de resíduos da
construção
Bicicletários - Edificações comerciais e institucionais 30% das vagas de carros
Espaço Sustentável Transporte alternativo - Bicicletário e vestiário
Coleta seletiva de lixo - Espaço ventilado de fácil acesso, se localizado
no térreo
Materiais e Recursos Pré-requisito
Coleta seletiva de lixo - Espaço ventilado de fácil acesso, se localizado nos pavimentos
Materiais e Recursos Pré-requisito
Adequação de condições do terreno:
Manutenção da vegetação existente e redução da alteração morfológica
Eficiência no Uso da Água Uso eficiente da água no
paisagismo
Vagas para veículos elétricos: previsão 5% total exigido com estrutura para recarga
Espaço Sustentável
Transporte alternativo - Veículos com alta eficiência e
baixa emissão
Bonificações
Retrofit de construções existentes Não é requisito no LEED 2009
BD+C -
Hidrômetros individuais (medição individualizada) em reformas ou retrofit
Não é requisito no LEED 2009
BD+C -
Selos de certificação e orientação
ambiental
Não é requisito no LEED 2009
BD+C -
Inovações tecnológicas Energia e Atmosfera Energia renovável
Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.
66
3.11.1. Gestão da Água
Com relação à Gestão da Água, o empreendimento além de instalar dispositivos
economizadores (registros de vazão e descargas) em todos os pontos de consumo de água, como
por exemplo arejadores e registros de vazão, também optou por utilizar caixas acopladas com
mecanismo de duplo acionamento. Foram instalados também medidores individuais para cada
inquilino, o que cria hábitos de economia e conscientiza o consumidor do uso racional de água.
Outra estratégia empregada foi a implantação de um sistema de aproveitamento de águas
pluviais, que capta, reserva e distribui a água para atividades que não requeiram o uso de água
potável, tais como irrigação e lavagem de veículos e piso. Associado a este sistema, instalou-
se um reservatório de águas pluviais, que permite desacelerar o escoamento de águas pluviais
para o sistema de drenagem urbana.
Dessa forma, o empreendimento receberia 7 pontos totais relacionados ao tema Gestão da
Água, como ilustrado na Tabela 14.
Tabela 14: Estratégias adotadas no tema Gestão da Água.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.
3.11.2. Eficiência Energética
O tema Eficiência Energética na certificação Qualiverde possui uma abordagem um pouco
distinta em relação ao LEED. Enquanto este aproxima-se de diversos métodos de compensação
para o consumo de energia limpa, estimulando a compra de RECs ou a implantação de
67
geradores a partir de fontes alternativas (eólica, solar, etc.), aquele foca somente na geração de
energia solar. Isto é, o projeto que contemplar a instalação de painéis fotovoltaicos receberá
pontos, mas aquele que considerar outros métodos de consumo de energia limpa, não os
receberá.
Sobre os dispositivos adotados pelo empreendimento em estudo, ganhou-se pontos ao
utilizar sistemas de iluminação natural e artificial eficientes. A iluminação da circulação nos
pavimentos e da circulação vertical foi feita com lâmpadas LED e, também, instalou-se um
sistema nas áreas comuns com distribuição em circuitos independentes (por área alugada) e
com dispositivos economizadores (sensores de presença). A iluminação natural foi garantida
em 87,07% dos espaços regularmente ocupados, devido ao emprego de janelas amplas, da
excelente orientação da construção em relação à incidência solar e da configuração retangular
dos ambientes internos.
A construção em estudo seria recompensada com 9 pontos totais relacionados ao tema
Eficiência Energética, como ilustrado na Tabela 15. Enquanto as linhas pintadas de laranja
correspondem aos requisitos indiscutivelmente cumpridos, a linha em azul claro indica o
requisito que poderia ser cumprido se o Qualiverde contemplasse a compra de RECs.
Tabela 15: Estratégias adotadas no tema Eficiência Energética.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.
68
3.11.3. Projeto
No tocante ao tema Projeto, o empreendimento disponibiliza um número de vagas de
bicicletas equivalente a 26% do total de vagas para automóveis e, também, oferece 4 vagas com
tomadas para recarga de veículos elétricos, número correspondente a 4% do total de vagas.
Ademais, em razão de o vidro utilizado como vedação da envoltória ser de alta tecnologia, o
edifício possui um excelente isolamento térmico e acústico, permitindo trocas de calor mais
eficientes, melhor desempenho energético e maior proteção de ruídos externos e absorção
sonora de ruídos internos.
Durante a construção do edifício, foram utilizados materiais sustentáveis, como adesivos,
selantes e tintas com baixa emissão de compostos orgânicos. Houve o reaproveitamento, na
terraplenagem, do material terroso não contaminado que foi escavado no próprio terreno da
obra. Ainda, o empreendimento foi reformado fazendo-se a manutenção e reposição da
vegetação existente e minimizando a morfologia do terreno. Também foi considerado o
isolamento acústico de áreas equipadas com máquinas geradoras de ruídos, como, por exemplo,
a casa de máquina de exaustão e a sala do gerador.
Por fim, previu-se a construção de espaços ventilados, de fácil acesso e revestidos com
material lavável destinados à coleta seletiva, tanto no térreo quanto em cada pavimento.
A construção em estudo seria recompensada com 21 pontos totais relacionados ao tema
Projeto, como ilustrado na Tabela 16. Os requisitos 16, 17 e 31 não podem ser atendidos, pois
se referem a ações que não podem ser implantadas em reformas. A pontuação correspondente
é compensada no tópico Bonificações.
Tabela 16: Estratégias adotadas no tema Projeto.
Projeto PONTOS
15 Telhados de cobertura verde: Pavimentoto não utilizável (podendo ser 50% para painéis fotovoltáicos)
5
16 Orientação ao Sol e Ventos: Estudo de insolação com soluções 5
17 Afastamento das divisas: Mesmo que a legislação permita o não afastamento e embasamento
2
18 Vedações adequadas à zona bioclimática: Adoção de vedações externas leves refletoras 1 ok
19 Uso de Materiais Sustentáveis: Adesivos, selantes e tintas de baixa emissão; madeiras certificadas
3 ok
69
Projeto PONTOS
20 Conforto acústico: Adoção de materiais que propiciem proteção acústica:
Uso de isolamento nas paredes e tratamento acústico em compartimentos que gerem desconforto
2 ok
Adoção de esquadrias externas com tratamento acústico 5
21 Isolamento térmico: Utilização de sistema de isolamento térmico nas fachadas da edificação.
3 ok
22 Plano de Redução de Impactos Ambientais no canteiro de obras 3 ok
23 Reaproveitamento de resíduos no canteiro de obras 3 ok
24 Implantação de bicicletários e estruturas de apoio:
Edificações comerciais e institucionais 20% a 30% das vagas de carros 1
Edificações comerciais e institucionais 30% das vagas de carros 3 ok
25 Previsão de compartimento para coleta seletiva de lixo:
Espaço ventilado de fácil acesso, se localizado no térreo 1
Espaço ventilado de fácil acesso, se localizado nos pavimentos 2 ok
26 Plantio de espécies vegetais nativas para sombreamento do passeio com espaçamento mínimo de 6 m ou definido em função da copa
2
27 Ventilação natural de banheiros:
Janela voltada para exterior ou prisma do edifício em todos os banheiros (exceto lavabos)
4
Janela voltada para exterior ou prisma do edifício em 50% dos banheiros (exceto lavabos)
2
28 Adequação de condições físicas do terreno: Manutenção da vegetação existente e redução da alteração morfológica
2 ok
29 Sistema de fachadas: Sistema de proteção e sombreamento de fachadas 4
30 Vagas para veículos elétricos: Previsão 5% total exigido com estrutura para recarga 1 ok
31 Estruturas metálicas 8
Total Projeto 56
Pontuação Final 21
Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.
3.11.4. Bonificações
Neste tema, o empreendimento ganha 15 pontos por se caracterizar como retrofit, 2 pontos
por contemplar a disposição de hidrômetros individuais para cada unidade alugada e 5 pontos
por obter a certificação LEED.
Em relação à bonificação sobre inovações tecnológicas, este trabalho irá considerar que o
empreendimento fez o uso das RECs, o que garante 1 ponto a mais.
70
Desta forma, o empreendimento receberia 23 pontos totais relacionados ao tema
Bonificações, como ilustrado na Tabela 17.
Tabela 17: Estratégias adotadas no tema Bonificações.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.
A pontuação final atingida pelo empreendimento seria o somatório dos pontos adquiridos
em cada tema, que totalizaria 60 pontos e não garantiria a obtenção da certificação Qualiverde,
pois não alcançaria a pontuação mínima de 70 pontos. Logo, o empreendimento não seria
contemplado com os benefícios edílicos e fiscais previstos no Projeto de Lei Complementar
nº88/2012.
3.11.5. Avaliação da simulação do Qualiverde
A diferença de 10 pontos poderia ser preenchida com a adoção de algumas poucas medidas.
O empreendimento deveria atender aos requisitos que demandariam menor custo e
planejamento, como por exemplo a instalação de lâmpadas LED em todos os pontos de luz, a
elaboração de um plano, adequadamente divulgado, de mitigação de impactos sobre a
vizinhança, a adoção de espécies nativas para sombreamento dos passeios e a utilização de
esquadrias com tratamento acústico garantiriam uma pontuação adicional de 10 pontos. Em
seguida, se fosse de interesse a conquista do QUALIVERDE TOTAL (100 pontos), a
construtora seria obrigada a arcar com custos mais altos, já que os requisitos restantes
demandariam amplas modificações arquitetônicas ou estruturais. Implantação de sistemas de
71
águas servidas ou negras, instalação de painéis fotovoltaicos e de um telhado verde e a criação
de um prisma para inserir a ventilação natural nos banheiros seriam exemplos destas estratégias
mais dispendiosas.
Nestes contextos, o edifício estaria qualificado para receber ambos os níveis da certificação.
Avalia-se, então, que os benefícios edílicos e fiscais poderiam compensar (ou até proporcionar
um orçamento final mais enxuto para a obra) o baixo e o alto custo para atingir,
respectivamente, o grau QUALIVERDE e o QUALIVERDE TOTAL. Isto se dá,
principalmente, devido à redução substancial do Imposto sobre Serviço (ISS).
Percebe-se, que a certificação Qualiverde se baseia em um sistema de pontuação bem
simples, sem categorias de classificação do empreendimento, sem pré-requisitos obrigatórios e
com poucas alternativas de estratégias para um mesmo crédito. Como exemplo, pode-se apontar
a extensa variedade de tipologias, classificações e créditos abordados pelo LEED, que não são
lembrados no Qualiverde: LEED BD+C, LEED ID+C, LEED O+M e LEED ND. Enquanto o
Qualiverde aglutina todos os tipos de construções em um único sistema de avaliação, o LEED
possibilita que o empreendedor analise criteriosamente qual a tipologia e categoria que sua
construção se enquadra.
Ainda, o Qualiverde não considera diversos objetos determinantes para o completo
desempenho sustentável de um edifício. Questões relacionadas à geração de energia através de
fontes renováveis, às influências da construção sobre o ambiente urbano (conectividade da
comunidade, desenvolvimento do entorno e seleção do terreno) e, principalmente, à educação
ambiental dos ocupantes, trabalhadores e população em geral não são abordadas pelo selo. O
Qualiverde despreza quaisquer fatores relacionados à escolha do local de execução do
empreendimento, o que é fortemente avaliado pelo LEED, chegando a representar 25% do peso
da pontuação total nesta certificação (28 em 110 pontos). O selo também não leva em conta
benchmark algum para comparar quaisquer tipos de indicadores.
Estas questões, aliadas à forte inclinação residencial do Qualiverde impossibilitam que
alguns empreendimentos atinjam neste selo patamares de sustentabilidade alcançados em outras
certificações. Este trabalho propõe, então, algumas estratégias que poderiam sofisticar e
aprimorar o Qualiverde, beneficiando a construção civil.
72
O primeiro ponto a se comentar é a falta de informação disponível acerca da certificação
Qualiverde. São praticamente inexistentes as referências, como manuais, guias e relatórios de
fácil acesso que possibilitem à sociedade adotar as práticas sustentáveis. A existência de uma
Resolução Conjunta, que atua como manual, não é suficiente já que ela funciona mais como
fator explicativo de cada critério do que como um guia, que apresente os passos a serem
seguidos, as ações que devem ser tomadas e os indicadores que servirão como parâmetro. A
forma pela qual os métodos de avaliação e classificação do Qualiverde são veiculados dificulta
a análise e julgamento do requerente. A avaliação é feita somente pela prefeitura (utilizando
métodos de cálculo de difícil acesso), o que impossibilita a verificação, por parte do requerente,
de como os cálculos foram feitos e como as decisões foram tomadas. Dessa forma, a parte
interessada está à mercê das decisões da prefeitura. Esta situação oferece mais espaço para a
prática de atividade ilícitas, pois a prefeitura pode solicitar favores ao requerente ou suborna-
lo, para que este obtenha a certificação Qualiverde e, consequentemente, os benefícios edílicos
e fiscais.
Seria interessante a atribuição de créditos parciais para algumas ações como, por exemplo,
o telhado verde, a gestão de resíduos e a geração ou compra de energias alternativas, pois não
é razoável solicitar que essas ações sejam efetivadas com 100% de aproveitamento. Assim,
essas iniciativas seriam incentivadas de uma forma mais realista para serem implantadas,
mesmo que fossem recompensadas com menos pontos. Adicionalmente a esta medida,
deveriam ser elaborados créditos que contemplassem o estudo da localização do terreno, a
educação ambiental da sociedade e o desenvolvimento urbano no entorno da construção.
Ainda, deveria ser estudada a criação de tipologias de qualificações Qualiverde, para atender a
todos os tipos de construções.
Além disso, o pilar deste selo, os benefícios edílicos e fiscais, ainda não está regulamentado,
fazendo com que o interesse pela certificação por parte das construtoras diminua cada vez mais.
É de extrema importância a votação e aprovação destes Projetos de Lei, que atrairão
investidores para a certificação Qualiverde. Estes benefícios são um grande diferencial para o
selo, já que as demais certificações presentes no mercado não concedem benefícios com sua
adesão. Ademais, esses fatores atingem, principalmente, os edifícios residenciais e as
construtoras de menor porte, favorecendo a população em um momento importante de
recuperação econômica em que o país se encontra.
73
4. Considerações Finais
O foco do presente trabalho foi estudar a aplicação da certificação LEED em um
empreendimento destinado à locação corporativa, que devido a sua versatilidade, complexidade
e transparência se torna um importante agente responsável pela estruturação da sustentabilidade
na construção civil. Desse modo, buscou-se apresentar as estratégias e tecnologias empregadas
no edifício, que se enquadraram nos requisitos LEED e proporcionaram a mitigação dos
impactos ambientais, diretos e indiretos, originados pela construção deste empreendimento.
Elaborou-se, ainda, uma simulação a respeito da aplicabilidade da certificação Qualiverde
no empreendimento. Os dispositivos instalados para atender às exigências do LEED foram
redistribuídos de acordo com as categorias e créditos do Qualiverde, calculando a pontuação
final da construção.
Foi possível verificar quais estratégias que o selo Qualiverde compartilha em relação ao
selo LEED, quais são pouco ou nada exploradas e como elas são qualificadas. Foram analisados
os dados do Relatório Final LEED, levantou todos os dispositivos correlacionados à adesão ao
selo e os classificou em conformidade com a Resolução Conjunta sobre as normas para adoção
do Qualiverde.
Sobre o processo executivo, o autor realizou visitas técnicas ao empreendimento para
realizar uma inspeção visual, investigar na prática como cada tecnologia foi aplicada e
testemunhar quaisquer particularidades ou patologias associadas ao emprego de certificações
ambientais. No entanto, nem todos os dispositivos puderam sem explorados na prática.
Sobre a certificação LEED, foram encontrados alguns obstáculos durante o levantamento
de dados, pois o autor dependeu de materiais cedidos pela Construtora A, responsável pela obra
na qual foram realizadas as visitas. Além disso, devido à falta de informação em português,
contrabalanceado pela abundância em inglês, houve dificuldade na adaptação e tradução de
termos técnicos, causando alguma possível confusão conceitual.
Já em relação ao selo Qualiverde, o ponto mais inconclusivo foi a falta de transparência
sobre os métodos de avaliação dos créditos.
Constatou-se no estudo que os benefícios incluem a economia no consumo de energia,
despesas reduzidas no uso de água e na manutenção da construção, além de ganhos em saúde e
74
produtividade e criação de empregos. Do ponto de vista ambiental, tem-se a redução da emissão
de gases de efeito estufa, a diminuição da poluição ambiental, a preservação e a conservação
de recursos naturais. Tais fatores exercem grandes impactos positivos sobre a sociedade e o
planeta como um todo.
Diante do exposto, conclui-se que os benefícios e incentivos são elementos chave para a
evolução e inclusão da sustentabilidade nas edificações. Quando se fala em empreendimentos
corporativos e industriais, as vantagens se dão na economia durante a ocupação da edificação.
Já no ramo residencial, o horizonte é mais curto e os benefícios devem se apresentar,
principalmente, através de incentivos fiscais e edílicos. A adoção de certificações ambientais
para quaisquer áreas da construção civil é vantajosa, pois aqueles empreendimentos que são
sustentáveis desfrutam de maior visibilidade e procura, já que há um crescente aumento do
interesse da sociedade em relação às questões ambientais.
Vale ainda ressaltar que existem outros tipos de certificações ambientais para a construção
civil além das estudadas neste trabalho, e que os impactos causados pela construção verde se
manifestam de diferentes formas e intensidades, os quais ajustam-se com a região, época e
momento econômico do local do empreendimento. Alguns dados levantados neste trabalho
sugerem esta inconstância, como por exemplo o acréscimo no custo de uma obra verde em
relação à uma obra usual pode variar entre 0,5% e 15%.
Para trabalhos futuros, o autor sugere que sejam elaboradas análises comparativas entre a
viabilidade financeira de empreendimentos que obtiveram o selo LEED contra
empreendimentos que desejam conquistar o selo Qualiverde. O objetivo seria identificar
estratégias que pudessem melhor adaptar o Qualiverde ao mercado, além de analisar quais os
impactos dos benefícios fiscais e edílicos na construção civil. O autor recomenda, também, que
sejam feitas análises mais aprofundadas sobre o tema deste trabalho com o intuito de definir
como a adoção da sustentabilidade afeta o orçamento final de uma construção, na cidade do Rio
de Janeiro.
A solução para o monumental problema das mudanças climáticas não virá de uma ou
mesmo várias e enormes soluções tecnológicas centralizadas, mas virá, principalmente, em
pequenas frações e muitas das soluções mais baratas serão integradas nas centenas de milhões
de construções do Brasil e do mundo. Estas soluções incluem a eficiência energética, a energia
renovável, os materiais de baixa emissão de CO2 e as escolhas inteligentes de implantação das
75
edificações. O projeto sustentável fornece uma ferramenta para o tratamento de todas essas
oportunidades de uma forma integrada e consequentemente rentável.
76
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ANEXO 1
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